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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A NOVA LEI DO PARCELAMENTO - NOVO REFIS – LEI 11.941/2009 Alexânder Woelffel Fehlberg Orientador Prof. Dr. William Rocha Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A NOVA LEI DO PARCELAMENTO - NOVO REFIS – LEI

11.941/2009

Alexânder Woelffel Fehlberg

Orientador

Prof. Dr. William Rocha

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A NOVA LEI DO PARCELAMENTO - NOVO REFIS – LEI

11.941/2009

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Direito

Público e Tributário. Demonstraremos uma visão

específica sobre os artigos mais importantes da Nova

Lei 11.941/09, dentre seus benefícios e suas

obscuridades, apresentando inclusive uma

restropectiva dos parcelamentos anteriores e, sua

evolução perante a sociedade.

Por: Alexânder Woelffel Fehlberg

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AGRADECIMENTOS

Agradeço respeitosamente a Deus e a minha família

que sempre estiveram ao meu lado e, aos meus

grandiosos amigos(as) que de alguma forma,

apoiaram-me em diversos momentos difíceis da minha

vida. Para todos os presentes e aqueles que já se

foram por um motivo ou outro, meus sinceros

agradecimentos e eterna gratidão. “Amo vocês mais do

que posso e menos do que vocês merecem”. Deixo

aqui, minhas saudades..................................................

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos os Mestres e Professores

que de alguma forma, estiveram ao meu lado

proporcionando um avanço em meus conhecimentos

pessoais e profissionais, inclusive, com lições de vida

inesquecíveis. A minha namorada que trouxe

momentos de alegria e felicidade. Muito obrigado.

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RESUMO

Este estudo versará sobre os tipos de parcelamentos tributários no âmbito

federal, abrangendo o conceito e a natureza jurídica do parcelamento.

Abordaremos um breve histórico sobre os parcelamentos federais dos últimos

anos, destacando em si, os pontos fundamentais de cada um deles, mais

especificamente sobre a Nova Lei do Parcelamento ( Novo Refis) – Lei n.°

11.941/2009, observando em especial os benefícios alcançados e as

desvantagens advindas da adesão ao parcelamento, ora descritos neste trabalho.

Como será visto, recentemente, foi convertida a MP-449/08 na Lei n°

11.941/09, chamada de Refis da Crise. Esta lei modificou de forma

consideravelmente o ordenamento jurídico vigente, tratando de diversos assuntos

fugindo de seu foco original.

É indubitável dizer que neste trabalho a luz da Nova Lei do Refis, iremos

buscar uma melhor adequação dos principais pontos da Lei, a fim de demonstrar

de forma clara e objetiva alguns benefícios e exigências, os seus efeitos na esfera

penal e uma análise dos pressupostos sobre prisma Constitucional e outros, sem

a pretensão de encerrar este vasto tema.

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METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido com fundamento existente no meio jurídico

pátrio, sobre vários possicionamentos acerca da conversão da MP-449/08 na Lei

11.941/2009, adentrando através de pesquisas em textos nas Leis e artigos

disponíveis em meios eletrônicos. Ademais, foi realizada pesquisa doutrinária, ao

qual, alguns autores contribuíram com seu notório saber jurídico, corroborando

assim, com os principais temas abordados sobre o assunto da Nova Lei do Refis.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - DO PARCELAMENTO DOS TRIBUTOS 10

CAPÍTULO II - UM BREVE HISTÓRICO DO PARCELAMENTO 17

CAPÍTULO III – O NOVO PARCELAMENTO OU REFIS DA CRISE – LEI

11.941/2009 30

CONCLUSÃO 45

ANEXOS 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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INTRODUÇÃO

O Sistema Tributário Nacional é o resultado de um complexo normativo

formado pela Constituição Federal, pelas leis complementares e demais leis em

vigor. É de fácil constatação que a nossa Carta Magna, estabeleceu por meio de

uma legislação a competência para tributar, as limitações ao poder de tributar e a

repartição de receitas tributárias, proporcionando uma adequada noção de tributo,

sua vigência, sua aplicação e sua interpretação.

Diante do próprio texto legal, o Governo ao longo de vários anos vem se

aprofundando em métodos objetivados fundamentalmente na arrecadação de

seus tributos. A maior demonstração disso foi às criações das Leis de

Parcelamento no âmbito Federal, ou seja, os REFIS, ao qual, o contribuinte, a

partir de vantagens ou benefícios fiscais descritos na lei, possibilitou o

parcelamento ou o refinanciamento de suas dívidas gerando capitalização ao

arrecadante.

Iniciaremos a abordagem do tema, pelo estudo do capítulo do

Parcelamento dos Tributos, onde será abordado seu conceito e significado, sua

natureza jurídica e uma comparação do parcelamento à moratória, objetivando

aos leitores uma visão lato sobre o tema.

Em seguida, o próprio Estado Brasileiro apresentou ao longo desses

anos, meios aos quais, foram utilizados como instrumento para arrecadação dos

tributos no âmbito Federal, ou seja, em destaque, um Breve histórico dos

parcelamentos, criando assim: o REFIS, o Pacelamento Ordinário, o PAES e o

PAEX. Cabe assinalar, aliás, que cada um terá a visão dos seus aspéctos

internos mais relevantes para os contribuintes e, neste caso, facilitará o

entendimento para os nobres leitores.

É no cenário do terceiro capítulo que apontaremos tudo o que será de

mais relevante sobre o Novo Parcelamento da Lei n° 11.941/09, apontando desde

as suas vantagens até suas exigências. Por conseguinte, destacaremos os

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débitos que não podem ser objetos do parcelamento, os seus efeitos penais sob a

visão da nova lei, os pressupostos e um exame sob o prisma Constitucional.

Vislumbraremos os as injustiças surgidas mais uma vez, pela falta de

comprometimento do Poder Legislativo, fato este, facilmente alcançado pelos

bons olhos dos doutrinadores.

Salientar-se-á no decorrer deste trabalho, ilustrar um melhor

entendimento sobre o parcelamento a luz da Nova Lei n.º 11.941/2009 com base

na Constituição Federal, o que ela poderá proporcionar de vantagens para as

empresas e aos cofres do Tesouro Nacional, quanto à arrecadação dos impostos,

trazendo assim, uma demonstração geral sobre o Novo Refis para o contribuinte.

Em suma, traçaremos um liame dicotomicamente de benefícios e os entraves

deste diploma legal, tanto na perspectiva da administração (contribuinte), quanto

na visão da Administração Pública.

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CAPÍTULO I

DO PARCELAMENTO DE TRIBUTOS

1.1 – Conceito e significado

No primeiro momento, o benefício do parcelamento está pautado no CTN,

demonstrando, desde já, uma forma de suspensão da exigibilidade do crédito

tributário na forma do artigo 151, VI1, senão vejamos:

“Art. 151 – Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:

VI – o parcelamento.”

Parcela é a fração de um todo, pequena parte, fragmento é o primeiro sentido que nos ocorre acerca do tema.

Deve-se atentar que o parcelamento é uma forma concedida e criada

somente por condições estabelecidas em lei especifica. Esta Lei abrangeu sobre

as condições de parcelamento dos créditos tributários, os prazos, os limites e

benefícios para o contribuinte, não obstante, suas obrigações pré estabelecidas

para sua adesão. Neste sentido o artigo 155-A2, do CTN, trouxe:

“Art. 155-A – O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em Lei específica.”

Outros meios diversos de parcelamento foram criados pelo Governo, com o

condão de trazer para os cofres públicos os créditos tributários que se encontram

em pendência para quitação, a fim de recuperá-los, proporcionando ao

contribuinte a chance de quitar os seus passivos tributários de forma menos

onerosa.

1 Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. 2 Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.

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Temos ainda que observar o conceito de parcelamento apresentado pelo

ilustre Claúdio Carneiro3 em:

“.... o parcelamento é uma medida usual, que embora também concedida por lei, tem a função de recuperar créditos e diminuir a inadimplência, facilitando o pagamento, embora, em regra, incidam juros e penalidades.”(grifo nosso)

Atualmente o parcelamento tem seu significado expandido em virtude de

que tudo está atrelado em si, pois tudo parte de sua palavra, para ter as

condições ou os requisitos para percelar, ora como se usa uma palavra com

significado gigantesco no mundo jurídico. Com o instituto do parcelamento

cumprido importa em quitação da dívida, ao contrário se ainda vier a parcelar

uma dívida, importa em confissão irretratável.

1.2 – Da Natureza Jurídica do Parcelamento

Conforme preceitua a lei do novo parcelamento, sua natureza jurídica é de

suspensão da exigibilidade do crédito tributário, e não de extinção crédito

tributário, uma vez que, a partir da adesão ao parcelamento dada pela Lei n.°

11.941/09, o processo não é extinto, mas tão somente, suspenso sua

exigibilidade enquanto for honrado os pagamentos, ou seja, somente ao final após

ser quitado, será julgado extinto sua dívida e consequentemente o processo.

Comentando sobre o assunto, já nas disposições gerais, o Dr. Procurador

Carlos Dalmiro da Silva Soares4 - SC resume o artigo 141, do CTN:

"Art. 141 - O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias." (grifo nosso)

3 CARNEIRO, Claúdio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. Rio de Janeiro, Lumen Juris, vol. 1, pág. 572, 2009. 4 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva, Código Tributário Informatizado para Windows, Florianópolis, 1997.

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Sem maiores digressões para delimitar sobre o conceito de extinção do

crédito tributário, o Dr. Procurador Carlos Dalmiro5, nos socorre da melhor

doutrina do Roque Antônio Carrazza que sintetiza, com muita proficiência, que

causa extintiva da obrigação tributária é:

"... o ato ou fato a que a lei atribui o efeito de liberar o sujeito passivo tributário, daquele liame abstrato (vínculo jurídico) que o prendia ao sujeito ativo tributário, desde a ocorrência do fato imponível (fato gerador in concreto)."

Indenpendente do instituto adotado pelo contribuinte, no que tange a forma

de quitação escolhida, vale lembrar, que enquanto integralmente honrado o

parcelamento pelo contribuinte, opera-se a suspensão do débito tributário até a

quitação integral do avençado. O Prof. Bernardo Ribeiro de Moraes6 observa,

verbis:

"Pelas causas da suspensão, a exigibilidade do crédito tributário fica obstada por um certo período de tempo. O Poder Público não poderá, nesse período exigir o crédito tributário, embora este já esteja definitivamente constituído.

(...)

Essa suspensão do crédito tributário vem a ser uma simples dilação temporária da sua exigibilidade para os casos previstos em lei."

Segue o autor Carlos Dalmiro7, citando em (LEX volume 63, pág. 546),

onde especifica que dentro desse quadro, o processo fica em compasso de

espera e só se extingue se o devedor satisfazer integralmente a obrigação no

prazo concedido, ou seja, em caso de não pagamento, o processo prossegue,

citando:

“Os tribunais assim tem se posicionado: "Execução Fiscal. Parcelamento do débito.

I - O parcelamento do débito cobrado na execução fiscal implica a suspensão do processo, não na sua extinção (CPC, art. 791, II c/c o art. 265, II).

5 A Extinção da Punibilidade no Parcelamento de Contribuições Previdenciárias Descontadas, por Entidades Beneficentes de Assistência Social, dos seu Empregados, e não Recolhidas no Prazo Legal. Questões Conexas. Revista dos Tribunais, Volume 728, 1996, pág. 441. 6 MORAES, Bernardo Ribeiro de. Competência de Direito Tributário. Rio de Janeiro, Forense, 1987. 7 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi.

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II - Apelação provida". (Apelação cível n° 92.04.02963-3 - RS, 1ª Turma, INSS X Cereser S/A - Ind. e Com. de Exportação e Importação, Rel.: Juiz Ari Pargendler).” (grifo nosso)

Corroborando com o disposto, segue julgado do Rel, Min. Washington

Bolivar de Brito, citado pelo Procurador Carlos Dalmiro8 :

"Execução Fiscal. Suspensão. CPC, art. 792. O parcelamento de débito deve determinar apenas a suspensão do processo, durante o prazo necessário a que o devedor cumpra sua obrigação, pagando diretamente ao credor as prestações do débito (TFR - Ap. Cível 47.680 - MG - Rel. Min. Washington Bolívar de Brito - j. em 30.11.79).” (grifo nosso)

Segue outros julgados exposto pelo autor Carlos Dalmiro9:

"EXECUÇÃO FISCAL - Parcelamento do débito. Apelação interposta, pela Fazenda Pública, contra sentença que, em razão do acordo entre credora e devedora, extinguiu o processo, com base no art. 269, III, do CPC. Inexistência de transação, mas de mera facilitação do pagamento. Caso de suspensão do processo, nos termos do art. 792 do CPC". (TRF 2ª R. - AC 90.0223977-7 - 2ª T. - Rel. Des. Fed. D`Andrea Ferreira) "EXECUÇÃO FISCAL - Apelação interposta, pelo INSS, contra sentença que, em razão do acordo de parcelamento do débito, entre credora e devedora, extinguiu o processo, com base no art. 269, III, do CPC. Inexistência de transação mas de mera facilitação, pelo reescalonamento temporal do pagamento. Caso de nova suspensão do processo, nos termos do art. 792 do CPC". (TRF 2ª R. - AC 31.634 - RJ - 2ª T. - Rel. Des. Fed. D´Andréa Ferreira).”

1.3 – Comparação do Parcelamento à Moratória

Em relação aos dois institutos ora descritos, tem-se que levar em

consideração de que o artigo do 155-A, do CTN, trouxe objetivamente de que há

necessidade de Lei específica para tratar do assunto parcelamento, uma vez que,

para tanto, somente se vier descrito em lei, a forma de parcelamento não excluirá

os juros e a multa, diferentemente dos benefícios trazidos pelo Novo Refis. Ilustra

o saudoso Cláudio Carneiro10 em seu entendimento:

8 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi 9 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi. 10 CARNEIRO, Claúdio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. Rio de Janeiro, Lumen Juris, vol. 1, pág. 572, 2009.

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“Em relação à expressão “lei específica”, vale lembrar que é aquela que trata de um único assunto especificamente. O parcelamento, na verdade, constitui uma modalidade de moratória, ainda mais com a edição do art. 155-A, do CTN, que foi introduzido pela LC 104/01. Na moratória, o contribuinte pode obter não só o parcelamento, mas a prorrogação do prazo. Entendemos que após a LC104/01, que acresceu ao CTN o art. 155-A, o parcelamento passou a diferir da moratória, pois no parcelamento são exigíveis juros e multa, e não moratória não, em que pese o objeto do parcelamento ser o mesmo da moratória, qual seja, conceder maiores facilidades para a satisfação do crédito tributário.” (grifo nosso)

Vê-se que a moratória está prevista no artigo 15111, I, do CTN, já para a

sua concessão, a moratória vem descrita no artigo 15212, I e II, do CTN, abaixo:

“Art. 151 – Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I – moratória;” “Art. 152 – A moratória somente pode ser concedida:

I – em caráter geral;

II – em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior.” (grifo nosso)

É importante respaldar que a moratória tem algumas condições e

requisitos de que o Legislador impôs e, assim, o contribuinte deverá cumprir de

forma a ter a benécia, não sendo diferente do parcelamento.

Segue dizendo Cláudio Carneiro13 em sua obra:

“.... Mister se faz então a distinção entre condições e requisitos. Requisitos são elementos objetivos exigidos pela lei para a concessão da moratória, como prazo de duração, os tributos a que se aplica, as garantias que devem, ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual, etc. já as condições seriam os elementos subjetivos ou externos que justifiquem a sua concessão , como por exemplo, pessoas alcançadas por epidemia local, aposentado, etc.” (grifo nosso)

Adiante, o autor14 trás uma clara distinção:

11 Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. 12 Lei n.° 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. 13 CARNEIRO, Claúdio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. Rio de Janeiro, Lumen Juris, vol. 1, pág. 572, 2009. 14 CARNEIRO, Claúdio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. Rio de Janeiro, Lumen Juris, vol. 1, pág. 572, 2009.

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“O que ocorre na pratica é que os institutos se assemelham e, em regra, por ser uma medida excepcional, a moratória somente é utilizada como exceção, pois afasta a incidência dos juros e multa. Já o parcelamento é uma medida usual, que embora também concedida por lei, tem a função de recuperar créditos e diminuir a inadimplência, facilitando o pagamento, embora, em regra, incidam juros e penalidades.”(grifo nosso)

Veja que o autor, o Dr. Carlos Dalmiro15, trás um brilhante conceito de

moratória:

“ Moratória é o benefício fiscal concedido em caráter geral ou individual, nos termos dos artigos 152, “usque” 155 do CTN, ou seja, sua concessao dar-se-á, necessariamente através de lei específica (concessiva moratória), em que deverão constar os prazos concedidos e as datas de vencimento das prestações, bem como, as condições para a sua concessão em carater individual.” (grifo nosso)

Sobre o instituto, Hugo de Brito Machado16 leciona, citado por Carlos

Dalmiro17:

“A lei que conceder a moratória em caráter geral fixará, além de outros requisitos: a) o prazo de duração do favor e o número de vencimentos das prestações, se for o caso; b) os tributos a que se aplica, se nao abranger a todos.”

............................................................................................................

Corroborando com o assunto, o grandioso Dr. Aliomar Baleeiro18 ensina-

nos:

“A moratória consiste na concessão de um período de tolerância na exigência de dívidas, não a determinado contribuinte, mas a toda uma categoria deles, conforme a atividade profissional, a região, ou outro critério.” (grifo nosso)

Retoma ainda o assunto o autor Aliomar Baleeiro19, agora, valendo-se do

mesmo entendimento dos tribunais, pautam-se na jurisprudência dominante a

seguir:

15 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi. 16 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 5ª Edição, Forense, pág. 117. 17 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi. 18 Direito Tributário Brasileiro, 10º Ed., Forense. 19 Op. Cit., ver nota página 534, comentários ao art. 152, do CTN.

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“O parcelamento do débito tributário não se confunde , porém, com a moratória concedida em caráter individual. V, nesse sentido, Marcus F. A. Fernandino de Moraes, Parecer, in Rev. de Dir. Da Procuradoria Geral (RJ), 21/464. Na Jurisprudência, entre outras decisões, TRF, Ap. MS 82204, sessão de 28.03.1979; ap. MS 86.113, despacho do Min. Vice presidente, DJ, 30.10.1980.

(grifo nosso)

E na lição de Bernardo Ribeiro de Moraes20:

“A moratória não se confunde com a concessão de parcelamento, pois a moratória não comporta encargos e o débito fiscal, no caso, ainda não se acha vencido.” (grifo nosso)

Deste modo, o parcelamento apresenta as seguintes características: é um

acordo para pagamento de dívida já vencida; não suspende sua exigibilidade ,

pois não há previsão no CTN; incidem os juros até o pagamento da última

parcela; os prazos são fixados caso a caso, conforme o requerimento do devedor

e a fixação das condições delegadas pelo Poder Executivo.

Em contrapartida, a moratória trata-se resumidamente de: é a concessão

de novo prazo para vencimento de dívida tributária não vencida; suspende a

exigibilidado do do crédito tributário; os juros ficam suspensos durante o período;

deve ser concedida através de lei ordinária específica que vai determinar seus

prazos e condições.

Por fim, verifica-se que o propósito de ambos os institutos são os mesmos,

oferecer maiores vantagens para o contribuinte, satisfazendo suas dívidas

perante o Governo Federal, porém, com finalidades adversas.

20 Compêndio de Direito Tributário, 2° Ed., Forense.

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CAPÍTULO II

UM BREVE HISTÓRICO DOS PARCELAMENTOS

FEDERAIS

Após intermináveis programas de incentivos veiculados pela imprensa,

rádio e TV, a mando do Ente Fiscal (Governo Federal), buscando meios

adequados para restabelecer o saldo negativo, criou-se durante o passar de meio

século, diversas leis para buscar aqueles que, por um motivo diverso, deixaram

de honrar com o pagamento dos tributos, gerando assim, um chamaris crucial

com benefícios, mas também com obrigações.

Nos últimos 10 anos, temos como exemplos de leis criadas com fins

específicos de recuperação de tributos por parte do Governo Federal,

estabelecendo vantagens para os contribuintes inadimplentes citando: o REFIS,

o Parcelamento Ordinário, o PAES, o PAEX e por último o parcelamento

estabelecido pela MP 449/08 convertida na Lei 11.941/09.

Neste momento, marca-se o melhor instante, talvez o último, na vida

daquele inadimplente, para que efetue a quitação ou o parcelamento de suas

dívidas, ficando quite com suas obrigações Fiscais perante a Fazenda Nacional.

2.1) Lei da Recuperação Fiscal – REFIS - LEI 9.964/2000

O principal fator desta lei é proporcionar uma regularização do contribuinte

perante a União, encerrando pendências que, por outros motivos, eram em

momentos anteriores impagáveis. Tais intenções, são na verdade para diminuir o

rombo nos cofres públicos, uma vez que a União, deixando de arrecadar, deixa de

investir e aplicar tais valores nos diversos seguimentos econômicos e sociais dos

Estados.

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Veremos então o seu artigo 1°21, da Lei:

“Art. 1° - É instituído o Programa de Recuperação Fiscal – Refis, destinado a promover a regularização de créditos da União, decorrentes de débitos de pessoas jurídicas, relativos a tributos e contribuições, administrados pela Secretaria da Receita Federal e pelo Instituto Nacional de Seguro Social – INSS, com vencimentosa até 29 de fevereiro de 2000, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, com exigibilidade suspensa ou não, inclusive os devedores de falta de recolhimento de valores retidos.” (grifo nosso)

Ao conceder o parcelamento, o Fisco Federal propôs mais essa

oportunidade de quitação da dívida junto a União Federal, por parte do devedor

jurídica, porém, destaca-se que o seu débito será corrigido mensalmente

conforme preceitua o seu artigo 2°22, da Lei:

“Art. 2° - O ingresso no Refis dar-se-á por opção da pessoa jurídica, que fará jus a regime especial de consolidade e parcelamento dos débitos fiscais a que se refere o art. 1°: §1° - A opção poderá ser formalizada até o último dia útil do mes de abril de 2000. ............................................................................................................ §4° - O débito consolidado na forma deste artigo: I – indenpendente da data de formalização da opção, sujeitar-se-á, a aprtir de 1° de março de 2000, a juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP, vedada a imposição de qualquer outro acréscimo.” (grifo nosso)

Não se pode esquecer das vantagens oferecidas pela Lei, permitindo em

seu texto legal, o pagamento das parcelas mensais determinado pela receita

bruta do mês e seu referido percentual, exposto no artigo 2°, §4°23, em:

“Art. 2°, §4° - ............................................................................................................

II – será pago em parcelas mensais e sucessivas, vencíveis no último dia útil de cada mês, sendo o valor de cada parcela determinado em função de percentual da receita bruta do mês imediatamente anterior, apurada na forma do art. 31 e parágrafo único da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, não inferior a:

a) 0,3% (três décimos por cento), no caso de pessoa jurídica optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples e de entidade imune

21 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal 22 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal 23 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal

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ou isenta por finalidade ou objeto;

b) 0,6% (seis décimos por cento), no caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido;

c) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), no caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, relativamente às receitas decorrentes das atividades comerciais, industriais, médico-hospitalares, de transporte, de ensino e de construção civil;

d) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), nos demais casos. (grifo nosso)

Vislumbra-se em alguns pontos da Lei, desvantagens, criando uma

situação diferente entre as partes, pois avença do contribuinte um maior cuidado,

pois, trás permissões de que o Fisco terá direito a mais informações internas do

próprio, visto assim no artigo 3°24, I a IV, da Lei:

“Art. 3° - A opção pelo Refis sujeita a pessoa jurídica a:

I – confissão irrevogável e irretratável dos débitos referidos no art. 2°; II – autorização de acesso irrestrito, pela Secretaria da Receita Federal, as informações relativas à sua movimentação financeira, ocorrida a partir da data de opção pelo Refis; III – acompanhamento fiscal específico, com fornecimento periódico, em meio magnético, de dados, inclusive os indiciários de receitas; IV – aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas;” (grifo nosso)

........................................................................................................... ...........................................................................................................

Ora, a pessoa jurídica deve cumprir sem sequer questionar, tendo em vista

que foi ela própria, sob seu juízo de valor que decidiu aderir ao Refis, mesmo

porque, teve todas as informações das vantagens e obrigações existentes da Lei.

É de fácil constatação de que o artigo supra, por mais que já esteja debatido nos

Tribunais Superiores, insurge de encontro ao princípio do sigilo fiscal, entretanto ,

para o Fisco, esta barreira não tem existido nos dias atuais. Diante disso,

ressalta-se, até que ponto não estaria invadindo a esfera dos direitos

fundamentais do contribuinte?

24 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal

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Em continuidade, vemos que para o contribuinte se tornar inadimplente

deverá praticar uma das seguintes hipóteses do artigo 5°, II25, da lei:

“Art. 5° - A pessoa jurídica optante pelo Refis será excluída nas seguintes hipóteses, mediante ato do Comitê Gestor:

...................................................................................................................................

II – inadimplência, por três meses consecutivos ou seis meses alternados, o que primeiro ocorrer, relativamente a qualquer dos tributos e das contribuições abrangidos pelo Rfeis, inclusive os com vencimento após 29 de fevereiro de 2000.” (grifo nosso)

..................................................................................................................................

É importante frisar, alternativamente, que a lei descreveu fixando

expressamente o valor de cada parcela, e o prazo para parcelamento de até 60

meses, conforme expôe o artigo 12, §1°26, da Lei:

“Art. 12 – Alternativamente ao ingresso ao Refis, a pessoa jurídica poderá optar pelo parcelamento, em até sessenta parcelas mensais, iguais e sucessivas, dos débitos referidos no artigo 1°, observadas todas as demais regras aplicáveis àquele programa:

§1° - O valor de cada parcela não poderá ser inferior a: I – R$300,00 (trezentos reais), no caso de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES; II – R$1.000,00 (um mil reais) , no caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro presumido; III - R$3.000,00 (três mil reais), nos demais casos.” (grifo nosso)

Nota-se, que o legislador trouxe mais uma vantagem para o contribuinte,

ao proporcionar a suspensão da pretenção punitiva do Estado, sob uma condição

específica, uma vez que, refere-se tão somente a um período específico e não a

um todo(artigo 1527, da Lei), vê-se :

“Art. 15 – É suspensa a pretensão punitiva do Estado , referente aos crimes previstos nos artigos 1° e 2 ° da Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1990, e no art. 95 da Lei n°8212, de 24 de julho de 1991, durante o periodo em que a pessoa jurídica relacionada com o agente dos aluditos crimes estiver incluída no Refis, desde que a inclusão no referido Programa tenha ocorrido antes do recebimentos da denúncia criminal. (grifo nosso)

25 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal. 26 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal. 27 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal.

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Portanto, finalizando tal análise desta lei, apura-se que o legislador

expressou claramente a hipótese de novação, diferentemente da Lei 11.941/2009,

que não tratou com espeficidade retirando-a, mas aqui descreveu no artigo 1628,

da Lei:

“Art. 16 – Na hipótese de novação ou repactuação de débitos de responsabilidade de pessoas jurídicas optantes pelo Refis ou pelo parcelamento alternativo a que se refere o art. 12, a recuperação de créditos anteriormente deduzidos como perda, até 31 de dezembro de 1990, será, para fins do disposto no art. 12 da Lei 9.430, de 1996, computada na determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, pelas pessoas jurídicas de que trata o inciso II do Art. 14 da lei 9.718, de 1998, à medida do efetivo recebimentos, na forma a ser estabelecida pela Secretaria da Rceita Federal”. (grifo nosso)

Entorno de tudo exposto, destaca-se que esta Lei foi, segundo os próprios

contribuintes, senão a que melhor surtiu em um aproveitamento, obtendo sucesso

para a quitação de suas dívidas depois da Lei 11.941/09, os próprios pagavam

um valor muito menor dos atuais parcelamentos, como consequência, o fisco,

arrecadou milhões para ao Erário Público, ou seja, aos cofres do Governo.

2.2) Lei do Parcelamento Ordinário – LEI 10.522/2002

Segundo constatado na época, este parcelamento ordinário havia chegado

com o caráter de suprir os resultados não obtidos anteriormente pelo Governo,

nos Refis anteriores. Não podemos esquecer que estará regulando o Cadastro

Informativo de Créditos (CADIN), destacado na lei pelos artigos 1° e o 2°29, da Lei:

Art. 1º O Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal (Cadin) passa a ser regulado por esta Lei. Art. 2º O Cadin conterá relação das pessoas físicas e jurídicas que: I - sejam responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas e não pagas, para com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta; II - estejam com a inscrição nos cadastros indicados, do Ministério da Fazenda, em uma das seguintes situações: a) cancelada no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF;

28 www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm - Lei Recuperação Fiscal. 29 www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm - Lei do Parcelamento Ordinário.

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b) declarada inapta perante o Cadastro Geral de Contribuintes – CGC. (grifo nosso)

No que tange a sua concessão, o contribuinte tinha a oportunidade de

parcelar os seus débitos, inclusive os débitos de natureza previdenciária, junto a

Fazenda Nacional em até 60 parcelas mensais, conforme preceitua o artigo 1030,

da Lei:

“Art. 10. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional poderão ser parcelados em até sessenta parcelas mensais, a exclusivo critério da autoridade fazendária, na forma e condições previstas nesta Lei.” (grifo nosso)

Como mera formalização para a concretização da adesão, deveria ser

pago pelo contribuinte a primeira parcela conforme valor pactuado, mediante o

número de parcelas escolhidas, para que se enseja concluída a mesma.

O pedido de parcelamento deferido, depois de ocorrido o prazo de 90 dias,

constitui confissão de dívida e instrumento hábil para a exigência do crédito

tributário, podendo ainda, os valores serem objetos de fiscalização, destoa assim

a lei, no artigo 12, §1° e §2°31:

“Art. 12. O pedido de parcelamento deferido constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, podendo a exatidão dos valores parcelados ser objeto de verificação. § 1o Cumpridas as condições estabelecidas no art. 11 desta Lei, o parcelamento será: I - consolidado na data do pedido; e II - considerado automaticamente deferido quando decorrido o prazo de 90 (noventa) dias, contado da data do pedido de parcelamento sem que a Fazenda Nacional tenha se pronunciado. § 2o Enquanto não deferido o pedido, o devedor fica obrigado a recolher, a cada mês, como antecipação, valor correspondente a uma parcela.” (grifo nosso).

Nas prestações, por ocasião do pagamento, haverá um acréscimo dos

juros equivalentes a taxa referencial da SELIC, porém, não haverá juros sobre

juros na forma do artigo:

30 www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm - Lei do Parcelamento Ordinário. 31 www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm - Lei do Parcelamento Ordinário.

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“Art. 13. O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado.

§ 1o O valor mínimo de cada prestação será fixado em ato conjunto do Secretário da Receita Federal do Brasil e do Procurador-Geral da Fazenda Nacional.

§ 2o No caso de parcelamento de débito inscrito em Dívida Ativa da União, o devedor pagará custas, emolumentos e demais encargos legais.” (grifo nosso)

Vale ressaltar que, bastasse que ocorresse a mera falta de pagamento

para que gerasse na imediata rescisão do parcelamento ordinário e,

consequentemente a remessa para a Dívida Ativa ou prosseguimento da

execução, ou seja, a falta de (03) parcelas consecutivas ou ainda (01) parcela,

caso as demais estivessem pagas. Deixa-se a indagação sobre a ocorrência da

falta de pagamento de somente (02) parcelas, o que ocorreria? Vide artigo 14-B32,

abaixo:

“Art. 14-B. Implicará imediata rescisão do parcelamento e remessa do débito para inscrição em Dívida Ativa da União ou prosseguimento da execução, conforme o caso, a falta de pagamento:

I – de 3 (três) parcelas, consecutivas ou não; ou

II – de 1 (uma) parcela, estando pagas todas as demais.” (grifo nosso)

Um outro ponto importante e vantajoso que beneficiou muitos contribuintes,

foram aqueles que tinham algum débito no valor de até R$10.000,00 reais, aos

quais os seus processos eram arquivados, pois a Fazenda Nacional não tinha

interesse em cobrá-los, uma vez que, o custo benefício era alto, arcando assim a

União, com um custo elevado para cobrar um valor ínfimo para ela. Está descrito

na lei no artigo 2033, §1° ao §4 °:

“Art. 20. Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções

32 www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm - Lei do Parcelamento Ordinário. 33 www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm - Lei do Parcelamento Ordinário.

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fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 1º - Os autos de execução a que se refere este artigo serão reativados quando os valores dos débitos ultrapassarem os limites indicados. § 2º - Serão extintas, mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, as execuções que versem exclusivamente sobre honorários devidos à Fazenda Nacional de valor igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais). (Redação dada pela Lei nº 11.033, de 2004) § 3º - O disposto neste artigo não se aplica às execuções relativas à contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (grifo nosso) § 4º No caso de reunião de processos contra o mesmo devedor, na forma do art. 28 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, para os fins de que trata o limite indicado no caput deste artigo, será considerada a soma dos débitos consolidados das inscrições reunidas.” (grifo nosso)

Destaca-se assim, que um grande número de devedores foram

beneficiados em detrimento aos pequenos valores das dívidas existentes.

2.3) Lei do Parcelamento Especial - PAES – LEI 10.684/2003

O Parcelamento Especial foi criado com mais um intuito do Governo

Federal de abranger uma maior arrecadação dos contribuintes, proporcionando

um aumento para os cofres públicos. Dispôs sobre este parcelamento, um

acréscimo ao tempo de pagamento e das parcelas, no total de 180 parcelas

mensais (mais vantajoso que a lei do Refis), contido no artigo 1°34, da lei:

“Art. 1° - Os débitos junto à Secretaria da Receita Federal ou à Procuradoria da Fazenda Nacional, com vencimento até 28/02/2003, poderão ser parcelados em até 180 prestações mensais sucessivas.” (grifo nosso).

Nesta medida, acarretou ainda modelação quanto ao mínimo parcelado,

sendo consolidado no mês do pedido, pelo números de prestações escolhidos

conforme disposto em lei, no artigo 1°, §335:

“Art. 1° - ........................................................................................

34 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial. 35 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial.

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§3°- O débito objeto do parcelamento será consolidado no mês do pedido e será dividido pelo número de prestações, sendo que o montante de cada parcela mensal não poderá ser inferior a: I – um inteiro e cinco décimos por cento da receita bruta auferida, pela pessoa jurídica, no mes imediatamente anterior ao do vencimento da parcela,..................................................... II – dois mil reais, considerando cumulativamente com o limite estabelecido no inciso I, no caso das pessoas jurídicas ali referidas;

III – cinquênta reais, no caso de pessoas físicas.”

(grifo nosso)

Frise-se, que para o SIMPLES FEDERAL, a modalidade de parcelamento é

totalmente diversa da exposta, enquadradas no disposto do artigo 2°, da Lei

9841/99, ou seja, na forma do PAES, artigo 1°, §4°, I, II, da Lei, sendo que os

valores não poderão ser inferiores a R$100,00(cem reais) e a R$200,00 (duzentos

reais), respectivamente a Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte.

É de bom alvitre, uma atenção inclusive, para a modificação dos juros

acrescidos a cada parcela que corresponderá na TAXA DE JUROS A LONGO

PRAZO – TJLP, que em comparação aos outros é muito mais vantajosa, ou seja,

é mais benéfico que a SELIC, disposto no artigo 1°, §6°36, da Lei:

“O valor de cada uma das parcelas, determinando na forma dos §§ 3° e 4°, será acrescidos de juros correspondentes à variação mensal da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP, a partir do mes subsequente ao da consolidação, até o mês do pagamento.” (grifo nosso)

Ademais, para os efeitos da consolidação, os valores da multa, de mora,

ou de ofício, terão uma redução de 50% do valor apurado, na forma do artigo 1°,

§7°37, que diz:

“Art. 1° - ............................................................................................... §7° - Para os fins de consolidação referida no §3°, os valores correspondentes à multa, de mora ou de ofício, serão reduzidos em cinquênta por cento.” (grifo nosso)

36www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial. 37 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial.

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Outro fato importante para o contribuinte é que, o parcelamento, não

exigirá, diferentemente do Refis, obrigação de apresentação de garantia, vide

artigo 4°, V38, da lei:

“Art. 4°- O parcelamento a que se refere o art. 1o:

V - independerá de apresentação de garantia ou de arrolamento de bens, mantidas aquelas decorrentes de débitos transferidos de outras modalidades de parcelamento ou de execução fiscal.” (grifo nosso)

É de tamanha destreza que o Legislador, trouxe uma desvantagem no

artigo 6°39, fazendo alusão a conversão de débitos depositados em juízo a favor

da União ou ao INSS, estando em discussão no momento da adesão ao PAES.

Neste sentido, indaga-se até que ponto fere a CF/88 e os direitos dos

contribuintes?

“Art.6° - Os depósitos existentes, vinculados aos débitos a serem parcelados nos termos dos artigos 1° e 5°, serão automaticamente convertidos em renda da União ou da Secretaria Social ou do Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS, conforme o caso, concedendo-se parcelamento sobre o saldo remanescente.” (grifo nosso)

Por demais, não se discute o abatimento do valor da dívida parcelada, mas

tão somente, o direito de optar pelo levantamento do valor ou pelo abatimento

da dívida ora parcelada. O contribuinte fica com seu direito cerceado, ferindo o

princípio da legalidade.

Desta feita, como pode o Legislador ter a plena convicção que isso trouxe o

melhor para o devedor, haja vista que, mediante o levantamente feito do valor

depositado, o próprio poderia saldar dívidas com pequenos fornecedores,

matérias primas e, inclusive com pagamento dos salários, possíveis aluguéis de

equipamentos e compra de maquinários.

Mesmo com isso, o PAES ainda ensejou um outro benefício para aquele

inadimplente do parcelamento, ou seja, o sujeito passivo só poderá ser excluído

do parcelamento caso tenha inadimplido com 3 parcelas consecutivas ou com 38 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial. 39 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial.

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6 parcelas alternadas, não obstante, a suspensão punitiva do Estado pelo

parcelamento salva guardados nos artigos 7° e 9°40, da Lei:

“Art. 7° - O sujeito passivo será excluído dos parcelamentos a que se refere esta Lei na hipótese de inadimplência, por três meses consecutivos ou seis alternados, ................................................ Art. 9° - É suspensa a pretenção punitiva do Estado ..........................................................................................................estiver incluída no regime de parcelamento.” (grifo nosso)

Portanto, poder-se-á entender que esta lei foi mais benéfica que o Refis -1,

do Parcelamento Ordinário, pois, gerou um prazo maior para pagamento, a taxa

de juros era pelo TJLP que é mais baixa que a SELIC, não precisa de arrolar bens

ou apresentar qualquer garantia e o seu prazo para exclusão é bem mais

vantajoso que os outros.

2.4) Medida Provisória do Parcelamento Excepcional - PAEX – MP 303/2006

Este tipo de parcelamento foi criado com o objetivo de suprir a falha dos

anteriores, possibilitando ao Governo Federal cobrir os déficits dos contribuintes

inadimplentes. Para tanto a MP estabelece o parcelamento em até 130 vezes,

conforme dispôe seu artigo 1º41, a seguir:

“Art. 1º - Os débitos de pessoas jurídicas junto à Secretaria da Receita Federal - SRF, à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN e ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com vencimento até 28 de fevereiro de 2003, poderão ser, excepcionalmente, parcelados em até cento e trinta prestações mensais e sucessivas, na forma e condições previstas nesta Medida Provisória.” (grifo nosso)

Como uma desvantagem da MP, o Legislador restringiu no artigo 2º, I, II e

III, vedações quanto ao parcelamento de contribuições ou impostos retidos

na fonte não recolhidos ao INSS, os valores recebidos pelos agentes

arrecadadores e não passados aos cofres públicos e os valores do IPTR,

vejamos:

40 www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm - Lei do Parcelamento Especial. 41 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional.

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“Art. 2º O parcelamento de que trata o art. 1º não se aplica a débitos: I - relativos a impostos e contribuições retidos na fonte ou descontados de terceiros e não recolhidos à Fazenda Nacional ou ao INSS; II - de valores recebidos pelos agentes arrecadadores não recolhidos aos cofres públicos; e, III - relativos ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR.” (grifo nosso)

Ademais a MP 303/06, trouxe os valores mínimos que devem ser

cumpridos pelos devedores na seguinte ordem do artigo 3°, §2° e §3°42 da MP:

“Art. 3º - O parcelamento dos débitos de que trata o art. 1º deverá ser requerido até 15 de setembro de 2006 na forma definida pela SRF e pela PGFN, conjuntamente, ou pela SRP. ......................................................................................................... § 2º - O valor mínimo de cada prestação, em relação aos débitos consolidados na forma dos incisos do § 1º deste artigo, não poderá ser inferior a: I - R$ 200,00 (duzentos reais), para optantes pelo SIMPLES; e II - R$ 2.000,00 (dois mil reais), para as demais pessoas jurídicas, 3º - O valor de cada prestação, inclusive aquele de que trata o § 2º deste artigo, será acrescido de juros correspondentes à variação mensal da TJLP, a partir do mês subseqüente ao da consolidação, até o mês do pagamento.” (grifo nosso)

Prosseguindo com a MP, o legislador não deixou escapar , a condição para exclusão deste benefício, trazendo medidas a serem observadas pelos contribuintes senão vejamos no artigo 7°43:

“Art. 7° - O parcelamento de que trata o artigo 1° desta Medida Provisória será rescindido quando: I – Verificada a inadimplência do sujeito passivo por 2 (dois) meses consecutivos ou alternados, relativamente as prestações mensais ou a qualquer dos impostos, contribuições ou exações de competencia dos órgãos referidos no caput do art. 3°, inlcusive os com vencimento posterior a 28 de fevereiro de 2003; II – Constatada a existência de débitos mantidos, pelo sujeito passivo, sob discussão administrativa ou judicial, ressalvadas as hipóteses do inciso II do §3° do Art.1°.

42 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional. 43 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional.

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III – Verificado o descumprimento do disposto no parágrafo único do Art. 2° desta Medida Provisória. (grifo nosso)

Nesta espécie de parcelamento, trouxe uma baixa redução das multas e

poucos benefícios para o contribuinte (artigo 9º44 da MP), fazendo com que viesse

a ensejar uma desmotivação para dar continuidade ao parcelamento. Frisa-se

que este parcelamento, não atendeu as expectativas do Governo e muito

menos dos contribuintes que eram os mais interessados em quitar suas

dívidas:

“Art. 9º - § 1º - O pagamento à vista ou a opção pelo parcelamento deverá ser efetuado até 15 de setembro de 2006, com as seguintes reduções: I - trinta por cento sobre o valor consolidado dos juros de mora incorridos até o mês do pagamento integral ou da primeira parcela; e II - oitenta por cento sobre o valor das multas de mora e de ofício.”

(grifo nosso) É surpreendente como a própria MP 303/06, trás contradições em seu

texto, posto que, num primeiro momento, no artigo 14, PÚ45, trata que o

contribuinte poderá reparcelar todos os débitos já em parcelamentos anteriores,

ou seja, entende-se por reparcelamento como uma novação de dívida,

todavia, diverge totalmente do descrito no artigo 1646, da MP que, não se trata de

novação tais inclusões, conforme se depreende abaixo:

“Art. 14. As pessoas jurídicas que optarem pelos parcelamentos de que tratam os arts. 1º e 8º não poderão, enquanto vinculados a estes, parcelar quaisquer outros débitos junto à SRF, à PGFN ou ao INSS. Parágrafo único. Após o desligamento da pessoa jurídica dos parcelamentos de que trata esta Medida Provisória, poderão os débitos excluídos destes parcelamentos ser reparcelados, conforme o disposto no § 2º do art. 13 da Lei no 10.522, de 2002. Art. 16. A inclusão de débitos nos parcelamentos de que trata a presente Medida Provisória não implica novação de dívida.” (grifo nosso)

44 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional. 45 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional. 46 www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm - Medida Provisória do Parcelamento Excepcional.

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CAPÍTULO III

O NOVO PARCELAMENTO OU “REFIS DA CRISE” – LEI

11941/2009

3.1) Os benefícios trazidos pelo Novo Refis

Este novo REFIS trouxe para os contribuintes uma chamada “corrida do

ouro”, só que desta vez, os devedores já estão mais cautelosos com os benefícios

e atrativos que vem sendo oferecido.

O Ordenamento Jurídico Brasileiro sofreu uma vasta mudança com a

vigência da Lei 11.941/2009 que, dentre as diversas alterações em todo um

contesto, aprovou um pacote tributário, que além do prazo para pagamento,

possibilitou uma redução vasta dos juros, multa e encargos, quitando o débito em

até 15 anos ou 180 prestações mensais.

Além disso, conforme preceitua o artigo 151, VI, do CTN, após a adesão ao

parcelamento, fica suspensa a exigibilidade do crédito tributário. Por isso, em

reflexo dessa suspensão, criam-se duas situações: a primeira é garantir ao

contribuinte o direito a certidão positiva com efeitos de negativa (certidão de

regularidade fiscal), na segunda, decorre da suspensão dos processos criminais

até que dure ou encerre os pagamentos.

A lei do Novo Refis trás o primeiro benefício, informando o que poderão ser

objeto de parcelamentos, exposto no artigo 1°47:

"Art. 1º - Poderão ser pagos ou parcelados, em até 180 (cento e oitenta) meses, nas condições desta Lei, os débitos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e os débitos para com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, inclusive o saldo remanescente dos débitos consolidados no Programa de Recuperação Fiscal - REFIS, de que trata a Lei no 9.964, de 10 de abril de 2000, no Parcelamento Especial - PAES, de que trata a Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003, no Parcelamento Excepcional - PAEX, de que trata a Medida

47 www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm - Nova Lei do Parcelamento.

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Provisória no 303, de 29 de junho de 2006, no parcelamento previsto no art. 38 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e no parcelamento previsto no art. 10 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002, mesmo que tenham sido excluídos dos respectivos programas e parcelamentos, bem como os débitos decorrentes do aproveitamento indevido de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI oriundos da aquisição de matérias-primas, material de embalagem e produtos intermediários relacionados na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - TIPI, aprovada pelo Decreto no 6.006, de 28 de dezembro de 2006, com incidência de alíquota 0 (zero) ou como não-tributados." (grifo nosso)

3.2) O Novo Refis e suas exigências “abusivas”

Mediante observações apuradas em uma maior análise, de início, o Novo

Refis já trouxe um prazo curto para que todos pudessem aderir, ao qual só durou

até 30/11/2009.

O contribuinte é aquele que vai escolher quais os seus débitos que deseja

incluir no parcelamento, indicando ainda a opção de até 180 prestações

mensais, não obstante, em cada uma terá o índice de correção da taxa SELIC

mensalmente, mais alta do que a TJLP, sendo então desvantajoso.

Vale destacar que a taxa SELIC tem uma variação mensal, não sendo

possível efetuar um valor preciso do início ao fim do parcelamento, somente uma

quantia especulada sob uma variação que, será desvantajosa, conforme ipsis

literis o Dr. Roberto Rodrigues de Morais48 que deixa uma indagação sobre os

futuros pagamentos do Novo Refis, pois o Presidente da República vetou a

atualização pela TJLP:

“Aqui haverá desvantagem para quem migrar de parcelamento atualização pela TJLP, apesar de que – no presente momento – a SELIC ter sido reduzida. No caso de parcelamento em até 180 meses, como estaria a SELIC entre 2019 a 2024, por exemplo?

48 www.jusnavegandi.com.br – Cuidados para a adesão ao novo Refis da Lei nº 11.941/2009. Elaborado em 08/2009. Autor Roberto Rodrigues de Morais. Especialista em Direito Tributário.

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Sobre o mesmo aspécto uma outra autora, a Dra. Lygia Caroline

Carvalho49, aponta a real situação antes do momento de pensar em aderir ao

Novo Refis, assim, exposto:

“... Um exemplo são os contribuintes que possuem saldo remanescente decorrente do REFIS, PAES e PAEX. Esses precisam calcular efetivamente as reduções e a atualização das parcelas para definir se realmente devem migrar para o Novo Refis, pois as parcelas remanescentes dos referidos parcelamentos eram atualizadas pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que corresponde a aproximadamente 10,25% ao ano. A migração para o Novo Refis pode não ser tão vantajosa se compararmos a TJLP com a SELIC, mesmo que imputadas as reduções, explica a especialista.” (grifo nosso)

Mesmo expondo tantos atrativos, em linhas iniciais, o Novo Refis,

aparentemente inofensivo, adveio com a Portaria em conjunto PGFN/RFB, n.°

06/2009, escondendo os detalhes dos devedores conforme preceitua o

entendimento do Dr. Alexandre Marcos Ferreira50:

“O problema é que algumas dessas disposições, se levarmos ao pé da letra, tendem mais a prejudicar os contribuintes do que ajudá-los propriamente dito. Podemos citar, como exemplo, a disposição contida no artigo 10 e seus §§, que estabelece que a adesão ao Refis importe na desistência compulsória e definitiva do Refis I, do Paes, do Paex e dos demais parcelamentos convencionais anteriormente firmados, sendo o contribuinte obrigado a formalizar a desistência expressa para cada um desses parcelamentos, caso os tenha.” (grifo nosso)

A partir de sua adesão ao Novo Refis, o contribuinte fica obrigado ao

pagamento da primeira parcela no mês que foi formalizada e, apresentá-la no

departamento com os documentos para serem emitidos.

Diante desse entendimento, é notório que após sua adesão, o contribuinte

fica obrigado ao pagamento da primeira parcela dentro do mesmo mês

formalizado, em detrimento disso, estará atrelado a entrega dos documentos

49 CARVALHO, Lygia Caroline. Contribuinte tem que saber fazer os cálculos para saber se é vantajoso ou não aderiri ao parcelamento do Novo Refis. www.cabecadecuia.com/noticias/58161/contribuinte-tem-que-fazer-os-calculos-para-saber-se-e-vantajoso-ou-nao-aderir-ao-parcelamento-do-novo-refis--.html, acessado em 01/12/2009. 50 FERREIRA, Alexandre Marcos. www.fhadvogados.com.br - Advogado, pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP, atuante nas áreas Tributário, Cível e Empresarial, especializado e com vasto conhecimento na complexa área do Direito Tributário, acessado em 29.12.2009.

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exigidos no prazo estabelecido, caso contrário, ressalta novamente o Ilustre Dr.

Alexandre Marcos Ferreira51:

“ Ocorre que, se caracterizada a falta ou a inconsistência na apresentação dessas informações ou documentos exigidos dentro do prazo estabelecido, o pedido de parcelamento torna-se sem efeito e não serão restabelecidos os parcelamentos rescindidos em virtude do requerimento de adesão. (grifo nosso)

Até o presente momento, pouco se tem tratado sobre o assunto, pois, a Lei

é muito recente não tendo publicações de livros específicos. indaga-se: A

exigência de formalização da desistência dos demais parcelamentos anteriores

não deveria ser consolidado após a própria consolidação do novo parcelamento?

Como poderia o contribuinte trocar o certo pelo duvidoso se depende de critério

subjetivo para essa análise? Na verdade é intrigante pensar que o contribuinte

poderá vir a perder seus parcelamentos anteriores, ao tentar parcelar pelo Novo

Refis. O que poderia o Fisco conceder ao devedor, caso isso ocorra? A resposta

ainda é uma incógnita.

Corroborando ainda sob um mesmo ponto de vista, o Drª. Cleide Previtalli

Cais52,51 abordou o tema:

“A opção pelos parcelamentos objeto dos artigos 1° e 2° da MP 449/2008 acarreta a seguinte consequência: a) Importa em confissão irrevogável e iretratável da totalidade dos débitos

existentes em nome do sujeito passivo na condição de contribuinte responsável;

b) Configura confissão extrajudicial nos termos dos artigos 348, 353 e 354, do CPC; e

c) Vincula o sujeito passivo à aceitação plena e irretratável de todas as condições estabelecidas na MP em questão. Por óbvio esta condicionante não está afastafa do controle de sua legalidade pelo Poder Judiciário, sendo, até mesmoredundante sua colocação.” (grifo nosso)

A contrário senso, trás o autor Carlos Dalmiro, uma possição já debatida

pela jurisprudência e inclusive pelo doutrinador Hugo de Brito53, onde o

51 FERREIRA, Alexandre Marcos. www.fhadvogados.com.br - Advogado, pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP, atuante nas áreas Tributário, Cível e Empresarial, especializado e com vasto conhecimento na complexa área do Direito Tributário, acessado em 29.12.2009. 52 CAIS, Cleide Previtalli. O Processo Tributário. Editora Revista dos Tribunais, 6ªEd., 2009, São Paulo.

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contribuinte poder-se-á valer da condição de retratar-se da confissão ora feita

anteriormente, para parcelar a dívida:

“Hugo de Brito Machado a seu turno observa concludentemente:

a) Se o fato confessado não corresponde à hipótese de incidência tributária, e, portanto, mesmo efetivamente existente, não é capaz de gerar a obrigação tributária (...), a confissão é absolutamente irrelevante.

b) Se o fato confessado é, em princípio, capaz de gerar a obrigação tributária, porque corresponde à hipótese de incidência do tributo, o efeito da confissão é o de comprovar tal fato.

c) Havendo erro quanto ao fato confessado, e comprovado inequivocamente que o fato confessado não corresponde ao efetivamente ocorrido, tem-se de admitir a prevalência do verdadeiro sobre o confessado." (Grifo nosso)

Vejamos ainda outros julgados trazidos pelo Carlos Dalmiro54, que não

prevalece a confissão:

“Se o fato apurado pelo fisco estadual foi dado por inexistente, na órbita da Administração estadual, assim inexistindo o fato gerador do tributo federal, não pode prevalecer a obrigação tributária (CTN, art. 113, § 1°), porque sem fato gerador não há tributo. Em caso tal, não prevalece a confissão decorrente do pedido de parcelamento (Dec.-lei 352/68, art. 11, § 4°), porque não há como acolher confissão de débito inexistente." (Ap. Cível n.° 48.112 - SP, TFR, Relator Min. Carlos Mário da Silva Velloso).

"Dívida Inexistente. IPI. Retratabilidade da Confissão de Dívida. A tese da irretratabilidade da confissão da dívida fiscal, não pode prevalecer quando provada a inexistência do imposto."(EAC n.° 38.113 - PR, maioria). (grifo nosso)

Por instituir tais desformidades internas a Lei do Novo Refis, indiretamente

fere o princípio da isonomia, da legalidade, assim, descritos na Constituição

Federal:

“Art. 5°, caput – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer

natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, nos termos seguintes. (grifo nosso)

53 Confissão de Dívida Tributária. RDT, vol. 27/8, pág. 138. 54 SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 25, jun. 1998. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1338 . Acesso em: 10 fev. 2010.

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Sobre o pensamento, entende o Ilustre Dra. Cleide Previtalli Cais55, em :

“Essa condição cria uma situação de desigualdade para as partes, na medida em que impõe ao interessado apresentar petição nos autos da ação em juízo dela requerendo desistência, com julgamento de mérito, por renúncia ao direito em que funda a ação, antes mesmo de requerer o parcelamento de seu interesse. Cabe, então, indagar, como fica a situação do autor da ação se o parcelamento por outro motivo, não for concedido?”

“Entretanto, pensamos que tal imposiçlão merece crítica, porquanto a composição, por acordo de vontades, entre credor e devedor, acarreta novação nos termos do artigo 360, I, do NCC c/c art. 110, do CTN.” (grifo nosso)

Vale assim, necessário debater na própria omissão da lei, que diz em seu

artigo 8°, que os débitos ora parcelados não implicam em novação da dívida.

Em contrapartida, trazemos o julgado abaixo pelo STJ em seu acódão, no Agravo

de Regimental em Embargos de Declaração no Recurso Especial n.° 726.193/RS,

julgado por votação unânime pela Primeira Turma, pelo Min. Luiz Fux, em

15.03.2007, que diante da pertinência da matéria assim, descrevemos um trecho:

“DJ 29.03.2007, p. 219. No mesmo sentido o acórdão proferido nos autos do Resp n.° 509.238/C, rel. Min. Luiz Fux, ............................... ................................................................................................................................... Em consequência, tanto o particular em Ação Declaratória quanto a Faenda que aceita a opção ao programa, renunciam ao direito em que se fundam as ações respectivas, porquanto,mutatis mutandi, a inserção ao Refis importa novação a luz do Art. 110, do CTN c/c art. 999, I, do CC [Art. 360, I, CC/2002].”(grifo nosso)

“Sob este ângulo dispoem respectivamente, os artigod 999, I, do Código Civil e 110 do Código Tributário Nacional, verbis: ‘Art.999. Dá-se novação: I – quando o devedor contrai com o credor nova divida, para extinguir e substituir a anterior’; ‘Art. 110. A lei tributário não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Contituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias’.(grifo nosso)

3.3) Dos Débitos que não podem ser Parcelados

Há descrito na lei, que alguns débitos que não perfazem a sistemática no

âmbito federal dos tributos, assim, não foram expressamente permitidos os seus

55 CAIS, Cleide Previtalli. O Processo Tributário. Editora Revista dos Tribunais, 6ªEd., 2009, São Paulo.

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parcelamentos, como no caso do SIMPLES, que foi vetado pela Portaria conjunta

n. 06/2009.

Tal argumento vem pautado pelo autor Roberto Rodrigues de Morais56,

especialista em Direito Tributário, cita uma resposta da SRF sobre o caso abaixo:

“Há que se levar em conta que a Lei nº. 11.941/2009 trata, dentre outros, de parcelamento de tributos federais" administrados pela Receita Federal ou no âmbito da Procuradoria da Fazenda Nacional, e a sistemática do Simples Nacional, implementada pela Lei Complementar nº. 123/2006, inclui tributos estaduais e municipais mediante regime único de arrecadação e, conseqüentemente, não são "administrados pela Receita Federal" (esta tem apenas assento no Comitê Gestor do SN.” (grifo nosso)

A Constituição Federal, ao tratar dos princípios fundamentais, assinala

como base na República Federativa do Brasil a existência de um Estado

Democrático de Direito, tendo como fundamento, a busca da redução das

desigualdades sociais e regionais. Logo, a Carta Magna, determina a adoção de

um regime único de arrecadação, sendo suas regras veiculadas por Lei

Complementar, objetivando inclusive um suporte para uma grande quantidade de

Empresas que são optantes pelo SIMPLES.

Em contrário senso, corrobora o autor, para nosso conhecimento um breve

comentário sobre o artigo do Refis da Crise - Conjur de 24.07.2009, citado por

Roberto Rodrigues57:

“Assim, as empresas optantes pelo SIMPLES NACIONAL que pretendiam aderir ao Novo Refis para quitar seus débitos tributários ou parcelá-los em condições mais vantajosas àquelas oferecidas nos parcelamentos ordinários da União a via Judiciária, para que lhes seja deferido o direito líquido e certo de aderir ao novo Programa de Parcelamento de Débitos com a União, pois não há razões legítimas para que elas tenham sido excluídas desse programa, ainda mais que sempre são essas empresas as mais prejudicadas nos momentos de crise econômica, e muitas delas podem vir a encerrar suas atividades caso não possam parcelar seus débitos tributários com a União Federal nessas condições mais favoráveis.” (grifo nosso)

56 Competêndio de Direito Tributário. Rio de Janeiro, Forense, 1987. 57 Competêndio de Direito Tributário. Rio de Janeiro, Forense, 1987.

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3.4) Dos efeitos Penais sob visão da Nova Lei

Antigamente havia um sistema que tinha sido morto e esquecido pelo artigo

98 da Lei 8.383/91. Hoje, ressurge com força total, entretanto, com grande

polêmica e discussão sobre a sua aplicabilidade, ou seja, a extinção da

punibilidade exclusiva dos delitos de natureza tributária.

O Legislador sob uma visão crítica, destacou que o sistema era caduco,

mesmo sendo mais severo que o atual, era menos eficiente pois não trazia

resultados para o Erário Público.

Questiona-se a eficácia do instituto, ao que o contribuinte sonegador,

autuado, em vez de discutir eternamente, procura de um modo mais

supostamente democrático de parcelar a dívida e pagá-la, tendo em vista o único

propósito do Governo de arrecadar e arrecadar. O que pensa o bom pagador ao

presenciar essa situação?

Do mesmo entendimento o Ilustre Procurador da República, Dr. Hélio Telho

Côrrea Filho58, descreve:

“De outro lado, trata-se de inequívoco incentivo a que os demais contribuintes, que até então vinham cumprindo suas obrigações fiscais, deixem de fazê-lo, cientes de que, na remota eventualidade de virem a ser flagrados em sonegação, terão garantida a impunidade mediante o só recolhimento da obrigação tributária apurada no auto de infração. Convém ressaltar que não há, de lege lata, limites à fruição do benefício, podendo invocá-lo o mais renitente e reincidente dos sonegadores, em tantos processos quantos vier a responder. A perspectiva é, então, de queda da arrecadação a médio e longo prazo.” (grifo nosso)

Segue afirmando59:

“Polêmica a parte, conclui-se que, no entender do legislador, a busca do equilíbrio fiscal das contas públicas é, no atual momento histórico do país, prioridade nacional. Ao que parece, não interessa ao Estado encarcerar o contribuinte

58 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010 59 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010

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que lhe financia e sustenta, por mera vindita. Mesmo porque, preso este contribuinte deixaria de contribuir.” (grifo nosso)

A lei exige o pagamento do tributo e não um mero pagamento, dando idéia

de pagamento integral.

Em virtude disso, vejamos a propósito a indicação pelo autor Hélio Telho60,

sobre o que decidiu o E. Tribunal Regional Federal, 1° Região, pelo Rel. Min.

“PENAL. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. Lei 8.137/90, art. 14. PARCELAMENTO DA DÍVIDA. Pagamento não realizado integralmente antes do recebimento da denúncia. Extinção da Punibilidade inocorrente. Habeas Corpus Indeferido. (HC n.º 94.01.38198-4/MG). (grifo nosso)

Em consonância, a luz do mesmo antendimento, corrobora ao aludido no

magistério do Ministro Vicente Cernicchiaro, do STJ, citado pelo Hélio Telho61 :

"O parcelamento não se confunde com a novação (esta implica substituição da relação jurídica, com mudança do devedor, do credor, ou do objeto da prestação). O parcelamento, ao contrário, mantém a relação jurídica e repercute apenas nas condições de pagamento. O parcelamento não está arrolado entre as causas de extinção do crédito tributário (CTN, art. 156)." (STJ-RHC 3.973-6/RS). (grifo nosso)

Ressalta sobre os aspéctos da Lei, que não se pode, portanto, ter por

extinta a punibilidade de crime contra a ordem tributária pelo simples fato de o

agente ter obtido o parcelamento do débito, ainda que se encontre em dia com as

obrigações assumidas.

O saudoso Hugo de Brito62, traz seu entendimento quanto a extinção da

punibilidade nos crimes tributários em concurso material com quadrilha ou bando,

vejamos:

(........)

60 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010 61 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010 62 MACHADO, Hugo de Brito. Crimes contra a ordem tributária. São Paulo: Atlas, 2008. p. 412-413.

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“Por outro lado, não se pode deixar de considerar que o estabelecimento da

extinção da punibilidade pelo pagamento da dívida tributária foi uma opção

do legislador, motivada pela consideração de que ao Fisco interessa mais o

recebimento dos recursos financeiros do que aplicar penas provisionais a

quem não cumpre suas obrigações tributárias. [...]Certo é que o objetivo visado

com a opção legislativa de que se cuida somente será alcançado se a extinção da

punibilidade atingir, além do crime contra a ordem tributária, também o de

quadrilha ou bando, ao menos nos casos em que a associação criminosa não

tenha tido outro objetivo além do cometimento de crimes contra a ordem

tributária.[...]Assim, não obstante o respeito que merece o entendimento contrário,

até porque já afirmado pelo Supremo Tribunal Federal, entendemos que a

melhor interpretação da lei, especialmente em face do elemento teleológico,

nos conduz ä conclusão de que o pagamento da dívida tributária implica a

extinção da punibilidade do crime contra a ordem tributária e também do

crime de quadrilha ou bando. Ao menos naqueles casos em que os crimes

contra a ordem tributária sejam os únicos cometidos pelos seus

integrantes.[...]Não é razoável admitir-se que uma sociedade empresária seja

constituída com o desígnio de cometer crimes, até porque o cometimento de

crimes não demanda uma sociedade formalizada em termos legais.[...]

(grifo nosso)

Sobre outros mecanismos legais, a contrário senso, seria pretenciosa

incensatez do Governo em não permitir qualquer efeito penal ao parcelamento,

que por muitos, implicaria em desestímulos, pois, por não proverem de condições

de pagarem a vista, porém de boa-fé, usufruem do benefício do parcelamento,

com a finalidade do arrecadante para os rombos dos cofres públicos não teria

eficácia.

É de bom alvitre e importante destacar, sobre um ponto positivo para o

contribuinte inadimplente, a Súmula Vinculante de n.° 2463, onde está atrelada

literalmente a tipificação dos crimes tributários, vide a seguir:

“Súm. Vinc. n.° 24 – Não se tipifica crime material contra a ordem tributária,

previsto no artigo 1°, incisos I a IV, da Lei 8.137/90, antes do lançamento

definitivo do tributo.”

(grifo nosso) 63 Publicada no Diário da Justiça Eletrônico e no Diário Oficial da União - STF, dadata sua publicação no dia 11/12/2009, com informativo de n.° 232/2009).

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Ainda na lição do Min. Cernicchiaro, citado pelo Hélio Telho64, a entender

sobre tema ja apresentado:

"O réu é processado porque (dolosamente) está em débito. O parcelamento cumprido afasta o débito (exigível); atua, pois, como antecedente lógico da decisão final. Em outros termos, configura - questão prejudicial. Em sendo assim, não faz sentido o processo ter seqüência. Impõe-se a suspensão. O fato repercute no interesse o (processualmente considerado)." (...) "Com efeito, o parcelamento não é causa extintiva. A razão é simples:poderá não ser cumprido. Quando o for, extinguir-se-á o débito pelo pagamento. (...) O parcelamento encerra obrigação de pagar. Concomitantemente, é condição suspensiva da extinção da punibilidade." (in julgamento citado - grifou-se).

Encerra o Dr. Hélio Telho65 com suas conclusões a respeito tema:

“Conclusões: 1) - o art. 34, da Lei 9.249/95, teve como finalidade aumentar a arrecadação tributária; 2) - o parcelamento não extingue a punibilidade, porque não traduz pagamento integral, havendo inclusive a possibilidade de o agente não honrá-lo; 3) - por importar em pagamento, caso venha a ser totalmente honrado, o parcelamento não deve ser desprezado para efeito do disposto no art. 34, da Lei 9.249/95; 4) - pelos princípios da consulta aos fins sociais a que a lei se dirige (art. 5.º, da LICC), bem como ao da máxima eficácia da norma, deve-se ter por suspenso o curso da persecução criminal, na hipótese de parcelamento, até a completa extinção do débito, caso em que ter-se-á por extinta a punibilidade, ou, até eventual descumprimento, hipótese em que o feito deverá retomar seu curso normal, interpretação esta que se apresenta com maior eficácia quanto à obtenção do fim legal (máxima eficácia da norma). (grifo nosso)

3.5) Dos pressupostos Constitucionais da Lei 11.941/09

A partir de uma análise direta da Lei, vislumbra-se um emaranhado de

medidas, alterações e criações de normas, pelas quais, não passaram sequer

pelo crivo do olhar crítico do artigo 62 e 84 da CF/88:

“Art. 62, caput – Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias.” (grifo nosso)

“Art. 84, caput - Compete privativamente ao Presidente da República.

64 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010. 65 Efeitos penais do parcelamento do débito tributário . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010

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XXVI – editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do Art. 62.” (grifo nosso)

Onde deveriam estar os pressupostos Contitucionais de relevância e

urgência que não foram aplicados? Com certeza, somente observaram as

vantagens e acréscimos que poderiam embutir sem que fossem percebíveis, com

um único objetivo de aumentar a arrecadação dos cofres públicos e/ou até

mesmo a terceiros. Assim, para isso, se valeram de atos ilegais, contrários à

ordem tributária, aos valores éticos e morais, ferindo ainda a legalidade e toda

uma cadeia Constitucional.

Corroborando com o exposto, descreve o autor Hiyoshi Harada66:

“E quem pode, em primeiro plano, avaliar o que é relevante e ao mesmo tempo urgente é o Presidente da República, que detém o poder dautalar geral. Por isso, em princípio, os conceitos de relevancia e de urgencia decorrem do juízo de oportunidade inserindo-se no campo da discricionariedade de atuação do Presidente da República.” (grifo nosso)

Aponta o autor supra67 sobre o entendimento do STF sobre o assunto, pelo

Rel. Min. Carlos Britto:

“Avanço para dizer que o pressuposto constitucional para essa investidura do Presidente da República em função normativa primária está na ocorrência de um caso, um fato, um acontecimento do mundo do ser (Kelsen) que se revista ao mesmo tempo de relevância e urgência. Mas um fato urgente e relevante, frise-se no sentido de requerer uma pronta resposta normativo-estatal......É a medida provisória, portanto, uma regração que o Presidente fica autorizado a baixar para o enfrentamento de certos tipos de anomalia tática. Um tipo de anormalidade – este o ponto central da questão – geradora de instabilidade ou conflito social que não encontra imediato equacionamento nem na Constituição, diretamente, nem na ordem legal já estabelecida. Por isso que demandante de uma resposta normativa que não pode aguardar as formas constitucionais de tramitação dos projetos de lei" (Adin-MC nº 3.964-DF, Rel. Min. Carlos Britto, DJE nº 55, de 10-4-2008).” (grifo nosso)

Aprofundando na matéria temos o §5°, do artigo 62 da CF/88:

“Artr. 62 - ..............................................................................................

66 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010. 67 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010.

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§5° - A deliberação de cada uma das casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais”

(grifo nosso)

Neste entendimento reforça o autor Harada68, sobre a falta dos requisitos,

haja vista ter os mesmos, mero caráter político, ou seja, serveriam para satisfação

de um grupo que manipulou toda a artimanha dessa MP convertida em Lei, assim,

vê-se:

“Portanto, antes da apreciação do mérito da medida provisória impõe-se o seu exame prévio quanto ao preenchimento dos requisitos da relevância e da urgência nos termos em que dispuser a Resolução do Congresso Nacional. Nem poderia ser de outra forma, pois a apreciação dos requisitos de relevância e urgência tem caráter político, como já reconheceu o Pleno do STF (Adin-MC nº 1.397-DF, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ de 27-6-1997).” (grifo nosso)

Mesmo diante de atos administrativos introduzidos no ordenamento

jurídico, o Judiciário só poderá interferir diretamente caso a relevância e a

urgência for notoriamente inconstitucional.

Segue dizendo o autor Harada69:

“O Min. Sydney Sanches, por sua vez, acolheu a tese da inapreciação dos requisitos da relevância e da urgência apenas quando dependem de avaliação subjetiva e não objetiva. Se a relevância ou a urgência evidenciar-se improcedente cabe ao Judiciário pronunciar-se a respeito (Adin-MC nº 1.754-DF, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ de 6-8-1999; Adin-MC nº 1.717-DF, Rel. Min. Sydney Sanches, DJ de 25-2-00).” (grifo nosso)

Vale destacar que na hipótese de omissão do Legislador na verificação dos

requisitos de relevância e urgência, o STF como guardião da Constituição poderá

intervir e examinar cada um dos dispositivos existentes na MP, agora convertida

na Lei 11.942/09, sob o enfoque constitucional.

3.6) Do exame da MP 449/08 e da resultante Lei 11.941/09 sob prisma

Constitucional

68 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010. 69 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010.

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Sob o olhar constitucional a MP 449/08, não preenche os requisitos

constitucionais da relevância e da urgência, pelo que é manisfesta sua

inconstitucionalidade, haja vista suas omissões e vícios agravados pelos variados

enxertos provenientes do Parlamentares à Lei 11.941/09, dela resultante. Tem-se

visto, o longa manus político e não constitucional, por senão econômico para

alguns.

Qualquer jurista poderia vislumbrar na ementa da Lei, que ela altera a

Legislação Tributária Federal relativa ao parcelamento ordinário de débitos

tributários, concede remissão nos casos em que específica, institui regime jurídico

de transição e, dá outras providências. Desta forma, não pode o Legislador por

meio de carona, introduzir matérias novas não previstas no texto normativo

original, significando assim, burla ao artigo 84, XXVI, da CF/88.

O Dr. Hiyoshi Harada, faz um adendo importante a cerca de 40

dispositivos70 diferentes abordados nesta Nova Lei do Refis, que não fazem

sequer relação de dependência entre si, cita um dos vários exemplos:

“Grande parte de seus dispositivos, como o do art. 31, que versa sobre transação, sequer consta da ementa. A Lei Complementar nº 95/98 exige a clara explicitação, sob a forma de título, do objeto da lei (art. 5º), não bastando inserir em sua ementa a expressão - "e dá outras providências". (grifo nosso)

Diz o artigo 5°71, da Lei Complementar 95/98:

“Art. 5° - A ementa será grafada por meio de caracteres que a

realcem e explicitará, de modo conciso e sob a forma de título, o

objeto da lei.”

(grifo nosso)

Segue dizendo o autor Harada72: 70 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010. 71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp95.htm. lei Complementar Nº 95/98. Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona, acessada em 26/02/2010.

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“Essa é uma medida provisória polivalente destinada a regular cerca de 40 situações decorrentes de "acontecimentos fáticos anormais". Versa sobre as seguintes matérias, dentre outras: parcelamento; remissão; regime tributário de transição; processo administrativo tributário; obrigações tributárias acessórias; fiscalização, lançamento, compensação, base de cálculo e alíquotas de contribuições sociais; preços de transferência; IOF; alteração da denominação do Conselho de Contribuintes; prescrição e decadência etc. Muitas dessas matérias como a remissão, a transação e a alteração da denominação do Conselho de Contribuintes para Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, dentre outras, longe estão de preencher os pressupostos constitucionais de relevância e de urgência, o que pode ser aferido objetivamente, independentemente de qualquer juízo de valor que implique apreciação subjetiva. Afinal, qual ou quais os fatos anômalos relacionados com essas matérias?” (grifo nosso)

Em suma, quase a totalidade dos dispositivos existentes na MP, sob

exame, está fundamentada na conveniência meramente político-administrativa,

conforme sua própria exposição de motivos. O fato único em detrimento da

crise financeira alegada, não perfaz o condão da ponderação de relevância e

urgência, ora afirmados no texto da Lei.

Conclui-se que a Lei 11.941/09 trouxe diversas benécias para os

contribuintes, no que tange as reduções e os prazos para parcelamento das

dívidas, todavia, por medida ainda desconhecida de suas razões, a Nova Lei do

Refis, veio a agravar a inconstitucionalidade existente na MP 449/08, no que

tange ao atendimento de pressupostos constitucionais da relevância e da

urgência.

72 Nova lei do parcelamento.Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de fevereiro de 2010.

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CONCLUSÃO

Descorridas todas as considerações deste trabalho, pode-se concluir que a

a Nova Lei do Parcelamento trouxe importantíssimos meios e benécias para os

devedores saudarem suas dívidas junto a Receita Federal do Brasil.

Conforme visto nos diversos artigos expostos, nota-se que cada Refis tem

sua particularidade e sua importância no mundo jurídico. Por mais questionável

que seja a lei, observa-se, que de um lado, ela tende a oferecer um benefício para

aquele que ficou indimplente com seus tributos e, por outro, tem a Receita

Federal o poder de exigência de seu cumprimento, tanto amigavelmente pelos

tipos de parcelamentos oferecidos, quanto por meio de ação cabível em vara

execução fiscal.

A propósito, os juristas possuem entendimentos distintos sobre a manifesta

violação de seu pré-âmbulo, por não indicar todos os termos que a própria Lei iria

alterar, ferindo assim, em sua omissão, diploma legal na forma da Lei

Complementar n° 95/98 e outros. Um próximo fator interessante é sobre a

abordagem das Refis anteriores, tendo em vista que, estes foram diversos meios

criados para que a Receita Federal, pudesse arrecadar milhões de tributos em

atraso que não chegaram aos fatores desejados pelo Ente tributante.

Não se pode perder de vista, que nos diversos meios de parcelamentos

dos últimos 10 anos, os contribuintes, pessoas físicas e jurídicas, que desejam

aderir ao Novo Refis, devem fazer uma minuciosa análise, eivada de cuidados e

cautela redobrada, a fim de evitar que sejam alvos de armadilhas contidas na

legislação, conforme exaustivamente debatido.

Não obstante todos os apontamentos acima mencionados, não há como

negar a importância do novo parcelamento engendrado pelo Governo Federal

(sob cobrança da RFB). As Críticas estampadas no presente arrazoado são

apenas para contribuir com o aperfeiçoamento da Legislação.

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Em suma, diante dos tópicos acima abordados e dos quadros analisados

em anexo e, por demais esclarecidas as questões de manifesta violação

Constitucional, temos que respeitar os benefícios trazidos pela Nova Lei do Refis,

posto que, sem ela, milhares de contribuintes não teriam a oportunidade de quitar

sua obrigações pendentes, parcelar seus débitos para obtenção de certidões e

insentar-se da punibilidade penal que fica suspensa até o pagamento por

completo. Frise-se ainda que não só o contribuinte ganhou com isso, mas os

Cofres Públicos que já arrecadaram bilhões de reais, oportunizando um benefício

mútuo às partes.

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ANEXOS

Índice de anexos

O autor apresenta dois conteúdos em planilhas de apoio, objetivando

aprofundar a prática da pesquisa e suas diferentes formas de parcelamentos

resumidos nos diversos descontos em que cada Lei concedeu. Assim, tem-se um

quadro sobre todos os outros parcelamentos e inclusive sobre o Novo Refis, que

proporcionou inúmeros benefícios para o contribuinte devedor.

Anexo 1 >> Quadro Comparativo Geral dos Tipos de Parcelamentos;

Anexo 2 >> Quadro Resumido dos Descontos Relativos ao Número de Parcelas Escolhidas.

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ANEXO – 1

QUADRO COMPARATIVO GERAL DOS TIPOS DE PARCELAMENTOS

Fonte – INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO - IBPT

(SITE):

http://www.deleon.com.br/estudos/analise_dos_programas_de_parcelamentos_fe

derais.pdf

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ANEXO - 2

QUADRO RESUMIDO DOS DESCONTOS RELATIVOS AO NÚMERO DE

PARCELAS ESCOLHIDAS.

Fonte – Roberto Rodrigues de Moraes – Especialista em Direito Tributário, em

08/2009.

(SITE): www.jusnavegandi.com.br

O texto da Lei traz descontos nos JUROS (SELIC), MULTA e ENCARGOS. Veja no quadro abaixo:

Reduções Multa de mora e

ofício Multas isoladas Juros de mora Encargo legal

Pagamento à vista

100% 40% 45% 100%

Até 30 parcelas 90% 35% 40% 100%

Até 60 parcelas 80% 30% 35% 100%

Até 120 parcelas 70% 25% 30% 100%

Até 180 parcelas 60% 20% 25% 100%

Para débitos incluídos em outros parcelamentos

Refis 40% 40% 25% 100%

Paes 70% 40% 30% 100%

Paex 80% 40% 35% 100%

Demais reparcelamentos

100% 40% 40% 100%

Os descontos oferecidos pelo NOVO PARCELAMENTO são atrativos, principalmente pelo fato de – em qualquer das opções – haverá redução de 100% dos ENCARGOS (existente sobre os débitos relativos aos tributos e contribuições federais, que estejam inscrito em dívida ativa).

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50

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CAIS, Cleide Previtalli. O Processo Tributário. Editora Revista dos Tribunais,

6ªEd., 2009, São Paulo.

CARNEIRO, Claúdio. Curso de Direito Tributário e Financeiro. Rio de Janeiro,

Lumen Juris, vol. 1, pág. 572, 2009.

CARVALHO, Lygia Caroline. Contribuinte tem que saber fazer os cálculos para

saber se é vantajoso ou não aderiri ao parcelamento do Novo Refis.

www.cabecadecuia.com/noticias/58161/contribuinte-tem-que-fazer-os-calculos-

para-saber-se-e-vantajoso-ou-nao-aderir-ao-parcelamento-do-novo-refis--.html,

acessado em 01/12/2009.

CORRÊA FILHO, Helio Telho. Efeitos penais do parcelamento do débito tributário

. Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 22, dez. 1997. Disponível em:

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1339 . Acesso em: 10 fev. 2010.

DJU em 18.09.80, pág. 7.162.

FERREIRA, Alexandre Marcos. www.fhadvogados.com.br - Advogado, pós-

graduado pela Pontifícia Universidade Católica - PUC/SP, atuante nas áreas

Tributário, Cível e Empresarial, especializado e com vasto conhecimento na

complexa área do Direito Tributário, acessado em 29.12.2009.

HARADA, Kiyoshi. Nova lei do parcelamento. Lei nº 11.941/09 . Acesso em :3 de

fevereiro de 2010.

MACHADO, Hugo de Brito. Crimes contra a ordem tributária. São Paulo: Atlas,

2008. p. 412-413.

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51

. Curso de Direito Tributário. 5ª Edição, Forense, pág., 117.

MORAES, Bernardo Ribeiro de. Competêndio de Direito Tributário. Rio de

Janeiro, Forense, 1987.

MORAES, Roberto Rodrigues de. Cuidados para a adesão ao novo Refis da Lei

nº 11.941/2009 . www.jusnavegandi.com.br. Elaborado em 08/2009. Autor

Especialista em Direito Tributário, acessado em 04/12/2009.

SOARES, Carlos Dalmiro da Silva. Efeitos e natureza jurídica do parcelamento

administrativo de créditos tributários . Jus Navigandi, Teresina, ano 2, n. 25, jun.

1998. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1338 . Acesso

em: 10 fev. 2010 .

www.deleon.com.br/estudos/analise_dos_programas_de_parcelamentos_federais.pdf. Análise dos Programas de Parcelamentos Federais. Coordenado pelo: Dr. GILBERTO LUIZ DO AMARAL, advogado tributarista, auditor, consultor de empresas, professor de pós-graduação em direito e planejamento tributário. e-mail: [email protected]

www.normaslegais.com.br/legislação/mp303.htm. Lei do Parcelamento

Excepcional, acessado em 03/02/2010.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9964.htm. Lei Recuperação Fiscal,

acessada em 01/12/2009.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.684.htm. Lei do Parcelamento

Especial, acessado em 04/12/2009.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11941.htm. Nova Lei do

Parcelamento. Nova Lei do Refis n.°11.941/2009, acessada em 04/12/2009.

www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp95.htm. lei Complementar Nº

95/98. Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das

leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e

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estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona,

acessada em 26/02/2010.

www.receita.gov.br/legislação/leis/2002/lei10522.htm. Lei do Parcelamento

Ordinário, acessado em 04/12/2009.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

DO PARCELAMENTO DOS TRIBUTOS 10

1.1 – Conceito e significado 10

1.2 – Da Natureza Jurídica do Parcelamento 11

1.3 – Comparação do Parcelamento à Moratória 13

CAPÍTULO II 17

UM BREVE HISTÓRICO DO PARCELAMENTO 17

2.1 – Lei da Recuperação Fiscal – LEI 9964/2000 17

2.2 – Lei do Parcelamento Ordinário – LEI10.522/2002 21

2.3 – Lei do Parcelamento Especial – LEI 10.684/2003 24

2.4 – Lei do Parcelamento Excepcional – MP 303/2006 27

CAPÍTULO III 30

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O NOVO PARCELAMENTO OU REFIS DA CRISE - LEI 11.941/2009 30

3.1 – Os benefícios trazidos pelo Novo Refis 30

3.2 – O novo Refis e suas exigências ditas “abusivas” 31

3.3 – Dos débitos que não podem ser parcelados 35

3.4 – Dos efeitos penais sob visão da Nova Lei 37

3.5 – Dos pressupostos Constitucionais da Lei 11.941/09 40

3.6 – Do exame da MP 449/08 e da resultante Lei 11.941/09 sob prisma

Constitucional. 42

CONCLUSÃO 45

ANEXOS 47

I) Quadro comparativo sobre os parcelamentos 48

II) Quadro comparativo sobre os descontos da Lei 11941/09 49

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 50

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: