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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO ELEMENTO DE
TOMADA DE DECISÕES NAS EMPRESAS
Por: ARACELI DOS SANTOS BRUNO
Orientador
Prof. ANA CLAUDIA MORRISSY
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS COMO ELEMENTO DE
TOMADA DE DECISÕES NAS EMPRESAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito para
obtenção do grau de especialista em
Finanças e Gestão Corporativa
Por: Araceli dos Santos Bruno
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus acima de tudo, e minha
mãe que sempre incentivou meus sonhos e
objetivos, aos meus amigos que nesta
torcida sempre somam para a vitória.
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RESUMO
A Contabilidade é uma ciência de fundamental importância para as
entidades, auxiliando os administradores na obtenção de informações, e
consequentemente a tomarem decisões corretas que ajudem no desenvolvimento
e crescimento de suas empresas. Assim, o presente trabalho demonstra a
importância da informação e as contribuições geradas pelas análises das
demonstrações contábeis.
A análise das demonstrações contábeis agrega valor às informações e com
isso, possibilita confrontar elementos patrimoniais, indicando fatos ocorridos,
determinando a situação atual e permitindo uma visão das tendências futuras, por
isso sua importância nas organizações.
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METODOLOGIA
Os métodos adotados para elaboração deste trabalho foram baseados em
pesquisas teóricas. Através de estudo e leitura de bibliografias referentes ao tema
proposto buscando definições para os itens apresentados.
Foram relacionadas pesquisas bibliográficas com fundamentos nas análises
financeiras apresentados na literatura disponível para o alcance dos objetivos
desse trabalho. Foram pesquisados livros da área financeira, contábeis, de
administração financeira e consultas na internet.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07 1. ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 08 1.1 BALANÇO PATRIMONIAL 09 1.2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO 10 1.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 11 1.4 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS 11 2. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 12 2.1 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL 12 2.2 ANÁLISE POR ÍNDICES 14 2.2.1 ÍNDICES FINANCEIROS 15 2.2.1.1 ÍNDICES DE LIQUIDEZ 15 2.2.1.2 ÍNDICES DE ESTRUTURA OU ENDIVIDAMENTO 17 2.2.2 ÍNDICES ECONÔMICOS 18 2.2.2.1 ÍNDICES DE RENTABILIDADE OU DE RETORNO 18 2.2.2.2 ÍNDICES DE ROTAÇÃO OU DE GIRO 20 2.2.2.3 PRAZOS MÉDIOS 21 2.3 ECONOMIC VALUE ADDED – EVA 22 2.4 EARNINGS BEFORE INTERESTS, TAXES, DEPRECIATION AND AMORTIZATION 23 3. A IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA EVIDENCIAR A SITUAÇÃO ECONÔMICA E FINANCEIRA DAS ORGANIZAÇÕES 23
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INTRODUÇÃO
Atualmente as empresas estão inseridas em um mercado onde a agilidade
e veracidade das informações são de extrema importância. Através das
informações financeiras fornecidas pela contabilidade, pelos seus demonstrativos,
é possível obter melhores resultados, sendo um fator fundamental para a tomada
de decisão pelos administradores, acionistas, permitindo maior segurança e
rapidez, o que acaba sendo um diferencial em relação às empresas concorrentes.
Silva (2005, p.23) descreve a contabilidade como sendo “a linguagem dos
negócios e as demonstrações contábeis são os canais de comunicação que nos
fornecem dados e informações para diagnosticarmos o desempenho e a saúde
financeira da empresa”. Dessa forma, a contabilidade utiliza-se das técnicas da
análise das demonstrações contábeis que compreendem entre elas as avaliações
horizontal, vertical e a análise através de índices para apurar as principais
mutações do patrimônio e possíveis falhas que podem estar ocorrendo no dia-a-
dia das empresas.
Matarazzo (2003, p. 17) acrescenta ainda que em uma avaliação de dados,
“o analista de balanços preocupa-se com as demonstrações financeiras que, por
sua vez, precisam ser transformadas em informações que permitam concluir se a
empresa vem sendo bem ou mal administrada...” Através desses pontos, é
possível ser observado a importância das análises e interpretações das
demonstrações fornecidas pela contabilidade, sendo uma ferramenta
extremamente útil para o bom desempenho de uma organização.
A Contabilidade tem a função também de fornecer alternativas para
solucionar os possíveis problemas que podem estar prejudicando as operações da
empresa, beneficiando assim a entidade e seus acionistas/sócios.
A partir disto, se buscou responder o principal questionamento da pesquisa,
que compreende a identificação de quais são as contribuições da análise das
demonstrações contábeis para tomada de decisões em uma empresa.
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1. ESTRUTURA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As demonstrações financeiras possibilitam uma visão da situação
econômica e financeira da empresa, constituindo-se num ponto de partida para
análises econômicas e financeiras bem como apoio para a realização do
planejamento estratégico e operacional.
Para que se possa analisar as demonstrações financeiras é preciso ter o
conhecimento do que representa cada conta ou grupo de contas. A análise das
operações de uma empresa pode nos revelar gastos excessivos, falta de controle
e ou uma má gestão. Logo, as demonstrações financeiras nos permite levantar
informações precisas para tomada de decisões em diversas áreas como no
planejamento de vendas, compras, produtos, política financeira, de recursos
humanos, resultados alcançados, planos, previsões etc.
A existência dessas informações provenientes das demonstrações
contábeis, mantém os usuários em geral, com um bom nível de conhecimento
sobre a atividade e situação econômica financeira da empresa.
Conforme afirmação de Gitman, (2002, p.70)
Os relatórios aos acionistas da maioria das grandes sociedades
anônimas, também incluem comentários sobre as atividades da
empresa, novos produtos, pesquisa e desenvolvimento, e outros
assuntos. A maioria das empresas não vê o relatório anual
unicamente como uma exigência, mas como um importante veículo
para influenciar as percepções dos proprietários acerca da
empresa e suas perspectivas futuras. Devido as informações que
contém, o relatório aos acionistas pode afetar o risco esperado, o
retorno, o preço da ação e, sobretudo, a viabilidade da empresa.
Através da estrutura contábil das demonstrações é que poderemos obter
uma avaliação mais aprimorada das empresas.
As Demonstrações Contábeis são compostas pelas seguintes
demonstrações :
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1. Balanço Patrimonial;
2. Demonstração do Resultado do Exercício
3. Demonstração das Mutações do Patrimônio Liquido
4. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos.
1.1 BALANÇO PATRIMONIAL
O Balanço Patrimonial procura sintetizar uma posição financeira da
empresa em um dado momento, demonstrando todos os bens e direitos da
mesma. Comparando assim os ativos através dos bens e direitos que ela possui,
com o passivo através das suas obrigações até mesmo os financiamentos para a
aquisição de bens e direitos do ativo. A diferença entre o Ativo e o Passivo é igual
ao Patrimônio Liquido que demonstra os recursos próprios da empresa que
pertencem aos seus sócios.
No Balanço Patrimonial, as contas que são constituídas no Ativo e no
Passivo devem ser agrupadas de maneira que facilite o conhecimento para a
análise da situação financeira da empresa para isso essas contas são
apresentadas em ordem decrescentes de grau de liquidez para o ativo, e de
exigibilidade para o passivo
Em outras palavras, Leite (1994, p. 19) afirma:
Que o balanço é uma demonstração que detalha e avalia (pelo
custo) as aplicações realizadas por uma empresa em determinado
momento e especifica as fontes que financiaram estas aplicações (
recursos de terceiros e recursos próprios que estão alocados, no
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momento considerado, no financiamento das aplicações
específicas no Ativo).
O Balanço é uma forma de demonstrar os termos fontes e investimentos de
recursos, o que é altamente desejável do angulo da Análise de Balanços, visto
que analisar balanços é, em grande parte, avaliar a adequação entre as diversas
fontes e os investimentos efetuados.
1.2 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
Tem por objetivo demonstrar a movimentação da conta de lucros ou
prejuízos acumulados, ainda não distribuídos aos sócios titular ou aos acionistas,
revelando os eventos que influenciaram a modificação do seu saldo, devendo
também revelar o dividendo por ação do capital realizado, essa demonstração é
elaborado simultaneamente com o Balanço Patrimonial, demonstrando como se
chegou ao lucro ou ao prejuízo, esclarecendo muitas das variações do patrimônio
liquido, no período entre dois balanços. O lucro (ou prejuízo) é apurado através
das receitas, custos e despesas incorridas pela empresa em determinado período
e são apropriados conforme o regime de competência ou seja,
independentemente de que esses valores tenham sido pagos ou recebidos.
Matarazzo (1995, p. 47) afirma:
A Demonstração do Resultado do Exercício é uma demonstração
dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Liquido pelas
operações da empresa. As receitas representam normalmente
aumento no Ativo, através de ingresso de novos elementos, como
duplicatas a receber ou dinheiro proveniente das transações.
Aumentando o Ativo, aumenta o Patrimônio Liquido. As despesas
representam redução do Patrimônio Liquido, através de um entre
dois caminhos possíveis: redução do Ativo ou aumento do Passivo
Exigível.
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1.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
A DMPL é uma demonstração mais completa e abrangente, apresenta as
variações de todas as contas do Patrimônio Liquido durante o exercício social,
seja ela proveniente da correção monetária, de aumento de capital, de reavaliação
de elementos do ativo, de lucro ou de simples transferência entres contas,
relacionadas no grupo do Patrimônio Liquido. Essa demonstração é facultativa na
maioria das companhias, mas quando apresentadas, substitui a Demonstração de
Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) que é uma demonstração onde mostra
as retenções de lucros, as distribuições de lucros aos sócios, os ajustes de
exercícios anteriores, saldos ainda não destinados. Por esse motivo a DMPL se
caracteriza como um elemento complementar do que como peça através da qual
se pode obter informações que possibilitam a tomada de decisão, desta forma a
DMPL não é analisada conforme o Balanço e a Demonstração do Resultado do
Exercício.
Hoji, (2004, p. 268) afirma que,“A DMPL, evidencia os fluxos que impactam
os saldos das contas do Patrimônio Liquido. Para fins de publicação, por ser mais
abrangente, a DMPL substitui a DLPA, esta sim, obrigatória de acordo com a
legislação.”
A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
(DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A,
a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída nesta
demonstração.
1.4 DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS
A Demonstração das Origens e Aplicações e Recursos indica as
modificações na posição financeira da empresa de um exercício a outro,
evidenciando a origem dos recursos e onde eles foram aplicados permitindo uma
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melhor apreciação para a análise financeira, dando um sentindo mais amplo,
permitindo a identificação clara dos fluxos financeiros que aumentaram ou
reduziram o capital circulante liquido, indicando suas origens.
Matarazzo (1995, p.52), afirma que “A DOAR visa permitir a análise do
aspecto financeiro da empresa, tanto no que diz respeito ao movimento de
investimentos e financiamentos quanto relativamente á administração da empresa
sob o angulo de obter e aplicar compatívelmente os recursos.”
Portanto, através da DOAR podemos analisar os recursos ao longo de um
exercício, como eles foram obtidos,a sua participação nas transações comerciais,
e também como foram aplicados novos recursos.
2. ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
A análise das demonstrações contábeis, amplamente aceita no meio
acadêmico e empresarial, é dividida em duas categorias distintas:
Ø Análise Financeira, que possibilita a interpretação da saúde financeira da
empresa, seu grau de liquidez e capacidade se solvência.
Ø Análise Econômica, que possibilita a interpretação das variações do patrimônio
e da riqueza gerada por sua movimentação.
Tanto a análise financeira quanto a econômica são elaboradas e avaliadas
sob vários pontos de vistas distintos, conforme a necessidade e amplitude de cada
usuário.
2.1 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL
A comparação dos valores extraídos em determinada data, com aqueles
obtidos em períodos anteriores, e o entrosamento desses números com outros e
afins, são as duas principais características de análise de uma empresa. Assim à
comparação dos números entre si com os diferentes períodos oferecem a situação
das demonstrações contábeis. Este processo é representado pela análise
horizontal e pela análise vertical.
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A análise horizontal consiste na comparação entre os valores de uma
mesma conta ou grupo de contas, em diferentes períodos. É essencialmente um
método de análise temporal. A análise horizontal pode ser feita de acordo com o
cálculo das variações em relação à um ano base, desta forma é chamada de
análise horizontal encadeada, e sendo em relação ao ano anterior, será
denominada análise horizontal anual.
Segundo Hoji (2004, p. 279) “a análise horizontal tem a finalidade de
evidenciar a evolução dos itens das demonstrações contábeis por períodos.
Calculam-se os números – índices estabelecendo o exercício mais antigo como
índice base 100. PodeYse calcular também, os aumentos anuais.”
Na visão de Matarazzo (2007, p. 250) “a análise horizontal mostra a
evolução de cada conta das demonstrações sobre a evolução da empresa”.
Já a análise vertical abrange os valores percentuais das demonstrações
financeiras. Portanto calcula-se o percentual de cada conta em relação a um valor
base. Podemos tomar como exemplo a análise vertical do balanço patrimonial de
uma empresa, calculaYse o percentual de cada conta em relação ao total do seu
ativo.
A análise vertical facilita a avaliação da estrutura do ativo e do passivo, e
interage cada item da demonstração de resultado na formação do lucro ou
prejuízo. Já nas demonstrações de resultados, calculaYse o percentual de cada
conta em relação às vendas. Neste caso podemos afirmar que a análise vertical
também é uma técnica comparativa.
Para Matarazzo (2007, p. 249),“ a análise vertical mostra a importância de cada
conta em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da
comparação com padrões do ramo ou com percentuais da própria empresa em
anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das proporções normais”.
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É recomendável que a análise vertical e horizontal sejam usadas
combinadas. Não devemos tirar decisões e respostas somente da análise
horizontal, pois mesmo apresentando variações de 2000% pode continuar sendo
um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que faz parte. E por isso,
devemos trabalhar com a análise horizontal e com a análise vertical para que
nossas conclusões e respostas sejam baseadas nestas duas ferramentas,
analisadas e combinadas simultaneamente, em uma só técnica de análise onde
denominamos análise vertical/horizontal (MATARAZZO, 2007, p. 248).
2.2 ANÁLISE POR ÍNDICES
A análise das demonstrações contábeis por índices consiste na
confrontação entre os diversos grupos ou contas patrimoniais e de resultado de
forma que se estabeleça uma relação lógica que possibilite a mensuração da
situação econômica e financeira da empresa.
Matarazzo (2003, p. 249) faz uma comparação entre a análise através de
índices financeiros e a vertical/horizontal:
A análise através de Índices Financeiros é genérica; relaciona
grandes itens das demonstrações financeiras e permite dar uma
avaliação à empresa. A analise Vertical/Horizontal desce a um
nível de detalhes que não permite essa visão ampla da empresa,
mas possibilita localizar pontos específicos de falhas, problemas e
características da empresa e explicar os motivos de a empresa
estar em determinada situação.
A técnica da análise por quociente é um dos processos mais importantes
desenvolvidos pela Contabilidade, já que possibilita uma avaliação dos
demonstrativos contábeis e as mutações ocorridas no patrimônio de determinada
entidade, tanto em suas atividades operacionais quanto na composição de
endividamento da empresa.
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Os índices são divididos em Financeiros e Econômicos.
2.2.1 Índices Financeiros
Os Índices Financeiros são aqueles que evidenciam a situação financeira da
Empresa.
2.2.1.1 Índices de Liquidez
Matarazzo (2003, p. 147) conceitua o índice de liquidez como “a relação
entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa
evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma
empresa”.
É acrescentado ainda pelo autor que os índices de liquidez são extraídos do
confronto dos ativos circulantes com as dívidas, buscando através desses
indicadores medir o quanto é sólida, estável a situação financeira de uma
empresa.
Estes grupo é composto pelos índices de liquidez imediata, liquidez
corrente, liquidez seca e liquidez geral.
* Índice de Liquidez Imediata
Este índice representa o valor de quanto se dispõe imediatamente para saldar as
dívidas de curto prazo.
Também pode ser chamado de índice de liquidez absoluta ou instantânea. É ainda
mais restritivo do que o índice de liquidez seca, pois confronta apenas as
disponibilidades (Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras de resgate imediato)
com o total do passivo circulante.
* Índice de Liquidez Corrente
Este índice relaciona quantos reais dispõem-se, imediatamente e
conversíveis em curto prazo em dinheiro, com relação às dívidas de curto prazo.
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De acordo com Carleto e Souza (s/d, p.86) “Leva em consideração apenas
os ativos e passivos de curto prazo (circulante) e estabelece a capacidade de
pagamento no período de um ano, sendo portanto mais preciso que o índice de
liquidez geral”.
* Índice de Liquidez Seca
Esta é uma variante muito adequada para se avaliar conservadoramente a
situação de liquidez da empresa. Confronta o ativo circulante com o passivo
circulante, porém o ativo circulante não é considerado na sua totalidade. Os
estoques são subtraídos. Esta subtração é uma forma de eliminar riscos de
realização desse ativo. Podemos considerá-lo como um índice mais rígido e até
com excesso de conservadorismo, pois os estoques foram avaliados
adequadamente.
* Índice de Liquidez Geral
Este índice detecta a saúde financeira de longo prazo do empreendimento.
Confronta o total de ativos circulantes e realizável a longo prazo com o total dos
passivos também circulante e de longo prazo.
Pode-se considerar que esse índice representa quanto a empresa possui
de ativo circulante + realizável a longo prazo para cada unidade monetária de
obrigação total.
A principal restrição que se faz a esse índice é a de que a inclusão
dos ativos e dos passivos de longo prazo o torna menos preciso,
uma vez que os prazos de realização dos ativos de longo prazo
podem ser diferentes dos prazos dos vencimentos dos passivos de
longo prazo. (CARLETO; SOUZA, s/d, p. 86).
No geral, pode-se dizer que a liquidez de uma empresa esta ligada a
capacidade que a mesma possui de ser lucrativa, das decisões estratégicas com
relação a aplicação de dinheiro, empréstimos e também pela boa administração
de seu ciclo financeiro como um todo.
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2.2.1.2 Índices de Estrutura ou Endividamento
Estes índices relacionam as fontes de fundos entre si, procurando retratar a
posição relativa do capital próprio com relação ao capital de terceiros. São
quocientes de muita importância, pois indicam a relação de dependência da
empresa no que se refere ao capital de terceiros. Os índices de estrutura ou
endividamento avaliam a composição e a aplicação dos recursos da empresa.
Ø Índice de Participação do Capital de Terceiros (Endividamento)
Estabelece uma relação entre o que a empresa deve a terceiros (passivo
circulante e exigível a longo prazo) e o dinheiro dos sócios investidos na empresa,
decorrendo o capital próprio (patrimônio líquido = capital próprio).
Ø Índice de Composição do Endividamento
Indica a concentração dos recursos de terceiros devidos a curto prazo.
Confronta o passivo circulante com o total de capital de terceiros.
Ø Índice de Endividamento Geral
Retrata a posição relativa do capital próprio com relação ao capital de
terceiros. Evidencia a participação do capital de terceiros em relação ao total do
passivo.
Ø Imobilização do Patrimônio Líquido
As aplicações dos recursos do Patrimônio Líquido são mutuamente exclusivas
do Ativo circulante e Ativo Imobilizado. Quanto mais a empresa investir no Ativo
permanente, menos recursos próprios sobrarão para o Ativo Circulante, e, em
conseqüência, maior será a dependência a capitais de terceiros para o
financiamento do Ativo Circulante.
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Ø Imobilização dos Recursos Não Correntes
Os elementos do Ativo Permanente têm vida útil que pode ser de 2, 5, 10 ou 50
anos. Assim, não é necessário financiar todo o Imobilizado com recursos próprios.
É perfeitamente possível utilizar recursos de longo prazo, desde que seja
suficiente para a empresa gerar recursos capazes de resgatar as dívidas do longo
prazo. Este índice não deve em regra ser superior a 100%. Ainda que a empresa
quase tenha necessidade de Ativo Circulante (como é o caso das
transportadoras), deve sempre existir um pequeno excesso de Recursos não
correntes em relação ás imobilizações, destinado ao Ativo Circulante.
2.2.2 Índices Econômicos
Os Índices Econômicos são aqueles que indicam margens de lucro
(rentabilidade), de retorno do capital investido, velocidade das operações
realizadas, entre outros. Estão subdivididos em:
2.2.2.1Índices de Rentabilidade ou de Retorno
Os índices de retorno indicam basicamente o lucro da empresa com relação
aos custos e despesas realizados para sua obtenção e aos volumes de
investimentos necessários e de recursos disponíveis. Normalmente são indicados
em percentuais.
Ø Margem Bruta
Relaciona o lucro bruto com as vendas líquidas. Evidencia basicamente o
percentual das vendas líquidas que não foi consumido pelos custos de produção
ou de aquisição das mercadorias e serviços. Segundo Carleto e Souza (s/d, p. 92).
“É utilizada para o controle dos custos e avalia a capacidade dos setores
produtivos das empresas industriais e prestadoras de serviços e de compras e
armazenamento das empresas comerciais”.
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Ø Margem Operacional
Confronta o lucro operacional com as vendas líquidas. Será voltada para o
controle do volume das despesas operacionais e para medida do desempenho
dos setores de administração e de vendas.
Ø Margem Líquida
Confronta o lucro líquido do período com as vendas líquidas. Nessa margem,
além do resultado financeiro, também são incluídos os resultados não-
operacionais.
Indica o quanto restou da receita gerada pela empresa após a dedução de
todos os custos, gastos e despesas incorridos pela empresa. Será a margem de
lucro sobre as vendas. Estabelece o percentual de lucro líquido em cada unidade
monetária vendida.
Ø Índice de Rentabilidade do Ativo
Confronta o lucro líquido com o ativo total médio (cabe ressaltar que o ativo
total médio pode ser obtido pela soma do total do ativo do ano “x” + total do ativo
do ano “n-1” dividido por 2). No ativo encontramos os recursos materiais, logísticos
e monetários necessários para o desempenho das atividades da empresa.
Observe que se necessita do valor do ativo médio, que será obtido
por meio da soma dos ativos em dois períodos, dividida por dois.
Considera-se que o Balanço Patrimonial é uma demonstração
estática e a DRE é dinâmica. O lucro foi sendo formado no
decorrer de um período e, consequentemente, o ativo foi se
modificando entre esses dois períodos. O ideal seria que se
dispusesse dos valores dos ativos a cada mês e assim fosse
calculada a média do ativo nos doze meses de formação do lucro
presente na DRE. A média visa eliminar distorções do tamanho do
ativo que estava à disposição para se obter o lucro do
período.(CARLETO;SOUZA, s/d, p.94)
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Ø Índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido
Confronta o lucro líquido do período com o patrimônio líquido médio (destaca-
se que o valor do patrimônio liquido total médio pode ser obtido pela soma do total
do PL do ano “x” mas o total do PL do ano “X-1” dividido por 2). Fornece a medida
de rentabilidade do investimento dos proprietários, sócios ou acionistas na
empresa. Ou seja, quanto rendeu no ano o valor que os sócios mantiveram
investido na empresa. Indica o percentual que o lucro liquido representa para cada
unidade monetária de patrimônio liquido.
2.2.2.2 Índices de Rotação ou de Giro
Os índices de rotação ou de giro são aqueles que informam a velocidade com
que os recursos disponíveis são aplicados.
Ø Índice de Giro do Ativo Total
Confronta as vendas líquidas com o ativo total. Indica a eficiência de utilização
dos recursos totais (ativo de curto e de longo prazo) aplicados para se obter as
vendas. Representa quanto foi vendido para cada unidade monetária de
investimento total.
Ø Índice de Giro do Ativo Médio
Confronta as vendas líquidas com o ativo total médio (logo o ativo total médio
pode ser obtido pela soma do total do ativo do ano “x” + total do ativo do ano “x-1”
dividido por 2), obtido pela soma do ativo no início do período com o ativo do final
do período. Indica a eficiência de utilização dos recursos totais médios (ativos de
curto e de longo prazo) aplicados para se obter as vendas. Representa quanto foi
vendido para cada unidade monetária de investimento total médio.
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Ø Giro do Patrimônio Líquido
Confronta as vendas líquidas com o patrimônio líquido. Indica a movimentação
do patrimônio líquido em relação às vendas realizadas no ano. Estabelece quanto
foi vendido para cada unidade monetária de patrimônio liquido.
Ø Giro do Ativo Permanente
Confronta o ativo permanente com as vendas líquidas. Mede a eficiência de
utilização do ativo permanente na obtenção de receita. Indica quanto foi vendido
para cada unidade monetária de recursos permanente.
2.2.2.3 Prazos Médios
São índices que podem ser dados em número de vezes de renovação do item
ou em dias.
Ø Prazo Médio de Renovação de Estoques
Compara o CMV ou o CPV com o volume de estoques médios – (estoque
inicial + estoque final) / 2. Procura-se representar quantas vezes se renovou o
estoque devido às vendas. Quanta vezes o estoque foi renovado e o número de
dias de estocagem médio.
Ø Prazo Médio de Recebimento de Clientes
Este índice confronta as vendas a prazo com o saldo médio das contas a
receber de clientes. Indica o prazo médio de recebimento das duplicatas. Quantas
vezes o volume de duplicatas a receber foi renovado e o número de dias, em
média, para recebimento.
Ø Prazo Médio de Pagamentos a Fornecedores
Confronta as compras a prazo com o saldo médio de duplicatas a pagar a
fornecedores. Indica o prazo médio que as compras a prazo foram pagas. Indica
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quanta vezes o volume de duplicatas a pagar foi renovada e o número de dias, em
média, para pagamento.
Ø Posicionamento Relativo
Conforme Carleto e Souza (s/d, p. 98) “É a conjugação do prazo médio de
estocagem mais o prazo médio de recebimentos de clientes com o prazo médio de
pagamento a fornecedores”.
Por intermédio desse indicador, a empresa sabe se esta financiando as
operações de seus clientes ou se esta sendo financiada por seus fornecedores.
Interpretação: Quanto mais próximo do equilíbrio (=1), melhor, ou seja, se a
empresa recebe o valor das vendas antes ou depois do pagamento das duplicatas
aos fornecedores.
2.3 Economic value added – EVA
Não se deve olhar somente para o lucro, pois os acionistas querem saber
se o seu capital foi bem investido, com isso o EVA é um método no qual calcula se
o capital investido está sendo devidamente remunerado.
Os índices convencionais ignoram este parâmetro, com isso, estamos
vendo crescer o número de empresas que medem o seu resultado por este
indicador, o EVA. De acordo com Iudícibus (2007, p.228): “Ele é a versão moderna
do lucro, pois em resumo, o EVA é o lucro operacional menos o custo do capital
investido”.
O EVA é uma medida de avaliação de desempenho que considera todos os
custos de operação, inclusive os de oportunidade. Ele representa o resultado
operacional depois dos impostos da companhia, menos os encargos pela
utilização do capital de terceiros e de acionistas, e mede quanto foi gerado a mais
em relação ao retorno mínimo exigido pelos fornecedores de capital da
organização.
]
23
2.4 Earnings Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization
(EBITDA) – ou Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização
(LAJIDA)
O procedimento para calcular o EBITDA é inteiramente livre de
regulamentação. As medições não baseadas em normas contábeis são definidas
como aquelas que incluem ou excluem montantes não previstos nas medições
econômicas associadas às normas contábeis mais diretamente comparáveis.
Esses ajustes pretendem refletir a visão da administração sobre a geração
de recursos pela companhia, mas devem, também, estabelecer uma relação com
as medições previstas nas normas contábeis. Como por exemplo, a companhia,
ao divulgar uma medição semelhante ao LAJIDA ou EBITDA, deve estabelecer
uma reconciliação com a medição econômica baseada nas normas contábeis mais
diretamente comparável com o Lucro Operacional.
3. A Importância da Análise das Demonstrações Contábeis para
Evidenciar a Situação Econômica e Financeira das Organizações
A análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e
confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao
conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão
quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da
situação atual, e, também, a servir de ponto de partida para delinear o
comportamento futuro da empresa.
Tanto mais eficiente será a análise quanto melhor for o conhecimento do
analista a respeito das operações da empresa analisada, conhecimento este em
que se entende a política administrativa em todos seus aspectos, internos e
externos.
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A interpretação dos elementos obtidos nas análises, a partir das
Demonstrações Contábeis, faz com os valores ali contidos deixem de ser apenas
um conjunto de dados e passem a ter valor como informação.
Conforme afirma Braga:
O objetivo da análise das demonstrações contábeis como
instrumento de gerência consiste em proporcionar aos
administradores da empresa uma melhor visão das tendências dos
negócios, com a finalidade de assegurar que os recursos sejam
obtidos e aplicados, efetiva e eficientemente, na realização das
metas da organização. A atividade administrativa deve ser
desenvolvida em conexão com as informações contábeis, com
vistas aos aspectos de planejamento, execução, apuração e
análise do desempenho. (BRAGA, 1999, p.166)
Considera-se que a análise das demonstrações contábeis é uma arte, pois,
embora existam cálculos razoavelmente formalizados, não existe forma científica
ou metodologicamente comprovada de relacionar os índices de maneira a obter
um diagnóstico preciso. Cada analista poderia, com o mesmo conjunto de
informações e de quocientes, chegar a conclusões ligeiras ou até completamente
diferenciadas. É provável, todavia, que dois analistas experimentados,
conhecendo igualmente bem o ramo de atividade da empresa, cheguem a
conclusões bastante parecidas (mas nunca idênticas) sobre a situação atual da
empresa, embora quase sempre apontariam tendências diferentes, pelo menos
em grau, para o empreendimento.
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CONCLUSÃO
Com as Demonstrações Contábeis e utilizando-se dos índices financeiros e
econômicos é possível evidenciar a situação econômica e financeira de toda e
qualquer organização. Cabe ressaltar que comparando períodos, é possível uma
melhor avaliação do que ocorreu, com mais consistência das informações que
serão úteis para tendências futuras. Desta forma, a organização analisa quais
características e variáveis lhe são peculiares e o que precisa para chegar à fase
seguinte, sendo assim, ela estará dispondo de mais um instrumento que possa lhe
dar segurança no processo de gestão empresarial, possibilitando conhecer o ciclo
de vida da empresa a fim de que todas as decisões nela tomadas sejam
consistentes e capazes de conduzir a organização ao objetivo desejado.
A interpretação dos elementos obtidos nas análises faz com que as
demonstrações deixem de ser apenas um conjunto de dados e passem a ter valor
como informação, permitindo ao usuário a avaliação da situação da organização, e
assim utilizá-la como suporte para decisões futuras, visando sempre o objetivo da
entidade e a minimização de riscos.
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