elaboraÇÃo do plano de intervenÇÃo para pacientes hipertensos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS Marília Pagani Bertoli CAMPOS GERAIS/ MINAS GERAIS 2012

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Page 1: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Mariacutelia Pagani Bertoli

CAMPOS GERAIS MINAS GERAIS

2012

MARIacuteLIA PAGANI BERTOLI

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de

Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do

Certificado de Especialista

Orientadora Luciana Diniz Silva

CAMPOS GERAIS MINAS GERAIS

2012

MARIacuteLIA PAGANI BERTOLI

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de

Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do

Certificado de Especialista

Orientadora Luciana Diniz Silva

Banca Examinadora

Prof Luciana Diniz Silva - Orientadora

ProfMaria Dolores Soares Madureira

Aprovado em Belo Horizonte em 11082012

Dedico esse trabalho agrave minha famiacutelia pelo carinho e apoio

dispensados em todos os momentos que

precisei

AGRADECIMENTOS

A Deus e agrave Santa Rita de Caacutessia por terem me dado forccedilas iluminando meu

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida

Aos meus pais Tereza e Alberto por todo amor e dedicaccedilatildeo que sempre

tiveram comigo me apoiando e me fazendo acreditar que nada eacute impossiacutevel vocecircs

que abriram matildeo de muitas coisas para proporcionar a minha realizaccedilatildeo profissional

Ao meu marido Ceacutezar por estar comigo em todos os momentos da poacutes-

graduaccedilatildeo me levando aos encontros presenciais me ajudando na realizaccedilatildeo deste

sonho

Agrave minha irmatilde Melissa por ser tatildeo dedicada e amiga por me apoiar e acreditar

na minha capacidade sempre com palavras de incentivo e forccedila

Agrave minha amiga Amanda por toda a ajuda dispensada sempre em minha vida

Agrave minha orientadora professora Luciana Diniz Silva pelo ensinamento e

dedicaccedilatildeo empregados no auxiacutelio agrave concretizaccedilatildeo dessa monografia

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 2: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

MARIacuteLIA PAGANI BERTOLI

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de

Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do

Certificado de Especialista

Orientadora Luciana Diniz Silva

CAMPOS GERAIS MINAS GERAIS

2012

MARIacuteLIA PAGANI BERTOLI

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de

Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do

Certificado de Especialista

Orientadora Luciana Diniz Silva

Banca Examinadora

Prof Luciana Diniz Silva - Orientadora

ProfMaria Dolores Soares Madureira

Aprovado em Belo Horizonte em 11082012

Dedico esse trabalho agrave minha famiacutelia pelo carinho e apoio

dispensados em todos os momentos que

precisei

AGRADECIMENTOS

A Deus e agrave Santa Rita de Caacutessia por terem me dado forccedilas iluminando meu

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida

Aos meus pais Tereza e Alberto por todo amor e dedicaccedilatildeo que sempre

tiveram comigo me apoiando e me fazendo acreditar que nada eacute impossiacutevel vocecircs

que abriram matildeo de muitas coisas para proporcionar a minha realizaccedilatildeo profissional

Ao meu marido Ceacutezar por estar comigo em todos os momentos da poacutes-

graduaccedilatildeo me levando aos encontros presenciais me ajudando na realizaccedilatildeo deste

sonho

Agrave minha irmatilde Melissa por ser tatildeo dedicada e amiga por me apoiar e acreditar

na minha capacidade sempre com palavras de incentivo e forccedila

Agrave minha amiga Amanda por toda a ajuda dispensada sempre em minha vida

Agrave minha orientadora professora Luciana Diniz Silva pelo ensinamento e

dedicaccedilatildeo empregados no auxiacutelio agrave concretizaccedilatildeo dessa monografia

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 3: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

MARIacuteLIA PAGANI BERTOLI

ELABORACcedilAtildeO DO PLANO DE INTERVENCcedilAtildeO PARA PACIENTES

HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de

Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia

Universidade Federal de Minas Gerais para obtenccedilatildeo do

Certificado de Especialista

Orientadora Luciana Diniz Silva

Banca Examinadora

Prof Luciana Diniz Silva - Orientadora

ProfMaria Dolores Soares Madureira

Aprovado em Belo Horizonte em 11082012

Dedico esse trabalho agrave minha famiacutelia pelo carinho e apoio

dispensados em todos os momentos que

precisei

AGRADECIMENTOS

A Deus e agrave Santa Rita de Caacutessia por terem me dado forccedilas iluminando meu

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida

Aos meus pais Tereza e Alberto por todo amor e dedicaccedilatildeo que sempre

tiveram comigo me apoiando e me fazendo acreditar que nada eacute impossiacutevel vocecircs

que abriram matildeo de muitas coisas para proporcionar a minha realizaccedilatildeo profissional

Ao meu marido Ceacutezar por estar comigo em todos os momentos da poacutes-

graduaccedilatildeo me levando aos encontros presenciais me ajudando na realizaccedilatildeo deste

sonho

Agrave minha irmatilde Melissa por ser tatildeo dedicada e amiga por me apoiar e acreditar

na minha capacidade sempre com palavras de incentivo e forccedila

Agrave minha amiga Amanda por toda a ajuda dispensada sempre em minha vida

Agrave minha orientadora professora Luciana Diniz Silva pelo ensinamento e

dedicaccedilatildeo empregados no auxiacutelio agrave concretizaccedilatildeo dessa monografia

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 4: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

Dedico esse trabalho agrave minha famiacutelia pelo carinho e apoio

dispensados em todos os momentos que

precisei

AGRADECIMENTOS

A Deus e agrave Santa Rita de Caacutessia por terem me dado forccedilas iluminando meu

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida

Aos meus pais Tereza e Alberto por todo amor e dedicaccedilatildeo que sempre

tiveram comigo me apoiando e me fazendo acreditar que nada eacute impossiacutevel vocecircs

que abriram matildeo de muitas coisas para proporcionar a minha realizaccedilatildeo profissional

Ao meu marido Ceacutezar por estar comigo em todos os momentos da poacutes-

graduaccedilatildeo me levando aos encontros presenciais me ajudando na realizaccedilatildeo deste

sonho

Agrave minha irmatilde Melissa por ser tatildeo dedicada e amiga por me apoiar e acreditar

na minha capacidade sempre com palavras de incentivo e forccedila

Agrave minha amiga Amanda por toda a ajuda dispensada sempre em minha vida

Agrave minha orientadora professora Luciana Diniz Silva pelo ensinamento e

dedicaccedilatildeo empregados no auxiacutelio agrave concretizaccedilatildeo dessa monografia

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 5: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

AGRADECIMENTOS

A Deus e agrave Santa Rita de Caacutessia por terem me dado forccedilas iluminando meu

caminho para que pudesse concluir mais uma etapa da minha vida

Aos meus pais Tereza e Alberto por todo amor e dedicaccedilatildeo que sempre

tiveram comigo me apoiando e me fazendo acreditar que nada eacute impossiacutevel vocecircs

que abriram matildeo de muitas coisas para proporcionar a minha realizaccedilatildeo profissional

Ao meu marido Ceacutezar por estar comigo em todos os momentos da poacutes-

graduaccedilatildeo me levando aos encontros presenciais me ajudando na realizaccedilatildeo deste

sonho

Agrave minha irmatilde Melissa por ser tatildeo dedicada e amiga por me apoiar e acreditar

na minha capacidade sempre com palavras de incentivo e forccedila

Agrave minha amiga Amanda por toda a ajuda dispensada sempre em minha vida

Agrave minha orientadora professora Luciana Diniz Silva pelo ensinamento e

dedicaccedilatildeo empregados no auxiacutelio agrave concretizaccedilatildeo dessa monografia

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

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GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 6: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

ldquoHaacute pessoas que lutam um dia e satildeo boas

Haacute outras que lutam um ano e satildeo melhores

Mas haacute as que lutam toda a vida e satildeo imprescindiacuteveisrdquo

Bertold Brecht

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 7: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

RESUMO

A elevaccedilatildeo da pressatildeo arterial eacute um fator de risco independente para a enfermidade cardiovascular A hipertensatildeo arterial apresenta custos meacutedicos elevados decorrentes principalmente de suas complicaccedilotildees doenccedila cerebrovascular doenccedila arterial coronariana insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal crocircnica e doenccedila vascular de extremidades Vaacuterios fatores tecircm sido implicados na adesatildeo ao tratamento da hipertensatildeo arterial Dentre eles destacam-se o caraacuteter crocircnico e assintomaacutetico da doenccedila a relaccedilatildeo meacutedico-paciente a complexidade dos esquemas de tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos Com base na complexidade do atendimento e acompanhamento cliacutenico desses pacientes atualmente eacute preconizada a abordagem multiprofissional do paciente hipertenso Essa abordagem tem como premissa a integralizaccedilatildeo do cuidado e almeja a conscientizaccedilatildeo e a tomada de atitude por parte do paciente hipertenso no controle de sua doenccedila Eacute incentivada a aderecircncia agraves medidas comportamentais e tambeacutem agrave adesatildeo ao tratamento anti-hipertensivo farmacoloacutegico O fato de a hipertensatildeo arterial ser um dos principais fatores de risco para desenvolvimento de doenccedilas isquecircmicas do coraccedilatildeo e cerebrovasculares e a segunda maior causa de morte no nosso paiacutes contribuiacuteram para o desenvolvimento deste trabalho cujo objetivo foi realizar uma revisatildeo da literatura para subsidiar a elaboraccedilatildeo de uma proposta de atendimento agrave pacientes hipertensos Dentre as estrateacutegias a serem adotadas destacam-se apresentaccedilotildees na sala de espera folhetos explicativos campanhas municipais confecccedilatildeo de cartelas e distribuiccedilatildeo do cartatildeo de medicamentos com a flexibilidade de direcionar a abordagem no sentido do contexto cliacutenico e social de cada paciente Dessa forma busca-se aumentar a eficaacutecia do tratamento da hipertensatildeo arterial por meio do cuidado compartimentalizado entre os diferentes profissionais de sauacutede mas que somam esforccedilos e almejam a integralidade da assistecircncia centrada no paciente dentro do seu contexto cultural social e econocircmico

Palavras chave Hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento

monitoramento da pressatildeo arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 8: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

ABSTRACT

Elevated blood pressure is an independent risk factor for cardiovascular disease Hypertension has high medical costs mainly due to its complications cerebrovascular disease coronary artery disease heart failure chronic renal failure and vascular disease Several factors have been implicated in adherence to treatment of hypertension Among them we highlight the chronic and asymptomatic disease the doctor-patient relationship the complexity of treatment regimens and side effects of medications Based on the complexity of care and clinical monitoring of these patients it is currently recommended multiprofessional approach to the hypertensive patient This approach is based on the quality of care and aims to motivate the hypertensive patients in searching the control of their disease Life style modifications and also the adherence to anti-hypertensive medication are encouraged The fact that high blood pressure is one of the main risk factors for developing ischemic heart disease and cerebrovascular disease and the second largest cause of death in our country contributed to the development of this work whose goal was to conduct a literature review to support the elaboration of a proposal for the hypertensive patients care One of the strategies to be adopted include presentations in the waiting room explanatory leaflets municipal campaigns making cards and card distribution of medicines with the flexibility of direct approach towards clinical and social context of each patient In this way we seek to increase the effectiveness of treatment of hypertension through careful compartmentalized between different healthcare professionals Furthermore it is essential that the patient care is centered in their cultural social and economic context

Keywords Hypertension treatment adherence monitoring blood pressure healthy

living habits

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 9: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em

funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas

individuais

Quadro 4 Modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Quadro 5 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia - Rio

Negro - Andradas - MG

Quadro 6 Cartatildeo de acompanhamento

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 10: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

LISTA DE ABREVIATURAS

ACS - Agente Comunitaacuterio de Sauacutede

CAPES - Coordenaccedilatildeo de Aperfeiccediloamento de Pessoal do Ensino Superior

DM - diabetes mellitus

ECV - Evento Cardiovascular maior

ESF - Equipe Sauacutede da Famiacutelia

HAS - Hipertensatildeo Arterial Sistecircmica

HIPERDIA - Hipertensatildeo e Diabetes

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

IMC - Iacutendice Massa Corporal

LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede

LOA - Lesatildeo Oacutergatildeo Alvo

Medline - Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MEV - Mudanccedila Estilo Vida

PA - Pressatildeo Arterial

PAS - Pressatildeo Arterial Sistoacutelica

PubMed - United States National Library of Medicine National Institute of Health

SCIELO - Scientific Electronic Library On-line

SM - Siacutendrome Metaboacutelica

TM - Tratamento Medicamentoso

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 11: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

11 O impacto da hipertensatildeo arterial 12

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia 13

2 JUSTIFICATIVA 15

3 OBJETIVOS 17

31 Objetivo geral 17

32 Objetivo especiacutefico 17

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 18

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE 19

51 Hipertensatildeo arterial 19

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial21

521 Diureacuteticos 23

522 Inibidores adreneacutergicos24

523 Betabloqueadores 24

524 Alfabloqueadores 24

525 Vasodilatadores diretos 25

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio 25

53 Equipes multiprofissionais 27

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS 28

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO 30

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo 30

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao

tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia ndash Rio Negro-

Andradas-MG 32

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 34

REFEREcircNCIAS35

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

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JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 12: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

As mudanccedilas econocircmicas poliacuteticas sociais e culturais que ocorreram no mundo

desde o seacuteculo XIX e que se intensificaram no seacuteculo passado produziram alteraccedilotildees

significativas na vida em sociedade Ao mesmo tempo tem-se a criaccedilatildeo de tecnologias cada

vez mais precisas e sofisticadas em todas as atividades humanas e o aumento dos desafios

e dos impasses colocados ao viver (BRASIL 2006)

Segundo BRASIL 2006 a sauacutede eacute vista como uma esfera da vida de homens e

mulheres em toda sua diversidade e singularidade natildeo permaneceu fora do desenrolar das

mudanccedilas da sociedade nesse periacuteodo O processo de mudanccedilas da sociedade eacute tambeacutem o

processo de transformaccedilatildeo da sauacutede e dos problemas sanitaacuterios

Nas uacuteltimas deacutecadas conforme a Poliacutetica Nacional de Promoccedilatildeo da Sauacutede tornou-se

mais e mais importante cuidar da vida de modo que se reduzisse a vulnerabilidade ao

adoecer e as chances de a doenccedila ser produtora de incapacidade de sofrimento crocircnico e

de morte prematura de indiviacuteduos e populaccedilatildeo (BRASIL 2006)

Aleacutem disso a anaacutelise do processo sauacutede-adoecimento evidenciou que a sauacutede eacute

resultado dos modos de organizaccedilatildeo da produccedilatildeo do trabalho e da sociedade em

determinado contexto histoacuterico e o aparato biomeacutedico natildeo consegue modificar os

condicionantes nem determinantes mais amplos desse processo O modelo de atenccedilatildeo e

cuidado vigente eacute marcado na maior parte das vezes pela centralizaccedilatildeo dos sintomas

(BRASIL 2006)

11 O impacto da hipertensatildeo arterial

Observa-se aumento exponencial da populaccedilatildeo idosa no Brasil e em 25 anos teremos

mais de 50 milhotildees de indiviacuteduos com 60 anos ou mais A prevalecircncia da hipertensatildeo

arterial aumenta progressivamente com a idade e eacute a doenccedila crocircnica mais prevalente

nessa populaccedilatildeo

A hipertensatildeo arterial sistecircmica (HAS) pode ser definida como

[uma condiccedilatildeo cliacutenica caracterizada por niacuteveis elevados e sustentados da pressatildeo arterial (PA) Associada frequentemente agraves alteraccedilotildees funcionais eou estruturais dos oacutergatildeos-alvo (coraccedilatildeo enceacutefalo rins e vasos sanguiacuteneos) e agraves alteraccedilotildees metaboacutelicas com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 13: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

13

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p1)

O Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2001) classifica niacuteveis elevados quando os valores

ultrapassam o limite de 14090 mmHg definidos no III Consenso Brasileiro de Hipertensatildeo

Arterial 1994

[a HAS tem alta prevalecircncia e baixas taxas de controle e eacute considerada fator de risco significativo de importantes problemas de sauacutede puacuteblica eventos cardiovasculares e cerebrais A mortalidade pela doenccedila cardiovascular aumenta progressivamente com a elevaccedilatildeo da PA a partir de 11575 mmHg de forma linear contiacutenua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA2010 p3)

Em 2001 cerca de 76 milhotildees de mortes no mundo foram atribuiacutedas agrave elevaccedilatildeo da PA

(54 por acidente vascular encefaacutelico e 47 por doenccedila isquecircmica do coraccedilatildeo) sendo a

maioria em paiacuteses de baixo e meacutedio desenvolvimento econocircmico e mais da metade em

indiviacuteduos entre 45 e 69 anos No Brasil as doenccedilas cardiovasculares tem sido a principal

causa de morte Em 2007 ocorreram 308466 oacutebitos por doenccedilas do aparelho circulatoacuterio

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

12 Hipertensatildeo arterial sistecircmica na equipe de sauacutede de famiacutelia

O Municiacutepio de Andradas localiza-se na microrregiatildeo de Poccedilos de Caladas no sul do

Estado de Minas Gerais pelo censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica

(IBGE 2010) possui 37302 habitantes sendo que 28059 e 9243 habitantes estatildeo na zona

urbana rural respectivamente Ainda segundo dados do IBGE de 2010 Andradas estaacute entre

as 40 cidades brasileiras com maior expectativa de vida

Atualmente contamos com duas Equipes de Sauacutede da Famiacutelia sendo uma

localizada no Bairro do Horto Florestal e outra no Jardim Rio Negro ambas na zona urbana

abrangendo um total de 19 da populaccedilatildeo uma terceira unidade na Vila Caracol estaacute para

ser inaugurada em breve

A Equipe de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) do Jardim Rio Negro atende 1169 famiacutelias o

que representa uma populaccedilatildeo de aproximadamente 3500 pessoas A estrutura fiacutesica eacute

bem planejada possui sala de vacina enfermagem acolhimento curativo inalaccedilatildeo

ginecologia consultoacuterio meacutedico sala ACS sala psicoacutelogo dentista (desativada)

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

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HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 14: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

14

observaccedilatildeo farmaacutecia depoacutesito de medicamentos sanitaacuterios copa cozinha Depoacutesito

Materiais de Limpeza expurgo e esterilizaccedilatildeo Atende uma meacutedia de 1500 pessoasmecircs

entre consultas exames curativos entre outros

A populaccedilatildeo adscrita do PSF possui 780 hipertensos cadastrados no sistema

HIPERDIA Observa-se a dificuldade na manutenccedilatildeo da pressatildeo arterial em niacuteveis

considerados adequados em uma grande parcela dos usuaacuterios devido os mesmos natildeo

fazerem o uso correto dos medicamentos Desta forma eacute importante avaliar e elaborar um

plano de intervenccedilatildeo com objetivo principal aumentar a adesatildeo ao tratamento

medicamentoso como tambeacutem agrave terapia natildeo-farmacoloacutegica Torna-se essencial incentivar

as mudanccedilas do estilo de vida em busca de condiccedilotildees mais saudaacuteveis de vida Essas

medidas em conjunto contribuiacuteram com a melhora da qualidade de vida

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 15: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

15

2 JUSTIFICATIVA

A falta de controle da hipertensatildeo arterial por parte do paciente hipertenso associa-

se agrave consequecircncias graves Dentre elas destacam-se o infarto do miocaacuterdio e o acidente

vascular cerebral que satildeo responsaacuteveis por cerca de 40 de oacutebitos (BRASIL 2006)

Dentre os pacientes com diagnoacutestico recente de HAS que iniciam a terapia

medicamentosa cerca de 16 a 50 descontinuam o uso de medicamentos durante o

primeiro ano de uso e nuacutemero substancial daqueles que permanecem em uso da medicaccedilatildeo

o fazem de modo inadequado (ANDRADE et al 2002)

A HAS eacute doenccedila essencialmente assintomaacutetica no entanto em certas

circunstacircncias alguns sinais e sintomas podem significar uma complicaccedilatildeo potencialmente

grave aumentando o risco de se ter infarto do miocaacuterdio acidente vascular cerebral

(derrame) insuficiecircncia cardiacuteaca insuficiecircncia renal e comprometimento da visatildeo por danos

a retina Quando associada ao fumo colesterol elevado diabetes mellitus obesidade

sedentarismo estresse os efeitos prejudiciais seratildeo mais precoces e graves Dessa

maneira a HAS deve ser averiguada e tratada conforme cada caso (PREDROSA

DRAGER 2008) Assim a falta de aderecircncia ao tratamento constitui seacuterio problema de

sauacutede puacuteblica e deve ser entendida como um dos principais obstaacuteculos ao sucesso do

tratamento da HAS

Com base no que foi descrito acima medidas preventivas e a identificaccedilatildeo controle

e tratamento da HAS deve ser a meta a se buscar especialmente com o objetivo de evitar

complicaccedilotildees e melhorar a qualidade de vida dos pacientes Em especial procura-se reduzir

as lesotildees de oacutergatildeos-alvo o que implica no monitoramento perioacutedico do niacutevel pressoacuterico

(PREDROSA DRAGER 2008) Aleacutem deste aspecto no caso de pacientes em terapia

medicamentosa para HAS eacute essencial informaacute-los previamente sobre a probabilidade de

efeitos colaterais sua duraccedilatildeo e a possibilidade da substituiccedilatildeo do medicamento caso esses

efeitos apareccedilam

Com base nesses dados torna-se imprescindiacutevel elaborar estrateacutegia terapecircutica

pelos profissionais da aacuterea sauacutede para abordar esse problema Apesar da grande variedade

e disponibilidade de agentes anti-hipertensivos disponiacuteveis para o tratamento da HAS

menos de 13 dos pacientes hipertensos na idade adulta tecircm sua pressatildeo adequadamente

controlada Esse fato eacute decorrente principalmente da baixa adesatildeo ao tratamento causado

por diversos motivos Alguns estudos sugerem que a falta de adesatildeo estaacute relacionada agraves

caracteriacutesticas do paciente da doenccedila e do seu meio cultural e social O iacutendice de

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 16: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

16

abandono foi maior entre os pacientes do sexo masculino jovens na faixa etaacuteria entre 20 e

40 anos obesos fumantes e analfabetos (GIORGI 2006)

O controle e o monitoramento da pressatildeo arterial satildeo fundamentais para a definiccedilatildeo

do diagnoacutestico da hipertensatildeo arterial e a avaliaccedilatildeo da eficaacutecia ao tratamento (ATHANIEL

SAITO 2010) Complicaccedilotildees crocircnicas podem ser evitadas quando precocemente

identificadas e adequadamente tratadas

A hipertensatildeo arterial geralmente assintomaacutetica na grande maioria dos casos

possui difiacutecil adesatildeo terapecircutica devido agrave necessidade de mudanccedila nos haacutebitos de vida e a

participaccedilatildeo ativa do indiviacuteduo no controle rigoroso a fim de evitar complicaccedilotildees

O tratamento da HAS inclui as seguintes estrateacutegias educaccedilatildeo modificaccedilotildees dos

haacutebitos de vida e quando necessaacuteria a administraccedilatildeo de medicamentos (BRASIL 2001)

Dessa maneira o paciente deve ser continuamente estimulado ao monitoramento perioacutedico

da pressatildeo arterial Ainda deve adotar haacutebitos saudaacuteveis de vida manutenccedilatildeo de peso

adequado praacutetica regular de atividade fiacutesica suspensatildeo do haacutebito de fumar baixo consumo

de gorduras saturadas e de bebidas alcooacutelicas (ATHANIEL SAITO 2010 p20)

O tratamento deve ser individualizado respeitando-se algumas situaccedilotildees idade

presenccedila de outras doenccedilas uso de outras medicaccedilotildees dependecircncia de aacutelcool e drogas

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

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J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

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36

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MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 17: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

17

3 OBJETIVOS

31 Objetivo geral

Realizar revisatildeo de literatura sobre hipertensatildeo arterial para subsidiar a elaboraccedilatildeo

de uma proposta de atendimento de pacientes hipertensos

32 Objetivo especiacutefico

Elaborar novas estrateacutegias de promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de agravos para

pacientes hipertensos na unidade de sauacutede referida fortalecer o autocuidado monitorar

niacuteveis pressoacutericos regularmente identificar fatores de risco de doenccedilas e agravos da HAS

estimular a praacutetica de educaccedilatildeo permanente diaacuteria e individualizada nas unidades baacutesicas

de sauacutede implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente

poderaacute acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede realizar apresentaccedilotildees do tema na sala de

espera distribuir folhetos explicativos campanhas municipal confecccedilatildeo individual de

cartelas de medicamentos para pacientes com maior dificuldade a fim de realizar o

tratamento medicamentoso corretamente

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 18: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

18

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

Foi realizado levantamento bibliograacutefico nas bases de dados Index Medicus

(Medline) US National Library of Medicine National Institute of Health (PubMed) Scientific

Electronic Library On-line (SciElo) da Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciecircncias

da Sauacutede (LILACS) e Portal Perioacutedicos (CAPES) por meio do uso das seguintes palavras-

chave hipertensatildeo arterial sistecircmica adesatildeo ao tratamento monitoramento da pressatildeo

arterial haacutebitos saudaacuteveis de vida Foram selecionados os artigos mais recentes (entre 1994

e 2010) e aqueles cujas informaccedilotildees foram relevantes para a elaboraccedilatildeo desse trabalho de

revisatildeo O idioma pesquisado foi o portuguecircs Aleacutem disso foram utilizados vaacuterios livros e

publicaccedilotildees do Ministeacuterio da Sauacutede

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 19: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

19

5 PROCESSO DE TRABALHO EM SAUacuteDE

51 Hipertensatildeo arterial

Para conhecer a real situaccedilatildeo do problema da hipertensatildeo arterial do processo de

adoecimento e as condiccedilotildees de risco que interferem sobre a comunidade satildeo necessaacuterios

estudos epidemioloacutegicos Uma pesquisa realizada por Passos Assis Barreto (2006) foram

analisados a prevalecircncia de base populacional sobre a hipertensatildeo no Brasil em adultos a

partir de 1990 verificou-se que cerca de 20 dos adultos apresentam hipertensatildeo sem

distinccedilatildeo por sexo poreacutem com tendecircncia de aumento com a idade Segundo o Ministeacuterio da

Sauacutede (BRASIL 2001) a hipertensatildeo afeta 11 a 20 da populaccedilatildeo adulta com mais de

20 anos Vale ressaltar que cerca de 85 de pacientes com acidente vascular encefaacutelico

(AVE) e 40 das viacutetimas do infarto do miocaacuterdio apresentam hipertensatildeo associada

A pressatildeo arterial eacute classificada pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade

Brasileira de Nefrologia (2010) em

- Normal quando a pressatildeo arterial sistoacutelica eacute lt120 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica PAD lt80 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 1 - quando a pressatildeo arterial sistoacutelica encontra-se entre 140-

159 mmHg e a pressatildeo arterial diastoacutelica entre 90-99 mmHg

- Hipertensatildeo estaacutegio 2 - a pressatildeo arterial sistoacutelica gt160 mmHg e a pressatildeo arterial

diastoacutelica gt100 mmHg

A HAS possui fatores de risco que satildeo considerados modificaacuteveis e natildeo-modificaacuteveis

conforme a Sociedade Brasileira de CardiologiaSociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) que seratildeo descritos a seguir

O excesso de peso e obesidade satildeo fatores modificaacuteveis e se associam agrave prevalecircncia

elevada de HAS nos jovens Na vida adulta mesmo entre indiviacuteduos fisicamente ativos

incremento de 24 kgm2 no iacutendice de massa corporal (IMC) acarreta maior risco de

desenvolver hipertensatildeo Outro fator apontado pela Sociedade Brasileira de

HipertensatildeoSociedade Brasileira de Nefrologia (2010) eacute a ingestatildeo excessiva de soacutedio que

tem sido relacionada agrave elevaccedilatildeo da PA A populaccedilatildeo brasileira apresenta padratildeo alimentar

rico em sal accediluacutecar e gorduras e esta inadequaccedilatildeo alimentar possibilita a elevaccedilatildeo da

pressatildeo arterial

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 20: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

20

Em geral a ingestatildeo de aacutelcool por periacuteodos prolongados de tempo pode aumentar a PA

e a mortalidade cardiovascular Na populaccedilatildeo brasileira consumo excessivo de aacutelcool se

associa agrave ocorrecircncia de HAS de forma independente das caracteriacutesticas

demograacuteficas(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Associado aos outros fatores de risco ou isoladamente o sedentarismo ou seja a natildeo

realizaccedilatildeo de atividade fiacutesica tambeacutem eacute abordado como fator de risco visto que a realizaccedilatildeo

de atividade fiacutesica reduz a incidecircncia de HAS mesmo em indiviacuteduos preacute-hipertensos bem

como a mortalidade e o risco de doenccedilas cardiovasculares Outro fator agravante eacute o

tabagismo Dessa maneira a cessaccedilatildeo do tabagismo constitui medida fundamental e

prioritaacuteria na prevenccedilatildeo primaacuteria e secundaacuteria das doenccedilas cardiovasculares e de diversas

outras doenccedilas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA

DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

Satildeo considerados pela Sociedade Brasileira de HipertensatildeoSociedade Brasileira de

Nefrologia (2010) como fatores natildeo modificaacuteveis a

- Idade existe relaccedilatildeo direta e linear da PA com a idade sendo a prevalecircncia de

HAS superior a 60 na faixa etaacuteria acima de 65 anos

- Gecircnero e etnia a prevalecircncia global de HAS entre homens e mulheres eacute

semelhante embora seja mais elevada nos homens ateacute os 50 anos Em relaccedilatildeo agrave cor a

HAS eacute duas vezes mais prevalente em indiviacuteduos de raccedila negra Estudos brasileiros com

abordagem simultacircnea de gecircnero e cor demonstraram predomiacutenio de mulheres negras com

excesso de HAS de ateacute 130 em relaccedilatildeo agraves brancas

- Geneacutetica a contribuiccedilatildeo de fatores geneacuteticos para a gecircnese da HAS estaacute bem

estabelecida na populaccedilatildeo sem existir portanto variantes geneacuteticas que possam ser

utilizadas para predizer o risco individual de se desenvolver HAS ateacute o momento Existem

outros fatores de risco cardiovascular que frequentemente se apresentam de forma

agregada agrave predisposiccedilatildeo geneacutetica e aos fatores ambientais que em conjunto tendem a

contribuir para o desenvolvimento de HAS em famiacutelias com estilo de vida pouco saudaacuteveis

Apoacutes a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da HAS deve-se avaliar o risco cardiovascular do

indiviacuteduo que orienta a conduta terapecircutica e o prognoacutestico desse paciente Para a

estratificaccedilatildeo do risco cardiovascular eacute necessaacuterio pesquisar a presenccedila de fatores de

risco as doenccedilas cardiovasculares e as lesotildees em oacutergatildeo-alvo conforme quadro abaixo A

classificaccedilatildeo de risco de cada indiviacuteduo deve ser avaliada pelo caacutelculo do escore de

Framingham (BRASIL 2006)

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 21: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

21

Quadro 1 Componentes para estratificaccedilatildeo do risco individual dos pacientes em funccedilatildeo do Escore de Framinghan e de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt 1010 anos

Moderado 10 a 2010 anos

Alto gt 2010 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

52 Processo de decisatildeo terapecircutica na hipertensatildeo arterial

Segundo o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006) para a adoccedilatildeo do esquema

terapecircutico adequado eacute necessaacuteria a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica da hipertensatildeo e a anaacutelise da

estratificaccedilatildeo de risco a qual levaraacute em conta aleacutem dos valores pressoacutericos a presenccedila de

lesotildees em oacutergatildeos-alvo e o risco cardiovascular estimado

A classificaccedilatildeo do risco cardiovascular global individual dos pacientes em funccedilatildeo do

escore de risco de Framingham e da presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo eacute

- Risco baixo quando eacute considerado a ausecircncia de fatores de risco ou risco pelo

escore de Framingham baixo (lt1010 anos e ausecircncia de lesotildees em oacutergatildeos-alvo

Categoria Evento cardiovascular maior (ECV)

Baixo lt100 10 anos

Moderado 100 a 200 10 anos

Alto gt 200 10 anos

Lesotildees em oacutergatildeos-alvo e doenccedilas cardiovasculares

bull Doenccedilas cardiacuteacas

ndash Hipertrofia do ventriacuteculo esquerdo

ndash Angina do peito ou infarto agudo do miocaacuterdio preacutevio

ndash Revascularizaccedilatildeo percutacircnea ou ciruacutergica miocaacuterdica preacutevia

ndash Insuficiecircncia cardiacuteaca

bull Episoacutedio isquecircmico ou acidente vascular cerebral

bull Nefropatia

bull Doenccedila arterial perifeacuterica

bull Retinopatia hipertensiva

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 22: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

22

- Risco moderado quando existe a presenccedila de fatores de risco com risco pelo escore

de Framingham moderado (10 a 2010 anos) mas com ausecircncia de lesatildeo em oacutergatildeos-

alvo

- Risco alto presenccedila de lesatildeo em oacutergatildeos-alvo ou fatores de risco com escore de

Framingham alto (gt 20ano)

Pode-se considerar que existem duas abordagens terapecircuticas para a hipertensatildeo

arterial o tratamento baseado em modificaccedilotildees do estilo de vida [perda de peso incentivo

agraves atividades fiacutesicas alimentaccedilatildeo saudaacutevel entre outras] e o tratamento medicamentoso A

adoccedilatildeo de haacutebitos de vida saudaacuteveis eacute parte fundamental da prevenccedilatildeo de hipertensatildeo e do

manejo daqueles pacientes portadores de HAS Para o Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2006)

a forma mais adequada para tratar determinado paciente levando-se em consideraccedilatildeo a

classificaccedilatildeo do risco individual e os niacuteveis pressoacutericos detectados na consulta inicial

encontra-se no quadro abaixo

Quadro 2 Decisatildeo terapecircutica segundo risco e pressatildeo arterial

Risco BAIXO Risco

MODERADO

Risco

ALTO

Preacute-hipertensatildeo (120-13980-89 mmHg) MEV MEV MEV

Estaacutegio 1(140-5990-99 mmHg)

MEV (ateacute 12 meses)

MEV (ateacute 6 meses)

TM

Estaacutegio 2 (ge160ge100 mmHg)

TM

TM

TM

MEV = Mudanccedila de estilo de vida TM = Tratamento Medicamentoso TM se insuficiecircncia cardiacuteaca doenccedila renal crocircnica ou diabete melito TM se muacuteltiplos fatores de risco

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

De acordo com a SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010) a

decisatildeo terapecircutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presenccedila

de fatores de risco lesatildeo em oacutergatildeo-alvo eou doenccedila cardiovascular estabelecida e natildeo

apenas no niacutevel da pressatildeo arterial

A decisatildeo terapecircutica deve levar em conta a categoria de risco sem risco adicional

natildeo tem indicaccedilatildeo de tratamento medicamentoso isolado no risco adicional baixo indicar

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 23: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

23

tratamento natildeo medicamentoso isolado por ateacute seis meses se natildeo atingir a meta associar

tratamento medicamentoso e no risco adicional meacutedio alto e muito alto indica-se tratamento

natildeo-medicamentoso associado agrave terapia medicamentosa SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA (2010)

Quadro 3 Metas a serem atingidas em conformidade com as caracteriacutesticas individuais

Categoria Considerar

Hipertensos estaacutegios 1 e 2 com risco cardiovascular baixo e meacutedio

lt 14090 mmHg

Hipertensos e comportamento limiacutetrofe com risco cardiovascular alto e muito alto ou com trecircs ou mais fatores de risco DM SM ou LOA

13080 mmHg

Hipertensos com insuficiecircncia renal com proteinuacuteria gt 10 gL

13080 mmHg

DM diabetes mellitus SM siacutendrome metaboacutelica LOA lesatildeo em oacutergatildeos-alvo Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

Apoacutes a classificaccedilatildeo de risco a decisatildeo terapecircutica poderaacute ser instituiacuteda dentro das

classes de anti-hipertensivos disponiacuteveis para uso cliacutenico Foram utilizados como referecircncia

os dados da SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA (2010)

521 Diureacuteticos

O mecanismo de accedilatildeo anti-hipertensiva dos diureacuteticos se relaciona inicialmente aos

seus efeitos diureacuteticos e natriureacuteticos com diminuiccedilatildeo do volume extracelular

Posteriormente apoacutes cerca de quatro a seis semanas o volume circulante praticamente se

normaliza e haacute reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica Esses medicamentos satildeo eficazes

no tratamento da hipertensatildeo arterial tendo sido comprovada sua eficaacutecia na reduccedilatildeo da

morbidade e da mortalidade cardiovasculares Para serem usados como anti-hipertensivos

satildeo preferidos os diureacuteticos tiaziacutedicos e similares em baixas doses (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 24: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

24

522 Inibidores adreneacutergicos

Estes medicamentos atuam estimulando os receptores alfa-2 adreneacutergicos preacute-sinaacutepticos no

sistema nervoso central reduzindo o tocircnus simpaacutetico como fazem a alfametildopa a

clonidina e o guanabenzo eou os inibidores dos receptores imidazolidiacutenicos como

moxonidina e a rilmenidina (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

523 Betabloqueadores

Eles tecircm em seu mecanismo anti-hipertensivo a diminuiccedilatildeo inicial do deacutebito cardiacuteaco

reduccedilatildeo da secreccedilatildeo de renina readaptaccedilatildeo dos barorreceptores e diminuiccedilatildeo das

catecolaminas nas sinapses nervosas Betabloqueadores de geraccedilatildeo mais recente (terceira

geraccedilatildeo) como o carvedilol e o nebivolol diferentemente dos betabloqueadores de primeira

e segunda geraccedilotildees tambeacutem proporcionam vasodilataccedilatildeo que no caso do carvedilol

decorre em grande parte do efeito de bloqueio concomitante do receptor alfa-1 adreneacutergico

e no caso do nebivolol de aumento da siacutentese e liberaccedilatildeo endotelial de oacutexido

niacutetrico(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

524 Alfabloqueadores

Outra categoria de medicamentos satildeo os alfabloqueadores que apresentam efeito

hipotensor discreto em longo prazo como monoterapia devendo portanto ser associados

com outros anti-hipertensivos Podem induzir ao aparecimento de toleracircncia o que exige

uso de doses gradativamente maiores Tecircm a vantagem de propiciar melhora discreta no

metabolismo lipiacutedico e gliciacutedico e nos sintomas de pacientes com hipertrofia prostaacutetica

benigna (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 25: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

25

525 Vasodilatadores diretos

Essa classe de medicamentos atua na musculatura da parede vascular promovendo

relaxamento muscular com consequente vasodilataccedilatildeo e reduccedilatildeo da resistecircncia vascular

perifeacuterica Satildeo utilizados em associaccedilatildeo aos diureacuteticos eou betabloqueadores Hidralazina e

minoxidil satildeo dois dos principais representantes desse grupo (SOCIEDADE BRASILEIRA

DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE

BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

526 Antagonistas dos canais de caacutelcio

A accedilatildeo anti-hipertensiva decorre da reduccedilatildeo da resistecircncia vascular perifeacuterica por

diminuiccedilatildeo da concentraccedilatildeo de caacutelcio nas ceacutelulas musculares lisas vasculares Apesar do

mecanismo final comum esse grupo eacute dividido em trecircs subgrupos com caracteriacutesticas

quiacutemicas e farmacoloacutegicas diferentes fenilalquilaminas benzotiazepinas e diidropiridinas

Aleacutem do controle medicamentoso existem algumas modificaccedilotildees no estilo de vida que

auxiliam no tratamento e consequentemente promovem uma reduccedilatildeo da pressatildeo arterial

conforme mostra a tabela abaixo

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA 2010)

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 26: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

26

Quadro 4 Algumas modificaccedilotildees de estilo de vida e reduccedilatildeo aproximada da pressatildeo arterial

sistoacutelica

Modificaccedilatildeo Recomendaccedilatildeo Reduccedilatildeo aproximada na PAS

Controle de peso Manter o peso corporal na faixa normal (iacutendice de massa corporal entre 185 a 249 kgm

2)

5 a 20 mmHg para cada 10kg de peso reduzido

Padratildeo alimentar

Consumir dieta rica em frutas e vegetais e alimentos com baixa densidade caloacuterica e baixo teor de gorduras saturadas e totais Adotar dieta DASH

8 a 14 mmHg

Reduccedilatildeo do consumo de sal

Reduzir a ingestatildeo de soacutedio para natildeo mais que 2g (5g de saldia) = no maacuteximo 3 colheres de cafeacute rasas de sal = 3g + 2g de sal dos proacuteprios alimentos

2 a 8 mmHg

Moderaccedilatildeo no consumo de aacutelcool

Limitar o consumo a 30gdia de etanol para os homens e 15gdia para mulheres

2 a 4 mmHg

Exerciacutecio fiacutesico Habituar-se agrave praacutetica regular de atividade fiacutesica aeroacutebica como caminhadas por pelo menos 30 minutos por dia 3 vezessemana para prevenccedilatildeo e diariamente para tratamento

4 a 9 mmHg

DASH Dietary Approaches to Stop Hypertension Associar abandono do tabagismo para reduzir o risco cardiovascular Pode haver efeito aditivo para algumas das medidas adotadas

Fonte Ministeacuterio da Sauacutede (2001)

O objetivo primordial do tratamento da hipertensatildeo arterial eacute a reduccedilatildeo da morbidade

e da mortalidade cardiovascular (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

Assim os anti-hipertensivos devem aleacutem de reduzir a pressatildeo arterial diminuir os

eventos cardiovasculares fatais e natildeo-fatais e se possiacutevel a taxa de mortalidade A

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 27: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

27

escolha do medicamento deve ser feita observando as indicaccedilotildees e contra-indicaccedilotildees de

cada um Deve-se explicar ao paciente que podem existir efeitos adversos e que a terapia

pode ser modificada posteriormente se necessaacuterio (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA

DE NEFROLOGIA 2010)

53 Equipes multiprofissionais

Estudo de Castro e Car (2000) dizem que para o controle da HAS eacute necessaacuterio que

o paciente siga as propostas terapecircuticas de forma rigorosa Eacute fundamental por parte do

paciente ter dedicaccedilatildeo paciecircncia e tempo para buscar e receber informaccedilotildees adequadas

Por outro lado eacute essencial que os profissionais de sauacutede estejam capacitados ao

atendimento das demandas desses pacientes

Foi demonstrado que o treinamento adequado de profissionais envolvidos no cuidado

de pacientes hipertensos acarretou melhora em 185 da aderecircncia agrave terapia

medicamentosa (MINAS GERAIS 2006) Esse processo foi avaliado por meio da contagem

de comprimidos Dentre as teacutecnicas adotadas destacam-se a aplicaccedilatildeo de protocolos o

reforccedilo positivo por parte dos profissionais envolvidos especialmente feito pelas enfermeiras

que orientavam os pacientes a respeito da importacircncia da adesatildeo agrave medicaccedilatildeo instituiacuteda

Ainda vaacuterias evidecircncias apontam a relevacircncia da equipe multiprofissional no atendimento

ao paciente hipertenso que se associa ao melhor controle da HAS por parte dos pacientes

Esse resultado eacute verificado por meio do maior comparecimento agraves consultas do uso correto

dos medicamentos prescritos e da adoccedilatildeo de medidas que preconizam mudanccedilas no estilo

de vida (ROCHA 2010)

Vale ressaltar que os efeitos sobre a eficaacutecia do tratamento desaparecem com a

interrupccedilatildeo desse tipo de atendimento Dessa forma o atendimento multiprofissional do

hipertenso deve ser iniciado desde o primeiro contato com o paciente com o serviccedilo de

sauacutede e prolongado durante todo o tratamento (JARDIM et al1996)

Nesse cenaacuterio atuam vaacuterios atores e suas accedilotildees se complementam para alcanccedilar o

objetivo controle da HAS O agente comunitaacuterio de sauacutede promove a interaccedilatildeo com os

familiares do paciente Aleacutem deste aspecto eacute atraveacutes da atuaccedilatildeo desses profissionais por

meio das visitas domiciliares que eacute possiacutevel o conhecimento aprofundado do contexto social

no qual o paciente em questatildeo estaacute inserido (BRASIL 2001)

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 28: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

28

[] pela sua convivecircncia no cotidiano das comunidades pelo seu atributo de entrar em cada residecircncia das famiacutelias pela sua habilidade de perceber os desejos e anseios dos indiviacuteduos eacute considerado um elemento estrateacutegico na construccedilatildeo e consolidaccedilatildeo de um sistema de sauacutede adequado e digno da populaccedilatildeo brasileira (Sousa M F2003)

Eacute essencial conhecer o paciente repassar informaccedilotildees para a comunidade e buscar

no domiciacutelio as condiccedilotildees de vida deste paciente Ainda eacute fundamental perceber mudanccedilas

e se haacute adesatildeo ao tratamento da HAS e trazer a informaccedilatildeo para outros profissionais da

equipe identificando grupos de risco e levantando casos novos (BRASIL 2001)

O enfermeiro realiza procedimentos de enfermagem no domiciacutelio e executa accedilotildees de

orientaccedilatildeo sanitaacuteria Jaacute o enfermeiro exerce tambeacutem funccedilotildees de destaque dentre elas a

supervisatildeo do trabalho do agente comunitaacuterio de sauacutede e do auxiliar de enfermagem

realizaccedilatildeo de consultas na unidade de sauacutede e assistecircncia domiciliar agraves pessoas que

necessitam de cuidados de enfermagem Realizar consulta de enfermagem abordando

fatores de risco tratamento natildeo medicamentoso adesatildeo e possiacuteveis intercorrecircncias ao

tratamento encaminhando ao meacutedico quando necessaacuterio

O meacutedico realiza consulta para confirmaccedilatildeo diagnoacutestica avaliaccedilatildeo de fatores de

risco identificaccedilatildeo de possiacuteveis lesotildees em oacutergatildeos-alvo e co-morbidades visando agrave

estratificaccedilatildeo do paciente com hipertensatildeo eou diabetes Solicita exames complementares

miacutenimos estabelecidos nos consensos e quando necessaacuterio indica a terapecircutica Dessa

maneira o meacutedico define o iniacutecio do tratamento medicamentoso Ainda prescreve a terapia

natildeo medicamentosa e medicamentosa Contudo o trabalho do meacutedico deve ser integrado

aos outros componentes da equipe de sauacutede da famiacutelia com objetivo de educar o paciente

Outro papel relevante do meacutedico eacute encaminhar para a unidade de referecircncia secundaacuteria e

terciaacuteria as pessoas que apresentam hipertensatildeo arterial grave e refrataacuteria ao tratamento

com lesotildees importantes de oacutergatildeos-alvo com suspeitas de causas secundaacuterias e aqueles em

urgecircnciaemergecircncia hipertensiva

54 Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao tratamento da HAS

A equipe multiprofissional com seus vaacuterios enfoques consegue explicar ao paciente

natildeo apenas sobre a doenccedila mas sobre seu papel no tratamento Esse entrosamento eacute

capaz de fazer o paciente analisar a situaccedilatildeo organizar sua proacutepria estrateacutegia (alteraccedilatildeo na

sua dieta iniacutecio de atividade fiacutesica organizaccedilatildeo dos medicamentos) Ainda haveraacute a

necessidade de programar essa mudanccedila como rotina Essa estrateacutegia entatildeo demanda

reforccedilo contiacutenuo que deve ser introjectado nas formas de atuaccedilatildeo das equipes (Giorgi

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 29: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

29

2006) Os dados evidenciam a importacircncia da equipe multidisciplinar em uma atuaccedilatildeo

individualizada abrangente e contiacutenua no tratamento de pacientes com hipertensatildeo

(STURMER et al2006)

A reuniatildeo perioacutedica eacute uma intervenccedilatildeo coletiva onde se busca a troca de

conhecimento entre pessoas que vivenciam situaccedilotildees semelhantes tendo como

mediadores os profissionais da sauacutede Nesse espaccedilo temaacuteticas como alimentaccedilatildeo uso de

medicamentos cuidados com higiene bucal entre outros assuntos seratildeo abordados Para

tanto adota-se linguagem simples contando com recursos de baixo custo como aacutelbuns

seriados flip chart entre outros preparados pelos profissionais de sauacutede

Ainda eacute possiacutevel por meio das anotaccedilotildees da enfermagem nesse cartatildeo conhecer o

peso corporal (a partir do iacutendice de massa corporal) e da distribuiccedilatildeo de gordura (avaliada

pela circunferecircncia da cintura) e verificar os resultados de exames realizados recentemente

Esses dados em conjunto permitem abordar de maneira objetiva a parte cliacutenica paciente

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 30: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

30

6 UMA PROPOSTA DE REORGANIZACcedilAtildeO

A ESF Rio Negro conseguiu identificar algumas estrateacutegias para aumentar a adesatildeo

ao tratamento medicamentoso aos hipertensos

Conscientizaccedilatildeo do paciente e seus familiares da existecircncia do problema relacionado

hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Facilitaccedilatildeo no acesso aos medicamentos

Explicaccedilatildeo dos efeitos colaterais dos medicamentos (hipotensatildeo tosse

broncoespasmo) reconhecimento de mitos ou medos dos pacientes e seus familiares

sobre os efeitos eacute essencial para a adesatildeo

Monitoramento do tratamento atraveacutes de visitas domiciliaacuterias

Busca de faltosos

Treinamentos dos profissionais para atenccedilatildeo mais individual ao paciente

Implantar um cartatildeo de acompanhamento do tratamento no qual o paciente poderaacute

acompanhar sua condiccedilatildeo de sauacutede

61 Elaboraccedilatildeo do Plano de Intervenccedilatildeo

Apoacutes a identificaccedilatildeo das estrateacutegias foram selecionadas trecircs estrateacutegias para

elaboraccedilatildeo do plano de intervenccedilatildeo uma vez que todos dificilmente seratildeo resolvidos ao

mesmo tempo Os chamados noacutes criacuteticos (tipo de causa de um problema que quando

ldquoatacadardquo eacute capaz de impactar o problema principal e efetivamente transformaacute-lo) eacute uma

ideia de algo que possamos intervir dentro das nossas possibilidades (CAMPOS FARIA e

SANTOS 2008)

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 31: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

31

As situaccedilotildees na qual a ESF Rio Negro tem possibilidades mais concretas sobre o

tema escolhido foram

Baixo niacutevel de informaccedilatildeo a respeito da hipertensatildeo arterial

Detalhamento do regime terapecircutico (detalhar comprimidos horaacuterios embalagens)

Implantaccedilatildeo um cartatildeo de acompanhamento

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 32: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

32

62 Elaboraccedilatildeo do plano operativo atraveacutes das dificuldades de adesatildeo ao tratamento de Hipertensatildeo Arterial na Estrateacutegia de Sauacutede da

Famiacutelia ndash Rio Negro- Andradas-MG

OperaccedilatildeoProjeto Resultados Esperados Produtos Esperados Operaccedilotildees Estrateacutegicas Responsaacutevel Prazo

Multiplicando o conhecimento

Populaccedilatildeo melhor informada sobre hipertensatildeo arterial

Levar conhecimento para a populaccedilatildeo

(tratamento medicamentoso e natildeo medicamentos

Avaliar os niacuteveis de informaccedilatildeo sobre a hipertensatildeo arterial e adesatildeo ao tratamento adesatildeo anti-hipertensivo

Apresentaccedilotildees na sala de espera

Folhetos Explicativos

Campanha Municipal

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Cinco meses para o inicio das atividades

Dose Certa

Medicamentos na dose e horaacuterio corretos

Medicamentos usados de maneira e quantidade correta pelos pacientes

Evitar o uso incorreto das medicaccedilotildees mantendo os niacuteveis pressoacutericos satisfatoacuterios

Confecccedilatildeo de cartelas eou caixinhas de medicamentos para pacientes com dificuldades

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Um mecircs para iniacutecio das atividades

Cartatildeo de Medicamentos

Controle mensal de distribuiccedilatildeo de medicamentos

Paciente passaraacute na unidade mensalmente aferindo a pressatildeo arterial e retirando as medicaccedilotildees

Avaliar os niacuteveis pressoacutericos peso IMC dos pacientes e realizar atividade educativa individual

Distribuiccedilatildeo do Cartatildeo de Medicamentos a todos pacientes cadastrados no sistema HIPERDIA

Equipe de Sauacutede da Famiacutelia

Secretaria Municipal de Sauacutede

Trecircs meses para iniacutecio das atividades

IMC iacutendice de massa corporal

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 33: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

33

Cartatildeo Acompanhamento

34

8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 34: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

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8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

A adesatildeo ao tratamento eacute um problema seacuterio diante de tudo o que foi analisado

pode-se concluir que o nuacutemero de pacientes que aderem ao tratamento anti-hipertensivo

ainda eacute muito pequeno e que a melhor forma de tentar conscientizar os pacientes para que

possam aderir a esse tratamento eacute atraveacutes de orientaccedilotildees e informaccedilotildees sobre hipertensatildeo

arterial mudanccedilas de haacutebitos e estilos de vida e a inclusatildeo da famiacutelia na totalidade do

tratamento e acompanhamento dos hipertensos

A ausecircncia de iniciativas que busquem a promoccedilatildeo de sauacutede eacute um dos fatores que

mais acarreta despesas com internaccedilotildees uma vez que as pessoas natildeo satildeo estimuladas ao

autocuidado

Ressalta-se ainda a abertura de espaccedilo para que outros acadecircmicos decircem

continuidade a esta intervenccedilatildeo o que eacute vaacutelido uma vez que novos resultados certamente

surgiratildeo com um trabalho persistente no que diz respeito agraves doenccedilas abordadas

Essas conclusotildees apontam para a necessidade de melhor integraccedilatildeo multidisciplinar

melhora na organizaccedilatildeo das funccedilotildees e atividades dos profissionais do PSF com o programa

tradicional e a promoccedilatildeo de atividades com os hipertensos para promover uma melhor

adesatildeo ao tratamento melhorando o controle da hipertensatildeo prevenindo complicaccedilotildees que

comprometem a sauacutede dos hipertensos

Para maior eficaacutecia deve-se unir profissionais de sauacutede e participaccedilatildeo da

comunidade Desta forma a intervenccedilatildeo possibilitaraacute desenvolvimento transformaccedilatildeo e

tomada de consciecircncia tanto sob forma individual quanto em grupos

35

REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 35: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

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REFEREcircNCIAS

ANDRADE JP VILAS-BOAS F CHAGAS H ANDRADE M Aspectos

epidemioloacutegicos da aderecircncia ao tratamento da hipertensatildeo arterial sistecircmica

Arquivo Brasileiro Cardiologia v 79 p 375-379 2002

ATHANIEL Marli Aparecida Silva SAITO Raquel Xavier de Souza Sauacutede do Adulto

- Doenccedilas e Agravos natildeo Transmissiacuteveis Hipertensatildeo Arterial e Diabetes Mellitus

1ordf ed Satildeo Paulo Martinari 2008 v 1 p 9-423

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave Sauacutede Departamento de

Programas de Sauacutede Coordenaccedilatildeo de Doenccedilas Cardio-vasculares Controle da

hipertensatildeo arterial uma proposta de integraccedilatildeo ensino-serviccedilo Rio de

Janeiro CDCVNUTES 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Aacuterea Teacutecnica de

Diabetes e Hipertensatildeo Arterial ndash Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001

BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Departamento de

Anaacutelise de Situaccedilatildeo e Sauacutede Produccedilatildeo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo Secretaria de

Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo BaacutesicaBrasiacutelia 2006

CASTRO Vanda Dias CAR Maacutercia Regina O cotidiano da vida de hipertensos

mudanccedilas restriccedilotildees e reaccedilotildees Rev Esc Enf USP v34 n2 p145ndash153 2000

CONSENSO BRASILEIRO DE HIPERTENSAtildeO ARTERIAL 2 Rio de Janeiro 1994

J BrasNefrol v16 n 2 pS 257-S78 1994 Suplemento 2

GIORGIDante Marcelo Artigas SILVA HB Estrateacutegias para melhorar a adesatildeo ao

tratamento anti-hipertensivo Rev Bras Hipertensatildeo vol13(1) 47-50 2006

36

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003

Page 36: ELABORAÇÃO DO PLANO DE INTERVENÇÃO PARA PACIENTES HIPERTENSOS

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Censo Demograacutefico de 2010

Referecircncia obtida na Internet Disponiacutevel em httpwwwibgegovbrcidadesatdefault2php

Acesso em Dezembro 2011

JARDIM PC SOUZA ALL MONEGO ET Atendimento multiprofissional ao paciente

hipertenso Medicina v29 p232ndash238 1996

MINAS GERAIS Secretaria de Estado de Sauacutede Atenccedilatildeo a sauacutede do adulto Hipertensatildeo e

Diabetes Belo Horizonte SASMG 2006

PASSOS Valeacuteria Maria Azeredo ASSIS Thiago Duarte BARRETO Sandhi Maria

Hipertensatildeo arterial no Brasil estimativa de prevalecircncia a partir de estudos de base

populacional Epidemiologia e Serviccedilos de Sauacutede vol15 n1 2006

PEDROSA Rodrigo Pinto DRAGER Luciano Ferreira Hipertensatildeo arterial sistecircmica RBM

rev bras med 2008

ROCHA FM Arquivos Brasileiros de Cardiologia Vol 95supl1Satildeo Paulo 2010

STURMER G et al O manejo natildeo medicamentoso da hipertensatildeo arterial sistecircmica no Sul

do Brasil Cad Sauacutede Puacuteblica v22 n8 p1727-1737 2006

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIASOCIEDADE BRASILEIRA DE

HIPERTENSAtildeOSOCIEDADE BRASILEIRA DE NEFROLOGIA VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensatildeo Arq Bras Cardiol 2010

SOUSA M F A coragem do PSF Satildeo Paulo Hucitec 2003