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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE O ASSÉDIO MORAL COMO VILÃO DA MOTIVAÇÃO NAS EMPRESAS Por: Karen Pereira Agrelo Lusquiños Orientador Profa. Mary Sue Rio de Janeiro 2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

O ASSÉDIO MORAL COMO VILÃO DA MOTIVAÇÃO

NAS EMPRESAS

Por: Karen Pereira Agrelo Lusquiños

Orientador

Profa. Mary Sue

Rio de Janeiro

2003

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

ASSÉDIO MORAL COMO VILÃO DA MOTIVAÇÃO

NAS EMPRESAS

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão de Recursos Humanos.

Por: . Karen Pereira Agrelo Lusquiños

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AGRADECIMENTOS

...aos familiares e amigos e àqueles

que serviram como incentivadores do

meu projeto...

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DEDICATÓRIA

...dedico este trabalho a minha querida

mãe e a meu amado marido que tanto me

apoiaram neste projeto de vida...

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RESUMO

Este trabalho realiza uma abordagem sobre a motivação e seu principal

vilão: o assédio moral.

Primeiramente explica-se o que é motivação e aborda-se algumas das

teorias que a explicam: a Pirâmide das Necessidades de Maslow, a Teoria de

Herzberg, o Modelo Contingencial de Motivação de Vroom e o Modelo de

Expectação de Lawler.

Após a compreensão do que é motivação inicia-se uma explanação

sobre o que é o assédio moral: definição, quem são os humilhados, quais são a

estratégias do agressor e de que forma elas se apresentam, quais as

profissões que mais sofrem este assédio, exemplos de como ele se manifesta

em nosso ambiente de trabalho mesmo através de frases simples e

corriqueiras.

Finaliza-se o trabalho mostrando o impacto que o assédio moral traz a

vida do trabalhador e como se proteger, com uma abordagem à legislação

trabalhista e através de ações simples que podem ser realizadas pelo

trabalhador no seu dia-a-dia.

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METODOLOGIA

Foram realizadas leituras a vários livros relacionados ao tema Motivação

e Assédio Moral no trabalho. Através desta leitura foi criada a base teórica para

o trabalho. Esta base foi complementada por pesquisas em empresas e

experiências de colegas de diversas áreas do mercado. Também consultou-se

uma psicólogo para que pudessem ser esclarecidas neste trabalho as

conseqüências do assédio moral na vida do trabalhador bem como mostrar

formas de resistir psicologicamente a esse assédio moral e manter-se

motivado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Motivação: Suas Teorias 09

CAPÍTULO II - Assédio Moral: Vilão da Motivação nas Empresas 21

CAPÍTULO III – O Assédio Moral e Suas Conseqüências na 43

Auto Estima e Motivação

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 55

FOLHA DE AVALIAÇÃO 57

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INTRODUÇÃO

Atualmente, com os constantes processos de remodelagem das

estruturas das empresas e conseqüente redução de quadro de funcionários,

pode-se verificar um gradativo aumento de um grande vilão dentro dessas

organizações: o assédio moral. Ele não é um fenômeno novo, pode-se dizer

que ele é tão antigo quanto o trabalho, só que atualmente vem se

intensificando e passando por um processo de banalização assustador.

Os funcionários estão aprendendo a conviver com o assédio moral,

tratando o mesmo como "estresse diário da chefia". Na contra mão observa-se

essas mesmas empresas e chefes implantando políticas de valorização da

mão-de-obra, discursos de que o capital humano faz a diferença e programas

de treinamento de como manter-se motivado e desenvolver seu potencial

criativo.

O medo do desemprego, que assusta milhões de brasileiros

diariamente, faz com que aqueles que estão sofrendo com o assédio moral

passem a aceitá-lo e, muitas vezes, ignoram seu efeito além dos muros das

empresas. Muitos não se dão conta dos impactos do assédio moral na sua

qualidade de vida.

Verificou-se, então, a necessidade de mostrar a esses funcionários de

que forma o assédio moral se apresenta em seu cotidiano de trabalho, seus

impactos dentro e fora dos muros da organização e como o mesmo se torna

um fator desmotivador num mundo em que a criatividade e a motivação são

fatores decisórios para uma carreira de sucesso dentro de uma organização.

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CAPÍTULO I

MOTIVAÇÃO: SUAS TEORIAS

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1.1 O QUE É MOTIVAÇÃO?

Entende-se que a motivação é o resultado dos estímulos que agem

com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que haja ação ou

reação é preciso que um estímulo seja implementado, seja decorrente do meio

externo ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria nos dá idéia de um

ciclo, o Ciclo Motivacional.

Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevem a frustração do

indivíduo que poderá assumir várias atitudes:

• Comportamento ilógico ou sem normalidade;

• Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida;

• Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios/digestivos;

• Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;

• Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às

mudanças, insegurança, não colaboração, etc.

Quando a necessidade não é satisfeita e não sobrevindo as situações

anteriormente mencionadas, não significa que o indivíduo permanecerá

eternamente frustrado. De alguma maneira a necessidade será transferida ou

compensada. Daí percebe-se que a motivação é um estado cíclico e constante

na vida pessoal.

A motivação é fundamentalmente explicada por algumas teorias, entre

elas: a Pirâmide das Necessidades de Maslow, a Teoria de Herzberg, o Modelo

Contingencial de Motivação de Vroom e o Modelo de Expectação de Lawler.

1.2 TEORIA DE MASLOW (PIRÂMIDE DAS NECESSIDADES)

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Uma das principais teorias da motivação é a teoria das necessidades,

cujo principal impulsionador foi Abraham Maslow (1943). Para ele, as

necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma

escala de valores a serem transpostos (teoria intra-orientada). Isto significa que

no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu

lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para satisfazê-la.

Poucas ou nenhuma pessoa procurará reconhecimento pessoal e status se

suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.

Maslow agrupou as necessidades em diversos níveis baseando-se em

dois princípios básicos:

1. As necessidades insatisfeitas motivam ou influenciam o comportamento das

pessoas, ao passo que as necessidades satisfeitas não constituem efeito

motivador (Princípio da Dominância).

2. Uma necessidade só constitui um fator motivador quando as necessidades

de um nível inferior estiverem minimamente satisfeitas (Princípio da

Emergência).

Ele dividiu as necessidades em cinco níveis, hierarquizados numa

pirâmide, a chamada Pirâmide das Necessidades de Maslow, abaixo

representada.

Fisiológica

Segurança

Social

Auto Estima

Auto Realização

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As necessidades fisiológicas são as necessidades de base, ou seja, as

necessidades de manutenção do corpo (não ter mal-estar físico, dormir, comer,

respirar e expressão sexual)

A seguir na pirâmide aparecem as necessidades de segurança, que

correspondem às necessidades de abrigo, conforto, tranqüilidade, estabilidade,

proteção da violência, etc.

Estes dois tipos são chamados de necessidades primárias, cuja

satisfação das mesmas é condição necessária para a sobrevivência humana.

As restantes são consideradas necessidades secundárias, cuja não

satisfação não implica a morte, mas sim possíveis distúrbios mentais, tais

como, fraca auto-estima, frustração, ansiedade, depressão.

Neste segundo grupo estão as necessidades sociais, que incluem a

afeição, relacionamento, aceitação e aprovação pelos outros. O não

cumprimento deste tipo de necessidade leva à separação e isolamento do

indivíduo, podendo este sentir-se rejeitado e ter de enfrentar a solidão.

No quarto nível estão as necessidades de estima, que englobam a

auto-estima, prestígio, reconhecimento pelos outros, confiança, reputação,

independência, ou seja, a necessidade para uma estável e alta auto-avaliação,

baseada na capacidade e no respeito pelos outros.

No topo da pirâmide estão as necessidades de auto-realização, que

podemos definir como o máximo desenvolvimento do nosso potencial e

capacidades. Esta necessidade pode ser considerada como um estágio final do

desenvolvimento da pessoa.

Este tipo de necessidade não pode ser satisfeita da mesma forma que

as restantes, porque tendo tido uma experiência de auto-realização temos o

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desejo de voltar a repeti-la. Por exemplo: depois de dormir, não voltamos a ter

essa necessidade durante algum tempo, enquanto que aqui isso não se

verifica.

Maslow afirma que os indivíduos têm uma vontade inata de ir

escalando a pirâmide, procurando atingir as necessidades superiores, visto que

as inferiores já foram satisfeitas.

Esta é uma teoria de caráter universal (adaptável a cada indivíduo),

mas para isso deve-se vê-la de um modo flexível. Isto porque cada indivíduo dá

maior ou menor ênfase a cada tipo de necessidade, conforme a idade, sexo,

experiências passadas, etc. Querer dizer que não pode ser considerada como

uma estrutura rígida e inviolável, afinal de contas cada indivíduo tem a sua

maneira própria de ver as coisas.

Apesar de tudo esta teoria tem as suas limitações. Uma das críticas

apontadas é de ser uma teoria vaga. Isto é, não consegue quantificar e

delimitar as fronteiras de cada nível. Outra das críticas é o número excessivo

de categorias (tendo em consideração um número mais reduzido em outras

teorias das necessidades).

Maslow apesar de todas as críticas, desenvolveu uma teoria simples,

mas capaz de se adaptar à realidade.

1.3 TEORIA DE HERZBERG

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Herzberg baseia sua teoria no ambiente externo e no trabalho do

indivíduo (abordagem extra-orientada). Para Herzberg, a motivação das

pessoas depende de dois fatores:

Fatores higiênicos: Referem-se às condições que rodeiam a pessoa

enquanto trabalha, englobando as condições físicas e ambientais de trabalho, o

salário, os benefícios sociais, as políticas da empresa, o tipo de supervisão

recebido, o clima de relações entre a direção e os empregados, os

regulamentos internos, as oportunidades existentes, etc. Correspondem à

perspectiva ambiental. Constituem os fatores tradicionalmente utilizados pelas

organizações para se obter motivação dos empregados. Contudo, os fatores

higiênicos são muito limitados em sua capacidade de influenciar

poderosamente o comportamento dos empregados. A expressão "higiene"

serve exatamente para refletir seu caráter preventivo e profilático e para

mostrar que se destinam simplesmente a evitar fontes de insatisfação do meio

ambiente ou ameaças potenciais ao seu equilíbrio. Quando esses fatores

higiênicos são ótimos, simplesmente evitam a insatisfação, uma vez que sua

influência sobre o comportamento não consegue elevar substancial e

duradouramente a satisfação. Porém, quando são precários, provocam

insatisfação. Por isso, são chamados fatores insatisfacientes. Incluem:

• condições de trabalho e conforto;

• políticas da organização e administração;

• relações com o supervisor;

• competência técnica do supervisor;

• salários;

• segurança no cargo; e

• relações com colegas.

Esses fatores constituem o contexto do cargo.

Fatores Motivacionais. Referem-se ao conteúdo do cargo, às tarefas

e aos deveres relacionados com o cargo em si. Produzem efeito duradouro de

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satisfação e de aumento de produtividade em níveis de excelência, isto é,

acima dos níveis normais. O termo motivação envolve sentimentos de

realização, de crescimento, e de reconhecimento profissional, manifestados por

meio de exercícios das tarefas e atividades que oferecem suficiente desafio e

significado para o trabalho. Quando os fatores motivacionais são ótimos,

elevam substancialmente a satisfação; quando estão precários, provocam

ausência de satisfação. Por isso, são chamados fatores satisfacientes,

constituem o próprio conteúdo do cargo. Incluem:

• delegação de responsabilidade;

• liberdade de decidir como executar o trabalho;

• promoção;

• uso pleno das habilidades pessoais;

• estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles;

• simplificação do cargo (pelo próprio ocupante); e

• ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente).

Em essência, a teoria dos fatores afirma que:

1. a satisfação no cargo é função do conteúdo ou atividades desafiadoras e

estimulantes do cargo: são os chamados fatores motivadores.

2. a insatisfação no cargo é função do ambiente, da supervisão, dos colegas e

do contexto geral do cargo: são os chamados fatores higiênicos.

Herzberg chegou à conclusão de que os fatores responsáveis pela

satisfação profissional são totalmente desligados e distintos dos fatores

responsáveis pela insatisfação profissional: "o oposto de satisfação profissional

não seria a insatisfação, mas sim nenhuma satisfação profissional; e, da

mesma maneira, o oposto de insatisfação profissional seria nenhuma

insatisfação profissional e não a satisfação".

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Para introduzir maior dose de motivação no trabalho, Herzberg propõe

o enriquecimento de tarefas, que consiste em deliberadamente ampliar a

responsabilidade, os objetivos e o desafio das tarefas do cargo

Na prática, a abordagem de Herzberg enfatiza aqueles fatores que,

tradicionalmente, são negligenciados e desprezados pelas organizações em

favor dos fatores insatisfacientes, nas tentativas para elevar o desempenho e a

satisfação do pessoal. Até certo ponto, as conclusões de Herzberg coincidem

com a teoria de Maslow de que os níveis mais baixos de necessidades

humanas têm relativamente pequeno efeito motivacional quando o padrão de

vida é elevado. As abordagens de Maslow e de Herzberg apresentam alguns

pontos de concordância que permitem uma configuração mais ampla e rica a

respeito da motivação do comportamento humano. Não obstante, apresentam

também importantes diferenças.

Maslow Herzberg

Auto-Realização

O Trabalho em Si Responsabilidade Progresso Crescimento

Auto-Estima

Motivacionais

Realização Reconhecimento Status

Sociais Relações Interpessoais Supervisão Colegas e Subordinados

Segurança Políticas Administrativas e Empresariais Segurança no Cargo

Fisiológicas

Higiênicos

Condições Físicas do Trabalho Salário Vida Pessoal

1.4 O MODELO CONTINGENCIAL DE MOTIVAÇÃO DE VROOM

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Enquanto a teoria de Maslow está baseada em uma estrutura uniforme

- a hierarquia de necessidades - e a de Herzberg em duas classes de fatores,

ambas repousam na presunção implícita de que existe "uma maneira melhor"

(the best way) de motivar as pessoas, seja por meio de reconhecimento da

pirâmide de necessidades humanas, seja através da aplicação dos fatores

motivacionais e do enriquecimento do cargo. Todavia, a evidência tem

demonstrado que diferentes pessoas reagem de diferentes maneiras, conforme

a situação em que estejam colocadas.

Victor H. Vroom desenvolveu uma teoria da motivação que rejeita

noções preconcebidas e que reconhece essas diferenças individuais. Sua

teoria se restringe exclusivamente à motivação para produzir.

Segundo Vroom, existe três fatores que determinam em cada indivíduo

a motivação para produzir.

• os objetivos individuais, ou seja, a força do desejo de atingir objetivos;

• a relação que o indivíduo percebe entre produtividade e alcance dos seus

objetivos individuais; e

• a capacidade de o indivíduo influenciar seu próprio nível de produtividade, à

medida que acredita poder influenciá-lo.

Para Vroom, uma pessoa pode desejar aumentar a produtividade

quando três condições se apresentam:

Motivação de Produzir é

Força do desejo de alcançar os objetivos individuais

Relação percebida entre produtividade e o alcance dos objetivos individuais

Expectativas

Recompensas

Relação entre expectativas e recompensas

Capacidade percebida de influenciar o seu próprio nível de produtividade

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1. Objetivos pessoais do indivíduo: que podem incluir dinheiro, segurança no

cargo, aceitação social, reconhecimento e trabalho interessante. Existem

combinações de objetivos que uma pessoa pode procurar satisfazer

simultaneamente.

2. Relação percebida entre satisfação dos objetivos e alta produtividade. Se

um operário tem como importante objetivo ter salário maior e se trabalha na

base de remuneração por produção, poderá ter uma forte motivação para

produzir mais. Porém, se sua necessidade de aceitação social pelos outros

membros do grupo é mais importante, poderá produzir abaixo do nível que

consagrou como padrão de produção informal. Produzir mais poderá significar

a rejeição do grupo.

3. Percepção de sua capacidade de influenciar sua produtividade. Se um

empregado acredita que um grande volume de esforço despendido tem pouco

efeito sobre o resultado, tenderá a não se esforçar muito, como é o caso de

uma pessoa colocada em cargo sem treinamento adequado ou do operário

colocado em uma linha de montagem de velocidade fixa.

Para explicar a motivação para produzir, Vroom propõe um modelo de

expectação da motivação que se baseia em objetivos intermediários e

gradativos (meios) que conduzem a um objetivo final (fins). Segundo esse

modelo, a motivação é um processo que governa escolhas entre

comportamentos. O indivíduo percebe as conseqüências de cada alternativa

de comportamento como resultados representando uma cadeia de relações

entre meios e fins. Assim, quando o indivíduo procura um resultado

intermediário (produtividade elevada, por exemplo), está buscando meios para

alcançar resultados finais (dinheiro, benefícios sociais, apoio do supervisor,

promoção ou aceitação do grupo).

Cada indivíduo tem preferências (valências) para determinados

resultados finais, lembrando a teoria de campo. Uma valência positiva indica

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um desejo de alcançar determinado resultado final, enquanto uma valência

negativa implica um desejo de fugir de determinado resultado final.

A teoria de Vroom é denominada Modelo Contingencial de Motivação,

porque enfatiza as diferenças entre as pessoas e entre os cargos. O nível de

uma pessoa é contingente sob duas forças que atuam em uma situação de

trabalho: as diferenças individuais e as maneiras de operacionalizá-las. A teoria

de Vroom é uma teoria da motivação e não do comportamento.

1.5 TEORIA DA EXPECTAÇÃO DE LAWLER

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Lawler encontrou evidências de que o dinheiro pode motivar não

apenas desempenho, como também companheirismo e dedicação. Verificou

que o dinheiro tem apresentado pouca potência motivacional em virtude de sua

incorreta aplicação por parte das organizações. A relação não consistente entre

o dinheiro e o desempenho, em muitas organizações, é devida a uma

infinidade de razões, dentre as quais se destacam:

1. Grande extensão de tempo e trabalho ligado a aumentos salariais

periódicos e modestos, que podem dar a impressão de que seus ganhos

são independentes de seu desempenho;

2. Os gerentes não fazem muitas distinções nas avaliações de desempenho,

especialmente se elas ocasionam diferenças salariais, talvez porque o

confronto com pessoas avaliadas traga problemas de relacionamento;

3. A política salarial das organizações está atrelada a políticas governamentais

que procuram regulamentar salários a fim de combater a inflação;

As conclusões de Lawler são:

1. As pessoas desejam dinheiro porque este permite-lhes não só a satisfação

de necessidades fisiológicas e de segurança, mas também dá plenas

condições para a satisfação das necessidades sociais, de estima e de auto-

realização. O dinheiro é um meio e não um fim;

2. As pessoas crêem que seu desempenho é, ao mesmo tempo, possível e

necessário para obter mais dinheiro.

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CAPÍTULO II

ASSÉDIO MORAL: VILÃO DA MOTIVAÇÃO NAS

EMPRESAS

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2.1 INTRODUÇÃO

Assédio moral ou Violência moral no trabalho não é um fenômeno

novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho. A novidade reside

na intensificação, gravidade, amplitude e banalização do fenômeno e na

abordagem que tenta estabelecer o nexo-causal com a organização do

trabalho e tratá-lo como não inerente ao trabalho. A reflexão e o debate sobre o

tema são recentes no Brasil, tendo ganhado força após a divulgação da

pesquisa brasileira realizada pela Dra. Margarida Barreto. Tema da sua

dissertação de Mestrado em Psicologia Social, foi defendida em 22 de maio de

2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma jornada de humilhações".

A primeira matéria sobre a pesquisa brasileira saiu na Folha de São

Paulo, no dia 25 de novembro de 2000, na coluna de Mônica Bérgamo. Desde

então o tema tem tido presença constante nos jornais, revistas, rádio e

televisão, em todo país. O assunto vem sendo discutido amplamente pela

sociedade, em particular no movimento sindical e no âmbito do legislativo. Em

agosto do mesmo ano, foi publicado no Brasil o livro de Marie France Hirigoyen

"Harcèlement Moral: la violence perverse au quotidien". O livro foi traduzido

pela Editora Bertrand Brasil, com o título "Assédio moral: a violência perversa

no cotidiano".

Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em diferentes municípios

do país. Vários projetos já foram aprovados e, entre eles, pode-se destacar:

São Paulo, Natal, Guarulhos, Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel,

Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema, Campinas, entre outros. No

âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que desde maio de 2002 condena esta

prática. Existem projetos em tramitação nos estados de São Paulo, Rio Grande

do Sul, Pernambuco, Paraná, Bahia, entre outros. No âmbito federal, há

propostas de alteração do Código Penal e outros projetos de lei.

2.2 DEFINIÇÃO

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Assédio Moral é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a

situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a

jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comum em

relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam

condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou

mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação

da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do

emprego.

Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho

em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a

seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que acarreta

prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima

escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada,

ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares.

Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados

associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos

com a vítima e, freqüentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do

agressor no ambiente de trabalho, instaurando o 'pacto da tolerância e do

silêncio' no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando

e fragilizando, 'perdendo' sua auto-estima.

O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do 'novo' trabalhador:

autônomo, flexível, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e

empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que

procura a excelência e saúde perfeita. Estar 'apto' significa responsabilizar os

trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los pelo desemprego,

aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos

trabalhadores um sofrimento perverso.

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A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do

trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade,

dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde

física e mental, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego

ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas

relações e condições de trabalho.

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional

segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

com diversos países desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da

saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como

Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas

são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e a

Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do 'mal estar na

globalização', onde predominará depressões, angustias e outros danos

psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de

trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

2.3 QUEM SÃO OS HUMILHADOS?

O assédio moral pode se constituir uma ‘política da empresa’ que

sistematicamente agride funcionários, sendo os atos e ações executados por

seus representantes legais visando livrar-se dos trabalhadores inconvenientes.

Na lista estão: os adoecidos, os sindicalizados, os em final de estabilidade pós-

acidente de trabalho, as pós-parto, os acima de trinta e cinco anos de idade, os

altos salários, os questionadores das políticas de gestão, os solidários com o

sofrimento alheio e os que resistem aos abusos de poder. Criticar a política da

empresa ou sugerir mudanças que contemplem o bem estar do coletivo não é

bem recebido pela alta hierarquia, que compreende como incapacidade do

trabalhador para ser flexível, para se envolver com o ‘espírito’ da empresa ou

adaptar-se às novas exigências da modernidade.

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A falta de autonomia para criar associada às exigências acima ou

abaixo da capacidade de cada um, às desqualificações públicas, à intolerância

das chefias ao cansaço, doenças e acidentes, culpando-os, ou estigmatizando-

os por atitudes e comportamentos que não agradem são devastadores. A

imposição também se manifesta na exigência constante da aparência, do

comportamento com o público, da ‘voz que sorri’ e que repete centenas de

vezes frases que não correspondem ao vivido, por exemplo: ‘o senhor tem

razão’, ‘a empresa agradece’, entre outras, não interessando o que, naquele

momento, o trabalhador ouve, sente e reflete. São situações vividas com temor

e sujeição às ordens emanadas e que impedem o prazer no trabalho.

Muitos colegas da vítima se tornam cúmplices dos chefes, naturalizam

a situação, internalizam os atos e reatualizam a ofensa, humilhando o colega.

Outros, tornam-se indiferentes e fazem de conta que nada acontece ou até

mesmo aconselham a vítima a pedir demissão. Instaura-se o pacto do silêncio

e a tolerância aos desmandos aumenta, quer por medo de ser demitido ou por

vergonha de ser humilhado, o silêncio é constrangedor. Outros, ao testemunhar

as humilhações, diminuem a produtividade e eficiência, perdem a confiança na

empresa e a incerteza predomina no coletivo.

2.4 QUEM SÃO OS QUE HUMILHAM?

Os agressores são, homens e mulheres, mediadores das políticas de

gestão e detentores de uma certa autoridade. Enquanto chefes, devem saber

comandar, retirando de cada um a maior produtividade possível. Pressionados

por uma estrutura burocrática e hierarquizada, exercem o mando de forma

autoritária, revelando-se pequenos déspotas, indiferentes ao sofrimento e

dificuldades alheias. Usam e abusam de práticas autoritárias. Amedrontam,

intimidam, ameaçam e humilham sem piedade. Se inseguros, escondem sua

fraqueza disseminando terror, fofocas e maledicências.

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Outras vezes, utilizam estratégias de sedução, cooptação e pequenas

corrupções, criando um ambiente de instabilidade e desconfiança. Exigem, sem

sentimentalismo, obediência cega ao seu comando. Aquele subordinado que

contesta sua ordem ou que, por alguma razão, não atinge a meta estabelecida,

passa a ser perseguido até mesmo após a demissão, quando solicita

referências para um novo emprego. Despidos de culpa, os agressores sentem

que estão cumprindo da melhor forma possível seu dever de ‘comandantes’ da

produção, aspirando a ser promovidos e respeitados.

2.5 QUAIS SÃO AS PROFISSÕES MAIS ATINGIDAS?

Trabalhadores da área de saúde, como os enfermeiros, professores,

pessoal administrativo, especialmente aqueles que atuam em empresas

públicas e em serviços públicos, estão entre os profissionais que mais sofrem

assédio moral. O assédio moral existe em todos os ambientes de trabalho.

Na França, o assédio moral é praticado como meio de se ver livre de

pessoas que são mais protegidas pela legislação, como os funcionários

públicos e de estatais, mulheres grávidas, delegados sindicais e pessoas mais

velhas. A licença médica custa caro e as pessoas acabam pressionadas a

vender direitos, entrar em programas de incentivo a demissão voluntária, enfim,

a ir para casa.

2.6 ESTRATÉGIAS DO AGRESSOR

• Escolher a vítima e isolá-la do grupo.

• Impedir de se expressar e não explicar o porquê.

• Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar, menosprezar em frente aos pares.

• Culpabilizar/responsabilizar publicamente, podendo os comentários de sua

incapacidade invadir, inclusive, o espaço familiar.

• Desestabilizar emocional e profissionalmente. A vítima gradativamente vai

perdendo simultaneamente sua autoconfiança e o interesse pelo trabalho.

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• Destruir a vítima (desencadeamento ou agravamento de doenças pré-

existentes). A destruição da vítima engloba vigilância acentuada e

constante. A vítima se isola da família e amigos, passando muitas vezes a

usar drogas, principalmente o álcool.

• Livrar-se da vítima, que é forçado/a a pedir demissão ou é demitido/a,

freqüentemente, por insubordinação.

• Impor ao coletivo sua autoridade para aumentar a produtividade.

2.7 AS FASES DO ASSÉDIO MORAL

A vítima tende a se julgar culpada

O agredido se sente impotente

Choque : agressor e vítima tendem a ficar mais estressados

Vítima cai em depressão, perdendo a vontade de trabalhar

2.8 A EXPLICITAÇÃO DO ASSÉDIO MORAL

Gestos, condutas abusivas e constrangedoras, humilhar

repetidamente, inferiorizar, amedrontar, menosprezar ou desprezar, ironizar,

difamar, ridicularizar, risos, suspiros, piadas jocosas relacionadas ao sexo, ser

indiferente à presença do/a outro/a, estigmatizar os/as adoecidos/as pelo e

para o trabalho, colocá-los/as em situações vexatórias, falar baixinho acerca da

pessoa, olhar e não ver ou ignorar sua presença, rir daquele/a que apresenta

dificuldades, não cumprimentar, sugerir que peçam demissão, dar tarefas sem

sentido ou que jamais serão utilizadas ou mesmo irão para o lixo, dar tarefas

através de terceiros ou colocar em sua mesa sem avisar, controlar o tempo de

idas ao banheiro, tornar público algo íntimo do/a subordinado/a, não explicar a

causa da perseguição, difamar, ridicularizar.

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2.9 AS MANIFESTAÇÕES DO ASSÉDIO SEGUNDO O SEXO

Com as mulheres: os controles são diversificados e visam intimidar, submeter,

proibir a fala, interditar a fisiologia, controlando tempo e freqüência de

permanência nos banheiros. Relaciona atestados médicos e faltas a suspensão

de cestas básicas ou promoções.

Com os homens: atingem a virilidade, preferencialmente.

2.10 OS ESPAÇOS DA HUMILHAÇÃO

2.10.1 AS EMPRESAS

• Começar sempre uma reunião amedrontando quanto ao desemprego ou

ameaçar constantemente com a demissão.

• Subir na mesa e chamar a todos de incompetentes.

• Repetir a mesma ordem para realizar uma tarefa simples centenas de

vezes até desestabilizar emocionalmente o trabalhador ou dar ordens

confusas e contraditórias.

• Sobrecarregar de trabalho ou impedir a continuidade do trabalho,

negando informações.

• Desmoralizar publicamente, afirmando que tudo está errado.

• Rir à distância e em pequeno grupo; conversar baixinho e executar

gestos direcionados ao trabalhador.

• Não cumprimentar e impedir os colegas de almoçarem, cumprimentarem

ou conversarem com a vítima, mesmo que a conversa esteja

relacionada à tarefa.

• Desviar da função ou retirar material necessário à execução da tarefa,

impedindo o trabalho.

• Exigir que faça horários fora da jornada. Ser trocado de turno, sem ter

sido avisado.

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• Mandar executar tarefas acima ou abaixo do conhecimento do

trabalhador.

• Voltar de férias e ser demitido ou ser desligado por telefone ou

telegrama em férias.

• Hostilizar, não promover ou premiar colega e recém-chegado à empresa

e com menos experiência, de forma a desqualificar o trabalho realizado.

• Espalhar entre os colegas que o trabalhador está com problemas

nervosos.

• Sugerir que peça demissão por sua saúde.

• Divulgar boatos sobre sua moral.

2.10.2 AMBULATÓRIOS DAS EMPRESAS E INSS

• Sofrer constrangimento publico e ser considerado mentiroso.

• Ser impedido de questionar. Mandar calar-se, reafirmando sua posição

de 'autoridade no assunto'.

• Menosprezar o sofrimento do outro.

• Ridicularizar o doente e a doença.

• Empurrar de um lugar para outro e não explicar o diagnóstico ou

tratamento recomendado.

• Ser tratado como criança e ver ironizados seus sintomas.

• Ser atendido de porta aberta e não ter a privacidade respeitada.

• Ter seus laudos recusados e ridicularizados.

• Não ter reconhecido seus direitos ou não ser reconhecido como 'um

legitimo outro' na convivência.

• Aconselhar o adoecido a pedir demissão.

• Negar o nexo causal.

• Dar alta ao adoecido em tratamento, encaminhando para a produção.

• Negar laudo médico, não fornecer cópia dos exames e prontuários.

• Não orientar o trabalhador quanto aos riscos existentes no setor ou

posto de trabalho.

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2.10.3 POLITICA DE REAFIRMAÇÃO DA HUMILHAÇÃO NAS EMPRESAS

Com todos os trabalhadores

• Estimular a competitividade e individualismo, discriminando por sexo:

cursos de aperfeiçoamento e promoção realizado preferencialmente

para os homens.

• Discriminação de salários segundo sexo.

• Passar lista na empresa para que os trabalhadores se comprometam a

não procurar o Sindicato ou mesmo ameaçar os sindicalizados.

• Impedir que as grávidas sentem durante a jornada ou que façam

consultas de pré-natal fora da empresa.

• Fazer reunião com todas as mulheres do setor administrativo e

produtivo, exigindo que não engravidem, evitando prejuízos a produção.

• Impedir de usar o telefone em casos de urgência ou não comunicar aos

trabalhadores os telefonemas urgentes de seus familiares.

• Impedir de tomar cafezinho ou reduzir horário de refeições para 15

minutos. Refeições realizadas no maquinário ou bancadas.

• Desvio de função: mandar limpar banheiro, fazer cafezinho, limpar posto

de trabalho.

• Receber advertência em conseqüência de atestado médico ou por que

reclamou direitos.

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Discriminação aos adoecidos e acidentados que retornam ao trabalho

• Ter outra pessoa no posto de trabalho ou função.

• Colocar em local sem nenhuma tarefa e não dar tarefa. Ser colocado/a

sentado/a olhando os outros trabalhar, separados por parede de vidro

daqueles que trabalham.

• Não fornecer ou retirar todos os instrumentos de trabalho.

• Isolar os adoecidos em salas denominadas dos 'compatíveis'. Estimular

a discriminação entre os sadios e adoecidos, chamando-os

pejorativamente de 'podres, fracos, incompetentes, incapazes'.

• Diminuir salários quando retornam ao trabalho.

• Demitir após a estabilidade legal.

• Ser impedido de andar pela empresa.

• Telefonar para a casa do funcionário e comunicar à sua família que ele

ou ela não quer trabalhar.

• Controlar as idas a médicos, questionar acerca do falado em outro

espaço. Impedir que procurem médicos fora da empresa.

• Desaparecer com os atestados. Exigir o Código Internacional de

Doenças - CID - no atestado como forma de controle.

• Colocar guarda controlando entrada e saída e revisando as mulheres.

• Não permitir que conversem com antigos colegas dentro da empresa.

• Colocar um colega controlando o outro colega, disseminando a vigilância

e desconfiança.

• Dificultar a entregar de documentos necessários à concretização da

perícia médica pelo INSS.

• Omitir doenças e acidentes.

• Demitir os adoecidos ou acidentados do trabalho.

2.11 FRASES DISCRIMINATÓRIAS FREQÜENTEMENTE UTILIZADAS

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• Você é mesmo difícil... Não consegue aprender as coisas mais simples!

Até uma criança faz isso... e só você não consegue!

• É melhor você desistir! É muito difícil e isso é para quem tem garra! Não

é para gente como você!

• Não quer trabalhar... fique em casa! Lugar de doente é em casa! Quer

ficar folgando... descansando.... de férias para dormir até mais tarde....

• A empresa não é lugar para doente. Aqui você só atrapalha!

• Se você não quer trabalhar... por que não dá o lugar para outro?

• Teu filho vai colocar comida em sua casa? Não pode sair! Escolha: ou

trabalho ou toma conta do filho!

• Lugar de doente é no hospital... Aqui é para trabalhar.

• Ou você trabalha ou você vai a médico. É pegar ou largar... não preciso

de funcionário indeciso como você!

• Pessoas como você... Está cheio aí fora!

• Você é mole... frouxo... Se você não tem capacidade para trabalhar...

Então porque não fica em casa? Vá para casa lavar roupa!

• Não posso ficar com você! A empresa precisa de quem dá produção! E

você só atrapalha!

• Reconheço que foi acidente... mas você tem de continuar trabalhando!

Você não pode ir a médico! O que interessa é a produção!

• É melhor você pedir demissão... Você está doente... está indo muito a

médicos!

• Para que você foi a médico? Que frescura é essa? Tá com frescura? Se

quiser ir para casa de dia... tem de trabalhar à noite!

• Se não pode pegar peso... dizem piadinhas "Ah... tá muito bom para

você!

Trabalhar até às duas e ir para casa. Eu também quero essa doença!"

• Não existe lugar aqui para quem não quer trabalhar!

• Se você ficar pedindo saída eu vou ter de transferir você de empresa...

de posto de trabalho... de horário...

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• Seu trabalho é ótimo, maravilhoso... mas a empresa neste momento não

precisa de você!

• Como você pode ter um currículo tão extenso e não consegue fazer

essa coisa tão simples?

• Você me enganou com seu currículo... Não sabe fazer metade do que

colocou no papel.

• Vou ter de arranjar alguém que tenha uma memória boa, pra trabalhar

comigo, porque você... Esquece tudo!

• A empresa não precisa de incompetente igual a você!

• Ela faz confusão com tudo... É muito encrenqueira! É histérica! É mal

casada! Não dormiu bem... é falta de ferro!

• Vamos ver que brigou com o marido!

2.12 DANOS DA HUMILHAÇÃO À SAÚDE

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A humilhação constitui um risco invisível, porém concreto nas

relações de trabalho e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras, revelando

uma das formas mais poderosas de violência sutil nas relações

organizacionais, sendo mais freqüente com as mulheres e adoecidos. Sua

reposição se realiza 'invisivelmente' nas práticas perversas e arrogantes das

relações autoritárias na empresa e sociedade. A humilhação repetitiva e

prolongada tornou-se prática costumeira no interior das empresas, onde

predomina o menosprezo e indiferença pelo sofrimento dos trabalhadores, que

mesmo adoecidos, continuam trabalhando.

Freqüentemente os trabalhadores adoecidos são responsabilizados

pela queda da produção, acidentes e doenças, desqualificação profissional,

demissão e conseqüente desemprego. São atitudes como estas que reforçam

o medo individual ao mesmo tempo em que aumenta a submissão coletiva

construída e alicerçada no medo. Por medo, passam a produzir acima de suas

forças, ocultando suas queixas e evitando, simultaneamente, serem

humilhados e demitidos.

Submetidas às políticas de gestão, a organização do trabalho impõe

novos riscos que são responsáveis por distúrbios mentais e psíquicos,

explicitados na pressão e opressão para produzir e ultrapassar as metas pré-

determinadas. Essa opressão se traduz no tempo exíguo para concluir um

projeto, no ritmo intenso e em jornadas prolongadas, fazer mais com menos

pessoas e em ambiente de competitividade acentuada.

Novas exigências foram incorporadas gerando múltiplos sentimentos:

medos, incertezas, angústia e tristeza. A ansiedade ante uma nova tarefa, o

medo de não saber, a avaliação constante do desempenho sem o devido

reconhecimento, a requisição da eficácia técnica, excelência, criatividade e

autonomia, geram tensão e incertezas. As múltiplas exigências para produzir

são ‘transversadas’ por abuso de poder e freqüentes instruções confusas,

ofensas repetitivas, agressões, maximização dos ‘erros’ e culpas, que se

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repetem por toda jornada, degradando deliberadamente as condições de

trabalho.

As relações afetivas, aos poucos, vão se deteriorando, predominando o

‘salve-se quem puder’. Há indiferença pelo sofrimento do outro e uma quebra

dos laços de camaradagem.

Em meio à degradação das condições de trabalho, o medo é

manipulado para aumentar a produção e reforçar o autoritarismo, a submissão,

a disciplina, a vergonha e o pacto do silêncio no coletivo. São condições

vivenciadas por todos os trabalhadores, gerando um clima de instabilidade

emocional coletiva, insegurança e desconfiança entre os pares. O ambiente de

trabalho transforma-se em campo minado pelo medo, inveja, disputas, fofocas

e rivalidades. Todos convivem sob o manto de uma ‘ideologia única’ em que a

construção do sentido é uma questão sem sentido, pois o que legitima o outro

é a eficácia técnica.

Gradativamente, as políticas de gestão vão construindo e reafirmando

uma nova ideologia que eliminam todas as outras. É nesse espaço de conflitos

e sujeições, de contradições e ambigüidades, de sedução e aceitação, de

prazer e desprazer, de exigências e desqualificações, de adoecer e morrer, que

o risco invisível se insere. Ele causa danos à identidade e à dignidade, assim

como às saúdes física e mental dos trabalhadores e trabalhadoras.

Também são atos repetitivos que afetam as saúdes individual e

coletiva, comprometendo, por sua vez, a almejada produtividade e qualidade.

São riscos que se inserem nas relações interpessoais, constituindo fatores

psicossociais, sendo por isso um ‘risco invisível’, porém objetivo na medida em

que desorganiza as emoções, desencadeia ou agrava doenças pré-existentes

ameaçando não somente o emprego, mas a vida dos trabalhadores e

trabalhadoras.

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Portanto, em ambiente de degradação deliberada das condições de

trabalho, o risco invisível é ampliado e disseminado, ‘contagiando’ e adoecendo

um maior número de trabalhadores, revelando que as determinações do

trabalho sobre a saúde não se dão apenas por condições objetivas, mas por

sua condição afetiva relacional.

Em muitas sociedades, ridicularizar ou ironizar crianças constitui uma

forma eficaz de controle, pois ser alvo de ironias entre os amigos é devastador

e simultaneamente depressivo. Neste sentido, as ironias mostram-se mais

eficazes que o próprio castigo. O trabalhador humilhado ou constrangido passa

a vivenciar depressão, angustia, distúrbios do sono, conflitos internos e

sentimentos confusos que reafirmam o sentimento de fracasso e inutilidade.

As emoções são constitutivas de nosso ser, independente do sexo.

Entretanto mulheres e homens reagem diferentemente à violência moral e são

as mulheres as mais humilhadas. Nelas predominam as emoções tristes:

mágoas, ressentimentos, vontade de chorar, isolamento, angústia, ansiedade,

alterações do sono e insônia, sonhos freqüentes com o agressor, alterações da

memória, distúrbios digestivos e náuseas, diminuição da libido, cefaléia, dores

generalizadas, palpitações, hipertensão arterial, tremores e medo ao avistar o

agressor, ingestão de bebida alcoólica para esquecer a agressão,

pensamentos repetitivos.

Já os homens assediados têm dificuldades em verbalizar a agressão

sofrida e ficam em silêncio com sua dor, pois predomina o sentimento de

fracasso. Sentem-se confusos, sobressaindo os pensamentos repetitivos,

‘espelho’ das agressões vividas. Envergonhados, se isolam evitando comentar

o acontecido com a família ou amigos mais próximos. Sentem-se traídos e têm

desejos de vingança. Aumentam o uso das drogas, principalmente o álcool.

Sobressai o sentimento de culpa, ele se imagina ‘um inútil’, ‘um

ninguém’, ‘um lixo’ ‘um zero’, ‘um fracassado’. Expressões fortemente

verbalizadas por todos os assediados, reveladoras da infelicidade interna.

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Sentem-se tristes, depressivos; passam a conviver com precordialgia,

hipertensão arterial, dores generalizadas, dispnéia, vontade de ficar sozinho;

aborrecimento com tudo e todos. Com emoções e sentimentos recalcados ou

contidos, todos, em algum momento, tiveram pensamentos suicidas e 18,3%

chegaram a tentar.

A dor masculina é desesperadora e devastadora, na medida que os

homens não expõem suas emoções, não choram em público e se isolam

perdendo a interação com o outro. São danos à saúde que acarretam

desequilíbrio interno e sofrimento profundo, exigindo, muitas vezes, um longo

período de tratamento médico ou psicológico. A esses danos, somam-se as

conseqüências do desemprego em massa, que aumenta o medo e submissão

dos empregados.

Entrevistas realizadas com 870 homens e mulheres vítimas de

opressão no ambiente profissional revelam como cada sexo reage a essa

situação (em porcentagem):

Sintomas Mulheres Homens Crises de choro 100 - Dores generalizadas 80 80 Palpitações, tremores 80 40 Sentimento de inutilidade 72 40 Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6 Depressão 60 70 Diminuição da libido 60 15 Sede de vingança 50 100 Aumento da pressão arterial 40 51,6 Dor de cabeça 40 33,2 Distúrbios digestivos 40 15 Tonturas 22,3 3,2 Idéia de suicídio 16,2 100 Falta de apetite 13,6 2,1 Falta de ar 10 30 Passa a beber 5 63 Tentativa de suicídio - 18,3

2.13 O QUE FAZER?

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A pessoa vítima de assédio moral deve buscar anotar os episódios,

ainda que fortuitos, pois são mais fáceis de esquecer, recomendando-se os

seguintes passos:

1o – Anotar as agressões, dia, horário, tipo de situação, pessoa envolvida

(agressor).

2o – Tentar juntar provas documentais, testemunhais da situação de assédio.

3o – Tentar conquistar aliados entre seus próprios pares (colegas).

4o – Procurar ajuda psicológica para arregimentar forças para se defender.

5o – Aconselhar-se com advogado, em seu Sindicato, para buscar uma defesa

fundamentada.

A Lei do Silencio?

O que é mais grave nas histórias de assédio moral é que as

testemunhas das agressões nada fazem, não tomam nenhuma atitude, pois

tem medo de, ao defender o colega vítima, venham a se tornar futuras vítimas.

Apelar para o espírito de solidariedade de grupo é muito importante

para o enfrentamento de situações de assédio moral.

Algumas empresas ou gerentes têm adotado a postura de premiar

quem pouco conversa no trabalho, quem não reclama e quem silencia diante

de algum infortúnio ou dor. É o chamado silencio que pontua, que vale uma

promoção.

2.14 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL?

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O INSS publicou em recente decreto (Anexo do Decreto no 3.048, de

06 de maio de 1999 - Aprova o regulamento da previdência social, e dá outras

providências) uma relação de transtornos mentais e comportamentais

relacionados ao trabalho (Anexo II).

A Tabela, a seguir apresenta os agentes ou fatores de risco que

desencadeiam e/ou provocam essas doenças.

Tabela 2 - Agentes patogênicos causadores de doenças profissionais ou

do trabalho, conforme previsto no art. 20 da lei nº 8.213, de 1991

Transtornos mentais e comportamentais relacionados com o trabalho

(Grupo V - CID-10)

Doenças Agentes etiológicos ou fatores de risco de

natureza ocupacional

1. Problemas relacionados com o emprego e

com o desemprego:

Condições difíceis de trabalho (Z56.5)

VI - Transtornos mentais e comportamentais

devidos ao uso do álcool:

Alcoolismo Crônico (Relacionado com o

Trabalho) (F10.2) 2. Circunstância relativa às condições de

trabalho (Y96)

1. Outras dificuldades físicas e mentais

relacionadas com o trabalho:

reação após acidente do trabalho grave ou

catastrófico, ou após assalto no trabalho

(Z56.6)

VIII - Reações ao "Stress" Grave e

Transtornos de Adaptação (F43.-):

Estado de "Stress" Pós-Traumático (F43.1)

2. Circunstância relativa às condições de

trabalho (Y96)

X - Outros transtornos neuróticos

especificados (inclui "Neurose Profissional")

(F48.8)

1. Problemas relacionados com o emprego e

com o desemprego (Z56.-):

- Desemprego (Z56.0);

- Mudança de emprego (Z56.1);

- Ameaça de perda de emprego (Z56.2);

- Ritmo de trabalho penoso (Z56.3);

- Desacordo com patrão e colegas de trabalho

(Condições difíceis de trabalho) (Z56.5);

- Outras dificuldades físicas e mentais

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relacionadas com o trabalho (Z56.6)

1. Problemas relacionados com o emprego e

com o desemprego:

Má adaptação à organização do horário de

trabalho (Trabalho em Turnos ou Trabalho

Noturno) (Z56.6)

XI - Transtorno do Ciclo Vigília-Sono Devido

a Fatores Não-Orgânicos (F51.2)

2. Circunstância relativa às condições de

trabalho (Y96)

1. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) XII - Sensação de Estar Acabado

("Síndrome de Burn-Out", "Síndrome do

Esgotamento Profissional") (Z73.0) 2. Outras dificuldades físicas e mentais

relacionadas com o trabalho (Z56.6)

2.15 O QUE DIZ A LEGISLAÇÃO DO TRABALHO?

Com relação às condições ambientais de trabalho: Item 17.5.1. As

condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às características

psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

Com relação à organização do trabalho:

17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características

psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em

consideração, no mínimo:

a) as normas de produção;

b) o modo operatório;

c) a exigência de tempo;

d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho;

f) o conteúdo das tarefas.

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do

pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise

ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

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a) para efeito de remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em

consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores; (117.029-5/I3)

b) devem ser incluídas pausas para descanso; (117.030-9/I3)

c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou

superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno

gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.

(117.031-7/I3)

17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o

disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:

a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos

trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número

individual de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de

remuneração e vantagens de qualquer espécie; (117.032-5)

b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser

superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para

efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; (117.033-3 / I3)

c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite

máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da

jornada, o trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto

no art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam

movimentos repetitivos, nem esforço visual; (117.034-1/I3)

d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de

10 (dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos

da jornada normal de trabalho; (117.035-0/I3)

e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou

superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de

toques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na

alínea "b" e ser ampliada progressivamente. (117.036-8 / I3)

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Os métodos gerenciais que não considerem a dimensão do ser humano

e, que favoreçam a desestabilização do trabalhador seja por impor ritmos e

jornadas prolongadas, cobranças descabidas, pressão de tempo para

cumprimento de tarefas de responsabilidade etc. devem ser denunciados.

Processos de avaliação de desempenho com critérios questionáveis e

outras formas de pressão no ambiente de trabalho devem também ser

denunciadas.

Uma das formas mais clássicas de assédio moral é a demonstrada

pelo congelamento do trabalhador na mesma função, com o mesmo salário

sendo impedido de ascender profissionalmente e, por conseguinte não ser

promovido.

2.16 QUE PENA É APLICADA AOS AGRESSORES?

Na França, a legislação define como pena de prisão de 1 (um) ano ao

pagamento de indenização no valor de 30 mil francos aos agressores, incluindo

a empresa.

A Jurisprudência foi criada na França a partir de situações de

afastamento de empresas de pessoas vítimas de assédio moral que levaram a

casos graves de tentativa de/ou suicídio.

No Brasil tramita na Câmara Federal um Projeto de Lei de Reforma do

Código Penal sobre o Assédio Moral, de Autoria do Deputado Federal Marcos

de Jesus - PL-PE.

Já existem leis em 9 Estados da Federação e, em vários municípios do

Brasil. No Rio de Janeiro, Projeto de Lei de Autoria do Deputado Estadual Noel

de Carvalho - PDT tramita na Assembléia Legislativa, no momento.

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CAPÍTULO III

O ASSÉDIO MORAL E SUAS CONSEQÜÊNCIAS NA AUTO-ESTIMA E MOTIVAÇÃO

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3.1 INTRODUÇÃO

Verifica-se hoje que um outro tipo de assédio dentro das empresas tem

trazido problemas tão, ou mais graves, que o assédio sexual. Trata-se do

assédio moral a que os milhões de trabalhadores estão submetidos e que, na

empresa, está representado por:

"toda e qualquer conduta abusiva, manifestando-se sobretudo por

comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam trazer danos à

personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa,

pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho".

Em uma sociedade regida pelo sistema capitalista cujas organizações,

em conseqüência, têm uma Administração fundamentada nesta ideologia, o

indivíduo é visto como um ser cuja inteligência deve ser colocada a serviço da

organização. Assim resta-lhe submeter-se aos valores e metas da organização,

garantindo a uma "elite", que pensa e decide por todos os demais níveis

hierárquicos inferiores, o alcance dos seus principais objetivos que são os

lucros e a manutenção do poder.

É justamente nestes tipos de organizações que o assédio moral pode

ser verificado não apenas nos atos de intimidação (punições como

suspensões, ameaças de demissões), na pressão por maior produtividade e

melhor qualidade em menor espaço de tempo e nas mesmas condições de

trabalho mas, também, na utilização de técnicas de treinamento que buscam

apenas a padronização e a especialização sem se considerar a possibilidade

de desenvolvimento de atitudes críticas e inovadoras.

De acordo com a doutora Margarida Barreto, da PUC/SP, nas relações

hierárquicas de poder em que há o autoritarismo, sempre há o assédio moral

que passa, na maioria das vezes, despercebido, até que as suas

conseqüências devastadoras começam a denunciá-lo.

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A redução da motivação do empregado pode ser apontada como uma

dessas conseqüências, atingindo diretamente a produtividade na empresa.

Segundo a teoria da motivação de Herzberg, fatores como a liberdade de criar,

de inovar e de procurar novas formas próprias e únicas de atingir resultados

são os responsáveis pela motivação dos membros da organização. Desta

forma, uma vez que os indivíduos que sofrem assédio moral estão submetidos

a toda sorte de pressões e não têm espaço para inovar, criar, nem para buscar

seus próprios objetivos, o nível motivacional deles estará seriamente

comprometido.

Aliado à motivação, um outro aspecto a ser atingido pelo assédio moral

é a auto-estima, que pode ser considerada um pré-requisito para a verdadeira

motivação. Na medida em que as empresas não se preocupam com as

diferenças, com as individualidades e que há uma predominância das

frustrações, pressões, e do stress, a conseqüência poderá ser uma queda no

nível de auto-estima dos seus empregados. Segundo autores que estudam o

assédio moral, as pessoas a ele submetidas, apresentam uma auto-estima tão

baixa, que, estranhamente, desenvolvem um sentimento de culpa capaz de

levá-las a proteger o assediador e a se sentirem até merecedoras deste tipo de

violência.

Assim constata-se que os efeitos do assédio moral sobre a auto-estima

e a motivação são bastante devastadores e atingem profundamente os

indivíduos, a ponto de afetar-lhes o equilíbrio psicológico.

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3.2 CONSEQÜENCIAS DO ASSÉDIO NA QUALIDADE DE VIDA

PARA O FUNCIONÁRIO

• Queda de produtividade.

• Instabilidade emocional que acarreta perda da capacidade de defesa.

• Extensão do problema à vida pessoal do trabalhador.

• Redução da auto-estima e da autoconfiança.

• Impacto na motivação e criatividade do funcionário.

PARA A EMPRESA

• Queda de produtividade do Setor

• Aumenta o absenteísmo

• Afeta o clima Organizacional

• Ambiente torna-se hostil (choques, competição exacerbada)

3.3 COMO FAZER A PREVENÇÃO DO ASSÉDIO MORAL?

É importante que se estabeleçam mecanismos de regulação nas

empresas para impedir este tipo de comportamento, de desprezo pelo ser

humano no trabalho. As entidades sindicais devem se mobilizar para incluírem

cláusulas no acordo coletivo que protejam os trabalhadores do assédio moral.

Na França, associações de mútua ajuda foram criadas em face de dificuldade

que a pessoa tem de se defender quando se encontra na situação de assédio

moral.

O assédio moral é uma das formas de representação social da

degradação das relações de trabalho no mundo moderno, onde impera a figura

do individualismo, da arrogância e da prepotência gerencial.

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A arma mais eficaz dos trabalhadores frente às situações de assédio

moral e de desrespeito com os trabalhadores ainda é a denúncia e o espírito de

solidariedade de classe.

Em Resumo:

• Explicações: exigir conversas para esclarecer a situação.

• Transferência: tentar provocar um convite para trocar de setor.

• Provas: procurar reunir o máximo de provas, por exemplo, e-mails,

cópias das avaliações periódicas de desempenho, anotar as injúrias.

• Procurar ajuda: contatar o setor de RH da empresa ou médico do

trabalho, em casos extremos recorrer ao sindicato ou advogado.

• Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora,

local, nome do agressor, colegas que testemunharam a conversa).

• Dar visibilidade ao seu caso, pedir ajuda aos colegas, principalmente aos

que testemunharam ou que já sofreram humilhações do agressor.

• Evitar conversar com o agressor sem testemunhas.

• Exigir, por escrito, explicações do ato agressor.

• Se mandar uma carta ao departamento pessoal ou RH, guardar uma

cópia. Se possível mandar como carta registrada, por correio, e guardar

o recibo. Guardar resposta do agressor, se houver.

• Procurar seu sindicato e relatar o acontecido. Fazer o mesmo no

Ministério Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos e

Conselho Regional de Medicina. Procurar o Centro de Referencia em

Saúde dos Trabalhadores da sua cidade e contar a humilhação sofrida.

Busque apoio de familiares, amigos e colegas, pois a solidariedade é

fundamental para a recuperação da auto-estima, dignidade, identidade. Se você

é testemunha de cenas de humilhação no trabalho, supere seu medo, seja

solidário com seu colega. Você poderá ser a próxima vítima e nessa hora o

apoio dos seus colegas será precioso. Atenção: o medo reforça o poder do

agressor!

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3.4 O QUE AS EMPRESAS FAZEM PARA EVITAR?

Das cem melhores empresas para se trabalhar no Brasil, a maioria

possui código de ética, que prevê pena para qualquer tipo de assédio, revela

uma pesquisa. Em algumas delas, o departamento de recursos humanos cria

mecanismos de denúncia para que os funcionários possam se defender. É o

caso da TV Globo. Para diminuir os conflitos entre diretores e suas equipes, a

emissora instituiu recentemente um ramal apelidado pelos funcionários de

"disque denúncia". Por telefone, pode-se fazer reclamações por quaisquer

maus tratos e receber orientações do departamento de RH, responsável pelo

serviço. Se o conflito não for resolvido, o empregado deve procurar o RH. O

departamento dá garantias de que o funcionário não será perseguido.

A Redecard, operadora dos cartões de crédito Mastercard e Diners,

criou uma solução parecida com a da Globo: uma caixa postal para os

funcionários depositarem denúncias anônimas por escrito. A Avon tem um

comitê que investiga casos de denúncia de assédio e programa para reeducar

o possível agressor.

Se esses mecanismos são interessantes para os funcionários, são

mais interessantes ainda para as empresas. Através deles a empresa pode

identificar e controlar uma situação que põem em risco a produtividade -

funcionários ausentes por motivos de saúde - além de promover processos

trabalhistas.

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3.5 COMO MANTER A QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO?

As dicas e sugestões a seguir devem ser aplicadas na vida cotidiana, e

podem ajudar na importante missão de unir bem-estar e trabalho:

Identifique seus limites

Culpa, regras rígidas, frustração e ausência de auto-conhecimento

podem levar as pessoas a assumirem mais responsabilidades do que a sua

capacidade suporta. Para não cair nesta armadilha, o primeiro passo é não

sobrecarregar a sua agenda. Organize suas tarefas levando em consideração:

• prioridade

• trabalho em equipe

• prazos sensatos

• um tempo livre para questões pessoais

Faça pausas durante o dia

Não é porque você trabalha sentado que não se cansa. Na verdade, o

que acontece é exatamente o contrário. Por isso é importante se mexer, esticar

os braços e as pernas e fazer pequenas caminhadas. Além de ativar a

circulação, o movimento relaxa o cérebro e contribui para diversificar os

pensamentos.

Cuide da alimentação

Procure comer diariamente alimentos ricos em fibras, encontrados em

frutas e cereais, que são os purificadores do organismo. O mecanismo do

estresse também tem uma reação física que intensifica a descarga de

adrenalina, aumentando os níveis de glicose no sangue – o que pode ser

regularizado com estes alimentos.

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Outro fator importante é intercalar as atividades diárias com copos de

água e lanches nutritivos, para repor as energias sugadas pelo estresse. O

hábito de almoçar no escritório é completamente contra-indicado. A hora do

almoço é o momento para você se nutrir não só de alimentos, mas também de

serenidade o que, certamente, não tem nada a ver com mesa cheia de papéis,

tela de computador e telefone tocando.

Redescubra sua motivação

Quando o assunto é trabalho, vida pessoal ou estudos, é ilusão achar

que pode-se estar motivado o tempo todo, porém, é o que se deve buscar. Há

Estar motivado é essencial, portanto, encare as atividades que parecem

tediosas como um desafio a ser superado e seu prazer virá em adquirir esta

nova habilidade.

Aprenda a se relacionar

Não se descuide dos pensamentos alheios, mas tome cuidado para

não se envolver em redes de intrigas e idéias negativas. Na prática, não use a

desmotivação dos que trabalham ao seu lado como desculpa para seus

fracassos e frustrações.

3.6 COMO MOTIVAR QUEM PERDEU O INTERESSE NO TRABALHO?

Ressuscitar é mais difícil do que nascer. Recuperar o nível de

empenho, dedicação e compromisso no trabalho de quem já foi um excelente

profissional é um dos mais delicados desafios gerenciais. Cedo ou tarde o

Avaliador se defronta com um Avaliado que já há algum tempo "empurra o

trabalho com a barriga", vai na onda da aceitabilidade, executa apenas o

necessário para continuar integrando a folha de pagamentos. Muitas vezes

pode ter sido até um empregado de desempenho excelente, mas que, por

diferentes motivos, perdeu o interesse no que faz.

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Infelizmente, esses empregados não são apenas um peso morto

inserido na força de trabalho, mas também significam desperdício inútil de

recursos. Com o potencial, competências e experiências de que dispõem, são

pessoas que deveriam estar oferecendo importantes contribuições à

organização a que pertencem, mas se tornam verdadeiras sanguessugas de

seus colegas, dissipadores perdulários da energia e dos recursos

organizacionais.

Muitas são as origens desses desvios no desempenho funcional. Por

certo pode-se considerar que o que o funcionário faz agora não mais lhe

agrega significado e desafio, enseja autonomia, perspectivas de crescimento e

progresso, sentimento de auto-realização no trabalho. Pode ser também que o

funcionário esteja apenas em busca de um pouco mais de atenção de seu

supervisor, que ignora por completo os subordinados que realizam um bom

trabalho. Talvez o funcionário não mais apresente o desempenho de outrora

porque não vê perspectivas à sua frente, sem possibilidades de promoções ou

aumentos por mérito, ressentindo-se da falta de incentivos materiais concretos

ou simbólicos, psicológicos, que motivem o seu comportamento. E até pode ser

que a perda do interesse no trabalho decorra da falta de sentido e de

responsabilidade do próprio trabalho, que não possibilita a quem o executa

satisfação e orgulho.

Deve-se considerar, dentre muitos outros, as seguintes ações para

melhorar o desempenho de empregados que inadvertidamente perderam o

interesse no que fazem:

• Feedback: Usualmente o mais simples e poderoso remédio para

recuperar o desempenho consiste em fazer o funcionário compreender o

quanto a organização o estima, respeita e aprecia o bom trabalho que

ele sempre realizou. Às vezes uma mera massagem no ego, desde que

sincera e genuína, pode ser tão importante quanto um aumento de

salário ou uma promoção. Dar um pouco mais de atenção aos que

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reduzem a qualidade ou a quantidade do que fazem. Fazer os

funcionários saberem a importância que têm para a organização. Ser

atento para reconhecer e elogiar um trabalho bem feito. Muitas vezes,

esses problemas de desempenho se originam depois de o empregado

não ter sido sequer notado pela execução de algo especial.

• Perspectivas de Progresso: O empregado pode ter estagnado no

exercício de suas funções, tornado-se obsoleto. Deve-se estimulá-lo a

se reciclar, a aprender e a incorporar novas competências, a examinar e

identificar novas formas e métodos de fazer melhor o que já faz bem, a

enriquecer e ampliar os seus horizontes e a visão do que realiza no

cotidiano.

• Rodízio Funcional: Mesmo que uma completa mudança de atribuições e

posições nos processos de trabalho da equipe não seja factível,

geralmente se consegue transferir temporariamente alguns funcionários

para novas áreas. Quando retornarem às funções anteriores, não só

estarão mais arejados pela aquisição de novas vivências como poderão

agregar o que vivenciaram no desempenho de antigas atribuições.

• Autodireção e Autocontrole: Teoricamente um bom empregado

necessita cada vez menos de orientação e supervisão à medida que

amplia a sua maturidade no que faz. Supervisioná-lo através de um

controle direto certamente esgota a sua iniciativa, autonomia e

criatividade. Uma maneira adequada de reacender o seu entusiasmo é

deixá-lo crescentemente à vontade para fixar os seus próprios objetivos,

programar o seu trabalho e acompanhar o seu desempenho.

Autodireção e autocontrole proporcionam inúmeras vantagens, dentre

elas a de redespertar o interesse do empregado no trabalho e a de

estimulá-lo a buscar formas e processos melhores de desincumbir-se de

suas atribuições, além de reduzir o volume de trabalho direto da

supervisão.

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CONCLUSÃO

Através desta monografia foi possível mostrar o que é Motivação

através da abordagem às principais teorias existentes, e que a conceituam sob

diferentes pontos de vista. Desta forma o leitor pode compreender o conceito

de Motivação e a forma como ela se apresenta.

Já com o foco orientado à motivação começa-se a abordagem ao seu

grande vilão: o assédio moral.

Nos dois capítulos seguintes pode-se verificar o que é o assédio moral,

de que forma ele se apresenta e seus impactos a qualidade de vida dentro e

fora da organização. Também são apresentadas legislações relacionadas ao

assédio e formas de se proteger do mesmo.

Como encerramento deste trabalho é apresentada uma orientação de

como manter-se motivado através de simples ações diárias.

Este trabalho teve como foco principal tratar do assédio moral e de

suas conseqüências de forma a instruir o leitor neste tema que apesar de não

ser um fenômeno novo - pode-se dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho -

vem passando por um processo de intensificação, gravidade e banalização

assustador. Também se quis mostrar ao trabalhador como percebê-lo em seu

cotidiano para que possa se precaver e manter-se constantemente motivação e

com uma alta qualidade de vida.

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BIBLIOGRAFIA

1. Assédio Moral no Trabalho. Jornal O Globo, Caderno de Economia.

Data: 16/04/2000.

2. Uma Jornada de Humilhações. Autor: M. Barreto. 2000 PUC/SP.

3. Assédio Moral - Violência Psicológica que Põe em Risco sua Vida.

Coleção Saúde do Trabalhador n° 6. Novembro de 2001/SP.

4. Mal-Estar no Trabalho: Redefinindo o Assédio Moral. Autora: Marie

France Hirigoyen. Editora Bertrand do Brasil. 2002/SP.

5. Assédio Moral: A Violência Perversa do Cotidiano. Autora: Marie

France Hirigoyen. Editora Bertrand do Brasil. 2002/SP.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Motivação: Suas Teorias 9

1.1 - O Que É Motivação? 10

1.2 - Teoria de Maslow 11

1.3 - Teoria de Herzberg 14

1.4 - O Modelo Contingencial de Motivação de Vroom 17

1.5 - Teoria da Expectação de Lawler 20

CAPÍTULO II

Assédio Moral: Vilão da Motivação nas Empresas 21

2.1 - Introdução 22

2.2 - Definição 23

2.3 - Quem São os Humilhados? 24

2.4 - Quem São os que Humilham? 25

2.5 - Quais São as Profissões Mais Atingidas? 26

2.6 - Estratégias do Agressor 26

2.7 - As Fases do Assédio Moral 27

2.8 - A Explicitação do Assédio Moral 27

2.9 - As Manifestações do Assédio Segundo o Sexo 28

2.10 - Os Espaços da Humilhação 28

2.10.1 - As Empresas 28

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2.10.2 - Ambulatórios das Empresas e INSS 29

2.10.3 - Política de Reafirmação da Humilhação nas Empresas 30

2.11 - Frases Discriminatórias Freqüentemente Utilizadas 32

2.12 - Danos da Humilhação à Saúde 34

2.13 - O Que Fazer? 38

2.14 - O Que Diz a Legislação da Previdência Social? 39

2.15 - O Que Diz a Legislação do Trabalho? 40

2.16 - Que Pena é Aplicada aos Agressores? 42

CAPÍTULO III

O Assédio Moral e Suas Conseqüências na Auto-Estima e Motivação 43

3.1 - Introdução 44

3.2 - Conseqüências do Assédio Moral na Qualidade de Vida 46

3.3 - Como Fazer a Prevenção do Assédio Moral 46

3.4 - O Que as Empresas Fazem para Evitar? 48

3.5 - Como Manter a Qualidade de Vida no Trabalho? 49

3.6 - Como Motivar Quem Perdeu o Interesse no Trabalho? 50

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 54

ÍNDICE 55

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor:

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Avaliado por: Conceito:

Conceito Final: