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TRIBUNAIS DE CONTAS: Natureza jurídica

dos Tribunais de Contas, natureza jurídica e

eficácia das decisões dos Tribunais de

Contas; alcance da fiscalização contábil,

financeira, orçamentária, operacional e

patrimonial

Prof. Marcelo Aragão – Janeiro de 2014

CONCURSO PARA AUDITOR DE CONTROLE INTERNO

DISCIPLINA: CONTROLE INTERNO E EXTERNO

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ESPÉCIES DE CONTROLE

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

1. Controle administrativo: autotutela da administração

pública; também denominado de controle interno; é um

controle de legalidade (anulação) e de mérito (revogação),

por iniciativa própria ou mediante provocação.

2. Controle legislativo: pelo Poder Legislativo sobre a

administração pública (todos os Poderes e administração

indireta) nos aspectos políticos e técnicos/financeiros;

limitado às hipóteses constitucionais.

3. Controle judicial: pelo Poder Judiciário; é um controle de

legalidade e quanto à moralidade, a posteriori e por

provocação; atinge todos os atos da Administração,

vinculados ou discricionários.

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Controle quanto ao objeto ou objetivo

Legalidade (verificação da legalidade e legitimidade da

gestão) e mérito (avaliação de eficiência e resultado;

conveniência e oportunidade).

Art. 75 da Lei 4.320/64: O controle da execução

orçamentária compreenderá:

I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação

da receita ou a realização da despesa;

II - a fidelidade funcional dos agentes da

administração, responsáveis por bens e valores

públicos;

III - o cumprimento do programa de trabalho

expresso em termos monetários e em realização de

obras e prestação de serviços.

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Controle quanto ao momento de execução

1. Controle prévio (liquidação da despesa pelogestor; autorização do Senado para a contrataçãode empréstimo externo; exame pelo TC dalegalidade de editais de licitação antes de suaocorrência).

2. Controle concomitante (realização de inspeções ede acompanhamentos pelo TC; acompanhamentode despesas não autorizadas pela comissão mistado Congresso Nacional).

3. Controle posterior (exame e julgamento deprestações e tomadas de contas, contratos e outrosatos consumados

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Controle quanto ao posicionamento do

órgão de controle

1. Interno – do próprio órgão ou poder; é um

controle mais preventivo e orientador;

espécies: autotutela, supervisão ministerial;

fiscalização pelo SCI.

2. Externo – exercido pelos Poderes Legislativo

e Judiciário e Tribunal de Contas; Controle

Financeiro: o titular é o Poder Legislativo que o

exerce com o auxílio do Tribunal de Contas.

Tem poder sancionador.

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FISCALIZAÇÃO

EXERCIDA PELO CN

(CONTROLE EXTERNO)

E

PELO SCI DE

CADA PODER

ART. 70 DA C0NSTITUIÇÃO FEDERAL

Da União

e das

Entidades

da

Adm. Direta

e

Indireta

Contábil

Financeira

Orçamentária

Patrimonial

Operacional

Legitimidade

Legalidade

Economicidade

Aplicação

Subvenções

Renúncia de

Receitas

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DEVER DE PRESTAR CONTAS - § ÚNICO

DO ART. 70 DA CF

Parágrafo único. Prestará contas qualquer

pessoa física ou jurídica, pública ou privada,

que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou

administre dinheiros, bens e valores públicos ou

pelos quais a União responda, ou que, em

nome desta, assuma obrigações de natureza

pecuniária.

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Alcance da fiscalização – Objetos da

auditoria

• Órgãos e unidades da Administração Direta dos três Poderes(incluindo o próprio TCU);

• Autarquias e fundações;

• Agências reguladoras;

• Empresas públicas;

• Empresas controladas direta ou indiretamente pela União (maioriadas ações com direito a voto: ordinárias);

• Contas nacionais das empresas supranacionais;

• Transferência de recursos a Estados e Municípios (excetotransferências constitucionais);

• Entidades privadas que recebam recursos públicos (Convênios comONGs, Comitês Olímpico e Paraolímpico, OSCIPs, etc);

• Serviços sociais autônomos;

• Entidades de fiscalização profissional que arrecadam e gerenciamcontribuições parafiscais.

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CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

• No Brasil, o controle externo é exercido pelo Poder

Legislativo, com o auxílio dos Tribunais de Contas. O

caput do art. 70, combinado com o caput do art. 71,

define que o Congresso Nacional possui a titularidade do

controle externo, que será exercida com o apoio do

Tribunal de Contas da União.

• Os Tribunais de contas possuem autonomia

administrativa e financeira.

• O CN e o TCU possuem competências privativas e

competências conjuntas.

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CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

• A fiscalização dos Tribunais de Contas pode se dar por

iniciativa própria (de ofício) ou exercida por iniciativa do

Poder Legislativo.

• O Tribunal apreciará, em caráter de urgência, os pedidos

de informações e as solicitações que lhe forem

endereçados pelo Congresso Nacional (ou Assembléia

Legislativa, no caso dos estados) ou por suas

Comissões Técnicas ou de Inquérito. As referidas

hipóteses são:

– auditorias e inspeções de natureza contábil, financeira,

orçamentária, operacional ou patrimonial nas unidades

administrativas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário e

demais órgãos e entidades sujeitos a sua jurisdição;

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CONTROLE EXTERNO NO BRASIL

– solicitações de informações sobre a fiscalização contábil,

financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre

resultados de auditorias e inspeções realizadas;

– pronunciamento conclusivo sobre a matéria que seja

submetida a sua apreciação pela Comissão Mista

Permanente do art. 166, § 1º, da CF;

– auditoria solicitada pela comissão mista permanente de

senadores e deputados ou por comissão técnica de

qualquer das casas do Congresso Nacional, em projetos e

programas autorizados na lei orçamentária anual, em que

se avaliam os seus resultados quanto à eficácia, eficiência,

efetividade e economicidade.

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ATUAÇÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE EXTERNO

• Na União: Congresso Nacional com o auxílio do TCU

• No Estado: Assembléia Legislativa com o auxílio do

TCE

• No DF: Câmara Legislativa do DF com o auxílio do

TCDF

• No Município: Câmara Municipal com o auxílio:

– do TCM (Rio e SP); ou

– do TC dos Ms (PA, GO, BA e CE); ou

– do TCE

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Natureza Jurídica do TC

• Os Tribunais de Contas são órgãos componentes daadministração direta, desprovidos, portanto, depersonalidade jurídica própria.

• Contudo, ao tribunal de contas é reconhecida acapacidade de estar em juízo, ativa ou passivamente,na defesa de suas competências ou direitos próprios.

• O TC é órgão administrativo autônomo e independente(autonomia funcional, administrativa, financeira eorçamentária), no sentido de que deve respeito aoordenamento jurídico sem ser subalterno a outroórgão ou autoridade.

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Natureza Jurídica do TC

• A CF dispõe sobre as competências do TCU no capítulodedicado ao Poder Legislativo, conferindo-lhe aatribuição de prestar auxílio ao Congresso Nacional nodesempenho do Controle Externo. Porém, o Textomagno não subordina o TCU ao Poder Legislativo ouexpressamente o inclui entre órgãos desse Poder.

• Portanto, o TC não é preposto do Legislativo. A funçãoque exerce recebe-a diretamente da Constituição, quelhe define as atribuições.

• A despeito da titularidade do Controle Externo pertencerao Congresso Nacional, cabe ao TCU a maior parte dasatividades especificamente determinadas ao podercontrolador.

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Natureza Jurídica e eficácia das decisões do TC

• A natureza jurídica de seu julgamento é administrativa;contra as suas decisões cabem recursos exclusivamentejunto aos próprios tribunais;

• O Judiciário pode rever as decisões do TC quanto àlegalidade e formalidade (não quanto ao mérito dadecisão); Impossibilidade de revisão pelo Legislativo;

• Os ritos processuais seguidos pelos tribunais de contassão próprios, conforme definidos nas respectivas leisorgânicas e regimentos internos. Porém, desde que hajaprevisão, podem ser aplicadas normas processuais deoutras instâncias, notadamente civis e penais.

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Natureza Jurídica e eficácia das decisões do TC

• As decisões do TC que imputem débito ou apliquemmulta a responsável torna a dívida líquida e certa e temeficácia de título executivo. Significa que:– não é necessário inscrever em dívida ativa os créditos

decorrentes de deliberações do TC;

– as decisões do TC são títulos executivos permitindo ao seutitular propor a correspondente ação executiva para fins decobrança, não sendo necessário o processo de conhecimentojudicial;

– o título é extrajudicial porque é constituído fora do âmbito doPoder Judiciário.

– A condenação em débito é feita pelo TC, mas a titularidade parapromover a cobrança judicial compete ao ente cujos cofres foramlesados.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

1. Função fiscalizadora

Exercida quando o Tribunal, no uso de suas

competências constitucionais, fiscaliza a

atividade dos administradores públicos.

Realização de auditorias e inspeções.

Apreciação para fins de registro dos atos de

pessoal.

Fiscalização da aplicação de recursos

repassados por convênio.

Fiscalização das contas nacionais das

empresas supranacionais (TCU).

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

2. Função judicante

Julgamento das contas dos responsáveis por

bens e valores públicos e daqueles que

causarem prejuízos ao erário.

3. Função consultiva

Parecer prévio sobre as contas de governo.

Parecer sobre regularidade de despesas, por

solicitação da Comissão Mista de Orçamento.

Consultas sobre assuntos de competência do

Tribunal.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

4. Função informativa

Informações ao Legislativo sobre as

fiscalizações realizadas.

Representação sobre irregularidades.

Relatórios de atividades ao Legislativo.

Alertas previstos na LRF.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

5. Função sancionadora

Ocorre quando o TC, ante a constatação de

ilegalidade ou irregularidade, aplica sanções

aos gestores. Essa faculdade deriva do próprio

texto constitucional.

Espécies: multa até 100% do débito; multa sem

débito; declaração de inidoneidade do licitante

fraudador; inabilitação para cargo

comissionado; Medidas cautelares: afastamento

do gestor; indisponibilidade e arresto dos bens.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

6. Função corretiva

Ocorre quando o Tribunal, ao constatar algum

descumprimento à norma legal, assina prazo

para a sua correção.

No âmbito desta função, o TC pode fixar prazo

para adoção de providências; sustar ato

irregular, exceto de contrato (Congresso

Nacional – 90 dias) e formular recomendações e

determinações.

A competência cautelar está vinculada a esta

função.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

Outras funções e competências dos TCs:

- Função pedagógica

- Função de ouvidoria

- Função normativa

Súmula 347 do STF:

“O Tribunal de Contas, no exercício de suas

atribuições, pode apreciar a

constitucionalidade das leis e dos atos do

Poder Público”.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

Mandado de Segurança 23.550 – Competência

para determinar a anulação de contrato.

“O Tribunal de Contas da União – embora não tenha

poder para anular ou sustar contratos administrativos

– tem competência, conforme o art. 71, IX, para

determinar à autoridade administrativa que promova a

anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de

que se originou”.

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FUNÇÕES EXERCIDAS PELOS TCs

Mandado de Segurança 24.510 – competência

para prolatar decisões de natureza cautelar.

“O Tribunal de Contas da União tem competência

para fiscalizar procedimentos de licitação, determinar

a suspensão cautelar (artigos 4° e 113, § 1° e 2° da

Lei n° 8.666/93), examinar editais de licitação

publicados e, nos termos do art. 276 do seu

Regimento Interno, possui legitimidade para a

expedição de medidas cautelares para prevenir lesão

ao erário e garantir a efetividade de suas decisões”.