universidade do vale do itajaÍ univali prÓ-reitoria de

159
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ UNIVALI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA PROPPEC CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS-PMGPP EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE: Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr. nas décadas recentes. EDILSON HUGO RANCIARO Itajaí 2014

Upload: others

Post on 27-Oct-2021

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA –

PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS-PMGPP

EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:

Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr.

– nas décadas recentes.

EDILSON HUGO RANCIARO

Itajaí

2014

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO, EXTENSÃO E CULTURA –

PROPPEC

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E JURÍDICAS

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE POLÍTICAS

PÚBLICAS-PMGPP

EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:

Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr.,

nas décadas recentes.

EDILSON HUGO RANCIARO

Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Mestrado

Profissional em gestão de Políticas Públicas, da Universidade do Vale

do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação do Prof. Stravros Wrobel Abib

e Co-Orientador Msc. Eduardo Guerini, como exigência parcial para

obtenção do Título de Mestre em Gestão de Políticas Públicas.

Itajaí

2014

DECLARAÇÃO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para os devidos fins de direito e sob as penas da lei, que assumo total

responsabilidade pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), a coordenação do Programa de Mestrado

Profissional em Gestão de Políticas Públicas, a Banca Examinadora e o Professor de

responsabilidade acerca do mesmo.

Por ser verdade, firmo o presente

Edilson Hugo Ranciaro

Mestrando

AGRADECIMENTOS

Ao findar um ciclo de vida dedicada ao trabalho, como professor universitário

agradeço a todos que, de uma maneira ou de outra, oportunizaram minha participação no

Mestrado Profissional na Universidade Vale do Itajaí – UNIVALI.

Enalteço a toda equipe do Programa, em especial aos Professores Dr. Flávio

Ramos, figura simpática e motivadora, que irradia a todos os alunos alegria e, sobretudo,

responsabilidade. Ao Professor Co-Orientador Msc. Eduardo Guerini, sempre compenetrado

como profissional que é, fazendo-nos entender, em poucas palavras, o norte na elaboração da

dissertação. Ao jovem Professor Dr. Stravros Wrobel Abib, nosso Orientador, pelo seu

elevado conhecimento, sua lucidez e franqueza ao analisar nossas falhas devido a falta de

observação e leitura.

À graciosa equipe da Secretaria do Curso de Mestrado, Tânia, Nay, Melissa,

sempre atenciosas com todos os alunos, o meu muito obrigado e estou certo de que as

amizades permanecerão ao longo dos anos.

Aos meus filhos, Karine, Andrei e Maira, pela dedicação e compreensão no

cuidado de minha esposa Ivone, em tratamento de uma metástase, para que eu pudesse

complementar meus conhecimentos na área pública, essencial para o meu aprimoramento

profissional.

A maior parte dos atos corruptos requer escolha moral do indivíduo e

depende de sua avareza e maldade. Entretanto, a corrupção do Estado

resulta das consequências da natureza humana individual interagindo

com sistemáticas e permanentes desigualdades em riqueza, poder e

status. Estas são sempre injustas e corruptas. Considere-se contudo,

que o fim da desigualdade não assegura a eliminação da corrupção,

por ser ela também parte da condição humana. A corrupção do Estado

e a corrupção do povo caminham juntas. Por isso a solução do

problema está tanto na educação moral do povo quanto na sua

participação no processo político, acompanhada de maior igualdade

econômica.

J.P.Dobel

EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE:

Estudo de caso sobre políticas públicas de emprego e renda, no município de Candói-Pr., nas

décadas recentes.

EDILSON HUGO RANCIARO

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo pesquisar o processo emancipatório do Município de

Candói, Estado do Paraná, seu desenvolvimento econômico e social, com reflexos na geração

de emprego e renda local, nas duas últimas décadas. A pesquisa ressalta que o processo

emancipatório, pautou-se pela luta de uma comunidade distrital, preterida pela administração

central, desde a década de 80, resultando em movimentos da sociedade organizada através de

Associação representativa, cujo intento logrou êxito somente após 12 anos de intensos

trabalhos, junto às autoridades do Poder Legislativo Estadual do Paraná. Ao completar seus

vinte anos de instalação (1993), o estudo resgata através de pesquisas de documentos

históricos e de dados estatísticos econômicos e sociais, sua evolução, as melhorias

implantadas e seus efeitos na geração de emprego e renda. Os resultados apontam que

passados vinte anos de gestão, novas necessidade de redirecionamentos de investimentos e de

políticas públicas se fazem necessárias, visando conter a evasão de sua população, na redução

do número de famílias em estado de pobreza, no incentivo a sua agro-industrialização e

empreendedorismo para a geração de emprego, e melhorias no saneamento básico. A

implantação de políticas públicas participativas influenciará a alocação de recursos e

melhorias nos indicadores sociais e perspectivas para a nova geração de jovens, além de

estimular aos acadêmicos, estudos econômicos e sociais, dos municípios do Estado do Paraná.

Palavras-chave:

Emancipação e Empregabilidade do Município de Candói – Análise da Empregabilidade do

Município de Candói – Desenvolvimento e Empregabilidade do Município de Candói

ABSTRACT

This study aimed to find the emancipatory process of Candói County, State of Paraná, their

economic and social development, reflected in the generation of local employment and

income in the last two decades. The research highlights that the emancipatory process was

guided by a district community struggle, belittled by the central government since the 80s,

resulting in movements of organized society through representative Association, whose

purpose has succeeded only after 12 years of intense work, with the authorities of the State

legislature of Paraná. Upon completing his twenty years of installation (1993), the study

rescues through research of historical documents and social and economic statistical data,

their evolution, the improvements implemented and its effects on employment generation and

income. The results show that after twenty years of management, need for new redirects

investments and public policies are necessary, seeking to contain the escape of its population,

reducing the number of families in poverty, encouraging its agro-industrialization and

entrepreneurship for job creation and improvements in sanitation. The implementation of

participatory public policies influence the allocation of resources and improvements in social

indicators and prospects for the new generation of young people, and encourage the academic,

economic and social, of the municipalities of Paraná studies.

Keywords:

Empowerment and Employability Municipality Candói - Analysis of Employability

Municipality Candói - Development and Employability Municipality Candói

LISTA DE QUADROS

Quadro 1

Quadro 2

Quadro 3

Quadro 4

Quadro 5

Quadro 6

Quadro 7

Quadro 8

Quadro 9

Quadro 10

Quadro 11

Quadro 12

Quadro 13

Quadro 14

Quadro 15

Quadro 16

Quadro 17

Quadro 18

Quadro 19

Quadro 20

Quadro 21

Quadro 22

Quadro 23

Quadro 24

Quadro 25

Quadro 26

Quadro 27

Quadro 28

Quadro 29

Número de Estados e Municípios no Brasil...............................................

Critérios legais para emancipação de Distritos no Paraná..........................

Resultado dos processos decisórios das emancipações municipais no

Paraná – 1989-1996....................................................................................

Resultado do Plebiscito para emancipação do Distrito de

Candói/Paz/PR............................................................................................

Modelos de planejamento governamental no Brasil...................................

Número de estabelecimentos agropecuários, segundo grupos de áreas no

Paraná, 1970-2006......................................................................................

Produto Interno bruto do Brasil e Paraná a preços correntes de mercado

1995-2010...................................................................................................

Principais produtos agrícolas 1999 – 2012.................................................

População Total e sua distribuição por ano, segundo a Região..................

População residente desagregada, segundo características gerais –

Paraná 1990-2010.......................................................................................

População por faixa etária Candói 2007-2010...........................................

Trocas líquidas migratórias – Candói/PR..................................................

Municípios no Paraná que apresentam redução de sua população no

período de 2000 a 2010..............................................................................

IDHM Brasil, Paraná e Candói..................................................................

Censo Escolar – Matrículas – Séries históricas – Brasil 2000 a 2011........

O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede

pública e privada – Brasil, 2005-2011........................................................

O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede

pública e privada – Brasil, por Região 2005-2011.....................................

Proporção da População de 15 anos a mais de idade com escolaridade

inferior a quatro anos de estudos, segundo o domicílio – Brasil e grandes

Regiões, 1993, 1997, 2001 e 2005.............................................................

Censo Escolar – Matrícula – séries históricas – Brasil – Paraná 2000 a

2011............................................................................................................

O IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – rede

estadual – Brasil-Paraná – 2005-2011........................................................

O IDEB Município de Candói – 4ª e 5ª Séries do Ensino Fundamental –

2005-2011...................................................................................................

Taxa de Mortalidade Infantil – Número de Óbitos Infantis (menos de 1

ano) por 1.000 nascidos vivos, Brasil, 2000-2011.....................................

Número de Profissionais de Saúde por habitante – Médicos p/1000

hab/TMI......................................................................................................

IDHM – Longevidade Candói – 1991 a 2010...........................................

Proporção de Pessoas com baixa renda, menor que ½ salário mínimo,

segundo unidades da Federação – 2001 a 2012.........................................

Pessoal ocupado nos estabelecimentos agropecuários – Brasil – 1975-

2006............................................................................................................

Estoque de empregos formais por setor no Brasil.....................................

Grau de escolaridade dos trabalhadores e remuneração média de

dezembro em reais a preços de dezembro(1) Brasil...................................

Empregos formais no Município de Candói no período de 2002 a 2011...

27

33

34

41

52

55

58

75

80

81

86

87

88

93

94

95

95

96

96

98

99

103

104

105

109

120

121

123

124

Quadro 30

Quadro 31

Quadro 32

Quadro 33

Quadro 34

Quadro 35

Quadro 36

Quadro 37

Quadro 38

Quadro 39

Quadro 40

Quadro 41

Quadro 42

Quadro 43

Quadro 44

Quadro 45

Quadro 46

Quadro 47

Quadro 48

Quadro 49

Quadro 50

Quadro 51

Quadro 52

Quadro 53

Emprego e Renda por sexo no Município de Candói – 2002-2011............

Faixa do tamanho dos estabelecimentos do Município de Candói.............

Faixa de Tempo de Emprego nas Empresas de Candói – 2002 a 2011.....

Rotatividade de emprego total nos setores econômicos do município de

Candói no período de 2007 a 2011.............................................................

Agropecuária, extração vegetal, caça e pesca no Candói – 2007 – 2011...

Comércio.....................................................................................................

Serviços.......................................................................................................

Extrativa mineral.........................................................................................

Indústria de transferência............................................................................

Construção Civil.........................................................................................

Número de empresas cadastradas e tamanho no Município de Candói –

1993-2013...................................................................................................

Número de empresas ativas de 1993 a 2013, por ano de instalação...........

Evolução do Emprego por Setor de Atividade Econômica de Janeiro a

Dezembro de 2011 a 2013..........................................................................

Benefícios Fiscais – Brasil (R$ Bilhões)....................................................

Evolução do Emprego no Município de Candói e de Cafelândia – 2002 a

março de 2014.............................................................................................

Principais Indicadores dos Municípios de Candói e Cafelândia................

Comparativo na Geração de Emprego – Candói e Cafelândia – 2013.......

Receitas Correntes do Município de Candói, Segundo as Categorias

Econômicas , 2006 a 2013..........................................................................

Percentual das Receitas de ICMS, FPM e Tributárias, sobre o Total das

Receitas Correntes......................................................................................

Composição do Valor Adicionado da Indústria no Município de Candói

1999-2012...................................................................................................

Composição do Valor Adicionado do Comércio do Município de Candói

1999-2012...................................................................................................

Composição do Valor Adicionado da Produção Primária do Município

de Candói 1999 – 2012...............................................................................

Convênios Realizados pelo Município de Candói, junto ao Governo

Federal , por Ministérios – Período 1997 a janeiro de 2014.......................

Demonstração da Receita e Despesa, Segundo as Categorias

Econômicas – Balanço Anual – Município de Candói – 2013...................

124

125

125

126

127

127

127

128

128

129

129

130

130

135

138

138

140

141

143

143

144

145

145

147

151

LISTA DE TABELAS

Tabela 1

Tabela 2

Tabela 3

Tabela 4

Tabela 5

Tabela 6

Tabela 7

Tabela 8

Tabela 9

Tabela 10

Tabela 11

Tabela 12

Tabela 13

Tabela 14

Tabela 15

Tabela 16

Tabela 17

Tabela 18

Tabela 19

Tabela 20

Tabela 21

Tabela 22

Tabela 23

Tabela 24

Tabela 25

Tabela 26

Tabela 27

Tabela 28

Evolução do Número de Municípios no Brasil............................................

Novos Municípios no Paraná, instalados segundo a população...................

Séries históricas – Produto Interno Bruto – Brasil.......................................

Índice de GINI, referente a concentração da terra – Estados selecionados

– Brasil de 1996 a 2006.................................................................................

Estabelecimentos agropecuários, segundo a atividade econômica,

2006..............................................................................................................

Efetivo de pecuária e aves, Candói -1993 a 2012.....................................

Produção alternativa em pequenas propriedades rurais no Município de

Candói...........................................................................................................

Valor Adicionado Comparativo do Município de Candói e Estado do

Paraná – Ano base 1997 a 2011....................................................................

População Rural e Urbana no Município de Candói – Paraná......................

IDHM – Unidades da Federação, 1991, 2000 e 2010..................................

Matrículas na rede de ensino particular no Paraná, 2000 a 2013..................

Matrículas na Educação Básica, segundo a dependência administrativa no

Município de Candói, de 2007 a 2012..........................................................

Docentes nos estabelecimentos de ensino na Educação Básica...................

Número de estabelecimentos de ensino na Educação Básica no Município

de Candói......................................................................................................

Evolução do Índice de Desempenho do Município de Candói na

Educação, de 1991-2012..............................................................................

Déficit de atendimento em Creche e Pré-Escola no Município de Candói

em 2012.........................................................................................................

IDHM – Educação do Município de Candói, 1991 a 2010..........................

Maiores IDHM – Longevidade no Brasil – PNUD, 2013............................

Menores IDHM – Longevidade no Brasil – PNUD, 2013...........................

Nascidos Vivos e Óbito Infantil no Município de Candói...........................

Renda per capita domiciliar no Paraná – Região Sul e Brasil, 1993 a 2011.

Taxa de Pobreza – Relação por entrância e por Ordem Crescente, março

2012..............................................................................................................

Índice de GINI, da Renda Domiciliar per capita, 1991-2010.....................

Renda e Pobreza, no Município de Candói, 1991 a 2010............................

Número de domicílios no Município de Candói, segundo o uso e tipo,

2000 a 2010...................................................................................................

Abastecimento de água e atendimento de esgoto no Município de Candói,

pela SANEPAR, 2010 a 2012......................................................................

Proporção de Moradores por destino do lixo, em 2000..............................

Consumo e número de consumidores de energia elétrica no Município de

26

32

50

56

75

77

77

78

85

90

97

99

100

100

100

101

101

105

105

106

110

111

112

112

115

116

116

Tabela 29

Tabela 30

Tabela 31

Tabela 32

Candói, 2007 a 2011.....................................................................................

Estoque de Emprego e PIB no Brasil, 2004 a 2011.....................................

Remuneração média do trabalhador (RAIS) de dezembro a preços de

dezembro – Brasil e Regiões........................................................................

Renda Média Domiciliar 1991 – 2010 ........................................................

Renda Familiar com Proporção de Pessoas de Baixa Renda.......................

118

121

122

131

132

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 Evolução do Número de Municípios no Brasil 27

Gráfico 02 Evolução do Número de Municípios no Paraná – 1993-1997. 32

Gráfico 03 Quantitativo da População Rural e Urbana no Município de Candói-

Paraná

85

Gráfico 04 Brasil: IDHM e seus subíndices 1991 – 2000 – 2010. 91

LISTA DE MAPAS

Mapa 1

Mapa 2

Área territorial do Município de Candói (PR)..........................................

Localização do município no Paraná........................................................

43

74

LISTA DE FOTOGRAFIAS

Foto 1

Foto 2

Foto 3

Foto 4

Foto 5

Foto 6

Indústria Lutcher S/A...................................................................

Hidrelétrica Governador Ney Amintas de Barros Braga.................

Empresa Santa Clara Indústria de Papel e Celulose..........................

Imagem aérea da Sede do Município de Candói-Paraná.................

Lixão a céu aberto.............................................................................

Patrulha Agrícola...........................................................................

63

64

65

73

117

150

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL – Emancipação, Desenvolvimento e Empregabilidade:

Estudo de Caso sobre Políticas Públicas de Emprego e Renda no Município de

Candói – Paraná, nas décadas recentes............................................................................

18

CAPÍTULO I – POLÍTICA EMANCIPACIONISTA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DE

1990 A 2010

1. Fundamentação Teórica............................................................................................

1.1 Emancipações de Municípios no Brasil......................................................................

1.1.1 Emancipações de Municípios no Paraná................................................................

1.1.2 O Movimento Emancipacionista do Distrito de Candói.....................................

CAPÍTULO II – DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

2.1 Desenvolvimento Econômico.....................................................................................

2.1.1 A Experiência do Planejamento no Brasil.............................................................

2.1.2 O Desenvolvimento no Estado do Paraná.............................................................

2.1.3 O Desenvolvimento do Município de Candói.......................................................

2.2 Desenvolvimento Social..............................................................................................

2.2.1 Evolução da População no Brasil e Paraná...........................................................

2.2.2 Dinâmica Populacional na Mesorregião Centro-Sul do Paraná – Guarapuava –

Candói..............................................................................................................................

2.3 Indicadores Sociais...................................................................................................

2.3.1 Índices de Desenvolvimento Humano – IDH..........................................................

2.3.2 IDHM – Educação...............................................................................................

2.3.3 IDHM – Longevidade..........................................................................................

2.3.4 IDHM – Renda....................................................................................................

2.3.4.1 Índice de Pobreza no Brasil.................................................................................

2.3.4.2 Índice de Pobreza no Paraná...............................................................................

2.3.4.3 Indicativos de desempenho das políticas sociais do município de Candói – Pr..

23

23

31

36

48

50

54

61

78

79

83

89

89

93

102

106

106

110

113

CAPÍTULO III – A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

3.1 Teorias Econômicas e o Emprego no Brasil.............................................................

3.2 A Geração de Emprego nos Setores Econômicos do Município de Candói.............

3.3 Políticas Públicas Municipal de Geração de Emprego e Renda...................................

3.4 Políticas Públicas de Desenvolvimento à Agro-industrialização Local....................

3.5 As Finanças Municipais na Geração de Emprego e Renda......................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................

ANEXOS.

119

123

133

135

141

152

156

18

EMANCIPAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E EMPREGABILIDADE: Estudo de Caso

sobre Políticas Públicas de Emprego e Renda no Município de Candói - Paraná, nas

décadas recentes.

INTRODUÇÃO

A proposta do estudo de caso sobre a emancipação, desenvolvimento e geração de

emprego e renda do Município de Candói, localizado na região Centro Oeste do Paraná, é

resultado de minha primeira experiência na gestão das Secretarias de Administração e

Finanças em um município, após vinte e quatro anos de trabalho no Serviço Social do

Comércio – SESC, no Estado do Paraná e, a partir de 1989, como professor de economia da

FAFIG – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarapuava, atual UNICENTRO -

Universidade Estadual do Centro Oeste.

Minha experiência profissional tornou-se respaldo para o enfrentamento do

convite para a implantação de uma estrutura pública que deveria iniciar a gestão em 1º de

janeiro de 1993. Indicado, juntamente com mais dois professores, pelo Diretor Wilson

Camargo, da FAFIG, em outubro de 1992, para a elaboração dos projetos de Leis essenciais

para que o primeiro gestor do Município de Candói colocasse em prática seus ideais propostos

em campanha, em conformidade com as leis vigentes.

Na data de sua posse como 1º dirigente eleito do novo Município de Candói, o

Prefeito Elias Farah Neto apresentou e entregou, para a recém-empossada Mesa Diretora da

Câmara Municipal, os seguintes Projetos de Lei:

Projeto de Lei– PPA – Plano Plurianual;

Projeto de Lei– LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias;

Projeto de Lei– LOA – Lei do Orçamento Anual;

Projeto de Lei - Estabelece a Estrutura Organizacional do Executivo Municipal;

Projeto de Lei - Cria Cargos e Vagas na Estrutura Organizacional da Prefeitura

Municipal.

No final do mês de dezembro de 1992, fui convidado para fazer parte da equipe da

primeira gestão do Prefeito Elias Farah Neto, iniciada em 1º de janeiro de 1993, e de seu

Vice-Prefeito Anselmo Albino Amâncio, permanecendo até 05 de dezembro de 1995 e,

posteriormente, assumindo a Secretaria de Administração do Município de Pinhão até 30 de

dezembro de 1996.

19

Ao longo dos anos, sempre desejei acompanhar a evolução do Município de

Candói em todos os seus aspectos, visto ter contribuído com a sua instalação. Assim, a

proposta desta dissertação tem por objetivo analisar os resultados das políticas públicas de

emancipação, desenvolvimento e de emprego e renda nas duas últimas décadas, desse novo

ente federativo, situado na Região Centro-Oeste do Paraná, emancipado pela Lei Estadual No

9.353, de 27 de agosto de 1990 e instalado em 1º de janeiro de 1993.

O estudo proposto buscará sua contextualização histórica e seus resultados, com

base em pesquisas de documentos históricos, fundamentação teórica sobre políticas públicas e

dos indicadores econômicos e sociais comparados, ao longo do período a que se propõe a

análise.

Esses três aspectos assumem relevância por representarem um contexto histórico

do município ao longo de seus vinte anos de instalação, e pretende proporcionar aos novos

gestores municipais um cenário de resultados obtidos em seu desenvolvimento durante as

últimas décadas, e que possam servir de indicadores para aprimorar novos investimentos de

recursos públicos em áreas econômicas e sociais, que gerem emprego e priorizem a

capacitação de mão-de-obra para o seu desenvolvimento endógeno.

Distante dos grandes centros industriais ou agroindustriais, o município de Candói

se destaca na agropecuária que está centralizada em uma minoria de grandes e médios

produtores, não residentes, o que dificulta em muito a pretensão de agro-industrialização

local, mas que pode ser revertida no interesse da maioria dos pequenos produtores rurais,

através de políticas públicas de investimentos direcionadas, com financiamentos dos órgãos

federais e conscientização da necessidade de capacitação de mão-de-obra, infraestrutura e

comercialização de seus produtos.

Possuindo recursos escassos que se dispersaram em prioridades de infraestrutura

urbana, direcionada ao mercado imobiliário e elevados investimentos em máquinas

rodoviárias e na frota de caminhões e veículos, sem existir um horizonte para o

desenvolvimento na geração de emprego e renda, com o aproveitamento local de sua

produção, o município de Candói, assiste a emigração de seus residentes para outros centros

industrializados a partir de 2010, com redução de 2,8% de sua população.

DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA E QUESTÃO NORTEADORA

Algumas hipóteses levantadas nortearão a base desta dissertação, com vistas a

analisar a geração de emprego e renda, quais sejam:

20

a) A receita gerada pelo VA – Valor Adicionado - reverte em investimentos no

Município pelas empresas e grandes empresários rurais?

b) Qual a participação de vendas do setor privado local junto ao Poder Público?

c) Os projetos de apoio ao pequeno produtor rural acompanham as políticas

públicas de Governo no aprimoramento da mão de obra rural, no

aproveitamento de sua produção e expansão tecnológica?

Como se observa, os problemas são complexos, e merecem estudos

individualizados por pesquisadores que possibilitem encontrar, em um cenário complexo, as

demanda de emprego no município.

É nesse contexto, que o estudo desse tema, objeto desta dissertação é proposto,

abarcando as últimas décadas, organizado em três Capítulos. O Primeiro consiste na

fundamentação teórica dos processos de emancipações no Brasil, especificamente do Estado

do Paraná e o movimento pró-emancipação do Distrito de Candói. O Segundo em um estudo

sobre o Desenvolvimento Econômico e Social no qual se procura identificar os principais

índices de crescimento e desenvolvimento e o Terceiro aborda o processo de Geração de

Emprego e Renda e a aplicação das finanças do Município nas políticas de emprego,

concluindo com uma análise dos resultados obtidos e perspectivas futuras de emprego e

renda.

OBJETIVOS DO PROJETO

Objetivo Geral

Descrever o processo de emancipação política de Candói (PR) seu desenvolvimento e

as políticas de emprego e renda implementadas nas últimas décadas.

Objetivos Específicos

Destacar os aspectos políticos, no processo emancipatório do Município de Candói, no

contexto paranaense de 1990 a 2012.

Analisar os resultados de políticas públicas que resultaram nos indicadores sociais do

Município, confrontando com os obtidos em nível nacional e estadual.

Analisar a evolução das políticas públicas na geração de Emprego e Renda do

Município.

Analisar a evolução da arrecadação municipal e o direcionamento de sua receita, como

forma de oportunizar uma política de geração de emprego e melhorias sociais;

21

Conclusão sobre o Desenvolvimento do município de Candói a partir de sua instalação

1993 a 2012.

METODOLOGIA

Para o trabalho proposto, a metodologia utilizada foi a pesquisa via Internet de

dissertações e teses de pós-graduação sobre os movimentos de emancipações e suas causas,

ocorridos nos Distritos do Paraná e de outros Estados. Documental, através de material

publicado na imprensa da época como o Jornal Esquema Oeste (1987/88), Correio de Noticias

(1987), Folha do Paraná (out.87), Diário Oficial do Estado do Paraná no

3.338/90, Cópias do

processo junto à Assembleia Legislativa, cópias de fax entre a ACDC e Deputados, todos

cedidos pelo Cartorário do Município de Candói e principal articulador do movimento de

emancipação do Distrito, Sr. Celson Luiz Pacheco, os quais constarão como Anexos I, na

presente dissertação.

O registro passo a passo do processo e as dificuldades para conseguir junto à

classe política apoio às reivindicações da comunidade, além dos interesses dos políticos do

Município-mãe, no movimento conduzido pela ACDC – Associação Comunitária para o

Desenvolvimento de Candói foi sem dúvida, lento e gradual desde 1985, cujas articulações

políticas ao longo dos vinte anos, nos levaram a conclusões pessoais vivenciadas e

acompanhadas junto à classe política local.

Como se trata de um estudo de caso foi consultado documentos institucionais do

município, fornecidos pela Secretaria Municipal de Planejamento e do Departamento de

Tributação da atual Gestão, referentes a seu histórico enquanto Distrito, seus programas de

governo, através dos PPAs – Planos Plurianuais, de 1993 a 2012 e empresas cadastradas, além

de outras informações de interesse específico, procurando identificar os principais programas

desenvolvidos na geração de emprego e renda.

A pesquisa de resultados sociais e econômicos envolveu uma gama de Instituições

nos sítios da Internet do IBGE, IPARDES, IPEA, PNUD, FIRJAN e Ministérios das Cidades

e do Trabalho. O período dos dados coletados se limita, a década de 1990 nos seus extremos

2012. Utilizou-se a técnica de gráficos e tabelas com frequência simples, complementadas

com estudos realizados por órgãos de Governo e em revistas especializadas.

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A opção pelo estudo de caso deu-se em virtude da participação do autor como

Secretário Municipal de Administração e Finanças, quando da instalação do Município em 1º

22

de janeiro de 1993, até dezembro de 1995 e por entender que é necessário resgatar aspectos

históricos sobre a emancipação do Município, bem como os resultados de seu

desenvolvimento ao longo de seus 20 anos de instalação, para fins de estudo de pesquisadores

de diversas áreas.

A evolução de seu desenvolvimento permitirá analisar a geração de emprego e

renda, a qual depende diretamente de um planejamento de gestão, focado na educação, no

fortalecimento de sua economia e nas melhorias sociais à sua população, evitando-se a

estagnação, a evasão de sua população.

23

CAPÍTULO I

POLÍTICA EMANCIPACIONISTA NAS ÚLTIMAS DÉCADAS DE 1990 A 2010

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O termo emancipação, na literatura, está relacionado à emigração em massa de

um povo (ou parte dele) segundo livro do Pentateuco (Bíblia), onde se narra a saída dos

hebreus do Egito. Na Idade Média, o termo emancipação foca estritamente o povo judeu, os

quais eram discriminados como um povo que assassinou o deus cristão e, por isso,

considerado inferiores sendo, por essa razão, excluído de grande parte da vida social.

No século XIX e XX, prevalecem os estudos de Karl Marx sobre a Questão

Judaica que estabelece uma verdadeira tipologia da emancipação, dividindo-a em

emancipação religiosa, política e humana. No contexto marxiano, (Questão Judaica/1844) o

conceito de emancipação é um processo social, que está estreitamente ligado à liberdade, à

luta de classes, e à instauração de um novo modelo social que supere aspectos do modelo

vigente (CANIELLES (2009.XI ENPOS-I Mostra Científica UFPel).

No Brasil colônia e Império, pode-se correlacionar o termo emancipação com a

Independência do Brasil (1822) e com a Lei Áurea (1888), no sentido de libertação.

O Dicionário da Língua Portuguesa – Ministério da Educação e Cultura define

emancipação como: alforria, libertação, aquisição da maioridade. No vocabulário jurídico,

tem-se: Emancipar – (Lat. emancipare.) V.t.d. Livrar-se do poder pátrio ou da tutela,

habilitando-se o menor a reger a sua própria pessoa e a seus bens (entre 16 a 18 anos),

instituto pelo qual o indivíduo tem a antecipação da maioridade civil.

Em Filosofia, a emancipação é a luta das minorias pelos direitos de igualdade ou

pelos seus direitos políticos enquanto cidadãos. A emancipação feminina é um movimento

filosófico em que há luta pela igualdade e direitos entre homens e mulheres e pela libertação

dos preconceitos e opressão ainda existentes nas sociedades.

Emancipação política – quando um município tem sua sede elevada à categoria de

cidade, não dependendo mais da cidade polo e passando a receber seus próprios recursos, diz-

se que foi emancipado politicamente.

1.1 Emancipações de Municípios no Brasil

A movimentação dos munícipes distritais se insurge contra uma administração

municipal, quando esta se mostra ineficiente no atendimento às áreas rurais, não

24

oportunizando a elas os mesmos benefícios disponibilizados aos habitantes dos núcleos

urbanos.

Em contrapartida, a gestão pública em territórios extensos, prioriza seus recursos

escassos na infraestrutura de sua sede, em vista da migração rural intensiva, quer seja pela

dinamização urbana com a industrialização, ou pela disponibilidade de melhores condições de

vida à população, como educação, saúde, saneamento básico, comércio e serviços disponíveis

que atraem a geração de emprego e renda, impondo um maior volume de investimentos e

despesas operacionais.

A alternativa da comunidade rural é envidar esforços junto à classe política, para a

possibilidade de autogestão da sua produção, além dos benefícios que a lei lhe garante na

divisão tributária estadual e federal para que possa priorizar os recursos a serem destinados ao

pretenso novo ente, no atendimento das necessidades dos núcleos rurais.

De acordo com Tomio (2002, p.65), para entender o processo de criação de um

município é preciso, antes, compreender como agem estrategicamente os atores diretamente

envolvidos na emancipação. Segundo o autor, os pressupostos gerais implícitos no perfil

desses indivíduos, em linhas gerais, apontam que são:

1) [...] indivíduos conscientes de suas preferências e agem racionalmente (escolhem

entre alternativas e definem suas estratégias na interação com outros atores em

função de suas expectativas futuras) para que os resultados das decisões políticas

atendam a seus interesses;

2) [...] os que determinam a natureza de suas escolhas pela perspectiva de ganhos

individuais (reeleição, maximização da oferta de recursos fiscais, ganhos pecuniários

por esquemas fisiológicos, incremento e/ou melhora das políticas públicas,etc.);

3) [...] aqueles que definem suas estratégias, em situações de interação,constrangidos

pelas regras (instituições) e por suas expectativas quanto às escolhas dos outros

atores políticos envolvidos no processo decisório.

Tal perspectiva do oportunismo político é a que ocorreu na maioria dos

municípios desmembrados de suas origens, sob a ótica de Deputados e candidatos detentores

do poder econômico local, dentre outras autoridades, em contraponto às necessidades das

comunidades rurais.

Sob o ponto de vista econômico, encontra adeptos de opiniões contrárias ao

aumento crescente de despesas públicas com a remuneração de agentes políticos e novas

estruturas administrativas, segundo preleciona Giambiagi e Além (2001, p.338).

25

A divisão de um município gera a duplicidade, resultante de regras de distribuição

de prédios, cargos e funções, já que, onde há uma máquina pública, passam a existir

duas. A soma dos gastos dos dois municípios não chega a duplicar, mas é certamente

maior do que a despesa inicial. É a denominada ‘falácia da agregação’, caracterizada

pelo fato de que o racional do ponto de vista individual é contraproducente do ponto

de vista agregado.

Para o municipalista Bremaeker, 2001 (Estudos Especiais no 20 – IBAM, p.9), as

comunidades rurais são as mais atingidas pela falta de serviços básicos, visto a distância e a

inexistência de transportes para sua locomoção a fim de usufruir de tais serviços oferecidos na

Sede e ou nos núcleos rurais mais desenvolvidos.

A emancipação passa a representar para a comunidade o real acesso a toda uma

gama de serviços públicos a que jamais teriam acesso. Bem ou mal a comunidade

passa a gerir seus destinos quanto à educação, à saúde e à assistência social. Além

disso, passa a construir e depois a conservar as vias urbanas, as estradas e caminhos

vicinais, a cuidar da limpeza pública e, de alguma forma, prover o saneamento

básico.

Segundo Magalhães (2000, Texto-Ipea, p.20), a realocação de recursos públicos

para regiões pouco habitadas e desenvolvidas se constitui em um benefício indireto, visto a

possibilidade de aprimorar as potencialidades locais das regiões em processo de esvaziamento

populacional.

É nesse contexto de controvérsias econômicas e sociais que as demandas locais

buscam encontrar respaldo junto à classe política sobre seus anseios, e esta, aproveita a

oportunidade da existência de demandas para ampliar as bases políticas de seu partido.

O cenário social da população enquanto Distrito não é mensurado no processo de

emancipação, como indicador de inviabilidade. Os entes políticos priorizam, nas legislações

estaduais, o número de eleitores, de residências e potencial econômico que, na maioria das

vezes, não permanece para ser investido no local de sua produção.

Após várias décadas de regime centralizador no Brasil, a oportunidade concedida

pelo governo federal, aos estados, trouxe perspectivas de expansão e de diversificação de

espaços geográficos ampliando as descentralizações de suas atividades específicas para os

estados e municípios.

Entretanto, vencida a primeira fase, novos desafios já se fazem presentes, pela

escolha do futuro Prefeito e Vereadores pelos residentes locais e pela decisão de quais

coligações político-partidárias irão concorrer ao pleito municipal e a instalação do Município.

A fase da escolha representa o início de intensas reuniões dos pré-candidatos a

Prefeito e Vereadores, nos núcleos mais representativos do novo território, sobressaindo

26

aqueles que efetivamente participaram do processo de emancipação, além de agregar um

maior número de eleitores às suas agremiações, bem como, as articulações políticas entre

partidos, obedecidas as diretrizes estaduais e a vontade de seus filiados.

Instalado o município, sua autonomia está assegurada pela Constituição Federal

para todos os assuntos de seu interesse local (art.30) e se expressa sob tríplice aspecto:

“político (composição eletiva de seu governo e edição das normas locais), administrativo

(organização e execução dos serviços públicos locais) e financeiro (decretação, arrecadação e

aplicação dos tributos municipais)”. MEIRELLES (1999, p.696).

Merecem destaque estudos sobre processos emancipatorios realizados por

professores, pesquisadores e alunos de pós-graduação dentre eles: Rezende (1992);

Bremaeker (1993); Noronha (1996); Affonso (1996); Melo (1996); Cigolini (1999);

Magalhães (2000); Gomes e MacDowell (2000); Giambiagie e Além, (2001); Tomio

(2000/2002) e Alves (2006), sobre as várias causas das emancipações municipais no Brasil,

oportunizados pela Constituição de 1988, a qual determina que, cabe aos Estados legalizar e

regulamentar a criação de novos municípios e priorizar sua manutenção via transferência

tributária quer seja estadual ou federal.

A nova dinâmica institucional com a oportunização para os estados legislarem

sobre os desmembramentos territoriais foi impulsionada pelo amplo apoio da classe política

junto aos distritos mais desenvolvidos, aliando os reclames da população rural por melhor

atendimento da gestão pública centralizada na sede do município.

Dados do IBGE/Pesquisa (2010) demonstram a evolução na criação de municípios

no Brasil, a partir de 1940, como se observa, na Tabela I, que durante o último período do

regime militar (1970 a 1980), foram criados apenas 22 municípios, enquanto após a

Constituição de 1988, foram instalados 1.596 novos municípios.

TABELA 1 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO BRASIL

1940 1950 1960 1970 1980 1990 1997 2001 2006 2013

1.574 1.889 2.766 3.952 3.974 4.491 5.507 5.561 5.564 5.570

Fonte: IBGE/Pesquisa.

As regiões Sudeste e Nordeste do país são as que detêm o maior número de

municípios no país, 1.668 e 1.794 respectivamente, representando 62,1% sobre o total de

municípios existentes no Brasil em 2013. Em seguida, a região Sul, com 1.191 municípios;

Centro-Oeste com 467 e a Norte com 450 municípios. De 1980 a 2001, a criação de novos

entes da federação aumentou em 71,5%.

27

GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO BRASIL.

Elaborado pelo autor (2013).

Para Rezende (1992 apud Affonso (UNICAMP. 1996, p.10), a nova Constituição

de 1988 foi sem dúvida a avalista das emancipações, a partir do momento em que garantiu o

acesso a uma receita não gerada no local, ou seja, dissociada dos atos de gastar e de tributar

estimulando a tendência à emancipação irresponsável, fazendo com que se criem municípios

sem base econômica própria integralmente dependente das transferências federais e/ou

estaduais.

Com essa evolução crescente, os dados indicam que, até dezembro de 2013, os

Estados da Federação totalizam 5.570 municípios, incluindo o Distrito Federal.

QUADRO 1 - NÚMERO DE ESTADOS E MUNICÍPIOS NO BRASIL

REGIÃO

NÚMERO

DE.

ESTADOS

NÚMERO DE

MUNICÍPIOS

REGIÃO

NÚMERO

DE.

ESTADOS

NÚMERO DE

MUNICÍPIOS

NORTE

7

Acre

Amazonas

Amapá

Pará

Rondônia

Roraima

Tocantins

450

22

62

16

144

52

15

139

NORDESTE

9

Bahia

Ceará

Maranhão

Rio Grande do Norte

Paraíba

Pernambuco

Piauí

Alagoas

Sergipe

1.794

417

184

217

167

223

185

223

102

75

SUDESTE

4

Minas Gerais

São Paulo

Rio de Janeiro

Espírito Santo

1.668

853

645

92

78

SUL

3

Paraná

Santa Catarina

Rio Grande do Sul

1.191

399

295

497

CENTRO-OESTE

3

Mato Grosso

Goiás

Mato Grosso do Sul

Distrito Federal

467

141

246

79

1

TOTAL: 5.570

FONTE: IBGE.

1.4001.9002.4002.9003.4003.9004.4004.9005.4005.900

1940 1950 1960 1970 1980 1990 1997 2001 2006 2013

28

Atualmente, para que ocorra a emancipação, deverá ser observado o disposto na

Constituição Federal de 1988, art.18, § 4º, com redação dada pela EC 15/96.

Art.18 (...)

§ 4º A criação, incorporação e desmembramento de Municípios far-se-

ão por lei estadual, dentro do período determinado por lei

complementar federal, e dependerão de consulta prévia, mediante

plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação

dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na

forma da lei.

Como o Governo federal não promulgou lei complementar sobre a matéria, os

governos estaduais ficam impedidos de promover a criação de novos municípios na área de

sua jurisdição.

Em novembro de 2013, a Presidenta da República, vetou o Projeto aprovado pelo

Congresso para a criação de mais 188 municípios no país, com base no seguinte parecer:

A medida permitirá a expansão expressiva do número de municípios no País, resultando

em aumento de despesas com a manutenção de sua estrutura administrativa e

representativa.Além disso, esse crescimento de despesas não será acompanhado por

receitas equivalentes, o que impactará negativamente a sustentabilidade fiscal e a

estabilidade macroeconômica.Por fim, haverá maior pulverização na repartição dos

recursos do Fundo de Participação dos Municípios - FPM, o que prejudicará

principalmente os municípios menores e com maiores dificuldades financeiras.

Fonte: (http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/11/)

Segundo referencial teórico, as pesquisas realizadas por Bremaeker (1993b, p.88-

99), por meio de envio de questionários abertos aos prefeitos dos novos municípios em 1992,

obteve 72 respostas, que representavam uma amostra de 12,4% do total, sobre as causas das

emancipações, cujo resultado foi:

54,2%: descaso por parte da administração do município de origem;

23,6%: existência de forte atividade econômica local;

20,8%: grande extensão territorial do município de origem; e

1,4%: aumento da população local.

A pesquisa, por si só, já demonstra a insatisfação da comunidade rural com a

administração do município de origem, pois, segundo o autor, quanto mais distante estiver a

população da sede do município, mais difícil será atender aos seus anseios.

29

Na pesquisa de Noronha (1996, p. 110-117), realizada em entrevista com a

população local de 17 municípios emancipados, entre os anos de 1985 e 1993, no Estado do

Rio de Janeiro, concluiu que:

41,17% (7) desses municípios emanciparam-se para evitar a

estagnação econômica;

35,29% (6) por possuírem condições econômicas favoráveis e

23,53% (4) por razões políticas, que consistiam na tentativa de

grupos locais formarem núcleos de poder.

Cigolini (1999, Dissertação de Mestrado UFSC, apud MAGALHÃES, 2000b,

p.15), sobre pesquisa realizada em 22 municípios do Paraná, emancipados na década de 1990,

demonstrou que os principais motivos para a criação foram:

60%de existirem condições econômicas favoráveis;

22%representava o anseio da comunidade local, e

18%baseou-se no plebiscito.

Segundo Melo (1996, p.13), tornou-se um movimento que na sua acepção mais

ampla, se constituiu em um processo que envolve a redistribuição de poder e, portanto, de

prerrogativas, recursos e responsabilidades do governo para a sociedade civil, da União para

os estados e municípios, e do Executivo para o Legislativo e o Judiciário.

Magalhães (2000b, p.14), diretor do Ipea-Pr, ( Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada), ressalta em seu estudo que, dos 1.405 municípios instalados entre 1984 e 2000 no

país, 94,5% têm menos de 20 mil habitantes, diferentemente da característica existente em

1940, em que 54,5% dos municípios possuíam menos de 20 mil habitantes, mas com uma

maior extensão territorial, o que se pressupõe maiores dificuldades com a administração

localizada na sede do município de origem.

Para Affonso (2000b, pg.5), o movimento emancipacionista deve-se a um

conjunto de ações políticas, quais sejam:

a) a liberdade política iniciada a partir de 1974;

b) a volta do multipartidarismo; as eleições para governadores e prefeitos no início dos

anos 80 e em 89 com a eleição direta para Presidente da República;

c) os benefícios fiscais na redistribuição de transferências federais aos novos entes da

federação (municípios).

30

Destaca ainda que,

a generalização de políticas de redesenho de novas unidades federativas, atingiu o

Estado de Goiás, com a criação do Estado de Tocantins e Amapá e Roraima (antigos

territórios federais). Além destas, foram apresentadas as propostas de criação dos

estados do Triângulo Mineiro, Maranhão do Sul, Carajás (a partir do Pará), Alto

Solimões, Tapajós e Alto Rio Negro (a partir do Amazonas) e Iguaçu (que seria

desmembrado dos estados do Paraná e Santa Catarina), que não se concretizaram,

estando atualmente em pauta no Congresso Nacional.

Estudos realizados por Tomio (2002b, pgs, 64-69) sobre a criação de municípios

no período de 1988 a 2000, enfatiza que a descentralização de política gerada pela

Constituição de 1988, determinou aos Estados a autonomia institucional na regulamentação e

decisão política pela criação de municípios, movimento que apresenta três tipos de

instituições presentes no processo:

Instituições delimitadoras: (federais, estaduais e municipais) definem o estoque de

localidades emancipáveis, isto é, as localidades ou distritos passíveis de serem

legalmente emancipados;

Instituições estimuladoras: (legislação que regulamenta a transferência de

recursos aos municípios, o FPM [Fundo de Participação dos Municípios] e os

fundos estaduais formados pelo ICMS [ Imposto sobre a Circulação de

Mercadorias e Serviços]), ampliam o interesse das lideranças políticas e do

eleitorado das localidades em questão, sobretudo a partir da década de 1980,

devido ao grande incremento de transferências de recursos fiscais aos municípios;

Instituições processuais: (Constituição Federal, legislação federal e estadual e

regimentos internos das Assembleias Legislativas), determinam a forma pela qual

o processo legislativo deve seguir até a promulgação da lei e a possibilidade de

interferência de cada ator político durante o processo, “vetando” ou

“alavancando” a criação de municípios.

As causas dessas configurações sócio-espaciais e políticas na criação de novos

municípios, conforme estudos realizados por Giambiagi e Além, (2001b, p.338.), obedeceram

a três causas:

A descrição enfoca os aspectos legais que são albergados nos processos

constitucionais na escolha dos estoques de distritos existentes no país, passíveis de possuírem

uma autonomia de gestão, mas sujeitos às pressões políticas, sociais e econômicas para a sua

criação, isto é, dependem do interesse das políticas públicas de seus governantes.

Segundo Bremaeker, (2001b, p.9, Estudos Especiais no 20– IBAM):

31

Existe uma quase unanimidade nos meios técnicos, acadêmico, político e da mídia

contra o processo de emancipação de novos Municípios. A principal alegação diz

respeito à inviabilidade financeira da grande maioria desses novos Municípios e do

‘custo’ que representam para o País. Sob uma ótica macro até é possível justificar,

em parte, tal ponto de vista. Entretanto, sob uma ótica micro, ou seja, da

comunidade diretamente interessada pelo processo, não resta a menor dúvida de que

a opinião é diametralmente oposta. Acredita-se que antes de efetuar um julgamento

de valor, as pessoas deveriam vivenciar o ambiente que motiva à emancipação de

um espaço do território para transformá-lo numa unidade autônoma de Governo.

Esse é exatamente o ponto chave de todo o processo. É onde a teoria não tem nada a

ver com a prática. A emancipação passa a representar para a comunidade o real

acesso a toda uma gama de serviços públicos a que jamais teriam acesso. Bem ou

mal a comunidade passa a gerir seus destinos quanto à educação, à saúde e à

assistência social.

A visão micro ou local é uma realidade inconteste, visto que, a maioria dos

municípios brasileiros possui grandes extensões territoriais sem infraestrutura viária que

possibilite seu desenvolvimento interno.

Mesmo com a descentralização fiscal outorgada pela Constituição de 1988, o

centralismo fiscal federal persiste pela elevada alíquota retida dos tributos que, em média, é

de 61%, nos Estados com 22% e nos Municípios com 17% dos impostos e taxas em média.

Assim, não corrobora com as políticas públicas de interiorizações dos estados, que buscam a

ocupação de vazios geográficos e priorizam o aumento da produtividade agropecuária. Essa

dependência dificulta, também, a aceleração da reforma agrária e de fontes de financiamento a

pequenos produtores rurais.

Nos municípios, cuja responsabilidade é direta com a população em todas as

atividades, pensar em políticas públicas sem recursos é priorizar serviços com baixa qualidade

e atender o imediatismo da população, que a situação requer, isto é, “apagar incêndio”, sem

perspectivas de mudanças ou reformas.

Vale destacar os ensinamentos de Celina Souza sobre “Políticas Públicas: Uma

revisão da literatura” (2006, p.20-45), que sintetiza o ponto de vista teórico-conceitual no qual

“As políticas públicas repercutem na economia e nas sociedades, daí porque qualquer teoria

de política pública precisa também explicar as inter-relações entre Estado, política, economia

e sociedade. Tal é também a razão pela qual, pesquisadores de tantas disciplinas partilham de

um interesse comum na área e têm contribuído para avanços teóricos e empíricos”.

1.1.1 - Emancipações de Municípios no Paraná

32

O Paraná conta atualmente 399 municípios sendo que, de 1983 a 1997, foram

criados 109 novos municípios, dos quais 81,65% possuem de 2.000 a 10.000 habitantes IBGE

(2000).

TABELA 2– NOVOS MUNICÍPIOS DO PARANÁ INSTALADOS, SEGUNDO A POPULAÇÃO

POPULAÇÃO

ANO

NÚMERO DE

MUNICIPIOS

Até 3.000

Hab.

3001 a

5.000

Hab.

5001 a

10.000

hab.

10.001 a

20.000

hab.

Mais de 20.001

hab.

1983 20 00 01 11 06 02

1986 01 00 01 00 00 00

1989 07 00 03 04 00 00

1990 05 00 04 01 00 00

1993 48 09 20 12 04 03

1997 28 02 13 08 03 02

TOTAL 109 11 42 36 13 07

FONTE: Base de Dados do Estado do Paraná – BDE/IBGE-.2010.elaborada pelo autor.

Com a autonomia dos estados em conduzir o processo sem interferência do

governo federal, segundo estudos realizados por Alves (2006, p.59-65), junto a Assembleia

Legislativa do Estado do Paraná, o Legislativo passou a ocupar a figura principal no sentido

de controlar e conduzir todo o processo.

Segundo o autor,

[...] a Constituição do Estado do Paraná (1989) e a Lei Complementar n. 56/91,

alterada posteriormente pelas Leis 57, 66 e 70, possibilitaram e viabilizaram com

regras mais brandas a emancipação dos municípios. Diante das novas regras, e do

domínio do Poder Legislativo em aprovar por meio de Resolução os plebiscitos

acolhendo o resultado e posterior debate em plenário, via Projeto de Lei e

encaminhamento ao Poder Executivo, a aprovação dos novos territórios, com

exceção no Governo Requião, tiveram uma tramitação rápida. Em caso de veto ou

silêncio do governador, a Assembleia Legislativa poderia novamente decidir sobre a

criação do município.

GRÁFICO 2 – EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE MUNICÍPIOS NO PARANÁ 1993-1997.

Fonte: Elaborada pelo autor.

Desta forma, interesses políticos se sobrepunham às necessidades da população

rural, visto que prevalece a vontade do Governador junto a sua bancada no Poder Legislativo.

0

10

20

30

40

50

60

1983 1986 1989 1990 1993 1997

33

QUADRO 2- CRITÉRIOS LEGAIS PARA EMANCIPAÇÃO DE DISTRITOS NO PARANÁ.

CRITÉRIOS

Lei Complementar Federal 01/67 e Ato

Complementar 46/69; Leis

Complementares Estaduais 02/73 e

27/86.

Constituição do Estado do Paraná

(1989) e Lei Complementar 56/91 e

suas alterações

Lei Estadual Sim Sim

Plebiscito Sim Sim

População mínima 10 mil hab. 5 mil hab.

Início do processo Mínimo 100 eleitores Mínimo 100 eleitores, residentes e

domiciliados

Renda anual mínima 5 milésimos da receita estadual de

impostos

-

Moradias na Sede 200 casas 100 casas

Eleitores Não inferior a 10% da população Não inferior a 20% da população

Fonte: ALVES - Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba n.111, p.47-71, jul/dez.2006

A redução do número da população, a não obrigatoriedade de renda anual mínima,

e a redução do número de residências, na sede do futuro distrito, foram fatores determinantes

para que, no período de 1983 a 1997, fossem criados 109 municípios no Paraná, sendo 11

municípios com até 3000 habitantes, 42 municípios de 3001 a 5000 habitantes e 36

municípios de 5000 a 10.000 habitantes e 13 municípios com 10.001 a 20.000 habitantes e

mais de 20.000 habitantes apenas 7 municípios.

Em conformidade com a atual legislação, o estoque de municípios no Paraná,

tende a se elevar. Somente no território do município de Guarapuava, três Distritos possuem

condições: Entre Rios, Guará e Palmeirinha. Se no futuro se emanciparem, estima-se que as

receitas correntes de Guarapuava sejam reduzidas em 50%, visto que somente o Distrito de

Entre Rios é responsável por aproximadamente 35% das receitas tributárias e de

transferências intergovernamentais do Município.

A existência de resistências políticas na criação de subprefeituras nos grandes

Distritos com infraestrutura para atender a população local, ainda encontra fortes resistências

pelas gestões do interior do Paraná, que defendem o centralismo administrativo, financeiro e

das atividades fins, com receio de perda do poder político centralizador.

O Estado do Paraná possui um total de 10.439.601 de habitantes (IBGE, 2010),

representando 8,39% de pessoas a mais do que o existente no ano de 2000, que era de

9.563.458 habitantes (IPARDES, 2010), concentradas predominantemente na mesorregião

Metropolitana de Curitiba.

De 1989 a 1996, das 137 autorizações para a realização de plebiscito, apenas 29

pedidos não obtiveram resultados favoráveis. No Governo de Álvaro Dias foram solicitados

34

75 plebiscitos, sendo autorizados 68; no Governo Roberto Requião 69 plebiscitos e 50

autorizados e no Governo de Jaime Lerner 22 e 19 autorizados, (Alves 2006c).

QUADRO 3–RESULTADOS DOS PROCESSOS DECISÓRIOS DAS EMANCIPAÇÕES MUNICIPAIS

NO PARANÁ – 1889-1996.

RESULTADO/GOVERNO

GOVERNO

ÁLVARO

DIAS

ROBERTO

REQUIÃO

JAIME

LERNER

TOTAL

Autorização para realização de

plebiscito/Resolução

68

50

19

137

Resoluções que não resultaram em municípios

07

19

03

29

Fonte: ALVES - Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba n.111, p.47-71, jul/dez.2006.

Estudos realizados por Cigolini (1999, p.76), junto à Assembleia Legislativa do

Estado do Paraná, sobre a condução dos processos dos Distritos apresentam que:

Os recordistas em conduzir os processos de emancipação foram os Deputados

Anibal Khuri, Orlando Pessuti, Artagão de Mattos Leão, Caíto Quintana e Nereu

Massignamm. Esses cinco Deputados somaram 36 novos municípios, sobrando 40

para os demais 28 Deputados. Nesse período, relata o autor, alguns fatos

oportunistas se fizeram notar, como: 31 municípios se emanciparam via “ad-

referendum” da consulta plebiscitária, isto é sem a necessidade de plebiscito, em

razão da lei complementar estadual promulgada em 1991 por ainda não estar

regulado o processo; dos municípios instalados em 1º de janeiro de 1993, 28

municípios possuíam número inferior a 5000 habitantes. O mesmo caso ocorreu em

1997sendo que 12 deles não possuíam população mínima exigida em Lei.

A descentralização política gerada pela Constituição de 1988, determinou a

transferência da regulamentação das emancipações da União para os Estados, o que

proporcionou uma maior agilidade nos processos de emancipações de pequenos municípios

com população até 10.000 habitantes, em face à diminuição das exigências à emancipação,

demonstrada no Quadro 2, no caso do Estado do Paraná e no centralismo político dos

Deputados paranaenses, demonstrado no Quadro 3.

Os entendimentos dos reclames dos residentes encontram respaldos nos políticos

do município-mãe, que aliados às lideranças políticas estaduais, oportunizam mediante

interesses que o processo avance para a mobilização junto ao Governo, que analisará a

oportunidade em alcance, para a municipalização.

Segundo Tomio (2002, pg.65),

[...] diversos atores de todos os níveis federativos (de presidentes e ministros de

Estado, deputados, vereadores e eleitores de pequenas localidades interioranas) se

envolveram nas decisões políticas que geraram os novos municípios e as instituições

que regulamentaram o processo legal das emancipações municipais. No entanto, a

apreciação desses atores é restrita ao processo de política estadual, pois é nessa

esfera de governo que a decisão de criação de municípios é definida.

35

Inúmeros são os motivos, já apresentados por pesquisadores, que levaram a

população distrital a encamparem a ideia de emancipação no país e contando necessariamente

com o apoio do conjunto das instituições, denominadas por Alves, (2006c), como “contexto

institucional”, cujos atores são constituídos por lideranças políticas locais as quais, na maior

parte dos Estados, possuem a prerrogativa de iniciar o processo legal emancipacionista.

A mobilização da população é iniciada por Associações, lideranças político-

partidárias locais, com apoio de Deputados, em cujas regiões obtiveram um maior número de

votos em suas campanhas. Nesse contexto, o processo de mobilização em Distritos aptos a se

emanciparem é complexo quanto à disputa entre os próprios Deputados e lideranças locais,

que querem o direito do privilégio da condução do processo junto à Assembleia Legislativa.

Em contrapartida, há embates entre os representantes do poder legislativo e o

executivo, na aprovação da lei de emancipação política de uma localidade, depende do

tamanho da coalizão governista na Assembleia, podendo mesmo sendo majoritária, ter uma

posição contrária ou desfavorável pelo Poder Executivo a sua emancipação. Quando o

governador for favorável ou indiferente a criação de novos municípios, o processo decisório

praticamente não terá obstáculos, pois os deputados de uma maneira geral, são a favor das

emancipações ( ALVES 2006d, pgs.61/62).

Do ponto de vista do cidadão, Castro e Gomes (2007, p.20), explicam que,

[...] o problema da comunidade distrital é induzir os políticos a melhorar o bem-estar

dos cidadãos, mais que perseguir os seus próprios objetivos, em colisão com a

burocracia ou com interesses privados. Como a soberania repousa no cidadão, ele é

o elemento principal em relação ao político que elege.

O novo ordenamento territorial com a emancipação de municípios possui reflexos

políticos, administrativos e financeiros na gestão do Estado, ampliando sua atuação política e

econômica, para atendimento às demandas locais de financiamento de infraestruturas; na

redefinição dos repasses intergovernamentais; na criação de órgãos e autarquias estaduais

representativas.

Sob o enfoque da administração direta cabe ao Estado, reorganizar seu

planejamento de atividades nas áreas de educação, segurança, agricultura, fiscalização, entre

outros, além de promover o recalculo do IPM – Índice de Participação dos Municípios, a ser

aplicado aos novos entes federativos sobre os 25% do montante da arrecadação do ICMS, o

que reforçam as teorias de Rezende (1992) e Tomio (2002), quanto à repartição da receita do

Estado aos demais municípios.

36

Juridicamente, cite-se Hely Lopes Meirelles (1977b) que a respeito, preleciona:

Elevado o território a Município, adquire personalidade jurídica, autonomia política e

capacidade processual, para compor o seu Governo, administrar seus bens e postular

em juízo. Desde a promulgação da lei estadual que reconhece a nova entidade

municipal, todas as rendas e bens públicos locais passam a lhe pertencer, salvo os que

estiverem vinculados a serviços públicos do Município primitivo ou a serviços de

utilidade pública por ele concedidos, e que se situem no território desmembrado, mas

sirvam ao primitivo concedente;

Quanto às dívidas do Município originário devem ser compartilhadas

proporcionalmente, entre ambos, por se presumirem resultantes de interesses comuns

quando o território ainda se achava unificado. Até a instalação do novo Município,

seu patrimônio e suas rendas serão administradas pelo antigo, mas nesses poderes de

administração não se compreendem os de alienação ou oneração de bens. ( in Direito

Municipal Brasileiro, 3ª edição, p. 59).

1.1.2 O Movimento Emancipacionista do Distrito de Candói.

Candói aparece em divisão territorial datada de 31-XII-1937, como Distrito.

Segundo histografia no IBGE/2010/CIDADES, o histórico do antigo distrito de Candói

propriamente se dá em 4 de outubro de 1855, quando Pedro Alexandre Penna, João de Abreu

e Araújo e Cândido José de Almeida cadastraram, no lugar denominado Candóy, obtido por

herança do padre Ponciano, uma sesmaria de campos de criar e logradouros de lavrar,

medindo duas léguas de comprimento e quarto de fundo, delimitada ao sul pelo rio Jordão, ao

norte pelo rio Cavernoso, a leste pelo ribeirão denominado Candoy e a oeste por diversos,

entre os quais o Rio Jordão e o Arroio Corvo Branco.

Em 21 de dezembro de 1892, foi criado o Distrito Policial de Candoy e, em 5 de

abril de 1913, através da Lei 1 316, foi criado o Distrito Administrativo. Sua grafia foi

alterada em 30 de dezembro de 1948, pela Lei 199, de Candoy para Candói.

Na segunda metade do século XIX, com a abertura do Caminho das Missões,

muitos fazendeiros passaram a se dedicar ao negócio de invernagem de gado, para vender na

feira de Sorocaba / SP, como economia subsidiária da cafeeira.

O Distrito de Candói, localizado na região sudeste do Paraná, desde a década de

80 promoveu, através da ACDC – Associação Comunitária para o Desenvolvimento de

Candói - reuniões e encontros com residentes e autoridades locais, visando à emancipação do

território que abrangesse todas as localidades rurais, incluindo as do Distrito de Paz, visto que

economicamente e em conformidade com a lei estadual, possuíam o número de habitantes, de

eleitores e arrecadação necessários para a criação de um novo município.

Sua economia, assentada na agropecuária, na indústria de papel e celulose e no

comércio, era próspera e com a construção da Hidrelétrica Nei Aminthas de Barros Braga, em

37

sua divisa, mais conhecida como Hidrelétrica de Segredo, desde a década de 70, foram

ampliadas perspectivas futuras de dinamização de sua economia.

A Construção da Indústria Lutcher e da Hidrelétrica de Segredo gerou uma

população na Vila Segredo de mais de 5.000 residentes, localizada no Distrito de Paz e, como

as demais localidades, reivindicava maior atenção pelo gestor de Guarapuava, distante

aproximadamente 80 km da Sede.

Entretanto, o município-mãe, Guarapuava, do partido PMDB, era totalmente

contrário à emancipação, tendo em vista as perdas financeiras que acarretariam tal decisão,

bem como já existiam movimentações políticas desde 1980, para emancipação dos Distritos

de Turvo, Cantagalo e Goioxim, que se concretizaram antes da instalação do Município de

Candói.

O Distrito de Candói sempre manteve representatividade junto à Câmara

Municipal de Guarapuava, por possuir vereadores eleitos pela comunidade distrital (1988),

como Mauricio Mendes Araujo, Pedro Kaveski e Manoel Andrade Barroso, este da localidade

de Vila Jordão, possuidores de fazendas ou residentes no distrito, os quais, politicamente,

representavam um forte grupo de apoio, além dos ex-vereadores como Heraclides Mendes

Araujo e Elias Farah Neto, e de famílias centenárias de Guarapuava que são proprietárias de

terras no Distrito.

O início do movimento emancipacionista é anterior a emancipação dos Distritos

de Cantagalo e Turvo (12.maio.1982), pertencentes ao Município de Guarapuava, conforme

documentos históricos, fornecidos pelo então Secretário do Movimento Emancipacionista de

Candói Celson Luiz Pacheco, Cartorário do Distrito de Corvo Branco, hoje sede do Município

de Candói.

Na época, os Distritos de Candói, Palmeirinha e Entre Rios, foram relegados em

suas emancipações políticas, mesmo possuindo melhores condições econômicas, de

população e de eleitores.

Relatam os documentos que a luta pela emancipação do Distrito de Candói e Paz,

foi novamente retomada através da ACDC datada de 08 de fevereiro de 1987, no Jornal

Esquema Oeste, na coluna “Opinião Pessoal” do Secretário da Associação Celson Luiz

Pacheco, no qual aparece com o título:

A única saída para Candói: emancipar-se para desenvolver. Celson Luiz Pacheco,

serventuário da Justiça militante em Candói, vem pelo presente tecer suas considerações para

a justificativa da criação do município de Candói, englobando os atuais distritos de Paz e

38

Candói do município de Guarapuava que em outros tempos eram um, o qual, em seu

entendimento é a única e mais acertada alternativa para o desenvolvimento daquela região que

são as seguintes:

1. Na época da criação do município de Pinhão, a mais de 20 anos atrás, medida

similar houve da parte de Candói, sendo esta por tanto uma velha aspiração da

comunidade.

2. Que na ocasião da emancipação de Turvo e Cantagalo, mais ou menos dois (02)

anos, melhores condições tinha Candói para ser elevada a categoria de município, o

que somente não ocorreu por falta de iniciativa e liderança no mesmo sentido.

3. Que comparativamente Candói, na ocasião em que Turvo e Cantagalo foram a

município, possuía as seguintes condições ou vantagens mais que aqueles: - Maior

contingente eleitoral; - Maior população;- Maior número de minifúndios ou de

pequenas propriedades rurais; - Maior produção agrícola e pecuária; - Maior número

de pequenas empresas; - Melhores condições para manter-se financeiramente, etc.

4. Que apesar daqueles antigos Distritos (atuais municípios de Turvo e Cantagalo)

estarem em muitos aspectos em condições de inferioridade e desvantagem, não

obstante ainda profecias nada alvissareiras da parte de alguns, superaram as suas

dificuldades e atualmente estão em franco desenvolvimento, enquanto Candói

permanece na estagnação quase total.

5. Que a criação do município de Candói se faz necessária como última alternativa para

o desenvolvimento daquela região, hoje extremamente carente de escolas, transporte

escolar, habitação e estradas, as quais estão em precárias condições, que a criação

deste município vem igualmente de encontro a projeto do governo federal que quer

descentralizar os médios e grandes centros (sendo Guarapuava considerado médio-

centro), visando impedir o êxodo rural para as cidades, criando ao mesmo tempo

pequenos e sadios polos de desenvolvimento.

6. Que a criação do município de Candói se faz necessário devido a enorme distância

existente entre o distrito e a sede, distância esta, superior a Guarapuava – Pitanga ou

Guarapuava – Prudentópolis, avaliada em mais de 100 km, tendo a população deste

distrito (de Candói) que locomover-se por igual ou maior distância, dependendo do

local de residência de cada um, para poder tratar de seus interesses.

Relatam os documentos que em 28 de março de 1987, foi realizado o primeiro

encontro comunitário para a formação de uma comissão que tinha por função estudar a

criação do futuro município de Candói, contando com a presença de mais de 140 pessoas,

dentre as quais, da presença do Deputado Estadual Cândido Pacheco Bastos, Vereador

Heraclides Mendes Araujo, do Secretário de Administração de Guarapuava Peri de Oliveira,

representando o Prefeito Nivaldo Passos Kruger, do Secretário de Viação, Obras e Serviços

Urbanos de Guarapuava, Edgard Virmond e Mauricio Mendes Araújo, engenheiro agrônomo

e Chefe do Núcleo Regional da SEAG - Secretaria de Estado da Agricultura em Guarapuava,

e lideranças político-partidárias locais.

A Comissão em prol da emancipação do Candói ficou composta por quarenta

representantes, cujos membros foram escolhidos e votados por unanimidade. Segundo

39

exposição nos meios de comunicação de Guarapuava, os motivos para a população requerer a

emancipação foram:

Descaso da Prefeitura de Guarapuava no atendimento à população, nas

áreas de saúde, educação e manutenção de estradas;

Possuir número suficiente de moradores, eleitores e de ter uma economia

centrada na agropecuária e estar distante a mais de 10 km da sede.

Condições estas estabelecidas na Constituição do Estado.

Evitar o êxodo rural das comunidades para a Sede.

Proporcionar a aplicação de seus recursos para a sua população residente.

Ao longo do processo (1980/90), a ACDC, realizou convênio com a

UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro Oeste, para a realização do Projeto

Diagnóstico do Perfil Sócio Econômico e Potencialidades do Município. Enfrentando vários

obstáculos e superando inúmeras dificuldades políticas, quer internamente entre os seus

membros, quer na Assembleia Legislativa, bem como junto ao Poder Executivo de

Guarapuava, contrário à emancipação de Distritos de Guarapuava como Candói, Paz,

Palmeirinha, Entre Rios e Guará na época. A divisão do maior território do Estado do Paraná

era considerada uma afronta aos interesses do município.

Entre os próprios residentes locais de Vila Jordão, Paz e Lagoa Seca, existiam

confrontos políticos com os residentes de Corvo Branco e de outros núcleos comunitários,

quanto à criação do município de Candói, em razão da localização da Sede. Os residentes em

Vila Jordão, com mais de 5.000 residentes em razão da Fábrica Lutcher e da Hidrelétrica Nei

Aminthas de Barros Braga, eram contrários a sede se localizar na comunidade de Corvo

Branco.

Correntes político-partidárias do Distrito foram buscar, junto à Assembleia

Legislativa do Estado do Paraná, apoio à emancipação, principalmente através dos Deputados

de Guarapuava, Cândido Pacheco Bastos, Artagão de Mattos Leão, Leônidas Chaves e Cesar

Silvestri.

O processo foi iniciado através da Resolução No 062/89 da Assembleia Legislativa

do Paraná, publicada no Diário Oficial do Estado No

3.519, de 08 de dezembro de 1989 que,

pela unanimidade de votos dos Juízes do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, autoriza a

realização de plebiscito no Município de Guarapuava, visando à criação do Município de

Candói.

40

Com a Resolução No169/90, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, em vista

do contido no Acórdão No

15.783, de 22 de março de 1990, proferido nos autos sob fls.

910.042, C1.5, de pedido de realização de plebiscito visando à criação do Município de

Candói, pertencente ao Município de Guarapuava.

Em 13 de maio de 1990, foi realizado o plebiscito, nas diversas Seções Eleitorais

do futuro território do município de Candói. Dos 9.236 habitantes aptos a votar, participaram

5.786 eleitores, cujos resultados, como fato histórico são apresentados nesta dissertação.

Com a aprovação de 58,02% dos eleitores, consolida-se a vontade popular pelo

desmembramento do município de Guarapuava.

À distância e a falta de estrutura administrativa para atender as necessidades dos

núcleos rurais, aliadas à vontade política, foram as principais causas da criação do novo

município.

O município de Candói foi criado pela Lei 9.353, de 27 de agosto de 1990, pelo

Governador em exercício Anibal Khury, na gestão de Jaime Lerner, através de proposta de

Projeto de Lei do Deputado Artagão de Mattos Leão (PMDB) que, em seu art.1º, explicita:

Art.1º Fica criado o Município de Candói, com território

desmembrado do Município de Guarapuava, formado

com área do Distrito de Candói e do Distrito de Paz, com

sede na localidade de Candói, com as seguintes divisas:

Começa no Rio Cavernoso, no encontro com a Estrada Capão da Lagoa –

Cantagalo, segue pela referida estrada até o encontro com a Estrada Capão

da Lagoa – Campo Fechado, segue por esta até o Lajeado dos Porcos,

descendo o Lajeado dos Porcos, até sua foz no Rio Campo Real, descendo

o Rio Campo Real até sua foz no Rio Jordão, descendo o Rio Jordão até

sua foz no Rio Iguaçu, descendo o Rio Iguaçu até a foz do Rio Cavernoso,

Rio Cavernoso acima até o encontro com a Estrada Capão da Lagoa –

Cantagalo, ponto inicial.

Após sua emancipação, um novo ciclo político se formava para debater a escolha,

dentre os candidatos ao primeiro pleito municipal entre os partidos políticos existentes.

41

QUADRO 4 - RESULTADO DO PLEBISCITO PARA EMANCIPAÇÃO DO DISTRITO DE

CANDÓI/PAZ - (PR) .

LOCALIDADE SEÇÃO

NO

APURAÇÃO – VOTOS TOTAL

SIM NÃO BRANCO NULO

Cavernoso 05 35 05 - - 40

São Francisco 09 88 08 01 - 97

São Pedro 10 147 - 03 01 151

11 197 05 01 01 204

Paz

12 217 07 03 01 228

13 177 12 01 - 190

14 125 05 - - 130

15 146 18 03 01 168

Cachoeira

33 153 12 - 02 167

34 138 13 - 01 152

35 148 04 - - 152

Rio Novo 38 361 08 02 02 373

Faxinal Santo Antonio 40 68 24 - - 92

Divisa 42 76 03 - - 79

43 78 02 - - 80

Corvo Branco

44 129 08 - - 137

52 226 04 - - 230

53 231 08 01 01 241

54 354 16 02 02 374

Segredo (Vila Jordão)

55 151 - 01 01 153

56 380 12 07 01 400

57 140 04 - - 144

58 140 02 - 01 143

59 150 02 - 02 154

60 153 01 02 - 156

62 126 - 01 - 127

PC Ilhéus 63 184 10 02 02 198

Lagoa Seca

65 119 49 02 - 170

66 77 41 01 01 120

67 73 40 02 - 115

Colônia São João Batista 68 53 02 - - 55

Samambaial 69 81 04 - - 85

Xaxim 70 52 08 - - 60

Barra Mansa 82 158 10 - 01 169

Colônia São Judas Tadeu 83 53 05 - - 58

Rio Novo 161 55 04 01 - 60

Três Palmeiras 162 120 12 02 - 134

TOTAL GERAL - 5.359 368 38 21 5.786

FONTE: - Tribunal Regional Eleitoral da 44ª zona- Elaborado pelo autor.

O Vereador de Guarapuava Manoel Andrade Barroso, Segredo (Vila Jordão), em

requerimento à Câmara Municipal de Guarapuava, datado de 10.04.1991, solicitava o envio

de expediente ao Deputado Estadual Cesar Silvestri para a criação do município de Paz que

incluía a Vila Jordão, visto que este último possuía mais de 5.000 eleitores e a sede seria

consolidada na Vila Jordão, mais desenvolvida que a comunidade de Corvo Branco, no

Candói, e cuja população estava descontente com a proposta de localização da futura sede do

município recém-criado.

É o início de uma nova disputa política, antes mesmo das eleições para Prefeito no

Município de Candói.

42

A polarização político-partidária na região concentrava-se, de um lado, com

fazendeiros, em sua maioria do PMDB, denominados de “pé vermelho”, cuja chapa era

encabeçada pelo vereador de Guarapuava Mauricio Mendes Araújo. De outro, os residentes

de Vila Jordão advindos da construção da hidrelétrica de Segredo, chamados de “barrageiros”,

representado pelo vereador de Guarapuava Manoel Andrade Barroso PDT, com base eleitoral

em Vila Jordão e, no centro, o PST, representado pelo Cartorário e ex-vereador em

Guarapuava Elias Farah Neto e seu Vice-Prefeito o empresário Anselmo Albino Amâncio, da

localidade de Vila Jordão, inimigo político de Manoel Andrade Barroso.

Como se observa, o movimento criado pela ACDC – Associação Comunitária

para o Desenvolvimento de Candói - foi suplantada pelos interesses pessoais representados

por fazendeiros e políticos residentes em Guarapuava que, como integrantes da Comissão de

Emancipação, sobrepujaram interesses maiores dos munícipes dos Distritos de Candói e Paz,

face ao conhecimento político junto aos Deputados estaduais, ficando os líderes do

movimento, em especial Celson Luiz Pacheco, dentre outros, alijados de uma voz mais ativa,

configurando-se o que definimos como oportunismo político, com base nos pressupostos

elencados por Tomio (2002, p 65), o que não é raro encontrar na política partidária brasileira.

O período de 1988 era de mudanças políticas também em Guarapuava, feitas pelas

lideranças jovens graduadas na Capital do Estado sob a liderança de Fernando Ribas Carli,

Médico Farmacêutico, funcionário do INSS, que assume a gestão municipal derrotando

Nivaldo Kruger – PMDB – que, há mais de vinte anos comandava a política na região e

influenciava diretamente a não realização do pleito da emancipação do Distrito de Candói.

Os residentes dos núcleos rurais de Candói foram representados pelas lideranças

político-partidárias no desenvolvimento da emancipação, conforme consta em documento:

José Olair de Oliveira (PMDB) da sede do Distrito, Francisco Presa (PDT) da localidade de

Vila Jordão, Luiz Carlos Gouveia Gomes (PMDB) da Sede do Distrito, Antonio Odair de

Oliveira (PSDB), Darci Pícolo (PSDB), Roseli de Araujo Sibel ( PDT), da localidade de Vila

Jordão, Wilson Kraus (PMDB), Arlindo K. Serigalli, da localidade de Lagoa Seca, Bohadan

Martins (PMDB), empresário do comércio, Anselmo Albino Amâncio (PDT), líder

comunitário da localidade de Vila Jordão; Salvador Ivatiuk (PST), Vanderley Henrard

(PMDB), Pedro Charneski (PMDB), Ladair Biff (PFL), entre tantos outros.

43

MAPA 01 – Área territorial do Município de Candói (PR).

FONTE: HTTP://ferlarissadelima.tripod.com

1.1.2.1 O Processo Eleitoral do Distrito de Candói.

Concorreram ao pleito da primeira eleição, pelo voto direto, segundo dados do

TSE/Pr., os candidatos para Prefeito: Elias Farah Neto (PST) com 3.583 votos, Mauricio

Mendes Araujo (PMDB) com 3.260 votos, e Manoel Andrade Barroso (PDT) com 2.233

votos, sendo eleito como o primeiro prefeito do município Elias Farah Neto.

Para Vereadores com nove assentos na Câmara Municipal, concorreram pelas

siglas partidárias: PST – 13 candidatos: Darcy Picolo, Salvador Ivatiuk, Aldebaran Rocha

Faria Junior, Zeno José Rauber, Eugenio Bayer Filho, Sergio Roberto de Oliveira Buco,

Alberto Otavio Bertotto, Nerci Ceriaco de Oliveira Lopes, Antonio Martins, José Ivatiuk,

Paulino Teixeira Viana, Guilherme Millratr Filho, Luiz Carlos Brol. Pelo PMDB - 25

Candidatos : Arlindo Kaliszak Sirigalli, José Olair Oliveira, Bohadan Martins, Vilson Kraus

de Lima, Luiz Carlos Gouveia Gomes, João Luiz Correa, Rodolfo Manoel da Silva,

44

Vanderley Henrard, Luciano Burko, Adão Correia de Matos, Pedro Charneski, Israel

Nogueira do Amaral, Luiz Claudio Mendes Rocha, Luiz Carlos de Paula, Evaldo Rogério

Faria, Gabriel Senkio, Pedro Kruk, Bogdan Ternouski, Augusto Kasiano, Vicente Pego de

Jesus, Jair Machado Ribas, Jauri Schavigert, Dirceu Jorge Pavan, Noili de Araujo, Pelo PDT

– 22 candidatos: Francisco Presa, Roseli de Araujo Seibil, Edheson Tadeu Lopes de Paula,

Valdir Costa, Jurandir Pasqualin, Jose Viana da Rosa, Alcides Leria da Silva, Pedro Olimpio

Senaro, Nicolau Mis, Devanir Araujo Luiz, Moacir José Dron, Beloni Coterle de Godoy,

Waldemar Ferreira, Antonio Altamir Acheleski, Pedro Ribeiro dos Santos, Zirlei Antonio de

Faveri, Antonio Elias Mateus, Lourdes Inez Mazzardo, José Picolo, Aquilino de Souza

Vorgenes, Adão Luiz Kich. Pelo PFL – 11 candidatos: Antonio Odacir de Oliveira, Aldino

Hitinger, Jaime Szernek, Antonio Tavares, Alcides Alves dos Passos, Osmar Klein, João Luiz

Rodrigues, Adir Quatrin, Salete Maria Brandalise de Rezende, Valter Pflanzer, Ladair Biff.

Pelo PTB – 5 candidatos: Heliton Jose de Abreu, Antonio Fidelis de Vargas, Lauro

Kavetski, Celson Luiz Pacheco, Laudemiro Mazepa.

Dos candidatos a Vereador, nove tomaram posse: pelo PST: Darcy Pícolo com

308 votos; pelo PMDB: Arlindo Kaliszak Sirigalli com 447 votos; José Olair de Oliveira com

344 votos; Bohadan Martins com 271 votos; Vilson Kraus de Lima com 270 votos; Luiz

Carlos Gouveia Gomes com 247 votos; pelo PFL: Antonio Odacir de Oliveira; pelo PDT:

Roseli de Araujo Seibel com 171 votos e Francisco Presa com 234 votos.

Na composição da Câmara Municipal de Candói, para o período de 1993 a 1996,

os partidos de oposição obtiveram a maioria das cadeiras do legislativo municipal, visto que

os residentes no antigo distrito, cujas terras pertencentes a fazendeiros de Guarapuava,

tradicionalmente, são da sigla política do PMDB e os opositores da Vila Jordão, são do PDT.

Elias Farah Neto, hábil político, ex-presidente da Câmara Municipal de

Guarapuava conseguiu, ao longo de sua gestão, reverter o quadro político partidário em seu

favor, conseguindo a maioria na Câmara Municipal. Entretanto, na seara política interna do

Poder Executivo, os embates ficaram a cargo de seu vice-prefeito, Anselmo Albino Amâncio,

que se tornou inimigo declarado de Elias Farah Neto, visto ao não atendimento de suas

demandas junto a Vila Jordão, dando início ao processo de emancipação da Vila Jordão.

Em 1997, foi eleito, como prefeito, o ex-Secretário de Planejamento de Candói

Waltzer Donini, para o período de 1997 a 2000 e, no período de 2001-2004, novamente Elias

Farah Neto.

45

No período de 2005 a 2008- Mauricio Mendes Araujo (PMDB) concorre como

candidato único, visto que o Prefeito Elias Farah Neto não apresentou candidato, o que causou

consternação aos integrantes das siglas partidárias que o apoiavam, pois vislumbrava-se um

acordo político entre ambos.

Em 2008, voltando do Pará, Estado em que possui também fazenda de pecuária,

adquirida no mandato anterior, Elias Farah Neto vence novamente o pleito eleitoral com 4.185

votos (47,41%), em vista de que Mauricio Mendes Araujo não se candidatou para mais um

mandato, o que se confirma o acordo político anterior. Nesse pleito, participaram, pela

primeira vez, nas eleições para Prefeito, os candidatos: Pedro Tavares Pereira, jovem

assentado pelo INCRA, na Península do Cavernoso, Vereador pelo (PT), conhecido como o

“Pedrinho da Ilha”, graduado em Administração, e servidor público no cargo de motorista de

ônibus, que coligou com o PMDB, obtendo 3.611 votos (40,90%), e Amaro Mendes de

Araujo, agrônomo, fazendeiro, primo de Mauricio Mendes Araujo, (PSC) com 1.032 votos

(11,69%). (Sérgio Bucco, julho/ 2009). Nas eleições de outubro de 2011, o candidato do PT,

Pedrinho da Ilha, segundo mais votado na eleição anterior, morre em acidente de moto,

segundo notícias da Rádio Chopinzinho (17.3.2011):

O ex-vereador e ex-candidato a prefeito do município de Candói, PEDRO

TAVARES PEREIRA, popularmente conhecido por Pedrinho da Ilha, faleceu

na madrugada desta quinta feira, 17, vítima de acidente automobilístico. De acordo com as informações da polícia rodoviária federal, o acidente

aconteceu por volta das 00h30min no Km 407 da rodovia BR 373, na entrada da Usina Fundão, próximo da cidade de Candói. O acidente foi uma

colisão frontal envolvendo uma Saveiro, placas ANX-5658, conduzida por SIDINEI AMÂNCIO, o qual teve lesões leves e foi conduzido ao hospital

Santa Clara de Candói. O outro veículo envolvido foi uma motocicleta placa

ALO-1824, conduzida pelo ex-vereador Pedro Tavares Pereira, o Pedrinho da Ilha, o qual morreu no local do acidente.

O falecido ex-vereador do PT era candidato natural para as eleições, e foi

lembrado pelo Deputado Federal Dr. Rosinha, presente na composição da nova Chapa do PT,

agora liderada por Gelson Kruk da Costa, na qual lembrou a atuação do ex-vereador na

obtenção de recursos, aprovados pelo Deputado, dentre elas:

Emendas Parlamentares para Comunidades do Campo, em forma de Patrulhas

Agrícolas (como Rio Bonito, Tirivas, Três Palmeiras, Assentamentos S. João Batista

e Santa Clara, a Comunidade dos Quilombolas no Barreiro), além de outras

Comunidades que têm a construção de um Trabalho (como Colônia dos Alemães,

Rio Novo, Água Branca), comunidades mais distantes, mais no interior de nosso

município, que nunca receberam benefício nenhum. (blogspot.PT-Candói, maio de

2012).

46

No pleito eleitoral, concorreram, pela primeira vez, cinco candidatos. Era a

“Campanha do Milhão contra o Tostão”, reflexo dos resultados da eleição anterior em que

Elias Farah Neto ganhou com pequena margem de votos de Pedrinho da Ilha do PT.

A composição dos candidatos, para a nova legislatura, era: Elias Farah Neto, que

concorre pela quarta vez para a vaga de Prefeito pelo Partido Social Democracia Brasileira –

PSDB, que coligou com o PSB e PV. Possui o 2º Grau Completo, é ex-Cartorário em

Guarapuava, proprietário de inúmeras fazendas, imóveis urbanos e emissora de rádio no

Município de Candói, além de imóveis em Guarapuava, Curitiba, Florianópolis e no Estado

do Pará. Mauricio Mendes Araujo, agrônomo, fazendeiro, ex-prefeito do município e servidor

público estadual, proprietário por herança, de inúmeros imóveis no Candói e em Guarapuava,

e sócio-fundador da CONCAN – Cooperativa Agropecuária de Candói, concorrendo pela

sigla do PDT, coligado com o PSC e PSD - ambos os candidatos considerados “milionários”,

pelas suas declarações de renda (TSE). Gelson Kruk da Costa, candidato pelo PT – Partido

dos Trabalhadores, coligou com o PRB, é técnico administrativo e possui curso superior em

Administração. Chrisler Luis de Andrade, pelo PPS, dentista, funcionário municipal, que

coligou com o PP e Anderson Lineu pelo PTB, com graduação superior em agronomia, que

coligou com o PMDB, PR e DEM, funcionário concursado do Município, ex-Secretário de

Agricultura. (Rede Sul de Notícias, Ed.M.Meneguel, em 07.7.2012). Concorreram para

Vereador 77 candidatos.

O longo período de gestão governado por fazendeiros e políticos tradicionalistas

pela primeira vez não encontra respaldo junto à população do Município de Candói.

Possuindo 11.686 eleitores para o pleito, vence o candidato do PT Gelson Kruk da

Costa com 32,05% dos votos, contra Maurício Mendes Araújo com 22,78% dos votos e Elias

Farah Neto 20,82%. Chrisler Luis de Andrade, com 9,47% e Anderson Lineu com 14,88%

dos 9.859 votantes. Nulos e brancos 1.827 votos. (TRE/Paraná).

Passados vinte anos de instalação no Paraná de 109 municípios no período de

1983 a 1997, dentre estes, o município de Candói instalado em 1993, os resultados

encontrados no aspecto de sua emancipação política, observou-se uma continuidade de mando

político, representados por deputados e vereadores do município-mãe, proprietários de

inúmeras áreas rurais e urbanas, que buscaram para si, o domínio do processo emancipatório,

sendo denominados pelos locais de “coronéis”.

Segundo Lima, apud LEAL (1949, ps.20/45/50/51),

47

[...] o “coronelismo” é, sobretudo, um compromisso, uma troca de proveitos entre o

poder público, progressivamente fortalecido e a decadente influência social dos

chefes locais. O poder desses fazendeiros e a sua importância para o poder público

se dão pela forma de representação proporcional e a então recente ampliação do

sufrágio, porque o governo não pode prescindir do eleitorado rural, cuja situação de

independência ainda é incontestável.

A ausência do poder público, sobretudo no campo, contribui para o

aumento do poder do “coronel”, já que é ele que faz às vezes desse poder. A falta de

alcance dos partidos ao trabalhador faz com que o “coronel” seja o mandatário

desses votos. Mas mesmo sabendo da sua importância para os políticos estaduais,

ele mantém boas relações, relações de reciprocidade com o poder público, outro

importante aspecto do “coronelismo”. Essa reciprocidade explica-se pelo fato de um

lado precisar do outro. Os chefes municipais e “coronéis” oferecem os votos e os

políticos estaduais aparecem com empregos, favores e tudo que o aparato público

estadual pode oferecer. Se o “coronel” não tivesse os votos, o governo não precisaria

prestar favores, e se o governo não retribui o apoio, o “coronel” não tem como

manter seus dependentes. Essas listas de favores são de ordem pessoal e ordem

pública. Os de ordem pessoal referem-se a nomeações a cargos públicos estaduais, e

até federais, nos municípios e os de ordem pública referem-se às obras municipais.

O estado, então, distribui seus escassos recursos entre seus

municípios. Nas palavras do autor: “é, pois, a fraqueza financeira dos municípios um

fator que contribui relevantemente para manter o “coronelismo”, na sua expressão

governista” (p.45). Entre os cargos mais importantes, está o de delegado e o de

subdelegado polícia, pois ter a polícia sob a sua batuta é a maior vantagem que um

“coronel” precisa. Outro aspecto é a falta de autonomia municipal, que decorre de

vários fatores. Lista o autor: “penúria orçamentária, excesso de encargos, redução de

suas atribuições autônomas, limitações ao principio da eletividade de sua

administração, intervenção da polícia nos pleitos locais, etc.” (p.50). Essa falta de

autonomia contribui para aumentar o poder do “coronel”, sendo ele portador de uma

autonomia, nos termos do autor, “extralegal”, e é justamente nessa autonomia

extralegal que consiste a carta-branca que o governo estadual outorga aos

correligionários locais, em cumprimento da sua prestação no compromisso típico do

coronelismo, (p.51).

Se não bastasse o mando político, a figura do clientelismo predominou na gestão

pública no período analisado, reafirmando uma celebre frase, possivelmente de Maquiavel:

“aos amigos, tudo, aos inimigos, a lei”.

Segundo Nunes (1999) apud CAVASSIN ALVES (2003, p.155),

O clientelismo é um sistema de controle do fluxo de recursos materiais e de

intermediações de interesses, no qual não há número fixo ou organizado de unidades

constitutivas. As unidades constitutivas do clientelismo são agrupamentos,

pirâmides ou redes baseados em relações pessoais que repousam em troca

generalizada. As unidades clientelistas disputam frequentemente o controle do fluxo

de recursos dentro de um determinado território. A participação em redes

clientelistas não está codificada em nenhum tipo de regulamento formal; os arranjos

hierárquicos no interior das redes estão baseados em consentimento individual e não

gozam de respaldo jurídico. Ao contrário do corporativismo, que é baseado em

códigos formais legalizados e semi-universais, o clientelismo se baseia numa

gramática de relações entre indivíduos, que é informal, não legalmente compulsória

e não-legalizada.

48

CAPÍTULO II

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

2.1. Desenvolvimento Econômico

Ao tratar sobre o desenvolvimento do país, do estado ou do município, muitos

economistas evidenciam o PIB (Produto Interno Bruto), como o principal indicador de

desenvolvimento econômico, visto que seu reflexo pode influir em outros indicadores sociais

positiva ou negativamente.

Entretanto, segundo Ladislau Dawbor (2013):

O indicador é insuficiente, visto não retratar o esgotamento dos recursos, e desvirtua

em um primeiro momento, a análise nos cenários locais sociais, ambientais,

educacionais, de empregabilidade, dentre outros, visto a complexidade de suas

implicações geopolíticas e para tanto a análise deve obrigatoriamente ser

desmembrada através dos demais indicadores sociais de cada localidade, município

ou Estado. Somente assim, os gestores municipais e estaduais, poderão visualizar e

identificar os setores sociais que necessitam de uma política pública direcionada e

efetiva para o enfrentamento das necessidades dessas populações. Entretanto o PIB

também pode ser utilizado politicamente em favor ou desfavor do gestor público

(Gestão Pública e Indicadores, USP/SP.2013, YOTUBE, acesso em março 2014).

A definição de desenvolvimento, ainda é objeto de estudos por economistas de

inspiração teórica, que consideram crescimento como sinônimo de desenvolvimento

(neoclássica). Já, uma segunda corrente (ortodoxa) entende que crescimento é condição

indispensável para o desenvolvimento, a qual encara o crescimento econômico como uma

simples variação quantitativa do produto, enquanto o desenvolvimento envolve mudanças

qualitativas no modo de vida das pessoas, das instituições e das estruturas produtivas. Nesse

sentido, o desenvolvimento caracteriza-se pela transformação de uma economia tradicional em

uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do conjunto

da população. (SOUZA 2007, p.6).

Para o coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação

Getúlio Vargas (FGV), Mario Manzoni - utilizar o PIB para medir desenvolvimento é um erro

comum. Somos incentivados a fazer isso. Toda primeira página de qualquer jornal mostra a

preocupação do governo e das empresas com o crescimento do PIB. Para o especialista,

crescimento é uma condição importante, mas é um meio para se atingir desenvolvimento e

não é um fim em si mesmo (PNUD, 2014, 28. abril).

Nas últimas décadas, os modelos centralizados de planejamento do governo

federal, (exceto o fiscal), estão sendo reestruturados dentro de um conceito da teoria de

49

desenvolvimento endógeno, visto que proporciona políticas públicas direcionadas mais

próximas da realidade de cada região do país.

A crescente migração do homem do campo para os grandes centros, não foi

observada em tempo pelos agentes políticos, ocasionando uma crescente invasão nos entornos

das cidades e oportunizando a favelização e a geração de baixa qualidade de vida, criando-se

um circulo vicioso da pobreza de uma geração para outra com todos os seus efeitos.

A promoção de políticas públicas, dentro do conceito de desenvolvimento

endógeno, quer visando à urbanização quer ao desenvolvimento regional, deve observar a

alocação de recursos exclusivamente do Estado e a autonomia de organização social da região

em criar um conjunto de elementos políticos institucionais, de financiamento e de

aproveitamento de seus recursos produtivos locais.

A capacidade de transformar as favelas em locais urbanizados, com equipamentos

públicos (escola, saneamento, saúde, segurança, transporte público e assistência social),

equivalente aos bairros estruturados existentes nos grandes centros urbanos é o que a

população de baixa renda urbana almeja.

Na área rural, políticas de integração regional desenvolvidas pelo MAPA –

Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - responsável pelas políticas públicas

relativas à agropecuária, voltadas aos pequenos proprietários de terras, já alcançam nos

últimos dez anos, resultados satisfatórios, devido a inúmeros projetos específicos para o

produtor rural, contidos no Programa PRONAF.

Para Chenery (1981) apud Souza (2007b, p.6), pode-se considerar

desenvolvimento econômico como:

Um conjunto de transformações intimamente associadas, que se produzem na

estrutura de uma economia, e que são necessárias à continuidade de seu crescimento.

Essas mudanças concernem à composição da demanda, da produção e dos

empregos, assim como da estrutura do comércio exterior e dos movimentos de

capitais com o estrangeiro. Considera-se em conjunto, essas mudanças estruturais

que definem a passagem de um sistema econômico tradicional a um sistema

econômico moderno.

É inegável a necessidade de promoção de políticas públicas que venham a

promover o desenvolvimento econômico das regiões mais pobres, pois as mesmas têm

carência de um processo de industrialização e apresentam um baixo nível de emprego.

Essa capacidade de organização social depende de qualidade da identidade

política da região; de qualidade tecnológica regional; da classe empresarial regional e da

capacidade de participação dos demais segmentos da sociedade. São os políticos que

50

negociam em nome da região; eles definem o que é negociado. Para isso, é necessário o apoio

dos que detêm o conhecimento técnico (Universidades, professores), para identificar os

principais problemas que afetam a região (OLIVEIRA. 2011, p.4/8).

TABELA 3 – SÉRIES HISTÓRICAS – PRODUTO INTERNO BRUTO - BRASIL

ANO PRODUTO INTERNO BRUTO BRASIL

Bilhões/Trilhões

1995 705.641 ...

1996 843.966 2,15%

1997 939.147 3,38%

1998 979.276 0,04%

1999 1.065.000 0,25%

2000 1.179.482 4,31%

2001 1.302.135 1,31%

2002 1.477.822 2,66%

2003 1.699.948 1,15%

2004 1.941.498 5,71%

2005 2.147.239 3,16%

2006 2.369.484 3,96%

2007 2.661.345 6,09%

2008 3.031.864 5,16%

2009 3.031.864 -0,60%

2010 3,675.000 7,50%

2011 4.143.000 2,70%

2012 4.403.000 0,90%

FONTE: IBGE/IPARDES – Contas Regionais do Brasil.

Estudos acerca do desenvolvimento econômico constituem tarefa atual e contínua,

especialmente nas economias em desenvolvimento, como é o caso do Brasil. Tal preocupação

se replica nas regiões geograficamente delimitadas, principalmente ao se considerarem os

vários e divergentes níveis de desenvolvimento alcançados, fruto, em grande medida, de bases

produtivas bastante diferenciadas, observadas em territórios de grandes dimensões, além de

especificidades locais geradas pelo próprio processo de formação histórica, sendo

direcionadas para uma nova denominação de Desenvolvimento Sustentável (NUNES e

MELO. 2012, p. 181).

2.1.1 – A Experiência do Planejamento no Brasil

A prática do planejamento para o desenvolvimento econômico no Brasil tomou

forma, segundo SOUZA (2007c), com os estudos da Comissão Mista Brasil-EUA

(1951/1953) e do Grupo Misto BNDE-CEPAL (1953/1955), que forneceram elementos para

os planos nacionais subsequentes.

51

A experiência de planejamento estatal visando ao desenvolvimento tem como

marco o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek, para o período de 1956/1960,

com base nas decisões do grupo misto BNDE-CEPAL, elaborado ainda no governo Vargas,

que definiu os pontos de estrangulamento da economia brasileira.

O histórico do planejamento, no Brasil, ao longo da década de 50 até os dias

atuais, foi marcado pelo financiamento externo, combate à inflação, crises fiscais e dívida

externa, aliadas, em alguns períodos de graves crises políticas.

O Quadro 5 resume de forma objetiva, as fases de implantação dos modelos de

planejamentos econômicos implantados no Brasil, no período de 1950 a 1979, no qual se

observam avanços e recuos na política econômica de investimentos com capital estrangeiro,

bem como os processos de aumento de importações de bens de capital e de redução, em

substituição às importações, visando ao equilíbrio da balança comercial. Entretanto, em todos

os momentos, a política econômica voltava-se ao desenvolvimento de suas riquezas naturais,

expansão da produção e controle da inflação.

A década de 1980 no Brasil foi caracterizada pelos reflexos externos iniciados na

metade do ano de 1979 e outubro de 1980, com mais um choque do petróleo, somado ao

choque dos juros externos e à recessão mundial, tornando a política econômica brasileira

extremamente recessiva, segundo LACERDA e BOCCHI (2000, p.132/136).

Internamente, segundo os autores, a política econômica brasileira manteve a

orientação heterodoxa, baseada no controle dos juros, na maior indexação dos salários, que

passaram a ser reajustados semestralmente e por faixas, e na desvalorização cambial de 30%

em dezembro de 1979. Além disso, foram prefixadas as correções monetária e cambial para

1980, a taxas bastante inferiores à inflação de 1979.

Entretanto, na metade da década de 80, com a indexação da inflação e os gatilhos

salariais aos preços das mercadorias e serviços, os programas promoveram uma crise ainda

maior: a do desabastecimento de produtos para a população, em razão da disparada dos

preços, e a opção dos investidores na aquisição de bens imobiliários.

A gestão da política desenvolvimentista implementada por Delfim Netto, foi

impulsionada pela manutenção dos investimentos nos setores de energia, de substituição de

importações de insumos básicos e nas atividades voltadas para a exportação, especialmente a

agricultura, obtendo o resultado de um crescimento de 9,1% do PIB em 1980, em detrimento

do aumento da inflação dos preços em 110,2% em igual período, contra 77,2% no ano

anterior.

52

QUADRO 5- MODELOS DE PLANEJAMENTO GOVERNAMENTAL NO BRASIL.

PLANO

ECONÔMICO

PERÍODO OBJETIVO METAS

Plano Eugênio

Gudin

1954-1955 Implantação de Política

Anti-inflacionária.

- Controle da emissão monetária e do Crédito.

- Combate a crise cambial.

Plano de Metas 1956/1960 Consolidação da Estrutura

Industrial Brasileira

- Construção de Brasília;

- Tratamento especial ao capital estrangeiro para

financiamento da indústria;

- Criação de Grupos Executivos público e privados

- Estabelecimento de 31 metas de desenvolvimento;

Plano Trienal de

Celso Furtado

1961 Combate a inflação, déficit

fiscal e balança de

pagamentos.

- Renegociação dos débitos com os credores

internacionais.

O PAEG

(Programa de

Ação Econômica

de Governo)

Governo Militar

1962-1967 Combate a inflação,

reforma bancária e

tributária e centralização do

poder político e econômico

- Retomada do desenvolvimento;

- Aumento dos investimentos;

- Estabilidade dos preços;

- Redução dos desequilíbrios regionais;

- Correção dos déficits do balanço de pagamento;

Controle da inflação;

- Normalização das relações internacionais.

I PND – Plano

Nacional de

Desenvolvimento

1968-1973 Expansão da política

monetária e creditícia.

- Financiamento externo dos setores produtores de

bens de consumo duráveis e de bens de capital.

- crescimento da produção voltada à exportação.

- Aumento das importações de bens de produção.

- Aumento na geração de emprego.

II PND– Plano

Nacional de

Desenvolvimento.

1974-1979 Continuidade na construção

de uma estrutura industrial

avançada

- aumento da prospecção de petróleo, de energia

elétrica e nuclear;

- implementação industrial nos setores de bens de

capital, siderúrgicos, petroquímicos.

- Participação de empresas privadas via BNDES.

FONTE: Lacerda e Bocchi (2000) adaptada pelo autor.

No aspecto político, da transição de um governo militar para democracia, iniciada

com as “Diretas Já” e as dificuldades em combater a inflação pela implantação de fracassados

programas no período de 1986 a 1989 (Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão), os

partidos políticos ganhavam espaços e consolidavam suas bases no território nacional, tendo

como pano de fundo, as críticas sobre o sistema econômico vigente.

Na década de 90, a economia brasileira foi marcada, não só pela recessão, fruto

dos Planos Collor I e II, que implicaram na retração da atividade econômica como resultado

direto das medidas fiscais e monetárias adotadas, mas, em contrapartida, promoveu a abertura

comercial ao mercado internacional.

Após o plebiscito regulamentado pela Lei 8.624 de 04 de fevereiro de 1993,

promulgada pelo presidente Itamar Franco, sobre a forma e sobre o sistema de governo no

país, foi implantado um novo plano de estabilização econômica – o Plano Real - em três

etapas:

I. Estabelecimento do equilíbrio das contas de governo, objetivando

eliminar a principal causa da inflação;

53

II. Criação de um padrão estável de valor, a Unidade Real de Valor

(URV);

III. Emissão de nova moeda nacional com poder aquisitivo estável, o Real.

A primeira fase do Plano consistia na decisão de implantação do Programa de

Ação Imediata (PAI), que previa:

Redução dos gastos da União e aumento da eficiência no ano de 1993;

Recuperação da receita tributária;

Equacionamento das atividades de estados e municípios com a União;

Controle mais rígido dos bancos estaduais;

Saneamento dos bancos federais;

Aperfeiçoamento do programa de privatização, ou seja, redução da

participação do governo na economia através das privatizações das

estatais.

Centrado em medidas fiscais, apontando o sistema financeiro como beneficiário

direto do desajuste, pelo efeito das taxas de juros e inflação sobre suas receitas, a primeira

fase do PAI, constitui nas seguintes medidas (LACERDA e BOCCHI (2000c, 53T.205/215):

Corte orçamentário de US$ 6 bilhões em 1993;

Proposta orçamentária de 1994, baseada em uma estimativa realista da

receita;

Limitação das despesas com pessoal em 60% da receita corrente da União,

estados e municípios – (Lei Camata I e II);

Estabelecimento e regulamentação de cooperação financeira entre a União

com estados e municípios quanto à obrigatoriedade em se manterem em

dia com seus débitos e estabelecimento de tetos para novos

financiamentos.

Segundo Torres (2006, p.123/124), o novo cenário político e econômico pode ser

compreendido como:

Um intenso processo de intermediações políticas por meio das quais emergem e

tornam forma os projetos e interesses de agentes e agências pública- privada em

pugna por impor um determinado projeto de direção política e de direção ideológica

sobre a sociedade e o estado que são governados. Os posicionamentos, estratégias e

táticas de cada um na confrontação estão regidos por princípios de mudanças e

princípios de conservação.

Quando se trata de Políticas Públicas de Desenvolvimento quer seja nacional,

estadual ou municipal, a partir de 1994, constituiu-se, para os entes da federação, um desafio

nas áreas fiscais e sociais em razão dos resultados anteriores que, segundo Gonçalves (2001,

p.5), a economia brasileira apresentava:

54

Esgotamento da estratégia de desenvolvimento que vinha sendo praticada no

país, caracterizada por forte intervenção estatal na economia;

A crise fiscal, manifesta na perda da capacidade financeira do Estado para

atender aos anseios, necessidades e demandas da população, em consequência de

seu elevado grau de endividamento e da desorganização das contas públicas,

atingidas por sucessivos déficits;

A crise da Administração Pública, cujo modo de funcionamento burocrático

(lento, formalista, centralizado, oneroso, etc.) foi considerado incompatível com

as exigências dos tempos modernos.

Dentre as mudanças, com a implantação do Plano nas políticas heterodoxas,

destaca-se também, o Plano Diretor da Reforma do Estado (Presidência da República, 1995,

p.16) que propôs a transformação da administração burocrática em administração gerencial,

muito mais ágil e dinâmica, bem como centrada na qualidade dos serviços públicos e no

atendimento à população.

Os resultados após o Plano Real e o PND – Plano Nacional de Desestatização - o

ajuste das contas públicas e a adoção de uma política neoliberal, contribuíram para alcance e

controle da inflação.

Assentadas as bases da economia, o controle da inflação ocorreu no final de 2002,

demonstrando uma estabilização e seu Produto Interno Bruto oscilante, mas em crescimento.

Na área da gestão dos recursos públicos destacam-se: os mecanismos de ajuste

econômico de controle e responsabilidade fiscal diretamente afeto à União, Estados e

Municípios - A Lei Complementar 101 de 04 de maio de 2000, constituindo-se em uma das

principais políticas de gestão financeira.

2.1.2 – O Desenvolvimento no Estado do Paraná

A base econômica do Estado do Paraná, de 1950 até início da década de 70, estava

atrelada ao setor agropecuário, ao extrativismo e ao beneficiamento de produtos naturais, a

exemplo da erva mate e madeira, e carente de infraestrutura e de capitais privados. A sua

industrialização estava centrada, até a década de 70, no beneficiamento da madeira, para

atender o mercado nacional.

No início da década de 1950, quando o Brasil inicia significativas políticas para o

desenvolvimento e expansão industrial, via criação do BNDE para nacionalização de

empresas estrangeiras, bem como para fomentar os investimentos nas estatais de energia

elétrica, o poder público estadual gesta e, na década de 60, implantava o Projeto de

Desenvolvimento Industrial do Paraná, a partir do qual, são criadas e revitalizadas empresas

55

estaduais destinadas a atuar em diversos setores, tais como: economia e finanças, energia

elétrica, telecomunicações e serviços públicos (Bravim, 2001. Dissertação de Mestrado).

O norte do Estado emerge como uma região de fazendas de café, abertas sob a

égide da destruição das florestas, que contrastavam com as fazendas de gado dos campos

gerais e com os núcleos coloniais de pequenos proprietários. Numa forma nova de economia,

estavam ligados tipos étnicos diversos: paulistas, mineiros, baianos, pernambucanos e

imigrantes naturalizados.

Em 1963, o Estado do Paraná, era o maior produtor de café com 1.256.526 de

toneladas e com uma economia regional diversificada com produção de milho, feijão,

algodão, cana-de-açúcar e pecuária. Toda a região norte era politicamente paranaense e

economicamente paulista, em função de que todo o comércio convergia para o Porto de

Santos. Com a finalidade de integrar o norte à economia paranaense e deslocar o escoamento

das riquezas para o Porto de Paranaguá, o governo do Estado construiu a Rodovia do Café,

interligando as duas regiões na década de 1960. (OLIVEIRA, 2001, apud Gaspareto, texto

s/d.).

Estudos realizados pelo IPARDES (outubro 2009) apresentam mudanças

importantes na agropecuária paranaense a partir de 1970 a 2006, em número de

estabelecimentos agropecuários, que comprovam a migração de pequenos proprietários de

estabelecimentos agropecuários aos grandes centros, em vista da redução, de 129.759

estabelecimentos com menos de 10 hectares e 70.533 propriedades com 10 a menos de 100

hectares.

QUADRO 6 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS SEGUNDO GRUPOS DE

ÁREAS NO PARANÁ. 1970 – 2006.

GRUPO DE ÁREA 1970 1975 1980

Número % Número % Número %

Menos de 10 hectares 295.272 53,3 237.068 49,5 214.995 47,3

10 a menos de 100 hectares 240.936 43,5 218.886 45,7 215.031 47,4

100 a menos de 1000 hectares 17.158 3,1 20.213 4,2 22.349 0,3

1.000 hectares e mais 1.087 0,2 1.348 0,3 1.537 0,3

Não declarado 35 0,00 938 0,2 191 0,00

TOTAL 554.488 100,0 478.453 100,0 454.103 100,0

GRUPO DE ÁREA 1985 1996 2006

Número % Número % Número %

Menos de 10 hectares 229.015 49,1 154.620 41,8 165.513 44,6

10 a menos de 100 hectares 212.247 45,5 188.305 50,9 170.403 45,9

100 a menos de 1000 hectares 23.525 5,0 25.432 6,9 25.112 6,8

1.000 hectares e mais 1.548 0,3 1.450 0,4 1.191 0,3

Não declarado 162 0,00 68 0,0 8.832 2,4

TOTAL 466.397 100,0 369.875 100,0 371.051 100,0

FONTE: IBGE – Censos Agropecuários.

56

Segundo o IPARDES (2009), essa movimentação de estabelecimentos com até 100

hectares indica a continuidade do movimento de concentração fundiária para as propriedades

de 100 a mais de 1.000 hectares.

Esse fenômeno não é exclusivo do Paraná, mas também de outras regiões

agropecuárias brasileiras, constatadas na aplicação do Índice de Gini, frente à concentração da

terra.

TABELA 4 – ÍNDICE DE GINI REFERENTE A CONCENTRAÇÃO DA TERRA – ESTADOS

SELECIONADOS E BRASIL – 1996-2006.

ESTADOS/PAÍS 1996 2006

Mato Grosso 0,870 0,865

Minas Gerais 0,772 0,795

Paraná 0,741 0,770

Rio Grande do Sul 0,762 0,773

Santa Catarina 0,671 0,682

São Paulo 0,758 0,804

BRASIL 0,856 0,872

FONTE: IBGE/IPARDES/out.2009. Nota Técnica Primeiros Resultados do Censo 2006 – Paraná.

Na década de 1970 e 80, programas do governo federal priorizavam a

industrialização dos Estados visando promover o desenvolvimento local e reduzir o fluxo

migratório. Para atender a necessidade de investimentos e de infraestrutura, foram criadas

empresas estatais que, posteriormente, transformaram-se em economias mistas e ou autarquias

paranaenses: Companhia Paranaense de Silos e Armazéns (COPASA); Companhia

Paranaense de Eletricidade (COPEL); Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR);

Companhia de Informática do Paraná (CELEPAR); Companhia de Telecomunicações do

Paraná (TELEPAR); Fundo de Desenvolvimento Educacional (FUNDEPAR); Companhia de

Habitação Paranaense (COHAPAR) e a Companhia de Desenvolvimento do Paraná

(CODEPAR). Essa última era responsável por gerir o Fundo de Desenvolvimento Estadual

(FDE), e se tornou o principal mecanismo de financiamento do desenvolvimento industrial do

Estado (MIGLIORINI, 2006, p. 06).

Nos anos de 1970, tem início um processo de grande crescimento no setor

industrial que, de rudimentar, baseado no processamento de produtos agrícolas e utilizando

tecnologias pouco elaboradas, passa para a diversificação industrial com a instalação de novos

ramos como metal-mecânica, elétrico, papel e papelão, de comunicações, química,

eletrodomésticos, material de transporte e fumo.

57

Nas décadas de 1980 a 2000, mesmo com crise de escala (inflação e planos

econômicos) em nível nacional, o Paraná obteve um significativo crescimento com a

implantação de novos segmentos econômicos voltados para a implantação do setor

automobilístico, na denominada Cidade Industrial, em Curitiba.

O gigantismo do empreendimento quer na estruturação de espaços para as novas

indústrias, na construção de habitações, urbanização, saneamento, energia elétrica e um

complexo sistema viário, oportunizaram a introdução de nova base produtiva, pautada nos

modernos segmentos da metal-mecânica.

A indústria representada pelo setor automobilístico, segundo SESSO FILHO,

MORETTO e outros (2004 pp 89-112), embora tenha iniciado suas atividades ainda na

década de 70, conseguiu sua consolidação na década de 1990, com a abertura comercial da

economia brasileira no governo Collor de Mello.

No ano de 2004, a estrutura do parque industrial paranaense competia em

igualdade com características próximas às de outros centros automotivos nacionais, mas

apresentava, como principal entrave, a falta de tradição de fornecimento, pequeno mercado

consumidor e forte concorrência no setor, dificuldades que foram superadas com incentivos

tributários, exportações e consolidação no mercado interno.

Em 2013, o Paraná ganhou mais duas novas indústrias do setor automotivo: a

montadora norte-americana Paccar inicia a produção dos caminhões DAF em Ponta Grossa e

a japonesa Sumitomo começa a operação da fábrica de pneus em Fazenda Rio Grande, na

região metropolitana. As multinacionais integram o programa do Governo do Estado, “Paraná

Competitivo”.

As novas empresas se somam a Renault, Volkswagen, Volvo, Fiat, Catterpillar,

Nissan, Case New Holland e ao parque de fornecedores e fabricantes de peças, localizado

principalmente em Curitiba e Região Metropolitana. Segundo dados da Associação Nacional

dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o polo automotivo do Paraná responde

por 15,4 % da produção brasileira em 2012. O resultado foi quase quatro pontos percentuais

superiores ao de 2010, quando o Paraná participou com 11,6 % dos veículos fabricados em

todo o país.

O Paraná aparece como o quinto Estado brasileiro que mais tirou proveito do

ambiente propício ao investimento industrial, delineado desde meados dos anos 1990. A

participação do Estado no valor da transformação industrial (VTI) do Brasil cresceu de 5,3%,

em 1996, para 6,5%, em 2004. Porém, aproximadamente 70% da renda industrial do Estado

58

provém do funcionamento das atividades de produtos alimentares, refino de petróleo, material

de transporte, química, papel e celulose. Mais de 70% do valor das importações está centrada

em produtos químicos, material de transporte, máquinas, derivados de petróleo e material

elétrico (LOURENÇO, 2006, apud Trevisan e Lima, 2010, p.1).

QUADRO 7 -PRODUTO INTERNO BRUTO DO BRASIL E PARANÁ A PREÇOS CORRENTES DE

MERCADO – 1995-2010

ANO PRODUTO INTERNO BRUTO

Bilhões/Trilhões

VARIAÇÃO REAL ANUAL

%

Brasil Paraná Brasil Paraná

1995 705.641 40.194 ... ...

1996 843.966 48.199 2,15% 5,36

1997 939.147 53.014 3,38% 1,54

1998 979.276 57.101 0,04% 3,20

1999 1.065.000 63.389 0,25% 0,50

2000 1.179.482 69.131 4,31% 5,38

2001 1.302.135 76.413 1,31% 3,83

2002 1.477.822 88.407 2,66% 1,98

2003 1.699.948 109.459 1,15% 4,47

2004 1.941.498 122.434 5,71% 5,02

2005 2.147.239 126.677 3,16% -0,01

2006 2.369.484 136.615 3,96% 2,01

2007 2.661.345 161.582 6,09% 6,74

2008 3.031.864 179.270 5,16% 4,28

2009 3.031.864 189.269 -0,60% -1,20

2010 3,675.000 220.368 7,5% 8,30

2011 4.143.000 239.366 2,7% 5,39

2012 4.403.000 239.390 0,9% 5,40

FONTE: IBGE/IPARDES – Contas Regionais do Brasil.

Na análise do Quadro 7, fica demonstrado que o PIB do Paraná, no período,

ultrapassa o PIB Nacional, decrescendo posteriormente com exceção nos exercícios de 2003,

2007, 2010, 2011 e 2012, períodos em que fatores climáticos e de preços nas commodities

agrícolas foram afetados no mercado internacional, oportunizando um bom desempenho nas

exportações e aumento na produção dos principais produtos agrícolas. Houve crescimento de

35,59% na produção de trigo, 10,01% na de soja, 21,01% na de milho e 39,88% na de café.

Na cultura da cana-de-açúcar ocorreu uma pequena retração na produção, de -0,05%.

O excelente desempenho da agricultura paranaense foi decorrente dos fatores

climáticos e do aumento de produtividade, sendo o Estado do Paraná, em 2010, líder na

produção nacional de grãos, com uma participação de 21,6%, conforme dados do

Levantamento Sistemático da Produção Agrícola. (Fontes: Ipardes e IBGE).

A política de desenvolvimento urbano e de industrialização foi iniciada e

implantada nos governos de Jaime Lerner, político, arquiteto e urbanista, prefeito de Curitiba

59

por três vezes (1971-75; 1979-84 e 1989-92), em cujos e nos intervalos, foram eleitos seus

Secretários estaduais, dando continuidade aos programas. Foi governador do Paraná por mais

duas vezes (1995-99 e 1999-2003), conseguindo dar continuidade a seu planejamento de

investimentos urbanos de reestruturação viária para a Capital paranaense, ao mesmo tempo

em que recuperava o sistema viário no interior do Estado, em grande parte, via terceirização

de rodovias (BRAVIN, 2001-Dissertação de Mestrado).

Suplantando históricas oligarquias paranaenses, tributo deve ser dado à pessoa

de Jaime Lerner Prefeito (biônico/71) cuja histografia é repleta de obras realizadas, como a

reforma urbana transformadora do calçamento da Rua XV de Novembro, devolvendo, à via, o

nome imperial Rua das Flores, um dos principais cartões postais de Curitiba na época, por se

tratar de uma via exclusiva para pedestres. Isso data de 20 de maio de 1972. Outra importante

obra, que tornou-se modelo para outros estados e países, foi a abertura de vias exclusivas para

os ônibus urbanos (chamados expressos), ocorrida em setembro de 1974, atual Rede Integrada

de Transportes.

O forte apelo à imagem de Curitiba, como cidade modelo, deu-se por meio de um

processo de urbanização, iniciado com a implantação de um novo Plano Diretor em Curitiba,

na década de 1970. O carro chefe da “Era Lerner” sempre foi o plano urbanístico para a

cidade, por exemplo, o processo de transformação da capital paranaense em cidade de ótima

infraestrutura e qualidade de vida. ( DALDEGAN, 2009, p.47 Dissertação-UFPR),

Segundo a autora, (2009, p.55/57), a implantação das vias rápidas dos bairros ao

centro da Cidade e das vias expressas, proporcionou à população maior agilidade no trânsito,

e a descentralização dos órgãos públicos em áreas localizadas de fácil acesso, desafogando o

caótico afunilamento do centro da capital paranaense, além de parques temáticos, conhecidos

mundialmente.

Jaime Lerner possue um histórico político no Paraná, e de realizações

transformadoras no Estado.

Eleito governador do Estado do Paraná, em 1994 e reeleito em 1998, Lerner

promoveu a maior transformação econômica e social da história do Estado. Apoiado

em uma política de atração de investimentos produtivos, o Paraná se consolidou

como polo industrial automotivo e de agroindustrialização do País, contabilizando

investimentos de US$ 20 bilhões entre o período de 1995 a 2001, investindo em uso

do solo, educação, saúde, saneamento, lazer, industrialização, meio ambiente e

transporte coletivo, o qual foi exportado para Seul, e mais 81 cidades. Seus

Programas Sociais, renderam ao Governo do Paraná o prêmio Criança e Paz da

Unicef, para os programas “Da Rua para a Escola”, “Protegendo a Vida” e

“Universidade do Professor” (GALVÃO, 10/2007).

60

O Paraná, mesmo com a industrialização em ritmo crescente, mantém a

agropecuária como principal setor de sua economia. Também o setor de energia cresceu

significativamente utilizando todo o potencial geográfico do Rio Paraná.

A cafeicultura, que é uma das principais atividades agrícolas do Estado, se não

desfruta da mesma grandiosidade de antigamente (o Paraná, sozinho, já chegou a produzir

60% do café de todo o mundo), ainda faz com que o Paraná continue sendo um dos principais

produtores da federação brasileira. A maior área densa reveste a superfície na porção

ocidental de Apucarana, Bandeirantes, Santa Amélia e Jacarezinho.

No que diz respeito à pecuária, o Paraná é um dos principais criadores brasileiros

de bovinos e de suínos, em especial nas regiões central, meridional e oriental do território

estadual. Nos últimos períodos decenais, os rebanhos tanto de bovinos como de suínos

tiveram grande expansão. Como nos demais estados da região Sul, são diferenciados em

território paranaense, o modo como é usado o terreno de formação campestre ou formação

florestal.

A atividade avícola se produz, praticamente, em todas as regiões acompanhando

as áreas onde é produzido o milho, matéria-prima para a ração das aves que são exportadas

para mais de uma dezena de países. Segundo a COASUL, o Paraná, em 2011 era o maior

estado produtor do Brasil. Em 2010, o Paraná também atingiu novo recorde na produção de

frangos chegando, no acumulado do ano, a 1,328 bilhão de aves abatidas, produção 5,6%

maior do que em 2009, quando o abate acumulado foi de 1,257 bilhão de cabeças.

Segundo Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos

Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), o Paraná aloja mais de 110 milhões de aves por

mês, em razão do crescimento do mercado interno e a tendência é que ele se fortaleça cada

vez mais.

A pesca não se expandiu igualmente à pecuária e à agricultura. Em 2007, foram

totalizadas 1.914 toneladas de pescado, no valor de R$ 4.075.350, dos quais 1.096 era

de peixes, 809 toneladas de crustáceos, e 8 toneladas de moluscos.

O subsolo paranaense tem uma grande riqueza mineral. Aí são encontradas

reservas, em quantidades que podem ser consideradas, tais como: areia, argila, calcário,

caulim, dolomita, talco e mármore, sem falar de outras de porte pequeno (baritina, cálcio). A

bacia carbonífera do estado é a terceira em nível nacional, e a de xisto, ocupa o segundo lugar.

61

No que se refere aos minerais metálicos, foram encontrados depósitos

de chumbo, cobre e ferro.

O crescimento ordenado na Região Metropolitana de Curitiba, que conta com 29

municípios, e nas mais importantes Cidades do interior, pelo seu desenvolvimento urbano,

agroindustrial e universitário, dentre outras cidades, concentra 85,3% (8.912.692) da

população na área urbana e apenas 14,7% ( 1.531.834) na zona rural.

No interior do Estado, o município de Ponta Grossa se constitui como polo da

indústria de moagem de cereais e de entroncamento rodoferroviário da América Latina e

centro universitário.

Londrina e Cascavel são os municípios com maior concentração de agroindústrias

(alimentícias e de madeira), com mais de 8000 mil estabelecimentos agropecuários, com

importantes estruturas de entroncamento rodoviário e aéreo, passagem obrigatória para vários

destinos, como os estados de Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso,

portos do litoral e ainda o Paraguai e Argentina e também um grande centro universitário.

Em Telêmaco Borba, a maior unidade industrial do Estado é a Companhia de Papel

do grupo Klabin, instalada no conjunto da Fazenda Monte Alegre, no ramo papel e celulose.

Em Maringá, a agroindústria é representada pela Cooperativa Agroindustrial

Cocamar e centro universitário. O município de Guarapuava é o maior produtor brasileiro de

cevada e possui uma das maiores fábrica de malte da América Latina, a AGRÁRIA,

responsável por vinte por cento da produção nacional e também um dos mais novos centros

universitários do Paraná.

Assim, os municípios citados, contrabalançam a região metropolitana de Curitiba em

termos de desenvolvimento localizado, tornando-se referências regionais no agronegócio.

Nos demais municípios limítrofes, constata-se a dependência econômica com os

entrepostos das grandes cooperativas como a Coamo, Cocamar, Copacol e empresas como a

Seara, Sadia e Bünge, dentre outras, pelos pequenos, médios e grandes produtores rurais, que

não se beneficiam com o preço agregado da industrialização de sua produção agrícola e ou da

pecuária.

2.1.3 O Desenvolvimento do Município de Candói.

Candói era rota das tropas que saíam de Sorocaba/SP, com destino a Viamão/RS e

vice-versa, na qual, pela necessidade de descanso dos animais, acabaram surgindo, na década

de cinquenta, ao longo das trilhas dos tropeiros, os primeiros armazéns de secos e molhados,

62

armarinhos, farmácias, cartório, dando início às trilhas, hoje BR 373 e o início de pequenos

núcleos: Vila Segredo, Lagoa Seca, Cachoeira, Paz, Rio Novo e São Pedro, cuja

empregabilidade era constituída pelos próprios familiares na agricultura de subsistência,

criação de suínos, ovinos e de gado, e na instalação de pequenos comércios, entre outros.

A ocupação e a exploração da região Centro Sul Paranaense foi iniciada no século

XX, com o ciclo do extrativismo da madeira e da erva-mate e o plantio em pequenas áreas,

com vista à produção de alimentos, conduzida pelos nativos e por famílias de pequenos

comerciantes que atendiam aos tropeiros, utilizando o sistema de pouso dada a grande

disponibilidade de térreas férteis, caracterizando-se, até a década de 30, como agricultura de

subsistência.

Como Guarapuava, o município de Candói, tem sua etnia influenciada, em grande

parte, pelos tropeiros oriundos de Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, que usavam

a cidade como rota e chegaram à região já nos primórdios de sua colonização. Os tropeiros

eram descendentes de europeus ibéricos (portugueses e hispânicos).

Sua industrialização teve início em 1959, na região do núcleo de Vila Segredo,

enquanto distrito de Guarapuava quando foi instalada uma fábrica de papel e celulose – a

Companhia norte-americana Lutcher S/A. era uma empresa organizada para participar em

operações de serração de madeira e da transformação de pasta de papel, sob a presidência de

F. Lutcher Browne, acionista majoritário que obteve a concessão do governo brasileiro para

explorar o potencial hidráulico denominado PCH Barra, para uso exclusivo, por força do

decreto n- 47.226, de 13 de novembro de 1959, e renovável para 30 anos.

A empresa começou a desbravar o local para a instalação da fábrica de pasta de

celulose, exploração do potencial hidráulico para gerar a energia consumida na fábrica, um

aeroporto, e ainda uma grande área residencial para os funcionários, tudo isso a alguns metros

do Rio Jordão.

A vila residencial abrigava 1.200 empregados diretos e a Vila de Segredo, em

função dessa atividade, chegou a atingir o número de 3.500 habitantes. Em dezembro de

1965, a empresa faliu, causando um forte impacto na economia local (Distrito de Candói e

Paz e a localidade de Jordão), motivando o desemprego massivo dos núcleos rurais ou vilas.

A Empresa Lutcher, foi adquirida pelo Grupo Montreal Empreendimentos S/A e

passou a denominar-se Morro Verde S/A, dando início ao fabrico de hipoclorito de sódio,

celulose e papel.

63

Pela Resolução No. 78, de 16 de março de 2001, da ANEEL, a Empresa Morro

Verde S/A transfere a concessão do potencial hidráulico denominado PCH Barra para a

Empresa Trombini Papel e Embalagens S/A, incorporando esta, em definitivo, a Empresa

Morro Verde S/A que estava desativada.

FOTO 1 – INDÚSTRIA LUTCHER S/A.

FONTE: Paraná.blog/2011.

Em 1977, surgem os primeiros trabalhos de engenharia relativos à construção da

Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, denominada hidrelétrica de Segredo

ou Salto Segredo, próximo ao local da Fábrica Trombini (antiga Morro Verde S.A.).

A Hidrelétrica de propriedade da COPEL está localizada no rio Iguaçu, a 2 km da

montante da foz do rio Jordão, no Município de Mangueirinha. Após o Relatório de Impacto

Ambiental (RIMA), o primeiro do Brasil, aprovado em 1987, foi iniciada sua construção que

se estendeu até 1991, sendo inaugurada em 1992.

Nesse período de 1977 a 1991, foi retomado o crescimento das Vilas Jordão e

Rondinha e do município de Mangueirinha, com a vinda da mão de obra especializada, além

da ocupação dos empregados remanescentes da Empresa Morro Verde S/A, para a construção

da hidrelétrica.

64

A construção do complexo da hidrelétrica incluiu a construção de vilas

residenciais para 3.000 funcionários graduados, técnicos e operários, bem como a construção

de hotel, supermercado, aeroporto, escolas, quadras de esporte, e clubes para seus

funcionários.

Segundo o SINTRAPAV – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da

Construção Pesada no Estado do Paraná, em março de 1990, com a deflagração de greve, três

mil trabalhadores da barragem da Usina Hidrelétrica de Salto Segredo, atual Hidrelétrica

Governador Ney Aminthas de Barros Braga, pararam de trabalhar.

Com o término da obra, novamente houve um grande decréscimo na oferta de

emprego local e, em consequência, redução na população nos Distritos, Núcleos residenciais e

nos municípios limítrofes.

Atualmente, o grande complexo da vila residencial da hidrelétrica é ocupado

parcialmente por servidores públicos da Copel, e das Prefeituras de Foz do Jordão,

Mangueirinha e Reserva do Iguaçu.

FOTO 2 – HIDRELÉTRICA GOVERNADOR NEY AMINTHAS DE BARROS BRAGA

Fonte: COPEL/Pr.

A Copel, visando atender às necessidades da população de baixa renda distribuiu,

ao longo dos anos, inúmeras casas dos operários da hidrelétrica aos municípios vizinhos.

65

Outra indústria existente no Distrito de Candói, na localidade de Santa Clara, é a

Empresa de Celulose Borsany e Cury Ltda, que estava desativada e, em 1991, foi adquirida

pela Empresa Santa Clara Indústria de Papeis e Embalagens, com sede no município de Ivaí.

Hoje é um complexo industrial composto por duas unidades de papel reciclado

(Candói e Ivaí) e uma de embalagens (Ivaí), que opera recuperando toda água utilizada no

processo fabril e gerando praticamente toda energia utilizada no processo produtivo.

Os distritos de Candói e de Paz e, principalmente, o núcleo de Jordão eram as

localidades que possuíam a maior densidade demográfica rural, com escola estadual, utilizada

também pelo Município de Guarapuava. Os demais núcleos rurais em importância são: Lagoa

Seca, São Pedro, Rio Novo, Paz e Cachoeira, além de outros pequenos núcleos rurais e

assentamentos realizados pelo INCRA.

FOTO 3 – EMPRESA SANTA CLARA INDÚSTRIA DE PAPEL E CELULOSE.

FONTE: CONSILIU – Projetos e Consultoria Ltda.

O município de Candói, instalado em 1º de janeiro de 1993, em um posto de saúde

de 30m2, com uma mesa e seis cadeiras, o Poder Executivo, representado pelo Prefeito eleito

Elias Farah Neto, em reunião com os colaboradores, professores universitários da

UNICENTRO, dentre eles o Autor, e representantes do Prefeito e Vice-Prefeito, deram início

à elaboração de um rol de necessidades em torno de aproximadamente 163 metas a serem

desenvolvidas no primeiro ano de mandato.

66

Destaca-se que o município-mãe Guarapuava, retirou todas as máquinas

rodoviárias e veículos da saúde, móveis e equipamentos existentes. Assim, a equipe de

colaboradores, como meta inicial, deveria tomar conhecimento da realidade do novo

município, suas necessidades e priorizar os trabalhos a serem desencadeados de imediato.

Nos primeiros anos de gestão de municípios instalados, falar em desenvolvimento

é algo impensável, devido à inexistência de um planejamento adequado para a realidade local.

Sem o conhecimento do potencial econômico de seu território, sem infraestrutura, e parcos

recursos, o novo gestor do ente federativo torna-se, segundo ditado popular, um “bombeiro”,

cujo trabalho resume-se em “apagar incêndio” em início de mandato.

Em seu histórico de políticas públicas, o exercício de 1993 constituiu-se na

elaboração de planejamento administrativo para atendimento das necessidades imediatas e

estruturação dos procedimentos burocráticos, como a elaboração de Decretos e Portarias, a

implantação de estrutura financeira na abertura de contas nos bancos em Guarapuava, para

receber os repasses intergovernamentais de ICMS e FPM, da Saúde e Assistência Social e o

início do ano letivo da Educação, cujo quadro de profissionais era formado por professores

concursados por Guarapuava e realização de Teste Seletivo, para compor o seu quadro de

pessoal.

Os Projetos da LOA – Lei do Orçamento Anual, LDO – Lei de Diretrizes

Orçamentárias, o PPA – Plano Plurianual de 1994 a 1997, o Projeto de Lei da Estrutura

Organizacional e o Projeto de Lei de Cargos e Salários, já tinham sido elaborados por este

Autor, e entregues no dia da posse à Mesa da Câmara Municipal de Candói, os quais,

posteriormente, foram aprovados, homologados e sancionados.

O PPA – Plano Plurianual de 1994/97, a LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias e

a LOA – Lei do Orçamento Anual do Município de Candói constituíram-se nos primeiros

programas norteadores de políticas públicas da administração municipal. Mesmo dentro das

condições limitadas da época, foram traçados objetivos e metas de despesas de custeio e de

capital para a realização dos projetos e atividades ao longo dos 4 anos da primeira gestão,

dentro dos objetivos propostos em campanha eleitoral.

Os objetivos e Metas do PPA, para os períodos de 1994/97, trouxeram, para a

população, uma expectativa de que a gestão estava ciente das dificuldades e que a

transformação das carências a serem enfrentadas ao longo dos anos seria atendida

gradualmente, vista a necessidade de recursos humanos, de infraestrutura e de recursos

financeiros nos primeiros anos de gestão.

67

A primeira campanha municipal, realizada ainda no início de 1993, foi junto aos

empresários e produtores rurais na jurisdição do novo município, motivando-os para

contribuírem com a política de arrecadação, substituindo seus blocos de notas fiscais de venda

e serviços e do produtor rural cuja inscrição ainda constava como pertencentes ao município

de Guarapuava, para a inscrição do novo Município de Candói. Dessa forma, as receitas

seriam contabilizadas pelo governo do Estado e Federal, para o Município.

A receita do ICMS é fundamental na composição financeira. Por isso, intensos

trabalhos foram desenvolvidos junto ao comércio local, ao comércio de cereais, postos de

cooperativas existentes e, especialmente, junto ao produtor rural. Com base no Relatório do

ITR, os proprietários rurais foram identificados e notificados para receberem gratuitamente os

novos blocos de Notas Fiscais de Produtor Rural, em substituição aos existentes, com o

código de origem de Guarapuava.

O Plano Plurianual de 1994 a 1997, do Município de Candói – Gestão Elias Farah

Neto - aprovado pela Lei No 003/93, foi elaborado com base em Macro Objetivo, a saber:

I. Modernização Administrativa;

II. Ampliação da Base Econômica;

III. Elevação dos Padrões de Vida da População;

IV. Estruturação para o Desenvolvimento.

Dentre os projetos propostos não consta nenhum projeto específico para a geração

de emprego a não ser o do Teste Seletivo para a Prefeitura e Câmara Municipal, para o

período de 4 anos. Destacam-se, no PPA 1994/97, as obras a serem realizadas pela Prefeitura

Municipal como a construção, no prazo de noventa dias da Prefeitura Municipal, tendo em

vista a existência de apenas um posto de saúde de 30m2, e a adequação das estradas rurais.

Para o desenvolvimento das atividades foram realizadas locações de imóveis para as

Secretarias de Educação, Saúde e Promoção Social.

Com a realização do Teste Seletivo, a estrutura organizacional da Prefeitura foi

implantada, dando-se prioridade à organização da Secretaria de Educação, listando e alocando

o quadro de professores existentes nas escolas rurais para atender o início das aulas a partir de

15 de fevereiro; a contratação de transporte escolar; a estruturação da Secretaria de Saúde; e

aquisição de materiais e produtos para atendimento das necessidades das Secretarias da

Prefeitura Municipal.

68

Estabelecidas às condições de funcionamento, foi priorizada também a

recuperação de estradas rurais, dentro das possibilidades, em vista da existência de

aproximadamente 2000 km de estradas rurais, sendo necessária a aquisição e locação de

máquinas rodoviárias e de transporte escolar no primeiro ano de Governo.

Nos exercícios subsequentes, foram priorizados atendimentos essenciais à área

rural na construção de tanques para criação de peixes; na instalação de empresa de laticínio

para processamento da produção de leite; na implantação de patrulhas rurais; na aquisição e

locação de equipamentos rodoviários para manutenção das estradas rurais, viabilizando o

escoamento das safras agrícolas; e, também, nas demais áreas como a instalação gradual de

iluminação pública em ruas da sede, nos núcleos urbanos e no Alagado; a aquisição de

ambulância, veículos e móveis e equipamentos para as Secretarias, ações que foram

consolidadas na primeira gestão.

PROJETOS - PPA 1994-97 – Lei 003/93 - Gestão ELIAS FARAH NETO

PROPOSTAS

Criar condições para o desenvolvimento socioeconômico do Município, inclusive com o aproveitamento de

mão de obra gerando, assim, emprego.

Construção do Paço Municipal.

Construção de Centros de Abastecimentos Comunitários.

Manter e recuperar as estradas rurais cascalhadas.

Distribuição de alevinos.

Aquisição de matrizes de aves, suínos, bovinos, ovino, etc.

Construção de Escola Ormi França Araujo.

Construção do Centro Cultural Municipal.

Construção de Centros Comunitários.

Construção de quadras poliesportivas.

Construção de Estádio Municipal.

Construção de Ginásio de Esportes.

Construção de Rodoviária Municipal.

Construção de duas Vilas Rurais.

Realizar saneamento em ruas da cidade e jurisdições administrativas.

Instalar sistema de tratamento de esgoto em Candói, Lagoa Seca, Paz, Cachoeira, São Pedro e Rio Novo.

Implantação de rede de abastecimento de água.

Execução de eletrificação urbana e rural em convênio com a Copel.

Incentivar o Turismo local.

Construção do Centro de Saúde da Sede.

Construção de Capelas mortuárias nas jurisdições administrativas.

Em primeira análise, constata-se que vários projetos inseridos na primeira gestão e

que devido aos elevados investimentos em infraestrutura dependiam de financiamento via

69

convênios estadual e federal, não foram executados, passando para a segunda gestão o desafio

de realizá-los, visto se tratar do mesmo grupo político.

O segundo Prefeito de Candói, Waltzer Donini, fazendeiro e ex-Secretário de

Planejamento de Guarapuava e, posteriormente, Secretário Municipal de Planejamento na

gestão de Elias Farah Neto, manteve a continuidade das obras na área urbana e buscou

promover maior responsabilidade entre os Secretários, sem intervenção de familiares na

gestão, delegando-lhes responsabilidades pela execução das políticas públicas a serem

desenvolvidas.

Nos dois períodos de gestão, várias obras foram realizadas e inúmeros empregos

foram ofertados pelo setor econômico de serviços e construção civil, mas executadas por

empresas vencedoras das licitações de outras cidades. Assim os resultados estatísticos do

CAGED, não apresentam um resultado satisfatório na análise da geração de emprego e renda

à população local.

Os Programas do PPA, 1998-2001, seguiram os mesmos padrões anteriores,

listando os projetos de construção a serem realizados, com fornecimento de mão de obra local

às empresas, de outras cidades, vencedoras dos certames licitatórios.

PROJETOS - PPA 1998-2001 – Lei 199/97 - Gestão WALTZER DONINI

PROPOSTAS

Criar condições para o desenvolvimento socioeconômico do Município, inclusive com o aproveitamento de

mão de obra para geração de emprego.

Aquisição de maquinário agrícola

Manter e recuperar as estradas rurais cascalhadas

Construção da Escola Ormi França Araujo

Construção de Centro Cultural Municipal

Construção de Centros Comunitários

Construção de quadras poliesportivas

Construção de Estádio Municipal

Construção de Ginásio de Esportes

Construção de Rodoviária Municipal

Realizar saneamento em ruas da cidade e jurisdições administrativas

Construir e instalar sistemas de tratamento de esgoto na cidade de Candói, Lagoa Seca, Paz, Cachoeira, São

Pedro e Rio Novo.

Realizar convênio com a Sanepar para canalização e implantação de rede de abastecimento de água.

Celebrar contrato para execução de eletrificação urbana e rural em convênio com a Copel ou em mutirão.

Incentivar o Turismo local.

Com o retorno de Elias Farah Neto, na terceira gestão do município, o PPA de

2002 a 2005, aprovado pela Lei No

456/2001, procurou identificar, na própria Lei, as

atribuições e os objetivos a serem alcançados pelas Secretarias Municipais, bem como

70

priorizou o atendimento ao produtor rural, a compra de máquinas rodoviárias e agrícolas,

veículos, ônibus escolar, a execução do Plano Diretor e estrutura urbana, asfaltando ruas da

Sede do município e construção de Centros Comunitários em várias comunidades rurais.

A política de geração de emprego e renda estava voltada ao pequeno produtor

rural, pelo que se observa no PPA 2002/2005, e no aproveitamento de mão de obra local nos

investimentos públicos.

Dentre os projetos voltados à geração de emprego e renda e/ou a fixação do

homem no campo, as principais políticas públicas em investimentos, no período, pautaram-se,

como nas anteriores, na construção da estrutura urbana e nos núcleos rurais. A inovação foi a

Festa do Charque, cujo objetivo principal foi promover o Turismo e divulgar o Município na

mídia estadual, obtendo sucesso na iniciativa.

PROJETO PPA 2002 a 2005 –Lei 456/2001 - Gestão ELIAS FARAH NETO

PROPOSTAS

Construção do Paço Municipal

Construção do Almoxarifado Central

Construção de garagem para a frota municipal

Promover o comércio dos produtos agropecuários

do Município: Construção do mercado do

produtor; construção da Casa do Mel; Aquisição

de equipamentos para a casa do mel; promoção da

feira do Produtor Rural.

Promover o apoio ao pequeno e miniprodutor

rural através de patrulhas mecanizadas: aquisição

de máquinas e implementos agrícolas;

distribuidor de calcário; distribuidor de sementes

e adubos; batedor de feijão, debulhador de milho

e carreta agrícola.

Aquisição e distribuição de calcário; Execução de

10 horas máquinas para mini produtor, serviços

de infraestruturas; terraceamento; enleiramento de

pedra; terraplenagem; abertura de estradas.

Aquisição de distribuidores de dejetos suínos;

Construção e povoamento de tanques de peixes;

Aquisição de veículo tanque para distribuição de

alevinos;

Construção de módulos sanitários;

Aquisição de Patrulha mecanizada;

Readequação de estradas rurais nos

assentamentos;

Aquisição de fumigadores e formicidas;

Aquisição de trator e pulverizador atomizador;

Construção de estufas-modelo capela;

Implantação do Centro de Fisioterapia;

Apoiar as Associações de Mulheres na aquisição

de equipamentos diversos;

Construção do centro de Convivência dos Idosos;

Construção da Secretaria de Promoção Social;

Implantação do Centro para orientação,

manipulação e embalagem de plantas medicinais;

Construção do Centro Múltiplo (boia fria);

Construção da casa do Colono e Artesanato;

Construção de Centros Comunitários;

Construção da Rodoviária Municipal;

Construção de abrigos na zona urbana e rural;

Construção de Terminal de passageiros na Paz e

Lagoa Seca;

Construção de Aeroporto;

Construção de Cais no Alagado;

Construção de Oficina Mecânica;

Propiciar à população de baixa renda a

possibilidade de construir a casa própria, através

do loteamento popular; Firmar convênio para a

construção de Casas Populares; Criação da

Companhia Municipal de Habitação e Urbanismo

em convênio com a CAIXA para o programa

VERDE TETO.

Promover o asfaltamento nas principais vias

urbanas e ampliação da rede de iluminação

pública;

Construção de passarelas e viadutos;

Construção de parques de lazer coletivos;

Conservação de estradas rurais e urbanas;

71

Fomento à pecuária leiteira, com inseminação

artificial, melhorias de pastagens; aquisição e

distribuição de novilhas ao pequeno produtor

rural;

Atendimento à suinocultura; aves e apicultura.

Fomento à agroindústria: Implantação de

indústrias de transformação de produtos

agropecuários;

Implantação de moinhos para beneficiamento de

milho e arroz;

Implantação de secadores de cereais

comunitários;

Implantação de Vilas Rurais;

Implantação de Viveiro Municipal;

Reativação do Centro de Produção Animal, com

aquisição de matrizes de diversos animais;

Na Educação: Aquisição de terrenos e construção

de escolas.

Construção de quadras poliesportivas nos

assentamentos por meio de convênios.

Na área de saúde: construção do Centro de Saúde

na Sede; aquisição de ambulância; Construção de

módulos sanitários.

Construção de usina de asfalto e fábrica de

manilhas;

Calçamento poliédrico;

Reforma e ampliação dos cemitérios municipais;

Construir ou viabilizar a rede coletora, a estação

elevatória e a estação de tratamento de esgoto;

Na área do Turismo: promoção e organização da

Festa Nacional do Charque; Construção da Casa

do Charque; Construção de estruturas físicas nas

fontes de águas minerais; implantação de

complexo turístico no Alagado do Iguaçu;

Na área de Saneamento: construção de barracão

para reciclagem do lixo; instalação de lixeiras nas

vias públicas; Aquisição de caminhão limpa

fossa;

Aquisição de área de terra para ampliação do

Distrito Industrial de Paz, Cachoeira e Lagoa

Seca.

A quarta gestão do município de Candói foi oportunizada para Mauricio Mendes

Araújo, candidato único, visto que o Prefeito Elias Farah Neto não lançou nenhum candidato

para o pleito, e aguardou para se lançar candidato na próxima gestão 2008/2011, da qual foi

vencedor, sem a participação de Maurício Mendes Araújo como candidato.

As políticas públicas de geração de emprego e renda, desenvolvidas na gestão do

Prefeito Maurício Mendes Araújo, também focaram a realização das obras a serem realizadas

e as prioridades de atividades voltadas ao apoio do produtor rural, bem como tendo ampliado

a atuação na Educação e na Saúde, via Convênios com o terceiro setor.

PROJETO PPA 2006 a 2009–Lei623/2005 - Gestão MAURICIO MENDES ARAÚJO

PROPOSTAS

Construção, reforma e ampliação de Escolas com recursos do salário educação.

Aquisição de terreno e construção de escola na Comunidade Três Palmeiras;

Contratação de serviços terceirizados do transporte escolar;

Construção do Centro Municipal de Educação Infantil;

Construção de Almoxarifado da Secretaria de Educação;

Ampliação do Centro de Eventos;

Construção da Casa da Cultura;

Construção de Ginásio Poliesportivo;

Implantação de consultórios odontológicos;

Construção do Centro de Saúde;

72

Construção de Unidades Básicas de Saúde;

Construção de Unidades de Captação de água nas comunidades rurais, por meio de convênio;

Ampliação da rede de abastecimento, por meio de convênio;

Construção de sistema de esgoto por meio de convênio;

Construção de módulos sanitários por meio de convênios;

Construção do Centro de Convivência do Idoso por meio de convênio;

Construção da Casa do Artesão;

Construção de uma panificadora municipal;

Construção de sala para implantação da Brinquedoteca;

Pavimentação asfáltica de vias urbanas, por meio de convênios

Elaboração e implantação do Plano Diretor;

Pavimentação asfáltica de vias urbanas por meio de operações de crédito;

Construção das dependências da Oficina Mecânica;

Construção de abrigo para profissionais autônomos – transporte de carga.

Execução de calçamento com pedras poliédricas;

Implantação do Projeto Bovinocultura de Leite;

Implantação do projeto suinocultura;

Implantação do projeto avicultura;

Implantação de projetos de apicultura, cunicultura, caprinos cultura e ovinocultura;

Manutenção da usina de leite;

Apoio ao produtor rural na análise do solo, aquisição de insumos; mecanização e transporte da produção;

Fornecimento de mudas para implantação de projetos da erva-mate; olericultura, fruticultura, cana de

açúcar, reflorestamento, e plantas medicinais;

Capacitação da família rural por meio de cursos e excursões para conhecimento de novas técnicas;

Aquisição de implementos agrícolas para as associações de produtores rurais, mediante concessão de uso.

Assim como nas demais gestões, não existem relatórios sobre os resultados

obtidos.

Para a gestão 2008/2011, o pleito eleitoral foi vencido novamente por Elias Farah

Neto e o PPA se constituiu em um rol de projetos e atividades, agora enquadradas dentro das

normas exigidas pelo MPOG – Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Entretanto,

não existindo relatório de gestão dos resultados obtidos.

Em razão da falta de relatórios sobre os investimentos realizados em obras na

infraestrutura, construções de imóveis, veículos e equipamentos para a agricultura e pecuárias,

pesquisas realizadas no Portal Transparência Brasil, constata-se a existência de Convênios

junto ao Governo Federal e Estadual, que foram utilizados como referências para os objetivos

e metas propostas no PPA do Município ao longo do período.

O que se observa nos Planos Plurianuais desde 1993 é a preocupação das gestões

da Prefeitura Municipal de Candói, em estruturar o município com obras urbanas e na

construção de imóveis necessários ao atendimento da população, bem como na busca por

recursos federais de apoio ao pequeno produtor rural, por meio de Convênios, oportunizando

a aquisição de equipamentos aos Assentamentos rurais e Associações Rurais.

73

FOTO 4 - SEDE DO MUNICÍPIO DE CANDÓI 2013.

FONTE: Prefeitura Municipal de Candói (2013).

O Município possui, além da Sede, cinco núcleos urbanos: Cachoeira, Paz, Lagoa

Seca, Rio Novo e São Pedro, todos definidos como área de jurisdição administrativa, pela Lei

150/97 de 25/03/97 e contida no plano de uso e ocupação do solo, além de Assentamentos de

“Sem Terra”.

As BRs. 373 e 277 cortam o município numa extensão de 96 km. A extensão de

estradas rurais é de, aproximadamente, 2.000km.

Em sua área territorial, o Município de Candói, possui extensas áreas alagadas,

proveniente da Construção da Represa de Salto Santiago, e das hidrelétricas Santa Clara e

Fundão I e II, constituindo-se em ponto turístico para a pesca do Lambari, da Traíra, do

Pintado e da Tilápia, além da Cachoeira de Igrejinha, Salto Curucaca, Cascata das Noivas, e

de águas sulforosas, localizadas em Águas de Santa Clara, Águas do Rio da Laje, Águas do

Capão Redondo, Águas do Barreiro, Águas de Igrejinha, entre outras.

O Município de Candói tem seu perfil econômico centrado no setor primário, com

lavoura temporária de soja, milho, trigo, feijão e cevada, e na pecuária com a criação de

animais de corte que são vendidos às grandes agroindústrias do Paraná e São Paulo, bem

74

como para exportação, além de manter uma importante pecuária leiteira, base para a

manutenção de pequenos proprietários de terras.

MAPA 2. LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO NO PARANÁ

FONTE: IPARDES.- Cadernos Municipais 2013.

A representatividade do município de Candói, em quantidade de propriedades

frente ao Estado do Paraná é mínima, assim como os demais municípios com até 15.000

habitantes.

Possuindo 13,3% (259) dos estabelecimentos rurais com mais de 100 ha e 86,7%

(1.521) estabelecimentos, com área menor que 100 ha, se comparado com o município de

Guarapuava que possui 17,6% (547) estabelecimentos com mais de 100 ha e 82,4% (2.563)

com menos de 100 ha, verifica-se que o município de Candói possui as mesmas características

agropecuárias de pequenos minifúndios voltados à pecuária leiteira e plantação de

subsistência.

Apesar de os grandes produtores possuírem uma agricultura altamente mecanizada

para a soja, milho, trigo e cevada, o município possui uma diversificação de produtos que

requer um elevado número de mão de obra em seu plantio, como é o caso da batata, feijão,

75

laranja, tomate, bem como na colheita de laranjas e no beneficiamento para transporte, aos

grandes centros, principalmente o mercado de São Paulo.

TABELA 5 – ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS, SEGUNDO A ATIVIDADE ECONÔMICA

– 2006

ESTABELECIMENTOS PARANÁ CANDÓI %

Lavoura Temporária 168.548 992 0,59

Horticultura e floricultura 16.966 93 0,55

Lavoura permanente 24.154 24 0,10

Produção de Sementes e mudas 259 8 3,09

Pecuária e criação de outros animais 151.543 654 0,43

Produção florestal – florestas plantadas 6.076 8 0,13

Produção florestal – florestas nativas 2.377 - -

Pesca 176 1 0,57

Aquicultura 964 - -

TOTAL 371.063 1.780 0,48

FONTE: IBGE – Produção Agrícola Municipal.

Sua produção agrícola está centrada nos produtos de grande aceitação no mercado

interno como no externo, produzidos, em sua maioria, em propriedades com mais de 100

alqueires, com exceções nas propriedades em que se cultiva laranja (Assentamentos), feijão,

mandioca, batata inglesa, entre outras.

QUADRO 8 - PRINCIPAIS PRODUTOS AGRÍCOLAS - CANDÓI - 1999- 2012

PRODUTOS (Ton) 1999 2006 2010 2012

Batata Inglesa 26.130 23.115 32.881 33.133

Cevada 9.950 17.146 20.800 24.640

Feijão 2.910 5.280 6.260 3.575

Laranja - 420 1.200 1.460

Mandioca 2.145 2.210 2.760 2.640

Milho 97.900 114.470 145.140 130.140

Soja 68.340 80.416 108.014 100.980

Trigo 10.890 16.170 31.310 28.355

Aveia 2.230 4.185 1.610 1.456

Triticale - 5.052 1.715 1.320

FONTE: IBGE – Produção Agrícola Municipal. Nota: Ipardes: 2010/2012.

O volume de produção dos principais produtos a partir de sua instalação, em

1993, evoluiu sobremaneira nas grandes propriedades, em razão dos preços das commodities

e linhas de créditos. Os principais produtores do município seguem as regras das Cooperativas

a que estão associados, visto que as mesmas atendem a “negociabilidade global” das

commodities, reduzindo ou aumentando a produção.

Nas pequenas propriedades, a produção é diversificada: abacate, alho, amendoim,

arroz, banana, batata-doce, cana-de-açúcar, cebola, fumo em folha, limão, manga, maracujá,

pêssego, tangerina, tomate, uva, flores, e hortaliças, para consumo ou venda nas feiras e

fornecimento à Prefeitura Municipal, pelo Programa Compra Direta do governo federal.

76

Registre-se na produção agrícola, a inovação, no município, que vem sendo

realizada pela Empresa A.G. Teixeira Produtos Agrícolas, no plantio da Canola que,

juntamente com os municípios de Cascavel e Mangueirinha, representam 41% da produção

paranaense.

Quanto à produção de laranja em Candói, estudo monográfico realizado em 2011,

pelo acadêmico Alex Sandro Schiavini (UNICENTRO), verificou que a produção de laranja

tem como destino principal o município de Paranavaí (45,2%); o estado do Rio Grande do

Sul (25,8%); o próprio município (22,6%) e municípios vizinhos (6,4%). As plantações de

laranja estão localizadas no assentamento de PC Ilhéus, que possui uma indústria de suco de

laranja (caseira artesanal) e Matas do Cavernoso.

A produção agrícola no Candói, segundo dados de 2006 do IBGE, é proveniente

de 1.780 unidades individuais rurais que cultivam 98.132 hectares no município. Destas, 60

são unidades em condomínio que cultivam 3.260 hectares e 11 unidades de Cooperativas que

cultivam 1.190 hectares.

A Pecuária

Assim, como o restante do País, o Estado do Paraná apresenta uma pecuária

extensiva, possuindo uma variedade de solos e clima que propiciam a implantação de diversas

pastagens de qualidade, a criação e adaptação de diferentes espécies bovinas e seus

cruzamentos. Os bovinos da raça nelore e anelorados compõem aproximadamente 70% do

rebanho de bovinos no Brasil e também no Paraná, onde a raça adaptou-se perfeitamente ao

clima subtropical.

No Candói, pecuaristas criam gados de diversas raças, dentre elas: Canchim,

Nelore, Charolesa, Simental, Limousin, Guzerá e Caracu, em razão do aquecimento do

mercado externo.

A criação de gado de raça para corte teve um aumento de 60,2% no período de

1993 a 2012, em detrimentos de outros rebanhos.

A redução de rebanhos de equinos, ovinos, caprinos e suínos, deu lugar às

pastagens para os rebanhos bovinos de corte e de leite, em razão do preço no mercado interno

e da demanda pelo produto no mercado internacional.

Com a criação da CONCAN, novas oportunidades de negócios com a venda de

sêmem de raças selecionadas de bovinos irão a futuro próximo, gerar uma nova fonte de renda

e melhoria genética bovina local.

77

TABELA 6 – EFETIVO DE PECUÁRIA E AVES – CANDÓI – 1993/ 2012

EFETIVOS

NÚMERO

1993 2010 2012 1993/2012 %

Rebanho de bovinos

Rebanho de equinos

Galináceos

Rebanho de ovinos

Rebanho de suínos

Rebanho de bulalinos

Rebanho de caprinos

Rebanho de muares

Rebanho de vacas ordenhadas

41.200

4.800

80.000

21.500

17.500

250

8.500

1.500

3.700

61.500

2.250

71.400

4.600

14.800

40

1.320

140

5.872

66.833

2.663

73.981

5.126

15.427

32

1.356

139

5.920

62,2

-44,5

-7,5

-76,2

-11,8

-87,2

-84,0

-90,7

60,0

Fonte: PPM/IBGE 1993-2012.

A produção de leite, mel e ovos de galinha, constituem-se em uma nova fonte de

renda, em sua maioria em pequenos estabelecimentos rurais, incentivadas por programas

governamentais na aquisição de suplementos, equipamentos e veículos, e treinamento nas

Associações visando à melhoria na qualidade dos produtos e certificação para o mercado

consumidor.

TABELA 7 – PRODUÇÃO ALTERNATIVA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS DO

CANDÓI.

ESPECIFICAÇÃO 1993 2012 %

Leite (1000L) 1.998 8.553 328,1

Ovos de Galinha (1000dz) 147 97 - 34,0

Mel de abelha (kg) - 7.738 -

FONTE: IBGE.

O Setor Secundário, representado pelas indústrias, tem como principal produto a

geração de energia elétrica, produzida pelas hidrelétricas e termoelétricas existentes ou

compartilhadas, na Indústria de Papel e Celulose e dos derivados do leite, com a Indústria de

Lacticínios Azurra Ltda.

O Setor Terciário, representado pelos setores de comércio e serviços, apresenta

uma grande rotatividade de empresas instaladas, com características familiares, concentradas

na sede do município, com pequenas variáveis na geração de emprego.

O VA – Valor Adicionado dos setores econômicos constituem-se de fundamental

importância para análise do resultado da capacidade produtiva e financeira do Estado e do

Município, visto o retorno de parte desses valores em transferências intragovernamentais,

como é o caso do FPM e ICMS.

Conceitua-se “valor adicionado” à operação da receita de venda, deduzido dos

custos dos recursos adquiridos de terceiros como: matéria-prima, mercadorias para revenda,

78

serviços de terceiros, energia elétrica, enfim todos os insumos adquiridos de terceiros e

consumidos durante o processo operacional.

Ter informações sobre a conduta operacional, econômica e financeira das

empresas é um fator primordial para a gestão governamental, seja municipal, estadual ou

federal, principalmente no que se refere à alocação dos escassos recursos. O instrumento já

existe: a Contabilidade. Por meio da identificação, mensuração e divulgação dessas referidas

informações, a Contabilidade pode contribuir muito com o governo e com a sociedade em

geral, na busca de soluções para os emergentes e crescentes problemas sociais, principalmente

no Brasil, país em desenvolvimento, com notória carência de recursos financeiros

(essenciasobreformas.com.br/mar.2014).

Os dados dos setores econômicos que compõem o Valor Adicionado do município

de Candói evidenciam os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pelas

empresas em determinado período e sua respectiva distribuição.

TABELA 8 – VALOR ADICIONADO COMPARATIVO DO MUNICÍPIO DE CANDÓI E ESTADO DO

PARANÁ ANO BASE 1997 – 2011.

ANO VALOR ADICIONADO TOTAL DO

MUNICÍPÍO DE CANDÓI

VALOR ADICIONADO TOTAL DO

ESTADO DO PARANÁ

%

1997 104.103.389 31.094.887.933 0,33

1998 84.664.444 32.619.517.541 0,26

1999 102.915.684 38.967.500.217 0,26

2000 117.791.827 45.745.050.487 0,26

2001 208.357.733 57.912.339.384 0,36

2002 178.427.996 68.063.735.487 0,26

2003 219.504.356 79.974.619.321 0,27

2004 237.384.740 94.928.235.119 0,25

2005 224.857.645 95.827.124.080 0,23

2006 249.922.177 100.394.090.370 0,25

2007 290.438.439 113.435.687.390 0,26

2008 325.676.307 131.226.654.289 0,25

2009 347.534.205 134.119.273.186 0,26

2010 379.883.195 155.582.507.180 0,24

2011 414.065.041 185.606.933.478 0,22

FONTE: www.sefanet.pr.gov.br/FPM_DFC. Adaptada pelo Autor.

Os dados foram disponibilizados pelo sistema CELEPAR/Pr., referentes ao

período de 1997 a 2011, em 12 de agosto de 2013, com base nas informações processadas

pelas DFCs, que irão determinar o volume de recursos que o Município receberá na

composição do FPM – Fundo de Participação Municipal.

2.2 - Desenvolvimento Social

Dentre os inúmeros conceitos sobre desenvolvimento, como políticas públicas,

destaca-se a capacidade de livremente escolher e optar a melhor distribuição de renda, plena

79

democracia, saúde e educação, enfim acessibilidade. Sem desenvolvimento social

concomitante nunca haverá desenvolvimento econômico satisfatório (Aucélio Gusmão,

Unimed, 2007,p.2).

Hoje, apesar de já ter sido assegurado o direito social no nível legal tem à margem

do Estado de Bem-Estar Social grande parte da população brasileira. As políticas passam a ser

seletivas e focalizadas, afastando-se dos princípios da cidadania. Assim, estamos longe da

superação dos elementos tradicionais de nossa cultura política que marcam as políticas sociais

como o paternalismo, o autoritarismo, ao clientelismo (VIANNA 1988, Revista Presença no

11.jan.RJ).

Linhares (2000, p. 83) considera que:

A política está referida a polis, ou seja, aos exercícios de poder e controle que nos

envolvem coletivamente, buscando definir quem somos e quem queremos ser,

distinguindo-nos dos outros, a política precisa ser estudada, tanto nas esferas

tradicionais e oficiais, de onde emanam as diretrizes formuladas que se traduzem em

normas e regras de ação e de convivência social, mas também, buscada nas condutas

que tornam aceitáveis e dizíveis aquelas diretrizes e, ainda mais, investigada no

próprio imaginário político e social.

O estudo do desenvolvimento social do Brasil, do Estado do Paraná e,

principalmente do município de Candói, será direcionado a seus resultados na qualidade de

vida, educação, renda, longevidade, coletados junto ao Atlas de Desenvolvimento Humano

do PNUD, IPARDES e IBGE, iniciando-se com o estudo da população nas últimas décadas.

2.2.1 – Evolução da População no Brasil e Paraná

A constante busca pelo bem estar social, no Brasil, no período de 2000 a 2010,

apresenta, segundo dados do IBGE 2010, que o crescimento populacional não foi uniforme

entre as grandes regiões e unidades da federação. As maiores taxas médias de crescimento

anual foram observadas nas regiões Norte (2,09%) e Centro-Oeste (1,91%), onde a

componente migratória e a maior fecundidade contribuíram para o crescimento diferencial.

Amapá e Roraima, por sua vez, estão entre os dez estados com crescimento médio

anual de 3,45% e 3,34%, respectivamente. As regiões Nordeste (1,07%) e Sudeste (1,05%)

apresentaram um crescimento populacional semelhante. A região Sul (0,87%), que desde o

Censo de 1970 vinha apresentando crescimento anual de 1,4%, foi a que menos cresceu

influenciada pelas baixas taxas observadas no Rio Grande do Sul (0,49%) e no Paraná

(0,89%).

80

As regiões mais populosas são: Sudeste (com 42,1% da população brasileira),

Nordeste (27,8%) e Sul (14,4%), mas com redução na participação nacional. Por outro lado,

Norte (8,3%) e Centro-Oeste (7,4%) têm menor concentração de pessoas, mas estão

aumentando a representatividade.

Os estados mais populosos do Brasil – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,

Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná – concentram, em conjunto, 58,7% da população total do

País.

QUADRO 9 – POPULAÇÃO TOTAL E SUA DISTRIBUIÇÃO POR ANO, SEGUNDO A REGIÃO.

ANOS

REGIÕES

BRASIL % NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO

OESTE

1990 144.090.756 ... 9.695.245 41.742.159 61.658.587 21.824.851 9.169.914

1991 146.825.475 1,9 10.030.556 42.497.540 62.740.401 22.129.377 9.427.601

1992 148.684.120 1,3 10.258.859 42.909.117 63.513.047 22.380.846 9.622.251

1993 151.556.521 1,9 10.629.711 43.803.129 64.609.986 22.655.596 9.858.099

1994 153.726.463 1,4 10.899.537 44.396.806 65.460.035 22.894.831 10.075.254

1995 155.822.296 1,4 11.158.944 44.974.551 66.287.874 23.128.084 10.272.843

1996 157.070.163 0,8 11.288.259 44.766.851 67.000.738 23.513.736 10.500.579

1997 159.636.297 1,6 11.604.203 45.334.474 68.065.809 23.862.627 10.769.184

1998 161.790.182 1,3 11.868.731 45.811.262 68.961.230 24.154.142 10.994.817

1999 163.947.436 1,3 12.133.636 46.288.935 69.858.187 24.445.843 11.220.835

2000 169.799.170 3,6 12.900.704 47.741.711 72.412.411 25.107.616 11.636.728

2001 172.381.455 1,5 13.223.859 48.332.163 73.501.405 25.442.941 11.881.087

2002 174.632.960 1,3 13.504.599 48.845.112 74.447.456 25.734.253 12.101.540

2003 176.871.437 1,3 13.784.881 49.352.225 75.391.969 26.025.091 12.317.273

2004 181.586.030 2,7 14.374.207 50.426.433 77.377.911 26.636.610 12.770.869

2005 184.184.264 1,4 14.698.878 51.019.091 78.472.017 26.973.511 13.020.767

2006 186.770.560 1,4 15.022.064 51.609.020 79.561.095 27.308.861 13.269.520

2007 189.335.191 1,4 15.342.561 52.193.847 80.641.101 27.641.501 13.516.181

2008 189.612.814 0,1 15.142.684 53.088.499 80.187.717 27.497.970 13.695.944

2009 191.481.045 1,0 15.359.645 53.591.299 80.915.637 27.718.997 13.895.467

2010 190.755.799 -0,4 15.864.454 53.081.950 80.364.410 27.386.891 14.058.094

2011 192.379.287 0,8 16.095.187 53.501.859 80.975.616 27.562.433 14.244.192

2012 193.976.530 0,8 16.347.807 53.907.144 81.565.983 27.731.644 14.423.952

90/12 34,62% 68,62% 29,14% 32,29% 27,06% 57,30%

FONTE: IBGE/Censo demográfico (1991,2000 e 2010), contagem populacional (1996) e projeções e estimativas

demográficas.

São Paulo é o estado com a maior concentração municipal de população, onde os

32 maiores municípios (5,0%) concentram quase 60,0% dos moradores do Estado. A menor

concentração acontece no Maranhão, onde a população dos 11 maiores municípios, que

também representam cerca de 5,0%, corresponde a 35,4% do total do Estado.

O contingente da população residente no Estado do Paraná, de 1980 a 2010, (

Quadro 10), cresceu em 36,90%, sendo predominante o sexo feminino (50,87%) sobre o

masculino (49,13), sendo que 85,33% residem na área urbana, contra apenas 14,67%, na área

rural.

81

Segundo dados do IBGE (1997) e estudos sobre a dinâmica populacional do

IPARDES, o fluxo migratório de todas as mesorregiões geográficas do Estado em direção à

região metropolitana de Curitiba foi superior a 8,3% ao da população residente.

A população urbana no período de 1980 a 2010 cresceu 99,27%, isto é, dobrou de

tamanho, sem existir uma espacialidade planejada, trazendo, às grandes regiões, dificuldades

tanto de infraestrutura, como de risco social em geral.

QUADRO 10 -

POPULAÇÃO RESIDENTE, DESAGREGADA SEGUNDO CARACTERÍSTICAS

GERAIS – PARANÁ – 1980/2010

CARACTERÍSTICAS 1980 1991 2000 2010 1980/2010

%

PARANÁ 7.629.392 8.448.713 9.563.458 10.444.526 36,90

Sexo

Masculino 3.850.657 4.207.814 4.737.420 5.130.994 33,25

Feminino 3.778.735 4.240.899 4.826.038 5.313.532 40,62

Situação do domicílio

Urbana 4.472.561 6.197.953 7.786.084 8.912.692 99,27

Rural 3.156.831 2.250.760 1.777.374 1.531.834 - 51,47

Grupos de Idade 1980 1991 2000 2010 80/10

0 a 4 anos 1.025.829 923.307 886.453 714.037 - 30,39

5 a 9 anos 992.687 944.464 924.750 768.392 - 22,59

10 a 14 anos 994.579 946.438 936.341 909.071 - 8,60

15 a 19 anos 917.250 877.690 950.151 928.631 1,24

20 a 24 anos 731.557 818.814 871.245 901.332 23,21

25 a 29 anos 596.204 761.173 795.943 880.232 47,64

30 a 39 anos 896.911 1.216.568 1.511.147 1.623.747 81,04

40 a 49 anos 660.036 827.281 1.136.980 1.466.832 122,23

50 a 59 anos 431.409 555.555 742.443 1.081.297 150,64

60 a 69 anos 248.060 361.042 478.271 667.307 169,01

70 anos ou mais 131.839 216.381 331.160 503.648 282,02

Idade ignorada 3.071 - - - -

FONTE: IBGE – Censo Demográfico

NOTAS: Dados trabalhados pelo IPARDES .

Na área rural, o deslocamento de 51,47% de sua população, oportunizou a

concentração de riquezas aos grandes latifundiários, e redução interna de produtos

hortifrutigranjeiros, que não são produzidos para comercialização no mercado externo.

Observa-se, também, a redução da natalidade, como consequência provável da

migração e do custo de vida nos grandes centros.

Os emigrantes no período de 1991 a 1996 procederam de: Santa Catarina 75.000;

São Paulo 125.000; Rio Grande do Sul 20.000; Mato Grosso 25.000 e demais Estados da

federação, superior a 50.000 pessoas.

Esses indicadores são preocupantes, sob o ponto de vista do afunilamento da

população incorporada na área urbana, visto que, na migração interna do Estado, pessoas

82

advindas das áreas rurais, em sua maioria, não possuem capacitação educacional e técnica

adequadas, gerando uma despesa maior para o Estado e, em consequência, o crescimento da

favelização nos entornos dos grandes centros.

Quanto aos emigrantes de Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato

Grosso, foram, em sua maioria, absorvidos nas grandes indústrias metal-mecânicas e do

comércio da Região Metropolitana da Capital paranaense.

Na área rural, com a crescente mecanização agrícola, a perda populacional é

surpreendente: 51,47% nos últimos trinta anos – 1.624.997 pessoas deixaram a área rural no

Paraná.

Por Grupo de Idade, verifica-se:

a) Idade de 0 a 4 anos – A redução de residentes, se comparada com a população

de 1980/1991, foi de 10,0%; 1991/2000 de 3,99%; e 2000/2010 de 19,45%.

Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças de 0 a 4 anos

decresceu em 30,39%.

b) Idade de 5 a 9 anos – A redução de residentes se comparada com a população

de 1980/1991, foi de 4,86%; 1991/2000 de 2,09%; e 2000/2010 de 16,91%.

Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças de 5 a 9 anos

decresceu em 22,59%.

i. A queda no número de crianças de 0 a 9 anos, 1980/2010, foi de

26,56%, representando 536.087 crianças, cujo impacto futuro se

refletirá na mão de obra disponível para o trabalho.

c) Idade de 10 a 14 anos – A redução de residentes se comparada com a

população de 1980/1991, foi de 4,84%; 1991/2000 de 1,07%; e 2000/2010 de

8,14%. Nos últimos 30 anos (1980/2010), a população de crianças jovens de

10 a 14 anos decresceu em 8,60%.

d) Nas faixas de idade de 15 a 29 anos, houve aumento da população, se

comparados seus totais de 1980 (2.245.011) e 2010 (2.710.195), em 20,72%.

e) Na faixa de idade de 30 a 59 anos, também ocorreu aumento da população. Em

1980 ( 1.988.356) e em 2010 (4.171.876), aumento de 109,81%.

Se considerarmos o auge e término da fase produtiva para o trabalho de 15 a 59

anos, teremos uma mão de obra produtiva em 1980 ( 4.233.367) e 2010 (6.882.071) estimada

em 62,57% da população do Paraná.

83

f) De 60 anos para cima, idade considerada legalmente idosa, em 1980 (382.970)

e 2010 (1.170.955), corresponde a um aumento de 205,76%, cujo custo se

refletirá na Previdência Social.

2.2.2 – Dinâmica Populacional na Mesorregião Centro-Sul do Paraná –Guarapuava –

Candói.

A mesorregião Centro-Sul Paranaense integra uma vasta área do chamado “Paraná

Tradicional” onde, segundo o IPARDES (2012), estão inseridos os municípios de: Candói,

Cantagalo, Espigão Alto do Iguaçu, Foz do Jordão, Goioxim, Guarapuava, Inácio Martins,

Laranjeiras do Sul, Marquinho, Nova Laranjeiras, Pinhão, Porto Barreiro, Quedas do Iguaçu,

Campina do Simão, Reserva do Iguaçu, Turvo e Virmond, cuja história de ocupação remonta

ao século XVII e atravessa os prolongados ciclos econômicos do ouro, do tropeirismo, da

erva-mate e da madeira. A região teve sua história de organização do espaço sempre

vinculada a atividades econômicas tradicionais, de cunho extensivo e extrativo, concentradas

nas vastas áreas de campos naturais.

Segundo a histografia (IBGE 2000), na mesorregião Centro-Sul, inicialmente

apoiada na criação de muares e de gado para comercialização, a economia regional,

paulatinamente, direcionou-se apenas a invernagem e engorda do gado transportado pelos

tropeiros, incorporando, em paralelo, a extração da erva-mate e, mais tarde, da madeira. Nesse

sentido, convém sublinhar que, de forma geral, o desenvolvimento da região esteve sempre

associado à exploração de algum recurso da natureza, consumada de forma predatória e

rudimentar.

Adicionalmente, as sucessivas atividades econômicas predominantes no Centro-

Sul basearam-se em grandes propriedades rurais, que praticavam, também, uma agricultura de

subsistência, sempre com o recurso da mão de obra escrava e do trabalho familiar. A junção

de todas essas características da sociedade campeira – tradicional, patriarcal e latifundiária,

fundada sobre bases econômicas estreitas e de baixo dinamismo – a uma quase total ausência

de vias de comunicação funcionou, por um longo período, como um mecanismo de entrave à

integração viária da região com outras áreas mais dinâmicas do Estado, freando a ocupação

regional em larga escala e mantendo escassa sua população.

84

Nesse contexto de baixo adensamento populacional, a mesorregião Centro-Sul

Paranaense alcançou o início da década de 1970 abrigando, aproximadamente, 338 mil

habitantes, constituindo uma das áreas menos populosas do Estado.

Recortadas por extensos municípios como Guarapuava e Laranjeiras do Sul,

apresentavam a maior parte da população residindo no meio rural, situação refletida no

reduzido grau de urbanização, estimado para 1970 em (24%), um dos mais baixos do Estado.

Dadas as características estruturais da base produtiva regional, essencialmente

assentada na pecuária extensiva e na exploração da madeira, com o predomínio de grandes

propriedades agrícolas, a inserção da mesorregião no processo de modernização da

agropecuária paranaense dos anos 70 foi mais lenta, tendo atuado, inclusive, como fronteira

interna de ocupação, absorvendo fluxos populacionais vindos de outras regiões do Paraná, em

particular, do norte e do oeste (IPARDES, 2000).

A região Centro Sul Paranaense apresentou alterações geográficas na década de

80, em razão de emancipações em dois dos maiores municípios em extensão do Paraná:

Guarapuava (Turvo, Goioxim, Cantagalo, Campina do Simão, Candói, Foz do Jordão).

Guarapuava já foi um dos maiores municípios do Brasil em extensão territorial, ocupando

mais da metade de todo o estado do Paraná, a partir da região central até o oeste, além de todo

oeste de Santa Catarina. Fazia fronteira com o Paraguai, pelas barrancas do rio Paraná e com a

Argentina, pelo rio Iguaçu, além do Rio Grande do Sul. Apesar de Guarapuava ter perdido

grande parte de seu território, ainda assim é o maior município por área, no Paraná

(IBGE/Cidades/2000).

Outro município é Laranjeiras do Sul, que foi capital do Território Federal do

Iguaçu (1943 a 1946), de cuja área foram emancipados desde 1946, doze novos

municípios: Guaraniaçu, Campo Bonito, Diamante do Sul, Catanduva, Três Barras do

Paraná, Quedas do Iguaçu, Espigão Alto do Iguaçu, Nova Laranjeiras, Rio Bonito do

Iguaçu, Virmond, Ibema e Porto Barreiro, ocorrendo perdas demográficas no meio rural da

região.

Como consequência dessa dinâmica, o peso populacional da região no total do

Estado permaneceu baixo e estável nas três últimas décadas do século XX, ainda que seja

necessário destacar que, em 2000, o Centro-Sul abrigava uma das mais elevadas proporções

de população rural do Paraná, 11,7%.

85

Com a colonização, a partir da década de 50, por catarinenses e gaúchos que

usavam o sistema de produção da policultura, com colheitas anuais, IPARDES (2004, p.69), a

agricultura no Sudoeste do Paraná, apresentou novas práticas de cultivo com a expansão da

cultura da soja, da adubação química, do uso do calcário e o início da mecanização de terras,

proporcionando um avanço na produção rural e na economia regional, caracterizando-se como

agricultura tradicional até o fim da década de 70.

A soja e o milho passaram a ocupar as terras férteis do Sudoeste a partir da década

de 80, caracterizadas pelo cultivo em grande escala para o mercado internacional.

Os censos de 1990 e 2010 apresentam a seguinte evolução da população:

TABELA 9 – POPULAÇÃO RURAL E URBANA DO MUNICÍPIO DE CANDÓI-PARANÁ

POPULAÇÃO 1990 % 2000 % 2007 % 2010 %

RURAL 10.195 79,8 9.027 63,6 7.698 49,9 7.957 53,1

URBANA 2.584 20,2 5.158 36,4 7.714 50,1 7.026 46,9

TOTAL 12.779 100,0 14.185 100,0 15.412. 100,0 14.983 100,0

FONTE: IBGE/Cidades

GRÁFICO 3 – QUANTITATIVO DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA DO MUNICÍPIO DE

CANDÓI-PARANÁ

FONTE: Elaborado pelo autor.

Nas áreas consideradas urbanas, que incluem núcleos populacionais, o

crescimento populacional, na primeira década, foi elevado: 1990-2000, de 99,6% e na

segunda década de 2000-2010, de 36,2% , mesmo com a redução da população do núcleo

urbano de Vila Jordão, instalado em 1º de janeiro de 1997, que passou a formar o novo

município de Foz do Jordão, com uma população estimada, em 2010, de 5.832 habitantes

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

1990 2000 2007 2010

RURAL

URBANA

86

(IBGE/2010), manteve um crescimento significativo em sua população, até o censo de 2007 e,

a partir daí, uma redução de 429 pessoas até 2010 (Tabela 5).

A emancipação da Vila Jordão, do município de Candói, foi motivada em razão

da não escolha da Vila como sede do município, visto que possuía o maior contingente

populacional e, também, de divergências entre o Prefeito municipal e seu Vice-Prefeito,

Anselmo Albino Amâncio, residente na Vila Jordão, que retomou o movimento

emancipacionista da Vila Jordão e conseguindo sua criação em 26.dez.1995, Lei 11.250.

Os dados de 2007 e de 2010, analisados, sobre a faixa de idade da população,

constantes no Quadro 11, identifica que a redução da população se dá na faixa de 20 a 44 anos

(masculino) e que as reduções nas faixas menores de 1 a 14 anos (masculino e feminino),

indicam a possibilidade de serem filhos de parte da população adulta (20 a 39 anos), que

deixou o município.

QUADRO 11 – POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA CANDÓI - 2007 – 2010

FAIXA ETARIA

MASCULINA FEMININA TOTAL

% 2007 2010 2007 2010 2007 2010

Menores de 1 ano 135 106 132 104 267 210 -21,3

De 1 a 4 anos 556 494 530 488 1.086 982 -9,6

De 5 a 9 anos 837 698 807 689 1.644 1.387 -15,6

De 10 a 14 anos 895 822 866 824 1.761 1.646 -6,5

De 15 a 19 anos 732 772 700 762 1.432 1.534 7,1

De 20 a 24 anos 566 557 652 603 1.218 1.160 -4,8

De 25 a 29 anos 617 552 581 571 1.198 1.123 -6,3

De 30 a 34 anos 564 550 581 579 1.145 1.129 -1,4

De 35 a 39 anos 592 564 604 528 1.196 1.092 -8,7

De 40 a 44 anos 549 546 497 536 1.046 1.082 3,4

De 45 a 49 anos 442 469 380 476 822 945 15,0

De 50 a 54 anos 388 431 317 352 705 783 11,1

De 55 a 59 anos 257 315 270 288 527 603 14,4

De 60 a 64 anos 210 236 160 228 370 464 25,4

De 65 a 69 anos 155 184 136 156 291 340 16,8

De 70 a 74 anos 106 117 91 109 197 226 14,7

De 75 a 79 anos 67 75 71 71 138 146 5,8

De 80 anos a mais 54 63 63 68 117 131 12,0

Idade ignorada 4 - 4 - 8 - -

TOTAL 7.726 7.551 7.442 7.432 15.412 14.983 -2,8

FONTE: IBGE/Cidades/2010.

Em suma, nos dois últimos censos de 2007 e 2010, observa-se que as faixas de

idade de 40 a 80 anos, (4.221 e 4.720) habitantes, respectivamente, apresentam um

crescimento de 11,8%, em detrimento da faixa de idade de 10 a 39 ( 7950 – 7684) habitantes,

com uma redução de 3,4% respectivamente, o que pressupõe a falta de emprego no

Município. Segundo estudos realizados pelo IPARDES (2010), sobre a troca líquida

migratória nos municípios do Paraná, a situação do Município de Candói, encontra-se assim

disposta:

87

QUADRO 12 – TROCAS LÍQUIDAS MIGRATÓRIAS – CANDÓI/PARANÁ

TROCAS LÍQUIDAS MIGRATÓRIAS

IMIGRANTES EMIGRANTES TROCA LÍQUIDA

Intra-estaduais

Inter estaduais

TOTAL Intra-estaduais

Inter estaduais

TOTAL Intra-estaduais

Inter Estaduais

TOTAL

782 96 878 1.617 859 2.476 -835 -763 -1.598 FONTE: IPARDES-2010

Segundo o IPARDES (2010), tais transferências podem ter-se dado por distintas

combinações de setores:

1. Mudança de residência a partir do setor rural de um município com destino

ao setor rural de outro município;

2. Saída do setor rural de um município em direção à área urbana de outro

município;

3. Troca intermunicipal com origem urbana e destino urbano; e

4. Troca com origem urbana e destino rural.

Convém salientar, também, que os fatores econômicos e sociais prevalecem na

década atual, promovendo a permanência do homem no campo, principalmente nos

municípios agropecuários, quais sejam:

a) Fases prolongadas de preços favoráveis das commodities no mercado

internacional;

b) Maior integração de pequenos agricultores às agroindústrias paranaenses;

c) Os benefícios da previdência rural;

d) Programas sociais, como o Bolsa Família, podem ter motivado, em maior

ou menor grau, a permanência de pessoas residindo no campo.

A movimentação da população no município, a partir da década de 1990 teve, em

um primeiro momento, como principal agente do desenvolvimento, as instalações de

hidrelétricas na região, bem como a permanência de algumas famílias, na instalação de

pequenos empreendimentos e, posteriormente, na década até 2010, a migração da área rural e

de pequenos empreendedores de cidades circunvizinhas à sede do Município.

Na análise geral dos dados, observar-se que, anterior a sua emancipação, a

prevalência da população rural era significativa. Após sua instalação, parte da população rural

migrou para as áreas urbanas (1990-2000). De 2007 a 2010, houve uma redução de 2,78% em

sua população geral.

Passados mais de vinte anos, parte dos municípios emancipados na década de

1990, apresentam hoje, conforme Quadro 13, redução de sua população, motivado, em sua

maioria, pela estagnação do comércio local e pela falta de agroindústrias em seu

88

desenvolvimento, ao longo do período, em consequência da falta de emprego para a

população jovem, na faixa dos 18 a 20 anos.

Em primeira análise, 17,4% dos municípios com menos de 10 mil habitantes no

Paraná, em 2010, apresentaram redução de sua população e, assim como os demais,

continuam enfrentando dificuldades semelhantes ao tempo em que eram apenas distritos,

quais sejam:

a) Falta de indústrias e de escoamento da produção nos pequenos

estabelecimentos rurais;

b) Deficiência em transportes públicos da sede aos povoamentos rurais;

c) Dependência comercial ao município mãe do qual foi desmembrado;

d) Falta de ensino superior;

e) Falta de geração de emprego para a população jovem;

f) Falta de novos empreendimentos geradores de emprego e renda.

Não existindo um aquecimento na geração de novos empreendimentos comerciais

e industriais, a redução da população é consequência de falta de perspectivas futuras na

geração de empregos, face ao crescimento vegetativo de vagas de trabalho.

QUADRO 13 – MUNICÍPIOS NO PARANÁ QUE APRESENTAM REDUÇÃO DE SUA POPULAÇÃO

NO PERÍODO DE 2000 A 2010.

MUNICÍPIOS

POPULAÇÃO

2000 2007 2010 %

Antonio Olinto 7.407 7.477 7.351 - 0,76

Arapuã 4.172 3.945 3.561 - 14,65

Ariranha do Ivaí 2.883 2.540 2.453 - 14,91

Bela Vista da Coroba 4.503 4.136 3.945 - 12,39

Boa Ventura do São Roque 6.780 6.744 6.554 - 3,33

Bom Jesus do Sul 4.154 3.835 3.796 - 8,62

Campina do Simão 4.365 4.180 4.076 - 6,62

Candói 14.185 15.412 14.983 5,63 – (2,78)

Cruzmaltina 3.459 3.116 3.162 - 8,59

Esperança Nova 2.308 1.887 1.970 - 14,64

Espigão Alto do Iguaçu 5.388 5.104 4.677 - 13,20

Fernandes Pinheiro 6.368 5.688 5.932 - 6,85

Foz do Jordão 6.378 5.832 5.420 - 15,02

Goioxim 8.086 7.993 7.503 - 7,21

Manfrinópolis 3.502 3.306 3.127 - 10,71

Marquinho 5.659 5.205 4.981 - 11,98

Porto Barreiro 4.206 3.761 3.663 - 12,91

Quarto Centenário 5.333 4.848 4.856 - 8,94

Serranópolis do Iguaçu 4.740 4.327 4.568 - 3,63

FONTE: IBGE/CIDADES. 2013.

Nota: Os percentuais tem como base de cálculo o ano de 2000. No Candói foram realizados dois cálculos:

2000/2007 e 2007/2010.

É um sinal de alerta para que os gestores públicos revejam alternativas em seu

planejamento de desenvolvimento econômico, na busca de novos nichos de mercado.

89

Os novos municípios rurais, segundo dados do IBGE (2010), possuem baixo

número de empregos nos setores secundário e terciário, prevalecendo à mão de obra no setor

primário representado pela agricultura familiar.

O setor terciário, representado pelo comércio e serviços, são microempresas

familiares, que resultam em baixo número de empregos formais e o setor secundário,

representado por indústrias de energia elétrica e distribuição de água e pelos setores

madeireiros, cuja geração de emprego, inicialmente, comporta um número de empregos

diretos e indiretos significativos, posteriormente se mantém estáveis ao longo dos anos.

2.3 - Indicadores Sociais

2.3.1 Índices de Desenvolvimento Humano – IDH

A opção da utilização de indicadores sociais do Brasil, do Paraná e do município

de Candói, tem como objetivo compará-los para comprovar se o desenvolvimento e a

empregabilidade do município se encontram dentro dos parâmetros dos indicadores do Brasil

e do Estado.

Quanto aos indicadores, procurar-se-á identificar: o IDHM – Índices de

Desenvolvimento Humano; os IDHM (Renda, Longevidade, Educação) e,

complementarmente, de estatísticas sobre o saneamento, habitação, energia elétrica e,

principalmente, os setores econômicos que geram empregos e renda, cujos dados foram

coletados de vários órgãos como IBGE, MTP, IPARDES, do PNUB, dentre outros, cujas

variáveis e intervalos de tempo, se possível, enquadrar-se-ão preferencialmente de 1990 a

2010.

Segundo PNUB, o objetivo da criação do Índice de Desenvolvimento Humano foi

o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB)

per capita, que considera apenas a dimensão econômica do crescimento, mas não do

desenvolvimento, conforme já demonstrado no início da base teórica.

O IDH varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento

humano) e mede as realizações em três dimensões básicas do desenvolvimento humano – uma

vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão de vida digno. As três variáveis

analisadas, dessa forma, são relacionadas à saúde, educação e renda.

90

Desde 2010, quando o Relatório de Desenvolvimento Humano completou 20

anos, novas metodologias foram incorporadas para o cálculo do IDH. Atualmente, os três

pilares que constituem o IDH (saúde, educação e renda) são mensurados da seguinte forma:

Uma vida longa e saudável (saúde) é medida pela expectativa de vida;

O acesso ao conhecimento (educação) é medido por: i) média de anos de educação de

adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por

pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças

na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que

um criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões

prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos

durante a vida da criança;

E o padrão de vida (renda) é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita

expressa em poder de paridade de compra (PPP) constante, em dólar, tendo 2005

como ano de referência.

TABELA 10 – IDHM – UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 1991, 2000 e 2010.

UNIDADES

DA

FEDERAÇÃO

IDHM

IDHM – RENDA

IDHM –

LONGEVIDADE

IDHM – EDUCAÇÃO

1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 BRASIL 0,493 0,612 0,727 0,647 0,692 0,739 0,647 0,686 0,739 0,279 0,456 0,637

Distrito Federal 0,616 0,725 0,824 0,762 0,805 0,863 0,731 0,814 0,873 0,419 0,582 0,742 São Paulo 0,578 0,702 0,783 0,729 0,756 0,789 0,730 0,786 0,845 0,363 0,581 0,719 Rio de Janeiro 0,573 0,664 0,761 0,696 0,745 0,782 0,690 0,740 0,835 0,392 0,530 0,675 Santa Catarina 0,543 0,674 0,774 0,648 0,717 0,773 0,753 0,812 0,860 0,329 0,526 0,697 R..Grande Sul 0,542 0,664 0,746 0,667 0,720 0,769 0,729 0,804 0,840 0,328 0,505 0,642 Paraná 0,507 0,650 0,749 0,644 0,704 0,757 0,679 0,747 0,830 0,298 0,522 0,668 Espírito Santo 0,505 0,640 0,740 0,619 0,687 0,743 0,686 0,777 0,835 0,304 0,491 0,653 M.Grosso Sul 0,488 0,613 0,729 0.641 0,687 0,740 0,699 0,752 0,833 0,259 0,445 0,629 Goiás 0,487 0,615 0,735 0,633 0,686 0,742 0,668 0,773 0,827 0,273 0,439 0,646 Minas Gerais 0,478 0,624 0,731 0,618 0,680 0,730 0,689 0,759 0,838 0,257 0,470 0,638 Amapá 0,472 0,577 0,708 0,620 0,638 0,694 0,668 0,711 0,813 0,254 0,424 0,629 Roraima 0,459 0,598 0,707 0,643 0,652 0,695 0,628 0,717 0,809 0,240 0,457 0,628 Mato Grosso 0,449 0,601 0,725 0,627 0,689 0,732 0,654 0,740 0,821 0,221 0,426 0,635 Pernambuco 0,440 0,544 0,673 0,569 0,615 0,673 0,617 0,705 0,789 0,242 0,372 0,574 Amazonas 0,430 0,515 0,674 0,605 0,608 0,677 0,645 0,692 0,805 0,204 0,324 0,561 R. Grande Norte 0,428 0,552 0684 0,547 0,608 0,678 0,591 0,700 0,792 0,242 0,396 0,597 Pará 0,413 0,518 0,646 0,567 0,601 0,646 0,640 0,725 0,789 0,194 0,319 0,528 Sergipe 0,408 0,518 0,665 0,552 0,596 0,672 0,501 0,678 0,781 0,211 0,343 0,560 Rondônia 0,407 0,537 0,690 0,583 0,654 0,712 0,630 0,688 0,800 0,181 0,345 0,577 Ceará 0,405 0,541 0,682 0,532 0,588 0,651 0,613 0,713 0,793 0,204 0,377 0,615 Acre 0,402 0,517 0,663 0,574 0,612 0,671 0,645 0,694 0,777 0,176 0,325 0,559 Bahia 0,386 0,512 0,660 0,543 0,594 0,663 0,582 0,680 0,783 0,182 0,332 0,555 Paraíba 0,382 0,506 0,658 0,515 0,582 0,656 0,565 0,672 0,783 0,191 0,331 0,555 Alagoas 0,370 0,471 0,631 0,527 0,574 0,641 0,552 0,647 0,755 0,174 0,282 0,520 Tocantins 0,369 0,525 0,699 0,549 0,605 0,690 0,589 0,688 0,793 0,155 0,348 0,624 Piauí 0,362 0,484 0,646 0,488 0,556 0,635 0,595 0,676 0,777 0,164 0,301 0,547 Maranhão 0,357 0,476 0,639 0,478 0,531 0,612 0,551 0,649 0,757 0,173 0,312 0,562

FONTE:Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Com dados dos Censos 1991, 2000 e 2010. Adaptado pelo autor.

Observa-se que os índices de todos os Estados apresentam resultados positivos na

melhoria das condições de vida, longevidade e de educação da população, mas ainda, são

resultados insatisfatórios, em razão do elevado percentual de pobreza existente em seus

municípios, visto que as regiões metropolitanas concentram indicadores positivos elevados

que influenciam a média estadual.

91

Mesmo com intensivos programas de políticas públicas federais e estaduais que

vêm sendo realizados, a concentração de renda sobressai à educação e a própria média do

IDHM praticamente em todos os Estados da federação.

A desigualdade social gerada pelo fator renda no Brasil, conforme se observa no

Gráfico 4, de 1991 para o ano 2000, aumentou em 6,95% e de 2000 para 2010, 6,79%, o que

significa que a concentração de renda está se mantendo constante nos últimos 20 anos.

Segundo Ipardes, (Relatório Diagnóstico Social e Econômico 2003), essas

desigualdades analisadas no Paraná são provenientes do deslocamento da população do

interior aos grandes centros, aumentando as demandas sociais, tornando-se mais complexas à

gestão social e do emprego, a partir do momento em que indústrias de alta tecnologia exigem

uma maior qualificação e especialização.

Gráfico 4.

FONTE: Atlas do Desenvolvimento Humano – Brasil 2013.

O Paraná, no período analisado, destaca-se em 6º lugar no IDHM, tendo como

causa o crescimento de sua população a partir da década de 90, em face da redução da

emigração para o Estado de São Paulo nas décadas de 70 e 80, devido às oportunidades de

inserção em áreas de fronteira agrícola com o crescimento da agroindústria no interior do

Estado e nos mercados de trabalho urbanos dos grandes centros em especial na Região

Metropolitana de Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu.

Esses polos, embora com crescimento intenso, agregam elevadas bases

populacionais em seu entorno, causando a especulação imobiliária e as ocupações irregulares,

92

o que resulta em riscos sociais e ambientais, elevando os problemas já comuns dos grandes

centros como: a insuficiência de emprego, a poluição, saneamento básico, resíduos industriais,

segurança, favelização, dentre outros.

Em termos de distribuição, 33% da população paranaense vive em municípios

com IDHM inferior ao do Brasil, enquanto, nos demais estados como Santa Catarina, São

Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, esse índice alcança menos de 10% de sua

respectiva população. Apenas 36% da população do Paraná vivem em municípios com

índices altos de desenvolvimento, enquanto nos estados mencionados essa proporção é

superior a 60%, sendo que São Paulo e Santa Catarina atingem 72%.

Nas áreas rurais, o estudo do Ipardes (2003) revela que a expressiva concentração

da pobreza representa 71% da população rural com IDHM inferiores ao do Brasil, devido à

grande dificuldade de oferta de serviços e equipamentos em função da dispersão de sua

população, da dependência de políticas públicas específicas, particularmente nas áreas de

saúde, das melhorias das condições ambientais, de moradia, dentre outras.

O Município de Candói, não foge à regra do perfil analisado para o Estado do

Paraná, ainda mais, quando sua população é parte de mão de obra desempregada de

empreendimentos do Governo, como a construção de hidrelétricas, ou da vinda de pequenos

empreendedores comerciais e de pequenas indústrias de automecânica, gráficas, esquadrias,

bem como de assentamentos rurais e pequenos produtores rurais.

A população, em sua maioria jovem, busca empregos nos órgãos públicos,

responsáveis pela ocupação de 50% das vagas de trabalho existentes na região.

Por se tratar de uma região agropecuária, cuja produção concentra-se em

propriedades rurais com mais de 100 alqueires, a concentração de renda é inevitável. Mantém-

se o mesmo perfil pelas mesmas condições impostas aos demais municípios, dependentes de

recursos estaduais e federais do Estado.

O IDMH componente geral dos demais indicadores, em 1991, era de 0,473, ainda

na condição de Distrito do município de Guarapuava, indicador este, menor que a média

brasileira em igual período que foi de 0,493 considerado baixo.

No período de 2000, como município instalado, apresentou melhoria, passando

para 0,509 e em 2010 para 0,635, considerado de médio desempenho.

O Quadro 14 retrata os índices precários a partir de sua emancipação e os

resultados alcançados após 20 anos de instalação.

93

QUADRO 14 – IDHM – Brasil, Paraná e Candói

ANO

BRASIL PARANÁ CANDÓI

IDHM IDHM

RENDA

IDHM

LONG.

IDHM

EDUC.

IDHM IDHM

RENDA

IDHM

LONG.

IDHM

EDUC.

IDHM IDHM

RENDA

IDHM

LONG.

IDHM

EDUC.

1991 0,493 0,647 0,662 0,279 0,507 0,644 0,679 0,298 0,473 0,626 0,725 0,233*

2000 0,612 0,692 0,727 0,456 0,650 0,704 0,747 0,522 0,509 0,610 0,685 0,315

2010 0,727 0,739 0,816 0,637 0,749 0,757 0,830 0,668 0,635 0,655 0,778 0,503

FONTE:Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Com dados dos Censos 1991, 2000 e 2010. Adaptado pelo autor.

NOTA: Dados de 1991 do Candói – referem-se ao Município de Guarapuava. Candói foi instalado em 1993.

2.3.2 – IDHM – Educação

A área de educação, ao longo dos 20 anos, obteve resultados expressivos no

IDHM, se compararmos os dados de 1991 a 2010, com os Estados de Rondônia, Pará, Ceará,

Acre, Alagoas, Tocantins, Piauí e Maranhão, mas continuam a merecer atenção se

comparados com os demais estados da federação, tendo em vista a inclusão de um novo

indicador o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, a partir de 2005.

Os estados do Maranhão e Alagoas apresentam os mais baixos índices de renda do

país, o que reflete nos demais índices, mesmo com os avanços obtidos a partir de 1991.

Nos últimos onze anos se verificam que, a partir de 2007, aumento expressivo de

crianças em Creche, com a implantação do Plano de Desenvolvimento da Educação, em 15 de

março e lançado oficialmente em 15 de abril de 2007, considerada como política pública de

inclusão social.

As ações específicas para creches foram inserida em 2012, no Programa Brasil

Carinhoso, que integra o Programa Brasil sem Miséria. Tem como meta até 2014, a

construção de mais de seis mil creches.

Até o momento, segundo o MEC (10.4.2013), foram efetuados 3.288 contratos,

sendo 894 obras em fase de planejamento e de licitação e 2.822 em construção.

Um passo importante para as prefeituras é a antecipação de repasse do FUNDEB,

para abertura de vagas em creches municipais, além do aumento de 66,7% no valor da

alimentação escolar para a educação infantil.

Foram acrescidas também, de 50% do fundo para as matrículas em creche, de

crianças até três anos, vinculadas ao programa Bolsa-Família e ao novo método de construção

de unidades em regime diferenciado de contratação.

94

QUADRO 15 – CENSO ESCOLAR – MATRICULA – SÉRIE HISTÓRICA – BRASIL – 2000 a 2011.

ANO CRECHE PRÉ-

ESCOLA

ENSINO

FUNDAMENTAL

ENSINO

MÉDIO

TOTAL

2000 916.864 ... 4.421.332 ... 35.717.948 ... 8.192.948 ... 49.249.092 ...

2001 1.093.347 19,2 4.818.803 8,9 35.298.089 -1,2 8.398.008 2,5 49.608.247 0,7

2002 1.152.511 5,4 4.977.847 3,3 35.150.362 -0,4 8.710.584 3,7 49.991.304 0,8

2003 1.237.558 7,4 5.155.676 3,6 34.438.749 -2,0 9.072.942 4,2 49.904.925 -0,2

2004 1.348.237 8,9 5.555.525 7,7 34.012.434 -1,2 9.169.357 1,1 50.085.553 0,4

2005 1.414.343 4,9 5.790.696 4,2 33.534.700 -1,4 9.031.302 -1,5 49.771.041 -0,6

2006 1.427.942 0,9 5.588.153 -3,5 33.282.663 -0,7 8.906.820 -1,4 49.205.578 -1,1

2007 1.579.581 10,6 4.930.287 -11,8 32.122.273 -3,5 8.369.369 -6,0 47.001.510 -4,5

2008 1.751.736 10,9 4.967.525 0,7 32.086.700 -0,1 8.037.039 -4,0 46.843.000 -0,3

2009 1.896.363 8,2 4.866.268 -2,0 31.705.528 -1,2 7.966.794 -4,8 46.434.953 0,9

2010 2.064.653 8,9 4.692.045 -3,6 31.005.341 -2,2 8.357.675 4,9 46.119.714 -0,7

2011 2.298.707 11,3 4.681.345 -0,2 30.358.640 -2,1 8.400.689 0,5 45.739.381 -0,8

FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

Justifica-se, dessa forma, que as políticas públicas voltadas às matrículas em

creches, de 2000 a 2011, deram um importante salto de 150,7%, representando 1.381.843

crianças recebendo benefícios diretamente nos municípios do País, exceto no Candói.

Quanto ao ensino fundamental e ensino médio, as ações do Plano de Metas do

PDE/IDEB, instituem, como ações, os Programas: Piso do Magistério e Formação; Transporte

Escolar; Luz para Todos; Saúde nas Escolas; Guias de tecnologias; Censo pela Internet; Mais

Educação; Coleção Educadores e Inclusão Digital, que estão sendo priorizados pelo governo

federal, e as expectativas futuras são de crescimento e qualidade em médio prazo.

Incluso no PDE, foi criado o IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação

Básica, criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep),

autarquia do MEC – Ministério da Educação, para medir a qualidade do aprendizado

nacionalmente e estabelecer metas para a melhoria do ensino. Esse indicador nacional varia

de uma escala de zero a dez, e possibilita o monitoramento da qualidade da educação.

O IDEB é calculado a partir de dois componentes: a taxa de rendimento escolar

(aprovação) e as médias de desempenho nos exames aplicados pelo Inep. Os índices de

aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, anualmente, pela Prova Brasil, para escolas e

municípios, e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), para os estados e para o

País, realizado a cada dois anos.

Abrange as disciplinas de língua portuguesa e matemática e são padronizadas em

uma escala de zero a dez. Depois, essa nota é multiplicada pela taxa de aprovação, que vai de

0% a 100%. A meta estabelecida, em nível de Brasil, é 6,0 para ser alcançada até 2022.

95

Quanto à meta é a média dos estudantes dos países da Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2005, anterior à criação do IDEB

em 2007, a nota do Brasil para essa etapa do ensino era 3,8.

QUADRO 16 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE

PÚBLICA E PRIVADA – BRASIL – 2005/2011.

ANO

ENSINO FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO

Anos Iniciais Anos Finais

Pública Particular Pública Particular Pública Particular

2005 3,6 5,9 3,2 5,8 3,1 5,6

2007 4,0 6,0 3,5 5,8 3,2 5,6

2009 4,4 6,4 3,7 5,9 3,4 5,6

2011 4,7 6,5 3,9 6,0 3,4 5,7

FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

Na rede privada, os resultados são mais satisfatórios no Ensino Fundamental,

nível em que já alcançaram as metas estabelecidas pelo Governo.

QUADRO 17 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE

PÚBLICA E PRIVADA – BRASIL – POR REGIÃO – 2005/2011.

IDEB REGIÕES 2005 2007 2009 2011

EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM

Rede

Pública

Brasil

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

3,6

2,9

2,7

4,4

4,3

3,8

3,2

3,0

2,6

3,6

3,6

3,2

3,1

--

--

--

--

--

4,0

3,3

3,3

4,6

4,6

4,2

3,5

3,3

2,9

3,9

3,9

3,6

3,2

--

--

--

--

--

4,4

3,8

3,7

5,1

5,0

4,8

3,7

3,5

3,1

4,1

4,1

3,9

3,4

--

--

--

--

--

4,7

4,2

4,0

5,4

5,4

5,1

3,9

3,6

3,2

4,2

4,1

4,0

3,4

--

--

--

--

--

Rede

Estadual

Brasil

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

3,9

3,2

2,9

4,5

4,2

3,9

3,3

3,1

2,6

3,6

3,5

3,1

3,0

2,7

2,7

3,2

3,4

2,9

4,3

3,6

3,3

4,7

4,6

4,5

3,6

3,3

2,8

3,8

3,9

3,5

3,2

2,7

2,8

3,4

3,6

3,0

4,9

4,2

3,7

5,4

4,9

5,0

3,8

3,5

3,0

4,1

4,0

3,8

3,4

3,1

3,1

3,5

3,8

3,2

5,1

4,5

3,9

5,5

5,4

5,2

3,9

3,6

3,1

4,2

4,1

3,9

3,4

3,1

3,0

3,6

3,7

3,3

Rede

Municipal

Brasil

3,4

3,1

--

4,0

3,4

--

4,4

3,6

--

4,7

3,8

--

Rede

Privada

Brasil

Norte

Nordeste

Sudeste

Sul

Centro-Oeste

5,9

5,5

5,4

6,3

6,2

5,9

5,8

5,4

5,3

6,1

6,1

5,5

5,6

5,0

5,2

5,7

5,9

5,7

6,0

5,6

5,5

6,3

6,3

5,9

5,8

5,3

5,4

6,1

6,1

5,7

5,6

5,1

5,1

5,7

5,8

5,5

6,4

5,9

5,8

6,8

6,7

6,4

5,9

5,3

5,5

6,0

6,2

5,8

5,6

5,4

5,2

5,6

5,9

5,8

6,5

6,1

6,0

6,8

7,0

6,7

6,0

5,6

5,6

6,2

6,2

5,9

5,7

5,2

5,4

5,8

6,0

5,6

SAEB/INEP.www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

O Ensino Médio encontra-se muito próximo da meta a ser alcançada em 2022,

enquanto que o ensino público terá um longo enfrentamento para alcançá-las nas unidades

federativas.

96

Entretanto, o grande desafio para uma melhoria substancial é a redução dos

analfabetos funcionais, que ainda se mantêm em níveis elevados, mesmo na área urbana

19,3% e na área rural 45,8% em 2005.

QUADRO 18 – PROPORÇÃO DA POPULAÇÃO DE 15 ANOS E MAIS DE IDADE COM

ESCOLARIDADE INFERIOR A QUATRO ANOS DE ESTUDOS, SEGUNDO O DOMICÍLIO –

BRASIL E GRANDES REGIÕES, 1993, 1997, 2001 E 2005.

Regiões

URBANAS RURAL TOTAL

1993 1997 2001 2005 1993 1997 2001 2005 1993 1997 2001 2005

BRASIL 29,2 26,0 22,8 19,3 62,4 57,8 54,1 45,8 35,8 32,0 27,5 23,5

Norte 34,1 31,0 26,6 21,9 70,6 61,0 57,7 43,8 36,0 32,5 27,7 27,1

Nordeste 41,2 38,0 33,9 28,5 76,4 72,3 67,3 56,7 53,8 49,7 43,2 36,3

Sudeste 24,8 21,7 18,3 15,8 55,6 48,7 45,1 38,4 28,1 24,5 20,5 17,5

Sul 24,4 21,7 18,7 15,6 37,7 33,4 33,4 29,5 27,5 24,3 21,4 18,0

Centro-Oeste 29,6 25,0 23,3 19,0 50,4 48,7 44,8 36,8 33,5 29,0 26,1 21,4

FONTE: IBGE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.

As matrículas no Estado do Paraná, abrangendo instituições estaduais, federais,

municipais e particulares englobam as matrículas na Educação Infantil-Creche; Educação

Infantil-Pré-Escola; Ensino Fundamental séries iniciais e finais; Ensino Médio Regular e

Técnico, das áreas urbanas e rurais.

O Quadro 19 demonstra a redução do número de matrículas (exceto Creche) em

todos os níveis de ensino, também no Paraná se comparado com os dados em nível de Brasil.

QUADRO 19 – CENSO ESCOLAR – MATRICULA – SÉRIE HISTÓRICA – BRASIL – PARANÁ –2000

a 2011.

ANO

CRECHE PRÉ-

ESCOLA

ENSINO

FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO TOTAL

BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ BRASIL PARANÁ

2000 916.864 90.627 4.421.332 216.856 35.717.948 1.692.648 8.192.948 491.095 49.249.092 2.491.226

2001 1.093.347 90.938 4.818.803 220.869 35.298.089 1.691.131 8.398.008 472.363 49.608.247 2.475.301

2002 1.152.511 91.397 4.977.847 222.939 35.150.362 1.693.577 8.710.584 462.734 49.991.304 2.470.647

2003 1.237.558 95.301 5.155.676 237.084 34.438.749 1.698.631 9.072.942 467.896 49.904.925 2.498.912

2004 1.348.237 98.255 5.555.525 248.356 34.012.434 1.683.914 9.169.357 467.730 50.085.553 2.498.255

2005 1.414.343 101.392 5.790.696 256.078 33.534.700 1.653.529 9.031.302 468.208 49.771.041 2.479.207

2006 1.427.942 107.045 5.588.153 252.840 33.282.663 1.659.903 8.906.820 480.527 49.205.578 2.500.315

2007 1.579.581 116.004 4.930.287 180.559 32.122.273 1.677.803 8.369.369 469.094 47.001.510 2.443.460

2008 1.751.736 120.863 4.967.525 179.321 32.086.700 1.690.852 8.037.039 426.250 46.843.000 2.417.286

2009 1.896.363 130.011 4.866.268 181.554 31.705.528 1.677.128 7.966.794 425.442 46.434.953 2.414.135

2010 2.064.653 135.522 4.692.045 183.267 31.005.341 1.639.666 8.357.675 479.417 46.119.714 2.437.872

2011 2.298.707 145.741 4.681.345 192.706 30.358.640 1.581.214 8.400.689 481.846 45.739.381 2.401.507

FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

Na análise, o número de matrículas total no Estado, apresenta crescimento no

período de 2000/2010 apenas para crianças em Creche na ordem de 60,8% nos últimos onze

97

anos, sendo que, nas demais faixas de escolaridade em igual período, as matrículas

apresentam queda, assim calculada: Pré-Escola -11,14%; Ensino Fundamental -6,58%; e

Ensino Médio de -3,60%.

O aumento do número de crianças em Creche deve-se às políticas públicas

federais e estaduais voltadas ao social, que complementam as demais atividades

desenvolvidas, voltadas prioritariamente às crianças, bem como apoio à empregabilidade dos

pais. No Ensino Fundamental e Médio, esse resultado está sendo prejudicado no Paraná,

devido às taxas de abandono de 4,1% no Ensino Fundamental e 6,7% no Ensino Médio.

Quanto às reprovações, apresentam 18,4% no Ensino Fundamental e 11,7% no Ensino Médio

(MEC/INEP/2010).

Entretanto, na Tabela 11, constata-se que as escolas particulares no Paraná,

apresentam aumento de matrículas em todos os níveis de ensino, em razão da melhoria de

renda da população e migração para a rede de ensino particular, visto que é o Paraná é o

Estado que possui a quinta melhor renda no País.

A redução do número de matrículas ao longo dos anos, nas esferas públicas,

tomando por base o exercício de 2000, deduzidas as matrículas da rede particular, se faz

sentir, pois aponta um total de 2.483.865 matrículas em confronto com a mesma metodologia

de cálculo de 2013 – 2.184.732 matrículas, significando uma redução de 12,04%, enquanto as

escolas particulares em igual período apresentam aumento de 32,65%.

TABELA 11 – MATRÍCULA NA REDE DE ENSINO PARTICULAR NO PARANÁ 2000-2013

ANO CRECHE PRÉ-

ESCOLA

ENSINO

FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO TOTAL

2000 30.207 62.695 129.718 50.067 272.687

2001 31.381 66.665 130.820 50.150 279.016

2002 30.491 67.503 130.098 50.362 278.454

2003 31.761 69.658 132.745 54.175 288.339

2004 31.695 74.463 136.225 54.903 297.286

2005 33.555 73.467 137.780 55.849 300.651

2006 35.014 71.747 138.609 60.012 305.382

2007 32.137 48.183 140.516 49.337 270.173

2008 34.508 50.657 153.952 51.541 290.658

2009 38.099 51.197 162.621 52.437 304.354

2010 39.104 50.368 167.757 55.790 313.019

2011 39.914 53.265 175.577 61.207 329.963

2012 42.831 56.322 181.042 64.087 344.282

2013 44.153 58.035 185.334 63.930 351.452

FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

98

Segundo o MEC, visando ajustar as realidades socioeconômicas de cada estado e

municípios, as metas são diferenciadas, mas o objetivo deve permanecer para que, em 2022,

seja possível atingir seis pontos.

QUADRO 20 – O IDEB – ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – REDE

ESTADUAL – BRASIL – PARANÁ 2005/2011.

IDEB 2005 2007 2009 2011

EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM EF.I. EF.F EM

Rede

Estadual

Brasil

Paraná

3,9

4,4 3,3

3,3 3,0

--

4,3

5,2 3,6

4,0 3,2

3,7 4,9

5,2 3,8

4,1 3,4

3,9 5,1

5,2 3,9

4,0 3,4

3,7

FONTE: SAEB/INEP. www.todospelaeducação.org.br. (mar.2013).Adaptada pelo autor.

Nota: EF.I= Ensino Fundamental séries Iniciais e EF.F= séries Finais. EM= Ensino Médio.

Quando da instalação, em 1º de janeiro de 1993, o sistema educacional do

município de Candói, estava centrado em escolas rurais, cujas instalações, em sua maioria,

eram localizadas em fazendas e em núcleos rurais. O sistema de ensino era multisseriado, com

baixo de número de alunos, e seus professores na maioria possuíam entre o 1º Grau Completo

e o 2º Grau Magistério e eram concursados pelo Município de Guarapuava.

Segundo dados do PNUD, o município de Candói, antes mesmo de ser instalado,

apresentava indicadores abaixo do Estado e do Brasil. O índice da Educação era o mais

crítico, muito abaixo da maioria dos municípios da federação, tendo como possíveis causas a

educação multisseriada rural.

Na primeira gestão municipal, deu-se prioridade à política de nuclearização do

ensino, nas principais comunidades, sendo desativadas inúmeras escolas rurais e promovida a

reestruturação do ensino fundamental, com a extinção do sistema multisseriado, determinada

pelo MEC – Ministério de Educação e Cultura.

Tal política foi aprovada por alguns, mas recebeu também críticas de pais de

alunos e professores.

Com a centralização do ensino, investimentos foram realizados tanto na

ampliação e reformas de escolas nos núcleos urbanos e na sede, bem como a implantação do

transporte escolar a todos os alunos do interior, além da recuperação das estradas rurais, via

Programa estadual.

O deslocamento das crianças de 1º a 8ª Séries do Ensino Fundamental, das áreas

rurais aos Núcleos de Ensino foi, inicialmente, pautada por reclamações de toda natureza

junto à Secretaria de Educação, presenciadas enquanto Secretário de Finanças do Município.

A mais grave era a da necessidade de deslocamento das crianças, a pé, até o local

em que o transporte escolar passava, O trajeto era de suas residências, no meio do mato, sem

99

segurança, para crianças que tinham que percorrer, em alguns casos, mais de 1 km de carreiro,

pois o transporte escolar passava somente na estrada e o motorista era proibido de buscar a

criança em sua casa, devendo a mesma levantar às 4h30min da manhã, e ser levada pelos

familiares até o local de embarque.

Outras dificuldades estavam relacionadas à adaptação da convivência junto às

crianças nos centros mais populosos, diferentes do dia a dia da área rural; às dificuldades se

acumulavam em dias de chuva, pois os caminhos ou carreiros percorridos eram uma lama só,

constrangendo os alunos quando adentravam nas salas de aula, com os sapatos ou chinelos

cheios de barro.

Em 2011, o IDEB apresentou uma queda de 4,3 no município, em relação a 2009,

que foi de 4,7.

QUADRO 21 - IDEB DO MUNICÍPIO DE CANDÓI – 4ª e 5ª Séries do Ensino Fundamental 2005 - 2011

2005 2007 2009 2011

Resultado Meta Resultado Meta Resultado Meta Resultado Meta

3,7 3,8 4,2 3,8 4,7 4,1 4,3 4,5

FONTE: Ideb.Inep.gov.br/resultado.

Quanto às matrículas nas escolas existentes no município, estão assim

distribuídas.

TABELA 12 – MATRÍCULAS NA EDUCAÇÃO BÁSICA 2007/2010, SEGUNDO A DEPENDÊNCIA

ADMINISTRATIVA – CANDÓI 2007 – 2012.

MATRÍCULAS

CRECHE PRÉ-ESCOLA FUNDAMENTAL MÉDIO

2007 2012 2007 2012 2007 2012 % 2007 2012

Estadual - - - - 1.623 1.431 - 11,8 641 721

Municipal 100 52 85 364 1.683 1.393 - 17,2 - -

Particular 9 6 6 12 23 15 - 34,8 - -

TOTAL 109 58 91 372 3.329 2.839 - 14,7 641 721 Fonte: IBGE/IPARDES

Os dados acima requerem uma pesquisa mais detalhada para confirmar se a queda

da população em 2,8%, equivalente a 432 habitantes, refletiu na educação do Ensino

Fundamental que apresentou uma redução de 14,7%, equivalente a 490 crianças e

adolescentes, visto não existir transferência para a rede particular, bem como o número de

docentes permaneceu constante no ensino fundamental, tendo aumentado apenas duas escolas

nos últimos seis anos.

100

Observa-se que o Índice de Desempenho da Educação, caiu de 0,6722 em 2010

para 0,5330 em 2012, representando 20,71%, segundo dados do IPARDES – Paraná (2010).

TABELA 13- DOCENTES NOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

EDUCAÇÃO BÁSICA

DOCENTES

Creche 2012

Pré-escolar Fundamental Médio

2006 2012 2006 2012 2006 2012

Estadual - - - 90 87 64 78

Municipal 5 20 27 91 91 - -

Particular 2 4 - 4 - - -

TOTAL 7 24 27 185 167 64 78 Fonte: IBGE/IPARDES

Quanto aos dados do número de docentes, poderá existir a possibilidade de

professores, em contraturno, (40hs), atuarem também na Pré-Escola ou em Creche.

TABELA 14 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO BÁSICA NO

CANDÓI

ESTABELECIMENTOS

DE ENSINO

ESTABELECIMENTOS DE ENSINO

Creche Pré-escolar Fundamental Médio

2012 2006 2012 2006 2012 2006 2012

Estadual - - - 5 5 4 5

Municipal 1 7 9 6 8 - -

Particular 1 1 1 1 - - -

Fonte: IBGE/IPARDES

O crescimento de estabelecimentos em Pré-escola pode não ser considerado, visto

que, nas escolas municipais, existem salas específicas, podendo ter ocorrido aumento de

turmas e não de estabelecimentos. Ressalta-se na última gestão de Elias Farah Neto, a

inclusão digital nas escolas municipais e aos munícipes, via rede digital, bem como a entrega

de Netbook, aos alunos da rede municipal.

Um fato que merece uma investigação mais específica é o baixo número de

crianças em Creche. Possuindo apenas uma creche, o município não vem acompanhando a

política nacional para combate a extrema pobreza, via atendimento em creche de crianças em

risco social.

TABELA – 15 EVOLUÇÃO DO ÍNDICE DE DESEMPENHO DO MUNICIPIO DE CANDÓI NA

EDUCAÇÃO 1991-2012.

ANO IPDM – EDUCAÇÃO

1991

2000

2002

2005

2007

2009

2010

2012

0,233*

0,315

0,364

0,529

0,607

0,659

0,503

0,533

Fonte: IPARDES.

(*) IDHM – Educação - PNUD. - Guarapuava

101

A política nacional de atendimento à criança em situação de risco social via

atendimento em creche, como já foi demonstrada (no Estado houve um crescimento de 60,8%

e no Brasil 150,7%), é um importante mecanismo de inserção social e de fonte alimentar de

combate à subnutrição. Mesmo existindo uma concentração da população na Sede e nos

núcleos urbanos rurais, tal política deve ser implementada, visando atender às populações

mais carentes. Também foi demonstrada a existência de recursos financeiros para a atividade

pelo governo federal.

Dados censitários (IBGE) da população, segundo faixa etária e sexo, em 2007

demonstra a existência de 267 crianças menores de 1 ano e 1.086 crianças na faixa de 1 a 4

anos. Em 2010, menores de 1 ano apresentavam 210 crianças e 982 crianças de 1 a 4 anos.

Em 2012, os dados do Ministério Público – GEMPAR 2013 – esclarecem que a

Emenda Constitucional 59/2009 estabelece a obrigatoriedade de ensino para crianças de 4 e 5

anos, a qual deverá ser atendida pelos gestores municipais até 2016. Segundo dados

fornecidos pelo IPARDES/SEED, para o ano 2012, o município apresenta os seguintes

resultados:

TABELA 16 - DÉFICIT DE ATENDIMENTO EM CRECHE E PRÉ-ESCOLA NO CANDÓI EM 2012.

ANO No de Vagas em Creche População Déficit de vagas- Creche

2012 58 955 897

ANO No de Vagas em Pré-Escola População Déficit de vagas – Pré-Escola

2012 376 502 126

FONTE: Ministério Público – GEMPAR.

Pesquisa realizada na Internet www.social.seds.pr.gov.br, acessada em abril de

2014, aponta que, no Município de Candói, foram desativadas, durante a primeira e segunda

gestão, sete Creches, quais sejam: Creche Criança Feliz; Creche Emílio F. Silva; Creche

Francisco Solano Bueno; Creche Ormi França Araujo; Creche Padre Emílio Barbieri; Creche

Recanto da Criança e Creche Rocha Pombo em anos anteriores, mesmo com um déficit de

897 vagas, observada pelo Ministério Público.

O Índice de Desenvolvimento Municipal de Candói, e seus componentes, estão

assim representados:

TABELA 17 - IDHM EDUCAÇÃO CANDÓI – 1991 – 2010

IDHM – EDUCAÇÃO 1991 2000 2010

% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 8,32 18,61 32,82

% de 5 a 6 anos na escola 15,78 48,92 86,39

% de 11 a 13 anos finais do fundamental ou com fundamental completo 16,88 58,84 89,80

% de 15 a 17 anos com fundamental completo 5,99 41,24 52,19

% de 18 a 20 anos com médio completo 0,29 14,87 20,46

FONTE: Atlasbrasil.org.br/2013.

102

Na Educação, com os reclames iniciais (fechamento das escolas rurais e regime

multisseriado), a centralização das escolas na Sede e nos principais núcleos rurais,

consolidou-se, e uma melhora sensível está se efetivando para o atendimento das metas do

IDEB.

Possuindo oito escolas e uma em construção, conta em 2014, com 48 motoristas

do transporte escolar, incluindo 2 para o transporte universitário, e uma frota de ônibus e

outros contratados, resultando em sensível melhora no transporte dos alunos. Quanto ao corpo

docente, possui 9 com nível médio; 11 com graduação superior; 109 com pós-graduação Lato

Sensu e 2 Stricto Sensu, totalizando 131 profissionais. (Folha de Pagamento junho/2014 –

Portal Transparência), além de uma Nutricionista para a merenda escolar.

A questão que necessita de uma reformulação é o aumento de construções para

atendimentos de crianças em Creche e Pré-escola, em razão da demanda existente,

contribuindo sensivelmente junto às comunidades mais carentes e em risco social.

2.3.3 - IDHM – Longevidade

Segundo divulgação do Atlas Brasil/2013, acessado em 27.04.2014, o IDHM

Longevidade “considera a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio de anos que

as pessoas dos municípios viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de

mortalidade observados em cada período. A esperança de vida ao nascer sintetiza as

condições sociais, de saúde e de salubridade do município, ao considerar as taxas de

mortalidade das diferentes faixas etárias daquela localidade. Todas as causas de morte são

contempladas para chegar ao indicador, tanto doenças quanto causas externas, tais como

violência e acidentes”.

Quanto mais desenvolvida for uma região, mais a mortalidade infantil se relaciona

a causas endógenas, determinadas pelos riscos de mortalidade neonatal (primeiros 28 dias de

vida). Nas regiões menos desenvolvidas, além das causas endógenas, acrescentam-se, de

forma determinante, as causas exógenas, entre elas a desnutrição e as doenças infecciosas e

respiratórias. As probabilidades de morte espelham privações em distintas etapas da vida, nas

quais diferentes causas atuam negativamente.

O comportamento da taxa de fecundidade total vincula-se às transformações

vivenciadas pela população brasileira na chamada “transição demográfica”, na qual a rápida

queda dos níveis de fecundidade determinou o volume populacional e a nova configuração

nacional em termos de estrutura etária (atlasbrasil/2013).

103

A Taxa de Mortalidade Infantil no Brasil continua sendo um caso recorrente pela

precariedade de profissionais, hospitais e equipamentos nos pequenos e médios núcleos

urbanos e rurais existentes nos municípios. Apesar da redução na última década, de 58,6%, (

2000-2011) do número de óbitos infantis na média nacional, as Regiões Norte e Nordeste,

ainda se mantêm com índices de 19,9% e 18,0%, muito acima da média nacional.

QUADRO 22 – TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL – NÚMERO DE ÓBITOS INFANTIS (menores

de 1 ano) por 1.000 nascidos vivos, Brasil, 2000 - 2011.

Regiões 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

BRASIL 26,1 24,9 23,4 22,5 21,5 20,4 19,6 18,6 17,7 16,8 16,0 15,3

NORTE 32,8 32,1 29,7 29,3 27,8 27,1 26,8 25,3 23,1 22,3 21,0 19,9

NORDESTE 35,9 33,4 30,8 29,3 27,8 25,9 24,8 23,2 21,8 20,3 19,1 18,0

SUDESTE 20,1 19,2 18,3 17,5 16,8 16,0 15,3 14,8 14,3 13,9 13,4 13,0

SUL 16,9 16,5 16,1 15,6 14,9 14,1 13,4 13,0 12,5 12,0 11,6 11,3

Paraná 19,0 18,1 17,0 16,3 15,6 14,7 14,0 13,5 13,0 12,6 12,0 11,8

Santa Catarina 15,9 15,5 15,0 14,3 13,4 12,9 12,6 12,3 11,9 11,2 11,2 10,8

Rio Grande Sul 15,3 15,5 15,8 15,6 15,0 14,0 13,2 12,9 12,4 11,9 11,3 11,1

CENTRO OESTE 22,3 21,4 20.6 20,3 19,7 19,3 18,5 17,7 17,1 16,4 15,9 15,5 FONTE: Tabnet.datasus.gov.br/cqi/idb2012.

O estado de Santa Catarina é destaque nacional na redução de óbitos infantis, no

Brasil, seguido do Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Paraná.

Políticas públicas municipais relativas a salários atrelados a uma carga horária de

20 horas ou menos semanais, não vêm sendo consideradas pelos profissionais da saúde, os

quais preferem os grandes centros, com populações superiores a 200 mil habitantes, que lhes

oportunizam várias fontes de rendimentos em centros de especialidades, hospitais e consultas

particulares e, ainda, a oportunidade de reciclagem profissional.

Políticas públicas federais ainda não encontraram uma forma capaz de reduzir a

mortalidade infantil, e garantir atendimento à gestante no período Pré-Natal, além da Atenção

Primária, cujos resultados, mesmo tendo sido reduzidos significativamente, conforme se

demonstra, ainda são preocupantes, com uma média de 16 mortes infantis para cada 1,86

médicos.

Segundo MADEIRO (2013. Artigo Revista Jurídica),

Estudo demográfico médico realizado no Brasil pelo CFM e CREMESP, entre 1970

e 2011, demonstrou que o número de médicos passou de 58.994 para 371.778, já

tendo atingido hoje 400 mil médicos, o que significa dizer que o número de médicos

aumentou numa porcentagem de 530%, enquanto a população no mesmo período

aumentou 104,8%. A razão médico/habitantes, de 1980-2011, aumentou 72,5%, ou

seja, esta relação saltou de 1,13 médicos por 1.000 habitantes em 1980 para 1,95 em

2011. O Brasil é o quinto país do mundo com o maior número de médicos, porém

com uma grande desproporcionalidade no que se refere à distribuição entre as

regiões brasileiras.

104

A importação de mais de 6.000 mil médicos sanitaristas cubanos, enviados às

regiões mais carentes do país, poderá, em médio prazo, apresentar resultados mais

satisfatórios, mas ainda é uma política pública discutível em sua infraestrutura, conforme

artigo publicado no Portal da OAB/Ceará, do qual transcrevemos parágrafos selecionados:

[...] A crise na saúde pública do Brasil deve ser considerada sob três

aspectos básicos: a deficiência na estrutura física, a falta de disponibilidade de

material-equipamento-medicamentos e a carência de recursos humanos. As

condições das estruturas físicas das Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais são

lastimáveis, pois as mesmas se encontram sem manutenção preventiva e/ou

corretiva, funcionando muitas vezes em prédios improvisados e inadequados, com

instalações elétricas, sanitárias e hidráulicas precárias, pondo inclusive em risco de

morte, aqueles que lá frequentam.

[...]

As péssimas condições de atendimento à população na Atenção

Primária de Saúde, porta de entrada do SUS, também é retratada pela falta de

equipamentos médicos, mobílias, exame laboratoriais e até mesmo de medicamentos

básicos para diabetes, hipertensão, vermífugos ou antibióticos. (A Crise na Saúde

pública. Artigo publicado na Revista Jurídica Consulex29/08/2013. Por Ricardo C.

V. Madeiro. OAB Ceará.http://oabce.org.br/2013/08/artigo-crise-na-saude-publica).

QUADRO 23 – NÚMERO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE POR HABITANTE- MÉDICOS P/1.000

HAB./ TMI – TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL.

UNIDADES DA

FEDERAÇÃO 1991 2000 2010

MÉDICOS TMI MÉDICOS TMI MÉDICOS TMI BRASIL 1,15 44,4 1,39 26,1 1,86 16,0

Rondônia 0,35 41,4 0,04 31,9 1.03 18,9

Acre 0,26 52,9 0,52 29,2 0,92 20,4

Amazonas 0,47 43,4 0,53 34,8 1,07 20,6

Roraima 0,21 37,4 0,57 22,2 1,24 18,0

Pará 0,51 44,6 0,51 32,3 0,77 21,5

Amapá 0,25 37,5 0,40 32,9 0,75 25,4

Tocantins 0,54 44,0 - 36,9 0,99 20,5

Maranhão 0,35 71,2 0,42 36,8 0,53 21,9

Piauí 0,46 61,5 0,57 37,8 0,93 20,7

Ceará 0,62 73,6 0,72 36,8 1,06 16,2

Rio Grande do Norte 0,77 69,9 0,89 34,5 1,23 17,2

Paraíba 0,78 76,1 0,92 39,2 1,19 18,2

Pernambuco 0,87 70,9 1,06 34,0 1,37 17,0

Alagoas 0,83 92,5 0,94 37,7 1,17 18,6

Sergipe 0,70 62,0 0,83 37,7 1,30 18,2

Bahia 0,66 61,9 0,84 34,6 1,12 21,0

Minas Gerais 1,03 37,4 1,35 25,7 1,82 16,2

Espírito Santo 1,19 31,3 1,33 18,1 1,93 11,9

Rio de Janeiro 2,61 30,9 3,00 20,5 3,52 14,3

São Paulo 1,54 29,1 1,92 17,4 2,50 12,0

Paraná 0,95 33,0 1,20 19,0 1,97 12,0

Santa Catarina 0,81 31,2 1,09 15,9 1,68 11,2

Rio Grande do Sul 1,44 24,9 1,84 15,3 2,37 11,3

Mato Grosso do Sul 0,83 31,4 1,01 24,4 1,46 15,4

Mato Grosso 0,54 36,6 0,64 29,4 1,14 19,6

Goiás 0,86 33,4 1,07 21,2 1,40 15,9

Distrito Federal 2,18 27,1 2,64 15,3 3,61 12,2

FONTE: Ministério da Saúde/SGTES/DEGERTS/CONPROF. 2012.

105

Segundo o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento do

Brasil, o IDHM 2013 apresenta cinco municípios de Santa Catarina com os maiores índices

do ranking da longevidade do Brasil, quais sejam:

TABELA 18 - MAIORES IDHM LONGEVIDADE NO BRASIL – PNUD 2013.

Posição Municípios Expectativa IDHM

1o

Brusque 78,64 0,894

2o

Blumenau 78,64 0,894

3o

Balneário Camboriú 78,62 0,894

4o

Rio do Sul 78,61 0,894

5o

Rancho Queimado 78,59 0,893

Segundo o Relatório, os cinco menores IDHM – Longevidade, no Brasil, estão

localizados nos seguintes municípios e Estados:

TABELA 19 - MENORES IDHM LONGEVIDADE NO BRASIL – PNUD 2013.

Posição Municípios Estados Expectativa IDHM

5565o

Roteiro Alagoas 65,30 0,672

5564o

Cacimbas Paraíba 65,30 0,672

5563o

Olho D’Água Grande Alagoas 65,40 0,673

5562o

Mataraca Paraíba 65,40 0,675

5561o

Joaquim Nabuco Pernambuco 65,55 0,760

O IDHM – Longevidade no Paraná encontra-se em sexto lugar, influenciado por

municípios com grande concentração de pobreza nas áreas rurais, principalmente em dois

grupos vulneráveis - crianças e idosos, cujas condições de vida apresentam disparidades,

estando abaixo da média dos indicadores do Brasil. Aproximadamente 20% da população dos

grupos etários entre 0 e 4 anos e dos mais idosos que 65 anos, reside em áreas rurais e, destes,

mais que 70% encontram-se em municípios com IDHM abaixo do índice do Brasil.

De mesma sorte, o IDHM Longevidade no Município de Candói apresentou, até o

ano de 2000, resultados abaixo da média brasileira e do Estado mas em 2010, já supera os

indicadores em nível federal e estadual, o que corresponde a uma melhora significativa na

qualidade de vida de seus habitantes, mas muito distante ainda dos resultados dos demais

municípios do Paraná.

QUADRO 24 – IDHM LONGEVIDADE CANDÓI – 1991 A 2010

ESPECIFICAÇÃO 1991 2000 2010

Brasil Paraná Candói Brasil Paraná Candói Brasil Paraná Candói

IDHM Longevidade 0,647 0.679 0,610 0,686 0,747 0,685 0,739 0,778 0,778

FONTE: Atlasbrasil.org.br/2013.

106

Os dados divulgados pelo Relatório Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil

(2013), classifica o município de Candói, em 3.393o posição, dentre os 5.570 municípios no

Brasil e 378º no Estado do Paraná, dentre os 399 municípios.

A área da saúde é sempre a mais sensível em todos os municípios, possivelmente,

devido à falta de médicos concursados, o que aparece como falta de um Plano de Cargos e

Salários específico da área; a limitação pelo subsídio do Prefeito; as cargas horárias de

trabalho, bem como as gestões municipais raramente oportunizam uma reciclagem

profissional.

Um dos caminhos que está sendo utilizado no país para que a população possa ser

atendida, e que vem sendo realizada pela maioria dos municípios, é a terceirização dos

serviços de saúde, via licitação pessoa física, via ONG, OSS e OSCIP, ou empresa jurídica,

impondo ao município um ônus elevado, se comparado com o que se gastaria com um

servidor concursado.

No município de Candói, a saúde avança em direção à melhoria, visto que, em

2008, encontrava-se com médio desempenho entre os municípios do Paraná e, em 2012 já se

enquadra no índice de alto desempenho, devido a contrato assinado com o Instituto Santa

Clara, (ONG), através de repasses de subvenção econômica mensal, reforçado atualmente

com mais três médicos cubanos do Programa Federal e equipes do Programa Saúde da

Família.

TABELA 20 - NASCIDOS VIVOS E ÓBITO INFANTIL

ANO NASCIDOS VIVOS ÓBITOS

PARANÁ CANDÓI % PARANÁ CANDÓI %

2000 179.462 341 0,19 3.514 10 0,28

2001 167.270 311 0,18 2.925 05 0,17

2002 165.125 354 0,21 2.779 06 0,21

2003 157.333 305 0,19 2.595 10 0,38

2004 159.636 359 0,22 2.479 13 0,52

2005 160.324 352 0,22 2.332 13 0,56

2006 153.598 308 0,20 2.146 06 0,28

2007 147.554 281 0,19 1.950 04 0,20

2008 151.092 243 0,16 1.978 05 0,25

2009 149.217 247 0,16 1.864 05 0,27

2010 152.051 252 0,16 1.840 01 0,05

2011 152.902 229 0,15 1.781 01 0,06

Fonte: Ministério da Saúde. Datasus.2013.

Os resultados do município de Candói se comparado com o do Paraná, demonstra

que as políticas implementadas, estão no caminho certo – o de preservar a vida, conforme se

observa na Tabela 20.

107

Os indicadores do município de Candói, na área do atendimento à saúde dos

munícipes, não refletem as demais políticas de saneamento e de melhorias públicas desde a

sua instalação, conforme o perfil traçado neste trabalho.

2.3.4 - IDHM – Renda

2.3.4.1 - Índice de Pobreza no Brasil

A taxa ou índice e pobreza, é o percentual da população cuja renda familiar se

encontra abaixo de um nível absoluto chamado linha de pobreza. A linha de pobreza é

estabelecida pelo governo federal em aproximadamente três vezes o custo de uma dieta

adequada (MANKIW p.432.2005).

Segundo o autor, essa linha depende do tamanho da família e é ajustada a cada

ano para levar em conta mudanças no nível de preços. A desigualdade não ocorre somente no

Brasil, pois, conforme dados do Banco Mundial de 2002, Brasil e África do Sul, apresentam

elevados índices de concentração de renda: os 10% mais ricos têm renda 46,7% e 45,9%

vezes maior do que os 10% mais pobres. No topo de melhor distribuição de renda, estão Japão

e Alemanha, os 10% mais ricos da população têm renda de apenas 4,5% vezes maior do que

os 10% mais pobres.

De acordo com Hagenaars e De Vos (1988) apud ( SILVA e BORGES 2013,p.2),

todas as definições de pobreza podem ser enquadradas numa das três categorias seguintes:

a) Pobreza é ter menos do que um mínimo objetivamente definido (pobreza

absoluta);

b) Pobreza é ter menos do que outros na sociedade (pobreza relativa);

c) Pobreza é sentir que não se tem o suficiente para seguir adiante (pobreza

subjetiva).

Entre as definições de pobreza absoluta estão, também, as mencionadas por

Kageyama, Hoffmann,(2006), apud SILVA e BORGES (2013b, p.2), quais sejam:

O enfoque das necessidades básicas (“basic needs”), que geralmente redunda

no estabelecimento de uma linha de pobreza em termos de renda;

O enfoque baseado na Lei de Engel, que utiliza a proporção dos gastos com

alimento na renda total da família;

A razão entre os custos fixos do domicílio, como energia, transporte,

educação, aluguel, etc., e a renda total;

A razão entre gasto corrente e renda, isto é, seria pobre a pessoa;

108

Que recorre constantemente a empréstimos para sobreviver ou cuja relação

gasto /renda é maior do que a unidade (4);

Entre as definições de pobreza relativa destaca-se a privação relativa com

referência a um conjunto de bens considerados comuns naquela sociedade;

As definições de pobreza subjetiva podem ser de dois tipos: pobres são

aqueles cujo nível de renda está abaixo daquele que consideram que seria o

‘exatamente suficiente’ para viver e uma outra abordagem que tenta conciliar

a pobreza subjetiva com a “basic needs” - propõe que se indague às pessoas o

que elas consideram como necessidades básicas e depois se compare esse

valor com sua renda disponível;

Finalmente, pode-se definir como pobreza baseada no mínimo oficial a

situação das pessoas que se encontram abaixo da renda mínima “oficial”.

Outras metodologias para análise da pobreza são inseridas, como o IPH – Índice

de Pobreza Humana, apresentado no Relatório de Desenvolvimento Humano de 1997 (PNUD,

1997), que é composto pelos seguintes indicadores:

a) Percentual de pessoas com probabilidade ao nascer de não viver

até os 40 anos.

b) Percentual de adultos analfabetos.

c) Percentual da população sem acesso à água tratada, e

d) Percentual de crianças desnutridas abaixo de 5 anos.

As abordagens sobre as metodologias que podem ser utilizadas pelos gestores

públicos são amplas e disponibilizadas pelos órgãos nacionais e internacionais, para que as

políticas públicas possam ser direcionadas às atividades que em alcance, provam o resgate de

seus cidadãos para uma melhor qualidade de vida.

A Região Nordeste continua mantendo o maior percentual da população com

renda menor que ½ salário mínimo no país, mesmo que, ao longo dos vinte e dois anos, tenha

reduzido essa condição em média 24,43% de sua população. A diversidade social e a

concentração de renda entre o número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a dos

20% mais pobres, que era, em 2001, de 24,61, passou, em 2012, para 17,89 vezes.

A Região Norte reduziu a população com menos de ½ salário mínimo no período

de 2001 a 2012, em 20,5%, mantendo a região em razão da renda que, para cada 20% dos

mais ricos, superam a dos 20% mais pobres em 15,36 vezes.

109

QUADRO 25- PROPORÇÃO DE PESSOAS COM BAIXA RENDA MENOR QUE ½ SM, SEGUNDO

UNIDADES DA FEDERAÇÃO – 2001 a 2012.

REGIÕES 2000 2001 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2210 2011 2012

BRASIL 49,10 50,67 51,23 50,03 46,93 42,56 40,32 37,57 35,71 34,67 31,56 29,23

Rondônia 53,96 53,97 53,86 51,71 53,63 49,02 47,04 42,75 37,25 35,42 32,45 31,77

Acre 65,58 54,62 57,29 68,81 66,08 58,96 59,24 54,42 49,08 53,00 46,46 47,18

Amazonas 69,22 61,23 65,64 64,06 59,60 57,72 58,39 52,90 50,92 54,44 49,34 47,02

Roraima 54,33 55,57 57,00 70,38 62,64 55,45 56,62 49,30 47,00 47,78 36,38 39,58

Pará 70,03 65,25 67,54 66,88 64,78 61,26 58,38 54,83 55,77 57,59 52,30 48,76

Amapá 60,00 42,01 60,77 63,54 54,13 51,87 50,79 47,87 50,19 47,27 47,57 45,17

Tocantins 68,83 67,68 66,22 62,87 61,75 56,28 53,99 47,51 43,23 46,09 42,28 38,91

Maranhão 81,43 79,93 79,42 79,05 77,56 71,13 67,12 65,55 61,64 64,70 62,87 60,85

Piauí 77,62 75,70 76,32 76,51 73,50 68,35 62,97 60,86 58,22 58,95 54,17 49,51

Ceará 73,66 74,23 75,62 74,71 71,12 66,08 64,32 59,44 57,72 56,16 52,52 48,86

Rio grande norte 68,57 68,76 71,16 69,24 66,04 59,16 56,38 52,30 52,27 48,92 49,83 41,23

Paraíba 72,66 75,39 71,95 72,40 68,34 63,74 64,77 58,81 58,97 54,77 49,03 46,42

Pernambuco 68,33 71,68 74,06 72,55 69,32 65,25 63,41 60,40 57,72 53,53 51,40 44,82

Alagoas 76,70 79,09 80,18 79,59 76,46 72,59 67,44 66,49 65,93 60,84 61,44 55,89

Sergipe 71,13 70,06 67,19 63,68 63,25 60,56 56,84 55,05 52,82 53,72 48,32 45,20

Bahia 71,76 73,77 74,19 71,90 68,87 64,38 62,09 58,90 56,07 54,30 50,37 49,22

Minas gerais 48,50 51,87 52,25 49,98 44,15 40,19 37,46 34,02 31,05 30,29 27,36 23,97

Espírito santo 46,80 54,40 52,50 48,48 45,54 40,09 37,31 34,74 34,58 28,85 25,10 22,55

Rio de janeiro 33,97 35,95 36,56 34,40 33,21 28,42 27,83 26,38 23,80 25,87 23,31 22,32

São Paulo 28,00 30,87 33,02 32,63 28,53 24,66 22,35 20,33 19,15 19,36 15,57 13,97

Paraná 41,71 43,30 41,96 38,65 36,84 31,44 26,95 25,61 23,93 21,29 18,36 16,79

Santa Catarina 31,73 31,21 28,16 26,19 23,27 18,62 16,88 17,77 13,81 13,86 12,67 10,45

Rio grande sul 34,93 36,97 35,98 33,71 32,45 29,04 26,86 24,42 22,87 20,24 19,08 17,08

Mato grosso sul 48,90 50,43 48,67 47,58 44,03 38,30 35,99 32,85 31,06 28,10 22,50 18,25

Mato grosso 47,55 49,56 51,23 46,03 44,86 41,02 41,15 32,80 30,93 29,53 22,52 22,94

Goiás 46,84 51,97 49,24 45,90 45,32 38,83 35,76 31,95 29,46 26,46 23,38 20,79

Distrito federal 29,65 36,96 37,77 37,35 31,50 27,84 24,90 23,80 23,51 18,32 18,30 17,68

FONTE: IDB/2012 – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

A Região Sudeste concentra o maior parque industrial do país, e conseguiu

reduzir a população que recebe menos de ½ salário mínimo em 18,6%, no período comparado

de 2001 a 2012. Sua razão de renda número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a

dos 20% mais pobres, no período de 2001-2012 é de 13,52 vezes.

A Região Sul é o expoente na redução da pobreza no Brasil, destacando-se

individualmente o Estado de Santa Catarina, cujos resultados são melhores que o Estado de

São Paulo., seguido pelo Estado do Paraná e Rio Grande do Sul.

A Região Sul é a que concentra o menor número de pessoas com renda menor que

1/2 salário mínimo. Sua proporção – razão renda, se comparada entre os períodos de 2001 a

2012, é de que o número de vezes que a renda dos 20% mais ricos supera a dos 20% mais

pobres é de 8,85 em Santa Catarina; 12,10 no Paraná e 12,16 vezes no Rio Grande do Sul.

Se comparados os dados de 2001 com 2012, o índice de pobreza nos Estados da

federação está sendo reduzido significativamente, com a estabilidade econômica, após o Plano

Real e com as políticas públicas de transferência de recursos financeiros diretamente às

pessoas físicas através do Programa Bolsa Família, que oportunizaram a elevação da renda.

Mas isso não representa a falta das demais condições sociais básicas de emprego, saneamento

110

básico, educação e saúde. São 22 milhões de beneficiários inseridos no Programa e a maioria

dessas pessoas ainda se encontra em estágio de pobreza, residindo em favelas urbanas ou em

extrema dependência de programas assistenciais no meio rural.

Esse retrato do Brasil é complementado pelo descompasso de desenvolvimento

nos municípios, dependentes de transferências intergovernamentais do ICMS e do FPM, e que

geram a cada ano uma migração constante da população para ocupação de postos de trabalho

oferecidos em municípios mais desenvolvidos. Assim, permanece nas periferias das cidades,

considerável contingente humano, no aguardo de oportunidades de serviços em vários setores

da economia.

2.3.4.2 - Índice de Pobreza no Paraná

A partir da década de 70, com o início da industrialização no Estado, considerável

contingente humano transferiu-se para a Região Metropolitana de Curitiba e para municípios

mais desenvolvidos no Norte do Paraná, em busca de emprego. Os resultados, ao longo do

período, com o aumento da industrialização e a instalação de agroindústrias no Estado,

reduziu substancialmente a pobreza na década de 2010, tornando o Paraná, dentre os cinco

Estados da região, o de menor índice de pobreza.

Entretanto, os critérios adotados pela SUPLAN - Subprocuradoria Geral de

Justiça para Assuntos de Planejamento Institucional e pelo CEAF – Centro de Estudos de

Aperfeiçoamento Funcional de cada Estado por Comarca, apresentam indicadores de março

de 2012, que refletem uma realidade municipal, provenientes das grandes massas migratórias.

TABELA 21 - RENDA PER CAPITA DOMICILIAR NO PARANÁ- REGIÃO SUL E BRASIL. 1993 –

2011

ANO PARANÁ % REGIÃO SUL % BRASIL %

1993 R$ 452,00 ... R$ 498,00 ... R$ 419,00 ...

1996 R$ 566,00 25,2 R$ 597,00 19,9 R$530,00 26,5

1999 R$ 531,00 -6,2 R$ 575,00 -3,7 R$ 504,00 -4,9

2000 R$1.144,06. 115,4 R$1.183,06 105,7 R$1.117,95 121,8

2001 R$ 553,00 -51,7 R$ 598,00 -49,4 R$ 512,00 -45,8

2002 R$ 559,00 1,1 R$ 591,00 -1,2 R$ 512,00 -

2003 R$ 546,00 -2,3 R$ 588,00 -0,5 R$ 482,00 -5,9

2004 R$ 603,00 10,4 R$ 617,00 4,9 R$ 493,00 2,3

2005 R$ 610,00 1,2 R$ 637,00 3,2 R$ 523,00 6,1

2006 R$ 647,00 6,1 R$ 688,00 8,0 R$ 572,00 9,4

2007 R$ 726,00 12,2 R$ 726,00 5,5 R$ 587,00 2,6

2008 R$ 724,00 -0,3 R$ 753,00 3,7 R$ 617,00 5,1

2009 R$ 735,00 1,5 R$ 778,00 3,3 R$ 632,00 2,4

2010 R$ 747,00 1,6 R$ 778,00 - R$ 668,00 5,7

2011 R$ 747,00 - R$ 778,00 - R$ 668,00 -

FONTE: IBGE

111

Das Comarcas da Região Metropolitana de Curitiba, a que possui o menor índice

é o Município de Pinhais (14,18%) e o maior é o Município de Fazenda Rio Grandes

(31,77%).

TABELA 22 - TAXA DE POBREZA – RELAÇÃO POR ENTRÂNCIA E POR ORDEM CRESCENTE-

MARÇO/2012

COMARCAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA

COMARCAS POPULAÇÃO MUNICÍPIOS

P/

COMARCA

TAXA

POBREZA

REGIÃO

ARAUCÁRIA 119.123 1 17,71 RMC

COLOMBO 212.967 1 17,34 RMC

PINHAIS 117.008 1 14,18 RMC

PIRAGUARA 93.207 1 23,17 RMC

ALMIRANTE TAMANDARÉ 128.047 2 21,82 RMC

CAMPINA GRANDE DO SUL 58.620 2 19,41 RMC

CAMPO LARGO 123.677 2 18,74 RMC

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS 278.747 2 23,12 RMC

FAZENDA RIO GRANDE 112.165 3 31,77 RMC

FONTE: SUBPLAN – março 2012

Nas Comarcas de Entrância Final, o menor índice de pobreza localiza-se no

Município de Umuarama (15,12%) e o maior Guarapuava (41,97%).

COMARCAS DE ENTRÂNCIA FINAL

COMARCAS POPULAÇÃO MUNICÍPIOS

P/

COMARCA

TAXA

POBREZA

REGIÃO

UMUARAMA 119.730 4 15,12 Noroeste

MARINGÁ 407.782 5 17,66 Norte Central

PONTA GROSSA 311.611 1 18,55 Centro Oriental

FOZ DO IGUAÇU 276.929 2 20,40 Oeste

LONDRINA 518.963 2 25,81 Norte Central

CASCAVEL 301.898 3 28,30 Oeste

GUARAPUAVA 205.618 5 41,97 Centro Sul

Nas Comarcas de Entrâncias Intermediárias, que representam 166 municípios

paranaenses, os indicadores de pobreza variam de 11,91% (município de Arapongas) a

40,86% ( município de Pitanga).

Nas Comarcas de Entrância Inicial, que representam 193 municípios paranaenses,

os indicadores de pobreza variam de 16,07% (município de Santa Fé) a 51,88% (Cândido de

Abreu).

112

TABELA 23 - ÍNDICE DE GINI DA RENDA DOMICILIAR PER CAPITA 1991 - 2010

ESPECIFICAÇÃO 1991 2000 2010

BRASIL 0,638 0,646 0,609

REGIÃO SUL 0,586 0,589 0,534

Paraná 0,600 0,606 0,542

Candói 0,524 0,610 0,655

FONTE: PNUD.2010

No município de Candói, a relação renda e pobreza, apresentam os seguintes

resultados:

TABELA 24 - RENDA E POBREZA – CANDÓI 1991 – 2010.

RENDA/POBREZA 1991 2000 2010

Renda per capita 208,71 355,87 472,40

% de extremamente pobres 19,29 19,41 9,92

% de pobres 53,10 41,70 22,52

20% mais ricos 55,53 67,51 57,92

FONTE: PNUD, IPEA.2013.

Com uma população de 14.983 pessoas, dados do IBGE, demonstram a

existência, em 2010, de 1.486 pessoas extremamente pobres, com renda inferior a R$ 70,00

mês e 3.374 classificadas como pobres, com menos de ½ salário mínimo. A concentração de

renda entre os 20% mais ricos, aplicada sobre a população total, equivale a 2.997 pessoas,

dentre as quais 57,92%, são consideradas mais ricas representada por 1.736 pessoas.

É importante afirmar que o IDH, em razão de sua metodologia e indicadores,

apresenta resultados significativos em seu todo, mas não espelha o índice direto dos

municípios (Taxa de Pobreza), possivelmente em razão de critérios adotados por faixa de

renda e ou outros agregados.

Programas federais nas áreas de educação técnica estão sendo implantados

visando atender as demandas nacionais em todas as áreas para que, em futuro próximo,

proporcione melhoria na capacitação da mão de obra, via trabalho e renda, atendendo a

demanda regional ou local em seu desenvolvimento.

Segundo artigo de FELETT (2013), da BBC Brasil, em entrevista com Otaviano

Canuto, vice-presidente da Rede de Redução da Pobreza e Gerenciamento Econômico do

Banco Mundial,

113

O Programa Bolsa Família – carro-chefe dos programas de transferência de renda do

governo – é bastante eficiente e tem um custo relativamente baixo (0,5% do PIB

nacional). Canuto diz que o plano e outros programas de transferência de renda

ajudam a explicar a melhora nos índices de pobreza e desigualdade no Brasil na

última década, ainda que, somados, tenham tido peso menor do que a

universalização da educação – “processo que vem de antes do governo Lula” – e a

evolução do mercado de trabalho, com baixo desemprego e salários reais crescentes.

Apesar do progresso, estudiosos dizem que, mesmo que o Cadastro Único passe a

cobrir todos os brasileiros que hoje vivem na pobreza, sempre haverá novas famílias

que se tornarão miseráveis.

Há, ainda, questionamentos sobre o critério do governo para definir a pobreza

extrema – renda familiar per capita inferior a R$ 70, baseado em conceito do Banco

Mundial que define como miserável quem vive com menos de US$ 1,25 por dia.

(...)

Para Canuto, vice-presidente do Banco Mundial, manter o Brasil numa trajetória de

melhoria dos indicadores sociais não dependerá apenas de políticas voltadas aos

mais pobres. Ele diz que o “modelo ultraexitoso” que permitiu a redução da pobreza

na última década, baseado no aumento do consumo doméstico e da massa salarial,

está próximo do limite. De agora em diante, afirma Canuto, os avanços terão que se

amparar em maiores níveis de investimentos, que reduzam o custo de produzir no

Brasil.

“É preciso pensar no que é necessário para que, daqui a uma geração, os benefícios

de transferência condicionada de renda não sejam mais necessários. Para isso, o foco

tem que ser em boa educação, acesso à saúde, emprego de qualidade, melhoria da

infraestrutura e espaço para o desenvolvimento do talento empresarial.”.( João

Fellet – da BBC Brasil, em Brasília Atualizado em 11 de março, 2013 – 05:26

(Brasília) 08:26 GMT).

Segundo fonte do Ministério Público, o município de Candói, possui em 2013,

1.475 famílias que recebem o benefício do Programa Bolsa Família, sendo que em 2011 era

de 1.436, e em 2012, 1,514 famílias.

Vale salientar que políticas sociais familiares também podem ser implantadas

junto às populações mais carentes, visando sua sociabilização para enfrentamento das

dificuldades que se vivenciam no seu dia a dia, por meio de Associações de Mães, Pais,

Gestantes, Idosos e jovens, em atividades que complementem a renda doméstica, tendo em

vista a diversidade de sua produção rural e a existência de Centros Comunitários nos núcleos

rurais.

No Candói, segundo Portal do governo federal, em gestões anteriores, foram

extintas a maioria das Associações nas comunidades rurais (23), quais sejam: Clube da

Gestante de Segredo; Clube das Gestantes de Candói; Clube das Gestantes da Paz; Clube das

Mães de Água Branca; Clube das Mães da Paz; Clube das Mães Imaculada Conceição; Clube

das Mães Mader Adimirabilis; Clube das Mães Mãe Benedita; Clube das Mães Passo Grande;

Clube das Mães Passo Grande; Clube das Mães Santa Clara; Clube das Mães Santa Luzia;

Clube das Mães São João Batista – Santa Isabel; Clube das Mães São Miguel; Clube das

114

Mães Segredo; Clube das Mães União da Esperança; Clube das Mães Unidas Venceremos;

Clube do Idoso Dom Bosco; Clube do Idoso de Segredo; Clube do Idoso São Francisco de

Assis; (www.social.seds.pr.gov.br/Relatórios).

Na última gestão, foi implantado o CRAS – Centro de Referência de Assistência

Social, para a promoção de assistência às famílias carentes e ao Idoso, centralizando os

projetos e atividades.

2.3.4.3 - Indicativos de desempenho das políticas sociais do município de Candói -

Paraná

Demonstrados os importantes indicadores de desenvolvimento humano, do Brasil,

do Paraná e do município de Candói, quanto ao processo migratório populacional, dos IDH-M

Geral, da Educação, da Renda e da Saúde, existem ainda possibilidades de melhorias nesses

índices, assim como na redução das desigualdades, apesar da limitação imposta pela renda,

considerando as dificuldades de romper o padrão concentrador da dinâmica econômica local.

Políticas públicas propostas pelo gestor municipal, junto à comunidade, podem ser

desenvolvidas, a partir de reuniões com as várias comunidades urbanas e rurais, sendo esta

área, a mais vulnerável, a partir do momento em que se estabeleçam prioridades nos setores

mais significativos de intervenção social, demonstrados pelos IDHs e, complementarmente,

pelo desempenho de políticas sociais, as quais serão demonstradas com base em dados do

IBGE e observações em informações de pesquisas acadêmicas.

I. Moradia

A área urbana da Sede do Município de Candói está concentrada nos loteamentos

Santa Clara, o mais antigo, de propriedade de Gerci de Paula; loteamento Pioneiro, de

propriedade da família de Acioli de Abreu; loteamento Maraujo, da família do falecido

Heraclides Mendes Araújo; Marinsana II de propriedade da família Abreu e os mais recentes

Jardim Farah I, II e III de propriedade do ex -Prefeito Elias Farah Neto.

O que se observa é que o Plano Diretor do Município, elaborado na gestão de

Elias Farah Neto (primeira gestão) e, possivelmente, revisto na gestão de Maurício Mendes

Araujo, constante no PPA, referente à área urbana da sede, divide a sede do município. De

um lado da rodovia (direito), de quem vem de Guarapuava, onde estão concentradas a

Prefeitura Municipal, Lojas, Farmácia, Posto de Saúde, Lanchonetes, residências, Cartório, e

115

a Cooperativa COAMO, com poucos desenvolvimento habitacional, concentrando-se apenas

em quatro quadras de sua orla.

Do lado esquerdo, concentram-se os loteamentos, que possibilitaram o

desenvolvimento de moradias, com asfalto, meio-fio, praças e equipamentos públicos como a

Câmara Municipal, supermercados, escolas, lojas e oficinas, rádio e parque industrial. Essa

área desenvolveu-se sobremaneira nos últimos anos e, em consequência, beneficiou

diretamente a classe dominante, cujas despesas com benfeitorias públicas foram bancadas

pelos novos moradores adquirentes de lotes e pelo poder público, valorizando sobremaneira

os empreendimentos dos ex-prefeitos, responsáveis pelos próprios benefícios urbanos.

A composição do número de domicílios, segundo uso e tipo, (IBGE- Censo

Demográfico-2000-2010) do município apresenta, em seu total, um crescimento de

residências de 35,15%, (urbana/rural), com incremento de 70,5% de novas propriedades na

área urbana (loteamentos) e 15,8% na área rural. Também o número de imóveis não ocupados

e vagos, alcançam 32,44% das residências.

Atualmente, a administração municipal (2013), está construindo 40 casas

populares, em convênio com a COHAPAR, no valor de R$ 1.208.000,00, na localidade Sol

Poente – Projeto Minha Casa Minha Vida do Governo Federal. As novas residências

beneficiarão famílias carentes previamente cadastradas e oportunizarão uma melhor qualidade

de vida a seus moradores.

TABELA 25 – NÚMERO DE DOMICÍLIOS NO CANDÓI, SEGUNDO O USO E TIPO –2000 - 2010

DOMICÍLIOS URBANA % RURAL % TOTAL

2000 2010 2000 2010 2000 2010

Total de domicílios

Coletivos

Particulares

Ocupados

Não ocupados

De uso ocasional

Vagos

1.452

5

1.447

1.315

132

20

112

2.467

-

2.467

2.065

402

90

312

69,9

-

70,5

57,0

204,5

350,0

178,6

2.665

1

2.664

2.222

442

282

160

3.097

12

3.085

2.291

794

497

297

16,2

-

15,8

3,1

79,6

76,2

85,6

4.117

6

4.111

3.537

574

302

272

5.564

12

5.562

4.356

1.196

587

609

FONTE: IBGE-2000-2010.

II. Saneamento

Os serviços de saneamento, no Município, apresentam elevadas deficiências

devido à falta de investimentos pelas gestões públicas do município ao longo do tempo.

116

Das 2.614 residências que possuíam água tratada em 2012, apenas 815 possuem

ligações de coleta de esgoto, isto é, 20,30%. Na área rural, são fossas sépticas que

contaminam o meio ambiente. No setor industrial, nenhuma unidade possui sistema de coleta

de esgoto e, no setor comercial, das 258 unidades existentes, apenas 111 possuem. Nas

próprias unidades do setor público, apenas 14,07%, segundo dados do IPARDES 2012.

O abastecimento de água e atendimento de esgoto pela SANEPAR (2012) está

assim constituído:

TABELA 26 – ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ATENDIMENTO DE ESGOTO NO MUNICÍPIO DE

CANDÓI PELA SANEPAR 2010– 2012.

CATEGORIA

ÁGUA ESGOTO

LIGAÇÕES UNIDADE

2010 2011 2012 2010 2011 2012

Residencial

Comercial

Industrial

Utilidade Pública

Poder Público

TOTAL

2.413

245

18

29

67

2772

2.508

245

18

29

67

2.867

2.614

245

18

29

67

2.973

692

145

0

9

21

867

774

145

0

9

21

949

815

145

0

9

21

990

FONTE: SANEPAR – UNIDADES (Economias) é todo imóvel (casa, apartamento, loja, prédio, etc) ou

subdivisão do imóvel, dotado de pelo menos um ponto de água, perfeitamente identificável, como unidade

autônoma, para efeito de cadastramento e cobrança de tarifa.

O destino de lixo domiciliar produzido ainda se constitui uma das políticas

precárias no município, conforme se observa nos dados referentes ao ano de 2000

(MS/SE/Datasus-2013), tendo como base de cálculo o número de moradores.

TABELA 27 - PROPORÇÃO DE MORADORES POR DESTINO DO LIXO -2000

Tipo de Destino do Lixo 2000

Coletado

Queimado (na propriedade)

Enterrado (na propriedade)

Jogado

Outro destino

35,2%

46,3%

7,4%

8,0%

3,2%

FONTE: IBGE/censos demográficos

Até o exercício de 2010, o lixo era a céu aberto e em 2011/2012, foi adotado o

aterro sanitário a título precário.

Segundo a definição da OMS, o saneamento básico “ é o controle de todos os

fatores do meio físico do homem que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre o bem

estar físico, mental ou social”. Dessa forma, medidas de prevenção devem ser prioritárias nas

políticas sociais dos programas de governo em qualquer nível. Medidas de prevenção de

saneamento básico e saúde estão assim identificadas:

Abastecimento de água;

117

Manutenção do sistema de esgoto;

Coleta, remoção e destinação final do lixo;

Drenagem de águas pluviais;

Controle de insetos e roedores;

Saneamento dos alimentos;

Controle da poluição ambiental;

Saneamento da habitação, dos locais de trabalho e de recreação;

Saneamento aplicado ao planejamento territorial.

FOTO 05 – Lixão a céu aberto.

FONTE: Sérgio Bucco (sergiobucco.blogspot) Nov.2010.

Indicadores sociais no Brasil em 2010, afirmam que a política de saneamento

básico é responsável pela criação de 64 mil postos diretos de trabalho. Segundo o SNIS (

Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento- 2010), divulgado em junho de 2012, a

distribuição de água potável chega a 81,1% da população. Relativamente à coleta de esgoto,

ela chega a 46,2% dos brasileiros e se comparada com o município de Candói, 29,43%, no

geral.

III - Energia elétrica

O consumo de energia elétrica incluindo a área rural atende 91,16% das

residências no Município. O número de consumidores com maior destaque está na área rural,

com aumento de 29,9%, (2007/2011), proveniente de Programas Governamentais – Luz para

Todos.

Segundo Relatório da COPEL, de 15 de março de 2012, o Paraná está bem

próximo de universalizar o acesso à rede elétrica no meio rural. Nos últimos cinco anos, a

Copel levou o serviço, gratuitamente, a 80 mil famílias paranaenses do campo.

118

Com isso, hoje, 97,5% de toda a população residente em áreas rurais no Estado

tem eletricidade em casa. A taxa de atendimento com rede elétrica no meio rural é resultado

da execução de mais de 15 programas de eletrificação rural dentre eles Luz para Todos, do

governo federal.

Da década de 1960 até hoje, a Copel já realizou mais de 14 mil obras de extensão

de redes para levar eletricidade a mais de 382 mil famílias e propriedades rurais no Paraná.

Apenas no programa “Clic Rural”, desenvolvido durante o governo de José Richa, entre 1984

e 1988, mais de 120 mil famílias paranaenses passaram a ter acesso aos serviços de energia.

TABELA 28 – CONSUMO E NÚMERO DE CONSUMIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, NO

MUNICÍPIO DE CANDÓI – 2007-2011

CATEGORIAS

CONSUMO (MWH) CONSUMIDORES

2007 2011 % 2007 2011 %

Residencial

Setor Secundário

Setor Comercial

Rural

Outras classes

TOTAL

3.020

9.401

3.064

5.906

2.441

23.832

3.992

10.089

3.291

7.050

2.896

27.318

32,2

7,3

7,4

19,4

18,6

14,6

2.206

42

256

1.592

86

4.182

2.598

35

258

2.068

113

5.072

17,7

-16,7

0,8

29,9

31,4

21,3

FONTE: COPEL, Concessionárias – CPFL, COCEL, FORCEL, CFLO e CELESC.

119

CAPÍTULO III

A GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

3.1.Teorias Econômicas e o Emprego no Brasil

O estudo da economia clássica nos ensina que a mão de obra disponível está

vinculada à acumulação do capital disponível para contratar trabalho. Assim, quanto maior a

quantidade de capital, maior seria o nível de emprego. Já a corrente marxista, considerava o

desemprego, como causa da dinâmica da produção capitalista que, para atender a demanda ou

competitividade do mercado, estimulava a inovação tecnológica que, progressivamente,

substituía a mão de obra, por capital.

Segundo OCIO (1995, p.4)

Nas sociedades modernas, a geração de empregos em quantidade e qualidade

adequadas é um objetivo em si mesmo, essencial para a manutenção da ordem

democrática. O acesso ao trabalho digno, que é um direito do cidadão, no caso do

Brasil garantido explicitamente na Constituição, representa a principal forma de

inserção do indivíduo na sociedade, pois é através da remuneração do trabalho, que a

maioria das pessoas aufere sua renda e adquire reconhecimento social. O

desemprego não pode ser conceituado teoricamente como uma simples imperfeição

temporária do mercado de trabalho, ao contrário, pertence à essência do sistema

econômico, fruto da industrialização, urbanização, crescente especialização e, mais

amplamente, da transformação do trabalho em mercadoria. Ao não ter acesso ao

sistema de produção e distribuição de renda, os desempregados estão, para todos os

efeitos, excluídos da sociedade (OCIO, Domingo Zurrón, 1995, FGV Relatório N.

11/95).

Acrescenta o autor (1995, p.5) que,

[...] embora a posse de um emprego formal não assegure necessariamente um padrão

de vida familiar digno, o desemprego em larga escala, afeta a maioria dos países

capitalistas, inclusive os ricos e institucionalmente consolidados, representando

exclusão social. Cada vez se torna mais claro que, os deslocamentos desordenados

de populações, a violência urbana e a instabilidade política, têm muito a ver com a

dificuldade e até a impossibilidade de vastos contingentes de pessoas integrarem-se

adequadamente no sistema econômico.

Tais contingências podem ser observadas no Brasil, face ao deslocamento de

grande massa de mão de obra da área rural, para os grandes centros ou regiões metropolitanas

mais desenvolvidas.

Para municípios instalados nas últimas décadas, as primeiras ações de governo

ficam restritas à promoção do levantamento de suas necessidades; à instalação de sua

120

estrutura organizacional; à legalização de seus atos administrativos; à mantença de serviços

básicos e prioritários como saúde e educação; à promoção de políticas públicas de atração de

novos empreendimentos que possam gerar emprego e renda aos seus munícipes.

Para a classe empresarial e novos empreendedores, a instalação de novos

municípios é a expectativa de ocupar espaço para atender as demandas do novo ente público e

sua população, quer seja em prestação de serviços, pequenas indústrias e comércio em geral.

Para a população rural, a oportunidade de migrar para a sede do município em

busca de novas oportunidades de emprego e de serviços básicos de atendimento para a sua

família.

Dados do IBGE/2006 – Censo Agropecuário demonstram que o setor agrícola é o

que concentra o maior número de trabalhadores no Brasil, mas também o que apresenta a

maior migração de mão de obra de trabalhadores diaristas ou membros de famílias, sem

Carteira de Trabalho, às grandes regiões metropolitanas.

QUADRO 26 – PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS - BRASIL

1975-2006.

REGIÕES

PESSOAL OCUPADO NOS ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS

1975 1980 % 1985 % 1995 % 2006 % 75/06

NORTE 1.412.647 1.781.611 26,1 2.478.054 39,1 1.877.797 -24,2 1.655.645 -11,8 17,9

NORDESTE 8.738.763 9.333.172 6,8 10.441.667 11,9 8.210.809 -21,4 7.698.631 -6,2 -11,9

SUDESTE 4.145.513 4.312.211 4,0 4.738.188 9,8 3.440.735 -27,4 3.282.962 -4,6 -20,8

SUL 4.831.843 4.391.811 -9,1 4.490.282 2,2 3.383.348 -24,6 2.920.420 -13,7 -39,6

CENTRO OESTE 1.216.926. 1.344.930 10,5 1.246.728 -7,3 1.018.201 -18,3 1.009.886 -0,8 -17,0

TOTAL 20.345.692 21.163.735 4,0 23.394.919 10,5 17.930.890 -23,3 16.567.544 -7,6 -18,6

FONTE: Censo Agropecuário IBGE 2007.

Com exceção da Região Norte que, no final do exercício de 2006, apresentou uma

população de 17,9% em relação a 1975, a década de 90 foi o período de evasão da população

rural em direção aos grandes centros e, em sua maioria, na busca de emprego e de uma melhor

condição de vida, o que nem sempre se constitui em uma afirmativa verdadeira.

O estoque de empregos no Brasil com Carteira de Trabalho assinada, em 2011,

concentra-se na área de Serviços 33,19%, seguida pelos Empregos Públicos 19,66%,

Comércio 19,09%, Indústria de Transformação 17,52%, Construção Civil 5,94%,

Agropecuária 3,20% e Extração Mineral 0,50% .

O estoque de emprego é reflexo de sua economia, e os índices de emprego em

países em desenvolvimento, estão atrelados ao crescimento da renda.

121

QUADRO 27 – ESTOQUE DE EMPREGOS FORMAIS POR SETOR NO BRASIL

SETOR 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Extr. Min. 140.519 147.560 183.188 185.444 204.938 208.836 211.216 231.380

Ind.Transform. 5.926.857 6.133.461 6.594.783 7.082.167 7.310.840 7.361.084 7.885.702 8.113.808

Serv.Util.Públ. 327.708 341.991 344.565 364.667 375.370 385.379 402.284 412.741

Constr.Civil 1.118.570 1.245.395 1.393.446 1.617,989 1.914.596 2.132.288 2.508.922 2.750.173

Comércio 5.587.263 6.005.189 6.330.341 6.840.915 7.324.108 7.692.951 8.382.239 8.842.877

Serviços 9.901.216 10.510.762 11.229.881 11.935.782 12.581.417 13.235.389 14.345.015 15.372.455

Adm.Pública 7.099.804 7.543.939 7.721.815 8.198.396 8.310.136 8.763.970 8.923.380 9.103.601

Agropecuária 1.305.639 1.310.320 1.357.230 1.382.070 1.420.100 1.427.649 1.409.597 1.483.790

TOTAL 31.407.576 33.238.617 35.155.249 37.607.430 39.441.566 41.207.546 44.068.355 46.310.631

FONTE: RAIS – Dec.76.900/75

Dessa forma, pode-se entender que a expansão de uma dada economia é produto

basicamente de quatro variáveis: consumo, investimento, gasto público e balança comercial,

cujos reflexos podem passar de um exercício para outro, como é o caso de 2010 e 2011.

TABELA 29 – ESTOQUE DE EMPREGO E PIB NO BRASIL 2004 – 2011

ANO EMPREGO PIB

2004 ... 5,71 2005 5,83 3,16 2006 5,77 3,96 2007 6,97 6,09 2008 4,88 5,16 2009 4,48 -0,60 2010 6,94 7,50 2011 5,09 2,70

FONTE: IBGE. Adaptada pelo autor.

Considerando que a metodologia aplicada pelo IBGE, representa a remuneração

salarial média do trabalhador, dividida pelo número de dependentes, (renda per capita),

buscamos nas RAIS do Ministério do Trabalho, dados que representem a renda do trabalhador

brasileiro por Regiões e Grau de Escolaridade, sem considerar seus dependentes, mas que

também sofre influências de outras variáveis conforme a característica da Região.

A Tabela 30 representa a média salarial por Regiões e Estados da Federação, no

período compreendido entre 2004 e 2011. Se aplicarmos os índices de reajuste salarial,

teremos: 2004/2005 um reajuste de 15,4%; de 2005/2006 de 10,0%; de 2006/2007 de 8,6%;

de 2007/2008 de 9,2%; de 2008/2009 de 12,0%; de 2009/2010 de 9,7%; de 2010/2011 de

6,9%. Assim, nesse período, o reajuste salarial disposto em Lei, foi de 172,50%.

A perda salarial no período é significativa se aplicarmos simplesmente o

percentual do salário determinado em Lei, (R$200,00 em 2004 e R$ 545,00 em 2011)

representando 172,50% sobre a média salarial da remuneração do trabalhador.

122

Na Região Norte, a média salarial, em 2011, deveria estar em R$ 5.140,98; na

Região Nordeste, de R$ 4.092,70; na Região Sudeste, de R$ 5.222,22; na Região Sul, de R$

4.671,06; e no Centro Oeste de R$ 6.035,57. Mas isso não ocorre na realidade.

Nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, a renda média do trabalhador era de 4

Salários Mínimos em 2011, justificando-se pela concentração de indústrias, comércio e

serviços. No Distrito Federal, a renda média está acima de 7 Salários Mínimos, pelos elevados

salários pagos aos servidores públicos concentrados nos três Poderes da República.

TABELA 30 – REMUNERAÇÃO MÉDIA DO TRABALHADOR (RAIS) DE DEZEMBRO, A PREÇOS

DE DEZEMBRO (1) – BRASIL E REGIÕES.

UNIDADES FEDERAÇÃO

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

NORTE (*) 1.049,07 1.091,45 1.343,33 1.341,10 1.508,35 1.568,16 1.846,30 1.886,60 ACRE 1.021,19 1.062,14 1.344,96 1.408,20 1.543,56 1.541,08 1.844,02 1.883,67 AMAZONAS 1.165,15 1.183,44 1.401,64 1.389,32 1.635,96 1.596,68 1.816,03 1.848,12 RORAIMA 1.110,28 1.263,26 1.616,88 1.508,42 1.587,40 1.785,44 2.067,33 2.054,98 RONDÔNIA 1.017,66 1.036,23 1.213,75 1.219,29 1.361,49 1.448,78 1.722,67 1.774,08 PARÁ 847,09 863,54 1.057,40 1.088,32 1.269,94 1.305,39 1.585,38 1.625,45 AMAPÁ 1.326,40 1.305,59 1.656,99 1.636,57 1.875,16 1.922,52 2.267,50 2.224,54 TOCANTINS 855,76 925,97 1.111,67 1.137,57 1.284,98 1.377,21 1.621,19 1.795,35 NORDESTE (*) 786,21 824,15 994,85 1.005,08 1.170,60 1.235,24 1.447,48 1.501,91 MARANHÃO 784,65 799,37 951,05 979,98 1.142,96 1.224,01 1.422,89 1.493,37 PIAUÍ 748,77 778,48 952,86 954,55 1.149,32 1.219,60 1.391,45 1.446,56 CEARÁ 746,46 777,18 930,45 927,34 1.099,79 1.133,31 1.303,66 1.367,79 RIO G. NORTE 796,56 818,20 1.028,73 1.038,19 1.206,09 1.268,45 1.520,71 1.577,68 PARAÍBA 732,61 760,92 910,71 911,10 1.036,92 1.130,31 1.383,88 1.419,01 PERNAMBUCO 812,36 841,15 998,52 1.015,86 1.188,86 1.244,04 1.453,32 1.536,17 ALAGOAS 732,84 779,43 957,71 968,51 1.101,62 1.175,41 1.363,35 1.414,65 SERGIPE 872,17 963,92 1.150,68 1.153,06 1.350,56 1.419,06 1.675,21 1.704,36 BAHIA 849,47 898,71 1.072,90 1.097,15 1.259,30 1.302,94 1.512,82 1.557,63 SUDESTE (*) 1.113,23 1.134,39 1.345,95 1.361,36 1.560,32 1.608,25 1.872,06 1.916,41 MINAS GERAIS 889,64 904,05 1.095,95 1.102,31 1.273,80 1.316,39 1.555,08 1.621,75 ESPÍRITO SANTO 945,14 979,89 1.186,62 1.198,60 1.372,39 1.433,41 1.694,41 1.698,06 RIO DE JANEIRO 1.276,82 1.286,79 1.523,70 1.553,12 1.790,53 1.850,89 2.139,04 2.175,68 SÃO PAULO 1.341,35 1.366,84 1.577,52 1.591,43 1.804,55 1.832,30 2.099,73 2.170,16 SUL 1.029,38 1.055,07 1.240,23 1.250,13 1.428,54 1.459,92 1.705,27 1.764,15 PARANÁ 988,18 1.019,30 1.192,72 1.216,76 1.410,84 1.434,72 1.682,60 1.759,38 SANT.CATARINA 980,76 1.008,45 1.191,70 1.204,23 1.371,03 1.415,82 1.665,58 1.718,46 RIO G. DO SUL 1.119,21 1.137,47 1.336,28 1.329,41 1.503,74 1.529,22 1.767,64 1.814,60 CENTRO-OESTE 1.216,06 1.252,37 1.597,88 1.577,38 1.834,77 1.892,43 2.196,50 2.214,89 MATO G. SUL 910,70 961,03 1.208,15 1.195,30 1.406,16 1.459,27 1.706,85 1.747,48 MATO GROSSO 890,54 882,24 1.128,23 1.131,31 1.303,41 1.356,90 1.626,11 1.678,45 GOIÁS 837,44 880,89 1.070,23 1.103,59 1.249,53 1.308,50 1.513,41 1.597,77 DISTR. FEDERAL 2.225,56 2.285,34 2.984,90 2.879,34 3.379,99 3.445,06 3.939,65 3.835,88

FONTE: RAIS – Dec.76.900/75. Elaboração: CGET/DES/SPPE/MTE. ( 1) Deflator INPC.

O relatório “Síntese de Indicadores Sociais”, divulgado pelo Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística (IBGE) em 29/11/2013, revela que:

123

Um em cada cinco jovens de 15 a 29 anos não estuda nem trabalha e,

desses, 70% são do sexo feminino. A diferença salarial entre gêneros aumenta

conforme o grau de escolaridade. Em 2002, o rendimento das mulheres era

equivalente a 70% do rendimento dos homens. Em 2012, dez anos depois, a relação

passou para 73%. Para aqueles com 12 anos ou mais de estudo, a situação é ainda

mais desigual: o rendimento feminino cai para 66% da renda masculina.

Também há diferenças em relação à ocupação de cargos gerenciais: o

acesso de pessoas com 25 anos ou mais aos cargos de direção ficou em 5% para as

mulheres e 6,4% para os homens. “Mesmo em setores em que as mulheres são

maioria, como os setores de saúde, educação e serviços sociais, há uma desigualdade

maior entre homens e mulheres”, (Cristina Soares, pesquisadora do IBGE.2014).

QUADRO 28 – GRAU DE ESCOLARIDADE DOS TRABALHADORES E REMUNERAÇÃO MÉDIA

DE DEZEMBRO, EM REAIS, A PREÇOS DE DEZEMBRO (1). BRASIL

GRAU DE ESCOLARIDADE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Analfabeto 440,44 452,57 581,62 596,78 675,75 712,33 832,82 890,49

4ª série incompleta E.F. 580,63 596,83 739,49 766,74 873,41 895,80 1.041,27 1.077,58

4ª série Completa E.F. 653,34 669,07 794,57 817,46 933,22 960,71 1.124,81 1.167,53

8ª série incompleta E.F. 659,05 669,38 795,30 812,77 927,62 957,93 1.115,87 1.163,91

Ensino Fundam. Completo 723,59 731,82 865,05 905,05 1.001,53 1.045,50 1.205,77 1.213,68

Ensino Médio Incompleto 710,02 707,19 828,28 842,89 942,77 962,60 1.105,47 1.121,75

Ensino Médio Completo 971,99 968,66 1.117,94 1.112,10 1.247,52 1.264,05 1.448,32 1.464,32

Superior Incompleto 1.524,49 1.502,60 1.726,52 1.736,91 1.920,40 1.882,62 2.152,21 2.216,00

Superior Completo 2.795,45 2.815,40 3.359,66 3.242,40 3.758,23 3.779,78 4.333,83 4.400,88

Mestrado - - - - - - 4.258,44 5.584,41

Doutorado - - - - - - 8.197,13 8.490,52

FONTE: RAIS – Dec. 76.900/75

ELABORAÇÃO: CGET/DES/SPPE/TEM. (1) Deflator INPC.

O grau de escolaridade, como se demonstra, é fundamental para a melhoria da

renda da população trabalhadora a qual, mesmo dispondo de ensino público gratuito até a

graduação superior e pós-graduação, não se dispõe a lutar por um espaço com melhores

salários.

A concentração de famílias em regiões distantes dos grandes centros e ou da Sede

dos municípios, com falta de recursos para locomoção e infraestrutura, pode ser considerado

como fator impeditivo na obtenção de uma escolaridade superior.

3. 2 A Geração de Emprego nos Setores Econômicos do Município de Candói

Após a instalação do município, novas oportunidades de trabalho se fizeram

presentes quer pela instalação de novas pequenas empresas e, também, com a criação da

ELEJOR – Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A., em 2001 para a construção do complexo

energético Fundão Santa Clara, empresa de economia mista, COPEL – Companhia

Paranaense de Energia Elétrica e Empresa Paineira Participações e Empreendimentos Ltda.

124

O complexo é composto pelas Usinas de Santa Clara (Candói) e Fundão (Foz do

Jordão), que juntas somam 240 MW, gerando energia com capacidade para 600 mil

habitantes. As obras tiveram início em 23 de agosto de 2002 (Santa Clara) e encerramento em

31 de julho de 2005. A Hidrelétrica do Fundão encerrou sua obra em 03 de agosto de 2006,

reduzindo a demanda de empregos a partir desse período. Em março de 2011, iniciou-se a

construção de mais uma Usina, a do Rio Cavernoso II, pela COPEL, fazendo retornar a

geração de emprego na região entre os municípios de Virmond e Candói. Conforme o

DIEESE (2011), os empregos, segundo os setores econômicos do Candói, estão assim

constituídos:

QUADRO 29 – EMPREGOS FORMAIS NO MUNICÍPIO DE CANDÓI NO PERÍODO DE 2002 A 2011

SETORES

NÚMERO DE EMPREGOS

2002 2006 2010 2011 VAR.%

Extrativa mineral 2 2 3 2 0,00

Indústria de Transformação 190 186 232 223 17,37

Construção Civil 1 1 17 14 1.300,0

Comércio 191 268 431 427 123,56

Serviços 141 218 230 266 88,65

Administração Pública 418 497 526 512 22,49

Agricultura 246 286 368 384 56,10

TOTAL 1.189 1.458 1.807 1.828 53,74

FONTE: MTE/RAIS. Elaborado pelo DIEESE/ER-PR.

No setor da Indústria de Transformação os subsetores de Madeira/Mobiliário e

Papel/Gráfica, concentram 79,30% dos empregos gerados no setor, no período 2002/2011.

QUADRO 30 – EMPREGO E RENDA POR SEXO NO MUNICÍPIO DE CANDÓI 2002 A 2011

ANO ESPECIFICAÇÃO MASCULINO FEMININO TOTAL

2002

Empregos 801 388 1.189

Part. % 67,37 32,63 100,00

Salário Médio 586,97 519,54 564,96

No Salários Mínimos 2,93 2,60 2,82

2006

Empregos 901 557 1.458

Part. % 61,80 38,20 100,00

Salário Médio 989,64 817,31 923,81

No Salários Mínimos 2,83 2,72 2,64

2010

Empregos 1.151 656 1.807

Part. % 63,70 36,30 100,00

Salário Médio 1.335,42 1.080,42 1.242,85

No Salários Mínimos 2,62 2,12 2,44

2011

Empregos 1.134 694 1.828

Part. % 62,04 37,96 100,00

Salário Médio 1.429,95 1.153,70 1.325,07

No Salários Mínimos 2,62 2,12 2,43

FONTE: MTE/RAIS - Elaboração: DIEESE-PR

No setor do comércio, o subsetor Comércio Varejista é responsável por 85,57% e,

no setor de Serviços, o subsetor Alojamentos Comunitários, por 50,40%.

125

Observa-se, no total da geração de emprego, um crescimento quase vegetativo nos

dois últimos anos, apesar do forte crescimento do número de empresas – 282 unidades,

(Quadro 39) a partir de 2010 a 2013, representando 53,8% das empresas ativas.

Ocorre também, quando da reposição de vagas, uma perda salarial gradativa na

remuneração dos empregados registrados, bem como uma disparidade salarial quanto ao

gênero.

QUADRO 31 – FAIXA DO TAMANHO DOS ESTABELECIMENTOS DO MUNICÍPIO DE CANDÓI

Tamanho do

Estabelecimento

EMPREGOS

2002 2006 % 2010 % 2011 %

Até 4 empregados 200 256 28,0 317 13,2 361 13,9

De 5 a 9 empregados 192 224 16,7 396 76,8 360 (9,1)

De 10 a 19 empregados 168 223 32,7 233 4,5 260 11,6

De 20 a 49 empregados 135 167 23,7 220 31,7 249 13,2

De 50 a 99 empregados 80 0 (100,) 123 100 97 (21,1)

De 100 a 249 empregados 0 101 100 0 (100) 0 0

De 250 a 499 empregados 414 487 17,6 0 0 0 0

De 500 a 999 empregados

TOTAL

0

1.189

0

1.458

-

22,6

518

1.807

0

23,9

501

1.828

(3,3)

1,16

FONTE:MTE/RAIS. Elaboração: DIEESE-PR

Se retirarmos os empregos gerados pela Prefeitura Municipal das duas últimas

faixas, (de 250/499 e 500/999), teremos no exercício de 2002 -775 empregos; 2006 – 971

empregos; em 2010 – 1.289 empregos e em 2011 – 1.327 empregos, com uma evolução

respectivamente: (2002/2006) de 25,3%, que representa em média 5,06%; (2007/2010)

32,5% em média 8,12% ao mês e em 2011, apenas 2,9%, o que reflete, atualmente, a

realidade do município.

As expectativas de novos empreendimentos no município foram melhores nos

dois últimos anos, se comparado com o período de 2002/2006 entre o comércio local, cuja

média de tempo de emprego, está assim concentrada:

QUADRO 32 – FAIXA DE TEMPO DE EMPREGO NAS EMPRESAS DO CANDÓI

TEMPO 2002 2006 2010 2011

Até 6 meses 176 174 300 248

De 6 a 12 meses 169 193 246 302

De 12 a 24 meses 285 239 275 292

De 24 a 36 meses 130 182 218 183

Mais de 36 meses 429 666 768 803

TOTAL 1.189 1.458 1.807 1.828 FONTE: MTE/RAIS - Elaboração: DIEESE-PR

O aumento de permanência no emprego, mesmo mantendo o mesmo número de

empresas, segundo o CAGED, é uma expectativa de estabilidade, mas com a média salarial

decrescendo nos últimos anos analisados. O indicativo de mais de 36 meses está concentrado

126

nos empregos públicos (Prefeitura e Órgãos do Estado) e empresas de grande porte, como a

ELEJOR (economia mista) e Indústrias de Papel e Celulose.

QUADRO 33 – ROTATIVIDADE DE EMPREGOS TOTAL NOS SETORES ECONÔMICOS DO

MUNICÍPIO DE CANDÓI - 2007 A 2011

AGREGADA

TOTAL

2007 2008 2009 2010 2011

Admissões 383 482 564 614 525 Desligamentos 366 445 506 544 526 Variação Absoluta 17 37 58 70 -1 Estabelecimentos 638 638 638 638 638 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal

Dados constantes no CAGED/TEM observa que não houve alteração no número

de estabelecimentos (638) ao longo do período de 2007 a 2011. Isso demonstra, em última

análise, que os setores secundário e terciário estão estagnados, mantendo apenas a

rotatividade de pessoal, que é extremamente elevada, principalmente em 2011.

Entretanto, os dados existentes no setor de tributação da Prefeitura Municipal de

Candói registram 375 até 2011 e 524 empresas ativas até dezembro de 2013. Possivelmente, a

diferença deve estar na falta de cadastro de profissionais pessoas físicas.

Considerando que, em municípios cuja atividade econômica principal é o setor

primário, tanto os setores secundário e terciário devem se adequar às expectativas dos

resultados e períodos tanto das safras agrícolas que de sua comercialização a médio e longo

prazo e, em segundo plano, aos investimentos e aquisições pelos órgãos públicos existentes

no município.

Em curto prazo, cabe ao empresário ou investidor, analisar o quadro de

concorrências local e o potencial de capital disponível proveniente dos empregos formais,

destinados à alimentação, educação, aluguéis, isto é, o volume de renda dos salários

disponibilizados para a manutenção da família pelo comércio e serviço local.

Segundo dados do Departamento de Tributação da Prefeitura Municipal de

Candói (26.2.2014), desde a sua instalação, 1.337 empresas se instalaram, no período de 1993

a 2013. Entretanto, constata-se que apenas 524 empresas se mantém ativas, 218 foram

baixadas e 595 foram desativadas. .

Os quadros a seguir, irão demonstrar em que setores econômicos estão ocorrendo

maior rotatividade de mão de obra.

127

QUADRO 34 - AGROPECUÁRIA, EXTRAÇÃO VEGETAL, CAÇA E PESCA

AGREGADA

2007

2008

2009

2010

2011

Admissões 82 73 84 100 88 Desligamentos 71 74 90 84 71 Variação Absoluta 11 -1 -6 16 17 Estabelecimentos 93 93 93 93 93 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.

Nas empresas comerciais voltadas à agropecuária e segmentos, no período, foram

admitidas 477 pessoas e demitidas 437, com uma variação positiva de 40 pessoas nos últimos

seis anos, significando que 91,6% perderam ou optaram por outro emprego.

QUADRO 35 - COMÉRCIO

AGREGADA

2007

2008

2009

2010

2011

Admissões 136 201 254 227 234 Desligamentos 133 164 201 220 229 Variação Absoluta 3 37 53 7 5 Estabelecimentos 233 233 233 233 233 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.

QUADRO 36 - SERVIÇOS

AGREGADA

2007

2008

2009

2010

2011

Admissões 95 115 129 168 107 Desligamentos 93 106 98 147 115 Variação Absoluta 2 9 31 21 -8 Estabelecimentos 255 255 255 255 255 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.

No comércio e serviços em geral, foram admitidas 1.900 pessoas no período e

desligadas 1.688, com uma variação positiva de 212 pessoas nos últimos seis anos, em vista

da existência de grande concentração de pequenas empresas que utilizam a própria residência,

na área urbana da Sede, como empresa.

Por se tratarem de micro empresas em sua grande maioria, são sensíveis ao

mercado, gerando grande rotatividade de mão de obra, bem como de empresas que encerram

suas atividades.

Com o surgimento da Lei 8666/93 de Licitações e Contratos Administrativos, os

processos licitatórios, observados os princípios da legalidade, transparência e ampla

publicidade, fizeram com que empresas locais fossem pouco competitivas em preços,

quantidades e qualidades de seus produtos, frente às grandes empresas das cidades limítrofes

128

mais desenvolvidas, como Guarapuava e Dois Vizinhos, para atender as necessidades dos

órgãos públicos existentes no Município.

A participação de empresas locais é pouco expressiva e, analisados os empenhos

emitidos pelo órgão público, constata-se que a preponderância da origem e valor dos gastos

são de empresas de Guarapuava, Dois Vizinhos, Curitiba, Cascavel, Maringá, sendo estas

últimas do setor de medicamentos. Assim, tanto o comércio quanto serviços, giram em torno

do salário dos trabalhadores do município, com raras exceções na aquisição de combustíveis,

lubrificantes, serviços de transporte escolar, e pequenos consertos em veículos, visto que o

conserto das máquinas – tratores, retroescavadeiras, pá-carregadeira, motoniveladoras, dentre

outros, são realizadas em Curitiba.

QUADRO 37 - EXTRATIVA MINERAL

AGREGADA

EXTRATIVA MINERAL

2007

2008

2009

2010

2011

Admissões 0 1 2 4 1 Desligamentos 1 1 0 4 2 Variação Absoluta -1 0 2 0 -1

No setor extrativista mineral, a atividade é nula, mesmo existindo jazidas de

cristais de rocha, que não são exploradas.

QUADRO 38 - INDÚSTRIA DE TRANSFERÊNCIA

AGREGADA

INDÚSTRIA DE

TRANSFERÊNCIA

2007

2008

2009

2010

2011

Admissões 70 88 70 104 75 Desligamentos 67 98 96 79 84 Variação Absoluta 3 -10 -26 25 -9 Estabelecimentos 34 34 34 34 34 FONTE: CAGED/Ministério do Trabalho – mte.gov.br.caged.perfil_municipal (*) Janeiro a junho 2012.

Nas atividades de indústrias de transferências, as admissões, no período de 2007 a

2011, chegam a 407 e 424 desligamentos, portanto um saldo negativo de 17 empregos, nas

admissões de exercícios anteriores.

A construção civil apresenta 69 admissões e 61 desligamentos, significando que o

setor não possui competitividade para a execução de obras públicas no Município, em face da

concorrência de empresas de outros municípios. Outro fato que merece destaque é que as

empresas prestadoras de serviço contratam mão de obra local, mas seu registro é anotado na

cidade de origem da empresa. Existe a expectativa de crescimento com a criação do novo

loteamento, Farah III, na área de construção civil, além de novas obras de infraestrutura.

129

QUADRO 39 - CONSTRUÇÃO CIVIL

AGREGADA

2007 2008 2009 2010 2011 2012*

Admissões 0 4 25 11 20 9 Desligamentos 1 2 21 10 25 2

Variação Absoluta -1 2 4 1 -5 7 Estabelecimentos 18 18 18 18 18 18

O que se vislumbra em vários estudos e já afirmado neste trabalho, é que a

geração de emprego, em pequenos municípios, está na dependência da produção agrícola em

face de falta de investimentos na agroindústria.

O setor público, conforme se observa nos estudos dos Planos Plurianuais, tem

investido em construção de obras públicas, visando dotar a sede e os principais núcleos rurais

de instalações públicas e de infraestrutura urbana, mas são executadas por empresas de outras

cidades. Mesmo que contrate mão de obra local, esses resultados não aparecem nas

estatísticas locais e nos relatórios do CAGED.

A demanda por trabalho e oportunidades de negócios nos setores secundário e

terciário, conforme se observa no Município de Candói, apresenta um baixo crescimento de

geração de emprego.

Na análise geral, constata-se, a partir de dados fornecidos pela Divisão de

Tributação da Prefeitura Municipal, que, desde a sua instalação (1993), foram registradas

1.337 empresas, em sua maioria, microempresas, estando ativas, em dezembro de 2013,

apenas 524, representando 39,19%, incluindo o Setor Secundário.

QUADRO 40 - NÚMERO DE EMPRESAS CADASTRADAS E TAMANHO 1993-2013.

NÚMERO DE EMPRESAS TAMANHO DA EMPRESA

ATIVAS BAIXA DESATIVADAS TOTAL MICRO PEQUENA MÉDIA GRANDE

524 218 595 1337 963 119 239 16

FONTE: Departamento de Tributação da Prefeitura de Candói.26/2/2014.

A partir do exercício de 2010, observa-se um aumento gradativo de novas

empresas no município, motivadas pela existência de infraestrutura da Sede do município,

podendo, com os novos incentivos da gestão 2013, via SEBRAE, proporcionarem um

crescimento na geração de emprego via maior competitividade nas licitações mediante a

modalidade Pregão nas compras de materiais e serviços oferecidos pela Prefeitura Municipal.

130

QUADRO 41 - NÚMERO DE EMPRESAS ATIVAS DE 1993 A 2013 POR ANO DE INSTALAÇÃO

ANO DE INSTALAÇÃO TOTAL ANO DE INSTALAÇÃO TOTAL

1993 14 2003 08 1994 06 2004 09 1995 04 2005 18 1996 06 2006 22 1997 04 2007 22 1998 08 2008 32

1999 11 2009 32

2000 09 2010 49

2001 11 2011 84

2002 09 2012 71

2003 08 2013 78

2004 09 TOTAL 524

Fonte: Setor de Tributação – Cadastro de Empresas – Prefeitura Municipal de Candói, dez.2013.

Estando o consumo atrelado à renda, e considerando que mesmo tendo o

Município registrado nos últimos quatro anos, (2010/2013), 282 novas empresas, a geração de

novas oportunidades de emprego registrou em igual período um saldo positivo de 277 novos

postos de trabalho por setor de atividades econômicas, isto é menos que um emprego por

empresa.

QUADRO 42 – EVOLUÇÃO DO EMPREGO POR SETOR DE ATIVIDADE ECONÔMICA DE

JANEIRO A DEZEMBRO DE 2011 A 2013.

ATIVIDADES

GERAÇÃO DE EMPREGOS

2010 2011 2012 2013

Extrativa Mineral 0 -1 2 -1

Indústria de Transformação 26 -12 -2 32

Serviços Industriais 0 0 0 0

Construção Civil 2 -5 16 5

Comércio 13 11 29 29

Serviços 19 -6 13 42

Administração Pública 0 0 0 0

Agropecuária 21 17 9 18

TOTAL 81 4 67 125

FONTE: CAGED – SALDO DO MUNICÍPIO.

No setor primário, o rol de incentivos do Governo Federal e Estadual é mais

consolidado e presente, inclusive com recursos financeiros sem contrapartida do município,

permitindo uma maior diversificação de culturas e permitindo, ao homem do campo, gerar sua

própria renda e seu trabalho.

O Emprego nos Estabelecimentos Rurais do Município de Candói, com uma

população economicamente ativa, de 10 anos ou mais de idade, segundo Censo do

IBGE/2010, é na ordem de 6.905 indivíduos, sendo, 4.262 do sexo masculino e 2.643 do sexo

131

feminino, 44,18%. 3.051 pessoas trabalham na agricultura, pecuária, produção florestal e

pesca.

No Censo do IBGE/2006, o pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários

em 31/12/2006, era de 3.573 do sexo masculino e 2.586 do sexo feminino, totalizado 6.159

pessoas representando 40% da população do município. Comparando-se os dados, houve

crescimento de 12,1%.

O emprego, na agricultura de Candói caracteriza-se, em sua maioria, como

pequenos proprietários rurais, e diaristas recrutados esporadicamente, entre a população com

idade acima de 14 anos. A mão de obra é empregada de forma sazonal em relação às safras

agrícolas. Os trabalhadores rurais do município também são contratados como mão de obra

temporária na colheita de maçã no Estado de Santa Catarina.

A renda média domiciliar do município, no período de 2000 a 2010 (Tabela 32),

cresceu em 29,97% nos últimos 10 anos, enquanto o Paraná obteve crescimento em igual

período de 37,35% e o Brasil 30,90%. Entretanto existe a concentração de renda dos grandes

proprietários de terras que, na média, possibilita uma expectativa de melhoria no padrão de

renda para todos, o que não reflete a realidade.

Existem estudos de autores cepalinos dentre os quais Raul Prebisch, citado por

SOUZA (2007, p. 160) definindo que:

O sistema social fechado e elitista continua gerando privilégios na distribuição de

riqueza e da renda, dificultando a generalização dos frutos do crescimento

econômico a um número maior de pessoas e conclui-se que a reduzida dimensão do

mercado interno decorre principalmente da pobreza e da estrutura agrária

inadequada.

Tal afirmativa pode ser comprovada pelos dados abaixo.

TABELA 31 - RENDA MÉDIA DOMICILIAR 1991 – 2010.

ANO BRASIL PARANÁ CANDÓI

1991

2000

2010

348,47

585,94

767,02

340,39

633,82

870,59

208,71

355,87

462,51

Fonte: Datasus.gov.br/IBGE/Censo-Renda/Ipardes 2013.

A renda média no município de Candói, mesmo com restrições quanto ao método,

deve ser considerada no planejamento municipal, como importante indicador que deve ser

analisado ao determinar políticas públicas de emprego e renda.

132

TABELA 32 - RENDA FAMILIAR COM PROPORÇÃO DE PESSOAS DE BAIXA RENDA

ANO

ÍNDICE DE GINI – RENDA

FAMILIAR Per Capita

PROPORÇÃO DE PESSOAS COM BAIXA

RENDA <1/2 SM.

BRASIL PARANÁ CANDÓI BRASIL PARANÁ CANDÓI

1991 0,6383 0,5997 0,524 66,53% 66,15% 72,39%

1992 0,6460 0,6065 0,636 49,10% 41,71% 67,84%

1993 0,6086 0,5416 0,548 34,67% 21,29% 47,49%

Fonte: Datasus.gov.br/IBGE/Censo-Renda.

Um avanço importante do município é a grande redução de sua população de

baixa renda já no início de sua instalação, de 72,39% para 47,49%, em parte devido aos

Programas Federais e Estaduais direcionados à assistência de pequenos produtores rurais.

Estudos realizados por SOUZA e NAZARENO, do IPARDES (Caderno N.11 de

maio de 2011 - A insuficiência de renda nos domicílios paranaenses) destacam que:

Uma das ênfases contemporâneas das políticas sociais está em focalizar como

público prioritário as populações em situação de vulnerabilidade social. Tendo em

vista que a renda representa uma das variáveis que podem caracterizar tal quadro, é

indispensável sua incorporação à análise dos processos de reprodução da pobreza,

com o objetivo de promover intervenções para a reversão dessa condição social.

De maneira geral, os programas oficiais têm adotado linhas de pobreza, a

partir de conceitos de insuficiência de renda, para definir a população que necessita

de apoio público específico. Ao mesmo tempo, a Constituição de1988 definiu a

família como base da sociedade, merecendo, em consequência atenção especial do

Estado, fato que a tornou a matriz das mais diversas políticas sociais. Por exemplo, o

Cadastro Único para Programas Sociais estabeleceu como perfil a ser

potencialmente contemplado com a concessão de benefícios as famílias que recebem

até ½ Salário Mínimo (SM) per capita. Abaixo disso, considera-se que a família não

consegue assegurar a satisfação das necessidades básicas dos seus membros.

Segundo SOUZA(b), citando (Prebisch, 1964, p.31),

[...] esperava-se que o governo promovesse a transformação da estrutura agrária a

fim de estimular o uso da terra, a adoção de inovações tecnológicas e o aumento da

produção. O crescimento da renda agrícola tornaria o meio rural consumidor de bens

industriais, através de incentivo na produção de bens industrializados pelos

empresários nacionais, financiados por bancos de fomento, concessão de crédito

barato e ou subsídio às importações de bens de capital.

A observação feita nos estudos de Prebisch, em 1964, deu-se no apogeu da

migração interna, sendo um importante passo para aumentar a força de trabalho na área

urbana. Estima-se que, no período de 1950/60, houve o fluxo anual de 1,08 milhão de pessoas

do campo para as cidades, no Brasil.

Em contrapartida, “tratou-se de um período em que a agropecuária foi

discriminada pela política cambial. No entanto, esse setor teve grande crescimento físico,

especialmente devido à expansão da área cultivada e do total de pessoas ocupadas”. (BACHA,

2004, p.210).

Segundo BACHA (2004b),

133

“Há atualmente, uma grande força de trabalho urbana e os desafios atuais são de

criar empregos no Brasil. Nesse contexto, a continuidade do processo de migração

campo-cidade não é mais necessária. Pelo contrário, criar condições para fixar o

homem no campo passa a ser uma meta importante de política econômica. Para

alcançar essa meta é importante a análise de que tipo e tamanho de estabelecimento

agropecuário geram mais emprego e que tipo de atividades rurais é desenvolvido e

nos permitimos a incluir que tipo de infraestrutura logística existe, para o

escoamento da produção agropecuária”.

A citação dos dois autores em epígrafe se assemelha à atual realidade do

Município. Em um primeiro momento, o fluxo de mão de obra rural para a Sede urbana e, na

última década, a volta da mão de obra para a atividade rural.

3.3 - Políticas Públicas Municipal de Geração de Emprego e Renda

O processo de planejamento municipal compreende toda uma metodologia com

base na participação da sociedade, bem como na utilização de diversos instrumentos nos quais

se evidenciam as diretrizes, objetivos, ações e metas governamentais, conforme prescreve o

art. 165 da Constituição Federal e o art. 4º da LRF. É por meio desses mecanismos que a

gestão publica pode definir, dentre várias ações, políticas públicas voltadas à geração de

emprego e renda.

O foco, na geração de emprego, deve ser priorizado combatendo a passividade da

espera que empresários de outros municípios que venham a se instalar na região, via

benefícios fiscais, mas no que pode o órgão público motivar sua jovem população ao

empreendedorismo, fornecendo informações no que se produz, no que se pode industrializar,

no que se pode agregar aos produtos produzidos na região, no comportamento do mercado,

dentre outras ações. Seminários, palestras e cursos são mecanismos viáveis, visto a existência

de recursos federais e estadual para novos empreendedores, que podem ser capitaneados pela

administração pública.

A criação de marcas de produtos locais, como o feijão, o leite, o mel, ovos, e

produtos que podem ser industrializados de frutas como laranja, uva, tangerinas, ou de

legumes e tubérculos, como o pepino, a mandioca, dentre outros, ou na piscicultura com a

criação de tilápias e camarão, podem ser mecanismos motivadores a jovens empreendedores

locais, com o auxílio do poder público via convênios com a Emater, Acarpa, Embrapa,

Universidades, e mesmo em convênios com grandes empresas em busca de novas fontes de

abastecimento.

134

É um caminho alternativo que pode levar a prosperidade local, sem esquecer o

turismo rural e o investimento em infraestrutura junto às margens do Alagado, das fontes

minerais dentre outros.

A administração municipal informou que existem mais de 50 Associações de

produtores rurais e que já foram incentivadas e orientadas a regularização de documentos de

60% das Associações. Mesmo existindo a Empresa de laticínio Azurra, no beneficiamento do

leite, além de empresas cerealistas, o mercado artesanal também é uma ótima opção às

famílias de pequenos produtores via Associação.

Aliar as novas tecnologias aos pequenos produtores rurais e novas fontes de renda

via empreendedorismo, a promoção de feiras livres, é um dos objetivos que a atual gestão

(2013), vem promovendo com sucesso. Entretanto, sugerimos observar como exemplo, os

resultados do Município de Cafelândia, inserido no corpo desta dissertação, justamente para

comparar resultados de desenvolvimento e bem estar social, através dos indicadores

selecionados em comparação aos do Município de Candói.

O desenvolvimento da economia depende de renda e consumo. Se a renda de

grande massa da população está assentada entre a renda familiar de ½ a 2 salários mínimos,

a sua capacidade de consumo tende a decrescer, em médio prazo.

A redução de consumo obriga o governo a promover políticas de crédito de

parcelamento de médio e longo prazo (48, 60 ou 72 vezes) para a compra de bens duráveis,

visando manter o emprego, renda e mercado aquecido, mas em contrapartida, ocasiona a

elevação do endividamento familiar e transforma o sistema em verdadeira “bolha creditícia”,

tendo como justificativa a mantença do emprego e o consumo na economia interna em

determinado período.

É de se ressaltar que o salário da classe trabalhadora já se encontra atrelado ao

pagamento de aluguel, água, luz, educação, transporte e despesas de alimentação e o

empresariado está sobrecarregado com elevadas cargas tributárias que são repassadas sobre o

custo dos produtos.

No governo municipal, a situação financeira também é afetada, quando políticas

públicas do governo federal, visando à manutenção dos empregos, são implementadas, via

benefícios fiscais de bens duráveis (veículos, fogão, geladeira, etc.), impactando diretamente a

redução dos repasses do FPE e FPM – Fundo de Participação dos Estados e Municípios e, em

consequência, reduzindo seus recursos para atendimento da população.

135

Em contrapartida, tal política de benefícios fiscais promove a elevação das taxas

de juros, procurando remunerar os investimentos internos e externos e reduzir o consumo

interno, para combate à inflação, metodologia esta que vem sendo questionada, pois não

estimula novos empreendimentos e torna-se um meio especulativo de grandes investidores

sobre os Títulos do Tesouro.

Destaca-se nessa seara, estudos realizados pela FGV, por DINIZ e AFONSO

(2014, p.6) Benefícios Fiscais Concedidos (e mensurados) pelo Governo Federal. “O

montante de benefícios fiscais federais estimados é enorme (R$ 323 bilhões para 2014), dos

quais 77% explicados pela renúncia tributária e apenas 9% do total tramitando pelo orçamento

tradicional (caso dos benefícios financeiros)”.

Uma análise mais detalhada pode ser apresentada ao desagregarmos a totalidade

dos benefícios fiscais entre os financeiros e creditícios e os gastos tributários, incluindo as

renúncias previdenciárias.

QUADRO 43 – BENEFÍCIOS FISCAIS - BRASIL ( R$ Bilhões)

PERÍODO VALORES CORRENTES COMPOSIÇÃO

2011 2012 2013E 2014E 2011 2012 2013E 2014E

Benefícios financeiros e Creditícios 45,02 42,99 69,97 73,41 22,96% 19,94% 25,56% 22,72%

Financeiros 11,59 8,58 20,66 29,29 5,91% 3,98% 7,55% 9,06%

Creditícios 32,16 33,62 48,52 43,42 16,40% 15,59% 17,73% 13,44%

Financeiros e Creditícios 1,27 0,79 0,79 0,70 0,65% 0,36% 0,29% 0,22%

Gastos Tributários e Renúncias

Previdenciárias 151,03 172,59 203,76 249,76 77,04% 80,06% 74,44% 77,28%

Gastos Tributários 130,62 146,00 170,02 192,67 66,63% 67,72% 62,11% 59,62%

Renúncias Previdenciárias 20,41 26,59 33,74 57,09 10,41% 12,33% 12,33% 17,67%

Total – Benefícios Fiscais 196,05 215,58 273,73 323,17 100% 100% 100% 100%

FONTES PRIMÁRIAS: SPE e RFB – DINIZ e AFONSO (2014, p 6).

3.4 – Políticas Públicas de Desenvolvimento à Agro-industrialização Local.

A gestão de políticas públicas visando o desenvolvimento regional local requer

das lideranças municipais, análise na escolha de segmentos produtivos existentes em sua área

de abrangência, que possam efetivamente ser geradores de riqueza.

A região conta com infraestrutura de estradas asfaltadas, um potencial de

produção e comercialização e universidades próximas, faltando apenas à industrialização de

seus produtos. Se o segmento for a indústria frigorífica, constata-se que existe segundo

136

relatório do MAPA/SDO/SIF, apenas um frigorífico com SIF na região mais próxima (menos

de 80km de Candói), localizado no Município de Laranjeiras do Sul de abate de suínos –

Classe MS2 – da Empresa Kaefer Agro Industrial Ltda., e nenhum frigorífico com SIF de

carne bovina, de aves e ovinos nos municípios limítrofes ao de Candói.

A produção de leite, principal fonte de renda dos pequenos produtores rurais,

denominada (cheque leite), possui um elevado número de laticínios na região, que

industrializam e agregam outros produtos (nata, manteiga, queijo, etc), existindo uma

competitividade em nível de preço, com a empresa Laticínio Azurra, localizada na área

urbana do município.

Na agricultura familiar, importantes avanços na assistência ao pequeno produtor

rural, com a aquisição massiva de equipamentos e implementos agrícolas (patrulhas

agrícolas), incentivos à piscicultura e ao plantio da laranja, e manutenção de estradas rurais,

alem da distribuição de sementes e insumos, via programas dos governos estadual e federal.

Grande parte das reivindicações dos proprietários de terras e atendimento à

população rural, com clientelismo ou não, foi realizada, mas continua a existir forte

concentração de renda, caracterizando o município apenas como território de produção, e que

dificilmente poderá se desenvolver se não existir uma agroindústria local, que integre a

produção local e da região, agregando valor e gerando emprego, visto que mais de 78% de sua

produção é comercializada para terceiros de outros municípios.

A geração de emprego e renda, ainda se constitui no principal enfrentamento dos

gestores públicos de pequenos municípios paranaenses cuja base econômica está assentada na

agropecuária e distante dos grandes centros agroindustriais, o que fragiliza sobremaneira a

nova geração de jovens em idade de trabalhar.

O setor primário em municípios não industrializados concentra o maior volume de

força de trabalho de jovens e adultos nos municípios paranaenses e esse ciclo tende a

transferir a mão de obra disponível com uma escolarização mais elevada, para estados ou

municípios industrializados, fragilizando a relação de emprego.

Certos segmentos da agricultura, segundo Souza (2007, p.217), também não

empregam muitos trabalhadores como a pecuária e culturas mecanizadas. A pecuária adota,

em algumas áreas, o sistema de morador, no qual o trabalhador cuida da propriedade pelo

direito de usar uma parcela da terra, bem como a cultura mecanizada em pequenas

propriedades, com a própria família.

137

A severa imposição do mercado de emprego quanto à escolaridade, sujeita os

jovens à busca de novas fronteiras, para assegurar um futuro que lhes oportunize uma melhor

condição de vida, em razão de não existir uma política pública local, que motive os

empresários a investirem em empreendimentos agroindustriais.

Segundo o IBGE, existe no Município, uma população economicamente ativa de

10 anos a mais em 2010, (PEA) de 6.905 indivíduos, representando 46,08% da população.

Destes, 1.828, estavam empregados (MTS – RAIS) em dezembro de 2011, representando

26,47%.

Se considerarmos que, na atividade do setor primário, foi registrado pelo Censo

Demográfico do IBGE, em 2010, que 3.051 pessoas trabalham na agricultura, pecuária,

produção florestal, pesca, aquicultura e na agricultura familiar, teremos 2.026 pessoas

desempregadas totalmente, o que representa uma taxa de desemprego de 29,34%.

A motivação estratégica para a implantação de uma agroindústria e o incentivo à

produção em larga escala de um ou vários subsetores agropecuário é de fundamental

importância para geração de emprego e redução da centralização da renda, tendo-se como

contrapartida, a possibilidade de aumento dos indicadores sociais, cujos resultados estão

muito abaixo dos demais municípios paranaenses.

Tal afirmação encontra respaldo se analisarmos a geração de emprego do

Município de Cafelândia no Paraná, instalado em 1º de fevereiro de 1983, dez anos antes do

Município de Candói e com 13.065 habitantes. Em sua área urbana concentra-se 12.348

habitantes contra apenas 2.314 na área rural (IBGE – Censo Demográfico 2010).

A criação da Cooperativa Agroindustrial Consolata - COPACOL, fundada em 23

de outubro de 1963, pelo Padre Luiz Luise e mais 32 agricultores, foi uma grande iniciativa.

Hoje, ela possui 4.800 associados e mais de 7.200 empregados ou colaboradores. Abate 340

mil aves e 30 toneladas de tilápia ao dia, além de proporcionar a seus associados e

colaboradores qualidade de vida e crescimento profissional e gerar empregos nos demais

setores, que complementam outras atividades correlatas da agroindústria.

A Cooperativa transformou a região e quando da emancipação municipal, em

1983, continuou ofertando emprego e renda, mudando o perfil da população rural que, hoje,

representa apenas 17,7%, estando ainda com plena capacidade produtiva na produção de aves,

grãos, dentre outros, além de formar um cluster altamente produtivo nos municípios

circunvizinhos.

138

QUADRO 44 - EVOLUÇÃO DE EMPREGO NO MUNICÍPIO DE CANDÓI E DE CAFELÂNDIA –

2002 A MARÇO DE 2014. ANO CANDÓI

Instalação: 1.1.1993

14.983hab.

CAFELÂNDIA

Instalação: 1.2.1983

13.065hab.

2002 1 721

2003 86 395

2004 110 451

2005 46 397

2006 -84 229

2007 37 839

2008 64 640

2009 83 16

2010 80 258

2011 4 322

2012 67 434

2013 125 277

MAR - 2014 55 103

FONTE: RAIS/ CAGED.

Alguns dados merecem um comparativo, visto que o Município de Candói não

possui ainda uma estratégia junto aos seus produtores na criação de uma Cooperativa

agroindustrial e pode em médio prazo, promover estudos na sua implantação, visando uma

melhoria significativa no bem estar e geração de emprego à sua população.

Para fins de comparativo e comprovação dos resultados econômicos e sociais

destacamos a preponderância que uma agroindústria do porte da COPACOL faz no

desenvolvimento de um pequeno Município, na geração de emprego e renda, e na qualidade

de vida de seus habitantes, cujos indicadores foram comparados entre os dois municípios,

constantes no quadro 50, abaixo.

QUADRO 45 – PRINCIPAIS INDICADORES DOS MUNICÍPIOS DE CANDÓI E CAFELÂNDIA

DISCRIMINAÇÃO CANDÓI CAFELÂNDIA Área territorial 1.509,059km

2 271,527km

2

POPULAÇÃO 14.983 14.382

População Urbana 7.026 12.348

População Rural 7.957 2.034

RECEITA REALIZADA 2012 42.124.294,30 44.350.089,32

Receita Corrente 39.799.640,01 42.925.961,10

Receita Tributária 3.014.179,83 3.126.658,12

Receita Agropecuária - 345,05

Receita de Contribuições 329.693,63 1.835.390,74

Receita Patrimonial 607.205,97 5.832.398,48

Receita de Serviços 50.520,62 67.357,42

Receita de Transferências 35.122.871,14 31.566.174,25

Outras receitas correntes 675.168,82 497.637,04

Receita de Capital 2.324.654,29 1.424.128,22

ENSINO MUNICIPAL

Creche - Matrículas 52 519

Pré-escola 364 206

139

Fundamental 1.393 1.090

Educação Especial 6 18

Número de Docentes municipais 191 195

POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA (PEA) 6.905 8.964

Urbana 3.344 7.432

Rural 3.561 1.533

PRINCIPAIS PRODUÇÕES AGROPECUÁRIAS

AGRICULTURA

Cana de açúcar (ton.) 50 1.500

Feijão (ton.) 3.575 1.712

Cevada 24.640 -

Batata Inglesa 33.133 -

Aveia 1.456 -

Laranja 1.460 85

Milho (ton.) 130.140 129.906

Soja (ton.) 100.980 65.175

Triticale 1.320 -

Trigo (ton.) 28.355 10.300

Mandioca (ton.) 2.640 250

Tangerina (ton.) 29 241

PECUÁRIA

Bovinos 66.833 4.505

Galináceos 73.981 4.804.910

Suínos 15.427 11.640

Ovinos 5.126 605

Vacas ordenhadas 5.920 1.642

PRODUÇÃO DE ORIGEM ANIMAL

Leite (litros) 8.553.000 5.379.000

Mel de Abelha (kg) 7.738 5.600

Ovos de Galinha (mil dúzias) 97 10.626

PRODUTO INTERNO BRUTO

Per Capita R$ 16.348 40.623

A Preços Correntes R$ 245.959 606.617

VALOR ADICIONADO FISCAL

Produção Primária Total – R$ 232.183.055 228.542.776

Indústria Total – R$ 146.823.855 452.312.171

Comércio e Serviços – R$ 34.979.271 79.492.759

Recursos/Autos – R$ 78.860 19.624

TOTAL – R$ 414.065.041 760.367.330

ÍNDICES DE DESENVOLVIMENTO HUMANO IDH-

M EM 2010

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) 0,635 0,748

IDHM - Longevidade 0,778 0,835

IDHM - Educação 0,503 0,692

IDHM - Renda 0,655 0,723

Índice de GINI da renda domiciliar per capita 0,5476 0,6699

Classificação no Paraná 378º 33º

Classificação Nacional 3.393º 583º

Taxa de Mortalidade Infantil (1000 nascidos vivos) 4,37 4,55

Esse retrato é o desenvolvimento endógeno que aproveita a capacidade laboral da

população e a oportunidade de destacar um segmento produtivo, resultando no

desenvolvimento local.

140

QUADRO 46 – COMPARATIVO NA GERAÇÃO DE EMPREGO – CANDÓI E CAFELÂNDIA - 2013

NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS CANDÓI CAFELÂNDIA

ESTAB EMPR ESTAB EMPR

Industria de extração de minerais 1 4 - -

Indústria de produtos minerais não metálicos 1 1 4 20

Indústria metalúrgica 2 2 8 55

Indústria de materiais elétricos e de comunicação 1 3 - -

Indústria Mecânica - - 2 23

Indústria da madeira e do mobiliário 9 41 2 5

Indústria do papel, papelão, editorial e gráfica 3 105 3 7

Indústria da borracha, fumo, couro, peles e diversos - - 2 3

Indústria têxtil, do vestuário e artefatos de tecido 3 2 1 5

Indústria de produtos alimentícios, de bebidas 3 48 8 4.387

Construção civil 14 29 13 615

Comércio varejista 101 399 158 593

Comércio atacadista 12 81 8 195

Instituições de crédito, seguro e capitalização 5 35 6 51

Administradores de imóveis, valores móbililiários 2 4 16 1.271

Transporte e comunicações 12 57 59 189

Serviços de alojamento, alimentação e radiodifusão 29 127 40 1.672

Serviços Médico, odontológico e veterinário 8 16 8 24

Ensino 5 25 5 65

Administração pública direta e indireta 2 542 2 552

Agricultura, silvicultura, criação de animais, pesca 103 370 65 268

TOTAL 316 1.891 410 10.000

FONTE: CADERNOS MUNICIPAIS 2013 – IPARDES/IBGE.

A COPACOL procura diversificar sua linha de industrialização de produtos como:

Frango (inteiro, cortes, miúdos, temperados e outros produtos), Peixe (Tilápia, Abadejo,

Camarão, Cação, Merluza, Salmão e outros produtos), Industrializando (Linguiça,

Mortadelas, Salsichas, Salsichões, Rizoto, Arroz Pré-pronto, Arroz, Açúcar, Azeite de Oliva,

Farinha e Feijão, Batata-palha), além de atender o País, e também exporta seus produtos para

o exterior.

Trinta anos de gestão municipal e cinquenta de agroindústria, ainda quando era

apenas um Distrito, coloca Cafelândia em 33º lugar dentre os 399 municípios do Estado.

O Município de Candói é um exemplo de uma política pública de expropriação,

no sentido de - território de produção - ao longo dos vinte anos, voltado ao domínio político e

clientelista de não residentes, com retorno parcial dos ganhos, via ICMS e FPM.

Quando derrotados nas urnas, os grupos políticos se afastam do dia a dia dos

problemas municipais e voltam a residir no município de origem, preocupando-se apenas em

gerenciar os ganhos do território de produção e aplicá-los em locais distantes, longe dos olhos

de uma população cuja expectativa de novas oportunidades de bem estar, ficaram distantes

das promessas.

141

Candói possivelmente irá mudar, e dependerá de uma gestão participativa com o

povo, direcionando suas receitas ao bem comum em alcance e convocando a classe produtora

e empresarial a investir na criação de uma agroindústria local, utilizando a sua própria

produção ou manter-se-á sob o manto de ser apenas um território de produção.

3.5 - As Finanças Municipais na Geração de Emprego e Renda

A competência administrativa do Município, na Constituição de 1988, está

inserida em seu Art.30, que lhe assegura a sua autonomia na gestão e em legislar sobre

assuntos de interesse local e suplementar no que couber, respeitando seu peculiar interesse a

legislação federal e estadual.

Dada essa autonomia pela Magna Carta, o Município decreta e arrecada seus

tributos, aplica a sua renda e organiza seus serviços, visando ao bem da comunidade local.

As receitas municipais, próprias, patrimonial, de transferências

intragovernamentais e outras, constituem-se na principal fonte de renda do Município, bem

como o transforma no principal gerador de emprego e de políticas públicas direcionadas ao

bem estar social da comunidade. Para os empresários locais, é a principal empresa para venda

de seus produtos.

O Município de Candói, com uma população de 14.983 habitantes e uma

elevada produção agropecuária e de geração de energia elétrica, possui, em comparação com

os demais municípios de seu porte no Paraná, uma excelente arrecadação, como se observa

em seus demonstrativos de Receita de 2006/2013, abaixo.

Nas receitas correntes, destacam-se os repasses do FPM – Fundo de Participação

dos Municípios e do ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços que,

acrescido com os 20% do FUNDEB, constituíram-se em 73% no exercício de 2012.

QUADRO 47– RECEITAS CORRENTES MUNICIPAIS SEGUNDO AS CATEGORIAS-2006-2013

Discriminação 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Tributárias 1.692.061 2.918.656 2.051.893 1.797.836 2.059.921 2.741.211 3.054.115

Contribuição 186.558 187.472 184.571 252.484 211.596 287.960 329.693

Patrimonial 213.838 254.709 365.209 408.622 685.409 952.804 607.2006

Serviços 74.184 24.718 5.851 2.431 183.617 137.400 50.520

Transferências

Intergovernam.

17.719.157

20.091.669

24.941.250

24.739.655

29.516.264

32.928.500

35.122.871

Dedução Fundef

/ Fundeb.

(1.670.727)

(2.050.472)

(2.864.703)

(3.220.431)

(3.693.635)

(4.353.271)

(4.637.592)

Outras Receitas 298.043 437.163 507.966 575.836 660.609 784.695 690.376

TOTAL 18.513.114 21.863.915 25.192.037 24.556.433 29.623.781 33.479.299 35.217.189

Fonte: Relatórios Contábeis/ Prefeitura de Candói. Elaborada pelo Autor.

142

Entretanto, suas receitas próprias (Tributárias) 8,67%, são insuficientes para

manter sequer a Folha de Pagamento e Encargos Sociais dos Poderes Executivo e Legislativo.

Ressalta-se que o Crédito Inscrito em Dívida Pública no Balanço de 2012, soma R$

3.535.455,31 de Dívida Tributária.

A Despesa com Pessoal (cálculo direto do mês), no Balanço de 2013, somou R$

18.648.968,38, consumindo 47% das Receitas Correntes que totalizaram o valor de R$

39.419.361,06, e 61%, se agregarmos as despesas de pessoal da Câmara Municipal.

O que se questiona, é a quantidade de máquinas rodoviárias, caminhões e

veículos, que oneram sobremaneira os cofres municipais nas despesas de custeio – pessoal,

manutenção e operacionalização, visto que a terceirização não foi a opção dada pelas gestões

municipais anteriores, conforme se oberva na análise das despesas municipais, trazendo

elevados encargos às gestões futuras. Observou-se nas pesquisas realizadas no site do

município, a quantidade de máquinas e veículos em estado de sucata (fev.2013), em frente à

Prefeitura Municipal, deixada pela gestão anterior.

O município conta atualmente com 83 (oitenta e três) motoristas concursados de

veículos leves, caminhões e ônibus, e de 20 (vinte) Operadores de Máquinas Rodoviárias.

No Balanço de 2013 (ANEXO II), as Despesas de Custeio – na rubrica Material

de Consumo somam R$ 4.815.570,00, sendo que foram gastos R$ 2.013.707,05 com

combustíveis, representando 41,82%; material e peças para manutenção de veículos R$

1.170.990,23, representando 24,32%, totalizando 66,13%.

Na rubrica Outros Serviços de Terceiros e Encargos somam R$ 4.708.548,07,

sendo que na rubrica Manutenção e Conservação de Máquinas e Manutenção e Conservação

de Veículos, foram gastos R$ 462.363,91 representando 9,82%, e a tendência é aumentar os

gastos com manutenção da frota.

Nas Despesas de Capital (2013), estão registradas aquisições de máquinas e

equipamentos agrícolas e rodoviários no valor de R$ 321.010,00 e em Veículos de tração

mecânica o valor de R$ 507.545,00, totalizando um gasto de R$ 828.555,00, o que redundará

em mais despesas de combustíveis, peças de reposição e respectiva manutenção, sem falar nas

despesas com pessoal.

O elevado investimento na frota de máquinas rodoviárias e veículos, é oneroso

aos cofres públicos, para um Município, com grandes problemas sociais, e ocupando a 378a

colocação no cenário paranaense, dentre os 399 municípios.

143

QUADRO 48 - PERCENTUAL DAS RECEITAS DO ICMS, FPM E TRIBUTÁRIA SOBREO TOTAL

DAS RECEITAS CORRENTES

ANO RECEITAS CORRENTES

%

RECEITAS

TRIBUTÁRIAS

MUNICIPAL

%

TOTAL RC ICMS % FPM

2006 18.513.114 5.032.231,83 27,18 4.188.816,45 22,63 1.692.061 9,14

2007 21.863.915 5.763.076,15 26,36 4.717.500,26 21,58 2.918.656 13,35

2008 25.192.037 6.568.048,07 26,07 6.703.985,71 26,61 2.051.893 8,15

2009 24.556.433 7.056.462,81 28,73 6.273.051,31 25,54 1.797.836 7,32

2010 29.623.781 7.968.539,07 26,90 6.741.815,22 22,76 2.059.921 6,95

2011 33.479.299 9.231.391,29 27,57 8.273.259,00 24,71 2.741.211 8,19

2012 35.217.189 10.212.773,38 29,00 8.526.049,14 24,21 3.054.115 8,67

Fonte: Relatórios Contábeis/ Prefeitura de Candói. Elaborada pelo Autor. Excluído o FUNDEB 20%, sobre o

ICMS e FPM.

O crescimento do ICMS e FPM estão relacionados diretamente aos setores

produtivos da economia local. Da análise do Valor Adicionado (2012), o Setor de Comércio e

Serviços representa R$ 34.979.271,00 que é beneficiado com a renda dos trabalhadores

locais. Os ganhos dos Subsetores de Energia elétrica e Distribuição de Água são remetidos às

empresas concessionárias fora do Estado, o que representa R$ 146.823.855,00.

A produção primária e agropecuária representam R$ 232.261.915,00 e R$

246.648.889,00 respectivamente.

QUADRO 49 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DA INDÚSTRIA DO MUNICÍPIO DE

CANDÓI DE 1999 A 2012.

VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012

INDÚSTRIA

Número de Contribuintes 25 29 29 25 32

Saídas e Entradas 4.884.967, 8.655.273, 10.373.580, 10.896.628, 3.427.869,

Energia Elétrica 39.165.864, 48.860.562, 46.708.097, 68.163.542, 142.692.321,

Distribuição de Água 92.285, 185.877, 217.740, 477.838, 703.674,

TOTAL DO V.A. INDÚSTRIA 44.143.126, 57.701.712, 57.299.417, 79.538.008, 146.823.855,

Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.

O número de empresas enquadradas como indústrias, de 2006 a 2012 no

Município, teve um crescimento de 28%, em média, formada por pequenas empresas do ramo

gráfico, usinagem e oficinas familiares. A arrecadação da Indústria concentra-se na geração

de energia elétrica das concessionárias das Usinas Hidrelétricas e Termoelétricas instaladas,

representando 97,2% de sua arrecadação que retornam as empresas concessionárias.

144

QUADRO 50 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DO COMÉRCIO DO MUNICÍPIO DE

CANDÓI DE 1999 A 2012. VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012

COMÉRCIO

Número de Contribuintes 123 132 160 177 234

Saídas e Entradas 3.301.278 5.238.213, 13.004.371, 15.279.883, 27.618.763,

Referentes a Transportes 438.507, 1.888.669, 1.708.210, 5.152.958, 4.208.852,

Referente a Telecomunicações 248.369, 355.498, 971.488, 1.900.721, 3.151.656,

TOTAL DO V.A. COMÉRCIO 3.988.154, 7.482.380, 15.684.069, 22.333.562, 34.979.271,

Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.

Com 234 empresas comerciais em 2012, (as microempresas não são obrigadas a

apresentar a DFC) no período de 2006 a 2012 (seis anos), cresceu 32,2%; seu subsetor,

comércio em geral, é responsável por 79% da arrecadação, seguido de Transportes com

12,0% e Telecomunicações 9,0%. Sobrevivem do ganho dos trabalhadores em órgãos

públicos, pequenos produtores rurais e demais assalariados nas empresas existentes.

Nas gestões anteriores, 80% dos gastos com custeio (pesquisa em Empenhos

emitidos), foram feitos com empresas de fora do Município, o que levou 813 pequenas

empresas locais, instaladas no município, a fecharem suas portas, restando apenas 524.

Na atual gestão, 53% por cento das despesas de custeio são provenientes de

empresários e produtores locais, após conscientização da importância em manter a

documentação dentro das normas legais, via Convênio da Prefeitura municipal com o

SEBRAE/Guarapuava, o que proporcionou a participação ativa nas licitações dos Poderes

Executivo e Legislativo.

Observa-se ainda a fragilidade existente no município de Candói, se compararmos

com o Município de Cafelândia que, com a mesma arrecadação municipal, e apenas uma

agroindústria gerou 10.000 empregos, contra 1.891 no Candói.

A evasão da produção – riqueza de Candói – abastece outros centros industriais

do País, concentrando a renda na mão de poucos. A Cevada produzida em Candói é de terras

arrendadas em sua maioria, pelos fazendeiros da Colônia de Suábios de Entre Rios -

Guarapuava, para abastecer sua Indústria a AGROMALTE/AGRÁRIA, a maior da América

Latina. A produção de batata inglesa por empresas de Guarapuava, sendo vendida para São

Paulo, assim como Milho e Soja para o entreposto da Cooperativa COAMO de Campo

Mourão e/ou para empresas como a Bunger, Sadia, Sojamil e de empresários locais como a

A.G. Teixeira Agrícola, Agrícola COLFERAI Ltda., entre outras. Na pecuária foi criada a

COACAN – Cooperativa Agropecuária Candói, fundada pela família do ex-Prefeito Mauricio

Mendes Araújo.

145

O processo de industrialização da agricultura tem eliminado gradativamente a

separação entre o campo e cidade, entre rural e o urbano, unificando - os dialeticamente.

O Setor Primário é o mais representativo no Valor Adicionado na arrecadação

municipal em valores brutos, com crescimento no período de 2006 a 2012, em 128,4% nos

últimos seis anos. Seu excedente de produção que é vendido para outros estados e/ou

municípios, em 2012 representava 78,2%. Desse total, apenas 21,8% é comprado pelos

munícipes ou empresas locais.

QUADRO 51 – COMPOSIÇÃO DO VALOR ADICIONADO DA PRODUÇÃO PRIMÁRIA DO

MUNICÍPIO DE CANDÓI DE 1999 A 2012.

VALOR ADICIONADO 1999 2001 2003 2006 2012

Número de Contribuintes - - - - -

Adquiridas pelo Contribuinte do

Município

3.725.110,

13.190.315,

24.201.551,

34.932.076,

53.755.304,

Adquirida por Contribuinte de Outros

Municípios

29.284.268,

35.769.382,

78.941.686,

84.230.512,

176.621.411,

Declaradas pelas Agencias de Renda 3.313.207, 3.268.280, 2.034.854, 3.162.051, 1.568.026,

Aquisições CEASA/PR 202.206, 345.915, 0 0 0

Comercialização do Fumo 5.046, 2.743, 253.303, 652.546, 238.314,

TOTAL DO V.A. PRODUÇÃO

PRIMÁRIA

36.529.837,

52.576.635,

105.431.394,

122.977.185,

232.183.055,

Adicionado Relativo a Ação Fiscal 3.327, 31.100, 13.116 8.890, 78.860,

PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA 45.085.820, 64.184.979, 104.793.485, 107.985.709, 246.648.889,

Fonte: SEFA – www.sefanet.pr.gov.br/FPM DFC - 12.8.2013.

Nas últimas eleições o povo escolheu um novo e jovem gestor, funcionário

público sem posses, e com uma visão participativa. Seu primeiro passo foi formalizar o que o

Partido dos Trabalhadores preconiza – a participação popular e a eficiência nos gastos com as

classes menos favorecidas, sem deixar de priorizar o desenvolvimento regional, na geração de

emprego e renda, mesmo tendo que enfrentar a manutenção de uma frota de máquinas

rodoviárias e veículos, que representam mais de 60% das despesas de custeio na rubrica

Material de Consumo (combustível, pneus e peças de reposição) e quase 10% na rubrica

Serviços de Terceiros (consertos e reparos), em 2013.

O fortalecimento da agricultura familiar torna-se prioritária com a certificação de

produtos orgânicos nos Assentamentos, a exemplo do cultivo da Laranja e dos

hortifrutigranjeiros adquiridos para abastecer a merenda escolar, via Programa Compra

Direta, mas não pode ser assistencialista sob pena de criar novos núcleos de pobreza sem

produção própria para sua subsistência.

A implantação do Orçamento Participativo - esse procedimento de levar ao povo a

real situação financeira do Município é o elemento que dá credibilidade à gestão. O incentivo

146

a volta das Associações extintas anteriormente é fator fundamental para que as classes

comunguem um ideal a perseguir, que as façam importantes na visão de gestão de políticas

públicas comunitárias e que também gerem renda com trabalhos artesanais.

Segundo Celina Souza, em seu Artigo: Políticas Públicas; Uma revisão da

literatura (2006, p. 368-375, Sociologias, Porto Alegre, ano 8, nº 16, jul/dez 2006),

O País esta adotando um novo modelo de gerencialismo público e de ajuste fiscal,

na busca da eficiência dos gastos com auxílio de organismos multilaterais a exemplo

dos diversos conselhos comunitários e do Orçamento Participativo. Finaliza a

autora que o principal foco analítico da política pública está na identificação do tipo

de problema que a política pública visa corrigir, na chegada desse problema ao

sistema político (politics) e à sociedade política (polity) e nas instituições/regras que

irão modelar a decisão e a implementação da política pública.

Concluiu-se, no levantamento das principais receitas, que o Município de Candói,

com seus quase 15 mil habitantes, possui uma arrecadação elevada e que as melhorias às

populações urbana e rural, podem ser implementadas para reduzir o elevado número de

famílias em estado de pobreza e para investir, principalmente, no saneamento básico, em

educação, e na promoção de novos investimentos que gerem emprego e renda, como

agroindústrias e turismo, considerando a possibilidade de recursos advindos também de

Convênios, desde que se façam adequações necessárias nos gastos e nas cobranças tributárias.

No Balanço Patrimonial de 2012, estão registrados os seguintes valores: Bens

Móveis R$ 25.512.868,43 demonstrando elevado investimentos em máquinas rodoviárias,

agrícolas, veículos, ônibus e caminhões, e em Bens Imóveis R$ 15.936.460,82, sendo que R$

9.925.758,41 referem-se a Bens de Domínio Público (Ruas, Praças, parques, Estradas Rurais,

etc.) e Bens de Natureza Industrial de R$ 40.975,00, totalizando R$ 41.490.304,25.

Registre-se que o subsídio do Prefeito estabelecido na gestão anterior, era de R$

16.000,00, mensais, um dos mais elevados no Paraná, para municípios com a população de

Candói de quase 15.000 habitantes e uma Renda Domiciliar de R$ 462,51.

Nas gestões anteriores, a compra de considerável parque de máquinas teve como

destino os núcleos rurais, sob supervisão de Vereadores e líderes comunitários, redundando

em clientelismo.

O Portal Brasil Transparência, apresenta os Convênios (Quadro 46) executados a

partir de 1997 até o exercício de 2013, nos quais ficam evidenciadas que, em todas as gestões,

a busca por recursos foi intensa visando a construção e aquisição de equipamentos públicos e

147

de infraestrutura urbana, bem como para a agropecuária, para proporcionar benefícios às

atividades de estruturação.

Ressalta-se que, em tais Convênios, existe a contrapartida do Município que se

constituem em dívida pública, na maioria dos Contratos e depende da capacidade de

pagamento do município. No Balanço de 2012, estão registrados em Dívida Fundada –

Obrigações Contratuais, o valor de R$ 2.409.579,71, estando dentro da capacidade de

endividamento do Município.

QUADRO 52 - CONVÊNIOS REALIZADOS PELO MUNICÍPIO DE CANDÓI JUNTO AO GOVERNO

FEDERAL, POR MINISTÉRIOS – PERÍODO 1997 – JAN/2014 No DO

CONVÊNIO

DATA

ESPECIFICAÇÃO

VALOR

LIBERADO

R$

CONTRAPARTIDA

DO MUNICÍPIO

R$

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

322131

05.9.1997

Execução de obras e serviços de engenharia para

implantação e recuperação de 80km de estradas

vicinais internas, sendo 30km no PA Colônia São

João Batista e 50km no PC Ilhéus.

110.000,00

28.000,00

437708 04/02/2002 Infraestrutura e serviços 80.000,00 25.000,00

446035 04/02/2002 Infraestrutura e serviços 30.000,00 7.000,00

454116

28/06/2002

Proteção de fonte, rede de distribuição e

instalação de caixa de água, no PA Águas de

Santa Clara.

45.875,00

2.293,75

487648 19.12.2003 Ampliação da capacidade de captação e

bombeamento de água no projeto de

assentamento Água de Santa Clara.

10.000,00

817,64

501581 24/06/2004 Readequação e cascalhamento de 8,6 km de

estradas no PA União São Pedro.

51.000,00

2.550,00

511697 22/10/2004 Infraestrutura e serviços – autorizado pelo ofício

MDA n. 018/4/2004

18.916,00

585,00

524019 07/7/2005 Readequação de 20 km de estradas vicinais no

PA Matas do Cavernoso

160.000,00 18.222,00

524010 07/7/2005 Auxilio ao pequeno agricultor rural na proteção

de 67 fontes e canalização de água para

abastecimento familiar no PA Mata do

Cavernoso.

54.480,00

1.685,30

535646 23/12/2005 Infraestrutura e serviços autorizados pelo oficio

mda n.21/3/ 2005

182.554,00 4.438,42

536911 02.12.2005 AFEM autorizado pelo ofício MDA n. 2.12.2005 30.000,00 35.000,00

560012 27.06.2006 Objeto: Convenio entre Incra e o município de

Candói, para auxilio ao pequeno agricultor rural,

na adequação de 7,879 km de estradas rurais no

PA Águas de Santa Clara.

88;696,00

2.743,49

560337 27.06.2006 Objeto: Convenio entre Incra e o município de

Candói, para auxilio ao pequeno agricultor rural,

na adequação de 1,55 km de estradas rurais no

PA União São Pedro.

15.139,00

468,44

564489 25/7/2006 Apoio aquisição, produção, transformação e

comercialização produtos da agricultura familiar

200.000,00 6.900,00

573273 23/11/2006 Organização, armazenamento, transporte,

comercialização da produção agrícola e leiteria

115.357,25

3.567,75

605948 23/11/2006 Fortalecimento capacidade produtiva 110.000,00 29.575,47

148

611506 14/01/2008 Aquisição plantadeira, adubadeira, pulverizador,

carreta hidráulica, arado, subsolador e grade

niveladora.

47.000,00 1.297,57

640558 13/01/2009 Aquisição de empacotadora de leite

homogeneizadora de leite e motocicletas

109.125,00 7.105,76

640570 12/01/2009 Aquisição de pulverizador agrícola, arado,

subsolador, trator 75 cv e plantadeiras

150.000,00 4.151,70

640580 12/01/2009 Aquisição debulhador, grade aradora, trator,

carreta agrícola, pulverizador e arado

100.000,00 2.687,10

714978 11/01/2010 Ampliação da base física da Casa Familiar Rural

de Condói para qualificação na formação de

jovens rurais, através da pedagogia da

alternância.

100.000,00

34.375,59

721770 05/01/2010 Aquisição de equipamentos para compor

Patrulhas Agrícolas Mecanizadas

220.000,00 4.398,00

733269 16./08/2010 Fortalecimento da Produção Familiar. 180.000,00 16.000,00

751365 29/12/2010 Aquisição de um (01) Trator (novo) e um (01)

Automóvel (novo)

100.000,00 7.000,00

756589 12/12/2011 Aquisição de trator agrícola e equipamentos

agrícolas para apoiar a produção da agricultura

familiar.

100.000,00 18.960,00

TOTAL 2.319.446,25 218.464,98

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

583405 12.1.1997 Aquisição de novilhas leiteiras 195.000,00 5.825,10

444769 04.2.2002 Estímulo a Produção Agropecuária 34.424,00 4.792,00

525500 01.9.2005 Apoiar a realização da VIII Festa Nacional do

Charque, no dia 22 a 28 de agosto de 2005.

16.000,00

500,00

532901 14.12.2005 Aquisição de Patrulha Mecanizada Oficio MAPA

18.8.2005

87.750,00

7.020,00

563821 19.7.2006 Aquisição de trator agrícola e plantadeira. 97.500,00 2.757,25

58.3453 12.1.2007 Aquisição de trator agrícola e plantadeira 89.700,00 5.060,00

593211 31.8.2007 Apoiar a realização da X Festa Nacional do

Charque dia 24 a 27 de agosto 2007.

20.000,00

1.002,20

599925 16.11.2007 Aquisição de trator agrícola de rodas e

plantadeira adubadeira.

87.750,00

11.119,20

606299 10.1.2008 Aquisição de Trator, plantadeira, adubadeira,

pulverizador, carreta agrícola e grade aradora.

97.500,00

23.832,04

772191 20.12.2012 Aquisição de Patrulha Mecanizada 195.000,00 7.400,00

782024 20.3.2013 Aquisição de Patrulha Mecanizada 146.250,00 3.750,00

788867 17.1.2014 Aquisição de equipamentos agrícolas 146.250,00 18.924,67

795858 17.1.2014 Aquisição de equipamentos 292.500,00 6.991,67

TOTAL 1.505.624,00 98.974,13

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E MINISTÉRIO DE ESPORTES

309482 16.7.1996 Recursos financeiros para manutenção do Ensino

Fundamental

21.400,00 0,00

317479 06.1.1997 Melhoria das condições físicas, escolares e

didático pedagógicas no âmbito da educação de

jovens e adultos, escola reformada, material

escolar.

6.070,00

1.214,00

325009 06.10.1997 Construção de uma Creche 16.835,00 7.215,00

326193 16.10.1997 Apoio financeiro a manutenção de escolas

públicas que atendam mais de 20 alunos no

ensino fundamental – PMDE

13.700,00

0,00

359493 17.6.1998 Apoio financeiro a manutenção de escolas

públicas que atendam mais de 20 alunos do

ensino fundamental – PMDE

15.100,00

0,00

363475 15.7.1998 Aquisição de ônibus ou micro ônibus Escolar

para alunos residentes na zona rural

50.000,00

0,00

453502 25.6.2002 Aquisição de ônibus para transporte escolar, para

alunos residentes na zona rural

50.000,00

2.500,00

48.2762 25.9.2003 Garantir com recursos financeiros do Programa

Dinheiro Direto na Escola – PDDE. Para Escola

149

de Educação Especial, qualificada como Entidade

Filantrópica.

1.800,00 0,00

532960 14.2.2005 Conclusão de Quadra poliesportiva Of.2298 120.000,00 3.600,00

528108 11.5.2005 Apoio Financeiro a Portadores de Necessidades

Especiais para Educação Inclusiva

11.830,50 119,50

529987 29.11.2005 Apoio financeiro para o desenvolvimento de

ações que promovam a inclusão de alunos com

necessidades educacionais especiais no processo

de ensino.

20.000,00

205,00

534472 21.12.2005 Aquisição de ônibus para transporte escolar de

alunos portador de necessidades especiais

35.000,00

5.000,00

608769 10.1.2008 Implantação de Praça Esportiva 140.000,00 32.850,44

705213 01.12.2009 Implantação de Academia ao ar livre 146.250,00 3.000,00

TOTAL 647.985,50 55.703,94

MINISTÉRIOS DA SAÚDE

367558 10.12.1998 Estabelecer as condições para o desenvolvimento

das ações do Plano de Erradicação do AEDES

AEGYPTI.

29.060,25

3.227,45

471562 24.12.2002 Aquisição de uma unidade móvel 40.000,00 10.000,00

557222 27.12.2005 Sistema de Esgotamento Sanitário 411.540,00 12.728,05

551857 30.12.2005 Aquisição de Equipamento e Material

Permanente

50.000,00 1.500,00

582415 11.01.2007 Manutenção de Unidade de Saúde 63.000,00 4.000,00

619507 08.01.2008 Resíduos Sólidos 150.000,00 52.600,00

632378 23.07.2008 Aquisição de medicamentos para atender as

unidades básicas de saúde

100.000,00

4.999,70

381920 10.12.2009 Equipamento para Centro de Saúde 60.000,00 15.000,00

TOTAL 903.600,25 104.055,20

MINISTÉRIO DO TURISMO

393752 30.06.2000 Construção de área destinada ao turismo e meio

ambiente

134.676,00

14.964,00

610230 10.01.2008 Implantação de uma praça municipal 243.750,00 28.248.04

TOTAL 378.426,00 43.212,04

MINISTÉRIO DAS CIDADES

627230 - Pavimentação poliédrica 0 0

459734 23.07.2002 Implantação ou melhorias de infraestrutura

urbana e equipamentos comunitários.

100.000,00

35.751,40

493140 23.12.2003 Melhorias das condições de habitabilidade. 70.000,00 17.560,00

581364 26.12.2006 Pavimentação em CBUQ 126.750,00 44.580,04

583905 05.01.2007 Pavimentação asfáltica 97.500,00 2.925,00

608231 10.01.2008 Pavimentação, drenagem e meio-fio 146.950,00 59.199,03

608117 10.01.2008 Pavimentação e drenagem e mio fio 127.170,00 3.651,04

623251 08.05.2008 Construção de Unidades Habitacionais 498.993,65 221.368,44

706870 05.01.2010 Pavimentação poliédrica de 9.960m2 no Distrito

de Cachoeira.

146.950,00 120.347,55

740238 16.08.2010 Pavimentação poliédrica 300.000,00 98.313,59

789292 17.01.2014 Implantação de pavimentação em diversas ruas

do Município.

245.850,00

34.150,00

TOTAL 1.860.163,65 637.846,09

MINISTÉRIO DO DESENV. SOCIAL E COMBATE A FOME

453138 22.01.2002 Atendimento a Pessoa Portadora de Deficiência 25.000,00 6.250,00

518335 26.12.2003 Atendimento a Pessoa Portadora de Deficiência. 20.000,00 600,00

565327 29.12.2005 Construção parcial da Sede própria da Escola de

Educação Especial Renascer/APAE

80.000,00

2.400,00

565278 30.12.2005 Construção de Centro de Atendimento da Pessoa

Idosa.

90.000,00

2.700,00

598441 05.01.2007 Construção 120.000,00 5.400,00

603818 03.01.2008 Aquisição de equipamentos de natureza

permanente para Centro de Geração de Renda

142.000,00

4.760,00

603816 03.01.2008 Estruturação da Rede de Serviços da Proteção

Especial.

10.000,00

368,50

603817 03.01.2008 Estruturação da rede de serviços de proteção

social básica – Centros Comunitários.

50.000,00

2.164,00

150

639714 06.01.2009 Ampliação do CRAS 150.000,00 4.500,00

754587 06.01.2011 Aquisição de transporte coletivo 100.000,00 4.166,67

TOTAL 787.000,00 33.309,17

MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL

717549

14.01.2010

Aquisição de um caminhão mecânico toco, motor

mínimo de 170 CV, 5 marchas, capacidade bruta

de 14,5 toneladas, com 2 eixos.

120.000,00

4.350,00

TOTAL 120.000,00 4.350,00

FONTE: Ministério do Desenvolvimento Agrário. Portal Transparência Brasil.

No período de 1993 a 2012, foram adquiridos aproximadamente 20 (vinte)

Patrulhas Agrícolas para assentamentos e comunidades de pequenos agricultores. A partir de

2013, mais patrulhas agrícolas quase em igual número foram adquiridas. A foto 6, registra os

equipamentos e implementos de uma Patrulha Agrícola no Assentamento Comunidade

Quilombola de Barreiro – Candói. 15.mar.2010.

Os Convênios realizados com o Estado do Paraná não foram disponibilizados no

Portal Transparência do Estado.

Foto 6 – Patrulha Agrícola

(FONTE: Sérgio Bucco (sergiobucco.blogspot) mar.2010.

Devido à falta de informações no Portal Transparência do Município, referente

aos exercícios de 1999-2011, da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, para

fins de demonstrativo, apresentamos o Balanço de 2013, em que ficam evidenciadas as

despesas com pessoal, dentre outras e um superávit de R$ 6.095.339,21, que poderá ser

151

utilizado em programas especiais na redução da pobreza e em investimentos em áreas

turísticas para a geração de emprego e renda.

QUADRO 53 - DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA E DESPESA SEGUNDO AS CATEGORIAS

ECONÔMICAS

BALANÇO ANUAL – PODER EXECUTIVO - MUNICÍO DE CANDÓI - 2013

TÍTULOS TÍTULOS

RECEITAS CORRENTES DESPESAS CORRENTES

Receita tributária

Receita de Contribuições

Receita Patrimonial Receita de Serviços

Transferências Correntes

Outras Receitas Correntes

TOTAL

SUPERÁVIT CORRENTE

RECEITAS DE CAPITAL Transferências de Capital

TOTAL

4.396.679,25

350.636,09

460.245,22 46,50

33.683.626,48

528.127,52

581.423,23

39.419.361,06

39.419.361,06

8.329.296,76

581.423,23

40.000.784,29

Pessoal e encargos sociais

Juros e encargos da dívida

Outras despesas correntes

SUPERÁVIT

TOTAL

DESPESAS DE CAPITAL Investimentos

Amortização da Dívida

SUPERÁVIT

TOTAL

18.648.968,38

193.596,94

12.247.498,98

1.962.853,71

852.527,07

31.090.064,30

8.329.296,76

39.419.361,06

2.815.380,78

6.095.339,21

40.000.784,29

FONTE: Secretaria Municipal de Finanças – Candói. Portal Transparência. Não está incluída as despesas da

Câmara Municipal.

152

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste Capítulo são apresentadas as conclusões do objetivo geral desta dissertação,

sobre o processo de emancipação política do município de Candói, estado do Paraná, seu

desenvolvimento e as políticas de emprego e renda nas últimas décadas.

Os contextos político, social e econômico foram analisados sob a ótica de

peculiaridades locais específicas, contrapondo-as com fundamentações teóricas de políticas

públicas vivenciadas pelo país, em um momento econômico de transição, com a implantação

de um novo Plano Econômico - o Real, iniciado em 1994 e influenciado pela nova

Constituição Federal de 1988, nos aspectos sociais.

No Capítulo I, o resultado obtido pelas pesquisas, sobre emancipações ocorridas

nas últimas décadas, direciona como principal incentivadora a Constituição Federal de 1988

que oportunizou a criação de 1.079 municípios no período de 1990 a 2013, trazendo um novo

alento às reivindicações da população rural ao acesso de melhorias de bem estar social para os

distritos brasileiros, através do desmembramento territorial, e na gestão de seus próprios

recursos financeiros, provenientes do trabalho de suas comunidades.

Entretanto, no âmbito político, a nova Carta Magna, possibilitou a ampliação dos

poderes das oligarquias regionais, com o multipartidarismo político, utilizando como massa

de manobra as lideranças rurais e urbanas distritais que exigiam melhorias no preconizado

Estado de bem estar social.

A emancipação do município de Candói, não foi diferente. Lideranças políticas do

município-mãe Guarapuava, tomaram para si, as iniciativas populares e se alternaram no

poder, durante os últimos vinte anos, beneficiando-se diretamente dos investimentos públicos

e dominando o Poder Legislativo, através do clientelismo de cargos e representações junto às

comunidades rurais.

Quanto da análise do Capítulo II - Desenvolvimento Econômico e Social, a

emancipação trouxe inegavelmente melhorias à população distrital, estando mais próxima das

decisões do Poder Executivo, que promoveu através do Plano Diretor a criação de uma nova

cidade com infraestrutura da Sede e dos órgãos de governo, além de Centros Comunitários

nos principais núcleos populacionais, readequação de estradas, mesmo autobeneficiando seus

gestores com infraestrutura em seus loteamentos urbanos e melhorias diferenciadas em

estradas rurais, onde se localizam suas propriedades rurais.

153

Os resultados comparativos do PIB e dos Valores Adicionados demonstram a

capacidade produtiva da região, mas mantendo uma concentração de renda, característica dos

Estados produtores da agropecuária, no Brasil. O setor econômico terciário, representado pelo

comércio e serviços, é o mais afetado, visto a dependência de resultados financeiros dos

setores primário e secundário.

Da análise inicial da população local, a migração rural para a Sede do município,

que em 1990 representava 79,8%,, passou para 49,9% em 2007 e 53,1% em 2010, indicando

que seu desenvolvimento urbano ao longo dos vinte anos, chegou ao ápice, com parte da

população, retornando a área rural.

A redução de sua população em 2,8%, entre 2007 a 2010 pressupõe que jovens

com 2º Grau a Superior Completo, além de famílias dos pequenos empreendedores que

encerraram suas atividades no Município, se constituíram no núcleo central da evasão, por

falta de melhores oportunidades de emprego, renda e demanda de mercado ao final da última

década.

Na análise dos setores econômicos, Candói caracteriza-se como um território de

produção agropecuária em razão de seu elevado Valor Adicionado e complementarmente na

geração de energia elétrica, mas ressaltando-se que os resultados financeiros desses setores

não são investidos no município, bem como a maioria dos grandes agropecuaristas residem no

município-mãe Guarapuava.

Dentre as hipóteses levantadas para a execução desse trabalho, constatou-se: a)

que apenas 22% de sua produção é adquirida no território municipal e 78% enviada para

outros municípios e estados, por não existir uma agroindústria local devido a falta de

mobilização dos grandes agropecuaristas e a desorganização das Associações na agricultura

familiar; b) que no período de 1993 a 2012, as compras efetuadas pela Prefeitura Municipal,

representavam apenas 20% no comércio local, enfraquecendo os pequenos empreendedores, o

que resultou no fechamento de 813 empresas, restando apenas 524, tornando o setor terciário,

representado pelo comércio e serviços, estagnado e subserviente das receitas dos empregos

gerados nas áreas públicas, do pagamento de pessoal assalariado em seus próprios

estabelecimentos e da agricultura familiar; c) os projetos desenvolvidos ao longo das duas

últimas décadas, foram compatíveis com projetos governamentais, conforme se observa nos

inúmeros Convênios constantes no Quadro 52, que oportunizaram melhorias públicas e de

atendimentos aos produtores rurais.

154

Na área social, conforme se observa pelos IDH, Índices de Desenvolvimento

Humano ao longo de seus 20 anos de instalação, e pelo elevado percentual de famílias em

estado de pobreza, necessita de melhorias imediatas, visto que o município se encontra em

378º lugar entre os 399 municípios do Paraná. A população rural dispersa em pequenos

núcleos concentra a maioria dos beneficiados pelo Programa Bolsa Família, necessitando o

direcionamento de políticas sociais que promovam maior integração, visto a extinção de

inúmeras associações rurais.

Na Saúde, esforço concentrado foi realizado, com a terceirização de plantões em

postos de saúde e concursos para os profissionais da área, reduzindo drasticamente a

mortalidade infantil e o atendimento à população, oportunizando longevidade compatível com

a do Estado do Paraná. Entretanto, o desafio futuro será o saneamento básico à população,

cujos investimentos foram evitados pelas gestões municipais anteriores, já que eram os

principais proprietários dos loteamentos na Sede do município. O paradigma negativo do

coronelismo, de que “obra em baixo da terra não dá voto”, deve ser extirpado em definitivo.

A geração de emprego e renda, descrita no Capítulo III, demonstra claramente que

o segmento agricultura familiar é preponderante, mas com o avanço da idade da mão-de-obra

adolescentes em busca de outras referências de empregos fora do município, a tendência é que

a agricultura familiar nos próximos anos torne-se deficitária em mão-de-obra jovem,

permanecendo apenas aposentados rurais. Políticas públicas de capacitação de mão-de-obra

técnica e de terceirização de serviços permitidos em lei se constituem em alternativas de curto

prazo, para se evitar a evasão rural.

O comércio local por representar em sua maioria micro e pequenas empresas,

manter-se-á gerando poucas vagas de emprego, muito aquém da demanda existente.

A necessidade de se identificar um plano de negócios a exemplo do município de

Cafelândia, com produtos locais e dos produzidos em municípios circunvizinhos, constitui-se

prioridade no planejamento municipal para alavancar uma melhoria social aos seus residentes,

bem como de investimentos públicos em áreas de turismo e mesmo da piscicultura com o

aproveitamento do Alagado de Salto Santiago, também são alternativas, que geram trabalho e

renda.

É nesse foco, que o planejamento público deve promover a motivação dos

produtores locais e respectivas associações, para a realidade em que se encontra o município

de Candói, que durante os vinte anos de sua instalação, gestões anteriores preocuparam-se na

criação e melhoria em sua infraestrutura urbana e nos núcleos rurais, e que para os próximos

155

anos, deve focar conscientemente seu desenvolvimento agroindustrial para obtenção de

melhores resultados econômico, social e na geração de emprego e renda.

156

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AFFONSO, Rui. Os Municípios e os desafios da Federação no Brasil. Artigo.

Fundap.Unicamp.2000

ALVES, Alessandro Cavassin. Capitulo Seis – Clientelismo Eleitoral e Coronelismo

Político –Estudo de um pequeno município paranaense. Monografia de graduação em

Ciências Sociais na Universidade Federal do Paraná.2003.

ALVES, Alessandro Cavassin. O Processo de Criação de Municípios no Paraná: as

instituições e a relação entre Executivo e Legislativo pós 1988. Revista Paranaense de

Desenvolvimento. N.111, jul/dez.2006.

ALVES, Alessandro Cavassin. Poder Legislativo Estadual e Lei de Iniciativa Popular: A

criação de Municípios no Paraná. DOI 10.402/4 cih.pphuem.386. IV Congresso

Internacional de História. 9-11 setembro de 2009. Maringá-Paraná.

ANDRADE, Rogério Vieira de. Lei de Responsabilidade Fiscal – Pensamento Evolutivo -

http://www.webartigos.com/artigos/a-lei-de-responsabilidade-fiscal-e-seu-aspecto-evolutivo/3498/#ixzz2tIcECJJ3. Em 03

de janeiro de 2014.

BARATTA, Tereza Cristina. Lei de Responsabilidade Fiscal. Ministério do Planejamento

Orçamento e Gestão, IBAM e BNDES. Jul.2001.

BITTENCOURT, Fernando Moutinho Ramalho. Elaboração e Análise de Políticas

Públicas. Apostila de Pós-graduação Instituto A Vez do Mestre, Universidade Cândido

Mendes, Brasília-DF.2010.

BRAMAEKER, F.E.J. Limites à criação de novos municípios: a Emenda Constitucional

n.15. Revista de Administração Municipal, Rio de Janeiro: IBAM, v.43, n.219, abr/dez.

1996.

BRAMAEKER, F.E.J., Os novos municípios: surgimento, problemas e soluções. Revista de

Administração Municipal. V 40, n 206, p.88-90 jan/mar.1993.

BRASIL, (Tesouro Nacional, SEFA)

BRASIL, IBGE (1990,1996,2000 e 2010) Estatísticas Municipais.

BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Câmara dos

Deputados, 1997.

BRASIL. Portal Transparência – Convênios Municipais.

BRAVIN, Nilvam Jeronimo Ribeiro. O Projeto de desenvolvimento Industrial do Paraná

2001. Dissertação de mestrado.

CANIELLES, Ariela dos Santos. O conceito de emancipação: uma breve apresentação.

XVIII CIC. XI ENPOS, I Mostra Científica. FaE/UFPel. [email protected]

157

CARVALHO , Henrique (2009) http://hcinvestimentos.com/ Gráficos de Inflação.

CASTRO e GOMES. Administração Pública Contemporânea. Universidade Cândido

Mendes. W. Direito.Brasília-DF, 2010.

CIGOLINI, Adilar.A fragmentação do território em unidades político-administrativas:

análise da criação de municípios no estado do Paraná. Florianópolis, Dissertação de

Mestrado em Geografia, UFSC. 1999.

CITADINI, A.R. Municípios inviáveis e controle do déficit público. Diário do Comércio e

Indústria, 24 e 25 nov.1998.

DALDEGAN, Milian Cercal. Mídia e Política: Um Estudo sobre o Prefeito Jaime Lerner

nas primeiras páginas da Gazeta do Povo em dois períodos distintos (1971-1975 e 1989-

1992). Sociologia e Política – I Seminário de Sociologia e Política – UFPR 2009. Grupo de

Trabalho 3. Sociedade e Política em Tempos de Incerteza.

FÉDER, João. ERÁRIO – O dinheiro de Ninguém. Ed.TCE/Pr. 1997.

FELLET, João. Pobreza recua no Brasil, mas fim da miséria é questionável. Da BBC Brasil, em

Brasília. Atualizado em 11 de março, 2013 - 05:26 (Brasília) 08:26 GMT

FERNANDES, M.A. Manual para Prefeitos e Vereadores. Ed.QuartierLatin. SP.2003.

FRANCISCO, Wagner de Cerqueira e, BRASIL ESCOLA – Regiões do Brasil – Texto, s.d.

GALVÃO, Regina. Planeta Sustentável.abril.com.br. Artigo: Jaime Lerner o realizador de

sonhos. Acessado em julho 2014.

GASPARETTO, Antonio Aparecido N. O capitalismo e a política agrária a partir da

década de 60: migração e urbanização paranaense.

GIAMBIAGI e ALÉM, Fábio e Ana Cláudia. Finanças Públicas – Teoria e Prática no

Brasil. Ed.CAMPUS.2000.RJ.

GLOBO. Presidenta veta Projeto de Criação de Novos Municípios. (http://g1.globo.com).

GOMES, G. M.; MAC DOWELL, M. C. Descentralização política, federalismo fiscal e

criação de municípios: o que é mau para o econômico nem sempre é bom para o social.

Brasília: Ipea, fev. 2000 (Texto para Discussão, n. 706).

IPARDES - Paraná Diagnóstico Social e Econômico – 2003

IPARDES - Paraná Diagnóstico Social e Econômico – 2012

IPARDES, Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – Cadernos

Municipais, 2000, 2010 e 2013.

158

KEYNES, John Maynard, Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Ed.Saraiva. SP.

2012. Tradução Manuel Rezende.

KOHAMA, Heilio. Balanços Públicos – Teoria e Prática. 2ª.ed. Atlas SP.2000

LIMA, Rafael Nachtigall (resumo [email protected]), apud LEAL (1949,

ps.20/45/50/51),

MADEIRO, Ricardo C.V. Crise na Saúde Pública, Artigo Revista Jurídica Consulex.

29.8.2013. (http://portal.cfm.org.br.) acessado em março de 2014.

MAGALHÃES, João Carlos. Emancipação Político-Administrativa de Municípios no

Brasil. Ipea.www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/livros/Capitulo1

MARQUES GOMES, Maria de Fátima Cabral, Política social e o pensamento de Paulo

Freire. Professora da Escola de Serviço Social/ UFRJ e pesquisadora do CNPq. Aleph –

Formação dos Profissionais da Educação - ISSN 1807-6211

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 24ª ed. Malheiros

Editores.SP.1999.

MELO, M.A.B.C. Municipalismo, nation building e a modernização do Estado no Brasil.

Revista Brasileira de Ciências Sociais, SP. Ano 8.n.23.1993.

NORONHA, R. Criação de novos municípios: o processo ameaçado. Revista de

Administração Municipal, Rio de Janeiro, v.43, n.219, abr/dez.1996.

ÓCIO, Domingo Zurrón. FGV, Relatório N.11/1995, p.4.

PARANÁ, Ipea. Instituto de pesquisas econômica aplicada.

PARANÁ. Secretaria Estadual da Fazenda.

PARANÁ. Prefeitura Municipal de Candói.

PASSARINHO, Natalia. G1 em Brasília. http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/05/brasil

- acessado em 16 janeiro 2014.

RELATÓRIO ONU - Brasil avança no desenvolvimento humano. Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento. (http://www.onu.org.br/rdh2011).

RESENDE, F.A. Finanças Públicas. Fundap/Iesp, SP, 1992 (Texto para discussão ,02).

RIBEIRO, Paulo Silvino - Colaborador Brasil Escola.Bacharel em Ciências Sociais pela

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas Mestre em Sociologia pela UNESP -

Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho"Doutorando em Sociologia pela

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

ROSI-2010 (http://educadorarosi.blogspot.com.br/2010/11/historia-de-guarapuava-parana.)

159

SESSO FILHO, MORETTO e outros, Umberto Antonio e Antonio Carlos. A Indústria

Automobilística no Paraná: Impactos na produção local e no restante do Brasil - Revista

paranaense de desenvolvimento, Curitiba, n.106, p.89-112, jan./jun. 2004

SILVA, BORGES e PARRÉ, Leandro Nunes Soares, Murilo José e José Luiz. Distribuição

Espacial da Pobreza no Paraná. UEM. Economia Regional e Urbana. s/d.

SILVA, Christian Luiz da, e MICHON JÚNIOR, Willian - Desenvolvimento

socioeconômico local - e reestruturação produtiva paranaense na década de 1990.

SILVA, Cirlene Madalena, Políticas Públicas para Educação de Surdos no Estado de

Pernambuco, 2009 - http://suvag.org.br/arquivos/cms.pdf. Em 05.jan.2014.

SILVA, Pedro Luiz Barros, Reforma do Estado e Política Social no Brasil. Revista

Paranaense de Desenvolvimento – Economia, Estado e Sociedade, No. 93 JANEIRO/ABRIL

1998.

SOUZA e NAZARENO, Leonildo Pereira e Louise Ronconi de, IPARDES Caderno N.11 de

maio de 2011 - A Insuficiência de Renda nos Domicílios Paranaenses.

SOUZA, Nali de Jesus. Desenvolvimento Econômico, 5ª ed.Atlas, SP.2007

SOUZA, Nerci Lima de, 2010, p.12. Diagnóstico Sócio Espacial da Agricultura de

Candói.

TOMIO, Fabrício Ricardo de Lima. A criação de municípios após a constituição de1988.

Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 17, n. 48, fev. 2002. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69092002000100006&script=sci_arttext>.

Acesso em: 10 jan.2014.

TOMIO. Fabrício Ricardo de Limas. Federalismo, Municípios e Decisões Legislativas: A

Criação de Municípios no Rio Grande do Sul. Revista de Sociologia e Política,

24.jun.2005,pp.123-148.UFPR.

TORRES, Pedro Medellin. La politica y las Políticas em regímenes de “obediências

endebles”: uma propuesta para abordar las Políticas Públicas em América Latina. In.

FRANCO; LANZARO, 2006.

TREVISAN e LIMA, Edinéia de Souza e Jandir Ferrera. Crescimento e desigualdade

regional no Paraná: um estudo das disparidades de PIB per capita. Revista Ciências

Sociais em Perspectiva - ISSN: 1981-4747 (eletrônica) — 1677-9665 (impressa), Vol. 9 – Nº

16 – 1º Semestre de 2010.

VIANNA, Maria Lúcia Teixeira Weneck. "Nem Leviatã Nem Moinho Diabólico: Notas

para Pensar a Crise (e as perspectivas, sobretudo) da Política Social". Rio de Janeiro,

UFRJ/IEI, 1990;

160

VIANNA, Maria Lúcia Teixeira Werneck. "Benefícios Privados, Vícios Públicos:

Considerações sobre o Liberalismo à Brasileira". Rio de Janeiro, UFRJ/IEI, 1991.

WAIZBORT, Leopoldo. GEORG SIMMEL E O JUDAISMO: Entre a emancipação e a

assimilação. http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_27/rbcs27_05.htm, em

11.02.2014.