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1 CUSTEIO E ESTRUTURA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

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CUSTEIO E ESTRUTURA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

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Page 1: Trabalho Previdenciario

1

CUSTEIO E ESTRUTURA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA

SÃO LUÍS

2015

Page 2: Trabalho Previdenciario

2

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

05

2 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL

05

2.1 Natureza Jurídica das contribuições para o custeio da Seguridade Social

06

2.2 Contribuições para a seguridade social em espécies

07

2.3 Arrecadação

09

2.4 Imunidade

09

2.5 Anistia e Remissão

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

09

2.6 Decadência e prescrição

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

09

Page 3: Trabalho Previdenciario

3

3 CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

09

3.1 Contribuições previdenciárias dos trabalhadores e demais segurados

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

10

3.1.1 Segurado empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

10

3.1.2 Segurado contribuinte individual e facultativo

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

11

3.1.3 Segurado Especial

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

11

3.2 Contribuições do Empregador, da Empresa ou entidade a ela equiparada

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

12

3.2.1 Contribuições sobre a receita ou o faturamento e o lucro

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

13

3.2.2 Contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários e

demais rendimentos do salário

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

13

Page 4: Trabalho Previdenciario

4

3.2.2.1 Contribuição das empresas

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

14

3.2.2.2 Contribuição das empresas sobre a remuneração de contribuintes

individuais

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

14

3.2.2.3 Contribuição adicional de 2,5% das instituições financeiras

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

15

3.2.2.4 Contribuição adicional ao SAT em razão do grau de risco da

atividade preponderante

.................................................................................................................................

.................................................................................................................................

15

3.2.2.5 Contribuição adicional ao SAT sobre a remuneração de trabalhadores

expostos a condições especiais

16

3.2.2.6 Contribuição sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de

serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de

trabalho

16

3.2.2.7 Contribuição adicional para o financiamento da aposentadoria especial do

segurado cooperado que preste serviços à empresa tomados por intermédio

de cooperativa de trabalho

17

3.2.2.8 Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol

profissional

Page 5: Trabalho Previdenciario

5

18

3.2.2.9 Contribuição do empregador (produtor) rural pessoa jurídica.

Financiamento dos benefícios por acidente do trabalho

18

3.2.2.10 Contribuição do produtor rural pessoa física, do segurado especial e do

consórcio de produtores rurais. Financiamento dos benefícios por acidente

do trabalho

19

3.2.2.11 Contribuição da agroindústria. O custeio especial e dos benefícios por

acidente de trabalho

19

3.2.3 Contribuições do empregador doméstico

20

4 ESTRUTURA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

20

5 CONCLUSÃO

22

REFERÊNCIAS

23

Page 6: Trabalho Previdenciario

6

1 INTRODUÇÃO

A Constituição Federal de 1988, produto do surgimento gradativo do Estado Social,

foi a primeira a instituir no Brasil o sistema da seguridade social, e estabelece medidas

voltadas a segurança social que fundamentam-se em três pilares: saúde pública, previdência

social e assistência social.

Deste modo, a seguridade social, que na definição da própria Constituição,

compreende um conjunto integrado de ações destinadas a assegurar direitos relativos à saúde,

à previdência e à assistência social, representa a realização de uma parcela dos Direitos

Sociais, que possuem simultaneamente natureza jurídica de direito fundamental de 2ª e 3ª

dimensões.

A respeito das fontes de custeio da previdência social, que constituem o cerne deste

estudo, é necessário tecer relevantes considerações sobre o custeio da seguridade social, cuja

abordagem é indispensável à compreensão da matéria principal.

Insta observar que segundo as lições de Frederico Amado (2014,p.27) dentro da

seguridade social coexistem dois subsistemas: um subsistema contributivo formado pela

previdência social e que pressupõe o pagamento de contribuições previdenciárias dos

segurados para a sua cobertura previdenciária e dos seus dependentes e outro subsistema não

contributivo, composto pela saúde e pela assistência social, que são custeadas pelos tributos

em geral e disponíveis a todas as pessoas que delas necessitem, neste caso, não existe

exigência de pagamento de contribuições específicas dos usuários para que façam jus ao uso

dessas atividades públicas. Neste sentido, a compreensão do custeio previdenciário pressupõe

o estudo dos dois subsistemas supramencionados, sendo relevante ainda a análise da Estrutura

Page 7: Trabalho Previdenciario

7

Geral do Sistema de Previdência no Brasil para que se compreenda por completo seu

funcionamento.

2 CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL

O ilustre jurista Sérgio Pinto Martins (2003, p. 87), neste diapasão, diz que as fontes

de custeio são "os meios econômicos e, principalmente, financeiros obtidos e destinados à

concessão e à manutenção das prestações da Seguridade Social".

As fontes de custeio para a manutenção da seguridade social estão previstas no art.

195 da Constituição Federal, e são provenientes de recursos dos orçamentos da União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como, das receitas decorrentes das contribuições

sociais. Portanto, toda sociedade deverá financiar a seguridade social, seja direta ou

indiretamente, haja vista que sua natureza universal visa proteger a população contra riscos

sociais.

Neste sentido, existe um orçamento específico para a seguridade social, ao lado do

orçamento fiscal e do de investimentos nas empresas estatais, para onde são destinadas as

contribuições, competindo à União cobrir a eventual falta de recursos financeiros para o

pagamento dos benefícios previdenciários.

Ademais, o art. 27, da Lei 8.212/91 aponta outras receitas para o custeio da seguridade

social, tais como, multas, a atualização monetária e os juros moratórios; a remuneração

recebida por serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros; as

doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais; 50% dos valores obtidos e aplicados

na forma do parágrafo único do art.243 da CRFB/88 e 40% do resultado dos leilões dos bens

apreendidos pelo Departamento da Receita Federal do Brasil.

Assim, o financiamento da seguridade social será imputado a toda sociedade de forma

solidária. As pessoas que possuem capacidade contributiva irão contribuir diretamente através

das contribuições sociais e as que não têm capacidade contributiva participarão indiretamente

do custeio através dos orçamentos fiscais das unidades da federação.

Destaca-se ainda que o art. 195, § 5º, da Constituição Federal, estabelece o

importantíssimo Princípio da Preexistência da Fonte de Custeio, pelo qual nenhum benefício

ou serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem que previamente

seja estabelecida sua fonte de custeio.

2.1 Natureza Jurídica das contribuições para o custeio da Seguridade Social

Page 8: Trabalho Previdenciario

8

Segundo Frederico Amado (2014, p.90) a relação de custeio da seguridade social é

claramente de natureza tributária, tendo em vista que com o advento da Constituição Federal

de 1988, restou superada a divisão tripartite do CTN, e define o autor do seguinte modo:

É vínculo jurídico obrigacional público, em que o sujeito ativo (Estado) é credor do sujeito passivo (responsável ou contribuite), que deverá promover o recolhimento de contribuição destinada ao custeio da seguridade social, acrescida de eventuais consectários legais (multas, juros de mora e correção monetária), uma vez realizada em concreto a hipótese de incidência prevista em lei stricto sensu, observada a base de cálculo, a alíquota e os prazos legais

No Sistema Tributário Nacional estatuído pela atual Constituição estão previstas cinco

espécies tributárias: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, os empréstimos

compulsórios e a contribuições especiais, dentre as quais as sociais, em que se incluem as da

seguridade social, as de interesse das categorias profissionais ou econômicas e de intervenção

no domínio econômico.

2.2 Contribuições para a seguridade social em espécies

As contribuições para a seguridade social estão previstas no art. 195 da Constituição

Federal, cujo texto foi reformado pela Emenda 20/1998, passando a exigir lei complementar

para a criação de novas fontes de custeio não previstas no texto constitucional, entretanto, a

despeito desta mudança , a teor do art. 195, §4º, da CRFB/88, não lhes é aplicável o disposto

no art. 154, I, da CRFB, ou seja, é válida a instituição de novas contribuições sociais

cumulativas e com mesmo fato gerador ou base de cálculo dos impostos, mas não de outras

contribuições sócias.

A seguir, a contribuições previstas no art. 195 da CRFB:

I) Contribuições do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma

da lei.

a) incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou

creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo

empregatício;

Page 9: Trabalho Previdenciario

9

Trata-se de contribuição previdenciária patronal para custeio do Regime Geral da

Previdência social, e tem previsão no art. 195, inciso I,alínea a, da CRFB/88 e regulamentada

pelos artigos 22/24 da Lei 8.212/91.

Essa contribuição incidirá sobre o total da remuneração paga ou creditada pelas

pessoas jurídicas aos trabalhadores qe lhes prestam serviços, com ou sem víncuo

empregatício, sendo a sua arrecadação afetada ao pagamento dos benefícios, sendo a sua

arrecadação afetada ao pagamento dos benefícios do RGPS, conforme estabelece o art. 167,

XI, da CRFB/88.

Portanto, trata-se de contribuição destinada ao custeio da previdência social, cujo

estudo é o cerne deste trabalho.

b) incidentes sobre  a receita ou o faturamento;

Consiste na contribuição para o financiamento da seguridade social –COFINS, que

incide sobre a receita ou o faturamento das pessoas jurídicas, incidindo sobre os valores

faturados mensalmente a alíquota de 7,6%.

Destaca-se que é possível a substituição gradativa da contribuição previdenciária

patronal pela COFINS, seja total ou parcialmente.

c)Incidentes sobre o lucro;

Tem previsão no art.195, inciso I, alínea c, da Constituição Federal, e criada pela Lei

7.689/88, sendo a base de cálculo o valor do exercício das empresas antes da provisão para o

imposto de renda.

II) Contribuições do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,

Trata-se também de contribuição previdenciária, mas neste caso, devida pelos

trabalhadores e demais segurados do RGPS, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e

pensão concedida concedidas pelo regime previdenciário, entretanto, será devida pelo

aposentado que continua desenvolvendo atividade laborativa e pela mulher que percebe

salário-maternidade

É prevista no art. 105, II, da CRFB/88 e regulamentada pela Lei 8212/91 nos arts. 20 e

21. E por tratar-se de contribuição previdenciária será estudada mais detidamente neste

trabalho.

Page 10: Trabalho Previdenciario

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II) Concursos de prognósticos.

Define-se concurso de prognóstico todos os concursos de sorteios de números,

loterias, apostas, inclusive aquelas reaizadas em reuniões hípicas, no âmbito federal, estadual,

distrital e municipal.

Consiste no repasse de recursos financeiros arrecadados pelo Poder Público em

decorrência das apostas oficiais, portanto, não se trata tecnicamente de tributo.

IV) Contribuições do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele

equiparar

Esta contribuição é produto da Emenda 42/2003, cuja a incidência se dará sobre o

valor aduaneiro do bem impotado e no caso de prestação de serviços por pessoas residentes

no exterior, incidirá sobre a quantia paga pela prestação.

2.3 Arrecadação

É competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, planejar, executar,

acompanhar e avaliar as atividades relativas à tribuação, fiscalização, arrecadação, cobrança e

recolhimento das contribuições para a Seguridade Social. Ou seja, não mais possuía o INSS a

capacidade tributária ativa para fiscalizar e cobrar as contribuições previdenciárias, cabendo

apenas à autarquia federal administrar o plano de benefícios do RGPS.

2.4 Imunidade

As entidades beneficentes de assistência social são imunes ao pagamento de

contribuições para a seguridade social, desde que atendidos os requisitos legais, conforme

estabelece o art 195, §7º, da CRFB/88. A certificação dessas entidades como sendo de

assistência social pressupõe a diferenciação destas de acordo com a área de atuação, isto pois

a Certificação se fará pelo respectivo ao qual sua atividade está atrelada, seja o Ministério da

Saúde, da Educação ou do Desenvolvimento Social (quando a assistência social se dá fora das

duas áreas anteriores).

2.5 Anistia e remissão

A anistia consiste na hipótese de exclusão de crédito tributário em razão do

cometimento de infrações administrativas, e ocorre entre a realização do fato gerador e o

lançamento do referido crédito. Na remissão por sua vez, a exclusão do extinção do crédito

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ocorre após a constituição. Entretanto, é vedada a concessão de anistia e remissão para débitos

em montante superior ao fixado em lei complementa. Ressalta-se contudo que está lei

complementar ainda não foi promulgada.

2.6 Decadência e Prescrição

Também são causas de extinção do crédito tributário previstas no art.156, do CTN e

decorrem da inércia do Poder Público em constituí-lo mediante o procedimento de

lançamento (decadência) e de cobra-lo após a sua constituição (prescrição), e ambas ocorrem

em cinco anos.

3 CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Conforme ensina Wladimir Novaes Martinez, "entende-se por fonte de custeio os

meios econômicos e, principalmente, financeiros obtidos e destinados à concessão e

manutenção das prestações previdenciárias. Provêm da comunidade e destinam-se ao

consumo de uma fração dela: os beneficiários".

O custeio da previdência social se faz por meio das chamadas contribuições

previdenciárias, que constituem modalidade de contribuição para o custeio da seguridade

social, afetadas ao pagamento do benefícios do RGPS, pois não poderão ter outra finalidade,

conforme determina o art. 167, inciso XI, da Constituição Federal. Tais contribuições são

proveniente de duas fontes constitucionais : a) do trabalhador e demais segurados da

previdência social e b) do empregador, da empresa e da entidade equiparada na forma da lei.

A obrigação previdenciária de custeio é a decorrente de relação jurídica de vinculo

entre o INSS e o contribuinte, bem como entre o INSS e o individuo responsável pelo

cumprimento da obrigação prevista em lei, relativas ao pagamento de contribuições

previdenciárias, ou das penalidades pecuniárias decorrentes do descumprimento dessas

obrigações.

Conforme já foi visto, essa obrigação de custeio tem natureza tributária, decorrendo da

existência de normas legais previamente estabelecidas, como ensina Geraldo Ataliba, “os

fatos que, uma vez concretizados, estabelecem o nascimento do vínculo obrigacional entre o

contribuinte ou responsável e o ente responsável pela arrecadação da contribuição.”

Esses recursos irão para o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, com a

finalidade de prover os recursos para o pagamento dos benefícios desse regime

previdenciário.

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12

3.1 Contribuições previdenciárias dos trabalhadores e demais seguradas

A contribuição previdenciária dos trabalhadores incidirá sobre o salário de

contribuição, este considerado como a base de cálculo para o recolhimento do tributo, exceto

para o segurado especial, pois neste caso incidirá sobre a receita decorrente da

comercialização dos seus produtos.

3.1.1 Segurado empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico

Conforme previsto no art. 20, da Lei 8.212/91, a contribuição previdenciárias desses

segurados terá alíquotas progressivas, que irão variar de acordo com o salário de contribuição,

ou seja, quanto maior o salário, maior a alíquota. Neste caso, a responsabilidade tributária

pelo recolhimento será das empresas, empregadores e equiparados que deverão realizar os

descontos e repassar à Secretaria de Receita Federal.

Em relação ao segurado empregado e trabalhador avulso, haverá presunção absoluta

de desconto das suas contribuições previdenciárias pelo empregador, empresa ou equiparado.

Entretanto, o mesmo não ocorre com os empregados domésticos, que foram descriminados

pela legislação previdenciária, e não gozam da referida presunção absoluta de recolhimento,

apesar de ser de responsabilidade do empregador doméstico.

3.1.2 Segurado contribuinte individual e facultativo

No caso destes segurados, em regra a alíquota da contribuição previdenciária foi

fixada em 20% sobre o salário de contribuição, cabendo ao próprio segurado promover

diretamente o recolhimento tempestivo, sob pena de não filiar-se ao RGPS, o que deve ser

feito mensalmente, ou excepcionalmente, caso o salário de contribuição seja um salário

mínimo, será possível o recolhimento trimestral das contribuições previdenciárias.

O contribuinte individual prestador de serviços às empresas, poderá deduzir de sua

contribuição mensal 45% da contribuição paga pela empresa, a fim de reduzir a contribuição

do segurado para 11% do salário de contribuição, pois neste caso ainda existirá a contribuição

previdenciária da pessoa jurídica.

Entretanto, se o contribuinte individual prestar serviços a entidade beneficente de

assistência social, a alíquota de retenção será de 20% e não de 11%.

Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviços a mais de uma pessoa jurídica

em uma vez somadas, as remunerações extrapolarem o teto do salário de contribuição, poderá

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o segurado escolher uma empresa para que esta faça a retenção e se responsabilize

pessoalmente pelo recolhimento da quantia faltante, na forma do art 216, § 29, do RGPS,

conquanto inexista previsão legal em sentindo estrito.

Destaca-se ainda que o art. 21 da Lei 8.212, facilita a inclusão previdenciária do

microempreendedor individual, pois a sua contribuição previdenciária simplificada passou a

ser de apenas 5% sobre o salário mínimo, e não mais de 11%, sem direito à aposentadoria por

tempo de contribuição.

3.1.3 Segurado Especial

A contribuição dos segurados especiais é diferenciada em razão do que dispõe o art

195,§8º, da CRFB, e determina que contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação

de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios

nos termos da lei.

Esta matéria foi regulamentada pelo art. 25, da Lei 8.212/90, que determina que a

contribuição previdenciária do segurado especial terá alíquota total de 2,1% sobre a receita

proveniente da comercialização de sua produção, sendo 2% de contribuição básica e 0,1%

para o custeio dos benefícios decorrentes dos acidentes de trabalho. Ou seja, não contribuem

com base no salário de contribuição.

Em regra, não caberá ao segurado especial a responsabilidade pelo recolhimento da

sua contribuição previdenciária, e sim ao adquirente da produção, salvo se comercializada no

exterior, diretamente no varejo a pessoa física, a produtor rural pessoa física ou a outro

segurado especial.

Entretanto, será o segurado especial responsável pelo recolhimento da contribuição

previdenciária incidente sobre a receita bruta da comercialização dos artigos de artesanato

elaborados com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, bem como de

serviços prestados, de equipamentos utilizados e de produtos comercializados no imóvel rural,

desde que em atividade turística e de entretenimento.

Se o segurado especial contratar trabalhadores até 120 dias pessoas/dia no ano civil,

será obrigado a recolher as contribuições previdenciárias dessas pessoas até o dia 20 do mês

subsequente ao da competência.

Além disso, se o segurado especial laborar até 120 dias por ano, conforme facultado

pela Lei 11.718/2008, ou exercer mandato de vereador, esta atividade não provocará a

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14

alteração da sua qualidade de segurado especial, mas deverão ser vertidas as contribuições

como se estivesse enquadrado em outra categoria.

3.2 Contribuições do Empregador, da Empresa ou entidade a ela equiparada

A EC n. 47, de 5-7-2005, alterou o § 9º do art. 195 da CF, dispondo que as

contribuições previstas no inciso I do caput do referido artigo “poderão ter alíquotas ou bases

de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão de

obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho”.

3.2.1. Contribuições sobre a receita ou o faturamento e o lucro

O Decreto-Lei n. 1.940/82 criou o FINSOCIAL, esteve em vigor até a criação

da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS. A base de cálculo

da COFINS é o faturamento mensal, conforme dispõe a Lei n. 10.833/2003. O fundamento

constitucional dessa contribuição é o art. 195, I, da CF.

A contribuição para o PIS/PASEP, na forma da Lei Complementar n. 26, de 11-9-

1975, foi recepcionada pelo art. 239 da CF/88 e destina-se ao financiamento do seguro-

desemprego e o abono previsto no § 3º do referido art. 239, no valor de um salário mínimo,

pago aos trabalhadores que recebem remuneração de até dois salários mínimos mensais de

empregadores que contribuem para o Programa

de Integração Social — PIS ou para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor

Público — PASEP.

3.2.2 Contribuições previdenciárias incidentes sobre a folha de salários e demais

rendimentos do trabalho.

Para fins de custeio da seguridade social, o parágrafo único do art. 15 do PCSS

equipara a empresa “o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço,

bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a

missão diplomática e a repartição consular de carreiras estrangeiras”.

A equiparação feita pela lei merece atenção especial porque a relação

jurídica de custeio se modifica em relação ao objeto considerado. Exemplifiquemos: o

contribuinte individual é sujeito passivo da relação de custeio em relação à contribuição que

Page 15: Trabalho Previdenciario

15

recolhe à União nessa qualidade; porém, é sujeito passivo da relação de custeio, na qualidade

de empresa, por equiparação, com relação à contribuição incidente sobre a folha de salários

dos segurados empregados que contratou.

O mesmo ocorre com a cooperativa: é sujeito passivo da contribuição

patronal em relação aos segurados com os quais mantém relação empregatícia; porém, se for

cooperativa de trabalho, não será parte na relação de custeio em relação aos serviços que seus

cooperados prestarem a terceiros.

O fato gerador da contribuição previdenciária, em qualquer de suas modalidades, é

dever, pagar ou creditar remuneração, a qualquer título, a pessoa física. Note-se que o fato

gerador não é o pagamento da remuneração, bastando que ela seja devida ao trabalhador.

A base de cálculo da contribuição, com a modificação introduzida pela EC n. 20/98,

deixou de ser somente os salários, para abranger também rendimentos pagos ou creditados a

qualquer título. Isso porque o sistema previdenciário admite outros segurados que não são

empregados no sentido da legislação trabalhista, e, por isso, não recebem salário.

Para a empresa não há previsão legal de limites máximos da base de cálculo de sua

contribuição previdenciária: a alíquota incide sobre a base de cálculo sem qualquer limitação,

independentemente do valor da remuneração paga a cada um dos beneficiários. Nem poderia

ser de outra forma, em razão do princípio da equidade no custeio. O segurado contribui com

limites mínimo e máximo de salário de contribuição, porque esses serão os limites do valor da

renda mensal dosbenefícios previdenciários que vier a receber.

3.2.2.1. Contribuição das empresas

O fato gerador gerador consiste no dever, pagar ou creditar remuneração, a qualquer

título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, em que o sujeito

ativo será a União e o sujeito passivo, o empregador, a empresa ou entidade equiparada que

deve, paga ou credita remuneração a qualquer título aos segurados empregados e aos

trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços.

A base de cálculo será o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a

qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, destinadas

a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais

sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos

serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador do

serviço, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de

Page 16: Trabalho Previdenciario

16

trabalho ou sentença normativa. Observa-se que a base de cálculo é apurada no período de um

mês e a alíquota: 20%, cujo vencimento será o dia 20 do mês seguinte ao da competência

prorrogando-se o vencimento para o dia útil subsequente

quando não houver expediente nesse dia.

3.2.2.2 Contribuição das empresas sobre a remuneração de contribuintes individuais

O fato gerador será pagar ou creditar, a qualquer título, remuneração a segurados

contribuintes individuais, o sujeito ativo será a União e o sujeito passivo o empregador, a

empresa ou entidade equiparada que paga ou credita remuneração a qualquer título aos

segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços.

Entretanto, não é sujeito passivo a cooperativa de trabalho em relação às importâncias

que distribui, paga ou credita a seus cooperados contribuintes individuais, quando tais

importâncias configurarem remuneração ou retribuição pelos serviços que, por seu

intermédio, prestarem a empresas.

A base de cálculo é total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer

título, durante o mês, a segurados contribuintes individuais com alíquota: 20% e vencimento

no dia 20 do mês seguinte ao da competência, prorrogando-se até o dia útil seguinte quando

não houver expediente nesse dia .

3.2.2.3. Contribuição adicional de 2,5% das instituições financeiras

Os bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas

econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito

imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de

arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de

capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência

privada abertas e fechadas por força do disposto no § 1º, pagam uma contribuição adicional

cuja alíquota é de 2,5% sobre a mesma base de cálculo.

3.2.2.4. Contribuição adicional ao SAT em razão do grau de risco da atividade

preponderante

O inciso II do art. 22 prevê o pagamento de contribuição destinada ao financiamento

do benefício de aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de

Page 17: Trabalho Previdenciario

17

incidência de incapacidade laborativa decorrente de riscos ambientais do trabalho, sobre o

total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e

trabalhadores avulsos. A contribuição é conhecida como SAT — Seguro de Acidentes do

Trabalho, mas não tem destinação exclusiva de custeio dos benefícios decorrentes de

acidentes do trabalho, uma vez que financia também a aposentadoria especial.

O fato gerador consiste em pagar ou creditar remuneração a segurados empregados ou

trabalhadores avulsos (não incluídos os contribuintes individuais). O sujeito ativo é a União e

o passivo a empresa ou entidade equiparada que paga a remuneração a segurados empregados

e trabalhadores avulsos.

A Base de cálculo é o total da remuneração paga ou creditada a segurados

empregados e trabalhadores avulsos (não se inclui a remuneração paga a contribuintes

individuais porque estes não têm direito a benefícios por acidente do trabalho). Destaca-se

entretanto, que neste caso, as alíquotas variam de acordo com o grau de risco de acidentes do

trabalho da atividade preponderante do sujeito passivo.

O Decreto n. 6.042, de 12-2-2007, acrescentou o art. 202-A ao Decreto n. 3.048/99,

instituindo o FAP — Fator Acidentário de Prevenção, que é um multiplicador variável,

destinado a aferir o desempenho da empresa em relação às demais do mesmo segmento de

atividade econômica, considerando a ocorrência de acidentes do trabalho. A aplicação do FAP

poderá causar a redução em até 50% ou o aumento em até 100% das alíquotas da

contribuição.

.

3.2.2.5. Contribuição adicional ao SAT sobre a remuneração de trabalhadores expostos

a condições especiais

O § 6º do art. 57 do PBPS dispõe que a aposentadoria especial será financiada com

recursos provenientes da contribuição prevista no art. 22, II, do PCSS. Porém, as alíquotas

daquela contribuição serão acrescidas de 12%, 9% ou 6% conforme a atividade exercida pelo

segurado a serviço da empresa permita aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de

contribuição, respectivamente.

O fato gerador: pagar ou creditar remuneração a segurados empregados

ou trabalhadores avulsos, o sujeito ativo será a União e o sujeito passivo será a empresa ou

entidade equiparada que paga a remuneração a segurados empregados e trabalhadores

avulsos.

Page 18: Trabalho Previdenciario

18

A base de cálculo consiste no total da remuneração paga ou creditada exclusivamente

a segurados sujeitos a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física

(art. 57, § 7º, do PBPS e art. 202, § 2º, do RPS), variando as alíquotas conforme a atividade

do segurado a serviço do sujeito passivo permita a concessão de aposentadoria especial após

15, 20 ou 25 anos de contribuição. O vencimento é o dia 20 do mês seguinte ao da

competência, prorrogando-se até o dia útil seguinte quando não houver expediente nesse dia.

3.2.2.6. Contribuição sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de

serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho

Há empresas que contratam mão de obra por intermédio de cooperativas de trabalho.

Não há vínculo empregatício entre a empresa tomadora do serviço e o trabalhador associado à

cooperativa. O trabalhador, no caso, também não tem vínculo empregatício com a cooperativa

de trabalho, pois não lhe presta serviço e dela não recebe remuneração.

O fato gerador consiste em tomar e pagar serviços de cooperados unidos em

cooperativas de trabalho. O sujeito ativo, semelhante às hipóteses ateriores será a União e o

sujeito passivo será a empresa contratante que paga o valor da nota fiscal ou fatura de

prestação de serviços.

A Base de cálculo é o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação

de serviços com alíquota de 15% e vencimento até o dia 20 do mês seguinte ao da

competência, prorrogando-se até o dia útil seguinte quando não houver expediente

nesse dia.

3.2.2.7. Contribuição adicional para o financiamento da aposentadoria especial do

segurado cooperado que preste serviços à empresa tomados por intermédio de

cooperativa de trabalho

A Lei n. 10.666/2003 garante aposentadoria especial ao segurado filiado ao RGPS,

associado de cooperativa de trabalho e de produção, que trabalhe sujeito a condições especiais

que prejudiquem sua saúde ou sua integridade física (art. 1º).

A base de cálculo: o valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviço pago ao

cooperado que preste serviço ao sujeito passivo por intermédio de cooperativa de trabalho,

que trabalhe sujeito a condições especiais que prejudiquem sua saúde ou integridade física,

garantindo aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição.

Page 19: Trabalho Previdenciario

19

A alíquotas: variam conforme a atividade do cooperado a serviço do sujeito passivo

permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição. Será

de 9% quando o segurado tiver direito à aposentadoria especial com 15 anos de contribuição;

7% quando tiver direito com 20 anos de contribuição; e 5% quando tiver direito com 25 anos

de contribuição. O art. 1o, § 2o, da Lei n. 10.666/2003 prevê, ainda, a contribuição adicional

de 12%, 9% ou 6%, a cargo da cooperativa de produção, incidente sobre a remuneração paga,

devida ou creditada ao cooperado filiado, quando o exercício da atividade autorize a

concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribui ção,

respectivamente, por fim, destaca-se o vencimento, no dia 20 do mês seguinte ao da

competência.

3.2.2.8. Contribuição da associação desportiva que mantém equipe de futebol

profissional

A associação desportiva que mantém equipe de futebol profissional não participa do

custeio da seguridade mediante pagamento da contribuição patronal prevista no art. 22, I e II,

do PCSS. Em seu lugar, foi instituída a contribuição de que trata o § 6º do art. 22.

O fato gerador consiste em auferir receita em razão da realização de espetáculos

desportivos e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos,

publicidade, propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos.

Mais uma vez o sujeito ativo será a União e o sujeito passivo a associação desportiva

que mantém equipe de futebol profissional e que se organize na forma da Lei n. 9.615/98.

Será também sujeito passivo a associação desportiva que mantiver outras modalidades de

esporte, além de manter equipe de futebol profissional. As demais associações desportivas, ou

seja, as que não mantêm equipe de futebol profissional contribuem na forma dos incisos I e II

do art. 22 e do art. 23 do PCSS.

Entretanto, a contribuição é retida na fonte e recolhida pela entidade promotora do

espetáculo, pela empresa ou entidade que repassar recursos a título de patrocínio,

licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e transmissão de

espetáculos.

A base de cálculo: a receita bruta, inadmitida qualquer dedução, decorrente dos

espetáculos desportivos de que participem em todo território nacional em qualquer

modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais, e de qualquer forma de patrocínio,

licenciamento de uso de marcas e símbolos, publicidade, propaganda e de transmissão de

Page 20: Trabalho Previdenciario

20

espetáculos desportivos, com alíquota de 5% e vencimento até dois dias úteis após a

realização do evento, quando se tratar de recolhimento pela entidade promotora do espetáculo.

Nas demais hipóteses, ovencimento ocorre no dia 20 do mês seguinte.

3.2.2.9. Contribuição do empregador (produtor) rural pessoa jurídica. Financiamento

dos benefícios por acidente do trabalho

Nesta hipótese, a pessoa jurídica se dedica à produção rural e não está obrigada ao

recolhimento da contribuição prevista no art. 22, I e II, da Lei n. 8.213/91. Contribui na forma

do disposto no art. 25 da Lei n. 8.870/94.

O fato gerador é a comercialização de sua produção e a base de cálculo é a a receita

bruta resultante da comercialização da produção, sobre a qual incidirá a alíquota de 2,5%, que

no caso de financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho, a será

de 0,1%. O vencimento é dia 20 do mês subsequente ao da operação de venda, sendo o sujeito

ativo a União e o sujeito passivo o produtor rural pessoa jurídica.

3.2.2.10. Contribuição do produtor rural pessoa física, do segurado especial e do

consórcio de produtores rurais. Financiamento dos benefícios por acidente do trabalho

O produtor rural pessoa física não pode ser confundido com o segurado especial, que

trabalha em regime de economia familiar e sem contratar empregados. O produtor rural

pessoa física, nesta hipótese, é equiparado à empresa. Como segurado obrigatório da

previdência social, é contribuinte individual (art. 12, V, a, do PCSS).

O consórcio de produtores rurais é equiparado, para fins de custeio, ao produtor rural

pessoa física. Esse consórcio é formado pela união de produtores rurais pessoas físicas, que

outorgam a um deles poderes para contratar, gerir e demitir trabalhadores rurais, na condição

de empregados, para prestação de serviços, exclusivamente, aos seus integrantes. O consórcio

deve ser matriculado no INSS em nome do consorciado a quem tenham sido outorgados os

poderes e são responsáveis solidários em relação às obrigações previdenciárias.

O Fato gerador é a comercialização de sua produção, a base de cálculo por sua vez é a

receita bruta proveniente da comercialização da produção, assim entendida a operação de

venda ou consignação. A alíquotas: 2%. Para financiamento da complementação das

prestações por acidente do trabalho, a alíquota é de 0,1%, e o vencimento é no dia 20 do mês

subsequente ao da operação de venda ou consignação da produção rural.

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21

3.2.2.11. Contribuição da agroindústria. O custeio da aposentadoria especial e dos

benefícios por acidente do trabalho

A Lei n. 10.256/2001 incluiu o art. 22-A no PCSS, instituindo a contribuição da

agroindústria, que substitui as contribuições previstasnos incisos I e II do art. 22.

O fato gerador é a comercialização da produção. As operações relativas à prestação de

serviços a terceiros não são fatos geradores da contribuição em comento . O sujeito passiv por

sua vez, é a agroindústria, destacando-se que não são sujeitos passivos dessa contribuição as

sociedades cooperativas e as agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e

avicultura (art. 22-A, § 4º, do PCSS).

A base de cálculo: a receita bruta proveniente da comercialização da produção. Receita

bruta, no caso, é o valor total da receita proveniente da comercialização da produção própria e

da adquirida de terceiros, industrializada ou não.

Alíquota é de 2,5% destinados à seguridade social. Para o financiamento da

aposentadoria especial e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de

incapacidade

3.2.3 Contribuição do empregador doméstico

O empregador doméstico não se enquadra como empresa para fins previdenciários.

Isso porque a atividade do empregado doméstico está limitada ao âmbito residencial de seu

empregador, sem finalidade lucrativa.

O fato gerador é o pagar remuneração a empregado doméstico a seu serviço (art. 24 do

PCSS), a base de cálculo será o salário de contribuição do empregado doméstico, e a alíquota:

12% com vencimento: até o dia 15 do mês seguinte ao da competência.

O empregador doméstico também arrecada a contribuição do empregado doméstico e a

recolhe. No período de gozo de licença-maternidade da empregada doméstica, o empregador

doméstico deverá fazer apenas o recolhimento da contribuição de que é sujeito passivo; é que,

nesse período, a segurada empregada doméstica recebe a cobertura previdenciária de salário-

maternidade e não está obrigada a contribuir para o custeio da seguridade social.

4 ESTRUTURA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Page 22: Trabalho Previdenciario

22

Aos Estados e Municípios a legislação em vigor oferece dois regimes previdenciários

distintos. O primeiro deles seria vincular seus servidores ao Regime Geral de Previdência

Social - RGPS, o qual rege os trabalhadores do setor privado, o que significa, sem

pormenores, pagar, a título de contribuição patronal, sobre a folha bruta dos servidores ativos.

Esse regime segue o modelo de repartição simples, no qual os recursos, em certos períodos,

foram utilizados para financiar gastos do governo, principalmente saúde, tornando-se

deficitários na década de 1990. O outro é o regime de previdência dos servidores públicos,

parte integrante do Regime Jurídico Único (RJU), criado pela Constituição de 1988 para reger

os servidores públicos, ou seja, existência da possibilidade a União, Estados e Municípios

criarem ou reformarem seus regimes próprios de previdência social – RPPS de caráter

contributivo. Destaca-se ainda a existência do regime de previdência complementar e a

previsão do regime dos servidores militares.

A este respeito destaca-se a seguinte estrutura:

Figura 1

Sobre esta estrutura destacam-se os tópicos a seguir:

Page 23: Trabalho Previdenciario

23

O MPS é órgão da Administração direta e tem como área de competência a

previdência social e a previdência complementar.

O INSS por sua vez, é Autarquia Federal, e tem por finalidade : I) promover a

arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições sociais; II) promover o

reconhecimento pela previdência social de direito ao recebimento de benefício por ela

administrados.

DATAPREV é empresa pública responsável por : I) processar o pagamento e o

recolhimento das contribuições sociais das empresas e dos contribuintes individuais;

II) produzir informações gerenciais e estatísticas e pela informatização dos diversos

órgãos previdenciários.

Órgãos colegiados : I) CNPS – responsável pela coordenação política da Previdência

Social e pela gestão do Sistema previdenciário; II) CRPS – competente para julgar as

decisões do INSS nos processos de interesse dos beneficiários e contribuintes; III)

CGPC – órgão normativo que delibera, controla e avalia a execução da política de

previdência complementar das entidades fechadas da previdência.

5 CONCLUSÃO

A diversidade das pessoas e bases econômicas das contribuições para o custeio da

seguridade social atinge, não de forma exemplar, mas satisfatoriamente, a finalidade da norma

constitucional de multiplicidade de fontes de financiamento.

Lado outro, a natureza jurídica tributária outorgada pela Constituição Federal às

contribuições, imprime segurança jurídica aos contribuintes das exações, uma vez que

amparados pelas limitações constitucionais ao poder de tributar e normas gerais de Direito

Tributário.

No que cerne ao custeio da previdência social podemos afirmar que grande parte das

dificuldades financeiras da Previdência é causada pela má gestão dos fundos por parte do

Poder Público e não por falta de arrecadação. Essa dívida interna não é discutida pelo

Governo, que dispõe que não deve assumir esse impasse nas relações de sustentabilidade do

regime que acarreta um ônus desnecessário aos atuais contribuintes.

Ao analisarmos o princípio da precedência, ele nos revela que não pode ser criado

benefício ou serviço, nem majoração ou estendido a categorias de segurados, sem que haja a

correspondente fonte de custeio total, que fora estabelecido na lei constitucional anterior a de

1988, porém, não foi respeitada pelo legislador, como no que ocorre com a edição da Emenda

Page 24: Trabalho Previdenciario

24

Constitucional n. 18/81, que concedia aposentadoria com tempo de serviço diferenciado ao

professor.

REFERÊNCIAS

AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito e processo previdenciário sistematizado. Salvador: Juspodivm, 2014.

BERTUSSI, Luís Antônio Sleimann; TEJADA, César A. O. CONCEITO, ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL In: Teoria e Evidência Econômica, Passo Fundo, v.11, n.20, maio 2003. Disponível em: <http://www.upf.br/cepeac/download/rev_n20_2003_art2.pdf>. Acessado em: 16 jul 2015.

LOBATO, Valter. O custeio da seguridade social e os benefícios de risco: Os princípios aplicáveis e os limites ao poder de tributar. Disponível em:< http://sachacalmon.com.br /wp-content/uploads/2010/12/Artigo-FAPAS TRAT-Valter-Lobato.pdf>. Acessado em:16 jul 2015.

SILVA, Diego Almeida da. Das contribuições para o custeio da seguridade social previstas na Constituição Federal: Uma análise dos seus principais aspectos. In:Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 94, nov 2011. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista _artigos_leitura&artigo_id=10646>. Acesso em 06 jul 2015.