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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA ESTUDO COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA À TORÇÃO DE MINIIMPLANTES ORTODÔNTICOS, SUBMETIDOS À REINSERÇÃO ÓSSEA FABIO SCHEMANN-MIGUEL Dissertação apresentada à Universidade Cidade de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ortodontia. São Paulo 2008

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

ESTUDO COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA À TORÇÃO DE MINIIMPLANTES ORTODÔNTICOS, SUBMETIDOS À

REINSERÇÃO ÓSSEA

FABIO SCHEMANN-MIGUEL

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

São Paulo

2008

UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO CURSO DE MESTRADO EM ORTODONTIA

ESTUDO COMPARATIVO DA RESISTÊNCIA À TORÇÃO DE MINIIMPLANTES ORTODÔNTICOS, SUBMETIDOS À

REINSERÇÃO ÓSSEA

FABIO SCHEMANN-MIGUEL

Dissertação apresentada à Universidade

Cidade de São Paulo, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira

São Paulo

2008

Ficha Elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza . UNICID S323e

Schemann-Miguel, Fabio. Estudo comparativo da resistência à torção de miniimplantes ortodônticos, submetidos à reinserção óssea. / Fabio Schemann-Miguel. São Paulo, 2008. 126 p.; anexos. Bibliografia Dissertação (Mestrado) – Universidade Cidade de São Paulo - Orientadora: Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira. 1. Implantes dentários. 2. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. 3. Torque. 4. Resistência de materiais. 5. Ortodontia. I. Cotrim-Ferreira, Flávio Augusto.

BLACK. D762 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE E COMUNICADA AO AUTOR A REFERÊNCIA DA CITAÇÃO. São Paulo, ____ / ____/ _____

Assinatura: _____________________________

e-mail:

FOLHA DE APROVAÇÃO

Schemann-Miguel, F. Estudo comparativo da resistência à torção de miniimplantes ortodônticos, submetidos à reinserção óssea [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.

São Paulo, ____/____/_______

Banca Examinadora

1) Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira (Orientador)

Julgamento: ......................................... Assinatura: ...................................................

2) Prof. Dr. Paulo Francisco Cesar (prof. Convidado)

Julgamento:.......................................... Assinatura: ...................................................

3) Prof. Dr. Flavio Vellini Ferreira.

Julgamento:........................................... Assinatura: ..................................................

Resultado: .............................................................................................................

Como podemos dizer obrigado às

pessoas que nos ajudaram e incentivaram?

No passado de todos, houve pessoas

muito especiais que fizeram o que outros não

queriam. Todos queremos retribuir a

bondade que nos mostraram, mas o fato é

que nunca se pode retribuir completamente.

Você pode tentar, mas sempre fica devendo,

em qualquer tentativa. Só há uma maneira de

saldar a dívida. Passar essa bondade adiante

para alguém que precisa de incentivo ou

auxílio. Passe adiante... é assim que se diz

“Obrigado”.

Dedicatória

Aos meus pais Mário e Mônica pelo amor com que me deram o

presente da vida e por serem meus mestres e modelos.

À minha esposa Delaini, pela constante fonte de sabedoria, amor,

carinho e incentivos para minha superação, e pelos dois filhos

maravilhosos que me presenteou.

Aos meus filhos Lucca e Enzo que me fizeram ver o mundo de outra

forma, e aprender a intensa tarefa de ser pai.

Ao Prof. Celso de Camargo Barros um “pai ortodôntico”.

À Prof. Marília Marques Netto Mercadante modelo de pessoa e

professora a ser seguido, cuja ausência é sentida e lembrada.

Ao Prof. Armando Salles Martins que deixou ensinamentos

preciosos e muitas saudades.

Agradecimentos especiais

A Deus que me presenteou com uma vida perfeita e ainda me guia pelo

melhor caminho, sempre.

Ao Prof. Dr. Flávio Vellini Ferreira que tem a grandeza de um mestre e a

humildade de quem se considera um simples professor. Nessa humildade me

ensinou a pesquisar e no exemplo de vida ensinou-me a lutar para atingir minhas

metas.

Ao meu orientador Prof.Dr. Flávio Cotrim-Ferreira, uma pessoa ímpar,

meigo, sensato, um mestre na arte de gerenciar, hábil em extrair o melhor das

pessoas, a você meu muito obrigado!

À Professora Alessandra Motta Streva pela sua ajuda inestimável na

elaboração dessa tese.

Ao Professor Hélio Scavone Júnior nos prestigiando com seus

conhecimentos.

Ao Professor Paulo Eduardo Guedes Carvalho que se dedicou de forma

especial em todos os momentos, sempre corrigindo nossas falhas para nos

tornar melhores educadores.

Às professoras do corpo docente do curso de mestrado da UNICID,

Ana Carla Raphaelli Nahás, Daniela Gamba Garib Carreira, Karyna Martins Do

Valle-Corroti, e Rívea Inês Ferreira pela agradável companhia e amizade

durante os momentos de convívio.

À Prof. Ângela Macedo um dínamo, uma pessoa sempre pronta a ajudar.

Aos meus colegas de turma, Camilla, Daniel, Evandro, Leni, Marcus,

Mustaphá, Ricardo, Rita, Rubem Patrício e Sandrine pelo conhecimento

partilhado e agradável companhia.

Ao estatístico Rafael Pimentel Maia, pelo seu trabalho e ensinamentos

passados com maestria.

Ao grupo de engenharia da indústria Morelli, pelas explicações em uma

área totalmente nova para mim.

À empresa Neodent e Conexão pela gentileza de ceder seus produtos

para os ensaios.

À empresa Sin que manifestou interesse na participação desse projeto,

desde o seu início.

Ao pessoal do CCDM pelos ensaios realizados em São Carlos.

À funcionária Linda, sempre prestativa, uma amiga.

Aos pacientes, pela confiança e respeito.

Ao Ubirajara pela formatação desse trabalho.

Schemann-Miguel, F. Estudo comparativo da resistência à torção de miniimplantes ortodônticos, submetidos à reinserção óssea [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.

RESUMO

Os miniimplantes, atualmente, tornaram-se os dispositivos de ancoragem mais

discutidos na Ortodontia. Suas características como tamanho reduzido, custo baixo,

facilidade de uso, instalação em quase todas as regiões dos maxilares e

possibilidade de aplicação de carga imediata, proporcionaram uma rápida aceitação

pelos profissionais e assim, vários relatos de casos clínicos foram publicados.

Entretanto, poucos trabalhos caracterizando as propriedades mecânicas desses

dispositivos foram desenvolvidos. Este trabalho teve a finalidade de estabelecer

valores máximos de resistência à torção até a fratura de miniimplantes

autoperfurantes. Para tanto, foi utilizada uma amostra de quarenta e cinco

miniimplantes, sendo quinze miniimplantes de 1,5mm por 8mm da marca Conexão,

quinze miniimplantes de 1,3mm por 9mm da marca Neodent e quinze miniimplantes

de 1,4mm por 8mm da marca Sin. A amostra foi dividida em três grupos de quinze,

com cinco miniimplantes de cada marca, de acordo com o número de inserções e

remoções feitas previamente, isto é, nenhuma, uma e duas inserções, todas feitas

pelo mesmo operador, em mandíbulas de suínos. Os resultados mostraram que o

torque médio de ruptura dos 45 miniimplantes testados foi de 12,2N.cm, e que

quando os miniimplantes foram submetidos a uma inserção e remoção, esse torque

de ruptura aumentou nos miniimplantes da marca Sin (14 N.cm) e diminuíram nos

miniimplantes das marcas Conexão (10,8 N.cm) e Neodent (9,0 N.m). Quando os

miniimplantes foram submetidos a duas inserções e remoções em mandíbulas de

suínos, nas três marcas nacionais houve aumento do torque de ruptura para as três

marcas: Conexão (14,6 N.cm), Neodent (11,2 N.cm) e Sin ( 15,4 N.cm). Assim,

conclui-se que houve alterações no comportamento mecânico dos miniimplantes

autoperfurantes em relação à resistência à fratura nas três marcas comerciais

avaliadas, de diferentes espessuras e comprimentos, quando inseridos e removidos

em ossos mandibulares de porco por uma vez e que o torque de ruptura aumentou

quando os miniimplantes foram inseridos e removidos por duas vezes.

Palavras-chave: Implantes dentários; Procedimentos de ancoragem ortodôntica;

Torque; Resistência de materiais; Ortodontia.

Schemann-Miguel, F. Comparative study of resistance to twisting of orthodontic miniimplantes, subject to re bone (Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2008.

ABSTRACT

The miniimplantes, for instance, have become the most discussed anchoring devices

in Orthodontics. Its features as small size, low cost, ease of use, installation in almost

all regions jaws and the possibility of immediate application of load, provided a quick

acceptance by professionals and thus, several reports of clinical cases were

published. However, few studies characterizing the mechanical properties of these

devices have been developed. This work has the aim to establish ceilings twisting of

resistance to fracture of miniimplantes autoperfurantes. To that end, we used a

sample of forty-five miniimplantes, and fifteen miniimplantes of 1.5 mm per 8mm

Brand Connection, fifteen miniimplantes of 1.3 mm per 9mm Brand Neodent and

fifteen miniimplantes of 1.4 mm per 8mm Brand Sin. The sample was divided into

three groups of fifteen, with five of miniimplantes each brand, according to the

number of insertions and deletions made previously, that is, no, one and two

insertions, all made by the same operator in jaws of pigs. The results showed that the

average torque of miniimplantes rupture of the 45 tested was 12.2 N.cm, and that

when the miniimplantes were subjected to an insertion and removal, this increased

torque to break the mark in miniimplantes Sin (14 N.cm) and decreased in

miniimplantes of brands Connection (10.8 N.cm) and Neodent (9.0 Nm). When the

miniimplantes were subjected to two insertions and removals in jaws of pigs in all

three national brands increased torque of a break for three brands: Connection (14.6

N.cm), Neodent (11.2 N.cm) and Sin (15.4 N.cm). It is therefore concluded that

changes in mechanical behavior of miniimplantes autoperfurantes in relation to

resistance to fracture in three trademarks evaluated in different thicknesses and

lengths, when inserted and removed in mandibular bone pork once and that the

torque of collapse rose were miniimplantes when inserted and removed twice.

Keywords: Miniimplante; Strength of materials; Torque; Orthodontic anchorage.

LISTA DE TABELAS

p.

Tabela 5.1 - Medida Resumo do Torque de Ruptura para a amostra total ........ 76

Tabela 5.2 - Medida Resumo do Torque de Ruptura, segundo o grupo ............. 77

Tabela 5.3 - Medida Resumo do Torque de Ruptura, segundo o fabricante....... 78

Tabela 5.4 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura – amostra total.. 79

Tabela 5.5 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o grupo ............................................................................................... 79

Tabela 5.6 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o fabricante ........................................................................................ 80

Tabela 5.7 - Análise de Variância para o Torque de Ruptura, modelo completo com os dois fatores e interação ...................................................... 82

Tabela 5.8 - Análise de Variância para o Torque de Ruptura, modelo apenas com o fator marca ........................................................................... 82

Tabela 5.9 - Resultados do teste de compara-ções múltiplas de Bonferroni ...... 83

Tabela 5.10 - Análise de Variância para os postos da Deflexão Angular de Ruptura, modelo completo com os dois fatores e interação............ 84

LISTA DE GRÁFICOS

p.

Gráfico 5.1 - Gráfico de Caixas e Histograma do Torque de Ruptura - amostra total .................................................................................................. 76

Gráfico 5.2 - Gráfico de Caixas do Torque de Ruptura, segundo o grupo............ 77

Gráfico 5.3 - Gráfico de Caixas do Torque de Ruptura, segundo o fabricante. .... 78

Gráfico 5.4 - Valores médios do Torque de Ruptura – Grupo X Fabricante. ........ 78

Gráfico 5.5 - Gráfico de Caixas e Histograma da Deflexão Angular de Ruptura - amostra total. ................................................................................... 79

Gráfico 5.6 - Gráfico de Caixas da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o grupo................................................................................................ 80

Gráfico 5.7 - Gráfico de Caixas da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o fabricante. ........................................................................................ 80

Gráfico 5.8 - Valores médios da Deflexão Angular de Ruptura – Grupo X Fabricante ........................................................................................ 81

Gráfico 5.9 - Valores médios dos postos obtidos a partir da Deflexão Angular de Ruptura – Grupo X Fabricante ......................................................... 84

LISTA DE FIGURAS

p.

Figura 1.1 - Aparelho ortodôntico usando parafuso de vitalliun para ancoragem. ..................................................................................... 2

Figura 2.1 - Tipos de ensaios destrutivos........................................................... 9

Figura 2.2 - Desenho esquemático do cálculo do ângulo de torção................... 10

Figura 2.3 - Forma de ruptura em metal dúctil ................................................... 11

Figura 2.4 - Forma de ruptura em metal frágil .................................................... 11

Figura 2.5 - Miniimplante e o desenho esquemático dos diâmetros medidos, D1, D2 e D3 .................................................................................... 51

Figura 4.1 - Mandíbula suína............................................................................. 66

Figura 4.2 - Mandíbula suína direita.................................................................. 67

Figura 4.3 - Mandíbula suína esquerda.............................................................. 67

Figura 4.4 - Máquina de ensaio Termomec Ortho.............................................. 68

Figura 4.5 - Esquema demonstrativo do ensaio de torção ................................. 69

Figura 4.6 - Acessórios da máquina para fixação dos miniimplantes................. 70

Figura 4.7 - Gráfico torque x deformação........................................................... 71

Figura 4.8.- Miniimplantes Conexão................................................................... 71

Figura 4.9.- Miniimplantes Neodent.................................................................... 71

Figura 4.10 - Miniimplantes Sin ............................................................................ 71

Figura 4.11 - Máquina de ensaio EMIC DL10000 ................................................ 72

Figura 4.12 - Dispositivo auxiliar da máquina EMIC DL10000 para ensaio de torção .............................................................................................. 72

Figura 6.1 - Mandíbula suína com cinco miniimplantes instalados..................... 89

SUMÁRIO

p.

1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 7

3 PROPOSIÇÃO................................................................................................. 62

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 64

4.1 Material .................................................................................................... 65

4.2 Métodos................................................................................................... 66 4.2.1 Preparo das mandíbulas de suínos ............................................... 66 4.2.2 Distribuição e localização dos miniimplantes nas mandíbulas de

suínos ............................................................................................ 66 4.2.3 Divisão da amostra de miniimplantes ............................................ 67 4.2.4 Ensaio na máquina de torção ........................................................ 68 4.2.5 Análise estatística.......................................................................... 73

5 RESULTADOS................................................................................................. 74

6 DISCUSSÃO.................................................................................................... 85

7 CONCLUSÕES................................................................................................ 98

REFERÊNCIAS..................................................................................................... 101

ANEXOS ............................................................................................................... 109

1 INTRODUÇÃO

2 1 INTRODUÇÃO

A ancoragem ortodôntica é de importância fundamental para o ortodontista

no planejamento e execução de seus casos clínicos.

O termo ancoragem ortodôntica era definido como a capacidade dos

dentes em resistir a movimentos indesejáveis durante a mecânica ortodôntica. Ela

pode ser classificada como absoluta (quando não há movimentação dos dentes

posteriores para mesial), moderada (onde o espaço da extração pode ser ocupado

pela perda de ancoragem dos dentes posteriores e retração dos dentes anteriores)

ou ainda leve, onde o bloco posterior pode ocupar quase que totalmente o espaço

da extração (ALMEIDA et al, 2006).

O surgimento dos implantes ósseointegrados permitiu a realização de

movimentos ortodônticos sem a preocupação com a colaboração do paciente, assim

esses implantes possibilitavam uma ancoragem dita absoluta, pois suportam níveis

de força muito maiores que a necessária para a movimentação dental.

A utilização de implantes como ancoragem ortodôntica foi primeiramente

descrita em 1945, com o uso de parafusos vitallium e fios no ramo mandibular de

cães para obtenção de ancoragem ( Gainsforth; Higley, 1945 ). Figura 1.1

Figura 1.1 - Aparelho ortodôntico usando parafuso de vitalliun para ancoragem. Fonte: GAINSFORTH e HIGLEY,1945,

Introdução 3

Roberts et al (1989) utilizaram com sucesso implantes ósseointegrados

convencionais como reforço para ancoragem.

Entretanto, o uso dos implantes ósseointegrados é restrito a alguns casos

devido ao seu tamanho, desconforto, necessidade de técnica cirúrgica complexa e

limitação quanto aos sítios de inserção. Assim, nos últimos anos, além dos implantes

ósseointegrados, outros tipos de implantes têm sido utilizados, como os

ósseointegrados temporários, instalados na sutura palatina, as mini-placas de titânio

e os miniimplantes.

Mah e Bergstrand publicaram em 2005 as conclusões da reunião da

AAO (American Association of Orthodontics) de 2004 realizada em Orlando, sobre

ancoragem esquelética. Determinou-se que o termo Dispositivo de Ancoragem

Temporária (DAT) é o melhor para definir todos os implantes, parafusos e

pinos e que são instalados para promover ancoragem ortodôntica e que são

removidos após a terapia. Os dispositivos de ancoragem temporária (DAT) servem

para maximizar a ancoragem ortodôntica, melhorando a qualidade final das terapias.

Dentre os vários tipos de ancoragem temporária, os miniimplantes

são considerados os mais versáteis (Kanomi, 1997). Possuem tamanho reduzido,

fácil colocação, resistência às forças ortodônticas, capacidade de receber carga

imediata, possibilidade de ser utilizado em combinação com as diversas mecânicas

ortodônticas, fácil remoção e baixo custo. Com eles, se tornaram viáveis as

movimentações dentárias difíceis, como movimento intrusivo de dentes posteriores

para correção de mordida aberta anterior, retração de dentes anteriores,

mesialização dos dentes posteriores, intrusão de incisivos, correção do plano

oclusal, distalização de molares, verticalização e desimpacção de molares, correção

de mordida cruzada posterior, tracionamento de dentes inclusos, correção da linha

Introdução 4 média, apoio para elásticos intermaxilares e ancoragem esquelética estética para

ortodontia lingual.

A utilização de miniimplantes como dispositivo de ancoragem temporária em

todos os segmentos dos arcos dentais é bastante utilizada atualmente por simplificar

a aparelhagem ortodôntica e minimizar os efeitos indesejados das forças. Isso

ocorre devido à possibilidade de se escolher o local mais conveniente para sua

instalação, não envolvendo outras unidades dentárias durante a movimentação

ortodôntica.

Como esses sistemas de ancoragem esquelética se mostraram

extremamente eficientes, é necessário ter o conhecimento desde a sua fabricação,

indicação, utilização e remoção. Como se trata de um dispositivo novo que se tem

usado na ortodontia algumas questões ainda necessitam de pesquisas mais

profundas.

Melsen e Verna (2005) em cinco anos de experiências com a utilização de

ancoragem esqueletal receberam relatos de problemas comuns, que classificaram

como problemas relacionados aos miniimplantes, que na colocação podem fraturar

se forem muito finos na área do pescoço (região do miniimplante que se inicia no

final do corpo que é a região do miniimplante que fica dentro do osso e possui

espiras e finaliza no início da cabeça que é a porção do miniimplante que fica para

fora da mucosa e encaixa as ativações como elásticos e molas, o pescoço deve ser

polido e de comprimento semelhante ao da espessura da mucosa), ou não foi forte o

suficiente para resistir ao stress na remoção. Infecções podem se desenvolver ao

redor do pescoço do miniimplante se essa porção transmucosa (pescoço) não for

inteiramente lisa, causando sua perda. Os problemas relacionados com os

operadores estão associados à pressão excessiva durante a colocação, podendo

Introdução 5 haver a fratura do dispositivo, e movimentos excêntricos com a chave de colocação

de miniimplantes na introdução, alargando em demasia o local de inserção. Os

problemas referidos aos pacientes estão relacionados com a qualidade óssea, na

qual a estabilidade primária, é comprometida em pacientes com corticais ósseas

menores que 5mm e densidade trabecular baixa. Os miniimplantes são contra-

indicados em pacientes com alterações metabólicas no osso devido a doenças e

medicações várias.

De acordo com Marassi et al ( 2005 ), dentre as complicações que podem

surgir durante o seu uso, tem-se a fratura do miniimplante por força excessiva do

operador na inserçã, infecção e inflamação ao redor do miniimplante, perfuração

da raiz do dente pela broca, contato do miniimplante com o ligamento periodontal ou

com a raiz do dente e presença de mobilidade ou deslocamento do miniimplante.

Como poucos trabalhos descrevem as características mecânicas desse tipo

de material na qual são confeccionados os miniimplantes (titanium grau V), como o

nível máximo de torque, resistência e tipo de liga metálica utilizada, acredita-se que

avaliações da qualidade dos miniimplantes no que concerne à resistência à fratura

poderá vir a ajudar na utilização de maneira mais segura e precisa desse dispositivo

ortodôntico de ancoragem. Assim, esta pesquisa visa esclarecer e prevenir uma das

falhas mais comuns e prejudiciais ao paciente quando este se submete a um

tratamento com os miniimplantes, ou seja, a quebra do miniimplante dentro do osso,

muitas vezes, próximo das raízes dentais. Essa situação pode ocorrer durante a sua

inserção, travamento ou remoção. As reinserções ocorrem quando no ato da

colocação do miniimplante há um direcionamento inadequado, falhando no sentido

mésio-distal ou cérvico-oclusal, inserindo o miniimplante no ligamento periodontal ou

na raiz do dente, necessitando removê-lo e recolocá-lo com posicionamento correto,

Introdução 6 ou mesmo quando após a colocação com êxito, haverá a necessidade de reinstalá-

lo em outra região devido à baixa qualidade óssea, em razão da baixa espessura da

cortical óssea, confirmada pela instabilidade do miniimplante, mobilidade do mesmo,

imediatamente após a sua colocação. Será definido neste trabalho se as

características estruturais e o torque máximo de cada miniimplante de três marcas

comerciais testadas, são alteradas quando inseridos e removidos mais que uma

vez no osso mandibular suíno.

2 REVISÃO DE LITERATURA

8 2 REVISÃO DE LITERATURA

Uma das grandes evoluções na Ortodontia foi o dispositivo de ancoragem

ortodôntica. Com os miniimplantes, seriam possíveis as realizações de ancoragem

absoluta, isto é, a ausência total de movimentação do segmento de ancoragem,

permitindo somente a movimentação ortodôntica do dente ou grupo de dentes

almejado.

A utilização das técnicas de ancoragem tiveram início com a própria mecânica

ortodôntica, constituindo, um passo primordial no tratamento ortodôntico. Os

dispositivos extra-bucais e intra-bucais utilizados tradicionalmente para a obtenção

de uma ancoragem máxima seria limitado quanto ao potencial de ancoragem pois

dependeria da colaboração do paciente, além de poder causar desconforto.

Em decorrência dos diversos aspectos limitantes da ancoragem

tradicionalmente utilizada, o interesse por dispositivos mais eficazes, confortáveis,

menos traumáticos, que não comprometessem a estética e que fossem de melhor

aceitação pelo paciente, os implantes dentários tornaram-se atrativos por suprirem

essas necessidades.

Os implantes ósseointegrados têm sido utilizados com sucesso para

substituição de dentes perdidos com o objetivo de restabelecer a função

mastigatória, bem como para proporcionar uma melhora psicossocial dos pacientes

reabilitados com próteses convencionais (ADELL et al, 1981). Foi também, uma

excelente alternativa dentro dos métodos de ancoragem ortodôntica principalmente

quando havia a necessidade da ancoragem máxima e quando os pacientes não

fossem colaboradores quanto à utilização de aparelhos extra-bucais (CHENG et al,

2004).

Revisão de literatura 9

Em 1945, Gainsfort e Higley testaram em mandíbulas de cães pela primeira

vez, a utilização de parafusos de vitalium como ancoragem ortodôntica, contudo não

obtiveram sucesso, pois nessa pesquisa os parafusos só se mantiveram estáveis por

no máximo um mês após a aplicação da força.

Com o descobrimento da osseointegração por Branemark, Braine e

Adell (1969) na década de 60 e a utilização do titânio como único material

biocompatível, foi possível obter altas taxas de sucesso com o implante dental.

Souza S.A. (1982) mediante seu livro “Ensaios mecânicos de materiais

metálicos”, menciona que os ensaios mecânicos simulam forças que são impostas a

uma estrutura em determinada circunstância, e podem ser classificados em não

destrutivos, quando não comprometem a estrutura do material, ou destrutivos

quando promovem a ruptura ou a inutilidade do mesmo. Na primeira classificação,

os não destrutivos, estão os raios X e o ultra-som, dentre outros. Na segunda

classificação, os destrutivos, estão os ensaios de compressão, tração, flexão,

cisalhamento, torção ou ainda uma combinação de duas ou mais forças.(Figura 2.1)

Figura 2.1 - Tipos de ensaios destrutivos

O ensaio mecânico de torção não é utilizado para especificações de materiais

e sim indicado para peças, que na prática são submetidos aos esforços de torção

como: barras de torção, parafusos dentre outros.

Revisão de literatura 10

Na torção pura há tensão de cisalhamento, que é zero no centro do corpo de

prova ( ou da estrutura de secção circular) e aumenta gradativamente até atingir seu

valor máximo na superfície. O diagrama que se obtém de um ensaio de torção

apresenta-se com o torque no eixo das ordenadas e a deformação angular no eixo

das abcissas. Assim podem ser calculadas as propriedades mecânicas do material

ou das estruturas ensaiadas. O torque pode ser originado por uma força que atua

sobre um braço de alavanca ou pode surgir por meio de um eixo girando,

transmitindo potência. A deformação angular resultante do torque aplicado na

estrutura é calculada pelo ângulo de torção, ou seja, o deslocamento angular de um

ponto perto da extremidade fixa até um ponto na mesma linha longitudinal, perto da

extremidade giratória.(Figura 2.2).

Figura 2.2 - Desenho esquemático do cálculo do ângulo de torção

De acordo com Souza ( 1982 ), a torção pode ser classificada em:

torção uniforme: onde há plena liberdade para deformação das secções

transversais; torção não uniforme: quando ocorrem os engastamentos em suas

Revisão de literatura 11 proximidades, onde as secções transversas não estão livres para girar. Com relação

aos tipos de fraturas resultantes de um carregamento em torção, em um corpo

cilíndrico, sujeito à torção, há tensões máximas de cisalhamento situadas em dois

planos perpendiculares entre si, sendo um deles perpendicular e outro paralelo ao

eixo longitudinal do corpo de prova. Assim a ruptura de um metal dúctil ocorre por

deslizamento ao longo dos planos onde se situam tensões máximas de

cisalhamento, portanto o aspecto da fratura é plano.(Figura 2.3) Já um metal frágil

rompe ao longo de um plano perpendicular à direção da tensão de tração, isto é,

uma tensão que faz um ângulo de 45˚ com o eixo longitudinal do corpo de prova,

resultando em uma ruptura em hélice.(Figura 2.4)

Figura 2.3 - Forma de ruptura em metal dúctil Figura 2.4 - Forma de ruptura em metal frágil

Esta diferença de comportamento torcional entre diferentes biomateriais que

podem compor um mesmo tipo de implante mostra-se relevante e, com isso, faz-se

necessária uma correta avaliação de seu comportamento mecânico durante

simulações confiáveis de sobrecarga de torção.

Metais dúcteis Metais frágeis

Revisão de literatura 12

Creekmore e Eklund em 1983 fizeram o relato de um caso clínico em

que foi inserido um miniimplante abaixo da espinha nasal anterior e realizada a

intrusão dos incisivos de um paciente que apresentava sobremordida profunda

e sorriso gengival, obtendo excelentes resultados e ausência de mobilidade do

implante após um ano de tratamento.

Estudando os implantes de titânio, Roberts et al (1984) tiveram como

objetivos a investigação de uma técnica cirúrgica para a preparação do local de

inserção dos implantes na cortical óssea. Além disso, avaliaram a biocompatibilidade

óssea desses implantes, determinaram os períodos de cicatrização, descreveram a

modelação e remodelação óssea após a aplicação de carga e determinaram

parâmetros temporais e histomorfométricos nos ciclos de remodelação da cortical

óssea. Em uma amostra de 14 coelhos de 3 a 6 meses de idade, foram instalados 2

implantes de titânio em cada fêmur. Após 6, 8 e 12 semanas de cicatrização, foi

realizada uma cirurgia de reabertura dos implantes e colocadas molas de aço

inoxidável com 100g de força entre os implantes, os quais permaneceram por 4 a 8

semanas. Os autores concluíram que os implantes de titânio desenvolveram uma

rígida interface óssea e que o período de 6 semanas seria o mais adequado para a

cicatrização. Observaram que uma carga contínua sobre os implantes os mantêm

estáveis dentro da base óssea, além disso, nos locais de compressão, foi observada

formação óssea. Os autores sugeriram ainda que os implantes endósseos ou

ósseointegrados seriam recursos potenciais para ancoragem óssea rígida na

Ortodontia e na Ortopedia Facial.

Com o propósito de investigar o uso de implantes de titânio ósseointegrados

utilizados como ancoragem ortodôntica e ortopédica, Turley (1988), utilizou técnicas

de marcadores ósseos vitais, histológicos e radiográficos. Para tanto, foram

Revisão de literatura 13 colocados 42 implantes de titânio em 5 locais da mandíbula de 6 cachorros adultos.

Após 8 semanas da realização da cirurgia de colocação dos implantes, foi realizada

a cirurgia de reabertura. Após 20 semanas, a mobilidade desses implantes foi

checada, sendo que apenas 24 implantes permaneceram estáveis. Foi aplicada

cargas em 8 dos 24 implantes utilizando-se segmento de fio 0,016” x 0,022”

contendo uma mola helicoidal fechada ou aberta entre o implante e o segundo pré-

molar. Foi feita uma ativação semanal do aparelho para manter uma força de

aproximadamente 300g por um período de 9 semanas. Os autores concluíram que

todos os 8 implantes que receberam carga permaneceram estáveis durante o

período de ativação de força, confirmando o seu potencial de unidade de ancoragem

ortodôntica e ortopédica.

Higushi e Slack (1991), em um estudo prospectivo em que envolveu sete

pacientes adultos que foram tratados com implantes de titânio usados como

unidades de ancoragem rígida. Nesses pacientes, foram aplicadas forças

ortodônticas de 150g a 400g, direcionadas aos implantes para corrigir uma

variedade de más oclusões. Todos os catorze implantes colocados permaneceram

estáveis durante todo o curso do tratamento. Nenhuma complicação significante

ocorreu e foram obtidos resultados oclusais e faciais satisfatórios em todos os casos.

Em 1996, Melsen e Fiorelli mostraram em três casos como seria possível a

intrusão de molares e como tais dentes movimentados poderiam mudar o

prognóstico de uma dentição degenerativa. Nos três casos, os pacientes eram do

gênero feminino e suas idades eram de 38, 40 e 23 anos de idade, todas possuíam

extrusão de molar superior, e foram tratadas com aparelhagem fixa segmentada e

um miniimplante instalado na região do palato para intrusão. Ao término dos

tratamentos novas análises cefalométricas foram tiradas e comparadas com a inicial,

Revisão de literatura 14 mostrando uma intrusão de 4,5mm no primeiro caso e 3mm no segundo e terceiro

caso. Concluíram que a intrusão é efetiva e melhora o prognóstico de dentições com

oclusões patológicas.

A descrição de um miniimplante especificamente desenhado para uso

ortodôntico foi feita por Kanomi em 1997. O autor relatou que implantes de titânio

ósseointegrados tem sido usados com grande sucesso para reparar perdas dentais,

mas seu uso para ancoragem ortodôntica tem sido limitado pelo espaço. Os

implantes dentais convencionais podem ser colocados somente em regiões

retromolares ou em áreas edêntulas e geram incômodo para o paciente devido à

severidade da cirurgia, o desconforto inicial da cicatrização e a dificuldade da

higiene oral. Devido a isso, preconizou miniimplantes com 1,2 mm de diâmetro e 6,0

mm de comprimento, pequenos o suficiente para serem usado entre as raízes

dos molares.

O uso dos implantes como ancoragem ortodôntica abriu um novo horizonte

dentro da Ortodontia, pois eles são previsíveis e realizáveis. Assim, o

desenvolvimento dos miniimplantes foi de suma importância, pois eles seriam

pequenos o suficiente para serem aplicados nos mais variados locais, inclusive entre

os ápices radiculares. O procedimento cirúrgico seria simples, e, com o advento dos

novos sistemas de mini-parafusos auto-perfurantes a técnica tornou-se ainda mais

fácil. A sua remoção é outro procedimento de fácil realização e sem complicações.

(Kanomi, 1997; KYUNG ET AL, 2003)

Costa, Raffini e Melsen em 1998 desenvolveram um miniimplante

ortodôntico com sua extremidade externa simulando o encaixe de um braquete com

dimensões de 2 mm de diâmetro e 9 mm de comprimento. Esse dispositivo, de

acordo com os autores, teria colocação e remoção simplificadas e a aplicação de

Revisão de literatura 15 força poderia ser realizada imediatamente após a sua inserção. Contudo, a sua

estabilidade seria limitada quando uma força de torção fosse aplicada ao dispositivo

durante o período de ativação.

Umemori et al (1998) desenvolveram um sistema de ancoragem esqueletal

para movimentação dos dentes que consistia de uma mini-placa de titânio que era

temporariamente implantada na maxila ou na mandíbula como uma ancoragem

imóvel. Utilizaram para intruir molares inferiores em má oclusão por mordida aberta e

avaliaram os resultados no tratamento de dois casos severos que sofreram

tratamento ortodôntico junto com o sistema. Colocaram placas de titânio no osso

cortical vestibular ao redor da região apical dos primeiros e segundos molares

inferiores em ambos os lados direito e esquerdo. Elásticos foram utilizados como

fonte de força ortodôntica para reduzir a excessiva altura dos molares. Os molares

inferiores foram intruídos de 3 a 5mm, e a mordida aberta teve uma significante

melhora com pequena ou quase nenhuma extrusão dos incisivos inferiores. Nenhum

efeito colateral sério foi observado durante o tratamento ortodôntico. O sistema de

ancoragem esqueletal foi efetivo para controle da inclinação e nível do plano oclusal

durante a correção ortodôntica da mordida aberta.

A intenção do estudo feito por De Pauw, Dermaut, Bruyn e Johansson

(1999), foi investigar a estabilidade da fixação osseointegrada quando usada como

ancoragem para tração ortopédica com magnitude de força extrema. Três implantes

“Branemark” foram colocados no arco zigomático esquerdo e três no lado direito em

cinco cachorros adultos. Uma força não axial ortopédica de 5N.cm foi aplicada

usando um sistema de mola intra-oral. Após dois meses de forças contínuas,

adaptação óssea e mineralização ao redor dos implantes, os mesmos foram

analisados. Todos os implantes com carga estavam imóveis, e uma significante

Revisão de literatura 16 perda de osso marginal na interface implante-“abutment (< 1mm) foi observada ao

redor de cada implante. A remodelação óssea foi significantemente mais

pronunciada no lado em que a força foi aplicada. As análises radiográficas e

histológicas mostraram osso com padrão trabecular normal ao redor dos implantes.

Em 2000, Gray e Smith apresentaram um caso clínico utilizando implantes

ortodônticos para ancoragem chamados de MTI (Modular Transitional Implant).

Esses dispositivos teriam diâmetro de 1,8 mm e estariam disponíveis aos

profissionais em comprimentos de 14mm,17mm e 21mm, com extremidade externa

de 7mm, exatamente. Estes autores enfatizaram que enquanto os implantes

ósseointegrados dentais tenderam a resistir à forças pesadas e intermitentes da

oclusão, as forças ortodônticas seriam menores e mais estáveis. Desta forma, o

dispositivo ideal para ancoragem ortodôntica deveria ser pequeno, capaz de

ancorar, de fácil colocação, resistente às forças ortodônticas, permitir a aplicação de

carga imediata, ser usado com as mecânicas ortodônticas convencionais e de

fácil remoção.

Em 2001, Daimaruya et al pesquisaram sobre o efeito da intrusão do molar

no feixe vásculo-nervoso e reabsorção radicular em cachorros. Para tanto,

desenvolveram um sistema de ancoragem esquelética (SAS) formado por mini-

placas e parafusos ósseointegrados para correção da mordida aberta, pela intrusão

dos molares. Os resultados desse estudo mostraram que os molares intruíram

3,4mm de média em 7meses, os nervos e vasos sanguíneos não foram danificados

e reabsorção radicular foi observada mas foi reparada com novo cemento.

Três cachorros adultos da raça Beagle foram utilizados no trabalho de Ohmae

et al (2001), que avaliou clínica e histologicamente os miniimplantes de titânio

usados como ancoragem na intrusão ortodôntica dos dentes posteriores inferiores.

Revisão de literatura 17 Os autores instalaram seis miniimplantes ao redor dos terceiros pré-molares de

cada lado, três no lado vestibular e três no lado lingual, na mesial, distal e

interradicular de cada lado, utilizando 150g de força de intrusão. A carga aplicada foi

iniciada após seis semanas apenas nos miniimplantes interradiculares e os

miniimplantes mesial e distal foram utilizados como controle. Após o término do

tempo de intrusão que foi de 12 a 18 semanas, os animais foram sacrificados e suas

mandíbulas analisadas. Os resultados indicaram que os terceiros pré-molares

intruíram 4,5mm em média, com suave reabsorção radicular. Além disso, a

calcificação do osso peri-implantar nos implantes com ativação foi igual ou

ligeiramente maior que os de controle. Esses achados sugeriram que os

miniimplantes são efetivos para ancoragem na intrusão ortodôntica em

cachorros Beagle.

Melsen e Lang (2001) avaliaram os efeitos produzidos no osso alveolar que

foi submetido a uma carga ortodôntica aplicada sobre implantes orais. A carga

influenciou significativamente o movimento e a densidade do osso alveolar nas

proximidades do implante. Contudo, mesmo implantes que não sofreram uma carga

ortodôntica tenderam a manter as características ósseas do processo alveolar. Por

outro lado, o grau de osteointegração pareceu ser independente da presença ou não

de carga sobre o implante.

Em 2001, Paik, Woo e Boyd descreveram o tratamento de um paciente adulto

com excesso maxilar vertical usando ancoragem com mini-parafuso na região da

sutura palatina para intrusão dos dentes posteriores superiores. Os autores

alertaram sobre a necessidade de estudos de longa duração sobre a estabilidade

desses efeitos verticais possibilitados pela ancoragem esquelética.

Revisão de literatura 18

Favero, Brollo e Bressan (2002) fizeram uma revisão de literatura, analisando

os maiores estudos publicados entre 1970 e 2000 relacionados ao uso de implantes

para ancoragem ortodôntica. A análise da literatura foi dividida em tópicos

específicos como materiais, tamanhos e formas dos dispositivos, biomecânica,

tempo de cicatrização, aplicação de força, nível de força, procedimento cirúrgico e

critérios para a obtenção de sucesso.

Em 2002, Sugawara et al, utilizaram o sistema de ancoragem esquelética

(SAS) composta de mini-placas e parafusos corticais, para intrusão de molares

inferiores com conseqüente correção da mordida aberta e rotação anti-horária da

mandíbula. Avaliaram as mudanças dento-alveolares no tratamento e pós-

tratamento, utilizando nove pacientes adultos que apresentavam mordida aberta,

sendo sete do gênero feminino e dois do gênero masculino, tratados com êxito.

Obtiveram como resultado, após avaliação das telerradiografias, radiografias

panorâmicas e periapicais iniciais e finais, que: a quantidade média de intrusão dos

primeiros e segundos molares inferiores foi de 1,7mm e 2,8mm respectivamente. A

taxa média de recidiva foi de 27,2% para o primeiro molar e não houve mudança

significante na altura da crista óssea, comprimento da coroa clínica, e comprimento

da raiz. Foi observado durante o tratamento rotação anti-horária da mandíbula e

diminuição da altura facial anterior. Os autores concluíram que o sistema de

ancoragem esquelética seria válido para intrusão de molares para correção de

mordidas abertas.

Bae et al (2002) relataram o controle da ancoragem ortodôntica utilizando

miniimplantes por meio de um caso clínico em que o paciente apresentava sorriso

gengival e relação de caninos de Classe II. A má oclusão foi corrigida com intrusão e

retração de toda a bateria de dentes anteriores sem haver perda de ancoragem. Os

Revisão de literatura 19 miniimplantes foram desenhados para reparar fragmentos ósseos em cirurgias buco-

maxilo-faciais ou em cirurgias plásticas, utilizados por muito tempo somente com

essas finalidades. Os dispositivos seriam pequenos em diâmetro 1,2mm e

disponíveis em vários comprimentos, podendo ser inseridos em muitos locais,

incluindo espaços interradiculares. Além disso, possibilitariam receber carga

imediatamente à sua colocação, suportando forças ortodônticas usuais de 200g a

300g durante toda a duração do tratamento. Por não necessitar de osseointegração,

poderia ser facilmente removido pelo ortodontista e teria a vantagem do baixo

custo.

Janssens et al. (2002) relataram um tipo diferenciado de ancoragem

esquelética, o “onplant”, este se parece com o acessório ortodôntico botão lingual,

mas com uma base maior em titânio que deve ficar em contato com o osso até obter

a osseointegração. Foi utilizado em um paciente do gênero feminino leucoderma, de

12 anos de idade. O onplant foi instalado no palato para extrusão de primeiros

molares superiores não irrompidos. Esse procedimento necessitou de cirurgia

prévia e tempo de osteointegração, para que as forças pudessem ser

aplicadas.

Park, Hyung e Sung em 2002, também descreveram um método simplificado

para verticalização de molares com a aplicação clínica dos miniimplantes. De acordo

com os autores, os segundos molares superiores e inferiores poderiam ser

verticalizados sem efeitos colaterais aos dentes anteriores e sem o uso de

braquetes, eliminando desta maneira a necessidade de desgastes para redução

oclusal destes dentes.

Foi relatado por Kyung et al ( 2003), o desenvolvimento dos miniimplantes

ortodônticos para ancoragem intra-oral. Os autores descreveram as suas

Revisão de literatura 20 características, seleção dos miniimplantes, sítios de inserção, procedimento de

colocação, cuidados e possíveis complicações cirúrgicas. Além disso, uma carta aos

pacientes contendo informações adequadas deveria ser utilizada antes que a

cirurgia fosse realizada. O sucesso dos miniimplantes dependeriam de diversos

fatores como a habilidade do cirurgião, as condições físicas do paciente, a

adaptação e seleção dos sítios de inserção, bem como uma adequada higiene oral.

Também foi notado que poucas falhas foram observadas quando os miniimplantes

foram colocados em áreas de gengiva inserida, se comparadas com áreas de

gengiva marginal ou livre.

Kyung, Choi e Park (2003) explanaram a respeito de um casos clínico em que

houve a perda de ancoragem de segundos molares inferiores para o espaço deixado

pela extração dos primeiros molares inferiores. Os autores utilizaram miniimplantes

como ancoragem, utilizando aparatologia lingual. Relataram a dificuldade de

mesialização dos molares inferiores, porque a mandíbula é composta por uma

cortical óssea espessa conectado por um trabeculado ósseo grosso, e as raízes dos

molares inferiores são extremamente vestibularizadas posicionando-se na região

cortical mandibular, dificultando sua mesialização.

Park, Bae, Kyung e Sung (2003), fizeram uso de miniimplantes de titânio para

ancoragem ortodôntica, pois são pequenos o suficiente para instalar em qualquer

área do osso alveolar, fácil de instalar e remover e de custo financeiro baixo.

Mostrou uma nova abordagem para o tratamento da biprotrusão esqueletal Classe I,

com o uso de miniimplantes como ancoragem para retração de dentes anteriores

superiores e inferiores.

Park et al (2003), relataram as dificuldades de execução do tratamento

protético em pacientes com perda de molares em que os antagonistas extruíram.

Revisão de literatura 21 Descreveram o sucesso da intrusão dos molares com a utilização dos miniimplantes

se a direção e quantidade de força forem cuidadosamente controladas. Relataram

em seu trabalho que Burstone (1977) considerou a condição favorável de força de

intrusão dental anterior em torno de 20 gramas, e Gianelly e Goldman (1971)

recomendaram de 15 a 50 gramas de força para dentes pequenos. Para intrusão de

molares, Umemori et al. (1998) recomendaram uma força inicial de 500 gramas.

Kalra et al (1989) sugeriram cerca de 90 gramas por dente para intrusão de molares

em crianças em fase de crescimento, e Melsen e Fiorelli (1996) usaram 50 gramas

vestíbulo-palatinamente para intrusão de molares superiores em adultos.

Considerando o número e a área das raízes dos dentes posteriores os autores

acharam razoável aplicar força de intrusão de duas a três vezes maior que aquela

aplicada nos dentes anteriores, logo utilizaram de 200 a 300 gramas de força de

intrusão nos dentes superiores posteriores com três raízes e obtiveram de 0,5 a

1mm de intrusão contínua por mês sem reabsorção radicular notável ou problemas

de vitalidade.

Giancotti et al (2003), mostraram o tratamento ortodôntico para posicionar

molares ectópicos inferiores em um paciente. Para tanto utilizaram mini-parafusos

de puro titânio medicinal (sem adição de Vanádio e Alumínio), de 7mm de

comprimento com diâmetro máximo de dois 2 a 3mm e um perfil transmucoso de

2mm, cujos primeiros modelos tinham uma resistência à fratura de 500 N/mm2.

Entretanto, devido a algumas fraturas, a resistência foi elevada para 869 N/mm2. Os

mini-parafusos utilizados foram auto-rosqueáveis, isto é, necessitaram de uma

perfuração com uma fresa prévia.

Os fatores relacionados com a estabilidade de miniimplantes colocados na

região posterior para ancoragem ortodôntica foram estudados por Miyawaki40 et al

Revisão de literatura 22 (2003). Os autores concluíram que os miniimplantes com diâmetro menor ou igual a

1,0mm, inflamação do tecido peri-implantar e plano mandibular com ângulo alto

(osso com cortical fina), estavam associados com a mobilidade (perda) do

miniimplante para ancoragem ortodôntica colocado na vestibular do osso alveolar da

região posterior. Contudo, não foi possível detectar uma associação significativa

entre as taxas de sucesso e as seguintes variáveis: comprimento do miniimplante,

carga imediata, tipo de cirurgia de colocação, local de implantação, idade, gênero,

apinhamento, relação antero-posterior das bases ósseas, periodontite controlada e

sintomas de desordens têmporo-mandibulares.

A aplicação dos miniimplantes associada à terapia com máscara facial foi

apresentada por Enacar et al (2003) com um caso clínico em que o paciente

apresentava hipoplasia da maxila e oligodontia severa . O plano de tratamento foi o

deslocamento anterior da maxila com a máscara facial. Devido a falta de dentes

disponíveis, um miniimplante para ancoragem rígida colocado no osso maxilar foi

usado, conjugado com os dentes remanescentes. Após três semanas foi aplicada

uma força de aproximadamente 800 g, obtendo um significativo deslocamento do

complexo maxilar após o período de sete meses.

Carano et al. ( 2004 ) testaram a resistência mecânica dos miniimplantes. Os

resultados obtidos demonstraram que o valor médio da resistência à quebra para

torção dos miniimplantes de 1,5mm foram de 48,7 Ncm e para os miniimplantes de

1,3mm foram de 23,4 Ncm. Já a resistência à quebra para flexão para os

miniimplantes de 1,5mm e de 1,3mm foram de 120,4 Ncm e de 63,7 Ncm

respectivamente. A avaliação dos sítios seguros foram feitas por meio de

tomografias computadorizados tridimensionais de maxilas de 50 pacientes,

determinando inclusive as áreas inadequadas para realização dos miniimplantes. A

Revisão de literatura 23 resistência dos miniimplantes superaria a maioria das forças ortodônticas, não sendo

a fratura um risco muito relevante durante a ativação, mas sim durante os

procedimentos de inserção e remoção. Freqüentemente, a fratura estaria

relacionada ao excesso de pressão aplicada à chave longa de inserção manual ou

à utilização de contra-ângulos com torque superior a 10 Ncm.

Em 2004 Chang et al relataram a intrusão de molares com a utilização dos

miniimplantes ortodônticos como ancoragem em dois casos clínicos. No primeiro

caso a paciente de trinta anos de idade possuía extrusão do segundo molar superior

esquerdo devido à perda do antagonista e após exames radiográficos para avaliação

do longo eixo das raízes e determinação dos lugares de inserção dos miniimplantes,

foram colocados dois no lado vestibular entre canino e primeiro pré-molar esquerdo

e entre primeiro e segundo pré-molar. No lado palatino foi colocado apenas um

miniimplante na sutura palatina. Com fio de TMA 0.032”x0.032” foi confeccionado

uma barra presa entre os miniimplantes e estendida até a região do segundo molar

extruído. A força de intrusão foi fornecida por cadeias elastoméricas que ia do

gancho confeccionado na ponta da barra estendida até o gancho da banda do

segundo molar extruído por vestibular, e no lado palatino a cadeia elastomérica ia do

gancho da banda até o miniimplante inserido na sutura palatina. A intrusão foi

alcançada em quatro meses. No segundo caso, o primeiro molar superior esquerdo

extruiu de um menino de doze anos de idade tornando o espaço vertical insuficiente

para restauração do primeiro molar inferior esquerdo. Para esse caso foi planejado

intrusão do primeiro molar inferior esquerdo em apenas um milímetro, devido ao alto

nível ósseo alveolar e gengival que possuía e o restante seria pela intrusão do

segundo pré-molar e primeiro molar superior esquerdo. O miniimplante foi colocado

entre o canino e o primeiro pré-molar superior esquerdo e um botão foi colado nesse

Revisão de literatura 24 dente, de onde partia um fio rígido de aço de 0.018” x 0.025” que foi preso até o

miniimplante, estabilizando-o. Bráquetes linguais foram colados no primeiro e

segundo pré-molar e primeiro molar superior esquerdo e um fio 0.016” niti foi

encaixado para intrusão do segundo pré-molar e primeiro molar superior esquerdo.

Um outro fio rígido para estabilização dental foi colocado na mandíbula que ia do

miniimplante inserido entre primeiro e segundo pré-molar inferior esquerdo ao botão

colado no segundo pré-molar. Por não haver espaço suficiente para colagem de

bráquete lingual no primeiro molar inferior esquerdo, uma mola de TMA 0.017” x

0.025” para intrusão do primeiro molar inferior esquerdo foi colada na face oclusal do

segundo pré-molar inferior. O espaço vertical adequado para restauração do

primeiro molar foi obtido apos cinco meses. Os autores concluíram que os

miniimplantes ortodônticos forneceram ancoragem suficiente para o sistema de

intrusão utilizado, sem efeitos colaterais, como extrusão de pré-molar para intrusão

de molar, quando comparado com a aparelhagem fixa para intrusão.

Chung et al (2004) reportaram um novo modelo de miniimplante usado no

tratamento de dois casos clínicos sendo que no primeiro caso a paciente era

portadora de osteoporose. Apresentaram os miniimplantes C-Orthodontic, no qual

diferiam dos usados atualmente, devido a sua estrutura ser composta de duas

partes, cabeça e corpo que se encaixavam. A cabeça de 2,5mm de diâmetro

possuía três comprimentos de altura de 5,35mm, 6,35mm e 7,35mm com um furo de

0,8mm de diâmetro localizado a 1mm, 2mm e 3mm do topo respectivamente. Já o

corpo possuía 1,8mm de diâmetro e três medidas de comprimento que eram de

8,5mm, 9,5mm e 10,5mm. Este implante era auto-rosqueante e necessitava de

perfuração prévia com fresa de1,3mm a 1,5mm de diâmetro com 1000 a 1500 rpm

com pressão de 10 a 15 N.cm. Após a escolha do local, era feita a perfuração e

Revisão de literatura 25 parafusado com chave específica apenas o corpo do miniimplante, a cabeça poderia

ser colocada imediatamente após ou depois de seis a oito semanas. A ativação

imediata só era recomendada em áreas de grande condensação óssea, onde havia

grande estabilidade, nos lugares de pouca estabilidade óssea era recomendável a

ativação após quatro semanas da colocação. Para remoção, primeiro se removia a

cabeça do corpo (desencaixava) com uma chave própria e depois com uma outra

chave específica para o corpo do miniimplante se efetuava movimentos anti-horários

removendo-o do osso. Os autores concluíram que esse modelo de miniimplante

poderia produzir ancoragem esqueletal nas mais variadas aplicações clínicas, e

inclusive em pacientes com doenças sistêmicas.

Gunduz et al (2004), pesquisaram a taxa de aceitação de implantes palatinos

por meio de questionários feitos a 85 pacientes que receberam tratamento

ortodôntico com implantes palatinos de duas clínicas da Áustria. Os resultados

mostraram que 95% estavam satisfeitos com seu tratamento e 86% recomendariam

o tratamento para outros pacientes. Setenta e cinco por cento dos pacientes

acharam a montagem da aparelhagem ortodôntica ao mesmo tempo que a

instalação do implante palatino menos confortável que só o implante, ao passo que

sete por cento acharam o implante palatino pouco confortável. Assim,

aproximadamente 24 meses de tratamento com o implante palatino foi considerado

tolerável para os pacientes; isto é, o tempo médio do tratamento ortodôntico.

Kyung et al (2004), desenvolveram um micro-implante de titânio que possuía

uma cabeça com formato de botão com um orifício para ligaduras ou elásticos.

Possuía também um diâmetro pequeno, permitindo sua colocação em muitas áreas

da maxila e mandíbula que eram anteriormente inviáveis, como entre raízes de

dentes adjacentes.

Revisão de literatura 26

A utilização de miniimplantes para correção de mordida aberta anterior severa

de um paciente do gênero feminino, de 33 anos, foi descrita por Kuroda, Katayama e

Katayama-Yamamoto em 2004. De acordo com os resultados, o queixo retrognata e

o perfil convexo do paciente foram melhorados por meio de uma rotação anti-horária

da mandíbula. Os miniimplantes provaram ser úteis para a intrusão de molares e,

consequentemente, para a resolução de casos severos de mordida aberta

anterior.

O tratamento da mordida aberta anterior com o uso de miniimplantes foi feito

também por Park, Kwon e Kwon em 2004, onde foram utilizados miniimplantes na

região vestibular e mesial dos primeiros molares superiores de um paciente, na distal

e vestibular dos primeiros molares inferiores. O paciente foi então submetido à

extração de quatro pré-molares. Os miniimplantes superiores permitiram a

ancoragem para a intrusão dos dentes posteriores e a retração dos dentes

anteriores, já os inferiores foram usados para aplicar forças intrusivas distais aos

primeiros molares inferiores e para prevenir o movimento mesial dos dentes

posteriores durante o fechamento de espaço. O fechamento do plano mandibular

após intrusão dos dentes superiores maxilares e o movimento mesial de corpo dos

dentes mandibulares posteriores contribuíram para a melhora no perfil facial.

Casos clínicos foram descritos por Park, Kwon e Jung em 2004, onde em um

deles os autores demonstraram sua aplicação na verticalização de segundos

molares que se apresentavam em mordida cruzada dental. Esse mau

posicionamento foi corrigido por meio de elásticos intermaxilares apoiados em

miniimplantes instalados nas regiões vestibular do arco inferior e palatina do arco

superior. O outro artigo desses mesmos autores, descreveu a aplicação dos

Revisão de literatura 27 miniimplantes no tratamento de dentes retidos através da erupção forçada de

caninos impactados.

Park e Kwon em 2004 mostraram três casos clínicos tratados com mecânica

de deslize cuja ancoragem foi providenciada pelos miniimplantes. No primeiro caso

foram colocados miniimplantes só na arcada superior, no segundo caso

miniimplantes só na arcada inferior e no terceiro caso em ambas as arcadas. Com

os miniimplantes superiores os dentes anteriores superiores foram retraídos de

corpo com uma intrusão desprezível, e todo o espaço deixado pelas extrações dos

pré-molares foram fechados sem perda de ancoragem. Alem disso, os dentes

posteriores superiores mostraram movimentação para distal. Os miniimplantes

inferiores controlaram a posição dos vertical dos dentes posteriores inferiores e

executaram um importante papel na melhora do perfil facial. A eficiência da

mecânica de deslize com miniimplantes como ancoragem no tratamento da má

oclusão de Classe II esqueletal é também discutida.

Liou, Pai e Lin em 2004 avaliaram por meio de sobreposições de

telerradiografias se os miniimplantes permaneceriam imóveis quando submetidos a

forças ortodônticas. Os resultados obtidos demonstraram que os miniimplantes

seriam considerados estáveis, contudo não permaneceriam absolutamente imóveis

quando submetidos a forças ortodônticas. Os miniimplantes inclinaram

significativamente para frente, na cabeça do miniimplante, em média 0,4mm. Os

autores recomendaram que esses dispositivos fossem colocados em áreas

apoiadas por dentes com uma margem de segurança de 2mm entre o miniimplante e

a raiz do dente e, em áreas não apoiadas por dentes que não tenham acidentes

anatômicos próximos, como forames, grandes nervos e passagem de vasos

sanguíneos.

Revisão de literatura 28

Teixeira e Escossia Jr ainda em 2004, publicaram o relato de um caso

clínico, descrevendo a eficiência na verticalização de molares inferiores com o uso

dos mini–implantes na região retro-molar da mandíbula.

Asscherickx et al (2005) relataram que os miniimplantes são usados

comumente na ortodontia para produzir ancoragem, e dentre as várias localizações

possíveis de inserção, a região entre as raízes dentais nos processos alveolares é

muito usual, na qual poderiam gerar o risco de danificar as raízes dos dentes

vizinhos. Fizeram um estudo experimental em animais na qual inseriram vinte

miniimplantes em cinco mandíbulas de cachorros da raça Beagle. Cada cachorro

recebeu dois miniimplantes em cada quadrante inferior, entre as raízes dos

segundos e terceiros e terceiros e quartos pré-molares. Radiografias periapicais

foram tiradas a cada seis semanas, e mostraram danos em três raízes pela inserção

dos miniimplantes. Exames histológicos dessas três raízes demonstraram uma

quase completa reparação da estrutura periodontal (cemento, ligamento periodontal

e osso) em um período de doze semanas, após a remoção dos miniimplantes.

Carano et al (2005), escreveram sobre as aplicações clínicas do sistema de

ancoragem com miniimplantes. As vantagens dos miniimplantes sobre outras formas

de ancoragem incluiriam: ótimo uso das forças de tração, sem considerar o número

ou posição dos dentes; aplicabilidade em qualquer estágio de desenvolvimento,

incluindo terapia interceptativa; menor tempo de tratamento, sem haver necessidade

de preparo de ancoragem dental; independência da colaboração do paciente;

conforto para o paciente; baixo custo. Naturalmente existiriam complicações comuns

para todo procedimento de implante, incluindo: dano às estruturas anatômicas como

os nervos, vasos e raízes; perda do parafuso durante a colocação da carga

Revisão de literatura 29 (ativação); quebra do parafuso dentro do osso durante a colocação ou remoção;

inflamação ao redor do implante.

Ainda no mesmo ano de 2005 mas em outro trabalho, Carano et al,

estudaram as propriedades mecânicas de três marcas diferentes de miniimplantes

para ancoragem esqueletal, nas quais os resultados compararam a resistência à

dobra, ao torque, à retirada de cada parafuso e o momento de força necessário

para desaparafusar cada amostra. Como resultado, todas as três marcas possuíram

propriedades mecânicas que colaboraram para que pudessem ser usados com

segurança como ancoragem esquelética ortodôntica. Embora o aço inoxidável

(material de uma das três marcas de mini-parafusos) demonstrou ter mais

resistência à fratura que o titânio (material das outras duas marcas de

miniimplantes), o desempenho como um todo como material de miniimplantes foi

inferior ao titânio. Para facilitar a colocação, o perfil assimétrico das roscas seria

preferido ao perfil simétrico. A proporção entre o diâmetro da fresa com o do mini-

parafuso correspondente seria fundamental para o sucesso da colocação e

resistência dos miniimplantes. Analisando as propriedades mecânicas avaliadas

nesse estudo, a forma cilíndrica do mini-parafuso foi melhor que a forma cônica. A

forma cônica seria eleita nos casos de colocação em lugares de espaços limitados

a 2,5mm a 3,5mm encontrados entre as raízes.

Carano e Melsen em 2005 responderam a uma série de questionamentos

feitos por Anthony A. Gianelly sobre ancoragem esqueletal. Iniciaram as respostas

definindo que a nomenclatura implantes e miniimplantes se referem a dispositivos

que necessitam de osseointegração prévia, antes de seu uso como ancoragem

esquelética, e os termos miniparafusos, miniimplantes não haveria essa necessidade

de osseointegração podendo ser utilizados imediatamente após a colocação. Falam

Revisão de literatura 30 da necessidade da avaliação radiográfica para cada caso antes da colocação, e que

os miniparafusos são um sistema de ancoragem estável mas não permanecem

absolutamente imóveis durante a ativação no tratamento ortodôntico. O comprimento

mais que o diâmetro, quantidade e qualidade do osso e região de inserção são de

grande importância para determinação da estabilidade dos miniparafusos, além da

quantidade de aplicação de força. Quanto aos riscos, argumentaram que são os

mesmos dos implantes convencionais, com a possibilidade de lesões de algumas

estruturas anatômicas como vasos, nervos e raízes dentais,podendo ocorrer ainda a

perda durante a colocação, ativação, inflamação dos tecidos ao redor e a quebra do

miniparafuso durante a inserção ou remoção. Relataram que as vantagens dos

miniparafusos em relação aos outros sistemas que necessitariam de

osseointegração seriam a versatilidade nos locais de inserção, fácil colocação e

remoção, ativação imediata de até 50Ncm, utilização em pacientes com crescimento

e custo baixo. Responderam à última pergunta dizendo que estavam convencidos

que os miniimplantes eram uma importante ferramenta para a Ortodontia, mas que

necessitavam ainda de mais estudos científicos para especificar suas maiores

vantagens como ganho em termos de tempo de tratamento, aumento na qualidade

dos resultados e redução da colaboração do paciente.

No ano de 2005, Cope apresentou um artigo definindo e classificando os

dispositivos temporários de ancoragem ortodôntica, cobrindo o seu desenvolvimento

histórico, os parâmetros biológicos básicos para o seu uso e as questões que

necessitariam de maiores pesquisas experimentais para se tornarem incorporados à

prática diária e rotineira.

Uma revisão de literatura sobre implantes dentais para ancoragem ortodôntica

foi feita por Huang, Shortwell e Wang em 2005, abordando os conceitos atuais sobre

Revisão de literatura 31 as indicações, tipos, tamanhos, composições, cirurgia, tempo de cicatrização, força e

biomecânica, tempo de aplicação da força, as considerações pós-tratamento e as

suas desvantagens.

Uma pesquisa feita por Huja et al em 2005 teve como intenção investigar em

cães se a resistência à tração de miniimplantes monocorticais variavam de acordo

com o local de instalação na maxila e na mandíbula. Os autores acreditavam que a

diferença de espessura da cortical óssea poderia influenciar no potencial de falha

desses dispositivos. Os resultados obtidos demonstraram que a resistência à tração

diferiu significativamente nas diferentes localizações na mandíbula e na maxila,

sendo muito maior na região posterior dos maxilares. As diferentes espessuras na

cortical óssea existentes nos diferentes locais da maxila e mandíbula teriam

influência. Como a região anterior dos maxilares seria mais delgada, resistência foi

menor. Portanto, houve uma fraca mas significante correlação entre resistência à

tração e espessura da cortical óssea. Chegou-se a conclusão que a resistência à

tração dos miniimplantes corticais seria suficiente para suportar cargas ortodônticas.

Kyung, Choi, Kim e Park em artigo escrito em 2005, reportaram em dois

casos clínicos a possibilidade de união com resina de acessórios ortodônticos, como

bráquetes e tubos ortodônticos à cabeça dos miniimplantes, utilizando previamente

jato de hidróxido de alumínio por dez segundos. Os autores consideraram essa

oportunidade de união de acessórios aos miniimplantes uma grande virtude pois

possibilitaram a individualização de torques e controle de rotações sem causar

movimentos indesejáveis aos dentes adjascentes.

Segundo Laboissiére Jr et al (2005) para que a comunicação multidisciplinar

seja mais eficiente, o cirurgião deveria reciclar conceitos básicos de biomecânica, de

movimentação dentária e de terminologias ortodônticas. O controle da ancoragem

Revisão de literatura 32 ortodôntica seria decisivo para o sucesso do tratamento, existindo vários recursos

intrabucais e extrabucais a serem utilizados. Convencionalmente estes métodos

apresentariam uma série de desvantagens, incluindo complicações estéticas,

funcionais, necessidade de colaboração do paciente e constrangimento social, que

poderiam interferir na aceitabilidade do tratamento indicado. A ancoragem absoluta

estaria relacionada com a possibilidade do implantodontista ou cirurgião fornecer ao

ortodontista um ponto fixo e imóvel de ancoragem dentro da cavidade bucal, para

que fossem realizados movimentos simples ou complexos de forma mais controlada

e previsível. Os miniimplantes ortodônticos ofereceriam uma vasta possibilidade de

escolha da localização de instalação no osso alveolar e basal, bem como uma

grande variação do ponto de aplicação da força no arco. A escolha adequada destes

dois pontos facilitariam o tipo de movimento desejado, conseqüentemente maior

controle sobre o tratamento ortodôntico. O uso dos miniimplantes ortodônticos como

dispositivo para ancoragem direta, simplificaria a aparatologia ortodôntica e

minimizaria os efeitos colaterais das forças indesejáveis. Neste artigo foi sugerido

um protocolo de aplicações clínicas para a utilização da técnica de ancoragem

absoluta.

Em outro artigo, Laboissière Jr et al (2005) relataram que apesar do sucesso

dos miniimplantes como ancoragem, alguns cuidados especiais seriam necessários

para manutenção dos mesmos na cavidade oral, como controle correto da técnica

cirúrgica, aplicação clínica adequada, uso de forças ortodônticas apropriadas, boa

densidade óssea e controle da inflamação nos tecidos moles adjacentes. O objetivo

deste artigo foi mostrar os principais problemas e fatores de riscos como: fraturas,

mucosites, perdas de estabilidade e lesões de tecidos moles, sugerindo formas de

reduzir o índice de insucesso.

Revisão de literatura 33

Mah, Bergstrand e Graham em 2005 produziram um relatório sobre a

condição atual dos dispositivos de ancoragem temporária e o impacto que esses têm

proporcionado no planejamento e na execução dos tratamentos ortodônticos atuais.

No relatório foi colocado, dentre outros assuntos, que as falhas e complicações

foram dramaticamente reduzidas por meio dos novos desenhos e novas técnicas de

colocação permitindo um grande aumento nas taxas de sucesso na utilização dos

miniimplantes. Observou-se que os resultados seriam mais satisfatórios nos

maxilares do que nas mandíbulas e mais em adultos que em crianças. No assunto

complicações, a quebra e o dano às raízes adjacentes foram as mais

observadas e discutidas.

Marassi et al (2005) relatam um estudo realizado na clínica de especialização

em Ortodontia da Unigranrio avaliando 190 miniimplantes instalados sem retalho e

com aplicação de força imediata ou no máximo em 30 dias, foi obtido um índice de

sucesso de 91%. A maioria dos estudos anteriores indicaram índices gerais de

sucesso entre 84% e 93%. Os índices de sucesso seriam obtidos logicamente se

seguidos todos os procedimentos de planejamento, e técnica cirúrgica adequadas

para uma estabilidade primária. De acordo com os autores, as chaves para o

sucesso estariam relacionadas aos cuidados com o planejamento na escolha do

local de instalação (evitando a instalação de miniimplantes em mucosa alveolar) , ao

tipo de miniimplante e ao nível de forca aplicado sobre o mesmo. Além disso, os

profissionais deveriam evitar cirurgia traumática, utilizar contra-ângulo de redução e

irrigação adequada para evitar o aquecimento durante a perfuração. Outros

cuidados seriam a utilização de implante mais espesso ou dois implantes

conjugados em pacientes dolicofaciais ou com corticais delgadas, evitar aplicação de

forca excessiva sobre o miniimplante durante o tratamento, fornecer orientações

Revisão de literatura 34 pós-operatórias contendo instruções sobre a correta higiene oral ao redor do

implante.

De acordo com Melsen (2005) as aplicações clínicas dos miniimplantes foram

descritas em vários artigos e, geralmente, em casos clínicos nos quais essas novas

abordagens seriam alternativas aos métodos de ancoragem convencionais. A

maioria dos casos clínicos descritos foram de pacientes com falta de dentes para a

instalação de ancoragem convencional. Também em casos onde a força da unidade

de reação poderia gerar efeitos colaterais desagradáveis e em pacientes com

necessidade de movimentação dentária assimétrica em todos os planos do espaço,

ou como alternativa à cirurgia ortognática. Relatou que apesar dos altos índices de

sucesso, existem complicações com relação a utilização de miniimplantes. Os

problemas relacionados ao miniimplante seriam a fratura, se o mesmo for muito

estreito ou a área do pescoço não for resistente o suficiente para suportar o stress

da remoção. Além disso, a infecção ao redor do miniimplante poderia se desenvolver

se a sua porção transmucosa não for inteiramente lisa. Assim, nessas situações se

um sistema de miniimplante com comprimento variável de pescoço for usado, o

clínico pode selecionar aquele que melhor se adaptasse à área de implantação. Os

problemas relacionados com o operador seriam àqueles relacionados à aplicação

excessiva de pressão durante a inserção de um miniimplante auto-perfurante,

podendo levar à fratura da ponta do dispositivo. O aperto excessivo do miniimplante

pode causar a sua folga ou perda, visto que seria necessário parar de torcer o

miniimplante assim que a parte lisa do pescoço tiver alcançado o periósteo. O

operador também não deve tremer ou balançar a chave do miniimplante quando for

remover da cabeça do mesmo, deve remover primeiro o alongador da chave antes

de remover a parte presa da cabeça do miniimplante. Quanto aos problemas

Revisão de literatura 35 relacionados ao paciente, o prognóstico para estabilidade primária de um

miniimplante seria pobre quando a cortical óssea fosse mais fina que 0,5mm e

quando a densidade do trabeculado ósseo fosse baixa. Já em pacientes com

mucosa espessa, a distância entre o ponto de aplicação de força e o centro da

resistência do miniimplante seria muito maior que o normal, gerando assim um

grande momento quando a forca fosse aplicada. Perdas de miniimplantes poderiam

ocorrer, mesmo que houvesse a estabilidade primária, se o miniimplante fosse

inserido em uma área com considerável remodelação óssea ou em áreas de

reabsorção de dentes decíduos e de cicatrização pós-extração. Os miniimplantes

seriam contra-indicados em pacientes com alterações sistémicas no metabolismo

ósseo causadas por doenças, medicações e tabagismo exagerado.

Em 2005, Melsen e Verna classificaram as complicações relacionadas ao uso

dos miniimplantes como raras e poderiam ocorrer durante a inserção, onde a falta de

estabilidade inicial seria devido a espessura inadequada da cortical óssea ou devido

à inserção do miniimplante no ligamento periodontal ou na raiz do dente. Nesses

casos, dever-se-ia remover e selecionar uma nova localização. As complicações que

acontecessem durante o período da aplicação de força, caracterizadas pela

mobilidade do miniimplante, necessitariam de intervenção imediata, por meio da

remoção e reposicionamento do dispositivo. A hipertrofia da mucosa adjacente ao

miniimplante poderia acontecer e geralmente estaria associada a uma pobre higiene

oral e a inserção do miniimplante. A colocação do miniimplante deveria ser feita em

gengiva inserida e não em mucosa. Nas complicações de remoção, o miniimplante

poderia fraturar ou não ser removido facilmente, entretanto, isso se resolveria

naturalmente alguns dias após a primeira tentativa de remoção, pois o dispositivo

tende a se tornar folgado.

Revisão de literatura 36

A correção da mordida profunda foi muito bem tratada com miniimplantes, por

Ohnishi et al (2005), eliminando um grande problema estético que geralmente o

acompanha: o sorriso gengival (quando os dentes superiores estiverem extruídos). O

paciente tratado, de 19 anos de idade, apresentava apinhamento anterior,

discrepância moderada no comprimento do arco e sobremordida profunda com

sorriso gengival. Foi colocado um miniimplante ortodôntico como ancoragem para

intrusão na região dos incisivos superiores, seguido de aparelhagem Edgewise para

o alinhamento e nivelamento dos arcos dentais. A sobremordida foi corrigida de

7,2mm para 1,7mm pela intrusão dos incisivos, e o sorriso gengival melhorou. Foram

alcançadas boa oclusão e estética, e o paciente foi acompanhado por dois anos

após conclusão do tratamento ativo, apresentando estabilidade.

Uma alternativa estética para o fechamento dos espaços das extrações de

pré-molares foi mostrada no trabalho de Park et al em 2005, que utilizaram

miniimplantes de 2mm de largura por 7mm de comprimento entre os segundos pré-

molares e primeiros molares superiores como ancoragem esquelética e placa de

acetato envolvendo os dentes anteriores, como utilizado no sistema “invisalign”,

relatando dificuldades na obtenção de bons resultados em movimentos dentais de

corpo e controle do torque anterior. A aparelhagem fixa foi colocada nesta fase

apenas nos segundos pré-molares e primeiros molares superiores e inferiores.

Ganchos com fios de aço 0.036” foram confeccionados e colados na face vestibular

dos caninos antes da confecção da placa de acetato que ia de canino a canino,

envolvendo todos os ganchos e os dentes anteriores superiores e inferiores.

Utilizaram elásticos 3/16” dos ganchos aos miniimplantes vinte e quatro horas por

dia. Evitaram a instalação da mordida aberta posterior causada pela placa, com

acréscimo de porções de resina nas faces oclusais dos molares inferiores e uma

Revisão de literatura 37 barra transpalatina foi colocada nos molares superiores para estabilização. Após

seis meses de retração as placas foram removidas e colados braquetes cerâmicos

nos dentes anteriores, sendo que deixaram propositalmente um espaço de 1,0 a

1,5mm bilateral para ser fechado com aparelhagem fixa nas duas arcadas com fios

retangulares 0.019” x0.025” copperniti para acerto do controle axial das raízes. Após

dois meses, fios 0.018”x 0.025” de aço foram colocados nas arcadas para manter os

espaços fechados. Uma placa de acetato de 0,75mm foi utilizada em cada arcada

por mais dois meses para finalização e retenção. O tempo total de tratamento foi de

quatorze meses com a utilização de braquetes na região anterior só nos últimos seis

meses.

Shimano (2005) na sua tese de mestrado “Comportamento mecânico e

análise dimensional de parafusos corticais de aço inoxidável e de titânio submetidos

a ensaios de torção”, afirma que parafusos corticais são uns dos implantes mais

utilizados na prática cirúrgica e são normalmente compostos por ligas metálicas

como o aço inoxidável F-138 e a liga de titânio 6Al-4V e, quando inseridos no

organismo humano, são submetidos a diversos esforços mecânicos, sendo

necessário avaliar as propriedades mecânicas desses implantes. O objetivo desse

estudo foi analisar o comportamento mecânico de parafusos corticais de aço

inoxidável e de liga de titânio, de fabricação nacional, em ensaios de torção. Vinte

parafusos de aço inoxidável foram divididos em quatro grupos (1,2,3,4) e o mesmo

foi feito com os parafusos da liga de titânio. Primeiramente suas medidas-padrão

foram analisadas de acordo com a Norma Brasileira NBR ISO 5835:1996. Nos dois

grupos 1 (de aço inoxidável e de liga de titânio), o ângulo de rotação foi mensurado

por um goniômetro e o ensaio de torção foi manual. Já os parafusos dos dois grupos

2 foram ensaiados em uma máquina de torção. Os parafusos dos grupos 3,

Revisão de literatura 38 primeiramente, foram inseridos em cortical óssea suína e, posteriormente

submetidos à torção. Nos dois grupos 4, os parafusos foram submetidos à torção

sucessiva e, posteriormente submetidos à torção na máquina. Na análise estatística

das propriedades mecânicas, os resultados apresentaram diferença significativa no

torque no limite de proporcionalidade entre o grupo 1 e os demais grupos de aço

inoxidável e entre o grupo 1 e os demais grupos de liga de titânio, sugerindo um

possível erro metodológico no ensaio de torção manual. No torque no limite máximo

houve diferença significativa entre o grupo 4 de liga de titânio e os grupos 2 e 3,

mostrando que a torção sucessiva pode comprometer essa propriedade. Na rigidez

torcional, foi demonstrada diferença estatística significativa entre os grupos 1 e 3 de

titânio. Na tenacidade torcional, houve diferença significativa entre o grupo 1 e os

demais grupos de liga de titânio, entre o grupo 2 e os grupos 3 e 4 de aço inoxidável

e entre todos os grupos de aço inoxidável e todos os grupos de liga de titânio.

Concluiu-se que, em geral, os parafusos de aço inoxidável apresentam tenacidade

torcional superior aos parafusos de liga de titânio, mas nas demais propriedades

estes dois biomateriais apresentaram resultados semelhantes.

Suzuki e Buranastidporn em 2005 descreveram que a colocação dos

miniimplantes entre as raízes dos dentes tem sido um grande desafio,

principalmente por causa do espaço limitado e o risco de lesão de raízes durante a

sua inserção. Diante disso, os autores desenvolveram um guia cirúrgico

tridimensional que permitiria uma instalação segura dos miniimplantes, mesmo em

áreas interradiculares. Este guia cirúrgico ajustável consistiu de um conector

horizontal com articulações em cada extremidade e presa a dois braços verticais que

giravam em diferentes eixos. Um dos braços se prenderia ao fio ortodôntico e o outro

seria preso a uma haste de 5mm de comprimento com um tubo na extremidade de

Revisão de literatura 39 3mm de diâmetro interno. Essas hastes permitiriam inclusive a colocação dos

miniimplantes com ângulo de 30º a 40º em relação ao longo eixo do dente.

Thiruvenkatachari, Pavithranand, Rajasigamani e Kyung em 2005

compararam e mediram a quantidade de perda de ancoragem dos molares com e

sem o uso de miniimplantes de titânio como ancoragem durante a retração dos

caninos. Dez pacientes ortodônticos, sete mulheres e três homens, que tinham

indicação terapêutica para extração de quatro pré-molares, receberam miniimplantes

de 1,3mm de diâmetro por 9mm de comprimento após o alinhamento e nivelamento

ser efetuado. Foram colocados miniimplantes apenas de um lado, e os caninos

foram retraídos com molas fechadas; de um lado indo do canino ao miniimplante, e

do outro lado do canino ao molar. A média de perda de ancoragem foi de 1,60mm na

maxila e 1,70mm na mandíbula do lado da ancoragem molar e do lado do

miniimplante não houve perda de ancoragem.

Yao et al (2005) avaliaram a intrusão de molares superiores com

aparelhagem fixa e ancoragem por miniimplantes estudados nas três dimensões. A

ponta de cúspide do pré-tratamento e da pós-intrusão dental dos modelos foram

gravadas de forma digital. Com isso, a direção e magnitude do movimento dental

individual foram observadas. A média de movimentos intrusivos dos primeiros

molares superiores foi de 3 a 4 mm, com um máximo de 8 mm. Para o segundo

molar superior e segundo pré-molar a quantidade de intrusão foi de 2mm e 1 a

2mm, respectivamente. Esse estudo mostrou que uma significante intrusão dos

molares superiores poderia ser obtida com um bom controle, usando aparelhagem

fixa e miniimplantes como ancoragem óssea.

Yun et al (2005) afirmaram que muitos métodos de verticalização da

inclinação mesial dos molares inferiores produzem indesejável extrusão dos mesmos

Revisão de literatura 40 e movimenta a unidade de ancoragem, requerendo estabilização interarcos para

neutralizar esses efeitos. Muitos clínicos utilizaram e vários artigos reportaram

grande sucesso na retração dos dentes anteriores superiores e verticalização dos

molares inferiores usando os miniimplantes como ancoragem. Em muito desses

casos, contudo, os dentes escolhidos foram conectados diretamente aos

miniimplantes por elásticos ou outros meios de tração e para finalização do caso

aparelhagem fixa foi requerida. Os autores descreveram em dois casos clínicos

como os molares inferiores podem ser mais facilmente e precisamente verticalizados

usando ancoragem indireta por miniimplantes.

Bae e Kyung em 2006 descreveram que em pacientes adultos é muito comum

apresentarem com um ou mais molares com extrusão dentro de áreas edêntulas no

arco antagonista. Restaurações protéticas adequadas pode ser de difícil colocação

sem primeiro intruir os molares. Até o desenvolvimento da ancoragem esqueletal,

isto era virtualmente impossível em casos com unidades remanescentes de

ancoragem insuficiente, como os pacientes comprometidos periodonticamente,

especialmente quando a extrusão molar era no arco superior. Os autores mostraram

uma efetiva intrusão molar inferior usando miniimplantes como ancoragem em um

caso clínico de uma senhora de sessenta e sete anos de idade.

Um guia cirúrgico tridimensional ( GCT) foi relatado por Barros et al em 2006,

para evitar danos nas raízes dos dentes vizinhos ao local da colocação do

miniimplante, com a broca piloto, utilizado previamente à colocação do dispositivo. O

guia cirúrgico radiográfico era constituído de duas partes cuja primeira era presa na

aparelhagem ortodôntica por um dispositivo ortodôntico para encaixe em fios

ortodônticos, conhecido comercialmente como “Gurin” e a segunda era composta

por um posicionador radiográfico modificado que se encaixava à primeira. Os

Revisão de literatura 41 autores concluíram que o uso do guia orientava os procedimentos radiográficos e

cirúrgicos assegurando um trajeto coincidente para a radiografia e a fresa,

minimizando os riscos de danos às estruturas anatômicas. Descreveram que para

cada grau de variação da penetração do ângulo ideal em uma profundidade de

8mm, a ponta da broca cirúrgica (fresa) se desviava em 0,13mm, isto é, se o ângulo

de colocação da broca está oito graus diferente do ideal, a ponta da broca era

desviada em 1,04mm do trajeto ideal.

Bezerra et al (2006) relataram que a Ortodontia dispunha de alternativas de

ancoragem por meio de implantes osseointegráveis, miniimplantes ou miniplacas

que conferiam uma ancoragem absoluta, com uma aparatologia mais confortável e

estética para o usuário. O paciente portador de aparelho fixo apresentaria um maior

risco à cárie e à doença periodontal, imposto pela própria aparelhagem ortodôntica.

Soma-se a isso à presença de mecanismos intraorais de ancoragem, o que

aumentaria a sua susceptibilidade à patologia peri-implantar. Esses fatores

associados ditariam, portanto, a necessidade de cuidados individualizados na busca

da manutenção da saúde periodontal e peri-implantar bem como a integridade

dentaria. Neste artigo os autores propuseram estratégias de monitoramento e

manutenção para o paciente ortodôntico portador de miniimplantes, respeitando as

suas peculiariedades e buscando tratá-lo de forma efetiva e personalizada.

Janson et al (2006) abordaram que a Ortodontia baseia-se no diagnóstico

bucal e facial para elaborar o plano de tratamento e na mecânica para conduzir ao

resultado esperado. Uma das limitações do tratamento poderia ser a deficiência de

ancoragem pela ausência de dentes de suporte, pela dificuldade da movimentação,

pela limitação da técnica empregada ou pela falta de colaboração do paciente em

utilizar aparelhos removíveis e elásticos. Os miniimplantes surgiram como uma

Revisão de literatura 42 alternativa viável para resolver estes problemas e poderiam ser empregados de

forma rotineira na clínica ortodôntica, pela facilidade de instalação e remoção,

conforto ao paciente e baixo custo. As possibilidades de uso seriam inúmeras e o

planejamento da posição em que seriam instalados era importante para se obter os

vetores de força desejados. Neste artigo as indicações, contra-indicações e

intercorrências foram discutidos e um caso clínico apresentado.

Jeon et al (2006), descreveram o tratamento de um paciente do gênero

masculino, coreano de 22 anos de idade que apresentava assimetria facial e

prognatismo mandibular. Como alternativa para a correção do plano oclusal, foram

utilizados mini-parafusos para intrusão dental associada à aparatologia ortodôntica.

Assim, evitou-se a intervenção cirúrgica como a osteotomia Le Fort I com

impactação maxilar assimétrica.

Kim et tal (2006), considerou que a espessura do tecido mole e a cortical

óssea no local da colocação dos miniimplantes seria muito importantes para se

alcançar a estabilidade dos mesmos. Utilizaram vinte e três maxilas de cadáveres

coreanos e concluíram que a colocação cirúrgica de miniimplantes para

ancoragem ortodôntica na região dos molares superiores necessitaria de atenção

com relação ao lugar e ângulo, baseado nas características anatómicas

individuais.

Kravitz e Kusnoto em 2006, relataram que apesar dos benefícios da

ancoragem esquelética, muitos ortodontistas tem sido relutantes na colocação dos

miniimplantes devido a necessidade da administração do anestésico infiltrativo.

Neste artigo mostraram como os miniimplantes poderiam ser inseridos com êxito e

conforto usando somente anestésico local. Um quadrado de dois centímetros de

lado formado por gaze, foi usado para secar completamente a área da mucosa onde

Revisão de literatura 43 o miniimplante seria colocado, o anestésico tópico gel foi aplicado na mucosa seca,

com um “cotonete”, e foi deixado por dois a três minutos. Relataram que um maior

tempo de exposição poderia causar irritação tecidual. O efeito anestésico seria

alcançado em cinco a dez minutos e terminaria em vinte e cinco a trinta minutos.

Uma sonda periodontal foi usada para confirmar a anestesia profunda e criou

também uma marca precisa no tecido mole, para guiar o miniimplante após a

verificação da radiografia periapical da região. De acordo com os autores, a

anestesia tópica ofereceu vantagens quando comparada com o anestésico

infiltrativo, pois o anestésico tópico foi facilmente administrado pelo clínico e foi mais

confortável e tolerável pelo paciente; a anestesia tópica não anestesiou o dente

porque o anestésico tópico efetivamente se difundiu através de dois a três milímetros

no tecido mucoso, enquanto que tecidos mais profundos que três milímetros foram

pobremente anestesiados; o inchaço em forma de balão não ocorreu, como quando

anestesiamos com a infiltração local.

Melo et al (2006) iniciaram seu artigo falando que a ancoragem pode ser

definida como a resistência ao movimento dentário indesejado e é uma das maiores

preocupações do ortodontista durante o planejamento e execução do tratamento

ortodôntico. Pode ser obtida tanto por mecanismos intrabucais (Barra Palatina,

Botão de Nance, etc), como por meio de aparelhos extrabucais, o que torna a

colaboração do paciente imprescindível para o sucesso do tratamento. Com o

objetivo de buscar métodos de ancoragem intrabucal independentes da colaboração

do paciente, relataram que alguns autores sugeriram a utilização de implantes

dentários ósseointegrados para utilização em Ortodontia e, recentemente, foram

desenvolvidos implantes específicos, entre eles os miniimplantes. Estes

apresentavam tamanho reduzido, o que possibilitava sua instalação inclusive entre

Revisão de literatura 44 raízes dentárias, viabilizando seu uso em inúmeras situações clínicas. Baseado nos

benefícios que a utilização dos miniimplantes trazem à prática ortodôntica, o objetivo

deste artigo foi a descrição do planejamento ortodôntico-cirúrgico e da

mecanoterapia ortodôntica, com exemplos clínicos.

Morais et al (2006) demonstraram através de um caso clínico que a sutura

mediana com uma fina espessura de tecido mole ceratinizado e com espessura

suficiente de cortical óssea é um ótimo local para a instalação de miniimplantes.

Apesar das limitações anatômicas da sutura palatina mediana, ela vem sendo usada

à partir dos miniimplantes como ancoragem para distalização e intrusão de molares

superiores que devem estar utilizando a barra transpalatina, reduzindo o tempo de

tratamento e aumentando do conforto do paciente.

Segundo Motoyoshi et al (2006), determinaram a adequada quantidade de

torque para obtenção da melhor taxa de sucesso dos miniimplantes que foram

parafusados no osso alveolar da região vestibular posterior superior e inferior, como

ancoragem para tratamento ortodôntico. O torque colocado no miniimplante foi

medido em quarenta e um pacientes que foram submetidos a cento e vinte e quatro

miniimplantes, com uma idade média de 24,9 anos (DP 6,5anos). O valor de pico do

torque colocado no miniimplante foi medido usando uma chave de torque. A taxa de

sucesso dos miniimplantes para ancoragem dos cento e vinte e quatro miniimplantes

foi de 85% e a medida do torque colocado nos miniimplantes foi de 7,2 a 13,5N.cm,

dependendo da sua localização. Houve diferença significante no torque colocado no

miniimplante entre maxila e mandíbula. Na mandíbula os torques colocado nos

miniimplantes foram, significantemente mais altos no grupo de falhas que no grupo

de sucesso, portanto um valor de torque alto não deve ser usado sempre. Segundo

os cálculos da proporção de risco de falha dos autores, para aumentar a taxa de

Revisão de literatura 45 sucesso do miniimplante 1.6mm de diâmetro, a recomendação do torque colocado

nos miniimplantes seria dentro do intervalo de 5N.cm a 10N.cm.

Nascimento et al (2006) relataram que a utilização de miniimplantes de titânio

como recurso de ancoragem esquelética em Ortodontia tem demonstrado alta

versatilidade de aplicação clínica devido a suas dimensões reduzidas, baixo custo,

simplicidade de instalação e remoção. Indicaram, sobretudo, para casos clínicos

onde havia necessidade de estabelecimento de uma ancoragem esquelética estável,

evitando movimentos recíprocos indesejáveis durante o tratamento ortodôntico

corretivo. Neste artigo foi apresentado um protocolo cirúrgico para instalação de

miniimplantes e orientação de higiene periimplantar.

Segundo Padovan et al (2006) durante anos a Ortodontia e a Implantodontia

buscaram novas formas de abordagem ao tratamento das más oclusões, utilizando

formas de ancoragem mais simples, chegando ao desenvolvimento dos

miniimplantes. Afirmam que a indicação de miniimplantes deve ser cautelosa,

devendo ser considerado o custo, o tempo e a aplicação vantajosa no caso de cada

paciente.

Paik, Nagasaka e Hirashita em 2006 escreveram um artigo que demonstrou a

efetividade dos miniimplantes para ancoragem na região retromolar, usados na

retração da dentição inferior inteira, para o tratamento da correção da Classe III sem

extração dental de um paciente do sexo feminino de 16 anos, que apresentava

protrusão mandibular, linha mediana desviada para direita em 3mm, terço inferior da

face apresentando uma pequena assimetria, perfil ligeiramente côncavo e relação de

topo a topo dos dentes anteriores. De acordo com os dados cefalométricos e clínicos

era um caso limítrofe para cirurgia ortognática. Após a finalização do alinhamento e

nivelamento, sem extrações dentais, e sem a presença dos terceiros molares,

Revisão de literatura 46 utilizando o arco 0.019” x 0.025”de aço, foram instalados dois miniimplantes de

1,6mm de diâmetro por 6mm de comprimento na região retromolar mandibular em

ambos os lados. Os primeiros e segundos molares inferiores foram amarrados aos

miniimplantes com fios de ligadura de aço e cadeias elastoméricas foram colocadas

dos primeiros molares inferiores aos ganchos soldados no fio entre os dentes

laterais e caninos inferiores. Após uma semana de cicatrização dos tecidos ao redor

dos miniimplantes, foi iniciada a ativação da retração do lado esquerdo, e do lado

direito foi iniciada após um mês pois necessitou de menor retração. A retração de

ambos os lados terminaram em sete meses, e a remoção da aparelhagem fixa foi

feita após quatro meses, depois de se obter relação molar de Classe I e acerto da

linha mediana, perfazendo dezesseis meses de tratamento. O caso mostrou que os

miniimplantes providenciaram ancoragem suficiente para a retração da dentição

inferior inteira de uma vez. Os autores concluíram que quando os clínicos estiverem

frente a um caso limítrofe entre tratamento ortodôntico ou cirurgia ortognática, ou

entre terapia de extrações ou sem extrações, a disponibilidade da efetiva ancoragem

esqueletal poderia tender a um tratamento mais conservador.

Park et al (2006) reportaram um caso clínico de uma menina de dezesseis

anos de idade com mordida aberta anterior, que foi tratada sem extrações dentais,

mas com intrusão dos dentes posteriores superiores e inferiores por meio dos

miniimplantes. Estes com dimensões de 1.2mm de diâmetro por 8mm e 6mm de

comprimento, foram colocados dentro do osso alveolar próximo dos dentes

posteriores e usados como ancoragem para a força intrusiva. Para prevenir efeitos

colaterais adversos, como vestibularização, palatinização ou lingualização dos

dentes posteriores durante a intrusão, uma barra transpalatina e um arco lingual

foram utilizados. Os três milímetros de mordida aberta anterior foram corrigidos em

Revisão de literatura 47 onze meses de tratamento, havendo a auto-rotação da mandíbula. Houve recidiva

da intrusão posterior no estágio inicial da retenção, oito meses, depois disso não

ficou evidente recidiva na posição vertical dos molares e do FMA. A mecânica de

tratamento da mordida aberta anterior com intrusão posterior com o uso de

miniimplantes foi efetiva mas requer um protocolo de retenção apropriado.

Paula e Oliveira (2006) relataram que a necessidade de ancoragem absoluta

na mecanoterapia para tratamento de várias más oclusões de Angle levou ao

desenvolvimento de miniimplantes que podem ser instalados próximos às unidades

dentais que serão movimentadas, com riscos mínimos, possuem facilidade de

instalação e possibilidade de utilização imediata pelo ortodontista. Variações na

forma, na técnica cirúrgica e o fato de suportarem cargas pesadas imediatas tornam

estes dispositivos de ancoragem uma opção segura na ortodontia atual. Concluem

que os miniimplantes ortodônticos apresentam boa estabilidade, possibilidade de

uso imediato e são bem indicados no tratamento de todos os tipos de má oclusão

dentária onde o risco de perda de ancoragem é evidente.

Poggio et al (2006), providenciaram um mapa anatômico para ajudar os

clínicos na colocação dos mini-parafusos em locais seguros entre as raízes dentais.

Obtiveram isso por meio de tomografias de vinte e cinco maxilas e vinte e cinco

mandíbulas. A maior quantidade de osso mésio-distal maxilar estava no lado

palatino entre o segundo pré-molar e o primeiro molar, a menor quantidade de osso

estava na tuberosidade. Na mandíbula a maior quantidade de osso na dimensão

mesio-distal estava entre o primeiro e segundos pré-molares, a menor quantidade de

osso foi entre o primeiro pré-molar e canino. Na dimensão vestíbulo-lingual, a maior

espessura estava entre primeiro e segundo molar e a menor quantidade de osso,

entre o primeiro pré-molar e canino tanto na maxila com na mandíbula.

Revisão de literatura 48

Santana H. (2006) relata os aspectos em que a ortodontia pode ser favorecida

pela implantodontia e que a ancoragem constitui uma das principais dificuldades nos

tratamentos ortodônticos, pois os dentes se movem em resposta às forças aplicadas

aos mesmos. A ancoragem intra-oral é instável e de difícil colaboração por parte do

paciente e, algumas vezes ineficientes. Já a ancoragem extra-oral exige uma grande

colaboração do paciente e além disso, não é muito aceita pelo fator estético. A

ancoragem por implantes tem a grande vantagem de ser sempre estável, sendo

utilizado para a movimentação de dentes individuais ou em grupo. O uso de

implantes na terapia ortodôntica, depende de uma parceria entre o ortodontista e o

implantodontista, para que seja alcançado um adequado prognóstico no

planejamento. Este trabalho consistiu na revisão de literatura enfocando a

necessidade do controle da ancoragem utilizando implantes ósseointegrados,

miniimplantes e mini-placas, sendo que os miniimplantes possuíram vantagens

quando comparados com os implantes ósseointegrados ou com as mini-placas.

Wilmes et al (2006) analisaram os parâmetros que afetaram a estabilidade

inicial dos miniimplantes. Verificaram quantitativamente os fatores que influenciaram

na estabilidade primária como: qualidade óssea, formato do implante, diâmetro e

profundidade de perfuração da broca piloto. Utilizaram em seu experimento trinta e

seis partes do osso ilíaco de suínos, com a colocação de vinte e cinco a trinta

miniimplantes em cada segmento de osso. Cinco tipos diferentes de miniimplantes

que variavam de 1,6mm a 2,0mm de espessura e 8,0mm a 10,0 mm de comprimento

foram utilizados. Concluíram que a cortical óssea, formato do implante e a

preparação do local de instalação do miniimplante tiveram um forte impacto sobre a

estabilidade primária para ancoragem ortodôntica. Dependendo do local de inserção

do miniimplante e a qualidade óssea dessa região, o clínico deveria escolher uma

Revisão de literatura 49 ótima combinação do diâmetro do minimplante e broca piloto como na profundidade

de perfuração.

Villela et al (2006) explanaram sobre os miniimplantes ortodônticos de titânio

auto-perfurantes. Segundo os autores, os miniimplantes auto-perfurantes

modificaram os conceitos dos tratamentos ortodônticos que utilizavam a ancoragem

esquelética, através de uma abordagem cirúrgica simplificada e segura. A aplicação

precisa deste novo dispositivo necessitam de conhecimentos específicos da técnica

cirúrgica, da aplicação clínica, dos critérios de seleção dos miniimplantes, bem como

da ativação ortodôntica. Este artigo teve como objetivo descrever estes aspectos

relevantes ao sucesso desta vertente da ancoragem esquelética, assim como

apresentou um novo desenho de miniimplantes auto-perfurantes idealizado pelos

autores.

Villela et al (2006) relataram que a ancoragem esquelética revolucionou os

conceitos dos tratamentos ortodônticos, proporcionando movimentações dentárias e

minimizando os efeitos indesejados nas unidades de reação. Dentre os dispositivos

disponíveis, os miniimplantes ortodônticos de titânio se destacaram devido à sua

grande aplicabilidade clínica aliada à simplicidade cirúrgica, baixo custo e boa

aceitabilidade por parte dos pacientes, tornando os tratamentos mais eficientes e

previsíveis. Este artigo descreveu as características da cabeça, perfil transmucoso e

corpo que são partes constituintes dos miniimplantes ortodônticos auto-perfurantes,

a sua aplicação clínica, escolha do local de instalação, critérios de seleção dos

miniimplantes, e um protocolo cirúrgico para instalação dos mesmos.

Coura e Andrade em 2007 afirmaram que durante o planejamento e a

execução dos tratamentos ortodônticos, a ancoragem seria um fator

determinante.Essa ancoragem seria obtida por procedimentos intrabucais e

Revisão de literatura 50 extrabucais em que uma ou mais estruturas seriam utilizadas como apoio para a

movimentação dos outros dentes. O uso de dispositivos intrabucais em pacientes

com ausências dentárias e a utilização de aparelhos extrabucais em pacientes não

colaboradores seriam situações limitadoras para a obtenção de ancoragem. Com o

advento da osseointegração, os implantes osseointegráveis foram utilizados para

esta finalidade. Devido às suas dimensões de comprimento longo e largo diâmetro,

surgiram alternativas com a inter-relação da Ortodontia e da Implantodontia. Nessa

área, notou-se o desenvolvimento dos miniimplantes. A finalidade deste artigo foi

rever e atualizar os conceitos que envolvam o uso dos miniimplantes de titânio para

ancoragem ortodôntica. Foi importante ressaltar que, apesar do uso dos

miniimplantes ser promissor na ortodontia, incluindo vantagens clínicas, são

necessários maiores estudos prospectivos longitudinais multicêntricos para

evidenciar cientificamente a utilização rotineira da técnica de ancoragem com

miniimplantes ortodônticos.

Gadelha F.P. (2007) na sua tese de mestrado visou esclarecer pontos

referentes à resistência mecânica destes dispositivos e sua relação com algumas

medidas transversals dos miniimplantes auto-perfurantes de diversos diâmetros de

três fabricants nacionais: Conexão, Neodent e Sin. Foram avaliados 36

miniimplantes divididos por diâmetro em 6 grupos. Os diâmetros avaliados foram 1,3

mm, 1,4 mm, 1,5 mm, 1,6 mm e 1,8 mm. Os miniimplantes foram mensurados em

seus diâmetros em três pontos na altura do seu pescoço. D1- pescoço ou porção

trans-mucosa; D2- núcleo da rosca logo após o pescoço; D3- porção externa do

primeiro passo de rosca após o pescoço (figura 2.5). Os resultados foram

comparados aos diâmetros fornecidos pelos fabricantes.

Revisão de literatura 51

Posteriormente, os miniimplantes foram testados quanto a sua resistência à

fratura através de ensaio de torção obtendo como resultado o torque de ruptura (TR)

e a deflexão angular de ruptura (DAR). Os resultados demonstraram que somente os

miniimplantes de 1,3mm e 1,6 mm de diâmetro da Neodent apresentaram medidas

estatisticamente coincidentes com os valores fornecidos pelo fabricante. Os

miniimplantes apresentaram um TR e uma DAR médio em cada grupo, de 20 N.cm e

174,23° para o 1,3 mm da Neodent; 33,9 N.cm e 85° para o 1,4 mm da Sin; 26,4

N.cm e 57,47 ° para o 1,5 mm da Conexão; 37,5 N.cm e 187,73 ° para o 1,6 mm da

Neodent; 48,2 N.cm e 151 ° para o 1,6 mm da Sin; e 67,8 N.cm e 143,67 ° para o 1,8

mm da Sin. A avaliação estatística entre a DAR e os diâmetros medidos acusaram

uma baixa correlação para todos os fabricantes e diâmetros estudados. Concluiu-se

que fatores como, desenho dos miniimplantes, e outros podem estar relacionados à

resistência à fratura dos miniimplantes.

Em 2007 Kuroda et al verificaram a utilidade clínica dos mini-parafusos como

ancoragem ortodôntica, examinando sua taxa de sucesso. Também analisaram

fatores associados com sua estabilidade, bem como a dor pós-operatória dos

D1

D2

D3

Figura 2.5 - Miniimplante e o desenho esquemático dos diâmetros medidos, D1, D2 e D3.

Revisão de literatura 52 pacientes e o desconforto. Para tanto, utilizaram um questionário que foi respondido

por 75 pacientes que receberam 116 mini-parafusos de dois tipos ( tipo A, parafuso

intermaxilar de fixação, Keisei Medical Industrial, Tokyo, Japan: diâmetro de 2,0mm

ou 2,3mm; comprimento de 7-11mm; cabeça do parafuso de 3mm e tipo B parafuso

intermaxilar de fixação AbsoAnchor Dentos, Daegu, Korea, diâmetro de 1,3mm,

comprimento de 6-7-8-10-12mm, cabeça do parafuso de 3mm ) e trinta e oito mini-

placas. Os resultados mostraram que a taxa de sucesso para os mini-parafusos foi

maior que 80% e as análises dos 79 mini-parafusos com 1.3mm de diâmetro não

mostrou correlação significativa entre taxa de sucesso e variáveis como a idade,

sexo, ângulo do plano mandibular, relação ântero-posterior, controle periodontal,

sintomas de desordens têmporo-mandibular, carga e comprimento do parafuso.

Concluíram que a colocação de mini-parafusos sem cirurgia de retalho, teria alta

taxa de sucesso com menos dor e desconforto pós-cirúrgico que mini-parafusos ou

mini-placas colocados com a necessidade do retalho cirúrgico.

Song et al ( 2007), elaboraram um trabalho cujo objetivo foi avaliar o efeito da

espessura da cortical óssea no torque máximo de inserção e remoção nos diferentes

tipos de miniimplantes auto-perfurantes e determinaram ainda se o torque dependia

da forma do miniimplante. Três tipos diferentes de miniimplantes auto-perfurantes

(tipo cilíndrico de 1,5mm de diâmetro [Cl], tipo cônico de 1,6mm de diâmetro [Ta] e

tipo cônico de 2,0mm de diâmetro [Tb]), foram inseridos com o uso de uma máquina

de medição de torque com uma velocidade constante de três rotações por minuto,

em blocos de ossos artificiais com diferentes espessuras de cortical. Os resultados

indicaram que as diferenças na espessura do osso cortical tiveram pequeno efeito

na máxima inserção e remoção de torque no miniimplante tipo cilíndrico de 1,5mm

de diâmetro, contudo com Ta cônico de 1,6mm de diâmetro e Tb cônico de 2,0mm

Revisão de literatura 53 de diâmetro a máxima inserção de torque aumentou tanto quanto o aumento da

espessura do osso cortical. A máxima inserção de torque do miniimplante cônico de

2,0mm de diâmetro Tb foi mais alta em todas as situações, seguida por Ta cônico de

1,6mm e Cl cilíndrico de 1,5mm. O tipo cilíndrico de 1,5mm mostrou menos perda de

torque ( diferença entre o torque máximo de inserção pelo torque máximo de

remoção) em todas as espessuras de cortical óssea e um maior tempo de remoção

quando comparado com Ta de 1,6mm e Tb de 2,0mm. Houve relação significante

entre espessura da cortical óssea, máxima inserção e remoção de torque e tempo

de implantação em cada tipo de miniimplante auto-perfurante. Os autores concluíram

que diferentes modelos de miniimplantes mostraram diferentes torques de inserção

com o aumento da espessura da cortical óssea, e o modelo de miniimplante

apropriado poderia ser selecionado de acordo com a espessura da cortical óssea e

local de instalação. A forma cônica especialmente a cônica com diâmetro

aumentado, é a forma que aumentou a maioria dos torques.

Baek et al (2008) os autores determinaram se havia diferença na taxa de

sucesso entre dois tipos de miniimplantes, sendo o primeiro tipo os miniimplantes

que foram inicialmente instalados e o segundo tipo a reinstalação de um novo

miniimplante com as mesmas características do primeiro, que foram colocados de

quatro a seis semanas após a perda do miniimplante inicial ou em uma área

adjascente imediatamente à perda do inicial. Utilizaram cinqüenta e oito pacientes

sendo dezenove do gênero masculino e trinta e nove do gênero feminino, com

media de idade de 21,78 anos mais ou menos 5,85 anos, que tinham recebido no

mínimo um miniimplante cônico auto-perfurante de 2,0mm de diâmetro por 5,0 mm

de comprimento, colocados na gengiva inserida na região posterior da maxila para

ancoragem máxima durante a retração dos dentes anteriores. O número total de

Revisão de literatura 54 miniimplantes instalados inicialmente foi de cento e nove e o número total de

miniimplantes reinstalados foi de trinta e quatro. O trabalho mostrou uma taxa de

sucesso de 75,2% e duração média de dez meses para os miniimplantes iniciais, e

de 66,7% de taxa de sucesso e 6,4 meses de duração média para os miniimplantes

reinstalados. Uma das análises estatísticas utilizadas, “Log-rank test”, mostrou que

os miniimplantes em pacientes do sexo masculino e má oclusão de Classe III, foram

mais propensos à perda, explicado pelos autores devido a maxila possuir uma

densidade óssea inferior e ou uma cortical óssea fina, além de uma estreita faixa de

gengiva inserida, deficiência de espaço interradicular e diferença na força de

mordida. Os pesquisadores relataram que o gênero poderia ser considerado um

fator importante para conseguir melhores resultados dos miniimplantes iniciais.

Relataram que a mais alta taxa de sucesso no gênero feminino 81,9% em relação ao

masculino 62,2% seria devido ao tipo de formato do miniimplante, no caso cônico,

que necessitariam de maior torque de inserção para sua instalação, o que nas

mulheres seria compensado por possuírem uma menor densidade óssea e cortical

óssea mais fina, especialmente em pacientes jovens. A utilização de muita força na

inserção do torque, poderiam a induzir a microfraturas ao redor dos miniimplantes na

cortical óssea e uma eventual remodelação óssea poderia induzir à perda do

dispositivo. Concluíram que a taxa de sucesso dos miniimplantes iniciais não foram

estatisticamente diferentes dos miniimplantes reinstalados e que idade, padrão

esqueletal vertical, lugar e lado de instalação, não influenciaram a taxa de sucesso

dos miniimplantes iniciais e reinstalados.

Cha et al (2008) fizeram um trabalho que avaliou as diferenças em relação às

áreas de acordo com o gênero, das espessuras dos tecidos moles nos locais de

potencial instalação dos miniimplantes, a gengiva inserida vestibular e mucosa

Revisão de literatura 55 palatina. A amostra constituiu de sessenta e um Coreanos jovens adultos e um

aparelho medidor alemão ultrassônico de espessura gengival foi usado para medir a

espessura da gengiva inserida vestibular próxima da junção mucogengival do arco

superior e inferior, e a mucosa palatina a quatro milímetros e oito milímetros abaixo

da crista gengival. Os resultados mostraram que a espessura da gengiva inserida

vestibular no arco superior foi significantemente maior nos homens que nas

mulheres, mas no arco inferior a gengiva vestibular e a mucosa não mostraram

diferenças em relação ao gênero. Quanto a localização, quando compararam a

maxila com a mandíbula a gengiva inserida se mostrou mais espessa entre os

dentes anteriores e nos pré-molares na maxila e na região dos molares na

mandíbula. Os autores acharam uma espessura maior da mucosa palatina na

região dos dentes anteriores a nível de quatro milímetros abaixo da crista marginal e

a nível de oito milímetros na região dos dentes posteriores (molares), e ainda a nível

de oito milímetros abaixo da crista marginal, houve um progressivo aumento da

espessura da mucosa da região anterior para a região posterior. Concluíram que a

medição da espessura dos tecidos moles usando o aparelho ultrassônico, ajudava

na seleção adequada do miniimplante na prática diária da clínica.

Os autores Kim, Baek, Kim e Chang em 2008, investigaram as propriedades

mecânicas e histológicas dos miniimplantes com formato cilíndrico e cônico.Criaram

dois grupos, chamados de grupo animal e mecânico. No animal foram utilizados

dezesseis miniimplantes, sendo a metade dos miniimplantes cônicos e a outra

metade cilíndricos, instalados em dois cachorros da raça Beagle. Já no grupo

mecânico foram utilizados dez miniimplantes, cinco cônicos e cinco cilíndricos,

utilizados em osso artificial (blocos rígidos de espuma de poliuretano).Todos os

miniimplantes possuíam em comum o diâmetro de 1,6mm e o comprimento de 6mm,

Revisão de literatura 56 ambos fabricados pela mesma empresa Coreana. No grupo mecânico ensaiaram

sobre a máxima inserção de torque, torque máximo de remoção e relação do torque

( máxima inserção de torque dividido pelo torque máximo de remoção) e no grupo

histológico pesquisaram sobre análise da freqüência ressonântica ( indica a alta ou

baixa estabilidade do miniimplante no osso) e análise histomorfométrica ( contato do

osso com o miniimplante e área óssea). Todas as medidas foram avaliadas

estatisticamente usando o “independent t tests” para determinar diferenças na

máxima inserção de torque, torque máximo de remoção, relação do torque, análise

da freqüência ressonântica (do contato do osso com o miniimplante e área óssea)

entre o grupo cilíndrico e cônico. Os resultados indicaram que o grupo cônico

mostrou significância mais alta na inserção máxima de torque e torque máximo de

remoção e não houve diferença significante na análise da freqüência ressonante no

contato do osso com o miniimplante e área óssea entre os dois grupos. Concluíram

que embora o formato cônico do miniimplante induzisse a um firme contato com o

tecido ósseo e produzisse com isso uma boa estabilidade primária, a forma cônica

necessitaria de modificação na estrutura da rosca e técnica de inserção para reduzir

o excessivo torque de inserção de 16,61N.cm contra 13,32N.cm do cilíndrico,

enquanto suporta a alta resistência à remoção 5,16N.cm contra 3,47N.cm do

miniimplante cilíndrico.

Lee et al (2008) determinaram a expectativa dos pacientes, aceitação e

experiência da dor com a cirurgia de miniimplantes quando comparada com outros

procedimentos ortodônticos. Colocaram setenta e oito miniimplantes em trinta e sete

pacientes como ancoragem no tratamento ortodôntico e perguntaram aos pacientes

para taxar antecipadamente a dor e a dor experimentada com vários outros

procedimentos ortodônticos como: extração dental, colocação de separadores,

Revisão de literatura 57 alinhamento e nivelamento dental inicial e cirurgia com miniimplantes em uma escala

análoga visual (EAV) em um período de sete dias. Após um mês da colocação dos

miniimplantes, os pacientes foram perguntados para taxar sua aceitação do

procedimento usando um questionário idealizado. Como resultado obtiveram que

diferentemente de outros procedimentos ortodônticos, os pacientes esperavam

experimentar um mais alto nível de dor com a cirurgia dos miniimplantes do que foi

experimentado. A dor pós-operatória experimentada diminuiu continuamente do

primeiro dia ao sétimo dia para todos os procedimentos ortodônticos. A dor

experimentada sobre o período de sete dias foi significantemente maior no início do

alinhamento dental que para a cirurgia dos miniimplantes. Muitos pacientes estavam

satisfeitos com a cirurgia de miniimplantes (76%) e a recomendavam para um amigo

ou membro da família (78%). Concluíram que os pacientes tenderam a superestimar

a dor antecipada com a cirurgia dos miniimplantes. Os pacientes tiveram aceitação

da cirurgia e recomendariam para outros.

Lim, Cha e Hwang em 2008, determinaram a variação no torque de inserção

dos miniimplantes ortodônticos de acordo com a sua forma, diâmetro e comprimento.

O torque máximo de inserção (TMI) foi medido usando aparelho específico, que

utilizou uma velocidade constante de três rotações por minuto. Miniimplantes

cilíndricos e cônicos de mesmo fabricante Coreano, mas com diferentes

comprimentos, diâmetros e passos de rosca foram testados. Os resultados

mostraram que o torque de inserção aumenta expressivamente com o aumento do

comprimento do miniimplante. Em particular, houve um aumento significante do

torque com o aumento do comprimento e diâmetro do miniimplante. A análise da

série de torque de inserção dos miniimplantes revelou que o miniimplante do tipo

cilíndrico teve o mais alto torque de inserção antes da colocação completa de toda a

Revisão de literatura 58 rosca do corpo, enquanto o miniimplante cônico mostrou o mais alto torque de

inserção no final da colocação, na porção mais inclinada da rosca do corpo. O

torque de inserção foi afetado pelo diâmetro externo, comprimento e forma nessa

ordem de importância. Concluíram com esse trabalho que um aumento do diâmetro

do miniimplante pode reforçar eficientemente a estabilidade inicial do dispositivo,

mas a proximidade com a raiz no local inserido deveria ser considerada. Nos dois

tipos de miniimplantes, cilíndrico e cônico, o torque máximo de inserção aumentou

com o aumento do comprimento e também do diâmetro do miniimplante. O aumento

da espessura do osso cortical aumenta o torque máximo de inserção e um aumento

significante foi observado principalmente no miniimplante de formato cônico.

Moon et al (2008) determinaram a taxa de sucesso e os fatores relacionados

com a taxa de sucesso dos miniimplantes, colocados na gengiva inserida nas

regiões posteriores superior e inferior. Utilizaram 480 miniimplantes em 217

pacientes ortodônticos examinados retroativamente. A amostra foi dividida em:

pacientes jovens (10-18anos, total de 108) e pacientes adultos (19-64anos, total

109). Os locais de colocação foram divididos em seis áreas interdentais, sendo três

na maxila e três na mandíbula, que eram: 1ªárea região entre primeiros e segundos

pré-molares superiores, 2ªárea região entre segundos pré-molares e primeiros

molares superiores, 3ºárea região entre primeiros e segundos molares superiores,

4ªárea região entre primeiros e segundos pré-molares inferiores, 5ªárea região entre

segundos pré-molares e primeiros molares inferiores, 6ºárea região entre primeiros e

segundos molares inferiores. De acordo com o tipo de tecido mole, isto é, gengiva

inserida ou mucosa, as amostras foram divididas em grupos com incisão (mucosa) e

sem incisão (gengiva inserida) para colocação dos miniimplantes auto-perfurantes.

Utilizaram para avaliação dos resultados o “Chi-square test” e análise de regressão

Revisão de literatura 59 logística múltipla. Obtiveram como resultados 83,8% como taxa de sucesso total. A

falta de estabilidade dos miniimplantes ocorreram mais frequentemente no primeiro e

segundo mês, e mais de 90% das falhas ocorreram dentro dos primeiros quatro

meses. O gênero, idade, maxilar, tipo de tecido mole e lado de instalação não

mostraram nenhuma diferença na taxa de sucesso. A região de colocação, contudo

mostrou diferença significante na mandíbula nos pacientes adultos, cuja menor

porcentagem de sucesso 65,1% foi encontrada na região entre segundos pré-

molares e primeiros molares inferiores quando comparado com as demais regiões

mandibulares, e na 4ª área e 6ªárea a porcentagem de sucesso foi de 100%.

Concluem que o local de instalação é um dos fatores importantes para a taxa de

sucesso dos miniimplantes.

Em 2008 Nova et al, avaliaram em miniimplantes de diferentes dimensões, o

torque de inserção, torque de remoção, torque de fratura, tensão cisalhante, tensão

normal e tipo de fratura. Utilizaram 20 miniimplantes auto-perfurantes, 10 da marca

SIN e 10 da marca Neodent com, respectivamente, 8 e 7 mm de comprimento, todos

com 1,6 mm de diâmetro. Dos 10 miniimplantes de cada marca, 5 não possuíam

perfil transmucoso e 5 tinham perfil de 2mm, formando 4 grupos: SIN sem perfil

(SSP), SIM com perfil (SCP), Neodent sem perfil (NSP), Neodent com perfil (NCP).

Todos os miniimplantes foram inseridos em cortical óssea bovina e removidos com

micromotor acoplado a um torquímetro. Os miniimplantes foram, também,

submetidos ao ensaio de fratura. Os torques de inserção, remoção e fratura, assim

como a tensão cisalhante e normal calculadas, foram comparados entre todos os

grupos pela ANOVA. O tipo de fratura foi avaliado em microscópio eletrônico de

varredura.Verificaram que o grupo NCP apresentou torque de inserção

significativamente maior que os demais grupos, porém todos fraturaram durante a

Revisão de literatura 60 inserção (n = 2) ou remoção (n = 3). Não houve diferença entre os grupos para o

torque de remoção. Para o grupo NSP, o torque de fratura foi significantemente

menor do que todos os outros grupos. Todos os miniimplantes sofreram fratura do

tipo dúctil. Concluíram que uma vez que não houve diferença na resistência

mecânica de ambas as marcas, variando apenas a forma, concluíram que a

resistência à fratura pode ser afetada por esta variável.

Squeff et al (2008) relataram que o diâmetro reduzido do miniimplante, e a

decorrente facilidade na sua inserção, minimizava a possibilidade de erro do

operador e de contato entre a rosca do miniimplante e a raiz dentária. Entretanto, o

risco de fratura da peça aumentava à medida que seu diâmetro era diminuído. Neste

trabalho analisaram quatro produtos de marcas nacionais (INP, SIN, Conexão e

Neodent) e uma marca alemã (Mondeal), com o objetivo de identificar características

importantes para o bom desempenho deste recurso como acessório de ancoragem.

Observaram a composição e forma das peças e realizaram o ensaio mecânico de

torque até a fratura (estudo in vitro), cujos valores foram submetidos à análise da

variância (ANOVA) e teste Tukey. Os resultados mostraram que todos os

miniimplantes testados estavam aptos à utilização clínica como reforço de

ancoragem ortodôntica.

Em 2008, Villela et al relataram a viabilidade das movimentações dentárias de

forma mais controlada nos tratamentos ortodônticos com a utilização de

miniimplantes como ancoragem esquelética, minimizando os efeitos colaterais, e

tornando a mecânica ortodôntica independente da colaboração do paciente.

Abordaram pontos relevantes que nortearam o sucesso dessa nova terapia de

ancoragem esquelética na execução da mecânica de intrusão de molares

superiores. Dentre os pontos discutidos se destacaram o planejamento do

Revisão de literatura 61 movimento que seria executado, a escolha do local mais apropriado de instalação, a

seleção dos miniimplantes e a ativação ortodôntica. Apresentaram dois casos

clínicos para exemplificar suas aplicações.

3 PROPOSIÇÃO

63 3 PROPOSIÇÃO

Esta pesquisa objetiva avaliar o comportamento mecânico de miniimplantes

ortodônticos auto-perfurantes das marcas CONEXÃO, NEODENT e SIN, sob os

seguintes aspectos:

3.1 Mensurar o Torque de Ruptura de exemplares das três marcas comerciais,

antes de qualquer utilização clínica, após uma inserção em mandíbula de porco

e depois de duas inserções ósseas.

3.2 Comparar os miniimplantes das marcas comerciais CONEXÃO, NEODENT e

SIN, quanto ao Torque de Ruptura, nas três condições de uso.

3.3 Medir a Deflexão Angular de Ruptura dos miniimplantes das marcas

supracitadas sem qualquer utilização clínica, após uma inserção óssea e

depois de duas inserções em mandíbula suína.

3.4 Comparar as marcas comerciais, quanto à Deflexão Angular de Ruptura, sob

as três diferentes solicitações mecânicas.

4 MATERIAL E MÉTODOS

65

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Material

Para realização deste estudo foram utilizados 45 miniimplantes de titânio

auto-perfurantes, sendo:

15implantes da marca Conexão (Arujá,SP, Brasil), na medida 1,5 mm largura por

8mm de comprimento por 2mm de perfil transmucoso, código 995191.

15 implantes da marca Neodent (Curitiba,PR, Brasil), na medida 1,3 mm largura

por 9 mm de comprimento com 0mm de perfil transmucoso, código 109488.

15 implantes da marca Sin (São Paulo,SP, Brasil), tipo High Utility, na medida

1,4 mm largura por 8mm de comprimento com 1mm de perfil transmucoso,

código 1418.

Para cada marca de miniimplante, foram testados 15 peças, sendo que os da

marca Sin vieram de um único lote G3 30178, assim como os da marca Conexão

vieram do lote 8020948035; já os miniimplantes da marca Neodent os 15

miniimplantes vieram de três lotes diferentes nos quais 8 vieram do lote 2767334; 5

do lote 2775175 e 2 do lote 2769012. Os parafusos de cada uma das marcas

comerciais possuem as mesmas especificações de diâmetro e comprimento para os

seus 15 miniimplantes.

Também foram utilizadas chaves manuais específicas, produzida pelos

próprios fabricantes. A chave da marca Conexão possui o código 966005; a da

marca Neodent, tem o código 104.033 e a chave da marca SIN, o código CMPO 70.

Material e métodos 66 4.2 Métodos

4.2.1 Preparo das mandíbulas de suínos

Para a realização deste ensaio foram utilizados seis ossos mandibulares de

suínos, originários de um frigorífico, previamente descarnados e congelados em

freezer a -20˚C. Vinte e quatro horas antes do ensaio, essas foram retiradas e

mantidas em refrigerador comum a aproximadamente 4˚C. Três horas antes do

ensaio , foram retirados do refrigerador e colocados em temperatura ambiente. Esta

técnica de congelamento prévio e descongelamento segundo Turner e Burr (1993) e

Penha (2004) não comprometeria ou alteraria as propriedades mecânicas do tecido

ósseo. (Figura: 4.1)

Figura: 4.1 - Mandíbula suína

4.2.2 Distribuição e localização dos miniimplantes nas mandíbulas de suínos

Cada mandíbula de suíno recebeu apenas apenas dez miniimplantes auto-

perfurantes, divididos em cinco dispositivos do lado direito (Figura 4.2) e cinco do

lado esquerdo (Figura 4.3), inseridos dez milímetros abaixo do rebordo ósseo, na

região entre os dentes caninos e pré-molares, formando um ângulo de inserção de

90 graus do miniimplante e a cortical do osso mandibular.

Material e métodos 67

Figura 4.2 - Mandíbula suína direita Figura 4.3 - Mandíbula suína esquerda

4.2.3 Divisão da amostra de miniimplantes

Para a inserção dos miniimplantes, a amostra foi dividida em três grupos

experimentais:

Grupo “C “(composto por 15 miniimplantes da marca Conexão);

Grupo “N” (composto por 15 miniimplantes da marca Neodent);

Grupo “S” (composto por 15 miniimplantes da marca Sin);

Cada grupo foi dividido em três subgrupos compostos por 05 miniimplantes,

denominados: subgrupo 0 (miniimplantes sem nenhuma inserção em mandíbula

suína), subgrupo 1 (miniimplantes inseridos uma vez em mandíbula suína) e

subgrupo 2 (miniimplantes inseridos duas vezes em mandíbula suína), assim

tivemos:

grupo “C“ e seus subgrupos C0, C1 e C2;

grupo “N“ e seus subgrupos N0, N1 e N2;

grupo “S” e seus subgrupos S0, S1 e S2.

Material e métodos 68

O subgrupo 0 (zero): C0, N0 e S0 foram compostos pelos miniimplantes

denominados “controle”, uma vez que esses não foram inseridos no tecido ósseo.

4.2.4 Ensaio na máquina de torção

O ensaio de torção foi realizado no CCDM (Centro de Caracterização e

Desenvolvimento de Materiais) da Universidade de São Carlos – UFSCAR / UNESP.

Para a realização do ensaio empregou-se uma Máquina de Ensaios Termomec

Ortho (São Paulo - Brasil) (Figura 4.4) acoplado a um microcomputador marca

ACER modelo TravelMate 2480-2943, com processador Intel CeleronR 410 e

memória de 1 MB.

Figura 4.4 - Máquina de ensaio Termomec Ortho

Material e métodos 69 Figura 4.5 - Esquema demonstrativo do ensaio de torção

Os miniimplantes foram firmemente posicionados nos acessórios de fixação

de um dos lados da máquina Termotec Ortho, até que apenas cinco lâminas da

parte rosqueável ficassem livres de contato com a peça de fixação do parafuso,

tendo então sido firmemente presos ao equipamento (Figura 4.5). Em seguida, a

cabeça do miniimplante foi encaixada na chave manual fornecida pelo fabricante

(específica para cada uma das marcas de parafuso) que também foi firmemente

presa ao acessório de fixação do outro lado da máquina de ensaios (Figura 4.6). Os

testes mecânicos foram realizados segundo as normas técnicas NBR ISO8391-1:

1998, NBR ISO 5835: 1996 e NBR ISO 6475: 1997.

Material e métodos 70

(A) Acessório de fixação do miniimplante (B) Acessório de fixação da chave específica Figura 4.6 - Acessórios da máquina para fixação dos miniimplantes

O teste consistiu na torção do acessório de fixação do miniimplante, que

ocorria ao longo do eixo axial do parafuso, a uma velocidade de uma rotação por

minuto (1 rpm). O acessório de fixação da chave permanecia estático, servindo

apenas para a imobilização da cabeça do miniimplante. Assim, a rotação da

extremidade móvel da máquina de ensaios, aplicava uma força de torção ao

parafuso. Essa carga foi aplicada até haver a completa fratura do miniimplante.

O computador acoplado à maquina de ensaios recebeu todas as informações

provenientes dos testes mecânicos realizados com os miniimplantes. O programa

denominado WP510 Torsional Tester, instalado no microcomputador, processou os

dados oriundos dos testes e forneceu gráficos “torque x deformação angular”,

estando o torque no eixo das ordenadas e a deformação angular no eixo das

abscissas (figura 4.7).

(A) (B)

Material e métodos 71

Figura 4.7 - Gráfico torque x deformação

Os gráficos permitiram o cálculo das seguintes propriedades mecânicas dos

miniimplantes: Torque de Ruptura (TR) e Deflexão Angular de Ruptura (DAR).

O Torque de Ruptura (TR) representa o valor de torque obtido no momento

exato em que ocorre a fratura do miniimplante. Essa avaliação determina a

resistência do miniimplante a um movimento de torção, por meio do torque máximo

que pode ser conferido àquele corpo de prova. O torque máximo de ruptura foi

expresso, de acordo com a norma, na escala de 0,1 N.m (Newtons - metro) que foi

convertido para 10,0 N.cm (Newtons - centímetro) escala normalmente usada na

Implantodontia.

A amostra foi composta por 45 miniimplantes obtidos de 3 fornecedores

distintos. (Figuras 4.8, 4.9 e 4.10)

Figura 4.8.- Miniimplantes Conexão

Figura 4.9.- Miniimplantes Neodent

Figura 4.10 - Miniimplantes Sin

Material e métodos 72

Falta informação do Torque de Ruptura e da Deflexão Angular de Ruptura

para o miniimplante MET080773-5 pertencente ao grupo S0 (marca SIN e grupo 0).

Todos os miniimplantes foram ensaiados no equipamento Termomec Ortho,

com exceção dos miniimplantes MET080768-1 e MET080768-2 pertencentes ao

grupo S1 (marca SIN e grupo 1) que foram ensaiados no equipamento EMIC

DL10000, (figura 4.11) que acoplava o dispositivo auxiliar para realização do ensaio

de torção.(figura 4.12) Para manter a homogeneidade do experimento, estes dois

últimos miniimplantes foram desconsiderados da análise.

Figura 4.11 - Máquina de ensaio EMIC DL10000 Figura 4.12 - Dispositivo auxiliar da máquina EMIC DL10000 para ensaio de torção

Material e métodos 73 4.2.5 Análise estatística

A coleta dos dados, obtida por meio dos gráficos, permitiu a realização da

estatística descritiva de cada amostra avaliada, na qual foram calculadas medidas

como: média, desvio padrão, mínimo e máximo, além de histogramas e gráficos de

caixa (“Box Plot”). Esses foram importantes, pois, deram informações de como a

amostra ficou distribuída com relação ao TR e à DAR, permitindo fazer uma

comparação previa entre os grupos avaliados.

A análise dos dados obtidos foi realizada por meio da Análise de Variância

(ANOVA) para uma comparação entre os grupos, entre as marcas e entre grupos e

marcas.

Comparação do grupo 1 com 2.

Comparação do grupo 1 com 0.

Comparação do grupo 2 com 0.

Comparação entre as marcas “Conexão“ e “Neodent”.

Comparação entre as marcas “Conexão“ e “SIN”.

Comparação entre as marcas “Neodent“ e “SIN”.

Comparação do torque de ruptura entre grupos e marcas.

Comparação da deflexão angular de ruptura entre grupos e marcas.

Foi utilizado para comparação a análise de variância two-way ANOVA

(ANOVA de 2 fatores), sendo um fator o fabricante/marca (Sin, Conexão e

Neodent) e o outro fator os grupos (grupo 0, grupo 1 e grupo 2).

5 RESULTADOS

75 5 RESULTADOS

Realizado os ensaios no CCDM (Centro de Caracterização e

Desenvolvimento de Materiais) da Universidade de São Carlos – UFSCAR / UNESP,

foram calculadas as seguintes propriedades mecânicas: Torque de Ruptura (TR) e

da Deflexão Angular de Ruptura (DAR).

Os resultados foram compostos de uma análise descritiva dos dados, na qual

foram calculadas medidas como: média, desvio padrão, mínimo e máximo, além de

Histogramas e Gráficos de Caixa (“Box Plot”). Esses dois últimos foram importantes,

pois, deram informações de como a amostra foi distribuída com relação ao TR e ao

DAR, e permitiu fazer uma comparação prévia entre os grupos avaliados.

Em seguida foi apresentado uma Análise Inferencial. A questão tratou-se de

um experimento fatorial de 2 fatores, e a estatística que foi aplicada aqui foi uma

two-way ANOVA (ANOVA de 2 fatores), sendo um fator o fabricante/marca (Sin,

Conexão e Neodent) e o outro fator os grupos (grupo 0, grupo 1 e grupo 2). A partir

desta análise foi possível identificar se existiram diferenças, com relação ao TR ou

DAR, entre os miniimplantes de fornecedores distintos e pertencentes a diferentes

grupos, e uma possível interação entre fornecedor e grupo. O nível de significância

assumido foi de 5%. O software utilizado foi o STATA 8.0 e o Microsoft Excel 2003.

Análise Descritiva

A amostra foi composta por 45 miniimplantes obtidos de 3 fornecedores

distintos. O CCDM (Centro de Caracterização e Desenvolvimento de Materiais) da

Universidade de São Carlos – UFSCAR / UNESP não relatou o Torque de Ruptura e

Resultados 76 da Deflexão Angular de Ruptura para o miniimplante MET080773-5 pertencente ao

grupo S0 (marca SIN e grupo 0).

Análise do Torque de Ruptura

O Torque de Ruptura (TR) é o valor de torque obtido no momento exato em

que ocorre a fratura do miniimplante. Esta avaliação determina a resistência do

miniimplante a um movimento de torção, por meio do torque máximo que pode ser

conferido àquele corpo de prova. O torque máximo de ruptura foi convertido para a

escala 1,0 N.cm (Newton x centímetro), escala normalmente usada em

Implantodontia.

A Tabela 5.1 mostra os valores da média, desvio-padrão, mínimo e máximo

do Torque de Ruptura para o conjunto de todos os miniimplantes. No total 42

miniimplantes foram analisados (houve perda de informação de 3 miniimplantes da

marca SIN). O torque de ruptura médio foi de 12,2 N.cm (d.p. = 3,7 N.cm). O Gráfico

1 apresenta o Gráfico de Caixas e o Histograma do TR para a amostra total.

Tabela 5.1 - Medida Resumo do Torque de Ruptura para a amostra total

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

TR 42 12,2 3,7 5,0 19,0

Gráfico 5.1 - Gráfico de Caixas e Histograma do Torque de Ruptura - amostra total.

Resultados 77

Na Tabela 5.2 foram apresentados as medidas-resumo para o TR segundo os

grupos de interesse. Observa-se que o grupo com maior TR médio foi o grupo 2

(média = 13,7 N.cm e d.p. = 3,0 N.cm) ele também apresenta menor desvio padrão

(menor variação/dispersão), o grupo 0 apresenta a segunda maior média (média =

11,9 N.cm e d.p. = 3,8) e o grupo 1 a menor média (média = 10,8 N.cm e d.p. = 3,9).

Tabela 5.2 - Medida Resumo do Torque de Ruptura, segundo o grupo.

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

TR - grupo 0 14 11,9 3,8 6,0 17,0

TR - grupo 1 13 10,8 3,9 5,0 17,0

TR - grupo 2 15 13,7 3,0 10,0 19,0

Gráfico 5.2 - Gráfico de Caixas do Torque de Ruptura, segundo o grupo.

Na Tabela 5.3 foram apresentados as medidas resumo do TR segundo o

fabricante. Observa-se que os miniimplantes da marca Sin foram os que

apresentaram maior torque de ruptura médio (14,2 N.cm – d.p. = 3,9), seguido dos

miniimplantes da marca Conexão (13,0 N.cm – d.p. = 3,7) e Neodent (9,9 N.cm –

d.p. = 2,1). O valores de mínimos foram próximos para os 3 fabricantes (6,0 N.cm,

5,0 N.cm e 6,0 N.cm, respectivamente).

Resultados 78

.Tabela 5.3 - Medida Resumo do Torque de Ruptura, segundo o fabricante

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

TR - SIN 12 14,2 3,9 6,0 18,0

TR - Conexão 15 13,0 3,7 5,0 19,0

TR - Neodent 15 9,9 2,1 6,0 12,0

Gráfico 5.3 - Gráfico de Caixas do Torque de Ruptura, segundo o fabricante.

O Gráfico 5.4 apresentou o torque de ruptura médio segundo a marca e os

grupo 0, 1 e 2. Observou-se que para o fabricante Sin os miniimplantes que foram

inseridos duas vezes no osso (grupo 2) apresentaram maior torque médio, seguido

dos miniimplantes do grupo 1 e depois os miniimplantes do grupo 0.

Gráfico 5.4 - Valores médios do Torque de Ruptura – Grupo X Fabricante.

Resultados 79 Análise da Deflexão de Ruptura Angular

Na Tabela 5.4 foram apresentadas as medidas resumo da DAR para a

amostra toda. A DAR média foi de 176,5º e desvio padrão 114,9º. O Gráfico 5.5

apresentou o Gráfico de Caixas e o Histograma para a DAR da amostra total.

Tabela 5.4 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura – amostra total

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

DAR 42 176,5 114,9 34,1 402,9

Gráfico 5.5 - Gráfico de Caixas e Histograma da Deflexão Angular de Ruptura - amostra total.

As medidas resumo da DAR segundo os grupos de interesse foram

apresentadas da Tabela 5.5. O grupo 0 foi o que apresentou maior DAR médio e

maior desvio padrão (190,7˚ – d.p. = 124,9˚), os respectivos valores para os grupos

1 e 2 foram (média = 169,8˚ e d.p. = 116,6˚) e (média = 169,0˚ e d.p. = 110,6˚).

Tabela 5.5 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o grupo

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

DAR - grupo 0 14 190.7 124.9 38.0 402.9

DAR - grupo 1 13 169.8 116.6 34.1 337.2

DAR - grupo 2 15 169.0 110.6 49.9 340.3

Resultados 80

Gráfico 5.6 - Gráfico de Caixas da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o grupo.

Na Tabela 5.6 observou-se as medidas resumo da DAR segundo os

fabricantes. Os miniimplantes da marca Neodent foram os que apresentaram maior

DAR médio (310,22˚ – d.p. = 51,9˚), seguindo dos miniimplantes da marca Sin

(116,1˚ – d.p. = 54,3˚) e dos da marca Conexão (91,0˚ – d.p. = 54,3˚).

Tabela 5.6 - Medida Resumo da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o fabricante

Variável n média desvio padrão mínimo máximo

DAR - SIN 12 116,1 60,7 38,0 175,1

DAR - Conexão 15 91,0 54,3 34,1 185,3

DAR - Neodent 15 310,2 51,9 197,2 402,9

Gráfico 5.7 - Gráfico de Caixas da Deflexão Angular de Ruptura, segundo o fabricante.

Resultados 81

O Gráfico 5.8 apresentou os valores médios do DAR segundo fabricante e

grupo.

A marca Sin, segundo a média da DAR, os grupos foram ordenados da

seguinte forma; grupo 1 > grupo 2 > grupo 0, para as marcas Conexão e Neodent a

ordem é: grupo 0 > grupo 2 > grupo 1. Ainda segundo o grupo 0, encontramos 46,2

N.cm como menor resultado, encontrado nos miniimplantes da marca Sin, seguido

dos miniimplantes da marca Conexão com 163,3 N.cm e a Neodent teve 333,7

N.cm. No grupo 1, os miniimplantes da Conexão obtiveram os menores resultados

com 48,9 N.cm, seguidos pelos miniimplantes da marca Sin com 164.9 N.cm e os da

Neodent com 293.6 N.cm. O grupo 2 a marca Conexão obteve 60.8 N.cm, seguido

pela marca Sin com 142.7, e os miniimplantes da marca Neodent com 303.5 N.cm.

Gráfico 5.8 - Valores médios da Deflexão Angular de Ruptura – Grupo X Fabricante.

Resultados 82 ANOVA – Torque de Ruptura

Para aplicação da ANOVA foi necessário que a variável de interesse, no caso

o TR, seguisse uma distribuição normal (curva de Gauss). Para verificar se tal

suposição foi satisfeita foi aplicado o teste de Normalidade de Shapiro-Wilks. A

hipótese nula, ou simplesmente, hipótese, foi de que os dados seriam normalmente

distribuídos, portanto, uma vez fixado o nível de significância em 5%, um p-valor <

0,05 daria evidência estatística para se rejeitar a hipótese nula/normalidade.

Aplicou-se o teste de normalidade de Shapiro-Wilk o p-valor encontrado foi

0,3346, então não houve evidências estatística, ao nível de 5%, para se rejeitar a

hipótese de normalidade dos dados.

Inicialmente foi realizado um ajuste de um modelo de ANOVA utilizando os

dois fatores (marca/fabricante e grupo) e a interação entre os mesmos (Tabela 5.7).

O único fator significativo, ao nível de 5%, foi o fator marca. Foi então ajustado um

novo modelo, agora se tratando de uma “one-way ANOVA” (Análise de Variância de

um único fator), utilizando-se apenas o fator marca (ver Tabela 5.8).

Tabela 5.7 - Análise de Variância para o Torque de Ruptura, modelo completo com os dois fatores e interação

Fator - TR F p-valor

grupo 1.77 0.1845

marca 7.45 0.0020 *

interação entre grupo e marca 0.83 0.5133

*valor significativo ao nível de 5%.

Tabela 5.8 - Análise de Variância para o Torque de Ruptura, modelo apenas com o fator marca

Fator - TR F p-valor

marca 7.67 0.0015 *

*valor significativo ao nível de 5%.

Resultados 83

Uma vez identificado que houve pelo menos uma marca que possuía Torque

de Ruptura médio, diferente das demais, aplicou-se o teste de comparações

múltiplas de Bonferroni (Tabela 5.9) para a identificação das diferenças.

Tabela 5.9 - Resultados do teste de compara-ções múltiplas de Bonferroni

Marcas SIN Conexão

Conexão -1.571

0.437

Neodent -4.638 -3.067

0.002* 0.046*

*Valores significativos ao nível de 5%.

ANOVA – Deflexão do Ângulo de Ruptura

Quando foi aplicado o Teste de Normalidade de Shapiro-Wilk para a Deflexão

do Ângulo de Ruptura, o p-valor encontrado foi 0,0005 (p-valor < 0,05), portanto

houve evidências estatísticas para se rejeitar a hipótese de normalidade dos dados.

Logo, os valores da DAR de toda a amostra não seguiram uma distribuição normal.

Aplicando o teste de transformação de Box-Cox, não foi encontrada nenhuma

transformação para a variável DAR que proporcionasse a normalidade dos dados.

Quando não se pode assumir a normalidade dos dados e nenhuma

transformação ou método não-paramétrico se aplicou, uma solução razoável foi

trabalhar com postos (“ranks”), ou seja, ordenou-se a amostra segundo a DAR em

ordem decrescente e atribuiu-se o posto 1 para o menor valor, posto 2 para o

segundo menor valor e assim sucessivamente. Aplicou-se então a ANOVA

diretamente nos valores dos postos, e não nos valores reais da DAR.

Resultados 84

A Tabela 5.10 apresentou o ajuste do modelo de ANOVA completo, apenas o

fator marca e a interação entre marca e grupo foram significativos, ao nível de 5%.

Tabela 5.10 - Análise de Variância para os postos da Deflexão Angular de Ruptura, modelo completo com os dois fatores e interação

Fator - TR F p-valor

grupo 0,51 0,6074

marca 37,33 0,0000 *

interação entre grupo e marca 3,39 0,0194 *

*valor significativo ao nível de 5%.

Como se observa no Gráfico 5.9, considerando os postos obtidos a partir da

Deflexão Angular de Ruptura, os fabricantes foram ordenados da seguinte forma:

grupo 0 temos Neodent > Conexão > Sin, grupo 1 temos Neodent > SIN > Conexão

e grupo 2 temos Neodent > Sin > Conexão.

Gráfico 5.9 - Valores médios dos postos obtidos a partir da Deflexão Angular de Ruptura – Grupo X Fabricante.

6 DISCUSSÃO

86

6 DISCUSSÃO

A ancoragem ortodôntica iniciou sua transformação em 1945 com Gainsfort e

Higley, que testaram parafusos de vitalium como ancoragem ortodôntica em

mandíbulas de cães, obtendo resultados insatisfatórios. Trinta e oito anos depois,

Creekmore e Eklund, relataram um caso clínico em que obtiveram excelentes

resultados na correção da mordida profunda de um paciente, com a intrusão dos

incisivos superiores por meio de um miniimplante inserido abaixo da espinha nasal

anterior. Em 1997, a descrição de um miniimplante especificamente desenhado

para uso ortodôntico, foi feita por Kanomi.

Os miniimplantes apesar de bastante utilizados na clínica ortodôntica atual,

apresentam algumas falhas. A mais danosa é a fratura durante a sua inserção,

travamento ou remoção. Tal fato foi relatado por Melsen (2005), Marassi et al.(2005)

e Carano et al (2005). Apesar disso, poucas informações estariam disponíveis na

literatura sobre as características mecânicas e físicas dos miniimplantes, exceto

àquelas fornecidas por Carano et al em 2005 e mais recentemente por

Gadelha(2007) e Nova (2008).

No presente estudo, foi comparada a resistência à torção dos miniimplantes

ortodônticos quando submetidos à reinserção óssea em osso suíno até a sua

fratura. Optou-se por mandíbulas de suínos pela facilidade de aquisição e por

possuir osso cortical e medular na sua constituição, como na mandíbula humana. Os

trabalhos de Shimano (2005) e Wilmes et al (2006) também utilizaram ossos de

suínos. Na literatura não foi encontrada uma unanimidade em relação ao tipo de

osso ideal. O trabalho de Nova et al 2008 utilizou osso bovino; as pesquisas de

Carano et al (2005), Song et al (2007), Lim et al (2008) e Kim et al (2008) usaram

Discussão 87 ossos artificiais (poliuretano); Turley (1988), Ohmae et al (2001) e Kim et al (2008)

utilizaram mandíbulas de cachorros; Kim et al (2006) utilizaram ossos de cadáveres

humanos.

Para os testes de resistência à torção, foram selecionados miniimplantes de

três das principais empresas nacionais (Conexão, Neodent e Sin), pela credibilidade

no mercado nacional de implantes dentais e pela grande distribuição e

representabilidade no país, possuindo certificação ISO9000. Os miniimplantes das

três marcas comerciais foram fabricados em titânio grau V, liga Ti-6AL-4V, conforme

a norma da ASTM F136.

Nesta pesquisa, uma das propriedades avaliadas foi o torque máximo que um

miniimplante resistiria antes da fratura. Optou-se pelos dispositivos de menor

diâmetro de cada marca comercial para a obtenção de valores em N.cm, com o

propósito de estabelecer um protocolo de carga para instalação, e assim, diminuir os

riscos de fraturas na inserção e remoção. Os miniimplantes da marca Conexão

apresentavam 1,5mm de diâmetro, os da Neodent de 1,3mm e os da Sin de 1,4mm

de diâmetro. O trabalho de Carano et al (2005) relatou que uma redução em 0,2mm

no diâmetro dos miniimplantes, poderia reduzir a sua resistência em

aproximadamente 50% e sugeriu que dispositivos menores que 1,5mm de diâmetro

não deveriam ser utilizados. Miyawaki et al (2003) e Motoyoshi et al (2006) citaram o

uso de miniimplantes de 1,6mm de diâmetro com um alto índice de sucesso para

estabilidade primária, também discorrendo sobre o possível insucesso com a

diminuição do diâmetro.

O amplo conhecimento das características dos miniimplantes será de grande

importância para a determinação da qualidade desses dispositivos. Para a utilização

segura e adequada dos miniimplantes, informações sobre a resistência máxima que

Discussão 88 esses parafusos suportariam até a sua fratura deveriam estar em evidência para os

usuários. A indústria nacional de implantes evoluiu muito, tanto em produção quanto

em qualidade, porém foi observado que a resistência máxima destes miniimplantes

ortodônticos seria relativamente baixa, possibilitando a ocorrência de acidentes

como a sua fratura quando os níveis de torque de 20 N.cm eram alcançados.

Motoyoshi et al (2006) pesquisaram sobre a força de inserção dos miniimplantes

recomendados na clínica ortodôntica, que seria de 5 N.cm a 10N.cm, podendo

chegar a 15N.cm. Em decorrência de fatores descritos por Villela, Bezzera e

Laboissière em 2006 relacionados à diminuição da complexidade na técnica de

inserção, um protocolo cirúrgico mais simples foi desenvolvido, com os

miniimplantes denominados auto-perfurantes (formato cônico). Neste presente

estudo, todos os miniimplantes testados foram desse tipo.

Os materiais odontológicos, em especial os mais recentemente

desenvolvidos, deveriam passar por uma avaliação que atestasse de forma científica

a sua eficiência e qualidade. Por não haver estudos científicos que determinem a

resistência mecânica desses novos modelos nacionais de miniimplantes, resolveu-

se, por meio deste trabalho, testar os miniimplantes auto-perfurantes de menor

diâmetro de três fabricantes nacionais comparando grupos e marcas quanto à sua

resistência à fratura antes de qualquer utilização clínica, quando inseridos e

removidos em ossos mandibulares de porco.

Considerou-se para este ensaio destrutivo quinze amostras de cada marca

comercial, perfazendo quarenta e cinco miniimplantes no total, sendo cinco de cada

marca para os ensaios com nenhuma perfuração, cinco de cada marca para os

ensaios com uma perfuração e cinco de cada marca para os ensaios com duas

perfurações. Na instalação dos miniimplantes nas mandíbulas suínas, optou-se pela

Discussão 89 região compreendida entre os dentes caninos e pré-molares, por apresentarem osso

cortical e medular nessa região, da mesma forma que na mandíbula humana, na

região correspondente. A escolha de cinco miniimplantes por lado (Figura 6.1)

possibilitou um bom espaçamento entre cada miniimplante, preenchendo

eficazmente a região eleita.

Figura 6.1 - Mandíbula suína com cinco miniimplantes instalados

Os testes realizados no Centro de Caracterização e Desenvolvimento de

Materiais (CCDM), na Universidade Federal de São Carlos, foram submetidos à de

Máquina de Ensaio Termomec Ortho projetada e desenvolvida neste mesmo local

especificamente para ensaios de torção. Por esse motivo, não se optou pela

Máquina Universal de ensaios EMIC DL 10.000 que foi utilizada em trabalhos

similares como os Gadelha (2007) e Nova et al (2008). A máquina de Ensaio

Termomec Ortho se encontrava acoplada a um microcomputador possuidor do

programa de computador WP510 Torsional Tester que forneceu o torque de ruptura

e a deflexão angular de ruptura, armazenando os dados de forma digital e

Discussão 90 transformando em gráficos e tabelas para que o trabalho estatístico pudesse ser

realizado.

A unidade utilizada foi o N.cm muito empregada na Implantodontia e em

trabalhos como os de Carano et al(2005), Miyawaki et al (2003), Motoyoshi et al

(2006), Song et al ( 2007), Wilmes et al (2008), Squeff et al (2008), Kim et al (2008)

e Nova et al (2008). Entretanto, outros trabalhos mostraram seus resultados em N.m,

como Gadelha(2007) e em N/mm2 , como Giancotti (2003).

Avaliando a Tabela 5.1, percebeu-se que o torque de ruptura médio dos

quarenta e dois miniimplantes testados foi de 12,2 N.cm, com um torque mínimo de

5 N.cm e máximo de 19 N.cm. Estavam incluídos nessa avaliação miniimplantes

sem nenhuma inserção e com uma e duas inserções ósseas. O valor médio de

12,2N.cm ficou dentro das recomendações de valores para torque de inserção

expressas no trabalho do Motoyoshi et al (2006), de 5 a 10 N.cm, ressaltando que

nesse trabalho o autor utilizou miniimplantes de 1,6mm de diâmetro.

Na Tabela 5.2, quanto ao torque de ruptura médio segundo os grupos de

interesse, notou-se que o maior torque de ruptura médio ocorreu no grupo 2,

miniimplantes que foram inseridos por duas vezes no osso mandibular de porco,

com média de 13,7 N.cm, com máximo de 19,0 N.cm e mínimo de 10,0 N.cm,

seguido do grupo 0 que não possuía nenhuma inserção óssea, com 11,9 N.cm, com

máximo de 17,0 N.cm e mínimo de 6,0 N.cm e por último o grupo 1, miniimplantes

com uma inserção óssea, com 10,8 N.cm, com máximo de 17,0 N.cm e mínimo de

5,0 N.cm. Avaliando esses dados, observa-se que quando os miniimplantes foram

submetidos a uma inserção óssea, seu torque de ruptura médio diminuiu, quando

comparado com o grupo 0, mas tendeu a ficar com valores próximos do mesmo.

Quando inseridos pela segunda vez, o torque médio de ruptura aumentou, quando

Discussão 91 comparados com o grupo 0, mas com valores bem diferentes desse grupo ,

principalmente no torque de ruptura mínimo. Gadelha (2007) utilizou os mesmos

implantes e obteve 26,7 N.cm para miniimplantes sem nenhuma inserção, um valor

maior ao encontrado no presente estudo. Carano (2005), apesar de ter utilizado

miniimplantes de outras marcas e, conseqüentemente, de geometrias distintas,

todos possuíam diâmetro de 1,5mm. O autor afirmou que os dispositivos analisados

possuíam resistência à torção de 40 N.cm, para aqueles sem nenhuma inserção

óssea. Os valores dispostos na Tabela 5.2 mostram uma média dos grupos, isto é,

estavam incluídos três tipos distintos de diâmetros dos miniimplantes.

Analisando a Tabela 5.3, que mostra o torque de ruptura médio segundo o

fabricante, o torque de ruptura médio mais alto foi encontrado com os miniimplantes

da marca SIN (diâmetro de 1,4mm), com 14,2 N.cm, com mínimo de 6,0 N.cm e

máximo de 18,0 N.cm seguido pelos miniimplantes da marca Conexão (diâmetro de

1,5mm) com 13,9 N.cm, com mínimo de 5,0 N.cm e máximo de 19,9 N.cm e por

último os miniimplantes da marca Neodent (diâmetro de 1,3mm) com 9,9 N.cm, com

mínimo de 6,0 N.cm e máximo de 12 N.cm. Esses resultados surpreenderam em

relação ao maior torque médio de ruptura que não coincidiu com miniimplantes com

maiores diâmetros (1,4mm). O menor torque médio de ruptura coincidiu com os

miniimplantes de menores diâmetros (1,3mm). Verifica-se ainda na Tabela 5.3 que

os valores mínimos do torque de ruptura das três diferentes marcas comerciais

foram muito próximos, Conexão 5,0 N.cm, Neodent 6,0 N.cm e Sin 6,0 N.cm, e em

relação aos valores máximos do torque de ruptura das marcas Conexão 19,0 N.cm e

Sin 18,0 N.cm foram maiores comparados ao máximo da Neodent 12,0 N.cm.

Observou-se então que a Neodent apresentou a menor amplitude ou variação. O

trabalho de Squeff et al. (2008) obteve, para miniimplantes da marca Sin de 1,4mm

Discussão 92 de diâmetro, torque médio de ruptura de 26,34 N.cm (d.p. 3,05), dos miniimplantes

da marca Conexão de 1,5mm de diâmetro, 18,26 N.cm (d.p. 1,06) e da marca

Neodent de 1,6mm, 34,8 N.cm (d.p. 2,35). Sendo assim, a diferença de valores

encontrados por esse autor poderia ser atribuída à utilização de um torquímetro

digital manual em miniimplantes sem nenhuma perfuração prévia. Ressalta-se

também a grande diferença de valores do torque de ruptura da marca Neodent de

1,6mm de diâmetro (34,8 N.cm) do trabalho de Squeff et al (2008), com os

miniimplantes da mesma marca do presente trabalho mas com diâmetro de 1,4mm

(9,9 N.cm), fato esse comprovado no trabalho de Carano et al (2005) que relatou

que uma redução em 0,2mm no diâmetro dos miniimplantes, poderia reduzir a sua

resistência em aproximadamente 50%, fato esse que poderia ter influenciado nessa

diferença de resultados. Os valores médios da Tabela 5.3 também ficaram bem

distantes dos achados de Wilmes et al. (2006) que no torque máximo de inserção

com miniimplantes de 1,6mm de diâmetro obtiveram resultados de 41,3 N.cm a 23,4

N.cm e Nova et al (2008) cujos resultados obtidos nesse estudo variaram de 30,6

N.cm a 23,2 N.cm com miniimplantes de 1,6mm de diâmetro, e próximos dos

achados de Motoyoshi et al (2006) com médias mínimas de 7,2 N.c, a máximas de

13,5 N.cm.

O Gráfico 5.4 mostra o torque de ruptura médio segundo a marca e os grupos

0, 1 e 2. Na marca Sin, os miniimplantes que foram inseridos por duas vezes no

osso, foram os que apresentaram o mais alto torque médio de ruptura com 15,4

N.cm, seguido pelo grupo 1 (apenas uma inserção no osso) com 14,0 N.cm de

média, e por último os miniimplantes com nenhuma inserção no osso, grupo 0, com

12,8 N.cm de média. Gadelha (2007) encontrou 33,9 N.cm de torque médio de

ruptura para miniimplantes da marca Sin de 1,4mm de diâmetro sem nenhuma

Discussão 93 perfuração em osso, 20,0 N.cm de torque médio de ruptura para miniimplantes da

marca Neodent de 1,3mm de diâmetro sem nenhuma perfuração em osso, 26,4

N.cm de torque médio de ruptura para miniimplantes da marca Conexão de 1,5mm

de diâmetro, todos sem nenhuma perfuração prévia em osso. Sendo assim,

percebe-se uma grande diferença nos valores dos resultados. Ao analisar o gráfico

dos miniimplantes da marca Sin, verifica-se que quanto mais seus miniimplantes

foram submetidos ao esforço, isto é, inserção e remoção no osso, a sua resistência

ao torque de ruptura aumentou, passando em média de 12,8 N.cm sem nenhuma

inserção óssea para 14,0 N.cm com uma inserção óssea e 15,4 N.cm com duas

inserções ósseas. Os engenheiros especialistas em materiais chamam esse

processo de “encruamento”, que seria o método em que o material se torna mais

resistente de acordo com o esforço que lhe é submetido. Verificou-se que o diâmetro

dos miniimplantes não esteve diretamente relacionado com sua resistência ao torque

de ruptura entre as marcas estudadas. Os miniimplantes com maior torque de

ruptura, no caso, os da marca Sin, com diâmetro de 1,4mm, do grupo 2 (duas

inserções ósseas) não apresentaram o maior diâmetro das três marcas estudadas.

O maior diâmetro da amostra utilizada foram os miniimplantes da marca Conexão,

com 1,5mm. A Conexão teve o maior torque de ruptura em relação ao grupo 0 (sem

nenhuma inserção óssea), 13,6 N.cm contra 12,8 N.cm da marca Sin e 9,6 N.cm da

marca Neodent. Porém, seu torque de ruptura diminuiu quando os miniimplantes

foram submetidos à uma inserção óssea (grupo 1), com 10,8 N.cm, e subiu para

14,6 N.cm quando inserido pela segunda vez no osso, chegando a 14,6 N.cm,

superando o torque de ruptura do grupo 0 que foi de 13,6 N.cm. Comparando os

valores obtidos do grupo 0 (sem nenhuma inserção) com os valores encontrados no

trabalho do Gadelha de 2007, que obteve 26,4 N.cm de torque médio de ruptura

Discussão 94 para miniimplantes da marca Conexão de 1,5mm de diâmetro por 1mm de perfil

transmucoso e 12mm de comprimento, sem nenhuma perfuração em osso, percebe-

se uma grande diferença. Os miniimplantes da marca Neodent apresentaram um

comportamento semelhante aos da marca Conexão, isto é, o grupo 1 (uma inserção

óssea) teve o torque de ruptura menor 9,0 N.cm que o grupo 0 (nenhuma inserção

óssea), de 9,6 N.cm, e, quando submetido à segundo inserção óssea (grupo 2), o

valor do torque de ruptura aumentou para 11,2 N.cm. Entre as três marcas

estudadas, essa foi a que apresentou o menor diâmetro dos miniimplantes, 1,3mm,

parecendo haver uma relação de que quanto menor o diâmetro do miniimplante,

menor será o valor no torque de ruptura, concordando com o trabalho de Carano de

2005. Esse autor relatou que uma redução de 0,2mm no diâmetro poderia reduzir a

resistência do miniimplante em aproximadamente 50%. Comparando o resultado do

grupo 0 (sem nenhuma inserção óssea) com o trabalho do Gadelha de 2007, que

achou 20,0 N.cm de torque médio de ruptura para miniimplantes da marca Neodent

de 1,3mm de diâmetro sem nenhuma perfuração em osso, nota-se uma diferença

alta nos valores achados.

Apesar das três marcas comerciais avaliadas nesta pesquisa fabricarem seus

miniimplantes com o mesmo tipo de material, titânio grau V, liga Ti-6AL-4V, segundo

as normas F 136-02, vários fatores poderiam interferir na resistência dos

miniimplantes. Entre essas variáveis, poderiam ser consideradas o desenho

(geometria) do miniimplante de cada marca, o ângulo do filete de rosca de avanço e

retorno, passo da rosca (número de filetes), área de concordância da raiz da rosca

com o corpo do miniimplante, tamanho, acabamento, distância das cristas das

roscas, degrau entre as roscas, tamanho interno e formato do corpo (sem as roscas)

dos miniimplantes. O corpo poderia ser cilíndrico com apenas o terço apical sendo

Discussão 95 cônico ou totalmente cônico. Essas variáveis poderiam afetar o torque de ruptura

dos miniimplantes pelas diferenças encontradas dentro de um mesmo grupo

(SQUEFF et al., 2008).

Na Tabela 5.4, verifica-se as medidas resumo da deflexão angular de ruptura

da amostra total, que foi de 176,5˚, com um desvio-padrão de 114,9˚ com mínimo de

34,1˚ e máximo de 402,9˚. Observa-se que, em média, o miniimplante se deflexiona

quase meia volta antes de fraturar.

Na Tabela 5.5, tem-se a deflexão angular de ruptura segundo os grupos 0, 1 e

2 e percebe-se que a maior deflexão angular de ruptura média se encontra no grupo

0 (sem nenhuma inserção), com 190,0˚, com um desvio-padrão de 124,9˚ e mínimo

de 38,0˚ e máximo de 402,9˚, seguido do grupo 1 (uma inserção óssea) com 169,8˚,

com desvio-padrão de 116,6˚ e mínimo de 34,1˚ e máximo de 337,2˚ e por último o

grupo 2 (duas inserções ósseas) com 169,0˚, desvio- padrão de 110,6˚ e mínimo de

49,9˚ e máximo de 340,3˚. Assim, quanto mais os miniimplantes fossem submetidos

à inserções e remoções, menor deflexão angular de ruptura ocorreria, ficando muito

próximo aos valores encontrados no grupo 1 com o grupo 2. Dessa forma, o

processo de “encruamento” se fez notar novamente.

A deflexão angular de ruptura, segundo os fabricantes, avaliada na Tabela

5.6, indicou que os miniimplantes da marca Neodent apresentaram maior deflexão

angular de ruptura médio com 310,2˚ e desvio-padrão de 51,9˚ com mínimo de

197,2˚ e máximo de 402,9˚. A Sin vem em seguida, apresentando deflexão angular

de ruptura médio em torno de 116,1˚ com desvio-padrão de 60,7˚, mínimo de 38,0˚ e

máximo de 175,1˚. Os miniimplantes da Conexão foram os que apresentaram menor

deflexão angular de ruptura médio de 91,0˚ e desvio-padrão de 54,3˚ com mínimo de

34,1˚ e máximo de 185,3˚. Nota-se uma grande diferença da deflexão angular de

Discussão 96 ruptura médio da marca Neodent em relação às outras duas marcas, em duas vezes

e meia a mais em relação à marca Sin e quase três vezes e meia a mais que a

marca Conexão. A diferença de diâmetro e tipo de conicidade do corpo do

miniimplante poderiam ser responsáveis por essas diferenças.

O Gráfico 5.8 apresentou deflexão angular de ruptura média segundo o

fabricante e grupo, e percebeu-se que os valores da marca Neodent seriam bem

superiores aos observados para as demais marcas. Para as marcas Sin e Conexão,

os valores da deflexão angular de ruptura ficaram próximos. A marca Neodent e

Conexão apresentaram o mesmo comportamento segundo o grupo, isto é, o grupo 0

(nenhuma inserção) teve a deflexão angular de ruptura maior que o grupo 1 (com

uma inserção óssea) que também ficou com seus valores de deflexão angular de

ruptura abaixo do grupo 2 (duas inserções ósseas) que por sua vez ficou com

resultados da deflexão angular de ruptura abaixo do grupo 0. Já a marca Sin, teve o

grupo 0 (nenhuma inserção) apresentou uma deflexão angular de ruptura com

valores menores que o grupo 1 (uma inserção óssea) que teve a deflexão angular de

ruptura mais alta que o grupo 2 (duas inserções ósseas) que exibiu valores maiores

que o grupo 0. Desse modo, haveria um efeito de interação entre os fatores

fabricante e grupos.

Como se observa no Gráfico 5.9, a marca Neodent foi a que apresentou

maior média de postos, e conseqüentemente, deflexão angular de ruptura mais alto

também. Fixando o grupo 0, os mini-implantes da marca Conexão apresentaram

maior deflexão angular de ruptura comparados aos mini-implantes da marca Sin. Já

para os grupos 1 e 2, houve uma inversão, os mini-implantes da marca Sin

apresentaram maior deflexão angular de ruptura quando comparados aos mini-

Discussão 97 implantes da marca Conexão. Esse fato estaria associado ao diâmetro e ao formato

do corpo do miniimplante.

Com a análise dos dados obtidos pelos testes mecânicos, notou-se que a não

padronização dos componentes dos miniimplantes como diâmetro, comprimento,

tipo, profundidade e distância entre as roscas, bem como conicidade do corpo,

interfeririam diretamente nos resultados, como também a quantidade de perfurações

prévias realizadas pelos dispositivos frente à dispositivos sem nenhum uso.

A literatura científica atual possui muitas informações clínicas, porém poucos

trabalhos sobre as características mecânicas dos miniimplantes são encontrados.

Nos trabalhos futuros, pesquisas utilizando esses dois aspectos deveriam ser

implementados para uma melhor aplicação desses dispositivos nos pacientes com

menores riscos de fratura.

7 CONCLUSÕES

99 7 CONCLUSÕES

De acordo com a metodologia empregada e nos resultados obtidos, parece

lícito concluir que:

1. Os valores médios dos Torques de Ruptura (TR), de miniimplantes antes de

qualquer utilização clínica (grupo 0), foram mais altos para a marca Conexão,

seguidos pelos dispositivos da marca Sin, ficando os da Neodent com a menor

resistência à torção. Após uma utilização clínica (grupo 1), o TR dos

miniimplantes aumentou em relação ao grupo 0 na marca Sin e diminuiu na

marca Neodent e Conexão, sendo nesta última mais acentuadamente. Após a

inserção e a remoção dos miniimplantes por duas vezes (grupo 2), o TR

aumentou nas três marcas, superando inclusive os valores obtidos no grupo 0.

2. Quanto às marcas houve diferença significativa, ao nível de 5%, do Torque de

Ruptura entre as marcas Sin e Neodent, assim como entre Conexão e Neodent,

sendo que os miniimplantes Neodent apresentaram menor TR médio. Não houve

diferença estatisticamente significante entre as marcas Sin e Conexão. Quanto

às condições de uso, não houve diferença estatística entre os grupos 0, 1 e 2,

com relação ao TR.

3. Nas médias da Deflexão Angular de Ruptura (DAR) de miniimplantes do grupo 0,

os dispositivos da marca Neodent obtiveram os valores mais altos, seguidos pela

marca Conexão, ficando a Sin em último lugar. Na comparação da DAR média

entre os grupos 1 e 2, notamos aumento nos miniimplantes da marca Sin e

diminuição nas marcas Neodent e Conexão, sendo nesta última de modo

acentuado. Já a DAR média do grupo 2 aumentou nas marcas Conexão e

Neodent, diminuindo na marca Sin, quando comparadas ao grupo 0.

Discussão 100 4. Houve diferença estatisticamente significante, ao nível de 5%, da DAR entre as

diferentes marcas, mas não houve diferença quanto ao número de inserções

ósseas. Nos três grupos a marca Neodent foi a que apresentou maior Deflexão

Angular de Ruptura.

REFERÊNCIAS

102

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ANEXOS

Anexos 110 ANEXO A – Cerificado de aprovação da Comissão de Ética e pesquisa da UNICID