280432 ponto dos concursos controle externo para o tcu marcio albuquerque

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ACE/TCU PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE www.pontodosconcursos.com.br 1 Com a proximidade do concurso para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, tenho recebido várias mensagens me solicitando dicas e sugestões de tema para a prova subjetiva. Oriento meus alunos que a primeira coisa que devemos fazer, quando nos preparamos para um concurso, é uma análise bem aprofundada do edital. Para o nosso concurso, a prova subjetiva será constituída de duas questões que podem conter assuntos ligados ao Direito Constitucional, ao Direito Administrativo e ao Controle Externo. Dessa forma, temos três disciplinas para duas questões. Considerando que a prova é para o cargo de Analista de Controle Externo, acredito que, pelo menos uma das questões, esteja diretamente ligada ao Controle Externo. Acho pouco provável, contudo, que a banca elabore uma questão que englobe, apenas, a disciplina Controle Externo. Como opinião pessoal é provável que a questão deva ser mesclada com conhecimentos de Direito Administrativo ou de Direito Constitucional. Dessa forma, poderíamos ter uma questão desse tipo, abordando tanto o Direito Administrativo como o Controle Externo: A partir da reforma do Aparelho do Estado, movimento que se iniciou no Brasil na primeira metade da década passada, verificamos que o Estado brasileiro realizou uma série de privatizações de suas empresas públicas e de concessões dos serviços públicos. Considerando o tema, discorra em 30 linhas acerca do papel do Tribunal de Contas da União na fiscalização da desestatização do Estado. Envolvendo Controle Externo com Direito Constitucional, poderíamos ter uma questão nos seguintes moldes: O controle de constitucionalidade,no Brasil, é uma atividade ligada intimamente ao Poder Judiciário. É sabido, contudo, que o Judiciário não é o único Poder a exercer essa atividade. Assim, considerando essa premissa, discorra, em 30 linhas, quem mais, além do Poder Judiciário, realiza controle de constitucionalidade no Brasil. Esses são apenas dois exemplos de questões que podem ser abordadas na prova. Para fazer uma boa prova subjetiva, é necessário que o aluno possua um bom conhecimento acerca do tema em questão e consiga encadear bem as suas idéias. Para tanto, sugiro que seja feito um pequeno esboço daquilo que o aluno vai falar. O esboço tem, entre outras, a finalidade de facilitar a escrita e evitar a fuga do tema. Assim, no primeiro exemplo, poderíamos fazer o seguinte esboço:

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ACE/TCU PROFESSOR MÁRCIO ALBUQUERQUE

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Com a proximidade do concurso para o cargo de Analista de Controle Externo

do Tribunal de Contas da União, tenho recebido várias mensagens me solicitando dicas

e sugestões de tema para a prova subjetiva.

Oriento meus alunos que a primeira coisa que devemos fazer, quando nos

preparamos para um concurso, é uma análise bem aprofundada do edital. Para o nosso

concurso, a prova subjetiva será constituída de duas questões que podem conter

assuntos ligados ao Direito Constitucional, ao Direito Administrativo e ao Controle

Externo. Dessa forma, temos três disciplinas para duas questões. Considerando que a

prova é para o cargo de Analista de Controle Externo, acredito que, pelo menos uma das

questões, esteja diretamente ligada ao Controle Externo. Acho pouco provável, contudo,

que a banca elabore uma questão que englobe, apenas, a disciplina Controle Externo.

Como opinião pessoal é provável que a questão deva ser mesclada com conhecimentos

de Direito Administrativo ou de Direito Constitucional.

Dessa forma, poderíamos ter uma questão desse tipo, abordando tanto o Direito

Administrativo como o Controle Externo:

A partir da reforma do Aparelho do Estado, movimento que se iniciou no Brasil

na primeira metade da década passada, verificamos que o Estado brasileiro realizou uma

série de privatizações de suas empresas públicas e de concessões dos serviços públicos.

Considerando o tema, discorra em 30 linhas acerca do papel do Tribunal de Contas da

União na fiscalização da desestatização do Estado.

Envolvendo Controle Externo com Direito Constitucional, poderíamos ter uma

questão nos seguintes moldes:

O controle de constitucionalidade,no Brasil, é uma atividade ligada intimamente

ao Poder Judiciário. É sabido, contudo, que o Judiciário não é o único Poder a exercer

essa atividade. Assim, considerando essa premissa, discorra, em 30 linhas, quem mais,

além do Poder Judiciário, realiza controle de constitucionalidade no Brasil.

Esses são apenas dois exemplos de questões que podem ser abordadas na prova.

Para fazer uma boa prova subjetiva, é necessário que o aluno possua um bom

conhecimento acerca do tema em questão e consiga encadear bem as suas idéias. Para

tanto, sugiro que seja feito um pequeno esboço daquilo que o aluno vai falar. O esboço

tem, entre outras, a finalidade de facilitar a escrita e evitar a fuga do tema.

Assim, no primeiro exemplo, poderíamos fazer o seguinte esboço:

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Introdução – 1 parágrafo para dizer o que é a reforma do Aparelho do Estado. (+

ou – 5 linhas)

Desenvolvimento – 3 parágrafos, onde deve ser abordado que a CF concedeu ao

Tribunal de Contas da União a competência de realizar a fiscalização patrimonial (art.

70 caput combinado como o art. 71, inciso IV). Informar que a CF determina que as

concessões seja precedidas de licitação e que o art. 113 da Lei 8.666\93, prevê que

qualquer licitante, pessoa física ou jurídica podem representar ao Tribunal de Contas da

União qualquer irregularidade decorrente da licitação. Além disso, devem ser tecidos

comentários acerca dos normativos legais que regem a desestatização. (+ ou – 20 linhas)

Conclusão – 1 parágrafo abordando a situação que hoje temos no Brasil, fazendo

um pequeno resumo do que foi abordado.

Com relação à forma, não acredito que a banca solicite a feitura de um parecer.

Caso isso venha a ocorrer, a questão vai ser direcionada para que o aluno se posicione

acerca de um determinado assunto. Sendo assim, o que você tem a fazer é, apenas,

defender o seu ponto de vista.

Por fim, lembre-se de utilizar frases curtas, pois, quando usamos frases muito

longas, facilmente podemos nos perder, o que faz com que seja mais comum a

ocorrência de erros de regência ou de concordância.

Desejo a todos uma boa prova!

Márcio Albuquerque

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Caros alunos,

A matéria Controle Externo é de fundamental importância para todos aqueles que

pretendem ingressar no Tribunal de Contas da União. Por ser a atividade fim do analista de

controle externo, essa disciplina representa a espinha dorsal das provas para o ingresso na

carreira. Especificamente para o próximo concurso, a banca examinadora concedeu à

matéria o maior peso entre todas as disciplinas, uma vez que serão 14 questões objetivas,

além de até duas subjetivas.

O objetivo desse curso é familiarizar os alunos com a disciplina. Percebo que, a

cada ano, o nível das questões vem aumentando, fazendo com que a simples leitura dos

normativos relacionados ao tema não sejam mais suficientes para responder todas as

questões.

Ademais, a matéria interage demasiadamente com outras disciplinas, a exemplo do

Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito Processual Civil e outras. Assim,

faz-se necessário que, de vez em quando, tenhamos que recorrer a outras áreas para uma

melhor compreensão do assunto.

Acredito que, após as 10 aulas de nosso curso, o aluno consiga adquirir

conhecimentos suficientes que o possibilitem a enfrentar as questões da prova. Tenho a

consciência de que o tempo é demasiadamente exíguo e de que a matéria é por demais

longa. Por isso, tentarei trazer para as nossas aulas o que de mais importante considero para

o concurso. Farei uma abordagem de todos os pontos de nosso edital, chamando a atenção

para as questões que mais freqüentemente vêm sendo cobradas nas provas, apresentando,

na medida em que a matéria for apresentada, questões relativas ao tema.

A seguir, apresento como demonstração parte de nossa primeira aula. Considerando,

por conseguinte, que esta é apenas uma aula de demonstração, para que os alunos possam

saber qual a matéria será tratada nesta aula 1, apresentarei no decorrer desta apresentação

quais os tópicos serão abordados na aula 1.

Boa sorte a todos e espero que, brevemente, possamos estar nos esbarrando nos

corredores do Tribunal de Contas da União.

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AULA 1: CONTROLE

1 – O QUE É O CONTROLE?

Segundo o Dicionário Aurélio Eletrônico, controle é a fiscalização exercida sobre a

atividade de pessoas, órgãos, departamento ou sobre produtos etc, para que tais atividades,

ou produtos, não se desviem das normas preestabelecidas.

Em uma abordagem bem simples, percebemos que o controle pode ser entendido

como uma fiscalização. Mas de que forma podemos realizar essa fiscalização, quais os

parâmetros utilizados para o controle?

Devemos partir do princípio que, para haver controle, precisamos possuir um padrão

de comportamento para que possamos comparar o que foi feito com o que deveria ter sido

feito. Assim sendo, antes de controlar devemos verificar qual a regra aplicável àquele caso,

para depois podermos aferir se o que foi realizado está ou não de acordo com o regramento.

Não podemos querer realizar o controle sobre algo que não sabemos se está certo ou não.

Somente após estabelecer o padrão a ser seguido, poderemos avaliar o desempenho daquilo

que foi realizado.

A partir da comparação entre o que a regra determina e o que foi realizado,

poderemos averiguar possíveis desvios e corrigi-los. A todo momento nos deparamos com

algum tipo de controle. Os pais, ao reprimirem os filhos por terem tirado nota baixa em

uma prova, estão exercendo um tipo de controle sobre seus pupilos.

É claro que não é esse tipo de controle que nos interessa nesse momento. Estamos

preocupados com o controle na Administração Pública. Devemos ter em mente que o

objetivo maior do Estado é fornecer o bem comum para os seus cidadãos. Para isso, faz-se

necessário que o Estado providencie os meios para a consecução deste objetivo. Assim

sendo, equipa-se de forma a arrecadar tributos e aplicá-los nas atividades que entender

conveniente. Teoricamente, então, todos os indivíduos devem contribuir para isso. Dessa

forma, temos que todos são responsáveis pelos recursos arrecadados, o que lhes dá um

caráter público.

Não há como o Estado fornecer aos cidadãos os serviços de que eles necessitam sem

que haja alguém responsável para administrar esses recursos que a todos pertencem, surge

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assim a figura do administrador público. Não pode, portanto, o administrador público

utilizar os recursos que lhes são confiados da forma que ele bem entender. Para evitar

situações dessa natureza, o Estado controla seus agentes para que estes possam seguir o

mais próximo possível das regras adotadas pela Administração.

Várias são as formas de controle utilizadas pela Administração Pública. É difícil

imaginar qualquer ente público funcionando sem que haja um controle hierárquico,

supervisional ou disciplinar. A despeito de considerarmos que todas as formas de controle

são importantes, no momento, devemos voltar nossas atenções para o controle da atividade

financeira do Estado, ou seja, na forma em que os recursos públicos são aplicados em prol

da comunidade.

O controle só pode ser visto como uma atividade-fim nos órgãos criados

precipuamente para exercer tal atividade. Para os demais, deve funcionar sempre em

paralelo com a administração. A função controle deve ser complementar, a fim de permitir

que sejam auferidos os aspectos de legalidade e de mérito.

Para uma excelência do controle temos que observar três elementos: a) verificação

se a conduta realizada pelo agente está em conformidade com as normas atinentes; b) desta

verificação, deve-se atribuir um juízo, ou seja, pode ter havido conformidade (positivo) ou

desconformidade com a norma (negativo); c) o controlador deve adotar ou propor uma

medida de correção.

Para tanto, cada órgão ou entidade pública deve se estruturar de forma a criar

mecanismos capazes de verificar se os responsáveis pelo gastos estão procedendo de acordo

com o que é exigido do administrador público. Acontece que, por vezes, dentro de uma

mesma estrutura, onde as pessoas trabalham juntas e formam laços de amizade, o controle

fica viciado, pois não é realizado com total independência. Em certos órgãos de pequena

estrutura, muitas vezes, a mesma pessoa que executa uma tarefa é responsável por controlá-

la.

A independência e imparcialidade necessárias para uma otimização da função

controle só é alcançada quando uma instituição independente e autônoma o executa. Com

esse objetivo, os Estados criaram os órgãos de CONTROLE EXTERNO.

A seguir, apresentamos a definição de alguns autores que distinguem os controles

interno e externo.

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O professor José Afonso da Silva trata a matéria da seguinte forma:

“A constituição estabelece que os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário,

manterão, de forma integrada, o controle interno. Trata-se de controle de natureza

administrativa, exercido sobre funcionários encarregados de executar os programas

orçamentários e da aplicação do dinheiro público, por seus superiores hierárquicos:

ministros, diretores, chefes de divisão etc. (...) O controle externo é, pois, função do Poder

Legislativo, sendo de competência do Congresso Nacional no âmbito federal, das

Assembléia Legislativas nos Estados, da Câmara Legislativa no Distrito Federal e das

Câmaras Municipais nos Municípios como o auxílio dos respectivos Tribunais de Contas.

Consiste, assim, na atuação da função fiscalizadora do povo, através de seus representantes,

sobre a administração financeira e orçamentária. É, portanto, um controle de natureza

política, no Brasil, mas sujeito à previa apreciação técnico-administrativa da Tribunal de

Contas competente, que, assim, se apresenta como órgão técnico, e suas decisões

administrativas, não jurisdicionais, como, às vezes, se sustenta, à vista da expressão “julgar

as contas”referida à sua atividade (art. 71, I)”. (José Afonso da Silva, Curso de Direito

Constitucional Positivo, 15ª Ed., pp 716 a 718, Malheiros Editores, 1998).

Já o mestre Hely Lopes Meirelles assevera que:

“O controle Interno objetiva a criação de condições indispensáveis à eficácia do

controle externo e visa a assegurar a regularidade da realização da receita e da despesa,

possibilitando o acompanhamento da execução do orçamento, dos programas de trabalho e

a avaliação dos respectivos resultados. É, na sua plenitude, um controle de legalidade,

conveniência, oportunidade e eficiência.

O controle externo visa a comprovar a probidade da Administração e a regularidade

da guarda e do emprego dos bens, valores e dinheiros público, assim como a fiel execução

do orçamento, é, por excelência, um controle político de legalidade contábil e financeira ,

o primeiro aspecto a cargo do Legislativo; o segundo, do Tribunal de Contas. (Hely Lopes

Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 25ª Ed., p 646 Malheiros Editores, 2000).

Não podemos perder de vista que, apesar de cada Poder praticar funções específicas,

cada um deles também pratica algumas funções inerentes aos outros. A despeito de a

principal função exercida pelo Poder Executivo ser a de administrar, a do Poder Legislativo

ser de legislar e a do Poder Judiciário ser a de dizer o direito no caso concreto, esses dois

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últimos também praticam atos administrativos. Assim, quando o Poder Legislativo concede

férias a seus funcionários ou o Poder Judiciário executa uma obra, estamos à frente de

típicos atos de administração. Para controlar estes atos administrativos, cada Poder possui

em sua estrutura órgãos de controle interno, os quais têm a função exclusiva de exercer o

controle dos atos inerentes ao Poder aos quais estão vinculados.

O controle externo é o órgão legitimado para controlar os atos administrativos de

todos os Poderes. Assim, quaisquer dos Poderes estão sob a sua jurisdição. Não se preocupa

o controle externo com as funções que não sejam a administrativa. Dessa forma, quando o

Poder Legislativo está efetuando a sua função precípua – legislar – está fora do alcance do

órgão de controle externo. Cumpre destacar que não é por isso que a função legislativa fica

desprovida de qualquer tipo de controle. O sistema republicano caracteriza-se pela

tripartição de Poderes, há muito defendida por Montesquieu, em que impera o festejado

sistema de freios e contrapesos.

Aprofundando o tema, podemos dizer que o controle dos gastos da Administração

Pública pode ser exercido de três formas distintas: controle social, controle interno e

controle externo.

O controle social é exercido pelo cidadão diretamente ou pela sociedade civil

organizada e se enquadra como modalidade de controle externo. Possui forte apelo no

controle das contas municipais (Art. 31, § 3º, da CF). Quando estudarmos o modelo de

controle externo no Brasil, aprofundaremos mais o assunto.

O ordenamento jurídico pátrio possibilita que o cidadão possa realizar diretamente o

controle dos atos e da gestão dos administradores públicos. Como exemplo desta

possibilidade, podemos citar as seguintes formas.

Ação Popular – meio constitucional posto à disposição de qualquer cidadão

para obter a invalidação de atos ou contratos administrativos, que sejam

ilegais e lesivos ao patrimônio público. CF, art. 5, inciso LXXII, e Lei n.º

4.717/1965.

Mandado de Segurança - meio constitucional posto à disposição de toda

pessoa física ou jurídica, órgão com capacidade processual, para a proteção

de direito líquido e certo, não amparado por hábeas corpus ou hábeas data.

CF, art. 5º, incisos LXIX e LXX, e Lei n.º 1.553/1951.

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Sufrágio universal, referendo e plebiscito – previstos em nossa Carta

Política, permitem que o cidadão seja chamado para participar diretamente

do processo político pátrio. O sufrágio universal é a forma mais popular de

controle, pois por meio dele o cidadão pode colocar e retirar aqueles que

dirigem a Administração pública.

No âmbito do Tribunal de Contas da União, temos as seguintes possibilidades de

controle social:

Denúncia – possibilidade prevista no art. 74, § 2º, da CF, bem como no art.

53 da Lei nº 8.443/1992, bem como no Regimento Interno do Tribunal de

Contas da União, art. 234.

Representação - possibilidade prevista no Regimento Interno do Tribunal de

Contas da União, art. 237.

Queixa à Ouvidoria do Tribunal – instrumento recentemente criado no

âmbito do Tribunal de Contas da União que permite que o cidadão por meio

de ligação para telefone 0800 possa levar ao conhecimento da Corte

impropriedades ocorridas no âmbito da Administração Pública.

OBS. Quando estudarmos os processos do Tribunal de Contas da Uni trataremos

detalhadamente sobre denúncias e representações, apresentando as diferença e

semelhanças entre elas.

Quanto ao controle interno, apesar de já o termos definido anteriormente, acredito

pertinente diferenciá-lo da autotutela administrativa, que é ação da autoridade

administrativa sobre seus próprios atos e dos seus subordinados. A possibilidade que a

administração tem de anular seus próprios atos quando eivados de ilegalidade ou de revogá-

los em prol do interesse público consiste na autotutela da administração.

Exemplificando: quando o ordenador de despesa de um batalhão de infantaria do

Exército Brasileiro anula uma licitação por tê-la considerada ilegal, ele está se utilizando da

autotutela da administração. Nesse caso, pode nem ter havido a participação do controle

interno para a referida anulação.

Já o controle interno consiste, conforme já apresentado, na ação realizada por órgão

com essa atribuição, integrante da estrutura administrativa.

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No exemplo acima apresentado não competiria ao Controle Interno do Ministério da

Defesa realizar a anulação do ato.

Quanto ao controle externo, pertinente acrescentar alguns aspectos.

O controle externo é aquele que é praticado por outro agente ou órgão que não

integra a estrutura organizacional controlada. Nas palavras do Professor Jorge Ulisses

Jacoby Fernandes, o sistema de controle externo pode ser conceituado como conjunto de

ações de controle desenvolvidas por uma estrutura organizacional, com procedimentos

atividades e recursos próprios, não integrados na estrutura controlada, visando fiscalização,

verificação e correção de atos.

Assim sendo, no Brasil não é somente o Tribunal de Contas da União que realiza

este tipo de controle. Como será visto em aula futura, na realidade, a função de controle

externo é exercido pelo Congresso Nacional, com auxílio do Tribunal de Contas da União.

Com efeito, temos que qualquer órgão que não tenha praticado o ato e que venha a

controlá-lo estará realizando um controle externo.

No ordenamento pátrio, especial atenção devemos dar ao Poder Judiciário, pois a

esse Poder é facultado anular atos administrativos eivados de ilegalidade. Ora se não foi o

Poder Judiciário que praticou o ato e é ele que o está anulando, resta claro que está fazendo

um controle externo do ato adminsitrativo.

JÁ FOI PERGUNTADO:

Na prova de 2004 para o cargo de ACE, o Cespe abordou o assunto da seguinte

forma:

“Considerando controle externo como aquele realizado por órgão não-pertencente à

estrutura do produtor do ato a ser controlado, é correto afirmar que, no Brasil, o TCU não é

o único componente do poder público encarregado daquela modalidade de controle.”

Pelos fatos acima narrados, o item está correto.

2 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO CONTROLE

Agora que já temos alguma noção do que seja o controle, vamos verificar quais os

princípios que o regem:

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2.1 - PRINCÍPIO DA SEGREGAÇÃO DAS FUNÇÕES

Segundo este princípio, na estruturação dos órgãos, deve a função de controle

separar-se das demais, como contabilidade, licitação, jurídica etc. Assim, aquele que exerce

o controle não deve fazer nenhuma outra função administrativa, sob pena de não realizar o

controle com eficiência.

Com efeito, o controle deve estar definido na estrutura orgânica com identidade

própria.

Exemplificando, o responsável por montar um edital de licitação não pode ser o

mesmo que vai verificar se a dita licitação atendeu ou não os requisitos legais para a

espécie.

Desse princípio vem o brocardo: quem executa não controla e que controla não

executa.

2.2 - PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA TÉCNICO-FUNCIONAL

No desempenho de suas funções, os agentes de controle devem ter independência

funcional para proceder às verificações, analisar documentos, colher provas, bem como

emitir o resultado de suas análises.

Este princípio pode ser notado tanto na Lei Orgânica do Tribunal de Contas da

União, como no seu Regimento Interno, nos seguintes artigos:

“Art. 3º No exercício de sua competência, o Tribunal terá irrestrito acesso a todas

as fontes de informações disponíveis em órgãos e entidades da administração pública

federal, mesmo a sistemas eletrônicos de processamento de dados.” (Regimento Interno)

Atenção!!! Fiz questão de sublinhar as palavras acima, porque temos, no momento

da prova, medo de marcar as alternativas que contenham as palavras mesmo, nunca,

sempre, todas, entre outras. Contudo, por vezes, como no caso ora abordado, estas palavras

constam no próprio normativo que disciplina a matéria. Portanto, atenção com este artigo.

“Art. 87. Ao servidor a que se refere o artigo anterior, quando credenciado pelo

Presidente do Tribunal ou, por delegação deste, pelos dirigentes das unidades técnicas da

secretaria do Tribunal, para desempenhar funções de auditoria, de inspeções e diligências

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expressamente determinadas pelo Tribunal ou por sua Presidência, são asseguradas as

seguintes prerrogativas:

I - livre ingresso em órgãos e entidades sujeitos à jurisdição do Tribunal de Contas da

União;

II - acesso a todos os documentos e informações necessários à realização de seu

trabalho;

III - competência para requerer, nos termos do regimento interno, aos responsáveis

pelos órgãos e entidades objeto de inspeções, auditorias e diligências, as informações e

documentos necessários para instrução de processos e relatórios de cujo exame esteja

expressamente encarregado por sua chefia imediata.” (Lei Orgânica)

2.3 – PRINCÍPIO DA RELAÇÃO CUSTO/BENEFÍCIO

O custo do controle não pode exceder os benefícios que dele decorram, ou causaria

o descontrole.

Por esse princípio não faria sentido o Tribunal de Contas da União planejar uma

fiscalização que custaria aos cofres da União R$ 20.00,00, para uma obra que foi orçada em

R$ 15.000,00.

Tanto a Lei Orgânica como Regimento Interno também trazem este princípio

positivado nos seguintes artigos:

“Art. 93. A título de racionalização administrativa e economia processual, e com o

objetivo de evitar que o custo da cobrança seja superior ao valor do ressarcimento, o

Tribunal poderá determinar, desde logo, o arquivamento do processo, sem cancelamento do

débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor, para que lhe possa ser dada

quitação.” (Lei Orgânica)

“Art. 199. A tomada de contas especial prevista no caput e no § 1º do art. 197 será,

desde logo, encaminhada ao Tribunal para julgamento, se o dano ao erário for de valor

igual ou superior à quantia fixada em cada ano civil, até a última sessão ordinária do

Plenário, para vigorar no exercício subseqüente.” (Regimento Interno)

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Este artigo apresenta o famoso valor de alçada praticado no âmbito do Tribunal.

Assim, caso haja qualquer dano cujo valor seja menor do que R$ 21.000,00 (este valor

corresponde ao valor de alçada praticado no ano de 2005), não precisa o órgão responsável

pela tomada de contas especial enviá-las imediatamente ao Tribunal, podendo fazê-lo

quando do envio das contas anuais. Em aula futura, este tópico será abordado com maior

profundidade.

Este tópico pode ser abordado na prova da seguinte forma:

Um dos princípios do controle é a busca da relação custo/benefício. Por este

princípio entende-se que os benefícios advindos do controle devem ser menor do que o seu

custo. Dessa forma, não seria razoável supor que o órgão de controle mobilize uma equipe

de auditoria para fiscalizar um contrato de compra de pão com um custo para o Estado de

quinhentos reais. A despeito de esse princípio ser seguido no âmbito do Tribunal de Contas

da União, não há dispositivo positivado a esse respeito.

No exemplo acima, a questão estaria incorreta, pois, como vimos, há previsão tanto

no Regimento Interno como na LOTCU para o assunto.

2.4 – PRINCÍPIO DA QUALIFICAÇÃO ADEQUADA

Os agentes de controle devem ter conhecimentos necessários e suficientes para o

desempenho da função, pois não se pode conceber que aqueles que tenham por função

controlar tenham menor qualificação que o controlado.

Por esse motivo, o Tribunal de Contas da União constantemente promove cursos de

especialização e qualificação para os seus analistas de controle externo.

2.5 – PRINCÍPIO DA ADERÊNCIA A DIRETRIZES E NORMAS

A ação dos agentes de controle deve ser feita por meio do fiel cumprimento das

diretrizes de política pública e do acatamento de leis e normas em geral.

Exemplificando:

O ACE não pode exigir aquilo que não está na norma. Assim, caso esteja ocorrendo

uma fiscalização em uma unidade gestora localizada na cidade de São Paulo, não pode o

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analista exigir que o gestor, ao fazer uma licitação na modalidade convite, chame 5

licitantes para participar do certame, sob a alegação de que a cidade de São Paulo é muito

grande e que, com certeza, há no mercado mais de 3 interessados em oferecer o bem para a

administração. Caso agisse dessa maneira, estaria ferindo a Lei de Licitações e Contratos.

3 – TIPOS DE CONTROLE

O caput do art. 70 da Constituição Federal nos apresenta 3 tipos de controle:

legalidade, legitimidade e economicidade.

O controle de legalidade baseia-se apenas no que está positivado, ou seja, leis,

regimentos, portarias etc. Entenda-se, portanto, como legalidade lato sensu. Quando

adotamos este controle, estamos apenas verificando se o ato produzido guarda ou não

consonância com algum dispositivo legal. Consiste em uma forma pouco eficiente de

controle.

Já no controle de legitimidade, pretende-se verificar se o ato administrativo atendeu

aos princípios e fins da norma jurídica. Nesse tipo de controle, o que interessa é averiguar

se a despesa pública foi direcionada ao bem comum. Comparativamente ao controle de

legalidade, este controle mostra-se mais eficiente.

Assim, quando se busca a legitimidade não se verifica apenas se a lei foi cumprida,

pretende-se verificar se o bem comum foi atingido. Dessa forma, mesmo que todos os

normativos legais para o gasto público sejam observados, não será legítima uma compra de

geladeira para um esquimó. Assim, nesse tolo exemplo, poderíamos ter um ato legal, mas

ilegítimo.

A economicidade consiste na relação entre o custo e o benefício. Nem tudo que é de

custo reduzido atende bem à coletividade. No âmbito da administração pública, por vezes,

por ter que comprar o produto mais barato, a fim de respeitar os ditames da Lei 8.666/1993,

o gestor compra certos produtos de pouca ou de nenhuma utilidade. Lembro-me que há

pouco tempo tive notícia de que certo órgão adquiriu canetas que não escreviam mais do

que meia dúzia de palavras. Considero que esta compra não tenha atingido ao princípio da

economicidade.

Cumpre ressaltar que a legitimidade e a economicidade estão ligadas ao MÉRITO

do ato.

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JÁ FOI PERGUNTADO!!!

Na prova de 2004 para o cargo de ACE, o Cespe abordou o assunto da seguinte

forma:

Nos termos da Constituição da República, pode o TCU, em certos casos, apreciar

elementos de discricionariedade envolvidos nos atos da administração pública e aspectos

ligados à gestão das respectivas entidades e ao desempenho das funções destas; não precisa

sempre ater-se unicamente à conformidade desses atos com as normas jurídicas aplicáveis,

sob o prisma da legalidade.

Pelos motivos acima expostos, percebemos que a questão está correta. Contudo,

quando formos estudar o Controle Externo na Constituição Federal, o tema será um pouco

mais aprofundado.

4 – MOMENTO DO EXERCÍCIO DO CONTROLE

Quanto ao momento, o controle pode ser dividido em prévio (ou preventivo),

concomitante (ou pari passu) e posterior (ou posteriori).

O controle prévio é aquele que é exercido antes de o ato adentrar ao mundo jurídico.

Assim, para que o ato se aperfeiçoe, faz-se necessário que o órgão controlador verifique a

sua legalidade. No nosso ordenamento jurídico, não mais encontramos o controle prévio na

acepção de conceder eficácia ao ato administrativo.

A Constituição Federal de 1946 previa, em seu art. 77, § 1º, que os contratos que,

por qualquer modo, interessassem à receita ou à despesa só se reputariam perfeitos depois

de registrados pelo Tribunal de Contas. A recusa do registro suspendia a execução do

contrato até que o Congresso Nacional se pronunciasse. Esse dispositivo não encontrou

guarida nem na Constituição de 1967 nem na atual Carta Política.

Nada obstante, ainda existe a possibilidade de o Tribunal de Contas da União, em

certos casos, realizar o controle de ato administrativo antes de o ato entrar no mundo

jurídico. Entretanto, deve ficar claro que, mesmo que isso venha a ocorrer, o controle do ato

não é condicionante para a sua eficácia.

Atualmente, a Instrução Normativa n.º 27/TCU, de 02/12/1998, ao tratar da forma

como o Tribunal vai atuar em processos de desestatização, prevê que a entidade

responsável pela licitação deve encaminhar o edital para verificação do Tribunal de Contas

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da União. Apesar de entender que estamos à frente de uma espécie de controle que está a

ocorrer antes de o ato entrar para o mundo jurídico, enxergo que não se trata de controle

prévio nos termos da Constituição de 1946. Chego a esta conclusão por entender que a falta

de apreciação do Tribunal ou uma apreciação a destempo não impedirá que o ato se

aperfeiçoe.

Questões quanto ao momento do controle já freqüentaram demasiadamente as

provas de concurso. Atualmente, verifico que os examinadores não estão mais dispostos a

cobrar este tema. Contudo, a título de exemplo, apresento a seguinte questão:

(TCE - RN /ESAF /2000) O controle externo da Administração Pública Federal,

especificamente no que concerne à fiscalização contábil, financeira e orçamentária, é

também exercido pelo Tribunal de Contas da União, ao qual, neste contexto, compete:

d) apreciar, para fim de registro prévio, os contratos administrativos; (falso)

Deixando de lado o controle prévio, passaremos a estudar o controle concomitante.

Essa forma de fiscalização caracteriza-se pelo controle ser efetuado ao mesmo momento em

que o ato está sendo praticado. Atualmente, o Regimento Interno do Tribunal apresenta em

seu art. 241 uma forma de controle concomitante, refiro-me ao instrumento de fiscalização

chamado acompanhamento. Para maior clareza do assunto, considero pertinente transcrever

o mencionado artigo.

“Art. 241. Acompanhamento é o instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para: I – examinar, ao longo de um período predeterminado, a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro, orçamentário e patrimonial; e II – avaliar, ao longo de um período predeterminado, o desempenho dos órgãos e entidades jurisdicionadas, assim como dos sistemas, programas, projetos e atividades governamentais, quanto aos aspectos de economicidade, eficiência e eficácia dos atos praticados.”

Passemos, agora, para o controle posterior. Essa é a forma mais utilizada no

controle dos gastos públicos. Não há como o Tribunal fiscalizar todos os atos

administrativos na medida em que são praticados. Para que isso fosse possível, seria

necessário que o corpo técnico do Tribunal de Contas da União fosse dotado de milhares de

analistas. Assim sendo, o mais corriqueiro é a apreciação do ato após ele já ter sido

plenamente executado.

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5 – SISTEMAS DE CONTROLE EXTERNO

Na obra do professor Eduardo Lobo Botelho Gualazzi1, encontramos seis tipos, ou

modelos espécies de controle externo ou parlamentar. Para se determinar qual o tipo, o

eminente professor aponta alguns critérios preponderantes, a saber: a) grau de

independência do órgão de controle em relação ao Poder político (Parlamento ou Governo);

b) a composição estrutural do órgão; c) a amplitude das competências; d) a titularidade

eventual de funções jurisdicionais.

Os sistemas apresentados na citada obra são:

“1º) ANGLO-SAXÔNICO – difundido na Grã-Bretanha, nos Estados Unidos da

América, na República da Irlanda, em Israel e em outros Estados anglófonos da África e da

Ásia – é formado por um órgão monocrático (controlador geral, revisor), designado pelo

Parlamento e perante este responsável, coadjuvado em suas funções por um ofício revisonal

(hierarquicamente subordinado ao controlador geral);

2º) LATINO – adotado na Itália, França, Espanha, Bélgica, Romênia e por vários

Estados da África francófona – constitui-se de um órgão colegial, a que se atribuem

funções de controle (geralmente limitadas à legitimidade) e funções jurisdicionais, cabendo

a impulsão processual a um Procurador-Geral;

3º) GERMÂNICO – típico da Alemanha e da Áustria – com estrutura colegiada,

articula-se em ofícios, com pessoal revestido de garantias de independência judiciária;

porém exerce somente atribuições de controle, a que se acrescentam algumas de natureza

consultiva, em relação ao Parlamento e ao Governo;

4º) ESCANDINAVO – difundido nos países nórdicos da Europa – suas

competências são repartidas institucionalmente entre uma série de órgãos, entre os quais os

revisores parlamentares (nomeados em cada nova legislatura, em número aproximado de

cinco, com funções de controle sobre a execução do orçamento e sobre cada problema

levantado pelo Parlamento, em tal assunto) e o ofício de revisão (especificamente

competente para verificar a eficácia da atividade administrativa e para sugerir as

providências mais oportunas que se manifestem como imprescindíveis); na Suécia, a

1 Gualazzi, Eduardo Lobo Botelho, Ed. Revista dos Tribunais, São Paulo, !992

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atividade de controle sobre as finanças é parcialmente confiada ao Ombudsman; na

Dinamarca, opera um órgão colegial de coordenação e coligação entre os revisores

parlamentares e o ofício de revisão, para lograr-se rapidez e eficácia máximas no controle;

5º) LATINO-AMERICANO – difundido em toda a América Latina – as funções de

controle são exercidas por dois órgãos, distintos, Controladoria Geral e Tribunais de

Contas; em alguns Estados, como no Chile, Colômbia e Venezuela, falta o Tribunal de

Contas, ao passo que, no Brasil, inexiste a Controladoria Geral, motivo por que os

Tribunais de Contas do Brasil justificadamente assumem extrema relevância, no controle

legislativo ou parlamentar;

6º) SOCIALISTA - próprio dos ordenamentos jurídicos unipartidários e

centralizadores – nos Estados em que é adotado, observa-se a presença de um ofício de

controle, inserido na Administração Pública, cuja atividade limita-se a funcionar como

simples apoio às competências financeiras do órgão legislativo”.

A despeito da apresentação trazida pelo ilustre professor, em suma, podemos

perceber que, basicamente, nos Estados modernos, existem dois sistemas de controle da

Administração Pública: Tribunais e Controladorias.

Os TRIBUNAIS DE CONTAS são órgãos colegiados, ou seja, são compostos por

diversos membros. Assim sendo, as suas decisões, normalmente, são tomadas em conjunto,

precisa-se de uma maioria de vontades. Os membros que compõem a Corte no mais das

vezes são indicados pelo Parlamento e com mandato limitado (mais adiante veremos as

características do sistema brasileiro). Na maioria dos países que adotam este sistema, a

Corte de Contas é órgão autônomo, de natureza administrativa e auxilia o Poder Legislativo

na função de Controle Externo. Não obstante, encontramos em alguns países (normalmente

os africanos) ligados ao Poder Executivo e em outros (Portugal, Grécia e Angola) ligados

ao Poder Judiciário.

As CONTROLADORIAS são órgãos monocráticos e sofrem grande influência

anglo-saxônica. O controlador Geral exerce suas atividades em grande parceria com o

Parlamento, possuindo, normalmente, mandato limitado, mas de longa duração. Em geral as

Controladorias não possuem poder sancionador, funcionando mais como órgão consultivo

do Parlamento. Ao apurar irregularidades em suas fiscalizações e auditorias, recomendam

ao Poder Legislativo as ações que devem ser adotadas.

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Para uma otimização das ações de controle, as Entidades Fiscalizadoras Superiores

(Tribunais de Contas e Controladorias) vêm formando blocos com objetivo de trocar

experiências e conhecimentos nas áreas correlatas com suas atividades, tais como

fiscalizações e auditorias.

No início da década de 50, foi criada a International Organization of Supreme Audit

Institutions – INTOSAI, organização internacional reconhecida pelas nações unidas, a que

aderem instituições superiores de controle externo de mais de cento e quarenta países.

A finalidade precípua da INTOSAI é favorecer o intercâmbio de atividades ligadas à

área do controle das finanças públicas, mediante congressos internacionais, seminários,

grupos regionais de estudo entre outras atividades. A organização tem sede junto à Corte de

Contas da Áustria e os idiomas oficiais são inglês, francês, espanhol e alemão.

Blocos regionais de Entidades Fiscalizadoras Superiores também foram criados com

o mesmo objetivo, dos quais destacamos:

AFROSAI – the African Organization of Supreme Audit Instituitions

ARABOSAI – the Arab Organization of Supreme Audit Instituitions

ASOSAI – the Asian Organization of Supreme Audit Instituitions

CAROSAI – the Caribbean Organization of Supreme Audit Instituitions

EUROSAI – the European Organization of Supreme Audit Instituitions

SPASAI – the South Pacific Organization of Supreme Audit Instituitions

OLACEFS – the Latin American and Caribbean Organization of Supreme Audit

Instituitions

Por ser o Tribunal de Contas da União integrante da OLACEFS, consideramos

pertinente tecer breves comentários acerca desta organização.

A OLACEFS, organismo autônomo, independente e apolítico, reúne entidades

fiscalizadoras da América Latina e do Caribe e busca, por intermédio do intercâmbio de

experiências, tecnologias e idéias, o aperfeiçoamento dos conceitos e procedimentos de

controle governamental. Atualmente a organização conta com 20 países membros.

JÁ FOI PERGUNTADO

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Na prova para o cargo de analista de controle externo realizada no ano de 2004

apareceu a seguinte questão:

Os sistemas internacionais de controle externo têm em comum a circunstância de

que o órgão de controle é invariavelmente colegiado e ligado ao Poder Legislativo.

Como visto, a resposta é falso. No sistema de Controladorias temos órgãos

monocráticos. Além disso, verificamos que existem vários países que incluem seus órgãos

de controle externo em outros Poderes.

Ainda sobre Entidades Fiscalizadoras alienígenas, acreditamos ser interessante

trazer alguns comentários sobre o Tribunal de Contas Europeu.

O Tribunal de Contas Europeu controla a totalidade das receitas e despesas da

União e verifica se o orçamento da UE foi bem gerido. O Tribunal foi criado em 1977.

O Tribunal é composto por 15 membros, um de cada país da UE, nomeados pelo

Conselho por um período renovável de seis anos. Após o alargamento da UE, continuará a

existir um membro por país, mas, a fim de assegurar o bom funcionamento da instituição, o

Tribunal pode criar “secções” (compostas por um número restrito de membros) para a

adoção de certos tipos de relatórios ou pareceres.

Os membros do Tribunal devem ser pessoas que, nos seus países de origem, tenham

exercido funções em instituições de fiscalização externa ou possuam qualificações

específicas para essa função. A sua escolha é feita em função da sua competência e

independência. Trabalham exclusivamente para o Tribunal de Contas.

Os membros designam entre si o Presidente do Tribunal de Contas por um período

de três anos.

A principal missão do Tribunal é verificar a boa execução do orçamento da UE - ou

seja, examinar a legalidade e a regularidade das despesas e receitas e garantir a boa gestão

financeira. O Tribunal de Contas tenta garantir, deste modo, que o orçamento da UE seja

gerido de forma eficaz e transparente.

O trabalho de fiscalização do Tribunal é feito com base em documentos

provenientes de qualquer organismo que efetue a gestão de receitas ou despesas em nome

da UE. Se necessário, os auditores procedem a controles nas instalações desses organismos.

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Os resultados das auditorias são apresentados por escrito sob a forma de relatórios que

chamam a atenção da Comissão e dos Estados membros para eventuais problemas.

Uma das funções mais importantes do Tribunal é assistir a autoridade orçamental (o

Parlamento Europeu e o Conselho) apresentando-lhes um relatório anual sobre o exercício

financeiro precedente. As observações constantes do relatório anual desempenham um

papel muito importante na decisão do Parlamento aprovar ou não a execução do orçamento

por parte da Comissão.

O Tribunal de Contas trabalha com independência e decide livremente sobre a

organização e o calendário das suas auditorias, sobre a forma e o momento em que deve

apresentar as suas observações, bem como sobre a publicidade a dar aos seus relatórios e

pareceres.

O Tribunal de Contas não dispõe de poder jurisdicional próprio. Quando os

auditores detectam fraudes ou irregularidades, enviam as informações recolhidas o mais

rapidamente possível aos órgãos da UE competentes para que lhes seja dado o seguimento

adequado.

Caros alunos, nesse nosso primeiro encontro, verificamos o que é o controle, dando

especial ênfase na forma como ele é tratado na Administração Pública. Agora, já temos

condição de diferenciar o controle externo do controle interno. Foi verificado que não é só

o Tribunal de Contas da União que realiza o controle externo da Administração Pública.

Ainda tivemos a oportunidade de estudar os princípios que regem o controle: da

segregação das funções, da independência técnico-funcional, da relação custo/benefício, da

qualificação adequada e da aderência a diretrizes e normas.

Em seguida, verificamos os tipos de controle, oportunidade em que foi demonstrado

que, adotando a classificação prevista no caput do art. 70 da CF, temos os controles de

legalidade, legitimidade e economicidade.

Passamos então para o momento do exercício do controle: prévio, concomitante e

posterior. Lembrando que não mais existe no ordenamento pátrio a necessidade de se

registrar contrato administrativo para lhe dar eficácia.

Por fim, tivemos a oportunidade de conhecermos os Sistemas de Controle Externo.

Nesse momento verificamos que, tradicionalmente, podemos dividir o Sistema em

Tribunais de Contas e Controladorias.

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Assim, terminamos a nossa primeira aula. Espero que os estudos continuem sendo

priorizados.

Até breve!

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AULA 2: O MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

Prosseguindo o nosso curso, apresento a vocês a nossa segunda aula. Nesse

encontro teremos a oportunidade de verificar como nasceu o Tribunal de Contas da União,

como foi o seu desenvolvimento ao longo da história, bem como trataremos do sistema de

controle externo pátrio.

1 – O MODELO DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

O controle externo no Brasil nos modelos que nós temos hoje se iniciou logo após a

proclamação da República. No período colonial, apesar de algumas tentativas para a criação

de um órgão de controle da despesa pública, o mais próximo que se conseguiu alcançar foi

a criação do ERÁRIO RÉGIO, o qual tinha como principal atribuição fiscalizar a

arrecadação da receita. Logo após a proclamação da independência, o ERÁRIO RÉGIO foi

transformado no Tesouro pela Constituição monárquica de 1824, oportunidade em que

foram previstos os primeiros orçamentos e balanços gerais.

Na época do Império, tentou-se criar um Tribunal de Contas nos moldes que

conhecemos hoje. Em 23 de junho de 1826, com a iniciativa de Felisberto Caldeira Brandt,

Visconde de Barbacena, e de José Inácio Borges, foi apresentado no Senado do Império

projeto de lei nesse sentido. Entretanto, a nobre iniciativa não conseguiu, durante todo o

período imperial, sair do papel.

Somente com a Proclamação da República, a idéia, graças ao pensamento reformista

que figurava na época, pode se concretizar. Assim, por meio do Decreto 966-A, de

iniciativa do então Ministro da Fazenda Rui Barbosa, foi criado o Tribunal de Contas da

União. Já naquela época, o Tribunal baseava-se nos princípios da autonomia, fiscalização,

julgamento e vigilância.

A primeira constituição republicana concedeu status constitucional ao Tribunal de

Contas da União, apesar de tê-lo colocado nas Disposições Gerais e Transitórias, art. 89

daquela Carta.

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A instalação do Tribunal, entretanto, só ocorreu em 17 de janeiro de 1893, graças ao

empenho do Ministro da Fazenda do governo de Floriano Peixoto, Serzedello Corrêa.

Originariamente o Tribunal teve competência para exame, revisão e julgamento de

todas as operações relacionadas com a receita e a despesa da União. A fiscalização se fazia

pelo sistema de registro prévio. A Constituição de 1891, institucionalizou o Tribunal e

conferiu-lhe competências para liquidar as contas da receita e da despesa e verificar a sua

legalidade antes de serem prestadas ao Congresso Nacional.

Na Constituição de 1934, ao Tribunal de Contas da União foi reservada uma Seção,

dentro do Capítulo Dos Órgãos de Cooperação nas Atividades Governamentais. Assim,

percebe-se que o Tribunal ganhou uma maior relevância, na medida em que a Carta Política

concedeu-lhe um capítulo próprio. Foi, também, a primeira vez que a Constituição

apresentou competências específicas para o Tribunal de Contas da União. No art. 101, foi

positivado o controle prévio dos contratos administrativos e, no 102, havia expressa

disposição para o Tribunal emitir parecer prévio sobre as contas do Presidente da

República.

A Constituição seguinte, a de 1937, pouco falou acerca dos Tribunais de Contas,

apenas um artigo, deixando a sua regulamentação para os normativos infraconstitucionais

(Art. 114, § ÚNICO).

Importante anotar que a maioria dos doutrinadores considera que a Carta de 1937

colocou o TCU na esfera do Poder Judiciário.

A Constituição democrática de 1946, em seu art. 22, trouxe, pela primeira vez, a

expressão “com auxílio do Tribunal de Contas”. Quis aquela Carta Política deixar claro que

o responsável pelo Controle Externo, no âmbito federal, era o Congresso Nacional, que

seria exercido com o auxílio do TCU. A Carta de 1946 apresentava como competência da

Corte de Contas o julgamento da legalidade das concessões iniciais de aposentadoria,

reforma e pensões, bem como o julgamento das contas dos responsáveis por dinheiros e

outros bens públicos.

A carta de 1967 apresentou-se em moldes muito semelhante ao da atual

Constituição Federal. Essa Constituição acabou com a necessidade do controle prévio dos

contratos administrativos.

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Com relação à evolução histórica do Tribunal de Contas da União, não acredito que

a banca possa fazer perguntas sobre a competência do TCU em determinada época. Trago

essas informações acerca de sua evolução, para mostrar que não foi a Carta Política de 88

que criou o TCU. Abstraio desse tópico, como informação essencial, o fato de que a

competência do Tribunal para emitir parecer prévio nas contas do Presidente da República

remonta ao ano de 1934 e o fato de que o TCU já figurou na esfera do Poder Judiciário –

Carta de 1937. Importante também salientar que a Constituição de 1967 retirou a

competência da Corte de Contas de fazer o controle prévio dos contratos administrativos, a

fim de lhes conceder eficácia.

2 – O SISTEMA DE CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

Como mencionado em nossa primeira aula, o Brasil adotou o Sistema de Tribunais

de Contas. Esse sistema é organizado da seguinte maneira:

1 Tribunal de Contas da União, com sede no Distrito Federal e representação em

todas as Unidades da Federação;

26 Tribunais de Contas Estaduais – 1 em cada Unidade da Federação;

4 Tribunais de Contas dos Municípios – localizados nos Estados da Bahia, Ceará,

Amazonas e Goiás; e

2 Tribunais de Contas Municipais – localizados nos Municípios de São Paulo e Rio

de Janeiro.

De início, é importante termos em mente que cada Tribunal de Contas possui suas

próprias competências, não existindo em nosso Sistema a possibilidade de uma Corte ser a

revisora de outra. Dessa forma, caso algum responsável seja condenado no âmbito de

algum Tribunal de Contas Estadual, ele não poderá recorrer desta condenação ao Tribunal

de Contas da União.

Então, como saberemos qual a Corte de Contas deve atuar em cada caso? É simples!

A regra geral é: o responsável pela fiscalização é o dono do recurso. Assim, caso esteja

sendo gasto um recurso da esfera federal, o Tribunal que irá atuar será o Tribunal de Contas

da União. Caso o recurso em questão seja do Governo do Estado do Rio Grande do Norte, o

TCE do RN será o responsável pela fiscalização.

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Agora que já sabemos como funciona a regra geral, vamos passar para as

especificidades.

De vez em quando, presenciamos na impressa notícias no sentido de que o Tribunal

de Contas da União condenou determinado prefeito municipal a restituir alguma verba mal

aplicada no âmbito do município. Será que isso é possível ou é alguma informação truncada

que nos é passada?

Realmente, isso é possível. Como anteriormente comentado, a regra geral diz que o

responsável pela fiscalização é o dono do dinheiro que foi gasto. Acontece que existe a

possibilidade de um ente da federação repassar a outro ente da federação recursos, de forma

voluntária, para que seja realizada alguma atividade de interesse recíproco, são as chamadas

transferências voluntárias, que estão previstas, dentre outros dispositivos, no art. 25 da Lei

Complementar 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. Cumpre acrescentar que as

transferências voluntárias são instrumentalizadas por meio de convênios, ajustes ou outros

instrumentos congêneres.

Assim, como foi a União que repassou voluntariamente recursos para o município,

nada mais justo que a União fiscalize a aplicação desses recursos. Como exemplo, podemos

citar a seguinte situação hipotética:

Com intuito de diminuir o problema do analfabetismo infantil, a União repassa,

VOLUNTARIAMENTE, a determinado município R$ 300.000, 00, para que o município

construa uma escola. Percebemos que tanto a União como o município têm como objetivo a

construção da escola e que o repasse da verba não está vinculado a nenhuma transferência

de recursos determinada pela CF ou por alguma Lei. (Em momento oportuno, vamos

verificar quem será o responsável pela fiscalização quando os recursos envolvidos se

referirem a transferências vinculadas a determinações legal ou constitucional).

Nesse sentido, podemos chegar a seguinte conclusão: o Tribunal de Contas da

União fiscaliza a aplicação dos recursos federais, sejam eles gastos diretamente ou por meio

de transferências voluntárias.

No âmbito estadual, o responsável pela fiscalização dos recursos é o Tribunal de

Contas Estadual. Contudo, incumbe, ainda, via de regra, aos TCE’s a fiscalização dos

recursos gastos pelos municípios. Como verificado no início deste tópico, somente em

quatro estados existe a figura dos Tribunais de Contas dos Municípios e, em apenas dois,

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existe o Tribunal de Contas Municipal. Assim, para preencher esta lacuna, compete ao

TCE’s fazer a fiscalização dos recursos gastos pelos municípios.

Dessa forma, com exceção dos estados que possuam Tribunais de Contas dos

Municípios, competirá ao TCE local a fiscalização tanto do dinheiro gasto no âmbito da

administração estadual como no âmbito municipal.

Exemplificando, compete ao Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina a

fiscalização dos recursos gastos com a despesa da Secretaria de Estado de Educação, com o

Tribunal de Justiça do Estado, entre outros. Compete, ainda, fiscalizar as despesas de todos

os municípios do Estado.

Já nos Estados que tenham Tribunais de Contas dos Municípios (TCDM), ao

Tribunal de Contas Estadual competirá fiscalizar apenas as despesas que tenham sido

efetuadas no âmbito estadual, ficando para o Tribunal de Contas do Município a

fiscalização dos recursos gastos no âmbito de todos os municípios. Assim, no estado de

Goiás, competirá ao TCDM a fiscalização dos municípios de Anápolis, Luziânia, Goiânia

etc.

Vale registrar que os Tribunais de Contas dos Municípios são órgãos ligados a

estrutura organizacional do Estado. Assim sendo, compete ao Governador do Estado

nomear os conselheiros que comporão o Tribunal.

No país, temos dois municípios que possuem Tribunais de Contas próprios. São

eles, Rio de Janeiro e São Paulo. Logo, a esses tribunais competirá apenas a fiscalização

desses dois municípios.

Necessário destacar que a Constituição Federal vedou, em seu art. 31, § 4°, a

criação de Tribunais ou Conselhos de Contas municipais. Assim, nenhum município pode

criar a sua própria Corte de Contas.

Ocorre que, por meio da ADIN 154, o STF já se posicionou no sentido de que

somente é vedado a criação de Tribunais de Contas na estrutura organizacional dos

municípios.

Como os Tribunais de Contas dos Municípios são órgãos que pertencem à estrutura

estadual, não há vedação para que sejam criados novos tribunais dessa espécie. O que o

constituinte originário quis vedar foi a criação de mais uma estrutura no âmbito municipal.

Não nos esqueçamos que no Brasil há uma cultura de grande politização dos municípios,

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aumentando este problema na medida em que diminuímos o tamanho dos municípios.

Assim, é bastante comum, no interior do Brasil, termos municípios bem pequenos, sendo

amplamente dominados por duas famílias. Assim, enquanto uma família governa, a outra

faz oposição. Com isso, poderíamos correr o risco de o órgão que tem a função de prestar

apoio técnico no exercício do Controle Externo ficar totalmente politizado.

Relembrando, então, segundo o STF, a criação de Tribunais de Contas dos

Municípios não fere o disposto no art. 31, § 4°, da CF. Já a criação de um Tribunal de

Contas Municipal seria inconstitucional.

Quanto ao art. 31 da CF, acredito interessante anotar três breves comentários antes

de prosseguirmos na matéria.

Os dois primeiro referem-se ao caput e ao § 2° do artigo 31, que possuem as

seguintes redações:

“Art. 31 - A fiscalização do Município será exercida pelo Poder Legislativo

Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder

Executivo Municipal, na forma da lei.”

“§ 2 - O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as contas que o Prefeito

deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da

Câmara Municipal.”

Na última prova para Analista de Controle Externo, a questão foi explorada da

seguinte maneira:

“De acordo com a Constituição Federal de 1988, a fiscalização contábil,

orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do município será exercida pelo

Legislativo municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas de controle interno dos

poderes Executivo e Legislativo municipais, na forma da lei. Assim, o parecer prévio,

emitido pelo órgão competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente prestar, só

deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.”

Percebe-se que a questão está incorreta, pois o Controle Interno do Legislativo não

tem a incumbência de fiscalizar o município. Essa tarefa é afeta ao Controle Externo, que

será auxiliado pelo Controle Interno do Município. Quanto ao quorum para a derrubada do

parecer prévio, a questão está de acordo com o que prevê o art. 31, § 2°, da CF. Com

relação a esse quorum, importante anotar que essa é a maioria mais qualificada que a Carta

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apresenta. A razão disso deve-se ao fato da politização dos municípios, como anteriormente

mencionado. O que pretendeu o constituinte originário foi resguardar a tecnicidade do

parecer da Corte de Contas local, pois somente com 2/3 dos membros da Câmara Municipal

o parecer pode ser derrubado.

A terceira observação refere-se ao parágrafo terceiro do já citado art. 31, o qual

apresenta a seguinte redação:

“§ 3º - As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à

disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá questionar-

lhes a legitimidade, nos termos da lei.”

Com relação a esse dispositivo, o aluno deve ficar atento que o art. 49 da LRF

apresentou novo comando para a matéria, vejamos:

“Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão

disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico

responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições

da sociedade.”

Apesar da diferença nas duas redações, não vejo que uma possa prejudicar a outra.

A LRF apenas elasteceu o prazo fixado na CF. A respeito do tema, encontra-se tramitando

no Supremo Tribunal Federal diversas ações diretas de inconstitucionalidade que visam a

atacar a mencionada LRF.

Até a presente data, a eficácia do art. 49 está mantida. Dessa forma, para efeito de

prova, o aluno deve ficar atento se a questão refere-se a dispositivo constitucional ou

infraconstitucional, para poder responder a questão. Assim, cuidado com o assunto.

Prosseguindo com o Sistema de Controle Externo no Brasil, vamos estudar agora o

Tribunal de Contas do Distrito Federal.

O Distrito Federal é um ente sui generis em nosso ordenamento jurídico. Por não

ser dividido em municípios, exerce funções estaduais e municipais. Além disso, por força

de dispositivos constitucionais, recebe verbas da União para manter alguns de seus

serviços.

Apesar de o Distrito Federal não ser dividido em municípios, o que poderia sugerir

um controle direto de toda despesa da Administração do Distrito Federal pelo TCDF,

devemos ter em consideração que algumas despesas são custeadas com verbas da União.

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Com efeito, como mencionado no início deste tópico, precisamos verificar quem é o dono

do recurso para sabermos quem será o competente para fiscalizá-lo.

Seguindo orientação constitucional, temos que o art. 21, incisos XIII e XIV, da

Carta Política apresenta a seguinte redação:

“Art. 21 Compete à União:

XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública do Distrito Federal e dos Territórios;

XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)”

Dessa forma, podemos perceber que à União vai competir a realização de algumas

atividades necessárias à organização e manutenção do Distrito Federal. Com efeito, como a

responsável pela despesa é a União, nada mais lógico do que ser o Tribunal de Contas da

União o responsável por essa fiscalização.

Para ratificar essa posição, o Tribunal de Contas da União, na Sessão Plenária de

16/06/2004, proferiu o Acórdão 739, que apresenta a seguinte ementa:

“Solicitação da Câmara dos Deputados. Informações acerca da competência para

apreciação das contas das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito

Federal. Conhecimento. Competência do TCU. Encaminhamento das informações. Ciência

ao interessado. Arquivamento.

- Corpo de Bombeiros Militar do DF. Entidade afeta à competência do TCU.

Considerações.”

A matéria pode ser questionada da seguinte forma na prova:

‘Todos os órgãos integrantes da Administração Direta do Distrito Federal são

fiscalizados pelo TCDF.’

A resposta seria falsa, pois o Tribunal de Contas da União tem competência para

fiscalizar a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do DF, além do Poder Judiciário, do

Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito Federal e Territórios.

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Para finalizar o assunto relacionado ao Sistema de Controle Externo no Brasil,

importante anotar que a Constituição Federal não trouxe previsão para que possíveis

territórios venham a possuir Tribunais de Contas.

O Controle Externo dessas Autarquias Territoriais será, conforme disposto no art.

33, § 2°, feito com auxílio do Tribunal de Contas da União, o qual competirá emitir parecer

prévio sobre as contas do Governo do Território, as quais serão julgadas pelo Congresso

Nacional. Veja como a CF apresenta o assunto:

“Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.

(...)

§ 2º - As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.”

Essa matéria foi alvo do último concurso de Analista de Controle Externo, ocasião

em que foi efetuado o seguinte questionamento:

“Nos termos da Constituição Federal de 1988, o TCU pode apreciar contas de

governo de autarquia territorial e emitir parecer prévio.”

Facilmente, verificamos que é realmente essa a competência do Tribunal de Contas

da União, o que torna correta a assertiva.

Antes de passarmos para o próximo tópico, faz-se necessário esclarecer que as

transferências voluntárias que a União faz a outros entes de federação são, normalmente,

realizadas mediante uma contrapartida monetária por parte de quem está recebendo o

recurso. Assim, quando da celebração de um convênio, iremos ter tanto recursos federais

como locais. Dessa forma, seguindo a nossa regra geral, competirá tanto ao Tribunal de

Contas da União como ao Tribunal de Contas local a fiscalização das despesas efetuadas.

Quando ocorre esse tipo de situação, temos as chamadas competências concorrentes dos

órgãos de fiscalização.

3 – COMPOSIÇÃO DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

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A Constituição Federal apresenta a forma como será composto o Tribunal de Contas

da União e disciplina que, no que couber, as disposições atinentes ao TCU serão aplicadas

aos demais Tribunais de Contas.

Na Carta de 88, a matéria foi tratada nos seguintes artigos: 52, III, ‘b’, 73 e 75 da

Constituição Federal, os quais apresentam as seguintes redações:

“Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

(...)

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

(...)

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da

República;”

“Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede

no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional,

exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.

§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre

brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de

administração pública;

IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional

que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.

§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,

sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao

Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e

merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,

prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal

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de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do

art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias e

impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura, as de

juiz de Tribunal Regional Federal.”

“Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à

organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito

Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.

Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas

respectivos, que serão integrados por sete Conselheiros.”

Com relação aos Ministros do Tribunal de Contas da União, teremos aula própria

para tratar do assunto. Nesse momento, importo-me com a composição dos outros

Tribunais de Contas.

Como verificado acima, o art. 75 da CF estipulou que as Cortes de Contas estaduais

e municipais serão formadas por sete Conselheiros. Como o próprio art. 75 dispõe que a

essas Cortes se aplica, no que couber, o que a Constituição estatuiu para o Tribunal de

Contas da União, vale mencionar, então, que a indicação dos Conselheiros deve ser feita

pelo Chefe do Executivo local e pelo Poder Legislativo.

Com efeito, das sete vagas para as Corte de Contas, 3 são de escolha do Chefe do

Executivo e 4 de escolha do Poder Legislativo.

Reforço, mais uma vez, que, quando estudarmos a composição do Tribunal de

Contas da União, o tema vai ser completamente esgotado.

Pessoal, essa nossa segunda aula vai ficando por aqui. Por didática, entendo que não

devemos avançar em tópico novo nesse mesmo encontro, pois as matérias que serão

apresentadas em seguida são, segundo as melhores doutrinas, bastante polêmicas e, por

isso, merecem um encontro só para elas.

Nessa aula de hoje, tivemos a oportunidade de verificar como surgiu o Tribunal de

Contas da União e como as Cartas Políticas vêm apresentando a matéria.

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Em seguida, estudamos o Sistema de Controle Externo Pátrio, oportunidade que

percebemos a necessidade de se verificar a origem dos recursos para podermos saber qual a

Corte de Contas será a responsável por sua fiscalização.

Peço atenção para as competências do TCDF, pois, como visto, verificamos que

nem todas as despesas utilizadas para a manutenção do Distrito Federal são fiscalizadas

pelo TCDF.

Por fim, demos uma breve passada na forma de composição dos Tribunais de

Contas, pois, mais adiante, aprofundaremos o assunto.

Continuem estudando!

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AULA 3: POSIÇÃO INSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS

DE CONTAS

Dando continuidade ao nosso curso, vamos para o nosso terceiro encontro.

Conforme mencionei no final da aula passada, trataremos de dois temas por

demais controvertidos em nossa doutrina. Na aula de hoje, vamos estudar a posição

institucional dos Tribunais de Contas, bem como a natureza jurídica das decisões do

Tribunal de Contas da União.

Tenho percebido que, principalmente com relação à natureza jurídica das

decisões do Tribunal, a matéria vem, constantemente, freqüentando, os concursos

públicos.

1 – POSIÇÃO INSTITUCIONAL DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Conforme vimos em nossa primeira aula, o Tribunal de Contas da União já

figurou no âmbito do Poder Judiciário, Constituição de 1937. Apesar de não entender

que aquela Carta Política deixou suficientemente claro que o Tribunal de Contas da

União deveria figurar no âmbito do Poder Judiciário, rendo-me a maioria da doutrina

que enquadra o Tribunal no seio daquele Poder. A minha parcial discordância se baseia

no fato de que a Carta de 1937, apesar de colocar o Poder Judiciário e o Tribunal de

Contas da União no mesmo Título, eles se apresentam em Capítulos diferentes, o que,

em minha opinião, permite dupla interpretação.

O objeto de nossa aula não é fazer um levantamento de onde figurou o Tribunal

de Contas da União no passado e sim tentar enquadrá-lo segundo o ordenamento

jurídico ora vigente no país.

Na introdução da presente aula, mencionei que o tema não encontrava

unanimidade em nossa doutrina, para provar esse fato, descrevo, a seguir, passagens de

alguns autores acerca do assunto, para depois me posicionar.

Para Rui Barbosa, “é um Tribunal sui generis, possui corpo de magistratura

intermediária à administração e à legislatura”.

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Jarbas Maranhão apresenta a seguinte descrição: “é um instituto sui generis,

posto de permeio entre os Poderes políticos da nação, o Legislativo e o Executivo, sem

sujeição, porém a qualquer deles”.

Para Celso de Mello, “o Tribunal de Contas, em nosso sistema, é um conjunto

orgânico perfeitamente autônomo.”

Já a administrativista Odete Medauar considera que “sua natureza, em razão das

próprias normas da Constituição é a de órgão independente, desvinculado da estrutura

de qualquer dos três poderes. A nosso ver, por conseguinte, o Tribunal de Contas

configura instituição estatal independente”.

Antes de adentrarmos ao tema, devemos ter em mente que o controle externo da

administração pública é função afeta ao PODER LEGISLATIVO, que a exerce com o

auxílio do tribunal de contas. Auxilia, exercendo uma função, não assessorando, nem se

submetendo a qualquer dos Poderes. (art. 71da CF).

Polêmica questão que circunda a nossa matéria diz respeito à subordinação do

Tribunal de Contas da União ao Congresso Nacional. Alguns autores consideram, no

meu ponto de vista de forma equivocada, que o TCU, por ser auxiliar do Congresso

Nacional na função do controle externo, a ele estaria subordinado.

Não entendo que todos que auxiliam devem estar subordinados. Trago como

exemplo as funções de cirurgião e anestesista. Ambos são formados em medicina e são

necessários para o sucesso de qualquer operação. Entendo que estão subordinados ao

médico os enfermeiros, os auxiliares de enfermagem, os instrumentistas etc. Não

considero que o anestesista esteja subordinado ao cirurgião, já que é figura essencial na

cirurgia. O que ocorre é que o anestesista possui uma função auxiliar a do cirurgião, ou

seja, auxilia sem estar subordinado.

Da mesma forma temos o Tribunal de Contas da União e o Congresso Nacional.

Ambos têm, de acordo com a nossa Constituição, funções específicas na função controle

externo. Aquele auxilia este sem subordinação. Daqui já podemos tirar uma importante

lição para a nossa prova.

Considerando que é o Tribunal de Contas da União que auxilia o Congresso

Nacional e não o contrário, temos que a função do controle externo, segundo a nossa

Constituição, pertence ao Congresso Nacional e não ao TCU.

Esse tema gosta de freqüentar as nossas provas, já sendo cobrado da seguinte

forma:

(TCU – CESPE – UNB/1996) O Tribunal de Contas da União:

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exerce a função de controle externo da Administração Federal, conforme

previsto na CF.

A banca considerou a assertiva incorreta. No meu sentir, agiu de forma correta a

banca, pois conforme acabamos de mencionar, a função de controle externo é do

Congresso Nacional, que a exerce com auxílio do Tribunal de Contas da União.

Antes de definirmos a posição institucional dos Tribunais de Contas, tomando

como paradigma o TCU, temos que ter em mente que esses órgãos são independentes e

autônomos.

São independentes porque a própria Constituição atribui ao Tribunal de Contas

da União competências próprias e privativas, artigos 33, § 2°, e 71. Não podemos

jamais nos esquecer de que as competências da Corte de Contas não são delegadas pelo

Congresso Nacional.

Quanto à autonomia do Tribunal de Contas da União, ela se faz presente pela

possibilidade de o TCU ditar a forma como pretende atuar para o cumprimento de sua

missão constitucional, pelo fato de possuir orçamento próprio, bem como por ter

iniciativa de lei para definir o plano de cargos e salários de seus servidores, entre outras

atribuições. Essa autonomia encontra guarida na Constituição Federal, ao combinarmos

os artigos 73 e 96 da Carta Política.

Com relação a esse tema, considero pertinente anotar que o Plenário do Supremo

Tribunal Federal se posicionou da seguinte forma: “o Tribunal de Contas da União não

é preposto do Legislativo. A função que exerce recebe diretamente da Constituição

Federal, que lhe define as atribuições”.

Agora que já sabemos que, segundo a CF, a função de controle externo pertence

ao Congresso Nacional, que a exerce com o auxílio do Tribunal de Contas da União,

apesar de este órgão não ser subordinado àquele e que o TCU é órgão independente e

autônomo, podemos, então verificar qual a sua posição institucional.

Quando queremos definir a posição institucional de determinado órgão, o que

pretendemos na verdade é colocá-lo na ESTRUTURA de determinado Poder. Isso não

quer dizer que todos os órgãos integrantes de determinado Poder devem exercer as

mesmas funções.

A Constituição Federal registra em seu art. 2° que são Poderes da União,

harmônicos e independentes entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Ao trazer

essa definição, o que pretendia o constituinte originário era dizer que a União, para

atingir os seus fins, terá esses três Poderes. Entendo que esses três Poderes podem ser

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compreendidos como as funções que a União deve exercer para atingir seus objetivos.

Assim sendo, temos que qualquer dos três Poderes exerce funções típicas de outros

Poderes. Assim, quando o Executivo edita uma medida Provisória está, naquele ato

específico exercendo a função legislativa. Com efeito, o que temos que levar em

consideração é a função precípua que cada Poder realiza, pois, como vimos, todos os

Poderes exercem funções dos demais.

Entendo que ocorre, por parte de alguns doutrinadores, uma vontade exagerada

de definir a que Poder determinado órgão pertence. Acredito que a nossa Constituição

realizou de forma organizacional uma divisão de Poderes. Isso não importa falar que

todos os órgãos que foram inseridos em determinado Poder devem somente realizar a

funções inerentes àquele Poder.

Nessa linha de raciocínio, entendo que o Tribunal de Contas da União exerce

funções dos três Poderes, apesar de não realizar, de forma precípua, nenhuma delas, o

que dificulta dizer a qual dos Poderes o TCU pertence.

Não tenho a pretensão de defender uma tese acerca da posição institucional dos

Tribunais de Contas em nosso curso de preparação para concurso público. Entendo que

nossa abordagem deva ser mais objetiva, direcionada para as provas. Nesse sentido, o

que considero importante é demonstrar como o nosso ordenamento jurídico vem

evoluindo com relação ao tema.

De plano, destaco que ORGANIZACIONALMENTE entendo que o Tribunal de

Contas da União está inserido na ESTRUTURA do Poder Legislativo. Chego a essa

conclusão por dois caminhos diferentes.

O primeiro vem de uma leitura bastante atenta da Constituição Federal. O nosso

ordenamento jurídico, de forma geral, apresenta as seguintes divisões: Livros, Títulos,

Capítulos e Seções.

A Constituição de 88 foi toda estruturada em um único Livro. Geralmente, os

códigos são divididos por Livros, a exemplo do Código de Processo Civil e do Código

Civil.

Assim, para melhor compreensão da posição institucional dos tribunais de

contas, vamos partir da maior divisão encontrada na CF, ou seja, os Títulos.

A Constituição está assim estruturada:

TÍTULO I – Dos Princípios Fundamentais

TÍTULO II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais

TÍTULO III – Da Organização do Estado

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TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes

Para o nosso trabalho, o que nos interessa é o Título IV, o qual está dividido da

seguinte maneira:

CAPÍTULO I – Do Poder Legislativo

CAPÍTULO II – Do Poder Executivo

CAPÍTULO III – Do Poder Judiciário

CAPÍTULO IV – Das Funções Essenciais à Justiça.

Considerando que o nosso estudo está voltado para o Poder Legislativo, uma vez

que considero que o Tribunal de Contas da União está inserido na estrutura

organizacional daquele Poder, irei, por enquanto, desprezar os demais Capítulos do

Título IV.

Dentro do Capítulo I – Do Poder Legislativo, encontramos a Seção IX, que trata

da Fiscalização, Contábil, Financeira e Orçamentária. Nessa Seção, temos que o

controle externo será exercido pelo Congresso Nacional, com auxilio do Tribunal de

Contas da União. Dessa forma, concluo que, ao definir a competência do TCU em

Seção destinada ao Poder Legislativo, o constituinte originário objetivou, ao menos

organizacionalmente, colocar a Corte de Contas no seio daquele Poder.

Nesse mesmo raciocínio, entendo que o Ministério Público não integra nem

organizacionalmente qualquer dos três Poderes.

Retornando ao Título IV da CF – Da Organização dos Poderes, podemos notar

que o constituinte originário não colocou o Ministério Público na estrutura de nenhum

dos Poderes, uma vez que o inclui no Capítulo IV (Das Funções Essenciais à Justiça)

daquele Título. Assim, acredito que o Ministério Público, ao contrário do TCU não está

ligado a qualquer dos Poderes.

O segundo caminho que me leva a inserir o Tribunal de Contas da União na

estrutura organizacional do Poder Legislativo leva em consideração a Lei

Complementar 101\2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal. O art. 1°, § 3°, dessa Lei

dispõe que:

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas

para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da

Constituição.

(...)

§ 3o Nas referências:

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I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão

compreendidos:

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de

Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;

b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e

empresas estatais dependentes;

II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União,

Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e

Tribunal de Contas do Município.

Pela simples leitura do dispositivo, podemos notar que o legislador teve a

intenção de dizer que os Tribunais de Contas encontram-se na estrutura do Poder

Legislativo.

Mais uma vez, a tese de que o Ministério Público não integra qualquer dos

Poderes também se confirma, pois o legislador trata o MP como estrutura independente.

Pelo exposto, por qualquer dos dois caminhos, podemos concluir que os

Tribunais de Contas estão organizacionalmente ligados à estrutura do Poder Legislativo

e que o Ministério Público não integra qualquer dos Poderes.

Para encerrar este polêmico assunto, nunca é demais lembrar que o titular do

controle externo, segundo a nossa Constituição, é o Congresso Nacional, o qual é

auxiliado pelo Tribunal de Contas da União para o cumprimento dessa missão.

Importante lembrar que as competências para o exercício do controle, tanto para

o Congresso Nacional, como para o Tribunal de Contas da União, vêm da própria

Constituição, sendo que existem competências privativas do Congresso Nacional, como

no caso do Julgamento das contas do Presidente da República, e outras privativas do

Tribunal de Contas da União, como a de julgar as contas de gestão dos administradores

públicos. Devemos lembrar, ainda, que existem algumas competências comuns às duas

Casas, como no caso da fiscalização de despesa irregular de que trata o art. 72 da CF.

Esse tema já foi abordado pela Esaf na prova de 2002 da seguinte forma:

O controle externo no Brasil, quanto à fiscalização contábil, financeira e

orçamentária da Administração Pública Federal, atualmente, comporta atividades

diversificadas, compreendidas na competência privativas umas do Congresso Nacional,

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outras do Tribunal de Contas da União e algumas delas com a participação conjugada de

ambos esses órgãos.

Pelo que estudamos, podemos perceber que a questão está correta.

2 – NATUREZA JURÍDICA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE

CONTAS

Mais uma vez, como mencionado na introdução desta aula, estamos à frente de

matéria polêmica. Parte da doutrina entende que a natureza jurídica das decisões das

Cortes de Contas é judicante, enquanto a outra parte entende que a natureza é

administrativa. Logo de início, posiciono-me. Entendo que a natureza jurídica das

decisões dos Tribunais de Contas é administrativa. Acrescento que a maioria da

doutrina possui este entendimento.

Apesar de entender que a natureza das decisões é administrativa, necessito expor

os motivos que levam ambas as correntes a chegarem às suas conclusões. Devemos nos

lembrar que questões subjetivas são uma realidade nos concursos para as Cortes de

Contas e essas podem solicitar que o aluno discorra sobre o tema.

Antes de adentrar a esse tópico específico, quero apresentar a vocês as funções

básicas exercidas pelo Tribunal de Contas da União. São elas:

Fiscalizadora;

Consultiva;

Informativa;

Judicante;

Pedagógica;

Corretiva;

Normativa;

Sancionadora;

Ouvidoria.

A função fiscalizadora é exercida quando o Tribunal, no uso de suas

competências constitucionais, fiscaliza a atividade dos administradores públicos. O

Regimento Interno da Corte de Contas apresenta os seguintes modos de fiscalização:

levantamento, auditoria, inspeção, monitoramento e acompanhamento. Em momento

oportuno, vamos detalhar cada uma delas.

A função consultiva encontra guarida tanto na Lei Orgânica do TCU como em

seu Regimento Interno e consiste na faculdade de algumas autoridades consultarem, em

tese, a Corte de Contas.

A função informativa, com previsão constitucional, consiste no dever de o TCU,

como órgão auxiliar do Congresso Nacional, informar, quando solicitado, aquele órgão

o andamento de trabalhos executados no âmbito da Corte de Contas.

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A função judicante é praticada pelo TCU ao julgar as contas de gestão dos

administradores públicos.

A função pedagógica é exercida quando o Tribunal orienta os gestores acerca da

forma correta de aplicação da lei, com objetivo de não ser praticada nenhuma

irregularidade.

A função corretiva se dá quando o Tribunal, ao constatar algum descumprimento

à norma legal, assina prazo para a sua correção.

A função normativa decorre da possibilidade de a Corte de Contas editar normas

para os seus jurisdicionados em matéria de sua competência.

Quando a própria Constituição faculta ao Tribunal de Contas da União a

possibilidade de, ante a constatação de ilegalidade ou irregularidade, aplicar sanção aos

gestores, o Tribunal está exercendo a função sancionadora.

Por fim, a função de ouvidoria possibilita que o Tribunal de Contas da União

atenda a população quanto às suas reclamações, sejam em decorrência de má utilização

de recursos públicos, sejam em decorrência de conduta inadequada de seus servidores.

Agora que já sabemos quais as principais funções exercidas pelo Tribunal de

Contas da União, podemos verificar qual a natureza jurídica de suas decisões. Antes de

prosseguir, só quero acrescentar que essas funções serão mais detalhadas ao longo de

nosso curso.

Conforme mencionado no início deste tópico, a doutrina se divide, quanto à

natureza jurídica da Corte de Contas judicante e administrativa.

Defendem a natureza judicante Pontes de Miranda, Seabra Fagundes e Jorge

Ulisses Jacoby Fernandes. Apesar de ser um grande admirador das obras desse ilustres

doutrinadores, peço vênias para dissentir deles nesse assunto.

Antes de aprofundarmos na discussão, considero importante esclarecer o que

seja a natureza judicante.

Uma decisão judicante não é necessariamente originária do Poder Judiciário. A

decisão judicante se caracteriza pelo fato de dizer definitivamente o direito, mesmo que

seja advinda de órgão que não seja integrante do Poder Judiciário.

Certos países adotam o chamado contencioso administrativo. Por esse sistema,

um órgão administrativo pode ter a competência de dar a última palavra em algumas

questões de interesse da Administração Pública.

Os defensores da tese de que a natureza jurídica das decisões dos Tribunais de

Contas é judicante baseiam-se, principalmente, no fato de que a Constituição concedeu

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às Cortes de Contas a competência privativa de julgar as contas dos administradores.

Ademais, entendem que, ao julgar as contas, a Corte está proferindo a última palavra

com relação à gestão do administrador público. Após a manifestação do Tribunal,

ninguém mais pode dizer se houve ou não irregularidade em determinada gestão, salvo

o próprio Tribunal que proferiu o julgamento.

Cumpre acrescentar que, conforme anteriormente demonstrado, a Corte de

Contas possui várias funções básicas, sendo somente uma delas a judicante. Logo,

somente quando o Tribunal está realizando a sua competência constitucional de julgar

as contas dos administradores é que a natureza jurídica de suas decisões seria judicante.

Os defensores dessa teoria apregoam que não é somente o Poder Judiciário que

possui a função judicante. Como exemplo, trazem a possibilidade de o Congresso

Nacional julgar o Presidente da República nos crimes de responsabilidade. Defendem

que esse julgamento possui natureza estritamente judicante, pois é, inclusive, presidido

pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Dessa forma, quando a Constituição

concede a algum órgão competência privativa para julgar, fica claro, na opinião

daqueles doutrinadores, que o constituinte concedeu natureza judicante às decisões dos

órgãos com competência para o julgamento.

Esses são os motivos dos doutrinadores que defendem a natureza judicante às

decisões dos Tribunais de Contas, quando essas Cortes estão no exercício da

competência constitucional de julgar as contas dos administradores públicos.

A seguinte passagem do Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal,

Prof. Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, ilustra bem essa tese (in Tribunais de Contas do

Brasil – Jurisdição e Competência. Belo Horizonte: Fórum, 1° ed., 2003, pp 123 e 124):

“A Constituição Federal admitiu expressamente várias exceções a esse

decantado monopólio absoluto do Poder Judiciário, como será visto adiante, em outros

casos, o constituinte não excluiu expressamente o direito de ação perante esse poder,

mas declinou a competência para julgar a órgão que não o integra expressamente.

Assim, procedeu nesse breve elenco:

• Contas prestadas pelo presidente da República (competência exclusiva

do Congresso Nacional);

• O presidente e o vice-presidente da República, nos crimes de

responsabilidade, e os ministros de Estado, nos crimes da mesma

natureza, conexos com aqueles (competência privativa do Senado

Federal);

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• Contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e

valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as

fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo poder público

federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte prejuízo ao erário (competência do

Tribunal de Contas da União).”

Em seguida, o mesmo autor assevera que:

“Em recente estudo, Raimundo de Menezes Vieira assinala que ‘a segunda

hipótese’ – referindo-se à exceção ao monopólio jurisdicional do poder Judiciário – ‘se

refere às decisões dos Tribunais de Contas de que resulte imputação de débito ou

multa, em razão do julgamento da regularidade das contas dos administradores e

demais responsáveis por bens e valores ou aplicação de bens ou fundos públicos...”

Uma vez visto a corrente que defende a natureza judicante das decisões das

Corte de Contas, passemos agora ao estudo da corrente que defende a natureza

administrativa.

Os que defendem a natureza administrativa (Valdecir Pascoal; José Cretella Jr.;

José Afonso da Silva e Odete Medauar) entendem que o ordenamento jurídico pátrio,

partindo do preconizado no inciso XXXV do artigo 5° da Constituição Federal, adotou

o sistema de monopólio da tutela jurisdicional pelo Poder Judiciário. Assim, consideram

que as decisões adotadas pelos Tribunais de Contas estão sujeitas ao controle

jurisdicional.

A posição dominante na doutrina é que o Brasil não adotou o chamado

contencioso administrativo. Dessa forma, todas as decisões tomadas fora do âmbito do

Poder Judiciário podem ser por este revistas, o que afasta a hipótese de as decisões dos

Tribunais de Contas terem natureza judicante.

Como mencionado no início deste tópico, filio-me à parte da doutrina que

defende a natureza administrativa. Tenho esse entendimento baseado não somente nos

fatos apontados pelo ilustres doutrinadores aqui apontados, mas também pelos motivos

que passo a expor.

Cumpre deixar claro que o Poder Judiciário não pode rever por completo as

decisões das Cortes de Contas. A Constituição Federal concedeu competência própria e

privativa para que os Tribunais de Contas julguem as contas de gestão dos

administradores públicos. Nesse sentido, nenhum outro órgão ou Poder pode fazer as

vezes dos Tribunais de Contas nessa missão.

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Assim, quanto ao mérito da gestão de determinado administrador, somente as

Cortes de Conta têm competência para se pronunciar. Dessa maneira, não cabe ao Poder

Judiciário rever o mérito do que foi apreciado pelos Tribunais de Contas. Ao Poder

Judiciário somente caberá a verificação se houve, por ocasião do julgamento das contas,

o cometimento de alguma ilegalidade. O que, em essencial, é questionado na Justiça é

se foram obserados os princípios do contraditório e da ampla defesa, preceitos

garantidos pelos incisos LIV e LV do artigo 5° da Constituição.

De forma semelhante, ocorre com a apreciação do ato administrativo por parte

do Poder Judiciário. Pela doutrina do saudoso Prof. Hely Lopes Meirelles, são requisitos

do ato administrativo a competência, a forma, a finalidade, o motivo e o objeto. Em

geral, o Poder Judiciário não pode apreciar os requisitos relacionados à

discricionariedade do ato, ou seja, o motivo e o objeto ficam afastados da apreciação.

Pela similaridade do poder revisional que ocorre com os atos administrativos,

entendo que as decisões dos Tribunais de Contas possuem natureza administrativa.

O mais importante para o nosso curso é que as bancas de concurso vêm

entendendo que a natureza jurídica das decisões dos Tribunais de Contas é

ADMINISTRATIVA.

Nesse sentido, apresento as seguintes questões cobradas em provas anteriores:

O Tribunal de Contas da União tem a natureza jurídica de um órgão (ESAF

ACE/2002)

a) legislativo

b) judicante

c) administrativo

d) essencial à função judicante

e) essencial à função legislativa

A banca deu como resposta correta a alternativa C.

(AGU-99) O TCU possui função:

(1) judiciária, por ser órgão de controle, e administrativa, por ser órgão de

controle auxiliar do Executivo.

(2) administrativa, por ser órgão auxiliar do Legislativo.

(3) administrativa e judiciária, por ser órgão auxiliar do Judiciário.

(4) judiciária, por julgar as contas da União.

(5) administrativa, por ser órgão de controle interno do Judiciário.

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Para essa questão, a banca considerou como correta somente a assertiva 2.

Prosseguindo, considero bastante importante acrescentar que, apesar de as

decisões dos Tribunais de Contas estarem sujeitas ao controle jurisdicional, não cabe

recurso ao Poder Judiciário das decisões emanadas das Cortes de Contas.

A revisão da decisão pelo Poder Judiciário é realizada por uma ação autônoma,

normalmente por meio de mandado de segurança impetrado no Supremo Tribunal

Federal. Ação autônoma é diferente de recurso, pois o recurso pressupõe que o mesmo

processo seja reapreciado pelo mesmo tribunal ou por tribunal superior, o que não

ocorre no caso de revisão jurisdicional pelo Poder Judiciário das decisões dos Tribunais

de Contas.

Questão nesse sentido foi cobrada na prova de 1999 para o cargo de Analista de

Controle Externo do Tribunal de Contas da União.

(TCU-ESAF\1999) As decisões do Tribunal de Contas da União, no uso da

competência que lhe confere a Constituição, no atinente às suas funções institucionais

de controle externo da Administração Pública Federal, de um modo geral, são:

a) irrecorríveis;

b) insusceptíveis de reapreciação em sede judicial pelo Poder Judiciário;

c) recorríveis, mas apenas para o próprio TCU;

d) recorríveis, para o Congresso Nacional, do qual ele é órgão auxiliar;

e) recorríveis, extraordinariamente, para o Supremo Tribunal Federal;

A resposta que a banca considerou como correta foi a letra ‘c’. Das decisões das

Corte de Contas só cabe recurso direcionado à própria Corte que proferiu o julgamento.

A questão relacionada à natureza jurídica das decisões dos Tribunais de Contas é

tão complexa que a Prof.ª Maria Sylia Zanella Di Pietro (in Coisa Julgada –

Aplicabilidade das Decisões do Tribunal de Contas da União. Revista do TCU, v. 27, p.

23. out;dez 1996) entende que as decisões das Corte de Contas se colocam em posição

intermediária entre as naturezas judicante e administrativa:

“Todos os aspectos do ato que envolvam legalidade podem ser apreciados pelo

Poder Judiciário, sob pena de ofensa ao artigo 5° ,inciso XXXV, da constituição. E

sabe-se que, hoje, o controle exercido pelo Poder Judiciário é muito mais amplo, em

virtude da própria amplitude que adquiriu o princípio da legalidade. Este deixou de ser

visto em seu aspecto puramente formal, para ser encarado também no seu aspecto

material, em que se exige a vinculação das leis aos ideais de justiça, com todos os

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valores e princípios assegurados implícita ou explicitamente na Constituição, já a

partir do preâmbulo. Pode-se afirmar que a decisão do Tribunal de Contas, se não se

iguala à decisão jurisdicional, porque está também sujeita ao controle pelo Poder

Judiciário, também não se identifica com a função puramente administrativa. Ela se

coloca a meio caminho entre uma e outra. Ela tem fundamento constitucional e se

sobrepõe à decisão das autoridades administrativas, qualquer que seja o nível em que

se insiram na hierarquia da Administração Pública, mesmo no nível máximo da chefia

do Poder Executivo.”

De todo o exposto, podemos concluir, também, que as decisões das Cortes de

Contas vinculam a Administração Pública, que deverá cumprir as deliberações dos

Tribunais de Contas. Dessa deliberação, caso o administrador se sinta prejudicado,

caberá recurso ao próprio Tribunal que a proferiu. Pode, ainda, o administrador

ingressar com ação própria junto ao Poder Judiciário, a fim de desconstituir a decisão da

Corte de Contas.

Assim, chegamos ao final de mais um encontro. Na aula de hoje tivemos a

oportunidade de verificar dois temas bastante polêmicos: a posição institucional dos

Tribunais de Contas e a natureza jurídica das decisões das Corte de Contas.

Com relação ao primeiro tópico, apesar de toda discussão que a doutrina

apresenta, defendo a posição que as Cortes de Contas encontram-se, ao menos,

ORGANIZACINALMENTE, ligadas à estrutura do Poder Legislativo.

Já com relação à natureza jurídica das decisões das Cortes de Contas, verifico

que a doutrina se divide em judicante e administrativa, sendo que esta última posição

ganha a adesão da maioria dos doutrinadores e das bancas de concurso.

No próximo encontro, vamos começar a estudar os aspectos constitucionais do

Controle Externo, com maior ênfase às competências do Tribunal de Contas da União.

Continuem estudando.

Até breve!

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AULA 4: ASPECTOS CONSTITUCIONAIS DO CONTROLE

EXTERNO

OLÁ MANO,

O quarto e o quinto encontros serão destinados ao estudo dos aspectos

constitucionais do controle externo, com ênfase nas competências do Tribunal de

Contas da União.

Peço especial atenção para esses encontros, pois, em média, 30% das questões

de provas mais recentes para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União foram relacionadas ao tema dessas duas próximas aulas.

Antes de iniciarmos a nossa aula, considero importante salientar que a matéria

tratada nesses dois encontros será aprofundada ao longo do nosso curso.

1 – O TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO EM NOSSO

ORDENAMENTO JURÍDICO

Sempre que trato desse assunto em sala de aula, os alunos me questionam a

forma correta de estudar para o concurso, querem saber o que precisam ler: a

Constituição, a Lei Orgânica ou o Regimento Interno?

A Constituição Federal é a base de todo nosso ordenamento jurídico. Dessa

forma, todas as leis devem se apresentar em consonância com o que dispõe a

Constituição, por isso ela também é chamada de Lei Maior.

Ocorre que uma única peça jurídica não tem como disciplinar todas as situações

de um Estado. Com efeito, cumpre à Constituição ser a peça orientadora das demais

normas desse Estado. Por esse motivo, em geral, as normas constitucionais necessitam

ser regulamentadas por meio de leis, sejam essas ordinárias ou complementares.

Nesse sentido, temos os normativos que regem o controle externo no Brasil. A

Constituição da República dedica ao tema uma Seção dentro do Capítulo que trata da

Organização dos Poderes. São apenas seis artigos – 70 ao 75 – disciplinando o assunto.

Fica claro que não é possível esgotar todas as questões relacionadas ao controle externo

em apenas seis artigos. Pretendeu o constituinte dar, apenas, o norte para que o

legislador infraconstitucional pudesse melhor disciplinar a matéria.

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Seguindo essa orientação, foi editada em 16 de julho de 1992, a Lei Orgânica do

Tribunal de Contas da União (LOTCU). Esse normativo já se apresenta de forma bem

mais completa, regulamentando a matéria constitucional ao longo de seus 113 artigos.

Apesar de aprofundar o tema, a LOTCU não é suficiente para esgotar o assunto,

ficando para normativo infralegal essa tarefa. Para tanto, foi editado o Regimento

Interno do Tribunal de Contas da União (RITCU), que, em seus 299 artigos, esmiúça

bastante o assunto. Entretanto, existem matérias que não têm como ser tratadas no

Regimento Interno. Assim sendo, existem diversos outros normativos internos que têm

como função preencher as lacunas deixadas.

Agora, que já temos uma noção de como está disposto o controle externo, em

especial as competências do Tribunal de Contas da União, em nosso ordenamento

jurídico, vamos tentar responder a pergunta levantada no início deste tópico: o que é

necessário ler para o concurso? O melhor é ler os três (Constituição, LOTCU e RITCU).

Os normativos infraregimentais, em tese, não são solicitados no edital do concurso.

Acontece que nem sempre o candidato tem tempo para ler tudo, nesse caso, eu sugiro

que seja feita a leitura na seguinte ordem:

1) Constituição Federal – artigos 70 a 75 (lembrar que só estou me preocupando

com a matéria controle externo);

2) Lei Orgânica;

3) Regimento Interno, na seguinte prioridade:

3.1) arts. 188 a 299;

3.2) arts. 1 a 66;

3.3) arts. 92 a 143;

3.4) arts. 144 a 187

3.5) arts. 67 a 142.

Depois desse breve comentário sobre a forma que a matéria deve ser abordada,

vamos, realmente, adentrar na nossa aula.

2 - O TRIBUNAL DE CONTAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Por entender mais didático, nas aulas em que for tratar do Tribunal de Contas na

Constituição Federal, vou primeiro apresentar o normativo constitucional, para, em

seguida tecer comentários acerca do assunto.

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2.1 – DO EXERCÍCIO DA FISCALIZAÇÃO NO ÂMBITO DA UNIÃO

O caput do art. 70 da Constituição apresenta a seguinte redação:

“Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e

patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à

legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de

receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo

sistema de controle interno de cada Poder.”

A primeira informação que o art. 70 nos proporciona é que temos cinco modos

de fiscalização: contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial. Um modo

mnemônico para melhor decorá-los é a utilização da expressão COFOP.

Interessante salientar que, normalmente, esses modos de fiscalização estão

associados nos trabalhos realizados no Tribunal de Contas da União. À exceção da

fiscalização operacional, em geral, os outros quatro modos de fiscalização são

analisados de forma conjunta. Vamos verificar o que cada uma delas quer dizer.

A fiscalização contábil objetiva verificar se os recursos públicos estão sendo

escriturados de acordo com as técnicas contábeis aplicadas à espécie. Geralmente, os

trabalhos realizados nessa área confrontam se o que foi realizado está em conformidade

com o que dispõe a Lei 4.320\1964.

A fiscalização orçamentária tem como escopo verificar se as despesas públicas

guardam consonância com as peças orçamentárias: LDO, LOA e PPA.

A fiscalização financeira se preocupa com o fluxo de recursos (ingressos e

saídas), independente se são recursos orçamentários ou não.

A fiscalização operacional é uma novidade da Carta Política de 1988. Com esse

tipo de fiscalização, o Tribunal afastou-se do estrito controle de legalidade para adentrar

a aspectos ligados ao mérito dos atos administrativos. O que se pretende com essa

fiscalização é verificar se os programas de governo alcançaram seus resultados e de que

forma. Assim, não basta, apenas, verificar se a despesa cumpriu as formalidades legais e

sim se a gestão dos recursos públicos foi eficaz e eficiente. A fiscalização operacional

está intimamente ligada ao conceito de orçamento programa, uma vez que o

cumprimento das metas do programa é fator essencial a ser verificado.

Por fim, trata o caput do art. 70 da fiscalização patrimonial. Esta se relaciona

com o controle e conservação dos bens públicos. Convém lembrar que os bens públicos

pertencem a toda a sociedade, sejam eles difusos ou não. Assim, a fiscalização

patrimonial inclui a proteção e conservação do meio ambiente. Outro alvo dessa

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fiscalização são os bens públicos que irão sair da mão do Estado, ou seja, os bens que

serão privatizados.

Prosseguindo nossos comentários acerca do caput do art. 70, verificamos que

em seguida temos a seguinte expressão: ‘da União e das entidades da administração

direta e indireta’.

Como estamos tratando da fiscalização da Administração Pública federal, o

constituinte limitou a fiscalização àquelas pessoas que recebam verbas federais.

Importante notar que o dispositivo deixa claro que estão sujeitos ao controle tanto a

administração direta como a indireta de qualquer dos Poderes da República.

O próximo trecho a ser comentado refere-se ‘à legalidade, legitimidade,

economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas’.

Os conceitos de legalidade, legitimidade e economicidade foram vistos em nossa

primeira aula, razão pela qual me permitirei a não repetir o assunto.

Com relação à aplicação das subvenções, nunca é demais relembrarmos que o

conceito de subvenção advém da Lei 4.320\1964. Por força desse normativo, subvenção

é qualquer recurso público transferido a entidades públicas ou privadas, para que seja

aplicado em despesa que seja do interesse do poder público. Dessa forma, por se tratar

de recursos de origem pública, a subvenção está sujeita à fiscalização pelos órgãos de

controle.

Quanto à renuncia de receita, consiste em meio de o poder público atingir seus

programas de governo por meio de incentivo a determinadas pessoas, a fim de que estas

realizem despesas de interesse do Estado. Assim, quando a União, com intuito de

aumentar o número de estudantes matriculados, permite que uma escola particular

conceda bolsa a criança carente, dispensado essa escola de pagar determinado tributo,

estamos à frente de uma renúncia de receita.

O final do caput do art. 70 possui o seguinte trecho: ‘será exercida pelo

Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de

cada Poder’.

Esse dispositivo combinado com o caput do art. 71 ratifica o que foi colocado

na nossa primeira aula sobre a titularidade do controle externo no Brasil. Pode-se

perceber que as fiscalizações mencionadas no art. 70 serão realizadas pelo Poder

Legislativo – Congresso Nacional -, mediante controle externo. Importante notar

também que as mesmas fiscalizações deverão ser feitas pelo sistema de controle interno

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de cada Poder. Acerca do tema, veja o que foi mencionado na aula 1 e as competências

do controle interno no art. 74 da CF.

“Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma

integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:

I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução

dos programas de governo e dos orçamentos da União;

II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e

eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da

administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de

direito privado;

III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como

dos direitos e haveres da União;

IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.”

2.2 – OBRIGATORIEDADE DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Antes de adentrarmos ao tema, considero importante anotar que o dever de

prestar contas é inerente ao nosso cotidiano. É normal pedirmos para algum amigo que

vai viajar nos trazer uma encomenda. Para tanto, entregamos determinada quantia para

que a compra seja efetuada. Assim, quando a pessoa regressa, nos apresenta o que foi

comprado juntamente com uma nota fiscal. Caso tenha sobrado algum dinheiro, o troco

nos é dado e se, ao invés, tenha faltado, completamos a importância.

Esse procedimento simples de nosso cotidiano, nada mais é do que uma

prestação de contas. Assim, quando damos uma quantia nossa para que alguém a utilize

em nosso nome, nada mais justo do que essa pessoa nos prestar contas de como gastou o

dinheiro.

Da mesma forma, ocorre com a União. Quando alguém utiliza verbas federais

em nome da União, deve prestar contas desses recursos.

Vamos ver, então, como assunto está disposto na Constituição – art. 70,

parágrafo único.

“Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública

ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e

valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma

obrigações de natureza pecuniária.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,

de 1998)”

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Percebe-se que o interesse do constituinte foi exaurir o dever de prestar contas.

Nesse sentido, o enfoque da prestação de contas deve ser direcionado ao objeto e não à

pessoa. Ou seja, pode-se verificar que a limitação não está na pessoa que gasta o recurso

e sim na origem do recurso que foi gasto.

Com efeito, tem-se que a primeira parte do dispositivo é bastante genérica. Não

há nenhuma limitação ao tipo de pessoa que deve prestar contas, pois o constituinte

colocou que possui esse dever qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada. Ou

seja, toda e qualquer pessoa.

Cumpre esclarecer que a presente redação foi dada por meio da Emenda

Constitucional nº 19. A redação original apresentava-se de forma mais restritiva, pois

somente devia prestar contas pessoas físicas ou entidades públicas.

Como não há limitação pessoal ao dever de prestar contas, vou-me ater mais aos

aspectos ligados ao objeto da prestação de contas.

Antes de explicar pormenorizadamente o assunto, quero que a idéia geral do

dispositivo fique clara. Tem o dever de prestar contas qualquer (vamos lembrar que

estamos estudando a Constituição Federal, assim o que for falado aqui em relação a

recurso federais vai valer também para outras esferas de governo) toda e qualquer

pessoa que seja responsável pela aplicação de recurso público federal.

Prosseguindo na análise do dispositivo, vamos passar então ao objeto da

prestação de contas. Para melhor memorizar o assunto, utilizo a seguinte expressão:

GAGAU, que são as iniciais de gerenciar, arrecadar, guardar, administrar e utilizar.

A literatura mais especializada não apresenta maiores distinções com relação a

esses aspectos. Acredito que a falta de distinção reflete a vontade do constituinte que, na

realidade, apresentou esses aspectos muito mais com a intenção de fechar todas as

possibilidades de prestação de contas quando da utilização dos recursos públicos.

Na verdade, a limitação quanto à necessidade de prestar contas se encontra na

parte final do dispositivo, quando faz referências a ‘dinheiros, bens e valores públicos

ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de

natureza pecuniária’.

A primeira informação que devemos absorver dessa parte do dispositivo é que os

bens, dinheiros e valores públicos a que se refere o texto são de origem federal. Outra

informação que podemos abstrair é que não há necessidade de esses recursos serem

somente de origem federal. Mesmo que haja gasto por meio de recursos de origem não-

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federal, mas que, por algum motivo, a União venha a responder por esses gastos, será

necessária a prestação de contas.

Da mesma forma, ocorre em nosso cotidiano. Caso alguém nos peça para ser

fiador em contrato de aluguel, iremos ser demandados no caso de o responsável pelo

contrato não pagar o aluguel. Assim, para que não sejamos pegos de surpresa, nada mais

prudente do que haja a prestação de contas sobre o pagamento das despesas do aluguel.

Como mencionado no início do tópico, o mais importante para sabermos se

determinada pessoa deve ou não prestar contas ao Tribunal de Contas da União é saber

se os recursos geridos são ou não de origem federal.

Iremos aprofundar o tema quando estudarmos a jurisdição do Tribunal de Contas

da União. Na oportunidade, vamos trazer à baila alguns aspectos importantes ligados ao

tema. Como exemplo, vamos verificar se as empresas públicas e as sociedades de

economia mista devem ou não prestar contas dos recursos gastos.

3 – COMPETÊNCIA DO CONTROLE EXTERNO

O art. 71 da Constituição Federal vem ratificar o nosso posicionamento até agora

defendido sobre a competência do controle externo. Vejamos a sua redação:

‘Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com

o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:’

Podemos mais uma vez verificar que a Constituição entrega ao Congresso

Nacional a função do controle externo. Nada obstante, percebemos, também, que a

própria Carta estabelece que essa função será exercida com auxílio do Tribunal de

Contas da União.

Importante notarmos que a Constituição entregou ao auxiliar do Congresso

Nacional algumas competências privativas, razão pela qual somente o Tribunal de

Contas pode realizá-las. Passemos, então, ao estudo dessas competências.

3.1 – APRECIAÇÃO DAS CONTAS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA.

A primeira competência apresentada no art. 71 refere-se à apreciação das contas

do Presidente da República. Vamos a sua redação.

‘I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República,

mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu

recebimento’

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Antes de falarmos acerca desse assunto, considero necessário tecer dois breves

comentários. O primeiro refere-se à forma que o art. 71 apresenta as competências do

Tribunal de Contas da União. Perceba que todos os incisos se iniciam com verbos no

infinitivo, o que demonstra que, nesse momento, a preocupação do nosso estudo se

volta ao objeto da competência. As pessoas a que se referem estes objetos serão vistas

quando estudarmos a jurisdição do TCU. O segundo comentário é que não pretendo

esgotar toda a matéria relacionada à competência do Tribunal nessas duas aulas

(lembrar que serão dois encontros destinados às competências constitucionais do TCU).

À medida que o curso for avançando, vou aprofundar a matéria nos pontos mais

importantes.

Dando continuidade à competência inserta no inciso I do art. 71, esclareço que o

tema já foi muito solicitado em concurso, a ponto de achar que a matéria não voltaria

tão cedo a ser cobrada nas provas. Nada obstante, no último concurso para o cargo de

Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, caiu de novo uma

questão relacionada ao tema. Vejamos:

‘O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, é exercido com o auxílio do

Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

Julgar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, em 60 dias

a contar de seu recebimento.’

Podemos perceber que assertiva é falsa, pois a competência do TCU é de,

apenas, emitir parecer prévio.

A primeira e mais importante informação que podemos abstrair do dispositivo é

que o Tribunal de Contas da União não julga as contas do Presidente da República,

somente emite PARECER PRÉVIO sobre elas. Segundo o art. 49, inciso IX da CF, o

responsável pelo julgamento das contas é o Congresso Nacional.

Aprofundando um pouco o tema, devemos ter em mente que, com a edição da

LRF, as contas do Presidente da República transformaram-se, em realidade, nas contas

do Governo da República, uma vez que serão apreciadas as contas dos órgãos de cúpula

da Administração.

Vejamos o que dispõe o art. 56 da referida LRF:

‘Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além

das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e

do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,

separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.’

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Uma informação essencial do dispositivo por vezes passa despercebida, refiro-

me à necessidade de os Tribunais de Contas emitirem PARECERES separados nas

contas dos responsáveis por cada órgão.

Com relação a esse assunto, foi cobrada a seguinte questão na última prova para

o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:

‘De acordo com as normas infraconstitucionais, o TCU tem competência para

julgar as contas dos gestores da administração federal direta e indireta. Mas em relação

a contas de governo da República, o Tribunal deve apenas apreciá-las e emitir parecer

prévio, pois cabe ao Congresso Nacional julgá-las com base nos pareceres emitidos pela

Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional

de que trata o art. 166 da Constituição Federal.’

Pelo explicado anteriormente, a assertiva é falsa, pois o Tribunal deve emitir

pareceres prévios.

Ainda com relação ao tema, o inciso menciona que as contas do Presidente da

República devem ser prestadas anualmente. Qual o prazo para que essas contas sejam

prestadas? e o que ocorre se elas não forem prestadas? A resposta a ambas as perguntas

está no art. 51 da CF, vejamos: ‘Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

(...)

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não

apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão

legislativa;’

Podemos perceber, então, que caso o Presidente da República não preste suas contas

em 60 dias a contar da abertura da Sessão Legislativa, competirá à Câmara dos Deputados

proceder à tomada de contas.

Pertinente trazer a lume questão relacionada ao parecer que é emitido pelo

Tribunal de Contas da União. Como estatuído no próprio texto constitucional, trata-se

de parecer prévio, uma vez que o parecer para o julgamento das contas será dado pela

Comissão Mista de Permanente a que se refere o art. 166, § 1°, da CF. Vejamos:

‘Art. 166. Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes

orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados pelas

duas Casas do Congresso Nacional, na forma do regimento comum.

§ 1º - Caberá a uma Comissão mista permanente de Senadores e Deputados:

I - examinar e emitir parecer sobre os projetos referidos neste artigo e sobre as

contas apresentadas anualmente pelo Presidente da República’

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O parecer dado pela Comissão reveste-se na forma de projeto de Decreto-

Legislativo, uma vez que o julgamento das contas do Presidente da República se

materializa com a edição de um Decreto-Legislativo.

Antes de encerrar a discussão, deve ficar claro que a competência tratada neste

inciso refere-se às contas de governo, que, conforme será visto no próximo inciso, difere

das contas de gestão.

Ao estudarmos a processualística adotada no âmbito do Tribunal de Contas da

União, vamos dar maior ênfase à matéria, dessa vez, com enfoque na maneira como o

Tribunal realiza a Sessão que delibera sobre a apreciação das contas de governo.

As seguintes questões já caíram em provas passadas:

(ACE CESPE/98) Compete ao Tribunal de Contas da União:

julgar as contas anuais do presidente da República e dos demais responsáveis

por dinheiros, bens e valores da administração direta, indireta e fundacional da União.

Pelo que foi visto, o Tribunal de Contas da União não tem competência para o

julgamento dessa contas. Assertiva falsa.

‘(ACE CESPE\96) O Tribunal de Contas da União:

Examina e emite parecer relativo às contas prestadas anualmente pelo Presidente

da República.’

Essa é a típica questão que dá trabalho na hora da prova. A banca colocou a

assertiva como falsa. Em minha opinião foi bem a banca, pois, conforme estudado,

quem emite parecer é a Comissão Mista, o TCU emite parecer prévio.

3.2 – JULGAMENTO DAS CONTAS DOS ADMINISTRADORES

Como já visto na aula de hoje, a Constituição Federal impõe àqueles que

gerencie, administre, guarde, arrecade e utilize recursos públicos o dever de prestar

contas. A avaliação acerca da boa utilização dos recursos é feita por meio do julgamento

dessas contas, sendo o órgão competente para julgá-las, por força do art. 71, inciso II, da

CF, o Tribunal de Contas da União. Vejamos o que dispõe a Constituição:

‘II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,

bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e

sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que

derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário

público’’

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Antes de iniciarmos a discussão desse inciso, entendo conveniente tecer breves

comentários acerca da utilização dos princípios do contraditório e da ampla defesa nos

processos do Tribunal de Contas da União.

Na aula passada, tivemos a oportunidade de verificar que as decisões do TCU,

para maioria da doutrina, têm natureza administrativa. Dessa forma, temos que os

processos que tramitam na Corte de Contas possuem, também, a natureza

administrativa.

Uma vez que os processos que tramitam no âmbito do Tribunal de Contas da

União possuem a natureza administrativa, devem, por isso, respeitar os princípios do

contraditório e da ampla defesa. Essa conclusão tem como fundamento o previsto nos

incisos LIV e LV do artigo 5° da CF.

‘Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos

seguintes:

(...)

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo

legal;

LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em

geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela

inerentes’

Uma vez que se trata de processos administrativos, aplica-se a eles a Lei 9.784,

de 29.1.1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública

Federal.

A resposta, mais uma vez, vai ser dada por meio de interpretação sistêmica de

nosso ordenamento jurídico.

A CF, por meio da parte final do art. 73, disciplina que caberá ao Tribunal de

Contas da União, no que couber, as atribuições previstas no art. 96. Esse artigo, por sua

vez, apresenta a seguinte redação:

‘Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com

observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo

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sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e

administrativos;’

Do dispositivo supratranscrito, podemos perceber que a Constituição concedeu

aos Tribunais o poder de elaborar os seus regimentos internos, impondo a condição de

que fossem respeitadas as normas de processos e das garantias processuais.

Seguindo a orientação constitucional, o TCU elaborou o seu Regimento Interno,

prevendo as normas que se aplicam aos processos que tramitam no âmbito daquela

Corte de Contas. Nesse sentido, as normas que disciplinam os processos que tramitam

no Tribunal de Contas da União estão dispostas no seu Regimento Interno. Ocorre que o

RITCU não tem como disciplinar todas as situações processuais possíveis. Para resolver

essa situação o próprio regimento prevê, em seu art. 298, que se aplicam aos processos

do TCU, subsidiariamente, as normas processuais em vigor, desde que sejam

compatíveis com a LOTCU.

Assim, tanto a Lei 9784, de 1999, como as demais normas processuais em vigor

podem ser, SUBSIDIARIAMENTE, aplicadas no TCU.

Voltando nosso foco para o estudo do inciso II do art. 71, vamos dividir o

dispositivo em duas partes. A primeira vai do início até Poder Público Federal e a

segunda compreende a parte final do dispositivo. Assim a nossa primeira parte vai

apresentar a seguinte redação:

‘julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens

e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e

sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal (...)

Essa primeira parte refere-se aos gestores de recursos públicos, ou seja, está

diretamente ligada a expressão GAGAU (gerenciar, administrar, guardar, arrecadar e

utilizar).

Dessa maneira, a mesma explicação dada acima, quando falamos acerca da

obrigatoriedade de prestar contas, cabe nesse momento.

As contas de gestão prestadas ao Tribunal são, ordinariamente, anuais. Com

efeito, a parte inicial do inciso II concedeu competência ao TCU para julgar essas

contas dos administradores públicos.

Convém registrar que as contas ora em questão diferem daquelas que foram

vistas no inciso anterior. Nesse momento, nos preocupamos com as contas de gestão dos

administradores públicos, enquanto o inciso anterior se referia as contas de governo.

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Assim compete-nos distinguir o que vem a ser contas de governo de contas de

gestão.

A primeira diferença que devemos ter em mente é que as contas de governo são

julgadas pelo Congresso Nacional, enquanto que as contas de gestão são julgadas pelo

Tribunal de Contas da União.

Vale relembrar o que, conforme mencionado na última aula, a competência para

julgar as contas de gestão é privativa das Cortes de Contas, não podendo, nessa tarefa,

ser substituídas nem mesmo pelo Poder Judiciário.

Prosseguindo na diferenciação das contas de governo e de gestão, grosso modo,

temos que enquanto aquelas se preocupam com a finalidade precípua do órgão, essas

pretendem verificar se os meios utilizados para o atingimento da atividade fim foram

corretos ou não.

Exemplificando, as contas de governo se preocupam, dentre outras coisas, com a

condução das políticas públicas, com a evolução dos índices econômicos e sociais, com

o atingimento ou não das metas estatuídas na Lei de Responsabilidade Fiscal (despesas

de pessoal, endividamento público etc), bem como com o desempenho da arrecadação

em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização

das receitas e combate à sonegação.

Já as contas de gestão verificam se os normativos relacionados com o uso dos

recursos públicos foram respeitados pelos gestores. Nesse sentido, quando a Corte de

Contas julga contas de gestão observa, dentre outras coisas, se foram obedecidas as

regras atinentes às etapas da despesa, previstas na Lei 4.320, de 1964, e se, ao realizar

um contrato administrativo ou uma licitação pública, foram respeitados os ditames da

Lei 8.666, de 1993.

Por fim, o Tribunal de Contas da União não tem qualquer restrição para o

julgamento das contas de gestão dos administradores, julgando inclusive as contas dos

responsáveis pela gestão do próprio Tribunal. Já com relação às contas de governo do

Tribunal de Contas da União, de acordo com o parágrafo 2° do art. 56 da LRF,

competirá à Comissão Mista a que se refere o art. 166, § 1°, da CF emitir o parecer

prévio.

Resumindo, as contas dos responsáveis pela gestão do Tribunal de Contas da

União serão julgadas pelo próprio TCU.

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Já com relação às contas de governo do Tribunal de Contas da União, NÃO

competirá ao TCU emitir parecer prévio e sim a Comissão Mista de Orçamento do

Congresso Nacional. Vejamos o que dispõe a LRF acerca do assunto:

‘Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além

das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e

do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio,

separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

(...)

§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo

previsto no art. 57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da

Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais’

Com relação ao julgamento das contas de gestão do TCU, a Esaf apresentou a

seguinte questão na prova para o cargo de Analista de Controle Externo no ano de 1999:

(ACE – 99/ESAF) As contas anuais da gestão financeira, orçamentária e

patrimonial do Tribunal de Contas da União são apreciadas e julgadas, quanto à sua

regularidade,

a) pela Câmara dos Deputados

b) pelo Senado Federal

c) pelo Congresso Nacional

d) por Comissão Mista Parlamentar

e) pelo próprio TCU

Como o comando da questão se refere a contas de gestão, a resposta correta é a

letra ‘e’.

Passemos agora à parte final do inciso II do art. 71, que apresenta a seguinte

redação:

‘(...) e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público’’

De início, informo que a intenção desse dispositivo é que mesmo aqueles que

não estão relacionados à expressão GAGAU venham a ter suas contas julgadas pelo

Tribunal de Contas da União, quando derem causa a perda, extravio ou outra

irregularidade de que resulte prejuízo ao erário.

Nem todas as pessoas que trabalham na Administração Pública são responsáveis

por recursos públicos. Assim, uma pessoa que exerça somente função de assessoria em

um Tribunal, em tese, não responde por nenhum recurso público, razão pela qual não

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necessita prestar contas ao TCU. Nada obstante, caso esse servidor público extravie um

microcomputador de seu ambiente de trabalho, dará prejuízo ao erário, razão pela qual

deverá prestar contas de sua ação.

Nesse momento, temos as chamadas contas especiais, enquanto que na primeira

parte do dispositivo temos as contas ordinárias.

Levando em consideração o dispositivo acima transcrito, estaria correto dizer

que um transeunte não integrante da Administração Pública que venha a jogar uma

pedra na vidraça de determinado órgão público, deveria ser responsabilizado em

processo de tomada de contas especial, uma vez que causou prejuízo ao erário?

A resposta é negativa, ou seja, o transeunte não deveria ser responsabilizado em

processo de tomada de contas especial. Para chegarmos a essa conclusão, devemos fazer

uma interpretação sistêmica da Constituição. Não podemos esquecer que o dispositivo

em estudo está inserido dentro da Seção que cuida da Fiscalização Contábil, Financeira

e Orçamentária do Estado. Nesse sentido, estarão sujeitos ao julgamento de suas contas

pelo Tribunal de Contas da União somente as pessoas que integrem direta ou

indiretamente a Administração Pública.

Integram diretamente a Administração Pública todos aqueles que tenham com

esta qualquer vínculo funcional. Integram indiretamente a Administração Pública todos

aqueles que recebam recursos públicos para agir em nome da Administração. Como

exemplo dessa última situação, cito os convênios executados entre a União e

associações sem fins lucrativos.

Chegamos ao final de mais uma aula. Considero essa aula uma das mais

importantes do nosso curso, por isso peço que lhe seja dada especial atenção.

Hoje, tivemos a oportunidade de começar a ver como o controle externo e, em

especial, o Tribunal de Contas da União estão disciplinados na Constituição.

Verificamos quais são os modos de fiscalização utilizados no controle externo –

COFOP.

Ratificamos o nosso posicionamento no sentido de que o titular pelo controle

externo é o Congresso Nacional, o qual, para esse fim, recebe auxílio do TCU

Vimos, ainda, as situações em que responsáveis por recursos públicos devem

prestar contas ao TCU.

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Após, passamos para as competências do Tribunal de Contas da União,

oportunidade que vimos as principais diferenças entre contas de governo e contas de

gestão.

Continuem estudando e até breve.

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AULA 5: COMPETÊNCIAS DO TCU NA CF

Dando continuidade ao estudo dos aspectos constitucionais do controle externo,

vamos, na aula de hoje, terminar de ver as competências do Tribunal de Contas da

União na Constituição Federal.

Relembrando, essa aula é uma continuação do encontro passado, razão pela qual

vou dar continuidade à seqüência da numeração anteriormente adotada.

Mais uma vez, peço especial atenção para esses dois encontros, pois, em média,

30% das questões das provas mais recentes para o cargo de Analista de Controle

Externo do Tribunal de Contas da União foram relacionadas ao tema dessas aulas.

Nunca é demais lembrar que a matéria tratada nesses dois encontros será

aprofundada ao longo do nosso curso.

3.3 – APRECIAÇÃO DE ATOS SUJEITOS A REGISTRO.

A matéria em apreço está estatuída no inciso III do art. 71 da Constituição

Federal, que apresenta a seguinte redação:

‘III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de

pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações

instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de

provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e

pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do

ato concessório;’

Entendo que o constituinte não foi muito feliz na redação desse dispositivo. Para

sua melhor compreensão, vamos estudar o inciso por partes.

Na primeira parte, vamos verificar o que o constituinte quis dizer em ‘apreciar

para fins de registro a legalidade (...)’.

Todos nós possuímos uma certidão de nascimento. Para isso, quando nascemos,

nossos pais procuraram um cartório de registro de pessoas naturais para nos registrar.

Assim, feito o registro, é expedida a respectiva certidão de nascimento.

Com propósito semelhante, a União se preocupa em registrar as admissões de

pessoal e as concessões de aposentadorias, reformas e pensões, a fim de obter uma

memória desses atos.

Conforme preconizado na CF, o responsável por esse registro é o Tribunal de

Contas da União. Para tanto, o Tribunal necessita verificar se esses atos foram

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praticados de acordo com os normativos legais que regem a espécie ou não. Esse é o

sentido, então, da expressão ‘apreciar para fins de registro a legalidade (...)’.

Uma vez analisada a primeira parte do dispositivo, passemos para as seguintes.

Nosso próximo passo será o estudo dos atos de admissão. A constituição prevê que

serão registradas as admissões de pessoal, ocorridas a qualquer título, na administração

direta e indireta.

Assim, mesmo que ocorra uma admissão temporária, como exemplo daquelas

disciplinadas na Lei 8.745, de 1993, ela terá que ser registrada pelo TCU. A

competência do Tribunal ocorre tanto para as admissões da administração direta como

indireta. Dessa forma, para esse registro, pouco vai importar por qual regime houve a

admissão: se celetista ou estatutário.

Como anteriormente mencionado, o Tribunal de Contas da União, antes de

realizar o registro, deverá apreciar a legalidade do ato. Nesse sentido, entre outras

coisas, é verificado se houve concurso público para a admissão de pessoal ou se está

havendo acumulação de cargos em desacordo com o que é permitido pela Constituição.

Ainda com relação à admissão de pessoal, importante anotar que o dispositivo

em análise apresenta uma exceção, qual seja, a apreciação, para fins de registro, da

legalidade das nomeações para cargos de provimento em comissão. Estes cargos são

aqueles de livre nomeação e exoneração pela autoridade competente. Assim, pela

precariedade do vínculo com a Administração, estes atos são dispensados de registro.

Na prova passada para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União, a questão foi abordada da seguinte maneira:

‘Compete ao TCU apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de

admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, mas essa

atribuição não se estende aos cargos de provimento em comissão.

Pelo que foi dito até aqui, percebemos que a assertiva é correta.

Importante observar que o Tribunal de Contas da União não tem competência

para analisar a legalidade desses atos para fins de registro, mas isso não impede que o

Tribunal fiscalize a legalidade desses atos, por meio de fiscalizações ou por meio de

julgamento das contas dos gestores. Acontece que, apesar de serem atos de livre

nomeação, algumas formalidades devem ser observadas. Como exemplo, no âmbito do

Judiciário federal, não podem ser nomeados para cargo em comissão parentes até 3°

grau das autoridades do Tribunal. Dessa forma, o TCU pode, ao realizar uma auditoria

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em determinado Tribunal, fiscalizar se as nomeações para cargos de provimento em

comissão ocorridos naquele Tribunal estão ou não de acordo com a lei.

A competência para fiscalizar atos de nomeação para cargos em comissão

decorre do inciso IX da CF, que será estudado ainda nesse encontro.

Resumindo, o Tribunal de Contas da União não tem competência para analisar,

para fins de registro, a legalidade das nomeações de cargos de livre provimento. Pode,

entretanto, fiscalizar a legalidade dessas nomeações em outros processos de fiscalização

ou em processos de contas. Os tipos de processos do Tribunal de Contas da União serão

estudados em momento oportuno.

Com relação ao assunto a questão pode ser, por exemplo, cobrada da seguinte

maneira na prova:

No curso de uma fiscalização, pode o Tribunal checar a legalidade de todas as

nomeações, à exceção daquelas decorrentes de cargos de livre provimento.

Pelo que foi exposto, a assertiva estaria incorreta, pois, no curso de uma

fiscalização o Tribunal de Contas da União pode sim fiscalizar a legalidade de TODAS

as nomeações, inclusive das relacionadas aos cargos de livre provimento.

Passemos agora ao estudo dos outros atos sujeitos a registro, que são as

concessões de aposentadorias, reformas e pensões.

As aposentadorias são benefícios concedidos às pessoas que satisfizeram os

requisitos constitucionais para que possam receber sem trabalhar.

Já as reformas são benefícios concedidos aos militares, que possuem regime

diferenciado dos servidores civis. Em rápido resumo, os militares podem ser da ativa, da

reserva ou reformados. Na ativa ele deve estar prestando serviço regularmente. Na

reserva, apesar de não estarem prestando serviço regularmente, podem ser convocados,

a qualquer tempo, como exemplo, em caso de guerra. Após esse tempo na reserva, ao

atingir determinada idade, o militar não mais pode ser convocado, diz-se então que o

militar foi reformado.

As pensões são benefícios concedidos a dependentes de servidores que venham a

falecer.

Para melhor compreensão do inciso III, devemos entender bem o significado da

expressão ‘bem como’ constante na parte final do dispositivo. A expressão ‘bem como’

refere-se à ‘apreciar, para fins de registro’ e não a ‘excetuadas as nomeações. Caso

essa não fosse a interpretação desse inciso, o Tribunal não teria competência para

apreciar a legalidade dos atos de concessão de aposentadorias, reformas e pensões, o

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que não é verdade. Sinteticamente, cabe ao tribunal apreciar a legalidade dos atos de

admissão de pessoal, bem como de concessão de aposentadoria, reforma e pensão.

Convém esclarecer que, diferentemente, dos atos de admissão de pessoal o

Tribunal somente se preocupa com as aposentadoria e pensões relacionadas aos

servidores estatutários. Assim, todos aqueles funcionários públicos que são regidos pela

Consolidação das Leis Trabalhistas não terão as suas concessões apreciadas pelo

Tribunal de Contas da União. A razão disso é porque o governo federal possui órgão

específico para tratar desses benefícios, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

Nunca é demais lembrar que na administração indireta também podemos ter servidores

estatutários, como ocorre com o próprio INSS e com o Banco Central.

Por fim, o inciso III apresenta a seguinte parte: ‘ressalvadas as melhorias

posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório’

A parte final do dispositivo significa que, por exemplo, caso ocorra uma

modificação em determinada aposentadoria, o Tribunal só vai precisar se manifestar

novamente caso seja alterado o fundamento legal da aposentadoria. Assim, caso

determinado servidor venha a se aposentar em um cargo qualquer e depois preencha os

requisitos para se aposentar em outro, o Tribunal deverá apreciar a alteração do ato

concessório. No entanto, caso ocorra uma alteração apenas no vencimento da

aposentadoria decorrente de aprovação de planos de cargos e salários, o ato não passará

de novo pelo crivo do Tribunal de Contas da União.

Antes de encerrarmos esse dispositivo, vale mencionar o entendimento do

Supremo Tribunal Federal acerca da natureza jurídica dos atos sujeitos a registro. O

Pretório Excelso já se manifestou no sentido de que esses atos possuem a natureza de

ato complexo. Assim, para que o ato se aperfeiçoe há a necessidade de o Tribunal de

Contas da União se manifestar.

A conseqüência prática desse entendimento é que o prazo de 5 anos do art. 54 da

Lei 9.784, Lei que disciplina o processo administrativo no âmbito da administração

pública federal, não se aplica aos atos sujeitos a registro até que o TCU venha a se

pronunciar.

Nesse sentido, se determinado servidor se aposentar em maio de 1998 e o

Tribunal somente venha dizer que esse ato é ilegal no ano de 1994, não pode o servidor

alegar a impossibilidade de o ato ser revisto, por ter ultrapassado o prazo de 5 anos

estatuído no art. 54 da Lei 9.784.

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3.4 – REALIZAÇÃO DE FISCALIZAÇÕES

O inciso IV do art. 71 da CF apresenta a seguinte redação:

‘IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado

Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades

administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades

referidas no inciso II;’

Esse artigo merece algumas observações. A primeira é que ao prever que o

Tribunal de Contas da União pode realizar por iniciativa própria fiscalizações, a

Constituição está reconhecendo sua autonomia. Dessa forma, pode o Tribunal

determinar os rumos que pretende seguir.

A segunda observação refere-se aos legitimados para a solicitação. Reparem que

um Deputado ou um Senador isoladamente não tem competência para solicitar ao TCU

a realização de fiscalização. Veremos adiante que essas autoridades poderão utilizar

outro instrumento para apresentar uma irregularidade ao TCU. Para que o Tribunal

atenda a solicitação é necessário que ao menos uma Comissão formalize o pedido.

Importante destacar que até mesmo comissões de inquérito têm legitimidade para

solicitar a fiscalização.

Quando estudarmos os tipos de fiscalização existentes no TCU, vou apresentar

as diferenças entre inspeção e auditoria.

3.5 – FISCALIZAÇÃO DAS EMPRESAS SUPRANACIONAIS

Com relação ao assunto, o inciso V do art. 71 apresenta a seguinte redação:

‘V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital

social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado

constitutivo;’

Inicialmente, empresa supranacional é uma empresa estatal que pertence a mais

de uma nação. Não podemos confundir empresas supranacionais com empresas

multinacionais. Essas últimas diferenciam-se das primeiras por não serem controladas

por entes públicos. São exemplos de multinacionais e não de supranacionais a Coca-

Cola, a Fiat, a Nestlé etc. Já Itaipu e o Banco Brasil-Iraque são exemplos de empresas

supranacionais.

Assim, tal quais as empresas estatais, as supranacionais devem ser fiscalizadas

pelo TCU. Conforme lecionado na aula passada, têm o dever de prestar contas ao poder

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público todos aqueles responsáveis por recursos de origem pública. No estudo do inciso

em análise não é diferente.

Serão objeto de fiscalização somente as contas nacionais, ou seja, as contas que

sejam originadas de recursos públicos brasileiros. Para se saber o que se originou do

Brasil, vale consultar os termos do tratado constitutivo.

Na prova para concurso de 1996, o Cespe abordou a matéria da seguinte forma:

‘(ACE – Cespe – 1996) Acerca do controle externo da atuação da administração

pública, conforme os critérios disciplinados pela Constituição Federal de 1988, julgue

os itens abaixo.

(...)

5_ Compete ao Congresso Nacional fiscalizar as contas nacionais das empresas

supranacionais de cujo capital a União participe de forma direta ou indireta.

A resposta dada pela banca foi de assertiva incorreta. Não poderia agir de outra

forma, pois, conforme apresentado, essa função é do Tribunal de Contas da União.

3.6 – FISCALIZAÇÃO DE RECURSOS REPASSADOS PELA UNIÃO

Trataremos agora de um assunto bastante comum nas provas para o TCU. Para

melhor compreensão da matéria, vou dividir a fiscalização dos recursos repassados pela

União em duas partes: repasses voluntários e repasses não voluntários. Na aula de hoje

só trataremos da primeira espécie, em encontro futuro vamos abordar a segunda.

Com relação ao assunto a Constituição estabelece que:

‘VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União

mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao

Distrito Federal ou a Município;’

O dispositivo somente pode ser entendido se tivermos a compreensão do que

significa o termo convênio.

Convênio é um instituto do Direito Administrativo, pelo qual o Poder Público se

associa a outra entidade pública ou com entidades privadas, para que sejam produzidos

objetos de interesse comum, mediante mútua cooperação. Caracteriza o convênio o fato

de haver um acordo de vontade entre os signatários do ajuste.

Dessa forma, convênio se diferencia de contrato pelo fato de, neste último, haver

interesses divergentes (enquanto uma parte quer o preço, a outra quer o produto).

O convênio também se caracteriza por ser, em geral, uma transferência

voluntária de recursos. Quando a União repassa verbas a determinado município por

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meio de convênio, ela está repassando o recurso por livre vontade sua, não há nenhum

dispositivo que obrigue a União a fazer a transferência. Se não há nenhuma obrigação

para a transferência, qual o interesse da União em fazê-lo?

A resposta é simples. Conforme já falado, o convênio tem como característica o

interesse comum dos signatários do ajuste. Dessa forma, a diminuição do analfabetismo

no país é tanto interesse da União como de qualquer município. Vislumbrando a

necessidade de construção de escola em determinado município, a fim de atingir esse

objetivo, a União pode celebrar um convênio. Por esse ajuste, em geral, serão utilizadas

verbas de ambas as esferas administrativas: União e município. A maior porcentagem,

via de regra, será da União.

Podemos dar números a esse hipotético caso. Suponhamos que para a construção

da mencionada escola seja necessário a quantia de R$ 100.000,00. Uma forma de dividir

os recursos seria R$ 90.000,00 a cargo da União e o restante a cargo do município, a

título de contrapartida.

Dessa forma, teríamos um repasse voluntário de R$ 90.000,00 da União para

determinado município, com o objetivo de aquele ente federativo construir uma escola.

Ultrapassado o conceito de convênio, vamos verificar o significado da expressão

‘FISCALIZAR A APLICAÇÃO’, contida na parte inicial do dispositivo.

Considerando que a transferência por meio de convênio é uma transferência

voluntária e que, por isso, deve haver interesse mútuo dos participantes, competirá a

União (ente repassador do recurso, também chamado de ente concedente) fiscalizar se

os recursos foram aplicados no objeto do convênio, ou seja, no caso hipotético, na

construção de uma escola. Caso o município (ente responsável pela aplicação dos

recursos, também chamado de ente convenente) não aplique os recursos no objeto que

foi avençado, pode ser compelido a devolver os recursos aos cofres da União.

Outro significado da expressão ‘FISCALIZAR A APLICAÇÃO’ é a

possibilidade de o concedente verificar se o convenente respeitou todos os normativos

aplicados à utilização dos recursos públicos, razão pela qual poderá checar se, entre

outras coisas, a Lei de Licitações e Contratos foi cumprida.

Resumindo o Tribunal de Contas da União tem competência para tanto para

verificar se o objeto do convênio foi cumprido como para checar se o convenente

respeitou os normativos ligados ao gasto dos recursos públicos.

Interessante notar que a Constituição se refere a convênio, ajuste o outros

instrumentos congêneres, ou seja, a qualquer transferência voluntária.

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Conforme anteriormente, mencionado, em encontro futuro, trataremos da

competência do TCU quando os recursos envolvidos não forem repassados de forma

voluntária.

3.7 PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES AO CONGRESSO NACIONAL

O tema é apresentado da seguinte forma na constituição:

‘VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer

de suas Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de

auditorias e inspeções realizadas;’

Como já várias vezes mencionado nesse curso, o responsável pelo controle

externo é o Congresso Nacional. Assim sendo, para o exercício de sua competência, o

Congresso Nacional possui a necessidade de saber os resultados das fiscalizações

realizadas pelo Tribunal de Contas da União.

A competência ora em apreço muito se assemelha ao que estudamos no item 3.4

acima. Assim, as mesmas informações lá prestadas também cabem aqui. Volta a chamar

a atenção para o fato de que as informações não podem ser prestadas a um Deputado ou

Senador isoladamente.

Acrescento apenas nesse item que, diferentemente do preconizado no inciso IV,

aqui a Constituição se refere a qualquer das comissões do Congresso Nacional. No

inciso IV, a Carta Política se refere às comissão técnica ou de inquérito.

A redação do inciso VII é mais abrangente do que a do inciso IV. Ao se referir a

qualquer comissão no inciso VII, a constituição abrante além das comissões técnicas e

de inquérito, outras que possam ser formadas permanente ou temporariamente. Como

exemplo, cito a comissão formada para acompanhar o desenrolar do caso do brasileiro

assassinado no metrô de Londres.

Na última prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União, a matéria foi cobrada da seguinte forma:

‘O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, é exercido com auxílio do

Tribunal de Contas da União, ao qual compete prestar informações solicitadas pelo

Congresso Nacional, por qualquer de suas casas ou por quaisquer de seus membros,

sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre

resultado de auditorias e inspeções realizadas.’

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Pelo que foi apresentado, podemos perceber que a assertiva está incorreta, pois

os membros do Congresso Nacional não possuem competência, isoladamente, para

solicitar as informações.

3.8 – POSSIBILIDADE DE O TCU APLICAR SANÇÕES

Vejamos o que disciplina o inciso VII do art. 71 da CF:

‘VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou

irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras

cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário;’

Mais a frente, vou dedicar um capítulo só para estudarmos as sanções que o

Tribunal de Contas da União pode aplicar. Por ora, apenas, vou-me preocupar com o

entendimento do dispositivo constitucional.

Algumas observações são necessárias para a melhor compreensão desse inciso.

Podemos perceber, de plano, que em alguns casos, o Tribunal de Contas da União pode

aplicar sanções aos responsáveis por recursos públicos. Estabelece o dispositivo que,

somente com previsão legal, pode o TCU aplicar sanção ao responsável. Estamos

diante, então, do princípio da reserva legal. Dessa forma, somente se lei (stictu sensu)

prever a possibilidade de sanção é que o Tribunal poderá utilizar-se dessa faculdade.

Assim, não pode o TCU criar por meio de seu Regimento Interno uma sanção que não

esteja prevista em alguma lei.

Importante notarmos, também, que a Constituição não restringiu a uma lei

específica a necessidade de disciplinar a matéria. Dessa forma, fica a critério do

legislador infraconstitucional estabelecer as leis que vão aplicar sanções aos

responsáveis. Nesse sentido, não é apenas a Lei Orgânica do TCU que pode prever

sanções. Tanto é assim que a Lei 10.028, de 2000, que disciplina a os crimes fiscais, em

seu art. 5°, estabelece que as infrações administrativas serão processadas e julgadas pelo

Tribunal de Contas a que competir a fiscalização. Caso o Tribunal verifique a existência

de infração, poderá aplicar multa de até 30% sobre os vencimentos do agente infrator.

Dessa forma, temos que não é só a Lei Orgânica do TCU que pode prever

sanções. A matéria poderia ser questionada da seguinte forma no concurso:

‘Desde que previsto em sua Lei Orgânica, pode o Tribunal de Contas da União

aplicar, em caso de ilegalidade de despesa, sanções aos responsáveis.’

A assertiva estaria incorreta, pois, conforme visto, não precisa que a sanção

esteja prevista na Lei Orgânica do TCU, podendo outra lei qualquer prever a sanção.

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Outra observação acerca desse inciso se refere ao tipo de sanção que o TCU

pode aplicar. Ao mencionar a expressão ‘ENTRE OUTRAS COMINAÇÕES’, o

constituinte deixou claro que não pretendia apresentar um rol taxativo de sanções. Dessa

maneira, temos que a sanção de multa prevista no inciso em análise é apenas

exemplificativa.

3.9 – POSSIBILIDADE DE SUTAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS

ADMINISTRATIVOS

Verificaremos, agora, qual a extensão da competência do TCU, ante a

constatação de descumprimento de dispositivo legal.

Irei tratar, nesse tópico, dos incisos IX a XI do art. 71 da CF, bem como de seus

parágrafos 1° e 2°.

A redação do inciso IX do art. 71 da CF é a seguinte:

‘IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências

necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;’

O presente dispositivo assevera que compete ao Tribunal de Contas da União

verificar se os administradores pautam as suas gestões em ações que sejam realizadas

em consonância com os dispositivos legais que regem a Administração Pública. Caso

seja verificada qualquer ilegalidade, competirá ao TCU determinar que o responsável

pela ação, em prazo estipulado pelo Tribunal, adote providências no sentido de sanar a

ilegalidade.

É esse dispositivo constitucional que permite ao Tribunal de Contas da União,

em processo de fiscalização ou de contas, verificar a legalidade dos atos de nomeação

dos cargos de livre provimento.

Ocorre que nem sempre o responsável pela ação irá cumprir a determinação do

Tribunal de Contas da União. Nesse caso, o que o Tribunal poderá fazer?

A primeira providência é verificar se a ilegalidade decorre de ato ou de contrato

administrativo. Vamos então separar nossa explicação. Primeiramente vamos tratar dos

atos administrativos, para, em seguida, falar dos contratos.

Sem querer aprofundar o assunto, uma vez que não é objeto de nossa matéria,

acredito interessante fazer uma breve distinção de ato e de contrato.

O ato administrativo decorre da vontade unilateral da administração. Como

exemplo, cito a remoção de servidor público por interesse da administração.

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Já no contrato temos vontade de duas ou mais pessoas. Assim, quando a

administração contrata determinada firma para execução de serviço de pintura, temos

que a firma se interessou no preço a ser pago pela administração e essa se interessou no

serviço que será prestado. Verificamos, então, que, para a execução do serviço, teremos

a vontade de duas pessoas.

Quando a ilegalidade decorrer de ato administrativo, teremos um caminho mais

curto para percorrer, pois a própria Constituição concede competência para o Tribunal

de Contas da União sustar diretamente o ato. Vejamos, então, o que preconiza o inciso

X do art. 71:

‘X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a

decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal;’

Algumas observações precisam ser feitas.

Podemos reparar que a Constituição não concedeu competência para que o TCU

anule o ato impugnado. De acordo com o nosso ordenamento jurídico somente pode

anular o ato aquele que o praticou ou o Poder Judiciário. Assim, o TCU não detém

competência para a anulação. Pode, entretanto, sustar a execução do ato.

Qual seria, então, o significado da expressão ‘SUSTAR O ATO’?

Significa que a Corte de Contas retira a eficácia do ato. Dessa forma, apesar de

ainda estar no mundo jurídico, o ato não mais produzirá efeitos algum.

Como exemplo, caso o ato sustado seja a concessão de aposentadoria, esse

benefício, após a sustação, ainda vai estar no mundo jurídico. Não caberá, entretanto, ao

aposentando receber qualquer quantia relativa a essa aposentadoria, sob pena de ter que

devolvê-la no futuro. O ato só sairá do mundo jurídico quando for anulado.

Devemos lembrar que, conforme estudado há pouco, o Tribunal de Contas da

União tem a faculdade de aplicar sanções aos responsáveis por recursos públicos,

quando previstas em lei. Esclareço que a Lei Orgânica do TCU, em seu art. 58, inciso

VII, prevê que a reincidência no descumprimento de determinação da Corte de Contas

pode ser punida com multa.

Dessa maneira, não é muito comum que o Tribunal venha a ter que sustar atos

administrativos, ante o poder coercitivo que lhe foi dado. Reparem que estou dizendo

que não é comum, isso NÃO quer dizer que o Tribunal NÃO possa sustar o ato, caso

haja a necessidade.

Antes de prosseguirmos, vale fazer mais uma observação relacionada ao inciso

X. O constituinte colocou que, ao sustar o ato, o Tribunal deve comunicar essa decisão à

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Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Reparem que não foi dito que a

comunicação deve ser dirigida ao Congresso Nacional e sim às duas casas isoladamente,

então tomemos cuidado com essa colocação na prova.

E em caso de contrato, o que o Tribunal poderá fazer.

De imediato, o Tribunal não detém competência para sustar o contrato. Dessa

forma, caso se depare com ilegalidade ocorrida no âmbito de contrato administrativo,

deve comunicar a ilegalidade ao Congresso Nacional, que adotará as providências

necessárias para a sua sustação. Vejamos o que dispõe o § 1° do art. 71:

‘§ 1º - No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo

Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas

cabíveis.’

O dispositivo informa que o Congresso Nacional solicitará, de imediato, ao

Poder Executivo a adoção das medidas cabíveis. Ocorre que nem sempre o Poder

Executivo é o responsável pelo contrato.

O que acontecerá se o contrato ilegal for de responsabilidade do Poder

Judiciário? Entendo que nesse caso, o constituinte utilizou o Poder Executivo de forma

genérica. Assim, a comunicação deve ser dirigida ao Poder responsável pela execução

do contrato ilegal, pois, conforme vimos anteriormente, somente o responsável pelo

contrato – ou o Poder Judiciário - terá competência para anular o contrato ilegal.

Sabemos que as decisões do Congresso Nacional são eminentemente políticas e

que não é fácil incluir uma matéria na pauta de votação do Congresso. Nessa linha de

raciocínio, acredito que não seria razoável esperar que o Congresso Nacional delibere

acerca da ilegalidade de contrato firmado entre um órgão qualquer e uma padaria, cujo

objeto seja o fornecimento de 50 pães por dia. Para preencher essa lacuna o constituinte

trouxe o § 2° do art. 71 da CF, que apresenta a seguinte redação:

‘§ 2º - Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,

não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.’

Resta-nos verificar, então, qual o significado da expressão decidir a respeito.

O art. 251, §§ 3° e 4°, do Regimento Interno\TCU nos apresenta a resposta.

‘Art. 251. (...)

§ 3º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias,

não efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito

da sustação do contrato.

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§ 4º Verificada a hipótese do parágrafo anterior, e se decidir sustar o contrato,

o Tribunal:

I – determinará ao responsável que, no prazo de quinze dias, adote as medidas

necessárias ao cumprimento da decisão;

II – comunicará o decidido ao Congresso Nacional e à autoridade de nível

ministerial competente.’

Podemos verificar de tudo que foi colocado que, se o Tribunal verificar a

ocorrência de ilegalidade em ato administrativo, poderá ele próprio sustar a execução do

ato impugnado. Já em caso de contrato, o Tribunal somente poderá sustar sua execução

se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de 90 dias, não adotar as

providências pertinentes.

Importante notar que independentemente de se tratar de ato ou de contrato a

Constituição prevê que o Tribunal de Contas da União represente ao Poder competente

no caso de constatação de irregularidade ou abuso apurado. É o que está previsto no

inciso XI do art. 71.

‘XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos

apurados.’

A necessidade da comunicação se dá, entre outras coisas, porque somente o

Poder competente pode aplicar sanções administrativas ao responsável.

Para encerrar o assunto, considero interessante trazer à tona o pensamento

apresentado pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do Mandado de

Segurança 23550\DF.

Essa ação foi impetrada contra decisão do TCU que havia determinado ao

responsável por órgão público que adotasse os procedimentos necessários para a

anulação de certo contrato administrativo.

Considerando que havia sido lesado em seu direito, o contatado impetrou o

referido mandado de segurança.

A decisão do Pretório Excelso foi no sentido de que o TCU havia sim

competência para determinar a anulação do contrato. A Suprema Corte assim entendeu

por que a Constituição concedeu competência para a Corte de Contas ‘assinar prazo

para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento

da lei, se verificada ilegalidade’ – Inciso IX do art. 71. Dessa forma, quando a Corte de

Contas entender que a única forma de conseguir a legalidade é por meio da anulação do

contrato, pode assinar prazo para que o órgão adote essa providência.

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Nesse mesmo julgado, o Supremo entendeu que o TCU só pode determinar que

algum órgão adote as medidas necessárias no sentido de anular certo contrato

administrativo após conceder ao contratado a oportunidade de defender a legalidade da

avença.

A matéria ora em estudado, corriqueiramente, é questionada nas provas para o

Tribunal de Contas da União. Vejamos alguns exemplos:

‘Compete ao Tribunal de Contas da União (TCU), diretamente, determinar a

sustação de contrato administrativo celebrado pelo Poder Executivo, comunicando o

ato de sustação ao Congresso Nacional. (ACE – Cespe/98)’

Verificamos que o Tribunal de Contas da União só tem competência para

sustar o contrato caso ocorra inércia do Congresso Nacional ou do Poder Executivo.

A Constituição, por meio do § 1° do art. 71, estabelece que compete diretamente ao

Congresso Nacional a sustação do contrato. Assim sendo, a assertiva está falsa.

‘Decretar a anulação de atos e contratos dos órgãos jurisdicionados

considerados ilegais (ACE – ESAF/2000)’.

Como anteriormente verificado, o Tribunal de Contas da União não detém

competência para anular nem ato nem contrato, o que o Tribunal pode fazer é

promover a sustação de atos diretamente e de contratos, caso seja observada inércia

do Congresso Nacional e do Poder Executivo.

3.10 EFICÁCIA DAS DECISÕES DO TRIBUNAL

Importante inovação trazida pelo constituinte de 1988 foi conceder eficácia de

título executivo extrajudicial às decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito

ou multa. ANTERIORMENTE à atual Carta Política, para que as decisões do Tribunal

de Contas da União ganhassem eficácia de título executivo, era necessário que o valor

do débito ou da multa fosse, primeiramente, inscrito na dívida ativa. Vejamos a redação

do § 3° do ar. 71 da CF:

‘§ 3º - As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa

terão eficácia de título executivo.’

Título executivo é aquele que já está pronto para o processo de execução, não

precisando passar pelo processo de conhecimento do Poder Judiciário, para que seja

reconhecida uma dívida.

Dessa forma, quando o Tribunal julga as contas de determinado responsável,

condenando-lhe ao pagamento de débito e multa, não há necessidade de qualquer

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providência no âmbito do Poder Judiciário para que se inicie um processo de execução

contra o responsável.

Questões acerca da eficácia das decisões do Tribunal de Contas da União

comumente freqüentam as provas para o cargo de Analista de Controle Externo. Trago,

a seguir, alguns exemplos de como a matéria já foi solicitada:

‘As decisões do Tribunal de Contas da União, no exercício das suas funções

de controle externo, terão eficácia de título executivo judicial (ACE – ESAF/2000).

A assertiva é falsa, pois somente as decisões proferidas no âmbito do Poder

Judiciário possuem eficácia judicial.’

‘Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada. (ACE –

Cespe/2004).’

A assertiva está correta, quando o Tribunal condena em débito uma empresa

privada, estará constituindo um título executivo contra ela. Com relação à

possibilidade de o TCU condenar empresa privada, a matéria ainda será vista no

decorrer de nosso curso.

4 – CONTROLE DE DESPESAS NÃO AUTORIZADAS

O tema apresenta-se positivado da seguinte forma no art. 72 da CF.

‘Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de

indícios de despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não

programados ou de subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade

governamental responsável que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos

necessários.

§ 1º - Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes insuficientes, a

Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento conclusivo sobre a matéria, no prazo

de trinta dias.

§ 2º - Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, se julgar que o

gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão à economia pública, proporá ao

Congresso Nacional sua sustação.’

Para esse dispositivo, acredito que sejam necessárias somente algumas

observações para melhor entendimento do tema.

Estamos diante de competência conjunta do Congresso Nacional e do Tribunal

de Contas da União. Assim, verificamos que, no dispositivo em tela, tanto a Comissão

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Mista de Orçamento possui obrigações específicas como o Tribunal de Contas da União

também as têm.

Interessante notar que o parecer do Tribunal de Contas da União é apenas

opinativo, ou seja, não vincula nem a Comissão Mista de Orçamento nem o Congresso

Nacional.

Quem vai decidir se vai ou não sustar a despesa considerada irregular vai ser o

próprio Congresso Nacional.

A Esaf, na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do ano de 2002,

apresentou a seguinte questão com relação a esse tema:

‘O controle externo no Brasil, quanto à fiscalização contábil, financeira e

orçamentária da Administração Pública Federal, atualmente, comporta atividades

diversificadas, compreendidas na competência:

a) exclusiva do Congresso Nacional.

b) exclusiva do Tribunal de Contas da União.

c) conjugadas e conjuntas do Congresso Nacional e do Tribunal de Contas da

União.

d) privativas umas do Congresso Nacional e outras do Tribunal de Contas da

União.

e) privativas umas do Congresso Nacional, outras do Tribunal de Contas da

União e algumas delas com a participação conjugada de ambos esses órgãos.’

Essa questão nos demonstra a necessidade de lermos todas as alternativas para

chegarmos a melhor resposta. O candidato mais afobado poderia marcar as letras ‘c’ ou

‘d’. Entretanto, a alternativa ‘e’ se apresenta mais completa. Realmente, no exercício do

controle externo, o Congresso Nacional possui funções privativas, como no caso de

julgamento das contas do Presidente da República. O Tribunal de Contas da União

também possui funções privativas, como no julgamento das contas dos administradores

públicos. Por fim, como na situação prevista no art. 72 da CF, algumas atribuições são

conjuntas.

Chegamos ao final de mais um encontro. Nessa aula, tivemos a oportunidade de

encerrar o estudo começado na aula passada. Volto a chamar a atenção para a

importância dessas duas aulas. Todas as provas para o cargo de Analista de Controle

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Externo do Tribunal de Contas da União apresentam questões relacionadas às

competências constitucionais do TCU.

Como prova, apresento a seguir mais duas questões relacionadas ao tema e que

foram objeto de concursos passados.

‘O Tribunal de Contas da União (ACE – 1996 – Cespe)

(1) é um órgão auxiliar do Congresso Nacional, apesar de fazer parte do Poder

Judiciário.

(2) exerce a função de controle externo da administração federal, conforme

previsto na Constituição.

(3) examina e emite parecer relativo às contas apresentadas anualmente pelo

Presidente da República.

(4) pode aplicar sanções aos responsáveis, inclusive multas.

(5) pode fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União aos

Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal.’

Examinaremos item por item.

O item 1 está incorreto, porque o TCU não faz parte do Poder Judiciário.

No item 2, está colocado que TCU exerce a função de controle externo,

conforme previsto na Constituição. Tivemos a oportunidade de ver nessas duas aulas

que quem exerce a função de controle externo é o Congresso Nacional, sendo auxiliado,

para tanto, pelo Tribunal de Contas da União. Dessa forma, a assertiva também está

incorreta.

O item 3 já foi analisada na aula passada. Reprisando, a questão está incorreta,

pois que emite parecer sobre as contas prestadas pelo Presidente da República é a

Comissão Mista de Orçamento, o Tribunal de Contas da União emite parecer prévio.

O item 4 está correto.

Por fim, o item 5 também está incorreto, como será visto mais adiante, não são

todos os recursos que o Tribunal de Contas da União pode fiscalizar a aplicação.

O próximo encontro vai ser dedicado ao estudo da composição e da organização

do Tribunal de Contas da União. Até lá e continuem estudando.

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AULA 6: COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A partir dessa aula, todos os nossos encontros estarão intimamente ligados à Lei

Orgânica e ao Regimento Interno do Tribunal de Contas da União. Os nossos próximos

cinco encontros serão, na verdade, uma orientação de como deve ser feito o estudo

desses normativos.

Por questão didática, não vou seguir estritamente a ordem dos dispositivos legais

e regimentais, mas, à medida que for trazer qualquer assunto à discussão, vou fazer

referência da correta localização da matéria tanto na Lei como no Regimento.

Nosso curso não nos permite comentar cada um dos artigos desses dispositivos,

entretanto isso não pode ser empecilho para o aluno fazer uma leitura atenta de todos

eles. Caso o tempo não seja suficiente, maximize-o de acordo com o que foi orientado

na nossa 4ª aula.

Feitas essas breves considerações, vamos, então, começar a nossa 6ª aula.

Sugiro, para melhor compreensão da matéria, que você tenha sempre a mão a Lei

Orgânica – Lei 8.449\1992 e o Regimento Interno do TCU (Resolução-TCU, 155).

1 – COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

A matéria em apreço está estatuída na Constituição Federal, art. 73; na LOTCU,

arts. 71 a 73; e no RITCU, art. 34.

Da análise desses dispositivos, percebemos que o Tribunal de Contas da União é

composto por NOVE MINISTROS.

‘Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros (...)’

Agora, quem são esses nove ministros? Como é feita a sua escolha? Quais são os

requisitos para ser ministro do TCU?

Todas essas perguntas são respondidas pelos dispositivos apresentados no início

desse tópico. Para melhor compreensão da matéria, apresento o que prevê a

Constituição:

‘§ 1º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomeados dentre

brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:

I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade;

II - idoneidade moral e reputação ilibada;

III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou

de administração pública;

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IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional

que exija os conhecimentos mencionados no inciso anterior.’

Reparem que a Constituição não põe restrição a brasileiro naturalizado. Outra

observação, é que não há a necessidade de curso superior em área específica para ser

ministro do TCU.

Seguindo então na elucidação das dúvidas apresentadas, como é feita a escolha

dos ministros do Tribunal de Contas da União. Com relação ao assunto, a Constituição

prevê, por meio do § 2° do art. 73, que:

‘§ 2º - Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos:

I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal,

sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao

Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade

e merecimento;

II - dois terços pelo Congresso Nacional.’

Do acima transcrito, podemos chegar a algumas conclusões.

Podemos perceber que seis ministros do TCU serão escolhidos pelo Congresso

Nacional. E quem o Congresso Nacional pode escolher? Qualquer pessoa que preencha

os requisitos apresentados no art. 73 da CF. Dessa forma, não há nenhuma necessidade

de o ministro a ser escolhido pelo Congresso Nacional ter sido deputado ou senador.

Ainda com relação a esses seis ministros, como foram escolhidos pelo próprio

Congresso Nacional, não há a necessidade de serem aprovados pelo Senado Federal.

Dessa forma, somente os ministros escolhidos pelo Presidente da República devem

passar por essa aprovação.

Com relação aos três escolhidos pelo Presidente da República, a Constituição

prevê que somente um pode ser de sua livre escolha, uma vez que os outros dois devem

ser escolhidos dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal.

Daqui a pouco, vou falar acerca dos auditores e dos membros do Ministério

Público junto ao Tribunal.

Importante anotar que o art. 35 do Regimento Interno estabelece que “em caso

de vacância, a competência para a escolha de ministro do Tribunal de Contas da União

será definida de modo que mantenha a composição mencionada no artigo anterior.”

Dessa forma, a composição de ministros deve ser sempre a seguinte: 6 que

tenham sido indicados pelo Congresso Nacional e 3 que tenham sido indicados pelo

Presidente da República, sendo que desses, 1 deve ser oriundo dos auditores e outro dos

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membros do Ministério Público junto ao Tribunal. Assim, por exemplo, caso haja a

aposentadoria de um ministro oriundo dos auditores, o novo ministro deve vir do quadro

de auditores.

Agora que sabemos quantos são os ministros do TCU, quais os requisitos para a

escolha e quem é que escolhe, vamos verificar qual a função precípua dos ministros da

Corte de Contas.

Como já foi visto, a Constituição concedeu ao TCU diversas atribuições, que são

desenvolvidas por meio dos processos que tramitam na Corte de Contas. Cada processo

possui um relator, ou seja, para ficar responsável pelo processo desde o seu ingresso até

a decisão final do Tribunal. Essa é justamente a função principal dos ministros: relatar

os processos que tramitam na Corte de Contas.

Com relação à nomeação e à posse dos ministros do TCU, considero anotar

algumas observações.

O art. 37 do RITCU estabelece que ‘os ministros têm prazo de trinta dias, a

partir da publicação do ato de nomeação no Diário Oficial da União, prorrogável por

mais sessenta dias, no máximo, mediante solicitação escrita, para posse e exercício no

cargo.’

Importante notar que o prazo não é de 30 dias para posse mais 60 dias para

entrar em exercício. Diferentemente do que ocorre com os servidores regidos pela Lei

8.112, de 1990, os ministros entram em exercício assim que tomam posse. O prazo de

60 dias a que se refere o inciso 37 do RITCU é para que o ministro possa prorrogar a

sua posse e entrada em exercício, caso seja feita solicitação por escrito.

Ainda com relação à posse dos ministros do Tribunal de Contas da União, o

RITCU (art. 38) preconiza que a posse será realizada por meio de sessão extraordinária

do Plenário, podendo ocorrer em período de recesso perante o Presidente do Tribunal.

A Constituição equipara os ministros do Tribunal de Contas da União aos

ministros do Superior Tribunal de Justiça.

‘Art. 73 (...)

§ 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mesmas garantias,

prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior

Tribunal de Justiça, aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas

constantes do art. 40. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)’

Reparem bem que a equiparação é com ministros do Superior Tribunal de

Justiça e não com ministros do Supremo Tribunal Federal.

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Já a LOTCU apresenta, por meio do § único do art. 73, as seguintes garantias e

prerrogativas:

‘Art. 73 (...)

Parágrafo único. Os ministros do Tribunal gozarão das seguintes garantias e

prerrogativas:

I - vitaliciedade, não podendo perder o cargo senão por sentença judicial

transitada em julgado;

II - inamovibilidade;

III - irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o

disposto nos arts. 37, XI, 150, II, 153, III e 153, § 2°, I, da Constituição Federal;

IV - aposentadoria, com proventos integrais, compulsoriamente aos setenta anos

de idade ou por invalidez comprovada, e facultativa após trinta anos de serviço,

contados na forma da lei, observada a ressalva prevista no caput, in fine, deste artigo.’

O inciso IV supra foi parcialmente revogado pela Emenda Constitucional n.° 20.

Agora, as aposentadorias dos ministros do TCU obedecem ao preconizado no art. 40 da

CF.

Tanto a LOTCU (art. 74) como o RITCU (art. 39) apresentam vedações aos

ministros do Tribunal de Contas da União. Por ser mais completa, opto para transcrever

a disposição regimental.

Art. 39. É vedado ao ministro do Tribunal:

I – exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de

magistério;

II – exercer cargo técnico ou de direção de sociedade civil, associação ou

fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, sem

remuneração;

III – exercer comissão remunerada ou não, mesmo em órgãos de controle da

administração pública direta ou indireta, ou em concessionárias de serviço público;

IV – exercer profissão liberal, emprego particular ou comércio, ou participar de

sociedade comercial, exceto como acionista ou cotista sem ingerência;

V – celebrar contrato com pessoa jurídica de direito público, empresa pública,

sociedade de economia mista, fundação, sociedade instituída e mantida pelo poder

público ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato

obedecer a normas uniformes para todo e qualquer contratante;

VI – dedicar-se a atividade político-partidária;

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VII – manifestar, por qualquer meio de comunicação, opinião sobre processo

pendente de julgamento, seu ou de outrem, ou emitir juízo depreciativo sobre

despachos, votos ou sentenças de órgãos judiciais, ressalvada a crítica nos autos e em

obras técnicas ou no exercício de magistério;

VIII – atuar em processo de interesse próprio, de cônjuge, de parente

consangüíneo ou afim, na linha reta ou na colateral, até o segundo grau, ou de amigo

íntimo ou inimigo capital, assim como em processo em que tenha funcionado como

advogado, perito, representante do Ministério Público ou servidor da Secretaria do

Tribunal ou do Controle Interno.

Quanto a esses dispositivos, acredito que apenas uma observação se faz

necessária, refiro-me a vedação de o ministro atuar em processo de parente até 2° grau

em linha reta ou colateral. Como não faz parte do escopo desse curso estudar

parentesco, quero que fique claro que parente até 2° grau em linha reta é avó ou neto e,

em linha colateral é irmão. Dessa forma, todos mais afastados que esses são mais do que

2° grau.

Antes de passarmos para o próximo tópico, acredito interessante fazer um

resumo com relação aos ministros do Tribunal de Contas da União.

Somente os 9 ministros compõem o Tribunal. Para uma pessoa ser ministro do

TCU, deve satisfazer os requisitos previstos no § 1° do art. 73 da CF. Os ministros do

TCU são equiparados a ministro do STJ. Os ministros são escolhidos da seguinte forma:

1\3 pelo Presidente da República, sendo que desses, 1 deve vir dos membros do

Ministério Público junto ao Tribunal e 1 deve vir dos auditores, e 2\3 pelo Congresso

Nacional. Os ministros indicados pelo Presidente da República devem ser aprovados

pelo SENADO FEDERAL. Pelo art. 28, inciso XXI, do RITCU, quem dá a posse para

os ministros é o Presidente do Tribunal. Essa posse se dá em sessão extraordinária do

Plenário. Por fim, vale ressaltar que, independentemente do processo de escolha, todos

os ministros são nomeados pelo Presidente da República. Aqui vale uma anotação:

todas as autoridades do TCU são nomeadas pelo Presidente da República. São

autoridades os ministros, auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal.

Com relação a ministros do Tribunal de Contas da União, as seguintes questões

já foram abordadas em provas passadas:

‘Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCE-Cespe/96)

A_ são, todos eles, nomeados pelo Presidente da República.

B_ são aposentados compulsoriamente aos sessenta e cinco anos de idade.

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C_ não podem exercer qualquer outro cargo público.

D_ gozam de todas as garantias da magistratura comum, exceto a

inamovibilidade. A Corte funciona somente em Brasília, de forma que seria ilógico

assegurar-lhes que não fossem removidos arbitrariamente.

E_ não podem celebrar qualquer espécie de contrato com empresa pública,

sociedade de economia mista, fundação ou empresa concessionária de serviço público,

mesmo enquanto estiverem em disponibilidade.’

Podemos perceber que somente a alternativa ‘a’ está correta. A letra ‘b’ está

incorreta porque os ministros do TCU são aposentados compulsoriamente aos 70 anos.

O inciso I do art. 39 do RITCU prevê que o ministro pode exercer um cargo de

magistério. Já a letra ‘d’ está em conflito com o que está previsto no inciso II do art. 73

da LOTCU. Por fim, na letra ‘e’, temos que, conforme o preconizado no inciso V do art.

39 do RITCU, quando o contrato obedecer normas uniformes, pode ser celebrado por

ministro do TCU.’

‘Apenas um dos ministros do TCU pode ser livremente escolhido pelo

presidente da República entre os cidadãos brasileiros que preencham os requisitos

constitucionalmente estabelecidos para o exercício desse cargo. (TCE/Cespe 2004)’

Pelo que vimos, a assertiva está correta.

2 – AUDITORES

Em número de três, os auditores substituem os ministros no caso de vacância,

férias, impedimentos, licenças e outros afastamentos legais. A CF apresenta as seguintes

garantias aos auditores:

‘Art. 73 (...)

‘§ 4º - O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mesmas garantias

e impedimentos do titular e, quando no exercício das demais atribuições da judicatura,

as de juiz de Tribunal Regional Federal.’

Uma observação se faz necessária: o auditor no seu dia-a-dia possui as mesmas

garantias e impedimentos de juiz de Tribunal Regional Federal, ou seja, de juiz de 2ª

instância. Quando em substituição a ministro, possui as mesmas garantias de ministro

do Superior Tribunal de Justiça.

Como é feita a escolha dos auditores e quais são os requisitos para investidura

no cargo?

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Diferentemente, do que ocorre com os ministros, o ingresso no cargo de auditor

de faz por meio de concursos de provas e de títulos, é isso o que está previsto no art. 77

da LOTCU, vejamos:

‘Art. 77. Os auditores, em número de três, serão nomeados pelo Presidente da

República, dentre os cidadãos que satisfaçam os requisitos exigidos para o cargo de

ministro do Tribunal de Contas da União, mediante concurso público de provas e

títulos, observada a ordem de classificação.’

Podemos verificar do dispositivo que os auditores, conforme anteriormente

falado, são nomeados pelo Presidente da República e que, para a investidura no cargo, o

auditor deve preencher os mesmos requisitos exigidos para o cargo de ministro do

Tribunal de Contas da União, ou seja, o que está preconizado no § 1° do art. 73 da CF.

Já verificamos que os auditores substituem os ministros em certas situações. E

quando não estão substituindo os ministros, quais a sua principal atribuição?

Tal qual ocorre com os ministros, os auditores também relatam processos. Dessa

forma, podemos chegar a seguinte conclusão: os processos do Tribunal de Contas da

União são distribuídos para os ministros e para os auditores.

Existem, entretanto, algumas diferenças entre ministros e auditores. A primeira,

como já vimos, é que estes são equiparados a juizes de Tribunal Regional Federal e

aqueles são equiparados a ministros do Superior Tribunal de Justiça. Outra diferença é

que nem todos os processos são distribuídos para os auditores. A Resolução-TCU, de

25.05.2005, deu nova redação ao RITCU. Após essa modificação, os processos de

recurso e os processos administrativos só são distribuídos a ministros. Prosseguindo, os

auditores não podem relatar os processos que tratam das contas de governo. Mais a

principal diferença é que os auditores não têm direito a voto nas deliberações do

Tribunal, salvo se convocados para substituírem ministros. Para melhor compreensão do

tema, vejamos o que prevê o parágrafo único do art. 78 da LOTCU:

‘Art. 78 (...)

Parágrafo único. O auditor, quando não convocado para substituir ministro,

presidirá à instrução dos processos que lhe forem distribuídos, relatando-os com

proposta de decisão a ser votada pelos integrantes do Plenário ou da Câmara para a

qual estiver designado.’

Importante acrescentar que, de acordo com o art. 99 da LOTCU, mesmo em

substituição a ministro, o auditor não poderá votar em processo que esteja sendo

proposta alteração do Regimento Interno. Vejamos:

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‘Art. 99. O regimento interno do Tribunal somente poderá ser aprovado e

alterado pela maioria absoluta de seus ministros titulares.’

Há pouco mencionei que os auditores não têm direito a voto nas deliberações do

Tribunal. Com relação às deliberações do TCU, elas ocorrem por meio de reunião de

todos os seus ministros, que são as sessões do Plenário, ou por meio de reunião de

alguns dos ministros, que são as sessões da Primeira e Segunda Câmaras. Mais a frente,

vou desenvolver tópico específico para tratar desse assunto.

Nesse momento só quero que fique claro que os auditores devem levar os

processos que são a eles distribuídos a apreciação tanto das Câmaras, como do Plenário.

Por esse motivo, os auditores, MESMO QUE NÃO ESTEJAM CONVOCADOS,

devem participar permanentemente dos colegiados (Câmaras e Plenário). Vejamos o

que prevê o art. 55, inciso III, do RITCU:

‘Art. 55. Incumbe ao auditor:

(...)

III – atuar, em caráter permanente, junto ao Plenário e à câmara para a qual

for designado, presidindo a instrução dos processos que lhe forem distribuídos na

forma estabelecida nos arts. 147 a 151, 153 e 154, e relatando-os com proposta de

acórdão por escrito, a ser votada pelos membros do respectivo colegiado.’

Com relação aos auditores, vale o seguinte resumo. São em número de três e que

substituem os ministros em certas situações. Para que uma pessoa seja auditor, é

necessário, além dos requisitos insculpidos no parágrafo único do art. 73, que seja

aprovado em concurso de provas e de títulos. De acordo com o art. 28, inciso, inciso

XXI, do RITCU, quem dá a posse para os auditores é o Presidente do Tribunal. Essa

posse se dá em sessão extraordinária do Plenário. Os auditores são nomeados pelo

Presidente da República. Por fim, conforme estatuído no art. 79 da LOTCU, o auditor,

depois de empossado, só perderá o cargo por sentença judicial transitada em julgado.

Com relação ao tema, a seguinte questão foi explorada pelo Cespe no concurso

para Técnico de Controle Externo em 2004:

‘Um ministro do TCU que ingressou em vaga reservada a membro do Ministério

Público junto ao TCU deverá afastar-se por dois meses de suas atividades, em virtude

de licença médica. Nessa situação, durante o período de afastamento, o referido ministro

deverá ser substituído pelo mais antigo dos membros do Ministério Público junto ao

TCU.’

Pelo que foi exposto, deve o ministro afastado ser substituído por um auditor.

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3 – MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA

UNIÃO

O art. 128, inciso I, da CF estabelece que:

‘Art. 128. O Ministério Público abrange:

I - o Ministério Público da União, que compreende:

a) o Ministério Público Federal;

b) o Ministério Público do Trabalho;

c) o Ministério Público Militar;

d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios;

De plano podemos perceber que o Ministério Público junto ao Tribunal de

Contas da União não faz parte do Ministério Público da União.

Já que o MPjTCU não integra o Ministério Público da União, como é estruturada

a sua carreira? Como se dá o ingresso na carreira?

O art. 80 da LOTCU estabelece que:

‘Art. 80. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, ao qual se

aplicam os princípios institucionais da unidade, da indivisibilidade e da independência

funcional, compõe-se de um procurador-geral, três subprocuradores-gerais e quatro

procuradores, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros, bacharéis

em direito.

§ 1° (Vetado)

§ 2° A carreira do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União é

constituída pelos cargos de subprocurador-geral e procurador, este inicial e aquele

representando o último nível da carreira, não excedendo a dez por cento a diferença de

vencimentos de uma classe para outra, respeitada igual diferença entre os cargos de

subprocurador-geral e procurador-geral.

§ 3° O ingresso na carreira far-se-á no cargo de procurador, mediante

concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos

Advogados do Brasil em sua realização e observada, nas nomeações, a ordem de

classificação, enquanto a promoção ao cargo de subprocurador-geral far-se-á,

alternadamente, por antigüidade e merecimento.’

O § 1° do dispositivo, que foi vetado, estabelecia as especificidades relativas ao

Procurador-Geral. Dessa forma, restou ao RITCU disciplinar a matéria, que, por meio

de do § único de seu art. 58 estabelece que:

‘Art. 58 (...)

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§ 1º O Ministério Público junto ao Tribunal tem por Chefe o Procurador-Geral,

que será nomeado pelo Presidente da República, entre integrantes da carreira, para

exercer mandato de dois anos, permitida a recondução, tendo tratamento protocolar,

direitos e prerrogativas correspondentes aos de cargo de ministro do Tribunal.’

Assim, temos que o MPjTCU constitui carreira diferenciada do Ministério

Público da União. O ingresso na carreira se faz por meio de concurso de provas e

títulos. O MPjTCU é composto por 1 Procurador-Geral, 3 Subprocuradores-Gerais e 4

Procuradores. Já a carreira é constituída pelos cargos de subprocurador-geral e

procurador, este inicial e aquele representando o último nível da carreira, razão pela

qual são sete os membros do MPjTCU: 3 Subprocuradores-Gerais e 4 Procuradores. O

Procurador-Geral não integra a carreira, ele funciona como chefe Ministério Público,

sendo escolhido, pelo Presidente da República, entre os membros da carreira, para

exercer um mandato de dois anos, sendo permitida a recondução.

Uma vez visto os requisitos e o modo para o ingresso na carreira, vamos

verificar quais as principais atividades exercidas pelo MPjTCU. Com relação ao tema, o

art. 81da LOTCU estabelece que:

‘Art. 81. Competem ao procurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União,

em sua missão de guarda da lei e fiscal de sua execução, além de outras estabelecidas

no regimento interno, as seguintes atribuições:

I - promover a defesa da ordem jurídica, requerendo, perante o Tribunal de

Contas da União as medidas de interesse da justiça, da administração e do erário;

II - comparecer às sessões do Tribunal e dizer de direito, verbalmente ou por

escrito, em todos os assuntos sujeitos à decisão do Tribunal, sendo obrigatória sua

audiência nos processos de tomada ou prestação de contas e nos concernentes aos atos

de admissão de pessoal e de concessão de aposentadorias, reformas e pensões;

III - promover junto à Advocacia-Geral da União ou, conforme o caso, perante

os dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União, as

medidas previstas no inciso II do art. 28 e no art. 61 desta lei, remetendo-lhes a

documentação e instruções necessárias;

IV - interpor os recursos permitidos em lei.’

O caput do art. 81 faz referência a outras atribuições estabelecidas no RITCU,

essas estão previstas no art. 62 daquele normativo.

A principal função do Ministério Público é defender a Lei, ou seja, os seus

representantes devem fazer com que as decisões adotadas no âmbito da Corte respeitem

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os normativos que regem a Administração Pública. Para tanto, tanto a LOTCU como

RITCU facultam que os membros do Ministério Público se manifestem em todos os

processos que tramitam no Tribunal. A LOTCU determina, ainda, que em certos

processos a sua manifestação é obrigatória, sob pena de nulidade de todos os atos

praticados após o momento em que o MP deveria se manifestar.

Importante notar, também, que o inciso II impõe a obrigatoriedade de o

Representante do Ministério Público comparecer às Sessões do Tribunal. Verificaremos,

em aula futura, que existem algumas Sessões Extraordinárias do Plenário que não

necessitam da presença do Representante do Ministério Público, as demais todas

possuem essa obrigatoriedade sob vício de nulidade da sessão.

Por fim, o inciso III apresenta importante atribuição a ser exercida pelo

MPjTCU. Assim sendo, o inciso merece especial atenção.

Para melhor compreensão do dispositivo, vamos dividi-lo em duas partes, a

primeira que vai até Tribunal de Contas da União e a segunda até o final. Vamos

começar pela segunda.

Quais são as medidas previstas no inciso II do art. 28 e no art. 61 da LOTCU?

São, respectivamente, as medidas necessárias ao arresto dos bens dos responsáveis

julgados em débito e à cobrança judicial da divida imputada pelo Tribunal.

Já vimos que as deliberações do Tribunal de Contas da União que imputem

débito ou multa para um responsável têm a eficácia de título executivo extrajudicial.

Dessa forma, quando alguém é condenado pelo TCU ao pagamento de uma dívida

qualquer e se recusa a fazer esse pagamento, pode ser coagido a fazê-lo por meio de

ação de execução movida junto ao Poder Judiciário. Como o Judiciário não age de

ofício, necessitando sempre de alguém para impulsioná-lo, a Advocacia-Geral da União

(ou os dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União) vai

interpor a ação, após ser comunicada pelo de sua necessidade pelo Ministério Público

junto ao Tribunal de Contas da União.

O arresto se consiste em uma espécie cautelar nominada prevista no Direito

Processual Civil e tem como objetivo garantir a execução de uma dívida. Assim, quando

o Tribunal entender que para garantir a execução de uma dívida seja necessário arrestar

os bens do responsável, vai comunicar essa necessidade à Advocacia-Geral da União

(ou aos dirigentes das entidades jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União), para

que seja interposta a ação de arresto.

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A primeira parte do inciso III da art. 81 fala que o MPjTCU vai ‘promover junto

à Advocacia-Geral da União ou, conforme o caso, perante os dirigentes das entidades

jurisdicionadas do Tribunal de Contas da União (...)’ A conjunção alternativa é utilizada

no dispositivo, porque a Advocacia-Geral da União não defende todos os

jurisdicionados do Tribunal de Contas da União. Assim, por exemplo, se os cofres

lesados forem do Banco do Brasil, competirá à assessoria jurídica daquela instituição

financeira entrar com a ação.

Com relação ao tema, o Cespe, na prova para o cargo de Analista de Controle

Externo do Tribunal de Contas da União, apresentou a seguinte questão:

‘O Ministério Público junto ao TCU somente precisa manifestar-se nos

processos de tomada ou prestação de contas, nos concernentes aos atos de admissão de

pessoal e de concessão de aposentadoria, reforma e pensão, nos incidentes de

uniformização de jurisprudência e nos recursos.’

Pelo disposto no inciso III do art. 62 do RITCU, não são em todos os recursos

que o Ministério Público precisa se manifestar, o que torna a assertiva incorreta.

4 – PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

O Presidente do Tribunal de Contas da União (PTCU) é dirigido pelo seu

Presidente, que é escolhido entre os ministros titulares do Tribunal para um mandato de

um ano civil, sendo permitida a reeleição. Dessa forma, o PTCU é eleito, pelos seus

pares, para um mandato que começa em 1° de janeiro que se estenderá até 31 de

dezembro.

Para melhor compreensão da forma como ocorrer a eleição para PTCU, vamos

dividir a matéria em duas partes: a primeira para as eleições ordinárias, ou seja, quando

o Presidente cumpriu integralmente o seu mandato e a segunda para as eleições

extraordinárias, ou seja, quando o Presidente, por qualquer motivo, não chegou ao final

de seu mandato.

As eleições ordinárias vão ocorrer, segundo o art. 69 da LOTCU ou 24 do

RITCU, na última sessão ordinária do ano, que, por força do § 6° do art. 94 do RITCU,

será realizada na primeira quarta-feira do mês de dezembro.

Só podem participar da eleição os ministros titulares, ainda que no gozo de

licença, férias ou outro afastamento legal. Para tanto o RITCU permite que os ministros

ausentes votem por meio de sobrecartas dirigidas à Presidência do TCU.

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O RITCU prevê que o quorum para eleição é de, no mínimo, cinco ministros,

incluindo o que presidir o ato. Caso o quorum não seja atingido, será convocada sessão

extraordinária para o dia seguinte. Para a eleição, que esteja presente um representante

do Ministério Público junto ao Tribunal.

Importante salientar que o auditor, mesmo que esteja convocado para substituir

ministro, não pode votar e que o Presidente do Tribunal tem direito a voto.

Será eleito em primeiro turno, o ministro que conseguir a maioria absoluta dos

votos. Caso nenhum ministro alcance essa maioria, será realizado segundo turno entre

os dois ministros mais votados. Caso ocorra empate na votação, será declarado

Presidente, o ministro mais antigo.

A posse do Presidente do Tribunal ocorrerá até o dia 16 de dezembro, sendo que

a entrada em exercício só ocorrerá no dia 1° de janeiro do ano seguinte, uma vez que o

ministro é eleito para exercer a Presidência pelo prazo de 1 ano civil.

Agora que já vimos como ocorrer as eleições ordinárias, vamos tratar das vagas

eventuais.

Caso a vaga de PTCU venha ocorrer nos últimos 60 dias do mandato, o RITCU

prevê que não haverá nova eleição. Nesse caso, o Vice-Presidente do Tribunal assume a

Presidência.

Caso a vaga surja antes dos últimos sessenta dias, a LOTCU, em seu art. 69, §

1°, prevê que a eleição ocorrerá na primeira sessão ordinária após a ocorrência da vaga.

Ocorre que o art. 24, § 1°, do RITCU estabelece que, nesse caso, a eleição será realizada

até a segunda sessão ordinária. Diante desse dilema, qual dos dois prazos devemos

seguir? Entendo que, por força da parte final do art. 73 da CF, que estabelece que ao

TCU se aplica, no que couber, o disposto no art. 96 da CF, somente o RITCU poderia

reger a matéria, vejamos:

‘Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem

sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território

nacional, exercendo, no que couber, as atribuições previstas no art. 96.’

Já o art. 96 apresenta a seguinte redação:

‘Art. 96. Compete privativamente:

I - aos tribunais:

a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com

observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo

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sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e

administrativos;’

Dessa forma, entendo que somente o RITCU poderia disciplinar a matéria, razão

pela qual considero mais apropriado o prazo de até a segunda sessão ordinária.

O RITCU prevê, ainda, que no caso de eleição extraordinária, a posse do

ministro eleito será efetivada na mesma sessão em que ocorrer a eleição e exercerá o

cargo de Presidente no período restante.

Vale ainda acrescentar que na mesma sessão e nos mesmos moldes que ocorrer a

eleição para Presidente ocorrerá a eleição para Vice-Presidente. O RITCU prevê que são

duas eleições distintas, sendo a primeira do Presidente e logo depois a do Vice-

Presidente.

O Vice-Presidente exerce as funções de corregedor do Tribunal.

Visto como ocorrem as eleições para Presidente e Vice-Presidente, acredito

interessante trazer à tona algumas das competências do PTCU, as quais estão previstas

no art. 70 da LOTCU e no art. 28 do RITCU.

O inciso VI do art. 28 do RITCU estabelece que compita ao PTCU presidir as

Sessões Plenárias do Tribunal de Contas da União

. A idéia que o PTCU só vota em caso de desempate é falsa. Está certo que ele

só vota em situações bem específicas, mas não apenas para desempatar, vejamos alguns

incisos do art. 28 do RITCU:

‘Art. 28 Compete ao Presidente:

IX – proferir voto de desempate em processo submetido ao Plenário;

X – votar quando se apreciar inconstitucionalidade de lei ou de ato do poder

público;

XI – votar quando se apreciarem projetos de atos normativos;

XII – relatar e votar quando se apreciar agravo contra despacho decisório de

sua autoria, na forma prevista no § 2º do art. 289;’

Duas importantes considerações devem ser feitas. A primeira é que o PTCU,

geralmente, não relata processo. Exceção a essa regra pode ser vista no inciso XII supra.

A segunda consideração refere-se ao preconizado no inciso X: ‘votar quando se

apreciar inconstitucionalidade de lei ou de ato do poder público.’

O Supremo Tribunal Federal, por meio da súmula 347, já entendeu que o

Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência, pode apreciar a

constitucionalidade de lei ou de ato do poder público. Essa apreciação ocorre sempre de

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modo difuso ou incidental. Assim, o TCU, ao deliberar acerca de um processo qualquer,

caso esbarre em normativo que possa estar afrontando a Constituição, pode afastar a

aplicabilidade daquele dispositivo, a fim de resolver o caso concreto.

Com relação ao tema, a Esaf trouxe, no ano de 1999, a seguinte questão na prova

para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:

‘O Tribunal de Contas da União, no exercício de suas atribuições, pode apreciar

a constitucionalidade de leis e atos do poder público.

a) Assertiva correta, entendida no sentido de controle de

constitucionalidade concentrado e em abstrato.

b) Assertiva correta, entendida no sentido do controle de

constitucionalidade difuso e incidental.

c) Assertiva incorreta, porque não cabe essa apreciação de

constitucionalidade, quer no controle concentrado ou no difuso.

d) Assertivaa incorreta, porque só pode apreciar a constitucionalidade de

ato do poder Executivo e não o de lei.

e) Assertiva incorreta, porque só pode apreciar a legalidade de ato sob

sua jurisdição e não a constitucionalidade.

Por tudo que foi colocado, podemos perceber que a resposta correta é a letra ‘b’.

Por fim, vale ressaltar que o Presidente do Tribunal pode, por força do art. 29 do

RITCU pode, em caráter excepcional e havendo urgência, decidir sobre matéria da

competência do Tribunal, submetendo o ato à homologação do Plenário na próxima

sessão ordinária.

As seguintes questões já foram abordadas em concursos passados:

‘Com referência à escolha do presidente do TCU, assinale a opção correta. (TCE

Cespe/96)

A_ O presidente do TCU é escolhido pelos seus pares e nomeado pelo

Presidente da República.

B_ Se nenhum candidato obtiver a maioria absoluta de votos, haverá segundo

escrutínio – no qual concorrerão apenas os dois candidatos mais votados no primeiro.

C_ O presidente e o vice-presidente do TCU são escolhidos conjuntamente, em

chapa única.

D_ Falecendo o presidente do TCU dois meses após a sua posse, o sucessor

escolhido iniciará novo mandato de um ano, sendo permitida a sua reeleição apenas por

um período.

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E_ Não é permitida a reeleição do presidente do TCU.’

Pelo que foi estudado, podemos perceber que a alternativa correta é a letra ‘b’.

Com relação às outras alternativas, gostaria de registrar apenas uma consideração sobre

a alternativa ‘d’. O que deixa incorreta a alternativa é o fato de que, segundo o RITCU,

o sucessor escolhido NÃO inicia novo mandato de um ano, apenas completa o mandato

que fora interrompido.

‘O presidente do TCU é nomeado pelo presidente da República, escolhido de

uma lista tríplice constituída pelo tribunal, composta de ministros de seu quadro, após

aprovação pelo Senado Federal. (ACE/CESPE 2004)’

Vimos na aula de hoje que o PTCU é eleito pelos seus pares, o que torna a

assertiva incorreta.

5 – COLEGIADOS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Nesse tópico, vamos verificar como o Tribunal se divide em colegiados, como

eles são compostos e a competência de cada um deles.

Conforme já mencionado, as deliberações do TCU ocorrem por meio de reunião

de todos os seus ministros, que são as sessões do Plenário, ou por meio de reunião de

alguns dos ministros, que são as sessões da Primeira e Segunda Câmaras.

As sessões do Plenário ocorrem ordinariamente às 14h30min das 4ªs feiras.

Todas as reuniões que ocorrem fora desses dia e horário são consideradas reuniões

extraordinárias. Vamos lembrar, também, que, conforme já mencionado, a última sessão

ordinária do Plenário, por força do art. 94, § 6°, do RITCU, ocorre na primeira 4ª feira

de dezembro. Dessa forma, qualquer reunião marcada para depois dessa data será

reunião extraordinária, mesmo que seja marcada nos mesmos dia e horário das sessões

ordinárias, ou seja, 4ªs feiras às 14h30min.

Já as sessões de Câmara ocorrem às 15h das 3ªs e 5ªs feiras, respectivamente, de

1ª e 2ª Câmaras. As mesmas observações relativas ao parágrafo anterior cabem para as

Câmaras.

Com relação à composição dos colegiados, já falamos que o Plenário é a reunião

de todos os ministros, sendo presidido pelo PTCU.

Dessa forma, vou-me ater à composição das Câmaras.

Antes de iniciarmos, importante deixar claro que não há distinção de

competências entre as Câmaras. A divisão se dá apenas para dar celeridade ao trâmite

processual, pois, funcionando de forma fracionada, o Tribunal pode fazer muito mais

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sessões durante o ano. Dessa maneira, todas as observações feitas com relação a uma

Câmara vale para a outra.

Conforme estatuído no art. 11 do RITCU, as Câmaras são compostas por 4

ministros. Como são duas Câmaras, podemos notar que um ministro não atua em

Câmara. Esse ministro é o PTCU, que, como já falado, em geral, não relata processo.

A fim de relatar os processos que lhes são distribuídos, os auditores atuam em

caráter permanente nas Câmaras. Vale lembrar, como já vimos, que os auditores atuam,

também, em caráter permanente no Plenário.

Funciona junto a cada colegiado do Tribunal um Representante do MPjTCU.

As Câmaras são presididas uma pelo Vice-Presidente e outra pelo ministro mais

antigo.

Os Presidentes das Câmaras relatam processos normalmente e votam em todas

as deliberações do Colegiado. Não existe, portanto, nas Câmaras, o voto de desempate

do Presidente.

Para encerrar a aula de hoje, vamos verificar a competência de cada colegiado.

Os arts. 15 a 17 RITCU tratam da matéria, sendo que os arts. 15 e 16 dispõem

sobre a competência do Plenário e o art. 17 da competência da Câmara.

Nosso estudo vai se limitar a, apenas, verificar o que de mais importante há para

cada um colegiado. Nunca é demais relembrar que não há distinção entre uma Câmara e

outra, assim tudo que competir a uma competirá a outra também.

Para iniciar, vale destacar o que, conforme preconizado na alínea ‘s’ do inciso I

do art. 15, compete ao Plenário qualquer assunto não incluído expressamente na

competência das câmaras. Assim, temos que a competência do Plenário é residual,

enquanto que competência das Câmaras é exaustiva.

Acredito que o aluno deve fazer uma leitura detalhada do art. 17 do RITCU,

pois, como a competência das Câmaras é taxativa, tudo que sobrar será de competência

do Plenário.

Especial atenção deve ser dada aos parágrafos do art. 17. O 1° disciplina que ‘os

assuntos de competência das câmaras, exceto os previstos no inciso VII, poderão ser

incluídos na pauta do Plenário pelo relator, ou por deliberação da câmara acolhendo

proposta de ministro ou sugestão de auditor ou do representante do Ministério Público,

sempre que a relevância da matéria recomende esse procedimento.

Dessa forma temos que, em geral, todas as matérias de competência das

Câmaras poderão, quando a relevância da matéria recomendar, ser submetidas à

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apreciação do Plenário. A exceção encontra-se nas matérias disciplinadas no inciso VII

do art. 17, que trata de recursos, e objetiva guardar consonância com o disposto no art.

33 da LOTCU, que possui a seguinte redação:

‘Art. 33. O recurso de reconsideração, que terá efeito suspensivo, será

apreciado por quem houver proferido a decisão recorrida, na forma estabelecida no

regimento interno, e poderá ser formulado por escrito uma só vez, pelo responsável ou

interessado, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de quinze

dias, contados na forma prevista no art. 30 desta lei.’

A parte sublinhada do dispositivo quer dizer que o recurso será apreciado pelo

colegiado que proferiu a decisão recorrida. Dessa maneira, o colegiado competente para

apreciara um Recurso de Reconsideração contra decisão da 1ª Câmara será a 1ª Câmara,

contra decisão do Plenário será o Plenário e contra decisão da 2ª Câmara, será a 2ª

Câmara. Nosso último encontro será dedicado aos recursos existentes no Tribunal de

Contas da União. Importante, porém, acrescentar que o Recurso de Revisão será sempre

apreciado pelo Plenário da Corte por força do art. 35 da LOTCU.

O § 2° do art. 17 do RITCU traz a seguinte redação:

‘§ 2º Não poderão ser apreciados pelas câmaras os processos que contenham

propostas de fixação de entendimento sobre questão de direito em determinada

matéria, de determinações em caráter normativo e de estudos sobre procedimentos

técnicos.’

Devido à especificidade dessas matérias, somente o Plenário poderá apreciar os

processos que contenham as propostas acima. Dessa forma, quando o Tribunal quer

estipular a forma como ele entende determinada matéria, o Plenário que deve se

pronunciar.

Chegamos, assim, ao final de mais um encontro.

Tivemos a oportunidade de verificar a composição e a organização do Tribunal

de Contas da União. Nessa aula, vimos quais são os requisitos para o cargo de ministro,

auditor e Procurador do TCU e que a nomeação para todos esses cargos é feita pelo

Presidente da República.

Também foi visto que o STF já reconheceu a competência do Tribunal de Contas

da União para apreciar a constitucionalidade de leis e atos normativos, quando estiver

no exercício de sua competência.

A forma como é escolhido o Presidente do Tribunal de Contas da União também

foi objeto desse nosso encontro.

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Por fim, verificamos quais são os colegiados que compõem o Tribunal, bem

como a competência de cada um deles.

Dessa forma, por tudo que estudamos hoje, temos condições de responder a

questões como a seguir apresentadas:

Acerca da organização e composição do TCU e das prerrogativas de seus

membros, julgue os itens que se seguem. (ACE-Cespe/98)

1_ O TCU compõe-se de nove ministros e três auditores.

2_ Um quinto dos ministros será escolhido entre membros do Ministério Público

que atuem junto ao TCU e advogados indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil,

conforme critérios especificados na Lei Orgânica do TCU.

3_ Incumbe ao procurador-geral da República a indicação de procuradores da

República para atuarem junto ao TCU.

4_ Os ministros do TCU e seus auditores, estes quando em substituição a

ministros, terão as mesmas garantias e os mesmos impedimentos dos ministros do

Superior Tribunal de Justiça (STJ).

5_ Ainda que não esteja em substituição, o auditor atua permanentemente junto

ao Plenário.

O item 1 está incorreto porque os auditores não compõem o TCU. O item 2 está

completamente errado. Verificamos que, dos ministros escolhidos pelo Presidente da

República, um tem que vir dos membros do MPjTCU e outro dos auditores. O item 3

está incorreto porque os procuradores do TCU ingressam na carreira por meio de

concurso. O item 4 se coaduna com o disposto no art. 73 da CF. Por fim, o item 5 se

coaduna com o previsto no art. 55 do RITCU.

‘(ACE – ESAF 99) O Tribunal de Contas da União compõe-se de nove Ministros,

que nas suas ausências e impedimentos serão substituídos pelos auditores, por

convocação do Presidente e observada a ordem de antigüidade, estabelecendo a sua

lei orgânica que:

a) os auditores substitutos de ministros são escolhidos entre os analistas de

controle externo, do quadro de pessoal do Tribunal de Contas da União;

b) o TCU funcionará por meio de Câmaras, que serão presididas pelos ministros

mais antigos, entre os seus integrantes;

c) junto ao TCU funcione uma representação do Ministério Público Federal, por

designação do Procurador-Geral da República;

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d) o auditor, quando não convocado para substituir ministro, realizará as

inspeções e auditorias nos órgãos da Administração Pública Federal, por designação do

Presidente;

e) os ministros do TCU terão as mesmas garantias e prerrogativas dos

magistrados membros integrantes do Superior Tribunal de Justiça..’

Por tudo que foi exposto, temos que a alternativa correta é a letra ‘e’.

Na próxima aula, vamos estudar, essencialmente, como são as sessões do

Tribunal.

Até lá, e continuem estudando.

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AULA 7: SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Prosseguindo o nosso curso, vamos para a nossa 7ª aula. Hoje, trataremos das

sessões do Tribunal de Contas da União. Verificaremos como ocorrem as sessões de

Plenário e de Câmara.

Abordaremos de forma rápida os passos que o processo percorre desde a sua

chegada ao Tribunal até a sua saída.

Antes de iniciar, gostaria que fosse feita uma pequena correção no que foi

colocado na introdução da aula passada. Por um erro de digitação, apontei que a Lei

Orgânica do Tribunal de Contas da União é a Lei 8.449, quando na verdade é a Lei

8.443.

1 – TRÂMITE PROCESSUAL NO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Antes de iniciarmos, considero interessante fazer uma pequena colocação do que

seja o processo.

No nosso dia-a-dia, mesmo sem saber, nos deparamos com situações que nos

dão exemplos do que seja um processo. Quando queremos fazer uma vitamina de

banana, colocamos a fruta no liquidificador juntamente com leite e açúcar, batemos por

um tempo e temos a nossa vitamina. Nesse simples ato presenciamos um processo, pois

transformamos os insumos e uma vitamina. Processo, então, é a transformação de

alguma coisa. Logo, quando na saída temos algo diferente do que tínhamos na entrada,

temos um processo.

Em uma definição jurídica, processo é um conjunto de atos e procedimentos

destinados a obter um provimento jurisdicional.

As deliberações do Tribunal de Contas da União ocorrem por meio de processos.

Como exemplo, cito a situação de uma denúncia. É apresentado ao Tribunal um fato

qualquer. Nesse momento, temos apenas alguns papéis e documentos. Depois de alguns

atos e procedimentos internos, o Tribunal adota uma deliberação sobre a procedência ou

não daquela denúncia. Nesse exemplo, tivemos na entrada alguns documentos e papéis e

na saída uma deliberação do Tribunal, logo tivemos um processo.

De uma forma bastante genérica, o trâmite processual no âmbito do TCU ocorre

da seguinte forma:

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Para melhor compreensão da matéria, algumas observações são necessárias.

A entrada do processo no Tribunal de Contas da União pode ocorrer tanto na

sede do Tribunal como em qualquer de suas secretarias localizadas nos 26 estados da

federação.

Em alguns processos são verificados certos requisitos antes de serem analisados.

São os chamados exames de admissibilidade que são feitos no Gabinete do Relator.

Assim, antes da análise pela unidade técnica, esses processos passam pelo Gabinete do

Relator para fins de exame de admissibilidade. Como exemplo de processos que

necessitam do exame admissibilidade, posso citar os recursos, as denúncias, as

representações e as consultas. Em momento futuro, estudaremos cada um desses

processos.

Como já estudado, nem todos os processo precisam passar pelo Ministério

Público. Para saber quais os processos que possuem audiência obrigatória do MPjTCU,

veja o que foi dito no item 3 da aula 6 e consulte, também, os arts. 81, inciso II, da

LOTCU e 62, inciso III, do RITCU.

A unidade técnica é o local onde o processo será cuidadosamente analisado. Lá,

o analista de controle externo, após detido exame da matéria, irá externar o seu

entendimento acerca da matéria sobre apreciação e emitirá um parecer conclusivo,

apontando de que maneira ele entende que a matéria deve ser decidida.

Entrada do processo

Análise pela unidade técnica

Ministério Público

Gabinete do Relator

Apreciação pelo colegiado

Saída do processo

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Em seguida, os autos (autos do processo, expressão que será didaticamente

utilizada como sinônimo de processo) são encaminhados, quando for o caso, para

manifestação do Ministério Público.

Após, o processo é encaminhado ao Gabinete do Relator, que irá prepará-lo para

inclusão em pauta de julgamento, a fim de que seja apreciado por um dos colegiados do

Tribunal.

Visto como ocorre o trâmite processual no Tribunal de Contas da União, vamos

verificar agora como são as sessões do TCU.

2 – SESSÕES DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

2.1 – O recesso do Tribunal

O art. 92 do RITCU dispõe que ‘O Tribunal se reúne, anualmente, no Distrito

Federal, no período de 17 de janeiro a 16 de dezembro.’

Quando o dispositivo fala que o Tribunal se reunirá, devemos entender que os

ministros se reunirão. Como, conforme já visto, os ministros se reúnem por meio das

sessões de Plenário e de Câmara, podemos inferir que o melhor entendimento para o

dispositivo é que somente haverá sessões de Câmara e de Plenário no período de 17 de

janeiro a 16 de dezembro. Logo o período compreendido entre 17 de dezembro e 16 de

janeiro será destinado ao recesso das sessões do Tribunal.

Para corroborar o pensamento de que o recesso compreende apenas as reuniões

dos ministros, vejamos o que dispõe o parágrafo único do art. 92 do RITCU.

‘Art. 92. (...)

Parágrafo único. O recesso previsto no art. 68 da Lei nº 8.443, de 1992,

compreendido no período de 17 de dezembro a 16 de janeiro, não ocasionará a

paralisação dos trabalhos do Tribunal, nem a suspensão ou interrupção dos prazos

processuais.’

Logo, temos que o Tribunal não pára no período de recesso. Assim, caso alguém

seja condenado, por exemplo, em 12 de dezembro e tiver um prazo de 15 dias para

entrar com o recurso, não pode deixar para fazê-lo após o dia 17 de janeiro, sob o

pretexto de que o Tribunal estava de recesso.

Em 2004, o Cespe, no concurso para o cargo de Técnico de Controle Externo

para o Tribunal de Contas da União, abordou o assunto da seguinte forma:

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‘O recesso que ocorre no período de 17 de dezembro a 16 de janeiro não causa a

interrupção dos prazos para a interposição de recurso contra decisões em processos de

tomada de contas. ‘

Pelo que vimos, a assertiva está correta.

2.2 Sessões ordinárias e extraordinárias

Anteriormente, já mencionamos que as sessões ordinárias do Tribunal ocorrem

nos seguintes dias e horários:

1ª Câmara 3ª feira, às 15h

Plenário 4ª feira, às 14h 30min

2ª Câmara 5ª feira, às 15h

Todas as sessões que ocorrem fora dessas dias e horário são extraordinárias.

Vamos lembrar que o § 6° do art. 94 estipula que a última sessão ordinária do Plenário

ocorre na última 4ª feira de dezembro. Dessa forma, todas as reuniões a partir dessa

data, também, são consideradas sessões extraordinárias.

Para se iniciar uma sessão ordinária do Plenário é necessária, segundo o art. 93

do RITCU, a presença de, no mínimo, cinco ministros ou auditores convocados,

EXCLUINDO, para esse cômputo, o ministro que estiver presidindo a sessão. A

pretensão do RITCU é que se tenham, ao menos, cinco votos em cada deliberação do

Plenário.

Já para as sessões de Câmara, conforme o preconizado no art. 134 do RITCU, o

quorum mínimo é de três ministros ou auditores convocados, INCLUINDO, para esse

cômputo, o ministro que estiver presidindo a sessão, pois, como já vimos o presidente

da Câmara tem, normalmente, direito a voto.

Com relação à presença de representante do Ministério Público nas sessões,

vamos adotar a seguinte regra: em todas as sessões ORDINÁRIAS, sua presença é

obrigatória. Já nas sessões extraordinárias, somente em duas situações a presença do

Ministério Público pode ser dispensada, sendo que ambas as situações ocorrem no

Plenário. Dessa forma, podemos chegar a conclusão que todas as sessões de Câmara,

sejam ordinárias ou extraordinárias, necessitam da presença do representante do

Ministério Público. Vejamos o que diz o art. 93, § 2°, combinado como art. 96 do

RITCU.

‘Art. 93. (...)

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§ 2º Nenhuma sessão poderá ser realizada sem a presença do representante do

Ministério Público junto ao Tribunal, exceto nas hipóteses a que se referem os incisos

III e VII do art. 96.

Art. 96. As sessões extraordinárias serão convocadas para os seguintes fins:

I – posse do Presidente e do Vice-Presidente;

II – apreciação das Contas do Governo da República;

III – posse de ministro, de auditor e do Procurador-Geral;

IV – eleição do Presidente ou do Vice-Presidente, na hipótese prevista no § 4º

do art. 24;

V – deliberação acerca da lista tríplice dos auditores e dos membros do

Ministério Público junto ao Tribunal, para preenchimento de cargo de ministro, na

forma prevista no art. 36;

VI – julgamento e apreciação dos processos restantes da pauta de sessão

ordinária ou extraordinária, ou que, pela sua urgência, sejam incluídos em pauta

extraordinária, observado o disposto no art. 141;

VII – outros eventos, a critério do Plenário.’

Para melhor compreendermos o assunto, adotemos a seguinte regra: será

necessária a presença do representante do Ministério Público em todas as sessões

deliberativas. Somente nas sessões destinadas a homenagens pode ser dispensada a

presença. Exceção a essa regra temos no inciso I, quando há a posse do Presidente e do

Vice-Presidente do Tribunal.

Na prova para Técnico de Controle Externo, em 1994, o Cespe abordou a

questão da seguinte forma.

‘Julgue os itens seguintes, em relação às sessões do plenário do TCU.

I - Nenhuma sessão ordinária do plenário do TCU poderá ser realizada sem a

presença de um membro do Ministério Público junto ao Tribunal.

II - As contas prestadas anualmente pelo Presidente da República serão

apreciadas em sessões extraordinárias do Plenário.

III - As sessões ordinárias do plenário do TCU não podem ser abertas sem a

presença de, no mínimo, cinco ministros.’

Pelo que vimos, as assertivas I e II estão corretas. A assertiva III está incorreta

que as sessões podem ser abertas com, no mínimo, cinco ministros OU AUDITORES

CONVOCADOS.

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Prosseguindo com as sessões extraordinárias, o RITCU prevê, em seu art. 97,

que o PLENÁRIO do Tribunal pode se reunir em sessão extraordinária de caráter

reservado. Vejamos a redação do dispositivo.

‘Art. 97. O Plenário poderá realizar sessões extraordinárias de caráter

reservado para tratar de assuntos de natureza administrativa interna ou quando a

preservação de direitos individuais e o interesse público o exigirem, bem como para

julgar ou apreciar os processos que derem entrada ou se formarem no Tribunal com

chancela de sigiloso.’

Agora vejamos o que dispõe o art. 93, inciso X, da Constituição Federal:

‘Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá

sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:

(...)

X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão

pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus

membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)’

Apesar de o Tribunal de Contas da União não fazer parte do Poder Judiciário e o

art. 93 da CF está incluído na parte que regula aquele Poder, o Tribunal de Contas da

União, por decisão própria, entendeu que a vontade do constituinte derivado era de dar

publicidade às decisões administrativas, razão pela qual aplicou aos seus processos a

mesma determinação contida no inciso ora em apreço.

Assim, hoje temos que os assuntos de natureza administrativa NÃO são tratados

em sessões extraordinárias de caráter reservado.

2.3 – Apreciação dos processos

A apreciação dos processos no TCU pode ser feita de duas maneiras, por pauta

ou por relação.

Os processos apreciados por pauta são deliberados um a um, o que significa que

para cada processo vai haver uma discussão do tema e uma votação do processo. Já para

os processos que estão incluídos em relação, não se discute e vota cada processo, ocorre

uma votação única para todos os processos relacionados.

Para que um processo seja incluído em redação, ele deve atender aos comandos

inseridos no art. 143 do RITCU. Em geral, são processos em que os pareceres emitidos

tanto pela unidade técnica como pelo Ministério Público são uniformes. Para melhor

entendimento da matéria, sugiro que seja lido o referido artigo. Acredito, contudo, que a

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banca do concurso não deva trazer questões perguntando se determinado processo pode

ou não pode ser apreciado por relação. O que considero mais importante acerca do tema

foi dito, acrescentando, apenas, que tanto as sessões de Plenário como as sessões de

Câmara podem apreciar processos por relação.

A seguir, apresento uma situação hipotética para ilustrar como ocorre a

apreciação por relação.

O presidente do colegiado anuncia que existem, para aquela sessão, 5 relação de

processos para serem apreciadas.

Em seguida, o presidente pergunta se algum dos ministros ou auditores

convocados pretende destacar algum processo relacionado.

Caso nenhum ministro ou auditor convocado se manifeste, o presidente declara

que os todos os processos foram aprovados tais quais foram propostos.

Visto a apreciação por relação, passemos aos processos incluídos em pauta.

Conforme já dito, cada processo a ser apreciado por pauta será discutido e

votado separadamente. Por questão didática, vamos separar então a apreciação por pauta

em duas etapas, a etapa de discussão e a etapa de julgamento.

A discussão do processo ocorre para que os ministros possam expor as suas

opiniões acerca do assunto que está sendo apreciado.

Nessa fase, de acordo com o art. 110 do RITCU, ‘cada ministro ou auditor

poderá falar duas vezes sobre o assunto em discussão, e nenhum falará sem que o

Presidente lhe conceda a palavra, nem interromperá, sem licença, o que dela estiver

usando.’

É importante notar que dessa fase pode participar qualquer ministro ou auditor,

mesmo que NÃO esteja convocado. Ao representante do Ministério Público também é

facultado participar da discussão. Para que a discussão ocorra em harmonia, somente

pode falar quem o presidente conceder a palavra.

Exceção a regra apresentada no parágrafo (pode participar da discussão qualquer

ministro ou auditor) é encontrada no art. 111 do RITCU.

‘Art. 111. O ministro ou auditor que alegar impedimento, de acordo com o

parágrafo único do art. 151, não participará da discussão e da votação do processo.’

Assim, o ministro ou auditor que por qualquer motivo declarar seu impedimento

não poderá nem relatar, nem discutir e nem votar o processo.

A matéria foi alvo do concurso para o cargo de Técnico de Controle Externo no

ano de 2004. Vejamos como o Cespe abordou o assunto:

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‘Um ministro do TCU alegou impedimento em relação a um determinado

processo. Nessa situação, quando da deliberação acerca do processo, embora seja

vedado ao ministro participar da fase de votação, será permitido que ele se manifeste

durante a fase de discussão.’

Pelo que nós acabamos de verificar a assertiva está incorreta, pois o ministro não

poderá participar da fase de discussão.

O RITCU (art. 112) faculta a ministro, auditor convocado ou ao Representante

do Ministério Público pedir vista do processo na fase de discussão, caso considere que

seja necessário se interar melhor acerca da matéria que está sendo apreciada.

Caso ocorra algum pedido de vista, o autor do pedido vai funcionar como revisor

da matéria. Nesse caso, teremos um relator e um revisor.

Vencida a fase de discussão, o colegiado vai passar para a fase de votação.

Nesse caso podemos ter duas situações: haver apenas uma proposta de

deliberação ou haver mais de uma proposta.

Teremos apenas uma proposta, quando o relator da matéria apresentar uma

proposta de deliberação em que todos os outros ministros entendam ser a mais correta.

E teremos mais de uma proposta quando qualquer dos ministros ou auditor convocado

discordar da proposta de deliberação apresentada pelo relator.

Por exemplo, suponhamos que esteja sob apreciação um processo de tomada de

contas especial. Caso o relator entenda que as contas do responsável devam ser julgadas

regulares com ressalvas e ninguém mais discordar dele, teremos apenas uma proposta.

Mas, caso algum ministro ou auditor convocado entenda que as contas devam ser

julgadas irregulares, teremos, então, duas propostas.

Quando temos apenas uma proposta, a deliberação do Tribunal é unânime, pois

todos os ministros votam com o relator. Já quando o Tribunal está na presença de mais

de uma proposta, não mais vamos ter uma decisão unânime, pois um ministro ou auditor

convocado já manifestou a sua intenção de votar em outro sentido. Assim sendo, o

presidente do colegiado vai coletar os votos de um a um dos ministros e dos auditores

convocados, a fim de verificar qual a proposta terá a preferência da maioria dos

ministros presentes à sessão.

O Presidente, conforme preconiza o caput do art. 118 do RITCU, tomará os

votos, primeiramente, dos auditores convocados e, depois, dos ministros, observando a

ordem crescente de antigüidade em ambos os casos.

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Conforme previsto no art. 119 do RITCU, durante a fase de votação, caso algum

ministro ou auditor convocado considere que necessita, antes de votar, se interar melhor

da matéria que está sendo apreciada, pode pedir vista do processo, ocasião que, também,

será considerado revisor da matéria.

Com relação aos pedidos de vista, considero interessante anotar que, na fase de

discussão a vista é facultada a ministro, auditores convocados e ao representante do

Ministério Público. Já na fase de votação só a ministros e auditores convocados, ou seja,

o representante do Ministério Público não tem direito a vista na fase de discussão.

O pedido de vista formulado por auditor convocado, seja na fase de discussão

seja na fase de votação garante ao auditor convocado o direito a voto, mesmo que já

tenha sido encerrada a convocação. Entendo que esse é o único caso que um auditor

pode votar mesmo sem estar convocado. Vejamos o que prevê o art. 119, § 2°, do

RITCU.

‘Art. 119. Na fase de votação, o julgamento será suspenso quando houver

pedido de vista solicitado por ministro ou auditor convocado, que passará a funcionar

como revisor, sem prejuízo de que os demais ministros e auditores convocados profiram

seus votos na mesma sessão, desde que se declarem habilitados.’

(...)

§ 2º Caso o pedido de vista, com base neste artigo ou no art. 112, haja sido feito

por auditor convocado, caberá a este votar no lugar do ministro substituído, mesmo

que cessada a convocação.’

Vamos construir uma situação hipotética para melhor compreensão do assunto.

Suponhamos que José seja ministro do TCU, mas por motivo de férias não está

participando das sessões. Para o lugar do ministro José foi convocado o auditor João.

Dessa forma, caso o auditor João peça vista do processo X3Y no período em que estava

convocado para substituir o ministro José, caberá ao auditor João votar no processo

X3Y, independentemente, se o ministro José já tenha retornado ou não de suas férias.

O RITCU prevê, também, que, caso alguma votação tenha sido interrompida por

motivo de pedido de vista, ao retornar a votação, serão computados os votos já

proferidos pelos ministros e auditores convocados, ainda que tenham saído do cargo.

Vejamos o que está disciplinado no art. 119, § 3°, do RITCU:

‘§ 3º Ao dar prosseguimento à votação, serão computados os votos já proferidos

pelos ministros ou auditores convocados, ainda que não compareçam ou hajam deixado

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o exercício do cargo, cabendo ao Presidente esclarecer a matéria e apresentar o

resumo da votação até então procedida.’

Vamos a mais uma situação hipotética.

O ministro José votou em determinada matéria. Logo após o ministro Pedro

pediu vista do processo. Quando o processo retornou a pauta, o ministro José já havia se

aposentado, entrando em seu lugar o ministro Joaquim. Nesse caso, o ministro Joaquim

não poderia votar, uma vez que o ministro José já havia votado.

O art. 118, § 3°, RITCU prevê que ‘não poderá, ainda, participar da votação o

ministro ou auditor convocado para substituí-lo quando um deles já houver proferido o

seu voto.’

A situação ora apresentada muito se assemelha a questão anterior. De uma forma

didática, podemos dizer que quem vota é a cadeira. Vamos, então, raciocinar da

seguinte maneira: quando um auditor é convocado para substituir um ministro, irá sentar

na cadeira daquele ministro. Assim, caso o auditor que foi convocado para substituir um

ministro já tenha votado, a cadeira daquele ministro já votou, não podendo votar de

novo. Agora, se o auditor convocado não tenha votado ainda, ou seja, se a sua cadeira

não tiver votado, poderá o ministro proferir o seu voto.

Para que o ministro mencionado no parágrafo anterior possa votar, é necessário

que ele se considere esclarecido sobre o assunto, uma vez que perdeu a fase de

discussão. Vejamos o que prevê o art. 123 do RITCU:

‘Art. 123. Não participará da votação o ministro ou auditor convocado que

esteve ausente por ocasião da apresentação e discussão do relatório, salvo se se der

por esclarecido.’

O art. 124 do Regimento Interno disciplina o que será feito em situações em que

ocorrer empate nas deliberações do Plenário. Segundo o caput desse dispositivo caberá

ao PTCU desempatar a matéria.

O § 2° do art. 124 disciplina situação sui generis. É o caso de haver empate na

apreciação de determinada matéria e o PTCU se declarar impedido. Nesse caso o

Regimento Interno prevê que será convocado o auditor mais antigo para desempatar a

matéria. Vejamos o que está previsto:

‘Art. 124. Caberá ao Presidente do Tribunal ou ao ministro que estiver na

Presidência do Plenário proferir voto de desempate.

(...)

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§ 2º Se o Presidente ou o ministro que estiver na Presidência do Plenário

declarar impedimento no momento do desempate, a votação será reiniciada com a

convocação de um auditor presente à sessão, apenas para esse fim, observada a ordem

de antigüidade no cargo’.

E se o empate ocorrer em sessão de Câmara?

Caso a matéria em apreciação não seja recurso, o desempate se dará no Plenário,

caso a matéria seja recurso, será adotado o mesmo procedimento previsto no art. 124, §

2°. Relembrando que, conforme visto na aula 6, os recursos devem ser apreciados pelo

mesmo colegiado que proferiu a decisão recorrida. Vamos ver o que disciplina o art.

139 do RITCU:

‘Art. 139. Caso ocorra empate nas votações das câmaras, deverá o ministro ou

auditor convocado que tenha proferido em primeiro lugar o voto divergente ao do

relator formalizar sua declaração de voto.

Parágrafo único. Na hipótese do caput, o processo será submetido à

deliberação do Plenário, salvo se tratar de matéria relacionada no inciso VII do art.

17, caso em que se observará a mesma solução dada nos §§ 2º e 3º do art. 124.’

Antes de proclamado o resultado, o RITCU, em seu art. 119, § 4°, faculta a

qualquer ministro ou auditor convocado a possibilidade de modificar o seu voto.

No ano de 2004, o Cespe abordou a matéria da seguinte forma na prova para o

cargo de Técnico de Controle Externo:

‘Adalberto, na condição de ministro do TCU, foi o segundo a proferir seu voto

em uma determinada proposta de enunciado. Porém, ao refletir a respeito dos

argumentos que estavam sendo apresentados pelo último ministro a votar, ele concluiu

que o voto que havia proferido não era o mais adequado. Nessa situação, o ministro

Adalberto poderia modificar seu voto, desde que o fizesse antes da proclamação do

resultado da votação.’

Pelo acima verificado, temos que a assertiva é correta.

Para encerrar esse tópico, importante anotar que o art. 140 do RITCU estabelece

que as câmaras obedecerão, no que couber, às normas relativas ao Plenário.

2.4 Pauta das Sessões de Plenário e de Câmara

Com relação a esse tópico, disciplinado nos artigos 141 e seguintes do RITCU,

considero interessante comentar apenas alguns aspectos.

Os §§ 3° e 4° do art. 141 do RITCU apresentam as seguintes redações:

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‘§ 3º As pautas das sessões serão divulgadas mediante a afixação em local

próprio e acessível do edifício-sede do Tribunal, bem como publicadas nos órgãos

oficiais Boletim do Tribunal de Contas da União ou Diário Oficial da União, até

quarenta e oito horas antes da sessão, e disponibilizadas na página www.tcu.gov.br,

com essa mesma antecedência, em excerto do referido boletim.

§ 4º A divulgação da pauta ou de seu aditamento na página www.tcu.gov.br, em

excerto do Boletim do Tribunal de Contas da União, com a antecedência de até

quarenta e oito horas da Sessão, suprirá a ausência de publicação no Diário Oficial da

União.’

Podemos perceber dos dois dispositivos acima, que não há a necessidade de

publicação no Diário Oficial da União da pauta da sessão, caso ocorra a publicação no

site do TCU na internet.

Outra coisa que devemos atentar é a obrigatoriedade da publicação da pauta

mediante afixação em local próprio e acessível do edifício-sede do Tribunal. Hoje, a

título de curiosidade, a pauta fica afixada no saguão de entrada do prédio principal.

O § 14 do art. 141 traz o rol de alguns processos que dispensam a sua

publicação. Não acredito que a banca faça questões se determinado processo deve ou

não ser publicado. Acredito, contudo, que o aluno deve ter em mente que existem

alguns processos que dispensam publicação. Vejamos o que prevê o § 14:

‘§ 14 Prescinde de publicação em órgão oficial a inclusão em pauta de

processos:

I – em que se esteja propondo a adoção de medida cautelar ou a realização de

audiência da parte antes daquela providência;

II – que tratem da aprovação de atos normativos;

III – administrativos, se assim requerido pelo interessado; e

IV – que tratem de solicitação de informações ou de cópia dos autos efetuada

pelo Congresso Nacional, na forma do inciso II do art. 159.

Por fim, interessante registrar que não há publicação dos processos que serão

apreciados por relação.

Assim, chegamos ao final de mais um encontro.

Na aula de hoje, tivemos a oportunidade de verificar como ocorrem as sessões

do Tribunal. Verificamos, também, como ocorre o trâmite processual no âmbito do

Tribunal de Contas da União.

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Especial atenção foi dada a apreciação dos processos do TCU. Tivemos a

oportunidade de ver que os processos podem tanto ser apreciados por pauta como por

relação. A diferença primordial dessas duas formas de deliberação está que os processos

apreciados por pauta são todos eles discutidos e votados em separados.

Na seqüência, observamos como são apreciados os processos que são colocados

em pauta, oportunidade em que falamos da etapa de discussão e da etapa de votação.

Por fim, demos uma rápida passada em algumas formalidades das pautas do

Tribunal de Contas da União.

No próximo encontro, vamos estudar a competência do TCU na LOTCU e no

RITCU, a jurisdição do Tribunal de Contas da União e vamos iniciar o estudo dos

processos do Tribunal.

Continuem estudando!

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AULA 8: COMPETÊNCIA DO TCU

O nosso curso está se aproximando do seu final. Hoje, vamos tratar de algumas

competências legais e regimentais do Tribunal de Contas da União, bem como das

pessoas que estão sob a sua jurisdição.

Nessa aula vamos utilizar tanto a LOTCU como o RITCU. Por questão didática,

mais uma vez, não vou seguir a ordem apresentada por esses normativos. Nada

obstante, vou sempre procurar fazer referência a eles enquanto trato da matéria. Para

melhor acompanharmos a aula tenha sempre em mãos esses normativos.

Antes de iniciar a aula, gostaria de fazer uma correção acerca do que falei em

nossa segunda aula sobre os Tribunais de Contas dos Municípios. Naquela

oportunidade, mencionei que Bahia, Ceará, Amazonas e Goiás possuem Tribunais de

Contas dos Municípios. Na realidade, o Estado da região Norte que possui tal Tribunal é

o estado do Pará.

1 – COMPETÊNCIAS DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

ESTATUÍDAS EM SUA LEI ORGÂNICA E EM SEU REGIIMENTO INTERNO

A competência do Tribunal de Contas da União é tratada no art. 1° da LOTCU e

do RITCU.

Considerando que algumas competências já foram abordadas nesse curso, por

ocasião do estudo do Tribunal de Contas da União na Constituição Federal, e que outras

são de fácil entendimento, não necessitando de maiores esclarecimentos para a sua

compreensão, vamos tratar apenas de alguns incisos da LOTCU e do RITCU nessa aula.

Antes de começarmos o nosso estudo, importante deixar claro que todas as

competências tratadas nos incisos que passaremos a estudar decorrem diretamente do

que prevê os artigos 70 e 71 da CF. A LOTCU e o RITCU somente aprofundaram a

competência estabelecida na Constituição.

1.1 – Acompanhamento da arrecadação da receita

Iniciaremos o nosso estudo pelo inciso IV do art. 1° da LOTCU, que apresenta a

seguinte redação:

‘IV - acompanhar a arrecadação da receita a cargo da União e das entidades

referidas no inciso I deste artigo, mediante inspeções e auditorias, ou por meio de

demonstrativos próprios, na forma estabelecida no regimento interno;’

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A primeira observação que deve ser feita com relação a esse inciso é que a

competência ora apresentada não se confunde com a competência dos órgãos

arrecadadores da receita. Dessa forma, o Tribunal de Contas da União não tem

competência para cobrar o imposto de renda de ninguém, o competente para isso é a

receita federal. O papel do Tribunal de Contas da União é acompanhar como esses

órgãos responsáveis pela arrecadação estão se comportando.

A competência ora em estudo advém do parágrafo único do art. 70 da CF,

quando prevê que prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que

arrecade dinheiros, bens e valores públicos. Assim, compete ao Tribunal de Contas da União verificar, dentre outras coisas,

se não está havendo desvios por ocasião da arrecadação da receita.

Com relação ao assunto, as seguintes questões já foram cobradas em concursos

anteriores:

‘(AFCE/TCU/1999. ESAF)Em tema de competência e jurisdição do Tribunal de

Contas da União, é incorreto afirmar que lhe cabe acompanhar a arrecadação de

receita a cargo da União.’

‘(PFN/97- modificado) A Constituição Federal de 1988, ao cuidar do controle

externo das contas públicas, determina que o mesmo não deverá ter por objeto a

fiscalização de renúncia de receitas, pois esta é matéria afeta unicamente ao Poder

Executivo’

Pelo que vimos ambas as assertivas estão incorretas.

1.2 – Fiscalização das transferências constitucionais e legais

Passaremos agora para assunto que costuma freqüentar as nossas provas. Trata-

se da competência do Tribunal de Contas da União para fiscalizar as transferências

constitucionais e legais.

Para melhor estudo do tema, apresento a seguinte tabela:

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Tipo de recurso

transferido

Tipo de atuação do TCU

Previsão legal

Convênio, acordo e ajuste

Fiscaliza a aplicação dos

recursos

CF, Art. 71, VI

RI, Arts. 1º, XIX, e 254

FPE e FPM

Cálculo das quotas e fiscalização

da entrega

CF, Art. 161, § u

RI, Arts. 1º, IX, 253, I, e 290

IPI

Cálculo das quotas e fiscalização

da entrega

CF, Art. 161, § u

RI, Arts. 1º, XI, 291

Royalties do petróleo

STF declarou inconstitucional

(MS 34.312/TCERJ)

TCU acompanhou Ac

349/2003/P

RI, Art. 1º, X.

Determinação legal

Cálculo, entrega e aplicação

RI, Art. 1º, XX.

Com relação às transferências constitucionais e legais, a LOTCU somente

menciona o assunto no inciso VI do art. 1°. Como o RITCU trata a matéria com maior

profundidade, utilizei o Regimento como fundamento legal no quadro acima.

Considerando que a atuação do TCU nos convênios, ajuste e outros instrumentos

congêneres já foi estudada, passaremos para o estudo do FPE e FPM.

O art. 161 da Constituição Federal apresenta a seguinte redação:

,Art. 161. Cabe à lei complementar:

I - definir valor adicionado para fins do disposto no art. 158, parágrafo único, I;

II - estabelecer normas sobre a entrega dos recursos de que trata o art. 159,

especialmente sobre os critérios de rateio dos fundos previstos em seu inciso I,

objetivando promover o equilíbrio sócio-econômico entre Estados e entre Municípios;

III - dispor sobre o acompanhamento, pelos beneficiários, do cálculo das quotas

e da liberação das participações previstas nos arts. 157, 158 e 159.

Parágrafo único. O Tribunal de Contas da União efetuará o cálculo das quotas

referentes aos fundos de participação a que alude o inciso II.’

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Como o inciso II faz referência ao art. 159, vamos ver o que disciplina esse

artigo:

‘Art. 159. A União entregará:

I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de

qualquer natureza e sobre produtos industrializados, quarenta e sete por cento na

seguinte forma:

a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos

Estados e do Distrito Federal;

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos

Municípios;

c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor

produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições

financeiras de caráter regional, de acordo com os planos regionais de desenvolvimento,

ficando assegurada ao semi-árido do Nordeste a metade dos recursos destinados à

Região, na forma que a lei estabelecer;

(...)

Algumas observações são necessárias.

Podemos verificar que os recursos destinados ao FPE e ao FPM são oriundos do

imposto de renda e do imposto sobre produtos industrializados.

Interessante notar que o parágrafo único da CF é quem estipula que ao Tribunal

de Contas da União compete efetuar o cálculo das quotas referentes ao FPE e ao FPM.

Diferentemente do que ocorre com os convênios, o Tribunal de Contas da União

não fiscaliza a aplicação desses recursos. Esse fato tem uma explicação simples. Os

recursos dos convênios só são repassados para outro ente, porque a União tem interesse

que o ente realize uma determinada ação. Dessa forma, a União tem todo o direito de

verificar se os seus recursos foram gastos naquilo que ela queria que fosse.

Já com relação aos recursos do FPE e FPM, a própria Constituição, no caput do

art. 159, estipula que ‘a União entregará (...)’. Assim, os recursos não pertencem a

União, uma vez que a Constituição determina que eles serão entregues àqueles fundos.

Dessa forma, NÃO cabe ao TCU fiscalizar a aplicação dos referidos recursos. Por essa

razão, o RITCU estipulou que a competência do TCU é de apenas efetuar o cálculo da

quota que será destinado a cada Estado e Município, a fim de atender o comando

constitucional, bem como fiscalizar a entrega dos recursos a seus destinatários.

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Em 1996, na prova para o cargo de Técnico de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União, o Cespe explorou o assunto das seguintes formas:

O TCU efetua o cálculo das quotas do produto da arrecadação do Imposto

sobre a Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados destinadas aos fundos de

participação dos estados e dos municípios.

A competência constitucional do Tribunal de Contas da União, para fiscalizar a

aplicação de recursos financeiros da União repassados aos Estados e Municípios,

compreende os dos chamados Fundos de Participação (ACE – Cespe 1996’.

Pelo que foi exposto, podemos concluir que a primeira assertiva é correta e a

segunda está falsa. Importante notar que para responder a primeira questão devemos

saber o que integra o FPE e o FPM.

Prosseguindo no estudo de nosso quadro, passemos para a atuação do Tribunal

de Contas da União com relação ao Imposto de Produto Industrializado.

Para o IPI, valem as mesmas observações feitas para o FPE e FPM. Interessante

transcrever a redação do art. 159, inciso II, da CF. ‘II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por

cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas

exportações de produtos industrializados;’’

Importante notar que para a distribuição, o que se leva em consideração é o valor

da exportação dos produtos industrializados.

Ainda com relação ao art. 159 da CF, considero pertinente acrescentar que a

Emenda Constitucional 42 incluiu o inciso III ao artigo. Pela semelhança que a matéria

guarda com os outros dois incisos do referido art. 159, compete, também, ao TCU

efetuar o cálculo das quotas referente à distribuição da contribuição de intervenção no

domínio econômico – CIDE. A matéria ainda não se encontra disciplinada no

Regimento Interno, porque esse normativo é anterior à referida Emenda Constitucional.

Acredito que na próxima revisão do RITCU a matéria deva ser incluída.

A fiscalização dos recursos dos Royalties do petróleo pelo Tribunal de Contas da

União foi recentemente questionada, por meio de mandado de segurança n.° 34.312, no

STF. Na oportunidade, o Pretório Excelso entendeu que os recursos dos Royalties do

petróleo não eram federais, razão pela qual considerou inconstitucional o inciso X do

art. 1° do RITCU. Como a inconstitucionalidade do dispositivo foi apontada em sede de

mandado de segurança, a decisão do Supremo só valeria para o caso concreto. Acontece

que, por meio do Acórdão 349-2003-Plenário, o TCU reconheceu a incompetência para

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fiscalizar os recursos oriundos dos Royalties do petróleo. Nessa deliberação, o Tribunal

de Contas da União encaminhou todos os processos que tratavam do assunto para os

respectivos Tribunais de Contas Estaduais, órgão competente, segundo o STF, para

realizar a fiscalização desses recursos.

Prosseguindo no estudo de nosso quadro, temos que o inciso XX do art. 1° do

RITCU prevê que o TCU terá competência para ‘acompanhar e fiscalizar, conforme o

caso, o cálculo, a entrega e a aplicação de recursos repassados pela União, por

determinação legal a estado, ao Distrito Federal ou a município, conforme dispuser a

legislação específica e os respectivos normativos internos, de conformidade com o

inciso IV do art. 253.

Assim, o que vai determinar qual será a competência do TCU será a lei que

versar sobre a transferência. Como exemplo, a Lei 9.424\96, a Lei do Fundef, prevê que

o Tribunal de Contas da União criará mecanismo adequado para a fiscalização do

cumprimento pleno do disposto no art. 212 da Constituição.

Com relação às transferências de recursos, a Esaf, para o concurso de Analista

de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, nos anos de 1999 e 2002,

respectivamente, apresentou as seguintes questões:

‘Em tema de competência e jurisdição do Tribunal de Contas da União, é

incorreto afirmar-se que lhe cabe efetuar o cálculo das cotas dos Fundos de

Participação dos Estados, fiscalizando a correta aplicação dos respectivos recursos

que lhes são entregues.’

‘A competência constitucional do Tribunal de Contas da União, para fiscalizar

a aplicação de recursos financeiros da União repassados aos Estados e Municípios,

compreende

a) os dos chamados Fundos de Participação.

b) os provenientes da arrecadação do Imposto de Renda retido na fonte

pagadora.

c) os provenientes da arrecadação do Imposto sobre Produtos Industrializados,

na proporção dos valores das exportações.

d) os decorrentes de convênios ou instrumentos congêneres.

e) os de qualquer natureza, origem ou destinação.’

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Pelo que estudamos, a assertiva da primeira questão está correta, pois está

incorreto dizer que o Tribunal de Contas da União pode fiscalizar a correta aplicação

dos recursos do FPE.

A resposta correta da segunda questão é a letra ‘d’, pois a fiscalização da

aplicação, das opções que foram dadas, só pode ser feita em recursos decorrentes de

convênios ou instrumentos congêneres.

1.3 – Fiscalização e avaliação dos processos de desestatização

O inciso XV do art. 1° do RITCU possui a seguinte redação:

‘XV – acompanhar, fiscalizar e avaliar os processos de desestatização realizados

pela administração pública federal, compreendendo as privatizações de empresas,

incluindo instituições financeiras, e as concessões, permissões e autorizações de serviço

público, nos termos do art. 175 da Constituição Federal e das normas legais pertinentes,

consoante o inciso II do art. 258;’

Considero esse tópico bastante importante para a nossa prova. Não me

surpreenderia se a questão subjetiva abordasse esse tema.

A competência para exercer a fiscalização dos processos de desestatização

advém do caput do art. 70, combinado como art. 71, inciso IV, da Constituição Federal.

Como vimos em nossas primeiras aulas, compete ao Tribunal de Contas da União

realizar, por iniciativa própria ou por solicitação do Congresso Nacional, fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial nos órgãos e entidades da

Administração Pública.

A fiscalização do patrimônio engloba todos os bens do Poder Público federal. A

saída do bem do patrimônio deve ser fiscalizada para saber se o valor que está sendo

cobrado por ele, corresponde ao preço de mercado.

Atento ao grande número de desestatizações ocorridas no país ao longo dos

últimos 10 anos, o Tribunal de Contas da União criou uma secretaria especializada para

acompanhar os processos de desestatização. Esses processos, no âmbito do TCU, foram

regulamentados pela Instrução Normativa n.° 27, de 2 de dezembro de 1998. Para

melhor compreensão da matéria, considero interessante transcreve todo art. 1° da

referida Instrução Normativa:

‘Art. 1º Ao Tribunal de Contas da União compete acompanhar, fiscalizar e

avaliar os processos de desestatização realizados pela Administração Pública Federal,

compreendendo as privatizações de empresas, inclusive instituições financeiras, e as

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concessões, permissões e autorizações de serviço público, nos termos do art. 175 da

Constituição Federal e das normas legais pertinentes.

§ 1º Para os fins do disposto nesta Instrução Normativa, considera-se:

I – desestatização: a transferência para a iniciativa privada, de participações

societárias e da execução dos serviços públicos explorados pela União por intermédio

das entidades da Administração Pública Federal;

II – privatização: a alienação pela União de direitos que lhe assegurem,

diretamente ou por meio de outras controladas, preponderância nas deliberações

sociais e poder de eleger a maioria dos administradores da sociedade;

III – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo

poder concedente, mediante licitação, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que

demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo

determinado;

IV - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a

construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de

quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante

licitação, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a

sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária

seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo

determinado;

V – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante

licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física

ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

VI – autorização: ato administrativo discricionário e precário pelo qual o poder

concedente torna possível ao postulante a realização de certa atividade, serviço, ou a

utilização de determinados bens particulares ou públicos, de seu exclusivo ou

predominante interesse, condicionada à aquiescência prévia da Administração.

§ 2º Aplicam-se os dispositivos desta Instrução Normativa, no que couber, aos

processos de desestatização a serem realizados com procedimentos simplificados nos

termos do art. 33 do Decreto nº 2.594, de 15 de maio de 1998, bem como dos processos

de concessão de uso de bem público associados a serviços públicos.’

A desestatização no Brasil foi alavancada pelo Plano Nacional de

Desestatização. Com início das transferências do serviços públicos para o setor privado,

o país sentiu a necessidade de criar um organismo que regulasse o setor, uma vez que o

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Estado não mais executava diretamente esses serviços, surgiram, assim, as agências

reguladoras.

Atualmente o controle do Tribunal de Contas da União é feito diretamente sobre

as agências reguladoras. Nada obstante, o Tribunal pode por vezes exercer a fiscalização

diretamente sobre as concessionárias e permissionárias de serviço público. Vejamos o

pensamento do ministro do Tribunal de Contas da União Benjamin Zymler, ao tratar do

tema in Direito Administrativo e Controle. 1ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2005, p. 304-

305:

“Em que pese a competência original das agências reguladoras, não está

afastada a possibilidade de o Tribunal executar um controle direto sobre as

concessionárias e permissionária de serviços públicos.”

Antes de passarmos para o próximo tópico, esclareço que as competências

previstas nos incisos IX, XVI e XVII do art. 1° da LOTCU serão vistas com detalhes na

próxima aula.

2 – PODER REGULAMENTADOR DO TRIBUNAL DE CONTAS DA

UNIÃO

O art. 3° da LOTCU estabelece que:

‘Art. 3° Ao Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência e

jurisdição, assiste o poder regulamentar, podendo, em conseqüência, expedir atos e

instruções normativas sobre matéria de suas atribuições e sobre a organização dos

processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu cumprimento, sob pena de

responsabilidade.’

A Lei Orgânica concedeu ao Tribunal de Contas da União o poder de

regulamentar as matérias que estejam no âmbito de sua competência. Logo acima,

quando estávamos falando da competência do Tribunal para fiscalizar os processos de

desestatização, transcrevemos parte da Instrução Normativa n.° 27. A expedição dessa

IN pelo TCU constitui exemplo do poder regulamentador do Tribunal.

Com relação ao assunto, interessante notar que esse poder é limitado ao âmbito

de sua competência e jurisdição.

O Tribunal também utiliza o seu poder regulamentador para informar aos seus

jurisdicionados a maneira como as contas devem ser por eles prestadas. A constituição

concede ao TCU a competência para julgar as contas dos administradores, mas em

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nenhum momento menciona a forma como essas contas devem ser encaminhadas para o

Tribunal. Essa normatização cabe ao TCU, por meio de seu poder regulamentador.

Importante notar que a parte final do art. 3° da LOTCU, estabelece que o poder

regulamentador do TCU deve ser respeitado, sob pena de responsabilidade. Assim, o

gestor que não prestar suas contas na forma disciplinada pelo Tribunal pode vir a ser

punido por conta desse fato.

Em 1999, a Esaf abordou o tema da seguinte forma na prova para o cargo de

Analista de Controle Externo para o Tribunal de Contas da União.

‘Ao Tribunal de Contas da União, no âmbito de sua competência e jurisdição,

como órgão de controle externo, assiste o poder regulamentar, podendo expedir atos e

instruções normativas.

a) Correta a assertiva, entendido esse poder regulamentar restrito a matéria de

suas atribuições e sobre a organização dos processos que lhe devam ser submetidos.

b) Correta a assertiva, entendido ser esse poder regulamentar restrito aos

procedimentos a serem adotados no âmbito interno da sua Secretaria.

c) Correta a assertiva, entendido ser esse poder regulamentar amplo destinado

inclusive a interpretar e disciplinar a execução de leis, que disponham sobre matéria

sujeita ao seu exame.

d) Incorreta a assertiva, porque o poder regulamentar do TCU é restrito à

matéria própria do seu Regimento Interno, quanto ao funcionamento desse órgão.

e) Incorreta a assertiva, porque o TCU não dispõe de nenhum poder

regulamentar.’

Pelo que foi exposto, podemos notar que a alternativa correta é a letra ‘a’.

3 – JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Antes de vermos como a matéria está disciplinada na LOTCU e no RITCU,

acredito interessante trazer uma rápida definição do que seja jurisdição.

O termo jurisdição vem do latim e é a aglutinação de JURIS + DIÇÃO.

O termo JURIS significa Direito e o termo DIÇÃO significa dizer, logo

jurisdição significa dizer o direito. Dessa forma, quando dizemos que a jurisdição do

Tribunal de Contas da União abrange as sociedades de economia mista, estamos

dizendo que o TCU pode dizer o direito para aquelas sociedades.

Alguns doutrinadores entendem que é inapropriado dizer que o Tribunal de

Contas da União possui jurisdição, pois, segundo eles, somente o Poder Judiciário pode

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dizer o direito. Entendo que a posição desses doutrinadores é muito radical. Ademais,

considero que a discussão acerca da impropriedade ou não do termo refoge ao escopo

desse nosso curso.

A jurisdição do Tribunal de Contas da União é tratada tanto na LOTCU como no

RITCU por intermédio dos mesmos artigos: 4° e 5°. Como o tema é abordado de forma

mais completa no RITCU, vamos direcionar o nosso estudo para o que está disciplinado

nesse normativo.

O art. 4° do RITCU apresenta a seguinte redação:

‘Art. 4° O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em

todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.’

Desse dispositivo, chamo atenção para as expressões ‘própria e privativa’ e

‘sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua competência.’

Essas expressões analisadas de forma conjunta indicam que somente o Tribunal

pode dizer o direito, em matérias de sua competência, para as pessoas mencionadas no

artigo anterior. Esse artigo ratifica o nosso posicionamento sobre a impossibilidade de o

Poder Judiciário adentrar no mérito de questões afetas ao Tribunal de Contas da União.

Outra informação decorrente desse dispositivo é que a jurisdição do TCU só

abrange as matérias sujeitas a sua competência.

Vejamos o seguinte exemplo:

Determinado servidor público subtraiu de sua recepção R$ 50.000,00 em vale-

transportes. Por esse ato, o Tribunal de Contas da União poderia condenar o servidor ao

ressarcimento do valor subtraído, juntamente com alguma sanção prevista na LOTCU.

Jamais o Tribunal poderia condenar o servidor pelo crime de peculato. Apesar de o ato

do servidor poder ser tipificado como crime de peculato, somente o Poder Judiciário

possui competência para condená-lo pelo crime.

A jurisdição, como já dissemos, é a possibilidade de o Tribunal dizer o direito

para determinadas pessoas, desde que esse direito se refira à matéria de sua

competência. Vamos ver, então, quem são essas pessoas.

A constituição, por meio do parágrafo único do art. 70, estabelece o dever de

prestar contas. O art. 71, inciso II, concedeu competência para o Tribunal de Contas da

União julgar as contas dos responsáveis por recursos federais. Assim, para essas

pessoas, o TCU poderá dizer o direito que se refere ao julgamento das contas. Vejamos

o que diz o inciso I do art. 5 do RITCU:

‘Art. 5º A jurisdição do Tribunal abrange:

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I –qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,

guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a

União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária;’

O inciso II do art. 5° refere-se à parte final do inciso II do art. 71 da CF,

vejamos:

‘Art. 71. (...)

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros,

bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e

sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que

derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário

público;

Como o Tribunal tem competência para julgar as contas das pessoas destacadas

no inciso II do art. 71 da CF, sobre essas pessoas o TCU também possui jurisdição, ou

seja, também pode dizer o direito. Vejamos o que dispõe o inciso II do art. 5° do

RITCU:

‘II – aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que

resulte dano ao erário;’

O inciso III do art. 5° do RITCU apresenta a seguinte redação:

‘III – os dirigentes de empresas públicas e sociedades de economia mista

constituídas com recursos da União;’

O art. 71, inciso II, disciplina que o TCU vai julgar as contas dos

administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da

administração direta e indireta. Por isso, os dirigentes das empresas públicas e

sociedades de economia mista devem estar na jurisdição do TCU.

Quanto às sociedades de economia mista, uma questão é recorrente na sala de

aula: pode ser instaurada tomada de contas especial contra o Banco do Brasil e demais

sociedades de economia mista?

Pelo disposto no inciso III do art. 5° do RITCU, não restam dúvidas de que o

Banco do Brasil, bem como as demais sociedades de economia mista estão sob a

jurisdição do Tribunal de Contas da União e que devem prestar contas para o Tribunal.

Com relação à possibilidade de instauração de tomada de contas especial,

enxergo a questão da seguinte forma:

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Quando a sociedade de economia mista ou a empresa pública está exercendo

atividades comerciais da mesma forma que as demais empresas privadas, entendo que,

nesse caso, não há que se falar em instauração de tomada de contas especial.

Como exemplo, vale a seguinte situação hipotética:

Um gerente do Banco do Brasil, após verificar todos os requisitos exigidos pelo

Banco, concedeu empréstimo à determinada pessoa que não veio a honrar o empréstimo

concedido. Nesse caso, mesmo que haja prejuízo para o Banco, entendo que não é o

caso de instauração de tomada de contas especial, uma vez que a concessão de

empréstimo faz parte da atividade de qualquer banco.

Agora, caso o gerente do Banco se apropriasse indevidamente de recursos do

Banco, aí sim seria o caso de instauração de tomada de contas especial, pois, nesse caso,

a atitude do gerente em nada se diferencia da atitude de um servidor público que se

apropria da folha de pagamento de determinado ministério.

Recentemente, o tema foi objeto de deliberação no Supremo Tribunal Federal.

No julgamento do MS 25092\DF, o Pretório Excelso entendeu que o Tribunal de Contas

da União, por força do disposto no art. 71, II, da CF, tem competência para proceder à

tomada de contas especial de administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens

e valores públicos das entidades integrantes da administração indireta, não importando

se prestadoras de serviço público ou exploradoras de atividade econômica.

Passemos, agora, ao inciso IV do art. 5° do RITCU, o qual possui a seguinte

redação:

‘IV – os dirigentes ou liqüidantes das empresas encampadas ou sob intervenção

ou que, de qualquer modo, venham a integrar, provisória ou permanentemente, o

patrimônio da União ou de outra entidade federal;’

Importante nesse inciso é definir o que seja empresas encampadas ou que

estejam sob intervenção.

A encampação é instituto do Direito Administrativo e consiste na retomada pelo

Poder Público de serviço público que havia sido concedido, permitido ou autorizado a

particular.

Dessa forma, caso o poder público reverta a concessão de determinada empresa

de ônibus, vindo a prestar diretamente o serviço de transporte com a utilização dos

ônibus da empresa, estará havendo a encampação da referida empresa.

A intervenção ocorre quando o poder público, por qualquer motivo, assume a

direção de determinada empresa privada.

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Os incisos V e VIII vêm atender ao preconizado nos incisos V e VI do art. 71 da

CF.

O inciso VI do art. 5° se refere aos Serviços Sociais autônomos. Dessa forma,

estão sob a jurisdição do TCU: Sesi, Sesc, Senai, Senat, Senac etc.

Como exemplo do inciso VII, podemos citar que o Comitê Olímpico Brasileiro e

o Comitê Paraolímpico Brasileiro estão sujeitos à fiscalização do Tribunal de Contas da

União por força da Lei 9.615\1998.

O inciso IX apresenta uma garantia aos herdeiros. Por esse dispositivo, os

sucessores só precisam responder por eventuais dívidas herdadas até o limite do

patrimônio transferido.

O exemplo hipotético a seguir pode elucidar melhor o dispositivo:

João foi condenado a devolver aos cofres da União a quantia de cem mil reais.

Após a condenação, João faleceu, deixando uma herança de 50 mil reais.

Nesse caso, os herdeiros de João só vão precisar pagar a dívida até o valor do

patrimônio transferido, ou seja, 50 mil reais.

O Cespe, no último concurso para o cargo de Analista de Controle Externo,

apresentou a seguinte questão relacionada ao tema:

‘Considere a seguinte situação hipotética.

Assegurada a ampla defesa, o TCU julgou irregulares as contas de Bento,

imputou-lhe débito no valor de R$ 100 mil e aplicou-lhe multa proporcional ao débito

no valor de R$ 10 mil. Pouco tempo depois, Bento, único responsável, faleceu.

Nessa situação, os valores correspondentes à multa não mais deverão ser

cobrados, embora a quantia relativa ao débito ainda possa ser cobrada, de modo a se

promover o ressarcimento integral do dano.’

A banca considerou a assertiva correta. O entendimento da banca foi no sentido

de que a multa consiste em penalidade, não podendo, por isso, passar da pessoa do

condenado, consoante prevê o inciso XLV do art. 5º da Constituição Federal.

Passemos para o inciso X do art. 5° do RITCU. Esse dispositivo coloca sob a

jurisdição do Tribunal de Contas da União os representantes da União ou do Poder

Público Federal na assembléia geral das empresas estatais e sociedades anônimas. Esses

representantes, que têm o dever de defender os interesses da União, no caso de

praticarem atos que possam vir a prejudicar o patrimônio das referidas sociedades,

devem responder pelos danos causados, solidariamente com os membros dos conselho

fiscal e de administração.

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Antes de encerrarmos o tema, considero interessante tecer breves comentários

sobre os conselhos de profissões, com especial atenção para a Ordem dos Advogados do

Brasil, e sobre as Organizações Sociais.

Com relação aos conselhos de profissão, com a declaração de

inconstitucionalidade de quase todo o artigo 58 da Lei 9.649\1998, o Supremo Tribunal

Federal entendeu que os conselhos possuem natureza autárquica. É pacífico também na

jurisprudência que os recursos cobrados pelos conselhos possuem natureza parafiscal.

Assim sendo, fica claro que os conselhos de profissão estão na jurisdição do Tribunal de

Contas da União.

Hoje, por força da faculdade oferecida pelo art. 6° da LOTCU, utilizando o seu

poder regulamentador, o TCU, por meio da Instrução Normativa n.° 42, dispensou os

conselhos de prestarem contas anuais ao Tribunal. Apesar de estarem dispensados de

prestar contas, os conselhos ainda continuam na jurisdição do TCU, razão pela qual

podem ser fiscalizados pelo Tribunal..

Então, caso alguém apresente uma denúncia versando sobre possíveis

irregularidades praticadas na administração de um conselho qualquer, pode o Tribunal

apurar a denúncia e punir os responsáveis.

O TCU dispensou os conselhos de prestarem contas anuais baseado no princípio

do custo\benefício do controle, uma vez que quantidade de recursos públicos geridos

por essas autarquias é muito pequena.

Na prova de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão:

‘Estão sujeitas à fiscalização do TCU as entidades de fiscalização do exercício

profissional, que são autarquias e que cobram e dispõem sobre contribuições

parafiscais.’

A assertiva foi considerada correta pela banca.

Quanto à possibilidade de o TCU dispensar os seus jurisdicionados de prestarem

contas, a matéria encontra-se disciplinada no art. 6° do RITCU, o qual possui a seguinte

redação:

‘Art. 6° Estão sujeitas à tomada de contas e, ressalvado o disposto no inciso

XXXV do art. 5° da Constituição Federal, só por decisão do Tribunal de Contas da

União podem ser liberadas dessa responsabilidade as pessoas indicadas nos incisos I a

VI do art. 5° desta lei.’

Duas observações com relação a esse dispositivo são necessárias.

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A primeira é que somente podem ser dispensadas do dever de prestar contas as

pessoas indicadas nos incisos I a VI do art. 5° da LOTCU. Os demais responsáveis não

podem ser dispensados.

A segunda refere-se a quem pode dispensar desse dever. A parte que ressalva o

disposto no inciso XXXV do art. 5° da Constituição Federal pode trazer certa confusão

ao leitor mais desatento. O mencionado inciso estabelece que a lei não excluirá da

apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Isso não quer dizer que o

Poder Judiciário pode dispensar algum jurisdicionado do TCU do dever de prestar

contas. A competência daquele Poder é dizer se a pessoa está ou não na jurisdição do

Tribunal de Contas da União, mas, uma vez se encontrando na Jurisdição do TCU,

somente a Corte de Contas pode dispensá-lo do dever de prestar contas, caso a pessoa se

encaixe entre os incisos I a VI do art. 5° da LOTCU.

Na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da

União realizada pelo Cespe no ano de 2005, a questão foi abordada da seguinte forma:

‘Nos termos da Lei n.º 8.443/1992 (Lei Orgânica do TCU), o TCU tem

jurisdição própria e privativa, em todo o território nacional, sobre as pessoas e

matérias sujeitas à sua competência e, somente por decisão do TCU, as pessoas

abrangidas pela jurisdição do Tribunal podem ser liberadas da responsabilidade de

prestar-lhe contas.’

A assertiva foi considerada incorreta, porque o Tribunal de Contas da União só

pode liberar do dever de prestar contas as pessoas indicadas nos incisos I a VI do art. 5°

da LOTCU.

A Ordem dos Advogados do Brasil constitui exceção à regra acima. Por decisão

do Supremo Tribunal Federal, ratificada pelo Tribunal de Contas da União, não se

encontra na jurisdição do TCU. Assim sendo, não prestam contas dos seus recursos e

também não podem ser fiscalizadas.

Por fim, interessante registrar que as organizações sociais, ao assinarem

contratos de gestão, passam a receber recursos públicos, razão pela qual estão sujeitas a

fiscalização pelo Tribunal de Contas da União.

Sobre o tema, trago as seguintes questões que já foram objeto de provas

passadas:

(ESAF 2000-ACE – TCU) O Tribunal de Contas da União tem a sua jurisdição:

a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal

b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos

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c) extensiva aos representantes da União nas Assembléias Gerais das entidades

estatais

d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a União

participe

e) restrita a agentes públicos federais

A alternativa correta é a letra ‘c’, uma vez que se coaduna com o disposto no

inciso X do art. 5° do RITCU. A alternativa ‘d’ está incorreta, porque a jurisdição do

Tribunal de Contas da União, em relação aos dirigentes das empresas supranacionais, se

restringe aos responsáveis pelas contas nacionais. Dessa forma, a jurisdição do TCU

não abrange os dirigentes das empresas supranacionais que não sejam responsáveis

pelas contas nacionais.

(Cespe 2004 - Procuarador do TCU) Os liquidantes de empresas sob intervenção

do poder público federal são nomeados pela autoridade competente para decretar a

intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à jurisdição do TCU,

mas, sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a responsabilidade pelos atos

daquele.

Uma vez que a assertiva está em confronto com o inciso IV do art. 5° do

RITCU, ela está incorreta.

Acabamos assim a nossa oitava aula.

Hoje, tivemos a oportunidade de verificar algumas competências dadas ao

Tribunal de Contas da União por sua Lei Orgânica e por seu Regimento Interno.

Demos especial atenção a questão das transferências de recursos, oportunidade

que vimos como se dá a atuação do TCU na fiscalização desses recursos.

Em seguida, estudamos como se dá a fiscalização dos processos de

desestatização no âmbito da Corte de Contas. Com relação a esse tema, considero que o

assunto se encontra em bastante evidência no Tribunal de Contas da União, razão pela

qual não me surpreenderia se a prova subjetiva explorasse o assunto.

Por fim, fizemos um breve comentário acerca da expressão jurisdição e

verificamos quais as pessoas estão na jurisdição do Tribunal de Contas da União.

Na próxima aula, vamos estudar as espécies de processos que existem no TCU.

Até lá e continuem estudando.

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AULA 9: TIPOS DE PROCESSOS

O nosso penúltimo encontro vai ser dedicado aos tipos de processos existentes

no Tribunal de Contas da União.

A aula de hoje vai aprofundar alguns temas já comentados em aulas passadas.

Vamos poder entender melhor o que o Analista de Controle Externo faz no seu dia-a-

dia.

Hoje, vamos, fundamentalmente, trabalhar com o Regimento Interno. O escopo

de nossa aula vai ser o Título VI – Atividades de Controle Externo – do Regimento

Interno, o qual se inicia com o art. 186.

1 – TIPOS DE PROCESSOS – VISÃO GERAL

Didaticamente, podemos dividir os processo do Tribunal de Contas da União da

seguinte forma:

I – Processos de Contas

II – Processos que não são de contas

A divisão acima é utilizada apenas para organizar melhor a nossa aula e para

facilitar o entendimento dos alunos quando falarmos dos recursos cabíveis no Tribunal

de Contas da União. Dessa forma, essa divisão vai ser utilizada tanto nessa aula como

na próxima. O principal fundamento para realizar a divisão conforme apresentada

baseia-se na função judicante, pois somente ocorre julgamento nos processos de contas,

em todos os demais ocorre apreciação.

Ademais, vale acrescentar que não pode haver ressarcimento ao erário em

processos que não sejam de contas. Dessa forma, quando o TCU realiza uma

Tomada de Contas (ordinária e extraordinária) Prestação de Contas(ordinária e extraordinária) Tomada de Contas Especial

Contas do Governo Fiscalização Consultas

Atos e contratos Atos sujeitos a registro

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fiscalização em que percebe que houve desvio de recursos públicos, antes de condenar o

responsável em débito, deve converter o processo de fiscalização em processo de

contas.

2 – Tomada e Prestação de Contas

Tendo como base o Título VI do Regimento, vamos iniciar o nosso estudo pelas

tomada e prestação de contas.

Conforme estudamos na aula passada, assiste ao Tribunal de Contas da União o

Poder Regulamentador. Em conseqüência, pode expedir atos e instruções normativas

sobre a organização dos processos que lhe devam ser submetidos, obrigando ao seu

cumprimento, sob pena de responsabilidade.

Para disciplinar a matéria, o Tribunal de Contas da União editou a Instrução

Normativa n.° 47, da qual, considero importante trazer as seguintes definições:

‘I - processo de contas: conjunto de documentos e informações, obtidos direta

ou indiretamente, que permitam avaliar a conformidade e o desempenho da gestão dos

responsáveis por políticas públicas, bens, valores e serviços públicos federais;

II - processo de contas ordinárias: processo de tomada ou prestação de contas

organizado anualmente pelas unidades jurisdicionadas cujos responsáveis estão

sujeitos à obrigação prevista no art. 70, parágrafo único, da Constituição Federal;

III - processo de contas extraordinárias: processo de tomada ou de prestação

de contas organizado e apresentado quando da extinção, liquidação, dissolução,

transformação, fusão ou incorporação de unidades jurisdicionadas cujos responsáveis

estejam alcançados pela obrigação prevista no art. 70, parágrafo único, da

Constituição Federal;

IV - processo de tomada de contas: processo de contas relativo à gestão dos

responsáveis por unidades jurisdicionadas da administração federal direta;

V - processo de prestação de contas: processo de contas relativo à gestão dos

responsáveis por unidades jurisdicionadas da administração federal indireta e

daquelas não classificadas como integrantes da administração direta federal;

VI - processo de contas simplificado: processo de tomada ou de prestação de

contas organizado de forma simplificada, a partir da aplicação de critérios de risco,

materialidade e relevância, estabelecidos pelo Tribunal;

Para facilitar o estudo, sublinhei o que considero de mais importante na

definição de cada dispositivo. De toda sorte, considero interessante repisar que a

diferença de tomada de contas para prestação de contas é que a primeira se destina aos

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órgãos da administração direta. Outra importante distinção é entre as contas ordinárias e

as contas extraordinárias. O dever de prestar contas insculpido no parágrafo único do

art. 70 da Constituição Federal obriga o gestor a demonstrar como ocorreu a sua gestão

no período correspondente a um ano civil, ou seja, de primeiro de janeiro a trinta e um

de dezembro. Essas são as contas ordinárias. Caso ocorra qualquer situação que faça

com que um órgão ou uma entidade não consiga chegar o final do ano – como exemplo,

podemos citar a extinção de determinado órgão –, teremos as contas extraordinárias, que

compreenderão o período entre o início do exercício e a sua extinção.

Em 1998, no concurso para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal

de Contas da União, o Cespe elaborou a seguinte questão:

A respeito dos processos de tomada e de prestação de contas, julgue os itens

abaixo.

(1) Tomada de contas é o processo organizado pelo próprio agente responsável

ou pelos órgãos de contabilidade analítica das entidades da administração indireta,

referentes aos atos de gestão praticados pelos respectivos dirigentes.

(2) A prestação de contas poderá ser anual, especial ou extraordinária.

(3) A tomada de contas extraordinária será levantada quando ocorrer extinção,

dissolução, transformação, fusão ou incorporação do órgão.

A assertiva (1) está incorreta, porque a tomada de contas é para administração

direta e não indireta.

Já o item (2) está incorreto, porque não existe prestação de contas especial,

apenas ordinária e extraordinária.

O item (3) está correto.

O parágrafo único do art. 189 do RITCU (art. 7°, parágrafo único, da LOTCU)

estabelece que, nas tomadas ou prestações de contas, devem ser incluídos todos os

recursos, orçamentários e extra-orçamentários, utilizados, arrecadados, guardados ou

geridos pela unidade ou entidade ou pelos quais ela responda.

No concurso para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União no ano de 2004, foi cobrada a seguinte questão:

‘Nas prestações de contas que os gestores públicos devem remeter

periodicamente ao TCU, não há necessidade de inserção de demonstrativos referentes

a recursos extra-orçamentários, pois, nesses casos, inexiste potencial de lesão ao

erário.’

Pelo que foi exposto, podemos verificar que a assertiva é falsa.

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Prosseguindo, chamo a atenção para o art. 52 da LOTCU.

‘Art. 52. O Ministro de Estado supervisor da área ou a autoridade de nível

hierárquico equivalente emitirá, sobre as contas e o parecer do controle interno,

expresso e indelegável pronunciamento, no qual atestará haver tomado conhecimento

das conclusões nele contidas.’

As contas que são encaminhadas ao Tribunal de Contas da União devem, entre

outras coisas, apresentar um relatório emitido pelo gestor dos recursos públicos e o

parecer do controle interno acerca da gestão (art. 9° da LOTCU).

Estabelece o mencionado art. 52 da LOTCU que o parecer do controle interno

deve ser levado ao conhecimento do Ministro de Estado supervisor da área, o qual deve

atestar que tomou conhecimento do referido parecer. Importante registrar que essa

atribuição é indelegável.

Ao decidir em processo de tomada ou prestação de contas, o Tribunal pode

adotar 3 tipos de decisões: preliminar, definitiva e terminativa.

Preliminar é a decisão pela qual o Relator ou o Tribunal, antes de pronunciar-se

quanto ao mérito das contas, resolve sobrestar o julgamento, ordenar a citação ou a

audiência dos responsáveis ou, ainda, determinar outras diligências necessárias ao

saneamento do processo (art. 10, § 1°, da LOTCU ou 201, § 1°, do RITCU).

Para melhor compreendermos o dispositivo, interessante apresentar as definições

dos termos audiência, citação e diligência.

Audiência: espécie de comunicação processual pela qual o responsável é

chamado aos autos para apresentar RAZÕES DE JUSTIFICATIVA acerca de

determinada irregularidade que NÃO tenha causado dano ao erário.

Citação: espécie de comunicação processual pela qual o responsável é chamado

aos autos para apresentar ALEGAÇÕES DE DEFESA acerca de determinada

irregularidade que tenha causado dano ao erário.

Diligência: espécie de comunicação processual utilizada para obter informações

ou documentos necessários ao saneamento dos autos.

Continuando com os tipos de decisões, definitiva é a decisão pela qual o

Tribunal julga as contas regulares, regulares com ressalva ou irregulares (art. 10, § 2°,

da LOTCU ou 201, § 2°, do RITCU). Dessa forma, definitiva é a decisão que o Tribunal

extingue o processo com julgamento de mérito.

Por fim, terminativa é a decisão pela qual o Tribunal ordena o trancamento das

contas que forem consideradas iliqüidáveis, ou determina o seu arquivamento pela

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ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do

processo ou por racionalização administrativa e economia processual, nos termos dos

arts. 211 a 213 (art. 10, § 1°, da LOTCU ou 201, § 1°, do RITCU).

Vamos agora aprofundar nossos estudos nas decisões definitivas e terminativas.

Como foi dito, a decisão definitiva vai ser adotada quando o Tribunal julgar as

contas regulares, regulares com ressalvas ou irregulares.

As contas serão julgadas regulares quando expressarem, de forma clara e

objetiva, a exatidão dos demonstrativos contábeis, a legalidade, a legitimidade e a

economicidade dos atos de gestão do responsável (art. 16, inciso I da LOTCU ou 207 do

RITCU)

Quando as contas forem julgadas regulares, o Tribunal dará quitação plena aos

responsáveis.

As contas serão julgadas regulares com ressalvas quando evidenciarem

impropriedade ou qualquer outra falta de natureza formal de que não resulte dano ao

erário (art. 16, inciso II, da LOTCU ou 208 do RITCU).

Ao julgar regulares com ressalvas, o Tribunal dará quitação ao responsável e

fará as determinações necessárias para que sejam sanadas as impropriedades.

As contas serão julgadas irregulares quando ocorrer (art. 16, inciso III, da

LOTCU ou 209 do RITCU):

a. omissão no dever de prestar contas;

b. prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração à

norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira,

orçamentária, operacional ou patrimonial;

c. dano ao erário decorrente de ato de gestão ilegítimo ao antieconômico;

d. desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos;

e. Reincidência no descumprimento de determinações.

Existe grande semelhança entre a situação que leva o Tribunal a julgar as contas

regulares com ressalvas e a que leva a julgar irregulares com fundamento na letra b

acima. Na primeira situação ocorreu a prática de impropriedade ou falta de natureza

formal. Na segunda situação temos a prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo,

antieconômico, ou infração à norma legal ou regulamentar de natureza contábil,

financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial. A diferença entre ambas as

situações é bastante sutil, levando, por vezes, a grandes discussões nos colegiados do

Tribunal.

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Um exemplo de falha de natureza forma é a falta de numeração das folhas de

processo licitatório. Já a não observância do número mínimo de 3 licitantes para

aquisição de produto por meio de convite pode ser considerado ato de gestão ilegal.

Ainda em relação às contas irregulares, interessante comentar o art. 209, §§ 4° e

6°, do RITCU (ou 16, §§ 2° e 3°, da LOTCU).

‘Art. 209. O Tribunal julgará as contas irregulares quando evidenciada

qualquer das seguintes ocorrências:

(...)

§ 4º Nas hipóteses dos incisos II, III e IV, o Tribunal, ao julgar irregulares as

contas, fixará a responsabilidade solidária:

I – do agente público que praticou o ato irregular; e

II – do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo

ato, de qualquer modo haja concorrido para o cometimento do dano apurado.

§ 6º Verificadas as ocorrências previstas nos incisos III e IV do caput, o

Tribunal, por ocasião do julgamento, determinará a remessa de cópia da

documentação pertinente ao Ministério Público da União, para ajuizamento das ações

cabíveis, podendo decidir sobre essa mesma providência também nas hipóteses dos

incisos I e II.’

O parágrafo 4° indica que o Tribunal pode condenar solidariamente pessoas

(físicas e jurídicas) que não sejam agente público. Nesse caso, vamos ter uma extensão

da jurisdição do Tribunal.

A condenação mencionada nesse parágrafo será sempre solidária. Dessa forma,

deveremos ter um agente público culpado por um ato que traga dano ao erário e um

terceiro que tenha concorrido para o cometimento do dano. Havendo esses dois agentes,

teremos a solidariedade. Importante registrar que se não houver o agente público não

podemos ter a solidariedade e, consequentemente, não podemos condenar o não agente

público.

A solidariedade é instituo do Direito Civil e se constitui em benefício de ordem

do credor. Quando duas pessoas devem, solidariamente, a uma terceira, esta pode cobrar

a dívida de qualquer dos devedores indistintamente.

Exemplificando: João foi condenado a pagar em solidariedade com José mil

reais a Pedro. Dessa forma, Pedro pode cobrar uma parte de José e uma parte de João,

ou escolher qualquer um dos dois e cobrar os mil reais.

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Para ilustrar o tema, trago a seguinte questão relacionada ao assunto, cobrada na

prova de 2004 para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da

União:

‘Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada.’

Pelo que vimos, a empresa pode ser condenada solidariamente com o agente

público e o acórdão condenatório do TCU tem eficácia de título executivo. Dessa forma,

a assertiva está correta.

Com relação ao § 6° do art. 209, chamo a atenção para o fato de que, em certos

casos, o Tribunal vai encaminhar o que ele apurou para o Ministério Público da União,

para que sejam tomadas as medidas cíveis e penais cabíveis.

Na prova de 1998, o Cespe apresentou a seguinte questão no concurso para o

cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União:

‘Em face do fundamento da condenação – dano ao erário, decorrente de ato de

gestão antieconômico –, cabia ao Tribunal determinar a remessa da documentação

pertinente ao Ministério Público da União, para o ajuizamento das ações civis e penais

cabíveis’.

Por guardar estreita consonância com o § 6° do art. 209, a questão está correta.

Pelo previsto no art. 19 da LOTCU, o Tribunal, ao julgar as contas irregulares,

poderá aplicar as multas previstas nos artigos 57 e 58 da Lei Orgânica. Na próxima aula,

vamos dedicar um tópico para falar sobre as sanções do Tribunal de Contas da União.

Para encerrarmos o tópico tomada e prestação de contas, vamos, agora, estudar a

decisão terminativa. Devemos lembrar que, conforme acima mencionado, a decisão será

considerada terminativa quando as contas forem consideradas iliquidáveis. Vale

transcrever o art. 211 do RITCU (art. 20 da LOTCU)

‘Art. 211. As contas serão consideradas iliquidáveis quando caso fortuito ou de

força maior, comprovadamente alheio à vontade do responsável, tornar materialmente

impossível o julgamento de mérito.

§ 1º Na hipótese prevista neste artigo, o Tribunal ordenará o trancamento das

contas e o conseqüente arquivamento do processo.

§ 2º Dentro do prazo de cinco anos contados da publicação, no Diário Oficial

da União, da decisão terminativa a que se refere o § 3º do art. 201, o Tribunal poderá,

à vista de novos elementos considerados suficientes, autorizar o desarquivamento do

processo e determinar que se ultime a respectiva tomada ou prestação de contas.

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§ 3º Transcorrido o prazo referido no parágrafo anterior sem que tenha havido

nova decisão, as contas serão consideradas encerradas, com baixa na responsabilidade

do administrador.’

As contas serão consideradas iliquidáveis quando ocorrer qualquer evento que

impeça o Tribunal de chegar a uma conclusão acerca da gestão do responsável. Por

exemplo, uma inundação de um prédio, em que todos os documentos relacionados à

determinada gestão sejam perdidos, é caso de contas iliquidáveis.

Com relação a esse artigo, devemos ter em mente que as contas serão

consideradas iliquidáveis somente se os fatos forem alheios à vontade do gestor. Assim,

se o próprio gestor colocar fogo na sua repartição, com o objetivo de se livrar de

possível julgamento irregular de suas contas, seu ato implicará presunção de má-fe, o

que poderá ensejar a sua condenação.

Vale notar que os autos podem ser desarquivados se, no período de 5 anos,

forem obtidos elementos que possibilitem o julgamento das contas.

Para ilustrar o tema, vejamos as seguintes questões de concursos anteriores:

(MPjTCU\Cespe\2004)‘Se um determinado prédio público for atingido por

inundação e, em conseqüência, não se mostrar mais possível o julgamento de mérito de

um processo de tomada de contas especial, as contas devem ser julgadas iliquidáveis e

o TCU deverá determinar o trancamento das contas; essa espécie de decisão é

classificada pela Lei Orgânica do TCU como terminativa.

(ACE\Cespe\2004) ‘Considere que, instaurada tomada de contas especial em

razão de irregularidades verificadas em obra pública federal, na qual se detectou a

existência de dano ao erário, o Tribunal de Contas da União constatou que toda a

documentação comprobatória da despesa fora destruída por violenta e inevitável

inundação provocada por eventos naturais. Diante disso, o Tribunal pode, em decisão

terminativa, ordenar o trancamento das contas, considerando-as iliquidáveis. Pode,

também, julgar o mérito das contas, alguns anos depois, caso estejam presentes os

requisitos legais aplicáveis.

Pelo que vimos, ambas as assertivas estão corretas.

Conforme já estudamos, as decisões da Corte de Contas de que resultem débito

ou multa terão eficácia de título executivo extrajudicial.

Ao ser condenado, o gestor será notificado para comprovar ao Tribunal o

recolhimento integral da dívida. Versa o artigo 217 do RITCU (artigo 26 da LOTCU)

que, em qualquer fase do processo, o condenado poderá pedir o parcelamento da dívida

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em até vinte e quatro vezes. Cumpre salientar que o não pagamento de qualquer parcela

implica vencimento antecipado das demais.

O artigo 219 do RITCU (artigo 28 da LOTCU) faculta ao Tribunal determinar o

desconto integral ou parcelado da dívida nos vencimentos, salários ou proventos do

responsável, observados os limites previstos na legislação pertinente.

Pode ainda o Tribunal autorizar a cobrança judicial da dívida por intermédio de

que MPjTCU.

Por fim, o pagamento integral do débito da multa não modifica o julgamento de

mérito dado às contas. Dessa forma, caso alguém tenha tido as suas contas julgadas

irregulares, sendo, também, condenado ao ressarcimento de importância ao erário, o

pagamento integral desse valor não retirará a pecha de irregularidade atribuída às suas

contas.

2.1 - Tomada de Contas Especial

A tomada de contas especial é uma espécie do gênero tomada de contas. Dessa

forma, tudo o que foi falado para o julgamento de tomada de contas cabe para a tomada

de contas especial. Assim sendo, nesse tópico, vamos estudar, apenas, os aspectos

diferenciadores desse tipo de processo.

O art. 197 do RITCU (art. 8° da LOTCU) apresenta os motivos (negrito) e os

objetivos (sublinhados) da instauração do processo de tomada de contas especial.

‘Art. 197. Diante da omissão no dever de prestar contas, da não-comprovação

da aplicação dos recursos repassados pela União na forma prevista no inciso VIII do

art. 5º, da ocorrência de desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos,

ou, ainda, da prática de qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que

resulte dano ao erário, a autoridade administrativa competente, sob pena de

responsabilidade solidária, deverá imediatamente adotar providências com vistas à

instauração de tomada de contas especial para apuração dos fatos, identificação dos

responsáveis e quantificação do dano.’

Em suma, o processo de tomada de contas especial será instaurado quando

ocorrer algum fato que possa trazer prejuízo ao erário. Devemos destacar que não

importa se o fato ensejador da tomada de contas especial tenha sido praticado de forma

dolosa ou culposa.

No ano de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão na prova de Defensor

Público da União, 2ª categoria:

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‘A tomada de contas especial (TCE) é um dos instrumentos para o controle da

administração pública. Segundo a Lei Orgânica do Tribunal de Contas da União, a

TCE pode ser instaurada mesmo que o administrador não tenha agido dolosamente

para apropriar-se de bens ou valores públicos’.

Pelo que aqui foi exposto, podemos perceber que a assertiva está correta.

Ocorrendo um fato que tenha a possibilidade de trazer prejuízo ao erário, há a

necessidade de instauração da tomada de contas especial. Quem é o responsável pela

sua instauração? A resposta está no próprio art. 197: a autoridade administrativa

competente, que, em geral, é o ordenador despesa do órgão ou da entidade.

Existem, contudo, ao menos duas situações em que não será o ordenador de

despesa a autoridade responsável pela instauração da tomada de contas especial. São

elas: a omissão no dever de prestar contas e a não-comprovação da aplicação dos

recursos repassados pela União. Nesses casos, o responsável para a instauração da

tomada de contas especial será o órgão repassador do recurso.

Percebam que a tomada de contas especial será instaurada ou pelo próprio órgão

ou, no caso de convênio, pelo órgão repassador dos recursos. Jamais o controle interno

vai ser responsável pela instauração do processo.

Caso a autoridade responsável não providencie a instauração da TCE, o Tribunal

determinará a instauração da tomada de contas especial, fixando prazo para

cumprimento dessa decisão. Importante notar que o art. 197 do RITCU estabelece que a

inércia do responsável implica sua responsabilidade solidária.

Uma das maiores confusões para quem estuda o assunto é a impropriedade do

termo tomada de contas especial, uma vez que temos duas situações distintas e apenas

um nome. As duas situações distintas correspondem as duas fases da TCE: a interna e a

externa.

A fase interna é aquela que ocorre dentro do órgão ou da entidade. Nesse

momento, ainda NÃO TEMOS PROCESSO, TEMOS, APENAS, PROCEDIMENTO.

Essa fase muito se assemelha ao inquérito policial, pois é uma fase apenas investigativa.

Por essa razão a fase interna não precisa obedecer aos princípios do devido processo

legal.

Após a apuração dos fatos no âmbito do órgão ou da entidade, a tomada de

contas especial deve ser encaminhada ao controle interno, para a emissão de seu parecer

e, em seguida, para o Ministro de Estado supervisor da área – ou autoridade equivalente

-, a fim de que tome conhecimento do que foi apurado.

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Somente após essas etapas serem vencidas, a tomada de contas especial será

encaminhada para o Tribunal de Contas da União. Inaugura-se, assim, a fase externa da

TCE. Nesse momento, o que era mero procedimento passa a ser processo e, por conta

disso, devem ser observados os princípios do devido processo legal, do contraditório e

da ampla defesa.

Aplica-se aos processos de tomada de contas especial o princípio da relação

custo X benefício do controle. Pelo art. 199 do RITCU, as tomadas de contas especiais

só vão ser imediatamente encaminhadas ao Tribunal de Contas da União se o dano ao

erário for superior à quantia anualmente fixada pelo Tribunal para esse fim (o Tribunal,

utilizando o seu poder regulamentador, fixou, por meio da DN n.° 64, para o ano de

2005, o valor de R$ 21.000,00).

Exemplificando: caso haja a ocorrência de desvios de recursos públicos na

ordem de cinco mil reais, o órgão vai providenciar, normalmente, a instauração da

tomada de contas especial. Não vai, entretanto, encaminhar o procedimento ao Tribunal

de Contas da União no momento que terminar a sua apuração. O TCU só vai receber

esse procedimento junto com as contas ordinárias que o órgão deve anualmente

encaminhar para o Tribunal.

Estabelece ainda o art. 213 do RITCU (art. 93 da LOTCU) que o Tribunal pode,

a título de racionalização administrativa e economia processual determinar o

arquivamento dos processos de TCE que sejam de valores inferiores ao mencionado

acima sem o cancelamento do débito, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor,

para que lhe possa ser dada quitação.

No exemplo utilizado acima – TCE de cinco mil reais – o Tribunal pode

arquivar o processo sem julgá-lo. Nesse caso, teremos um exemplo de decisão

terminativa, pois o processo vai ser encerrado sem o julgamento do mérito.

Para encerrarmos este tópico, importante destacar que o art. 197, § 3°, do

RITCU estabelece que ‘na ocorrência de perda, extravio ou outra irregularidade SEM

QUE SE CARACTERIZE A MÁ-FÉ de quem lhe deu causa, SE O DANO FOR

IMEDIATAMENTE RESSARCIDO, a autoridade administrativa competente deverá, em

sua tomada ou prestação de contas ordinária, comunicar o fato ao Tribunal, ficando

dispensada desde logo a instauração de tomada de contas especial’.

Para ilustrar o tema, trazemos a seguinte questão abordada na prova para o cargo

de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União no ano de 2004.

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‘Na direção de ente da administração pública indireta, uma autoridade

administrativa constatou que um agente público de seu quadro alcançou recursos

públicos dolosamente e causou lesão ao patrimônio daquela pessoa jurídica. A referida

autoridade determinou então a instauração de procedimento administrativo disciplinar

e a comunicação dos fatos ao Ministério Público Federal.

Nessa situação, a autoridade administrativa agiu corretamente, no que diz

respeito à proteção do patrimônio público, de modo que não seria necessária a adoção

de mais nenhuma providência por parte dela’.

A assertiva está incorreta, porque competia à autoridade administrativa instaurar

a tomada de contas especial.

3 – CONTAS DO GOVERNO

Considerando que nós já tratamos desse tema quando estudamos a competência

do Tribunal de Contas da União na Constituição Federal, nesse momento, vamos,

apenas, aprofundar o tema.

Relembrando, as contas do Governo da República incluirão as contas prestadas

pelo Presidente da República, pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos

Deputados, pelos presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,

que consolidarão as dos respectivos tribunais, e pelo Chefe do Ministério Público da

União (artigo 221, § 1°, do RITCU).

As contas prestadas pelo Presidente da República consistirão nos balanços gerais

da União e no relatório do órgão central do sistema de controle interno do Poder

Executivo. As demais contas incluirão quadro consolidado de gestão fiscal e relatório

do respectivo órgão de controle interno contendo manifestação conclusiva acerca da

conformidade da execução orçamentária e financeira no exercício com as metas fixadas

no plano plurianual e com os dispositivos constitucionais e legais, em especial a lei de

diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual (artigo 221, § 3°, do RITCU).

As contas do Presidente da República só poderão ser relatadas por ministros

titulares e serão apreciadas por meio de sessão extraordinária do Plenário, em até setenta

e duas horas antes do término do prazo para a remessa do relatório e pareceres ao

Congresso Nacional.

De acordo com o artigo 228 do RITCU, os pareceres prévios das contas do

Governo serão conclusivos no sentido de exprimirem se as contas prestadas pelo

Presidente da República, pelos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos

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Deputados, pelos presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,

consolidadas as dos respectivos tribunais, e pelo Chefe do Ministério Público da União

representam adequadamente as respectivas posições financeira, orçamentária, contábil e

patrimonial, em 31 de dezembro, bem como sobre a observância dos princípios

constitucionais e legais que regem a administração pública federal.

4 – FISCALIZAÇÃO DE ATOS E CONTRATOS

As fiscalizações de atos e contratos podem ser feitas por iniciativa própria ou por

solicitação do Congresso Nacional. Vale acrescentar que aquelas realizadas por

iniciativa própria são formas de averiguar fatos levantados pelo próprio Tribunal ou que

cheguem ao seu conhecimento por meio de denúncias e representações.

O RITCU apresenta os seguintes instrumentos de fiscalização: monitoramento,

acompanhamento, levantamento, inspeção e auditoria. (artigos 238 a 243)

Em apertada síntese, vale a seguinte definição de cada um desses instrumentos:

Levantamento: utilizado para conhecer a organização e o funcionamento dos

órgãos e entidades da administração direta, indireta e fundacional dos Poderes da União,

bem como para avaliar a viabilidade da realização de fiscalizações.

Acompanhamento: utilizado para examinar, ao longo de um período

predeterminado, a legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis

sujeitos a sua jurisdição, quanto ao aspecto contábil, financeiro, orçamentário e

patrimonial.

Monitoramento: instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para

verificar o cumprimento de suas deliberações e os resultados delas advindos.

Auditoria: instrumento de fiscalização utilizado pelo Tribunal para examinar a

legalidade e a legitimidade dos atos de gestão dos responsáveis, bem como para avaliar

o desempenho dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal.

Inspeção: utilizado pelo Tribunal para suprir omissões e lacunas de informações,

esclarecer dúvidas ou apurar denúncias ou representações quanto à legalidade, à

legitimidade e à economicidade de fatos da administração e de atos administrativos

praticados por qualquer responsável sujeito à sua jurisdição.

A principal diferença entre inspeção e auditoria é que esta apresenta um escopo

mais abrangente.

Exemplificando. Caso uma equipe de fiscalização vá a determinado órgão para

analisar todos os contratos por ele assinados entre os anos de 2001 e 2005, estamos a

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frente de uma auditoria. Já se a equipe se interessar apenas pelos contratos firmados

com determinada empresa em determinada época, aí o instrumento mais apropriado será

a inspeção.

O art. 244 do RITCU disciplina que as auditorias, acompanhamentos e

monitoramentos obedecerão a plano de fiscalização elaborado pela Presidência, em

consulta com os relatores das listas de unidades jurisdicionadas, e aprovado pelo

Plenário em sessão de caráter reservado. Dessa forma, temos que as auditorias,

acompanhamentos e monitoramentos só serão realizados se aprovados pelo Plenário. Já

as inspeções e levantamentos podem ser autorizados pelos próprios relatores. Nunca é

demais lembrar que compete ao Plenário autorizar inspeção nas unidades mencionadas

no art. 15, inciso I, alínea ‘j’, do RITCU.

Sobre o assunto, em 2004, o Cespe elaborou a seguinte questão para a prova de

Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da União.

‘Se um ministro do Tribunal de Contas da União desejar que a área técnica

realize alguma auditoria, deverá enviar sua solicitação ao presidente do tribunal, ao

qual, então, caberá determinar a realização do trabalho’.

Como verificado, somente tem competência para autorizar a realização da

auditoria o Plenário da Corte, o que torna a assertiva falsa.

O art. 250 e seguintes do RITCU disciplinam a atuação do Tribunal de Contas da

União nos processos de fiscalização.

Ao realizar uma fiscalização o Tribunal, caso encontre alguma impropriedade de

natureza formal, poderá DETERMINAR que sejam adotadas as medidas necessárias a

fim de corrigir a mencionada irregularidade.

Pode, ainda, o Tribunal RECOMENDAR a adoção de providências quando

verificadas oportunidades de melhoria de desempenho.

Em apertada síntese, a diferença principal em determinar e recomendar é que a

determinação obriga que o responsável adote a medida alvitrada pela Corte de Contas,

sob pena de aplicação de multa. Já a recomendação é, geralmente, utilizada em matérias

que sejam de ação discricionária do gestor, em que o Tribunal vislumbre oportunidade

de melhoria de desempenho. O não cumprimento de recomendação NÃO possibilita a

aplicação de multa.

No caso de encontrar uma ilegalidade que não constitua dano ao erário, o

Tribunal poderá, no próprio processo de fiscalização, aplicar multa ao gestor, sendo

necessário, contudo, que seja respeitado os princípios do contraditório e da ampla

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defesa. Dessa forma, antes de aplicar qualquer sanção ao gestor, o Tribunal deverá

chamar o responsável pela ilegalidade em audiência para que apresente razões de

justificativa acerca do que foi levantado na fiscalização.

No caso de a ilegalidade encontrada constituir dano ao erário, o Tribunal não

poderá condenar o responsável a ressarcir o erário no próprio processo de fiscalização.

Para que haja o ressarcimento, o Tribunal deverá converter o processo de fiscalização

em tomada de contas especial. Vejamos a redação do art. 252 do RITCU:

‘Art. 252. Se configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra

irregularidade de que resulte dano ao erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a

conversão do processo em tomada de contas especial, salvo na hipótese prevista no art.

213.

Parágrafo único. Caso a tomada de contas especial envolva responsável por

contas ordinárias, deverá ser observado o disposto no art. 206.’

Para total compreensão do dispositivo devemos entender o que dispõe os artigos

206 e 213.

O art. 213 já foi comentado nessa aula, quando falamos de tomada de contas

especial. Esse dispositivo trata da relação custo X benefício do controle.

Passemos então a análise do art. 206, que apresenta a seguinte redação:

‘Art. 206. A decisão definitiva em processo de tomada ou prestação de contas

ordinária constituirá fato impeditivo da imposição de multa ou débito em outros

processos nos quais constem como responsáveis os mesmos gestores.

§ 1º No caso do caput, a apreciação das irregularidades apuradas nos outros

processos dependerá do conhecimento de eventual recurso de revisão interposto pelo

Ministério Público, na forma do art. 288.’

Para entender melhor esse dispositivo, vamos utilizar uma situação hipotética.

Vamos supor que uma equipe de fiscalização do TCU tenha ido ao órgão XYZ

para analisar todas as licitações e contratos realizados entre os anos de 1996 e 2002. Ao

analisar uma licitação ocorrida no ano de 1997, a equipe constatou que o procedimento

fora viciado, o que resultou a contratação com superfaturamento na ordem de cem mil

reais.

Nessa situação, o Tribunal deve converter o processo de fiscalização em tomada

de contas especial. Contudo, a condenação do responsável pelo órgão XYZ só vai

ocorrer caso as contas relativa ao ano de 1997 dos responsáveis pelo órgão ainda não

tenham sido julgadas. Caso já tenha havido o julgamento das contas, pode o MPjTCU

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interpor recurso contra a decisão que julgou as contas ordinárias, a fim de possibilitar a

sua reanálise, agora levando em consideração o fato de o Tribunal ter conhecimento da

licitação superfaturada.

4.1 – Denúncia e Representação

Esses dois tipos de processos auxiliam o Tribunal de Contas da União na sua

missão de resguardar o erário. A denúncia possui status constitucional, uma vez que está

disciplinada no art. 74, § 2°, da Carta Política. A Representação só aparece no

Regimento Interno e pode-se dizer que é uma espécie de denúncia qualificada.

Segundo a Constituição podem denunciar ao Tribunal de Contas da União

qualquer cidadão, associação, partido político e sindicato. Para guardar os legitimados

para denunciar, utilize a expressão CAPS. Atenção para o fato que a Constituição não

deu legitimidade para qualquer pessoa denunciar e sim qualquer cidadão. Por essa razão

uma empresa não pode apresentar denúncia ao tribunal. Veremos adiante que, nesse

caso, a peça poderá ser recebida como representação.

Tanto os processos de denúncia como de representação são analisados em duas

etapas. Na primeira é verificado se os requisitos de admissibilidade aplicáveis à espécie

estão presentes. Vencida a admissibilidade, ou seja, estando presentes os requisitos de

admissibilidade, poderá o Tribunal adentrar ao mérito do processo, oportunidade em

que dirá se os fatos trazidos ao conhecimento da Corte são procedentes ou não e quais

as penalidades serão aplicadas aos responsáveis no caso de ter sido constatada a

ocorrência de alguma irregularidade.

Nunca é demais lembrar que os processos de denúncia e representação são

espécies de processos de fiscalização. Dessa forma, tudo o que foi falado no tópico

acima se aplica às denúncias e representações.

A admissibilidade da denúncia será realizada pelo relator do processo. O art. 235

do RITCU estabelece quais são os requisitos de admissibilidade aplicáveis a esse tipo de

processo.

‘Art. 235. A denúncia sobre matéria de competência do Tribunal deverá

referir-se a administrador ou responsável sujeito à sua jurisdição, ser redigida em

linguagem clara e objetiva, conter o nome legível do denunciante, sua qualificação e

endereço, e estar acompanhada de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade

denunciada.’

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A denúncia que preencha os requisitos de admissibilidade será apurada em

caráter sigiloso, só podendo ser arquivada por despacho fundamentado do relator (art.

234, § 2°, do RITCU) Podemos perceber que nem sempre o processo de denúncia

precisa ir a apreciação do colegiado, podendo, por vezes, ser arquivada mediante

despacho do próprio relator. Esse é um dos poucos casos no RITCU que o processo

pode ser encerrado por meio de decisão monocrática do relator.

Na prova para o cargo de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da

União no ano de 2004, o Cespe apresentou a seguinte questão:

‘Há casos previstos no RITCU em que o relator de um processo pode, em

decisão monocrática, isto é, unipessoal, determinar o arquivamento do feito.’

Pelo que acabamos de ver a questão está correta.

Questão interessante que se afigura é em relação ao sigilo do denunciante. Tanto

a LOTCU (art. 55) como o RITCU (art. 236) asseguram ao denunciante o direito a

manutenção do sigilo de seu nome, mesmo após a apreciação do processo pelo TCU.

Ocorre que o Supremo Tribunal Federal, por meio de mandado de segurança, entendeu

que ambos os dispositivos eram inconstitucionais por ferirem alguns incisos do art. 5°

da Constituição. Como a inconstitucionalidade foi apreciada de forma incidental, a

decisão do Pretório Excelso só valeu para o caso concreto. Hoje em dia, o TCU

continua, em todas as suas deliberações, mantendo o sigilo do denunciante.

Uma vez que vimos as principais características do processo de denúncia, vamos

estudar o processo de representação.

Esse tipo processual está previsto no art. 237 do RITCU. Esse dispositivo pode

ser divido em duas partes: o caput e parágrafo único.

No caput são apresentados os legitimados para representarem ao Tribunal de

Contas da União. No parágrafo único está disciplinado que ao processo de

representação se aplica quase todas as regras do processo de denúncia.

Em síntese, a diferença entre esses dois processos consiste no fato de que o

processo de denúncia tramita de forma sigilosa e que os legitimados para representarem

o fazem por força do cargo que ocupam.

5 – ATOS SUJEITOS A REGISTRO.

Assim como a apreciação das contas do Governo da República, esse tópico já foi

abordado quando estudamos a competência do Tribunal de Contas da União na

Constituição Federal. Nesse momento, vamos apenas aprofundar um pouco o assunto.

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A matéria é tratada no RITCU nos artigos 259 a 263 e na LOTCU, artigos 39 e

40.

O artigo 260, § 2°, do RITCU estabelece que a apreciação da matéria pelo

Tribunal não faz coisa julgada administrativa, razão pela qual o Tribunal pode, de

ofício, dentro do prazo de cinco anos rever o registro do ato.

Quando o Tribunal considerar o ato sujeito a registro ilegal, de imediato,

determinará que o órgão cesse o pagamento decorrente do ato impugnado, além das

medidas regularizadoras cabíveis.

A não-observância do disposto acima poderá implicar a responsabilidade

solidária da autoridade administrativa omissa.

Para encerrar esse tópico, importante acrescentar que os processos relativos à

apreciação de atos sujeitos a registro que contenham indícios de dano ao erário podem

ser convertidos em tomada de contas especial.

6 – CONSULTA

O art. 1°, inciso XVII, da LOTCU concedeu competência para o TCU responder

a consulta formulada por autoridades competentes acerca de matérias ligadas a

competência do Tribunal.

‘Art. 1° (...)

XVII - decidir sobre consulta que lhe seja formulada por autoridade competente,

a respeito de dúvida suscitada na aplicação de dispositivos legais e regulamentares

concernentes a matéria de sua competência, na forma estabelecida no regimento

interno.’

O RITCU disciplinou a matéria no art. 264 e 265.

O art. 264 estabelece que as consultas serão apreciadas pelo Plenário da Corte e

apresenta as autoridades legitimadas a consultar o Tribunal.

O parágrafo 2° do art. 264 disciplina que alguns legitimados só podem consultar

o Tribunal acerca de assuntos que tenham pertinência com as atividades que

desempenham. Dessa forma, precisa haver pertinência temática da consulta com as

respectivas áreas de atribuição das instituições que representam.

Importante registrar que o parágrafo 3° do art. 264 do RITCU estatui que a

resposta à consulta a que se refere aquele artigo tem caráter normativo e constitui

prejulgamento da tese, mas não do fato ou caso concreto.

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A consulta tem como função precípua saber como o Tribunal interpreta

determinado normativo. O consulente objetiva saber qual é o entendimento da Corte de

Contas sobre determinada matéria. Por isso, quando o Tribunal decide em processo de

consulta, ele está informando para os seus jurisdicionados a sua forma de pensar, razão

pela qual a resposta à consulta tem caráter normativo e constitui prejulgamento da tese,

mas não do fato ou caso concreto.

Os processos de consulta tais quais os processos de denúncia e representação são

analisados em duas fases: admissibilidade e mérito.

Os requisitos de admissibilidade da consulta, além dos legitimados, estão

previstos no parágrafo 1° do citado art. 264:

‘Art. 264 (...)

§ 1º As consultas devem conter a indicação precisa do seu objeto, ser

formuladas articuladamente e instruídas, sempre que possível, com parecer do órgão

de assistência técnica ou jurídica da autoridade consulente.’

Por fim, prevê o art. 265 que a consulta que verse apenas sobre caso concreto

não será conhecida. De forma diferente não poderia ser, uma vez que a consulta visa,

justamente, saber como o TCU interpreta determinado normativo.

Para ilustrar o tema, trazemos as seguintes questões abordadas em concursos

anteriores:

(TCE – Cespe 96) ‘Da mesma forma que os demais órgãos do Poder Judiciário,

o TCU não responde a consultas. Suas atribuições são exercidas como órgão

jurisdicional de controle e não como órgão consultivo.’

(ACE – Cespe 1998) ‘Compete ao Tribunal de Contas da União decidir a

respeito de consultas pertinentes a matéria de sua competência, as quais terão caráter

normativo e constituirão prejulgamento do fato ou caso concreto que venha a ser

submetido a sua apreciação.’

Por tudo que foi exposto, podemos afirmar que ambas as assertivas estão

incorretas. A primeira porque o TCU responde a consultas e a segunda que a resposta a

consulta constitui prejulgamento da tese e não do fato ou caso concreto.

Chegamos, assim, ao final de nossa penúltima aula.

Hoje, tivemos a oportunidade de verificar como são os processos do Tribunal de

Contas da União.

Apresentamos as principais características de cada processo. Vimos que somente

em processos de contas pode haver a restituição de danos ao erário. Estudamos também

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que o art. 206 do RITCU impõe restrições para aplicação de multa ou para a condenação

em débito de responsável cujas contas ordinárias já tenham sido julgadas pelo Tribunal.

Tivemos, também, a oportunidade de verificar que somente ministros titulares

podem relatar os processos relativos à apreciação das contas de Governo da República.

Com relação aos processos de fiscalização, vimos que o TCU possui os

seguintes instrumentos de fiscalização: auditoria, inspeção, levantamento,

monitoramento e acompanhamento.

Em seguida, fizemos uma distinção dos processos de denúncia e representação.

Nesse momento, vimos que o TCU continua mantendo o sigilo do denunciante em seus

processos de denúncia, mesmo após o Supremo Tribunal Federal ter, de forma

incidental, considerado inconstitucional os artigos da LOTCU e do RITCU que

disciplinam a matéria.

Fizemos, ainda, uma leve abordagem sobre os atos sujeitos a registro, para

encerrarmos com os processos de consulta.

Na nossa última aula, vamos estudar as sanções que o TCU pode aplicar, bem

como os recursos cabíveis nas decisões do Tribunal.

Até lá e continuem estudando.

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AULA 10: SANÇÕES

A nossa última aula vai abordar as sanções que o Tribunal de Contas da União

pode aplicar e os recursos cabíveis contra as suas decisões.

Conforme estudamos na aula 5, as sanções do TCU devem obedecer ao Princípio

da Reserva Legal. Por esse motivo, a parte destinada a esse assunto vai ser balizada pela

Lei Orgânica. Nada obstante, vamos procurar indicar, também, os artigos do RITCU a

que se refere a matéria.

Com relação aos recursos, a matéria está mais bem disciplinada no Regimento

Interno. Por isso, utilizaremos, primordialmente, o RITCU quando formos tratar dos

recursos.

1 – SANÇÕES

O poder sancionador do Tribunal de Contas da União deriva diretamente da

Constituição Federal, mais precisamente de seu art. 71, inciso VII. Esse dispositivo

concede ao TCU a faculdade de aplicar aos responsáveis sanções previstas em lei.

Apesar da obrigatoriedade de respeitar o princípio da reserva legal, pode a lei facultar a

normativos infralegais que regulamentem a forma como a sanção será imposta. Nesse

sentido, nada obstante o art. 58 da LOTCU disciplinar os motivos que levarão o

Tribunal a aplicar multa, o § 3° desse mesmo artigo remte para o Regimento Interno a

gradação da multa em razão da gravidade da infração.

Interessante destacar que a Constituição não restringiu à Lei Orgânica do

Tribunal a possibilidade de prever as sanções que a Corte poderá aplicar. Assim,

qualquer lei pode conceder essa faculdade ao TCU. Relembro que Lei Federal

10.028/2000 – Art. 5º, §§ 1º e 2ª, faculta ao Tribunal de Contas da União aplicar a

sanção definida naquele normativo.

1.1 Multas

O TCU pode aplicar multas a seus jurisdicionados tanto em processos de contas,

como em processos de fiscalização. Os dispositivos legais que facultam a aplicação da

multa são, respectivamente, o art. 19 – contas e o art. 43, § único, - fiscalização.

Os artigos 57 e 58 da LOTCU definem os tipos de multa que o Tribunal poderá

aplicar e em que situações, vejamos:

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‘Art. 57. Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o Tribunal

aplicar-lhe multa de até cem por cento do valor atualizado do dano causado ao erário.

Art. 58. O Tribunal poderá aplicar multa de Cr$ 42.000.000,00 (quarenta e dois

milhões de cruzeiros), ou valor equivalente em outra moeda que venha a ser adotada

como moeda nacional, aos responsáveis por:

I - contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do

parágrafo único do art. 19 desta lei;

II - ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de

natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;

III - ato de gestão ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano

ao erário;

IV - não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência do

Relator ou a decisão do Tribunal;

V - obstrução ao livre exercício das inspeções e auditorias determinadas;

VI sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou

auditorias realizadas pelo Tribunal;

VII - reincidência no descumprimento de determinação do Tribunal.

§ 1° Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele que deixar de

dar cumprimento à decisão do Tribunal, salvo motivo justificado.

§ 2° O valor estabelecido no caput deste artigo será atualizado, periodicamente,

por portaria da Presidência do Tribunal, com base na variação acumulada, no período,

pelo índice utilizado para atualização dos créditos tributários da União.

§ 3° O regimento interno disporá sobre a gradação da multa prevista no caput

deste artigo, em função da gravidade da infração.’

A diferença entre as multas do art. 57 e 58 consiste no fato de que a multa do 57

vai ocorrer quando o Tribunal condenar algum responsável em débito. Assim, caso o

TCU condene um responsável a ressarcir R$ 100.000,00 o erário, poderá, ainda, aplicar-

lhe multa até o valor de R$ 100.000,00. Dessa forma, a multa do art. 57 só acontecerá

em processos de contas.

Já a multa prevista no art. 58 pode ocorrer tanto em processos de contas, como

em processos de fiscalização. As multas desse artigo serão aplicadas pela ocorrência de

algum fato irregular que não tenha resultado débito.

Os artigos 267 e 268 disciplinam a multa no RITCU, dispondo sobre a gradação

da penalidade.

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Importante dúvida que se afigura é se é sempre necessário chamar o responsável

em audiência antes de aplicar alguma das multas previstas nos art. 268 do RITCU. Em

geral, a audiência é obrigatória, pois ao responsável deve ser assegurado o direito do

contraditório e da ampla defesa. Existem, contudo, exceções a essa regra e, como

estamos nos preparando para concurso público, interessante conhecê-las.

Estabelece o § 3° do art. 268 que ‘a multa aplicada com fundamento nos incisos

IV, V, VI, VII ou VIII prescinde de prévia audiência dos responsáveis, desde que a

possibilidade de sua aplicação conste da comunicação do despacho ou da decisão

descumprida ou do ofício de apresentação da equipe de fiscalização.’

O inciso VI do art. 268 do RITCU possui a seguinte redação:

‘VI – sonegação de processo, documento ou informação, em auditoria ou

inspeção, no valor compreendido entre cinco e oitenta por cento do montante a que se

refere o caput’.

Assim, se algum responsável sonegar informações a equipe de auditoria do

Tribunal, ele pode ser multado, mesmo ser ter sido chamado em audiência. Para isso, o

ofício que requisitar os documentos do auditado deve constar que a sonegação de

documento possibilita a aplicação de multa.

1.2 – Inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de

confiança.

O art. 60 da LOTCU (art. 270 do RITCU) estabelece que:

‘Art. 60. Sem prejuízo das sanções previstas na seção anterior e das penalidades

administrativas, aplicáveis pelas autoridades competentes, por irregularidades

constatadas pelo Tribunal de Contas da União, sempre que este, por maioria absoluta

de seus membros, considerar grave a infração cometida, o responsável ficará

inabilitado, por um período que variará de CINCO A OITO ANOS, para o exercício de

cargo em comissão ou função de confiança no âmbito da Administração Pública.’

No RITCU, a matéria é tratada no art. 270, que traz a mesma redação

apresentada na LOTCU, acrescida de mais três parágrafos, os quais regulamentam como

será o rito da apenação.

‘Art. 270. (...)

§ 1º O Tribunal deliberará primeiramente sobre a gravidade da infração.

§ 2º Se considerada grave a infração, por maioria absoluta de seus membros, o

Tribunal decidirá sobre o período de inabilitação a que ficará sujeito o responsável.

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§ 3º Aplicada a sanção referida no caput, o Tribunal comunicará a decisão ao

responsável e à autoridade competente para cumprimento dessa medida.’

Sobre a inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de

confiança. Importante destacar que somente o Plenário tem competência para fixar essa

penalidade, uma vez que é necessário que a decisão seja tomada pela maioria absoluta

dos membros do Tribunal.

Vale também destacar que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que o

Tribunal de Contas da União só possui competência para inabilitar para cargos e

funções na Administração Pública Federal.

1.3 - Declaração de inidoneidade do licitante fraudador

Com relação ao tema, o art. 46 da LOTCU (art. 271 do RITCU), estabelece que:

‘Art. 46. Verificada a ocorrência de fraude comprovada à licitação, o Tribunal

declarará a inidoneidade do licitante fraudador para participar, POR ATÉ CINCO

ANOS, de licitação na Administração Pública Federal.’

Com reação a esse tema, importante destacar que o Tribunal somente vai

declarar a inidoneidade de licitante, caso seja comprovado que houve fraude à licitação.

Oportuno destacar que o Supremo Tribunal Federal já entendeu que o licitante deve ser

chamado aos autos antes de ser inabilitado, sob pena de nulidade da decisão que

condenou o licitante sem ter ouvido as suas razões de justificativa.

Vale, ainda, registrar que o Tribunal só pode inabilitar licitante para participar de

licitação no âmbito da Administração Pública Federal. Pode, contudo, o TCU declarar

inidôneo licitante que nunca contratou diretamente com a Administração Pública

Federal. Essa situação pode ser vista no caso de convênios.

Suponhamos que um município recebeu verbas da União para que fossem

aplicadas em plano de trabalho específico. Para a realização desse plano de trabalho foi

necessário contratar uma empresa e que essa contratação foi revestida de fraude. Como

os recursos são federais, compete ao Tribunal de Contas da União fiscalizar a execução

desse convênio. Ao apreciar o feito e verificar que houve fraude à licitação, o TCU pode

declarar a inidoneidade da empresa fraudadora. Assim, sem mesmo ter sido contratada

pela União, a empresa pode ser condenada pelo TCU. Vamos lembrar, contudo que essa

empresa só não vai poder participar de licitação no âmbito da Administração Pública

Federal.

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Com relação ao assunto, a seguinte questão foi elaborada, no ano de 2004, pelo

Cespe para o concurso de Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas da

União.

‘Comprovada fraude a licitação, o TCU deve declarar a inidoneidade do

licitante fraudador, que ficará impossibilitado de participar de licitação por até 5 anos.

Essa sanção, cuja imposição cabe ao plenário do Tribunal, abrange apenas licitações

da administração pública federal.’

Pelo que estudamos, percebemos que a assertiva está correta.

2 – MEDIDAS CAUTELARES

As medidas cautelares não possuem caráter sancionador. Elas visam,

precipuamente, a garantir a eficácia do processo. No âmbito do Tribunal de Contas da

União, essas medidas estão disciplinadas tanto no RITCU como na LOTCU.

2.1 – Afastamento temporário de responsável

O art. 44 da LOTCU (arts. 273 e 274 do RITCU) estabelece que:

‘Art. 44. No início ou no curso de qualquer apuração, o Tribunal, de ofício ou a

requerimento do Ministério Público, determinará, cautelarmente, o afastamento

temporário do responsável, se existirem indícios suficientes de que, prosseguindo no

exercício de suas funções, possa retardar ou dificultar a realização de auditoria ou

inspeção, causar novos danos ao erário ou inviabilizar o seu ressarcimento.

§ 1° Estará solidariamente responsável a autoridade superior competente que,

no prazo determinado pelo Tribunal, deixar de atender à determinação prevista no

caput deste artigo.

§ 2° Nas mesmas circunstâncias do caput deste artigo e do parágrafo anterior,

poderá o Tribunal, sem prejuízo das medidas previstas nos arts. 60 e 61 desta lei,

decretar, por prazo não superior a um ano, a indisponibilidade de bens do responsável,

tantos quantos considerados bastantes para garantir o ressarcimento dos danos em

apuração.’

Para melhor compreensão desse dispositivo, vamos, primeiramente, analisar o

caput e o § 1°.

O objetivo do art. 44 da LOTCU é assegurar a eficácia das fiscalizações do

Tribunal. Assim, caso algum responsável por órgão ou entidade da Administração

Pública Federal que venha a obstaculizar o exercício do controle.

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Ao decidir sobre o afastamento do responsável, o Tribunal comunicará à

autoridade competente para que adote as medidas necessárias para esse procedimento. A

não efetivação da determinação implicará responsabilidade solidária da autoridade

omissa. Essa é a inteligência do § 1° do art. 44 da LOTCU.

Importante destacar que o Supremo Tribunal Federal já manifestou

entendimento no sentido de que a competência do Tribunal de Contas da União para a

adoção dessa medida cautelar se restringe a órgãos e entidades da Administração

Pública.

Dessa forma, caso haja repasse de verbas da União para alguma entidade

privada, apesar de essa entidade estar sujeita à fiscalização do Tribunal, a adoção da

medida cautelar não será possível.

No ano de 2004, o Cespe elaborou a seguinte questão na prova para o cargo de

procurador junto ao Tribunal de Contas da União:

’Ao realizar a tomada de contas especial (TCE) relativa a uma sociedade civil, pessoa

jurídica privada, beneficiária de recursos públicos, o TCU verificou que Pedro, presidente

dessa sociedade civil, opunha obstáculos indevidos ao desenvolvimento dos trabalhos. O

MP/TCU então requereu ao tribunal o afastamento de Pedro, o que foi deferido.

Nessa situação, a medida de afastamento de Pedro não está juridicamente amparada

pela Lei Orgânica do TCU.’

A assertiva, pelos fatos acima expostos, foi considerada incorreta pela banca

examinadora.

Prosseguindo, passemos ao estudo do § 2° do art. 44.

Esse dispositivo objetiva evitar que o responsável, ao verificar que poderá ser

condenado pelo Tribunal a ressarcir o erário, dilapide o seu patrimônio. Assim, caso o

Tribunal verifique essa possibilidade, poderá decretar que os bens do responsável fique

indisponível. Interessante destacar que essa indisponibilidade fica adstrita ao prazo de 1

ano e só recairá nos bens necessários a fazer frente ao possível dano ao erário.

2.2 – Adoção de cautelar para evitar ilegalidades

A cautelar ora em estudo está prevista o art. 276 do RITCU, o qual possui a

seguinte redação:

‘Art. 276. O Plenário, o relator, ou, na hipótese do art. 28, inciso XVI, o

Presidente, em caso de urgência, de fundado receio de grave lesão ao erário ou a

direito alheio ou de risco de ineficácia da decisão de mérito, poderá, de ofício ou

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mediante provocação, adotar medida cautelar, com ou sem a prévia oitiva da parte,

determinando, entre outras providências, a suspensão do ato ou do procedimento

impugnado, até que o Tribunal decida sobre o mérito da questão suscitada, nos termos

do art. 45 da Lei nº 8.443, de 1992.

§ 1º O despacho do relator ou do Presidente, de que trata o caput, será

submetido ao Plenário na primeira sessão subseqüente.

§ 2º Se o Plenário, o Presidente ou o relator entender que antes de ser adotada

a medida cautelar deva o responsável ser ouvido, o prazo para a resposta será de até

cinco dias úteis.

§ 3º A decisão do Plenário, do Presidente ou do relator que adotar a medida

cautelar determinará também a oitiva da parte, para que se pronuncie em até quinze

dias, ressalvada a hipótese do parágrafo anterior.

§ 4º Nas hipóteses de que trata este artigo, as devidas notificações e demais

comunicações do Tribunal e, quando for o caso, a resposta do responsável ou

interessado poderão ser encaminhadas por telegrama, fac-símile ou outro meio

eletrônico, sempre com confirmação de recebimento, com posterior remessa do

original, no prazo de até cinco dias, iniciando-se a contagem do prazo a partir da

mencionada confirmação do recebimento.

§ 5º A medida cautelar de que trata este artigo pode ser revista de ofício por

quem a tiver adotado.’

Esse procedimento cautelar visa a assegurar a correta aplicação dos normativos

que regem a Administração Pública. Assim, pode tanto o relator como o Tribunal

determinar a suspensão de procedimentos que possam ser considerados irregulares.

Quando a medida for adotada diretamente pelo relator, ele deverá submetê-la a

apreciação dos demais membros do Tribunal, na próxima sessão do Plenário.

Como exemplo da adoção dessa medida, vejamos a seguinte situação hipotética:

Algum licitante, com o fundamento no art. 237, inciso VII, do RITCU apresenta

uma representação ao TCU contra possíveis ilegalidades que estejam ocorrendo no

procedimento licitatório em andamento no órgão XYZ para a compra de computadores.

O licitante alega que a licitação está sendo direcionada para um determinado

representante que possui os preços dez vezes maiores do que o de mercado.

Ao receber a representação, o Tribunal, caso verifique a possibilidade de o

prosseguimento da licitação trazer danos ao erário de difícil reparação, pode determinar

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a suspensão do processo licitatório até que verifique a pertinência ou não dos fatos

trazidos ao conhecimento da Corte.

Com relação a medidas cautelares e sanções, o Cespe, no ano de 2002, elaborou

a seguinte questão para o concurso de Analista de Controle Externo do Tribunal de

Contas da União:

‘O Tribunal de Contas da União, mesmo no exercício das suas funções de

controle externo e a despeito de haver irregularidades graves ou causas plausíveis que

o recomendem, não poderá (ACE – Esaf 2002)

a) inabilitar o responsável seu jurisdicionado para o exercício de cargo

comissionado na Administração Pública Federal.

b) declarar a inidoneidade de licitante fraudador da competição licitatória.

c) afastar temporariamente do exercício das suas funções o responsável seu

jurisdicionado que possa dificultar apurações de fatos.

d) decretar a indisponibilidade dos bens de responsável.

e) determinar o arresto dos bens de responsável julgado em débito.’

Com os conhecimentos adquiridos nessa aula e com os adquiridos na aula 6,

podemos afirmar que a alternativa correta é a letra ‘e’, uma vez que quem vai

determinar o arresto dos bens de responsável julgado em débito vai ser o Poder

Judiciário. Com relação ao arresto, interessante relembrar que cabe ao MPjTCU

comunicar a AGU da necessidade de entrar com a ação no Poder Judiciário.

3 - RECURSOS

São as seguintes as espécies recursais cabíveis no Tribunal de Contas da União:

Recurso de Reconsideração, Pedido de Reexame, Recurso de Revisão, Embargos de

Declaração e Agravo.

O quadro a seguir apresentado pode facilitar a compreensão da matéria.

Tipo Quais processos? Prazo Efeito suspensivo?

Recurso de

Reconsideração

Processos de contas 15 dias Sim

Pedido de Reexame Processo de

fiscalização

15 dias Sim

Recurso de Revisão Processos de contas 5 anos Não

Embargos de Todos 10 dias Sim

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Declaração

Agravo Despacho decisório 5 dias A critério do relator

Os recursos, assim como os processos de denúncia, representação, solicitação e

consulta, são analisados em duas etapas: admissibilidade e mérito. O juízo de

admissibilidade será efetuado pelo relator do recurso e dirá se o recurso poderá ser

conhecido ou não, caso preencha ou não os requisitos de admissibilidade.

De acordo com o art. 154 do RITCU para cada recurso haverá sorteio de relator.

Após a edição da Resolução 175 de 2005, somente os ministros titulares têm

competência para relatar os recursos. Dessa forma, auditor não pode relatar recurso.

Se entender admissível o recurso, o relator encaminhará os autos à Secretaria de

Recursos, unidade técnica do Tribunal especializada para instrução desse tipo de

processo.

Caso considere que os requisitos de admissibilidade não sejam preenchidos, o

relator poderá, por meio de despacho fundamentado, determinar o arquivamento do

feito ou submetê-lo ao colegiado competente para apreciação. Cumpre relembrar que,

conforme estudamos na aula 6, o colegiado competente será aquele que proferiu a

decisão recorrida. Exceção a essa regra é o recurso de revisão que será sempre

apreciado pelo Plenário da Corte.

Devemos relembrar também, que, conforme estatuído no art. 62, inciso III, do

RITCU e estudado na aula 6, o MPjTCU deve se pronunciar obrigatoriamente nos

recursos relativos a processos de contas e processos de fiscalização de atos sujeitos a

registro, salvo os embargos de declaração.

O art. 278 do RITCU estabelece que a interposição de recurso, ainda que venha

a não ser conhecido, gera preclusão consumativa.

Para compreendermos esse dispositivo, temos que saber o que significa o termo

preclusão consumativa.

Preclusão é um instituto do Direito Processual Civil e consiste na perda do

direito de realizar um ato processual. A preclusão pode ser consumativa, lógica e

temporal. A preclusão consumativa, que nos interessa nesse momento, é a perda do

direito de realizar um ato processual em decorrência de algum ato que já tenha sido

praticado. Em seguida, verificaremos que, em geral, os recursos só podem ser

interpostos uma única vez. Caso algum responsável interponha um recurso e mesmo que

este não venha a ser conhecido, o responsável perde o direito de entrar com novo

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recurso. O melhor exemplo para preclusão consumativa é o palito de fósforo. Uma vez

acendido, jamais poderá ser aceso de novo.

O art. 279 do RITCU estabelece que ‘não cabe recurso de decisão que converter

processo em tomada de contas especial, ou determinar a sua instauração, ou ainda que

determinar a realização de citação, audiência, diligência, inspeção ou auditoria’.

O motivo para o Regimento Interno impossibilitar a interposição de recursos

sobre essas decisões se dá pelo fato de que em nenhuma delas ocorre uma decisão

definitiva do processo, mas, apenas a adoção de passos necessários para o saneamento

dos autos.

Caso o responsável ingresse com recurso contra essas decisões, o Tribunal não

irá conhecê-lo. Nada obstante, a documentação que for encaminhada a título de recurso

será aproveitada como defesa do responsável quando da apreciação do mérito do

processo.

O recurso apresentado por um responsável pode aproveitar os demais

condenados pela mesma decisão, desde que o recurso se refira a questões objetivas.

Suponhamos que João, José e Pedro tenham sido condenados pelo Tribunal em

uma mesma decisão.

Se apenas João vier a recorrer, José e Pedro só serão beneficiados pelo recurso

de João na hipótese de o recurso se referir apenas a questões objetivas. Caso a

condenação tenha sido dada por terem efetuado contratação superfaturada e o recurso

conseguir demonstrar que não houve o superfaturamento, José e Pedro se beneficiarão.

Entretanto, se o recurso somente demonstrar que João não era o responsável pela

contratação, o recurso não atingirá os demais.

3.1 – Recurso de Reconsideração

O caput do art. 285 do RITCU (art. 33 da LOTCU) estabelece que:

‘Art. 285. De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada contas,

mesmo especial, cabe recurso de reconsideração, com efeito suspensivo, para

apreciação do colegiado que houver proferido a decisão recorrida, podendo ser

formulado uma só vez e por escrito, pela parte ou pelo Ministério Público junto ao

Tribunal, dentro do prazo de quinze dias, contados na forma prevista no art. 183.’

Algumas informações presentes no caput desse dispositivo devem ser

destacadas. A primeira é que o Recurso de Reconsideração só é cabível para atacar

decisões definitivas em processos de contas. Por essa razão, não cabe recurso contra

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decisão que determinar a citação de um responsável, pois, como já estudamos, essa

decisão é preliminar.

A segunda informação que podemos extrair do dispositivo é que o Recurso de

Reconsideração concede efeito suspensivo à decisão atacada. Assim, se determinado

responsável for condenado a devolver cinco mil reais aos cofres da União e interpuser

recurso contra essa decisão, não precisará recolher a importância até a apreciação final

do recurso. Vale registrar que, segundo o § 1° do art. 285, o efeito suspensivo só será

concedido nos itens do Acórdão que estão sendo atacados. Como exemplo, podemos

trazer a seguinte situação:

Imaginemos que o TCU proferiu Acórdão com seis determinações a um

responsável. Das seis determinações, o responsável não concordou com duas,

interpondo recurso contra elas. Pelo § 1° do art. 285, somente as duas decisões

recorridas não precisam ser cumpridas de imediato.

A terceira informação refere-se ao prazo para interpor o recurso: 15 dias.

Por fim, interessante notar que o recurso só pode ser interposto uma única vez.

Com relação ao prazo para interposição do recurso, o § 2° do art. 285 do RITCU

abre uma exceção ao prazo de 15 dias estabelecido no caput, vejamos.

‘§ 2º Não se conhecerá de recurso de reconsideração quando intempestivo,

salvo em razão de superveniência de fatos novos e dentro do período de um ano

contado do término do prazo indicado no caput, caso em que não terá efeito

suspensivo’.

O objetivo desse parágrafo é fazer prevalecer a verdade real, uma das

características do processo administrativo. Assim, o conhecimento de recurso

intempestivo permitirá que o Tribunal chegue, no caso de surgimento de fatos novos, à

verdade real, desde que esses fatos sejam levados ao conhecimento da Corte no Período

de um ano.

3.2 – Pedido de Reexame

Essa espécie recursal está prevista no art. 286 do RITCU (art. 48) da LOTCU, o

qual apresenta a seguinte redação.

‘Art. 286. Cabe pedido de reexame de decisão de mérito proferida em processo

concernente a ato sujeito a registro e a fiscalização de atos e contratos.

Parágrafo único. Ao pedido de reexame aplicam-se as disposições do caput e

dos parágrafos do art. 285.’

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A única observação relacionada a esse dispositivo refere-se ao fato de que o

Pedido de Reexame é utilizado para atacar decisão de mérito proferida em processos de

fiscalização. Assim, temos que os processo de contas são atacados por Recurso de

Reconsideração e os de fiscalização por Pedido de Reexame. No mais, tudo o que foi

falado no tópico anterior cabe para esse.

3.3 – Embargos de Declaração

Os Embargos de Declaração não visam a, primordialmente, modificar a decisão

embargada. Essa espécie recursal é utilizada quando o responsável considera que a

decisão do TCU não foi suficientemente clara. Dessa forma, são opostos Embargos de

Declaração para sanar obscuridade, omissão ou contradição.

Vejamos o que dispõe o art.287 do RITCU (art. 34 da LOTCU):

‘Art. 287. Cabem embargos de declaração quando houver obscuridade, omissão

ou contradição em acórdão do Tribunal.

§ 1º Os embargos de declaração poderão ser opostos por escrito pela parte ou

pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de dez dias, contados na

forma prevista no art. 183.

§ 2º Os embargos de declaração serão submetidos à deliberação do colegiado

competente pelo relator ou pelo redator, conforme o caso.

§ 3º Os embargos de declaração suspendem os prazos para cumprimento do

acórdão embargado e para interposição dos demais recursos previstos neste

Regimento, aplicando-se, entretanto, o disposto no § 1º do art. 285.’

Quanto aos Embargos, interessante destacar que não há a restrição para que seja

oposto apenas uma vez. A razão dessa exceção é que, mesmo com as explicações dadas

no embargo, o responsável pode continuar sem compreender a decisão da Corte, motivo

pelo qual vai poder embargar de novo.

3.4 – Recurso de Revisão

O Recurso de Revisão encontra amparo no art. 288 do RITCU (art. 35 da

LOTCU). Vejamos a sua redação:

Art. 288 De decisão definitiva em processo de prestação ou tomada de contas,

mesmo especial, cabe recurso de revisão ao Plenário, de natureza similar à da ação

rescisória, sem efeito suspensivo, interposto uma só vez e por escrito pela parte, seus

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sucessores, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de cinco

anos, contados na forma prevista no inciso IV do art. 183, e fundar-se-á:

I – em erro de cálculo nas contas;

II – em falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado

o acórdão recorrido;

III – na superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova

produzida.

§ 1º O acórdão que der provimento a recurso de revisão ensejará a correção de

todo e qualquer erro ou engano apurado.

§ 2º Em face de indícios de elementos eventualmente não examinados pelo

Tribunal, o Ministério Público poderá interpor recurso de revisão, compreendendo o

pedido de reabertura das contas e o pedido de mérito.

§ 3º Admitido o pedido de reabertura das contas pelo relator sorteado para o

recurso de revisão, este ordenará, por despacho, sua instrução pela unidade técnica

competente e a conseguinte instauração de contraditório, se apurados elementos que

conduzam ao agravamento da situação do responsável ou à inclusão de novos

responsáveis.

§ 4º A instrução do recurso de revisão abrange o reexame de todos os elementos

constantes dos autos.

§ 5º A interposição de recurso de revisão pelo Ministério Público dar-se-á em

petição autônoma para cada processo de contas a ser reaberto.

§ 6º Se os elementos que deram ensejo ao recurso de revisão referirem-se a mais

de um exercício, os respectivos processos serão conduzidos por um único relator,

sorteado para o recurso.

O Recurso de Revisão visa a desconstituir decisões tomadas em processos de

contas. Como já mencionado, o colegiado competente para julgar Recurso de Revisão é

o Plenário, independentemente de qual colegiado tenha proferido a decisão atacada.

O RITCU menciona que o Recurso de Revisão tem natureza similar à ação

rescisória. Essa ação, utilizada no âmbito do Poder Judiciário, tem como objetivo

desconstituir a coisa julgada. De forma semelhante ocorre com o Recurso de Revisão,

que visa desconstituir coisa julgada administrativa. Como a coisa julgada é um dos

pilares do estado democrático de direito, a sua desconstituição deve ser vista com

bastante cuidado. Por pretender modificar algo que já estava incorporado ao mundo

jurídico, não será concedido efeito suspensivo a essa espécie recursal.

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A modificação da coisa julgada administrativa só poderá ser feita caso seja

apresentado os requisitos específicos do Recurso de Revisão: erro de cálculo nas contas,

falsidade ou insuficiência de documentos em que se tenha fundamentado o acórdão

recorrido ou superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova

produzida.

3.5 - Agravo

O agravo não encontra guarida na LOTCU. No RITCU, a matéria é tratada no

art. 289 da seguinte foram:

‘Art. 289. De despacho decisório do Presidente do Tribunal, de presidente de

câmara ou do relator, desfavorável à parte, e da medida cautelar adotada com

fundamento no art. 276 cabe agravo, no prazo de cinco dias, contados na forma do art.

183.

§ 1º Interposto o agravo, o Presidente do Tribunal, o presidente de câmara ou o

relator poderá reformar o seu despacho ou submeter o feito à apreciação do colegiado

competente para o julgamento de mérito do processo.

§ 2º Se o despacho agravado for do Presidente do Tribunal ou de presidente de

câmara, o julgamento será, nos termos deste Regimento, presidido por seu substituto,

computando-se o voto do presidente agravado.

§ 3o Caso a decisão agravada seja do Tribunal, o relator do agravo será o

mesmo que já atuava no processo ou o redator do acórdão recorrido, se este houver

sido o autor da proposta de medida cautelar.

§ 4o A critério do Presidente do Tribunal, do presidente de câmara ou do

relator, conforme o caso, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo.’

Com relação ao agravo, o importante destacar é que ele não pretende atacar

decisão de mérito do Tribunal, mas sim despachos decisórios do Tribunal ou de Relator.

Assim, caso algum ministro adote uma medida cautelar com relação a

determinado fato adotado por um responsável (lembrar que a medida cautelar só visa

garantir a eficácia do processo) e esse responsável não concordar com a adoção da

medida, poderá utilizar o agravo para tentar rever a medida cautelar.

Para ilustrar o tema, apresento duas questões já cobradas em provas passadas:

(Esaf\2000\ACE\TCU) ‘As decisões definitivas do Tribunal de Contas da União,

no julgamento de contas, são passíveis do recurso de:

a) embargos, no prazo de 30 dias

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b) reconsideração, no prazo de 15 dias

c) revisão, no prazo de 15 dias

d) revisão, no prazo de 30 dias

e) reexame, no prazo de 5 ano ‘

Pelo que vimos, a resposta certa é a letra ‘b’.

(Esaf\2000\ACE\TCU) ‘De decisão definitiva do Tribunal de Contas da União

em processo de tomada de contas caberá recurso de revisão ao Plenário, sem efeito

suspensivo, interposto uma só vez e por escrito pelo responsável, seus sucessores, ou

pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de cinco anos, desde que

fundado em erro de cálculo nas contas, falsidade ou insuficiência de documentos que

servirem de fundamento para o acórdão recorrido.

a) Correta a assertiva.

b) Incorreta a assertiva, porque cabe o recurso de revisão, também, no caso da

superveniência de documentos novos com eficácia sobre a prova produzida.

c) Incorreta a assertiva, porque só o próprio responsável pode recorrer.

d) Incorreta a assertiva, porque o recurso de revisão tem necessariamente efeito

suspensivo.

e) Incorreta a assertiva, porque o prazo é de dois anos.’

Essa questão é propícia para verificarmos que, na prova da Esaf, por vezes

podemos ter mais de uma alternativa correta. Nesses casos, temos que verificar qual a

alternativa está mais completa. Por isso, devemos ler todas as alternativas antes de

escolher qual vamos assinalar como correta. No caso dessa questão, o candidato mais

afoito tenderá a marcar a alternativa ‘a’, mas, com uma análise mais cuidadosa,

podemos verificar que a alternativa ‘b’ é a mais correta.

Chegamos ao final de nosso curso!

Gostaria de compartilhar minha felicidade de poder tentar ajudá-los nessa difícil

empreitada, que é o concurso público. Sei como é desgastante o processo seletivo para

aprovação em cargo público. Acredito, entretanto, que o ingresso no cargo de Analista

de Controle Externo do Tribunal de Contas da União recompensa todo esforço

desprendido.

Espero que os ensinamentos ministrados nesse curso possam ser úteis no

momento da prova.

Torço por todos vocês!

Boa sorte!

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