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  • Controle Externo p/ TCU

    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Erick Alves Aula 00

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    Ol pessoal!

    com grande satisfao que recebi o convite do pessoal do

    Estratgia Concursos para preparar este curso de Controle Externo,

    ainda mais agora, com o Edital do TCU na praa. Foram abertas vagas

    com remunerao inicial de R$ 11.256,83! Motivao no falta para estar

    bem preparado no dia prova. Assim, elaboramos um material de

    qualidade, direcionado para o concurso, de modo a facilitar seus estudos.

    Mas antes, vou me apresentar. Meu nome Erick Alves, formado pela

    Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), onde obtive o 1 lugar no

    curso de formao de oficiais de Intendncia do Exrcito Brasileiro.

    Durante o perodo em que permaneci no Exrcito, desempenhei diversas

    atividades administrativas nas quais pude tomar conhecimento das

    competncias e atribuies do TCU: meu nome sempre figurava no rol de

    responsveis do Batalho. Posteriormente, em 2007, prestei concurso

    para o ento cargo de Analista de Controle Externo (ACE), hoje Auditor

    Federal de Controle Externo (AUFC), no qual logrei xito, sendo o 6

    colocado dentre os que prestaram para Braslia-DF. Passei para o outro

    lado da prancheta, como dizem os militares! Desde ento, atuo na

    atividade fim do TCU, o controle externo, instruindo prestaes de contas

    e realizando fiscalizaes. Devo dizer que um trabalho muito

    gratificante. E o TCU, como vocs j devem saber, um excelente local

    para se trabalhar, de modo que todo o esforo da preparao para o

    concurso vale a pena. Vocs vo ver!

    Meu objetivo neste curso prepar-los de forma ampla para resolver

    as questes de Controle Externo da prova do TCU que se aproxima, tendo

    como parmetro o Edital publicado e as provas mais recentes nas quais a

    disciplina esteve presente, com nfase nas questes elaboradas pelo

    Cespe.

    Controle Externo faz parte das matrias bsicas para o cargo de

    AUFC, juntamente com Lngua Portuguesa, Direito Administrativo,

    Constitucional etc. E, dentre estas, sem dvida a mais importante. Prova

    disso que em praticamente todos os ltimos concursos ela foi objeto de

    pelo menos uma questo discursiva. Assim, no basta que voc saiba

    resolver as questes objetivas. Tambm preciso possuir elementos para

    argumentar nas questes abertas. Ademais, a importncia da disciplina

    no poderia ser diferente, visto que, aps a aprovao, seu trabalho no

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    TCU depender dela em grande medida. Falo por experincia prpria. Do

    material que utilizei para estudar para o concurso, a Lei Orgnica e o

    Regimento Interno do TCU so ainda meus fiis companheiros. Os demais,

    nem sei onde foram parar!

    Dito isso, apresento as caractersticas principais de nosso curso:

    Contedo terico baseado no Edital do TCU que est na

    praa, apresentado de forma completa, clara e objetiva;

    Abordagem que fornece elementos para a resoluo de uma

    eventual questo discursiva sobre a matria;

    Foco na resoluo de questes do Cespe;

    Praticamente todas as questes dos concursos para o TCU

    dos ltimos anos, 2004 a 2010, resolvidas e comentadas,

    inclusive as discursivas;

    Frum de dvidas;

    Contato direto com o professor via e-mail, se preferir.

    Assim, o curso voltado tanto para os iniciantes que nunca tiveram

    contato com a matria e necessitam de uma preparao rpida e objetiva

    para o prximo concurso, como para os concurseiros experientes que

    desejam revisar os temas ou atualizar o conhecimento.

    Embora o contedo programtico previsto no Edital seja relativamente

    pequeno, os assuntos so bem abrangentes. Para o cargo de AUFC,

    orientao Auditoria Governamental e Auditoria de Obras Pblicas, os

    itens exigidos so:

    1) Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS) e Declarao de Lima.

    2) Sistemas de Controle na Administrao Pblica Brasileira (arts. 70

    a 74 da Constituio Federal). Tribunais de Contas: funes,

    natureza jurdica e eficcia das decises.

    3) Tribunal de Contas da Unio: natureza, competncia e jurisdio.

    Organizao. Julgamento e fiscalizao. Lei Orgnica do TCU

    (Lei 8.443/1992). Regimento Interno do TCU (Resoluo-

    TCU 155/2002).

    4) Cdigo de tica dos Servidores do TCU (Resoluo-TCU 226/2009).

    Por sua vez, os mesmos assuntos foram apresentados de forma mais

    detalhada para a especialidade Psicologia:

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    1) Sistemas de controle externo;

    2) Controle externo no Brasil;

    3) Regras constitucionais sobre o controle externo: fiscalizao

    contbil, financeira e oramentria;

    4) Funes de controle externo exercidas isoladamente e/ou em

    conjunto entre o Congresso Nacional e o TCU;

    5) Tribunal de Contas da Unio. Natureza. Competncia e jurisdio.

    Organizao. Julgamento e fiscalizao (Lei 8.443/1992, e

    Regimento Interno do TCU);

    6) Tribunais de contas: funes, natureza jurdica e eficcia das

    decises;

    7) Cdigo de tica dos Servidores do TCU (Resoluo-TCU 226/2009);

    Apesar da diferena na apresentao, o contedo um s, e

    praticamente igual aos ltimos concursos. A nica novidade a exigncia

    do Cdigo de tica do TCU. Nossa proposta cobrir todo o Edital de

    acordo com o seguinte cronograma de aulas, o qual seguirei com a maior

    fidelidade possvel:

    Aula 00

    (demonstrativa) 9/9/11

    Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS).

    Declarao de Lima. Sistemas de Controle na

    Administrao Pblica Brasileira.

    Aula 01 12/9/11

    Tribunais de Contas: funes, natureza jurdica e

    eficcia das decises. Natureza das fiscalizaes.

    Jurisdio do TCU.

    Aula 02 19/9/11 Competncias atribudas ao TCU pela Constituio.

    Aula 03 26/9/11 Competncias atribudas ao TCU pela LOTCU, pelo

    Regimento Interno e por outros normativos.

    Aula 04 3/10/11 Organizao do TCU. Deliberaes, sesses e

    processo no TCU.

    Aula 05 10/11/11 Julgamento das Contas. Tomada de Contas Especial.

    Aula 06 17/10/11 Fiscalizao no TCU. Instrumentos de Fiscalizao.

    Denncia. Representao. Cdigo de tica do TCU.

    Aula 07 19/10/11 Sanes e Medidas Cautelares. Recursos.

    A metodologia do curso contempla, em cada tpico, a exposio da

    teoria seguida da resoluo e comentrio de questes anteriores sobre o

    assunto. Nos comentrios, pode haver explicaes novas. Assim, teoria e

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    questes se complementam. Ao final de cada aula ser apresentado um

    Resumo do contedo, bem como as questes que foram comentadas

    seguidas do gabarito, para vocs treinarem a resoluo.

    A disciplina Controle externo, essencialmente, est ancorada na

    seguinte legislao:

    Constituio Federal (CF)

    Lei Orgnica do TCU, Lei 8.443/1992 (LO/TCU)

    Regimento Interno do TCU (RI/TCU)

    Evitarei ao mximo reproduzir trechos da legislao; somente o farei

    quando indispensvel boa didtica. Assim, recomendo que vocs

    imprimam e encadernem as normas acima para facilitar o estudo. Elas

    podem ser facilmente encontradas na pgina principal do portal TCU:

    www.tcu.gov.br. interessante que vocs as consultem sempre que

    forem citadas. Caso reste alguma dvida que no tenha sido esclarecida

    na aula, me perguntem no frum ou por e-mail.

    Espero que vocs aproveitem o curso, tirem suas dvidas, estudem

    bastante e faam a prova com confiana. Desse modo, em breve

    estaremos trabalhando juntos como Auditores Federais de Controle

    Externo do TCU!

    Aos estudos!

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    AULA 00 (demonstrativa)

    Bom pessoal, na Aula 00, que alm de aula demonstrativa

    tambm a primeira do curso, nosso objetivo ser percorrer os

    conceitos que fornecem a base para o estudo do Controle Externo,

    cobrindo os seguintes itens do Edital:

    Entidades Fiscalizadoras Superiores e Declarao de Lima;

    Controle externo no Brasil. Sistemas de Controle na

    Administrao Pblica Brasileira;

    Funes de controle externo exercidas isoladamente e/ou

    em conjunto entre o Congresso Nacional e o TCU.

    Para tanto, seguiremos o seguinte sumrio:

    SUMRIO

    1. Controle da gesto pblica ................................................................................................................................... 6

    Consideraes gerais ................................................................................................................................................... 6

    Natureza, tipo ou foco do Controle ........................................................................................................................ 8

    Momentos do controle: prvio, concomitante e posterior ....................................................................... 10

    2. Entidades Fiscalizadoras Superiores - sistemas de controle externo ....................................... 13

    3. Declarao de Lima ................................................................................................................................................ 16

    4. Sistemas de controle na Administrao Pblica Brasileira ............................................................ 23

    Controle dos recursos federais ............................................................................................................................. 23

    Controle Externo ................................................................................................................................................... 23

    Controle exercido diretamente pelo Congresso, suas Casas e comisses...................................... 27

    Controle exercido isoladamente pelo TCU ................................................................................................. 28

    Controle exercido em conjunto pelo Congresso e pelo TCU ................................................................ 30

    Controle Interno .................................................................................................................................................... 32

    Controle dos recursos estaduais e municipais ............................................................................................... 34

    Controle social ............................................................................................................................................................. 36

    RESUMO DA AULA ..................................................................................................................................................... 38

    Questes comentadas na Aula .............................................................................................................................. 40

    Vamos ento?

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    1. CONTROLE DA GESTO PBLICA

    CONSIDERAES GERAIS

    Controle a fiscalizao exercida sobre as atividades de pessoas,

    rgos, departamentos, sistemas etc., para que tais atividades no se

    desviem dos padres e das normas preestabelecidas ou para que

    alcancem os resultados desejados.

    O controle uma das funes administrativas clssicas: planejar,

    coordenar, supervisionar, executar e controlar. De acordo com a teoria da

    administrao, um sistema de controle eficaz garante que as atividades

    sejam realizadas de maneira satisfatria, na direo dos objetivos da

    empresa. Alm do mais, nas grandes corporaes modernas de capital

    pulverizado, com muitos acionistas, os verdadeiros donos geralmente

    esto afastados da administrao do negcio. Diretores executivos so

    contratados para administrar a empresa com o compromisso de dirigi-la

    para satisfazer os interesses dos proprietrios do capital. Um controle

    eficiente procura assegurar que a administrao da companhia esteja

    seguindo as diretrizes estabelecidas pelos proprietrios, assim como coibir

    atitudes oportunistas dos executivos que satisfaam seus prprios

    interesses em detrimento da organizao.

    De forma semelhante, os recursos financeiros e patrimoniais

    utilizados pelo Estado no pertencem aos seus gestores, mas sim ao povo,

    que recolhe tributos. com esses recursos que o Estado adquire bens

    para o funcionamento das reparties pblicas, firma contratos de

    prestao de servios, realiza obras, remunera seus servidores, etc.

    Mas virtualmente impossvel que o povo, por si mesmo, consiga

    administrar os recursos que disponibiliza ao Estado. Por isso, delega essa

    tarefa a intermedirios legalmente habilitados, os gestores pblicos, que

    tm o dever de administrar os recursos em nome e em favor do povo,

    obedecendo s normas aplicveis.

    Porm, em nosso dia-a-dia, muito comum nos deparamos com

    notcias sobre obras superfaturadas, fraudes em licitaes, e outras tantas

    falcatruas que tm em comum o fato de envolverem a malversao de

    recursos pblicos. Veja algumas manchetes recentes:

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    Investigao do TCU revela descontrole de gastos da Agricultura

    (folha.uol.com.br, em 5/8/2011)

    TCU aponta superfaturamento de R$ 78 milhes em obras do Dnit

    (g1.globo.com, em 20/7/2011)

    Auditoria do TCU confirma fraude em licitao de R$ 6,2 milhes da TV

    Brasil (veja.abril.com.br, em 10/3/2011)

    Tais notcias somente vm tona porque alguma ao de controle foi

    realizada sobre a conduta do mau gestor, possibilitando a identificao da

    irregularidade.

    O controle da administrao pblica pode ser feito de diversas

    formas e por diferentes agentes. Nos exemplos acima, assim como em

    diversas outras situaes semelhantes, ao TCU coube essa atribuio.

    Com efeito, veremos que o TCU o rgo tcnico responsvel pelo

    controle externo da administrao pblica federal, em auxlio ao

    Congresso Nacional.

    Hely Lopes Meirelles, em uma definio abrangente, porm concisa,

    leciona que controle, em tema de Administrao Pblica, a faculdade de

    vigilncia, orientao e correo que um poder, rgo ou

    autoridade exerce sobre a conduta funcional do outro.

    Os termos chaves dessa definio representam os principais atributos

    do controle da gesto pblica, que podem ser compreendidos da seguinte

    forma:

    Vigilncia: fiscalizao e acompanhamento da gesto, com base nas

    normas aplicveis.

    Orientao: atuao pedaggica, preventiva, com vistas ao

    aperfeioamento das prticas de gesto e inibio de condutas lesivas

    aos cofres pblicos.

    Correo: assegurar o cumprimento da lei e a recomposio do

    patrimnio lesado.

    Poder: como corolrio do Estado Democrtico de Direito, a CF atribuiu ao

    Poder Legislativo o controle financeiro da administrao pblica, com o

    auxlio tcnico dos Tribunais de Contas (controle externo).

    rgo: cada instituio pblica possui em sua estrutura um rgo com

    atribuio de fiscalizar a prpria instituio (controle interno).

    Autoridade: autotutela da administrao, que pode anular ou revogar

    seus prprios atos.

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    Quando o controle exercido por um ente no que integra a mesma

    estrutura organizacional do rgo fiscalizado dito controle externo. Por

    exemplo: quando o Congresso Nacional julga as contas prestadas pelo

    Presidente da Repblica, ou quando um juiz anula um ato do Poder

    Executivo, temos exemplos de controle externo, pois, nestes casos, um

    Poder exerce controle sobre os atos de outro Poder. No primeiro caso, o

    Legislativo e, no segundo caso, o Judicirio exercem controle sobre o

    Executivo. Todavia, veremos que, na terminologia adotada pela

    Constituio, apenas o controle exercido pelo Legislativo sobre a

    Administrao Pblica recebe a denominao de controle externo (CF,

    art. 70 a 74).

    Por outro lado, quando o controle exercido por rgo especializado,

    porm pertencente mesma estrutura, dito controle interno. Este

    ltimo no se confunde com os controles internos administrativos,

    executados de forma contnua pelos prprios dirigentes e servidores do

    poder pblico, e que derivam do poder de autotutela da administrao

    (Ex: sistema de autorizao e aprovao de transaes, segregao de tarefas,

    controles fsicos sobre os bens e informaes etc). A Controladoria-Geral da

    Unio (CGU), por exemplo, um rgo que exerce controle interno, pois

    se vincula diretamente ao Presidente da Repblica (seu titular um

    Ministro de Estado), e possui atribuies especficas de controle das

    entidades administrativas pertencentes Poder Executivo.

    A partir dessas consideraes gerais vamos avanar apresentando

    algumas caractersticas do controle da gesto pblica relacionadas sua

    natureza, isto , aos possveis focos da fiscalizao. Em seguida,

    trataremos do controle quanto ao momento de sua realizao.

    NATUREZA, TIPO OU FOCO DO CONTROLE

    Tradicionalmente, o controle da gesto pblica foca os seguintes

    aspectos:

    Legalidade: verifica se a conduta do gestor guarda consonncia com

    as normas aplicveis, de qualquer espcie - leis, regimentos, resolues,

    portarias etc.

    Ex: no controle da legalidade de uma construo de rodovia, deve ser

    verificado se a contratao da empreiteira que executar a obra obedeceu Lei

    de Licitaes.

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    Legitimidade: verifica se o ato atende ao interesse pblico,

    impessoalidade e moralidade.

    Ex: no controle de legitimidade, deve ser verificado se a construo da

    rodovia atende s necessidades da populao. Caso, por exemplo, j existirem

    outras vias de acesso que atendam satisfatoriamente a demanda do local, ao

    contrrio de outras localidades mais necessitadas, o investimento poderia no

    ser considerado legtimo, mesmo se realizado de acordo com a Lei de Licitaes.

    Economicidade: analisa a relao custo/benefcio da despesa

    pblica, isto , se o gasto foi realizado com minimizao dos custos e sem

    comprometimento dos padres de qualidade.

    Ex: no controle de economicidade, deve ser verificado se os materiais e

    servios necessrios construo da rodovia foram adquiridos e contratados a

    preos de mercado e se atenderam s necessidades da obra com qualidade.

    Alm desses aspectos, com a utilizao de tcnicas mais modernas de

    fiscalizao, o controle passou a ter tambm como foco:

    Eficincia: analisa os meios utilizados em relao aos resultados

    obtidos pela Administrao, com critrios de custo, prazo e qualidade. De

    certa forma, se confunde com o conceito de economicidade.

    Ex: no controle de eficincia, deve ser verificado se os recursos dispendidos

    na obra foram otimizados, ou seja, se a rodovia foi construda com qualidade,

    em tempo razovel e a custo de mercado.

    Eficcia: verifica se as metas estabelecidas foram alcanadas, ou

    seja, se os bens e servios foram providos.

    Ex: no controle de eficcia, deve ser verificado se o cronograma

    estabelecido para a obra foi cumprido, se todas as intervenes previstas foram

    realizadas, ou mesmo, se a rodovia foi realmente construda.

    Efetividade: analisa se os objetivos da ao administrativa foram

    atingidos, em termos de impactos sobre a populao-alvo.

    Ex: no controle de efetividade, deve ser verificado se a rodovia, aps

    construda, realmente melhorou a vida da populao, suprindo as carncias que

    motivaram a realizao da obra.

    Segundo as Normas de Auditoria do TCU, legalidade e legitimidade

    so avaliadas nas chamadas auditorias de regularidade, enquanto

    economicidade, eficincia, eficcia e efetividade so avaliadas nas

    auditorias operacionais.

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    Esquematizando

    Fonte: Manual de Auditoria Operacional do TCU. Disponvel em

    http://portal2.tcu.gov.br/portal/pls/portal/docs/2058980.PDF

    MOMENTOS DO CONTROLE: PRVIO, CONCOMITANTE E POSTERIOR

    Controle prvio (a priori): exercido antes da conduta administrativa

    se efetivar. Possui carter preventivo, orientador, e visa evitar a

    ocorrncia de irregularidades. Exemplos de controle prvio exercido pelo

    TCU:

    (i) apreciao prvia da documentao dos processos de

    desestatizao1;

    (ii) assinatura de determinaes de modo a prevenir que

    irregularidades se repitam (LO/TCU, art. 18 e art. 43, inciso I);

    (iii) decretao de medidas cautelares no controle sobre editais de

    licitao (RI/TCU, art. 276).

    Ateno! O ordenamento jurdico atual no mais prev a necessidade de

    homologao pelo Tribunal de Contas como condicionante para a eficcia de

    atos administrativos. Isso estava previsto na Constituio de 1946, mas no

    existe mais. Hoje em dia, gestores pblicos firmam contratos e executam

    despesas sem precisar de qualquer anuncia prvia do TCU.

    Todavia, h o caso particular da concesso de aposentadorias que, na

    jurisprudncia do STF, um ato administrativo complexo que somente se

    aperfeioa com o registro pelo TCU. Assim, a etapa de registro pela Corte de

    Contas seria um exemplo de controle prvio, necessria validade do ato.

    1 Lei 9.494/1997: Art. 18. Compete ao Gestor do Fundo [Nacional de Desestatizao]: (...) VIII preparar a documentao dos processos de desestatizao, para apreciao do Tribunal de Contas da Unio; (...)

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    Controle concomitante (pari passu): efetuado no momento em que

    a conduta administrativa est sendo praticada. Tambm possui carter

    preventivo, pois permite coibir irregularidades tempestivamente.

    Exemplos de controle concomitante exercido pelo TCU:

    (i) acompanhamento da arrecadao da receita (LO/TCU, art. 1,

    inciso IV);

    (ii) fiscalizao da entrega dos recursos do FPE e FPM aos

    destinatrios (LO/TCU, art. 1, inciso VI).

    Controle posterior (a posteriori): efetuado aps o ato administrativo

    ter sido praticado. Possui carter corretivo e, eventualmente, sancionador.

    a forma mais utilizada de controle externo. Exemplos de controle

    posterior exercido pelo TCU:

    (i) julgamento das contas dos administradores pblicos (LO/TCU,

    art. 1, inciso VI);

    (ii) emisso de parecer prvio sobre as contas do prestadas pelo

    Presidente da Repblica (LO/TCU, art. 1, inciso III e art. 36);

    (iii) realizao de auditorias para fiscalizar a regularidade da gesto

    ou os resultados alcanados por programas de governo.

    No vamos discutir agora as competncias do Tribunal. Esse assunto

    ser objeto das prximas aulas. Por ora, deixemos assentado que o TCU

    tem competncias que lhe so prprias, e que podem ser enquadradas

    em qualquer dos trs momentos do controle. Embora as tarefas mais

    conhecidas e tradicionais da Corte de Contas sejam de controle posterior

    (julgamento das contas e realizao de auditorias), registre-se que as

    diretrizes de atuao do TCU tm evoludo para priorizar aes de controle

    prvio ou concomitante, a partir de critrios de materialidade, relevncia e

    risco. Dessa forma, espera-se que o Tribunal alcance maior efetividade.

    Caiu na prova!

    1. (TCU ACE 2004 Cespe) Tendo em conta o momento no qual a atividade de

    controle se realiza, o controle externo, analogamente ao que ocorre com o controle

    de constitucionalidade, pode ser classificado em prvio (a priori) ou posterior (a

    posteriori).

    Comentrio: As classificaes do controle quanto ao momento da sua

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    realizao em relao ao ato controlado so: controle prvio (a priori),

    controle posterior (a posteriori), e ainda controle concomitante (pari passu).

    Gabarito: Certo

    2. (TCU ACE 2006 ESAF) Desenvolva um texto argumentando sobre o

    seguinte tema: Prvio, concomitante ou a posteriori: como caracterizar o controle

    exercido pelo TCU?

    Comentrio: Uma boa resposta para esta questo discursiva poderia

    iniciar, logo de cara, afirmando que as diversas competncias do TCU

    permitem enquadrar o controle exercido pela Corte de Contas nas trs

    classificaes de controle apresentadas. Em seguida, a afirmao deveria ser

    justificada com exemplos, como os apresentados acima. Para concluir,

    poderia ser dito que, embora a maior parte do controle exercido pelo Tribunal

    seja posterior, sua atuao tem evoludo no sentido de priorizar as aes de

    controle prvio e concomitante, com o objetivo de, cada vez mais, se

    antecipar s ms prticas de gesto e evitar ou minimizar os danos ao

    patrimnio pblico.

    3. (SEBRAE - Analista Tcnico II 2010 - Cespe) No exerccio do controle externo,

    o Congresso Nacional, com o auxlio do Tribunal de Contas da Unio, analisa a

    legalidade, mas no a legitimidade, dos atos administrativos da Unio e das

    entidades da administrao direta e indireta.

    Comentrio: O art. 70, caput, da Constituio Federal dispe que controle

    externo da Unio e das entidades da administrao direta e indireta ser

    exercido quanto legalidade e legitimidade, assim quanto economicidade,

    aplicao das subvenes e renncia de receitas.

    Gabarito: Errado

    Compreendidas as principais caractersticas da atividade de controle,

    passemos ento a estudar as peculiaridades dos sistemas de controle

    externo. Em seguida, veremos os princpios e diretrizes difundidos

    internacionalmente por meio da Declarao de Lima para, a partir de

    ento, iniciarmos o estudo particular dos sistemas de controle no Brasil.

    Vamos l!

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    2. ENTIDADES FISCALIZADORAS SUPERIORES - SISTEMAS DE CONTROLE EXTERNO

    As Entidades Fiscalizadoras Superiores (EFS) so os rgos tcnicos

    de controle externo de maior estatura em cada pas, normalmente o que

    atua na esfera federal. No caso do Brasil, a EFS o TCU.

    Dependendo da organizao poltica do pas, a EFS pode ser

    classificada em um dos seguintes sistemas de controle externo: Tribunais

    de Contas ou Auditorias-Gerais.

    O sistema de Tribunais de Contas ou Conselho de Contas

    caracteriza-se por seu carter colegiado. Ou seja, as decises desses

    rgos so tomadas em conjunto pelo voto de seus membros. Os

    Tribunais de Contas geralmente possuem poder para julgar a regularidade

    da gesto do administrador pblico (as chamadas contas dos

    responsveis). Tambm possuem competncia para punir e emitir

    determinaes compulsrias aos controlados.

    J o sistema de Auditorias-Gerais ou Controladorias-Gerais

    caracteriza-se por seu carter unipessoal. So comandados por um

    auditor ou controlador-geral, que responsvel pelas decises do rgo

    (decises monocrticas). As Auditorias-Gerais pronunciam-se

    conclusivamente sobre as contas, mas no as julgam. Suas decises

    possuem carter opinativo ou consultivo, emitidas na forma de pareceres

    e recomendaes, com o objetivo principal de fornecer subsdios para que

    o titular do controle externo e a opinio pblica avaliem a gesto.

    Em geral, tanto os Tribunais de Contas como as Auditorias Gerais

    esto associadas ao Poder Legislativo. H, contudo, pases que colocam os

    Tribunais de Contas junto ao Poder Judicirio ou as Auditorias-Gerais

    junto ao Poder Executivo. Em outros, a EFS no est vinculada a nenhum

    Poder.

    A tarefa tradicional dos Tribunais de Contas o controle de

    legalidade, enquanto as Auditorias-Gerais priorizam o controle de eficcia,

    eficincia e efetividade. Contudo, os Tribunais de Contas tm progredido

    nesse aspecto, expandindo sua atuao para alm do mero exame de

    legalidade para focar em aspectos de desempenho e alcance de

    resultados.

    Os Tribunais de Contas e as Auditorias-Gerais tambm possuem

    caractersticas em comum: so rgos administrativos; so autnomos

    em relao ao Poder que os vincula; em geral, possuem previso

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    constitucional; e suas decises no so sujeitas a reviso por outro rgo

    ou instncia.

    A Organizao Internacional de Entidades Fiscalizadoras Superiores

    (Intosai, em ingls; intosai.org), da qual o TCU um dos membros

    fundadores, o organismo que congrega as EFS de mais de 170 pases. O

    principal objetivo da entidade a troca experincias entre seus membros,

    com vistas ao contnuo aprimoramento da fiscalizao das contas pblicas.

    Ateno! A Controladoria-Geral da Unio (CGU) no rgo de controle

    externo, apesar de sua denominao. Como j disse, a CGU vinculada

    Presidncia da Repblica, a quem assessora por meio de atividades de controle

    interno, alm de exercer, como rgo central, a superviso tcnica dos rgos

    que compem o Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal,

    prestando a orientao normativa necessria.

    Caiu na prova!

    4. (TCU - ACE 2004 - Cespe) Os sistemas internacionais de controle externo tm

    em comum a circunstncia de que o rgo de controle invariavelmente

    colegiado e ligado ao Poder Legislativo.

    Comentrio: O rgo de controle (EFS) pode ser constitudo na forma

    de Tribunais ou Conselhos de Contas ou na forma de Auditorias ou

    Controladorias-Gerais. No primeiro caso, so rgos colegiados; j no

    segundo, via de regra, so rgos monocrticos. Alm disso, embora a

    maioria das EFS pelo mundo esteja ligada ao Poder Legislativo, como o TCU

    no Brasil, h pases em que a EFS compe o Judicirio, como Portugal; o

    Executivo, como no Paraguai e Bolvia; ou nenhum dos Poderes, como

    Frana e Chile.

    Gabarito: Errado

    5. (TCU ACE 2006 - ESAF) Na maioria dos pases onde existe, o sistema de

    controle externo levado a termo ou pelos Tribunais de Contas (Cortes de

    Contas) ou pelas Auditorias-Gerais. Nesse contexto, considerando as principais

    distines entre esses dois modelos de controle, assinale a opo que indica a

    correta relao entre as colunas:

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    1) Tribunais de Contas ( ) So rgos colegiados.

    2) Auditorias-Gerais ( ) Podem ter poderes jurisdicionais.

    ( ) Podem estar integrados ao Poder Judicirio.

    ( ) Proferem decises monocrticas.

    a) 1 2 1 2

    b) 1 1 1 2

    c) 1 1 2 2

    d) 2 1 2 1

    e) 2 2 2 1

    Comentrio: Pelo que estudamos, fica fcil matar essa. Os Tribunais de

    Contas: so rgos colegiados; podem ter poderes jurisdicionais e podem

    estar integrados ao Poder Judicirio. J as Auditorias-Gerais proferem

    decises monocrticas e no possuem poderes jurisdicionais. No deixe de

    perceber o detalhe de que no regra: (i) Controladorias-Gerais integradas

    ao Poder Judicirio; (ii) Tribunais de Contas integrados ao Poder Executivo.

    Gabarito: Alternativa b

    6. (TCU ACE 2007 Cespe) O sistema de controle externo, na maioria dos

    pases signatrios, levado a termo ou pelas cortes de contas ou pelas

    auditorias-gerais. As principais caractersticas do sistema de tribunal de contas

    so as decises colegiadas e o poder sancionatrio. No Brasil, bem como nos

    demais pases que adotam esse sistema, os tribunais de contas, quanto sua

    organizao, encontram-se ligados estrutura do Poder Legislativo.

    Comentrio: fato de que no Brasil, os tribunais de contas esto

    ligados ao Poder Legislativo. Contudo, h pases em que isso no ocorre.

    Em Portugal e na Grcia, por exemplo, o Tribunal de Contas situa-se no

    mbito do Poder Judicirio. J na Frana, a Corte de Contas no est

    vinculada a nenhum dos poderes.

    Gabarito: Errado

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    3. DECLARAO DE LIMA2

    Veremos agora um assunto que, nas ltimas provas para o TCU, vem

    sendo muito exigido. Considerando que o concurso de 2011 ter vagas

    para Auditoria Governamental, ento praticamente certo aparecer uma

    ou mais questes, seja na prova comum, seja na especfica.

    O que ?

    A Declarao de Lima um documento publicado e distribudo pela

    Intosai, reconhecido como a Carta Magna do controle da gesto pblica

    ou, nos termos da norma, da auditoria governamental.

    Fornece as bases filosficas e conceituais para os trabalhos

    desenvolvidos pela Intosai e apresenta uma lista abrangente de todas as

    metas e questes relacionadas auditoria governamental.

    Qual seu objetivo?

    O principal objetivo da Declarao de Lima exigir uma auditoria

    governamental independente. Essa independncia deve estar

    garantida na legislao, sendo protegida por instituies que lhe confiram

    segurana jurdica de forma adequada. Segundo a Declarao de Lima,

    instituies dessa natureza s podem ser encontradas em um Estado

    Democrtico de Direito.

    O estado de direito e a democracia so, portanto, premissas

    essenciais para uma auditoria governamental efetivamente independente,

    alm de serem os pilares nos quais a Declarao de Lima se fundamenta.

    Quais so seus principais pontos?

    Propsito da auditoria

    Estabelece que o propsito da auditoria consiste na identificao

    tempestiva de violaes aos princpios da legalidade, eficincia, eficcia e

    economicidade. Espera-se, com isso, identificar os responsveis, obter

    ressarcimento pelos prejuzos causados e impedir ou dificultar a

    ocorrncia dessas violaes. 2 Voc pode encontrar a Declarao de Lima, em portugus, no site do TCU: http://portal2.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/relacoes_institucionais//relacoes_internacionais/organizacoes_internacionais

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    Pr-auditoria e ps-auditoria

    Considera que uma pr-auditoria, ou controle prvio, eficaz

    indispensvel para garantir a adequada gesto dos recursos pblicos, uma

    vez que pode impedir prejuzos antes de sua ocorrncia. Por outro lado,

    gera um volume excessivo de trabalho e inviabiliza a definio de

    responsabilidades. A ps-auditoria, ou controle posterior, por sua vez,

    enfatiza a responsabilizao, sendo uma tarefa indispensvel a todas EFS,

    a despeito de ela realizar pr-auditorias ou no.

    Auditoria Interna e Auditoria Externa

    A Declarao de Lima preceitua que as EFS prestam servios de

    auditoria externa, pois no devem fazer parte da estrutura organizacional

    das instituies auditadas. o conceito de controle externo quanto ao

    posicionamento do rgo controlador.

    Assevera, ainda, que os servios de auditoria interna, ou controle

    interno, devem ser funcional e organizacionalmente independentes, na

    maior medida possvel, apesar de estarem subordinados autoridade do

    rgo no qual foram estabelecidos. A EFS, na qualidade de auditoria

    externa, possui a tarefa de verificar a eficcia da auditoria interna.

    Auditoria de legalidade, auditoria de regularidade e auditoria operacional

    Reconhece que a tarefa tradicional das EFS auditar a legalidade e a

    regularidade. Todavia, atribui igual importncia auditoria operacional,

    cuja finalidade verificar o desempenho, a economia, a eficincia e a

    eficcia da administrao pblica.

    Independncia das EFS

    A Declarao de Lima enfatiza a necessidade de as EFS serem

    independentes, funcional, organizacional e financeiramente, tanto em

    relao ao governo e administrao como tambm em relao ao

    Parlamento.

    Segundo a Declarao, a independncia das EFS deve estar prevista

    na Constituio, podendo ser detalhada na legislao.

    Os membros, ou seja, as pessoas que devem tomar as decises pela

    EFS, tambm devem ser independentes. Tambm deve haver garantia

    para tanto na Constituio, a qual deve prever a forma de designao e

    destituio dos membros.

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    A questo da independncia importante, pois assegura que as

    decises das EFS sejam imparciais e objetivas, livres de influncias

    externas.

    Poderes das EFS

    Os poderes bsicos de auditoria da EFS devero estar previstos na

    Constituio; detalhes podem ser estabelecidos na legislao.

    Todas as operaes financeiras pblicas, a despeito de estarem ou

    no refletidas no oramento nacional, ficaro sujeitas a auditoria por parte

    da EFS. A cobrana de impostos, na maior medida possvel, tambm deve

    estar sujeita ao controle da EFS.

    Dentre as instituies sujeitas ao controle da EFS, a Declarao de

    Lima destaca: autoridades ou instituies pblicas estabelecidas no

    exterior; empresas regidas pelo direito privado das quais o governo seja

    acionista; instituies que recebam subsdios do governo; organizaes

    internacionais e supracionais cujas despesas sejam cobertas por recursos

    do pas da EFS.

    Em razo dos considerveis recursos dispendidos, a norma preceitua

    uma auditoria particularmente exaustiva dos recursos usados nas obras

    pblicas e nas instalaes de processamento de dados, estabelecendo que

    a licitao pblica o procedimento mais adequado para a obteno da

    proposta mais favorvel em termos de preo e qualidade. Sempre que no

    forem realizadas licitaes pblicas, a EFS determinar as razes para

    esse fato.

    A Declarao de Lima dispe que a EFS deve ter acesso irrestrito a

    informaes e documentos necessrios realizao de suas atribuies de

    controle. A EFS tambm deve ter poderes para determinar s

    organizaes auditadas que adotem as medidas necessrias correo

    dos desvios apurados.

    Mtodos, procedimentos e pessoal de auditoria e elaborao de relatrios

    Estabelece que a EFS deve possuir a prerrogativa de elaborar seu

    prprio plano de auditoria, ou seja, de escolher quais rgos, contratos,

    obras etc. sero fiscalizados. Alm disso, adequado que a EFS elabore

    manuais de auditoria para orientar seus auditores.

    Os resultados das atividades da EFS sero apresentados em relatrios

    pblicos, exceto quando contenham dados protegidos por lei, casos em

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    que a EFS dever ponderar a necessidade dessa proteo contra os

    benefcios da divulgao do relatrio. Na elaborao dos seus relatrios, a

    EFS dever levar em considerao os pontos de vista das organizaes

    auditadas sobre seus achados.

    De acordo com a Declarao de Lima, os membros e funcionrios

    responsveis por auditorias devero ter a integridade moral e as

    qualificaes necessrias para desempenhar suas tarefas.

    --------------------------

    isso. Apresentei um resumo dos principais pontos da Declarao de

    Lima para facilitar seu estudo, o que no substitui uma leitura atenta do

    inteiro teor da norma, que no grande. Como falei, assunto

    praticamente certo na prova.

    Para finalizar o assunto, cabe registrar que o TCU, como membro da

    Intosai, procura sempre seguir os preceitos da Declarao de Lima na

    execuo de suas atividades de controle, embora a prpria Intosai

    estabelea que suas normas no so de aplicao compulsria pela EFS.

    Com efeito, o ordenamento jurdico ptrio assegura ao Tribunal grande

    parte das prerrogativas previstas na Declarao de Lima. Ao seguirmos

    com o curso, voc conseguir claramente fazer essa correspondncia,

    entre as disposies da Declarao e as competncias atribudas ao TCU

    pela Carta Magna e por outros dispositivos legais.

    Caiu na prova!

    7. (TCU ACE 2007 Cespe) A INTOSAI um organismo internacional cujo

    objetivo fomentar o intercmbio de ideias e experincias entre entidades

    fiscalizadoras superiores quanto ao controle das finanas pblicas. Entre os

    documentos elaborados pela INTOSAI, destacam-se a Declarao de Lima, o

    cdigo de tica e normas de auditoria. Na Declarao de Lima, s constam o

    controle prvio e o controle posterior, ao passo que, no Brasil, alm desses, h o

    controle concomitante, por expressa disposio legal.

    Comentrio: A primeira frase a definio exata do objetivo da Intosai.

    Quantos aos documentos elaborados pela entidade, alm da Declarao de

    Lima, o cdigo de tica e as normas de auditoria tambm so muito

    importantes, inclusive servem de base para as Normas de Auditoria do TCU.

    Em relao aos momentos do controle, a Declarao de Lima s trata do

    controle prvio, ou pr-auditoria, e do controle posterior, ou ps-auditoria. A

    Declarao de Lima no fala em controle concomitante. No Brasil, essa forma

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    de controle prevista expressamente na Lei 4.320/1964:

    Art. 77. A verificao da legalidade dos atos de execuo oramentria ser

    prvia, concomitante e subsequente.

    Gabarito: Certo

    (TCU AUFC 2010 - Cespe) De acordo com a Declarao de Lima, julgue os

    prximos itens, acerca das diretrizes para preceitos de auditoria. Nas situaes em

    que for utilizada, considere que a sigla EFS se refere a entidade fiscalizadora

    superior.

    8. Segundo a declarao em apreo, uma EFS deve gozar de independncia

    funcional e organizacional necessria para desempenhar suas tarefas. Apesar

    disso, entender que tal instituio, como parte do Estado, no pode ser

    completamente independente.

    Comentrio: O principal objetivo da Declarao de Lima exigir a

    independncia funcional e organizacional da EFS. O documento tambm se

    refere necessidade de independncia financeira, assim como dos membros

    da EFS. Essa independncia deve estar assegurada pela Constituio,

    podendo ser regulamentada em outras normas. Todavia, na Seo 5, item 2, a

    Declarao de Lima reconhece que a EFS no pode ser completamente

    independente, por ser parte do Estado. Sua independncia deve ser a

    necessria para o desempenho de suas tarefas de forma objetiva e imparcial.

    Gabarito: Certo

    9. A Declarao de Lima admite que a execuo da pr-auditoria seja realizada

    por EFS ou por outras instituies de auditoria.

    Comentrio: Essa assertiva objeto da Seo 2, item 2, da Declarao de

    Lima. A pr-auditoria, ou controle prvio, tem finalidade preventiva e ,

    essencialmente, realizada pela auditoria interna ou controle interno do rgo,

    sem prejuzo de que a EFS ou outras instituies de auditoria tambm a

    execute.

    Gabarito: Certo

    10. EFSs prestam servios de auditoria externa.

    Comentrio: Na Seo 3, item 1, parte final, a Declarao de Lima afirma

    exatamente isso. Nos termos da Declarao, os conceitos de auditoria externa

    e auditoria interna referem-se classificao do controle quanto ao

    posicionamento do rgo controlador. Assim, os servios de auditoria externa

    no fazem parte da estrutura organizacional das instituies a serem

    auditadas, enquanto que os servios de auditoria interna so estabelecidos

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    dentro dos rgos e instituies governamentais. Ao afirmar que a EFS presta

    servio de auditoria externa, a Declarao de Lima refora a necessidade de

    que a EFS seja independente em relao entidade auditada.

    Gabarito: Certo

    11. De acordo com a referida declarao, uma EFS deve auditar a legalidade e a

    regularidade da gesto financeira e da contabilidade. Essa declarao, entretanto,

    no cita como atribuio das EFSs a auditoria operacional, a qual consta na

    Constituio Federal brasileira.

    Comentrio: A questo errada, pois a Declarao de Lima, em sua

    Seo 4, cita como atribuio da EFS a auditoria operacional, cuja finalidade

    verificar o desempenho, a economia, a eficincia e a eficcia da administrao

    pblica, colocando-a no mesmo patamar de importncia da auditoria de

    legalidade e regularidade da gesto financeira e da contabilidade, que

    tradicionalmente a EFS executa. Cabe observar que a auditoria operacional,

    na Constituio Federal brasileira, prevista no art. 70 e art. 71:

    Art. 70. A fiscalizao contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial da

    Unio (...) ser exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo

    sistema de controle interno de cada Poder.

    Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o

    auxlio do Tribunal de Contas da Unio, ao qual compete:

    IV - realizar, (...) inspees e auditorias de natureza contbil, financeira, oramentria,

    operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes Legislativo,

    Executivo e Judicirio, e demais entidades referidas no inciso II;

    Gabarito: Errado

    (TCU ACE 2008 - Cespe) Com relao aos conceitos e legislao aplicveis

    ao controle externo e s instituies fiscalizadoras, julgue os itens a seguir.

    12. Nos termos da Declarao de Lima, a pr-auditoria, tarefa indispensvel de

    todas as entidades fiscalizadoras superiores, tem a vantagem de reduzir o volume

    de trabalho e tornar indistintas as responsabilidades previstas no Direito Pblico.

    Comentrio: A Declarao de Lima, na Seo 2, item 4, afirma que a ps-

    auditoria uma tarefa indispensvel de toda EFS, e no a pr-auditoria, como

    est na questo. A realizao ou no da pr-auditoria pela EFS depende da

    particularidade de cada pas.

    Alm disso, na Seo 2, item 3, a Declarao de Lima dispe que a pr-

    auditoria tem a desvantagem de gerar um volume excessivo de trabalho - ao

    contrrio da questo - alm de tornar indistintas as responsabilidades

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    previstas no direito pblico.

    Gabarito: Errado

    13. Na atual estrutura do sistema de controle interno do Poder Executivo federal,

    que deve atuar em cooperao com o TCU, os rgos correspondentes do

    Itamaraty e dos comandos militares so os que esto precisamente posicionados de

    acordo com as recomendaes das entidades fiscalizadoras superiores (INTOSAI),

    em razo de sua subordinao hierrquica e de suas vinculaes funcionais.

    Comentrio: Acho esta questo muito sutil, do tipo que, em provas estilo

    Cespe, melhor deixar em branco caso no se tenha absoluta certeza. A

    Declarao de Lima, na Seo 3, item 2, estabelece que os servios de

    auditoria interna, que podemos entender por controle interno, pela posio na

    mesma estrutura organizacional do controlado, devem ser, na maior medida

    possvel, independentes no mbito de sua respectiva estrutura constitucional.

    No Brasil, o sistema de controle interno dos Poderes Legislativo, Executivo e

    Judicirio conta com relativa independncia, pois possui previso

    constitucional (CF, art. 70, caput e art. 74). Alm disso, a Constituio

    estabelece que os responsveis pelo controle interno ao tomarem

    conhecimento de qualquer irregularidade, dela devero dar cincia ao TCU,

    sob pena de responsabilidade solidria (CF, art. 70, 1), o que tambm lhes

    confere certa independncia. Portanto, toda a atual estrutura do sistema de

    controle interno do Poder Executivo Federal e, no apenas os rgos

    correspondentes do Itamaraty e dos comandos militares, esto posicionados

    de acordo com as recomendaes da Intosai, pois apesar da sua

    subordinao hierrquica e vinculaes funcionais, possuem garantia de

    independncia.

    Gabarito: Errado

    14. Na hiptese de entidades fiscalizadoras superiores emitirem pareceres

    especializados, inclusive comentrios sobre proposies legislativas, as autoridades

    administrativas sero obrigadas a acat-las. Essa tarefa adicional, inclusive, dever

    prevenir futuros achados de auditorias.

    Comentrio: De acordo com a Seo 12, item 1 da Declarao de Lima, as

    autoridades administrativas no so obrigadas a acatar os pareceres

    especializados da EFS. Alm disso, essa tarefa adicional emisso de

    pareceres especializados no dever prever futuros achados de auditoria.

    Gabarito: Errado

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    4. SISTEMAS DE CONTROLE NA ADMINISTRAO PBLICA BRASILEIRA

    Os arts. 70 a 75 da Constituio Federal apresentam as principais

    regras orientadoras do exerccio do controle da administrao pblica

    brasileira, sem prejuzo da existncia de disposies referentes a essa

    atividade em outras partes da prpria Constituio, ou em outros

    dispositivos legais.

    Para estudar os sistemas de controle na administrao pblica

    brasileira, dividiremos o assunto nos seguintes tpicos: controle dos

    recursos federais e controle dos recursos estaduais e municipais.

    Ao final, falaremos, ainda, sobre o controle social.

    CONTROLE DOS RECURSOS FEDERAIS

    Como ensina Chaves (2009), o principal fator que distingue a

    competncia federal, estadual ou municipal a origem oramentria

    primria dos recursos controlados. Portanto, se originalmente os recursos

    estavam previstos no oramento da Unio, quem os estiver gerindo estar

    sob a jurisdio do TCU, no importa se administrador federal, estadual,

    municipal, internacional, pblico ou privado. Raciocnio equivalente vale

    para recursos estaduais ou municipais.

    Os art. 70 e 71 da CF dispem que a fiscalizao da Unio ser

    exercida pelo Congresso Nacional, com o auxlio do TCU, mediante

    controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder.

    No mbito do controle externo, existem atribuies que so

    exclusivas do Congresso Nacional e suas Casas; outras so exclusivas do

    TCU e outras ainda exercidas em conjunto pelo Congresso e pelo TCU.

    Vejamos ento as principais caractersticas desses dois sistemas no

    mbito federal: controle externo e controle interno

    CONTROLE EXTERNO

    Como vimos, controle externo, em sentido amplo, toda fiscalizao

    exercida por um ente que no integra a estrutura na qual o fiscalizado

    est inserido.

    Leitura obrigatria: CF, art. 70 a 75 CF, arts. 70 a 74

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    Todavia, a Constituio Federal restringiu essa definio no mbito do

    controle da gesto pblica, atribuindo a titularidade do controle externo ao

    Poder Legislativo, representado pelo Congresso Nacional na esfera

    federal. A Carta Magna deixa isso assente em seu art. 70, caput e art. 71,

    caput. Portanto, somente o controle exercido pelo Poder Legislativo sobre

    a administrao pblica recebe a denominao de controle externo,

    segundo a Constituio.

    Assim, por exemplo, a atuao do Judicirio sobre os atos dos demais

    Poderes no se enquadra na definio de controle externo presente em

    nosso ordenamento jurdico. O controle exercido pelo Judicirio, conhecido

    por controle jurisdicional, ocorre em ateno ao disposto no art. 5, XXXV,

    da CF: a lei no excluir da apreciao do Poder Judicirio leso ou

    ameaa a direito. Para entender bem esse ponto, d uma olhada no

    comentrio da questo 15 (pg. 26).

    A fim de possibilitar o exerccio do controle externo, a Carta Magna

    conferiu ao TCU a misso de auxiliar o Congresso, mediante a definio

    de competncias exclusivas para a Corte de Contas (CF, art. 71).

    Cuidado com o termo auxiliar, que pode levar a interpretaes

    errneas. O TCU no subordinado ao Congresso Nacional, apesar de

    auxiliar o Poder Legislativo no exerccio do controle externo. Com efeito, a

    Constituio Federal, ao atribuir competncias exclusivas ao Tribunal,

    assegura sua independncia (CF, art. 71), uma vez que o Congresso no

    poder executar qualquer das tarefas atribudas ao TCU, embora seja o

    titular do controle externo. Ademais, o rol de competncias do TCU to

    amplo que torna o exerccio do controle externo mais ligado ao Tribunal

    que ao prprio Congresso.

    O TCU, portanto, rgo administrativo que auxilia tecnicamente o

    Poder Legislativo Federal no controle externo da gesto pblica, sem,

    porm lhe ser subordinado ou pertencer sua estrutura. dotado,

    inclusive de independncia administrativa e oramentria.

    Pelo que dissemos, pode-se perceber que os sujeitos ativos do

    controle externo, no mbito federal, so: o Congresso Nacional, na

    qualidade de titular do controle; e o TCU, com competncias prprias e

    privativas para auxiliar o Congresso, mas sem lhe ser subordinado.

    Por sua vez, os sujeitos passivos do controle externo so todos

    que, de alguma maneira, administrem recursos pblicos (CF, art. 70,

    pargrafo nico). Estes tm o dever de prestar contas, isto , precisam

    demonstrar se a aplicao dos recursos pblicos que tiveram sob sua

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    responsabilidade foi boa e regular. No importa se pessoa fsica ou

    jurdica, pblica ou privada, da administrao direta ou da indireta, do

    Poder Legislativo ou do Judicirio. A condio para que se assuma o dever

    de prestar contas ao controle externo a gesto de recursos pblicos.

    O objeto do controle externo so os atos administrativos que

    envolvam receitas e despesas pblicas, como a compra de bens, a

    admisso de pessoal, arrecadao de impostos, etc. Ao controle externo

    compete examinar se tais atos foram praticados em conformidade com a

    lei e os princpios da administrao pblica, ou, ainda, se atenderam aos

    objetivos dos planos e programas de governo.

    Dessa forma, o controle externo est mais voltado para o Poder

    Executivo, cujas funes tpicas so as funes administrativas. Mas o

    controle externo tambm alcana o Poder Legislativo e o Poder Judicirio,

    bem como o Ministrio Pblico da Unio. Vale observar, contudo, que o

    controle externo que nos interessa no alcana as funes tpicas dos

    demais Poderes (Legislativo legislar; Judicirio julgar), mas sim suas

    funes administrativas.

    Detalhe interessante que as atividades administrativas do TCU

    tambm so submetidas ao controle externo do prprio TCU. A aparente

    contradio se explica pela organizao da Corte, cuja administrao,

    exercida pelo seu presidente, no se confunde com a funo tpica do

    Tribunal, o controle externo, que atribuio do corpo de ministros que o

    compe.

    Esquematizando:

    Sujeitos do

    controle externo

    Ativo: Congresso Nacional (titular) e TCU (auxiliar, sem

    subordinao).

    Passivos: Administradores das unidades de todos os Poderes

    constitudos, incluindo: administrao direta, autarquias,

    fundaes, empresas estatais, sociedades de economia mista,

    agncias reguladoras, organizaes sociais, concessionrias de

    servio pblico etc.

    Entidades privadas e pessoas fsicas que, de alguma forma,

    administrem recursos pblicos federais.

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    Objetos do

    controle externo

    Licitaes, contratos, pessoal, obras, patrimnio, sistemas,

    concesses de aposentadoria, penses, reforma, admisses de

    pessoal, arrecadao e renncia de receita, dvida, convnios,

    privatizaes, concesses de servio, programas, polticas de

    governo.

    Caiu na prova!

    15. (TCU ACE 2004 Cespe) Considerando controle externo como aquele

    realizado por rgo no-pertencente estrutura do produtor do ato a ser controlado,

    correto afirmar que, no Brasil, o TCU no o nico componente do poder pblico

    encarregado daquela modalidade de controle.

    Comentrio: Como a questo no faz meno Constituio ou ao

    ordenamento jurdico brasileiro, mas apenas considera o conceito de controle

    externo quanto ao posicionamento do rgo controlador, ento correto

    afirmar que existem outros rgos do poder pblico que realizam controle

    externo no Brasil, como por exemplo, o controle que os rgos do Judicirio

    efetuam sobre os atos dos demais Poderes. Todavia, lembre-se que apenas o

    controle exercido sobre a administrao pblica pelo Poder Legislativo com o

    auxlio dos Tribunais de Contas recebe da Constituio e de outras normas

    legais a denominao de controle externo.

    Gabarito: Certo

    (TCU - AUFC 2010 - Cespe) Considerando as normas constitucionais relativas a

    controle externo, julgue os itens a seguir.

    16. O Supremo Tribunal Federal no se sujeita a controle externo exercido pelo

    Congresso Nacional.

    Comentrio: Pelo que vimos, os rgos administrativos de todos os

    poderes constitudos so sujeitos passivos do controle externo, cujo sujeito

    ativo o Congresso Nacional, auxiliado pelo TCU (CF, art. 70 e 71). Mas

    lembre-se: somente as funes administrativas, ou seja, as que envolvem

    receitas e despesas de recursos pblicos, tais como aquisio de bens,

    contratao de servios, etc., esto sujeitas ao controle externo. Assim, uma

    deciso do STF tomada no exerccio de suas atribuies tpicas, como no

    julgamento de uma ADIN, no se sujeita ao controle externo do Congresso ou

    do TCU.

    Gabarito: Errado

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    CONTROLE EXERCIDO DIRETAMENTE PELO CONGRESSO, SUAS CASAS E COMISSES

    Existem algumas atribuies relacionadas ao controle externo que

    so exercidas diretamente pelo Poder Legislativo, o conhecido controle

    parlamentar.

    O art. 49 da CF enumera que da competncia exclusiva do

    Congresso Nacional:

    IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da Repblica e

    apreciar os relatrios sobre a execuo dos planos de governo;

    X fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do

    Poder Executivo, includos os da administrao indireta;

    Ateno para o inciso IX: quem julga as contas prestadas pelo

    Presidente da Repblica o Congresso Nacional. O TCU as aprecia

    mediante parecer prvio (CF, art. 71, I). O julgamento das contas

    prestadas pelo Presidente da Repblica materializa-se na votao de um

    Projeto de Decreto Legislativo, de autoria da Comisso Mista de

    Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO). Veremos isso em

    detalhe na nossa Aula 02.

    Na hiptese de no apresentao das contas ao Congresso Nacional,

    no prazo de 60 dias aps a abertura da sesso legislativa, competncia

    privativa da Cmara dos Deputados, proceder tomada de contas do

    Presidente da Repblica (CF, art. 51, II).

    Quanto ao inciso X, uma das formas para faz-lo valer consiste na

    prerrogativa que as Casas do Congresso Nacional e suas comisses

    possuem de convocar autoridades para prestarem, pessoalmente,

    informaes sobre assunto previamente determinado (CF, art. 50, caput).

    Outra atribuio do Congresso Nacional relacionada ao controle

    externo a escolha de dois teros (=6) dos Ministros do TCU (CF, art. 73,

    2, II). O tero restante (=3), cujos nomes so indicados pelo Presidente

    da Repblica (CF, art. 73, 2), devero ser aprovados previamente pelo

    Senado Federal, por voto secreto e arguio pblica (CF, art. 52, III).

    Trataremos da escolha dos Ministros do TCU com mais detalhes quando

    estudarmos a organizao do Tribunal.

    Uma conhecida e importante ferramenta utilizada pelo Poder

    Legislativo no controle da administrao pblica a instaurao das

    Comisses Parlamentares de Inqurito (CPI). As CPI possuem

    poderes de investigao prprios de autoridades judiciais para apurao

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    de fato determinado e por prazo certo. Suas concluses, se for o caso,

    sero encaminhadas ao Ministrio Pblico para que promova

    responsabilizao civil ou criminal dos infratores (CF, art. 58, 3).

    Por fim, cabe destacar as atribuies da Comisso Mista de Planos,

    Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO), a qual cabe examinar e

    emitir parecer sobre as contas do Presidente da Repblica e sobre os

    planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos na

    Constituio, assim como exercer o acompanhamento e a fiscalizao

    oramentria, sem prejuzo da atuao das demais comisses do

    Congresso Nacional e de suas Casas (CF, art. 166, 1).

    CONTROLE EXERCIDO ISOLADAMENTE PELO TCU

    As principais competncias do TCU relacionadas ao controle externo

    esto expressas nos incisos do art. 71 da Constituio Federal, e

    podem ser dividas em dois grandes grupos: exame das prestaes de

    contas e atividades de fiscalizao.

    Apresentarei em seguida, algumas caractersticas gerais dessas

    atividades. Nas aulas especficas, cada uma delas ser estudada com mais

    profundidade.

    Exame das prestaes de contas

    O exame das prestaes de contas envolve a apreciao, mediante

    parecer prvio, das contas prestadas anualmente pelo Presidente da

    Repblica (CF, art. 71, I), bem como o exame e julgamento das contas

    dos administradores e demais responsveis por dinheiros, bens e valores

    pblicos (CF, art. 71, II).

    As contas prestadas pelo Presidente da Repblica constituem as

    chamadas contas de governo, as quais apresentam os resultados gerais

    do exerccio financeiro-oramentrio, originados dos atos de governo ou

    atos polticos, sendo submetidas a julgamento poltico do Poder

    Legislativo, aps parecer prvio do Tribunal de Contas.

    J as contas dos administradores e demais responsveis por gerir

    recursos pblicos so conhecidas por contas de gesto, e refletem os

    resultados especficos da administrao financeira, posta em prtica

    mediante atos administrativos de gesto oramentria, financeira,

    patrimonial e operacional, durante um determinado exerccio.

    As contas de gesto se submetem ao exame e julgamento tcnico

    do TCU. No julgamento, a Corte de Contas decidir se a gesto do

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    responsvel foi regular, regular com ressalvas ou irregular. As autoridades

    administrativas somente se exoneraro de suas responsabilidades aps o

    julgamento do Tribunal de Contas que se converta em aprovao das

    respectivas prestaes de contas.

    A prestao de contas dos gestores pblicos (ou simplesmente

    contas dos responsveis) deve conter elementos e demonstrativos

    que evidenciem a regular aplicao dos recursos pblicos. Consiste em um

    processo de trabalho formado a partir de documentos, informaes e

    demonstrativos de natureza contbil, financeira, oramentria,

    operacional ou patrimonial, obtidos direta ou indiretamente, destinado a

    subsidiar a avaliao e o julgamento do desempenho e da conformidade

    da gesto dos responsveis.

    As contas ordinrias referem-se a exerccio financeiro

    determinado, constitudo pelo Tribunal segundo critrios de

    materialidade, relevncia e risco.

    Ateno! A partir da IN TCU 63/20103, o conceito de contas ordinrias mudou.

    Antes, as contas ordinrias eram prestadas anualmente, por todos os

    responsveis sujeitos jurisdio do TCU.

    Agora, o Tribunal definir anualmente, em deciso normativa, as

    unidades jurisdicionadas cujos responsveis tero processos de contas ordinrias

    constitudos para julgamento. Os responsveis pelas unidades jurisdicionadas

    no relacionadas na referida deciso normativa no tero as contas do

    respectivo exerccio julgadas pelo Tribunal, nos termos do art. 6 da

    LO/TCU, que permite ao TCU, a seu critrio, liberar os responsveis do dever de

    prestar contas.

    uma forma de o Tribunal conferir maior efetividade e qualidade ao exame

    e julgamento das contas, mediante a racionalizao e simplificao do processo,

    uma vez que o nmero de jurisdicionados do TCU muito grande. Assim, as

    unidades que devero prestar contas so escolhidas com base em critrios de

    materialidade, relevncia e risco.

    Alm das contas ordinrias, existem as tomadas de contas

    especiais, apresentadas eventualmente, isto , sempre que for

    identificado dano aos cofres pblicos. H tambm as contas

    3 A IN TCU 63/2010, que estabelece normas de organizao e de apresentao dos relatrios de gesto e das peas complementares que constituiro os processos de contas da administrao pblica federal, para julgamento do Tribunal de Contas da Unio, nos termos do art. 7 da Lei n 8.443, de 1992, revogou a IN TCU 57/2008. A IN TCU 63/2010 pode ser obtida em: https://contas.tcu.gov.br/juris/Web/Juris/ConsultarAtoNormativo/ConsultarAtoNormativo.faces

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    extraordinrias, apresentadas por ocasio da extino, liquidao,

    dissoluo, transformao, fuso, incorporao ou desestatizao de

    unidades jurisdicionadas.

    Todas as contas recebem parecer dos rgos de controle interno.

    Posteriormente so analisadas pelos AUFC para, ento, serem julgadas

    pelos rgos colegiados deliberativos do TCU.

    Atividades de fiscalizao

    A competncia para o TCU realizar atividades de fiscalizao pode ser

    encontrada de forma expressa no art. 71, IV da CF.

    Enquanto no exame das contas o TCU atua de maneira reativa,

    aguardando a apresentao das prestaes de contas pelos gestores para,

    ento, avali-las, nas atividades de fiscalizao o Tribunal vai atrs das

    informaes, onde estiverem disponveis, mediante a atuao dos seus

    AUFC.

    As atividades de fiscalizao podem originar-se da iniciativa do prprio

    Tribunal, ou por solicitao do Congresso Nacional, suas Casas ou

    Comisses do Congresso Nacional (RI/TCU, art. 1, II). Alm disso,

    podem ser resultado de representaes e denncias apresentadas pelas

    pessoas legitimadas (RI/TCU, art. 230 a 237).

    As atividades de fiscalizao do TCU so exercidas por meio dos

    seguintes instrumentos de controle ou instrumentos de fiscalizao:

    auditorias, inspees, levantamentos, acompanhamentos e

    monitoramentos (RI/TCU, art. 238 a 243).

    CONTROLE EXERCIDO EM CONJUNTO PELO CONGRESSO E PELO TCU

    Dentre as atividades de controle externo exercidas em conjunto pelo

    Congresso Nacional e pelo TCU, pode-se relacionar a sustao de

    despesas no autorizadas (CF, art. 72), a sustao de contratos (CF,

    art. 71, X e 1 e 2) e a fiscalizao de obras pblicas com indcios

    de irregularidades graves (LDO).

    No caso da sustao de despesas no autorizadas, a atuao

    conjunta se d entre o TCU, a CMO e o Congresso. A referida Comisso,

    diante de indcios de despesas no autorizadas (quaisquer despesas!),

    poder solicitar autoridade responsvel que apresente, no prazo de

    5 dias (corridos) os esclarecimentos necessrios. Caso os esclarecimentos

    no forem prestados, ou sendo estes insuficientes, a CMO solicitar

    ao TCU pronunciamento conclusivo sobre a matria, que dever ser

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    emitido no prazo de 30 dias (corridos). Entendendo o Tribunal irregular a

    despesa, a CMO, se julgar que o gasto possa causar dano irreparvel ou

    grave leso economia pblica, propor ao Congresso sua sustao.

    Quanto sustao de contratos, quando necessrio, o ato de

    competncia do Congresso Nacional, que solicitar, de imediato, ao Poder

    Executivo as medidas cabveis. Se o Congresso Nacional no decidir sobre

    a sustao e nem o Poder Executivo adotar as medidas cabveis no prazo

    de 90 dias (corridos), o Tribunal decidir a respeito da sustao, sendo-

    lhe facultado optar por sustar o contrato (LO/TCU art. 45, 2 e 3 e

    RI/TCU, art. 251, 3 e 4).

    Em relao s obras pblicas, as Leis de Diretrizes Oramentrias

    (LDO) dos ltimos anos tm trazido determinaes ao TCU para que

    informe ao Congresso Nacional e ao Poder Executivo a relao de

    empreendimentos financiados com recursos federais que apresentem

    indcios de irregularidades graves, como superfaturamento ou

    direcionamento da licitao que precedeu a contratao. A CMO

    deliberar pela continuao ou no das obras, at que a Corte de Contas

    chegue a concluses definitivas.

    Caiu na prova!

    17. (Tcnico de Controle Externo - TCU 2007 Cespe) O TCU deve auxiliar o

    Congresso Nacional no exerccio do controle externo e da fiscalizao contbil,

    financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades da

    administrao direta e indireta.

    Comentrio: A assertiva est de acordo com o art. 70, caput da CF, que

    estabelece a abrangncia do controle externo - fiscalizao contbil,

    financeira, oramentria, operacional e patrimonial da Unio e das entidades

    da administrao direta e indireta em conjunto com o art. 71, caput, que

    dispe que o controle externo ser exercido pelo Congresso Nacional com o

    auxlio do TCU.

    Gabarito: Certo

    18. (TCU AUFC 2009 Cespe) No exame das contas prestadas anualmente pelo

    presidente da Repblica, o TCU, ao verificar irregularidades graves, poder impor

    sanes ao chefe do Poder Executivo, sem prejuzo da apreciao dessas mesmas

    contas pelo Congresso Nacional.

    Comentrio: A atribuio do TCU no exame das contas prestadas pelo

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    Presidente da Repblica, consoante o art. 71, I da CF, emitir parecer prvio.

    Qualquer omisso ou falha que seja detectada pelo TCU dever ser

    comunicada ao Congresso Nacional, que, julgando conveniente, solicitar os

    esclarecimentos necessrios ao Chefe do Executivo. Portanto, no h que se

    falar na imposio de sanes por parte do TCU, nesse caso.

    Gabarito: Errado

    (TCU ACE 2008 Cespe) Com relao aos conceitos e legislao aplicveis ao

    controle externo e s instituies fiscalizadoras, julgue os itens a seguir:

    19. No mbito federal, o parecer sobre as contas do TCU de responsabilidade da

    Comisso Mista de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao, do Congresso

    Nacional.

    Comentrio: A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)4, dispe:

    Art. 56. (...)

    2 O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas ser proferido no prazo

    previsto no art. 57 pela comisso mista permanente referida no 1o do art. 166 da

    Constituio ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.

    A comisso permanente a que o dispositivo se refere a Comisso Mista

    de Planos, Oramentos Pblicos e Fiscalizao (CMO), do Congresso

    Nacional.

    Gabarito: Certo

    20. O TCU responsvel pela fiscalizao do cumprimento da obrigatoriedade de

    encaminhamento e consolidao das contas de todas as esferas da Federao.

    Comentrio: Ao TCU compete auxiliar o Poder Legislativo na fiscalizao

    do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, art. 59, caput), cujo

    art. 51 dispe sobre a consolidao das contas de todas as esferas da

    Federao pelo Poder Executivo da Unio. O assunto tambm objeto do

    RI/TCU, art. 1, XIII, e art. 258, I.

    Gabarito: Certo

    CONTROLE INTERNO

    Controle interno aquele exercido por rgo que esteja dentro da

    estrutura do ente controlado e que tenha sido criado para essa finalidade.

    Geralmente, subordina-se diretamente autoridade administrativa

    mxima do ente, a qual dispe, dessa forma, de um mecanismo de

    4 Lei Complementar 101/2000 (LRF): http://www6.senado.gov.br/sicon/index.jsp

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    avaliao para as aes desempenhadas fora da esfera de suas

    atribuies privativas.

    A Constituio Federal dispe que os Poderes Legislativo, Executivo e

    Judicirio mantero um sistema de controle interno (CF, art. 74), de

    forma integrada, cujas principais atribuies so:

    (i) apoiar o controle externo, criando condies indispensveis

    sua eficcia; e

    (ii) servir como rgo de assessoramento da autoridade

    administrativa, visando assegurar a legalidade, a eficincia e a

    eficcia da gesto.

    O apoio ao controle externo ocorre por meio da elaborao de

    parecer sobre a gesto do rgo ou entidade a que o controle interno

    esteja vinculado. Alm disso, os responsveis pelo controle interno tm o

    dever de comunicar ao TCU qualquer irregularidade ou ilegalidade de que

    tenham conhecimento, sob pena de responsabilidade solidria (CF,

    art. 74, 1). Todavia, embora o controle interno tenha o dever

    estabelecido constitucionalmente de apoiar o controle externo, no h

    relao de hierarquia entre eles, h complementaridade.

    Resumidamente, o sistema de controle interno, no mbito da Unio,

    organiza-se da seguinte forma:

    Poder Legislativo,

    Poder Judicirio,

    MPU, TCU

    Cada rgo possui seu prprio controle interno.

    Ex: uma unidade de controle interno na Cmara, uma no

    Senado; uma no STF, uma no STJ; uma no Ministrio Pblico

    Federal, uma no Ministrio Pblico Militar; uma no TCU etc.

    Poder Executivo

    rgo Central: CGU orientao normativa e superviso tcnica

    dos demais rgos;

    rgos Setoriais: Secretarias de Controle Interno (Ciset) da Casa

    Civil, da AGU, do Ministrio das Relaes Exteriores e do

    Ministrio da Defesa;

    Unidades Setoriais da Ciset do Ministrio da Defesa: unidades de

    controle interno dos comandos militares;

    Unidades de controle interno prprias das entidades da

    administrao indireta.

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    Caiu na prova!

    21. (TCU ACE 2008 - Cespe) A Controladoria-Geral da Unio exerce o controle

    externo dos rgos do Poder Executivo, sem prejuzo das atribuies do TCU.

    Comentrio: A Controladoria-Geral no rgo de controle externo,

    embora tenha a mesma denominao de um dos sistemas de controle externo

    existentes, as Controladorias-Gerais. A CGU o rgo central do sistema de

    controle do Poder Executivo, ligado Presidncia da Repblica.

    Gabarito: Errado

    Registre-se que o Conselho Nacional de Justia (CF, art. 103-B, 4)

    e o Conselho Nacional do Ministrio Pblico (CF, art. 130-A), que possuem

    no mbito de suas competncias a atribuio de controlar a atuao

    administrativa e financeira do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico,

    respectivamente, tambm no realizam controle externo.

    CONTROLE DOS RECURSOS ESTADUAIS E MUNICIPAIS

    As normas e caractersticas gerais relativas ao controle externo,

    estabelecidas nos art. 70 a 74 da Constituio Federal, so aplicveis s

    esferas estadual e municipal. Alteraes podem ocorrer, levando-se em

    considerao as especificidades estabelecidas nas constituies estaduais

    e leis orgnicas municipais, desde que no sejam incompatveis com o

    modelo estabelecido para a esfera federal (CF, art. 75).

    Cabe notar que, em seu art. 31, a Constituio trata especificamente

    da fiscalizao do Municpio. Uma peculiaridade importante: no h

    previso constitucional para sistema de controle interno do Poder

    Legislativo Municipal. O art. 31 da CF somente fala em sistema de

    controle interno do Poder Executivo Municipal. A previso de um sistema

    de controle interno para o Legislativo Municipal est na LRF (LRF, art. 59,

    caput).

    Assim, o controle externo nas esferas estaduais e municipais

    exercido pelas Assembleias Legislativas e Cmaras Municipais (no DF,

    Cmara Legislativa do Distrito Federal), com o auxlio dos Tribunais de

    Contas dos Estados, bem como dos Tribunais ou Conselhos de Contas dos

    Municpios, conforme o caso (CF, art. 75 e art. 31, 1).

    Atualmente, no Brasil, alm do TCU, existem os seguintes tribunais

    de contas:

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    - 26 tribunais de contas dos estados;

    -1 Tribunal de Contas do Distrito Federal;

    - 4 tribunais de contas dos municpios (BA, CE, GO e PA);

    - 2 tribunais de contas municipais (Rio de Janeiro de So Paulo).

    Como se percebe, todos os Estados brasileiros, assim como o Distrito

    Federal, possuem um Tribunal de Contas responsvel pelo controle

    externo dos recursos de origem estadual e distrital (TCE e TCDF).

    Quanto ao controle dos recursos de origem municipal, cabe

    diferenciar tribunais de contas dos municpios (TC dos Municpios) de

    tribunais de contas municipais (TCM). Os primeiros so rgos tcnicos

    estaduais, responsveis pelo controle externo de todos os municpios do

    Estado. Os segundos so rgos municipais que exercem o controle

    externo somente no mbito do respectivo Municpio.

    A Constituio Federal vedou a criao de novos TCM (CF, art. 31,

    4). Todavia, nada impede a criao de TC dos Municpios pelos Estados

    que ainda no os possuem. Nesse sentido j deliberou o STF. Nos Estados

    em que no h um TC dos Municpios, o rgo tcnico que auxilia as

    Cmaras Municipais no controle externo o respectivo TCE.

    Quanto composio dos TCE e TC dos Municpios (rgos

    estaduais), a Constituio Federal fixou em 7 o nmero de membros, os

    quais denominam-se Conselheiros. A Carta Magna, porm, no disps

    sobre o nmero de membros dos TCM (rgos municipais).

    Caiu na prova!

    22. (TCE RN - Assessor Tcnico Jurdico 2009 - Cespe) Se o TCE/RN, ao

    examinar as contas do prefeito de Natal, emitisse parecer prvio pela sua rejeio,

    esse parecer prevaleceria, exceto se a Assembleia Legislativa do estado, que

    responsvel pelo julgamento das referidas contas, o rejeitasse por deciso de dois

    teros de seus membros.

    Comentrio: O TCE do Estado que no possui TC dos Municpios, como

    o caso do Rio Grande do Norte, emite parecer prvio sobre as contas dos

    prefeitos. O responsvel por julg-las o Poder Legislativo Municipal, no

    caso, o correto seria a Cmara Municipal de Natal.

    Cabe registrar que a Constituio Federal estabelece que o parecer

    prvio emitido pelo rgo competente sobre as contas do Prefeito s deixar

    de prevalecer por deciso de dois teros dos membros da Cmara Municipal

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    (CF, art. 31, 2).

    Gabarito: Errado

    23. (TCE RN - Assessor Tcnico Jurdico 2009 Cespe) Se determinado

    municpio no possuir, em sua estrutura administrativa, um TC, o rgo de controle

    externo competente para julgar as contas desse municpio ser, obrigatoriamente, o

    TCE.

    Comentrio: Lembre que o TCM-RJ e o TCM-SP so os nicos rgos

    municipais de controle externo e h vedao constitucional para a criao de

    outros. Nos demais municpios, o auxlio s Cmaras Municipais no exerccio

    do controle externo cabe ao TCE ou, nos Estados da BA, CE, GO e PA, aos TC

    dos Municpios. Lembrando, ainda, que no h impedimento para que os

    demais Estados criem TC dos Municpios.

    Gabarito: Errado

    CONTROLE SOCIAL

    O controle social exercido pelo cidado diretamente ou pela

    sociedade civil organizada. O ordenamento jurdico brasileiro, a comear

    pela Constituio Federal, estabelece diversas formas de controle social,

    que pode ser exercido tanto no momento da formulao da poltica pblica

    como na fase de execuo. A seguir, alguns exemplos de aes de

    controle acessveis a qualquer cidado:

    - denunciar irregularidades aos rgos de controle externo (CF, art.

    74, 2);

    - propor ao popular que vise anular ato lesivo ao patrimnio pblico

    e moralidade administrativa (CF, art. 5, LXXIII);

    - examinar e questionar a legitimidade das contas de todas as esferas

    de governo, as quais ficaro disposio de qualquer contribuinte no

    respectivo Poder Legislativo e no rgo tcnico responsvel por sua

    elaborao (CF, art. 31, 3; LRF, art. 49);

    - conhecer e acompanhar, em tempo real, em meios eletrnicos de

    acesso pblico, informaes pormenorizadas sobre a execuo

    oramentria e financeira (LC 131/2009);

    - sugerir, criticar, reclamar ou informar a respeito de ato de gesto

    ou ato administrativo praticado por agente pblico jurisdicionado ao TCU,

    por meio da ouvidoria do Tribunal (Resoluo TCU 214/2008).

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    Caiu na prova!

    24. (TCU AUFC 2010 - Cespe) (...) redija um texto dissertativo acerca dos

    sistemas de controle na administrao pblica, em conformidade com a

    Constituio Federal de 1988. Ao elaborar seu texto, discorra sobre os mecanismos

    de controle inseridos no ordenamento constitucional, abordando, necessariamente,

    a classificao doutrinria quanto aos seguintes aspectos:

    < momento em que se realiza;

    < rgos responsveis pelo seu exerccio;

    < natureza ou tipo de controle.

    Comentrio: A partir dos elementos apresentados nesta primeira aula,

    voc j seria capaz de elaborar uma boa resposta para esta questo

    discursiva.

    Quanto ao momento em que o controle se realiza, vimos que pode ser

    prvio, concomitante ou posterior ao ato fiscalizado.

    Em relao aos responsveis pelo exerccio do controle na

    administrao pblica, vimos que a CF estabeleceu que o controle externo, a

    cargo do Congresso Nacional, ser exercido com o auxlio do TCU. A Carta

    Magna dispe que os Poderes Legislativo, Executivo e Judicirio mantero,

    de forma integrada, sistema de controle interno. Alm disso, poder-se-ia

    mencionar as diversas formas de controle social previstas na Constituio.

    No que tange natureza ou tipo de controle, vimos que, essencialmente,

    o controle se classifica em: legalidade (conformidade s normas), legitimidade

    (atendimento ao interesse pblico) e economicidade (menor preo).

    -----------------------------------------------

    Bem pessoal, por hoje s. No deixem de aproveitar o resumo que

    vem logo em seguida. No prximo encontro, estudaremos a natureza,

    funes e eficcia das decises dos Tribunais de Contas, alm de um

    assunto muito importante: a jurisdio do TCU. Alm disso, traremos mais

    uma srie de questes comentadas,

    Vejo vocs l! Bons estudos!

    ERICK ALVES

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    RESUMO DA AULA

    Controle da gesto pblica: faculdade de vigilncia, orientao e correo que um poder, rgo ou autoridade

    exerce sobre a conduta funcional do outro.

    Classificaes do controle:

    Posicionamento do rgo controlador

    Externo: exercido por um ente que no integra a mesma estrutura organizacional do rgo fiscalizado (na CF, somente o exercido pelo Legislativo).

    Interno: exercido por rgo especializa