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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 90 - Out/17

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ABIM 005 JV Ano XI - Nº 90 - Out/17

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A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

EditorialNossa Revista, desde sua criação, vem publicando

os mais diversos assuntos, em sua maioria, de cunho maçônico-cultural, visando, sempre, difundir

a cultura de nossa Ordem. Em nossa ótica, ao nos colocarmos como um veículo de informação, disseminando conhecimentos, estaremos contribuindo com a liberdade de consciência do Povo Maçônico, livrando-o dos grilhões da ignorância. Nosso objetivo, além de difundir o pensamento vivo de diversos autores, também, é o de estimular o estudo e a pesquisa, o que, na prática, vem trazendo resultados muito satisfatórios.

Estamos conscientes de que a Maçonaria, primordialmente, entre todos seus principais aspectos, é uma Ordem Iniciática, que visa expandir o estado de consciência de seus membros, através do estudo, da prática dos valores e conhecimentos transmitidos, consolidando-os em sua prática ritualística ensinamentos que transcendem ao intelecto, à mente concreta, despertando nossa “quintessência” e fazendo-nos acessar seus misteriosos Arcanos.

Bem por isso, que além de os temas maçônicos, vimos publicando, ao longo de mais uma década de existência, assuntos de cunho esotérico, os quais, para muitos, não considerados, em seu entender, pertencentes à Maçonaria, em si. Na verdade, faz-se necessário estudar a nossa Ordem pelos mais diversos prismas. Em seu aspecto exotérico e histórico, a maioria dos assuntos são legitimados através da prova documental, e também, quando da falta dessa, considerados pelo contexto de evidências da época.

Quando entramos na seara dos assuntos esotéricos, essa visão concreta não nos habilita o seu entendimento, pois, tais assuntos em muito transcendem ao nosso intelecto, exigindo uma preparação para seu real entendimento, cujo início desse processo se dá com a nossa transição a Companheiro. A realização de nossas reuniões, necessariamente, em um Templo, devidamente sagrado para a prática ritualística, bem como, a obrigatoriedade de ministramos as instruções, impreterivelmente no interior de nossos Templos, com os trabalhos abertos, não é obra do acaso. Razão de sermos uma Ordem Iniciática e os objetivos de nosso trabalho templário está muito mais além do que nossos olhos

possam enxergar, sendo, seus efeitos imprescindíveis para a nossa evolução espiritual, o despertar do nosso Mestre Interior, é quando se dá o encontro do discípulo e o Mestre.

Este preâmbulo de nosso Editorial vem justificar a publicação, mais uma vez, de uma matéria de cunho esotérico, intitulada “Egrégora”, de autoria do Irmão Mestre Maçom José Maldonado Gualda, do Oriente de São Paulo, físico e professor universitário, além de profundo estudioso das ciências esotéricas.

Ao longo de nossa carreira como escritor e jornalista, em diversos periódicos maçônicos, temos nos deparado com posicionamentos de alguns Irmãos, até de certa forma, jocosos, sobre temas de cunho esotérico, que, em sua maioria, são tratados com muita propriedade e conhecimento. Quanto esses posicionamentos, sentimo-nos até no direito de divergir, embora, respeitando, sempre, como mais um ponto de vista. Sabemos que esses, por não ter atingido, ainda, a compreensão sobre esses temas, chegam a rotulá-los de achismo, o que melhor seria o de trata-los por aquilo que sua mente (abstrata), ainda não-desperta, não conseguira penetrar.

Em verdade, as matérias que, criteriosamente, publicamos é a expressão da verdade de seus autores, e caberá ao ávido leitor, antes de aceita-las ou não, fazer um exame um tanto mais apurado, pesquisando sobre o tema e formando a sua verdade. Verdade, sendo a qualidade de “ver”, remete-nos a evitar a “certeza” e a nos colocarmos abertos à percepção dos mais variados temas, isso servindo como um mandamento para um verdadeiro Iniciado.

Complementam esta edição as matérias “Sabia Que Existe um Hospital para Crianças, Criado por Maçons do REAA?”, de autoria de nosso estudioso Irmão Luciano Rodrigues, e “Os Autores dos Rituais Azuis do REAA”, de autoria de nosso Irmão Pierre Noel.

Boa leitura para todos!

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O Texas Scottish Rite for Children (TSRHC) está localizado em Dallas, no Texas, sendo um líder mundial no tratamento de condições

ortopédicas pediátricas. Visando, sempre, melhorar o atendimento de crianças em todo o mundo, através de programas de investigação e de ensino inovadoras, e a formação de médicos.

Em 1921, um grupo de maçons do Texas reconhecendo uma necessidade crescente de prestar cuidados médicos, independentemente da capacidade das famílias para pagar. Eles convidaram o Dr. William Beall Carrell, primeiro cirurgião ortopédico de Dallas, para a prestação de cuidados a crianças com poliomielite, que, de outra forma, não receberiam tratamento. Juntos, eles criaram o Texas Scottish Rite Hospital for Children e o Dr. Carrell se tornou o primeiro chefe da equipe do hospital. Em 1937, o hospital já tinha tratado mais de 27 mil casos.

Com a introdução das vacinas Salk e Sabin, em meados dos anos 1950, que, praticamente, erradicou a poliomielite no Hemisfério Ocidental, o hospital começou a concentrar sua atenção sobre as condições ortopédicas. Hoje, o TSRHC é um dos centros pediátricos principais da nação para o tratamento de condições ortopédicas,

distúrbios neurológicos relacionados e distúrbios de aprendizagem, como a dislexia.

Em 1967, o ex-senador norte-americano William A. Blakley e sua esposa, Villa, doa duas grandes fazendas para TSRHC – um presente sem precedentes, que permite que o hospital inicie planos para a construção de uma nova instalação. O hospital continua a operar uma das fazendas, a Rocker b, um rancho de 173 acres, no oeste do Texas.

Em 1979, inicia o Orthopaedic Fellowship, um programa de bolsas ortopédica pediátrica do TSRHC, para permitir que os cirurgiões ortopédicos prossigam com uma formação especializada adicional. Desde então, 130 ortopedistas que representam 33 estados, Porto Rico e Canadá têm treinado no TSRHC. Além disso, mais de 20 cirurgiões de países, em todo o mundo, treinaram no TSRHC, através do programa de companheirismo internacional do hospital.

Em 1986, o TSRH Spinal Implant System, é desenvolvido no laboratório de pesquisa do hospital, a fim de corrigir uma série de deformidades da coluna vertebral, ele é introduzido na reunião anual da American Academy of Orthopaedic Surgeons. Torna-se o sistema de implante de coluna vertebral mais amplamente usado em todo o mundo.

Luciano Rodrigues

“Sabia que existe um Hospital para Crianças, criado por Maçons do Rito Escocês?”

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Em 1987, o 1º Tartan Golf Classic é realizado em Brook Hollow Golf Club. Desde a sua criação, esse evento anual de golfe tem levantado mais de US$ 4 milhões para o TSRHC.

Em 1988, o número de voluntários ativos no hospital atingiu a 500 pessoas. Desde a fundação, em 1921, cerca de 3,5 milhões de horas de trabalho voluntário foram realizados para o hospital por esses indivíduos dedicados, que são, agora, mais de 800.

Em 1998, com uma doação de US$ 3,5 milhões de Don e Linda Carter, a Christi Carter Urschel Family Resource Center foi criada, em homenagem a sua filha. O Centro fornece material educativo e outros recursos de informação, programas e apoio do grupo para os pacientes e suas famílias.

Em 2007, pesquisadores do hospital, sob a direção do Dr. Carol Wise, identificam o primeiro gene – CHD7 – associado com escoliose idiopática, a deformidade da coluna vertebral mais comum em crianças. A descoberta permite aos cientistas e médicos explorarem as causas da doença e potencial tratamento.

Em 2010, o TRSH chega ao número de 200.000 crianças tratadas por seus médicos e voluntários. Em 2014, o TSRH passou a ser um dos primeiros hospitais ortopédicos pediátricos, nos EUA, a oferecer, aos pacientes com determinada deficiência no membro superior, a mão biônica multi função state-of-the-art. Ainda, em 2014, foi criado um centro de excelência de medicina do esporte.

Os Maçons do Rito Escocês fazem parte de uma organização fraterna em todo o mundo,

cujos membros compartilham um desejo comum de melhorar a si mesmos como cidadãos e membros da sociedade. Nos EUA, o Rito Escocês é uma das maneiras mais populares para Mestres Maçons de encontrar um grande envolvimento em sua fraternidade. Outros incluem o Rito de York e Shriners.

TSRHC é governado por um conselho de administração formado por Maçons do Rito Escocês. O hospital sintetiza o espírito e os princípios da Maçonaria, que expressa o amor dos maçons para o seu próximo, a compaixão pelos doentes e busca encontrar o que mais vale a pena. Através do hospital, maçons cumprem o seu compromisso de auxiliar, alimentar e proteger a família humana. Apoio financeiro do Rito Escocês ou de grupos maçônicos mais amplos é particular e de base voluntária.

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Templo Groussier, o maior da sede do Grande Oriente da França

Quem redigiu esses rituais? A questão não pode ter resposta segura. Não sabemos e não saberemos, talvez, jamais, quem foram

os redatores. Isso não pode impedir que se cogitem hipóteses, baseadas em simples premissas. Os redatores conheciam a maçonaria habitualmente praticada na França. Eles tinham familiaridade com a maçonaria britânica ou americana, notadamente aquela praticada nas Lojas do Rito antigo. Eles dispunham da obra “Três Batidas Distintas” e conheciam suficientemente a língua para traduzi-lo de forma correta.

Enfim, eles teriam interesse em difundir, na França, uma maçonaria de estilo novo, diferente daquela das Lojas do Grande Oriente de França. Só podiam atender esses critérios os maçons que tinham vivido no estrangeiro e interessados em se desligar do Grande Oriente de França. É o caso dos “Americanos” que quiseram introduzir, em Paris, um sistema de 33 graus, que apresentaram como uma forma maçônica mais “universal” que o Rito Francês, em 7 graus, praticado no Grande Oriente, desde 1786. Para atingirem seus fins, deviam oferecer rituais novos para

os três primeiros graus. Porém, eles não existiam na França, pois o primeiro Supremo Conselho do mundo estava em Charleston, sendo necessário deixar para as Grandes Lojas a comunicação dos três graus de base. Foi preciso, por isso, criar os rituais novos. Foi o que fizeram os redatores, indiferentes aos rituais existentes.

Muito habilmente, eles denominaram “antigo” o resultado de sua compilação, como havia feito antes deles, Laurence Dermott, Grande Secretário da Grande Loja anglo-irlandesa desde 1751 e, como ele, classificaram seus rivais de “modernos”. Nos dois casos, a fascinação que exercia toda a afirmação de antiguidade era suficiente para dar a seu produto uma aura de autenticidade. Mas eles tiveram o cuidado de omitir a reivindicação, “Escocês”, o qual teve, sempre, sobre os maçons franceses um invencível poder de atração, depois das afirmações do Cavalheiro Ramsay e o aparecimento dos primeiros altos graus.

Pode-se ser mais preciso? O ritual da Tríplice União é datado de 1804, o que significa que ele foi redigido, ou copiado, nesse ano. O copista, que foi ou não, o autor do ritual, deve ter pertencido a essa Loja

Os Autores dos Rituais Azuis

do REAAPierre Noel

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ou, no mínimo, a uma Loja que partilhasse as mesmas preocupações. Como nada nos permite afirmar que o ritual original foi escrito em 1804, a investigação pode, teoricamente, recuar até a data da publicação do TDK (Three Distinct Knocks - Três Batidas Distintas - 1760), mas as circunstâncias históricas sugerem que sua redação é posterior ao retorno dos “americanos” ao seu país.

Considerando os critérios enunciados acima, três nomes vêm imediatamente ao pensamento: Grasse-Tilly, Hacquet e Fondeviolles. Grasse-Tilly era membro da “Contrato Social”, à frente do seu departamento para as Ilhas. Durante sua estadia em Charleston, frequentou as Lojas das duas Grande Lojas locais, das quais, uma era do Rito Antigo. De retorno a Paris, em julho de 1804, dedicou-se, com o apoio de sua Loja-mãe, a fundar a Grande Loja Geral Escocesa, que ele presidiu na ausência de um Grão-Mestre. Ele foi o fundador do Supremo Conselho de França, do qual se tornou o primeiro Grande Comendador e tratou, de Potência para Potência, com os Oficiais do Grande Oriente.

O Tratado de União assegurou-lhe funções importantes, tanto no seio do Grande Oriente de França quanto no Grande Capítulo Geral. Seu papel foi, no entanto, de curta duração, pois se demitiu de sua função de Grande Comendador em 10 de junho de 1806, e sua entrada no exército fez com que retornasse a Paris, somente em 1814. Ele não tinha audácia e nem ambição. Teria as qualidades necessárias para redigir os novos rituais? Pode-se duvidar. Nada em sua carreira lhe predispôs à vocação literária. Não passou de um militar sem tropa de envergadura (ele não ultrapassou o grau de chefe de esquadrão) e de um nobre sem recursos, tendo vivido de expedientes. Foi censurado por ter usado a maçonaria para fins pessoais e interesseiros. Tudo isso nada o impede, decerto, mas não o torna provável de um trabalho ingrato e sem brilho.

Germain Hacquet, notário em São Domingos, foi Venerável de uma Loja em Porto Príncipe, filiada à Grande Loja da Pensilvânia. Quando ele foi instalado, em junho de 1802, uma Grande Loja provincial da Ilha o escolheu Deputado do Grão-Mestre. Quando chegou na França, em abril de 1804, veio munido de uma patente de Deputado Grande Inspetor, que usou para criar, no meio das lojas da Tríplice União e de Fênix, fundada por ele em 14 de junho do mesmo ano, um Consistório do Rito de Heredom (chamado Rito de Perfeição, com 25 graus) para a França. Recebido no Grau 33° por Grasse-Tilly, tornando-se Grande Vigilante da Grande

Loja Geral Escocesa e depois, durante a Concordata, Grande Oficial de segunda classe do Grande Oriente de França. Em 22 de dezembro de 1804, tornou-se Grande Mestre de Cerimônias do Supremo Conselho, função que exerceu até sua ida para o Supremo Conselho dos Ritos, constituído pelo Grande Oriente, em 1815, no qual se tornou o primeiro Grande Comendador. Hacquet ocupou função dirigente nos círculos que viram o nascimento dos rituais azuis do REAA. Se ele não foi o redator, tinha, sem dúvida, as qualidades para fazê-lo.

Jean-Pierre Mongruer de Fondeviolles, proprietário em São Domingos, regressou à França em 1797. Membro do Grande Oriente da França, Frater Rosa-Cruz, fundou a Tríplice União em 25 de setembro de 1801 e depois, em 1804, um Consistório do 32°, graças a uma patente em branco recebida de Kingston, nesse ano. Recebido no Grau 33° por Grasse-Tilly, em 24 de outubro de 1804, tornou-se ativo na Grande Loja Geral Escocesa. Durante a resistência de 3 de novembro de 1804, exerceu as funções de Segundo Vigilante, enquanto Hacquet era Primeiro Vigilante.

Assistiu à reunião de setembro de 1805 em que recebeu o título de Venerável da Tríplice União Escocesa, da qual se tornou, mais tarde, Venerável de Honra. Participou regularmente das reuniões do Supremo Conselho, até que suas atividades paralelas o constrangeram a se demitir em 1812. As razões dessa demissão são importantes porque permitem uma nova visão das atividades do Supremo Conselho da França, de 1805 a 1812.

Em setembro de 1805, como vimos, o Grande Consistório dos Graus 33° e 32° denunciou o tratado de União e decidiu que o Supremo Conselho teria uma existência independente do Grande Oriente de França. Manteve, no entanto, as disposições da Concordata, deixando ao Grande Oriente o direito de conferir os graus até o 18° e de supervisionar os Capítulos. Essas decisões foram seguidas pela eleição de Cambaceres, em 1º de julho de 1806, então, Grão-Mestre adjunto do Grande Oriente desde 13 de dezembro de 1805, nas funções de Grande Comendador, deixadas vagas com a demissão de Grasse-Tilly, em 10 de junho de 1806.

Cambaceres foi instalado, solenemente, em 13 de agosto de 1806. O primeiro ato do Supremo Conselho foi altamente significativo: renuncia à organização de todas as Oficinas de todos os graus e decreta que os graus superiores ao 18° serão conferidos, no futuro, apenas, por ele (decreto de 27 de novembro de 1806).

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O termo Egrégora não existe no Dicionário da Língua Portuguesa. Vem da palavra grega “egrêgorein”, cujo significado é “velar”,

“vigiar”, “eu reúno”. O termo em questão é aplicado a um campo de forças extrafísicas, gerado pela natureza dos pensamentos de duas ou mais pessoas, que se agregam ou se reúnem em prol de algum objetivo comum.

Existe uma energia (sutil) associada a esse campo de forças, sendo este alimentado pela natureza dos “padrões de vibração” de cada personagem, que integra o grupo, coletividades, associações, assembleias em geral, inclusive as religiosas. Como exemplo, podemos mencionar igrejas, lojas ou departamentos de Colégios de Iniciação, famílias, cinemas, hospitais, empresas, partidos políticos, agremiações, clubes, estádios esportivos, escolas, salas de aula, cadeias, delegacias, fóruns, entre outros.

Quando falamos em “padrões de vibração”, precisamos nos lembrar do “Princípio das Vibrações” citado no livro “El Caibalion”, cujo princípio diz que “Nada está parado, tudo se move, tudo vibra”. A Física nos garante que tudo que vibra, oscila, está

Egrégora

José Maldonado Gualda

associado a uma frequência. Isso significa que o melhor de sua vibração pessoal irá melhorar a vibração de todos aqueles ao seu redor. A soma total das vibrações individuais forma a “Egrégora” que envolve a todos os presentes e que, segundo a vibração ou a frequência de cada um, poderá resultar num campo de forças positivas ou negativas, com vibrações construtivas ou destrutivas.

Segundo a Teosofia, “Egrégora” é uma “forma-pensamento” um “ser anímico” ou uma “entidade autônoma” criada a partir dos pensamentos das pessoas em união para determinado propósito, em que a energia do “Ser criado” é muito maior do que as energias de cada pessoa que integra o grupo. Assim, a egrégora, ou Ser Criado, pode ser deturpada ou destrutiva quando pensamentos malignos de ódio, raiva, preocupações, ansiedade, inveja, luxuria, traição etc. interagem com os demais pensamentos daquele grupo, resultando num clima pesado, denso, cinzento, com discórdias, ataques, exaltações no sentido negativo, fazendo com que as pessoas se sintam “carregadas”, tristes, chateadas, desanimadas, questionando o porquê de estarem ali sendo envolvidas por esse clima negativo, refletindo que elas estavam melhores antes da reunião do

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que após, questionando as dificuldades de se viver em “união”. Em outras palavras, ela é capaz de influenciar o meio ao seu redor tanto física como psiquicamente.

Lembremos que o homem é “produto” do que ele pensa, fala e sente e que esses três atributos são caracterizados por uma frequência e, consequentemente, por uma “onda”. Essa onda pode se propagar livremente por todo o universo e é capaz de interagir com outras “ondas”, somando-se ou subtraindo-se, resultando numa onda final, também caracterizada por uma frequência de vibração, que poderá juntar-se ou ser somada com outras de mesma frequência, constituindo-se numa Egrégora. O efeito é mais notório quando temos pessoas reunidas dentro de um mesmo ambiente, formado por qualquer tipo de congregação. Em outras palavras: temos várias mentes pensantes em prol de um único objetivo, gerando um campo de energia para o bem de uma causa, como exemplo, a Cadeia de União da Maçonaria. Isso não quer dizer que a Maçonaria ou outra Congregação aceite o conceito de Egrégoras ou Seres Criados a partir do pensamento, mas esse conceito existe do ponto de vista físico, místico, filosófico, espiritual, a partir do momento em que duas ou mais pessoas se “agregam” para um fim comum, destacando-se as pessoas “simpáticas”

interagindo com as “antipáticas”, daí dizer da “dificuldade que é de se viver em união”. Ter o conhecimento de tais conceitos nos permite utilizar a energia da Egrégora em nosso favor, evitando sermos influenciados negativamente ou de sermos atingidos pelos pensamentos e pela carga emocional de certas pessoas que não vibram de acordo com a corrente que está sendo formada (ou criada).

Do ponto de vista maçônico, o maçom é membro de uma Loja e esta, por sua vez, está associada a uma Grande Loja ou Grande Oriente (ou, também, Grande Ocidente), caracterizando uma Potência. Assim, a soma de todas as Potências existentes no planeta formaria um SÓ CORPO, com um único propósito: tornar qualquer irmão capaz de viver em harmonia com as leis universais. Isso é Egrégora e não precisa acreditar se ela existe ou não, pois acreditando ou não, não muda o resultado final conquistado.

Segundo nosso Irmão Ivan Luiz Soares: “Quando nos reunimos para perseguir uma meta comum, desenvolvemos uma consciência grupal, onde todos os nossos pensamentos conscientes individuais são unificados num só pensamento grupal. Dessa união advém um estado de consciência que, em termos místicos, é tido como sendo maior do que nossos pensamentos individuais.

“Pois onde se reunirem dois ou três em meu Nome, ali Eu estou, no meio deles.” (Matheus 18:20)

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Com base nos trabalhos de Carl Gustav Jung, o subconsciente de cada membro do grupo estaria entrando em contato com os demais subconscientes das pessoas desse grupo, criando, no local, um pequeno Inconsciente Coletivo ou Inconsciente Grupal. Nos dias de hoje, diríamos que estamos ligados uns aos outros como numa espécie de internet universal. Em termos planetários, estaríamos ligados a uma Mente Universal ou Princípio Criador, como Fonte Construtora de todos os Universos. Nas Tradições antigas e na Vedanta, essa Mente Universal recebe o nome de Akasha, onde passado, presente e o futuro coexistem. Isso tudo acontece, mesmo que você não aceite ou não entenda o conceito de Egrégoras.

Se formos membros ativos da Maçonaria Universal, independentemente do seu interesse pela Real Maçonaria, fazemos parte de uma Egrégora e estamos ligados a ela psiquicamente, estando ou não conscientes disso. Em Loja, isso acontece quando o Venerável Mestre conclama a atenção dos Obreiros para abertura dos trabalhos, exaltando a presença do Grande Arquiteto do Universo. O mesmo procedimento deve acontecer na Sala dos Passos Perdidos, antes do Cortejo adentrar ao Templo, para que todo o Ego, Vaidade e Frustrações daquele momento fiquem do lado de fora, para que de fato os trabalhos possam resultar Justos e Perfeitos, limpos das mazelas ou das Nidhanas (problemas de personalidade) que cada um carrega em si.

Consultando o Dicionário de Palavras em Latim, o termo “agregare” tem o significado de agregar, somar, unir, juntar, incorporar, cujo objetivo venha a ser unir ou somar com o intuito de formar uma massa maior. Dessa palavra originou-se em português o termo “egrégio”, muito usado na Maçonaria e que tem como significado:

extremamente distinto, insigne, muito importante, digno de admiração, notável, magnífico.

Podemos finalizar dizendo que uma Egrégora formada é o resultado de alguma situação pensada. É a soma de todos os nossos pensamentos individuais na formação de uma massa crítica pensante ou na formação de um novo estado de consciência. Assim, se o maçom em particular se esforçar no sentido de estar em equilíbrio e em harmonia com as leis universais, estará em perfeita vibração com os propósitos da Maçonaria e, se os demais irmãos estiverem preparados para vibrarem nessa frequência, a Egrégora Maçônica crescerá em energia e em estado de consciência, tornando a união indissolúvel. Caso contrário, aquele que não estiver “sintonizado” com essa frequência (Egrégora Maçônica criada em sua Loja Mãe), em breve solicitará seu afastamento ou mudará de Oficina. Por isso, o Irmão que apresentar um profano para fazer parte de uma Loja (Egrégora de uma Loja), deve pesar bem se tal “buscador” reúne condições adequadas de permanecer sintonizado em todos os dias que ocorrer a reunião da Loja a que está sendo apresentado.

Somente, haverá união em uma congregação quando cada um de seus membros estiver em equilíbrio mental e coracional, onde a contribuição de cada um é para ser sempre somada, cuja ação final será a ampliação do estado de consciência de cada membro de acordo com os objetivos em comum a serem alcançados.

O autor é físico, professor universitário, Mestre Maçom, membro da Loja Maçônica Coluna Paulista nº 109, jurisdicionada à Mui Respeitável Grande Loja Maçônica de São Paulo, além de pertencer às fileiras da Sociedade Brasileira de Eubiose - SP.