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Controle Externo p/ TCU Teoria e exercícios comentados Prof. Erick Alves – Aula 01 Prof. Erick Alves www. estrategiaconcursos.com.br 1 de 56 AULA 01 Olá pessoal! Nosso objetivo nesta aula é cobrir os seguintes itens do Edital: Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões; Tribunal de Contas da União: natureza, competência e jurisdição. Quanto ao segundo item, estudaremos por ora apenas a natureza - que também está abrangida no primeiro item -, assim como a jurisdição do TCU. As competências serão estudadas a partir da próxima aula. Para tanto, seguiremos o seguinte sumário: SUMÁRIO 1. Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões .................................... 2 Funções dos Tribunais de Contas ........................................................................................................................... 2 Natureza Jurídica dos Tribunais de Contas ..................................................................................................... 10 Natureza e Eficácia das decisões dos Tribunais de contas ....................................................................... 13 2. Abrangência do controle exercido pelo TCU............................................................................................ 21 Natureza das fiscalizações...................................................................................................................................... 21 Jurisdição do TCU....................................................................................................................................................... 24 3. Mais questões de prova........................................................................................................................................ 36 RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 47 Questões comentadas na Aula .............................................................................................................................. 49 No final temos o resumo da aula e as questões que foram comentadas no decorrer do texto, seguidas do gabarito. A numeração das questões é sequencial, iniciando de onde paramos na Aula 00, para facilitar a referência em caso de dúvidas. Preparados? Vamos lá!

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AULA 01

Olá pessoal!

Nosso objetivo nesta aula é cobrir os seguintes itens do Edital:

Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia

das decisões;

Tribunal de Contas da União: natureza, competência e

jurisdição.

Quanto ao segundo item, estudaremos por ora apenas a

natureza - que também está abrangida no primeiro item -, assim

como a jurisdição do TCU. As competências serão estudadas a

partir da próxima aula.

Para tanto, seguiremos o seguinte sumário:

SUMÁRIO

1. Tribunais de Contas: funções, natureza jurídica e eficácia das decisões .................................... 2

Funções dos Tribunais de Contas ........................................................................................................................... 2

Natureza Jurídica dos Tribunais de Contas ..................................................................................................... 10

Natureza e Eficácia das decisões dos Tribunais de contas ....................................................................... 13

2. Abrangência do controle exercido pelo TCU ............................................................................................ 21

Natureza das fiscalizações ...................................................................................................................................... 21

Jurisdição do TCU ....................................................................................................................................................... 24

3. Mais questões de prova ........................................................................................................................................ 36

RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 47

Questões comentadas na Aula .............................................................................................................................. 49

No final temos o resumo da aula e as questões que foram

comentadas no decorrer do texto, seguidas do gabarito. A

numeração das questões é sequencial, iniciando de onde paramos

na Aula 00, para facilitar a referência em caso de dúvidas.

Preparados? Vamos lá!

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1. TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNÇÕES, NATUREZA JURÍDICA E EFICÁCIA DAS DECISÕES

Embora o Edital não seja específico em relação ao TCU neste tópico,

pois fala genericamente em “Tribunais de Contas”, vamos tomar a Corte

de Contas Federal como base para a maior parte das considerações

apresentadas a seguir, visto que elas também se aplicam aos demais

Tribunais de Contas, Estaduais ou Municipais.

FUNÇÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

As funções constituem uma forma de sistematizar as competências

que foram conferidas pela Constituição e por outras normas ao TCU e, por

simetria, aos demais Tribunais de Contas, dando uma ideia geral da

natureza das diversas atividades exercidas pelos órgãos de controle

externo.

As funções do TCU, de acordo com o próprio Tribunal1, podem ser

agrupadas da seguinte maneira:

Fiscalizadora

Judicante

Sancionadora

Consultiva

Informativa

Corretiva

Normativa

De ouvidoria

Pedagógica.

A seguir veremos exemplos de algumas competências do Tribunal

abrangidas por cada uma dessas nove funções. Importante salientar que,

a partir da próxima aula, iniciaremos o estudo das competências do TCU

em detalhe. Por ora, elas serão apenas mencionadas para exemplificar as

características de cada função.

Função fiscalizadora (ou fiscalizatória, ou de fiscalização)

A maioria das competências atribuídas ao TCU está inserida na função

fiscalizadora. As atividades dessa função caracterizam-se pelo exame de

uma situação ou condição (p.ex. a prática de um ato administrativo)

tendo como referência um critério ou padrão (p.ex. uma norma legal), 1 Conhecendo o Tribunal. Brasília: TCU, 2008.

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com o objetivo de verificar em que medida a situação ou condição está de

acordo com o critério ou padrão. A função fiscalizadora compreende a

realização de levantamentos, auditorias, inspeções, acompanhamentos e

monitoramentos, relacionados com a fiscalização de atos e contratos

administrativos em geral (CF, art. 71, IV).

Envolve ainda a apreciação da legalidade dos atos de concessão de

aposentadorias, reformas e pensões e de admissão de pessoal (CF,

art. 71, III), a fiscalização da aplicação de recursos repassados pela União

mediante convênios e outros instrumentos congêneres a Estados,

Municípios e DF (CF, art. 71, VI), assim como a fiscalização das contas

nacionais das empresas supranacionais (CF, art. 71, V).

Função judicante (ou jurisdicional, ou de julgamento)

O TCU exerce a função judicante, nos termos do art. 71, II da CF,

quando julga as contas dos administradores e dos demais responsáveis

por bens e valores públicos (contas ordinárias e extraordinárias), e

também quando julga as contas dos responsáveis por causarem prejuízo

ao erário (tomada de contas especial). Ao julgar as contas, o Tribunal

decide se elas são regulares, regulares com ressalva ou irregulares.

Perceba que, por força da parte final do art. 71, II da CF, sempre que

houver desvio de recursos públicos ou prática de qualquer ato de que

resulte dano ao erário, o responsável pelo prejuízo deverá ter suas contas

julgadas pela Corte de Contas.

Note também que o Tribunal não exerce a função judicante quando

realiza atividades de fiscalização (auditorias, inspeções etc.). O

julgamento das contas dos responsáveis ocorre sempre em processo

específico que, como vimos na Aula 00, pode ser um processo de contas

ordinárias, de contas extraordinárias ou um processo de tomada de contas

especial:

Contas ordinárias

Processo de Contas Contas extraordinárias

Tomada de contas especial

Assim, caso no curso de uma auditoria seja constatada ocorrência

que resultou em prejuízo aos cofres públicos, a auditoria (processo de

fiscalização) deverá ser convertida em processo de tomada de contas

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especial (processo de contas), para aí sim ocorrer o julgamento das

contas dos responsáveis pelo desfalque e a cobrança do débito apurado

(LO/TCU, art. 47). Nesse caso, ocorre a mutação da natureza do processo,

de um processo de fiscalização para um processo de contas.

Função sancionadora (ou sancionatórias, ou punitivas)

A função sancionadora surge quando da aplicação aos responsáveis

das sanções previstas em lei, seja na LO/TCU, seja na legislação esparsa

(CF, art. 71, VIII).

Essas sanções podem compreender, isolada ou cumulativamente:

aplicação, ao agente público, de multa proporcional ao valor do

prejuízo causado ao erário;

cominação de multa ao responsável por contas julgadas

irregulares, por ato irregular, ilegítimo ou antieconômico, por

não-atendimento de diligência ou determinação do Tribunal, por

obstrução ao livre exercício de inspeções ou auditorias e por

sonegação de processo, documento ou informação;

inabilitação do responsável para o exercício de cargo em

comissão ou função de confiança no âmbito da administração

pública;

declaração de inidoneidade do responsável, por fraude em

licitação, para participar, por até cinco anos, de certames

licitatórios promovidos pela administração pública;

afastamento provisório do cargo por obstrução a auditoria ou

inspeção;

decretação da indisponibilidade de bens.

Três observações importantes:

(1) as sanções podem ser aplicadas tanto em processos de

fiscalização quanto em processo de contas. Assim, caso na realização

de uma auditoria ou no exame de uma prestação de contas se constate

que uma determinação anterior do Tribunal não foi cumprida, o gestor

responsável poderá ser penalizado com multa no âmbito do próprio

processo em que o não-atendimento foi identificado, seja este um

processo de contas ou um processo de fiscalização;

(2) ao impor sanções o Tribunal deverá permitir o contraditório e a

ampla defesa;

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(3) nos processos de contas, a eventual cobrança do prejuízo

causado ao erário (imputação de débito) tem natureza de

responsabilização civil, com a finalidade de recompor os cofres lesados

pela ação do agente público. Ou seja, cobrar débito não é impor

sanção. Logicamente, caso seja cabível, o Tribunal poderá impor sanções

juntamente à cobrança do débito.

Função consultiva (ou de consulta, ou opinativa)

A função consultiva é exercida mediante a elaboração de parecer

prévio, de caráter essencialmente técnico, sobre as contas prestadas

anualmente pelo Presidente da República, a fim de subsidiar o julgamento

a cargo do Congresso Nacional (CF, art. 71, I). Da mesma forma,

compreende a emissão de pareceres prévios sobre as contas de governo

de territórios (CF, art. 33, §2º).

Inclui também o exame, sempre em tese, de consultas feitas por

autoridades legitimadas para formulá-las, a respeito de dúvidas na

aplicação de dispositivos legais e regulamentares concernentes às

matérias de competência do Tribunal (LO/TCU, art. 1º, XVII).

Outro exemplo de atividade abrangida pela função consultiva é o

parecer sobre indícios de despesas não autorizadas (CF, art. 72, §1º),

emitido por solicitação da comissão de deputados e senadores prevista no

art. 166, §1º da CF – Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização (CMO).

Também se enquadram na sua função consultiva as recomendações –

de caráter não compulsório - que o Tribunal emite ao identificar

oportunidades de melhoria de desempenho, geralmente como resultado

de auditorias de natureza operacional, ocasiões nas quais atua como uma

verdadeira consultoria organizacional (RI/TCU, art. 250, III).

Função informativa (ou de informação)

A função informativa é exercida quando da prestação de informações

solicitadas pelo Congresso Nacional, pelas suas Casas ou por qualquer das

respectivas Comissões, sobre a fiscalização exercida pelo Tribunal (CF,

art. 71, VII).

Compreende ainda representação ao Poder competente sobre

irregularidades ou abusos apurados (CF, art. 71, XI), assim como o

encaminhamento ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, de

relatório das atividades do Tribunal (CF, art. 71, §4º).

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Inclui também a emissão de alertas destinados aos órgãos e Poderes

da União, como os alertas sobre ultrapassagem de 90% dos limites de

gastos com pessoal, endividamento, operações de crédito e concessão de

garantias e demais previstos na LRF.

Outro exemplo é a informação prestada à Justiça Eleitoral acerca da

lista de responsáveis que tiveram suas contas julgadas irregulares para

fins de aplicação da norma de inelegibilidade (LO/TCU, art. 91).

Função corretiva

O TCU exerce a função corretiva ao:

emitir determinações, de caráter compulsório, para corrigir

falhas ou impropriedades (LO/TCU, art. 18);

fixar prazo para cumprimento da lei, se verificada ilegalidade

(CF, art. 71, IX);

sustar ato impugnado (CF, art. 71, X).

Função normativa (ou regulamentar)

Decorre do poder regulamentar conferido ao Tribunal por sua Lei

Orgânica, que faculta a expedição de instruções e atos normativos (de

cumprimento obrigatório, sob pena de responsabilização) acerca de

matérias de sua competência e a respeito da organização dos processos

que lhe devam ser submetidos (LO/TCU, art. 3º).

Função de ouvidoria (ou de ouvidor)

Reside na possibilidade de o Tribunal receber denúncias e

representações relativas a irregularidades ou ilegalidades que lhe sejam

comunicadas por responsáveis pelo controle interno, por autoridades ou

por qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato (CF,

art. 74, §§ 1º e 2º).

Cabe frisar que, na apuração das denúncias e representações, o

Tribunal exerce a função fiscalizatória.

Função pedagógica

O TCU atua de forma pedagógica, quando orienta e informa sobre

procedimentos e melhores práticas de gestão, mediante publicação de

manuais e cartilhas, realização de seminários, reuniões e encontros de

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caráter educativo ou, ainda, quando recomenda a adoção de providências,

em auditorias de natureza operacional.

O caráter educativo surge também quando da aplicação de sanções a

responsáveis por irregularidades ou práticas lesivas aos cofres públicos,

na medida em que tais punições funcionam como fator de inibição à

prática de ocorrências da espécie.

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Para finalizar este tópico, cabe registrar que o TCU quase nunca

exerce apenas uma das suas funções isoladamente. O normal é que as

atuações do Tribunal associem sempre duas ou mais delas. Por exemplo,

ao julgar as contas de gestão, o Tribunal pode aplicar penalidades e/ou

fazer determinações. Assim, simultaneamente à função judicante, são

exercidas as funções sancionadora e corretiva. Outro exemplo consiste

no exercício simultâneo das funções consultiva e normativa quando o

Tribunal responde a consulta que lhe seja formulada por autoridade

competente, uma vez que, nesse caso, a resposta do Tribunal possui

caráter normativo (LO/TCU, art. 1º, XVII, §2º).

Caiu na prova!

25. (TCU – ACE 2007 – Cespe) A função judicante é expressa quando o TCU

exerce a sua competência infraconstitucional de julgar as contas de gestão dos

administradores públicos. Entretanto, no tocante às prestações de contas

apresentadas pelo governo federal, compete ao TCU apenas apreciá-las e emitir

parecer prévio, já que compete ao Congresso Nacional julgá-las, com base na

emissão do parecer emitido pela comissão mista permanente de senadores e

deputados.

Comentário: É verdade que o TCU exerce a função judicante ao julgar as

contas de gestão dos administradores públicos. A competência para tanto

está expressa na própria Constituição (art. 71, II), sendo apenas reproduzida

na LO/TCU (art. 1º, I). Portanto, a palavra infraconstitucional torna a questão

errada. Cabe lembrar que, no tocante às contas prestadas pelo Presidente da

República, o Tribunal emite parecer prévio, não vinculante, como subsídio ao

julgamento realizado pelo Congresso Nacional. Nesse caso, o TCU exerce a

função consultiva. Observe ainda que a comissão mista de senadores e

deputados também emite parecer sobre as contas prestadas pelo Presidente

da República (CF, art. 166, §1º, I).

Gabarito: Errado

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26. (TCDF – Procurador 2002 – Cespe) Com relação aos tribunais de contas,

entre as inovações introduzidas pela LRF, encontra-se a instituição da função

cautelar de alertar os demais Poderes ou órgãos nas situações que especifique.

Comentário: O rol de funções que estudamos, no total de nove, não é

imperativo ou exaustivo, embora seja uma boa referência retirada de uma

publicação do próprio TCU. Com efeito, pode-se encontrar na doutrina

sistematizações diferentes para as atribuições dos Tribunais de Contas, mas

que são apenas variações das apresentadas na aula. Por exemplo, Nagel2

identifica sete grupos de funções ou atribuições: opinativa, consultiva e

informativa; investigatórias; corretivas e cautelares; cautelares; jurisdicionais;

declaratórias; e punitivas. Já Hely Lopes Meireles3 reduz sua análise a quatro

categorias: técnico-opinativas, verificadoras, assessoradoras e jurisdicionais

administrativas. A questão em tela menciona a função cautelar, que incluiria

os alertas previstos na LRF. Na aula, classificamos esses alertas na função

informativa. Perceba que as duas classificações estão corretas, pois a

informação prevista na LRF sob a forma de alerta tem caráter cautelar,

preventivo. A mesma atribuição poderia ser também classificada na função

assessoradora, segundo as categorias consideradas por Hely Lopes Meireles.

Portanto, para fins de prova, o importante é conhecer as competências do

TCU e utilizar o bom senso na hora de responder uma questão que as

classifique em alguma função. No caso de uma questão discursiva em que

seja necessário discorrer sobre as funções dos Tribunais de Contas, creio

que a apresentação das nove funções dadas na aula, seguidas de um ou dois

exemplos, sejam suficientes para uma boa resposta.

Gabarito: Certo

27. (TCE-ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) Na CF, o controle

externo foi consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funções que os TCs

desempenham incluem a

a) sancionatória, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsáveis

por bens e valores públicos.

b) de julgamento, quando se emite parecer prévio sobre as contas anuais dos

chefes de poder ou órgão.

c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dúvidas de servidores

sobre a aplicação da legislação orçamentária e financeira.

2 Apud. Lima (2011, p. 111). NAGEL, José. A fisionomia distorcida do controle externo. Revista do TCE MG, edição nº 4, 2000. 3 Apud. Lima (2011, p. 111). MEIRELES, H.L. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo, Malheiros Editores, 1997.

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d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis

por irregularidades.

e) de fiscalização financeira, quando se registram os atos de admissão do

pessoal efetivo.

Comentário: Nesta questão era para ser escolhida a alternativa correta. A

letra “a” está errada, pois os Tribunais de Contas exercem a função judicante

ou de julgamento - e não a função sancionatória - quando “aprovam” as

contas dos administradores públicos. Assim, a letra “b” também está errada.

Com efeito, a emissão de parecer prévio faz parte da função consultiva ou

opinativa dos Tribunais de Contas.

Quanto à letra “c”, lembre-se que a função de ouvidor é exercida quando

o Tribunal recebe denúncias e representações sobre irregularidades que lhe

sejam comunicadas pelo controle interno, por autoridades ou por qualquer

cidadão, partido político, associação ou sindicato. Ademais, o TCU somente

decidirá sobre consultas - exercendo sua função consultiva - que sejam

formuladas pelas autoridades legitimadas, as quais estão elencadas do art.

264, I a VII do RI/TCU, e que não incluem os servidores em geral. Portanto, a

alternativa “c” também está errada.

A função corretiva, expressa na letra “d”, é exercida quando os Tribunais

de Contas emitem deliberações com o objetivo de corrigir irregularidades ou

impropriedades existentes na administração pública que foram constatadas

nas atividades de controle. Assim, a assertiva está errada, pois quando se

aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis por irregularidades, os

Tribunais de Contas exercem a função sancionatória.

Por fim, a letra “e” está correta, pois quando se registram os atos de

admissão de pessoal, assim como outras atividades de caráter investigatório

e que envolvem análise técnica de informações e documentos, os Tribunais

de Contas exercem a função fiscalizadora ou fiscalizatória. A professora Di

Pietro a descreve como de fiscalização financeira4.

Gabarito: Alternativa “e”

4 Apud. Lima (2011, p. 111). DI PIETRO, M.S.Z. Direito Administrativo. 19ª edição, Atlas, 2006.

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NATUREZA JURÍDICA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Para estudarmos a natureza jurídica dos Tribunais de Contas, vamos

adotar como roteiro o enunciado da seguinte questão discursiva:

(TCU – ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo com

a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:

< natureza jurídica do TCU;

< relação entre o TCU e o Poder Legislativo;

< eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso

Nacional.

Natureza jurídica do TCU

A doutrina majoritária classifica o TCU como um órgão

administrativo, autônomo e independente, de estatura

constitucional (CF, art. 71).

Por ser um órgão, não possui personalidade jurídica própria. A

personalidade jurídica do TCU é a mesma da União, pessoa jurídica de

direito público em que está inserido.

Não obstante a ausência de personalidade jurídica própria, o TCU

possui capacidade para figurar em juízo, ativa ou passivamente, na

defesa das suas competências e direitos próprios (capacidade

postulatória). Com efeito, frequentemente são impetrados mandados de

segurança no STF contra decisões do Tribunal, ocasiões nas quais a Corte

de Contas se situa no polo passivo da lide.

Relação entre o TCU e o Poder Legislativo e eventual

vinculação hierárquica

O TCU, apesar de ser um “Tribunal”, não pertence ao Poder

Judiciário. Tampouco pertence ao Poder Legislativo, apesar de auxiliar o

Congresso Nacional no controle externo da administração pública. De fato,

o TCU não está subordinado hierarquicamente a nenhum dos três

Poderes: o Presidente do TCU não deve obediência ao Presidente do

Congresso Nacional, titular do controle externo, e muito menos ao

Presidente do STF ou ao Presidente da República.

Por outro lado, da mesma forma que o Ministério Público, o TCU

também não é, por si só, um Poder. Diz-se que a tripartição clássica dos

Poderes do Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - não é suficiente

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para abarcar o perfil institucional do TCU, órgão de previsão constitucional

que possui competências próprias e privativas, relacionadas ao controle

externo da administração pública.

No exercício do controle externo, a Constituição reservou ao TCU

atividades de cunho técnico, como a realização de auditorias e o exame e

julgamento da gestão dos administradores públicos. O Congresso

Nacional, embora titular do controle externo, não pode exercer nenhuma

das atribuições conferidas exclusivamente à Corte de Contas. No campo

do controle externo, cabe ao Parlamento atividades de cunho político,

também previstas na Constituição, como o julgamento das contas

prestadas pelo Presidente da República, sem qualquer relação

administrativa, hierárquica ou mesmo de coordenação com o Tribunal de

Contas. Assim, por exemplo, a Câmara dos Deputados não tem

competência para realizar diretamente uma auditoria contábil em um

Ministério. Deve solicitá-la ao TCU. Este, por sua vez, não realiza a

fiscalização por causa de uma eventual subordinação ao Congresso

Nacional, e sim por que tal atividade é da sua competência, conferida

diretamente pela Constituição (CF, art. 71, IV).

Ressalte-se que em nenhum momento a Constituição se refere ao

TCU como “órgão auxiliar do Poder Legislativo”, ou por outra expressão

que deixe transparecer a existência de alguma relação de subordinação. A

interpretação que deve ser dada ao caput do art. 71 da Carta Magna, é

que o controle externo da administração pública, a cargo do Parlamento,

não poderá ser realizado senão com o auxílio técnico do TCU, que é

inafastável e imprescindível.

Para reforçar a independência do TCU, a Carta Magna lhe assegura

autonomia funcional, administrativa, financeira e orçamentária,

garantindo-lhe quadro próprio de pessoal (CF, art. 73), e estendendo-lhe,

no que couber, as atribuições relativas à auto-organização do Poder

Judiciário, previstas no art. 96, como elaborar seu Regimento Interno e

organizar sua Secretaria.

Ademais, como garantia de independência e autonomia, a

Constituição assegura ao TCU a iniciativa exclusiva de projetos de lei para

propor alterações e revogações de dispositivos da sua Lei Orgânica.

Assim, não cabe ao Legislativo ou ao Executivo a iniciativa de propostas

tendentes a alterar a Lei Orgânica do TCU, sob pena de vício de iniciativa.

Todavia, para fins orçamentários e de responsabilidade fiscal, o

Tribunal está associado ao Poder Legislativo, uma vez que, nas leis

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orçamentárias, as dotações relativas ao TCU constam do orçamento do

Poder Legislativo. Além disso, pela LRF, os limites de despesas de pessoal

do TCU são incluídos no âmbito do Poder Legislativo. Isso, contudo, não

retira a autonomia orçamentária e financeira da Corte de Contas. O TCU

pode movimentar livremente os recursos previstos no seu orçamento, ter

ordenador de despesas próprio, elaborar e liquidar a folha de pagamento

dos seus servidores, realizar o pagamento dos contratos com seus

fornecedores, dentre outros atos de administração financeira e

orçamentária, sem qualquer dependência em relação ao Congresso

Nacional e suas Casas.

A título de conhecimento, registre-se que há na doutrina aqueles

que consideram o TCU como órgão do Poder Legislativo, por sua associação a este

Poder nas leis orçamentárias e nos limites de gastos com pessoal previstos na LRF,

bem como pelo fato de o Tribunal estar inserido no capítulo da Constituição que trata

do Poder Legislativo. Contra tais argumentos, além das considerações apresentadas

nas linhas acima, geralmente opõe-se que o texto constitucional não menciona o TCU

ao tratar expressamente da composição do Poder Legislativo, referindo-se tão

somente ao Congresso Nacional, integrado pela Câmara dos Deputados e pelo

Senado Federal (CF, art. 44).

Não obstante a existência de posições contrárias, percebe-se que

prevalece o entendimento de que o TCU é órgão administrativo

autônomo e independente, sem subordinação hierárquica ao Poder

Legislativo ou a qualquer outro órgão ou Poder.

Dito isso, voltemos à questão de prova para ver como ela poderia ser

resolvida:

Caiu na prova!

28. (TCU – ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo

com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:

< natureza jurídica do TCU;

< relação entre o TCU e o Poder Legislativo;

< eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso

Nacional.

Comentário: Quanto à natureza jurídica, o TCU é tido como um órgão

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administrativo, de estatura constitucional. Sua personalidade jurídica é a da

União, sem pertencer a nenhum dos três Poderes. Não obstante, possui

capacidade postulatória, podendo figurar em juízo ativa ou passivamente.

Por disposição constitucional, o TCU auxilia tecnicamente o Poder

Legislativo no controle externo da administração pública. Além disso, o TCU

está associado ao Poder Legislativo para fins orçamentários e de

responsabilidade fiscal. Todavia, não há vinculação hierárquica entre a Corte

de Contas e o Congresso Nacional. O Tribunal é órgão autônomo e

independente, pois a Constituição lhe atribui competências próprias e

privativas, assim como lhe garante autonomia funcional, orçamentária e

financeira.

NATUREZA E EFICÁCIA DAS DECISÕES DOS TRIBUNAIS DE CONTAS

Sendo o TCU um órgão administrativo, suas decisões também

possuem natureza administrativa. As deliberações proferidas pelo TCU

no exercício de suas atribuições constitucionais possuem caráter

impositivo e vinculante para a Administração Pública Federal. Contra o

mérito das suas decisões, somente cabe recurso ao próprio TCU, com

natureza de apelação administrativa. Assim, não existem vias

recursais junto ao Judiciário ou ao Legislativo que possibilitem a reforma

de uma decisão do TCU tomada no exercício de suas competências. Da

mesma forma, não cabe recurso ao TCU para reformar uma decisão de

um Tribunal de Contas Estadual ou Municipal. As possibilidades se

esgotam no âmbito da Corte de Contas que proferiu a decisão.

Todavia, o ordenamento jurídico pátrio é regido pelo princípio da

inafastabilidade da tutela jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV). Portanto,

pode-se recorrer ao Poder Judiciário contra uma decisão do

Tribunal de Contas. Contudo, a provocação do Judiciário não tem

natureza de recurso, pois se faz por meio de uma ação ordinária, nova

e totalmente independente do processo no Tribunal de Contas. Ademais, o

Judiciário não revisa as decisões da Corte de Contas, cabendo-lhe tão

somente verificar se os aspectos formais foram observados e se os

direitos individuais foram preservados. Segundo a jurisprudência do

STF:

No julgamento das contas de responsáveis por haveres públicos, a

competência é exclusiva dos Tribunais de Contas, salvo nulidade por

irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade.

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Por exemplo: suponha que o TCU, numa sessão em que não houve

quórum mínimo (irregularidade formal), tenha julgado irregulares as

contas de um administrador público, sem ainda lhe oferecer o direito ao

contraditório e à ampla defesa (manifesta ilegalidade). Nesse caso, o

Poder Judiciário poderá declarar nula a decisão do TCU. Contudo, não

poderá proferir novo julgamento em relação às contas do administrador,

declarando-as regulares ou regulares com ressalva. A matéria deverá ser

submetida mais uma vez à apreciação do TCU e, este, agora respeitando o

devido processo legal, deverá julgá-las novamente.

Em suma, o Judiciário não apreciará o mérito, mas sim a legalidade e

a formalidade das decisões dos Tribunais de Contas, podendo anulá-las,

mas não reformá-las.

A competência para processar e julgar ações contra atos dos

Tribunais de Contas, no âmbito do Judiciário, se divide da seguinte forma:

Tipo de ação Contra ato do Órgão do Judiciário

competente Fundamento

Habeas corpus, mandado

de segurança, Habeas data

TCU Supremo Tribunal

Federal (STF)

CF, art. 102, I, d

Habeas corpus Demais TCs Superior Tribunal de

Justiça (STJ)

CF, art. 105, I, c

Mandado de segurança,

Habeas data

Demais TCs Tribunais de Justiça

dos Estados e do DF

CF, art. 125

Uma observação importante: segundo o entendimento do STJ, o

Tribunal de Contas não possui legitimidade para recorrer dos julgados do

Poder Judiciário que anulem suas decisões administrativas. Nesse caso,

como já dissemos, resta ao Tribunal de Contas emitir nova decisão, livre

dos vícios apontados pelo Judiciário.

Compreendida a natureza, passemos a falar sobre a eficácia das

decisões do TCU.

As decisões do TCU de que resulte imputação de débito ou multa

– somente essas! - terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º;

LO/TCU, art. 19, 23, III, “b” e 24). No geral, título executivo é um

documento constituído no âmbito do Poder Judiciário que representa uma

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dívida líquida e certa, permitindo ao seu titular propor a correspondente

ação executiva para fins de cobrança. Assim, caso o responsável não

comprove o recolhimento do débito e/ou multa no prazo determinado

ou não apresente recurso contra a decisão do Tribunal, não há

necessidade de se rediscutir, no âmbito do Judiciário, a certeza e liquidez

da dívida, bastando que se dê início ao processo de execução. Até mesmo

a inscrição em dívida ativa é desnecessária. Portanto, pula-se uma

etapa – a do conhecimento da dívida no Judiciário -, uma vez que a

decisão do Tribunal tem força de título executivo.

Por ser constituído fora do Poder Judiciário, tal título executivo é

extrajudicial. Para que ele tenha validade e eficácia, isto é, para que

ele seja apto a fundamentar a ação de execução, é necessário que não

reste qualquer dúvida quanto à existência da obrigação e, ainda, que não

exista qualquer óbice para que a dívida seja cobrada imediatamente.

Assim, para se revestir do caráter de título executivo extrajudicial, a

decisão do Tribunal deve conter a identificação do responsável e o

valor do débito ou multa, em moeda nacional. Além disso, as

possibilidades de recurso contra a referida decisão devem ter sido

esgotadas no âmbito do Tribunal.

A fim de melhor compreendermos a eficácia das decisões dos

Tribunais de Contas, vejamos um exemplo de decisão do TCU que

imputou débito e multa ao gestor público em um processo de tomada de

contas especial:

Acórdão 42/2011-Plenário5

(...)

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do

Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1 julgar irregulares as contas do Sr. (...), condenando o responsável ao pagamento

do valor de R$ 88.500,06 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da

notificação, para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento desses valores aos

cofres da Caixa Econômica Federal, atualizados monetariamente e acrescidos dos

juros de mora (...);

9.2. aplicar ao Sr. (...) a multa referida no art. 57 da Lei nº 8.443, de 1992, no valor de

R$ 5.000,00 (...), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para

5 Disponível em: www.tcu.gov.br

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que comprove, perante o Tribunal, seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional,

atualizada monetariamente (...);

(...)

9.5 autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992, a

cobrança judicial dos valores acima, caso não atendidas as notificações, na forma da

legislação em vigor;

(...) (grifos nossos)

Como dito anteriormente, a imputação de débito tem natureza de

responsabilização civil, para ressarcimento do prejuízo causado aos

cofres públicos. Não é uma sanção. Por isso é que, no caso, o Tribunal

determinou que o prejuízo apurado, no valor de R$ 88.500,06, fosse

recolhido pelo responsável aos cofres da Caixa Econômica Federal,

empresa pública que teve seu patrimônio lesado. Dessa forma, a

condenação pretende fazer com o que o patrimônio público retorne ao

estado em que se encontrava antes de ter sido lesado pelo ato irregular

praticado do responsável.

De fato, o débito deve ser recolhido aos cofres de quem sofreu

a lesão. Se for uma entidade da administração indireta – autarquia,

fundação, empresa pública ou sociedade de economia mista – recolhe-se o

débito aos cofres da própria entidade, como no exemplo. Se for um órgão

da administração direta - suponha que ao invés da Caixa fosse o

Ministério do Turismo - recolhe-se o débito diretamente aos cofres da

União, ou seja, ao Tesouro Nacional.

Já a multa aplicada pelo TCU, sempre é recolhida aos cofres do

Tesouro Nacional. Não importa se o patrimônio lesado foi de entidade

da administração direta ou da indireta. Isso porque a multa, esta sim, é

uma sanção, de natureza pecuniária, que não visa ressarcir o prejuízo,

mas penalizar aquele que o causou. No exemplo, o Tribunal aplicou multa

de R$ 5.000, proporcional ao dano causado ao erário (LO/TCU, art. 57),

valor que o responsável deve recolher aos cofres da União, ou seja, do

Tesouro Nacional.

E se o responsável não recolher espontaneamente os valores que lhe

foram imputados, no prazo fixado pelo Tribunal? Então, a dívida deverá

ser cobrada judicialmente, como indicado no item 9.5 do nosso exemplo.

Para tanto, o instrumento da decisão do Tribunal que imputou o débito e

aplicou a multa – o Acórdão – torna a dívida líquida e certa, sendo título

executivo bastante para fundamentar a respectiva ação de execução.

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Todavia, a titularidade para promover a cobrança judicial não

pertence ao Tribunal de Contas. O Tribunal apenas decide sobre a

obrigação de ressarcimento e/ou sobre a cominação da multa, autorizando

a cobrança judicial da dívida. Por sua vez, o título executivo oriundo da

decisão condenatória deve ser executado pelos órgãos próprios do ente

destinatário dos valores devidos. O Ministério Público junto ao TCU

(MPTCU) atua como intermediário nesse processo, remetendo a

documentação necessária aos órgãos executores (LO/TCU, art. 81, III).

Assim, caso o débito deva ser recolhido aos cofres do Tesouro

Nacional, o MPTCU remete a documentação pertinente à Advocacia-Geral

da União (AGU), a quem cabe o ajuizamento da ação, por meio da

Procuradoria Geral da União (PGU). No caso de entidade que possua

procuradoria própria - como as empresas públicas e as sociedades de

economia mista federais - recairá sobre esse órgão de representação

judicial a atribuição de deflagrar o processo de execução, após receber a

documentação do MPTCU. Quanto à execução judicial da multa, sempre

está sob responsabilidade da AGU, vez que sempre é recolhida aos cofres

da União (Tesouro Nacional).

No nosso exemplo, se o responsável não comprovar o recolhimento

no prazo de 15 dias, compete à procuradoria da Caixa Econômica Federal

o ajuizamento da execução relativa ao débito de R$ 88.500,06 e à AGU o

ajuizamento da execução da multa de R$ 5.000,00. O MPTCU deve

remeter a esses órgãos a documentação necessária ao processo de

execução. Se, em um mesmo Acórdão, estiverem consignados débito e

multa em razão de dano causado ao patrimônio de órgão da

administração direta, compete à AGU a execução de ambos.

Por fim, face ao disposto no art. 37, §5º da CF, tem-se que,

constituído o título executivo, isto é, exarado o Acórdão, a cobrança do

débito, por sua natureza de ressarcimento do dano causado, é

imprescritível. Por outro lado, a imprescritibilidade não se aplica à

cobrança da multa, que é uma sanção, para a qual vale o prazo

prescricional de 5 anos (Código Civil, art. 206, §5º, I).

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Esquematizando:

Erário/cofres Cobrança por meio de

União (Tesouro Nacional) Advocacia-Geral da União (AGU), por meio

da Procuradoria Geral da União (PGU)

Estados e Distrito Federal Procuradorias dos Estados ou do DF

Municípios Prefeito ou procurador municipal

Entidades dotadas de personalidade

jurídica própria

Procuradorias próprias

Caiu na prova!

29. (TCU - ACE 2007 - Cespe) Julgue os itens seguintes, acerca das regras

constitucionais sobre o controle externo.

Todas as manifestações das cortes de contas têm valor e força coercitiva,

entretanto, só os acórdãos condenatórios têm eficácia de título executivo, ou seja,

unicamente os processos de contas, abrangendo tanto as contas anuais quanto as

contas especiais, podem ser julgados, ensejando a constituição de título executivo e

podem ter como efeito a produção de coisa julgada.

Comentário: As decisões dos Tribunais de Contas de resulte que débito

e/ou multa terão eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º). É fato que

débitos só podem ser imputados em processos de contas. Entretanto, multas

podem ser aplicadas tanto em processos de contas quanto em processos de

fiscalização. Assim, a questão é falsa ao afirmar que unicamente os

processos de contas ensejam a constituição de título executivo.

Além disso, também considero errada, ou no mínimo discutível, a

afirmação de que “todas as manifestações das cortes de contas têm valor e

força coercitiva”, haja vista as atribuições inerentes à função consultiva dos

Tribunais de Contas.

Também não é pacífico o entendimento de que a decisão dos Tribunais

de Contas produz efeito de coisa julgada. Alguns doutrinadores defendem que

o julgamento das contas de gestão pelos TC faz coisa julgada administrativa,

uma vez que a decisão não pode ser reformada por outro órgão ou Poder;

outros defendem o contrário, pois no Brasil impera o monopólio ou unidade

de jurisdição, conferida ao Poder Judiciário.

Gabarito: Errado

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(TCU - ACE 2004 - Cespe) A respeito das funções, da natureza jurídica e da

eficácia das decisões dos tribunais de contas, julgue os seguintes itens.

30. No sistema brasileiro de controle externo, em face das competências atribuídas

pela Constituição da República ao TCU, a doutrina e a jurisprudência são

majoritárias no sentido de que as decisões daquele órgão têm natureza jurisdicional

e, por isso mesmo, não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário.

Comentário: De pronto já rechaçamos a assertiva de que as decisões do

TCU não podem ser reexaminadas pelo Poder Judiciário, visto que, no

ordenamento jurídico pátrio impera o princípio da inafastabilidade da tutela

jurisdicional (CF, art. 5º, XXXV). Assim, aquele que se sinta lesado por decisão

da Corte de Contas poderá buscar junto ao STF a defesa dos seus direitos.

Todavia, lembre-se de que essa apelação ao Judiciário se faz por meio de

ação ordinária, nova e independente do processo que tramita no TCU, ou seja,

não tem natureza de recurso (apesar de utilizar-se a expressão “recorrer ao

Judiciário”). Ademais, o STF não pode reformar a decisão da Corte de Contas,

cabendo-lhe tão-somente decretar sua nulidade por irregularidade formal

grave ou manifesta ilegalidade.

Também merece destaque a afirmação de que a doutrina e a

jurisprudência são majoritárias no sentido de que as decisões do TCU têm

natureza jurisdicional. Isso não é verdade, pois o tema não é pacífico.

Os que defendem que os Tribunais de Contas não possuem jurisdição,

ou seja, que suas decisões não têm natureza jurisdicional, apoiam-se no

argumento de que o termo jurisdição pressupõe a existência de conflitos

entre partes, cabendo ao Estado, somente quando provocado, a

responsabilidade de dizer o direito, ou seja, solucionar a controvérsia.

Asseveram, então, que as atribuições conferidas ao TCU não possuem tais

características, embora o texto constitucional fale em “julgar” (CF, art. 71, I).

Segundo essa posição, a jurisdição seria privativa do Poder Judiciário.

Outros, porém, defendem a natureza jurisdicional da decisão do TCU no

julgamento das contas, decidindo a regularidade ou irregularidade, pois tal

decisão, por força de disposição constitucional, é soberana, privativa e

definitiva, não se submetendo a nenhuma outra instância revisional. Nem

mesmo ao Judiciário é permitido desconstituir o mérito do julgado do Tribunal

de Contas. Ademais, para os defensores da existência de uma jurisdição

própria e privativa do Tribunal, haveria previsão expressa para tanto no caput

do art. 73 da Constituição: “O TCU (...) tem jurisdição em todo o território

nacional (...)”, o que também está presente no art. 4º da LO/TCU.

Por fim, há aqueles que sustentam uma posição intermediária, cunhando

termos como “jurisdição anômala”, “jurisdição administrativa” ou “jurisdição

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constitucional especializada”.

Portanto, muita atenção a esse assunto na prova, principalmente em uma

eventual questão discursiva.

Gabarito: Errado

31. De acordo com a doutrina, a condenação de gestor público por parte do TCU

constitui título executivo de natureza judicial, por força da competência conferida

pelo art. 71 da Constituição àquele órgão, para julgar contas de pessoas

responsáveis por dinheiro público.

Comentário: Somente as decisões dos Tribunais de Contas de resulte

que débito e/ou multa terão eficácia de título executivo que, por ser

constituído fora do Judiciário, é dito extrajudicial.

Gabarito: Errado

32. (TCU – Procurador 2004 – Cespe) Sempre que se julgar lesado por decisão

tomada pelo TCU, o cidadão poderá recorrer ao Poder Judiciário, mas o remédio

juridicamente adequado não será a impetração de mandado de segurança contra o

ato do tribunal, seja porque as decisões deste somente podem ser desconstituídas

mediante dilação probatória, seja porque o tribunal não poderá figurar no pólo

passivo da ação mandamental.

Comentário: A via frequentemente utilizada para pleitear amparo junto ao

STF contra decisão do TCU é o mandado de segurança, ocasiões nas quais a

Corte de Contas, que possui capacidade postulatória, figura no pólo passivo

da lide.

Gabarito: Errado

33. (TCE-ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) O julgamento das

contas dos administradores e responsáveis é atribuição peculiar dos TCs, de acordo

com a CF. Como órgãos especializados no julgamento das contas, suas decisões

não estão sujeitas a revisão do Poder Judiciário, salvo quando

a) houver observância do devido processo legal.

b) o mérito da decisão envolver questões atinentes à legitimidade dos atos

praticados pelos administradores e responsáveis.

c) o MP representar contra decisão de mérito do TC.

d) a decisão alterar o entendimento do TC até então vigente.

e) houver vício de forma, como, por exemplo, a inobservância de direitos e

garantias individuais.

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Comentário: Na questão era para ser escolhida a alternativa correta.

Como se sabe, as decisões dos Tribunais de Contas estão sujeitas à revisão

do Poder Judiciário, mas só podem ser anuladas (nunca reformadas) em caso

de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. Assim, compete ao

Judiciário apenas verificar se foi observado o devido processo legal e se não

houve violação de direito individual. Portanto, somente a última alternativa se

enquadra nessas condições. Perceba a “pegadinha” logo na primeira

alternativa, pois a decisão do TCU poderia ser anulada em caso de

inobservância do devido processo legal.

Gabarito: Alternativa “e”

2. ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU

Neste tópico, trataremos de delimitar o alcance do controle exercido

pelo Tribunal, apresentando a natureza das suas fiscalizações e os sujeitos

que lhe devem prestar contas.

NATUREZA DAS FISCALIZAÇÕES

A natureza das fiscalizações do TCU está informada no art. 70 da CF:

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.

Assim, suponha que o Ministério da Educação, no âmbito do

programa fictício “Livro para Todos” tenha realizado uma licitação para

adquirir livros didáticos destinados a escolas públicas em todo o país e

uma denúncia é encaminhada ao TCU com elementos indicando possíveis

irregularidades na compra. Para apurá-la, o Tribunal poderá realizar uma

fiscalização que, dependendo do objeto da denúncia, será de natureza:

Natureza da

fiscalização

Objetos Exemplo

Contábil

Lançamentos e

escrituração contábil

Auditoria para verificar se os eventos

contábeis relacionados à aquisição dos livros

foram corretamente registrados no SIAFI.

Financeira

Arrecadação de

receitas e execução

de despesas

Acompanhamento para verificar se os

pagamentos efetuados ao fornecedor dos

livros estão de acordo com o contrato.

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Orçamentária

Elaboração e

execução dos

orçamentos

Inspeção para verificar a existência de

previsão orçamentária para a aquisição.

Operacional

Processos

administrativos e

programas de

governo

Auditoria no Programa “Livro para Todos”, a

fim de verificar se a distribuição dos livros

está beneficiando os destinatários da forma e

na medida desejada pelo Programa.

Patrimonial

Guarda e

administração de

bens móveis e imóveis

Auditoria para verificar a regularidade do

processo licitatório realizado para aquisição

dos livros.

Geralmente, as fiscalizações que o Tribunal realiza são de natureza

múltipla, envolvendo mais de um dos atributos relacionados no art. 70 da

CF. Por exemplo, o processo licitatório e os pagamentos realizados ao

fornecedor poderiam ser examinados na mesma auditoria; nessas

condições, a fiscalização teria natureza patrimonial e financeira.

Segundo o mesmo dispositivo da Constituição (art. 70, caput), os

aspectos a serem verificados nas fiscalizações, ou seja, os possíveis focos

do controle são: legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação

das subvenções e renúncia de receitas.

Já falamos sobre os três primeiros na Aula 00, mas não custa

relembrar:

Foco da fiscalização Característica Exemplo

Legalidade

Verifica se a conduta do gestor

guarda consonância com as

normas aplicáveis, de qualquer

espécie - leis, regimentos,

resoluções, portarias etc.

Geralmente, é o aspecto

predominante nas fiscalizações

de natureza contábil, financeira,

orçamentária e patrimonial.

Verificar se o processo licitatório

seguiu a Lei de Licitações; se os

pagamentos foram realizados de

acordo com a previsão

contratual; se as regras da

contabilidade pública foram

obedecidas na realização dos

lançamentos contábeis.

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Legitimidade

Verifica se o ato atende ao

interesse público, à

impessoalidade e à moralidade.

Verificar se as escolas mais

necessitadas foram atendidas ou

se, ao contrário, foram

privilegiadas aquelas cujos

responsáveis teriam relações

políticas com o Ministro.

Economicidade

Analisa a relação custo/benefício

da despesa pública, isto é, se o

gasto foi realizado com

minimização dos custos e sem

comprometimento dos padrões

de qualidade.

Verificar se o preço dos livros

está de acordo com os

referenciais de mercado ou, na

falta, se o valor pago é razoável,

compatível com a natureza e a

qualidade da publicação.

Além desses, a Constituição determina expressamente a fiscalização

da aplicação das subvenções e da renúncia de receitas, cujo exame

envolve avaliações de legalidade, legitimidade e economicidade.

Subvenção, de acordo com a Lei 4.320/1964, são transferências de

recursos orçamentários, destinadas a cobrir despesas de custeio das

entidades beneficiadas. Classificam-se em subvenções sociais quando

destinadas a órgãos ou entidades de caráter assistencial, cultural ou de

educação; e subvenções econômicas, quando se destinam a cobrir

déficits de empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial,

agrícola ou pastoril. Assim, os beneficiários deverão prestar contas da

aplicação das subvenções recebidas, sujeitando-se à devida fiscalização

pela Corte de Contas.

Renúncia de receita envolve benefícios que impliquem redução

discriminada de tributos, tais como anistia, remissão, concessão de

isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou alteração de base

de cálculo. Assim, o TCU deve fiscalizar os órgãos e entidades da União

que tenham atribuição de conceder, gerenciar ou utilizar recursos

provenientes de renúncia de receita. Existem também outros casos, fora

do âmbito tributário, que podem ser considerados renúncia de receita,

como a falta da cobrança do aluguel de um imóvel da administração

locado ou de uma multa contratual legítima em favor do erário. O gestor

que deixa de cobrar esses valores também está sujeito à fiscalização do

TCU em função da renúncia de receita.

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Eficiência, eficácia e efetividade, estudadas na Aula 00, somam-

se a esses critérios, dada a competência atribuída ao TCU para realização

de auditorias operacionais (CF, art. 71, IV), destacando-se a eficiência,

que foi elevada à categoria de princípio constitucional da administração

pública pela EC 19/98, ao lado dos princípios da legalidade, da

impessoalidade, da moralidade e da publicidade (CF, art. 37, caput).

JURISDIÇÃO DO TCU

Não obstante a polêmica sobre a existência ou não de uma jurisdição

própria dos Tribunais de Contas, emprega-se o termo para designar a

abrangência do controle externo, ou seja, a jurisdição do TCU compreende

todas as pessoas, órgãos e entidades que estão sujeitos à sua fiscalização

por determinação constitucional e legal.

O art. 73 da Constituição determina que o TCU tem jurisdição em

todo território nacional. Cuidado com a interpretação desse dispositivo,

pois a jurisdição do TCU alberga todo o território nacional, mas desde que

os recursos fiscalizados sejam públicos e federais, isto é, provenientes

do orçamento da União ou pelos quais o ente federal responda.

Já o art. 4º da LO/TCU dispõe:

Art. 4º O Tribunal de Contas da União tem jurisdição própria e privativa, em

todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas à sua

competência.

Quer dizer que somente o TCU pode dizer o direito sobre matérias

de sua competência. Assim, o dispositivo reforça o entendimento de que

o Judiciário não pode reformar o mérito das decisões do Tribunal de

Contas. Ademais, o dispositivo restringe a jurisdição do TCU - isto é, sua

capacidade de dizer o direito - somente às pessoas e matérias sujeitas à

sua competência. Por exemplo, se for constatado que determinado

servidor desviou para uso próprio uma televisão adquirida com recursos

públicos para equipar uma escola, o TCU poderá imputar débito ao

responsável, determinando o ressarcimento correspondente ao bem

desviado, assim como aplicar alguma sanção prevista na LO/TCU. Porém,

jamais o Tribunal poderá condená-lo pelo crime de peculato, pois não

possui competência para tanto, uma vez que o julgamento de crimes cabe

apenas ao Poder Judiciário.

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As pessoas sujeitas à jurisdição do TCU são especificadas nos incisos

I a IX do art. 5º da LO/TCU6, a saber:

Responsáveis por administrar recursos públicos federais

I - qualquer pessoa física, órgão ou entidade a que se refere o inciso I do art. 1°

desta Lei, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros,

bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome

desta assuma obrigações de natureza pecuniária;

Faz-se menção ao inciso I do art. 1º, que se refere aos

administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores

públicos das unidades dos poderes da União e das entidades da

administração indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas

e mantidas pelo poder público federal.

O dispositivo guarda estreita relação com o art. 70, parágrafo único

da Constituição, o qual define os responsáveis por prestar contas ao

Tribunal: qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que

administre recursos públicos. Assim, não importa a natureza da entidade,

se da administração direta ou da indireta, ou mesmo se não pertencente à

administração pública: o que importa é a origem dos recursos

administrados, os quais devem ser públicos e federais.

Portanto, estão sob a jurisdição do TCU e, por isso, sujeitas à

fiscalização do Tribunal, por exemplo:

servidor que assine, em nome da União, um contrato de aquisição

de móveis para sua repartição;

entidades da administração indireta, como Petrobras, Banco

Central, BNDES, Banco do Brasil etc.;

Organizações Sociais – OS – e Organizações da Sociedade Civil de

Interesse Público – Oscips, quanto aos recursos públicos recebidos;

conselhos de regulamentação profissional, tanto os Conselhos

Federais quanto os Conselhos Regionais, que também são

autarquias federais;

beneficiários de incentivos fiscais conferidos pela Lei do Audiovisual

e pela Lei de Incentivo à Cultura;

serviços sociais autônomos (Sebrae, Senai, Sesi, Sesc, Senac etc.); 6 O art. 5º do RI/TCU também trata da jurisdição do TCU.

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beneficiários de bolsas de estudos e projetos de pesquisa

patrocinados pelo CNPq e pela Capes;

O inciso I é bem abrangente, de modo que boa parte das situações

tratadas nos demais incisos do art. 5º poderia ser facilmente nele

enquadrada.

Responsáveis por provocar dano ao erário

II - aqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que

resulte dano ao Erário;

Tal inciso possui relação com a parte final do art. 71, inciso II da

Constituição, que estabelece competência para o TCU julgar as contas

daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de

que resulte prejuízo ao erário.

Assim, a jurisdição do TCU alcança a todos, mesmo aqueles não

envolvidos diretamente com a gestão de recursos públicos, mas que, por

qualquer razão, sejam responsáveis pela perda extravio ou outra

irregularidade de que resulte dano ao erário. Por exemplo, o soldado que

danifica ou extravia armamento de um Batalhão do Exército deverá

prestar contas ao TCU, que poderá determinar o ressarcimento do

prejuízo causado ainda que o militar não possua nenhuma

responsabilidade direta em relação à gestão financeira e patrimonial do

quartel.

Dirigentes de empresas sob responsabilidade da União

III - os dirigentes ou liquidantes das empresas encampadas ou sob intervenção

ou que de qualquer modo venham a integrar, provisória ou permanentemente, o

patrimônio da União ou de outra entidade pública federal;

Os institutos da encampação e da intervenção, nos termos da

Lei 8.987/1995, são utilizados quando empresa concessionária de serviço

público não estiver prestando adequadamente o serviço, descumprindo o

contrato de concessão. A encampação é a retomada do serviço pelo poder

concedente, de caráter definitivo, enquanto a intervenção é temporária. O

dirigente encarregado da encampação ou da intervenção, atuando em

nome da União, está sujeito à jurisdição do TCU.

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O dispositivo, porém, é mais amplo, pois abarca os dirigentes das

empresas que, de qualquer modo, venham a integrar o patrimônio da

União, provisória ou permanentemente. O RI/TCU tratou com mais

detalhes o assunto, dispondo expressamente que a jurisdição do TCU

abrange as empresas públicas e sociedades de economia mista

constituídas com recursos da União (RI/TCU, art. 5º III), ainda que

sejam de direito privado e seus servidores estejam sujeitos ao regime

celetista. Isso porque até bem pouco tempo havia polêmica em relação à

submissão ou não de empresas públicas e sociedades de economia mista

exploradoras de atividade econômica, como o Banco do Brasil, à jurisdição

do TCU. Essa questão já foi resolvida, inclusive no âmbito do STF, de

modo que hoje é pacífico que a jurisdição do TCU alcança, sim, tais

entidades.

Da mesma forma, as subsidiárias de empresas públicas e sociedades

de economia mista estão sob a jurisdição do TCU. Por exemplo, o Banco

do Brasil, uma sociedade de economia mista federal, adquiriu

recentemente o controle acionário do Banco Patagônia, da Argentina7. O

Banco estrangeiro passou, então, a integrar o patrimônio da União, de

forma indireta, na qualidade de subsidiária do Banco do Brasil. Portanto, o

Banco Patagônia está agora sob a jurisdição do TCU.

Há uma polêmica que envolve a competência do TCU para fiscalizar

diretamente as entidades fechadas de previdência complementar,

patrocinadas pelo poder público federal. Exemplos dessas entidades são a PREVI,

patrocinada pelo Banco do Brasil, a FUNCEF, patrocinada pela Caixa Econômica e a Petros,

patrocinada pela Petrobrás. A discussão é se o TCU tem competência para fiscalizar tais

entidades diretamente (competência de “primeira ordem”), ou se a fiscalização do Tribunal

deve ocorrer indiretamente, por intermédio das entidades patrocinadoras (competência de

“segunda ordem”).

O entendimento prevalecente no Tribunal é o manifestado por meio do

Acórdão 573/2006 - Plenário: “firmar o entendimento de que o Tribunal de Contas da União

é competente para fiscalizar diretamente as entidades fechadas de previdência

complementar patrocinadas pelo poder público, pelas sociedades de economia mista e

empresas públicas federais, competência esta, na terminologia do relator original,

denominada de primeira ordem”.

Recentemente, em 24/8/2011, o Tribunal negou provimento a recurso interposto

contra o referido Acórdão, decidindo por manter o entendimento acima exposto

(Acórdão 2232/2011 – Plenário).

7 Ver site de Relação com Investidores do BB em www.bb.com.br.

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Responsáveis pelas contas nacionais de empresas supranacionais

IV - os responsáveis pelas contas nacionais das empresas supranacionais de

cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do

tratado constitutivo.

A inclusão de tais responsáveis na jurisdição do TCU decorre da

competência expressa no art. 71, V da CF para o Tribunal fiscalizar as

contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital a União

participe. Ressalte-se que a jurisdição do Tribunal só alcança os gestores

das verbas federais brasileiras da empresa supranacional.

Exemplos de empresas dessa natureza são a Itaipu Binacional, a

Companhia Nacional de Promoção Agrícola e a Alcântara Cyclone Space,

das quais o governo brasileiro participa juntamente com os governos do

Paraguai, do Japão e da Ucrânia, respectivamente. Cuidado para não

confundir empresas “supranacionais” ou “binacionais” com empresas

“multinacionais”. As últimas não são controladas por entes públicos, como

a Coca-Cola, Fiat, etc.

Ressalte-se que a competência do TCU para fiscalizar empresas

supranacionais somente pode ser exercida se houver disposição

específica para tanto no tratado constitutivo dessas empresas, por

força da parte final do art. 71, V da CF e do art. 5º, IV da LO/TCU. Assim,

o TCU já se declarou impossibilitado de exercer ação jurisdicional sobre a

Itaipu Binacional, em vista da ausência de previsão nesse sentido nos atos

que a regem, estando a matéria ainda em discussão no Tribunal8.

Sistema “S” e entidades de fiscalização do exercício profissional

V - os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica de direito

privado que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse

público ou social;

O inciso se refere dirigentes dos serviços sociais autônomos, o

conhecido “Sistema S”: Sesi, Sesc, Senai, Senat, Senac, Sebrae, Sest,

Senar e Sescoop, bem como às entidades de fiscalização do exercício

de profissões regulamentadas, como: Conselho Federal de Arquitetura

e Agronomia (Confea), Conselho Federal de Contabilidade (CFC) etc., e

seus respectivos conselhos regionais.

8 Ver Decisão279/95-TCU-Plenário e Acórdão 486/2011-TCU-Plenário

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Registre-se que, por força do art. 2º, §2º da IN-TCU 63/2010, os

responsáveis pelas entidades de fiscalização do exercício profissional estão

dispensados de prestar contas ordinárias ao Tribunal, permanecendo

sujeitos às demais formas de fiscalização, como inspeções e auditorias.

Essa dispensa, todavia, pode ser revista pelo Tribunal a qualquer tempo

(LO/TCU, art. 6º). Igual tratamento não foi dado aos serviços sociais

autônomos, que continuam sujeitos a apresentar suas contas ordinárias

anualmente.

Segundo entendimento do TCU, reforçado por decisão do STF, a

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não tem qualquer vínculo com

a administração pública e, por isso, não está sujeita à fiscalização do

TCU, embora seja entidade de regulamentação profissional e arrecade

receitas de natureza parafiscal.

Demais sujeitos à fiscalização por disposição de lei

VI - todos aqueles que lhe devam prestar contas ou cujos atos estejam sujeitos à

sua fiscalização por expressa disposição de Lei;

Como exemplo do inciso VI pode-se citar o Comitê Olímpico Brasileiro

e o Comitê Paraolímpico Brasileiro, que estão sujeitos à fiscalização do

TCU por força da Lei 9.615/1998.

Responsáveis pela aplicação de recursos da União repassados a Estado,

ao Distrito Federal ou a Município

VII - os responsáveis pela aplicação de quaisquer recursos repassados pela

União, mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a

Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

Ao se referir a “convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos

congêneres”, o inciso trata das chamadas transferências voluntárias,

que não se confundem com as transferências constitucionais obrigatórias,

Por meio das transferências voluntárias, a União repassa recursos

financeiros federais a Estados, Distrito Federal e Municípios, com a

finalidade de realizar obras ou serviços de interesse comum às esferas de

governo. A competência para o TCU fiscalizar a aplicação desses recursos

está expressa no art. 71, VI da CF. Ao serem aplicados por Estado ou

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Município, os recursos das transferências voluntárias não deixam de

ser federais. Portanto, os signatários dos acordos, tanto os

representantes da União, repassadora dos recursos (concedente), como o

representante do ente que os recebe (convenente), estão sujeitos à

fiscalização do TCU. É isso mesmo, o representante do Estado ou

Município que aplica recursos oriundos de transferência voluntária da

União está sob a jurisdição do TCU e não do Tribunal de Contas do Estado

ou do Município, uma vez que os recursos aplicados são federais.

Já os recursos oriundos das transferências constitucionais

obrigatórias, como os recursos do Fundo de Participação dos Estados e do

Distrito Federal (FPE) e do Fundo de Participação dos Municípios (FPM),

pertencem originalmente ao ente recebedor, Estado ou Município, e por

isso, os responsáveis por sua aplicação estão fora da jurisdição do TCU,

sendo a responsabilidade por fiscalizá-los dos respectivos Tribunais de

Contas Estaduais ou Municipais.

Sucessores dos administradores e responsáveis

VIII - os sucessores dos administradores e responsáveis a que se refere este

artigo, até o limite do valor do patrimônio transferido, nos termos do inciso XLV

do art. 5° da Constituição Federal;

Caso o responsável venha a falecer antes de recolher o débito que

lhe foi imposto pelo TCU, seus sucessores deverão assumir o prejuízo, até

o limite do valor do patrimônio transferido. Se, por exemplo, o débito

imputado foi de R$ 100.000,00 e a herança deixada de R$ 50.000,00, os

herdeiros só precisarão pagar a dívida até o valor deixado pelo falecido,

nada mais.

Observe que o inciso faz menção ao art. 5º, XLV da CF, o qual estatui

que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a

obrigação de reparar o dano ser estendida aos sucessores. Assim, os

sucessores respondem apenas pelo valor do débito imputado pelo TCU,

até o limite do patrimônio transferido; jamais pela multa, independente

do valor da sanção ou do valor do patrimônio transferido.

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Representantes da União na assembleia-geral

IX - os representantes da União ou do Poder Público na assembléia geral das

empresas estatais e sociedades anônimas de cujo capital a União ou o Poder Público

participem, solidariamente, com os membros dos conselhos fiscal e de

administração, pela prática de atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das

respectivas sociedades.

Os representantes da União na assembleia geral das empresas das

quais ela participe, direta ou indiretamente, têm o dever de defender o

interesse público, mediante a proteção do patrimônio das referidas

sociedades. Assim, caso venham a praticar atos de gestão ruinosa ou

liberalidade de que resultem prejuízos a essas empresas, e somente

nesses casos, serão responsabilizados solidariamente com os membros

dos conselhos fiscal e de administração.

Perceba que não é todo prejuízo suportado por essas entidades que

gera a responsabilidade dos representantes da União. Isso porque

resultados ruins são comuns para as empresas que exercem

atividade econômica, uma vez que estão sujeitas às flutuações e

condições do mercado. Por isso, a lei restringe a responsabilização aos

atos de gestão ruinosa ou liberalidade à custa das respectivas

sociedades. Por exemplo, o Banco do Brasil pode perder dinheiro em um

empréstimo concedido a uma empresa agrícola, caso a safra não seja boa

naquele ano, mesmo que o Banco tenha tendo adotado medidas de

cautela, como a constituição de garantias. Entretanto, se a operação foi

autorizada em desacordo com as normas, parâmetros técnicos e praxes

aplicáveis às operações do gênero, então os representantes da União

deverão prestar contas ao TCU pelo prejuízo causado.

Quando a este inciso, vale ainda conhecer o entendimento

recentemente manifestado pelo TCU de que “a melhor leitura a ser feita

do inc. IX do art. 5º da LO/TCU é a de que a jurisdição do TCU alcança os

representantes da União nos Conselhos de Administração e Fiscal somente

das empresas em que a União participe como acionista majoritária”.

Nesse sentido, o Plenário do Tribunal decidiu que a competência para

exame dos atos praticados pelos representantes da União nos Conselhos

Fiscal e de Administração da Terracap é do Tribunal de Contas do Distrito

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Federal, e não do TCU, uma vez que a participação acionária da União na

empresa é de 49%, e a Distrito Federal, 51%9.

Esse entendimento também vale para as participações acionárias da

União detidas em empresas privadas. Por exemplo, se uma sociedade de

economia mista federal, por exemplo, a Petrobras, adquirir participação

acionária de 49% em uma determinada empresa de refinaria cujo restante

do capital votante, 51%, seja de propriedade privada, os representantes

que a Petrobras indicar para os conselhos da refinaria não estão sob a

jurisdição do TCU, uma vez que a participação da Petrobras na empresa é

minoritária, isto é, o sócio controlador não é uma entidade pública federal.

----------------------------

Com isso, terminamos o estudo da jurisdição do TCU, assunto

importante que deve ser bem compreendido, pois é recorrente nas provas

e, não raro, objeto de “pegadinhas”. Mas lembre-se: para saber se uma

pessoa ou entidade está ou não sob a jurisdição do TCU, é só verificar se

ela administra, de qualquer forma, recursos públicos federais ou

pelos quais a União responda. Caso positivo, a pessoa ou entidade está

sob a jurisdição do TCU, não importa se pessoa física ou jurídica,

pública ou privada.

Caiu na prova!

(TCU – AUFC – 2009 - Cespe) Com referência às competências do Tribunal de

Contas da União (TCU) e em conformidade com as regras constitucionais relativas

ao controle externo, julgue os itens que se seguem.

34. Se a União contratar um banco internacional para que este tome um

empréstimo, em nome da União, perante a Comunidade Europeia, tal banco estará

submetido ao dever de prestar contas à União pelo empréstimo tomado, caso venha

a concretizar a operação.

Comentário: De acordo com o parágrafo único do art. 70 da CF, prestará

contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada que assuma, em

nome da União, obrigações de natureza pecuniária. No caso, como o banco

atua em nome da União, deverá prestar-lhe contas.

Gabarito: Certo

9 Acórdão 1944/2011–TCU-Plenário.

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35. O cidadão que, em meio a uma manifestação pública, for identificado como o

responsável pela destruição de um veículo de uma universidade pública constituída

na forma de fundação, estará sujeito a julgamento pelo TCU, em razão do ato que

praticou.

Comentário: Essa é uma questão que causou polêmica. À primeira vista

estaria certa, considerando apenas a literalidade do art. 5º, II da LO/TCU,

assim como a parte final do art. 71, II da CF, os quais dispõem que o

responsável por dar causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que

resulte dano ao erário está sob a jurisdição do TCU e terá suas contas

julgadas, mesmo que não pertença à administração pública. Nesse sentido foi

o gabarito do Cespe.

Ocorre que o entendimento predominante é que o controle externo

alcança somente atos administrativos, praticados por pessoas que estejam

em função ou em nome do Estado. Atos administrativos compreendem

utilizar, arrecadar, guardar, gerenciar ou administrar dinheiros, bens e valores

públicos, ou seja, atos que envolvam receitas e despesas públicas. Em função

do Estado significa vínculo empregatício com a administração pública, seja na

administração direta ou na indireta. Já em nome do Estado quer dizer estar

realizando uma tarefa que seria atribuição do Estado, mas que, por qualquer

razão, foi repassada para um particular executar, como por exemplo, o

repasse de verbas federais para uma associação de moradores para que esta

providencie a educação das crianças da comunidade. Nesse caso, a

associação estaria agindo “em nome do Estado” e, por isso, deve prestar

contas ao TCU.

Há ainda a hipótese do conluio entre o agente público e o terceiro não

integrante da administração pública que de qualquer modo tenha concorrido

para o cometimento do dano ao erário, conforme art. 16, §2º, b, da LO/TCU. É

o caso, por exemplo, da empresa privada que, em conluio com preposto da

União, frauda procedimento licitatório para fornecer bem superfaturado à

administração pública, de modo que o excedente seja dividido entre o gestor

e o dono da empresa. Por sua participação na fraude que deu causa a prejuízo

ao erário, a empresa privada enquadra-se na jurisdição do TCU.

Assim, como o cidadão mencionado na questão, que participava de uma

manifestação pública, não praticou ato administrativo danoso ao erário em

nome ou em função do Estado, tampouco em conluio com administrador

público, conclui-se que ele não pode estar sob a jurisdição do TCU em razão

do ato que praticou. Nesse caso, o Estado teria que buscar junto ao Poder

Judiciário a recomposição do prejuízo sofrido. Como o Cespe não anulou a

questão, tenha cautela num eventual caso semelhante na prova.

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Sobre o assunto, vale a pena dar uma olhada na Súmula 186 e na

Súmula 187 do TCU, ok?

Gabarito: Certo

36. Se o governo brasileiro decidir que a PETROBRAS formará com a Bolívia uma

empresa binacional de exploração de petróleo, caberá ao TCU fiscalizar as contas

nacionais dessa nova empresa.

Comentário: O art. 71, V da CF c/c art. 5º, IV da LO/TCU inclui na

jurisdição do TCU os responsáveis pelas contas nacionais das empresas

supranacionais de cujo capital a União participe, de forma direta ou indireta.

No caso, a União participaria indiretamente da nova empresa binacional, por

intermédio da participação acionária que detém na Petrobras. Por oportuno,

cabe relembrar que o controle externo do TCU somente alcançaria as contas

nacionais da empresa binacional, e desde que houvesse previsão específica

para tanto no tratado constitutivo.

Gabarito: Certo

37. (TCU – ACE 2007 – Cespe) De acordo com a Constituição Federal, o controle

externo é competência do Congresso Nacional, responsável pela fiscalização

contábil, financeira, orçamentária e operacional da administração indireta, bem

como por fiscalizar, por intermédio do TCU, a prestação de contas das pessoas ou

empresas que não pertençam à administração pública.

Comentário: De pronto, registre-se que esta questão foi anulada “por

conter afirmações muito genéricas”. Com efeito, existem algumas

imprecisões na afirmativa. É certo que o controle externo é competência do

Congresso Nacional (CF, art. 71), responsável pela fiscalização contábil,

financeira, orçamentária e operacional (CF, art 70, caput). Faltou, no entanto,

menção às fiscalizações de natureza patrimonial, também prevista na

Constituição. O controle externo abrange tanto a administração direta quanto

a indireta (CF, art. 70). A questão só fala na administração indireta. Quanto à

parte final, lembre que o TCU tem competência para julgar as contas das

pessoas e empresas que não pertençam à administração pública, desde que

tenham sob sua responsabilidade a gestão de recursos públicos federais.

Gabarito: Anulada

38. (TCE-ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) No que concerne

à fiscalização e ao controle interno e externo dos orçamentos, assinale a opção

correta.

a) A atuação do TCU é caracterizada pela atividade jurisdicional, cabendo a

esse órgão até mesmo apreciar a constitucionalidade de atos do poder público.

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b) A decisão do TCU faz coisa julgada administrativa, não cabendo ao Poder

Judiciário examiná-la e julgá-la.

c) As sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta

federal, não estão sujeitas à fiscalização do TCU, haja vista seus servidores

estarem sujeitos ao regime celetista.

d) Ainda que as cerimônias festivas estejam previstas em lei orçamentária, o

dispêndio excessivo com elas pode ter sua legitimidade questionada pelo TCU.

e) Cabe ao TCU fiscalizar a aplicação de subvenções, que são auxílios

governamentais concedidos apenas às entidades públicas.

Comentário: Quanto à alternativa “a”, existe polêmica sobre o TCU

exercer ou não atividade jurisdicional. Vê-se que o entendimento do Cespe é

que não exerce, uma vez que as decisões do TCU podem ser examinadas pelo

Judiciário. É verdade, contudo, que o TCU, no exercício de suas atribuições,

pode apreciar a constitucionalidade de atos do poder público (Súmula 347

STF10).

Em relação à alternativa “b”, é falso que não cabe ao Poder Judiciário

examinar e julgar a decisão do TCU. Entretanto, o Judiciário apreciará tão-

somente a observância do devido processo legal e a preservação das

garantias individuais, podendo anular (mas não reformar) a decisão TCU em

caso de irregularidade formal grave ou manifesta ilegalidade. O Judiciário não

entra no mérito da decisão do TCU.

Por disposição constitucional expressa (art. 70, caput) as entidades da

administração indireta estão sujeitas ao controle externo. O art. 5º, I c/c art. 1º

da LO/TCU informa que a jurisdição do TCU abrange essas entidades. Há uma

decisão antiga do STF que retirava as sociedades de economia mista

exploradoras de atividade econômica da jurisdição do Tribunal. Contudo, tal

entendimento já foi superado, e a Suprema Corte reformou sua decisão,

reconhecendo a competência do TCU para fiscalizar as sociedades de

economia mista. Portanto, a alternativa “c” é falsa.

Quanto à alternativa “d”, é certo que o TCU, por força do art. 70, caput da

Constituição, pode questionar a legitimidade, assim como a legalidade e a

economicidade, dos gastos públicos.

Por fim, a alternativa “e” é falsa pois, embora seja competência do TCU

fiscalizar a aplicação de subvenções (art. 70, caput, CF), a Lei 4.320/1964

dispõe que elas podem ser concedidas a entidades públicas ou privadas.

Gabarito: Alternativa “d”

10 Súmula nº 347 do STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público.

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3. MAIS QUESTÕES DE PROVA

A seguir, mais algumas questões de prova comentadas sobre os

assuntos que vimos até agora:

39. (TCU – ACE 2005 – Cespe) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a

fiscalização contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do

município será exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, e

pelos sistemas de controle interno dos poderes Executivo e Legislativo municipais,

na forma da lei. Assim, o parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as

contas que o prefeito deve anualmente prestar, só deixará de prevalecer por decisão

de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

Comentário: Por simetria constitucional (CF, art. 75), a fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do município será

exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, conforme art.

31 e art. 70 da CF. Em relação ao controle interno, a Carta Magna dispõe que a

fiscalização será exercida pelos sistemas de controle interno do Poder

Executivo Municipal, na forma da lei (CF, art. 31). A Constituição não fala em

sistema de controle interno Poder Legislativo Municipal, o qual está previsto

apenas na LRF (LRF, art. 59, caput). Mas como a questão inicia com “De

acordo com a Constituição (...)”, então a afirmativa está errada.

A segunda frase, relativa ao parecer prévio emitido sobre as contas

prestadas pelo prefeito, está correta, pois é a transcrição do art. 31, §2º, da CF.

Gabarito: Errado

40. (TCU – AUFC 2010 – Cespe) O correto funcionamento de um sistema de

fiscalização exercida pelo controle interno de determinada empresa pública dispensa

a atuação do controle externo sobre aquela entidade.

Comentário: Não é razoável esperar que o TCU consiga fiscalizar com a

mesma efetividade todos os órgãos e entidades que administram recursos

públicos federais. Isso seria virtualmente impossível, pois a máquina pública é

gigantesca e o quadro de pessoal do Tribunal reduzido. Por isso, a Corte de

Contas direciona sua atuação para áreas em que estão presentes os atributos

de materialidade, relevância e risco. Materialidade diz respeito ao montante de

recursos públicos envolvidos, enquanto relevância se refere aos impactos

sociais e econômicos de determinada ação governamental. Risco, por sua vez,

entre outros aspectos, tem haver com o funcionamento do controle interno,

isto é, a capacidade que o órgão ou entidade fiscalizado possui para, por si só,

evitar e corrigir erros, falhas ou desvios de conduta na gestão dos recursos

públicos. Assim, o correto funcionamento do sistema de controle interno,

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constatado mediante avaliações específicas, é um indicativo de que, naquele

órgão, o risco de ocorrer alguma situação danosa ao patrimônio público é

menor, de modo que o Tribunal pode direcionar seus esforços para outras

áreas. Contudo, de forma alguma o correto funcionamento do sistema de

controle interno dispensa a atuação do controle externo, cujas atribuições são

inafastáveis e intrasferíveis. O controle interno possui como finalidade apoiar

o controle externo do exercício de sua missão institucional (CF, art. 74 IV). Os

gestores das unidades que possuem um bom controle interno precisam

prestar contas e estão sujeitos à fiscalização do TCU, como qualquer outro

jurisdicionado ao Tribunal.

Gabarito: Errado

41. (TCU – ACE 2007 –Cespe) A relevância do controle externo no Brasil não se

restringe aos aspectos concernentes à eficiente gestão das finanças ou à adequada

gerência administrativa do setor público. Envolve também o equilíbrio entre os

poderes na organização do Estado democrático de direito.

Comentário: A atribuição do Poder Legislativo de exercer o controle

externo da gestão pública, com o auxílio do Tribunal de Contas, está

perfeitamente alinhada com a estrutura da divisão de poderes, ou sistema de

freios e contrapesos, para restringir e limitar o poder dos governantes.

Assim, o Legislativo é o responsável por aprovar as políticas públicas,

bem como as regras para a arrecadação de receitas e a programação

orçamentária da execução das despesas, as quais devem ser seguidas e

executadas majoritariamente pelo Poder Executivo, mas também pelos

responsáveis pelas unidades administrativas dos demais Poderes,

obedecendo aos princípios da legalidade, legitimidade e economicidade. E,

buscando o equilíbrio entre os Poderes, a Constituição definiu que a prestação

de contas deve ser feita ao mesmo Poder que definiu as regras, o Legislativo,

agora com o auxílio técnico indispensável do Tribunal de Contas, que,

mediante sua ação fiscalizadora, busca garantir que a administração pública

arrecade, gaste e administre os recursos públicos dentro dos limites da lei e

do interesse geral.

Gabarito: Certo

42. (TCU – ACE 2006 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, pode-se afirmar

que

a) o Tribunal de Contas da União – TCU – é órgão vinculado ao Senado da

República.

b) as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas

respectivos, que serão integrados por sete conselheiros.

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c) as decisões do TCU não se submetem a controle judicial.

d) os Ministros do Tribunal de Contas da União têm as mesmas garantias,

prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Supremo

Tribunal Federal.

e) a titularidade do Controle Externo, no Brasil, pertence ao Tribunal de

Contas da União.

Comentário: A alternativa “a” está errada, pois a doutrina majoritária é no

sentido de que o TCU é órgão de previsão constitucional autônomo e

independente, não vinculado a nenhum Poder, nos moldes do Ministério

Público. Existem, contudo, aqueles que consideram a Corte de Contas

vinculada ao Poder Legislativo, por estar inserida no capítulo da Constituição

que trata desse Poder, e por estar associada ao Legislativo nas leis

orçamentárias e nos limites de gastos com pessoal previstos na LRF. Porém,

mesmo considerando esse entendimento, não há que se falar em vinculação

específica ao Senado da República, que é uma das Casas do Congresso

Nacional.

A alternativa “b” transcreve o parágrafo único do art. 75 da Constituição,

portanto está correta.

A alternativa “c” está errada, pois as decisões dos Tribunais de Contas se

submetem a controle judicial. No caso do TCU, ao controle do STF, que pode

anulá-las (mas não reformá-las) em caso de irregularidade formal grave ou

manifesta ilegalidade. Se o STF anular uma decisão do TCU, a Corte de Contas

deverá deliberar novamente, agora sem os vícios apontados pelo Judiciário.

A alternativa “d” está errada, pois de acordo com o art. 73, §3º da

Constituição, os Ministros do TCU terão as mesmas garantias, prerrogativas,

impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do Superior Tribunal

de Justiça (STJ), e não do STF. Atenção: os Ministros do TCU não pertencem

ao Poder Judiciário, ainda que sejam equiparados aos Ministros do STJ!

Veremos mais sobre isso em aula específica.

A alternativa “e” está errada, pois a titularidade do controle externo no

Brasil pertence ao Poder Legislativo, que o exerce com o auxílio dos Tribunais

de Contas. No âmbito federal, o titular do controle externo é Congresso

Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas da União (CF, art. 71)

Gabarito: Alternativa “b”

43. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Sobre o Controle Externo no Brasil, assinale a opção

correta.

a) Os ministros do TCU devem ser brasileiros natos.

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b) Um Tribunal de Contas Estadual não poderá julgar contas relativas a

município, mesmo que este esteja dentro do território de sua Unidade da Federação.

c) Um determinado município, caso não possua Tribunal de Contas próprio,

não poderá criá-lo.

d) O auditor, ou Ministro-Substituto, do Tribunal de Contas da União é

aposentado compulsoriamente aos 75 (setenta e cinco) anos de idade.

e) Empresas de Economia Mista não se sujeitam à fiscalização do TCU.

Comentário:

A alternativa “a” está errada, pois o cargo de Ministro do TCU não está

incluso no rol de cargos privativos de brasileiros natos previsto no art. 12, §3º

da Constituição.

A alternativa “b” está errada, pois art. 31, §1º da Constituição determina

que o controle externo dos Municípios será exercido pela Câmara Municipal,

com o auxílio dos Tribunais de Contas Estaduais. Somente onde houver, o

auxílio será prestado pelos Tribunais de Contas Municipais (órgãos

municipais).

A alternativa “c” está correta, pois o art. 31, §4º da CF veda a criação de

novos Tribunais, Conselhos ou órgãos de Contas Municipais. Somente as

cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro possuem um. Todavia, lembre que

não é vedada a criação de Tribunais de Contas dos Municípios, órgãos

técnicos estaduais responsáveis pelo controle externo de todos os municípios

do Estado.

A alternativa “d” está errada, pois o Auditor, ou Ministro-Substituto do

TCU, equipara-se a juiz de Tribunal Regional Federal (CF, art. 73, §4º), cuja

aposentadoria compulsória se dá aos 70 anos de idade (CF, art. 93, VI e art. 40,

§1º, II).

A alternativa ”e” está errada, pois o controle externo abrange todas as

entidades da administração direta e indireta, incluídas aí as sociedades de

economia mista (CF, art. 70). O entendimento antigo do STF de que essas

entidades não se submetiam à fiscalização do TCU já foi superado.

Gabarito: Alternativa “c”

44. (TCU – Auditor 2006 – Cespe) No ano de 2006, foram encaminhados ao TCU,

para fins de registro, atos de admissão de pessoal e aposentadoria de magistrados e

servidores de um tribunal regional, integrante do Poder Judiciário federal.

Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

A Constituição Federal preceitua que são Poderes, independentes e harmônicos

entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A Constituição institui, ainda, o

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Ministério Público, que é órgão autônomo, não integrante de nenhum dos poderes. A

fiscalização exercida pelo TCU sobre todos os atos administrativos que envolvam

despesas, no âmbito de todos os órgãos integrantes dos três poderes e do Ministério

Público, não é considerada uma ofensa ao princípio da independência e harmonia

dos poderes.

Comentário: Questão muito complicada e sutil. Mas serve de ensinamento

para que você tome muito cuidado nas questões em que aparecerem palavras

e expressões muito generalistas como “todos”, “sem exceção”, ou muito

restritivas como “nenhum”, “nunca”. Não quer dizer que a questão estará

sempre errada, mas que você deve redobrar a atenção. No caso, creio que o

erro está na parte “A fiscalização exercida pelo TCU sobre todos os atos

administrativos que envolvam despesas...”, uma vez que as nomeações de

pessoal para cargo de provimento em comissão, que envolvem despesas,

estão fora da competência do TCU no exame para fins de registro (CF, art. 71,

III), como veremos na próxima aula.

Gabarito: Errado

45. (TCU - ACE 2006 - ESAF) O parecer prévio sobre as contas prestadas pelo

prefeito, elaborado pelo órgão auxiliar da Câmara Municipal, é meramente indicativo,

podendo ser rejeitado pelos vereadores, por decisão tomada pela maioria simples,

presentes à deliberação a maioria absoluta dos membros da Câmara Municipal.

Comentário: O parecer prévio emitido pelo órgão competente sobre as

contas prestadas pelo Prefeito só deixará de prevalecer por decisão de dois

terços dos membros da Câmara Municipal (CF, art. 31, §2º). Assim, é preciso

que dois terços do total de vereadores votem contrariamente ao parecer para

ele deixar de prevalecer. Não importa o quórum da sessão: o número de votos

contrários mínimos ao parecer deve ser de dois terços do total de vereadores.

Dessa forma, pode-se dizer que o parecer prévio sobre as contas do Prefeito é

quase vinculativo, e não meramente indicativo, com diz a questão.

Registre-se que a regra relativa à União e aos Estados é diferente, pois a

maioria absoluta das Casas Legislativas é suficiente para aprovar o Decreto

Legislativo sobre as contas do Chefe do Poder Executivo, estando ou não em

consonância com o parecer prévio do Tribunal de Contas.

Gabarito: Errado

46. (TCE-ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) O controle externo,

a cargo do Poder Legislativo e do TC, classifica-se em político e técnico. Com

relação a esse assunto, à luz das disposições constantes na CF, assinale a opção

correta.

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a) O controle externo, nos municípios, é exercido pelas respectivas câmaras

municipais, com o auxílio dos TCs de âmbito estadual, salvo no caso dos municípios

que têm TCs próprios.

b) A fiscalização, sob o aspecto da legitimidade, é de âmbito do controle

político e, portanto, fora do alcance do TC.

c) O controle financeiro, introduzido pela CF, permite verificar se os objetivos

foram atingidos, se os meios utilizados foram os mais adequados e se foi obtido o

menor custo possível.

d) O exame da economicidade permite verificar se uma obra ou serviço foi

realizado ao menor custo possível, diferentemente da eficiência, que tem como foco

o custo adequado, razoável e pertinente.

e) A avaliação da relação custo-benefício, pela sua transcendência, está

circunscrita ao controle político, razão pela qual ultrapassa as competências dos

TCs.

Comentário: A alternativa “a” está correta, de acordo com o art. 31, §1º da

CF. Lembrando que os Tribunais de Contas de âmbito estadual podem ser os

próprios Tribunais de Contas dos Estados ou ainda os Tribunais de Contas

dos Municípios, responsáveis exclusivamente pelo controle externo dos

Municípios do Estado.

A alternativa “b” está errada, pois o TC pode apreciar a legitimidade dos

atos de gestão. É certo que o controle externo de natureza política, exercido

pelo Poder Legislativo, cuja expressão mais contundente é o julgamento das

contas prestadas pelo Chefe do Executivo, pode vir a apreciar aspectos de

legitimidade, que inclui a moralidade e a impessoalidade das práticas

administrativas. Todavia, isso não exclui a possibilidade de que o Tribunal de

Contas, no exercício de suas atribuições técnicas de controle externo, também

examine a legitimidade dos atos praticados pelos gestores de recursos

públicos. Aliás, avaliações dessa natureza ocorrem frequentemente nas

fiscalizações realizadas pelo TCU. Tanto o controle político, a cargo do

Legislativo, quanto o técnico, a cargo do Tribunal de Contas, podem avaliar os

aspectos de legalidade, legitimidade e economicidade, nos termos do art. 70

da CF.

A alternativa “c” está errada, pois se refere aos controles de eficácia e

eficiência e economicidade, respectivamente. As fiscalizações de natureza

financeira, previstas no caput do art. 70 da CF, têm por objetivo verificar,

essencialmente, a arrecadação de receitas e a execução de despesas.

A alternativa “d” está errada, pois tanto as verificações de economicidade

quanto as de eficiência buscam verificar se a obra ou serviço foi realizado a

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custo adequado, razoável e pertinente. É lógico que o menor custo é sempre

desejável, porém não deve haver comprometimento dos padrões de qualidade.

Por fim, a alternativa “e” está errada, pois a avaliação da relação

custo/benefício, referente aos controles de economicidade e eficiência, é tarefa

diuturnamente realizada pelos Tribunais de Contas.

Gabarito: Alternativa “a”

47. (TCU – Procurador 2004 – Cespe) Os liquidantes de empresas sob intervenção

do poder público federal são nomeados pela autoridade competente para decretar a

intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à jurisdição do

TCU, mas sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a responsabilidade

pelos atos daquele.

Comentário: O art. 5º, III da LO/TCU coloca sob a jurisdição do TCU os

próprios liquidantes das empresas sob intervenção, pois eles são diretamente

responsáveis pelos atos que praticarem em nome da União.

Gabarito: Errado

(TCU - ACE 2004 - Cespe) Em relação às regras constitucionais sobre o controle

externo, julgue os itens que se seguem.

48. Nos termos da Constituição da República, pode o TCU, em certos casos,

apreciar elementos de discricionariedade envolvidos nos atos da administração

pública e aspectos ligados à gestão das respectivas entidades e ao desempenho

das funções destas; não precisa sempre ater-se unicamente à conformidade desses

atos com as normas jurídicas aplicáveis, sob o prisma da legalidade.

Comentário: De acordo com o caput do art. 70 da CF, a fiscalização

contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos órgãos e

entidades da União deverá ser realizada, essencialmente, tendo como foco os

seguintes critérios: legalidade, legitimidade e economicidade. Quando se

examina a legitimidade, alguns aspectos de discricionariedade podem ser

questionados, especialmente os ligados à moralidade e à impessoalidade,

como, por exemplo, a escolha feita pelo gestor para executar determinada obra

visivelmente supérflua em detrimento de outra, sabidamente necessária para a

população. Todavia, cuidado com esse conceito: o TCU não avalia aspectos de

conveniência e oportunidade do ato administrativo, caso estejam dentro do

limite razoável de discricionariedade do gestor. No exemplo acima, se

existissem duas destinações legítimas para o recurso, e o gestor escolhesse

uma delas, não caberia ao TCU questionar a escolha.

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Por sua vez, na avaliação da economicidade, verificam-se aspectos

ligados à gestão que podem ter como consequência a prática de atos

antieconômicos, como a interrupção de uma obra importante em função de

falhas no planejamento do gestor público.

Gabarito: Certo

49. Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada.

Comentário: A decisão do TCU de que resulte imputação de débito e

multa terá eficácia de título executivo (CF, art. 71, §3º). Como o Tribunal pode

imputar débito e multa a empresa privada, por exemplo, caso a empresa

cometa fraude em licitação em conluio com gestor público, então é correto

afirmar que o TCU pode constituir título executivo contra empresa privada.

Gabarito: Certo

50. Juridicamente, é possível ao TCU tomar contas de sociedade comercial

estrangeira, em certas situações.

Comentário: Sim, um exemplo real é o Banco Patagônia, com sede na

Argentina, que passará a prestar contas ao TCU após ter seu controle

adquirido pelo Banco do Brasil.

Gabarito: Certo

51. (TCU – ACE 2000 – ESAF) O Tribunal de Contas da União tem a sua jurisdição:

a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal;

b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos;

c) extensiva aos representantes da União nas Assembleias Gerais das

entidades estatais;

d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a

União participe;

e) restrita a agentes públicos federais.

Comentário: Vamos ver cada alternativa: (a) errada, pois a jurisdição do

TCU abrange, por exemplo, beneficiários de bolsas de estudo do Capes

(LO/TCU, art. 5ª, I), herdeiros de administradores (LO/TCU, art. 5ª, VIII), prefeito

que aplica recurso de convênio celebrado com a União (LO/TCU, art. 5ª, VII), os

quais não fazem parte da Administração Pública Federal; (b) errada, pois

abrange os sucessores de administradores, que não são responsáveis por

bens e valores públicos (LO/TCU, art. 5ª, VIII); (c) certa, conforme LO/TCU,

art. 5ª, IX; (d) errada, pois somente abrange os responsáveis pelas contas

nacionais, e não todos os dirigentes de empresas supranacionais de cujo

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capital a União participa (LO/TCU, art. 5ª, IV); (e) errada, pois abrange agente

público estadual ou municipal que administre recursos federais repassados

mediante convênios ou outros instrumentos congêneres (LO/TCU, art. 5ª, VII).

Gabarito: Alternativa c

(TCE/BA – Procurador 2010 – Cespe ) Acerca da natureza dos tribunais de contas

e do exercício de suas missões institucionais, julgue os itens seguintes.

52. A execução das decisões que resultem em imputação de débito ou multa cabe

aos tribunais de contas.

Comentário: As decisões dos tribunais de contas de que resulte

imputação de débito ou multa terão eficácia de título executivo (CF, art. 71,

§3º). Entretanto, a execução dessas decisões não cabe ao TC. No âmbito

federal, na maioria dos casos a execução fica a cargo da AGU; nos demais a

execução é feita pelas procuradorias próprias das entidades.

Gabarito: Errado

53. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) Vêm-se ampliando, consideravelmente, as

hipóteses de participação popular no controle da administração. O exercício desse

controle mediante ação popular, por exemplo, no que diz respeito à lesão ao

patrimônio público, é bastante abrangente, mas não abrange

a) as organizações não-governamentais mantidas com recursos de instituições

públicas internacionais.

b) as pessoas jurídicas subvencionadas pelos cofres públicos.

c) os serviços sociais autônomos.

d) as fundações públicas.

e) as entidades com participação minoritária do Estado.

Comentário: Como vimos na Aula 00, uma das formas de controle social é

a possibilidade de qualquer cidadão propor ação popular que vise anular ato

lesivo: (i) ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; (ii) à

moralidade administrativa; (iii) ao meio ambiente; e (iv) ao patrimônio histórico

e cultural (CF, art. 5º, LXXIII). Portanto, a alternativa “a” é a única que não se

enquadra nos possíveis objetos de uma ação popular, por não envolver

patrimônio público nacional.

Gabarito: Alternativa a

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54. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) A CF, ao estender aos tribunais e conselhos de

contas dos estados, do Distrito Federal e dos municípios as disposições aplicáveis

no âmbito da União, destacou, como um dos aspectos objeto do controle, a

legitimidade, que envolve diversos critérios.

Não faz parte dessas considerações o exame da

a) conveniência.

b) legalidade.

c) prioridade.

d) pertinência.

e) oportunidade.

Comentário: O exame de legitimidade vai além da mera verificação das

formalidades legais, adentrando em aspectos da discricionariedade do gestor,

como conveniência, oportunidade, prioridade e pertinência, sempre que esses

ultrapassem a razoabilidade. Mas lembre-se: o controle de legitimidade deve

ser feito com cautela, para não invadir os limites de atuação da administração.

O órgão de controle não pode substituir o gestor.

Gabarito: Alternativa b

55. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) A empresa supranacional encontra-se sob a

jurisdição dos órgãos de controle externo, desde que a União detenha, de forma

direta ou indireta, a maioria do capital social dessa empresa, nos termos do seu

tratado constitutivo.

Comentário: As contas nacionais das empresas supranacionais de cujo

capital a União participe, de forma direta ou indireta, estão sob a jurisdição do

TCU, independentemente do percentual da participação da União. Mas lembre

de que o TCU somente poderá exercer suas atribuições de fiscalização se

houver previsão nesse sentido no tratado constitutivo da empresa.

Gabarito: Errado

56. (TJ/PI – Juiz de Direito Substituto 2007 – Cespe) As decisões do TCU são

vinculantes para a Administração Pública.

Comentário: Questão maliciosa. O Cespe a considerou errada. Creio que

a razão é porque as decisões do TCU são vinculantes para a Administração

Pública Federal, vale dizer, para aqueles que administrem recursos oriundos

do orçamento União. Como somente se falou em “Administração Pública”, a

expressão poderia abranger as administrações dos recursos estaduais e

municipais, que estão fora da jurisdição do TCU.

Gabarito: Errado

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É isso pessoal, por ora ficamos por aqui. Não esqueçam que logo a

seguir ainda tem o “Resumão da Aula”. Preferi colocá-lo em uma página

nova a fim de facilitar a vida daqueles que gostam de estudar na fila do

banco ou na sala de espera para falar com o chefe. Assim, caso prefiram,

vocês podem levar somente o resumo, ao invés da aula toda. Ele também

pode ser uma ótima fonte de consulta para revisar a matéria nos dias que

antecedem a prova. Procurarei sempre resumir os pontos mais

importantes das aulas em, no máximo, duas páginas, tá certo?

Qualquer dúvida postem no fórum ou me encaminhem por e-mail.

Na próxima aula, vamos começar o estudo das competências

constitucionais do TCU, assunto bacana, vocês vão ver.

Força na preparação, a recompensa vale a pena!

Bons estudos!

ERICK ALVES

[email protected]

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RESUMÃO DA AULA

TRIBUNAIS DE CONTAS: FUNÇÕES , NATUREZA JURÍDICA E EFICÁCIA DAS DECISÕES

Funções dos Tribunais de Contas:

Funções Exemplos

Fiscalizadora Realizar auditorias e inspeções; fiscalizar recursos de convênios.

Judicante Julgar as contas dos administradores públicos ou daqueles que causarem dano ao erário.

Sancionadora Aplicar multa; inabilitar responsável para exercício de cargo em comissão.

Consultiva Emitir parecer prévio sobre as contas do Chefe do Executivo; responder a consultas.

Informativa Prestar informações solicitadas pelo Congresso Nacional; informações à Justiça Eleitoral.

Corretiva Emitir determinações; fixar prazo para o cumprimento da lei.

Normativa Expedir instruções e atos normativos sobre matérias de sua competência.

Ouvidoria Receber denúncias e representações sobre irregularidades.

Pedagógica Emitir recomendações sobre boas práticas de gestão.

Natureza jurídica dos

Tribunais de Contas

Órgãos administrativos, sem personalidade jurídica;

De estatura constitucional, autônomos e independentes;

Não subordinados a nenhum Poder;

Associados ao Poder Legislativo para fins orçamentários e de

responsabilidade fiscal;

Possuem capacidade para figurar em juízo, ativa ou passivamente;

Natureza jurídica e

eficácia das decisões

dos Tribunais de

Contas

Decisões possuem natureza administrativa;

Decisões podem ser anuladas pelo Judiciário, apenas nos casos de vício

formal ou ilegalidade manifesta. Não podem ser reformadas;

Decisões que imputem débito ou multa têm eficácia de título executivo

extrajudicial;

O débito deve recolhido aos cofres da entidade que sofre o prejuízo;

A multa sempre é recolhida aos cofres do Tesouro Nacional;

O título executivo da decisão condenatória deve ser executado pelos

órgãos próprios do ente destinatário dos valores devidos;

A cobrança do débito decorrente de decisão do TC é imprescritível; A

imprescritibilidade não se aplica à multa.

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ABRANGÊNCIA DO CONTROLE EXERCIDO PELO TCU

CF, art. 70. caput

Natureza das fiscalizações:

Contábil

Financeira

Orçamentária

Operacional

Patrimonial

Aspectos a serem verificados:

Legalidade

Legitimidade

Economicidade

Aplicação das subvenções

Renúncia de receitas

JURISDIÇÃO DO TCU: própria e privativa em todo o território nacional, sobre as pessoas e matérias sujeitas

à sua competência (LO/TCU, art. 4º).

Para saber se uma pessoa ou entidade está ou não sob a jurisdição do TCU: verificar se ela administra, de

qualquer forma, recursos públicos federais ou pelos quais a União responda. Caso positivo, a pessoa ou

entidade está sob a jurisdição do TCU, não importa se pessoa física ou jurídica, pública ou privada.

Jurisdição do TCU (LO/TCU, art. 5º; RI/TCU, art. 5º) Observações

Responsáveis por administrar recursos públicos

federais

Qualquer pessoa que utilize, arrecade, guarde,

gerencie ou administre recursos públicos federais.

Responsáveis por provocar dano ao erário Deve estar em nome ou em função do Estado, ou

causar o dano em conluio com agente público.

Dirigentes de empresas sob responsabilidade da

União

Encampadas e sob intervenção, assim como

empresas públicas, sociedades de economia mista e

suas subsidiárias, constituídas com recursos federais.

Responsáveis pelas contas nacionais de empresas

supranacionais

Deve haver previsão sobre a fiscalização do TCU no

tratado constitutivo da empresa supranacional.

Sistema “S” e entidades de fiscalização do exercício

profissional

EFEP estão dispensadas de apresentar contas anuais,

estando sujeitas às demais formas de fiscalização.

Sistema “S” não está dispensado.

Demais sujeitos à fiscalização por disposição de lei Exemplo do Comitê Olímpico Brasileiro.

Responsáveis pela aplicação de recursos da União

repassados a Estado, ao Distrito Federal ou a

Município

Refere-se às transferências voluntárias. Os recursos

não deixam de ser federais, por isso o TCU fiscaliza a

aplicação.

Sucessores dos administradores e responsáveis Somente até o limite do patrimônio transferido.

Respondem apenas pelo débito, jamais pela multa.

Representantes da União na assembleia-geral Respondem apenas pelos atos de gestão ruinosa ou

liberalidade. Somente participações majoritárias.

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QUESTÕES COMENTADAS NA AULA

25. (TCU – ACE 2007 – Cespe) A função judicante é expressa quando o TCU

exerce a sua competência infraconstitucional de julgar as contas de gestão dos

administradores públicos. Entretanto, no tocante às prestações de contas

apresentadas pelo governo federal, compete ao TCU apenas apreciá-las e emitir

parecer prévio, já que compete ao Congresso Nacional julgá-las, com base na

emissão do parecer emitido pela comissão mista permanente de senadores e

deputados.

26. (TCDF – Procurador 2002 – Cespe) Com relação aos tribunais de contas, entre

as inovações introduzidas pela LRF, encontra-se a instituição da função cautelar

de alertar os demais Poderes ou órgãos nas situações que especifique.

27. (TCE/ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) Na CF, o controle

externo foi consideravelmente ampliado. Nesse sentido, as funções que os TCs

desempenham incluem a

a) sancionatória, quando se aprovam as contas dos dirigentes e responsáveis

por bens e valores públicos.

b) de julgamento, quando se emite parecer prévio sobre as contas anuais dos

chefes de poder ou órgão.

c) de ouvidor, quando se respondem e esclarecem as dúvidas de servidores

sobre a aplicação da legislação orçamentária e financeira.

d) corretiva, quando se aplicam multas e outras penalidades aos responsáveis

por irregularidades.

e) de fiscalização financeira, quando se registram os atos de admissão do

pessoal efetivo.

28. (TCU – ACE 2008 - Cespe) (...) discorra, de forma fundamentada e de acordo

com a Constituição Federal brasileira, sobre os seguintes aspectos:

< natureza jurídica do TCU;

< relação entre o TCU e o Poder Legislativo;

< eventual vinculação hierárquica da Corte de Contas com o Congresso

Nacional.

29. (TCU - ACE 2007 - Cespe) Julgue os itens seguintes, acerca das regras

constitucionais sobre o controle externo.

Todas as manifestações das cortes de contas têm valor e força coercitiva,

entretanto, só os acórdãos condenatórios têm eficácia de título executivo, ou

seja, unicamente os processos de contas, abrangendo tanto as contas anuais

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quanto as contas especiais, podem ser julgados, ensejando a constituição de

título executivo e podem ter como efeito a produção de coisa julgada.

(TCU - ACE 2004 - Cespe) A respeito das funções, da natureza jurídica e da

eficácia das decisões dos tribunais de contas, julgue os seguintes itens.

30. No sistema brasileiro de controle externo, em face das competências atribuídas

pela Constituição da República ao TCU, a doutrina e a jurisprudência são

majoritárias no sentido de que as decisões daquele órgão têm natureza

jurisdicional e, por isso mesmo, não podem ser reexaminadas pelo Poder

Judiciário.

31. De acordo com a doutrina, a condenação de gestor público por parte do TCU

constitui título executivo de natureza judicial, por força da competência conferida

pelo art. 71 da Constituição àquele órgão, para julgar contas de pessoas

responsáveis por dinheiro público.

32. (TCU – Procurador 2004 – Cespe) Sempre que se julgar lesado por decisão

tomada pelo TCU, o cidadão poderá recorrer ao Poder Judiciário, mas o remédio

juridicamente adequado não será a impetração de mandado de segurança

contra o ato do tribunal, seja porque as decisões deste somente podem ser

desconstituídas mediante dilação probatória, seja porque o tribunal não poderá

figurar no pólo passivo da ação mandamental.

33. (TCE/ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) O julgamento das

contas dos administradores e responsáveis é atribuição peculiar dos TCs, de

acordo com a CF. Como órgãos especializados no julgamento das contas, suas

decisões não estão sujeitas a revisão do Poder Judiciário, salvo quando

a) houver observância do devido processo legal.

b) o mérito da decisão envolver questões atinentes à legitimidade dos atos

praticados pelos administradores e responsáveis.

c) o MP representar contra decisão de mérito do TC.

d) a decisão alterar o entendimento do TC até então vigente.

e) houver vício de forma, como, por exemplo, a inobservância de direitos e

garantias individuais.

(TCU – AUFC 2009 - Cespe) Com referência às competências do Tribunal de

Contas da União (TCU) e em conformidade com as regras constitucionais

relativas ao controle externo, julgue os itens que se seguem.

34. Se a União contratar um banco internacional para que este tome um empréstimo,

em nome da União, perante a Comunidade Europeia, tal banco estará submetido

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ao dever de prestar contas à União pelo empréstimo tomado, caso venha a

concretizar a operação.

35. O cidadão que, em meio a uma manifestação pública, for identificado como o

responsável pela destruição de um veículo de uma universidade pública

constituída na forma de fundação, estará sujeito a julgamento pelo TCU, em

razão do ato que praticou.

36. Se o governo brasileiro decidir que a PETROBRAS formará com a Bolívia uma

empresa binacional de exploração de petróleo, caberá ao TCU fiscalizar as

contas nacionais dessa nova empresa.

37. (TCU – ACE 2007 – Cespe) De acordo com a Constituição Federal, o controle

externo é competência do Congresso Nacional, responsável pela fiscalização

contábil, financeira, orçamentária e operacional da administração indireta, bem

como por fiscalizar, por intermédio do TCU, a prestação de contas das pessoas

ou empresas que não pertençam à administração pública.

38. (TCE/ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) No que concerne à

fiscalização e ao controle interno e externo dos orçamentos, assinale a opção

correta.

a) A atuação do TCU é caracterizada pela atividade jurisdicional, cabendo a

esse órgão até mesmo apreciar a constitucionalidade de atos do poder

público.

b) A decisão do TCU faz coisa julgada administrativa, não cabendo ao Poder

Judiciário examiná-la e julgá-la.

c) As sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta

federal, não estão sujeitas à fiscalização do TCU, haja vista seus servidores

estarem sujeitos ao regime celetista.

d) Ainda que as cerimônias festivas estejam previstas em lei orçamentária, o

dispêndio excessivo com elas pode ter sua legitimidade questionada pelo

TCU.

e) Cabe ao TCU fiscalizar a aplicação de subvenções, que são auxílios

governamentais concedidos apenas às entidades públicas.

39. (TCU – ACE 2005 – Cespe) De acordo com a Constituição Federal de 1988, a

fiscalização contábil, orçamentária, financeira, operacional e patrimonial do

município será exercida pelo Legislativo municipal, mediante controle externo, e

pelos sistemas de controle interno dos poderes Executivo e Legislativo

municipais, na forma da lei. Assim, o parecer prévio, emitido pelo órgão

competente sobre as contas que o prefeito deve anualmente prestar, só deixará

de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.

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40. (TCU – AUFC 2010 – Cespe) O correto funcionamento de um sistema de

fiscalização exercida pelo controle interno de determinada empresa pública

dispensa a atuação do controle externo sobre aquela entidade.

41. (TCU – ACE 2007 –Cespe) A relevância do controle externo no Brasil não se

restringe aos aspectos concernentes à eficiente gestão das finanças ou à

adequada gerência administrativa do setor público. Envolve também o equilíbrio

entre os poderes na organização do Estado democrático de direito.

42. (TCU – ACE 2006 - ESAF) Nos termos da Constituição Federal, pode-se afirmar

que

a) o Tribunal de Contas da União – TCU – é órgão vinculado ao Senado da

República.

b) as Constituições estaduais disporão sobre os Tribunais de Contas

respectivos, que serão integrados por sete conselheiros.

c) as decisões do TCU não se submetem a controle judicial.

d) os Ministros do Tribunal de Contas da União têm as mesmas garantias,

prerrogativas, impedimentos, vencimentos e vantagens dos Ministros do

Supremo Tribunal Federal.

e) a titularidade do Controle Externo, no Brasil, pertence ao Tribunal de Contas

da União.

43. (TCU - ACE 2006 - ESAF) Sobre o Controle Externo no Brasil, assinale a opção

correta.

a) Os ministros do TCU devem ser brasileiros natos.

b) Um Tribunal de Contas Estadual não poderá julgar contas relativas a

município, mesmo que este esteja dentro do território de sua Unidade da

Federação.

c) Um determinado município, caso não possua Tribunal de Contas próprio,

não poderá criá-lo.

d) O auditor, ou Ministro-Substituto, do Tribunal de Contas da União é

aposentado compulsoriamente aos 75 (setenta e cinco) anos de idade.

e) Empresas de Economia Mista não se sujeitam à fiscalização do TCU.

44. (TCU – Auditor 2006 – Cespe) No ano de 2006, foram encaminhados ao TCU,

para fins de registro, atos de admissão de pessoal e aposentadoria de

magistrados e servidores de um tribunal regional, integrante do Poder Judiciário

federal. Considerando essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

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A Constituição Federal preceitua que são Poderes, independentes e harmônicos

entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A Constituição institui, ainda, o

Ministério Público, que é órgão autônomo, não integrante de nenhum dos

poderes. A fiscalização exercida pelo TCU sobre todos os atos administrativos

que envolvam despesas, no âmbito de todos os órgãos integrantes dos três

poderes e do Ministério Público, não é considerada uma ofensa ao princípio da

independência e harmonia dos poderes.

45. (TCU - ACE 2006 - ESAF) O parecer prévio sobre as contas prestadas pelo

prefeito, elaborado pelo órgão auxiliar da Câmara Municipal, é meramente

indicativo, podendo ser rejeitado pelos vereadores, por decisão tomada pela

maioria simples, presentes à deliberação a maioria absoluta dos membros da

Câmara Municipal.

46. (TCE/ES – Procurador Especial de Contas 2009 – Cespe) O controle externo,

a cargo do Poder Legislativo e do TC, classifica-se em político e técnico. Com

relação a esse assunto, à luz das disposições constantes na CF, assinale a

opção correta.

a) O controle externo, nos municípios, é exercido pelas respectivas câmaras

municipais, com o auxílio dos TCs de âmbito estadual, salvo no caso dos

municípios que têm TCs próprios.

b) A fiscalização, sob o aspecto da legitimidade, é de âmbito do controle político

e, portanto, fora do alcance do TC.

c) O controle financeiro, introduzido pela CF, permite verificar se os objetivos

foram atingidos, se os meios utilizados foram os mais adequados e se foi

obtido o menor custo possível.

d) O exame da economicidade permite verificar se uma obra ou serviço foi

realizado ao menor custo possível, diferentemente da eficiência, que tem

como foco o custo adequado, razoável e pertinente.

e) A avaliação da relação custo-benefício, pela sua transcendência, está

circunscrita ao controle político, razão pela qual ultrapassa as competências

dos TCs.

47. (TCU – Procurador 2004 – Cespe) Os liquidantes de empresas sob intervenção

do poder público federal são nomeados pela autoridade competente para

decretar a intervenção; nesses casos, a pessoa do liquidante não está sujeita à

jurisdição do TCU, mas sim, à da autoridade que o nomeou, pois será dela a

responsabilidade pelos atos daquele.

(TCU - ACE 2004 - Cespe) Em relação às regras constitucionais sobre o

controle externo, julgue os itens que se seguem.

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48. Nos termos da Constituição da República, pode o TCU, em certos casos,

apreciar elementos de discricionariedade envolvidos nos atos da administração

pública e aspectos ligados à gestão das respectivas entidades e ao desempenho

das funções destas; não precisa sempre ater-se unicamente à conformidade

desses atos com as normas jurídicas aplicáveis, sob o prisma da legalidade.

49. Pode o TCU constituir título executivo contra empresa privada.

50. Juridicamente, é possível ao TCU tomar contas de sociedade comercial

estrangeira, em certas situações.

51. (TCU – ACE 2000 – ESAF) O Tribunal de Contas da União tem a sua jurisdição:

a) restrita a órgãos e entidades da Administração Pública Federal;

b) restrita aos responsáveis por bens e valores públicos;

c) extensiva aos representantes da União nas Assembleias Gerais das

entidades estatais;

d) extensiva aos dirigentes das empresas supranacionais de cujo capital a

União participe;

e) restrita a agentes públicos federais.

52. (TCE/BA – Procurador 2010 – Cespe ) A execução das decisões que resultem

em imputação de débito ou multa cabe aos tribunais de contas.

53. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) Vêm-se ampliando, consideravelmente, as

hipóteses de participação popular no controle da administração. O exercício

desse controle mediante ação popular, por exemplo, no que diz respeito à lesão

ao patrimônio público, é bastante abrangente, mas não abrange

a) as organizações não-governamentais mantidas com recursos de instituições públicas internacionais.

b) as pessoas jurídicas subvencionadas pelos cofres públicos.

c) os serviços sociais autônomos.

d) as fundações públicas.

e) as entidades com participação minoritária do Estado.

54. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) A CF, ao estender aos tribunais e conselhos de

contas dos estados, do Distrito Federal e dos municípios as disposições

aplicáveis no âmbito da União, destacou, como um dos aspectos objeto do

controle, a legitimidade, que envolve diversos critérios.

Não faz parte dessas considerações o exame da

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a) conveniência.

b) legalidade.

c) prioridade.

d) pertinência.

e) oportunidade.

55. (TCE/AC – ACE 2009 – Cespe) A empresa supranacional encontra-se sob a

jurisdição dos órgãos de controle externo, desde que a União detenha, de forma

direta ou indireta, a maioria do capital social dessa empresa, nos termos do seu

tratado constitutivo.

56. (TJ/PI – Juiz de Direito Substituto 2007 – Cespe) As decisões do TCU são

vinculantes para a Administração Pública.

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Gabarito

25) E 26) C 27) e 28) - 29) E 30) E 31) E 32) E

33) e 34) C 35) C 36) C 37) X 38) d 39) E 40) E

41) C 42) b 43) c 44) E 45) E 46) a 47) E 48) C

49) C 50) C 51) c 52) E 53) a 54) b 55) E 56) E

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Referências:

Aguiar, A. G. Aguiar, M. P. O Tribunal de Contas na ordem constitucional. 2 ed. Belo

Horizonte: Fórum, 2008.

Aguiar, U.D. Albuquerque, M.A.S. Medeiros, P.H.R. A administração Pública sob a

perspectiva do controle externo. Belo Horizonte: Fórum, 2011.

Brasil. Tribunal de Contas da União. Conhecendo o Tribunal. 4 ed. Brasília: TCU, 2008.

Chaves, F.E.C. Controle externo da gestão pública: a fiscalização pelo Legislativo e

pelos Tribunais de Contas. 2 ed. Niterói: Impetus, 2009.

Lima, L.H. Controle externo: teoria, jurisprudência e mais de 500 questões. 4 ed. Rio

de Janeiro: Elsevier, 2011.

Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 35 ed. São Paulo: Malheiros, 2009.

Sites consultados:

Cespe: www.cespe.unb.br

Tribunal de Contas da União: www.tcu.gov.br