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912p Práticas psicossociais em saúde mental: da diversidade teórica ao912p Práticas psicossociais em saúde mental: da diversidade teórica ao encontro das atuações / organizado por Paulo Eduardo encontro das atuações / organizado por Paulo Eduardo Benzoni. – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2019. Benzoni. – Novo Hamburgo : Sinopsys, 2019. 16x23cm; 192p. 16x23cm; 192p. ISBN 978-85-9501-119-9 ISBN 978-85-9501-119-9

1. Psicologia – Práticas psicossociais. I. Título. 1. Psicologia – Práticas psicossociais. I. Título.

CDU 159.9 CDU 159.9

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023

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2019

Paulo Eduardo BenzoniOrganizador

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© Sinopsys Editora e Sistemas Ltda., 2019Práticas psicossociais em saúde mental – Da diversidade teórica ao encontro das atuaçõesPaulo Eduardo Benzoni (Org.)

Capa: Marcelo Barone

Assistente editorial: Jade Arbo

Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto

Editoração: Formato Artes Gráfi cas

Todos os direitos reservados àSinopsys EditoraFone: (51) 3066-3690E-mail: [email protected]: www.sinopsyseditora.com.br

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Algo se acrescenta à necessidade vital: a coragem de querer conhecer, a audácia do marinheiro, a vontade

inquebrantável de aventura que transforma as metas alcançadas em novos pontos de partida.

Karl Jaspers

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Paulo Eduardo Benzoni (org.). Psicólogo pela Faculdade de Filosofi a Ciên-cias e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Doutor em Psicologia pela PUC-Campinas. Especialista em Administração pela FEARP-USP. Professor Titular e pesquisador na Universidade Paulista (UNIP). Líder do Grupo de Pesquisas em Saúde Mental nos Contextos Institucionais, onde desenvolve trabalhos sobre estresse em parceria com universidades internacionais. Psico-terapeuta Cognitivo-Comportamental, Coach e Consultor em RH, tendo desenvolvido diversos trabalhos de gerenciamento de estresse no trabalho, seleção, consultoria, coaching e treinamentos com metodologias vivenciais para diversas empresas nacionais e multinacionais.

Ana Paula Parada. Psicóloga pela Universidade Paulista (UNIP). Mestre em Psico-logia pela Faculdade de Filosofi a Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP na área de saúde/doença. Doutora em Ciências na área de Saúde Mental pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. Professora titular na UNIP no curso de Gradua-ção e Pós-Graduação de Psicologia. Supervisora de estágios na área de Psicodiagnós-tico e Atuações psicológicas em contextos de saúde. Psicóloga clínica com orienta-ção psicanalítica, em atendimentos individuais para crianças, adolescentes e adultos. Em contexto clínico, realiza supervisão e grupos de estudo. Membro integrante do Instituto de Estudos Psicanalíticos (IEP) de Ribeirão Preto.

Autores

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Angela Cristina Pontes Fernandes. Psicóloga pela UFSCar. Doutora em Psicologia pela FFCLRP-USP. Especialista em Neuropsicologia pelo Conselho Federal de Psi-cologia (CFP). Professora Titular e pesquisadora na UNIP. Docente no curso de Pós-Graduação em Neuropsicologia do Instituto de Estudos do Comportamento – PSICOLOG. Psicóloga/neuropsicóloga contratada na clínica de Neurologia Infantil do HCFMRP-USP, desenvolvendo atendimentos, supervisão e pesquisa na área de avaliação neuropsicológica no contexto hospitalar. Atua em clínica particular em avaliação neuropsicológica e supervisão.

Caroline Francisca Eltink. Psicóloga pela FFCLRP-USP. Mestre e Doutora em Psi-cologia pela FFCLRP-USP. Professora Titular e pesquisadora na UNIP. Membro do Grupo de Pesquisas em Saúde Mental nos Contextos Institucionais, onde desenvol-ve estudos na área de psicologia escolar. Supervisora de estágios em Psicologia Esco-lar, visando a superação do fracasso escolar e a promoção de melhorias na qualidade do atendimento das instituições escolares.

Cláudia Correia Leite Fuhs. Psicóloga pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) de Assis – SP. Mestre em Ciências pela Faculdade de Filoso-fi a Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP. Especialista em Metodologia e Didática do Ensino pela Faculdade de Filosofi a Ciências e Letras de Bebedouro. Inicialmente atuou na área de Psicologia Organizacional e do Trabalho tendo migrado para a área de Psicologia Escolar onde foi Coordenadora do Ensino Médio do Colégio Objetivo de Bebedouro e Orientadora Educacional e Coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Objetivo em Ribeirão Preto. Foi Coordenadora Auxiliar do curso de Psi-cologia da UNIP - Araraquara por 12 anos onde implantou o curso. Professora Ad-junta e Coordenadora Auxiliar do curso de Psicologia da UNIP – Ribeirão Preto.

Daisy Soares Benachio Bianchi. Psicóloga pela UNIP. Especialista em Psicoterapia de Casal e Família de Orientação Psicanalítica pela UNIP, com cursos de Extensão Universitária como Psicologia Hospitalar e Fundamentos da Psicanálise: teoria, téc-nica e clínica. Psicóloga clínica com orientação psicanalítica, em atendimentos indi-viduais para crianças, adolescentes e adultos

Fernanda Aguiar Pizeta. Psicóloga pela FFCLRP-USP. Mestre e Doutora em Ciên-cias pela USP-Ribeirão Preto. Especialista em Violência Doméstica pela USP – São Paulo. Professora Titular da UNIP. Pesquisadora junto aos dos grupos de pesquisa “Aprendizagem, Desenvolvimento e Saúde Mental do Escolar” (FMRP-USP), “Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico” (FFCLRP-USP) e “Saúde Mental nos Contextos Institucionais” (UNIP), colaborando e desenvolvendo pesquisas sobre condições de risco, vulnerabilidade e resiliência em saúde mental. Membro e 2ª Te-soureira da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos – ASBRo. Atua

viii Autores

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como Psicóloga Judiciário junto ao Fórum da Comarcar de Ribeirão Preto – Tribu-nal de Justiça do Estado de São Paulo.

Isabel Cristina Carniel. Psicóloga pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Especialista pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da Universidade de São Paulo (USP). Mestre e Doutora pela Faculdade de Filosofi a, Ciências e Le-tras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Formada em Coordenação de Grupos Ope-rativos pelo Instituto Pichon-Rivière de Ribeirão Preto. Professora Titular e pesqui-sadora na Universidade Paulista UNIP. Professora, supervisora e orientadora do Curso de Especialização em Fenomenologia Existencial no Instituto Psicolog de Ri-beirão Preto. Professora de Grupos Operativos na Sociedade de Psicoterapias Analí-ticas Grupais do Estado de São Paulo (SPAGESP). Atua como psicoterapeuta na perspectiva Fenomenológico-existencial. Membro do Fórum de Saúde Mental de Ribeirão Preto/SP e da Associação “Loucos pela Liberdade”.

Lilian Cláudia Ulian Junqueira. Psicóloga pela Universidade de Ribeirão Preto – UNA-ERP. Psico-oncologista pelo Instituto Ribeirãopretano de Combate ao Câncer – IRPCC. Mestre e Doutora pela Faculdade de Filosofi a, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP). Professora Titular e pesquisadora na UNIP como membro do Grupo de Pesquisas em Saúde Mental nos Contextos Institucionais, onde desenvolve trabalhos referentes à atuação clínica individual e grupal, diagnóstico e intervenções em psicoterapia e plantão psicológico. Atua em consultório como Psicoterapeuta na abordagem fenome-nológico-existencial com adolescentes, adultos e supervisão de casos clínicos.

Maria Ângela Favero-Nunes. Psicóloga e Mestre pela FFCLRP-USP, foi bolsista FAPESP de Iniciação Científi ca e Mestrado. Doutora em Psicologia pelo IPUSP, foi bolsista CAPES/PDEE com estágio na Université René Descartes – Paris 5. Fez residência na École Expérimentale de Bonneuil-sur-Marne, França. Foi do-cente concursada do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professora Titular na UNIP e docente nos cursos de Especialização na área de Teoria e Técnica Psicanalítica do Instituto de Estudos Psicanalíticos de Ribeirão Preto (IEP) e da Faculdade de Educação de Araçatuba (FAC FEA). Faz parte da Diretoria de Ensino do IEP. É membro efetivo da Asso-ciação Brasileira de Psicanálise de Casal e Família – ABPCF. Atua em consultório particular como Psicóloga Clínica.

Patrícia Aparecida Zuanetti. Fonoaudióloga pela FMRP-USP. Doutora em Ciên-cias pela FFCLRP-USP. Especialista em Linguagem pelo Conselho Federal de Fo-noaudiologia (CFFa). Fonoaudióloga contratada do HCFMRP-USP. Colaboradora de pesquisa do laboratório de alterações linguísticas do curso de Fonoaudiologia da FMRP-USP. Atua como contratada nas clínicas de Neurologia Infantil, Psiquiatria

Autores ix

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Infantil e Otologia Infantil do HCFMRP-USP, desenvolvendo atendimentos, su-pervisão e pesquisa na área de avaliação de linguagem e fala.

Selma Aparecida Geraldo Benzoni. Psicóloga pela Universidade de São Paulo. Dou-toranda em Educação Escolar em Sexualidade na Universidade Estadual Paulista. Mestre em Saúde Mental – Difi culdade de Aprendizagem pela Universidade de São Paulo. Especialista em Psicoterapia de Orientação Psicanalítica pela Universidade Fe-deral de São Carlos. Psicoterapeuta em Orientação Psicanalítica com experiência de mais de 20 anos de atendimento em consultório com adultos e crianças. Professora na Universidade Paulista (UNIP) na graduação em Psicologia e supervisão de estágio, além de pesquisa e orientações de iniciação científi ca, tendo como trabalhos de pes-quisa atuais relacionados a questões de sexualidade, educação sexual e gênero.

Sonia Regina Loureiro. Psicóloga pela FFCLRP. Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da USP e Especialista em Psicologia Clínica pelo CFP. Professora Doutora do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP. Orientadora junto aos Programas de Pós-Graduação em Psicologia da FFCLRP-USP e em Saúde Mental da FMRP-USP. Líder do grupo de pesquisa “Aprendizagem, Desenvolvi-mento e Saúde Mental do Escolar” (FMRP-USP), desenvolvendo pesquisas sobre instrumentos e procedimentos de avaliação em diferentes contextos psicossociais, com foco principal em saúde mental. Membro Honorário da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos – ASBRo.

x Autores

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Prefácio .............................................................................................. 13 Cláudia Correia Leite Fuhs

Apresentação ..................................................................................... 17 Paulo Eduardo Benzoni

PARTE IPrá cas voltadas à infância e à adolescência

1 Indicadores de risco e proteção para a saúde mental de mães e crianças ............................................. 20 Fernanda Aguiar Pizeta e Sonia Regina Loureiro

2 Desenvolvimento humano no contexto escolar ......................... 40 Caroline Francisca El nk

3 Alterações comportamentais do transtorno de défi cit de atenção/hipera vidade: o papel da avaliação neuropsicológica.......................................................... 66 Angela Cris na Pontes Fernandes e Patrícia Aparecida Zuane

4 Refl exão psicanalí ca de um relato de caso: a transmissão da a tude clínica .................................................. 82 Maria Ângela Favero-Nunes

Sumário

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5 Tramas ou dramas entre sexualidade e adolescência ................ 102 Selma Aparecida Geraldo Benzoni

PARTE IIPrá cas voltadas ao adulto

6 O manejo do estresse como coadjuvante nas intervenções psicológicas: proposta de um modelo de atenção ..................... 118 Paulo Eduardo Benzoni

7 Caracterização da clientela e as possíveis atuações psicológicas em unidades básicas de saúde ............................... 139 Ana Paula Parada e Daisy Soares Benachio Bianchi

8 Intervenção em grupo de mulheres: vivências dos papéis femininos como possibilidades de ressignifi cação do adoecimento existencial ........................................................ 160 Lilian Cláudia Ulian Junqueira

9 A aplicabilidade dos grupos opera vos ...................................... 176 Isabel Cris na Carniel

Anexo disponível em www.sinopsysditora.com.br/ppsaudform

xii Sumário

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Ao ler Práticas psicossociais em saúde mental: da diversidade teóri-ca ao encontro de atuações, não há como não se sentir caminhando por um grande “jardim do saber psicológico”, perpassando por canteiros das mais variadas formas e solo, onde as matrizes do conhecimento exibem seus pressupostos ontológicos e epistemológicos, fonte da di-versidade, característica constitutiva da psicologia: “psicologias”.

Não bastasse tal possibilidade, deparamo-nos com encantador emaranhado onde a teoria entrelaça-se com o fazer, suscitando refl e-xões críticas, audaciosas, por vez, encorajando a construção de novos saberes: momento em que o verbo se faz ação.

Quando pensamos já ser sufi ciente o que observamos, damo-nos conta de que esse jardim possui um espaço onde uma roda de conversa acontece. Percebemo-nos membros dessa discussão por meio da apresentação realizada por seu organizador. A conversa que será re-alizada em dois tempos: práticas psicológicas voltadas à infância e à adolescência e práticas voltadas ao adulto.

O primeiro capítulo dá início à conversa, abarcando “aspectos conceituais e de aplicabilidade relativos aos indicadores de risco e pro-teção para a saúde mental de mães e crianças, a partir da perspectiva teórica da psicopatologia do desenvolvimento”, levando-nos a ques-

Prefácio

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tionar qual o impacto da depressão materna para o desenvolvimento mental dos fi lhos.

O segundo capítulo traz para a roda “algumas refl exões e possi-bilidades de intervenção concretamente vividas no campo da psicolo-gia escolar”, buscando delimitar o campo de atuação do psicólogo es-colar e indicando oportunidade de novas formas de trabalho.

O terceiro capítulo se faz presente discutindo “as alterações comportamentais envolvidas no transtorno de défi cit de atenção/hipe-ratividade (TDAH), à luz da neuropsicologia do desenvolvimento, suas repercussões na adaptação psicossocial do indivíduo, o papel da avaliação neuropsicológica como auxílio de diagnóstico, compreensão do quadro e a reabilitação”.

O quarto capítulo relata a experiência vivenciada por uma du-pla de discentes do curso de psicologia, em seu primeiro encontro com a clínica, buscando compreender a construção das observações e intervenções, o envolvimento e o vínculo constituído com a criança atendida e a família, sem deixar de lado a avaliação do benefício de uma modalidade de trabalho que inclua a família no atendimento.

O quinto capítulo apresenta refl exões sobre as vivências dos adolescentes, no que diz respeito ao papel do gênero e sua relação com a vivência psíquica, considerando que a vida saudável perpassa por uma sexualidade autônoma.

Nessa primeira parte, foi-nos permitido percorrer as alamedas do desenvolvimento sob a perspectiva teórica da psicopatologia, da psicologia sociointeracionista de Vygotsky, da neuropsicologia, da psi-canálise e da educação sexual.

Entramos no segundo momento dessa conversa, cujo sexto capítulo propõe o “Modelo de Atenção ao Estresse”, no qual o ma-nejo de estresse é utilizado como coadjuvante nas intervenções psi-cológicas.

O sétimo capítulo nos leva a “refl etir sobre possíveis atuações psicológicas, realizadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS), por es-tagiários de Psicologia, da Clínica Escola”, utilizando como referência os resultados encontrados a partir de uma pesquisa documental, reali-

14 Prefácio

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zada em um estudo de iniciação científi ca sobre a caracterização da clientela usuária das UBSs.

O oitavo capítulo traz à discussão um estudo que busca “com-preender as vivências dos papéis femininos pela mulher contemporâ-nea, por meio dos diálogos mantidos no grupo de apoio de um servi-ço de reabilitação de mulheres acometidas pelo câncer de mama”.

O último assunto a ser discutido nesta conversa é abordado no nono capítulo, “apresentando uma refl exão sobre a proposta de gru-pos operativos em Enrique Pichon Rivière”, integrando as experiên-cias e delineando o percurso profi ssional da própria autora do estudo.

Encerra-se aqui a roda de conversa, propiciando ao leitor o con-tato com as práticas psicológicas voltadas para o adulto e, concomi-tantemente, promovendo a refl exão sobre o fazer da psicologia, tendo como arcabouço diferentes pressupostos teóricos.

Dessa forma, concluo a prefação, ciente de que burlei algumas normas para sua elaboração, porém não conseguiria fazê-lo diferente, considerando minha forma de ser e o exercício de minha profi ssão, ora acompanhando alguns dos autores em seu desabrochar para a pro-fi ssão, ora, outros, em seu tornar-se profi ssional, e outros, ainda, co-mo parceiros de um mesmo fazer.

Como desconsiderar emoção suscitada por vislumbrar tão belo compêndio e o vínculo estabelecido nessa trajetória de quase duas dé-cadas com a maioria dos autores?

Profª Ms. Cláudia Correia Leite FuhsUniversidade Paulista – UNIP

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O título deste livro bem poderia ser “Práticas psicológicas para além da gramática”, pois retrata, em cada capítulo, o desafi o de traba-lhar e formar estudantes de psicologia na diversidade multifacetada da prática psicológica.

Partindo de um convite a todos os autores para escreverem so-bre suas práticas profi ssionais e de formação de psicólogos concluí, ao ler o material completo, que foi uma oportunidade de dar voz aos co-legas para expressarem seu cotidiano, expressarem suas ideias e suas visões do que é a prática psicológica.

Como pesquisador na área de saúde mental e estresse, deparo-me constantemente com as “loucuras” do que é viver em uma socie-dade onde cada vez mais temos mais e mais atribuições familiares, profi ssionais e pessoais, que roubam o tempo do ócio produtivo, o tempo necessário para parar-pensar-refl etir. Ao permitir um espaço no qual pudesse parar-pensar-refl etir e falar sobre o que fazemos no dia a dia profi ssional, e ao ver o resultado fi nal do livro, percebo o quanto é rica a nossa experiência.

Contextualizado no foco das práticas em saúde mental em seus diversos contextos, o livro convida a um passeio que se estrutura no pragmatismo do cognitivismo, desfi la pelas associações da psicanálise

Apresentação

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e parece culminar no “ser-aí” da fenomenologia. Este passeio tem o pre-fácio da Profª Cláudia Correia Leite Fuhs, coordenadora local do curso de Psicologia da Universidade Paulista (UNIP) – Campus Ribeirão Pre-to – que, desde a sua implantação em Ribeirão Preto, vem de forma profi ssional, afetuosa e amiga construindo uma equipe de docentes, equipe esta que compõe os principais autores aqui elencados.

O objetivo de reunir todos estes textos, diversos nas orientações teóricas e contextos, é de proporcionar ao leitor um panorama da am-plitude de atuação da psicologia como ciência aplicada à profi ssão, reunindo os fazeres no campo da saúde, psiquiatria, escolas, clínica e instituições.

O ser humano vive em constante relação com o mundo ao seu entorno e desta relação se constrói um ser biopsicossocial por meio de um longo ciclo vital, e este foi o eixo norteador da organização do li-vro. Para além da gramática da abordagem teórica, o livro se organiza a partir da prática do viver do ser humano.

Em sua primeira parte, apresenta práticas psicológicas voltadas à infância e à adolescência, fases estruturantes do indivíduo; na segun-da parte, práticas voltadas ao adulto, práticas de apoio ao sofrimento humano, quando estabelecido.

Mais do que proposições teóricas, os capítulos trazem refl exões do exercício cotidiano da profi ssão de psicólogo e psicóloga embasa-dos e discutidos por princípios teóricos; por isso, digo sem reservas, trata-se de um passeio na psicologia para “além da gramática”.

Paulo Eduardo Benzoni

18 Apresentação

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PARTE IPráticas voltadas à

infância e à adolescência

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E ste capítulo abarca aspectos conceituais e de aplicabilidade relati- vos aos indicadores de risco e proteção para a saúde mental de

mães e crianças, a partir da perspectiva teórica da psicopatologia do desenvolvimento, contemplando os contextos desenvolvimentais ao longo do ciclo vital e as possibilidades de desfechos adaptativos e dis-funcionais como condições de saúde mental. Será analisado de modo mais específi co o impacto da depressão materna para a saúde mental das crianças, enquanto condição crônica de risco ao desenvolvimento dos fi lhos que convivem com tal psicopatologia materna.

RISCO, PROTEÇÃO E OS INDICADORES DE SAÚDE MENTAL: CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPATOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

A perspectiva teórica da psicopatologia do desenvolvimento in-teressa-se pela compreensão das múltiplas condições (biológicas, psi-cológicas, sociais e culturais) que concorrem para os desfechos desen-volvimentais, favorecendo a adaptação e/ou a disfunção ao longo do ciclo vital (Toth & Cicchetti, 2010). Essa perspectiva teórica centra-se

Indicadores de risco e proteção para a saúde

mental de mães e crianças Fernanda Aguiar PizetaSonia Regina Loureiro

1

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nas defi nições de risco e vulnerabilidade, bem como de recursos de proteção ao desenvolvimento humano e da resiliência, avaliados tanto a partir de modelos probabilísticos de predição quanto em análises qualitativas que primam pela compreensão em profundidade dos pro-cessos desenvolvimentais.

A compreensão de tais processos pauta-se na busca por indica-dores relativos aos desfechos desenvolvimentais nos diferentes estágios e ao longo do ciclo vital, sendo avaliados pela realização das tarefas tí-picas esperadas em cada etapa do desenvolvimento. As tarefas desen-volvimentais podem ser defi nidas enquanto as expectativas de compe-tência presentes em determinado estágio do desenvolvimento, tenden-do a se tornarem mais elaboradas ao longo da trajetória de vida, frente à evolução maturacional e psicossocial. Dessa forma, pensar as trajetó-rias de vida ao longo do seu ciclo vital sugere a necessidade de com-preensão de padrões comportamentais, de habilidades e conhecimen-tos, como competências do indivíduo para lidar com as exigências in-ternas e externas de modo a produzir e direcionar seus comportamen-tos (Aspesi et al., 2008) em contextos diversos, tal como a família, es-cola e trabalho, e para o enfrentamento dos eventos de vida.

Tais eventos de vida podem ser normativos, quando associados ao contexto sócio-histórico cultural do indivíduo, impactando de modo semelhante os sujeitos de determinado grupo ou estágio do de-senvolvimento, tal como o ingresso na educação fundamental e a in-serção no mercado de trabalho dos jovens em diversas culturas; ou não normativos, quando da existência de eventos incomuns ou não esperados para o momento do ciclo vital em que o sujeito se encontra, os quais também podem impactar a trajetória do desenvolvimento. Os eventos normativos e não normativos podem ser identifi cados como sobrecarga ao sujeito e ao contexto ou como desafi os e oportu-nidades de aprendizagem (Martorell, 2014), infl uenciando o processo de (des)adaptação às tarefas típicas de cada estágio desenvolvimental.

Sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, os desfechos desadaptativos ou disfuncionais podem ser avaliados a par-tir da expressão de difi culdades comportamentais e no desempenho

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22 Indicadores de risco e proteção para a saúde mental...

das tarefas exigidas em determinado estágio do ciclo vital (Morais & Koller, 2004). Contudo, a compreensão quanto à direção das trajetó-rias desenvolvimentais, na perspectiva teórica em questão, não se limi-ta ao conhecimento de condições que favorecem desfechos disfuncio-nais. Assim, destaca-se como fundamental a identifi cação e apreensão das condições que promovem os desfechos adaptativos, os quais po-dem ser analisados a partir da exposição e proteção do sujeito a fatores de risco, favorecendo a integração e acomodação entre aspectos relati-vos ao indivíduo, ao contexto em que ele está inserido e às exigências daquele momento de vida. Nesse sentido, a resiliência vem sendo con-siderada como um possível desfecho adaptativo frente a condições de risco, com impacto para os momentos futuros do ciclo vital.

Para os teóricos do desenvolvimento humano, vem sendo ampla-mente reconhecido que as competências adquiridas em determinado es-tágio do ciclo vital e a forma como os eventos de vida são experiencia-dos infl uenciam a trajetória de desenvolvimento posterior. Os estudos do Center on the Developing Child at Harvard University (CDCHU, 2010), as considerações do editorial de Masten e Cicchetti (2010) e as séries e reportagens da Lancet, em 2007, 2011 e 2017, acenaram nesse sentido, de forma a colocar em evidência a relevância dos primeiros anos da infância para a saúde mental do adulto, com destaque para as experiências positivas e adversas, associadas a riscos biológicos e psicos-sociais, já no desenvolvimento precoce do cérebro (Black et al., 2017).

A presença de condições de vulnerabilidade e risco ao desenvol-vimento confi gura-se como principal foco dos estudos quando se ava-liam variáveis com impacto para o processo ou para a predição das trajetórias associadas à saúde mental. Reconhece-se, pois, que tais condições, quando cumulativas, são mais prejudiciais ao desenvolvi-mento se comparadas a um único evento estressor (Evans, Li, & Whipple, 2013), sendo as principais variáveis incluídas nos estudos de avaliação da saúde mental. Para compreensão desse cenário desenvolvimental, serão apresentadas a seguir, de forma breve, defi nições relevantes para compreensão desse interjogo entre condições cumulativas que difi cul-tam e as que favorecem o desenvolvimento saudável.

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Práticas psicossociais em saúde mental 23

A vulnerabilidade pode ser identifi cada como condição estável que, na presença de fatores de risco ou em momentos de crise, evento normativo ou de transição, aumenta a predisposição do sujeito para in-teragir com as demandas do ambiente de forma menos adequada (As-pesi et al., 2008; Yunes & Szymanski, 2001). A adversidade, por sua vez, pode ser defi nida como a presença de um estressor recorrente ou de estressores distintos cumulativos (Masten & Gewirtz, 2006), os quais sobrecarregam os recursos adaptativos do sujeito ou de um grupo (Yunes & Szymanski, 2001), podendo favorecer desfechos desadaptativos. Confi gura-se como condição de risco aquelas situações que aumentam a probabilidade de problemas, uma vez que são desencadeadoras de com-portamentos disfuncionais, os quais comprometem a qualidade de saú-de e bem-estar do sujeito, seu desempenho social e ajustamento global ao contexto e às demandas que lhe são impostas no período do desen-volvimento em que se encontra (Masten & Gewirtz, 2006). A presença de variáveis com essas características, contudo, não implica necessaria-mente na presença de desfecho disfuncional por parte do sujeito, po-dendo ser identifi cada a presença de desfechos adaptativos e funcionais, apesar da vivência de condições adversas ou de risco.

Tal afi rmativa coloca em foco que condições de adversidade se as-sociam também a outras variáveis do sujeito e do contexto que podem funcionar como recursos de proteção, na medida em que reduzem o impacto de condições de risco ou diminuem as respostas negativas fren-te a elas, permitindo que sujeitos e grupos mantenham sua autoestima e autoefi cácia, aprendendo com as vivências adversas na medida em que são percebidas enquanto desafi os ao processo de desenvolvimento. O desfecho ou trajetória adaptativa, na qual um conjunto de recursos pes-soais ou do ambiente se torna protetor para o desenvolvimento frente à(s) condição(ões) adversa(s) ou de risco, evidencia a capacidade do su-jeito ou do grupo de superação e adaptação ao contexto e às suas exi-gências em determinado estágio do ciclo vital, ou seja, a instalação de um processo de resiliência (Masten, 2014; Yunes & Szymanski, 2001).

Em uma perspectiva histórica, no campo da psicologia, a cons-trução do conceito de resiliência agregou conhecimentos obtidos a

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partir de estudos teóricos e empíricos, ponderando que a resiliência não se refere a um atributo fi xo e imutável do sujeito (Rutter, 1999) além de ter caráter processual e dinâmico (Luthar, Cicchetti, & Becker, 2000), envolvendo portanto a superação frente a determinado risco e adversidade, em determinado momento do ciclo vital, e expressa in-clusive na interação entre pessoas e grupos.

O conjunto de recursos para o enfrentamento de problemas e difi culdades possibilita ao sujeito aprender com essas vivências e esti-mar o efeito deles sobre si e sobre as pessoas à sua volta. Esse processo de aprendizagem foi destacado por Sameroff (2014), ao referir que, ao longo do desenvolvimento, estruturas cognitivas permitem a represen-tação abstrata, como codifi cação e possibilidade de interpretação das experiências e eventos de vida pelos sujeitos, suas famílias, pela cultu-ra e pelas organizações sociais. No cenário da resiliência, crenças, valo-res e expectativas de futuro podem assim sofrer a infl uência dessas re-presentações, facilitando ou difi cultando o processo de superação.

Destaca-se que a resiliência vem sendo identifi cada como um desfecho de desenvolvimento universal, ou seja, independe por exem-plo de condições sociodemográfi cas, como os recursos socioeconômi-cos, e pode ser estimulada e aprendida, com foco tanto em aspectos e fatores internos quanto externos ao sujeito (Grotberg, 2005). Nesse sentido, busca-se a compreensão quanto às possibilidades de pessoas ou grupos realizarem um esforço para aproveitar os recursos disponí-veis para que o processo de desenvolvimento continue, de forma inte-grada, enquanto resultado da aprendizagem para sustentar uma con-dição adaptativa (Southwick et al., 2014), o que pode promover a identifi cação de mecanismos de ação que fomentem processos funcio-nais de desenvolvimento. Consolida-se, assim, nas últimas décadas do século XX e início do século XXI, a compreensão do desenvolvimento humano como processo de interação entre o sujeito e o ambiente físi-co e social, sendo os fatores internos e externos considerados condi-ções que infl uenciam esse processo ao longo do ciclo vital (Yunes, 2003), de maneira complexa, direcionando os desfechos e as trajetó-rias desenvolvimentais.

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Ampliando a perspectiva da resiliência como atribuída ao in-divíduo para os grupos, Walsh (2016) propôs um mapeamento de processos favorecedores de desfechos desenvolvimentais positivos no contexto familiar quando da exposição a condições crônicas de risco. Para tal, apresentou considerações quanto aos processos en-volvidos nas interações, a partir de uma perspectiva dinâmica e in-tegrativa, diferenciando-os em sistemas complexos que se inter-re-lacionam, identifi cados como: padrões organizacionais, processos de comunicação e sistema de crenças, os quais serão caracterizados nos próximos parágrafos.

Os padrões de organização familiar caracterizam-se como normas internas e externas que regulam o comportamento dos membros da família, de acordo com a cultura em que estão inseri-dos. A compreensão desses padrões implica em avaliar a fl exibili-dade dessas normas, a conexão entre os membros da família e os recursos sociais e econômicos disponibilizados no ambiente fami-liar. Os processos de comunicação, por sua vez, podem ser exami-nados a partir da clareza nas trocas de informações, interações pra-zerosas, empatia e resolução colaborativa de problemas. Quanto ao sistema de crenças familiares, inclui-se o valor atribuído aos even-tos e às relações interpessoais, contextualizando e signifi cando as adversidades (Walsh, 2006). Esses processos suscitam a avaliação de elementos relevantes do ambiente familiar que protegem e favo-recem o seu funcionamento adaptativo, apesar da convivência com condições adversas crônicas.

Destaca-se que identifi car tais processos e as respostas adap-tativas frente aos riscos e às adversidades experienciados, mapean-do os elementos que protegem e favorecem a resiliência, sob a perspectiva da psicopatologia do desenvolvimento, coloca em foco a relevância de se considerar quais desfechos e condições associa-das devem ser analisados em cada período do ciclo vital. Dentre os desfechos desenvolvimentais relevantes, incluem-se os indicadores relativos à saúde mental, seja quanto a aspectos saudáveis como patológicos, identifi cados como possíveis e signifi cativos desfechos

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para a avaliação do processo adaptativo frente à interação do sujei-to com suas experiências (Sameroff , 2014). Para a OMS, indicado-res diversos de saúde mental demandam ser descritos e compreen-didos em relação a determinantes sociais e condições contextuais diversas, para que as ações e o debate político sobre tal temática sejam pautados pela interface entre as diversas ciências, de forma a considerar, tal como destacado por Sameroff (2010), a saúde men-tal como condição biopsicossocial, associada tanto a aspectos cog-nitivos como emocionais do indivíduo, os quais infl uenciam sua competência social, seu desempenho e sua identidade.

Dentre as doenças com maior prevalência e impacto no mun-do, a OMS incluiu a depressão e a ansiedade, como os transtornos mentais com mais alta incidência na população geral. Destaca-se que 4,4% da população mundial sofre com a depressão, enquanto 3,6% são acometidos por transtornos de ansiedade, sendo a depres-são a principal condição que sozinha contribui para mais desfechos disfuncionais e para mais mortes por suicídio, além de ser o trans-torno mental com maior impacto negativo para a saúde das pessoas (WHO, 2017a). Segundo dados da OMS, que ratifi ca estudos das décadas anteriores, a maior incidência da depressão e de transtornos de ansiedade se dá em mulheres, na idade adulta, havendo alta chan-ce de que sejam acometidas por ambos os transtornos, os quais po-dem ter curso crônico ao longo da vida.

Os transtornos depressivos, segundo os manuais diagnósticos, ca-racterizam-se por um humor triste, vazio ou irritável, que se associa a outras alterações, de natureza somática e cognitiva, tal como apatia, per-da de interesse, diminuição da energia de vida, que afetam diretamente a funcionalidade do sujeito no cotidiano (APA, 2014; OMS, 2014). Destaca-se que, por atingir predominantemente mulheres em idade fér-til, as consequências da depressão acabam recaindo sobre sua família, incluindo os fi lhos, confi gurando-se como importante adversidade para o desenvolvimento de crianças e adolescentes que convivem em tal con-texto desenvolvimental, o que reveste de importância o estudo quanto aos desfechos de mães e fi lhos associados à saúde mental.

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SAÚDE MENTAL MATERNA INFANTIL: DEPRESSÃO MATERNA COMO ADVERSIDADE À SAÚDE MENTAL DOS FILHOS

O contexto familiar é reconhecido como condição relevante de desenvolvimento humano desde o nascimento, sendo alvo de avalia-ções e intervenções no sentido de permitir que ofereça suporte efetivo para as realizações do desenvolvimento ao longo do ciclo vital, em re-lação às múltiplas demandas de adaptação do sujeito e do seu meio (Sameroff , 2014). Quando são identifi cadas nesse ambiente, condi-ções associadas a prejuízos ao desenvolvimento de crianças e adoles-centes, tal como a convivência com a psicopatologia dos pais, aumen-ta a importância das ações de avaliação e intervenção, na medida em que compreender sobre os fatores que afetam a saúde mental pode fa-vorecer estratégias mais efetivas de monitoramento dos programas em saúde mental (WHO, 2017b), tendo como foco minimizar os poten-ciais prejuízos para crianças e adolescentes.

O impacto negativo da depressão materna para as crianças é am-plamente reconhecido (Goodman et al., 2011), tendo forte associação com prejuízos no exercício da maternidade (Mendes et al., 2012; Stein et al., 2012), na organização da rotina familiar (Psychogiou & Parry, 2014) e para os desfechos desenvolvimentais das crianças, sendo que es-sas têm três vezes mais chances de desenvolverem problemas de saúde mental quando comparadas àquelas que não convivem com tal psicopa-tologia materna (Pizeta, 2014). Dados epidemiológicos indicam a pre-sença de prejuízos psicossociais signifi cativos no contexto familiar da pessoa acometida por depressão, tendo em vista as particularidades clí-nicas de recorrência dos episódios do transtorno depressivo. Nesse sen-tido, a convivência com a depressão materna se confi gura como uma condição de risco ao desenvolvimento infantil relacionada ao ambiente familiar, tendo impacto direto para os desfechos de escolares e impacto indireto para a saúde mental infantil, na medida em que se associa a ou-tras variáveis de risco ou proteção no contexto de vida da família (Pizeta, Silva, Cartafi na, & Loureiro, 2013).

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Quanto aos fatores de risco com efeitos cumulativos, a literatura científi ca destaca o predomínio de condições sociodemográfi cas e que podem infl uenciar a organização familiar, dentre elas a ausência paterna no cotidiano das crianças (Goodman et al., 2011) e reduzidos recursos socioeconômicos (Bouvette-Turcot et al., 2017). A participação paterna nas atividades das crianças (Dorsh, Smith, & McDounough, 2015; Fos-co, Stormshak, Dishion, & Winter, 2012), a presença de suporte social para as famílias (Heberle, Krill, Briggs-Gowan, & Carter, 2015) e as práticas educativas positivas (Elgar et al., 2007) são enfatizadas, por sua vez, como fatores de proteção, promotores do desenvolvimento adapta-tivo das crianças que convivem com a depressão materna.

A OMS destaca ainda determinantes e condições cumulativas que se associam à psicopatologia, tais como condições sociodemográ-fi cas, reconhecidas enquanto vulnerabilidade à saúde mental, incluin-do: o sexo feminino, a baixa escolaridade, a menor renda, piores con-dições materiais e econômicas e menor suporte social (WHO, 2014). Pondera-se, assim, que, de maneira geral, o cenário de convivência dos fi lhos com pais com algum transtorno mental se associa a múlti-plas variáveis de risco e vulnerabilidade ao seu desenvolvimento e, se-gundo Hayden e Mash (2014), tais condições têm impacto negativo em diferentes estágios de desenvolvimento dos fi lhos, especialmente quanto à qualidade da interação e vínculo estabelecido entre os pais e os fi lhos (Sweeney & MacBeth, 2016). A seguir serão destacadas con-siderações quanto à infl uência especifi camente da depressão materna para os desfechos desenvolvimentais dos fi lhos.

Desde o nascimento, pode-se identifi car possíveis efeitos negati-vos da depressão pós-parto para o bebê, decorrentes da baixa responsi-vidade materna (Krob et al., 2017), do apego inseguro estabelecido (Papalia, Feldman, & Martorell, 2013), de interações menos positivas com a criança (Arteche et al., 2011; McGrath, Records, & Rice, 2008) e da possibilidade de favorecer também a depressão paterna (Gutierrez-Galve et al., 2015). O impacto negativo da depressão ma-terna e de outras condições adversas cumulativas, tal como a ausência de suporte e confl itos conjugais, para a saúde mental do bebê têm

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sido amplamente reconhecidos. A possibilidade de acesso a serviços de saúde e de tratamento da psicopatologia materna também demandam consideração, na medida em que cuidados em saúde mental materna possibilitam melhora na vinculação com o fi lho e, consequentemente, em seu desenvolvimento adaptativo (Goodman et al., 2008). Nesse cenário, destaca-se que estudos empíricos que avaliem o impacto da depressão materna pós-parto em cenários familiares que incluam con-dições distintas de vulnerabilidade social fazem-se ainda relevantes, de forma a instrumentalizar ações interventivas preventivas mais efetivas, especialmente frente aos custos do impacto negativo da depressão pós-parto para os momentos subsequentes do ciclo vital da criança.

Nos estágios posteriores do desenvolvimento, a convivência com o episódio depressivo e/ou com a depressão recorrente se man-têm como condição de risco à saúde mental dos fi lhos, predizendo problemas de comportamento em pré-escolares e escolares (Mendes, Loureiro, & Crippa, 2008). O cenário familiar das crianças escolares também se confi gura como de riscos cumulativos, associados a práti-cas educativas negativas, confl itos e piores condições socioeconômicas (Pizeta et al., 2013). São reconhecidos os prejuízos socioemocionais para o comportamento das crianças (Cardoso, Siquara, & Freitas, 2017), o impacto para mais sintomas internalizantes (Hser et al., 2015; Jacobs, Talati, Wickramaratne, & Warner, 2015) como tam-bém para mais sintomas internalizantes e externalizantes (Doorn, et al., 2016; Pizeta, 2014; Yan, Zhou, & Ansari, 2016), e os prejuízos para a habilidade cognitiva (Yan, Zhou, & Ansari, 2016) e para as ha-bilidades sociais (Boyd & Waanders, 2013). Pondera-se ainda que in-dicadores clínicos da depressão, tal como a gravidade do transtorno, a presença de sintomas remanescentes apesar da remissão e a chance au-mentada de episódios recorrentes, também favorecem mais desadapta-ção dos fi lhos (Psychogiou & Parry, 2013).

Visando verifi car a percepção do apoio social em famílias que convivem com a depressão materna, Zanca, Pizeta, Osório e Loureiro (2013) estudaram uma amostra de mães com depressão e seus respec-tivos fi lhos em idade escolar, distribuídos em grupos com e sem difi -

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culdades de socialização. Os resultados demonstraram que o grupo de crianças com difi culdades de socialização estava inserido em famílias expostas a mais adversidades crônicas, que utilizavam menos os recur-sos comunitários e que contavam com menos apoio das relações so-ciais. Ressalta-se, assim, a necessidade de fortalecer as relações sociais entre família e comunidade por meio de práticas de saúde mental.

As particularidades de casos de famílias que convivem com de-pressão materna e outras adversidades foram estudados por Pizeta e Loureiro (2012), com uma amostra de seis mães com diagnóstico de depressão recorrente e seus respectivos fi lhos em idade escolar, distri-buídos em três cenários: (1) depressão materna como estressor princi-pal; (2) depressão materna associada prioritariamente a recursos eco-nômicos precários; (3) depressão materna associada prioritariamente a confl itos familiares. Os resultados mostraram que a utilização de redes de apoio, a presença paterna e da avó materna e a convivência com rotinas familiares fl exíveis e organizadas funcionaram como condições protetoras ao desenvolvimento infantil. A falta de cuidado materno por conta da depressão, a ausência paterna e falta de redes de apoio e de rotinas fl exíveis funcionaram como indicadores de risco para o apa-recimento de problemas comportamentais infantis.

Ao se analisar a literatura, evidencia-se a primazia de estudos empíricos e de revisão que enfatizaram os riscos cumulativos ao de-senvolvimento, sendo as condições protetivas bem menos abordadas. Pizeta (2014) colocou tal questão em relevo, ao estudar os processos de resiliência no enfrentamento de adversidades cumulativas, incluin-do a depressão materna recorrente, identifi cando a associação entre tal psicopatologia materna e a menor escolaridade das mães, monoparen-talidade e menos recursos socioeconômicos por parte das famílias que conviviam com a depressão materna, reiterando dados da literatura quanto a associação entre tal psicopatologia e indicadores socioeconô-micos e demográfi cos, que sinalizam para a presença da coocorrência com condições de vulnerabilidade. A referida autora ressaltou que, apesar das adversidades cumulativas, as famílias que conviviam com a depressão materna, que conseguiam organizar a rotina das crianças,

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tinham mais crenças positivas e processos de comunicação mais sau-dáveis possibilitavam desfechos desenvolvimentais mais adaptativos para as crianças em idade escolar.

Na adolescência, a presença de mais problemas emocionais foi identifi cada como estando associada ao convívio com mães com depres-são, sendo que episódios depressivos mais graves foram associados à monoparentalidade, ao baixo status socioeconômico das famílias e à me-nor escolaridade das mães (Talati et al., 2007). É amplamente reconhe-cido o impacto da depressão materna para os sintomas internalizantes dos adolescentes, assim como a associação com a depressão nos fi lhos adolescentes, a qual foi mediada pelos confl itos entre mãe e fi lho (Pe-tronilho, 2016). Destaca-se, ainda, que em uma recente revisão da lite-ratura, Henrique (2017) identifi cou consistência entre os achados da li-teratura quanto à associação entre a qualidade do apego estabelecido anteriormente entre o adolescente e seus pais (apego inseguro ou víncu-lo parental negativo) e o risco suicida na adolescência, o que reitera a preocupação quanto a uma possível transgeracionalidade da depressão.

A presença de problemas de saúde mental vem sendo estudada a partir de dados obtidos por instrumentos de rastreamento de indica-dores emocionais e comportamentais, os quais se mostram preditores relevantes de transtornos mentais entre pré-escolares (Santos, 2016), escolares (Kovess et al., 2015) e adolescentes (Sakuramoto, Squassoni, & Matsukura, 2014), tendo como foco possíveis indicadores relacio-nados ao comportamento internalizante e externalizante. Pondera-se que o uso de instrumentos sistemáticos de avaliação favorece a com-paração com outros estudos empíricos, especialmente quando são uti-lizados instrumentos com qualidades psicométricas aferidas e satisfa-tórios (Achenbach et al., 2016). No cenário da depressão materna, a possibilidade de comparação entre estudos realizados em diferentes culturas se constitui aspecto relevante, contudo destaca-se que a inclu-são nos diferentes estudos de variáveis contextuais diversas e, em al-guns casos, não comparáveis difi culta a construção de um conheci-mento que permita a generalização dos achados ou a compreensão em profundida de processos desenvolvimentais.

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Dessa forma, evidencia-se que o estado da arte ainda está em construção, quando se avalia o impacto da depressão materna e de ou-tras condições pessoais e contextuais cumulativas para a saúde mental dos fi lhos, denotando a relevância de se contemplar além de fatores diversos, períodos distintos do desenvolvimento e as trajetórias desen-volvimentais. A identifi cação de fatores de risco e de proteção ao de-senvolvimento, ao longo do ciclo vital, reveste-se de importância fren-te ao impacto negativo para o desenvolvimento dos fi lhos da convi-vência com a depressão materna, dado o reconhecimento das perdas decorrentes das peculiaridades sintomatológicas e dos aspectos asso-ciados à transgeracionalidade dos transtornos depressivos. Destaca-se, especialmente, a relevância da compreensão da direção da associação entre essas variáveis (risco e proteção) e seus mecanismos para a saúde mental, o que pode ser considerado como recurso fundamental para o desenho de ações de intervenção empiricamente baseadas, a serem adotadas pelas políticas públicas em saúde, assistência social e educa-ção, mas também enquanto conhecimento que se confi gura em recur-so a ser utilizado pela própria pessoa e sociedade.

AS ADVERSIDADES CRÔNICAS E RECURSOS DE PROTEÇÃO: PROPOSIÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE MENTAL

O cenário de desenvolvimento e a avaliação de indicadores de saúde mental ao longo do ciclo vital demandam a compreensão da in-fl uência da interação entre risco e proteção para as diferentes trajetórias desenvolvimentais. Tal aspecto se perfaz enquanto cenário relevante e atual para a Ciência, especialmente frente às mudanças sociais, econô-micas e culturais, que trazem novas exigências aos sujeitos e vivências de condições de vulnerabilidade à saúde reconhecidas. Assim, confi guram--se como desafi o teórico e empírico os modelos explicativos e de análi-ses em profundidade que contemplem o interjogo entre os recursos pes-soais, as demandas dos diferentes estágios do curso de vida, a regulação

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biológica e psicossocial, os eventos normativos e não normativos e as condições promotoras e de risco aos desfechos desenvolvimentais.

Segundo Masten e Cicchetti (2010), além da inclusão nos mo-delos de análise de variáveis diversas (de risco e proteção), fazem-se necessárias análises também em função do efeito das consequên-cias cumulativas de interações que coocorrem entre variáveis pes-soais e contextuais diversas e seus respectivos pesos para os desfechos (des)adaptativos. Destaca-se, ainda, a relevância de estudos que con-templem condições específi cas do ambiente de interação do sujeito e de grupos, incluindo condições de risco crônicas, e momentos distin-tos do ciclo vital, a fi m de promover conhecimento que discrimine as condições protetivas em cenários diversos na construção das trajetó-rias desenvolvimentais.

Nesse sentido, são relevantes os modelos de desenvolvimento de competência, que promovem ações e políticas de intervenção e pre-venção que potencializem o uso ou aquisição de determinadas compe-tências do sujeito para as tarefas desenvolvimentais em um determina-do estágio (Masten & Cicchetti, 2010), especialmente frente a indica-dores de vulnerabilidade e fatores de risco, que eventualmente não podem ser alterados e que impactam as trajetórias desenvolvimentais do sujeito e o processo de adaptação e resiliência. Tendo como foco as condições promotoras do processo adaptativo e funcional, é relevante focalizar a resiliência, como trajetória estável após a ocorrência de evento adverso grave/crônico inclusive para a saúde mental, que é re-conhecida enquanto condição com papel central na proteção e pro-moção dos direitos humanos.

Tais considerações, contudo, demandam atenção também fren-te à diversidade de composição e funcionamento familiar na contem-poraneidade, tendo Walsh (2016) questionado o que é normal nesse contexto e suas implicações clínicas. O conceito de “família normal”, antes visto como uma família sem patologias e enquadrada em um sistema social tradicional, pode ser visto, sob a perspectiva da psicopa-tologia do desenvolvimento, como um conjunto de pessoas capaz de construir formas de resolver problemas colaborativamente e de man-

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ter um funcionamento sadio, a partir dos recursos de proteção do am-biente familiar promotores da resiliência. Nesse sentido, a resiliência familiar é condição fundamental para a recuperação, reparo e cresci-mento de famílias que enfrentam sérios desafi os na vida, especialmen-te as adversidades crônicas, que se repetem ao longo da vida e têm im-pacto para a saúde mental de seus membros. Na literatura, reconhece-se que modelos de intervenção preventivos ou para tratamento que contemplem concomitantemente essas variáveis podem funcionar como recursos mais efi cazes para o processo de adaptação, apesar de ainda não estarem amplamente inseridos nas políticas públicas de atenção aos desfechos desenvolvimentais (Jenson & Fraser, 2016).

Destaca-se, assim, que o cuidado em saúde mental demanda a identifi cação de um pull de variáveis pessoais e contextuais e a com-preensão da interação entre elas para o direcionamento dos desfechos desenvolvimentais, o que pode demandar uma compreensão ampliada do indivíduo, da família e dos seus ambientes de convivência, como um cenário de interação sob a infl uência recíproca de múltiplas variá-veis biopsicossociais. Para a psicologia, a compreensão dos recursos que operacionalizam a resiliência, tal como os elementos propostos por Walsh (2006; 2016) em relação aos padrões de organização fami-liar, processos de comunicação e crenças familiares, é promissora por permitir a avaliação em situações crônicas específi cas, como a convi-vência com a depressão recorrente, bem como o direcionamento de processos de intervenção que favoreçam o desenvolvimento ou forta-leçam recursos de proteção tanto junto ao indivíduo quanto em rela-ção ao grupo familiar, o qual é amplamente reconhecido como poten-cial fonte de suporte a seus membros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, pois, que o reconhecimento dos indicadores de saú-de mental, com destaque para sintomas da depressão materna e os problemas internalizantes e externalizantes dos fi lhos, pode favorecer

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a proposição de políticas públicas que contemplem ações voltadas para a identifi cação precoce de tais difi culdades nos contextos de saú-de e escolar, assim como a proposição de práticas preventivas e de in-tervenção curativa, pautadas pela orientação familiar, que tenham como metas o fortalecimento dos processos promotores da resiliência, frente a condições de risco graves e/ou crônicas, e de desfechos adap-tativos dos fi lhos, ao longo do ciclo vital, como medidas de estímulo à saúde mental. Essas intervenções, se efetivas e direcionadas à minimi-zação da infl uência dos riscos cumulativos e à potencialização ou de-senvolvimento de recursos de proteção, podem favorecer alterações nas trajetórias desenvolvimentais em relação à saúde mental, com be-nefícios para as trajetórias acadêmicas e profi ssionais dos indivíduos, promovendo desfechos adaptativos e funcionais frente às exigências atuais e futuras de seu ambiente.

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