redes sociais: a comunicaÇÃo na era … cÂndido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato sensu” projeto...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
REDES SOCIAIS:
A COMUNICAÇÃO NA ERA DIGITAL
Autor: Denilson Santos da Silva
Professor Orientador: Fernando Lima
Rio de Janeiro
Fevereiro 2010
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
Objetivos:
Mostrar estratégias criativas e inovadoras
para trabalhar nas Redes Sociais, e os
avanços na forma de produzir e obter
informações desde o seu surgimento,
abrangendo o âmbito público e privado.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que auxiliaram a desenvolver
este estudo, familiares, amigos, professores e
jornalistas e contribuíram das mais diversas
formas.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho, primeiramente aos
meus familiares, e a todos os profissionais
que acreditam na importância da
Comunicação Social.
5
RESUMO
As redes sociais na internet congregam 29 milhões de brasileiros por
mês. Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Brasil têm o
seu perfil estampado em algum site de relacionamento. Por definição, uma
rede social on-line é uma página na rede em que se pode publicar um perfil
público de si mesmo. Como em uma praça, um clube ou um bar, esse é o
espaço no qual as pessoas trocam informações sobre novidades cotidianas da
sua vida, mostram fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos
outros, compartilham suas músicas preferidas e até descobrem novas
oportunidades de trabalho.
Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande
diferença: a ausência de contato pessoal. A internet influenciou na maneira
tradicional de receber e produzir informações. Para quem acompanha a
internet desde seu lançamento comercial ocorrido em 1995 no Brasil, já
norteava que o futuro da rede naquela época é o que se vê agora. A sociedade
mudou a sua maneira de pensar, comprar, trabalhar, anunciar, dividir e se
informar. Os profissionais da área de comunicação, marketing, tecnologia,
projetos, gestão, entre outros, ganharam novas funções.
As empresas começaram a compreender e interagir com essas
novas ferramentas e tecnologias que surgiram no mercado. Esse mundo novo
chamado Redes Sociais, chegou avassalador em nosso país. E os números
não negam isso. Para conseguir 50 milhões de usuários, a Rádio levou 38
anos, a TV 13, e a Internet 4 anos. Já o Facebook, a maior rede social do
mundo, em apenas 1 ano, conseguiu 100 milhões de usuários no Brasil.
6
METODOLOGIA
Os métodos utilizados que levaram à resposta
do problema foram exclusivamente as revistas,
sites, blogs, jornais, seminários e referências
bibliográficas de autores cujos temas desses
respectivos livros acham pertinentes ao assunto
abordado.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A INTERNET NO BRASIL 9
CAPÍTULO II
REDES SOCIAIS
O FENÔMENO NO BRASIL 13
CAPÍTULO III
REDES SOCIAIS E JORNALISMO
NA INTERNET 19
CAPÍTULO IV
ELEIÇÕES: DISPUTA TRAVADA EM BLOGS,
REDES SOCIAIS E FÓRUNS 28
CONCLUSÃO 32
ÍNDICE 34
8
INTRODUÇÃO
Redes de computadores são as autopistas por onde trafegam, em
âmbito mundial, informações eletrônicas dos mais variados tipos, incluindo
textos, figuras, sons e imagens. Para o mundo globalizado - o mundo das redes
de computadores - não existem fronteiras entre países, assim como também
não há distinção de raça, sexo, cor ou nacionalidade entre pessoas. O governo
federal tem como meta estratégica prioritária para os próximos anos a
organização e a exploração desse conjunto de "supervias eletrônicas", em
parceria com a iniciativa privada, visando integrar o Brasil definitivamente à
comunidade eletrônica internacional, facilitando o fluxo de informações entre as
instituições brasileiras e, destas, com suas congêneres no exterior. Nesse
quadro, a Internet/Brasil desempenha papel central. A Internet é a maior rede
mundial de computadores existente na atualidade. As redes eletrônicas de
computadores proporcionam a seus usuários comunicação a baixo custo e
acesso a fontes inesgotáveis de informação. Elas interconectam pessoas para
os mais variados fins e têm contribuído para ampliar e democratizar o acesso à
informação, eliminando barreiras como distância, fronteiras, fuso horário, etc.
9
CAPÍTULO I
A INTERNET NO BRASIL
O número de internautas residenciais (usuários que
acessaram a Internet de casa) no Brasil chegou a 18
milhões em junho de 2008, um crescimento de 34%
em relação a junho de 2006. O total de internautas
no Brasil era de 33 milhões de há dois anos. Mas
esse número cresce a cada dia. (Ibope/NetRatings –
Junho de 2008).
1. A História
Até recentemente, no Brasil, o acesso à Internet era restrito a
professores, estudantes e funcionários de universidades e instituições de
pesquisa. Em adição, instituições governamentais e privadas também
obtiveram acesso devido a colaborações acadêmicas e atividades não-
comerciais. A partir de 1995, surgiu a oportunidade para que usuários fora das
instituições acadêmicas também obtivessem acesso à Internet e que a
iniciativa privada viesse a fornecer esse serviço. Desde então, o serviço só se
expandiu. O comércio eletrônico no Brasil movimentou 114 bilhões de dólares
em 2008, um aumento de 82% sobre o volume de 2005, de acordo com uma
pesquisa da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação
Getúlio Vargas.
Para quem acompanha a internet desde seu lançamento
comercial, já era lógico que o futuro da rede naquela época é o que se vê
agora. Uma oferta altamente segmentada de conteúdo, onde há um pouco de
tudo para todos. A quantidade de vídeos que é lançada na internet todos os
10
dias está formando uma biblioteca virtual contendo uma enorme parte da
produção áudio-visual da humanidade nos últimos séculos. O Google tem em
pleno andamento um projeto para scannear todos os livros já publicados no
mundo e armazená-los na rede. Enfim, exemplos como estes são a cada dia
mais numerosos. Já os meios tradicionais de comunicação ainda têm
dificuldades em entender a filosofia da internet. Com efeito, ninguém é dono da
internet. Mesmo que algum país muito importante cortasse os seus acessos a
rede, ela continuaria a existir sem problema algum, pois sua administração não
é centralizada.
No século passado, alguns escritores se tornaram célebres com
livros que tentavam adivinhar como seria, no futuro, o admirável mundo novo.
Pois o futuro chegou e se chama internet. As novas ferramentas virtuais -
blogs, comunidades, sites de relacionamento - se multiplicam e ganham, no
Brasil, a adesão dos jovens. E jovem se apaixona. É virtual, mas tem o mesmo
efeito do tradicional boca a boca. Alguém escreve uma frase que vai sendo
repassada de computador em computador e, não demora, está formada uma
rede social. Basta uma conexão com a internet e você fala com centenas,
milhares de pessoas. Nem precisa de computador em casa. Nas lan houses,
jovens e adolescentes de todo o Brasil, de todas as classes sociais, estão
ligados em sites de relacionamentos, blogs e comunidades. O interesse é
comprovado pelos números. Hoje, 50 milhões de brasileiros estão on-line,
segundo o IBGE (Dados Censo 2009). Quando se trata de acessos a redes
sociais, só perdemos para o Canadá no mundo. Em abril de 2009, ainda
segundo o Ibope, quem entrou na internet de casa ficou em média cinco horas
nesses sites. O dobro do tempo de países como Inglaterra e Escócia.
11
1.1 – Novo Sistema na Internet
Mesmo com o surgimento das redes sociais, muitos brasileiros ainda
desconhecem esse sistema. Trata-se de sites que permitem aos usuários
criarem um perfil na internet com fotos, vídeos preferidos e outros conteúdos.
Permitem, além disso, a comunicação entre os usuários com troca de
mensagens, depoimentos e compartilhamento de preferências em
comunidades. Do ponto de vista do proprietário da rede social, ele obtém
aquele que é o maior custo de um meio de comunicação tradicional de forma
gratuita: o conteúdo. Com efeito, são os próprios usuários de uma rede social
que geram o seu conteúdo, de forma gratuita. Além das redes sociais, outras
ferramentas de “conteúdo colaborativo”, como são chamadas, também
surgiram. Entre estas se destacam os blogs e os wikis. Os wikis são sites que
se organizam na forma de enciclopédias, e que são criados pelos próprios
interessados de maneira livre. No Brasil, os sites de redes sociais que mais se
popularizaram foram o Orkut, o Facebook e o Twitter.
Orkut foi um dos primeiros sites de rede social que alcançou grande
popularidade entre os internautas brasileiros, pois combinava diversas
combinava diversas características de redes sociais anteriores, como criação
de perfis focado no interesse, a criação de comunidades e a mostra de
membros da comunidade de cada pessoa. Esse sistema começou a crescer no
Brasil a partir de fevereiro de 2004 e atingiu todo sistema em junho do mesmo
ano. O Facebook (originalmente Thefacebook) foi um sistema criado pela
americano Mark Zuckerberg enquanto era aluno de Haward. A idéia era focar
em alunos que estavam saindo do secundário e aqueles que estavam entrando
na faculdade. Lançado em 2004, o Facebook é hoje um dos sistemas de maior
base de usuários do mundo, não tão localizado quanto outros, como o Orkut. O
foco inicial era criar uma rede de contatos num momento crucial da vida de um
jovem universitário: o momento em que este sai da escola e vai para a
universidade, o que, nos Estados Unidos, quase sempre representa uma
mudança de cidade e um espectro novo de relações sociais. O sistema, no
12
entanto, era focado em escolas e colégios e, para entrar nele, era preciso ser
membro de alguma das instituições reconhecidas. Funciona através de perfis e
comunidades. Em cada perfil, é possível acrescentar módulos de aplicativos
(jogos, ferramentas, etc.). O sistema muitas vezes é percebido como mais
privado que outros sites de redes sociais, pois apenas usuários que fazem
parte da mesma rede podem ver o perfil uns dos outros. Finalmente entre 2008
e 2009 surgiu um novo fenômeno que são os chamados micro-blogs, onde
reina hoje o Twitter. O Twitter, criado em 2006 nos Estados Unidos por Jack
Dorsey, Biz Stone E Evan Willian, é estruturado com seguidores e pessoas a
seguir, onde cada twitter pode escolher quem deseja seguir e ser seguido por
outros. Há também a possibilidade de enviar mensagens em modo privado
para outros usuários. O sistema, em 2008, era pouco usado no Brasil, com
apenas um milhão de usuários, dois quais apenas 140 mil seriam recorrentes
(Ibope/Net Ratings).
13
CAPÍTULO II
REDES SOCIAIS
O FENÔMENO NO BRASIL
“Em nenhum outro país as redes sociais on-line
têm alcance tão grande quanto no Brasil, com
uma audiência mensal de 29 milhões de
pessoas. Mas ter milhares de amigos virtuais não
deixa ninguém menos solitário”. (Revista Veja
Edição 2120 de 8 de julho de 2009)
1. Brasil Campeão em Amizades Virtuais
Nada menos que oito em cada dez pessoas conectadas no Brasil
têm o seu perfil estampado em algum site de relacionamentos. Elas usam
essas redes para manter contato com os amigos, conhecer pessoas – e
paquerar ou bem mais do que isso. Em abril de 2009, uma pesquisa do
Ministério da Saúde revelou que 7,3% dos adultos com acesso à internet
fizeram sexo com alguém que conheceram on-line. Os brasileiros já dominam o
Orkut e, agora, avançam sobre o Twitter e o Facebook. A audiência do primeiro
quintuplicou neste ano e a do segundo dobrou. Juntos, esses dois sites foram
visitados por 6 milhões de novos usuários em maio, um quarto da audiência do
Orkut. Para cada quatro minutos na rede, os brasileiros dedicam um a atualizar
seu perfil e bisbilhotar o dos amigos, segundo dados do Ibope Nielsen Online.
Em nenhum outro país existe um entusiasmo tão grande pelas amizades
virtuais. Qual é o impacto de tais sites na maneira como as pessoas se
relacionam? Eles, de fato, diminuem a solidão? Recentemente, sociólogos,
psicólogos e antropólogos passaram a buscar uma resposta para essas
14
perguntas. Eles concluíram que essa comunicação não consegue suprir as
necessidades afetivas mais profundas dos indivíduos. A internet tornou-se um
vasto ponto de encontro de contatos superficiais. É o oposto do que, segundo
escreveu o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), de fato aproxima os
amigos: "Eles precisam de tempo e de intimidade; como diz o ditado, não
podem se conhecer sem que tenham comido juntos a quantidade necessária
de sal".
1.2 – Interação, Relação e Laços Sociais
O sociólogo americano Robert Weiss escreveu, na década de 70,
que existem dois tipos de solidão: a emocional e a social. Segundo Weiss, "a
solidão emocional é o sentimento de vazio e inquietação causada pela falta de
relacionamentos profundos. A solidão social é o sentimento de tédio e
marginalidade causado pela falta de amizades ou de um sentimento de
pertencer a uma comunidade. Vários estudos têm reforçado a tese de que os
sites de relacionamentos diminuem a solidão social, mas aumentam
significativamente a solidão emocional. É como se os participantes dessas
páginas na internet estivessem sempre rodeados de pessoas, mas não
pudessem contar com nenhuma delas para uma relação mais próxima. A
associação entre a sensação de isolamento e o uso compulsivo de
comunidades virtuais foi observada em pesquisas com jovens na Índia, na
Turquia, na Itália e nos Estados Unidos. Na Austrália, um estudo da
Universidade de Sydney com idosos em 2009, mostrou que aqueles que usam
a internet, principalmente como uma ferramenta de comunicação, tinham um
nível menor de solidão social. Já os entrevistados que preferiam usar os
computadores para fazer amigos apresentaram um alto grau de solidão
emocional.
Ao contrário do e-mail, sites como Orkut, Facebook e Twitter, por
sua instantaneidade, criaram esse novo tipo de ansiedade: a de ficar sempre
plugado para evitar a impressão de que se está perdendo algo. As amizades
15
na internet não são sequer mais numerosas do que na vida real. De nada
adianta ter 500 ou 1.000 contatos no Orkut. É impossível dar conta de todos
eles, porque o limite das relações humanas é estabelecido pela biologia. O
número máximo de pessoas com quem cada um de nós consegue manter uma
relação social estável é, em média, de 150, segundo o antropólogo inglês
Robin Dunbar, um dos mais conceituados estudiosos da psicologia evolutiva.
Dunbar observou que o tamanho médio dos conjuntos de diferentes espécies
de primata depende do tamanho do seu cérebro. Extrapolando a lógica para
o Homo sapiens, o pesquisador chegou ao seu número mágico, confirmado
pela análise de diversos grupos humanos ao longo da história. Sua teoria é
que, desde o paleolítico, nossos ancestrais foram desenvolvendo a linguagem
ao mesmo tempo em que ampliavam o seu círculo social – ou seja, aqueles
indivíduos com quem se acasalavam, faziam alianças, fofocavam, cooperavam
e, eventualmente, brigavam. Amigos, numa versão mais rudimentar. Há cerca
de 10.000 anos, chegou-se ao limite calculado por Dunbar, estabelecido pela
impossibilidade de o ser humano aumentar a sua capacidade cognitiva, o que
inclui as habilidades de comunicação.
1.3 Cresce as Relações Superficiais e Diminui as Afetivas
Em média, o número de contatos nos perfis do Facebook e de
seguidores no Twitter é de 120 pessoas. No Orkut, cada brasileiro tem cerca de
100 amigos. Mesmo quem foge do padrão e consegue amealhar alguns
milhares de companheiros virtuais não conhece, de fato, muito mais do que
uma centena. O número de Dunbar, 150, não é uma unanimidade entre os
cientistas. Valendo-se de uma metodologia diferente, um grupo de
antropólogos americanos, entre os quais Russell Bernard, da Universidade da
Flórida, concluiu que, nos Estados Unidos, os laços de amizade de uma
pessoa podem chegar a 290. Cento e cinquenta ou 290 pessoas: não importa
qual seja a cifra, ainda está muito longe do número de amigos que os mais
ativos apregoam ter na rede eletrônica. Existem diferentes níveis de amizade, é
16
lógico. As mais distantes são mais abundantes. É o que se chama, em
sociologia, de "laços fracos". Relações sociais estáveis como as estudadas por
Dunbar e Bernard são chamadas, por sua vez, de "laços fortes". Dentro dessa
categoria há um núcleo reduzido de confidentes, que não costumam passar de
cinco. Esses são os amigos do peito, com quem podemos contar sempre,
mesmo nos piores momentos. As mulheres costumam ter um núcleo de
confidentes maior que o dos homens. A característica se repete na internet. No
Facebook, por exemplo, um homem com 120 contatos na lista responde com
frequência aos comentários de sete amigos, em média.
Entre as mulheres, esse número sobe para dez, segundo estudo da
antropóloga Claudia Barcellos Rezende, da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. Já os homens se especializaram em estabelecer um número maior de
relações, mas com um grau de intimidade menor. Em termos evolutivos, isso
se explica pela necessidade do homem de sair para buscar o sustento, fazendo
alianças temporárias com uma quantidade maior de indivíduos, enquanto as
mulheres ficavam com os filhos e se juntavam às outras mães para proteger a
prole.
A vida moderna, curiosamente, pode estar tornando as relações de
amizade mais masculinizadas. Em entrevista a Revista Veja (Edição 2120 – 8
de julho de 2009), o sociólogo Peter Marsden, da Universidade Harvard, nos
Estados Unidos, afirmou que o tamanho médio do núcleo de amigos próximos
parece estar diminuindo, enquanto a rede de contatos fracos aumenta. Ou seja,
cresceram as relações superficiais, efêmeras, e reduziram-se as mais afetivas,
profundas. A tendência é reproduzida à perfeição – e intensificada – nas redes
sociais on-line. É como se a maioria das relações fosse estratégica, tal como
as dos homens das cavernas. Para Luli Radfahrer, professor de comunicação
digital da Universidade de São Paulo, nesses sites, é possível manter os
relacionamentos a uma distância segura. Ou seja, aproximações e
afastamentos se dão na medida do necessário. Um exemplo conhecido dos
adeptos do Orkut no Brasil são os ex-colegas de escola que, depois de anos
17
sem se comunicar e mesmo sem ter nenhuma afinidade pessoal, passam a
engordar a lista de amigos virtuais uns dos outros. Quando conveniente, o
contato é retomado para resolver questões práticas. Esses laços fracos são
muito úteis, por exemplo, para descobrir oportunidades de trabalho. Amigos
próximos são menos eficientes em tal quesito porque, em geral, circulam no
mesmo meio e têm acesso às mesmas informações. Uma das redes sociais
com o maior crescimento de adeptos no mundo é justamente o LinkedIn,
especializado em estabelecer vínculos profissionais.
Na internet, é fácil administrar uma enorme rede de contatos, com
pessoas pouco conhecidas, porque estão todos ao alcance de um clique. A
lista de amigos virtuais é uma espécie de agenda de telefones, com a
vantagem de não ser necessário ligar para todos uma vez por ano para não ser
esquecido. Basta manter o perfil atualizado e acrescentar à página comentários
sobre, por exemplo, suas atividades cotidianas. Isso cria um efeito conhecido
como "sensação de ambiente". É como se cada um dos contatos de
determinada pessoa estivesse fisicamente presente no momento em que ela
reclama de uma coceira nas costas ou comenta sobre a música que está
ouvindo. O Twitter explora esse princípio na sua forma mais crua, ao incitar os
seus participantes a responder em apenas 140 caracteres à pergunta: "O que
você está fazendo?". Os comentários vão de "comendo pão de queijo" a
observações espirituosas sobre a vida.
O fluxo constante de informações pessoais cria um paradoxo: ao
mesmo tempo em que ele é necessário para cativar a atenção dos amigos
virtuais, pode pôr em risco a imagem pública do indivíduo. Cada perfil nos sites
de relacionamentos pode ser comparado a um pequeno palco. Esse exercício
até certo ponto teatral é, no entanto, apresentado a uma audiência invisível. As
táticas para driblar a superexposição nas redes sociais on-line são variadas. Há
quem mantenha dois perfis no mesmo site: um para laços fracos, com
informações pessoais mais contidas, e outro para laços fortes, em que se pode
permitir um grau de exposição maior. A necessidade de classificar os contatos
virtuais na sua página do Orkut ou do Facebook, segundo o grau de intimidade,
desafia um dos princípios da amizade verdadeira: a total reciprocidade. Na vida
18
real, o desnível da afinidade que uma pessoa sente pela outra costuma ficar
apenas implícito na relação entre elas. Na internet, ele é escancarado. Pode-se
simplesmente bloquear o acesso de certos amigos a determinadas
informações. Além disso, ela não estimula aquele tipo de solidariedade que faz
com que dois amigos de carne e osso aturem, mutuamente, os maus
momentos de ambos. Esse grau de convivência e aceitação de defeitos alheios
é quase inexistente nas redes sociais. Quando alguém começa a incomodar, é
ignorado ou deletado. Ao fim e ao cabo, usar as redes sociais para fazer uma
infinidade de amigos – quase sempre não muito amigos – é uma especialidade
de Brasil, Hungria e Filipinas, países que têm o maior número de usuários com
mais de 150 contatos virtuais.
19
CAPÍTULO III
REDES SOCIAIS E JORNALISMO
NA INTERNET
Neste momento em que vivemos, a história dos meios de comunicação pode
ser dividida em A.I. e D.I., ou seja, antes da internet e depois da internet. Antes
da internet, a posse e a criação de um meio de comunicação demandava, além
de influência política (para obtenção de concessões quando fossem
necessárias), uma quantidade significativa de recursos para os investimentos a
serem realizados. Até então existia o grande triunvirato jornal-rádio-televisão,
surgidos nesta ordem. Freqüentemente, um grupo de comunicação tinha a
posse dos três veículos, utilizando os mesmos profissionais em mais de um
dos mesmos. A criação de conteúdo sempre foi um grande problema para os
meios de comunicação tradicionais. Com efeito, preencher 24 horas de
programação no caso de rádios e televisões e dezenas de páginas de jornal
todos os dias, não é tarefa fácil e muito menos barata. Consequentemente, a
entrada de novos “players” no mercado da comunicação nunca foi simples. A
criação da internet mudou uma série de paradigmas neste universo. A “rede
das redes”, é um veículo por meio do qual diversos conteúdos diferentes
podem ser transmitidos com custos que são uma ínfima fração daqueles
demandados pelos meios tradicionais de comunicação. As empresas
começaram a compreender e interagir com essas novas ferramentas e
tecnologias que surgiram no mercado, principalmente as que geram
informações instantâneas, como o que acontece nas redes sociais.
20
Esse mundo novo chamado Redes Sociais, chegou avassalador em nosso
país. E os números não negam isso. A cada ano, 432.750 horas de conteúdo
são publicadas no Youtube. Se compararmos com a realidade das TVs
abertas, a Rede Globo no mesmo período produziu apenas 4.500 horas de
conteúdo. E os brasileiros são a segunda maior audiência no YouTube. Cerca
de 36% dos nossos internautas sobem vídeos e fotos todos os dias. E nessa
corrida por audiência na Web, o Brasil já o quarto país aonde se lê mais blogs.
Mais de 2.600.000 milhões de brasileiros atualizam diariamente os seus blogs.
Um volume infinitamente superior aos 123 autores que têm seus livros
publicados todos os dias no país. O Twitter, por exemplo, cresceu 1382% só do
ano de 2008. De janeiro a março de 2009, o serviço aumentou 96,8% na
participação de brasileiros. São Paulo é a quarta cidade do mundo que mais
uso o Twitter. Essa audiência é jovem e qualificada. Pesquisas apontam que
52% de redes sociais já interagiram com as marcas nestes ambientes. E que
80% das pessoas pesquisadas confiam em recomendações de compras feitas
por amigos. Prova mais que concreta que além de informação, as redes sociais
é o ambiente ideal para oferecer e vender produtos.
2. O novo Paradigma dos Profissionais de Comunicação
Profissionais de comunicação ganharam novas funções partir da
ascensão das redes sociais. Atualmente, antes de lançar ou fazer campanhas
para vender os produtos, as empresas precisam ouvir e compreender o
consumidor, interagindo com as novas ferramentas do mercado. Com essa
mudança no papel do profissional de comunicação, ele precisar ter novas
habilidades e conhecimentos.
21
“Uma das discussões que tem feito falta no
jornalismo atualmente é o debate a respeito de como
as redes sociais podem contribuir e atuar junto aos
veículos jornalísticos. Muito se fala com relação à
ação dessas redes na produção de informações
noticiosas de forma colaborativa, mas pouco com
relação à otimização da participação nas redes
sociais pelos jornalistas e veículos”. (Raquel
Recuero é doutora em Comunicação, professora e
pesquisadora da Universidade Católica de Pelotas e
do CNPq e consultora em mídias sociais).
Mas afinal, o que são as redes sociais? Para Raquel Recuero,
inicialmente, é preciso entender que as redes sociais são diferentes dos sites
de redes sociais e que estes não são todos iguais. Isso significa que o Orkut,
por exemplo, possui redes sociais (que são as pessoas, os atores e instituições
sociais) que utilizam o sistema como forma de se expressar. Assim, o Orkut é
apenas uma ferramenta e não uma rede social. Além disso, as pesquisas têm
mostrado que os sites de redes sociais no Brasil não são usados da mesma
forma.
Enquanto o Twitter tem um caráter mais informacional, por exemplo,
o Orkut é um site mais social. Isso significa também que esses sites são
diferentes entre si e que as pessoas os compreendem de forma diferente.
Assim, o primeiro passo para um veículo jornalístico utilizar essas ferramentas
é entendê-las e, a partir daí, elaborar a melhor estratégia para atingir seu
público. Os veículos também devem se apropriar dessas ferramentas,
extraindo valores das redes sociais que estão expressas nelas.
22
2.1. Profissionais de Outra Geração
Em 1990, o jornalista do Jornal O Globo, André Machado, presente a
um evento em Viena, na Áustria, enviou para a família no Brasil um cartão
postal que só chegou três meses depois. Já em 2005, no Japão, ele escreveu e
enviou uma matéria que foi recebida no Brasil no dia anterior. Claro que o fato
de a mensagem ter “chegado antes” se deve à diferença de fuso horário. Mas
ilustra bem a diferença na rapidez na recepção de uma informação na era
digital da Internet sem fio. A história foi contada de forma bem humorada pelo
próprio jornalista, um dos palestrantes no painel 1 – As redes sociais como
instrumento de trabalho no exercício do jornalismo, durante Encontro de
Jornalista em Assessoria de Comunicação, realizado em setembro de 2009, no
município de Teresópolis, no Rio de Janeiro. Machado, que se sente
pertencente “à geração X”, esclareceu que sua filha de 14 anos consegue em
poucos segundos descobrir os caminhos para a manipulação de determinada
ferramenta e que ele levaria horas e não conseguiria encontrar a saída. Com a
chegada da informação digital, a sociedade toma conhecimentos dos fatos na
hora em que eles acontecem. Na opinião de Machado, jornais e revistas devem
refletir sobre essas mudanças.
É indiscutível que as redes sociais – blogs, twitter,
orkut, facebook, youtube etc. – já funcionam como
eficientes ferramentas na divulgação de informação.
Assessores de Comunicação e repórteres ganharam
novas atribuições porque compartilham informações
e se interrelacionam com a sociedade, clientes e
leitores, sem intermediários e abertos o tempo todo
a críticas e sugestões. (Andrea Dunninghan –
jornalista e diretora executiva do Instituto Digital-
IDIG).
23
Hoje, todo mundo é mídia. A pessoa diz que foi a um restaurante e
viu uma barata. Se colocar na rede, a informação pode adquirir proporções de
desastre para aquele restaurante. Uma vez compreendido que sites de redes
sociais são diferentes, os veículos jornalísticos podem utilizar os sites com
base na sua apropriação pelos indivíduos.
2.2. Site de Redes Sociais como Fontes
Através dessas ferramentas, o jornalista tem acesso a um número
infinito de fontes, mais especializadas e até mesmo com maior credibilidade e a
um número infinito de informações que podem gerar matérias. Essa
característica pode auxiliar a encontrar um especialista mais apropriado para
comentar uma matéria ou mesmo receber uma informação em primeira mão de
alguém que está presente ou próximo do ocorrido. Os sites de redes sociais
podem também auxiliar a refinar uma informação, encontrar novas impressões
e completar uma cobertura. Não estou falando aqui naquilo que o jornalismo
online tem mais feito no Brasil - procurar perfis do Orkut para ilustrar matérias.
Falo especificamente de usar essas redes como fontes, observar as
insatisfações, os comentários e as informações publicadas pelas pessoas e a
partir daí, pensar em construir matérias mais próximas dos grupos sociais a
que se destinam.
2.3 Site de Redes Sociais como Feedback
Sites de redes sociais também oferecem feedback para os veículos
jornalísticos. Uma matéria bem feita pode gerar comentários, discussões e ser
propagada dentro dos grupos sociais de forma a amplificar seu impacto. Já
uma matéria mal feita ou mal apurada pode ser rapidamente desmentida e
ridicularizada pelos grupos sociais. Observar o que se fala do veículo e como
se fala, apesar de muitas vezes doloroso, pode oferecer clareza naquilo que
24
insatisfaz as pessoas e naquilo que o veículo pode melhorar. Hoje há um
grande clamor, por exemplo, por notícias locais melhores. Em um mundo
globalizado, as notícias locais parecem sempre piores, mais difíceis de ser
encontradas e mais superficiais. E quanto mais conectadas as pessoas estão,
mais amplos os canais de informação e maior sua capacidade de receber
informações relevantes. Essa medida de relevância das notícias é algo que o
jornalismo parece custar a entender.
“Apresentar um jornal online com as mesmas
notícias de 90 outros não é apostar na relevância.
Notícias especializadas, focadas e localizadas
podem ser bastante ampliadas nas redes sociais,
gerando também valor para o veículo”.
(Raquel Recuero)
2.3 Site de Redes Sociais como Espaço de Atuação
A prática do jornalismo atualmente é feita
com a ajuda das redes sociais, que servem de fonte
de pesquisa e informação. O Orkut e, mais
recentemente, o Twitter, estão entre os favoritos dos
profissionais. A cada dia essas ferramentas vêm
conquistando jornalistas e facilitando os trabalhos
nas redações. O surgimento das redes sociais
deflagrou uma mudança significativa na forma de
fazer jornalismo. (jornalista Ana Maria Devides -
Jornal Tribuna do Povo de Araras – São Paulo)
25
Outro elemento que parece de difícil compreensão para o jornalismo
hoje é usar os sites de redes sociais como um espaço também do veículo.
Estar presente onde está seu público é uma característica dos veículos
jornalísticos. Assim, utilizar esses sites para comunicar, interagir, obter
informações, complementar informações e mesmo anunciar novas notícias é
relevante. Não se trata de criar um perfil no Orkut para o jornal, por exemplo.
Mas criar uma comunidade, ter um “ombudsman” focado naquilo que o público
discute, oferecer um espaço de debate das notícias, utilizar o Twitter como
ferramenta para atualizar seu público-alvo com notícias relevantes e rápidas é
fundamental. Os jornais poderiam utilizar o Twitter, por exemplo, para
informações do tempo, do trânsito e últimas notícias no Brasil e muito poucos
realmente investem nisso.
Aplicando essas questões para os sites de redes sociais hoje,
poderíamos discutir várias estratégias. O Orkut é um site mais social, focado
mais na interação e o mais abrangente do Brasil. Isso significa que ali as
pessoas conversam mais do que procuram informações. Apesar disso, nas
comunidades é possível encontrar discussão e até mesmo solicitações de
informação. Além disso, as redes sociais no Orkut costumam ser bastante
focada nos territórios off-line, ou seja, as pessoas se organizam em torno de
cidades, estados, vizinhanças e etc., e o sistema é, muitas vezes, a porta de
entrada da Internet para muitos brasileiros. Portanto, talvez o uso de
comunidades para acompanhar discussões e debates sobre as notícias locais
e globais seja um uso interessante e relevante. Fixar a marca com notícias de
interesse local e mobilizar comunidades também. O Orkut, portanto, pode
funcionar como fonte e como feedback, embora seja mais provável que a
última opção se torne real.
O Twitter, por outro lado, tem bastantes usuários, e um impacto
bastante expressivo em boa parte das informações que circulam na Internet.
Tem sido utilizado por um público mais ativo na Internet, e é mais focado em
informações. Poderia ser utilizado como forma de informar rapidamente o
público–alvo de pequenas notícias. A relevância das informações, que poderia
26
ser estabelecida através de canais e do envio para ferramentas móveis (uso do
celular para receber informações do trânsito, da temperatura e etc., por
exemplo) ajuda a aumentar o seu valor para o jornalismo. Aqui, a idéia é
realmente noticiar, apostar no “furo” e na relevância e não simplesmente
comentar informações antigas, apostar no contato com as fontes e no
monitoramento de informações relevantes. O Twitter pode emprestar agilidade
para os veículos na publicação das notícias. Fotologs e sites de imagens
poderiam ser apropriados como formas de aumentar a importância do
fotojornalismo. As imagens ainda são fundamentais para a maior parte das
notícias.
Utilizar um canal específico para divulgar as imagens com qualidade,
contar a história da matéria por fotografias e mesmo oferecer a possibilidade
de que cidadãos possam contribuir também com imagens dos fatos exige um
canal específico. Muitos jornais possuem canais de imagens, onde as
fotografias ficam em qualidade reduzida, onde muitas vezes não podemos
encontrar a matéria que acompanha a imagem ou mesmo a organização das
mesmas de uma forma que faça sentido para o leitor. O jornal, derepente, não
necessite criar um perfil em uma ferramenta, mas que simplesmente, crie um
canal do tipo para o veículo, talvez dentro de seu próprio site, que proporcione
elementos semelhantes àqueles dessas ferramentas.
Essa discussão só faz sentido para aqueles jornais que já estão
mais ou menos focados na Internet, que já ultrapassaram a barreira de criar e
manter um website com notícias relevantes, focadas, e com a produção
específica de informações para a Web. Algumas formas de utilizar essas redes
sociais para o jornalismo foram apresentadas nesse estudo. A idéia é que essa
discussão passe a ser realizada nas redações, com a aposta cada vez maior
na relevância das notícias.
27
2.4 Orkut e Twitter são os Preferidos
“As redes sociais trazem o benefício da
agilidade e da amplitude de opções de contatos,
instantaneamente, algo que seria muito caro e
demorado através de contatos telefônicos ou mesmo
pessoais. Passo o dia inteiro online, mas com status
de ausente e só converso em geral com pessoas
que trocam comigo informações que uso nas
matérias do dia. (jornalista Talita Carpinini - editora-
chefe do Jornal Opinião de Araras – São Paulo).
Uma pesquisa realizada em São Paulo, entre julho e setembro de
2009, pela agência de publicidade S2 Comunicação Integrada, e divulgada no
último dia 4 de novembro do mesmo ano, mostra que os profissionais de
jornalismo usam o Orkut (83,46%) e o Twitter (48,77%) para levantar
informações. O Facebook vem em terceiro lugar, com 33,11% da preferência,
seguido das redes: Myspace (20,09%), Flickr (18,94%) e Linkedin (15,81%). O
estudo teve por finalidade diagnosticar os hábitos dos jornalistas brasileiros
dentro das redes sociais e da Web 2.0. Setenta e dois por cento dos jornalistas
usam as redes sociais com finalidade profissional e pessoal, segundo a
pesquisa. No Estado de São Paulo, 348 jornalistas (83,25% dos entrevistados)
disseram usar alguma rede social. Na região Sul, 100 profissionais (72,01%) da
área afirmaram também manter perfil atualizado em pelo menos uma dessas
redes. Na região Sudeste, excluído o estado de São Paulo, que foi pesquisado
isoladamente, 136 jornalistas responderam afirmativamente sobre o uso de
redes sociais. Isso representa 76,43% dos pesquisados. E nas regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste, 128 jornalistas (ou 75,99% dos entrevistados)
disseram usar as redes sociais.
28
CAPÍTULO IV
ELEIÇÕES: DISPUTA TRAVADA EM BLOGS,
REDES SOCIAIS E FÓRUNS
"Foi graças à internet que Barack Obama conseguiu
vencer Hillary Clinton na escolha do partido por sua
candidatura e é dessa mesma forma que queremos
ajudar nas prévias do PSDB, aqui no Brasil" , Caio
Cezar Will Dias, de 18 anos, estudante de Direito,
fundador do Movimento Estudantil do Partido).
2.5 Case Barack Obama: Referência do Potencial das Redes
Sociais
O presidente americano Barack Obama é um fenômeno na internet. O
case da sua eleição nos Estados Unidos virou a maior referência do potencial
das redes sociais em uma campanha política. Não foi apenas uma eleição
presidencial, tratou- se de uma decisão que influenciará o futuro de muitas
nações. A eleição de Barack Obana nos Estados Unidos marcou o fim de uma
pequena grande revolução na maneira de fazer campanha política. Mais do
que isso, na maneira de fazer comunicação. Antes mesmo do resultado das
eleições americanas, os jornais e analistas políticos já declaravam um
vencedor: a internet. Em 2000 e 2004, a internet já despontava como
organismo essencial de uma disputa eleitoral, mas nada comparado com ao
que aconteceu agora, em 2008. Sendo mais específico, ao que a campanha do
candidato Barack Obama foi capaz de fazer no ambiente online e nas novas
29
mídias em geral, ao mesmo tempo em que influenciou permanentemente a
linha que divide online e offline, e atingiu a cultura pop. E mais do que
simplesmente anunciar, foi uma campanha que reescreveu as regras de como
atingir os eleitores, arrecadar dinheiro, organizar voluntários, monitorar e
moldar a opinião pública, além de lidar com ataques políticos, muitos deles
feitos por blogs que nem existiam há quatro anos. Como diz a matéria no NY
Times que circulou após anunciada vitória de Obama, tratou-se de iniciativas
guiadas pela tecnologia, focadas no microtarget, tão engajadoras que foram
capazes de envolver americanos, que nem nunca tinham votado antes, no
processo eleitoral, em especial, o público jovem-adulto. O que no fim das
contas significou um recorde de comparecimento às urnas, no frio e arcaico
processo eleitoral americano.
2.6 TV e Jornais Influenciados pela Internet
É óbvio que a televisão e os jornais continuam desempenhando papel
importante na escolha de um presidente, mas não como antes. Transformaram-
se em uma via altamente influenciada pela internet, ao invés do contrário. E
quando Obama veiculou um comercial de 30 minutos nas três maiores
emissoras de TV americanas, o fez com dinheiro arrecadado na web. Quando
se fala em 120 mil seguidores no Twitter, um grupo no Facebook com 2.3
milhões de membros e 11 milhões de views em um vídeo no YouTube, os
números parecem baixos se comparados ao alcance de uma mídia de massa,
mas formam uma comunidade de pessoas que fazem diferença, que são
altamente multiplicadoras e influenciadoras, o chamado “marketing viral”. Essa
comunicação feita de pessoa pra pessoa construiu uma gigantesca plataforma
de conteúdo, que independeu da vontade de grandes grupos de mídia. Mais do
que isso, provou o poder da integração, da mensagem pulverizada nos mais
diferentes meios. Por outro lado, a televisão e os jornais aprenderam grandes
lições com as possibilidades da internet, produzindo conteúdo exclusivo,
aproveitando o que é gerado pelas pessoas e desenvolvendo ferramentas,
30
mapas interativos, widgets eleitorais, etc. São ferramentas que permitem
analisar, compartilhar, agregar, categorizar, dissecar tudo quanto é tipo de
informação sobre as eleições, que além de informar estimulam a participação
do usuário. Aplicativos que não eram possíveis nas eleições passadas, e hoje
são parte integrante das mídias sociais.
Enquanto isso, no Brasil, candidatos tentam “surfar” no rastro da onda
deixada por Obama. A campanha para a corrida de 2010 ao Palácio do
Planalto pode ainda não ser oficial no mundo real, conforme as regras do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na internet, entretanto, a campanha já está a
todo vapor. Blogs, comunidades em redes sociais, grupos e fóruns de
discussão já são amplamente usados na defesa dos candidatos, e os usuários
travam uma batalha para exaltar a imagem de seus concorrentes preferidos.
Por enquanto, só quatro dos possíveis candidatos à Presidência da República
têm espaço garantido entre os blogueiros. Se não lidera as pesquisas de
intenção de voto, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, é a campeã da
campanha antecipada na internet: têm quatro blogs dedicados a ela e 67
comunidades no site de relacionamento Orkut. Além disso, o PT, o seu partido,
contratou o marqueteiro americano Ben Self da campanha de Obama, para
tentar o mesmo sucesso alcançado na eleição americana. O governador José
Serra (SP) tem um total de sete blogs e 68 comunidades. Cerca de 100 mil
pessoas o acompanham no Twitter.
Cercados de alguns cuidados e sob a orientação indireta dos
partidos, alguns desses blogs se limitam apenas a postar notícias relacionadas
aos seus candidatos publicadas por outros meios de comunicação - sempre, é
claro, caprichando nos títulos, de forma a destacar qualidades e conquistas dos
seus escolhidos. O blog de Dilma, por exemplo, é atualizado sete vezes ao dia
com fatos envolvendo a ministra. O blog entrou no ar no dia 4 de novembro de
2008 com 200 acessos por dia, subiu para 5 mil, e já chegou a ter 20 mil
acessos num único dia em janeiro.
31
Apesar de os blogs ajudarem a dar um empurrão na campanha dos
seus possíveis candidatos, alguns partidos políticos dizem desconhecer os
autores das páginas e afirmam evitar qualquer contato com os blogueiros para
não terem problemas com a Justiça Eleitoral. Alguns dos blogs vão além da
simples divulgação dos trabalhos dos seus escolhidos e tentam influenciar
inclusive na escolha da composição da chapa. É o caso do blog Serra
Presidente 2010, em que é possível votar em quem deveria ser o vice de uma
possível chapa encabeçada pelo governador de São Paulo.
32
CONCLUSÃO
As redes sociais existem desde sempre na história humana, tendo
em vista que os homens, por sua característica gregária, estabelecem relações
entre si formando comunidades ou redes de relacionamentos presenciais. Hoje,
por meio da internet, estamos transcrevendo nossas relações presenciais no
mundo virtual de forma que aquilo que antes estava restrito a nossa memória
agora está registrado e publicado. As tecnologias da web 2.0 ampliaram as
possibilidades de interação, na medida em que nos permitem visualizar as
conexões existentes para além dos nossos relacionamentos presenciais, ou
seja, hoje sabemos que são os amigos dos nossos amigos, bem como os
amigos que temos em comum, o que está tornando nossa rede social virtual
cada dia mais ampla e diversificada sobretudo quando comparada com nossa
rede social presencial.
Os números das redes sociais são reveladores da dimensão já
alcançada por estes serviços no contexto da internet. Estima-se que o número
de usuários de internet em todo o mundo seja da ordem de 1,6 bilhões, destes
80% já usam as redes sociais. As maiores redes sociais, segundo a Wikipedia,
apresentam números impressionantes como 250 milhões de usuários no
Myspace, 200 milhões no Facebook, 120 milhões no Windows Live Spaces,
117 milhões no Habbo, 90 milhões no Friendster, 67 milhões no Orkut, entre
inúmeras outras congregando muitos milhões de usuários. Esses números
confirmam uma realidade já presente no dia a dia de cada internauta que
acessa a internet diariamente. O nosso grande desafio nesse momento é
manter e adaptar os nossos meios de comunicação tradicionais aos novos
tempos de comunicação digital, principalmente os meios impressos, já que
estamos na era das “versões online”.
33
Com a chegada da internet e a ascensão meteórica das redes
sociais como nova forma de comunicação, os mais céticos estão alardeando
que é o fim do mundo para os jornais. O discurso é um pouco gasto, mas a
medida que os anos passam se torna uma realidade mais palpável. A questão
é quanto mais palpável essa profecia se tornou e quanto ainda falta para ela se
realizar. Se em nações mais desenvolvidas na América do Norte e na Europa o
avanço da internet é uma ameaça aos meios tradicionais de comunicação, no
Brasil o problema está além: os jornais perderam circulação, assinaturas e
credibilidade não por causa da web, mas porque o país, como um todo, não
tem o hábito da leitura.
Não se pode negar a influência da internet para a redução dos
pouquíssimos leitores tupiniquins, mas é exagerada a avaliação de que ela é a
maior responsável pela crise dos jornais. O mercado editorial brasileiro, com
uma população de quase 200 milhões de habitantes, vendeu apenas 25,5
milhões de livros em 2009, segundo a Associação Brasileira de Editores de
Livros (Abrelivros). O nosso mercado editorial é menor que o argentino,
estimado em cerca de 60 milhões de livros. Enquanto o número de publicações
vendidas não chega a 8 milhões, a quantidade de pessoas que acessam a web
atingiu mais de 100 milhões, segundo a pesquisa Internet Pop, do IBOPE
Mídia. Infelizmente essas pessoas não estão em busca de notícias ou livros de
domínio público, a demanda dos internautas brasileiros é por vídeos, áudio e,
principalmente, pelas redes sociais. Esses dados revelam que a estratégia dos
jornais em crise está errada. Não é preciso atacar a internet, por enquanto. As
falhas no sistema de educação brasileira é que são responsáveis pelo
encolhimento de um nicho importante para a economia e para a democracia. O
grande desafio do publisher brasileiro não é a internet, mas como vender um
jornal para um público que não tem o hábito de ler. A solução não é culpar a
internet, e sim, se aliar a ela.
34
BIBLIOGRAFIA
Pesquisa bibliográfica em livros e revistas acadêmicas da área dos seguintes autores:
MARQUES, EDUARDO CESAR - Redes Sociais, Instituiçoes E Atores Politicos no Governo da Cidade De Sao Paulo - Editora: ANNABLUME
Recuero, Raquel - Redes Sociais na Internet – Porto Alegre: Editora Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura)
P.Robbins, Stephen – Fundamento do Comportamento Organizacional - Editora Prentice Hall, 2009
P.Robbins, Stephen – Comportamento Organizacional - Editora Pearson Education, 2006
THOMAS, ROBERT J. – Redes Socias – Conceito do Leitor – Editora Gente, 2008 Marques, Eduardo - Estado e Redes Sociais Permeabilidade e Coesão nas Políticas Urbanas no Rio de Janeiro - Editora: Revan - 1ª edição, 2000, Rio de Janeiro Entrevistas e estudos de casos:
IDIG – Instituto Digital – Andrea Dunningham – Diretora Executiva do IDIG – “Jornalista: Como as redes sociais podem ajudar no exercício da profissão”.
Jornal Globo On Line – Jornalista André Machado – “As redes sociais como instrumento de trabalho”.
IBM Brasil – Relações Públicas Daniel Tussini Onida – “A evolução do Twitter no Brasil”.
Gil Giardelli – Sócio fundador da Permission Inteligência digital – Empresa que oferece tecnologia inovadora associada à maior rede independente de sites do Brasil – “As novas formas de produzir informação”.
35
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A INTERNET NO BRASIL 9
1. A História
1.1 – Novo Sistema na Internet
CAPÍTULO II
REDES SOCIAIS
O FENÔMENO NO BRASIL 13
1. Brasil Campeão em Amizades Virtuais
1.2 Interação, Relação e Laços Sociais
1.3 Cresce as Relações Superficiais e Diminui as Afetivas
36
CAPÍTULO III
REDES SOCIAIS E JORNALISMO
NA INTERNET 19
2. O novo Paradigma dos Profissionais de Comunicação
2.1 Profissionais de Outra Geração
2.2 Site de Redes Sociais como Fontes
2.3 Site de Redes Sociais como Feedback
2.4 Site de Redes Sociais como Espaço de Atuação
2.5 Orkut e Twitter são os Preferidos
CAPÍTULO IV
ELEIÇÕES: DISPUTA TRAVADA EM BLOGS,
REDES SOCIAIS E FÓRUNS 28
3. Case Barack Obama: Referência do Potencial das Redes
Sociais
3.1 TV e Jornais Influenciados pela Internet
CONCLUSÃO 32