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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR ESCOLAR Apresentação de monografia à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Supervisão Escolar. Por: Francisca Silvia da Silva

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES DO SUPERVISOR ESCOLAR

Apresentação de monografia à Universidade Cândido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Supervisão Escolar.

Por: Francisca Silvia da Silva

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela sua Palavra Iluminadora que me sustenta na missão de educadora, junto aos jovens e às crianças.

Às minhas irmãs de congregação, de modo especial à Eliane, pelo apoio e incentivo em todos os momentos.

Às professoras, à diretora e à supervisora da Escola- anexo Nossa Senhora Aparecida pela prontidão e colaboração na concretização dos objetivos da pesquisa de campo.

A todos e todas que direta ou indiretamente se envolveram e participaram da construção deste trabalho.

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“Planejar é definir o necessário. E realizá-lo

sem que o imediato o sufoque”.

Danilo Gandin

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DEDICATÓRIA

Às educadoras e aos educadores das

escolas públicas, pela ousadia e

teimosia em sonhar uma da educação

de qualidade para as crianças e jovens

das periferias.

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RESUMO

Essa pesquisa apresentou como objetivo investigar as etapas de

construção do PPP e as contribuições do supervisor escolar nesse processo.

Elegeu-se como campo empírico uma escola-anexo da rede pública municipal

de São Luís. Participaram da investigação 8 profissionais sendo, uma gestora,

uma supervisora e 6 professoras. Utilizou-se o questionário misto como

instrumento de coleta de dados. O referencial teórico desenvolvido no trabalho

ressaltou o lugar do projeto político-pedagógico da escola, destacando

conceitos, contribuições do planejamento participativo, finalidades e etapas de

construção do Projeto político-pedagógico; refletiu-se sobre o papel do

supervisor na articulação do PPP, discorrendo sobre pontos históricos da

supervisão no Brasil e sua atualidade, assim como o lugar do supervisor no

processo de construção do PPP.

Palavras-chave: Planejamento; Projeto Político-Pedagógico; Supervisão Escolar

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METODOLOGIA

O estudo, num primeiro momento, segue a metodologia da pesquisa de

caráter bibliográfico, por basear-se na análise e consulta de material gráfico e

informatizado, para aprofundamento e fundamentação teórica do objeto de

estudo. Segue, dialogando com alguns autores no tratamento teórico de

questões relacionadas ao planejamento e à supervisão escolar no contexto

brasileiro.

As fontes de pesquisa privilegiadas são livros, revistas, artigos de

jornais, sites da internet e artigos eletrônicos.

Para a realização da pesquisa de campo e trabalho de investigação do

tema, elegeu-se uma escola da rede municipal de São Luís, localizada na

periferia sudeste. A escola é considerada anexo, pois depende financeira e

administrativamente a uma escola-pólo da rede. Funciona em dois turnos,

matutino e vespertino, oferece ensino fundamental a 306 alunos do 1º ao 5º

ano. O quadro de funcionários da escola é formado por 14 professoras, uma

supervisora, uma gestora, 2 agentes administrativos e 3 operacionais.

Pretende-se privilegiar a pesquisa de campo, por oferecer condições

para explorar o tema investigado, dentro de um contexto real. Para coletar os

dados acerca da realidade estudada, foram realizadas observações e aplicados

questionários contendo questões que foram respondidas por 8 profissionais da

escola, sendo 5 professoras, uma supervisora e uma gestora (diretora

adjunta).

A etapa de observação já vem sendo realizada desde 2006 e o trabalho

de coleta de dados e sistematização iniciaram em dezembro de 2009. Como

instrumento de coletas de dados elegeu-se a técnica de questionários com

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questões fechadas e abertas, direcionados às professoras, à supervisora e à

gestora.

Na etapa de revisão da literatura, destacam-se as contribuições teóricas

de Vasconcelos, Gandin, Veiga e Falkebach sobre planejamento.

Analisam-se as abordagens teóricas de Nogueira, da Silva e

Vasconcelos para lançar um olhar sobre as origens da supervisão escolar no

Brasil. Assim como para traçar o perfil do profissional da supervisão escolar,

nos dias atuais, recorreu-se, às autoras Alves, Garcia e Luck.

Para discutir a relação do supervisor escolar e o projeto político-

pedagógico dialogou-se com autores como da Silva Júnior, Medina e

Vasconcelos.

Abriu-se, ainda, a possibilidade para interagir, a nível de debate e

complementação de conhecimentos empíricos, com produções recentes que

levantam a questão da supervisão escolar e o projeto político-pedagógico.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................10

CAPÍTULO I - O LUGAR DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NA

ESCOLA....................................................................................................12

1.1 Conceituação de projeto político-pedagógico...................................12

1.2 Níveis de planejamento.....................................................................15

1.3 O planejamento participativo e suas contribuições......................18

1.4 A dinâmica de ação reflexão no planejamento participativo.............21

1.5 Finalidades do projeto político-pedagógico...............................23

1.6 Etapas de construção do projeto político-pedagógico.................25

CAPÍTULO II - O PAPEL DA SUPERVISORA, DO SUPRVISOR NA

INSTITUIÇÃO ESCOLAR E O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO............30

2.1 Breve retrospectiva histórica.............................................................30

2.2 Abordagem atual sobre a atuação da supervisora, do supervisor

escolar...................................................................................................33

2.3 O lugar da supervisora, do supervisor escolar no processo de

construção do projeto político-pedagógico da escolar...............................36

CAPÍTULO III - INVESTIGANDO AS ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA E AS CONTRUBUIÇÕES

DA SUPERVISORA, DO SUPERVISOR ESCOLAR NESSE PROCESSO......40

3.1 Contextualizando a pesquisa de campo ........................................40

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3.2 Caracterizando o campo da pesquisa..............................................42

3.3 Caracterizando sujeitos da pesquisa..............................................44

3.4 Analisando e discutindo sobre o perfil das participantes...........46

3.5 Analisando e discutindo as narrativas das participantes.............48

3.5.1 Narrativas da gestora e da supervisora....................................48

3.5.2 Narrativas das professoras...........................................................52

CONCLUSÃO...........................................................................................60

BIBLIOGRAFIA .........................................................................................64

ANEXOS..................................................................................................68

ÍNDICE.....................................................................................................73

FOLHA DE AVALIAÇÃO...........................................................................75

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INTRODUÇÃO

No cenário mundial, observam-se contínuas mudanças em todas as

áreas das relações humanas, provocadas, em grande parte, pelas descobertas

científicas e tecnológicas que representam novos rumos para humanidade.

Porém, nem sempre, as inovações representam avanços na qualidade de vida

das pessoas e sustentabilidade do planeta.

No início do século XXI, essas mudanças são cada vez mais rápidas,

exigindo adaptações, renovações, reestruturações de processos sociais,

econômicos, políticos e culturais. Consequentemente, a educação aparece,

fortemente, influenciada por esse fenômeno.

Nesse contexto, aparecem as leis, os projetos, as propostas e acordos

governamentais que exigem mudanças nos processos educativos, nos

métodos e instrumentos de ensino e aprendizagem, planejamento em vários

níveis, assim como mudanças no perfil do profissional da educação.

Por isso, nos últimos anos, ouve-se falar, com freqüência, no âmbito

educacional, sobre Projeto Político-pedagógico, Proposta Pedagógica ou

Projeto Educativo.

Muitas escolas, diante das exigências oficiais, previstas na LDB 9394/96

e dos seus respectivos sistemas de ensino, passaram pelo processo de

elaboração do Projeto Político-pedagógico, envolvendo profissionais de

educação e a comunidade.

Dentre os inúmeros questionamentos sobre a relevância desse

instrumento de planejamento da instituição escolar e do papel do supervisor

escolar nas suas etapas de elaboração, sobressaiu a questão central que

norteou o trabalho de investigação: Qual é a contribuição do supervisor escolar

na construção do projeto político-pedagógico da escola?

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Ao pensar o tema para esse trabalho de conclusão do Curso de

Supervisão Escolar, me propus a investigar as etapas de construção do projeto

político-pedagógico, numa escola municipal de São Luís, destacando as

contribuições do supervisor escolar. Para chegar a esse objetivo o caminho

percorrido foi pesquisar sobre as etapas de construção do projeto político-

pedagógico e sobre o papel do supervisor escolar, no contexto de uma escola

pública; estabelecer relações entre o projeto político-pedagógico da escola e as

ações desenvolvidas pelo supervisor escolar e demais profissionais da

educação e ainda, coletar dados sobre o processo de construção do projeto

político-pedagógico, junto aos agentes escolares, assim como sobre a atuação

do supervisor escolar.

O interesse pelo tema surgiu a partir do contato com uma instituição

social que oferece curso pré-vestibular para jovens da periferia de São Luís e

São José de Ribamar (PRENEC – Pré-vestibular para Negros e Carentes).

Durante os anos de 2004 e 2005, acompanhei o processo de elaboração do

projeto político-pedagógico dessa instituição, como professora e membro da

equipe de coordenação pedagógica, auxiliando a pedagoga responsável pelo

trabalho. Nos encontros com os professores e alunos, nas sessões de estudo e

trabalho de sistematização dos conteúdos fomos problematizando sobre os

caminhos possíveis para a construção do projeto político-pedagógico e as

contribuições do supervisor escolar, nesse contexto.

Atualmente, sou professora da rede municipal de São Luís e trabalho

numa escola de Ensino Fundamental, como professora da 2ª série. A referida

escola está localizada na periferia de São Luís, sendo considerada “escola-

anexo”, pois depende de uma escola-pólo. Nos anos de 2006 e 2007, participei

de algumas discussões e sessões de estudo para a elaboração do projeto

político-pedagógico da escola, que contou com a participação de professores,

gestora e supervisores. Após, alguns anos em processo de elaboração, o

documento encontra-se pronto e, há pouco tempo, tive acesso ao mesmo.

Durante a leitura e reconhecimento do texto, indaguei sobre o papel e as

contribuições do supervisor escolar durante as etapas de construção desse

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projeto, assim como sobre a influência desse instrumento para a melhoria da

qualidade de ensino e aprendizagem na escola.

A partir dessas duas experiências, pretendeu-se continuar investigando

o processo de elaboração do projeto político-pedagógico, a fim de levantar

dados sobre essa realidade e poder contribuir para divulgar a importância do

supervisor escolar nas atividades escolares, especificamente, na construção do

projeto político-pedagógico.

Nos capítulos que seguem, primeiramente, discorre-se sobre o lugar do

projeto político-pedagógico na escola, destacando conceitos, finalidades, níveis

de planejamento, dinâmica do planejamento participativo e as etapas de

construção do projeto político-pedagógico.

Em seguida, faz-se menção ao papel do supervisor na instituição

escolar, numa retrospectiva histórica sobre as origens da supervisão no Brasil

e uma abordagem atual, como também, discorre-se sobre o seu papel no

processo de construção do projeto político-pedagógico.

Por fim, são apresentados e analisados dados da pesquisa de campo,

realizada numa escola pública, destacando as contribuições do supervisor

escolar na construção do projeto político-pedagógico daquela instituição.

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CAPÍTULO I

O LUGAR DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NA ESCOLA

1.1 Conceituação de projeto político-pedagógico

No sentido epistemológico, o vocábulo projeto origina-se da palavra

latina projectu, significando lançar para diante. Assim como, para Ferreira,

apud Veiga (2007, p.12), projeto é sinônimo de plano, intento.

Empreendimento. Redação preliminar de lei, de relatório, etc. Plano geral de

edificação.

No contexto escolar, o projeto político-pedagógico envolve a prática do

planejar para se chegar ao fim desejado, que de certa forma, já se visualiza.

Essa dinâmica envolve o momento da reflexão e construção, a escolha de

caminhos metodológicos e a planificação dos resultados obtidos no processo.

No entanto, Veiga ( 2007, p.12) alerta para o perigo de tornar o projeto

político-pedagógico um instrumento com fins, meramente, burocráticos. Tal

redução, o destituiria do seu caráter coletivo e intencional, distanciando-o da

vivência e dos anseios dos interessados pelo processo educativo escolar.

O conceito de projeto político-pedagógico articula elementos de natureza

política e pedagógica, assim como aproxima a realidade da instituição que

planeja, às estruturas de organização da sociedade. Estas dimensões, política

e pedagógica, pois, se encontram, constantemente, na reflexão sobre Projeto

Político-pedagógico.

Desse modo, infere-se que não se pode analisar as práticas

desenvolvidas na escola dissociadas do contexto sócio-político, econômico e

cultural que as influencia, historicamente. Também, faz parte da função da

escola propor alternativas de intervenção nos processos sociais e políticos que

desumanizam e manipulam os atores sociais e propor um novo modelo de

sociedade, de acordo com os valores que se propõe a propagar na instituição

escolar.

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Nesse sentido, para Veiga

“O projeto busca, um rumo, uma direção. É uma ação

intensional, com um sentido explícito, com um

compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto

pedagógico da escola é, também um projeto político por

estar intimamente articulado ao compromisso sócio-

político com os interesses reais e coletivos da população

majoritária. É político no sentido de compromisso com a

formação do cidadão para um tipo de sociedade.”

(VEIGA,2007, p.13)

O projeto político-pedagógico, enquanto instrumento incentivador de

mudanças na sociedade provoca a instituição escolar para que se torne espaço

de relações construtivas e democráticas, geradoras de participação e

comprometimento dos sujeitos que se empenham para garantir a qualidade do

ensino escolar.

Para isso, a instituição escolar deve dispor de ferramentas pedagógicas

para orientar sua ação educativa e que lhes possibilite a reflexão sobre o tipo

de sociedade que deseja construir e o perfil de homem que deseja formar.

Esses instrumentos poderão está ao seu alcance, pela proposta metodológica

do projeto político-pedagógico.

Destaca-se, dessa forma, a dimensão pedagógica do projeto político-

pedagógico, na qual, segundo Veiga:

“ reside a possibilidade de efetivação da intencionalidade

da escola, que é a formação do cidadão participativo,

responsável, compromissado, crítico e criativo.

Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e

as características necessárias ás escolas de cumprirem

seus propósitos e sua intensionalidade.” (VEIGA, 2007,

p.13)

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Ao investigar o conceito de projeto político-pedagógico, destaca-se, além

da visão da autora supra, aquela preconizada por Vasconcelos, para quem

“O Projeto Político-Pedagógico (ou Projeto Educativo) é o

plano global da instituição. Pode ser entendido como a

sistematização, nunca definitiva, de um processo de

Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se

concretiza na caminhada, que se define claramente o tipo

de ação educativa que se quer realizar. É um instrumento

teórico-metodológico para intervenção e mudança da

realidade. É um elemento de organização e integração da

atividade prática da instituição neste processo de

transformação.” (VASCONCELOS, 2006, p.169)

O autor citado demonstra de forma mais explícita, o planejamento

participativo como chave no processo de construção do plano global da escola;

considera as múltiplas relações que se encaminham e concretizam na dialética

da ação-reflexão durante seu processo construção e de sistematização.

Entende-se que o projeto político-pedagógico reúne possibilidades de

construção coletiva, proporcionando a participação do grupo que integra a

instituição escolar. O próprio caminho de sistematização já envolve reflexão e

concretização das ações visadas para reforçar a dinâmica participativa. Esse

percurso se constitui, pois, num rico espaço de aprendizagem e interação entre

os envolvidos no processo de planejamento.

Dessa forma, atribui-se ao projeto político-pedagógico um importante

lugar no planejamento da escola, assim como na indicação de rumo e de

direção para a instituição escolar que pretende clarear sua identidade,

organizar seus projetos e ações e orientar as relações que nortearão suas

práticas educativas e sociais.

Enquanto instrumento teórico-metodológico, o projeto político-

pedagógico, carrega um teor político capaz de dialogar com a realidade social

e provocar transformações. Na medida em que suas opções se tornam

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conscientes e intencionais, a proposta educativa pode chegar ao ponto de

desencadear práticas que apontam para a melhoria da qualidade da educação,

no seu contexto mais abrangente.

Ambos os autores estão em acordo ao ressaltarem as dimensões

presentes no Projeto Político-pedagógico, destacando a importância da

participação da comunidade escolar na sua construção e, ainda, considerando

seu impacto na sociedade.

Vasconcelos (2006) cita, de forma mais explícita, o planejamento

participativo como chave no processo de construção do plano global da escola;

considera as múltiplas relações que se encaminham e se concretizam na

dialética da ação-reflexão durante seu processo construção e de

sistematização.

Nessa perspectiva, trataremos dos níveis de planejamento, ressaltando

a contribuição do planejamento participativo, como caminho para se chegar aos

resultados projetados pela proposta do planejamento político-pedagógico.

1.2 Níveis de planejamento: o estratégico e o operacional

Na medida em que as sociedades evoluem e as interações entre os

diversos setores da vida social se tornam mais complexas, também surge a

necessidade de explicar esses fenômenos sociais, com base no método

científico.

Os grupos humanos, ao longo do tempo, buscando atender a interesses

e necessidades, organizam-se em instituições e reconhecem a importância de

planejar suas ações. Com isso, pretendem reduzir a distância entre os

objetivos que almejam e a realidade existente.

Atualmente, o planejamento vem sendo aplicado em vários setores da

atividade humana, configurando-se de acordo com as exigências do contexto

global e do modelo de sociedade vigente.

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Ao tratar da relação entre planejamento e administração, Gandin (2001,

p. 36) destaca dois níveis de planejamento: o planejamento estratégico ou

político-social e o planejamento operacional.

O planejamento estratégico apresenta caráter mais globalizante, visa a

estabelecer o rumo, firma a missão da instituição, ocupa-se dos fins, indaga

sobre as questões: Para quê? Para quem? O quê? Seu tempo de realização

pode ser a médio ou a longo prazo; faz abordagens gerais e enfatiza a

criatividade.

Esse nível de planejamento é empregado na transformação da

realidade, sobretudo em épocas de crise. Apóia-se na ideologia, na filosofia e

nas ciências e sinaliza para o ideal almejado pela instituição que exercita essa

prática.

Infere-se que, no campo educativo escolar, a presença do planejamento

estratégico ajuda a pensar o projeto da escola, numa perspectiva mais ampla,

envolvendo as diversas relações com a sociedade e a possibilidade de

fomentar práticas transformadoras.

Por outro lado, Gandin (2001) considera a presença do planejamento

operacional em ações mais direcionadas para os meios e a utilização dos

instrumentos. Este procura interrogar a instituição acerca dos procedimentos

técnicos, através das questões: Como? Com quê? O quê? Realiza-se a curto

prazo, ocupando-se do programa, que é sua expressão maior.

O primeiro nível, estratégico, serve para clarear a identidade da

instituição, projetar o ideal de sociedade e de educação que se pretende

alcançar, levando o grupo envolvido no processo de planejamento à reflexão

sobre os valores e princípios que nortearão as decisões e as suas ações

concretas.

O segundo nível, operacional, organiza e coloca em andamento o

conjunto de ações e metas para se chegar aos fins desejados, em termos de

funcionamento e organização da escola.

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Embora, apresentando especificidades e particularidades, os dois níveis

de planejamento se completam e se interligam na construção do Projeto

Político-pedagógico da instituição escolar.

Assim, Gandin defende que:

“... Os dois têm igual importância no processo de

construção de uma realidade e devem interligar-se, para

que se possa definir para onde se quer ir e para que se

realizem as ações para aproximar, cada vez mais, a

realidade que se tem àquela que se pensou. É o processo

de ação-reflexão aplicado ao planejamento.” (GANDIN,

2001, p.55)

Percebe-se que para à instituição escolar caminhar na direção de

integrar os dois níveis de planejamento, precisa acostumar-se com uma nova

visão do planejamento, diferente da visão tradicional, que se visualiza está

presente em grande parte das escolas.

Urge, pois, às instituições escolares reconhecerem à necessidade de

desenvolver um modelo de planejamento que contemple, tanto os aspectos

mais práticos, que supõem uma curta duração quanto pensar a escola como

espaço de reflexão das questões políticas que causam impacto no contexto

social.

Dessa forma, seria possível começar a enxergar os problemas sociais,

as desigualdades, as ideologias que regem as relações econômicas, os

interesses políticos, o desenvolvimento cultural, o mau uso do poder, dentre

outros fenômenos que afetam, significativamente, o processo educativo escolar

e sua organização.

No momento atual, caracterizado por Gandin como período de crise, o

planejamento político, a nosso ver, ampliaria a visão da escola e de seus

membros, por privilegiar a participação e o exercício da democracia por parte

dos agentes educativos, rompendo com as práticas autoritárias presentes na

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sociedade que também são transferidas para as instituições escolares pelas

figuras daqueles que compõem, em grande parte, as equipes de técnicos,

gestores dessas instituições.

Acredita-se que, entre outras dificuldades para investir no planejamento

político encontra-se a descrença de muitos profissionais da educação, em sua

maioria professores, no modelo de planejamento. Pois, durante muito tempo,

viram o planejamento ser reduzido a exigências meramente burocráticas, como

o preenchimento de planilhas e formulários; vazio de reflexão sobre os

problemas da instituição e de investigação de suas causas.

A partir dessas relações, procura-se estabelecer comparações entre a

teoria do planejamento e a sua prática na instituição escolar. E compreende-se

que a dificuldade de unir os dois níveis pode está contribuindo para que a

escola, sobretudo, a pública, continue sendo desprestigiada e questionada na

sua qualidade, diante dos quadros de baixos índices de desempenho escolar

que tem demonstrado à sociedade.

Passa-se, depois dessas aproximações, a ressaltar as contribuições do

planejamento participativo para desenvolver uma nova perspectiva de

planejamento, que no cenário educacional atual, pode fazer a diferença, para

as escolas que seguirem esse caminho, em termos de qualidade e

credibilidade.

1.3 O planejamento participativo e suas contribuições para a

construção do projeto político-pedagógico da escola

No contexto atual, percebe-se cada vez mais a ampliação dos espaços

de participação dos atores sociais, em vários setores da sociedade. Essa

constatação, leva alguns pensadores a colocar em pauta a discussão sobre as

relações de poder, os interesses envolvidos e o modelo de sociedade e de

escola que se configura na nova conjuntura social.

Alguns desses teóricos, dentre eles Paulo Freire, Gandin e Vasconcelos

defendem a necessidade de construir um novo tipo de sociedade que seja

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fundamentado nos valores éticos e na luta pela justiça social, na qual todos os

sujeitos tenham a possibilidade de participar democraticamente dos processos

sociais e contribuir para as mudanças desejadas, visando à qualidade de vida e

de educação.

Esse ideal de sociedade é apresentado como uma alternativa, se

contrapondo à sociedade que temos, fundamentada no valor econômico, que

sustenta-se nas desigualdades sociais, apóia-se no autoritarismo, às vezes

disfarçado, e exclui a maioria dos sujeitos dos processos de decisão e

participação.

Observa-se que, em muitas instituições, grupos e movimentos de

diversos campos da atividade humana, o planejamento participativo ganha

mais espaço e torna-se uma arma coletiva que mobiliza forças de

transformação e de intervenção na realidade, tornando-se dessa forma, um

instrumento político.

O planejamento participativo, por sua vez, acenado por alguns autores,

é utilizado em diversos setores da sociedade para planejar e projetar a

instituição e suas ações no seu campo específico de atuação. Essa

metodologia caracteriza-se por fundamentar-se na dinâmica da ação-reflexão e

apresentar a participação como o princípio chave no processo de

planejamento.

Diante dos novos estudos no campo da educação e diante das

exigências dos órgãos oficiais de ensino, de que cada instituição de ensino

escolar tome como tarefa a elaboração do Projeto Educativo ou Projeto

Político-pedagógico da escola, nos últimos anos, tem se multiplicado

formulações teóricas e registros de experiências que confirmam o valor e a

contribuição da participação promovidas pela utilização da metodologia do

planejamento participativo no processo de elaboração e acompanhamento do

Projeto Político-pedagógico da escola.

Acredita-se que, pelo seu caráter político e pela metodologia que

propõe, o planejamento participativo pode inserir uma nova prática na escola,

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contribuindo para uma leitura crítica da realidade e para evidenciar as

contradições e os sinais de injustiça presentes na sociedade atual. Assim

como, pode contribuir para ampliar os espaços de participação, nos quais os

sujeitos possam idealizar e ensaiar relações de poder mais democráticas.

Gandin apresenta algumas vantagens do planejamento participativo, ao

ressaltar que:

“... o planejamento participativo, enquanto instrumento e

metodologia, isto é, enquanto processo técnico, abre

espaços especiais para a questão política. As questões

da qualidade, da missão e, obviamente, da participação

são especialmente valorizadas. Mais do que isso,

assumem um caráter de proposta de futuro para a

instituição. No que ele tem de modelo, além da

metodologia participativa, este esquema alcançou integrar

na prática, o operacional e o estratégico, organizando-os

num todo que se constitui no que Paulo freire chama de

processo ação-reflexão.” (GANDIN, 2001, p.29)

A instituição escolar, diante da constatação da necessidade de

ressignificar o planejamento, pode optar por essa alternativa metodológica, a

fim de clarear e sistematizar a sua visão de mundo e de sociedade, sua

filosofia educativa e o tipo de homem que deseja formar.

Cabe reforçar que é condizente com o modelo de planejamento

participativo a atitude prática e reflexiva dos sujeitos da instituição escolar e a

ênfase na participação de todos nos espaços de discussão e nas tomadas de

decisão sobre os rumos e os objetivos que se deseja atingir como coletivo.

É dessa atitude prático-reflexiva, termo utilizado por Falkemback, que

discorreremos, a seguir, por entendermos que tal elemento revela a força

política do planejamento participativo como instrumento pedagógico e político

de mudança.

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1.4 A dinâmica de ação reflexão no planejamento participativo

No processo de planejamento participativo, como já nos referimos,

privilegia-se a dinâmica de ação-reflexão. Nesse processo de agir e repensar a

ação, cresce a consciência e a compreensão da realidade por parte daqueles

que formam o coletivo da instituição escolar.

Falkembach (2007, p.131), ao tratar da discussão que pretende unir

pesquisa e processos educativos em educação, “propõe uma nova relação no

fazer educativo, na medida em que este passa a ser visto como uma prática

reflexiva que propõe, por sua vez, formar sujeitos prático-reflexivos”.

Entende-se que o ser humano, por sua natureza, é reflexivo, portanto,

capaz de repensar sua ação e reconstruí-la, conforme o campo em que atua e

as necessidades de seu grupo. Esse processo de reflexão, pois, já se encontra

na vida cotidiana em decisões simples e naquelas de maior abrangência social.

No campo da educação, segundo a autora citada, a pesquisa e os

processos educativos não devem ser dissociados, mas devem caminhar

paralelamente. Dessa forma, reflexão e prática passam a integrar o mesmo

processo e interligar-se uma à outra.

Percebe-se que o desafio de se unir teoria e prática, reflexão e ação

aparece sempre que a escola se propõe a planejar suas ações, seja a curto, a

médio ou a longo prazo.

Muitas vezes, na realidade de algumas escolas, a dificuldade de

aproximar teoria e prática aparece entre os fatores que dificultam a reflexão

mais aprofundada sobre a prática escolar. Outras vezes, os problemas

imediatos consomem o tempo e desgastam as relações e os espaços do

planejamento.

Ao discutir o lugar do planejamento participativo no espaço escolar,

Falkembach o considera como

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“Instrumento teórico prático capaz de facilitar a

convergência entre o refletir e o agir, como ferramenta de

revitalizar experiências educativas e instituições e de

respaldar a construção, com democracia, do projeto

político-pedagógico da escola. Nessa perspectiva, o

planejamento participativo poderá constituir-se num

instrumento pedagógico e político de mudança.”

(FALKEMBACH, 2007, p. 132)

Outro elemento a ser comentado é o fato do planejamento participativo,

pelo seu caráter político, apresentar a possibilidade de envolver-se com o

social e mobilizar ações coletivas para intervir na realidade e suscitar

mudanças qualitativas na escola e na comunidade.

A partir da postura prático-reflexiva, que esse caminho metodológico

propõe, possibilita-se a criação de espaços de atuação dos atores envolvidos

nos processos educativos na escola, de maneira a assegurar a ligação entre

escola e comunidade. Nesse sentido, se processa a conscientização e a

compreensão de que os problemas sociais afetam as relações e a organização

da escola.

Verifica-se que na luta para mudar a estrutura educacional e melhorar a

qualidade da educação escolar, deve ser assegurada a participação dos

sujeitos no trabalho de pensar e projetar o ideal de escola e de sociedade que

se deseja construir, assim como, deve-se privilegiar a discussão do projeto

político-pedagógico da escola como um espaço rico de construção de

conhecimentos e de conscientização dos atores envolvidos. Essa tarefa

destaca-se como uma das formas de atuação do supervisor escolar no

processo de construção do Projeto Político-pedagógico da escola.

Observa-se, pois, que no processo de planejamento participativo

encontram-se elementos metodológicos importantes para orientar as etapas de

construção do projeto político-pedagógico.

Trata-se, a seguir, das finalidades do Projeto Político-pedagógico.

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1.5 Finalidades do projeto político-pedagógico

Segundo Vasconcelos constituem-se finalidades mais específicas do

projeto político-pedagógico:

• Ser elemento estruturante da identidade da instituição;

• Possibilitar a gestão democrática da escola: ser um canal

de participação efetiva;

• Mobilizar e aglutinar pessoas em torno de uma causa

comum, gerando solidariedade e parcerias;

• Dar um referencial de conjunto para a caminhada;

• Ajudar a conquistar e consolidar a autonomia da escola;

• Resgatar a auto-estima do grupo: fazê-lo acreditar nas

suas possibilidades de intervenção na realidade. Aumentar

o grau de realização/concretização (e portanto de

satisfação) do trabalho; desfrutar o prazer de conhecer (a

realidade do campo de intervenção) e de concretizar

(aquilo que foi planejado);

• Possibilitar a delegação de responsabilidades;

• Ajudar a superar as imposições ou disputas de vontades

individuais, na medida em que há um referencial construído

e assumido coletivamente;

• Colaborar na formação dos participantes.

(VASCONCELOS, 2006, p.61)

Analisa-se que o projeto político-pedagógico tem a possibilidade de

reunir aspectos importantes da identidade e da organização da escola,

tornando-se, pois, instrumento articulador da teoria e da prática no espaço

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escolar. Assim como pode ser considerado elemento integrador das forças e

dos anseios dos participantes do processo educativo escolar.

Enquanto plano global da instituição escolar, o projeto político-

pedagógico pode dar grande contribuição para que a escola desempenhe com

qualidade e competência as responsabilidades que lhe são atribuídas

socialmente, assim como, articular os profissionais, integrando-os em ações

coletivas.

Para que isso se efetive no cotidiano da escola e aconteçam as

mudanças desejadas, é indispensável que todos os agentes educativos, dentre

eles o/a supervisor/a escolar, estejam cientes das finalidades do projeto

político-pedagógico e se disponham a implicar-se no seu processo de

construção. Do contrário, pode-se investir tempo e recursos numa atividade

que depois de executada pouco influenciará no cotidiano escolar.

Destaca-se como uma das atribuições do supervisor escolar articular as

etapas do planejamento e acompanhar o processo de elaboração, execução e

avaliação do projeto político-pedagógico. È aquele profissional que coordena o

processo.

Infere-se que ao promover a gestão democrática, o projeto político

pedagógico amplia os espaços de participação e de decisão no âmbito da

escola, rompendo com o vício da centralização do poder nas mãos dos

administradores. O gestor tem o papel de coordenar o processo de

planejamento, assumindo seu lugar entre os membros da equipe de trabalho

com os mesmos direitos e deveres dos demais.

O fato de reunir os profissionais e participantes da escola na mesma

tarefa de pensar os objetivos da escola, definir projetos, planejar ações e meios

para concretizá-los, confere ao projeto político-pedagógico um lugar de

destaque na instituição escolar. É, pois, uma ferramenta que permite visualizar

o conjunto das intenções e prática educativas. Assim, o grupo que planeja

amadurece na busca da visão comum sobre a razão de ser da escola. Dessa

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forma, pensam sua atuação enquanto sujeitos na tarefa educativa, do ponto de

vista pedagógico, político e social, refletindo e redimensionando sua prática.

Outra vantagem que se pode comentar das finalidades do projeto

político-pedagógico é aquela que leva a escola a adquirir autonomia nos

processos que se desenrolam na sua área de atuação.

As dimensões administrativa, pedagógica e política passam a ser

pensadas e dinamizadas na própria instituição. Assim, os problemas e as

necessidades locais se apresentam com maior clareza e recebem melhor

tratamento. O controle e a vigilância dos órgãos superiores através da

aplicação dos planos pré-fabricados por especialistas, muitas vezes distorcem

a realidade e não chegam a contemplar as reais necessidades e carências das

unidades escolares de ensino.

Ao privilegiar, em sua construção e reflexão, o princípio da participação,

o projeto político-pedagógico garante nesse processo, a maior aproximação

entre o desejo traçado e os meios e recursos para concretizar as ações

previstas para alcançar o fim desejado.

Apresentam-se, em seguida, algumas considerações sobre as etapas de

construção do Projeto Político-pedagógico da escola, destacando um caminho

metodológico possível de ser percorrido, segundo a realidade e os anseios da

comunidade educativa.

1.6 Etapas do processo de construção do projeto político-

pedagógico da escola

No processo de construção do projeto político-pedagógico da escola

deve-se privilegiar, como já nos referimos, a participação e o envolvimento de

todos os segmentos que integram a instituição escolar.

Procura-se, dessa forma, romper com a antiga prática de confiar a

elaboração do projeto global da escola à equipe de especialistas e

administradores.

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A equipe de coordenação, assim como a supervisora, o supervisor tem a

função de articular o coletivo escolar e assegurar o processo de planejamento,

criando espaços de reflexão e discussão sobre as necessidades sentidas na

escola, identificando os entraves que inviabilizam a concretização da sua

missão educativa.

Nesse processo, também são planejadas ações concretas para

modificar a realidade e propor mudanças que atingem as dimensões

administrativa, pedagógica e comunitária da instituição escolar.

Para que os frutos do trabalho de construção do projeto político-

pedagógico apareçam e influenciem, de forma significativa, na estrutura escolar

e nas relações entre os sujeitos, faz-se necessário obedecer ao tempo de

preparação dos envolvidos na construção do coletivo.

Alguns passos devem ser observados para assegurar o êxito do

processo de elaboração do projeto político-pedagógico da escola.

Inicialmente, questiona-se sobre a origem do desejo, de onde ele parte

e, posteriormente, de quem é a decisão de fazer o projeto educativo.

Para Vasconcelos,

“Antes de iniciar a elaboração do Projeto Político

Pedagógico, é preciso uma etapa de sensibilização, de

mobilização para com a proposta de trabalho, a fim de

que esta tarefa seja assumida, tenha significado para a

comunidade.” (VASCONCELOS, 2006, p.175)

Na sequência dos passos, constatada a necessidade e feita a

sensibilização, chega-se à decisão coletiva pela realização do processo de

elaboração do projeto político-pedagógico, por parte dos sujeitos da

comunidade escolar. Então, inicia-se a elaboração do projeto.

Na opinião de Vasconcelos

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“... o projeto deve ser iniciado quando houver por parte da

instituição o desejo, a vontade política, de aumentar o

nível de participação da comunidade educativa, o real

compromisso com a educação democrática...”

(VASCONCELOS, 2006, p. 176)

Dentre outras propostas metodológicas, Danilo Gandin (2001) sugere o

modelo básico do planejamento participativo adotado pela Equipe Latino-

Americana de Planejamento (ELAP), que apresenta a seguinte estrutura:

1. Marco Referencial

Marco Situacional

Marco Doutrinal

Marco Operativo

2. Diagnóstico

Necessidades

3. Programação

Objetivos

Políticas e Estratégias

Discorre-se, brevemente, sobre cada etapa de elaboração do

planejamento participativo, aqui relacionado à escola.

Gandin (2007 p. 31) destaca três perguntas que devem nortear o

processo de planejamento: “O que queremos alcançar? A que distância

estamos daquilo que queremos alcançar? O que faremos concretamente para

diminuir essa distância?”

As respostas dadas a cada uma dessas questões contribuem na

construção do planejamento global da escola e vão interligando as partes do

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seu processo de construção, que são nomeadas pelo autor, respectivamente

como Marco Referencial, Diagnóstico e Programação.

A primeira etapa, o Marco Referencial, caracteriza-se pela descrição da

identidade da instituição, para que existe e qual a sua finalidade. Esta etapa é

considerada a mais importante no processo de planejamento e desdobra-se em

três momentos: o Marco Situacional, o Marco Doutrinal e o Marco Operativo.

O Marco Situacional tem a finalidade de descrever e julgar a realidade

em seus aspectos social, econômico, político, cultural, religioso, educacional.

Procura articular a educação com os demais aspectos do mundo atual,

buscando o posicionamento do grupo que planeja sobre como se apresenta a

realidade onde está inserido.

O Marco Doutrinal procura estabelecer e explicitar a visão de sociedade

e de homem que o grupo almeja construir e ajudar a formar com sua ação.

Esse aspecto serve como bússola, de utopia, de força e orientação para a

instituição reunir suas energias e esforços coletivos numa direção, num ponto

de chegada. Trata-se, pois, da sociedade ideal e do homem ideal situados num

campo social.

O Marco Operativo, por sua vez, situa-se no nível dos meios para

realizar o ideal descrito no Marco Doutrinal. No campo educacional, esse passo

inclui o aspecto pedagógico, explicitando o tipo de educação que seja coerente

com a visão de sociedade e de homem, assim como evidencia as prioridades

da ação da escola, a organização, o modo de ser, as relações, a metodologia

que serão eleitos pelo grupo para orientar o trabalho da instituição e dos

sujeitos que a integram.

Na segunda etapa do planejamento participativo da instituição, sugere-

se a elaboração do Diagnóstico. Este consiste no produto da comparação

estabelecida entre a realidade atual, os problemas e as necessidades da

instituição com o ideal traçado no marco referencial. Oferece elemento de

reflexão e julgamento para se perceber a distancia que a instituição se

encontra do seu ponto de chegada, no qual descreveu o tipo de organização, o

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tipo de metodologia, o tipo de ação almejada por seus sujeitos Não se trata

apenas de constatar a realidade existente, mas de julgá-la com os parâmetros

elucidados no Marco Referencial.

A terceira etapa, a Programação, pauta-se na definição dos objetivos e

políticas que serão escolhidos pela instituição para se conseguir diminuir a

distância entre o real e o ideal. É a proposta de ação da instituição. Quanto aos

objetivos, se caracterizam por serem ações concretas com determinação de

prazo, recursos humanos e materiais. As políticas, por sua vez, consistem em

princípios de ação que servirão para guiar tudo o que a instituição faz.

O modelo de planejamento apresentado acima consiste uma das várias

metodologias empregadas pelas instituições, inclusive, a educativa para

elaborar seu plano global ou Projeto Político-pedagógico. Outras teorias e

orientações no processo de elaboração podem ser encontradas em muitas

fontes. Aqui, elegeu-se aquela estudada e sistematizada por Gandin, por causa

da sua descrição didática das etapas de elaboração, sua coerência com o

princípio da participação , além de elucidar um posicionamento político, que

nos parecem ser componentes importantes na escolha do caminho

metodológico.

Infere-se, pois, que a escola deve eleger aquela proposta metodológica

que melhor se adequará com a sua realidade e suas necessidades, desde que,

escolhido o caminho a seguir, sejam dados os passos, no sentido de valorizar

ao máximo o momento de construção coletiva do projeto político-pedagógico

da escola. Daí a importância do supervisor e de sua equipe de trabalho

conhecer diversas metodologias, para melhor adaptá-las à realidade da sua

escola e da sua comunidade.

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CAPÍTULO II

O PAPEL DO SUPERVISOR ESCOLAR NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR E O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Nesse capítulo, pretende-se discutir e abordar a supervisão escolar

numa perspectiva histórica, levantando questões quanto às origens e aos

fatores sócio-políticos e econômicos relevantes; à evolução do papel do

supervisor no contexto brasileiro nas décadas de 1960 e 1970; e ainda, à

formação desse profissional no novo cenário.

2.1 Breve retrospectiva histórica

Historicamente o perfil da supervisora, do supervisor escolar sofreu

várias mudanças, decorrentes do contexto econômico, político, social e cultural.

Portanto, considera-se importante lançar um olhar sobre as origens da

supervisão escolar no Brasil.

Para Vasconcelos (2009, p. 85), com o projeto educativo dos jesuítas no

século XVI, já percebe-se “rastros da função supervisora” no Brasil. No entanto,

destaca que o modelo de supervisão que mais influenciou o nosso é o norte

americano, surgido no século XVII, no contexto da industrialização, intitulado

como inspeção escolar.

Silva Júnior (2006) situa a supervisão no contexto de expansão do

modelo de desenvolvimento industrial que se instala no Brasil nas décadas de

1960 e 1970, sob a pressão do capital estrangeiro.

Segundo Silva (1998, p.41), o percurso histórico da supervisão desde

suas origens, evidencia “as relações que vão se estabelecer na evolução da

sociedade e dos meios de produção entre homem e meio ambiente,

incorporando contradições e comportando-se como condicionante e

condicionado.”

Segundo a autora citada, a nova configuração do sistema produtivo,

força a desvinculação entre o trabalho intelectual e o trabalho de execução,

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dividindo a sociedade em ocupações, destituindo o trabalhador da visão do

processo produtivo na sua totalidade.

Surge daí, as ações de planejamento e controle, nas quais destaca-se a

origem da especialização e a grande ênfase colocada no técnico em detrimento

do humano.

Dessa forma, para Silva,

“ ...justifica-se a supervisão escolar como um meio de

garantir a execução do que foi planejado no centro,

exigindo cada vez mais pessoal cada vez menos

qualificado e, portanto, preparados em cursos de menor

duração, o que diminui os custos de mão-de-obra. Essa

constatação é perfeitamente coerente com a racionalidade

que tem caracterizado o modelo de desenvolvimento

brasileiro desde 1964, e que foi expresso nas reformas de

1968 e 1971.” (SILVA, 1998, p.48)

Nogueira (2005), por sua vez, lançando um olhar numa perspectiva

histórica para o surgimento da supervisão educacional, constata que desde sua

origem, está ligada ao projeto de desenvolvimento econômico brasileiro que

visava à expansão do capitalismo com a abertura para o capital estrangeiro.

No campo político, vivia-se, no Brasil, a transição entre uma política

nacionalista, idealizada por Vargas que ruiu-se , aos poucos, diante das

pressões políticas internas e externas, para modernização da economia exigida

Estados Unidos aos países, sobretudo da America Latina.

Diante da nova política econômica mundial, liderada pelos Estados

Unidos, exigia-se dos países em desenvolvimento as estruturas e as condições

ao desenvolvimento urbano-industrial, necessários para entrar nessa nova

conjuntura mundial. Para isso, oferece ajuda técnico-financeira, que

materializou-se com os vários acordos realizados em os norte-americanos e os

países latino-americanos.

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Nogueira destaca os acordos de ajuda técnica, nos seguintes termos:

“Objetivando levar à frente os propósitos, os Estados

Unidos idealizam um plano de ajuda à América Latina,

implantando-o aos poucos através de múltiplos e variados

acordos que cobrem diferentes setores da sociedade.”

(NOGUEIRA, 2005, p.36)

Assim, Nogueira segue contextualizando as origens da supervisão

escolar nesse cenário, nestes termos:

“Foi no bojo desses acordos que nasceu a supervisão

escolar pela criação do Programa de Assistência Brasileira

Americana ao Ensino Elementar – PABAEE, instalado em

belo Horizonte – Minas Gerais, em 1957. Em 1958,

professores foram enviados a Indiana (Estados Unidos)

para se especializarem e posteriormente fundarem em belo

Horizonte os cursos de formação de Supervisores que mais

tarde serão espalhados por todo o Brasil a partir desses

professores treinados em Belo Horizonte e nos Estados

Unidos...”. ( NOGUEIRA, 2005), p. 37)

A autora Nogueira dá uma conotação nitidamente política ao papel

desempenhado pelo supervisor educacional, desde o papel de controle até o

de fiscal do sistema instituído.

Dessa forma, retrata a intensionalidade da formação técnica dada aos

supervisores no Centro de Treinamento do Magistério via PABAEE, durante a

década de 1960 e inícios de 1970 e depois nos cursos de graduação, a nível

superior.

Segundo a autora supra, mesmo depois da reforma do Curso Superior,

com a Lei nº 5.540/68 que institucionalizou a Supervisão Escolar, dentre outras

medidas, a formação em supervisão continuou dando ênfase à visão tecnicista

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da educação, demonstrando seu caráter conservador e reprodutor da ideologia

capitalista vigente.

2.2 Abordagem atual sobre a atuação da supervisora do

supervisor

Para levantar a discussão sobre a atuação do supervisor escolar

dialogamos com as autoras Alves e Garcia que incluem esse profissional na

categoria mais abrangente dos profissionais da escola, envolvendo

professores, administradores, orientadores, vigias, merendeiras e serventes;

aqueles que no exercício de suas funções participam e tecem uma rede de

relações no espaço escolar.

Na opinião de Alves e Garcia, no contexto atual das discussões sobre o

papel dos profissionais da educação, o que mais interessa

“... é falar sobre os sujeitos da educação e da criação de

um projeto político-pedagógico orgânico da escola. Não

mais defendemos um espaço privado do qual seriam

proprietários os supervisores e supervisoras, uma gleba, os

orientadores e orientadoras, outro lugar/propriedade

privada, ou os administradores e administradoras, que

ocupavam o mais importante espaço do grande

condomínio escolar.” ( ALVES e GARCIA, 2007,p.130)

Diante dessas colocações, destaca-se a importância da participação de

todos os profissionais da escola na construção do novo momento histórico no

qual situa-se a escola, pois, a dinâmica escolar sofre mudanças, em

decorrência da realidade em que vive seu principal sujeito, o aluno, a aluna.

Segundo as autoras supra, tanto a escola como aqueles que interagem

nela passam por um redefinição de papéis, atualmente.

Historicamente, a escola organizou-se para garantir uma formação em

vista da inserção no mercado de trabalho, assumindo um papel importante na

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profissionalização daqueles que nela ingressassem, para que permanecessem

e fossem capazes de cumprir os objetivos propostos por ela, segundo as áreas

de atuação profissional.

No entanto, esse papel na organização social do trabalho, merece ser

rediscutido e ganha outra conotação diante das novas necessidades da

sociedade que parece desafiar o modelo de escola e a formação que até então

dela pretende-se assegurar.

Conforme abordam Alves e Garcia,

“...parece que uma boa formação geral ainda pode

contribuir para uma melhor inserção num mundo de

trabalho instável, mutante e complexo. Por formação geral

estamos nos referindo a amplos e profundos

conhecimentos sobre o mundo, a natureza e a sociedade,

e sobre homens e mulheres que vivem neste mundo. Mas

queremos insistir na importância de uma escola que

proporcione oportunidades de desenvolvimento de uma

flexibilidade intelectual, de sensibilidade e abertura para o

novo, de criatividade face a situações desafiadoras, de

atitude crítica e construtiva face aos impasses que o

mundo coloca.” ( ALVES e GARGIA, 2007, p.133)

As autoras discutem o papel da escola, não como “lugar privilegiado do

conhecimento”, mas como uma das diversas redes de conhecimento que

interagem, hoje, na sociedade e se constituem em espaços educativos.

Dessa forma, as autoras ressaltam que

“A escola é, portanto, o espaço de encontro de múltiplas

redes relacionais e de conhecimentos. Cada sujeito –

aluno, aluna, professor, professora, supervisor,

supervisora, orientador, orientadora, servente, merendeira,

vigia, diretor ou diretora – vai mudando de acordo com os

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contextos em que vive seus múltiplos cotidianos e, com sua

própria história em confronto com outras histórias coletivas

e singulares, vai participando de um grande movimento do

qual é parte, influindo e sendo influenciados.” (ALVES e

GARCIA, 2007, p.133-134)

Entende-se, pois, que a escola cada vez mais é chamada a abrir-se e a

tornar-se um espaço de múltiplas relações e encontro de variados

conhecimentos. Assim como, os profissionais que nela trabalham e participam

de suas dinâmicas, entre eles o supervisor, a supervisora, são desafiados a

acolher ou não as novas possibilidades educativas que se descortinam,

atualmente.

Alves e Garcia entendem

“ser a escola o espaço/tempo de convergência de todas as

experiências e vivências por que passam os diferentes

sujeitos que ali interagem, materializadas em projetos

comuns e múltiplos ao mesmo tempo, entendidos como

desdobramentos de um projeto político-pedagógico mais

amplo. Neste e nos projetos comuns, as diferentes áreas

de conhecimento seriam chamadas a contribuir para que

os alunos e alunas fossem organizando aquilo que, à

primeira vista, apresenta-se meio caótico nos diferentes

grupos dos quais eles e elas participam. A consecução dos

projetos é resultado de sínteses, sempre provisórias,

construídas coletivamente, cuja responsabilidade é,

sempre e necessariamente, compartilhada...” (ALVES e

GARCIA, 2007, p.135-136)

Discute-se, então, de forma mais clara, o papel dos antigos profissionais

da escola, também do supervisor, da supervisora escolar, diante da função da

escola na contemporaneidade, no quadro teórico delineado pelas autoras Alves

e Garcia que ressaltam:

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“Nesse processo se delineiam novos papéis para os

antigos profissionais da escola, pois a velha divisão do

trabalho escolar com os proprietários de determinadas

funções perde o sentido, dando lugar a uma nova divisão

do trabalho, mais orgânica, diríamos, a partir das diferentes

situações e das necessidades que se apresentam para o

desenvolvimento dos projetos. Cada um/uma com os

recursos próprios e que se mostram adequados naquele

momento é chamado a desempenhar, por exemplo, o papel

supervisor, orientador ou administrador, não porque tenha

propriedade da função, mas por ter o reconhecimento da

comunidade escolar para aquela função, naquela situação.”

(ALVES e GARCIA, 2007, p. 137)

A partir das reflexões feitas acima, infere-se que os profissionais que

atuam na escola, o façam de maneira coletiva e integrada, cada um/uma

contribuindo na formação dos alunos e alunas com os conhecimentos teóricos

e práticos construídos nas vivências e experiências.

Assim também, diante desse novo cenário, cabe pensar, segundo as

autoras Alves e Garcia, a formação dos novos profissionais. Exige-se, pois a

passagem de uma visão particular, disciplinada e fragmentada do

conhecimento para uma abordagem transdiciplinar.

2.3 O lugar da supervisora, do supervisor escolar no processo

de construção do projeto político- pedagógico da escola

Passa-se a discutir a contribuição do supervisor escolar no espaço

escolar, como integrante na equipe que coordena o processo educativo na

escola, junto aos demais profissionais, numa perspectiva de integração. Assim

como tecem-se alguns comentários acerca do trabalho do supervisor na

construção do projeto político-pedagógico.

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Na opinião de vários autores, dentre eles Alves, Garcia, Vasconcelos e

Luck, a discussão sobre a atuação do supervisor escolar na escola, aproxima-

se sempre mais da perspectiva de trabalho coletivo, de ação integrada, onde

se unem os esforços dos profissionais, em vista de atingir objetivos comuns.

O supervisor passa a ser percebido no espaço escolar como sujeito que

participa de redes de relação e interage com os demais profissionais, com os

alunos e a comunidade.

Para Luck, (2007), a divisão do trabalho por especialização, influenciada

pela tecnologia industrial, como destacou-se na retrospectiva histórica da

supervisão no Brasil, no campo da educação, tendeu a fragmentar o processo

de ensino-aprendizagem.

Essa fragmentação, no espaço escolar, provoca situações de conflito,

dificultando o trabalho educativo, que por sua vez deve ser entendido de forma

integrada.

Luck defendendo uma concepção sistêmica da escola, afirma que:

“... a escola constitui-se em uma organização sistêmica

aberta, isto é, em um conjunto de elementos (pessoas, com

diferentes papéis, estrutura de relacionamento, ambiente

físico, etc.), que interagem e se influenciam mutuamente,

conjunto esse relacionado, na forma de troca de

influências, ao meio em que se insere.” (LUCK, 2007, p.9)

A autora supra considera o supervisor escolar um integrante da equipe

técnico-administrativa, junto com o diretor e o orientador educacional.

Luck atribui à equipe técnico-administrativa a função de

coordenar e orientar todos os esforços no sentido de que a

escola, como um todo, produza os melhores resultados

possíveis no sentido de atendimento às necessidades dos

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educandos e promoção do seu desenvolvimento. (LUCK,

2007, p.16)

Defende-se, dessa forma, o princípio da integração do corpo técnico-

administrativo na busca da realização de objetivos comuns, afim de atingir o

desenvolvimento das potencialidades dos alunos e alunas.

Nesse sentido, segundo Luck deve-se promover um

“Ambiente de cooperação, reciprocidade, em que todos

participantes do processo educativo atuam com

companheiros que têm muito a contribuir com suas

percepções, experiências, conhecimentos e habilidades na

análise e decisão sobre as problemáticas do dia-a-dia do

processo educativo...“ (LUCK, 2007, p. 33)

Na concepção de Vasconcelos (2007), destaca-se o trabalho da

coordenação pedagógica (ou supervisão) no processo educativo escolar, cuja

atuação está relacionada a diversas problemáticas na escola, envolvendo,

entre outras questões aquelas relacionadas a currículo, construção de

conhecimento, aprendizagem, relações interpessoais, ética, disciplina,

avaliação da aprendizagem, relacionamento com a comunidade e recursos

didáticos.

Para Vasconcelos,

“...a coordenação pedagógica é a articuladora do Projeto

Político-Pedagógico, organizando a reflexão, a participação

e os meios para a concretização do mesmo, de tal forma

que a escola possa cumprir sua tarefa de proporcionar que

todos os alunos aprendam e se desenvolvam como seres

humanos plenos, partindo do pressuposto de que todos

têm direito e são capazes de aprender. O núcleo de

definição e de articulação da supervisão deve ser, portanto,

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o pedagógico (...) e em especial, os processos de ensino-

aprendizagem.” (VASCONCELOS, 2009, p. 87)

Entende-se que a coordenação pedagógica tem um importante papel no

processo construção do projeto político-pedagógico da escola, unindo esforços

para que as ações planejadas de forma participativa, se materializem na

realização dos objetivos da educação escolar. A sua atuação deve visar,

sobretudo, a dimensão pedagógica.

Como discorre Vasconcelos,

“O supervisor deve colaborar ainda com a definição e

explicitação do Projeto Político-Pedagógico da Escola – o

que não deve ser entendido como longas páginas de

declaração de intenções, mas sim alguns pontos

considerados fundamentais e assumidos pelo conjunto dos

educadores – bem como com a integração da própria

coordenação pedagógica com os demais setores da

escola.” (VASCONCELOS, 2009, p.88)

Diante da necessidade da escola de ter um instrumento que oriente a

sua prática e as relações que acontecem nos espaços escolares, a

supervisora, o supervisor escolar mantém o envolvimento dos sujeitos no

trabalho de construção do projeto político-pedagógico, assumindo um

importante papel de articulador, no coletivo de educadores.

As escolas que contam com atuação da supervisora, do supervisor

escolar, certamente, têm maiores chances de tornar o tempo de construção do

projeto político-pedagógico um espaço de formação e crescimento mútuo.

Esse fato, pudemos verificar, na pesquisa que discorre-se no capítulo

seguinte, que segue discutindo algumas questões relativas à atuação do

supervisor escolar e sua relação com o projeto político-pedagógico da escola,

numa escola pública municipal.

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CAPÍTULO III

INVESTIGANDO AS ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA E AS

CONTRUBUIÇÕES DA SUPERVISORA, DO SUPERVISOR ESCOLAR NUMA ESCOLA DA REDE

MUNICIPAL

3.1 – Contextualizando a pesquisa de campo

Para aprofundar o tema em questão, em busca de um caminho

metodológico, recorreu-se às contribuições da abordagem qualitativa, a fim de

buscar dados que nos aproximassem da realidade pesquisada.

Segundo Minayo,

A pesquisa qualitativa (...) se preocupa, nas ciências

sociais, com um nível de realidade que não pode ser

quantificado. Ou seja ela trabalha com o universo de

significados, motivos, aspirações, crenças, valores e

atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo

das relações, dos processos e dos fenômenos que não

podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

(MINAYO, 2002, p.22)

Ao estudar a realidade escolar, os processos e os sujeitos e as relações

construídas no cotidiano desse espaço, encontrou-se na abordagem qualitativa

a possibilidade de dialogar com os dados e conteúdos empíricos, fruto de

experiências pessoais e coletivas.

Esse aspecto enriquece o olhar do pesquisador que amplia seu

conhecimento teórico e prático do objeto de estudo.

Ao investigar as etapas de construção do projeto político-pedagógico da

escola-campo e a atuação do supervisor escolar, nesse processo, optando pela

pesquisa de campo, numa abordagem qualitativa, procurou-se aproximar,

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ainda mais, da realidade estudada, desconstruindo e construindo hipóteses,

apreendendo novos conhecimentos sobre o objeto de estudo.

Utilizou-se como instrumento de coleta de dados o questionário misto

com questões objetivas e questões dissertativas, em dois roteiros. O primeiro

bloco com questões comuns para todos os sujeitos da pesquisa e o segundo

bloco diversificado, conforme o papel do profissional na escola. Um modelo foi

entregue a profissionais na área da gestão e supervisão escolar e outro modelo

foi entregue a professores.

O questionário investiga o lugar do projeto político-pedagógico da

escola-campo e atuação e contribuições da supervisora, do supervisor escolar,

nesse espaço.

No primeiro bloco de questões fechadas, traça-se o perfil dos

participantes da pesquisa, a partir de dados como, faixa etária, formação, cargo

e tempo de trabalho na escola e nível de ensino.

No segundo bloco de questões abertas, levantam-se informações sobre

a construção do projeto político-pedagógico e as contribuições do supervisor

escolar.

Foram entregues, ao todo, 14 questionários. Desse total, 12

questionários foram entregues aos professores, 2 questionários às gestoras e 2

questionários às supervisoras. Foram devolvidos 8 questionários respondidos ,

sendo que 6 de professoras, um da gestora e um da supervisora. Trabalhou-se

com essa amostra representativa.

Em seguida, procedeu-se à fase de análise dos dados coletados, a partir

das informações dos questionários. Nesse momento, foi realizada uma leitura

das respostas da gestora e da supervisora, sistematizando o conteúdo

seguindo o mesmo procedimento para as respostas das professoras, que

formam agrupadas. Na etapa seguinte, organizou-se as informações das

questões objetivas numa tabela, para facilitar a leitura, e descreveu-se o

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conteúdo das questões dissertativas, procurando manter a fidelidade ao

conteúdo das narrativas.

A fase de análise do conteúdo dos dados, possibilitou o estudo dos

significados presentes nas respostas, permitindo a articulação entre a teoria e a

prática, concretizando, dessa forma, algumas características dessa fase.

Segundo Gomes,

... podemos apontar três finalidades para essa etapa:

estabelecer uma compreensão dos dados coletados,

confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou

responder às questões formuladas, e ampliar o

conhecimento sobre o assunto pesquisado, articulando-o

ao contexto cultural da qual faz parte. (GOMES, 2002,

p.69)

3.2 - Caracterizando o campo da pesquisa

O campo onde ocorreu a pesquisa foi a Escola Comunitária Nossa

Senhora Aparecida, escola - anexo da Unidade de Educação Básica Ana Lúcia

Chaves Fecury, denominada escola-pólo, da rede municipal de São Luís - MA.

A pesquisa estendeu-se no período de dezembro de 2009 a março de

2010.

A escolha do campo deu-se pelo fato do contato direto com o trabalho

como professora nessa instituição de ensino, pelas interrogações e

questionamentos acerca da construção do projeto político-pedagógico e a

atuação do supervisor escolar como articulador e mediador nesse processo.

A escola-campo é localizada no bairro Vila Brasil, na periferia sudeste de

São Luís. Situa-se numa realidade sócio-econômica de pobreza, atende a

famílias de baixa renda, sendo a única escola pública do bairro, com

aproximadamente 9.000 habitantes.

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O prédio da escola-anexo foi construído em 1986, por iniciativa de um

padre da Igreja Católica e da população, através de doações e mutirões

comunitários. Até 1998 funcionou como escola comunitária, mantida pelas

famílias e com doações de entidades nacionais e internacionais, oferecendo

educação infantil e ensino fundamental de 1ª a 4ª série.

A partir dessa data foi firmado um convênio com a Secretaria de

Educação do Município de São Luís e a escola comunitária tornou-se um

anexo da escola-pólo, geograficamente mais próxima.

No período da pesquisa, a escola-anexo Nossa Senhora Aparecida

dependia da Secretaria de Educação de São Luis nos aspectos financeiro,

administrativo e pedagógico. Conta com um total de 306 alunos distribuídos

nos turnos matutino e vespertino, matriculados no ensino fundamental do 1º ao

5º ano.

Observou-se que o fato da dependência causa desconforto e tensões

entre os profissionais que reclamam de problemas como a falta de

conservação do prédio, da falta de equipamentos de trabalho adequados, do

material didático insuficiente e das deficiências na parte administrativa e

pedagógica.

Quanto à estrutura física, a escola possui 9 salas de aulas, uma diretoria

e secretaria, uma biblioteca, uma cantina, uma cozinha, um pátio interno, um

depósito e 2 áreas livres.

As semanas pedagógicas e as sessões de estudo e discussão do

projeto político-pedagógico, assim como as formações continuadas são

realizadas na escola-pólo com todos os professores do 1º ao 9º ano do ensino

fundamental.

Até 2009, na escola-campo da pesquisa não havia supervisor

permanente. A partir desta data, conta com uma supervisora para o turno

matutino, mas os professores do turno vespertino continuavam sem a

assistência pedagógica sistemática desse profissional.

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Existem na escola-pólo duas supervisoras que cumprem seu horário de

trabalho nesta instituição e devem acompanhar as atividades pedagógicas

desta escola e de dois anexos, entre eles aquele da pesquisa.

Diante desse quadro, nota-se a insatisfação e as cobranças dos

professores e as queixas por parte das supervisoras, que se sentem

desafiadas com a realidade.

Quanto ao aspecto da gestão, há uma gestora geral para a escola-pólo e

os dois anexos e conta-se com gestoras em cada anexo, para encaminhar

questões mais localizadas.

Nesse nível de organização, observam-se alguns conflitos e dificuldades

quanto a aplicação do princípio da autonomia, da gestão participativa e

democrática. Ainda constata-se deficiências na comunicação e o precário

atendimento das necessidades materiais da escola-anexo.

Os dados analisados e discutidos na pesquisa apresentam como pano

de fundo uma realidade complexa e conflituosa que, em alguns aspectos, foge

dos padrões das escolas convencionais.

Dessa forma, pretendeu-se contextualizar a realidade onde estão

inseridos o campo e os participantes da pesquisa, a fim de compreender os

dados coletados, articulando-os ao contexto sócio-econômico e cultural.

3.3 - Caracterizando os sujeitos da pesquisa

Para obtenção das informações sobre a construção do projeto político-

pedagógico da escola campo e as contribuições do supervisor escolar,

participaram da pesquisa, respondendo aos questionários 8 profissionais,

sendo 1 gestora, 1 supervisora e 6 professoras.

O primeiro bloco de questões objetivas forneceu os dados sobre o sexo,

a idade, a formação, o cargo exercido na escola e tempo de trabalho e o nível

de atuação. Estes dados foram organizados em forma de tabela, a fim de

facilitar a leitura.

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A seguir, passa-se à apresentação dos dados em tabelas, seguida pela

sistematização e discussão das informações colhidas, através dos

questionários.

Perfil da gestora (diretora-adjunta)

SEXO IDADE FORMAÇÃO CARGO/TEMPO TURNO NÍVEL DE TRABALHO

feminino 51 Licenciatura em Letras

Pós graduação em Língua Portuguesa

Gestora

10 anos

Matutino e

vespertino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Perfil da supervisora

SEXO IDADE FORMAÇÃO CARGO/TEMPO TURNO NÍVEL DE TRABALHO

feminino 40 Pedagogia

Pós - graduação em Alfabetização

Pós- graduação em Supervisão Escolar

Professora – 20 anos

Supervisora –

3 anos

Matutino e

noturno

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Perfil das professoras

SEXO IDADE FORMAÇÃO CARGO/ TEMPO

TURNO NÍVEL DE TRABALHO

Professor 1

feminino

28

Graduação em Pedagogia

Professora – 10 anos

Vespertino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Professor 2

feminino

27

Graduação em Pedagogia

Professora – 7anos

Matutino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

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Professor 3

feminino

45

Graduação em Pedagogia

Pós-graduação em ...

Professora – 24 anos

Matutino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Professor 4

feminino

39

Licenciatura em Letra

Pós-graduação em Língua Portuguesa

5 anos

Matutino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Professor 5

feminino

Graduação

Pós-graduação em Escola, Família e sociedade

1 ano

Matutino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

Professor 6

feminino

38

Graduação em Pedagogia

8 anos

Vespertino

Ensino Fundamental (1º ao 5º ano)

3.4 – Analisando e discutindo dados sobre o perfil das

participantes

Verificou-se que todas as participantes são do sexo feminino com faixa

etária entre 27 e 51 anos, sendo que uma não informou a idade. É notável a

atuação feminina na escola, na gestão, na supervisão e na regência de sala de

aula.

Quanto ao item Formação, percebeu-se que todos os sujeitos da

pesquisa possuem curso superior e que 5, sobre o universo de 8, possuem

pós-graduação. A gestora é licenciada em Letras e pós-graduada em Língua

Portuguesa, a supervisora é graduada em Pedagogia, com pós-graduação em

Alfabetização e em supervisão Escolar.

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Entre as 6 professoras pesquisadas, 5 são graduadas em Pedagogia e

uma é licenciada em Letras. Do total das professoras, a metade apresenta

formação em pós-graduação em áreas de Língua Portuguesa, Escola, Família

e Sociedade. Sendo que uma das entrevistadas omitiu a área de

especialização.

Verificou-se um significativo grau de formação acadêmica entre os

profissionais, demonstrando mudanças no perfil do profissional da educação e

adequações às exigências da legislação brasileira.

A continuidade da formação acadêmica em cursos de especialização foi

notada em metade das entrevistadas. Destaca-se ainda, nesse item, a

formação específica detida pela supervisora, o que, a nosso ver, pode

favorecer a ação supervisora fundamentada nos conhecimentos teóricos e

práticos da supervisão escolar.

No que tange ao cargo que as entrevistadas exercem e o tempo de

trabalho, encontra-se a gestora com 10 anos no cargo, a supervisora com

experiência de 20 anos como professora e 3 anos como supervisora. Entre as

professoras o tempo de trabalho varia de um a 24 anos de experiência em

regência de sala de aula.

Os dados acima podem evidenciar uma variação de práticas e

concepções pedagógicas que se encontram no contexto escolar. Os

componentes da diversidade e das diferenças, por um lado podem ser

considerados como riqueza para o planejamento global da escola que se

materializa no processo de construção, acompanhamento, execução e

avaliação do projeto político-pedagógico da escola. Por outro lado, o contexto

escolar precisa dispor das condições e dos instrumentos necessários para

favorecer a participação e o envolvimento dos atores sociais nesse processo

coletivo.

Julga-se de grande importância a contribuição da supervisora, do

supervisor escolar enquanto articulador do projeto político-pedagógico,

mediadora, mediador das discussões, incentivadora, incentivador no

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fortalecimento da rede de relações entre os atores sociais da escola. Sua

atuação dá um diferencial qualitativo na soma das contribuições do seu grupo

de trabalho.

No item turno de trabalho, tanto a gestora quanto a supervisora atuam

em dois turnos. Das 6 professoras, 4 delas trabalham no turno matutino e 2 no

turno vespertino. Percebe-se que a gestora e a supervisora cumprem uma

carga horária de trabalho superior às professoras, no mesmo local de trabalho.

Cabe ainda ressaltar que a gestora, embora permanecendo na escola-

anexo, atende à escola-pólo em muitas circunstâncias, ausentando-se

temporariamente do seu campo de trabalho. A supervisora, por sua vez,

cumpre os dois turnos de trabalho na escola-pólo, fazendo visitas aos anexos,

coordenando as sessões de estudo e planejamento com professores,

articulando o processo de elaboração, acompanhamento, execução e avaliação

do projeto político-pedagógico.

No item nível de trabalho, evidencia-se a totalidade dos sujeitos da

pesquisa atuando no ensino fundamental do 1º ao 5º ano.

3.5 - Analisando e discutindo dados sobre as contribuições da

supervisora, do supervisor escolar na construção do projeto

político-pedagógico da escola

Inicialmente, apresentam-se os dados das questões dissertativas dos

questionários respondidos pela gestora e pela supervisora da escola-campo,

seguidos das narrativas e discussões das narrativas das professoras.

Pretende-se, dessa forma, traçar um quadro representativo das opiniões,

reflexões e conhecimentos, produzidos na prática dessas profissionais,

retratando o contexto social e cultural em que atuam.

3.4.1 – Narrativas da gestora e da supervisora

As respostas das participantes foram transcritas, na ordem do

questionário e, posteriormente, interpretadas.

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Elaboração do PPP da escola

Quando questionadas sobre quando foi elaborado o PPP da escola, a

data citada pelas duas participantes foi no ano de 2005.

O PPP da escola pesquisada, segundo as entrevistadas foi elaborado

em 2005, portanto, no momento atual da pesquisa encontra-se no quarto ano

de vigência.

Iniciativa da elaboração do PPP da escola

Quanto a quem tomou a iniciativa da elaboração do PPP da escola, as

participantes citaram:

• Gestão em primeiro lugar, logo após os funcionários, pais, etc.

• Exigência da SEMED, por iniciativa da gestão escolar.

Uma das entrevistadas referiu-se à iniciativa na elaboração do PPP

como sendo uma exigência da instituição mantenedora das escolas da rede

pública municipal, SEMED (Secretaria Municipal de Educação), seguida pela

gestão da escola e depois os funcionários.

Nota-se que há determinação explícita do órgão municipal de ensino que

impõe à escola a elaboração do PPP, porém sem levar em conta o tempo, as

disposições, as condições e, sobretudo, a motivação dos sujeitos envolvidos

nesse processo.

Quando isso acontece, a equipe gestora torna-se mera executora das

ordens da instância superior e a construção do PPP poder ser comprometida,

visto que acontece em etapas e inicialmente, faz-se necessário a sensibilização

dos profissionais e da comunidade, para se assegurar a participação e o

envolvimento de todos.

Participação no processo de construção do PPP da escola

Ao serem interrogadas sobre os agentes que participaram do PPP,

foram colhidas as respostas de ambas:

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• Gestão, professores e comunidade (duas).

Na questão da participação na elaboração do PPP, apenas alguns

segmentos da escola aparecem representados, pois foram contemplados nas

respostas das entrevistadas.

Percebe-se, portanto que esse espaço de discussão coletiva ainda

aparece restrito, ao interior da escola, a gestores e professores, sendo que

outros profissionais e os alunos não foram citados nas respostas.

Nesse aspecto, destaca-se as contribuições do planejamento

participativo como ferramenta para assegurar o princípio da democracia,

aproximar o ato de refletir e agir, proporcionando um espaços de revitalização

das experiências educativas e das instituições.

Finalidade do PPP

No que se refere à finalidade do PPP, as pesquisadas destacaram:

• Ele define o perfil da escola, linha de trabalho, todas as atividades,

projetos, é a identidade da escola;

• Determinar as ações a serem trabalhadas no dia-a-dia e definir os

projetos realizados.

O PPP propõe-se a dar orientação para o trabalho da escola, colocando-

a em relação com a comunidade. Considerado o plano global da escola, nele

se articulam as dimensões política e pedagógica da escola.

No texto das narrativas das participantes, são relacionadas as

finalidades do PPP, destacando tanto elementos mais globais da escola,

quanto o trabalho cotidiano.

Ainda, contata-se a ausência do princípio da participação, como

elemento importante na mobilização dos atores sociais da comunidade escolar.

Contribuições do/a supervisor/a no processo de elaboração,

acompanhamento e avaliação

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Quanto às contribuições do/a supervisor/a, ressaltou-se:

• Junto com a gestão, direciona e participa ativamente na construção do

PPP;

• Direcionar a participação ativa de todos os funcionários, juntamente com

a comunidade, etc.

Deu-se ênfase, nas narrativas, à figura do supervisor como profissional

que promove a participação dos vários segmentos escolares durante o

processo de construção do PPP, atribuindo-lhe a função de articulador dos

vários sujeitos. No entanto, fica evidente a grande responsabilidade atribuída

ao supervisor pelas entrevistadas, ao citarem o verbo “direcionar”, mesmo que

em uma das narrativas ressalte-se a ação do supervisor “junto à gestão”.

Entende-se que o trabalho e os esforços devem dar-se no coletivo, evitando o

excesso de responsabilidade ao supervisor.

Atuação do/a supervisor/a nas etapas de elaboração, acompanhamento

e avaliação do PPP da escola

Sobre a questão que trata da atuação da supervisora, as respostas citadas no

questionário foram:

• Muito importante, pois o supervisor contribui para o processo ensino-

aprendizagem, juntamente com o corpo docente.

• Reunir as pessoas, conciliar os diferentes pontos de vista. Muitos

pensam que é responsabilidade exclusivamente do supervisor, por se

tratar de um PPP.

Numa das respostas à questão da atuação do supervisor nas etapas de

elaboração, acompanhamento e avaliação do PPP, ressaltou-se, além da

função articuladora, a sua ligação com os professores e o processo de ensino e

aprendizagem. Dado relevante que aborda uma das principais atribuições do

supervisor, no que se refere à área pedagógica. Traduz-se esse elemento

como objeto de reflexão para que o PPP se constitua uma ferramenta para

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melhorar o desempenho dos professores e os indicativos de avanço na

aprendizagem dos alunos. Para isso, não se pode perder de vista a relação

supervisor x professor x aluno.

3.4.2 – Narrativas das professoras

No segundo momento, dar-se-á o tratamento às informações fornecidas

pelas professoras através dos questionários, apresentando as narrativas na

íntegra, seguida da análise e discussão do conteúdo das respostas. Esse

procedimento possibilitou a percepção da realidade em que estão inseridas

essas profissionais, que no dia-a-dia do trabalho escolar se confrontam com

várias situações desafiadoras e constoem uma rede de relações com os

demais atores sociais.

Importância do/a supervisor/a

Ao tratar da importância do supervisor, as professoras comentaram:

• No universo de funções atribuídas a este sujeito dentro do processo

ensino aprendizagem, destaco a função de orientar o corpo docente da

escola, como a mais importante, pois a partir deste contato é que

soluciona e discute outras situações;

• O supervisor escolar é um profissional da educação de suma

importância, pois o mesmo dá suporte ao trabalho na busca por

melhorias, além de auxiliar na relação entre os profissionais da

educação e a comunidade;

• Contribuir para o bom desempenho do trabalho do educador e

desempenho do aluno;

• O supervisor tem importância fundamental no que diz respeito à

organização pedagógica da escola;

• Como todos os demais profissionais da área da educação, o supervisor

tem fundamental importância. E em se tratando do seu papel, a sua

atuação faz diferença em todo o trabalho escolar;

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• Ele tem um papel de grande relevância na orientação do trabalho

pedagógico e ainda ele articula ações, junto à comunidade escolar,

visando à aprendizagem dos alunos.

Dentre as narrativas das professoras, várias expressões fazem

referência à dimensão pedagógica, destacando a importância do supervisor na

escola e como foco principal da sua atuação o trabalho com os professores.

Expressões como “orientar o corpo docente”, “organização pedagógica da

escola” e “orientação do trabalho pedagógico” evidenciam essa realidade,

citada pela totalidade dos sujeitos participantes.

Percebe-se que, em muitos casos, o supervisor desempenha várias

tarefas e responsabilidades que consomem suas energias e o desviam das

suas verdadeiras atribuições no espaço escolar: envolve-se com questões

administrativas, burocráticas, tenta solucionar problemas e conflitos cotidianos,

responde pela gestora quando esta se encontra ausente, interfere na disciplina,

dentre outras tarefas que sobrecarregam esse profissional.

Papel da supervisora, do supervisor na escola

As pesquisadas discorreram sobre o papel da supervisora nos seguintes

termos:

• O seu papel compete desde a orientação do corpo docente até a

manutenção do triângulo educacional (escola – pais – aluno);

• Supervisionar, acompanhar, apoiar, dar assistência pedagógica aos

professores, propiciando um trabalho interativo com os educandos;

participar da sistematização e execução do PPP, a fim de tornar o

processo de ensino-aprendizagem mais significativo;

• Responsável, comprometido, bem informado e gostar de trabalhar na

educação;

• Parceiro e colaborador; sistematizar o trabalho escolar, participando da

elaboração, acompanhamento e avaliação do PPP. Nessa perspectiva,

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ele deve verificar a correspondência resultado/objetivos propostos,

apontando problemas, novas necessidades, sugerindo solução;

• Orientar o professor no planejamento e demais atividades pedagógicas,

colaborar na elaboração do PPP, dialogar com a família dos alunos,

dentre outras funções.

Quanto ao papel do supervisor escolar, as narrativas apresentam idéias,

atribuindo a este profissional várias tarefas, dentre elas, ressaltam-se ações

relacionadas ao processo de construção do PPP, enfatizando a participação,

colaboração e sistematização nas diversas etapas de elaboração. Reconhece-

se, pois, que no conjunto das necessidades presentes no espaço escolar,

encontra-se aquela de definir e explicitar o Projeto Político-pedagógico, como

sendo um dos campos de atuação e das contribuições dada pelo supervisor

para que a escola oriente sua missão e concretize os objetivos e metas

planejados.

Nota-se, ainda nas respostas, um acento na dimensão pedagógica para

a qual se direciona a ação do supervisor, assim como o adjetivo “parceiro”

relacionado ao papel desempenhado pelo supervisor. Nesse aspecto, pode-se

considerar o enfoque pedagógico como sendo o núcleo da ação supervisora,

pois é na interação entre professor e aluno que se processa a aprendizagem,

de forma privilegiada no espaço da sala de aula. Assim, cabe ao supervisor o

papel de agir como parceiro e colaborador do professor, problematizando e

refletindo sobre as maneiras de ensinar e as condições para que os alunos

aprendam.

No entanto, observa-se que essa relação ainda é problemática, pois a

ação do supervisor, às vezes, continua presa à mentalidade tecnicista e

controladora , detendo-se ao trabalho de fiscalizar, cobrar planos, manter

resultados, descaracterizando esse espaço de diálogo, de produção de

conhecimentos e aprendizagem de ambos os envolvidos no processo

educativo: supervisores, professores e alunos.

Existência e conhecimento do PPP da escola

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Sobre a questão da existência e conhecimento do PPP da escola, foram

enumeradas as respostas:

• Sim, apenas superficialmente;

• Sim. O PPP é um documento importante na escola, porém nunca tive

acesso mais próximo, embora já tenha solicitado;

• Sim, mas não tenho acesso;

• Não. Não;

• Sim, apenas parte dele, pois infelizmente, ainda não tive acesso;

• Sim, pois participei de algumas sessões pedagógicas para discussão e

elaboração do PPP.

Quanto à existência do PPP na escola e o conhecimento dessa

ferramenta por parte das professoras participantes, uma dentre as 6 respondeu

negativamente, às duas questões. As outras 5 responderam afirmativamente,

existir na escola o PPP. Porém 2 delas afirmam não ter acesso e 2 conhecem

parte ou superficialmente o PPP da sua escola. Apenas uma das 6 professoras

participou de sessões de estudo para discussão e elaboração do PPP.

Esse quadro parece sintomático, pois torna-se difícil o engajamento e a

implicação desses profissionais na execução de metas e objetivos de um plano

sem que haja um conhecimento prévio do que foi planejado, pelo menos. Pode-

se atentar para o risco do PPP tornar-se um documento que após responder às

exigências dos órgãos superiores, seja engavetado e deixe de ser uma

ferramenta para nortear e orientar o trabalho escolar. Considera-se esse fato

um dos maiores entraves do processo de construção do PPP.

Outro dado que inferimos, a partir dessa realidade, é a necessidade do

processo de avaliação sistemático para revitalizar, atualizar e replanejar as

ações do PPP, afim de que todos os atores sociais, sobretudo os que chegam

depois da sua elaboração possam entrar e participar do processo, dando sua

contribuição.

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Finalidade do PPP da escola para as professoras

Ao referir-se sobre a finalidade do PPP, o grupo de participantes da

pesquisa argumentou:

• Dar diretrizes e metas a serem cumpridas desse processo educacional

de forma contínua;

• Organizar e nortear coletivamente as ações educativas na escola, a fim

de atender os interesses reais dos educandos, possibilitando a

efetivação de uma formação do cidadão participativo, responsável,

crítico e criativo como um todo;

• É a ferramenta que norteia o trabalho pedagógico durante o ano letivo;

• O Projeto Político Pedagógico norteia as atividades que serão

programadas e desenvolvidas no período letivo, esclarecendo as metas

e objetivos que a escola deseja alcançar.

• O PPP da escola é para ela o que o espírito é para o nosso corpo. É ele

quem dá forma à escola que queremos, e corresponde basicamente à

educação que se quer e que tipo de cidadão se deseja formar;

• O PPP é um instrumento de trabalho que serve para orientar as ações

desenvolvidas na escola, define aspectos como a identidade da

instituição escolar e sua filosofia de educação.

Ao serem questionados sobre a finalidade do PPP, os sujeitos da

pesquisa demonstraram pontos comuns dando ao referido instrumento de

planejamento, de forma explícita ou implícita, a possibilidade de influenciar as

ações educativas e pedagógicas no espaço escolar. Destacam-se nas

respostas a finalidade de dar norte, orientar, traçar a identidade e a missão da

escola, eleger o tipo de educação e o perfil de aluno que se deseja formar.

Observa-se, a partir da análise das narrativas, que as professoras

conhecem as orientações legais e as teorias que embasam a formulação do

PPP da escola, pois citam os pontos principais definidos pelo planejamento

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global da escola. Esse conteúdo, no entanto, deve articular-se à prática num

processo contínuo de reflexão x ação x reflexão, para que o cotidiano escolar

seja um espaço de construção coletiva e efetiva participação.

Atuação do supervisor/a no processo de construção do PPP na escola

Quanto à atuação do supervisor/a, destacaram-se as colocações:

• Suas contribuições surgem desde as primeiras até a sua pré-finalização,

pois o mesmo é um processo contínuo;

• A atuação deve propiciar a interação entre todo o corpo de profissionais

da escola onde a mesma adquira na vivência do dia-a-dia, traços

culturais próprios, valores, modos de agir, práticas organizadas que

serão internalizadas pelas pessoas gerando um estilo coletivo de

perceber as coisas, problemas, encontrar soluções e participar

ativamente do PPP;

• A supervisora no processo de construção do projeto político-pedagógico

é muito importante porque a mesma precisa fazer o acompanhamento

do processo;

• O supervisor deve ter papel participativo e atuante nesse processo;

• Principalmente quando este tem o interesse de mobilizar toda a

comunidade escolar para o processo de construção do PPP;

• A supervisora esteve presente nas sessões de discussão e elaboração,

articulando os professores, realizando estudos sobre a metodologia e

acompanhando o processo desde o início até a sistematização do

conteúdo, na redação do documento final.

Essas afirmações demonstram que, no ideário das professoras, o

supervisor é aquele profissional que está presente em todas as etapas de

construção do PPP, mobilizando os segmentos da escola, a comunidade,

acompanhando e participando, realizando estudos e sistematizando o conteúdo

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produzido. Portanto, um profissional suja atuação e habilidades exercem uma

importante influência no engajamento dos demais atores sociais.

Considera-se de grande valor a opinião das professoras, quanto à

atuação da supervisora no processo de construção do PPP, por ser essa uma

questão fundamental do objeto de estudo investigado na pesquisa. Acena-se

para a reflexão do supervisor como articulador e problematizador na interação

dos profissionais com a comunidade, parceiro político-pedagógico do professor

que atuando na supervisão, com suas competências específicas contribui para

que os objetivos da escola sejam assumidos e concretizados pelos segmentos

que participam da sua missão.

Fatores que dificultam a ação da supervisora no processo de

elaboração, acompanhamento e avaliação do PPP da escola

Dentre as dificuldades encontradas na ação do supervisor/a, as

professoras evidenciaram, em suas narrativas, os pontos:

• Entre tantas, posso destacar: o número reduzido de supervisores para

atender a demanda das escolas, o desvio das suas verdadeiras

atribuições dentro da instituição de ensino;

• O desinteresse, a falta de motivação, a gestão centralizadora onde não

há espaço para o trabalho coletivo;

• A não participação na elaboração;

• Falta de informação, trabalhos repetitivos;

• Uma gestão centralizadora e não democrática. Também trabalhos

individualizados comprometem muito o trabalho da escola num todo. A

escola é uma equipe e deve atuar sempre em parceria;

• A meu ver, a sobrecarga de atividades para o supervisor, a falta de

autonomia para tomar decisões, dificuldade de trabalho coletivo, falta de

divulgação do documento final entre os professores e a comunidade.

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Percebe-se que são muitos os fatores que dificultam a ação do

supervisor no processo de construção do PPP da escola-anexo pesquisada.

Dentre eles, foram levantados pelos sujeitos respondentes problemas

relacionados à gestão: centralização e falta de autonomia nas decisões; outras

dificuldades relacionadas às próprias condições de trabalho do supervisor:

número insuficiente de supervisores, grande demanda das escolas, desvio das

suas verdadeiras funções na escola e a sobrecarga de trabalho; e ainda

problemas de ordens diversas: desinteresse, desmotivação, falta de

informação, individualismo e falta de comunicação dos resultados.

Todas essas dificuldades comprometem,de fato, a realização das etapas

de construção do PPP, que envolve a preparação, a elaboração, a execução e

a avaliação, assim como exige mais trabalho do supervisor enquanto

articulador, coordenador e parceiro nesse processo. Daí surge a importância da

etapa de preparação para que se assegure o envolvimento dos segmentos

representativos e a criação das condições favoráveis para se desencadear o

processo e dar continuidade. Nesse sentido, nem sempre o tempo e o

momento da comunidade coincide com a exigência da mantenedora, havendo,

pois, divergências.

Destaca-se, ainda, nesse aspecto, o trabalho da equipe que coordena os

momentos de elaboração do PPP para que todos sintam-se motivados para

planejar e executar as ações que, no coletivo, foram escolhidas, como aquelas

que podem solucionar problemas detectados e contribuir com o crescimento e

com a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem.

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CONCLUSÃO

Diante das mudanças atuais em todos os campos de conhecimento,

torna-se imprescindível refletir a educação em suas diversas matizes, sob um

olhar crítico, mas também esperançoso, encontrando perspectivas de melhoria

na qualidade da formação dos sujeitos para atuar no mundo e na sociedade

pós-moderna.

Para isso, os atores sociais que atuam na escola e estendem sua ação

para fora dos seus muros, têm grande responsabilidade em refletir sobre os

paradigmas atuais, a fim de reorientar posturas, conceitos, teorias, tornando a

escola um espaço de relações construtivas e produtivas, para que essa cumpra

sua função social.

Nesse cenário, os profissionais da educação, gestores, orientadores,

supervisores, professores dividem no cotidiano um rico espaço e

desempenham funções que no seu conjunto, delineiam o quadro geral da

escola.

Nesse trabalho pretendeu-se retratar a atuação do profissional da

supervisão escolar, como sujeito de ação e reflexão no contexto escolar, cuja

contribuição merece ser discutida, questionada e valorizada.

Para investigar as contribuições do supervisor escolar, enfocou-se a

construção do PPP de uma escola-anexo da rede pública municipal de ensino

de São Luís-MA. Assim, pudemos levantar dados a partir da aplicação de

questionário misto com 8 profissionais da escola-campo que atuam nas áreas

de gestão, supervisão e regência de sala de aula.

Além de aproximar-me da realidade empírica, da escola-campo, como

professora-pesquisadora, refletindo sobre a realidade na qual estou inserida,

essa pesquisa possibilitou percorrer caminhos teóricos para melhor aprofundá-

la e compreendê-la e problematizá-la.

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Do contato com os autores e com as narrativas dos sujeitos

participantes, num exercício constante de articulação entre teoria e prática,

discurso e realidade, foi possível problematizar o objeto de estudo da proposta

de construção do PPP da escola e da atuação do supervisor escolar nesse

processo.

Primeiramente, esse trabalho foi sendo construído ao longo da

experiência de contato com instituições educativas formais e não formais, que

se tornaram espaços de investigação e problematização. A partir do estudo

sistematizado, da apropriação dos argumentos e no diálogo com os diferentes

autores, pôde-se construir um referencial teórico para iluminar e tentar explicar

a realidade da ação supervisora no momento da construção do plano global da

escola.

Para que essa construção se efetivasse, foi necessário assumir a

postura investigativa, como pesquisadora, apreendendo a realidade, através

das falas, opiniões, discussões e representações dos sujeitos que participaram

da pesquisa.

Portanto, considera-se esse trabalho uma construção coletiva que,

retratando parte da realidade de uma escola-anexo da rede pública municipal,

pode servir de provocação para que outros olhares sejam lançados sobre a

escola pública, seu cotidiano, suas redes de interação, sobre sua finalidade e

objetivos.

Diante dos conteúdos e dados apreendidos sobre a atuação do

supervisor escolar em relação à ferramenta do PPP da escola, verificou-se a

necessidade de valorização desse profissional e da superação do paradigma

tradicional da tecnologia industrial com ênfase na produtividade, controle e

fiscalização, que ainda continua, fortemente, orientando a prática de muitos

profissionais da educação, entre eles o supervisor escolar.

Ressalta-se, ainda, a dificuldade de superação da visão individualista e

fragmentada do trabalho por especializações através da passagem para o

planejamento participativo, a construção coletiva, a ação integrada, baseada

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nos princípios da gestão democrática e participativa, capaz de envolver todos

os sujeitos sociais implicados na escola, e na sua proposta pedagógica.

Esse entrave retrata um contexto que depende não só da instituição

escolar e de seus profissionais, mas também de órgãos regulamentadores dos

sistemas de ensino, que historicamente, se ligam à ideologia capitalista.

Nota-se com isso, que, nem sempre, o perfil dos profissionais da

supervisão adaptam-se às exigências da sociedade de hoje e da formação dos

alunos para atuarem nas novas áreas de inserção social e de trabalho,

evidenciando um descompasso entre a proposta escolar e o acesso aos novos

conhecimentos e práticas sociais.

Vê-se, então, a necessidade de uma formação adequada e atualizada

do supervisor, que desenvolva habilidades e competências para o exercício de

suas múltiplas funções de coordenação do trabalho pedagógico, articulação

dos atores sociais da escola, parceria com o professor no processo de ensino

e aprendizagem, mobilização no processo de construção do PPP e, ainda, a

delimitação do seu espaço de trabalho em diálogo com os outros profissionais.

Percebeu-se que os esforços e o trabalho do supervisor fazem diferença

quando da construção do PPP da escola, por ser o profissional cujo olhar e

ação se voltam para a realidade global da escola e, assim, por conhecer os

processos que se desencadeiam no cotidiano da escola, esteja, pois, apto para

articular as dimensões pedagógica e política e produzir coletivamente uma

síntese entre a realidade existente e o ideal que se deseja alcançar. Nisso, sua

habilidade de planejar, coordenar, sistematizar, refletir, pesquisar e mobilizar os

participantes são indispensáveis.

Diante do quadro e das considerações levantadas, infere-se, pois, que a

educação acontece num processo dialético de tensão entre o desejo e a

realidade, seus atores, por sua vez, são sujeitos dinâmicos e criativos,

inseridos num contexto em mutação. Portanto, a discussão do PPP e da ação

supervisora sofrerão constantes modificações.

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Logo, com essa pesquisa, pretendeu-se contribuir para o debate, na

consciência de que cada tentativa de investigação cumpre seu papel de

fomentar novas idéias e descortinar perspectivas para a discussão dos

caminhos da supervisão escolar no Brasil.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 Modelo de questionário aplicado à gestora e à supervisora

Anexo 2 Modelo de questionário aplicado às professoras

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ANEXO 1

MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO À GESTORA

E À SUPERVISORA

QUESTIONÁRIO

Você é convidada a participar deste trabalho de pesquisa, que tem por objetivo, investigar as etapas de construção do Projeto Político-pedagógico, destacando as contribuições do supervisor escolar, nesse processo.

I- PERFIL DOS PARTICIPANTES

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome: (opcional)_____________________________________________________________

Sexo:___________ Idade:___________________

2. FORMAÇÃO:

( ) Ensino Médio

( ) Graduação _______________________________

( ) Pós- graduação __________________________

3. CARGO QUE EXERCE ATUALMENTE E TEMPO DE TRABALHO:

( ) professor/a ____ anos

( ) supervisor/a _____anos

( ) gestor/a _____anos

Turno de trabalho:

( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno

4. NÍVEL DE ENSINO DO TRABALHO:

( ) Educação Infantil

( ) Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano

( ) Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano

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II- QUESTÕES (SUPERVISOR/A, GESTOR/A)

1. Quando foi elaborado o Projeto Político-pedagógico da escola?

___________________________________________________________

2. Quem tomou a iniciativa da elaboração do Projeto Político-pedagógico da escola?

___________________________________________________________

3. Quem participou do processo de construção do Projeto Político-pedagógico da escola?

______________________________________________________________________________________________________________________

4. Na sua opinião, qual a finalidade do Projeto Político-pedagógico?

__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Quais as contribuições do supervisor/a no processo de elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto Político-pedagógico da escola?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Como você avalia a atuação do supervisor/a nas etapas de elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto Político-pedagógico da escola?

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Na sua opinião, que fatores dificultam a ação do/a supervisor/a no processo de elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto Político-pedagógico?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ANEXO 2

MODELO DE QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS

PROFESSORAS

QUESTIONÁRIO

Você é convidada a participar deste trabalho de pesquisa, que tem por objetivo, investigar as etapas de construção do Projeto Político-pedagógico, destacando as contribuições do supervisor escolar, nesse processo.

I- PERFIL DOS PARTICIPANTES

5. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Nome:(opcional)________________________________________________________

Sexo:___________ Idade:___________________

6. FORMAÇÃO:

( ) Ensino Médio

( ) Graduação _______________________________

( ) Pós- graduação __________________________

7. CARGO QUE EXERCE ATUALMENTE E TEMPO DE TRABALHO:

( ) professor/a ____ anos

( ) supervisor/a _____anos

( ) gestor/a _____anos

Turno de trabalho:

( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno

8. NÍVEL DE ENSINO DO TRABALHO:

( ) Educação Infantil

( ) Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano

( ) Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano

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II- QUESTÕES (PROFESSOR/A)

1. Na sua opinião, qual a importância do supervisor/a escolar?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Como você descreveria o papel do supervisor/a na escola?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Na sua escola existe o Projeto Político-pedagógico? Você conhece o Projeto Político-pedagógico da escola?

__________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Para você, qual a finalidade do Projeto Político-pedagógico da escola?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Como você aprecia a atuação do supervisor/a no processo de construção do Projeto Político-pedagógico na escola?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Quais os fatores que dificultam a ação do supervisor/a no processo de elaboração, acompanhamento e avaliação do Projeto político-pedagógico da escola?

___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO....................................................................................2

AGRADECIMENTO.....................................................................................3

DEDICATÓRIA...........................................................................................4

RESUMO....................................................................................................5

METODOLOGIA..........................................................................................6

SUMÁRIO..................................................................................................8

INTRODUÇÃO ..............................................................................................10

CAPÍTULO I - O LUGAR DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO NA

ESCOLA..................................................................................................12

1.1 Conceituação de projeto político-pedagógico.....................................12

1.2 Níveis de planejamento......................................................................15

1.3 O planejamento participativo e suas contribuições.................................18

1.4 A dinâmica de ação reflexão no planejamento participativo..................21

1.5 Finalidades do projeto político-pedagógico........................................23

1.6 Etapas de construção do Projeto Político-pedagógico.........................25

CAPÍTULO II - O PAPEL DA SUPERVISORA, DO SUPERVISOR NA

INSTITUIÇÃO ESCOLAR E O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO.............30

2.1 Breve retrospectiva histórica.................................................................30

2.2 Abordagem atual sobre a atuação da supervisora, do supervisor escolar..33

2.3 O lugar da supervisora, do supervisor escolar no processo de construção

do projeto político-pedagógico da escolar........................................................36

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CAPÍTULO III - INVESTIGANDO AS ETAPAS DE CONSTRUÇÃO DO

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA E AS CONTRUBUIÇÕES

DA SUPERVISORA, DO SUPERVISOR ESCOLAR NESSE PROCESSO......40

3.1 Metodologia........................................................................................40

3.2 Caracterizando o campo da pesquisa...................................................42

3.3 Caracterizando sujeitos da pesquisa.....................................................44

3.4 Analisando e discutindo sobre o perfil das participantes......................46

3.5 Analisando e discutindo as narrativas das participantes.......................48

3.5.1 Narrativas da gestora e da supervisora..............................................48

3.5.2 Narrativas das professoras...............................................................52

CONCLUSÃO...........................................................................................60

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................66

ANEXOS..................................................................................................68

ÍNDICE.....................................................................................................73

FOLHA DE AVALIAÇÃO...........................................................................75

Page 75: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2012. 6. 15. · educacional, sobre Projeto Político-pedagógico, Proposta Pedagógica ou Projeto Educativo. Muitas escolas,

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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