universidade de são paulo faculdade de medicina de ribeirão … · 2017-06-07 · exercício em...

80
Universidade de São Paulo Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 2016 Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos efeito do treinamento físico Daniel Salvini de Almeida Dissertação de Mestrado

Upload: others

Post on 27-Jun-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Universidade de São Paulo

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto 2016

Estudo da variabilidade da frequência cardíaca

durante o período de recuperação pós-exercício

em pacientes hipertensos – efeito do

treinamento físico

Daniel Salvini de Almeida

Dissertação de Mestrado

Universidade de São Paulo

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Departamento de Biomecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor

Programa de pós-graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional

Laboratório de Fisiologia e Fisioterapia Cardiovascular

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

“Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação

pós-exercício em pacientes hipertensos – efeito do treinamento físico”

Ribeirão Preto – SP

2016

Aluno: Daniel Salvini de Almeida

Orientador: Prof. Dr. Hugo Celso Dutra de Souza

Programa: Reabilitação e Desempenho Funcional da

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP.

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE

TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO

PARA FINS DE ESTUDO DE PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA

Serviço de Documentação

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

de Almeida, Daniel Salvini

Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-

exercício em pacientes hipertensos – efeito do treinamento físico. Ribeirão Preto,

2016.

n folhas. 80.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e

Desempenho Funcional, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São

Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Ciências. Área de conhecimento: Biomecânica,

Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Celso Dutra de Souza

1. Hipertensão arterial, 2. Treinamento físico, 3. Modulação autonômica, 4. adaptações

metabólicas.

Folha de Aprovação

Daniel Salvini de Almeida

Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período de recuperação pós-

exercício em pacientes hipertensos – efeito do treinamento físico.

Aprovado em: ___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr.: ________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:____________________

Prof. Dr.: ________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:____________________

Prof. Dr.: ________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:____________________

Prof. Dr.: ________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:____________________

Prof. Dr.: ________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:____________________

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Reabilitação e Desempenho

Funcional, da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto, Universidade de São Paulo, para a obtenção

do título de Mestre em Ciências.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família (Decio, Sonia, Cláudia e

Alexandre) por todo apoio em todos estes anos de estudo e à minha

amada noiva Camila que com todo o seu amor, por incontáveis vezes

me consolou, me acalmou e me fortaleceu para que eu pudesse

continuar em frente e para que este trabalho fosse finalizado. Sem

vocês este momento não se concretizaria.

AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família (Décio, Sônia, Cláudia e Alexandre) que há pouco

mais de uma década, apoiaram um menino de apenas 18 anos de idade a seguir seus

sonhos em uma cidade distante. Não foi fácil, muitas noites de solidão, angústia, medo e

saudades. Saibam que me dediquei ao máximo e agradeço a cada um de vocês do fundo

do meu coração, pois através desta experiência, pude utilizar todos os ensinamentos que

me proporcionaram e aquele menino, nascido e crescido na Capital do Estado, se tornou

um homem maduro, honesto, de bom caráter e trabalhador, apaixonado pelo interior

paulista! Obrigado, obrigado e obrigado! Amo vocês!

Impossível não agradecer à minha amada, companheira, amiga, parceira,

namorada, noiva, mulher, Camila. Sem ela, NADA, absolutamente NADA deste

trabalho teria sido possível! Muitas vezes tive vontade de desistir, jogar a toalha e

abandonar o mestrado. Porém, mesmo no alto do seu 1 metro e 58 centímetros de altura,

com uma força imensurável, Camila se transformava em um ser gigantesco, capaz de

secar minhas lágrimas, fazer com que eu enxergasse o caminho e com que eu visse a

importância deste projeto para minha vida. Grande parte deste trabalho tem o seu

retoque, o seu jeitinho! NUNCA me esquecerei do que você fez e faz por mim e por

nós! Agradeço a Deus todos os dias por ter você em minha vida! E como sempre

dizemos, sabemos que este amor será ALÉM DE TODAS AS VIDAS. Amo você!

Meu grande "PAPITO" (Vô Bruno) que sempre me incentivou a estudar e a

seguir meus sonhos! PAPITO, você é o CARA!!!!

Meus avós Alcides, Helena e Leontina que já não se encontram mais fisicamente

entre nós mas tenho a certeza de que me protegeram todos estes anos. Saudades...

A minha nova família de Ribeirão (Jeremias, Iraci, Caio, Natali, Irene e Wilson)

e a todos os novos primos e primas que esta família me proporcionou. Agradeço

imensamente todo carinho, todo zelo e toda a preocupação que tem comigo diariamente.

Joaquim, meu "filho de quatro patas", por fazer nossos momentos mais alegres.

Ao meu orientador Prof.° Dr.° Hugo Celso Dutra de Souza pela oportunidade de

desenvolver este trabalho em seu laboratório e por todo aprendizado adquirido.

Deixo meus agradecimentos a todos meus colegas de laboratório (Sabrina, Ana

Kaline, Tábata, Carol, Sueni, Ana Paula e Stela pela paciência e por toda ajuda e torcida

para que este resultado fosse alcançado.

Aos meu querido amigos Samuel Ribeiro Filipini, Guilherme Bertolino e Fábio

Mariano por ouvirem meus desabafos e por me aconselhar sempre que precisei!

Agradeço a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e a todos seus docentes e

funcionários que dispuseram um pouco de seu tempo durante toda minha formação.

“Pensamos demasiadamente e sentimos muito pouco. Necessitamos mais de

humildade que de maquinas. Mais de bondade e ternura que de inteligência.

Sem isso, a vida se tornará violenta e tudo se perderá.”

(Charles Chaplin)

RESUMO

De Almeida, DS. Estudo da variabilidade da frequência cardíaca durante o período

de recuperação pós-exercício em pacientes hipertensos – efeito do treinamento

físico. 2016. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto,

Universidade de São Paulo.

Sabe-se que a hipertensão arterial está intimamente ligada a prejuízos no controle

autonômico cardiovascular, caracterizado pelo maior predomínio do componente

autonômico simpático e redução no componente autonômico vagal. Dessa forma, o

objetivo do presente estudo foi avaliar o comportamento da variabilidade da frequência

cardíaca durante o período de recuperação em homens e mulheres, bem como os efeitos

promovidos pela prática do exercício físico nesses indivíduos hipertensos. Para tanto,

foram utilizados dados de 21 voluntários hipertensos e sedentários com média de idade

de 499,8 anos, divididos em 2 grupos distintos, homens (n=10) e mulheres (n=11).

Todos os indivíduos foram submetidos a um protocolo de treinamento físico aeróbio em

esteira, 3 vezes por semana, durante 12 semanas, com duração de 45 minutos, e

intensidade fixada na frequência cardíaca obtida a 5% abaixo do limiar anaeróbio

respiratório obtido no teste ergoespirométrico (Protocolo de Bruce Modificado). Ao

final do treinamento de 12 semanas a capacidade aeróbia (VO2pico) foi novamente

avaliada. O registro para análise espectral da VFC foi realizado entre 09h00min e

10h00min da manhã, obedecendo ao seguinte protocolo; após 20 minutos em repouso

na posição supina em uma maca inclinável, os voluntários foram colocados

passivamente na posição inclinada a 75 graus durante mais 20 minutos. O registro da

FC na posição supina e durante o tilt test foi realizado por meio do eletrocardiograma,

do qual foram obtidas as séries temporais oriundas da medida do tempo entre os

intervalos das ondas R-R. Para a análise estatística foi utilizada a comparação entre dois

grupos, ou no mesmo grupo, antes e após, foi utilizado o teste "t" de Student; Quando a

distribuição não era normal foram utilizados testes não-paramétricos. Na comparação

entre dois grupos foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Foram consideradas

estatisticamente significantes P era menor que 5%. Os resultados mostraram que o

treinamento físico aeróbio no grupo Total-pós apresentou reduções significativas da

pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão arterial média (PAM). A associação entre

os sexos mostrou aumento da FC basal. Já quando comparado os sexos separadamente,

também foi observado diminuição da PAS no grupo Homem-pós em relação ao grupo

Homem-pré, enquanto que nas mulheres essa redução ocorreu apenas na pressão arterial

diastólica (PAD). Em relação aos valores antropométricos, houve diferença estatistica

apenas no parâmetro altura entre os grupos Mulheres-pré e Homens-pré. Os resultados

do 6º minuto da recuperação não apresentaram diferenças estatisticamente significantes

quando comparado os grupos, Total, Homens e Mulheres. Entretanto, quando se faz a

associação entre os grupos Mulheres-pós e Homens-pós, foi observado uma redução da

banda de LF(ms2). Apesar do HF(ms

2), também ter tendido a diminuir, não houve

relação estatística. Em relação a avaliação por meio da análise simbólica, os resultados

mostraram redução nos valores de 2LV no grupo Mulheres-pós. A análise dos

resultados do 6º ao 12º min no grupo Total não mostraram diferenças significantes em

nenhum parâmetro analisado. Da mesma forma, quando comparamos os sexos separadamente, também não observamos diferenças estatisticamente significantes entre

eles. Já quando analisamos os valores da análise simbólica, também não observamos

diferenças no grupo Total tanto pré quanto pós treinamento. Ao verificar os resultados

obtidos no grupo Homens-pós houve aumento do 0V em relação ao grupo Homens-pré.

Os resultados inter grupos também mostraram aumento dos parâmetros 0V e 0V/2V no

grupo mulheres-pré quando comparado ao grupos Homens-pré. Diferentemente, os

valores de 1V, 2LV e 2V apresentaram reduções significativas também no grupo

Mulheres-pré em relação ao grupo Homens-pré. Os resultados no 12º min do grupo

Total pré e pós não apresentaram diferença na analise espectral entre eles. Entretanto,

quando comparamos inter grupos, o grupo Mulheres-pós apresentou uma redeução da

banda de LF (ms2) quando comparado ao grupo Homem-pós, já os demais parâmetros

não foram diferentes.Para os valores da análise simbólica observamos apenas

diminuição do parâmetro 2LV no grupos Mulheres-pós quando comparado ao grupo

Homens-pós. Os demais resultados não apresentaram reduções significantes. Assim,

concluimos que o treinamento físico aeróbio promoveu a redução dos parâmetros

hemodinâmicos nos grupos analisados. Além disso, embora observamos que a FC de

recuperação foi semelhante entre os grupos, a VFC na recuperação no 6 e no 12º

minutos apresentou maior recuperação no grupo das mulheres

Palavras-chaves: 1. Hipertensão Arterial. 2. Treinamento Físico. 3. Sistema Nervoso

Autônomo.

ABSTRACT

De Almeida, DS. Study of heart rate variability during the recovery after exercise

in hypertensive patients - effect of physical training. 2016. Master's Dissertation -

Faculty of Medicine of Ribeirão Preto, University of São Paulo.

It is known that hypertension is closely linked to losses in cardiovascular autonomic

control, characterized by the predominance of the sympathetic autonomic component

and reduced vagal autonomic component. Thus, the aim of this study was to evaluate

the behavior of heart rate variability during the recovery period in men and women, as

well as the effects caused by physical exercise in these hypertensive individuals. For

this, we used data of 21 hypertensive and sedentary volunteers with a mean age of

499,8 years, divided into two distinct groups, men (n = 10) and women (n = 11). All

subjects underwent a physical training protocol on a treadmill three times a week for 12

weeks, with 45 minutes duration, and intensity fixed heart rate obtained 5% lower

respiratory anaerobic threshold obtained in the cardiopulmonary exercise test (Bruce

Amended Protocol). At the end of 12 weeks of training aerobic capacity (VO2 peak)

was again evaluated. The record for spectral analysis of HRV was performed between

09:00 and 10:00 am, according to the following protocol; after 20 minutes of rest in

supine position on a tilt stretcher, the volunteers were passively placed in position tilted

at 75 degrees for 20 minutes. The HR record in the supine position and during the tilt

test was performed by the electrocardiogram, which were obtained from the time series

derived from the measurement of time intervals between the waves R-R. For statistical

analysis was used to compare two groups, or in the same group before and after, we

used the "t" test of Student; When the distribution was not normal non-parametric tests

were used. Comparing two groups we used the Mann-Whitney test. statistically

significant were considered P was less than 5%. The results showed that aerobic

exercise training on Total-post group showed significant reductions in systolic blood

pressure (SBP) and mean arterial pressure (MAP). The association between the sexes

showed increased basal FC. But when comparing the sexes separately, it was also

observed reduction in SBP in group-Man post in relation to the group pre-Man, while in

women this reduction occurred only in diastolic blood pressure (DBP). Regarding the

anthropometric values, there was statistical difference only in the height parameter

between Women and Men-pre-pre groups. The results of the 6th minute of recovery

showed no statistically significant differences when comparing the groups Total, Men

and Women. However, when making the association between Women and Men-post-

post groups, it was observed a reduction in band LF (ms2). Despite the HF (ms2), also

have tended to decline, there was no statistical relationship. In relation to evaluation

through the symbolic analysis, the results showed reduction in 2LV values in Women-

post group. The results of the 6th to the 12th min Total group showed no significant

differences in any parameter analyzed. Similarly, when comparing the sexes separately,

we did not observe statistically significant differences between them. But when we

analyze the values of symbolic analysis showed no difference in the Total group both

pre and post training. When checking the results of the Men-post group there was an

increase of 0V compared to pre-Men group. The results also showed increased inter

groups of parameters 0V and 0V / 2V women in the group pre-Men when compared to

pre-groups. In contrast, the values of 1V, 2V and 2LV also showed significant

reductions in pre-Women group in relation to pre-Men group. The results after 12 min

Total pre and post group showed no difference in spectral analysis between them.

However, when compared inter groups, the Women-post group showed a reduction

band LF (ms2) compared to man-post group, since the other parameters were not

different. For the values of symbolic analysis we observe only decrease parameter 2LV

Women in post-groups when compared to men-after group. The other results showed no

significant reductions. Thus, we conclude that aerobic physical training promoted

reduction of hemodynamic parameters in the analyzed groups. Moreover, although we

note that the FC recovery was similar between groups, HRV recovery at 6 and after 12

minutes showed higher recovery in the women's group

Keywords: 1. Hypertension. 2. Physical Training. 3. Autonomic Nervous System.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

dl - decilitro

FC - frequência cardíaca

g

- grama

Kg - quilograma

L - litro

M - metro

Mg - miligrama

Min - minuto

Ml - mililitro

Mm - milímetro

mmHg - milímetros de mercúrio

Ms - milissegundo

Vo2 - volume de oxigênio

PA - pressão arterial

LF - bandas de baixa frequência

HF - bandas de alta frequência

LF/HF - balanço simpático vagal

SNA - sistema nervoso autonômico

VFC - variabilidade da frequência cardíaca

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores antropométricos e valores hemodinâmicos de toda amostra

antes e após o treinamento aeróbio ............................................................................ 46

Tabela 2. Valores antropométricos e valores hemodinâmicos do grupo homens e do

grupo mulheres antes e após o treinamento aeróbio ................................................... 47

Tabela 3. Valores da frequência cardíaca pico, no 1°, 6° e 12° minuto de toda a

amostra, antes e após o treinamento físico aeróbio ..................................................... 50

Tabela 4. Valores da frequência cardíaca pico, no 1°, 6° e 12° minuto do grupo

homens e do grupo mulheres antes e após o treinamento físico aeróbio .................... 50

Tabela 5. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação de

toda amostra, antes e após treinamento físico aeróbio .............................................. 55

Tabela 6. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação do

grupo homens e do grupo mulheres, ante e após treinamento físico aeróbio .......... 56

Tabela 7. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante o 6° e o 12° minuto de recuperação de toda

amostra, antes e após treinamento físico aeróbio ...................................................... 60

Tabela 8. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante o 6° e o 12° minuto de recuperação do

grupo homens e do grupo mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio .......... 60

Tabela 9. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante os 12 minutos de recuperação de toda

amostra, antes e após treinamento físico aeróbio ......................................................

65

Tabela 10. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica durante os 12 minutos de recuperação do grupo

homens e do grupo mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio .....................

66

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem ilustrativa do teste ergoespirométrico realizado para a

obtenção do limiar anaeróbio e prescrição do treinamento físico. (Fotografia:

acervo pessoal) ...................................................................................................... 39

Figura 2: Imagem ilustrativa do treinamento físico monitorado, em esteira

ergométrica. (Fotografia: acervo pessoal) ............................................................ 39

Figura 3: Valores médios da pressão arterial sistólica, diastólica e média, bem

como valores da frequência cardíaca basal, obtidos na amostra total, e divididas

entre os sexos, homens e mulheres. mmHg, milímetros de mercúrio; bpm,

batimento por minuto. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05 versus mulher pré, d p<0,05 versus homem pós ........................................ 45

Figura 4: Valores médios da frequência cardíaca pico, no 1º, no 6º e no 12º

minutos, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e

mulheres. min, minutos; bpm, batimento por minuto. a p<0,05 versus total pré;

b

p<0.05 versus homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem

pós ......................................................................................................................... 49

Figura 5: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º minuto

da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e

mulheres. un, unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós................. 53

Figura 6. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca na análise

simbólica - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas

entre os sexos, homens e mulheres. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós .................. 54

Figura 7 Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º ao 12º

minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos,

homens e mulheres. nu unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem

pós ......................................................................................................................... 58

Figura 8: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise

simbólica- 6º ao 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e

divididas entre os sexos, homens e mulheres. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05

versus homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós...... 59

Figura 9: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 12º minuto

da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e

mulheres. Un, unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós ................ 63

Figura 10: Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise

simbólica - 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas

entre os sexos, homens e mulheres. Un, unidades normalizadas. a

p<0,05 versus

total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05 versus mulher pré, d

p<0,05

versus homem pós ................................................................................................. 64

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO 29

2. OBJETIVOS 37

3. MATERIAIS E MÉTODOS 39

3.1 Amostragem..................................................................................................... 39

3.2 Protocolo de Treinamento............................................................................... 39

3.3 Composição corporal....................................................................................... 41

3.4 Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca........................................ 41

3.5 Análise Estatística........................................................................................... 42

4. RESULTADOS 44

4.1 Valores hemodinâmicos e antropométricos................................... 45

4.2 Valores da frequência cardíaca pico, 1º, 6º e 12º minuto............. 49

4.3 Valores da Variabilidade da frequência cardíaca no domínio da

frequência e análise simbólica – 6º minuto da recuperação..................... 53

4.4 Valores da Variabilidade da ferequencia cardíaca no domínio da

frequência e analise simbólica – 6º a 12º minuto de recuperação........... 58

4.5 Valores da Variabilidade da ferequencia cardíaca no domínio da

frequência e analise simbólica – 6º a 12º minuto de recuperação........... 63

5. DISCUSSÃO 69

5.1 Parâmetros Hemodinâmicos ........................................................................... 69

5.2 Controle Autonômico Cardiovascular na FC da recuperação....................... 70

5.3 Limitações do Estudo....................................................................................... 72

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74

INTRODUÇÃO

Introdução - 27

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

1. INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica e multifatorial

caracterizada por níveis elevados e sustentados da pressão arterial sistólica (PAS) ≥140

mmHg e pressão arterial diastólica (PAD) ≥90 mmHg, sendo necessária no mínimo

duas medidas, com intervalo de 1 a 2 minutos entre elas, para a confirmação do

diagnóstico da hipertensão (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO,

2010).

Além de consequências devastadoras para a saúde pública, a HAS é uma

síndrome relacionada a um vasto espectro de distúrbios metabólicos, como a obesidade,

o aumento da resistência à insulina, diabetes mellitus e dislipidemias (BRANDÃO et

al., 2003). Da mesma forma, está frequentemente associada a alterações funcionais e/ou

estruturais de órgãos alvo, acarretando em um aumento do risco de desenvolvimento de

eventos cardiovasculares, como por exemplo, a insuficiência cardíaca, infarto agudo do

miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência renal crônica e aneurisma da

aorta. (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010).

Diante deste quadro, a literatura mostra que a HAS é a disfunção cardiovascular

mais prevalente no mundo e com alto custo ao Estado, mesmo sendo considerada um

fator de risco de doença cardiovascular prevenível (HEIDENREICH et al., 2011,

MOZAFFARIAN et al., 2015), afetando aproximadamente cerca de 37,8% dos homens

e 32,1% das mulheres (ROSÁRIO et al., 2009), além disso, estudos apontaram que a

HAS acomete mais de um quinto da população adulta brasileira (LEWINGTON et al.,

2002; BEAGLEHOLE et al., 2012). Já, os dados americanos revelam que cerca de 40%

da população adulta dos Estados Unidos irão ser portadores a HAS, consequentemente,

Introdução - 28

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

os custos relacionados à doença triplicarão, saltando de 130,7 bilhões de dólares para

389,9 bilhões (HEIDENREICH et al., 2011).

Apesar de todos os conhecimentos e evidências da importância do diagnóstico

precoce do tratamento da HAS, o controle da doença ainda é um grande desafio para os

profissionais da área da saúde. (GOULART, 2011).

Em geral, a HAS caracteriza-se por ser uma doença silenciosa, ou seja,

assintomática, determinada por diversos fatores genéticos, bem como por fatores de

riscos controláveis associados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1993; VI DIRETRIZES

BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2010). Desse modo, o controle da pressão arterial

(PA) e desses fatores de risco associados é essencial para a redução da

morbimortalidade decorrentes da evolução da doença, principalmente porque apresenta

um crescimento populacional preocupante (VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE

HIPERTENSÃO, 2010; KINLEY et al., 2015)

Esses distúrbios acima citados são frequentemente antecedidos de perturbações

na homeostase corporal que se intensificam com o agravamento da função cardíaca.

Nesse caso, alterações no controle autonômico cardiovascular apresentam-se como uma

das mais importantes, consideradas como um preditor da evolução da doença nesses

pacientes, inclusive, alguns estudos mostraram que essas alterações estão associadas a

um gradiente mais elevado e variável da PAS ao longo de 24 horas (ZHANG et al.,

2011). Dentre às alterações autonômicas cardiovasculares decorrentes da HAS, pode-se

citar, principalmente, o maior predomínio do tônus simpático cardíaco sobre o tônus

vagal (PRAKASH et al., 2005; DOGRU et al., 2008), redução da variabilidade da

frequência cardíaca (VFC) e aumento da variabilidade da pressão arterial (CELOVSKA

et al., 2010; IMAMURA, et al., 2015). Desse modo, a investigação da função

autonômica cardiovascular é de grande importância para a avaliação dessas condições,

Introdução - 29

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

não somente para caracterizar o estabelecimento de disfunções no sistema nervoso

autonômico (SNA), mas também como um potencial diagnóstico e prognóstico para

eventos cardiovasculares (JUNIOR CAMPOS, et al., 2001; IRIGOYEN, et al., 2001).

A atuação adequada do SNA é fundamental, pois este modula a função cardíaca

por meio da interação entre a atividade simpática e parassimpática, sendo a atividade

simpática facilitadora ou estimuladora de todas as propriedades do coração,

expressando-se por aumento da frequência cardíaca (FC), diminuição do tempo de

condução átrio-ventricular, hiperexcitabilidade do tecido excito condutor e das fibras

contráteis miocárdicas, além do aumento da contratilidade (GUYTON e HALL, 2011,

RADESPIEL et al, 2003). Em contraste, a atividade parassimpática ou vagal, exerce

efeitos inibidores ou depressores, traduzidos por bradicardia decorrente da inibição do

nó sinusal, depressão da condução átrio-ventricular, depressão da excitabilidade das

fibras condutoras especializadas e do miocárdio, e depressão do inotropismo. Estes

efeitos conferem relativa estabilidade eletrofisiológica ao coração e constitui-se em

fatores anti-arritmogênicos (RADESPIEL et al, 2003; GUYTON e HALL, 2011).

Por sua vez, a prevalência de alterações autonômicas cardíacas em indivíduos

hipertensos é alta, e afeta a homeostase cardiovascular, principalmente caracterizada

pela redução da VFC, que é um reconhecido preditor de morbimortalidade, além de

promover a diminuição da sensibilidade dos reflexos autonômicos, ou seja, todas essas

alterações contribuem de certa forma para a redução da expectativa de vida nos

portadores dessa doença (ANGELIS et al., 2004). Sendo assim, a análise do SNA é de

extrema importância, pois pode-se, através da intervenção precoce, prevenir futuras

complicações decorrentes da HAS.

Dentre as técnicas utilizadas para avaliação da integridade e atuação do SNA, a

VFC destaca-se por ser uma ferramenta simples e tem como objetivo a análise das

Introdução - 30

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

flutuações dos intervalos R-R relacionados às influências do SNA sobre o nó sinusal

(AKSELROD et al., 1991; MALLIANE et al., 1991; NIKOLOPOULOS et al., 2003).

A análise da VFC pode ser realizada utilizando-se diferentes métodos, tanto

lineares quanto não lineares. Dentre os métodos lineares, a análise espectral, um método

aplicado no domínio da frequência provê índices de regulação neural autonômica,

particularmente do balanço entre a modulação autonômica simpática e parassimpática

para a FC (MALIANI et al, 1991). A análise espectral, através da identificação de

mecanismos fisiológicos modulatórios, delimitados em um eixo de frequência (Hz), visa

analisar e discriminar a participação do sistema nervoso simpático e parassimpático na

modulação cardíaca em diferentes situações fisiológicas e patológicas. Seus índices se

dividem em bandas de frequência e a aplicabilidade dessa análise identifica e quantifica

componentes oscilatórios responsáveis pelas variações presentes nos intervalos R-R e os

discrimina de acordo com a frequência de ocorrência, sendo os principais: as oscilações

de muito baixa frequência (VLF < 0,04 Hz), baixa frequência (LF= 0,04-0,15Hz) e alta

frequência (HF= 0,15-0,5Hz) (MALIANI et al, 1991, TASK FORCE, 1996).

Os componentes responsáveis pelas oscilações LF estão relacionados à

modulação autonômica simpática e vagal para a FC, enquanto que as oscilações de HF

estão associadas somente à modulação vagal para a frequência cardíaca. Já, as

oscilações de VLF têm um papel fisiológico pouco definido na literatura (RUBINI et

al., 1993; TASK FORCE, 1996, LOMBARDI, 1997). Adicionalmente, não há

modulação autonômica de HF para os vasos sanguíneos.

Esses prejuízos autonômicos, associados às demais alterações, endócrinas e

inflamatórias, se não tratados adequadamente evoluem para a insuficiência cardíaca,

reduzindo a qualidade e a expectativa de vida da população, bem como o

desenvolvimento de doenças cardiovasculares (PASSOS ET AL., 2006). É importante

Introdução - 31

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

destacar que estudos realizados, tanto em humanos quanto em animais de

experimentação, têm demonstrado que os níveis elevados de PA, maior variabilidade da

pressão arterial e diminuição da VFC estão associados à maior lesão a órgão-alvo e

eventos cardiovasculares (PARATI et al., 1997; MIAO et al., 2006).

Dessa forma, um dos maiores desafios no combate à hipertensão ainda se deve à

não adesão ao tratamento (LEITE & VASCONCELLOS, 2003), por isso da importância

pela procura por novas terapias farmacológicas e não farmacológicas vêm sendo

necessárias para que contemplem cada vez mais os efeitos benéficos sobre a HAS,

assim como prevenir e/ou reverter a evolução e o desenvolvimento de doenças

cardiovasculares (PERK & VERESS, 2000). Esse benefício promovido pelo tratamento,

pode ser verificado por uma redução da incidência de infarto do miocárdio, acidente

vascular encefálico, doença renal, dentre outras complicações decorrentes da

hipertensão (BALADY et al., 2007).

Já está bem estabelecido que o tratamento farmacológico é composto de diversas

classes de anti-hipertensivos, como inibidores da enzima conversora da angiotensina

(ECA), bloqueadores β-adrenérgicos e α-adrenérgicos, e de receptores AT1,

bloqueadores de canais de cálcio Ca2+

e diuréticos (RUBIRA, et al, 2007) que

apresentam relevantes benefícios para redução da PA, interferindo, inclusive, nos

processos de remodelamento adverso cardíaco e reduzindo drasticamente a ocorrência

de comorbidades, como os prejuízos na função renal, infarto agudo o miocárdio e

acidente vascular encefálico (GOESSLER et al., 2015). Entretanto, ainda se busca

medidas mais eficientes e de menor impacto a saúde do indivíduo hipertenso, visando

diminuir os efeitos deletérios causados pelo uso do tratamento medicamentoso contínuo.

De tal modo, a mudança do estilo de vida é uma atitude que deve ser estimulada

em todos os pacientes hipertensos, dentre elas podemos citar o exercício físico aeróbio,

como tratamento não farmacológico, que é definido como uma atividade física

Introdução - 32

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

planejada, estruturada e repetitiva, que tem como objetivo aumentar ou manter a saúde e

a aptidão física (MORAES et al., 2007), promovendo importantes alterações benéficas

cardiovasculares, metabólicas e autonômicas. Sendo assim, o exercício físico realizado

regularmente provoca importantes adaptações que irão influenciar o sistema

cardiovascular (WEISE et al., 1987) com o objetivo de manter a homeostasia celular

diante do incremento das demandas metabólicas.

Estudos mostram alguns desses efeitos gerados pelo exercício físico aeróbio

como a diminuição dos parâmetros hemodinâmicos (NEGRÃO et al., 1993), o aumento

da influência do componente autonômico vagal cardíaco e/ou redução da influência do

componente autonômico simpático (IRIGOYEN et al., 2005; HARTHMANN, 2007),

além da melhora o remodelamento cardíaco reduzindo a hipertrofia de cardiomiócitos

(SOUZA et al., 2007). Além disso, a diminuição da PA sugere alterações funcionais dos

barorreceptores arteriais e cardiopulmonares, como o aumento na sua sensibilidade e

modificação no seu ponto de ativação e do tempo de recuperação, que também podem

contribuir para o efeito vasodilatador pós-exercício (PÁSSARO et al., 1996).

Dentre os fatores hemodinâmicos que apresentam diminuição após o exercício

físico, temos a chamada frequência cardíaca de recuperação, cuja redução nos primeiros

60 segundos, após a prática de atividade física é de extrema importância, pois evidencia

o poder de reativação da atividade parassimpática, assim como uma redução da

atividade simpática (IMAI et al., 1994). Nishime e col. 2000, demonstraram que uma

redução menor do que 12 batimentos, durante o primeiro minuto de recuperação, após

um exercício físico intenso, é um importante preditor de aumento do risco de

mortalidade.

Sabe-se que a hipertensão arterial está intimamente ligada a prejuízos no

controle autonômico cardiovascular, caracterizado pelo maior predomínio do

componente autonômico simpático e redução no componente autonômico vagal.

Introdução - 33

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

(SCHLAICH et al. 2004; NEUMANN et al., 2007; COLLIER et al., 2009; GRASSI,

2009). Corroborando com a literatura, um estudo realizado por Lucini e colaboradores

no ano de 2002, verificou que indivíduos acometidos por graus maiores de hipertensão,

apresentavam os maiores valores nas oscilações de LF e os menores valores nas

oscilações de HF, quando comparados com indivíduos com menor grau de hipertensão.

Diferentemente do observado no estudo conduzido por Cozza e col. 2012, em nosso

laboratório, que demonstrou que indivíduos hipertensos não tratados, apresentavam

aumento na VFC, caracterizado pela elevada variância total dos iRR em relação aos

indivíduos normotensos ou hipertensos tratados com inibidores da enzima conversora da

angiotensina, o que pode ser explicado pela elevada modulação autonômica simpática

caracterizada pelo aumento nas oscilações de LF.

Sabendo dos prejuízos acarretados pela HAS ao sistema autonômico e a

influência da frequência cardíaca de recuperação como um importante preditor de

mortalidade, nosso estudo buscou analisar o comportamento da VFC durante o período

de recuperação em homens e mulheres, bem como os efeitos promovidos pela prática do

exercício físico nesses indivíduos hipertensos.

OBJETIVOS

Objetivos - 35

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

Avaliar as adaptações autonômicas e hemodinâmicas durante a fase da

recuperação de indivíduos hipertensos, antes e após o treinamento físico aeróbico.

Objetivos Específicos

- Pressão Arterial e Frequência Cardíaca

- VO2max

- Variabilidade da frequência cardíaca – domínio da frequência e análise simbólica

MATERIAIS E MÉTODOS

Materiais e Métodos - 37

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Amostragem

Foram estudados 21 voluntários sedentários de ambos os gêneros com média de

idade de 499,8 anos, não fumantes, sem qualquer alteração músculo-esquelética que

impedisse a realização dos testes e treinamento físico, bem como qualquer alteração

funcional cardiovascular que os impedisse de praticar exercícios físicos.

Os voluntários foram divididos em dois grupos: Homens (N=10) e Mulheres

(N=11) Todos receberam informações do estudo, da sua aprovação pelo Comitê de

Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (HCRP - no 10544/2007).

3.2. Protocolo de Treinamento

Todos os indivíduos foram submetidos a um protocolo de treinamento físico

aeróbio supervisionado em esteira motorizada, três vezes por semana, durante doze

semanas, com duração de 45 minutos, e intensidade fixada na frequência cardíaca obtida

a 5% abaixo do limiar anaeróbio respiratório obtido no teste ergoespirométrico

(Protocolo de Bruce Modificado). Ao final do treinamento de doze semanas a

capacidade aeróbia (VO2pico) foi novamente avaliada.

Materiais e Métodos - 38

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 1. Teste ergoespirométrico realizado para obtenção do limiar anaeróbio e

prescrição do treinamento físico.

Figura 2. Treinamento físico monitorado, em esteira ergométrica.

Materiais e Métodos - 39

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

3.3. Composição corporal

O índice de massa corporal foi calculado através da fórmula IMC = peso/altura2,

sendo a massa corporal expressa em quilogramas (kg) e a estatura em metros (m). O

peso corporal e a estatura foram obtidos por meio de uma balança analógica com

altímetro (Welmy®).

3.4. Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca - Análise Espectral

Os voluntários foram orientados a não ingerir bebidas alcoólicas e cafeína, não

praticar atividade física, e manter a dieta habitual nas 48 horas que antecederam ao

exame. O registro para análise espectral da VFC foi realizado entre 09h00min e

10h00min da manhã, obedecendo ao seguinte protocolo; após 20 minutos em repouso

na posição supina em uma maca inclinável, os voluntários foram colocados

passivamente na posição inclinada a 75 graus durante mais 20 minutos. O registro da

FC na posição supina e durante o tilt test foi realizado por meio do eletrocardiograma

(ADinstruments, Australian), do qual foram obtidas as séries temporais oriundas da

medida do tempo entre os intervalos das ondas R-R adjacentes (iRR). As séries

temporais foram divididas em segmentos contínuos de 200 batimentos, e sobrepostas

com os 100 batimentos da série anterior. Após o cálculo da média e da variância de cada

segmento, estes foram submetidos ao modelo de análise espectral auto-regressivo já

descrito anteriormente (MALLIANI et al., 1991; RUBINI et al., 1993; TASK FORCE,

1996). Os componentes oscilatórios presentes nos segmentos estacionários, batimento a

batimento dos iRR, foram calculados baseados nos recursos de Levinson-Durbin, de

Materiais e Métodos - 40

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

acordo com os critérios de Akaike’s (MALLIANI et al., 1991). Esse procedimento

permite uma quantificação automática da frequência central e da influência de cada

componente oscilatório relevante presente nas series dos intervalos. Os componentes

oscilatórios foram classificados como baixa frequência (LF), influenciado pelos

componentes simpático e parassimpático, e alta frequência (HF), influenciado pelo

componente parassimpático. Estes apresentam oscilações nas faixas de frequência de

0.04–0.15Hz e 0.15–0.5Hz respectivamente. A força dos componentes de LF e HF na

variabilidade dos iRR também foi expressa em unidades normalizadas, obtida pelo

cálculo da porcentagem da variabilidade de LF e HF considerando-se a potência total,

após a subtração do componente de muito baixa frequência (VLF < 0.04Hz). O

procedimento de normalização minimiza o efeito da mudança na potência total nos

valores absolutos na variabilidade dos componentes LF e HF (MALLIANI et al., 1991;

RUBINI et al., 1993; TASK FORCE, 1996). Por fim, a razão LF/HF foi calculada com

objetivo de estabelecer um índice de modulação autonômica.

3.5. Análise Estatística

Para a análise estatística foram elaboradas planilhas eletrônicas, e as

informações foram analisadas utilizando o programa eletrônico Sigma-Stat ®, versão

2.03. As variáveis normais, homocedásticas foram analisadas utilizando-se testes

paramétricos. Na comparação entre dois grupos, ou no mesmo grupo, antes e após, foi

utilizado o teste "t" de Student; Quando a distribuição não era normal foram utilizados

testes não-paramétricos. Na comparação entre dois grupos foi utilizado o teste de Mann-

Whitney. As proporções foram comparadas pelo teste do 2, acompanhado do teste

Materiais e Métodos - 41

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

exato de Fisher. Foram consideradas estatisticamente significantes as diferenças em que

P era menor que 5% (P<0,05).

RESULTADOS

Resultados - 43

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

4. RESULTADOS

4.1 Valores hemodiâmicos e antropométricos

A Figura 3 e as Tabelas 1 e 2 mostram os valores de PA, FC, VO2, idade, peso e

altura em todos os grupos estudados. O treinamento físico aeróbio no grupo Total-pós

apresentou reduções significativas da pressão arterial sistólica (PAS) e da pressão

arterial média (PAM), quando comparado ao grupo Total-pré. Quando comparado os

sexos separadamente, também foi observado diminuição da PAS no grupos Homem-pós

em relação ao grupo Homem pré, enquanto que nas mulheres essa redução ocorreu

apenas na pressão arterial diastólica (PAD), quando comparado o grupo Mulheres-pós

ao grupo Mulheres-pré. A associação entre os sexos mostrou aumento da FC na

comparação da FC apenas entre os grupos Mulheres-pós com Homens-pós.

Já em relação aos valores antropométricos, houve diferença estatistica apenas no

parâmetro altura entre os grupos Mulheres-pré e Homens-pré, isso já era esperado, visto

que, geneticamente os homens são maiores do que as mulheres.

Resultados - 44

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 3. Valores médios da pressão arterial sistólica, diastólica e média, bem como

valores da frequência cardíaca basal, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos,

homens e mulheres. mmHg, milímetros de mercúrio; bpm, batimento por minuto. a

p<0,05

versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05 versus mulher pré, d

p<0,05 versus

homem pós.

Pre

ssão A

rteri

al

Sis

tóli

ca (

mm

Hg)

0

60

120

180 PRÉ

PÓS

Total Homens Mulheres

a b

Pre

ssão A

rteri

al

Média

(m

mH

g)

0

60

120

180

Total Homem Mulher

a

Pre

ssão

Art

eri

al

Dia

stó

lica (

mm

Hg)

0

60

120

180

Total Homens Mulheres

c

Fre

quên

cia

Card

íaca B

asa

l (b

pm

)0

60

120

180

Total Homens Mulheres

d

Resultados - 45

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 1. Caracterização da amostra representada pela idade, peso, altura, pressão arterial

sistólica, diastólica e média, frequência cardíaca basal e volume máximo de oxigênio antes

e após o treinamento físico aeróbio.

Total

Pré

(n = 21)

Pós

(n =21)

p

Valores antropométricos

Idade (anos) 49,1 ± 9,8

----

--

Peso (Kg) 84,8 ± 15 83,6 ± 14,9 0,56

Altura (cm) 164,6 ± 10,2 ---- --

Valores hemodinâmicos

PAS (mmHg) 134,3 ± 13,6 128,6 ± 12,8 0,03

PAD (mmHg) 88,6 ± 8,5 83,8 ± 8,6 0,08

PAM (mmHg) 103,8 ± 9,2 98,7 ± 9,3 0,08

FC basal (bpm) 76,6 ± 9,2 75,6 ± 10 0,73

VO2 pico (ml/kg.1000) 26,2 ± 6,5 27,8 ± 7,8 0,71

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; PAS, pressão arterial sistólica;

PAD, pressão arterial diastólica; PAM, pressão arterial média; FC, frequência cardíaca;

VO2, volume máximo de oxigênio consumido corrigido pelo peso; bpm, batimentos por

minuto; mmHg = milímetro de mercúrio. p<0,05.

Resultados - 46

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 2. Caracterização da amostra representada pela idade, peso, altura, pressão arterial sistólica,

diastólica e média, frequência cardíaca basal e volume máximo de oxigênio antes e após o treinamento

físico aeróbio.

Homens

(n=10)

Mulheres

(n=11)

Pré Pós

Pré Pós

Valores antropométricos

Idade (anos) 47,8 ± 10

-----

50,3 ± 10

----

Peso (Kg) 90,3 ± 19,3 89,3 ± 19,2

79,9 ± 7,7 78,4 ± 6,9

Altura (cm) 171,6 ± 6,3 ----

158,3 ± 9 a

----

Valores hemodinâmicos

PAS (mmHg) 135 ± 17,8 127 ± 9,5 a

133,6 ± 9,2 130 ± 15,5

PAD (mmHg) 87 ± 9,5 84 ± 9,6

90,9 ± 7 83,6 ± 8,1 b

PAM (mmHg) 103 ± 11,3 98,3 ± 9,1

105,2 ± 7,2 99,1 ± 1

FC basal (bpm) 73,2 ± 9,9 70,4 ± 8,3

79,6 ± 7,8 80,3 ± 9,2 c

VO2 pico (ml/kg.1000) 28,9 ± 7 32,4 ± 8,1

22,8± 3,6 a

24,1 ± 5,8 c

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; PAS, pressão arterial sistólica; PAD, pressão

arterial diastólica; PAM, pressão arterial média; FC, frequência cardíaca; VO2, volume máximo de

oxigênio consumido corrigido pelo peso; bpm, batimentos por minuto; mmHg, milímetro de mercúrio,

cm, centímetro; kg, quilograma. a

p<0,05 versus homens pré; b

p<0.05 versus mulheres pré; c

p<0,05

versus homem pós.

Resultados - 47

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

4.2 Valores da frequência cardíaca pico, o 1º, 6º e 12º minuto.

A Figura 4 e as tabelas 3 e 4 mostram os valores da FC pico, o 1º, o 6º e no 12º

minuto do exercício. Os resultados não mostraram alterações significantes no grupo

Total e no grupo Homens, pré e pós exercício físico em nenhuma FC analisada.

Entretanto, no grupo da Mulheres-pós, foi observado uma diminuição na FC no 1º

minuto e na FC no 6º minuto quando comparado ao grupos Mulheres-pré.

Resultados - 48

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 4. Valores médios da frequência cardíaca pico, no 1º, no 6º e no 12º minutos,

obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. min, minutos;

bpm, batimento por minuto. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05 versus mulher pré, d p<0,05 versus homem pós.

Fre

quên

cia

Car

día

ca P

ico

(b

pm

)

0

70

140

210 PRÉ

PÓS

Fre

quên

cia

Car

día

ca 1

°min

(b

pm

)

0

70

140

210

Total Homens Mulheres

Total Homens Mulheres

c

Fre

quên

cia

Car

día

ca 6

° m

in

0

70

140

210

Fre

quên

cia

Car

día

ca 1

min

0

70

140

210

c

Total Homens Mulheres

Total Homens Mulheres

Resultados - 49

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 3. Valores da frequência cardíaca pico, no 1°, 6° e 12° minuto de toda a amostra,

antes e após o treinamento físico aeróbio.

Total

Pré

(n=21)

Pós

(n=21)

p

FC Pico (bpm) 146,1 ± 10,8

148,6 ± 8

0,45

FC 1°minuto (bpm) 125,9 ± 14,8 119,3 ± 9,5 0,14

FC 6°minuto (bpm) 104,6 ± 10 98,3 ± 8,8 0,07

FC 12°minuto (bpm) 88,6 ± 8 83,7 ± 9,9 0,13

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; FC, frequência cardíaca; bpm,

batimentos por minuto. p<0.05.

Resultados - 50

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 4. Valores da frequência cardíaca pico, no 1°, 6° e 12° minuto de homens e mulheres

antes e após o treinamento físico aeróbio.

Homem

(n=10)

Mulher

(n=11)

Pré Pós

Pré Pós

FC Pico (bpm) 147,9 ± 14,1

152,1± 8,4

144,2 ± 6,6

145,1 ± 6,1

FC 1°minuto (bpm) 125,2 ± 20,2 121,2 ± 12,4

126,6 ± 7,9 117,4 ± 5,6 b

FC 6°minuto (bpm) 102,7 ± 11,2 99 ± 10,3

106,5 ± 8,9 97,7 ± 7,7 b

FC 12°minuto (bpm) 86,2 ± 7,4 84,4 ± 10,6

91 ± 8,3 83 ± 9,8

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; FC, frequência cardíaca; bpm, batimentos

por minuto. a

p<0,05 versus homens pré; b

p<0.05 versus mulheres pré; c

p<0,05 versus homem

pós.

Resultados - 51

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

4.3 Valores da Variabilidade da Frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica – 6º minuto da recuperação

As Figuras e as Tabelas 5 e 6 mostram os valores da análise da variabilidade da

frequência cardíaca (VFC) por métodos lineares, realizados por meio do domínio da

frequência (análise espectral), bem como a análise simbólica na recuperação. Os

resultados do 6º minuto da recuperação não apresentaram diferenças estatisticamente

significantes quando comparado os grupos, Total, Homens e Mulheres. Entretanto,

quando se faz a associação entre os grupos Mulheres-pós e Homens-pós, foi observado

uma redução da banda de LF(ms2). Apesar do HF(ms

2), também ter tendido a

diminuir, não houve relação estatística.

Em relação a avaliação por meio da análise simbólica, os resultados mostraram

redução nos valores de 2LV no grupo Mulheres-pós quando comparado apenas ao

grupo Homens-pós. Já os demais resultados não apresentaram diferenças

estatisticamente significantes.

Resultados - 52

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 5. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º minuto da

recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e

mulheres. un, unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

Var

iânc

ia

0

1500

3000

4500PRÉ

PÓS

LF

(m

s2 )

0

200

400

600

HF

(m

s2 )

0

200

400

600

HF

(nu

)

0

40

80

120

LF

/HF

0

3

6

9

LF

(nu

)

0

40

80

120

Total Homens Mulheres

TotalTotal

TotalTotal

Total

HomensHomens

HomensHomens

Homens

MulheresMulheres

MulheresMulheres

Mulheres

d

Resultados - 53

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

0V

0

50

100

150 PRÉ

PÓS

1V

0

50

100

150

2L

V

0

1

2

3

2U

V

0

4

8

12

2V

0

4

8

12

0V

/2V

0

50

100

150

d

Total Homens Mulheres

TotalTotal

TotalTotal

Total

HomensHomens

HomensHomens

Homens

MulheresMulheres

MulheresMulheres

Mulheres

Figura 6. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca na análise

simbólica - 6º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre

os sexos, homens e mulheres. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens

pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

Resultados - 54

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 5. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica durante os 6 primeiros minutos de recuperação de toda amostra,

antes e após treinamento físico aeróbio.

Total

Pré

(n=21)

Pós

(n=21)

p

VFC

Variância (ms2) 1448,8 ± 725 1414,4 ± 764,9 0,88

LF (ms2) 334,4 ± 252 286,3 ± 156,6 0,65

HF (ms2) 100,3 ± 110 77,1 ± 49,7 0,92

LF (un) 76,1 ± 9,3 75,8 ± 8,4 0,89

HF (un) 23,9 ± 9,3 24,2 ± 8,4 0,89

LF/HF 4,9 ± 2,3 5,1 ± 2,6 0,76

Análise Simbólica

0V% 69,1 ± 10 69,4 ± 7,2 0,91

1V% 25,9 ± 7,8 25,7 ± 5,4 0,91

2LV% 0,6 ± 0,9 0,3 ± 0,4 0,29

2UV% 4,3 ± 2,3 4,5 ±2,3 0,69

2V% 5 ± 2,9 4,9 ± 2,4 0,86

0V/2V 18,7 ± 10,5 19,2 ± 12,3 0,92

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da

frequência cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades

normalizadas; ms2, milissegundos ao quadrado; %, porcentagem; LF/HF, razão

LF/HF. p<0,05.

Resultados - 55

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 6. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência durante os 6 primeiros minutos de

recuperação de homens e mulheres, ante e após treinamento físico aeróbio.

Homem

(n=10)

Mulher

(n=11)

Pré Pós

Pré Pós

VFC

Variância (ms2) 1528,5 ± 714,8 1627,7 ± 644,5

1376,2 ± 761,1 1220,5 ± 842,3

LF (ms2) 332,7 ± 149,5 365 ± 156,9

336 ± 326,8 214,7 ± 122,7 d

HF (ms2) 104,5 ± 104,4 90,7 ± 51,1

96,5 ± 119,7 64,7 ± 47,4

LF (un) 75,8 ± 10,5 77,5 ± 6,1

76,5 ± 8,6 74,2 ± 10,1

HF (un) 24,2 ± 10,5 22,5 ± 6,1

23,5 ± 8,6 25,8 ± 10,1

LF HF 5 ± 2,7 5 ± 2,4

4,7 ± 2 5,1 ± 2,9

Análise Simbólica

0V% 67,5 ± 12,5 67,2 ± 6,9

70,6 ± 7,5 71,4 ± 6,8

1V% 27,2 ± 9,2 27,7 ± 5,3

24,7 ± 6,4 23,8 ± 4,7

2LV% 0,9 ± 1,2 0,6 ± 0,5

0,4 ± 0,4 0,1 ± 0,1 d

2UV% 4,3 ± 3 4,4 ± 2

4,3 ± 1,5 4,5 ± 2,5

2V% 5,2 ± 3,9 5 ± 2,3

4,7 ± 1,8 4,7± 2,4

0V/2V 19,8 ± 12,5 17,9 ± 13,4

17,7 ± 8,8 20,3 ± 11,1

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta

frequência, un, unidades normalizadas; LF/HF, razão LF/HF. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05

versus mulher pré, d p<0,05 versus homem pós.

Resultados - 56

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

4.4 Valores da Variabilidade da Frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica cardíaca – 6º a 12º minuto de recuperação

As Figura e as Tabelas 7 e 8 mostram os valores da análise da VFC no domínio da

frequência (análise espectral) e da análise simbólica na recuperação do 6º ao 12º minuto.

A análise dos resultados no grupo Total não mostraram diferenças significantes em

nenhum parâmetro analisado. Da mesma forma, quando comparamos os sexos

separadamente, também não observamos diferenças estatisticamente significantes entre

eles. Já quando analisamos os valores da análise simbólica, também não observamos

diferenças no grupo Total tanto pré quanto pós treinamento. Ao verificar os resultados

obtidos no grupo Homens-pós houve aumento do 0V em relação ao grupo Homens-pré.

Os resultados inter grupos também mostraram aumento dos parâmetros 0V e 0V/2V no

grupo mulheres-pré quando comparado ao grupos Homens-pré. Diferentemente, os

valores de 1V, 2LV e 2V apresentaram reduções significativas também no grupo

Mulheres-pré em relação ao grupo Homens-pré.

Resultados - 57

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 7. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 6º ao 12º minuto da

recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. nu

unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05

versus mulher pré, d p<0,05 versus homem pós.

Var

iânc

ia

0

1500

3000

4500 PRÉ

PÓS

LF

(m

s2 )

0

300

600

900H

F (

ms2 )

0

300

600

900H

F (

nu)

0

40

80

120

LF

/HF

0

3

6

9

LF

(nu

)

0

40

80

120

Total Homens Mulheres

Total

TotalTotal

Total

HomensHomens

HomensHomens

Homens

Mulheres

MulheresMulheres

Mulheres

Total Mulheres

Resultados - 58

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

0V

0

40

80

120 PRÉ

PÓS1V

0

40

80

120

2L

V

0

10

20

30

2U

V

0

10

20

30

2V

0

10

20

30

0V

/2V

0

40

80

120

b

b

b

b

bb

Total Homens Mulheres

TotalTotal

TotalTotal

Total

HomensHomens

HomensHomens

Homens

MulheresMulheres

MulheresMulheres

Mulheres

Figura 8. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise

simbólica- 6º ao 12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas

entre os sexos, homens e mulheres. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

Resultados - 59

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 7. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica durante o 6° e o 12° minuto de recuperação de toda amostra, antes e

após treinamento físico aeróbio.

Total

Pré

(n=21)

Pós

(n=21)

p

VFC

Variância (ms2) 923,8 ± 482,4 1080,9 ± 649,8 0,37

LF (ms2) 362,3 ± 206,7 389,7 ± 252 0,76

HF (ms2) 102,9 ± 84,7 99,8 ± 78,5 0,78

LF (un) 74,5 ± 10,7 77,1 ± 10,2 0,44

HF (un) 25,5 ± 10,7 22,9 ± 10,2 0,44

LF/HF 5,1 ± 2,8 5,6 ± 3,3 0,80

Análise Simbólica

0V% 44,1 ± 13,4 50,6 ± 13,3 0,12

1V% 43 ± 7,8 38,8 ± 7,8 0,09

2LV% 4,5 ± 3,1 3 ± 2 0,14

2UV% 8,4 ± 4,5 7,5 ± 4,6 0,37

2V% 12,9 ± 7 10,6 ± 6,3 0,18

0V/2V 5 ± 4 7,5 ± 6 0,15

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência

cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades normalizadas; ms2,

milissegundos ao quadrado; LF/HF, razão LF/HF. p<0,05.

Resultados - 60

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 8. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante o 6° e o 12°

minuto de recuperação de homens e mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio.

Homem

(n=10)

Mulher

(n=11)

Pré Pós

Pré Pós

VFC

Variância (ms2) 970,9 ± 502 1354,2 ± 704

880,9 ± 484,1 832,4 ± 505,6

LF (ms2) 388 ± 146,6 483,9 ± 301

338,9 ± 254,7 304,1 ± 168,9

HF (ms2) 117,3 ± 86,2 121,7 ± 81,6

89,8 ± 85,2 79,9 ± 73,6

LF (un) 73,7 ± 10,5 76,7 ± 10

75,2 ± 11,4 77,5 ± 10,8

HF (un) 26,3 ± 10,5 23,3 ± 10

24,8 ± 11,4 22,4 ± 10,8

LF/HF 4,7 ± 2,9 5,4 ± 3,3

5,5 ± 2,7 5,8 ± 3,4

Análise Simbólica

0V% 37 ± 10,7 48 ± 10,2 b

50,5 ± 12,8 b

53 ± 15,2

1V% 47 ± 3,7 41 ± 6,8

39,4 ± 8,8 b

36,8 ± 8,1

2LV% 5,8 ± 3,5 3,6 ± 1,5

3,2 ± 2,2 b

2,6 ± 2,3

2UV% 10 ± 5,7 7,4 ± 3,8

7 ± 2,5 7,6 ± 5,3

2V% 15,9 ± 8,2 11 ± 5,6

10,2 ± 4,5 b

10,2 ± 7,4

0V/2V 3,1 ± 2 5,6 ± 3,7

6,6 ± 4,7 b

9,3 ± 6,9

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades

normalizadas; ms2, milissegundos ao quadrado; LF/HF = razão LF/HF.

a p<0,05 versus total pré;

b p<0.05 versus homens

pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

Resultados - 61

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

4.5 Valores da Variabilidade da Frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica cardíaca – 12º minuto da recuperação

As Figuras e as Tabelas 9 e 10 mostram os valores da VFC no dominio da

frequência e na análise simbólica no 12º minuto da recuperação. Os resultados do grupo

Total pré e pós não apresentaram diferença na analise espectral entre eles. Igualmente,

quando analisado separadamente os sexos, nenhum parâmetro apresentou diferença

estatisticamente significante. Entretanto, quando comparamos inter grupos, o grupo

Mulheres-pós apresentou uma redeução da banda de LF (ms2) quando comparado ao

grupo Homem-pós, já os demais parâmetros não foram diferentes.

Para os valores da análise simbólica observamos apenas diminuição do parâmetro

2LV no grupos Mulheres-pós quando comparado ao grupo Homens-pós. Os demais

resultados não apresentaram reduções significantes.

Resultados - 62

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Figura 9. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca - 12º minuto da

recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens e mulheres. Un,

unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus homens pré; c

p<0,05

versus mulher pré, d p<0,05 versus homem pós.

Var

iânc

ia

0

1500

3000

4500 PRÉ

PÓS

LF

(m

s2 )

0

300

600

900

HF

(m

s2 )

0

300

600

900

HF

(nu

)

0

40

80

120

LF

/HF

0

3

6

9

LF

(nu

)

0

40

80

120

d

Total Homens Mulheres

Total Total

Total

HomensHomens

Homens

MulheresMulheres

Mulheres

Resultados - 63

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

0V

0

40

80

120 PRÉ

PÓS

1V

0

40

80

120

2L

V

0

1

2

3

2U

V

0

4

8

12

2V

0

4

8

12

0V

/2V

0

40

80

120

d

Total Homens Mulheres

TotalTotal

Total

TotalTotal

Homens Homens

Homens

Homens

Homens

MulheresMulheres

Mulheres

MulheresMulheres

Figura 10. Valores médios da variabilidade da frequência cardíaca, análise simbólica -

12º minuto da recuperação, obtidos na amostra total, e divididas entre os sexos, homens

e mulheres. Un, unidades normalizadas. a

p<0,05 versus total pré; b

p<0.05 versus

homens pré; c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

Resultados - 64

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 9. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e

análise simbólica durante os 12 minutos de recuperação de toda amostra, antes e após

treinamento físico aeróbio.

Total

Pré

(n=21)

Pós

(n=21)

p

VFC

Variância (ms2) 1169,4 ± 545,2 1289,5 ± 615,4 0,50

LF (ms2) 345 ± 182,4 364,5 ± 225,1 0,94

HF (ms2) 101,4 ± 94,2 90 ± 63,3 0,92

LF (nu) 75,5 ± 8,5 76,7 ± 8,4 0,65

HF (nu) 24,5 ± 8,5 23,3 ± 8,4 0,65

LF/HF 4,9 ± 2,2 5,3 ± 2,7 0,53

Análise Simbólica

0V% 66,1 ± 15,8 70,7 ± 7,8 0,54

1V% 26,6 ± 6,2 24,6 ± 6,1 0,29

2LV% 0,4 ± 0,4 04 ± 0,4 0,69

2UV% 4,5 ± 2 4 ± 2 0,50

2V% 4,9 ± 2,2 4,4 ± 2,2 0,52

0V/2V 17,9 ± 11,6 22,7 ± 17,4 0,46

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência

cardíaca; LF, baixa frequência; HF, alta frequência, un, unidades normalizadas; ms2,

milissegundos ao quadrado; LF/HF, razão LF/HF. p<0,05.

Resultados - 65

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Tabela 10. Valores da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência e análise simbólica durante os

12 minutos de recuperação de homens e mulheres, antes e após treinamento físico aeróbio.

Homem

(n=10)

Mulher

(n=11)

Pré Pós

Pré Pós

VFC

Variância (ms2) 1221,3 ± 549,7 1507,3 ± 616,3

1122,2 ± 563,3 1091,6 ± 574,2

LF (ms2) 357,8 ± 121 478,6 ± 248,5

333,4 ± 230,4 260,8 ± 144,6 d

HF (ms2) 110 ± 93,7 109,3 ± 63,7

93,7 ± 98,6 72,3 ± 60,6

LF (nu) 74,8 v 9,3 77,7 ± 6,4

76,1 ± 8,1 75,7 ± 10

HF (nu) 25,2 ± 9,3 22,3 ± 6,4

23,9 ± 8,1 24,3 ± 10

LF HF 4,8 ± 2,6 5,4 ± 2,5

4,9 ± 1,9 5,3 ± 3

Análise Simbólica

0V% 65,5 ± 8,3 68,3 ± 7,6

71,3 ± 7 73 ± 7,3

1V% 29 ± 5,9 26,3 ± 6,5

24,3 ± 5,8 23 ± 5,3

2LV% 0,4 ± 0,5 0,6 ± 0,5

0,4 ± 0,3 0,2 ± 0,2 d

2UV% 5 ± 2,6 4,3 ± 1,7

4 ± 1,2 3,8 ± 2,2

2V% 5,4 ± 2,8 4,8 ± 2

4,3 ± 1,4 4 ± 2,3

0V/2V 17,5 ± 13,4 20,6 ± 21,6

19 ± 9,3 24,6 ± 12,1

Os valores estão expressos em média ± desvio padrão; VFC, variabilidade da frequência cardíaca; LF, baixa frequência;

HF, alta frequência, un, unidades normalizadas; ms2, milissegundos ao quadrado; LF/HF = razão LF/HF.

a p<0,05 versus

total pré; b p<0.05 versus homens pré;

c p<0,05 versus mulher pré,

d p<0,05 versus homem pós.

DISCUSSÃO

Discussão - 67

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

5. DISCUSSÃO

As avaliações do presente estudo mostraram que o treinamento físico promoveu

melhora dos parâmetros hemodinâmicos, como redução da PA nos voluntários, tanto no

grupo total quanto nos grupos separados pelo sexo, bem como redução da FC no 1º e no 6º

minuto do exercício físico. Com relação a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) no

6º minuto da recuperação, nosso estudo verificou a diminuição da influência simpática,

principalmente no grupo das mulheres pós treinamento físico. Da mesma forma, quando

analisamos a FC no 12º minuto da recuperação, na qual também foi observada essa

redução do componente simpático nesse grupo.

5.1 Parâmetros hemodinâmicos

Já está bem estabelecido na literatura, as causas para da diminuição da PA após a

prática de exercícios físicos regulares. Em nosso estudo verificamos essa redução da PAS

no grupo total e no grupo homem pós treinamento físico aeróbio, bem como diminuição

da PAD e PAM, no grupo mulheres e no grupo total, respectivamente. Esses mecanismos

responsáveis pelos ajustes do sistema cardiovascular ao exercício e os índices de limitação

da função cardiovascular constituem aspectos básicos relacionados ao entendimento das

funções adaptativas. Além disso, a busca por uma explicação para o efeito redutor do

exercício sobre a PA de indivíduos normotensos e, principalmente, hipertensos tem

motivado inúmeras pesquisas nos últimos anos. Esses mecanismos que norteiam a queda

pressórica pós-treinamento físico estão relacionados principalmente a fatores

Discussão - 68

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

hemodinâmicos, humorais e neurais (BARROS et al., 1999). Dentre os fatores

hemodinâmicos verificou-se, tanto em modelos experimentais quanto em humanos, que o

exercício físico promove redução da PA por uma redução no débito cardíaco que está

associada a diminuição da FC. Outra explicação está diretamente relacionada a queda da

resistência vascular sistêmica, mecanismo esse alternativo que também pode explicar a

queda da PA pós-exercício (NAMI et al., 2000; JACOPO et al., 2002). Já as alterações

humorais estão ligadas principalmente à produção de substâncias vasoativas, como por

exemplo o peptídeo natriurético atrial ou ouabaína-like, modulada centralmente,

acarretando na redução da PA (JACOPO et al., 2002).

Adicionalmente, foi observado em nosso estudo, redução do VO2pico no grupos das

mulheres, quando comparado ao grupo dos homens, tanto pré treinamento quanto pós

treinamento físico aeróbio, o que já era esperado, visto que as mulheres possuem

tipicamente um VO2 de 40 a 60% menor que homens (FLETCHER & BALADY, 2015).

Já os resultados da FC mostraram diminuição da FC no 1º minuto e no 6º minuto do

exercício físico na mulheres pós exercício quando comparado as mulheres pré. Essa

bradicardia induzida pelo treinamento físico parece depender da participação de fatores

endógenos associados à atividade neural (MOHAN et al, 2000).

5.2 Controle Autonômico Cardiovascular na FC de recuperação

A VFC é uma técnica simples e não invasiva utilizada para avaliar o sistema

nervoso autônomo (SNA), descrevendo as oscilações dos intervalos entre batimentos

cardíacos consecutivos (intervalos R-R). A variação dos intervalos RR é uma condição

fisiológica normal e esperada, pois indica a habilidade do coração em responder aos

Discussão - 69

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

múltiplos estímulos fisiológicos e ambientais, dentre eles mudança ortostática, diferentes

períodos do ciclo respiratório e estresse mental. Por meio da captação dos intervalos RR é

possível calcular diversos índices que representam a atuação do SNA, assim como os

seus ramos simpáticos e parassimpáticos, os quais derivam de métodos lineares e não

lineares, dentre eles pode-se destacar a análise no domínio da frequência.

Da mesma forma, a FC de recuperação imediatamente após o exercício é

considerada uma função da reativação na modulação da atividade parassimpática e uma

redução na modulação da atividade simpática que costuma ocorrer durante os primeiros

30 segundos após o exercício (IMAI et al, 1994). Anormalidades na modulação da

atividade parassimpática foram apontadas como uma possível ligação fisiopatológica com

a associação entre diminuição da FC na recuperação após o teste de esforço em esteira

ergométrica e maior mortalidade dos pacientes no período de acompanhamento

(NISHIME et al, 2000).

Os resultados do presente estudo mostraram que a VFC de recuperação no 6º e no

12º minuto reduziram o componente simpático (LF ms2) no grupo mulheres pós exercício

físico quando comparado ao grupo homens pós, entretanto, os demais resultados não

foram estatisticamente significantes.

Diferentemente dos nossos achados, um estudo verificou que após o exercício

físico, com a reativação vagal e a redução da estimulação simpática, a VFC retorna aos

níveis pré-exercício (TASK FORCE, 1996). Já o estudo publicado por Guerra (2009) e

Mendonça & Ávila (2010), discutem que a influência do treinamento físico na VFC

durante a recuperação e concluíram que os indivíduos treinados possuem melhor

reativação vagal quando comparados a indivíduos sedentários. Apesar disso, os estudos

Discussão - 70

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

sobre a recuperação da VFC ainda não elucidaram completamente os mecanismos que

envolvem a modulação autonômica cardíaca durante o período pós-exercício.

Um estudo realizado em nosso laboratório (DUTRA et al., 2013) mostrou

importantes diferenças entre a modulação autonômica cardíaca entre homens e mulheres,

havendo maior modulação simpática (maior LF) e menor modulação parassimpática

(menor HF) em homens quando comparados às mulheres, o que corroborou com os

achados do presente estudo.

Para Cole et al (1999), o comportamento da FC no período pós-exercício, promove

menor redução e pode ser resultante de um déficit de controle parassimpático e um grande

preditor de mortalidade.

Em conclusão, os resultados mostraram que o treinamento físico aeróbio

promoveu a redução dos parâmetros hemodinâmicos nos grupos analisados. Além disso,

embora observamos que a FC de recuperação foi semelhante entre os grupos, a VFC na

recuperação no 6 e no 12º minutos apresentou maior recuperação no grupo das mulheres.

Limitações do estudo

Podemos citar que uma das limitações observadas no presente estudo é o tamanho

amostral, no qual foi apresentado um N pequeno.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Referências Bibliográficas - 72

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANGELIS P., 2004: ANGELIS, K.; SNTOS, M.S.B; IRIGOYEN, M.C. Sistema

nervoso autônomo e doença cardiovascular, Revista da Sociedade de

Cardiologia do Rio Grande do Sul - Ano XIII nº 03 1-7 2004.

ASKROLD, S.; GORDON, D.; UBEL, F.A.; et al. Power spectrum analysis of heart

rate fluctuation: a quantitative probe of beat to beat cardiovascular control.

Science. v. 213, p. 220-222, 1981.

BALADY, G.J. et al. Core components of cardiac rehabilitation/secondary prevention

programs: 2007 update: a scientific statement from the American Heart

Association exercise, cardiac rehabilitation, and prevention committee, the council

on clinical cardiology; the councils on cardiovascular nursing, epidemiology and

prevention, and nutrition, physical activity, and metabolism; and the American

association of cardiovascular and pulmonary rehabilitation. Circulation. v. 115,

n. 20, p. 2675-2682, 2007.

BEAGLEHOLE, R., BONITA, R., HORTON, R., et al. Measuring progress on NCDs:

one goal and five targets. Lancet. v. 380, p. 9850, n. 1283‑1285, 2012.

BRANDÃO, A.P., BRANDÃO, A.A., MAGALHÃES, M.E.C, et al. Epidemiologia da

hipertensão arterial. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. v. 13, n. 1, p. 7-19,

2003.

CELOVSKA D, STASKO J, GONSORCIK J, DIAB A: The significance of baroreflex

sensitivity in hypertensive subjects with stroke. Physiol Res v. 59, p. 537-543,

2010.

Referências Bibliográficas - 73

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

COLLIER, S.R.; KANALEY, J.A.; CARHART, R. JR.; et al. Cardiac autonomic

function and baroreflex changes following 4 weeks of resistance versus aerobic

training in individuals with pre-hypertension. Acta Physiol (Oxf), v. 195, n. 3, p.

339-348, 2009.

COZZA, I.C., DI SACCO, T.H.R., MAZON, J.H., et al. Physical exercise improves

cardiac autonomic modulation in hypertensive patients independently of

angiotensin-converting enzyme inhibitor treatment. Hypertension Research, v.

35, n. 1, p. 82–87, 2012.

DROGU, T.; KOCAK, O.M.; ERBERK-OZEN, N., et al. Assessment of the autonomic

nervous system is an appropriate biological marker for the well-being in erectile

dysfunction. Asian J Androl. v. 10, n. 4, p. 643-650, 2008.

GOESSLER, K.F., MARTINS-PINGE, M.C., CUNHA, N.D., et al. Effects of physical

training by blood pressure, heart rate and cardiac morphology in hypertensive rats.

Medicine. v. 48, n. 1, p. 87-98, 2015.

GOULART, F.A.A. Doenças crônicas não transmissíveis: estratégias de controle e

desafios para os sistemas de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana de

Saúde; 2011.

GRASSI, G. Assessment of sympathetic cardiovascular drive in human hypertension:

achievements and perspectives. Hypertension, v.54, p. 4, p.690-697, 2009.

HARTHMANN, A.D. et al. Exercise training improves arterial baro- and chemoreflex

in control and diabetic rats. Auton Neurosci. v. 133, n. 2, p. 115-120, 2007.

Referências Bibliográficas - 74

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

HEIDENREICH, P.A.; TROGDON, J.G., KHAVJOU, O.A, et al. Forecasting the future

of cardiovascular disease in the United States: a policy statement from the

American Heart Association. Circulation. v. 123, p. 933–944, 2011.

IMAI, K.; SATO, H.; HOR,I M.; et al. Vaguely mediated heart rate recovery after

exercise is accelerated in athletes but blunted in-patients with chronic heart

failure. J Am Coll Cardiol. v. 24, p. 1529-1535, 1994.

IMAMURA, T.; KINUGAWA, K.; OKADA, I.; et al. Parasympathetic reinnervation

accompanied by improved post-exercise heart rate recovery and quality of life in

heart transplant recipients. Int. Heart J. v. 56, p. 180–185, 2015.

IRIGOYEN, M.C.; COMSOLIM-COLOMBO, F.M.; KRIEGER, E.M. Controle

cardiovascular: regulação reflexa e papel do sistema nervoso simpático. Rev Bras

Hipertens. v. 8, n. 1, p.55-62, 2001.

JUNIOR CAMPOS, R.; COLOMBARI, E.; CAROVO. S.; et al. Hipertensão arterial: o

que tem a dizer o sistema nervoso. Rev Bras Hipertens. v. 8, n.1, p. 41-54, 2001.

KINLEY, D.J; LOWRY, H.; KATZ, C.; et al. Depression and anxiety disorders and the

link to physician diagnosed cardiac disease and metabolic risk factors. General

Hospital Psychiatry. v. 37, n. 4, p. 288-293, 2015.

LEITE, S.N., VASCONCELLOS, M.P.C. Adesão à terapêutica medicamentosa:

elementos para a discussão de conceitos e pressupostos adotados na literatura.

Cien Saude Colet. v. 8, n. 3, p. 775-782, 2003.

LEWINGTON, S., CLARKE, R., QIZILBASH, N., et al. Age‑specific relevance of

usual blood pressure to vascular mortality: a meta‑analysis of individual data for

Referências Bibliográficas - 75

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

one million adults in 61 prospective studies. Lancet. v. 360, n. 9349, p.

1903‑1913, 2002.

MALLIANI, A. et al. Cardiovascular neural regulation explored in the frequency

domain. Circulation, v. 84, p. 482-492, 1991.

MARÃES, V.R.F.S. Frequência cardíaca e sua variabilidade: análises e aplicações. Rev

Andal Med Deporte. v. 3, n. 1, p. 33-42, 2010.

MENEZES, A.S.Jr., MOREIRA, H.G., DAHER, M.T. Analysis of heart rate variability

in hypertensive patiets before and after treatmente of angiotensin II-enzyme

inhibitors. Arq. Bras. Cardiol. v. 83, p. 169-172, 2004.

MIAO, C.Y., XIE, H.H., ZHAN, L.S., t al. Blood pressure variability is more important

than blood pressure level in determination of end-organ damage in rats. J

Hypertens. v. 24, p. 1125-1135, 2006.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Controle da hipertensão arterial: uma proposta de

integração ensino-serviço. Brasília: CDCV / Nutes; 1993.

MORAES, H., DESLANDES, A., FERREIRA, C., et al O exercício físico no tratamento da

depressão em idosos: revisão sistemática. Rev. Psiquiatr, v. 29, n. 1, p. 23-44, 2007.

MOZAFFARIAN, D., BENJAMIN, E.J., GO A.S, et al. Heart disease and stroke

statistics-2015update: a report from the American Heart Association. Circulation.

v. 131, p. e29–e322, 2015.

NEGRÃO, C.E.; IRIGOYEN, M.C.; MOREIRA, E.D. Effect of exercise training on

RSNA, baroreflex control, and blood pressure responsive ness. Am J Physiol. v.

265, p. 365-370, 1993.

Referências Bibliográficas - 76

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

NEUMANN, J.; LIGTENBERG, G.; KLEIN, I.H.; et al Sympathetic hyperactivity in

hypertensive chronic kidney disease patients is reduced during standard treatment.

Hypertension, v. 49, n. 3, p. 506-510, 2007.

NIKOLOPOULOS, A., ALEXANDRIDI, A., NIKOLAKEAS, S., et al. Experimental

analysis of heart rate variability of long-recording electrocardiograms in normal

subjects and patients with coronary artery disease and normal left ventricular

function. J Biomed Inform. v. 36, p. 202–217, 2003.

NISHIME, E.O.; COLE, C.R.; BLACKSTONE, E.H., et al. Heart rate recovery and

treadmill exercise score as predictors of mortality in patients referred for exercise

ECG. JAMA. v. 284, p. 1392-1398, 2000.

PARATI, G., FRATTOLA, A., DI RIENZO, M., et al. Broadband spectral analysis of

blood pressure and heart rate variability in very elderly subjects. Hypertension. v.

30, p. 803-808, 1997;

PÁSSARO, L.C., GODOY, M. Reabilitação cardiovascular na hipertensão arterial. Rev

Socesp, v. 6, p. 45-58, 1996.

PERK, J. & VERESS, G. Cardiac rehabilitation: applying exercise physiology in

clinical practice. Eur J Appl Physiol. v. 83, n. 4 -5, p. 457-462, 2000.

Referências Bibliográficas - 77

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

PRAKASH, E.S; SETHURAMAN, K.R.; NARAYAN, S.K. cardiovascular autonomic

regulation in subjects with normal blood pressure, high–normal blood pressure

and recent-onset hypertension. Clinical and Experimental Pharmacology and

Physiology. v.32, n. 5-6, p. 488-494, 2005.

RADESPIEL, M.T., RAUH, R., MAHLKE, C., et al. Agreement of two different

methods for measurement of heart rate variability. Clin Auton Res. v. 13, n. 2, p.

99-102, 2003.

ROSÁRIO, T. M. et al. Prevalência, controle e tratamento da hipertensão arterial

sistêmica em Nobres, MT. Arq Bras Card. v. 93; n. 6, p. 672-678, 2009.

RUBIRA, M.C.; CONSOLIM-COLOMBO, F.M.; RABELO, E.R.; ET al. Venous or

arterial endothelium evaluation for early cardiovascular dysfunction in

hypertensive patients? J Clin Hypertens v. 9, p. 859-865, 2007.

SCHLAICH, M.P.; LAMBERT, E.; KAYE, D.M.; et al. Sympathetic augmentation in

hypertension: role of nerve firing, norepinephrine reuptake, and Angiotensin

neuromodulation. Hypertension, v. 43, n. 2, p.169-175, 2004.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA/SOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSÃO/SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA. VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão. Arq Bras Cardiol. v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010.

SOUZA, H.C.; PENTEADO, D.M.; MARTIN-PINGE, M.C.; et al. Nitric oxide

synthesis blockade increases hypertrophy and cardiac fibrosis in rats submitted to

aerobic training. Arq Bras Cardiol. v. 89, n. 2, p. 88-93, 2007.

TASKE FORCE OF THE EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY AND THE

NORTH AMERICAN SOCIETY OF PACING AND ELECTROPHYSIOGY.

Referências Bibliográficas - 78

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

Heart rate variability. Standards of measurement, physiological interpretation and

clinical use. Eur Jeart J. v. 17, p. 354-381, 1996.

WEISE, F., HEYDENREICH, F., RUNGE, U. Contributions of sympathetic and vagal

mechanisms to the genesis of heart rate fluctuations during orthostatic load: a

spectral analysis. J Auton Nerv Syst. v. 21, p. 127-134, 1987.

Referências Bibliográficas - 79

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

ZHANG, Y.; AGNOLETTI, D.; SAFAR, M.E. Effect of Antihypertensive Agents on

Blood Pressure Variability. Hypertension. v. 58, p. 155-160, 2011.

BARROS NETO, T.L.; CÉSAR, M.C.; TEBEXRENI, A.S. Fisiologia do exercício. In:

Ghorayeb N, Barros TL, editores. O exercício. Preparação fisiológica, avaliação

médica, aspectos especiais e preventivos. São Paulo: Atheneu, 1999;3-13.

FLETCHER, G.F.; BALADY, G.J. Exercise Standards for Testing and Training.

Scientific Statement, v. 3, 2015

NAMI, R.; MONDILLO, S.; AGRICOLA, E.; LENTI, S.; et al. Aerobic exercise

training fails to reduce blood pressure in nondipper-type hypertension. Am J

Hypertens. v.13, p. 593-600, 2000.

JACOPO, M.; LEGRAMANTE, J.M.; GALANTE et al. A hemodynamic and

autonomic correlates of post exercise hypotension in patients with mild

hypertension. Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol v. 282, p. 1037-1043,

2002.

MOHAN, R.M., CHOATE, J.K.; GOLDING, S, et al. Peripheral pre-synaptic pathway

reduces the heart rate response to sympathetic activation following exercise

training: role of NO. Cardiovasc Res. v. 47, p. 90–98, 2000.

CONTRERAS, P.; CANETTI, R.;, MIGLIARO, E.R. Correlations between frequency-

domain HRV indices and lagged Poincaré plot width in healthy and diabetic

subjects. Physiol Meas. v. 28, p. 85-94, 2007.

IMAI, K.; SATO, H.; HORI, M.; et al. Vaguely mediated heart rate recovery after

exercise is accelerated in athletes but blunted in-patients with chronic heart

failure. J Am Coll Cardiol. v. 24, p. 1529-1535, 1994.

Referências Bibliográficas - 80

Dissertação de Mestrado Daniel Salvini de Almeida

COLE, C.R., et al. Heart-rate recovery immediately after exercise as a predictor of

mortality. The New England Journal of Medicine. v. 341, n.18, p. 1351-1357,

out, 1999.

NISHIME, E.O.; COLE, C.R.; BLACKSTONE, E.H. et al. Heart rate recovery and

treadmill exercise score as predictors of mortality in patients referred for exercise

ECG. JAMA. v, 284, p. 1392-1398, 2000.