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A RELAÇÃO ENTRE INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA ESCOLAR NO

6º E 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Professora PDE: Lilian Rute Souza Pereira da Silva1 Professora Orientadora: Drª Maria Cristina Gomes Machado2

RESUMO: As manifestações de indisciplina e violência tornaram-se um dos

principais problemas no interior da escola, muitas vezes tem começado com atos de indisciplina (apelidos, xingamentos, atitudes agressivas com seus colegas e professores, não respeito às regras estabelecidas no regimento da escola). Neste trabalho, desenvolvido no Colégio Estadual Duque de Caxias no município de Maringá, destacamos pontos que levam a estas ocorrências na escola, dentre eles: a impunidade manifestada pela falta de diálogo para resolução de conflitos; os valores ainda não internalizados pelos alunos e a falta de intervenção de um adulto (professor), bem como a ausência da participação da família na escola. A indisciplina é todo comportamento contrário às regras, às normas e às leis estabelecidas por uma organização, as regras e limites para alguns alunos são vistos como uma exigência negativa, criadas para tornar mais difícil sua convivência, é como se os adultos não se importassem com sua forma de ver as coisas. Este trabalho teve como objetivo estabelecer estratégias que possibilitem ao aluno, em suas relações no cotidiano escolar, serem responsáveis pela boa convivência. O professor deve ter autoridade sem autoritarismo, é importante que conheça seus alunos para ajudar a se organizar neste momento de transição. O período do sexto ano marca muitas mudanças na vida de um aluno, visto que se começa outra fase (a pré-adolescência), e a adolescência para os alunos do sétimo ano.

Palavras-chave: Indisciplina. Violência. Valores. Impunidade.

INTRODUÇÃO

A violência no contexto escolar tem aumentado nos últimos anos

levando a sérias implicações na sociedade. As relações interpessoais dentro do

contexto escolar entre alunos e professor, aluno-aluno e diretores, têm sofrido

1 Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), pós-graduada em Educação de Jovens e Adultos pela (Faculdades Integradas Curitiba) e Metodologias do Ensino pela (Faculdade de Ciências Humanas e Sociais de Curitiba); professora pedagoga da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná lotada no Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio. 2 Doutora em Filosofia e História da Educação (UNICAMP/Campinas), Mestre em Fundamentos

da Educação (UEM/Maringá), graduada em Pedagogia (UEM), Professora Associada do Departamento de Fundamentos da Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado da Universidade Estadual de Maringá (UEM).

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modificações comportamentais que têm levado a reflexões de alguns aspectos

como a impunidade, a falta de autoridade e o descaso. Esta problemática exige

um estudo sistematizado para sua compreensão e para que possamos

conjuntamente propor formas alternativas para minimizar os conflitos.

Este trabalho permitirá aos professores e pedagogos um repensar sobre

a mudança na prática com vistas a prevenir na escola casos de indisciplina que

podem gerar violência, o público alvo são os alunos dos 6ºs e 7ºs anos, por

serem dos anos iniciais, o que possibilita reduzir estes problemas para os anos

seguintes. Porem, não se pode pensar que não significa que os professores de

8ºs e 9ºs anos não venham a realizar este trabalho em suas turmas. Para

exemplificar esse trabalho, a pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual

Duque de Caxias, na cidade de Maringá/PR. Nesse sentido, os primeiros dias

de aula serão importantes, neles o professor deverá estabelecer com os alunos

um contrato, em especial para os alunos do 6º ano que estão numa fase de

transição tanto no encaminhamento de sua vida escolar, como em seu

desenvolvimento, período que é caracterizado pelo início da adolescência ou a

pré-adolescência.

Não podemos perder de vista a função específica da escola, sendo

necessário compreender que o conhecimento que chega para o aluno tem

como função mudar sua maneira de ver o mundo, suas relações com todos e

tudo que está ao seu redor.

Neste sentido, vamos levantar alguns tópicos a serem considerados pelo

professor, assim como definir condições para a transmissão dos conteúdos, e a

importância da boa convivência em sala de aula e da organização para o

trabalho pedagógico. Para abordar o tema da violência escolar, Giroux e

Mclaren (1994) destacam a necessidade de revermos nossos conceitos, não

esquecendo que a educação não é o único caminho para a paz. Esta não pode

ser redentora da sociedade. Entretanto, é por meio da educação que

alcançaremos caminhos de mudança pelo envolvimento de todos os

profissionais que dela fazem parte, a fim de atenuar, pelo trabalho pedagógico,

o grave quadro existente. É preciso lembrar, que os problemas que se

manifestam na escola são produzidos socialmente.

Quando o professor não trabalhou com os alunos dos anos iniciais do

Ensino Fundamental, é importante que ele considere as características do

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aluno nesta faixa etária, visto que o aluno não tem claro como se organizar

para o trabalho em sala de aula e muitas vezes neste momento devemos

definir com eles algumas mudanças. Um trabalho interessante é o de explicar a

necessidade que todos permaneçam sentados em suas carteiras durante a

aula e que evitem falar ao mesmo tempo e até deixar clara a questão das

conversas paralelas durante a explicação, por exemplo. É importante que o

aluno entenda que há um tempo e espaço determinado para as coisas, assim

como existe a necessidade de organização e disciplina para o sucesso em sua

vida e nas atividades escolares.

Com relação ao ponto anterior voltamos a ressaltar que é necessário

repetir por um tempo, até que o professor sinta que a turma começou a

interiorizar o que foi combinado por meio das atitudes considerando a falta de

maturidade nestes alunos. Muitas vezes temos a impressão que tudo é básico,

mas não podemos esquecer que um dia fomos crianças, e que cada um tem

forma diferente de aprender e se relacionar com o mundo. Devemos orientar e

acompanhar nossos alunos nesta fase e em alguns casos que extrapolam

buscar encaminhamento dentro da escola, recorrendo a outros profissionais,

sejam pedagogos, orientadores, psicólogos, entre outras.

O principal objetivo da pesquisa é desenvolver uma proposta que

envolva todos na mudança das relações existentes que operam para que o

aluno continue com ações de desrespeito e violência contra outras pessoas. É

importante enfatizar que, a luta não é só da escola, porém esta última é um

veículo importante das grandes ações e transformações que certamente

contribuirão para encontrar um caminho para a paz.

FAMÍLIA E ESCOLA: INSTITUIÇÕES QUE DESEMPENHAM FUNÇÕES

PRIMORDIAIS NA FORMAÇÃO DOS ALUNOS

É necessário que haja o entendimento de que a família e escola devem

caminhar juntas na formação dos alunos. Desta forma, os responsáveis, bem

como professores e equipe pedagógica, devem realizar ações conjuntas para

que o aluno perceba a importância de um bom processo formador. A família,

acreditamos, deve afirmar a importância do estudo e de manifestar

comportamento desejável na escola.

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Com a nova dinâmica familiar estabelecida na sociedade, a socialização

primária não é mais atributo exclusivo da família, aliado a escolarização cada

vez mais precoce, a escola tem se tornado outro espaço de socialização.

Brincadeiras e jogos que antes eram ocorridos quase que exclusivamente na

família, passaram a fazer parte da rotina escolar e estes nem sempre ocorrem

de maneira pacífica. Desta forma a escola tem presenciado mudanças no

comportamento dos alunos, e a participação da família é um fator primordial no

sucesso das estratégias propostas pela escola para a interiorização de valores,

e hábitos para auxiliar a aprendizagem e boa convivência do aluno não só na

escola, mas em todos os lugares.

O pedagogo deve estar sempre participando das ocorrências de sala de

aula por meio da pasta de relatos realizados pelo professor, interferindo no

processo de formação dos alunos, e quando se fizer necessário, este

profissional pode realizar tentativas de comunicação com a família. A família

deve entender, desta forma, a importância de seu acompanhamento na vida de

seus filhos e nas atividades escolares, o professor é quem trabalha diretamente

com o aluno e pode identificar mudanças, bem como a necessidade de um

trabalho direcionado ao problema de aprendizagem de cada aluno.

O comportamento do aluno pode determinar qual a leitura que ele tem

sobre os valores importantes para formação de sua personalidade, neste ponto

é pertinente trabalhar com materiais que possam ajudá-lo neste caminho.

Inicialmente trabalhamos com textos, histórias infantis e filmes cujo conteúdo

tem como objetivo levar o aluno a desenvolver atividades que reforçaram estes

conceitos morais em sua vida, e os levem a refletir sobre suas ações.

O aluno terá a oportunidade de expressar seu pensamento, de maneira

que possamos entender a história de cada um, quais as marcas que a família

(instituição primária) deixou para o aluno, se deixou de repassar alguns valores

importantes para sua formação e convivência, na escola ou em outros espaços

de interação social. Não podemos impor respeito, ele nasce junto ao nosso

desenvolvimento e interação com os adultos e demonstramos isto em nossas

ações, na forma como interagimos, nas atitudes que realizamos. Nosso

primeiro contato é com a família, muitas vezes ouvimos os pais dizerem “não

faça isso, pois não é correto”, “respeite os mais velhos, e não grite”. E a

importância do silêncio para a aprendizagem e respeito em todos os lugares.

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Na escola estamos com um aluno em formação cujo objetivo é trabalhar

com estes conceitos, utilizando conteúdos e materiais que possam possibilitar

o aprendizado. Devemos repensar estes encaminhamentos já no planejamento

no início do ano, junto aos professores de todas as disciplinas. Segundo

Saviani (1994), a organização do saber escolar – manifesta nos currículos (em

planos de estudos), nas matérias de ensino e respectivos programas são

determinados por condições e finalidades sociais e envolve aspectos ligados

ao sujeito que aprende, e o objeto a ser aprendido/ensinado e ao trabalho

pedagógico necessário para que se realize a aprendizagem, segundo as

finalidades mais amplas da sociedade e específicas da escola.

O espaço escolar muitas vezes para o aluno é aquele em que pode fazer

o que não é permitido em sua casa, isto acontece por não entender o porquê

das coisas estabelecidas para ser feitas por ele. Muitos adolescentes não

sabem o que estão fazendo na escola, por não valorizá-la, discordam dos

métodos de ensino empregados e da maneira como os professores se

relacionam com eles, pelo conteúdo escolar estar aquém ou além do nível de

desenvolvimento, por não terem os valores morais como centrais em sua

personalidade (ou ter apenas os de caráter mais privado) e por terem o espaço

de recreação prematuramente cerceado e, consequentemente, de

desenvolvimento por razões ligadas às condições objetivas de vida. De acordo

com Vasconcelos (1993), a educação, enquanto escola, não é responsável

pela formação humana, mas pode reforçar conceitos já aprendidos na família,

bem como a ideia de que educar é um processo constante e que não para. A

escola, neste sentido, deve incluir em seu projeto educativo formas de retomar

o sentido humano e científico, com trabalhos que envolvam toda a comunidade.

No processo de desenvolvimento, a criança não só cresce, não só

amadurece, mas, ao mesmo tempo – e isso é a coisa mais fundamental que se

pode observar a evolução da mente infantil – a criança adquire inúmeras novas

habilidades, novas formas de comportamento. Vygotsky (2000, p. 59-83) nos

ajuda a embasar esse pensamento quando afirma que

[...] é exatamente esse “reequipamento” que causa maior desenvolvimento e mudanças que observamos num adulto cultural. É isso que constitui a diferença mais pronunciada entre o desenvolvimento dos seres humanos e o dos animais.

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E como a criança em seu desenvolvimento pode adquirir novas

habilidades e comportamentos, então devemos considerar que toda

intervenção feita pelo professor em suas atitudes, gera outro comportamento.

Daí a necessidade de sairmos da área de conforto, ou de acharmos qual o

culpado pelo aluno não ter um comportamento adequado em sala de aula, e

passarmos, por meio do conhecimento, a proporcionar as condições ao aluno,

para que tenha um novo comportamento.

Com base nos estudos da escola de Vygotsky (2000) é possível valorizar

o trabalho do professor, sobretudo em momentos que se refere à “formação

dos processos psicológicos superiores” e formação dos conceitos. Quando este

autor apresenta o conceito “Zona de Desenvolvimento Proximal“, constatamos

que os pressupostos da Psicologia Histórico-Cultural mostram-se compatíveis

com uma Pedagogia que define a transmissão do saber objetivo, de forma a

intervir na formação das consciências dos indivíduos que passam pelo

processo de escolarização e, consequentemente, contribui para uma prática

social que produza a superação da alienação, para assim participar no

processo de crescimento social.

Vygotsky (2000) afirma a importância do contato das crianças com o

ambiente físico social, e que este se constitui na mediação por outras pessoas

que tem vital relevância no processo de inserção no meio humano. O que não

significa que o indivíduo seja como um espelho, mas reelabora conhecimentos

a partir de sua intermediação com o adulto; na qual reelabora e constrói novas

formas de aprendizagem. Assim, fica claro compreender que a criança em seu

processo de aprendizagem está em interação com o meio social em que vive. A

família é o primeiro contato com o mundo exterior no qual no decorrer de seu

desenvolvimento são internalizados valores e o adulto pode contribuir para a

formação do aluno.

Na escola, para que a aprendizagem tenha sentido para os alunos, é

necessário que o professor compreenda o significado social do conhecimento a

ser trabalhado. Conforme as palavras de Leontiev (1997, p. 07), “[...] o reflexo

consciente é psicologicamente caracterizado pela presença de uma relação

interna específica, a relação entre sentido subjetivo e significação”.

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Esse cenário nos leva a compreender que o homem é um ser social e

pode mudar seu comportamento, assim como a aprendizagem não é imediata,

acontecendo no decorrer do processo de ensino, vale lembrar, ainda, que é

nesse último que se destaca a importância da escolarização. Devemos

considerar a intervenção desde o início da escolarização e conduzirmos para

uma participação do coletivo da escola e meios para o envolvimento da família

neste processo que pode levar a mudanças de atitudes para a vida do aluno

em todos os espaços físicos: na escola e em suas relações fora da escola.

A educação acontece de maneira formal e informal e surge como um dos

desafios da sociedade atual, a reflexão sobre valores, que possa nos inserir na

sociedade como cidadãos críticos, criadores formas que possam reestabelecer

a humanização, socialização. Não queremos ser fatalistas, mas da forma como

tudo está sendo organizado, fica claro a importância de repensarmos o nosso

fazer pedagógico, para tentarmos mudar pela prática a realidade das relações

que estão sendo consolidadas em nossas escolas.

Assim, a comunidade escolar é responsável pela construção deste

projeto de sociedade e de educação. Para Veiga (1995, p.13), “[...] um

processo democrático de decisões, preocupa-se em ministrar uma forma de

organização do trabalho pedagógico que supere os conflitos”, buscando

eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a

rotina do mundo impessoal e racionalizado da burocracia que permeia as

relações no interior da escola.

Temos que considerar as diferenças não só culturais ou regionais, mas

também relativas à questão da aprendizagem, nem todos os alunos tem o

mesmo ritmo de aprendizagem, o tempo não é o mesmo, e o professor deve

entender essa situação para poder realizar seu trabalho e não sentir-se

frustrado. A escola deve saber diferenciar o grau de maturidade que pode ser

um impedimento, favorecendo a indisciplina e deve ser um desafio, na qual

deverá levar o aluno a compreender a relação do conteúdo com sua prática no

mundo, e como o homem se fez em cada momento histórico. Neste sentido,

Odália (1983, p. 09) aponta que

[...] o homem vive em sociedade, isto quer dizer que ele tem necessidade de organizar sua vida em relação ao outro e como coletividade. Ele tem de definir, de forma mais ou menos clara, limites

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de sua ação. Nesse sentido, viver em sociedade significa criar normas de comportamento, que não só determinam esferas específicas de ação para os homens, mas também criam discriminações. Estas estabelecem o que é permitido e o que é proibido, se tomarmos o conjunto de leis de um país, em seu desenvolvimento histórico, percebemos que, a cada momento histórico, esse conjunto de leis é a forma explícita de institucionalização da violência não fora assim, não haveria evolução das normas jurídicas de um país. As leis consagram os limites de violência permitidos a cada sociedade.

A violência nas escolas, como citado anteriormente, é causada por

diferenças (sociais, culturais, econômicas) o que se manifesta pelas agressões

graves até as pequenas incivilidades que acontecem na escola, vários são os

tipos de situações que muitas vezes pode confundir-se com indisciplina.

Muitas escolas consideram como agressões leves: brincadeiras que não

afetam as relações de amizades entre os alunos (empurrões, chutes e tapas). A

proximidade e a responsabilidade específica de cada um determina o

atendimento e a intervenção para atenuar ou até evitar certos comportamentos.

Dentre as causas que provocam a indisciplina, o trabalho com valores são

primordiais para as relações humanas: o respeito a todos os que nos rodeiam,

a solidariedade, amizade, lealdade, honestidade, sinceridade e outros

conceitos. É necessário agirmos por meios de ações que levem o aluno a

responsabilidades de suas atitudes. A impunidade deve ser considerada por

levar a continuidade de ações que provocam a violência, e a falta de

intervenção de um adulto para reflexão e diálogo nos momentos de conflitos.

Para discutirmos as questões apresentadas neste artigo apresentamos

uma reflexão sobre indisciplina e violência no sexto e sétimo ano, destacando a

possibilidade da indisciplina tornar-se violência escolar com vistas a realizar um

trabalho para superá-la.

A INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NO 6º e 7º ANO: UMA ANÁLISE

NECESSÁRIA

A indisciplina pode estar relacionada ao fato de muitos escolares não

terem limites morais suficientemente internalizados decorrentes do contexto

social em que vivem. É a questão social contraditória no qual, nos dias de hoje,

provocam inversão de valores, são eles: status social, riqueza, beleza, força

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física ou mesmo a relativização da importância destes dois últimos e, em lugar

deles, sufocam a valorização da beleza interior e da força dos argumentos.

Notamos que muitas vezes, naturalizam-se certos comportamentos

agressivos, o que pode se constituir em entrave para a construção de um

ambiente escolar baseado no respeito mútuo e em atitudes não violentas.

Defendemos que devem ser observadas pelo professor questões como o

respeito aos colegas e os apelidos maldosos que têm como intenção a

agressão e são carregados de preconceitos. É necessária a intervenção do

professor, pois a continuidade desde comportamento pode levar à agressão.

Sabemos que o ser humano está sempre em processo de

aprendizagem, o que significa que as mudanças em seu desenvolvimento

psíquico podem ocorrer, apenas reforçamos a infância para que os resultados

aconteçam em conformidade com suas mudanças físicas, o que favorece em

sua interação com todos os adultos, quanto mais investimos em aprendizagens

do conhecimento apropriado historicamente pela sociedade associados os

valores sociais, conceitos que possam contribuir para formação de sua

personalidade, maior será sua participação como cidadão responsável que

respeita os outros e sabe conviver com regras e limites estabelecidos

socialmente para organização da sociedade (VYGOTSKI, 2000). O texto da lei,

a Constituição Federal (BRASIL, 1988), afirma estas questões, mas sua

transformação em prática social depende dos homens. “Ao Estado, juntamente

com a família e a sociedade, compete, de acordo com o art. 227 da

Constituição, assegurar às crianças e aos adolescentes os direitos e as

garantias fundamentais do ser humano” (BRASIL, 1988). A educação faz parte

deste compromisso pela transmissão de conteúdos que venham a

complementar a formação dos seres humanos, reforçando valores que

possibilitem a compreensão elaborada de todos os problemas que a sociedade

está enfrentando e que tem propiciado o desgaste das relações existentes no

mundo moderno. Para que tenhamos adultos saudáveis, deve ser repensada a

forma de agir, educar, repassar as vivências no interior das escolas.

Devemos ter coragem para afirmar que a educação desempenha um

papel de suma importância para que isso aconteça, mesmo que a educação

verdadeira conscientize sobre as contradições do mundo, sejam elas

estruturais ou as que impeçam o homem de ir adiante. Para o indivíduo

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consciente, as contradições tornam-se insuportáveis; surgindo, assim, a

necessidade de levar adiante as contestações: nasce o desejo de transformar a

realidade. Para Nicola (2000), a educação é atividade criadora que tem por

objetivo levar o ser humano ao desenvolvimento de suas potencialidades

físicas, morais, sociais, espirituais e intelectuais. Neste momento, o professor

necessita compreender como se dá a aprendizagem e o desenvolvimento dos

alunos para que possa ajudá-lo a desenvolver estruturas de pensamento que

podem ser transferida para outros campos do conhecimento, possibilitando o

desenvolvimento de funções psíquicas superiores, conforme apontado por

Vygotisky (2000).

Muitos estudos realizados cientificamente reforçam a importância do

adulto na formação das gerações mais novas, o que reforça o papel da escola

na aprendizagem dos alunos por meio do conhecimento acontece mudanças

de atitudes. E isto foi constatado neste ano de 2013 em alguns de nossos

alunos e professores que incluíram em sua prática conteúdos para internalizar

valores e atitudes na escola. A relação entre Indisciplina e Violência Escolar no

6º e 7º ano do ensino fundamental são focos de várias pesquisas que

constantemente alertam pais e educadores para a seriedade do problema. A

questão aqui não é encontrar culpados, mas sim refletir e atuar de forma a

reduzir ao longo do tempo essas relações e a dar lugar às outras formas

pacíficas de resolução de conflitos.

Este trabalho foi muito importante para o que o professor, embasado em

estudos, fizesse uma leitura sobre sua atuação em sala de aula, bem como

qual a sua atitude nos momentos de conflito com os alunos, e acreditamos que

inserindo conteúdos que reforçam valores humanos e atitudes com certeza vai

interferir em mudanças nas relações amigáveis tanto fora como dentro da em

sala de aula.

Durante este processo de estudo construímos uma apostila com contos

e fábulas que levam a reflexões sobre atitudes que verificamos no dia a dia

escolar e que precisam ser mudadas pelos professores, os mesmos puderam

refletir sobre como lidavam com a indisciplina e a importância da intervenção

em determinadas situações para evitar que a indisciplina passe a ser violência

na escola. Foi preparada uma caixa com materiais a serem utilizados em sala

de aula com histórias compostas de conceitos e valores importantes para a

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formação humana. Primeiramente, no curso foi ressaltada ao professor a

importância do trabalho em sala de aula, visto que devemos sempre apresentar

o significado científico das palavras: respeito, disciplina, amizade, lealdade,

compromisso, solidariedade. Os materiais preparados como recursos foram

livros da série Descobrindo Valores e vários filmes infanto-juvenis. Como

exemplo o filme Triunfo (2006)- EUA - Canadá, sob a direção de Randa Heines,

no qual um professor deixa sua casa na zona rural da Carolina do Norte para

dar aulas em Nova Iorque, onde enfrenta uma realidade muito difícil, ele

assume uma sala que tem a fama de fazer com que seus professores desistam

do trabalho. Há muitas cenas que lembram o nosso professor em sala de aula,

em que mostra o estresse muito alto por parte do professor, mas reforça a

realidade otimista por ele não desistir, busca metodologias e materiais

diferenciados e vai conquistando todos os grupos de sala de aula, consegue

fazê-los entender a importância do estudo em suas vidas. Os professores

participantes do curso trocavam experiências, faziam relações com seu dia a

dia, e sempre no final dos encontros realizavam um relatório. O filme Ela e os

Caras de Amanda Bynes destacou as relações pai e filho o qual uma caloura é

banida pelas enciumadas megeras da fraternidade no qual encontra um novo

lar junto a um grupo de nerds fracassados; este filme deixa claro as questões

de preconceito, de diferenças sociais e a forma como criamos um mundo

paralelo para não sofremos com essas diferenças. E a pedido dos professores

tivemos como tema o Bullying em nossos encontros, que é uma “brincadeira”

também conhecida como agressão, seu surgimento segundo Rosalind

Wisemar (1999), cofundadora de uma organização norte americana que afirma

que suas raízes do Bullying são encontradas nas definições em uma

determinada cultura que crianças e adultos compartilham sobre o poder,

privilégios e respeito. Alguns dos livros infanto-juvenis foram leituras a serem

trabalhadas com os alunos da série de @starke Design Editora: Girls Garotas

de atitude fizeram parte do trabalho em sala, oito temas diferentes todos

discutindo valores.

O que segue nas linhas abaixo são passos de um trabalho que requer o

envolvimento de toda a equipe escolar. A indisciplina é a transgressão baseada

em dois tipos de regras: as de natureza moral e os princípios éticos, que visam

o bem comum, e por isso valem para todas as instituições e para qualquer

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situação da vida, como exemplo podemos citar: não bater, não xingar, não

mentir; e as convencionais (que variam de escola para escola, como as que se

referem ao uso de uniforme, boné, celular).

Com frequência, os regimentos escolares erram ao colocar essas duas

situações, apresentadas anteriormente, em um mesmo patamar. A professora

procurou trabalhar com seus alunos de 6º ano sem que eles percebessem de

forma direta essas duas regras. Ela não fez cartaz, nem fichou no quadro as

chamadas regras de boa convivência, mas de uma forma simples cativou por

meio da leitura de histórias, que foi desenvolvendo o gosto por elas a cada

aula. No início eram pequenos textos que relatavam situações de regras

possíveis na vida cotidiana de cada um de seus alunos. Assim que chegava à

sala de aula, os alunos já pediam para a professora contar a história do dia. E

com o passar das aulas eles começaram a colocar em prática o que ouviam.

Nas aulas de Ensino Religioso os alunos jamais eram mandados para a

diretoria, o diálogo sempre ocorreu, ouvindo-se as partes e demonstrando

respeito pelos valores de cada um. Alguns educadores por motivos

insignificantes mandam os alunos para a diretoria, perdendo o domínio de suas

aulas, ou em outros casos recorrem ao autoritarismo o que traz um

distanciamento entre o professor e o aluno. Segundo Odália (1983, p. 36-37),

“[...] o homem vive em sociedade, isso quer dizer que ele tem necessidade de

organizar sua vida em relação ao outro e coletivamente”. Ele precisa definir

formas mais ou menos claras, limites de sua ação. No relato anterior é

importante ressaltar, que foi preparada uma caixa com estes livros que eram

levados para sala de aula, no princípio os alunos reclamaram e ainda disseram

que não iam ler, mas com segurança em relação aos conteúdos didáticos que

leciona, a professora conseguiu mediar a situação, que foi sucesso total nesta

turma, a qual realizou este trabalho. Pode parecer simples, mas isso é

essencial para manter a disciplina e fazer com que todos aprendam. É preciso

diversificar a metodologia, pois interagimos conectados ao mundo de diferentes

maneiras. Com mais conhecimento todo professor adquire segurança e

aprende a planejar aulas mais eficazes.

A indisciplina vai ocorrer em determinados momentos em sala de aula, e

o professor vai manifestar contrariedade aos seus alunos, nas exaltações e

será necessário agir com calma, mostrando aos alunos por meio de técnicas

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para a resolução de conflitos. Lembramos que não é fácil estar sempre em

alerta cultivando um ambiente de cooperação e respeito, mas na interação com

o coletivo da escola, a família e outras ações pontuais levam a diminuir os

problemas e evitar que se transforme em atitudes agressivas. Precisamos

acreditar que como aconteceu no trabalho com estes alunos de 6º ano, os

problemas de indisciplina e violência na escola podem ser atenuados ou

aparecerem pela imaturidade e não de maneira intencional e desrespeitosa, no

que colocamos com importância trabalharmos com conteúdos de ensino que

reforcem estas questões relacionadas à moral e ao convívio social criando

assim um ambiente de cooperação.

Este trabalho realizado no primeiro semestre de dois mil e treze, e já viu

a diferença, foram utilizadas várias estratégias, e inclusive o auxílio da caixa

vermelha de bolas brancas mágicas, preparada para a implementação e prática

da sala de aula. O principal objetivo da pesquisa foi desenvolver uma proposta

que envolva todos na mudança das relações existentes que operam para que o

aluno continue com ações de desrespeito e violência contra o ser humano. É

importante enfatizar que a luta não é só da escola, porém ela é principal veículo

das grandes ações e transformações que certamente contribuirão para

encontrar um caminho para a paz.

Devemos ter claro que estas discussões sobre este tema devem

continuar nas escolas, envolvendo a família e proporcionando momentos para

que os pais possam refletir sobre o que estão fazendo e que ações são

necessárias de sua parte para que seu filho se torne um cidadão responsável

pronto a assumir seus direitos e cumprir seus deveres nesta sociedade. Assim

como outras instituições podem ser envolvidas neste trabalho que com certeza

retornará em benefícios a toda sociedade. Os professores devem estar seguros

no desempenho de suas atividades com o planejamento de suas ações, e não

ficarem preocupados com suas intervenções e os preceitos legais. No curso

tivemos a oportunidade de realizar alguns apontamentos sobre a lei. O Estatuto

do Menor e Adolescente (BRASIL, 2002) e a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (BRASIL, 1996), são leis que servem, também, para que não haja

impedimentos para o trabalho com a indisciplina e sim possa clarear as

atitudes a serem tomadas dentro e fora de sala de aula e que estas sejam

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realizadas após refletir sobre ações que venham a amenizar a indisciplina e a

violência na escola.

Durante nossos estudos na implementação deste projeto no Colégio

Estadual Duque de Caxias, no Paraná, os professores e pedagogos

participantes levantaram muitas ocorrências na escola que geralmente

começavam com brincadeiras e apelidos que são percebidos e muitas vezes

sem à devida intervenção por serem alunos considerados crianças nos 6º e 7º

anos. Estes casos observados pelas pedagogas tendem a continuar e até levar

à agressão física pelos alunos envolvidos. Esta observação nos faz pensar que

a falta de impunidade pode gerar indisciplina e violência na escola. A

impunidade se manifesta nas mais diversas atitudes, em fatos corriqueiros que

aceitamos mesmo notando que não estão corretos. Como exemplo, temos na

família os filhos cujos pais realizam determinados acordos, quanto ao horário

de chegar aos seus lares, ou pedidos a serem realizados pelos pais quando

estão fora e a criança deixa de atender e nada acontece. Quando falamos em

impunidade, nos referimos à falta de intervenção de um adulto nos atos da

criança e do adolescente. Lembramos, ainda, que na vida temos obrigações

diárias a ser tomadas e tudo se manifesta pela responsabilidade que a pessoa

já tem adquirida em sua formação, é quando temos segurança em saber o que

está certo e errado. Assim, de acordo com Festinger (1954, p. 117),

[...] o ser humano postulada a existência de uma pulsão no sentido de aferirmos as nossas habilidades e opiniões. Sem a presença de outros tal aferição é impossível na ausência de critérios físicos, objetivos, capazes de fornecer-nos esta indicação. Por outro lado, se entramos em contato com outras pessoas, elas nos fornecem a base de aferição da realidade social indispensável à avaliação de nossas habilidades e opiniões.

A educação ocorre durante toda a vida, não podemos nos omitir em

atitudes que fazem parte da formação do caráter da criança. Tanto na família

quanto na escola temos que interferir em atitudes que reforçam a violência,

desrespeito e estimular a valorização do ser humano, a solidariedade no

sentido de que cada um reflita sobre suas ações que não podem ser nocivas

aos outros, respeitar os direitos do outro. Essas questões estão indiretamente

associadas às regras e limites, e podemos mudá-las por meio do

conhecimento, do diálogo e aprendizagem sobre os assuntos que levam as

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ocorrências. O professor ao ensinar o conteúdo está propiciando a construção

de uma mente humanizada.

A impunidade e a falta de intervenção assumem um papel importante na

mediação de conflitos, não podemos considerar como punição: o sentimento de

culpa por um ato errado, não estamos valorizando o crescimento pessoal, ou a

perseguição, o castigo, a imposição, a coerção atos que não modificam o

comportamento ou até podem modificar deixando marcas negativas e

sentimentos que levam a baixo estima. A impunidade e a falta de intervenção

devem ser consideradas como um ato que leve a falta de responsabilidade de

arcar com o próprio comportamento, a reparação de uma ofensa como uma

satisfação que venha a modificar uma atitude ofensiva, um diálogo entre os

envolvidos e uma pessoa adulta para chegar a um entendimento, a reparação

de danos materiais ou até morais, estas punições mudam as relações no

interior da escola, pois levam a reflexão sobre nossos atos.

Conforme afirmam Sears, Maccoby e Lewin (1957) em seus estudos, o

comportamento agressivo pode ser aprendido por meio das relações familiares,

se a criança consegue o que quer por meio de uma atitude agressiva, ela,

consequentemente, tende a repetir esta atitude. Daí a grande responsabilidade

de pais e educadores, pois a criança também aprende por meio de um modelo.

Desta maneira, o comportamento dos pais e professores leva a criança a emitir

ou controlar respostas agressivas, ela depende da intervenção de um adulto

para contribuir na formação de sua personalidade. A educação permissiva

contrapõe-se, desta forma, à educação dos seus pais que se baseou numa

autoridade rígida e austera.

Em matéria de educação dos filhos, os pais não podem omitir-se de

autoridade, é necessária uma participação efetiva, para que seus filhos tenham

em sua formação conceitos e valores que possibilitem a continuidade da

formação de sua personalidade, para que entendam como conviver em grupo,

já que na escola se depararão com outras formas de interação, vivências

diferentes, e que saibam como agir nos momentos de interação com alunos,

professores, funcionários e porque não dizer na sociedade.

As sanções devem ser relativas à infração cometida, como exemplo, o

professor não deve punir um aluno que está fazendo bagunça em sala de aula

com a retirada de pontos da sua nota (duramente seguidas avaliações). A única

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coisa necessária é que haja proporcionalidade entre o sofrimento imposto e a

gravidade da falta.

É necessário abolir qualquer forma de humilhação. A prática do

rebaixamento moral pode levar a, pelo menos, duas consequências, ambas

condenáveis, antipedagógicas e, como tal, produtoras de mais indisciplina e

violência. O aluno menosprezado poderá sentir sua autoimagem diminuída ou

desfigurada. E como forma de recompô-la, poderá cometer atos de indisciplina

e de mais violência. Priorizar os valores morais e éticos, como o conjunto de

regras e de valores que tem por finalidade garantir a convivência humana e a

felicidade. O aluno deve compreender que precisamos respeitar os outros, o

que não quer dizer a falta de participação, mas sim caminhar com segurança

diante de todos que fazem parte de sua vida, mas nunca deixar de expressar

suas opiniões, assumindo-se como sujeito de sua vida e tendo um

comportamento ético com o outro. Ética e moral podem ser definidas como

[...] a moral, que decreta um certo número de comportamentos, que determina os caminhos de um indivíduo ou de uma sociedade, que, numa só palavra, funciona com base na lógica do dever-ser, e a ética que remete ao equilíbrio e à relativização recíproca dos diferentes valores que integram um dado sistema (grupo, comunidade, nação, povo, etc.). A ética é, antes de mais nada, a expressão de querer viver global e irreprimível; ela traduz a responsabilidade que este conjunto assume à sua continuidade (MAFFESOLI, 1985, p. 21).

A mente humana é formada histórica e socialmente, necessita de

mediadores para se realizar. Nunca se cria algo sozinho, se reproduz em parte

o já criado e se renova com novos arranjos e descobertas; todavia sempre

sobre uma base de conhecimentos socialmente já produzidos (MARX, 1983).

As atividades humanas são consideradas por Leontiev (1997) como

formadoras de relações do homem com o mundo, dirigidas por motivos, por fins

a serem alcançados.

Em todos os momentos de nossa vida estamos aprendendo e

modificando comportamento, mas com certeza quanto mais próximos da

infância, melhor para construirmos relações pautadas no respeito, resolver

problemas com mais diálogo e não por impulsos que muitas vezes conduzem à

violência ou a atos isolados que não levam em conta os sentimentos dos outros

que vivem no grupo.

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Considerações Finais

Este trabalho foi executado como um compromisso do programa da

Secretaria do Estado do Paraná no qual retornarmos à escola após os estudos

para que, com a nossa proposta, realizássemos mudanças no cotidiano da

escola com relação a este tema Indisciplina e Violência na Escola no 6º e 7º

anos por entender que desde o início devemos incluir em nosso conteúdo e

metodologia meios que ajudem a direcionar nossos alunos para um caminho

de paz. Foi importante repensar nossa prática a fim de não aceitar as coisas

como estão, as ideias, as situações, os valores e comportamentos, investigar

os fatos e compreender, para assim realizar uma análise completa,

confrontando a teoria e a prática a fim de consolidar as mudanças observadas.

Este momento é único e diferente de outros na História da Educação, no

curso realizado os professores tiveram a oportunidade de esclarecimento

teórico, para melhor compreensão do que está preocupando o mundo, além da

oportunidade de receber o relato de outras escolas estaduais da cidade de

Maringá/PR, e como estão lidando com estes problemas. Notamos que na sua

maioria, estes professores estão repensando por meio de reuniões no interior

da escola para receber a família, envolvendo todos na escola, e na interação

com as escolas da 6º ano que pertence ao município conhecer os alunos que

estão ingressando no 7º ano do ensino fundamental nas escolas estaduais,

realizar momentos para que esses alunos sintam a escola como sua, apesar

das diferenças deste segundo ciclo do ensino fundamental. E assim os

professores conhecerem melhor seus alunos, para poder retomar em valores

ainda não internalizados.

Nossa proposta não acaba aqui, sentimos a angústia em relação à

resolução destes problemas, especialmente por parte dos pedagogos que

estão nas escolas e pensam estar “apagando o incêndio”. Durante nosso

curso, tivemos muitos momentos de troca de experiência e chegamos à

conclusão que mesmo quando apagamos fogo estamos realizando o papel e

interferir em situações que podem passar da indisciplina para a violência, e que

pode nos conduzir a convidar a família para participar da vida de seus filhos.

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Um professor do Colégio Estadual Duque de Caxias em Maringá realizou um

trabalho no horário das aulas de ensino religioso, foi preparado um material

específico, com livros que versam sobre valores como: não roubar, respeitar,

amizade, solidariedade, o significado da indisciplina entre outros, e filmes todos

próprios para alunos do 6º e 7º ano.

Estamos satisfeitos com os resultados de nossos estudos e a

implementação na escola, pois acreditamos na contribuição para a prática dos

professores e funcionários da escola. Entendemos que não existem fórmulas

prontas e outros educadores com certeza levantaram tópicos de estudo para

este tema na realização deste programa, mas com certeza o sucesso da escola

está no envolvimento do coletivo. E quanto mais cedo à intervenção, mais

rápidos são os resultados.

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