A Ditadura Militar 1964-85

• O golpe de Estado preparado por setores civis e militares acabou com um governo eleito democraticamente e instituiu uma ditadura militar que durou de 1964 até 1985, portanto vinte e um anos.

• No entanto, o golpe deveria apenas tirar Jango do poder e “limpar a casa”, ou seja, tirar do governo e dos sindicatos as forças de esquerda que representavam mudanças sociais radicais, incluindo os comunistas. A ideia era que os militares permanecessem no poder até 1965, ano das próximas eleições.

A Divisão das Forças Armadas

As Forças Armadas se dividiam em basicamente três grupos:

• Os militares nacionalistas que apoiavam as reformas de base e os governo de Vargas e Jango.

• Os militares favoráveis ao golpe mas contrários a continuidade de uma ditadura militar.

• Os militares chamados “linha dura”: favoráveis a permanência dos militares no poder e adeptos de um projeto de desenvolvimento econômico autoritário. Não eram liberais, mas também não eram contra aos investimentos estrangeiros.

A Repressão Política

• Ao chegarem ao poder, os militares fazem com que o Congresso amplie os poderes do presidente, que seria um general, Castelo Branco.

• Os militares começam a “limpeza”: cassam os parlamentares de esquerda, suspendem os direitos políticos de alguns cidadãos e intervêm em 428 sindicatos. Todos os líderes sindicais acusados de contrários ao regime são afastados.

Os Atos Institucionais

• AI-1: estendia o mandato do presidente Castelo Branco para 1967, além de aumentar o poder do presidente, que podia fechar as câmaras.

• AI-2: extinção dos partidos políticos e criação do bipartidarismo: ARENA e MDB. Com a cassação de políticos importantes e a extinção dos partidos, foi criada, no exílio, a Frente Ampla, movimento de oposição que reunia personalidades políticas como JK, Jango e Carlos Lacerda, agora aliados frente a um inimigo comum.

• AI-3: criava a eleição indireta para presidente, governador e prefeitos de cidades importantes.

Em 1966, vários parlamentares

eleitos foram cassados e o Congresso Nacional foi fechado. Só foi reaberto em 67, juntamente com a promulgação do AI-4, que criava uma nova Constituição para o Brasil.

1968 – O AI-05• Em 1967, Castelo Branco é substituído por Costa e Silva.

• Em 1968 a repressão aumenta por causa do AI-5.

Após alguns anos de desorganização, os sindicatos se reestruturam e voltam a protestar e a fazer greves.

• Ocorre uma intensa mobilização de amplos setores da sociedade pedindo a volta da democracia e do Estado de direito.

• Os estudantes, intensamente engajados, organizam a Passeata dos Cem Mil.

• Com o Ato Institucional nº05 em 1968 os militares ‘linha dura’ chegavam ao poder. Começava de fato os “anos de chumbo”.

A Formação das Guerrilhas

• Ainda antes dos acontecimentos de 1968, pessoas resolvem formar guerrilhas, urbanas e rurais, para tentar derrubar a ditadura através da luta armada e da revolução socialista.

• O exemplo vinha de Cuba, principalmente de Che Guevara, e da Grande Marcha de Mao. Os comunistas guerrilheiros rompem com o exemplo soviético.

Os principais grupos eram:

• Aliança Libertadora Nacional: liderados por Carlos Marighela, ex-militar, forma-se essa guerrilha urbana.

• Vanguarda Popular Revolucionária: criada também por militares contrários ao golpe.

• Movimento Revolucionário 8 de Outubro: criado por Carlos Lamarca, ex-VPR.

• Guerrilha do Araguaia e Guerrilha do Caparaó: tinha um caráter rural e se inspiravam na Revolução Cubana e Chinesa. A Guerrilha do Araguaia foi aniquilada em 1973, na maior operação militar da ditadura, chamada de Operação Bandeirantes (OBAN).

Operação Condor

• Cooperação entre as principais ditaduras da América do Sul para trocar informações, prender, torturar e assassinar comunistas que transitavam entre esses países, principalmente Brasil, Argentina e Chile.

A economia no regime militar

É possível dividir a economia do período em quatro fases distintas:

• 1964-68: período de recessão e combate à inflação; arrocho salarial; fim da lei de remessa de lucros.

• 1968-73: O Milagre Econômico. Período de maior crescimento da economia brasileira da história.

• 1974-80: fim do milagre; para combater uma possível (e inevitável) crise, o governo passa a fazer altos investimentos em infra-estrutura.

• 1980: colapso da economia brasileira, com a explosão da inflação e da dívida externa.

O Milagre Econômico 1968-73

• O Milagre Econômico brasileiro foi um período de grande desenvolvimento e crescimento econômico, a taxas superiores a 11% ao ano capitaneado por investimentos do governo na área de infraestrutura, no bom desempenho do capitalismo mundial e na entrada de novas multinacionais ao país. No entanto, esse desenvolvimento era concentrado nas mãos de poucos e não eram repassados à maior parte da população, nem na forma de renda, nem na forma de serviços públicos essenciais. A crise internacional do petróleo de 1973 causou o colapso do milagre brasileiro.

• Para combater a crise o governo retomou o projeto dedesenvolvimento nacionalista, denominado II Plano Nacional deDesenvolvimento (II PND) e fez grandes investimentos na área deenergia, como as hidrelétricas de Tucuruí e Itaipu; a Petrobrásvoltou-se para exploração em águas profundas; foram construídasusinas nucleares; além de investimentos nas áreas de comunicação,ferrovias e portos. O governos realizou também grandes obrasfaraônicas. Para tanto, recorreu à empréstimos estrangeiros.

O lento processo de redemocratização

• Por conta da crise do milagre a ditadura começa a se enfraquecer eos próprios militares começam a articular uma transição para ademocracia, mas que fosse controlada por eles: “lenta, gradual esegura”.

• O MDB, partido de oposição, consegue grandes vitórias eleitorais,demonstrando a insatisfação de amplos setores da sociedade comos militares.

• A Linha Dura é contrária à redemocratização.

• Incomodado com o crescimento eleitoral do MDB, o governo decretao Pacote de Abril: fecha o Congresso por um período e reserva aopresidente o direito de nomear um terço dos senadores, oschamados “senadores biônicos”. Nas campanhas da TV, oscandidatos não podiam falar.

Os trabalhadores na luta contra a ditadura

• A partir de 1978, insatisfeitos com o ‘arrocho salarial’, operários do ABC paulista, liderados pelo sindicalista Luís Inácio Lula da Silva, iniciam uma série de protestos e greves reivindicando melhorias salariais.

• Os protestos, que tinham ares econômicos, acabam ganhado uma conotação política, pois lutar contra o arrocho salarial era lutar contra a própria ditadura.

• Fim do AI 5.

• Lei de Anistia: anistiava todos os crimes políticos, todos aqueles perseguidos pelos Atos Institucionais, permitia a volta dos exilados políticos e perdoava os agentes que trabalharam na repressão e tortura para o governo.

• Reforma Partidária: fim do bipartidarismo e a instituição do pluripartidarismo, com a criação do PMDB, PT, PSDB, PDT, PTB, PDS (antigo ARENA, depois PFL e DEM) entre outros.

1979

Diretas Já• Foi um movimento ocorrido no início da década de 1980 pedindo

eleições diretas para presidente, mobilizando amplos setores da sociedade brasileira.

• Emenda Dante de Oliveira: lei, não aprovada, para estabelecer eleições diretas para presidente.

• Em 1985, ocorreu uma eleição indireta que elegeu Tancredo Neves presidente e José Sarney como vice.