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Psicomotricidade Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

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Módulo I

Parabéns por participar de um curso dos

Cursos 24 Horas.

Você está investindo no seu futuro!

Esperamos que este seja o começo de

um grande sucesso em sua carreira.

Desejamos boa sorte e bom estudo!

Em caso de dúvidas, contate-nos pelo

site

www.Cursos24Horas.com.br

Atenciosamente

Equipe Cursos 24 Horas

Sumário

Introdução..................................................................................................................... 3

Unidade 1 – Conceitos Gerais: Psicomotricidade .......................................................... 4

1.1 – Contextualização histórica................................................................................ 4

1.2 – Princípios e conceitos da psicomotricidade ....................................................... 9

1.3 – Ser humano: filogênese, ontogênese e retrogênese.......................................... 13

1.4 – Desenvolvimento humano .............................................................................. 17

1.5 – Diagnóstico, intervenção e avaliação .............................................................. 21

Unidade 2 – Campos de Atuação do Profissional ........................................................ 25

2.1 – A psicomotricidade na educação infantil......................................................... 25

2.2 – Psicomotricidade no âmbito hospitalar............................................................ 34

2.3 – Tratamentos específicos na terceira idade ....................................................... 39

2.4 – Desenvolvimento da linguagem nos primeiros anos de vida............................ 45

2.5 – Educação especial e inclusão social ................................................................ 51

Conclusão do Módulo I............................................................................................... 61

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Introdução

Olá!

Neste curso, trataremos dos conceitos gerais da psicomotricidade. Analisaremos

o contexto histórico, bem como os seus princípios e desenvolvimento. Posteriormente,

veremos os aspectos que constituem o ser humano, tais como a filogênese, ontogênese e

a retrogênese.

Em um segundo momento, veremos quais os campos de atuação do profissional

psicomotricista. Também trataremos da psicomotricidade na educação infantil, desde os

primeiros anos de escola. Abordaremos a psicomotricidade particularmente no âmbito

hospitalar, além dos tratamentos específicos na terceira idade.

Ainda nessa unidade, analisaremos os aspectos da psicomotricidade aplicados no

desenvolvimento da Linguagem nos primeiros anos de vida, inserindo o tema de nosso

trabalho – psicomotricidade – na educação especial, bem como sua contribuição no

processo de inclusão social.

Abordaremos o tema do “desenvolvimento motor” e a psicomotricidade aplicada

em testes de avaliação. Da mesma forma, veremos a relação entre a linguagem e a

psicomotricidade, além de avaliar os benefícios das atividades lúdicas. Analisaremos

também, a relação entre atividades físicas e psicomotricidade. Ao fim desta unidade,

discutiremos as relações interpessoais em diversos contextos.

Na última unidade do nosso curso, veremos as abordagens cognitivas e

filosóficas. Igualmente, analisaremos os estudos das emoções neuropsicológicas em

diversos aspectos. Por fim, veremos os desdobramentos da inteligência emocional.

Bom curso!

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Unidade 1 – Conceitos Gerais: Psicomotricidade

Olá!

Nesta unidade, veremos os conceitos gerais que fundamentam a

psicomotricidade. Traremos um panorama histórico acerca deste campo do

conhecimento.

Também abordaremos os princípios e os conceitos da psicomotricidade,

tratando, em seguida, dos aspectos que constituem o ser humano, tais como: filogênese,

ontogênese e retrogênese, bem como seu processo de desenvolvimento.

Por fim, vamos apresentar alguns aspectos importantes da atividade, como o

processo diagnóstico, a intervenção e a avaliação psicomotora.

Bom curso!

1.1 – Contextualização histórica

Desde as épocas mais distantes, os

povos se inclinam em qualificar as pessoas,

fisicamente ou intelectualmente, a fim de

compará-las em atividades compatíveis

com suas capacidades naturais.

Em toda a história da humanidade se

estabeleceram diversas atividades

acadêmicas e atléticas, sendo uma criança considerada capacitada a partir do momento

em que conseguisse interpretar os seus conjuntos de leis e fundamentos, como

observado na Grécia e Roma.

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Contudo, sempre houve diversas maneiras de examinar tanto os estudantes quanto

os esportistas, com provas práticas e teóricas que os levassem a se tornarem mestres em

sua profissão, precedendo os nossos métodos atuais.

É claro que ainda não havia sido inventada a psicometria, mas havia um certo

propósito, ainda que contasse com regras básicas e claras. Com a evolução da

sociedade, os homens precisaram de uma análise científica mais completa.

Em 1875, na Lípsia, situada na Alemanha, foi criado um laboratório de psicologia

pelo médico alemão Wilhelm Wundt. Neste tempo, havia mais estudos físicos do que

psicológicos, ele aplicou-se em desenvolver o primeiro método de avaliação

psicológica.

Os primeiros estudos foram sobre a força motora como coordenação de movimentos

e sensações, depois se compreendeu a necessidade do estudo particular da mente e das

vontades humanas.

As técnicas desenvolvidas saíram das oficinas para serem estudadas sobre a

perspectiva da realidade, tendo como pano de fundo a América e a Europa,

principalmente na Alemanha.

Um dos estudos de maior impacto foi o de Francis Galton, primo de Darwin e

discípulo contemporâneo de Wundt. Seu estudo visava fazer a distinção de cada

indivíduo, a partir do seu interesse. Embora fosse biólogo, suas investigações apontaram

para as aptidões individuais.

No seu laboratório, empreendeu em 1884, uma experiência onde examinou diversas

pessoas e com os dados coletados de tal experimento, fez uma tabela para posicionar

cada pessoa de acordo com quesitos físicos e psicológicos.

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Suas pesquisas sobre a hereditariedade foram levadas ao estudo do grau de

parentesco entre as pessoas, desta maneira pôde estabelecer as características físicas e

mentais de um jeito eficiente.

Afora a sua grande aplicação de investigações, estudos das tabelas de estatísticas e

tradução dos seus resultados, ainda fomentou diversas questões e acrescentou conceitos

que são usados até hoje como o conceito da seleção artificial.

Influenciado pela seleção natural do seu primo Charles Darwin, o qual propunha o

aperfeiçoamento humano segundo os critérios considerados melhores naquele tempo,

esses experimentos foram muito proveitosos, pois deram origem a diversos estudos

básicos ministrados por ele, como a variabilidade, a noção de aptidões e a avaliação dos

traços fundamentais.

Ainda podemos identificar, no final do século XIX, outros psicólogos que

sugeriram, de uma forma ou de outra, que a psicologia trabalhasse para a vida prática

como, por exemplo, Hugo Münsterberg (1863-1916), entre outros que levaram para a

América as primeiras avaliações criteriosas.

Também podemos citar Joseph Jastrow (1863-1944), um psicólogo americano

que apontou várias falhas nos trabalhos existentes até então, quanto à relevância das

suas suposições e de várias predições, acabando por ajudar a completar seus estudos. E

também há os autores que empregam o mesmo método para o estudo dos criminosos,

como, por exemplo, Cesare Lombroso (1835-1909), todos proeminentes da região da

Itália.

Foi publicado, ainda em 1896, um artigo no qual desconsideravam quase todos

os testes feitos até então, pois os autores entendiam que os testes eram atividades

rudimentares e simples.

Eles inventaram outras formas de determinar os recursos intelectuais, que se

aproximariam das maneiras da vida real e as quais não tinham a necessidade de serem

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tão exatas, por dizerem que as divergências eram muito mais claras do que nas

atividades propostas anteriormente.

Em 1905 foi realizada a primeira sequência de testes mentais para avaliar a

inteligência em uma demonstração concreta, conduzida pela “escala métrica da

inteligência” para um objetivo comum: identificar intencionalmente as crianças,

dividindo-as por categorias de inteligência segundo a idade.

Este seria um fator determinante na história dos psicotestes, porém não foi

prontamente reconhecido. Este fator, também, inspirou todos os estudos posteriores no

que diz respeito à evolução mental.

Foi divulgada a variante decisiva da escala por Alfred Binet (1857-1911),

pedagogo e psicólogo francês. Por ter uma elaboração completamente nova sobre a

medida da inteligência e por designar como seria feito na prática, temos A. Binet como

o pai do método dos testes.

Mas como qualquer criador está suscetível à máxima de que seu projeto vai se

aperfeiçoando lentamente ao longo do tempo, pois este ainda estava longe de ser preciso

e foi por fim ultrapassado, tendo apenas o crédito de ter concebido primeiramente a

ideia.

Durante os primeiros anos do século XX, até a primeira guerra mundial, este

movimento foi grande principalmente nos Estados Unidos. E muitos psicólogos

contribuíram intensamente para o aumento e o aperfeiçoamento do método, como o

filosofo Lewis Terman Madison (1877-1956) e Robert Freeman (1951).

A Universidade Colúmbia, em Nova Iorque, e a Universidade de Chicago foram

as mais atuantes no processo em questão. Em 1917, uma nova etapa se abriu, mas agora,

condiz à técnica de aplicação. Esta refere-se à utilização social de testes mentais aos

soldados americanos, que estavam combatendo na Europa. Esta inovação se deve a uma

obrigação de caráter prático, que consistiu em um exame coletivo em um tempo menor.

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Na segunda guerra, esses testes foram melhorados e ampliados, servindo para

começar uma nova demanda de provas, principalmente no âmbito escolar, passando a se

chamar “Army Tests”.

O termo psicomotricidade foi colocado por Dupret na época em que estudava a

debilidade motora. Mas o grande precursor foi Henri Wallon (1879-1962), médico e

psicólogo francês, que publicou dois artigos fundamentais sobre desenvolvimento

psicológico.

Ele acreditava que o processo fundamental era a atividade tonificante e

emocional nos avanços dos exercícios de relação, afirmando que a ferramenta mais

importante e específica era a movimentação.

Também defendia que o progresso mental da criança era a contestação própria

de exercícios variados, empenhando-se em comprovar a comparação das atividades

mental e motora, alegando que a mente não decorre de relações homogêneas, isto é, está

relacionada com o corpo todo.

Wallon adotou elementos neurológicos em suas pesquisas por meio do esquema

corporal, que é a origem da personalidade, fato que o diferenciava de outros cientistas

importantes no mundo da ciência como Jean Piaget (1896-1980), epistomólogo suiço

que também estudou o caso.

Mas quem firmou os princípios da psicomotricidade foi Julian de Ajuriaguerra

(1911-1993), pesquisador francês e psiquiatra infantil que divulgou pesquisas e recursos

de relaxamento, criando a base do tema de nosso estudo.

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1.2 – Princípios e conceitos da psicomotricidade

Podemos estabelecer o conceito de

psicomotricidade relacionando-o ao esquema

corporal. O indivíduo mostra-se em uma

circunstância mais apropriada de estimular a sua

mobilidade, inteligência e o seu lado afetivo nos

primeiros oito anos de vida.

A psicomotricidade é o estudo do movimento

humano com relação ao mundo exterior, ou seja, da

capacidade da mente em controlar o corpo de forma

eficiente.

Muitos movimentos importantes do corpo podem não ser bem desenvolvidos

caso não haja atenção quanto aos exercícios físicos da criança, acarretando muitos

problemas e chegando a afetar a sua leitura, a fala e a escrita.

Depois de uma determinada idade, a criança começa a ter um aprimoramento das

suas habilidades básicas, que só acontece caso tenha um crescimento pleno de sua

coordenação e do seu emocional, passando a se reconhecer, tendo a consciência de si e

dos outros.

E é justamente esta consciência que possibilita o seu crescimento e o

aproveitamento das suas qualidades e aptidões de se relacionar e interferir no meio em

que vive. Deste modo, o jeito que a pessoa se comunica com o seu corpo, representa a

sua predisposição nos relacionamentos em geral.

Esta relevante perspectiva nos auxilia a diferenciar certos conflitos em

consequência de fatores sentimentais. Também nos acerca para a probabilidade da

criança aprimorar a vivência na sociedade, e ajudar seu lado emocional, acabando por

auxiliar a sua coordenação motora.

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Historicamente, a psicomotricidade se deu através da biomedicina, isto quer

dizer que, em todas as pesquisas feitas até então, foram demonstrados a ligação

imprescindível entre o progresso e a maturidade.

Este pensamento se fez pelo conceito de ter uma medida padronizada e, desta

forma, as competências originadas deste processo poderiam ser medidas por exames

para praticamente todas as idades.

Também é citado um método conceituado por idades para se estabelecer o

progresso de coordenação infantil. Esse recurso é usado até hoje, sendo remodelado

muitas vezes desde a sua elaboração.

Desse modo, distinguir que a psicomotricidade se deu em um molde

biomedicinal é, de algum modo, entender que nasceu de um pensamento racional, isto é,

dentro de um senso comum e coerente.

Neste pensamento, podemos dizer que a motricidade se dá de um jeito simples,

ou seja, ela progride resultante de um procedimento de maturidade em todas as pessoas,

podendo ser considerada e igualada aos modelos dados como normais pela sociedade.

A psicomotricidade designa-se desta forma por estar baseada na análise da

diferença psicomotriz e no indício de atividades para correção de problemas no

desenvolvimento.

Em síntese, podemos dizer que o aspecto prático da psicomotricidade pode ser

evidenciado, como: os comportamentos práticos que especificam o desempenho,

capacidade e medida, na condição de serem compreendidas e que juntas integram a

coordenação motora de um indivíduo no tempo e no espaço.

Por conseguinte, a psicomotricidade relacional abrange estratégias de

interferência e de ações educativas que apresentam um meio de auxílio à melhoria do

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método de aprendizado da criança, e será vista com mais calma na terceira unidade

deste curso.

Utilizando-se do corpo para demonstrar e incentivar a manifestação da

personalidade esta ramificação da psicomotricidade resgata recursos, como a mímica,

gestos e outras formas, com a finalidade de sugestionar condições para a criança

desenvolver a sua habilidade motora e a imaginação.

Com este conjunto de ações bastante eclético, ainda se olha para a prática como

uma ferramenta pedagógica para proporcionar conhecimento e aptidão motora. Esta

vertente da psicomotricidade procura melhorar a corporalidade infantil e o pleno uso de

seu físico para que, por meio de exercícios de várias formas, passe a incentivar o

aprendizado e o diálogo corporal para a manifestação do pensamento.

A perspectiva associada da psicomotricidade, neste panorama, serve para

incentivar o diálogo oral, que é a fala representada pelas palavras, visto que ela não fica

reduzida às figuras e aos símbolos que a criança vai utilizar na hora de brincar.

Por sua vez, são estabelecidos alguns métodos pedagógicos no dia a dia da

sessão, que possibilitam que a criança aumente a sua capacidade de conversação no

grupo, seus jogos, sua produtividade e o seu desempenho, alcançada ao longo da sessão.

Duas concepções, funções e relacionamentos tendem a harmonizar ao máximo o

comportamento da criança, no que se dá o seu progresso psicomotor. Este progresso vai

alavancar uma boa comunicação e adaptação aos diversos desafios de participação,

harmonizando, a partir deste momento, a ação e o movimento com os símbolos das

palavras.

Para abreviar a ideia de expressão corporal, citamos a seguinte frase: “O gesto, o

movimento, o agir tomam então uma significação simbólica; é a satisfação dos desejos

mais profundos, os mais autênticos.” (Lapierre)

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Nesta ocasião, se determina, indispensavelmente, evidenciar o papel do físico da

criança, relacionada com o mundo: da condução de ideias e dos comportamentos,

segundo a sua identidade.

Tabela de princípios da psicomotricidade

• Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre

o corpo e o exterior (o outro e as coisas);

• Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos

movimentos e da resposta corporal;

• Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos

através de sinais, símbolos e da utilização de objetos reais e

imaginários;

• Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas

capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção;

• Ampliar e valorizar a identidade própria e a autoestima dentro da

pluralidade grupal;

• Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um

ser valioso, único e exclusivo;

• Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos

demais.

Fonte: http://psicomotricidadeeeducacao.blogspot.com.br/2010/03/principios-e-metas-da-psicomotricidade.html

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1.3 – Ser humano: filogênese, ontogênese e retrogênese

O estudo do desenvolvimento humano pode ser dado sob a óptica da filogênese,

ontogênese e retrogênese. Vejamos:

Filogênese

A filogênese é o aprendizado da evolução de todas as espécies, desde o começo

dos tempos. Acredita-se na evolução dos peixes em répteis, o que resultou no avanço

para o meio terrestre, resultando mais tarde no desenvolvimento dos mamíferos, que em

uma primeira instância eram quadrúpedes, evoluindo para bípedes, o que facilitou o

manejo de objetos e na alteração do ambiente. Assim se deu um cérebro cada vez mais

evoluído, o que nos ajudou com as noções de consciência, fala e reflexão.

Ontogênese

A ontogênese está relacionada com a evolução humana propriamente dita.

Basicamente, seria como uma síntese da filogênese dos primeiros anos de vida, onde

ocorrem as principais transformações através da infância até o começo da adolescência.

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A evolução humana é um procedimento contínuo, que começa no nascimento,

seguindo diversas mudanças sucessivas até a morte e, deste jeito, cada parte do

desenvolvimento da vida mostra-se um certo grau de maturação.

Retrogênese

A retrogênese, por sua vez, relata o regresso humano. O desenvolvimento, de um

modo geral, pode ser entendido como um tipo de comunicação dos centros inferiores do

corpo, por exemplo, a medula espinhal, já bem definida nos primeiros anos de vida,

com os centros superiores, como o cérebro, que demora mais tempo para se organizar

efetivamente.

Este método se dá, obviamente, do mais simples ao mais complicado. Se

pensarmos que o desenvolvimento humano passa por uma reestruturação do nascimento

até a morte, podemos separar a criança, o adulto e finalmente o idoso.

No caso do idoso, todas as revelações regressivas do comportamento, de

qualquer ponto de vista, vão ser inversas do sentido da ontogênese, quer dizer, do

cérebro para as partes inferiores do corpo (medula), do mais complexo para o mais

simples.

Porém, devemos considerar a existência de um envelhecimento bem sucedido,

em que o idoso não fica incapaz nem se acomete de doenças, com bom desempenho

físico e maior envolvimento na sociedade.

No caso da doença de Alzheimer a relação inversa da ontogênese ocorre com

mais facilidade. Existem muitos palpites sobre o ato de envelhecer e a mais aceita é a

“teoria do soma”, que explica o processo por meio de danos somáticos e perda de

funções vitais.

O cume da evolução humana podemos dizer que é no começo da velhice, por

muitos fatores, como a experiência, a inteligência, a assistência social e a sabedoria.

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Contudo, neste período da vida, há falta de fatores que protegem e reparam,

naturalmente, o corpo e o cérebro por toda a vida.

Portanto, o desenvolvimento ruma como se fosse uma involução, planejado para

se desintegrar em um ritmo que varia de acordo com o seu tipo genético, sofrendo,

ainda, influências do meio onde está inserido.

Podemos definir a retrogênese como o método no qual é empregado um

mecanismo contrário ao do desenvolvimento normal, isto é, como se na mesma vida os

valores fossem invertidos.

A retrogênese também foi abordada por Ajuriaguerra, já citado em 1960 por ser

um dos pioneiros a expressar um embasamento teórico para este assunto. Ele dizia que o

declínio das capacidades na demência se dava de um modo contrário ao

desenvolvimento defendido por Piaget.

No caso da caminhada, em uma abordagem ontogênica, a criança tende a

começar a andar com um ano de idade, até conseguir um modelo seguro de se mover e

caminhar completamente sozinha.

Ao envelhecer, contudo, nas idades posteriores, do ponto de vista da retrogênese,

o simples ato de andar sofreria um tipo de regresso, gerando uma medida de andar com

aspectos de quando começou a dar os primeiros passos. Portanto, as impressões

funcionais dessas mudanças regressivas estão ligadas ao desequilíbrio e à quantidade de

quedas.

Retrogênese e outras gêneses

Há muitas questões relacionadas com as mudanças da caminhada, urina e

sistema nervoso. Muitas mudanças também estão relacionadas com neurônios, controle

muscular e alterações no esqueleto, bem como a redução das sensações.

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A degeneração do ato de andar do idoso, que por sua vez, está relacionada a uma

alteração do sistema nervoso central é um exemplo de retrogênese, porém essa

degeneração pode estar ligada ao mal de Parkinson, portanto, um idoso com dificuldade

de locomoção não necessariamente possui a doença.

Entretanto, os passos, o equilíbrio, as lembranças e o déficit de atenção seriam

processos que compreendem tanto o cérebro, como os sistemas periféricos. Embora,

existam alguns fatos isolados que causem prejuízos a todo o sistema.

Isto, também, não pode ser considerado como fisiológico, mas como uma

patologia. As alterações do andar também envolvem a visão, força muscular,

coordenação, sensibilidade e atenção.

A regressão do andar no idoso também age em outras mudanças físicas do

envelhecimento, deste modo, esta patologia fica mais cômoda para ser estudada, pois

não é somente afetada pelo sistema motor.

No envelhecimento são observadas mudanças no padrão do andar, onde se nota

uma boa ou ruim adaptação ao envelhecer, ou mesmo algumas alterações involutivas

permanentes ligadas ao processo da retrogênese.

Quase a metade dos idosos pode apresentar também quadros de lentidão anormal

de movimentos, tremores e austeridade, sem ser, obrigatoriamente, diagnosticado com o

mal de Parkinson, mas é possível que o tenham, caso vivam bastante.

Há também ocorrências de tremor postural e alterações da sensibilidade

vibratória. A marcha do idoso é distinguida por base alargada, um certo desequilíbrio e

membros flexionados, o que sempre foi aceito como natural ao envelhecer.

Contudo, isto veio a ser visto como uma patologia, sendo associada a um risco

cardiovascular dobrado, assim como estava agrupado à ocorrência do mal de Parkinson

e infarto.

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Como mais um exemplo de retrogênese, que pode ser dado por meio de uma

hierarquia, há uma série de perdas de habilidades funcionais que costumam ocorrer no

envelhecimento. Nota-se no início, uma perda da capacidade para atividades de manejos

instrumentais básicos do dia a dia e, mais pra frente, em qualquer atividade da vida

diária.

Essas perdas se dão por uma diferença de complicações entre essas atividades,

ainda mais se comparadas com outras menos complexas, sendo necessário, por sua vez,

de um novo aprendizado.

Portanto, a retrogênese quer dizer que o desenvolvimento se transforma

naturalmente em um retrocesso do desenvolvimento, é como se a evolução e a

organização do corpo fossem desfeitas do mesmo modo que evoluíram.

1.4 – Desenvolvimento humano

O ser humano já nasce com

uma série de reflexos básicos e

essenciais para manter e conservar a

sua vida. Existem muitas imagens e

sons que melhoram a interação social

e que os bebês dão preferência.

Alguns dias depois de ter nascido, o ser humano já consegue distinguir o cheiro

da sua mãe. Há evidências que depois de três semanas, ele também reconheça a voz

dela.

As células nervosas, durante o desenvolvimento uterino, são criadas em um

ritmo muito acelerado. No momento do nascimento, seu sistema nervoso ainda não está

18

desenvolvido, contudo, ele já tem a maior quantidade de células cerebrais que terá em

toda a sua vida.

O amadurecimento é uma série de processos organizados de crescimentos

biológico e genético. Ele determina todas as fases da vida, como ficar em pé, começar a

andar e pronunciar as primeiras palavras, ou seja, é a maturação que estabelece este

desenvolvimento.

Já a memória demora alguns anos para ser desenvolvida. É por isso que lá pelos

cinco anos de idade, pelas mudanças e pelo armazenamento das lembranças, a maior

parte das pessoas não consegue se recordar dos primeiros anos de vida. As conexões

nervosas do cérebro são desenvolvidas graças às diversas experiências. As primeiras

lições aprendidas ajudam a preparar o cérebro para pensar e falar.

Também há muitos benefícios acerca do contato físico e da massagem. A

manipulação no bebê gera ganho de peso mais rápido e uma melhor evolução

neurológica. Os primeiros anos são definitivos para o cérebro, sendo muito importantes

para a sua formação.

As diversas ligações do cérebro se transformam com o tempo e, em resposta a

isso, há uma mudança de estimulação e uma consequente reorganização. Quando

alguma parte do cérebro é afetada, outras partes podem se reorganizar e cobrir as

funções da área afetada.

Quando ainda somos crianças pequenas, o cérebro tem uma maior capacidade

para a alteração, a isto se dá o nome de plasticidade. As crianças nascem com um

número muito alto de neurônios. Isto quer dizer que se uma parte do cérebro for

lesionada, ela vai ser compensada por estes neurônios excedentes.

O desenvolvimento motor é influenciado pela produção de neurônios. A

maturidade biológica, aliada com uma rápida evolução do cérebro facilitam o

aprendizado, permitindo que a criança comece a andar com um ano de vida.

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Nos primeiros anos de vida há um estímulo de crescimento, depois as crianças

crescem em um ritmo contínuo de mais ou menos cinco centímetros por ano, durante a

infância.

As regiões vinculadas ao córtex ligadas à memória, ao pensamento e à fala são

as últimas áreas do cérebro a se desenvolverem e progredirem. A memória do ser

humano se desenvolve junto com o cérebro.

Todas as atividades mentais relacionadas com o pensar, falar, conhecer e

recordar estão ligadas e relacionadas com a cognição, visto que as crianças

compreendem o mundo de uma maneira muito diferente dos adultos.

Desenvolvimento biológico

De um modo biológico, sabe-se que o desenvolvimento tem início com a

fecundação, seguido do seu crescimento na barriga da mulher até estar pronto para

chegar ao momento final, que ocorre no parto. Logicamente, esta é só a primeira fase,

pois continuamos este processo depois do nascimento.

Desenvolvimento psicológico

Do ponto de vista psicológico é entendido como um processo científico, pois o

ser humano estudado de acordo com as mudanças que ocorrem ao longo de sua vida,

como na adolescência, na fase adulta, no envelhecimento e nos diversos pontos da vida.

Também se estuda as coordenações, a cognição, a resolução de problemas, a ética, a

compreensão, a sociabilidade, a emoção e a formação da sua identidade.

Desta forma, o desenvolvimento humano é entendido como um processo

ininterrupto de variações psíquicas que ocorrem durante a vida, desde o momento da

concepção até a morte.

20

Hoje em dia, ainda há muitos estudos sendo feitos sobre a idade adulta e o

envelhecimento, pois o ser humano é capaz de aprender, se adaptar e se desenvolver até

a morte.

Na verdade, os estudos sobre o desenvolvimento do homem, no ponto de vista

psicológico, se concentram nas mudanças que se dão na vida em geral, onde se relatam

variações tanto de qualidade como de quantidade.

Podemos dizer que o universo possui o dom natural de ter, entre muitas

características, um número considerável e diversificado de seres vivos, entre qual o ser

humano habita e cada vez mais se vê na mira de investigações.

Durante toda a existência humana, inúmeras questões foram e continuam sendo

levantadas com relação à evolução humana e aos agentes que a interferem, ajudando ou

prejudicando este desenvolvimento estão:

• A integração da natureza;

• Os processos biológicos;

• O universo físico;

• A influência do meio ambiente;

• Entre outros.

Pensando um pouco sobre isto, podemos deduzir que o ser humano carrega com

ele uma carga genética que ajuda e ativa o seu desenvolvimento como, também, outros

fatores.

21

Hoje em dia se sabe, por exemplo, que a família e amigos, a educação recebida

em casa, os valores transmitidos, as experiências de vida, as lições aprendidas, o

conhecimento alcançado, a destreza pessoal e a fácil adaptação são poderosos

influenciadores do desenvolvimento humano.

Estas experiências nos ajudam a enfrentar todas as situações da vida e

transformam o nosso jeito de agir, os nossos pensamentos e o modo como nos

comportamos.

No decorrer da vida construímos nossa identidade, como se seguíssemos um

método que envolve indispensavelmente a mudança. Esses métodos biológicos e os

fatores citados acima, juntos com outras experiências, são o que estimulam a nossa

adaptação e o nosso desenvolvimento.

1.5 – Diagnóstico, intervenção e avaliação

Para diminuir a complicação da

psicomotricidade é recomendável elaborar

um diagnóstico anterior à fase escolar. Logo

é evidenciado o papel do professor e a

utilização de exercícios que remetem à

dificuldade em questão.

Ainda que seja reconhecido este

trabalho como uma prevenção por pessoas qualificadas, tais como psicólogos ou

fonoaudiólogos, é muito importante a ação do professor em sala de aula.

Podemos dizer deste modo que para se conseguir um reconhecimento preciso do

problema, bem como a sua solução de uma forma que seja boa para a criança, se faz

necessário agir em conjunto com os pais, a escola e os profissionais que acompanham a

criança.

22

Alguns casos que anunciam o começo de algum distúrbio neurológico em

algumas crianças podem ser notados como o princípio de alguma deficiência

psicomotora, podendo ser: deficiências no corpo, distúrbios com relação espaço-tempo,

organização da percepção, termos vocábulos deficientes, anomalias na fala, eliminação

do último fonema nas expressões, desordens de fonemas etc.

Adulterações frequentes de distração, impressão, direção, inconstância

psicomotora, desordem da fala, inconstância emocional, ausência de regularidade nos

desenhos, dificuldade de discernimento auditivo, problemas na percepção, dificuldade

de organização e falha na habilidade organizadora, isto é, estes problemas apontados

comprometem a adaptação social da criança, dificultando a aprendizagem, provocando

uma série de problemas de ordem psicológica, como, por exemplo, angústia, incerteza e

baixa autoestima.

Nas ocorrências pedagógicas, os problemas podem ser originados por técnicas

impróprias de ensino, carência de estimulação na pré-escola, não domínio da matéria

por parte do educador, recepção precária pela lotação das escolas, entre outros.

Já nos episódios socioculturais, as dificuldades são provocadas pela ausência de

instigação tanto no colégio como no âmbito familiar, desnutrição, escassez cultural do

meio e marginalização das crianças com problemas de aprendizagem pelo método de

educação comum.

Avaliação psicomotora

Existem muitos desafios para um professor dentro de uma avaliação

psicomotora, assim como lecionar para uma classe grande, lidar com as diferenças

particulares, a desigualdade nos comportamentos e a diferença individual dos alunos.

Podemos associar os desafios entre as diferenças nas aptidões inatas que os

estudantes têm quando chegam para a aula, às alterações resolvidas na experiência que a

criança teve nas tarefas que foram ensinadas, às desigualdades de origem social e às

23

experiências anteriores parecidas. Estes desafios e diferenças exigem do professor

táticas distintas no formato da aula, sendo ele o responsável por ensinar de uma forma

eficiente para todos os alunos.

O processo de avaliação é parte integrante da educação e da aprendizagem e,

atualmente, tem ganhado muito espaço nos métodos de educação. Esta técnica demanda

preparo especial e competência de observação por parte dos professores e profissionais.

A estimativa da avaliação tem sido composta como um mecanismo fundamental

na confirmação e manutenção da coerência da disposição de ensino em todas as idades.

Para se compreender o processo de avaliação é preciso pautar a coerência da medição,

que é a ação de avaliar, associado ao exame das capacidades, condutas e informações

adquiridas.

A finalidade dos estudos sobre a avaliação motora serve para reconhecer melhor

as crianças e para poder formar ferramentas de confiança da sua estimativa e o estudo

da evolução de alunos nas distintas fases do seu progresso.

O desenvolvimento motor de uma criança pode ser avaliado de diversas

maneiras, contudo, nenhuma é perfeita nem envolve todos os aspectos da sua evolução.

Podem ser empregadas diferentes atividades com a finalidade de comparar seus

resultados com o de outros alunos, avaliando uma distinção definida da capacidade

motora de um indivíduo.

Neste aspecto avaliado é possível produzir os resultados que acusam o progresso

ou declínio motor da criança. Este conjunto de exames usados para avaliar o aluno e

suas qualidades motoras, foi chamado de bateria motora, que trataremos mais adiante.

A ponderação do desenvolvimento motor do ser humano tem sido mira de

muitas contribuições, como a semelhança nos padrões, que seria a manifestação

coordenada de condutas ao longo da vida e as alterações particulares no andamento da

vida do indivíduo em questão.

24

O princípio do desenvolvimento motor não se deve somente à maturidade

neurológica, mas igualmente a um sistema auto preparado que abrange o trabalho, o

espaço e a pessoa.

Explorações continuadas tanto do ambiente quanto dos brinquedos adaptam a

criança a instruir-se sobre as propriedades dos objetos e de suas analogias com o espaço

e, em determinado alcance, dela mesma.

Em decorrência da assimilação da manifestação disposta da conduta indicando

os estágios, alterações neste modelo já foram analisadas como uma indicação de

irregularidade ou sinal de patologia.

O progresso, desde o equilíbrio do corpo à motricidade global e a

micromotricidade, é concebido como uma importante definição para a compreensão da

evolução da espécie e, em certo alcance, a base do desenvolvimento da criança.

Há diversas vantagens de uma avaliação precoce, isto é, uma avaliação feita

antes da formação do problema. A averiguação do processo evolutivo da criança e a

assimilação de problemas relacionados ao seu adiantamento psicomotor permitem a

interferência precoce em declínios evolutivos e programas de estimulação para crianças

com distúrbios ou apenas para enriquecimento do ambiente.

O objetivo, por fim, da avaliação precoce é diminuir as sequelas negativas de um

distúrbio de alto risco, que caracteriza a evolução de crianças deficientes, pois muitas

crianças sofrem uma influência negativa na família ou no recinto escolar.

25

Unidade 2 – Campos de Atuação do Profissional

Olá!

Nesta unidade, vamos abordar a psicomotricidade na educação infantil, bem

como os seus sistemas e a importância do movimento nos primeiros anos escolares.

Também analisaremos a psicomotricidade no âmbito hospitalar e como é o trabalho do

profissional desta área.

Veremos, em seguida, os tratamentos específicos na terceira idade e os cuidados

no envelhecimento. Posteriormente, trataremos o desenvolvimento da linguagem nos

primeiros anos de vida. Ainda, nesta unidade, analisaremos a educação especial e o

processo de inclusão social.

Bom estudo!

2.1 – A psicomotricidade na educação infantil

A psicomotricidade na educação

infantil tem por objetivo fundamental

contribuir de forma relevante na formação

da estrutura corporal de uma criança,

incentivando o exercício do movimento em

diversas fases da vida do indivíduo.

A psicomotricidade permite a assimilação da consciência corporal, ou seja, a

maneira como a criança torna-se consciente do que seu corpo é capaz de executar e das

possibilidades de se expressar por meio dele, localizando-se assim no espaço.

26

Como a movimentação corporal é construída a partir de um foco de acordo com

determinada intenção, o movimento se expressa como comportamento. Portanto, a

função educacional da psicomotricidade é desenvolver o aspecto motor e psicológico,

através de atividades que tragam consciência sobre o comportamento corporal.

A partir da recreação, o indivíduo é capaz de desenvolver habilidades

perceptivas como meio do controle psicomotor. A aprendizagem envolve processos

complexos em sistemas e habilidades variadas, incluindo as atividades motoras. Em sua

maioria, as crianças que passam em alguma fase de sua infância por dificuldades

relacionadas ao processo de aprendizagem, o motivo do problema não está

exclusivamente no período escolar em que se situam.

Tais dificuldades podem ser decorrentes da coordenação motora que foi mal

desenvolvida no processo anterior à alfabetização, fazendo assim com que a criança

apresente defasagem em aspectos que necessitam de determinada coordenação, tais

como: segurar um lápis para escrever, ordenar as palavras e compreender uma frase no

processo de leitura.

Sendo assim, é importante que a criança enquanto estiver no período escolar,

anterior ao processo de alfabetização, adquira ferramentas que permitirão e facilitarão o

processo de leitura e aprendizagem da escrita. Essas ferramentas são necessárias para

que se obtenha sucesso na aprendizagem e são pilares da estrutura psicomotora.

A criança que possui defasagem temporal, ou seja, que não nota intervalos de

tempo, não compreende o antes e o depois, consequentemente, não conseguirá prever

quanto tempo gastará para desempenhar determinada atividade como, por exemplo, uma

lição de casa de determinada matéria que demora muito tempo para executar e deixa de

se dedicar às outras disciplinas, que também exigem tempo para serem executadas.

Estes são alguns indícios que podem ser observados em indivíduos que não

desenvolveram de forma satisfatória suas habilidades psicomotoras.

27

As habilidades psicomotoras requerem auxílio de todos os profissionais

envolvidos no processo de aprendizagem. O papel do professor, nesta etapa, não é

exclusivamente alfabetizar, mas também estimular funções motoras que, por sua vez,

são imprescindíveis para o processo ensino-aprendizagem.

Através de atividades, as crianças compreendem e relacionam-se com o mundo

que as cercam, tornando este processo divertido e criativo. Os educadores, portanto,

empenham-se fortemente para que jogos e métodos infantis, que incentivam a

criatividade e o movimento, ocupem cada vez mais o programa educacional infantil.

Durante o processo de aprendizagem infantil, a criança procura experiências

corporais, formando, então, alguns conceitos e, de maneira organizada, a estrutura de

esquema corporal.

Para a criança tornar-se capaz de desenvolver o total controle psicológico de sua

função motora nas atividades desenvolvidas, deve-se levar em consideração os níveis de

maturidade biológica. A recreação, quando direcionada, proporciona facilidade no

processo de aprendizagem, ajudando na conservação da saúde física e mental do

indivíduo, assim como ajuda a equilibrar o aspecto social e afetivo da criança.

A educação infantil para ser efetiva exige que sejam utilizadas funções motoras,

aspectos emocionais e perceptivos, pois o indivíduo descobre o ambiente que o cerca ao

passar por experiências físicas imprescindíveis para o seu desenvolvimento e percepção

do mundo.

As dificuldades enfrentadas por muitas crianças no processo de aprendizagem

são em função da relação com seu próprio corpo e não exclusivas de dificuldades na

leitura, escrita e similares. A escrita, por exemplo, é uma atividade que exige noções

espaciais, pois o indivíduo deve criar sinais e reuni-los de maneira ordenada, para que a

sucessão destes forme palavras, que posteriormente formarão frases.

28

Neste processo, a criança deve se atentar ao tempo de execução das sílabas, para

depois compreender o sentido das palavras, evidenciando, com isso, a importância da

estruturação temporal no ensino-aprendizagem.

Portanto, o processo de aprendizagem da leitura e da escrita pressupõe um

desenvolvimento de coordenação motora correta e de habilidades espaciais quanto de

noções temporais, para que estas atividades ocorram de forma efetiva.

As atividades que desenvolvem o aspecto motor devem ser iniciadas na pré-

escola, antes mesmo que o indivíduo segure um lápis, pois as mesmas propiciam o

desenvolvimento intelectual através de funções físicas.

Exemplos claros de atividades motoras no período pré-escolar são as de

recreação, como: balançar, equilibrar-se, mover-se pelo ambiente, seguir caminhos

traçados por uma linha, rolar pelo chão, passeios em ambientes variados etc.

Outros exemplos de atividades que podem ser desenvolvidas em todo período

infantil para formação da identidade motora e psicológica, considerando a faixa etária

da criança, são:

• Recorte de letras e formação de palavras com as mesmas;

• Modelagem de formas variadas utilizando massinhas;

• Análise de quantas vogais ou consoantes possuem algumas palavras;

• Colocar em ordem alfabética o nome dos colegas de classe;

• Jogos de memória e mímicas;

29

• Caminhos trilhados com linha em sala de aula;

• Caminhos em formas geométricas, a fim de que a criança se situe

espacialmente;

• Canções com objetos para que a criança tenha noção de tempo através da

musicalização;

• Andar pela sala em diferentes ritmos;

• Noções de direita e esquerda;

• Equilibrar-se em um pé só;

• Interpretar histórias;

• Cambalhotas e atividades circenses diversas;

• Desenhos que expressam seus movimentos, reconhecimento de tamanho dos

objetos através do tato;

• Cantar músicas que identifiquem partes do corpo;

• Quebra-cabeças;

• Jogos de imitação;

• Exploração do corpo com as mãos e depois representá-lo através de pinturas;

• Completar imagens com recortes;

30

• Trançar, cortar;

• Perfurar, dobrar, contornar; seguir com os olhos movimentos ordenados feito

pelo professor;

• Traçar sobre pontilhados;

• Falar palavras que se assemelhem a um determinado som;

• Sonorizar histórias;

• Degustar e identificar gostos semelhantes;

• Identificar odores.

Abaixo, temos uma imagem ilustrativa para melhor visualizarmos o trabalho de

atividade psicomotora, observe:

Fonte: http://dainirfeguri.blogspot.com.br/2011/09/psicomotricidade-na-educacao-infantil.html

31

Essas atividades exploram a noção de espaço e desenvolvem o esquema

corporal, tendo como objetivo principal proporcionar à criança, determinadas situações

onde elas se sintam seguras em relação ao seu corpo.

O papel do educador é assegurar o andamento dessas atividades e observar as

reações, as adaptando de acordo com a necessidade de cada criança. Abaixo, temos um

interessante texto que trata justamente das questões que envolvem a psicomotricidade

no âmbito educacional. Observe:

PSICOMOTRICIDADE COMO CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO

A psicomotricidade, como ciência da Educação, trabalha o

movimento ao mesmo tempo em que põem em jogo as funções intelectuais.

A ciência da motricidade humana teve sua pré-história na Educação Física,

mas esta por si não se fundamenta como ciência, não se funda como teoria

ou conceito. Assim, a educação motora é o ramo pedagógico da Ciência da

Motricidade Humana, que inclui a psicomotricidade, a dança, a recreação e

a reabilitação.

As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal não

são mais que manifestações motoras. Durante toda primeira infância até os

três anos, a inteligência é a função imediata no desenvolvimento

neuromuscular. Mais tarde a inteligência e a motricidade se tornam

independentes, rompendo sua simbiose que só reaparecem nos casos de

retardamento mental.

A criança ao nascer é um ser indiferenciado e difuso, não consciente

de si e de seu corpo. À medida que começa a se locomover, engatinhar,

subir, descer escadas, entrar em contato com os outros, passa a tomar

consciência de seu corpo e suas partes nas interligações. A partir deste

momento, percebe que é um ser individual independente e cria um tipo de

32

complicação vivida ao nível do corpo.

Pela sistematização do estudo do movimento, procura-se a

compreensão do homem e a vinculação entre a ciência (seu corpo teórico e

a coerência na prática profissional) e a técnica (sua operacionalidade e

eficiência). Desponta da necessidade de conhecer o ser humano através da

sua motricidade a partir dos vínculos de dependência da cultura e da

política, estabelecendo cientificamente relações de significação e

organização entre o real e o possível. (Lagrange, 1977:197).

Portanto, se tratamos do real, tratamos de movimento e o

movimento é psicomotricidade, e esta tem seus objetivos que levam o

indivíduo ao desenvolvimento global.

CONHECENDO O SISTEMA PSICOMOTOR HUMANO

Conforme Vayer & Toulouse (1982), o SPMH baseia-se em

estruturas simétricas do sistema nervoso, compreendendo o tronco cerebral,

o cerebelo, o mesencéfalo e o diencéfalo, que constituí a integração e a

organização psicomotora da tonicidade, da equilibração e parte da

lateralização e, também, de estruturas assimétricas, compreendendo os dois

hemisférios cerebrais, que asseguram a organização psicomotora da noção

do corpo, da estruturação espaço-temporal e da praxia global e fina,

exclusivas da espécie humana, devido à sua complexidade organizativa e

sistemática.

A dinâmica sistemática do SPMH requer a participação dinâmica e

associada às três unidades funcionais do cérebro, que são: a integração, a

elaboração e a expressão do movimento voluntário.

A primeira compreende às funções psicológicas vitais da integração

e da atenção responsável pelos fatores psicomotores da tonicidade e da

33

equilibração.

A segunda compreende às funções psicológicas de análise, síntese e

armazenamento, responsáveis pela noção do corpo e da estruturação

espaço-temporal.

E a terceira unidade compreende à planificação, à programação e à

regulação responsáveis pela praxia global e da praxia fina (Fonseca, 1985).

As três unidades, em permanente integração, formam uma gama de

trabalho que processa a motricidade, organizando-a antecipadamente antes

que se constitua em produto final. Sendo que este trabalho é o verdadeiro

sistema harmonioso e autogeneralizado, composto de subsistemas

espalhados por todo campo cerebral, que preside à organização

psicomotora humana como conjunto de componentes ordenados e

integrados.

Le Boulch (1983) esclarece que a educação psicomotora é

formadora de uma base indispensável a toda criança, pois objetiva

assegurar o desenvolvimento funcional.

Os fatores psicomotores se inter-relacionam em termos de

maturação e organização neurológica, em termos de planificação motora.

Há uma combinação mútua entre a Tonicidade e a Equilibração para

assegurar o controle postural, assim como a Lateralização, a Noção de

Corpo e a Estrutura Espaço-Temporal se interagem para elaborar qualquer

tipo de Praxias. Por isso, qualquer disfunção no fator psicomotor produz

mudanças em todo o SPMH. Por este e demais fatores, devemos atribuir

cuidados ao desenvolvimento psicomotor humano desde muito cedo.

Fonte: http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/a-influencia-psicomotricidade-na-alfabetizacao.htm

34

2.2 – Psicomotricidade no âmbito hospitalar

Quando um indivíduo, seja criança ou

adulto, é hospitalizado, geralmente fica

acometido por momentos de sofrimento, que

são considerados de caráter negativo ao

tratamento e, o ambiente hospitalar, por

possuir um caráter sóbrio, pode potencializar

estes aspectos negativos.

Este caráter sombrio pode ser facilmente observado nas cores neutras das

paredes e na limpeza excessiva de todo ambiente. O paciente se defronta com mudanças

efetivas em sua rotina, que podem gerar transtornos como o medo e a ansiedade, além

da dor já existente por se submeter a tratamentos.

O psicomotricista é o responsável por sanar os espaços vazios que o trauma do

tratamento pode causar, utilizando como ferramentas a alegria e a descontração,

ajudando o paciente a se adaptar a uma nova rotina, que inclui permanência em um

hospital ou tratamentos dolorosos.

Acredita-se que a recuperação de um indivíduo, hospitalizado ou em fase de

tratamento, é efetivada quando se concilia a função de um hospital, que é tratar de

doenças, com os aspectos humanos que, por sua vez, podem ser desenvolvidos através

de atividades psicomotoras.

Portanto, é imprescindível implementar, nas alas hospitalares, as práticas que

conduzem ao desenvolvimento motor e psicológico dos pacientes. Quando se trata da

hospitalização de uma criança, fatores como desmotivação e sofrimento são recorrentes.

35

A realização de um trabalho lúdico e criativo, desenvolvido por um

psicomotricista, pode auxiliar a criança na aceitação da condição em que se encontra e

deste modo contribuir para o processo de recuperação.

Logo a instalação de brinquedotecas tem sido uma alternativa de trabalho eficaz,

pois elas criam um ambiente divertido, podendo ser utilizadas como ferramentas em

atividades recreativas dentro do processo de recuperação do paciente. Os objetivos desta

instalação são:

• Auxiliar no preparo das crianças que lidarão com situações novas, tornando-as

cientes dos detalhes da rotina hospitalar que irão enfrentar;

• Propiciar encontros com outras crianças que estão imersas na mesma realidade

hospitalar;

• Desenvolver atividades de cunho lúdico, a fim de que se mantenha a

autoconfiança do paciente;

• Criar um ambiente saudável e favorável para as crianças e para os familiares

que as visitam;

• Propiciar um espaço afetuoso, onde a criança não se coloque como “vítima”;

• Adaptar a criança e estimulá-la a desenvolver tarefas que foram interrompidas

devido à hospitalização;

• Preparar emocionalmente o paciente ao retorno familiar.

Através de brincadeiras, jogos e outras atividades, as crianças vivenciam melhor

o período de tratamento e experimentam situações antes desconhecidas, encontrando,

desta maneira, as ferramentas para encarar suas angústias.

36

A brinquedoteca é o lugar onde as crianças não enxergam diferenças entre si,

mas compreendem histórias e a formação familiar diferente, assim como personalidades

distintas e se entendem, já que o objetivo fundamental é o mesmo, isto é, transformar os

momentos de recreação em uma espécie de sedativo, esquecendo por alguns instantes as

limitações que determinada doença proporciona.

As atividades desenvolvidas na brinquedoteca variam de jogos e montagens,

leituras e audição de histórias. Podendo fazer o uso de diversos brinquedos, jogos

eletrônicos, materiais escolares, entre outros.

Durante o processo de “brincar”, o responsável pela aplicação da atividade pode

captar as reações do paciente e interpretá-las, descobrindo, assim, o que pode estar

afetando negativamente a recuperação da criança.

Um exemplo de atividade psicomotora, voltada para o lado viso-motor, é a

prática de “brincadeiras” que envolvam olhos e mãos ao mesmo tempo, como: futebol

de botão, montagem de maquetes ou até mesmo quebra-cabeças.

A musicalização também pode ser um mecanismo empregado, pois além de

recrear, pode auxiliar na recuperação de pacientes que possuem limitações neste

aspecto. As brinquedotecas acabam por desenvolver uma função não apenas de caráter

educativo, mas também social, por criar este ambiente acolhedor e amenizador da

tensão que acomete uma criança adoentada. Observe na imagem, abaixo, uma

brinquedoteca:

37

Fonte: http://aahjlmpedagogia-hospitalar.blogspot.com.br/2011/11/brinquedoteca-hospitalar-minas-gerais.html)

O processo de aprendizagem humana se baseia fundamentalmente na criação de

ambiente emocional adequado. Quando este lugar não estimula de maneira favorável, o

processo de recuperação e a aprendizagem ficam comprometidos.

Cabe aos profissionais da área da saúde desenvolverem maneiras de estimular a

criança hospitalizada com fundamentação científica sobre cada etapa do

desenvolvimento do paciente, além da importância de seu trabalho em relação ao

paciente hospitalizado.

Pode-se então inferir que a atividade psicomotora é a relação entre o emocional e

a ação. A prática motora permite à criança hospitalizada, estabelecer uma relação com

ela mesma e de conhecimento do seu próprio corpo. As atividades só contribuem com a

autoestima e favorecem o quadro hospitalar da criança, motivando-a e encorajando-a a

seguir o tratamento.

Além das crianças, a terceira idade também pode ser beneficiada com atividades

psicomotoras, pois como as crianças, os idosos necessitam de cuidados especiais

quando se deparam com as limitações físicas que o envelhecimento proporciona.

38

O papel da atividade psicomotora em grupos de terceira idade, quando em

situação hospitalar, é promover a melhora de atividades prejudicadas com o

aparecimento de uma enfermidade e auxiliar no aspecto psicológico do paciente.

O programa de práticas psicomotoras para idosos em um hospital deve levar em

conta o bem-estar, a regularidade dos exercícios e principalmente a satisfação do

praticante. Assim como as brinquedotecas para as crianças, o ambiente para os idosos

deverá ser acolhedor para que se sintam a vontade em realizar as atividades propostas.

É recomendada uma avaliação funcional do idoso, dando maior ênfase ao

sistema locomotor e ao sistema cardiorrespiratório, além de aspectos como alimentação

adequada e hidratação. Para o paciente da terceira idade, mais do que o espaço de

convivência, os benefícios se darão nos aspectos cardiovasculares, respiratórios e no

fortalecimento dos músculos.

A realização pessoal que os pacientes sentem ao superar algumas limitações

físicas devem ser consideradas, pois isto auxilia-os a encarar as dificuldades que o

tratamento proporciona de forma mais positiva. Pessoas idosas que são ativas no

aspecto motor, possuem comportamento positivo para atividades como o trabalho e se

mostram mais saudáveis, apresentando uma habilidade maior para lidar com algumas

tensões.

Canto, dança e atividades semelhantes têm mostrado bastante eficácia no

tratamento de idosos, pois trazem benefícios na locomoção e possibilitam a interação

com outras pessoas na mesma situação.

Desenvolver e criar movimentos que proporcionem aos idosos sentimentos de

liberdade e confiança é um dos pilares da psicomotricidade na área hospitalar, pois estes

sentimentos são capazes de contribuir no aspecto físico e amenizam as dores provocadas

por um estado de enfermidade.

39

Portanto, o fundamento da psicomotricidade com idosos consiste em

desenvolver um ambiente de liberdade propício a atividades e brincadeiras, que

respeitem os limites físicos do paciente. O objetivo principal é que o idoso manifeste

suas emoções através do movimento e sinta a diminuição da angústia que o tratamento

de uma doença pode causar.

Esta válvula de escape emocional ocorre através da vivência em grupo, com

muito privilégio da comunicação em aspecto não verbal, utilizando objetos que possam

intermediar essa comunicação, como bolas, cordões, caixinhas e outros jogos.

Crianças e idosos necessitam de apoio tanto psicológico quanto físico para

encararem os efeitos de uma doença e a psicomotricidade, como descrita anteriormente,

é um caminho que traz benefícios diversos em ambos os aspectos.

2.3 – Tratamentos específicos na terceira idade

O tempo médio de vida vem aumentando

devido as melhores condições e com os avanços

da medicina, trazendo, com isso, melhores

recursos de diagnósticos e de assistência.

Com isto, há um aumento na população

de idosos, que por sua vez aumenta o número de

indivíduos que possuem alguma limitação física.

Logo, viver por mais tempo implica em maiores

cuidados especializados.

O envelhecimento cronológico não é necessariamente o envelhecimento

funcional. Muitas vezes, o envelhecimento funcional ocorre de maneira precoce, pois se

deve levar em consideração as condições de vida na qual o indivíduo esteve inserido.

40

Uma pessoa que conviveu durante um longo período da vida com situações

ambientais desfavoráveis, não teve uma alimentação adequada, enfrentou problemas

comuns em grandes cidades, como estresse, problemas com moradia e transporte

público, tende a envelhecer precocemente no âmbito funcional.

O envelhecimento biológico ocorre devido ao declínio do organismo, que perde

características funcionais, diminuindo a efetividade de suas funções. Quando se inicia o

processo de envelhecimento podem ser notadas alterações, como:

• Modificações no aparelho locomotor

Quando o indivíduo começa a notar que suas articulações já não possuem o

mesmo desempenho de antigamente, ocorre, neste período, a diminuição da estatura,

pois as vértebras são comprimidas, ao passo que os ombros se curvam, a cabeça sofre

inclinação frontal, os joelhos acabam por dobrar-se, gerando constantes perdas de

equilíbrio.

• Modificações nos músculos

O envelhecimento provoca perda de força e diminuição de empenho muscular,

acarretando em atrofias musculares e dificultando atividades como carregar algo

pesado.

• Modificações nas articulações

Processos de artrose podem afetar as articulações, gerando dificuldades de

mobilidade geralmente em quadris, dedos e joelhos. Obesos acabam por sofrer mais,

pois precisam suportar o peso elevado do corpo.

Pode-se diagnosticar facilmente o processo de envelhecimento através de

radiografias. Observa-se com clareza a diminuição do espaço articular, assim como

erosões ósseas.

41

• Modificações nos ossos

A osteoporose é uma alteração clássica, onde ocorre a transformação dos ossos,

ou seja, de consistente para algo de aspecto esponjoso, também acarretando deformação

óssea.

A descalcificação, diminuição de fixação do elemento cálcio, acelera processos

de deformação óssea e pode ser decorrente da ausência de exercícios físicos no

cotidiano.

• Modificações na pele

O enrugamento da pele é uma característica bem evidente, os idosos começam a

ter dificuldades na distinção de elementos com texturas distintas e percebem de modo

defasado sensações de frio e calor.

• Modificações no sistema respiratório

A rouquidão, expectoração excessiva e cortes na fala são algumas características

do envelhecimento atacando o sistema respiratório. Quando isto ocorre é de extrema

importância conservar a ventilação dos pulmões através da prática de exercícios físicos.

• Modificações cardiovasculares

Ocorrem elevações na pressão cardíaca, aumentando com isto os ciclos

cardíacos e, consequentemente, diminuindo a pressão sanguínea. Também pode ocorrer

diminuição da capacidade cardiovascular, quando há acumulação de gordura nos vasos

do sangue.

42

• Modificações no ouvido

O ouvido é facilmente afetado devido às agressões de uma vida inteira com

exposição ao barulho excessivo, porém o avanço da tecnologia tem melhorado esta

condição, garantindo, assim, um envelhecimento mais saudável.

Psicomotricidade e o envelhecimento

A psicomotricidade, na terceira idade, tem por objetivo evidenciar a consciência

da sabedoria acumulada durante toda uma vida, valorizando as qualidades do idoso e

auxiliando-o no enfrentamento e na aceitação de determinadas limitações físicas como

na estimulação do processo de autocuidado.

A atividade psicomotora coloca-o diante de um ambiente de vivência e isto leva

o idoso a revisar suas atitudes e, como conseqüência, estimula a uma mudança de

comportamento, adaptando-o ao processo de envelhecimento.

Embora a psicomotricidade tenha base no movimento e se fundamente no

âmbito comunicativo corporal que, por sua vez, é o intermédio das emoções, ela

também atua no caráter afetivo e na autoconfiança.

Um dos papéis do psicomotricista é motivar e estimular o idoso a manter-se em

um ritmo constante de atividade física para que não ocorra perda de motivação nas

atividades regulares.

A personalidade do profissional está diretamente ligada com o processo

motivacional aplicado, pois é necessário despertar o interesse e o entusiasmo para as

práticas físicas.

O princípio de individualização deve ser empregado na atividade física exercida,

portanto, há necessidade de um levantamento de informações do aspecto biossocial dos

idosos envolvidos.

43

Fatores essenciais que devem ser levados em conta para montagem de um

programa de atividades motoras para idosos são:

• Aquecimento físico;

• Alongamento;

• Exames médicos posteriores ao início das atividades.

A execução de atividades físicas regulares prepara o organismo para suportar

práticas que exijam melhor preparo físico, ou seja, exigem uma musculatura trabalhada.

As práticas físicas exercidas deverão ser contínuas para que haja garantia de adaptações

do organismo.

A prática deverá ser exercida no mínimo de três vezes no período de uma

semana, a fim de que se torne uma atividade de caráter habitual. Vale ressaltar que um

idoso demora um tempo maior para ser beneficiado com as práticas de uma atividade

física. Observe a imagem abaixo, nela temos uma atividade psicomotora com idosos:

Fonte: http://vivenciarelacional.com.br

44

Aumentos na intensidade de carga nos exercícios devem ser evitados

frequentemente e as práticas nunca devem alcançar a exaustão do idoso. A prática

também deve ser evitada em condições extremas, como no caso de doença em processo

agudo, de privações de alimentação e de condições de clima desfavoráveis.

Também deverão ser evitadas mudanças bruscas de posicionamento, de

movimentos severos, de transições agudas e de movimentos que utilizem pescoço e

cabeça rapidamente. O programa de uma atividade física para idosos deve ser

fundamentado em três segmentos:

• Inicialmente um aquecimento, como citado anteriormente;

• Prática aeróbica;

• Constante condicionamento muscular.

A prática aeróbica ao ser executada deverá seguir a prescrição de atividade de

impacto baixo, como: caminhadas, dança, hidroginástica, ioga e pedaladas. Estas

atividades são recomendadas no lugar de práticas agressivas, tais como esportes que

envolvam impactos, por exemplo, o vôlei.

O fortalecimento dos músculos é um aspecto relevante do programa a ser

executado, pois aumenta a massa muscular, evitando com isto um dos motivos

principais de acidentes, as quedas. E, além disso, incrementa a densidade dos ossos.

Este fortalecimento pode ser realizado de maneira intercalada com as práticas

aeróbicas ou no mesmo dia. E os exercícios propostos neste fortalecimento deverão ser

repetidos.

Uma prática que tem se mostrado bastante efetiva é a hidroginástica que, por sua

vez, tem sido utilizada para auxiliar na recuperação da perda de mobilidade nas

articulações, dificuldade de sustentação corporal, doenças renais e osteoporose.

45

O psicomotricista deverá fornecer orientação inteligível e deverá auxiliar nas

práticas motoras com discrição, a fim de não colocar em evidência a limitação física em

que se encontra o idoso. O tratamento com o idoso deverá ser de compreensão e

solicitude, porém nunca de maneira invasiva utilizando termos como “vovô”, “tio” ou

similares.

Os lugares recomendados para as atividades são os arejados e limpos. Ambientes

fechados e muito pequenos não são recomendados, pois prejudicam a mobilidade. E o

ambiente deve ser agradável, proporcionando a harmonia entre os participantes.

É de fácil compreensão os efeitos benéficos trazidos com a prática de uma

atividade motora regular na terceira idade, dentro do aspecto físico. Porém, as

experiências têm mostrado alterações benéficas de aspectos cognitivos, sociais e

emocionais.

2.4 – Desenvolvimento da linguagem nos primeiros anos de vida

O vínculo inicial que um bebê

tem com a mãe ou com alguém que

faça este papel, vem sendo estudado

com o objetivo de diagnosticar alguma

ligação com distúrbios de ordem

psicomotora que algumas crianças

apresentam.

Atitudes decorrentes de um

cuidado materno, como segurar o bebê,

acariciá-lo e olhá-lo é o primeiro

degrau para a construção da imagem do corpo de uma criança. Através destas primeiras

relações com a mãe, o bebê inicia um processo de conhecimento e individualização,

construindo o seu esquema comportamental.

46

Estudos mostram que bebês rejeitados ou órfãos tornam-se crianças sem muita

tonicidade motora e ficam desinteressadas pelos movimentos que o mundo exterior

provoca.

O início de um bebê em uma creche faz com que este ambiente se torne

fundamental para um bom desenvolvimento do bebê, tanto quanto o clima familiar. A

“escolinha” infantil ou creche é um ambiente educativo, onde os cuidados físicos e

outras necessidades como a alimentação e o “dormir” bem estão fortemente presentes,

não de forma rotineira, mas como meios de aprendizagem.

Estas ações são importantes para o aspecto emocional e cognitivo, pois auxilia

na construção da personalidade da criança e nas relações de comunicação. Nas relações

de cuidado, o bebê e o responsável por ele – educador ou psicomotricista – vivenciam

experiências cognitivas e de caráter motor que vão sendo aumentadas através de novas

relações entre eles. As relações são construídas a partir do contato visual, físico e

atencioso.

Como em casa o bebê tem a mãe como “exemplo”, a presença deste exemplo no

ambiente educativo precisa ser suprida e o educador tem que desenvolver este papel. A

efetividade das relações do bebê no período de creche dirá muito sobre o

desenvolvimento da criança, logo, torna-se importante criar laços com os responsáveis

por eles. No dia a dia com o bebê, o profissional passa a compreender as suas

necessidades e com as experiências adquiridas torna-se capaz de atendê-las.

O papel do profissional envolvido não é situar-se no centro das atenções do bebê

com expressividade de ordens e avaliações, mas é sistematizar uma maneira de

relacionar as experiências cotidianas com o conteúdo educativo.

Outro aspecto relacionado ao profissional é o ato de cuidar, que não pode ser

restrito às atividades funcionais como dar banho e trocar fraldas, mas sim abranger-se

para aspectos mais gerais como o modo de manipular o bebê, a fim de se comunicar.

47

O educador precisa compreender que o início de um período escolar é uma fase

difícil para o bebê. A criança necessita de uma atenção individual já que pela primeira

vez se desvincula da figura materna.

O tempo de adaptação de cada criança varia de bebê para bebê, porém

experiências mostram que pelos antes dos 18 meses de idade a adaptação é um processo

mais complicado de ocorrer.

Sendo normal que um bebê adaptado ao ambiente domiciliar precise de maior

atenção por parte do educador, ele necessitará de outro período de tempo para se

adaptar. Os bebês podem reagir de formas diversas ao processo de separação materna:

• Olhar cauteloso;

• Gritos e choros constantes;

• Tremores;

• Perda de sono e apetite;

• Agressividade.

Estes efeitos podem variar de acordo com a idade, o tempo de separação materna

e o ambiente, sendo que a pessoa que passa a fazer este papel no período escolar, neste

caso, é o educador.

Aspectos que podem dificultar esta adaptação são: quantidade grande de bebês

para cada profissional, a troca de profissional, cuidado que o educador tem na criação

dos laços, entre outros. E são caracterizados como os momentos mais difíceis para a

criança:

48

• Entrar e sair;

• Horário da alimentação;

• Horário destinado ao sono;

• Alterações nos horários.

Este período de adaptação será decisivo para as relações futuras do bebê com o

mundo e também com seu próprio corpo, pois é a adaptação a este ambiente que traz

aspectos benéficos ou destrutivos aos fatores cognitivos e motores.

Existem fatores que são imprescindíveis para que esta adaptação ocorra de forma

satisfatória e assim contribua de maneira favorável ao desenvolvimento particular de

cada criança. A mãe ou alguém que possua este papel no ambiente familiar pode se

manter presente nos primeiros dias de adaptação escolar, a fim de auxiliar a criança no

processo de descoberta de outras crianças e do novo ambiente.

Também é importante que o mesmo profissional da educação esteja em contato

com a criança nos primeiros dias de aula, uma vez que este contato torna a adaptação

mais tranquila.

Manter alguns horários como os de entrada e de saída, por exemplo, faz com que

o bebê se torne mais seguro, pois começa a associar tais atividades à proximidade de

reencontrar a figura materna.

Feriados ou períodos longos do bebê longe da creche faz com que haja uma

espécie de retrocesso no processo de adaptação, pois houve uma mudança brusca na

rotina dele.

No período de adaptação, o profissional deve atentar-se para aspectos

individuais de cada criança, ou seja, a relação dela com as outras crianças, interações

49

com os brinquedos e a qualidade da aceitação de afeto. Esta atenção especial é

importante, pois assim o educador é capaz de perceber a necessidade de cada bebê,

sendo que uns necessitam de mais auxílio em algumas interações do que outros.

Existem estágios de desenvolvimento de um bebê começando com apenas

estímulos sonoros simples até abordagens de maior complexidade como a capacidade

simbólica. A etapa inicial é quando o bebê ainda é incapaz de perceber a si mesmo,

tornando-se para ele um misto dele com a figura materna ou o meio exterior.

Sua percepção de estado de bem-estar ou mal-estar é evidenciada por algumas

descargas do sistema motor, cabendo à figura da mãe ou profissional envolvido

identificar essas descargas e decifrar qual é a necessidade do bebê. A satisfação de uma

necessidade decorre de um primeiro passo do aspecto psicomotor, a partir do conforto

de um sentido proposto pela mãe ou pela figura materna.

A segunda etapa se dá quando as descargas anteriores indiferenciadas passam a

ser uma maneira de se comunicar com o ambiente externo, surgindo os primeiros sinais

de caráter cognitivo. O bebê passa a responder aos estímulos da figura materna,

correspondendo aos seus movimentos para com ele, seguindo-os com os olhos, por

exemplo.

A partir do momento em que o bebê adquire capacidade de se locomover,

começa uma etapa de relações com objetos externos e com outras pessoas de maneira

mais independente. As práticas motoras iniciadas nesta fase tornam-se mais objetivas,

pois a criança começa a notar os efeitos causados pelo manuseio de algum objeto,

passando a repeti-lo.

Quando se inicia alguma comunicação de caráter verbal, a criança amplia sua

capacidade de interagir com o mundo externo, desenvolvendo aspectos autônomos de

comunicação.

50

Sendo capaz de se comunicar verbalmente e de se locomover, a criança começa

adentrar em um mundo mais subjetivo, que é o dos símbolos, começando a colocar em

ação seu pensamento através da motricidade.

Nesta etapa, a criança tende a gesticular para expressar o que necessita ou

colocar em evidência seu desejo por algum objeto, movimentando-se para narrar esse

desejo.

Nesta fase, a criança começa a estabelecer interações com ela mesma e com o

ambiente exterior através da experimentação que ocorre no contato físico com ela e sua

subjetividade. Este processo de interação permite que ela passe a diferenciar seu corpo

dos objetos exteriores e as percepções de seu próprio corpo vão se incorporando

gradativamente.

O papel do profissional psicomotricista é criar meios de estabelecer um

desenvolvimento satisfatório na fase inicial da linguagem, desenvolvendo atividades

lúdicas que auxiliem este processo, pois, como descrito anteriormente, este é um

processo que também se dá através do movimento.

Estas atividades podem ser de estimulação sonora e de aspectos visuais, como:

brinquedos que se movem, de coordenação motora como seguir engatinhando ou

caminhando sobre traços marcados no chão, movimentos coordenados guiados pelo

educador etc. Todos os exemplos de atividades citados devem ser executados de

maneira que o bebê sinta motivação em fazê-lo e, assim, desenvolva seu aspecto motor.

A figura do educador ou do psicomotricista é de caráter essencial para

desenvolver a parte emocional e a coordenação motora, responsável pelo

desenvolvimento da linguagem e sua função de interagir com o mundo exterior.

51

2.5 – Educação especial e inclusão social

Sendo a psicomotricidade um campo de

atuação interdisciplinar, que estuda as relações

entre a motricidade e o processo psíquico, ela

pode ser aplicada em todo tipo de criança que

esteja em desenvolvimento ou com dificuldades

de aprendizagem, pessoas com algum tipo de

deficiência seja ela mental, motora ou

psicológica.

A psicomotricidade pode trazer um

ambiente favorável para crianças portadoras de

síndrome de Down, por exemplo, o atendimento

dessas crianças deve ser executado com fundamentação no desenvolvimento do

potencial motor, utilizando movimentos para atingir as condições elaboradas de

aprendizagem.

Trissomomia 21 ou síndrome de Down, como é popularmente conhecida, é uma

mutação genética nos cromossomos que costuma ocorrer em um a cada,

aproximadamente, mil nascimentos. Essas alterações acontecem no período de

desenvolvimento fetal, possibilitando o diagnóstico precoce e preparando a família para

receber uma criança nestas condições.

Essas crianças trazem junto com as alterações alguns problemas de

desenvolvimento fisiológico, cerebral e características comuns a elas, que podem ser

notadas no nariz, nos dentes, no formato dos olhos, no pescoço, no cabelo, na pele, na

cabeça, nas mãos e nas orelhas.

Além destas características físicas, também possuem problemas de origem

cardiológicas, na audição, o aparelho digestivo pode ser diferente, algumas deficiências

oculares, memórias curtas e problemas no sistema imunológico.

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A aplicação da psicomotricidade visa oferecer uma qualidade de vida aos

deficientes, trazendo ampliações de percepção tanto motora quanto sensorial, dando

uma perspectiva diferenciada ao seu desenvolvimento.

Porém, a síndrome não causa na criança apenas limitações de caráter físico, mas

também os de aspectos sociais e educacionais, contudo, de acordo com os estímulos

recebidos por essas crianças, elas podem desenvolver habilidades sem que caiam no

estereótipo de crianças inferiores.

Se esta condição de aspecto inferior for substituída por uma atribuição de valor à

vida e ao respeito pelo próximo, sendo incluída em todos os ramos da educação e do

trabalho, haverá contribuição no desenvolvimento delas.

O contexto da síndrome de Down coloca a criança em um quadro de

dificuldades gerais de aprendizagem, que afetam as aéreas de integração social, os

aspectos linguísticos e de motricidade no geral. E diante destas dificuldades gerais,

nota-se a importância de melhorar seu desenvolvimento cognitivo e motor, sem deixar

de respeitar suas limitações.

É essencial a estimulação precoce de aspectos motores e de cognição para que

essas crianças apresentem desenvolvimento satisfatório dentro do contexto em que estão

inseridas.

A educação com ênfase no psicomotor evidencia desenvolver, junto ao processo

de ensino-aprendizagem, atividades que desenvolvam a criança em todas as etapas de

maturação, a fim de que o indivíduo consiga adquirir desenvolvimento em aspectos

psicológicos e físicos, permitindo que a criança passe pelo processo de descoberta do

mundo que a cerca.

A eficiência deste processo de aprendizagem da criança com Down é dependente

da instituição escolar a qual está inserida e dos profissionais que lidam com a criança.

53

Os profissionais devem motivar a criança de maneira cuidadosa, com

treinamentos específicos aplicados as condições de cada criança portadora. E as escolas,

por sua vez, devem elaborar adaptações de aspecto curricular no ambiente físico e no

conteúdo educacional aplicado às crianças.

Desta maneira, associar o processo de aprendizagem com as atividades

psicomotoras ao expressar mudanças de caráter qualitativo no desenvolvimento geral da

criança com Down, proporcionando um melhor rendimento quanto às formações de

base da estrutura corporal e emocional, isto é, no equilíbrio psicológico e motor,

intervindo na inteligência, sociabilidade e parâmetros de locomoção.

O desenvolvimento de aspectos psicomotores ocorre nas crianças a partir das

manifestações do ambiente que as cercam em forma de estímulos provocados. Nas

etapas de aplicação de exercícios psicomotores aparecem no indivíduo à percepção da

imagem corporal e da estrutura do corpo em si, ou seja, nos aspectos como lateralidade

e dinâmica.

A coordenação motora geral constitui a base de grandes capacidades da

percepção, sendo então decisiva para o desenvolvimento de potencialidades de uma

criança.

É importante proporcionar o máximo de atividades com movimentos de

coordenação à criança, tanto de coordenação motora fina quanto as de aspecto geral,

assim como as de coordenação visual, que é associada à capacidade de ordenar a visão e

também as de caráter auditivo, que é a habilidade de transformar movimentos em

comando do aparelho auditivo.

Da mesma maneira, a coordenação facial permite a comunicação pessoal, pois é

o início de qualquer expressão do estado emocional de uma criança com Down ou não.

A psicomotricidade como aspecto relacional consiste em encontrar uma forma

lúdica para que o indivíduo possa se expressar por meio de jogos e atividades propostas.

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Permite à criança a exploração corporal por meio da expressividade e das atividades em

grupo, liberando as emoções e os conflitos que estão envolvidos.

As crianças com síndrome de Down possuem dificuldades ao que se refere ao

controle do corpo, como: erguer a cabeça, virar-se para baixo, mudar de posição,

ajoelhar-se, pular, saltar sem perder o equilíbrio, entre outros.

Com base nestes aspectos, tornam-se extremamente necessários o atendimento e

a educação com fundamentos piscomotores para que estas crianças sejam autônomas.

Observe na imagem abaixo a psicomotricidade aplicada em crianças com síndrome de

Down:

Fonte: http://e-aguaevida.blogspot.com.br/2012/03/dia-internacional-da-sindrome-de-down.html

Assim como os indivíduos que possuem síndrome de Down têm encontrado

melhoria de vida e melhor desempenho de suas atividades com o auxílio da

psicomotricidade, o mesmo acontece com os deficientes visuais.

As crianças portadoras de severa deficiência visual possuem a linguagem e o

tato como canais principais para sua comunicação com o mundo que as cercam. O tato é

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a “visão” para quem possui esta deficiência, portanto estimular ao máximo este sentido

proporcionará ao indivíduo maior interação e habilidade para se comunicar.

A cegueira possui um grau mais elevado à percepção corporal, fazendo com que

a criança, muitas vezes, não distingua o que de fato é dela e o que são roupas ou

acessórios. A ideia de espaço também precisa ser trabalhada constantemente, pois são

adquiridos através dos movimentos e deslocamentos do corpo, e como o indivíduo cego

perde um pouco do estímulo pelo desconhecido, consequentemente perde o interesse de

se locomover.

Isso torna seu deslocamento restrito e prejudica sua noção espacial, logo a

psicomotricidade possui o papel de estimular o interesse pela descoberta e pelo

conhecimento espacial da pessoa.

Outro sentido que deve ser trabalhado através da psicomotricidade é o auditivo,

pois é também através dele que o indivíduo percebe as noções de subjetividade e

distância. Portanto, exercícios e práticas que estimulem a percepção de sons diversos e

noções de perto e longe, intensidade de som e aspectos semelhantes, devem ser

constantemente trabalhados.

Como a psicomotricidade pode ser facilmente trabalhada em grupos, ela

proporciona aos deficientes visuais o contato com as outras pessoas de maneira mais

esclarecida e pessoal, fazendo com que compreendam as necessidades e limitações do

outro e que sintam-se seguros.

As pessoas com deficiência visual constroem o mundo através dos outros

sentidos, o papel fundamental da psicomotricidade é propor ferramentas que auxiliarão

este processo de criação com a finalidade de que os indivíduos possam ter total

autonomia.

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Para melhor entendermos o conceito de educação especial, observemos o artigo

abaixo. Trata-se de um texto que expõe de maneira objetiva e clara uma proposta

pedagógica para a deficiência cognitiva e física. Vejamos:

Educação Inclusiva/Especial

O que é a educação inclusiva?

A educação inclusiva é uma ação educacional humanística, democrática,

amorosa, mas não piedosa, que percebe o sujeito em sua singularidade e que tem como

objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos.

O conceito de educação inclusiva surgiu a partir de 1994, com a Declaração de

Salamanca. A ideia é que as crianças com necessidades educativas especiais sejam

incluídas em escolas de ensino regular. O objetivo da inclusão demonstra uma

evolução da cultura ocidental, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das

outras por apresentar alguma espécie de deficiência.

Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir

interação entre crianças, procurando um desenvolvimento conjunto. No entanto, por

vezes, surge uma imensa dificuldade por parte das escolas em conseguirem integrar as

crianças com necessidades especiais devido à necessidade de criar as condições

adequadas.

Com a Declaração de Salamanca surgiu o termo necessidades educativas

especiais, que veio substituir o termo “criança especial”, termo anteriormente utilizado

para designar uma criança com deficiência. Porém, este novo termo não se refere

apenas ás pessoas com deficiência, este engloba todas e quaisquer necessidades

consideradas “diferentes” e que necessitem de algum tipo de abordagem específica por

parte de instituições. Em um mundo cheio de incertezas, o Homem está sempre a

procura da sua identidade e, por vezes, chega mesmo a procurar integrar-se na

57

sociedade que o rodeia, pois fica um pouco “perdido”.

A educação inclusiva apoia os deficientes na educação especial. A educação

especial é o ramo da educação, que se ocupa do atendimento e da educação de pessoas

deficientes, ou seja, de pessoas com necessidades educativas especiais.

A educação especial é uma educação organizada para atender, específica e

exclusivamente, alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas

dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O

ensino especial é mais frequente em instituições destinadas a acolher deficientes, isto

tem sido alvo de criticas, por não promoverem o convívio entre as crianças especiais e

o restante das crianças. No entanto, é necessário admitir que a escola regular nem

sempre consegue oferecer uma resposta capaz de atender as diversas necessidades

destas crianças. A educação especial lida com fenômenos de ensino e aprendizagem

diferentes da educação regular. São vários os profissionais que podem/devem trabalhar

na educação especial, como, por exemplo, o educador físico, professor, psicólogo,

fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, entre outros.

Como podemos concluir, uma escola direcionada para a educação especial

conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de

ensino precisa adaptar-se, caso deseje ser inclusivo. Hoje, já se conhecem mais escolas

que adaptarem-se e tornarem-se inclusivas. A criança com necessidades educativas

especiais ou sua família já pode optar mais facilmente sobre onde pretende lecionar o

aluno.

A tecnologia e o desenvolvimento da informática, veio abrir um novo mundo de

possibilidades comunicativas e de acesso à informação, sendo estas um auxílio às

crianças portadoras de necessidades especiais, pois permitem facilitar todo o processo

educacional, visando a formação integral de cada aluno especial.

A tecnologia deve ser encarada como um elemento cognitivo capaz de facilitar

a estrutura de um trabalho, pois facilita as descobertas, garantindo, assim, condições

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propícias para a construção do conhecimento.

Será o ensino regular a melhor opção para uma criança com necessidades

educativas especiais?

O suporte emocional

Em primeiro lugar, deve reconhecer-se que o contato e o convívio, formal e

informal, entre os diversos alunos, com e sem deficiências, é um meio para que os

comportamentos, típicos de cada um e/ou de cada deficiência se normalizem. É uma

oportunidade para a construção de relações afetivas, que podem vir a revelar-se ao

longo dos anos, como um suporte emocional fundamental na construção da

personalidade dos alunos com deficiência. Faz com que ganhem forças para superar

modificações sociais, geralmente mais autônomas e diversificadas. Por sua vez, os

alunos ditos “normais” poderão desenvolver uma maior capacidade de aceitação da

diferença.

Suporte social e instrução

Em um envolvimento normal, as pessoas com deficiência podem ter um suporte

social e/ou auxílio. A convivência com colegas e o apoio deles nas atividades da escola

contribui para um suporte social. O suporte instruidor deriva da aprendizagem

cooperativa, da aprendizagem por imitação etc. Estes suportes são bastante importantes

no desenvolvimento dos alunos com deficiência mental acentuada. No entanto,

especialistas concluem que não se têm valorizado suficientemente o papel que as redes

de suporte social podem fazer para estas crianças, bem como para suas famílias.

O apoio de especialistas pode ir reduzindo as distâncias entre crianças normais

e crianças com deficiência, os professores de apoio que trabalham fora da sala de aula,

com pequenos grupos de alunos, podem passar a dar apoio dentro dela. Este caminho

implica a organização do trabalho interagindo, solidariamente, os dois professores

(normal e de ensino especial) assim, podem definir e construir a melhor forma de

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trabalharem.

Algumas pessoas entendem que o apoio na sala de aula pode ter algumas

consequências negativas nas aprendizagens como, por exemplo, uma quebra de atenção

por parte do aluno durante a realização de uma tarefa, situações de discriminação etc.

No entanto, o objetivo fundamental é criar melhores condições de aprendizagem para

todos os alunos, a presença de outros recursos na sala de aula, no caso um segundo

professor, pode constituir uma ajuda importante.

O aluno com necessidades especiais necessitará sempre de apoio extra-aula, o

apoio na sala de aula é importante, mas não é o suficiente, este deve ser levado a outros

espaços/ambientes.

Cooperação e organização da sala de aula

Uma boa organização na sala de aula exige a presença de regras claras, no que

diz a respeito ao comportamento, como na forma de execução das tarefas e atividades

de aprendizagem. No entanto, todo esse processo de organização e funcionamento deve

passar pelo respeito mútuo, pela aceitação e compreensão das necessidades do outro,

por um processo aberto e dinâmico de negociação, onde o aluno se sente responsável e

participante.

Inclusão e suporte social às famílias

A inclusão escolar não deve ignorar o funcionamento das famílias com as

crianças deficientes. O fato das crianças com necessidades educativas especiais

frequentarem uma escola regular é uma fonte geradora de stress.

Stress familiar e a escola a escolherem

Como já referimos, anteriormente, as famílias de pessoas com necessidades

educativas especiais, embora consideradas competentes e capazes de responder às

necessidades dos seus filhos, são particularmente vulneráveis ao stress. Assim, a

60

deficiência influencia as relações familiares em vários níveis, tais como a ruptura

matrimonial, os desentendimentos entre pais e filhos, a qualidade da relação entre

irmãos, o aumento das dificuldades econômicas, um maior isolamento etc.

Mudar a escola tornando-a mais receptiva à diferença (mais inclusiva) é difícil,

se esta não se ajustar às expectativas e às necessidades das famílias e dos alunos, será

um fator/fonte considerável de stress e violência para o aluno e para a família.

Fonte: http://deficiencia.no.comunidades.net/index.php?pagina=1115276908

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Conclusão do Módulo I

Olá, aluno(a)!

Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso curso de

Psicomotricidade, oferecido pelos Cursos 24 horas.

Neste primeiro módulo do curso, pudemos conhecer os conceitos gerais

psicomotricidade, assim como sua história, os princípios que ela segue e seu

desenvolvimento durante os anos. Conhecemos o que a filogênese, ontogênese e a

retrogênese.

Vimos onde o profissional psicomotricista pode atuar e seu papel perante o

indivíduo. Aprendemos para que serve a psicomotricidade na educação infantil, no

âmbito hospitalar e os benefícios dela na terceira idade, além de mostrar como ela ajuda

no desenvolvimento das crianças com necessidades especiais.

Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar uma avaliação

referente a este módulo já estudado. A avaliação encontra-se em sua sala virtual. Fique

tranquilo(a) e faça sua avaliação quando se sentir preparado!

Desejamos um bom estudo, boa sorte e uma boa avaliação!

Até logo!