revista conviver #10

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ISSN 1983-1102 www.cg.unimed.com.br Campina Grande Janeiro de 2010 c

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Publicação trimestral da Unimed Campina Grande.

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ISSN

198

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www.cg.unimed.com.br

Campina GrandeJaneiro de 2010

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62SAÚDE AUTO ASTRAL

• o humor em alta• traço de humor • CoNVIVa!

UNIMED: UMA MARCA NO SEU TEMPO

12• dr. CloVIs borges• uma esColha a altura da deCIsão•a exCelêNCIa que Nos uNe• redeNção pelo CoNheCImeNto

46RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

• um NoVo olhar

22

PONTO DE VISTA - A VIDA EM DEBATE• a Nós, que somos INstaNte, que somos eterNos • edIfICar a paz muNdIal• um ComoVeNte adeus ao doutor ulIsses pINto• CoNVIVêNCIa, tolerâNCIa, dIfereNça e alterIdade 48

ARTES EM MOVIMENTO

• a seguNda abertura do mar Vermelho para o poVo judeu• saudades do futuro• o terCeIro quIrodáCtIlo do dr. josé alVes• No tempo da delICadeza• o poeta Não Cala

32 NOSSO PATRIMÔNIO

• dr. frasNCIsCo VIeIra 60CIDADE - QUE GRANDE CAMPINA

• ordem No progresso

MEDICINA PREVENTIVA

36• hIperIdrose• olhos• postura para a VIda• VIda em Cada gota• beleza é fuNdameNtal

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

COLUNISTASUMA MARCA NO SEU TEMPO

CONVIVA!

NATUREZA MÉDICA

O RISO E O SISO

SENSIBILIDADE CRÔNICA

TRAÇO DE HUMOR

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS

DR.JOSÉ MORAIS LUCAS médico anestesiologista, Cooperado da unimed Campina grande, membro da academia Campinense de letras.

ALINE FERREIRA DURÃESjornalista pela universidade estadual da paraíba, graduan-da em letras - língua Inglesa pela universidade estadual da paraíba e cursando especialização em mídia e asses-soria de Comunicação.

DR. EDMUNDO DE OLIVEIRA GAUDÊNCIOmédico psiquiatra, Cooperado da unimed Campina grande, professor de psiquiatria da ufCg.

FRED OZANANjornalista, chargista, design gráfico, sócio fundador da fundação Nacional do humor (pI), membro da associação dos Cartunistas do brasil (sp).

DR.JOSÉ ALVES NETOmédico ultrassonografista, Cooperado da unimed Campina grande.

MICA GUIMARÃESjornalista, professor do Curso de Comunicação social da universi-dade estadual da paraíba, radialista.

DR. FLAWBER ANTONIO CRUZ perito médico do INss - especialista em pediatria - membro do Conselho regional de medicina.

ECOSCIENTE

ROSÂNGELA ALVES DE SOUTO graduada em Ciências biológicas, mestre em agronomia, doutoranda em recursos Naturais.

DRª ALANA AGRA DO Ógraduada em medicina pela uni-versidade federal da paraíba. es-pecialista em saúde pública pela faculdade de Ciências sociais e aplicadas (2004) e residência mé- dica pela universidade federal da paraíba (2001).

DILMA DANTASjornalista pela uepb, teóloga pesquisadora da cultura judáica. estudou na escola metivyah em jerusálem. atualmente coordena o pbprev em Campina grande.

PE PAULO SÉRGIO ARAÚJO GOU-VEIApároco e administrador da paróquia de são judas tadeu.

DR. EVERALDO LOPESmédico em ginecologia oncológica; um dos fundadores da faculdade de medicina de Campina grande; pro-fessor aposentado e escritor.

ROSSANDRO KLINJEYgraduado em psicologia pela univer-sidade estadual da paraíba (1998) e mestrado em saúde Coletiva pela universidade estadual da paraíba (2002). atua como psicólogo Clíni-co na Clínica reabilitar, professor da facisa e fCm.

JOSÉ OTÁVIO DE AGUIARdoutor em história e Culturas políti-cas pela ufmg, pós doutorando em história pela ufpe. professor do Curso de mestrado em história uahg/ufCg, professor do Curso de mestrado e doutorado em recursos Naturais/ufCg.

!

DRª ALCIONE FARIASfisioterapeuta pela universidade estadual da paraíba, especialista em reeducação postural global (rpg), pelo Instituto philippe emmanuel souchard de reeducação postural global e em terapia manual, pela escola de terapia manual e postural afonso salgado.

DR. RIVALDO FERNANDES FILHOmédico Cirurgião torácico – mem-bro da sociedade brasileira de Cirur-gia torácica – professor de Cirurgia da ufCg.

DR. FLÁVIO VENTURA PINTO DE OLIVEIRAmédico oftalmologista título de especialista em oftalmologia pelo Cbo; residência médica na santa Casa de misericórdia de sp; fellow em retina e Vítreo na santa Casa de misericórdia de sp.

DIANA REIS graduada em Comunicação so-cial - habilitação rádio e tv - pela universidade federal da paraíba (2007). pós-graduanda em mídia e assessoria de Comunicação pela faculdade Cesrei. servidora federal do INss. desenvolve atividade de assessoria de Comunicação e produção de vídeos.

DRA. ANA CECÍLIA graduada em medicina pela univer-sidade federal da paraíba, especia-lizada em dermatologia pelo Centro de estudos dermatológicos do re-cife (Ceder).

ALÍPIO HORTINSjornalista graduado pela universi-dade estadual da paraíba uepb, as-sessor de Comunicação, geógrafo e especialista em educação ambiental na gestão currículo e ensino.

DR. EVALDO DANTAS NÓBREGA membro da academia de letras de Campina grande. Cirurgião Colo-proctologista. ex-superintendente e diretor do huCg.

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EDIÇÃO ANTERIOR

CONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSALDR EVERALDO LOPES

CARTAS

CoNVIVeNdo Com VOCÊ

O

EspaçodoLeitor

Li a Revista Conviver e gostaria de parabenizar a toda Unimed, em especial o corpo de edito-ria da revista pela iniciativa de disponibilizar a Campina Grande mais uma ferramenta de comunicação para o público médico. Desta-co os artigos de conteúdo médico-científi co e também os artigos do professor Edmundo Gaudêncio, que nos fazem refl etir de forma edifi cante. Um abraço a todos.

Saulo Magalhães - Médico

A leitura da revista Conviver é uma união literal do útil ao agradável. A publicação consegue trazer reportagens com dicas de saúde, história e variedades com inteligên-cia, leveza e qualidade. Parabéns a toda equipe!.

Fernanda Souza - Chefe de Reportagem do Jornal Correio da Paraíba - CG

discurso democrático inspira-se no ideal de uma sociedade justa e igualitária. Seguramente,

a convivência comunitária é a úni-ca salvação para a humanidade! Porém é chocante e desolador o contraste entre a proposta verba-lizada e a prática social... a explica-ção recai na resistência do egoísmo humano às exigências do vínculo solidário. Os indivíduos aderem sem esforço aos empreendimen-tos que satisfazem suas ambições imediatas... mas não investem com o mesmo ardor em ações que a todos contemplem indistinta-mente. Todo mundo deseja sentir a alegria de satisfazer carências pessoais, ambiciona experimentar algo prazeroso... mas a satisfação indisciplinada desses desejos a longo prazo se torna letal para o equilíbrio comunitário. Viver em comunidade implica impor limites às demandas egóicas. Isto tem um preço cobrado antecipadamente sob a forma de autoconhecimento,

disciplina emocional, espírito de justiça e tolerância. Nesta perspec-tiva, a harmonia social é sempre o resultado de uma realização cole-tiva que supõe esforço convergente de todos e cada um dos membros do grupo. A fraternidade baseada na adesão à verdade e na prática da Justiça é o cerne da caminhada humanitarista. Nesta campanha, o pensamento ilumina os caminhos, mas é o sentimento que dá conteúdo à existência, confe-rindo um sentido à vida. Não há como induzir as pessoas à prática da solida-riedade, podemos apenas dar o exem-plo. Cada um pre-cisa resgatar em si mesmo potenciali-dades soterradas pelo exclusivismo egóico... tarefa para toda uma vida, que

exige disciplina e persistência. So-bretudo é preciso estar imbuído de que nunca se alcançará a realiza-ção pessoal, negando o respeito ao “outro”. Celebremos, pois, o Dia da Confraternização Universal, con-fi rmando o compromisso pessoal de disciplinar o egoísmo atávico adverso à solidariedade e à coo-peração, nas nossas ações sociais, econômicas e políticas.

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Unicred

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Da Unimed

mportada e incorporada por vários países a palavra francesa Réveillon tem origem no verbo réveiller, que muito mais do que uma festa significa despertar, “ficar acordado”.Impossível dissociar a palavra Réveillon dos festejos de fim de ano, uma celebração que pode ser inter-pretada como um ritual de passagem, afinal, todas as culturas do mundo, independente do tempo em que

se situem, celebram a renovação como elo de ligação entre dois ciclos, o que passou e o que se apresenta. Para nós que fazemos a Unimed Campina Grande, 2009 foi o ano da certificação. A comprovação pela Agência Nacional de Saúde Suplementar de que todo o empenho voltado para a qualidade do nosso trabalho e credibilidade junto a você ecoa positivamente, nos dando a certeza de que este é o caminho. No último trimestre de 2009 dois importantes momentos serviram de referência para a nossa história. Através do Programa de Qualificação das Operadoras de Planos de Saúde desenvolvido pelo nosso órgão regulador, ANS, a Unimed Campina Grande dentre as 1.707 operadoras atualmente ativas e com beneficiários no Brasil conquistou o importante índice de 86% de satisfação do beneficiário no ranking do Índice de Desem-penho da Saúde Suplementar - IDSS. Para se ter uma ideia o IDSS é uma informação importante para o consumidor na hora de contratar um plano de saúde. A partir dele, é possível conhecer o nível de qualidade das operadoras e fazer uma melhor escolha. Coroando nossas conquistas em 2009, a Unimed Campina Grande recebeu no último mês do ano, o seu Registro Definitivo junto a ANS. Uma certificação do alcance da excelência e do cumprimento das normas estabelecidas pelo Governo Federal para uma operadora. Para se ter uma ideia deste momento, basta avaliarmos que atualmente no Brasil das mais de mil e setecentas operadoras que atuam nesta área no País, 55% delas ainda não alcançaram o seu registro definitivo. Isto significa, segundo dados do Globo Online, que aproximadamente 15,7 milhões de brasileiros possuem planos de saúde de operadoras que não têm autoriza-ção definitiva de funcionamento da Agência Nacional de Saúde Suplementar. Todas estas vitórias são justificadas na união de médicos cooperados, colaboradores, clientes e não clientes, na intenção em sermos mais, quando o assunto é servir com verdade e transparência, afinal já se vão 38 anos de uma vitoriosa união entre a Unimed e a cidade de Campina Grande. Para o ano que se inicia, o tempo será de contínuo Reveillon, não no sentido de eterna comemoração, mas do dinâmico exercício do des-pertar. Um “estar acordado” para o futuro que nos convida a viver novas experiências, onde nelas poderemos burilar o contínuo aprimo-ramento que faz de cada um de nós eternos aprendizes na prática do conviver.

É TEMPO DE FICAR ACORDADO

I

Dr. Francisco Vieira de OliveirapresIdeNte da uNImed

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DIRETORIA 2006/2010

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOpresidente: dr. francisco Vieira de oliveiradiretoria administrativo – financeira: dr. alexandre de Castro batista leitediretoria médico – operacional: dr. Noberto josé da silva Netodiretoria de mercado: dra. teresa Cristina mayer Ventura da Nóbrega

VOGAISdr. emílio de farias júniordr. giovannini César a. l. de figueiredodr. josé moisés medeiros Netodr. josé tadeu pereira Vitorinodra. maria das graças l. Chagas

CONSELHO TÉCNICO E DE ÉTICAdr. aurélio josé gonçalves m. Venturadr. Carlos roberto de s. oliveiradra. deborah rose galvão dantasdra. gesira soares de a. florentinodr. josé protássio de Vieiradra. mônica loureiro C. rodrigues

CONSELHO FISCAL 2009dr. antonio dimas Cabraldr. ericsson albuquerque marquesdr.gladstone botto de almeidadr. henrique César feitosa pereiradra. jimena lacerda C. ribeirodr. saulo gaudêncio de brito

ASSESSORIA JURÍDICAdr. giovanni bosco dantas medeirosdra. maria rodrigues sampaio

COMITÊ DE COMUNICAÇÃOdr. evaldo dantas Nóbregadr. joaquim monteiro franca filho dr. josé morais lucasdr. josé moisés medeiros Netodr. josé alves Neto

DIREÇÃO/EDIÇÃOdrª. teresa Cristina m. V. da Nóbregaalice rosane Correia aline durãesribamildo bezerra de limaulisses praxedes

JORNALISTA RESPONSÁVELribamildo bezerra - drt 625/99

REDAÇÃOulisses praxedes – drt 2787/08

FOTOGRAFIAleonardo dos santos silva

ASSESSORIA DE MARKETINGalice rosane Correia

REVISÃOerika Castro

DIREÇÃO DE ARTE E VISUAL9Ideia Comunicaçãowww.9ideia.com.br

IMPRESSÃOgráfica moura ramos

CIRCULAÇÃO2.000 exemplaresdistribuição gratuitaedição trimestral

PARA SE CORRESPONDER COM A REDAÇÃO(83) [email protected]

todo conteúdo veiculado nesta publicaçãoé de responsabilidade dos seus autores.

a revista Conviver é uma publicação sem fins lucrativos, custeada pelo material publicitário, veiculado na mesma.

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ESPAÇO DO LEITOR

ATENDIMENTO(83) 2101.6576 / [email protected]

PARA ANUNCIAR LIGUE: (83) 2101.6580 (alice)[email protected]

Campina GrandeJaneiro de 2010

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Da Redação

O que seria para você viver um ano dez? Este número pode ser muito mais do que imaginamos. Constitui-se em um decá-logo, um número completo. Nele fecha-se um ciclo. Na matemática todos os números são agrupados em conjuntos de dez, sendo este a junção do início (1) e do fi m (0). É também o número da perfeição das obras e da plenitude dos santos no sentido bíblico. Portanto, não há como fugir: é um ano de bastante signifi cado para nossas vidas! Há quem diga que viver um ano dez é aproveitar festas, é viver intensamente cada minuto e se importar apenas com o presente. Passado e futuro não existem. É, viver um ano dez é vivê-lo intensamente sim, só que com algumas diferenças. Não se trata apenas de freqüentar festas, mas de divertir-se nos grandes e singelos momentos da vida. Ver um pôr-do-sol, observar a natureza, brincar com seu fi lho... É também lembrar-se do pas-sado e tê-lo como lição para o presente. É importar-se com suas ações hoje que trarão conseqüências no futuro. Pensar no amanhã também é saudável. E com o intuito de provocar uma maior refl exão e entrarmos em 2010 com saúde no corpo e no espírito é que vem a edição número dez da Conviver! Fundamen-tada na nossa história e vivendo o presente para construir um futuro melhor, trazemos nosso rol de matérias e artigos. Dr. Everal-do vem mais uma vez abrilhantar o espaço “Convivendo com Você” falando sobre a confraternização universal e a necessidade do homem de viver tal momento. O médico

e pesquisador Dr. José Morais Lucas nesta edição fala sobre o pioneirismo na anestesia em Campina Grande na pessoa do Dr. Cloves Borges. Seguem-se então um conjunto de ar-tigos e reportagens que nos levam à refl exões sobre o homem, a paz mundial e a convivên-cia e tolerância. Todos escritos por nomes que agregam mais valor à Conviver, como Dr. Flawber Cruz e os Professores Rossandro Klinjey e José Otávio de Aguiar. Nas pági-nas verdes, o presidente da Unimed Campina Grande, Dr. Francisco Vieira de Oliveira nos fala sobre os desafi os enfrentados pela coo-perativa e as conquistas que trazem o reco-nhecimento de um trabalho árduo porém não menos prazeroso de médicos que tem como fi losofi a de trabalho e de vida o cooperati-vismo. A Medicina Preventiva também está em evidência, trazendo assuntos atuais como Hiperidrose, Degeneração Macular, Reedu-cação Postural e a infl uência da dermatologia e da estética nos dias de hoje. São muitas outras estrelas-matérias que iluminam este ano novo, trazendo saúde, esperança e a motivação de que um ano dez não aparece do nada. Nós podemos e deve-mos construir este ano dez em nossas vidas fazendo valer uma pertinente frase do poeta Fernando Pessoa: “Sinto-me nascido a cada momento, para a eterna novidade do Mun-do...”

Boa Leitura e Viva um ano dez!

Equipe Conviver.

VIVER O NOVO

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José Morais Lucas

intercâmbio médico Campina Grande-Re-cife, ainda hoje muito grande, foi considera-

velmente maior nas décadas de 30, 40 e 50, quando aproxima-damente 90% dos profissionais desta área que se instalaram para trabalhar em nossa cidade, vieram da capital pernambucana, após se formarem na tradicional Facul-dade de Medicina do Recife, a se-gunda Escola Médica mais antiga do Nordeste, fundada em 1915. A explicação lógica desta preferência era, sem dúvida, pela proximidade territorial entre as duas cidades. Tanto os jovens da Paraíba e particularmente de Campina, eram atraídos para cur-sarem medicina no Recife, como no sentido inverso do vetor, jo-vens médicos formados no Recife – paraibanos e muitos pernambu-canos, para cá vieram se instalar, ora retornando à terra natal, ora por conta do mercado promissor da progressista cidade “Rainha da Borborema”. Aqui é oportuno lembrar que, no período supracitado, o nosso Estado ainda não dispunha de nenhuma Faculdade de Medici-na, pois a de João Pessoa (UFPB), pioneira na Paraíba, formou a sua primeira turma em 1957; mais distante ainda foi a formatura da primeira turma da Faculdade de Medicina de Campina Grande,

também da UFPB, hoje UFCG, que aconteceu em 1973. Foram muitos os médicos pernambucanos que vieram para Campina Grande naquele período áureo da nossa cidade e entre eles o Dr. Clovis da Silva Borges, formado em Recife na turma de 1946, aqui chegando como gine-cologista em 1947. Para cá, também da sua turma, vieram os doutores João Caetano dos Santos e Ubal-dino Souto Maior, ambos paraibanos. O Dr. Clovis, filho de José da Silva Borges e de Jacinta Borges, teve outras motivações para escolher a nossa cidade, pois era um pernambucano de Taquaritinga do Norte, cidade próxima de Campina Grande. Por outro lado, o seu tio Dario Bor-ges, também de Taquaritinga, na época já era um empresário bem sucedido em Campina Grande, onde havia constituído uma coo-perativa bancária, que funcionou por muitos anos. A presença e o sucesso do tio Dario Borges em Campina, foi mais uma motivação para que o Dr. Clovis viesse se instalar como médico em nossa cidade. Cidade onde viveu durante 50 anos, onde se casou e constituiu família,

estando aqui os seus restos mor-tais. Sobre o Dr. Clovis Bor-ges, décimo médico a ser homena-geado por esta revista, por quem devotei admiração e respeito, falo e escrevo com muita convicção, pois o conheci por muitos anos e de muito perto, já que sou casado há 39 anos com Valeria, a sua fi-lha primogênita. Para aqueles com quem conviveu, o Dr. Clovis foi um chefe de família exemplar, sendo ainda hoje citado pelos que o co-nheceram, pois teve uma conduta de vida pautada inteiramente para a família e o trabalho. A década de 50 veio para

ODR. CLOVIS BORGESPIONEIRO DA ANESTESIA EM CAMPINA GRANDE

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José Morais Lucas

mudar radicalmente a sua vida, pois, exatamente em 1950, quan-do o modelar Hospital Alcides Carneiro (IPASE), estava para ser concluído e inaugurado, recebeu convite para ser o primeiro anes-tesista daquela instituição federal de saúde. Ao aceitar, foi obrigado a mudar de especialidade, tendo que fazer curso de especialização no Hospital dos Servidores do Es-tado, no Rio de Janeiro, também pertencente ao IPASE, constituin-do-se desta maneira, não só como o primeiro anestesiologista do Hospital Alcides Carneiro, hoje Hospital Universitário, como tam-bém passou a ser o primeiro espe-cialista em anestesia de Campina Grande. Está nos anais da Socie-dade Brasileira de Anestesiologia a sua inscrição como o sócio nº 146. Após a inauguração do hospital em 10 de dezembro de 1950, passou a exercer suas fun-ções na nova especialidade, tendo que prestar concurso e ser apro-vado, para validar a sua nomea-ção como servidor público fede-ral do IPASE. Somente um ano e meio depois chegaria o Dr. An-tonio Arruda para ser o segundo médico anestesista do Hospital do IPASE e consequentemente o se-gundo especialista na cidade. Em 1951, mas precisamente no dia 20 de dezembro, o Dr. Clovis Borges casou-se com uma jovem que ti-nha apenas 16 anos de idade. Bere-nice, sua esposa, filha do médico Honor Marcelino de Oliveira e de dona Maria José Lins Marcelino,

de tradicional família do Recife. O casamento durou até a sua morte, que ocor-reu no dia 3 de outubro de 1998, quando contava com 81 anos de idade, pois havia nascido no dia 20 de agosto de 1917. Apesar de ter se casado muito jovem, quan-do apenas tinha concluído o curso ginasial, Berenice, por quem tenho muita es-tima e estreitos laços fa-miliares, voltou a estudar anos depois, fazendo ves-tibular juntamente com a filha Valéria. Com uma inteligência acima da mé-dia, além de muita força de vontade, num mesmo ano, minha sogra Berenice fez os três anos do curso científico, pois existia uma lei que permitia esta proe-za, além de ter passado no vestibular. Em matéria de estudo deu a volta por cima, pois, concluiu três cursos na FURNE, hoje UEPB (Pedagogia, bacha-relado em Bioestatística e Psico-logia) além da Pós-Graduação. Foi professora universitária da UEPB em vários cursos, com maior dedicação para Bioestatís-tica, onde publicou um livro sobre esta matéria de muita im-portância e complexidade. Foi eleita pela comunidade acadêmi-ca para exercer o mandato de vice-reitora na primeira gestão do reitor Sebastião Vieira. Além

da vice-reitoria, com inúmeras passagens pela Reitoria como substituta eventual do titular, e-xerceu outros cargos na diretoria da instituição. Até pouco tempo, após sua aposentadoria da UEPB, a professora Berenice esteve pres-tando os seus serviços na Secre-taria de Educação, Cultura e Es-porte de Campina Grande, como Coordenadora de Educação, tra-balhando ao lado do Secretário Flávio Romero.

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O casal Clovis-Berenice teve cinco filhos. Pela ordem, Valéria, Pedagoga e Professora-Mestra do Centro de Educação (CEDUC) da UEPB, mãe de três filhas. Micheline, médica oftal-mologista e Diretora do Banco de Olhos do Distrito Federal, que é casada com Fernando Betty Cres-ta, Doutor em Oftalmologia pela USP e médico do Hospital das Clínicas de São Paulo; Rosália, casada com Herbert (Juka) Vic-tor Soares, ambos com o curso de Direito e especialistas em Marketing, desenvolvendo suas atividades através das empresas Criare (propaganda) e Ampliar (imóveis). Rosália e Juka são os pais de Camila e Caio; Marcela, a caçula de Valéria, é Pedagoga, mestranda em Educação, profes-sora do Seminário de Campina Grande e Diretora-Adjunta do Colégio Padre Antonino, da rede pública municipal. Está se pre-parando para o casamento com Roberto Bruno Pereira de Araújo, profissional da área de comunica-ção visual e informática. Vera Lucia, segunda fi-lha do casal Clovis-Berenice, é médica dermatologista em Ara-caju, exercendo também Medici-na do Trabalho e Perícia Médica. A Dra. Vera é mãe dos médicos Ana Claudia (Gastroenterologia Infantil) e Clovis Augusto (Cirur-gia Geral); Ana Cláudia é casada com o Professor-Mestre Eduardo Gonçalves, Coordenador de Ensi-no do Colégio e Faculdade Ama-deus em Aracaju; Eduardo e Ana Cláudia são os pais de Yasmin e Gabriela. O médico anestesiolo-gista e que também se dedica ao tratamento da dor – Clovis José da Silva Borges, conhecido en-tre familiares e colegas como Dr. Clovinho, deu continuidade a especialidade do pai, Dr. Clovis

da Silva Borges. O José foi uma homenagem ao avô. Clovis José é pai de Ednaldo (Edinho), que está concluindo o curso de Direito na UEPB; de Tarsila, formada em Arte e Mídia pela UFCG, além de Taís e Luana; filhas do seu se-gundo casamento, com Márcia Pontes Cavalcanti Borges, Artista Plástica e Mestra em Engenharia Biomédica. Na sequência está Vânia, Assistente Social com MBA em gestão empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, atualmente exer-cendo a chefia do núcleo de Re-cursos Humanos do Hospital Re-gional de Campina Grande. Vânia é mãe de três filhos. Juliana, estu-dante do curso de Enfermagem, já tendo concluído o curso supe-

que se chama Narayana. Finalizando, lembro que o Dr. Clovis, por ter participado da Sociedade de Anestesia prestado-ra de serviços e que se chamava CRALL, trabalhou em todos os hospitais da cidade, onde sem-pre foi muito respeitado. Porém, pela maior convivência, o que ele gostava mesmo era de trabalhar no Hospital Alcides Carneiro (IPASE), onde era funcionário federal, bem como no Hospital Pedro I, onde tinha a preferência dos cirurgiões-médicos Gilvan Barbosa, Aroldo Cruz e Antonio Mesquita. Um fato marcante na sua vida, é que, mesmo aposen-tado, fazia questão de fazer anes-tesias para cirurgias realizadas no Hospital do IPASE (hoje HU), sem nenhuma remuneração. Fez isso por muitos anos, fazendo jus ao que a Professora Berenice me falou ao dizer, “Clovis gostava muito de trabalhar, não era aco-modado, cumpria com os seus deveres e os seus horários, porém não era ganancioso. Neste ritmo de vida, educamos todos os fi-lhos, fizemos muitas viagens de lazer, dentro e fora do país, como países da Europa e América do Sul. Além disso, gostávamos de curtir as ferias, geralmente no mês de janeiro, principalmente quando os filhos eram menores, na maioria das vezes em Recife, onde tínhamos um apartamento em Boa Viagem”. O Dr. Clovis Borges, real-mente marcou forte presença em Campina Grande, cidade que ele muito amava. Para cá também vi-eram morar os seus pais e as irmãs Lourdes, Luzia, Zélia, Ivonete e Mirian. Hoje, a família Borges de Taquaritinga está ampliada e muito ramificada em Campina Grande, tendo se unido por laços matrimoniais a outras importantes famílias.

Para aqueles com quem conviveu, o Dr. Clovis foi um chefe de família

exemplar, pois teve uma conduta de vida pautada inteiramente

para a família e o trabalho.

rior de Publicidade e Comunica-ção; Vitor, cursando atualmente Direito na Universidade Federal do Piauí, além de Jaqueline, que recentemente completou seus quinze anos de idade. O caçula da família é José Flávio Marcelino Borges, Pro-fessor Doutor em Física, atual-mente Coordenador do Curso na Universidade de Ponta Grossa no Paraná. Recentemente esteve em nossa cidade, pois estava retor-nando de Fortaleza, onde profe-riu três palestras na UFCE, sobre temas do seu domínio científico. Flávio tem uma filha de três anos

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ais do que um negócio, uma escolha de vida. Este foi o sentimento que inundou o dia 07

de novembro, no Curso de Fun-damentação dos Princípios Coo-perativistas. Etapa que faz parte de todo processo de entrada de no-vos médicos na Unimed Campina Grande. O evento ocorreu no Hotel Village e contou com a presença de cerca de dezoito candidatos a in-gressarem na cooperativa. O dia de atividades se ini-ciou com a fala do Presidente da Unimed Campina Grande, o Dr. Francisco Vieira de Oliveira, que realizou um panorama do coo-perativismo no mundo, afunilando as explanações até a nossa coo-perativa local. Ele também frisou o importante momento que estamos

vivendo de consolidação financei-ra depois da crise que atingiu todo o mundo. Logo em seguida, o jor-nalista e assessor de imprensa da Unimed Campina Grande, Ri-bamildo Bezerra proferiu a palestra “Cooperativismo: uma escolha a altura da decisão”, abor-dando a origem do cooperativismo no mundo, as especificidades do cooperativismo médico e, acima de tudo, falou sobre a importância desta escolha dos médicos em se integrar a uma cooperativa. Desta-cou que não é apenas escolher uma forma de trabalho mas também um estilo de vida, pautado nos princí-pios de: Livre acesso, adesão vo-luntária; Controle, organização e gestão democrática; Participação econômica dos seus associados;

Autonomia e independência; Edu-cação, capacitação e informação; Cooperação entre cooperativas e Compromisso com a comunidade. A interação entre os novos cooperados também foi um aspec-to bastante valorizado neste treina-mento. Para tanto foi realizada a Dinâmica Interativa “Atitude de cooperação”. Na mesma, os médi-cos foram orientados a formarem duplas e escolherem casos cotidia-nos em que eles tiveram que usar do princípio da cooperação para solucionar situações. Consistiu em um momento de grande edificação para todos e de reafirmação da im-portância do cooperativismo no dia-a-dia. O psicólogo Prof. Ros-sandro Klinjey ministrou a pa-lestra “Individualismo x o Cole-

UMA ESCOLHA A ALTURA DA DECISÃOa unimed Campina grande se torna ainda maior com a entrada de novos médicos coopera-dos, que só reafirmam o compromisso e a força que o sistema cooperativista possui como filosofia de vida e de trabalho.

M

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Cooperado

LISTA DE NOVOS MÉDICOS COOPERADOSamaurI pereIra da sIlVa fIlho ......................................................................... NeuroCIrurgIa/NeurologIadaNIel pereIra deaN ramos ..................................................................................................... NeuroCIrurgIadaNIlo Nóbrega de sIqueIra ..................................................................................................... oftalmologIa deNIse de lIma e melo ................................................................................................................. dermatologIaeduardo otaVIo braga moraIs ..................................................................... ortopedIa e traumatologIaelmo moraIs fIrmINo .................................................................................................................... aCupuNturafábIo de moura spa ........................................................................................... ortopedIa e traumatologIafatIma CrIstINa saNtos ................................................................................................................ mastologIafelIpe gustaVo CordeIro feItoza ................................................................................................ mastologIagleNNY brasIl gurgel .............................................................................. pedIatrIa/NeurologIa pedIátrICa humberto ramos de lIma .......................................................................................................... oftalmologIaIsaaC NeWtoN guImarães aNdrade ................................................................. CIrurgIa CardIoVasCularIVo marquIs beserra juINIor ......................................................... CIrur Cabeça e pesCoço/CIrur geraljose WeNdYsoN barbosa de souza .................................................................................................. urologIaleoNardo portela rabello ....................................................................................................... oftalmologIamax joffIlY de souza ................................................................................................................ CIrurgIa geralrICardo amorIm guedes fIlho ....................................................................... ortopedIa e traumatologIarogérIo WaNderleY pINto braNdão ....................................................................... otorrINolarINgologIareNata sIlVa de CarValho gurgel ........................................................................... oNCologIa pedIátrICaValerIa WaNderleY pINto b marquIs ..................................................................... otorrINolarINgologIa

tivo” e tratou de vários aspectos da vida humana em que se é preciso atentar para a coletividade e para o trabalho em equipe. Falou tam-bém sobre casos na história da so-ciedade de atitudes cooperativas e a necessidade do homem em estar em grupo. O momento Unimed tam-bém foi algo marcante neste curso. Dr. Norberto – Diretor Médico Operacional; Dra. Elizabeth Me-

nezes – Gerente de Administração de Contratos; Dra. Ana Cantalice – Gerente de Produção Médica e Márcia Carvalho – Gerente de Tecnologia da Informática falaram sobre o cotidiano da Unimed Campina Grande, os desafios diári-os e as normatizações de serviços designadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em suma, contextualizaram todos os novos cooperados à realidade da

Cooperativa e os deixaram a par de todas as conquistas e desafios. A Unimed Campina Grande se torna ainda maior com a entrada destes novos cooperados pois, acredita-se que, com a soma de forças, o trabalho conjunto pode fazer mais e as conquistas serão cada vez mais frequentes. Munidos de um único espírito, de uma só vontade e seguindo uma só meta: o bem comum.

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Colaborador

omo realizado todos os meses, a reunião do co-laborador Unimed re-uniu todos em volta de

um único objetivo: o crescimento conjunto e o compartilhamento de saberes para edificação e melhoria do trabalho. Na edição de dezem-bro o encontro antes chamado de “Unidos pela excelência” passou a ser denominado “A excelência que nos une” tirando a excelên-cia como consequência da união e apontando-a como causa. O presidente da Unimed Campina Grande Dr. Francisco Vieira de Oliveira iniciou a reunião falando sobre os desafios supera-dos no ano de 2009. Ele destacou a cooperação como ponto impres-cindível para conquistas como o

reconhecimento de grande parte dos tributos e o registro definitivo da Cooperativa perante a ANS, que nos assegura maior credibili-dade junto aos nossos clientes. A diretora de Mercado, Dra. Teresa Cristina Mayer, tam-bém parabenizou a todos pelos esforços que resultaram em um fechamento de ano singular e em seguida apresentou um vídeo fa-lando sobre a necessidade do tra-balho em equipe e de se ter metas para chegar no objetivo desejado. Uma apresentação com fotos dos colaboradores foi realizada provendo um momento de des-contração onde todos se viram e se identificaram no ambiente de trabalho. Logo após, o ponto alto:

a entrega do prêmio “Colabora-dor destaque 2009”. Baseado na ideia de que destaque é parte de um todo que merece atenção par-ticular, que serve de referência ou possui mérito por ação realizada, foram escolhidos colaboradores para cinco quesitos analisados: superação, responsabilidade, profissionalismo, proatividade e compromisso. No quesito superação o colaborador destaque foi Anto-nio Leopoldino; já quando se fala de responsabilidade o nome es-colhido foi Betânia Lira; Profis-sionalismo: Marconi Gomes; Proatividade: Maria José (Zélia) e Compromisso: Leonel Rodrigues. Vale ressaltar que os nomes foram votados pelas gerências exceto o quesito compromisso que teve votação de todos os colabora-dores. A Unimed Campina Grande reforçou seus pilares de união, confiança, diversidade e felicidade, fazendo valer momen-tos de crescimento e aprendizado, onde a valorização do colaborador se dá juntamente com a reflexão e o reconhecimento daqueles que mantém este movimento contínuo impulsionado pela cooperação.

A EXCELÊNCIA QUE NOS UNE

C

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a cada ano que se passa a busca pela excelência no trabalho aumenta cada vez mais. o espírito de equipe se fortalece e construímos uma cooperativa maior e mais forte.

marconi gomes, maria josé, antônio leopoldino, betania lira, leonel rodrigues

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dentramos em um lugar sereno, muito embora alguns alunos ainda es-tivessem eufóricos pelo

resultado de suas últimas notas. Em essência o local guarda a tran-quilidade remanescente de suas origens. Não é de se estranhar, afi -nal a Escola Técnica Redentorista (ETER), localizada no bairro de Bodocongó, em Campina Grande, surgiu da transformação do Semi-nário Redentorista em colégio, como ginásio científi co. Somente em 1974, através de seu fundador o Padre Edelzino de Araújo Pitiá, sob o lema “Edu-car é Libertar” a ETER apresentou os cursos pioneiros de eletrônica

e telecomunicações, tendo como missão a formação humana e profi ssional de jovens das classes sociais menos favorecidas, quali-fi cando-os como profi ssionais de nível técnico para o mercado de trabalho. Atualmente são oferecidos sete cursos técnicos (Eletrônica, Equipamentos Biomédicos, In-formática, Telecomunicações, Guia de Turismo, Segurança do Trabalho e Reabilitação em De-pendentes Químicos), nos turnos da manhã e tarde. Em sua trajetória a escola já formou mais de 5 mil técnicos, com média de dezentos a duzentos e trinta por ano. Recentemente foi reconhe-

cida pelo Ministério da Educação (MEC) como uma das três esco-las no país, e a única no Norte/Nordeste, do segmento comuni-tário que realizaram de forma bem sucedida o Programa de Expansão da Educação Profi ssional (Proep/MEC), tendo como principal ob-jetivo a reforma e crescimento da educação profi ssional no país. Para o diretor da escola, o padre Tiago de Melo, o reconhecimento vem fortalecer os 34 anos de história e atividades dessa instituição que visa benefi ciar os jovens carentes da Paraíba. “Temos a certeza que estamos no caminho certo, cami-nho onde o conhecimento é a base da mudança, onde o cidadão pode

REDENÇÃO PELO CONHECIMENTO

A

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se emancipar através da educação”, frisou. Para a estudante Aparecida Oliveira, a oportunidade de estudar na ETER, faz acreditar em um futuro melhor. “Irei seguir os passos do meu irmão que se formou em Eletrônica em 2007 e hoje já está empregado na área”. Estas são razões que consol-idam a imagem da escola, em mé-dia 70% dos alunos que passaram pelo Redentorista estão exercendo a profissão. Enquanto estávamos fazendo essa reportagem, uma equipe da empresa Vale do Rio Doce, rea-lizava entrevistas com alunos para o preenchimento de 17 vagas. “Muitas empresas renoma-das procuram mão-de-obra na Eter, pois encontram aqui alunos capac-itados com uma ótima formação técnica e acima de tudo humanís-tica”, frisou a vice-diretora, Maria de Fátima Cavalcante. Para garantir o desenvolvi-mento das atividades a instituição precisa contar com a parceria de empresas fornecedoras de bolsas de estudos que atendam a jovens estudantes reconhecidamente ca-rentes de Campina Grande e de muitos outros municípios. O pro-

cesso para bolsista consiste em entrevista com assistente social, preenchimento de um questionário sócio-econômico e posteriormente a visita in loco na residência do as-pirante, assim todo relatório passa por uma comissão que fornecerá o parecer. “Encontramos dificul-dade pela falta de recursos. Existe sempre uma grande demanda, mas precisamos também aumentar o número de empresas parceiras, pois a grande maioria dos nossos estudantes são bolsistas, seja inte-gral ou parcialmente”, afirmou o diretor. Como a ETER comemora 35 anos em 2010, uma das novi-dades diz respeito a exposição que será montada, com o objetivo de comemorar seu aniversário, contando toda a história da escola expondo fotos, posteres e as dife-rentes tecnologias utilizadas na ministração das aulas da origem dos cursos até agora. Outra boa

nova será o funcionamento da insti-tuição também no período noturno, estendendo assim a possibilidade das pessoas que trabalham durante o dia obterem formação, além da melhoria dos laboratórios. Para vice-diretora da ETER, com 15 anos trabalhando nesse segmento educacional, esse é um dos momentos mais propícios aos cursos técnicos, em se tratando do curso de Guia de Turismo o fu-turo é ainda mais promissor, tendo em vista a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ambas sediadas no Brasil. “O nosso tra-balho é sempre pautado na quali-dade, seguindo as orientações do Ministério da Educação (MEC) e em sintonia com as tendências do mercado. Sempre observando às demandas, pois não adianta só for-mar, o mercado de trabalho precisa absorver. Assim conseguiremos a redenção pelo conhecimento que é libertador”, frisou o Padre Tiago de Melo.

Cliente

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maria de fátima (vice-diretora) e padre tiago de melo (diretor)

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A NÓS, QUE SOMOS INSTANTE, QUE SOMOS ETERNOSdr. flaWber aNtôNIo Cruz

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que buscamos?Ou ainda, numa in-cursão filosófica breve, o que esperamos da

vida, que sentido a vida detém em nós? Afinal, é de querer que se alongam as horas de nossos dias. Do mais fugaz querer, ao mais inatingível. Da fome à compreen-são do que nos rodeia, estamos

sempre querendo. Se não neste instante, há pouco, ou num tempo longínquo, somos feitos de vontades que se perderam, ou que retornam invi-síveis aos nossos sentidos, de for-ma que o nosso passado, já lem-brança, atinge o ponto em que o presente ainda não se fez história, e lembrança e espera confundem-se numa linha que imaginamos

ser a que norteia a vida. Tal como ocorre com a ficção dos mitos e a razão dos ho-mens, que, ambos eternos, percor-rem o tempo até o ponto em que verdade e ficção entrecruzam-se, assemelhando-se sobremaneira. A verdade dos mitos consiste em narrar o sonho dos homens, e o sonho dos homens narra as von-tades de seus dias.

O

“Noite estrelada sobre ródano”, Vicent Van gogh, 1888 - óleo sobre tela

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Natureza MÉDICA

Há em cada homem um resquício de mito. Há em cada homem uma vontade de superar o que o subjuga. Tal como Prome-teu, o homem-deus que roubou o fogo, cuja chama acendia nos deuses o gênio da criação, para presenteá-lo aos mortais homens, o fogo que seria fonte de toda a razão e de toda a arte. Há em cada homem a vontade da chama, a sú-plica pelo que ilumina, a urgência pelo que aquece, queima, instiga. Cada homem implora ao mundo a cota de fogo que lhe entusiasme, que lhe inspire, que lhe supere a sombra, o frio, do destino errante, que lhe acenda a paixão. O que buscamos? Estar vivos. Afinal, nin-guém tem um filho, ninguém compra uma casa, ninguém es-colhe uma roupa, ninguém muda de canal de televisão, esperando morrer em seguida. Queremos vida. Que, tal qual o fogo roubado por Prome-teu, percorre nosso mundo de mortais desde quando a língua dos homens era o grito, feito da mesma chama, do mesmo calor. Que se repete e se revigora ao longo dos séculos, ao longo das guerras e festas dos homens. Que é única, e não obstante também de cada um, que resplandece em cada átomo, que reverbera em cada som. Cada homem espera do mundo, grita ao mundo, desde que nasce, a sua cota de vida, a

sua parcela de energia e luz que lhe movimente o corpo, que lhe surpreenda a alma. Medicina, feita do que dos homens é Arte e Ciência, Mito e Razão, perpassa o tecido do tempo, o novelo de medo e es-perança, o entremeado de erros e hipóteses, para, como as mãos de um Prometeu ainda ousado, cap-turar do mundo o tanto de vida para dá-la aos que a recorrem. As mãos da Medicina, que se estendem solícitas sobre

com o rigor de ventanias. Se as mãos da Medicina resguardam o fogo do que recupera, do que preserva, o tempo obscurece-as de lembranças desfeitas, ou mal queridas, ou saudades partidas. Entretanto, Medicina, em sendo Arte, e Tempo, em sendo Verdade, ambos eternos, tal como a memória e o presente, o mito e a razão, percorrem a história dos homens até o ponto em que se reconciliam. Até o ponto em que a cura, em que o alívio, delineados pelas zelosas mãos da Medicina, encontram o esboço do destino, que de cada um o tempo conduz.Assim, a Medicina preserva o tempo dos homens, para que estes tracejem seu destino, para que es-tes experimentem o tanto de dias a fim de restarem, quando a vida se esvair, como as lembranças de quem fora surpreendentemente único. Há em cada homem o ímpeto de ser mito. Há em cada médico a ousadia de superar a Natureza, e assim permitir aos homens ímpeto, e sonhos. Por fim, somos todos em parte instante, em parte eternos, feitos da mesma matéria dos que já partiram, e dos que virão. Como na “Canção de mim mesmo”, do poeta Walt Whitman, “Eu cele-bro a mim mesmo/e o que festejo você festejará/pois cada átomo que pertence a mim pertence a você”. Celebremos então o que buscamos.

A Medicina preserva o tempo dos ho-

mens, para que estes tracejem seu destino, para que estes expe-rimentem o tanto de dias a fim de resta-rem, quando a vida se esvair, como as

lembranças de quem fora surpreenden-

temente únicoquem sofre, derrama o tanto de vida que lhe cabe carregar ante do tanto que o tempo fustigou sobre cada um. Prometeu, acorrentado por castigo dos deuses, esbraveja que é inútil lutar contra a fatali-dade. Seria inútil lutar contra o tempo, até para os que ousam? Se as mãos da Medicina suportam entre seus dedos um tanto de vida, o tempo abate-as

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EDIFICAR A PAZ MUNDIAL

pe. paulo sergIo araÚjo gouVeIa

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estamos vivendo um momento de reflexão sobre os feitos do ano que passou e a necessi-dade de auspicioso planejamento para viver o renascer de um novo ano. Nessa ótica e sempre no início de cada ano, nós reafirmamos o desejo de paz e fazemos o compromisso de viver em paz uns com os outros, fraternalmente. almejamos intensamente está em paz interior e que a sociedade em que vivemos seja um lugar de tranqüilidade.

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De modo geral, nós vive-mos em uma sociedade extremamente violenta e esta violência não está

apenas nas ruas. Ela começa em nós mesmos, nas divisões que se alojam na interioridade da nossa pessoa, nos confl itos pessoais que não conseguimos resolver, na busca desenfreada do poder, do ter e do prazer, fazendo com que tudo isso tenha um refl exo nega-tivo na convivência com os ou-tros. O primeiro núcleo atingido por essa discórdia será a família. Toda esta desarmonia que co-nhecemos na nossa experiência cotidiana e através dos meios de comunicação é a ponta do iceberg de uma desarmonia muito mais profunda. Precisamos ter consciên-cia de que a paz não é algo dado aprioristicamente, ela exige o empenho de todos nós. Torna-se necessário que todos nós nos u-namos na edifi cação de um mundo de paz. A palavra paz vem do latim pax, cujo verbo é pac-tus. Esta palavra surgiu do pacto feito entre as partes que se encon-travam em estado de guerra. Não menos diferente da origem da pa-lavra paz é a sua concretização, teremos paz quando todos nós fi zermos um acordo para um mundo de harmonia. É importante que nos empenhemos em

criar uma cultura de paz, que ela não seja apenas um desejo, mas que se torne uma realidade. E para que isto aconteça todos nós temos que dar as mãos. O es-forço que cada um fi zer, a peque-na contribuição de cada um no processo de efetivação da paz se tornará um grande oceano de luz que terá a força de destruir todas as nuvens negras da violência. E para que este processo seja viável é imprescindível de-senvolvermos a capacidade de perdoar. Aprender a lidar com os fracassos, com as perdas. Sa-ber que se o meu irmão, vizinho, colega, amigo, seja quem for, cometer um erro, não devo jogar a primeira pedra, que errar é hu-mano, e temos a capacidade de

sempre recomeçar. A paz começa quando aprendemos a estender a mão amiga e solidária para to-dos. A paz é fruto da justiça e uma sociedade violenta refl ete ser uma sociedade injusta que não respeita o ser humano e não consegue criar condições dignas para a vida de seus habitantes. Criar estruturas justas é também um dado importantíssimo na es-tabilização da paz. Fazendo com que todos tenham condições de desenvolverem as suas poten-cialidades humanas dentro de um ambiente que respeite desde o feto até o ancião. Na verdade não nascemos para a guerra, a discórdia ou o ódio. Estes sentimentos são estra-nhos à nossa vocação de pessoa humana. Se eles estão presentes em nós temos a certeza de que não vieram para fi car, não fazem parte da nossa realidade mais pro-funda, não são imprescindíveis para a vida. Aliás, são eles quem nos desumanizam, nos fazendo ser menos. É na construção de um mundo de paz, é nas ações pacifi -cadoras que nós somos chamados a sermos pessoas e parte impor-tante da nossa sociedade.

Que todos nós, inde-pendente do seu credo re-

ligioso, assumamos o propósito de estar em paz, de viver a paz.

Precisamos ter cons-ciência de que a paz não é algo dado apri-

oristicamente, ela exige o empenho de

todos nós.

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u-namos na edifi cação de um mundo de paz. A palavra paz vem

pax, cujo verbo é pac-Esta palavra surgiu do pacto

feito entre as partes que se encon-travam em estado de guerra. Não menos diferente da origem da pa-lavra paz é a sua concretização, teremos paz quando todos nós fi zermos um acordo para um mundo de harmonia. É importante que nos empenhemos em

funda, não são imprescindíveis para a vida. Aliás, são eles quem nos desumanizam, nos fazendo ser menos. É na construção de um mundo de paz, é nas ações pacifi -cadoras que nós somos chamados a sermos pessoas e parte impor-tante da nossa sociedade.

Que todos nós, inde-pendente do seu credo re-

ligioso, assumamos o propósito de estar em paz, de viver a paz.

não é algo dado apri-oristicamente, ela

exige o empenho de todos nós.

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descendência referida família, efe-tivamente, lutou bravamente pelo desenvolvimento de toda aquela micro-região paraibana, através de uma forte e exemplar formação religiosa e política, além de uma reluzente e excepcional formação que fora alicerçada nos aspectos sócio-cultural-econômico.

poeta e competente administrador Alcides Vieira Carneiro, que com especial carinho repetimos tam-bém em relação ao doutor Ulisses Pinto: “...as duas qualidades que lhes davam enormes alegrias, por-tanto, eram amar enternecidamente os seus respectivos berços de nas-cimento e eles, igualmente, eram muito dedicados aos seus verda-deiros amigos!” Diante de uma enorme e enternecida multidão que lhe foi dar o último adeus, observava-se que naquele seu descimento à sua sepultura - que fora edificada no Mausoléu da Família Pinto Brandão, no cemitério Mãe de Misericórdia, na sua cidade natal -, o nosso querido colega e amigo deixou para trás, com efeito, um maravilhoso legado de imensurá-vel qualificação. Foram muitas as suas obras na medicina paraibana, muito especialmente nesta cidade de Campina Grande, uma delas o importante Centro de Cancerolo-gia do Hospital da FAP, construí-do nas culminarias do tradicional bairro de Bodocongó. Como me disse o amigo e admirável colega doutor Virgílio Brasileiro, por oca-sião do velório do doutor Ulisses Pinto Brandão: “ele era uma pes-soa muito especial. Mesmo dis-creto, ele apresentava-se com forte poderio de sociabilidade, era nato

inda transcorria a cerimônia do velório do doutor Ulis-ses Pinto Brandão, nas de-pendências da Associação

Médica de Campina Grande, quan-do a mim coube a árdua missão de levar a informação da repentina morte deste nosso conceituadís-simo colega – uma extraordinária criatura humana e de uma afabili-dade singular - à médica psiquiatra e integrante da Academia Paraiba-na de Medicina doutora Maria de Lourdes Brito Pessoa, que reside lá na cidade das Acácias. Saibam todos vocês, pois, que a dita tarefa foi cumprida, mas lhes garanto que o pranto rolou aos montes na face daquela que, há alguns anos, jun-tamente com ele, Déborah Rose Galvão Dantas e eu próprio partici-pamos da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, a conhecida SOBRAMES. Desde logo, lem-bramos aqui que a sua ancestrali-dade advém e enraizou-se nas re-dondezas das antigas terras em que se ergueu a heróica e histórica ci-dade de Misericórdia, hoje, portan-to, nacionalmente conhecida como Itaporanga, no sertão paraibano. Na verdade, foi ali mesmo que, sob um sol deveras estorricante e inclemente, não somente nasceu como também se desenvolveu um extraordinário clã familiar denomi-nado de Pinto Brandão. E de cuja

UM COMOVENTE ADEUS AO DOUTOR ULISSES PINTO

Adr. eValdo daNtas da Nóbrega

Assim sendo, no dia 10 de janeiro de 1923, foi a cidade de Itaporanga, o berço de nascimento daquela criança que depois fora ba-tizada pelo nome de Ulisses Pinto Brandão, o primogênito da famí-lia de 10 filhos do casal Belmiro Pinto Brandão e Antônia Pinto de Sousa. Cabe aqui, realmente, uma citação do grande orador, notável

10 de jaNeIro 192328 de dezembro 2009

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funções outras exercidas pelo Dr. Ulisses Pinto Brandão: - Membro da Academia Paraibana de Medici-na; Um dos Fundadores da Unimed Campina Grande; Edificou jun-tamente com o seu colega doutor Miltom Medeiros, então, a Clínica Santa Clara; Diretor Presidente da Clínica São Lucas; Ex-Presidente da Antiga Sociedade Médica de Campina Grande; Ex-Presidente do Conselho Administrativo da Fundação Assistencial da Paraíba e também por muitos anos Diretor Geral do Hospital Escola da FAP; um dos importantes criadores e Diretores da Mantenedora Fa-culdade de Medicina de Campina Grande, na década de 1960, onde, inclusive, foi o professor titular da especialidade de Otorrinolaringo-logia. Com efeito, é impossível se escrever aqui neste espaço jor-nalístico tudo aquilo que foi e representou o respeitado e dinâmi-co médico doutor Ulisses Pinto

Brandão, para a medicina parai-bana, e mais especificamente para o grande Compartimento da Serra da Borborema. Ainda agora, gostaria de aqui deixar bem registrado, portan-to, uma citação do ícone da litera-tura brasileira, Machado de Assis, a qual nos lembrou muito mesmo a pessoa do nosso afável amigo doutor Ulisses Pinto, a quem sem-pre depositamos uma profunda e respeitos amizade: “...Quando a morte encontra um Goethe ou um Voltaire, parece que esses grandes homens, na idade extrema a que chegaram, precisam entrar na eter-nidade e no infinito, sem nada mais dever à terra que os viu e os admi-rou!”. Por fim, verdadeiramente, é dessa mesma maneira que vimos - e ainda vemos, espiritualmente -, o exemplo de um magnífico e sin-gular legado que aqui foi deveras deixado pelo já saudoso amigo e eterno mestre da medicina paraiba-na doutor Ulisses Pinto Brandão!

na sua lhaneza, além de que tam-bém conseguia uma exemplar rela-ção médico-paciente. Enfim, via-se que todos que lhe conheciam não somente o respeitavam, mas, principalmente, viam nele um ex-traordinário humanista!” Historicamente falando, ele se formou pela Faculdade de Medicina de Recife, em 1953; Fez curso de Pós-Graduação em Otor-rinolaringologia no Hospital do Servidor Público, no Rio de Janei-ro, tendo sido admitido (matrícu-la: 33.306-7) como Funcionário Público Federal – amparado ofi-cialmente pela estatutária Lei no. 1.711/52, aqui no Antigo Hospital do IPASE, nesta cidade de Campi-na Grande (PB), em 24 de maio de 1958, onde trabalhou até a data de 14 de julho de 1986, quando se aposentou. Nessa Casa hospitalar, ainda na década de 1960, chegou ao cargo de Diretor Geral. De forma um tanto resumida, ainda poderemos citar como cargos e

“posse do dr. ulIsses pINto braNdão Na aCademIa paraIbaNa de medICINa em 23 de julho de 1998”

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Lévi-Strauss, que foi discípulo de Émile Durkheim e Marcel Mauss, era considerado o maior intelectual de cultura fran-cesa vivo, por ter exercido uma importante presença nos esque-mas de interpretação próprios dos saberes das ciências do homem,

na segunda metade do século XX. Ele foi um dos fundadores do pen-samento estruturalista, para o qual os processos sociais são origi-nários de estruturas fundamentais frequentemente não-conscientes. Suas refl exões foram, entretanto, particularmente importantes para

aleceu, dia 31 de outubro de 2009, o antropólogo Claude Lévi-Strauss. Ele foi um dos fundadores da

USP e visitou, durante sua profí-cua estada em nosso país, tribos indígenas nos Estados de Mato Grosso e Amazonas.

CONVIVÊNCIA, TOLERÂNCIA, DIFERENÇA E ALTERIDADE:REFLEXÕES SOBRE OS HOMENS, EM MEMÓRIA DE CLAUDE-LÉVI STRAUSS.

F

“Como etnólogo, só posso constatar que o mundo contem-porâneo perdeu a fé em seus próprios valores. sei que este não é nem o nosso problema principal, mas todos sabemos que, no final das contas, nenhuma civilização pode se desen-volver se não possui valores aos quais se agarrar profunda-mente. acredito, por sinal, que nenhuma civilização possa sequer se manter na situação em que a nossa se encontra.” - Claude lévi-strauss entrevista à “Veja”, 2003.

josé otáVIo aguIar e rossaNdro KlINjeY IrINeu

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as em uma escala evolucionis-ta como, por exemplo, nações desenvolvidas, em desenvolvi-mento e subdesenvolvidas. Suas refl exões foram essenciais para que se relativizassem os paradig-mas a partir dos quais a Europa afi rmava sua superioridade, e que na Alemanha nazista, levada ao extremo a ideia de superioridade, nos legou um capítulo lamentável

da história recente. Sabemos hoje que as culturas humanas não po-dem ser diferenciadas por com-paração, em termos de valoração positiva ou negativa, sem o peri-go de incorrermos em grandes erros de parcialidade afetiva ou etnocêntrica. Sabemos, também, que não há diferenças biológi-cas que permitam a utilização do conceito de raça, uma vez que convivemos há mais de 10.000 anos com uma única espécie, o homo-sapiens-sapiens, espécie essa da qual, mesmo em se con-siderando as subdiferenciações genotípicas e fenotípicas, todos fazemos parte. Seu legado teve papel es-sencial na desconstrução de ideo-logias de dominação política que garantiam a manutenção de re-gimes como o Aparteid, na África do Sul. Quando consideramos a diferença, sempre sobra espaço para que procedamos a hierar-quizações. A antropologia, en-tretanto nos convida a partirmos de nosso paradigma em direção à tentativa de enxergarmos o dos outros. A noção de diferença só se constitui com base em padrões de comparação. Eu não existo sem o outro, ele é a marca da minha alteridade, da minha identidade. Minhas crenças religiosas, meus saberes qualifi cados, minhas pre-tensões de verdade são histórica e socialmente situadas, portanto, relativas.

que se questionassem as ideias darwinistas sociais, predominan-tes na segunda metade do século XIX e na primeira do século XX. Em seu clássico Raça e História, Levi-Strauss discutia a impossi-bilidade de se hierarquizarem as culturas humanas, subdividindo-

as em uma escala evolucionis-ta como, por exemplo, nações desenvolvidas, em desenvolvi-

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rIbamIldo bezerra IDENTIDADE, EQUILÍBRIO E POSTURADR. FRANCISCO VIEIRA

ão são apenas os ossos do ofício que fazem do médico Francisco Vieira um profi ssional múltiplo,

pode-se contar em sua história com os “ossos e ofício”. Explica-se: Este ortopedista de formação, contrari-ando as estatísticas traduz de for-ma fi el o perfi l do médico contem-porâneo que não vê no consultório a sua última parada. “O consultório é inegavelmente uma forte refe-rência como realidade profi ssional, mas é possível ir além”. O ir além, leia-se, é ampliar as possibilidades que a área médica pode oferecer como contribuição social para uma comunidade. Além de médico Dr. Francisco Vieira abraça seu bom combate nas trincheiras acadêmi-cas, procurando solidifi car os pi-lares da ciência e da ética. Como Presidente da Unimed Campina Grande, em seu segundo mandato, tem na fi losofi a Cooperativista uma prática possível de ser comungada com os 579 médicos cooperados. E para quem acha que sua opção de vida seja cem por cento trabalho, engana-se. Em entrevista a Revista Conviver declarou que é na família onde tudo começa e termina, pois segundo Dr. Francisco Vieira é possível conciliar aquilo que faze-mos e amamos. “Na verdade tudo requer uma boa dose de identidade, equilíbrio e postura”, declara. Con-

fi ra a entrevista na íntegra: CONVIVER • Sendo o senhor natural de Viei-ropólis, região que se ca-racteriza pela força e pela resistência as adversidades naturais, quais as princi-pais referências da região e da família que o senhor carrega e que defi ne o seu perfi l?

DR VIEIRA • A cidade Viei-rópolis localizada a 440Km de João Pessoa, faz parte de um dos principais pó-los intelectuais, agrícolas e pecuário do semiárido nor-destino, tendo Sousa como cidade pólo, onde pude iniciar a minha formação educacional. Por se tratar de uma região onde o baixo índice pluviométrico, o alto índice de aridez e a seca presente se tornam desafi os na formação dos seus habitantes, em alguns casos chegando ao com-prometimento de toda uma existên-cia. Sentimentos como a superação constante, a fé, o credo no núcleo familiar, e a garra para o trabalho acabam sendo importantes eixos que defi nem e fortalecem todos os que nascem naquela região.

CONVIVER • O que lhe desper-tou para a vocação de ser médi-co?

DR VIEIRA • Dentro do mesmo contexto de superação dos desafi -os da região onde nasci, a necessi-dade de uma maior presença de profi ssionais de saúde sempre foi evidente. Por outro lado, alguns

N

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Insisto em que as cooperativas são so-ciedades de pessoas

e não de capital

me mostrado algo novo, por isso não me arrisco a dizer que o co-operativismo não se trata apenas de uma fi losofi a, mas sim de uma prática, de uma vivência, de um aprendizado constante.

CONVIVER • Em sua opinião por que o cooperativismo apesar de sua força, ainda não é bem compreendido por algumas enti-dades públicas do nosso país?

DR VIEIRA • É preciso reco-nhecer que não só a Unimed como outras cooperativas representam exemplos de correção econômica pelo viés social em nosso País. As cooperativas no sentido de orga-nização de grupo, ou valorização

de classe de trabalho, em muito tem contribuído para história desse país seja no setor agrícola, de crédito, de serviços ou de saúde como é o nosso caso. Segundo a Organização de Cooperativas Brasileiras (OCB) representamos aproximadamente 7% do PIB, só no ano de 2008 todas estas coope-rativas obtiveram uma produção em torno de 90 bilhões de reais, assegurando mais de 30 milhões de empregos no país. Pelos sete princípios que envolvem a nossa fi losofi a de trabalho, destacando a educação, formação, informação e intercooperação, fi ca claro que nem em essência temos força para ser uma empresa de capital espe-culativo. Insisto em que as coope-rativas são sociedades de pessoas e não de capital, sem interesse lu-crativo e com fi ns econômicos so-ciais. A ausência dessa percepção por parte de algumas autoridades tem trazido sérios desafi os para a existência e preservação dos pilares cooperativistas em nosso país.

CONVIVER • Na sua opinião, que tipo de conquistas e desafi os o processo de regulamentação dos planos de saúde trouxe nas relações entre governo, operado-ras e clientes ?

DR VIEIRA • É necessário partir do principio que os mais de 40 mi-lhões de brasileiros que optaram pelos serviços da saúde suplemen-tar, escolheram um serviço adicio-nal, um suplemento e não um subs-titutivo as prerrogativas presentes em nossa Constituição Brasileira que destaca a saúde como direito

familiares e amigos já abraçavam o ofi cio da medicina na grande região de Sousa.

CONVIVER • Como professor de medicina na Universidade Federal de Campina Grande, que análise o senhor faz da for-mação dos futuros médicos em nosso país?

DR VIEIRA • Creio que o médico em sua formação atual viva um dos maiores paradigmas da nos-sa profi ssão. Ao seu favor o novo médico encontra-se contextua-lizado na era da tecnologia, onde a disseminação de informações favorece ainda mais a construção de um profi ssional atualizado com as novas descobertas e pesquisas. Por outro lado, o estudante de me-dicina tem buscado cada vez mais subespecializar-se de forma pre-coce, logo aos primeiros anos de faculdade. Na prática estamos per-dendo a fi gura do antigo médico generalista, ou seja, aquele profi s-sional que possuía uma visão mais ampla do todo antes de buscar o seu caminho como especialista. Creio que a opção pelo estreitamento da perspectiva prática na área de me-dicina enquanto formação dos no-vos profi ssionais, trará um défi cit a médio ou a longo prazo. Os pilares do conhecimento generalista farão uma grande diferença num futuro não muito distante.

CONVIVER • O cooperati-vismo parece ser uma fi losofi a que esteve presente em sua vida desde muito cedo, quais foram os primeiros contatos com esta prática de trabalho?

DR VIEIRA • Logo quando re-tornei da minha residência médica do Rio de Janeiro em 1991 optei por me cooperativar em João Pes-soa, atitude que muito me orgulho, tanto é que continuo a ser coope-rado na Unimed pessoense. Pouco tempo depois passei a atender em Campina Grande pela Fundação Assistencial da Paraíba – Hospi-tal da FAP, e não demorei para me cooperativar na Unimed Campina Grande. Em todo este tempo como cooperado afi rmo que sempre esta prática de trabalho solidário tem

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satisfação pelos serviços prestados na somatória dos parâmetros esta-belecidos pela ANS, principalmente no que refere ao quesito satisfação do cliente. Este índice alcançado é resultado de um trabalho sério e ético, dirigido a todos cooperados, clientes e prestadores que acre-ditam no valor da nossa marca, o que não diminui a nossa responsa-bilidade a partir deste momento. No tocante a comunidade é bom ressaltar que somos a primeira

ções. Por outro lado este é um dos parâmetros importantes no que diz respeito à saúde fi nan-ceira de uma operadora. Como a Unimed tem se portado diante desta questão? Questionar os tributos ou honrá-los?

DR VIEIRA • Parto do princípio de que determinação legal se cumpre antes de mais nada, por mais que questionemos o tratamento gene-ralizado entre cooperativas e em-presas S/A. Em outras instâncias, não podemos acumular obrigações tributárias com risco ao compro-metimento da nossa saúde fi nan-ceira. Somos uma Cooperativa que busca estar em dia com suas obrigações sociais e econômicas. É essa segurança e confi ança que podemos oferecer aos nossos co-operados, prestadores e clientes além das singulares Unimed que fazem parte do nosso sistema. Essa linha de trabalho tem sido nosso melhor cartão de visitas. Recente-mente conseguimos, graças a um bom canal de diálogo e relacio-namento junto a Procuradoria da Fazenda, quitar obrigações com a União na ordem de mais de 35 milhões de reais. Este é um passo de valor signifi cativo para a insti-tuição que demonstra ter solidez para continuar se adequando às normas cada vez mais exigentes do mercado da saúde suplementar.

CONVIVER • Recentemente a Unimed Campina Grande con-quistou por parte da ANS o seu registro defi nitivo. Qual o valor deste novo momento para a Co-operativa?

de todos e dever do Estado. A re-gulamentação dos planos de saúde no ano de 1998 através da Lei No. 9.656, veio trazer equilíbrio para um campo que precisava de fronteiras. Somos regidos por um órgão federal, a Agência Nacio-nal De Saúde Suplementar – ANS, que dispõe e demarca muito bem nossa área de atuação. Acontece que desde a regulamentação pas-samos a trabalhar com dois tipos de clientes. Clientes possuidores dos planos não regulamentados, ou seja, planos com coberturas limitadas anteriores a regulamen-tação, assim como temos os cli-entes de planos regulamentados, adquiridos a partir da nova Lei, cujas coberturas estão adequadas ao Rol de Procedimentos estabe-lecido pela ANS. A harmonização que buscamos constantemente está voltada para os clientes de planos não regulamentados que buscam concessões não regidas em contra-to. A justiça em muitos casos pon-do o humanismo em detrimento a relação de equilíbrio estabelecido em contrato, se mostra a favor do solicitante através da força de uma liminar, mesmo reconhecendo que esta decisão não é defi nitiva.

CONVIVER • A ANS divulgou através seu programa de quali-fi cação o Índice de Desempenho da Saúde Suplementar - IDSS, o ranking das operadoras e o seu grau de satisfação junto ao mercado e aos clientes. Em que contexto se encontra a Unimed Campina Grande?

DR VIEIRA • É agradável saber que atingimos o índice de 86% de

É agradável sa-ber que atingimos o índice de 86%

de satisfação pelos serviços prestados na somatória dos

parâmetros estabele-cidos pela ANS

operadora de planos de saúde na Paraíba que implantou uma Ou-vidoria como materialização do compromisso de respeito e diálogo junto ao nosso público. Um dos exemplos de que a transparência e a verdade são práticas que nos le-varam ao alcance deste indicador referendado pela Agência Nacio-nal de Saúde Suplementar.

CONVIVER • A carga tributária é um dos pontos de bastante dis-cussão entre as Cooperativas no Brasil já que em tese as mesmas seriam isentas dessas tributa-

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DR VIEIRA • Ressalto que por não sermos uma instituição de ca-pital especulativo já nos diferencia-mos em nossa fi losofi a de trabalho. Se estamos hoje no mercado com grandes condições de competitivi-dade é porque fazemos jus a esta fi losofi a, dando cumprimento aos quesitos mais básicos e essenciais que tangenciam os parâmetros de qualidade em tudo que fazemos, o respeito a quem acredita na marca Unimed, a verdade e o diálogo

Unimed Campina Grande possa dar a sua contribuição para que nossa região se torne um pólo de referência na medicina da Região Nordeste. Onde nosso cidadão não tenha que se deslocar para outros centros, distantes das suas famí-lias em busca de tratamento. Que a Unimed seja ainda mais motivo de orgulho para seu cooperado lhe dando condições para que o mesmo exerça seu trabalho dignamente na terra onde escolheu viver. Que a nossa cooperativa esteja sempre presente de forma positiva junto à comunidade a qual se prestou ser-vir. E que com o passar dos anos, a história de nossa cidade já não possa mais ser contada sem que tenhamos que citar a nossa coope-rativa médica.

CONVIVER • Diante de uma dinâmica profi ssional tão plura-lizada - consultório, cooperativa, universidade - como fi ca a famí-lia neste contexto?

DR VIEIRA • Afi rmo que é nela que recarrego minhas baterias. Numa alusão a minha especiali-dade como ortopedista digo que a minha família é a espinha dorsal para que todas as demais coisas aconteçam. É no meu lar que rece-bo o apoio maior para os desafi os que tenho pela frente, a compreen-são de minha esposa que também é medica, conjuntamente com os meus fi lhos é o sinal verde de que ainda posso continuar seguindo em frente, representando as causas que abracei como missão de vida.

DR VIEIRA • A conquista do re-gistro defi nitivo por parte da ANS é na verdade um certifi cado de que cumprimos plenamente as nor-mas estabelecidas para que uma operadora seja referendada em nosso mercado. O alcance deste grau de excelência por parte do nosso órgão regulador é a chance-la necessária para consolidarmos a segurança e a credibilidade em serviços prestados a nossa comu-nidade. O alcance deste objetivo é fruto de um trabalho focado no cumprimento das normas estabe-lecidas pelo Governo Federal, que tem elevado o nível de exigências para que uma operadora possa continuar existindo no mercado. Para se ter uma ideia deste mo-mento, basta avaliarmos que a-tualmente no Brasil das mais de mil e setecentas operadoras que atuam nesta área, 55% delas ain-da não alcançaram o seu registro defi nitivo segundo dados do Globo Online, signifi cando que aproxi-madamente 15,7 milhões de brasi-leiros possuem planos de saúde de operadoras que não têm autoriza-ção defi nitiva de funcionamento da Agência Nacional de Saúde Suple-mentar. Por isso ressalto que esta conquista é uma soma de ações convergentes realizada por cada cooperado, colaborador, prestador e cada benefi ciário Unimed. Um compromisso de seriedade, ética e trabalho que só aumenta a partir de agora.

CONVIVER • Na sua opinião, qual seria o diferencial oferecido pela Unimed numa trajetória de quase quatro décadas?

Consigo não só vis-lumbrar, mas acredi-

tar que a Unimed Campina Grande

possa dar a sua con-tribuição para que

nossa região se torne um pólo de referên-cia na medicina da Região Nordeste

como laços a estreitar caminhos de confi ança. Isto muito mais do que um discurso, é prática presente a cada dia em nossa dinâmica de trabalho.

CONVIVER • Em que contexto o senhor vislumbra a Unimed Campina Grande daqui a alguns anos?DR VIEIRA • Consigo não só vislumbrar, mas acreditar que a

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o ato de suar é um fenômeno natural e essencial ao organismo, sendo responsável pela regu-lação da temperatura do corpo e pela eliminação do excesso de sais minerais circulantes. o excesso de suor constitui uma patologia sobre a qual iremos discorrer a seguir.

Muitos ainda desco-nhecem que este

problema pode ser resolvido eficaz e definitivamente e

estas pessoas deverão ser estimuladas

a procurar ajuda de especialistas.

Hiperidrose Primária ou sudorese excessiva é uma disfunção do sistema sudomotor do cérebro

caracterizada por uma produção exagerada de suor, devido a uma grande estimulação das glândulas sudoríparas pelo sistema nervoso autônomo simpático. Geralmente acomete mãos, pés, axilas e face, isoladamente ou em associação, e se manifesta em 1% a 2% da população mundial. Pode ocor-rer sem uma causa identificável, sem que nada o possa impedir, brotando nas horas mais incer-tas e delicadas, causando grande incômodo e enormes constrangi-mentos. Os sintomas podem sur-gir na infância e continuar pelo resto da vida. Na sudorese excessiva das mãos os sintomas comprometem o manuseio de papéis, digitações ou mesmo o cumprimento e/ou contato afetivo com as pessoas. Já os portadores de hiperidrose axi-lar se queixam de que as roupas

estão sempre molhadas e com manchas que frequentemente as danificam, gerando um aspecto de má higiene e mau cheiro cons-tante.

rança, constrangendo enorme-mente aquele que fala em públi-co. Por conseguinte, fica fácil entender que o desempenho de determinadas profissões são difi-cultadas e oportunidades profis-sionais poderão ser perdidas ou recusadas, gerando prejuízos so-ciais, psicológicos e financeiros. Na infância, poderão dificultar todo o processo de alfabetização e socialização das crianças. Dessa forma, podemos ressaltar que trabalhos recentes na literatura têm destacado a importância de se tratar preco-cemente os pacientes com hi-peridrose antes da adolescência, fase da vida onde as manifesta-ções psicossomáticas tendem a se agravar. Os sintomas costumam melhorar durante o sono e ob-serva-se uma importante relação com o estresse. Recentes desco-bertas indicam que metade dos casos está associada ao Diabetes

A

HIPERIDROSE SÍNDROME DO SUOR EXCESSIVOdr. rIValdo ferNaNdes fIlho

A hiperidrose plantar pre-dispõe o paciente à aquisição de micoses dos pés (frieira) além de permitir que os sapatos, sandálias e chinelos escorreguem ou caiam dos pés frequentemente. O rosto molhado e vermelho dos porta-dores de hiperdrose crânio-facial causa uma impressão de insegu-

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Mellitus e que pessoas com excesso de peso apresentam piores sintomas. Além disso, a questão da hereditarie-dade é significativa, pois alguém na família do doente também sofre ou sofreu com o suor excessivo em partes do corpo atingidas pela doença. Infelizmente, muitos ainda desconhecem que este problema pode ser resolvido eficaz e definitivamente e estas pessoas deverão ser estimula-das a procurar ajuda de especialistas. Nesse aspecto, podemos citar

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TRATAMENTO Existem basicamente duas modalidades de tratamento efica-zes. O primeiro é clínico por meio da aplicação da Toxina Botulínica (Botox) nas áreas afetadas. Geral-mente são realizadas 30 a 40 apli-cações em cada região por sessão que terá um efeito durante seis me-ses em média. Trata-se de um mé-todo temporário e caro. O segundo é cirúrgico, através da Simpatectomia Vi-deotoracoscópica que consiste na secção da cadeia simpática no interior da cavidade torácica, blo-queando a hiperestimulação das glândulas do suor. Este procedi-mento é realizado sob anestesia geral através de duas incisões de

0,5 a 1,0 cm para a passagem dos instrumentos e dura em média 30 minutos. O resultado é imediato e de-finitivo, podendo ser constatado na própria sala de cirurgia. O paciente poderá receber alta no mesmo dia e sua recuperação e retorno as atividades são breves. As compli-cações aparecem em menos de 1% dos pacientes e os resultados alca-nçam índices pró-ximos de 100% de eficácia para a hiperidrose pal-mar; 90% para a hiperidrose axilar e 98% para hi-peridrose crânio-facial. Cerca da metade dos pa-cientes apresentam melhora dos sintomas da hiperidrose plantar.

Os resultados são permanentes e o progresso da qualidade de vida é indiscutível. O principal efeito adverso da cirurgia é a hiperidrose compensatória, um aumento exa-gerado do suor em determinadas regiões do corpo, como o ab-dômem, coxas e dorso. Aparece em 20% a 30% dos casos, sendo que a maioria refere apenas a sintomas mínimos. Um percentual de 4% apresentarão hiperidrose severa. O grau de satisfação dos pacientes submetidos ao trata-mento cirúrgico graduados como Excelente ou Bom é de 99% para hiperidrose palmar; 85% para crânio-facial; 75% para axilar e de 40% para a plantar.

como exemplo a jornalista Regina Lunkes Diehl autora do livro “Suando em Bicas: os constrangimentos causa-dos pela hiperidrose”, onde ela relata toda a sua convivên-cia com a doença durante três décadas e dá informações necessárias sobre as possibili-dades de cura.

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Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI) é uma condição frequentemente asso-

ciada ao envelhecimento, de cau-sa desconhecida, na qual ocorre crescimento anormal dos vasos sanguíneos sob a retina, especifi -camente sob o tecido da coróide. A mácula é afetada e o resultado é a baixa súbita ou progressiva da visão central. É comum em pacientes com mais de 50 anos e chega a atingir, em todas as suas formas, mais de 30% dos pa-cientes acima de 80 anos. A falta de tratamento adequado pode le-var a cegueira legal. A principal causa é a

idade. Também um histórico fa-miliar positivo signifi ca maior risco de desenvolvimento da doença. Foram identifi cados vários fatores de risco incidindo tanto sobre o desenvolvimento da doença como no surgimento de complicações neovasculares. A exposição excessiva à luz solar foi associada, de forma signifi ca-tiva à DMRI. A cor clara da íris (azul ou verde) está fortemente associada ao desenvolvimento da doença, o que sugere que a cor escura (marrom ou negra) seja fator de proteção para essa pato-logia. A falta de antioxidantes no organismo, como zinco, cobre, selênio e vitaminas C e A também

pode induzir ao envelhecimento precoce da retina além da doença ser um pouco mais frequente em fumantes. Durante anos a DMRI pode ter uma evolução silenciosa com formação das primeiras alte-rações degenerativas maculares, sem que o paciente detecte alte-rações visuais perceptíveis. Só o oftalmologista detecta as altera-ções precoces. Daí a importância da realização regular de consulta oftalmológica em todas as pes-soas com mais de 50 anos. Na consulta, a observação do fundo do olho permite identifi car os olhos com risco de desenvolvi-mento das formas avançadas da

OLHOS: CUIDADO REDOBRADO NA TERCEIRA IDADEdr. fláVIo VeNtura pINto de olIVeIra

!

A

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Revista Conviver | 38 Revista Conviver | 39

doença. A DMRI ocorre de duas formas: a exsudativa (ou úmida) e atrófi ca (ou seca). Ainda que em sua manifestação atrófi ca (cerca de 85 a 90% dos casos) a doença não possa ser tratada, geralmente não provoca grandes danos a visão. Já a forma exsudativa (10 a 15% dos casos), causa vaza-mentos de líquidos e, em alguns casos, hemorragias sob a retina, chegando até mesmo a descolá-la. Esta forma de doença é a mais grave e pode levar a perda total da visão central, o que obriga o portador de DMRI a parar de ler, dirigir e outras atividades que de-pendam de visão apurada. Para o tratamento cor-reto da forma exsudativa se faz necessário a realização de dois exames: angiofl uoresceinografi a digital computadorizada e vi-

deoangiografi a digital computa-dorizada com indocianina verde para caracterizar as lesões e OCT (tomografi a de coerência óptica) para detectar sinais de atividade de neovasos em fases precoces, por vezes difi cilmente diagnos-ticáveis por outros métodos. A forma atrófi ca da DMRI não é tratável, apenas se pode fazer suplementação com vitami-nas e antioxidantes, que podem diminuir o risco de evolução para as formas avançadas da doença. Para a forma exsudativa há trata-mento, que deve ser iniciado o mais cedo possível. Até o ano 2000 o único tratamento para a DMRI exsudativa era o laser, que só permitia tratar um pequeno número de pacientes. Em 2000 surgiu a terapia fotodinâmica com verteporfi na (visudyne®)

– o primeiro tratamento seletivo que permitia destruir os neovasos com relativa preservação da retina adjacente. Contudo não permitia tratar todas as lesões e apesar do tratamento a visão dos pacientes continuava a diminuir. Em 2004 surgiram novos tratamentos com injeções intra-vítreas de medica-mentos anti-angiogênicos. São injeções realizadas em cavidade vítrea que permitem inibir o crescimento de neovasos. Neste momento no Brasil existe apenas um medicamento aprovado para o tratamento da DMRI exsudati-va – Ranibizumabe – Lucentis®. O uso dessa medicação mostrou em vários estudos estabilização da visão em 90% dos pacientes e melhora da visão em 60% dos casos.

CASO CLÍNICO

PACIENTE 72 ANOS, FEMININO, COM ACUIDADE VISUAL MENOR QUE 5% PRÉ-TRATAMENTO E MELHORA PARA 30% DE ACUIDADE VISUAL APÓS QUATRO (04) INJEÇÕES DE RANIBIZUMABE.

! !

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papel da RPG é corrigir a má postura, cada vez mais frequente nos trabalhadores e tam-bém nos adolescentes, por causa do com-putador. Não vivemos mais do modo natural.

Hoje estamos sempre sentados e as causas das lesões posturais são a repetição das mesmas posições, a ten-são muscular e o sedentarismo. Corrigindo a postura, podemos tratar as patologias de desvio da coluna vertebral - escolioses, hipercifoses, hiperlordoses - e ainda problemas como a hérnia de disco, entre ou-tros.A postura incorreta, infelizmente, não dá sinais. Mes-mo olhando-se no espelho, as pessoas não percebem que estão “tortas”, apenas quando surge a dor é que se percebe que algo vai mal. É por isso que não se deve “fazer calar” uma dor sem investigar a sua causa, pois a dor é o sinal de alarme do corpo para mostrar

POSTURA PARA A VIDA

O

a reeducação postural global, frequentemente designada por suas iniciais rpg, é um método original e revolucionário criado por philippe emmanuel souchard em 1981, na frança, após quinze anos de pesquisas no domínio da biomecânica. a rpg se aplica a todas as patolo-gias que requerem fisioterapia: problemas mor-fológicos, articulares, neurológicos, traumáti-cos, respiratórios e esportivos.

drª alCIoNe farIas

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que há alguma coisa “fora do eixo” e grande parte das dores é resultado de má postura. Geral-mente, quem mais sofre de dores na coluna são as pessoas que têm um trabalho duro, que levantam peso, mas também aquelas que possuem um trabalho aparente-mente mais leve. Ficar em frente ao computador com tensão na nuca e ombros curvados, o dia todo, também causa dores na coluna. Para iniciar o tratamento, recomendamos no mínimo uma sessão semanal; depois que o problema é controlado, pode acontecer de espaçarmos as ses-sões até a suspensão total, que seria a alta do paciente. O trata-mento é feito em consultas de aproximadamente uma hora, em geral uma vez por semana, e, quando necessário, duas vezes por semana nas escolioses graves, dores em situações agudas, pes-

soas frágeis, enfi m, adaptando o tratamento ao paciente. Em uma lesão recente, apenas uma sessão pode amenizar a dor, já na escoliose infantil é necessário fazer o acompanhamento durante toda a fase do crescimento ósseo. A duração do tratamento também varia muito, pois depende do que há para corrigir. Após a primeira sessão da RPG já observamos mu-dança na postura do paciente, perceptível nas fotos retiradas no decorrer do tratamento:

ATEN

ÇÃO

ANTES DEPOIS

Se pudermos identifi car e eliminar as causas do problema, os efeitos serão defi nitivos. É evidente que, se as causas estão no modo de vida das pessoas não poderemos, na maioria das vezes, eliminá-las e nem mesmo mudá-las, pois pode se tratar de um ofício ou de uma paixão, um esporte ou um hobby. Mesmo nestes casos, um bom trabalho em RPG pode ter um efeito bastante durável, pois

será integrado nos automatismos do corpo. De qualquer forma, não cos-tumamos proibir nenhuma atividade aos nossos pacientes, mas aconse-lhamos que as realize de forma pru-dente, mantendo contato com o fi -sioterapeuta, a título de prevenção, e eventualmente fazendo uma con-sulta, caso haja alguma dor. Poucas sessões bastarão para voltar à calma, sem dores.

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DIMINUIÇÃO DA ANTERIORIZAÇÃO DA CABEÇA.

DIMINUIÇÃO DA HIPERCIFOSE DORSAL

DIMINUIÇÃO DA HIPERLORDOSE LOMBAR

NA FOTO ABAIXO:

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Dia Nacional do Doa-dor de Sangue, come-morado em 25 de No-vembro foi criado como

forma de homenagear e destacar o importante papel que os doa-dores desempenham na vida de milhões de pessoas. Para festejar essa data que marca o amor ao próximo o Hemocentro Regional de Campina Grande, preparou uma programação especial que contou também com o apoio da Unimed Campina Grande para valorizar esse gesto solidário. O Hemocentro abastece hospitais públicos e privados da região de Campina Grande desde 2000, com um estoque de bol-sas de sangue em torno de 1.400 e uma saída média de 30 bolsas diárias. Mas é importante desta-carmos que a máxima que preva-lece a esse respeito é: “Quanto mais melhor”, tendo em vista ca-sos de acidentes ou outras situa-ções sempre sujeitas ao acaso. “O estoque precisa estar disponível, principalmente por sermos o único banco de sangue da cidade. Precisamos ter respeito com a população e compromisso

com os hospitais porque o sangue é insubstituível e até agora o Hemocentro vem cumprindo na íntegra a responsabilidade de ser centro de hemoterapia e hemato-logia”, afi rmou a coordenadora do serviço social, Júnia Villarim. A difi culdade que a insti-tuição enfrenta ainda diz respeito ao preconceito e desconfi ança da população sobre a verdadeira im-portância da doação de sangue. Por isso, existe uma luta incan-sável para romper com os mitos e crendices existentes no imagi-nário popular com muita infor-mação através de campanhas, palestras, coletas externas e pan-fl etagens durante todo o ano para que se possam desmistifi car esses tabus. Para ser um doador é simples, é só obedecer algumas etapas como o check-up médico antes de ser encaminhado para a doação, incluindo a entrevista, que é feita com um médico res-ponsável, onde o doador pode ti-rar suas dúvidas. Apesar da rapi-dez desse processo de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), apenas 1,8% da popula-

ção brasileira é doadora, enquan-to o ideal seria de 3% a 5%. Diariamente o Hemocentro de Campina Grande re-cebe, em sua sede, 80 pessoas para doa-ção. Muitos casos como o do senhor Carlos Antônio, agente de serviços gerais, que começou a doar em 1980 quando um amigo de trabalho es-tava com a fi lha doente e lhe pediu esse favor. Desde então essa prática é uma constante na vida dele que foi facilitada com a instalação de um centro de hemoterapia na cidade. Já o doador Denilson Rocha, fun-cionário público, foi movido pela

VIDA EM CADA GOTA

O

fazer ao próximo um bem que em situações adversas nós mesmos estaría-mos precisando. doar um pouco do muito que temos e que por vezes no corre-corre das atribuições diárias acaba não ganhando o seu real valor. Valor de vida. Valor de sangue. Valor de esperança.

alINe durães

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curiosidade despertada pela unidade móvel de coleta que estava em seu bairro em uma das campanhas. “Na primeira doação me a p r o x i m e i pela curiosidade de saber o meu tipo sanguíneo, só depois desco-bri a importância desse gesto simples que é tão importante na vida de muitas pessoas”, afi rmou Denilson Rocha. Uma bolsa pode be-nefi ciar até três pessoas, já que os componentes do sangue são usados de forma específi ca. As hemácias são usadas no caso de hemorragia e no tratamento de anemia. As plaquetas em substi-tuição a sua falta; e o plasma é dado a pacientes com ausência de fatores de coagulação do sangue, ou fracionado em hemoderiva-dos para tratamentos diversos. O Hemocentro de Campina Grande é a casa de todos os portadores de doenças hematológicas, em especial os hemofílicos, além de portadores de leucemia e ane-mia, benefi ciados com tratamen-tos clínico, odontológico e fi sio-terápico. Contando com uma equipe de médicos, enfermeiros, bioquímicos, odontólogos, assis-tentes sociais, fi sioterapeutas e outros profi ssionais. Nesse novo ano que está apenas começando, doe um pou-co de si e lembre-se: O sangue é essencial à vida. Ainda não se

descobriu um substi-tuto para ele, por isso é necessário a doação de forma voluntária e contínua. Mulheres podem doar três ve-zes ao ano de quatro em quatro meses e homens quatro vezes ao ano de três em três meses. “Deve-se doar com a alma livre, simples, apenas por amor, espontanea-mente!” - Martinho Lutero.

curiosidade despertada pela unidade móvel de coleta que estava em seu bairro em uma das campanhas. “Na primeira doação me a p r o x i m e i pela curiosidade de saber o meu tipo sanguíneo, só depois desco-bri a importância desse gesto simples que é tão importante na vida de muitas pessoas”, afi rmou Denilson Rocha. Uma bolsa pode be-nefi ciar até três pessoas, já que os componentes do sangue são usados de forma específi ca. As hemácias são usadas no caso de hemorragia e no tratamento de anemia. As plaquetas em substi-tuição a sua falta; e o plasma é dado a pacientes com ausência de fatores de coagulação do sangue, ou fracionado em hemoderiva-dos para tratamentos diversos. O Hemocentro de Campina Grande é a casa de todos os portadores de doenças hematológicas, em especial os hemofílicos, além de portadores de leucemia e ane-mia, benefi ciados com tratamen-tos clínico, odontológico e fi sio-terápico. Contando com uma equipe de médicos, enfermeiros, bioquímicos, odontólogos, assis-tentes sociais, fi sioterapeutas e outros profi ssionais. Nesse novo ano que está apenas começando, doe um pou-co de si e lembre-se: O sangue

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equipe de funcionários do hemocentro

o funcionário denilson rocha em doação

o sr. Carlos antônio é doador desde de 1980

sala de doação de sangue no hemocentro Cg

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esde muito cedo, po-demos observar a preocu-pação do homem com a estética. Ao compartilhar

o contexto histórico vemos que segundo Weinberg, físico e estu-dioso da simetria, no século XX estes princípios passaram a ocupar um lugar central, pois permitem ditar a própria existência de todas as conhecidas forças da natureza. Eles conferem uma rigidez que se assemelha à de uma obra de arte, que nunca desejaríamos retocar. Atualmente nossa socie-dade tem estabelecido padrões de beleza que demandam uma eterna busca pela juventude; pelo bem-estar estético que vem infl uencian-do tanto homens quanto mulheres. Há maneiras diversas de transfor-mação que atendem a todas as ex-pectativas fi nanceiras, sendo prati-camente impossível não se cuidar

hoje em dia. Então hoje, o conceito de belo é totalmente relativo. Aliás, quando falamos no início deste texto em necessáries, queremos ressaltar que este não é mais um utilitário exclusivo da bolsa feminina. Já é comum em

Os métodos de embeleza-mento são os mais variados, mas aqueles que apresentam retorno imediato são os mais procura-dos como as terapias a laser, as aplicações de toxina botulínica e preenchedores e os peelings mecânicos e químicos. Esses tam-bém são procedimentos rápidos e que se adequam ao cotidiano daqueles que apresentam horários limitados. O objetivo maior daque-les que realizam tais métodos é a atenuação das marcas de ex-pressão, e fi nalmente, livrar-se de uma intervenção mais invasiva como a cirurgia plástica. A chegada da Cosmetolo-gia veio nos auxiliar, do ponto de vista de otimização dos métodos estéticos e sua adequação a esse segmento da Dermatologia, vali-dando cada vez mais essa ciência tão bela na sua essência.

D

a cada dia os processos e tratamentos para a beleza avançam mais e causam um maior impacto no cotidiano de todos. hoje em dia é comum vermos necessá-ries abarrotadas de cremes, maquiagens e os mais diversos produtos.

Atualmente nossa sociedade tem esta-belecido padrões de beleza que deman-

dam uma eterna bus-ca pela juventude

banheiros masculinos homens com seus produtos específi cos para cui-dados pessoais. Há quem os chame de “metrossexuais” e há apenas quem diga que são “homens que se cuidam”.

dra. aNa CeCílIa

a cada dia os processos e tratamentos para a beleza avançam mais e causam um maior impacto no cotidiano de todos. hoje em dia é comum vermos necessá-ries abarrotadas de cremes, maquiagens

“BELEZA É FUNDAMENTAL”

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A passagem do ano velho para o ano novo é uma data que nos remete a um momento de reflexão e aflora o nosso es-pírito de renovação e oti-mismo estimulando cada um de nós a planejar um futuro melhor. Pensa-mos em muitas coisas: um melhor emprego, mais sucesso, saúde, paz e que estejamos sempre perto dos familiares e das pessoas que amamos. Mas dificilmente lembra-mos que todos esses fatores dependem de um ambiente mais equilibrado e harmônico no qual estamos inseridos, pois o que vemos na atualidade são de-sordens sociais e ambientais que crescem assustadoramente e que nos deixam muitas vezes descren-tes da possibilidade de mudanças. Problemas como miséria, desigualdade social, violência, consumismo desenfreado, falta de política publica, corrupção, des-

matamento, contaminação ambien-tal, aquecimento global, dentre ou-tros fatores igualmente importantes, tem trazido danos muitas vezes irreparáveis ao meio ambiente e a sociedade em geral. É constante o desabafo da população mundial so-

bre os problemas de ordem ambien-tal e a necessidade de um mundo

“ecologicamente correto”, as-sim como é corriqueiro as

acusações sobre a falta de governância nos países em desenvolvimento. Mesmo assim ainda são poucas as pessoas que demonstram uma mudança de atitude que venha contribuir para uma transformação para-digmática que vislumbre

um mundo mais sustentá-vel na ótica socioambiental.

Sem deixar de lado a ne-cessidade de uma modifica-

ção na conjuntura política do nosso país, assim como no modo de produção capitalista que ainda vigora e determina todos os demais setores da nossa sociedade, não po-demos nos esquivar da nossa res-ponsabilidade como atores nesse processo de permanência ou trans-formação no quadro político, social, econômico e ambiental do lugar onde vivemos e criamos os nossos

REFLEXÃO SOBRE A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DO INDIVÍDUO COMO AGENTE TRANSFORMADOR DA QUALIDADE DE VIDA rosâNgela souto

quanto mais for possível acelerar o processo de transformação comportamental com relação ao meio ambiente, menor será o lamento, quando vierem a ocorrer as catástrofes engatilha-das, por não terem sido evitadas a tempo (zulauf, 2000).

UM NOVO OLHAR

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ECOsciente

!

filhos. Como bem dizia o sábio in-diano Mahatma Gandi “Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo”. Já temos experiência su-ficiente para encararmos o fato de que não há paz e felicidade numa sociedade baseada no consumo, pois além de excluir uma grande parte da sociedade ao acesso aos bens materiais, acaba por exaurir os nossos recursos naturais. Al-gumas pessoas desfavorecidas do poder de compra, para garantir o consumismo, acabam por procurar caminhos que levam à violência. Se analisarmos a violência no Brasil há poucos casos que o indivíduo rouba, assalta, furta e mata para su-prir as suas necessidades básicas, como comer, vestir-se com roupas comuns ou mesmo comprar remé-dios. Hoje a violência existe para garantir o tênis importado, a roupa de grife, o celular moderno, o car-ro, os vícios e claro, as drogas. Em suma, o consumismo, a ganância e a carência pelo supérfluo tira a paz da sociedade. Somado a isso tem o marketing que cria um apetite de consumo onde não há poder aquisi-tivo pra tanto e diante disso vem a frustração de não poder consumir e consequentemente surge a violên-cia. Manter esse marketing é man-ter uma lógica de mercado que vem a tempo destruindo as condições sociais e ambientais do nosso pla-neta. Para tanto é necessário co-brarmos dos nossos governantes por educação de qualidade para formação de futuros cidadãos cons-

cientes com seus deveres e direitos e não seguidores patológicos do consumo que manipulados pelo sistema econômico vigente acabam sendo escravos e vitimas do “ter”. É preciso também valori-zar pequenas atitudes que somando forças podem gerar uma nova so-ciedade que respeita a natureza. Ações simples como: denunciar aos órgãos competentes as empresas ou pessoas que estejam emitindo po-luição sem licença ambiental ou de maneira descontrolada; preferir ali-mentos cultivados organicamente;

texto de vida. Muitos autores renomados afirmam que a questão ambiental envolve muito mais do que “pes-soas físicas” e atitudes individuais, mas que essas são importantes na medida em que mudam padrões de consumo e forçam as empresas, que criam os bens de consumo, a me-lhorar os seus processos. Mas deve-mos lembrar que a sustentabilidade do meio ambiente depende de fa-tores multicausais e que se interre-lacionam, para tanto é indiscutível que mudanças significativas só ocorrerão frente a transformações em diversas dimensões – social, ecológica, econômica, política, cul-tural, ética, dentre outras – porém, não devemos nos esquivar da nossa responsabilidade como cidadão que faz escolhas, seja na hora da compra de um produto que muitas vezes não se procura a origem mercadológica do mesmo ou até mesmo pela op-ção do seu futuro governante que muitas vezes é fundamentada em razões individuais e pessoais. Por-tanto cabe a nós moradores desse planeta nos desprendermos do in-dividualismo, do conformismo, da imparcialidade e da ganância para alcançarmos um futuro melhor habitável com mais verde e justiça social. Saiba que somos nós os verdadeiros responsáveis pela di-vulgação dos bons exemplos, pela cobrança dos nossos direitos, pela exigência por uma política pública transformadora e não puramente as-sistencial, e por fim, pela educação dos nossos filhos.

exigir medidas ao seu governante que vislumbrem a melhoria das condições ambientais como a im-plantação de uma usina de recicla-gem de lixo; separar o lixo reci-clável e reaproveitável e levá-los aos locais de entrega voluntária; evitar excesso de embalagens, principalmente plásticos; e outras inúmeras iniciativas que podemos incorporar em nosso dia a dia que diminuirá a sobrecarga nos nos-sos recursos naturais. O indivíduo deve ser capaz de se sentir sujeito e não objeto de seu contexto (com consciência crítica), consciente que a sua atitude interfere no seu con-

Temos experiência suficiente para enca-rarmos o fato de que

não há felicidade numa sociedade

baseada no consumo

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BRASIL, A SEGUNDA ABERTURA DO MAR VERMELHO PARA O POVO JUDEUdIlma daNtas

negável é a presença e a grande contribuição da cul-tura judaica entre nós, algo

já tão enraizado em nosso cotidi-ano que por isso se faz necessário voltarmos os olhos para o passado, e entendermos o que representou a origem do povo judeu e a sua dispersão pelo mundo (diáspo-ra). Os judeus que pelo mundo atravessaram a península ibérica, conhecidos como os sefarad (ju-deus espanhóis), sofreram com os progons (caça e perseguição a comunidade judaica) na Espanha e em Portugal pela inquisição, se mostraram fi éis a promessa que o Deus (IAVÉ) certifi cou jun-to ao patriarca Abraão, onde teria fi rmado a promessa de que os seus descendentes seriam tais quais

as estrelas que povoam o céu. Do povo que teria atraves-sado o mar vermelho fugindo da escravidão do Egito, foi o mesmo em sua descendência, que na busca de superar problemas de ordem políticas, religiosas e de segregação, atravessaram o mar das Américas vindo aportar em terras brasileiras a partir de 1507.

Trazendo consigo crenças e costumes que aqui no

Brasil se arraigaram em nossa genética cultural. Desta-ca-se que com a perseguição

sai da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai e farei de ti uma grande nação, promessa feita por deus ao grande patriarca abraão. (genesis.12.1)

I tura judaica entre nós, algo já tão enraizado em nosso cotidi-ano que por isso se faz necessário voltarmos os olhos para o passado, e entendermos o que representou a origem do povo judeu e a sua dispersão pelo mundo (diáspo-ra). Os judeus que pelo mundo atravessaram a península ibérica, conhecidos como os sefarad (ju-sefarad (ju-sefaraddeus espanhóis), sofreram com

(caça e perseguição a comunidade judaica) na Espanha e em Portugal pela inquisição, se mostraram fi éis a promessa que o Deus (IAVÉ) certifi cou jun-to ao patriarca Abraão, onde teria fi rmado a promessa de que os seus descendentes seriam tais quais

as estrelas que povoam o céu. Do povo que teria atraves-sado o mar vermelho fugindo da escravidão do Egito, foi o mesmo em sua descendência, que na busca de superar problemas de ordem políticas, religiosas e de segregação, atravessaram o mar das Américas vindo aportar em terras brasileiras a partir de 1507.

Trazendo consigo crenças e costumes que aqui no

Brasil se arraigaram em nossa genética cultural. Desta-ca-se que com a perseguição

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A SEGUNDA ABERTURA

sai da tua terra, da tua parentela e da casa do teu pai e farei de ti uma grande nação, promessa feita por deus

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do santo ofício, os judeus foram desenvolvendo estratégicas para não só sobreviverem, como tam-bém deixarem latentes suas frases (tradição oral) e seus costumes. A Carne de Sol, por exemplo, prato típico mais co-nhecido no Brasil, principal-mente no Nordeste, traz a grande infl uência dos Judeus que habi-taram o Rio Grande do Norte, precisamente em Caicó, Acari e toda região do Seridó, não sendo a toa que Seridó seja uma palavra hebraica que signifi ca o sobrevi-vente d’ELE’’. Geralmente o gado morto para consumo tinha seu sangue retirado, já que o povo judeu não

consome sangue, e fi cava com suas car-

nes expostas ao sol cerca de três dias até

que não houvesse uma só gota de sangue. Logo

em seguida a carne era sal-gada, fatiada e guardada em

baús com fi ns de conserva-ção. Em plena corrida ao ouro

e a madeira, os hebreus não tar-dariam a se relacionar com os ín-dios e no campo gastronômico, no casamento entre a carne de sol com a farinha pilada e a rapadura, logo surgiria a paçoca que viria a alimentar gerações e gerações. Outra delícia da Gastro-nomia Judaica presente entre nós está o Requeijão. A prática da coalhada escorrida e lavada ao leite e misturada a manteiga tra-zia o sabor do creme mais cobiça-do em nosso café da manhã. Além do queijo de coalho, também uma importante variante deste pro-cesso e símbolo presente na obra da teatróloga Lourdes Ramalho quando a mesma traz à tona as lembranças de sua mãe no feitio desta iguaria em sua fazenda. Para quem trabalha com Gado, muitos que utilizam o ber-rante mal sabem que o fazem por causa do toque do Shofar. Estes instrumentos feitos de chifre de carneiro ou antílope tem registro bíblico e são considerados puros, geralmente usados para convocar as tribos para se reunirem. Na

Bíblia o Shofar recebe o nome de Trombeta, e o mesmo está presente em muitas passagens a exemplo das Derrubadas dos Muros de Jericó. Dentro do e-xercício lúdico, a nossa ciranda possui sim raízes com o folclore israelita, não sendo a toa que a mesma se fez presente de forma tão marcante em Pernambuco, na ilha de Itamaracá, onde lá apor-taram judeus vítimas da diáspora no ano de 1944. Longe de sua pá-tria, viram na ciranda um modo de unir as pessoas, uma dança que tornou-se praticamente a dança nacional da Romênia. Fei-tas com mãos unidas, pés des-calços e roupas coloridas, com brilhos, babados, faixas e aven-tais, mangas ciganas bem largas, aos ombros dos vizinhos, era a expressão mais próxima da u-nião do relacionamento humano de um povo de uma só raiz, mas disperso pelo mundo. As nossas crianças tam-bém acabaram recebendo forte infl uência judaica, pois após a diáspora as comunidades dis-tribuídas em acampamentos, tra-tavam de repassar seus conheci-mentos para os mais novos através da oralidade. Os ensinamentos da Torá eram repassados pelos mais velhos que em círculos uniam-se as crianças e enquanto a trans-missão era feita, todos fi ngiam estar atentos a um instrumento de madeira chamado “Dreidel”

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consome sangue, e fi cava com suas car-

nes expostas ao sol cerca de três dias até

que não houvesse uma só gota de sangue. Logo

em seguida a carne era sal-gada, fatiada e guardada em

baús com fi ns de conserva-ção. Em plena corrida ao ouro

e a madeira, os hebreus não tar-dariam a se relacionar com os ín-dios e no campo gastronômico, no casamento entre a carne de sol com a farinha pilada e a rapadura, logo surgiria a paçoca que viria a alimentar gerações e gerações. Outra delícia da Gastro-nomia Judaica presente entre nós está o Requeijão. A prática da coalhada escorrida e lavada ao

Bíblia o Shofar recebe o nome de Trombeta, e o mesmo está presente em muitas passagens a exemplo das Derrubadas dos Muros de Jericó. Dentro do e-xercício lúdico, a nossa ciranda possui sim raízes com o folclore israelita, não sendo a toa que a mesma se fez presente de forma tão marcante em Pernambuco, na ilha de Itamaracá, onde lá apor-taram judeus vítimas da diáspora no ano de 1944. Longe de sua pá-tria, viram na ciranda um modo de unir as pessoas, uma dança que tornou-se praticamente a dança nacional da Romênia. Fei-tas com mãos unidas, pés des-calços e roupas coloridas, com brilhos, babados, faixas e aven-tais, mangas ciganas bem largas,

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que rodava com as letras do al-fabeto hebraico. Lá estavam es-critas os seguintes dizeres “Num, Guimel, Hêi e Shin”: iniciais da frase Nés Gadol Haia, Shâm que quer dizer “Um Grande Milagre Ocorreu Lá”. Aos olhos dos sol-dados Sírio-Gregos tudo aquilo não passava de uma brincadeira. A tradição do Dreidel acabou chegando ao Brasil vinda através dos novos cristãos judeus recém convertidos, que cedeu espaço ao pião que conhecemos hoje. E para quem acha que nos festejos de fi m de ano esta-mos livres das infl uências cul-turais judaicas deixo aqui alguns exemplos de que estamos mais próximos do que nunca. Os cos-tumes que temos em pleno Na-tal de enfeitarmos nossas casas equivale na comunidade judaica ao que chamamos de as “Festas

das Luzes”, onde cada família or-namenta a sua casa com a força da sua criatividade. Sobre o ato de enviarmos cartões natalinos aqui no Brasil, em Israel tam-bém envia-se cartão nessa época como felicitações pela passagem do HANUKÁ. Até mesmo em fi m e inicio de ciclo, o ano novo para os ocidentais e o ano novo judaico ( Hosh Hashaná) tem em comum gostar de utilizar roupas brancas. Assim como enxer-gamos semelhanças nas comi-das para esta celebração, é de costume comer maçã com mel (aqui transformou-se na maçã do amor), pão com mel, arroz doce com lentilhas, em suma tudo que possa simbolizar um ano doce e afortunado. A forte infl uência judaica entre nós é um exemplo prático do quanto o Brasil é terra fértil e

receptiva, aos costumes de outros povos. Uma lição para o mundo sobre exercício de aprendizado na convivência e recepção para uma cultura que precisa ainda de mais compreensão ao invés de discriminação.

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MSAUDADES DO FUTUROmICa guImarães

seNsIbIlIdade CrôNICa

Menino ainda, eu tinha saudades da minha adolescência. Passei por ela e não

me encontrei lá. Hoje, eu só tenho expectativa de saudades. Saudades do futuro, que já é amanhã. Quando jovem, sempre acreditei no agora; o usufruto do momento, pelo sim-ples direito de vê-lo transformar-se em antes, como se eu tivesse todo tempo necessário, para quê? O tempo é a mais genial prisão. Nela, o homem se sente livre, por trás de grades que não vê. Se tenho saudades do fu-turo, é por que nele só há anseio, algo que não se pode apalpar. Não há ainda grades no futuro. Logo, estou livre. O futuro é o habeas-corpus do pre-sente. O passado é cúmplice; deve ser preso. Deixar que só haja futuro. Era preciso abolir o tempo.

Imaginem, por exemplo, o homem só presente. Sem direito a recorda-ções. Sem registros do que se pas-sou. Também sem a angústia do que poderá vir-a-ser. Só hoje, nada mais. Mas eu tenho saudades do futuro. Das pessoas que eu não conhecerei. Dos instantes que não viverei. Das risadas contra o mun-do que eu não darei. Decerto que eu gostaria de abraçar meu bisneto e dizer-lhe que o tempo é ingrato e fugidio. Gos-taria de colocá-lo no colo e dar-lhe uma lição: estamos fadados à gui-lhotina inexorável do tempo, sob a qual toda passagem se elimina.

Será que o futuro vai ter direito a pas-

sado. Ter de olhar para trás e

ver o hoje, ali, lhe cobrando c a m i n h o que se es-conde além

do além. Tempo, tempo, espelho da humanidade, por que o tridimen-sional tem que obrigatoriamente abrigar-se em teu seio murcho de depois? Ninguém pode garantir que viveu o passado, como não pode garantir que viverá o futuro. O hoje nunca existiu. O hoje a que me refi ro agora já não é o hoje da frase passada. Passado, presente, futuro: a ilusão dos sentidos. Em outros parâmetros existenciais, não há o tempo. O tempo é a gaiola que impede a vida de voar. Do outro lado, há vida em abundância. Lá o tempo é inócuo. Tenho saudades do futuro, daquele que se esconde por trás do horizonte, temendo tornar-se on-tem. Parem o tempo. Não deve o homem estar preocupado com os grilhões dele. Eles não existem. Talvez eu já esteja no futuro e não me lembre. Se estiver, com certeza, vou conversar comigo e dizer que tenho saudades do futuro.

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O TERCEIRO QUIRODÁCTILO

DO DR. JOSÉ MOYSÉS

dr. josé alVes Neto

NNasceu no sopé da Serra do Cabaço, antiga Serra da Viração, atualmente Serra de Santa Luzia que

serve de escada para o Planalto da Borborema, em 1º de outubro de 1932. A cidade de Santa Luzia, alcunhada de Veneza Paraibana, fi ca incrustada na região do Seridó Paraibano, útero que gerou muita gente que a fez valorizada pe-

los seus fi lhos notáveis: Dr. José Peregrino de Araújo - Presidente da Parahyba, de 1900 a 1904; Dr. Jader Silva de Medeiros – depu-tado federal - responsável pela mudança no traçado da BR 230 para Santa Luzia – 1960; Dr. José Flósculo da Nóbrega - jurista, con-siderado uma das fi guras mais ex-pressivas do Direito da Paraíba; Francisco Seráfi co da Nóbrega - deputado federal e ex-governador

da Paraíba; Dr. João Maurício de Medeiros - Ministro da Agricul-tura do governo de Getúlio Var-gas; o ex-deputado federal e atual senador Efraim Morais; os meus amigos, médicos: Valdir Cesarino; Verônica Cesarino; Expedito Me-deiros, Conceição Medeiros, João Bosco Pereira, Martinho Nóbrega, o engenheiro Hamurabi Medeiros, o jornalista Rubens Nóbrega e tan-tos outros...

histórias ou estórias? algumas são verídicas, outras são causos estóricos. Independente de relatos reais ou ficcionais, o fato é que há muito tempo esses episódios contados tem alimentado sonhos, provocado risadas, lágrimas e narrado, acima de tudo, a trajetória de um povo difundindo a criativa cultura nordestina. o médico ultrassonografista dr. josé alves Neto nos presenteia contando fatos ou retratando pessoas que fazem nossa história maior. Confira!

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O meu amigo José Moysés de Medeiros Neto, ascendeu à Cha-pada da Borborema, para realizar seu curso secundário, em dezem-bro de 1945. Posteriormente, indo concluir o seu curso superior na Faculdade de Medicina da UFPE, cidade do Recife/PE, em dezembro de 1962. Volta para o “Piemonte da Borborema”, Campina Grande/PB, como médico, escolhendo a especialidade de “Amansa Ho-mens” (Urologia), aqui, casando-se e constituindo sua prole. O que acho interessante na sua pessoa e como médico é sua maneira gentil de tratar a todos, das diversas classes sociais, sem distinção. Nele você encontra uma capacidade de trabalho imensa, que mesmo como aposentado, está na ativa, dinâmico e incentivador dos mais jovens. Há uma coisa que temos em comum: é o gosto pela música. Ele, indo mais longe, porque é compositor. Aproveito este espaço, para fazer ciente aos que não sabem: tem músicas gra-vadas por João Gonçalves, Os 3 do Nordeste, Amazan, Francinaldo, Gaviões da Serra, Luan, Kátia Vir-gínia, Adauto Ferreira, Abdias do Acordeom, Verônica Rios, Klévia Katt e outros mais. Ao todo, são 38 músicas gravadas. Fazendo men-ção que o João Gonçalves já fez estúdio de duas músicas para seu CD deste ano. Os 3 do Nordeste estão com duas músicas para o CD de 2010. Mas, o bom mesmo,

é que o nosso colega se envere-dou pelo aprendizado de tocador de sax, que se intitula soprador, e péssimo, mas, como é meu amigo, e amigo meu não tem defeito, eu o considero melhor que Bob Flem-ing e Serginho do Sax. De tudo isto, o que mais me chama a atenção é o 3º quirodácti-lo (maior de todos) da mão direita do Dr. José Moysés que usava para realizar o toque para exame da próstata. Imenso, afrontoso, uma verdadeira baqueta de tocar surdo. Diz o piadista, Tonho dos Couros, que o dedo de toque tem mais de 20 cm. Um certo dia, fez uma consulta médica, quando en-fiou o dedo em seu anel corrugado, a fim de realizar o toque prostático, para a palpação da glândula; virou os olhos, que ficaram esbugalha-dos, olhou para o Dr José Moysés e disse: - Dr Jooosé, dêêê-me um beijo... Atualmente, para não mais causar medo aos seus clientes, só está fazendo o toque com o 2º quirodáctilo da mão direita (dedo indicador). Houve outra ocasião que ele inventou de chamar vários músicos para compor uma banda, onde ele seria o primeiro saxofo-nista do conjunto. Juntou todos, al-guns violonistas, bateristas, trom-bonistas, guitarristas... Depois de uma pequena preleção, levantou-se e disse: - Agora irei escolher um a um, a dedo! Neste momento, um a um, também, foram inventando

desculpas diversas. Um: - Dr. José, estou tendo que ir, pois tenho que levar meu menino ao colégio. Outro: - Estou atrasado, tenho que levar minha esposa à consulta de vista. Mais um: - Tenho que sair rápido, já que tenho uma promis-sória que se vence hoje, e o banco está próximo de fechar suas por-tas. O restante:- Dr. José Moysés... E todos foram escafedendo-se do recinto, o mais rapidamente pos-sível. Atualmente, nem o mais dos incautos instrumentistas, quando se ouve falar que ele quer formar uma banda, nem lá vão mais. Olhem, tudo isto vendi a preço de custo, talvez sejam até estórias, nem mesmo ele relatou tais fatos para mim. Contudo, eu só sei dizer que este homem, com um buril, gravou seu nome na sociedade de Campina Grande e no meio médico, como: um bom médico, honesto, ético, um cara de ações irreprocháveis, louco por música, doido por dança, e acima de tudo: Um puto-de-um-amigo! Pessoa pela qual deduzimos que ainda dentro da classe médica, tem muita gente de valor admirável. Sua felicidade consiste em dis-tribuir seus conhecimentos, suas ajudas, sua alegria, sua vitalidade, sem fazer mal a quem quer que seja; em todas as ocasiões que se façam necessárias.

hIstórIa ou estórIa?

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exemplo dos outros, um livro marcante, um fi lme que nos fale mais à emoção, uma conver-

sa podem levar a mudar sua vida, se você se dispuser a isso. Quan-do se está aberto para a vida, até uma caixinha antiga de brinque-dos pode ter esse efeito, como acontece a Amélie Poulain, a pro-tagonista de “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (Le Fabuleux Destin d’ Amélie Poulain, 2001), um dos fi lmes europeus de maior sucesso desta década – e um caso de fi lme francês sem melancolia e sem elucubrações fi losófi cas maçantes, algo que tanto impreg-nam o cinema da França. Solitária desde a infância,

mas nunca amarga ou triste, a doce Amélie (Audrey Tautou, que se tornou estrela com o fi lme) resolve procurar o dono da caixinha e devolvê-la, o que consegue depois de uma i nves t i gação de métodos bem próprios e revela-dores de sua perso-nalidade generosa e inventiva. Ao ver a felici-dade do dono dos brinque-dos, Amélie encontra um novo sentido em sua vida

um dos fi lmes europeus de maior

mas nunca amarga ou triste, a doce Amélie (Audrey Tautou, que se tornou estrela com o fi lme) resolve procurar o dono da caixinha e devolvê-la, o que consegue depois de uma i nves t i gação de métodos bem próprios e revela-dores de sua perso-nalidade generosa e inventiva. Ao ver a felici-dade do dono dos brinque-dos, Amélie encontra um novo sentido em sua vida

NO TEMPO DA DELICADEZAdra. alaNa agra

quem assiste à atual novela das oito vê a cada final de capítulo o relato de pessoas que, a partir de eventos dolorosos ou até trágicos, resolveram mudar sua forma de viver a vida, de se relacionarem com os outros e consigo mesmas. são histórias emocionantes e belas, em seu exemplo de superação de dificuldades. mas será que sempre são necessários momentos de dor e tragédia para que se possa reavaliar a vida, as atitudes?

O

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– que parecia sem maiores propósi-tos: ela resolve procurar fazer com que as pessoas ao seu redor vivam um pouco melhor, usando sempre estratégias originais e encantado-ras. Parece pouco? É pouco, sim. Porque Amélie parece compreender que, de uma maneira geral, são os pequenos detalhes que determinam o grau de satisfação com que leva-

mos nossa vida; que prazeres tri-viais e contratempos rotineiros quase sempre defi nem o que consideramos um bom ou um mau dia, uma vida feliz ou in-

feliz. Ao prestar mais

atenção às pessoas próximas e às suas peculiaridades, sempre

de uma forma generosa, a vida da própria Amélie é transformada, tanto pela felicidade que consegue ao fazer algo bom a alguém, como pela descoberta do amor – em um personagem tão solitário e tímido quanto ela (o ator e diretor Mathieu Kassovitz), um dos romances mais cativantes do cinema recente. Uma espécie de feed back positivo, ao voltar para ela o bem que fazia a outros. Não é um fi lme que pre-tenda ser revolucionário, nem tem a pretensão de servir como lição de vida, mas mesmo assim o fi lme do francês Jean-Pierre Jeunet consegue exatamente as duas coisas. É revo-lucionário no sentido em que traz uma personagem generosa e posi-

tiva, num momento que o indivi-

dualismo e a desesperança parecem tão mais valorizados. E serve como lição de vida – sem qualquer conota-ção autoritária ou maçante que tem essa idéia de “lição”- ao mostrar que pequenos gestos, pequenas deli-cadezas podem ser tão mobilizantes quanto grandes eventos. E que mu-danças podem vir de acontecimen-tos felizes, não só do sofrimento. Num momento em que espe-cialmente nos vemos frente ao con-sumismo exagerado dos presentes de Natal e às “decisões de fi nal de ano”, pode ser um bom primeiro passo vermos a oportunidade de nos sentirmos mais felizes e fazermos felizes outros com algu-mas coisas sim-ples da vida. P o r q u e , afi nal de con-tas, o que acaba fi cando em nossa vida são os mo-mentos, as atitudes e as pessoas especi-ais no dia a dia, os presentes realmente imperecíveis e não os perecíveis, mes-mo que mais caros e chamativos. O que fi ca e importa é o que nos faz me-lhores, como bons fi lmes.

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– que parecia sem maiores propósi-tos: ela resolve procurar fazer com que as pessoas ao seu redor vivam um pouco melhor, usando sempre estratégias originais e encantado-ras. Parece pouco? É pouco, sim. Porque Amélie parece compreender que, de uma maneira geral, são os pequenos detalhes que determinam o grau de satisfação com que leva-

mos nossa vida; que prazeres tri-viais e contratempos rotineiros quase sempre defi nem o que consideramos um bom ou um mau dia, uma vida feliz ou in-

feliz. Ao prestar mais

atenção às pessoas próximas e às suas peculiaridades, sempre

de uma forma generosa, a vida da própria Amélie é transformada, tanto pela felicidade que consegue ao fazer algo bom a alguém, como pela descoberta do amor – em um personagem tão solitário e tímido quanto ela (o ator e diretor Mathieu Kassovitz), um dos romances mais cativantes do cinema recente. Uma espécie de feed back positivo, ao voltar para ela o bem que fazia a outros. Não é um fi lme que pre-tenda ser revolucionário, nem tem a pretensão de servir como lição de vida, mas mesmo assim o fi lme do francês Jean-Pierre Jeunet consegue exatamente as duas coisas. É revo-lucionário no sentido em que traz uma personagem generosa e posi-

tiva, num momento que o indivi-

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O POETA NÃO CALA

A voz do passado que segue no ventoO vento que traz essa voz do passado

É o mesmo que embala a folia das ondas E segue entre as ruas fazendo mil rondas

Refrescando a noite num leve bailadoAquele que ouve o seu canto encantado

Um jovem poeta a improvisarJamais se esquece e se põe a chorar

Mesmo que acompanhe só por um segundoQuem sente esse vento em silêncio profundo

Ouve o seu galope na beira do mar

E assim esse vento que passa por mimSe afasta tranquilo com seu testemunho

Se fazendo brisa, tufão, ‘redemunho’Arrastando nuvens, beijando o capim

Por mais que procure, jamais chega ao fimNenhum muro impede o seu galopar

Repetindo a voz do poeta ao voarA voz que se vai pelo oco do mundo

Quem sente esse vento em silêncio profundoOuve o seu galope na beira do mar

Jonathas Falcão

HOMENAGEM AO MESTRE JOSÉ ALVES SOBRINHO

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dIaNa reIs

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O POETA José Clementino de Souto é o nome dele. Nasceu em junho de 1921, em Pedra Lavrada/PB. Aos seis anos de idade, começou a fre-quentar a escola, “escola do mato”, já que na região onde ele morava não existia uma estrutura de ensino, então a cada ano, um dos propri-etários de terras da região, juntava as crianças que moravam próximo a sua propriedade e contratava um professor para que lhes ensinasse as lições. Em uma dessas aulas, o professor de Clementino, João Quinto Sobrinho ensinou aos alu-nos como fazer um quadra na po-esia popular. Pediu que os alunos trouxessem de casa um verso em quadra, dando-lhes um tema, José Clementino ficou com a tarefa de versejar sobre o tema: mãe, e assim ele fez:

Como eu não tenho mãeComo todo mundo temMinha mãe é mãe DionísiaQue me beija e me quer bem.

O verso foi muito elogiado pelo professor que garantiu, “esse menino é um poeta, ele vai longe” Aos 11 anos de idade, José Cle-mentino foi assistir pela primeira vez uma cantoria, e segundo ele mesmo fala, “foi a coisa mais bo-nita que eu vi em minha vida”. Depois desse dia de can-toria, Clementino não esqueceu a melodia que ouviu, o que o levou a construir uma violinha a partir de uma caixa de charuto para ficar tocando na “toada” que aprendeu. Tempos depois, ganhou de um vizinho uma viola de verdade, e aos 13 anos ele já fazia cantorias pela região. Mas como seu pai não aprovava ter um cantador na famí-

lia, e já havia quebrado uma viola em sua cabeça para tentar impedí-lo de seguir adiante com esse dese-jo de ser cantador, José Clementino de Souto precisou mudar seu nome para seguir a carreira de cantador. Assim, seu tio, José Alves, ao seu favor, aconselhou que ele passasse a assinar como José Alves Sobri-nho. Aos 15 anos, já com este nome artístico, fugiu de casa para viver de cantoria. José Alves foi um dos maiores catadores de sua época. Levou a poesia popular para o Rádio, cantou na Rádio Clube de Pernambuco, na Rádio Tabajara; cantou para Assis Chateubriand, José Lins do Rego; cantou com 91 cantadores, mas aos 38 perdeu a voz. Abaixo trecho do poema dele “Quando eu deixei de cantar”, publicado no livro Matulão de um Andarilho, pág. 25.

“Sem voz, sem som, nu e cru,Fui forçado a abandonarA profissão popularDe cantar para viver!Como é triste não poderCantar, sabendo cantar.”

A VOZ

O fato de Zé Alves ter per-dido a voz aos 38 anos de idade, por motivo incerto já que nenhum médico emitiu um diagnóstico de-finitivo, não impediu que ele desse vazão a sua paixão pela poesia popular. José Alves Sobrinho é um grande nome da Cultura Popular Nordestina, se tornou escritor, pes-quisador e mestre popular. Entre anotações e lembranças, livros e fotografias, José Alves possui um dos maiores acervos de Cultura Popular do Brasil, como ratifica o depoimento de Bráulio Tavares: “o

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arquivo de um cantador como José Alves é tão valioso quanto os te-souros do rei Salomão”. José Alves Sobrinho marca a história da Cultura Popular Nor-destina, não só por sua maestria nos jogos de improviso do repente, nos áureos tempos em que cantava, mas também por sua força enquan-to pesquisador.

O PESQUISADOR E ESCRITOR Em 1977, Zé Alves en-trou para Universidade Federal da Paraíba como pesquisador a convite do professor Átila Almeida. Juntos publicaram: o dicionário Bio-bi- bliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada (1980) e Marcos e Van-tagens (1982) Publicou 26 folhetos de cordéis, escreveu 7 livros, cinco publicados e dois inéditos.. Em

1975 publicou seu primeiro livro Sabedoria de Caboco, depois vi-eram: Glossário da Poesia Popular (1982), Matulão de um Andarilho (1994) e Cantadores, Repentistas e Poetas Populares (2003). Recente-mente, em dezembro de 2009, publicou “Cantadores com quem cantei” pela Editora Bagagem com o apoio da UFCG. José Alves ganhou o Prêmio Leandro Gomes de Barros pela Secretaria de Edu-cação e Cultura do Município do Recife (1970), foi Sócio Fundador da Associação de Poetas e Folclo-ristas do Brasil (1972), Cidadão da Poesia pela Ordem Brasileira de Literatura de Cordel (1978), Membro Fundador da Comissão Paraibana de Folclore (1994), Cor-respondente do Acervo Raymond Cantel - França (1998). Em 2004, Zé Alves recebeu a Medalha Honra ao Mérito Cel. Elísio Sobreira e em 2006 assumiu a cadeira de número um da Academia Paraibana de Li-teratura de Cordel (2006).

O FILME Reconhecendo a história do poeta José Alves Sobrinho, que se entrelaça com a história da can-toria e da poesia popular do Nor-deste, e encantada com o seu caris-ma e paixão pela Cultura Popular, resolvi pesquisá-lo mais profunda-mente. Foi a partir de uma entre-vista dele para a jornalista Katiús-cia Formiga, em julho de 2006, no Jornal Correio da Paraíba, que o conheci pela primeira vez. Daí em diante, estabeleci um contato ini-cial com o poeta e decidi fazer do meu projeto de conclusão de curso (Comunicação Social - UFPB), um vídeo documentário sobre José

Alves Sobrinho. Essa experiência certamente foi um divisor de águas em minha vida. Não só pelo aper-feiçoamento técnico na produção de vídeo, mas principalmente pela convivência e aprendizado ao lado do poeta. O documentário “A Voz do Poeta” foi finalizado em maio de 2007, com 26 min de duração. Ao todo foram nove meses de pes-quisas sistemáticas com visitas periódicas à casa do poeta e 14 horas de captação de imagens de material bruto. A Voz do Poeta é uma homenagem e registra a existên-cia desse grande nome da Cultura Popular do Nordeste, que no auge da sua carreira de cantador, perde a voz; mas não deixa morrer a poesia dentro dele. O filme é um recorte de um homem de muitas facetas e alma grande.

Ficha TécnicaDiana Reis - Produção e DireçãoJonathas Falcão - Montagem e TrilhaKleyton Panda - FotografiaRodrigo Cesar Reis - Still

PRÊMIOS DO FILME A VOZ DO POETATroféu Rodrigo Rocha - Melhor Vídeo documentário paraibano 2007Troféu Cabeçote de Melhor Do-cumentário Paraibano - Prêmio Especial da ABD/PB 2007Troféu Machado Bittencourt – Melhor vídeo documentário – Júri oficial - 2007Overdose 2008

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Cidade: queGrande Campina

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C om o intenso processo de urbanização ocor-rido a partir dos anos de 1960, a ocupação

das cidades brasileiras se deu de maneira bastante acelerada. As-sim, muitas cidades cresceram de forma desordenada, com uma ex-pansão urbana em direção às suas áreas periféricas, que passaram a se caracterizar com um tipo de ocupação irregular e espontânea, em locais ambientalmente frágeis, com péssimas condições de habi-tação, e de acesso a infraestrutura urbana e serviços essenciais de qualidade. Diante desse contexto, surge a necessidade de planejar o

ral dos centros urbanos naciona-is. Surge o planejamento urbano, que pode ser definido como um processo de idealização, criação e desenvolvimento de soluções que visam melhorar ou revitalizar certos aspectos dentro de uma determinada área urbana, ou do planejamento de uma nova área em um espaço segregado, tendo como objetivo principal propor-cionar aos habitantes uma melho-ria na qualidade de vida. Em Campina Grande, e-xistem alguns órgãos que lidam com a problemática do planeja-mento urbano, com destaque para a SEPLAM (Secretaria de Plane-jamento Urbano e Meio Ambi-

ORDEM NO PROGRESSO

alípIo hortINs

atualmente observa-se um grande esforço no enfrentamento das questões re-ferentes ao planejamento urbano nas cidades brasileiras. Notadamente, naque-las consideradas de médio porte, a exemplo de Campina grande. os municípios são autônomos, político e administrativamente para realizar esse planejamento urbano. entretanto, ainda existe uma certa fragilidade de recursos humanos e financeiros.

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO URBANO NAS MÉDIAS CIDADES BRASILEIRAS

Surge a necessidade de planejar o cresci-mento das cidades,

criando mecanismos e ferramentas para

tentar solucionar ou pelo menos estancar o desequilíbrio es-trutural dos centros urbanos nacionais.

crescimento das cidades, criando mecanismos e ferramentas para tentar solucionar ou pelo menos estancar o desequilíbrio estrutu-

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Cidade: queGrande Campina

ente). Essa secretaria desenvolve estudos, diagnósticos e proje-tos com vistas a acompanhar os diferentes usos da cidade, rela-cionando-os a um planejamento e gestão dos problemas urbanos que incidam sobre a inclusão ter-ritorial e a melhoria do ambiente urbano em nossa cidade. Recentemente, o poder público municipal realizou nos dias 27 e 28 de novembro, a 4ª Conferência da Cidade de Campi-na Grande, com a finalidade de propor a interlocução entre os di-versos atores da sociedade cam-pinense, sobretudo com relação às temáticas relacionadas à Políti-ca Nacional do Desenvolvimento Urbano. Esse evento abre cami-nhos para possibilitar o avanço

na consolidação de um sistema de desenvolvimento urbano que tem como foco prioritário, enfrentar e interromper um processo de urbanização excludente, buscan-do fortalecer o controle social e alavancar as políticas públicas que promovam um planejamento harmônico da cidade, desde que todos os projetos e encaminha-mentos discutidos nessa confe-rência saiam da teoria e tornem-se ações efetivas. Considerando que diante das dificuldades financei-ras pela qual passa a maioria dos pequenos e médios municípios brasileiros, que não tem fontes de receita própria, e contam com escassos recursos para se planejar e atender às demandas da socie-dade, torna-se um grande desafio

se colocar diante das exigências legais, a exemplo do Estatuto da Cidade. Certamente, esta lei traz evidente contribuição para uma política urbana voltada para a função social da propriedade, mas que exige uma estrutura ad-ministrativa e recursos para o cumprimento de suas exigências legais, a partir de dotações orça-mentárias tão escassas e muitas vezes mal distribuídas, que se ob-serva nos municípios brasileiros de pequeno e médio porte. Existe uma preocupação crescente com a competência dos municípios para tratar dessas questões, pois é o poder público municipal o mais próximo da realidade e também das cobranças da população lo-cal, além de ser o principal res- ponsável pelo planejamento ur-bano, junto a todos os segmentos da comunidade local. O planeja-mento urbano no Brasil e, par-ticularmente, no nordeste, tem introduzido novos parâmetros de análises, dando realce ao modelo de desenvolvimento sustentável, como principal referência para o desenvolvimento das sociedades, seja no nível local, regional e na-cional.

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O dia 14 de dezembro de 2009 certamente entrou para os anais da As-sembléia Legislativa do

Estado da Paraíba de forma inusi-tada. É que é a primeira vez que se tem notícia que um homenageado não emitiu um único convite e foi, sozinho receber uma comenda ofi-cial, a Medalha Augusto dos Anjos, fruto do projeto de resolução nº 1.348/2008 do Deputado Estadual Carlos Marques Dunga Júnior. Pode parecer estranho mas quando se trata do cartunista Fred Ozanan tudo isso faz parte de uma rotina que marca toda uma consa-grada trajetória, cujos prêmios se sucederam com a mesma naturali-dade com que ele encara a missão de difundir o humor. Se um dia está dormindo num posto de gaso-lina no interior da Paraíba e no ou-tro repousa num confortável hotel cinco estrelas em Foz do Iguaçu, não importa, o que para ele inte-ressa é colocar a sua arte como al-ternativa cultural e educacional em qualquer canto do Brasil. É levar o humor aonde o povo está. É popu-

larizar a charge e difundí-la como forte instrumento de comunicação. Assim sempre fez, independente-mente de apoio de qualquer nature-za que jamais recebeu na Paraíba, externando em seu discurso a sua gratidão a um imenso público in-visível que o apóia, o acompanha, o estimula e lhe dá força para ser um instrumento de denúncia social através do humor gráfico usando a charge e a carticatura. Para ele, que

já alcançou quase sessenta prêmios em todos os níveis na área do hu-mor gráfico no Brasil, “o fato de jamais ter sido acompanhado nas solenidades não me decepciona. Não me frusta. Pelo contrário, vejo sempre ao meu lado um público invisível e a ele dedico esta Meda-lha!”- completa. O interessante é que no dia seguinte, com a maior naturalidade possível, o cartunista saiu às ruas agradecendo ao povo a

CARTUNISTA RECEBE HOMENAGEM DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA

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O HUMOR EM ALTA

rIbamIldo bezerra e ulIsses praxedes

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honraria concedida pela Assemble-ia Legislativa, inclusive na redação da revista Conviver. O autor da propositura, deputado Dunga Júnior, se mostrou surpreso ao mesmo tempo em que entendeu a dimensão do gesto do cartunista em relação a homena-gem a partir do grande número de e-mails recebidos pós-solenidade. “O que mais uma vez se constata é que, Fred Ozanan é possuidor de

justiça, a repressão e tantos outras formas de coação existentes numa estrutura de poder. O interessante é que dentro de uma homenagem que recebia da Assembleia, o cartunista a redimensionou para tantos outros anônimos que admiram o seu tra-balho. Foi uma atitude democráti-ca, respeitosa e abrangente que em muito valoriza o conceito cultural e artístico da Medalha Augusto dos Anjos. Ele com um simples ato de

reconhecimento supe-rou as raízes persona-listas, individualistas e emocionais que muitas vezes envolvem esse tipo de homenagem” disse o deputado Dun-ga Júnior.Em outro trecho do seu discurso, o car-tunista enfatiza a sua gratidão a Assembleia Legislativa, em par-ticular ao deputado es-tadual Dunga Júnior e, falando da transforma-ção que a arte impri-miu em sua existência. “Ao longo da carreira, a arte me deu o poder

de vislumbrar novos horizontes, de viver dezenas de vidas em uma só existência. De sentir na alma a dor do desprezo, do descaso, da hu-milhação e, ainda assim, ter a ca-pacidade de anestesiar sentimentos através do riso, do humor, da ironia e da graça. Não faço um humor ranco-roso. Não sou favorável ao humor revanchista, covarde e ferino no ponto de vista pessoal. Faço humor

pelo humor, com consciência de que posso errar por não observar, não ouvir, não se preocupar. Levo o humor a sério. Levo a vida a sério e, não por falsa modéstia, tenho orgulho do imenso patrimônio que Deus me deu que foi a competên-cia, a ética e o humanismo, valores que não se compram mas que são ensinados pela vida.” O que se pode notar neste episódio é o comprometimento do artista com o seu público. É o zelo e o respeito por uma profissão. É saber que um trabalho voluntário, mesmo que silencioso pode render frutos. E no caso de Fred Ozanan é assim. Há anos desenvolve ativi-dades voluntárias que vão desde as crianças portadoras de câncer do Lar de Maria, na distante Teresina, no Piauí, às escolas da periferia de Campina Grande, passando por universidades do Nordeste e ex-posições no exterior. Neste caso o que não falta é identidade com o seu público. Ele se constitui real-mente num multiplicador de ide-ias, num estimulador de talentos. A sua missão em busca de um leitor crítico através da interpretação de fatos e de imagens se consolida a cada dia e este reconhecimento da Assembleia Legislativa da Paraí-ba reforça a certeza de que temos que ter fé acima de tudo. De que é necessário impor um amor sem limites a profissão que abraçamos para, assim a exemplo do cartunis-ta Fred, chegar um dia e alcançar uma nova fase em sua carreira: a fase do reconhecimento também em seu estado de origem.

um humor extremamente popular, Fred encara com seriedade a tarefa de mostrar que em tudo há graça e desenvolve com maestria a sua missão que extrapola o limite da publicação imediatista comum a charge e invade o precioso espaço da história através da memória e do tempo, escancarando as portas para a charge política, denuncian-do as desigualdades sociais, a in-

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alINe durães

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HISTÓRIAS DE SUCESSO

COLABORADORES UNIMED CG: COMEMORANDO UM ANO DE EXCELÊNCIA!

CAMPANHA NATAL PELA VIDA

No curso de Formação Cooperativista, realizado como parte constituin-te do processo de admissão dos novos médicos na Unimed Campina Grande, a programação contou com a dinâmica “Atitude de cooperação”, elaborada tendo como base o método de investigação apreciativa que é uma busca cooperativa do melhor das pessoas e das organizações. Nessa dinâmicas todos comparti-lharam uma atitude, fruto de ajuda mútua, que gerou resultados positivos. Pelas histórias contadas, percebemos que mais uma vez, uma nova turma veio com o diferencial de engajamento sempre necessário à consolidação da medicina solidária.

O Encontro Anual dos Colaboradores Unimed Campina Grande que, este ano teve como tema “A Excelência que nos une”, foi marcado pelas palavras alegria e convivência. A animação da festa ficou a cargo da cantora Verônica Rios que contextualizou todo evento de acordo com os pilares conceituais da Unimed firma-dos na união, felicidade, confiança e diversidade. Além de brinca-deiras e muita música, os colaboradores também participaram de vários sorteios de brindes e assim se despediram de 2009, mas já com os braços abertos para um novo ano que em tudo será 10!

União e solidariedade marcaram a campanha Natal pela Vida. A Unimed Campina Grande em mobilização com a CLIPSI, Hos-pital Pedro I, cooperados, prestadores, colaboradores e clientes con-seguiram mais de uma tonelada em alimentos que foram doados à Casa da Criança Dr. João Moura e Rede Feminina de Combate ao Câncer de Campina Grande. A campanha é uma iniciativa do Movi-mento Nós Podemos Paraíba em busca do cumprimento dos oito Obje-tivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM’s).

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