abaixo o golpe de 1964- 50 anos! abaixo a ditadura!

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Nem perdão, nem esquecimento, nem reconciliação: punição para os torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar e para aqueles que cometem estes mesmos crimes contra a humanidade nos dias de hoje! 1º de abril de 2014 Abaixo o Golpe de 1º de abril de 1964 - 50 Anos! Abaixo a ditadura! (nota da FIMVJ- MG) Porque Viaduto Dona Helena Greco Relação dos torturadores de Minas Gerais Relação dos mineiros mortos e desaparecidos pela ditadura militar Luta contra o aparato repressivo - Centros de tortura em Minas Gerais (1964 - 1985) O que é a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça - MG Mataram o Amarildo! Cadê os desaparecidos?

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Informativo da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça - MG. 1º de Abril de 2014

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  • Nem perdo, nem esquecimento, nem reconciliao: punio para os torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar e para aqueles que cometem

    estes mesmos crimes contra a humanidade nos dias de hoje!

    1 de abril de 2014

    Abaixo o Golpe de 1 de abril de 1964 - 50 Anos! Abaixo a ditadura! (nota da FIMVJ- MG)

    Porque Viaduto Dona Helena GrecoRelao dos torturadores de Minas Gerais

    Relao dos mineiros mortos e desaparecidos pela ditadura militar

    Luta contra o aparato repressivo - Centros de tortura em Minas Gerais (1964 - 1985)

    O que a Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia - MG

    Mataram o Amarildo! Cad os desaparecidos?

  • FOTOS DE MORTOS ENCONTRADAS NOS ARQUIVOS DA REPRESO POLTICA

    Fonte: Comisso de Fam

    iliares de Mortos e D

    esaparecidos Polticos. Dossi Ditadura M

    ortos e Desaparecidos Polti

    cos no Brasil 1964-1985. So Paulo: IEVE, Im

    prensa Oficial, 2009.

  • 3 Tributo aos mortos e desaparecidos polticos, aos que lutaram contra a represso, que foram perseguidos, presos e torturados pela ditadura militar (1964-1985).

    Pela mudana do nome do Viaduto Castelo Branco - primeiro ditador imposto pelo golpe de 1964 - para Viaduto Dona Helena Greco militante dos direitos humanos, que lutou contra a dita-dura e contra todas as formas de explorao e opresso!

    H 50 anos, o golpe de 1 de abril de 1964 implantou ditadura militar sangrenta no pas, levada a cabo pelo Estado de Segurana Na-cional. Assume o poder, ento, o marechal Castelo Branco, primeiro dos cinco generais-ditadores que vo se revezar no poder. A ditadura durou 21 anos (1964-1985) e serviu de referncia para as outras ditaduras dos pases do Cone Sul da Amrica Latina, nas dcadas de 1960 e 1970. Es-tes longos anos de ditadura deixaram marcas indelveis, que tm sido reforadas nestes igualmente longos 29 anos de transio conservadora pactuada e controlada sem ruptura e sem perspectiva de desenla-ce. No h dvida quanto ao carter de classe do golpe, da ditadura e da transio. Trata-se do projeto burgus de concepo, articulao, e consecuo da chamada modernizao conservadora do capitalismo no Brasil. Sua essncia o aumento exponencial da explorao dos traba-lhadores e da represso poltica para garantir a acelerao da acumula-o capitalista. Seus protagonistas so a burguesia, associada ao capital multinacional portanto ao imperialismo estadunidense -, os donos do aparato miditico, os latifundirios, as Foras Armadas, a Igreja Catlica e a ortodoxia crist: as mesmssimas foras conservadoras e reacionrias responsveis pela opresso desenfreada qual a sociedade brasileira continua submetida, agora em novo formato, o pessimamente chamado Estado Democrtico de Direito.

    O que est na base da ditadura militar implantada pelo golpe de 1964 o Terror de Estado. Este est consolidado na Doutrina de Seguran-a Nacional, arcabouo ideolgico do Estado de Segurana Nacional. Tal projeto veio para aniquilar toda a construo poltica e todas as conquis-tas acumuladas pela classe trabalhadora e pelo movimento popular pelo menos desde a dcada de 1920. Para isto montou-se gigantesco aparato repressivo que tinha como objetivo explcito a eliminao dos inimigos internos. Eram considerados inimigos internos todos aqueles que faziam - ou pensavam em fazer - qualquer tipo de oposio ao sistema. A tortura sistemtica, a interdio continuada do exerccio da poltica, a censura, o obscurantismo poltico e a mentira organizada foram institucionalizados e adotados no apenas como mtodo de governo, mas como poltica de Estado. Milhares de brasileiras e brasileiros foram perseguidos, moni-torados, cassados, presos, torturados, exilados e banidos. Cerca de 440 foram mortos sob tortura nos pores da represso. Cunhou-se a catego-ria de desaparecidos polticos. A ditadura fez desaparecer os corpos de, pelo menos, 183 presos polticos. Estas contas no esto fechadas uma vez que, at hoje, no se abriram os arquivos da represso. Os governos constitudos a partir de 1985, quando o ltimo general deixou o poder, tm mantido o acordo com as Foras Armadas. Elas so preservadas de quaisquer desgastes - sempre em nome do pacto da transio poltica sem ruptura.

    Cinquenta anos depois do golpe, o contencioso da ditadura militar no foi sequer equacionado: no houve desmantelamento do apara-to repressivo; no houve esclarecimento circunstanciado das torturas, mortes e desaparecimentos de opositores; no houve abertura dos ar-quivos da represso; no houve a responsabilizao dos torturadores e assassinos de presos polticos. Tambm a mentira organizada e a fabri-cao do esquecimento tm prosperado: a Comisso Nacional da Ver-dade/CNV, instituda pela presidente Dilma Rousseff (PT), no passa de um simulacro cuja prioridade a reconciliao nacional e a manuteno do pacto com os militares e os empresrios. O exerccio da justia est descartado. At agora, depois de mais de dois anos de vigncia, a CNV tem evitado cuidadosamente a abordagem do que realmente importa para que a verdade prevalea: a soluo definitiva da questo dos mor-tos e desaparecidos e a punio dos torturadores e assassinos de presos polticos.

    Cinquenta anos depois do golpe, a tortura permanece como uma das instituies brasileiras mais slidas. Sabemos que o Estado burgus no abre mo dos instrumentos de violncia que tem sua disposio. Assim sendo, o pau de arara, os choques eltricos, o afogamento e o desaparecimento forado vieram para ficar. O aparato repressivo conti-nua vivo e ativo e se volta agora para aqueles que so considerados pelo Estado os inimigos internos de sempre: o movimento popular; a luta dos trabalhadores da cidade e do campo; os 2/3 da populao que vivem no limiar da linha de misria sobretudo jovens, negros, indgenas, mora-dores das comunidades de periferia e das favelas. Para estes, o Estado de exceo permanente. Este o pas do racismo e do genocdio insti-tucionalizados contra negros e indgenas, do encarceramento em massa, da guerra generalizada contra os pobres, da criminalizao das lutas dos trabalhadores e do povo.

    O aparato repressivo tem sido aperfeioado e reforado. Nas jorna-das de junho de 2013, todo o repertrio de violncia policial e militar dis-ponvel foi mobilizado: Guardas Municipais, Polcia Civil, Polcia Militar, Foras Armadas, Polcia Federal, Fora Nacional de Segurana Pblica. Lembremo-nos de alguns casos exemplares da exacerbao da violncia do Estado: o pedreiro Amarildo Souza, trucidado sob tortura na Unidade de Polcia Pacificadora/UPP da Rocinha RJ, em julho de 2013; ainda no Rio de Janeiro, os quinze moradores executados pela PM no Bair-ro Nova Holanda, no Complexo da Mar; a morte de quatro jovens nas manifestaes em Belo Horizonte e na regio metropolitana (Douglas Henrique de Oliveira Souza, Luiz Felipe Aniceto de Almeida, Lus Estrela e Lucas Daniel Alcntara Lima). So os novos mortos e desaparecidos polticos de responsabilidade do governo federal (PT, PMDB, PCdoB) da presidente Dilma Rousseff (PT), do governo estadual Anastasia (PSDB), do governo municipal Mrcio Lacerda (PSB) e demais governos estaduais e municipais de todo o pas. H tambm os novos presos polticos: so centenas de manifestantes, em todo o Brasil, indiciados pelo simples fato de sarem s ruas para protestar.

    Trata-se, portanto, de reciclagem do Terror de Estado. O governo fe-deral quer reeditar o AI-5 atravs das leis antiterrorismo e da Portaria Normativa 3.461 do Ministrio da Defesa (19 de dezembro de 2013) que deposita a operao de garantia da lei e da ordem nas mos das Foras Armadas e tacha os manifestantes e os movimentos sociais de Foras Oponentes. Trata-se da mesma lgica e do mesmo vocabulrio canhes-tro da ditadura na implementao da Doutrina de Segurana Nacional: conteno e represso radical dos inimigos internos. Recentemente, a presidente Dilma Rousseff declarou que as Foras Armadas atuaro na represso s manifestaes de protesto Copa do mundo.

    Ns, da Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia - MG, entendemos que h uma linha direta entre o Estado de Segurana Nacio-nal implantado pelo golpe de 1964 e o Estado Penal verdadeiro nome do Estado Democrtico de Direito. Reiteramos que temos como princ-pios: a punio dos responsveis por torturas e assassinatos perpetrados pela ditadura militar; a abertura irrestrita dos arquivos da represso; o desmantelamento do aparato repressivo o que inclui o fim da Polcia Militar, da Polcia Civil, da Fora Nacional de Segurana e das Guardas Municipais; a erradicao da tortura; a soluo da questo dos mortos e desaparecidos. Repetimos exausto: tortura e desaparecimento cons-tituem crime de lesa humanidade. Como tal no prescrevem, so ina-fianveis e no so, definitivamente, passveis de anistia - muito menos de auto anistia. O Estado brasileiro tem dificuldades intransponveis de se haver com as prprias iniquidades. Para a Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia - MG, a nica maneira de erradicar estas ini-quidades o fortalecimento e a radicalizao da luta da classe trabalha-dora e do movimento popular, com absoluta independncia em relao ao Estado, aos governos, aos patres e institucionalidade.

    Decidimos marcar o cinquentenrio do golpe de 1964 com a mudan-a definitiva do nome do Viaduto Castelo Branco, em Belo Horizonte - MG. Trata-se do primeiro ditador a se instalar no poder a partir do golpe de 1964. Precisamos extirpar, de uma vez por todas, a estranha mania brasileira de contemplar aqueles que cometeram crimes contra a humanidade. Nenhum sequer foi punido, mas a todos foi outorgada

    ABAIXO O GOLPE DE 1 DE ABRIL DE 1964 - 50 ANOS! ABAIXO A DITADURA!

  • 4impunidade e, at, inimputabilidade. Muitos foram premiados com car-gos pblicos, promoes, comendas, nomes de ruas e de locais pblicos como o caso do Viaduto Castelo Branco. No podemos mais tolerar que ruas, avenidas, escolas, praas, estdios e viadutos de nossa cidade ostentem os nomes de articuladores do golpe, ditadores, torturadores e assassinos de opositores.

    Propomos, ento, que o viaduto passe a se chamar Viaduto Dona Helena Greco. A partir da luta contra a ditadura, D. Helena dedicou a sua vida luta pelos direitos humanos e ao combate contra a represso e todas as formas de explorao e opresso. Ela uma das fundadoras do Movimento Feminino pela Anistia/MG (1977), do Comit Brasilei-ro de Anistia (1978) e do Movimento Tortura Nunca Mais/MG (1987). D. Helena nunca transigiu: considerava a ditadura como o inimigo a ser combatido e derrotado, no algum eventual interlocutor a ser deposit-rio de reivindicaes pontuais. Seus focos principais eram a luta feminina e feminista e a luta contra o aparato repressivo portanto, pela erra-dicao da tortura e pela punio dos torturadores. Tornou-se inimiga pblica dos militares, das polcias, dos grupos parapoliciais e paramili-tares e da mdia burguesa. So suas marcas registradas a radicalidade, a capacidade de indignao e a adeso permanente s causas da classe trabalhadora e do movimento popular. D. Helena Greco faleceu no dia 27 de julho de 2011, aos noventa e cinco anos. Alguns anos antes de sua morte, em entrevista para um documentrio sobre sua trajetria, foi instada a caracterizar sua prpria pessoa. Ela se declarou, sem titubear: Sou feminista radical e militante socialista de extrema esquerda.

    Com esta iniciativa da nomeao do Viaduto Dona Helena Greco, prestamos tributo a todas e todos que tombaram na luta contra a opres-so e a todas e todos que combateram a ditadura e mantm desfraldada a bandeira da luta por memria, verdade e justia. Nossas homenagens quelas e aqueles que foram perseguidos, cassados, presos, torturados, exilados e banidos. Nossas maiores homenagens aos mortos e desapa-recidos polticos e seus familiares.

    Pelo direito Memria, Verdade e Justia! Pela mudana do nome do Viaduto Castelo Branco para Viaduto

    D. Helena Greco! Nem perdo, nem esquecimento, nem reconciliao: punio

    para os responsveis por torturas, mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar!

    Pela abertura irrestrita dos arquivos da represso! Pelo cumprimento da sentena da Corte Interamericana de Di-

    reitos Humanos que condenou o Brasil a punir os responsveis pelas mortes, torturas e desaparecimentos polticos ocorridos durante a dita-dura militar!

    Abaixo a represso! Pela liberdade de manifestao e expresso! Pelo fim das torturas e das execues! Pelo fim do genocdio dos

    jovens, negros, indgenas e pobres! Pelo fim do aparato repressivo! Pelo fim imediato das Guardas

    Municipais, da Polcia Militar, da Polcia Civil e da Fora Nacional de Se-gurana Pblica! Fora as Foras Armadas e fora a FIFA!

    Pelo fim da criminalizao dos pobres! Pelo fim da criminali-zao das lutas dos estudantes! Pelo fim da criminalizao da luta dos trabalhadores da cidade, do campo e do movimento popular!

    Pelo fim das leis repressivas que criminalizam manifestantes! Abaixo as UPPs! Abaixo as invases policiais e militares dos mor-

    ros, universidades, ocupaes e favelas!

    Pela luta independente, realizada pela classe trabalhadora e pelo movimento popular, em relao ao Estado, aos governos, aos patres

    e institucionalidade!

    Belo Horizonte, 1 de abril de 2014FRENTE INDEPENDENTE PELA MEMRIA, VERDADE E JUSTIA MG

    frentemvj.blogspot.com.br

    Acessem:- Cartaz de convocao de reunio para construo de uma Frente Independente pela Memria, Verdade e JustiaMG (22/10/2012)

    http://frentemvj.blogspot.com.br/2013/02/reuniao-para-construcao-de-uma-frente.html

    - Carta aberta Comisso Nacional da Verdade - distribuda e lida na audincia realizada na UFMG (22/10/2012)

    http://frentemvj.blogspot.com.br/2013/02/carta-aberta-comissao-nacional-da.html

    - Cartaz da 1 reunio da Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia-MG (07/11/2012)

    http://frentemvj.blogspot.com.br/2013/02/1-reuniao-da-frente-independente-pela.html

    - Manifesto da Frente Independente pela Memria, Verdade e JustiaMG (07/11/2012)http://frentemvj.blogspot.com.br/2013/02/manifesto-da-frente.html

    Pela luta independente, realizada pela classe trabalhadora e pelo m movimento popular, em relao ao Estado, aos governos, aos patres e institucionalidade!

    A Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia/FIMVJ-MG se formou a partir de atividades reunies, debates, manifestaes, intervenes, escrachos contra torturadores - realizadas com a participao de ex-presos polticos, familiares de mortos e desaparecidos, en-tidades, movimentos populares, organizaes, coletivos e indivduos que combateram a ditadura e continuam a combater a tortura, o aparato repressivo e o terrorismo de Estado.

    So nossos princpios de ao: a abertura irrestrita dos arquivos da represso; a erradicao da tortura; a responsabilizao e punio para os torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar e daqueles que cometem os mesmos crimes contra a humanidade nos dia de hoje; o combate guerra generalizada contra os pobres; a luta contra o encarceramento em massa; a luta contra o genocdio de jovens, pobres, negros e indgenas. Lutamos pelo desmantelamento do aparato repressivo, o que inclui: o fim imediato das Guardas Municipais, o fim da Polcia Militar, o fim da Polcia Civil e o fim da Fora Nacional de Segurana Pblica.

    Somente o combate da classe trabalhadora e do movimento popular ter condies de erradicar de vez as iniquidades do Estado. A nica maneira de faz-lo o fortalecimento da nossa luta com independncia em relao aos governos, ao Estado, aos patres e institucionali-dade. Temos a convico de que esta luta s pode ser travada na perspectiva da luta de classes. A FIMVJ-MG se coloca como um movimento antigovernista, anticapitalista e anti -nazifascista. Combatemos tambm o burocratismo, o peleguismo, o reformismo e o oportunismo que levam alguns movimentos a se atrelarem aos governos, direita e s instituies policiais.

    A Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia-MG trava esta luta de forma autogestionria, autnoma, com radicalidade, uni-dade e horizontalidade.

    O QUE A FRENTE INDEPENDENTE PELA MEMRIA, VERDADE E JUSTIA MG

  • 5D. Helena Greco nasceu em Abaet a 15 de junho de 1916. Foi casada durante 64 anos com o Dr. Jos Bartolomeu Greco (falecido em 2002), seu companheiro da vida inteira. Tem trs filhos, trs netos e dois bisnetos. Farmacutica de formao, militou no seu sindicato e se sentia muito honrada de ter uma sala no Conselho Regional de Farmcia com o seu nome.

    Comeou a militar aos 61 anos de idade, em 1977, e no parou mais. O ponto de partida foi a sua interveno no ato contra a brutal represso ao 3 Encontro Nacional dos Estudantes/ENE, no Diretrio Acadmico da Faculdade de Medicina da UFMG - foi a nica pessoa da sua gerao a se manifestar. Sua participao poltica, reconhecida nacional e internacionalmente, tem como marco a luta contra a ditadura a partir da luta pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita, da qual ela se tornou praticamente sinnimo. Foi fundadora do Movimento Feminino pela Anistia/MG (1977) e do Comit Brasileiro de Anistia/MG (1978). Ajudou a construir e foi membro do Comit Executivo Nacional/CEN destas entidades. Foi ainda a representante destes movimentos no Congresso pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita do Brasil em Roma, em junho/1979.

    Ao longo de toda a sua trajetria, D. Helena imprimiu a sua marca de radicalidade e politizao, sempre a partir da combinao luta contra a ditadura/luta feminina e feminista. So suas marcas registradas a radicalidade, a capacidade de indignao e a adeso permanente s causas da classe trabalhadora e do movimento popular. Tornou-se inimiga pblica da ditadura, dos militares, das polcias, dos grupos parapoliciais e paramilitares e do aparato miditico. Seu foco principal era a luta pelo desmantelamento do aparato repressivo portanto, pela erradicao da tortura e pela punio dos torturadores. Durante a ditadura, sua casa e a sede do MFPA e do CBA foram alvos de atentados a bomba do Comando de Caa aos Comunistas/CCC, do Movimento Anticomunista/MAC e do Grupo Anticomunista/GAC. Teve o telefone grampeado, a correspondncia violada e recebia constantes ameaas do aparato repressivo.

    Sua luta contra a ditadura se desdobrou na luta contra todas as formas de opresso cujo lado afirmativo a luta pela construo do binmio Direitos Humanos e Cidadania. Aprofundou e radicalizou a luta contra a violncia policial e institucional. Levou as mximas consequncias a luta pelo direito memria, verdade e justia. Participou ativamente da luta antimanicomial, da luta antiprisional, do movimento LGBT, do movimento negro, da luta das comunidades indgenas, da luta pela moradia e da luta pela defesa do povo palestino.

    A partir de 1978, por iniciativa de D. Helena, o 8 de maro, Dia Internacional da Mulher, passou a ser comemorado publicamente na perspectiva da luta pela superao da discriminao, do preconceito, da violncia e da brutal desigualdade de gnero sistmica nesta sociedade to exploradora, patriarcal e machista. A partir de 1978, firmou a realizao anual de manifestaes no Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 dezembro) ento fazendo trinta anos na perspectiva da luta contra a ditadura militar.

    D. Helena exerceu dois mandatos como vereadora de Belo Horizonte pelo Partido dos Trabalhadores (1983-1992), do qual foi fundadora. Sua militncia partidria se deu sempre no marco hoje drasticamente aniquilado - de um partido independente, classista e socialista, um partido sem pelego e sem patro. D. Helena sempre criticou e combateu o burocratismo, o autoritarismo e o direitismo que hoje prosperam sem limites no PT.

    Tambm no espao eminen- temente reacionrio da Cmara Municipal ela imprimiu sua marca registrada: conseguiu fazer aprovar a Comisso Permanente de Direitos Humanos a primeira do gnero no Brasil. Efetivou, em conjunto com o vereador Artur Vianna, a mudana do nome da Rua Dan Mitrione para Rua Jos Carlos da Matta Machado, no Bairro das Indstrias. Dan Mitrione era um agente da CIA que veio ao Brasil para dar aulas de torturas aos agentes da ditadura. Jos Carlos da Matta Machado era estudante de direito da UFMG. Militou no movimento estudantil e na Ao Popular Marxista Leninista/APML. Foi assassinado sob tortura, em 28 de outubro de 1973. Foi tambm D. Helena que idealizou, em 1993, o primeiro rgo executivo, no Brasil, voltado exclusivamente para a questo dos direitos humanos - a Coordenadoria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte. A CDHC se tornou referncia para vrias outras, criadas Brasil adentro e afora.

    Para D. Helena, o espao prioritrio de atuao era o cho da cidade o espao da luta de classes - no a estreiteza do espao institucional. uma das fundadoras do Movimento Tortura Nunca Mais/MG, em 1987. Em 1995, foi uma das coordenadoras do Frum Permanente de Luta pelos Direitos Humanos de Belo Horizonte, que articulava cerca de 30 movimentos. Ainda em 1987, no bojo da luta pelo reatamento das relaes diplomticas Brasil-Cuba, foi uma das fundadoras da Associao Cultural Jos Marti e sua primeira presidente.

    Em 2005, D. Helena Greco foi uma das 52 brasileiras que integraram a lista do Projeto Mil Mulheres para o Prmio Nobel da Paz, iniciativa da Fundao Sua pela Paz e Associao Mil Mulheres.

    D. Helena Greco faleceu em 27 de julho de 2011, aos 95 anos de idade. Muito difcil concluir este breve relato de sua trajetria. Melhor, neste caso, transcrever suas prprias palavras, sempre to expressivas, como este pequeno trecho que ela no se cansava de repetir:

    A nossa cidadania depende diretamente da nossa capacidade de indignao. Esta, por sua vez, s se concretiza a partir do exerccio permanente da perplexidade.

    PORQUE VIADUTO DONA HELENA GREC0

    Manifestao na escadaria da Igreja So Jos nos anos 1980

  • 6RENOMEAES POPULARES DE RUAS E VIADUTOS DE BELO HORIZONTE

    Repdio ao tenente-coronel Lcio Maciel, torturador e assassino

    Os jovens trabalhadores Douglas Henrique de Oliveira Souza (21 anos) e Luiz Felipe Aniceto de Almeida (22), foram mortos durante as jornadas de luta de junho/julho de 2013, em BH, vtimas da represso. Ambos caram do Viaduto Jos Alencar quando tentavam escapar dos ataques violentos da represso policial. Luiz Felipe sofreu a queda na passeata de 22/6/2013 e faleceu no dia 11/7/2013. O estudante e metalrgico Douglas Henrique, foi morto na manifestao de 26/6/2013. Havia cerca de cem mil pessoas nesta manifestao, que marcou uma coincidncia histrica significativa: este o dia do aniversrio de 45 anos da Passeata dos Cem mil em plena ditadura militar, no RJ, dia 26/6/1968. Esta passeata foi um protesto contra a morte de Edson Luis Lima Souto, tambm estudante, assassinado pela Polcia Militar no dia 28 de maro de 1968.

    No dia 16/7/2013 a FIMVJ-MG realizou a renomeao popular do nome do Viaduto Jos Alencar (na Av. Antnio Carlos) para Viaduto Douglas Henrique e Luiz Felipe como homenagem e memria da combatividade e luta dos trabalhadores e do povo nas manifestaes de junho de 2013.

    No dia 3 de maio de 2012, Dia Nacional pela Memria, Verdade e Justia, um conjunto de organizaes populares e ativistas, cuja maioria veio a compor a Frente Independente pela Memria, Verdade e Justia-MG em novembro de 2012, realizou a renomeao popular da rua Luiz Soares da Rocha, que passou a se chamar Joo Lucas Alves.

    Luiz Soares da Rocha foi superintendente de Polcia do Estado de Minas Gerais em 1969-70, sendo chefe da equipe de tortura da Delegacia de Furtos e Roubos um dos principais centros de tortura da ditadura militar em BH. Este senhor tambm o patrono da principal comenda da Polcia Civil Medalha Luiz Soares da Rocha, que vrios belorizontinos j receberam.

    Joo Lucas Alves, era militante do COLINA/Comando de Libertao Nacional, assassinado sob tortura em maro de 1969, pela equipe de torturadores chefiada por Luiz Soares da Rocha, na famigerada delegacia de Furtos e Roubos de Belo Horizonte.

    O primeiro projeto de lei aprovado em Minas a anular a homenagem a um torturador substituindo-a pela homenagem a um revolucionrio morto pela ditadura foi proposto em conjunto pelos vereadores de Belo Horizonte Helena Greco e Artur Viana, em 1983, ainda durante a ditadura militar. A rua se chamava Dan Mitrione, torturador contumaz da CIA que veio ao Brasil ministrar aulas de tortura para os agentes da ditadura. Ou seja, veio ensinar o padre-nosso aos vigrios. Esta rua, ento, passou a se chamar Jos Carlos da Matta Machado, em tributo a este estudante de direito da UFMG, militante da Ao Popular Marxista Leninista/APML, assassinado sob tortura, em 28 de outubro de 1973.

    Em agosto de 1994, foi aprovado na Cmara Municipal de BH o Projeto Rua Viva, do ento vereador Betinho Duarte, que d o nome de 152 mortos, desaparecidos polticos e militantes da luta contra a ditadura a novas ruas de Belo Horizonte.

    Dona Helena Greco repudia torturador da CIA

    Manifestao de renomeao popular do Viaduto Jos Alencar para Viaduto Douglas Henrique e Luiz Felipe

    FIMVJ-M

    G 16/07/2013

    Manifestao de renomeao popular da rua Luiz Soares da Rocha para Rua Joo Lucas Alves

    Cerca de 200 ativistas da FIMVJ-MG, estavam na portaria do Crculo Militar em BH no dia 22/10/2013, protestando contra a presena de Lcio Maciel, responsvel por crimes de lesa humanidade: torturas, mortes, desaparecimentos forados, ocultamento de corpos, onde ele iria proferir uma palestra sobre a Guerrilha do Araguaia. Os manifestantes portavam faixas com os dizeres Cadeia para os torturadores do regime militar e cartazes com fotos dos combatentes do Araguaia. O tenente-coronel foi recebido pelos ativistas com gritos de ASSASSINO! entrando todos no prdio do Crculo Militar entoando No esquecemos a ditadura, assassinatos e torturas!

    Lcio Maciel codinome Dr. Asdrubal - um dos comandantes da ao de execuo de cerca de 70 guerrilheiros, assassino confesso de pelo menos quatro combatentes do Araguaia: Andr Gabrois, Joo Albert Calatroni, Divino Ferreira de Souza e Antnio Alfredo Lima. Alm desses, a guerrilheira Maria Lcia de Souza (Snia) foi abatida pelo tenente-coronel Lcio Maciel e executada em seguida. Ru em processo criminal em Marab/sul do Par - regio da Guerrilha do Araguaia, fugia deste processo negando-se sistematicamente a receber a intimao. A denncia da FIMVJ-MG de sua presena em BH, forou-o a receber a intimao de surpresa no local da palestra, reforando a inteno dos ativistas que exigiam punio para os crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura.

    Luciene Arajo 22/10/2013

    Ato em repdio ao tenente-coronel Lcio Maciel torturador e assassino, FIMVJ-MG, Crculo Militar, BH, 22/10/2013

  • 7LUTA CONTRA O APARATO REPRESSIVOA partir de 1 de abril de 1964 seu primeiro dia no poder a ditadura

    perseguiu, cassou, censurou, prendeu, sequestrou, torturou e matou aqueles que considerava seus inimigos internos. Nos seus 21 anos de vida, os instrumentos de violncia acumulados foram potencializados ao extremo. O colossal esquema repressivo ento forjado se chamava SISSEGIN/Sistema de Segurana Interna cuja essncia a tortura institucionalizada. Seu principal fundamento o exerccio do terror de Estado. O SISSEGIN articulou a Polcia Federal, os DOPS/Departamento de Ordem Poltica e Social estaduais, os centros de inteligncia do Exrcito, da Marinha e da Aeronutica e o Estado Maior das Foras Armadas. Estabeleceu-se relao direta com grupos paramilitares e parapoliciais de extermnio como o CCC/Comando de Caa aos Comunistas, o MAC/Movimento Anticomunista e o Esquadro da Morte.

    A criao do sistema DOI-CODI/Destacamento de Operaes de Informaes Centro de Operaes de Defesa Interna, em 1970, arrematou esta sinistra empreitada. Seu modelo foi a OBAN/Operao Bandeirantes concebida no ano anterior, em So Paulo, pelo governo Abreu Sodr associado a grandes grupos empresariais que financiavam a guerra contra a subverso. O resultado foi uma PPP/Parceria Pblico-privada bem sucedida: historicamente, o capital adota o terrorismo de Estado para garantir nveis de acumulao satisfatrios. Os DOI-CODIs eram centralizados pelo Exrcito, mantendo ligaes com as outras armas. As polcias militares eram subordinadas ao Estado Maior do Exrcito e ao prprio sistema DOI-CODI. O SISSEGIN dependia do SISNI/Sistema Nacional de Informaes operado pela tentacular comunidade de informaes para funcionar e consolidar o imprio do vigiar e punir.

    O Brasil exportou estes mtodos para os outros pases do Cone Sul da Amrica latina, tambm submetidos a ditaduras militares, sempre com o apoio integral dos Estados Unidos. Estes comandavam unidades de treinamento de torturas, como a famigerada Escola das Amricas. Os militares brasileiros tiveram grande importncia no treinamento de torturadores do continente. A Operao Condor, maior operao de terrorismo de Estado praticada contra a populao da Amrica Latina, foi organizada clandestinamente por Brasil, Argentina, Chile, Bolvia, Paraguai e Uruguai, coordenando a represso a opositores dos regimes fascistas, prendendo e eliminando militantes de esquerda dos seis pases.

    No Brasil, durante a ditadura militar dezenas de milhares de brasileiras e brasileiros passaram pelas engrenagens desse aparato. Muitos foram assassinados pelos profissionais especialistas em torturar, matar e fazer os corpos desaparecerem. O historiador Jacob Gorender, no clssico Combate nas trevas, contabiliza cinquenta mil presos polticos com passagem pelos pores do SISSEGIN. Outra cifra impressionante se encontra no Projeto Brasil Nunca Mais publicado pela Arquidiocese de So Paulo, em 1985, j mencionado neste espao. Esta obra faz a arqueologia da represso e da instituio-tortura no Brasil. O Volume I do Tomo V A tortura traz a listagem de 236 centros de tortura ativos em todo o Brasil durante a ditadura so quartis, delegacias, aparelhos clandestinos, navios, escolas militares e dependncias similares. Traz ainda a descrio de 285 modalidades de tortura praticadas rotineira e cotidianamente pelo aparato repressivo.

    Este aparato repressivo muito resistente ao desmonte. No essencial, ele tem sobrevivido at hoje. A sua estrutura fsica foi montada para abrigar exclusivamente centros de tortura especializados, verdadeiras mquinas de trucidar opositores. Tem prosperado uma estratgia do esquecimento e da barbrie que garante a blindagem para que a infame histria da represso ditatorial no Brasil jamais fosse contada.

    Para combater esta situao de barbrie as seguintes questes precisam ser enfrentadas:

    - Retirada dos obstculos interpostos ao acesso aos arquivos da represso, todos eles do Exrcito, Marinha, Aeronutica, Polcia Federal, SNI, Itamarati, Assessorias Especiais de Segurana Interna/AESIs das instituies, 2 Setor da PMMG/P2, Instituto de Medicina Legal, Instituto de Criminalstica, Instituto de Identificao.

    - Localizao dos cemitrios clandestinos mineiros que contm ossadas daqueles que foram executados pelo aparato repressivo da ditadura.

    - Localizao do Reformatrio Krenak (Resplendor-MG) e da Fazenda Guarani (Carmsia-MG), pertencente PMMG, que se tornaram verdadeiros campos de concentrao tnicos durante a ditadura militar.

    - Transformao dos centros de tortura (ver quadro ao lado) - com destaque para o antigo DOPS e a Delegacia de Furtos e Roubos (agilizar

    o tombamento) - em lugares de memria, na perspectiva daqueles que combateram e foram vtimas do terror de Estado. O DOPS j foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimnio Cultural de Belo Horizonte/CDPCM/BH dentro do processo de Registro do Patrimnio Imaterial dos Lugares de Memria da Ditadura Militar de B.H.

    - Agilizar a colocao de marcos de memria nos seguintes lugares: local do desaparecimento de Nestor Vera, membro do Comit Central do Partido Comunista Brasileiro, desaparecido em BH, em abril de 1975; local do assassinato do operrio Oroclio Martins Gonalves, morto pela PMMG, na greve dos trabalhadores da construo civil, em 30 de julho de 1979; casa do Bairro So Geraldo onde se deu o cerco e a queda dos companheiros do COLINA/Comando de Libertao Nacional; Faculdade de Medicina, onde houve a represso ao III ENE, em junho de 1977 e edifcio Acaiaca onde funcionou o IPES/IBAD institutos articuladores do golpe militar.

    - No concordamos que o DOPS seja transformado em um Memorial dos Direitos Humanos. O carter deve ser de Memorial ou Centro de Referncia da Resistncia fugindo da lgica da transformao da memria da represso em entretenimento e da sua mercadorizao e/ou midiatizao como aconteceu com o DOPS de So Paulo. Os movimentos sociais, os ex-presos polticos e os familiares dos mortos e desaparecidos devem ter protagonismo neste processo e na sua gesto.

    - Mudana dos nomes dos logradouros pblicos que homenageiam ditadores, torturadores, assassinos, patrocinadores e colaboradores da ditadura militar. Defendemos que estes espaos sejam renomeados com os nomes daqueles que foram mortos nos pores da ditadura e daqueles que lutaram contra o terror de Estado.

    - Problematizao do questionvel Memorial da Anistia, articulado na cpula do poder executivo e da burocracia universitria.

    Fonte: Fonte: Arquidiocese de So Paulo. Projeto Brasil Nunca Mais. Tomo II, V.3 Os funcionrios, 1985, p. 78-79.http://www.documentosrevelados.com.br/o-site/

    Delegacia de Furtos e Roubos/BH Polcia Civil DOPS/MG Polcia CivilDelegacia de Vigilncia Social (DVS) Polcia Civil11 Delegacia de Polcia/BH Polcia Civil10 Delegacia de Polcia/BH Polcia CivilDelegacia de Alm Paraba Polcia CivilDelegacia de Cataguases Polcia CivilColnia Penal Magalhes Pintos/Ri-beiro das Neves

    Secretaria de Segurana Pblica/SSP/MG

    Colnia Penal Jos Maria Alkmin/BH SSP/MG

    Secretaria de Segurana Pblica SSP/MG

    Penitenciria de Linhares/Juiz de Fora SSP/MG

    Delegacia de Polcia da Pampulha/BH Polcia CivilDelegacia da Polcia Federal Polcia FederalDOI-CODI Exrcito Brasileiro12 Regimento de Infantaria Exrcito Brasileiro10 Regimento de Infantaria Exrcito Brasileiro4 Companhia de Comunicaes do Exrcito Brasileiro

    Exrcito Brasileiro

    Colgio Militar Exrcito BrasileiroPolcia do Exrcito Exrcito Brasileiro3 Batalho de Caadores/Uberlndia Exrcito BrasileiroBatalho de Guardas da PM/MG Exrcito BrasileiroPolcia do Exrcito/Juiz de Fora Exrcito Brasileiro1/4-RO-105/Juiz de Fora Exrcito BrasileiroCompanhia da Polcia Militar/Divinpo-lis

    Polcia Militar

    Batalho de Guardas da Polcia Militar (Santa Efignia)/BH

    Polcia Militar

    Centros de tortura ativos em MG durante a ditadura militar

  • 8A lista da Comisso de Familiares de Mortos e Desaparecidos Polticos contm 435 nomes de brasileiras e brasileiros que tombaram na luta con-tra a ditadura por acreditarem no projeto de uma sociedade justa, igualitria, sem explorao e opresso. Estes companheiros foram barbaramente torturados. Dentre eles, 183 tiveram seus corpos ocultados: so os desaparecidos polticos. A lista dos mortos e desaparecidos no est completa: os arquivos da represso continuam fechados. Alm disso, esto ausentes grande parte dos camponeses e a totalidade dos indgenas massacrados pelo Estado e pelo latifndio neste perodo. Publicamos aqui os nomes dos 71 mineiros mortos destes, 29 so desaparecidos. Inclumos tambm os companheiros de outros estados mortos em Minas Gerais e as vtimas do Massacre de Ipatinga. A brutal represso que se abateu sobre os tra-balhadores da Usiminas nesta cidade, em 1963, considerada ensaio geral para o golpe militar do ano seguinte.

    RELAO DOS MINEIROS MORTOS E DESAPARECIDOS PELA DITADURA MILITAR

    1) Abelardo Rausch Alcntara2) Adriano Fonseca Fernandes Filho3) Aides Dias de Carvalho4) Alberto Aleixo5) Aldo de S Brito de Souza Neto6) Alvino Ferreira Felipe7) Angelo Pezzuti da Silva8) Antnio Carlos Bicalho Lana9) Antnio Joaquim Machado10) Antnio Jos dos Reis11) Antnio dos Trs Reis de Oliveira12) Arnaldo Cardoso Rocha13) Augusto Soares Ferreira14) urea Elisa Ferreira Valado15) Benedito Gonalves16) Carlos Alberto Soares de Freitas17) Carlos Antunes da Silva18) Carlos Schirmer19) Ciro Flvio Salazar Oliveira20) Daniel Jos de Carvalho21) David de Souza Meira22) Devanir Jos de Carvalho23) Eduardo Collen Leite (Bacuri)24) Eduardo Antnio da Fonseca25) Edson Lourival Cavalcanti26) Eliane Martins27) Elson Costa28) Feliciano Eugnio Neto29) Geraldo Bernardo da Silva30) Geraldo da Rocha Gualberto31) Gerosina Silva32) Getlio de Oliveira Cabral33) Gildo Macedo Lacerda34) Gilson Miranda35) Guido Leo36) Hamilton Pereira Damasceno 37) Helber Jos Gomes Goulart38) Hlcio Pereira Fortes39) Herbert Gomes de Andrade40) Idalsio Soares Aranha Filho41) Itair Jos Veloso

    42) Ivan Mota Dias43) Jeov de Assis Gomes44) Joo Batista Franco Drummond45) Joo Lucas Alves46) Padre Joo Bosco Penido Burnier47) Joo de Carvalho Barros48) Joel Jos de Carvalho49) Jos Carlos Novaes da Mata Machado50) Jos Isabel do Nascimento51) Jos Jlio de Arajo52) Jos Toledo de Oliveira53) Juarez Guimares de Brito54) Lucimar Brando Guimares55) Maria Auxiliadora Lara Barcelos (Dodora)56) Nativo Natividade de Oliveira57) Nelson Jos de Almeida58) Nestor Vera59) Oroclio Martins Gonalves60) Osvaldo Orlando da Costa (Os-valdo)61) Otvio Soares Ferreira62) Paschoal Souza Lima63) Paulo Roberto Pereira Marques64) Pedro Alexandrino de Oliveira Filho65) Paulo Costa Ribeiro Bastos66) Raimundo Eduardo da Silva67) Raimundo Gonalves Figueiredo68) Rodolfo de Carvalho Troiano69) Walquria Afonso Costa 70) Walter de Souza Ribeiro71) Zuleica Angel Jones (Zuzu Angel)

    Fonte: Comisso de Familiares de Mortos e Desapare-cidos Polticos. Dossi Ditadura Mortos e Desapare-cidos Polticos no Brasil 1964-1985. So Paulo: IEVE, Imprensa Oficial, 2009.

    http://www.portalmemoriasreveladas.arquivonacio-nal.gov.br/media/Dossie%20mortos%20e%20desapa-recidos%20politicos.pdf

    Ativistas camponeses assassinados ao longo de dcadas no Brasil

    Corpo do operrio Oroclio Martins Gonalves, assassinado pela PM, na histrica greve dos trabalhadores da construo, em BH, 30/07/1979

    Corpo do estudante secundarista Edson Luiz de Lima Souto assassinado pela PM no restaurante Calabouo, no Rio de Janeiro, 28/03/1968

  • 9Tortura, desaparecimento forado e assassinato de presos sob a custdia do Estado constituem crimes contra a humanidade. A ditadura os adotou como poltica de Estado. Tais crimes continuam a ser prtica rotineira nos dias de hoje. Aqui no Brasil nem um torturador sequer foi punido. Eles tm sido, ao contrrio, contemplados das mais diversas formas: com cargos, promoes, comendas e honrarias como dar seu nome a ruas, praas, escolas, viadutos, estdios. Alm disso, a partir de deciso do Supremo Tribunal Federal/STF, de 29 de abril de 2010, o Estado brasileiro institucionalizou a chamada anistia de mo dupla: est garantida a impunidade e a inimputabilidade para os seus agentes que estupraram, torturaram, mataram e fizeram desaparecer corpos de opositores durante a ditadura militar. Boa parte dos torturadores e assassinos de presos polticos, no entanto, conhecida. No Projeto Brasil Nunca Mais, publicao da Arquidiocese de So Paulo (1985), h uma lista de 444 nomes construda a partir das denncias em juzo feitas pelos presos polticos, na esfera do Superior Tribunal Militar/STM. H tambm os documentos elaborados pelos presos polticos nos pores da ditadura, retirados clandestinamente e divulgados no Brasil e no mundo so importantssimos instrumentos de denncia dos crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura militar.

    Publicamos, a seguir, os nomes, as funes, as datas das denncias e os locais de atuao dos torturadores mineiros que constam da lista do Projeto Brasil Nunca Mais:

    RELAO DOS TORTURADORES DE MINAS GERAIS

    1) Acio Flvio Silveira Coutinho Capito PMMG, 1969

    2) Al Investigador, Juiz de Fora - MG, 1964

    3) AlanInvestigador, Juiz de Fora - MG, 1973

    4) Alberto Cabo Exrcito Brasileiro/EB, Pol-cia do Exrcito, Quartel General da 4 Regio Militar, 1971

    5) Alberto Fonseca de Freitas Capito EB, Belo Horizonte/BH, 1971

    6) Alberto Lopes de Lisboa 2 Sargento PM, BH, 19697) Manuel Alfredo Camaro de

    Albuquerque Tenente Coronel EB, BH, 1969

    8) Almeida Capito EB, 12 Regimento de Infantaria/12 RI, BH, 1969

    9) Antnio de Pdua Alves Ferreira Tenente PM, 12 RI, G2, Bata-lho de Infantaria da Polcia Mili-tar/BI e Central de Operaes da Polcia Militar, 1969-70

    10) Ariovaldo da Ora Escrivo e detetive de polcia, Departamento de Vigilncia So-cial de Minas Gerais/DVS, dele-gado do Departamento de Or-dem Poltica e Social de Minas Gerais/DOPS, 1968-69

    11) Arvelas Rosas Sargento do Exrcito, 12 RI, 1969

    12) Carlos Alberto Del Menezzi Tenente EB, PM/G2, 12 RI, DVS, Delegacia de Furtos e Roubos/BH, 1969-72

    13) Casemir Vieira Major DOI-4 Regio Militar/ID/4, 1971

    14) Cecildes Moreira de Farias Delegado, Delegacia de Furtos e Roubos BH, 1969

    15) Cludio Guimares DOI-ID/4, 1971

    16) Cleber ou Kleber Lus de Souza 3 Sargento EB da ID/4,12 RI, 1969

    17) Costa Tenente EB, 3 Batalho de Ca-adores/Uberlndia-MG, 1969

    18) Cota Subinspetor e inspetor, Delega-cia de Furtos e Roubos/ BH, 1969

    19) Cruz DOPS DOI, 1969- 71

    20) Dante Inspetor, DOPS, 1969

    21) Davy Hazan Chefe do DOPS, 1969

    22) Davi Sargento, DOPS, 1971

    23) Dercy da Silva Pereira Capito Infantaria EB, BH, 1971

    24) Dirceu Cabo, Polcia do Exrcito, 1969

    25) Dolabela Sargento, BH, 1969

    26) Fbio Bandeira Chefe do DVS, 1969

    27) Gil Carlo Mendes 3 Sargento EB, 12 RI, 1969

    28) Hilton Paulo Cunha Portela Capito de Infantaria EB, 12 RI, Colnia Penal Magalhes Pinto, Batalho de Guardas/Polcia Militar, G2 da Polcia Militar, Central de Operaes da Polcia Militar, DOPS, 1969-71

    29) Haydn Prates SaraivaFuncionrio Pblico lotado na Secretaria de Segurana Pblica, Delegacia de Furtos e Roubos/ BH, 1969

    30) ndio Bugre MachadoAgente da Polcia Federal, Uber-lndia, 1967

    31) Jsu do Nascimento Rocha Capito PM lotado no Quartel General da PMMG, DOPS, 12 RI, Penitenciria Jos Maria Alk-mim (Neves-MG), 1969

    32) Joo Cmara Gomes Carneiro Capito Cavalaria EB, Colgio Militar, DOPS/11 Delegacia, G2/Polcia Militar, Polcia do Exrci-to, 1969-70. Atuou tambm, no DOI-CODI, PIC e Polcia do Exr-cito do Rio deJaneiro, em 1970.

    33) Joo Lus Capito de Cavalaria, Colnia Penal Magalhes Pinto, G2/Pol-cia Militar, 1970

    34) Joo Vicente Teixeira Major PM, Belo Horizonte, 1969

    35) Joaquim Ferreira Gonalves Secretrio de Segurana Pblica de Minas Gerais, BH, 1969

    36) Joaquim Gomes Cabo EB, DOI/MG, 1971

    37) Jofre Fernandes Lacerda Capito EB, 12 RI, 1969

    38) Jos Aparecido de Oliveira Subinspetor, DOPS, 1969

    39) Jos Eustquio de Almeida Pra-xedes Sargento PM/Batalho de Guar-das, 12 RI, 1969

    40) Jos Jorge Sargento PM, Centro de Opera-es da PM, G2 da PM, 1969

    41) Jos Maria de Paula/Cachimbi-nhoInvestigador, Delegacia de Furtos e Roubos/BH, 1969

    42) Jos Pereira GonalvesInvestigador de Polcia, Delega-cia de Furtos e Roubos/BH, 1969

    43) Jos Reis de Oliveira Policial, Delegacia de Furtos e Roubos/BH, 1969

    44) Juvenal Sargento da Polcia do Exrcito de Braslia, 1/4 BO105, Juiz de Fora, 1967

    45) Lara Rezende Delegado, Delegacia de Furtos e Roubos BH, 1969

    46) Machado Sargento PM G2, Centro de Ope-raes da PMMG, 1969

    47) Lo Machado 1 Sargento PM, 12 RI e Delega-cia de Furtos e Roubos/BH,1969, DOPS, 1970

    48) Lus Soares da Rocha Superintendente de Polcia do Estado de Minas Gerais, Delega-cia de Furtos e Roubos/BH G2, 1969

    49) Marcelo Paixo Arajo 2 Tenente de Infantaria EB,12 RI; DOPS; Colgio Militar de BH; BI da Polcia Militar; DVS, Polcia do Exrcito, 1968/71

    50) Mrio Rocha Detetive e delegado da Delega-cia de Furtos e Roubos/BH, 1969

    51) Maurlio Scolarik 1 Tenente EB, DOPS, 1969

    52) Motta Coronel ID/4, 1969

    53) Nonato Sargento PM, Central de Opera-es da PMMG, 1969

    54) Otvio Aguiar de Medeiros Coronel EB encarregado do Inqurito Policial Militar, 12 RI,1969

    55) Pedro Carlos Pires Camargo Capito de Infantaria EB, Co-mandante do DOI, 1971

    56) Pedro Ivo dos Santos Vascon-celos Capito PM, DOPS, DOI-ID/4, Colnia Penal Magalhes Pinto, G2 da Polcia Militar, 12 RI, 1969-71

    57) PereiraDetetive, Delegacia de Furtos

    e Roubos e Polcia do Exrcito, 1969-70

    58) Rafael Cruz BH, 1971

    59) Ralph Brawn Tenente Coronel, I/10 RI, 1969

    60) Ronaldo de Souza 2 Tenente EB, BH, 1969

    61) Rubens Major PM, Major Chefe da Segurana, G2, Departamento de Instruo/DI da PM, DOPS, 1969-1971

    62) Santos Cabo EB, DOPS, DOI-ID/4, 1971

    63) Saulo Sargento EB, PM/Batalho de Guardas, 1969

    64) Sebastio da Paixo Capito EB, BH, 1969

    65) Schubert Gonzaga de Santana Capito PM, delegacia BH, 1969

    66) ScratesDOPS, 1971

    67) Vicente dos Santos NogueiraDOPS

    68) Villas Boas Major, DOPS, 1964

    69) Dr. WanderleyBH, 1972

    70) Valdir Teixeira Ges Tenente Coronel EB,12 RI, DOPS, Colgio Militar de BH, BI da Polcia Militar, 1969

    Torturadores denunciados por pre-sos, mas que no esto na lista:71) Afonso de Arujo Paulino/Mi-

    nhoca Jornalista e empresrio; presidia o Jornal de Minas (1980-1983); DOPS, DOI-CODI e Comando de Caa aos Comunistas/CCC, 1969

    72) Jean Paul Nicola Seerberger Professor de Morfologia na Fa-culdade de Medicina da UFMG, participava das equipes de tor-tura doDOPS para garantir a eficcia dos interrogatrios, final da dcada de 1960-incio da dcada de1970

    73) Pionono Delegacia de Furtos e Roubos/BH

    Fonte: Arquidiocese de So Paulo. Projeto Brasil Nunca Mais. Tomo II,

    V.3 Os funcionrios, 1985, p. 1-59.

    http://www.documentosrevelados.com.br/o-site/

  • 10

    MATARAM O AMARILDO! CAD OS DESAPARECIDOS?

    Os vinte e nove anos de transio conservadora sem ruptura com o regime militar no s deixaram marcas indelveis, como mantiveram o Terror de Estado e a concepo do inimigo interno a ser combatido, agora inteiramente identificado aos pobres e aos movimentos populares que colocariam em risco a segurana do modelo econmico em vigor. A tortura, a execuo e o massacre, a desapario dos corpos e o encobrimento dos crimes do feroz aparato repressivo continuam, especialmente sobre os moradores das comunidades de periferia e favelas, em particular os jovens e negros pobres, os trabalhadores da cidade e do campo, e as populaes indgenas. Milcias e grupos de extermnio, de longa tradio no Brasil, assim como as investidas policiais na forma de autos de resistncia seguidos de morte, reproduzem hoje os fuzilamentos e execues da poca da ditadura: em certos perodos massivamente, como em maio de 2006 em So Paulo, quando a polcia assassinou 493 pessoas em duas semanas; ou entre maio e junho de 2007, quando 44 pessoas foram mortas no Complexo do Alemo no Rio. Em junho de 2013, 15 pessoas foram executadas numa operao do BOPE no Bairro Nova Holanda, no Complexo da Mar RJ, e no ltimo dia 4 de fevereiro, PMs chacinaram 6 rapazes, moradores do morro do Juramento e feriram mais duas pessoas, em vingana pela morte de uma policial. Tais aes instituem na prtica a pena de morte e executam sem disfarces a limpeza social que os setores mais reacionrios da sociedade exigem, criminalizando os pobres, as regies em que vivem e seus movimentos.

    A tortura prtica comum, resultando em brbaros assassinatos como comprovam os relatos sobre o caso do pedreiro Amarildo de Souza, morto nas dependncias de uma UPP na favela da Rocinha/RJ, em julho de 2013, cujo corpo nunca foi encontrado. Tambm durante as manifestaes de setembro do ano passado em Belo Horizonte, todos os 37 presos no CERESP foram submetidos maus tratos, humilhaes e tortura, agravados por violncias de cunho racista, como no caso de Joo Leonardo Martins, que teve seus dreadlocks arrancados faca, enquanto era chamado de preto e coisa imunda.

    Contrariando os que nomeiam o regime vigente no Brasil como um Estado democrtico de direito so cada vez mais evidentes os traos de um Estado Penal e de Exceo que, como em todo pas submetido ao neoliberalismo no mundo atual, criminaliza os pobres, mantm a sociedade sob estreita vigilncia, pratica a brutalidade e a tortura, atualiza e multiplica o aparato legal com dispositivos de exceo que possibilitem prises arbitrrias. Esses governos adquirem os mais avanados e letais equipamentos destinados reprimir legtimas manifestaes nas ruas, assim como greves e ocupaes. Em 2013 o aparato repressivo usado contra os manifestantes foi composto por toda a fora policial e militar disponvel, resultando em dezenas de mortes, centenas de feridos e prises ilegais pelo pas afora: apenas em Belo Horizonte e na regio metropolitana morreram 4 jovens (Douglas Henrique de Oliveira Souza, Luiz Felipe Aniceto de Almeida, Luiz Estrela e Lucas Daniel Alcntara Lima); centenas de manifestantes foram presos e alguns permanecem na priso sem julgamento ou processo. No Rio de Janeiro e de forma emblemtica, Rafael Braga Vieira, que morava na rua, tornou-se o primeiro condenado por participar dos protestos de junho passado: catador de material reciclvel foi acusado de porte de artefato explosivo 2 garrafas contendo desinfetante, gua sanitria e etanol - e condenado a cinco anos e dez meses de priso pela justia estadual.

    Em So Paulo, o jovem Fabrcio Chaves, baleado por PMs durante manifestao em 25/01/ 2014, foi coagido por trs delegados a prestar depoimento numa UTI, sob efeito de morfina, mal tendo acabado de sair do coma. Um dos Advogados Ativistas que o representavam judicialmente foi ameaado de morte.

    De forma semelhante, operrios em luta por melhores condies de vida e trabalho tem sido presos e processados, dirigentes sindicais perseguidos e demitidos, assim como camponeses e ndios em luta contra o latifndio, o agronegcio e grandes obras do governo federal so perseguidos e mortos. Relatrio da Comisso Pastoral da Terra de 2012 aponta 36 mortos em conflitos no campo e mais de 100 camponeses presos naquele ano, enquanto outros 9 foram trucidados em conflitos de terra somente entre o incio do ano e abril de 2013.

    No dia 14/7/2013, o pedreiro Amarildo Souza Lima (43 anos), foi preso por soldados da UPP da comunidade da Rocinha, RJ e torturado at a morte por soldados e oficiais. Seu corpo ainda no foi entregue a sua famlia, como ocorre com outras milhares de vtimas em todo o pas. O operrio da construo tornou-se smbolo no Brasil dos desaparecidos nos dias atuais, confirmando a denncia da FIMVJ-MG da manuteno dos aparatos policiais e militares de represso e da poltica fascista de criminalizao da pobreza e das lutas populares.

    Fotos do manifesto da FIMVJ-MG e de Douglas Henrique e Luiz Felipe, coladas sobre a placa que d o nome Jos de Alencar no ato pela mudana do nome do viaduto, convocado pela FIMVJ-MG, no dia 16/07/2013

    Luiz Estrela, artista morador de rua, espancado at a morte por policiais no dia 26/06/2013, em Belo Horizonte

  • TERA - FEIRA, DIA 1 DE ABRIL D 2014, S 17H

    LOCAL: VIADUTO CASTELO BRANCO, CENTRO - BH/MG.

    E

    MANIFESTAO EM REPDIO AO GOLPE DE 1964 - 50 ANOS!

    ABAIXO A DITADURA!

    Tributo aos mortos, desaparecidos polticos, perseguidos,

    presos e torturados pela ditadura militar (1964 - 1985).

    Pela mudana do nome do Viaduto Castelo Branco para

    Viaduto Dona Helena Greco!

  • Fotos: Comisso de Familiares de Mortos e Desaparecidos Polticos. Dossi Ditadura Mortos e Desaparecidos

    Polticos no Brasil 1964-1985. So Paulo: IEVE, Imprensa Oficial, 2009.