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1

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O CONCEITO DE PÚBLICO E A SEGMENTAÇÃO DE TARIFAS DAS EMPRESAS AÉREAS BRASILEIRAS

Carla Ferreira Dieppe

Orientador

Ana Cláudia Morrissy

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O CONCEITO DE PÚBLICO E A SEGMENTAÇÃO DE TARIFAS DAS

EMPRESAS AÉREAS BRASILEIRAS

Apresentação de monografia ao Instituto A

Vez do Mestre – Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Comunicação Empresarial.

Por: Carla Ferreira Dieppe

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AGRADECIMENTOS

À minha família, ao período em que trabalhei

na Base Galeão da TAM Linhas Aéreas, à

supervisora Juliana Coutinho e às

professoras Ana Cláudia Morissy, que me

orientou em todas as fases deste trabalho e

Alessandra Porto, que me auxiliou a seguir

em frente.

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RESUMO

O presente trabalho pretende desenvolver a importância do

conhecimento do público, de forma mais específica, para que as companhias

aéreas forneçam um serviço diferenciado para os seus clientes. Assim, a

estratégia de precificação deixa de ser o foco, assim como os serviços de

bordo. O foco passa a ser a contrapartida que o passageiro terá na compra do

bilhete. Ou seja, o cliente terá direito a outros serviços em terra de acordo com

a tarifa paga. O objeto de estudo principal será a estratégia da TAM Linhas

Aéreas, que desenvolveu um modelo de tarifas que leva em consideração os

seus tipos de público. Assim, a Relações Públicas passa a ser pioneira, quando

diz que os conceitos de público são de vital importância para a empresa. Nesta

estratégia de diferenciação de tarifas mostra que Relações Públicas têm que

andar lado a lado com o Marketing, quando a opção é pela fidelização do

cliente.

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METODOLOGIA

O estudo teve como metodologia a pesquisa bibliográfica, revistas

especializadas, e análise de balanços sociais e trimestrais, além de relatórios e

material de treinamento de colaboradores da base Galeão/ Aeroporto

Internacional Tom Jobim, das empresas TAM Linhas Aéreas e Gol Linhas

Aéreas Inteligentes. Com estes materiais, foram elaborados os estudos de

caso, a análise da estratégia das empresas e a mudança na estratégia do setor

de tarifas.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO 1

1.1 O estudo do conceito de público. Sua importância e modalidades 10

1.2 Conceitos de público 17

1.3 O Público e o Marketing 22

CAPÍTULO 2

2.1 Marketing de Serviços 30

2.2 Linhas de Frente e de Retaguarda (Front Office e Back Office) 33

2.3 Características dos serviços e competitividade 34

2.4 Companhias aéreas 38

CAPÍTULO 3

3.1 Gol Linhas Aéreas Inteligentes 41

3.2 Tarifas 49

3.3 TAM Linhas Aéreas 52

3.4 Estratégias 60

3.5 Tarifas e segmentação de passageiros 63

CONCLUSÃO 69

BIBLIOGRAFIA 72

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INTRODUÇÃO

Os relacionamentos da empresa com seus públicos devem ser o foco

principal de qualquer setor, não só dos que lidam diretamente com eles. A

gestão das políticas permanentes das relações da organização com seus

públicos de interesse deve atingir todas as etapas dos processos de back

Office e front Office. Em um mercado cada vez mais segmentado, conhecer o

cliente - e seus gostos, hábitos e suas necessidades - é primordial para quem

deseja lançar com sucesso um produto ou garantir que estratégias de

diversificação tenham sucesso.

No mercado de serviços, ganha vantagem quem sabe lidar com o

cliente. Conceitos como credibilidade, reputação e os conceitos que os públicos

possuem de uma empresa são ativos intangíveis que devem estar aliados à

marca. Em um mundo que muda com rapidez, a garantia da manutenção dos

clientes se torna extremamente precária. Para tanto, há que se investir em um

relacionamento contínuo entre cliente e empresa para que se possa garantir a

sobrevivência das organizações.

A função das Relações Públicas é garantir o relacionamento dos

públicos-alvo com a organização. Assim, podem ajudar o setor mercadológico

da empresa, além de melhorar o relacionamento entre os públicos internos e

externos. Uma função antiga, mas que era considerada, no meio empresarial,

como dispensável, em muitas situações. Com a crescente profissionalização, o

profissional de RP conseguiu um espaço grande nas empresas em que

trabalha. A Assessoria de Comunicação trabalha diretamente com o Marketing

em diversas campanhas de cunho mercadológico. Assim, o relacionamento

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ganha novamente destaque dentro da política da empresa entre seus públicos-

alvo. A organização depende de diferentes públicos para manter a sua

produtividade e os públicos podem depender ou não depender dela de maneira

essencial ou não-essencial.

A importância dos públicos, que teve início com o trabalho de Relações

Públicas nas empresas, agora, extrapola o setor e passa a permear todo o

processo. A estratégia de segmentação procura conhecer os públicos da

empresa. E a diversificação dos serviços procura satisfazer determinadas

necessidades dos clientes. Como resultado, os clientes retornam à empresa,

através de custos de troca e de satisfação.

As empresas procuram se diferenciar cada vez mais, e o foco no cliente

é essencial para que esta estratégia dê resultado. Portanto, os profissionais

que trabalham com Marketing devem procurar conhecer as teorias de Relações

Públicas, que tratam de relacionamentos. As pesquisas de perfil psicográfico,

tão valorizadas nas estratégias de Marketing atuais, podem ser consideradas

pesquisas de Comunicação Empresarial, nos moldes das feitas por setores de

Relações Públicas. Não basta saber se o consumidor é de determinada classe

social, quanto gasta por mês ou em que região geográfica ele vive. Para

conhecer verdadeiramente o cliente é necessário pesquisar além do que as

pesquisas quantitativas e geográficas apresentam em seus resultados. A

empresa precisa saber os hábitos, preferências daqueles que vão consumir os

serviços oferecidos. Até porque se trata de ativos com grande intangibilidade.

As empresas que pretendem modificar o seu foco do produto para o cliente

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precisam conhecer bem o seu cliente, para segmentar o seu produto de acordo

com as preferências apresentadas.

Pode-se observar esta tendência a uma grande personalização do

serviço em mercados em que a valorização da linha de frente é imprescindível,

tendo em vista um cenário de grande competição. Um exemplo é o mercado de

aviação, que será estudado neste trabalho. Na Aviação, a tradicional estratégia

de precificação, conhecida como a “guerra de tarifas”, está sendo aliada a

estratégias de diversificação e foco cada vez maior no cliente. Grandes

empresas, como a TAM Linhas Aéreas e a Gol Linhas Aéreas Inteligentes,

apostam na segmentação de públicos e em estratégias que se baseiam em

custos de troca e vantagens na compra de tarifas com maior preço. Estas

mudanças mostram que os perfis de passageiros estão ganhando grande

importância no mercado. Não basta oferecer a menor tarifa. Quem oferecer

mais vantagens também pode ganhar o passageiro. Para chegar a estes perfis

de tarifas – que foram criados a partir de pesquisas sobre a preferência de

alguns perfis de passageiros que se repetiam em cada vôo – as empresas

partiram de pesquisas que tinham como objetivo principal saber quem é o

passageiro, o que ele quer da empresa e o que ele espera dela, quais são seus

hábitos nas férias ou a trabalho. Enfim, que tipo de experiência os passageiros

desejam experimentar em cada vôo. Para isso chegar a estes clientes, a área

de Marketing se aproximou da área de Relações Públicas e seu conceito de

público. O objetivo deste trabalho é mostrar como os conceitos de público são

imprescindíveis na elaboração de estratégias de segmentação de tarifas em

empresas aéreas.

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No capítulo 1, irei mostrar as diversas teorias que abordam o conceito de

público. A diferença entre massa, multidão e público, e um original portfólio de

públicos serão apresentados no capítulo. Há, ainda, uma discussão a respeito

da utilização de pesquisas psicográficas aprofundadas para que a

segmentação do mercado-alvo seja eficaz. O Marketing de Serviços é o tema

do Capítulo 2. As estratégias de segmentação de mercados e a sua utilização

no setor de empresas aéreas fazem parte da análise. Já o Capítulo 3 traz os

estudos de caso das empresas estudadas no trabalho, a TAM Linhas Aéreas e

a Gol Linhas Aéreas Inteligentes.

CAPÍTULO I

“Uma organização civil, militar, industrial e comercial ou outra qualquer, deve funcionar em razão da satisfação de seus interesses próprios e dos interesses

particulares dos grupos humanos que dependem dela, como ela depende deles. Assim expressa, essa concepção representa uma revolução na idéia que fazem de seu papel os responsáveis de todas as organizações, que aceitam tal

evidência, moderna e realística das coisas”.

Eugéne Proust. Les Temps de Relations Publiques.

1.1 O estudo do conceito de público. Sua importância e modalidades.

Toda empresa precisa conhecer os seus públicos. Direcionar o seu

produto exatamente para quem sinta a necessidade de comprá-lo e, ainda,

satisfazer este cliente para criar, mesmo que durante um período de tempo,

uma fidelização. Todas as áreas de uma empresa devem estar voltadas á

satisfação do público que deseja atingir. Os conceitos de públicos são

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inúmeros e podem ser adaptados aos objetivos de cada companhia. As

primeiras relações de públicos surgiram com as Relações Públicas. A primeira

divisão de públicos obedece ao conceito clássico de interno, externo e misto.

Hoje em dia, este conceito não é considerado mais adaptável à realidade do

mercado. Há diversos tipos de públicos e devemos conhecer bem quem é

aquele cliente que utiliza os serviços de uma empresa, suas características e

necessidades para elaborar uma estratégia que possa atraí-lo. Um setor de

Comunicação Social pode elaborar, a partir de uma pesquisa de opinião, uma

conceituação própria de seus públicos-alvo e, assim, elaborar planos

específicos para cada um.

Um bom Plano de Relações Públicas mostra os diversos tipos de

públicos, tanto internos, externos e mistos, e elabora estratégias baseados em

pesquisas que revelam seus gostos, nível social e no que ele espera de um

produto ou serviço. A partir de então, estas estratégias devem ser bem

delineadas e expostas na visão da empresa e colocadas de forma clara para os

colaboradores. Eles são a porta de entrada da empresa no mercado e

precisam conhecer os seus clientes. Outro plano pode ser criado para a

relação com fornecedores e, por último, e não menos importante, com os

sócios. Com a política da empresa alinhada internamente e com fornecedores

a par do que a empresa deseja para seus clientes, pode-se iniciar um plano

para o público externo, que deve ser bem dividido. A terminologia clientes não

define que é o consumidor do serviço. Utilizar técnicas como a Pirâmide de

Maslow pode ser útil para definir a necessidades humanas, mas estas mesmas

necessidades são variáveis. Dividir os mesmos clientes por classe social

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também só nivelaria gostos e vontades, o que não cabe em um mercado cada

vez mais segmentado e competitivo. Para uma empresa conseguir se destacar

deve oferecer mais que serviços para a classe A, B, C ou D, por exemplo.

Deve-se pesquisar o que os clientes das classes A necessitam ou desejam do

SEU serviço. Estamos tratando, aqui, de Aviação, que oferece serviços

customizados, a tendência mais forte no mercado atual.

Se uma companhia deseja oferecer serviços ideais para os seus

clientes, deve investir, primeiramente, em um front office alinhado com a

política interna. Os colaboradores devem sentir que estão trabalhando em uma

empresa que trata os clientes de forma diferenciada. Para isso, um trabalho

fundamental é o do setor de Comunicação Social. No entanto, o profissional

deste setor precisa conhecer os conceitos de públicos, para que ele possa

orientar esta “customização” de forma eficaz.

a. Massa, multidão, público

O conceito de público, como conhecemos, surgiu com a criação da

imprensa. Antes, o que existia era a massa, que se reunia em praças ou feiras

em dia de grande movimentação nas cidades. Para que uma reunião de um

grupo de pessoas possa ser chamada de público tem que existir uma questão

em comum, ou seja, elas devem se reunir em torno de uma questão

controversa. Portanto, a característica de público, como se vê hoje em dia, foi

resultado do desenvolvimento das comunicações, principalmente, dos jornais.

Desde o início, os jornais eram uma forma de colocar questões em pauta, na

maioria das vezes, políticas, ao alcance do povo. Koselleck ressalta que a

formação da opinião pública começou com a movimentação política das elites e

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afirma que os veículos de comunicação foram os grandes atores deste

processo1. Na Revolução Francesa, por exemplo, os agitadores radicais Marat

e Desmoullins utilizavam panfletos para informar a multidão de suas causas 2.

E, na Inglaterra, os primeiros “tablóides” surgiram quando a família real deixou

circular as primeiras notas nos jornais a respeito de sua vida privada para que

os súditos desviassem a atenção de questões políticas ressaltadas em jornais

que circulavam nos portos e praças de cidades da Inglaterra.

Antes de entrar na questão principal, é necessário diferenciar o que seria

massa, multidão e público.

1. Multidão é a reunião de um grupo de indivíduos reunidos por

contigüidade física, número limitado de membros, existência de um

acontecimento que chame a atenção. Nesta situação, o indivíduo

perde a capacidade autocrítica e fica altamente sugestionável,

podendo reagir por impulsos. Esta mesma multidão pode ser dividida

em quatro conceitos:

• Eventual: representada por um grupo que se reúne em torno

de um acontecimento momentâneo, como um acidente em via

pública.

1 KOSELLECK, Reinhart. Crítica e Crise. São Paulo: Contraponto, 2000.

2 FRANÇA, Fábio. Públicos: como identificá-los em uma nova visão estratégica. São Paulo: Yendis, 2008, p. 12

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• Convencional: O que a diferencia da eventual é o tempo de

duração. Como exemplo, temos uma partida de futebol.

• Expressiva: quando um grupo se reúne e transforma a tensão

em atos inofensivos e o movimento gira em torno de ritmos,

como um desfile de bloco de carnaval.

• Ativa: se projeta mediante uma intensa ação que envolve uma

agressividade espontânea. Um exemplo, a multidão que se

reúne para linchar uma pessoa.

2. Massa aparece quando várias pessoas, sem contigüidade espacial,

participam de um mesmo comportamento coletivo, escolhendo as

mesmas ações e agindo paralelamente. Podem vir de várias classes

sociais, o que os une é o interesse em um determinado

acontecimento. É um grupo homogêneo no campo das idéias, que

age da mesma forma frente a um acontecimento. Diferentemente da

multidão, aqui há mais que um interesse em comum e os grupos não

podem se comunicar entre si. Portanto, a natureza do

comportamento das massas está relacionada com as seleções feitas

pelos seus integrantes e não pela ação conjunta. Os indivíduos

podem pertencer a várias massas, e agem racionalmente, não

perdendo totalmente a faculdade crítica.

3. Público é constituído de “pessoas ou grupos organizados de

pessoas, à base de considerações racionais, se dependência de

contigüidade física, encarando uma controvérsia, com atitudes e

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opiniões múltiplas quanto à solução ou medida tomada frente a ela, o

indivíduo não perde a capacidade crítica e autocrítica e age

racionalmente”. O público só será formado quando houver uma

concordância de opiniões, que possibilite um debate de idéias. De

acordo com Cândido Teobaldo de Souza Andrade, A formação do

público depende de “pessoas ou grupo organizados de pessoas, com

ou sem contigüidade espacial, existência de controvérsias,

abundância de informações, oportunidade de discussão, predomínio

de crítica e reflexão e procura de uma atitude comum”. 3 A opinião

pública se forma no decorrer das discussões das questões

controversas, em que o grupo de indivíduos assume uma opinião

seja, comum ou não comum. É, assim, uma opinião composta,

formada por diferentes opiniões dentro de um público4. O público,

normalmente, é constituído de grupo de interesse, que tentam atrair

as opiniões dos outros que se colocam na posição de

desinteressados no debate. Os grupos de interesse, de acordo com

Andrade, “é fator de fundamental importância. Esses grupos de

interesse, no seu esforço para moldar opiniões, podem provocar pela

propaganda o estabelecimento de atitudes emocionais e

sentimentos”. 5

3 ANDRADE, Cândido Teobaldo de. Curso de Relações Públicas. São Paulo: Thompson, 2003, p. 1.

4 Idem, p. 4.

5 Ibidem, p. 5.

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Sobre a questão do público, é correto afirmar que não existe um só e

sim uma pluralidade de públicos. O trabalho de Relações Públicas se dirige a

diversos grupos sociais, diferentes uns dos outros. Cada público deve ter uma

estratégia voltada para ele. Esta é feita por uma pesquisa de opinião, que

pretende desvendar como ele pensa e age. A sondagem de opinião é de

fundamental importância para conseguir resultados concretos em programas

de Comunicação. Esta proposta se encaixa na definição de Hugo Barbieri, que

“na técnica de Relações Públicas, o termo “público” não é empregado como

sendo todo o público de uma comunidade, mas apenas aquele setor dela que

mais de perto interessa ao empreendimento e para o qual suas mensagens são

dirigidas”. 6 Na visão de Andrade, o público não pode abranger um país ou até

o mundo, como alguns autores citam. Para que haja a constituição do público,

deve haver uma controvérsia, grupos organizados de pessoas com e sem

contigüidade espacial e, principalmente, oportunidade de discussão e

predomínio de crítica ou reflexão a respeito do assunto em pauta. Os grupos

que constituem o público tentam trazer à discussão a massa de pessoas que

estão de fora da controvérsia, seja por não quererem se manifestar (Espiral do

Silêncio) ou por não estarem por dentro do assunto.

Mas tenho que frisar que, para que exista o público, a questão

controversa tem que ser debatida e, de preferência, sob todos os ângulos. 7 Se

só o sentimento predominar no debate, não há público e sim, massa. Ainda

mais se só o sentimento predominar, sem qualquer racionalidade. Portanto,

6 Ibidem, p. 13.

7 Ibidem, p. 43.

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não há uma imagem comum para os grupos de discussão da questão

controversa, já que, como predomina a razão, um grupo tem a opinião diversa

do outro. O público é formado neste debate, e por isso temos diversos públicos,

cada um com suas preferências, e que devem ser tratados separadamente

pelo profissional de Relações Públicas. O que podemos concluir deste estudo

breve de público é que a opinião pública é formada pelo debate de

controvérsias entre diversos grupos de interesse, e que estes grupos podem

manipular a grande massa que não participa do debate como um todo.

1.2 Conceitos de público

O profissional de Relações Públicas deve saber que não existe,

somente, um público e sim, diversos públicos para uma mesma empresa, e que

cada um deles deve ter um programa específico. Existem várias denominações

para os públicos de uma organização. Cândido Teobaldo de Souza Andrade,

defende a divisão clássica em interno, externo e misto. Já Harwood Child cita

diversas denominações ao longo de sua obra: interno e externo, organizado e

desorganizado, favorável e desfavorável, com influência e sem influência.

Bertand Canfield dividiu em público racional e não-racional. 8 Na definição de

Canfield, o público racional seria a “união” do que conhecemos por interno,

externo e misto, e o não-racional, a massa e a multidão.

Na definição clássica brasileira, de Souza Andrade, temos:

1. Público interno: composto de funcionários, colaboradores, familiares

dos colaboradores;

8 FRANÇA, Op. Cit, p. 24.

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2. Público externo: clientes, demais públicos, imprensa, membros

influentes da sociedade civil;

3. Público misto: acionistas, concessionários e fornecedores.

A pluralidade de conceitos para designar os públicos de uma

organização vem do fato de que existem diversos grupos, comerciais,

industriais, sociedades civis, religiosas, imprensa, empresas públicas,

organizações privadas, que tem interesses diversos e interessam a uma

organização no momento em que demonstram interesse por ela, e levantam

questões, ou controvérsias, que levam a uma imagem positiva ou negativa.

Quando isso acontece, os públicos se tornam de extremo interesse para a

organização e podem ser divididos. A atividade de Relações Públicas também

pode movimentar a opinião dos grupos de interesse de determinada empresa,

quando fornece informações e facilita o debate das controvérsias. Mas para

que haja este ambiente de discussão, o profissional de RP precisa conhecer

bem seus públicos.

Waldyr Gutierrez Fortes, fala da transformação dos grupos de interesse

em públicos e cita Raymond Simon para caracterizar os diversos tipos de

público: “não existe a entidade “público”, pois público é um mito; não há um,

mas vários públicos; os assuntos criam seus próprios públicos; a natureza

específica de uma empresa pode, normalmente, criar seus próprios públicos;

organizações com propostas e objetivos similares têm públicos similares; os

públicos mudam conforme as organizações; os espectadores devem ser

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tratados com muito cuidado”. 9 Fortes utiliza a divisão clássica brasileira de

públicos interno, externo e misto, embora utilize também a divisão da Teoria

Situacional de Públicos, em que “a formação dos públicos depende do grau de

envolvimento que cada pessoa ou grupo têm diante do tema ou assunto e do

comportamento apresentado posteriormente”. 10 Assim os públicos são

divididos em públicos ativos – participam de todos os assuntos ou temas - ,

públicos apáticos – não dão atenção a nenhum assunto ou tema -, públicos

ativos que se interessam por temas que afetam apenas uma parte da

população, e públicos ativos que se interessam por temas simples que

envolvem a população inteira e recebem ampla cobertura da mídia.

Os públicos podem ser estudados de forma ampla ou restrita. Neste

último caso, os públicos envolvem ONGs, públicos especiais, como a terceira

idade, jovens, sociedades civis, sindicatos. Estes são os chamados

multipúblicos, denominação de Fábio França (2008). O autor defende o

conceito que fala que existem muitos públicos em uma empresa e estes devem

ser diferenciados de acordo com o interesse da empresa. Grunig dá um

caminho para que o profissional saiba diferenciar os públicos. Para ele, é

essencial uma análise ambiental.

Em relação ao meio ambiente externo, [Grunig] afirma que a existência

de um sistema de interdependência entre empresa e públicos pode gerar uma

espécie de conflito. Para resolvê-lo, a organização deve negociar e assumir um

9 FORTES, Waldyr Gutierrez. Relações Públicas: processo, funções, tecnologias e estratégias. São Paulo: Summus, 2003, p. 68.

10 Idem, p. 68.

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comprometimento com o sistema que a interpenetra e, consequentemente,

deve alterar o seu comportamento. 11

Para isso, a organização deve identificar os sistemas de entrada e saída

da informação, os inputs e os outputs sets, e descreve os quatro tipos de

vínculos que ela tem com seus públicos: os vínculos de poder, os funcionais,

os normativos e os gerais ou difusos. O primeiro trata das relações com grupos

sociais ou outras empresas que autorizam ou fornecem os recursos para que a

existência da organização; compõem os funcionais, os públicos que fornecem

os inputs, por exemplo, as relações com empregados (inputs), sindicatos,

ONGs, e outputs de comunicação com outras organizações que utilizam os

recursos da empresa; os normativos são organizações que, na maioria das

vezes, atendem os mesmos públicos e trocam experiências na área de

atuação, como intercâmbio entre universidades, ONGs e empresas de câmara

de comércio; já os gerais ou difusos aparecem quando grupos de pressão se

formam em torno das atividades da organização e compõem-se de

ambientalistas, mídia, minorias. Para agrupar estes públicos, Grunig utiliza as

definições não-público, público latente, consciente e ativo.

A partir da teoria sociológica de Grunig, França elaborou a sua própria

nomenclatura de público, a partir de uma pesquisa, em que mapeou as

necessidades de cada público e o que estes esperavam da empresa, o que

denominou de conceituação lógica de públicos. Ele divide os públicos em três

categorias: públicos essenciais (os que estão ligados ou não juridicamente à

organização, no que se refere a execução de suas atividades-fim), que se

11 FRANÇA, op. cit., p. 25.

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dividem em públicos constitutivos (investidores, sócios, diretores, ou seja, os

que viabilizam a existência da organização) e não-constitutivos ou de

sustentação (são públicos importantes, mas que não interferem diretamente na

constituição da organização. Colaboradores, fornecedores, clientes e

consumidores, por exemplo. Estes ainda podem ser divididos em primários e

secundários, de acordo com os eu grau de importância e influência nos

resultados de uma empresa. Portanto, o critério de classificação leva em conta

se os profissionais podem ser facilmente ou não substituídos sem acarretar

danos ao desenvolvimento das atividades na empresa), públicos não-

essenciais, que participam, apenas, das atividades-meio, e estão ligados à

prestação de serviços para uma empresa e fazer a intermediação dos

relacionamentos empresariais com o mercado. São divididos em redes: rede de

setores da comunidade; rede de setores sindicais (sindicatos patronais e de

trabalhadores); redes de consultoria, divulgação e promoção da organização

(públicos que prestam serviços à empresa, mas que não fazem parte dela,

como agências de publicidades, empresa de assessoria de imprensa,

consultorias); redes de setores associativos organizados (associações de

classe, conselhos profissionais, confederações, câmaras de comércio) e

públicos de rede de interferência, que podem criar interferências

indesejáveis nos negócios ou relacionamentos da organização. São elas: rede

da concorrência (outras organizações que ofereçam produtos similares no

mercado. Nesta categoria estão incluídas, também, as ONGs que podem

exercer concorrência em algumas áreas); rede de comunicação de massa

(mídia, impressa, online, televisiva e radiofônica). O que é interessante na

divisão proposta por França é a criação das categorias redes. Faz muito

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sentido, porque públicos podem ou não ser grupos bem delimitados. E a

utilização do conceito rede mostra as mudanças nos relacionamentos entre

públicos e empresa no cenário atual. A sociedade está conectada, está em

rede, e um público exerce influência em muitos setores da sociedade. A

informação, boa ou ruim, age através destas redes de relacionamento. Assim,

os públicos passam a ser encarados não como alvos apenas de lobbie, e sim

como possíveis criadores de mensagens positivas para a organização. E estas

mensagens são propagadas em rede, como está conectada a nossa

sociedade. As redes de relacionamento se tornam mais importante que as

manobras de poder na relação empresa-públicos, embora toda relação neste

sentido leve em conta a micropolítica do poder, seja de decisão, barganha ou

influência 12.

1.3 O Público e o Marketing

Para Philip Kotler, “público é qualquer grupo que tem interesse ou

impacto real ou potencial sobre as condições de a empresa atingir seus

objetivos”. 13 Aqui, aparece a definição dos stakeholders, que abrange mais do

que a definição clássica brasileira de público almeja atingir. Os stakeholders

abrangem as “partes interessadas” no negócio de uma empresa. Estão inserido

neste conceito colaboradores, colaboradores em potencial e ex-colaboradores,

sindicatos, fornecedores, acionistas, ONGs, fábricas, escritórios de

concorrentes, comunidade, o poder público. Ou seja, o que é considerado

público em potencial se une a outras definições de públicos já instituídas pela

12 SIMÕES, Roberto Porto. Relações Públicas e Micropolítica. São Paulo: Summus, 2001.

13 KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1998.

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23

definição clássica. A influência do marketing nas Relações Públicas é

indiscutível. Tanto que Fortes, no livro Transmarketing, utiliza o modelo de

portfólio de produtos da General Electric, além da matriz do Boston Consulting

Group, e cria um “portfólio de públicos”. O que o autor chama de

transmarketing seria a aplicação de conceitos de marketing para a divisão de

públicos de acordo com o grau de importância deles para a organização.

Transmarketing, portanto, seria “ a capacidade de as empresas transacionarem

e se relacionarem com os diferentes públicos, todos apresentando interesses

específicos ”. 14

Assim, a análise ambiental passa a ser de extrema importância para o conhecimento dos públicos e de estratégias que levem em conta cada um deles. Se as empresas influenciam e são influenciadas pelo ambiente onde estão alocadas, devem nele enquadrar-se, sob pena de não mais acompanharem a sua evolução, perdendo a oportunidade de obter lucro mediante uma atividade produtiva. (...) Os fundamentos de Transmarketing compilam, além da esfera interna, o cipoal de injunções que, sem o controle das instituições, fazem valer suas forças. Na atualidade, o ambiente afeta qualquer estrutura organizada; por exemplo, quando o mercado muda, a empresa deve adequar os seus produtos e serviços às novas classes sociais, culturais e demográficas, desenvolvendo esforços com a clara finalidade de reposicionar para manter o que já estava conquistado. 15

14 FORTES, Waldyr Gutierrez. Transmarketing: estratégias avançadas de Relações Públicas no campo do marketing. São Paulo: Summus, 1999, p. 11.

15 Idem, p. 31.

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24

O composto de relacionamento apresentado por Fortes mostra que o

conhecimento dos públicos é fundamental, ainda mais quando estes são

clientes da companhia. Para isso, utiliza a matriz criada por Kotler16:

1

Serviços Sociais e

Comunitários

2

Prestadores de Serviços

Públicos (escolas e

hospitais)

3

Pequenas e médias

empresas

4

Grandes empresas

16 KOTLER, Philip, Mindak William. Marketing and Public Relations: partners or rivals. Journal of Marketing, outubro de 1978, pp. 13-20. In: FORTES, Waldyr Gutierrez, op. cit., p. 47.

Marketing

Fraco

Forte

Relações Públicas

Forte Fraco

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25

As Relações Públicas também fazem uso em suas estratégias da

investigação dos gostos e necessidades dos clientes. É importante saber se o

consumidor está satisfeito com a compra, se houve mudanças nos hábitos de

consumo, se as mudanças ocorreram na periodicidade da compra ou se

escolheu novas maneiras de atender às suas necessidades (concorrência). A

empresa deve alinhar objetivos, estratégias e ambiente de forma atrair clientes

potenciais, entendendo as suas necessidades. Esta investigação parte de uma

pesquisa. França realizou uma auditoria de opinião para saber o que uma

empresa espera de seus públicos. Os objetivos que a companhia deseja

atingir, visando à satisfação de seus públicos, foram divididos em afirmações.

• Investidores: obter investimentos permanentes.

• Fornecedores: fechar bons contratos, obter matéria-prima de

qualidade, entregas Just-in-time, preços justos.

• Clientes: vender, prestar um excelente atendimento e assistência

técnica;

• Empregados: manter a produtividade, eliminar conflitos, cuidar do

bem-estar no trabalho, ter capacidade operacional;

• Associação de classe: defesa de interesses comuns, acordos

setoriais, apoio classista, oportunidade de negócios;

• Agências de propaganda: obter bom atendimento, campanhas

bem elaboradas e bem-sucedidas.

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26

• A comunidade: firmar parcerias, respeitar os valores locais e a

cultura, promover o bem-estar, dispor de força de trabalho;

• Governo: conseguir boa convivência com os poderes do Estado,

relacionamento positivo, obtenção de acordos e apoio.

• Mídia: manter política de portas abertas, obter apoio positivo,

excelente relacionamento e posicionamento ético. 17

Levando em conta que a empresa espera de um cliente credibilidade,

satisfação, confiança e fidelidade, são elaboradas as estratégias para

satisfazer este cliente de acordo com o que ele espera. Para entender o que

este público deseja, é essencial que um profissional de Comunicação atue

junto à equipe de planejadores. Waldyr Gutierrez Fortes divide os clientes em

quatro categorias, os públicos dos “contribuintes reservados”, os “defensores

esclarecidos”, “expectadores massivos” e “críticos acomodados”.18 Assim, o

17 FRANÇA, op. cit., p. 65.

18 FORTES, op. cit., pp. 102-106. De acordo com o autor, os “defensores esclarecidos” têm uma imagem positiva da organização, e “entendem totalmente os valores e metas da organização, por terem sido plenamente informados e conquistados. Desenvolvem todos os esforços para apoiá-la, o que proporciona a elevação das taxas de lucratividade da companhia, pelo retorno mais rápido e seguro das iniciativas tomadas”. Os “contribuintes reservados” têm como característica estarem “distanciados da instituição e, por isso, o seu conceito, embora positivo, é difuso e suscetível a sofrer influências do ambiente, desgostosos, ficam apáticos e podem patentear seu desconforto”. Estes reagem aos esforços de Marketing e Relações Públicas. Já os “expectadores massivos” criaram um “relacionamento puramente comercial e altamente volátil: deixam de considerar a imagem da marca ou o conceito da organização produtora de bens, e elegem o preço como a variável mais importante no momento da decisão de compra”. Os “críticos acomodados” compõem o grupo que vê “(...) sistematicamente com desconfiança os diversos tipos de organizações empresariais, tendo ou não razões para os seus comentários desabonadores”. Neste último conceito, Fortes se refere, aos moldes de Durckeim, a um “inconsciente coletivo”. Isto nos leva a pensar que uma atitude da empresa, que não foi bem aceita por algum consumidor (gerando uma insatisfação que leva a uma visão negativa), possa atingir grandes proporções e contaminar outras pessoas. Não creio que seja desta forma que se dá a relação empresa-serviço-consumidor. Embora a propaganda boca-a-boca tenha muita influência em uma decisão de compra, outros fatores são determinantes na escolha de um serviço.

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27

autor pretende definir qual a melhor posição a ser tomada pela Assessoria de

Comunicação para que estes públicos sejam mantidos, caso dos “defensores

esclarecidos”, trazidos para perto da empresa, para os “contribuintes

reservados” e para que a imagem que os públicos tenham da organização

passe de negativa a positiva, estratégia que deve ser tomada para os públicos

“expectadores massivos” e “críticos acomodados”. Fortes é o que mais

aproxima o trabalho da Assessoria de Comunicação do Marketing,

principalmente, no esforço de trazer conceitos de público para o Marketing, que

trabalha com publicidade de massa, comercial e vendas.

De acordo com Kotler19, o valor do produto, ou seja, a satisfação das

expectativas do consumidor depois de adquirir o que deseja, é o principal

critério do consumidor na hora de decidir ou não pela escolha de uma marca. O

preço não é o único fator levado em conta na hora da aquisição do produto. O

cliente leva em conta os custos de tempo, energia e desgaste psicológico

durante o processo de aquisição. O autor afirma que o valor é a soma de

quatro fatores: produto, serviços, pessoal e imagem. Portanto, “o aumento do

poder de competitividade (...) pode ser atingido por ambos, o aumento do valor

percebido e/ou a diminuição do preço (conceito ampliado) pago pelo

consumidor”. 20 A partir deste entendimento do que os clientes esperam ao

adquirir o serviço, estes podem ser mais ou menos personalizados, a linha de

frente pode agir com mais ou menos autonomia. Quanto mais autonomia, mais

19 KOTLER, Philip. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1998, p. 235.

20 GIANESI, Irineu G. N., Corrêa, Henrique Luiz. Administração Estratégica de serviços: operações para a satisfação dos clientes. São Paulo: Atlas, 1996, p. 43.

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forte é o grau de personalização do atendimento. A partir desta definição, de

quem é o cliente (classe social, sexo, onde vive), o que ele deseja do serviço

(mais padronização ou mais personalização) e o que ele espera do produto. A

empresa pode elaborar a melhor estratégia e definir o tipo de segmentação

mais eficaz.

Conhecer o cliente, a visão que ele tem da empresa e o que ele pode

espera, para que este relacionamento cresça com uma base positiva, requer

uma tomada de decisão. A segmentação do público consumidor em Marketing

pode ser feita de diversas maneiras, e deve levar em consideração fatores

como idade e ciclo de vida da família, sexo, renda, geração e classe social, no

caso da segmentação geográfica, estilo de vida e personalidade, na

segmentação psicográfica, e ocasiões e benefícios, no caso de segmentação

comportamental.21 No caso das companhias aéreas, a segmentação pode

seguir as variáveis geográficas, como oferecer tarifas mais baratas para voos

noturnos 22. Ou então, combinar a segmentação geográfica com a psicográfica,

ao analisar o estilo de vida de seus passageiros, o que aparece na adoção dos

“perfis” de tarifas, caso da TAM, ou nas “famílias” da Gol. Assim, cada

passageiro vai procurar a sua tarifa de acordo com o seu objetivo na viagem:

se quer gastar mais e ter mais conforto, se quer mais facilidade no pagamento

21 KOTLER, op. cit., p. 235.

22 Os clientes que procuram os “corujões” são aqueles que procuram por passagens mais baratas e facilidades de pagamento, já que os voos de madrugada são os conhecidos, no mercado de aviação, por ter menor demanda, e a taxa de ocupação depende do valor das tarifas. Os voos diurnos, principalmente os dos disponíveis no horário da manhã, são os mais procurados, tanto por executivos de Ponte Aérea, quanto por famílias que viajam a passeio. A taxa de ocupação vai decrescendo no horário da tarde, de 11h30 às 16h, tem um pico no horário da noite, entre 17h30 e 21h, e decresce a partir das 22h. N. do A.

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e menos vantagens e assim por diante. A segmentação psicográfica pode ser

acrescida da comportamental, quando a empresa agrega benefícios a seus

produtos e divide seu público consumidor de acordo com o que eles desejam.

Kotler dá um exemplo de uma companhia aérea que divide os passageiros em

três segmentos: “os viajantes que se deslocam para estar com a família, os em

busca de aventura ou com propósitos educacionais e os que gostam do “risco”

e dos aspectos “agradáveis” de uma viagem”. 23 Esta divisão seria ideal para

uma agência de viagem.

A TAM foi mais além do que a Gol na segmentação de públicos: ela

apostou em uma segmentação por benefício, dividindo as tarifas em perfis de

grupos de pessoas que apresentam características demográficas,

comportamentais e psicográficas específicas. Ou seja, as tarifas foram

divididas levando em conta o estilo de vida do passageiro, a sua renda e classe

social, o estilo de vida, a ocasião em que os clientes viajam, se a trabalho,

lazer ou por problemas familiares. Assim, a TAM pode oferecer o melhor

produto para seus passageiros, de acordo com as necessidades de cada

grupo, e mensurar o que os passageiros esperam durante a viagem, ou seja,

os benefícios que esperam da companhia aérea. 24

Depois de segmentados os públicos da melhor maneira, e conhecidas as

preferências e necessidades de cada cliente, chega a hora de escolher a

melhor estratégia para serviços customizados: precificação ou diversificação?

23 KOTLER, op. cit., p. 235.

24Idem, p. 235.

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CAPÍTULO 2

Quando se trata de marketing de serviço, conhecer os públicos permite

que a empresa avalie a melhor estratégia que irá tomar para satisfazê-los com

os seus serviços e alinhar o front office (atendimento) e o back office

(produção) nos mesmos objetivos gerais. Os stakeholders devem ser bem

definidos antes da formulação da estratégia e sempre acompanhados em suas

preferências, após a adoção da mesma. No caso das empresas de serviço, a

preocupação com o stakeholder cliente deve passar por diversas etapas, como

o acompanhamento de gostos, vontades e estilos de vida por pesquisas

periódicas de opinião. Se for o caso, a estratégia deve ser tomada de forma a

que minimize, e até leve à extinção, os aspectos negativos levantados nas

pesquisas, ainda mais se a falha for apontada no front office. Algumas

empresas precisam levar adiante um reposicionamento de suas estratégias em

períodos de médio e longo prazo.

2.1 Marketing de Serviços

A importância do setor de serviços é inegável. Em quase todos os

países do mundo, o setor de serviços ocupa uma posição de destaque na

economia. Enquanto as vagas nas indústrias decrescem com as novas

tecnologias, assim como acontece no setor agrícola, o setor de serviços

aumenta vertiginosamente.

As atividades de serviço são importantes, também, para a indústria. Não

basta fabricar o produto, tendo um back office com operações com baixo custo

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e boa produtividade. É necessário “vender” a imagem do produto para os

pontos de venda estratégicos, a fim de que estes possam chegar ao destino

final, o consumidor, ou a outra indústria. Irineu Gianesi e Henrique Luiz Corrêa

nos dão três utilidades do serviço para empresas: atuar como diferencial

competitivo em relação aos concorrentes, como suporte às atividades de

manufatura e como gerador de lucro. 25

Corrêa e Caon assinalam que os principais fatores responsáveis por

esse dinamismo do setor de serviços são de ordens político-social e

tecnológica, que incluem mudanças tecnológicas, urbanização crescente das

cidades, mudanças demográficas, mudanças socioeconômicas – por exemplo,

aumento da participação da mulher no mercado de trabalho - e o aumento da

sofisticação dos consumidores, que leva a uma procura por serviços como os

de personal trainers e consultores de imagem.26

Para uma melhor análise da organização no setor de serviços é

necessário definir se o que a empresa está oferecendo ao público é mesmo

serviço ou um produto. De acordo com a definição de serviços , uma das

características é que os mesmos são considerados intangíveis (não possui

materialização), enquanto os produtos são bens tangíveis. Um serviço possui

uma das características fortes de um produto, quando materializado em, por

exemplo, papéis, livros e apostilas, que podem ser compradas.

25 GIANESI, Irineu G. N., Corrêa, Henrique Luiz. Administração Estratégica de serviços: operações para a satisfação dos clientes. São Paulo: Atlas, 1996.

26 CORREA, Luiz Henrique, Mauro Caon. Gestão de Serviços. São Paulo: Atlas, 2004.

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Dentro desta mesma matriz, pode-se segmentar ainda mais a escala

apresentada acima, tendo como perspectiva os serviços como bens

intangíveis:

- Serviços Profissionais: psicólogo, psicanalista.

- Serviços Profissionais de Massa: médicos.

- Lojas de Serviço: hotéis, farmácias, supermercados.

- Serviços de Massa Customizados: livrarias.

- Serviço de Massa: Transporte Coletivo.

O primeiro tipo citado foi o serviço profissional, que é completamente

“customizado”, ou seja, personaliza o atendimento e o pacote de serviço às

necessidade e desejos da cada cliente. Por isso, atendem um número limitado

de clientes por dia. Como exemplo, pode-se citar a medicina e as cirurgias

especializadas, consultoria especializada, consultoria jurídica e hotéis cinco

estrelas. No outro extremo, está o serviço de massa que atende um grande

número de clientes em um espaço padronizado. Nesta classificação estão os

transportes de massa, como metrô e ônibus, fornecimento de energia elétrica,

água e gás, grandes bancos com serviços automatizados por Internet. Entre os

dois tipos, estão os serviços de massa “customizados”. Neste tipo, “os

serviços (...) se encontram numa posição próxima à posição de volume

correspondente à dos serviços de massa, mas que, fazendo uso de

tecnologias, principalmente as mais avançadas tecnologias de informação,

criam no cliente, de forma automatizada, uma sensação de serviço

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customizado”. 27 Por exemplo, sites de compras online, como a livraria Amazon

e o leilão virtual Submarino, que possuem um cadastro do cliente a partir da

primeira compra. Uma característica forte deste serviço é que ele, por ser de

massa, atende a um grande volume de clientes, mas passa a impressão de

que é personalizado. Os serviços profissionais de massa, como os

“customizados”, tem um grande volume de clientes, só que oferece um serviço

que, pela sua natureza, requer personalização, mas, em vez de manter o foco

em cada cliente de forma individual, procura aumentar os ganhos com um

número maior de clientes por dia. Hospitais que atuam em uma especialidade é

um exemplo deste tipo. Por último, é a categoria mais abrangente de todas: as

lojas de serviços. Nesta categoria estão as lojas de varejo, que abrangem a

maioria dos hotéis, restaurantes, hospitais, que “tratam um volume

intermediário de clientes por dia em suas unidades de operação típicas, e estão

a meio caminho quanto às variáveis customização, front office versus back

office, ênfase em pessoas versus equipamentos e intensidade de contato”. 28

2.2 Linhas de Frente e de Retaguarda (Front Office e Back Office)

No Marketing de Serviços, há o conceito de front office e back office. Em

uma organização, há certos setores que interagem com o cliente de uma forma

direta e outros, que são parte importante da produção, mas que o público-alvo

nunca saberá a respeito ou nunca terá contato. As atividades mais próximas do

cliente são definidas como de “alto contato” e as outras, de retaguarda.

27 Idem, p. 73.

28 Ibidem, p. 74.

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Na definição de Corrêa e Caon, “as atividades de alto contato também

são chamadas de atividades de “linha de frente” ou front office (...) e as

atividades que ocorrem sem o contato com o cliente são chamadas de

atividades de retaguarda, os back office (...)”. 29

As atividades da linha de frente são mais complexas, porque envolvem

aspectos de relacionamento e qualidade de atendimento que não são utilizados

na retaguarda. Ou seja, a linha de frente interfere negativamente ou

positivamente no relacionamento com o cliente, muito mais que a retaguarda,

embora esta última seja imprescindível para que o serviço chegue a seu

destino final. Uma linha de frente mais especializada e com o foco no público-

alvo tende a aumentar o relacionamento com os clientes em potencial. No caso

do front office, a padronização é menor, a variabilidade é maior, a incerteza é

maior, o controle é menor e a eficiência acaba sendo menor, porque estamos

tratando de pessoas, com personalidades diferentes. Já as atividades de back

office tem uma padronização maior, uma variabilidade menor, um grau de

incerteza menor, um controle maior e a eficiência maior, por adotar linhas de

controle de produção longe das variações do público.

As pessoas que tem maior contato com o cliente devem ter mais

experiência. Quando o atendimento não cumpre esta afirmativa, a imagem

pública da empresa piora, já que a impressão do cliente sobre a eficiência do

serviço da empresa tem início com o bom relacionamento entre as duas partes.

O funcionário da linha de frente tem a função de interagir com o ambiente

29 Ibidem, p. 76.

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externo e interno da empresa. A falta de atenção no atendimento reflete a

negligência da empresa em ouvir as necessidades dos clientes.

Um fato a ser ressaltado é que as linhas não são fixas. Cada

organização dá mais importância para uma linha – priorizando o front office, ela

aumenta a área de contato com o cliente. Outras, preferem aumentar o back

office, reduzindo o contato com o cliente, e trabalha com menos variação e

incerteza e, com isto, tendo mais controle sobre a produção. Deve-se lembrar

que o cliente tem uma personalidade, com escalas de desejos e necessidades

que mudam com o tempo e os interesses. Portanto, o foco no cliente sempre

ocasiona mais insegurança e um cuidado redobrado com a satisfação. Exige

pesquisas periódicas de opinião e um cuidado redobrado com o treinamento

dos funcionários da linha de frente.

2.3 Características dos serviços e competitividade

Uma empresa pode adotar três estratégias genéricas para atingir o seu

público-alvo e satisfazê-lo da melhor forma possível. Elas podem ser utilizadas

isoladamente ou em conjunto, dependendo do mercado e seu grau de

competição.

• Liderança de custos – economia de escala, redução de custos

pela experiência e minimização de custos em áreas como

pesquisa e desenvolvimento, serviços, vendas, publicidade.

• Aposta em inovação – investimento em pesquisa, tecnologia,

imagem da marca, serviço ao consumidor, distribuição

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36

• Foco – excelência no atendimento, administração da qualidade,

aposta em um segmento de mercado bem definido, serviços e

custos. 30

O transporte aéreo de passageiros deve ter como ponto forte a

segurança. Outro ponto muito observado pelos clientes é a qualidade no

atendimento, que tende a um grau maior de personalização. Portanto, a

geração de valor está tanto na qualidade e manutenção dos equipamentos

(produto), quanto na qualidade de atendimento na linha de frente (com um alto

grau de contato). Os serviços de massa customizados têm esta característica,

de sempre se equilibrarem entre a padronização da retaguarda e a variação da

linha de frente. Além disso, as operações precisam que estar alinhadas, para

que os voos saiam no horário, as bagagens cheguem ao local de destino, os

aviões não apresentem problemas de manutenção e o atendimento funcione na

rapidez que o cliente espera. As empresas aéreas podem seguir estratégias

diferentes, mas algumas partes nunca devem mudar: a manutenção das

aeronaves, a pontualidade e, principalmente, a agilidade no atendimento.

Como a linha de frente tem um alto grau de contato com o cliente, ela é

essencial na geração de valor do serviço. As empresas aéreas podem

privilegiar algumas estratégias, como o custo ou a diversificação, mas o

operacional precisa estar totalmente alinhado para que tudo funcione de forma

que o tempo esteja a favor do passageiro.

As empresas tendem a adotar algumas estratégias com o intuito de

impedir a entrada de concorrentes no mercado. A diversificação de serviços é

30 Adaptado de PORTER, Michael. Estratégia - A Busca da Vantagem Competitiva. São Paulo: Campus, 2006.

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uma delas. A companhia cria uma “idéia” ou “conceito” de serviço que seja

difícil de ser igualado. Assim, a qualidade do serviço prestado atrai

consumidores fiéis, que se identificam à marca. Esta estratégia pode ser

facilmente copiada e valoriza o mercado, porque leva as concorrentes a

investirem mais para conseguir chegar ao nível de qualidade para conseguir

quebrar a lealdade dos consumidores às empresas excepcionais nos serviços

oferecidos. No caso de companhias aéreas, a diversificação estaria em uma

estratégia em que cada bilhete valesse não só uma viagem e a excelente

comissaria. O passageiro teria outras vantagens ainda nos aeroportos. A TAM,

que sempre foi conhecida pela inovação no atendimento, adotou a

diversificação em seus sistemas de tarifas. Oferece Internet e check-in

diferenciado, entre outras vantagens, para os passageiros que compram

bilhetes mais caros, ou para aqueles que mais viajam pela empresa e fazem

parte do programa de relacionamento TAM Fidelidade. A Gol também está

investindo na diversificação, por meio do programa Smiles, embora ainda

privilegie o custo e o valor dos bilhetes. De olho no cliente, ela está variando o

padrão low cost, para trazer mais clientes e sanar alguns problemas apontados

por eles, como o serviço de bordo, embora ainda privilegie a precificação. A

empresa está atuando, no momento, com um grau mínimo de diversificação,

para conquistar os clientes da TAM.

A economia de escala é outro fator muito levado em conta na hora de

analisar a concorrência em um mercado. Em uma empresa que tem como base

equipamentos deve ter um bom suporte para atender a demanda. Companhias

aéreas que utilizam aviões de médio porte dificilmente poderão entrar na

concorrência de rotas comerciais de longa duração ou internacionais. De

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acordo com Gianesi e Corrêa, a capacidade que precisa ser colocada

disponível deve mesmo exceder os níveis normais de demanda, pois, caso

contrário, a empresa estaria operando acima do nível ótimo de utilização de

sua capacidade. 31 No caso de uma companhia aérea, que tem como

diferencial a linha de frente, a taxa de ocupação dos assentos considerada

ideal deve atingir de 60% a 70% da capacidade da aeronave. Acima deste

nível, a qualidade do serviço tende a ficar prejudicada, podendo provocar

atrasos no check-in, no embarque e no atendimento a bordo.

A capacidade disponível também pode determinar a fatia de mercado

que uma empresa pode ter. O cliente tem a sensação de que, quanto maior a

empresa, melhor a qualidade do serviço. Um dos aspectos intangíveis levados

em consideração, na hora de escolher uma companhia aérea, é a segurança.

O cliente pode associar o ativo segurança ao tamanho de uma empresa, a

quantidade de rotas, sua visibilidade no mercado e a quantidade de

passageiros que ela transporta e o tempo das aeronaves (idade).

A criação de custos de troca (switching costs) é outra medida tomada

pelas empresas frente à concorrência. As empresas que querem entrar no

mercado investem em seus custos de troca, oferecendo um tratamento

diferenciado, ou uma vantagem aos clientes. Assim, conseguem a lealdade do

consumidor, ao oferecer diversas vantagens. O que facilita a criação dos

custos de troca é o conhecimento das necessidades do público-alvo. As

estratégias de foco ganham muito com investimento em Tecnologia da

Informação e base de dados. Ou seja, investimentos em pesquisas sobre o

31 GIANESI, op. cit., p. 55.

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perfil do cliente (psicográfico). Assim, as empresas que querem ser

competitivas possuem um banco de dados e informações sobre o serviço e

sobre o público-alvo, a fim de saber as expectativas dos consumidores.

As estratégias de competição devem ser baseadas na diversificação, no

aumento da qualidade do serviço prestado e na criação de custos de troca32. O

objetivo é conseguir a lealdade do cliente a um serviço baseado na excelência,

em uma gestão da qualidade.

2.4 Companhias aéreas

Atualmente, as empresas aéreas podem ser enquadradas na categoria

de serviços de massa customizados. De acordo com a definição de Correa e

Caon exposta no item 2.3, o serviço das empresas da área de transporte teria

como objetivo levar o máximo de pessoas a seu destino, ocupando o maior

número de assentos disponíveis no veículo de transporte. É inegável que a

quantidade de assentos ocupados por partida seja uma grande preocupação

de uma empresa de transporte, já que a taxa de ocupação mostra o custo-

benefício com o gasto com combustíveis e manutenção do equipamento e a

venda de passagens. Embora o objetivo principal da criação de uma empresa

de transporte seja levar o máximo de passageiros a seu destino de preferência,

não basta oferecer uma aeronave confortável, nova, em um voo sem

turbulências. O cliente quer mais. Ele deseja que as expectativas dele sejam

atendidas quanto à Comissaria (comida e bebida servidas a bordo) e ao bom

atendimento do front office (passando pelo check-in, o embarque, o serviço da

tripulação e o desembarque). Portanto, as empresas aéreas, que deveriam

32 GIANESI, op. cit. p. 62.

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estar na categoria serviços de massa, passam a oferecer a seus clientes uma

ampla gama de atrativos para que a viagem se torne inesquecível. A viagem de

avião passa a ser uma experiência, que deve encantar o passageiro, a ponto

de conseguir a sua lealdade.

Assim, as empresas aéreas brasileiras, a exemplo das estrangeiras,

oferecem um serviço de massa customizado – já que precisam preencher, no

mínimo, 60% dos assentos de um voo para obter lucro, e oferecer vantagens

aos clientes. Ao pagar determinada tarifa, o cliente terá a sua vantagem.

Quanto mais caro for o bilhete, mais vantagens ele conseguirá da empresa. E

quanto maior a classe, maior o status do cliente (nível de diversificação do

serviço prestado a outros passageiros).

O mercado passou por uma redefinição com a criação da Gol, inspirada

no sistema low cost, utilizado por empresas aéreas de transporte aéreo

regional bem-sucedidas, como a Azul Linhas Aéreas e a estrangeira Southwest

Airlines. O preço das passagens baixou, e as companhias brasileiras passaram

por um período conhecido por “guerra de tarifas”. No entanto, a Gol passa por

uma redefinição de sua estratégia, já que planeja competir mais

agressivamente no mercado internacional – América do Sul. A experiência low

cost não atende mais a seus clientes potenciais. A companhia enfrentou uma

crise com a compra da Varig, que tinha um outro modelo de gestão e atuação.

O prejuízo não foi total. A Gol adquiriu mais rotas e, no final, investiu na fusão

das duas empresas e na extinção das rotas internacionais.

A customização também chegou ao setor de tarifas da TAM no mercado

doméstico, em que as aeronaves não dispõem da divisão de assentos em

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primeira classe, executiva e econômica. Para atrair mais passageiros no

mercado doméstico, a saída foi investir em uma estratégia de diversificação de

produtos. Ou seja, inserir novos produtos para mercados atuais. 33 Agregar

valor às tarifas levou a empresa a investir em uma estratégia de diversificação

de produtos. Assim, o cliente que comprar a maior tarifa não terá só as

vantagens nas taxas de remarcação, cancelamento e reembolso. Ele terá

Internet wi-fi, prioridade no embarque e desembarque, fila especial, os

melhores assentos. Ou seja, irá adquirir vantagens em relação aos outros, que

optaram por tarifas menores. O bilhete, de acordo com o valor desembolsado

pelo cliente, passa a ter maior valor agregado. A TAM também optou por uma

integração de seu back office, ao absorver o pessoal terceirizado (integração

para trás). 34 O crescimento integrado veio aliado ao crescimento diversificado,

ao oferecer aos clientes novos produtos que apresentam sinergia com os

antigos. Ou seja, o transporte de avião vem acompanhado não só dos serviços

de bordo, mas de atrativos na sala de embarque e no desembarque.

A TAM optou pela diversificação, e a Gol pela precificação. As tarifas

foram divididas em “famílias”, embora a principal vantagem delas seja o valor

pago e a contrapartida em menores ou maiores taxas de reembolso,

cancelamento e remarcação. A estratégia da Gol, em um primeiro momento, é

de penetração de mercado (aumentar a participação de mercado dos produtos

atuais, com a melhoria de serviço e a redefinição do perfil da empresa) e, no

segundo, de desenvolvimento de mercado (procurar novos mercados para

33 KOTLER, op. cit., p. 85

34 Idem, p. 85.

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produtos atuais, investindo em novos canais, representados por acordos

codeshare).

CAPÍTULO 3

3.1 Gol Linhas Aéreas Inteligentes

A Gol iniciou as suas atividades no ano de 2001, tendo como presidente

Constantino de Oliveira Junior, herdeiro do Grupo Áurea, um dos maiores no

ramo de transportes no Brasil, e se diferenciava das outras empresas de

aviação então existente no país, por adotar o serviço low cost, low fare,

seguindo o modelo das empresas norte-americanas Jet Blue e Southwest

Airlines. As passagens aéreas seriam mais baratas que as das concorrentes,

mesmo que este valor prejudicasse a qualidade do serviço de bordo. Ficaram

famosas as barrinhas de cereal e os refrigerantes e sucos servidos nos vôos da

Gol. Além disso, a companhia também tinha um quadro enxuto de

colaboradores, o que prejudicou, depois de algum tempo, a agilidade do

atendimento. No entanto, Constantino conseguiu o que queria: atrair as classes

C e D aos aeroportos. Os preços das passagens de avião e de ônibus estavam

quase equivalentes. O que se viu nos aeroportos foi um aumento do

movimento de pessoas que, antes, nunca imaginariam que pudessem viajar de

avião a um preço acessível. Outro diferencial da empresa foi o investimento em

frotas modernas, com a aquisição dos Boeings 737-300, que poderiam fazer

vôos de média e longa distância. Assim, a Gol economizaria com manutenção

logo no início de suas atividades. Outra estratégia foi a de não investir em lojas

próprias. Os passageiros têm a opção de comprar as passagens via Internet (a

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Gol foi uma das pioneiras neste tipo de serviço, o que diminuiu seu custo), por

telefone ou nas lojas dos aeroportos.

A empresa sempre seguiu a estratégia de precificação. Desde o início

houve uma política agressiva de diminuição do valor das tarifas. A promoção

mais tradicional da empresa é a da compra da passagem ida e volta a um valor

pequeno, já que a volta sai ao custo de R$ 1 em períodos promocionais. As

medidas econômicas da Gol e a briga pelos passageiros fizeram bem ao

cliente: houve uma verdadeira queda nos preços das passagens. O vácuo

deixado pela Varig não pôde ser bem aproveitado pela empresa. O perfil de

companhia “popular”, que não prezava a qualidade no atendimento, fez com

que a sua maior concorrente, a TAM Linhas Aéreas, alcançasse a liderança no

mercado doméstico e internacional. A Gol bem que tentou conseguir uma fatia

maior do mercado de aviação, quando passou a investir em vôos

internacionais, sendo a primeira rota o lucrativo São Paulo-Buenos Aires. Em

2005, a empresa iniciou a rota São Paulo – Santa Cruz de La Sierra e, em

2006, São Paulo – Santiago. Os vôos diários para Lima a partir de São Paulo

começaram em 2007. Todos os vôos internacionais são diários e houve um

aumento significativo de passageiros.

A Gol tentou entrar no mercado europeu com uma frota própria, quando

adquiriu, em 2007, a Varig Linhas Aéreas, em uma operação de US$ 275

milhões. Na ocasião, ganhou a disputa com a empresa LAN.

O negócio foi fechado por US$ 320 milhões, sendo que o pagamento foi feito, em parte, com 10% do caixa da Gol (US$ 98 milhões), a entrega de 6,1 milhões de ações preferenciais emitidas, que representam 3% do total de papéis da companhia e o compromisso da Gol de honrar R$

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100 milhões em debêntures (títulos de empresas), já emitidos pela VRG ("nova" Varig). 35

Parecia um negócio promissor, já que a Varig foi dividida em duas antes

da operação de compra (a parte comprada pela empresa equivale a Rio Sul) e

a Gol não herdaria as dívidas da massa falida, e ficaria com a frota, composta

de aviões da empresa Boeing. Ou seja, a frota estaria unificada, sendo

atendida no Centro de Manutenção de Aeronaves da empresa, localizado em

Belo Horizonte. Outra vantagem estava na aquisição das rotas da Varig, o que

resultou em uma ampliação da malha aérea da Gol. Durante um tempo, a Gol

manteve as rotas internacionais.

A direção da Gol acredita que a compra da Varig não atrapalhou o

crescimento da empresa. Constantino Jr. explica que a compra da Varig foi um

bom negócio para a companhia, já que esta pôde ter acesso ao mercado

internacional de longo curso, além de possibilitar a aquisição do programa de

relacionamento Smiles e posições importantes nos prinicipais aeroportos do

Brasil. Ele exemplifica com a possibilidade de “adequar a (...) malha com

frequências bem balanceadas, como os vôos de meia em meia hora na ponte

aérea e os 12 vôos por dia para Brasília, Curitiba e Confins, entre outros”36.

Como dados negativos, Constantino revela que a companhia não ofereceu

“um produto que gerava atração suficiente para manter aquelas rotas [as rotas intercontinentais]. Não

35 CARA A CARA. In.: Revista Gol Linhas Aéreas Inteligentes, número 83, fevereiro de 2009, p. 82.

36 Idem, p. 82.

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conseguimos os aviões que gostaríamos e não viabilizamos aquele projeto. Estou falando sobre esta questão dos voos intercontinentais porque foi o que gerou mais prejuízos, críticas e confusões. No momento em que o barril de petróleo bateu US$ 140, resolvemos dar um passo para trás, com toda a humildade do mundo, e interrompemos os voos de longo curso”. 37

Tendo em vista os prejuízos alcançados durante o ano de 2008, a Gol

optou por suspender os vôos internacionais para a Europa e unificar as duas

empresas e o programa de relacionamento Smiles. A união Varig- Gol em uma

só marca está sendo feita aos poucos. O processo foi analisado pelo Conselho

Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de

Aviação Civil (Anac), o que levou à demora na fusão operacional.

O corte na malha aérea também se estendeu aos vôos domésticos. A

empresa suspendeu as rotas Congonhas - São José do Rio Preto e Congonhas

- Ribeirão Preto e inicou outras, uma para a cidade de Cabo Frio e outra, para

Presidente Prudente. As duas cidades estão nas regiões mais ricas dos

estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A mudança na estratégia se deve ao

prejuízo alcançado em 2008. Em 2007, a Gol alcançou 39,5% de participação

no mercado doméstico e 14,2% de participação no mercado internacional. Já

em 2008, a empresa anunciou um prejuízo de R$ 1,4 bilhões. O prejuízo não

atingiu, apenas, a Gol. A TAM também teve o mesmo problema, em parte

ocasionado pela elevação do preço do barril de petróleo, que chegou a ser

cotado a US$ 140, o que elevou o preço do combustível. O saldo negativo foi

37 Ibidem, p. 83.

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quase o mesmo nas duas companhias e foi puxado, em parte, pelas rotas

internacionais.

A empresa está passando por uma profunda reestruturação desde 2008.

Além da junção da operações com a Varig, a Gol está mudando o perfil low

cost. A precificação ainda é a estratégia adotada pela empresa, só que

acompanhada pela melhoria na qualidade dos serviços. Assim, ela espera

atrair mais passageiros das classes A e B que, neste período de crise, são os

que mais viajam e, normalmente, a trabalho. Houve uma mudança na

Comissaria, que passou a oferecer serviços diferenciados, de acordo com o

público e o tempo de duração da rota (nos voos mais longos, são servidos

sanduíches, na Ponte Aérea, refeições quentes - o Bistrô da Ponte - e, em voos

curtos, o antigo serviços de lanches rápidos). A adoção de sistemas

eletrônicos para diminuir o tempo de atendimento , como o Check-in Web e o

Check-in Fácil. O uniforme da tripulação também está passando por mudanças.

Pode-se observar que a Gol está cuidando do seu ponto fraco, o atendimento,

de forma a concorrer com a TAM.

A empresa quer continuar investindo no mercado da América do Sul. A

empresa opera cinco voos com cinco horas de duração: Caracas, Bogotá,

Santiago e algumas rotas para Buenos Aires, com a marca Varig. Mesmo tendo

acabado com a primeira classe em voos internacionais, a Gol criou a classe

Confort, que seria o meio termo entre as classes executiva e econômica. E vem

alcançando bons resultados em rotas para cidades como Mondevidéu,

Assunção, Santa Cruz de la Sierra, Córdoba e Rosário. A quantidade de

destinos para a América do Sul fez com que a Gol fosse a empresa aérea que

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mais embarcou passageiros para Santiago depois da Lan Chile. A empresa

ofereceu preços mais baixos que a TAM para determinados destinos

internacionais.

A companhia acredita que possa alcançar uma maior fatia do mercado de

aviação no Brasil, mesmo que este crescimento seja moderado, por causa da

crise de 2009. A palavra na empresa, neste momento, é estabilidade e o

grande desafio é conseguir a lealdade dos passageiros que escolheram a

empresa para voar. Para isso, o investimento na melhoria dos serviços, a

ampliação da malha aérea, que chega a 800 voos e quase 100 mil passageiros

transportados diariamente38, e manter o crescimento de 60% ao ano. Para que

isso aconteça, as palavras são operação, logística e reestruturação, aliadas a

redução de custos operacionais.

A melhora no serviço também tem como objetivo a atração de

passageiros de voos internacionais na América do Sul. A política para as rotas

internacionais segue om caminho do codeshare (compartilhamento de rotas

entre diferentes companhias aéreas. Cada uma opera um trecho, e

compartilham o sistema de milhagem). A Gol já tinha uma acordo com a Copa

Airlines. Assim, seus passageiros poderiam seguir para a América Central e do

Norte (principalmente Estados Unidos), com uma escala no Panamá. A partir

de 1º de maio de 2009, vai começar a operar o codeshare entre a empresa e a

Air France – KLM. De acordo com reportagem publicada no jornal O Globo,

mais de seis milhões de passageiros do programa Smiles passarão a acumular

milhas quando voarem pela Air France-KLM e os cerca de 15 milhões de

38 Ibidem, p. 80.

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clientes da Air France que tenham o Flying Blue terão dieritos a milhas em vôos

Gol e Varig. Juntos, os grupos vão oferecer 3.300 voos diários para cerca de

300 destinos em 114 países, com malhas complementares, conforme prevê o

codeshare. Outro acordo está sendo fechado com a KLM, o que possibilitará

que a Gol ofereça rotas para destinos como Bruxelas, Amsterdã, Frankfurt e

Milão. Assim, a empresa deixou de ter voos diretos para destinos internacionais

da Europa e aposta no codeshare como forma de ampliação da malha aérea.

O codeshare foi adotado pela TAM como estratégia para a inserção no

mercado internacional antes da aquisição das rotas diretas. Em um momento

de crise, vale observar que a estratégia mais rentável, por ser econômica, é o

codeshare, embora ter rotas diretas para destinos internacionais deixe a TAM

com a marca mais visível, inclusive no mercado internacional. No caso de

passageiros de voos internacionais, a resistência que a Gol encontra está na

qualidade dos serviços. O codeshare com a Air France pode melhorar esta

visão que os passageiros tem da empresa.

Outro destaque de 2008 foi a criação de outra Unidade de Negócio, a

Gollog, responsável pelo transporte de cargas. No ano de 2009, os resultados

apontam 40,2% em market share em voos domésticos39 e 14,6% em voos

internacionais. Houve um aumento no segmento internacional a partir de maio

de 2007 (tendo em vista a aquisição das rotas internacionais da Varig), seguida

de uma manutenção do percentual na média de 26,5% até agosto de 2008,

quando houve o cancelamento de rotas para a Europa. Desde então, o

39 Estatísticas de tráfego doméstico. Disponível em <http://www.voegol.com.br/ri/>. Acesso em 10 de abril.

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percentual do segmento internacional diminuiu e se mantém estável, em

23,8%.40 Atualmente, são 49 destinos domésticos e 10 destinos internacionais,

com 104 aeronaves Boeing 737. A Gol pretende ampliar ainda mais os destinos

no Brasil, investindo, principalmente, nas rotas “ponto-a-ponto”, alinhando a

sua estratégia com a de companhias internacionais de baixo custo. Mesmo

assim, a empresa afirma que investe em melhorias para que alguns voos

tenham menos escala41. O controle de custo passa, inclusive, pela preferência

das vendas pela Internet, em vez do investimento em uma unidade de negócio

agência de viagens. Mais de 67% das vendas da Gol são feitas pela Internet.42

Dados da empresa apontam quem, “em 2007, [a Gol foi considerada] uma das

maiores empresas de comércio eletrônico no Brasil, com R$ 4,3 bilhões em

vendas de passagens (bruto) em nosso site, mais que qualquer outra

companhia aérea no Brasil”. 43 A receita líquida da Gol no quarto trimestre de

2008 atingiu R$ 1.548,6 milhões. De acordo com o relatório da companhia,

houve um aumento de 5,2%, se comparado aos R$1.472,7 milhões registrados

no quatro trimestre de 2007. Este valor partiu do aumento da quantidade de

passageiros no período, de 6,1%. 44 O resultado fica mais positivo com o

enxugamento dos custos operacionais por assento-quilômetro, de 15,99

40 Estatísticas de tráfego internacional. Disponível em <http://www.voegol.com.br/ri/>. Acesso em 10 de abril.

41 Teleconferência. Disponível em <http://www.voegol.com.br/ri/>. Acesso em 10 abril 2009.

42 Fact Sheet 3T08. Disponível em <http://www.mz-ir.com/gol/2006/web/arquivos/GOL_FS_3T08_20081117_port.pdf>. Acesso em 10 abril 2009.

43 Teleconferência. Disponível em <http://www.voegol.com.br/ri/>. Acesso em 10 abril 2009.

44 Resultados divulgados em 20 de março de 2009. Disponível em <http://www.voegol.com.br/ri/>. Acesso em 10 abril 2009.

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centavos no quarto trimestre de 2007, para 15,80 centavos de real no quarto

trimestre de 2008. A taxa de ocupação dos assentos caiu em 2008, de 67,7%

para 59,5%, assim como a receita. O motivo maior foi a queda do número de

passageiros no mercado de aviação brasileiro no final de 2008. Com a redução

dos custos, a Gol pode manter uma margem pequena positiva, mesmo com a

redução do número de pessoas transportadas. A medida surtiu efeito até a alta

temporada, quando o corte de funcionários de terra levou ao problema nas

operações. Muitos voos apresentaram atrasos. O aumento no número de

passageiros em 6,1% levou a empresa a apresentar um lucro operacional de

R$ 58 milhões, só neste período. Mas, com o prejuízo causado pelo aumento

do combustível, a empresa apresentou um saldo negativo em 2008.

3.2 Tarifas

A reestruturação da Gol passa também pelo setor de tarifas, que foi

dividido em sete “famílias”. Assim, a empresa quer agregar valor à marca,

oferecendo diferenciais de custo e vantagens, de acordo com a necessidade do

cliente. A pesquisa das novas “famílias” levou em conta as preferências de seu

público-alvo. Houve uma pesquisa, em que os clientes foram divididos por

sexo, faixa etária, grau de escolaridade, frequência de viagens de avião, os

motivos e a faixa de renda pessoal. O que se verifica nos gráficos é a grande

quantidade de passageiros com perfil “Ponte Aérea”: sexo masculino, com faixa

de renda de R$5001,00 a R$ 10.000,00, que viajam a trabalho, 4 a 6 vezes por

ano ou todo mês ou mais (quase empatados), com superior completo. Pode-se

notar nos gráficos uma quantidade expressiva de clientes com pós-graduação

e MBA (32%, quase o percentual de passageiros com nível superior), e a

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grande maioria deles tem entre 31 a 55 anos (62% do total de passageiros

transportados). Entre os motivos alegados para viagem, o mais assinalado é

lazer. Isso se deve à quantidade de adultos e de crianças e jovens que viajam

pela empresa a lazer. Mesmo assim, os passageiros do perfil “Ponte Aérea”

podem ser considerados como o mais importante pela empresa, seguidos dos

que utilizam rotas de longo curso.

Tendo em vista este quadro, as tarifas passaram a ter atributos de

acordo com o valor pago por elas, além do item milhagem, que não estava

presente no sistema da Gol antes da adoção do programa Smiles. Os

benefícios e as restrições das tarifas seguem algumas orientações: os

benefícios de cada família, acúmulo de milhas, taxas de cancelamento e

reembolso, ida e volta obrigatória e estadia mínima. As famílias do novo

sistema da Gol45 são:

• Confort – A cobrança da diferença tarifária deve ser feita quando

houver remarcação para voos em outros dias, diferentes do

original. Se for na mesma classe de tarifa, não há necessidade de

pagamento. Se for para o mesmo dia, não há pagamento de taxa,

tanto para casos de atecipação quanto para passageiros que

desejam adiar a viagem. Esta tarifa é exclusiva para a classe

Confort, em voos internacionais.

• Smiles Confort – classe exclusiva para milhagem.

45 Treinamento Novas Tarifas Gol. mimeo. s/d.

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• Livre – Definição: com a tarifa Livre, você tem mais milhas e

liberdade para fazer alterações. Permitem o acúmulo de 50% a

mais de milhas Smiles. O cliente tem como benefícios a isenção

de cobrança de multas para alteração, cancelamento e no-show

(quando o passageiro não comparece ao aeroporto para

embarque. Há o cancelamento da reserva para este dia) e não

haverá cobrança na taxa de reembolso e da taxa de antecipação.

A cobrança da diferença tarifária deve ser feita quando for para

voos em outros dias, diferentes do original. Se for na mesma

classe de tarifa, não há necessidade de pagamento.

• Flexível – Definição: é mais flexibilidade com economia para você.

Há cobrança de multas de R$50,00 ou US$ 30,00 para alterações

e cabcelamentos dentro das 24h que antecedem a partida. Além

disso, existe a cobrança de diferença tarifária e cobrança para a

remarcação por no-show.

• Programada – Definição: quem planeja sempre paga menos. A

multa para alteração ou cancelamento é de R$50,00 a US$ 30,00

dentro dos sete dias que antecedem a partida. Na tarifa

Programada, há a cobrança de diferença tarifária e cobrança para

a remarcação por no-show.

• Corporativo – Definição: Somente as agências de viagem com

clientes corporativos terão acesso a essa família.

• Operadora – Restrita às operadoras de turismo parceiras da Gol.

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• Smiles Econômica – classe exclusiva para milhagem.

• Promocional – Definição: promoção e economia são sempre bem-

vindas. Acúmulo de 30% de milhas Smiles, taxa de R$ 80 para

alteração/cancelamento a qualquer momento; taxa de 30% para

reembolso; taxa de R$ 90 por no-show; cobrança de taxa para

alterações.

Quanto ao procedimento milhagem, a acumulação é maior nas famílias

Confort, Livre (150% nas duas), Flexível (125%), Programada (100%) e

Corporativo (100%). As tarifas Corporativo e Operadora mostram que a Gol

quer atender de forma diferenciada estes dois canais. Os clientes perfil “Ponte

Aérea”, normalmente, contam com o serviço de operadoras contratadas pela

empresa em que trabalham para emitir as passagens. E a família Operadora é

interessante para que a companhia aérea torne-se competitiva no segmento

das operadoras de turismo, que fretam aviões da empresa e são grandes

fontes de faturamento, já que o voo saiu com todos os assentos ocupados.

Pode-se observar nas novas estratégias da Gol no site da empresa (que

apresenta para o cliente as novas “famílias” de tarifas), na volta das

passagens com um trecho a R$ 1 (nas rotas em que atua a nova concorrente

no mercado, a Azul Linhas Aéreas), na nova campanha publicitária da empresa

(que inclui outdoors, banners em site com promoções da empresa) e no novo

serviço de bordo. Em todas estas mudanças, vemos que a estratégia da Gol

continua a mesma, que é oferecer um serviço rápido, eficiente e de baixo

custo. A Gol ainda aposta no baixo custo das tarifas para atrair novos clientes

e conta com mais um aliado para trazê-los e retê-los, o programa de

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relacionamento Smiles. Embora haja alguma modificação, esta passa,

principalmente, pelo custo operacional e competitividade por meio de preços, e

não pela diversificação dos serviços. A empresa melhorou os seus pontos

fracos, que são a qualidade e agilidade do atendimento e do serviço, mas

continua, em essência, com a mesma estratégia. E esta passa pelo custo de

operação, com o objetivo de manter os preços das tarifas competitivos.

3.3. TAM Linhas Aéreas

A Táxi Aéreo Marília foi criada em 1961. A equipe era formada por dez

pilotos de monomotores, que faziam o transporte de cargas e de

passageiros entre o Paraná e os Estados de São Paulo e do Mato Grosso. O

empresário Orlando Ometto compra a empresa no ano de 1967, e passa a

transportar, apenas, malotes para os antigos destinos. O comandante Rolim

Amaro entra para a empresa a convite de Ometto, e passa a ser sócio

minoritário, com 33% das ações da companhia. No ano seguinte, Rolim

adquire mais ações e passa a controlar a empresa, com 51% das ações.

Quando ele assume a direção da Táxi Aérea Marília, Rolim muda o perfil da

empresa. É criada a TAM – Transportes Aéreos Regionais, a origem da

TAM Linhas Aéreas, e passa a transportar cargas e pessoas em São Paulo,

Paraná e mato Grosso.

Os primeiros Fokkers chegam na década de 1980, e consolidam a

estratégia do comandante Rolim de transformar a TAM em uma companhia

aérea de vôos regulares por todo o Brasil. Ainda nos destinos regionais, a

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empresa atinge, em 1981, a marca de 1 milhão de passageiros

transportados. Com a aquisição da companhia aérea regional Votec, a

empresa adquire rotas para as regiões Centro-Oeste e Norte do país. A

partir de então, é criada a política de serviços da TAM, com a presença do

comandante na porta da aeronave recepcionando os passageiros e o tapete

vermelho. A aquisição dos Fokker-100, nos anos de 1990, mostram que a

TAM desejava ampliar as suas atividades, e tinha demanda para essa

medida. Sempre pensando na qualidade dos serviços e na ampliação do

número de passageiros, a empresa cria o programa de relacionamento TAM

Fidelidade. O diferencial do programa, quando foi criado, em 1993, era que

não havia limitação de assentos para as passagens gratuitas. Com o

crescimento da empresa, esta regra foi revista, mas somente em 2007,

quando também houve a diminuição dos pontos por viagem. Em 1996, a

TAM passa a cobrir todo o território nacional e adquire a companhia aérea

paraguaia Lapsa, a origem da TAM Mercosur. Assim, a empresa inicia as

suas rotas na América do Sul. Partindo de São Paulo, a TAM Mercosur

oferece rotas para Buenos Aires, Assunção e Cochabamba. Junto com as

companhias Lan Chile e TACA, a TAM lidera a negociação para a aquisição

de 150 aeronaves Airbus, para as três companhias. Esta década marca a

compra o terreno em São Carlos, para a construção do Centro Tecnológica

da TAM. Assim, a companhia poderia fazer a manutenção das próprias

aeronaves. Com a chegada dos primeiros Airbus-330, a TAM faz o primeiro

acordo internacional para transporte de passageiros para destinos

internacionais. O primeiro destino escolhido foi Paris, codeshare com a Air

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France. A empresa também moderniza as suas operações, ao informatizar

o sistema de emissão de bilhetes, com o e-ticket.

No ano de 2001, o comandante Rolim morre em um acidente de

helicóptero, no mesmo ano dos atentados de 11 de setembro, nos Estados

Unidos. Em decorrência dos atentados, o mercado de aviação sofre uma

retração, tanto no Brasil quanto no exterior, havendo a quebra de algumas

companhias estrangeiras. Mas como havia uma demanda reprimida no

mercado da aviação no Brasil, a empresa mostrou que poderia crescer ainda

mais, registrando um crescimento de 31% no mesmo período de crise,

transportando mais de 13 milhões de passageiros, com faturamento de R$ 3

bilhões no ano. 46 Assim, a empresa incorpora mais 15 aeronaves Airbus A

320 e dois Airbus A 330. Em 2202, a TAM alcança a marca de 14 milhões de

passageiros transportados. Inicia-se neste ano, a concorrência entre a Gol e

a TAM, o que acarretou uma diminuição do valor das tarifas e uma maior

concorrências no mercado de aviação. Isto possibilitou que mais brasileiros

tivessem acesso ao transporte de avião entre Estados.

Em vez de ampliar, a TAM prefere consolidar o seu crescimento. Ela

negocia um compartilhamento de assentos de voos da Varig, negociando

uma parte dos assentos na então maior companhia do Brasil para

passageiros da TAM, e lança o e-TAM auto-atendimento, o conhecido

Check-in Fácil, nos moldes do sistema já adotando pela American Airlines.

Todas estas mudanças possibilitaram um lucro de R$ 174 milhões.

46 Institucional TAM Linhas Aéreas. <http://www.tam.com.br/b2c/vgn/v/index.jsp?vgnextoid=aebb8c0583068110VgnVCM1000004232690aRCRD>. Acesso em 10 abril 2009.

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Começa a expansão da companhia em 2004, com a derrocada da Varig.

São criados os voos noturnos, e a TAM investe em rotas internacionais com

frota própria. Os primeiros destinos foram Paris e Miami. A TAM continua

cuidando da qualidade dos serviços, com o oferecimento de uma Nova

Classe Executiva, com poltronas reclináveis em 180o. O número de

frequências para os Estados Unidos passa a 14 e, para a Europa, são 10

voos semanais. Na América do Sul, é inaugurada a rota São Paulo- Santiago

do Chile. E, no Brasil, são fechados acordos com companhias aéreas

regionais, como a Pantanal, Ocean Air, Total, Trip e Pantanal. Em 2004, a

empresa tem o seguinte resultado: 41,17% de market share, participação de

35,79% no setor nacional e de 14,48% no internacional. 47

Assim, a TAM amplia as frequências internacionais: Paris, duas por dia,

Buenos Aires (cinco diárias), Miami (duas por dia) e o lançamento do voo

para Nova York. A TAm Mercosur possibilita que a TAM leve passageiros a

destinos como Montevidéu, Ciudad Del Este, Punta Del Este, Santa Cruz de

La Sierra e Cochabamba. No ano de 2005, ela amplia seu quadro de

colaboradores em 15,4%. Só em 2006 a empresa passa a atingir todas as

capitais do Brasil, com a autorização para operar rotas para Boa Vista

(Roraima) e Rio Branco (Acre). Além disso, adquire rotas diretas de São

Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para capitais do Nordeste e inicia o voo São

Paulo-Manaus.

47 Institucional TAM Linhas Aéreas. <http://www.tam.com.br/b2c/vgn/v/index.jsp?vgnextoid=aebb8c0583068110VgnVCM1000004232690aRCRD>. Acesso em 10 abril 2009.

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A TAM aposta, em 2006, nas rotas internacionais. É inaugurado o vôo

São Paulo - Londres, e são oferecidos os voos Zurique e Genebra, em

codeshare com a Air France. Só neste ano, a companhia alcançou 49,1% de

participação no mercado doméstico e 60, 6% no internacional. A expansão

internacional continua com as novas rotas para Milão e Córdoba e uma

frequência direta Salvador - Paris. Lança mais uma frequência diária para

Paris – desta vez, o voo noturno Rio de Janeiro - Paris - e outra para

Santiago, e estabelece parceria com a TAP (voos para Lisboa), LAN (para

outros destinos na América do Sul), United Airlines (Estados Unidos) e

Lufthansa (Alemanha). É rescindido o acordo com a Swiss. Neste ano de

2007, a TAM amplia as suas rotas internacionais, com os voos para Madrid,

Milão e Frankfurt, a partir de São Paulo. O ano de 2007 também é marcado

pela fusão das operações da TAM Linhas Aéreas com a TAM Mercosur.

Com o crescimento, a companhia encomenda 22 Airbus A350, com data de

entrega entre 2013 e 2018 e de mais dois A330 em 2010 e outros dois, em

2011. A frota seria ampliada ainda mais com a aquisição de quatro Boeings

777-300ER. Assim, ela poderia diminuir a atuação das aeronaves MD-11,

que ainda faziam as rotas internacionais. Já em julho, a TAM registrou

market share em voos domésticos de 50,6% e, nas rotas internacionais, de

64,3%. O crescimento neste último segmento, veio do investimento em

novas aeronaves Airbus e do recuo estratégico da Varig - Gol. O

crescimento no ano de 2007 foi abalado pelo acidente com a aeronave

Airbus A320, voo 3054, que partiu de Porto Alegre para Congonhas, no dia

17 de julho. O avião, com 163 pessoas a bordo, saiu da pista e bateu no

prédio da TAM Express. Mesmo com o acidente e o final do caos aéreo, o

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movimento de passageiros nos aeroportos brasileiros, ainda mais nos hubs,

subiu 12%. No relatório do ano de 2007, a empresa cresceu 14% e atingiu

48,9% no mercado doméstico. 48

Nas rotas internacionais, a TAM apresentou um crescimento de 37,5%

no ano de 2006, para 67,5% no ano de 2007. Um dos motivos do

crescimento no segmento internacional está na maior oferta de assentos,

com a diferença de 85,3%, em comparação com o ano de 2006, em grande

parte pela autorização da segunda frequência diária para Nova York e os

voos diários para Londres, em 2006, e o lançamento dos voos para Caracas,

Córdoba, Milão, Montevidéu, Frankfurt e Madri, em 2007, além da terceira

frequência diária para Paris.

O ano de 2008 marcou a consolidação do crescimento da empresa e o

investimento no segmento internacional. A empresa ampliou os voos a partir

deste hub, com mais uma rota direta Rio de Janeiro-Miami, desta vez, no

horário noturno, e a frequência noturna Rio de Janeiro-Nova York. Foram

autorizadas as rotas Brasília-Buenos Aires, São Paulo-Lima e São Paulo-

Orlando. Foi assinado, ainda, um acordo de codeshare com a Air Canada.

Assim, a TAM, através de acordos, pôde levar seus passageiros a diversas

partes do mundo. A posição da TAM, neste momento, é de consolidar a

liderança, já que sofreu um grande prejuízo em 2008, somando R$ 14,5

bilhões. Entre os motivos, está a alta do barril de petróleo e a retração da

economia. A crise causa uma retração no número de passageiros, que

atinge, mais diretamente, as rotas internacionais, que tem o maior custo. 48 Relatório Anual 2007. Disponível em <http://tam.riweb.com.br/>. Acesso em 10 abril 2009.

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Espera-se que, no ano de 2009, a TAM acabe fazendo corte no quadro de

funcionários de terra, devido à diminuição da demanda para voos

domésticos e internacionais, e reveja a sua estratégia, cancelando algumas

encomendas de aviões da Airbus. O acidente em Congonhas não alterou de

forma significativa a quantidade de passageiros da empresa, até porque a

TAM é considerada a melhor companhia aérea do Brasil, em atendimento e

serviços. Só que a crise está mudando este quadro. A Gol está investindo

na melhoria do atendimento e dos serviços de Comissaria, e a Webjet

cresce, com as aeronaves de menor capacidade e rotas diretas para voos

regionais. A guerra de tarifas já começou novamente, mudando, um pouco, o

perfil que a empresa apresentou em 2008. Em fevereiro de 2009, a empresa

alcançou um market share de 85,1% em rotas internacionais, e 49,5% no

mercado doméstico. As operações para o exterior abrangem vôos diretos

para 18 destinos nos Estados Unidos, Europa e América do Sul: Nova York,

Miami e Orlando (EUA), Paris (França), Londres (Inglaterra), Milão (Itália),

Frankfurt (Alemanha), Madri (Espanha), Buenos Aires e Córdoba

(Argentina), Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), Santiago

(Chile), Assunção e Ciudad del Este (Paraguai), Montevidéu e Punta Del

Este (Uruguai), Caracas (Venezuela) e Lima (Peru). A TAM também assinou

um acordo de codeshare com a empresa britânica BMI, que opera rotas que

saem de Manchester (Inglaterra), para os Estados Unidos e Caribe. A maior

vantagem para a TAM é alcançar outras rotas para as cidades de Aberdeen,

Edinburgh e Glasgow, na Escócia, e a Birmingham e Manchester, na

Inglaterra. Para a BMI, a vantagem estará nas conexões para as cidades

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brasileiras do Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador e Fortaleza,49 além dos

destinos internacionais na América do Sul, Buenos Aires e Córdoba

(Argentina), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai) e Lima (Peru). O acordo,

mais vantajoso para a BMI, em uma primeira fase, facilitaria a inserção da

TAM no mercado internacional. A integração da TAM na Star Alliance está

prevista para 2010.

Pelo balanço para o ano de 2009, a TAM está otimista. As previsões

para o ano apontam uma estimativa de crescimento de 8% no mercado

doméstico e 20% no mercado internacional (em parte, pelas novas rotas e

com os acordos de codeshare), com taxa de ocupação de aeronaves de

cerca de 67%, contra 70% da estimativa anterior, feita no ano passado. Este

ano, a TAM só vai investir em mais uma rota internacional. A saída da

empresa foi a redução de investimentos não-relacionados à frota; redução

de custos e renegociação do hedge de combustíveis. Entre os esforços

prometidos estão a adequação de pessoal e rotas pontuais na alta

temporada e melhoria dos serviços, além do aumento da capacidade das

aeronaves, com a chegada dos Airbus A330 e dos Boeing 777 e de novos A

320 e diminuição das rotas (horas voadas. Neste caso, a TAM pretende

diminuir as rotas para atender as maiores demandas, tendo em vista o

cenário econômico, a exemplo do que fez a Gol). A TAM acredita que tem

como vantagem a redução dos custos nas Unidades de Negócio (TAM

Viagens, TAM Executivo, TAM Linhas Aéreas e TAM Cargo) e a idade da

49 TAM e bmi iniciam acordo de codeshare em voos no Brasil e no Reino Unido . In.: Relação com Invetsidores. Disponível em <http://tam.riweb.com.br/>. Acesso em 10 abril 2009.

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frota, amplamente renovada em 2008 (média de 5,5 anos) e padronizada,

com mais aeronaves da Airbus. 50

3.4 Estratégias

A TAM Linhas Aéreas sempre teve como pilar o serviço diferenciado. Na

empresa, é comum ouvir a máxima de que “o cliente sempre tem razão”. Há,

ainda, a política do “Espírito de Servir”, que prioriza a qualidade do atendimento

e algumas características que todo colaborador da empresa deve possuir. São

elas: Bom Humor, entusiasmo, espírito de Servir, humildade,

participação/envolvimento e apresentação pessoal. Portanto, a característica

da empresa sempre foi a de oferecer serviços diferenciados e, para isso,

investe no treinamento dos colaboradores, na Academia de Serviços TAM. Os

passageiros sempre sairiam encantados de um voo da empresa. A política da

empresa mudou no ano de 2008. A campanha interna Nosso Compromisso

TAM mostrou aos colaboradores a nova missão, visão da empresa e

logomarca. Todas estas medidas visam a entrada da TAM em uma nova fase,

em que se consolida no mercado internacional. Os três eixos da TAM são:

Excelência no Serviço (foco no Espírito de Servir); Excelência Técnico-

Operacional (foco na segurança, qualidade de operação e eficiência técnico-

operacional) ; Excelência na Gestão (foco nas melhores pessoas, mais

motivadas, cultura do alto desempenho, de eficiência e de custos controlados,

processo de orçamento eficaz, elevada utilização de capital, centros de

50 Apresentação de resultados do 4T08, em 31 de março de 2009. Disponível em <http://mrm.comunique-se.com.br/arq/89/arq_89_7130.pdf>. Acesso em 10 abril 2009.

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excelência e conceito de parceiros de negócio). 51 Assim, a empresa espera

atingir a meta de manter a liderança e se manter na posição de maior empresa

aérea do Brasil e da América Latina. Em 2009, a meta não é mais ampliar os

serviços e sim, consolidar o que já existe.

A TAM está ciente de que ainda mantém o perfil de ser uma empresa

voltada às classes A e B, especializada, principalmente, no atendimento a

executivos, que voam regularmente aos destinos Rio de Janeiro, São Paulo e

Belo Horizonte, caracterizados pelo tempo curto de duração das viagens. O

plano da empresa, desde 2007, é trazer os passageiros que viajam a lazer.

Assim, aumentaria a taxa de ocupação dos assentos em horários com menos

demanda. A estratégia adotada pela empresa foi conceder descontos em

promoções, como a X-Promo, e oferecer mais facilidades para o pagamentos

dos bilhetes (pagamento em casas lotéricas, via boletos bancário, débito

automático e financiamento com os Banco Real, Bradesco, Banco do Brasil,

Caixa Econômica e Itaú, além dos cartões de crédito das bandeiras Visa,

Mastercard e American Express, que já eram utilizados anteriormente pelos

passageiros. As passagens podem ser divididas em até 6X, sem juros.

Para reduzir os custos operacionais, a TAM continuou reduzindo a idade

da frota e padronizá-la, ao adquirir novas aeronaves Airbus. Outra medida foi a

inserção dos serviços terceirizados no quadro da companhia (ver site). Ainda

na parte de custo, a empresa ampliou a utilização dos seus ativos tangíveis,

com o aumento da receita de cargas, com a substituição dos Fokker-100 pelos

Airbus, com mais espaço no porão, e ampliando o serviço do Centro de

51 Relatório Anual 2007. Disponível em <http://tam.riweb.com.br/>. Acesso em 11 abril 2009.

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Manutenção de São Carlos, vendendo serviços de manutenção para empresas

de aviação da América do Sul. Além disso, a empresa conta com as 4,5

milhões de adesões ao programa de relacionamento Fidelidade TAM, em que

os passageiros podem resgatar pontos em voos TAM e das companhias

parceiras TAP, Air France, United Airlines, LAN, Air Canada e Lufthansa.

A empresa também investiu na incorporação dos terceirizados, que

atuavam em setores operacionais estratégicos, como rampa e auxiliar de

bagagens. A rampa é responsável pelo carregamento das aeronaves, junto

com o Despacho Técnico e o DOV. Estes fazem o balanceamento das

aeronaves, de acordo com a quantidade de passageiros e o peso que será

transportado com as bagagens. Foram incorporados cerca de 6000

funcionários. A rescisão dos contratos gerou um custo adicional à empresa no

primeiro momento, mas que deve ser sanado a curto prazo, com “a redução da

carga de impostos sobre faturamento do serviço de terceiros, da eliminação da

comissão adicional sobre vendas de passagens e cargas e redução do custo

de comercialização decorrente do aumento de vendas diretas”.52 A empresa

prevê uma economia de R$ 85 milhões com esta medida.

Como ativos intangíveis, a TAM apresenta aos investidores o valor da

marca, avaliada em 2007 em R$ 881 milhões, a regularidade do transporte de

passageiros, cargas e malas postais, em todo o território brasileiro, desde

1996, a Academia de Serviços, com capacidade para atendimento de 750

pessoas por dia, a liderança no mercado brasileiros nos segmentos doméstico

e internacional, a primeira desde julho de 2003 e a segunda, julho de 2006, e

52 Relatório Anual 2007. Disponível em <http://tam.riweb.com.br/>. Acesso em 11 abril 2009.

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as certificações da IOSA (IATA Operacional Safety Audit), o atestado

internacional de segurança operacional, da EASA (European Aviation Safety

Agency), para checagens de aviões e componentes aeronáuticos.53

3.5 Tarifas e segmentação de passageiros

A TAM considera a sua maior vantagem competitiva o serviço

diferenciado. Para isso, investe no treinamento regular dos seus funcionários e

no recrutamento interno para cargos de chefia e liderança. Os funcionários da

empresa têm preferência nos processos seletivos e a incorporação dos

serviços de rampa e auxiliar de bagagem, antes terceirizado, mostra que a

companhia quer levar o seu estilo de treinamento a todos os setores. Todos os

funcionários têm que estar alinhados com o “Espírito de Servir” e com o que a

empresa deseja a eles no atendimento ao passageiro.

Entre as mudanças anunciadas pela empresa no atendimento ao

passageiro, está a nova divisão de tarifas. A TAM dividiu os clientes do

mercado brasileiro de aviação em segmentos. São eles: passageiros em

viagens de negócios e passageiros em viagens de lazer. Os primeiros

valorizam a frequência dos voos, confiabilidade, pontualidade, disponibilidade

de voos diretos, extensão da área servida e diversificação dos serviços. Já os

que viajam a lazer preferem verificar os preços e são mais flexíveis quanto a

horários e disponibilidade de rotas. Assim como acontece na Gol, o maior

público da TAM está no segmento viagens a negócios. De acordo com a

53 Relatório Anual 2007. Disponível em <http://tam.riweb.com.br/> Acesso em 11 abril 2009.

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companhia, estes representam “70% do total da demanda no Brasil para voos

aéreos domésticos”. 54

A TAM também acredita em uma demanda reprimida no mercado de

aviação no Brasil. Muitos passageiros ainda utilizam o transporte rodoviário,

haja vista o valor das passagens aéreas. A empresa investe no segmento

viagens a lazer, nos períodos de menor demanda de passageiros, através de

fretamentos com agências de turismo. Assim, ela garante o lucro e a

quantidade alta de assentos ocupados em cada aeronave, com rotas

exclusivas em horários de menor movimento ou oferecendo assentos em voos

regulares em horários com baixa demanda.

Seguindo a linha do atendimento diferenciado, a TAM mudou o sistema

de tarifas, de forma a beneficiar quem paga mais pela passagem. As vantagens

no preço estão aliadas a benefícios, como fila diferenciada e acesso a Internet.

Não só quem tem mais pontos no cartão fidelidade tem vantagens. Quem paga

mais caro passa a usufruir algumas delas. A estratégia foi implantada com

sucesso, embora esbarre na falta de infraestrutura dos aeroportos brasileiros.

Para um serviço diferenciado, falta uma maior quantidade de locais para check-

in e pontos de conexão wi-fi. Seguir o caminho de empresas como American

Airlines e JAL é difícil, ainda mais quando não se pode comprar espaço nos

aeroportos, com o objetivo de oferecer um tratamento diferenciado, com

tecnologia própria.

54 Relatório Anual 2007. Disponível em http://tam.riweb.com.br/. Acesso em 11 de abril.

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A TAM criou cinco perfis de tarifas: Promo, Light, Flex, Max e Top.55

Cada uma tem uma vantagem. São elas:

• Promo – Definição: Perfeita para quem adora viajar, ainda mais

quando encontra uma ótima promoção. Esta tarifa é a que

apresenta as menores vantagens. A taxa de reembolso fica no

menor valor entre R$ 100 ou 60% do valor da tarifa; a taxa de

remarcação fica no mesmo valor da taxa de reembolso; 20% de

pontos no trecho voado, dentro do Programa Fidelidade; não há

desconto para crianças; visualização parcial do mapa de assentos.

• Light – Definição: uma tarifa para quem pode se programar e quer

viajar com toda a família. A taxa de reembolso fica no menor valor

entre R$ 70 ou 20% no valor da tarifa; a taxa de remarcação fica

no mesmo valor da taxa de reembolso; 25% no desconto para

crianças; 90% de pontos no Programa Fidelidade; franquia de

bagagem de 23kg (peso normal); visualização parcial do mapa de

assentos.

• Flex – Definição: para quem quer viajar com quem mais gosta e

quer flexibilidade para estender a viagem ou mudar de voo. A taxa

de reembolso fica entre o menor valor entre R$ 50 ou 10% do

valor da tarifa; o mesmo vale para a taxa de remarcação; 100% de

55 Informações. Novas Tarifas. Disponível em <http://www.tam.com.br/b2c/vgn/v/index.jsp?vgnextoid=d14a8c0583068110VgnVCM1000004232690aRCRD>. Acesso em 11 abril 2009.

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pontos no Programa Fidelidade; 35% de desconto para crianças,

entre dois anos e 12 anos incompletos; franquia de bagagem de

23kg +10kg; visualização parcial do mapa de assentos.

• Max – Definição: para você que não tem hora certa para viajar e

não pode ser programar com antecedência. A taxa de reembolso

fica entre o menor valor entre R$ 30 ou 50% do valor da tarifa; o

mesmo vale para a taxa de reembolso; 40% de descontos para

crianças entre dois anos e 12 anos incompletos; 120% de pontos

no Programa Fidelidade; franquia de bagagem de 23kg + 10kg;

acesso a Internet no aeroporto; visualização total do mapa de

assentos.

• Top – Definição: ideal para quem tem compromissos inadiáveis e

pode precisar viajar a qualquer momento e com o máximo de

facilidade. Não possui taxa de reembolso e remarcação; 50% de

desconto para crianças entre dois anos e 12 anos incompletos;

150% de pontos no Programa Fidelidade; prioridade no check-in,

embarque e entrega de bagagem; franquia de bagagem de 23kg

+20kg; acesso a Internet no aeroporto; visualização total do mapa

de assentos.

A TAM também oferece serviços diferenciados a passageiros que pagam

mais pelo bilhete, de forma a agregar valor aos seus serviços. Entre eles, estão

o serviço de transporte do aeroporto para o hotel, escritório ou casa para

passageiros de classe executiva que viajam para o exterior e aluguel de

telefone grátis, solicitação de comissários fluentes em outro idioma (inglês,

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espanhol, francês, italiano, alemão ou japonês). Para passageiros de voos

domésticos e internacionais, carrinho de bebê no tanto no embarque como no

desembarque e atendimento espacial no aeroporto sem custo adicional. A

empresa investe em mais inovações este ano, como o serviço de telefonia a

bordo e o Festival de Massas TAM, exclusivos para os voos Ponte Aérea –

destinos Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre e

Curitiba, entre 11h31 às 14h30. 56

Mesmo seguindo a estratégia de diversificação, a TAM investe em

promoções periódicas, tendo em vista as estratégias das concorrentes. A

última concede descontos em passagens para destinos operados pela nova

concorrente no mercado, a Azul Linhas Aéreas, de até 95%. O programa de

relacionamento TAM Fidelidade oferece promoções constantes. Nos 15 anos

do programa, a empresa oferece pontos em dobra para quem voar os Estados

Unidos ou Lima, as freqüências que geram menos lucros, devido à

concorrência com a American Airlines e com a Gol e LAN, respectivamente.

Embora a empresa tenha investido em promoções, ela diminuiu a quantidade

de pontos adquiridos por trecho voado e foi acrescentado o valor de R$ 30

quando o cliente solicitar o resgate de pontos por meio do call center. Esta

medida deve estimular a utilização do site da empresa, com o objetivo de

reduzir custos.

O serviço de diversificação de tarifas da TAM sofre algumas restrições,

tendo em vista a falta de infraestrutura nos aeroportos brasileiros. O serviço de

56 Festival de massas TAM. Disponível em <http://www.tam.com.br/b2c/vgn/v/?vgnextoid=6629ea34d6eff110VgnVCM1000009508020aRCRD&vgnextchannel=a8988c0583068110VgnVCM1000004232690aRCRD>. Acesso em 11 abril 2009.

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acesso a Internet no aeroporto fica restrito aos aeroportos operados pelo

sistema Wi-Fi da Telefônica. São eles: São Paulo (Congonhas e Guarulhos),

Campinas (Viracopos), Brasília, Belo Horizonte (Pampulha) e Curitiba. Além de

que o embarque, desembarque e preferência na chegada das bagagens

depende de um serviço diferenciado de etiquetas no check-in, que já está

sendo feito, e a um trabalho na rampa, como é feito com os clientes do cartão

fidelidade vermelho (classe mais alta do programa. Estes clientes viajam

constantemente. Por isso, possuem mais milhas no período de um ano,

estipulado pela empresa como o prazo de validade dos pontos resgatados).

Portanto, este modelo de ofertas segue a segmentação feita pela companhia,

de acordo com o valor dos bilhetes pagos e com a divisão entre viagens a

negócio e viagens a lazer.

Para evitar abusos por parte dos passageiros, a franquia de bagagem

não é acumulativa com a do Programa Fidelidade. O passageiro tem que

escolher entre as vantagens na compra da passagem ou os benefícios

adquiridos com o cartão fidelidade. Esta divisão leva, ainda, a que um

passageiro que tenha poucas milhas possa comprar uma passagem na tarifa

Max e usufrua das suas vantagens, e um cliente com cartão fidelidade

vermelho pode comprar um bilhete na tarifa Promo e usufrua os benefícios da

sua pontuação no programa de relacionamento. De qualquer forma, mesmo

utilizando uma passagem na tarifa Promo, este passageiro viaja mais vezes por

ano e, por isso, tem direito às suas vantagens. Das duas formas, a empresa

estará lucrando, com o passageiro que viaja constantemente e tem mais

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pontuações (maior compra de passagens por ano), e com o passageiro que

viaja pouco e utiliza uma tarifa mais cara para ter acesso às vantagens.

CONCLUSÃO

Nas estratégias de Marketing, o foco no cliente é irreversível. As

empresas mudaram e os clientes estão cada vez mais exigentes e cientes de

seus direitos. Observa-se uma mudança muito grande na sociedade brasileira

desde meados da década de 1990, quando houve a estabilidade da moeda e

da inflação. Assim, muitas pessoas que estavam na classe D, passaram a ter

um maior poder de compra, passando para a classe C. Mesmo com a redução

do poder aquisitivo - já que o aumento do salário mínimo não acompanha o

aumento dos impostos e as tribulações de um mercado global e, ao mesmo

tempo local – muitos brasileiros passaram a ter um maior poder de compra e

mais acesso à Educação. Portanto, o cliente, consciente de seus direitos,

previstos pelo Código de Defesa do Consumidor, e sabendo o que pode

esperar do serviço que utiliza ou do produto que adquire e consome, está mais

exigente na hora de escolher o que o produto ou serviço que precisa.

Assim, satisfazer o cliente passou a ser vital para a empresa que deseja

crescer no mercado e manter uma imagem positiva. A fidelização tão

procurada pelo mercado de serviços pode ser alcançada quando a empresa se

antecipa às necessidades e desejos de seu mercado-alvo. Para que uma

companhia do setor de serviços, em que a concorrência é grande, alcance o

seu objetivo, precisa conhecer seus clientes, o que eles desejam, os seus

hábitos. Ou seja, mais do que uma perfil econômico, o Departamento de

Marketing precisa de um perfil psicográfico dos clientes, para que alcance o

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sue objetivo de se diferenciar dos concorrentes. Para conseguir este objetivo,

as empresas traçam perfis de clientes e procuram atender às suas

necessidades, diversificando o seu portfólio de produtos e/ou serviços.

No caso das companhias aéreas, a diversificação de serviços é um

pouco limitada, porque a linha de frente é importante, mas este atendimento

não pode atrapalhar o trabalho da retaguarda. O setor operacional tem muita

importância, já que uma das qualidades mais notadas pelo passageiro é a

pontualidade e a regularidade dos vôos.

As companhias analisadas têm perfis diferentes. A TAM Linhas Aéreas

quer oferecer um serviço superior, cada vez mais diferenciado, e a Gol Linhas

Aéreas Inteligentes segue o perfil low cost, low fare, de baixas tarifas,

compensada pelo fraco serviço de bordo. No mercado brasileiro, a TAM saiu na

frente, mas a Gol aparece como um concorrente forte. Nesta disputa pelo

mercado brasileiro, as duas empresas, mesmo de perfis diferentes, se

enfrentam em busca de cada passageiro de vôos nacionais. A solução da Gol

para o crescimento no mercado brasileiro foi a manutenção da precificação

como estratégia principal, embora tenha criado uma certa diferenciação nas

tarifas. Foram criadas as Famílias de Tarifas, com os segmentos de

passageiros que acredita serem importantes para o seu negócio. Além desta

novidade, a Gol criou o Cartão Voe Gol, em que o cliente pode dividir o valor do

bilhete em até 36 vezes, mediante pagamento por boleto bancário. As duas

estratégias não fogem do perfil da empresa, de oferecer bons serviços a baixo

custo.

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A TAM também apostou na diferenciação, com os perfis de tarifas. A

empresa, além de apontar as vantagens nas tarifas, oferece vantagens em

terra para quem pagar mais pelo bilhete. O atendimento está cada vez mais

customizado, individualizado, só que esbarra na infraestrutura dos aeroportos.

A empresa aposta em promoções, mas em períodos espaçados.

O estudo do setor de tarifas das duas empresas aéreas e sua

diferenciação em perfis mostra que o estudo dos públicos é fundamental para

uma empresa, mesmo que, nos casos estudados, só um público foi

relacionado, o passageiro. Para chegar aos perfis, as empresas investiram em

pesquisas e estudos para saber o que este cliente espera, o que ele consome,

gosta e não gosta, pensa do seu serviço. Este trabalho foi além de uma

pesquisa sobre poder aquisitivo, para saber em que classe o cliente se

encaixa, qual é o seu poder aquisitivo, o quanto ele pensa em gastar com uma

viagem. E as Relações Públicas mostram, neste caso, a sua importância para o

Marketing.

O conceito de público é muito importante para as Relações Públicas e

seu planejamento de Comunicação, que deve ser, acima de tudo, integrado

aos outros setores da empresa. O Marketing do século XXI, em que os serviços

estão cada vez mais diferenciados, customizados, individualizados, vê esta

importância, de conhecer profundamente seus clientes para se antecipar ao

que ele deseja. Mas que estas novas estratégias mercadológicas não fujam da

identidade da empresa, para que a imagem seja percebida pelo cliente de

forma positiva.

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No caso dos perfis de passageiros, o público cliente é segmentado, para

que as melhores soluções sejam encontradas para cada um. Pode-se perceber

uma importância cada vez maior ao público cliente e suas necessidades, para

que seja criada uma estratégia realmente eficaz e que leve a custos de troca

eficientes. É difícil alcançar a fidelização, mas investir no conhecimento dos

segmentos de passageiros pode ajudar a trazer novos clientes e reter os

antigos. Portanto, os conceitos de público aparecem não só em Relações

Públicas e a profissão ganha importância perante o Marketing, contribuindo

para um estudo cada vez mais eficiente sobre o cliente.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

RESUMO 4

METODOLOGIA 5

SUMÁRIO 6

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO 1

1.1 O estudo do conceito de público. Sua importância e modalidades. 10

1.2 Conceitos de público 17

1.3 O Público e o Marketing 22

CAPÍTULO 2

2.1 Marketing de Serviços 30

2.2 Linhas de Frente e de Retaguarda (Front Office e Back Office) 33

2.3 Características dos serviços e competitividade 34

2.4 Companhias aéreas 38

CAPÍTULO 3

3.1 Gol Linhas Aéreas Inteligentes 41

3.2 Tarifas 49

3.3 TAM Linhas Aéreas 52

3.4 Estratégias 60

3.5 Tarifas e segmentação de passageiros 63

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CONCLUSÃO 69

BIBLIOGRAFIA 72

ÍNDICE

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