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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” SABERES E SABORES, UMA RELAÇÃO PRAZEROSA: NA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR. GEORGETE DA ROCHA MOURÃO Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

SABERES E SABORES, UMA RELAÇÃO PRAZEROSA:

NA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR.

GEORGETE DA ROCHA MOURÃO

Rio de Janeiro

2009

1

SABERES E SABORES, UMA RELAÇÃO PRAZEROSA: NA

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR.

GEORGETE DA ROCHA MOURÃO

Orientador(a): Sheila Silva Rocha

Monografia apresentada ao Curso

de Pós-graduação Latu Sensu do

Programa “A vez do mestre” da

Universidade Cândido Mendes,

como parte dos requisitos para

obtenção do Título de Especialista

em Administração e Supervisão

Escolar.

ii

2

AGRADECIMENTOS

A todos os autores, corpo docente do

Instituto “A Vez do Mestre”, à

professora Sheila Silva Rocha pela

orientação e revisão dos textos.

iii

3

DEDICATÓRIA

Primeiramente, dedico a Deus, pois

sem ele, não seria possível a

elaboração deste trabalho.

A minha querida mãe e primeira

professora na universidade da vida

Nayara da Silva Rocha (in memorian),

que sempre será a minha maior

incentivadora.

Por fim, as pessoas da minha família

que sempre me incentivam com

palavras e ações ou orações: meus

filhos Christiane, Fernanda e Junior;

minha sobrinha Juliana; minhas irmãs

Ada e Valéria e meu cunhado José,

que sempre me deu uma palavra de fé

e ao meu querido e compreensivo amor

Amauri.

iv

4

"Escola é o lugar onde se faz amigos

não se trata só de prédios, salas, quadros,

programas, horários, conceitos...

Escola é, sobretudo, gente, gente que trabalha,

que estuda, que se alegra, se conhece, se

estima.

O diretor é gente, o coordenador é gente, o

professor é gente, o aluno é gente, cada

funcionário é gente.

E a escola será cada vez melhor na medida em

que cada um se comporte como colega, amigo,

irmão.

Nada de „ilha cercada de gente por todos os

lados‟.

Nada de conviver com as pessoas e depois

descobrir que não tem amizade a ninguém

nada de ser como o tijolo que forma a parede,

indiferente, frio, só.

Importante na escola não é só estudar, não é só

trabalhar,

é também criar laços de amizade, é criar

ambiente de camaradagem, é conviver, é se

„amarrar nela‟!

Ora , é lógico... numa escola assim vai ser fácil

estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-

se, ser feliz.” ( Freire, P.)

v

5

RESUMO

Este trabalho apresenta uma proposta de estudo teórico e prático sobre a

importância da alimentação escolar saudável. Esta proposta tem sido

implantada no Centro Integrado de Educação Pública (CIEP), no município

de Duque de Caxias/Rio de Janeiro desde o ano de 2008, no primeiro

segmento do Ensino Fundamental. Através de relatos do corpo docente, se

tem constatado que a qualidade da alimentação escolar tem contribuído no

processo de aprendizagem e em um aperfeiçoamento metodológico.

Acreditamos que a Escola é um espaço significativo e privilegiado que

influencia a promoção da saúde, se tornando um veículo fundamental na

formação de valores, hábitos e estilos de vida, entre eles o da alimentação,

que se estenderá pelo resto da vida. Dessa forma, a Escola deve

proporcionar um ambiente favorável à vivência de saberes e sabores,

contribuindo para a construção de uma relação saudável do educando com o

alimento. Considera-se de grande importância que o educando, desde a

Educação Infantil, compreenda e assimile as transformações que ocorrem

no ambiente em que vive e que possa contribuir na conservação da natureza

e da sua saúde, por meio de uma alimentação saudável e nutritiva.

PALAVRAS-CHAVES: Alimentação, Escola, Saúde, Qualidade.

vi

6

METODOLOGIA

Um estudo bibliográfico será realizado objetivando gerar conhecimentos

para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos

envolvendo verdades e interesses da realidade e do cotidiano escolar.

Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, realizou-se uma

pesquisa qualitativa, considerando que há uma relação dinâmica entre o

mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo

objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em

números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são

básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e

técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de

dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os

pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e

seu significado são os focos principais de abordagem.

Do ponto de vista de seus objetivos, realizou-se uma pesquisa exploratória

visando proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-

lo explícito ou a construir hipóteses. Realizou-se um levantamento

bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências informais

práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a

compreensão. Dessa forma, assumiu-se um caráter de Pesquisa

Bibliográfica e Estudo de Caso.

Inicialmente, procurou-se por pesquisas de opinião no contexto da prática

pedagógica. Dessa forma, relatos do corpo docente sobre a inserção da

alimentação no processo didático-pedagógico foram analisados.

vii

7

No estudo bibliográfico realizado utilizou-se o procedimento técnico da

pesquisa bibliográfica corroborado com um estudo de caso. A pesquisa

bibliográfica teve como foco principal a busca por trabalhos com a mesma

ênfase. Esta pesquisa foi realizada majoritariamente utilizando a internet

como ferramenta, onde utilizou-se como palavras-chaves: alimentação

escolar, merenda escolar, alimentação saudável e educação alimentar.

viii

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................10

CAPÍTULO I

A função social da escola ............................................................................16

CAPÍTULO II

Centro Integrado de Educação Pública – CIEP............................................20

CAPÍTULO III

Projeto político-pedagógico escolar..............................................................26

CAPÍTULO IV

Gestão democrática na escola .....................................................................32

CAPÍTULO V

Alimentação como novas práticas educativas .............................................37

CONCLUSÃO ..............................................................................................52

ANEXOS ......................................................................................................56

ix

9

INTRODUÇÃO

A construção de políticas públicas, como garantia dos direitos elementares

do cidadão, faz parte, hoje, da agenda de todos aqueles que estão

comprometidos com a consolidação da democracia e a eliminação das

injustiças, presentes na sociedade contemporânea.

No campo educacional, a construção de uma escola pública de qualidade é

o desafio com que se defrontam, no seu dia-a-dia, os educadores

comprometidos com a superação das desigualdades sociais presentes na

sociedade brasileira. Não se trata apenas de reverter os altos índices de

evasão e repetência que caracterizam o sistema educacional brasileiro, mas

de construir uma escola, que garanta aos filhos dos setores populares

acesso a conhecimentos básicos, os quais vão além da transmissão do

saber sistematizado.

Sendo assim, a escola precisa redefinir-se como espaço e tempo de

socialização-vivência da forma mais plena possível, para a realização de

todos como sujeitos socioculturais; ou seja, uma escola que não se restrinja

à transmissão do conhecimento, mas que se constitua em um espaço de

vivência global.

Neste contexto a merenda escolar ocasiona oportunidade para que os

alunos sejam estimulados a conhecer, valorizar e aceitar com satisfação

novos alimentos, adquirir boas práticas alimentares, além de desenvolver

comportamentos adequados do ponto de vista social e de higiene.

Na história dos programas de suplementação alimentar no Brasil, a merenda

escolar esteve presente. As primeiras iniciativas datam da década de 30,

quando alguns dos estados e municípios mais ricos, passaram a

responsabilizar-se, de forma crescente, pelo fornecimento da merenda em

10

suas redes de ensino. No entanto, somente nos anos 50, criou-se o

Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Dessa época até hoje, o Programa de Merenda Escolar manteve o objetivo

de contribuir para: o crescimento e desenvolvimento biopsicossocial, a

aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares

saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e

nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades

nutricionais durante o período letivo (Resolução da Secretaria Estadual de

Educação no 2.405,2001).

O PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) teve sua origem na

década de 40. Mas foi em 1988, com a promulgação da nova Constituição

Federal, que o direito à alimentação escolar para todos os alunos do Ensino

Fundamental foi assegurado.

O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE - conhecido como

Merenda Escolar, consiste na transferência de recursos financeiros do

Governo Federal, em caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal e

municípios, para a aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda

escolar (PNAE, 2009).

Os beneficiários da Merenda Escolar são alunos da educação infantil

(creches e pré-escolas), do ensino fundamental, da educação indígena, das

áreas remanescentes de quilombos e os alunos da educação especial,

matriculados em escolas públicas dos estados, do Distrito Federal e dos

municípios, ou em estabelecimentos mantidos pela União, bem como os

alunos de escolas filantrópicas, em conformidade com o Censo Escolar

realizado pelo INEP no ano anterior ao do atendimento.

O PNAE destaca-se em dimensão, tempo de existência, manutenção,

cobertura e período de permanência dentre os programas de suplementação

11

alimentar, ainda que não esteja dirigido ao grupo de maior vulnerabilidade

biológica. Considera-se, contudo, que a alimentação nas primeiras séries

escolares, é um foco privilegiado de atuação.

Esse programa ganha uma dimensão social maior à medida que, em face da

pobreza e da miséria de significativos contingentes da população, cresce o

número de crianças que vão à escola em jejum e que se alimentam em casa

com uma papa de água com farinha.

Para muitos alunos das escolas brasileiras, a merenda é sua única refeição

diária. Por isso, a merenda escolar deve ser um meio eficaz para fornecer,

além da energia, os micronutrientes que dificilmente são oferecidos na

alimentação diária, em quantidades suficientes para atender às

necessidades dos escolares.

Diante dessa realidade, vários estudos demonstram que a merenda escolar

pode influenciar positivamente no rendimento escolar, agindo de maneira

não só quantitativamente, mas também qualitativamente sobre a “fome do

dia”.

Com isso, a merenda escolar além de não permitir que os alunos sintam

fome durante a aula, tendo efeito saciador da fome durante o período de

permanência na escola, também é uma grande oportunidade de inserção de

valores nutricionais aos alunos, os quais atuarão como multiplicadores de

conhecimento em sua comunidade.

A partir dessas constatações - que a merenda é algo natural no ambiente

escolar e que, no Brasil, ela assume uma importância social devido à

situação de pobreza da população o serviço da merenda deve ser utilizado

como laboratório de aprendizagem, pois oferece amplas oportunidades

educativas.

12

Ir para a escola torna os alunos independentes na escolha de seus

alimentos; portanto eles devem ser orientados para que possam fazer a

seleção correta dos alimentos.

Observa-se que vários fatores interferem negativamente na alimentação do

escolar:

omissão da refeição matinal ou desjejum incompleto;

baixo consumo de leite, hortaliças e frutas;

excessiva ingestão de doces, balas e refrigerantes;

seleção de alimentos à escolha do aluno, sem conhecer o valor

nutritivo dos alimentos.

O professor ainda constitui a maior força na aprendizagem. Seus

conhecimentos, atitudes e práticas influem decisivamente sobre os modos

de pensar, sentir e agir de seus alunos. A participação dos professores na

merenda escolar interfere positivamente sobre o comportamento dos

escolares na aceitação dos alimentos oferecidos.

Sempre presente nas preocupações daqueles que se dedicam a estudar as

condições de escolarização dos setores populares no Brasil, a merenda

escolar aparece, no entanto, de forma secundária nas preocupações dos

professores.

Pretendendo dar maior visibilidade à merenda, perguntamos: Qual deve ser

o papel da alimentação escolar na escola pública de qualidade para os

setores populares?

Essa questão geral pode ser desdobrada nos seguintes objetivos

específicos, que darão margem à elaboração dos capítulos desta pesquisa,

são eles:

13

O caráter assistencialista de merenda para alunos carentes se

constitui em garantia do direito de todos a uma alimentação

adequada.

A merenda escolar incorporada ao currículo escolar,

constituindo-se em uma atividade pedagógica de uma escola que

não se restringe à transmissão de conhecimento, mas que se

propõe a oportunizar uma vivência global aos seus alunos.

A materialidade necessária ao serviço de alimentação escolar

no interior das escolas e do sistema público de ensino, para que

ele possa desempenhar o papel que dele se deve esperar em uma

escola pública de qualidade para os filhos das camadas populares.

O objetivo geral dessa pesquisa é contribuir para a construção coletiva das

respostas a essas questões, pois a alimentação de qualidade além de

possibilitar uma melhor nutrição do aluno, é um atrativo e um dos subsídios

para que seja evitado um aumento no índice de evasão escolar.

Sabe-se que as dificuldades familiares (financeiras e de alimentação) são

fatores que influenciam na ausência e presença do aluno e que a principal

função da escola não é alimentá-lo, e sim promover o seu desenvolvimento

integral, mas não podemos deixar de lado esse interesse, para que possam

ser trabalhados conceitos e práticas com relação à saúde e qualidade de

vida.

Se o gestor democrático, desenvolver políticas de valorização das atividades

cotidianas da escola, principalmente na questão da merenda, haverá um

melhor aproveitamento alimentar evitando-se o seu desperdício.

14

CAPÍTULO I

A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA.

A escola sempre ocupou um papel muito importante na sociedade. No

princípio era privilégio de uma pequena minoria e assumia um caráter

elitista. A escola privada sempre foi destinada aos filhos dos ricos, excluindo

a grande maioria. As escolas públicas existentes também eram seletivas e

não se pagava para estudar.

Com as mudanças advindas da República, a obrigação com a educação

“pública e gratuita” passou a ser iniciativa do Estado. A escola, mais uma

vez, assumiu uma função social muito importante à medida que funcionava

como aparelho ideológico e precisava atender às demandas da sociedade

emergente.

Muitos fatores externos influenciaram no campo educacional: a revolução

industrial, o acelerado processo de urbanização e, conseqüentemente, a

necessidade de mão-de-obra para atender a essa demanda (GAMA, 2009,

p.16).

A partir do século XX, mais especificamente nas décadas de 20 e 30, o

acesso à escola começou a ampliar-se, em contrapartida as salas de aula

não comportavam o contingente de alunos nem tão pouco os professores

estavam preparados para essa realidade, gerando problemas de “qualidade”

que persistem até os nossos dias. Surge a legislação brasileira e a LDB,

todavia, sempre houve um descompasso entre as determinações legais e a

realidade onde a escola estava inserida (GAMA, ibdem, p.18).

Neste cenário a escola exercia a função social como responsável pela

transmissão do saber sistematizado, modificando-se conforme as demandas

da sociedade da época (GAMA, op.cit, p.20).

15

Já na segunda metade do século XX, o grande desafio apresentado foi o de

integrar consciente e criticamente a escola, seus alunos e professores no

universo da sociedade do conhecimento. A agricultura e a indústria foram

diretamente influenciadas pelas tecnologias e mais uma vez foi cobrada da

escola uma nova postura no sentido de rever seus conceitos, mudando sua

forma de ensinar e aprender com as tecnologias.

Assim, mais do que nunca, uma das principais condições para o trabalho do

educando nesse novo milênio está centrada na sua capacidade de entender

as mudanças, identificar problemas e as condições delas decorrentes,

apontando alternativas educacionais que possibilitem uma educação

pautada sob os princípios que norteiam a educação, ou seja, aprender: a

conhecer, fazer, conviver e ser, objetivando, sobretudo, o pleno

desenvolvimento do ser humano enquanto cidadão.

Trata-se, portanto, de romper com os paradigmas que estão arraigados, com

metodologias ultrapassadas, uma vez que estamos vivendo a “passagem da

sociedade industrial para a sociedade informacional”. A escola não pode ser

mais concebida como monopólio do saber, pois hoje há um reconhecimento

de que a educação acontece através de várias agências e os alunos

precisam interagir com os conhecimentos assimilados (GAMA, ibdem, p.23).

Dessa forma, a função da escola deve ser a de divulgar criticamente, a todos

os membros da sociedade, os bens culturais (saber) acumulados pelo

trabalho, pela reflexão (estudos, pesquisas), pela ciência, tecnologia, arte

etc. E isso deve ser feito criando condições para o máximo desenvolvimento

integral dos educandos, para enfrentarem um mundo do trabalho, da ciência,

da cultura, da arte, da religião, da economia, da política, como cidadãos

conscientes.

16

Entende-se que desenvolver cidadãos conscientes é estimular os indivíduos

a ter uma visão crítica, pensamento reflexivo e aptos a questionarem e

solucionarem por si mesmos, a própria escola que os forma, as instituições,

o sistema econômico político em que estão inseridos.

As chances para que a escola cumpra a sua função educativa depende, em

grande parte, da competência dos educadores que atuam nela e sobre ela,

assim como, de sua consciência e compromisso político.

Atualmente, constatamos que muitos rótulos distinguem, de maneira

preconceituosa, as crianças das camadas mais pobres da população. Para a

sociedade mais ampla, são os “menores carentes”, vistos como futuros

delinqüentes, vistas como imaturas, deficientes, lentas e incapazes de

aprender.

Coincidência ou não, o fato é que são estes os alunos que estão

“fracassando” na Escola, repetindo, ano após ano, a mesma série ou sendo

excluídos, prematuramente, do sistema educacional.

Com isso, crianças oriundas de famílias pobres se encontram, desde cedo,

em situação de risco nas ruas, sendo exploradas nos sinais de trânsito ou

simplesmente trancafiadas em casa por que as mães precisam trabalhar.

Estes futuros estudantes não desenvolvem as competências necessárias à

aprendizagem. Sendo assim, quando entram na primeira série, muitos

iniciam um ciclo de fracassos que resultam, em via de regra, em desistência

e analfabetismo funcional. Diante deste panorama, o que fazer para

modificar esta situação?

A necessidade de modificar a escola pública é uma constatação unânime

entre os educadores, ainda que haja divergência quanto as propostas de se

reverter esse quadro atual. Acredita-se que somente um planejamento

17

elaborado em conjunto e que aponte para a realização dos anseios e

desejos de todos que estão inseridos na ação educativa, permitirá se obter

algumas conclusões, em busca de alternativas. Entretanto, como agir? Ou

seja, como:

Vamos pensar a Escola atual?

Vamos avaliar seu desempenho?

Vamos discutir as formas de mudanças?

Vamos questionar os resultados de sua atuação?

Vamos construir um projeto político pedagógico, através da

participação de todos?

Finalmente, é preciso considerar a prática pedagógica, mais especificamente

na escola na qual se trabalha. É necessário que se faça uma reflexão sobre

o exercício da prática docente e ou em sua gestão educacional, revendo a

realidade, buscando alternativas para alcançar a escola ideal, pois a real

ainda tem muito a ser feita. Expectativas, curiosidades, vontade de crescer e

mudar, são sentimentos que afloram nesse momento quando pensamos em

uma educação de qualidade para todos (GAMA, op cit, p.25).

18

CAPÍTULO II

CENTRO INTEGRADO DE EDUCAÇÃO PÚBLICA – CIEP.

As citações seguintes, demonstram que na década de 80 (fase marcante de

transformações políticas e sociais), surgem propostas educacionais que

virão a revolucionar a sociedade, refortalecendo as necessidades de

mudanças, também no campo educacional, na busca de uma melhor

qualidade no ensino, incluindo os projetos dos CIEP’s, em todo o território

nacional.

2.1. Panorama social/político/educacional, que originou a

concepção do CIEP.

Os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP's) foram criados na

década de 80. Período de transição e de profundas transformações que

envolveram praticamente quase todos os setores da vida institucional do

Brasil (SEAM, 2007, p.23).

Esta época foi marcada por intensas mobilizações e greves (região do "ABC"

paulista), atos terroristas como o do Rio Centro e manifestações da extrema

direita contra a anistia. Economistas chamaram estes anos de "a década

perdida", pois a economia estava em uma profunda recessão e o

desemprego e a miséria era evidente (SEAM, ibdem, p24).

Nos anos 80, percebe-se que no campo educacional há uma intensa

agitação ou "reorganização". Debates, artigos e moções em congressos e

associações de educadores em prol de mais verbas para o ensino público

são intensificados e futuramente tal movimentação refletiria na educação de

forma qualitativa.

19

Em 1982, através do senador João Calmon, houve uma proposta de reforma

educacional que incluía a vinculação automática de verbas para o ensino

público; em 1983, institui-se verbas obrigatórias para a educação, União,

13%, Estados e Município, 25%; e, em 5 de outubro de 1988 começou a

vigorar a nova Constituição Brasileira (SEAM, ibdem, p.26).

Nesta década, o sistema de eleições diretas para prefeitos e governadores

foi restabelecido, e uma nova legislação partidária, fez surgir vários partidos

políticos.

Em 1982, governos de oposição foram eleitos em dez estados da União e

suas políticas educacionais representaram uma efetiva ruptura com a dos

governos militares.

Administradores e educadores estavam voltados para a tese de que tinha-se

uma escola que excluía seus alunos. Tal tese estava apoiada em vários

estudos e dados estatísticos que fortaleceram a necessidade de mudança

no campo educacional.

Em 1980 a taxa de escolarização da população de 7 a 14 anos era de 80%

e, em 1987, pouco passava de 82%. A habilitação formal dos professores no

ensino do primeiro grau era bastante diversificada, sendo que em 1987,

cerca de 12% dos professores não tinha sequer o segundo grau de

escolaridade. A proporção de alunos que ingressava na segunda série do

primeiro grau estava, até 1985, em 58%, sendo que os outros 42%

representavam o contingente de alunos que eram reprovados ou que se

evadiam da escola. (SEAM, ibdem, p.31).

Assim, as políticas educacionais que foram implantadas, procuravam

resolver estas deficiências e convergiam com a plataforma de movimento

dos professores: qualificação dos docentes (inclui-se remuneração),

prioridade na qualidade do ensino e na competência dos professores e

20

planos curriculares, visando alunos das classes populares, bem como o

apoio em termos quantitativos e qualitativos, de material didático.

Professores e estudiosos da educação também questionavam os métodos

avaliativos usualmente utilizados no primeiro grau, estendendo-se aos outros

dois graus posteriores.

Nesse período de transição política por que passava nosso país, os partidos

políticos, aliados à necessidade de resolver os graves problemas

educacionais e envoltos em uma concepção de que a educação seria o

caminho para melhorar a situação geral do Brasil, fazem da educação a

"bandeira" de seus programas.

O PDT (Partido Democrático Tabalhista) defendia uma reforma educacional

que assegurasse o ensino gratuito a todos e que permitisse reorganizar a

rede escolar pública. Incluía neste programa, a concessão de bolsas para

estudantes pobres e ampliação das instituições públicas de ensino superior.

Tal proposta visava acabar com a privatização do ensino e garantir a

matrícula a todos os jovens, que completassem o curso médio (SEAM,

ibdem, p.35).

O Brasil atravessava uma fase de debates e discussões no campo

educacional, tanto no ensino privado, quanto no público. Os partidos

considerados de esquerda defendiam o ensino público e combatiam a

privatização das escolas. Já os partidos mais conservadores em 1985,

apresenta uma sutil abertura para o ensino privado, incluindo as seguintes

diretrizes sociais em seus programas de governo: "garantia de acesso a

todos os níveis de ensino, fortalecendo a escola pública e assegurando-se, à

família, a liberdade de escolher a educação desejada para os filhos".

Enfim, na década de 80, educadores encontraram nos partidos um veículo

para mudanças e muitas propostas foram implantadas nos Estados de São

21

Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro. Muitos destes projetos

educacionais priorizavam o prolongamento do tempo diário da criança na

escola, fato que, na época foi considerado como agravante da má qualidade

do ensino público brasileiro. Nesta concepção nasceu o CIEP - Centro

Integrado de Educação Pública - originalmente implantado no Estado do Rio

de Janeiro, no governo estadual do Leonel de Moura Brizola (SEAM, p.38).

2.1.1. O projeto dos CIEP's do Estado do Rio de Janeiro.

Nas seguintes citações, fica claro que a proposta educacional do governo do

estado, tendo em vista as necessidades específicas dos alunos mais

carentes, provenientes dos segmentos sociais de baixa renda, possibilitou a

implantação dos CIEP’s no Rio de Janeiro.

Leonel Brizola assume, em 1983, o governo estadual do Rio de Janeiro,

elegendo a educação como prioridade de seu governo, juntamente com o

seu vice governador, professor Darcy Ribeiro, que se incumbiu da

implantação dos CIEP's com sua arquitetura planejada por Oscar Niemeyer.

Entre 1983 a 1985, foi a fase de planejamento e construção. Professores e

intelectuais discutiram as metas do PEE - Programa Especial de Educação -

e iniciaram-se as obras dos CIEP's. A fase seguinte - a de sua implantação -

que aconteceu entre abril de 1985 e março de 1987, período que marcou a

inauguração de quase 150 CIEP's no Estado e no Município do Rio de

Janeiro (SEAM, 2007, p.26).

O governador Leonel Brizola retornou ao governo estadual do Rio de

Janeiro, em 1991, retomando o projeto, novamente sob a orientação de

Darcy Ribeiro, concluindo e inaugurando novos CIEP's, que chegaram ao

número de 500 unidades espalhadas pelo Estado.

22

A proposta de funcionamento dos CIEP's divulgava um atendimento ao

aluno num período de 8 horas. Comportava centenas de alunos por unidade

e tinha como característica principal ser de tempo integral.

Os CIEP's, originalmente, tinham a preocupação de serem instalados nas

regiões mais carentes e nas chamadas “favelas” do Estado do Rio de

Janeiro, mas também foram implantados em regiões que não tinham como

característica a população de baixa renda financeira.

2.2. A Proposta Pedagógica diferenciada dos CIEP's.

No livro dos CIEP’s, os profissionais da educação encontram subsídios com

fundamentação político-pedagógica, priorizando uma proposta inovadora,

comprometida com a realidade social das comunidades carentes, a ser

implantada no CIEP, possibilitando uma maior participação das classes

sociais. Nas citações seguintes, são explicitadas claramente essas

informações.

Darci Ribeiro enfoca a valorização do estudo da língua materna, o que a

tornava o elo integrador das diferentes áreas do currículo, tendo como base

alguns eixos norteadores para essa nova proposta pedagógica descritos

abaixo (RIBEIRO, 1986, p.12):

Vontade Política: todos os alunos devem ter igualdade de

oportunidades e condições de aprendizagem.

Gestão e decisão na (pela) Escola: seria a democratização das

relações de poder dentro da escola com a composição de uma

direção colegiada.

Cultura: O conhecimento trabalhado pela escola pertence, quase que

integralmente aos setores dominantes da sociedade, sendo que a

criança de camadas populares tem uma bagagem distante destes

23

ensinamentos que reside, basicamente, nos conhecimentos e

habilidades construídos na luta pela sobrevivência.

Essencialização dos conteúdos: A discussão e adoção de conteúdos

mínimos para todos os CIEP’s.

Unificação dos Conteúdos e Métodos de Ensino: articulação entre os

métodos de ensino e os conteúdos.

Interdisciplinaridade: O que se articula interdisciplinarmente são as

formas de se produzir o conhecimento e a lógica na construção do

saber que se quer socializar. Neste contexto, a língua portuguesa é o

elo integrador.

Avaliação: transformar a avaliação em instrumento para o

aperfeiçoamento contínuo do trabalho pedagógico.

24

CAPÍTULO III

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ESCOLAR

3.1.Conceituando o projeto político pedagógico

No sentido etimológico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio

passado do verbo projicere, que significa lançar para diante. Plano, intento,

desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de lei. Plano geral

de edificação (FERREIRA 1975, p.1.144).

O projeto da Escola é a grande rota, que é traçada coletivamente. Além

disso, dá a direção ao trabalho de todos os sujeitos envolvidos, atuando

neste espaço escolar: gestores, equipe técnico-pedagógico, professores,

funcionários, pais e alunos.

Na Escola encontramos uma variedade de profissionais envolvidos no

processo educativo. Além disso, é no trabalho coletivo que se articulam os

diversos segmentos da comunidade escolar, sendo fundamental para

sustentar a ação da escola, em torno de um projeto.

A principal possibilidade de construção do projeto político-pedagógico passa

pela relativa autonomia da escola, de sua capacidade de delinear sua

própria identidade. Isto significa, resgatar a escola como espaço público,

lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva.

Para atender às necessidades básicas da instituição escolar pública, no

caso, o CIEP, é necessário que se construa um documento com a função de

planejamento global de sua ação educativa.

25

A elaboração do projeto político-pedagógico é um processo rico para todo o

coletivo da instituição, como diz Veiga (1996):

“Ao construirmos os projetos de nossas escolas,

planejamos o que temos intenção de fazer, de

realizar. Lançamo-nos para adiante, com base

no que temos, buscando o possível. Nessa

perspectiva, o projeto político-pedagógico vai

além de um simples argumento de planos de

ensino e de atividades diversas.” (p.12)

Com isso, é necessário que toda comunidade escolar esteja envolvida neste

projeto, pois a responsabilidade de elaborá-lo e colocá-lo em prática não é

apenas da direção da Escola.

Ao construirmos os projetos de nossas escolas, planejamos o que temos

intenção de fazer, de realizar. Lançamo-nos para diante, com base no que

temos, buscando o possível. É antever um futuro diferente do presente. Nas

palavras de Gadotti (apud SMEDC, 2002, p.31): “Todo projeto supõe

rupturas com o presente e promessas para o futuro”.

Desse modo, o projeto político-pedagógico tem a ver com a organização do

trabalho pedagógico em dois níveis: como organização da escola, como um

todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o

contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade. Nesta

caminhada será importante ressaltar, que o projeto político-pedagógico

busca a organização do trabalho pedagógico da escola, na sua globalidade.

Segundo Veiga (1996, p.8), para que a construção do projeto político-

pedagógico seja possível não é necessário convencer os professores, a

equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma

26

espontânea, mas propiciar situações que lhes permitam aprender a pensar e

a realizar o fazer pedagógico de forma coerente.

O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não tem mais

possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder

centralizador que dita as normas e exerce o controle técnico burocrático. A

luta da escola é para a descentralização em busca de sua autonomia e

qualidade.

3. 2. Princípios norteadores do projeto político-pedagógico.

Segundo Veiga (1996, p.12), a abordagem do projeto político-pedagógico,

como organização do trabalho da escola como um todo, está fundada nos

princípios que deverão nortear a escola democrática, pública e gratuita:

igualdade de condições para acesso e permanência na escola;

garantia do padrão de qualidade que não pode ser privilégio de

minorias econômicas e sociais;

gestão democrática;

respeito à liberdade e apreço à tolerância;

valorização do magistério;

liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura,

o pensamento, a arte e o saber;

pluralismo de idéias e concepções pedagógicas;

coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

valorização da experiência extracurricular;

vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas

sociais.

A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho, de sua fragmentação

e do controle hierárquico precisa criar condições, para gerar uma outra

forma de organização do trabalho pedagógico.

27

A reorganização da escola deverá ser buscada de dentro para fora. O fulcro

para a realização dessa tarefa será o empenho coletivo na construção de um

projeto político-pedagógico e isso implica fazer rupturas com o existente

para avançar.

É preciso entender o projeto político-pedagógico da escola como uma

reflexão de seu cotidiano. Para tanto, ela precisa de um tempo razoável de

reflexão e ação, para se ter um mínimo necessário à consolidação de sua

proposta.

A construção do projeto político-pedagógico requer continuidade das ações,

descentralização, democratização do processo de tomada de decisões e

instalação de um processo coletivo de avaliação de cunho emancipatório.

Finalmente, há que se pensar que o movimento de luta e resistência dos

educadores é indispensável para ampliar as possibilidades e apressar as

mudanças que se fazem necessárias, dentro e fora dos muros da escola.

28

CAPÍTULO IV

GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA

Com base nos autores citados nesse capítulo, e com apropriação de

procedimentos, atitudes e pela organização da escola, o gestor, o professor,

o técnico pedagógico podem promover ações de reflexão sobre o que é ter

uma vida saudável, no favorecimento do desenvolvimento sadio e

harmonioso do CIEP, em condições dignas, garantindo uma alimentação

saudável a todos.

É um grande desafio para os gestores a ser enfrentado, quando consiste o

fato de ter os pés no chão e o coração na utopia, criando estratégias

adequadas e eficazes de organização escolar.

4.1. Princípios de uma gestão escolar de qualidade

(LIBÂNEO, 2008).

A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes,

procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora

dos professores e pela organização e gestão da escola.

A principal função social e pedagógica da escola é a de assegurar o

desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais

pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos

processos do pensar, na formação da cidadania participativa e na formação

da ética.

29

Para isso, faz-se necessário superar as formas conservadoras de

organização e gestão, adotando formas alternativas, criativas, de modo que

aos objetivos sociais e políticos da escola correspondam estratégias

adequadas e eficazes de organização e gestão.

A conquista da cidadania requer um esforço dos educadores em estimular

instâncias e práticas de participação popular. A participação da comunidade

possibilita à população o conhecimento e a avaliação dos serviços

oferecidos e a intervenção na vida da escola. De acordo com Gadotti e

Romão (1997, p.16), citado por Libâneo (2008), a participação influi na

democratização da gestão e na melhoria da qualidade do ensino e todos os

segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da

escola.

Participação significa atuação dos profissionais da educação e dos usuários

(alunos e pais) na gestão da escola. A participação pode ser como meio de

conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos,

constituindo-se como prática formativa, como elemento pedagógico,

metodológico e curricular. Há participação como processo organizacional em

que os profissionais e usuários da escola compartilham, institucionalmente,

certos processos de tomada de decisão.

No primeiro sentido, por meio de canais de participação da comunidade, a

escola deixa de ser uma redoma, um lugar fechado e separado da realidade,

para ser uma comunidade educativa que interage com a sociedade civil.

Vivendo a prática da participação nos órgãos deliberativos da escola, os

pais, professores, os alunos vão aprendendo a sentir-se responsáveis pelas

decisões, que os afetam num âmbito mais amplo da sociedade.

No segundo sentido, a participação é ingrediente dos próprios objetivos da

escola e da educação. A escola é lugar de compartilhamento de valores e

30

aprender conhecimentos, desenvolver capacidades intelectuais, sociais,

afetivas, éticas, estéticas. Mas é também lugar de formação de

competências para a participação na vida social, econômica e cultural.

4. 2. Elementos que influenciam a conquista da gestão

democrática (SOUZA & SANTANA, 2009).

Para que se alcance a participação tão desejada nas escolas, é preciso que

se faça um resgate na trajetória histórica da busca democrática e da

formação do gestor considerando o momento social, político, cultural e

econômico vivido pela educação.

Desta forma, a questão sobre a gestão escolar nos faz primeiramente

analisar, o que vem a ser administração no sentido amplo e escolar, pois, a

visão que o gestor tem sobre sua função é fundamental para que seu

desempenho tenha êxito, pois, a Administração Geral e a Escolar possuem

seus respaldos teóricos baseados nos mesmos conhecimentos sobre

administração, no entanto, sua aplicabilidade está atrelada ao ambiente,

clientela e objetivo que pretende alcançar.

Diante do objetivo estabelecido pela educação em busca da democracia, é

fundamental que o gestor seja politizado, no sentido de ter bem claro seu

papel de “modelo” de educador, pautado em conhecimentos acumulados ao

longo de sua formação e experiência em diversas funções desenvolvidas

antes mesmo de ser diretor.

É óbvia que, a eleição para diretor já demonstra um avanço na realidade

escolar, uma conquista que se apresenta como vitória para se chegar à

Gestão Democrática. Entretanto, para que a escola mantenha-se com tal

conquista, faz-se necessário que esse gestor esteja cada vez mais

investindo em sua formação, visto que, sua atuação frente à escola, estará

31

abrindo novos caminhos para os próximos gestores ou simplesmente,

construindo obstáculos para o próximo gestor e para a educação, como

reflexo de suas práticas pedagógicas.

O gestor, estimulado pela comunidade escolar, pode desenvolver uma

grande parceria em sua gestão proporcionando um melhor processo de

aprendizagem, enfrentando desafios cotidianos com esperança e

perseverança, transformando a escola num lugar prazeroso e amigo, capaz

de desenvolver em cada pessoa o gosto pelo saber/aprender/conhecer.

Assim, o espaço escolar torna-se um lugar aberto a muitas parcerias. Nesse

sentido, há um grande desafio para os gestores pela própria exigência de

atenção, conhecimento e habilidades.

A escola deve preparar os alunos e ensiná-los a compreender e analisar, de

forma crítica, os problemas da vida, de si próprio e da sociedade que o

permeia, tornando-os cidadãos participativos.

Vale ressaltar, que existem escolas/gestores, que priorizam a identidade

escolar, sua autonomia como ponte para que haja a ruptura necessária nos

paradigmas ultrapassados e intoleráveis como práticas escolares. Todavia,

existem escolas que buscam apenas a democratização, sem pensar na

autonomia e descentralização; outras apenas na autonomia sem levar em

conta a descentralização e democratização, como se esses fatos fossem

isolados possíveis para grandes mudanças.

Dessa forma, para que se instale o processo de Gestão Democrática,

surgem algumas dificuldades ao longo do caminho, pois, existem gestores

que em busca dessa democratização acabam tomando atitudes autoritárias,

e outros que mostram descontinuidade na política e administração do

sistema educacional.

32

Portanto, para construir esse novo modelo de gestão, é preciso enfrentar

desafios, pois, percebe-se que até hoje o processo para implantar a

democratização no interior da escola ainda encontra muitos obstáculos.

Afinal, não é possível pensar em democracia sem que os sujeitos tornem-se

conscientes para exercer esta prática.

O governo surge com novas propostas que visam, além da descentralização

e autonomia dos recursos destinados a escola, a participação da

comunidade na escola, a eliminação da burocracia, dando uma maior

autonomia também de forma pedagógica em busca de uma maior qualidade,

para que as escolas trabalhem a melhor forma de desenvolver seus

projetos-pedagógicos, porém observa-se apenas uma redistribuição de

tarefas administrativas e não do poder. Para que esta descentralização seja

alcançada, torna-se necessária uma reformulação do sistema existente.

33

CAPÍTULO V

ALIMENTAÇÃO COMO NOVAS PRÁTICAS EDUCATIVAS

Para garantir a qualidade da alimentação dos alunos, os gestores junto com

os profissionais técnicos (orientador e supervisor educacional) são os

responsáveis pela organização e supervisão da aplicabilidade da proposta

educacional apresentada nesse trabalho, sobre a importância da

alimentação saudável, que foi implantada no CIEP para alunos e

funcionários da educação.

5.1. Histórico da alimentação e nutrição (KUREK & BUTZKE,

2006).

A história da nutrição e da alimentação corre paralelamente à história do

homem na face da terra. Na pré-história, o homem sempre procurou

localizar-se onde havia suplência de alimentos, de água e onde as

condições climáticas fossem mais favoráveis à sua sobrevivência. Seu tipo

de alimentação obedeceu primitivamente ao instinto. Com a civilização, foi

perdendo o instinto e procurando alimentar-se segundo as normas

aconselhadas ou, também, de acordo com a oferta da natureza. Assim, a

história da ciência da nutrição confunde-se, em sua origem, com a própria

história do homem. A nutrição é uma das propriedades fundamentais dos

seres vivos, sem as quais não há vida.

Hipócrates, chamado de o pai da medicina, há 2,5 mil anos dizia: “Permita

que o alimento seja o teu medicamento e que o medicamento seja o teu

alimento”. Mais tarde, Célsios, no Império Romano, praticava a medicina,

recomendando aos mais velhos moderação no comer.

34

Na época do Renascimento, Leonardo Da Vinci (1415-1519) postulou que

“não recebendo quantidade de alimentos suficientes, o organismo perde o

vigor e, sendo privado de alimentação, morre”.

Concordo com os autores citados quando afirmam que a deficiência de

alimentos e de seus nutrientes em qualquer etapa da vida exerce profundas

repercussões no crescimento, no desenvolvimento, na diferenciação, na

atividade e em todas as manifestações da vida.

Krause, (apud Kurek, 2006) define nutrição como “A combinação de

processos através dos quais o organismo vivo recebe e utiliza os materiais

(alimentos) necessários à manutenção de suas funções e ao crescimento e

renovação dos seus constituintes.” Exatamente por seus nutrientes, os

alimentos são indispensáveis ao desenvolvimento dos seres humanos.

5.2. Gestão para qualidade de alimentação do aluno.

5.2.1. O que é exatamente, a má alimentação? (CORREA,

2005)

É preciso reconhecer em primeiro lugar o caráter polêmico da resposta a

esta questão, pois ela envolve gostos e padrões culturais que não são

absolutamente homogêneos. Alimentar-se bem para uns, não é o mesmo

que alimentar-se mal, para outros.

Quais os alimentos que possam satisfazer as necessidades nutricionais dos

alunos da Unidade Escolar (U.E) em questão para que eles possam ter um

35

bom desempenho na sua vida e em que quantidades devem ser

consumidos?

Se estas necessidades forem solucionadas não será difícil contornar esta

situação.

Um primeiro critério para definir uma boa alimentação é de que a energia

consumida sobre a forma de alimentos seja ao menos equivalente à energia

gasta pelo organismo dessa clientela, e também pelo fato dos alimentos

serem muitos diferentes e não possuírem todos, o mesmo poder energético.

5.2.2. Valor nutricional dos alimentos (KUREK & BUTZKE,

2006).

Uma alimentação correta e equilibrada busca suprir as necessidades de

nutrientes que o organismo precisa para ter uma boa condição de saúde.

Lima (apud Kurek, 2006, p.5), afirma: “Dize-me o que comes, e eu te direi

como é a tua saúde”.

Nutrientes são substâncias químicas encontradas em todos os alimentos.

Possuem funções específicas e funcionam associadamente. São: Proteínas,

Carboidratos, Lipídios, Água, Vitaminas (A,B,C,D,E,K etc.), Elementos

Minerais (ferro, cálcio, potássio, selênio etc.) e Fibras.

Faz-se necessário que os cardápios, existentes nas Unidades de Ensino,

sejam elaborados e balanceados por um profissional em nutrição, que

conheça os nutrientes e suas funções no organismo, atendendo, assim, ao

especificado em lei.

36

Mesmo tendo à disposição alimentos em abundância, tanto em quantidade

quanto em qualidade, algumas crianças costumam ter hábitos alimentares

restritos, salvo algumas exceções. A criança à qual se permitem caprichos

alimentares pode ter problemas no processo de seu desenvolvimento

equilibrado e saudável. A influência de maus hábitos alimentares na infância

atua como prevalência de doenças crônico-degenerativas na terceira idade.

Segundo Turano, (apud Correia, 2005, p.15) “(...) é na infância que se fixam

atitudes e práticas alimentares, difíceis de modificar na idade adulta”. Nesse

mesmo sentido, Sayeg também citado pelo autor, afirma que “(...) o indivíduo

terá uma melhor ou pior qualidade de vida na velhice, em virtude do que

come, e de quanto come ao longo da vida”.

Hoje, se reconhece que a educação alimentar, assim como qualquer outro

assunto na educação, deve ser sistemática, individualizada e adequada ao

educando, com um conteúdo gradual e rico em experiências educativas. Seu

objetivo geral é estabelecer atitudes e hábitos que resultem em uma seleção

de alimentos e consumo de uma dieta nutritiva para todas as idades. Torna-

se necessário, então, desenvolver um trabalho voltado à educação

alimentar, nele incluindo os profissionais que atuam na Educação Infantil.

Este trabalho deverá ser coordenado por nutricionistas que orientarão a

difícil tarefa de alimentar crianças pequenas e ensiná-las a se alimentarem

adequadamente.

Isto posto, a Unidade de Ensino surge, indiscutivelmente, como o melhor

agente social para promover a educação alimentar. Deve-se atentar para a

formação dos hábitos alimentares das crianças, pois as predileções de

paladar ocorrem, justamente, entre os 18 e 36 meses de idade. A educação

alimentar como um ato capaz de mudar, transformar antigos paladares e

hábitos não é uma tarefa simples. Os aspectos socioculturais são relevantes

em qualquer orientação nutricional.

37

Conhecendo os nutrientes e suas funções no organismo, é possível elaborar

cardápios balanceados. Os alimentos são agrupados segundo a função de

cada nutriente. A alimentação ideal proporciona satisfação e prazer. O

segredo é balanceá-la, a fim de continuar suprindo as necessidades da

criança. Portanto, os alimentos devem ser variados dentro de cada grupo

(construtores, reguladores e energéticos), como se pode observar no Anexo

1 (Quadro 1).

As crianças precisam consumir a mais variada alimentação possível. Como

nessa faixa etária é comum ocorrer o desinteresse alimentar, o recurso é

estimular o sabor dos alimentos com a preparação de pratos coloridos.

É importante variar os vegetais e legumes. Utilizar sempre um alimento cru

(vegetal, legume ou fruta), porque são fonte de vitaminas e fibras. Sem as

vitaminas obtidas dos alimentos, o organismo não funciona normalmente. As

fibras consistem nas partes indigeríveis dos alimentos de origem vegetal e

ajudam a prevenir doenças cardíacas e câncer nos intestinos”.

Para modificar os hábitos alimentares incorretos dos educandos, pode-se

trabalhar a importância dos alimentos, conscientizando-os de que nem

sempre o que é atraente e aparentemente mais “gostoso” é o que faz bem à

saúde.

Torna-se primordial orientar e educar as crianças para o consumo de

alimentos saudáveis, sem excessos de alguns grupos alimentares em

detrimento de outros, sendo a variabilidade da dieta necessária à saúde.

Existem várias formas de trabalhar os alimentos com os alunos. Os

educadores devem, usando sua criatividade, oportunizar teatros, músicas,

38

degustação, trabalhos de pesquisa, horta escolar, enfim, é possível fazer

uma série de

atividades, para que os educandos conheçam melhor cada alimento, sua

função e importância na sua formação total como ser humano.

Partindo de trabalhos em grupo, o educador conseguirá construir

conhecimentos com a interação realizada com seus educandos. Este tipo de

socialização é muito importante, pois os educandos discutem e trocam idéias

ampliando e aprimorando seus conhecimentos. É preciso que o indivíduo

aprenda a comer adequadamente, levando em conta suas necessidades

nutricionais, disponibilidade de alimentos e seu poder aquisitivo.

A Alimentação Escolar Saudável pode servir para um duplo propósito:

provisão direta de alimentos e oportunidade de uma base prática para a

educação alimentar. O efeito dessa educação estender-se-á além do

educando, atingindo a família e toda a comunidade envolvida.

Uma boa proposta, que facilite esse desenvolvimento, é aquela em que o

educando vacila diante das dificuldades, mas se sente motivado, com seus

recursos atuais, a superá-las, garantindo as estruturas necessárias para

níveis mais elevados de conhecimento.

O educador tem papel básico na organização das ações e situações de

ensino-aprendizagem para que as atividades desafiadoras aconteçam de

modo a permitir que o objeto citado aconteça, bem como oportunizar a

interação educador/educando, educando/educando, educador/educador,

havendo, assim, uma integração em que um ajuda o outro, ocorrendo troca

de idéias e experiências.

Wallon (apud Kurek, 2006, p.12), enfatiza a importância do papel da escola

e do educador na vida do educando. Para ele, a escola deve ser um local

39

privilegiado que proporcione atividades que desafiem todas as

potencialidades do mesmo, de forma que ele aprenda a pensar, descubra o

que pensa e revele seu pensamento com relação ao mundo.

A partir do momento em que os alunos aprenderem o valor nutricional dos

alimentos, por meio de experiências concretas, ficará mais fácil para

modificarem seus hábitos alimentares ainda durante o período escolar. Cabe

reiterar que a infância é a melhor fase para modificar hábitos alimentares

incorretos com sucesso, devido à grande facilidade em assimilar, seguir

exemplos e desenvolver atitudes.

A escola passa, então, a ter um grande papel na conscientização sobre o

valor nutricional da Alimentação Escolar Saudável, levando em conta que os

conhecimentos construídos e vivenciados pelos educandos na escola são

lembrados e levados por toda a vida.

5.2.3. Gestão e controle de qualidade dos alimentos (KUREK

& BUTZKE, 2006).

A qualidade da merenda escolar fica sob responsabilidade do gestor que

deve controlar a conservação, o armazenamento e a elaboração do cardápio

alimentar saudável, tendo que tomar atitudes corretas para a melhor

utilização dos mesmos.

Segundo Kurek et al (2006): “O controle de qualidade dos alimentos deve

ser realizado de forma adequada, prevenindo e evitando que qualquer

alimento impróprio para consumo ponha em risco a saúde dos educandos e

educadores (...)” e “(...) o conhecimento dos alimentos é uma maneira de

contribuir para a qualidade da Alimentação Escolar Saudável. Devem-se

selecionar os alimentos de acordo com vários aspectos: cor, odor e sabor,

40

identificando as condições do alimento para o consumo. Isso garantirá uma

alimentação sem riscos na Unidade Escolar.

Não basta a indicação de alimentos nutritivos para que as exigências

biológicas do indivíduo sejam corretamente atendidas. O essencial é que

eles possam ser suficientemente utilizados pelo organismo e, com isso,

tenham condições para exercer sua função nutricional. Alguns aspectos de

controle de qualidade relacionados aos alimentos e sua manipulação, que

devem ser observados na compra dos produtos, incluem as características

visuais.

5.2.3.1. Características Visuais (sensoriais) que devem ser

observadas nos alimentos.

O gestor do CIEP, que fica responsável pela administração da merenda

escolar, deve ter como base alguns preceitos, para que ela seja de boa

qualidade. Kurek (2006), propõe algumas das características visuais que

podem auxiliar na organização quantitativa e qualitativa dos alimentos que

irão compor o cardápio semanal.

Carnes, aves e derivados:

• devem apresentar odor agradável e cor característica;

• devem possuir consistência firme;

• não devem apresentar manchas escuras ou esverdeadas;

• não devem estar pegajosos;

• não devem apresentar nevroses (inervações) ou contrapesos.

Ovos:

• devem apresentar casca áspera, porosa, fosca, seca e limpa;

41

• não devem conter rachaduras;

• a clara deve ser firme e a gema inteira, abaulada e no centro;

• quando colocados na água, devem afundar;

Farinha de mandioca:

• não deve ter cheiro azedo;

• não deve ter manchas escuras (mofo);

• deve ter cor castanho-clara quando torrada;

• deve ter cor branca quando crua;

Fubá (farinha de milho):

• deve estar bem solto e seco no pacote;

• deve apresentar cor amarela uniforme;

• não deve ter manchas de cor preta, azulada ou esverdeada e cheiro azedo.

Pão:

• deve apresentar aspecto crocante;

• deve apresentar miolo poroso e elástico;

• não deve apresentar casca tostada em excesso.

Feijões (grãos em vagem):

• não devem conter perfurações (carunchos e outros insetos);

• não devem estar esbranquiçados (mofo), brotando, murchos e sem brilho;

• não devem apresentar cheiro estranho (inseticida), quando o pacote for

aberto.

Macarrão, biscoito:

42

• não devem apresentar cor esverdeada com pontos brancos e cinzas

(mofo);

• não devem estar com cheiro de mofo;

• não devem estar com perfurações (caruncho ou outros insetos);

• devem estar inteiros e firmes, sem pó branco solto no pacote.

Arroz, canjiquinha, milho branco:

• não devem apresentar manchas escuras, brancas e esverdeadas;

• não devem estar com sabor ardido;

• não devem apresentar perfurações (carunchos ou outros insetos).

Legumes, feculentos, verduras, frutas:

• devem estar firmes;

• não devem estar amarelos;

• não devem estar machucados, perfurados ou muito maduros;

• devem ser adquiridos na época da safra.

Enlatados:

• não devem estar amassados, enferrujados e estufados;

• não devem conter perfurações, principalmente na costuras;

• os óleos devem ser transparentes, com cheiro e gosto próprio;

• não devem soltar ar com cheiro azedo ou podre, quando abertos;

• não devem apresentar manchas escuras e ferrugem na parte interna.

Leite líquido:

• deve apresentar cor branca;

• deve manter as características iniciais após a fervura;

43

• não deve apresentar separação de partes nem gordura (grumos brancos e

líquido amarelo);

• não deve apresentar sabor e cheiro azedo;

• não deve apresentar separação de partes nem gordura (grumos brancos e

líquido amarelo).

Leite em pó:

• deve desmanchar facilmente na água, estar seco e solto;

• não deve apresentar cor alaranjada ou amarelo forte, cheiro azedo ou

rançoso, manchas escuras ou esverdeadas (mofo).

Uma decisão mais do que acertada, pois é um dos alimentos mais

completos criados pela natureza. Tem cálcio, vitaminas, proteínas, gordura,

fósforo, açúcar e minerais.

5.2.3.2. Transporte dos Alimentos (KUREK & BUTZKE, 2006).

O gestor escolar do CIEP não é o responsável pelo transporte dos

alimentos, mas é ele quem os recebe, e pode até mesmo recusá-los,

devolvendo para as empresas fornecedoras, caso a forma de transporte

tenha colocado em risco a qualidade dos alimentos, que serão consumidos

pelos alunos.

Fatores que devem ser observados pelo gestor quando o alimento chega

para ser entregue na escola:

• o veículo utilizado para o transporte dos alimentos precisa estar em

condições de limpeza e higiene.

44

• é necessário proteger os alimentos da chuva, poeira e sol, cobrindo-os com

lona, plásticos ou outros materiais semelhantes.

• não devem ser transportados com outros produtos que não sejam

alimentos, pois pode haver contaminação.

OBSERVAÇÃO: A embalagem deve proteger o alimento. Portanto, é preciso

muita atenção:

• não deve estar furada, rasgada e amassada;

• deve ser aberta apenas a embalagem para o consumo do dia;

• deve ser guardada bem fechada, caso não seja utilizado totalmente o

alimento;

• deve conter informações sobre o produto.

5.2.3.3. Armazenagem dos alimentos (SED- MS, 2007).

Para manter a qualidade dos alimentos que fazem parte do estoque da

merenda escolar, o gestor deve tomar algumas precauções e ter muito

cuidado na armazenagem, manipulação e espaço físico destinado para esse

fim. Exemplos de cuidados que devem ser prioridade na dispensa (local

reservado para armazenar os alimentos):

• a temperatura de armazenamento deve estar de acordo com a requerida

pelo produto (congelado, resfriado, refrigerado ou in natura). A manutenção

da temperatura deve ser observada;

• o local precisa ser: arejado, com telas de proteção, claro, sem a luz direta

do sol, seco e com paredes e pisos lisos, limpos e, de preferência, de cor

clara;

• antes de armazenar o alimento, deve ser observada a data de validade e

se a embalagem não está danificada;

45

• os alimentos devem ser colocados afastados da parede e acima do chão

(prateleiras e estrados) e separados de material de limpeza;

• os produtos com data de fabricação mais antiga devem ser armazenados à

frente dos mais novos;

• deve ser deixado espaço suficiente para a circulação de ar entre os

alimentos.

5.2.3.4. Manipuladores de alimentos (SEE, 2009).

Ao trabalhar com os alimentos, os manipuladores devem ter alguns cuidados

especiais com a higiene pessoal. Além dos cuidados que já realizam

diariamente, como tomar banho, escovar os dentes, manter as unhas curtas

sem esmalte e limpas e, no caso dos homens, manter a barba sempre feita:

• realizar exames periódicos, possuir carteira de saúde;

• manter ferimentos protegidos e bem limpos, caso esteja machucado;

• usar uniforme branco, mantendo-o sempre limpo: gorro ou touca cobrindo

todo o cabelo preso, guarda-pó com manga e calçado fechado e de cor

clara;

• não usar relógio, anéis, pulseiras, brincos e evitar perfumes;

• não coçar a cabeça, ou passar dedos nas orelhas, no nariz e na boca,

tossir e espirrar próximo aos alimentos, além de não fumar ou mascar goma;

• lavar sempre as mãos com água e sabão antes de manipular alimentos.

Em especial às merendeiras é recomendada a elaboração de uma cartilha.

]

46

5.2.3.5. Água

É um alimento e um componente de higiene que precisa ser controlado.

Recomenda-se o consumo de água da rede pública de abastecimento, já

que os sistemas individuais (fontes) estão sujeitos a contaminações.

Sem água, o corpo não funciona. É essencial em todos os processos

metabólicos. Uma pessoa pode ficar até 30 dias sem comida, mas sem ela

não mais de 10 dias. A água é o líquido da vida.

No caso de fontes, devem ser observados indicadores de que a água pode

estar inadequada para consumo, como, por exemplo:

• localização próxima a privadas, fossas, currais ou plantações;

• persistência de doenças, especialmente as relacionadas aos intestinos;

• inexistência de cobertura, proteção e possibilidade de inundação;

• localização próxima a depósitos de lixo;

• localização em áreas densamente povoadas, onde não existam sistemas

de esgotos sanitários.

Deve sempre ser filtrada e/ou fervida e armazenada em recipiente limpo e

com tampa. Finalmente, todo cuidado é pouco quando o assunto é

Alimentação Escolar Saudável, pois a clientela é formada por crianças. É

preciso, pois, zelar pelo controle de qualidade dos alimentos para tornar a

alimentação escolar saudável. Isso exige a observação constante da

higiene:

• pessoal;

• do local de trabalho e dos equipamentos;

• dos utensílios e dos alimentos;

47

• além da qualidade do alimento a ser adquirido e produzido na horta

escolar.

5.2.3.6. Sugestões de Atividades (SAE, 2005).

A promoção de uma alimentação saudável no espaço escolar pressupõe a

integração de ações em três campos:

ações de estímulo à adoção de hábitos alimentares saudáveis, por

meio de atividades educativas que informem e motivem escolhas

individuais;

ações de apoio à adoção de práticas saudáveis, por meio da oferta de

alimentação nutricionalmente equilibrada no ambiente escolar;

ações de proteção à alimentação saudável, por meio de medidas que

evitem a exposição da comunidade escolar a práticas alimentares

inadequadas.

A escolha de um tema específico como, por exemplo: frutas, legumes e

verduras, tem como objetivo promover o consumo de alimentos que,

comprovadamente, contribuem para a promoção da saúde e para a

prevenção da obesidade e de outras doenças crônicas, como as doenças

cardiovasculares, o diabetes e alguns tipos de câncer.

A escolha pelo tema Frutas, Legumes e Verduras é motivada pelos estudos

científicos demonstrarem que o consumo de pelo menos cinco porções

diárias de frutas, legumes e verduras (cerca de 400g) diminui o risco de

adoecimento por doenças crônicas e que a proteção é maior quanto maior

for o consumo desses alimentos. A Organização Mundial da Saúde (OMS)

tem como prioridade a promoção do consumo destes alimentos e

recomenda que pelo menos 400g ou 6 a 7% das calorias que consumimos a

cada dia sejam fornecidas por esses alimentos.

48

Dessa forma, no Anexo 2, estão apresentadas algumas sugestões de

atividades para o desenvolvimento do tema com os alunos.

Vale ressaltar que crianças e adolescentes aceitam melhor frutas do que

legumes e verduras. Por isso, busca-se prover atividades que valorizem e

aproximem os alunos dos alimentos menos aceitos assim como promover

formas de integração das atividades desenvolvidas em cada segmento de

ensino, como por exemplo, a manutenção de uma horta e pomar na escola.

49

CONCLUSÃO

Ter uma alimentação saudável é um dos pontos fundamentais para a

manutenção e melhoria da qualidade de vida dos seres humanos. Os

alimentos fornecem energia, regulam e mantêm o bom funcionamento do

organismo de adultos e promovem o correto crescimento dos educandos.

A implantação de hortas escolares para o cultivo de alimentos orgânicos

pode ser uma solução prática positiva para a oferta de uma alimentação

escolar saudável, livre de agrotóxicos e para o contato direto dos educandos

com os alimentos, fortalecendo a educação alimentar.

O hábito alimentar varia de acordo com a região, origem e cultura da

população, assim como sua vocação agrícola. Devem-se observar as

características quanto ao gosto e paladar próprio dos educandos, que varia

de acordo com a idade correlacionada à educação ou reeducação de hábitos

alimentares não-adequados.

A observância quanto aos hábitos sadios e preferências alimentares dos

educandos é de fundamental importância para a organização da merenda

escolar, mas existe uma sugestão de cardápios, que podem sofrer

adaptações pelos gestor, elaborados pela Divisão de Alimentação Escolar

da Secretaria de Estado de Educação, e que deverão ser afixados em locais

visíveis nas dependências da unidades escolares.

A seleção dos alimentos, o que deve ser prioridade na gestão da merenda

escolar. Nesse sentido, um cardápio pode apresentar boa aceitabilidade em

uma escola, não ocorrendo o mesmo em outra.

Sabe-se que uma alimentação variada e colorida inclui frutas, hortaliças

frescas, pão, cereais, derivados do leite etc, sendo desnecessário uma

50

suplementação alimentar. A falta de nutrientes na alimentação pode

provocar crescimento inadequado e diminuição desempenho escolar. O

aspecto do prato oferecido por meio de combinação de cores e consistência

não deve ser esquecido, já que influencia a aceitação dos mesmos.

Quando os educandos consomem produtos industrializados (guloseimas,

biscoitos, refrigerantes etc) como substitutos de uma refeição, eles podem

ter deficiências nutricionais, por isso deve-se ter cuidado com alimentos

vendidos nas cantinas das escolas, o que não é indicado pela SEE

(Secretaria Estadual de Educação) nos CIEP’s estaduais.

Nas refeições diárias dos CIEP’s, deve haver variedade de preparações nos

cardápios a serem oferecidos, o que implica mudanças constantes.

Conforme a estação do ano (verão/inverno), também deverá ocorrer

alterações.

O gestor democrático desenvolvendo políticas de valorização das atividades

cotidianas da escola, principalmente na questão da merenda, promove um

melhor aproveitamento alimentar evitando-se o seu desperdício.

A hipótese dessa pesquisa é confirmada por relatos pedagógicos constantes

do corpo docente, o que possibilitou a constatação, de que a utilização da

metodologia apresentada neste trabalho, incluindo as atividades sugeridas,

tem contribuído de forma eficaz para o aprendizado dos alunos, assim como,

possibilitando aos mesmos adquirirem hábitos alimentares e higiênicos

saudáveis, os quais são fundamentais na sua formação enquanto cidadãos.

51

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, E.T. e colab. Manual para Manipuladores de

Alimentos. Secretaria do Estado de Educação do Estado do Rio de

Janeiro: Junho de 2005.

FERREIRA, A. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Nova

Fronteira, 5 ed., p. 1.144.

GAMA, J. Função Social da Escola, dificuldades e demandas da

comunidade. Site: www.pousoalegre.mg.gov.br, última visualização 25 de

julho de 2009.

KUREK, M., BUTZKE, F. M. C. Alimentação Escolar Saudável para

Educandos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Revista de

Divulgação Técnico-Científica do ICPG, v. 3, No 9, jul-dez, 2006.

LIBÂNEO, J. Organização e gestão da escola: Teoria e prática. 5ª edição.

Goiânia: MF Livros, 2008.

Ministério da Educação e Cultura. FNDE: Fundo Nacional de

Desenvolvimento da Educação. Site: www.fnde.gov.br. Visualizado em

13/06/2009.

Ministério da Educação e Cultura. PDE: Plano de Desenvolvimento da

Educação. Site: www.mec.gov.br. Visualizado em 20/05/2009.

PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar, site

www.portaldatransparencia.gov.br última visualização em 05 de agosto

de 2009.

52

RIBEIRO, D. O livro dos CIEP´s. RJ: Bloc, 1986.

SEAM. Secretaria de Educação de Americana. Visualização: 15/06/2007.

http://www.seamericana.com.br/.

Secretaria Estadual de Educação. Operacionalização do programa de

alimentação escolar/RJ, 2009.

Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:

Meio ambiente e Saúde. Temas Transversais. Volume 9. Brasília: 1997.

SMEDC / Proposta Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de

Duque de Caxias. Pressupostos Teóricos - Escola em Movimento. DC,

RJ: SME, 2002.

SAE. Secretaria de Alimentação Escolar. Livreto Semana Escolar. RJ: 2005.

Site: www.saude.rio.rj.br. Visualização em 12/11/2008.

Site da Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso do Sul, (SED-MS,

2007). Merenda escolar. Site: www.sed.ms.gov.br. Visualização em

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SOUZA, C. SANTANA, Y. Gestão Democrática. Site:

www.nead.unama.br./site/bibdigital. Visualização em 05 de agosto de

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UNOESC/Universidade do Oeste de Santa Catarina. A função social da

escola. Site: www.unoescxxe.edu.br. Revista online. Última visualização

05 de agosto de 2009.

VEIGA, I. Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível.

Rio de Janeiro: Papirus, 1996.

53

ANEXO 1

QUADRO 1 - Grupos Alimentares (Kurek et al., 2006, p.140).

54

ANEXO 2

Sugestões de Atividades Pedagógicas (SAE, 2005).

Educação Infantil:

1. Construir charadas sobre frutas, verduras e legumes que misturem

informações sobre a forma, a cor, o tamanho e o modo usual de consumo.

Por exemplo: É costume comê-la em rodelas, amassada ou inteira e tem

casca amarela (banana). É redonda, grande, verde por fora e vermelha por

dentro (melancia).

2. Colocar em uma caixa algumas frutas, legumes, verduras e temperos.

Vendar os olhos do participante da vez. Solicitar então que escolha algo da

caixa e, através do olfato e do tato, descobrir o que tem nas mãos. Os

benefícios dos alimentos podem ser discutidos com as crianças.

3. Disponibilizar frutas, legumes e verduras para que as crianças as

manipulem livremente. Distribuir argila ou massa de modelar para as

crianças modelarem os alimentos apresentados.

4. Realizar uma oficina de culinária para elaboração de uma salada de

frutas. Colocar sobre uma tábua as frutas, previamente higienizadas, para

que as crianças cortem em pedaços pequenos utilizando utensílios plásticos.

Arrumar as frutas picadas numa tigela e espremer o suco da laranja ou de

outra fruta e servir. Atividade semelhante pode ser feita com salada crua de

legumes e verduras.

55

5. Construir um jogo da memória a partir de imagens de alimentos em

revistas e encartes de supermercados. Dar preferência às frutas, legumes e

verduras.

6. Utilizar a música: “O que que tem na sopa do neném” - de Paulo Tati, para

resgatar a alimentação de quando as crianças eram bebês. Destacar, na

discussão a sopa de legumes.

7. Identificar atividades de construção de raciocínio matemático que possam

trabalhar com frutas, legumes e verduras.

1º segmento do Ensino Fundamental:

1. Solicitar que cada aluno traga de casa uma fruta. Conversar com a turma

sobre as preferências, promover a degustação dos alimentos e pedir para

eles que descrevam o sabor e a textura dos alimentos degustados.

2. Solicitar que os alunos tragam figuras de alimentos. Dividir os alunos em

grupos e solicitar que construam um prato que represente uma alimentação

saudável. Conversar com os alunos sobre suas impressões em relação à

alimentação saudável, sabor, prazer etc.

3. Nas escolas onde existe horta/pomar, trabalhar com as crianças na

plantação das hortaliças de rápido crescimento, mostrar seu uso na

alimentação diária, suas propriedades (de acordo com a faixa etária, vai se

aumentando o grau de informação), identificar e confeccionar receitas onde

esses alimentos estão presentes.

56

4. Visitar uma feira livre para conhecer as diversas frutas, legumes e

verduras. Conversar com o feirante sobre sua rotina de trabalho, aquisição

dos alimentos preços, safra. O professor pode promover outras visitas

temáticas: supermercados, lojas de hortifruti, sítios de produtos orgânicos.

5. Organizar um livro de receitas que possuam como ingredientes frutas,

legumes e verduras. Estimular a identificação de receitas mais saudáveis.

Privilegiar aquelas que utilizam temperos naturais, óleo ao invés de

margarina, ingredientes “in natura”. Evitar receitas que levem grandes

quantidades de: manteiga, margarina, maionese, creme de leite, gordura

hidrogenada, sal e açúcar. Preferir preparações cruas, cozidas, assadas,

refogadas, ensopadas ou grelhadas, evitando preparações fritas.

6. Solicitar que o aluno registre, durante uma semana, seu consumo de

frutas, legumes e verduras (tipo, quantidade, em que refeição ingeriu o

alimento, como estava preparado).

7. Promover a organização de uma festa na sala de aula que valorize o

tema “Frutas, legumes e verduras”. Dividir a turma em grupos e delegar para

cada grupo uma tarefa na organização: decoração do local, os alimentos e

preparações a serem trazidos, as músicas, as brincadeiras etc. que

valorizem o tema.

8. Sugerir aos alunos que proponham aos familiares prepararem uma

refeição ou um lanche juntos. Contar a experiência para a turma.

9. Organizar o lanche da vovó na história infantil do Chapeuzinho Vermelho:

O que será que ela pode comer? E também listar os alimentos que estão no

tabuleiro do verdureiro na história da Bonequinha Preta.

57

10. Estimular a influência dos sentidos na alimentação. De olhos vendados,

o aluno deve ser capaz de descobrir que alimento é aquele através do olfato,

gosto, formato.

11. Promover um festival “A cozinha do chefe” entre os alunos da turma ou

da escola. O festival pode ter alguns temas, como “sucos de frutas”,

“saladas” ou “sobremesas”. Algumas pessoas podem montar um júri que irá

degustar as preparações e dar notas. Todos podem ser vencedores!

12. Solicitar aos alunos que tragam uma receita muito usada por sua família

para apresentar à turma. Explorar os seguintes aspectos: diferentes hábitos

alimentares; medidas caseiras e unidades convencionais de medida;

fenômenos químicos e físicos relacionados à culinária (“Por que o bolo

cresce?” “Por que a massa do pão tem que descansar?”); significado dos

termos utilizados nas receitas (assar, cozinhar, refogar, grelhar, fritar,

marinar, untar...).

13. Estabelecer relações entre a culinária dos diferentes estados do Brasil

ou dos diferentes países do mundo com as características geográficas do

local. Entrevistar pessoas da comunidade escolar que tenham nascido ou

morado em outros estados, sobre os principais alimentos consumidos, os

hábitos alimentares, o modo de preparo das comidas típicas, entre outros

aspectos.

14. Realizar o “Dia da Gostosura”. Cada participante deve trazer um

alimento que nunca comeu, evitando os alimentos industrializados. Os

alimentos devem ser expostos de modo atraente e todos devem ser

estimulados a provar alguns deles. Discutir com o grupo sobre a

possibilidade de incluir novos alimentos em seus hábitos.

15. Pesquisar sobre os diferentes profissionais que estão relacionados à

função da culinária: cozinheiro, auxiliar de cozinha, merendeira, nutricionista,

58

chefe de cozinha, padeiro... Aproveitar o tema para valorizar a atuação dos

merendeiros da escola com uma homenagem, uma visita, um bate-papo.

16. Discutir com os alunos os cuidados de higiene na preparação de

alimentos e a prevenção de acidentes na cozinha.

17. Discutir a origem dos alimentos, por exemplo, de onde vem o pão, o

macarrão, a manteiga, o queijo, o óleo, o café, o açúcar.

18. Visitar a cozinha da escola ou da própria casa e listar os diferentes

equipamentos e utensílios existentes, identificando para que servem.

19. Aproveitar a comemoração de datas especiais para planejar um cardápio

saudável e cozinhar em família.

20. Assistir filmes ou vídeos que incentivem a discussão sobre hábitos

alimentares. Sugestões: “Como água para chocolate”; “Chocolate”;

“Casamento Grego”; “O Banquete de Vatel”; “A Festa de Babete”; “Super

Size Me”; “O Tempero da Vida”.

21. Promover a leitura de histórias infanto-juvenis relacionadas ao tema,

entre elas:Come, come - pais e filhos na cozinha - João Alegria - Jorge

Zahar Editora O sabor das especiarias – Ana Maria Magalhães e Isabel

Alçada – Editora ScipioneO Livro de Receitas do Menino Maluquinho –

Ziraldo – Editora Melhoramentos Expedito, o cozinheiro – Liliana Iacocca –

Editora Moderna Em Cima e Embaixo – Janet Stevens – Editora Ática

22. Propor ao grupo uma discussão sobre alimentação saudável baseada na

música “Comida” do grupo Titãs. A discussão pode ser motivada com

perguntas como: “você tem fome de quê?”; “você come para quê?”; “você

come o quê?”

59

23. Discutir a utilização de temperos naturais em substituição ao sal ou

outros temperos e molhos industrializados. Pesquisar receitas em que os

temperos naturais são utilizados (açafrão, alecrim, orégano, cheiro verde,

coentro, manjericão, cravo, canela...).

24. Organizar uma horta, caso a escola possua espaço. Sugerimos o plantio

de plantas aromáticas e condimentares. A construção de mini-hortas (ervas)

em caixotes costuma despertar grande interesse.

25. Discutir com os alunos quais seriam as estratégias para tornar o

refeitório da escola um espaço mais prazeroso e agradável.

26. Escolher alguns cardápios servidos na escola e identificar os diferentes

grupos de alimentos e o seu modo de preparo. Consultar as fichas de

preparação dos cardápios e entrevistar merendeiras e/ou responsáveis pela

merenda na escola.

27. Elaborar uma oficina de culinária com os alunos. A vivência da oficina de

culinária é uma estratégia com grande poder de sensibilização para que as

pessoas reflitam sobre suas práticas alimentares. A vivência da oficina não

precisa acontecer, necessariamente, em uma cozinha. Há várias receitas

que combinam saúde e prazer que não necessitam, para o seu preparo, de

todos os equipamentos de uma cozinha (fogão, forno, geladeira...) como, por

exemplo, sanduíches saudáveis ou saladas e outras que necessitam de

equipamentos que podem ser utilizados fora da cozinha (batedeira,

liquidificador, multiprocessador...).

60

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ...............................................................................................1

CAPÍTULO I ............................................................................................... 7

CAPÍTULO II

2.1. Panorama social/político/educacional, que originou a concepção do

CIEP.............................................................................................................11

2.1.1. O projeto dos CIEP’s do Estado o Rio de Janeiro ........................... 14

2.2. A proposta pedagógica diferenciada dos CIEP’s ................................15

CAPÍTULO III

3.1. Conceituando o projeto político-pedagógico..........................................17

3.2. Princípios norteadores do projeto político-pedagógico .........................19

CAPÍTULO IV

4.1. Princípios de uma gestão escolar de qualidade ....................................21

4.2. Elementos que influenciam a conquista da gestão democrática .......... 23

61

CAPÍTULO V

5.1. Histórico da alimentação e nutrição ...................................................... 26

5.2. Gestão para qualidade de alimentação do aluno ..................................27

5.2.1. O que é exatamente, a má alimentação? ...........................................27

5.2.2. Valor nutricional dos alimentos ...........................................................28

5.2.3. Gestão e controle de qualidade dos alimentos ...................................32

5.2.3.1. Características visuais (sensoriais) que devem ser observadas nos

alimentos.......................................................................................................33

5.2.3.2. Transporte dos alimentos ................................................................36

5.2.3.3. Armazenagem dos alimentos ..........................................................37

5.2.3.4. Manipuladores de alimentos ............................................................38

5.2.3.5. Água ................................................................................................38

5.2.3.6. Sugestões de atividades ..................................................................39

CONCLUSÃO ...............................................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................43

ANEXOS .......................................................................................................45

62

FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes. Título da Monografia: Saberes e sabores, uma relação prazerosa: na

administração escolar.

Autor: Georgete da Rocha Mourão. Data da entrega: 03/10/2009. Avaliado por: Sheila Silva Rocha. Conceito: