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FATORES PSICOSSOCIAIS DE RISCOEM TRABALHADORES DA INDÚSTRIA TÊXTIL
C. Gonçalves, L. Simões CostaInstituto Politécnico de Coimbra, ESTESC- Coimbra Health School
ICSLM Congress24 e 25 de Novembro, Covilhã, Portugal.
O trabalho, ou exercício profissional, constitui para o ser humano uma fonte de crescimento pessoal e é, por
isso, essencial à sua existência.
Não só permite a sua sobrevivência, pois é necessário para arealização das necessidades que advém da existência do serhumano, mas também intervém e possibilita a realizaçãopessoal (Carvalho, 2010; Martin, 2002).
Introdução
Ao longo dos tempos temos assistido a profundasmudanças no mundo do trabalho, associadas a fatorescomo:
a globalização;
as novas tecnologias;
o melhoramento de algumas ciências que promovem a computorização;
o aparecimento de novos equipamentos e de novas formas de organização do trabalho.
(Carvalho, 2010; Carvalho, 2011; Rosário, 2013)
Introdução
Com estas alterações surgem, então, novos riscos ou riscos que, já existiam, mas estão a mudar (EU-OSHA, 2007).
Riscos Psicossociais
EmergentesTêm usufruído de especial atenção
por parte da comunidade cientifica
Introdução
Riscos para a saúde criados pelo trabalho através de mecanismos sociais e psíquicos.
ou seja,
o que faz com que o risco seja psicossocial, não é a sua manifestação, mas sim a sua origem
Riscos Psicossociais riscos para a
saúde mental, física e social, originados pelas condições de trabalho e por fatores organizacionais e relacionais.
(Gollac & Bodier, 2011)
Introdução
Risco Psicossocial
Fatores Psicossociais de Risco
i. a intensidade do trabalho e o tempo de trabalho;
ii. as exigências emocionais;
iii. a falta/insuficiência de autonomia;
iv. as relações sociais no trabalho;
v. os conflitos de valores;
vi. a insegurança na situação de trabalho.
(Costa & Santos, 2013)
stress
confundido ou definido pelas consequências a que dão origem
(Gollac e Bodier, 2011)
Seis dimensões de Gollac e Bodier (2011)
Introdução
O fator INTENSIDADE E TEMPO DE TRABALHO inclui as complicações deritmo de trabalho, as exigências no cumprimento de objetivos,por vezes vagos, duração e tempo de trabalho, a conciliação dotrabalho com a vida pessoal, etc.
Nas EXIGÊNCIAS EMOCIONAIS englobam-se, entre outros, as relaçõescom público.
A FALTA/INSUFICIÊNCIA DE AUTONOMIA inclui possibilidade de tomardecisões, de ter autonomia nas tarefas e objetivos a cumprir.
(Gollac e Bodier, 2011)
Introdução
As RELAÇÕES SOCIAIS incluem as relações com colegas, superiores, aviolência física ou não física.
Os CONFLITOS DE VALOR implicam os conflitos éticos, situações emque o trabalhador tem de fazer algo contra a sua vontade.
A INSEGURANÇA NA SITUAÇÃO DE TRABALHO diz respeito à segurançano emprego, no salário e na carreira.
(Gollac e Bodier, 2011)
Introdução
Identificar e avaliar os fatores psicossociais de risco nos trabalhadores da indústria têxtil.
Contribuir para a validação de um instrumento de avaliação de fatores psicossociais de risco em ambiente laboral avaliando as suas propriedades psicométricas.
Verificar as diferenças na exposição aos fatores de risco de acordo com algumas variáveis sociodemográficas dos
trabalhadores e analisar a influência que a exposição a esses fatores tem na saúde dos trabalhadores.
Objetivos do Estudo
Tipo de Estudo e Procedimentos de Recolha de Dados
População e Amostra
Estudo descritivo, transversal.Realizado em trabalhadores de uma fábrica de indústria têxtil.O questionário foi preenchido pelos próprios trabalhadores.
Tipo de amostragem: não probabilístico.Técnica de amostragem: acidental ou por conveniência para
selecionar os sujeitos a estudar.
Metodologia de Investigação
Tratamento Estatístico dos Dados
Caraterização da amostra: a frequência, a média e o desvio-padrão.
Avaliação da influência das características sociodemográficas: testes de comparação de médias.
Avaliar a natureza da associação entre perceção relativa à exposição às condições de trabalho e os problemas de saúde: o
coeficiente de correlação de Pearson.
Avaliação da fiabilidade: Alpha de Cronbach.
Metodologia de Investigação
Instrumento
1ª Parte: Características sociodemográficas dos trabalhadores
2ª Parte: Seis dimensões de Gollac e Bodier
3ª Parte: Questões sobre problemas de saúde relacionados com o trabalho:
Opções: Nunca | Quase Nunca | Às vezes | Quase Sempre | Sempre | Não Aplicável.1 2 3 4 5
Ausência de Risco Situação de Risco
Metodologia de Investigação
Caracterização da Amostra44 INDIVÍDUOS
29 do sexo feminino 14 do sexo masculino1
Maioria tem mais de 41 anos (75%)
São casados (68,2%)
53,7% efetua horário por turnos fixos
Não efetuamtrabalho noturno
Resultados e Discussão
Caracterização da Amostra44 INDIVÍDUOS
29 do sexo feminino 14 do sexo masculino 1
Têm entre 1 a 2 filhos (77,3%)
29,5% estudou até o Ensino Secundário |
11,4% 1º ciclo (4ºano)
50% contrato por tempo
indeterminado
34,1% tem contrato a termo certo/a prazo
Resultados e Discussão
Fiabilidade
Intensidade e Tempo de Trabalho
Autonomia
Insegurança na Situação de
Trabalho
Consistência interna Reduzida
Estas questões podem produzir respostas diferentes.
Retirando alguns itens verificamos que a consistência interna aumenta, mas pouco.
Optámos por não o fazer, uma vez que, dessa forma, poderíamos comprometer os objetivos
deste estudo.
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Intensidade e Tempo de Trabalho
Os trabalhadores têm mais constrangimentos ao nível do ritmo e organização do trabalho do que da duração do mesmo.
Não têm dificuldade em conciliar o seu trabalho com a vida pessoal.
É um resultado positivo, visto que, alguns conflitos na conciliação do trabalho com a vida pessoal podem surgir
a nível familiar e afetar estes profissionais.
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Exigências Emocionais
Experienciam alguns momentos de tensão no relacionamento com terceiros, no entanto, é raro a comunicação entre estes
profissionais e o público.Demonstram ter algum receio de ocorrência de acidentes ou
doenças profissionais.
A tensão gerada por este medo pode prejudicar estes trabalhadores, não só na sua saúde mas também no
desempenho no seu local de trabalho.
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Autonomia
Não consideram ter autonomia para alterar as suas tarefa.
A sua importância reside no facto de que aumentando a capacidade de tomar decisões por parte do trabalhador, este irá sentir-se mais útil e responsável, isto é, tem participação ativa
naquilo que faz (Hennington 2008; Rodrigues, Álvaro & Rondina2006).
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Autonomia
Estes profissionais, no geral, sentem-se, minimamente, satisfeitos com o seu trabalho.
A insatisfação no local de trabalho é importante ser questionada, uma vez que, a sua existência pode constituir
uma frustração para o trabalhador e conduzir a comportamentos de revolta com consequências para o trabalhador, para a família e, até, para a organização e
ambiente laboral.
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Relações Sociais
Verifica-se, neste estudo, que a comunicação entre profissionais se revela muito positiva, sendo que melhora entre colegas da mesma
categoria profissional e com os superiores hierárquicos.
É bastante importante que no local de trabalho exista comunicação e cooperação entre colegas. A sua inexistência pode
dar origem a que os trabalhadores se sintam angustiados e frustrados no local de trabalho (Camelo & Angerami 2008;
Spindola & Santos 2004).
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Conflitos de Valores
Não consideram ter de agir contra os valores, mas consideram ter pouca informação, poucos recursos materiais e humanos e pouca
formação para realizar com qualidade o seu trabalho.
Sabemos que, neste estudo, os conflitos de valores aumentam quando aumentam as relações sociais, comprova-se que a falta de
reconhecimento e comunicação promove no trabalhador a sensação de trabalho inútil e que, muitas vezes, fazem contra os
seus valores.
Resultados e Discussão
Identificação dos Fatores Psicossociais de Risco
Insegurança na Situação de Trabalho
Os profissionais revelam que sentem receio de desemprego, de não progredir na carreira e que correm o risco de perder o posto de
trabalho.
Pode trazer frustração e insatisfação. Estes receios podem, por vezes, levar os trabalhadores a
tolerar os fatores de risco a que estão expostos (Barreto, 2000).
Resultados e Discussão
SaúdeDores nas
costas
Dores nas articulações
Dores musculares
Sintomas mais assinalados
Existe correlação positiva moderada entre a saúde e as exigências emocionais, o que significa que o receio de
acidentes e doenças profissionais pode conduzir a problemas de saúde.
Resultados e Discussão
Identificar a origem do risco psicossocial não é tarefa fácil para os técnicos de segurança e saúde no trabalho!
Principais Fatores de Risco
Ritmo
Organização do trabalho
Intensidade e Tempo de
Trabalho
Falta de Autonomia
Insegurança na Situação de Trabalho
Conclusões
Não há diferenças entre géneros na perceção e na exposição dos fatores psicossociais de risco, assim como diferenças na idade,
entre jovens e mais velhos, excetuando a perceção que os indivíduos têm da autonomia no trabalho.
Saúde
Dores nas costas
Dores nas articulações
Dores musculares
Ritmo de Trabalho Elevado Tarefas Repetitivas
Conclusões
FiabilidadeExigências
Emocionais
Relações Sociais
Conflitos de Valor
3 DimensõesElevada consistência interna
Intensidade e Tempo de Trabalho
Autonomia
Insegurança na Situação de
Trabalho
3 DimensõesConsistência interna Reduzida
Diretamente relacionado, ou não, com os diferentes sentidos que as perguntas têm em relação à escala adotada no
questionário.
Conclusões
Existem aspetos a melhorar no instrumento utilizado, oPsicoQuest, mas, é, primeiro, imprescindível aplicar esteinstrumento a uma amostra maior e verificar posteriormente anecessidade de alteração dos itens do questionário.
Achamos interessante aplicar este questionário aostrabalhadores em forma de entrevista e comparar as respostasdadas, de forma a verificar as diferenças e perceber qual dassituações favorece a identificação dos fatores psicossociais derisco.
Conclusões