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2ª Trabalho Universidade Anhanguera - Uniderp Centro de Educação a Distância CURSO SERVIÇO SOCIAL Disciplina: Fundamentos Históricos e Teóricos Metodológicos do Serviço Social II

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2 TrabalhoUniversidade Anhanguera - UniderpCentro de Educao a Distncia

CURSO SERVIO SOCIAL

Disciplina: Fundamentos Histricos e Tericos Metodolgicos do Servio Social II

GRAJA MA2012

INDRODUO

Este trabalho resultado das discusses do Grupo de Estudos em Fundamentos Histrico e terico metodolgico do servio social II.As transformaes conjunturais constituem terreno privilegiado para modificaes nas profisses. No momento em que o movimento dialtico da sociedade vai se realizando, em todos os seus sentidos, as profisses tem que responder a essas determinadas mudanas de forma a se tornar adequadas as novas configuraes da sociedade dinmica. Isso no diferente no Servio Social.O Servio Social vem apresentando ao longo de sua histria vrias configuraes no plano terico, metodolgico, tico, poltico, instrumental entre outros. Isso se inscreve devido particularidade da profisso de intervir eminentemente com as manifestaes da questo social, que por sua vez, vo apresentando novas manifestaes conforme as diferentes formas que a produo capitalista vai assumindo diante de suas crises.Neste sentido, a formao profissional, como um meio de reproduo de um modelo de profissional, tambm vai se redefinindo conforme as modificaes da sociedade. Assim, este trabalho se prope a trazer ao debate, como a dinmica contraditria da sociedade pode implicar em modificaes tericas, metodolgicas, tico-polticas e prtico operativas para a profisso do assistente social, especialmente no plano da Formao Profissional.Em nossa vivncia acadmica, aprendemos que um bom estudo acerca de determinado fato, deve emergir da contextualizao histrica, poltica, econmica,conjuntural e social para melhor compreenso do mesmo.

PESQUISA SOCIAL E SUAS TRANSFORMAES DE ACORDO COM AS DEMANDAS SOCIAIS DO SERVIO SOCIAL.

A pesquisa social um ponto de destaque na compreenso desse texto, ela e apontada como algo criativo e interpretativo. E nas pesquisas que utilizaremos diferentes instrumentos para chegar a uma resposta mais precisa sobre determinada assunto. O instrumento ideal deve ser estipulado pelo pesquisador para si atingir os resultados ideais de sua pesquisa. Por isso o que mais bem sustenta a pesquisa social, o desejo crescente de conhecer a sociedade melhor, tanto em suas faces quantitativas como em suas faces qualitativas. Assim podemos compreender que a pesquisa social trabalha com pessoas, com atores sociais, com grupos especficos, construindo teoricamente enquanto componentes de um objeto de estudo.

O planejamento e desenvolvimento de investigao da realidade social requer que o pesquisador se integre ao debate sobre as formas de conhecer, colocando em discusso o principio positivista de naturalidade e da objetividade do pesquisado rem relao aos seus projetos. Na pratica, na concepo e desenvolvimento de uma pesquisa social, as fases se interpenetram e podem ser reelaboradas e modificadas a medida quem que novas descobertas ou circunstancias exigem do pesquisador social.

A pesquisa profissional tambm ganha destaque na compreenso do texto lido, ela vem refletindo sobre fluxo da sociologia nas reas das cincias scias, podendo tornar-se profissionais de pesquisar social, ou seja, a sociologia um fator essencial na via de um bom pesquisador social. A pesquisa social deveria fazer confluir pelo menos trs horizontes para que sua formao seja exemplar, primeiro o estudo das teorias sociais e seus mtodos, segundo o estudo da informtica, terceiro o estudo da estatstica.

O estudo da informtica um dos horizontes mais importantes da pesquisa social, ela deve ser sua parceira de todos os momentos para que si tenha uma boa formao, pois ela s tem a ganha quando for informatizada, seja como repertrio de dados, influencias processamentos, discusses, tratamentos estatsticos digitalizados quantitativos ou qualitativos.

Qualquer profissional de quaisquer reas ter que saber lhe dar com esses avanos dos meios de comunicao inclusive o pesquisador social. O pesquisador social tem que correr atrs de duas coisas pelo menos pra si der mais conhecimentos em sua rea, saber lhe dar com informtica e suas ferramentas, e estudar suas transformaes com o passar do tempo, pois as sociedades vivem em plena mudana. O conhecimento importante aquele que contribui pra mudar, assim dever ser o pesquisador social. Ou seja, o papel do pesquisador deve ser o de querer transmitir seus conhecimentos para uma ampla maioria sem acesso aos benefcios da cincia.

Em virtude destas caractersticas e do rpido desenvolvimento que tiveram, as cincias passaram a ocupar uma posio importante e, em certas pocas e circunstncias, por vezes central na construo da sociedade e na evoluo da cultura e do pensamento. A metodologia parte integrante de qualquer pesquisa cientfica e pode ser entendida como um conjunto de tcnicas que permitem apreender vrios aspectos dos objetos que desejamos investigar.

A sociologia e a histria, por exemplo, desenvolveram uma srie de metodologias de pesquisa cujo objetivo investigar a realidade social. A entrevista tem importncia fundamental e pode ser considerada uma das mais importantes tcnicas de pesquisa social.Os mtodos de pesquisa dos factos sociais veem assumindo, progressivamente, uma relevncia maior na avaliao da validade das informaes recolhidas em diversos campos da ao humana;a interpretao e apreciao da veracidade requerem conhecimentos aprofundados em mtodos de pesquisa social, o que constitui um progresso da cincia sociolgica. na pesquisa que utilizaremos diferentes instrumentos para se chegar a uma resposta mais precisa. O instrumento ideal dever ser estipulado pelo pesquisador social para se atingir os resultados ideais.

Na dcada de 60, os assistentes sociais organizaram vrios encontros nacionais e regionais para por em pauta assuntos de grande interesse para a categoria. Em 1961, no Rio de Janeiro ocorreu o II Congresso Brasileiro, onde o tema central foi Desenvolvimento nacional para o bem-estar social. No ano seguinte A conferncia internacional ocorrida em 1962, ocorrida em Petrpolis enfocou o tema Desenvolvimento de comunidades urbanas e rurais. Estes fatos foram apresentados para mostrar o posicionamento da categoria mediante a iniciativa internacional que neste perodo apoiava as estratgias desenvolvimentistas do pas: importante salientar que o Servio Social baseou-se na teoria das Cincias Sociais, bem como em outras disciplinas a exemplo a sociologia, medicina e direito:Em meados da dcada de 70, um grupo de assistentes sociais comea a pensar sua prtica a partir da vertente instrumental tcnico, na busca de alcanar a eficcia de sua ao. Este perodo denominado por Netto de Processo de Renovao do Servio Social. Podemos citar o encontro de Arax ocorrido em 1967 conhecido por I Seminrio de Teorizao do Servio Social, o que culminou em mais Sete encontros para debater os pontos elencados neste seminrio citado.Segundo Netto, a partir da dcada de 80, sob a influncia crtica da vertente Marxista, a profisso aponta a Perspectiva de Inteno de Ruptura de um profissional engendrado em oriundas perspectivas de atuao. possvel encontrar a inspirao do pensamento de Marx, nas pesquisas e na teoria poltica ideolgica, tendo em vista que o assistente social, pertencente classe assalariada, tambm vai alm, quando percebemos que a categoria se especializou no trabalho coletivo, em vigor na lei 8662/93 e no cdigo de tica atual. E a partir de uma perspectiva dialtica possvel apanhar a intrnseca relao entre os elementos contrrios presentes na continuidade e a ruptura de uma profisso inserida na diviso social e tcnica do trabalho.No que tange as concepes acerca da Reconceituao, percebe-se o esforo da profisso em caminhar na perspectiva de sua prtica, sendo que esta no meramente executiva, burocrtica subalterna e paliativa, mas sim "desvela a dimenso poltica". Conclumos que a interveno profissional pode contribuir tanto para uma "nova imagem quanto para "autoimagens da profisso, tendo como proposta a defesa dos direitos, proporcionando a transformao de uma nova sociedade, por meio dos projetos societrios:A Autoimagem do Servio Social se inicia a partir do instante em que se reconhece como trabalhador assalariado, apontando a caracterstica de uma profisso com limitaes. Porm a condio de depender de sua fora de trabalho, no (e nem pode ser) um entrave ao enfrentamento de suas funes mpares, tendo como base terica o reconhecimento do indivduo enquanto cidado portador de direitos, dentro da sociedade que sempre perpassa por transformaes, a luz de sua luta na defesa de direitos norteia como prioridade de sua ao profissional:Compartilhamos com Neto quando este menciona que a "renovao de servio social" um dos fenmenos marcantes da histria da profisso, sob o ponto de que inmeras transformaes que ocorreram entre as dcadas de 60 at 90 e atualmente influenciaram na formao profissional acadmica e tambm na organizao poltica da categoria profissional de assistentes sociais, bem como da sociedade. O fundador do positivismo foi Augusto Comte, no nasceu espontaneamente no sculo XIX, suas razes podem ser encontradas j na Antiguidade. uma tendncia dentro do Idealismo Filosfico e representa nele uma das linhas do Idealismo Subjetivo. Tem por base a exaltao dos fatos, sendo uma reao filosofia especulativa e sua especulao pura. O termo identifica a filosofia baseada nos dados da experincia como a nica verdadeira. O conhecimento se afirma numa verdade comprovada, sendo assim considerado o mtodo experimental o caminho para o pensamento cientfico, a verdade comprovada jamais questionada. O positivismo, uma corrente filosfica, caracteriza-se por trs preocupaes principais: Uma filosofia da histria (na qual encontramos as bases de sua filosofia positiva e sua clebre lei dos trs estados que marcariam as fases da evoluo do pensar humano: teolgico, metafsico e positivo); uma fundamentao e classificao das cincias (Matemtica, Astronomia, Fsica, Qumica, Fisiologia e Sociologia); e a elaborao de uma disciplina para estudar os fatos sociais, a Sociologia que, num primeiro momento, Augusto Comte denominou fsica social.O positivismo defende a idia de que o conhecimento cientfico a nica forma de conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria correta se ela foi comprovada atravs de mtodos cientficos vlidos.v . Os positivistas no consideram os conhecimentos ligados s crenas, superstio ou qualquer outro que no possa ser comprovado cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanos cientficos.O conceito bsico da fenomenologia a noo de intencionalidade. Esta intencionalidade da conscincia que sempre est dirigida a um objeto. Isto tende a reconhecer o princpio que no existe objeto sem sujeito.O termo intencionalidade, primordial no sistema filosfico de Husserl a caracterstica que se apresenta a conscincia de estar orientada para um objeto. No possvel nenhum tipo de conhecimento se o entendimento no se sente atrado por algo, concretamente por um objeto. A fenomenologia descreve os fatos, no explica e nem analisa. Seu principal objeto o mundo vivido, ou seja, os sujeitos de forma isolada. Considera a imerso no cotidiano e a familiaridade com as coisas tangveis. necessrio ir alm das manifestaes imediatas para capt-las e desvendar o sentido oculto das impresses imediatas. O sujeito precisa ultrapassar as aparncias para alcanar a essncia dos fenmenos. O grande mrito da fenomenologia o de ter questionado os conhecimentos do positivismo, elevando a importncia do sujeito no processo de construo do conhecimento. Com isso, pode-se dizer que o mtodo fenomenolgico filosfico e no cientfico. A fenomenologia no leva em considerao a historicidade, mas descreve um pouco mais os fatos e exalta a interpretao do mundo intencionalmente. A fenomenologia, e mais amplamente a filosofia, no apenas compatvel com as cincias sociais, ela lhes necessria como um constante chamado a (suas) tarefas... cada vez que o socilogo volta s fontes vivas de seu saber, ao que nele opera como meio para compreender as funes culturais mais afastadas dele, espontaneamente faz filosofia ... A filosofia no um saber determinado, a vigilncia que no nos deixa esquecer a fonte de todo saber.Assim como o positivismo, esta uma corrente que se inscreve na grande rea filosfica do idealismo, mais especificamente do idealismo subjetivo. Esta corrente foi a fonte alimentadora do existencialismo de Sartre e de Heidegger, popularizadas no ps-guerra.O mtodo dialtico aquele que penetra no mundo dos fenmenos atravs de sua ao recproca, da contradio inerente ao fenmeno e das mudanas dialticas que ocorrem na matria e na sociedade. O pesquisador que aplica o mtodo dialtico compreende a realidade, valoriza a contradio dinmica do fato observado e a atividade criadora do sujeito que est sempre a caminho, em formao, inacabado, aberto para novas alternativas.As definies da dialtica materialista dos clssicos do marxismo ressaltam os aspectos que se referem s formas do movimento universais e as conexes que se observam entre elas. Engels a define como a cincia das leis do movimento e desenvolvimento da natureza, da sociedade humana e do pensamento. E Lnin a define como a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta da unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos d um reflexo da matria em eterno desenvolvimento . Uma das idias mais originais do materialismo dialtico foi ressaltar a importncia da prtica social como critrio de verdade. Assim, as verdades cientficas, em geral, significam graus do conhecimento, limitadas pela histria. Portanto, o pesquisador que seguir essa linha terica deve ter presente em seu estudo uma concepo dialtica da realidade natural e social e do pensamento, a materialidade dos fenmenos e que estes so possveis de conhecer. Este pensar filosfico tem como propsito fundamental o estudo das leis mais gerais que regem a natureza, a sociedade e o pensamento. Isto leva ao estudo da teoria do conhecimento e a elaborao da lgica. Atravs do enfoque dialtico da realidade, o materialismo dialtico mostra como se transforma a matria e como se realiza a passagem das formas inferiores s superiores.

CONCLUSO

Ao estudar a formao profissional, no importa qual seja a profisso e qual a realidade em que ela est inserida, no se pode compreend-la isolada da realidade social, poltica e econmica. Isso porque as profisses respondem a realidade que est posta, segundo os agentes da sociedade, sejam eles, o Estado, os movimentos populares e a classe burguesa. Como foi observada, desde a origem da profisso, a formao profissional responde a um modelo de profissional que se instaura de acordo com as foras sociais de cada momento histrico.Neste sentido a formao profissional possibilita o acesso s informaes sistematizadas de ordem terica, metodolgica e ideolgica, julgadas necessrias para o exerccio futuro da atividade.Assim, as profisses, estando estas integradas a uma realidade dinmica, esto em constantes mudanas. Essas mudanas repercutem na formao profissional, que constantemente fazem as suas reformulaes, de forma a responder as exigncias da sociedade, ou seja, buscando melhor desempenhar a funo social da profisso.O Servio Social foi uma das profisses mais impactadas pelos fatos histricos a partir da ditadura, pois sua ao sempre foi colocada sob a tenso da relao capital versus trabalho. De um lado os dominantes, Estado e Instituies, querendo mais poder e lucro e de outro os trabalhadores, lutando contra a explorao a alienao e a mais valia, deste antagonismo surgiu a questo social, resultantes das lutas no combate as desigualdades e explorao social. neste contexto que impossvel o profissional se manter dentro da neutralidade to difundida no incio da profisso, e assim a categoria pode identificar a ideologia poltica dos dominantes e dominados. Outro grande impacto foi que os profissionais se tornaram mais progressistas, vendendo a sua fora de trabalho, se reconheceram como trabalhadores, e com compromisso de defender os direitos dos trabalhadores

BibliografiaNetto, Jos Paulo. Ditadura e Servio Social: uma anlise do servio social no Brasil ps/64 Editora Cortez, 15 ed. So Paulo 2010.

NICOLAU. Maria C. C. Formao e fazer profissional do assistente Social: Trabalho eRepresentaes Sociais. In: Servio Social e Sociedade, 79. So Paulo: Cortez,2004

Teorizao do servio social, documento do Alto da Boa Vista. Rio de Janeiro: Agir, 1988.

TEORIZAO do servio social. Documento do Alto da Boa Vista. Centro Brasileiro de Cooperao e Intercmbio de Servios Sociais (CBCISS). Rio de Janeiro: Agir, 1988.

A formao profissional e as exigncias do servio social no cotidiano de sua prtica. Servio Social e Sociedade, So Paulo, ano 5, n. 15, p. 82-102, ago. 1984.

IAMAMOTO, M. V. Relaes Sociais e Servio Social no Brasil. 17 ed. SoPaulo, Cortez; CELATS, 2005.3 TrabalhoUniversidade Anhanguera UNIDERPServio SocialAtividades Prticas SupervisionadasTutora a distncia da disciplina Profa. Ma. Laura SantosCleo Laurence Dantas da Costa RA-371253 [email protected] Maria Pereira de Lira RA - 385594 - [email protected] Maria Batista RA 397003 [email protected] Clarice Pereira Fernandes RA - 397004 [email protected] Mendes Ferino RA 400766 - [email protected]

RelatrioFundamentos Histricos e Terico-Metodolgicos do Servio Social II

Currais Novos/RN22/04/2013Introduo

O objetivo deste trabalho consiste na reflexo sobre as influncias dos pressupostos filosficos na histria do Servio Social, refletindo a importncia do movimento de reconceituao iniciado nos anos de 1960 para a profisso, e suas influncias das correntes filosficas no Servio Social: Positivismo, fenomenologia e dialtica.

RelatrioO Servio Social tem suas origens vinculadas doutrina da igreja catlica ela surge como desdobramento da ao social e da ao Catlica da igreja. Est relacionado s profundas transformaes econmicas e sociais que atravessam a sociedade brasileira. As primeiras escolas de Servio Social so fundadas por grupos cristos. Predominavam alunos de classe mdia que buscavam o preparo para o exerccio remunerado e tambm gratificao pessoal.Em posio anloga, encontra-se o Servio Social reconceituado, que se prope atuar sobre as causas, atuar revolucionariamente sobre o sistema. O Servio Social brasileiro procurou apropriar-se da metodologia de trabalho americano, e introduziu nos currculos das escolas o Servio Social de caso, de grupo, organizao social da comunidade, Servio Social de comunidade, posteriormente desenvolvimento de comunidade.Grandes projetos foram implantados com apoios de instituies pblicas (SUDENE, SUDAM, SUDESUL) e por iniciativa da igreja catlica. O processo de implantao da poltica de em pases como a Amrica Latina revelou uma realidade subdesenvolvida: baixo ndice de renda da populao, ausncia de infraestruturas de saneamento, alto ndice de analfabetismo, baixo nvel de sade e de escolaridade. Esses j no eram assuntos apenas de economistas e socilogos, mas tambm para tcnicos do Servio Social e para a populao em geral.No Brasil o encontro regional de escolas de Servio Social do nordeste (1964) considerado a primeira manifestao grupal de crtica ao Servio Social tradicional e ensaio de reconceituao. Dando nfase crtica quanto ao aspecto economicista e adota o processo de conscientizao na linha de liberao do oprimido.A perspectiva modernizadora constitui a primeira expresso do processo de renovao do Servio Social no Brasil. Ela se desdobra nos eventos de Arax (19-26/03/1967) e Terespolis (10-17/01/1970). Esses dois documentos podem ser considerados a tentativa de adequar o Servio Social s tendncias polticas que a ditadura tornou dominante e que no se punha como objeto de questionamento pelos protagonistas que concorriam sua elaborao.Os documentos dos seminrios de Arax, Terespolis e Sumar, representam um marco histrico do Servio Social. Foram momentos durante os quais a profisso refletia sua base e sua prtica. Com base nos documentos de Arax e Terespolis, vrios artigos e dissertaes foram redigidos, analisando e criticando as posies, ideias, mtodos e a histria do Servio Social.Encontro de Arax em MG (1967) reunindo 38 Assistentes sociais docentes e no-docentes, promovido pelo centro brasileiro de cooperao e intercmbio de servios sociais (CBISS). Tendo como objetivo repensar em maior profundidade a teoria bsica do Servio Social e sua metodologia. Tinha ainda como objetivo estudar a possibilidade de teorizao do Servio Social, identificar os conhecimentos que o embasavam, transformar o saber emprico para esclarecer o significado e encontrar uma base segura no que j existia: uma teoria especifica do Servio Social ou a teoria sobre o qual se alicerava.Portanto, a teoria serviria ao Servio Social, como uma forma de responder s perguntas levantadas pela sua aplicao, criticar ou interpretar conceitos e at mesmo aceitar prticas e tcnicas aplicadas, reexaminar esses conceitos e selecionar os que convinham ao Servio Social, e olhar objetivamente a prtica profissional para corrigir suas distores.Sete encontros foram realizados para discuti-lo, dando origem ao prximo encontro que foi o de Terespolis (1970) sobre metodologia com repercusso em toda Amrica Latina. Terespolis prope a reduo quanto prpria condio funcionria do profissional, ele investido de um estatuto bsico de execuo, com a consequente valorizao da ao prtica-imediata.A principal questo de ordem geral diz respeito ao problema do objeto do Servio Social. Deste modo, os participantes dos encontros regionais concluram que: as questes bsicas ainda no foram solucionadas, mas os encontros regionais contriburam para a melhor definio das mesmas. No entanto, o Documento de Terespolis e, principalmente, os documentos anexos foram largamente utilizados e assim contriburam para levar os profissionais ao estudo mais detalhado e profundo dos mtodos e modelos, nos cursos de ps-graduao, e retomar com mais afinco a questo da integrao.Passados oito anos depois (1978) realizou-se o encontro de Sumar (RJ), objetivando a cientificidade do Servio Social. Este encontro registra o deslocamento da perspectiva modernizadora da arena central do debate, da polmica e a disputar seus espaos e hegemonia com ressonncia nos foros de discusso, organizao e divulgao da categoria profissional.O desafio que ficou foi de discutir a construo do objeto do Servio Social mediante um enfoque dialtico que incorpore uma dupla perspectiva: a da cincia e a dos modos de produo das formaes sociais e das conjunturas polticas.A ruptura com o Servio Social tradicional expressa rompimentos das amarras imperialistas, de luta pela libertao nacional e de transformao da estrutura capitalista, concentradora, explorada.Autores identificam cinco enfoques diferentes no movimento de reconceituao: Cientfico, tcnico-metodolgico, ideolgico-poltico, cincia do cotidiano e luta pela profissionalizao. Componentes bsicos da nova proposta: A crtica, quase sempre radical, do Servio Social tradicional e o esforo do Servio Social em construir uma teoria e prxis do Servio Social, em resposta realidade latino-americano e luz de posicionamento ideolgico.No ano de 1993 aprovada uma Lei (n. 8.862) que dispem sobre Regulamentao da Profisso que se consolidou uma perspectiva de transformao social e um projeto tico-politico da profisso que tem profundas razes no movimento de reconceituao do servio social.Hoje com a reconceituao tornou possvel a formao de profissionais com novos perfis, criticando as vertentes individualistas, procurando embasamento cientfico e tico para sua interveno, alm de uma formao continuada, formando uma nova identidade profissional. Portanto representou para o Servio Social o incio de o novo modo de pensar e agir de maneira a criar vnculos com aes transformadoras que vai muito alm do capital, como a defesa acirradados direitos humanos e recusa do arbtrio e do autoritarismo.|No objeto particular do servio social, preciso lembrar que o Apostolado Positivista apresentou para organizaes estatais inicialmente a proteo ao trabalho da mulher, ao trabalho dos menores, aos empregados doentes quando nada disso existia. Foram propostas feitas pelo apostolado positivista em 1930, quando se tratou de organizar a nossa legislao trabalhista. O positivismo influiu de maneira indireta pelas ideias que lanou como a da paz universal, como nesses movimentos ligados questo social, que chamava a ateno da igreja catlica para o problema social, e que ela no podia ficar diferente aos problemas sociais.No positivismo no se trata de socializar os meios de produo, trata-se de socializar o capitalista devendo, entretanto, compreender o seu dever. O mtodo fenomenolgico busca compreender o humano nesta sua especificidade de se dar como vivncia. O mtodo cientifica parte da experincia, como todo conhecimento, e tem por objetivo a ordenao do mundo da experincia, mediante a subordinao da multiplicidade e diversidade dos fenmenos (ou seja, daquilo que dado sob a forma de experincia a cada indivduo) unidade das leis universais.Entretanto, poderamos dizer que, essencialmente, um Servio Social fenomenolgico aquele que busca abordar os problemas sociais do indivduo, do grupo, das instituies, a partir do encontro deste sentido originrio ou razo que funda maneiras especficas de vivenciar o mundo, permitindo compreender (no explicar) comportamentos e atuaes sociais. Um Servio Social fenomenolgico se ocuparia em definir espaos fenomenolgicos, isto , campos de possibilidades e tempos fenomenolgicos, ou seja, engajamentos de pessoas, de grupos ou comunidades. E isso mediante uma ao que deixa de ser interveno para ser mostrao, desvelamento de maneiras de existir.O positivismo aparece no servio social em oposio ao conhecimento que se baseava na subjetiva interpretao pessoal da situao-problema. Na dcada de 60, afirma Kruse que razes polticas e ideolgicas fizeram que o Servio Social comeasse a sair da tutela do positivismo lgico e passasse a se envolver nas mudanas sociais. Nesse contexto, comeam a emergir outras correntes filosficas. Entre estas, o autor refere-se a duas correntes, o marxismo e do existencialismo.A filosofia de Marx parte do estudo dialtico do homem como ser histrico no mundo. Desta forma, ela pretende enfocar um homem concreto vivendo no mundo, em luta constante contra a natureza e em relao com os outros homens. No marxismo, o homem passa a ser visto como o conjunto de suas relaes sociais. Esse conceito passa a ser tomado por alguns autores de Servio Social como o ncleo central, a partir do qual se fazem reflexes sobre a prtica profissional.

Consideraes finais;Ao concluir as etapas propostas neste desafio, percebemos que o Servio Social ao longo de sua histria vem apresentando configuraes no plano terico, metodolgico, tcnico, poltico, cientifico, entre outros, uma srie de investigaes que nos permite entender algumas as nuances de que embebido o trabalho do (a) Assistente Social no ambiente scio ocupacional em apreo. Assim, desta forma podemos ter um esboo da situao conjuntural de como se insere, o Servio Social em sua particularidade, de transformao e luta pela profissionalizao.

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Referncias Bibliogrficas;* FALEIROS, Vicente de Paula. Reconceituao do Servio Social no Brasil: um movimento em questo. Revista Servio Social e Sociedade, n 84. So Paulo: Cortez Editora, 2005. P. 21-34. Disponvel em: . Acesso em: 15mar. 2013.* CBCISS. Teorizao do Servio Social: Documento Alto de Boa Vista. Rio de Janeiro: Agir, 1988. P. 90 a 124 do livro.* CBCISS. Teorizao do Servio Social: Documento Alto de Boa Vista. Rio de Janeiro: Agir, 1988. P. 26 a 37 e 44 a 49 do livro* MACEDO, Myrtes de Aguiar. Reconceituao do Servio Social: Formulaes Diagnsticas. So Paulo: Cortez, 1981. P. 43 a 47 do livro.* NETTO, Jos Paulo. Ditadura e Servio Social: uma anlise do Servio Social no Brasil ps - 64. 14. ed. So Paulo: Cortez, 2009. PLT 324.

4 TrabalhoUniversidade Anhanguera UniderpCentro de Educao a DistnciaCurso Superior de Servio Social

Disciplina: Fundamentos Histricos e Tericos- metodolgicos do Servio Social

Edna Maria dos Reis...................................RA 1299172767Geovana Conceio Gonalves do Amaral RA 1299213448Renata Matarelle Gomes Dias................... RA 6315194424Simone Paula Garcia Silva........................ RA 6300183756Vera Lucia dos Santos................................RA 3823689767

Belo HorizonteAbril / 2013Edna Maria dos Reis.................................. RA 1299172767Geovana Conceio Gonalves do Amaral RA 1299213448Renata Matarelle Gomes Dias.................... RA 6315194424Simone Paula Garcia Silva.......................... RA 6300183756Vera Lucia dos Santos....................................RA3823689767

Atividade Prticas Supervisionadas

ATPS apresentada ao Curso Superior de Servio Social da Universidade Anhanguera Uniderp, como requisito para a avaliao da Disciplina de Fundamentos Histricos e Teoricos-Metodolgicos do Servio Social II para a obteno e atribuio de nota da Atividade Avaliativa.Tutora Presencial: Yasmine Valeff Jorge.Tutora Distncia: Luciana F. Nakamura Zacarin

Belo HorizonteAbril/2013

Sumrio

1- Introduo 42- Reconceituao do Servio Social e suas abordagens 53- Movimento de Reconceituao do Servio Social no Brasil 64- A teorizao e Metodologia do Servio Social 104-1 O Seminrio de Arax4-2 O Seminrio de Terespolis4-3 O seminrio do Alto da Boa Vista5- A Teoria do Servio Social,Positivismo,Fenomenologia e Dialtica 155-1 Positivismo5-2 Fenomenologia5-3 Fenomenologia do Servio Social5-4 Dialtica no Servio Social6- Concluso............................................................................................................217- Referncias Bibliogrficas...................................................................................22

1- Introduo

O Servio Social uma profisso cujo processo de construo no aconteceu de forma contnua e linear, da sua gnese sua trajetria scio-histrico, possuem caractersticas complexas, que nem sempre so apreendida e compreendida pela sociedade e at mesmo dentro da prpria categoria h apreenses divergentes quanto ao seu processo de transformao e atuao profissional.Neste relatrio entende-se como uma profisso que surge no seio da Igreja Catlica, que teve sua base terica os conceitos morais, confessional do Neotomismo, em meio a uma conjuntura scio-histrica e contexto institucional, tem hoje em sua fundamentao terica e prtica o mtodo dialtico de Karl Marx.Para entender todo esse processo de renovao crtica do Servio Social se faz necessrio pontuarmos a denuncia do conservadorismo profissional, iniciada ainda na dcada de 1960 e desenvolvida nas dcadas de 1970 a 1980, sob a influncia do Movimento de Reconceituao do Servio Social Latino Americano, contextualizando a conjuntura histrica da poca no mundo e principalmente na Amrica latina.

2 Reconceituao do Servio Social e suas abordagens

O Servio Social tem em sua gnese, na sociedade capitalista, monopolista, mediante as necessidades da diviso scio-tcnico do trabalho, marcado por um conjunto de variveis que vo desde a alienao, a contradio ao antagonismo.Neste contexto, no Brasil, o Servio Social buscou afirmar-se historicamente como uma prtica de cunho humanitria, atravs da legitimao do Estado e da proteo da igreja, a partir da dcada de 1940.O Conservadorismo profissional pode ser identificado na prtica profissional desta poca, onde a ao profissional consistia em forma de intervir na vida dos trabalhadores, ainda que sua base fosse a atividade assistencial; porm seus efeitos eram essencialmente polticos: atravs do enquadramento dos trabalhadores nas relaes sociais vigentes, reforando a mutua colaborao entre capital e trabalho diferentemente da caridade tradicional, que se limitava reproduo da pobreza, a profisso prope:Uma ao educativa, preventiva e curativa dos problemas sociais atravs de sua ao junto s famlias trabalhadoras; Diferentemente da assistncia pblica, por desconhecer a singularidade e as particularidades dos indivduos, o Servio Social passa a orientar a individualizao da proteo legal, entendida como assistncia educativa adaptada aos problemas individuais;Uma ao organizativa entre a populao trabalhadora, dentro da militncia catlica, em oposio aos movimentos operrios que no aderiram ao associativismo catlico. Esses elementos a autora enfatiza que o Servio Social emerge como uma atividade com bases mais doutrinarias que cientfica, no bojo de um movimento de cunho reformista conservador.E mesmo com o processo de secularizao e ampliao do suporte tcnico-cientfico da profisso, com o desenvolvimento das escolas e faculdades de Servio Social, sob influncia das Cincias Sociais no marco do pensamento conservador, do Servio Social americano.Com o processo de desenvolvimento econmico no Brasil demandaram aos assistentes sociais uma ao profissional, de abordagem individual, grupal e de comunidade.A partir da incorporao terica e metodolgica da abordagem comunitria no Servio Social, os profissionais passaram a sentir maior sensibilidade no tocante as questes macrossociais, alm disso, destaca-se que desta forma de interveno estava mais consoante com as necessidades e as caractersticas de uma sociedade como a brasileira onde a questo social tinha magnitude elementarmente massiva. Esta nova realidade profissional marcou o inicio da eroso das bases do Servio Social tradicional, no qual o assistente social quer deixar de ser um apostolo para investir-se da condio de agente de mudana.Mediante aos fatores aqui expostos, destacam que se deu uma crise ideolgica, poltica e de eficcia na categoria profissional, na qual o Servio Social questionava a sua burocratizao, seu carter importado e sua ligao com as classes dominantes. Consequentemente foi apontado trs projetos para a profisso: A manuteno da matriz conservadora e tradicional; Uma modernizao conservadora; E a ruptura com o conservadorismo, projeto este, herdado pelo Movimento de Reconceituao do Servio Social na Amrica Latina.

3 Movimento de Reconceituao do Servio Social no Brasil

O movimento de Reconceituao conhecido tambm como Reconceitualizao do Servio Social surge em 1930, nos pases com desigualdade sociais, foi criado para dar resposta aos questionamentos da sociedade ao servio social tradicional, e para atendimento das reais necessidades em confronto com governos imperialistas e capitalistas.Nesse sentido, observa-se que a ruptura no ocorre de imediato, mas tenta efetivar-se por um processo de construo, a partir de questionamentos e reflexes crticas acerca do contedo terico-metodolgico da prtica profissional, ante as especificidades do contexto social no qual se inscreve (p.85).Ao fazerem questionamentos sobre a dominao, os profissionais tambm comearam a questionar sua prtica profissional, este movimento na Amrica Latina influenciou o Brasil, mas este movimento em nosso pas foi diferente, considerando a organizao da categoria que buscou a fundamentao para sua metodologia, teoria, tcnica e operacionalizao, tambm em funo da realidade social com produo mais alargada e mais crtica das desigualdades sociais.O movimento de reconceituao social contribuiu fundamentalmente para deslocar o eixo de preocupao do Servio Social da situao particular para uma relao geral e de uma viso psicologizante e puramente interpessoal para uma viso poltica da interao e interveno, foi a partir dos anos de 1960 que o conservadorismo e o tradicionalismo do Servio Social passaram a ser questionados considerando a ocorrncia das mudanas polticas e econmicas e culturais configuradas no Brasil.Nos anos de 70 e 80 que este movimento realmente emergiu, um dos fatores da ecloso desse movimento de Reconceituao foi a perda de nveis salariais das camadas mdias da qual pertencia o Assistente Social, tendo como reao a sua insero nos sindicatos e inicializao poltica da categoria com vis histrico, germinando no interior da categoria, tendo como causa o acirramento das contradies ou aumento das desigualdades sociais, e tambm a inadequao do Servio Social para atendimento destas demandas brasileiras, pois toda a sua fundamentao terica vinha de outros pases e no atendiam a situao brasileira.Os assistentes sociais alm de melhores salrios lutavam tambm contra a carestia e defendiam os moradores das favelas que requisitavam saneamento bsico dentre outras necessidades, com a reflexo do movimento tambm perceberam que no eram considerados profissionais liberais, mas pertencentes classe trabalhadora.O Servio Social foi uma das profisses mais impactadas pelos fatos histricos a partir da ditadura, pois sua ao sempre foi colocada sob a tenso da relao capital versus trabalho, de um lado dominantes, Estado e Instituies, querendo mais poder e lucro e de outro os trabalhadores, lutando contra a explorao a alienao, deste antagonismo surgiu a questo social, resultante das lutas no combate as desigualdades e explorao social, sendo que assim, identificando a ideologia poltica dos dominantes e dominados, impactando os profissionais a se tornarem mais progressistas, vendendo sua fora de trabalho, na luta para serem reconhecidos como trabalhadores e com o compromisso de defender os direitos dos trabalhadores.Foi fator tambm a criao de uma nova identidade profissional baseada em uma dinmica profissional crtica, com anlise da realidade, da totalidade, reconhecendo todo cidado como sujeito de direitos, e no de fatores, promovendo aes para o favorecimento de toda a sociedade, principalmente quando se passou a trabalhar com comunidades.O movimento de reconceituao representou um marco decisivo no desencadeamento do processo de reviso crtica do Servio Social, que foi um saldo qualitativo que foi se estruturando uma profisso interventiva no combate das desigualdades sociais e tambm um marco no processo de politizao e mobilizao de profissionais e estudantes com participao nos sindicatos em todo pas.De 1960 at hoje se caracteriza movimento de reconceituao. O seu significado foi e principalmente a ruptura com o conservadorismo e o tradicionalismo do servio social. Este movimento se constituiu de dois importantes documentos resultantes nos encontros de Arax (1967) e Terespolis (1970), gerando transformaes-scio econmicas, polticas e culturais ocorridas na sociedade, seu um impacto hoje na profisso representa um marco histrico dividindo o servio social em antes e aps a reconceituao.O encontro de 1967 em Arax promovido pelo (CBISS) teve como objetivo repensar a teoria bsica dos indivduos com problemas familiares e sociais muitas das vezes decorridos de aes sociais inadequadas. Assim teve uma reflexo no que tange a adequao da metodologia do servio social em nveis micro e o macro, sendo o micro operacional e o macro, compreendendo as funes do Servio Social ao nvel poltico para o desenvolvimento da infraestrutura social tendo como base o atendimento as necessidades bsicas do individuo sendo elas, programas de sade, educao, habitao, servios.Os movimentos so importantes para a redefinio do assistente social ao situ-lo como funcionrio do desenvolvimento. Foram identificados cinco enfoques no movimento de reconceituao: Cientifico, tcnico, metodolgico, Ideolgico Poltico, cincia do cotidiano e luta pela profissionalizao. O movimento surge como resultado da incidncia; no servio social acompanha a sociedade na infrevel luta por direitos fundamentais incluindo o direito a liberdade.Mais sete encontros, sendo estes regionais, que foram realizados para discutir o documento originrio do encontro de Arax e dando origem o encontro de Terespolis (1970) sobre metodologia com repercusso em toda Amrica Latina, sendo esse encontro voltado para a pratica do servio social que se desenvolveu em um nvel cientifico abordando um mtodo profissional redefinido o papel do assistente social ao situa-lo como um funcionrio de desenvolvimento profissional respaldado por um estatuto bsico de valorizao da pratica de ao social junto ao indivduo.Em 1978 foi o encontro em Sumar (RJ) com o objetivo da cientificidade do servio social, o desafio que ficou foi de discutir a construo do objeto do servio social que aprofunde a compreenso das implicaes polticas de sua prtica profissional , polarizada pela luta de classes. Essa interao entre o aprofundamento terico rigoroso e a pratica renovada mediante um enfoque dialtico que incorpore uma dupla perspectiva, a da cincia e a dos modos de produo das formaes sociais e conjunturas polticas.O objetivo geral do servio social a ao libertadora e transformao do sistema de dominao e que se constituem em finalidade,assim entendido,o servio social como uma prxis precisa atuar para alcanar uma mudana.A elaborao de uma nova metodologia,oferecer uma contribuio indiscutvel,como o desenvolvimento de propostas consistentes e vlidas.Algo muito importante a relao entre a teoria e a pratica,altamente enfatizada tpelo movimento.Por fim o movimento de reconceituaao envolveu reelaboraes por parte de profissionais que buscaram fundamentos,novos conhecimentos e teorias baseados no homem e no mundo,atravs destes foi desenvolvido novas metodologias que deu nova viso a profisso do Assistente Social, um dos objetivos dos seminrios era provocar questionamentos sobre a viabilidade das propores face a realidade brasileira.A Reconceituao do Servio Social este movimento junto aos encontros e seminrios, foram de grande valor, 40 anos depois a reconceituao continua viva de forma que a existncia deste Servio Social crtico que hoje implementa o chamado Projeto Poltico constitudos de trs documentos: Diretrizes Curriculares, Cdigo de tica de 1988 e lei 8.662/92, s foi possvel a partir da reconceituao.Com a reconceituao tornou-se possvel a formao de profissionais com novos perfis, criticando as vertentes individualistas, procurando embasamento cientfico e tico para sua interveno, alm de uma nova formao continuada, para respaldar o carter moderno e atuante da profisso, formando uma nova identidade profissional.Este movimento e suas respectivas consequncias representou para o Servio Social o incio de uma nova prxis um novo modo de refletir, pensa e agir de maneira a criar vnculos junto aos direitos humanos. Com aes transformadoras que vai muito alm do capital, como a defesa intransigente e recusa do arbtrio e do autoritarismo.

4- Teorizao e Metodologia Do Servio Social

Aps a leitura do texto foi preciso estender um pouco mais a direo sobre a histria do servio social e suas lutas e batalha para mostrar significado, especificidade, reconhecimento de sua identidade.A redefinio do servio social se articula a um processo histrico de crtica e autocrtica construindo na linguagem da profisso com movimentos sociais e lutas para mudar as condies particulares de vida das classes trabalhadoras e das condies gerais de reproduo da fora de trabalho e do modo de produo capitalista.O ponto de partida para falarmos sobre a trajetria do significado de Servio Social que sofreu interferncias de fatores tantos externos como internos tem seu incio com ao relatarmos os fatores externos, citamos a dcada de 1960 com a eroso do servio movimento chamado reconceituao social.O servio social latino americano entrou em crise derivada de movimentos libertrios como o movimento do negro, o movimento da mulher, o movimento ambientalista colocando em xeque a ordem burguesa chamada tambm de sociedade capitalista.Esses movimentos questionavam a sociedade capitalista e o papel das instituies sociais e do Estado e com reflexo a forma de atuao do Servio Social.Em resposta aos questionamentos feitos ao Servio social tradicional, um grupo de assistentes sociais organizou o movimento para dar um novo conceito ao Servio Social Latino americano com o objetivo de construir um Servio Social que pudesse atender as necessidades da Amrica Latina. Aqui, podemos vincular as lutas para libertao do domnio imperialista e transformar a estrutura capitalista.Salientamos esse fato e fazemos ponderao dificuldade que foi o passo dos profissionais da poca, pois O Servio Social nasceu para atender aos interesses de uma classe dominante, portanto, no d pra supor que o Servio Social sozinho iria parar de atender os interesses dos norte americanos.Este questionamento foi abrindo uma nova direo e novos desafios. Neste contexto impossvel o profissional se manter dentro da neutralidade, era preciso identificar sua ideologia poltica, sua identidade e seu papel diante a sociedade. Era necessrio repensar o trabalho do assistente social. E a partir dessa reflexo surgiu o movimento de reconceitualizao.No Brasil o Servio social tem suas origens vinculadas Igreja Catlica, surge como desdobramento da ao social.As primeiras escolas do Servio Social so fundadas por grupos cristos e tinha como predominncia alunos de classe mdia que buscavam exerccio remunerado.A base do Servio Social brasileiro era de metodologia americana que introduziu nas escolas de Servio Social de caso de grupo, organizao social da comunidade, posteriormente desenvolvimento em comunidade.Os primeiros passos para o movimento de reconceituao foram movidos pelo impacto das teorias e tentativas de prticas desenvolvistas. O reconhecimento da teoria frgil quanto compreenso da dinmica social, das relaes de classe, dos grupos sociais, das instituies.Os assistentes sociais organizaram vrios encontros nacionais e regionais para por em pauta assuntos de grande interesse da categoria.Em 1961, Rio de Janeiro ocorreu o II Congresso Brasileiro, onde o tema central foi: desenvolvimento nacional para o bem estar social.Em 1962, A conferncia internacional em Petrpolis que enfocou o tema: Desenvolvimento de comunidades urbanas e rurais.O encontro regional de escolas do Servio Social do nordeste (1964) considerado a primeira manifestao grupal de crtica ao Servio Social tradicional e ensaio de reconceituao.Dando nfase crtica quanto ao aspecto economista e adota o processo de conscientizao na linha de liberao do oprimido.A perspectiva modernizadora constitui a primeira expresso do processo de renovao do Servio Social no Brasil.Fator este acontecido nos Eventos de Arax (1967) e Terespolis (1970) e Alto da Boa Vista (1984). Seminrios de Arax, Terespolis, Sumar e Alto da Boa Vista. A importncia desses eventos forma os documentos gerados.

4-1 O Seminrio de Arax

O I Seminrio de Teorizao do Servio Social foi realizado em Arax (MG), no perodo de 19 a 26 de maro de 1967. Entre outros temas, o documento de Arax, publicado pelo CBCISS trata dos nveis da microatuao e da macroatuao do Servio Social.O nvel da microatuao discute a prtica profissional voltada para a prestao de servios diretos. Para tanto, o Servio Social, como tcnica, dispe de uma metodologia de ao que utiliza diversos processos.So os processos de caso, grupo, comunidade e trabalho coma populao.A ditadura pressionava para um modelo capitalista e exigia um profissional preparado para executar os feitos da burguesia. Apesar de ter dado um passo para a ruptura ainda estava sob influncia da ditadura e da prpria profisso que nascera para atender o capital.

4-2 O Seminrio de Terespolis

O Seminrio de Terespolis expunha uma metodologia para o campo de trabalho, a atuao do profissional nas instituies da autocracia burguesa.Nesse sentido, Terespolis situa o assistente social como um funcionrio do desenvolvimento. Para isso, as formulaes de Terespolis apontam para a requalificao profissional do assistente social, definem nitidamente o perfil scio tcnico da profisso e a inscrevem conclusivamente no circuito da modernizao conservadora.As elaboraes que constam dos documentos de Arax e de Terespolis objetivavam instrumentalizar o assistente social para responder s demandas do regime ditatorial; por isso, no buscavam uma nova organizao para a sociedade.No intuito de preparar profissionais, a classe burguesa tinha inteno de controlar a educao e a corrente positivista.O que percebemos, que ainda no ouve uma ruptura e sim uma renovao do conservadorismo burgus.

4-3 O Seminrio do Alto da Boa Vista

O Seminrio do Alto da Boa Vista (1984), foi realizado no Colgio Corao de Jesus, no Rio de Janeiro.Comparando os dois primeiros seminrios com os dois ltimos, chama a ateno para os seminrios de Arax (1967) e de Terespolis (1970), que possibilitavam o dilogo.O III Seminrio de Teorizao do Servio Social foi realizado no Centro de Estudos de Sumar, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, de 20 a 24 de novembro de 1978, tendo por tema: o Servio Social e a cientificidade; o Servio Social e a Fenomenologia; bem como o Servio Social e a Dialtica.Destacamos trs linhas de pensamentos que acompanha a trajetria do servio social O positivismo, a fenomenologia e o marxismo so as principais correntes tericas de pensamento.Durante a ditadura militar foram realizados dois seminrios de teorizao do Servio Social, que representou um marco na histria do Servio Social, foram momentos e encontros durante os quais a profisso refletia sobre suas bases e sua prtica, sendo que estes dois encontros teve repercusso mundial.A partir das vivncias dos indivduos e como esses estabeleciam os significados para suas vivncias. A realidade est dada. O ser humano, com os componentes essenciais de seu sistema nervoso como a memria, o raciocnio hipottico dedutivo, a imaginao, a criatividade, suas emoes, suas intuies e os limites do seu conhecimento acumulado, procura exatamente a compreenso da realidade. A ignorncia o torna inseguro quando a realidade lhe provoca um novo desafio para aprender. Ele, muita vezes, enxerga esse desafio como ameaa. Essa forma de encarar aprendizagem substancialmente fenomenolgica, subjetiva.O ser humano o ser vivo mais complexo do planeta. Seu comportamento multideterminado. Essa afirmao de que o ser humano multideterminado apresenta j em si uma parte dessa complexidade. Quando se fala de determinao quer se encontrar exatamente objetividade. A cincia que se construiu nesses ltimos sculos queria e quer exatamente ser a mais objetiva possvel, e para isso desenvolve uma metodologia capaz no somente de explicar os fenmenos, mas de control-los. E para control-los seria preciso conhecer seus processos, funcionamentos, ou em alguns casos, as leis que regem sua ordenao. O comportamento humano, com toda sua variabilidade, sntese das motivaes internas e externas (de cunho social) alvo de uma cincia que procura construir leis que possam explicar muito bem seu funcionamento (SILVA, 2004). um mtodo compreensivo e no explicativo, indutivo e no dedutivo. Para o Servio Social, a atitude fenomenolgica se caracteriza pelo dilogo, conscientizao, participao, compreenso intersubjetiva, captao intencional das vivncias por meio da presena corporal. Exige conhecimento mtuo (assistente social/usurio) o que implica saber ouvir, sentir com, perceber. Em meados do sculo passado, surgiu em todo o mundo o movimento pela Reconceitualizao do Servio Social, que, no Brasil, foi motivado pela crise do paradigma positivista. Esse mtodo j no atendia s necessidades do Servio Social, em parte pelas suas lacunas inatas, e em outra parte pelas mudanas polticas, econmicas e sociais ocorridas no Brasil. Fazia-se necessrio um mtodo mais adequado realidade latino-americana, em vez de mtodos tradicionais, copiados dos Estados Unidos e Europa.O movimento de Reconceitualizao se realizou atravs de Seminrios Regionais, promovidos pelos prprios Assistentes Sociais, cujo objetivo era a discusso sobre o que era o Servio Social e que Metodologia a profisso deveria utilizar.O Documento Sumar foi produzido no III Seminrio de Reconceitualizao do Servio Social, realizado na casa da CNBB (Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil), na cidade de Sumar, no estado do Rio de Janeiro, no perodo de 20 a 24 de Novembro de 1978.Nesse seminrio, 254 assistentes sociais se reuniram e estudaram diferentes propostas do Servio Social, bem como criticaram o paradigma tradicional (Positivista). Eles estudaram, nesse seminrio, a Cientificidade do Servio Social, o Servio Social e a Fenomenologia, e, o Servio Social e a Dialtica. Os estudos dessas temticas se deram por meio de conferncias, estudos em grupo e sesses em plenria.No entanto, foi a questo relativa cientificidade que motivou Anna Augusta de Almeida a apresentar uma nova proposta, por ela elaborada, que manifesta seu mtodos genrico, baseado no processo de ajuda psicossocial, o qual obtido atravs do dialogo entre a pessoa-assistente social e a pessoa-cliente (pessoa usurio).O dilogo como ajuda psicossocial um processo em que a pessoa-assistente social e a pessoa-cliente efetivam uma experincia, tomando como ponto de partida a situao existencial problematizada .No dilogo, o trabalho que caracteriza a pessoa-cliente, que sujeito de uma experincia, a investigao de uma verdade, a qual em Fenomenologia chamamos de essncia.A metodologia do dialogo necessita tanto do conhecimento da pessoa-assistente social quanto do conhecimento de que a pessoa-cliente portadora, posto que um sem o outro inviabiliza a dialetizao crtica e necessria do conhecimento.

5-Teoria do Servio Social

5-1 Positivismo

O positivismo foi fundado por Augusto Comte em contraposio social, econmica e poltica so do mesmo tipo que as leis naturais e, portanto, o que reina na sociedade uma organizao semelhante da natureza, uma espcie de harmonia natural. O positivismo do sculo XIX originou-se na Inglaterra e, talvez, por isso, se assemelhe ao empirismo, ao sensismo (e ao naturalismo) dos sculos XVII e XVIII, em razo de reduzir, substancialmente, o conhecimento humano ao conhecimento sensvel, metafsica, cincia, ao esprito e natureza, com as relativas consequncias prticas. Diferencia-se, porm, desses sistemas por um elemento caracterstico: o conceito de vira-ser, de evoluo, considerada como lei fundamental dos fenmenos empricos, isto , de todos os fatos humanos e naturais.Tal conceito representa um equivalente naturalista do historicismo, do idealismo da primeira metade do sculo XIX, com a diferena que este ltimo concebia o vir a ser como desenvolvimento racional, teolgico, ao passo que o positivismo o concebe como evoluo por causas. Atravs de um conflito mecnico de seres e de foras, mediante a luta pela existncia, ocorre uma seleo natural, isto , uma eliminao do organismo mais imperfeito, sobrevivendo o mais perfeito.Da o positivismo acreditar firmemente no progresso - como nele j acreditava o idealismo. Trata-se, porm, de um progresso concebido naturalisticamente, quer nos meios, quer nos fins visando ao bem-estar material. O positivismo, enquanto mtodo de anlise uma concepo de mundo, uma postura diante da realidade social. Esta postura consiste em tomar a objetividade como sendo realidade social. , na verdade, a expresso privilegiada do modo de pensar prprio da sociedade burguesa.A caracterstica do pensamento positivista a aceitao da objetividade imediata que a sociedade oferece. A filosofia da histria, tal como concebe Comte, entende que as idias que conduzem e transformam o mundo, e a evoluo da inteligncia humana que comanda o desenrolar da histria. Comte admitia que ns no possamos conhecer o esprito humano seno atravs de obras sucessivas sobre a civilizao, a histria do conhecimento e das cincias. A vida espiritual autntica no uma vida interior, a atividade cientfica que se desenvolve atravs do tempo. O esprito humano, em seu esforo para explicar o universo, passa sucessivamente por trs estados: Teolgico ou Fictcio, Metafsico e Positivo. A lei dos trs estados no somente verdadeira para a histria da nossa espcie, ela o tambm para o desenvolvimento de cada indivduo. A cincia que Comte chamara primeiramente fsica social, e para a qual depois inventou o nome de sociologia reveste-se de importncia capital. Nela iro se reunir o positivismo religioso, a histria do conhecimento e a poltica positiva.

5-2 Fenomenologia

A palavra fenomenologia significa estudo dos fenmenos. Husserl no seu trabalho aborda a cincia da conscincia e de seus fenmenos e considera que no se trata de cincia destinada a dar explicaes sobre o mundo e as coisas, ou de teoria explicativa que venha a acrescentar s anteriores. O conceito de intencionalidade ocupa um lugar central na fenomenologia, definindo a prpria conscincia como intencional, voltada para o mundo. Dessa forma, a fenomenologia pretende, ao mesmo tempo, combater o empirismo e o psicologismo e superar a oposio tradicional entre o realismo e o idealismo. Fenomenologia Social o estudo dos modos como as pessoas vivenciam diretamente seu cotidiano e imbuem as suas atividades de significado. A partir de uma perspectiva determinada, cada um organiza o mundo em um sistema de coordenadas do qual este indivduo o centro. O mesmo ocorre com os demais indivduos. O mundo social se organiza atravs do intercmbio entre os sistemas de coordenadas.Esta idealizao no apenas a situao fsica e espacial. O conceito de situao mais rico do que o de pontos de vista, pois ele envolve o lugar em que algum ocupa na sociedade, o papel que desempenha, as suas posies intelectuais, polticas, ticas e religiosas. justo e necessrio ressaltar a contribuio da fenomenologia no esforo de superar o empirismo. Preocupar-se com o fenmeno, com as intenes do sujeito, com o objeto e com o direcionamento da conscincia. A fenomenologia assume a tarefa de penetrar diretamente no fenmeno entrando em contato efetivo com o mesmo, livre de preconceito e pressuposies.O caminho para tanto a intuio, uma vez que as essncias no so derivadas das aparncias, mas, podem ser percebidas a partir delas. Os fenmenos de acordo com a concepo fenomenolgica situam-se como tudo aquilo que podemos ter conscincia. Implicam, portanto, na correspondente conscincia real e referem-se ao contedo intencional da conscincia. uma direo de nossa ateno, que voltando s costas as coisas percebidas, se detm na qualidade que as fazem serem percebidas. A tarefa no apenas ver e descrever os fenmenos. O simples aparecer das coisas da conscincia era tambm formular uma teoria do conhecimento, que se constitusse em fonte radical de necessidade que desse sentido cincia e razo em geral. Colocam-se os resultados que se pretende atingir com a ao, ou seja, os objetivos ligados s finalidades, enquanto fins ltimos da fenomenologia e to importantes quanto estes. A fenomenologia nunca se orienta pelos fatos externos ou internos. Voltasse para a realidade da conscincia, para os objetivos enquanto decididos por e na conscincia, isto , para as essncias ideais. Trata-se de fenmenos vistos pelos fenomenologos como tudo aquilo que se manifesta imediatamente na conscincia, alcanado por uma intuio, antes de toda e qualquer reflexo ou juzo. Entende-se, dessa forma, que a fenomenologia uma cincia voltada para o vivido, ou seja, prope-se a estudar a realidade social concreta, compreensiva e interpretativa.Essa conscincia terica deve ser entendida como compreenso humanizada do mundo, de si mesmo e das implicaes ltimas do seu ser-no-mundo, integrado ao contexto, considerado sujeito ativo, que compreende e critica conscientemente sua realidade, sendo esta, condio bsica para sua conscientizao. O homem um ser com caractersticas prprias que o difere dos demais seres. Estas caractersticas essencialmente humanas so a pluralidade, que a capacidade do homem de enfrentar e responder aos desafios a partir das relaes que ele trava com o mundo. Mas tambm pela intencionalidade que o homem se percebe a si mesmo e a realidade e a transforma pelo pensamento e pela ao. atravs dessa transformao da realidade objetiva que o homem cria a histria e se faz ser histrico. Tambm atravs das relaes, constantes com o mundo e com os outros que o homem torna-se homem-mundo.

5-3 A fenomenologia no servio social

O movimento de Reconceitualizao do Servio Social se realizou atravs de Seminrios Regionais, promovidos pelos prprios Assistentes Sociais, cujo objetivo era a discusso sobre o que era o Servio Social e que Metodologia a profisso deveria utilizar. Referentes poca mencionada acima podemos destacar os Documentos: Alto da Boa Vista e Sumar. O Documento de Sumar, por exemplo, que foi produzido no III Seminrio de Reconceitualizao do Servio Social, realizado na casa da CNBB (Conferncia Nacional dos Bispos do Brasil), na cidade de Sumar, no estado do Rio de Janeiro, no perodo de 20 a 24 de Novembro de 1978.Netto afirma que: Foram apresentados e discutidos documentos de base sobre a cientificidade do Servio Social, reflexes em torno da construo do Servio Social a partir de uma abordagem de compreenso, ou seja, interpretao fenomenolgica do estudo cientfico do Servio Social, reflexes sobre o processo histrico-cientfico da construo do objeto do Servio Social e Servio Social e Cultura. (NETTO, 1947, p. 196). O seminrio estudou diferentes propostas do Servio Social, bem como criticou o paradigma tradicional Positivista. No entanto, foi a questo relativa cientificidade que motivou um dos assistentes sociais a apresentar uma nova proposta baseada no processo de ajuda psicossocial, o qual obtido atravs do dilogo entre a pessoa-assistente social e a pessoa-cliente (pessoa usurio).O dilogo como ajuda psicossocial um processo em que a pessoa-assistente social e a pessoa-cliente efetivam uma experincia, tomando como ponto de partida a situao existencial problematizada. No dilogo, o trabalho que caracteriza a pessoa-cliente, que sujeito de uma experincia, a investigao de uma verdade, a qual em Fenomenologia chamamos de essncia. A metodologia do dilogo necessita tanto do conhecimento do assistente social quanto do conhecimento de que o usurio portador, posto que um sem o outro inviabiliza a dialetizao crtica e necessria do conhecimento da realidade. Nas formulaes dos profissionais participantes, o Servio Social posto como uma interveno que se inscreve rigorosamente nas fronteiras da ajuda psicossocial. Segundo Almeida (1978, p. 116 apud NETTO, 1947, p. 206), A Nova Proposta uma metodologia genrica pensada a partir da descoberta, no processo de ajuda psicossocial, de um sentido novo. Sabemos que uma das funes do assistente social na poca citada acima era tratar usurios com desajustamentos familiares e/ou sociais, se aproximando do trabalho realizado por psiclogos atualmente. importante ressaltar que a prtica profissional no Servio Social contemporneo no se relaciona tratar problemas de origem psicolgica dos usurios, mas se relaciona com o profissional que visa defender, garantir e informar aos usurios sobre seus direitos.A Fenomenologia nos mostra quo importante a realidade subjetiva de cada usurio. O entendimento da essncia do fenmeno para a conscincia do indivduo feita atravs da reflexo, da crtica. Enquanto assistentes sociais, podemos compreender o significado do fenmeno para o usurio (nossa compreenso no to profunda como a dos psiclogos ou psicanalistas), e atravs disto orient-lo, bem como encaminh-lo ao devido profissional para tratar, se for o caso, a patologia psicolgica.

5-4 Dialtica no servio social

Dialtica o movimento provocado por foras opostas, contraditrias, mas complementares. Por exemplo: a mo de obra humana desenvolveu-se a partir do trabalho, mas o trabalho tambm evoluiu a partir do momento em que esta passou a ser utilizada na construo de objetos. A anlise de Marx acerca da dialtica que o elemento central do materialismo histrico idealizado por Marx baseou-se em um modo de produo especfico que surgiu com a dissoluo do mundo feudal. O surgimento do materialismo histrico trouxe enormes consequncias para a vida e a histria de toda humanidade. De acordo com essa corrente de pensamento e seus prprios ensinamentos, o materialismo histrico no foi produto da criao isolada de um gnio, mas produto da histria e do desenvolvimento social.O materialismo histrico prope que o pensamento no se comporte de forma especulativa, mas que passe da teoria para a prtica, do pensamento ao. Compatibilizar cincia com poltica validando a cincia do ponto de vista histrico. A dialtica do materialismo a posio filosfica que considera a matria como a nica realidade e que nega a existncia da alma, de outra vida e de Deus. Sustenta que a realidade e o pensamento so as mesmas coisas: as leis do pensamento so as leis da realidade. A realidade contraditria, mas a contradio supera-se na sntese que a verdade dos momentos superados. A dialtica marxista postula que as leis do pensamento correspondem s leis da realidade. A dialtica no s pensamento: pensamento e realidade a um s tempo.Estes contedos histricos ditam a dialtica do marxismo: a realidade contraditria com o pensamento dialtico. A contradio dialtica no apenas contradio externa, mas unidade das contradies, identidade: a dialtica a cincia que mostra como as contradies podem ser concretamente isto , vir a ser idnticas, mostrando, tambm, porque a razo no deve tomar essas contradies como coisas mortas, petrificadas. Os momentos contraditrios so situados na histria com sua parcela de verdade, mas tambm, de erro; no se misturam, mas o contedo considerado como unilateral elevado a nvel superior.O exerccio dialtico considera como fundamento da comunicao as relaes sociais historicamente dinmicas, antagnicas e contraditrias entre classes, grupos e culturas. Ou seja, entende a linguagem como um veculo de comunicao e de dificuldade de comunicao, seus significados aparentemente iguais para todos, escondem e expressam Sendo assim, a orientao dialtica de qualquer anlise diz que fundamental realizar a crtica das idias expostas nos produtos sociais (textos, monumentos, instituies) buscando, na sua especificidade histrica, a cumplicidade com seu tempo, as diferenciaes internas e sua contribuio vida, ao conhecimento e s transformaes. A dialtica marxista considera que a vida social o nico valor comum que rene a humanidade a realidade conflituosa das desigualdades, da dominao, da explorao e tambm da resistncia e da conformidade. Portanto, levando em conta que os indivduos, vivendo determinada realidade pertencem a grupos, classes e segmentos diferentes. Eles so condicionados pelo momento histrico e, por isso, podem ter, simultaneamente, interesses coletivos que os unem e interesses especficos que os distinguem e os contrapem.Identificou na sociedade dois movimentos vitais: chamou de dinmico o que representava a passagem para formas mais complexas de existncia, como a industrializao; e de esttico o responsvel pela preservao dos elementos permanentes de toda ORGANIZAO SOCIAL. As instituies que mantm a coeso e garantem o funcionamento da sociedade por exemplo: famlia, religio, propriedade, linguagem, direito etc. seriam responsveis pelo movimento esttico da sociedade. Comte relacionava os dois movimentos vitais de modo a privilegiar o esttico sobre o dinmico, a conservao sobre a mudana. Isso significava que, para ele, o progresso deveria aperfeioar os elementos da ordem e no destru-los.Assim se justificava a interveno na sociedade sempre que fosse necessrio assegurar a ordem ou promover o progresso. A existncia da sociedade burguesa industrial era defendida tanto em face dos movimentos reivindicativos que aconteciam em seu prprio interior quanto em face da resistncia das sociedades agrrias e pr-mercantis em aceitar o modelo industrial e urbano.

6- Concluso

Enfim, a tradio marxista vinculada ao Servio Social ocorreu tanto nos pases de capitalismo avanado como na Amrica do Norte e Europa Ocidental, como nos pases em desenvolvimentos da Amrica Latina. Esta relao no aconteceu por acaso, foi fruto da crise da profisso com a herana conservadora tradicionalista, da presso exercida pelos movimentos sociais revolucionrios e ainda pela atuao do movimento estudantil.Esta relao do Servio Social com a teoria marxista foi possvel para compreender o significado social da profisso, contribuir na reflexo de interveno scio-profissional e, sobretudo para fundamentar a teoria e a prtica profissional. Cuja conquista fundamental foi a conscincia do profissional de sua condio de trabalhador, que rebate na organizao poltica da categoria e na reflexo marxista que, gradativamente, se apropria da realidade social, apreendendo o trabalho como elemento fundamental da vida social.Como vimos o Servio Social no Brasil caracterizado, pela herana do Movimento de Reconceituao, pois, como bem afirma Netto (2005), impossvel imaginar o Servio Social crtico, sem atrel-lo a esta herana, mesmo tendo a convico de que h uma pluralidade ideolgica e terica, prpria da diversidade que formada a categoria profissional, ainda que sob a gide de um projeto tico-poltico que faz a crtica ao tradicionalismo.

7-Referncias

NETTO Jos Paulo, ditadura e servio social, uma analise do servio social no Brasil, pag./64 editor Cortez, 15 Ed so Paulo 2010.ANTONIO Rodrigues Joo; Reconceituao do servio social.SOUSA Aparecida Rosane Martins, Reconceituao do Servio Social.NETTO Paulo Jos; FALEIROS de Paula Vicente, revista do servio social e sociedade n84 ano XXVI - Novembro/ 2005.

5 TrabalhoResenha do livro "ditadura e servio social"

6 COLQUIO INTERNACIONAL MARX E ENGELS Ttulo do trabalho: Servio Social e tradio marxista: notas sobre a teoria social crtica. Autores: Adriana de Azevedo Mathis 1 Joana Valente Santana 2 GT: Marxismo e Cincias Humanas

1.

Introduo

O recorte privilegiado deste artigo refere-se influncia da tradio marxista no Servio Social que se manifesta, particularmente, no debate sobre a formao profissional e a constituio de uma massa crtica na rea, nos anos 80 e 90 do sculo XX, responsvel por grande parte dos avanos registrados nas produes acadmicas, da graduao e ps-graduao dessa profisso, tendo como referencial terico de anlise a teoria social crtica de Marx. Na histria recente do Servio Social, registra-se um crescimento exponencial de investigaes terico-prticas e formas de interveno na sociedade, baseada em uma perspectiva de totalidade na apreenso da dinmica da vida social, fundamentada no aporte do pensamento crtico que ultrapassam, consideravelmente, as vises politicistas, economicistas e culturalistas, principalmente no campo das polticas pblicas. Este trabalho tem como principal objetivo resgatar determinadas categorias de anlise inerentes ao referencial terico-metodolgico da teoria social crtica de Marx, com enfoque no conhecimento do ser social, em contraponto s chamadas cincias sociais. Na seqncia pretende-se retomar e atualizar o debate sobre a influncia da tradio marxista na formao profissional do Servio Social.

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Assistente Social, Doutora em Servio Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora Adjunto II da Faculdade de Servio Social, do Programa de Ps-Graduao em Servio Social e do Programa de Ps- Graduao em Desenvolvimento Sustentvel do Trpico mido do Ncleo de Altos Estudos Amaznicos da Universidade Federal do Par. 2 Assistente Social, Doutora em Servio Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Professora Adjunto II da Faculdade de Servio Social e do Programa de Ps-Graduao em Servio Social da Universidade Federal do Par. As respectivas autoras so professoras das disciplinas de Fundamentos Histricos, Tericos e Metodolgicos do Servio Social IV (graduao) e Teorias Sociais e Servio Social, com nfase em Marx (Ps-graduao) e esse trabalho resultado de um processo de reflexo

1

2. sociais

O debate terico-metodolgico entre a teoria social de Marx e as cincias

Importa registrar que a partir do sculo XIX duas formas de produo do conhecimento vm predominando nas anlises sobre a vida social: as inspiradas no legado marxiano e na vertente positivista. Contudo, essas duas vertentes so distintas, antagnicas e excludentes no que se refere aos aspectos terico-metodolgicos de apreenso da realidade social e elaborao do conhecimento. No mbito da teoria social de Marx 3 , importante frisar que a discusso metodolgica realizada por Marx d-se no momento em que a teoria social, legatria do movimento da Ilustrao, substituda pelas cincias sociais particulares, permitindo a deseconomizao e a desistoricizao da anlise social, com a compartimentalizao do saber entre a economia, a histria e a sociologia. Essa diviso, contudo, impede a anlise da sociedade burguesa numa perspectiva de totalidade e sua contradio fundamental, a saber, a contradio entre o carter social/coletivo da produo e sua apropriao privada pela classe burguesa. Embora a construo do mtodo dialtico no tenha sido central nas elaboraes tericas de Marx, pode-se afirmar que a explicitao do mtodo na teoria marxiana vem a ser feita aps um longo tempo de pesquisa, em que Marx persegue a compreenso da sociedade burguesa numa perspectiva de totalidade. O resultado de suas pesquisas por volta 1857/58 - permite indicar o caminho de apreenso de seu objeto de estudo: Marx procura compreender a processualidade do ser social. Seus estudos tm por objeto de anlise a gnese, constituio e crise da ordem burguesa. Pode-se considerar que a preocupao com o aspecto metodolgico aparece nas teorizaes de Marx em A Ideologia Alem 4 e A misria da filosofia 5 . Contudo, o texto em que h uma melhor exposio do mtodo (de investigao) encontra-se em

conjunta sobre os contedos dessas disciplinas que tratam da incorporao da perspectiva marxista no Servio Social. 3 A teoria social de Marx foi desenvolvida no sculo XIX, no momento em que se inaugurou um programa scio-cultural, a modernidade, que tinha como princpio a potencializao da produo social e o livre desenvolvimento dos indivduos sociais, cujo programa foi criado a partir da Razo Moderna, com base no movimento da Ilustrao e quando ocorre, nesse mesmo sculo, o que Georg Lukcs, Marxismo e teoria da literatura, Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1968, p. 50 denomina de decadncia ideolgica do pensamento burgus. 4 Karl Marx e Friedrich Engels. A Ideologia alem. So Paulo, Martins Fontes, 1989. 5 Karl Marx. A misria da filosofia. So Paulo, Global Editora. Coleo Bases, n 46, 2 ed., 1989. 2

Introduo crtica da economia poltica 6 , o qual foi escrito nos idos dos anos 50 (Sculo XIX), onde neste ltimo texto Marx afirma:O concreto concreto porque a sntese de muitas determinaes, isto , unidade do diverso. Por isso o concreto aparece no pensamento como o processo da sntese, como resultado, no como ponto de partida, ainda que seja o ponto de partida efetivo e, portanto, o ponto de partida tambm da intuio e da representao. No primeiro mtodo, a representao plena volatiliza-se em determinaes abstratas, no segundo, as determinaes abstratas conduzem reproduo do concreto por meio do pensamento 7 .

Em contraposio a Hegel, para quem o real concebido como resultado do pensamento, Marx no texto em referncia afirma queo mtodo que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto no seno a maneira de proceder do pensamento para se apropriar do concreto, para reproduzi-lo como concreto pensado. Mas este no de modo nenhum o processo da gnese do prprio concreto 8 .

Esta passagem explicita a relao sujeito-objeto, vinculada noo materialista, presente na obra marxiana, que compreende o objeto como produto da histria. O objeto pr-existe ao sujeito e no resultado do pensamento, mas a apreenso do objeto s pode ser feita no plano do pensamento que capta o movimento do objeto, captura as determinaes implcitas e reproduz como concreto pensado. Diferentemente da teoria marxiana, a relao sujeito-objeto nas chamadas cincias sociais expressa uma relao de exterioridade. Um dos autores mais representativos dessa tradio de pensamento mile Durkheim9 , para quem a subjetividade do indivduo definida exteriormente e coercitivamente a despeito de sua vontade, isto , a conduta individual segue as regras definidas pela sociedade. Diz o autor: Podemos assim representar-nos, de maneira precisa, o domnio da sociologia. Ele compreende apenas um grupo determinado de fenmenos. Um fato social se reconhece pelo poder de coero externa que exerce ou capaz de exercer sobre os indivduos (...) 10 . Ao definir as regras metodolgicas para observao dos fatos sociais, Durkheim 11 afirma, inicialmente, que esses devem ser considerados como coisas; o objeto da sociologia so os dados que devem ser observados. Essa observao, contudo, deve ser6

Karl Marx. Introduo [ crtica da Economia Poltica]. In Karl Marx. Manuscritos econmicofilosficos e outros textos escolhidos. So Paulo, Abril Cultural, 1974 (volume da coleo Os Pensadores). 7 Marx, Introduo [ crtica da Economia Poltica], cit, p. 116-117. 8 Idem, ibidem, p. 117. 9 mile Durkheim, As regras do mtodo sociolgico, So Paulo, Martins Fontes, 1999. 10 Durkheim, As regras do mtodo sociolgico, cit, p. 10. 11 Idem, ibidem. 3

realizada de forma neutra, com o abandono de todas as pr-noes, pois o objeto exterior ao sujeito e deve ser estudado em si mesmo. Portanto, considerando os fenmenos sociais como coisas, apenas nos conformaremos sua natureza. 12 . Assim, seguindo o mtodo que garanta a mxima percepo objetiva do fenmeno, o socilogo deve definir o objeto de seu estudo, elemento fundamental da verificao dos fatos, com vistas a sua explicao. Em Histria e conscincia de classe, particularmente no texto O que o marxismo ortodoxo, Lukcs 13 trata da importncia do mtodo no contexto da obra marxiana. No texto em referncia, o autor faz uma discusso acerca do que o marxismo ortodoxo, revitalizando as principais teses de Marx, tendo em vista as crticas e as distores sofridas pela obra marxiana. Destaca, fundamentalmente, que a ortodoxia marxista vincula-se ao mtodo dialtico, tal como formulado por Marx. De acordo com o autor:O marxismo ortodoxo no significa, pois, uma adeso sem crtica aos resultados da pesquisa de Marx, no significa uma f numa ou noutra tese, nem a exegese de um livro sagrado. A ortodoxia em matria de marxismo refere-se, pelo contrrio, e exclusivamente, ao mtodo 14 .

Segundo Lukcs 15 (1974) a teoria tem a funo de permitir a uma classe conhecer a si mesma e a sociedade, sendo, portanto, sujeito e objeto do conhecimento, com vistas revoluo social. Da a importncia do mtodo dialtico para conhecer e transformar a sociedade. O mtodo das cincias da natureza no permite a apreenso do carter histrico dos fatos, estes que so produtos de pocas histricas determinadas. Considera-se que o mtodo elaborado por Marx absolutamente atual para compreender as contradies produzidas na sociedade burguesa, com vistas a super-la. A teoria social distingue-se das cincias sociais justamente por ter a clara dimenso de que no possvel recortar um campo particular do saber, separar da realidade e analisar de forma a-histrica. Qualquer fenmeno articulado a uma dimenso de totalidade e s pode ser compreendido no seu prprio movimento marcado por condies histricas. As chamadas cincias sociais, contudo, vm contribuindo para a manuteno de uma ordem especfica: o modo de produo capitalista, influenciando, em particular, os intelectuais que tem como objeto de estudo, a sociedade. Assim sendo, a recuperao do debate existente entre a teoria social e as chamadas cincias sociais imperativa, com12 13

Idem, ibidem, p. 29. Georg Lukcs. Histria e conscincia de classe, Porto, Escorpio, 1974. 14 Idem, ibidem, p. 15. 15 Idem, ibidem. 4

vistas a esclarecer e porque no alertar os estudiosos que tm como objeto de anlise, a vida social, como os intelectuais da rea de Servio Social, no sentido da compreenso dos elementos terico-metodolgicos da teoria social para o conhecimento (e interveno) da/na sociedade. 3. O Servio Social e a tradio marxista Para refletir a relao entre o Servio Social e a tradio marxista faz-se necessrio uma incurso no processo de formao profissional recente. Desse modo, pode-se afirmar que, at meados da dcada de 60, o modelo tradicional de atuao no Servio Social, no apresenta grandes polmicas quanto as suas elaboraes tericometodolgicas. Nesse perodo, evidenciam-se as preocupaes em torno das teorizaes no Servio Social 16 . Netto 17 , ao analisar o perodo da autocracia burguesa e a relao com o Servio Social vai assinalar que, nos idos dos anos 70, consolida-se no interior da categoria, dois processos de grande envergadura: 1) o Movimento de Reconceptualizao, na Amrica Latina, que aposta na reviso crtica radical do tradicionalismo profissional e prope uma nova construo de uma teoria e prxis para o Servio Social contrria abordagem desenvolvimentista vigente na realidade latino-americana da poca e; 2) o processo de renovao do Servio Social brasileiro que busca novos recursos tericos e interventivos que pudessem auxiliar os Assistentes Sociais nas suas prticas profissionais e que atendessem as demandas de qualificao exigidas pela ditadura militar na rea das cincias humanas, no s no Servio Social, como a necessidade de aperfeioamento tcnico, cientfico e cultural dos profissionais na rea de planejamento e implantao de projetos de desenvolvimento. Como diz Netto 18 no perodo da autocracia burguesa, j esto configuradas as trs perspectivas tericas do Processo de Renovao do Servio Social: 1) a perspectiva modernizadora, de influncia estrutural-funcionalista, que emerge na segunda metade dos anos setenta, prope uma recuperao do tradicionalismo profissional sob novas bases; 2) a reatualizao ou nova roupagem do conservadorismo, que tem como referncia a fenomenologia, surge nos finais da dcada16

No caso do Brasil, em particular, essas preocupaes com a teorizao vo coincidir com a instalao do regime militar. 17 Jos Paulo Netto, Ditadura e Servio Social - Uma anlise do Servio Social no Brasil ps-64. So Paulo, Cortez editora, 1991. 18 Idem, ibidem. 5

de setenta, e advoga uma metodologia genrica de ajuda psicosocial, cujo marco referencial dessa proposta estava constitudo pela trade: dilogo, pessoa e transformao social e; 3) a perspectiva de inteno de ruptura, de inspirao marxista, na sua primeira fase, materializada no chamado Mtodo Belo Horizonte, ocorre na dcada de setenta, no interior da academia, pretende uma crtica rigorosa da interveno terico-prtica tradicional profissional, busca romper com antigas prticas conservadoras e introduz o pensamento marxista nos fruns de debate da categoria. Essa primeira aproximao com a tradio marxista, entretanto, foi realizada de forma enviesada, a partir de vulgarizaes e interpretaes equivocadas do pensamento de Marx. Somente a partir dos anos 80 (sculo XX), como observa Netto19 , identifica-se a primeira incorporao bem sucedida, de fonte clssica, da tradio marxiana para a compreenso do Servio Social. Nesse perodo, consolida-se um novo perfil intelectual do Assistente Social onde os avanos conquistados nas pesquisas investigativas da categoria, ao longo dos anos 80 e 90, vo ser tributrias da incorporao do marxismo no Servio Social Destarte, parece emblemtico o debate 20 sobre as principais tendncias presentes na compreenso da metodologia no Servio Social e os seus desdobramentos no processo de ensino e formao dos assistentes sociais. Parte de uma perspectiva crtica das construes e intervenes profissionais, tais como: a relao entre teoria e prtica no seio do Servio Social, a concepo de prtica social e prtica profissional; a discusso sobre concepo de teoria e metodologia; existncia de teoria ou teorias do Servio Social; questes relacionadas particularidade do Servio Social. Nessa direo, objetiva-se a reforma curricular do curso de Servio Social, orientada e estimulada pela ento Associao Brasileira de Ensino e Servio Social (ABESS) e pelo centro de Documentao e Pesquisa em Polticas Sociais e Servio Social (CEDEPSS), que tinham uma orientao crtica de denncia e ruptura com o conservadorismo profissional. Tambm, merece colocar em destaque, de forma breve, o documento de responsabilidade da ABESS/CEDEPSS, intitulado Proposta bsica para o Projeto de Formao Profissional, apresentado em 1995, que tinha como finalidade subsidiar as

Idem, ibidem. Esse debate foi promovido pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC) e pela ento Associao Brasileira de Ensino e Servio Social (ABESS), em 1987. Conta com a participao ativa de influentes autores da tradio marxista que ultrapassam os muros da categoria e tem como foco de anlise o resgate de questes concernentes a disciplina Metodologia do Servio Social (componente da grade do Currculo Mnimo de 1982).20

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discusses sobre a reviso curricular que junto com as entidades representativas da categoria procura assegurar uma direo crtica intelectual e poltica vinculada ao processo de reformulao curricular 21 . No resta dvida que a direo social estratgica assumida pelo Servio Social, nessa poca, baseada no pensamento social crtico, embora no hegemnica no seio da categoria, teve, ao longo dos anos 80 e 90 (sculo XX), inmeros avanos tericometodolgicos, tico-poltico, e tcnico-operativos. Esses avanos profissionais so visveis nos Cdigos de tica Profissional do Servio Social de 1986 e de 1993 que rompem com a viso tradicional da profisso e a reflexo tica deixa de ser puramente terica e passa a se constituir como um instrumento de interveno prtica. Registra-se no Cdigo de tica de 1986 22 uma negao dos pressupostos filosficos abstratos e idealistas do neo-tomismo 23 que influenciaram os trs primeiros Cdigos de tica da Profisso. Nesta angulao, considera-se que preciso conjugar o cdigo de tica profissional, com a qualidade da prtica profissional, com a conscincia poltica e com a organizao da categoria. A reflexo tica apresenta-se como uma mediao entre o saber terico metodolgico e os limites e as possibilidades da prtica profissional. Merece destaque, no documento de reviso do Cdigo de 1986, algumas consideraes concernentes a visualizao da profisso inserida em um espao contraditrio, com interesses de classes divergentes; de um lado, situa-se as esferas dos interesses do Estado e das classes dominantes e, de outro lado, esto as esferas de interesses das classes dominadas o que faz favorecer um clima de tenso na prtica profissional e necessrio uma maior qualificao dos Assistentes Sociais no enfrentamento da questes.

Como diz Marieta Koike. Proposta bsica para o Projeto de Formao Profissional. Revista Servio Social e Sociedade. n.50. Ano XXI. So Paulo, Cortez Editora, abril, 1996, p. 145, esse processo retratado na produo terica, na organizao poltica da categoria, nas reflexes ticas, na ampliao das pesquisas e nas mudanas operadas no prprio exerccio profissional. 22 Apesar do Cdigo de 86 ter registrado avanos importantes na gestao de um novo perfil profissional, com um novo projeto societrio, afinado com os interesses e necessidades das fraes de classe trabalhadora, com uma nova ideologia no enfretamento das polticas sociais, e com uma concepo filosfica de tendncias marxistas, constata-se uma srie de limitaes desse Cdigo que est muito atrelado conjuntura poltica nacional da poca, o que fez perder de vista a totalidade da prtica profissional, constituindo-se mais num manifesto poltico partidrio. Como era de se esperar a reviso do Cdigo de 1986 no tardou e as demais entidades da categoria, expressas pelos seus devidos conselhos e associaes, sinalizaram a insuficincia desse cdigo de tica profissional, a partir da realizao do Seminrio de tica, em 1991. 23 O neotomismo constitui-se uma retomada dos princpios filosficos de So Toms de Aquino, que vai influenciar o Servio Social latino-americano at meados nos anos 60 e 70. 7

21

Desse modo, a prtica do Assistente Social aparece circunscrita em torno da viabilizao dos direitos sociais e polticos em consonncia com a defesa da cidadania 24 . Assim sendo, a grande contribuio do Servio Social fazer valer a manuteno e implantao dos direitos sociais em relao classe dominada. Nesse perodo, afirma-se a maturidade terico-metodolgica do Servio Social 25 . Afirma-se um novo projeto profissional com um novo papel do Assistente Social distinto do profissional executor terminal de polticas pblicas implementadas pelo Estado. Exigia-se um profissional com maior qualificao no desempenho de suas prticas e com uma maior influncia na administrao e planejamento das polticas sociais. O Cdigo de tica 1993 expressa essa maturidade do profissional de Servio Social e incorpora valores que vo se constituir nos princpios fundamentais desse Cdigo, como: a liberdade, entendida enquanto autonomia, emancipao e expanso dos indivduos sociais; cidadania, compreendida enquanto garantia dos direitos sociais; justia social, para assegurar a universalidade dos bens e servios coletivos aos programas e polticas sociais; democracia, incentivando o respeito diversidade e a participao de todos (apresenta-se como um dos componentes bsicos do cdigo e trata-se do nico padro de organizao poltica capaz de assegurar valores essenciais com a liberdade e a equidade); garantia do pluralismo 26 enquanto luta hegemnica entre tendncias.

Nos marcos do capitalismo contemporneo, a questo da cidadania bastante contraditria: ao mesmo tempo, em que o Estado liberal conservador propicia as condies jurdicas para a vigncia dos direitos sociais, boicota com mecanismos prprios, qualquer iniciativa de um movimento das classes trabalhadoras em direo a conquistas de direitos. Essa tenso se materializa no debate terico e na interveno profissional do Servio Social. 25 Como evidencia Jos Paulo Netto. A construo do Projeto tico-Poltico do Servio Social. O Servio Social na Contemporaneidade: trabalho e formao profissional, So Paulo, Cortez Editora, 2007, p 152, o Servio Social uma profisso - uma especializao do trabalho coletivo, no marco da diviso scio-tcnica do trabalho -, com estatuto jurdico reconhecido (Lei n,8.669, de 17 de junho de 1993); enquanto profisso no uma cincia nem dispe de teoria prpria; estudos, investigaes, pesquisas etc. e que produzam c