universidade candido mendes - mba presencial e distância · da escola? (lerner, 2002, p. 75 e 76)....

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E “A LEITURA COM PRAZER – CONTRIBUIÇÃO DOS EDUCADORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL”. MARIA AMÉLIA ROSA NOVAES ORIENTADORA: PROFESSORA PRICILA BARCELLOS RECIFE OUTUBRO / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E “A LEITURA COM PRAZER – CONTRIBUIÇÃO DOS EDUCADORES DAS SÉRIES

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL”.

MARIA AMÉLIA ROSA NOVAES

ORIENTADORA:

PROFESSORA PRICILA BARCELLOS

RECIFE

OUTUBRO / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E “A LEITURA COM

PRAZER – CONTRIBUIÇÃO DOS EDUCADORES DAS SÉRIES

INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL”.

MARIA AMÉLIA ROSA NOVAES

Trabalho monográfico apresentado como

Requisito parcial para obtenção do Grau de

Especialista em Psicopedagogia.

RECIFE

OUTUBRO / 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM E “A LEITURA COM PRAZER – CONTRIBUIÇÃO DOS EDUCADORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL”.

MARIA AMÉLIA ROSA NOVAES

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Ao meu pai, Salvador de Sá Rosa,

Pelo exemplo de homem digno e honesto.

Pela responsabilidade e atenção dedicadas a

nossa família, seu orgulho maior.

Pelo que é, homem de origem simples, com

pouco e muito saber, pelo que soube construir

ao longo de sua trajetória de vida.

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AGRADECIMENTOS

A minha irmã Maria Dilza de Souza Rosa

Quirino, por seu apoio e exemplo de força.

A minha querida mãe, pelo seu amor

incondicional, que me reanima e me encoraja a

continuar sempre melhorando como pessoa.

Aos meus amigos Alexandra Sturiale e Tarcísio

Vasconcelos, por não me deixar desistir.

Aos colegas educadores,

Que apesar de todas as dificuldades, exercem

com compromisso a prazerosa missão de abrir

caminhos às gerações.

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Formação dos Professores..........................................................24

GRÁFICO 2 – Graduação dos Professores........................................................25

GRÁFICO 3 – Especialização dos Professores..................................................26

GRÁFICO 4 – Área de Atuação dos Professores...............................................27 GRÁFICO 5 - Hábito da Leitura...........................................................................28 GRÁFICO 6 - Motivos que Fazem os Alunos Lerem com Mais Eficácia.............29 GRÁFICO 7 – Capacitação de Incentivo ao Prazer de Ler.................................30 GRÁFICO 8 – Existência de um Projeto de Estímulo à Leitura..........................31

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................................01

1 EVOLUÇÃO DA LEITURA...............................................................................05

1.1 Histórico da leitura......................................................................................05

1.2 Métodos da leitura.......................................................................................07

2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA – LER PRA QUÊ?.......................................10

2.1 Ninguém nasce sabendo.............................................................................12

2.2 LEITURA – fantasia, alegria e prazer.........................................................14

3 ERROS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM....................................16

3.1 Sabotando a leitura......................................................................................17

3.2 Maus usos da avaliação no processo de leitura.......................................19

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS.......................................................................22

4.1 Metodologia da pesquisa............................................................................22

4.1.1 A Escola.....................................................................................................23

4.2 Analise das respostas dos questionários.................................................24

4.3 Constatação das hipóteses na pesquisa..................................................31

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...................................................................36

APÊNDICE..........................................................................................................39

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RESUMO

Este trabalho monográfico visa demonstrar que a leitura pode ser vivenciada de forma prazerosa, refletindo positivamente no processo ensino-aprendizagem. A leitura foi estudada desde o início da colonização do Brasil até os dias atuais. Abordou-se o tema – Ler por prazer - de maneira sistêmica, pesquisando os métodos da leitura, a importância da mesma e os erros no processo ensino-aprendizagem. O estudo tem como apoio a análise das respostas das professoras envolvidas na pesquisa. A metodologia aplicada para se chegar aos resultados foi à pesquisa bibliográfica e questionário. A análise realizada das respostas obtidas aponta que a primeira hipótese não foi confirmada, pois sugeria que o próprio professor não tem o hábito de leitura, contudo, a maioria das professoras que participaram da pesquisa disse ter o hábito de ler diariamente. Já segunda hipótese que questionava a falta incentivo por parte dos pais e professores, não foi confirmada totalmente, pois uma das quatro professoras pesquisadas assinalou o item que corrobora a hipótese em questão. A terceira hipótese argüia a ausência de projetos que estimulem o educando a praticar a leitura de forma prazerosa, porém a mesma não foi confirmada, pois no campo de pesquisa, que foi a unidade escolar, todos os professores pesquisados assinalaram que a escola tinha sim projetos de estimulo à leitura. O que denota que a escola está caminhando em busca de práticas de leitura que despertem o prazer e a construção do saber e da cidadania.

Palavras-chave: leitura, ler por prazer, fazer pedagógico.

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é o “prazer pela leitura”. A questão central deste

trabalho é verificar por que a leitura desenvolvida na escola não cria no aluno o

prazer de ler; e ao mesmo tempo buscar alternativas para sanar tal dificuldade.

O que sugerimos é de fundamental importância para problematização

do estudo, questionamos a razão da leitura ser transmitida ao aluno de forma

mecânica, como uma cobrança de ler por ler, sem pretensões de criar hábitos

pelo prazer.

Oportunamente devemos frisar que o professor é vítima de um

sistema de ensino arcaico, temente a mudanças no seu meio. Delia Lerner

(2002) questiona muito bem isso em sua fala:

Por que a leitura tão útil na vida real para cumprir diversos propósitos – ‘aparece na escola como uma atividade gratuita, cujo único objetivo é aprender a ler? Por que se ensina uma única maneira de ler – linearmente, palavra por palavra, desde a primeira até a última que se encontra no texto -, se os leitores, usam modalidades diversas em função do objetivo que se propuseram?

(...) Por que se enfatiza tanto a leitura oral – que não é muito freqüente em outros contextos – e tão pouco a leitura para si mesmo? Por que se usam textos específicos para ensinar, diferentes dos que se lêem fora da escola? (LERNER, 2002, p. 75 e 76).

Por outro lado, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais: “As

pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de

suas vidas melhora com a leitura.” (BRASIL, 1999, p. 36).

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Para tanto é necessário despertar determinados interesses e

curiosidades por parte do aluno, para que sinta atrativo e vá ao encontro do livro,

buscando respostas para seus anseios e dificuldades, aliando-se a leitura como

algo estruturador em suas bases para edificar um futuro melhor, encontrando

nos livros, nas leituras, respostas significativas para sua vivência dentro e fora

da escola.

A alfabetização e o letramento não são processos sucessivos. A

alfabetização designa o processo de ensino-aprendizagem do sistema de

escrita, assegurado pelo domínio do princípio alfabético e pelas principais

correspondências entre sons e letras. Já o letramento refere-se às práticas

sociais de leitura e escrita. De acordo com Magda Soares (1997):

(...)não basta saber ler e escrever, é preciso saber fazer uso do ler e escrever, saber responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente (SOARES, 1997, p. 45).

Em contra partida, percebe-se que os alunos das classes

desfavorecidas ainda dependem da escola pra ter acesso a livros, revista e

outros materiais impressos. Por tanto, para o nosso leitor em estudo, cabe,

perfeitamente bem as palavras da escritora Ruth Rocha, quando em entrevista à

revista” Leitora: Teoria e prática” (1994).

(...) a escola é às vezes, a única oportunidade que as crianças têm de

entrarem em contato com a leitura. Se a gente contar o número

absoluto de crianças que lêem ou que tiveram acesso a leitura, vai ver

que um grande número teve acesso à leitura através da escola

(REVISTA LEITORA: TEORIA E PRÁTICA, – MAIO/JUNHO, 1994, p.

37).

Apesar da difícil realidade do ensino público, segundo Rubens Alves,

“Ler pode ser fonte de alegria” (2000 p. 49) Isso aconteceria se a leitura fosse

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trabalhada de forma mais dinâmica, divertida, significativa e diferenciada para

todos, ela seria algo prazeroso, que proporcionaria alegria. É por tanto, em

busca dessa transformação, que estamos desenvolvendo esse estudo.

O objetivo geral da pesquisa é analisar os recursos empregados pelos

psicopedagogos, direcionados para o “uso da leitura com prazer”, visando

reconhecer e buscar remover obstáculos que impedem a criança de se apropriar

de forma autônoma e competente da leitura.

Sendo assim, para a construção do estudo, existiam três objetivos

específicos: 1- Analisar as relações estabelecidas entre discente e docente no

processo de aquisição da leitura; 2- Identificar as razões pelas quais os

educandos leitores sentem-se estimulados ou não pela leitura; 3 - Verificar as

dificuldades e ou facilidades que levam os alunos a serem leitores assíduos.

Dentre as hipóteses estudadas durante a pesquisa, destacam-se: 1ª -

O próprio professor não tem o hábito de leitura; 2ª - Falta incentivo por parte dos

pais e professores; 3ª - Ausência de projetos que estimulem o educando a

praticar a leitura de forma prazerosa.

É importante salientar que a escolha do tema relacionado ao prazer

de ler, foi em razão da necessidade de mudanças no processo ensino-

aprendizagem de leitura. Pois é preciso criar mecanismos para que ela seja

autônoma e competente, fazendo com que aluno se torne um leitor assíduo,

refletindo significativamente no seu papel de cidadão.

Esta monografia apresenta cinco capítulos, além da introdução,

estruturados da seguinte forma: o primeiro aborda a evolução da leitura e seus

métodos, dando ênfase ao seu desenvolvimento no Brasil, tendo como

influências os acontecimentos mundiais. Com essa abordagem, é possível

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vislumbrar a importância do processo ensino-aprendizagem para

desenvolvimento político, social e econômico do nosso país.

No segundo capítulo o foco é a utilidade da leitura na vida,

destacando a importância de despertar o interesse do aluno através de

procedimentos pedagógicos adequados e ressaltando o valor da fantasia, da

alegria e do prazer no processo de aquisição da leitura.

O terceiro capítulo expõe os erros cometidos no processo ensino-

aprendizagem, as falhas que muitas vezes sabotam a leitura e os maus usos da

avaliação.

O quarto capítulo expressa os resultados da pesquisa e a

interpretação dos dados, utilizando como base a metodologia citada

anteriormente.

Para finalizar, o último capítulo apresenta as considerações finais da

pesquisa, bem como, caminhos para que o ato de ler seja vivenciado como uma

atividade simples e prazerosa, que os professores a utilizem em diferentes

práticas escolares, fazendo da leitura uma atividade fundamental à formação de

leitores proficientes e críticos.

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1 EVOLUÇÃO DA LEITURA

Durante muito tempo a leitura foi privilégio dos senhores, sendo um

forte elemento caracterizador das diferenças sociais. Uma pequena minoria,

detentora do poder e do saber, se impunha a grande maioria, que tinha seus

direitos usurpados.

A leitura teve uma evolução marcada por mudanças políticas, sociais

e econômicas no contexto do Brasil e do mundo. A sua origem colonial e

condição de país dominado ou dependente tiveram significativos reflexos na

educação, pois esta era baseada numa relação de exploração e subjugação.

Além das poucas oportunidades de leitura e da precariedade do

ensino, outro fator determinante, que dificultava o domínio do saber, era o tempo

limitado por horas de trabalho exaustivo.

Para um bom entendimento do processo de leitura faz-se necessário

compreender o contexto em que ela vem sendo desenvolvida, assim sendo,

iremos fazer uma abordagem mais detalhada do histórico da leitura no item 1.1

e, no item 1.2, falaremos sobre os métodos de leitura vivenciados na prática

escolar.

1.1 Histórico da leitura

Ainda na primeira metade do século XIX, poucos livros existiam, por

tanto eram utilizados nas escolas textos autobiografados, cartas, relatos de

viagem, o código criminal, a bíblia e até mesmo a primeira constituição do império,

de 1827, que era específica sobre a instrução pública (BASTOS, 1982).

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No período da colonização, praticamente não havia escolas primarias e

o ensino era feito nos engenhos e fazendas, quase sempre, por padres e

capelões. As oportunidades de educação eram parcas e preconceituosas, pois

excluíam os escravos, e as mulheres tinham acesso apenas a uma educação

geral, voltada para as atividades domésticas (BASTOS, 1982).

As muitas mudanças nas relações sociais, econômicas e culturais, bem

como a vinda da família Real para o Brasil, fizeram com que houvesse a

necessidade de uma mudança no processo educacional, pois a mão de obra

precisava ser capacitada para atender a nova demanda (SILVA, 1986).

Durante o período em que a família real esteve no Brasil, o príncipe viu-

se obrigado a montar um aparato estatal, como: universidades de medicina, em

Salvador e de engenharia, no Rio de Janeiro, Biblioteca Nacional e a Impressa

Régia (REVISTA NOVA ESCOLA – NASCIMENTO DO BRASIL, 2008).

A Revolução industrial da Inglaterra iniciou-se no século XVIII

expandindo-se para o mundo a partir do século XIX. As mudanças no

desenvolvimento econômico do mundo exigiram profundas mudanças sociais e

ideológicas. Pois, a mesma acarretou no liberalismo econômico, na acumulação

de capital e numa serie de invenções, como por exemplo, o motor a vapor. O

capitalismo passou a ser o sistema econômico vigente (SILVA, 1986).

O desenvolvimento industrial no Brasil foi tardio e lento devido ao fato

do país não ter trabalhadores livres e assalariados para construírem a base do

mercado consumidor. Além disso, as elites enriquecidas pelo café, ainda não

estavam dispostas a investir na indústria. Mas é inegável que o processo de

industrialização trouxe mudanças significativas e que essas refletiram

profundamente na educação. Pois, com o aumento da produtividade a indústria

exigia trabalhadores cada vez mais qualificados (SILVA, 1986).

1.2 Métodos da leitura

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De acordo com Russo (1996), são três os métodos de leitura:

analítico, sintético e analítico-sintético ou misto. Assim sendo, define o método

sintético como uma técnica que parte das partes para o todo, do desconhecido

para o conhecido. Os nomes e os traçados de todas as letras são ensinados de

forma isolada, sem o aluno saber o que eram e nem para que servem.

Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o alfabético,

o fônico e o silábico.

Alfabético - O estudante aprende inicialmente as letras, depois forma

as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois,

formar as palavras que constroem o texto.

Fônico ou fonético - O aluno parte do som das letras, unindo o som

da consoante com o som da vogal, pronunciando a sílaba formada.

Silábico ou silabação - O estudante aprende primeiro as sílabas

para formar as palavras.

Muito pertinentes as palavras de Marlene Carvalho (2005) sobre a

silabação:

Embora pareça anacrônico, método sintético de silabação ainda continua em uso tanto nas cidades quanto no interior, talvez porque do ponto de vista do adulto pareça fácil de aplicar. No entanto, nem todos os alunos, sejam jovens ou crianças, se mostrem capazes de entender o mecanismo da combinatória das sílabas. A meu ver, o método tem os mesmos defeitos da soletração: ênfase excessiva nos mecanismos de codificação e decodificação, apelo excessivo à memória e não à compreensão, pouca capacidade de motivar os alunos para a leitura e a escrita (CARVALHO, 2005, p. 23).

As cartilhas representam bem o método sintético, pois funcionam

como roteiro para alunos e professores, apresentando um fonema e seu

grafema correspondente, evitando confusões auditivas e visuais.

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No método sintético a leitura é feita de forma mecânica, através da

decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura com compreensão.

Portanto, é tido pelos críticos como mais cansativo e enfadonho para as

crianças, pois é baseado apenas na repetição e é fora da realidade da criança,

que não cria nada, apenas age sem autonomia.

Já o método analítico, conforme Emilia Ferreiro (1999) parte de

unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores.

Sendo a leitura é um ato global e audiovisual.

Os métodos analíticos podem ser divididos em três tipos: palavração,

sentenciação e global.

Palavração – Parte da palavra, do contato com vários vocabulários

em uma seqüência que engloba todos os sons e, depois da aquisição

de um certo número de palavras, inicia-se a formação das frases.

Sentenciação - Parte da frase, que dividida em palavras, de onde são

retirados os elementos mais simples: as sílabas.

Global – É composta por várias unidades de leitura que tem começo,

meio e fim, sendo ligadas por frases sem sentido para criança. O

método também é conhecido por Conto e estória, e recebe críticas

pelo fato da criança acabar decorando as sentenças.

De acordo com Batista (2006):

Apesar de procurarem situar a relação grafema/fonema em unidades de sentido, como palavras, sentenças e textos, os métodos analíticos tendem a se valer de frases e textos artificialmente curtos e repetitivos para favorecer a estratégia de memorização, considerada fundamental (BATISTA, 2006, p.12).

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Tanto o método sintético, como o analítico, apresentaram falhas e

receberam críticas, e foi por essa razão, segundo Marlene Carvalho (2005), que

tentou-se combinar as duas teorias, surgindo assim o método analítico-sintético

ou misto, que valorizava a compreensão do texto desde do início da

alfabetização, bem como, as relações entre letras e sons.

2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA – LER PRA QUÊ?

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É preciso que haja um sentido no ato de ler, como: a busca para a

resposta de um problema, o interesse de se saber mais informações para

compreender melhor algum aspecto do mundo que é objeto de sua

preocupação, para compreender outros modos de vida, diferenciar-se ou

identificar-se com outros autores e personagens, viver outras aventuras. De

acordo com Marlene Carvalho (2005):

Atividades de leitura bem selecionadas mostram aos alunos que eles se alfabetizam para aprender, para divertir-se, e para fins práticos, como ler um cartaz, um aviso (CARVALHO - 2005, p. 67).

Ler com autonomia e proficiência é um requisito básico na formação

de qualquer estudante. Mas o simples acesso a materiais impressos não garante

que as crianças cheguem lá. Pra isso, é preciso utilizar estratégias e

comportamentos diferentes para cada atividade proposta, afinal a leitura de uma

notícia jornalística é bem diferente da de um romance.

A avaliação e o planejamento de atividades significativas e

diversificadas de leitura fazem o diferencial. O professor precisa conhecer as

dificuldades referentes ao processo de leitura dos alunos, para assim,

reorganização do seu fazer pedagógico objetivando um maior desenvolvimento

por parte dos alunos.

Quando se lê por prazer, é bom compartilhar idéias e opiniões e

relacioná-las a leitura de experiências anteriores, todavia ao se utilizar um

manual de instrução ou uma receita culinária, é para usá-los na prática.

A produção escrita que se encontra disponível não é um produto

isolado, não ocorre no vazio, mas é resultante da integração de um complexo

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mundo sócio-econômico, que, segundo Josette Jolibert, citada por Regina Braga

(2002):

Escritos complexos, padronizados, característicos de uma sociedade e de uma época determinadas e em geral constituídos por muitos textos diferentes: jornais, revistas, livros, catálogos, dicionários, disquetes de informática, etc. (...) indícios do contexto textual e contexto de situação, são indispensáveis à compreensão dos escritos. (...) A observação e a análise desses índices devem ser incorporadas à leitura para que o aluno-leitor "enxergue" que a produção escrita é uma atividade comunicativa, dotada de uma função social, realizada em uma determinada situação, que abrange tanto o conjunto de enunciados que lhe deu origem quanto as condições em que foi produzido (BRAGA, 2002, p. 25).

Por tanto é importante trabalhar não apenas a leitura, mas todas as

leituras que se apresentam no nosso cotidiano, como textos para buscar

informações práticas, satisfazer curiosidades, informar-se sobre o que acontece

no mundo, divertir-se, aprender, relacionar-se com pessoas, fazer amigos.

É importante que a escoa crie iniciativas para propiciar aos alunos o

contato com variados gêneros textuais. Sendo necessário ações, como por

exemplo: permitir que os alunos levem os livros da biblioteca ou sala de leitura

para casa e compartilhem a experiência com os pais e amigos. Segundo Zélia

Cavalcanti (1996):

Em todos os níveis de escolaridades deve haver tempo e espaço programados para ler por ler, ler para si mesmo, sem outra finalidade que a de sentir o prazer de ler. Fomentar o prazer da leitura não é algo independente de ensinar a ler (CAVALCANTI,1996, p.54).

Cabe, por tanto aos diretores e professores envolverem toda a

comunidade escolar em atividades de incentivo à leitura, visando estimular os

estudantes a encontrarem mais prazer em ler.

2.1 Ninguém nasce sabendo

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Rubem Alves (2000) diz que a escola insiste em estragar a leitura.

Que ela deve ser “uma coisa solta, vagabunda, sem relatórios” e que o professor

deve, antes de tudo, seduzir. E por que a necessidade de sedução? Porque

ninguém nasce gostando de ler. O gosto pela leitura é despertado em nós por

alguém, conforme verfificado abaixo:

Educar é mostrar a vida quem ainda não a viu O educador diz: “Veja!” - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente... E ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria – que é a razão pela qual vivemos (ALVES, 2000, p. 59 ).

Pode-se perceber que o ato de ler ultrapassa os limites da sala de

aula, e, por isso, a Escola precisa estar pronta para estabelecer práticas de

leitura que proporcionam ao aluno condições de tornar-se um individuo que

busque a organização de uma sociedade mais democrática e justa, sem perder

de vista o prazer de ler.

A leitura deve ser um momento de intimidade entre o leitor e o livro,

que deve ser respeitado. O professor deve ter o cuidado para não ser autoritário,

impondo um modelo único de leitor, no qual eles devem se enquadrar. Ele

precisa ter a sensibilidade para notar naquele dia, por exemplo, que o aluno não

quer ler e forçá-lo a isso não contribuirá na formação do gosto pela leitura. Cabe

ao professor o papel de observador perspicaz e dedicado, pronto para corrigir

possíveis desvios do objetivo proposto.

A tarefa do professor é levar pra sala de aula textos completos, ricos,

que sejam atraentes e diversificados, vindo ao encontro das expectativas de

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seus alunos. Também é necessário lembrar as preferências individuais de cada

um.

O professor que gosta de ler transmitirá aos seus alunos o prazer que

sente ao foliar as páginas de um livro e com seu exemplo estará despertando o

interesse das crianças. De acordo com Delia Lerner (2002):

Ao adotar em classe a posição de leitor, o professor criou uma ficção: procede “como se” a situação não acontecesse na escola, “como se” a leitura estivesse orientada por um propósito não-didático – compartilhar com outros um poema que o emocionou ou uma notícia jornalística que o surpreendeu, por exemplo. Seu propósito é no entanto, claramente didático: o que se pretende com essa representação é comunicar a seus alunos certos traços fundamentais do comportamento leitor (LERNER, 2002, p. 95).

Para que uma criança tenha interesse pela leitura é necessário que

ela entenda que não é uma obrigação e sim uma satisfação. O interesse surge

antes mesmo de ingressar na escola, pois a criança tem curiosidade por tudo

que a cerca. A mesma, deve ser vista como uma atividade prazerosa e não

como algo que lhe seja doloroso.

A família, que lê para a criança histórias, contos, poesias, ou revistas

de seu interesse, incentiva o hábito e a simpatia pela leitura. Mas sabemos que

isso é complicado, pois muitos pais não possuem o hábito de ler e, na maioria

das vezes, nem o sabem.

São condições favoráveis para despertar o gosto pela leitura: a

biblioteca ou sala de leitura, para que sejam colocados a disposição dos alunos

textos de gêneros variados, materiais de consulta nas diversas áreas de

conhecimento, revistas, entre outros; um acervo de livro e outros materiais de

leitura nas salas de aula, momentos de leitura livre, favorecendo a troca de

experiência que a atividade merece. O professor deve permitir que o aluno

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escolha as suas leituras. É de fundamental importância envolver toda a

comunidade escolar nesse processo de formação de leitores. A escola deve

desenvolver metodologias e projetos com esse intuito.

Cabe ao professor a responsabilidade de refletir, questionar, traçar

caminhos, orientar, motivar, oferecer condições para que o aluno aja,

desencadeando, assim, o processo ensino-aprendizagem.

2.2 Leitura – fantasia, alegria e prazer

Na escola, o ato de ler deve ser algo diário e de forma que os leitores

tenham curiosidade e gosto pela leitura. Os educadores são espelhos de seus

educandos, logo, o professor que lê e gosta da leitura dará bons exemplos,

incentivando seus alunos a lerem, despertando o interesse e a curiosidade, para

que ele vá ao encontro do livro. Os mesmos não podem continuar sendo

meramente “ouvintes, que são apenas preenchidos pelos educadores” (FREIRE,

1996, p.934).

Ademais, para elucidar a importância de se cativar a leitura, segue a

idéia de Jouve (2002):

(...) o charme da leitura provém em grande parte das emoções que se suscita. Se a recepção do texto recorre às capacidades reflexivas do leitor, influi igualmente – talvez, sobretudo – sobre sua afetividade. As emoções estão de fato na base do princípio de identificação motor da leitura de ficção (JOUVE, 2002, p.19).

A leitura de um bom livro tem o poder de levar-nos ao prazer de viajar

em suas histórias de riso e tristeza, de penetrarmos na intimidade dos seus

personagens, de seguirmos seus enredos curiosos, inquietos com seus

desfechos, ir a outros mundos, de dar asas aos nossos sonhos.

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De acordo com a redatora da Revista Aprendizagem, Patrícia Melo:

Em um país onde o índice de analfabetismo ainda á grande, é preciso estimular o educando a ir além do “saber escrever”. É hora de devolver o mistério da infância, oferecendo o prazer da leitura e abrindo a porta não só para o conhecimento como também para o desconhecido (Revista Aprendizagem, 2008, p. 13).

Para despertar o interesse do aluno pelo que está sendo lido é

preciso saber criar um clima de envolvimento. Pausar na hora certa, sussurrar

quando o personagem fala baixo, fazer suspense, criar intervalos, respeitando o

tempo para a criança imaginar o cenário e os personagens.

Projetos e atividades de leitura devem ser um convite à imaginação;

prever situações de leitura em voz alta pelo professor e pelos alunos; quando for

pertinente, envolver outras linguagens, como música, pintura e cinema; no caso

de livros longos propor a leitura por capítulos ou partes, lançando desafios para

os alunos; propor a leitura individual para estimular preferências e formar leitores

autônomos.

3 ERROS NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

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Cabe ao professor refletir sobre a sua prática e observando os seus

alunos, aprofundar seus conhecimentos sobre leitura e aprendizagem, buscando

compreender e atender às necessidades, às dificuldades e ao interesse de cada

criança num dado momento. É, naturalmente, necessário que o professor

conheça os materiais e técnicas pedagógicas, assim como os programas de

ensino. Segundo Paulo Freire (1996):

É próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas cronológico. O velho que preserva sua validade ou que encara uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo (FREIRE, 1996, p. 39).

Alguns professores ainda relutam em abraçar o novo, permanecendo

vítimas se um sistema de ensino arcaico. Usam cartilhas e métodos que visam

apenas à transmissão do código alfabético. Outros experimentam vários

métodos na tentativa de encontrar uma formula para fazer com que os seus

alunos se apropriem do sistema de escrita alfabética. Marlene Carvalho (2005)

diz que:

(...) nossa observação de aulas e a análise de materiais didáticos, exercícios e cadernos infantis tem revelado que a influência do construtivismo tem ficado limitada a algumas práticas, como a ênfase no trabalho com nomes próprios dos alunos, a tentativa de classificação da etapa de desenvolvimento da escrita em que se encontra a criança e uma atitude mais tolerante em relação à escrita nas fases iniciais da apreensão do código alfabético. Além disso, começam a aparecer nas salas de aula maior número de tipos de textos, como forma de enriquecimento das atividades (CARVALHO, 2005, p. 141).

A realidade das escolas públicas interfere no processo de ensino-

aprendizagem, pois muitas são as dificuldades enfrentadas pelos professores,

dentre outros: sala de aula super-lotadas, salários defasados, alunos

indisciplinados e falta de material didático. Mario Medeiros (1998) afirma que:

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Diante de tão complexa e avassaladora quantidade de problemas,

muitos companheiros simplesmente se acomodam e vão “tocando o

barco como dá”. Outros mudam de profissão ou vivem aguardando a

oportunidade para sair de sala de aula; outros ainda, buscam soluções

baseadas no improviso e senso comum, algumas delas até forte apelo

mercantil, mas distantes da ciência ou do bom senso pedagógico e

muito próximas do “folclórico” ou ridículo (MEDEIROS, 1998, p.48).

Além dos problemas apontados, na maioria das vezes, os docentes

acumulam atribuições, como: dar noções de cidadania, de saúde, de

comportamento; lidar com alunos com necessidades especiais; identificar alunos

com problema de audição, transtorno de déficit de atenção, dislexia, entre

outros.

3.1 Sabotando a leitura

Sabemos que a leitura é importante não só para o aumento do

conhecimento, mas para observação de aspectos da vida e da capacidade de

comunicação com o mundo, porém, mesmo sabendo disso muitas pessoas não

são leitoras habituais. Isso acontece, algumas vezes porque professores

obrigam os alunos a ler textos sem grande interesse, associando esta tarefa a

trabalho e notas. Experiências negativas podem levar a aversão à leitura.

Kleiman (1989) afirma que:

A leitura que não surge de uma necessidade para chegar a um propósito não é propriamente leitura; quando lemos porque outra pessoa nos manda ler, como acontece freqüentemente na escola, estamos apenas exercendo atividades mecânicas que pouco tem a ver com o significado e sentido. Aliás, essa leitura desmotivada não conduz à aprendizagem (KLEIMAN, l989, p. 35).

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Há várias maneiras de dificultar a compreensão e o prazer na leitura:

se oferecermos fragmentos de textos incompreensíveis, amontoados de frases

sem real significado de comunicação, se exigirmos que ela responda a questões

após a leitura, de acordo com os Parâmetros Curriculares da Língua Portuguesa

(BRASIL, 1999, p. 72), “ler por si só já é um trabalho, não é preciso que a cada

texto lido se siga um conjunto de tarefas a serem realizadas.”

É preciso formar praticantes da leitura e não apenas pessoas que

decifram o sistema de escrita. Para isso, é preciso abandonar as atividades

mecânicas e sem sentido, que levam o discente a ver a leitura como uma coisa

maçante, como uma mera obrigação escolar. A escola prioriza a alfabetização e

esquece o letramento, quando deveria favorecer ambos. De acordo com Magda

Soares (1998):

(...) só recentemente passamos a enfrentar esta nova realidade social em que não basta apenas saber ler e escrever, é preciso saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder às exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente (SOARES, 1998, p.20).

Geralmente, as escolas utilizam manuais didáticos, onde predominam

o fragmento dos textos. Muitas vezes optam pelos curtos, simples,

descontextualizados e que não desafiam o leitor. Ou seja, a leitura na escola é

pouco presente e artificial, quando na realidade deveria ser um elemento

fundamental para o desenvolvimento da criança e imensamente integrado ao

meio social. Marlene Carvalho (2005) é categórica quando argumenta que:

Para alfabetizar, letrando, deve haver um trabalho intencional de sensibilização, por meio de atividades específicas de comunicação, por exemplo: escrever para alguém que não está presente (bilhetes, correspondência escolar), contar uma história por escrito, produzir um jornal escolar, um cartaz etc. Assim a escrita passa a ter função social (CARVALHO, 2005, p.69).

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É preciso dar um sentido real às atividades propostas em sala de aula

para que os alunos entendam a importância do ato de ler.

3.2 Maus usos da avaliação no processo de leitura

O professor faz mau uso da avaliação quando não considera os

conhecimentos prévios dos alunos, pois para compreender a perspectiva pela

qual o aluno enxerga o processo de leitura, deve se colocar na posição de

observador cuidadoso daquilo que o aluno sabe, diz ou faz em relação ao que

está sendo considerado. Para Telma Weisz (2003):

Se o professor quer saber o que alguém que ainda não sabe ler pensa sobre as questões que estão relacionadas ao ato de ler, precisa criar situações específicas. E essas situações têm de demandar que as crianças façam coisas para que ele possa perceber o que pensam através das suas ações (WEISZ, 2003, p. 27).

A avaliação é prejudicada quando o professor não estuda e não

desenvolve uma postura investigativa, visando qualificar-se melhor pra lidar com

a aprendizagem dos alunos. Estudar, não apenas no que se refere aos métodos

de aprendizagem, mas analisando as peculiaridades de cada aluno, com o

intuito de superar as dificuldades apresentadas. Ainda segundo Telma Weisz

(2003):

(...) a psicogênese da língua escrita abriu está possibilidade de o professor olhar para criança e acreditar que para aprender ela pensa, que aquilo que ela fez tem lógica e que se eu não enxergo é porque não tenho instrumentos suficientes para perceber o sentido que está posto ali.

Muitos, mesmo não tendo o conhecimento científico que lhes permitisse compreender tudo o que precisariam, foram ótimos professores, pois supriram essa deficiência com convicções e princípios. O fato de acreditar que os alunos pensam, que são

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capazes, é fundamental para que eles progridam, pois nos leva a respeitá-los e apóia-los (WEISZ, 2003 p.45).

Outro erro que ocorre no processo de avaliação é quando o professor

não respeita os diferentes universos culturais dos alunos. Crianças que tem

contato com um mundo cultural semelhante ao que é valorizado na escola tem

grandes vantagens com relação a crianças que vem de comunidades onde as

pessoas tem menor grau de escolaridade, e por tanto, estão mais distantes dos

usos cotidianos dos conteúdos que a escola propõe. Na maioria dos casos,

dependem exclusivamente da escola para aprender os conteúdos escolares,

pois em casa não tem nenhum tipo de apoio nesse sentido.

Assim como as crianças têm diferentes histórias de experiências gerais, assim também devem ter diferentes histórias de experiências sociais ou interações sociais. Essa história individual de interações sem dúvida contribui para as diferenças individuais.(...). Mesmo com os gêmeos idênticos educados na mesma família não se pode assumir que eles vivenciaram as mesmas experiências (WADADSWRTH, 1992, p.156).

A escola precisa ter o cuidado para não julgar e estigmatizar,

considerando, que as experiências trazidas pelas crianças pobres não são

importantes para escola. Isso poderia prejudicar sua auto-estima, dificultando

seu envolvimento com as situações de aprendizagem.

No intuito de não bloquear a criatividade do aluno, o professor acaba

deixando que ele escreva ou leia de qualquer jeito. Quando o professor não

informa nem corrige ele abandona o aluno a própria sorte. Sendo assim, ele

passa a impressão que não valoriza esse tipo de conhecimentos. O professor

deve observar a ação dos alunos, acolher ou debater suas produções, intervindo

sempre, despertando reflexões para que possam avançar. De acordo com

Becker (1993):

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Considerando a aprendizagem no sentido amplo, podemos, entre outras coisas, corrigir o “Errando se aprende” por “Errando também se aprende”: o erro, ou o fracasso não é condição necessária para haver aprendizagem. Por outro lado, torna-se exagerada, neste contexto teórico, a preocupação “skinneriana” de evitar todo o fracasso levando o aluno a produzir somente respostas corretas, pois o fracasso torna-se eventualmente necessário para que o sujeito tome consciência da inadaptação dos seus esquemas e da consequente necessidade de construir novos esquemas, ou seja, reconstruir os já existentes (BECKER, 1993, p.97-98).

Porém a concepção tradicional de correção, a qual precisa ser feita

no ato, em cima do erro deve ser repensada. O professor pode desenvolver

atividades para sanar a dificuldade em outra oportunidade, tendo aí tempo para

refletir e repensar a sua prática pedagógica. Como diz Wesz (2003):

Avaliar a aprendizagem do aluno é também avaliar a intervenção do

professor, já que o ensino deve ser planejado e replanejado em função

das aprendizagens conquistadas ou não (WESZ, 2003, p. 95).

Porém sabe-se que muitos professores avaliam os alunos, mas

esquecem de se auto-avaliar, refletir sobre a relação entre as suas propostas

didáticas e as aprendizagens adquiridas.

4 ANALISE DOS RESULTADOS

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A pesquisa bibliográfica, bem como o questionário tem por objetivo

detectar se a leitura vem sendo trabalhada na escola de forma prazerosa ou

apenas como mera obrigação. Fornecendo pistas para percebemos como formar

leitores assíduos, proficientes e competentes.

Da pesquisa bibliográfica pode-se dizer que todos os autores

pesquisados destacam a importância da leitura por prazer como forma de

facilitar o processo ensino-aprendizagem, despertando no aluno o desejo de

fazer parte do mundo dos livros e das letras.

Para um melhor entendimento das respostas obtidas com o

questionário elaboramos gráficos, que como veremos, foram analisados.

4.1 Metodologia da pesquisa

O presente trabalho tem uma abordagem qualitativa dos processos de

leitura na perspectiva de investigar a realidade escolar e propor alternativas de

melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem de leitura.

Para fundamentar este estudo foram utilizadas fontes diversas, como:

livros, revistas e ou artigos que envolvem o tema sugerido como subsídios para

a edificação de referencial teórico.

A pesquisa bibliográfica é embasada em autores, como: Paulo Freire,

Rubem Alves, Delia Lerner, Magda Soares, entre outros.

Freire, Alves, Lerner e Soares possuem uma abordagem semelhante

com relação à “leitura por prazer”, pois trazem reflexões da teoria sócio-

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construtivista, sendo assim de grande importância para elucidações da

problemática em questão.

Visando uma maior comprovação da realidade estudada foram

realizadas entrevistas, que serviram de apoio à pesquisa bibliográfica.

Portanto, 4 professoras das series iniciais do Ensino Fundamental no

turno da tarde foram entrevistadas. Os procedimentos utilizados: aplicação de

entrevista com perguntas estruturadas. Como assina Severino(2007):

Entrevistas estruturadas “são aquelas em que as questões são direcionadas e

previamente estabelecidas, com determinada articulação interna.” Por tanto, a

entrevista direcionada ao professor visa verificar como a leitura vem sendo

trabalha em sala de aula para despertar o prazer de ler. As respostas obtidas

foram confrontadas e analisadas.

O campo de pesquisa fica limitado a Escola Municipal Nossa Senhora

da Penha, localizada na Rua Francisco de Barros Barreto, nº 109 – Boa Viagem

– Recife-PE.

4.1.1 A escola

O quadro de pessoal administrativo é composto por 11 servidores;

distribuídos nas funções de agente administrativo, assistente de direção,

professor de biblioteca, auxiliar de serviços gerais, merendeira e auxiliar de

portaria.

A escola tem uma estrutura física imprópria, pois trata-se de uma

casa readaptada para ser uma escola, as salas, em sua maioria são mau

distribuídas e sem ventilação apropriada. A escola otimiza o pouco espaço que

tem na tentativa de se adequar às novas necessidades que se apresentam. Para

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tanto, possui, laboratório de informática (com computadores conectados a

internet) e sala de leitura (com um pequeno acervo).

A instituição atende a uma clientela de 284 alunos nos três turnos. Há

na escola, turmas de Educação infantil, series iniciais do Ensino Fundamental,

EJA (Educação de Jovens e Adultos) e Brasil Alfabetizado. Perfazendo um total

de 14 turmas.

4.2 Analise das respostas dos questionários

Em relação à formação geral das professoras foi observado que uma

possui habilitação em letras, uma em história e duas em pedagogia.

Gráfico 1: formação dos professores

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

O gráfico 1 demonstra que todas as professoras que fizeram parte da

pesquisa tinham formação superior.

Em relação à graduação, as quatro professoras possuem curso

superior.

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Gráfico 2: graduação dos professores

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

Constata-se no gráfico 2 que todos os professores tem graduação.

Na formação das professoras pesquisadas foi observado que uma

possue pós-graduação e as três restantes não.

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Gráfico 3: especialização dos professores

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

No Gráfico acima, percebe-se que das professoras utilizadas na

pesquisa, apenas uma das mesmas possui uma especialização. Denota assim a

necessidade de um programa de incentivo à especialização dos professores,

pois com isso aumentaria a gama de conhecimentos dos docentes.

Com relação a pergunta área de atuação, cada professora

pesquisada pertence a um segmento do ciclo de aprendizagem.

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Gráfico 4: área de atuação

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

No Gráfico 4, podemos perceber que participaram da pesquisa uma

professora do 1ºano do 1º ciclo, uma do 2º ano do 1º ciclo, uma 3º ano do 1º

ciclo, por fim uma do 1º ano do 2º ciclo.

Com relação à pergunta você tem o hábito de ler, 3 das professoras

pesquisadas responderam sim.

Gráfico 5: hábito da leitura

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Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

No Gráfico 5 pode-se visualizar que a maior parcela dos professores

pesquisados tem o hábito de ler diariamente.

Em relação à questão sobre os motivos que fazem os alunos lerem

com mais eficácia foi observado que a maior freqüência respondida pelos

professores foi nas opções: através de incentivos e metodologias criativas com

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três ocorrências e com incentivo do professor e/ou de seus coleguinhas com 1

ocorrência.

Gráfico 6: motivos que fazem os alunos lerem com mais eficácia

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

O gráfico 6 demonstra que a maioria das professoras acredita que os

alunos aprendem a ler com mais eficácia através de incentivos e metodologias

criativas.

Na questão a capacitação de incentivo ao prazer de ler foi observado

que três professoras já participação de uma capacitação deste tipo, e uma não.

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Gráfico 7: capacitação de incentivo ao prazer de ler

Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

No gráfico 7 percebe-se que quase todas as professoras já haviam

participado de capacitação de incentivo ao prazer de ler.

Com relação à pergunta na escola existe algum programa ou projeto

de estímulo à leitura, todas as professoras pesquisadas assinalaram que existia

sim na escola um projeto de incentivo à leitura.

Gráfico 8: existência de um projeto de estímulo à leitura

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Fonte: Pesquisa realizada pelo autor

O gráfico 8 mostra que na escola pesquisada há um projeto de

estímulo à leitura.

4.3 Constatação das hipóteses na pesquisa

Após a apresentação dos dados da pesquisa chegou-se às seguintes

análises das hipóteses do trabalho:

Hipótese 1: O próprio professor não tem o hábito de leitura

A hipótese não foi confirmada, pois a maioria das professoras que

participaram da pesquisa disse ter o hábito de ler diariamente.

Hipótese 2: Falta incentivo por parte dos pais e professores

A segunda hipótese não foi confirmada totalmente, pois uma das

quatro professoras pesquisadas assinalou o item que acredita que os alunos

aprendem a ler com mais eficácia com incentivo do professor e/ou dos

coleguinhas.

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Hipótese 3: Ausência de projetos que estimulem o educando a

praticar a leitura de forma prazerosa.

Na terceira hipótese não foi confirmada a ausência de projeto que

estimule o educando a praticar a leitura de forma prazerosa, pois no campo de

pesquisa que foi a unidade escolar, todos os professores pesquisados

assinalaram que a escola tinha sim projetos de estimulo à leitura.

Diante dos resultados verificados, conclui-se que o estudo caminha

para evidenciar o tema em análise, serão apresentadas no próximo capítulo as

considerações finais acerca da pesquisa.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que a leitura deve ser inserida na sala de aula de forma

gradativa, diária, diversificada, atrativa e principalmente prazerosa, buscando

alternativas que atinjam o estímulo para além do “saber escrever”. Tomando-se

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atitudes colaborativas com as crianças, fazendo uso de diferentes tipos de

materiais escritos, compreendendo-os e interpretando-os, na tentativa de tirar

informações, colaborando com sua vivência no mundo da leitura, pela interação,

questionamentos, argumentação necessária ao viver de cada um.

Uma grande parte da população desconhece ou muito mal conhece o

livro, e as pessoas que o possuem, por causas diversas, não foram ainda

atraídas pela leitura. Porém quando o contrário acontece, o interesse torna-se

diferente; querem sempre ler mais e mais, descobrem-se livros interessantes,

fascinantes, no aguardo pelos leitores que se tornarão meio apaixonados da

mediação que descobrem entre a realidade social e o mundo que os circunda.

É preciso formar praticantes da leitura e não apenas pessoas que

decifram o sistema de escrita. Para isso, é necessário abandonar as atividades

mecânicas e sem sentido, que levam o discente a ver a leitura como uma coisa

maçante, como mera obrigação escolar. Geralmente, os textos usados nas

escolas estão distantes da realidade.

Foi possível observar que o professor é o grande incentivador para

despertar no aluno o gosto pela leitura, o prazer de ler. Que o seu exemplo é

seguido pelos alunos, portanto o educador deve ser um leitor assíduo e

apaixonado, dando entonação ao que está sendo lido, vida as palavras e

depoimentos dos livros que leu e que recomenda. Não há como negar as

dificuldades que os professores enfrentam diariamente, mas isso não deve ser

um empecilho para que este busque mais conhecimentos e mais informações.

Aqui, cabe, portanto, ressaltar mais uma vez a importância da leitura e dos livros

no processo de ensino-aprendizagem, pois o professor que ler está sempre se

aprimorando.

É fundamental que o professor tenha capacitação contínua para estar

sempre atualizado, vivenciando a troca de experiências com outros educadores,

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descobrindo assim outras formas de ensinar e de aprimorar o seu fazer

pedagógico. Cabe ao professor o desafio de, diante de tantas dificuldades

encontradas na rede pública de ensino, encontrar caminhos, ousar, criar, fazer

diferente para atender aos anseios e as necessidades dos alunos.

Percebeu-se também a importância da família no processo de

aquisição da leitura. Crianças que tem entram em contato com a leitura antes

mesmo de iniciarem a vida escolar tem mais facilidade para aprender, pois estão

em contato permanente com o mundo letrado.

Da análise dos resultados, pode-se de dizer que as professoras e a

escola pesquisada estão buscando meios para se adequar às necessidades do

alunado, pois apesar das dificuldades, valorizam a leitura, participam de projetos

de incentivo a leitura e capacitações. Por tanto, conclui-se que as hipóteses não

foram atingidas, demonstrando aí que a escola vem buscando alternativas para

desenvolver a leitura, criando no aluno o prazer de ler.

Pelas razões expostas, foi possível inferir que foi atingido o objetivo

geral do estudo, que era analisar os recursos empregados pelos

psicopedagogos, direcionados para o “uso da leitura com prazer”, visando

reconhecer e buscar remover obstáculos que impedem a criança de se apropriar

de forma autônoma e competente da leitura.

Observou-se que a pesquisa bibliográfica e o questionário foram

fundamentais para atingir os três objetivos específicos: O primeiro objetivo era

analisar as relações estabelecidas entre discente e docente no processo de

aquisição da leitura. O segundo objetivo era Identificar as razões pelas quais os

educandos leitores sentem-se estimulados ou não pela leitura. O terceiro objetivo

específico era verificar as dificuldades e ou facilidades que levam os alunos a

serem leitores assíduos. O questionário serviu de apoio à pesquisa bibliográfica,

mostrando na prática como a leitura é vivenciada na escola.

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A leitura é um tema de grande relevância, pois tem reflexos diretos na

vida social. O cidadão letrado e que ler por prazer irá sempre exercer a sua

função social, questionando, refletindo e agindo de forma a melhorar a sua

realidade e a de toda a sociedade.

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APÊNDICE

QUESTIONÁRIO

FORMAÇÃO

GRADUAÇÃO ( ) SIM ( ) NÃO

PÓS GRADUAÇÃO ( ) ( ) NÃO

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES - MBA Presencial e Distância · da escola? (LERNER, 2002, p. 75 e 76). Por outro lado, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais: “As pessoas aprendem

ÁREA DE ATUAÇÃO

VOCÊ TEM O HÁBITO DE LER?

( ) DIARIAMENTE

( ) ALGUMAS VEZES NA SEMANA

( ) RARAMENTE

COMO VOCÊ ACREDITA QUE OS ALUNOS APRENDEM A LER COM MAIS

EFICÁCIA?

( ) ATRAVÉS DE INCENTIVOS E METODOLOGIAS CRIATIVAS.

( ) PRÓPRIA INICIATIVA DOS ALUNOS COM INCENTIVO DOS PAIS

( ) VARIA DE ALUNO PARA ALUNO; ISSO É RELATIVO.

( ) COM INCENTIVO DO PROFESSOR E/OU DE SEUS COLEGUINHAS.

( ) OS PAIS TÊM UMA GRANDE PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO.

VOCÊ JÁ PARTICIPOU DE ALGUMA CAPACITAÇÃO OU CURSO DE

INCENTIVO AO PRAZER DE LER?

( ) SIM

( ) NÃO

NA ESCOLA EXISTE ALGUM PROGRAMA OU PROJETO DE ESTÍMULO À

LEITURA?

( ) SIM

( ) NÃO