abelhas sem ferrão do paraná

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A rq. c ie n. vet. zoot. UN/PAR, 3(2): ago./dez., 2000 BIODIVERSIDADE DE ABELHAS INDIGENAS SEM FERRAO (HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINAE) NA BACIA DO RIO TmAGI, ESTADO DO PARANA,. BRASIL Edson Ap re ido Proni PRONIl, E. A . Biodiversidade de abelhas indigenas sem ferrao (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae) naBacia do Rio Tibagi, Estado do Parana, Brasil. Arq. den. vet.zool. UNIPAR, 3(2): p. 145-150,2000. RESUMO : Foram realizados levantamentos prelirninares do nivel de ocorrencia de ninhos de abelhas indigenas sem ferrao (meliponfneos au stingless bee) na Bacia do Rio Tibagi, Estado do Parana .. Forarn identificados 12 generos e 19 especies dessas abelhas, com uma distribuicao bern diversificada tanto nos ecossistemas urbanos como nos agroecossistemas. F o i constatado que a biodiversidade atual dessas especi s esta seriamenre ameacada pelos processes antropogenicos, PALAVRAS-CHAVE: stingless bee, abelhas indigenas, meliponfneos, biod versidade BIODIVERSITY OF INDIGENOUS STINGLESS BEES (HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINAE) IN THE TmAGI RIVER BASIN, PARANA STATE, BRAZIL PRONI, E. A . Biodiversity of indigenous stingless bees (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae) in the Tibagi River Basin, Parana State, Brazil, Arq. cien. vet. rool. UN/PAR, 3(2): p. 145-150,2000. ABSTRACT: Preliminary surveys on the occurrence of nests of indigenous stingless bees (meliponinea or stingless bee) in the Tibagi River Basin, State of Parana, identified 12 genera and 19 species in a very diversified distribution both in urban and agricultural ecosystems. It was verified that the current biodiversity of these species is seriously endangered b y anthropogenic processe s. KEYWORDS: stingless bee, indigenous bees, meliponinae, biodiversity BIODIVERSIDAD DE ABEJAS INDiGENAS SIN AGUIJON (HYl\ffiNOPTERA : APIDAE: MELIPONINAE) EN LA CUENCA DEL RIO TmAGI, PROVINCIA DEL PARANA, BRAS IL PRONI, E. A Biodiversidad de abejas indfgenas sin aguij6n (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae) en la cuenca del Rio Tibag , Provincia del Parana, Brasil. Arq. den. vet. zool: UNTPAR, 3(2):. p. 145-150, 2000. RESUMEN: El grado de ocurrencia de nidos de abejas indigenas sin aguijon (meliponinos 0 stingless bee) fue determinado en la cuenca del Rio Tibagi, Estado de Parana, atraves de un levantamiento preliminar, Fueron dentificados 12 generos y 19 especies de abejas, con una distribucion bien diversificada tanto en IDs agroecosisternas como en los ecosistemas urbanos. Se constat6 que la biodiversidad actual de esas especies esta seriamente amenazada par los procesos antropogenicos, PALABRAS-CLAVE: stingless bees, abejas indigenas, meliponinos, biodiversidad I Bi61og o, Mestr e, Doutor, Pr of essor de Ecologia da Un i versi dade Estadual de Londrina -UEL e Uni versidade Par anae nse - UNIPAR - Praca Mascarenhas de Moraes, sIn, 87502-210, Umuarama - PR - Brasil= [email protected] 1 4 5

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Arq. cien. vet. zoot. UN/PAR, 3(2): ago./dez., 2000

BIODIVERSIDADE DE ABELHAS INDIGENAS SEM FERRAO

(HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINAE) NA BACIA DO

RIO TmAGI, ESTADO DO PARANA, . BRASIL

Edson Aparecido Proni

PRONIl, E. A . Biodiversidade de abelhas indigenas sem ferrao (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae)

naBacia do Rio Tibagi, Estado do Parana, Brasil. Arq. den. vet . zoo l. UNIPAR, 3(2) : p . 145-150 ,2000.

RESUMO : Foram realizados levantamentos prelirninares do nivel de ocorrencia de ninhos de

abelhas indigenas sem ferrao (meliponfneos au stingless bee) na Bacia do Rio Tibagi, Estado do

Parana .. Forarn identificados 12 generos e 19 especies dessas abelhas, com uma distribuicao bern

diversificada tanto nos ecossistemas urbanos como nos agroecossistemas. Foi constatado que a

biodiversidade atual dessas especies esta seriamenre ameacada pelos processes antropogenicos,

PALAVRAS-CHAVE: stingless bee, abelhas indigenas, meliponfneos, biodiversidade

BIODIVERSITY OF INDIGENOUS STINGLESS BEES

(HYMENOPTERA: APIDAE: MELIPONINAE) IN THE TmAGI

RIVER BASIN, PARANA STATE, BRAZIL

PRONI, E. A . Biodiversity of indigenous stingless bees (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae) in the

Tibagi River Basin, Parana State, Brazil, A rq . c ie n. v et. r oo l. UN /PAR , 3(2): p. 145-150,2000.

ABSTRACT: Preliminary surveys on the occurrence of nests of indigenous stingless bees

(meliponinea or stingless bee) in the Tibagi River Basin, State of Parana, identified 12 genera and

19 species in a very diversified distribution both in urban and agricultural ecosystems. Itwas verified

that the current biodiversity of these species is seriously endangered by anthropogenic processes.

KEYWORDS: stingless bee, indigenous bees, meliponinae, biodiversity

BIODIVERSIDAD DE ABEJAS INDiGENAS SIN AGUIJON

(HYl\ffiNOPTERA : APIDAE: MELIPONINAE) EN LA CUENCA

DEL RIO TmAGI, PROVINCIA DEL PARANA, BRASIL

PRONI, E. A Biodiversidad de abejas indfgenas sin aguij6n (Hymenoptera: Apidae: Meliponinae)en la cuenca del Rio Tibagi, Provincia del Parana, Brasil. Arq. den. vet. zool: UNTPAR, 3(2) :. p .

1 45 -1 50 , 2 00 0.

RESUMEN: El grado de ocurrencia de nidos de abejas indigenas sin aguijon (meliponinos 0 stingless

bee) fue determinado en la cuenca del Rio Tibagi, Estado de Parana, atraves de un levantamiento

preliminar, Fueron identificados 12 generos y 19 especies de abejas, con una distribucion bien

diversificada tanto en IDs agroecosisternas como en los ecosistemas urbanos. Se constat6 que la

biodiversidad actual de esas especies esta seriamente amenazada par los procesos antropogenicos,

PALABRAS-CLAVE: stingless bees, abejas indigenas, meliponinos, biodiversidad

I Bi61ogo, Mestre, Doutor, Professor de Ecologia da U niversidade Estadual de Lond rin a -UEL eUniversidade Paranaense

- UNIPAR - Praca Mascarenhas de Moraes, sIn, 87502-210, Umuarama - PR - Brasil= [email protected]

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Introducao

Atualmente, cerca de 20.000 especies de

abelhas habitam os mais diversos tipos de

eco ss is te rnas .Po ssuem uma d iver si fi ca cao mui to

rica de comportamentos, tamanhos e formas. A

maior parte destas possue habitos solitaries,contrastando com a minoria que mostra varies

niveis de organizacao social, ou seja, vive ern

colonias ,

As abelhas indfgenas sem ferrao

(meliponfneos) sao encontradas tipicamente nas

regioes tropicais e algumas importantes regioes

de c lima ternperado subtropical, ate 30 gram de

latitude norte e sul. Sao, portanto, encontradas

namaior parte da America Neotrop:ical, au seja,

na maioria do territorio Latino-Americano

(desde 0Rio Grande do SuI ate a Mexico, alem

de Australia, Indonesia, Malasia, india e Africa).

Nessas abelhas urn fato que chama rnuito a

atencao, e a caracterfstica de apresentarem urn

ferrao atrofiado, 0qua l n ao pode ser usado como

meio de defesa. Por iS50, sao denominadas

popularmente de abelhas sem ferrao ou "stingless

bees". Pertencem it superfamilia Apoidea, que e

subdividida em oito famflias: Colletidae,

Andrenidae, Oxaeidae, Halictidae, Melittidae,

Megachilidae, Anthophoridae e Apidae. Os

Apidae, por sua vez, se subdividem em quatro

subfamilias: Euglossinae, Bombinae, Apinae e

Meliponinae.

OsApidae sao a base das cadeias troficas,

mantendo urn fluxo de energia para as demais

especies animais, incluindo 0 homem, Assim,

os ecossistemas dependem da rnanutencao dos

recursos gcneticos das plantas nativas ou

cultivadas, tornando-se a base parasobrevivencia

das especies, principalmente em relacao aoaumento populacional humane, cujo incremento

na producao de alimentos e uma necessidade

prirnaria que nao deixa diivida.

Segundo HOYT (1992), a variabilidade

genetic a das populacoes vegetais ex6ticas e de

seus parentes silvestres e urn recurso para a

manutencao do vigor hfbrido das cultivates

domesticadas, usadas na alimentacao humana e

economia agricola. Sendo assirn, a

heterogeneidade ambiental exige das plantasdomesticadas grande flexibilidade em seu

genoma. Portanto, uma cultura torna-se mais

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Arq. c i e n . vet. ZI i JO i . UN/PAR, 3(2): ago.ldez., 2000

sensfvel a s variacoes ambientais (epidernias,

pragas, clima, etc.) com 0 desenvolvimento da

uniformidade genetica, ocasionado pelos

cruzamentos consangtiineos .

De acordo com ROUBIK (1989), a

manutencao da variabilidade genetica e realizada

pelo cruzamento entre plantas dioicas, Dessamaneira, a s abelhas nativas sem ferrao sao parte

integrante deste mecanisme de reproducao

vegetal, aumentando a produtividade das plantas

cultivadas e a fertilidade d05 vegetais que

dependem da polinizacao cruzada (CAMILLO,

]996; HOFFMANN & PEREIRA, 1996;

GIMENES & MARQUES, 1996; MATEUS,

MECHl & BEGO, 1996).

Essa eficiencia na polinizacao e no ciclo

reprodutivo dos vegetais tropicais e devido agrande variacao no tamanho dos indivfduos entre

essas especies de abelhas (ROUBIK, 1989).

Segundo KERR (1997), 0 processo de

polinizacao realizado pelos meliponideos, em

plantas nativas fanerogamas, fica em torno de

30% das especies de caatinga e pantanal e ate

90% em remanescentes de Mata Atlantica (Serra

do Mar no Espirito Santo) e algumas partes da

Amazonia.

Estudos referentes a associacao lnseto-

planta, especificamente entre meliponfneos e

vegetais natives na Regiao de Manaus ~AM,

verificaram que a extincao de especies nativas

de abelhas implica na extincao de especies

vegetais, desequilibrando os ecossisternas

(ABSY & KERR , 1977; ABSY, BEZERRA &

KERR, 1980~ ABSY et al, 1984; KERR,

CUNHA & PISANI, 1978; ROUBIK, 1989).

Dessa maneira, as abelhas sem ferrao sao

consideradas, por muitos autores, como de

importancia vital para 0 ecossistema, devido it

sua eficiencia como polinizadoras. A criacao da

maioria das especies de abelhas esta ligada,

principalmente, ao seu emprego como auxiliar

na agricultura e ern projetos de florestamento,

onde numerosas especies vegetais dependem de

process os de polinizacao cruzada. De acordo

corn NOGUEIRA NETO (1953), e muito maioro valor dessas abelhas como agente s

polinizadores do que como produtoras de mel.

Nasregibes tropicais, varios outtos estudos

tambem demonstraram que a polinizacao realizada

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Arq. cien. vet. zoot. UNlPAR, 3(2): ago.ldez., 2000

pelas abelhas indigenas diminue 0 isolamento

reprodutivo, resultando em urn aumento na

biodiversidade (PRICE, 1975; BAWA& OPLER,

1975; JANSEN, 1975; MICHENER, 1974;

ROUBlK 1979; ABSY et at 1984).

Nas florestas brasileiras, segundo KERR,

CARVALHO & NASCIMENTO (1996), asabelhas indtgenas constituem-se nas principais

polinizadoras de 40 a 9 0% d as arv ores, enquanto

que outros animais como morcegos aves,

borboLetas e alguns mamiferos desempenham 0

papel polinizador restante. A dirninuicao ou

elirninacao dessas abelhas seguramente, a medic

prazo, rnodificara a estrutura floristica de tais

florestas, criando urn desequilibrio nos

ecossistemas com consequencias imprevisfveis

para a perenizacao da atual fauna.No Brasil, muitas especies de abelhas

indfgenas sem terrae estao seriarnente

ameacadas de extincao, em consequencia das

a1teracoes de seus habitats, causados pelas

atividades antropicas como desmatarnento,

queimadas uso indiscriminado de agrotoxicos,

processes de urbanizacao e acao predatoria de

meleiros, Tambem diversas especies de abelhas

indfgenas sem ferrao sao ccmbatidas pelos

apicultores par serem consideradas competidoras

de Apis meilifera. Entretanto, a magnitude dessa

comp eticao n ao e perfeitamente conhecida e, em

muitos casos, e absolutamente destituida de

impor tancia. Assim, segundo KERR, CARVALHO

& NASCIMENTO (1996), a favor desta

constatacao esta 0 fate de que das mais de 400

especies de meliponmeos catalogadas, 100 estao

em perigo de extincao .

Os mel iponideos formam um g ru po , sendo

que os individuos dependem quase que

diretamente deparametres ligados a certos fatoresamb ie ntais lim ita nte s e d a c ar ac te rfs tica flo ristic a

de cada regiao. Assim, todas as possibilidades de

se desenvolver estudos destinados a conhecer a

biodiversidade dessas abelhas, poderao trazer

solucocs na conservacao e manejo dos

ecossistem as atuais, bem com o do eq uilfb rio d o

fluxo de energia nas cadeias troficas.

Material e Metodos

Foram realizados levantarnentes

preliminares da ocorrencia de ninhos de abelhas

indfgenas, principal mente nas rcgioes de

Londrina e municipios adjacentes da Bacia do

Rio Tibagi, nurna area que corresponde a 13%

doEstado do Parana, ou seja, aproximadamente

2.471 ..000 hectares, onde estao localizados 42

munictpios.

As especies de abel has coletadas noperiodo entre janeiro de 1996 e dezembro de

1999, estavam nidificadas em troncos de arvoresl

mour5es de cerca, paredes, debaixo de pedras

etc, tanto em areas urbanas como rurais, O s

ninhos foram retirados desses lccais e

transferidos para caixas racionais de madeira,

exceto no periodo de inverno que poderia ser

letal aos mesmos. Apes 0 segundo dia, perfodo

de reestruturacao natural das abelhas no interior

das caixas, as colmeias foram transferidas paraurn me liponario, onde as especies foram

identificadas,

Resultados

Na area estudada, foram encontrados 12

generos e 19 especies de abelhas indigenas sem

ferrao, cujos levantamentos prelirninares, de

acordo com a Tabela 1 . , in dic am uma d is tr ib uic ao

bern diversificada tanto nos ecossistemas

urbanos como nos agroecossistemas,

Os resultados, em relacao a diversidade

dessas abelhas, mostraram que 12 especies

(Melipona quadrifasciata, M. marginata, M.

nigra, Cephalotrigona capitata, Plebeia remota,

P julianii, Friesella schrottkyi, Leurotrigona

muelleri, Lestrimeliita limao, Partamona cupira,

Oxytrigona tataira e Seaura latitarsisy

praticamente nao nidificam nos ecossistemas

urbanos.

Por outro lado, poucas especies, comojataf iTet ragon isca angustulay, irapua (Trigona

spinipes) e mandaguari tNannotrigona

(Scaptotrigona) posticai rem urn nivel de

ocorrencia alto nomeio urbane, onde se tornaram

especies cosmopolitas, enquanto no meio rural

essas populacoes estao em decrescimo,

Com relacao aos agroecossisternas, os

resultados mostraram que 12 especies estao em

nivel de ocorrencia baixo (Melipona

quadrifasciata, M. marginata, M. nigra,Cephalotrigona capitata, Trigona clavipes,

Plebeia remota, P. droryana, Leurotrigona

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muelleri, Lestrimelitta limao, Partamona

cupira, Oxytrigona tataira e Scaura latitarsisy.

Com myel de ocorrencia medic, encontramos

sete especies: (Trigona spinipes, Nanotrigona

A rq. cien . vet. zoo l. U NIPA R, 3(2): ago.ldez., 2000

(Scaptotrigonai bipunctata, N. (Scaptotrigona)

p ostica, N .. testaceicornis, Tetragonisca

angustula, Plebeia julianii e Friesela

schrottkyii .

Tabela 1- Levantamento preliminar do myel de ocorrencia de especies de meliponfneos na Bacia

do Rio Tibagi - PR, no perfodo de janeiro de 1996 a dezernbro de 1999.

Especie Agroeco sistema

Melipona Quadrifasciata (rnandacaia)

Melipona marginaia (manduri)

Melipona nigra (guarupti)

Cephalotrigona capitata (mombucao)

T rig on a c la vi pe s (bora)

T ri go n a s pi ni pe s (irapua)

Nannotrigona (Scaptotrigona) bipunctata (tubuna)

Nannotrigona (Scaptotrlgona) postica (rnandaguari)

Nannotrigona testaceicornis (iraf)

Tretagonisca angustula (jataf)Plebeia remota (mirim- guacu)

Plebeia droryana (mirim-mo quito)

Plebeiajuiianii (mirim)

Fr le s el la s c hr o tt ky i (mirirn-preguica)

Leurotrigona muelleri (mirim)

Lestrimelitta limao (iraxirn)

Partamona cupira (cupira)

Oxytiigona tataira (tataira)

Scaura latuarsis

Ecossistema urbano

oooo2

3

1

3

1

3o

1

I1

1

1

2

2 ·

2

2

21

1

2

2

2

ooooooo

1

INfveis de ocorrencia (0 - 1- 2 - 3) de especies em ecossistema urbane e agroecossisterna:

0- nlvel de ocorrencia nulo

1 - nfvel de ocorrencia baixo

2 - nivel de ocorrencia media3 - nf vel de ocorrencia al to

Discussao e Conclusoes

A diversidade bio16gica deve ser

considerada como urn recurso global, para ser

catalogada e explorada, mas sempre dentro do

ponto-de-vista de desenvolvimento sustentavel,

ou seja, deve ser preservada a todo custo.

Segundo WILSON (1997), tres circunstanciasconspiram para dar a essa materia uma urgencia

sem precedentes. Primeiro, 0 crescimento

explosivo das populacoes hurnanas esta

desgastando 0 meio ambiente de uma forma

muito acelerada, especialmenre nos paises

tropicais. Segundo, a ciencia esta descobrindo

novas formas de utilizacao para a diversidade

biologica, que podem aliviar tanto 0 sofrimento

humane quanto a destruicao ambiental, Terceiro,

grande parte da diversidade esta se perdendo

irreversivelrnente atraves da extincao causada

pela destruicao de habitats naturais, tambem de

148

forma mais acentuada nos tropicos.

Segundo LUGO apud WILSON (1997),

a natureza da relacao entre a taxa de

desmatamento e a perda de especies nao econhecida, Contudo qualquer calculo de reducao

de biodiversidade tern que incluir essa relacao.

As areas urbanas sao efetivamente

sinonimos de perturbacao de ecossistemas e dereducao da biodiversidade. Habitats naturais sao

e foram substituidos diretamente pela construcao

civil,ruas, estradas e pelas instalacoes que as

sustentarn (MURPHY apud WILSON, 1997).

As abelhas indigenas sem ferrao ocorrem

praticamente em todos os tipos de habitats,

possuindo muitas especies com habitos de

nidificacao variados e consequentemente com

grande variabiIidade na sua biologia.

Comparativamente, podemos ressaltar que essas

abelhas possuem uma biodiversidade bem mais

rica e mais especializada que as do genera Apis,

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Arq, cien. vet, zool. UNIPAR, 3(2): ago.zdez., 2000

pois no primeiro caso possuem 52 generos com

urn total de mais de 400 especies distribuidas

em todo rnundo e, no segundo caso, apenas 8

especies.

Segundo KERR, CARVALHO &

NASCIMENTO (1 99 4) eKERR, NASCTh1ENTO

&CARVALHO (1994), as especies de abelhas

nao classificadas e aquelas razoavelmente

conhecidas estao sendo extintas com a destnricao

de seus habitats. Por exemplo, a Melipona

capixaba (uru cu-preto) recern-c las sificada

(MOURE & CAMARGO, 1994), esta sendo

extinta na sua regiao de ocorrencia no Estado de

Espfrito Santo (AIDAR, i995 e 1996).

Os levantamentos da apifauna brasileira

sao muito escassos, devido, principalmente.va

dimensao e a diversidade de ecossisternasestudados. Ha uma necessidade urgente de

complementar estes resultados com coletas rnais

cuidadosas, unificar os dados ja obtidos e pOl'

firn organiza-los em urn banco de dados.

Na Bacia do Rio Tibagi, constatamos que

a biodiversidade atual dessas abelhas esta

seriamente arneacada e, de uma forma geral,

varies fatores contribuiram para tal situacao,

sendo 0 principal, a diminuicao de areas

florestadas. No inicio do seculo,0

Estado doParana contava com 83,4% de sua area total

eoberta por florestas nativas e atualmente esta

areae inferior a 10% e a maier parte pertence a

Serra do Mar. 0 estado de preservacao dos

remanescentes de florestas e precario nas areasde planalto e as florestas ciliares praticamente

inexistern. Esse quadro sernpre esteve

relacionado com a exploracao das riquezas da

terra e sua consequente colonizacao. Na decada

de 30, com 0 processo de colonizacao no

charnado terceiro planalto (Norte do Parana),

onde as ten-as roxas foram descobertas, teve

inicio urn prooesso intensive de desmatamento

para dar lugar as monoculturas extensivas,

atividades pecuarias e processos deurbanizacao.

Outro impacto ambiental negati vo da

alteracao do habitat natural dos melipornneos ea transforrnacao de florestas em pequenas

capoeiras e a estratificacao e descontinuidade das

reservas, impedindo 0 cruzamento de colonias

de diferentes regioes, devido a distancia que assepara ser normalmente maior que 6 km

(AI DAR, 1996). Assim, a r iqueza de especies e

muito variada nesses ecossistemas e pode estar

relacionada a reducao da disponibilidade de

sftios de riidificacao e a dirninuicao da

diversidade de plantas melfferas ao longo do

gradiente,

Outra constatacao negativa observada

par KERR (1997), em Marniraua (Regiao

Amazonica), e que os macacos uacaris estao

diminuindo em mimero em razao da elirninacao,

causada pOl' rneleiros, de tres especies de

abelhas grandes e boas produtoras de mel

(Melipona seminigra, M. rufiventris e M.

crinitai polinizadoras de centenas de arvores

frutiferas. Dessa maneira, a importancia das

abelhas cresce ao rnesmo tempo em que no

ecossistema aumenta a proporcao de especies

de plantas bissexuais au di6icas e aquelas quesao obrigatoriamente panmfticas.

Em suma, as abelhas indigenas brasileiras

perdem cada vez mais a sua identidade na nossa

cultura, em parte pela popularizacao do modo

de vida das abelhas europeias ou africanizadas

(conhecidas por abelhas de mel) e em parte pela

extincao gradativa de seus habitats naturais. Esta

perda leva consigo muito do conhecimento

popular sobre as mesrnas, diminue a

oportunidade deexpansao

do conhecimentocientffico ja acumulado durante anos de

pesquisas em nossas universidades e centros de

pesquisa, dificultando a difusao cultural desse

conhecimento aos meios nao academicos.

Comportamentos ritualizados de

dorninancia-subordinacao entre rainha e

operarias, ou a marcacao de trilhas de cheiro,

pelas campeiras, orientando a acesso a fontes

de alimento, sao processes da vida da colonia

bastante conhecidos nos meios cientificos, mas

que infelizmente nao estao acessfveis a grandemaioria da populacao, Talvez, par esta razao, esta

grande maioria nero sequer imagina a

possibilidade da existencia dessas abel has e

menos ainda que esta se perdendo

gradativamente urn legado historicamente

importante para a formacao de nossos

ecossistemas. Isto constitui certamente uma

distorcao do conhecimento para aqueles que 56

conheeem as "abel has de mel", deixando no

limbo as centenas de especies de abelbas nativassem ferrao,

Portanto, a que cabe aos pesquisadores,

149

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ap icultores e mel iponicultores , e aresponsabilidadede proporcionar aesta imensa biodiversidade

potencial (nativa ou nao) condicoes para q ue possa

florescer sem a risco de amea¥a que se tern

vislumbrade nos ultirnos anos com a rapida

degradacao ambiental por todo 0 pais,

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Recebido para publicacao em 19f1l/99.

Received for publication On 19November 1999.

Recebido para publicacion ell 19/11/99.

Aceito para publicacao em 0 31 08 /0 0 .

Acepred for publication Oil 03 August 2000.

Acepro para publicacion en 03 /08 /QQ,