o uso de são joão no meio maçônico

17
7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 1/17  À GLÓRIA DA HUMANIDADE Triângulo Maçônico Divina Sophia Or de Chapecó 1 O USO DE SÃO JOÃO NO MEIO MAÇÔNICO IrMM André Fossá Chapecó - SC, 27 de Junho de 2015, E V 

Upload: andre-fssa

Post on 18-Feb-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 1/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

1

O USO DE SÃO JOÃO NO MEIO MAÇÔNICO 

Ir∴M∴M∴ André FossáChapecó - SC, 27 de Junho de 2015, E∴V∴ 

Page 2: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 2/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

2

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO  ........................................................................................................... 3 

O USO DE SÃO JOÃO NO MEIO MAÇÔNICO ................................................... 4 

1.  A Figura Religiosa ........................................................................................... 4 

2.  As Faces de São João ....................................................................................... 5 

3.  São João, Janus e o Collegia Fabrorum ...................................................... 11 

4.  São João e a Batalha de Bannockburn ........................................................ 13 

CONCLUSÃO............................................................................................................ 16 

BIBLIOGRAFIA  ....................................................................................................... 17 

Page 3: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 3/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

3

INTRODUÇÃO

Em 24 de Junho de 2013, presente à sessão ordinária de minha ex-lojaAug∴  Resp∴  Loj∴  Simb∴  Justiça e Lealdade nº. 15 à época jurisdicionada àGrande Loja Regular do Rio Grande do Sul, apresentei uma Peça de Arquiteturadesenhada por mim que tratava da visão nacionalmente aceita de ser o São João,Patrono da Maçonaria.

Naquela Peça discorri sobre São João Evangelista, São João Batista, SãoJoão Crisóstomo e São João de Jerusalém ou Esmoler. Ainda atualmente no Brasil,dependendo da Potência Maçônica, todos estes três são admitidos como o“verdadeiro” Patrono da Maçonaria.

Após dois anos da apresentação daquele trabalho, muitos fatos me fizerampaulatinamente a interpretar a Maçonaria sob diversos pontos e com diversasroupagens. Sim, admito, parece-me impossível conceituá-la ou afirmardefinitivamente sua história. É esta dificuldade por sua vastidão e extensão que atorna uma Escola Moral e Iniciática tão forte e sobrevivente neste mundo.

Com relação ao São João, tenho as seguintes certezas: a Maçonaria não temPatrono, menos ainda um santo católico; o São João foi angariado por escoceses; nãohá qualquer unanimidade de qual seja o dito São João; não há evidências

arqueológicas de que um São João Esmoler tenha existido; em Maçonaria só há umaverdade: a admitida por você. Mas saiba que esta verdade poderá mudar, em breve.

Nesta Peça de Arquitetura, buscarei trazer ao Irmão leitor, alguns fatoshistóricos reais em que poderá se buscar a razão da lenda do São João como PatronoMaçônico.

Page 4: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 4/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

4

O USO DE SÃO JOÃO NO MEIO MAÇÔNICO

1. A Figura Religiosa

Mais conhecidamente, as religiões que admitem e proclamam a existênciade Santos são aquelas sustentadas pelas seguintes instituições: Igreja Anglicana,Igreja Copta, Igreja Ortodoxa e Igreja Católica.

Todas elas adotam como santo, o João Batista bíblico.

São João Esmoler foi canonizado pela Igreja Católica por ser admitido pelaOrdem de São João de Jerusalém - a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de SãoJoão de Jerusalém, de Rodes e de Malta ou simplesmente chamada de Ordem de

Malta -, como seu padroeiro. Talvez aqui sim podemos buscar entender porque osMaçons Escoceses o admitem como Padroeiro da Maçonaria. É possível.

A figura do Santo João, independente em que Igreja for, somente seráencontrada justamente nas Igrejas. Não há notícias de líder, santo, chefe religioso ousacerdote noutras religiões, como no judaísmo, no islamismo, no mandeísmo, noespiritismo (esta inserida no âmago do cristianismo ou uma de suas vertentes),religiões estas que admitem e se baseia na Bíblia Sagrada conhecida. Somente há umSão João no Cristianismo.

É fundamental ressaltarmos que a Maçonaria é Universal e pode coexistircom outra confissão de fé no coração e na mente de todos os homens, ainda que istoprovoque, inevitavelmente, dúvidas.

Queremos apenas ilustrar nestas singelas linhas que nos pareceinconcebível que a Maçonaria adote ou tenha um Santo Padroeiro, ainda maiscatólico.

Page 5: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 5/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

5

Entendemos que as raízes históricas da Maçonaria encontram-se na Escóciae na Inglaterra. Aquele, um país católico, este um país protestante. Os católicosacreditam nos santos. Os protestantes os rejeitam. A primeira Potência Maçônica domundo foi constituída por ingleses, contudo, se investiga o porquê de ser no dia 24 deJunho. Há historiadores respeitados na Escócia que trazem teorias, veremos à frente.

Para entendermos, não nos esqueçamos da Reforma da Igreja na Inglaterraque trouxe o Anglicanismo (uma junção do Protestantismo com o Calvinismo),basicamente iniciado por uma recusa de anulação de casamento entre o Rei HenriqueVIII com Catarina de Aragão pelo Papa Clemente VII, em 1530.

Citamos que o Rei Henrique VIII foi coroado em 24 de Junho de 1509.

2. As Faces de São João

Pretendemos aqui, longe de encontrar solução para o assunto, trazer teoriase argumentações de respeitáveis autores maçônicos a fim de, evidente, causar-nos

questionamentos:

Jean Marie Ragon, em seu livro Ortodoxia Maçônica nos ensina:

Uma prova de que a Grande Loja de Londres não considerava, de maneira

alguma, seu retorno à filosofia antiga, alicerçada sobre a corporação

obreira de York, é que ela datou suas primeiras atas em 5717 (ou ano de

1717). O que tem feito acreditar nos escritores ignorantes e nos fazedores

de rito (já que a Franco-Maçonaria datava do nascimento do mundo,

segundo os judeus), é que sonhavam ter sido o Adão, Venerável Mestre da primeira Loja: a Unidade Maçônica era, então, uma coisa incontestável.

 A contar de 1725, a Franco-Maçonaria se expandiu nos diferentes Estados

da Europa. Ela começou na França, a partir de 1721, pela instituição, no

dia 13 de Outubro (mesmo dia da morte de De Molay), da Loja Amizade e

Fraternidade, em Dunquerque; em Paris, em 1725; em Bordeaux, em 1732

(a Loja inglesa, de número 204) e em Valenciennes, em 12 de Janeiro de

1733, com o nome de Perfeito União.

...

Page 6: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 6/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

6

 Em 1736, a Escócia vê chegar o momento em que os maçons profissionais

 foram quase inteiramente suplantados pelos obreiros intelectuais, a

roupagem restava, porém o alvo mudou. A Igreja compreendeu essa

transformação e os prelados não aceitaram as altas dignidades da nova

Ordem. Desde 1695, todas as corporações de freemasons dormitavam na

 Escócia. Em 30 de Novembro, dia de Santo André, 32 corporações,

devidamente convocadas por uma circular de 11 de Julho, reuniram-se em

 Edimburgo, na Mary`s Chapel, com o fito de reorganizar a associação sob

novas bases e, em consequência, elas se reconstituíram na Grande Loja de

São João de Edimburgo. Naquela ocasião, deu-se a leitura de um ato, com

data de 24 de Novembro, pelo qual, cedendo à força dos acontecimentos,William de Saint-Clair renunciava, por ele e pelos seus, ao cargo de chefe

e governador hereditário dos freemasons na Escócia e lhes entregava a

liberdade para os sufrágios. Então, ele foi eleito por unanimidade da

assembleia que, tão logo, o instalou. No dia 24 de Junho de 1737, a

Grande Loja decidiu que todas as Lojas da Escócia, que quisessem

reconhecer sua jurisdição, teriam de confirmar e juntar seus títulos

constitucionais. Grande número de Lojas submeteu-se àquela decisão.

Com a integração da Loja de Kilwwining na Grande Loja de São João deEdimburgo em 1807, temos já a Grande Loja da Escócia, que tomoou a decisão deabolir o uso da Grande Assembleia no dia de São João do inverno (evangelista –Dezembro) e fixou a data de 30 de Novembro, dia de Santo André (patrono daEscócia).

Em nota de rodapé, Jean Marie Ragon ainda ensina:

Os solstícios eram celebrados muito tempo antes de Numa Pompílio.

 Aqueas festas não tomaram o nome de São João, senão sob os monges

construtores do século IV. Lê-se na instrução do grau de Kadosch, dito de

Sudermânia (alusão à Suécia e ao seu rei Carlos XVIII, também Grão

 Mestre), 30 Grau: “Conquanto irmãos na Arte Real creiam que nossas

 Lojas dedicadas a São João (seja ele o São João Batista, ou São João

 Evangelista) isto é um erro. Aquele a quem elas são dedicadas é São João

 Esmoler, que era Grão Mestre dos Cavaleiros de São João de Jerusalém,

no século XIII, e que sempre foi o mais belo ornamento da Ordem e o patrono dos templários”. Não haveria aqui um anacronismo – defeito

Page 7: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 7/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

7

muito familiar aos criadores de grau? João, dito o Esmoler, patriarca de

 Alexandria, nasceu em Amathonte (Chipre), cerca de 550 e morreu perto

de 619 da era cristã. Ele não podia, portanto, ser Grão Mestre no século

 XIII, a menos que tenha havido dois com o nome de São João Esmoler

(santos).

Roberto L. D. Cooper, curador do Scottish Masonic Museum and Library,no Freemason’s Hall na Grande Loja da Escócia, explica uma das teorias bemdifundidas na Maçonaria, em seu livro  Revelando o Código da Maçonaria – A

verdade sobre a chave de Salomão e a Irmandade1:

 Das Corporações a Maçons: a Teoria da Transição – Na Escócia antiga,

existindo os burgos, essencialmente cidades muradas, não se submetia ao

governo feudal, mas sim, eram criados pelos monarcas e somente à ele

respondiam, pagando impostas diretamente ao rei ou rainha. As

corporações de ofícios e homens de negócios ocupavam um importante

lugar na vida dos burgos e, para trabalharem e buscarem reconhecimento

real, necessitavam de um Selo de Causa, como um contrato de alvará,incorporando o funcionamento sob controle governamental. Estando“regulares”, conferia-lhes prerrogativas perante o conselho da cidade,

desenvolvendo assim papel econômico e político importante e tornando-se

centros de poder. As corporações de carpinteiros e pedreiros tem ano

oficial histórica de seu surgimento na Escócia em 1475. Tão importante

que William Schaw, o Mestre de Obras do Rei, foi designado por James VI

da Escócia ou James I da Inglaterra, para regulamentar estas profissões

através de Estatutos emitidos respectivamente em 1598 e 1599.

Com efeito, como marca de sua respeitabilidade real, foi concedido em1475 aos pedreiros de Edimburgo, o uso da capela de São João Evangelista naCatedral de Saint Gilles. Em contrapartida, os pedreiros deveriam manter a capela

 por meio de doação de cera de velas e mediante o pagamento do sacerdote oficiante,

que realizava as orações e as missas em nome das almas dos membros mortos.

1 Pg. 27.

Page 8: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 8/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

8

 Essa ligação com a capela na Catedral de St. Gilles é a razão de São João

 Evangelista (dia santo em 27 de Dezembro) ser o padroeiro da Maçonaria na

 Escócia, sendo que todo o resto do mundo é São João Batista (dia santo em 24 de

 Junho). Os pedreiros também garantiam o enterro de seus membros quando as

 famílias não podiam fazê-lo, e cuidavam das viúvas e dos órfãos.

Por partir de figura maçônica tão respeitável, esperávamos uma explicaçãomais racional, histórica e argumentativa do Irmão Robert Cooper acerca de São João.

Continuando, encontramos os pesquisadores Lynnn Picknett e Clive Princeque, em seu livro  A Revelação dos Templários

2, questiona e nos fornece chaves daligação de João Batista com os Templários. O livro apresenta a forte constância dafigura de João nas obras de Leonardo da Vinci e na cidade de Florença, que em seucoração, guardava o Batistétio. Este edifício octogonal data da Primeira Cruzada e

 julga ter sido construído por Templários que reproduziram muitos pontos dearquitetura do Templo de Salomão em Jerusalém. Um das paredes deste Batistérioainda guarda o João Batista em estátua esculpido por Leonardo em conjunto com

Giovanni Francesco Rustici. João Batista causou reviravoltas na terra sagrada, poissuas mensagens eram um ataque implícito ao culto que se praticava no Templo deJerusalém, não apenas no que dizia respeito à possível corrupção de seus oficiantes,mas a tudo que ele representava. A convocação de João ao batismo pode ter irritadoas autoridades do Templo, não somente porque ele afirmava que o batismo eraespiritualmente superior aos seus ritos, como também porque era gratuito. Contudo,não traça, em nenhum momento, qualquer ligação entre João Batista e a Maçonaria.

Um dos Maçons considerados Hierofantes do Rito Escocês Antigo e Aceito

sequer menciona São João (qualquer um deles) em sua obra máxima sobre o Rito.Albert Pike, na coleção de  Moral e Dogma, não cita em nenhum ponto que aMaçonaria tenha Padroeiro.

O místico e esotérico Irmão Rizzardo Da Camino escreveu, em seu Dicionário Maçônico

3:

2 Pg. 382.3 Pg. 362-363.

Page 9: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 9/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

9

São João: João significa “porta”, “entrada”, “início”. Diz-se o primeiro

mês do ano, Janeiro, como derivação de Janus, ou João. Na Maçonaria,

cultuam-se, como personagens bíblicos, João Batista e João Evangelista.

Comemora-se o dia de João Batista em 24 de Junho, ligado ao solstício de

inverno, quando uma Loja Maçônica comemora a data com o recebimento

dos Lowtons, ou seja, os filhos dos maçons, os quais assume o

compromisso de proteger em caso de necessidade, quando da falta do pai.

 As Lojas Maçônicas denominam-se também de Lojas de São João. São

 João Batista foi o precursor do Messias. Batizou Jesus e admoestou

 Herodes, que o mandou executar cortando-lhe a cabeça. São João

 Evangelista foi o discípulo mais jovem de Jesus.

O Irmão Joaquim Gervásio de Figueiredo, em seu Dicionário deMaçonaria4, esina:

São João: 1. Patrono da Maçonaria simbólica e primitiva, que usa esse

nome. 2. Na Franco-maçonaria se presta especial tributo aos três São João

das Escrituras: o Batista, o Evangelista, ambos considerados seus santos patronos, e o mais conhecido como Marcos (Ats 12:12, 25), autor dosegundo Evangelho.

São João da Escócia: Denominação de uma Loja fundada em Marselha em

1751 a qual desempenhou importante papel na história da Maçonaria

Francesa. Pouco antes da Revolução Francesa passou a denominar-se

 Loja Mater de Marselha e logo depois Loja Mater do Rito Escocês

Filosófico da França, com sede em Paris.

Lembremos que o Rito Escocês Antigo e Aceito teve berço na França.Mundialmente praticado e amplamente difundido no Brasil, principalmente porPotências tradicionais, ele não é reconhecido (é considerado errado, anormal, falso)pela Grande Loja Unida da Inglaterra. A história que envolve São João da Escócia e aLoja de Marselha de 1751 tem registros históricos e é verdadeira. Talvez seja por istoque até hoje, as Lojas Maçônicas reivindicam seu Padroeiro. Contudo, muitosMaçons o fazem sem saber a razão, o motivo, a circunstância.

4 Pg. 457-458.

Page 10: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 10/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

10

São João da Palestina: 1. Denominação de uma Ordem de Cavalaria a que

alguns panegiristas do sistema templário atribuem a Maçonaria. 2. Título

de uma Loja fundada em Paris em 1780 pela Loja Mater do Escocês

Filosófico da França.

São João de Boston: Denominação da primeira Grande Loja fundada no

continente americano em 1733. Muitos a têm confundido com a Loja “La

Vinha”, a primeira constituída na América do Norte e que posteriormente

serviu de estrutura para a referida Grande Loja. Desta última nasceram

depois muitas outras no continente americano, inclusive a de Filadélfia,

cuja carta constitutiva lhe foi outorgada por Benjamim Franklin. Maistarde foi substituída pela de Massachusetts a denominação de São João de

 Boston.

São João de Edimburgo: Denominação dada em 1736 à Grande Loja da

 Escócia, berço da Maçonaria moderna naquele país.

São João (Favoritos de): Grau 6º do sistema jesuítico sueco de Zinnendorf.Grau 7 º do Rio de Swedenborg.

São João (Festas de): São duas grandes festas anuais que a Franco-

 Maçonaria costuma celebrar em honra a São João Batista e São João

 Evangelista, considerados os seus Santos Patronos. Correspondem ambas

à época dos solstícios e por isso são também chamadas de festas

solsticiais. No hemisfério norte têm lugar a do verão, dedicada a São João

 Batista no dia 24 de junho e a outra, no inverno, e dedicada a São João

 Evangelista em 27 de dezembro. Remontam aos tempos das primitivasiniciações, em que os mistérios eram realizados com grande

compenetração e pompa no Egito, Grécia, Roma e outras regiões. Para

celebrá-las, as Grandes Lojas se reúnem em assembleia geral, e as Lojas,

em sessão magna. Aproveitam-se também, frequentemente, essas ocasiões

 para realizar a cerimônia de posse dos Grãos-Mestres, Veneráveis e

dignatários eleitos, a não ser que sejam outras as prescrições de seus

estatutos e regulamentos.

Page 11: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 11/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

11

São João (Graus de): Denominação também dada aos três primeiros graus

simbólicos: Aprendiz, Companheiro e Mestre, tidos em geral como os

únicos genuínos e legítimos.

Dado importante, no mesmo sentido que lecionam Jean-Marie Ragon,Robert Lomas, Cristopher Knight, Robert Cooper e David Stevenson, o Dicionário deMaçonaria do Irmão Joaquim ainda nos ensina:

Santo André: 1. Patrono da Escócia. Sob seus auspícios trabalharam as

 Lojas daquele país, embora os três graus do simbolismo se denominassem

 Maçonaria de São João, que era a designação geral que admitiam e aindaadmitem os escoceses. Todavia, ao constituir-se a Grande Loja da Escócia

em 1736, aceitando a Reforma da Inglaterra, como esse fato ocorreu em

30 de Novembro, dia de Santo André, concordou-se que no futuro a festa

da Ordem e a Grande Assembléia Geral, que anualmente se celebravam no

dia de São João, seriam realizadas no dia de Santo André.

Ultimando os autores, Jules Boucher, em seu livro A Simbólica Maçônica,sequer cogita a possibilidade de a Maçonaria ter Patrono.

3. São João, Janus e o Collegia Fabrorum

Há uma teoria muito propalada na Maçonaria, que alguns autores indicamter sido ter baseada nos estudos do Maçom Inglês Robert Freke Gould5  (1836 –1915), que diz resumidamente, ser o Collegia Fabrorum uma organização constituídade pedreiros e carpinteiros encarregados de reconstruírem as cidades destruídas e

conquistadas pelo Império Romano, entre 27 a.C. e 476 d.C. E faz muito sentido,dada a habilidade das construções romanas, a expansão do Império e a arte deconstruir.

Segundo Robert. F Gould6, o Collegia Fabrorum ingressou nas IlhasBritânicas através da expansão do Império Romano para construírem as cidadesdestruídas pelas guerras. Quando os romanos saíram dos territórios, o Collegia setransformou em Guildas formadas pelos sucessores anglo-saxões e por profissionaisformandos nas mais diversas artes.

5  http://www.masonicdictionary.com/gould.html 6  http://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br 

Page 12: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 12/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

12

O autor René Guennon, maçom famoso, iniciado no Grande Oriente daFrança e frequentador da mesma Loja de Oswald Wirth, defende que a Maçonariatem fortes laços históricos e de existência com os Collegia Fabrorum romanos.

Contudo, o que mais nos chama atenção é o fato de Janus ser a divindadepadroeira dos Collegia Fabrorum no período do Império Romano.

O historiador Eduardo Carreia descreve, em seu artigo O Pincel Invisível

do Pintor (Notas sobre o Simbolismo Iniciático nas Artes Medievais): 

Uma das divindades mais antigas do panteão romano, Janus era

 propriamente o ianitor, ou "o porteiro", que abria e fechava as portas,

ianuae, do ciclo anual, ianua caeli e ianua inferiu, ou seja, os solstícios de

inverno e verão, pontos extremos do curso solar no ciclo zodiacal. Destas

vinculações surgiu o nome de janeiro, ianuariiis, ao primeiro mês do ano,

e as representações iconográficas desta divindade, registrada com bifronte

e/ou portadora de duas chaves7 . Sugerindo a ideia do hierofante, dosrituais de iniciação e dos chamados "pequenos mistérios", de fato era

 Janus a divindade que presidia os cultos mistéricos relacionados à prática

artesanal, chegando a ser no período imperial a divindade padroeira dos

Collegia Fabrorum, as grandes corporações de artesãos. Mito que remete

a uma tradição interior dos ofícios e refere-se a um conhecimento sagrado

e secreto (arcanum magisterium)8 , Janus Ianitor adverte sobre a existência

de um saber misterioso que se verificava precisamente no exercício das

artes9.

A influência da existência histórica dos Collegia Fabrorum é clara epresente na Maçonaria Moderna.

7  Louis Charbonneau-Lassay, "U n ancien emblème du mois de janvier", Regnabit, Vol. I (julho/1929).8  Jean Pirr e Waltizing, Les Corporations Professionelles chez les Romains (Lovain: s/ed., 1985), vol. I, pp.

208 e ss.9

  Derivado do grego misterion, cuja raiz é mu, de onde procede o mote latino mutus, a palavra mistérioindica originariamente antes o "inexprimível" que o "incognoscível", aquilo que não sendo suscetível deser diretamente expressado não pode ser mais que sugerido por representação simbólica. 

Page 13: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 13/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

13

Com a sempre transformação de outras religiões para reutilização em umcontexto mais propício para os Pontífices Católicos, não seria adequado aoCristianismo adotar São João no lugar de Janus para uma Maçonaria Moderna numlugar de Collegia Fabrorum?

O que queremos dizer aqui é que a verdade está sempre muito, muito longede ser alcançada. E que, principalmente a Igreja Católica, tem por costume secular,sobrepor antigos deuses adotando-os sobre nova roupagem para os dias modernos.Assim, continuam-se as culturas, alteram-se os nomes e as feições. O poder émantido.

Por fim, salientamos que é importante construir ligação entre as duas festassolsticiais promulgadas pelas Grandes Lojas tradicionais e  Janus, uma em 24 deJunho no solstício de inverno (hemisfério sul) e outra no solstício de verão(hemisfério sul), nas datas respectivas de João Batista e João Evangelista, divindadescristãs católicas.

Os Collegia Fabrorum, conforme a Antiga Tradição, igualmente cultuavamas duas “portas” do Sol nestas épocas do ano. Não por menos que  Janus  tem duasfaces.

O primeiro São João (Batista) anuncia a vinda do Sol Invictus. O segundoSão João (Evangelista) propaga sua palavra. Um vem antes. Outro vem depois.Exatamente conforme contado pela Bíblia.

A partir de Constantino, tudo ficou mais claro aos Cristãos e esta história

requer profundas pesquisas e bastante tempo.

4. São João e a Batalha de Bannockburn

Tem-se sobre a Batalha, o seguinte:

 A Batalha de Bannockburn (23 - 24 de junho de 1314) foi travada entre

 forças da Inglaterra e da Escócia, resultando em vitória significativa para

esta última, no âmbito das Guerras de Independência Escocesa. O exército

inglês, de cerca de 25 000 homens, comandado por Eduardo II da Inglaterra, foi interceptado no vau de Bannockburn (riacho Bannock Burn,

Page 14: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 14/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

14

afluente do rio Forth) por um contingente escocês de cerca de 9000

soldados, sob o comando de Robert Bruce. Aos primeiros embates do dia

23, relativamente modestos, seguiu-se um grande confronto no dia

seguinte. O resultado pode ser atribuído à desastrada disposição das

 forças inglesas, entre dois riachos e em solo pantanoso. Eduardo II

retirou-se do campo e fugiu de volta à Inglaterra. A vitória escocesa foi

completa e, embora o reconhecimento inglês da independência da Escócia

ainda tardasse mais de 10 anos (1328), ajudou Robert Bruce a

restabelecer um Estado soberano escocês.

Segundo meu respeitável Irmão e carinhosamente ad eternum  VenerávelMestre Osmar Antônio do Valle Ransolin10 

 Em 24 de junho de 1314, o exército escocês de Robert "the Bruce" venceu

o exército inglês de Eduardo III, situação esta, que permitiu a

independência escocesa por um período de 400 anos. Em 1590, o trono

inglês foi adjudicado por um rei escocês (James I), e a família real

escocesa governou o Império Britânico até 1714. Nesse ano, a últimalinhagem de reis escoceses foi deposta do trono inglês, após o convulsivo

 período da Revolução Gloriosa e da República de Cromwel. A família real

escocesa viu-se obrigada a fugir para a França, para não ser morta pelo

novo regime, que concedeu o trono ao rei George I, da casa dos Hannover.

Os maçons escoceses, que fugiram para a França acompanhando o rei

deposto, lá montaram suas Lojas. E como forma de rememorar a história

da criação da Maçonaria, criaram o Rito Escocês Antigo e Aceito,

instituindo como seu patrono, São João, em homenagem à vitória de

 Banockburn. Lembremos que os maçons escoceses eram católicos, assimcomo rei deposto, ao contrário do Parlamento inglês, que era protestante,

assim como o rei George. O protestantismo não cultua santos. A partir de

1715, para apagar essa vinculação da Maçonaria com o trono escocês

(que tentava de todas as maneiras, voltar ao poder), dois senhores

receberam o encargo de "criar" uma nova Maçonaria. E aí, "resolveram"

reunir-se em 24 de junho de 1717, para "formar" a primeira Grande Loja,

que ainda se auto-proclama o primeiro organismos maçônico do mundo.

Os dois estelionatários, digo, os dois singelos senhores que receberam este

10  A∴R∴L∴S∴ Cavaleiros do Oriente. Or∴ de Fraiburgo. Santa Catarina – Brasil.

Page 15: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 15/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

15

encargo, eram respectivamente Desaguilers e Anderson (vale muito

 pesquisar o Anderson e o que fazia para viver na época). O caso é que

muitas Lojas perderam essa referência, e comemoram o 24 de junho,

dizendo que o patrono da Maçonaria é o dito Santo, e que a Ordem foi

criada nesta data. Se a Maçonaria "nasceu" na Inglaterra, em 1717, e

sendo a Inglaterra um país protestante, qual a vinculação com São João?

Outra, o padroeiro da Escócia, é Santo André, e da Inglaterra, antes da

 formação da Igreja Anglicana, era São Jorge. Então, de onde veio a

tradição de São João? Por fim, mas não menos importante, antes de postar

o popular "Viva São João" na linha do tempo, é bom nos assegurarmos

que somos praticantes do REAA, e que nossa Loja não anda à reboque daGLUI. Circunstâncias opostas em qualquer dos casos, gerariam, no

mínimo, o vexame de cultuarmos algo que não compreendemos, ou que

contraria o que professamos como "verdade". TFA

Robert “the Bruce” fora excomungado pela Igreja e, conforme váriosautores defendem, era um Cavaleiro Templário fugido da França após a queda da

Ordem e a morte do último Grão Mestre Jaques de Molay. A autoridade da IgrejaCatólica, na época, não se aplicava nas terras escocesas.

Há uma forte teoria maçônica de que Robert “the Bruce” só teria ganhado aBatalha graças a ajuda dos Cavaleiros Templários, cuja uma das ordens internas -Ordem de Malta (Século XI) – tinha como padroeiro, o São João Esmoler.

Atribui-se que, após a Batalha de Bannockburn, travada em 24 de Junho de1314, Robert “the Bruce”, então rei da Escócia sob o título de Robert I, criou a

Ordem de Santo André de Chardon.

E esta Batalha é tão importante aos escoceses, que eles a relembram ecomemoram a vitória até os dias de hoje, com apresentações teatrais por toda aEscócia, principalmente na cidade de Stirling.

Page 16: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 16/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

16

CONCLUSÃO

Toda e qualquer pesquisa em Maçonaria é difícil.

Seja pela escassez de dados confiáveis, seja pela falta de racionalismo dealguns autores, seja pela exagerada mistificação que há – erroneamente – no seioMaçônico, a pesquisa se torna cansativa e quase infrutífera, pois, ou encontram-sevários pontos razoáveis em que podemos nos apoiar para explicar o que se busca ounão se encontra nenhum alicerce nas teorias diversas.

Esta simples Peça de Arquitetura serve tão somente como forma rasa decompêndio sobre o tema de São João na Maçonaria.

Como vemos, não há como apontar em qual momento da história eexatamente em qual território, povo e cultura do mundo, criou-se esta ligação vívidaentre a Maçonaria e São João.

A figura do santo é mais evidente no Rito Escocês Antigo e Aceito. NoRito Francês, o santo não é nem citado. Contudo, parece-nos quase certo que aaparição do São João na Maçonaria é obra de franceses, já que é neles que há forteconvergência entre ingleses e escoceses e é um berço natural de Ritos Maçônicos.

Enfim, em Maçonaria nada se conclui, tudo se inicia.

Page 17: O Uso de São João No Meio Maçônico

7/23/2019 O Uso de São João No Meio Maçônico

http://slidepdf.com/reader/full/o-uso-de-sao-joao-no-meio-maconico 17/17

 À GLÓRIA DA HUMANIDADE

Triângulo Maçônico Divina Sophia

Or∴ de Chapecó

17

BIBLIOGRAFIA

1 –  BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. 1984. 1º Edição. São Paulo:Pensamento-Cultrix;

2 –  DA CAMINO, Rizzardo. Dicionário Maçônico. 2010. 3ª Edição. São Paulo:Madras;

3 –  FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. 2011. 17ªEdição. São Paulo: Pensamento-Cultrix;

4 – PIKE, Albert. Moral e Dogma. 2011. São Paulo: Yod;

5 – PICNETT, Lynn. PRINCE, Clive. A Revelação dos Templários – Os Guardiõessecretos da verdadeira identidade de Cristo. 1ª Edição. 2011. São Paulo: Planeta;

6 – COOPER, Robert. Revelando o Código da Maçonaria – A verdade sobre achave de Salomão e a Irmandade. 2009. São Paulo: Madras;

7 – RAGON, Jean-Marie. Ortodoxia Maçônica - A Maçonaria Oculta e a IniciaçãoHermética. 2006. São Paulo: Madras;

8 – http://www.masonicdictionary.com/gould.html 

9 – http://www.joaoanatalino.recantodasletras.com.br. Autor: José AnatolinoSantos.

______________________________ANDRÉ FOSSÁ

Ir∴ M∴ M∴