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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA- FACISA RENATA FONSÊCA SOUSA DE OLIVEIRA MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA: ENTRE VOZES E OLHARES SANTA CRUZ 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA- FACISA

RENATA FONSÊCA SOUSA DE OLIVEIRA

MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA:

ENTRE VOZES E OLHARES

SANTA CRUZ

2018

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RENATA FONSÊCA SOUSA DE OLIVEIRA

MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA:

ENTRE VOZES E OLHARES

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Saúde

Coletiva, do Programa de Pós-graduação em Saúde

Coletiva da Universidade do Federal do Rio Grande do

Norte (UFRN), como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Saúde Coletiva.

Discente: Renata Fonsêca Sousa de Oliveira

Orientadora: Profª. Drª. Cecília Nogueira Valença

Linha de pesquisa: Trabalho, educação e a produção social

do processo saúde-doença.

SANTA CRUZ, RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial da Faculdade de Ciências da Saúde do

Trairi – FACISA

Oliveira, Renata Fonsêca Sousa de.

Melhoria do acesso e da qualidade da atenção básica: entre

vozes e olhares / Renata Fonsêca Sousa de Oliveira. - 2018. 63f.: il.

Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, Faculdade de Ciências da Saúde

do Trairi, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Santa Cruz, RN, 2018.

Orientador: Cecília Nogueira Valença.

1. Atenção Primaria à Saúde - Dissertação. 2. Avaliação de

Programas e Projetos de Saúde - Dissertação. 3. Recursos Humanos

em Saúde - Dissertação. 4. Sistema Único de Saúde - Dissertação.

I. Valença, Cecília Nogueira. II. Título.

RN/UF/FACISA CDU 614

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RENATA FONSÊCA SOUSA DE OLIVEIRA

MELHORIA DO ACESSO E DA QUALIDADE DA ATENÇÃO BÁSICA:

ENTRE VOZES E OLHARES

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Saúde

Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGSACOL-UFRN), como

requisito para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva.

Aprovada em _______ de __________________de 2018.

Presidente da banca (orientador): Profª. Drª. Cecília Nogueira Valença

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA

Profª. Drª. Rafaela Carolini de Oliveira Tavora

Examinador interno- Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA

Profª. Drª. Cristyanne Samara Miranda de Holanda da Nóbrega-

Examinador externo- Universidade Estadual do Rio Grande do Norte- UERN

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AGRADECIMENTOS

Ao meu querido Deus, que sempre guia o meu caminhar, me mostrando que estou sempre

protegida e iluminada pela sua presença divina.

A minha orientadora, a professora Cecília Nogueira Valença, por toda paciência, carinho,

dedicação e confiança depositada.

Ao meu esposo Pedro Arthur Medeiros de Lima, meu maior incentivador. Obrigada por

tudo, seu apoio foi fundamental nessa caminhada. Essa vitória é nossa.

Aos meus pais e irmão, que sempre acreditaram no meu potencial e fizeram de tudo para

proporcionar uma boa educação.

A minha querida professora Janete Lima de Castro que tem o dom de lapidar pedras

(pessoas) e transforma-las em uma obra polida e brilhante.

As professoras de banca Rafaela Carolini de Oliveira Tavora e Cristyanne Samara

Miranda de Holanda da Nóbrega pelas riquíssimas contribuições para este trabalho.

Aos amigos pesquisadores do Observatório de Recursos Humanos em Saúde(UFRN),

pela força no início do mestrado e apoio de sempre.

A todos, muito obrigada!

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RESUMO

INTRODUÇÃO: Para fortalecer a Política Nacional de Atenção Básica, no ano

de 2011 foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica (PMAQ/AB) com o intuito de mobilizar atores locais, qualificar as

práticas de gestão, ampliar o acesso e induzir mudanças nas condições de

funcionamento dos serviços de saúde. OBJETIVOS: Analisar a percepção de gestores

municipais de saúde e trabalhadores da atenção básica acerca do Programa Nacional de

Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica. PERCURSO

METODOLÓGICO: Trata-se de um estudo do tipo descritivo e exploratório, com

abordagem qualitativa. Incluíram-se no estudo gestores ou integrantes da gestão

municipal de saúde responsáveis pela condução do PMAQ nos municípios investigados,

assim como trabalhadores da APS de nível superior, pertencentes a ESF que tenham

participado do 2º ciclo do PMAQ, em 2014. Participaram do estudo um total de 44

sujeitos, dos quais foram 6 gestores e/ou representantes da gestão e 38 profissionais da

Atenção Básica. Para a coleta de informações, foram utilizadas duas técnicas: o grupo

focal e a entrevista semiestruturada. Assim, durante a análise, emergiram três núcleos

temáticos: “Vozes e olhares acerca do PMAQ”; “Impactos produzidas nos serviços de

saúde a partir da vivência no PMAQ: entrelaçando múltiplos olhares” e “Fragilidades

do PMAQ: O caminhar para avançar”. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde/ FACISA, tendo como número de Parecer

1.707.601. RESULTADOS E DISCUSSÃO: No primeiro núcleo temático “Vozes e

olhares acerca do PMAQ” foi possível perceber que o PMAQ caracteriza-se como um

instrumento orientador das ações e serviços de saúde, favorecendo o norteamento,

aprimoramento e introduzindo mudanças no processo de trabalho. Quanto aos

“Impactos produzidas nos serviços de saúde a partir da vivência no PMAQ:

entrelaçando múltiplos olhares”, observou-se o reconhecimento da importância de

registrar as ações de saúde; a utilização de indicadores; o aumento de reuniões em

equipe; a adesão ao instrumento de autoavaliação; a criação de fluxogramas; assim

como a sinalização nas unidades básicas de saúde e a criação de grupos específicos.

E por fim, no núcleo temático “Fragilidades do PMAQ: O caminhar para avançar”,

identificou-se a insatisfação na alocação dos incentivos financeiros provenientes do

programa, aumento de tarefas e descontinuidade das ações praticadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O PMAQ vem sendo a mais recente aposta do

Ministério da Saúde no intuito de melhorar a qualidade da Atenção Básica. Esse estudo

permitiu a coprodução de novos arranjos e redirecionamentos para o fortalecimento dos

programas pertencentes à Atenção Básica em Saúde.

PALAVRAS CHAVES: Atenção Primaria à Saúde. Avaliação de Programas e Projetos

de Saúde. Recursos Humanos em Saúde. Sistema Único de Saúde

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Strengthening the National Primary Care Policy, the National

Program for Improving Access and Quality of Primary Care (PMAQ/AB) was

established in 2011 to mobilize local actors, to qualify management practices, to

increase access and to induce changes in the conditions of the health services operation.

OBJECTIVE: To analyze the perception of municipal health managers and Primary

Care workers about the National Program for Improving Access and Quality of Primary

Care. METHODOLOGY: This is a descriptive and exploratory study with a

qualitative approach. Managers or members of the municipal health management

responsible for conducting the PMAQ in the municipalities investigated as well as

higher-level Primary Care workers from the ESF who participated in the 2nd cycle of the

PMAQ in 2014 were included in the study. A total of 44 individuals participated in the

study. There were 6 managers and/or management representatives and 38 Primary Care

professionals. Two techniques were used to collect information: the focus group and the

semi-structured interview. Thus, three thematic nuclei emerged during the analysis:

“Voices and looks about the PMAQ”; “Impacts produced in the health services from the

experience in the PMAQ: interlacing multiple glances” and “PMAQ's Fragilities: The

journey to go forward”. The study was approved by the Research Ethics Committee of

the Faculty of Health Sciences/FACISA, with the Opinion number 1,707,601. RESULT

AND DISCUSSION: The PMAQ is characterized as a guiding instrument for health

actions and services, favoring the orientation, improvement and introducing changes in

the work process. Some of the challenges presented were dissatisfaction in the

allocation of the financial incentives from the program, an increase of tasks and

discontinuity of the actions practiced. CONCLUSION: The PMAQ allowed

subsidizing the co-production of new arrangements and redirects to strengthen the

programs belonging to Primary Health Care.

KEYWORDS: Primary Health Care. Evaluation of Health Programs and Projects.

Human Resources in Health. Unified Health System

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Módulos da Avaliação Externa- Santa Cruz, 2018..................................25

QUADRO 2- Regiões de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, Santa Cruz/RN,

2018................................................................................................................................29

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1- Fases de Implantação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e

da Qualidade da Atenção Básica, Santa Cruz/RN, 2018.........................................23

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIS- Ações integradas de saúde

AMAQ- Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção Básica

APS- Atenção Primária em Saúde

CAPS- Caixas de Aposentadorias e Pensões

CF- Constituição Federal

DPOC- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica

EPS- Educação Permanente em Saúde

ESF- Estratégia Saúde da Família

FACISA- Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi

IAP- Instituto de Aposentadoria e Pensão

INAMPS- Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social

MRSB- Movimento da Reforma Sanitária Brasileira

PAB- Piso de Atenção Básica

PACS- Programa agentes comunitários de saúde

PMAQ- Política Nacional de Atenção Básica

PNAB- Política Nacional de Atenção Básica

PSF- Programa Saúde da Família

RN- Rio Grande do Norte

SUDS- Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde

SUS- Sistema Único de Saúde

TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS- Unidade Básica de Saúde

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO........................................................................................................ 12

2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................... 14

2.1 O Caminhar das Políticas Públicas de Saúde Brasileiras rumo à criação do Sistema

Único de Saúde: Uma Síntese....................................................................................... .14

2.2 Atenção Primária em Saúde e a Política Nacional de Atenção Básica.................... 19

2.3 O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica-

PMAQ/AB...................................................................................................................... 23

3- OBJETIVOS............................................................................................................ 29

3.1- Objetivo Geral........................................................................................................ 29

3.2- Objetivo Específico................................................................................................. 29

4- PERCURSOS METODOLÓGICOS...................................................................... 30

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................. 34

5.1 Vozes e olhares acerca do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Atenção Básica......................................................................................... 34

5.2- Impactos produzidos a partir da vivência no PMAQ: Entrelaçando múltiplos

olhares.............................................................................................................................37

5.3- Fragilidades do PMAQ: O caminhar para avançar................................................. 42

6-CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 47

REFERÊNCIAS.............................................................................................................48

APÊNDICES 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO –

TCLE- GESTOR.............................................................................................................55

APÊNDICE 2- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE-

PROFISSIONAL DA ATENÇÃO

BÁSICA..........................................................................................................................58

APÊNDICE 3- ROTEIRO NORTEADOR DA ENTREVISTA...................................61

APÊNDICE 4- ROTEIRO NORTEADOR DE DISCUSSÃO DO GRUPO

FOCAL...........................................................................................................................62

ANEXOS- PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP............................................63

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1- INTRODUÇÃO

Desde a institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), através da

promulgação da Constituição Federal de 1988, um novo modelo de saúde vem buscando

vigorar. Se antes privilegiava-se a cura da doença, mediante a prática da assistência

médica, o direcionamento das ações de saúde evoluiu ao produzir serviços pautados na

promoção da saúde e reforça-se para elaborar políticas e programas com ênfase na

Atenção Primária em Saúde (APS), no Brasil, também denominada Atenção Básica1.

Anteriormente a criação do SUS, no cenário internacional, percebe-se que o

modelo de organização dos serviços de saúde pautado nos cuidados primários já vinha

sendo difundido entre sujeitos e atores sociais envolvidos no rumo das políticas de saúde.

No entanto, ganhou ênfase, corpo e voz a partir da realização da Conferência

Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1979, em Alma-Ata,

sendo considerada o marco dos debates internacionais na construção de um consenso,

entre a maioria dos governos do mundo, os quais visavam construir um consenso sobre a

importância de se elaborar estratégias voltadas à expansão da atenção primária2.

A APS é o nível do sistema de saúde que oferece a entrada nos serviços,

atendendo a todas as necessidades e problemas de saúde (não direcionada apenas para a

enfermidade), garantindo acesso e qualidade na assistência e sendo o ponto de primeiro

contato dentro do sistema de atenção à saúde3.

A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)4 surgiu como uma das ações

fomentadas pelo Ministério da Saúde, a fim de integrar o rol das atividades finalísticas do

SUS, e sua atuação guia-se no mais alto grau de descentralização e capilaridade,

assumindo a responsabilidade sanitária e ordenadora do cuidado.

Para consolidar e expandir a política citada acima, no ano de 2011, mediante a

processos de negociação e pactuação entre as três esferas do SUS (federal, estadual e

municipal), foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica (PMAQ/AB), no intuito de fortalecer e valorizar a Atenção Básica em

Saúde.

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Dessa forma, por ser o PMAQ um programa recente, poucos são os estudos que

permitem conhecer o percurso e as possíveis experiências exitosas, decorrentes da

implantação do PMAQ nos municípios brasileiros. Nessa perspectiva, questiona-se:

Quais são as percepções dos atores locais, participantes do PMAQ, acerca desse

programa? Que efeitos estão sendo produzidos a partir dessa vivência? Compreender os

olhares e vivências de atores locais do SUS, possibilita que experiências anteriores sejam

narradas, aspectos positivos e negativos sejam discutidos, subsidiando no

(re)direcionamento de ações e/ou a implementação de políticas e programas no âmbito do

Sistema Único de Saúde.

Compreendendo a relevância do tema e na prisma de fortalecer a implementação

do referido programa, este estudo, intitulado “Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica: entre vozes e olhares”, é apresentado na ordem descrita abaixo:

Inicialmente, será apresentada a fundamentação teórica, que retratará sobre

abordagens conceituais e teóricas do caminhar das Políticas Públicas de Saúde

Brasileiras, perpassando pela trajetória histórica da criação do SUS, tendo como ênfase

na Atenção Básica. Em seguida, serão expostas abordagens teóricas quanto à criação e

operacionalização do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica.

Posteriormente, serão descritos os objetivos do estudo e o percurso

metodológico, caracterizando os procedimentos de coleta, análise e processamento dos

dados, além da apresentação dos resultados e discussão que versam sobre a percepção de

gestores da saúde e trabalhadores da Atenção Básica acerca do PMAQ. Nas

considerações finais, apresentar-se-á uma síntese dos principais resultados encontrados

no estudo, contribuindo assim para potencializar a implementação do referido programa.

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2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 O Caminhar das Políticas Públicas de Saúde Brasileiras rumo à criação do Sistema

Único de Saúde: Uma Síntese

No cenário das Políticas Públicas de Saúde brasileiras, o modelo de atenção à

saúde perpassa por distintos momentos históricos, estritamente relacionado com o

período social, econômico, político e cultural da época, até se chegar à implantação e

efetivação do Sistema Único de Saúde como Política de Estado, sendo a APS a

ordenadora do cuidado.

As políticas públicas de saúde representam uma estratégia de grande relevância

para o setor público, uma vez que institucionaliza ações sistemáticas para responder às

necessidades e aos problemas de saúde-doença da população, formadas a partir de

demandas e tensões geradas pela sociedade5.

Para se entender o rumo das ações e políticas de saúde na atual conjuntura,

corporificada no Sistema Único de Saúde, e tendo a APS como ordenadora do cuidado,

é necessário o resgate investigativo, ainda que sintético, da história política, social e

econômica brasileira6.

Nos primeiros anos de ocupação do território brasileiro, no chamado Brasil

Colonial, há referências de total descaso com as questões básicas de proteção à vida das

pessoas. Nesse período, não houve qualquer interesse por parte dos portugueses em

estruturar a vida na colônia, pois o principal objetivo era a exploração econômica

através de ciclos: do pau-brasil, da cana de açúcar, da mineração e do café7.

Todavia, com a transferência da corte portuguesa para o Brasil, em 1808,

ocorreram mudanças significativas na administração pública colonial e foram

desencadeadas as primeiras iniciativas na área da saúde, embora ainda voltadas para a

comercialização, como: controle de navios e saúde dos portos e implantação de

hospitais para atendimentos à população mais favorecida. Por conseguinte, evidenciou-

se que essas ações eram limitadas ao estabelecimento de controle sanitário mínimo, e a

falta de um modelo sanitário no País deixava as cidades brasileiras à mercê de doenças

denominadas pestilenciais, como febre amarela, malária, cólera e peste8.

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Na passagem para o século XX, mediante a proclamação da república,

inaugurou-se um nova visão política, social, econômico e sanitária marcada pela

abolição da escravidão, com a substituição da mão de obra escrava pelo trabalho

assalariado, o início da industrialização e a entrada de imigrantes no país8.

Consequentemente, a busca por emprego desencadeou um rápido crescimento

populacional em torno das regiões onde se concentravam os locais de trabalho,

aumentando o índice de mortalidades ligadas às condições insalubres de trabalho, como

também a rápida disseminação de doenças infectocontagiosas. Devido às condições de

vida e trabalho insalubres, naquela época, começaram a surgir greves de operários

insatisfeitos, resultando em movimentos de reivindicações em busca de melhorias9.

Diante dessa situação e devido à compreensão por parte do Estado de que a

redução do número de trabalhadores significava risco para a economia do país, ações

relacionadas à saúde do trabalhador foram realizadas, dentre as quais se destaca a Lei

Eloy Chaves, Decreto Legislativo de nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, primeira

intervenção do Estado, também considerada marco da Previdência Social no Brasil9.

A Lei Eloy Chaves tinha como propósito criar Caixas de Aposentadoria e

Pensão (CAPS) para os ferroviários, porém caixas de diferentes ramos da atividade

econômica foram surgindo posteriormente. Como essas caixas só protegiam pessoas

detentoras de contratos formais de trabalho, a população que não estava oficialmente

empregada ficava de fora da proteção previdenciária e dos cuidados da saúde. No

entanto, após os indícios de irregularidades, a organização das Caixas passou a se

estruturar por categorias profissionais, sendo denominada Instituto de Aposentadoria e

Pensões – IAPS10.

Nesse período, surgiu o primeiro modelo de atenção com o objetivo de resolver

os problemas de saúde da população. Para tanto, tinha como base prioritária as doenças

predominantes da época, as quais atingiam o mercado de importação e exportação de

bens, sendo chamado de Modelo Sanitarista Campanhista, o qual intervinha nos

problemas que afetavam a população, a exemplo das doenças pestilenciais11:55:

“O modelo sanitarista toma por objeto os modos de transmissão

e fatores de risco das diversas doenças em uma perspectiva

epidemiológica, utilizando um conjunto de meios que compõem

a tecnologia sanitária (educação em saúde, saneamento, controle

de vetores, imunização, etc.)”11:55.

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Além do modelo Sanitarista-Campanhista, surgiu uma outra forma de

organização das práticas de saúde, influenciada pelo surgimento da Assistência Médica

Previdenciária no País, conhecida por modelo Médico-assistencial-privatista, cujas

características priorizavam o cuidar dos corpos para manter a capacidade produtiva, ou

seja, ausentava-se a assistência ao indivíduo doente12,13.

A literatura aponta diversas críticas ao reducionismo das práticas assistenciais

desse modelo, as quais o tornam impotente para contemplar o conjunto dos problemas

de saúde da população como um todo, bem como a incompetência para desenvolver

ações coletivas14.

Retomando o contexto histórico, houve uma expansão do modo de produção

capitalista, e o investimento na indústria fez com que um novo contexto político e social

emergisse no país. Dessa forma, embora marcado por crescimento econômico, resultou

também em uma crise econômico-financeira, com aumento descontrolado da inflação,

desemprego, pobreza e constantes crises político-institucionais15.

Assim, em 1964, no Brasil, aconteceu o golpe político responsável pela elevação

do grupo dos militares para comandar a nação até o ano de 1985.

Para Barros16:14, o Golpe Militar de 1964 significou:

“a interrupção brusca do processo de incipiente democratização

da sociedade brasileira, marcada no período imediatamente

anterior pelo grande crescimento da organização e da

participação política dos trabalhadores da cidade e do campo nas

decisões dos rumos do país e o caminho das reformas

estruturais, representadas pelas Reformas de Base”16:14.

Nesse período, ocorreram a restrição de direitos políticos, a limitação de

investimentos sociais pelo governo e a censura à imprensa, ocasionando um grande

descontentamento por parte da sociedade. No país, a insatisfação da população

aumentava e, diante desse cenário, o governo dos militares passou a adotar medidas que

representassem avanços nas áreas da saúde e previdência16.

Assim, por meio da unificação dos IAPS, na década de 60, foi criado o Instituto

Nacional de Previdência Social (INPS), definitivamente deixando de existir diferenças

entre os segurados do setor privado da economia quanto à instituição previdenciária que

os assistia. Porém, na década seguinte, as atribuições do INPS restringiram-se à

gerência do sistema de benefícios previdenciários, sendo criado o Instituto Nacional de

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Assistência Médica (INAMPS) para cuidar exclusivamente dos assuntos relativos à

assistência médica10.

Entretanto, surgiram movimentos contrários ao tipo de condução da Política

Pública de Saúde adotada nesse período, os quais foram chamados de Movimentos da

Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Os movimentos sociais foram ganhando força no

Brasil nesse período, ao buscar estratégias na construção de um governo que, ao

governar, implantasse medidas não apenas no setor sanitário, mas também relacionadas

à cidadania, como o voto, a liberdade de impressa, etc17:334.

“É preciso compreender que o movimento da reforma sanitária

se caracteriza como um processo modernizador e

democratizante de transformação nos âmbitos político jurídico,

político-institucional e político-operativo, para dar conta da

saúde dos cidadãos, entendida como um direito universal e

suportada por um sistema único de saúde, constituído sob

regulação do Estado, que objetive a eficiência, eficácia e

equidade, e que se construa permanentemente através do

incremento de sua base social, da ampliação da consciência

sanitária dos cidadãos, da implantação de outro paradigma

assistencial, do desenvolvimento de uma nova ética profissional

e da criação de mecanismos de gestão e controle populares sobre

o sistema”17:334.

Um dos marcos da luta pela participação popular foi a criação das conferências

nacionais de saúde, instituídas por lei em 1939, sendo exclusivas, inicialmente, para

pessoas ligadas ao governo e, logo depois, com liberação para alguns profissionais

autorizados. Nessa perspectiva, a VIII Conferência Nacional de Saúde, realizada em

1986, é um exemplo da renovação dessa experiência democrática, pois reuniu cerca de

cinco mil pessoas representantes de diversos segmentos sociais. O resultado dessa

conferência consolidou-se com o relatório final, no qual foram detalhadas as discussões

realizadas nesse fórum, encaminhado à Assembleia Nacional Constituinte, responsável

pela elaboração da nova Constituição da República18.

A Constituição da República foi reescrita e promulgada em 1988, criando

oficialmente o Sistema Único de Saúde (SUS), público e vinculado a políticas sociais e

econômicas, concebendo a assistência de forma integral a todos os cidadãos,

posteriormente, regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde. Portanto, o SUS veio a se

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18

constituiu-se como uma política pública cujo princípio fundamental é a consagração da

saúde como direito universal18.

No entanto, no período imediatamente anterior, no início da década de 1980,

com o processo de redemocratização no país, foram propostas as Ações Integradas de

Saúde (AIS), seguidas pelo Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS),

cujo sentido preconizava a universalização da assistência que, até então, beneficiava

apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus

dependente19.

A reforma brasileira de saúde é considerada na literatura um big bang que

introduziu mudanças significativas no modo de conduzir o sistema de saúde. Assim,

esse novo modelo começou a enfocar a família como uma unidade de ação programática

de saúde, não mais apenas o indivíduo20.

Dentre as estratégias para o alcance dos objetivos, foi criado o Programa de

Agentes Comunitários de Saúde (PACS), em 1991, pelo Ministério da Saúde, o qual

auxiliou na implementação do SUS e na organização dos sistemas locais de saúde, além

de seu êxito ter impulsionado a formulação do Programa Saúde da Família (PSF), em

1993, fundamentado em algumas experiências municipais que já estavam em

andamento no País20.

No Brasil, o PSF surge como uma estratégia de reorientação da Atenção

Primária em conformidade com os princípios do SUS, envolvendo uma nova maneira de

trabalhar em saúde, a partir de uma nova visão do processo de intervenção em saúde21.

Nos dados delineados por Roncalli e lima (2006)22, a proposta inicial do PSF

visava desenvolver um modelo de atuação local, porém capaz de influenciar todo o

sistema de saúde, consistindo na formação de uma equipe de saúde composta por

diferentes categorias profissionais, dentre elas, o agente comunitário de saúde.

A Saúde da Família tornou-se uma Política de Estado, perdendo o caráter de

programa. Então, passou a ser chamada de Estratégia Saúde da Família (ESF),

permanente e contínua, adquirindo uma importante visibilidade devido ao fato de ter

assumido a responsabilidade de expandir a Atenção Primaria no modelo de saúde

brasileiro23,24.

A ESF apresenta-se como eixo estruturante do processo de reorganização do

sistema de saúde, baseado na APS, e sua condução vem permitindo que haja uma

trajetória exemplar de um programa que nasceu focalizado e tornou-se uma estratégia

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estruturante de uma Política Nacional de Atenção Básica, a qual tem contribuído

significativamente para a consolidação do SUS25,26.

Portanto, é perceptível a evolução histórica do Brasil para se chegar até à

consolidação e regulamentação do SUS. Conforme destaca Mendes (2013)27, antes do

SUS, vivia-se como o Tratado de Tordesilhas da saúde: separava a assistência à saúde

para aqueles que contribuíam, enquanto a grande maioria era desprovida de acesso à

saúde.

Por isso, é importante compreender o percurso que as políticas de saúde

assumiram ao longo do tempo, uma vez que possibilita identificar os avanços positivos

na tessitura atual, rompendo com essa divisão iníqua e fazendo-se com que a saúde seja

um direito de todos e um dever do Estado.

2.2 Atenção Primária em Saúde e a Política Nacional de Atenção Básica

No cenário internacional, um dos primeiros países a utilizar o conceito de

Atenção Primária à Saúde foi o Reino Unido, a partir do Relatório de Dawson,

publicado em 1920 pelo Ministério da Saúde do Reino Unido. No relatório, foram

evidenciadas a abrangência e profundidade do conceito da APS, permitindo

compreendê-la numa perspectiva de organização regionalizada e hierarquizada de

serviços de saúde, mediante níveis de complexidade sob um território pré-definido28,29.

Outro acontecimento de grande destaque foi a Conferência Internacional

sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada em 1979 em Alma-Ata, nesse evento foi

discutido a necessidade urgente de todos os governos trabalharem no campo da saúde

para proteger e promover a saúde de todos os povos do mundo, sendo sua principal

estratégias a expansão da atenção primária30.

O resultado desse encontro foi a elaboração da Declaração de Alma-Ata,

defendendo, dentre outros, a saúde como um direito de todos, o estabelecimento de

metas de Saúde Para Todos no Ano 2000, bem como a definição dos cuidados primários

em Saúde.

Sobre os cuidados primários em saúde, a Declaração afirma:

Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde

baseados em métodos e tecnologias práticas, cientificamente bem

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fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal

de indivíduos e famílias da comunidade, mediante sua plena

participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em

cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e

automedicação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do

país, do qual constituem a função central e o foco principal, quanto do

desenvolvimento social e econômico global da comunidade.

Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da

comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de

saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde

pessoas vivem e trabalham, e constituem o primeiro elemento de um

continuado processo de assistência à saúde30:1.

O apelo lançado pela Declaração de Alma-Ata representou uma das primeiras

declarações internacionais que enfatizou a importância da APS como ponto de partida

para a promoção da saúde, influenciando outras iniciativas31.

A Atenção Primária em Saúde, no que diz respeito ao seu significado, pode ser

compreendida por meio de distintas concepções. Ela possui três principais

interpretações: a atenção primária seletiva, sendo considerada um programa específico,

destinado a grupos populacionais de baixa renda, cujo serviço apresenta custos mais

baixos e tecnologias simples; também pode ser interpretada como o modo de se

organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema de saúde, considerada o nível

primário de saúde, cujo propósito visa enfatizar a função resolutiva dos serviços sobre

os problemas mais comuns que afetam as populações; além de poder ser vista como

uma estratégia de reordenamento dos sistemas e serviços de saúde para satisfazer as

necessidades das populações32.

Segundo a pesquisadora norte-americana Bárbara Starfield (2002)3, a APS

divide-se na sua essência em dois eixos principais, denominados de atributos essenciais

(serviço de primeiro contato/ porta de entrada, longitudinalidade, integralidade e

coordenação) e atributos derivados (orientação para a comunitária e competência

cultural).

A APS, preferencialmente, deve ser a porta de entrada do usuário nos serviços

de saúde e, necessariamente, ser uma entrada de fácil acesso33. Na verdade, o usuário

pode entrar no sistema em qualquer nível de atenção (secundário, terciário ou

quaternário), mas a porta de entrada, por excelência, é a APS, uma vez que é a

ordenadora do cuidado.

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Para Starfield (2002)3:208, “a ausência de um ponto de entrada facilmente

acessível faz com que a atenção adequada possa não ser obtida, ou seja, adiada,

incorrendo em gastos adicionais”.

Possuir uma atenção longitudinal requer que indivíduos de uma determinada

população reconheçam a existência de um contrato formal ou informal para ser a fonte

habitual de atenção, independentemente da presença de problemas de saúde. No atributo

da integralidade da atenção, mecanismos asseguram que os serviços sejam ajustados às

necessidades da população, garantindo ao indivíduo e à família, de modo integral,

acesso a diversos níveis de atenção3.

A expressão coordenação do cuidado corresponde “à articulação entre os

diversos serviços e ações de saúde, de forma que estejam sincronizados e voltados ao

alcance de um objetivo comum, independentemente do local onde sejam prestados”34.

Os atributos derivados, por sua vez, correspondem à orientação para a

comunitária e a competência cultural que pressupõem o reconhecimento das

necessidades familiares, em função do contexto físico, econômico e cultural como

sujeito central da atenção, devendo estar sempre presente, pois fortalece o vínculo e elo

entre os sujeitos e os serviços de saúde34,35.

Embora se reconheça que a APS é um potencial transformador de práticas e

ordenadora dos serviços de saúde, ainda existem muitos desafios a serem superados

para que, de fato, seus pressupostos possam aprofundar-se, difundir-se, transformar-se

e, assim, alcançar mudanças nos serviços de saúde.

O Brasil assistiu a mudanças significativas no setor saúde desde o final da

década de 70. No bojo desse processo, após a regulamentação do SUS, mediante a Lei

Orgânica da Saúde, Lei nº 8.080/199036, publicada após dois anos de promulgação da

CF, avanços foram desencadeados no que tange à previsão legal do funcionamento e

organização do SUS.

Segundo a Lei 8.080/80, dentre outras competências, o SUS objetiva a

formulação de políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico e

social, a redução de riscos de doenças e de outros agravos, assim como estabelecer

condições que assegurem, de modo universal e igualitário, acesso às ações e aos

serviços para a sua promoção, proteção e recuperação36.

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A criação do Sistema Único de Saúde, por força constitucional, impulsionou

esforços e iniciativas para se criar políticas e programas estratégicos, a fim de expandir

e fortalecer a Atenção Primária em Saúde, também chamada de Atenção Básica37.

A noção de Programa é definida como sendo um “conjunto de recursos,

preferencialmente comandados por uma chefia administrativa única, destinados a

alcançar um objetivo claramente definido”38:1, e estando sua condução estritamente

atribuída a um grupo populacional ou agravo específico.

O Ministério da Saúde (MS) tem sido o setor governamental responsável pela

condução da saúde pública no país, incumbido de elaborar políticas, programas e

projetos, no intuito de estimular e garantir uma atenção primária de qualidade. Nessa

perspectiva, tendo como premissa o ponto de vista teórico-conceitual de que “não existe

uma única, nem melhor definição do que venha a ser uma política pública”, sua

formulação pode ser compreendida como sendo um estágio em que governos

democráticos traduzem seus propósitos em ações capazes de produzir resultados ou

mudanças na sociedade39

A Portaria Nº 2.43640, de 21 de setembro de 2017, aprova a Política Nacional de

Atenção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da

Atenção Básica no âmbito do SUS. Essa Política surgiu como uma das ações

fomentadas pelo Ministério da Saúde, a fim de integrar o rol das atividades finalísticas

do SUS, e sua atuação guia-se no mais alto grau de descentralização e capilaridade,

assumindo a responsabilidade sanitária e ressaltando a atenção básica como ordenadora

das Redes de Atenção em Saúde.

A Atenção Básica é regida por princípios (Universalidade, Equidade e

Integralidade) e diretrizes (Regionalização e Hierarquização, Territorialização,

População Adscrita, Cuidado centrado na pessoa, Resolutividade, Longitudinalidade do

cuidado, Coordenação do cuidado, Ordenação da rede e Participação da comunidade),

em conformidade com o Sistema Único de Saúde e as Redes de Atenção à Saúde40.

Para a PNAB, a Saúde da Família é sua principal estratégia para expansão e

consolidação da Atenção Básica. E, para difundir esse nível de complexidade, diversas

ações e programas estratégicos vem sendo implantados e priorizados pelo Ministério da

Saúde visando ao fortalecimento da Atenção Básica41, estabelecendo diretrizes

nacionais facilitadores de processos de gestão, formação, educação permanente,

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23

organização e qualificação da atenção básica, conforme o apresentado no próximo

capítulo.

2.3 O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica-

PMAQ/AB

A criação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica (PMAQ) insere-se em um contexto no qual o Governo Federal

desenvolve ações voltadas para a melhoraria do acesso e da qualidade dos serviços de

saúde, representando um esforço fundamental para, no centro das agendas de gestores,

nas três esferas de gestão do Sistema Único de Saúde, priorizar a Política Nacional da

Atenção Básica

Dentre esses esforços, destaca-se o aumento dos investimentos pelo Ministério da

Saúde na Atenção Básica como propósito para garantir a qualidade da atenção básica;

promover o investimento em infraestrutura, informatização e modernização dos

sistemas de informação; ampliar o leque do que é compreendido por Estratégia de

Saúde da Família; lançar estratégias que possam retomar o seu crescimento e expansão

e incentivar gestores e trabalhadores do SUS a ampliar a qualidade da atenção.

O PMAQ foi instituído pela Portaria n° 1.65442, de 19 de julho de 2011, sendo

revogada anos depois pela Portaria n° 1.64543, de 2 de outubro de 2015. O objetivo do

programa é mobilizar atores locais, qualificar as práticas de gestão, ampliar o acesso e

induzir mudanças nas condições de funcionamento dos serviços de saúde44,45,

permitindo uma maior transparência e efetividade das ações governamentais

direcionadas à atenção básica em saúde.

Inicialmente, o programa foi organizado em quatro fases e, posteriormente,

substituído por três fases (FIGURA 1), a saber: Adesão e Contratualização; Certificação

e Recontratualização, além de um Eixo Transversal de Desenvolvimento do PMAQ. O

conjunto dessas fases compreende um Ciclo do PMAQ, o qual é realizado a cada 24

(vinte e quatro) meses43.

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FIGURA 1- Fases de Implantação do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Atenção Básica, Santa Cruz/RN, 2018.

Fonte: Manual Instrutivo do Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, 2015.

A primeira fase consiste na adesão voluntária ao programa, mediante a

contratualização de compromissos e indicadores a serem firmados entre os atores

envolvidos: profissionais, gestores e o Ministério da Saúde. A adesão “voluntária” ao

programa pode ser considerada como uma estratégia que permite provocar nos sujeitos

participantes o sentimento de protagonismo, assim, permitindo ampliar a possibilidade

de construção de ambientes mais dialógicos, nos quais gestores, trabalhadores e

usuários possam mobilizar-se para se comprometerem com os objetivos pactuados46.

Quantos aos compromissos a serem firmados, destacam-se: organizar o processo

de trabalho da equipe em conformidade com os princípios da atenção básica; qualificar

o acesso mediante a prática do acolhimento; incentivar a utilização dos Sistema de

Informação em Saúde; estabelecer espaços regulares para a discussão do processo de

trabalho da equipe; instituir processos autoavaliativos como mecanismos disparadores

da reflexão sobre a organização do trabalho da equipe, dentre outros47.

A segunda fase, denominada “Certificação”, corresponde à Avaliação Externa,

que consiste na averiguação in loco, cujo trabalho de campo é coordenado de forma

tripartite e executado por instituições de ensino e/ou pesquisa. É nessa fase que se

verifica a realização da avaliação de desempenho dos indicadores contratualizados na

etapa de adesão e contratualização, bem como a realização do momento autoavaliativo

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pelos profissionais das equipes de atenção básica. Ou seja, trata-se do momento em que

se investiga todos os esforços das equipes e da gestão municipal de saúde para atingir

melhores condições de acesso e qualidade nos serviços de saúde43.

Conforme menciona o Instrumento de Avaliação Externa42:7 desenvolvido pelo

Ministério da Saúde, o processo de Avaliação Externa possibilita:

I- Reforçar práticas de cuidado, gestão e educação que contribuam para a

melhoria permanente da atenção básica à saúde ofertada ao

cidadão;

II- Fortalecer ações e estratégias das gestões do SUS que qualifiquem

as condições e relações de trabalho e que busquem apoiar tanto o

desenvolvimento do processo de trabalho das equipes quanto dos

próprios trabalhadores;

III- Subsidiar a recontratualização das equipes de forma

singularizada, respeitando suas potencialidades e dificuldades;

IV- Considerar a avaliação dos usuários e fortalecer sua participação

no esforço de qualificação permanente do SUS;

V- Conhecer em escala e profundidade as realidades e singularidades

da atenção básica no Brasil, registrando as fragilidades e

potencialidades de cada lugar, contribuindo para planejamento e

construções de ações de melhoria em todos os níveis;

VI- Elaborar estratégias adequadas às diferenças dos territórios,

promovendo maior equidade nos investimentos dos governos

federal, estadual e municipal42:7.

Na Avaliação Externa, um grupo de Avaliadores da Qualidade irá aplicar um

instrumento para verificação de padrões de acesso e qualidade alcançados pelas equipes,

mediante a coleta de informações nos serviços de saúde participantes do programa.

Desse modo, serão realizadas entrevistas e verificação de documentação, com o objetivo

de avaliar o processo de trabalho das equipes, a organização do cuidado aos usuários, a

satisfação e percepção do usuário quanto ao acesso aos serviços de saúde, além de

observações nas UBS para avaliar as condições de infraestrutura, materiais e insumos48

(QUADRO 1).

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QUADRO 1- Módulos da Avaliação Externa- Santa Cruz, 2018.

Módulos da Avaliação Externa

MÓDULO I Observação na Unidade Básica de Saúde,

MÓDULO II Entrevista com o profissional da Equipe de Atenção Básica e

verificação de documentos na Unidade Básica de Saúde,

MÓDULO III Entrevista com o Usuário na Unidade Básica de Saúde (Pesquisa

de Satisfação do Usuário da Atenção Básica no Brasil)

MÓDULO IV Entrevista com o profissional do NASF e verificação de

documentos na Unidade Básica de Saúde,

MÓDULO V Observação na Unidade Básica de Saúde para Saúde Bucal

MÓDULO VI Entrevista com o profissional da Equipe de Saúde Bucal e

verificação de documentos na Unidade Básica de Saúde,

Fonte: Instrumento de Avaliação Externa para as Equipes de Atenção Básica, Saúde

Bucal e NASF, 2017.

Após a etapa da Avaliação Externa, as equipes contratualizadas avaliadas serão

classificadas conforme o desempenho alcançado, a saber: Ótimo; Muito Bom; Bom;

Regular e Ruim. O conjunto das classificações de desempenho comporá o Fator de

Desempenho de cada município que, por sua vez, determinará o percentual do que será

repassado mensalmente ao fundo municipal de saúde pelo Ministério da Saúde47-46.

A terceira fase constitui a etapa em que ocorre o processo de (re)pactuação entre as

equipes e os gestores, com a finalidade de estabelecer o incremento de novos padrões e

indicadores de qualidade, frente aos resultados obtidos após a participação no

programa47. Conforme afirma Pinto (2012)45:11,“de todas as fases, a quarta é a que

menos possui descrição, talvez um indicativo de que ela está ainda por ser formulada,

aguardando “acontecer”, em função das respostas que lhe serão exigidas pelo fruto de

todo esse processo”.

O Eixo Estratégico Transversal de Desenvolvimento, como o nome já traduz, deve

ser transversal a todas as fases, uma vez que consiste no momento em que deve ser

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realizado um conjunto de ações que envolvem a autoavaliação, o monitoramento das

ações, educação permanente, apoio institucional e cooperação horizontal pelos

participantes, buscando a promoção de mudança na gestão e no cuidado47.

Desdobrando sucintamente cada uma das ações postas nesse eixo, compreender-se-

á por autoavaliação o dispositivo de reorganização do trabalho em equipe e da gestão

em saúde, sendo o ponto de partida a problematização e o reconhecimento de que é

necessário planejar intervenções e construir estratégias para superar os problemas

identificados, garantindo que os sujeitos avancem na autogestão e avalizem melhores

avaliações da AB49.

Com o objetivo de induzir os processos autoavaliativos nos serviços de saúde, o

Ministério da Saúde passou a disponibilizar como um instrumento para a realização da

autoavaliação a “Autoavaliação para Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção

Básica (AMAQ)”. O instrumento AMAQ tem por finalidade permitir que sejam

identificados os nós críticos que dificultam o desenvolvimento das ações do território,

conduzindo o planejamento de intervenção para a melhoria do acesso e da qualidade dos

serviços48.

As ações de Monitoramento, enquanto avaliação sistemática, mostraram-se

como representação valorativa de alguma coisa ou fato presente no cotidiano50. O

monitoramento, na essência do programa, versa como uma ferramenta fundamental para

o acompanhamento rotineiro de informações prioritárias, a fim de orientar e melhorar a

tomada de decisão, isto é, acompanhar o desempenho operacional e finalístico.

Nesse sentido, destaca-se o acompanhamento dos indicadores como sendo uma

tarefa essencial no monitoramento e avaliação dos serviços, de modo a contribuir para

orientar os processos de negociação em saúde, subsidiar a definição de prioridades e

planejamento de ações, assim como reconhecer e publicizar os resultados alcançados51.

Outra ação que merece destaque é o incentivo à prática da Educação Permanente

em Saúde como estratégia fundamental para produzir mudanças de práticas de gestão e

de atenção. A EPS possibilita dialogar com as concepções vigentes, considerando os

sentidos e significados das vivências dos sujeitos envolvidos no processo de

aprendizagem, de modo a permitir que sejam construídos espaços mais coletivos e

problematizadores, capazes de fortalecer e valorizar os saberes locais e transformar uma

realidade52.

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Como proposta de reformulação do modelo tradicional de se fazer coordenação,

planejamento e avaliação em saúde, o PMAQ traz o incentivo à prática do Apoio

Institucional no cotidiano dos serviços da Atenção Básica. Segundo a Política Nacional

de Humanização, esse Apoio pode ser entendido como uma função gerencial, capaz de

instaurar processos de mudanças em grupos e organizações de forma coletiva, apoiando-

se na democracia institucional e autonomia dos sujeitos. Nesse sentido, o trabalho do

apoiador consiste no estímulo de espaços mais coletivos, que propiciem a interação

entre os sujeitos, e no incentivo ao grupo para que exerça uma visão crítica da realidade

e possa ampliar a capacidade de produzir mais e melhor saúde com os outros53.

Na busca pela superação dos desafios encontrados nos serviços de saúde, a exemplo

do enfrentamento de questões inerentes à organização dos processos de trabalho, quanto

à capacitação dos profissionais e melhores condições de trabalho, o programa preconiza

que os municípios participantes operem de forma cooperada dentro do desenvolvimento

do programa. A Cooperação Horizontal é posta pelo programa como sendo uma rede

solidária de educação permanente entre municípios para o compartilhamento de

experiências que envolvam a troca, produção e disseminação de conhecimentos

vivenciados no cotidiano das UBS47.

Assim sendo, a implantação do PMAQ nos municípios brasileiros vem

induzindo à promoção da cultura de análise, avaliação e intervenção, instruindo gestores

e trabalhadores da atenção básica na busca pela produção de mudanças no modelo de

atenção e gestão, visando melhorar a situação de saúde da população, promover a gestão

do trabalho e corresponsabilizar as necessidades e satisfação do usuário46.

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3- OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Analisar a percepção de gestores municipais de saúde e trabalhadores da atenção

básica acerca do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da

Atenção Básica.

3.2- Objetivo Específico

Compreender os efeitos produzidos nos serviços de saúde a partir da implantação

do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica;

Identificar os limites do Programa.

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4- PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório, com abordagem qualitativa.

Estudos descritivos têm como objetivo principal descrever as características de uma

população e/ou fenômeno, levantar opiniões, atitudes ou crenças. As pesquisas

descritivas, atreladas às pesquisas exploratórias, possibilitam uma maior aproximação

com a realidade das experiências vividas pelos sujeitos54.

Minayo55:57, em seu livro “O desafio do conhecimento”, afirma que o método

qualitativo se “aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das

crenças, das percepções e das opiniões que os humanos fazem a respeito de como se

sentem e pensam a respeito de algum fenômeno”. O estado do Rio Grande do Norte

(RN) é dividido em oito Regiões de Saúde, distribuídas conforme o QUADRO 2:

QUADRO 2- Regiões de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte, Santa

Cruz/RN, 2018.

REGIÃO DE SAÚDE NÚMERO DE MUNICÍPIOS MUNICÍPIO POLO

1ª Região de Saúde 27 municípios São José de Mipibu

2ª Região de Saúde 25 municípios Mossoró

3ª Região de Saúde 15 municípios João Câmara

4ª Região de Saúde 25 municípios Caicó

5ª Região de Saúde 21 municípios Santa Cruz

6ª Região de Saúde 36 municípios Pau dos Ferros

7ª Região de Saúde 05 municípios Natal

8ª Região de Saúde 13 municípios Assú

Fonte: Plano Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte, 2013.

Elaboração própria*

As regiões de saúde representam bases territoriais e populacionais para o

planejamento e execução das redes de atenção à saúde. Assim, o cenário de estudo foi

construído em seis dos oito municípios polos das regiões de saúde do estado do Rio

Grande do Norte, RN. Excluíram-se dois municípios pela dificuldade de logística e de

acesso.

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31

Como objeto de investigação, adotou-se a percepção de dois atores locais que

fazem parte do Sistema Único de Saúde, sendo eles: gestores e/ou representantes da

gestão municipal de saúde e profissionais da Atenção Básica. A escuta e interação

permanente de opiniões, percepções e demandas dos atores sociais do SUS representam

um avanço para o fortalecimento de mecanismos de valorização de processos de gestão

do trabalho e de gestão dos serviços56.

Participaram da pesquisa os gestores e/ou representantes da gestão municipal de

saúde e profissionais da Atenção Básica. Ademais, nesta pesquisa, foram incluídos

gestores ou integrantes da gestão municipal de saúde responsáveis pela condução do

PMAQ nos municípios investigados, assim como trabalhadores da APS de nível

superior, pertencentes a ESF e que tenham participado do último ciclo do PMAQ: Ciclo

2, em 2014. Os critérios de exclusão foram: gestores e/ou representantes da gestão

municipal e trabalhadores da atenção básica que estavam de férias ou de licença.

Dessa forma, o estudo foi composto por: 1 (um) Secretário Municipal de Saúde; 3

(três) coordenadores de Atenção Básica; 1 (um) representante da Equipe Técnica da

Secretaria Municipal de Saúde; 1 (um) chefe de planejamento; 29 (vinte e nove)

enfermeiros; 7 (sete) dentistas e 2 (dois) médicos, perfazendo um total de 44 (quarenta e

quatro) sujeitos, dos quais foram 6 (seis) gestores e/ou representantes da gestão e 38

(trinta e oito) profissionais da Atenção Básica.

Para a coleta de informações, foram utilizadas duas técnicas: o grupo focal,

orientado por um roteiro de questões (APÊNDICE 5), e a entrevista semiestruturada

(APÊNDICE 4).

Nessa perspectiva, estudos que adotam como técnica de coleta os grupos focais

vem demonstrando espaços privilegiados de trocas de experiências, permitindo que os

temas abordados possam ser mais problematizadores57.

Quanto à entrevista individual semiestruturada, é considerada um procedimento de

coleta de informação que permite ao entrevistado contribuir com o processo de

investigação de forma livre e espontânea, sem perder a objetividade58.

Os dados foram coletados no período de setembro de 2016 a junho de 2017. Os

gestores da saúde foram convidados para a realização das entrevistas, enquanto os

profissionais da Atenção Básica participaram de reuniões de grupos focais. No total,

foram realizadas seis entrevistas e cinco reuniões de grupos focais com, no mínimo, 7

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(sete) participantes e, no máximo, 10 (dez) participantes em cada grupo e o tempo de

duração variou entre 60 a 90 minutos.

Considerando as cenas e cenários reais vividos pelos autores e participantes, para

manter o sigilo de suas identidades, foram utilizados como pseudônimos elementos da

fauna e da flora existentes no Nordeste Brasileiro. Assim, a fauna representou os

gestores/representantes da gestão e a flora, os profissionais da Atenção Básica.

As entrevistas e as reuniões de grupo focal foram agendadas por telefone com os

participantes. Para todos os sujeitos participantes do estudo, foi disponibilizado pelo

pesquisador responsável o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

(APÊNDICE 1 e 2), e, após o consentimento dos sujeitos, em local reservado, mediante

a explicação dos objetivos, finalidades, riscos e benefícios, ocorreu a realização dos

grupos focais e entrevistas, as quais foram gravadas em aparelho eletrônico do tipo mp3

e, posteriormente, transcritas na íntegra

Os dados obtidos foram interpretados pelo método de Análise de Conteúdo

Temática, a qual apresenta três etapas: pré-análise (leitura flutuante do corpus, no

intuito de obter das autoras um contato intenso com o material); exploração do material

(a busca por expressões e falas significativas em função do conteúdo a ser organizado) e

tratamento dos resultados (inferências e interpretação)55. Salienta-se que na

interpretação agrupou-se as falas dos profissionais da atenção básica e dos gestores e/ou

representantes da gestão.

Assim, durante a análise, emergiram três núcleos temáticos: “Vozes e olhares

acerca do PMAQ”; “Impactos produzidos nos serviços de saúde a partir da vivência no

PMAQ: entrelaçando múltiplos olhares” e “Fragilidades do PMAQ: O caminhar para

avançar”.

O referencial teórico que dá sustentação à discussão desta pesquisa está

embasado nos encontros e desencontros dialógicos com diversos autores, dos quais se

destacam: Emerson Merhy; Carmem Teixeira; Jairnilson Paim; Vilasbôas; Túlio Batista

Franco; Wanderlei Silva Bueno, bem como os documentos do Ministério da Saúde que

versam sobre o PMAQ.

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Ciências da Saúde do Trairi/ FACISA, anteriormente à fase de coleta de informação,

tendo como número de Parecer 1.707.601 e CAAE 58652816.6.0000.5568, respeitando

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33

os preceitos das Resoluções nº. 510/2016 e nº. 466/2012 do Conselho Nacional de

Saúde.

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5- RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1- Vozes e olhares acerca do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Atenção Básica

Por meio da análise das falas, foi possível identificar as percepções dos gestores

e trabalhadores da atenção básica quanto à finalidade do PMAQ. Evidenciou-se que,

para os sujeitos da pesquisa, o PMAQ caracteriza-se como um instrumento orientador

das ações e serviços de saúde, capaz de favorecer o norteamento das práticas e provocar

o aprimoramento do processo de trabalho.

A implantação de mecanismos que auxiliem e monitorem as condições

necessárias para o bom funcionamento dos serviços de saúde torna-se fundamental para

a reorganização dos processos de trabalho, uma vez que os serviços oferecidos

dependem de uma adequada estrutura e organização das ações que devem ser operadas

com os princípios do Sistema Único de Saúde. A operacionalização dessas ideias pode

envolver a recomposição de meios de trabalho, reestruturação de atividades e

redefinição de relações sociais e técnicas, identificando assim novas maneiras de pensar

o processo de trabalho11,59.

Parte significativa dos participantes afirmou que o programa tem a

intencionalidade de estimular a criação de vínculos com os usuários e a cultura de

planejamento, avaliação e monitoramento, bem como o reconhecimento de que não se

pode trabalhar apenas com números, conforme se observa nas vozes abaixo:

Papel orientador que ele [o PMAQ] dá à equipe. Ele norteia como a gente

pode melhorar o nosso processo de trabalho no sentido de documentos, que

ele diz que podem ser melhorados e aprimorados, o vínculo com a

população, a forma de tratamento. [...] Então, ele dá esse norte que a gente

não pode trabalhar só com números. Ele orienta muito nesse sentido. Foi

uma coisa que a gente viu que os profissionais têm se atentado bastante ao

observar o que é que o Ministério da Saúde nos diz para melhorar nossa

assistência. Então, eu acho que isso foi um dos pontos positivos do PMAQ.

(Tatu bola)

Eu vejo assim: o PMAQ veio para reorganizar minha dinâmica de trabalho.

Ele queria que os profissionais vissem que eles têm que se organizar com

aquilo que eles fazem cotidianamente. (Ipê branco)

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As relações entre usuários e profissionais da saúde são temas desafiadores para a

reorganização dos serviços de saúde. Todavia, para os autores, se essas relações

efetivarem-se mediante a criação de vínculos entre profissionais e usuários, poderão

fomentar impactos positivos não só para a comunidade, mas também para os

profissionais, uma vez que estimulam o empoderamento dos envolvidos, tornando-os

parte do processo de trabalho em saúde60.

As mudanças de atitudes profissionais, mediante o estabelecimento de vínculos e

a criação de laços de compromissos com a população, são práticas essenciais para

permear a integralidade da assistência, ou seja, o profissional de saúde deve atuar em

uma perspectiva de prática interdisciplinar, bem como reconhecer as necessidades do

usuário61.

Outro ponto a destacar, conforme menciona Tatu Bola, é que os profissionais

passaram a aperfeiçoar os registros de documentos nos seus ambientes de trabalho a

partir da implantação do programa. Também, é importante frisar que a gestão da

informação deve ser reconhecida como uma fonte geradora de conhecimento

organizacional. Pois, para um bom funcionamento dos serviços de saúde, o registro

torna-se um aliado potencializador no processo de planejamento local e na tomada de

decisão62.

O PMAQ consiste no incentivo a mudanças no modelo de atenção mediante a

reorientação dos serviços de saúde, em conformidade com os princípios da Atenção

Básica47. Nas falas dos sujeitos, é possível identificar esse reconhecimento, sendo o

PMAQ considerado como uma estratégia para efetivá-la:

Eu acredito que ele [PMAQ] é uma maneira de incentivar e direcionar o

processo de trabalho para que se tenha um olhar dinâmico sobre o

território, incorporando na rotina o planejamento e a avaliação; direcionar

para efetivar a proposta da Estratégia de Saúde da Família. (Araponga-do-

nordeste)

Achados semelhantes foram encontrados em estudo que avaliou a execução do

PMAQ em um município da microrregião do sul da Bahia, o qual constatou que ele traz

na sua essência uma série de reorientações do processo de trabalho e, por isso, é

considerado como um diferencial a ser ofertado aos municípios, ou seja, um reencontro

dos profissionais com os princípios da Atenção Básica63.

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Desse modo, sob o olhar dos atores investigados, o PMAQ vem estimulando a

implantação de novas práticas de organização dos serviços. Dentre elas, a ênfase dada à

importância do Apoiador Institucional como mecanismo de reformulação do modelo

tradicional de se fazer coordenação, uma vez que sua função chave visa à instauração de

processos de mudanças em grupos e organizações, a partir da construção de espaços

mais coletivos64.

O Apoiador Institucional é considerado como fundamental para acompanhar

processos de mudanças na organização dos serviços de saúde, tendo em vista que

possibilita o desenvolvimento de competências na compreensão do que é uma política

pública, na utilização do planejamento e avaliação em saúde, bem como no fomento de

novas formas de reorganização de uma rede de atenção à saúde65.

Em um dos municípios investigados, ficou evidente a relevância do papel de um

Apoiador Institucional por ajudar a tecer o diálogo e estreitar a ligação entre gestão e

atenção à saúde. Para Asa Branca, a chegada de um Apoiador Institucional, a partir da

implantação do programa, foi decisiva para se identificar os efeitos produzidos,

conforme relata:

Quando ele chegou [PMAQ] e não existia alguém preparado ou alguém

especificamente para tal, para acompanhar, para estudar, para desenvolver

com a equipe, para acompanhar as equipes e, enfim, para praticar o

Programa em si com as equipes, a gente não sentiu essa real eficácia do

programa [...] Até que veio uma pessoa específica para ser apoiadora

institucional do PMAQ, que foi aí onde a gente notou uma melhoria

significativa [...] (Asa Branca).

Desse modo, o apoio institucional coloca-se “ao lado” dos sujeitos que vão

experimentar/produzir mudanças, contribuindo assim, para estimular a análise dos

processos, métodos e as formas de como o trabalho vem sendo organizado,

constituindo-se como um método de intervenção em práticas de produção de saúde

pública66.

Então, o PMAQ vem buscando estratégias e alternativas que possam fortificar,

reconhecer e elevar a qualidade dos serviços da Atenção Básica em Saúde, permitindo

estabelecer mecanismos que assegurem uma melhor organização e funcionamento aos

serviços de saúde, refletindo na assistência prestada ao usuário.

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5.2 Impactos produzidos a partir da vivência no PMAQ: Entrelaçando múltiplos olhares

Nas falas dos sujeitos, é notório que houve melhorias no processo de trabalho

após a implantação do programa. As principais melhorias estão relacionadas à utilização

de mecanismos facilitadores e/ou auxiliares do modo de trabalhar. Um estudo, ao

avaliar a implantação do PMAQ no município de Recife, constatou mudanças

significativas relacionadas ao processo de trabalho das equipes de saúde da família67,

assemelhando-se aos resultados desta pesquisa.

Eu acho que as diretrizes do PMAQ dão uma qualidade no processo de

trabalho. (Jurema Preta)

Análises de outras experiências indicam que a adoção de mecanismos

fortalecedores de mudanças nas condições e nos processos de trabalho aos quais os

trabalhadores estão submetidos contribui decisivamente para a resolutividade da atenção

básica e dos propósitos do SUS68.

Além disso, dentre os mecanismos facilitadores do processo de trabalho, nos

discursos dos participantes, foi destaque o reconhecimento da importância de registrar

as ações desenvolvidas no cotidiano do trabalho e, para aqueles que já tinham o hábito

de registrar suas ações, seus relatos demonstraram a aspiração na padronização dos

registros:

A gente começou a montar o check list e os livros de registros. Inclusive, eu

elaborei um livro que ficou para todas as equipes, que é padronizado. Em

todos os postos de saúde são os mesmos livros de registro, a mesma ficha,

com tudo que o PMAQ quer. Agora, é tudo registrado da mesma forma.

(Bromélia do sertão)

Muita coisa, eu deixava de documentar. Mas, depois da implantação do

PMAQ, por causa das exigências tanto da autoavaliação quanto da externa

[Avaliação Externa], a gente passou a ter esse critério. Por exemplo, eu

sempre fiz o atendimento da demanda de urgência e espontânea, mas aquilo

ali era anotado apenas no prontuário. Depois do PMAQ, a gente adotou um

livro, anotou os encaminhamentos. Depois do PMAQ, a gente começou a

ter cuidado. Então, hoje, se eu for olhar para o histórico da minha equipe,

eu consigo elaborar um processo de trabalho que eu não teria ideia que

teria feito se não fosse as anotações que a gente começou a fazer depois do

PMAQ. (Cacto)

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A gente vem sentando para uniformizar tudo o que a gente vai usar de

planilhas, de livros e organização de prontuários em todas as estratégias

[Estratégia de Saúde da Família]. (Catingueira)

O PMAQ, na busca por atingir seus propósitos, vem fortalecendo a importância

de os profissionais realizarem registros do território. Ao manifestar adesão ao programa,

município e equipes comprometem-se em registrar informações que servirão de guia

para o reconhecimento do território e para fins de planejamento.

Dentre os principais registros preconizados pelo programa, pode-se constatar a

relação com os grupos prioritários da Estratégia da Saúde da Família (ESF), tais como:

gestantes; mulheres elegíveis para exame citopatológico de colo do útero; mulheres

elegíveis para exame de mamografia; crianças de até dois anos; pessoas com

hipertensão; pessoas com diabetes; pessoas com DPOC/Asma; e pessoas com

obesidade, tuberculose e hanseníase47.

O registro é de fundamental importância em qualquer ação desenvolvida, haja

vista que um bom registro pode oferecer pistas mais claras sobre a qualidade do cuidado

oferecido aos usuários e, principalmente, para a continuidade do cuidado, que é um dos

cernes da ESF.

Desse modo, percebe-se um claro estímulo por parte da gestão, a fim de que as

equipes de atenção básica possam compreender a necessidade de registrar:

Vão na informática e vejam que não registraram nada. Aí, eles [os

profissionais] se apavoraram com a realidade. Eles estão vendo agora que

realmente é necessário. É tanto que, assim, antes a gente tinha assim:

passava muito sem ter registro, até com o ofício, ou memorando. E, agora,

a gente exige muito com relação a isso: registre, manda o memorando,

porque é até um respaldo para organizar melhor. (Acauã)

Pelos depoimentos, observa-se que as reuniões em equipe foram mais constantes

após a implantação do programa. Assim, compreende-se que trabalhar em equipe

representa a possibilidade de articular ações e saberes, e a incorporação de novas

tecnologias de trabalho favorece a criação de espaços mais coletivos.

Ademais, além do aumento de reuniões, profissionais de diferentes equipes

passaram a se reunir conjuntamente; e questões como o acompanhamento de

indicadores de saúde passaram a fazer parte das discussões das reuniões em equipe.

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Hoje, a gente tem a questão das reuniões que, antes, fazia só a equipe 1.

Hoje, a gente já senta com as duas equipes. Ações preventivas, educativas.

A do mês, geralmente, a gente faz em conjunto. Algumas coisas que não

eram feitas, hoje, a gente faz junto. (Cacto)

A reunião de equipe também, agora, eu estou fazendo bem mais.

(Helicônia)

Também, a questão dos indicadores aproximou muito a equipe! Porque,

assim, antes era cada pessoa na sua sala. Mas, hoje, nem que seja uma vez

por mês, a gente se reúne. (Cacto)

O resgate de se trabalhar com os indicadores, de acompanhar e criar

metas, comparar metas nacional com estadual e municipal que, ao meu ver,

foram mudanças significativas que vai melhorar o processo de trabalho.

(Oiticica)

As mudanças descritas acima podem ser justificadas pelo fato de o PMAQ ter

como referência o exercício das atividades pelos profissionais da atenção básica pautado

no trabalho em equipe e, ao aderir ao programa, assumiram compromissos e

responsabilidades com indicadores de saúde, sendo necessário o seu monitoramento47.

A literatura mostra que o trabalho em equipe potencializa o alcance dos objetivos

comuns nos serviços de saúde e, por isso, deve ser norteado pela busca de novos

mecanismos para aprimorar a qualidade da produção de cuidado em saúde. Todavia, na

essência do trabalho em equipe, é necessário que seja privilegiada a união dos

integrantes, as relações amistosas e articulações de ações permeadas pela prática da

comunicação entre equipes, gestores e usuários61.

Outra mudança observada refere-se à adesão dos profissionais à utilização de

instrumentos que avaliam as práticas profissionais. Nesse sentido, eles enfatizaram a

importância da utilização de ferramentas de avaliação no desenvolvimento de suas

ações.

Nessa perspectiva, compreender e praticar a avaliação deve ser algo inerente ao próprio

funcionamento habitual das equipes de saúde, de modo a facilitar e colaborar com

avaliações internas, externas e institucionais, no estabelecimento de troca de informação

entre as equipes. Mas, um grande desafio é que os profissionais da saúde têm a

tendência de perceber que as avaliações devem ser atividades exercidas pela gestão.

Ainda, a este desafio, acrescenta-se a ausência de metodologias e técnicas adequadas

para se realizar a avaliação e melhorar de forma efetiva os cuidados prestados aos

cidadãos69.

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O Ministério da Saúde, como ponto de partida para o desenvolvimento do

programa, disponibiliza uma ferramenta de avaliação intitulada “Autoavaliação para

Melhoria do Acesso e da Qualidade de Atenção Básica – AMAQ”, oferecendo

orientações para a identificação e o reconhecimento de dimensões positivas, além de

problemáticas do processo de trabalho. Assim, para estimular e efetivar a

implementação de processos autoavaliativos, o programa acrescenta pontuações a

equipes vinculadas à ação. Todavia, salienta-se que esse dispositivo não é de uso

obrigatório, cabendo aos gestores e às equipes definirem os instrumentos que mais se

adequem à sua realidade48.

Foi unânime a utilização do AMAQ como um instrumento de avaliação pelos

nos municípios investigados. É possível perceber que, com a utilização desse recurso, os

profissionais passaram a se autoavaliar e reconhecer falhas nos processos de trabalho:

O instrumento [AMAQ] é autoexplicativo. (Maracujá-do-mato)

Ela [AMAQ] é elucidativa. Tem coisas que a gente nem se dava conta e

ela, de repente, nos apresenta. São coisas que a gente já faz

corriqueiramente e que nem se daria conta de notar. (Cacto)

Já em relação à equipe, acho que melhorou bastante, principalmente com a

AMAQ. Porque a gente vê onde está falhando para melhorar. (Violeta-da-

caatinga)

Então, a AMAQ vem pra nortear os profissionais, o que deve ter e o que é

que não tem, e tentar readequar, que vem recurso pra isso. (Sena)

Eu sou fã da AMAQ. Nela, você tem o caminho das pedras. Antes, não

tínhamos as coisas organizadas e registradas. Agora, está lá o que precisa

fazer para direcionar o seu processo de trabalho. Então, eu acho um

instrumento fantástico para ser usado [...]. (Acuju)

Assim sendo, o programa apresenta a autoavaliação como o momento em que os

sujeitos e grupos implicados realizam a autoanálise para a identificação de problemas,

bem como para as formulações de estratégias de intervenções, visando à melhoria do

serviço, das relações e dos processos de trabalho, tonando-se um dispositivo de

reorganização do serviço de saúde48.

A despeito de outros efeitos produzidos a partir da experiência no programa, foi

observada a utilização de fluxogramas, sinalização na identificação de salas,

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reorganização do acolhimento e agenda, adesão a demandas espontâneas, bem como a

concretização de grupos nas Unidades Básicas de Saúde:

A parte de sinalização na unidade tava muito esquecida:os fluxogramas de

identificação de salas, organização do serviço. Aquilo que a gente fazia no

serviço, mas estava esquecido. Ter um olhar com mais qualidade para

nossa unidade. Reorganizar nossos grupos, reorganizar nosso acolhimento,

nossas agendas, trabalhar com demandas espontâneas, ele traz todo esse

processo de mudanças dentro da unidade. (Tatu Bola)

A elaboração de fluxogramas permite que os profissionais e a gestão possam

compreender a dinâmica de funcionamento do serviço de saúde de modo geral, podendo

conceber uma melhor visualização dos processos de trabalho em equipe70. A

visualização do processo de trabalho em equipe, por meio da utilização de fluxogramas,

possibilita aos profissionais a realização de reflexões sobre sua prática, as quais têm

potencialidade para enxergar a finalidade de suas ações, rever os instrumentos de

trabalho que vêm sendo utilizados, sendo capaz de despertar a mudança de prática e um

agir diferente71.

Dentre os processos de mudança dentro da Unidade, destaca-se a reorganização

do acolhimento nas UBS. O acolhimento, como postura e prática das ações de saúde,

possui um arsenal técnico extremamente potente, pois permite atender a todas as

pessoas que procuram os serviços de saúde com competência de acolher, escutar e dar

uma resposta positiva, capaz de resolver os problemas da população. Também, tem

como propósito reorganizar o processo de trabalho, deslocando o eixo central da figura

do médico para a equipe multiprofissional, bem como qualificar a relação trabalho-

usuário, dando-lhes parâmetros humanísticos na hora de acolher72.

Algumas coisas que não eram rotinas da unidade, a gente conseguiu que se

tornasse rotina. Por exemplo, a concretização dos grupos de educação em

saúde. Isso, na verdade, não era nem para ser algo que o PMAQ tivesse

trazido para nós, mas isso não acontecia há um tempo. Assim, uma das

coisas que eu noto em alguma reunião que eu consigo falar do PMAQ, o

que me chama atenção e vem sempre à cabeça é isso: a gente conseguiu

consolidar nas Unidades Básicas de Saúde os grupos de promoção à saúde:

gestantes, crianças, idosos, diabéticos. (Asa Branca).

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A educação em saúde, intermediada pelos profissionais de saúde, representa um

recurso que atinge a vida cotidiana das pessoas, oferecendo conhecimento

cientificamente produzido no campo da saúde, para subsidiar a adoção de novos hábitos

e condutas de saúde. Desse modo, educar para a saúde no âmbito do PSF pode ser

compreendida como uma prática que vai além da assistência curativa, pois implica a

adoção de intervenções preventivas e promocionais, por exemplo, em grupos

educativos73.

Nessa perspectiva, a criação de grupos educativos é compreendida como uma

estratégia relevante para melhorar determinada condição de saúde/doença de uma

população. Porém, essa reflexão só terá implicações positivas nos serviços de saúde

quando for inserida com clareza nas políticas organizacionais, não apenas como ações

programáticas para assistir determinadas demanda74.

Portanto, advoga-se que o PMAQ é considerado, tanto pelos profissionais

quanto pela gestão, como sendo um programa que pretende somar esforços para a

priorização de estratégias que visem produzir melhorias na qualidade da atenção básica,

abrindo canais para o aperfeiçoamento dos processos de trabalho.

5.3 Fragilidades do PMAQ: O caminhar para avançar

Algumas fragilidades na implementação do programa também foram mostradas.

Nesse sentido, compreende-se que, na atenção básica, há diversos desafios capazes de

ocasionar tensões tanto na dinâmica organizacional, quanto no desenvolvimento dos

processos de trabalho dos profissionais. A sobrecarga de trabalho e as múltiplas funções

são fatores que estão diretamente relacionados ao desencadeamento desses conflitos75.

Muita gente acha que o PMAQ é uma fiscalização, ou que veio para dar

mais trabalho. Muitos profissionais pensam dessa forma, e esse é o grande

conflito para a gente avançar em alguns sentidos do PMAQ. Falta algumas

pessoas se envolverem e não pensarem que só aquelas que assinaram o

termo de adesão é o responsável. (Abil)

O PMAQ é o grande incômodo para o profissional que saiu do modelo

antigo, mas o modelo não saiu da cabeça dele. É um incentivo

importantíssimo, norteador, para repensar e se reorganizar, mas os

profissionais não valorizam e acabam tomando como uma tarefa a mais.

(Acapu)

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Os relatos tendem a mostrar que, para alguns sujeitos, a implantação do PMAQ é

vista como sendo uma tarefa a mais ou responsabilidade a ser cumprida, mesmo que as

responsabilidades e compromissos postos pelo programa já façam parte da política de

atenção básica e, por essa razão, devam estar presentes no cotidiano.

Desse modo, fomentar a inserção de novas modelagens de produção do cuidado

por parte das equipes acaba influenciando rearranjos nos modos de organização do

processo produtivo que, por vezes, acabam transformando-se em situações geradoras

de sentimentos ambíguos, os quais podem levar tanto a tensões e disputas, como à

sensação de reconhecimento e valorização76.

A introdução de novas modelagens, permitindo ter uma percepção mais

abrangente, dinâmica e integrada, juntamente com as habilidades e competências

técnicas, capacita o indivíduo para estabelecer relações interpessoais com base na

cooperação; provocando a substituição de uma prática baseada no desempenho

individual para o desempenho coletivo e permitindo que a responsabilidade das equipes

possa alcançar resultados rápidos, criativos e, acima de tudo, eficazes77.

Esse pensamento vai ao encontro da obra de Morin (1921)78:88, quando ele

afirma que “o conhecimento das partes depende do conhecimento do todo, como o

conhecimento do todo depende do conhecimento das partes. Por isso, em várias frentes

do conhecimento, nasce uma concepção sistêmica, onde o todo não é redutível às

partes”.

Ainda nas falas dos profissionais da atenção básica, observou-se o sentimento de

insatisfação no que tange ao incentivo financeiro proveniente da implantação do

PMAQ.

Nos municípios investigados, existem diversos tipos de critérios estabelecidos:

ora os incentivos são rateados para “incrementar” os salários dos profissionais, ora são

alocados para investimentos em infraestrutura, ou ambos os critérios.

Nessa perspectiva, aos olhos da grande maioria, a descentralização dos recursos

oriundos do PMAQ é o tema que mais provoca indignação e acarreta intrigas e

rivalidades entre equipes e destas com a gestão:

O problema é que o Ministério da Saúde deixa a brecha. Pelo menos na reunião

que eu fui, que cada município era responsável para fazer o que quiser, né? Se ele

não quiser pagar, ele não paga. Então, ficou essa interrogação aí, e a gente ficou

refém disso. (Pente-de-Macaco)

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Esse repasse do PMAQ, eu acho que deveria ser mais rigoroso na destinação, né?

Se viesse determinado que tinha que gastar, mas é muito solto. Gasta-se como quer

e aonde quer, aí pega a justificativa da secretaria: “não, a gente tá usando em

outra unidade porque tá precisando”. Eu acho assim: se na minha unidade recebe

R$ 8.500,00 por mês no repasse, se 40% disso é para a melhoria da qualidade,

deveria ser 40% para a minha unidade, né? E, assim, sucessivamente. Em relação

ao incentivo, com certeza, se tirar o incentivo, ninguém da equipe vai fazer, porque

é super complicado organizar aquilo do PMAQ [...]. (Vinca-de-madagáscar)

Na verdade, em alguns casos, eu vejo rivalidade, intriga, competição não sadia de

equipes que atuam numa mesma Unidade Básica de Saúde. Porque, numa mesma

unidade de saúde, já aconteceu da gente ter uma equipe muito bem avaliada e

outra muito mal avaliada. Aí, na hora desse rateio, quando chega mês a mês desse

recurso, é muita confusão. (Asa Branca)

Sabe-se que o financiamento de recursos federais para ações e serviços de saúde

é distribuído em forma de blocos de financiamento. Assim, no bloco da atenção básica,

podem ser encontrados dois tipos de componentes, a saber: Piso de Atenção Básica Fixo

(PAB Fixo), montante calculado de acordo com o número de habitantes do seu

município, e o Piso de Atenção Básica Variável (PAB Variável), destinado a

financiamento de ações e serviços para a expansão da atenção básica79.

No entanto, após a criação do PMAQ, um novo incentivo financeiro foi

incorporado ao financiamento da Atenção Básica, sendo denominado Componente de

Qualidade do Piso de Atenção Básica, incentivo transferido aos municípios que

aderirem ao PMAQ-AB, vinculado ao PAB Variável, e transferido conforme

desempenho alcançado42.

A destinação do incentivo financeiro é de autonomia da gestão municipal, ou

seja, cada município tem a responsabilidade de definir os critérios para a aplicabilidade.

Diante dessa independência, os gestores municípios participantes do programa podem

estabelecer critérios de repasse financeiro42.

Outros fatores relacionados aos recursos do Componente da Qualidade são

considerados como desafios a serem superados como, por exemplo: a ausência de

transparência nos recursos financeiros e a vinculação do programa a repasses de

recursos para a gestão municipal. Isto é, muitas vezes, há um interesse de ambos os

atores em fornecer respostas positivas para o alcance de resultados satisfatórios44.

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Todavia, foi identificado o reconhecimento de que não adianta forjar uma resposta

ou um processo de trabalho, uma vez que outros atores estarão envolvidos no processo

de avaliação, a exemplo do usuário.

Então, realmente, é uma mudança de prática. Não adianta você, um dia

antes, querer maquiar a unidade toda se seu usuário vai tá lá e vai falar

mal da unidade, dos profissionais. (Papoilas)

Se na unidade tiver tudo perfeito e, na entrevista com o usuário, ele disser

que não gosta, que não é bem atendido, que não resolve nada naquela

unidade, a nota cai, vai lá pra baixo. (Vinca-de-Madagáscar)

Fica no ar uma preocupação que eu percebi: uma tentativa de maquiar

certas coisas que você faz de um jeito, mas que você tende a mostrar que faz

de outro jeito melhor para pontuar mais, aí algumas pessoas ficam com

uma certa angustia porque não podem manipular e maquiar por causa da

entrevista com o usuário. Então, a saída é mostrar o que você faz, a

realidade. (Acuju)

Lançando um olhar mais atento, a participação dos usuários nos serviços de

saúde, como um princípio preconizado pelo SUS, contribui decisivamente para que se

tornem sujeitos ativos no processo de organização, gestão e controle de ações e serviços

de saúde, assim, auxiliando no aperfeiçoamento das políticas públicas implementadas,

como também no fortalecimento da voz do usuário nos espaços de saúde80.

O termo “maquiar” apareceu corriqueiramente nas falas dos sujeitos. Em estudos

semelhantes, ao analisar os efeitos produzidos nos serviços de saúde após a implantação

no PMAQ, constatou-se que uma das dificuldades encontradas na investigação refere-se

ao uso da avaliação vinculada a incentivos financeiros, podendo correr o risco de

maquiar a informação ou uma realidade por parte do trabalhador, apenas para obter os

recursos prometidos. Os autores acrescentam que o termo “pmaquiada” foi utilizado

pelos sujeitos da pesquisa para se referir aos preparativos que antecedem à visita do

avaliador externo81.

Assim sendo, como desafio a ser superado, também foi destacada a

descontinuidade das ações pactuadas no programa:

Enquanto a Avaliação Externa passava, aquele profissional realmente se

empolgou e modificou totalmente o processo de trabalho para melhor, mas

que depois isto meio que adormeceu. Eu noto nesse sentido. (Asa Branca)

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Você se programa para a chegada da Avaliação Externa, aí passa a

Avaliação Externa e acaba em um certo relaxamento pela equipe. (Acuju)

Nas falas de alguns participantes, percebe-se que os profissionais acabam

deixando de lado a continuidade das ações pactuadas ao terminar um ciclo ou a etapa da

Avaliação Externa, apesar de o PMAQ provocar iniciativas de mudanças nos processos

de trabalho.

Nessa perspectiva, é importante refletir sobre a motivação no ambiente de

trabalho, a fim de contribuir decisivamente para combater a descontinuidade das

práticas, uma vez que profissionais satisfeitos tendem a exercer suas atividades com

mais comprometimento, proporcionando melhorias para às organizações.

Desse modo, a motivação pode trazer vários benefícios tanto para o trabalhador

quanto para a organização, possibilitando a implantação de práticas capazes de superar

os desafios encontrados nos serviços de saúde82.

Isto posto, observa-se que existem diversos desafios a serem superados, os quais

demandam novos caminhos e rearranjos de ações governamentais na busca da

implementação do programa. Ademais, o que de fato ficou presente na fala dos sujeitos

foi o desejo por parte dos envolvidos de um monitoramento da alocação dos recursos

financeiros disponibilizados, bem como a conscientização dos envolvidos no processo

de avaliação sobre a importância e pertinência da fidedignidade das ações e informações

relatadas.

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6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

O PMAQ vem sendo a mais recente aposta do Ministério da Saúde no intuito de

melhorar a qualidade da Atenção Básica. Reafirma-se que, a partir dos atores

investigados, ele se constitui como um importante programa de auxílio ao norteamento

das ações e serviços de saúde devido ao seu papel orientador, oferecido aos municípios

e às equipes da atenção básica participantes.

No que diz respeito aos efeitos produzidos a partir da vivência no PMAQ, pode-

se constatar a implantação de novas práticas de organização do serviço, favorecendo

melhorias no processo de trabalho.

Nesse aspecto, nas falas dos participantes, apareceram o reconhecimento da

importância de registrar as ações de saúde; a utilização de indicadores; o aumento de

reuniões em equipe; a adesão ao instrumento de autoavaliação; a criação de

fluxogramas; assim como a sinalização nas unidades básicas de saúde e a criação de

grupos específicos.

Entretanto, limitações relacionadas aos incentivos financeiros provenientes do

PMAQ também foram elencadas, especialmente no que tange aos critérios de rateio

estabelecidos pelas secretarias municipais de saúde. Ainda, outra fragilidade indicada

refere-se à descontinuidade das ações realizadas após o término das fases do PMAQ.

Desse modo, faz-se necessário que estratégias sejam lançadas a fim de que o

profissional possa inserir no seu cotidiano as orientações sugeridas pelo PMAQ e não

desenvolvê-las apenas no período de realização do programa.

Portanto, sob o olhar dos atores, o estudo possibilitou desbravar cenas e cenários

sobre a vivência no PMAQ, permitindo conhecer os impactos produzidos nos serviços

de saúde e subsidiando a coprodução de novos arranjos, caminhos e redirecionamentos

promissores, no fortalecimento dos programas pertencentes à Atenção Básica em Saúde.

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55

APÊNDECE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Gestão do Trabalho dos Profissionais da Atenção Básica” que tem como

pesquisador responsável Cecília Nogueira Valença.

Esta pesquisa pretende analisar se a implantação do Programa de Melhoria do

Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) foi indutora de mudanças para

potencializar a área de gestão do trabalho das Equipes de Atenção Básica.

O motivo que nos leva a fazer este estudo justifica-se pela importância de se

discutir as mudanças produzidos nas instituições de saúde a partir da implantação do

PMAQ, tomando como campo de análise a gestão do trabalho em saúde. Desta forma,

esse estudo configura-se como relevante, tanto para a academia, quanto para Sistema

Único de Saúde, por abordar temas inseridos no contexto de discussão da

contemporaneidade.

Ademais, espera-se que essa pesquisa venha a contribuir para se promover

mudanças no campo da gestão do trabalho dos profissionais, subsidiando os gestores de

saúde no planejamento da dinâmica organizacional das instituições de saúde, bem como

na esfera federal na formulação/e ou reformulação de políticas e programas voltados

para a área em questão.

Caso você decida participar, será realizada uma entrevista individual. A

entrevista será gravada em áudio com seu consentimento. A duração dessa sessão

poderá ser de no máximo uma hora. Após essa etapa as gravações serão transcritas e o

texto será sistematizado e analisado quanto ao conteúdo, não obtendo identificação de

sua identidade.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRÍ

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA DA

FACISA

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56

Durante a realização da entrevista você será esclarecido sobre a pesquisa em

qualquer aspecto que desejar, e terá a liberdade para recusar-se a participar, retirar seu

consentimento ou interromper a participação a qualquer momento.

Esclarecemos que a participação não trará prejuízo a sua pessoa e a previsão de

riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame

físico ou psicológico de rotina, como possíveis desconfortos em expressar suas

percepções quanto ao assunto abordado.

Todavia, comprometemo-nos em minimizar estes riscos, possibilitando a

omissão de resposta quanto a algum questionamento feito pela pesquisadora durante a

entrevista.

Os possíveis benefícios diretos será a contribuição para a ampliação do debate

acerca das mudanças ocorridas através da implantação do PMAQ para o campo da área

de gestão do trabalho dos profissionais da Atenção Básica, bem como a apresentação

dos resultados da pesquisa aos participantes e a população em geral. O estudo não trará

benefícios materiais ou financeiros para os participantes.

Em caso de algum problema ou dano decorrente a pesquisa, você terá direito a

assistência gratuita, sendo-lhe garantidos todos os direitos previstos na legislação

brasileira.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para

Cecília Nogueira Valença (pesquisador responsável), pelo telefone (84) 9-9480-6888.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados

apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum

dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em

local seguro e por um período de 5 anos. Se você tiver algum gasto pela sua

participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e reembolsado para

você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), telefone

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57

3291-2411. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra

com o pesquisador responsável Cecília Nogueira Valença.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela

trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da

pesquisa “Melhoria do Acesso e da Qualidade da Gestão do Trabalho dos Profissionais

da Atenção Básica” e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em

congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

________________, RN __/___/2016.

___________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

____________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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APÊNDECE 2- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Melhoria do Acesso e da

Qualidade da Gestão do Trabalho dos Profissionais da Atenção Básica”, que tem como

pesquisador responsável a professora Cecília Nogueira Valença.

Esta pesquisa pretende analisar se a implantação do Programa de Melhoria do

Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) foi indutora de mudanças para

potencializar a área de gestão do trabalho das Equipes de Atenção Básica.

O motivo que nos leva a fazer este estudo justifica-se pela importância de se

discutir as mudanças produzidas nas instituições de saúde a partir da implantação do

Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica, tomando como

campo de análise a gestão do trabalho em saúde, esse estudo configura-se como

relevante tanto para a academia, quanto para o Sistema Único de Saúde, por abordar

temas inseridos no contexto de discussão da contemporaneidade.

Ademais, espera-se que essa pesquisa venha a contribuir para se promover

mudanças no campo da gestão do trabalho dos profissionais, subsidiando os gestores de

saúde no planejamento da dinâmica organizacional das instituições de saúde, bem como

na esfera federal na formulação/e ou reformulação de políticas e programas voltados

para a área em questão.

Caso você decida participar, será realizada a técnica de Grupo Focal. A sessão

de Grupo Focal será gravada em áudio com seu consentimento. A duração dessa sessão

poderá ser de no máximo duas horas. Após essa etapa, as gravações serão transcritas e o

texto será sistematizado e analisado quanto ao conteúdo, não obtendo identificação de

sua identidade.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRÍ - FACISA

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE COLETIVA DA FACISA

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59

Durante a realização da sessão de Grupo Focal você será esclarecido sobre a

pesquisa em qualquer aspecto que desejar, e terá a liberdade para recusar-se a participar,

retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento.

Esclarecemos que a participação não trata prejuízo a sua pessoa e a previsão de

riscos é mínima, ou seja, o risco que você corre é semelhante àquele sentido num exame

físico ou psicológico de rotina, como possíveis desconfortos em expressar suas

percepções quanto ao tema. Todavia, comprometemo-nos em minimizar estes riscos,

possibilitando a omissão de resposta quanto a algum questionamento feito pela

pesquisadora durante a sessão de Grupo Focal.

Os possíveis benefícios diretos será a contribuição para a ampliação do debate

acerca das mudanças ocorridas através da implantação do PMAQ para o campo da área

de gestão do trabalho dos profissionais da Atenção Básica, bem como a apresentação

dos resultados da pesquisa aos participantes e a população em geral. O estudo não trará

benefícios materiais ou financeiros para os participantes.

Em caso de algum problema ou dano decorrente a pesquisa, você terá direito a

assistência gratuita, sendo-lhe garantidos todos os direitos previstos na legislação

brasileira.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para

Cecília Nogueira Valença (pesquisador responsável), pelo telefone (84) 9-9480-6888.

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em

qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados

apenas em congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum

dado que possa lhe identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em

local seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será

assumido pelo pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você

será indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de

Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), telefone

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3291-2411. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra

com o pesquisador responsável Cecília Nogueira Valença.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela

trará para mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da

pesquisa “Melhoria do Acesso e da Qualidade da Gestão do Trabalho dos Profissionais

da Atenção Básica”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em

congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

_______________RN, ___/___/2017.

_________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

__________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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APÊNDICE 3- ROTEIRO NORTEADOR DE ENTREVISTA

Este roteiro é direcionado aos gestores da atenção básica nos municípios polo

participantes do PMAQ no estado do Rio Grande do Norte, a saber secretário

municipal de saúde ou coordenador de atenção básica.

Como se deu processo de implantação do PMAQ no seu município?

Na sua percepção, qual a finalidade do PMAQ?

A implantação do PMAQ nas instituições de saúde constitui-se como

mecanismo induziu melhorias para a Atenção Básica?

Que mudanças são produzidas nos serviços de saúde em após a implantação do

PMAQ?

Quais são as fragilidades do programa?

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APÊNDICE 4- ROTEIRO NORTEADOR DE DISCUSSÃO DO GRUPO FOCAL

Este roteiro é direcionado aos profissionais de nível superior da atenção básica

de unidades de saúde da família nos municípios polo participantes do PMAQ no estado

do Rio Grande do Norte.

Como se deu processo de implantação do PMAQ no seu município?

O que vocês compreendem por PMAQ? Quais são seus objetivos?

A implantação do PMAQ nas instituições de saúde constitui-se como

mecanismo induziu melhorias para a Atenção Básica?

Que mudanças são produzidas nos serviços de saúde em após a implantação do

PMAQ?

Quais são as fragilidades do programa?

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ANEXO 1- PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP