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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM. Por: Ana Carolina de Araujo Cardoso Almeida. Orientador: Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 1º / 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA

NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM.

Por: Ana Carolina de Araujo Cardoso Almeida.

Orientador: Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

1º / 2011

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA

NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para

conclusão do curso de Pós Graduação “Lato

Sensu” em Neurociência Pedagógica.

Por Ana Carolina de Araujo Cardoso Almeida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre está presente em minha vida e principalmente pela

serenidade e paciência com que tem me guiado para reger minha vida.

Ao meu marido por toda sua dedicação e empenho que me motivou a chegar

até aqui.

Aos meus familiares, preferencialmente a minha mãe e ao meu irmão, pelo

carinho e compreensão, enfim, a todos esses, pelo apoio que me deram

quando em algumas horas não lhes dei a atenção que mereciam.

A todos os professores do curso, colegas de turma e do meu trabalho que

foram muito importantes e que contribuíram de forma ímpar para tornar esse

curso cada vez mais interessante.

Especialmente, ao meu filho, que neste período de finalização do curso

descobri estar gerando e que a partir daí tornou minha vida diferente e que faz

valer a pena cada minuto.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para realização deste

trabalho.

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DEDICATÓRIA

A todas as crianças e adolescentes que sofrem com alguma dificuldade de

aprendizagem, transtornos e/ou síndromes, com baixa auto-estima, falta de

atenção e afeto.

A todas as pessoas que assim como eu, vêem na Neurociência Pedagógica a

oportunidade de contribuir para um desenvolvimento saudável e sem traumas.

Especialmente, a todos os professores e colegas do curso que realmente

acreditam na Neurociência como um dos caminhos para um desenvolvimento

sadio, onde é possível entender como funciona um dos mais brilhantes órgãos

do nosso corpo, o cérebro.

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RESUMO

O trabalho a seguir tem por finalidade esclarecer e auxiliar a prática

pedagógica tendo por base o estudo da Neurociência e suas contribuições

dentro do contexto educacional.

O presente trabalho pretende colocar em prática na escola o que está

sendo estudado a respeito do cérebro pela ciência. A Neurociência traz

elementos para a sala de aula que ajudam no desenvolvimento e educação dos

alunos.

Partindo de artigos lidos e selecionados de diversos autores tenciona-se

estabelecer um paralelo e por essa razão falar em Neuropedagogia, é unir a

pedagogia que é a ciência, cujo objetivo é a reflexão ,e, a neurociência que em

termos gerais, é o estudo de como o cérebro aprende. O objetivo da

Neuropedagogia é falar do complexo processo pelo qual o cérebro reage aos

estímulos do ambiente e ativa as sinapses, os processos neurais.

Sendo assim, a neurociência é uma grande aliada do professor que o

ajuda a identificar o indivíduo como um ser único, pensante e que aprende a

sua maneira.

Ao analisar o processo de aprendizagem, deve-se perceber um múltiplo

enfoque, explanando propriedades psicológicas,neurológicas e sociais do

indivíduo, já que a construção da aprendizagem considera aspectos biológicos,

cognitivos, emocionais e do meio que constroem o ser e embaseia a sua

evolução. A Neuropedagogia desvenda os mistérios que envolvem o cérebro

na hora da aprendizagem, como se processam: a linguagem, a memória, o

esquecimento, o humor, o sono, a atenção e o medo; como é incorporado o

conhecimento e os processos de desenvolvimento que estão envolvidos na

aprendizagem acadêmica.

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METODOLOGIA

Este trabalho tem como procedimento a pesquisa bibliográfica que será

realizada em livros, revistas acadêmicas e sites e artigos específicos.

O trabalho tem todo o referencial teórico fundamentado em fontes

bibliográficas relevantes, com objetivo de apresentar uma monografia

esclarecedora, objetiva e bem estruturada.

A metodologia utilizada caracteriza-se como uma abordagem

exploratória do tema, alicerçada em pesquisa bibliográfica em autores

pertinentes,dentre os quais foram citados: Marta Pires Relvas, Roberto Lent,

Arthur C. Gayton e o cérebro letrado do grande Michael S. Gazzaniga.

Também houve pesquisa em revistas como: mente e cérebro; American

Scientific; além de sites e artigos lidos e relacionando-os também a experiência

profissional que busca transparecer a realidade que motiva o presente estudo.

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SUMÁRIO

Introdução ----------------------------------------------------08

Capítulo I -----------------------------------------------------12

Histórico da Neurociência Cognitiva

Capítulo II-----------------------------------------------------21

Estrutura e Funcionamento do Sistema Nervoso

Central

Capítulo III-----------------------------------------------------29

Relações Intrapessoais: professor-aluno-escola

Capítulo IV---------------------------------------------------36

A plasticidade cerebral e a aprendizagem

Conclusão ----------------------------------------------------43

Referências Bibliográficas -------------------------------45

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo tem como principal objetivo descrever de que

forma a Neuropedagogia pode contribuir com a Orientação Educacional, ou

seja, a prática pedagógica.

A educação é o feixe central da interdisciplinaridade que engloba

aspectos antropológicos, filosóficos, biológicos e psicológicos da espécie

humana. Transpondo essa colocação para o foco desta pesquisa, pode-se

dizer que o cérebro desempenha o papel deste feixe na formação do intelecto

humano, através de conexões neurais que são a polarização dos opostos em

busca de caminhos para o aprendizado.

A questão central desta pesquisa é auxiliar a orientação educacional na

busca pela melhor maneira de consolidar a aprendizagem, principalmente

quando as funções motivacionais estão defasadas e o comportamento

emocional deficiente.

Por entender a importância do cérebro no processo de aprendizagem,

consideram-se, aqui, as contribuições da Neurociência para a formação de

professores, com o objetivo de oferecer aos educadores um aprofundamento a

esse respeito, para que se obtenham melhores resultados no processo de

ensino-aprendizagem.

A neurociência é e será um poderoso auxiliar na compreensão do que é

comum a todos os cérebros, pode-se através do conhecimento das

descobertas da Neurociência, utilizá-la na nossa prática educativa. A

imaginação, os sentidos, o humor, a emoção, o medo, o sono, a memória são

alguns dos temas abordados e relacionados com o aprendizado e a motivação.

A aproximação entre as neurociências e a pedagogia é uma contribuição

valiosa para o professor e sua prática.

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O tema sugerido é de fundamental relevância pois alguns professores

encontram muitas dificuldades para lidar com a diversidade na sala de aula,é

muito comum trabalhar as mesmas tarefas com todos os alunos, na maioria

das vezes sentados em fileiras. As crianças são o resultado de suas

experiências. Para compreender seu desenvolvimento é preciso considerar o

espaço em que elas vivem, a maneira como constroem significados, as práticas

culturais e etc.

Para destacar essas diferenças extremamente importantes para a

neuropedagogia, a psicóloga Elvira Souza Lima diz que: “Sabe-se hoje que

cada ser humano tem um conjunto de células do sistema nervoso tão particular

quanto a impressão digital.”

A equipe pedagógica e principalmente o professor ( mediador) que atua

diretamente com a turma deverá ter o cuidado para não rotular seus

aprendentes, afinal quantos tipos ou estilos de aprendizagem há em uma sala

de aula? Alguns estudantes são mais introvertidos e se dão bem fazendo

trabalhos manuais. Outros são mais elétricos e precisam de agitação. Não há

certo ou errado, melhor ou pior. É tudo uma questão de respeitar as diferenças.

Para entender melhor como isso se processa faz-se necessário compreender a

estrutura e o funcionamento do SNC e as mais eficazes formas de estimular o

aprendente.

A neurociência investiga o processo de como o cérebro aprende e

lembra, desde o nível molecular e celular até as áreas corticais. A formação de

padrões de atividade neural considera-se que correspondam a determinados

“estados e representações mentais”.

Partindo desse pressuposto, ao professor cabe oferecer, através de sua

prática, um ambiente que respeite as diferenças individuais permitindo que os

aprendizes se sintam estimulados do ponto de vista intelectual e emocional.

Daí a necessidade do educador, consciente de seu papel de interventor

responsável pela mediação da informação, buscar estruturar o ensino de modo

que os alunos possam construir adequadamente os conhecimentos a partir de

suas habilidades mentais. E para isso, é imprescindível que conheçam os

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significativos estudos da neurociência, uma vez que esses, sem dúvida,

influenciam na compreensão dos processos de ensino e de aprendizagem.

No cérebro humano existem aproximadamente cem bilhões de

neurônios e, cada um destes pode se conectar a milhares de outros, fazendo

com que os sinais de informações fluam maciçamente em várias direções

simultaneamente, as chamadas conexões neurais ou sinapses. (

BEAR,CONNORS, PARADISO,2002, P.704)

Outro objetivo dessa pesquisa é definir o papel do professor como

mediador na construção do conhecimento e nas relações intrapessoais. Se os

estados mentais são provenientes de padrões de atividade neural, então a

aprendizagem é alcançada através da estimulação das conexões neurais,

podendo ser fortalecida ou não, dependendo da qualidade da intervenção

pedagógica.

A pesquisa e o interesse em neurociências têm crescido em resposta à

necessidade de, não somente entender os processos neuropsicobiológicos

normais, mas também para respaldar a ciência da educação.

A problemática que fundamenta esse estudo será a de apontar as

contribuições da Neuropedagogia para uma prática pedagógica mais

eficiente,abordando de que modo a relação mente,corpo e os vínculos afetivos

facilitam o acesso a aprendizagem. Será papel do orientador educacional

buscar estratégias para transformar a sala de aula num lugar prazeroso de

desenvolvimento das habilidades humanas. O estudo dos processos de

aprendizagem e de todos os fatores que os influenciam, constitui um dos

maiores desafios para a educação, pois ao entendê-lo e explicitá-lo, ocorre o

desenvolvimento do sujeito dentro do contexto sócio-histórico, e é através dele

que se forja a personalidade e a racionalidade humana para que o indivíduo

esteja apto a exercer sua função social.

A Neurociência traz para a sala de aula o conhecimento sobre a

memória, o esquecimento, o tempo, o sono, a atenção, o medo, o humor, a

afetividade, o movimento, os sentidos, a linguagem, as interpretações das

imagens que fazemos mentalmente, o "como" o conhecimento é incorporado

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em representações dispositivas, as imagens que formam o pensamento, o

próprio desenvolvimento infantil e diferenças básicas nos processos cerebrais

da infância, e tudo isto se torna subsídio interessante e imprescindível para a

compreensão e a ação pedagógica. Os neurônios espelho, que possibilitam a

espécie humana progressos na comunicação, compreensão e no aprendizado.

A plasticidade cerebral, ou seja, o conhecimento de que o cérebro

continua a desenvolver-se, a aprender e a mudar, até à senilidade ou à morte

também altera nossa visão de aprendizagem e educação. Ela nos faz rever o

fracasso e as dificuldades de aprendizagem, pois existem inúmeras

possibilidades de aprendizagem para o ser humano.

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CAPÍTULO I – HISTÓRICO DA NEUROCIÊNCIA

COGNITIVA

A neurociência é um termo que reúne as disciplinas biológicas que

estudam o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a

fisiologia do cérebro inter-relacionando-as com a teoria da informação,

semiótica e linguística, e demais disciplinas que explicam o comportamento, o

processo de aprendizagem e cognição humana bem como os mecanismos de

regulação orgânica e por ser uma área da ciência é preciso sempre preocupar-

se em estar se atualizando. RELVAS diz que,

(...) o universo biológico interno com centena de milhões de

pequenas células nervosas que formam o cérebro e o sistema

nervoso comunicam-se umas com as outras através de pulsos

eletroquímicos para produzir atividades muito especiais:

nossos pensamentos, sentimentos, dor, emoções, sonhos,

movimentos e muitas outras funções mentais e físicas, sem

as quais não seria possível expressarmos toda a nossa

riqueza interna e nem perceber o mundo externo, como o

som, cheiro,sabor. ( 2009, pág.21)

O campo científico da neurociência cognitiva recebeu este nome no final

da década de 70, no banco traseiro de um táxi em Nova York, onde o grande

fisiologista cognitivo George A. Miller estava com Michael S. Gazzaniga a

caminho de um jantar. Neste jantar estavam reunidos cientistas que se

esforçavam para estudar como o cérebro dava origem à mente. Desta corrida

de táxi surgiu o nome Neurociência Cognitiva, que foi aceito por toda

comunidade científica.

Para esclarecer o significado deste termo é preciso voltar atrás e olhar

não somente para a história do pensamento humano, mas também para as

disciplinas científicas.

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Desde a antiguidade, a curiosidade e as observações, contribuíram para

que o ser humano relacionasse a mente com a cabeça ( cérebro). Dando

origem a varias teorias e descobertas científicas que permeiam, transformam

vidas, sociedade e consequentemente a humanidade.

Na história antiga, a teoria ventricular ( iniciada no século 4º d.C.)

aborda que os processos mentais, ou as faculdades da mente estavam

localizadas em câmaras ventriculares no cérebro. Entre os gregos,

predominava também a teoria de que os ventrículos cerebrais eram órgãos

sede dos humores (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra, procedentes,

respectivamente, do coração, sistema respiratório, fígado e baço) e nos quais

estava localizada também a capacidade intelectual do homem.

Segundo Hipócrates, as doenças surgiriam pelo desequilíbrio entre o

sangue, a fleuma, a bílis e a atrabile. Esta é a famosa teoria dos quatro

humores corporais, que dependendo das quantidades presentes no corpo,

levariam a estados de equilíbrio ou de doença e dor. Esta teoria veio a

influenciar posteriormente Galeno, que desenvolveu a teoria dos humores, que

dominou o conhecimento até ao século 18.

Para Hipócrates, a mente estava no cérebro. Já o Aristóteles

considerou que a alma não era substancialmente diferente do corpo, embora

as suas funções: a alimentação, a sensação, a motricidade e a intelecção,

fossem similares. Defendeu a hipótese que a mente tinha sede no coração e o

cérebro resfriava o sangue, tipo um sistema hidráulico, os nervos ocos que

circulavam o espírito animal.

Galeno, médico grego completou a doutrina de Hipócrates, foi o primeiro

que fez correlação entre forma e função, ao distinguir quatro temperamentos e

ao defender que os espíritos se formavam em órgãos diferentes: os espíritos

naturais, no fígado, os espíritos vitais, no coração e os espíritos animais, no

cérebro. Suas experiências contribuíram para aumentar os seus

conhecimentos sobre a anatomia do cérebro e para a criação da hipótese

cefalocêntrica. Ele teorizava que se retirassem as ramificações de suporte dos

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ventrículos, ficava o esférico e que o poder da sensação, do movimento fluía

no cérebro e ainda o que é racional na alma tem ali a sua existência. A sua

teoria de localização do espírito no fluído dos ventrículos perdurou por vários

séculos.

Entre os séculos XV a XVII houveram grandes alterações na Europa;

entre as quais podemos salientar: a descoberta de novas terras e de novas

vias de comunicação, a nova concepção da Terra, da sua cartografia e da

física. Este clima de mudança e inovação estendeu-se à investigação da

anatomia. Assim, no século XVI, Andreas Vesalius que realizou várias

dissecações, sobretudo em crânios de criminosos executados, refuta a ideia de

Galeno, relatando que os asnos tinham ventrículos e não tinham capacidades

intelectuais e que a sede funcional deve ser mais cerebral.

A visão de Aristóteles adotado por todo o Ocidente permaneceu por

quase duzentos anos e somente foi refutada com Descartes, já na era moderna

(1649), Descartes localizou a mente no cérebro e ligou-a ao corpo. Ele via a

mente e o corpo como coisas separadas, mas interligadas. Para ele, corpo e

cérebro eram materiais e a mente tinha sede no centro do cérebro na glândula

pineal – não material ( responsável pelo comportamento).

A busca por estudos mais evidentes sobre o cérebro contribuiu para que

Galvani ( 1737 – 1798) em seus experimentos em pernas de rãs e sapos

descobriu que os músculos geravam eletricidade por si próprio,

correlacionando funções do cérebro com determinadas áreas cerebrais. Suas

observações destacam que contração muscular e o movimento só acontecem

se houver estímulos elétricos, nascendo um novo paradigma a eletricidade –

bioeletricidade, que passa a substituir à mecânica. Bases para o estudo

biológico da neurofisiologia e neurologia

O Franz Joseph Gall (1758 – 1822) (médico e neuroanatomista) relatou

que o cérebro era uma máquina sofisticada, que produz comportamento,

pensamento e emoções e o córtex cerebral são conjuntos de órgãos com

diferentes funções: 1ª função - Que o comportamento emanava do cérebro; 2ª

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- Determinadas regiões do córtex tinham funções especificas e divisões; 3ª -

Que o centro de cada função crescia com uso (sem comprovação). Ele também

foi o 1º ilustrador das circunvoluções corticais. Sua teoria contribui para o

nascimento do estudo sobre localizacionismo cerebral, que foi chamado pelo

discípulo de Gall, Johann Spurzheim de Crânioscopia, sendo nomeado (1815)

por Thomas Foster de Frenologia ( termo grego mente). Originando a teoria

frenológica, doutrina da localização cerebral, que destaca as diferentes partes

do sistema nervoso e têm diferentes funções, surgindo assim à neurociência

experimental, através de Luigi.

Após a descoberta da eletricidade animal, vários pesquisadores como

Jackson Hughlings - estuda a epilepsia motora; Friedisch Gortz - experimento

com cachorro, separa as funções de manutenção da vida das funções

superiores; David Ferrier - estimula precisamente o Córtex do macaco.

Em 1902, Fedor Krauze, publica aos experimentos e a citoarquitetura do

córtex com 47 áreas. Na década de 40/50 chegando diretamente em ser

humano por Wilder Penfield a neurocirurgia com estimulação elétrica.

A teoria da bioeletricidade, os experimentos e o localizacionismo

cerebral contribuíram para as tessituras e as ramificações de outros estudos

que favoreceram o surgimento das neurociências: Fisiologia, neurofisiologia,

neuroanatomia, neuropsicologia, as neurociências cognitivas, neurociências

computacionais, etc. As neurociências responsabilizam-se pelo estudo do

sistema nervoso, das suas composições moleculares e bioquímicos e das

diferentes manifestações deste sistema, tendo realizado consideráveis

progressos nas últimas décadas.

No final do século XIX, o conceito de localização cerebral foi firmemente

estabelecido nas neurociências.

Na sequência deste estudo Sherrington e Cushing: Mapeamentos

corticais de gorilas e macacos.

Victor Horsley: Cria o método de estereotáxico em animais e humanos.

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Fedor Krauze (1902): Publica 142 casos em humanos e também a

citoarquitetura do córtex, com 47 áreas.

Wilder Penfield ( 40/50): Neurocirurgia com estimulação elétrica em humanos.O

século XIX produziu dois importantíssimos fisiologistas:

Mengedie- pioneiro da fisiologia experimental.

Johannes Mulle – Alemão que fundou uma escola que desse base

experimental à medicina do seu país.

Era de fundamental saber a importância do encéfalo humano, capaz de

maravilhosas façanhas e J. Hughlings concluiu que muitas regiões do encéfalo

contribui para dado comportamento, foi nessa época, na França que surge

talvez o caso mais famoso da neurologia relatado por Paul Broca, ele tratou

um paciente com acidente vascular cerebral, ele entendia a linguagem, mas

não conseguia falar, entretanto, murmurava.

A exata parte do cérebro que estava lesionada no paciente de Broca era

o lobo frontal esquerdo, que posteriormente denominou-se área de Broca.

Havia aqui um aspecto exclusivo da linguagem prejudicado por uma lesão

específica, tema escolhido pelo neurologista Carl Wernicke que relatou um

caso de um paciente também com acidente vascular cerebral que podia falar

quase normalmente, diferente do paciente de Broca, porém o que falava não

fazia sentido, era uma lesão na parte mais posterior do hemisfério esquerdo

onde se encontram os lobos parietal e temporal.

Contudo, há pouco mais de cem anos, as descobertas de Broca e

Wernicke fizeram a “ terra tremer.”Naquela época os médicos eram limitados

em suas habilidades para identificar as lesões dos pacientes, em alguns casos

isso só era possível após a morte do paciente.

Atualmente, o local da lesão pode ser identificado em poucos minutos

com o auxílio de imagens que mapeiam e fotografam o encéfalo vivo.

Logo após a descoberta de Broca , os fisiologistas Gustavo Fritsch e Eduard

Histzig – fizeram a estimulação elétrica do córtex de cães acordados;

Sherrington e Cushing - mapeiam áreas corticais de gorila; Horley -

estereotáxico, método minimamente invasivo de cirurgia cerebral, usado para

alcançar as áreas mais inacessíveis dentro do cérebro, inicial em animais e

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posteriormente em humanos. De maneira mais ampla, esse investigadores

descobriram que várias áreas cerebrais descritas pela citoarquitetura realmente

representavam regiões cerebrais funcionalmente diferentes.

No entanto, a grande revolução sobre o sistema nervoso estava

ocorrendo mais ao Sul da Europa, Itália e na Espanha entre o italiano Camillo

Golgi que desenvolveu uma coloração que impregnava os neurônios com

prata, o que permitia a visualização completa de um único neurônio e o

espanhol Santiago Ramón y Cajal, que utilizando o método Golgi, descobriu

que ao contrário da visão de Golgi, os neurônios eram entidades únicas. Cajal

foi o primeiro a identificar não somente a natureza única do neurônio, mas

também a transmissão de informação elétrica em uma única direção, dos

dendritos para a extremidades do axônio.

Além do tcheco J. E. Purkinje que descreveu a primeira célula nervosa e

uma série de outras descobertas, até Sigmund Freud entrou na história do

neurônio, ele estudou anatomia microscópica e defendeu a idéia de que o

neurônio era uma unidade fisiológica distinta e separada.

Muitos cientistas se interessaram em contribuir para os primeiros estudos sobre

o sistema nervoso, o tempo foi passando e muito sendo esclarecido o

neuroanatomista Cajal foi consagrado o “pai da neurociência moderna” e por

ironia muitas de suas descobertas partiram da utilização do corante descoberto

por Golgi que continuava a ver o neurônio com uma só unidade e Cajal via o

neurônio como uma unidade independente, como posteriormente foi

comprovada.

No Brasil, o Imperador Pedro II, amante das artes e das ciências se

correspondeu com o eminente fisiologista alemão Du Bois Reymond, acerca da

fundação de um instituto de “physiologia” na cidade do Rio de Janeiro, mas que

jamais teve efetividade prática. A história da neurociência no Brasil se confunde

com a própria história da fisiologia brasileira.

O estudo experimental e sistemático da Fisiologia começou, sem dúvida,

com irmãos Álvaro e Miguel Ozório de Almeida, no Rio de Janeiro, os quais

também iniciaram (principalmente Miguel Ozório) as pesquisas em

neurofisiologia.

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Álvaro Ozório criou uma escola nesse campo, que culminou com seu

discípulo Paulo Enéas Galvão, que foi para o Instituto Biológico de São Paulo e

tornou-se o segundo professor de Fisiologia da recém-criada Escola Paulista

de Medicina, substituindo outro discípulo carioca, Thales Martins que, em

parceria com Ribeiro do Valle, ajudou fundar a neuroendocrinologia brasileira.

Miguel Ozório de Almeida, entretanto, pesquisou a vida toda fisiologia e

fisiopatologia do sistema nervoso, Disseminando apaixonados pelas

descobertas cientificas.

Aristides Azevedo Pacheco Leão tornou-se o mais célebre

neurofisiologista, juntamente com Carlos Chagas Filho no recém-criado

Instituto de Biofísica e agregou numerosos discípulos, dentre os quais se

salientou Hiss Martins Ferreira, que continua pesquisando a depressão

alastrante.

No final da década de 1950 dois eminentes fisiologistas saíram das

fileiras da Faculdade Nacional de Medicina e se juntaram a Carlos Chagas

Filho: Eduardo Oswaldo Cruz Filho e Carlos Eduardo Guinle da Rocha Miranda

No Departamento de Neurofisiologia, as primeiras experiências em Sistema

Nervoso Central com registro da atividade elétrica no córtex cerebral de

mamíferos anestesiados foram de Alberto-Fessard e os estudantes de

medicina Eduardo Oswaldo-Cruz e Carlos Eduardo Miranda.

Outro grande pioneiro da neurofisiologia no Brasil foi, sem dúvida,

Miguel Rolando Covian, seu principal herdeiro é José Antunes-Rodrigues, atual

presidente da Sociedade Brasileira de Fisiologia e um dos grandes nomes da

neuroendocrinologia moderna.

O Brasil foi agraciado com vários pesquisadores que lutaram para

postular o conhecimento científico em solo brasileiro, permitindo a sociedade

atual o contato com a: Neurofisiologia, Neurobiologia, Fisiologia, Biofísica

dentre outras.

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Estudos do Desenvolvimento Histórico da Neurociência do Século XX e

XXI, o último século veio revolucionar o modo como hoje é possível enterder as

funções (e disfunções) do sistema nervoso. Os progressos observados nas

áreas da neuroimagem e da neurofisiologia vieram dar um novo fôlego aos

projetos ancestrais de correlacionar localização e função, resultando em

grandes avanços na identificação e diagnóstico da grande parte dos distúrbios .

O aparecimento de opções terapêuticas cada vez mais eficazes para

muitas das afecções neurológicas previamente julgadas intratáveis tem

progressivamente desacreditado preconceitos, colocando a Neurologia niilista

no encalce da terapêutica. Como legado da Década do Cérebro, é hoje seguro

antecipar que a genética e a biologia molecular serão o motor dos mais

importantes progressos futuros das neurociências, reformulando a nossa forma

de encarar e pensar a mente humana. Se o século XX foi o berço da

Neurologia moderna, o século XXI será a sua escola, tornando-se claro que

deve-se esperar o inesperado da Neurologia do século XXI.

Olhar o passado: o século XX e a Década do Cérebro. O século XX

revolucionou, em definitivo, o conhecimento das funções (e disfunções) do

nosso sistema nervoso. Os progressos observados nas áreas da neuroimagem

e da neurofisiologia permitiram, então, melhor correlacionar localização e

função, resultando na identificação e diagnóstico da grande parte dos distúrbios

que agora sabemos reconhecer.

O sonho que norteia os pesquisadores em desvendar a máquina

humana, os códigos, os sinais e os circuitos pelos quais trafega a informação

vital dos seres humanos, permitiu à humanidade evoluir e tomar consciência a

cerca da concepção da natureza e da sua relação com o corpo, sua evolução

biológica, adaptativa para a manutenção e sobrevivência da espécie. Forneceu

melhoria na qualidade de vida da sociedade atual, avanços na medicina que

disponibilizam tratamentos efetivos não somente para as doenças

degenerativas, mais os quadros Psiquiátricos, psicossomáticos. Ressaltando

também o desenvolvimento das tecnologias que auxiliam para a visualização

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das imagens do funcionamento cerebral e mapeamento direto da atividade

neuronal em suas especificidades. Toda pesquisa pode levar a infindáveis

benefícios para a humanidade, bem como podem levar à sua decadência, se

mal empregadas.

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Capítulo II

Estrutura e Funcionamento do Sistema Nervoso

Central

Observando a estrutura do sistema nervoso, é possível perceber que eles

têm partes situadas dentro do cérebro e da coluna vertebral e outras

distribuídas por todo corpo. As primeiras recebem o nome coletivo de sistema

nervoso central (SNC), e as últimas de sistema nervoso periférico (SNP). É no

sistema nervoso central que está a grande maioria das células nervosas, seus

prolongamentos e os contatos que fazem entre si. No sistema nervoso

periférico estão relativamente poucas células, mas um grande número de

prolongamentos chamados fibras nervosas, agrupados em filetes alongados

chamados nervos.

O sistema nervoso central tem origem embrionária na placa neural, que

por sua vez é uma parte especializada da ectoderme. Durante o

desenvolvimento embrionário (embriologia do sistema nervoso), a placa neural

se dobra e forma o tubo neural. Cada região desse tubo dá origem a diferentes

partes do sistema nervoso central. Os primeiros dois terços do tubo, até o

quarto par de somitos, formarão posteriormente o encéfalo, enquanto o ultimo

terço irá formar a medula espinal. A cavidade interna desse tubo dá origem ao

sistema ventricular encefálico e ao canal central da medula espinhal.

Deste modo, o tubo neural diferencia-se numa parte mais caudal ou inferior,

que dará origem à medula espinhal, e numa parte mais cranial ou superior.

Esta parte mais superior sofre contorções e alargamentos, formando uma

vesícula primitiva. É a partir desta vesícula primitiva que se diferenciam as três

vesículas cerebrais:

• Prosencéfalo - anteriormente; dá origem ao Telencéfalo (que, por sua

vez, está na origem dos hemisférios cerebrais) e ao Diencéfalo (que dá

origem ao tálamo e ao hipotálamo).

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• Mesencéfalo - medianamente; origina os pedúnculos cerebrais e a

lâmina quadrigémea.

• Rombencéfalo - posteriormente; origina o Metencéfalo (que, por sua vez,

origina a Protuberância e o Cerebelo) e o Mielencéfalo (que origina o

Bulbo Raquidiano).

A medula constitui-se, assim, como a parte inferior do S.N.C., localizada

fora da cavidade craniana. É no Sistema Nervoso Central que chegam as

informações relacionadas aos sentidos (audição, visão,olfato,paladar e tato) e é

dele que partem ordens destinadas aos músculos e glândulas. É visível que o

sistema nervoso central é constituído pelo Encéfalo e pela medula espinhal. A

medula espinhal é o prolongamento do bulbo que passa por dentro da coluna

vertebral. O encéfalo está dentro do crânio. Esse órgão é composto pelo

cérebro, bulbo e cerebelo. É a partir da medula espinhal que ramificam-se os

nervos.

Os nervos (conjunto de neurônios) podem ser divididos em nervos que

levam informação para o SNC e nervos que levam informação do SNC. Os

primeiros são chamados fibras aferentes e os últimos de fibras eferentes. As

fibras aferentes enviam sinais dos receptores (células que respondem ao

estímulo sensorial nos olhos, ouvidos, pele, nariz, músculos, articulações) para

o SNC. As fibras eferentes enviam sinais do SNC para os músculos e as

glândulas.

Os neurônios são formados por três partes: a soma, os axônios e os

dendritos. A parte central, corpo celular ou soma, contém o núcleo celular.

Pode-se observar que a soma possui grande número de prolongamentos,

ramificando-se múltiplas vezes como pequenos arbustos, são os dendritos. É

através dos dendritos que cada neurônio recebe as informações provenientes

dos demais neurônios a que se associa. O grande número de neurônios é útil a

célula nervosa, pois permite multiplicar a área disponível para receber as

informações aferentes. Saindo da soma também, existe um filamento mais

longo e fino, ramificando-se pouco no trajeto e muito na sua porção terminal, é

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o axônio. Cada neurônio tem um único axônio, e é por ele que saem as

informações eferentes dirigidas às outras células de um circuito neural.

No homem, a estrutura dos nervos é diferenciada em duas áreas. Uma

delas corresponde ao sistema nervoso central, constituído pelo encéfalo e a

medula espinhal, que se aloja no conduto crânio-raquidiano, protegido pelas

meninges e pelas vértebras. A outra forma o sistema nervoso periférico, que

consta de um conjunto de nervos distribuídos por todo o organismo. Parte do

sistema periférico integra o sistema nervoso autônomo, ou vegetativo, que

regula o funcionamento das vísceras e glândulas.

O cérebro é o elemento principal, para o qual são dirigidos os impulsos

recebidos pelo sistema nervoso. Seu peso médio, quando atingido o

desenvolvimento máximo, é de 1.400g nos homens e 1.260g nas mulheres.

Na morfologia cerebral distingue-se uma primeira separação em dois

grandes hemisférios cortados por uma linha profunda, a fissura sagital. Na

superfície de cada um desses hemisférios existem dois outros cortes, a

fissura de Sylvius, ou sulco lateral, e a de Rolando, ou sulco central. Ficam

assim delimitados quatro lobos em cada bissecção: frontal, parietal,

temporal e occipital.

O lobo frontal está relacionado com as funções superiores

representadas por vários aspectos comportamentais e humanos. Lesões

nessa área determinam perda da concentração, diminuição da habilidade

intelectual e déficit de memória de julgamento.

O lobo temporal relaciona-se com a percepção e a decodificação de

estímulos auditivos, que se coordenam com impulsos visuais,também está

relacionado a atividade motora visceral (olfação e gustação) e com alguns

aspectos de comportamentos institivos.

O lobo parietal relaciona-se com a interpretação, à integração de

informações visuais e à somatossensitivas primárias, o tato principalmente.

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Já o lobo occipital realiza a integração visual a partir da recepção dos

estímulos que ocorre nas áreas primárias, leva informações para serem

apreciadas e decodificadas nas áreas secundárias e de associação visual.

Não se pode deixar de citar o lobo insular que é responsável pela

emoção.

A cavidade interna do cérebro é irrigada pelo líquido cefalorraquidiano, que

contribui para proteção do sistema nervoso central, flui também na medula

espinhal e constitui um elemento de extrema importância no diagnóstico de

muitas doenças e alterações metabólicas. De dentro para fora, distinguem-se a

substância branca, formada por neurônios (células nervosas) recobertos de

mielina, material lipoproteico que envolve as fibras e aumenta a velocidade de

transmissão dos impulsos nervosos; e a substância cinzenta, que forma o

envoltório ou córtex cerebral. A massa cerebral é recoberta por três

membranas de proteção, as meninges, que separam o córtex dos ossos

cranianos. São elas a pia-máter (mais interna), aracnoide (intermediária) e

dura-máter (mais externa).

Na região póstero-inferior do cérebro, situa-se o cerebelo, órgão

responsável pela coordenação motora formado por uma parte mediana, o

verme, e dois lobos ou hemisférios. A ponte de Varólio, também denominada

protuberância anular, liga o cérebro, o cerebelo e o bulbo, e está situada na

parte inferior do encéfalo. Compõe-se de diferentes planos de fibras nervosas

longitudinais e transversais. O bulbo faz a transição entre o encéfalo e a

medula. Nele se entrecruzam as fibras nervosas que atingirão o cérebro, razão

pela qual as funções reguladoras do lado direito do corpo são controladas pelo

lobo cerebral esquerdo, e as correspondentes ao lado esquerdo, pelo lobo

direito.

Apesar do nosso cérebro ser divido em dois hemisférios não existe

relação de dominância entre eles, pelo contrário, eles trabalham em conjunto,

utilizando-se dos milhões de fibras nervosas que constituem as comissuras

cerebrais e se encarregam de pô-los em constante interação. O conceito de

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especialização hemisférica se confunde com o de lateralidade (algumas

funções são representadas em apenas um dos lados, outras no dois) e de

assimetria (um hemisfério não é igual ao outro).

Segundo Lent (2002), o hemisfério esquerdo controla a fala em

mais de 95% dos seres humanos, mais isso não quer dizer que o

direito não trabalhe, ao contrário, é a prosódia do hemisfério

direito que confere à fala nuances afetivas essenciais para a

comunicação interpessoal. O hemisfério esquerdo é também

responsável pela realização mental de cálculos matemáticos, pelo

comando da escrita e pela compreensão dela através da leitura.

Já o hemisfério direito é melhor na percepção de sons musicais e

no reconhecimento de faces, especialmente quando se trata de

aspectos gerais. O hemisfério esquerdo participa também do

reconhecimento de faces, mas sua especialidade é descobrir

precisamente quem é o dono de cada face. Da mesma forma, o

hemisfério direito é especialmente capaz de identificar categorias

gerais de objetos e seres vivos, mas é o esquerdo que detecta as

categorias específicas. O hemisfério direito é melhor na detecção

de relações espaciais, particularmente as relações métricas,

quantificáveis, aquelas que são úteis para o nosso deslocamento

no mundo. O hemisfério esquerdo não deixa de participar dessa

função, mas é melhor no reconhecimento de relações espaciais

categoriais qualitativas. Finalmente, o hemisfério esquerdo produz

movimentos mais precisos da mão e da perna direitas do que o

hemisfério direito é capaz de fazer com a mão e a perna esquerda

(na maioria das pessoas).

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Do bulbo nasce a medula espinhal ou raquidiana, cordão nervoso cilíndrico

que se prolonga pelo interior da coluna vertebral até o extremo do osso sacro.

O cordão medular consta de um núcleo central de substância cinzenta, com

característica disposição em forma de X, envolto numa massa cilíndrica de

substância branca. A substância cinzenta se ramifica a partir da medula para

formar as raízes dos nervos raquidianos. Ao longo de toda a sua extensão, a

medula raquidiana é protegida externamente, como o encéfalo, pelas três

meninges e, em seu canal interno, por uma membrana denominada epêndima.

Os nervos representam a unidade fisiológica fundamental do sistema

nervoso periférico. Eles se originam nos dois componentes básicos do sistema

nervoso central: o cérebro e a medula espinhal. Os 12 pares de nervos

cranianos distinguem-se em olfativo, óptico, motor ocular comum, patético (ou

troclear), trigêmeo, motor ocular externo, facial e intermédio, estato-acústico

(vestíbulo-coclear), glossofaríngeo, vago (pneumogástrico), espinhal

(acessório) e hipoglosso. Outros 31 pares formam o conjunto de nervos

raquidianos, dos quais dependem a recepção de impulsos periféricos, sua

transmissão aos centros fundamentais do sistema nervoso e o envio de sinais

aos músculos.

A regulação das funções dos órgãos internos, de forma involuntária e

autônoma, é executada pelo sistema nervoso vegetativo, unidade fisiológica

integrada por dois sistemas diferenciados, o simpático e o parassimpático, com

atividades opostas. A motilidade intestinal, por exemplo, é estimulada por um

nervo do sistema simpático e inibida por outro do sistema parassimpático. As

unidades funcionais do sistema vegetativo são as fibras e os gânglios.

O sistema simpático é integrado por uma dupla cadeia de gânglios

dispostos em ambos os lados da coluna vertebral. A condução dos impulsos

nervosos às vísceras é feita por dois neurônios: o pré-ganglionar parte da

medula e forma no gânglio uma sinapse com o neurônio, o pós-ganglionar, que

prossegue para inervar um órgão periférico. O segundo componente do

sistema nervoso autônomo é o parassimpático, formado pelas fibras nervosas

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autônomas que emergem do sistema nervoso pelos nervos cranianos e pelos

segmentos sacrais. Embora seus componentes obedeçam ao padrão geral da

via efetora autônoma formada de dois neurônios, o parassimpático se

caracteriza por ter o gânglio muito próximo da víscera que inerva.

A região de contato entre um terminal de fibra nervosa e um dendrito ou o

corpo (mais raramente um outro axônio) de uma segunda célula, chama-se

sinapse, e constitui uma região especializada fundamental para o

processamento da informação pelo sistema nervoso. Na sinapse, nem sempre,

os sinais elétricos passam sem alteração, podem ser bloqueados parcial ou

completamente, ou então multiplicados. Logo, não ocorre apenas uma

transmissão da informação, mas uma transformação durante a passagem.

A transmissão sináptica pode ser química ou elétrica. Na sinapse elétrica,

as correntes iônicas passam diretamente pelas junções comunicantes (região

de aproximação entre duas células) para as outras células. A transmissão é

ultra-rápida, já que o sinal passa praticamente inalterado de uma célula para

outra. Na sinapse química, a transmissão do sinal através da fenda sináptica

(região de aproximação entre duas células, bem maior que as junções

comunicantes) é feita através de neurotransmissores. A sinapse química pode

ser exitatória, quando ocorre um aumento no estímulo recebido pelo neurônio

pós-sináptico, ou inibitória, quando ocorre uma diminuição do estímulo no

neurônio pós-sináptico. São essas transformações ocorridas durante a sinapse

que garantem ao sistema nervoso a sua enorme diversidade e capacidade de

processamento de informação

Uma das melhores maneiras de perceber a influência dos

neurotransmissores na cognição é observando a quantidade de drogas cujo

efeito provêm da modificação da atividade dos neurotransmissores, como o

exemplo da nicotina.

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Segundo Relvas, “não são apenas as estrelas no

universo que fascinam o homem com o seu impressionante

número. Em um outro universo, o nosso universo biológico

interno, uma gigantesca “galáxia” com centenas de milhões

de pequenas células nervosas, que formam o cérebro e o

sistema nervoso, comunicam-se umas com as outras pelos

pulsos eletroquímicos para produzir atividades muito

especiais: nossos pensamentos,sentimentos,dor, emoções,

sonhos, movimentos e muitas outras funções mentais e

físicas, sem as quais não seria possível expressarmos toda a

nossa riqueza interna nem perceber o nosso mundo externo,

como som, cheiro, sabor e, também, luz e brilho, inclusive o

das estrelas.”

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Capítulo III

Relações Intrapessoais: professor-aluno-escola

O aprender e o lembrar do estudante ocorre no seu cérebro. Conhecer

como o cérebro funciona não é a mesma coisa do que saber qual é a melhor

maneira de ajudar os alunos a aprender. A aprendizagem e a educação estão

intimamente ligadas ao desenvolvimento do cérebro, o qual é moldável aos

estímulos do ambiente. Os estímulos do ambiente levam os neurônios a formar

novas sinapses. Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro

reage aos estímulos do ambiente, ativando sinapses, tornado-as mais

“intensas”. Como conseqüência, estas se constituem em circuitos que

processam as informações, com capacidade de armazenamento molecular.

O ensino bem sucedido provocando alteração na taxa de conexão sináptica,

afeta a função cerebral. Por certo, isto também depende da natureza do

currículo, da capacidade do professor, do método de ensino, do contexto da

sala de aula, da família e da comunidade.

Sabe-se que atualmente para um bom desenvolvimento do aluno é preciso

estabelecer alguns “contratos”, pois a escola tem sido vista como um depósito

de crianças com a obrigação de educá-los, ensinar limites, transmitir

conhecimentos e ajudar no processo de socialização e adaptação em uma

sociedade com regras.

A neurociência é uma área ligada à medicina que estuda o cérebro. Ela

trabalha na interface de várias áreas e tenta estudar como o cérebro funciona,

desta forma é possível relacionar a neurociência e a educação para saber

como usar essas pesquisas na prática, como esse cérebro aprende, cada um

aprende no seu tempo e principalmente que recursos utilizar para que ele

aprenda melhor em sala de aula ou em casa.

A importância desse estudo é trazer subsídios para a escola, para o

professor, para as famílias e o aluno. É preciso investigar o que é necessário

para facilitar o aprendizado. É sabido que o sono é importante, por isso é

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importante que a família proporcione ao aluno horas de sono tranqüilas, dormir

bem para ter um bom desempenho da memória.

A memória só existe quando há alteração na capacidade de transmissão

sináptica de um neurônio como resultado da atividade neuronal prévia. Para a

memória ser facilitada, o percurso sináptico precisa ser ativado, isso é lembrar.

A repetição fixa a memória e a fixação da memória sofre influência do

sistema límbico, quanto maior a motivação, maior a fixação.A memória é a

base de todo saber, todo cérebro funciona por meio da memória, pois é através

dela que lembramos como fazer o que desejamos. A memória é uma das

funções mais importantes do cérebro, está ligada ao aprendizado, isso é, aos

movimentos do meio, dos sentidos, ou seja, memória é também a capacidade

de planejamento e atenção.

“O aprendizado acontece quando a memória é criada e reforçada pela

repetição.” Gazaniga

Existem direitos que, pelo simples fato de existir, toda criança tem

como por exemplo, o amor e cuidado dos pais. Outros, no entanto, devem ser

conquistados à medida em que alguns deveres são cumpridos. Caso a criança

não cumpra seu dever, ela perde um direito específico (daqueles

conquistados), o qual deve ter sido acertado anteriormente. Por exemplo, os

pais estabelecem que a criança deve fazer a tarefa de casa e, somente após

isto, ela poderá assistir TV, jogar video-game, etc. Caso a criança não cumpra

o dever combinado, ela não poderá, sob nenhuma condição ter acesso a seu

direito de jogar video game, ver TV, etc.

Precisa-se ter consciência de que o aluno não tem que ser aprovado e

sim aprender o que lhe é ensinado. Nosso cérebro aprende perfeitamente

neste binômio pergunta-resposta, não importa a ordem. Não se aprende com

uma pergunta sem resposta nem com uma resposta sem se saber da pergunta.

Os pais têm que acompanhar de perto os estudos dos filhos, não permitindo

que costumes populares tão arraigados na cultura estudantil brasileira tomem

conta deles.

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Os pais devem saber que decoreba não é aprendizado, mas sim um

material colocado pronto no cérebro que não é assimilado pelo corpo do

conhecimento, pois é perecível e descartável. Ele perece após a prova, sendo

ou não usado. A memória retém o conteúdo até o término da prova, após a

qual ele é deletado. Quando se registra em algum lugar o número do telefone,

este desaparece da memória.

Para aprender, o aluno tem que estudar corretamente e descobrir sua

finalidade, que é encontrar o significado daquela matéria estudada. É

impossível os pais estudarem pelo filho ou controlarem a mente dele. Os pais

podem até obrigar o filho a estudar, mas o que ele faz na mente dele, só a ele

pertence. Os pais têm como exigir resultados e isto dá trabalho, mas é fácil.

A aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido

através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos,

relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas

mentais e o meio ambiente. É um processo contínuo, que sofre alterações na

velocidade e na qualidade do que é aprendido conforme a idade e nível de

desenvolvimento, isso acontece porque o sistema nervoso - órgão responsável

pela aprendizagem - termina seu amadurecimento apenas no fim da

adolescência e sofre contínuas alterações pelo ambiente por toda a vida.

Durante o processo de aprendizagem e desenvolvimento a criança

opera sobre todos os dados recebidos do ambiente e atribui significados a eles

- tanto pessoais, quanto da cultura em que está inserida. A aprendizagem, não

é um processo limitado à atenção e ao esforço, depende também de estímulos

ambientais, de características orgânicas e motivacionais de cada pessoa.

O aprender amplia-se com o passar do tempo juntamente com o

aumento da capacidade de abstração da criança e com o transcorrer da idade.

Segundo Içami Tiba é fundamental cobrar que os filhos cumpram com

suas obrigações é um gesto de amor, e quem ama, educa. Se o filho é mole, a

cobrança tem que ser firme. Ele não poderá fazer qualquer outra atividade

(sair, "internetar", dormir, etc) sem antes cumprir sua tarefa do dia. Caso ele

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durma sem tê-la feito, cabe aos pais acordar o filho para que faça. Poupar o

filho "já que ele dormiu" é dar marcha ré no processo do aprendizado

responsável. Acordar o filho não é ruindade mas muito amor para poder

dissolver a preguiça mental e corporal que mina qualquer educação e atrasa o

Brasil.

Vale ressaltar que é fundamental que professores estimulem individualmente a

inteligência das crianças, empregando técnicas que permitam a cada aluno aprender da

maneira que é melhor para ele, aumentando sua motivação para o aprendizado, pois

cada pessoa tem de encontrar seu próprio caminho, já que não existe um único para

todos (STERNBERG & GRIGORENKO, 2003). Considerando que alunos diferentes

lembram e integram informações com diferentes modalidades sensoriais, analisar como

as pessoas se relacionam, atuam e solucionam problemas, identificar os estilos

específicos da aprendizagem, torna-se bastante útil (WILLIAMS, apud MARKOVA,

2000).

O ambiente adequado para estudo envolve ausência ou quantidade

mínima de ruídos, distrações, arejado, iluminado e arejado. O estado físico

também é relevante. Se a criança encontra-se cansada, estressada, com sono,

com fome, com medo, mais dificilmente aprenderá a matéria e o gosto pelos

estudos.

Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser

humano, o trabalho do neuropedagogo na instituição escolar tem um caráter

preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para

solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande

número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios

que englobam a família e a escola, a intervenção pedagógica ganha, na

atualidade, grande relevância nas instituições de ensino.

Não se pode esquecer que cada criança é um indivíduo único e tem seu

próprio tempo para aprender cada coisa, nem todas as crianças entram na

escola sabendo as mesmas coisas!

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Ir a escola pela primeira ver, ou mesmo retornar de férias à escola, pode

trazer uma situação muito delicada e barulhenta. A criança pode começar a

chorar, gritar e se desesperar e esse comportamento pode gerar muita

angústia e sofrimento aos pais.

A criança tem essa reação porque ainda não consegue fazer uma

projeção do tempo e por isso não entende que ficará apenas algumas horas ali

e logo poderá ver seus pais. Na hora da separação acaba se comportando

como se fosse uma despedida definitiva. Assim, os pais devem estar bem

seguros sobre o momento de colocar seu filho na escola e que a escola

escolhida cuidará bem da criança, mesmo que ela esteja chorando e não tenha

vontade de ficar lá.

Mesmo que a criança tenha dado um pouco de trabalho para ir a escola,

os pais devem demonstrar carinho e afeto, não brigar e exigir que a criança

goste rapidamente de ir a escola. A educação familiar é fundamental, pois são

os pais que ensinarão ao filho humano os valores culturais e morais, por isso

devem sempre que possível mostrar o quanto é importante aprender e

desenvolver o gosto pelo conhecimento. Também quando a vida escolar se

inicia a convivência entre pais e filhos pode ser usufruída. Pergunte sempre

como foi o dia na escola, o que aprendeu de novo, demonstre interesse na vida

escolar da criança isso ajudará para que ela aprenda a importância de ir à

escola e de se dedicar aos estudos.

Escolher a escola não é uma tarefa fácil. A melhor escola é aquela que

está em sintonia com os valores e hábitos dos pais. Dessa maneira o diálogo

entre pais e escola também é facilitado.

Depois de passar pela escolha da escola, o primeiro dia de aula os pais

ainda devem continuar seu trabalho como educadores. Acompanhar a vida

escolar de seu filho não é apenas um direito, é um dever já que a criança

raramente irá fazer as tarefas de casa por conta própria, mas não faça o dever

pelo seu filho. Valorize as conquistas do seu filho, faça elogios quando ele for

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bem em provas, receber um elogio da professora. É sempre mais importante

dar atenção antes de mimos!

Na medida do possível sempre há o esforço para que não ocorram as

dificuldades, mas nem sempre consegue-se, e, o problema de aprendizagem é

uma perturbação ou falha na aquisição e utilização de informações ou na

habilidade para solução de problemas. Geralmente, essas dificuldades tornam-

se mais aparentes quando a criança entra na escola, pois os conteúdos ficam

mais complexos, além disso, em um grupo maior de crianças é possível fazer

comparações entre a mesma faixa etária, sem expor a criança, e perceber se

alguma apresenta dificuldades que as demais do grupo não possuem.

Para que a criança aprenda devem estar presentes condições para que

isso ocorra de maneira satisfatória.

Proporcionar uma aula trabalhando com as crianças os quatro níveis de

aprendizagem: Organismo – Corpo - Desejo - Inteligência (FERNÀNDEZ, 1991)

permeado pelos princípios ligados ao ato de aprender: Atividade – Criatividade

– Autoridade – Liberdade (Borges, 1994) com certeza favorecerá uma atuação

psicopedagógica preventiva de forma a não construir nas crianças os

problemas de aprendizagem em função do desconhecimento da relação que há

entre cérebro e os modos pelos quais o homem aprende.

[...] o professor precisa estar ciente de que algumas crianças formam

conceitos espontaneamente quando adquirem a facilidade verbal necessária.

Por outro lado, muitas precisam ser ajudadas a aprender a generalizar e

categorizar. Freqüentemente, essas crianças têm dificuldades com os

significados múltiplos de uma palavra, com provérbios e metáforas.(JOHNSON

E MYKLEBUST, 1987).

Os filhos imitam os costumes dos pais, o melhor ensinamento vem do

exemplo. Assim, evite mentiras, gritos e ou dar recompensas arbitrárias para

ele fazer tarefas e estudar. Paciência é uma das maiores virtudes de um bom

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educador, ser pai realmente não é tarefa fácil, mas tenha paciência quando seu

filho não quiser fazer o dever de casa.

Outra coisa que deve ser lembrada: irmãos são diferentes, por isso evite

estereótipos e comparações. Faça elogios e valorize o que cada criança tem de

melhor. Elogias e valorizar não significa ser amigo de seus filhos, quando eles

fizerem algo de errado exerça sua autoridade, isso não significa bater ou ser

violento, mas sim impor limites à criança. Nunca sobreponha amizade à

responsabilidade e autoridade, você deve ser pai (ou mãe) de seu filho e não

um amigo que permite tudo.

O mercado de trabalho tem se tornado competitivo e por isso os pais

acham que colocando seus filhos em vários cursos como: inglês, natação e

outras atividades, estarão preparando melhor a criança para o futuro. Cuidado!

Excesso de atividades pode acabar reduzindo o desempenho. Mesmo depois

da primeira infância a brincadeira com os amigos e com os pais é uma forma

de aprendizado importante para a criança.

Desta forma, escola, família e os sabedores deste mecanismo neural (

neuropedagogos) que impulsiona a aprendizagem, das estratégias facilitadoras

que estimulam as sinapses e consolidam o conhecimento, dessa magia onde

cada estrutura cerebral se interliga para que todos os canais sejam ativados.

Assim, como numa orquestra afinadíssima, onde a melodia sai perfeita, estar

de posse desses importantes conhecimentos e descobertas será como reger

uma orquestra onde o maestro saberá o quão precisamente estão afinados

seus instrumentos e como poderá tirar deles melodias harmoniosas e suaves!

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Capítulo IV - A plasticidade cerebral e a

aprendizagem

Plasticidade neuronal é a denominação das capacidades adaptativas do

SNC – sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e

funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o

desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como

adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos.

Compreende-se melhor a plasticidade através do conhecimento do

neurônio, da natureza das suas conexões sinápticas e da organização das

áreas cerebrais. A cada nova experiência do indivíduo, portanto, redes de

neurônios são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas

possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis.

Existem variáveis importantes no sentido de entender o potencial para a

recuperação funcional após lesão. São elas: idade do indivíduo, local e tempo

da lesão e a natureza da mesma.

É possivel encontrar várias teorias sobre como se dá a recuperação das

funções perdidas em uma lesão cerebral: ela poderia ser mediada por partes

adjacentes de tecido nervoso que não foram lesadas, e o efeito da lesão

dependeria mais da quantidade de tecido poupado do que da localização da

lesão; pela alteração qualitativa da função de uma via nervosa íntegra

controlando uma função que antes não era sua; através de estratégias motoras

diferentes para realizar uma atividade que esteja perdida, sendo o movimento

recuperado diferente do original embora o resultado final seja o mesmo.

Através da plasticidade cerebral com a capacidade do sistema nervoso

alterar o funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em mudanças

no ambiente e com estudos que comprovam a hipótese sobre o

desenvolvimento neural e a aprendizagem na qual funções particulares de

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processamento de informação são controladas por grupos especiais de

neurônios, mas quando uma dessas funções fica inutilizada, os neurônios

associados a ela passam a controlar outra função. Por exemplo, se os

neurônios que normalmente recebiam estímulos do olho esquerdo pararem de

receber esse estímulo, eles se tornariam responsáveis pelos estímulos do olho

direito. O inverso também é verdadeiro, quando as funções neurais são

limitadas, os neurônios podem passar a controlar novas funções. No entanto,

nem sempre esse processo ocorre. A plasticidade é mais comum em crianças.

O cérebro se modifica aos poucos fisiológica e estruturalmente como

resultado da experiência. Aulas práticas/exercícios físicos com envolvimento

ativo dos participantes fazem associações entre experiências prévias com o

entendimento atual, o cérebro mostra períodos ótimos (períodos sensíveis)

para certos tipos de aprendizagem, que não se esgotam mesmo na idade

adulta. Ajuste de expectativas e padrões de desempenho às características

etárias específicas dos alunos, e ao uso de unidades temáticas integradoras.

A neuroplasticidade pode acontecer em indivíduos de qualquer idade e durante

toda a vida. Para manter os neurônios em “bom estado” é preciso exercitá-los a

todo momento e usá-los também, pois tudo que não é usado acaba atrofiando.

Cultive bons hábitos e seja escravo deles. Aprenda uma atividade nova a cada

dia, dando preferência para assuntos que fujam da sua área de domínio.

O cérebro mostra plasticidade neuronal (sinaptogênese), mas a densidade

sináptica não prevê maior capacidade generalizada de aprender. Os

estudantes precisam sentir-se “detentores” das atividades e temas que são

relevantes para suas vidas. Atividades pré-selecionadas com possibilidade de

escolha das tarefas aumenta a responsabilidade do aluno no seu aprendizado,

inúmeras áreas do córtex cerebral são simultaneamente ativadas no transcurso

de nova experiência de aprendizagem. Situações que reflitam o contexto da

vida real, de forma que a informação nova se “ancore” na compreensão

anterior.

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As áreas motoras do SNC demonstram os princípios do brotamento e da

sinaptogênese reativa. O brotamento colateral já foi identificado no córtex, no

núcleo vermelho e outras regiões cerebrais, sugerindo que este é um

fenômeno generalizado. Supersensitividade de desnervação, por outro lado, já

foi demonstrada no núcleo caudado. A base das mudanças reorganizacionais é

a presença de conexões intracorticais que permitem interações variáveis entre

neurônios no córtex motor primário .

Sabe-se então que a neuroplasticidade é uma propriedade natural do

sistema nervoso dos indivíduos caracterizada por alterações funcionais e/ou

morfológicas nos neurônios em resposta a lesões, hormônios, drogas ou

estímulos ambientais. Existem cinco tipos de plasticidade neural: regeneração,

plasticidade axônica, dendrítica, somática e sináptica. Esta última possui

fundamental importância na formação de redes neurais, permitindo o

desenvolvimento adequado da capacidade cognitiva dos indivíduos.

Durante o processo evolutivo, o desenvolvimento de interações sociais e

a relação com eventos ambientais só foram possíveis graças à ação sinérgica

de diferentes órgãos, coordenados pelo Sistema Nervoso Central (SNC). Esta

ação ocorre por meio de um fenômeno chamado plasticidade, de forma que,

quando ocorre com neurônios, é chamada de plasticidade neural. Pode ser

definida como sendo a capacidade cerebral de alterar funcionalmente e

morfologicamente estruturas em resposta a experiências, drogas, hormônios e

lesões.

Habilidades para aprender, recordar e esquecer também ocorrem em

decorrência destas alterações, cuja função é de caráter adaptativo dos

organismos. Os mecanismos pelos quais ocorrem os fenômenos de

plasticidade podem incluir modificações sinápticas do receptor, da membrana e

neuroquímicas. Estas últimas, também chamadas de fatores neurotróficos,

possuem um papel-chave nos fenômenos de plasticidade, sendo

caracterizadas como uma classe de moléculas que agem para dar apoio ao

crescimento e à diferenciação nos neurônios em desenvolvimento. Os fatores

neurotróficos são produzidos em grandes quantidades no cérebro, tanto pelos

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neurônios quanto pela neuróglia, e podem afetar os neurônios regulando seu

crescimento e proporcionando um padrão adequado das conexões entre as

células neurais.As ações por meio desses fatores podem ocorrer desde a vida

embrionária até a idade adulta, com redução progressiva de acordo com o

aumento da idade.

Atualmente, sabe-se que elas passam a ser sintetizadas em maior

quantidade pelo tecido nervoso submetido a traumas.

Existem 5 tipos de neuroplasticidade: regeneração,plasticidade axônica,

dendrítica, somática e sináptica. Quando o sistema nervoso sofre uma lesão

estrutural ou funcional, este experimenta mudanças no intuito de restaurar

estas lesões.

Atualmente, sabe-se que a plasticidade neural, sob a forma de

regeneração, ocorre principalmente no sistema nervoso periférico (SNP), tendo

em vista que esta é facilitada por um ambiente favorável composto por mielina

que, por sua vez, é produzida pelas células de Schwann, o qual orienta o

crescimento axonal.

Indivíduos que sofreram traumatismos envolvendo secção de nervos

periféricos, por exemplo, podem obter uma recuperação das funções de

maneira parcial ou completa caso haja uma intervenção rápida.

Existe uma etapa da vida em que há um período de maior

neuroplasticidade, chamado período crítico, que ocorre por meio da

plasticidade axônica ou ontogenética.

Este período compreende a fase que vai dos 0 aos 2 anos de idade,

sendo fundamental para um desenvolvimento normal do sistema nervoso.

Dessa forma, um ambiente rico em estímulos é fundamental para a aquisição

de várias capacidades cerebrais, uma vez que eles proporcionam a excitação

necessária para a modificação permanente dos circuitos neurais.

Segundo Lent, o desenvolvimento da linguagem humana é um exemplo

de plasticidade axônica em que a recuperação das funções lingüísticas

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decorrentes de lesões cerebrais na infância são mais facilmente recuperáveis

do que em adultos em decorrência da neuroplasticidade axônica.

A plasticidade dendrítica é caracterizada por alterações no número, no

comprimento, na disposição espacial e na densidade das espinhas dendríticas,

principalmente nas fases iniciais de desenvolvimento do indivíduo. As espinhas

dendríticas constituem – se de micropetídeos privilegiados que concentram

íons e pequenas moléculas influentes na transmissão de informações entre os

neurônios. O padrão das espinhas dendríticas se modifica dinamicamente com

a aprendizagem, possuindo um importante papel nas funções neurais altas. Em

alguns casos este padrão pode se modificar, resultando em disfunções entre as

conexões interneurais. Estas alterações estão relacionadas a diversas

patologias, dentre elas a síndrome do X Frágil, síndrome de Rett, Retardo

Mental, Neurofibrimatose e Epilepsia.

A plasticidade somática pode ser entendida como a capacidade de

regular a proliferação ou a morte de células nervosas. Somente o sistema

nervoso central embrionário é dotado de tal capacidade, e ele não responde a

influências do meio externo.

Dessa forma, uma das esperanças na recuperação somática está na

utilização de células-tronco. Este tipo de célula pode se diferenciar,

constituindo diferentes tecidos no organismo, além de gerar cópias idênticas de

si mesmas. Por causa dessas duas capacidades, as células-tronco são objetos

de intensas pesquisas, pois poderiam, no futuro, funcionar como células

substitutas em tecidos nervosos lesionados ou doentes, como nos casos da

doença de Alzheimer , Parkinson, Acidentes Vasculares Cerebrais entre outros.

A plasticidade sináptica é caracterizada por alterações nas sinapses

entre as células nervosas. As sinapses são conexões especializadas que

permitem transmitir informação desde um neurônio a outro. Na maioria das

sinapses, a informação que viaja na forma de impulsos elétricos ao longo de

um axônio é convertida em um sinal químico, o qual é liberado nas conexões

interneurais. Na membrana pós-sináptica, este sinal químico é convertido

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novamente em elétrico. Esta transformação da informação em elétrica-química-

elétrica pode acarretar alterações duradouras nas conexões interneuronais por

meio da plasticidade sináptica. Este sistema possui um papel fundamental nos

processos do aprendizado e memória, os quais serão detalhados adiante.

Uma maneira de entender os processos de plasticidade é por meio da

teoria proposta por Hebb. Segundo o autor, quando um axônio de uma célula A

está próximo o suficiente para excitar uma célula B, e esta excitação se

mantém de maneira persistente por meio de potenciais de longa duração

(LTP), acontece um processo de crescimento ou alterações metabólicas em

uma ou em ambas as células, o que acaba por aumentar a eficiência das

sinapses. Para que o LTP ocorra, é necessário que um neurônio receba

estimulações elétricas mais fortes que o comum como forma de aumentar o

tamanho dos potenciais de campo na célula. Esse aumento da carga elétrica

na célula faz com que esta envie estímulos mais fortes para as outras e assim

sucessivamente.

O glutamato é um neurotransmissor que desempenha um papel-chave

na plasticidade neural. Ele age sobre dois tipos de receptores, NMDA e AMPA.

Os receptores AMPA são mediadores das respostas produzidas quando o

glutamato é liberado de uma membrana présináptica, ao passo que os

receptores NMDA permanecem com seus canais bloqueados. Quando existe

uma estimulação elétrica mais forte, ela acaba por abrir os canais do receptor

NMDA. Esta abertura permite um influxo de íons de Ca2+ no neurônio pós-

sináptico, iniciando uma cascata de eventos bioquímicos em que esta célula

nervosa gera estímulos mais intensos para outras. Esta série de eventos

intracelulares pode durar de horas a dias e possui funções importantes nos

processos da memória e aprendizagem.

A definição de memória e aprendizagem é extremamente difícil, uma vez

que, em geral, estes processos são inferidos a partir de alterações

comportamentais, ao invés de serem mensurados diretamente.

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Uma das definições correntes indica que a aprendizagem é a

modificação do comportamento, como resultado da experiência ou aquisição de

novos conhecimentos acerca do meio, e a memória é a retenção deste

conhecimento por um tempo determinado.

A aprendizagem e a memória requerem mecanismos neuronais

mediados principalmente pelas sinapses nervosas. Aprendizagem está

intimamente ligada á capacidade que o cérebro tem de ser maleável á novos

estímulos e sua capacidade de refazer caminhos e traçar novas rotas. Um

pequeno estímulo pode determinar uma alteração persistente nos circuitos

cerebrais e que podem permanecer por toda vida. Assim sendo estímulos

neuropsicológicos, eletrofisiológicos, farmacológicos bem como a genética

molecular alteram as sinapses nervosas, determinando alterações constantes

nos circuitos cerebrais principalmente no hipocampo. Estímulos precisos,

adequados á idade e com objetivos delineados , são fundamentais para que a

criança adquira subsídios para um aprendizagem segura e promissora.

Estímulos constantes, mediados pelas alterações sinápticas através dos

mecanismos de potenciação de longa duração e de depressão de longa

depressão, assim como também os receptores de N-metil-aspartato NMDA e

os subtipos de aspartato são fundamentais nos fenômenos da plasticidade

cerebral, pois, agem continuamente sobre a memória e a aprendizagem. È

desta forma que tais modificações permitem a adaptação constante dos seres

vivos frente às demandas do meio ambiente e o meio interno garantido assim a

sobrevivência das espécies.comportamento e abordagens experimentais. e

regeneração funcional do sistema nervoso.

Quando compreende-se a importância da neuroplasticidade ligada á

aprendizagem e da importância que estímulos adequados trazem ao escolar,

um novo olhar se faz e abandonam-se os rótulos, não mais evidenciam as

incapacidades e sim, passam a buscar potencialidades “adormecidas”, que

serão “acordadas” através de estratégias diferenciadas e adequadas á

necessidades de cada criança.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que está longe de se apresentar idéias conclusivas sobre a

Neurociência, pois é uma ciência em constante evolução que muda a cada

instante, por isso faz parte de um processo trabalhoso e que deve ser realizado

a médio e longo prazo.

Acreditar que a dificuldade de aprendizagem é responsabilidade

exclusiva do aluno ou da família, ou somente da escola é, no mínimo, uma

atitude ingênua perante a grandiosidade que é a complexidade do aprender.

Ao longo da pesquisa foi discutido como ocorre esse processo de

aprendizagem, falou-se em processos neurais, redes que se estabelecem,

neurônios que se ligam e fazem novas sinapses, embora o aprender seja

complexo, a aprendizagem nada mais é do que esse maravilhoso processo

pelo qual o cérebro reage aos estímulos do ambiente e ativa as sinapses.É

preciso um estímulo novo a cada repetição de um comportamento que

queremos que seja consolidado.

O cérebro foi evolutivamente concebido para perceber e gerar padrões

quando testa hipóteses e a aprendizagem sendo uma atividade social, os

alunos precisam de oportunidades para discutir tópicos, o professor deve

propor situações em que aceite aproximações e tentativas ao gerar hipóteses e

junto com a família o ambiente de estudo deve ser tranqüilo, o que encoraja o

estudante a expor seus sentimentos e idéias.

É necessário que haja uma ampliação dos horizontes da e na escola

frente a esta questão. Portanto, devemos priorizar o trabalho Neuropedagógico

na escola principalmente sobre aspectos preventivos, já que se observa

questões extremamente sérias, surgidas no ambiente escolar, seja na relação

professor- aluno, escola – família que se houvesse uma intervenção prévia ao

problema talvez não se prolongaria e nem tampouco se agravaria a ponto de

impedir o desenvolvimento biopsico – social da criança.

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O fracasso e o insucesso escolar têm hoje um novo olhar, já que uma

nova e fascinante gama de informações e conhecimentos está á disposição do

educador moderno.

Com esse novo olhar, que a Neurociência aliada a educação possibilita

reavaliar os transtornos comportamentais e da aprendizagem, que passaram a

ser mais facilmente compreendidos pelos educadores, pois tem subsídios para

a elaboração de estratégias mais adequadas a cada caso. Um professor

qualificado e capacitado, um método de ensino adequado e uma família

facilitadora dessa aprendizagem são fatores fundamentais para que todo esse

conhecimento que a neurociência nos viabiliza seja efetivo, interagindo com as

características do cérebro de nosso aluno.

Esta nova base de conhecimentos habilita o educador a ampliar ainda

mais as suas atividades educacionais, abrindo uma nova estrada no campo do

aprendizado e da transmissão do saber.

Contudo, sabe-se que muitos problemas de aprendizagem devem ser

resolvidos na escola, entretanto, para que isso ocorra a escola deve contar

com profissionais qualificados, para que juntos somem forças com a própria

família do aluno, que está apresentando dificuldades. Essa união de forças

possibilitará a criança maior interesse e prazer em estar fazendo daquele

ambiente, facilitando assim a integração entre todos que estão envolvidos no

processo educativo.

Ao realizar trabalhos juntamente com a equipe escolar o

Neuropedagogo estará estimulando as relações interpessoais, desenvolvendo

a afetividade e contribuindo para um olhar ampliado sobre o aluno e para os

aspectos primordiais da construção do conhecimento.

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