abim 005 jv ano ix - nº 75 - jul/16 o brasil e suas bastilhas!

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www.revistaartereal.com.br ABIM 005 JV Ano IX - Nº 75 - Jul/16 O Brasil e Suas Bastilhas!

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www.revistaartereal.com.brABIM 005 JV Ano IX - Nº 75 - Jul/16

O Brasil e SuasBastilhas!

A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 33.154 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

www.revistaartereal.com.br - [email protected] - Facebook RevistaArteReal - (35) 99198-7175 Whats App.

Exemplares da Edição ImpressaPara os leitores que não tiveram a oportunidade de assinar a edição impressa, ou que desejarem completar sua coleção, estamos disponibilizando exemplares avulsos das 22 edições publicadas. solicite através do e-mail [email protected]

Apenas, R$ 13,00/exemplarfrete incluso

para todo o Brasil

EditorialEsta edição do mês de julho, destaca, como

temário principal, um momento singular da humanidade, verdadeiro separador de águas,

que serviu para a derrubada de um sistema absolutista que massacrava o povo francês. Tal regime feudal, como todo regime opressor, subtraía o quase nada de um povo desafortunado, a fim de enriquecer e sustentar os desejos de consumo do clero e dos nobres, uma minoria opressora que, jamais, preocupara-se com os interesses da população.

Para se entender o presente e vislumbrar um futuro, faz-se necessário rever a história. O quadro atual da população brasileira, em parte, coincide-se com o passado francês. Taxado em impostos abusivos e sendo meros expectadores das mais incríveis estratégias, de parte dos maus políticos, para roubar os cofres públicos, acreditam que tudo isso seja em nome da democracia, e assim o povo brasileiro tem se mantido passivo e submisso às articulações, que, em sua maioria, são feitas às claras, entre os Poderes. Decerto, a ingenuidade ou descomprometimento desse povo lhe faz pensar que, em dado momento, um Salvador da Pátria surgirá para tudo resolver.

No passado, o povo francês fez valer sua vontade e reescreveu sua história. No presente, o povo brasileiro, passivo, prefere viver a expectativa de mudanças, a ser parte de uma solução. Sabemos que o Brasil somos todos nós e tal mudança, a começar por uma reforma moral e ética, deve se iniciar em cada um de nós, em nossas atitudes. No Teatro da Vida, chegou o

momento de subirmos ao palco e protagonizarmos nossa própria história, deixando de ser uma plateia sonolenta e omissa, acomodada na zona de conforto.

Ainda, aproveitando o tema desta edição, estamos publicando um texto, fruto de compilações, sobre o que, de fato, os franceses comemoram no dia 14 de julho, que ficou conhecido como o início da Revolução Francesa. Finalizamos com uma belíssima matéria sobre “As Três Colunas na Maçonaria”, do Irmão José Roberto Galuzio, há muito, colaborador desta Revista, que divide a autoria com Marcos Trujillo, abordando o tema com uma visão iniciática, levando-nos a uma profunda reflexão!

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citar: Bassompierre, Foucquet, o homem da máscara de ferro, duque de O’rleans, Voltaire, Latude, entre outros.

Na época, o sistema legislativo francês dividia-se em três grupos, os chamados Três Estados: o primeiro, compreendia os representantes da nobreza; já, o segundo, representava o clero católico; finalmente, o terceiro, representava a população em geral. Os dois primeiros grupos votavam quase, sempre, em conjunto, deixando o Terceiro Estado (povo) isolado e marginalizado, tornando qualquer proposta de mudança da situação, pela via política, quase impossível. Nada diferente do momento atual do nosso Brasil.

Diante de tal situação de falta de representabilidade política, somada à dilapidação dos cofres públicos promovida pela nobreza e pelo clero, aos problemas econômicos enfrentados pelo país, na época (devido à participação francesa

Bastilha, em francês, Bastille. A Bastilha era uma fortaleza situada em Paris, capital da

França. Começou a ser construída no ano de 1370, durante o reinado de Carlos V. Foi concluída, doze anos depois, em 1382. No século XV, na regência do Cardeal Richelieu, foi transformada pela monarquia francesa numa prisão de Estado, ou seja, um local onde eram presos aqueles que discordavam ou representavam uma ameaça ao poder absolutista dos reis.

Inicialmente, foi concebida, apenas, como um portal de entrada ao bairro parisiense de Saint-Antoine, na França, motivo pelo qual era denominada Bastilha de Saint-Antoine. Encontrava-se onde, hoje, está situada a Place de la Bastille – a Praça da Bastilha - em Paris.

Tornou-se um símbolo do absolutismo francês, sendo que vários intelectuais e políticos foram presos em seus cárceres. Entre os prisioneiros mais famosos, podemos

na guerra de independência dos Estados Unidos, somada às colheitas deficitárias ocorridas naqueles últimos anos), a situação tornara-se insustentável, o que lançou o povo contra o governo de modo dramático, tomando o controle do país à força.

Considera-se o dia 14 de julho de 1789 como a data da Revolução Francesa, porque foi nesse dia em que o povo francês assaltou a célebre fortaleza da Bastilha, decapitou o seu governador, o marques de Launay, e após quatro horas de combate, tomaram a bastilha. Fato que caracterizou a “Queda da Bastilha”. Ironicamente, os cerca de 600 invasores da Bastilha foram encontrar encarcerados, apenas, sete presos: 2 loucos, 4 vigaristas e 1 lorde tarado.

Retratamos esse importante episódio da história da humanidade, o fechamento da Idade Moderna como verdadeiro separador de águas, a

Francisco Feitosa

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fim de despertar nossos leitores quanto à realidade do caótico quadro da política brasileira.

Como a imensa maioria dos políticos brasileiros, envolvidos com corrupção, suborno e enriquecimento ilícito, e que, às claras, sem sequer se preocupar com a exposição nas mídias, manipulam seus interesses, descomprometida, também, com os interesses do povo, na época, a rainha Maria Antonieta, ao ouvir o clamor de uma população faminta, injustiçada e sem esperanças, proferiu a frase que ficou marcada na história: “se não tem pão, que comam brioches!” Parece-nos que nossos governantes estão mais ou menos respondendo da mesma forma às demandas da população, que ocupou as ruas em junho de 2013, manifestando sua insatisfação.

No mesmo período da Revolução Francesa, no Brasil, acontecia a Conjuração Mineira, que “levou” Tiradentes à forca. Na época, a Coroa Portuguesa determinava, como imposto, o pagamento do “Quinto”, ou seja 20 % do que fosse explorado nas Minas Gerais, o que já era um absurdo. A expressão “O Quinto dos Infernos” vem de então, utilizada pelo povo revoltado. Hoje, em média, pagamos o dobro de impostos (cerca de 40%). Em um ano, trabalhamos cerca de 150 dias para pagar impostos, e esses, na grande maioria das vezes, sendo desviados para sustentar o circuito de uma corrupção, que se tornou sistêmica.

Atualmente, o povo clama pela queda de novas bastilhas. Em 1789, era a bastilha do absolutismo, do poder feudal. Hoje, quase 230 anos depois, sentimos a mesma indignação em ver nossa

Espera-se que um filho teu

não fuja à luta!

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economia ladeira abaixo, fruto da corrupção, do suborno, no lodaçal que banha os três Poderes.

Em 14 de julho de 1789 o povo, cansado de protestar, fez valer a sua voz e reescreveu sua história. Há exatos três anos o povo enchia as ruas de diversas capitais e cidades brasileiras e mostrava sua indignação. Promessas foram feitas e nada se modificou. Muito pelo contrário, o quadro, somente, piora a cada edição da “Operação Lava Jato”, que nem vislumbra previsão para terminar.

Antes de se realizar as necessárias reformas política, agrária, previdenciária, entre outras, faz-se necessário a implantação de uma Reforma Moral e

Ética. Lamento concluir que o problema do Brasil é o próprio brasileiro. Refiro-me aos maus caráter que estão no poder, somados aos omissos e àqueles que se “beneficiam”, de certa forma, das migalhas da corrupção. Precisamos dar um basta nesta Bastilha atual. Chegamos a uma situação que quem não fizer parte da solução, desde já, é parte do problema!

No dia 19 de julho de 2016, o Exmo. Sr. Presidente da República, em exercício, recepcionou, no Palácio do Planalto, os Grão-Mestres da Maçonaria brasileira, os quais entregaram, junto com seus descontentamentos com o quadro político atual, a Carta de Maceió, fruto da XLV Assembleia Geral da CMSB – Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, em apoio do Povo Maçônico à Polícia Federal, ao Ministério Público, Tribunal de Contas da União, Receita Federal e a Justiça Federal, a fim de colocarmos um ponto final no momento mais tenebroso da história política deste país.

Que a população volte a manifestar sua indignação nas ruas, e que seu clamor coloque abaixo as Bastilhas da Corrupção, e que a Guilhotina da Justiça ponha fim nessa corja de maus políticos que subtraem essa nação, que tem por sublime destino de ser o Celeiro do Mundo, a Pátria do Evangelho, a Terra do Advento do Alvorecer do Novo Ciclo!

Que se cumpra a LEI Justa e Perfeita!

Despertai, povo brasileiro!

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14 de JulhoA Festa da Federação

Faz parte do senso comum afirmar que no dia 14 de julho é comemorada a queda da Bastilha, ato que marcou o início da Revolução Francesa em

1789. Pouca gente sabe, no entanto, que a data entrou para o calendário cívico daquele país como a celebração de outro evento: a Festa da Federação, exatamente, um ano depois, em 14 de julho de 1790.

Para explicar como pode ter havido uma confusão entre as duas datas, é preciso fazer uma viagem no tempo e mergulhar na história francesa. É muito fácil esquecer que no século que se seguiu aos eventos de 1789, a França foi submetida, principalmente, a regimes monárquicos, os mesmos que a revolução tanto havia combatido.

Primeiro veio Napoleão, depois os Bourbon. Em seguida, o rei Louis-Philippe, para depois o país experimentar um pequeno intervalo republicano, em 1848. Na sequência, veio o imperador Napoleão III. Somente, a partir de 1870, quando o país saiu derrotado da Guerra Franco-Prussiana, é que a França estabeleceu seu duradouro sistema republicano.

No final de 1870, muitos monarquistas haviam sucumbido aos ideais da República, a Assembleia Constituinte era composta por uma maioria republicana e, portanto, havia chegado o momento de inaugurar uma nova era, com uma série de símbolos nacionais. Uma das primeiras tarefas foi estabelecer o dia festa nacional francesa.

A escolha do evento a ser celebrado foi feita no fim do século XIX, quando a Terceira República da França buscava consolidar o novo regime e construir um imaginário nacional próprio. Em 1880, o deputado Benjamin Raspail propôs o dia da tomada da Bastilha como data da festa nacional. Alguns parlamentares, no entanto, lembraram a violência que havia marcado aquela jornada revolucionária, quando o povo de Paris cortou a cabeça do governador da prisão, libertou presos ali confinados e linchou os veteranos encarregados de vigiar os prisioneiros.

Por conta do caráter polêmico da tomada da Bastilha, os deputados preferiram escolher a manifestação de 1790, por ser mais consensual. A Festa da Federação marcou o momento em que, após os enfrentamentos do ano anterior, o povo francês se reconciliou. Foi quando os olhos de todos se voltaram para a Festa da Federação. Um ano após a tomada de Bastilha, a esperança pairava sobre Paris. O rei Louis XVI, ainda, estava no trono, mas seus poderes haviam sido cerceados pela Assembleia Constituinte. Os privilégios da aristocracia haviam sido abolidos.

A partir do dia 1º de junho de 1790, operários trabalharam ao lado de burgueses para transformar o Campo de Marte, em Paris, em um imenso circo, no centro do qual se erguia o Altar da Pátria, onde podia-se ler os dizeres “A Nação, A Lei, o Rei”. A reforma, para

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a qual se recorreu à boa vontade dos parisienses, foi realizada em um clima de fraternidade e entusiasmo.

Foi uma época definida pelos historiadores como a “fase otimista da revolução”. E para marcá-la, as autoridades organizaram um evento ao ar livre extraordinário no Campo de Marte, onde hoje fica a Torre Eiffel. Um arco triunfal de 24 metros de altura foi erguido, o lugar foi preparado para receber 400 mil pessoas.

Nas semanas que precederam ao evento, parisienses de todas as classes sociais se uniram nos esforços de organização da festa. Choveu cântaros no dia 14 de julho de 1790. Ainda assim, delegações da recém-criada Guarda Nacional fizeram um desfile pela cidade, liderados pelo Marquês de Lafayette.

Naquele momento a França ainda não era uma República. A agitação social do ano anterior havia levado a monarquia a aceitar uma Constituição. Até ali, os franceses ainda respeitavam seu rei, contanto que ele observasse as leis e a autoridade emanadas do povo. A Festa da Federação foi organizada justamente para celebrar uma decisão da Assembleia Constituinte de 7 de junho de 1790, que reunia as diversas milícias de cidadãos formadas nas províncias.

Assim, no dia 14 de julho de 1790, cerca de 100 mil soldados federados entraram em Paris e desfilaram da Bastilha ao Campo de Marte. Luís XVI, a rainha Maria

Antonieta e o delfim (príncipe herdeiro) instalaram-se no pavilhão montado em frente à Escola Militar. Do outro lado, haviam erigido um arco triunfal. Nas tribunas, acotovelavam-se mais de 260 mil parisienses.

No Campo de Marte, canções militares foram entoadas; foram feitos juramentos ao Rei que, por sua vez, prometeu validar os decretos da Assembleia Nacional; uma missa foi celebrada. E num episódio que lembra cenas contemporâneas do culto a celebridades, a multidão foi ao delírio quando a rainha Maria Antonieta levantou seu bebê, herdeiro do trono, para exibi-lo ao público.

Por fim, no ponto alto da celebração, La Fayette jurou fidelidade à nação, ao rei e à lei, juramento repetido pela multidão. Luís XVI jurou fidelidade à Constituição. Um Te Deum (hino litúrgico) encerrou a jornada, que terminou em vivas e abraços.

Nas palavras do historiador Georges-Henri Soutou, foi um momento em que, ainda, era possível imaginar que um novo regime poderia conciliar diferentes crenças religiosas e, ainda, contar com o apoio do Rei. Não durou, é óbvio. Dentro de um ano, a revolução estava na rota que a levou ao seu fechamento sangrento.

Não se contestou a monarquia, ratificou-se a revolução e se celebrou a união nacional. Foi esse

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espírito que os deputados do século XIX quiseram associar ao 14 de julho. Na memória coletiva, porém, a data sempre será lembrada como o dia em que o povo tomou a Bastilha, o maior símbolo do absolutismo francês.

Mas um século depois, a Festa da Federação era a única data em torno da qual todo mundo, desde os leais aos Bourbon aos pró-socialistas, podiam concordar. Para o senador Henri Martin, que rascunhou a Lei do Dia

Nacional, 14 de julho de 1790 foi o dia mais bonito da França, possivelmente da história da humanidade. Foi naquele dia em que a união, finalmente, foi conquistada.

Compilação das matérias ”A Verdade Por Trás da Festa da Queda Da Bastilha” - Hugh Schofield - BBC News – 14/jul/2013 e “O 14 de Julho Não Comemora a Queda da Bastilha” - Olivier Tosseri – site História Viva.

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I Congresso MundialVirtual da Maçonaria

De autoria do nosso Irmão Rudy Barbosa Levy – Secretário Executivo da CMI - Confederação Maçônica Interamericana, disponibilizaremos

um texto explicativo sobre um evento inédito que está sendo realizado no seio de nossa augusta Ordem, e em nível mundial – O Primeiro Congresso Mundial Virtual da Maçonaria. Para melhor informar aos nossos leitores, tivemos a liberdade de inserir algumas explicações e referências, em meio ao texto. Segue, em itálico, o texto original de apresentação do CMV - O Primeiro Congresso Mundial Virtual da Maçonaria:

“Toda instituição é um meio para cumprir uma função social e satisfazer necessidades, sejam essas comunitárias ou individuais. Nesse aspecto, a Ordem Maçônica não é diferente de nenhuma outra organização. Foi criada com propósito e para ter impacto social. Quatrocentos anos atrás ela começou a tomar a forma como Maçonaria Especulativa, em condições humanas, sociais, econômicas e culturais, completamente diferente das que existem hoje.

Tudo isso sem contar com outros aspectos de inegável importância: a exposição demográfica e os avanços tecnológicos que estão afetando, cada vez mais, o desenvolvimento da humanidade. Durante todo esse tempo, o modelo institucional de Maçonaria vem

se mantendo inalterado, em termos de sua proposta de valor, de sua visão e propósito, dos mecanismos que foram desenvolvidos para aplicar os recursos e fazer a entrega dessa proposta de valor e da forma como nos acostumamos a medir o resultado ou o benefício que gera o próprio modelo na sociedade.

Isso tem gerado algo como uma lacuna entre o que oferece a Ordem Maçônica e o impacto que deve causar na sociedade. As estatísticas estão demostrando uma dramática redução nas filiações, principalmente naquelas regiões onde a Maçonaria cresceu com maior força no passado. A média de idade tem aumentado constantemente e nada que se tem experimentado como solução está funcionando. A região ibero-americana não está isenta de sofrer as mesmas consequências se continuar pelo mesmo caminho. A elite estratégica que foi a Maçonaria no tempo em que seus membros eram parte de grupos sociais mais avançados, passou a ser simplesmente uma elite convencional e, se não forem tomadas as medidas necessárias, seguirá o caminho de se converter a um simples agrupamento fraternal, quando a cada dia se fazem mais necessárias ações eficientes, interconectadas e interdependentes, que possam orientar uma sociedade cada vez mais desorientada.

Rudy Barbosa Levy

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Devemos redefinir nosso propósito institucional. O modelo que foi concebido quatro séculos atrás, deve ser revisado, analisado e, se necessário, renovado, se não quisermos que a base continue se deteriorando, ante à realidade e às condições socioculturais dos tempos atuais. Esse grande desafio não pode ser encarado e superado por um grupo de Irmãos, por melhores que sejam suas intenções. Deve ser encarado e superado por todos os Irmãos de nossa Confederação, precisamente, fazendo uso dos novos sistemas de participação e colaboração de ideias, que permitam desenhar e construir uma visão de futuro.

A Confederação Maçônica Interamericana - CMI - está promovendo a realização do Primeiro Congresso Mundial Virtual de Maçonaria, um evento inédito da Maçonaria mundial.”

Antes, porém, para os Irmãos que, ainda, não tiveram oportunidade de ouvir falar sobre a CMI, cabe uma breve apresentação: a CMI - Confederação Maçônica Interamericana foi criada em 14 de abril de 1947, como uma instituição sem fins lucrativos, atualmente, reunindo, como seus membros, setenta e nove Potências Maçônicas, distribuídas em 24 países da América Latina, Caribe e Europa.

Seus objetivos têm por base três pilares: Comunicação, Participação e Colaboração. Seu principal propósito é o de promover um modelo de negócios inovador, integrando a Maçonaria Latino Americana e, por extensão, a Maçonaria Universal, a fim de desenvolver todo o potencial em uma organização com mais de 400.000 membros, visando compreender as profundas mudanças que estão ocorrendo no mundo, com os processos que estão mudando a forma de relações, superando barreiras culturais e geográficas, as mudanças que ignoram todos os paradigmas e construir novas formas de entender as crescentes necessidades sociais e visões humanas. Para saber mais visite o site da CMI http://www.cmisecretariaejecutiva.org/.

Das Potências/Obediências Maçônicas do Brasil, estão filiadas à CMI todas as Grandes Lojas Brasileiras (CMSB), todas Obediências Estaduais do GOB, e os Grandes Orientes Estaduais (COMAB) do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Voltando a falar sobre o Primeiro Congresso Mundial Virtual de Maçonaria - CMV - daremos continuidade ao texto do nosso Irmão Rudy. Assim ele se expressa: “é mundial porque queremos chegar a

todos os Irmãos de nossa Confederação, independente do lugar onde se encontram, e é virtual porque vamos utilizar as novas tecnologias de informação para facilitar esse exercício. É um evento como qualquer outro congresso: registro, participação/colaboração e conclusões. Só que todo esse processo poderá ser realizado desde um escritório, uma casa, ou qualquer lugar onde o Irmão esteja ou queira ingressar e participar. Só precisa ter à sua disposição um computador, um tablet ou um smartphone.

O CMV – Congresso Mundial Virtual de Maçonaria - disponibilizará uma plataforma virtual com quatro “Salas de Trabalho”, com os seguintes paineis: Sala 1 - A necessidade de criar um novo paradigma; Sala 2 - Sobre a Maçonaria disrruptiva; Sala 3 - Processos de inovação na Maçonaria; Sala 4 - A Maçonaria Executiva - Construindo as redes colaborativas.

A descrição de cada um dos temas de análise será posta a consideração de todos os Irmãos em breve. O CMV é um evento completamente voluntário e gratuito. Todas as Grandes Potências que formam a CMI estão sendo convidadas a participar. Os Veneráveis Mestres e Secretários de cada Loja, das Potências/Obediências filiadas à CMI receberão convite por e-mail para que possam fazer o registro dos Irmãos que queiram participar e colaborar ou, simplesmente, acompanhar o desenvolvimento do CMV. Meus Irmãos, atrevamo-nos a PENSAR DIFERENTE”.

Ainda que tardio, porém mais do que necessário, o Primeiro Congresso Mundial Virtual da Maçonaria, que está sendo realizado de junho a dezembro de 2016, chega em um momento de convulsões sócio-econômico-político em diversos países, em que o mundo clama por emergentes mudanças e nobres iniciativas, abrindo-se uma excelente oportunidade para que nós, Livres-Pensadores, possamos expressar nossas ideias em busca de soluções, a fim de adequarmos nossa Ordem à realidade do mundo atual.

A CMI é a primeira organização maçônica a realizar um evento desse nível e, também, será a primeira vez em que o maçom, individualmente, e não através de um representante (Grão-Mestre, Delegado ou Venerável Mestre), estará participando, ativamente, de debate sobre temas importantíssimos, expressando sua opinião, em prol de se promover as mudanças necessárias, com relação à atuação da Maçonaria nos problemas que afligem a humanidade.

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AsTrês

ColunasJosé Roberto Galuzio & Marcos Trujillo

A Maçonaria é uma Escola Iniciática e, de sua Doutrina, gradualmente, desvela aos seus Iniciados, os princípios herméticos e

simbólicos para incutir-lhes a base para a identificação progressiva, exponencial e transcendente da perfeição do Espírito Humano.

Muito acertadamente, podemos definir a Maçonaria como sendo a Bela Arte de fazer desbastar a Pedra Bruta, que nada mais é que, simbolicamente, o homem na sua mais completa ignorância espiritual ou escuridão. Erguer Templos à Virtude torna-se, de imediato, a condição inicial e permanente de erguer, paulatina e exaustivamente, o Templo do Eterno Deus Vivo, Único e Verdadeiro, reflexo do Templo de Luz ou Jerusalém Celeste, que é a Alma aprimorada de cada Obreiro, e que vai ao encontro do próprio significado etimológico de Maçonaria que, em sua essência última, é Maha-Sun, a Grande Luz.

A função psicossocial da Maçonaria Especulativa, motivo principal da sua fundação no século XVIII, era a de laborar pela regeneração mental e moral do Gênero Humano, ensinando-o a lapidar a Pedra Bruta da sua personalidade mortal, na Pedra Cúbica da sua individualidade imortal, indo, assim, lançar as sementes no terreno social, capazes de frutificarem como uma Sociedade Humana mais Justa e mais identificada com o Supremo Arquiteto, que a atual. Isso em conformidade aos ensinamentos emitidos pela Igreja, ou melhor, do Templo. Dessa maneira, tendo o Poder Temporal vassalando a

Autoridade Espiritual, sendo essa a razão objetiva da Maçonaria, também, ser designada Arte Real antes de 27 de dezembro de 1774, quando o Grande Oriente de França lhe alterou o nome para Franco-Maçonaria.

A Construção desse Templo requer três colunas essenciais para a sua sustentação: Sabedoria, Força e Beleza.

Um grande segredo está no fato de que, sempre, e, indissoluvelmente, estas três colunas são interligadas entre si, uma vez que compõem, objetivamente, estados mentais diferenciados presentes no homem, mas, simbolicamente, são diferenciadas em separado para melhor compreensão de suas naturezas, manifestações e formas de evolução.

A simbologia do uso de “ferramentas”, também, permite uma “objetivação” no plano no pensamento racional (mente concreta – concretismo) daquilo que é abstrato, impalpável, o que delongaria exaustivas e centenas de páginas para se chegar a um mínimo de compreensão e habilidade dos seus conceitos e princípios.

O Grande Arquiteto do Universo (Iod) teve a generosidade de criar o Homem à Sua Imagem e Semelhança, e o obreiro é aquele que sai da humanidade e se predispõe a trilhar o caminho da Iniciação e, para isso, pode contar com as Três Colunas que sustentam o Templo de Salomão.

As três colunas, por serem distintas em função, completam-se na execução: se, por exemplo, quando um Mestre Maçom se diz um Eterno Aprendiz, na prática, quer dizer que se identificou com os Princípios Universais e estes, nos aspectos Humanos e Naturais, têm seus próprios desdobramentos em conhecimentos.

Mesmo sendo Mestre daquilo que já conquistamos, é nosso dever apoiar os Companheiros e Aprendizes na sua jornada iniciática, da mesma forma que fomos e somos ajudados, de forma permanente, entre todos os obreiros, independente de títulos, cargos ou funções hierárquicas.

Essa é a verdadeira fraternidade que deve sempre vigir. Além do mais, aquele que atingiu o Céu só pode descer e aquele que se encontra na Terra só pode subir.

Quanto aos Companheiros: São os obreiros que se situam num plano intermediário ou a ponte entre uma realidade e outra. Entre o que é Perfeito e Imperfeito, melhor dito, entre o saber e o ignorar. Nesse plano, age a Coluna da Beleza, no seu aspecto de captar e desenvolver as emoções buriladas pelo Amor, pelo encantamento da Criatura. No plano da Pedra Bruta, por sua vez, ou no plano material, impera os sentimentos e emoções desarmônicos e o Companheiro deve atuar num plano mental, que consiga intermediar o plano mental superior (Sabedoria – Espiritual) com o plano mental inferior (FORÇA – Emocional, Instintivo), de forma a fazer

luz nesse nível mental, sem, porém, eliminá-lo. Isso porque, é no mundo objetivo das formas que tal plano mental se manifesta e não se pode imaginar a evolução espiritual sem essa interação no plano material.

O Companheiro age, então, podemos afirmar com toda a veemência, no plano da razão (Mente Concreta – Racional) para equilibrar os dois planos (Duas colunas: da Sabedoria e da Força), colocando-se, justamente, num terceiro plano (Coluna Intermediária: Beleza, Amor, Contemplação, Observação, Reflexão) isento e pleno para ligar, unir o que está em cima com o que está em baixo. Unir o que é Espaço e Tempo sem Limites (Eterno) com o que é Espaço e Tempo com Limites. Então, bem se vê assim que as três colunas agem em conjunto, harmonicamente, como um acorde, ou então, a falta de uma delas invalida totalmente a possibilidade das outras duas.

Toda a humanidade passa por um processo de Iniciação no planeta Terra, que, também, é um Templo Vivo. A vantagem de estar numa Escola de Iniciação, tal qual a Maçonaria assim o é, permite aos seus obreiros uma imensa vantagem. Compreender, mas, principalmente vivenciar todo esse processo iniciático, faz acelerar a evolução espiritual, desde que através de uma Transformação e Superação efetivas da moral, da Alma Humana, para atingir a Metástase com o seu Princípio Superior, ou seja, o Espírito, o caráter. União da noiva (Mente Humana) com o esposo celestial (Espírito - Mente Divina).

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Revista Arte Real nº 75 - Jul/16 - Pg 13

Na 68ª Convenção Internacional da Sociedade Brasileira de Eubiose, realizada em São Lourenço-MG, no período de 20 a 24 de

fevereiro de 2016, foi levado a efeito o lançamento do livro “Monumento Eubiose”. Tal obra literária é parte do projeto da construção de um Obelisco, com 11 metros de altura, a ser erigido na cidade de Cuiabá-MT – centro geodésico da América do Sul. Dentre outros mistérios, aquele estado abriga um dos Sistemas Geográfico do planeta, polos de irradiação de energias sutis para a face da Terra e a humanidade. Todos esses assuntos, e muito mais, estão revelados neste importante livro, que te a autoria de um grupo de diversos estudiosos no assunto, no qual me incluo.

Tenho, também, a honra de ser o criador de seu projeto gráfico, da capa e da diagramação. Além de seu valoroso conteúdo, os valores arrecadados, com sua venda, serão direcionados para custear a construção desse Monumento. Saiba mais em www.monumentoeubiose.com.br

Lançamento

Esta coluna “Lançamentos” é destinada, exclusivamente, aos escritores, a fim de que possam divulgar o lançamento de seus Livros. Os interessados, por gentileza, façam contato conosco, pelo

e-mail [email protected] e divulguem sua obra para os nossos mais de 33.000 leitores!

Somos, portanto, eternamente, Aprendizes, Companheiros e Mestres, de Nós e dos outros. Dos outros porque toda a Humanidade está nesse processo, entretanto, cada um num plano único e diferenciado. Nem superior ou inferior, mas diferenciado.

Cada coluna, per si, representa, se analisadas separadamente, um estágio da Iniciação, vamos dizer, protocolar, Maçônica. Porém, na prática, devem ser tomadas precauções, pois não bastam títulos, quando elevamos de grau e exaltados.

É o ser que honra o título e nunca o título que honra o ser. Afinal, já podemos visualizar, com base nesse estudo das Três Colunas da Maçonaria, que a Evolução não corre apressada, todavia, ela se baseia numa Perfeita Harmonia do Homem com o Universo.

É natural supor que o homem, perfeitamente em harmonia com seus Princípios Superiores e com os Inferiores, traduza-se em uma Sociedade mais Justa e Perfeita, pois o Pai está no Filho e o Filho, agora, está no Pai.

Para concluir, a Maçonaria tem como um dos seus principais baluartes e normas de conduta, que todos os seus obreiros são obrigados a cumprir

quanto ao respeito de todas as crenças e religiões, dentre outros.

Na Mente, Deus se assenta como SABEDORIA. No Ego, Deus se assenta como AMOR.Na Força, Deus se assenta como VONTADE.

O Grande Pensador, JHS, Patrono da Loja Maçônica Cavaleiros do Ocidente nº 1834 e de diversas Lojas Maçônicas, assim escreveu: “Quem souber colocar sua Inteligência ao lado do coração, alcançará, na Terra, as maiores alturas.”

Podemos, ainda, elevar nossas mentes para o que, somente, um grande Iniciado poderia arrematar e que vem bem ao nosso estudo sobre a As Três Colunas da Maçonaria:

“Quem souber colocar sua Vontade (Terra) ao lado do coração, alcançará, no Céu, as maiores alturas, a Espiritualidade.”

Daí, teremos que estar nos três planos mentais. Ao mesmo tempo. Sim, as três colunas no Homem, para que Deus se manifeste plenamente.Nada mais simples.

O Irmão J.R. Galuzio é M∴ M∴ da A∴R∴L∴S∴ Calaveiros do Ocidente nº 1834 - G∴O∴B∴ - SP, sendo ambos autores membros da SBE - Sociedade Brasileira de Eubiose - São José dos Campos-SP.