revista conviver #11

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ISSN 1983-1102

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Publicação trimestral da Unimed Campina Grande.

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62SAÚDE AUTO ASTRAL

• O HUMOR EM ALTA• TRAÇO DE HUMOR • CONVIVA!

UNIMED: UMA MARCA NO SEU TEMPO

12• DR. CLOVIS BORGES• UMA ESCOLHA A ALTURA DA DECISÃO•A EXCELÊNCIA QUE NOS UNE• REDENÇÃO PELO CONHECIMENTO

46RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

• UM NOVO OLHAR

22

PONTO DE VISTA - A VIDA EM DEBATE• A NÓS, QUE SOMOS INSTANTE, QUE SOMOS ETERNOS • EDIFICAR A PAZ MUNDIAL• UM COMOVENTE ADEUS AO DOUTOR ULISSES PINTO• CONVIVÊNCIA, TOLERÂNCIA, DIFERENÇA E ALTERIDADE 48

ARTES EM MOVIMENTO

• A SEGUNDA ABERTURA DO MAR VERMELHO PARA O POVO JUDEU• SAUDADES DO FUTURO• O TERCEIRO QUIRODÁCTILO DO DR. JOSÉ ALVES• NO TEMPO DA DELICADEZA• O POETA NÃO CALA

32 NOSSO PATRIMÔNIO

• DR. FRASNCISCO VIEIRA 60CIDADE - QUE GRANDE CAMPINA

• ORDEM NO PROGRESSO

MEDICINA PREVENTIVA

36• HIPERIDROSE• OLHOS• POSTURA PARA A VIDA• VIDA EM CADA GOTA• BELEZA É FUNDAMENTAL

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PARTICIPAÇÃO ESPECIAL

COLUNISTASUMA MARCA NO SEU TEMPO

CONVIVA!

NATUREZA MÉDICA

O RISO E O SISO

SENSIBILIDADE CRÔNICA

TRAÇO DE HUMOR

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS

DR.JOSÉ MORAIS LUCAS Médico Anestesiologista, Cooperado da Unimed Campina Grande, Membro da Academia Campinense de Letras.

DR. EDMUNDO DE OLIVEIRA GAUDÊNCIOMédico Psiquiatra, Cooperado da Unimed Campina Grande, Professor de Psiquiatria da UFCG.

FRED OZANANJornalista, chargista, design gráfico, sócio fundador da Fundação Nacional do Humor (PI), membro da Associação dos Cartunistas do Brasil (SP).

DR.JOSÉ ALVES NETOMédico Ultrassonografista, Cooperado da Unimed Campina Grande.

MICA GUIMARÃESJornalista, Professor do Curso de Comunicação Social da Universi-dade Estadual da Paraíba, Radialista.

DR. FLAWBER ANTONIO CRUZ Perito médico do INSS - Especialista em Pediatria - Membro do Conselho Regional de Medicina.

ECOSCIENTE

ROSÂNGELA ALVES DE SOUTO Graduada em Ciências Biológicas, Mestre em agronomia, Doutoranda em Recursos Naturais.

ALINE DURÃES Jornalista e graduanda em Letras-Inglês/UEPB. Especializanda em Mí-dia e Assessoria de Comunicação/CESREI e mestranda em Literatura e Interculturalidade/UEPB.

EVERALDO DA NÓBREGAAdvogado, escritor, poeta, cronista.

MARCOS ARRUDA Graduado em Medicina, pela Fac-uldade de Ciências Médicas da Universidade do Estado de Pernam-buco. Pós-graduação em Aneste-siologia e Algologia. Médico Coop-erado Unimed Campina Grande.

FRANCISCO DE ASSIS DINIZ Bacharel em Meteorologia pela Universidade Federal da Paraíba – UFPB; Especialista em Prognóstico de Tempo e de Clima e Assessor Técnico Institucional do Diretor: Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.

DR. JOÃO ADOLFOMédico Psiquiatra, professor de Psiquiatria da UFCG-PB (aposen-tado)

 

ANA GORETTIFisioterapeuta pela Universidade Estadual da Paraíba, Especialista em Reeducação Postural Global (RPG), pelo Instituto Philippe Emmanuel Souchard de Reeducação Postural Global e em Terapia Manual, pela Escola de Terapia Manual e Postural Afonso Salgado.

DRA. DEBORAH ROSEProfessora do curso de Medicina - UFCG, Especialista em Clínica Médica, Saúde Pública e Admin-istração Hospitalar pela UNAERP. Mestre em Desenvolvimento Hu-mano pela UFPB. Doutoranda em Medicina e Saúde pela UFBA/UFCG. Coordenadora do Prog. de Preven-ção do Tabagismo nas Escolas de Campina Grande e Coordenadora do Programa Multidisciplinar de Tratamento do Tabagismo do CCBS/UFCG. Coordenadora do I Encontro Municipal de Tabagismo.

FREI ANÍZIOPadre Franciscano (Ordem dos Frades Menores), Professor com Mestrado em Sagrada Escritura e História de Israel, Mestre em Sagrada Escritura Conhecimentos Midraxe.

DRA. ELAINE PACHU Graduada em Psicologia pela UNIPÊ (João Pessoa), Especialista em Psicologia Clínica Hospitalar pela FAFIRE (PE) e Especialista em Saúde Mental pela UFCG.

DR. DIEGO FURTADO CANDIDOGraduado pela Universidade Federal de Campina Grande, atuação em ultra-sonografia geral com formação no Centro de Formação em Diag-nóstico por Imagem de Maceió-AL, médico da Clinimagem Radiodiag-nóstico Ltda. e perito médico pre-videnciário desde agosto de 2005.

ARLINDO ALMEIDAEconomista, Ex-Professor Universi-tário e Ex-Secretário de Estado.

FABIANA DIAS Enfermeira Auditora da Unimed Campina Grande, Graduada em En-fermagem pela FCM, Pós Graduada em Auditoria de Sistema de Saúde pela Universidade Estácio de Sá e em Marketing pela UEPB.

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relação homem e pla-neta (leia-se por planeta, meio-ambiente) nos traz à cabeça um pensamen-

to: Por mais que vejamos, sofra-mos, por mais que paguemos altos preços, custa-nos muito, descobrir que tudo que fazemos gira em torno de um único ideal inerente a condição humana, ser mais (ou pa-recer ser mais) do que os outros... Como é importante ser mais, ter mais, fazer mais, saber mais, mais, mais, mais... Consumimos nossa existência nessa busca. O que faz com que al-guns consigam sobressair nessa corrida? Inteligência? Cultura? Beleza? Poderíamos dizer que to-dos estes aspectos se somem nesta frenética busca, pois alguns deles suprem a necessidade de aceitação em um ponto, mas deixam lacunas em outros. E é neste ritmo que o ser humano vai tomando decisões e modificando o ambiente em que vive sem pensar nas consequên-

cias que estas mudanças podem acarretar. Como dizem os sábios populares: “tem uma hora em que o planeta pede socorro”. Tem uma hora em que é preciso um “sacole-jo” para que o homem saia desta corrida, pare e reflita sobre suas atitudes. Imagine a seguinte cena: um corredor é impelido a parar por uma pedra que machucou seu pé e ao interromper sua corrida ele olha pra trás pela primeira vez e vê o rastro que ele deixou. Contextualizados com a temática desta publicação, trazemos o seguinte pensamento: até quando correremos em busca do “ser mais” sem olhar para trás? A pedra já machuca o nosso pé! O planeta está dando o seu aviso. É tempo do homem observar as con-sequências da sua corrida para si, e voltar-se a outra investida que é a corrida em busca da convivência com o outro.

EDIÇÃO ANTERIOR

QUANDO O CORREDOR TEM QUE PARAR

CARTAS

CONVIVENDO COM VOCÊ

A

EspaçodoLeitor A matéria sobre o hemocentro foi bastante

pertinente na última edição da Conviver, pois alertou muitas pessoas para a necessidade da doação de sangue. Este ato da doação pode salvar muitas vidas e não custa praticamente nada a quem doa.

Edilene Araújo - bioquímicaGostei muito da edição passada da Conviver, principalmente, da matéria sobre o cartunista o qual acompanho costantemente na seção “Traço de humor”. Por fim, parabenizo toda a equipe da Conviver pela excelente publica-ção.

Ludemberg Bezerra Gomes - dir. de Arte

Quero ressaltar minha admiração pela Revista Conviver que traz para todos nós leitores conhecimento, prestação de ser-viços, cuidados com a saúde e a cultura de forma sempre atual. Gostei bastante da matéria da última edição que fala sobre o poeta José Alves sobrinho e sua produção em cordel. Parabéns!

Maciélia Queiroz de Oliveira – vendedora

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Da Unimed

negável que a temperatura das discussões sobre o clima da terra tem subido a cada ano. Ecologistas e economistas aquecem seus discursos, buscando razões e justificativas para tentar entender como viemos nos deparar com a imprevisível situação climática a qual nos confrontamos contemporaneamente.

Mesmo carregando o prefixo ‘ECO’ que vem do grego oikos (casa), a economia ou simplesmente oikos nomos (costume) que quer dizer regras da casa, e a ecologia (oikos logos) estudo da casa, divergem sobre a raiz do problema e pouco se assemelham sobre opiniões que possam contribuir com uma solução comum para o problema.O fato é que as duas ciências que durante muito tempo estiveram em campos distintos sem muita comunica-bilidade, hoje diante das evidencias factuais e cientificas se veem no mesmo campo de discussão inclusive reconhecendo uma necessidade dialógica que poderia ter sido iniciada há muito tempo.Para se ter uma idéia da influencia destes dois campos de estudos é possível, através do fenômeno aquecimen-to global traçar uma linha de ação e conseqüência dentro do contexto da economia mundial. Nos últimos dez anos o mundo sofreu um prejuízo de quase US$ 1 trilhão de dólares por conta de desastres naturais segundo a Organização das Nações Unidas. É sabido que a poluição no mundo esta diretamente relacionada com os processos de industrialização e o crescimento econômico caracterizado pela intensa exploração dos recursos naturais, uma causa não tão recente quanto aparenta estudos vinculados a Universidade Virginia ao sugerir que o homem iniciou a emissão de gases poluentes há oito milênios, dado o desmatamento e à irrigação de áreas cultiváveis. O que hoje en-tendemos como efeito estufa nada mais é do que o grau de avanço da emissão de gases emitindo combustíveis fósseis e derivados do petróleo desde que se entende por história do mundo. A grande diferença que marca o ontem e o hoje é que com os recursos da ciência, podemos entender causas e consequências numa ligação lógica perceptível, com espaço para reflexões e mudanças de paradigmas. Dentro da lei de ação e reação contemplamos hoje as respostas do que outrora foi realizado. Na estação em que o mundo vive atualmente as previsões são as mais incertas. Por trás do ranking econômico das grandes potências mundiais, os números de gases poluentes na atmosfera acabam definindo qual o preço que se paga pela evolução e modernidade. A economia americana, por exemplo, é a responsável pela emissão de ¼ de todos os gases globais seguido da China (2º maior poluidor) e a Índia que trabalham com tecnologias ecologi-camente “incorretas”. Principalmente no que se refere ao tratamento com uma das suas principais fontes de energia, o carvão.O protocolo de Kyoto assinado em 1997 é o primeiro exemplo da nossa positiva consciência global, um alerta para a redução da emissão de gases em até 5,2% até o ano de 2012. É certo que ações já estão acontecendo a economia pre-datória cede espaço a economia ambiental, um novo ramo que se debruça, sobretudo no estudo do uso de propriedade ambiental procurando arranjar maneiras de conter os problemas de modo a maximizar o valor dos re-cursos naturais. A humanidade acima de qualquer desafio, ainda trabalha com a sua melhor ferramenta, a consciência de que terra é a nossa casa, e as-sumidamente vivemos uma interdependência com nosso meio. O tempo sempre será de evolução econômica e ecológica, a estação pede passos conjuntos e harmonizados. Creio isto é possível!

A ESTAÇÃO DO MUNDO E O CLIMA DE NOSSAS AÇÕES

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Dr. Francisco Vieira de OliveiraPRESIDENTE DA UNIMED

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DIRETORIA 2006/2010

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃOPresidente: Dr. Francisco Vieira de OliveiraDiretoria Administrativo – Financeira: Dr. Alexandre de Castro Batista LeiteDiretoria Médico – Operacional: Dr. Noberto José da Silva NetoDiretoria de Mercado: Dra. Teresa Cristina Mayer Ventura da Nóbrega

VOGAISDr. Antonio Dimas Cabral Dr. Emílio de Farias JuniorDra. Gesira Soares de A FlorentinoDr. Giovannini Cesar A L de FigueiredoDra. Waldeneide Fernandes Azevedo

CONSELHO TÉCNICO E DE ÉTICADr. Carlos Roberto de S OliveiraDra. Deborah Rose Galvão DantasDr. Ericsson Albuquerque MarquesDr. Juarez Carlos RitterDr. José Protássio de VieiraDr. Saulo Gaudêncio de Brito

CONSELHO FISCAL 2010Dr. Gladstone Botto De AlmeidaDr. Henrique Cesar Feitosa PereiraDr.Flavio Ventura P. De OliveiraDra. Andrea De Amorim P BarrosDr. Guilherme Veras MascenoDr. Marcienio Oliveira Medeiros

ASSESSORIA JURÍDICADr. Giovanni Bosco Dantas MedeirosDra. Maria Rodrigues Sampaio

COMITÊ DE COMUNICAÇÃODr. Evaldo Dantas NóbregaDr. Joaquim Monteiro Franca Filho Dr. José Morais LucasDr. José Moisés Medeiros NetoDr. José Alves Neto

DIREÇÃO/EDIÇÃODrª. Teresa Cristina M. V. da NóbregaAlice Rosane Correia Ribamildo Bezerra de LimaUlisses Praxedes

JORNALISTA RESPONSÁVELRibamildo Bezerra - DRT 625/99

REDAÇÃOUlisses Praxedes – DRT 2787/08

FOTOGRAFIALeonardo dos Santos Silva

ASSESSORIA DE MARKETINGAlice Rosane Correia

REVISÃOAline Durães

DIREÇÃO DE ARTE E VISUAL9Ideia Comunicaçãowww.9ideia.com.br

IMPRESSÃOGráfica Moura Ramos

CIRCULAÇÃO2.000 exemplaresDistribuição GratuitaEdição Trimestral

PARA SE CORRESPONDER COM A REDAÇÃO(83) [email protected]

Todo conteúdo veiculado nesta publicaçãoé de responsabilidade dos seus autores.

A Revista Conviver é uma publicação sem fins lucrativos, custeada pelo material publicitário, veiculado na mesma.

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ESPAÇO DO LEITOR

ATENDIMENTO(83) 2101.6576 / [email protected]

PARA ANUNCIAR LIGUE: (83) 2101.6580 (Alice)[email protected]

Campina GrandeJaneiro de 2010

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Da Redação

s acontecimentos naturais que perpassam continentes e oceanos marcam esta época que vivemos. Nunca antes foi visto um comportamento tão “incomum”

das forças da natureza. Mudanças climáticas abruptas desencadeiam outras diversas reações, como enchentes, tornados, etc. No cotidiano também se notam dias mais quentes, onde é quase que impossível sair ao sol sem proteção. Diante disto tudo a revista Conviver convida você, leitor a questionar: “Em que clima estamos?”.Nosso já consagrado colunista Dr. José Morais Lucas nos traz mais um grande nome da medicina campinense e sua história como pioneiro na Reumatologia da cidade: Dr. Carlos Tejo. Em artigo bastante comovente, Everaldo Nóbrega nos fala sobre “Vital, o indomável” como ele mesmo o define. Arlindo Almeida vem abrilhantar mais ainda esta edição com um artigo sobre a importância da música para o ser humano, seguido do texto que dá tema a esta revisa “Em que clima estamos?” do Dr. Flawber Cruz.É fato que grandes mudanças ocorrem não só no meio ambiente, mas na vida do ser humano como um todo, e para falar sobre as mudanças e desafios do campo da saúde suplementar as páginas verdes trazem o Dr. Eudes Aquino, atual presidente da Unimed do Brasil. O Dr. Marcos Arruda vem também nesta edição da Conviver expor a história da Anestesia, como forma de disseminação da

informação e conhecimento. Promover a vida é pauta sempre aberta nesta publicação e deve ser constante no nosso cotidiano, por isto, trazemos na seção de Medicina Preventiva temas de grande importância para a promoção da saúde. Dentre os artigos que ilustram esta seção, temos uma discussão sobre a Síndrome de Burnout, uma patologia contemporânea e outro sobre o alcoolismo, um mal que ataca grande número de brasileiros. O tabagismo também é tratado pela Dra. Deborah Rose que nos convida a apagar esta ideia. O Dr. João Adolfo por sua vez nos fala sobre o Transtorno do Estresse Pós Traumático nas grandes catástrofes.O professor Francisco de Assis continua nossa temática central esclarecendo alguns pontos pertinentes sobre a variação climática na terra e logo após, o médico ultrassonografista Dr. José Neto em sua coluna “Histórias e Estórias” aborda merecidamente um dos nomes da cultura regional quando fala do poeta José Laurentino.Estas são algumas das páginas que formam a edição número onze da Revista Conviver. Edição que nos remete a uma reflexão sobre temas atuais trazendo além de tudo, informação e saúde para você leitor. Entre neste mundo Conviver e leia, observe... sinta os bons ventos de conhecimento que foram preparados para você!

Boa leitura.

Equipe Conviver.

EM CLIMA DE REFLEXÃO

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Dr. José Carlos Ramos Tejo, já afastado das suas atividades profissionais há algum tempo, por merecimento,

recebeu várias homenagem em agradecimento pela sua dedicação aos pacientes e aos alunos. Como se sabe, por mais de 50 anos exerceu a medicina em Campina Grande, tendo sido um dos fundadores da Faculdade de Medicina onde lecionou, proferindo aulas e orientando os futuros médicos, nos ambulatórios da FAP e Hospital Universitário Alcides Carneiro da UFCG. Além da Reumatologia - sua especialidade, também lecionou Semiologia Médica, disciplina que ensina os primeiros contatos do médico/estudante de medicina com o paciente, onde procura ouvir suas queixas, para em seguida examina-lo, pesquisando sinais e sintomas. Na ocasião em que esta revista presta esta homenagem ao Dr.Carlos Tejo, trazendo aos seus leitores um pouco de sua trajetória de vida, lembramos que o mesmo já foi Paraninfo de várias turmas concluintes do curso de Medicina em Campina Grande, tendo ainda recebido homenagens da Socie-dade Brasileira de Reumatologia, Sociedade Paraibana de Reuma-tologia, Unimed Campina Grande, onde foi um dos fundadores, bem

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DR. CARLOS TEJO: PIONEIRO DA REUMATOLOGIA NA PARAÍBA

como de alunos e professores da Faculdade de Medicina. Por ter sido o pioneiro da especialidade no Estado da Paraíba, o Professor Carlos Tejo foi agraciado com uma comenda configurada numa medal-ha de bronze, na solenidade pro-movida pela Sociedade Brasileira de Reumatologia, ano passado, na cidade de Natal. Filho de João Jorge Pereira Tejo e de Alice Ramos Tejo, ele de Cabaceiras e ela de São João do Cariri. Mas, por uma contingência da vida, Carlos e as irmãs Célia e Suzy nasceram na cidade de Belo Jardim. A explicação é que o seu pai, na condição de Juiz de Direito daquela comarca pernambucana, residiu lá por vários anos. Já que estamos falando em família, além das irmãs citadas e que também residem aqui em Campina Grande, faziam parte da família, pois já são falecidos – Doralice, Wilson, William, Antonio e Alice Ramos Tejo. Casou-se na cidade de Ara-caju em 15/09/1969 com Maria Mascarenhas Tejo, legítima sergi-pana, mais adiante professora da FURNE e posteriormente UEPB, também já aposentada. Desta união conjugal nasceram Alice e Antonio Carlos. Alice, médica com pós-graduação em Clínica Médica e Neurologia, reside com o

marido e filhos na cidade de Salvador; trabalha no Hospital Sara Kubitschek, onde ingressou através de concurso público. Seu esposo – Ronaldo Sergio Sampaio Dantas é médico urologista. São filhos deste casal: Beatriz, Marina e Bruno, que têm respectivamente 11, 10 e 5 anos de idade. Antonio Carlos, segundo e último filho de Carlos e Maria Tejo, reside com os pais e está concluindo o curso de matemática na UEPB. O Dr. Carlos Tejo formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Per-nambuco no ano de 1956. Da sua turma em Campina tinha apenas

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o Dr.José Aurino de Barros, já fa-lecido. Sua pós-graduação em Clínica Médica e Reumatologia foram no Hospital das Clínicas da USP, tendo aprimorado os seus conhecimento em Cancerologia no INCA – Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro, onde fez um curso.Encerrou definitivamente suas atividades médicas no consultório em 2008, após cinquenta anos atendendo os seus pacientes. Antes já havia se aposentado do Ministério da Saúde (onde ingressou através de concurso público no Hospital Alcides Carneiro, quando esta instituição médica ainda pertencia ao IPASE) e da Faculdade de Medicina, embora na última ainda

tenha trabalhado voluntariamente junto aos alunos por alguns anos. O Dr.Carlos Tejo também trabalhou durante 18 anos como plantonista do extinto Pronto So-corro Municipal, bem como por 7 anos no ambulatório médico do SESI, tendo ingressado nesta últi-ma instituição através de concur-so. No Pronto Socorro Municipal de Campina Grande, onde tam-bém trabalhei como médico anes-tesista durante 4 anos (01/1968 à 12/1971), fui seu companheiro de trabalho; salvo engano,o plantão dele era sempre aos sábados, dia em que, pela amizade que Carlo Tejo tinha com o pessoal da co-zinha, a comida era farta e da melhor qualidade; além disso, ele tinha a fama de comilão.

Fui visitá-lo em seu apar-tamento, belo e bem localizado, onde procurei conferir alguns da-dos aqui relatados. Fui muito bem recebido pelo casal; pena que es-tava sem tempo para demorar por mais tempo. Se Carlos Tejo tem algum problema de saúde não demonstra muito, afinal, quem to-mou as rédeas da conversa foi sua esposa; mas senti que ele estava bem, apesar dos 80 anos, muito próximo de 81. O seu nascimento ocorreu no dia 29 de julho de 1929. Em linhas gerais, é este o Carlos Tejo que muito fez pela me-dicina paraibana, principalmente campinense, que agora está rece-bendo estas homenagens e curtin-do a vida como Deus permite, jun-to dos familiares.

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José Morais Lucas

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Publicidade

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o último dia 10 de março, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária – AGO da

Unimed Campina Grande. O Encontro que acontece anualmente é voltado para a prestação de contas do exercício anterior e aprovação das mesmas por parte da assembleia. Neste ano de 2010 além da aprovação das contas através da avaliação do balanço anual, os cooperados Unimed também renovaram por aclamação o novo Conselho de Administração da Cooperativa reconduzindo ao cargo de presidente o Médico Dr. Francisco Vieira que deverá junto aos novos conselheiros exercer o mandato 2010/2014.

A Unimed Campina Grande em toda sua história vive um momento singular, pois além do equilíbrio de suas contas trazendo confiança e credibilidade no campo da saúde suplementar em nossa cidade, a mesma conseguiu junto a Agência Nacional de Saúde Suplementar - ANS, o seu registro definitivo. Na prática com este registro a Unimed passa a ser referendada pela agência como exemplo de operadora a cumprir a suas normas junto ao Governo Federal, sendo sinônimo de qualidade junto aos seus clientes de plano de saúde na Paraíba. No Brasil 55% de um universo de 1.707 operadoras ainda não possuem registro definitivo concedido pela

ANS. Além do registro a Unimed Campina Grande obteve o índice de 86% de satisfação de sua clientela através do Índice de Desempenho da Saúde Suplementar o IDSS. Para o Presidente recém-empossado Dr. Francisco Vieira a confiança depositada na marca Unimed só redobra a responsabili-dade de abraçar novos desafios que possam elevar ainda mais o nome e a qualidade da medicina praticada em Campina Grande.Na renovação do Conselho de Administração a diretoria prestou agradecimentos aos membros que estavam deixando os conselhos e pôs em análise da Assembleia a chapa única inscrita para a nova gestão que foi eleita por aclama-

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ACLAMAÇÃO AOS RESULTADOS

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Cooperado

CONFIRA OS NOMES QUE COMPÕEM A DIRETORIA 2010/2014:

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ANTONIO DIMAS CABRAL EMÍLIO DE FARIAS JUNIOR GESIRA SOARES DE A FLORENTINO GIOVANNINI CESAR A L DE FIGUEIREDO WALDENEIDE FERNANDES AZEVEDO

MEMBROS EFETIVOS:GLADSTONE BOTTO DE ALMEIDA HENRIQUE CESAR FEITOSA PEREIRA FLAVIO VENTURA P. DE OLIVEIRA MEMBROS SUPLENTES:ANDREA DE AMORIM P BARROS GUILHERME VERAS MASCENO MARCIENIO OLIVEIRA MEDEIROS

CONSELHO TÉCNICO E DE ÉTICA – mandato 2010/2014:CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO – mandato 2010/2014:

VOGAIS:

PRESIDENTEFRANCISCO VIEIRA DE OLIVEIRA DIRETOR ADMINISTRATIVO FINANCEIROALEXANDRE DE CASTRO B LEITE DIRETOR MÉDICO OPERACIONALNORBERTO JOSE DA SILVA NETO DIRETORA DE MERCADOTERESA CRISTINA M V DA NÓBREGA

CARLOS ROBERTO DE S OLIVEIRA DEBORAH ROSE GALVÃO DANTAS ERICSSON ALBUQUERQUE MARQUES JOSÉ PROTÁSIO VIEIRAJUAREZ CARLOS RITTER SAULO GAUDÊNCIO DE BRITO

CONSELHO FISCAL – mandato 2010:

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Colaborador

omo nos informa Sá (1994, p.63), “auditoria é uma tecnologia que se utiliza da revisão,

da pesquisa, para fins de opinião e orientação sobre situações patrimoniais de empresas e instituições”. O mesmo autor comenta em sua obra que a auditoria é uma prática antiga utilizada pela humanidade há mais de 4.500 anos antes de Cristo. Ressalta ainda que o Império Romano, pela sua extensão e complexidade, utilizava-se das práticas de auditoria, existindo relatos da utilização dessa técnica nas províncias romanas.Conforme Passos (2002), em 1950 surgem os primeiros trabalhos relacionados à auditoria de enfermagem. Por volta de

1970, os trabalhos sobre o assunto abordavam a definição e classificação de auditoria em saúde com similaridade com área contábil, mas o enfoque primordial era na assistência prestada ao paciente. Em 1983, no Hospital Universitário da USP (Universidade de São Paulo), foi implantada a auditoria de processo, constituído-se numa atividade pioneira em hospital público.Para Scarparo (2005) em enfermagem, auditoria pressupõe avaliação e revisão detalhada de registros clínicos selecionados por profissionais qualificados para verificação da qualidade da assistência. Sendo, portanto, uma atividade dedicada à eficácia de serviços, que utiliza como

instrumentos o controle e análise de registros.Em 2001, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), através do anexo da resolução 266/2001, regulamenta as atividades do En-fermeiro Auditor.Auditor no exercício de suas atividades: organizar, dirigir planejar coordenar e avaliar, prestar consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre os serviços de Auditoria de Enfermagem.A auditoria de Enfermagem apre-senta crescente inserção no mer-cado de trabalho, tanto às ativi-dades voltadas a área contábil como as voltadas à qualidade, seja de serviços, documentos ou pro-cessos. O que se busca atualmente é a auditoria da qualidade da as-sistência, com redução de custos agregando os valores financeiros aos valores qualitativos.Com essas considerações enfatiza-se que em Enfermagem, a audito-ria passou da análise de registros, como instrumento administrativo para a avaliação do cuidado, por comparação entre a assistência prestada e as normas institucio-nais, para aquela de identificar pontos fracos dos serviços, ga-rantindo o direito do paciente em receber cuidado digno, além de não perder a visão econômica dos serviços prestados.

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O termo Auditor vem do latim e significa aquele que ouve – ouvidor, perito, contador, encarregado da Auditoria. A ação de auditar tem origem na área contábil, cujos fatos e registro datam dos anos de 2600 Ac. Porém é a partir do século XII que esta técnica passa a receber a denominação de Auditoria.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA AUDITORIA DE ENFERMAGEM

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Promédica

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s doenças cardiovasculares, ou seja, todas as doenças do coração e sistema

sanguíneo (artérias, veias e vasos capilares), são as principais causas de morte da população adulta. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), são 15 milhões de mortes por ano, correspondendo a 30% do total mundial de óbitos. No Brasil, segundo o estudo Saúde Brasil 2008, publicação anual da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), as mortes por doenças cardiovas-culares obtiveram uma queda de 20,5% no período de 16 anos, de 1990 a 2006. Mas não é por esse dado otimista que se deve deixar de lado a prevenção, já que 30% do total de óbitos no país em 2006 deveu-se a essas doenças, além da redução ter se concen-trado nas r e g i õ e s Sul e Sudeste, q u e

à Unimed Campina Grande, através

do setor de Promoção da Saúde e Prevenção de Riscos

e Doenças, em parceria com o Instituto de Previdência dos

Servidores Municipais (IPSEM) de Campina Grande, realizaram palestra sobre “Fatores de Risco para Doenças Cardiovasculares”, voltada ao público do IPSEM. A abertura do evento que ocorreu

Cliente

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EDUCANDO PARA UMA MELHOR SAÚDEem Novembro, foi marcada pelas palavras do presidente do Instituto, Sr. Wanderley Medeiros de Oliveira, que depositou em iniciativas como essa, a força propulsora de conhecimento para

uma melhor qualidade de vida. A diretora de Mercado da

Unimed Campina Grande, Dra. Teresa Cristina Mayer, também acentuou que a atenção à saúde deve ser fornecida em

seus três pilares básicos: Proteção, recuperação e

reabilitação dos indivíduos.A palestra foi explanada pelo

cardiologista, Dr. Leonardo Al-meida, que durante a exposição, abordou temas como a obesi-dade e sobrepeso, sedentarismo e hipertensão arterial. Os maio-res contribuintes para as doenças cardiovasculares. “ A hipertensão arterial está relacionada com 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% das mortes por doença coronária. Medidas que reduzam esse impacto são fun-damentais, assim confirmamos a necessidade de eventos como esse para que a população conheça , promova e tenha uma melhor qual-idade de vida”, afirmou Dr. Leon-ardo Almeida. Para a aposentada, Sra. Marinês dos Anjos, portadora de hipertensão arterial, a palestra es-clareceu suas dúvidas, já que em consulta regular ao seu médico o tempo não é suficiente para explo-ração de assunto tão vasto como esse.

apresentam declínio desde 1990, enquanto a região Nordeste apre-sentou aumento. Na Paraíba em 2006, foram mais de 20 mil óbitos. Diante desse quadro

ALINE DURÃES

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DR. FLAWBER ANTÔNIO CRUZ

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EM QUE CLIMA ESTAMOS?

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Natureza MÉDICA

e, independente do tempo do mundo, dizemos que entre os que se desenten-dem há um clima frio,

e entre os que se amam há um clima quente, entre os tristes um clima seco, entre os felizes um clima temperado, seria razoável intuirmos que há uma temperatu-ra para cada memória, cada von-tade, cada sentimento. Tal qual as estações do tempo, vivemos, em cada um de nós, a experiência de climas e estações da alma. Entusiasmo, inquietação,desejo. Vive-se da efervescência do Verão.Receio, calmaria, confor-to.Outono.Descanso, silêncio. Inverno.Esperança.Faz-se Primavera.A energia da vida tem sua própria temperatura, e nossas palavras e atos traduzem-na como o tem-peramento com o qual nos iden-tificamos.A Arte Médica, que vislumbra o homem como matéria e inspira-ção, sempre atribuiu ao tempera-mento humano a mistura dos efei-tos do frio e do quente, do escuro e do rutilante, no que preenche nossas veias e entranhas. Da fleu-ma ao ranço, da melancolia ao êxtase, há idas e vindas de dife-rentes climas sobre o ânimo de nossa alma.Como o sopro de um artesão dan-do forma ao vidro, a Medicina da alma tem por arte o sopro que ora amaina, ora abrasa, o clima de

nosso temperamento.Nesse ciclo imprevisível de repetidas mudanças, apesar de retornarmos ao que já vivemos ou sentimos, nunca seremos os mesmos após cada passagem do tempo.Nisto, nos assombra a loucura, a perda da razão, bem como nos perturba o tédio, o silêncio dos sonhos. Se o tempo das coisas muda o temperamento dos homens, a Medicina o cuida, ou restitui, até onde a razão e o sonho toleram-se um ao outro.Não há homem que escape das fímbrias do tempo.Não há tempo que escape do ciclo inevitável do que por ora vem, logo se desfaz, e em seguida se renova.Pois que não haveria sentido para a vida dos homens, e para o próprio tempo, na existência plena e duradoura de uma única estação.Os homens, e o tempo, estão des-tinados ao que retorna, estão des-tinados à espera do que florescerá. Sem os homens, o tempo seria apenas sequência. Sem o tempo, os homens apenas existiriam.Como escrevera o argentino Jorge Luiz Borges, “- Em um dia do homem estão os dias do tempo”. Assim, tempo e homem foram concebidos ao longo da mesma linha que perpassa o findável e o eterno. E sempre assim o foram. As estações da alma dos ho-mens de hoje, os sentimentos que emergem do verão ao inverno de

cada um de nós, assemelham-se àqueles que mobilizaram a alma dos homens de antes. Diversamente de antes, porém, é que nunca fomos tão velozes, e mesmo tão impetuosos, em sub-meter os efeitos do clima de nos-sas vontades, ao tempo do mundo que nos cerca.Não importa se fora faz frio ou se faz noite, se por dentro estamos ensolarados de entusiasmo, iluminados de certeza e apostas, que façamos a noite tornar-se dia, que derreta-mos a matéria fria e façamos o ar esquentar. Se o dia é longo de-mais, que encurtemos o caminho entre o que nos é distante.Se o que de fora nos é mistério, e pois nos angustia, que logo os nossos olhos, o nosso tato, alcancem o poder de desvelar o que está es-condido, submerso.Dias curtos, ares quentes, luz que se perpetua,chão que lateja sob nossos passos que não param.Neste clima, estamos mesmo apressados em superar o tempo.Mas, se tempo e homem dão sen-tido um ao outro,se assim existem mutuamente, o que acontecerá se finalmente superarmos o tempo?A substância do mundo treme, inunda, escasseia.O clima do mundo,talvez por ter sucumbido ao dos homens, por sua vez pa-rece estar em pleno e duradouro verão.Disto, para a existência das coi-sas, qual temperamento espera-se de nós?

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ida a piada, cabe à per-gunta: Qual a serventia do riso ao siso? É simples: a anedota nos leva à serie-

dade, uma vez posto a descoberto o núcleo duro que tentamos exor-cizar através da gargalhada. Assim sendo, de que nos fala a anedota acima? Ela nos escande, do que se chama em filosofia e arte, de as “três idades do homem”, infância, maturidade, velhice, enquanto nos esconde uma lição moral: ora, se a vida do ser humano é dividida em infância, maturidade, velhice, trajetória que se inicia com o nas-cimento e que finda com a morte, o chiste acima nos remete a um conselho: “Memento mori”, ou seja, “Lembra-te que vais morrer”, uma vez que nos recorda da curta duração da vida e do tempo que nos devora. Dito de outra forma, o tempo é a espinha dorsal dessa piada sobre as idades do homem e sobre o tempo, desse tempo que sei que passa, ora vivido sob a sensa-

EDMUNDO DE OLIVEIRA GAUDÊNCIO

ção da lentidão, ora percebido sob a percepção da velocidade, segun-dos, minutos, horas, dias, semanas, meses ora passando como se fos-sem instantes, ora como se fossem eternidades. Sim, porque existe o tempo objetivo, o tempo dos relógios e calendários, existindo o tempo da duração, como prefere Gaston Bachelard, referindo-se à vivência subjetiva do tempo: o que dura mais, uma hora de agonia, ou uma hora de felicidade? Ou seja: quanto tempo dura um tempo? O tempo de um minuto é diferente do tempo de uma hora, sendo, porém, o mesmo tempo, tempo do qual dizia Santo Agostinho: “Se não me perguntam o que seja, sei o que é o tempo. Já não o sei, se me perguntam o que é o tempo”. En-tretanto, mesmo que se não tenha um conceito para o tempo, vive-se no tempo, vive-se com tempo ou sem tempo, para o tempo que não tem tempo, somente porque somos temporalidade e nada mais, somos

somente Homo tempus. Por isso, convenhamos: se a piada contada acima é camufla-gem para o medo, medo disto a que chamamos de tempo, tempo que, em passando, tudo leva e nos leva, a risada que tal chiste nos desperta deveria nos levar à filosofia escon-dida detrás do riso. Para além do tempo que passa e em passando nos ultrapassa, deveríamos desco-brir o saber/sabor da vida contido em uma sentença que nada tem de piada: “Carpe diem”, ou seja, “Vive o dia de hoje” – de preferên-cia feliz, pois este é, com clareza, o único dia que com certeza te per-tence. Por isso, acreditando que a alegria é já quase meio felicidade, volte ao começo do texto, ria da piada, em tempo, ria do tempo, ria, mas ria mesmo desta certeza de que, em matéria de tempo, tudo quanto possuímos é tão somente este agora.

DO RISO AO SISO:DA PIADA À FILOSOFIA

Diz uma piada, bastante conhecida, que são estas as idades do homem:

“Dos 12 aos 15 anos – Macaco – vive descascando a banana;Dos 16 aos 20 – Girafa – Só come brotinhos;Dos 21 aos 30 – Urubu – Come tudo o que aparece;Dos 31 aos 40 – Águia – Escolhe o que vai comer;Dos 41 aos 50 – Papagaio – Fala mais do que come;Dos 51 aos 60 – Condor – Vive com dor aqui, com dor acolá;Dos 61 aos 70 – Cigarra – canta, canta, não come nada e só enche o saco;Dos 71 aos 80 – Lobo – Anda atrás de Chapeuzinho Vermelho, mas só come a vovozinha;Dos 81 em diante – Pombo – Só faz sujeira”.

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SONS E VIDAARLINDO PEREIRA DE ALMEIDA

música é a mais antiga das formas de expressão humana que conhecemos por arte.

Mais que a palavra, expressão abstrata a retratar uma realidade factual, a música toca nosso sentimento mais profundo de forma única. Traço de divindade a renovar e enriquecer nosso

espírito senão por nosso engenho e arte, mas pelo gênio daqueles que fizeram (e fazem), do universo da música, a obra mais colossal da inteligência do homem. A música tem o dom de transmitir emoções que tocam a cada um de modo particular. Uns se entusiasmam e se movem com o apelo à união dos homens da

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Nona Sinfonia de Beethoven; outros, mais introspectivos, se enternecem ante a pureza de um pôr do sol outonal encontrada no segundo movimento do Concerto para Clarinete de Mozart; alguns dotados de maior espiritualidade, encontram o caminho para Deus no Réquiem de Mozart ou na Missa Solene de Beethoven; muitos se entusiasmam ante o poder de comunicação, a genialidade e a técnica de “O Cravo Bem Temperado” de Bach, ou ao fogo das paixões humanas, o amor, pássaro audacioso da Carmem de Bizet. A música é das poucas

formas de arte que não se esgota no compositor. Diferentemente da pintura, por exemplo, a música necessita de

autor e intérprete, sendo assim obra

coletiva. Dois e x e m p l o s : q u a n d o terminou La Gioconda , Da Vinci

lavou as mãos (e os pincéis) e

disse: - Está pronta! A Mona Lisa é eterna,

porém estática; a Nona de Beethoven, para cumprir

aquilo que o compositor esperava, necessita de coral e orquestra e de gigantesco aparato para sua execução. A música está sempre se renovando pela forma de regência, pelos novos arranjos, que, mesmo não modificando a concepção original, trazem elementos sonoros enriquecedores.

A Nona é eterna, mas sempre em evolução.Foi na Grécia que sugiram as regras de ouro que predominam, até hoje, na música ocidental: a consciência musical, a ambição de compor e o gosto de ouvir. Se antes a música era, por assim dizer, predominantemente utilitária, visando à eficácia - seja mágica, religiosa, militar - com os gregos passou a revelar características de verdadeira arte, representando mais a maneira de pensar e de ser, com toda a

subjetividade que o raciocínio mais livre impõe. Reside aí a incorporação da beleza à música. A cultura musical da Gré-cia antiga não se diferenciava substancialmente da dos outros povos – Egito, Índia, Mesopo-tâmia, etc. A partir do século VII a.C, no entanto, parece ter ocor-rido uma inflexão nesse estado de coisas, mais ou menos à época de Pitágoras de Samos e Anacre-onte, em Atenas. Sob o impulso de Terpandro (poeta e músico) e Safo (poetisa) abrem-se em Es-parta as primeiras escolas gregas de música. O nome música clássica, hoje consagrado, ao designar esse tipo de composição mais elabora-da, pode sugerir pompa e rigidez,

o peso morto da tradição, a força do passado sobre o presente. Mas a denominação é universalmente aceita para a música de concerto que incorpora toda a tradição ocidental de mais de 1.500 anos, desde os primórdios da Idade Média, cujas raízes, como vimos, vão mais longe ainda. A música clássica abarca variados estilos e épocas, a partir do Canto Gregoriano, transitando pela polifonia medieval e renascentista, indo às riquezas e sutilezas do Barroco, passando pelas sinfonias e sonatas do Classicismo, ao período Romântico, à multiplicidade de estilos do século XIX e, finalmente, a reinvenção permanente do século XX. Os mestres medievais estão muito distantes dos românticos, tanto quanto o barroco Vivaldi do modernista Stravinsky; todos, porém, com o traço comum: o vínculo com essa linhagem de música estudada em que as obras formam uma espécie de cadeia de acontecimentos sem saltos. Uma sequência em que um passo à frente, afeta o anterior pela nova visão conferida às obras consagradas. Para conhecer a música clássica é necessário apenas a vontade de começar sem maior preocupação quanto aos propósi-tos. Uns desejarão fazer da músi-ca uma profissão, outros, simples prazer. Os clássicos devem ser ouvidos não por se extrair deles algum proveito material, mas o bálsamo agradável e penetrante, perfume espiritual que mitiga a dureza da realidade quotidiana.

A música tem o dom de transmitir

emoções que tocam a cada um de modo

particular.

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firmeza com que se expressava eram hipnotizantes. E tudo aquilo fazia com que os estudantes da área cada vez mais se apaixonassem pelo curso. Portanto, ele não era somente professor, mas também incentivador, motivador, exemplo a ser seguido. Só que ninguém ousava sequer pensar em imitá-

do para tanto. Depois do juramento de praxe, recebi minha identidade advocatícia de suas mãos, com os votos de boas vindas. E fiquei deveras honrado. Era o primeiro passo para uma amizade, discreta, porém autêntica. Na mesma OAB participamos de várias disputas eleitorais da classe. Nas primeiras, em lados opostos, mas sempre com cordialidade de ambas as partes; nas últimas, no mesmo grupo. Numa daquelas, quando ainda se votava individualmente nos candidatos e eu disputava uma vaga de Conselheiro Estadual, na minha presença, no local de votação em Campina Grande, disse ele em alto e bom som, para que todos o ouvissem, que da chapa adversária à sua somente eu iria receber votos de membros de sua família. É que a sua esposa e o seu filho primogênito, advogados, a pedido de seu sogro, o saudoso ex-governador Pedro Gondim, amigo de minha família, iriam - como o fizeram - votar em mim. Deferência, consideração e nobreza em alto estilo, virtudes essas só presentes em pessoas de espírito altaneiro. Doutra feita, no ano de 1995, em Brasília, encontrei-o no Piantella Restaurante, recanto brasiliense dos políticos de escol. Já estava ele de volta à Câmara dos Deputados. Fui à sua mesa. E, como sempre o fazia quando

le era um indomável. In-domável no saber, na oratória, nas ações, nos sentimentos. E também

no tratar, no falar, na elegância dos gestos. Veio ao mundo porque ne-cessário à humanidade. Tanto que seu nome diz tudo: vital, originário do latim, significa indispensável à vida. Na minha adolescência, em Patos, no alto sertão paraibano, pela primeira vez ouvi falar no seu nome. Deputado federal, fora ele cassado pelo Movimento Militar de 1964. É que a auto-intitulada Revolução preocupou-se, desde o início, em eliminar da vida pública as jovens lideranças que despon-tavam no país. E ele, indiscutivel-mente, era um desses líderes, no seio estudantil e, ao tempo da cas-sação, além de se destacar como advogado, intelectual e político. E mesmo diante das dificuldades do tormentoso momento, dos apelos que recebeu e das pressões sofri-das, não declinou de suas posições políticas, de sua formação hu-manística e de seus ideais. Por isso que o cassaram. No ano de 1975, cursando Direito na Universidade Federal da Paraíba, tive oportunidade de assistir a júris populares com a sua participação. Atuando, deixava todos mudos, boquiabertos, paralisados. Sua fala, seu timbre de voz, os argumentos utilizados, a cadência dos seus gestos e a

EEVERALDO DANTAS DA NÓBREGA

lo, pois impossível. Assim, ser seu discípulo já era o suficiente. Até então, nenhum contato direto entre ele e eu. Só o conhecia de nome, de vê-lo. E isso à distân-cia. Em 1978, recém-formado, fui à OAB/PB para receber a minha carteira de advogado. E o presi-dente era ele. Devido ao pequeno número de inscritos, naqueles tem-pos não havia entrega coletiva de carteiras e eu fui o único convoca-

VITAL, O INDOMÁVEL

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livro. Estava recheada de generosi-dade, o que muito me emocionou. Mas ele era assim mesmo: amigo, elegante, generoso. A última vez que o ouvi discursar foi em 2009, no Espaço Cultural, em João Pessoa. Era a posse coletiva do secretariado do governador José Maranhão. Ora-dor escalado que fora, representou a todos os secretários de Estado, ele também secretário. E, como sempre, improvisou, falou bonito, brincou com o verbo. E gesticulou cadenciado, lembrando um verda-deiro esgrimista da palavra num balé de oratória. Ao final, os aplau-sos que, não queriam calar, pare-ciam pedir bis de um espetáculo oral cravejado de pérolas vernacu-lares. Recentemente soube-o doente, internado, transferido para Recife, no vizinho Estado de Per-nambuco. Depois veio a notícia - triste notícia! - do seu falecimento. E toda essa retrospectiva passou pela minha mente como num filme. Não em sistema colorido, mas em preto e branco, porque o momento

era de tristeza. Por fim, quedei-me a med-itar. E indaguei-me interiormente que insondável mistério da vida e da morte é esse. Mistério que de repente faz com que um grande so-matório de energias e um imenso cabedal de conhecimentos deixem de existir, desapareçam, evaporem-se como que num passe de mágica fazendo com que alguém que até pouco tempo vibrava com a vida e fazia a vida vibrar se torne estático, inerte, sem nenhuma reação. Mas, como mistério é mis-tério deixemo-lo para lá. E vamos nos conformar em pensar no mes-tre Antônio Vital do Rêgo distri-buindo simpatia, elegância e saber noutra Dimensão. E encantando a todos que lá se encontrem com sua conversa agradável, seus infinitos conhecimentos, sua oratória en-volvente e seus gestos afáveis. E sabendo-o feliz. Sim, feliz, pois a felicidade, quando existe, está em cada um de nós e nos acompanha para onde formos. E Vital, aqui na Terra, era um homem feliz. Por to-dos os motivos.

me encontrava, o mestre deu-me carinhoso abraço e um beijo na testa. E orgulhosamente me apre-sentou a um jovem universitário concluinte do curso Direito que o acompanhava: o seu filho caçula que, fez questão de frisar, recebera o nome do avô, seu saudoso pai, o major Veneziano, dizendo-o com um belo futuro político. Em 2001, antes de lançar meu livro DIREITO ELEITORAL – Acórdãos – Inteiro Teor, pedi-lhe que escrevesse algo sobre a singela obra. Para entregar-lhe os respec-tivos originais, meu irmão Evaldo, médico em Campina Grande, con-vidou-me para fazê-lo num jantar em sua residência. Na ocasião, além do convidado especial - Vital do Rêgo - presentes ainda outro ir-mão meu, o jornalista Evandro Nó-brega, o doutor Virgílio Brasileiro e a saudosa poetisa Necy Mon-teiro. Nem é preciso dizer que o evento comensal transformou-se numa espécie de tertúlia literária, discretamente regada a bom vinho e excelente conversa. Dias depois, recebia eu suas impressões sobre o

Vital, aqui na Terra,

era um homem feliz.

Por todos os motivos.

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RIBAMILDO BEZERRA A UNIMED É DO BRASILDR.EUDES AQUINO

ara estar a frente de um sistema pioneiro no Cooperativismo Médico no Mundo é preciso história, contexto e paixão.

A trajetória do médico nefrologista Dr. Eudes de Freitas Aquino, atual presidente do Sistema Unimed não pode ser entendida como encontro, mas sim por uma constante busca. O contato com o cooperativismo foi a revolução necessária para que o médico natural de Natal-Rio Grande do Norte, que buscava no Estado de São Paulo aprimoramento científico conquistando os títulos de mestre e doutor em Clínica Médica (Nefrologia) pudesse reescrever os seus objetivos como pessoa e profissional. Para Dr. Eudes o Cooperativismo está muito longe de ser uma teoria, é prática absolutamente vivenciada em qualquer aspecto da vida, ‘continuo imaginando que, no cooperativismo, as pessoas são todas iguais’. Tendo como linha de trabalho a valorização da comunicação como ponte para atenuar conflitos e diferenças, Dr. Eudes busca trazer toda a sua vivência de aprendizado e desafios para o Sistema Unimed que no mercado da Saúde Suplementar é um referencial para outros países mostrando que cooperativismo também é coisa nossa. Confira a entrevista do presidente da Unimed do Brasil, Eudes de

Freitas Aquino, para a Revista Conviver.

CONVIVER - Como se deu a sua trajetória do Rio Grande do Norte para São Paulo, que tipo de vínculo o senhor ainda mantém com suas raízes nor-destinas?

Dr.EUDES AQUINO - Estudei até o quinto ano de Medicina em Natal, Rio Grande do Norte. Foi um período muito enriquecedor, em uma faculdade muito boa, com bons professores. Fundei, na época, o Encontro Científico de Estudantes de Medicina do Brasil, que continua ocorrendo até hoje e cursei o sexto ano de Medicina em São Paulo. Pre-tendia fazer geriatria, mas não encontrei em São Paulo nenhum serviço que pudesse dar uma formação complementar em sex-to ano de residência nessa área. A minha segunda opção foi nefro-logia. Então, enveredei por essa área, fiz o sexto ano e a residên-cia aqui e fui para Ribeirão Preto (SP) fazer a pós-graduação. Sobre as raízes, a palavra já diz tudo: nasci no Rio Grande do Norte, sou nordestino, tenho orgulho de minhas origens regionais e famili-ares. Pensei até em voltar para Natal após concluir o doutorado, mas comecei a receber propostas

e optei por montar um serviço de diálise e de transplantes renais em Piracicaba (SP). Hoje, também me considero paulista, pelo tempo que vivo aqui.

CONVIVER - Como o senhor consegue conciliar os eixos que o vinculam a medicina assisten-cialista à academia, num contex-to científico com livros publica-dos, e o administrativo estando a

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uma sociedade pluralista, democrática e com livre-iniciativa, é a valorização do trabalho e do associativismo. Também tem funcionado assim para mim, conectando todas as atividades que desenvolvo.

CONVIVER - Em sua trajetória administrativa é reconhecido o

seu talento em lidar com confli-tos. Que tipo de vivências o aju-dam em situações como esta?

Dr.EUDES AQUINO - O médico é, em princípio, incitado a lidar com vários dos principais dilemas do ser humano: doença, incapacidade parcial ou total, morte. É, portanto, originalmente encaminhado a situações críticas. A vivência como médico tem me ajudado a enfrentar estas situações na vida administrativa.

CONVIVER - Devido a Capila-ridade do Sistema Unimed, res-saltando a grande projeção da Marca Unimed no Brasil, quais são os atuais desafios do Siste-ma? Harmonizar toda uma linha de trabalho e conduta em cada singular?

Dr.EUDES AQUINO - O grande desafio é compatibilizar a saúde financeira das cooperativas Unimed com as exigências de uma tecnologia médica cada vez mais surpreendente e revolucionária. O custo disso é astronômico e somos premiados, de um lado, pela obrigação de oferecer os avanços mais recentes a nossos clientes. De outro, pela dificuldade que estes teriam para bancar totalmente os custos dos tratamentos. E há um terceiro vetor, a ANS, a agência reguladora de nosso segmento, que muitas vezes nos espreme com ampliação de procedimentos obrigatórios sem a correspondente correção dos valores de nossos contratos. O equilíbrio desejável exige muito de nós, mas temos dado conta disso, até agora.

frente do Sistema Unimed?

Dr.EUDES AQUINO - Efetiva-mente, a agenda é repleta de com-promissos, mas encontro tempo devido à paixão que tenho pela Medicina e tudo que se refira à atividade médica. Também me preocupo muito com o trabalho em prol do cooperativismo de saúde. É assim que concilio todos os eixos que são importantes para minha vida.

CONVIVER - Como nefrologis-ta já tendo realizado transplan-tes, como o senhor analisa esse processo no Brasil, o que falta para a fila de transplante se tor-nar mais dinâmica?

Dr.EUDES AQUINO - O volume de transplantes de órgãos no Brasil aumentou bastante nos últimos 15 anos, notadamente após campanhas para doação. Hoje, o país tem um dos maiores índices de transplante de órgãos no mundo. Acredito que a saída para tornar essa fila mais dinâmica é incentivar cada vez mais a captação de órgãos de cadáveres.

CONVIVER - Cada pessoa pa-rece carregar a sua própria ex-periência quando conhece o co-operativismo, como se deu este primeiro contato, e o que mo-tivou a continuar na causa?

Dr.EUDES AQUINO - Conheci o cooperativismo após minha formatura, já em São Paulo, mais especificamente em Campinas, quando atuava na Unicamp como colaborador. A partir daí, o cooperativismo entrou no

Ao perceber que o mundo não se dividia apenas

em capitalismo e socialismo, pois

havia a vertente do cooperativismo,

vi que havia encontrado meu norte filosófico e

profissional.

meu sangue e não saiu mais. Ao perceber que o mundo não se dividia apenas em capitalismo e socialismo, pois havia a vertente do cooperativismo, vi que havia encontrado meu norte filosófico e profissional.

CONVIVER - A partir de que momento a sua carreira como médico abraça o lado adminis-trativo? O contato com o a filoso-fia Cooperativista é o elo entre estes dois campos de atividades?

Dr.EUDES AQUINO - O cooperativismo é o elo entre

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Unimed, que contempla as 375 cooperativas espalhadas pelo país, realiza um intenso trabalho de responsabilidade socioambiental. Para medir o investimento nesse setor, a Unimed do Brasil confecciona todo o ano, o Balanço Social Consolidado do Sistema Unimed, que reúne boa parte destas cooperativas. O documento lançado no ano passado conferiu um investimento de R$ 965,5 bilhões. Este ano, o trabalho continua, e nos mais diversos segmentos. Cada cooperativa atua de acordo com as demandas de sua região, por isso o Sistema diversifica suas ações em vários segmentos, como esporte, educação, saúde etc.

CONVIVER - Em sua ótica no nosso contexto atual, como o cooperado Unimed percebe a sua cooperativa?

CONVIVER - A questão do inter-câmbio entre as singulares pode-ria ser um aporte a contribuir na harmonização da qualidade pro-posta pelo sistema Unimed?

Dr.EUDES AQUINO - O intercâmbio é o coração do Sistema Unimed. A certeza de que você, como cliente, será bem atendido em todo o Brasil. Tem evoluído muito e vai melhorar ainda mais com as ferramentas tecnológicas e de gestão que estamos introduzindo no Sistema.

CONVIVER - Como o senhor analisa a prática da medicina preventiva no atual contexto da saúde suplementar no Brasil? Os beneficiários de planos têm as-similado esta nova realidade ou a ideia da medicina curativa ainda é mais presente?

Dr.EUDES AQUINO - A medicina preventiva é boa para todos, em todos os aspectos. Melhora a qualidade de vida, evita o agravamento de doenças e reduz custos. O pior gasto é aquele em que já não se pode curar a doença, somente amenizar o sofrimento.

CONVIVER - Uma das linhas de trabalho de uma cooperativa volta-se para a relação direta de ações sociais dirigidas a comunidade a qual ela presta serviço. Olhando por esta ótica numa perspectiva mais ampla, que tipo de contribuição o Sistema Unimed tem prestado socialmente ao País?

Dr.EUDES AQUINO- O Sistema

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Dr.EUDES AQUINO - Acho que há as mais variadas visões, pois somos mais de 109 mil médicos cooperados em todas as regiões de um país continente. Mas acredito que a chama do cooperativismo ainda arde profundamente pelo que percebo em minhas viagens pelo Brasil, participando de eventos em cooperativas de todos os portes.

CONVIVER - Como conciliar os princípios cooperativistas, diante da concorrida realidade da Saúde Suplementar?

Dr.EUDES AQUINO – São princípios cada dia mais válidos, necessários e diferenciados da prática mercantilista da medicina. Por isso atraímos mais de 109 mil médicos para nossas hostes e isso não para de crescer.

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SÍNDROME DE BURNOUT

DR. DIEGO FURTADO CANDIDO

A PROVA DE FOGO DA RELAÇÃO INDIVÍDUO-TRABALHO

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Publicidade

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A chamada Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das consequências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo e depressão.O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.

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fogo, essencial à humanidade, faz desde os primórdios dos tempos parte

inequívoca da sua história. Segundo o poeta grego Ésquilo, o fogo roubado dos deuses pelo gigante Prometeu foi presenteado aos homens, motivo pelo qual ele fôra submetido a terrível tortura. Uma vez libertado por Hércules, passou a ser reconhecido como Deus do Fogo. Mitologia à parte, o fato é que o fogo sempre esteve en-volto em mistério, despertando medo, admiração, fascínio, lem-brando-nos a todo instante que o calor é essencial à vida. Chamas que inicialmente causaram temor aos nossos ancestrais, passaram a proteger do frio, a manter dis-tantes os animais; traziam luz às trevas, amenizando a escuridão das noites e quebrando o gelo das madrugadas de um mundo inóspito e desconhecido. Permi-tiu não só a perpetuação da vida através dos tempos, mas a sua própria evolução. Contudo, o fogo que ilumina, que aquece, que se traduz, entre muitas outras coisas, em símbolo da vida, é o mesmo fogo que pode fugir ao nosso controle e provocar danos imensuráveis. Pode destruir prédios, florestas, corroer almas e consciências, ceifar vidas.

Transformando em labaredas intangíveis, essas consomem sonhos e ideais e, embora ardentes em nosso peito, por vezes passam tempos desapercebidas, latentes, quando então nos deparamos com um incêndio interior descomunal, que vai consumindo nossas forças, incinerando nossas perspectivas, potencializando nossas raivas e frustrações, até que nossos sonhos e esperanças tenham se transformando em cinzas. A Síndrome de Burnout, identificada na década de 70 por Freudenberger, traduz bem esse estado de espírito em relação às condições de trabalho e execução do mesmo, sendo considerada por muitos pesquisadores a característica mais marcante do estresse profissional. E m b o r a na tradução literal do inglês burnout significa “queimar, virar cinzas”, referindo-se ao esgotamento ocasionado pelo consumo excessivo de energia própria, um verdadeiro incêndio interno” consequente a tensão desencadeada pela vida moderna, segundo Freudenberger, conceitualmente pode ser caracterizado pelo sofrimento psíquico relacionado ao

trabalho, designando uma resposta emocional e física ao estresse ocupacional crônico. Inicialmente observada nas profissões que demandam uma relação interpessoal mais estreita e nas quais os profissionais têm, de alguma forma, responsabilidade sobre as vidas das pessoas, tais como médicos, enfermeiros, bombeiros, entre outros, a síndrome está, na verdade, relacionada às mais diversas atividades, mantendo entretanto, uma maior predileção pelas áreas em que há uma interação direta e intensa com terceiros, especialmente aqueles relacionados ao “cuidar” e ao “ensinar”. Estudos de prevalência com profissionais de saúde têm mostrado taxas de burnout variando entre 30 e 47%, a depender do país, podendo esses dados estarem relacionados, no Brasil, às jornadas extenuantes, às baixas remunerações e aos poucos recursos disponíveis para uma boa prática profissional, características estas inerentes ao dia-a-dia da grande maioria dos trabalhadores da saúde em nosso país. Na definição de Maslach e colaboradores,

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a mais aceita atualmente desenvolvida a partir de uma perspectiva social-psicológica, são consideradas três dimensões fundamentais para caracterização do burnout: a exaustão emocional, a despersonalização e a falta de realização pessoal. De forma geral, o individuo acometido encontra-se num estado de fadiga ou frustração decorrente do envolvimento excessivo com o próprio trabalho, não vislumbrando perspectiva de uma recompensa à altura dos seus anseios e do seu engajamento. Profissionais mais idealistas, exigentes consigo mesmo, dedicados e com menos capacidade de lidar com situações adversas estariam mais propensos a sofrer da síndrome. Na primeira dimensão, de esgotamento emocional, há uma auto-depreciação constante relacionada à baixo auto-estima, fadiga intensa, falta de ânimo para enfrentar a jornada de tra-balho e sensação de estar sendo exigido além dos seus limites emocionais. Ainda nessa im-pulsividade, podendo aparecer transtorno de memória recente e diminuição da concentração e da capacidade inventiva. Já a fase da despersonalização caracteriza-se por um distanciamento emocional e indiferença em relação ao trabalho ou aos usuários do serviço, que muitas vezes são tratados com aparentes insensibilidade e cinismo. O profissional compromete suas relações interpessoais e consigo próprio e um sentimento de negativismo e pessimismo

prepondera. Surgem, quase sempre, conflitos no ambiente de trabalho em decorrência de postura crítica, isolamento ou mesmo da atitude rude adotada. A falta de realização pessoal que caracteriza a terceira dimensão – e que completa o quadro de burnout – pode afetar sobremaneira a eficiência e a habilitação para o atendimento das demandas cotidianas vinculadas ao labor e se expressa como falta de perspectiva para o futuro, frustração e sentimentos

de incompetência e fracasso. Nessa etapa, além de transparecer no ambiente de trabalho, o problema pode transcender os seus limites e os seus sintomas tendem a se manifestar também no ambiente familiar. Do ponto de vista psicossomático, podem aparecer insônia, cansaço crônico, enxaquecas, alterações digestivas como úlceras ou desordens gastrintestinais, perda de apetite e de peso, dores musculares e de coluna, entre outros. Fundamental ressaltar que burnout e depressão, embora possam ocorrer concomitantemente, são duas entidades nosológicas

A Síndrome de Burnout é

considerada por muitos pesquisadores a característica mais marcante do estresse

profissional.

distintas, conceitualmente diversas, muitas vezes com diferenças sutis, podendo a primeira, inclusive, ser precursora de um transtorno depressivo. Segundo Freudenberger, seria transitório e direcionado a uma situação especifica na vida da pessoa (no caso, relacionado ao trabalho) o “estado depressivo” presente no burnout, não estando presente o sentimento de culpa, característico da depressão. De acordo com Maslach, o burnout estaria restrito ao viés profissional, enquanto que a depressão afetaria a vida do indivíduo de forma global e abrangente. O tratamento da Síndrome de Burnout associa, em geral, psicoterapia e drogas como ansiolíticos, antidepressivos e neurolépticos, sendo sua taxa de sucesso variável e sobretudo dependente da fase em que se dá o diagnóstico, podendo levar até mesmo a uma incapacidade laborativa definitiva. O essencial, no entanto, é que tenhamos a certeza de que nunca é tarde para nos reerguermos, pois mesmo que nosso coração e nossa alma tenham virado cinzas, podemos, como a fênix mitológica, delas renascer. Podemos reencontrar a alegria perdida e a motivação que se esvaiu em meio à tormenta. Podemos sim, renascer para a vida, para a família, para o trabalho e, acima de tudo, para nós mesmos. Só não devemos ignorar os alertas emitidos quando precisamos de ajuda, pois uma simples brasa pode consumir um campo, um vale, uma floresta inteira...ela não precisa de muito, só precisa de oxigênio pra isso!

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BUPROPIONA NO TRATAMENTO DO TABAGISMO EM CAMPINA GRANDE-PB

TRATAMENTO ISOLADO VERSUS ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR:

DRª DEBORAH ROSE

tabagismo tem sido considerado como pandemia mundial, assim como um sério

problema de saúde pública. Esse status se dá pela droga afetar não apenas a saúde dos fumantes, mas também a dos que com eles convivem, em ambientes poluídos pela fumaça do tabaco. Através de milhares de pesquisas científicas realizadas em todo o mundo, torna-se cada vez mais conhecida a relação

entre o tabagismo habitual e doenças graves e muitas vezes irreversíveis, como o câncer de pulmão, boca, faringe, laringe e esôfago. Nesses casos esta relação chega entre 80 a 95%. Em pacientes com câncer de rins, bexiga, pâncreas, intestino grosso, colo do útero, próstata e leucemias, o percentual de relação com o fumo está entre 25 a 30%. Enfisema pulmonar e bronquite crônica associam-se ao tabagismo em percentual entre 75

a 80%. Além dessas enfermidades, podemos citar as miocardiopatias e coronariopatias, sendo bem conhecidos os casos de infarto agudo do miocárdio associado à morte súbita em adultos jovens, cujo percentual de relação com o fumo está entre 25 a 30 % (DEPARTMENT OF HEALTH AND HUMAN SERVICES, 1993). Menos conhecida, mas também fundamentada em muitas pesquisas científicas, está a correlação entre o tabagismo e

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doenças diversas como o diabetes mellitus (efeito anti-insulínico da nicotina), a doença de Basedon-Graves, o aumento da pressão intra-ocular, as gastrites crônicas (CARVALHO 1991; SILVA,1991) É bastante conhecida a dificuldade de abandonar o hábito tabagista, proporcional ao tempo de consumo e a quantidade de cigarros fumados. Existem dois tipos de dependência associados ao abuso de drogas psicoativas: a dependência química, proporcionada quando alguma substância existente na composição da droga tem a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, chegar ao cérebro e combinar-se a receptores cerebrais específicos. Como é o caso do etanol, nas bebidas alcoólicas, o tetrahidrocanabinol, na Cannabis sativa, a cocaína, nas folhas de coca e a morfina no uso do ópio. Entre os 4.720 elementos que compõem o fumo do tabaco, a nicotina é a única a exercer esta função: 7 segundos após a tragada, pode ser encontrada ligada aos receptores específicos cerebrais, o que provoca a dependência química (ROSEMBERG, 1987). A absorção dos componentes do tabaco faz com que os seus elementos cheguem ao sangue em uma velocidade comparável ao de uma injeção intravenosa. Outro tipo de dependência associada ao abuso de drogas é a psicológica, que se dá quando as atividades da vida normal do usuário passam a ser realizadas em função ao uso da droga, ou associadas à mesma (HENNINGFIELD & NEMETH-COSLETT,1988). O tabagismo

proporciona uma dupla dependência, química e psicológica, e difere de outras drogas pelo percentual de usuários regulares após a iniciação, (no caso, cerca de 90% dos que experimentam o primeiro cigarro), bem como pela regularidade e intensidade do uso da droga(FARGERSTROM, 2006 ). O tratamento do tabagista regular é trabalhoso e muitas vezes mal sucedido. A interrupção definitiva, na maioria dos casos, pode ser obtida após a sexta ou sétima ten-tativa (FIORE, 1992). Assim sendo, com-preende-se que o ponto-chave do com-bate ao tabagismo é a prevenção. O trabalho de prevenção começa na infância, através do exemplo dos pais e outros familiares, que são forte influência na posterior adição ao tabaco, e na adolescên-cia, quando se inicia, em geral, o tabagismo, com uma média de idade entre 15 a 17 anos. A influência de amigos e colegas é fundamental nesta fase de vida (ROSEMBERG, 1987). Coordenamos um programa de extensão universitária no período de 1995 a 2005, intitulado Programa de Prevenção ao Tabagismo em Esco-lares da Rede Pública e Privada de Campina Grande que deu origem a uma pesquisa posterior. Durante o período abrangido, ainda não havia maiores informações e maior inter-esse com relação ao tratamento do tabagismo, o que só veio a ocorrer a partir de 2002, quando se iniciaram ações através do Ministério da Saúde, tendo como exemplo as campanhas de divulgação de imagens negativas nas carteiras de cigarros, proibição da propaganda, e aprimoramento da legislação. Posteriormente, foi im-plantado no Sistema Único de Saúde (SUS) um protocolo para tratamen-to do tabagismo (Portaria Nº 1035/GM), que enfatizava a abordagem cognitivo- comportamental associa-da à farmacoterapia, sendo utilizado

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tratamento substitutivo da nicotina em for-ma de adesivo e/ou o cloridrato de bupro-piona. Outros medicamentos, como o tar-tarato de vareniclina e clonidina não foram utilizados, pelo alto custo, efeitos adversos acentuados ou por serem menos estudados (GIGLIOTTI & PRESMAN, 2006; VIE-GAS, 2006). Surgiu-nos então a ideia de criar um

programa de tratamento, acrescentando ao protocolo do SUS informações ao paciente sobre os males causados pelo tabagismo (já oferecendo uma motivação ao abandono) e sobre todo o desenvolvimento do pro-grama ao qual seriam submetidos, inclusive informações relativas ao medicamento que seria utilizado;

uma abordagem e acompanhamento psicoterapêutico, que seria desenvolvido simultaneamente ao tratamento medica-mentoso e que reforçaria a motivação ao abandono, interrupção ou mudança dos hábitos de vida agregados ao uso do tabaco, além da busca pela quebra do automatismo gerado pelo hábito (de-pendência psicológica). Além disso, a análise e tratamento fisioterapêu-ticos respiratórios concomitantes, considerando que mesmo pacien-tes que ainda não desenvolveram doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), sintomas como tosse, ex-pectoração crônica, falta de ar e chiado são incidentes (BROWN et al,1993), objetivamos assim refor-çar o bem-estar e melhora da capa-cidade respiratória adquiridos com a suspensão do tabagismo, minimi-zando o aparecimento de recaídas. No que se refere à dependência química, entre os vários caminhos que têm sido tentados (BALBANI & MONTOVANI,2005), desde os tratamentos substitutivos, com a nicotina em forma de chicletes ou adesivos, até os medicamentos mais recentes, cujo mecanismo

de ação é a competição pelos receptores cerebrais para a nicotina (VIEGAS, 2006), resolvemos adotar o cloridrato de bupropiona, medicamento aprovado pelo Food and Drugs Administration (FDA), dos Estados Unidos, que faz parte do protocolo do Ministério da Saúde do Brasil no tratamento do tabagismo pelo SUS. Isso porque, em sendo a população beneficiária do programa, em sua maioria, de baixo poder aquisitivo, o medicamento teria que ser fornecido gratuitamente, o que foi feito pelo Laboratório Eurofarma, fabricante do medicamento Bup (cloridrato de bupropiona). Este programa tem pro-porcionado tratamento gratuito para uma amostra estimada em 600 tabagistas, com bupropiona, para ambos os grupos e psicotera-pia e fisioterapia respiratória para um deles. A renda média avaliada dos participantes em programa-piloto realizado pela autora em 2008 é de 1 a 5 salários mínimos. As reuniões ocorrem sempre às sextas-feiras, no CAESE do Hospital Universitário Alcides Carneiro, e tem apoio da direção daquele Hospital, bem como do CCBS/UFCG. Este programa foi aprovado em eventos, destacam-se Simpósios Internacionais, como o da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e Outras Drogas (ABEAD) em 3 anos consecutivos, sendo que em 2009, foram aprovados 6 trabalhos decorrentes do programa, havendo um deles recebido prêmio por haver sido classificado entre os 3 melhores.

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ecentemente a popula-ção mundial ficou per-plexa e compadecida frente aos devastadores terremotos ocorridos no

Haiti e no Chile que ocasionaram destruição, inúmeras mortes ou feridos graves e sofrimento in-tenso. A mídia diariamente di-vulga atentados terroristas, guer-ras, cataclismos diversos, assas-sinatos violentos, assaltos brutais à mão armada, estupros, seques-tros, espancamentos cruéis, aci-dentes de trânsito terrificantes, que muitas vezes resultam em morte, ameaça de morte ou lesões corporais severas. Uma pergunta paira

no ar: como reagem e quais as consequências emocionais ou sequelas que apresentam aqueles indivíduos que vivenciaram ou testemunharam diretamente e de forma objetiva esses eventos traumáticos? O tema aqui exposto tem sido alvo de estudo da psiquia-tria contemporânea, que subdi-vidiu as reações e consequências emocionais de intensidade e na-tureza patológica, apresentadas por parcela significativa dos in-divíduos expostos a uma vivên-cia traumática (estresse) com características das citadas acima, em dois grupos – “Transtorno de Estresse Pós-Traumático” e “Transtorno de Estresse Agudo”.

Vale salientar que nem todos os envolvidos na situação estressora desenvolvem reações de caráter patológico, logo o trauma não pode ser considerado condição única, exclusiva e por si só de causalidade. Daí a importância de se estudar a influência dos fatores pré-disposicionais como: gené-ticos, biológicos, psicodinâmicos da história de vida do indivíduo, de suas relações familiares e so-ciais, bem como circunstâncias ambientais que envolvem o trau-ma. Em ambos os transtornos, o agente traumático tem carac-terísticas violentas e específicas (morte real ou ameaça de morte; ferimentos graves ou ameaça à integridade física do indivíduo

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TRANSTORNO DE ESTRESSE

PÓS-TRAUMÁTICODR. JOÃO ADOLFO MAYER

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ou de terceiros) e a situação traumática foi vivenciada pelo indivíduo sob a forma de medo intenso, impotência ou horror. A maioria das pessoas confunde o “Transtorno de Es-tresse Pós-Traumático” com o “Transtorno de Ajustamento ou Adaptação”. Estes transtornos não são equivalentes, já que no último a vivência traumática (divórcio, separação, perdas em geral, desemprego, entre outros) é de natureza e especificidade diferente da do primeiro, sendo também diferentes os sintomas desencadeados. Aqui enfocaremos os as-pectos diferenciais do Transtor-no de Estresse Pós- Traumático (TEPT) e do Transtorno de Es-tresse Agudo (TEA). No TEPT, são com frequência mencionadas recordações aflitivas e recorrentes do evento traumático sob a forma de flashbacks, bem como sonhos inquietantes, repetitivos, cujo conteúdo versa sobre a situação estressora. Agir ou sentir como se o fato estivesse ocorrendo novamente, quando da exposição a indícios que lembram alguns aspectos do agente traumático,desencadeando assim sofrimento intenso e reatividade fisiológica (taquicardia, sudorese, palidez, tonturas, tremores). Esquiva persistente aos estímulos associados ao trauma, entorpecimento ou falta de reação emocional, limitação dos interesses, isolamento social, sensação subjetiva de estranheza de si e do mundo circundante, dificuldade em conciliar ou manter o sono, ansiedade, irritabilidade fácil, crises de choro, picos depressivos,

deficiência de capacidade de concentração e respostas de sobressalto exageradas a determinadas situações são também mencionadas. Os sintomas que compõem o TEPT têm duração superior a um mês, podendo em alguns casos haver uma cris-talização e não remissão, cau-sando sofrimento significativo e prejuízo no funcionamento so-cial, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do in-divíduo. Já no TEA, o paciente apresenta os aspectos clínicos do TEPT, em menor intensidade, juntamente com sintomas disso-ciativos evidentes, tais como, es-treitamento da consciência, que acarreta dificuldade de lembrar a situação traumática com detal-

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hes e a sensação subjetiva de tê-la vivido em um sonhar acordado. O TEA tem duração mínima de dois dias e máxima de quatro semanas, e na maioria dos casos há uma remissão espontânea dos sintomas. Salientamos que porta-dores de Transtorno de Estresse Pós-Traumático com sintoma-tologia leve e moderada reagem bem ao tratamento psicoterápico focado no trauma e ao uso de antidepressivos e ansiolíticos. Já quando os sintomas são intensos e duradouros, mesmo submeti-dos a tratamento, há o risco do quadro clínico desse enfermar vir a se tornar crônico e irreversível, com severas consequências emo-cionais, cognitivas, de trabalho e das relações interpessoais, como expressões de sequelas intensas.

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as muitas histórias que cercam o cantor Raul Seixas, uma delas de-screve com que gravi-

dade o Alcoolismo esteve presente em sua vida. Ao ser aconselhado por seu médico que já diagnosti-cava uma pancreatite, de que se não parasse de beber teria pouco tempo de vida, o rebelde Raul assim re-spondeu já de saída do consultório “Se é assim, então me diga dou-tor, quanto tempo de vida eu ainda tenho?” Pouco tempo depois Raul Seixas morreria aos 44 anos, em 21 de agosto de 1989, vítima de pan-creatite aguda causada por conse-quência do excesso de bebida. A história de Raul Seixas vem ilustrar duas silenciosas e tristes vertentes que o alcoolismo traz em seu contexto; a primeira é que está doença crônica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mata silenciosamente, a segunda a de que uma decisão pode alterar todo rumo de uma história. No caso do famoso roqueiro sua persistência em subestimar o alcoolismo o levou a um precoce fim. A dimensão do alcoolismo geralmente é mascarada por patologias provenientes do vício,

SÓ POR HOJE, UM GOLE DE SOBRIEDADERIBAMILDO BEZERRA

É inútil pensar em desvio de caráter, em falta de vergonha. O alcoolismo é uma doença crônica reconhecida mundialmente, que destrói física e psicologicamente vidas de dependentes e familiares. Uma patologia onde é preciso conhecê-la, entendê-la para daí enfrentá-la.

VENCENDO O ALCOOLISMO:

transtornos mentais, cirrose, pancreatite, miocardiopatia, neuropatias, câncer de boca, língua, esôfago e fígado. Na maioria dos casos o motivo maior geralmente é ocultado pela família ou pelo paciente justificando-se na

vergonha, falta de conhecimento ou preconceito. Para a médica Gastroenterologista Dr. Itamara Maria Rodrigues de Farias “O alcoolismo pode afetar todas as áreas da vida de uma pessoa: quer seja familiar, pessoal, ocupacional

ou social. É necessário que o alcoolista conscientize-se da necessidade de se recuperar, sendo imperativo o apoio da família e dos amigos, acompanhamento médico, ou ingressar em algum grupo de ajuda”, destaca. O caso do consultor comercial J.M de 67 anos traduz de forma impactante o quão silencioso e volátil é a presença do álcool na vida de que tem a predisposição a doença “Foram 21 anos de vício, sem metas, sem rumo, muito próximo do fim, morrer no álcool era uma certeza para mim”, descreve. J.M é um das histórias onde a busca por um grupo de ajuda no caso os Alcoólicos Anônimos pode ser um diferencial no resgate da tão almejada sobriedade “Sempre

DÉ necessário que o alcoolista conscien-tize-se da necessi-

dade de se recuperar, sendo imperativo o apoio da família e dos amigos, acom-

panhamento médico, ou ingressar em al-

gum grupo de ajuda”

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digo que lá em A.A encontrei a minha ‘ressurreição’, vi história piores do que a minha e entendi que precisava apenas de 24 horas de sobriedade para conseguir vencer a doença”. O Alcoólicos Anônimos foi criado nos Estados Unidos no ano de 1935 e hoje existe em mais de 160 países tendo atualmente mais de 2 milhões de seguidores. Sua filosofia

se baseia na ajuda mútua, no compartilhar de

experiências, onde o alcoólatra

recuperado pode ajudar outro que b u s q u e a p o i o p a r a vencer o vício.

“É essencial que admitamos a nossa impotência para o álcool se quisermos dar o primeiro passo em busca da recuperação, aliás, recuperação essa conquistada literalmente a cada dia” afirma E.S.L 56 ANOS. Este advogado entende como ninguém que a vitória de um alcoólatra em recuperação deve ser diária. “A

frase tão conhecida ‘Evite o primeiro gole’, traz muita coerência e verdade na vida de alguém que busque superar o alcoolismo, a minha história é uma prova disso, já que no meu caso depois de anos de sobriedade, já ingressado em A.A me imaginando recuperado, cheguei a voltar ao vício, e pude sentir o peso do recomeço”. Há dez anos de sua recaída E.S.L trabalha na promoção e divulgação dos trabalhos realizados em Alcoólicos Anônimos através do Programa dos Doze Passos, programa este utilizado já em outros grupos de ajuda como por exemplo os N a r c ó t i c o s

Anônimos. Atualmente no Brasil existem em torno de 6.000 grupos de Alcoóli-cos Anônimos, que, segundo a en-tidade, reúnem 110.000 membros que participam de reuniões sema-nais incluindo encontros pela in-ternet. “Os Alcoólicos Anônimos proveem um local onde o alcoolista em recuperação pode socializar-se longe de um bar, com amigos não alcoolistas que sempre estão

à disposição para apoiá-lo quando a vontade de beber se tornar nova-mente imperiosa”, afirma Dra. Ita-mara Maria Rodrigues. Afirmar que hoje o al-coolismo é uma patologia coletiva, não é apenas resumirmos aos mais de 60% dos brasileiros que optam pelo álcool como caminho de lazer e entretenimento, mas também con-tar com a família do alcoolista ou todos aqueles que estão ligados ao de

pendente. Assim como o A.A cuida do Alcoolista, grupos de ajuda como o Al-Anon trabalham direta-mente com amigos e parentes de al-coólicos. No Brasil a entidade che-gou em 1966 contando atualmente com mais 900 grupos em todo o País. “Nós acreditamos que como parentes de alcoólicos podemos so-frer as consequências da doença, e que basta apenas uma mudança em

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Pharma Face

nossas atitudes para conseguirmos ajudar a quem amamos” afirma M.F.A 49 anos, 3 filhos, um exem-plo marcante da influência e logo em seguida superação junto aos malefícios do álcool. Viúva conhe-ceu o alcoolismo através do marido que durante os dozes primeiros anos do casamento vivia entregue ao vício, “O curioso é que fui eu quem mais motivei a ida do meu esposo ao A.A, e o mais irônico é que quando ele conseguiu o equilí-brio e a sobriedade fui eu quem caí. Foram anos de luta contra o vício, incluindo três recaídas, estava per-dendo minha identidade para o ál-cool. Não pude dar essa alegria ao meu marido antes de sua morte”. Atualmente M.F.A trabalha não só para Alcoólicos Anônimos, como para o Al-Anon e o Alateen este último um segmento de apoio preventivo aos jovens, pois segun-

do Centro Brasileiro de Informa-ções Sobre Drogas e Psicotrópicos, atualmente 70,04% dos jovens brasileiros começam a beber entre os 10 e os 12 anos de idade. Se por um lado numericamente o álcool no Brasil ocupa um bom espaço, já que somos o maior exportador de cachaça do mundo com uma média de 1,2 bilhões de litro por ano, vindo logo em seguida com uma produção de 10,34 bilhões de litros de cerveja por ano, o que equivale uma média de consumo 56 litros per capita, a luta contra o alcoolismo vem mostrando força com o passar dos anos, isso incluindo a rigidez da lei contra o consumo de álcool no trânsito. Um exemplo de que as leis do país já começam a demonstrar dar uma chance à sobriedade, ainda que em pequenas doses.

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e acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM – IV, o autismo é

classificado como um transtorno global do desenvolvimento. As principais características do autis-mo consistem na presença de um desenvolvimento comprometido da comunicação, interação social e um repertório restrito de atividades e interesses.Há uma variação das manifestações, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo. Pode haver um fracasso em desenvolver relacionamentos, preferindo atividades ou envolvendo outros em atividades apenas como instrumentos ou auxílios mecânicos. Frequentemente, a percepção da existência do outro pelo individuo com autismo encontra-se comprometida. A comunicação tanto verbal quanto a não verbal é prejudicada, pode haver atraso ou

ausência total do desenvolvimento da linguagem falada. Nos indivíduos que chegam a falar, se percebe uma dificuldade de iniciar ou manter uma conversação, há um uso repetitivo da linguagem. Os sujeitos com autismo apresentam padrões restritos e es-tereotipados de comportamento. Tem dificuldade em aderir a ro-tinas e rituais. Podem insistir na mesmice e manifestar resistência ou sofrimento frente a mudanças triviais como, por exemplo, mudar de lugar um objeto. As manifestações por atra-sos na linguagem comunicativa e na interação social devem ocorrer antes dos 3 anos de idade. Embo-ra, estudos revelem que 20% dos casos, os pais descrevem um de-senvolvimento normal por 1 ou 2 anos. Nestes casos eles relatam que a criança falou algumas palavras e o desenvolvimento estagnou. Porém, em bebês pode-se perce-ber a ausência de aconchego, sono incontrolável, rejeição ao peito,

falta de contato visual, indiferença à afeição e ausência de resposta a voz dos pais. Atualmente se veri-fica um crescente reconhecimento sobre a importância do tratamento do autismo, envolvendo todas as necessidades da criança como da família. Em geral, a maioria dos indivíduos tende a melhorar com a idade, quando recebem cuida-dos apropriados. No entanto, os problemas de comunicação e so-cialização tendem a permanecer durante toda a vida. Os pais, ao optarem por certo tipo de interven-ção, precisam ter em mente que até hoje não há evidencias de que um tratamento seja capaz de cu-rar o autismo. E que o tratamento pode ter impacto diferente em cada criança. Esse impacto depende da idade, do grau de déficit cognitivo, da presença ou não da linguagem e da gravidade dos sintomas gerais da criança. Além disso, há outros aspectos também importantes tais como o funcionamento familiar, suporte social, entre outros.

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DRA. ELAINE PACHU

AUTISMOUM MUNDO QUE PRECISA SER DESCOBERTO

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os tempos primitivos, a medicina revestia-se de um caráter mágico sacerdotal, e as doenças eram atribuídas às cau-

sas sobrenaturais. Hipócrates no século V a.C., sustentava que as enfermidades não eram causadas por deuses ou demônios, resulta-vam de fatores ligados ao modo de vida de cada um e que as pes-soas adoeciam devido ao trabalho que exerciam, local onde mora-vam, ao alimento e a água que ingeriam. A anestesia foi usada pela 1ª vez nos anos cinquenta pelo grego Discórides utilizan-do a hioscina que tinha proprie-dades anestésicas. Também já se sabia dos efeitos do ópio e da maconha. Hipócrates usava a es-ponja soporífera, mistura de ópio e hioscina para deixar torporoso o paciente e para despertá-lo, outra esponja contendo vinagre. Já os jesuítas utilizavam as folhas de coca na forma de mastigação para tratamento da dor de dente. Os índios faziam uso do curare para paralisar seus inimigos, e ainda hoje substâncias sintéticas derivadas do curare

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MARCOS ARRUDA

são utilizadas na anestesia m o d e r n a como relaxantes neuromusculares. Da medicina milenar chinesa surgiu a acupuntura que é até hoje utilizada para tratamento da dor como também em algumas ocasiões como técnica anestési-ca. A compressão da carótida foi utilizada como conduta anestési-ca pelos assírios, pois provo-cava um transitório estado de coma. Na Europa me-dieval utilizava-se a con-cussão cerebral através de uma tigelada na cabeça que deixava o paciente desacordado. A compressão de um nervo bem como o frio que diminuíam a sen-sibilidade de uma determinada região, tornava possível em algu-mas situações os procedimentos cirúrgicos. Nenhum desses métodos,

HISTÓRIA DA ANESTESIA ALIVIAR A DOR NÃO É PECADO

Falar sobre a história da Anestesia levaria muito tempo e terminaria ficando enfadonho. Poderíamos então citar como primeiro procedimento anestésico realizado no universo, quando DEUS levou Adão a um sono profundo e retirou uma de suas costelas modelando uma mulher. Quando Eva comeu o fruto proibido, a pecadora foi condenada a dar a luz em meio a dores. Durante muitos séculos os dogmas da igreja determinaram que a dor fosse um justo castigo de DEUS e por isso, deveria ser aceita como submissão e enfrentada a sangue frio.

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é claro, funcionava muito bem e a cirurgia só era realizada em situa-ções especiais como amputação de membros, remoção de pedra da bexiga e retirada de tumores visíveis e volumosos. A destreza do cirurgião era fator preponde-rante, mas dependia também da agitação dos pacientes que per-maneciam amarrados durante todo o procedimento. Aqueles mais sortudos desmaiavam. As primeiras anestesias, no entanto, foram realizadas nos Estados Unidos. Em 1842, Craw-ford Long, utilizou o éter em pa-ciente cirúrgico. Em 1844, Hor-ace Wells extraiu de si próprio um molar, depois de inalar óxido nitroso. Como esses eventos não foram divulgados considera-se como data oficial da introdução da anestesia o dia de 16 de Outubro de 1846, quando no General Hos-pital of Massachusetts em Boston, ocorreu à primeira demonstração pública com o éter realizada por Willian Norton. Em 1847, o es-cocês James Yong Simpson, foi o primeiro a utilizar o clorofórmio como anestésico em obstetrícia, realizando o primeiro parto da história sem dor. Logo depois o clorofórmio caiu nas graças das mulheres grávidas e a própria rainha Vitória solicitou os prés-timos do Dr. Simpson, durante o parto dos seus filhos Leopoldo e Beatriz. Em 1884, Sigmund Freud estudou os efeitos da cocaína no Sistema Nervoso Central (SNC) e seu amigo Carl Koller ao perceber que a língua dos pacientes ficava anestesiada, passou a usá-la topicamente em oftalmologia. August Bier e seu assistente Hildebrandt fizeram

entre si a primeira cocainização da medula espinhal, hoje utilizada largamente no mundo inteiro como raquianestesia.No Brasil, a primeira anestesia geral por éter foi realizada no dia 25 de Maio de 1847, no hospital militar do Rio de Janeiro, pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo. Foi o prof. Feliciano de Carvalho, na Santa Casa de Mi-sericórdia do Rio de Janeiro em 18 de Fevereiro de 1848, que aplicou a primeira anestesia com o clorofórmio, dando inicio a uma nova era na anestesia brasileira. A evolução da Anestesia continuou e paulatinamente novos anestésicos foram descobertos, novas técnicas foram aperfeiçoadas e a tecnologia veio contribuir fundamentalmente, dando segurança e conforto aos médicos envolvidos nos procedimentos anestésico-cirúrgicos. No dia 25 de Fevereiro de 1948, na cidade do Rio de Janeiro, foi fundada a Sociedade Brasileira de Anestesiologia, responsável pela organização dos Congressos Brasileiros de Anestesiologia e de outras atividades científicas, pelo Título Superior de Anestesiologia, pela defesa profissional de seus associados, pela formação acadêmica dos jovens médicos que escolheram essa especialidade através de treinamento nos cursos de residência médica, assim como de outras atividades associativas. Tem em seu quadro 8.500 anestesiologistas, sendo considerada a segunda maior sociedade mundial nesse segmento.Quanto a essa prática em Campina Grande, no início dos anos 50

os procedimentos anestésicos eram realizados por auxiliares de enfermagem, o Sr. Biu e o Sr. João. Por incentivo dos doutores Sousa Assis e Everaldo Lopes, o Dr. Antonio Arruda que na época era médico generalista na cidade de Picuí/PB, resolveu fazer especialização no Recife, sob a tutela do Dr. José Adolfo de Bastos Lima, recém-chegado dos USA, tornando-se um dos primeiros especialistas em anestesiologia desta cidade.

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espiritualidade ecológica nos faz ver a importância dos acenos de Deus, na vida da Natureza e na vida dos nossos Semelhantes.

É simplesmente uma atitude de observação! A natureza ao redor de nós é um aceno vital de Deus pelo ser humano! Este aceno pode ser visto quando os ventos balançam constantemente os ramos brilhantes do verdejante das florestas. Para percebermos esse aceno Divino direcionado a nós, é fundamental o senso de observação mental e espiritual, para as coisas vivas de Deus, na amplitude do meio ambiente onde vivemos. Nesse ambiente, os acenos de Deus são incessantes! É só fi-carmos atentos aos risos das flores, das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos adultos. Além disso, existem outros acenos, como o cântico dos passarinhos, o cântico dos galos e a melodia agradável da voz de cantores e cantoras do povo brasileiro e de outros povos do mun-do inteiro. Tudo isso são acenos de

Deus, nos pomares ecológicos da Natureza e nos pomares sociais da vida Humana. Hoje é urgente uma educação de retorno à mãe Natureza e de apreciação aos valores uns dos outros. Não se trata de ver a Natureza como uma divindade à maneira dos mitos antigos, mas de contemplá-la como manifestação de um Deus bom, criador e amigo da humanidade. Este novo jeito de ver Deus na totalidade de suas obras vivas no universo da Criação, nós o chamamos de espiritualidade viva e ecológica. Temos visto e aprofundado a ecologia, como ciência de relação amorosa e cuidadosa com o meio ambiente das espécies vivas, in-cluindo a espécie humana. Trata-se de uma ciência do cuidado e de preservação interrelacionalidade dessas espécies no todo da comu-nidade da Criação. Neste todo, so-mos humanidade que está incluída como ser pensante e importante, no grande corpo do Universo. Esta consciência de

corporeidade, isto é, de inter-relação e interdependência com tudo e com todos no jardim da Criação, nos faz ser mais responsáveis para com o meio ambiente de nossas atividades econômicas, políticas, sociais e religiosas. Todos esses aspectos de nossa existencialidade precisam ser integrados com ética, amor, justiça e fé. Estes valores, no entanto, precisam ser aprofundados e aplicados existencial e relacionalmente no processo de educação de nossa sociedade. Uma sociedade sem consciência desses valores e de tantos outros, como a amizade, a bondade, a generosidade, a gentileza e solidariedade, perde seu sentido de presença no todo da comunidade Cósmica. Numa perspectiva de res-gate desses valores, é fundamental colocar em comum nossos saberes e sabores na mesa redonda e dialogal da confraternidade. Penso que sa-beres e sabores humanos são impor-tantes para a conservação do meio ambiente, em todo o nosso planeta mãe, Terra. Assim, por meio dos

“Precisamos rastrear as digitais de Deus impressas na Natureza” (João Paulo II)

ACENOS ECOLÓGICOS DE DEUS NO PALCO DA CRIAÇÃOFREI ANÍZIO FREIRE. OFM.

A

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saberes, nós humanos podemos so-mar a diversidade do conhecimento cientifico teórico e prático, na mesa redonda do debate dialogal sem fronteiras. Num debate assim, seres humanos educados e formados in-telectual e profissionalmente, nun-ca se atacam agressivamente, mas buscam escutar atenciosamente uns aos outros, para compreender o es-sencial dos colóquios que cada pes-soa está fazendo, em vista do bem comum. Através da diversidade dos sabores humanos, buscamos celebrar simpatias e empatias, no banquete da confraternidade. É em torno deste banquete que compar-tilhamos nossos interesses pessoais e coletivos, na dimensão do ser para ter e do ter para ser na saciedade. Vamos mastigar mais esse concei-to, para saborearmos sua essência no banquete dos amigos e amigas, onde o alimento nutriente é o ser, o ter e o saber compartilhados. Quando falamos de ser para ter, entendemos que no campo relacional precisamos ser mais humano, ser gentil, inteligente para ter bons amigos e amigas, ter boas qualidades na arte de lidar com outros humanos na vida social, sem jamais humilhar nem maltratar ninguém, ter nossos bens materiais que proporcionem nosso bom viver em família, em comunidade e sociedade. Esta dimensão do ser para ter na vida, nos humaniza e nos direciona para a vivência do princípio ter para ser em sociedade. Nesse sentido, precisamos ter capacidade para ser amigo, amiga, sem interesse possessivo por coisas, ou por pessoas numa relação de amizade; ter habilidade para ser prestativo no cuidado com a família, com a comunidade e com o meio ambiente onde agimos e interagimos, na convivialidade

de nossas relações humanas; ter os meios econômicos de sobrevivência que nos dão a condição social de sermos justos, honestos e generosos com os menos favorecidos da nossa sociedade; ter conhecimento para sermos capaz de agir e cooperar pessoal e coletivamente pelo bem comum; ter tecnologia de ponta para sermos mais eficientes no bom trato uns com os outros reconhecendo que somos semelhantes com qualidades e precariedades. E, com essa importante tecnologia, investirmos no cuidado responsável para com a questão social e ambiental. Essa dimensão do ter

para ser, portanto, nos educa e nos conscientiza de que a vida neste mundo, não é um problema existencial para ser resolvido individualmente, mas uma grande graça ou chance oportuna para juntos, na mesa redonda dialogal da família, da comunidade e da sociedade, encontrarmos soluções sobre os desencontros e abismos no nosso relacionamento como espécie humana. É dentro deste grande desafio, que o Deus vivo e criador nos acena através da Natureza, dos pobres e empobrecidos, para nos dizer: “Ó ser humano, já te foi revelado o que é bom e o que o Senhor exige de ti: nada mais do que praticar o direito, amar a bondade e caminhar humildemente

com o teu Deus!” (Miquéias 6,8). Profeticamente, este caminhar humildemente com Deus é caminhar humildemente uns com outros, lado a lado, de igual para igual numa busca comum do bem para todos. Esse é o jeito da teologia profética, que hoje pode nos orien-tar para sermos felizes na vida e ter-mos excelentes oportunidades, para evoluirmos no conhecimento do Deus, de nós mesmos e da Nature-za. Portanto, esta evolução requer de nós seres humanos, bastante hu-mildade, serenidade e gentileza no relacionamento uns com os outros e com a Natureza. Lembro-me agora do importante pensamento de Au-gusto Cury: “A humildade é o nu-triente da maturidade”. Hoje todos nós somos carentes deste importante nutriente, para nossa maturidade na vida pessoal, familiar e social. No entanto, com uma tomada de consciência, nós podemos aprender e crescer uns com os outros, na universidade da vida cotidiana. Pois foi nela que Jesus de Nazaré aprendeu, na circularidade da vida familiar e social, a ser simples, manso e humilde de coração (veja Mateus 11,28-30). Foi nesse meio ambiente familiar, social e natural, que Jesus percebeu os acenos constantes de Deus. E, então, começou a se aproximar dos pobres e da Natureza. Assim, com ciência ou sem ciência, o ser humano de hoje pode ficar atento aos acenos ininterruptos de Deus, no grande meio ambiente da existência humana e cósmica! Portanto, é neste grande e maravilhoso ambiente, que nós podemos dizer positivamente uns aos outro: “Vale a pena viver e Conviver, na cotidianidade da nossa vida em família, em comunidade e sociedade”!

Através da diver-sidade dos sabores

humanos, buscamos celebrar simpatias e

empatias, no banquete da confraternidade.

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O QUE ESTÁ ACONTENCENDO COM O CLIMA?FRANCISCO DE ASSIS DINIZ

o Brasil e em todas as regiões do planeta, a população preocupada pergunta: o que está

acontecendo com o clima? Nos últimos 30 anos, o planeta terra está passando por um período quente (aquecimento global). De acordo com as observações dos registros e medições de temperatura do ar real do planeta, observados entre 1850 a 2009 é evidente que o aquecimento global está ocorrendo, como mostra o gráfico das anomalias de temperatura do ar global. Esta situação tem causado uma variabilidade climática significativa em escala global, nos dois sentidos: algumas regiões sofrem com as ondas de frio, seca (enchentes, temporais) e em outras situações opostas ocorrem, com forte influência nos padrões climáticos locais. São chamados os eventos extremos meteorológicos e climáticos. Neste jogo, o tempo e o cli-ma são relacionados, porém, não é a mesma coisa. Cada um relata uma condição diferente de ambiente em escala de tempo e espaço. O tem-po descreve e mede as condições atmosféricas em um determinado momento e lugar (temperatura, pressão atmosférica, umidade, di-reção e velocidade do vento), es-sas condições são passíveis a mu-

danças rápidas. Enquanto o clima representa a freqüência e a inten-sidade em uma projeção para mé-dio e longo prazo das condições meteorológicas médias de uma lo-calidade. Neste sentido, existem as diferenças entre clima, variabi-lidade climática e mudança climática. Como os cientistas podem prevê com precisão o clima: meses, anos ou década no futuro? Para entender melhor o clima e detec-tar as mudanças climáticas, precisamos de uma série longa de dados do tempo observado, quanto maior for o registro ou observações destes dados melhor. O problema da causa e a influência do aquecimento global podem ser entendidos dinamica-mente e fisicamente primeiro pela influência direta do homem, com o aumento na concentração de gases de efeito estufa, que atualmente é de 380 partes por milhão com o au-mento dos combustíveis fósseis e, segundo, com o efeito natural dos ciclos do sol que são determinados pelo número de manchas solares, que é um indicativo de variações periódicas na atividade solar. O aquecimento global con-tribui para o aumento na ocorrência dos eventos extremos meteorológi-cos e climáticos, causa mudança no

N

comportamento do clima da esta-ção do ano e provoca alta variabili-dade climática. Tem-se observado o aumento de temperatura em grande parte do Brasil, principalmente nes-ta década de 2000 (invernos e pri-maveras mais quentes), recordes de temperaturas em várias localidades (dados climáticos do INMET), mas não se pode tirar conclusão sobre a mudança climática. Recordes de precipitação mensal tem ocorrido no Nordeste em janeiro/2004, março/2008 na Paraíba, maio/2009 no Piauí, Mara-nhão e Alagoas. Santa Catarina foi alvo dos eventos extremos de pre-cipitação com enchentes e grandes

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catástro-fes em 1 9 8 3 , 2 0 0 4 ( f u -

racão Ca- tarina), 2008 e 2009. No Rio de Janeiro e Angra dos Reis grandes catástro-fes aconteceram em 2002, 2009 e 2010. Em São Paulo a frequência de chuvas extremas de 50mm/dia tem aumentando nestas duas últi-mas décadas. Em 2005, no Oeste e centro da Amazônia ocorreu a maior seca registrada dos últimos 60 anos. Em Brasília às noites quentes com temperatura mínima maior que 20ºC tem aumentado quatro vezes mais em incidência

nas duas últimas décadas. A maior temperatura do Brasil foi registrada em 21/12/2005 na cidade de Bom Jesus- Piauí 44.7ºC. Recordes de temperatura tem ocorrido em várias localidades no País em outubro de

2008 no Unai-MG 40.9ºC, Goiás-GO 40.2ºC e Brasília 35.8ºC; 20/01/1999 em São Paulo-SP 37.0ºC; 11/03/2010 em Campina Grande-PB 34.6ºC; e 28/10/2008 em Montes Claros-MG 39.4ºC.

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ausas naturais ou a n t r o p o l ó g i c a s (provocadas pelo homem) têm sido

propostas para explicar o fenômeno do Aquecimento Global. O IPPC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas, estabelecido pelas Nações Unidas e pela Organização Meteorológica Mundial em 1988) no seu relatório mais recente diz que a maioria do aquecimento observado durante os últimos 50 anos se deve muito provavelmente a um aumento do efeito estufa, havendo evidência forte de que a maioria do aquecimento verificado derive de atividades humanas. Em contrapartida, alguns cientistas com formação e credibilidade na área meteorológica, afirmam que a falta de informações climáticas confiáveis e de longo prazo é um fator limitante para tomar como causa os fatores antropológicos, dando margem a se acreditar nas causas naturais como responsáveis pelo aquecimento. Independente dos reais fatores que estão interferindo nas mudanças de temperatura, e se de fato existe ou não o Aquecimento Global, não podemos baixar a

AQUECIMENTO GLOBAL: O QUE É CONVENIENTE AFINAL?

ROSANGELA SOUTO

Um tema bastante debatido na atualidade é o Aquecimento Global que pode ser entendido como um fenômeno climático de larga extensão, ou seja, é um aumento da temperatura média superficial global que se verifica desde os últimos 150 anos. Entretanto, o significado deste aumento de temperatura ainda hoje divide opiniões entre inúmeros cientistas renomados.

bandeira da luta por um mundo ecologicamente mais saudável e uma sociedade mais justa. Diversos fatores comprovados cientificamente de ordem ambiental como a contaminação dos nossos solos e mananciais, a chuva ácida, a destruição da camada de ozônio, dentre outros, já demandam mudanças no modo de vida, assim como ações que permitam mitigar os problemas ambientais existentes. A questão que de fato pretendo provocar através desse artigo é o que se esconde por trás do comunicado apocalíptico do aquecimento global por alguns políticos imbuídos de interesses próprios e sem nenhum rigor científico. A preocupação com o aquecimento global está sendo promovida com o objetivo de convencer a população mundial que apenas um governo global, com poderes irrestritos, poderá ‘resolver’ os problemas que foram criados pelas atividades impensadas do homem. O ex-presidente Bill Clinton defendeu grandemente a questão do aquecimento global durante seu mandato. Já o ex-vice-presidente americano Al Gore, logo após ter perdido as eleições para presidente dos Estados Unidos

em 2000, assumiu a linha de frente, advertindo acerca das horríveis consequências que a humanidade sofrerá se o aquecimento global não for controlado. Al Gore tem viajado todo o mundo para alertar a população sobre esta catástrofe ambiental e com isso vêm conquistando o carisma e a admiração de muita gente com suas “encantadoras” p a l e s t r a s , além de somar milhões a sua conta bancaria. Foi justamente das palestras de Al Gore que nasceu o documentário vencedor do Oscar 2007, “Uma Verdade Inconveniente”, do diretor Davis Guggenheim. C o n t a n d o com vários r e c u r s o s

C

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ECOsciente

 

audiovisuais e multimídia, o filme é cativante por si só, e de fácil assimilação para o público em geral. Apresenta dados estatísticos, sequências animadas e imagens de arquivo, além de inúmeros gráficos e fotos. Não se pode deixar de admitir que além dos bons recursos, o filme conta com um excelente orador, tão eficiente que para alguns telespectadores

passou despercebido as reais intenções do Sr. Al Gore, sem citar a hipocrisia e anti-cientificismo que se comprova no seu discurso.

Quase toda a base de argumentação

de Gore relatada no documentário vem de observações próprias dele e de uma analogia entre o aumento

da taxa de emissão de

CO² (dióxido de carbono)

e o aumento da temperatura. Para

comprovar isso, ele exibe um gráfico

da variação de temperatura no

planeta por 650 mil anos, mos t r ando v á r i o s ciclos que se repetem,

e ciclos de emissão da taxa de CO², que variam junto com a temperatura. A partir de apenas isto, ele já conclui que a quantidade de CO² liberada é que determina a temperatura, e não o contrário, e prevê um futuro desastroso, já que a taxa de CO² aumentou mais que o normal nas últimas décadas (mesmo ele deixando de mostrar que o aumento da temperatura não seguiu nem de perto a mesma curva). Será que nenhum dos milhares de cientistas do mundo que ele citou, pararam para perceber que a imensa maioria de CO² se localiza nos oceanos, e que o aquecimento natural dos oceanos (devido a vários fatores como a mudança do albedo terrestre, a oscilação decadal do pacífico, a mudança na absorção da radiação solar por estarmos geologicamente perto de uma nova era glacial) provoca a liberação deste CO² para a atmosfera, e que na verdade é a temperatura que regula a taxa de CO² e não o contrário? Mas tudo isso esconde uma face pior de interesses. Por três vezes ele deixa isso transparecer no filme, ao citar o governo Bush, mostrado também um vídeo do pro-cesso eleitoral de 2000, pintando os republicanos como extremamente desonestos e anti-ambientais. E não podemos esquecer que esse filme aconteceu logo após Gore ter saído derrotado de uma eleição que era convicto de sua vitória. Para finalizar a lista de qualidades do ex-vice-presidente citado, vou tomar emprestada a fala de um conceituado ecologista

político argentino, Eduardo Ferreyra (2007): O Sr. Aquecimento Global, Al Gore, pratica o costume preferido do ecologismo: “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. Pois, a sua mansão localizada no elegante bairro de Belle Meade de Nashville, consome mais eletricidade POR MÊS do que o lar médio americano em TODO O ANO, segundo a Companhia de Eletricidade de Nashville. Ferreyra ainda complementa ao comparar valores de consumo de energia pelos americanos com o resto do mundo: A ideia de Al Gore é que os países subdesenvolvidos limitem seu miserável consumo de energia para que ele e seus amigos possam gastar seus 18.000 kW/mensais sem que se diminua a imagem de seus televisores de 50 polegadas. Como já expressado ante-riormente, é imprescindível que a sociedade desperte para as questões de ordem ambientais, assim como as de natureza social e econômica, mas que também procurem se infor-mar e atualizar seus conhecimen-tos com fontes seguras. É a leitura comprometida com a verdade e a diversidade de opiniões que vai nos proteger do poder destruidor e ma-nipulador dos políticos desonestos e dos detentores do poder na atual sociedade em que vivemos. Tire-mos do documentário a mensagem positiva de protegermos o meio ambiente, mas sem deixar de en-tender que uma discussão cientifica antes de ser calorosa e apaixonada, não pode ser tendenciosa e não deve servir a interesses econômicos e políticos.

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SENSIBILIDADE CRÔNICA

O HOMEM E O MUNDOMICA GUIMARÃES

u nunca acreditei no mun-do. E mais ainda hoje. Acreditei nos homens, um dia. Agora, já nem sei

se sim. Dizer que o mundo é belo é avaliação de pouca consistência. Quem tem condição de atribuir beleza ao mundo é o homem, sem o qual o mundo nem é e nem teria sentido em si mesmo. O problema está em ser o mundo belo apesar do homem. O dilema reside no fato de que o mundo sem a presença do homem é feio. No entanto, com a presença do homem, não tem se t o r n a d o

belo. Ao contrário, tem o homem, com as suas inúmeras relações com o mundo, impedido qualquer possibilidade de mudança para melhor. O homem é feio. O mundo é feio. Só vê o mundo belo quem pretende a todo custo possuí-lo. Para quem deseja apenas usufruí-lo, permitindo aos outros igualmente

fazê-lo, o mundo é muito feio. E os que sofrem o mundo e, ainda assim, vêem-no belo é porque reconhecem a sua indispensável importância para os que virão. Assim, ele é mais uma utopia do que a sensação experimentada pelo faminto ao encher a barriga. Paradoxalmente, eu preciso do mundo, mas o mundo não precisa de mim. Em consequência, amargo a infelicidade de não

acreditar, de modo algum, na felicidade. Todavia isto

não me incomoda em nada. Não me sinto

combalido e nem reclamo. É que

não creio que,

E

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mesmo existindo a felicidade, alguém possa desfrutá-la aqui e assim no mundo. Se alguém se diz feliz no mundo, é, no mínimo, egoísta. Ou porque não percebe a realidade ou porque ama mais o mundo do que o homem. Quem presencia a dor do mundo e a tristeza da maioria da humanidade e se diz feliz, é um vivente cego e vil. O que ele chama de feli-cidade é, na verdade, o gozo mun-dano. O ajuntar bens e toda sorte de coisas e dizer para a sociedade “sou o dono”. O “dono” do mundo não se sente feliz sem os seus per-tences efêmeros, como bebê que só pega no sono por estar apegado ao brinquedo. Ele só vê o seu dia. Ele nada entende do dia alheio. Ele é só ele e suas coisas. Sem estas, ele não existe. Ele é, enfim, uma delas também. E nem sabe. Ele tem tan-

ta coisa ao seu redor, semelhante a uma montanha de tralhas, que nem imagina que tem gente do outro lado. Ao colecionar coisas, levanta as paredes de sua sepultura e nem será digno de levar nada consigo. Só tem autoridade para falar sobre felicidade quem já a experimentou. E diferentemente do que propala, por desconhecimento, o mundo, a felicidade é uma experiência solitária, que nem sempre se manifesta através do riso ou da exposição veemente de satisfação. Antes, é um sentir-se pleno de um invisível que farta. É um clique que eterniza o insondável num instantâneo. É todo o dinamismo da luz em estático retrato. E o mundo nada compreende, pois sua máquina de felicidade ainda necessita de um objeto a ser fotografado. Todos querem impor uma

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felicidade a partir do ter. Tenha isto! Tenha aquilo! Seja feliz! Ninguém admite que alguém possa sentir-se feliz sem possuir, por exemplo, muito dinheiro. Enquanto muitos, como eu, vivem langorosamente tranquilos e alegres exatamente porque não crêem isto e, por isso, não perdem energia, preocupados em encontrar a felicidade. A lida humana é análoga às atividades do garimpo. Um lança a bateia mil vezes e nada colhe. Se colher, outro desbasta e lapida a pedra encontrada. Já outro a utiliza, agregando valor, em uma jóia. Outro a expõe em vitrine de luxo. Mas é um, em especial, que nunca viu uma bateia e que desconhece as técnicas de lapidação e os segredos da ourivesaria, quem a compra por muito valor em lojas requintadas e a presenteia a um amor anônimo.

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HISTÓRIA OU ESTÓRIA?

LANÇAMENTO DO LIVRO DO POETA

JOSÉ LAURENTINODR. JOSÉ ALVES NETO

No dia 11 de março de 2010, o firmamento da cidade de Campina Grande/

PB, encontrava-se em negrito, não se via uma só estrela a brilhar no céu,

mas ao adentrar no restaurante Mororó no alto do Bairro da Palmeira, data

do lançamento do livro do consagrado poeta José Laurentino da Silva, ha-

via um brilho intenso a espargir-se no interior daquele ambiente, provindo

das estrelas da música popular nordestina, da poesia, da viola e dos repen-

tistas que se faziam presentes.

a abertura do lançamento do livro “COLETÂNEA POÉTICA DE ZÉ LAU-RENTINO” foi iniciada

pelo poeta e radialista Iponax Vila Nova. Em seguida, uma apresen-tação do poeta-compositor-cantor Amazan. Dando seguimento, um novo apresentador subiu ao palco, o professor-poeta-radialista-cantor Massilon Gonzaga que convidou as duplas de violeiros: Arnaldo Cipriano (que estava impecável em seu terno), e seu filho Ronaldo Cipriano para fazerem seus versos de improvisos; para logo depois,

N chamar a segunda dupla: Ivanil-do Vila Nova e Severino Feitosa que fizeram exaltação, em seus versos, ao poeta homenageado. Após a apresentação destes astros, o grande Massilon convidou-me para subir ao palco e fazer uma declamação. Escolhi para o mo-mento: “Inveja do Cão”. Posterior-mente, veio o poeta Chico Pedrosa que deu um show de declamação, poemas seus e de outros vates. Dando continuidade, houve decla-rações do professor José Lucas e do neto de José Laurentino.Estavam presentes ao evento: o

compositor e cantor Ton Oliveira e esposa; Zé do Bode e esposa; as filhas de Amazan; o poeta e cantor Adauto Ferreira; o advogado e poeta Dr. José Edimilson; o repentista-cancioneiro e radialista, Erasmo Ferreira; o poeta e ex-funcionário do BB, Rui Vieira; o poeta e empresário Joelson Miranda; o médico Dr. Aloísio Almeida e esposa; o jovem advogado Dr. Daniel Tabosa; professora Vilani Mangueira e filhas; o empresário Miro Barbosa, do Mercado da Prata; o prof. e escultor, Antônio Labas;

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o prof., jornalista e comentarista, Mica Guimarães; o engenheiro agrônomo da EMATER, Dr. Joacil; o poeta-acordionista, ex-funcionário do BB, José Lourinaldo; o grande amigo de Zé Laurentino, Costão; o jovem Inajá Junior; o poeta-aboiador, Washington Farias; os filhos do autor do livro; o diretor da Editora Bagaço, Arnaldo Afonso. Os políticos: ex-deputado Ivandro Cunha Lima e o empresário Roberto Cunha Lima; o ex-vereador e empresário Antônio Fechinne; o deputado federal Rômulo Gouveia; o vereador João Dantas; o Dr. Valmir Guimarães; o advogado e ex-vereador Carlinhos, da cidade de Puxinanã; e tantos outros presentes... Menção, com justiça, faça-se à Masé, esposa do cantor Amazan. Foi a mentora desse trabalho. Espontaneamente, começou o garimpo dos poemas; digitou as poesias, compilou-as, organizou-as e tomou a iniciativa de produzir a coletânea junto à livraria Bagaço; sem ela, com certeza, este livro não teria se consumado. Como um dos prefaciadores do livro, deixo para leitura o meu prefácio. Era estudante secundarista na cidade de Patos, todavia, gostava muito de poesias, tendo como poetas preferidos: Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac (Olavo Bilac); Antônio Frederico de Castro Alves (Castro Alves); Antônio Gonçalves Dias (Gonçalves Dias) e tantos outros, como: Jansen Filho, Catulo da Paixão Cearense, José Alves Sobrinho, Chico Pedrosa, Pompílio Diniz, Patativa do Assaré.

Certo dia, emprestaram-me um livro de um vate paraibano, chamado José Laurentino da Silva, da cidade de Puxinanã/PB. Comecei a ler suas poesias e perceber que começava a sentir-me mais prazeroso com a leitura das mesmas. Ora eu ficava com os pelos dos braços eriçados, ora o coração acelerava, ora enchia meus olhos de lágrimas. Cheguei a uma breve conclusão: seria o meu poeta preferido, passando a decorar várias delas. O tempo passou. Concluí

o curso superior em Medicina. Fiz minha residência médica em São Paulo. Passado alguns anos, come-cei a trabalhar no Hospital Alcides Carneiro, em Campina Grande; onde em uma ocasião, meu amigo José Alves Filho, mais conhecido como Zuca do HU, apresentou-me ao Zé Laurentino. A nossa amizade começou a florescer. Inicialmente, por ad-miração; após, de colegas de tra-

balho, evoluindo para amigos; em seguida, ascendeu para quase irmãos; posteriormente, elevou-se para irmãos. Com o decorrer do tempo, tomou uma grandeza e um respeito de quase de filho para com o pai, amizade que quero con-servá-la, enquanto vida tivermos. José Laurentino é um tro-vador de mão cheia que sabe de forma singular transformar uma crônica em poesia. Fato que você verá lendo-as. É um perito de rima fácil, fecundo e inspirado. Um mestre de escrever o coloquial de uma forma singela, tirando os temas de fatos das suas amizades ou do seu ambiente de trabalho. Para mim, um verdadeiro gênio da poesia popular, rica em detalhes. Este vate desenha de forma rima-da, belíssimos quadros falando sobre a natureza, o cotidiano e o amor. Nas apresentações em Congressos de Violeiros, nas exibições que fez em Santiago de Compostela, na Espanha; no Teatro Santa Isabel, no Recife; nos salões de festas, praças públi-cas, inaugurações, em qualquer ocasião que ele comece a falar e declamar, o ambiente se cala pela magia dos seus versos. Dos seus versos só, não; dos seus gestos, do timbre particular da sua voz cadenciada, da sua atitude, da ex-pressão do seu olhar. Tudo nele contribui para revelar o declama-dor, o artista raro e inigualável. Feliz a sociedade poética que tem um intérprete do seu porte. Feliz ele, também, de ser carismático e portador de tão nobre e bela arte: a de nos tornar mais alegres e fe-lizes, ouvindo-o. “Quem ouvir José Laurentino declamando, com certeza ficará conquistado pela sua

...em qualquer ocasião que ele comece a falar e declamar, o ambien-te se cala pela magia dos seus versos. Dos seus versos só, não; dos seus gestos, do timbre particular da sua voz cadenciada,

da sua atitude, da ex-pressão do seu olhar.

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forma de declamar e por suas poe-sias”. Daí o porquê, que suas poe-sias permanecem inéditas, sendo os seus livros, já publicados, guar-dados como relíquias nas mãos dos seus amigos e admiradores. Só agora, com este livro compi-lando as suas poesias, resgatadas de discos de vinil, CDs, cordéis e dos livros: “POEMAS, PROSAS E GLOSAS”; “MEUS VERSOS FEITOS NA ROÇA”; “POESIAS DO SERTÃO”; “SERTÃO, HU-MOR E POESIA”; “MEUS PO-EMAS QUE NÃO FORAM LI-DOS”; “DOIS POETAS, DOIS CANTARES” (Edvaldo Perico e Zé Laurentino) e de tantos outros trabalhos por ele realizados, só agora vem ao público.Todas são boas, mas, tenho algumas preferidas, como: A Lição do Gato; Dia dos Pais; A Vendedora de Flores; Amor Platônico; Dor da Saudade, Inveja do Cão; Carona de Candidato; Eu, a Cama e Nobelina; Esmola Prá

São José; O Menor Abandonado; Chico Pedreiro; O Mal se Paga com O Bem; Somente Para Você; O Bezerrinho; Etilismo; O Herói do Sertão; Ciúmes; João do Riso; Meus Dois Sonhos com Jesus; Existe Felicidade; A Menina do Bar... São tantas, que fico impressionado como se tem inspiração para escrever tantas coisas bonitas. Só estas, cobririam qualquer pecúnia para adquirir este exemplar. Este aedo pertencente a “Academia Campinense de Le-tras”, com o seu ar de boêmio, de sonhador, de romântico, foi pre-destinado por Deus. José Lauren-tino não é simplesmente um poeta que os versos saem num impro-viso; necessita de uma inspiração que nasce inicialmente no coração, passa pela emoção para depois ir ao cérebro para serem concluídos. Ele, é um ser que chora com fac-ilidade e com o seu talento, sabe lapidar e esculpir com sua caneta

Aí, eu disse: - Meu filho E, quando eu envelhecer, Que não prestar mais pra nada O que você vai fazer?!Então, meu filho me olhou, Com a cara de arrependido E meu gatinho me olhou Com os olhos de agradecido.

Meu gato ficou comigo Para meu filho saber Que, quanto mais se aprende, Mais tem o que se aprender; Ficou a grande liçãoPrá ele saber que não, É pecado envelhecer.

Bic, como ninguém, versos tão ex-celentes. Pressinto, com quase certe-za, que a história da poesia popu-lar paraibana será dividida em dois marcos: antes e depois da poesia de José Laurentino. A Paraíba, com orgulho, terá como herança, deste poeta; o registro do seu tal-ento, trabalho e da nobreza do seu caráter. Por tudo isto que este livro o qual reunirá todas as suas poesias em “COLETÂNEA POÉTICA DE ZÉ LAURENTINO ”, constituirá uma prestimosa e valiosa escritura sagrada para quem gosta da arte da poesia, vinda de um espírito supe-rior dos versos nordestinos. Tenho convicção que a história poética de Campina Grande, da Paraíba e do Brasil guardará com zelo este trabalho literário para que a posteridade saiba dar a sua verdadeira noto-riedade a este menestrel que sabe versejar de uma forma tão fasci-nante.

Que arranje logo um ofício,Que se distancie do vícioNão queiras ser vagabundo,Cante o amor, pregue a paz, Fazendo isto me dásO maior prêmio do mundo.

PARA TER UMA PEQUENA IDEIA DA GRANDEZA DOS SEUS VERSOS, DELEITE-SE:

VERSOS FINAIS DO DIA DOS PAIS:ESTROFES FINAIS DA: A LIÇÃO DO GATO

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O filme do consagrado diretor de superproduções James Cameron foi esperado por muito tempo e marcou seu lugar na história do cinema mundial. O maior orçamento da história provocou várias reações, mas o certo é que as novas tecnologias de produção e exibição do filme conseguiram reviver técnicas que antes não deram certo e trouxeram um público mais diversificado para as salas de projeção.

ULISSES PRAXEDES

UM GRITO DE TECNOLOGIAO FENÔMENO AVATAR E AS MUDANÇAS NO CINEMA MUNDIAL

o ano de 2154 o ex-fuzileiro Jake Sully (Sam Worthington) viaja para a selvagem

lua de Pandora, onde uma equipe terrestre estuda o ecossistema local e, principalmente, busca por um valiosíssimo minério que só existe lá. Jake Sully é paraplégico devido aos seus antigos combates em guerra e usa uma cadeira de rodas para se locomover. Ao chegar a Pandora ele usa um Avatar – o corpo geneticamente criado de um nativo Na’vi para o qual sua mente é transferida – para integrar-se a uma aldeia daquele povo de gigantes azuis com o fim de

aprender seus costumes e, mais do que isso: fornecer as informações que a equipe precisa para retirar os Na’vis do local, que abriga uma rica jazida mineral. Mas Jake apaixona-se pela guerreira Neytiri (Zoe Saldana), aprende a admirar o modo de vida totalmente integrado à natureza do seu povo e acaba liderando a resistência aos terrestres exploradores. É basicamente este o enredo do filme mais caro da história do cinema que custou cerca de quinhentos milhões de dólares e é a mais nova produção de James Cameron que estreou em 2009 sendo também recorde

de bilheteria ultrapassando os U$$ 2bi (dois bilhões de dólares). Cameron é famoso mundialmente por introduzir mulheres como protagonistas nos seus filmes. Seus roteiros incluem Kate Winslet, Sigourney Weaver, Jenette Goldstein, Lance Henriksen. Foi o primeiro cineasta a produzir e dirigir um filme com custo superior a 100 milhões de dólares em True Lies (1994) e mais tarde alcançou mais de 200 milhões de dólares em Titanic (1997). Cameron, considerado um dos maiores cineastas a trabalhar com efeitos especiais, dirigiu clássicos da Ficção Científica:

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O Julgamento Final e Aliens: O Resgate. Devemos em todas as análises logicamente trilhar caminhos dentro de um contexto igualitário, por isso, observar Avatar juntamente com clássicos do cinema-arte não convém, mas vê-lo sim, ao lado de outras grandes produções como Titanic do mesmo diretor e uma inspiração mais antiga, como Guerra nas Estrelas. Em Avatar, James Cameron parece propor soluções originais para dilemas da indústria cinematográfica nesta época: a própria existência do cinema. Em artigo a revista Bravo!, é citado que o jornalista David Denby criou a expressão “agnóstico de plataforma”. Ele se refere a toda uma geração que não vê diferença entre assistir a um filme no cinema ou na tela de um computador, ou mesmo no microvisor de um telefone celular. Se os agnósticos de

plataforma se tornassem maioria, escreveu Denby, os cinemas estariam destinados a acabar, e com eles toda uma fantástica tradição de obras de arte pensadas para a tela grande. Uma poderosa estratégia para vencer estes “agnósticos de plataforma” foi a reestruturação do cinema em terceira dimensão. Uma jogada que não foi bem su-cedida nos anos noventa com os famosos óculos bicolores, mas que agora passa a dar certo. Ap-enas em frente à tela grande e em terceira dimensão é possível sentir maravilhamento e medo quando

harpias coloridas dão voo rasante sobre os es-

pectadores - ou quando, assum-indo o ponto de

vista dos índios que pilotam as aves, nos

v e m o s

dando mergulhos acrobáticos em clareiras de uma selva exuber-ante. O fato é que este filme con-cebido há mais de uma década e realizado apenas quando a tec-nologia necessária finalmente tornou-se disponível, leva a cap-tura de movimentos a um patamar inédito: podemos realmente ver a interpretação de atores como Worthington, Saldana e Sigourney Weaver nos gestos e, principal-mente, nas expressões faciais de seus avatares azuis. Em entrevista, o diretor James Cameron disse que estas sensa-ções serão cada vez mais presen-tes na sala de cinema, pois haverá uma crescente produção em 3D. Como prova disto é que as salas de projeção em 3D estão se esp-alhando rapidamente no mundo e

no Brasil também,

brevemente se encontrando em n o s s o

Estado. Avatar não ganhou tantos Óscares quanto se imaginava e/ou apostava. Mas isso não desbancou certamente seu título de divisor de águas na história do cinema mun-dial, tanto pelo impressionante mundo criado em computação gráfica, quanto às sensações que as novas tecnologias empregadas

em sua produção despertar-am. Os Na’vis deram um

grito de inovação que por algum tempo

ainda será ouvi-do nas salas

de cine-mas.

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ampina Grande, con-siderada hoje a mais importante e dinâmica cidade do interior do

Nordeste, situada na Zona Centro Oriental da Paraíba no Planalto da Borborema, abriga, aproxima-damente, 381 422 habitantes. Na verdade, Campina foi gerada por meios de negociações comerciais e totalmente envolvida por in-fluências culturais daquela época. Não é de se estranhar que em dias atuais tenha sua história entrela-çada com o mercado central, já que este reflete sua origem, raízes e a genuína sina de ser grande e diversificada. Entre os inúmeros

tesouros que esta cidade nos mostra, um em especial chama a atenção: no ponto central, a Feira de Campina Grande revela-se para todos como forma de expressão da grandeza que tem desde sua expansão. Fundada na década de 30, veio ganhando espaço, tornando-se hoje a maior feira do agreste paraibano, tanto pela sua extensão como pela variedade de produtos que oferece, não se destacando apenas por esta diversidade, mas também pela riqueza de suas histórias, lugar onde muitos já passaram e deixaram um pouco de si, fazendo desse local um verdadeiro museu a céu aberto.

Cidade: queGrande Campina

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C Segundo informações ce-didas pela Administração da fei-ra, o mercado cobre uma área de 75.000 metros quadrados, com, aproximadamente, 3.287 mil fei-rantes que trabalham diariamente mantendo esta cultura fundado-ra de sua história – o comércio. Foram estes trabalhadores peças fundamentais para que ainda hoje permaneça essa característica tão marcante na história de nossa ci-dade, assinalada por lutas e con-quistas de um povo que acreditou desde o princípio no poder de seus ideais.Apesar da grande clientela, a feira vive atualmente um momento delicado em sua história.

ANA GORETTI

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Enfrenta as dificuldades de se manter “em pé” diante das novas tecnologias e modernidades deste século. Em conversa com o Sr. Aguinaldo Batista, responsável pela administração da feira, ele nos relatou um pouco sobre os obstáculos e mudanças que a feira tem enfrentado no decorrer do tempo. Dona Luisinha é feirante há mais de 30 anos. Ela alega que sua sobrevivência depende da feira: “... o que eu ganho é pouco, mas pelo menos dá pra sustentar minha família, pior seria se eu não tivesse nem isso aqui pra vender.” São exemplos como estes de Dona Luisinha que só confirmam a importância que a feira representa para cada um dos inúmeros feirantes que trabalham naquele lugar. São marias, joãos, josés e tantos outros que vivem do que a feira lhes oferece. Pessoas que moram em outras cidades, há quilômetros de distância, mas que chegam logo cedo antes do raiar do sol acreditando que o hoje

pode ser melhor que ontem. É assim que dona Helena, 38 anos, moradora de Matinhas (24 km de Campina Grande) semanalmente vem para a Feira Central de Campina Grande garantir o seu sustento “... vendo frutas há mais de 28 anos na feira, venho só nos sábados porque moro longe, mas Deus me livre de deixar de vir, minha vida depende do que vendo aqui”. Em prol da redescoberta e valorização da Feira Central, algumas medidas têm sido tomadas pelos representantes da classe trabalhadora do local. Um projeto tem como objetivo reorganizar e modernizar, transformando-a em ‘mercado modelo’. O projeto em sua execução contará com a participação de alguns órgãos responsáveis como a Polícia Civil que irá garantir a segurança interna no mercado, o SEBRAE que irá trabalhar a capacitação para os comerciantes, Vigilância Sanitária garantindo a higienização das mercadorias

comercializadas, entre outros que trabalharão em parceria com a Prefeitura da cidade e com a Secretaria de Planejamento, responsável por viabilizar todo o processo de revitalização. Independente do que a feira enfrenta hoje, o que não pode deixar de ser lembrado é do papel que “este gigante” representa para história da Rainha da Borborema, situada bem no centro de Vossa Majestade, lugar de prestígio, pois todos passam e de lá retiram algo bom para si: relíquias e tesouros jamais vistos antes. Alguns ficam apenas na mente dos que acharam, através das boas lembranças de momentos que viveram por lá, outros já perceptíveis, nas casas, nas ruas e por todos os lugares por onde passa alguém que já a tenha visitado e que com certeza algo levou deste lugar tão cheio de magias. A Feira Central de Campina Grande é um lugar onde todos precisam conhecer e apreciar o sabor que só a feira tem.

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No clima do riso

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CUIDADORES DE IDOSOS FRÁGEIS

ACLAMAÇÃO AOS RESULTADOS

NOVEL DA ALCG

O Curso de Cuidadores de Idosos frágeis promovido pelo Programa de Pro-moção da Saúde da Unimed Campina Grande registrou grande sucesso na sua primeira edição. Cuidadores e familiares atenderam ao convite da Unimed Campina Grande e demonstraram através do intenso número de participantes, a necessidade da troca de experiências entre pessoas que cuidam dos seus idosos. O curso foi realizado nos dias 23 e 24 de abril e contou com palestras de grandes profissionais da área geriátrica e fisioterápica.

No dia 27 de março a cultura campinense comemorou a entrada de mais um nome para sua história. O Dr. Evaldo Nóbrega foi merecidamente empossado na cadeira número onze da Academia de Letras de Campina Grande que tem como patrono Elpídio de Almeida e último ocupante o ilustríssimo Amaury Vasconcelos. Nossos votos de sucesso nesta nova fase ao Dr. Evaldo Nóbrega.

A Unimed Campina Grande iniciou um novo momento em sua gestão a partir do mês de março quando em sua Assembleia Geral Ordinária houve a renovação de todo Conselho de Administração (CONAD) que envolve a Diretoria Executiva, Vogais e demais Conselhos. Os coopera-dos compareceram em número expressivo para avaliar o exercício 2009 da cooperativa e confirmarem este momento de reflexão e de renovação de forças para os desafios que não param de surgir.

CIDADÃO CAMPINENSEO Dr. José Moisés, conhecido pela sua prática médica e também pela sua contribuição cultural para a cidade recebeu no dia 27 de abril o título de Cidadão Campinense na Câmara Municipal desta cidade. A propositura foi do ex-vereador João Nogueira de Arruda (em memória) e a solicitação foi feita pelo vereador Cassiano Pascoal. Um pertinente reconhecimento a este nome que muito faz pela nossa Campina Grande.

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Clínica Dr.Wanderley