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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE IMPACTOS DA INTERNET SOBRE A COMUNICAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS Por: Renata Moraes Orientador Prof. Nelsom Magalhães Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

IMPACTOS DA INTERNET SOBRE A COMUNICAÇÃO

DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

Por: Renata Moraes

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães

Rio de Janeiro

2010

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

IMPACTOS DA INTERNET SOBRE A COMUNICAÇÃO

DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Comunicação Empresarial.

Por Renata Moraes

AGRADECIMENTOS

Ao meu amigo Douglas Pedras, que me despertou

para a retomada do estudo acadêmico e me

incentivou a persistir. Aos professores do curso de

Comunicação Empresarial do Instituto A Vez do

Mestre, pela excelência de suas aulas.

DEDICATÓRIA

Ao meu filho, Mayo, que inspira e impulsiona

meus movimentos na vida; e aos meus pais,

Avatar e Jurema, pela herança de apreço pela

pesquisa e conhecimento.

RESUMO

Esta monografia aborda a questão da internet como fator desencadeante

de mudanças nas formas de comunicação entre os segmentos da sociedade.

Embora esse processo esteja ocorrendo há pouco mais de 15 anos para o

grande público as pesquisas já demonstram algumas transformações, a

exemplo das rotinas de trabalho, das exigências de capacitação dos

profissionais, das linguagens da comunicação e mesmo de mudanças nas

relações de poder que vigoravam antes do advento da internet. A análise das

estatísticas geradas por institutos de pesquisa em conjunto com a governança

da internet no Brasil aponta a presença crescente da rede mundial dos

computadores na vida da população e revela o esforço das instituições públicas

e privadas de todos os tipos para se fazerem representar no mundo virtual. O

presente trabalho procura investigar alguns dos impactos e mudanças

causadas pela rápida propagação da web – com ênfase no jornalismo e na

publicidade exercidos no âmbito da esfera pública.

METODOLOGIA

A abordagem do problema foi iniciada com pesquisa no ambiente do

próprio tema. As primeiras buscas na internet foram feitas para compilar os

marcos que determinam a história da internet no mundo e no Brasil, com o

objetivo de comprovar a velocidade de propagação do fenômeno e suas

principais conseqüências sobre os comportamentos sociais e, em particular,

nos âmbitos de imprensa e de comunicação de governo.

A partir de obras bibliográficas a respeito do mesmo tema da presente

monografia – internet e comunicação -, foram selecionadas e comentadas as

principais ferramentas de internet que possam ter alguma relação com as

decisões tomadas pelos comunicadores com respeito ao planejamento das

estratégias e das rotinas de comunicação das instituições no ambiente da web.

Foi pesquisada, tanto na internet como em obras bibliográficas, a

questão da interatividade advinda da internet e de como a comunicação em

mão dupla que hoje vigora alterou as relações de poder e influência social. O

objetivo desta pesquisa foi comprovar a hipótese de que a plena

disponibilidade deste novo meio de comunicação não apenas deslocou o foco

do poder antes restrito aos proprietários de jornais, rádios, tevês e até de

gráficas: com autonomia de comunicação a custos baixos, o poder público, em

contrapartida, precisa mais do que nunca na História, prestar contas de seus

atos para um público cada dia mais habilitado a perceber gestões de

propaganda.

Foram examinados, ainda na internet, textos e depoimentos de

jornalistas e comunicadores públicos a respeito dos impactos da internet em

suas atividades. A seguir, também na internet, as pesquisas buscaram

identificar, quantificar, comparar e analisar formatos e conteúdos mantidos

online por instituições públicas e veículos de imprensa.

Em aproveitamento dos resultados correlatos surgidos ao longo destas

pesquisas, foram elaborados dois anexos: um demonstra alguns aspectos do

processo de adaptação da linguagem jornalística tradicional aos recursos da

internet; o segundo compara os mesmos sites de governo pesquisados antes e

durante o período de restrição da lei eleitoral, demonstrando o peso da

aplicação, no conteúdo dos sites oficiais, da cartilha básica do jornalismo

impresso – título, lead, foto – e, também exemplifica a autonomia trazida pela

internet às diferentes instâncias de governo.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1 ..................................................................................................... 10

CAPÍTULO 2 .................................................................................................... 26

CAPÍTULO 3 ..................................................................................................... 33

CAPÍTULO 4 ..................................................................................................... 40

CONCLUSÕES ................................................................................................. 55

FONTES BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 57

PRINCIPAIS FONTES DE INTERNET ............................................................. 59

ANEXO 1 .......................................................................................................... 62

ANEXO 2 .......................................................................................................... 67

ÍNDICE .............................................................................................................. 81

ÍNDICE DE FIGURAS ....................................................................................... 83

FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................85

9

INTRODUÇÃO

A internet está disponível para o grande público do Brasil há pouco mais

de 15 anos. É uma revolução em pleno curso cuja consequências ainda não

são totalmente calculáveis. Apesar desta impossibilidade de visão integral, é

possível verificar mudanças que se operam no universo da comunicação em

decorrência do surgimento da internet e da rápida evolução das suas

ferramentas.

As possibilidades da comunicação digital por meio da rede mundial de

computadores vêm impondo inexoráveis transformações. Além das

turbulências que pressionam as relações de poder que antes do surgimento da

web vigoravam em relativo conforto, as rotinas de trabalho, a capacitação e

treinamento profissional e as próprias linguagens da comunicação sofrem

profundo impacto. Empresários da comunicação, jornalistas, publicitários,

editores e relações públicas e os demais integrantes do setor são desafiados a

se adaptar rapidamente diante de cada novo recurso, de cada nova ferramenta

que surge.

O número de pessoas que freqüentam a rede de computadores aumenta

exponencialmente, num processo sem volta que caracteriza a era da

informação. Diante desse horizonte, nenhuma instituição, seja pública ou

privada, pode furtar-se à tarefa de se fazer representar no mundo virtual.

O presente trabalho procura investigar algumas das mudanças e

impactos provocados pela internet no desempenho dos profissionais e nos

resultados das atividades de comunicação – com ênfase no jornalismo e na

publicidade exercidos no âmbito da esfera pública.

10

CAPÍTULO 1 - A INTERNET NO BRASIL

“A internet é livre. Nenhum grupo a controla ou a mantém

economicamente. Pelo contrário, muitas organizações privadas,

universidades e agências governamentais sustentam ou controlam

parte dela. Todos trabalham juntos, numa aliança organizada, livre e

democrática. Organizações privadas, variando desde redes

domésticas até serviços comerciais e provedores privados da Internet

que vendem acesso à internet.” (http://www.brasilescola.com

Acessado em 16/3/2010)

1.1 - Linha do tempo da internet1

Pouco mais de 20 anos depois da criação das bases para a rede

mundial de computadores a internet se transformou num conglomerado de

redes, um oceano virtual em que navegam perto de dois bilhões de pessoas.

Para demonstrar esse fenômeno, cabe iniciar esse trabalho com um resumo da

breve mas densa história da internet no Brasil, recurso que ajuda a ilustrar a

velocidade das mutações e dos desafios inéditos surgidos para comunicadores

em geral e à comunicação de interesse público, em particular.

O início - 1966

A base original do que hoje é à internet foi a rede Arpanet, que a partir

de 1966 passou a interligar computadores de institutos de pesquisa envolvidos

no esforço coordenado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para

retomar a liderança tecnológica no período da Guerra Fria. Aos poucos, a

http://www.internetnobrasil.net/index.php?title=P%C3%A1gina_principal. Acessado em

13/3/2010.Em http://www.slideshare.net/msavio/a-trajetoria-da-internet-no-brasil. Acessado em 13/3/2010.

http://www.rnp.br/index.php. Acessado em 15/3/2010. http://www.cgi.br/ .Acessado em 10/4/2010.

11

Arpanet passou a incorporar universidades. Em 1978 havia 18 instituições

norte-americanas interligadas. Dois anos depois já eram dezenas as

instituições integrantes da Arpanet.

Ao longo da década de 1980, nos Estados Unidos, surgiram diversas

outras redes interligavam instituições e pesquisadores que não desejavam ou

não podiam integrar a Arpanet. No início dos anos 90, os Estados já tinham

quatro grandes redes de computadores, todas usando o atual protocolo

TCP/IP. Em outros países também começavam a surgir redes de

computadores interligando entidades de pesquisa. Em 1991, o cientista

britânico Tim Berners-Lee, do Cern (Organização Européia para a Investigação

Nuclear), em Genebra, lançou a base da World Wide Web. A idéia era ligar

hipertexto com a internet e computadores pessoais e, assim, formar uma única

rede que ajudasse os físicos do Cern a partilhar todas as informações

armazenadas em computador nos laboratórios da instituição. A idéia vingou e

transformou-se na internet que hoje conhecemos.

No Brasil - 1989

Julho - Surge o Alternex, primeiro serviço privado internacional de

correio e conferências eletrônicas, que já utilizava o sistema básico que depois

comportaria sua integração à internet. O serviço foi criado pelo Ibase (Instituto

Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, fundado pelo sociólogo Herbert

de Souza, o Betinho).

Setembro - É criada a RNP (Rede Nacional de Pesquisa), em ação

conjunta da comunidade acadêmica brasileira - CNPq (Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Ministério da Ciência e Tecnologia,

Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), Fapesp (Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo), Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa

do Estado do Rio de Janeiro) e Fapergs (Fundação de Amparo à Pesquisa do

.Estado do Rio Grande do Sul).

12

1991

A RNP inicia sua integração à rede mundial em 1991. Antes, só

interligava as instituições participantes.

1992

Em parceria com a RNP, a Alternex se torna a primeira organização não

acadêmica a oferecer todos os serviços de internet no Brasil. A velocidade

máxima de transmissão de dados era de 64 mil bps.

1994

Novembro - 28 é o número de sites brasileiros, todos de instituições de

pesquisa.

Dezembro - A Embratel lança em caráter experimental o Serviço Internet

Comercial. A conexão internacional é de 256 Kbps.

1995

A internet comercial começa a surgir, com toda força. O Jornal do Brasil

é o primeiro veículo tradicional de comunicação a migrar para a rede (vide

Anexo 2). O crescimento do uso comercial da rede pressiona a capacidade da

RNP/Alternex, que fora dimensionada para a comunidade acadêmica (em torno

de 60 mil usuários).

Maio - o acesso via Embratel começa a funcionar de modo definitivo,

com link internacional de 2 Mbps. Frente ao temor da iniciativa privada ao

possível monopólio da Embratel, o Ministério das Comunicações assegura que

o mercado de serviços da Internet no Brasil seria o mais aberto possível.

A RNP deixa de ser backbone restrito ao meio acadêmico e estende os

serviços de acesso a todos os setores da sociedade. (backbone, tradução de

"espinha dorsal", é uma rede principal por onde passam os dados dos clientes

da internet. No Brasil, empresas como BrasilTelecom, Telefônica e Embratel

13

prestam o serviço, que captura e transmite informações de redes menores que

se conectam a ele).

É criado o Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br.

Dezembro - 21 provedores já operavam no Brasil, conectados pela

Embratel. Outros, como a IBM e a Unisys, começaram a implantar suas

próprias conexões internacionais.

A imprensa e as empresas de comunicação acompanham de perto o

fenômeno. Em março a revista Veja publica matéria de capa com a manchete

“Internet, a rede planetária em que você ainda vai se plugar”. O mercado

editorial impresso se arrepia: as bancas já vendem diversas publicações

impressas especializadas em informática, inclusive algumas editadas pelas

grandes empresas de comunicação.

1996

Ao longo do ano ocorre a grande explosão da rede no Brasil. Com a

melhoria nos serviços da Embratel a internet brasileira cresce

vertiginosamente, tanto em número de usuários quanto de provedores e

serviços prestados por meio da rede. O link internacional da Embratel é de 4

Mbps.

Em maio, são quatro mil os endereços digitais brasileiros.

Em julho, o link internacional da Embratel sobe para 8 mil Mbps; em

agosto para 18 mil Mbps; em setembro para 20 Mbps. Em dezembro já opera

com 22 Mbps.

O Grupo Abril cria o Bol; o Grupo Folha lança o Uol: ambos correm para

adaptar e alavancar seus conteúdos à internet. A rede é capa da revista Istoé,

com o título: "Internet. Navegue nesta onda. Por que você não pode ficar de

fora da nova mania dos brasileiros”.

A comunicação empresarial entra com vigor nesse universo: em torno de

800 empresas estatais já estão na rede.

14

1997

O número de usuários beira o primeiro milhão, embora o número de

computadores seja ainda bem menor.

Março - A administração pública direta chega com força à rede: pela

primeira vez na história, declarações de Imposto de Renda podem ser feitas via

internet.

1998

Janeiro - O número de endereços IP (Internet Protocol, que identifica

cada usuário de internet) é estimado em pouco mais de 117 mil, o que

posiciona o Brasil no 19º lugar no ranking mundial e 3º no ranking das

Américas.

Março - O link da Embratel está em 108 Mbps e começam os testes com

a tecnologia de acesso ADSL, que tinha velocidade 20 vezes mais rápida que a

dos outros modems de então.

Abril - Se o número de computadores conectados não chega a 120 mil, o

número de usuários é bem maior: a Receita Federal recebe via internet

2.666.476 declarações de Imposto de Renda;

Agosto - Pesquisa Datafolha estima o número de internautas brasileiros

em 2 milhões, o que posiciona o Brasil em 8º lugar no ranking de países com

maior número de pessoas conectadas, atrás de EUA, Japão, Canadá, Grã-

Bretanha, Alemanha, Austrália e Suécia. O internauta médio brasileiro era

adulto jovem, com renda familiar e escolaridade alta e habitava estados do

Sudeste.

Dez anos depois daquele início ainda míope começavam a se assentar

as bases da atual internet brasileira, na chamada Primeira Onda: a RNP já

interligava à rede mundial 479 organizações de todo o Brasil - 90 entidades

educacionais, 158 organizações comerciais, 34 ONGs, 136 órgãos

governamentais e 61 projetos sociais.

15

O Governo Federal implanta o portal Comprasnet, por meio do qual

passa a fazer as aquisições operativas.

1999

Janeiro - O Brasil passa a integrar a Web Police, que reúne instituições

policiais de todo o mundo no combate a crimes pela rede. O link da Embratel é

de 252 Mbps. A Telebahia inicia o serviço Fast Internet baseado na tecnologia

ADSL. O Ibope estima em 2,5 milhões o número de internautas

brasileiros.

Março - A Prefeitura do Rio de Janeiro inicia um serviço de envio de

boletins via e-mail para acompanhamento de processos administrativos.

O envio de e-mail ainda é a atividade mais realizada na internet, com

92% dos usuários, seguido pelas salas de chat, com 75%.

O comércio eletrônico já registra números positivos: 35% dos internautas

brasileiros já fizeram pelo menos uma compra online.

Abril - o numero de declarações de Imposto de Renda feitas pela rede

chega a seis milhões.

Agosto - Já são 3,3 milhões os brasileiros que acessam a Internet

regularmente. Em setembro, 7.9 milhões de brasileiros acima de 16 anos já

acessaram a rede pelo menos uma vez.

2000

Começa o compartilhamento de músicas em formato mp3. A banda larga

chega ao Brasil. O iG lança o primeiro provedor de acesso grátis. A euforia dos

negócios relacionados à internet - chamada "bolha da internet" - começa a

murchar. As ações das empresas de tecnologia despencam.

Apesar desse ineditismo na história da economia mundial e da

perplexidade do mercado, vários jornais investem pesado para migrar para a

internet.

16

2001

Março - A empresa norte-americana NUA compila dados sobre o acesso

à Internet em quase todos os países do mundo. Segundo essa compilação, o

Brasil ocupa o segundo lugar na América Latina em proporção da população

com acesso à Internet, perdendo para o Uruguai, com 9%. Os Estados Unidos

são o país com a maior proporção de pessoas com acesso à rede — 55,83%

da população.

2002

O ano marca a primeira década de existência dos primeiros protocolos

de internet no Brasil e os 20 anos de surgimento da rede inicial. .

2003

O ano das fraudes pela internet, que têm crescimento de 275%. O

tráfego mundial de correio eletrônico contabiliza 55% de mensagens

classificadas como spam. O Brasil é um dos mais ativos focos mundiais de

hackers.Entra no ar a primeira versão do Portal Governo em software livre.

2004

Janeiro - Perto de comemorar seu décimo ano de internet dita comercial

– com disponibilidade para a população – o Brasil é o 8º país do mundo em

número de computadores conectados à rede, líder entre os países em

desenvolvimento. São 3,1 milhões de computadores e 1,3 milhões de

domínios, dos quais 676.634 mil estão em entidades profissionais (adm.br ou

odo.br, por exemplo). Dos 651.967 restantes, 91% são comerciais (com.br) e

os 9% restantes divididos entre outras 22 terminações de domínio, como gov.br

(governos); org.br (ONGs, fundações etc); ind.br (indústria); ou mil.br

(instituições militares).

A comunidade científica permanece à frente em velocidade: o laboratório

de Física de Altas Energias da Uerj por exemplo, transmite cerca de 180

17

gigabytes de dados (o equivalente a mais de 250 CDs). Enquanto isso, o

acesso da internet ao público é caro e dificultado por interesses de mercado.

2005

Mais da metade da população brasileira (55%) com dez anos de idade,

ou mais, nunca usou computador. Menos de 17% têm computador em casa.

O Brasil tem 786 mil domínios registrados.

A velocidade da internet, para todo o País é 11 vezes mais rápida (em

conexão discada) em comparação a 1991, quando era de 4.800 bits por

segundo.

2006

De acordo com o CGI.Br, a internet está presente em 14,5% dos

domicílios brasileiros pesquisados.Cerca de 32 milhões são usuários de

internet, independentemente do local de acesso - 28% da população.

2007

Chega ao Brasil a tecnologia 3G, que permite o acesso à internet via

telefone celular.

País tem 1,4 milhão de domínios registrados na Internet

2008

O comércio eletrônico no Brasil movimenta 114 bilhões de dólares,

aumento de 82% em comparação 2005, segundo pesquisa da Fundação

Getúlio Vargas.

O número de internautas residenciais no Brasil chega a 33 milhões de

internautas (pesquisa Ibope/NetRatings).

18

2009

Dezembro – Pesquisa Ibope-Nielsen avalia que a internet faz parte da

vida de 66,3 milhões de brasileiros: são 44% da população urbana, 24% das

residências.

O CGI.Br informa: o Brasil é o país com o maior número de máquinas

sendo alvo de envio de spam (o que inclui vírus, malwares e spywares) em

função do grande número de computadores conectados via banda larga, porém

sem proteção e mal configurados.

De acordo com o CGI.Br, 36% dos domicílios brasileiros têm computador

(eram 28% em 2008). O uso da internet a partir do domicílio subiu de 20%

(2008) para 27%, crescimento de 35%. O telefone celular está em 78% dos

domicílios. As lan houses perdem o posto de principal ponto de acesso à

internet no Brasil.

O Brasil é o 5º país com o maior número de conexões à internet.

2010

Março - É lançado o Portal Brasil, que reúne cerca de 500 serviços

públicos de mais de 100 órgãos federais. O desafio da administração do portal

é duplo: quanto à tecnologia, precisa estar preparado para receber milhões de

acessos simultâneos; quanto à linguagem, precisa dividir-se entre a liberdade

lúdica da publicidade e o compromisso com a precisão do jornalismo.

Chega a 1.101 o número de domínios gov.br registrados no Brasil –

0,05% dos mais de 20 milhões de registros no país. Isso quer dizer que, 15

anos depois do surgimento da internet mais de mil entes governamentais estão

na internet.

Apesar dessa expansão, ainda é difícil e caro o acesso do público às

conexões de banda larga num mercado dominado por poucas empresas, cujos

interesses claramente capturam a Agência Nacional de Energia Elétrica

(Aneel), órgão regulador federal para o setor.

19

Por outro lado, a Aneel autoriza, neste ano, o uso da tecnologia de alta

velocidade por rede elétrica que, caso seja implantada, poderá gerar uma real

explosão da internet no Brasil.

1.2 – A internet 2.0 – a comunicação interativa

“As pessoas vão se conectar de alguma forma como parte do

dia-a-dia. Da mesma forma como não discutimos o que acontece com

a energia elétrica, a internet se tornará onipresente e não precisará

ser chamada pelo nome.” (Demi Getschko, conselheiro do Comitê

Gestor da Internet no Brasil, em entrevista ao jornal O Estado de São

Paulo em 17/04/2005.)

Também denominada Rede de Alcance Mundial – em inglês World Wide

Web (sendo “web” palavra inglesa para “teia”) –, a internet chega a sua

Segunda Onda: a assim chamada Web 2.0. O que caracteriza a Web 2.02 são

a interatividade e a segmentação: essa nova rede é permeada por uma miríade

de subrredes - as redes sociais, sendo o Facebook, o Orkut e o Twitter as mais

populosas, onde orbitam milhões de pessoas que, por sua vez, geram novas

redes de grupos e microblogs em torno de interesses específicos.

Os blogs, canal de expressão individual, também com ferramentas

interativas, são uma forma gratuita para qualquer cidadão projetar suas

opiniões e criações em nível planetário. Blogs e microblogs sucedem os sites

dentro de portais. Desde os veículos de jornalismo online até os sites de

governo oferecem ferramentas que dão voz aos usuários.

Todos, enfim, podem ter lugar no vaivém da comunicação. E tudo a

custo acessível, 24 horas por dia, por meio de uma crescente variedade de

dispositivos. Novos dispositivos, como o I-Pad, ameaçam o reinado dos

Web 2.0. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Web_2.0. Acessado em 8/42010

20

telefones celulares, alvos iniciais da tecnologia 3G, que está no Brasil desde

2007 e já começa a mudar novamente o cenário: os comunicadores precisam

correr para adaptar sua escrita, sua fala e seus visuais à nova plataforma. No

mercado de comunicação surgem novos profissionais: sejam eles

jornalistas,publicitários ou estudantes de nível médio, são disputados pelo

mercado aqueles que dominam as diferentes plataformas da web e os que

sabem gerenciar e potencializar a interação entre elas. Ou seja,

independentemente da vontade de quem quer que seja, o cidadão, hoje, é um

cidadão-internauta. O cidadão não apenas consome informação via internet

como também produz conteúdo na mesma via; deixa de ser mero receptor e

assume o papel de emissor. A era da comunicação de massa dá lugar à

comunicação one-to-one – ou seja, a comunicação interativa (CRUCINELLI,

p.11).

1.3 – Criador engolido pela criatura

Cabe lembrar que a esfera pública é pioneira no ambiente da internet –

as primeiras redes foram criadas por entidades públicas e eventualmente

cresceram em parceria com instituições públicas. Se, inicialmente, o uso desse

canal não necessariamente era orientado para o cumprimento de uma das

missões do poder público, que é “dar publicidade às suas ações” é evidente

que o vasto acervo de possibilidades representado pelas ferramentas de

internet veio atingir frontalmente as rotinas de comunicação no âmbito da

administração pública, em todos os poderes.

Nesse ano de 2010, são raras as entidades públicas, no mundo e no

Brasil, que não têm pelo menos um endereço eletrônico, como se verá mais

adiante neste trabalho.

21

1.4 – Os conteúdos e as novas ferramentas

O fenômeno da internet não alterou a natureza dos conteúdos a serem

transmitidos: o objetivo ainda é contar histórias. Ou seja, continua-se a produzir

textos, sons, fotografias, imagens, filmes e seus respectivos recursos para

transmitir uma idéia, relatar um fato, narrar um acontecimento, ilustrar um

fenômeno. O que a internet veio revolucionar foram os formatos com que são

emitidos e recebidos os conteúdos e que, no caso na internet, se somam e se

sobrepõem de modo nunca antes experimentado. Textos, animações, imagens,

fotos e sons podem ser produzidos, misturados, combinados e publicados por,

qualquer pessoa a que isso se disponha. E, do mesmo modo, podem ser

usufruídos por qualquer um que se empenhe em buscá-los na web. As

diferentes plataformas são amplamente disponíveis ao cidadão comum – tanto

quanto às organizações.

Cabe, aqui, listar os principais recursos de comunicação disponíveis em

2010 para a difusão de informação e suas respectivas funções e alcances. Os

elementos básicos para aplicação das linguagens da comunicação são

(CRUCINELLI, p.12 e TERRA, 2006, p 155-173):

1 - Hardware: Relacionado ao computador utilizado e seus

componentes. O trabalho com multimídia exige um equipamento com um bom

processador, bastante memória, grande capacidade de aramzenamento em

seu disco rígido ou servidor, bem como placas de vídeo e outros elementos

como periféricos que, conforme sua qualidade e capacidade. Tais elementos

permitem usar os softwares (em português, sistemas operacionais e

aplicativos).

2 - Software: Sistemas operacionais, como Windows, Mac e Linux:

programas de uso comum no jornalismo, como o processadores de texto,

design gráfico, animação e tratamento de fotos e imagens, edição de vídeos,

compactação de arquivos, além de navegadores, complementos e aplicações

22

específicas, com funcionalidades para inserir arquivos na web em diferentes

formatos.

3 - Formatos: Documentais, como Word, Excel, PowerPoint ou Open

Document Format; de áudio, como MP3 ou WAV; de vídeo, como AVI, MPEG

ou QT; de imagem, como JPEG, GIF ou PNG; e multimídia, como FLV.Estes

elementos básicos permitem que os comunicadores produzam conteúdo em

formatos especialmente pensados para alimentar as páginas de acesso à

internet, identificadas por URLs (de Uniform Resource Locator, em português

Localizador-Padrão de Recursos). Uma URL pode localizar apenas uma página

ou um conjunto de páginas que pode ser organizadas de diversas formas. O

conjunto de todos os URLs compõe a world wide web – a internet.

As páginas, que são endereços virtuais, abrigam recursos de

comunicação direta, individual, em tempo real ou não, e podem ser

organizadas de diferentes modos:

Site – Nome, em inglês, dado a um endereço virtual (uma URL,

geralmente identificada no protocolo HTTP). Em português, sítio. Também

denominado website, websítio, sítio web, sítio na web, ou sítio eletrônico. Trata-

se de um conjunto de páginas web, isto é, de conteúdos acessíveis na internet,

organizados em determinada hierarquia e comunicantes entre si por meio de

links. Novas linguagens computacionais permitem a adaptação dos conteúdos

ou parte deles para acesso via telefone celular.

Portal – No âmbito da internet a palavra “portal” define uma URL que

abriga vários sites e/ou sistemas e bancos de dados. A maioria dos endereços

mantidos por entes da esfera pública são portais pelo fato de oferecerem, a

partir de suas páginas iniciais, acesso a diversos conteúdos específicos - tais

como ferramentas de consulta ou serviços tipo Fale Conosco – cuja

administração, embora subordinada ao portal, é conduzida de forma celular.

Um portal equivale a um edifício de apartamentos; os apartamentos equivalem

a um site.

23

Blog – Na analogia imobiliária, um blog equivale a um quarto dentro de

um apartamento, que por sua vez pertence a um edifício. Em comparação a um

site, as funcionalidades e o espaço virtual de um blog são mais limitadas –

impedem, por exemplo, a postagem de sons e vídeos ou de fotos em grandes

formatos.

Miniblog – Ainda na analogia imobiliária, um miniblog equivale a uma

cama dentro de um quarto. Em comparação a um blog, as funcionalidades são

muito limitadas, impedindo, por exemplo, a postagem de imagens e sons

(apenas de links para sites de hospedagem ou discos virtuais. Limita a

expressão à palavra escrita em número limitado de caracteres o quê, por outro

lado, favorece o trânsito dos miniblogs em outros dispositivos, como o telefone

celular.

Discos virtuais – Sites de oferecem armazenamento, para usuários, de

conteúdos digitais, os quais podem ser acessados de qualquer computador ou,

caso estejam adaptados, para telefone celular. Exemplo são os sites de

hospedagem de fotos, como o Picasa.

E-mail – A expressão contrai as palavras eletronic mail - correio

eletrônico em inglês. Foi uma das ferramentas adotadas com mais rapidez pelo

grande público para comunicação interpessoal. Em muitos ambientes

corporativos, incluídos os da esfera pública, vem substituindo o papel dos

memorandos. Simultaneamente, tem sido poderoso meio de difusão de

informação para todos os tipos de organizações e objetivos, do convite formal

para eventos à distribuição de propaganda comercial e eleitoral. O abuso do

correio eletrônico para fins comerciais originou o fenômeno conhecido como

“spamming” (envio de mensagens indesejadas – spams - a endereços

eletrônicos adquiridos de forma clandestina ou ilegal). De baixo custo e mais

veloz em comparação ao correio tradicional, o chamado “e-mail marketing”

pode carregar, além da mensagem central, diversas outras possibilidades de

interação, oferecidas por meio de links ativos. A despeito do sucesso dos

miniblogs e das redes sociais - que vem levando especialistas a predizerem o

24

fim desta ferramenta como meio de divulgação, em 2010 encontramos

inúmeras evidências e análises que contradizem essas previsões. Uma das

sub-ferramentas do e-mail são as listas de discussão, nas quais os

interessados se inscrevem pela simples inclusão de seus endereços

eletrônicos.

Chat – Ferramenta disponibilizada dentro de sites que possibilita a troca

de mensagens de texto em tempo real. Embora seu principal uso seja nas

comunicações interpessoais, vem tendo aplicação crescente em sites de

comerciais no âmbito dos serviços de atendimento a clientes. O principal

concorrente dessa ferramenta são os miniblogs tipo twitter.

Fóruns de discussão - É um tipo de lista de discussão com dinâmica

semelhante ao chat. É uma ferramenta que permite conversas em tempo real

com a participação de várias pessoas interessadas no mesmo tema. Também

chamado de "comunidade" ou "board". As conversas ficam registradas e

visíveis a todos os participantes.

Boletim eletrônico – Produto jornalístico adaptado ao universo virtual,

pode ter vários formatos. Pode ser acessado a partir da página inicial de um

site ou portal. Porém, o mais comum é uma página enviada por correio

eletrônico contendo chamadas com link ativo para que o destinatário clique

caso deseje ler o conteúdo completo. De modo geral, os links conduzem o

destinatário ao site do remetente. O uso correto desta ferramenta (raramente

praticado) exige que o boletim ofereça ao destinatário a opção de ser excluído

da lista de endereços (mailing) caso não queira continuar a receber o produto.

Por outro lado, o uso correto do boletim eletrônico pode contribuir para o

resgate de alguma força para a imprensa.

Em 2001, todas as ferramentas aqui compiladas podem ser – e com

freqüência são - usadas no escopo de planos e planejamentos de comunicação

tanto de organizações privadas como dos entes públicos.

25

CAPÍTULO 2 - O PODER DA COMUNICAÇÃO SE

DESLOCA

No ambiente crescentemente interativo da internet, o jornalismo e a

publicidade precisam estão empenhadas em aperfeiçoar sua atuação

contemplando as demandas de um público agora caracterizado pela

interatividade. Ao contrário da dinâmica gerada pelos produtos jornalísticos e

publicitários tradicionais – em que o cidadão comum é receptor essencialmente

passivo – a nova comunicação precisa movimentar-se para incorporar o público

como sujeito ativo. O público, porém, deixa de ser massa: agora é indivíduo e

possui poderes virtualmente equivalentes de emissão.

2.1 – Quem consome, quem produz

No palco da comunicação tradicional, o público confia aos

comunicadores a tarefa de determinar qual fato ocorrido é o “mais importante”,

em comparação a milhares de outros ocorridos no mesmo tempo/espaço; o

profissional, sobretudo o jornalista, assume a tutela da mente do cidadão, com

a anuência deste cidadão e, até mesmo, com sua gratidão por ter sido “bem

informado”. Diz Duarte.:

“Pesquisa realizada pelo Ibope em 2003 para o Observatório da

Educação e da Juventude mostrou que enquanto 44% dos brasileiros desejam

influenciar políticas públicas, 56% não têm interesse. O que chama a atenção,

é que, dos não-interessados, 35% dizem que não desejam simplesmente

porque não tinham informações sobre como fazê-lo.” (DUARTE, 2007, p.1)

Na web, ao contrário, cada um tem o poder de coletar as informações e

determinar qual delas lhe é mais relevante. E, além de selecionar a sua própria

26

cesta de informação, também pode replicá-la, multiplicar o seu alcance e,

ainda, retornar sua opinião à fonte emissora original. Diante disso, os

comunicadores se vêem diante da tarefa de requalificar suas técnicas para

manter a antiga confiança antes depositada pelo consumidor de informação.

O fenômeno da internet vem, portanto, reduzir a força do chamado

Quarto Poder - a imprensa e seus anunciantes -, que tem base na relação de

confiança entre consumidores e produtores da informação jornalística.

Em paralelo, a internet intensifica o espírito crítico do público, que agora

anima-se com as facilidades que ganhou para comparar, conferir, indagar e ter

respostas rápidas antes de “comprar” uma informação: a credibilidade dos

emissores está em xeque em tempo real.

Apesar dos recém-adquiridos poderes, a pesquisa mencionada por

Duarte sugere que a maioria dos cidadãos ainda tem apego por pacotes de

informação selecionados por profissionais especializados, o que possivelmente

contribua para explicar o sucesso dos portais de notícias mantidos pelos

tradicionais grupos de comunicação, como (no Brasil) o Grupo Abril e as

Organizações Globo. É nessa brecha que estão focados os comunicadores a

serviço de todos os tipos de organização.

2.2 – O impacto na propaganda

A “cesta de informações” que aparentemente ainda preferem os

consumidores de informação é produto do trabalho de comunicadores, que

agem de acordo com regras e métodos específicos.

No caso do jornalismo, em particular, os produtos tradicionais são

pensados e produzidos em moldes consagrados e amadurecidos. O produto

final impresso – jornais ou revistas - identifica-se pelo fato de aplicar uma

determinada organização visual para transmitir a informação e conduzir o leitor

durante o consumo dos conteúdos.

27

Fundamentalmente, em resumo, a hierarquia que conduz a leitura em

impressos jornalísticos tem base no tamanho das fontes (sentido horizontal) e

na distribuição das colunas (sentido vertical). A aplicação cruzada dos

conteúdos e recursos gráficos determina o destaque dado a uma ou outra

informação. A manchete de um jornal,que é o principal destaque, por exemplo,

materializa-se pelo uso do tamanho máximo de fonte ocupando a área máxima

de largura na posição mais alta da mancha de página.

Esta fórmula básica, ensinada nas escolas de jornalismo e comunicação,

vem sendo usada ao longo de muitos anos e ainda está presente nos

impressos jornalísticos de nível profissional.

Trata-se de uma “receita de bolo” que, em tese, mastiga para os leitores

o pacote de informações sobre fatos ocorridos. Este “pacote” de informações

previamente selecionadas e tratadas pelo jornalista poupa ao leitor o trabalho

de buscar e decidir qual notícia tem mais ou menos relevância. O leitor,

voluntariamente, confia ao jornalista essa tarefa. Em televisão e rádio outras

técnicas aplicam a mesma lógica.

Na dinâmica tradicional, portanto, o jornalismo adquire, perante o

público, a credibilidade que irá garantir a atenção das multidões – mesma

multidão que interessa à publicidade e que gera a retroalimentação entre

jornalismo e publicidade.

No centro dos interesses comuns das duas vertentes da comunicação

está a propaganda – no sentido da propagação de princípios e teorias,

conforme conceito introduzido pelo Papa Clemente VII, em 1597. Nesta troca

de interesses simbolicamente residente na propaganda, os setores dominantes

da sociedade vinham convivendo em harmonia simbiótica – até o advento da

internet.

Com a web, esse conforto foi quebrado. A web encerra a era do

monopólio da informação, desconstrói a simbiose entre jornalismo e

publicidade e desloca o poder para a tecnologia.

28

2.3 – O novo comunicador

Para os comunicadores de modo geral, a chegada da internet representa

um desafio em relação às técnicas. Possivelmente, a categoria específica dos

jornalistas foi mais desafiada dos que a dos publicitários. Surgiram questões

inéditas que desconstruíram as fórmulas habituais. (vide no Anexo 2 análise da

evolução de sites jornalísticos).

No início do fenômeno, essa desconstrução era resultado de uma soma

de fatores: o estágio da tecnologia digital era rudimentar e dominado por

profissionais externos à comunidade dos comunicadores; a falta de domínio da

tecnologia impedia a autonomia dos comunicadores de transpor os formatos

tradicionais da comunicação para as plataformas digitais. Como fazer um jornal

na internet? Como criar um anúncio na internet? Tudo era campo novo para

editores, diagramadores e designers gráficos. Criou-se – e ainda hoje persiste -

, inclusive, certa rivalidade entre o pessoal de tecnologia da informação (TI) e

os editores e chefes de criação, pois estes últimos passaram a depender do

empenho e do envolvimento dos primeiros para adaptar os conteúdos às novas

plataformas.

Há duas décadas, todos sabiam o que fazer. Publicitários criavam

pensando em anúncios impressos, em spot de rádio ou filmes de poucos

segundos para TV e cinema. Em nível de propaganda, escreviam artigos para

publicação em veículos específicos de acordo com determinadas

circunstâncias. Tinham idéias para eventos que gerassem espaço gratuito em

veículos jornalísticos.

Jornalistas montavam a pauta do dia, da semana ou do mês, que eram

cobertas por meio de entrevistas, pesquisas, investigações e captura de

imagens. O material escrito, revelado e montado para finalização conforme o

veículo – programas de TV, rádio, jornal impresso, revistas semanais ou

mensais, cadernos especiais.

29

O trabalho resultava em mercadorias com formatos diversos, porém bem

conhecidos, cuja distribuição dependia de estruturas comerciais também muito

bem definidas de compra e venda de espaços de mídia. O valor dos espaços

de mídia variava em função de cálculos amplamente aceitos referentes ao

número de leitores, de ouvintes ou de telespectadores atingidos.

Cada um – jornalistas, publicitários ou departamentos comerciais - tinha

papel claramente definido no processo de produção das mercadorias de

comunicação.

No âmbito público, até menos de duas décadas atrás, um típico

departamento de comunicação de uma organização integrante da

administração era formado por jornalistas, publicitários e relações públicas.

Os primeiros encarregavam-se dos contatos com a imprensa, de modo

geral – envio de releases, atendimentos a demandas de colegas das redações,

organização de coletivas de imprensa. Com menor freqüência, os jornalistas

também produziam o conteúdo de publicações impressas, além de textos para

rádio e tevê com o objetivo de difundir, para o grande público, informações

sobre projetos e resultados das atividades das instituições a que serviam.

Os publicitários e relações públicas se encarregavam do relacionamento

com as agências de publicidade para produção e distribuição da propaganda

nos grandes veículos. Junto com os profissionais de relações públicas, também

se ocupavam da organização dos eventos, abertos ou não ao público – eventos

estes que geravam novidades a serem trabalhadas junto à imprensa pelos

jornalistas. Em contexto de atendimento à administração pública, muitas vezes

se confundiam as fronteiras entre as tarefas de jornalistas, publicitários e

relações públicas (como ainda hoje acontece), seja pela natureza

interdependente das atividades, seja por insuficiência numérica das equipes.

É verdade que muito do que trabalho que se fazia até anos atrás

continua sendo feito exatamente do mesmo modo, em qualquer das esferas

(pública ou privada). O que mudou foi a capacidade e o custo de emissão da

30

informação – que vem alterar profundamente o modo como as equipes de

comunicação se interrelacionam.

Um típico assessor de imprensa encarregado da divulgação de um

evento, por exemplo, já não é “refém”; para ter sucesso em seu trabalho já não

depende apenas da boa acolhida a sua pauta por parte de uma equipe de

colegas empregados na redação de uma publicação de grande circulação.

É evidente que as coisas não estão inteiramente mudadas, ainda. O

espaço de uma nota em determinada coluna de um grande mantém alto valor.

Entretanto, deixou de ser a única escolha. Se por algum motivo a equipe da

redação interromper a veiculação desejada, o colega assessor terá tido

alternativas, como o uso do site da organização para a qual trabalha, o envio

de e-mails ou a comunicação viral em redes sociais.

Outro aspecto de mudança – do ponto de vista das rotinas de trabalho e

estrutura de equipes – é a necessidade de fornecer algum tipo de resposta

perante o crescente número de manifestações de internautas nas redes

sociais, chats, fóruns, trocas de e-mail em que fazem denúncias, críticas e, até,

elogios que não podem ser meramente desdenhados pelas organizações. Diz

COSTA:

“O novo leitor de notícias pela internet apresenta hábitos que

comprovam o poder e envolvimento dos ambientes virtuais, tais como

a consulta a vários sites de notícias em sessões de cerca de trinta

minutos cada, uma atenção concentrada em resumos e uma

extensão de leitura de mais de 75% das matérias escolhidas.”

(COSTA, 2003, p. 34-37)

Para fazer frente a um cidadão individualmente mais poderoso – e, no

entanto, ainda desejoso de receber informação tratada e qualificada - é

necessário realmente qualificar a presença na internet, emitindo as mensagens

que se deseja, antecipar-se a possíveis negatividades e, quando possível,

reverter situações antes que assumam proporções descontroladas. Nesse

31

contexto, impõe-se ao novo profissional de comunicação que seja ainda mais

polivalente do que antes era para, continuamente, monitorar, abastecer,

atualizar e aprimorar a imagem virtual da instituição para a qual trabalha. Às

organizações impõe-se a reavaliação das estruturas e equipes de

comunicação. Nesse cenário, como se insere o exercício da comunicação na

esfera pública?

32

CAPITULO 3 - A COMUNICAÇÃO PÚBLICA

3.1 – Definições

Para que uma avaliação de aspectos da contribuição da internet e das

ferramentas digitais na comunicação pública é preciso definir o que seja a

comunicação pública. Diz DUARTE:

“A comunicação pública diz respeito à interação e ao fluxo de

informação relacionados a temas de interesse coletivo. O campo da

comunicação pública inclui tudo que diga respeito ao aparato estatal,

às ações governamentais, partidos políticos, terceiro setor e, em

certas circunstâncias, às ações privadas. A existência de recursos

públicos ou interesse público caracteriza a necessidade de

atendimento às exigências da comunicação pública.” (DUARTE,

2007, p. 3)

Ainda de acordo com DUARTE (2007, p.3 e 4), as informações, no

âmbito da comunicação pública, podem ser agrupadas, para efeito didático,

nas seguintes categorias:

• institucionais;

• de gestão;

• de utilidade pública;

• de prestação de contas;

• de interesse privado (que dizem respeito ao cidadão, empresa ou

instituição);

• de interesse mercadológico (referem-se a produtos e serviços que

participam de concorrência);

• dados públicos (normas legais, estatísticas, decisões judiciais etc).

Duarte também lista os segmentos básicos de público:

• ambiente interno (servidores públicos e terceirizados)

33

• usuários de produtos e serviços dos governos;

• formadores de opinião;

• atores sociais e políticos;

• imprensa;

• sociedade em geral.

Conforme define WEBER (2009, p. 13), comunicação de interesse

público é o conjunto de estruturas, mídias, profissionais e produtos, de caráter

informativo, publicitário e promocional, mantidos pelas instituições dos poderes

Executivo, Legislativo e Judiciário necessárias à prestação de contas do

Estado/Governo à sociedade.

Para ZÉMOR (1995, p 5), "as formas de fazer comunicação pública

estão ligadas à sua missão e devem ser delimitadas porque implicam em graus

bastante diversos da necessidade de comunicar". Ele identifica cinco

categorias da Comunicação Pública, de acordo com sua missão:

i) Responder à obrigação que têm as instituições públicas de levar

informação a seus públicos;

ii) estabelecer a relação e o diálogo de forma a desempenhar o

papel que cabe aos poderes públicos, bem como para permitir que o

serviço público atenda às necessidades do cidadão de maneira mais

precisa;

iii) apresentar e promover cada um dos serviços oferecidos pela

administração pública;

iiii) tornar conhecidas as instituições elas mesmas, tanto por uma

comunicação interna quanto externa;

v) desenvolver campanhas de informação e ações de comunicação

de interesse geral.

34

A essas cinco categorias, o autor agrega também a da comunicação do

debate público que acompanha as tomadas de decisão ou que pertencem à

prática politica.

Em resumo, o objetivo das entidades da administração pública deve ser

o de dar transparência as suas ações, algo que, com o advento da internet,

tornou-se incrivelmente fácil e barato.

3.2 – A autonomia a um passo

Como já foi visto, até apenas 15 anos atrás os instrumentos de

comunicação de maior alcance – seja de fonte pública ou privada – se

limitavam basicamente às mídias impressas, rádio e televisão. No que ser

refere a TV e mídia impressa, o custo financeiro e o tempo transcorrido entre a

geração da informação e o atingimento do público-alvo eram (e ainda são)

elevados. No caso do rádio os custos eram (e são) menores, mas não

irrelevantes.

No caso da comunicação pública, esses recursos tecnológicos eram

limitadores e fator intrinsecamente relacionado ao poder econômico dos

emissores. O poder de comunicação, portanto, dependia do uso do poder

econômico, do que se conclui que o aspecto tecnológico efetivamente

influenciava a quantidade, qualidade e freqüência da difusão de informação à

população.

Para alcançar o grande público, os gestores de comunicação eram, na

prática, reféns dos espaços publicitários ou jornalísticos – via de regra de

propriedade privada. Os comunicadores públicos dependiam quase

inteiramente da aquisição, a peso de ouro, de espaços na mídia privada para

transmitir informações às populações sem submeter-se ao filtro editorial das

redações de jornais e tevês.

35

3.3 - A queda dos custos

A maioria das ferramentas de internet pode ser construída, acionada e

mantida a custos surpreendentemente baixos ou rigorosamente sem custo –

caso dos blogs, recurso gratuito e uso intuitivo que é usado com alta eficácia

até mesmo por empresas de grande porte, como a Petrobras.

Para o cálculo aproximado dos custos de um site de nível profissional

não se contabiliza, aqui, o custo dos recursos humanos que eventualmente

estariam envolvidos na geração e manutenção dos conteúdos e serviços

específicos e que seriam o motivo da existência do endereço virtual.

Um site simples, com poucas páginas, pode ser criado por algumas

centenas de reais. Já um site mais completo, com design exclusivo, mais

quantidade de páginas, animações e até mesmo bancos de dados exige

investimento entre R$ 1.500 e R$ 10.000. Soma-se a esses valores o custo dos

serviços de informática (TI) para a constante atualização necessária para que o

site se mantenha competitivo e seguro diante das ameaças dos hackers – um

valor inicial de cerca de R$ 100 mensais. O custo de hospedagem do WWW é

irrisório, variando entre R$ 15 e R$ 70 por ano.

A rigor, até mesmo leigos podem fazer sites. Na internet, disponível para

aquisição gratuita, existe um bom número de programas para construção de

sites, como o Joomla. Para leigos que tenham familiaridade com programas de

computador de qualquer das plataformas dominantes (Windows, Macintosh,

Linux), estes programas são razoavelmente acessíveis por oferecerem tutoriais

de ajuda detalhados, a que somam os comentários e dicas disponíveis em

grande quantidade de fóruns na própria internet.

Em comparação, por exemplo, para um veículo impresso, o custo

aproximado de impressão de apenas uma edição de uma revista impressa,

quatro cores, 32 páginas, papel couché 90 com tiragem de 40 mil

36

Esta revista, feita de papel e tinta, poderia circular por muitos anos e ser

lida por muito mais pessoas do que os 40 mil exemplares da tiragem. No

entanto, a informação estaria em breve perdida – no sentido da atualidade.

Mais do que nunca é verdadeira a velha máxima que afirma ser o jornal de hoje

o embrulho para o peixe de amanhã.

Conclui-se, portanto, que com baixíssimo investimento empresas e

instituições públicas podem manter-se em contato constante com seus

públicos, publicando conteúdos diversos, em volume e tempo ilimitado. Essas

facilidades amplificam a imposição, por parte das organizações, de comunicar-

se eficazmente com os seus cidadãos/consumidores.

3.4 – O cidadão consumidor de informação

No mundo empresarial, jornalistas, publicitários e relações públicas têm

o claro papel de promover produtos e serviços, além de proteger a imagem da

corporação a que pertencem.

Já o comunicador público, ainda que formado na mesma cartilha da

comunicação privada que, de fato, vigora nas escolas, precisa estar atento a

recomendações como a de ZÉMOR:

"Na Comunicação Pública o cidadão é um interlocutor

ambivalente. Ao mesmo tempo em que ele respeita e se submete à

autoridade das instituições públicas, ele protesta sobre a falta de

informação, ou sobre suas mensagens mal construídas, incompletas

ou mal divulgadas." (ZÉMOR, 1995, p2)

O que se constata é que, a despeito de os objetivos de organizações

públicas e privadas serem bastante diferentes, o que se observa, na prática, é -

basicamente - a aplicação dos mesmos métodos e ferramentas de

comunicação.

37

Se em muitos casos essa semelhança é inadequada no contexto da

comunicação pública, por transgredir o próprio interesse público, em tempos de

internet surgem ferramentas que se prestam adequadamente aos objetivos de

ambas as esferas.

Exemplo notável são o serviços do tipo “fale conosco” que representa

claramente um caso de comunicação de relação (COSTA, 2006, p.26) ou seja,

aquela em que se fala e também se escuta. Tanto instituições públicas como

as organizações privadas mantêm em seus sites e portais serviços de

atendimento (“ao cliente”, “ao consumidor”, “ao cidadão”) que se propõem, de

modo continuado, a acolher e a dar tratamento a dúvidas, perguntas e críticas

manifestadas direta e individualmente pelos usuários do serviço.

Por coincidência ou não, a multiplicação dos serviços de atendimento ao

usuário (do site de determinada organização) ocorreu simultaneamente ao

fortalecimento, no Brasil, da ideologia do consumidor e, no mesmo período, à

explosão da internet. De algum modo, essa modalidade de comunicação

simboliza o novo tom desse novo tempo. A mesma era que torna-se "do

consumidor" também torna-se "do conhecimento".

Para o exercício da cidadania, a internet traz, portanto, uma dimensão

inédita na história. Por um lado, amplia as permissões para expressão de

indivíduos e de grupos. Por outro lado, para a gestão e empresas e,

especialmente, de entes integrantes da administração, a rede de computadores

possibilita o fortalecimento do exercício das missões técnicas de cada

organização. A internet descentraliza poderes e contribui para revelar ao

público os bons e os maus desempenhos.

38

A conclusão dos analistas a respeito é enfática e foi resumida pelo

especialista em mídias digitais Nino Carvalho:

“Queira ou não, a sua organização está na internet, seja em

comentários em blogs, fóruns ou twitter. Portanto, a sua organização

também precisa estar lá (na web). Tanto para monitorar a sua

imagem como para afirmar as suas positividades.” 3

Ao longo dos anos, a dinâmica entre esses dois fenômenos poderá

resultar em significativas mudanças nas formas como a sociedade evolui.

3 Nino Carvalho, coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica de Marketing Digital (Igec-Facha),

em curso sobre Mídias Digitais ministrado na Universidade dos Correios para comunicadores da esfera pública,

Brasília, março de 2010)

39

CAPÍTULO 4 - PONTO GOV

4. 1 - A presença dos governos brasileiros na internet

“O cenário atual da administração pública brasileira tem se

caracterizado pelo forte empenho em resgatar o papel do poder

público para a construção de um novo modelo de gestão pública. A

adoção estratégica e intensiva das tecnologias de informação e

comunicação (TICs) como elemento viabilizador de um novo modelo

de gestão pública evoluiu para o que é hoje chamado de governo

eletrônico”. (BARBOSA, 2009, p.67-71)”

As pesquisas na própria internet confirmam Barbosa: a esfera pública

tem dado ampla resposta ao advento da comunicação digital e não apenas na

oferta de serviços e informações, mas também no exercício de políticas de

financiamento e incentivo à inclusão digital.

Curiosamente não se localizou, apesar de exaustivas pesquisas, uma

lista completa, atualizada e ativa de endereços .gov. O Portal Brasil mantém na

página inicial um ícone que oferece a lista de todos os serviços .gov. A

navegação a partir desse ícone, porém, é frustrante pois nunca leva à tal lista.

Também no vasto acervo do CGI não foi encontrada uma compilação de

endereços – apenas percentuais de uso domínios com denominações .gov.

Essa provável falha possivelmente se explica pela baixa demanda e, por

outro lado, pela facilidade oferecida pelos sistemas de busca (Google,

principalmente), a partir dos quais se acham facilmente os mais recônditos

endereços eletrônicos.

40

Apesar da provável ausência da uma lista de sites .gov, pode-se afirmar

que toda a estrutura da União está representada na internet – o que não

significa dizer que esteja de modo plenamente operacional. Ou seja, da

Presidência da República a departamentos de universidades federais, centenas

(talvez milhares) de sites de entes públicos federais estão ativos, comprovando

o efetivo empenho da esfera federal no objetivo de se fazer presente na

internet.

No âmbito das unidades da Federação também se registra a

representação online de todos os governos estaduais, embora com menor

adesão das suas estruturas (secretarias, fundações, instituições de ensino,

sistemas jurídicos etc).

A pesquisa Global E-Government 2007, realizada pelo professor norte-

americano Darrel M. West, da Brown University (disponível em WWW.cgi.br),

situou o Brasil no 13º lugar no ranking mundial 2007 dos governos eletrônicos -

o melhor índice da América do Sul. Em 2006, o Brasil estava em 38° na mesma

pesquisa.

Uma lista de endereços de governos do Brasil foi encontrada em

www.gksoft.com/govt (acessado em 17 de julho de 2010). No índice de

endereços, atualizado pela última vez em 2008, todos os 27 estados brasileiros

estavam representados com pelo menos três links (governo, secretarias etc).

Aparentemente, também toda a macroestrutura do Governo Federal

estava listada em www.gksoft.com/govt: Presidência da República, ministérios

e seus principais órgãos, Câmara e Senado, tribunais, bancos. Da estrutura

federal estavam listados, na data da consulta, 84 endereços WWW.

Também estavam compilados os endereços eletrônicos dos 26 governos

estaduais e do Distrito Federal. Lista igual também foi encontrada no portal do

Governo da Paraíba.

41

Embora tampouco tenha sido encontrada uma lista dos endereços de

municípios, a pesquisa Perfil dos Municípios 2009 do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE (comprova a crescente capilarização da

presença da administração pública na internet. De acordo com o IBGE4, dos

5.565 brasileiros tinha sites ou portais em 2009, 99,5% estavam conectados à

internet e 87,6% informaram ter políticas ou planos de inclusão digital.

Estatísticas semelhantes não foram encontradas no IBGE abrangendo

as esferas federal e estadual. A principal conclusão da pesquisa acerca da

presença da administração pública na internet é que apesar de o processo de

adesão se encontrar bastante adiantado (se considerada a curta história da

rede no Brasil), o desafio ainda é a falta de público que se beneficie desta

satisfatória presença virtual. De acordo com a supracitada pesquisa IBGE, 61%

dos brasileiros ainda não têm habilidade para lidar com computadores.4.1 –

Breve análise de portais oficiais

Considerando que são tênues a distância e a fronteira entre o que seja

informação (descrição e narração de fatos) e o que seja publicidade &

propaganda (versão dos fatos com fins promocionais), cabe sublinhar que,

embora comentários sejam feitos a esse respeito, também não é proposta

desta dissertação verificar o uso – ou não – dos sites e portais oficiais para fins

político-eleitorais.

O que cabe, no presente trabalho, é observar os esforços dos governos

e instituições públicas no sentido de prestar e qualificar informações sobre suas

atividades e serviços e o peso das linguagens da comunicação no desempenho

dessa tarefa.

Esta observação de alguns endereços de governo na internet contempla

o ponto de vista da eficácia no objetivo de oferecer aos usuários informações

4http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/perfilmunic/2009/munic2009.pdf. Acessado em

30/7/2010)

42

de modo facilmente assimilável, ou seja, com o manejo de textos, fotografias,

filmes e arquivos de áudio. Tais linguagens se materializam em textos e peças

noticiosas (vídeos, folhetos, livros, links, arquivos de áudio e outros que

caracterizam a função de acompanhamento, com o objetivo de orientar e

informar a população, das atividades dos governos); e também textos e peças

e institucionais (tais como Missão, História, Memória, Organograma, Quem é

Quem etc), com objetivo de situar o público interessado e contextualizar a

existência da organização dentro da macroestrutura da sociedade.

Tanto o governo federal como os estaduais e municipais oferecem, em

seus portais e sites, razoável número de serviços eletrônicos e conteúdos

diversificados. Se a eficiência dos serviços, não é objeto desta dissertação e,

portanto, não foi testada, cabe registrar o resultado da TIC Domicílios 20095 do

CGI sobre o uso de governo eletrônico:

“....30% dos indivíduos que acessam a Internet fizeram uso

das ferramentas de e-gov....Barreiras: Mais da metade (56%) dos

internautas não-usuários de governo eletrônico afirma preferir fazer

as consultas/contato pessoalmente; dado que pode estar associado à

dificuldade para navegação nos sites do governo e à própria

complexidade inerente de alguns processos disponibilizados para a

população: 12% afirmam ser uma barreira a complicação na hora de

usar a Internet para entrar em contato com a administração pública,

outros 9% declararam que os serviços dos quais necessitavam não

estavam disponíveis na Internet; por fim, 8% afirmam que os serviços

desejados eram difíceis de serem encontrados nos sites de governo.

5 Disponível em http://www.cetic.br/index.html”

43

Portal Brasil – em 25 de junho de 2010

Figura 1

O portal foi lançado em março de 2010 após quatro anos de elaboração.

Na linha do tempo do portal, o primeiro texto, de julho de 2007, afirma:

“Na área pública em todo o mundo, ambientes digitais têm

sido utilizados para prestar informações, mobilizar, educar e oferecer

facilidades por meio dos inúmeros serviços on-line disponibilizados

aos cidadãos. A necessidade de criar ambientes inovadores a partir

de demandas dos diversos públicos e estabelecer parâmetros para a

comunicação digital pública (sic). Nessa época, a SECOM decidiu

que precisaria reformular a presença do estado brasileiro no ambiente

digital. O objetivo do portal é prestar serviço à sociedade com

conhecimentos sobre cidadania, educação, esporte, meio ambiente,

saúde, história do Brasil, economia, cultura e informações para

estrangeiros que visitam o país.”

44

Ou seja, o portal profere a ambição de prestar serviços a públicos

segmentados e estabelecer parâmetros para a comunicação digital pública.

Mas falha: o portal tem navegação lenta; parece pesado demais para a

tecnologia que o sustenta. Um ícone bem visível oferece acesso à lista

completa dos serviços públicos online. Mas o resultado frustra: na página

resultante, a lista não aparece. São oferecidos links para os cinco serviços

mais procurados e, abaixo, um link “Mais” que remete a uma página de notícias

gerais.

Na parte inferior da página inicial do portal são oferecidos links para os

demais conteúdos gerados diretamente pelo governo central vigente (Planalto),

quais sejam: Secretaria de Comunicação (Secom); Presidência; Blog do

Planalto; Governo Eletrônico (Gov.br); e Domínio Público. Essa multiplicação

de links confunde o usuário: não fica bem clara qual é a diferença entre eles. É

preciso arriscar o clique num portal extremamente lento. No caso do Gov.br dá

resultado. A página seguinte explica:

“O portal Governo Eletrônico atua em três frentes

fundamentais: junto ao cidadão; na melhoria da sua própria gestão

interna; e na integração com parceiros e fornecedores. Desta forma,

pretende-se aprimorar as relações do governo com os cidadãos,

empresas e também entre os órgãos do próprio governo; promover a

interação com empresas e indústrias; e fortalecer a participação

cidadã por meio do acesso a informação e a uma administração mais

eficiente.” (http://www.governoeletronico.gov.br/)

Um link leva diretamente à página inicial de Gov.br.

Surpreendentemente, porém, Na página Gov.br não há link de retorno para

Portal Brasil. Em geral, assinala-se, os vários sites do governo federal não

conduzem a navegação e não remetem o usuário a outros sites do próprio

governo.

Outro problema que revela a inabilidade no uso das ferramentas de

internet é a

45

existência do portal e-Gov (http://www.e.gov.br/), que se apresenta como

o “Portal de Serviços e Informações do Governo – Rede Governo.

É preciso comparar um e outro para se ter certeza de que o primeiro

trata das questões de governança da própria tecnologia que envolve a internet

e outros sistemas de informática.; o segundo oferece sistemas para prestação

de serviços e informações (como está dito no portal). Curiosamente, o link para

este portal – que é efetivamente de serviços – não é oferecido naquele que,

supostamente, seria o grande “guarda-chuva” da representação digital da

esfera federal. E vice-e-versa: no e-gov não há link diretos para Portal Brasil ou

para Gov.br. Diversos outros links – como o que deveria listar as prefeitura –

estão inativos ou corrompidos.

Fica a impressão de que faltou, na gestão da informação, decisões no

sentido de garantir o funcionamento das páginas existentes ou de racionalizar

os espaços acessíveis ao cidadão.

Apesar de quantidade, não há qualidade na comunicação digital

promovida pelo governo central do Brasil.

46

Portal do governo de São Paulo

Imagem da página inicial capturada em 11 de abril de 2010.

Figura 2

O portal, a despeito do tom de propaganda embutido no uso de verbos e

expressões de auto-promoção (propaganda), é bem-sucedido em seu objetivo

de prestar informações sobre temas variados, de interesse público –,

educação, fornecimento de água, saúde, defesa do consumidor, transporte,

habitação, emprego, iluminação, segurança. Reportagens disponíveis na

página inicial estão alocadas no site SP Notícias. Um link oferece relatório das

atividades do governo na semana anterior – iniciativa que demonstra empenho

no quesito “transparência”. Observa-se também a presença do governo

paulista em redes sociais como Twitter, Facebook e Youtube (vide seção 4.2).

47

Detalhe da página inicial do portal mostra a inserção em redes sociais

Figura 3

48

Portal do Governo de Minas Gerais

Imagem da página inicial capturada em 12 de abril de 2010.

Figura 4

Em seu portal, o governo de Minas Gerais aprofunda um pouco mais o

manejo da linguagem de internet, em comparação com o governo paulista.

Além de oferecer conteúdo para livre navegação, o portal também dispõe links

para navegação por perfil de usuário: Cidadão, Empresa, Servidor, Município.

Como São Paulo, a página inicial de Minas Gerais usa os recursos

semelhantes a uma “primeira página” de jornal impresso - manchetes,

chamadas, notas, filmes sobre variadas ações de governo - mas também usa

metade da página para oferecer links diretos para serviços diversos. Ao clicar

num link na área de notícias, o usuário é levado ao site da Agência Minas –

dedicado especificamente à cobertura em estilo jornalístico das atividades do

governo.

49

Imagem da página inicial do site Agência Minas, em 12 de abril de 2010.

Figura 5

O site Agência Minas anuncia claramente a sua razão de ser: veicular

“notícias sobre o governo do estado”. Observe-se que, quando refere-se a

“notícias”, ressalva-se – em tese – da idéia de ser um veículo de “publicidade”

ou “propaganda”. Em comparação à linguagem usada nas chamadas do portal

do governo paulista, tanto o portal mineiro como o site Agência Minas são mais

“jornalísticos” e menos “publicitários”: o ambiente virtual de Minas Gerais é

mais econômico em adjetivos, embora aplique somente verbos de cunho

positivo nas chamadas para as reportagens.

50

Também o governo de Minas Gerais está presente em redes sociais,

como mostram os botões sob o título “Redes Sociais do Governo” (por sinal,

título equivocado, uma vez que as redes sociais não são “do governo”).

Figura 6

51

Site da Prefeitura Municipal de Crateus (PE)

Imagem da página inicial do site em 12/4/2010

Figura 7

Como exemplo do alcance da internet foi selecionado o município de

Cratéus (CE), localizado a 350 quilômetros da capital Fortaleza, com 75 mil

habitantes. Mais modesta em comparação aos dois governos estaduais

abordados, a prefeitura mantém apenas um site em seu endereço, ou seja, não

abriga outros sites, apenas links para páginas específicas para seções

integrantes da administração (Procuradoria, secretarias, “Fale Conosco” etc). O

tom dos conteúdos é claramente de propaganda. que, apesar de mais contida,

52

se mantém em pleno período de restrição pela legislação eleitoral (página

seguinte).

A página inicial da prefeitura de Cratéus em 21 de julho de 2010

Figura 8

Essa atitude, que desafia abertamente a lei vigente no país, demonstra

um dos aspectos da autonomia em poder de comunicação decorrente do uso

da internet.

53

4.2 – A presença em redes sociais

A participação de entidades integrantes da administração pública em

redes sociais é mais um aspecto de semelhança entre as estratégias de

comunicação adotadas tanto na esfera pública como na iniciativa privada. O

objetivo comum e imediato de ambas as esferas é marcar presença de modo

preventivo – isto é, integrar as redes torna possível monitorar o que é dito a

respeito de uma entidade ou empresa e tomar, de imediato, as providências de

defesa. Como vantagem adicional, a participação em redes sociais amplia o

número de

respostas corretas em buscas virtuais relacionadas à organização e a

tema correlacionados. Além disso, as redes podem ser - e são - usadas para

divulgar eventos, atividades, resultados etc.

Simultaneamente a organização, com sua presença em redes sociais, se

torna mais capaz de pesquisar em tempo real e de agir no mesmo diapasão – o

que possivelmente atinge um dos principais paradigmas da internet 2.0, que é

a possibilidade de segmentação de públicos.

Para o diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação

Empresarial (Aberje), Paulo Nassar, os projetos de comunicação são hoje

“verdadeiros processos educativos”, uma vez que as ferramentas de

comunicação permitem trânsito de informação em mão dupla e em tempo real.

Para ele, o desafio é encontrar uma retórica para os diferentes públicos. "O

comunicador é um mestiço, que deve saber se relacionar com imprensa,

cidadãos, comunidades, funcionários, colaboradores, entre outros", afirma

Nassar 6.

6Em reportagem sobre o Workshop Gife de Comunicação, realizado em 24/11/2006.

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=410FDS004. Acessado em 12/7/2010

54

CONCLUSÕES

No que concerne ao exercício da comunicação no âmbito da esfera

pública, surge entre os principais impactos da internet o deslocamento do foco

de poder na própria comunicação. Ao quebrar a situação de monopólio dos

meios, antes exercido por empresas de jornalismo e de publicidade &

propaganda, a internet simultaneamente liberta e obriga as instituições públicas

a intensificar seu relacionamento com a população a que servem.

A pesquisa confirma que as esferas de Estado e de Governo estão

respondendo intensamente no processo de adesão à internet. Confirma

também que, a despeito deste empenho, ainda vigora, por parte da

administração pública, razoável irracionalidade (por excesso) e imaturidade – o

que se explica pela compreensível baixa familiaridade no uso dos recursos.

Conclui-se, ainda que, nas esferas de governo, os recursos de internet

vêm sendo amplamente aplicados como forma de propaganda, por meio,

principalmente, da aplicação da linguagem jornalística – um aspecto previsível

do uso da internet em nível de governo num país regido pela democracia.

Em paralelo, este trabalho constatou o considerável peso da aplicação,

no ambiente de internet, das linguagens tradicionais da comunicação. Embora

ainda esteja em estágio imaturo em relação aos recursos específicos da

internet, o “sotaque” jornalístico mostra ser capaz de determinar a densidade

comunicacional de conteúdos online.

Em contrapartida, foi verificado que os sites de governo efetivamente

vêm adotando as ferramentas digitais com o objetivo de cumprir a obrigação de

prestar contas e oferecer serviços e facilidades à população, além de ampliar

os canais para manifestação do público.

Este trabalho demonstra, portanto, o considerável impacto positivo da

internet na comunicação pública, uma vez que confere às instituições

55

considerável ganho no exercício obrigatório de dar publicidade aos seus atos –

no sentido de torná-los públicos de forma clara e inequívoca.

56

FONTES BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, Alexandre Fernandes; CAPPI, Juliano; GATTO, Raquel. Os

caminhos para o avanço do governo eletrônico no Brasil. In: CGI.br (Comitê

Gestor da Internet no Brasil). Pesquisa sobre o uso das tecnologias da

Informação e da comunicação 2008. São Paulo, 2009. Disponível em

http://www.cgi.br/publicacoes/artigos/artigo63.htm

BRANDÃO, Elizabeth Pazito. Comunicação Pública. XXI Congresso

Brasileiro DE Ciências da Comunicação. Recife, setembro de 1998. In: ENAP –

Escola Nacional de Administração Pública. Curso de Comunicação Pública.

Apostila. Junho e julho de 2005

COSTA, João Roberto Vieira (Org.), Comunicação de interesse público,

Notas – Ed Jaboticaba. 2006,

COSTA, Rogério. Cultura Digital. 2. Ed.São Paulo: Puplifolha 2003

CRUCIANELLI, Sandra, Ferramentas Digitais para Jornalistas,

Universidade do Texas em Austin, trad. Marcelo Soares

DUARTE, Jorge (Org.). Comunicação Pública – Estado, Mercado,

Sociedade e Interesse Público: Atlas, 2007

DUARTE, Jorge; VERAS, Luciara (Org). Glossário de Comunicação

Pública. Brasília: Casa das Musas, 2006.

MATOS, Heloiza. Comunicação pública, democracia e cidadania: o caso

do Legislativo. Líbero, São Paulo: Fundação Cásper Líbero, Ano II, nº. 3-4, pp.

32-37, 1999.

OLIVEIRA, Maria José da Costa (Org). Comunicação pública. Campinas,

SP: Alínea, 2004.

TERRA, Carolina Frazon, Comunicação Corporativa Digital: o futuro das

relações públicas na rede São Paulo – SP, 2006. Dissertação de Mestrado –

Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo

57

WEBER, Maria Helena. Artigo, revista Midia Com Democracia nº 8.

Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação. Disponível em

http://www.fndc.org.br/arquivos/Revista8.pdf. Acessado em 10/4/2010

ZÉMOR, Pierre. La communication publique. Puf, Col. Que sais-je?

Capítulo 1: o campo da comunicação pública. Paris, 1995. Tradução resumida:

Elizabeth Brandão.

58

PRINCIPAIS FONTES DE INTERNET

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http://www.brasilescola.com

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_online#T.C3.ADtulo

http://www.internetnobrasil.net/index.php?title=P%C3%A1gina_principal

http://ciberjor.files.wordpress.com/2007/09/o-link-como-recurso-da-

narrativa-jornalistica-hipertextual.pdf

http://territoriovirtual.blogspot.com/2009/08/blogs-jornalisticos-e-

credibilidade.html

http://jornalismo-on-line.blogspot.com/

http://gjol.blogspot.com/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo_online#T.C3.ADtulo

http://www.nosdacomunicacao.com/index.asp

http://comunicacaochapabranca.com.br/?cat=54

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/index.asp

http://www.jornalistasdaweb.com.br

http://colunistas.ig.com.br/cip/category/jornalismo-publico/

http://colunistas.ig.com.br/cip/category/jornalismo-publico/

http://www.slideshare.net/msavio/a-trajetoria-da-internet-no-brasil

http://www.cgi.br/

http://www.governoeletronico.gov.br/

http://jforni.jor.br/forni/

59

http://portaldacomunicacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=20713

http://www.rnp.br/noticias/imprensa/2001/not-imp-010310.html

http://200.20.105.7/infomimet/sites_nac.html#acervos_livroswww.ibope.c

om.br

Portal de Serviços e Informações de Governo

Portal Brasil

www.mg.gov.br

Portal do Governo do Estado de São Paulo

http://www.governo.rj.gov.br/

http://www.crateus.ce.gov.br/

Prefeitura do Natal

http://www.agenciarn.rn.gov.br/

ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

http://www.faperj.br/

Twitter

Facebook

www.orkut.com

YouTube - Broadcast Yourself.

Meios de comunicação

PREFEITURAS

Prefeituras Municipais — Interlegis

O Que É Propaganda?

Harold Lasswell - Wikipédia, a enciclopédia livre

Knight Center for Journalism in the Americas

60

ComunicaçãO Era Digital Aberto De0714110

http://www.ciadainformacao.com.br/blog/o-futuro-das-ai%E2%80%99s-

da-velha-remington-para-a-era-digital/

IBGE :: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SISP — Programa de Governo Eletrônico Brasileiro - Sítio Oficial

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República

REMAV - Redes Metropolitanas de Alta Velocidade

www.ipea.gov.br

http://jbonline.terra.com.br/

61

ANEXO 1

O peso das técnicas de comunicação

A presente monografia foi iniciada antes e finalizada em plena vigência

do período de restrição à publicidade pela legislação eleitoral. Essa transição

de períodos ocasionou uma abordagem adicional a respeito dos sites de

governo que haviam sido selecionados e visitados antes do início da restrição.

A comparação entre os conteúdos dos portais antes e durante a

restrição mostra o peso determinante da aplicação das técnicas e linguagens

da comunicação. Impedidos de publicar reportagens sobre as realizações dos

governos, os portais ficaram limitados aos serviços. Além de suprimir a

propaganda – objetivo da lei – a ausência de notícias efetivamente reduziu o

nível de informação

Neste Anexo estão dispostas imagens dos mesmos portais comentados

na seção 4.1, porém capturadas da internet em 21 de julho de 2010 – período

de restrição eleitoral.

62

Portal Brasil

Figura 9

Na medida em que não foi estruturado para veicular “notícias” como

propaganda - e sim para “ser” um portal de variedades sobre o Brasil, o Portal

Brasil não sofre alterações substanciais. Ainda assim, percebe-se contenção

no tom das mensagens. Os dois títulos em destaque remetem a notícias

neutras. Uma refere-se ao mercado (que, de resto, é de amplo conhecimento

público); a segunda informa o encerramento de um prazo, sem aplicar juízo de

valor (o que mantém a informação dentro de um parâmetro técnico).

63

Governo de São Paulo

Figura 10

A propaganda desaparece quase por completo. O link para o site SP

Notícias permanece, mas leva a uma página que dá acesso à Sala de

Imprensa, cujo acesso exige cadastramento. Numa obediência menos estrita à

lei, em comparação a Minas Gerais, São Paulo manteve alguns elementos

64

típicos de comunicação no design da página inicial: logomarcas, links de

interatividade com destaque em cor, adjetivos (em Rede de Cidades) e até uma

foto “positiva”. Graças à manutenção de alguns recursos visuais típicos da

publicidade, em comparação a Minas Gerais o portal de São Paulo

aparentemente oferece mais densidade de conteúdo

Governo de Minas Gerais

Figura 11

O site de Agência Minas desaparece completamente. A restrição de

propaganda eleitoral deixa à mostra apenas o “esqueleto” do portal. Não há

quase nenhuma aplicação de recursos de comunicação visual, mesmo nos

links de serviços. Não há nenhum jornalismo ou publicidade & propaganda.

Em comparação a São Paulo, o portal de Minas Gerais parece mais

pobre, com menos conteúdo, menos serviços.

65

A mudança demonstra, por um lado, o impacto da ausência das

linguagens básicas da comunicação uma vez que a ausência de textos e

imagens resulta numa página pobre de informação. Por outro lado, revela um

aspecto, por assim dizer, positivo destas linguagens, no sentido de que ajudam

a orientar, a esclarecer e a conduzir o olhar do usuário em sua busca por

informação.

66

ANEXO 2

Demonstrar a evolução do manejo das técnicas tradicionais de

comunicação no ambiente da internet foi o que motivou a elaboração deste

Anexo.

Jornal do Brasil

O Jornal do Brasil foi o primeiro jornal brasileiro a criar uma versão para

a internet. Coincidentemente, no mesmo mês em que esta monografia é

finalizada, a versão impressa do jornal deixará de circular. O JB circulava

desde 1891.

Reproduzida abaixo está a primeira página da primeira edição do JB

Online, publicada em 7 de novembro de 1996. Nessa época o Jornal do Brasil

era o veículo impresso diário de maior prestígio e credibilidade, além de ser

considerado o jornal mais evoluído em matéria de design gráfico. Era um

benchmark para o jornalismo brasileiro nos moldes que hoje são “antigos”. O

manejo dos recursos gráficos em veículos impressos é, conforme comentado

no capítulo XXX desta monografia, parte intrínseca da linguagem jornalística.

Esse manejo, entretanto, perde-se inteiramente na versão online

inaugural. À época, com a internet recém-surgida, os jornalistas ainda não

tinham domínio dos recursos digitais – dependiam de profissionais de TI que,

por sua vez, não dominavam as técnicas jornalísticas. Ainda assim, foi um

sucesso – um espanto. “Foi um grande momento para o jornal. As grandes

iniciativas de internet só viriam depois'', disse ele7, citando o Universo Online

(UOL) e Globo Online, surgidos entre 1996 e 1997”, relata o jornalista Rosental

7 (Disponível em http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria2.html. Acessado em 29/7/2010)

67

Calmon Alves, à época editor-executivo do JB: Professor de Jornalismo da

Universidade do Texas, em Austin, e diretor do Centro Knight para o

Jornalismo nas Américas,

Rosental frisa que ''o grande herói'' da empreitada foi Sérgio Charlab, na

época editor de projetos especiais do JB.

Sergio Charlab relata8: “Uma pessoa, um computador, muitas notícias,

mas nenhuma noção, nem mesmo referência, de como publicar todo o

conteúdo de um jornal na maior rede de computadores”. Ele lembra também a

dificuldade de apresentar um projeto a ser aplicado em um meio desconhecido

e inexplorado. “Eu ainda precisava convencer os jornalistas e os diretores de

redação que o jornal precisava estar na internet.”

8 (Disponível em http://jbonline.terra.com.br/destaques/2005/10anos/memoria.html)

68

Aparência da primeira edição do JB Online, em 7 de novembro de 1996

Figura 12

No que diz respeito à fidelidade à linguagem jornalística tradicional, um

ano depois da primeira edição do JB Online as coisas evoluíram pouco. A

divisão do espaço gráfico em colunas (vide capítulo XX página YY)

aparentemente ainda não era possível. Apenas em 2000 observa-se uma

segunda coluna no espaço gráfico e o surgimento da seção “Tempo Real” –

além de um detalhe que acrescenta pioneirismo à publicação: a enquete

Pergunta de Hoje oferece um canal de interatividade com os leitores, algo que,

poucos anos depois, se tornaria a principal característica da web 2.0.

Apenas em 2002 a publicação ganha organização visual próxima à de

um jornal, com colunas bem definidas, retrancas, tamanhos de fontes bem

diferenciados e aplicação de fotos. Curiosamente, esse avanço retrocede, em

2005, para um layout menos vinculado à tradicional linguagem de jornal

69

impresso. Em 2010, entretanto – com tecnologias bem mais amigáveis -, as

coisas aparentemente retomam o caminho da tradição jornalística.

A aparência do JB Online em 3 de dezembro de 1996: confusão

Figura 13

70

A aparência do JB Online em 20 de novembro de 2000: duas colunas

Figura 14

A aparência do JB Online em 9 de outubro de 2001: quatro colunas

Figura 15

71

A aparência do JB Online em 12 de agosto de 2002: quase um jornal

Figura 16

Em 2005, o layout se distancia da tradição: matérias “penduradas”

Figura 17

72

Em 2010, a “primeira página” volta a aplicar recursos da linguagem

tradicional jornalística

Figura 18

Em paralelo ao pioneirismo do JB, iniciativas semelhantes foram

empreendidas por outras empresas de comunicação. Enquanto isso, crescente

número de dirigentes de instituições de Estado e de governo percebiam que,

com a internet, ganhariam autonomia para comunicar-se com a sociedade.

73

Jornalistas na Web

Lançado em 2000 pelo jornalista Mario Lima Cavalcanti com o objetivo

de difundir as práticas do jornalismo digital e das novas mídias, o site

Jornalistas na Web é uma vitrine do que vem sendo o desafio da internet para

estes profissionais.

Em 2000 já eram relativamente avançados os programas de publicação

de conteúdos digitais, isto é, já possibilitavam uma certa transposição do layout

jornalístico impresso para uma página virtual. Mas ainda não se tinha certeza

se as práticas do jornalismo online devessem limitar-se a uma “transposição”.

Havia uma necessidade de experimentar, como mostra a evolução dos layouts

das páginas iniciais do site. Em 2000/2001, as notícias do site eram

“penduradas” uma sobre a outra, sem divisão da página em colunas.

Num raciocínio baseado nas regras da diagramação jornalística, a

hierarquia das notícias se daria ordem de entrada, ou seja, supostamente a

que estivesse mais em cima seria a mais importante a outra. Apesar do layout

“pendurado”, alguns detalhes identificam a página como produto do trabalho

jornalístico, como o uso de retrancas para o assunto, os títulos antecedendo

chamadas e o encaixe da fotos na mancha do texto.

Não se sabe se esse layout foi uma opção experimental, uma imposição

tecnológica ou ambos.

No layout seguinte, adotado em 2003, nota-se uma involução no sentido

da hierarquização dos conteúdos. A página inicial é uma pouco atraente lista

de títulos/links. A tendência permanece de 2004 a 2006.

Já em 2007, o layout parece ter retomado algumas das principais bases

da técnica do jornalismo impresso – uso de colunas, manejo de diferentes

corpos de fonte, encaixe de fotos.

74

No entanto, o layout seguinte aparentemente cede às imposições da

linguagem HTML, que favorece a “penduração” dos conteúdos.

Layout em 2001

Figura 19

75

Layout em 2003

Figura 20

76

Layout em 2004

Figura 21

77

Layout em 2006

Figura 22

78

Layout em 2007

Figura 23

79

Layout em 2009

Figura 24

80

ÍNDICE

IMPACTOS DA INTERNET SOBRE A COMUNICAÇÃO DAS

INSTITUIÇÕES PÚBLICAS ........................................................................ 1

AGRADECIMENTOS .................................................................................. 2

DEDICATÓRIA ........................................................................................... 3

RESUMO .................................................................................................... 4

METODOLOGIA ......................................................................................... 5

SUMÁRIO ................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ............................................................................................ 9

CAPÍTULO 1 - A INTERNET NO BRASIL ................................................. 10

1.1 - Linha do tempo da internet ................................................................... 10

1.2 – A internet 2.0 – a comunicação interativa ............................................ 19

1.3 – Criador engolido pela criatura .............................................................. 20

1.4 – Os conteúdos e as novas ferramentas ................................................ 21

CAPÍTULO 2 - O PODER DA COMUNICAÇÃO SE DESLOCA .............. 25

2.1 – Quem consome, quem produz ............................................................ 25

2.2 – O impacto na propaganda ................................................................... 26

2.3 – O novo comunicador ............................................................................ 28

CAPITULO 3 - A COMUNICAÇÃO PÚBLICA ........................................... 32

3.1 – Definições ............................................................................................ 32

3.2 – A autonomia a um passo ..................................................................... 34

3.3 - A queda dos custos .............................................................................. 35

3.4 – O cidadão consumidor de informação ................................................. 36

CAPÍTULO 4 - PONTO GOV .................................................................... 39

81

4. 1 - A presença dos governos brasileiros na internet ................................. 39

4.2 – A presença em redes sociais ............................................................... 53

CONCLUSÕES ......................................................................................... 54

FONTES BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 56

PRINCIPAIS FONTES DE INTERNET ..................................................... 58

ANEXO 1 .................................................................................................. 61

ANEXO 2 .................................................................................................. 66

ÍNDICE ...................................................................................................... 80

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................... 82

FOLHA DE AVALIAÇÃO ........................................................................... 84

82

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1- Portal Brasil, do Governo Federal ..................................................... 43

Figura 2 – Portal do governo de São Paulo ..................................................... 46

Figura 3 – Detalhe do portal do governo de São Paulo ................................... 47

Figura 4 – Portal do governo de Minas Gerais ................................................. 48

Figura 5 – Detalhe 1 do portal do governo de Minas Gerais ............................ 49

Figura 6 - Detalhe 2 do portal do governo de Minas Gerais ............................. 50

Figura 7 – Site do governo do município de Cratéus ....................................... 51

Figura 8 – Detalhe do site do governo do município de Cratéus...................... 52

Figura 9 – Portal Brasil em período de restrição eleitoral. ............................... 62

Figura 10 - Portal governo de São Paulo em período de restrição eleitoral. .... 63

Figura 11 - Portal governo de Minas Gerais em período de restrição eleitoral. 64

Figura 12 – Primeira edição do JB Online em novembro 1996 ........................ 68

Figura 13 - Edição do JB Online em dezembro de 1996 ................................. 69

Figura 14 - Edição do JB Online em 2000 ....................................................... 70

Figura 15 - Edição do JB Online em 2001 ....................................................... 70

Figura 16 - Edição do JB Online em 2002 ...................................................... 71

Figura 17 - Edição do JB Online em 2005 ...................................................... 71

Figura 18 - Edição do JB Online em 2010 ....................................................... 72

Figura 19 – Layout do site Jornalistas na Web em 2001 ................................. 74

83

Figura 20 - Layout do site Jornalistas na Web em 2003 .................................. 75

Figura 21 - Layout do site Jornalistas na Web em 2004 .................................. 76

Figura 22 - Layout do site Jornalistas na Web em 2006 .................................. 77

Figura 23 - Layout do site Jornalistas na Web em 2007 .................................. 78

Figura 24 - Layout do site Jornalistas na Web em 2009 .................................. 79

84

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Instituto A

Vez do Mestre

Título da Monografia: Impactos da Internet sobre a Comunicação

das Instituições Públicas

Autor: Renata Moraes

Data da entrega: 4 de agosto de 2010

Avaliado por:

Conceito:

85