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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES Pós-Graduação “Lato Sensu” Projeto Vez do Mestre TÍTULO DA MONOGRAFIA O lúdico como facilitador da aprendizagem Nome do Autor Sandra Regina Nascimento Agostinho Nome do Orientador Fabiane Muniz Data de entrega: 08/03/2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Projeto Vez do Mestre

TÍTULO DA MONOGRAFIA

O lúdico como facilitador da aprendizagem

Nome do Autor

Sandra Regina Nascimento Agostinho

Nome do Orientador

Fabiane Muniz

Data de entrega:

08/03/2004

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II

Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia

O lúdico como facilitador da aprendizagem

Objetivos

Verificar a inclusão do lúdico na

aprendizagem como elemento

facilitador, possibilitando a aquisição da

aprendizagem através da vivência e do

prazer.

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III

Agradecimentos

A Deus, a todas as forças

positivas que me fazem ter garra para

sempre continuar e a todas as crianças

que eu atendo, que estão inseridas no

processo de aprendizagem, onde o

brincar foi esquecido.

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IV

Dedicatória

À toda minha família que

me ajuda e me acompanha na

realização dos meus sonhos.

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V

Resumo

O brincar contribui para a evolução, favorecendo mudanças de um

estado para outro mais adiantado, tanto no aspecto cognitivo, quanto no

emocional; ou seja, construindo seu conhecimento, favorece a fantasia, a

imaginação, a percepção, o pensamento, a linguagem, a memória, a atenção, a

fala, além de estimular a auto-estima e a autoconfiança. Porém, este direito da

criança está sendo esquecido devido ao processo acelerado da alfabetização

em algumas escolas consideradas fortes, onde este adjetivo é medido pela

quantidade de tarefas, deixando de ter importância a qualidade do ato de

aprender. A solução seria acoplar o processo de ensino e aprendizagem ao ato

de brincar, visando, assim, suprir um espaço que a criança não mais possui em

seu cotidiano.

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VI

Metodologia

O trabalho foi norteado por pesquisa de enfoque bibliográfico.

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VII

SUMÁRIO

I Introdução Pág. 001

II Aquisição da aprendizagem Pág. 003

III Considerações históricas do brinquedo Pág. 009

IV Etapas do desenvolvimento: criança/brinquedo Pág. 014

V A importância do brinquedo Pág. 019

VI O desenho como brinquedo Pág. 027

VII Conclusão Pág. 031

VIII Bibliografia Pág. 033

IX Anexo Pág. 035

X Índice Pág. 037

XI Folha de Avaliação Pág. 039

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VIII

I

INTRODUÇÃO

O termo brincar – oriundo do latim vinculum (laço, união) – apresenta

uma característica especial na língua portuguesa, não encontrada em outros

idiomas. O dicionário Aurélio o define como “divertir-se infantilmente”. E é

por meio da brincadeira que a criança expressa seus sentimentos e orienta-se

no mundo.

O ato de brincar oferece inúmeras possibilidades, dentre as quais

destacam-se o desenvolvimento e o exercício dos processos mentais e dos

hábitos sociais que levam ao autoconhecimento

Segundo Wenicke (1907), “a brincadeira também é essencial ao

desenvolvimento psicomotor”. Baseando-se no conceito de que

psicomotricidade é a relação do pensamento e da ação, sendo que a emoção

não pode ser desconsiderada, pode-se afirmar que, brincando, a criança põe

em prática todas essas atividades de forma equilibrada e global.

“Brincar é uma oportunidade natural de desenvolvimento cuja criança

vivência, descobre, inventa, estimula sua curiosidade, iniciativa e

autoconfiança” Winnicott (1967). É um aprendizado lúdico em que se

acumulam experiências por tentativas, erros e acertos. Sendo assim, é uma

atividade que se inicia com o bebê, em parceria com a mãe ou com outros

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IX

adultos. Atividades como o “esconde-esconde”, rir, falar, pular, correr, pegar,

desenhar, jogar objetos, proporcionam à criança experiências emocionais: seja

com os limites do prazer, seja com os sentimentos de frustração. O brincar

sustenta muitas ligações com a ilusão, fantasias, criatividade, aprendizagem,

prazer, comunicação verbal e elaboração psíquica.

A partir do contato com objetos e situações diversas nas atividades

lúdicas, estimula-se a linguagem verbal e amplia-se o vocabulário da criança,

pois o interesse pela brincadeira permite que a criança se torne mais fluente.

Também é favorecido o “aprender a aprender”, sem que haja a preocupação de

ensinar, levando a criança a descobrir as coisas graduativamente, à medida

que lida com elas.

A linguagem assim como o brincar constitui uma manifestação

simbólica. Apesar da linguagem ser o meio essencial para a transmissão do

pensamento, a linguagem verbal não é suficiente para satisfazer todas as

necessidades da função simbólica, uma vez que é empregada para transmitir

conceitos e não envolve todas as atividades relacionadas à percepção.

O brincar contribui para a evolução, favorece mudanças de um estado

para outro mais adiantado, tanto nos aspecto cognitivo, quanto no emocional.

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X

II

AQUISIÇÃO DA APRENDIZAGEM

De acordo com Myklebust (1967), “a aprendizagem humana é o

produto de um processo recíproco entre condições internas, inerentes à

criança que aprende (potencial biopsicossocial), e condições externas,

inerentes ao envolvimento social, em que ocorre a aprendizagem e onde se

distinguem os agentes de ensino e todos os seus recursos técnico-didáticos”.

Nas condições internas, englobamos as competências psicomotoras e

psicolingüísticas que a criança apresenta como o seu nível básico de aptidão

(áreas fortes e áreas fracas). Nas condições externas, integramos a

competência científica e reabilitativa dos agentes de intervenção. As dislexias

podem ser o reflexo de inúmeras dispedagogias acumuladas ao longo da

história da criança.

Ao entendermos a aprendizagem seqüencializada e individualizada,

baseada num modelo psiconeurológico, podemos implementar programas de

uma forma sistematizada e estruturada, porém a aquisição será

individualizada, oferecemos alternativas de estimulação e modificação de

comportamento encadeados.

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XI

Aplicando a análise de tarefas e a planificação de objetos de acordo com

o potencial de aprendizagem identificado na criança, pode-se produzir efeitos

imprevisíveis em termos de aprendizagem. A otimização da aprendizagem da

criança subentende a otimização dos recursos humanos e didáticos dos

sistemas de intervenção.

2.1 Fatores que facilitam a aprendizagem

2.1.1 Percepção

O processo total de perceber é uma conduta psicológica que requer

atenção, organização, seleção e que se expressa indiretamente através de

respostas motoras, verbais e gráficas.

Nesse processo os atributos percebidos são categorizados e a linguagem

executa um papel organizador.

A percepção de objetos já conhecidos por via das experiências do

indivíduo ocorre através de um processo mais rápido, pois existe a memória

que será um atalho dentro desse caminho, já os objetos novos ou complexos

passam pelo processo mais longo da percepção.

2.1.2 Atenção

São muitos os estímulos que nos atingem, mas só respondemos àqueles

que são especialmente fortes ou que parecem importantes e correspondem aos

novos interesses.

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XII

A atenção é responsável pela escolha dos elementos essenciais para a

atividade mental ou mantém uma severa vigilância sobre o curso preciso e

organizado da mesma.

Por isso, ao longo do desenvolvimento, o indivíduo passa a ser capaz de

dirigir, voluntariamente, sua atenção para elementos que ele tenha definido

como relevantes.

A atenção é, portanto, uma função superior presente em todos os

estágios de desenvolvimento do indivíduo e essencial na construção das

demais funções cognitivas superiores.

2.1.3 Memória

É um processo ativo e complexo, pois cada indivíduo tem um meio

próprio para chegar a esse objetivo. Cada um com suas próprias associações

para o processo de memorizar um texto. Muitas pessoas, por exemplo, para

memorizar um texto, precisam da percepção visual e auditiva. Há pessoas que

preferem simplesmente a visual; outras, preferem a cinestésica. Mas é claro

que a memória não depende apenas da percepção (sua modalidade sensorial).

Ela está intimamente ligada à atenção, pois esse estado de vigilância vai

proporcionar o tono cortical ótimo, necessário aos processos de memória.

O processo de recordação é de natureza ativa e complexa. A pessoa que

deseja se lembrar de algo, utiliza-se de uma estratégia de lembrança,

escolhendo os meios necessários, distinguindo os sinais e inibindo os não

importantes. O processo de lembrança é uma atividade investigadora e permite

ao indivíduo usar as atividades de linguagem que para a maioria dos

investigadores é o elo essencial na transição da memória de curta para a de

longa distância.

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XIII

2.1.4 Linguagem

Segundo Chomsky (1966), “é uma função inata que permite ao ser

humano a simbolização do seu pensamento e a decodificação do pensamento

do outro”.

Essa função surge do processo de socialização do indivíduo. À medida

que o homem é estimulado pelo ambiente, vai adequando-se a ele e tentando

transformá-lo; faz diferentes associações, entre as áreas sensitivas, perceptivas

e motoras.

A linguagem é uma atividade que exerce algumas funções: a primeira é

a de permitir a comunicação, a transmissão de informações produzidas. Outra

importante função da linguagem é organizar, articular e orientar o

pensamento, permitindo assim que o ser humano se distancie da experiência

imediata, fato que assegura o aparecimento da imaginação e do ato criativo.

Outro aspecto é a possibilidade de abstração e generalização que são muito

importantes para o raciocínio, pois há a passagem do nível dos sentidos para o

nível racional. Por fim, a linguagem pode ser considerada como elemento

central no processo de regulação do comportamento humano. Inicialmente a

conduta das crianças é regulada pelos pais, mas logo a criança aprende a

organizar e controlar seu próprio comportamento.

2.1.5 Fala

Lúria (1977) a considerada um meio especial de comunicação e que usa

a linguagem para a transmissão de informações. É uma forma complexa e

especificamente organizada, que envolve quem expressa a fala e quem vai

receber a mesma.

No início do desenvolvimento da criança, há a fase pré-intelectual, pois

ela usa manifestações verbais e nessa fase a fala está relacionada com a ação,

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XIV

movimentos corporais e descoberta de seu aparato fonoarticulatório. Durante

esta fase o pensamento está se desenvolvendo através da atuação da criança

com o meio externo e na relação com os objetos. A relação com os adultos

será um estímulo para a união do desenvolvimento da linguagem e do

pensamento verbal.

Há dois mecanismos de atividade da fala:

A fala expressiva que começa com o motivo ou idéia geral que é

codificada em um esquema de fala e posta em operação através da linguagem

interna. Estes esquemas são convertidos em fala narrativa, baseada em uma

gramática.

A fala impressiva que segue o curso oposto, quando recebe a fala de

outra fonte, a tentativa de decodificá-la é feita pela análise da expressão falada

e identificação de seus elementos reduzindo-os em um esquema de fala, por

meio da fala interna que é convertida em idéia geral e finalmente é

decodificada.

2.1.6 Pensamento

A idéia que é atualmente aceita por todos é a de que o pensamento é um

ato dinâmico integral e uma atividade mental concreta.

Componentes do pensamento e seus estágios:

1º) o pensamento surge apenas quando o indivíduo tem uma motivo

apropriado que tornou a tarefa urgente e sua solução essencial, e quando a

pessoa é confrontada com uma situação para a qual ela não possui uma

solução já pronta.

2º) segue imediatamente a descoberta da tarefa, refreamento de respostas

impulsivas, investigação das condições do problema, a análise de seus

componentes, o reconhecimento de seus aspectos mais essenciais e das suas

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correlações recíprocas. Esse estágio é vital em qualquer processo de

pensamento, sem o qual nenhum ato intelectual poderia ocorrer.

3º) é a seleção de uma entre inúmeras alternativas possíveis, e a criação de um

plano geral para a execução da tarefa decidindo quais alternativas têm maior

probabilidade de ter sucesso e, ao mesmo tempo, rejeitando-se todas as

alternativas inadequadas.

4º) a escolha de métodos apropriados é o estágio operante do pensamento.

5º) a do ato intelectual, que consiste na solução rela do problema ou a

descoberta da resposta ao problema incorporado na tarefa, e o estágio de

resposta.

6º) comparação dos resultados obtidos com as condições originais da tarefa.

Se os resultados estiverem de acordo com as condições originais do problema,

o ato intelectual está completo, mas se a resposta não corresponder às

condições originais, a busca da estratégia necessária deve reiniciar-se e o

processo de pensamento deve continuar até que seja encontrada uma solução

adequada, que esteja de acordo com as condições.

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XVI

III

CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS DO BRINQUEDO

“A criança que brinca, investiga...”

(Arminda Alberastury)

A inexistência de estudos históricos acerca da evolução do brinquedo no

Brasil leva-nos a adotar a história do brinquedo na sociedade francesa, como

parâmetro, para a análise do tema proposto.

Na França, a evolução do brinquedo acompanha os grandes períodos da

civilização ocidental. Pode-se situar na antiga Roma e na Grécia o nascimento

das primeiras reflexões em torno da importância do brinquedo na educação.

Platão comenta a importância de se aprender brincando em oposição à

utilização da violência e da opressão. Da mesma forma, Aristóteles sugere

para a educação o uso de jogos que imitem atividades sérias, de ocupações

adultas, como forma de preparo para a vida futura. Mas, nessa época, ainda

não se discutia o emprego do jogo como recurso para o ensino da leitura e do

cálculo.

Os jogos destinados ao preparo físico aparecem entre os romanos com a

finalidade de formar os soldados e cidadão obedientes e devotos.

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XVII

Com o advento do Cristianismo, a sociedade cristã forma um Estado

poderoso e toma posse do Império desorganizado, impondo uma educação

disciplinadora.

Os mestres recitam e lêem cadernos. Aos alunos cabe a decoração.

Neste clima não há condições para a expansão dos jogos.

Durante o Renascimento, o aparecimento de novo ideal carregado de

paganismo traz outras concepções pedagógicas. Assim, reabilita-se o jogo.

A partir do momento em que o jogo deixa de ser objeto de reprovação

oficial, incorpora-se no cotidiano dos jovens, não como diversão, mas como

tendência natural do ser humano. Por intermédio de exercícios de caráter

lúdico, as crianças substituem o ensino escolástico pelo emprego das tábuas

murais.

O Renascimento admite cada vez mais a necessidade de exercícios

físicos, banidos pela Idade Média. Exercícios de barra, corridas, jogos de bola

parecidos com o futebol e o golfe são comuns. Aos jogos do corpo, são

acrescidos os do espírito, os quais refletem a presença marcante do

vocabulário dos antigos jogos de cavalaria.

O jogo de cartas educativo é, também, uma invenção desse período.

Percebe que os estudantes não entendem a dialética em imagens, sob forma de

jogos de cartas, engajando os jovens em um aprendizado mais dinâmico. No

século seguinte, continua a expansão dos jogos de caráter educativo. Locke, o

pai do empirismo, reforça essa tese, mostrando que tudo que está na

inteligência passa pelos sentidos. Desta forma, multiplicam-se os jogos de

leitura preconizados por Locke, bem como diversos jogos destinados à tarefa

didática nas áreas de História, Geografia, Moral, Religião, Matemática, entre

outras.

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XVIII

A publicação da Enciclopédia favorece o aparecimento de novos jogos.

Outra característica do século XVIII é a popularização dos jogos educativos.

Antes restritos aos príncipes e nobres, agora tornam-se veículos de divulgação,

crítica e doutrinação popular. Utilizados para o desempenho de papéis, difusão

de idéias e crítica de personagens, tais jogos penetram no cotidiano popular.

Na França, os jogos tradicionais de rua aparecem, brincadeiras com ossinhos,

bola, pular cavalo, escalar muro, balançar pipa e outras. O jogo de ossinhos

demonstra claramente, pela evolução dos materiais empregados na

brincadeira, bem como pelas diversas formas de jogar as peças, a decisiva

influência da cultura.

Esse jogo já está presente na Grécia e sofre variações ao longo dos

séculos e nas diversas regiões quanto ao emprego do material (ossinho,

pedrinhas, saquinhos de pano, tampinhas, etc.). No Brasil, o levantamento de

brincadeiras tradicionais ainda é bastante precário e as pesquisas que

demonstram sua importância para a socialização, integração social, bem como

para o desenvolvimento da linguagem e o desenvolvimento cognitivo, ainda

estão começando.

O início do século XIX presencia o término da Revolução Francesa e o

surgimento das inovações pedagógicas. As escolas esforçam-se para colocar

em prática princípios de facetas no brinquedo: o objeto e a ação de brincar. A

primeira mão merece sua atenção, uma vez que considera os sentidos uma

fonte nem sempre fidedigna de conhecimento. É a ação do sujeito, a relação

estabelecida pela inteligência, que julga relevante ao desenvolvimento infantil.

Mas é com Froebel que o jogo, entendido como objeto e ação de brincar, passa

a fazer parte da história da educação pré-escolar. Partindo do pressuposto de

que, manipulando e desmontando cubos, a criança estabelece relações

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XIX

matemáticas e adquire noções primárias de Física e Metafísica, assim como as

ocupações manuais (recorte, colagem, tecelagem, dobradura, etc.).

Os jogos existentes no século XIX perduram até a I Guerra Mundial,

mas com a aproximação da guerra cresce a oferta de jogos militares. Findo o

conflito, jogos militares dão lugar às práticas esportivas, predominando, no

mercado, trens elétricos, autoramas, bicicletas, patins, etc., mostrando a

valorização do esporte em detrimento do militarismo.

A médica italiana Maria Montessori elabora uma metodologia de ensino

destinada às crianças deficientes mentais, empregando materiais criados por

Itard e Séguin, com o objetivo de implementar a educação sensorial.

Nasce a concepção de infância construída ao longo de cinco longos

séculos. A infância, entendida como o período especial na evolução do ser

humano traz a adoção de práticas educativas que prevalecem até hoje: a

criança passa a ser vestida de acordo com sua idade, brinca com cavalinhos de

pau, piões e passarinhos e têm permissão para se comportar de modo distinto

do adulto. Abre-se, assim, um espaço propício ao nascimento da Psicologia

Infantil, que desabrocha, no século XX, com a produção de pesquisa e teorias

que discutem a importância do ato de brincar para a construção de

representações infantis. Estudos e pesquisas de caráter psicogenético,

encabeçados por Piaget, Bruner, Vigotsky, entre outros, fecundam relevantes

pressupostos para a construção de representações infantis relacionadas às

diversas áreas do conteúdo, influenciando as atividades curriculares dos novos

tempos. Complementam tais estudos, pesquisas de caráter interdisciplinar,

demonstrando que o ato de brincar, assim como outros comportamentos do ser

humano, sofre intensa influência da cultura na qual está inserida a criança. O

fato de cada cultura apresentar relativa continuidade histórica e, de certa

forma, uma especificidade que pode se refletir nas condutas lúdicas, faz

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emergir a valorização dos brinquedos e brincadeiras tradicionais como nova

fonte de conhecimento e de desenvolvimento infantil.

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XXI

IV

ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO: CRIANÇA/ BRINQUEDO

Cada criança é uma pessoa singular, com um temperamento, estilo de

aprendizagem, antecedentes familiares e padrão de crescimento específicos.

Contudo, há seqüências universais e previsíveis de crescimento e mudança

que ocorrem durante os primeiros nove anos de vida. À medida que se

desenvolve, a criança necessita de diferentes tipos de estímulo e interação para

exercitar suas aptidões e desenvolver aptidões novas. Em qualquer idade, o

essencial é satisfazer as necessidades básicas de saúde e nutrição.

4.1 Do nascimento aos 3 meses

O que a criança faz: Começa a sorrir. Acompanham pessoas e objetos com

olhos. Prefere rostos e cores brilhantes. Estende a mão, descobre as mãos e os

pés. Ergue a cabeça e vira-se na direção do som. Chora, mas em geral se

acalma ao ser apanhada.

De que necessita: Proteção contra perigos físicos. Nutrição adequada.

Cuidados de saúde adequados (imunização, terapia de reidratação oral,

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XXII

higiene). Estímulo motor e sensorial. Estímulo de linguagem apropriado. Pais

sensíveis.

4.2 Dos 4 aos 6 meses

O que a criança faz: Sorri muito. Prefere os pais e irmãos mais velhos. Repete

ações com resultados interessantes. Ouve com atenção, responde quando se

lhe fala. Ri, balbucia, imita sons. Explora mãos e pés. Põe objetos na boca.

Senta-se quando apoiada, rola, arrasta-se, agita-se. Agarra objetos sem usar o

polegar.

4.3 Dos 7 aos 12 meses

O que a criança faz: Lembra-se de eventos simples. Identifica a si, partes do

corpo, vozes familiares. Compreende seu nome, outras palavras comuns. Fala

primeiras palavras com significado. Explora, bate, sacode objetos. Acha

objetos escondidos, põe objetos em recipiente. Senta-se sozinha. Engatinha,

fica de pé, anda. Pode parecer tímida ou “estranhar” desconhecido.

Jogos para bebês

Brinca com seus pés e mãos e logo passa a descobrir e brincar com as

mãos dos outros e também com o rosto. Os seus brinquedos preferidos são o

chocalho, mordedores e móbiles. Gosta de brincar na banheira e de esconde-

esconde.

4.4 De 1 a 2 anos

O que a criança faz: Imita ações dos adultos. Fala e entende palavras e idéias.

Gosta de histórias e de experimentar objetos. Anda com firmeza, sobe escadas,

corre. Afirma independência, mas prefere pessoas conhecidas. Reconhece a

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XXIII

propriedade de objetos. Desenvolve amizades. Resolve problemas. Sente-se

orgulhoso do que consegue fazer. Gosta de ajudar nas tarefas. Começa a

brincar de faz-de-conta.

De que necessita: O mesmo da crianças menores e apoio para: adquirir

habilidades motoras, de linguagem e de pensamento. Desenvolver

independência e autocontrole. Brincar com outras crianças e ter

oportunidades de explorar.

Jogos de 1 a 2 anos

Brinquedos com roda para puxar e empurrar, brinquedos para abrir e

fechar, cubos para encaixar, empilhar, manipular, montar, blocos para

construir, bolas, carrinhos sem controle e instrumentos musicais. Bonecas de

pano, brinquedos educativos com cores.

4.5 De 2 a 3 anos e meio

O que a criança faz: Gosta de aprender novas habilidades. Aprende linguagem

rapidamente. Sempre ativa. Aprende a controlar as mãos e os dedos. Fica

facilmente frustrada. Age com maior independência, mas ainda é dependente.

Representa cenas familiares.

De que necessita: Além do anterior, oportunidades para fazer: escolhas, jogos

teatrais. Ler livros cada vez mais complexos. Cantar canções favoritas. Montar

quebra-cabeças simples.

Jogos de 2 a 3 anos e meio

Massinha de modelar, brinquedos musicais, cantigas de roda, jogos de

bola, jogos de esconder, gostam de ouvir histórias e começam a criar as suas

próprias, velocípede, quebra-cabeças simples.

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XXIV

4.5 De 2 a 3 anos e meio

O que a criança faz: Tem muita atenção. Age de maneira tola ou impetuosa,

pode usar linguagem chocante. Fala muito, faz muitas perguntas. Quer coisas

adultas, mantém projetos de arte. Testa cautelosamente aptidões físicas e

coragem. Mostra expressão em jogo teatral. Gosta de brincar com amigos, não

gosta de perder. Compartilha e pode dar a vez a outros.

De que necessita: Além do anterior, oportunidades para: adquirir aptidões

motoras finas. Continuar expandindo aptidões lingüísticas através da fala,

leitura e canto. Aprender a cooperação ajudando e compartilhando.

Experimentar habilidades de pré-escrita e pré-leitura.

Jogos de 3 e meio a 5 anos

Algumas brincadeiras de correr, de bola, corridas, jogos de pular, de

puxar e empurrar, jogos dos sentidos (como cabra-cega), jogos de observação

(como a forca), jogos de memória.

4.7 De 5 a 8 anos

O que a criança faz: Mostra curiosidade em relação a pessoas e em relação a

como o mundo funciona. Mostra crescente interesse em números e letras,

leitura e escrita. Tornam-se cada vez mais interessadas em produtos finais.

Ganha mais confiança em habilidades físicas. Usa palavras para expressar

sentimentos e lidar com as situações. Gosta de atividades adultas. Torna-se

mais sociável, brinca cooperativamente.

De que necessita: Além do anterior, oportunidades para: desenvolver aptidões

numéricas e de leitura. Resolver problemas. Praticar trabalho em equipe.

Adquirir senso de competência pessoal. Praticar questionamento e observação.

Adquirir habilidades básicas de vida.

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XXV

Jogos de 5 a 8 anos

O mesmo que os outros jogos e mais jogos envolvendo a lateralidade,

noções espaciais, livros, jogos de memórias, esportes, jogos de controle (como

estátua, corridas num pé só).

4.8 De 9 a 11 anos

Diminui a tensão e as asperezas anteriores. O seu comportamento é

mais acessível e responsável. É ativa, tem numerosos interesses como:

trabalho escolar, alcançar êxitos em qualquer tarefa, fazer sempre coisas...

Está também atarefada com as suas preocupações. O seu mundo imaginário é

mais real que o verdadeiro. Têm grande capacidade de proteção, projetada,

especialmente em crianças menores, animais, etc.

Jogos de 9 a 11 anos

Jogos de correr (como caça-bandeiras, gato e rato) esportes, jogos dos

sentidos, de observação (como a forca, o jogo da velha), de controle, jogos de

atenção (como jogos de memória), jogos de prenda (como gincanas).

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XXVI

V

A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO

Jogos, brinquedos e brincadeiras fazem parte do mundo da criança, pois

o brincar está presente na humanidade desde o seu início. Para Didonet (1994)

o brincar antecede a humanidade. Segundo o autor, os animais também

brincam, embora o ser humano, ser-de-cultura, brinque diferente. Pelo jogo,

este mergulha num clima lúdico dentro da qual a realidade tem conteúdo e

simbologia próprios dos jogadores-criança. O brincar, é portanto, uma

atividade natural, espontânea e necessária para a criança, constituindo-se, por

isso, em peça importantíssima na sua formação. Seu papel transcende o mero

controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável,

já que através dessas atividades a criança constrói seu próprio mundo.

Segundo Rodrigues (1976), a função dos jogos e dos brinquedos não se

limita ao mundo das emoções e da sensibilidade, ela aprece ativa também no

domínio da inteligência e coopera, em linhas decisivas, para a evolução do

pensamento e de todas as funções mentais superiores. Assume também uma

função social, e esse fato faz com que as atividades lúdicas extravasem sua

importância para além do indivíduo.

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XXVII

A brincadeira de faz-de-conta – mágica por excelência – aparece com

maior freqüência entre os dois e os quatro anos e é considerada uma das fases

mais marcantes da fantasia infantil A criança, quando se desenvolve nesta

brincadeira, assume papéis da vida adulta, e isso proporciona que ela faça a

mediação entre o real e o imaginário. Conforme Rodrigues (1976), esse

“fingimento” da realidade, vivenciado no faz-de-conta, distingue-se da

imitação e constitui-se numa recriação das percepções da criança.

Nesta perspectiva, devemos “olhar” o brinquedo como um fator de

extrema relevância no desenvolvimento infantil.

5.1 O Direito de brincar

O brincar é um direito da criança, e este direito é reconhecido em

declarações, convenções e leis, como nos mostram a Convenção sobre os

Direitos da Criança d 1989, adotada pela Assembléia das Nações Unidas, a

Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e o Estatuto da

Criança e do Adolescente. Todas são conquistas importantes que colocam o

brincar como prioridade, sendo direito da criança e dever do Estado, da

família e da sociedade. Essa é uma questão legal e aceita por todos.

Dificilmente alguém questiona tal direito, mas sabe-se, por outro lado, que ele

não está sendo cumprido. Muitas crianças não brincam, enquanto outras

brincam pouco. E as razões desse não-brincar se manifestam de diversas

formas.

Muitas crianças perdem o direito de brincar nos primeiros anos de sua

infância, por deficiência física ou mental ou por estarem hospitalizadas, e há

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XXVIII

outras, ainda, que trabalham para ajudar os pais no sustento da família. A

ausência do brinquedo, entretanto, não as impede de brincar, pois elas usam a

imaginação. Contudo, sabemos que o brinquedo é um suporte material que

facilita o ato de brincar.

Não se pode esquecer, no entanto, que também as crianças das classes

média e alta muitas vezes são tolhidas de seu direito de brincar, pois os seus

pais as matriculam em diversos cursos (natação, dança, ginástica, música,

judô) como se isso fosse o melhor para elas, levando-as, em alguns casos, ao

estresse infantil, causado pelo cansaço físico e pela ansiedade (Didonet, 1994).

Um outro aspecto a citar é que a falta de espaço físico ocasionada pelo

progresso da civilização tem dificultado o ato de brincar. O planejamento

urbano esqueceu-se das praças públicas e jardins; as casas perderam os

quintais e transformaram-se em minúsculos apartamentos; as praças existentes

e as ruas tornaram-se violentas; as mães que tomavam conta dos seus filhos

abraçaram o mercado de trabalho; as crianças ficaram com pouco espaço

físico para sua ludicidade.

É necessário considerar sempre o brincar como um ato de grande

importância, que oportuniza às criança a escolha entre os múltiplos tipos de

brinquedos oferecidos na sociedade. Podemos afirmar, sem dúvida, que tanto

as brincadeiras de rodas cantadas, as dramatizações como os brinquedos

industrializados e os artesanais são, imprescindíveis na vivência infantil.

5.2 Brinquedo industrial/ Brinquedo artesanal

O brinquedo é um objeto facilitador do desenvolvimento das atividades

lúdicas, que desperta a curiosidade, exercita a inteligência, permite a

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XXIX

imaginação e a invenção. Segundo Andrade (1994), o brinquedo propõe à

criança um mundo do tamanho de sua compreensão.

A criança gosta de brincar, além de gostar também de brinquedos como

carrinhos, bonecas, pipas, bolas, trenzinhos, casinhas, bichos de pelúcia, entre

outros. A produção desses brinquedos se dá de forma industrializada e

artesanal.

5.3 O acesso a todas as crianças

A indústria produz brinquedos em larga escala, dominando o mercado e

sendo responsável pela demanda. Seu produto, além de apresentar alto custo,

geralmente é brinquedo onde tudo está pronto, onde basta apertar um botão

para funcionar, em muitos casos a criança sendo apenas espectadora, pois não

interage com o objeto, não cria e não participa efetivamente.

O mercado expões brinquedos atraentes independentemente da

importância que possam ter para a criança e neste sentido interferem também

na questão cultural. Tais brinquedos reproduzem personagens, nomes,

atitudes, valores de culturas estrangeiras que nada têm a ver com nossas

crianças. A indústria os fabrica pensando, antes de mais nada em encontrar

quem os compre.

A força da multimídia contribui para o consumo de massa e o brinquedo

passa a ser consumido por outros fatores e não pelo seu valor intrínseco. Em

vista disso, a análise e a seleção desses brinquedos passam a ser de suma

importância, pois a adequação da escolha deve realmente contribuir para a

formação e o desenvolvimento da criança. Contudo, não se pode afirmar que

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XXX

todo o brinquedo industrializado é negativo, pois existem no mercado

inúmeros exemplos que provam o contrário. Além disso, ele pode servir de

base para a recriação de outros brinquedos, adaptando-os à realidade; nessa

adaptação, podem ser utilizados materiais de baixo custo, como a sucata,

acrescentando a eles o caráter lúdico, a alegria e o encantamento da recriação

e mantendo vivo o espaço dos outros tipos de brinquedos.

O brinquedo artesanal, por outro lado, sempre se fez presente em nossa

sociedade, sendo caracterizado pelo meio sócio-cultural onde é produzido,

representando, assim, a realidade concreta desse meio. Segundo Oliveira

(1984), as mãos humanas são capazes de exprimir o que máquina alguma

poderia fazer, ou seja, nossa própria identidade. No entanto, o fato de nossa

sociedade estar organizada para a produção e o para o consumo de

mercadorias, faz com que os brinquedos artesanais muitas vezes sofram

discriminação. Ainda conforme o autor, tal problema não se esgota na esfera

sócio-econômica, repercutindo também na escola e na família.

Apesar dessas questões, um aspecto importante no brinquedo artesanal é

que ele também proporciona momentos de ludicidade para o adulto que o cria,

confecciona e sente o prazer de vê-lo pronto e não só para a criança que

brinca. Sendo assim, esses brinquedos sempre terão espaço muito importante

na formação social das pessoas; para Oliveira (1984) são insubstituíveis por

serem concebidos e realizados na sua totalidade por homens e não por

máquinas, no ritmo humano, como produto da habilidade, da fantasia e da

capacidade criadora de cada um. E incentivar a criação do brinquedo artesanal

é fundamental, pois, além, de seu valor intrínseco, é mais acessível às classes

menos favorecida.

O brinquedo artesanal sempre será valorizado por suas características e

fins específicos, não precisando do contraponto ao brinquedo industrializado

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XXXI

para se mostrar importante. Como é possível perceber, ambos desempenham

papel decisivo na vida das crianças, o que torna necessário valorizar os dois

tipos como suporte às atividades lúdicas.

5.4 A Sucata

A sucata é um suporte potencial para a atividade infantil, porém, alguns

cuidados devem ser tomados no seu uso. Não é com todo material descartável

que a criança pode brincar; além disso, é necessário que este material esteja

limpo, organizado e não ofereça perigo. Ou seja, é preciso distinguir sucata de

lixo.

Para a construção de jogos e brinquedos com material de sucata o

essencial não é o objeto em si, mas sim o que ele pode oferecer. Segundo

Andrade (1994), o principal é que um objeto de sucata pode contribuir no

contexto do jogo. Não é qualquer coisa jogada fora que serve, cada elemento

deverá ter uma função específica, seu lugar próprio na organização que faz

parte do processo de criação.

É importante a construção de uma sucatoteca – isto é, um conjunto de

materiais descartáveis que pressupõe limpeza, seleção e análise da matéria-

prima, tanto quantitativa, quanto qualitativamente. Além disso, são necessárias

para a produção artesanal materiais (acessórios de boa qualidade), como

tesouras, estiletes, colas e espaço adequado.

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XXXII

5.5 Brinquedoteca

A Brinquedoteca é uma nova instituição que nasceu neste século para

garantir à criança um espaço destinado a facilitar o ato de brincar. É um

espaço que se caracteriza por possuir um conjunto de brinquedos, jogos e

brincadeiras, oferecendo um ambiente agradável, alegre e colorido, onde o

mais importante que os brinquedos á a ludicidade que estes proporcionam.

Este ambiente criado especialmente para a criança tem como objetivo

estimular a criatividade, desenvolver a imaginação, a comunicação e a

expressão, incentivar a brincadeira do faz-de-conta, a dramatização, a

construção, a solução de problemas, a socialização e a vontade de inventar,

colocando ao alcance da criança uma variedade de atividades que, além de

possibilitar a ludicidade individual e coletiva, permite que ela construa o seu

próprio conhecimento.

A primeira idéia de Brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles. A

idéia nasceu para tentar resolver o problema das crianças de uma escola que

roubavam brinquedos de uma loja próxima. Com este fato, iniciou-se um

serviço de empréstimo de brinquedos. Tal serviço, existe até hoje e é chamado

Los Angeles Toyloam, porém sua expansão se deu, realmente, a partir da

década de sessenta (Cunha, 1992).

Em 1963, em Estocolmo/Suécia, surgiu a primeira Ludoteca, tendo

como objetivos a orientação de pais de crianças excepcionais, o estímulo à

aprendizagem e o empréstimo de brinquedo.

Em 1967, na Inglaterra surgiram as Toy Libraries ou Bibliotecas de

Brinquedos.

A partir do I Congresso sobre o assunto, realizado em 1976 em Londres,

segundo Cunha (1992), o trabalho que inicialmente era só de empréstimo de

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brinquedos foi-se tornando cada vez mais abrangente e, em 1987, no

Congresso Internacional de Toy Libraries, no Canadá, foi questionada a

adequação do nome Toy Libraries, visto que nelas muitos outros trabalhos

eram realizados e não só o empréstimo de brinquedos. A partir daí, a

Brinquedoteca assumiu várias funções, e o movimento nesta área ganhou

força e expansão em vários países da Europa.

No Brasil, constata-se também o reflexo desse movimento, surgindo,

em 1973, a Ludoteca da APAE, que funcionava sob a forma de rodízio de

brinquedo entre as crianças.

Em 1981, foi criada a primeira Brinquedoteca brasileira, na Escola

Indianápolis, em São Paulo, com objetivos diferenciados das Toy Libraries e

com características e filosofia voltadas às necessidades da criança brasileira,

priorizando o ato de brincar, mantendo o setor de empréstimos, atendendo

diretamente a criança e dando incentivo a um movimento de expansão da idéia

a outras pessoas e instituições.

Em 1984, foi criada a Associação Brasileira de Brinquedoteca, o que fez

crescer o movimento no Brasil. Inúmeros eventos foram realizados,

começando a surgir brinquedotecas em vários locais do Brasil. Desde então, a

Associação Brasileira tem se mantido atuante na divulgação, no incentivo e na

orientação a pessoas e instituições. Hoje existem aproximadamente cento e

oitenta brinquedotecas, de vários tipos e funções, funcionando no Brasil e

levando às crianças a alegria e a magia do brincar.

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XXXIV

VI

O DESENHO COMO BRINQUEDO

Toda criança tem prazer em desenhar tendo um instrumento, deixando

assim uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o pedaço de tijolo no

cimento, o carvão nos muros e calçadas, o lápis e o pincel com tinta no papel;

a criança no ato de brincar vai deixando sua marca, criando jogos, contando

suas histórias, desenhando o seu espaço, ou seja, a criança desenha para

brincar com possibilidade em lançar-se para frente, projetar-se.

Segundo Ostrower (1977), veríamos a criança com uma maneira própria

para desenhar variando apenas a idade, inclusive esta maneira varia muito

pouco de cultura para cultura. Na realidade, o que muda são os objetos

relacionados à vivência da criança. O ato de criar é um estado de

envolvimento onde a dor e o prazer estão juntos. Na criança, o criar está em

todo o seu viver e agir, buscando crescimento e realização.

Segundo Piaget (1975), desenvolvendo o traçado teremos as etapas do

jogo e em separado, ao citar Luquet, as etapas do desenho, já que o desenho é

uma forma de jogo. A criança pequena desenha pelo prazer do gesto, para

produzir uma marca. O início do desenho da criança é incompreensível para o

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XXXV

adulto e isto é a garatuja que se inicia longitudinal e desordenada até adquirir

ritmo.

Aos poucos estes exercícios vai adquirindo outras formas, estando

assim, no período sensório-motor interagindo com o mundo, conquistando

novas estruturas de movimento. Nesta fase, não tem representação de qualquer

espécie, podendo até nomear seu desenho se o adulto insistir. Porém, este

desenho (exercício) não se interessa pela cor, sendo esta escolhida ao acaso,

de preferência a cor que estiver mais próxima.

Esta garatuja se modifica e conquista novos movimentos, que

longitudinais vão se arredondando, ficando circulares, enrolando-se e se

espiralando, surgindo círculos soltos, bolinhas. Esta conquista marca o esboço

de uma representação, marcando geralmente o início de uma necessidade de

nomear os desenhos, adquirindo o caráter de jogo simbólico considerando o

desenho como linguagem.

O desenho-jogo simbólico vai conquistando novas formas, aparecendo

figuras fechadas, com inscrições dentro e fora, surgindo os primeiros bonecos,

ainda não existindo organização destas figuras no espaço e a cor que era

indiferenciada começa a se destacar, apesar de ser totalmente arbitrária.

O desenho começando a se estruturar como linguagem, com bonecos,

flores, representa uma evolução no nível de pensamento, podendo-se falar em

pensamento pré-operacional, utilizando símbolos que espelham o ambiente,

formas mais estruturadas.

No pensamento operacional concreto, temos o compromisso com o real.

O uso da cor na procura com a semelhante cor do objeto, busca crescente entre

o que é desenhado e o objeto real.

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XXXVI

No pensamento formal na fase da adolescência teremos a abstração, a

cor arbitrária, desenho como analogia, seguindo para uma nova conquista na

linguagem plástica.

6.1 Desenho estacionado na infância

Tendo em vista que toda a criança desenha, este mesmo desenho não

acompanha esta criança em seu crescimento, às vezes as próprias crianças em

uma série mais adiantada afirmam que não sabem desenhar.

“Se os desenhos das crianças são objeto de nossa curiosidade é porque

quase não existem desenhos de adultos” Widlocher (1971).

No decorrer do desenvolvimento infantil, o desenho, de forma muito

rápida, fala e se cala, e entre o desenho-certeza e a certeza de não saber

desenhar está a escolarização.

Segundo Snyders (1977), a escola vem sofrendo transformações, porém,

sempre se apresenta como reprodutora dos valores e ideais da sociedade, onde

o adulto perdeu suas possibilidades de expressão classificando os jogos e o

desenho como manifestações infantis.

Fica bem visível que a criança ao adentrar determinadas escolas, que se

consideram fortes, deixam a forma de expressar própria da criança para seguir

um padrão escolar imposto, caracterizando uma dependência cada vez maior

da criança em relação ao adulto para utilizar o seu lado lúdico. Existindo uma

supervalorização de um ensino verbal, baseado em atividades intelectuais e

abstratas, em detrimento da descoberta, do jogo, da criação e da pesquisa.

A criança em plena fase de desenvolvimento e exploração tendo gestos

bem amplos é posta quase que imóvel, sentada durante horas em cadeiras

enfileiradas para obter uma dominação deste ser repleto de prazer e desejos.

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XXXVII

Nos habituamos com a separação da sala de aula da sala de artes e, às

vezes, nos deparamos com alguns profissionais que se julgam educadores,

aplicando como forma de castigo a não ida da criança à sala de artes, não se

dando conta que através da arte a criança expõe seus sentimentos e mostra a

sua personalidade.

A sala de aula ideal para os primeiros anos escolares deveria ser

equipada com materiais diversificados a fim de oferecer diversas

possibilidades de experimentos, evitando, assim, a uniformidade dos desenhos

que se tornam ações puramente mecânicas. Com isso, cada um pode encontrar

(criança) ou reencontrar (adulto) o seu próprio canal expressivo.

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XXXVIII

VII

Conclusão

“O sistema nervoso aprende fazendo.” (Moore)

“Aquele que é capaz de aprender deve ser capaz de sentir (Von

Randow).”

Na prática clínica em Fonoaudiologia, vendo crianças com dificuldades

no ato de aprender e apreender, nota-se que o lúdico inserido em todo o

processo de aprendizagem seria um recurso facilitador da fantasia,

imaginação, criatividade, comunicação verbal, memória, atenção, motricidade,

conceitos além de estimular a auto-estima e a autoconfiança, ou seja,

vivências lúdicas providenciam todo o tipo de desenvolvimento, porém com

prazer.

Nota-se também que nos dias de hoje estas mesmas crianças encontram

dois grandes obstáculos em suas vidas: o espaço físico e o tempo. O espaço

físico está cada vez mais restrito para o desenvolvimento infantil. Em outras

épocas, as crianças moravam em casas com árvores e pequenos quintais. O

fator tempo gera pequenos trabalhadores inseridos em inúmeras tarefas, que,

às vezes, os afastam da tarefa primordial para o desenvolvimento da sua vida

física, emocional e cognitiva: a brincadeira.

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XXXIX

A entrada deste pequeno ser na escola está sendo adiantada e,

consequentemente, adiantou-se também a expectativa quanto à alfabetização,

apresentando uma competitividade dos pais com relação aos seus filhos e com

relação à escola forte, cujo adjetivo é resultado da quantidade de tarefas

escritas da escola, na escola e para casa. O que afasta cada vez mais as

crianças do ato de brincar.

Tendo norteada a visão de trabalho para a aplicação do brincar, deixa-se

um pensamento e um pedido que o processo de aprendizagem como um todo,

possa ser acoplado à brincadeira, visando a facilitação da aprendizagem,

vivenciando a criança, assim, todos os canais de entrada do saber que são os

nossos sentidos.

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XL

VIII

BIBLIOGRAFIA

RONCADA, Ana Maria G. A. e MARQUEZ, Maria Regina G. A. 100 Jogos

aplicados à Fonoaudiologia prática. Ed. Lovise, 1998.

GOLDFELD, Marcia. Fundamentos em Fonoaudiologia, Linguagem. Ed.

Guanabara Koogan, 1998.

WEISS, Maria Lúcia. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos

problemas de aprendizagem escolar. Ed. DP&A, 2003.

MOREIRA, Ana Angélica Albano. O espaço do desenho: a educação do

educador. Ed. Loyola, 1993.

YOZO, Ronaldo Yudi K. 100 Jogos para grupos. Uma abordagem

psicodramática para empresas, escolas e clínicas. Ed. Agora, 1979.

JOSEPH, H. Di Leo. A interpretação do desenho infantil. Ed. Artes Médicas,

1985.

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XLI

JOHNSON, Doris J. e MYKLEBUST, Helmer R. Distúrbios da

aprendizagem. Ed. Universidade de São Paulo, 1973.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O brinquedo na educação – Considerações

históricas. São Paulo, ed. Loyola, 1988.

CUNHA, Nilse Helena Silva. Binquedoteca: um mergulho no brincar. São

Paulo, ed. Maltese, 1994.

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XLII

IX

ANEXO

Paciente: A.S.M.

Idade: 7 anos e 3 meses

Classe: 1ª série do ensino fundamental

Método utilizado pela escola: Misto.

Parecer escolar: Não participação das atividades, em especial as que

precisavam de leitura e escrita, parecendo não querer ler por uma imaturidade.

Relato da família: Chorava, porque não queria ir para a escola e os cadernos

eram feios.

Relato da criança em terapia: Não gostava de ir para a escola, pois tudo o que

ele fazia a “tia” olhava e não dava a estrelinha de certo e que ele não

conseguia, às vezes, ler e escrever algumas palavras.

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XLIII

Terapia: O enfoque terapêutico foi baseado na autoconfiança e na auto-

estima. Trabalhamos com brincadeiras a parte psicomotora. Trabalhamos com

sucata, jogos, desenhos, visando desenvolver o prazer, a satisfação, a alegria

em aprender para poder brincar com outros jogos.

A criança apresentava criatividade, resolvia situações problemáticas,

construindo e juntando, apresentava sempre um desenho acabado, explicando

o que havia desenhado, ou seja, contrariava em terapia o comportamento que

apresentava em sala de aula. Hoje, A.S.M., com 8 anos e 9 meses de idade

cronológica, é uma criança que lê, escreve e interpreta, totalmente inserida no

processo de aprendizagem, não se achando incapacitado. A evolução da

terapia foi obtida através da compreensão da família em aceitar a mudança de

escola, para que a terapia pudesse surtir o efeito desejado, já que era voltada

para a brincadeira como elemento facilitador da aprendizagem, do prazer de

aprender e expor o que aprendeu sem medo de estar certo ou errado.

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XLIV

X

ÍNDICE

Folha de Rosto II

Agradecimentos III

Dedicatória IV

Resumo V

Metodologia VI

I Introdução Pág. 001

II Aquisição da aprendizagem Pág. 003

2.1 Fatores que facilitam a aprendizagem Pág. 004

2.1.1 Percepção Pág. 004

2.1.2 Atenção Pág. 004

2.1.3 Memória Pág. 005

2.1.4 Linguagem Pág. 006

2.1.5 Fala Pág. 006

2.1.6 Pensamento Pág. 007

III Considerações históricas do brinquedo Pág. 009

IV Etapas do desenvolvimento: criança/brinquedo Pág. 014

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XLV

4.1 Do nascimento aos 3 meses Pág. 014

4.2 Dos 4 aos 6 meses Pág. 015

4.3 Dos 7 aos 12 meses Pág. 015

4.4 De 1 a 2 anos Pág. 015

4.5 De 2 a 3 anos e meio Pág. 016

4.6 De 2 a 3 anos e meio Pág. 017

4.7 De 5 a 8 anos Pág. 017

4.8 De 9 a 11 anos Pág. 018

V A importância do brinquedo Pág. 019

5.1 O direito de brincar Pág.020

5.2 Brinquedo industrial/ Brinquedo artesanal Pág. 021

5.3 O acesso a todas as crianças Pág. 022

5.4 A Sucata Pág. 024

5.5 Brinquedoteca Pág. 025

VI O desenho como brinquedo Pág. 027

6.1 Desenho estacionado na infância Pág. 029

VII Conclusão Pág. 031

VIII Bibliografia Pág. 033

IX Anexo Pág. 035

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XLVI

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Projeto Vez do Mestre

TÍTULO DA MONOGRAFIA

O lúdico como facilitador da aprendizagem

Nome do Autor

Sandra Regina Nascimento Agostinho

Nome do Orientador

Fabiane Muniz

Data de entrega:

08/03/2004

Avaliado por: _____________________________________

Grau: ___________________________________________

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XLVII