direito fiscal i teóricas

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Direito Fiscal I – Teóricas Prof. Dr. José Casalta Nabais Bibliografia: Legislação Direito Fiscal Direito Fiscal, 5ª Edição, Dr. José Casalta Nabais, Almedina Introdução: Direito Financeiro Imposto, taxas Frequência: 15/12/2010 1

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Page 1: Direito Fiscal I  Teóricas

Direito Fiscal I – Teóricas

Prof. Dr. José Casalta Nabais

Bibliografia:

Legislação Direito Fiscal

Direito Fiscal, 5ª Edição, Dr. José Casalta Nabais, Almedina

Introdução:

Direito Financeiro

Imposto, taxas

Frequência: 15/12/2010

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Page 2: Direito Fiscal I  Teóricas

AULA: 28/09/2010

Subjectivo:

Sujeito activo - Sujeito activo exerce funções públicas sobre sujeito passivo

Sujeito passivo

Prestação objectiva: lateral e definitiva

Visão finalista:

Obter receitas (finalidade fiscalidade) Prestação pecuniária activa

o Excluímos função sancionatória (pecuniária, multas, coimas...) não é imposto, é pena. *

*Doutrina contesta: impostos fundiários, pecuniários, coactivo (acto cumprimento), definitivo.

Sujeito activo:

Entidade pública Entidade que exerce actividade pública

Imposto incide sobre o que se gasta em consumo não sobre o produto

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Page 3: Direito Fiscal I  Teóricas

9 Características do Imposto

5 objectivas 4 subjectivas

Sanções e multas # imposto

Extra Fiscal: taxa sobre lâmpadas de alto consumo energético: não é para obter receitas é

para evitar a compra das mesmas – âmbito Direito Ambiental.

Género mais próximo do imposto e taxa:

Tributo Unilateral Bilateral Característica mais importante UNILATERALIDADE

# Imposto e Taxa:

1º unilateral e 2º bilateral, depende se regime jurídico é idêntico ou não;

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Page 4: Direito Fiscal I  Teóricas

Contribuições – unilateral – Regime geral

TUDO parte da divisão entre imposto e taxa

Tarifa – Conceito antiquado – acordo sobre importação e comercio...muito difícil saber o

que é!!!!!

Lógica da Tarifa é o preço

Taxa – preço publico – monopólio, existe limite jurídico para a taxa, tem a ver com custo e

pagamento iniciais.

Curva Laffer: à medida que cresce o imposto cresce a receita, mas eventualmente inverte.

Utilidade prática # regime diferente

Género: imposto é um tributo unilateral e a taxa bilateral

Imposto unilateral – contrapartida especifica ou individual

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Page 5: Direito Fiscal I  Teóricas

Taxa – ideia de troca – paga por um serviço especifico, se não estiver satisfeito pode

reaver valor.

3 tempos (taxa):o Serviçoso Utilização domínio públicoo Licenças (por trás da licença está um serviço)

UNILATERALIDADE:

Critério material do imposto: principio da igualdade: critério para medir – capacidade

contributiva, pelo rendimento e património

Critério formal do imposto – CRP (art. 104º)

Critério material da taxa: principio da proporcionalidade

Critério formal da taxa: Regime geral

IMPOSTO SISTEMA DINÂMICO

Filtro: 1) Incidência 2) Lançamento 3) Liquidação 4) Cobrança

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Page 6: Direito Fiscal I  Teóricas

1) Incidência – momento de nascimento do imposto, momento normativo: Art. 103º CRP:

Lei: art. 165, nº1, alínea i) Lei autorização Governo: Art. 227, nº1, alínea i)

2) Lançamento – Aplicação, facto tributário, facto revelador, capacidade contributiva do

individuo

3) Liquidação (administração liquida/lança)

Sentido subjectivo: identificar contribuinte

Sentido objectivo: determinação matéria colectável ou tributável

Sentido estrito: (sem lançamento) – aplicar a taxa à matéria colectável que nos dá a

colecta – momento que fixa o imposto, qual o imposto a pagar (ex: IMI)

Depois da colecta há momentos de determinação do imposto

Sentido amplo: 4 momentos:

1) Determinação imposto 2) Lançamento

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Page 7: Direito Fiscal I  Teóricas

3) Liquidação (estrito) 4) Dedução à colecta

Liquidação – conjunto de operações da administração (actualmente contribuintes

e empresas)

4) Cobrança – Pagamento, Estado cobra, contribuinte paga

AULA: 12/10/2010

Classificação de Impostos (mais úteis ponto de vista pratico - Definição Clássica)

A) Impostos directos e impostos indirectos

2 Critérios fundamentais: Económicos e Jurídicos:

1) Critérios Económicos (3 tipos):

a) critério financeiro – atende ao objecto do imposto, segundo o qual:

impostos directos – são aqueles que atingindo manifestações imediatas da capacidade

contributiva, têm por pressuposto a própria existência duma pessoa, património ou dum

rendimento;

impostos indirectos – são aqueles que atingindo manifestações mediatas da capacidade

contributiva, tributam a despesa, a transferência de bens ou outras manifestações

indirectas da capacidade contributiva

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Page 8: Direito Fiscal I  Teóricas

Prof. Teixeira Ribeiro: os impostos são directos ou indirectos conforme incidam sobre a

matéria colectável directa ou indirectamente tributada.

Critério financeiro entre nós não é tido em conta na legislação.

b) critério económico stricto sensu ou da contabilidade nacional – tem em conta a

natureza económica do imposto, ou seja, a sua integração ou não nos custos de produção

das empresas:

impostos directos – não constituem custos de produção das empresas. Não integram o

preço dos bens e serviços, não fazem parte do apuramento do produto e rendimentos

nacionais

impostos indirectos – constituem custos de produção das empresas. Integram os preços

dos bens e serviços, são deduzidos ao produto nacional (bruto ou líquido) para apurar o

rendimento nacional (bruto ou líquido).

O rendimento nacional é igual ao produto nacional menos os impostos indirectos ou

impostos sobre o consumo. Ou seja, os impostos indirectos são os impostos sobre o consumo

(IVA).

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Page 9: Direito Fiscal I  Teóricas

c) critério da repercussão económica – tem em conta se os impostos são repercutíveis

ou não no consumidor, ou no adquirente final de bens e serviços:

impostos directos – não são repercutíveis, no adquirente final de bens e serviços. Sendo

assim, são irrepercutíveis os impostos sobre o rendimento e sobre o património. Verifica-

se uma identidade entre o contribuinte e o suportador económico do imposto

impostos indirectos – são repercutíveis no adquirente final de bens e serviços. Sendo

assim, são impostos sobre o consumo são repercutíveis. O contribuinte não coincide com

o suportador económico do imposto.

Fenómeno da repercussão é muito amplo abarcando frequentes vezes manifestações

da própria tributação do rendimento e do património. Assim esta distinção tende a assentar

não na simples susceptibilidade da repercussão económica, mas antes na repercussão

económica que o legislador fiscal quis ter em conta aquando do corte legal do pressuposto

de facto do respectivo imposto, como exemplo no IVA, no Art. 36.º CIVA, há uma obrigação

formal de repercussão. O que exprime mais um critério jurídico do que económico. Por outro

lado, nem sempre nos impostos indirectos em que é pressuposto haver uma obrigação

material de repercussão, esta se verifica, pois as concretas condições de mercado, que fixa os

preços dos bens e serviços, podem obstar a que a mesma tenha lugar.

2) Critérios Jurídicos (3 tipos):

a) critério do lançamento administrativo – critério elaborado por O. Mayer, séc. XX, em

que:

impostos directos (ou impostos com lançamento): aqueles em cujo procedimento

fiscal houvesse lugar a um acto administrativo de lançamento ou acto tributário.

impostos indirectos (ou impostos sem lançamento): aqueles em que esse acto

administrativo não tivesse lugar.

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Page 10: Direito Fiscal I  Teóricas

Porém deu-se conta que havia impostos indirectos em que na prática havia

lugar a um acto administrativo, exemplo: despacho aduaneiro nos impostos aduaneiros e,

por outro lado, impostos directos em que esse acto estava de todo ausente.

Prof. Casalta Nabais: existe cada vez mais a dificuldade de encontrar o acto administrativo

diluído no respectivo procedimento, e também o facto do acto tributário estar

frequentemente dependente do cumprimento dos deveres de colaboração do contribuinte

ou de terceiros. Isto quando não houver lugar à autoliquidação ou a liquidação por

terceiro, caso em que a administração fiscal pura e simplesmente não participa no

procedimento tributário.

b) critério do rol nominativo – critério com adeptos sobretudo na Itália:

impostos directos – lançamento se baseasse na existência junto da

administração fiscal duma lista ou rol nominativo de contribuintes

impostos indirectos – lançamento não tem por base existência de lista ou rol

nominativo.

Prof. Casalta Nabais: devido ao sistema complexo do sistema fiscal actual, em que a matéria

colectável de parte dos impostos é levada ao conhecimento da administração fiscal ou

determinada pelos contribuintes ou por terceiros e, não conhecida antecipadamente a

existência ou ausência duma lista não seja actualmente um critério adequado e muito

menos decisivo para a taxinomia dos impostos.

c) critério do tipo da relação jurídica base do imposto – a distinção entre impostos

directos e indirectos reside no tipo de relação jurídica fonte da obrigação do imposto, ou

seja, na configuração instantânea ou duradoura do elemento temporal do facto tributário.

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Page 11: Direito Fiscal I  Teóricas

impostos directos – verificam-se se a relação jurídica fonte de obrigação de

imposto tiver na base situações estáveis, que se prolongam no tempo, mantendo-se ano

após ano, dando origem a obrigações periódicas, obrigações que se renovam todos os

anos – impostos periódicos ou duradouros (IRS, IRC).

impostos indirectos – verificam-se se a relação desencadeada por facto ou acto

isolado, ou factos ou actos sem continuidade entre si, uma relação de carácter

instantâneo, que dá origem a uma obrigação de imposto isolada – impostos de obrigação

única ou instantâneos (IMI).

Prof. Casalta Nabais: utilidade – institutos ligados ao tempo, decurso do tempo tem efeitos

jurídicos, repercussões: inicio, prestação, vigência e efeito retroactivo.

Institutos do tempo:

Caducidade da liquidação: acto tributário ou acto de liquidação, prazo geral 4 anos.

Art. 45.º, nº 4 LGT.

Prescrição da obrigação: obrigação tributaria, prazo geral 8 anos. Art. 48.º, nº 1 LGT

Conta-se a partir do momento do facto gerador “a quo”, a partir da

verificação do facto gerador (LGT). A solução do legislador não foi ao nível da incidência

mas ao nível da liquidação/cobrança.

impostos periódicos – contam a partir do termo do ano em que se verificou o

facto tributário;

impostos de obrigação única – contam a partir da data em que ocorreu o facto

tributário, com excepção do IVA e retenção na fonte a título definitivo, caso em que se conta

o ano civil seguinte àquele a que se verificou o facto tributário.

B) Impostos periódicos e impostos obrigação única

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Page 12: Direito Fiscal I  Teóricas

Ver último critério jurídico.

C) Impostos reais e impostos pessoais

Peso relativo da incidência real e da incidência pessoal.

Impostos reais: atinge-se a matéria colectável objectivamente determinada, fazendo-

se a abstracção da situação económica e social do contribuinte (IMI, IMT, IVA, IRC...).

Impostos pessoais: tem-se em consideração a concreta situação económica e social do

contribuinte, isto é o valor da sua fortuna e dos seus rendimentos assim como os

encargos que tem de suportar (IRS). Os impostos pessoais atendem ao rendimento

global do contribuinte, excluem da tributação o mínimo de existência, têm em

consideração os encargos com a família (abatendo-os à matéria colectável) e sujeitam

a matéria colectável a uma taxa progressiva (4 características impostos pessoais).

Quem está no poder isenta-se de impostos – lei sociológica

Fenómeno da anestesia fiscal – décima militar – Padre António Vieira

D) Impostos de quota fixa e impostos de quota variável

Ponto de vista do montante a pagar temos a quota fixa – imposto geral, é aquele em que

todos pagamos o mesmo montante. Ex: contribuição audiovisual; pessoa paga per capita;

não terá em conta a capacidade contributiva.

Quota variável, variam em função da capacidade contributiva:

1) taxa fixa – pagam imposto diferente com base em taxa única, fixa, o montante é

diferente em função da capacidade contributiva;

2) taxa variável – impostos progressivos – IRS, escalões – cada fatia do

rendimento paga taxa própria, varia em função da matéria colectável e da taxa,

é duplamente progressivo.

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Page 13: Direito Fiscal I  Teóricas

E) Impostos sobre o rendimento, património e consumo

a. Imposto sobre o rendimento

2 conceitos:

Rendimento sobre o produto estrito – produto - – o produto está ligado à

produção que é preciso a empresa, organização de factores de produção ou

bens e serviços; A contrapartida que os produtores e factores podem receber

por participarem na produção – salário, juros, rendas, lucros – Rendimento

Produto

Rendimento sobre o produto amplo – acréscimo - certos rendimentos que não

correspondem a factores de produção – Mais Valias – Não correspondem à

participação na actividade produtiva.

IRS – IRC

b. Imposto sobre o património

Rendimento imobiliário; capital financeiro, capital produtivo

Karl Marx – Das Kapital – como se distribuía o rendimento sobre os factores de

produção, o factor trabalho era prejudicado face o factor capital.

Em todas as categorias há exploradores e explorados.

IMI – imposto estático

IMT – impostos instantâneos, único sobre a realidade imobiliária

Comprador é que paga IMT porque fica com o património, fica com o bem imóvel.

c. Imposto sobre o consumo

IVA, Imposto petrolífero, tabaco, álcool, veículos (IA) – bens de consumo

duradouro.

Esta divisão tripartida não é correcta, sendo que rigorosamente assenta exclusivamente

em critérios económicos.

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Page 14: Direito Fiscal I  Teóricas

F) Impostos fiscais e extrafiscais

Prende-se com o elemento teleológico ou finalístico do conceito de imposto.

Impostos extrafiscais prosseguem predominantemente objectivos económicos e

social, não integram o direito fiscal mas antes o direito económico fiscal, sendo que

não se lhe aplicam os princípios e preceitos constitucionais integrantes na

“constituição fiscal”.

Visão panorâmica do conteúdo do direito fiscal

Direito Fiscal – regula impostos, muito heterogéneo, muito variável.

Perspectiva vertical – aparece em diversos níveis, CRP, legislação ordinária e

normas legais, CIRS, CIRC...

Normas tributas

Perspectiva horizontal - Mas há normas que não tributam mas fiscalizam.

Horizontes mais globalizantes.

Produção de direito multi-nível ou em rede – OCDE, direito europeu.

AULA: 19/10/2010

- Continuação da visão panorâmica do direito fiscal – pág. 65

- Natureza do direito fiscal – pág. 73

- Relação Direito fiscal com outros ramos do direito – pág. 82

- Direito fiscal e outros saberes sobre impostos – pág. 114

AULA: 26/10/2010

Princípios jurídico-constitucionais

Princípio da legalidade: criação de imposto está sujeito à vigência decorrente do

princípio da legalidade fiscal – art. 165.º, nº 1, alínea a) 1ª parte CRP e art. 103.º, nº 2 CRP

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Page 15: Direito Fiscal I  Teóricas

- Para criar imposto é necessário Lei da Ar, Art. 165.º CRP, lista matérias da reversa

relativa AR, é preciso Lei de Autorização Legislativa ao Governo – Princípio da

Reserva de lei formal.

- Lei AR ou DL Autorizado tem que ter conteúdo mínimo, reserva material ou

conteudístico, tem que ter os elementos essenciais dos impostos – art. 103.º, nº 2

CRP – princípio da tipicidade.

Princípio da igualdade ou princípio da exonomia fiscal (Brasil):

Aristóteles – tratar igual o que é igual e diferente o que é diferente.

Mas essa regra é neutra, não nos diz o que é igual e o que é desigual:

- horizontal: os que estão na mesma situação pagam o mesmo imposto;

- vertical: todos na mesma posição. Critério da comparação – tercio comparation – a

medida tem de ser aceitável – capacidade contributiva – art. 104.º, nº 1 CRP.

Na prática para efeitos de fiscalidade a igualdade é complicada de aplicar.

Princípio da não retroactividade – Art. 103.º, nº 3 CRP – “no taxation without

representation”, cláusula da “liberty and property”, 1º penal e 2º fiscal. Art. 18.º, nº 3 CRP

o princípio da não retroactividade decorre deste artigo indo depois para o Art. 103.º CRP.

Em quase todos os Estados Americanos é proibida a retroactividade geral, mas o

Congresso veio dizer que era somente relativo a direito penal.

Código Civil – princípio da não retroactividade, não se aplica ao legislador mas ao

destinatário da lei.

Direito comunitário – pág. 181 – direito comunitário fiscal próprio, impostos comunitários

próprios e direito comunitário fiscal interestadual.

Convenções internacionais – pág. 189

Leis – pág. 194

Matéria reservada AR – Art. 165.º, nº 1, alínea i), legislador deve definir objecto, art. 165.º,

nº 2 e 5 CRP.

Costume – prática reiterada e constante (corpus) com convicção de obrigatoriedade

(animus) – é assim porque deve ser assim.

Pode haver costume contra lei mas não contra lei constitucional => o costume revoga a lei

e a lei revoga o costume. Há costume constitucional, autogénese do costume.

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Page 16: Direito Fiscal I  Teóricas

Fim da pena de morte – 1866 – Vítor Hugo “Portugal é um povo surpreendente porque fez

algo que era esperado da civilização.”

Costume não tem prática no direito fiscal.

Contratos – entre partes, não são fonte de direito fiscal. 2 sentidos:

- Há contratos fiscais que não violam preceitos legais, ex: benefícios fiscais – Auto

Europa – autogestão dos funcionários que através de determinados riscos que

assumem perante a produção, o Estado dá contrapartidas – benefícios fiscais, que

determina a incidência, que só pode ser determinada por lei e aqui com base no

contrato é que está em causa o princípio da legalidade.

- Há outros que têm a ver com liquidação e cobrança, ex: típico, impostos sobre o

jogo por avença com casino, imposto especial e não IRC – a liquidação é feita de

forma sintética com base num certo índice. É para ver quanto há de imposto.

Jurisprudência e doutrina –

Jurisprudência - inconstitucionalidade e ilegalidade TC. TA e fiscais podem declarar ilegais

os regulamentos tributários (raro) mas nessa medida.

Doutrina – pode influenciar mas não é fonte formal.

Codificação – ler!

Interpretação e integração de normas do Direito Fiscal

Art. 11.º LGT – interpretam-se como as normas gerais.

Interpretação – sentido das normas, qualificação do facto, aplicam-se as mesmas regras

gerais da interpretação.

Itália – Escola Pavia – teoria proporcional – teoria da interpretação económica.

Art. 11.º, nº 3 LGT – dúvidas das normas dá-se evidência à equivalência dos factos –

interpretação económica dos factos.

Integração de lacunas – não há analogia em direito fiscal – analogia é elemento da

interpretação.

AULA: 02/11/2010

Aplicação no tempo e no espaço da lei fiscal – pág. 226

- vigência da lei, entrada em vigor, cessação de vigência da norma.

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Page 17: Direito Fiscal I  Teóricas

- Saber a que tempo é que se aplicam as normas: passado, presente, futuro.

Retroactividade:

- quadro CRP que se impõe ao legislador, há sectores em que não se aplica a

retroactividade – penal e fiscal;

- não podemos aplicar a norma retroactivamente a não ser se for mais favorável, é

proibida a criação de impostos ou agravamento de impostos retroactivamente.

Eficácia espacial – pág. 228

Princípio da territorialidade – princípio muito importante no direito fiscal, é o ramo de

direito que devia ser considerado o mais nacional possível, porque os factos tributários

ocorrem no território onde efectuados.

Facto tributário plurilocalizado – reportam-se a mais do que uma jurisdição, o princípio

da territorialidade já não resolve aqui o problema. Os impostos são aplicados onde a

pessoa é residente; a nacionalidade deixou de ser relevante no pagamento de impostos, é

por ser residente e não nacional de um país.

A conexão relevante entre o contribuinte e o país é a residência.

O grande problema a que chamamos direito fiscal internacional.

pág. 230 – rendimento - residência e a fonte, origem e destino dos bens; património –

localização dos bens

Ex: empresa portuguesa lucra 500 mil € obtidos em Portugal, a sede é em Portugal e

obtém mais 200mil € em Espanha – os 500mil€ são tributados em Portugal – critério da

territorialidade, os 200mil€, o Estado da residência, pelo princípio da universalidade, o

Estado português tem o direito de tributar os 200mil€, mas o Estado espanhol também

tem aos não residentes pelo princípio da fonte, dando origem à dupla tributação – como

se resolve? – convenções internacionais, há-de ter mecanismo para atenuar a dupla

tributação, quem resolve é o Estado de residência, porque tributa todos os rendimentos

de fonte interna e externa, porque é quem sabe o rendimento total do contribuinte.

Pág. 235 – OCDE – prevê vários métodos:

- isenção total ou integral – Estado de residência prevê a isenção total e o Estado da fonte

é que tributa;

- isenção progressiva (ex. IRS) - rendimento de fonte externa que não conta para pagar

imposto cá, mas conta para juntar aos de cá para determinar a taxa ou a liquo, contribuem

para a gravar a taxa do país de origem.

Os métodos da dupla tributação não eliminam a mesma, atenuam, só se fosse com isenção

total.

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Page 18: Direito Fiscal I  Teóricas

Residentes não habituais: contribuintes a que se aplica o método progressiva.

Método em Portugal é o crédito de imposto versus método de isenção:

- método integral, depois de determinada à colecta, determina-se um imposto igual ao que

pagou lá desde que não superior ao de cá;

- credito de imposto ordinário ou imputação – é um problema de poder dos Estados sobre

os cidadãos: cobro eu, cobras tu, cobras tu mais eu?

Crédito de imposto presumido e fictício:

O Estado concede um benefício, o Estado dá um crédito imposto = à taxa nacional que

pagar no Estado de origem. O benefício fiscal concedido reverte para a empresa não para

Estado fictício. Mas pode ser acumulado nos dois Estados, o presumido quando o Estado

da residência dá um crédito superior ao que pagaria no Estado da fonte, método criticado

pela OCDE, pois cria concorrência desleal pelas empresas.

Relação jurídica fiscal – pág. 239

1 – titulares (activos)

2 – sujeitos (passivos)

3 – conteúdo

4 – relações em que a mesma se analisa.

Todo o direito disciplina relações interdisciplinares, a relação jurídica fiscal é muito

complexa. A relação fiscal é uma relação obrigacional, pode um lado o poder de tributar e

por outro lado o dever de pagar.

O credor – fazenda pública – e o devedor – contribuinte ou outros sujeitos passivos.

Temos que distinguir a relação de imposto, o credor tem o direito de cobrar o imposto e o

devedor tem o dever de pagar.

Obrigações acessórias – obrigação de declarar, registar, escriturar, contabilidade

organizada, obrigação de se suportar a inspecção – são acessórias da principal

(obrigacional), são operações que estão ao serviço da principal.

Distinguir o plano da obrigação fiscal, credor – direito de exigir obrigação pecuniária e o

devedor – que tem o dever de realizar esse imposto, obrigação de facere (fazer).

Distinguir bem: obrigação de imposto das demais obrigações.

Existe um crescente de obrigações acessórias que eleva os custos das obrigações fiscais.

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Page 19: Direito Fiscal I  Teóricas

AULA: 09/11/2010

Relação jurídica fiscal (complexidade da mesma) – pág. 239

1 – Sujeito activo

2 – Sujeito passivo

1 – Sujeito activo – 4 titularidades sujeitos activos – pág. 255

a) Direito tributário

b) Competência tributária

c) Capacidade tributária

d) Titularidade da receita

a) Direito tributário – poder tributário (dinâmica ou momentos da vida do imposto),

o poder tributário reporta-se à dinâmico do imposto: 1º legislador, 2º facto

gerador – contribuinte, revelador da capacidade contributiva – relação de direito

constitucional – legalidade;

b) Competência tributária – complementos da vida do imposto, o legislador, o

contribuinte e depois o momento administrativo – administração, e que hoje em

dia está delegada nos particulares, que liquidam impostos próprios ou de 3ºs,

poder de lançar, cobrar impostos – administração, competência para praticar o

acto de liquidação, determinação que envolve mais ou menos operações consoante

a complexidade do imposto;

c) Capacidade tributária – credor, tem capacidade activa a fazenda pública, credor e o

contribuinte que é o devedor – art. 15.º LGT . relação de direito obrigacional,

tendencialmente paritária;

d) Titularidade da receita – IMI – o município não tem o poder de tributar porque a

mesma é feita pela administração fiscal, mas tem a competência de exigir a receita.

Tem a titularidade da receita que está para além da relação fiscal? – a relação que o

contribuinte tem com o município é platónica, não há encontro entre os sujeitos da

relação jurídica, a capacidade de cobrar a liquidação do imposto está na

administração fiscal.

A titularidade da receita é um direito de crédito dos municípios sobre o Estado e

não sobre os contribuintes, é uma relação que só surge se a primeira tiver sido

realizada com êxito, se não pagarmos o IMI os municípios não têm o que receber,

só após o pagamento ao Estado é que os municípios têm o direito de receber o

dinheiro da administração fiscal.

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Page 20: Direito Fiscal I  Teóricas

2 – Sujeito passivo – 3 categorias – pág. 259

a) Contribuinte

b) Devedor do imposto

c) Sujeito passivo

a) Contribuinte – pessoa relativamente à qual se verifica o facto gerador tributário,

expressão da capacidade contributiva, titularidade de um património, compra de um bem

(consumo), rendimentos adquiridos, é uma ablação nos rendimentos do contribuinte.

b) Devedor do imposto - Há casos em que a lei diz que um é o contribuinte e que outro

pague o imposto. O devedor do imposto é aquele que tem o dever de pagar, de prestar o

pagamento, é o sujeito passivo qualificado relativo à obrigação principal.

c) Sujeito passivo - Sujeito passivo num sentido mais amplo, está numa relação

obrigacional, que são muito onerosas e numerosas.

Substituição tributária – Art. 20.º e 28.º LGT – pág. 273

Art. 20.º, nº 1 LGT – “A substituição tributária verifica-se quando, por imposição da lei, a

prestação tributária for exigida a pessoa diferente do contribuinte.”, não diz o que é mas

descreve como fenómeno, em princípio o contribuinte é o devedor do imposto mas

quando à partida, com o facto gerador, a relação tributária tem um sujeito activo e 2

passivos, um é substituído pelo devedor do imposto; um é o substituído (contribuinte) e o

outro é o substituto (2 sujeitos passivos em sentido amplo), conceito que estava na

doutrina.

Art. 20.º, nº 2 LGT – “...é efectivada através do mecanismo da retenção da fonte do imposto

devido.” – põe em causa o que diz o nº 1, ocorre sempre que haja retenção na fonte

(técnica de cobrança), mas sempre que há retenção na fonte há substituição tributária,

mas também o contrário, por ex., na contribuição para o audiovisual.

A lei perfilha o conceito muito amplo da substituição tributaria, é uma figura do DF que

separa o contribuinte do devedor – 1º verifica-se o facto tributário e o 2º é o que tem que

fazer face ao cumprimento de pagar.

Natureza da substituição tributária – Direito civil, são construções de natureza dogmática,

há várias teorias a explicar esta figura, para o Prof. Casalta Nabais, não tem

correspondência com o direito substantivo ou objectivo, é exclusiva do DF, nada tem a ver

com outros ramos do direito.

Art. 28.º, nº 1, LGT – “...a entidade obrigada à retenção é responsável pelas importâncias

retidas e não entregues nos cofres do Estado, ficando o substituído desonerado de qualquer

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Page 21: Direito Fiscal I  Teóricas

responsabilidade no seu pagamento...”, o retentor tem 2 obrigações: 1ª é reter e 2ª é

entregar nos cofres do Estado.

Se reteve e não entrega – crime, abuso de confiança fiscal, mas do ponto de vista

fiscal o substituído fica desonerado das obrigações , o responsável, o substituto. O

substituído não é responsável, só tem responsabilidade quanto a dívidas próprias.

Não reteve – Art. 28.º nº 2 e nº 3 LGT – comete infracção, tem que reter (contra-

ordenação) e depende se o dinheiro foi dado ao substituído, nesta situação é necessário

separar a substituição em sentido próprio – substituto é devedor do imposto alheio, se

não tiver bens o substituído é responsável, mas somente em última análise.

Ex: pagamentos por conta – devedor é o trabalhador, a empresa tem que fazer a retenção

do pagamento por conta de 3ºs.

Tem a ver com a natureza da retenção da fonte, se for definitivo, o responsável em 1ª

linha é o trabalhador e em 2ª linha é a entidade patronal.

Art. 28.º nº 3 LGT – juros bancários – rendimentos, o banco retém o imposto, se o banco

não pagar, obrigação acessória, em 1ª linha a administração fiscal vai pedir ao substituto

(banco), reteve o dinheiro e não pagou, responsável é o devedor, quem devia ter pago, não

é o depositante mas o banco.

AULA: 16/11/2010 (Prof. Eduardo)

Art. 41.º, LGT – Pagamento por 3ºs – tem que ter autorização do devedor e o substituto

tem que receber uma declaração de como passou a ter os direitos, nº 2 “...fica sub-rogado

nos direitos da administração tributária,...”

Art. 42.º, LGT – Pagamento em prestações – pode ser requerido.

Art. 43.º,nº 1 LGT – Juros indemnizatórios – juros pelo incumprimento do Estado, quando

não cumpre por reclamação graciosa (art. 68.º CPPT) ou impugnação judicial (art. 102.º

CPPT);

Art. 44.º, LGT – juros de mora – incumprimento da prestação dentro do prazo legal.

Não estão contemplados todos os meios possíveis: meios impugnatórios fiscais –

reclamação graciosa, impugnação graciosa, recurso hierárquico e deduzir oposição.

Recurso hierárquico e impugnação graciosa – administrativos;

Reclamação graciosa – judicial.

Existem juros indemnizatórios, o Estado está claramente obrigado a indemnizar de

acordo com o art. 43.º, LGT.

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Art. 44.º, LGT – Falta de pagamento da prestação tributária

Art. 45.º, LGT – “...os tributos caduca se a liquidação não for validamente notificada ao

contribuinte...” – nº 2, prazo de 4 anos, excepção 3 anos previstos no nº 3 do mesmo artigo

(pág. 320 livro). Nº 4, contagem prazos, excepto IVA ou IRS (retenção da fonte a título

definitivo) – “...prazo se conta a partir do início do ano civil seguinte àquele em que se

verificou...”.

Esta norma pode ser considerada inconstitucional por força do art. 46.º, LGT, de acordo

com o Prof. Diogo Leite de Campos, porque a interrupção da contagem do, nº 1: “O prazo

de caducidade suspende-se com a notificação ao contribuinte, nos termos legais, da

ordem de serviço ou despacho no início da acção de inspecção externa, cessando, no

entanto, esse efeito, contando-se o prazo do seu início, caso a duração da inspecção

externa tenha ultrapassado o prazo de 6 meses após a notificação.” – o prazo para a

inspecção ser feita são de 6 meses e como não há limite a este prazo pode acontecer que

quase ou findo o prazo (6 meses) os funcionários que estão a fazer a inspecção pedem

para renovar o período da inspecção, mas o termo da notificação da nova inspecção tem

que ser anterior a 6 meses, o que poderá ultrapassar o prazo dos 4 anos, violando o art.

45.º, LGT, se não houver um termo para essas prorrogações pode passar o limite dos 4

anos.

Art. 47.º, LGT – liquidação, ex: fusões e cisões.

Art. 48.º, LGT – Prescrição – prescrevem as dívidas, já há liquidação do imposto, há

obrigação de pagar. Nº 3, “...se a citação deste...” – na prescrição é citação uma vez que já

existe processo é citado para ir ao processo.

Procedimento tributário – mecanismos processuais em matéria tributária – princípios DF

e CRP (legalidade, equidade, proporcionalidade...).

Pág. 313

Art. 54.º, LGT – Âmbito e forma do procedimento tributário

Art. 55.º, LGT – Princípios do procedimento tributário

Art. 56.º, LGT – Princípio da decisão – princípio do procedimento tributário, a

administração está obrigada a responder ao contribuinte e concluído no prazo de 6 meses

(art. 57.º LGT), quando é prorrogado o prazo da inspecção contrapõem-se a este.

No processo tributário os prazos são contínuos – Art. 296.º e 297.º CC.

Art. 58.º, LGT – Princípio do inquisitório – “A administração tributária deve, no

procedimento, realizar todas as diligencias necessárias...” – tem o poder de inquirir sem

estar subordinada a ninguém.

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Art. 60.º, LGT –Princípio da participação – nº 1, alíneas a) a e) – direito de adição, é uma

situação excepcionalmente importante, a administração não pode praticar nenhuma

decisão decisória sem ouvir o contribuinte, este tem o direito de audição (pág. 367 e ss).

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