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CAPÍTULO 1 - A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA 1 - Surgimento A Previdência Social, em nosso país, tem início na Lei Eloy Chaves, de 24/01/1923, razão pela qual se comemora no dia 24 de janeiro, a data nacional da Previdência Social, por sugestão do deputado Eloy Chaves, o Congresso Nacional criou, na data supra, por meio do Decreto Legislativo nº 4.682, a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados em empresas de estrada de ferro. 2 - Etapas da Evolução Histórica Propõe-se uma divisão inspirada nas mudanças ocorridas nos órgãos que são os responsáveis pela Previdência Social brasileira. Seis são as fases, a saber: Da criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões; Da criação dos Institutos Previdenciários; Da unificação da legislação previdenciária; Da unificação dos Institutos; Da criação do SINPAS 3 - Da criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (1923- 1933) Nasce com a Lei nº 4.682, de 24/01/1923- a famosa Lei Eloy Chaves- que determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para cada empresa de estrada de ferro. No decênio 1923/1933 foram criadas, por extensão da Lei Eloy Chaves, aproximadamente 183 (cento e oitenta e três) Caixas de Aposentadorias e Pensões para empregados de diferentes empresas com diferentes atividades, tais como as empresas portuárias, de serviços de luz, de serviços de telefone, de mineração etc. Com o aparecimento do IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, o governo abandona o método de criar pequenas instituições por empresas. 4 - Da Criação dos Institutos Previdenciários (1933-1960) A partir de 1933, o governo adotou o método de criar pequenas instituições, pois essas se multiplicavam e, muitas vezes, não tinham condições financeiras para arcar com os benefícios previdenciários dos seus segurados. Resolve, então, instalar entidades de âmbito nacional, nas quais foram englobados trabalhadores de uma mesma atividade ou de atividades afins. Denomina essas entidades de Institutos. Surgem, então, os Institutos de Aposentadorias e Pensões, dos quais se destacam alguns na seguinte ordem cronológica:

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CAPÍTULO 1 - A PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL: ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

1 - SurgimentoA Previdência Social, em nosso país, tem início na Lei Eloy Chaves, de 24/01/1923, razão pela qual se comemora no dia 24 de janeiro, a data nacional da Previdência Social, por sugestão do deputado Eloy Chaves, o Congresso Nacional criou, na data supra, por meio do Decreto Legislativo nº 4.682, a Caixa de Aposentadoria e Pensões para os empregados em empresas de estrada de ferro.

2 - Etapas da Evolução Histórica

Propõe-se uma divisão inspirada nas mudanças ocorridas nos órgãos que são os responsáveis pela Previdência Social brasileira.

Seis são as fases, a saber:

Da criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões; Da criação dos Institutos Previdenciários; Da unificação da legislação previdenciária; Da unificação dos Institutos; Da criação do SINPAS

3 - Da criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (1923-1933)

Nasce com a Lei nº 4.682, de 24/01/1923- a famosa Lei Eloy Chaves- que determinou a criação de uma Caixa de Aposentadoria e Pensões para cada empresa de estrada de ferro.

No decênio 1923/1933 foram criadas, por extensão da Lei Eloy Chaves, aproximadamente 183 (cento e oitenta e três) Caixas de Aposentadorias e Pensões para empregados de diferentes empresas com diferentes atividades, tais como as empresas portuárias, de serviços de luz, de serviços de telefone, de mineração etc.

Com o aparecimento do IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos, o governo abandona o método de criar pequenas instituições por empresas.

4 - Da Criação dos Institutos Previdenciários (1933-1960)

A partir de 1933, o governo adotou o método de criar pequenas instituições, pois essas se multiplicavam e, muitas vezes, não tinham condições financeiras para arcar com os benefícios previdenciários dos seus segurados.

Resolve, então, instalar entidades de âmbito nacional, nas quais foram englobados trabalhadores de uma mesma atividade ou de atividades afins. Denomina essas entidades de Institutos.

Surgem, então, os Institutos de Aposentadorias e Pensões, dos quais se destacam alguns na seguinte ordem cronológica:

1933. Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos – IAPM; 1934. Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários – IAPC; 1934. Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Bancários- IAPB; e 1938. Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários- IAPI.

5 - Da Unificação da Legislação Previdenciária (1960-1966)

Ainda que a idéia de um só organismo existisse desde primórdios da criação dos Institutos, mais viável tornou-se a idéia de unificar direitos e deveres no âmbito previdenciário por meio de uma legislação única a ser observada por todos os Institutos que coexistiriam com estruturas administrativas idênticas.

Tal idéia surge pelo fato de que a cobertura previdenciária dada por cada instituto diferenciava-se daquela dada por outro instituto. Assim, os institutos com maior capacidade financeira forneciam melhores e mais variados benefícios do que os, com menor capacidade financeira.

Então, a partir de 26 de agosto de 1960, a Previdência Social passa a contar com uma lei única, a Lei nº 3.807/60 (Lei Orgânica da Previdência Social). Essa lei uniformizou a legislação previdenciária, ampliando o rol dos benefícios (introduzindo o auxílio-reclusão, o auxílio funeral, o auxílio natalidade) e dos segurados (abrangendo os empregadores e autônomos).

6 - Da Unificação dos Institutos (1966-1977)

Após a unificação legislativa caminhou-se para a unificação dos Institutos em um único órgão: o INPS (Instituto Nacional de Previdência Social). Criado pelo Decreto nº 72 de 21/11/1966. Órgão responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários e arrecadações das contribuições.

7 - Da criação do SINPAS (1977-1990)

A Lei nº 6.439 de 01/09/1977 implementou o SINPAS- Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social, conjunto de partes integradas e inter-relacionadas para garantir a Previdência e Assistência Social, tinha por objetivos a concessão e manutenção de benefícios e prestações de serviços da Previdência e Assistência Social; custeio de atividades e programas a ele relacionados e gestão administrativa, financeira e patrimonial. Possuía como partes constituintes:

INPS – Instituto Nacional de Previdência Social- responsável pelo pagamento dos benefícios previdenciários;

IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social (responsável pelo recolhimento ou arrecadação das contribuições previdenciárias);

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (responsável pelos serviços de assistência médica);

CEME – Central de Medicamentos (responsável pelo fornecimento de medicamentos à população carente);

LBA – Legião Brasileira de Assistência (responsável pelos serviços sociais); FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar do Menor (responsável pelo

menor); DATAPREV – Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social

(responsável pela informatização).Destaca-se que em 05 de outubro de 1988 promulga-se a Constituição da República Federativa do Brasil vigente, e esta define pela primeira vez, na história brasileira, o conceito de SEGURIDADE SOCIAL como conjunto de ações que envolvem de forma integrada a Previdência, Assistência Social e a Saúde.

CAPÍTULO 2 - A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 E A SEGURIDADE

SOCIAL

1 - Conceito

A Seguridade Social é um dos direitos sociais mais abrangentes, integrando os direitos humanos historicamente conquistados. Encontra-se prevista no art. 6º, da CRFB/88 apresentando-se como mecanismo de justiça social e também foi definida no caput do art. 194 do mesmo diploma legal como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à Saúde, a Previdência e Assistência Social”.

A Seguridade Social pode ser conceituada como rede protetiva formada pelo Estado e por pessoas da sociedade, com contribuições de todos, no sentido de estabelecer ações para o sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida digna.

Nesse sentido conclui BALERA (2004, p. 15):

[...], para uma completa compreensão da seguridade social, é necessário vislumbrar-se a importância e alcance dos valores do bem-estar e justiça sociais, os quais são, de fato, bases do Estado brasileiro, assim como diretrizes de sua atuação. A seguridade social é então meio para atingir-se a justiça, que é o fim da ordem social.

Cabe ressaltar a definição de Seguridade Social pela (OIT) Organização Internacional do Trabalho, na Convenção 102, de 1952, nos seguintes termos:

[...] a proteção que a sociedade oferece aos seus membros mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais que, de outra forma, derivam do desaparecimento ou em forte redução de sua subsistência, como consequência de enfermidade, maternidade, acidente de trabalho ou enfermidade profissional, desemprego, invalidez, velhice e também a proteção em forma de assistência médica e ajuda às famílias com filhos.

Tal Convenção foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto-Legislativo nº 269/08.

2 - Princípios Da Seguridade Social

Os princípios da Seguridade Social estão elencados nos arts. 194 e 195 da CRFB/88.

Solidariedade: O sistema é solidário, permitindo que alguns contribuam mais para que aqueles que contribuem menos possam ser beneficiados.

Universalidade na cobertura e no atendimento: No nosso sistema, tem a Seguridade Social como postulado básico à universalidade, ou seja: todos os residentes no país farão jus a seus benefícios (universalidade do atendimento ou subjetiva), bem como, todas as contingências sociais deverão ser cobertas (universalidade da cobertura ou objetiva). Contingências sociais: De forma exemplificativa são: o desemprego involuntário, a doença que incapacita para o trabalho, a invalidez permanente ou temporária, a velhice, a maternidade, a morte etc.

Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: A CRFB/88 disciplina a uniformidade e equivalência de benefícios e serviços às populações urbanas e rurais. A uniformidade das prestações implica a concessão dos mesmos benefícios e serviços a todas as pessoas nos âmbito urbano e rural (vide art. 7º da CRFB/88). A equivalência das prestações obriga à concessão de benefícios de igual valor econômico e de serviços da mesma qualidade.

Seletividade e distributividade na prestação de benefícios e serviços: A seletividade, intimamente ligada ao princípio da igualdade previsto no art. 5º da CRFB/88, compreende o atendimento distinto e prioritário dos mais carentes, segundo a lição de Rui Barbosa, no sentido de que a verdadeira igualdade está no tratamento desigual dos desiguais na medida da sua desigualdade. A seleção das prestações será feita de acordo com as possibilidades econômico-financeiras do sistema da Seguridade Social. O conceito de distributividade é gerado da situação verídica de que nem todos terão os benefícios. Alguns terão outros não. A distributividade também concerne à distribuição de renda, pois o sistema, de certa forma, nada mais faz do que distribuir renda. A distribuição de renda pode ser feita aos mais necessitados, em detrimento dos menos necessitados, de acordo com a previsão legal. Há, também, a redistribuição de renda entre as gerações, à medida que os trabalhadores contribuem para a manutenção dos que ainda não trabalham (menores) e dos que já não trabalham (aposentados). Ex: o salário-família só é pago para os trabalhadores de baixa renda.

Irredutibilidade no valor dos benefícios: O poder aquisitivo dos benefícios não poderá onerar. A forma de correção dos benefícios previdenciários será feita de acordo com o preceituado na lei. As prestações beneficiárias não podem sofrer desvalorização, precisam manter seu valor de compra acompanhando a inflação. O valor real do benefício deve ser preservado por meio de reajuste periódico, repondo as perdas inflacionárias.

Equidade na forma de participação do custeio: Impõe que as contribuições sejam instituídas tomando como base a capacidade econômica de cada contribuinte. O princípio da equidade na forma de participação no custeio é um desdobramento do princípio da solidariedade, pois quem ganha mais deve suportar um ônus maior, para que ocorra a justa participação no custeio. Ex: contribuição progressiva para empregados, alíquota adicional para Instituições financeiras.

Diversidade na base de financiamento: A base de financiamento deve ser o mais abrangente possível para não por em risco a gestão do sistema. O custeio provém de toda a sociedade, de forma direta e indireta. A Seguridade Social buscará seus recursos em fontes diversas, tais como os orçamentos públicos, as contribuições

dos empregadores e dos trabalhadores, o faturamento e o lucro das empresas, os concursos de prognósticos (loterias), etc. Obs.: As fontes de custeio são instituídas através de Lei Complementar.

Caráter democrático e descentralizado da administração: É a chamada gestão quadripartite do sistema, com a participação de representantes do governo, das empresas, dos trabalhadores e dos aposentados.

Tríplice forma de custeio: O custeio tríplice envolve contribuições dos trabalhadores, das empresas e do próprio governo.

Preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço: Este princípio visa ao equilíbrio atuarial e financeiro do sistema securitário. A concessão de novo benefício ou a ampliação de já existente não pode ocorrer sem a previsão da origem dos recursos.3 - Os Subsistemas da Seguridade Social

Conforme já mencionado a Seguridade Social foi definida no caput do art. 194 da CRFB/88 como “um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar o direito à Saúde, a Previdência e Assistência Social”.

De acordo com ensinamento de IBRAHIM (2010, p. 5), foi objetivo do legislador constituinte, ipsis litteris:

[...] criar um sistema protetivo, até então inexistente em nosso país, e certamente os autores de língua espanhola tiveram sua influência na elaboração da norma. O Estado, pelo novo conceito, seria capaz de atender aos anseios e necessidades de todos na área social.

[...]

A intervenção estatal, na composição da seguridade social, é obrigatória, por meio de ação direta ou controle, a qual deve atender a toda e qualquer demanda referente ao bem-estar da pessoa humana.

Diante isso, os subsistemas da Seguridade Social são: Saúde, Assistência Social e Previdência Social.

4 - Saúde A CRFB/88 trata o tema na Seção II – Da Saúde – arts. 196 a 200. Surge com a extinção do INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) e CEME (Central de Medicamentos).

Descentralizada no Sistema Único de Saúde (SUS) para toda a população, com direção única em dada esfera do governo nas unidades da Federação, sendo União, Estados e Municípios.

O acesso à Saúde independe de pagamento e é irrestrito, ou seja, universal. O art. 196 da CRFB/88 dispõe, ipsis litteris:

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos a ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Conforme dispõe a Constituição, a Saúde é considerada um direito de todos e dever do Estado, mediante políticas públicas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e serviços de sua promoção, proteção e recuperação.

Diante isso, a Saúde é vista sob a ótica defendida pela Organização Mundial de Saúde, isto é, de forma ampla não somente no aspecto físico biológico, mas também no aspecto socioeconômico. Saúde é um estado geral de bem estar.

Decorre da concretização constitucional a incumbência do Poder Público de regular, fiscalizar e controlar as atividades pertinentes ao setor da Saúde, cuja execução pode realizar diretamente ou através de terceiros.

A prestação direta é feita por via das ações e serviços públicos de saúde, através de uma rede regionalizada e hierarquizada, constituída enquanto Sistema Único.

A prestação indireta ocorre pela iniciativa privada, que poderá também participar de forma complementar no Sistema Único de Saúde.

5 - Princípios Constitucionais Específicos

Princípio do atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais, dispositivo legal art. 198, II da CRFB/88.

Princípio da equidade na prestação dos serviços, dispositivo legal art. 198, caput, da CRFB/88.

Princípio da descentralização, dispositivo legal art. 198, I, da CRFB/88. Princípio da participação da comunidade, dispositivo legal art. 198, III, da CRFB/88. Princípio da vinculação de recursos para a saúde, dispositivo legal art. 198, § 2º, da

CRFB/88, a partir da EC nº 29/2000.6 - Organização da Saúde

O SUS (Sistema Único de Saúde) foi criado pela Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 e, regulamentado pela Lei Orgânica da Saúde de nº 8.080/90 e, pela Lei nº 8.142/90, que, dentre outros, trata da participação comunitária na gestão do Sistema.

Não há qualquer vínculo entre o SUS (Sistema Único de Saúde) e a Previdência Social, embora muitos confundam os institutos, pois no período anterior à promulgação da Constituição, ambos participavam do extinto SINPAS (Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social), na qual administrava recursos para Saúde, Assistência e Previdência Social.

A pretensão legal de Universalidade e Abrangência dos benefícios faz com que o SUS (Sistema Único de Saúde) tenha uma grande tarefa a ser executada, visto que a Saúde é de caráter universal e não contributivo.

Na Saúde destacam-se também a participação da sociedade, como nos demais segmentos da Seguridade Social. Aqui há o Conselho Nacional de Saúde – CNS, criado pelo Decreto nº 5.839/06, sendo órgão colegiado de caráter permanente, integrante do Ministério da Saúde, composto por representantes do governo, dos prestadores de serviços, profissionais de saúde e usuários.

O Sistema Único de Saúde é financiado com recursos do orçamento da Seguridade Social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.

Por fim, ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições:

Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a Saúde, além de participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; Participar na formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional,

bem como bebidas e água para consumo humano; Participar do controle da fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de

substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

7 – Assistência SocialA CRFB/88 trata o tema na Seção IV- Da Assistência Social- arts. 203 a 204. Surge com a extinção da LBA (Legião Brasileira de Assistência) e FUNABEM (Fundação Nacional do Bem Estar do Menor.

A Assistência Social é regida por lei própria (Lei nº 8.742/93), a qual traz definição legal deste segmento da Seguridade Social, ipsis litteris:

A Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de

ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.

Descentralizada, realizada por meio de convênios com entidades assistenciais de todo o país, independe de contribuição e destina-se, somente, aos setores carentes da população.

A Assistência Social será prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição à Seguridade Social. Aqui, o requisito básico é a necessidade do assistido.

A Assistência Social tem por objetivos:

Proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; Amparo às crianças e adolescentes; Promoção à integração ao mercado de trabalho; Habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e; Garantia de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência

física ou mental ou idoso após completar o mínimo de 65 anos de idade, desde que comprovada a carência.O benefício mensal de um salário mínimo somente será pago ao necessitado, que, para efeitos legais, é para o idoso (maior de 65 anos) ou o deficiente incapaz de prover a sua manutenção, e cuja renda mensal familiar per capita seja inferior a ¼ (um quarto) do salário-mínimo vigente.

A prestação pecuniária assistencial tradicional é conhecida como Benefício de Prestação Continuada, instituída pela Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) e regulamentado no art. 203, inciso V, da CRFB/88, que prevê este benefício. Tecnicamente, não se trata de benefício previdenciário, embora sua concessão e sua administração sejam feitas pelo INSS (Autarquia da Previdência Social).

A concessão é feita pelo INSS devido a preceitos práticos – se o INSS já possui estrutura própria espalhada por todo o país, em condição de atender à clientela assistida, não haveria necessidade da manutenção em paralelo de outra estrutura.

Além do benefício de Prestação Continuada, tradicionalmente conhecido como prestação assistencial por excelência, o Governo Federal tem mantido diversas ações neste segmento, tais como os seguintes programas: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Bolsa família, Auxílio-Gás, Farmácia Popular do Brasil, entre outras.

Com o intuito de melhor gerenciar os programas assistenciais do governo, o Decreto nº 6.135/07 instituiu o Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, como instrumento de identificação e caracterização socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do Governo Federal voltados ao atendimento desse público (art. 2º). No entanto, é importante observar que tal cadastro não se aplica aos programas administrados pelo INSS (art. 2º, § 1º).

8 – Previdência Social

A CRFB/88 trata o tema na seção III- Da Previdência Social – arts. 201 a 202, para os filiados ao RGPS (Regime Geral de Previdência Social), arts. 40, 93, VI e 129, § 4º, para os filiados ao RPPS (Regime Próprio de Previdência Social) e, arts. 202, 40, §§ 14, 15 e 16 para os filiados em Regime Complementar de Previdência, além de vasta legislação ordinária e complementar.

No Brasil, existem três regimes previdenciários:

RGPS (art. 201, CRFB/88)

Regimes Básicos

RPPS (art. 40, CRFB/88)

Previdência Social Aberto

Privado

(art. 202, CRFB/88)

Fechado

Regimes Complementares

Público – Fechado

(art. 40, §§ 14, 15, 16, CRFB/88

Abordar-se-á de maneira distinta cada modalidade de Regime Previdenciário em capítulos distintos, visto se tratar de tema de extrema relevância para o curso.

CAPÍTULO 3 – CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL1 - ConceitoIniciar-se-á o tema introduzindo o disposto no artigo 194 do Decreto nº. 3.048/99, que estabelece a forma pela qual a Seguridade Social é financiada, ipsis litteris:A Seguridade Social é financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de contribuições sociais.No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social composto das receitas provenientes:

I – da União;

II – das contribuições sociais; e

III – de outras fontes.

2 - Receitas Provenientes da UniãoAs receitas provenientes de contribuições da União advêm de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária Anual. Ou seja, além das contribuições sociais, cuja receita está vinculada diretamente ao financiamento da Seguridade Social, a União pode por meio da Lei Orçamentária Anual, destinar recursos provenientes da arrecadação de outros tributos para Saúde, Previdência e Assistência Social.

3 - Contribuições Sociais

O artigo 195 da CRFB/88 estabelece as seguintes contribuições sociais, ipsis litteris:

I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

II – do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre a aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;

III – sobre a receita de concursos e prognósticos.

4 - Receitas Provenientes de Outras Fontes

Constituem receitas originadas de outras fontes diferentes do orçamento da União e de contribuições sociais aquelas que estão arroladas no artigo 213 do Decreto nº 3.048/99, ipsis litteris:

Art. 213. Constituem outras receitas da seguridade social:

I - as multas, a atualização monetária e os juros moratórios;

II - a remuneração recebida pela prestação de serviços de arrecadação, fiscalização e cobrança prestados a terceiros;

III - as receitas provenientes de prestação de outros serviços e de fornecimento ou arrendamento de bens;

IV - as demais receitas patrimoniais, industriais e financeiras;

V - as doações, legados, subvenções e outras receitas eventuais;

VI - cinquenta por cento da receita obtida na forma do parágrafo único do art. 243 da Constituição Federal, repassados pelo Instituto Nacional do Seguro Social aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde e a ser aplicada no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins;

VII - quarenta por cento do resultado dos leilões dos bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal; e

VIII - outras receitas previstas em legislação específica.

Parágrafo único. As companhias seguradoras que mantêm seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei n. 6.194, de 19 de dezembro de 1974, deverão repassar à seguridade social cinquenta por cento do valor total do prêmio recolhido, destinados ao Sistema Único de Saúde, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.

* Parágrafo único com redação dada pelo Decreto n. 3.265, de 29/11/1999 (DOU de 30/11/1999 - em vigor desde a publicação).

Salienta-se informar de que somente a União, no exercício de sua competência residual, poderá instituir novas fontes destinadas a garantir a manutenção e expansão da Seguridade Social.

A criação de contribuições sociais por meio do exercício da competência residual deve ocorrer por meio de Lei Complementar (art. 195, § 4º c/c 154, I, CRFB/88).

Além disso, deve ser obedecido o princípio da não cumulatividade e, essas contribuições devem ter fato gerador e, a base de cálculo diferente das bases de cálculo de contribuições já existentes.

Para legislar sobre fonte já prevista na CRFB/88, a União se valerá de Lei Ordinária.

Quanto ao princípio da anterioridade das Contribuições Sociais – art. 195, § 6º, CRFB/88, basta observar o prazo de 90 dias, se instituídas ou modificadas. Se for extinta ou reduzida não precisa aguardar o prazo de 90 dias (nonagintídio, nonagesimal, noventena).

5 - Insuficiências Financeiras

Vale ressaltar que a União é a responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, quando decorrentes do pagamento de benefícios de prestação continuada da Previdência Social, na forma da Lei Orçamentária Anual.

6 - Destinações das Receitas Originadas de Contribuições Sociais

As receitas provenientes de contribuições sociais são destinadas ao financiamento da Seguridade Social como um todo, ou seja, tais receitas serão utilizadas para a Saúde, Assistência Social e Previdência Social conforme disposição legal.

Algumas dessas receitas são vinculadas aos financiamentos de setores específicos ligados à Seguridade Social, conforme segue abaixo.

As receitas provenientes da cobrança de débitos dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como da alienação, arrendamento ou locação de bens móveis ou imóveis pertencentes ao patrimônio do INSS deverão constituir reserva técnica, em longo prazo, que garantirá o seguro social instituído no Plano de Benefícios da Previdência Social. É vedada a utilização dessas receitas para cobrir despesas de custeio em geral, inclusive as decorrentes de criação, majoração ou extensão dos benefícios ou serviços da Previdência Social, admitindo-se sua utilização, excepcionalmente, em despesas de capital, em conformidade com a Lei Orçamentária.

Os recursos das contribuições sobre a receita ou o faturamento e sobre o lucro poderão contribuir para o pagamento dos encargos previdenciários da União, na forma da Lei Orçamentária Anual, assegurada a destinação de recursos para as ações de Saúde e Assistência Social.

Cinquenta por cento (50%) da receita obtida nos leilões de todo e qualquer bem de valor econômico provenientes da apreensão, em decorrência de tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins serão repassados pelo INSS aos órgãos responsáveis pelas ações de proteção à saúde, para serem aplicados no tratamento e recuperação de viciados em entorpecentes e drogas afins.

As companhias seguradoras que mantêm seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres, de que trata a Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, deverão repassar à seguridade social 50% (cinquenta por cento) do valor total do prêmio recolhido, destinados aos SUS, para custeio da assistência médico-hospitalar dos segurados vitimados em acidentes de trânsito.A Constituição Federal em sua Seção II, Capítulo II, Título VI traça as regras para a elaboração do Orçamento da União, destacando-se no âmbito previdenciário o artigo 167, inciso XI que veda à utilização dos recursos provenientes das contribuições das empresas ou entidades equiparadas na forma da lei incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício e a dos trabalhadores e demais segurados da Previdência Social, incidentes sobre o seu salário de contribuição para a realização de despesas distintas do pagamento de benefícios previdenciários. Esse dispositivo foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.1998. Atente para o fato que, antes da Emenda n° 20, o artigo 18 da Lei n° 8.212/91, que versa sobre o Custeio da Seguridade Social, autorizava a utilização desses recursos para a cobertura de despesas com pessoal e administração em geral do INSS.

Assim, o artigo 18 da Lei n° 8.212/91 está automaticamente revogado em parte com relação a essas contribuições, prevalecendo apenas à permissão para a utilização dos recursos da Seguridade Social, obtidos por meio das contribuições das empresas incidentes sobre faturamento e lucro para cobrir despesas com pessoal e administração em geral do INSS.

Ainda, com referência ao artigo 18 da Lei de Custeio, observe que não foram mencionadas as receitas provenientes de concursos de prognósticos, assim, observe que essas receitas somente podem ser usadas para o custeio de benefícios e serviços prestados pela Seguridade Social.

7 - Contribuições Sociais das Empresas

Sobre a remuneração dos empregados e avulsos (art. 22, I, § 1º, Lei 8.212/91).

20% sobre remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados e avulsos que lhes prestem serviço. As empresas do ramo financeiro devem pagar uma alíquota adicional de 2,5%, elevando-se a contribuição 22,5%.

Sobre a receita ou o faturamento das empresas – a COFINS foi instituída pela Lei Complementar nº 70/1991. A COFINS possui como base de cálculo o faturamento mensal, compreendendo o total das receitas obtidas pela pessoa jurídica independentemente de sua denominação ou classificação contábil (art. 1º, Lei nº 10.883/03). O PIS (Programa de Integração Social) também incide, de regra, sobre o faturamento das empresas, em conformidade com o art. 239 da CRFB/88.

A Contribuição Social sobre o Lucro Liquido – CSLL, está a cargo da União e é arrecadada pela Receita Federal do Brasil. Segundo o douto IBRAHIM (2009, p. 252), in verbis:

A base de cálculo da CSLL é fixada em 32% da receita bruta, nas atividades de prestação de serviços em geral (exceto a de serviços hospitalares), intermediação de negócios, administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer natureza, prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring).

1%, 2% ou 3% sobre a remuneração referente ao SAT/GILRAT, dependendo de o risco de ocorrência de acidente de trabalho ser leve, médio ou grave, respectivamente. A previsão legal encontra-se no art. 10, da Lei 10.666/03, ipsis litteris:A alíquota de contribuição de um, dois ou três por cento, destinada ao financiamento do benefício de aposentadoria especial ou daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, poderá ser reduzida, em até cinqüenta por cento, ou aumentada, em até cem por cento, conforme dispuser o regulamento, em razão do desempenho da empresa em relação à respectiva atividade econômica, apurado em conformidade com os resultados obtidos a partir dos índices de freqüência, gravidade e custo, calculados segundo metodologia aprovada pelo Conselho Nacional de Previdência Social.

As alíquotas do SAT/GILRAT são acrescidas de 6%, 9% ou 12% se a atividade exercida pelo segurado, a serviço da empresa, ensejar a concessão de aposentadoria especial após 25, 20 ou 15 anos de contribuição, respectivamente. O referido complemento incide, exclusivamente, sobre a remuneração dos segurados expostos aos agentes nocivos (físicos, químicos e biológicos) que prejudiquem a saúde e a integridade física.A empresa é obrigada a recolher, ainda, para outras entidades e fundos (terceiros como: SESI, SENAC, SESC etc.), Em regra, o valor é de um percentual de 3,5%, que é cobrado e arrecadado pela Secretaria da Receita Previdenciária.

O recolhimento deve ocorrer no dia 20 do mês seguinte à prestação do serviço ou deve ser antecipado caso não haja expediente bancário no dia 20.Sobre a Remuneração dos Contribuintes Individuais (art. 22, III, Lei 8.212/91, e art. 1º, § 2º, Lei 10.666/03)

20% sobre a remuneração dos contribuintes individuais que lhes prestem serviço. As empresas do ramo financeiro devem pagar uma alíquota adicional de 2,5%, elevando-se a contribuição para 22,5%.O Adicional de 2,5% das Instituições Financeiras

Segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o legislador ao inserir a alíquota adicional de 2,5% para as Instituições Financeiras, assim o fez, em respeito aos princípios constitucionais da isonomia, capacidade contributiva, dentre outros. Nesse sentido, a desembargadora federal, Dra. Ramza Tartuce, assim expõe:

O adicional de 2,5% vem sendo exigido, pela Lei 7.787/ 89, das entidades financeiras, entre elas, os bancos comerciais, sendo esta cobrança destinada ao Plano de Custeio da Seguridade Social introduzido pela Lei 8.212/91. Em seu voto a desembargadora federal relatora, Ramza Tartuce, sustenta que o adicional de 2,5% exigido das empresas está em harmonia com os princípios da isonomia e capacidade contributiva.

Para Ramza "não há como se negar que as entidades financeiras tem condições de suportar a carga tributária, consubstanciada na alíquota adicional, independentemente de cogitar-se de lucro ou faturamento ou de se estabelecer comparação com outros grupos econômicos".

Entende a relatora que "alguns pagam mais, para que outros possam pagar menos, com vista ao objetivo da justiça social e da solidariedade social”.1

1 Primeira Seção do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (São Paulo e Mato Grosso do Sul).

Sobre os Serviços Prestados por Cooperativas de Trabalho (art. 22, IV, Lei 8.212/91 e art. 1º, § 1º, Lei 10.666/03)

A empresa deve pagar contribuição previdenciária de 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços de cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho.

As Empresas que Contratam Profissionais Filiados a Cooperativas de Trabalho para exercerem suas atividades sob condições especiais que prejudiquem a saúde e a integridade física contribuem, adicionalmente, com a alíquota de 5%, 7% ou 9% nos casos em que o agente nocivo enseje direito à aposentadoria especial de 25, 20 ou 15 anos, respectivamente.

As cooperativas de produção devem pagar contribuição adicional de 12%, 9% ou 6% incidente sobre a remuneração paga, devida ou creditada ao cooperado filiado na hipótese de exercício de atividade que autorize a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente.

Contribuição Substitutiva da Parte PatronalAs empresas contribuem para a Previdência Social utilizando como base de cálculo a folha de remuneração dos trabalhadores que lhes prestem serviço. Essa base, entretanto, pode ser alterada em razão da atividade econômica do contribuinte, como dispõe o art. 195, § 9, da CRFB/88, ipsis litteris:

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...]§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão-de-obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005).

Nesse caso, a empresa passa a contribuir para o RGPS sobre uma base diferenciada, de acordo com as peculiaridades de sua atividade.

Associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional (art. 22, § 6º a 10º, Lei 8.212/91)

A contribuição empresarial dessas associações corresponde a 5% da receita bruta, decorrente dos espetáculos desportivos de que participem em todo o território nacional, em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais e, ainda, 5% da receita de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade, de propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos.

Saliente-se que essa contribuição substitui apenas as devidas pela empresa sobre a remuneração de empregados e avulsos, ou seja, caso a associação esportiva contrate contribuinte individual, deverá pagar 20% sobre sua remuneração, a título de contribuição previdenciária. Da mesma forma, caso contrate serviços de cooperativas de trabalho, pagará 15% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura.

Fica mantida, também, a obrigação de efetuar a retenção da contribuição dos segurados, repassando-a para aos cofres previdenciários.

No caso de espetáculos desportivos, a contribuição deve ser recolhida no prazo de dois dias úteis após a realização do evento e, para o patrocínio a entidades desportivas, no dia 20 do mês subsequente ao que ocorreu o patrocínio.

Atenção: Atualmente o jogador de futebol profissional aposenta-se por Tempo de Contribuição seguindo as mesmas regras dos segurados filiados ao RPGS. Veja o disposto na IN nº 20/2007, da Previdência Social, ipsis litteris:

Art. 568. Ressalvado o direito adquirido, foram extintas as seguintes aposentadorias de legislação especial, a partir de 14 de outubro de 1996, data da publicação da MP nº 1.523, convertida na Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997: 

I – jornalista profissional: Lei nº 3.529, de 13 de janeiro de1959;

II – atleta profissional de futebol: Lei nº 3.529, de 13 de janeiro de1959.

Contribuição dos Empregadores Domésticos (art. 15, II, da Lei 8.212/91).

O empregador doméstico contribui de maneira diferenciada para a Previdência Social. Ele paga mensalmente 12% sobre o salário de contribuição de seu(s) empregado(s) doméstico(s), enquanto os demais patrões recolhem sobre a folha salarial. Cabe ao empregador recolher mensalmente à Previdência Social a sua parte e a do trabalhador, descontada do salário mensal.

O desconto do empregado deverá seguir a tabela do salário de contribuição. O recolhimento das contribuições do empregador e do empregado domésticos deverá ser feito em guia própria (Guia da Previdência Social - GPS), observados os códigos de pagamento.

Se o empregador decidir recolher FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) para seu empregado doméstico deverá preencher Cadastro de Empregador Individual (CEI) e a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP).

Quando a empregada doméstica estiver em licença maternidade, o empregador deverá pagar à Previdência Social somente a quota patronal.

O empregador é responsável pelo recolhimento, que deve ocorrer até o dia 15 do mês subsequente, prorrogando-se o prazo para o dia útil posterior caso não haja expediente bancário o dia 15.

Produtor Rural Pessoa Jurídica (art. 25, Lei 8.212/91)

A contribuição do produtor rural pessoa jurídica, em substituição à parte patronal relativa à prestação de serviços de empregados e avulsos, é de:

2,5% da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural; 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural para

financiamento das prestações por acidente de trabalho (SAT/GILRAT); 0,25% sobre a mesma base para o SENAR.

O produtor pessoa jurídica deve recolher a contribuição, até o dia 20 do mês subsequente, quando a produção for vendida, juntamente com as contribuições retidas de seus empregados, antecipando-se o prazo se não for dia útil.

Agroindústria (art. 25, Lei 8.212/91).

A agroindústria refere-se ao produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica é a industrialização da produção própria, podendo, adicionalmente, industrializar também produção adquirida de terceiros.

As alíquotas são as mesmas aplicadas para o produtor rural pessoa jurídica, assim como o prazo de recolhimento.

A contribuição substitutiva da parte patronal não se aplica às sociedades cooperativas rurais e às agroindústrias de piscicultura (produção de peixes), carcinicultura (produção de crustáceos), suinocultura (produção de suínos) e avicultura (produção de aves) e, recentemente também às agroindústrias que dediquem apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte de matéria prima para a industrialização própria, mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica (empresas fabricantes de papel).

Essas agroindústrias devem recolher as contribuições com base na folha de pagamento, como qualquer outra empresa.

O recolhimento deve ocorrer no dia 20 do mês seguinte à prestação do serviço ou deve ser antecipado caso não haja expediente bancário no dia 20.

Contribuição das Empresas Optantes pelo SIMPLESO SIMPLES consiste em uma forma de consolidação de diversos tributos em um único, calculado mediante a aplicação de uma alíquota sobre a receita bruta da empresa. Pode ser aplicável às micro e pequenas empresas. Conforme lição de IBRAHIM (2010, p. 309), ipsis litteris:

É considerada empresa de pequeno porte a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 [...].

A contribuição patronal previdenciária, isto é, a contribuição devida pelas empresas (art. 22, Lei nº 8.212/91), [...]. Com a LC nº 128/08, [...] passa a prever a Contribuição Patronal Previdenciária – CPP, no art. 13, VI da Lei nº 123/06, significando a contribuição para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica [...].2

Do ponto de vista previdenciário, o SIMPLES não é dispensado do cumprimento das obrigações acessórias, tais como confeccionar GFIP e registrar a CTPS dos seus empregados, bem como, a obrigação de reter as contribuições dos empregados e contribuintes individuais que lhes prestem serviço e repassá-las à Previdência Social.

O recolhimento deve ocorrer no dia 20 do mês seguinte à prestação do serviço ou deve ser antecipado caso não haja expediente bancário no dia 20.

Empresa com Pequena Atividade Comercial em Via Pública

Incluído pelo Decreto nº 6.722/08, no art. 225, VII, ao prever o ônus das empresas em informar, anualmente, à Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma por ela estabelecida, o nome, o número de inscrição na Previdência Social e o endereço completo dos segurados por ela contratados que trabalhem por conta própria e a seu risco, exercendo pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei nº 6.586/78.

Segundo IBRAHIM (2010, p. 403), ipsis litteris:

Esta previsão veio a facilitar empresas como, por exemplo, a Avon e outras que se utilizam deste tipo de mão de obra e não dispunham meios capazes de informar os valores pagos mensalmente a estas pessoas em GFIP, o que seria a regra geral. Agora, a Receita Federal do Brasil deverá criar alguma declaração diferenciada para esta hipótese.

Enquanto não há a regulamentação não há como falar em arrecadação, tampouco em fiscalização.

8- Contribuições dos Trabalhadores

Empregado, empregado doméstico e trabalhador avulso (art. 33, § 5º, Lei 8.212/91)

Esses trabalhadores contribuem com um percentual sobre seus salários de contribuição, respeitados os limites, mínimo e máximo. As alíquotas de contribuição são progressivas, ou seja, quanto maior a remuneração, maior será o percentual incidente. A incidência da alíquota é não cumulativa, ou seja, incide um único percentual sobre o valor total do salário de contribuição.

As alíquotas são, assim, fixadas por faixas de salário de contribuição, reajustadas na mesma época e com os mesmos índices que os benefícios de prestação continuada da Previdência Social (aposentadorias).

Salário de contribuição - R$ Alíquota %

Até R$ 1.106,90 8%

De R$ 1.106,91 até R$1.814,83 9%

De R$1.814,84 até R$ 3.689,66 11%

Portaria interministerial nº 568, de 31 de dezembro de 2011.

2 Maiores detalhes verificar Leis Complementares nº 123/06 e 128/08.

Esses segurados têm suas contribuições retidas pelos empregadores, que devem repassá-las à Previdência Social, juntamente com as contribuições patronais.

Contribuinte Individual (art. 21, da Lei 8.212/91 e arts. 3º e 4º, da Lei 10.666/03)

O contribuinte individual, conhecido popularmente como autônomo é responsável pelo seu próprio recolhimento, no percentual de 20% sobre o valor que desejar não sendo inferior ao correspondente ao salário mínimo nacional vigente e nem superior ao limite do teto máximo previdenciário.

Existe também a possibilidade do recolhimento no percentual de 11% (somente sobre o valor do salário mínimo nacional) para o optante do PSPS (Plano Simplificado de Previdência Social) ou para o Micro empreendedor Individual.

O contribuinte individual que presta serviço à pessoa jurídica tem retido 11% de sua remuneração, até o limite do teto de salário de contribuição. A empresa fica obrigada a efetuar o recolhimento dessa retenção, juntamente com sua contribuição mensal.

O contribuinte individual que presta serviços à pessoa física deve efetuar pessoalmente o recolhimento, aplicando alíquota de 20% , até o dia 15 do mês subsequente da prestação do serviço.

Segurado Facultativo (art. 21, da Lei 8.212/91)

O segurado facultativo deve sempre utilizar a alíquota de 20% sobre o salário de contribuição que declarar. O valor do salário a ser declarado está limitado ao mínimo e máximo estipulado pela Previdência Social.

O segurado facultativo é responsável pelo próprio recolhimento, que deve ocorrer até o dia 15 do mês subsequente.

Segurado Especial (art. 25, Lei 8.212/91)

Aquele que adquire produção de segurado especial recolhe com o percentual de 2% sobre o valor pago pelo produto adquirido.

Produtor Rural Pessoa Física (artigo 22, alínea b e artigo 25, da Lei 8.212/91)

A contribuição do produtor rural pessoa física, em substituição à parte patronal relativa à prestação de serviços de empregados e avulsos, é de:

2% da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural; 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural para

financiamento das prestações por acidente de trabalho (SAT/GILRAT); 0,2% sobre a mesma base para o SENAR.

Na venda da produção para pessoa jurídica, a contribuição incidente deve ser retida e recolhida pelo comprador.

Caberá ao próprio produtor, entretanto, o recolhimento de sua contribuição, até o dia 20 do mês subsequente , quando a produção for vendida a pessoa física ou a outro segurado especial.

9- Outras Receitas da Seguridade Social

Dispõem sobre receitas oriundas dos concursos os artigo 26 da Lei 8.212/91 e 195, inciso III da CRFB/88:

a) Loterias;b) Reuniões hípicas – corridas de cavalos, sendo 5% das apostas para a Seguridade Social.Não existem apostas legalizadas no país para os bingos e jogo do bicho.Os bingos só são autorizados quando patrocinados por clubes de futebol e pelo esporte olímpico.

O Sistema de Capitalização dos bancos, sorteios oficiais de lojas e Baú da Felicidade também contribuem para a Seguridade Social com 17% ou mais.

A COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Lei nº 9.718/98), a alíquota geral é de 3% (a partir de 01/02/2001) ou 7,6% (a partir de 01/02/2004).

No art. 27, da Lei 8212, surgiram outras fontes de custeio, como as doações, penalidades, multas, juros, correção monetária, legados, taxas de serviços pela cobrança das verbas da arrecadação do SESI, SENAC, SESC. INCRA e outras receitas:

a) vendas dos bens aprendidos de entorpecentes de drogas, 50%%, art. 243, da CF;

b) bens apreendidos pela Secretaria da Receita Federal – 40 %;

c) seguro obrigatório de veículos – DPVAT – 50 %, sendo 10 % para publicidades.

CAPÍTULO 4 – REGIMES PREVIDENCIÁRIOS1-ConceitoO atual Regime Previdenciário brasileiro, definido nos artigos 40, 201 e 202, ambos da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, subdividem-se em três regimes distintos, quais sejam:

Regime Geral de Previdência Social; Regime Próprio de Previdência Social; e Regime Complementar de Previdência Social.

Abordar-se-á cada qual de maneira sui generis.1.1-Regime Geral de Previdência Social - RGPS

A Previdência Social será organizada sob a forma de Regime Geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória e, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial (art. 201, CRFB/88).

Destinada, em princípio, só para quem contribui para a Previdência ou seus dependentes para determinados benefícios e serviços.

Aplicável aos trabalhadores da iniciativa privada, servidores públicos de cargo não efetivo, servidores públicos que exercem a atividade sob regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), os contribuintes individuais, os trabalhadores autônomos, os trabalhadores rurais que contribuem etc.

Centralizada no Instituto Nacional do Seguro Social – INSS– Autarquia Federal instituída pelo Decreto nº 99.350, de 27 de junho de 1990, com base na Lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, vinculado ao Ministério da Previdência Social, sendo sua origem a fusão dos Institutos – IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência Social) – INPS (Instituto Nacional da Previdência Social).

Conforme já dito, anteriormente, o INSS passa a reunir as atribuições de gerenciar e arrecadar contribuições oriundas do IAPAS, juntamente com as de conceder benefícios e serviços previdenciários provenientes do INPS.

As atribuições de gerenciamento e arrecadação por parte do INSS eram da competência da Seção de Arrecadação e as atribuições de conceder benefícios e serviços ainda são da competência da Seção de Benefícios.

A Lei Federal nº 11.457/2007, que criou a Super Receita, alterou dispositivos da Lei no 8.212/91 unificando na Secretaria da Receita Federal do Brasil toda atividade fiscal da contribuição social. Anteriormente, havia uma divisão de atribuições fiscais entre o INSS e a Receita Federal, hoje, toda a competência de arrecadação e fiscalização foi unificada na Receita Federal do Brasil.

O Art. 2º da Lei mencionada afirma que:

Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição.

Assim, as contribuições das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço, as dos empregadores domésticos e as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário de contribuição passaram a ser arrecadadas e fiscalizadas pela Receita Federal Unificada.

2 – Relação Jurídica Previdenciária

Filiação e Inscrição.

São conceitos distintos.

A filiação é a relação jurídica estabelecida entre o segurado e o INSS, nos termos do RGPS, geradora de direitos e obrigações mútuas. Para os segurados obrigatórios, decorre automaticamente do exercício da atividade remunerada reconhecida como de vinculação compulsória.

Para o segurado facultativo, a filiação decorre de ato volitivo, gerando efeito somente a partir da inscrição e do primeiro recolhimento de contribuição.

Inscrição é o ato de cadastramento do segurado junto ao RGPS sendo que, a inscrição do segurado empregado ou trabalhador avulso será efetuada diretamente pela empresa, sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra.

Os direitos e as obrigações previdenciárias decorrem da filiação e não da inscrição.Observações:

Não se permite o pagamento de contribuições relativas a competências anteriores à data da inscrição do segurado facultativo;

A inscrição do segurado facultativo somente é permitida se não houver vinculação como segurado obrigatório do RGPS ou qualquer outro Regime Previdenciário;

Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao RGPS, será obrigatoriamente inscrito e filiado em relação a cada uma delas (o reconhecimento da duplicidade da de filiação está previsto no § 2º, do art. 12, da Lei nº 8.212/91);

A inscrição exige a idade mínima de dezesseis anos, exceto na qualidade de menor aprendiz (quatorze anos);

Servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, Estado, Distrito Federal ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do RGPS, desde que amparados por RPPS. Caso o servidor público ou o militar venham a exercer, concomitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS, tornar-se-ão segurados obrigatórios em relação a essas atividades.3- Espécies de Beneficiários

Os beneficiários são os sujeitos ativos das prestações previdenciárias e dividem-se nas seguintes espécies:

Os Segurados (pessoas que mantêm vínculo com a Previdência Social), ou seja, os contribuintes;

Os Dependentes (pessoas que mantêm vínculo jurídico e/ou econômico com os segurados da Previdência Social).

3.1- Conceito de Segurados ou ContribuintesSegurados ou contribuintes serão sempre pessoas físicas, vinculadas ao RGPS por vontade própria (facultativos) ou por imposição de lei (obrigatórios).

Os segurados subdividem-se nas seguintes categorias: empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado especial e o facultativo.

3.2- Manutenção da Qualidade de Segurado

Para ter direito aos benefícios da Previdência Social, o trabalhador precisa estar em dia com suas contribuições mensais, caso contrário, pode perder a qualidade de segurado.

Há situações em que os segurados ficam um período sem contribuir e, mesmo assim, têm direito aos benefícios previdenciário, também conhecido como “período de graça”.

Situações legais que mantem a qualidade de segurado perante o INSS:

Sem limite de prazo para o segurado que estiver recebendo qualquer espécie de benefício previdenciário do RGPS;

Até 12 meses após cessar o benefício ou o pagamento das contribuições mensais;Obs.1- Esse prazo pode ser prorrogado para até 24 meses, se o trabalhador já tiver pagado mais de 120 (ou seja, mais de 10 anos) contribuições mensais sem interrupção que acarrete perda da qualidade de segurado junto ao Regime Geral de Previdência Social;Obs. 2- O seguro-desemprego é considerado um benefício previdenciário, portanto, considerar-se-á, a data da última parcela do recebimento de tal benefício para fins de manutenção da qualidade de segurado e, não, a data da rescisão contratual ou demissão;

Para o trabalhador desempregado, os prazos anteriores serão acrescidos de mais 12 meses, desde que comprovada a situação por registro do Ministério do Trabalho e Emprego, ou seja, registro no SINE (Sistema Nacional de Empregos);

Até 12 meses após cessar a segregação para o segurado acometido de doença de segregação compulsória, ou seja, doença que mantém o segurado isolado dos demais;

Até 12 meses após o livramento para o segurado preso; Até três meses após o licenciamento para o segurado incorporado às Forças

Armadas; Até seis meses após ter interrompido o pagamento para o segurado facultativo.

Obs.: Os itens anteriores são o da regra geral, consta, porém que há pequenas variações. Para maiores esclarecimentos vide art. 15,§ 4º da Lei nº 8.213/91, art. 14 do Decreto nº 3.048/99 e, posteriores alterações advindas da Lei nº 11.933/09.

3.3- Conceito de Dependentes da Previdência SocialSão aqueles que possuindo uma relação jurídica ou de dependência com os segurados, gozam de alguns benefícios previdenciários, mesmo não contribuindo diretamente para a Previdência Social.

A dependência poderá ser:

Jurídica: dependentes presumidos, ou seja, aqueles que possuem um elo legal com o segurado. Ex: cônjuges, filhos de qualquer natureza (adotivos nascidos da relação matrimonial ou não).

Econômica: a serem comprovados, ou seja, dependem economicamente do segurado, mas precisam fazer prova perante a Previdência Social.Ex: Companheiros, pais, enteados.

3.4- Classes de Dependentes do SeguradoNos termos da legislação previdenciária vigente são os seguintes os dependentes do segurado.

Classe I – PreferencialO cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado de

qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido (independentemente da idade, a invalidez é comprovada pela perícia médica do INSS).

Classe II – Os PaisMediante comprovação de dependência econômica.

Classe III – O Irmão não emancipado, de qualquer condição (unilateral, bilateral, adotivo), menor de 21 anos ou inválido (independentemente da idade, a invalidez é comprovada pela perícia médica do INSS).Ressalta-se o seguinte:

Os dependentes de uma classe concorrem em igualdade de condições.Ex: Se um segurado falece deixando a esposa e dois filhos, os três terão direito à pensão, que será rateada em partes iguais;

A existência de dependente de qualquer das classes, exclui o direito às prestações para os dependentes das classes seguintes.Ex: Um segurado falece deixando dois dependentes, um filho e um irmão deficiente físico/inválido. Ambos são seus dependentes. Perante o INSS apenas o seu filho terá direito à pensão por morte, visto que o mesmo é dependente da CLASSE I – Preferencial, excluindo, assim, qualquer dependente de OUTRA CLASSE;

A inscrição dos dependentes será feita quando do requerimento do benefício a que tiver direito (Decreto nº 4.079, de 09de janeiro de 2002);

O menor sob guarda, desde que comprovada a dependência econômica passa a ser dependente da classe preferencial, concorrendo em igualdade de condições com os outros dependentes da mesma classe, a partir de 08/06/2006 (Ação Civil Pública nº 97.0057902-6). 3.5 - Perda da Qualidade de DependenteOcorrerá:

Para o cônjuge, pela separação judicial ou divórcio, enquanto não lhe for assegurada a prestação de alimentos (pensão alimentícia), pela anulação do casamento, pelo óbito. Para companheiro, com fim da relação de união estável ou com a morte do companheiro;

Para o filho e o irmão, de qualquer condição ao completar 21 anos de idade ou pela emancipação, salvo os inválidos;

Para os dependentes em geral, pelo seu falecimento.4- Períodos de Carência

Para ter direito aos benefícios previdenciários, o segurado, de regra, precisa fazer comprovação de contribuição previdenciária por um número mínimo de meses, de acordo com a espécie do benefício.

Período ou prazo de carência, isto é, período durante o qual o segurado ainda “carece” do direito aos benefícios.

Exemplo: Para ter direito ao gozo do benefício de auxílio-doença, de regra, o segurado deve cumprir uma carência mínima de 12 meses, ou seja, precisa ter contribuído por 12 meses para o INSS, antes da data do início da doença ou da incapacidade para o trabalho.

As contribuições que integrarão a carência não precisam ser consecutivas, ou seja, contam-se para efeito de carência todas as contribuições pagas.

Exemplo: Maria trabalhou na condição de empregada doméstica no período de 10/01/1992 a 10/01/2000, ficou sem exercer qualquer atividade remunerada por 04 anos e não recolheu como contribuinte individual ou facultativa neste período. Em 10/08/2004 voltou a contribuir para o RGPS, na condição de contribuinte individual e mantém seus recolhimentos em dia até a presente data. Quando a Maria completar 60 anos de idade a mesma irá aposentar-se e terá todo o período de contribuição contado para efeitos de carência, qual seja: 10/01/1992 a 10/01/2000 e 10/08/2004 até o último recolhimento.

4.1. Data da Contagem do Período de CarênciaPara os segurados EMPREGADOS e TRABALHADORES AVULSOS, o período de carência é contado a partir da data da filiação ao RGPS (ou seja, data do contrato de trabalho).

Para os segurados: EMPREGADO DOMÉSTICO, CONTRIBUINTE INDIVIDUAL (Empresário, Autônomo, Equiparado a Autônomo, Micro empreendedor Individual) e FACULTATIVO, o período de carência é contado da data do primeiro recolhimento (pagamento) da primeira contribuição sem atraso.

Cada modalidade de benefício previdenciário exige um número mínimo para efeitos de período de carência. A exceção se dá com os benefícios de pensão por morte, auxílio reclusão e auxílio doença originado do acidente do trabalho.

Adentrar-se-á em cada período de carência no momento do aprendizado sobre as espécies de benefícios previdenciários.

5. Salário de Benefício – Conceito

Valor básico utilizado para cálculo da renda mensal inicial (RMI) dos benefícios previdenciários, em regra, levará em consideração, de modo determinante, o valor dos salários de contribuição do segurado.

Para maiores esclarecimentos leciona o douto SAVARIS (2009, p. 342), ipsis litteris:

É necessário apontar que o salário de contribuição não é o valor da contribuição, mas a base de cálculo da contribuição previdenciária do segurado. O salário de contribuição tem uma dupla finalidade: de um lado, informa o valor da contribuição previdenciária do segurado; de outro lado, informa o valor dos benefícios previdenciários, seguindo-se relativamente uma lógica de que tanto mais elevada seja a contribuição para o sistema previdenciário, tanto maior será a cobertura previdenciária.

Todavia, alguns benefícios não são calculados segundo o valor do salário de contribuição:

1- Benefícios mínimos do segurado especial (Lei 8.213/91, art. 39, I).2- Benefícios mínimos dos trabalhadores rurais (Lei 8.213/91, art. 143).3- Salário-família (Lei 8.213/91, art. 66)4- Salário maternidade (Lei 8.213/91, arts. 72 e 73).

Ademais, a CRFB/88 em seu art. 201, § 2º dispõe que “Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.” Tal dispositivo trata-se de uma garantia constitucional.

O percentual é variável de acordo com o benefício e outros fatores, que serão estudados em cada prestação beneficiária.

5.1. Fator Previdenciário – Conceito

O objetivo do Fator Previdenciário, em linhas gerais, é verificar por quanto tempo o segurado contribuiu para o Sistema, comparar sua expectativa de sobrevida, e definir o valor a ser pago a título de benefício, de maneira a manter a sustentabilidade do Sistema.

Por esta razão conclui LEMES (2009, p. 80):

A cada dia aumenta expectativa de vida do cidadão brasileiro; a evolução dos serviços de saneamento básico, a melhor educação, alimentação e saúde das pessoas contribuem para esta melhora de condição de vida; como consequência, o segurado ficará em gozo de benefício de aposentadoria por um tempo mais longo, sendo este, por vezes, mais extenso que o próprio tempo de contribuição. O fator, então, procura adequar as contribuições vertidas para o sistema ao tempo estimado que o segurado ficará em gozo de benefício.

A expectativa de sobrevida do segurado em idade de aposentadoria será obtida a partir da tábua completa de mortalidade instituída, em conformidade, com a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para toda a população brasileira, considerando-se a média nacional única para ambos os sexos.

Apesar de o IBGE elaborar a tábua de mortalidade para homens e mulheres, de modo diferenciado, a opção do legislador recaiu pela tabela de ambos os sexos, não se fazendo distinção para efeitos de análise de expectativa de sobrevida.

Todavia, a mulher é, teoricamente, compensada da desvantagem de se aposentar mais cedo pelo incremento de cinco anos no seu tempo de contribuição, bem como a professora com incremento de dez anos e o professor com incremento de cinco anos, desde que comprovem, exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na Educação Infantil e no Ensino Fundamental e Médio.

Tais acréscimos efetuados pelo legislador são assim justificados por IBRAHIM (2009, p. 575), “Este acréscimo visa a minimizar os prejuízos para as mulheres e os professores, que, ao se aposentarem mais cedo, terão fator previdenciário desfavorável, em razão da maior expectativa de sobrevida”.

5.2. Fórmula do Cálculo do Fator Previdenciário

 Em conformidade com o Anexo da Lei nº 9.876/99, ipsis litteris:

Onde:

f = fator previdenciário;

Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria;

Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria;

Id = idade no momento da aposentadoria;

a = alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

O fator previdenciário é considerado um grande desestímulo à aposentadoria precoce. Será tratado no estudo da aposentadoria por tempo de contribuição e na aposentadoria por idade (modalidade em que a sua aplicação é facultativa).

CAPÍTULO 5 – DOS BENEFÍCIOS E SERVIÇOS PREVIDENCIÁRIOS

1. Conceito

As prestações do Regime Geral de Previdência Social correspondem aos direitos de cobertura previdenciária que detêm os beneficiários (segurados e dependentes). Prestação previdenciária é gênero de que são espécies benefícios e serviços.

Os benefícios são prestações que hospedam conteúdo patrimonial, consistindo, na verdade, em pagamento de determinada importância em dinheiro. Já os serviços, como o nome está a sugerir, consubstanciam prestações que não correspondem ao pagamento de determinada renda.

2. Auxílio-Doença Previdenciário

O auxílio-doença é benefício não-programado, decorrente da incapacidade temporária do segurado para o seu trabalho habitual. Porém, somente será devido se a incapacidade for superior a 15 (quinze) dias consecutivos. O tema é tratado na Lei nº 8.213/91, arts. 59 a 63 e no RPS (Decreto nº 3.048/99), arts. 71 a 80.

Assim como na aposentadoria por invalidez, não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao RGPS já portador de doença ou lesão invocada como causa

para a concessão do benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.

Como regra geral, este benefício possui carência, de 12 (doze) contribuições mensais, ou seja, a data do início da doença (DID) e a data do início da incapacidade (DII) devem ocorrer num período após as 12 contribuições mensais.

O auxílio-doença consiste numa renda mensal inicial (RMI) de 91% do salário de benefício, sem a aplicação da alíquota do fator previdenciário, com início da seguinte forma:

A contar do 16º dia de afastamento da atividade para o segurado empregado ou trabalhador avulso, exceto o doméstico;

A contar da data do início da incapacidade, para os demais segurados; ou A contar da data de entrada do requerimento, quando requerido após o 30º dia de

afastamento da atividade, para todos os segurados.Ex. 01: Maria da Paz é empregada em uma loja qualquer e, está afastada a partir de 05/02/2011, por 60 dias. Os 15 primeiros dias de afastamento serão pagos pelo empregador e, a partir do 16º dia de afastamento deverá ser encaminhada para a perícia médica oficial do INSS.

Para os empregados domésticos, contribuinte individual (empresário, profissionais liberais, trabalhadores por conta própria, micro empreendedor individual, dentre outros), a Previdência Social paga todo o período de afastamento desde a data do requerimento junto à agência do INSS, não sendo necessário o cumprimento do lapso temporal de 16 dias para requerimento do benefício.

Ex. 02: José Pedro é jardineiro na casa de Maria, assim sendo, é da categoria de empregado doméstico. José consultou e irá afastar-se das atividades laborais por 70 dias, a partir de 05/02/2011. Como o mesmo é empregado doméstico poderá requerer o benefício junto ao INSS a qualquer momento, uma vez que Maria não o pagará durante 15 dias de afastamento.

Obs.1: O STJ já decidiu que, tratando-se de auxílio-doença requerido por segurado não empregado, o benefício será devido a partir do início da incapacidade laborativa, assim considerada, quando não houver requerimento administrativo, a data da juntada do laudo pericial em juízo (REsp. 445.604 / SC, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, 6ª Turma, DJ 13/12/2004, p. 465).

Obs. 2: O auxílio-doença será devido durante o curso de reclamação trabalhista relacionada com rescisão do contrato de trabalho, ou após a decisão final, desde que implementadas as condições mínimas para a concessão do benefício.

O benefício de auxílio-doença previdenciário exige uma carência de no mínimo 12 contribuições para o RGPS, como já dito, porém, algumas doenças são isentas de carência, tais como:

Tuberculose ativa; Hanseníase; Paralisia irreversível e incapacitante; Cardiopatia grave; Doença de Parkinson, dentre outras (ver lista completa no RPS – Decreto nº

3.048/99).O segurado que está em gozo de benefício de auxílio-doença é obrigado a realizar perícia médica periodicamente junto ao INSS, independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício e/ou a submeter-se a processo de Reabilitação Profissional3 prescrito e custeado pela Previdência Social.

O segurado empregado que perceber renda de salário de benefício inferior a R$ 862,11, (oitocentos e sessenta e dois reais e onze centavos) receberá, juntamente com o valor do salário de auxílio-doença, o benefício do salário-família, referente aos seus filhos menores de 14 (catorze) anos de idade. Nas próximas laudas haverá explicação sobre salário-família.

3 Reabilitação Profissional – tema será tratado nas próximas laudas.

O auxílio-doença previdenciário extinguirá com o evento das seguintes hipóteses:

Morte do segurado em afastamento; Alta médica efetuada por Médico Perito do INSS; Concessão de Aposentadoria por Invalidez, também efetuada por Médico Perito do

INSS. O auxílio-doença é considerado um benefício que abrange um risco social, ou contingência social, que é a incapacidade laboral temporária.

O segurado em gozo do auxílio-doença poderá receber alta médica, via perícia oficial do INSS e, ao realizar o exame de retorno ao trabalho, via perícia médica ocupacional do trabalho, receber novo afastamento ou a conclusão de que não está capacitado para a atividade laboral.

Tal situação é muito comum nos dias atuais e, ao segurado que passar por essa experiência é facultado o direito à interposição de recurso administrativo perante o CRPS (Conselho de Recursos da Previdência Social), ou até mesmo ao ingresso em juízo para dirimir as divergências entre as perícias a cargo do INSS, da saúde ocupacional do trabalho e/ou médicos especialistas.

3. Auxílio-doença por Acidente de Trabalho

Em termos práticos funciona da mesma forma que o auxílio-doença previdenciário, com algumas peculiaridades:

Somente os segurados empregados, segurados especiais, médico-residente ou trabalhadores avulsos terão direito ao benefício;

O empregador deverá cadastrar a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho), no prazo de 24 horas, a partir da data do acidente;

O segurado deverá aguardar o 16º dia para requerer o benefício, mesmo com a CAT já cadastrada;

Não exige carência, mas exige a filiação junto ao RGPS; O empregado após a alta médica efetuada por médico perito do INSS gozará de

estabilidade de 12 meses, a partir da data da cessação do benefício (ou seja, não poderá ser demitido no prazo de 12 meses);

O julgamento das lides acidentárias é sempre da competência da Justiça Estadual (art. 109, I, da CRFB/88).O auxílio-doença por acidente do trabalho não é o mesmo benefício cuja nomenclatura é auxílio-acidente (este possui caráter indenizatório e será abordado nas próximas laudas).

O auxílio-doença por acidente de trabalho poderá ser de três espécies:

Típico: aquele que ocorre em decorrência da atividade laboral por um fortuito qualquer; Doença: a doença é denominada de ocupacional e ocorre devido ao exercício da

atividade laboral. Ex: LER (Lesão por Esforços Repetitivos) e; Trajeto: o acidente ocorre entre o trajeto do segurado para o trabalho ou no trajeto

para o retorno para casa. Obs.: No mais, tudo funciona como no benefício de auxílio-doença, exceto a lista de doenças isentas de carência, visto que o benefício de auxílio-doença por acidente do trabalho já é isento de carência.

Todos os segurados em gozo do benefício de auxílio-doença (previdenciário ou por acidente do trabalho) poderão, (a cargo da perícia médica do INSS passar pelo Programa de Reabilitação Profissional – será abordado nas próximas laudas).

O auxílio-doença por acidente do trabalho também consiste numa renda mensal inicial (RMI) de 91% do salário de benefício, sem a aplicação da alíquota do fator previdenciário.

4. Aposentadoria por Invalidez

Para a concessão da aposentadoria por invalidez, o segurado deve ser considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de qualquer atividade que lhe garanta subsistência. Dispositivos legais:

Lei nº 8.213/91, arts. 42 a 47; Decreto nº 3.048/99, arts. 43 a 50.

Segundo o art. 43 da Lei nº 8.213/91, será concedido o benefício quando a perícia médica oficial concluir pela existência de incapacidade total e definitiva para o trabalho.

Conforme lição de IBRAHIM (2009, p. 601) ipsis litteris:

A Aposentadoria por Invalidez é concedida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nessa condição.

Benefício concedido aos segurados que, por doença ou acidente, forem considerados pela perícia médica da Previdência Social incapacitados para exercer suas atividades ou outro tipo de serviço ou atividade que lhes garanta o sustento.

Não terá direito à aposentadoria por invalidez quem, ao se filiar à Previdência Social, já tiver doença ou lesão que geraria o benefício, a não ser quando a incapacidade resultar no agravamento da enfermidade.

Nesse sentido temos a lição do douto SAVARIS (2009, p. 369), ipsis litteris:

Nada impede que o segurado ingresse no RGPS já portador de alguma doença ou lesão e venha requerer benefício por incapacidade em virtude desse mesmo problema, mas desde que tena ocorrido a progressão ou agravamento da doença ou da lesão.

A tese inicial, nestes casos, é que, de fato, ao tempo do ingresso na Previdência Social o segurado era portador de uma doença (por ex., era portador do vírus HIV), mas não era incapaz para o trabalho, o que somente ocorreu após a filiação, em virtude de agravamento da referida doença.

Além da SIDA (Sídrome de Imunodeficiência Adquirida) temos um rol de doenças que poderá se agravar ao longo dos anos, tais como: metástases, lupus, esclerose múltipla, ELA (esclerose lateral amiotrófica) , ortoastrose coxo-femural etc.

Para ter direito ao benefício, o segurado deverá possuir a carência mínima de 12 meses, para requerimento do auxílio-doença previdenciário, exceto nas hipóteses das doenças isentas de carência. Caso o benefício de origem seja o auxílio-doença por acidente do trabalho esse prazo de carência não é exigido, mas é preciso que o segurado esteja filiado junto ao RGPS.

O aposentado por invalidez é impedido legalmente de exercer qualquer atividade remunerada, sob pena da cessação da aposentadoria.

O contrato de trabalho do aposentado por invalidez fica suspenso até o momento em que o aposentado solicita a conversão de sua aposentadoria para a aposentadoria por idade.

A efetivação só ocorrerá no momento em que o segurado aposentado por invalidez solicitar a conversão para a aposentadoria por idade, se homem aos 65 anos, se mulher aos 60 anos (observando-se a redução de cinco anos para ambos os sexos no caso do segurado especial).

A execeção do término do contrato de trabalho poderá ocorrer em virtude do disposto no art. 475, § 1º da CLT, que permite ao empregador rescindir o contrato de trabalho para fins de pagamento das verbas rescisórias do aposentado por invalidez que recupera sua capacidade laboral mesmo que parcialmente.

Assim dispõe o art. 475, §1º da CLT, ipsis litteris:

O empregado que for aposentado por invalidez terá suspenso o seu contrato de trabalho durante o prazo fixado pelas leis de previdência social para a efetivação do benefício.

§1º Recuperando o empregado a capacidade de trabalho e sendo a aposentadoria cancelada, ser-lhe-á assegurado o direito à função que ocupava ao tempo da aposentadoria, facultado, porém, ao empregador, o direito de indenizá-lo por rescisão do contrato de trabalho, nos termos dos arts. 477 e 478, salvo na hipótese de ser ele portador de estabilidade, quando a indenização deverá ser paga na forma do art. 497.

O TST já admitiu que o empregado que tem seu contrato de trabalho suspenso em razão de aposentadoria por invalidez pode ser demitido caso a empresa seja fechada (RR 9.776/2002).

A Súmula nº 160 do TST, prevê “que cancelada a aposentadoria por invalidez, mesmo após os cinco anos, o trabalhador terá direito de retornar ao emprego, facultado, porém, ao empregador, indenizá-lo na forma da lei.”

O aposentado por invalidez poderá ou não ser intimado pelo INSS para realizar perícia médica, para fins de constatação da permanência da incapacidade. Não existe um prazo determinado para o INSS deixar de convocar o aposentado e, normalmente, as perícias são escalonadas a cada 02 anos.

Ainda, conforme IBRAHIM (2009, p. 604):

O atual regramento legal da matéria não mais prevê o momento em que o benefício torna-se definitivo, dispensando o segurado das perícias médicas, ao contrário do que previa a Consolidação das Leis da Previdência Social – CLPS (Decreto nº 89.312/84, art. 30, § 6º) e o art. 101 da Lei nº 8.213/91, as quais extinguiam o acompanhamento médico aos 55 anos. A Lei nº 9.032/95 suprimiu esta previsão.

É comum ainda ouvir-se falar do prazo de cinco anos para a definitividade do benefício, mas que não existe há diversas décadas. [...] com o advento da LOPS (Lei nº 3.807/60), tal interregno deixou de existir, havendo à época, a possibilidade de conversão automática da aposentadoria por invalidez no benefício por idade (art. 30, § 2º).

Durante o gozo da aposentadoria por invalidez o aposentado poderá ser encaminhado para o Programa da Reabilitação Profissional e, consequentemente, poderá passar por processo de Desaposentação.

A renda mensal inicial (RMI) aplicada à aposentadoria por invalidez será correspondente a 100% do salário de benefício e não se utiliza o fator previdenciário.

5. Da Desaposentação

O segurado em gozo de Aposentadoria por Invalidez retorna ao trabalho por conta própria, sendo assim, seu benefício será interrompido até que se cumpra o prazo da ampla defesa e do contraditório e, análise da perícia médica. Este poderá também solicitar o cancelamento de sua aposentadoria, mas passará por médico perito do INSS que deverá ou não cancelar a Aposentadoria por Invalidez.

Redução Gradativa

Ocorre a cargo do INSS e o segurado, de regra, passa por processo de Reabilitação Profissional.

Recuperação total do segurado e em 05 anos a contar do benefício de origem (auxílio doença ou auxílio doença por acidente de trabalho).

Retorno de imediato, para o segurado habilitado com o Certificado da Reabilitação Profissional (caso volte para o seu cargo de origem na qual desempenhava antes de aposentar-se). Ex: João afastou-se pelo auxílio doença por acidente de trabalho em 14/10/2006, após perícias periódicas aposentou-se por invalidez em 10/10/2007. Em 02/01/2008 João foi convocado para participar do Programa da Reabilitação Profissional e, em 10/05/2009 recebeu alta do programa, bem como Certificado de Habilitação para o retorno à atividade exercida anteriormente, na mesma empresa. Seu retorno será de imediato.

Recuperação parcial do segurado ou após o período de 05 anos a contar do benefício de origem (auxílio doença ou auxílio doença por acidente de trabalho), ou ainda quando o segurado for declarado apto para o exercício de trabalho diverso do qual habitualmente exercia, a aposentadoria será mantida, sem prejuízo da volta à atividade:

Pelo seu valor integral, durante seis meses contados da data em que for verificada a ecuperação da capacidade;

Com redução de 50%, no período seguinte de seis meses; e Com redução de 75%, também por igual período de seis meses, ao término do qual

cessará definitivamente.A única modalidade de Desaposentação aceita pela legislação previdenciária consiste na modalidade da aposentadoria por invalidez, nas demais modalidades há a necessidade de ajuizamento de ação judicial.

6. Diferenças entre Auxílio-Doença e Auxílio-Doença por Acidente do Trabalho

A concessão de um benefício acidentário gera estabilidade no emprego, por um período de 12 meses, após a data da cessação do benefício de auxílio-doença por acidente do trabalho;

A concessão de um benefício acidentário gera depósito de FGTS conforme a Lei nº 8.036/90 (art. 15, § 5º). O que se discute em matéria doutrinária e jurisprudencial é o fato de haver depósito de FGTS nas prestações de aposentadoria por invalidez acidentária;

Com a concessão de benefício acidentário haverá a possibilidade de se comprovar nexo causal e fazer prova perante a Justiça do Trabalho quanto à responsabilidade civil do empregador.

7. Auxílio-Acidente

Trata-se de benefício previdenciário acidentário cujo caráter indenizatório tem como fundamento ressarcir algumas espécies de segurados, desde que comprovem sequelas que impliquem a sua redução de sua capacidade laborativa (art. 104, do Decreto nº 3.048/99).

Este benefício é concedido somente após a consolidação das lesões decorrentes do acidente, deverá ser requerido pelo segurado após a cessação do benefício de auxílio-doença por acidente do trabalho, pois sua concessão não é automática.

O término do auxílio-acidente ocorrerá com o óbito do segurado ou com a aposentadoria, pois a partir da Lei nº 9.528/97, o benefício não pode ser cumulado com aposentadoria, porém seu valor passa a integrar o salário de contribuição para efeitos de cálculo da aposentadoria futura, ipsis litteris:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar seqüelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. § 1º O auxílio-acidente mensal corresponderá a cinqüenta por cento do salário-de-benefício e será devido, observado o disposto no § 5º, até a véspera do início de qualquer aposentadoria ou até a data do óbito do segurado.O valor do benefício será correspondente a 50% (cinquenta por cento) do salário percebido pelo segurado no benefício anterior (auxílio-doença por acidente), podendo ser inferior ao salário mínimo vigente, não se utiliza a alíquota do fator previdenciário.

8. Salário-Família

Benefício pago aos trabalhadores com remuneração mensal de até R$ 862,11 (oitocentos e sessenta e dois reais e onze centavos) para auxiliar no sustento dos filhos de até 14 (catorze) anos de idade ou inválidos de qualquer idade. (Observação: são equiparados aos filhos, os enteados e os tutelados que não possuem bens suficientes para o próprio sustento).

De acordo com a Portaria Interministerial nº 568, de 31 de dezembro de 2010, o valor do salário família a partir de 1º/01/2010, é de R$ 29,41 (vinte e nove reais e quarenta e um centavos), por filho de até 14 anos de idade ou inválido de qualquer idade (tem que passar pela perícia médica do INSS) , para quem recebe salário até R$ 573,58 (quinhentos e setenta e três reais e cinquenta e oito centavos).

Para o trabalhador que recebe salário de R$ 573,59 (quinhentos e setenta e três reais e cinquenta e nove centavos) até R$ 862,11 (oitocentos e sessenta e dois reais e onze centavos), o valor do salário família por filho de até 14 anos de idade ou inválido, é de R$20,73 (vinte reais e setenta e três centavos).

Possuem direito ao salário-família apenas os trabalhadores empregados e os avulsos. Os empregados domésticos, contribuintes individuais, segurados especiais e facultativos não recebem salário-família.

Para a concessão do salário-família, a Previdência Social não exige carência, basta estar filiado ao RGPS.

O salário-família será pago mensalmente ao empregado pela empresa à qual está vinculado e deduzido do recolhimento das contribuições sobre a folha salarial. Os trabalhadores avulsos receberão dos sindicatos, mediante convênio com a Previdência Social.O benefício será pago diretamente pela Previdência Social quando o segurado estiver recebendo auxílio-doença, se já ele recebesse o salário-família em atividade.

Caberá também à Previdência Social pagar o salário-família para os aposentados por invalidez. Os demais aposentados terão direito ao salário família a partir dos 60 anos (mulheres) e 65 anos (homens).

O trabalhador rural aposentado receberá o benefício desde que comprove ter dependentes com menos de 14 (catorze) anos ou inválidos de qualquer idade.

O salário-família começará a ser pago a partir da comprovação do nascimento da criança ou da apresentação dos documentos necessários para requerimento do benefício.

O pagamento do benefício será suspenso se não forem apresentados atestados de vacinação (crianças com idade entre 0 e 07 anos) e declaração de frequência escolar dos filhos (este último se os filhos estiverem em idade escolar, a partir dos 07 anos), e quando os filhos completarem 14 anos de idade.

O trabalhador só terá direito a receber o benefício no período em que ele ficou suspenso se apresentar esses documentos.

9. Seguro-Desemprego

O seguro-desemprego é um benefício integrante da Seguridade Social, garantido pelo art. 7º dos Direitos Sociais da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, e tem por finalidade promover a assistência financeira temporária ao trabalhador desempregado, em virtude da dispensa sem justa causa.

A assistência financeira é concedida em no máximo cinco parcelas, de forma contínua ou alternada, a cada período aquisitivo de dezesseis meses, conforme a seguinte relação:

Três parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício de no mínimo seis meses e no máximo onze meses, nos últimos trinta e seis meses;

Quatro parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício de no mínimo doze meses e no máximo 23 meses, nos últimos 36 meses; e

Cinco parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício de no mínimo 24 meses, nos últimos 36 meses.Período aquisitivo é o limite de tempo que estabelece a carência para recebimento do benefício. Assim, a partir da data da última dispensa que habilitar o trabalhador a

receber o seguro-desemprego, deve-se contar os dezesseis meses que compõem o período aquisitivo.

Valor do Benefício

A apuração do valor do benefício tem como base o salário mensal do último vínculo empregatício:

Tendo o trabalhador recebido três ou mais salários mensais a contar desse último vínculo empregatício, a apuração considerará a média dos salários dos últimos três meses;

Caso o trabalhador, em vez dos três últimos salários daquele vínculo empregatício, tenha recebido apenas dois salários mensais, a apuração considerará a média dos salários dos dois últimos meses; e

Caso o trabalhador, em vez dos três ou dois últimos salários daquele mesmo vínculo empregatício, tenha recebido apenas o último salário mensal, este será considerado, para fins de apuração.Obs.:

Caso o trabalhador não tenha trabalhado integralmente em qualquer um dos últimos três meses, o salário será calculado com base no mês de trabalho completo.Para aquele que recebe salário/hora, semanal ou quinzenal, o valor constante no requerimento deverá ser o do salário mensal equivalente, conforme a regra abaixo:

Cálculo do Salário Mensal

Salário/hora = Y --> Salário mensal = Y x 220 Salário/dia = Y--> Salário mensal = Y x 30 Salário/semana =Y --> Salário mensal = Y ÷ 7 x 30 Salário/quinzena = Y --> Salário mensal = Y x 2

O último salário é obrigatoriamente aquele recebido no mês da dispensa.

Tabela para Cálculo do Benefício do Seguro-DesempregoCalcula-se o valor do Salário Médio dos últimos três meses trabalhados e aplica-se na tabela abaixo, considerendo-se o salário mínimo vigente correspondente a R$ 540,00 (quinhentos e quarenta reais):Faixas de salário médio Valor da parcela

Até R$ 891,40 Multiplica-se salário médio por 0.8 (80%)

De R$891,41 até R$ 1.485,83

O que exceder a R$ 891,41 multiplica-se por 0,5 (50%) e soma-se a R$ 713,12.

Acima de R$ 1.485,83 O valor da parcela será de R$ 1.010,34 invariavelmente.

Obs.:

O valor do benefício não poderá ser inferior ao valor do salário mínimo vigente.

Em vigor a partir de 01 de Janeiro de 2011.

10. Salário MaternidadeCabe à empresa pagar o salário maternidade devido à empregada gestante, efetivando-se a compensação, de acordo com o disposto no art. 248, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, à época do recolhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço. A empresa deverá conservar durante 10 (dez) anos os comprovantes dos pagamentos e os atestados correspondentes.

As seguradas que contribuem para a Previdência Social têm direito ao salário maternidade nos 120 (cento e vinte dias) dias em que ficam afastadas do emprego por causa do parto.

O benefício foi estendido também para as mães adotivas e, a partir de 14/06/2007, para a segurada desempregada (empregada, trabalhadora avulsa e doméstica), cujas contribuições (contribuinte individual, facultativa) cessaram , e segurada especial, desde que mantida a qualidade de segurada.

O salário maternidade é concedido à segurada que adotar uma criança ou ganhar a guarda judicial para fins de adoção:

se a criança tiver até um ano de idade, o salário maternidade será de 120 dias; se tiver de um ano a quatro anos de idade, o salário maternidade será de 60 dias; se tiver de quatro anos a oito anos de idade, o salário maternidade será de 30

dias.Para concessão do salário maternidade, não é exigido tempo mínimo de contribuição das seguradas empregadas, empregada domésticas e trabalhadoras avulsas, desde que comprovem filiação nesta condição na data do afastamento para fins de salário maternidade ou na data do parto.

As contribuintes facultativas e a individuais têm que ter o mínimo de dez contribuições para receber o benefício.

A segurada especial receberá o salário maternidade se comprovar no mínimo dez meses de trabalho rural antes da data do parto.

Se o nascimento for prematuro, a carência será reduzida no mesmo total de meses em que o parto foi antecipado.

Considera-se parto, o nascimento ocorrido a partir da 23ª semana de gestação, inclusive natimorto.

Nos abortos espontâneos ou previstos em lei (estupro ou risco de vida para a mãe), será pago o salário maternidade por duas semanas.

A segurada que exerce mais de uma atividade ou possui empregos simultâneos terá direito a um salário maternidade para cada emprego/atividade, desde que contribua para o RGPS nas duas funções.

O salário maternidade é devido a partir do oitavo mês de gestação (comprovado por atestado médico) ou da data do parto (comprovado pela certidão de nascimento).

A partir de setembro de 2003, o pagamento do salário maternidade das gestantes empregadas passou a ser feito diretamente pelas empresas, que, a partir de 2007 são ressarcidas pela Receita Federal do Brasil.

As mães adotivas, contribuintes individuais, facultativas e empregadas domésticas terão de pedir o benefício nas Agências da Previdência Social.

Em casos comprovados por atestado médico, o período de repouso poderá ser prorrogado por duas semanas, ou seja, catorze dias ao final dos 120 dias de licença legal.

Valor do Benefício

A segurada empregada terá seu salário de benefício calculado da seguinte maneira:

Segurada que possui salário fixo receberá o valor integral da remuneração mensal; Segurada que possui salário variável receberá o equivalente à média salarial dos seis

meses anteriores ao parto; e Segurada que possui salário acima do teto máximo previdenciário terá seu benefício

limitado ao teto salarial do Ministro do Supremo Tribunal Federal.As demais seguradas vinculadas ao RGPS terão seus salários calculados da seguinte maneira:A segurada avulsa receberá o equivalente ao último mês de trabalho, observado o teto limitado ao teto salarial do Ministro do Supremo Tribunal Federal;

Para a empregada doméstica o salário maternidade é equivalente ao último salário de contribuição;

A trabalhadora rural terá direito a um salário mínimo vigente; e A contribuinte individual e a facultativa têm direito ao equivalente a 1/12 da soma dos 12

últimos salários de contribuição apurados em um período de no máximo 15 meses, observado o limite máximo dos benefícios previdenciários.

11. Pensão por Morte Benefício concedido aos dependentes do segurado quando o mesmo falece. Para concessão do benefício da pensão por morte, não há tempo mínimo de contribuição, ou seja, o benefício é isento de carência, mas é imprescindível a qualidade de segurado na data do óbito ou que o segurado estivesse no “período de graça” ou período de carência.

A certidão de óbito é o documento necessário para a comprovação do evento, não se permitindo apenas a apresentação da guia de sepultamento.

A pensão poderá ser concedida por morte presumida nos casos de desaparecimento do segurado em catástrofe, acidente ou desastre. Serão aceitos como prova do desaparecimento: Boletim de Ocorrência da Polícia, documento confirmando a presença do segurado no local do desastre, noticiário dos meios de comunicação e outros.

Nesses casos, o pensionista deverá apresentar no prazo de seis em seis meses, documento sobre o andamento do processo judicial de desaparecimento até que seja emitida a certidão de óbito.

DependentesSão três classes:

Classe I- Preferencial: Cônjuge, companheiro(a) e filhos menores de 21 anos, não-emancipados ou inválidos;

Classe II- Pais; Classe III- Irmãos menores de 21 anos, não-emancipados ou inválidos.

Os enteados ou menores de 21 anos que estejam sob tutela do segurado possuem os mesmos direitos dos filhos, desde que não possuam bens para garantir seu sustento e sua educação.

A dependência econômica de cônjuges e filhos é presumida. Nos demais casos deverão ocorrer comprovação da dependência econômica mediante a apresentação de documentos, tais como declaração do Imposto de Renda, apólice de seguros, dependência em planos de saúde, contas bancárias conjuntas etc.

Para ser considerado companheiro (a) é preciso comprovar união estável com segurado(a). A Ação Civil Pública nº 2000.71.00.009347-0 determina que companheiro (a) homossexual de segurado (a) terá direito a pensão por morte e auxílio-reclusão.

Havendo dependentes de uma classe, os integrantes da classe seguinte perdem o direito ao benefício.

Será rateada em partes iguais o valor da pensão por morte para os dependentes de uma mesma classe. Extinguindo-se a quota de um dos dependentes, sua parte será rateada entre os demais.

O benefício cessa quando o pensionista falece, quando se emancipa ou completa 21 anos (no caso de filhos ou irmãos do segurado) ou quando acaba a invalidez (no caso de pensionista inválido).

O benefício de pensão por morte terá seu início em:

A partir da data do óbito, se solicitado o requerimento no INSS até 30 dias, a contar a data do evento;

A partir da data de entrada do requerimento, se solicitado o requerimento após 30 dias, a contar a data do evento, salvo quando se tratar de menores de 16 anos de idade; e

A partir da data da distribuição de processo judicial para confirmação de decisão ou emissão de certidão quando se tratar de morte presumida.

A renda mensal inicial (RMI) corresponde a 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia no dia da morte ou que teria direito se estivesse aposentado por invalidez.

A pensão por morte deixada por trabalhadores rurais da categoria de segurados especiais será concedida no valor de um salário mínimo, desde que comprovado o efetivo exercício da atividade rural pelo falecido.

A esposa viúva que percebe pensão por morte de marido poderá casar-se novamente sem prejuízo do benefício de pensão deixada pelo primeiro esposo.

12. Auxílio-ReclusãoOs dependentes do segurado que for preso por qualquer motivo têm direito a receber o auxílio-reclusão durante todo o período da reclusão. O benefício será pago se o trabalhador não estiver recebendo salário da empresa, auxílio-doença, aposentadoria ou qualquer outro benefício previdenciário.

Não exige carência, mas exige qualidade de segurado. A partir de 1º de janeiro de 2011, após Portaria nº 568, de 31 de dezembro de 2010 será devido aos dependentes do segurado, cujo salário de contribuição seja igual ou inferior a R$ 862,11 (oitocentos e sessenta e dois reais e onze centavos) independentemente da quantidade de contratos e de atividades exercidas.

Após a concessão do benefício, os dependentes do recluso devem apresentar à Previdência Social, de três em três meses, atestado de que o trabalhador continua preso, emitido por autoridade competente. Esse documento pode ser a certidão de prisão preventiva, a certidão da sentença condenatória, o atestado de recolhimento do segurado à prisão ou atestado carcerário.

Para os segurados com idade entre 16 e 18 anos, serão exigidos o despacho de internação e o atestado de efetivo recolhimento a órgão subordinado ao Juizado da Infância e da Juventude.

O auxílio reclusão deixará de ser pago:

Com a morte do segurado e, nesse caso, o auxílio-reclusão será convertido em pensão por morte;

Em caso de fuga, liberdade condicional, transferência para prisão albergue ou extinção da pena;

Com a separação judicial, divórcio ou fim da união estável, sem prstação de alimentos por determinação judicial, na hipótese de cônjuge ou companheiro (a);

Quando o dependente completar 21 anos ou for emancipado; e Com o fim da invalidez ou morte do dependente.

Todas as categorias de segurados da Previdência Social terão direito ao auxílio-reclusão para seus dependentes.

O valor da renda mensal inicial (RMI) será 100% do salário de benefício, não se utilizando a alíquota do fator previdenciário.

Em caso de fuga, o pagamento é interrompido e só pode ser restabelecido a partir da data da recaptura. Em caso de falecimento do detento, o benefício é automaticamente convertido em pensão por morte. Havendo mais de um dependente, o auxílio é dividido entre todos, em partes iguais. As regras para a concessão do benefício quanto à distribuição por dependentes são as mesmas utilizadas na concessão do benefício de pensão por morte.13. Aposentadoria por Idade

O tema é tratado na Lei nº 8. 213/91 nos arts. 48 a 51, no Decreto nº 3.048/99, arts. 51 a 55.

O benefício de aposentadoria por idade também é conhecido como aposentadoria por velhice.

Concedido aos 65 anos de idade, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite de idade para os trabalhadores rurais de ambos os sexos considerados da categoria de segurados especiais.

Com a promulgação da CRFB/88 os trabalhadores rurais da categoria de segurados especiais passaram a integrar o rol de dependentes da Seguridade Social e, diante isso, passaram a ter o direito da concessão da aposentadoria por idade, reduzido em cinco anos o limite de idade, conforme já disposto acima.

Antes da vigência da Lei nº 8.213/91 o idoso precisava comprovar apenas 60 contribuições mensais, ou seja, 05 (cinco) anos de contribuição.

Atualmente, a carência exigida para a concessão do benefício é de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais para os segurados filiados no RGPS a partir de 24/07/1991. Os filiados no RGPS antes da data de 24/07/1991 deverão observar o disposto no art. 142, da Lei nº 8.213/91 (regra transitória) para o incremento de carência.

A citada regra, prevê o aumento progressivo da carência para os segurados, de acordo com o ano de implemento das demais condições para o benefício, consta, porém, que a Lei nº 10.666/03 excluiu a perda da qualidade de segurado para aqueles que já tenham, no mínimo a carência de 180 contribuições.

A seguir, apresentar-se-á a Tabela Progressiva de Carência, disposta no art. 142 da Lei nº 8.213/91, com alteração dada pela Lei nº 9.032/95, ipsis litteris:

Tabela Progressiva de Carência

Ano de implemento das condições

Meses de contribuição exigidos

1991 60 meses

1992 60 meses

1993 66 meses

1994 72 meses

1995 78 meses

1996 90 meses

1997 96 meses

1998 102 meses

1999 108 meses

2000 114 meses

2001 120 meses

2002 126 meses

2003 132 meses

2004 138 meses

2005 144 meses

2006 150 meses

2007 156 meses

2008 162 meses

2009 168 meses

2010 174 meses

2011 180 meses

Exemplo: Ana Maria filiou-se ao RGPS em maio de 1991 e veio a atingir a idade de 60 anos completos em 2000, neste caso, Ana Maria deverá comprovar apenas 114 meses de contribuição.

A renda mensal inicial (RMI) da aposentadoria por idade será correspondente a 70% do salário de benefício, mais 1% por grupo de doze contribuições mensais, até o máximo de 30%, e a alíquota do fator previdenciário é utilizada quando positiva.

A modalidade de aposentadoria por idade compulsória não mais existe no RGPS, porém o art. 51 da Lei nº 8.213/91, permite tal modalidade de aposentadoria desde que o empregador faça o requerimento administrativo e o acerto monetário de todas as verbas trabalhistas e rescisórias. Ademais, o trabalhador deverá possuir a carência mínima de contribuição, além da idade mínima de 65 anos, se mulher e, 70 anos, se homem.

A aposentadoria por idade do trabalhador rural na condição de segurado especial possui peculiaridades tais como: comprovação do efetivo exercício da atividade rural, mesmo que de forma descontínua e sua previsão legal está contida nos artigos 39, I e 48, § 2º, da Lei nº 8.213/91 e alterações advindas da Lei nº 11.718/09.

14. Aposentadoria por Tempo de Contribuição e suas Modalidades

COM RENDA INTEGRAL

A expressão aposentadoria por tempo de contribuição surgiu com a EC nº 20, de 15 de dezembro de 1998, dando fim à antiga denominação aposentadoria por tempo de serviço, mas precisamente com o advento da Lei nº 9.876/99 (que alterou a forma de cálculo dos benefícios previdenciários e criou o fator previdenciário).

Requisitos:

Decreto nº 3.048/99, ipsis verbis:

Art. 56.  A aposentadoria por tempo de contribuição será devida ao segurado após trinta e cinco anos de contribuição, se homem, ou trinta anos, se mulher, observado o disposto no art. 199-A.

Art. 199-A.  A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela exclusão do direito ao benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento, sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição, a alíquota de contribuição:

I - do segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado;

II - do segurado facultativo;

III - do MEI de que trata a alínea “p” do inciso V do art. 9º, cuja contribuição deverá ser recolhida na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples Nacional. (Nova redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 30/12/2008)

§ 1o  O segurado que tenha contribuído na forma do caput e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente, para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem recíproca do tempo de contribuição, deverá complementar a contribuição mensal mediante o recolhimento de mais nove por cento, acrescido de juros de que trata o disposto no art. 239.

2o  A contribuição complementar a que se refere o § 1 o será exigida a qualquer tempo, sob pena do indeferimento ou cancelamento do benefício.

A regra é a seguinte: aquele que optar por alterar sua alíquota de contribuição de no mínimo 20% para 11% deixará de ter a expectativa de um dia aposentar-se por Tempo de Contribuição, exceto se pagar com juros a diferença de 9% que deixou de recolher (para contribuintes individuais do PSPS – Plano Simplificado de Previdência Social ou MEI – Micro empreendedor individual.

A renda mensal inicial (RMI) da aposentadoria por tempo de contribuição com renda integral será correspondente a 100% do salário de benefício, aplicando-se o fator previdenciário, compulsoriamente.

COM RENDA PROPORCIONAL

Trata-se da aposentadoria por tempo de contribuição para aqueles segurados que à época da vigência da EC 20/1998, mantinham a expectativa do direito à aposentadoria, diante isso, criou-se uma regra transitória para tais segurados.

Atualmente, tal espécie de aposentadoria tem sido rara, pois todos aqueles que tinham a expectativa do direito em 1998 já se aposentaram e, ademais, o segurado que opta por tal aposentadoria está sujeito a grande prejuízo financeiro, em virtude da aplicabilidade compulsória do fator previdenciário.

Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998.

Art. 9º - Observado o disposto no art. 4º desta Emenda e ressalvado o direito de opção a aposentadoria pelas normas por ela estabelecidas para o regime geral de previdência social, é assegurado o direito à aposentadoria ao segurado que se tenha filiado ao regime geral de previdência social, até a data de publicação desta Emenda, quando, cumulativamente, atender aos seguintes requisitos:I - contar com cinqüenta e três anos de idade, se homem, e quarenta e oito anos de idade, se mulher; e1º - O segurado de que trata este artigo, desde que atendido o disposto no inciso I do "caput", e observado o disposto no art. 4º desta Emenda, pode aposentar-se com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando atendidas as seguintes condições:I - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; eb) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, na data da publicação desta Emenda, faltaria para atingir o limite de tempo constante da alínea anterior; II - o valor da aposentadoria proporcional será equivalente a setenta por cento do valor da aposentadoria a que se refere o "caput", acrescido de cinco por cento por ano de contribuição que supere a soma a que se refere o inciso anterior, até o limite de cem por cento.

Conforme IN 20/2007, in verbis:

Art. 109, inciso II – aposentadoria por tempo de contribuição com renda mensal proporcional, desde que cumpridos os seguintes requisitos, cumulativamente: 

a) idade: 53 (cinqüenta e três) anos para o homem; 48 (quarenta e oito) anos para a mulher;

b) tempo de contribuição: trinta anos, se homem, e 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher;

c) um período adicional de contribuição equivalente a quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o tempo de contribuição estabelecido na alínea “b” deste inciso.

Ex: João possuía 22 anos de contribuição em dezembro de 1996. Para João aposentar-se o mesmo precisará cumprir com os requisitos do art. 109, II, a, b e c da IN 20/07. Então, João aposentará aos 53 anos de idade e terá que apresentar um adicional de 40% sobre os 08 anos que faltavam para 30 anos em 15/12/1998.

O adicional será de 03 anos e 02 meses. Então João aposentará aos 53 anos de idade e com o tempo mínimo de 33 anos e 02 meses de contribuição.

A renda mensal inicial (RMI) do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com renda proporcional não será de 100% do salário de benefício, mas será de 70%, com acréscimo de 5% para cada ano que ultrapassar o tempo mínimo exigido como adicional, além da aplicação da alíquota do fator previdenciário.

Obs.: Dá-se o nome de PEDÁGIO para o adicional de 40% exigido como acréscimo no tempo de contribuição para a aposentadoria.

COM ACRÉSCIMO OU CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL

Nesta modalidade de aposentadoria por tempo de contribuição será somado ao tempo comum, o tempo especial em que o segurado laborou em atividade insalubre.

De regra, as conversões são efetuadas até 28/05/1998, consta, porém, que é possível a conversão de tempo comum em especial após a data de 28/05/1998.

Ver tabela de conversão (art. 70 do Decreto nº 3.048/99).

Tempo a converter

Multiplicadores

Mulher Homem

(30 anos) (35 anos)

De 15 anos 2,00 2,33

De 20 anos 1,50 1,75

De 25 anos 1,20 1,40

Ex: João trabalhou no período de 10/10/1973 a 10/10/1980 como sapateiro, na condição de CI (contribuinte individual), no período de 10/12/1980 a 10/10/1990 na condição de eletricista na Usiminas, trabalha desde 10/05/1995 a 10/05/2009 na condição de comerciário. Como ficará a soma do tempo de contribuição de João?

Contar-se-á da seguinte forma:

Sapateiro: 07 anos, em tempo comum.

Eletricista: 10 anos, convertendo-se por 1.40, visto que eletricista exerce atividade insalubre correspondente a 25 anos de contribuição, ou seja, para cada ano acrescenta-se 04 meses, então se são 10 anos ao converter o tempo comum com insalubre terão 14 anos.

Comerciário: 14 anos, em tempo comum.

Ao somar todo o período: João terá 35 anos de contribuição, então sua aposentadoria será por tempo de contribuição com renda integral.

Obs.: Para o tempo laborado em área insalubre faz-se necessário ou imprescindível a apresentação do PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário) por parte do segurado, para cada período exercido em atividade insalubre.

A concessão da aposentadoria poderá ser com renda integral ou proporcional e será utilizada a aplicação do fator previdenciário.

COM INCLUSÃO DE TEMPO EXERCIDO EM ATIVIDADE RURAL NA CONDIÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL

O segurado ao requerer a aposentadoria por tempo de contribuição apresentará um período laborado em atividade rural, sob regime especial, ou seja, regime de economia familiar. A lei permite tal inclusão até 31/10/1991.

Funciona da seguinte forma: o segurado apresentará para fins de comprovação do efetivo exercício da atividade rural a mesma documentação exigida para o trabalhador rural que requer a aposentadoria por idade, na condição de segurado especial, ou seja, contrato de parceria rural, registro de imóvel rural, comprovantes do INCRA, ITR, CCIR, certidão de casamento civil constando a sua profissão como sendo a de lavrador/agricultor, certificado de dispensa e incorporação constando a sua profissão de lavrador/agricultor, filiação sindical em sindicato da categoria, dentre outras provas de direito.

Além da prova material, será efetuada uma entrevista com o requerente, na qual o mesmo responderá questionamentos peculiares à atividade rural exercida, bem como com a coleta de depoimentos de duas testemunhas idôneas, sem grau de parentesco com o entrevistador e requerente e, preferencialmente confrontante de terras à época dos fatos.

Ex: João possui 46 anos de idade e residiu na localidade de Alfié, zona rural de São Domingos do Prata e, trabalhou em regime de economia familiar com seus pais e irmãos entre os anos de 1978 a 1989, em 07/01/1990 João conseguiu um emprego de encarregado, sob regime de CLT na Cia CAF Florestal, em Dionísio, na qual trabalha até os dias atuais. Assim sendo, o tempo de contribuição de João fica da seguinte forma perante a Previdência Social: 01/78 a 12/89 – segurado especial, mediante apresentação de documentação peculiar à atividade rural, totalizando 11 anos, 05 meses e 19 dias filiados ao RGPS, na condição de empregado. João possui 30 anos e 05 meses de contribuição e, aposentar-se-á ao completar 35 anos de contribuição.

A concessão da aposentadoria poderá ser com renda integral ou proporcional e será utilizada a aplicação do fator previdenciário.

PARA PROFESSORES

A EC nº 20/98 corrigiu o entendimento equivocado de que a aposentadoria do professor era uma espécie de aposentadoria especial, mas tal aposentadoria possuía apenas regras distintas de natureza constitucional, pois os professores de ensino fundamental ou médio somente poderiam obter a aposentadoria se admitida sua atividade como penosa e se a penosidade fosse admitida como agente nocivo, o que não ocorre na legislação vigente.

Diante isso, após a EC nº 20/98 a aposentadoria para professores é a aposentadoria por tempo de contribuição, observando-se a regra contida na aplicação do fator previdenciário e o tempo de contribuição que será reduzido em cinco anos para ambos os sexos, desde que seja comprovado exclusivo exercício da docência para ensino básico, fundamental e médio. Dispositivo legal: art.56, Decreto nº 3.048/99.

Antes da reforma constitucional de 1998, o professor, ainda que de nível superior, poderia aposentar-se com a redução de cinco anos. De modo a resguardar a expectativa de direito, o legislador criou uma regra de transição.

Nesse sentido também dispõe a IN 20/2007, in verbis:

Art. 128. O professor, inclusive o universitário, que não implementou as condições para aposentadoria por tempo de serviço de professor até 16 de dezembro de 1998, poderá ter contado o tempo de atividade de magistério exercido até a data constante deste artigo, com acréscimo de 17% (dezessete por cento), se homem, e de vinte por cento, se mulher, se optar por aposentadoria por tempo de contribuição, independentemente de idade e do período adicional referido na alínea “c” do inciso II do art. 109 desta Instrução Normativa, desde que cumpridos 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e trinta anos, se mulher, exclusivamente em funções de magistério.

Art. 129. A partir da EC nº 18, de 30 de junho de 1981, fica vedada a conversão do tempo de exercício de magistério para qualquer espécie de benefício, exceto se o segurado implementou todas as condições até 29/06/1981.

Art. 130. A aposentadoria por tempo de contribuição do professor será devida ao segurado, sem limite de idade, após completar trinta anos de contribuição, se homem, ou 25 (vinte e cinco) anos de contribuição, se mulher, nas seguintes situações:

I - em caso de direito adquirido até 05 de março de 1997, poderão ser computados os períodos: 

a) de atividades exercidas pelo professor em estabelecimento de ensino de 1º e 2º grau ou de ensino superior, bem como em cursos de formação profissional, autorizados ou reconhecidos pelos órgãos competentes do Poder Executivo Federal, Estadual, do Distrito Federal ou Municipal, da seguinte forma: 

1 - como docentes, a qualquer título, ou

2 - em funções de administração, planejamento, orientação, supervisão ou outras específicas dos demais especialistas em educação. 

b) de atividades de professor, desenvolvidas nas universidades e nos estabelecimentos isolados de ensino superior, da seguinte forma: 

1- pertinentes ao sistema indissociável de ensino e pesquisa, em nível de graduação ou mais elevado, para fins de transmissão e ampliação do saber, ou

2 - inerentes à administração.

A renda mensal inicial (RMI) será correspondente a 100% do salário de benefício e a aplicação do fator previdenciário é obrigatória.

Para maiores esclarecimentos sobre o tema sugiro a leitura da Lei nº 11.301/06 e Súmula 726 do Supremo Tribunal Federal.

14. Aposentadoria Especial

A aposentadoria especial, ao contrário do que possa parecer, é um dos mais complexos benefícios previdenciários, não sendo exagero considerá-lo o que produz maior dificuldade de compreensão e aplicação de seus preceitos.

Grande parte desta dificuldade decorre das constantes alterações da legislação, que sempre trazem novas regras, sendo algumas derrubadas pelo Judiciário. O tema é tratado na Lei nº 8.213/91, arts. 57 e 58 e Decreto nº 3.048/99, arts. 64 a 70.

A aposentadoria especial é devida ao segurado que tenha trabalhado durante 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física ou mental.

Visa a atender os segurados que estão expostos a agentes físicos, químicos e biológicos, ou uma combinação destes, acima dos limites de tolerância aceitos, o que presume produzir a perda da integridade física e mental em ritmo acelerado.

Instituída pela LOPS (Lei Orgânica da Previdência Social), Lei nº 3.807/60, sendo que, à época, exigia limite mínimo de idade, cinquenta anos ou mais, além de ter trabalhado o segurado com exposição a agentes nocivos. A Lei nº 5.440-A/68 suprimiu a exigência da idade, o que prevalece até hoje.

O atual regramento legal deste benefício foi basicamente delineado pela Lei nº 9.032/95, Decreto nº 4.882/03, que alterou alguns dispositivos do RPS (Decreto nº 3.048/99).

A inclusão do § 11 ao art. 68 do Decreto nº 3.048/99 passa a determinar que as avaliações ambientais em locais de trabalho deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista, bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, ou seja, para observar a nocividade dos agentes, serão utilizados os limites de tolerância previstos nas Normas Trabalhistas e a de Higiene Ocupacional (NHO) da FUNDACENTRO.

São agentes nocivos na definição da Previdência Social:

Físicos: os ruídos, as vibrações, o calor, as pressões anormais, as radiações ionizantes etc.

Químicos: os manifestados por névoas, neblinas, poeiras, fumos, gases, vapores de substâncias nocivas presentes no ambiente de trabalho.

Biológicos: os micro-organismos como bactérias, fungos, parasitas, bacilos, vírus etc.Comprovação da exposição de agentes nocivos: a comprovação da efetiva exposição do segurado aos agentes nocivos é feita mediante formulário denominado PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário), emitido pela empresa ou seu preposto, com base no LTCAT (Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho), expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. O PPP substitui os

extintos: SB – 40 DISES BE 5235, DSS – 8030, DIRBEN – 8030 e Laudo Técnico Pericial.

Para fins de concessão da aposentadoria especial a perícia médica do INSS avaliará o PPP, podendo, inclusive inspecionar o local de trabalho.

PERCENTUAIS DE CONVERSÃO

1- Conversão de tempo comum em especial, conforme art. 70 do Decreto nº 3.048/99.Tempo de atividade a ser convertido

Mulher (30 anos) Homens (35 anos)

De 15 anos 2,00 2,33

De 20 anos 1,50 1,75

De 25 anos 1,20 1,40

2- Conversão de tempo especial em especial, conforme art. 66 do Decreto nº 3.048/99.

Tempo a converter MULTIPICADORES

Para 15 anos Para 20 anos Para 25 anos

De 15 anos - 1,33 1,67

De 20 anos 0,75 - 1,25

De 25 anos 0,60 0,80 -

3- Tabela de enquadramento por períodos laboradosLEGISLAÇÃO PERÍODO ENQUADRAMENTO POR

Decreto nº 53.831/64 e 83.080/79

Até 28/04/1995

De 29/04/1995 a 05/03/1997

Categoria profissional/agente nocivo

Por agente nocivo

MP 1523/96 - Lei nº 9528/07

Após 14/10/1996 Exigência de laudo para todos agentes nocivos

Decreto nº 2172/97 06/03/1997 a 05/05/1999 Agente nocivo – anexo IV

MP 1729/98 - Lei nº 9732/98

Após 02/12/1998 Exigência de referência de EPI nos laudos

Decreto nº 3.048/99 Após 06/05/1999 Agente nocivo – anexo IV

Decreto nº 4.882/03 Após 19/11/2003 Considera os limites de tolerância da CLT

Decreto nº 4.032/01 Após 01/01/2004 Exigência da emissão do PPP

A renda mensal inicial (RMI) do segurado será correspondente a 100% do salário de benefício, não se aplica nesta espécie de aposentadoria a alíquota do fator previdenciário.

16. Serviço Social

Constitui atividade auxiliar do seguro social, pois a Previdência Social também traz ações de cunho assistencial, como o Serviço Social e a Reabilitação Profissional. O tema é tratado na Lei nº 8.213/91, art. 88 no Decreto nº 3.048/99, art. 161.

O Serviço Social visa a prestar ao beneficiário orientação e apoio no que concerne a solução dos problemas pessoais e familiares e à melhoria da sua inter-relação com a Previdência Social, para as questões referentes a benefícios.

Tais ações são exercidas por asssistentes sociais, integrantes do corpo de servidores do INSS. Estes possuem como recursos técnicos o parecer social e a pesquisa social.

17. Reabilitação Profissional

Não se trata de benefício da Previdência Social, mas de um serviço prestado pela mesma.

Cabe ao INSS promover a Reabilitação Profissional aos segurados, inclusive os aposentados por invalidez, de acordo com a possibilidades administrativas e, mediante a contratação de serviços especializados.

O art. 137 do Decreto nº 3.048/99 assim prevê, ipsis litteris:

O processo de habilitação e reabilitação profissional do beneficiário será desenvolvido por meio das funções básicas:

I- Avaliação do potencial laborativo;

II Orientação e acompanhamento da programação profissional;

III- Articulação com a comunidade, inclusive mediante a celebração de convênio para reabilitação física, restrita a segurados que cumpriram os pressupostos de elegibilidade ao programa de reabilitação profissional, com vistas ao reingresso no mercado de trabalho; e

IV -Acompanhamento e pesquisa da fixação no mercado de trabalho.

A programação profissional será desenvolvida por meio de cursos e/ou treinamentos, na comunidade, por meio de contratos, acordos econvênios com instituições públicas ou privadas.

O treinamento do reabilitando, quando realizado em empresa na qual o segurado não era empregado, não estabelece qualquer vínculo empregatício ou funcional entre ambos, bem como entre estes e o INSS. O fato de treinar o segurado não gera vínculo empregatício entre este e a empresa que fornece o treinamento.

O reabilitando que realizar o programa na empresa em que o mesmo é empregado terá seu contrato de trabalho suspenso e, o INSS manterá o seu pagamento (como benefício) e arcará com as despesas de transporte e alimentação.

Concluído o processo de Reabilitação Profissional, o INSS emitirá Certificado Individual, indicando a função para a qual o reabilitado foi capacitado profissionalmente, sem prejuízo do exercício de outra atividade para a qual se julgue capacitado.

Com a emissão do Certificado cessa a obrigação do INSS para com o segurado reabilitado, que irá concorrer no mercado de trabalho com as pessoas portadoras de deficiência, junto às empresas que possuírem mais de 100 empregados, na seguinte proporção:

I - Até 200 empregados, 2%; II - De 201 a 500 empregados, 3%; III - De 501 a 1000 empregados, 4%; ou IV - Mais de 1000 empregados, 5%.

Compete ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer sistemática de fiscalização, avaliação e controle das empresas, bem como instituir procedimentos e formulários que propiciem estatísticas sobre o número de empregados portadores de deficiência e de vagas preenchidas, para fins de acompanhamento do disposto no Decreto nº 3.048/99, art. 36, § 5º.

CAPÍTULO 6 – REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)

1-Conceito

O RPPS disciplina os direitos previdenciários dos servidores públicos, titulares de cargo efetivo (concursados). O Regime Próprio dos Servidores Públicos Federais está regulamentado pela Lei nº 8.112/90 (Chamada Lei do Regime Jurídico Único).

Os Estados também organizam Regime Próprio de Previdência para seus servidores, como é o caso por exemplo, do Paranáprevidência (Paraná), IPESP (São Paulo), IPERJ (Rio de Janeiro), IPSEMG (Minas Gerais), IPEC (Ceará), dentre outros.

Alguns municípios (os maiores) também tem Regime Próprio para seus servidores.

2-Contagem Recíproca do Tempo de Contribuição

Estes regimes têm regras próprias, segurados distintos e não se comunicam a não ser por um instituto muito importante em Direito Previdenciário que é a Contagem Recíproca do Tempo de Contribuição (CR/88, art. 201, § 9º; Lei nº 8.213/91, arts. 94 a 99; Lei nº 9.796/99).

O direito à Contagem Recíproca do Tempo de Contribuição assegura, em caso de mudança de regime do trabalhador, o cômputo do tempo de contribuição vertido pelo segurado do Regime Geral para fins de aposentadoria no Regime Próprio e assim reciprocamente, isto é, assegura o direito à Contagem do Tempo de Contribuição no Regime Próprio para fins de aposentadoria no Regime Geral.

A Contagem Recíproca é um canal (o único canal) a ligar os dois regimes de previdência e o documento emitido pelos sistemas previdenciários é a CTC – Certidão de Tempo de Contribuição.

A Lei nº 9.796/99 regulamenta sobre a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria, além de dar outras providências, com alteração dada pela Lei n º 11.430/06 (inclui acordos internacionais).3- Previdência do Servidor Público

Conforme lição de IBRAHIM (2009, p. 34-35):

Os Regimes Próprios de Previdência Social seguem as diretrizes da Lei nº 9.717/98, pois cabe à Uniãoestipular as normas gerais sobre o assunto. No citado diploma legal, há previsão do atendimento de alguns preceitos elementares, como vinculação exclusiva das contribuições ao pagamento dos benefícios (art. 1º, III) e a cobertura exclusiva a servidores de cargo efetivo (art. 1º, V) cabendo aos demais a vinculação obrigatória ao RGPS. Convém ressaltar que, atualmente, magistrados e membros do Ministério Público também participam do RPPS relativo ao respectivo Ente, seguindo as mesmas regras aqui expostas, inclusive quanto à contribuição e cálculo de benefícios (art. 93, VI e 129, § 4º, ambos da Constituição).

Esta norma legal básica sobre a organização dos regimes próprios de previdência foi alterada pela MP nº 2.187-13/01 e pela Lei nº 10.887/04, tendo esta última regulamentado algumas questões trazidas pela EC nº 41/2003, a qual, por sua vez, alterou substancialmente o regramento constitucional dos regimes próprios de previdência. Convém ressaltar que tal norma legal é de natureza nacional, sendo de observância obrigatória por parte de todos os Entes Federativos, pois compete à União definir normas gerais nesta matéria, que é de competência concorrente (art. 24, XII, CR/88).

A competência concorrente também está prevista no art. 149, parágrafo 1º, da Constituição, pois dispõe que os Estados, Distrito Federal e Municípios podem instituir o RPPS, porém as normas gerais são da competência da União.

As principais normas relativas ao RPPS estão previstas no art. 40 da Constituição com diversas alterações oriundas da EC nº 41/2003. A primeira alteração já é percebida no próprio caput do artigo, pois o mesmo dispõe sobre a contribuição dos servidores ativos e inativos, bem como como Ente Federativo respectivo.

O art. 93, VI e 129, § 4º, ambos da Constituição dispõem sobre as regras quanto à contribuição e cálculo de benefícios, inclusive para os magistrados e membros do Ministério Público relativos ao seu respectivo Ente.

Vide os seguintes artigos, ipsis litteris:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:[...]

VI - a aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus dependentes observarão o disposto no art. 40; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998.

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:[...]§ 4º Aplica-se ao Ministério Público, no que couber, o disposto no art. 93. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).Ainda de acordo com IBRAHIM (2009, p. 756):

[...] uma das razões que justificaram a criação de regimes próprios de previdência por diversos Entes, em especial após a Constituição de 1988, foi justamente escapar à cota patronal que seria devida ao RGPS. Assumindo a responsabilidade previdenciária pelos próprios servidores, houve um evidente ganho a curto prazo, com o fim da contribuição ao regime geral, mas criou-se uma verdadeira bomba relógio, que veio a eclodir neste momento, não tendo o Poder Público, o menor pudor em eleger seus próprios servidores como culpados.

É necessário reconhecer-se que servidores possuíam regime previdenciário não contributivo, sendo o benefício um prêmio após certo tempo de labor. A realidade atual é distinta, o sistema passou a ser contributivo, mas é evidente que haverá um largo período deficitário, que deverá ser arcado pela sociedade, à semelhança do que ocorre com diversos benefícios do RGPS concedidos sem o respectivo custeio.

O sistema previdenciário brasileiro, sem menor sobra de dúvida, carece de modificações, em ambos os regimes básicos, sendo a unificação o caminho desejável. A união dos regimes acabaria com a irresponsabilidade previdenciária de alguns Entes e, ao mesmo tempo, poderia manter regras diferenciadas de acordo com as especificidades de alguns cargos públicos, inclusive com a manutenção da aposentadoria integral, desde que com custeio respectivo. Infelizmente, o caminho adotado foi o inverso, com a manutenção de regimes distintos e o nivelamento do teto de benefícios (desde que criado o regime complementar do servidor – ver art. 40, § 14, da CRFB/88) .

E prossegue seu posicionamento:

A necessidade do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema vem evidenciar a transformação do sistema previdenciário do servidor, iniciada com a EC nº 03/93 e aprofundada pelas reformas das EC nº 20/98 e EC nº 41/03, externando a presente natureza contributiva, devendo adequar-se a estas duas formas de equilíbrio [...].

4- Aposentadorias e Pensões para os Servidores do RPPS

O tema é amplamente abordado no art. 40 da Constituição, com as devidas alterações previstas nas EC nº 20/98 e EC nº 41/2003, ipsis litteris:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)§ 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos

regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementares, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005)§ 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no  § 1º, III, "a", para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)§ 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98)

Com relação à estabilidade do servidor público a Constituição, (após as Emendas Constitucionais) também dispõe:

Art. 41 [...]§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998).

O servidor público passa a ser avaliado por produtividade.

5- Aposentadoria por Tempo de Contribuição e Voluntária Integral

REGRA GERAL RPPS – ART, 40, § 1º, III, a, CRFB/88

Os requisitos são 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher; 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos de contribuição, se mulher; 10 anos de efetivo exercício no serviço público e 05 anos de efetivo exercício no cargo em que se der a aposentadoria.

A idade mínima de 65 anos, se homem, e 60 anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição.

Conforme § 3º, do mesmo diploma legal, ipsis litteris:

Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

A EC nº 41/03 pos fim à integralidade e à paridade e o benefício passou a ser calculado pela média, de modo análogo ao RGPS, os benefícios são corrigidos anualmente por índice fixado pela legislação.

REGRA TRANSITÓRIA RPPS 1 – ART. 2ª, EC Nº 41/03

Ocupantes de cargo efetivo antes da EC nº20, de 16/12/1998 podem optar pela Regra Geral ou pela Transitória 2.

Requisitos cumulativos:

Homem – 35 anos de contribuição e idade mínima de 53 anos completos; Mulher – 30 anos de contribuição e idade mínima de 48 anos completos; Pedágio de 20% sobre o tempo faltante em 16/12/1998 para completar 30 anos de

contribuição, se homem e, 25 anos de contribuição, se mulher; Tempo de seerviço público, tempo de carreira e tempo no cargo em que se der a

aposentadoria de no mínimo 05 anos cada.Cálculo dos proventos efetuado de modo análogo ao RGPS.

REGRA TRANSITÓRIA RPPS 2 – ART. 6º, EC Nº 41/03

Ocupantes de cargo efetivo antes de 31/12/2003. Optam por Regra Geral ou Transitória 1.

Requisitos cumulativos:

Homem – 35 anos de contribuição e idade mínima de 60 anos completos; Mulher – 30 anos de contribuição e idade mínima de 55 anos completos; Sem pedágio; Tempo de serviço público 20 anos, tempo de carreira 10 anos e 05 anos no cargo em

que der a aposentadoria.Cálculo dos proventos efetuado de forma integral e paridade com o servidor ativo.

REGRA TRANSITÓRIA RPPS 3 – EC Nº 47/05

Conhecida como proposta de Emenda à Constituição, vulgarmente como “PEC Paralela”, regra transitória, que somente é aplicável aos servidores que ingressaram no cargo público até 16/12/1998, data da publicação da EC nº 20/98. Optam por Regra Geral ou Regra Transitória 2.

Requisitos cumulativos:

Homem – 35 anos de contribuição e idade variável de 60 anos completos, com redução de 01 ano na idade, para cada ano contribuído além dos 35 anos, sendo seu somatório final igual a 95 anos;

Mulher – 30 anos de contribuição e idade variável de 55 anos completos, com redução de 01 ano na idade, para cada ano contribuído além dos 30 anos, sendo seu somatório final igual a 85 anos;

Sem pedágio; Tempo de serviço público de 25 anos, tempo de serviço em carreira de 20 anos e

tempo de serviço no cargo em que der a aposentadoria de 05 anos.Cálculo dos proventos com remuneração integral e paridade integral.

Nesse sentido esclarece IBRAHIM (2009, p. 703), in verbis:

A sistemática aqui tratada ficou conhecida como “Regra 95”, pois os servidores têm de totalizar, se homem, 95 anos, ou 85 anos se mulheres, somando-se tempo de contribuição e idade. [...]

Ainda mais, este benefício, além de integral, será mantido com paridade plena frente aos servidores ativos, [...].

Pelo que se pode observar a Reforma Previdênciária alterou, de forma considerável, a situação do servidor público.

CAPÍTULO 07 – PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

1. Conceito

O regime de Previdência Complementar é a previdência facultativa. O segurado determina se vai participar ou não. Poderá ser Privada, conforme dispositivo legal contido no art. 202, da Constituição Federal. Subdivide-se em duas categorias: Aberta ou Fechada. Poderá também ser exclusivo para os servidores do RPPS.

2. EAPC – Entidades Abertas de Previdência Complementar

São constituídas sob a forma de sociedades anônimas e tem por objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário, concedidos sob forma de renda continuada ou pagamento único, e acessível a quaisquer pessoas físicas.

Podem desenvolver outras atividades além dos planos de previdência. O segurado filia-se ou não, ficando a sua inteira vontade decidir. A fiscalização de tais seguros de previdência é feita pela SUSEP – Superintendência de Seguros Privados – órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, criado pelo Decreto-lei nº 73/1966.

O Ministério da Fazenda também se faz presente neste segmento por meio do Conselho Monetário Nacional de Seguros Privados, pelo Conselho Monetário Nacional e por algumas entidades da Administração Indireta, como o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários e o Instituto de Resseguros do Brasil.

De maneira geral, as EAPC atuam com fins lucrativos.

Planos de Benefícios

Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas, ou coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, diretamente ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante.

Ainda existe o FAPI – Fundo de Aposentadoria Programada Individual, criado pela Lei nº 9.477/97, o qual, segundo consenso entre os especialistas, trata-se mais de uma aplicação financeira do que um benefício de previdência complementar. O FAPI é oferecido pelos bancos em geral.

Exemplos de Previdência Aberta: BRADESCO Seguros, Caixa Vida (Caixa Econômica Federal), Previdência Privada do Banco do Brasil S/A, dentre outros.

3. EFPC – Entidades Fechadas de Previdência Complementar

Ao contrário das Abertas, são somente acessíveis aos empregados de uma mesma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ou aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial.

São constituídas sob forma de fundação ou sociedade civil e, são desprovidas de finalidade lucrativa. As EFPC têm como objeto exclusivo a administração e execução de planos de benefícios de natureza previdenciária, salvo serviços relativos à saúde.

Sua fiscalização fica a cargo da Secretaria da Previdência Complementar (SPC) – órgão integrante do Ministério da Previdência Social.

Planos de Benefícios

Podem ser classificadas como plano comum, quando administram planos ou conjunto de planos acessíveis ao universo de participantes, ou como multiplano, quando administram planos ou conjunto de planos de benefícios para diversos grupos de participantes.

Os benefícios previdenciários de aposentarias e pensões oferecidos pelas entidades fechadas de previdência complementar estão organizados em três diferentes tipos de planos de benefícios (benefício definido, contribuição definida e contribuição variável/misto).

Exemplos de Previdência Fechada:

SBPREV – Sociedade Beneficente dos Servidores Públicos do DF Previdência Complementar, ALEPEPREV – Fundo de Previdência Complementar da Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco, FUNASA – Plano de Benefícios PCD FUNASA, FUNASA – Plano Saldado FUNASA – PSF, HSBC – Plano de Benefícios BentelerPrev, HSBC – Plano de Benefícios E & Y Previdência Privada, dentre outros.

4. Previdência Complementar para o Servidor Público

A Ec nº 41/03 trouxe a possibilidade de extensão do teto do RGPS aos regimes próprios, desde que criado o regime complementar. Os servidores que ingressarem em RPPS após a criação do Regime Complementar terão, necessariamente, seus proventos restritos ao teto do RGPS, cabendo complementação, se assim desejarem, por meio do sistema complementar.

Cabe observar que somente mediante prévia e expressa opção do servidor efetivo poderá ser ele enquadrado no novo regime, desde que tenha ingressado no serviço público até a data de publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar.

Obviamente, nada impede que o servidor público vinculado a RPPS venha também a ingressar em regime aberto de previdência complementar, baseado no art. 202 da Constituição, pois é sistema de ingresso franqueado a qualquer pessoa.

Ex: FUNPRESP – Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal.

CAPÍTULO 08 – PROCESSO ADMINISTRATIVO PREVIDENCIÁRIO

1-Conceito

É exigência do Estado Democrático de Direito que tomada de decisões administrativas seja disciplinada de modo a assegurar respeito aos direitos individuais e a consubstanciar limitações dos poderes dos administradores públicos.

Qualquer trabalho dedicado ao estudo do direito processual previdenciário deverá, porém, voltar sua atenção para o que passa e para o que deveria se passar nessa relação administrativa.

2- Garantias Processuais Constitucionais

Uma vez que o chamado processo administrativo previdenciário tenha verdadeiramente compreendido seu conteúdo processual, é pertinente invocar-se que sua condução se opere com respeito ao devido processo legal.

Esse princípio constitucional é reconhecidamente um feixe de princípios constitucionais processuais que nele encontrariam fundamento, dentre os quais:

O direito constitucional de petição (CRFB/88, art. 5º, XXXIV, “a”), que assegura o direito de acesso à tutela administrativa;

Princípios do contraditório e ampla defesa (CRFB/88, art. 5º, LV), do qual decorrem o princípio da ampla instrução probatória e a regra de interdição da prova obtida ilicitamente (CRFB/88, art. 5º, LVI);

Princípio da motivação das decisões (CRFB/88, art. 93, IX); Princípio da publicidade dos atos processuais administrativos (CRFB/88, art. 37,

caput).De outra parte, os princípios constitucionais administrativos, destacadamente os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (CRFB/88, art. 37), devem irradiar efeitos normativos na condição desse devido processo administrativo previdenciário.

O processamento da Justificação Administrativa encontra-se dentro da garantia constitucional do direito da ampla defesa do beneficiário da Previdência Social, pois é compreendido no que se tem meios pelos quais o beneficiário poderá fazer comprovação de fato de seu interesse.

3- O Processo no Custeio

Atualmente, o contencioso administrativo fiscal é regulado pela Portaria RFB nº 10.875, de 16 de agosto de 2007, além das normas expressas no Decreto nº 70.253/72. Tais normas também devem atender às regras gerais previstas na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, a qual regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal.

Com o advento da Lei nº 11.457/07, que criou a Secretaria da Receita Federal do Brasil, unificando as Secretarias da Receita Federal e Receita Previdenciária, houve unificação de procedimentos administrativos, incluindo do contencioso.

Fases do procedimento administrativo contencioso:

Impugnação do lançamento de débito, do auto de infração, da informação fiscal de cancelamento de isenção ou com o recurso contra a decisão que indefira pedido de isenção, de reembolso ou de restituição;

Órgãos julgadores:

Delegacias da Receita Federal do Brasil (em primeira instância); Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (segunda instância).

4- O Processo no Benefício

Das decisões proferidas pelo INSS, referentes a reconhecimento de direitos beneficiários do RGPS, cabe recurso às Juntas de Recurso ou às Câmaras de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).

Assim como no contencioso relacionado ao custeio, há um duplo grau de jurisdição administrativa, sendo a 1ª instância composta pelas Juntas de Recursos, enquanto a 2ª instância é formada pelas Câmaras de Julgamento.

Órgãos julgadores:

Juntas de Recursos (primeira instância – recurso ordinário da parte); Câmaras de Julgamento (segunda instância – recurso especial da parte).

Em ambas as hipóteses o prazo é de 30 (trinta) dias, lembrando que as matérias de alçada, como assuntos médicos, são em regra de competência exclusiva das Juntas de Recursos.

Salienta-se informar que com a nova redação dada ao art. 16 do Regimento Interno do CRPS, pela Portaria MPS nº 112/08, somente segurados e empresas poderão interpor recursos especiais às Câmaras de Julgamento, exceto, naturalmente, as matérias de alçada, que não admitem recurso especial. Ou seja, hoje, quando a decisão é favorável ao segurado ou dependente, torna-se definitiva na esfera administrativa, não cabendo mais qualqer recurso pelo INSS, salvo embargos de declaração na hipótese de alguma obscuridade ou omissão ou eventual revisão de ofício pelo próprio CRPS, quando da existência de algum erro material.

5- A Justificativa Administrativa (JA)

Ainda existe, na esfera interna do INSS, a Justificativa Administrativa (JA), que é recurso utilizado para suprir a falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a Previdência Social.

Apesar da denominação dada pela legislação de “recurso”, a J.A. é, na verdade, procedimento administrativo acessório com o propósito de comprovar fato ou condição relevante para o beneficiário, como tempo trabalhado em razão da perda da CTPS ou mesmo a união estável com o segurado falecido.

A J.A. é processada por servidor especialmente designado pela chefia de benefícios da Agência da Previdência Social, recaindo a escolha sobre funcionários que possuam habilidade para a tomada de depoimentos e declarações e que tenham conhecimento da matéria, objeto da Justificação Administrativa.

Se, após a conclusão da J.A, o segurado apresentar outros documentos contemporâneos dos fatos alegados que, somados aos já apresentados e ao exposto nos depoimentos, levem à convicção de que os fatos ocorreram em período mais extenso do que o já homologado, poderá ser efetuado termo aditivo.

CAPÍTULO 09 – O CONTENCIOSO JUDICIAL PREVIDENCIÁRIO

1-Conceito

A atuação em Direito Previdenciário exige inicialmente conhecimento do que é a Previdência Social. Ela é um direito constitucional, um direito fundamental do indivíduo (CRFB/88, art. 6º).

O sistema pelo qual o Estado e a sociedade protegem o indivíduo contra riscos que podem prejudicar sua saúde, impedir seu desenvolvimento ou diminuir sua capacidade para o trabalho é o que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 chama de Seguridade Social (art. 194) é, então, o modelo de proteção social definido pela Constituição e, se destina a assegurar os direitos dos indivíduos à Saúde, Assistência e Previdência Social.

Diante isso, é correto afirmar que temos três grupos de ações sobre direito da Seguridade Social.

2- Ação Envolvendo o Direito à Saúde

Para questões envolvendo o não-fornecimento pelo Estado de medicamentos indispensáveis para a prevenção ou manutenção/recuperação da saúde (ou recusa em realizar determinado procedimento médico, como uma cirurgia), tem-se uma causa que diz respeito ao direito da saúde.

Pode-se dizer que reiteradamente a Justiça tem ordenado o Estado a fornecer os medicamentos necessários e considerados mais eficientes para a saúde do indivíduo. Isso é importante no caso de pessoas que não têm condições de adquirir medicamentos receitados que não se encontram nos postos de saúde e também na hipótese de utilização de medicamentos caros.

3- Direito à Assistência Social

A discussão sobre o direito à Assistência Social é muito comum na Justiça Federal. Na verdade há apenas uma espécie de ação judicial assistencial: é aquela que versa sobre o direito do indivíduo a receber o “benefício de prestação continuada da Assistência Social”, também denominado de “amparo ao idoso”, “amparo à velhice”, “amparo ao portador de deficiência” e “LOAS”.

A Constituição diz que a Assistência Social é devida a quem dela necessitar (art. 203), enquanto a Saúde é um direito universal. A Assistência Social é devida apenas a quem dela necessitar.

A Lei nº 8.742/93 disciplinou o direito ao benefício assistencial em seu art. 20 e parágrafos, respondendo às dseguintes três perguntas:

1) Qual é o idoso que tem direito ao benefício?2) O que se entende por pessoa com deficiência?3) Quando se considera que a família não tem condições de prover a manutenção do

idoso ou da pessoa com deficiência?O idoso, segundo a LOAS e, posterior alteração realizada pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), é o homem ou a mulher que conta com 65 anos de idade completos. Certamente não será habitual a discussão judicial em que o benefício assistencial foi

indeferido por causa da idade. Ou a pessoa tem 65 anos de idade ou não fará jus ao benefício.

O problema de milhares de processos de Assistência Social deriva das duas outras perguntas: Quem é a pessoa com deficiência e o que deve entender por família carente? Segundo o art. 20, § 2º, da Lei nº 8.742/93 (LOAS), considera-se pessoa portadora de deficiência aquela incapacitada para o trabalho e para a vida independente. Essa é uma questão difícil.

Constatando tamanha dificuldade para tal questão, o douto SAVARIS (2009, p. 319-320), assim expõe:

Houve tempo em que o INSS só concedia este benefício quando a pessoa se encontrasse em um estado de não conseguir realizar os atos básicos da vida diária e dependesse, para isso, de outras pessoas (exigia-se, por exemplo, que a pessoa não conseguisse deambular, higienizar-se ou alimentar-se autonomamente). Isso gerou inúmeros processos na Justiça, por pessoas que eram portadoras de deficiência, que não tinham condições de trabalhar (estavam realmente incapacitadas para o trabalho, mas que conseguiam realizar os atos básicos da vida diária sem ajuda de terceiros). A Justiça, de modo geral, dava-lhes ganho de causa, entendendo que era suficiente a condição de pessoa portadora de deficiência incapacitada para o trabalho (desde que fosse carente). [...].

Com relação à última pergunta: quando a família não tem condições de prover a manutenção do idoso ou da pessoa com deficiência? Segundo o art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93, ipsis litteris:

O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família.

§ 3º Considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário-mínimo.

Também questiona o douto SAVARIS (2009, p. 321), in verbis:

O critério de ¼ do salário mínimo é criticado por ser muito restritivo, mas o STF declarou a inconstitucionalidade do art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742/93, quando do julgamento da ADIN 1.232-1.

[...]

A discussão então será sobre isso. Via de regra, o juiz determinará que seja realizada uma constatação na residência do interessado, a fim de se verificar quantas pessoas residem com ele, qual a renda mensal, as condições de moradia etc. A jurisprudência tem orientado que o fato da renda mensal familiar ser superior ao limite disposto pela LOAS não impede, por si só, a concessão do benefício, desde que no caso concreto fique comprovada a situação de carência econômica (situação de miserabilidade, para alguns). A ação assistencial é dirigida contra o INSS, autarquia federal responsável pela operacionalização (concessão, manutenção e pagamento) deste benefício. Na verdade, os recursos para o pagamento deste benefício vem do Tesouro Nacional.

O pólo passivo na demanda judicial será sempre o INSS.

4- Ação Previdenciária

Uma terceira espécie de ação de Seguridade Social é a ação previdenciária. As ações mais comuns são:

Ação previdenciária de concessão de um benefício (o interessado pretende obter um benefício da Previdência Social);

Ação previdenciária de revisão de benefício (o interessado já é titular de um benefício previdenciário e busca a revisão da renda mensal deste benefício, porque o INSS calculou sua renda mensal inicial (RMI) a menor, ou não realizou adequadamente os reajustamentos devidos nos termos do art. 201, § 4º, da CRFB/88 e art. 41 – A da Lei nº 8.213/91;

Ação de restabelecimento de benefício previdenciário (o interessado teve cancelado – ou reduzido o valor de seu benefício);

Ação de manutenção de benefício previdenciário (o interessado persegue tutela jurisdicional que proíbe o INSS de cassar ou cancelar o seu benefício);

Ação de anulação de benefício previdenciário (o interessado pretende anular o ato de concessão de benefício).Quando se fala em direito à Previdência Social é importante ter presente, inicialmente, os dois traços fundamentais de nosso sistema previdenciário: a compulsoriedade da filiação e a contributividade para acesso aos benefícios. Em outras palavras, a Previdência Social pública é obrigatória e para termos acesso a um benefício previdenciário é indispensável o recolhimento de contribuições sociais para a Seguridade Social, com exceção dos benefícios de um salário mínimo devidos aos trabalhadores rurais, na forma dos arts. 39 e 143, ambos da Lei nº 8.213/91.

5- Competência em Matéria Previdenciária

Como o INSS é uma autarquia federal, a competência para o processamento das causas previdenciárias é da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CRFB/88.

Ocorre pois, que há três questões importantes:

Primeira, se a ação previdenciária decorre de acidente do trabalho a competência é da Justiça Estadual;

Segunda, se a hipótese for para apreciar e julgar ação de indenização por danos morais e materiais interposta pela família do empregado vitima de morte por acidente do trabalho a competência será da Justiça do Trabalho, por força do inciso VI do art. 114 da CRFB/88, instituída pela Emenda Constitucional n.45/2004;

Terceira, se o município em que reside o segurado da Previdência Social não é sede da Justiça Federal, é facultado a ele ajuizar a ação previdenciária na Justiça Estadual de seu município ou na sede da Justiça Federal que abrange aquele território.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O acesso a noções fundamentais de uma disciplina como o Direito Previdenciário faz-se necessário, pois se trata de um ramo do Direito em grande expansão, tendo em vista as alterações advindas da CRFB/88 e suas Emendas Constitucionais. Ademais, como disse o douto José Antônio Savaris “Permite avançar no conhecimento. Temos mares de gente para tratar e uma sociedade que parece congregada apenas pelo acaso, a curar.”

Uma carga horária de apenas 40 horas/aulas é muito pouco para tratar de um tema tão complexo e vasto, pois quando menos se espera, a Seguridade Social bate à nossa porta.

Concordo com vários autores que para que ocorra a verdadeira justiça social deverá haver a unificação dos sistemas previdenciários e, aqueles que esperam por uma aposentadoria capaz de prover seu sustento da mesma forma de quando se está em atividade, sugiro que busquem por uma boa previdência complementar, visto que, conforme expõe Rui Barbosa no início da introdução do presente trabalho “ a verdadeira igualdade está no tratamento desigual dos desiguais na medida da sua desigualdade”.

É de bom alvitre salientar que, a princípio, os benefícios da Seguridade Social são a forma em que o governo encontrou para amparar os menos favorecidos, visando a promoção do bem estar e justiça social.

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