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1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 01 Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade. Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012. 1. Seguridade Social 1.1 Conceito: Seguridade Previdência Assistência Saúde 1.2 Natureza da Seguridade Social: pública – imposição legal 1.3 Fontes 1.4 Princípios 1.4.1 Princípios da Seguridade Social (art. 194 e 195 da CF/88) a) igualdade; b) solidariedade; c) universalidade da cobertura e do atendimento; d) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; e) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; f) irredutibilidade do valor dos benefícios; g) equidade na forma de participação no custeio; h) diversidade da base de financiamento; i) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados; j) orçamento diferenciado; l) precedência da fonte de custeio. 1.4.2 Princípios da Previdência Social a) filiação obrigatória; b) caráter contributivo; c) equilíbrio financeiro e atuarial; d) da garantia do benefício mínimo; e) da correção monetária dos salários de contribuição; f) da preservação do valor real dos benefícios; g) da previdência complementar facultativa; h) da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários; i) comutatividade. 2. Interpretação das normas de Seguridade Social 3. Eficácia das normas de Seguridade Social Eficácia no tempo: normas de custeio – anterioridade Eficácia no espaço

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 01 Seguridade. Natureza, fontes e princípios. Eficácia e interpretação das normas de Seguridade. Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012. 1. Seguridade Social 1.1 Conceito: Seguridade � Previdência � Assistência � Saúde 1.2 Natureza da Seguridade Social: pública – imposição legal 1.3 Fontes 1.4 Princípios 1.4.1 Princípios da Seguridade Social (art. 194 e 195 da CF/88) a) igualdade; b) solidariedade; c) universalidade da cobertura e do atendimento; d) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; e) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; f) irredutibilidade do valor dos benefícios; g) equidade na forma de participação no custeio; h) diversidade da base de financiamento; i) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados; j) orçamento diferenciado; l) precedência da fonte de custeio. 1.4.2 Princípios da Previdência Social a) filiação obrigatória; b) caráter contributivo; c) equilíbrio financeiro e atuarial; d) da garantia do benefício mínimo; e) da correção monetária dos salários de contribuição; f) da preservação do valor real dos benefícios; g) da previdência complementar facultativa; h) da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários; i) comutatividade. 2. Interpretação das normas de Seguridade Social 3. Eficácia das normas de Seguridade Social � Eficácia no tempo: normas de custeio – anterioridade � Eficácia no espaço

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1. Seguridade: natureza, fontes e princípios 1.1 Conceito O direito à seguridade social pode ser compreendido, na terminologia adotada por Paulo Bonavides, como um direito fundamental de segunda geração, naquele rol de direitos umbilicalmente vinculados ao Estado do Bem-estar Social. Mas nem sempre foi assim. Lembra J. Franklin Alves Felipe que, tendo sido antes de atribuição da iniciativa privada, com o decorrer dos anos “o seguro adquiriu aspecto predominantemente social e revestiu-se de caráter obrigatório, quando o Estado, reconhecendo a necessidade comum de todos os homens de garantir uma estabilidade para o futuro, instituiu o seguro social”. Em outras palavras, nos tempos hodiernos a seguridade social é um dos principais direitos sociais. Como seria de esperar de uma constituição dirigente, própria de um Estado Social (Welfare State), a Carta de 88, superando concepções liberais de individualismo jurídico, conferiu logo no seu artigo 6º dignidade e fundamentalidade constitucionais ao direito à saúde, à previdência e à assistência.1 Mais adiante, nos artigos 194 e seguintes, tratou de pormenorizar a disciplina jurídica de tais direitos para globalmente considerá-los como elementos do sistema da seguridade social, instituída a fim de reduzir ou mesmo evitar os riscos sociais. O termo risco social é empregado para designar os eventos que ocorrem na vida de todos os homens, com certeza ou probabilidade significativa, provocando um desajuste nas condições normais de vida, em especial na obtenção dos rendimentos decorrentes do trabalho, gerando necessidades a serem atendidas, pois nestes momentos críticos, normalmente não podem ser satisfeitas pelo indivíduo. Na terminologia do seguro, chamam-se tais eventos de “riscos” e por dizerem respeito ao próprio funcionamento da sociedade, denominam-se “riscos sociais”. Os regimes previdenciários são instituídos com a finalidade de garantir aos seus beneficiários a cobertura de determinadas contingências sociais. Os riscos sociais cuja cobertura é suportada pelo regime geral são elencados no art. 1.º da lei nº 8.213/91, com exceção do desemprego involuntário, que é objeto de lei específica: lei n.º 7.998/90. (ROCHA e BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 31/32). Desta feita, como a Constituição de 1988 construiu um Estado do Bem-Estar Social em nosso território, a proteção social brasileira é, prioritariamente, obrigação do Estado. Hoje, no Brasil, entende-se por seguridade social o

1 Considerar o elenco como direitos fundamentais importa em graves conseqüências jurídicas, como se pode ver no atual debate em torno das diversas modalidades de eficácia das normas constitucionais (simétrica, nulidade, ineficácia, anulabilidade, negativa, proibitiva do retrocesso, interpretativa, sancionadora e outras) e dos custos dos direitos (reserva do possível). (Cf. os excelentes A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais, Ana Paula de Barcellos, Renovar, Rio de Janeiro/São Paulo, 2002 e Direito, Escassez e Escolha, Gustavo Amaral, Rio de Janeiro/São Paulo, 2001).

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conjunto de ações do Estado no sentido de atender à s necessidades básicas de seu povo nas áreas de Previdência Social , Assistência Social e Saúde. Compete à União legislar privativamente sobre essa matéria (art.22, inciso XXIII, CF/88). Segundo a CF/88, “A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (art.194). Entretanto, conforme lembrado por Wladimir Novaes Martinez , referido dispositivo constitucional não traz uma definição do que seja seguridade social, já que apenas relaciona os seus componentes. A rigor, ela pode ser conceituada como “a rede protetiva formada pelo Estado e por particulares, com contribuições de todos, incluindo parte dos beneficiários dos direitos, no sentido de estabelecer ações positivas no sustento de pessoas carentes, trabalhadores em geral e seus dependentes, providenciando a manutenção de um padrão mínimo de vida” (Fábio Zambitte ). O Poder Público deve, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: a) universalidade da cobertura e do atendimento; b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; d) irredutibilidade do valor dos benefícios; e) eqüidade na forma de participação no custeio; f) diversidade da base de financiamento; g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados (art.194, § único, CF/88). Pela “definição” constitucional já é possível notar que a Seguridade Social objetiva assegurar saúde, previdência e assistência. Podemos então dizer que Seguridade Social é gênero, da qual são espécies a Saúde, a Previdência e a Assistência Social. Comumente costuma-se confundir os conceitos, principalmente de Previdência e Assistência Social. É necessário extremar que cada uma das áreas da Seguridade Social tem princípios próprios e diferentes objetivos. A Saúde vem garantida pela Carta Magna como direito de todos e dever do Estado, que deve ser assegurada mediante ações que visem a reduzir os riscos de doença e seus agravamentos. O acesso aos programas de Saúde Pública necessariamente deve seguir os princípios da igualdade e universalidade do atendimento. Logo, neste campo, o acesso deve ser garantido a todos e de forma igual, sem qualquer tipo de contribuição, de forma que o atendimento público à saúde deve ser gratuito. E, segundo a jurisprudência do STF, o direito a saúde pode ser exigido judicialmente dos entes políticos, que são solidários na sua prestação. Não se

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há falar em violação ao princípio da separação de poderes. Há, inclusive, uma proposta de súmula vinculante em tramitação na Suprema Corte, a fim de sufragar a tese da solidariedade entre os entes federados na prestação dos serviços de saúde2. A Assistência Social, por sua vez, tem como princípios informativos a gratuidade da prestação e basicamente a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, através da proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem. Note-se que a diferença primordial entre as atividades da saúde e da assistência social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a assistência social. Logo, a assistência social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social. A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa. De acordo com o art. 20, § 1.°, da Lei n.° 8.742/93, entende-se por família aquela composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto, ou seja, a partir da Lei nº 12.435/2011, não há mais referência ao art. 16 da Lei 8.213/91, para conceituar família, no BPC. Questão interessante é a previsão do amparo social, previsto no inciso V do art.203 da Constituição Federal de 1988, conforme dispuser a lei. A lei nº 8742/93 (LOAS) previu pressupostos rígidos para concessão do amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, especialmente no tocante ao requisito econômico (a renda do grupo familiar não deve superar ¼ do salário mínimo per capita), sendo a sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, o qual a considerou constitucional em razão de a própria CF/88 remeter à lei a fixação desses requisitos. EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO. LEI 8.742/93. BENEFÍCIO DE AMPARO SOCIAL: REQUISITOS PARA A SUA CONCESSÃO. CONSTITUCIONALIDADE. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Benefício de amparo social previsto no inciso V do artigo 203 da Carta Federal. Matéria decidida nas instâncias ordinárias com base em provas documentais e testemunhais. Constitucionalidade do dispositivo legal (L. 8.742, artigo 20, § 3º)

2 Para maior detalhe, consultar o Informativo 579/STF: Fornecimento de Medicamentos e Responsabilidade Solidária dos Entes em Matéria de Saúde – 1

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que impõe a necessidade de comprovação de que a renda per capita da família seja inferior a um quarto do salário-mínimo, declarada pelo Pleno desta Corte. (…) (Votação unânime. RE 279919 AgR/SP AG.REG.NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA, Publicação: DJ DATA-28-06-02 PP-00139 EMENT VOL-02075-08 PP-01537, Julgamento: 02/04/2002 - Segunda Turma). O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, trouxe algumas alterações no que se refere ao benefício assistencial, a saber: a) passou a ser devido ao idoso a partir dos 65 anos de idade (art. 34, caput). Na redação original da LOAS, a idade era de 70 anos, reduzida para 67 anos a partir de 01.01.1998; e b) caso um outro membro do grupo familiar receba benefício assistencial, o valor deste deve ser excluído quando do cálculo da renda familiar per capita (art. 34, parágrafo único). A Previdência Social, por sua vez, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. Note-se então que o conceito de Previdência Social traz ínsito o caráter de contributividade, no sentido de que só aqueles que contribuírem terão acesso aos benefícios previdenciários. A diferença primordial entre os ramos da seguridade social, sendo claro que é que a assistência social e a saúde independem de contribuição, e a previdência, pressupõe contribuição. 1.2 Natureza A Seguridade Social tem natureza pública, ou seja, é uma imposição legal, independente de contrato e da vontade das partes envolvidas. Existe muita semelhança entre Previdência Social e contrato de seguro, uma vez que a pessoa contribui e tem cobertura de certos eventos, sendo que alguns estudiosos chegam a concluir que aquela é uma espécie deste. Mas, na verdade, existem apenas semelhanças, sendo em sua essência espécies diversas, principalmente porque o seguro traz a idéia de contrato, ligado ao direito privado, enquanto que a previdência social é eminentemente pública, face à repercussão social de suas ações. (A. Araújo) - Essa relação entre a seguridade e o contrato de seguro sofre a crítica de que o seguro impõe o pagamento do prêmio para que, configurado o sinistro, seja paga a indenização; não é o que ocorre na seguridade social, em que nem todos contribuem para o custeio, mas todos têm direito a algum tipo de proteção social. Além disso, a noção de dano do seguro nem sempre se encontra na relação da seguridade social, como ocorre no caso da maternidade que, apesar de não ser dano, possui cobertura pela seguridade social.

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Há, no Direito Comparado, dois movimentos de reforma dos modelos de previdência social: reforma estrutural e reforma não-estrutural. Esta busca o aperfeiçoamento do sistema público, com o fito de fortalecê-lo financeiramente a longo prazo (CASTRO E LAZZARI, 2008, p. 45). Objetiva proporcionar uma vinculação mais estreita dos sistemas de seguridade social com as necessidades sociais mais prementes, sendo apoiadas pela OIT e pela AISS (ROCHA E BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 30). Já as reformas estruturais visam modificar radicalmente o sistema público, seja introduzindo um componente privado como complemento ao público, seja criando um sistema privado que concorra com o público (CASTRO E LAZZARI, 2008, p. 45). Tais reformas seguem as diretrizes preconizadas pelo Banco Mundial e trabalham com a ideia de pilares múltiplos de proteção, com o objetivo de aumentar a capacidade de poupança nacional para viabilizar a aceleração do desenvolvimento econômico (ROCHA E BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 30). 1.3 Fontes As fontes do Direito Previdenciário são a Constituição Federal, a lei e outros atos normativos regulamentares. Para Wladimir Novaes Martinez, os tratados podem ser considerados fontes do DP. Contudo, não se pode olvidar que esses atos somente são internalizados por meio de decretos legislativos. Lazzari e Castro lembram que o costume não pode ser considerado fonte do DP, em razão do princípio da legalidade. Devem, porém, ser entendidas como fontes do DP, no âmbito interno da Previdência Social, as decisões sumuladas do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), já que vinculam a Administração. Também as normas coletivas são fontes do DP, pois criam complementações de benefícios previdenciários. Os regulamentos de empresa estabelecem complementação de benefícios previdenciários, mediante contribuição da empresa e do empregado. Neles, são previstos alguns requisitos para o direito à complementação do benefício. Hoje, temos como fontes formais principais do Direito Previdenciário a Constituição de 1988, as Leis nº 8.212 e 8.213 de 24 de julho de 1991 e o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, com as respectivas alterações. 1.4 Princípios da Seguridade e da Previdência Social Princípios são as proposições básicas, fundamentais, que condicionam todas as estruturações subseqüentes de uma ciência. São, assim, os seus alicerces.

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Tomando por base a ciência do direito, temos os princípios como normas dotadas de grande generalidade e abstração que representam a própria consciência jurídica, servindo como fundamento de validade para as demais normas e, também, como critério de interpretação destas. O legislador constituinte e o ordinário entenderam por positivar os princípios da seguridade social3. Destaque-se que apesar de denominados objetivos pelo texto constitucional, o parágrafo único do artigo 194 contém verdadeiros princípios, pois descrevem as normas elementares da seguridade, as quais direcionam toda a atividade legislativa e interpretativa deste ramo do Direito. (A.Araújo – além disso, diante da omissão da lei, esses princípios são fontes do direito, além de serem setoriais, ou seja, aplicáveis apenas à seguridade social) 1.4.1 Princípios da Seguridade Social: a) Igualdade : o §1º do art. 201 da CF/88, com a redação dada pela EC nº 20/98, veda a adoção de requisitos e critérios diferenciados para concessão de aposentadorias aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, ressalvados os casos de atividades exercidas em regime especial; b) Solidariedade ou solidarismo : positivado pelo constituinte de 1988 (art. 3o, I), este princípio visa à chamada evolução coletiva. A liberdade e a igualdade dada a cada um possibilita a evolução individual de todos, mas há que se atender aos anseios de uma evolução coletiva, sem a qual a sociedade não alcança o seu bem-estar de felicidade. Pois bem, ao adotá-la como princípio, torna-se obrigatória a contribuição da maioria em prol da minoria. É este princípio que permite e justifica uma pessoa ser aposentada por invalidez em seu primeiro dia de trabalho, sem ter contribuição recolhida pelo sistema. Também é a solidariedade que justifica a cobrança de contribuições pelo aposentado que volta a trabalhar. Este deverá adimplir seus recolhimentos mensais, como qualquer trabalhador, mesmo sabendo que não poderá obter nova aposentadoria. A razão é a solidariedade: a contribuição de um não é exclusiva deste, mas sim para a manutenção de toda a rede protetiva. A solidariedade é a justificativa elementar para a compulsoriedade do sistema previdenciário, pois os trabalhadores são coagidos a contribuir em razão da cotização individual ser necessária para a manutenção de toda rede protetiva, e não para a tutela do indivíduo, isoladamente considerado. Poderemos pensar que, por serem os benefícios previdenciários devidos apenas aos que contribuírem com o regime, o princípio da solidariedade não se aplicaria à Previdência Social. Tal raciocínio não é correto. Note-se que, quem mais contribui para a Previdência Social, o empregador, é quem menos desfruta

3 Os princípios da Seguridade Social se encontram enumerados na Constituição Federal, art. 194, parágrafo único, e nas leis 8.212 e 8.213/91 e serão tratados individualmente nos subtópicos seguintes.

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(proporcionalmente à sua contribuição) dos benefícios. Ademais, podemos citar o caso dos trabalhadores rurais que, embora tenham um método diferenciado de custeio, fazem jus, v. g., aos benefícios (ver artigo 143 da Lei nº 8.213/91). c) universalidade da cobertura e do atendimento : o constituinte previu a universalidade em seus dois aspectos: o objetivo (cobertura), buscando-se cobrir todos os riscos sociais que possam gerar o estado de necessidade, e subjetivo (atendimento), que diz respeito a todas as pessoas que integram a população, inclusive os estrangeiros. No que se refere a este segundo aspecto, esta é a regra em relação à saúde e à assistência social. Como a previdência social é, a princípio, restrita aos que exercem atividade remunerada, foi criada a figura do segurado facultativo para atender ao mandamento constitucional. Como ocorre com todos os princípios, o ora examinado é limitado por outros, como o da preexistência do custeio em relação ao benefício ou serviço. d) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviç os às populações urbanas e rurais : os benefícios e serviços oferecidos às populações urbana e rural devem ser os mesmos (uniformidade) e decorrentes dos mesmos eventos (equivalência). Esse princípio não implica na igualdade dos valores dos benefícios. Vale lembrar que, a partir da CF/88, foi instituído o regime geral de Previdência Social, deixando de existir os regimes específicos para trabalhadores rurais e urbanos. É decorrência também dos princípios da solidariedade e da igualdade, acima citados: sendo a área rural extremamente deficitária, os trabalhadores urbanos auxiliam no custeio dos benefícios rurais. Além disso, a igualdade material determina alguma parcela de diferenciação entre estes dois segurados, sendo que a própria Constituição prevê contribuições diferenciadas para o pequeno produtor rural (art. 195, §8º). Dessa forma, algumas distinções no custeio e nos benefícios entre urbanos e rurais são possíveis, desde que justificáveis perante a isonomia material, e igualmente razoáveis, sem nenhuma espécie de privilégio para qualquer dos lados. e) seletividade e distributividade na prestação dos be nefícios : diante da impossibilidade real de se cobrir todos os riscos sociais, assim como de atender a todos aqueles que habitam nosso território, o constituinte conferiu ao legislador uma espécie de mandato específico com o escopo de que este estude as maiores carências em matéria de Seguridade Social. Assim, o princípio da universalidade deve ser lido em conjunto com os princípios da seletividade e distributividade. A universalidade objetiva fica condicionada à seletividade, que permite ao legislador escolher quais as contingências sociais que serão cobertas pelo sistema de proteção social em face de suas

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possibilidades financeiras. A universalidade subjetiva, por sua vez, é limitada pela idéia de distributividade. A lei irá dispor a que pessoas os benefícios e serviços serão estendidos. Como exemplo de aplicação desse princípio, podemos citar o salário-família e o auxílio reclusão que, por força da Emenda Constitucional no 20/98, são pagos apenas aos segurados de baixa renda. Segundo Zambitte, a seletividade foi corretamente no que concerne ao salário-família, já que possui importância realmente aos segurados de baixa renda. Entretanto, a limitação no que concerne ao auxílio-reclusão é desprovida de razoabilidade na medida em que a renda elevada da família pode ser totalmente excluída em virtude da prisão do segurado, ocasião em que a proteção securitária deveria atuar. A distributividade impõe que a escolha recaia sobre as prestações que, por sua natureza, tenham maior potencial distributivo, com objetivo de reduzir as desigualdades (A. Araújo). Por fim, vale ressaltar que, em relação à saúde, a universalidade alcança todas as camadas da população, que fazem jus à utilização de todos os recursos existentes no estado atual da ciência médica (atendimento integral). Não têm aplicação, aí, os princípios da seletividade e distributividade; f) irredutibilidade do valor dos benefícios: segundo o Supremo Tribunal Federal, o princípio da irredutibilidade impede que seja imposta uma redução efetiva dos valores nominais das prestações da seguridade, garantindo ao beneficiário, se não a manutenção do seu padrão de vida e do seu poder aquisitivo, ao menos a capacidade de honrar os compromissos já assumidos. Há que se atentar, porém, para o fato de que, no caso de índices inflacionários elevados, a simples manutenção do valor das prestações não é capaz de garantir ao beneficiário que honre os seus compromissos do mês seguinte. A interpretação dada por nossa Corte Maior, data venia, enfraquece a garantia. Destaque-se que a CF/88, no seu art. 201, § 4º, impõe o reajustamento periódico da renda mensal do benefício, de modo a preservar o seu valor real; g) eqüidade na forma de participação no custeio : Norma dirigida ao legislador, importa na responsabilidade compartilhada entre o Estado e a sociedade civil pela manutenção financeira da Seguridade Social. A participação no custeio, dessa forma, deverá levar em conta as condições contributivas do indivíduo (sua capacidade financeira). Sendo assim, a contribuição de cada um deve ser proporcional ao seu poder aquisitivo. Nesse sentido, a classe empregadora tende a contribuir com parcela maior que a dos empregados, e, dentre as empresas, aquelas cuja atividade importa em maior risco social devem verter maiores contribuições. Veja, no entanto, que não se trata do conceito clássico de capacidade contributiva originário do Direito Tributário, o qual até excluiria a contribuição em algumas situações. A capacidade citada tem como limite o caráter necessariamente contributivo do sistema: ainda que dotado de parcos recursos, o trabalhador é compulsoriamente filiado ao regime, sendo

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obrigado a contribuir. Mas nada impede a redução de sua contribuição, compensando esta perda com o aumento da cotização de outros mais abastados (interação com o princípio da solidariedade). h) diversidade da base de financiamento : o financiamento da Seguridade Social (e da previdência) não pode se fazer com base em uma única fonte de tributos, sob pena de onerar por demais uma classe social ou atividade econômica ou permitir que oscilações setoriais venham a comprometer a arrecadação de contribuições. A diversidade faz com que se atinja um maior número de pessoas, garantindo uma constância maior de entradas, além de uma maior efetividade do princípio da solidariedade. Seguindo tal princípio, o próprio constituinte reduziu os encargos incidentes sobre os salários, caráter inibidor da contratação e da manutenção de vagas ativas no mercado de trabalho, para uma maior concentração nos itens faturamento e lucro. Assim, a Constituição Federal de 1988 prevê diversas formas do financiamento da Seguridade Social, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes públicos e dos concursos de prognósticos, além de prever a possibilidade de se instituir, através de lei complementar, novas fontes de custeio (art. 195, § 4º). A EC nº 42/2003 incluiu no texto constitucional mais uma fonte de custeio para a seguridade social, a saber, a contribuição do importador de bens e serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar (art. 195, IV, da CF/88). Com base neste princípio, qualquer proposta de unificação das contribuições sociais em uma única, como se tem defendido, é evidentemente inconstitucional, além de extremamente perigosa para a seguridade social. Fala-se, outrossim, em princípio da tríplice forma de custeio, já que o custeio, de acordo com o art. 195 da CF, envolve, trabalhadores e do próprio governo. contribuições das empresas i) caráter democrático e descentralizado da adminis tração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalha dores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgã os colegiados: embora único o sistema, deve ser ele gerido de forma descentralizada (com o propósito de maior efetividade) e com a participação do povo (para que se conceda maior legitimidade às decisões). Em decorrência desse princípio, foram criados diversos órgãos, como o Conselho Nacional de Previdência Social – CNPS, o Conselho Nacional de Assistência Social e o Conselho de Gestão da Previdência Complementar. Outros órgãos colegiados, como os conselhos estaduais e municipais de previdência, além do Conselho Nacional de Seguridade Social, foram extintos pela MP nº 2.216-37 de 31.08.2001. j) orçamento diferenciado: a Seguridade Social deve ter orçamento próprio separado do da União, com o objetivo de evitar que os recursos destinados às

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suas atividades sejam desviados para cobrir despesas deste Ente (art. 165, § 5º, III, da CF/88); l) precedência da fonte de custeio : segundo a Constituição de 1988, nenhum benefício ou serviço da Seguridade Social pode ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total (art. 195, §5o). Esse princípio visa a proteger as finanças da Seguridade Social e, conseqüentemente, a efetivação dos benefícios e serviços já garantidos por ela. Sérgio Pinto Martins aponta este como princípio da Seguridade Social. Esse princípio está relacionado com o equilíbrio financeiro e atuarial. Foi com base nesse princípio que o STF entendeu que pela impossibilidade de majoração das pensões por morte efetivadas antes do advento da lei n.º 9.032/954. Sem embargo, no Informativo n.º 599, o STF, valendo-se da técnica do distinguishing, entendeu ser possível a aplicação imediata dos novos tetos previdenciários trazidos pelas Emendas Constitucionais n.º 20/98 e n.º 41/2003 aos benefícios pagos com base em teto anterior, de menor expressão econômica5. Por fim, vale lembrar o enunciado n.º 456 da Súmula do STJ, DJe 08/9/2010, que guarda este teor: “É incabível a correção monetária dos salários de contribuição considerados no cálculo do salário de benefício de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão ou auxílio-reclusão concedidos antes da vigência da CF/1988.” 1.4.2 Princípios da Previdência Social a) filiação obrigatória : são segurados da Previdência Social todos aqueles que exercem atividades vinculadas ao Regime Geral, nos termos da lei, e não estão vinculados a regime próprio. A exceção ao princípio fica por conta dos chamados segurados facultativos, aos quais a lei abre a possibilidade de aderirem ao

4 EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE. CONCESSÃO ANTERIOR À LEI N. 9.032/95. IMPOSSIBILIDADE DE RETROAÇÃO. SÚMULA 359 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECURSO PROVIDO. 1. Em matéria previdenciária, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal firmou-se no sentido de que a lei de regência é a vigente no tempo de concessão do benefício (tempus regit actum). 2. Lei nova (Lei n. 9.032/95 para os beneficiados antes do seu advento e Lei n. 8.213 para aqueles que obtiveram a concessão em data anterior a 1991), que não tenha fixado a retroatividade de seus efeitos para os casos anteriormente aperfeiçoados, submete-se à exigência normativa estabelecida no art. 195, § 5º, da Constituição: "Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total." (RE 484702/AL, Pleno, J. em 09/02/2007). 5 Novo Teto Previdenciário e Readequação dos Benefíci os - 1 É possível a aplicação imediata do novo teto previdenciário trazido pela EC 20/98 e pela EC 41/2003 aos benefícios pagos com base em limitador anterior, considerados os salários de contribuição utilizados para os cálculos iniciais. (…) Em seguida, enfatizou-se que a situação dos autos seria distinta das hipóteses anteriormente examinadas pela Corte em que assentada a impossibilidade de retroação da lei. Registrou-se que a pretensão diria respeito à aplicação imediata, ou não, do novo teto previdenciário trazido pela EC 20/98, e não sua incidência retroativa. (…) Entendeu-se que não haveria transgressão ao ato jurídico perfeito (CF, art. 5º, XXXVI) ou ao princípio da irretroatividade das leis. (…) RE 564354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010.

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regime geral, mediante o recolhimento de contribuições e desde que não estejam filiados a outro regime próprio; b) caráter contributivo : o direito aos benefícios depende do recolhimento de contribuições. Contudo, se a responsabilidade pelo recolhimento das contribuições era de terceiros, o segurado fará jus às prestações da Previdência Social; c) equilíbrio financeiro e atuarial : a execução da política previdenciária deve respeitar a relação entre o custeio e o pagamento de benefícios. A introdução do fator previdenciário pela Lei nº 9.876/99 veio a concretizar esse princípio; d) da garantia do benefício mínimo : nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (CF/88 – art. 201, §2o). Segundo o princípio do valor mínimo, garante-se ao indivíduo (trabalhador, aposentado, pensionista, assistido...) uma renda capaz de "atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social" (CF/88 – art. 7o, IV); (A. Araújo – o auxílio acidente, por ter caráter indenizatório pode ser inferior ao salário mínimo) e) da correção monetária dos salários de contribuição : todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei (CF/88 – art. 201, §3o). O princípio da recomposição monetária, assim, "é aquele que garante ao contribuinte ou aos seus dependentes, no momento em que passam à condição de beneficiários da Previdência Social, uma justa e integral recomposição de todos os valores considerados para o fim de cálculo da prestação previdenciária, seja ela de trato sucessivo ou instantânea."; Em 23 de julho de 2004, foi editada a MP nº 201/2004, que “Autoriza a revisão dos benefícios previdenciários concedidos, com data de início posterior a fevereiro de 1994, e o pagamento dos valores atrasados nas condições que especifica.” Tal fato se deu em virtude da firme jurisprudência no sentido de que deve ser aplicado o IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) de fevereiro de 1994 (39,67%) na atualização dos salários-de-contribuição utilizados como base para o cálculo do salário de benefício, diversamente do procedimento efetuado pelo INSS, que só utilizava o índice acumulado até janeiro de 1994; f) da preservação do valor real dos benefícios : É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei (CF/88 – art. 201, §4o). É, segundo Cláudio Flores, uma pseudogarantia, já que a constituição reporta à lei ordinária o conteúdo que vem a ser valor real. Deveria o princípio do valor real garantir a proteção a todas as prestações continuadas de natureza previdenciária contra a

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degradação monetária, bem como contra a gestão administrativa e a iniciativa legislativa ordinária contrárias à integridade dos benefícios. Recentemente, o STF decidiu que os índices de reajuste do valor da renda mensal dos benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001 são constitucionais, sendo incabível a aplicação do IGP-DI, como pretendido pelos segurados, nesses períodos. Ao final, reproduzo as transcrições do voto do Relator publicadas no Informativo nº 322. No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização Nacional editou a Súmula nº 08: “Os benefícios de prestação continuada, no regime geral da Previdência Social, não serão reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001”; g) da previdência complementar facultativa : “admite-se a participação da iniciativa privada na atividade securitária, em complemento ao regime oficial, e em caráter de facultatividade para os segurados”, devendo esta ser regulada por meio de lei complementar (LC nº 109/2001). Antes da EC nº 20/98, o seguro complementar deveria ser mantida pela própria Previdência Social; h) da indisponibilidade dos direitos dos beneficiários : “são indisponíveis os direitos previdenciários dos beneficiários do regime, não cabendo a renúncia, preservando-se, sempre, o direito adquirido daquele que, tendo implementado as condições previstas em lei para a obtenção do benefício, ainda não o tenha adquirido”. Os benefícios não se sujeitam a arresto, seqüestro ou penhora, e só podem sofrer descontos determinados por lei ou por ordem judicial.6 i) comutatividade : para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de Previdência Social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei (CF/88 – art. 201, §9o). Embora a previdência seja estruturada seguindo o princípio da unicidade (regime geral), a própria Constituição reconhece o regime próprio dos servidores públicos. Assim, garante-se ao trabalhador o direito à aposentadoria, ou pensão aos seus dependentes, no caso em que ele contribuiu para diferentes sistemas, independentemente dos conflitos de ordem financeira que as entidades de previdência possam experimentar. Transferiu-se, com isso, o problema do mais fraco, o indivíduo, para os mais fortes, a União, os Estados e os Municípios. 2. Eficácia e interpretação das normas previdenciár ias

6 O Estatuto do Idoso, em seu art. 35, § 2º: O Conselho Municipal do Idoso ou o Conselho Municipal da Assistência Social estabelecerá a forma de participação prevista no § 1o, que não poderá exceder a 70% (setenta por cento) de qualquer benefício previdenciário ou de assistência social percebido pelo idoso.

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2.1 Interpretação das normas previdenciárias A interpretação decorre da análise da norma jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos. Várias são as formas de interpretação da norma jurídica: a) gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto a partir da análise da linguagem empregada; b) histórica: há necessidade de se analisar a evolução do instituto sobre o qual versa a norma; c) autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, e que irá declarar seu sentido, alcance, conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou legislativa; d) sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no qual está inserido, sem se ater a interpretação isolada de uma norma, mas sim ao conjunto; e) teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado pelo legislador. No Direito da Seguridade Social, vamos encontrar a aplicação da interpretação mais favorável ao segurado, que muitas vezes é determinada pela própria lei. Na legislação ordinária, principalmente quanto aos benefícios, costuma-se encontrar a expressão "o que for mais vantajoso" para o beneficiário. Alguns doutrinadores afirmam que o in dubio pro misero carece de cuidado, já que induz a um raciocínio equivocado. Esse preceito determina que, em caso de dúvida, a decisão deve ser a mais favorável ao beneficiário. Somente a dúvida suscita a aplicação desta regra, pois não é lícito ao aplicador do Direito ignorar preceito expresso de lei, aplicando outro mais favorável, com base no referido princípio. O intérprete deve estar atento aos fundamentos e objetivos do estado Democrático de Direito (arts. 1º e 3º da CF), notadamente a dignidade da pessoa humana e a redução das desigualdades sociais, além do trabalho que foi escolhido como alicerce da Ordem Social (A. Araújo). 2.2 Integração Integrar significa completar, inteirar. O intérprete fica autorizado a suprir as lacunas existentes na norma jurídica por meio da utilização das técnicas da analogia e da eqüidade, podendo ser utilizados também os princípios gerais de Direito e a doutrina.

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A analogia não é um meio de interpretação de norma jurídica, mas de preencher os espaços deixados pelo legislador. Consiste na utilização de uma regra semelhante para a solução do caso em exame. A analogia, assim como os demais métodos integrativos, também sofre outras limitações, como por exemplo, a criação de obrigações. A atual Constituição Brasileira determina “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II, da CF/88) e, por isso, a analogia não pode criar obrigações, como, por exemplo, exigir contribuição social de pessoa não definida em lei como sujeito passivo desta obrigação. A eqüidade é a possibilidade de suprir a imperfeição da lei ou de torná-la mais branda de modo a adaptá-la à realidade. Assim, para evitar injustiças na aplicação da norma ao caso concreto, o Juiz deixa de seguir rigorosamente o mandamento legal. A decisão por eqüidade, porém, só poderá ser adotada nas hipóteses autorizadas em lei (art. 127 do CPC). 2.3 Eficácia A eficácia da norma jurídica deve ser examinada em relação ao tempo e ao espaço: a) eficácia da lei no tempo: refere-se à entrada da lei em vigor. Quanto às normas de custeio, o § 6º do artigo 195 da Constituição estabelece que as contribuições sociais destinadas ao custeio da Seguridade Social somente poderão ser exigidas após decorridos 90 dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto do art. 150, III, b, da CF (princípio da anterioridade). No tocante às demais normas de custeio, bem como às relativas às prestações previdenciárias, entram em vigor na data da publicação da lei. Vale lembrar ainda que as normas constitucionais pendentes de regulação por lei complementar ou ordinária não são exigíveis antes da edição desta; b) eficácia da lei no espaço - a eficácia no espaço diz respeito ao território em que vai ser aplicada a norma. As Leis de Benefício e de Custeio se aplicam no Brasil, tanto para os nacionais como para os estrangeiros aqui residentes, de acordo com as regras determinadas pelo Plano de Custeio e Benefícios e outras especificações atinentes à matéria. Excepcionalmente, a legislação admite como segurado obrigatório “o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior, ou em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional” (art. 11, I, “c” e “f”, da Lei nº 8.213/91), bem como “o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro

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efetivo, ainda que ali domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio.” (art. 11, I, “e”, da Lei nº 8.213/91) Importa destacar que o art. 85-A da Lei nº 8.212/91 estabelece que os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como lei especial. Bibliografia Coimbra, Feijó – Direito Previdenciário Brasileiro – Edições trabalhistas - 9a Edição Cunha, Luiz Cláudio Flores da – Direito Previdenciário (Vladimir Passos de Freitas – coordenador – Livraria do Advogado - 2a Edição Rocha, Daniel Machado da – Comentários à Lei de Benefícios da Previdência Social – Livraria do Advogado - 1a Edição Tavares, Marcelo Leonardo – Direito Previdenciário – Lumen Juris – 2a Edição CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário, 3ª ed. LTr, 2002. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Verbo Jurídico. 2004. Resumo elaborado por Adrianno Sandes. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 7ª edição, Ed. Impetus, 2006. Resumos elaborados para a prova oral do TRF1. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 9. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008. ROCHA, Daniel Machado da e BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 9. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011. SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 02 Regime Geral. Segurados e dependentes. Inscrição e filiação. Qualidade de segurado. Manutenção e Perda Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012.

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1. Regime Geral de Previdência Social Para Castro e Lazzari, “entende-se por regime previdenciário aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que tem vinculação entre si em virtude da relação de trabalho ou categoria profissional a que está submetida, garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo sistema de seguro social – aposentadoria e pensão por falecimento do segurado”. O regime geral de Previdência Social cuida-se do principal regime previdenciário na ordem interna e abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada. Pertencem ainda a tal regime os funcionários públicos não abrangidos por regime próprio, a saber, a) os ocupantes de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com o Poder Público (artigo 37, inciso V, da Constituição Federal), b) os ocupantes de cargos temporários; e c) os empregados públicos “celetistas”. Segundo estudo, o RGPS atinge cerca de 86% da população brasileira amparada por algum regime de previdência. É regido pelas Leis nº 8.212/91 e 8.213/91 e regulamentado pelo Decreto nº 3.048/99, sendo sistema de repartição público, de filiação compulsória e automática para os segurados obrigatórios, tendo caráter contributivo, permitindo ainda a inscrição de segurados facultativos (princípio da universalidade de atendimento – art. 195, I, da CF/88). Sua gestão é atualmente realizada pelo INSS e pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (após a edição da Lei n° 11.457, de 16/03/2007). É imprescindível mencionar que a reforma constitucional pela EC 47/2005 teve como um de seus objetivos realizar a inclusão previdenciária no RGPS. Acrescentou ao art. 201, o §§ 12 e 13, facultando a aplicação de alíquota diferenciada de contribuição e carências inferiores, para os trabalhadores de baixa renda e daqueles, que, sem renda própria, se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência.7 A Constituição prevê ainda um Regime de Previdência Privada, facultativo, de caráter complementar, organizado de forma autônoma com relação ao RGPS e regulado por lei complementar. Assim, no Brasil, a exploração da previdência pela iniciativa privada é apenas em caráter supletivo. Para a constituição e início de funcionamento de uma entidade previdenciária privada, a LC 109/01 prevê a necessidade de autorização governamental prévia (art. 33, I, e art. 38, I). 7 Obs. foi pergunta na última prova oral – TRF1.

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2. Beneficiários: Segurados e Dependentes Beneficiários da previdência social são todas as pessoas naturais titulares de direitos subjetivos perante o Sistema Previdenciário. Dividem-se em segurados e dependentes. O quadro abaixo fornece sua classificação: Facultativos a) Segurados Empregado Empregado doméstico Obrigatórios Avulso Segurado especial Contribuinte individual

1ª classe – cônjuge, companheiro, filho menor de 21 anos não emancipado ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Lei

12.470/11) b) Dependentes 2ª classe – pais 3ª classe – irmão menor de 21 anos não emancipado ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Lei 12.470/11) Para Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Júnior, “Segurados são as pessoas físicas que, em razão de exercício de atividade ou mediante o recolhimento de contribuições, vinculam-se diretamente ao Regime Geral”. “Dependentes são as pessoas cujo liame jurídico existente entre elas e o segurado permite que a proteção previdenciária lhes seja estendida de forma reflexa”. Os segurados são titulares de direitos próprios, são os sujeitos ativos da relação jurídica. Os dependentes também exercem direitos próprios, mas sua vinculação com a Previdência está condicionada à manutenção da relação jurídica do segurado com o Sistema Previdenciário. A relação jurídica do dependente somente se instala quando não houver mais possibilidade de se instalar a relação jurídica com o segurado. 3. Inscrição e Filiação Segundo Marina Vasques, “filiação é o ato de vinculação do trabalhador ao RGPS. É condição assecuratória do direito subjetivo às prestações”. Já a inscrição8 “é o ato pelo qual o segurado ou dependente é cadastrado no RGPS”.

8 A Inscrição está prevista no art. 17 da Lei 8.213. Importante ressalvar que a inscrição do dependente ocorre apenas no momento do requerimento do benefício, não mais é necessário o requerimento de inscrição dissociado de requerimento de benefício.

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Para Wladimir Novaes Martinez, “a filiação representa fato pertencente ao mundo material – o trabalho remunerado – e acontece independentemente da vontade do que se filia; a inscrição, embora materializada pela documentação, é ato formal, deflagrado pelo beneficiário. A filiação sucede no universo físico enquanto a inscrição opera-se como sua exteriorização jurídica.” do obrigatório, a sua filiação é automática, ocorre a partir do momento em que o A filiação do trabalhador rural contratado pelo prazo de até 2 meses, dentro de 1 ano, por produtor rural, para realizar atividade de natureza temporárias, decorre da inclusão na GFIP (Decreto 3.048/99, art. 20, § 2º). Cabe destacar, no entanto, que o início da atividade remunerada não coincide, necessariamente, com o efetivo começo do trabalho, mas sim quando está pactuada a prestação de serviços, ainda que iniciada em outro momento ou o pagamento seja em outra data. Assim, por exemplo, para o empregado, a confirmação da contratação pelo empregador já efetiva a filiação ao RGPS. Ressalte-se que a atividade deve ser lícita, isto é, o trabalho em atividades ilegais, como o tráfico de drogas, evidentemente não gera qualquer vínculo com a previdência social. Todavia, não se deve confundir essa situação com o “trabalho proibido”, vedado por lei em virtude de certas características, mas sem ilegalidade na atividade em si considerada. Assim, menores de 18 anos que laborem em atividades insalubres, em evidente desrespeito à Constituição, não podem ser prejudicados pela irregularidade de seu empregador, cabendo aí a aplicação de todas as normas previdenciárias, incluindo a filiação automática. Além disso, deve ser reconhecido eventual tempo de serviço laborado ilegalmente por menor de dezesseis anos, com recolhimento das contribuições devidas pelo empregador (STF). Apesar de a filiação ser vínculo jurídico, ela pode ser múltipla, o que ocorre caso o segurado venha exercer mais de uma atividade remunerada vinculante ao RGPS. Neste caso, será este trabalhador filiado em relação a cada uma delas, fazendo jus a benefícios diversos ou exclusivos de uma atividade (art. 11, §2º da Lei 8.213/91). Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Junior esposam entendimento diverso do veiculado acima. Para os autores, ainda que o trabalhador exerça mais de uma atividade abrangida pelo regime previdenciário, e, em decorrência, esteja obrigado a contribuir em relação a cada uma das atividades, só pode haver uma filiação, pois o sistema irá lhe conceder apenas um benefício substitutivo, limitado a um único teto que leva em consideração todas as atividades exercidas pelo segurado no regime. (...) Por conseguinte, pode haver mais de uma inscrição, mas apenas uma filiação (2009, p. 81).

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Vale lembrar que o dirigente sindical mantém, durante o exercício do mandato eletivo, o mesmo enquadramento no RGPS de antes da investidura, inclusive o segurado especial, o qual, como regra, não pode exercer outra atividade distinta da produção rural. Também os advogados nomeados ministros do TSE ou desembargadores dos TRE’s mantém o mesmo enquadramento anterior à investidura (RPS – Dec. 3.048/99, art. 9º, §11). Se o trabalho é prestado no Brasil, como regra geral, não importa o lugar da celebração do contrato e nem a nacionalidade do trabalhador, porquanto a proteção previdenciária, inspirada pela universalidade, irá considerar a atividade desenvolvida como abrangida pela órbita do regime geral. Mesmo no caso do apátrida, o exercício de atividade vinculada ao regime geral, consoante prevê o art. 24 da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, promulgado pelo D. 4.246/02, assegura a aquisição de direitos previdenciários (ROCHA E BALTAZAR JUNIOR, 2009, p. 57). A inscrição, sendo ato meramente formal, geralmente ocorre posteriormente à filiação, exceto em relação ao segurado facultativo, cuja inscrição ocorre antes da filiação. Para os segurados obrigatórios, contudo, a inscrição pressupõe a filiação, sendo que a aquela sem esta não produz qualquer efeito perante a previdência social. Atualmente, a inscrição dos empregados e avulsos é feita quase que simultaneamente com a inscrição Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS, na qual o trabalhador recebe a numeração de seu PIS. Esta mesma codificação é remetida à DATAPREV, responsável pela manutenção e operação do CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais, onde será feito o registro deste trabalhador. Estas informações são prestadas pelas empresas ao INSS por meio da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP. A qual atende a demanda previdenciária por informações de todos os segurados da previdência social. Saliente-se que a partir de abril de 2003, em decorrência da Lei n° 10.666/03, as empresas que contratarem serviços de contribuintes individuais passaram a ser obrigadas a efetuar as inscrições destes segurados (relacionados no art. 11, V, da Lei 8.213/91). Também as cooperativas de trabalho estão obrigadas a efetuar a inscrição de seus cooperados contribuintes individuais, se ainda não inscritos (art. 4.º, §2.º, da lei nº 10.666/03). A legislação previdenciária restringe indevidamente a idade mínima de inscrição aos 16 anos, de modo generalizado (art. 18, §2º do RPS), ignorando o menor aprendiz, que começa o labor aos 14 anos e tem assegurados seus direitos trabalhistas e previdenciários (Art. 65, ECA). Neste caso o menor será enquadrado como segurado empregado. Para os demais segurados, no entanto, vale restrição mencionada.

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Importa destacar que o Decreto nº 3.048/99 admite a inscrição “post mortem”, caso comprovado o exercício da atividade remunerada vinculada ao RGPS antes do falecimento. 4. Segurados Podem ser obrigatórios, se exercem atividade vinculada ao RGPS – sem possibilidade de exclusão voluntária -, ou facultativos, quando se filiam ao sistema voluntariamente. Nem toda atividade remunerada implica filiação obrigatória ao RGPS, sendo exemplo dessa situação o caso dos presos9. Desde o advento da EC nº 20/98, para ser segurado, é preciso ter a idade mínima de 16 anos (art. 7º, XXXIII, da Constituição). A exceção diz respeito ao aprendiz, que pode trabalhar a partir dos 14 anos. Antes da referida Emenda, a idade mínima era de 14 anos. 4.1 Segurados Obrigatórios Inicialmente, vale destacar o disposto no art. 11, § 2º e 3º, da LBPS: “Art. 11. (.....) (...) § 2º Todo aquele que exercer, concomitantemente, mais de uma atividade remunerada sujeita ao Regime Geral de Previdência Social é obrigatoriamente filiado em relação a cada uma delas. § 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que estiver exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da Seguridade Social. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.032, de 28.4.95)” A) Empregado É o segurado que presta pessoalmente serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração. Vale salientar que empregado rural é a pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços com continuidade a empregador rural, mediante dependência e salário (art. 2º da Lei n.º 5.889/73). Vale ressaltar que o estagiário não é segurado obrigatório do RGPS, desde que o estágio respeite as diretrizes fixadas pela Lei nº 11.788/08. Como o empregado se torna segurado do INSS? A inscrição do empregado é formalizada pelo contrato de trabalho registrado na Carteira de Trabalho e

9 Pela redação original do Dec. 3048, os presos eram enquadrados como contribuinte individual, porém com a redação dada pelo Decreto 7.054/09, passaram a ser enquadra dos como segurado facultativo (art. 11, § 1º, XI).

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Previdência Social. O recolhimento da contribuição é de responsabilidade do empregador. Segundo o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.213/91, é segurado obrigatório, como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;10 Devido à relevância do enquadramento correto do trabalhador para o custeio e benefício previdenciário, a fiscalização poderá reconhecer a existência de vínculo empregatício, sempre que observar a existência dos requisitos legais (STJ, Resp 236.279/RJ, 08.02.00), sem necessidade de demandar o reconhecimento do vínculo da Justiça do Trabalho. Atualmente, a Lei n° 11.457/07 que criou a Receita Federal do Brasil manteve o entendimento jurisprudencial acima, ao admitir que o Auditor Fiscal da SRFB, no exercício de sua atividade, possa enquadrar qualquer segurado como empregado para fins previdenciários, desde que sejam verificados os pressupostos característicos da relação de emprego. Pode, ainda, desconsiderar11 a existência de fictícia sociedade prestadora de serviços, enquadrando seus sócios como empregados da empresa contratante. Ainda que uma lide a este respeito (existência do vínculo laboral) entre empregado e empregador deve ser solucionada naquela Justiça especializada, não se exclui a competência de outros órgãos governamentais, ou mesmo da Justiça Federal, pois eventual ação anulatória de débito constituído em razão de reconhecimento de vínculo será examinada, nos seus requisitos legais, por esta última.

Especial atenção merece a situação dos trabalhadores rurais denominados “boias-frias”, até hoje excluídos do emprego formal. Para fins previdenciários, a jurisprudência os tem qualificado como “segurados empregados”.

Também se inclui nessa classe (segurado empregado) o aprendiz , maior de 14 e menor de 24 anos, ressalvado o portador de deficiência, ao qual não se aplica o limite máximo de idade, sujeito à formação técnica-profissional metódica, sob orientação de entidade qualificada. O limite de idade foi alterado pela MP 251, convertida na Lei n° 11.180, de 23/09/05, que alter ou a redação dos arts. 428 e

10 Resolvi manter o texto da lei, porquanto melhor para memorizar. 11 A emenda n° 3 ao Projeto que resultou na Lei 11.45 7/07 previa a desconsideração da pessoa, ato ou negócio jurídico que implicasse reconhecimento de relação trabalhista, com o seu vínculo empregatício, deveria ser precedida de decisão. Porém, tal emenda foi vetada pelo Presidente da República, preservando a competência do AFRPB para desconsiderar a pessoa jurídica e impor os efeitos da relação de trabalho (resumo da atualização de Gustavo de Paiva Gadelha).

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433 da CLT. Antes desta Lei, o limite máximo de idade para o aprendiz era de 18 anos. O aprendiz é considerado empregado para fins previd enciários. Constitui a única classe de segurado que pode se in screver antes de completar 16 anos de idade . b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

A lei nº 6.019/74 regulamenta essa relação e, caso o trabalhador seja contratado para trabalho eventual, distinto da forma regulamentada por essa lei, não será um trabalhador temporário, mas sim contribuinte individual. Importante mencionar que a relação de emprego se estabelece entre o empregado e a empresa que coloca à disposição de outras empresas o trabalho temporário.

c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; (Essa alínea, bem como a alínea “f”, constituem hipóteses de extraterritorialidade da lei brasileira). Como o próprio constituinte derivado excluiu o conceito de empresa brasileira do Texto Constitucional (EC 06/95), não há motivos para mantê-la neste ponto da legislação previdenciária, pois não há sentido em excluir o trabalhador do RGPS apenas porque seu empregador é empresa estrangeira. Basta que esta tenha representação instalada no país, de modo a ser possível a exigência do cumprimento das obrigações previdenciárias. d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; Mas veja que os trabalhadores excluídos da norma que vierem a exercer outra atividade poderão ser, em relação a esta, segurados obrigatórios do RGPS. Ex: membro de missão diplomática não brasileiro e sem residência no país que for lecionar em um curso de idiomas. e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

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f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. (Alínea incluída pela Lei nº 8.647, de 13.4.93) O art. 40, § 13, da CF/88 com a redação dada pela EC nº 20/98 vincula ao RGPS não somente os servidores públicos ocupantes de cargos comissionados sem vínculo efetivo com a Administração, mas também aqueles ocupantes de cargos temporários e os titulares de empregos públicos; O § 5º do art. 11 dispõe: § 5o Aplica-se o disposto na alínea g do inciso I do caput ao ocupante de cargo de Ministro de Estado, de Secretário Estadual, Distrital ou Municipal, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, ainda que em regime especial, e fundações. (Parágrafo Incluído pela Lei nº 9.876, de 26.11.99). Se essas pessoas já forem servidores públicos, continuaram vinculados ao regime próprio. No entanto, se o servidor ou militar exercer, concomitantemente, uma ou mais atividade abrangida pelo RGPS, também será considerada segurado obrigatório em relação a essas atividades. Observe-se, caso sejam requisitadas para outro órgão ou entidade e não possam ser filiadas ao regime desse órgão ou entidade, permanecerão vinculadas ao regime de origem (art. 12, da Lei 8.213/91). h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Alínea incluída pela Lei nº 9.506, de 30.10.97). O STF, nos autos do RE 351.717, declarou inconstitucional a alínea “h”, inserida pela Lei nº 9.506/97, pois a inclusão dos exercentes de mandato eletivo dentre os segurados obrigatórios do RGPS implicou na criação, por meio de lei ordinária, de nova fonte de custeio. É que não se podia considerar que o subsídio pago aos agentes políticos se enquadrava no conceito de “folha de salários, faturamento e os lucros”, tampouco de nova contribuição social sobre o subsídio de agente político.12 Em razão do entendimento acima exposto firmado pelo STF sobre a matéria, através de controle difuso de constitucionalidade, o Senado Federal, por meio da Resolução nº 26, de 21 de junho de 2005, suspendeu a executoriedade da alínea “h” acima transcrita, com efeitos ex nunc e erga omnes. Contudo, depois da edição da EC nº 20/98, a redação do art. 195 da CF passou a permitir a exigência de contribuições incidentes sobre a remuneração dos 12 Nesse sentido, consultar informativo STF nº 324 (RE-351717), Contribuição Social e Cargo Eletivo.

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agentes políticos (“...II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social ...”), tendo sido editada lei nesse sentido (Lei nº 10.887/2004), que incluiu novamente o exercente de mandato eletivo dentre os segurados obrigatórios da Previdência Social (alínea “j”, infra). i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Alínea incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de 2004) Também o trabalhador rural, contratado por produtor rural pessoa física, na forma do art. 14-A da Lei 5.889/73, pelo período de até 2 meses, dentro do período de 1 ano. Caso a contratação se estenda por mais de 2 meses, o contrato fica automaticamente convertido em contrato por prazo indeterminado. Por fim, não constante da Lei 8.213/91, também o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei n. 8.935, de 18.11.1994 (alínea o do D. 3.048/91), são considerados empregados. B) Empregado Doméstico EMPREGADO DOMÉSTICO “ é aquele que presta serviços de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividade sem fins lucrativos”, mediante remuneração, (art. 11, II da Lei nº 8.213/91). Saliente-se, no entanto, que o conceito de âmbito residencial não se restringe ao ambiente interno da casa da família, mas também ao jardim e até a atividades externas, desde que direcionada ao bem-estar da família, sem finalidade lucrativa (ex. motorista particular, piloto de helicóptero ou jato particular, etc.). Além destes, são considerados trabalhadores domésticos a cozinheira, a lavadeira, o jardineiro, a babá, a copeira, o empregado de sítio de veraneio e de casa de praia, a governanta, a acompanhante, a passadeira, o mordomo e outros que se enquadram na definição acima. A faxineira semanal que labore até duas vezes por semana, segundo jurisprudência majoritária, não é considerada empregada doméstica, mas prestadora de serviços. Como o empregado doméstico se torna segurado do INS S? A lei obriga o empregador doméstico a assinar a carteira de trabalho de seus empregados. Munido da carteira de trabalho com o contrato assinado, o empregado doméstico

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efetua uma só inscrição na Agência ou Unidade da Previdência Social. O empregador doméstico pode promover a inscrição, no INSS, do segurado a seu serviço, ou qualquer outra pessoa sem necessidade de procuração. O empregador doméstico é responsável pelo recolhimento das contribuições do empregado doméstico. C) Contribuinte Individual Os segurados anteriormente denominados "empresário", "trabalhador autônomo" e "equiparado a trabalhador autônomo", a partir de 29 de novembro de 1999, com a Lei 9.876, foram considerados uma única categoria e passaram a ser chamados de " contribuinte individual". Como o Contribuinte Individual se torna segurado do INSS? O contribuinte individual ao exercer atividade remunerada é considerado segurado obrigatório perante o Regime Geral de Previdência Social, devendo nele inscrever-se. Nos termos do art. 11, V, da Lei nº 8.213/91, são segurados obrigatórios, na qualidade de contribuinte individual: a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo; A referência ao módulo rural é novidade trazida pela Lei n. 11.718/2008, que enquadrou aqueles proprietários ou não de área superior a 4 módulos como segurados contribuinte individuais, não havendo mais que considerar a existência de auxiliares, para esse enquadramento. É irrelevante a condição de proprietário da terra, pois a pessoa física em questão pode ser possuidor, meeiro ou arrendatário, sem qualquer efeito para seu enquadramento previdenciário. O cônjuge, se participa da exploração da terra, também será considerado contribuinte individual. Hoje, portanto, considera-se contribuinte individual: 1) Quem explora atividade rural em área superior a 04 módulos fiscais, independentemente do auxílio de empregados13; 2) Quem explora atividade rural – em qualquer área – ou atividade pesqueira, com o auxílio permanente14 empregados ou por intermédio de prepostos ou nas hipóteses dos §§ 9.º e 10 do art. 11 da LBPS.

13 Essa inflexibilidade prevista no dispositivo em comento foi criticada por Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Junior. Na atualização do tópico alusivo aos segurados especiais voltar-se-á ao tema. 14 Acrescenta-se o adjetivo “permanente” ao texto legal, pois, com a reforma de 2008, tornou-se possível ao segurado especial a contratação temporária de empregados.

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b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) O garimpeiro foi excluído da categoria segurado especial com a edição da MP nº 1523-9/97, convertida na Lei nº 9.528/97. Entretanto, como a referência foi mantida na Constituição até o advento da EC nº 20/98, é discutível a constitucionalidade da exclusão determinada pela lei, pelo menos até a alteração constitucional. Atualmente, o garimpeiro é somente segurado contribuinte individual, sendo a existência ou não de empregados irrelevante para seu enquadramento nesta modalidade, ao contrário do que ocorre em relação ao produtor rural pessoa física, conforme visto na alínea anterior. c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa; (Redação dada pela Lei nº 10.403, de 8.1.2002) Conforme se depreende da leitura da redação anterior da alínea, não há mais a restrição no enquadramento quando o segurado exercer outra atividade remunerada ou for aposentado por qualquer outro regime. Segue-se aqui a regra geral: todo segurado que exerça mais de uma atividade remunerada vinculante ao RGPS será filiado em razão de ambas, inclusive o ministro de confissão religiosa. Atente-se que o pagamento de quantia vultosas a estes segurados, muito além do necessário à sua subsistência, pode gerar a perda da filiação da categoria ora examinada, gerando a filiação em outra espécie, ou, até, na mesma com fundamento distinto. Neste caso, a entidade religiosa pode ser enquadrada como verdadeira empresa, com as conseqüências previdenciárias advindas desta qualidade. d) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social; (Alínea realinhada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) (Revogada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Atualmente, classifica-se como segurado empregado. e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;" (NR) (Alínea realinhada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 e Alterada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)

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Situação semelhante à prevista no artigo 11, I, e da Lei 8.213/91, diferenciando-se apenas no contratante do serviço: sendo este a União, o trabalhador será empregado, sendo organismo oficial internacional, será ele contribuinte individual. Nos dois casos a regra é supletiva, ou seja, somente será segurado o trabalhador não abrangido por regime próprio de previdência social. f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração; (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Tais segurados eram denominados, em período anterior à Lei nº 9.876/99, segurados empresários. Marina Vasques observa que “os sócios dos diversos tipos de empresas são segurados obrigatório, mesmo sem comprovação da retirada pro labore, conforme sua própria condição na sociedade presuma trabalho na empresa. Se, porém, o trabalho não for presumido (como, por exemplo, o sócio de capital nas sociedades de capital e indústria ou o sócio cotista na sociedade por quotas de responsabilidade limitada), necessária a comprovação da retirada do pro labore.” Enquadram-se na primeira categoria - onde se presume a remuneração – o sócio-gerente da limitada, o titular da firma individual, o diretor não-empregado da sociedade anônima, o sócio solidário e o sócio de indústria. Para o INSS, o dispositivo acima referido inclui, além do principal quinhoeiro de bem indivisível, o síndico de prédio condominial, considerando como remuneração a mera dispensa de pagamento da cota condominial. A jurisprudência tem se mostrado contrária a este entendimento acerca da remuneração, aceitando nestes casos, a filiação apenas como segurado facultativo. g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural , em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;" (Alínea Incluída pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Castro e Lazzari consideram que a caracterização do trabalho como contribuinte individual nestas duas categorias depende da situação de fato em que é

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exercida a atividade, podendo ficar configurada a relação de emprego. No caso, por exemplo, do representante comercial, do vendedor pracista, do corretor de imóveis, seguros e planos de saúde, deve ser examinada a situação concreta para determinar se se trata de empregado ou autônomo, ainda que esses profissionais estejam inscritos no Conselho respectivo. Consistiam, antes do advento da Lei nº 9.876/99, a categoria independente dos trabalhadores “autônomos”. Além desses, existem outras hipóteses de enquadramento nesta categoria de contribuinte individual previstas somente no Regulamento da Previdência Social (Decreto n° 3.048/99), em seu art. 9°, V, al íneas “m”, “n” e “o”: m) o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho15, na forma dos incisos II do §1º do art. 111 ou III do art. 115 ou do parágrafo único do art. 116 da Constituição Federal, ou nomeado magistrado da Justiça Eleitoral, na forma dos incisos II do art. 119 ou III do §1º do art. 120 da Constituição Federal; (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 29/11/99). n) o cooperado de cooperativa de produção que, nesta condição, presta serviço à sociedade cooperativa mediante remuneração ajustada ao trabalho executado; e (Alínea acrescentada pelo Decreto nº 4.032, de 26/11/2001). o) o “preso”16 p) o Micro Empreendedor Individual - MEI de que tratam os arts. 18-A e 18-C da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006, que opte pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos pelo Simples Nacional em valores fixos mensais; (Incluído pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

Enquadram-se, ainda, as situações previstas no § 15 do art. 9° do Decreto n° 3.048/99, com destaque para a situação do médico-residente ou o residente em área profissional da saúde, contratados na forma da Lei n° 6.932, de 1981, na redação dada pela Lei n° 10.405/2002 e da Lei n° 11 .129/2005. Antes da Lei n° 11.129/05 não havia previsão legal para o enquadramento dos residentes de outras áreas de saúde. Atualmente, porém, tanto o médico-residente como o residente de outra área profissional da saúde, contratados na forma da Lei n° 6.932/1981, são contribuintes individuais. Também aquele que, pessoalmente ou por conta própria e a seu risco, exerce pequena atividade comercial em via pública ou de porta em porta, como comerciante ambulante, nos termos da Lei n. 6.586, de 06.11.1978.

15 Nota: A Emenda Constitucional nº 24, de 9 de dezembro de 1999, extinguiu a categoria de magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho, entretanto, assegurou o cumprimento dos mandatos em exercício. Atualmente, todos os mandados de classistas já se expiraram. 16 Deixou de ser segurado contribuinte individual, passou a ser facultativo.

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D) Trabalhados Avulso SEGURADO TRABALHADOR AVULSO é aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato (trabalhadores avulsos terrestres) ou órgão gestor de mão-de-obra (avulsos portuários), nos termos da Lei 8630/93. São considerados trabalhadores avulsos: a) aquele que exerce atividade portuária de capatazia, estiva, conferência e conserto de carga, vigilância de embarcação e bloco; b) o trabalhador de estiva de mercadorias de qualquer natureza, inclusive carvão e minério; c) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios); d) o amarrador de embarcação; e) o ensacador de café, cacau, sal e similares; f) o trabalhador na indústria de extração de sal; g) o carregador de bagagem em porto; h) o prático de barra em porto; i) o guindasteiro; j) o classificador, o movimentador e o empacotador de mercadorias em portos. Como o trabalhador avulso se torna segurado do INSS ? A inscrição é formalizada pelo cadastramento e registro no sindicato de classe ou órgão gestor de mão-de-obra. O recolhimento da contribuição é de responsabilidade do tomador do serviço ou do órgão gestor de mão-de-obra. E) Segurado especial Segurado especial é “o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei” (art. 195, § 8º, CF). É o único segurado com definição no próprio texto constitucional. Considerando a dificuldade de enquadramento dessa categoria de trabalhadores, como empregados, autônomos ou avulsos, a Constituição Federal determinou tratamento diferenciado e especial ao pequeno produtor rural, até para respeitar o princípio da igualdade. É imprescindível demonstrar, para a caracterização do segurado especial, que o trabalhador é realizado individualmente ou em conjunto com a família, sem empregados. Com o advento da lei n.º 11.718/08, a redação do art. 11, VII, da Lei 8.213/91, sofreu grande modificação, esmiuçando melhor a qualificação dos segurados

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especiais, deixando de considerar a remuneração de outros trabalhadores como fator de desqualificação da condição de segurado especial.17 A redação anterior limitava, de modo indevido, o enquadramento do segurado especial somente àqueles sem empregados, quando a Constituição permitia que estes viesse a ter empregados, desde que não permanentes, como, por exemplo, contratados por safra. Acerca da possível descaracterização do segurado especial ante o exercício de outra atividade remunerada, o legislador reformista – lecionam Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Junior – estabeleceu um critério principal: o trabalhador rural não pode exercer outra atividade que o enquadre como segurado obrigatório no regime geral (§10, I, “b”) ou em outro regime previdenciário (§10, I, “c”). Não obstante, foram excepcionadas estas hipóteses: a) exercício de atividade distinta em período de entressafra ou do defeso, não superior a 120 (cento e vinte) dias, corridos ou intercalados, no ano civil (art. 11, § 7º); b) exercício de mandato eletivo de dirigente sindical de organização da categoria de trabalhadores rurais; c) tornar-se dirigente de cooperativa rural constituída, exclusivamente, por segurados especiais; d) exercício de mandato de vereador do Município em que desenvolve a atividade rural; e) parceria ou meação outorgada na forma e condições estabelecidas no inciso I do § 8º deste artigo; f) atividade artesanal desenvolvida com matéria-prima produzida pelo respectivo grupo familiar, podendo ser utilizada matéria-prima de outra origem, desde que a renda mensal obtida na atividade não exceda ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; g) atividade artística, desde que em valor mensal inferior ao menor benefício de prestação continuada da Previdência Social; h) a exploração da atividade turística da propriedade rural, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 (cento e vinte) dias ao ano. Daniel Machado da Rocha e Baltazar Rocha criticam a possibilidade aberta pela lei de o segurado especial explorar atividade turística. Veja-se, in verbis: Incompreensível foi a admissibilidade da exploração da propriedade para fins turísticos, inclusive com hospedagem, por não mais de 120 dias ao ano. A exploração desta atividade é frontalmente incompatível com a figura do segurado especial. Das duas uma: ou a renda obtida com esta atividade é inferior a um salário-mínimo e, portanto, o dispositivo seria dispensável, ou, se a renda for superior, a exploração desta atividade retira do proprietário rural a condição de segurado especial nos termos do caput do §9.º. 17 É importante realizar uma leitura do texto da lei, que foi excluído para enxugar o texto.

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Note-se que as exceções discriminadas acima dizem respeito ao exercício de outras atividades remuneradas fora do regime de economia familiar. Considera-se regime de economia familiar “a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados” (art. 11, § 1º da LBPS). Todos os membros da família (cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 anos de idade – a partir da EC nº 20/98; antes desta, desde os 14 anos – ou a eles equiparados) que trabalham na atividade rural, no próprio grupo familiar, são considerados segurados especiais. Também o índio tutelado é considerado segurado especial, mediante declaração da FUNAI. O §9.º do art. 11 da LBPS, entretanto, aduz que o membro do grupo familiar que possua outra fonte de rendimento também não se enquadra como segurado especial. Mas, também aqui, há exceções. É dizer: a lei discrimina algumas fontes de renda cujo recebimento não desqualifica o beneficiário como segurado especial. Ei-las: a) o recebimento destes benefícios: pensão por morte, auxílio-acidente ou auxílio-reclusão, cujo valor não supere o do menor benefício de prestação continuada da Previdência Social (§9.º, I); b) o recebimento de benefício previdenciário pela participação em plano de previdência complementar instituído nos termos do inciso III do § 8º do art. 11 da LBPS (§9.º, II); c) ser beneficiário ou fazer parte de grupo familiar que tem algum componente que seja beneficiário de programa assistencial oficial de governo (§8.º, IV). Mas o fato de algum dos membros da família possuir outra fonte de renda por si só não descaracteriza o regime de economia familiar se permanecer a atividade rural como indispensável para a subsistência familiar18. Já o exercício de atividade urbana pelo próprio segurado concomitante com o trabalho de natureza rural, durante o período de carência do benefício, descaracteriza a condição de segurado especial, conforme jurisprudência do TRF519-20. 18 Sendo o labor rural indispensável à própria subsistência da Autora, conforme afirmado pelo Tribunal de origem, o fato do seu marido ser empregado urbano não lhe retira a condição de segurada especial. (STJ, REsp 587296/PR, rel. Min. Laurita Vaz, DJU de 13.12.2004). 19 Constatado nos autos o exercício de atividade tipicamente urbana (zeladora de escola municipal), concomitante com trabalho de natureza rural, durante o período de carência do benefício, torna patente a descaracterização da condição de segurado especial. 3. TRF5 – 4ª Turma. AC - Apelação Civel – 329112. Processo: 200284000001489/RN. Data da decisão: 31/07/2007. DJ 27/08/2007 – Página 616. Relator(a): Marcelo Navarro. 20 Comprovado nos autos que o autor exerceu atividade de natureza urbana (comerciante de bebidas), ainda que concomitantemente com algum labor rurícola, no período que seria de carência para percepção da aposentadoria rural por idade, resta evidente a descaracterização da condição de segurado especial; 3. Apelação improvida. TRF5 – 3ª Turma. AC - Apelação Civel – 415241. DJ 24/08/2007.

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Exclui a qualidade de segurado especial a aposentação, ainda que o trabalhador continue a exercer atividade produtiva. Tal fato constitui verdadeira exceção, pois, como regra geral, o aposentado que retorna ou continua a trabalhar recupera seu vínculo como segurado obrigatório do RGPS. A respeito da idade a partir da qual se computa o tempo de serviço rural em regime de economia familiar, a jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de que deve-se contar o tempo desde os 12 anos. A Turma de Uniformização Nacional dos JEFs sumulou esse entendimento nos seguintes termos: “A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei nº 8.213/91, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários” (Súmula nº 05). Contudo, persiste o entendimento de alguns juízes (Marina Vasques, Daniel Machado da Rocha) no sentido de que o cômputo deve iniciar-se aos 14 anos, já que os dependentes do chefe de família ou arrimo só passaram a ser considerados segurados especiais por força da Lei nº 8.213/91, e esta, por sua vez, fixou a idade mínima de 14 anos. Para os que começaram a trabalhar depois de EC nº 20/98, deve-se adaptar o comando legal à nova idade mínima para o trabalho, que passou a ser de 16 anos. Quanto ao tamanho da propriedade, a LBPS, com a reforma promovida lei n.º 11.718/08, estabeleceu um limite rígido: a área não poderá ultrapassar o limite de 04 módulos fiscais. Do contrário, o segurado especial desqualifica-se como tal, passando a enquadrar-se na categoria de contribuinte individual. Não obstante, Daniel Machado da Rocha e Baltazar Junior advertem que uma área rural pode não ser totalmente aproveitável, razão pela qual a TNU dos JEFs editou o enunciado n.º 30 de sua Súmula, nestes termos: Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar. Relembre-se, porém, que o enunciado sobredito foi sumulado em 13/12/2006. Antes, portanto, da reforma legislativa promovida na LBPS pela lei n.º 11.718, de 20 de junho de 2008. Quanto aos segurados especiais, o art. 25 da Lei nº 8.212/91 determinou a facultatividade da contribuição para a Previdência Social, garantindo aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão, pensão ou salário-maternidade, no valor de um salário-mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número

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de meses correspondentes à carência do benefício requerido (independem, portanto, de carência propriamente dita, nos termos do art. 26, III, Lei 8.213/91) (art. 39, inciso I, e parágrafo único da Lei nº 8.213/91). Se não quiserem que seu benefício seja calculado no valor mínimo ou, ainda, se quiserem ter direito a todos os benefícios devidos aos outros segurados do RGPS, podem contribuir facultativamente para a Previdência Social, conforme disposto no art. 25, §1º, da Lei de Custeio (art. 39, inciso II, Lei nº 8.213/91). Portanto, a Lei faculta aos segurados especiais a contribuição idêntica aos dos contribuintes individuais, para percepção dos benefícios em forma de igualdade com os outros segurados do RGPS. Ressalte-se que o segurado especial que não contribui facultativamente para o sistema não tem direito à aposentadoria por tempo de serviço/contribuição, já que este benefício não vem arrolado no inciso I do art. 39 da Lei nº 8.213/91. Nesse sentido, a Súmula nº 272 do STJ: “O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições facultativas”. Entretanto, tanto o segurado especial quanto o segurado empregado rural têm direito de ver computado o tempo de serviço/contribuição anterior à data de início de vigência da Lei nº 8213/91 (até novembro de 1991, já que o primeiro Decreto que regulamentou as Leis de Custeio e de Benefícios é de dezembro de 1991) independentemente do recolhimento de contribuições (art. 55, §2º, Lei nº 8213/91), exceto para efeito de carência. A posição do STJ, no entanto, é de que a contagem desse tempo de serviço depende do recolhimento das contribuições. (Veja-se que o STJ, em seus julgados, emprega o termo “contagem recíproca” tanto para referir-se ao intercâmbio de tempo de contribuição entre regime estatutário e RGPS, quanto para o tempo de atividade urbana e atividade rural). Sobre a contribuição do segurado especial, Marina Vasques esclarece que “(…) o artigo 25 da Lei de Custeio prevê dois tipos de contribuição. Uma, obrigatória, no valor de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; e, outra, facultativa, idêntica a dos contribuintes individuais (§ 1º). A contribuição obrigatória não reverte em nenhum benefício para o segurado. Trata-se de contribuição para a seguridade social como um todo, semelhante (não idêntica) à contribuição das empresas sobre o faturamento”. Acerca da contagem recíproca propriamente dita (entre o regime geral e o estatutário), foi pacificado pelo STF, no julgamento da medida cautelar na ADIN nº 1.664, o entendimento de que o cômputo do tempo de serviço rural depende do recolhimento das contribuições. Nesse sentido, foi editada a Súmula nº 10 da TUN dos JEFs: “O tempo de serviço rural anterior a 05 de abril de 1991 (Art. 143, Lei nº 8.213/91), pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de

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serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias. O pescador artesanal é também considerado segurado especial, desde que execute suas atividades sem a contratação de empregados, ou seja, é aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: (i) não utilize embarcação; (ii) utilize embarcação de até seis toneladas de arqueação bruta, ainda que com auxílio de parceiro ou (iii) na condição, exclusivamente, de parceiro outorgado, utiliza embarcação de até dez toneladas de arqueação bruta. A arqueação bruta é a expressão da capacidade total da embarcação, constante da respectiva certificação fornecida pelo órgão competente. 4.2 Segurados Facultativos Pode filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, como segurado facultativo, a pessoa maior de dezesseis anos de idade que não exerça atividade remunerada que a enquadre como segurado obrigatório da previdência social e que não esteja vinculada a qualquer outro regime de previdência (exceto na hipótese de afastamento sem vencimento e desde que não permitida, nesta condição, contribuição ao respectivo regime próprio – art. 11, §2º do RPS). Consideram-se segurados facultativos entre outros: a dona-de-casa; o síndico de condomínio quando não remunerado; o estudante; o brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior; aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social; o membro de conselho tutelar de que trata o artigo. 132 da Lei 8.069/90, quando não estiver vinculado a qualquer regime de previdência social; o bolsista e o estagiário que prestam serviço à empresa de acordo com a Lei 6.494/77; o bolsista que se dedique em tempo integral a pesquisa, curso de especialização, pós-graduação, mestrado ou doutorado, no Brasil ou no exterior, desde que não esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; o presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social; o brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional. O preso, conforme o Decreto nº 7.054/09, passou a ser considerado facultativo (art. 11, § 1º, XI), ainda que preste serviço a uma ou mais empresas, dentro ou fora do estabelecimento carcerário. Como o facultativo se torna segurado do INSS? O segurado facultativo pode filiar-se à Previdência Social por sua própria vontade, o que só gerará efeitos a partir da inscrição e do primeiro recolhimento, não podendo este retroagir e não sendo permitido o pagamento de contribuições relativas a meses anteriores a data da inscrição. Após a inscrição, o segurado facultativo somente pode recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade

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de segurado. Caso o segurado facultativo venha a exercer alguma atividade remunerada, automaticamente se converterá em segurado obrigatório, devendo passar a efetuar recolhimentos nesta condição. A filiação compulsória sempre se sobrepõe à facultativa. 5. Dependentes. Os dependentes do segurado são os enumerados nos incs. I a III do art. 16 do PBPS. Cada inciso corresponde a uma classe de dependentes. Uma questão se impõe: é ou não é taxativo o rol de dependentes previsto no art. 16? Predomina entendimento na jurisprudência no sentido de que o rol é taxativo. Os benefícios devidos são pensão por morte e auxílio reclusão e o serviço social e habilitação ou reabilitação. São eles, com a redação da Lei 8.213/92 dada pela Lei 9.032/95 e Lei 12.470/11: 1ª Classe - o cônjuge, a companheira, o companheiro - o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; 2ª Classe - os pais; 3ª Classe - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; Beneficiário é todo aquele que recebe ou possa vir a receber alguma prestação previdenciária (benefícios ou serviços). É gênero que abarca duas espécies: segurados (acima analisados) e dependentes. “Os dependentes são as pessoas que, embora não contribuindo para a Seguridade Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários do Regime Geral de Previdência Social” (Castro e Lazzari). Havendo dependentes de uma classe, os dependentes da classe seguinte perdem o direito a receber pensão por morte. Também perde o direito ao benefício o dependente que passar à condição de emancipado por sentença do Juiz ou por concessão do seu representante legal, ou em função de casamento, ou ainda pelo exercício de emprego público efetivo, pela colação de grau em curso de ensino superior, por constituir estabelecimento civil ou comercial com economia própria.

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Atente-se que após o falecimento de dependente superior, o benefício não se transfere para os dependentes inferiores, só para os de mesma hierarquia (transferência da quota). Não havendo outros dependentes da mesma categoria, o benefício deixa de existir. Apesar de equiparados aos dependentes da classe I, o menor tutelado e o enteado devem comprovar a dependência econômica como os demais (classes II e III). A tutela é um complexo de direitos e obrigações conferidas pela lei a um terceiro, para que administre os bens e proteja o menor que não se ache sob o pátrio poder. Para fins de inscrição e concessão de benefício a dependente inválido, a invalidez será comprovada mediante exame médico-pericial a cargo do INSS. Ainda sobre este dependente, o RPS determina que inexiste perda da condição de dependente inválido emancipado pela colação de grau em curso de ensino superior, donde se depreende que a emancipação por qualquer outra forma causa a perda da condição de segurado. Para Zambitte, o manutenção também deveria ocorrer no caso de casamento, já que também nesta hipótese pode-se afirmar que a invalidez e a dependência econômica não estão eliminadas. Merece destaque a situação de alguns tipos de dependentes: a) União homoafetiva. Considerando a determinação judicial constante da Ação Civil Pública n.° 2000.71.00.009347-0, da 3.ª Vara Federal Previdenciária de Porto Alegre-RS, o INSS editou Instrução Normativa garantindo o direito à pensão por morte ao companheiro ou companheira homossexual, para óbitos ocorridos a partir de 05.04.91, desde que atendidas todas as condições exigidas para o reconhecimento do direito a esse benefício, observado o disposto no art. 105 do RPS. Assim, o companheirismo decorrente de relações homoafetivas exige demonstração da vida em comum e da dependência econômica. Não há presunção de dependência econômica nas relações homossexuais. O reconhecimento do companheirismo homossexual como beneficiário da Previdência Social, como já dito, decorreu das disposições da ACP n° 2000.71.00.09347-0/RS, que não contemplou a presunção de dependência econômica; Atenção! O STJ vem entendendo ser presumida a dependência econômica daquele que vive em união homoafetiva com o segurado do INSS, estendendo-lhe os mesmos direitos do cônjuge ou companheiro, inclusive nos regimes de previdência privada.21

21 Confira-se a decisão veiculada no Informativo 421 (excertos): PREVIDÊNCIA PRIVADA. PENSÃO POST MORTEM. UNIÃO HOMOAFETIVA . A Turma entendeu, entre outras questões, que, comprovada a existência de união afetiva entre pessoas do mesmo sexo, é de se reconhecer o direito do companheiro sobrevivente de receber benefícios previdenciários decorrentes do plano de previdência privada do qual o falecido era participante, com os idênticos efeitos da união estável. Desse modo, se, por força do art. 16 da Lei n. 8.213/1991, a necessária dependência econômica para a concessão da pensão por morte entre companheiros de união estável é presumida, também o é no caso de companheiros do mesmo sexo, diante do emprego da analogia que se estabeleceu entre essas duas entidades familiares. (…) Assim, aqueles que vivem em uniões de afeto com pessoas do mesmo sexo seguem enquadrados no rol

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b) a dependência do cônjuge (classe I) é presumida. Contudo, em caso de separação ou divórcio, há o rompimento do vínculo previdenciário, deixando de ser dependente do segurado o cônjuge ou companheiro, exceto quando na separação ou divórcio fica assegurado o direito a alimentos. Mas, é interessante atentar que esse ex-cônjuge continua na 1ª classe. Ainda que não tenham sido fixados alimentos quando da separação do casal, o entendimento majoritário dos Tribunais tem permanecido fiel ao enunciado 64 da Súmula do extinto TRF, que foi repetido pelo STJ, no enunciado 336 da sua Súmula: “A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.” A jurisprudência majoritária – STJ – aponta pela desnecessidade de respeitar o percentual dos alimentos percebidos pelo ex-cônjuge, sendo a pensão dividida de forma igualitária entre todos os beneficiários. Outra questão de relevo quanto ao alcance do inciso I do artigo 16 é o problema das uniões estáveis simultâneas. É considerada união estável aquela verificada entre homem e mulher como entidade familiar, quando forem solteiros, separados judicialmente, divorciados ou viúvos, ou tenham prole em comum, enquanto não se separarem — art. 226, § 3º, da Constituição Federal. Sob tal óptica, a 1ª Turma do STF decidiu que a concubina não tem direito a dividir a pensão com a viúva, em face de a Constituição proteger somente o núcleo familiar passível de se converter em casamento. No caso, a segunda união desestabiliza a primeira (RE n. 397762, Relator Min. Marco Aurélio Mello, DJe de 13.8.2008). Também nesse mesmo sentido, mantendo o entendimento, o Min. Gilmar Mendes (Agravo em RE 645762-RS, DJE 27.6.2011). O STJ também não tem admitido a simultaneidade de uniões estáveis. No Informativo n.º 435, foi veiculado o seguinte julgado: FAMÍLIA. UNIÕES ESTÁVEIS SIMULTÂNEAS. PENSÃO. In casu, o de cujus foi casado com a recorrida e, ao separar-se consensualmente dela, iniciou um relacionamento afetivo com a recorrente, o qual durou de 1994 até o óbito dele em 2003. Sucede que, com a decretação do divórcio em 1999, a recorrida e o falecido voltaram a se relacionar, e esse novo relacionamento também durou até sua morte. Diante disso, as duas buscaram, mediante ação judicial, o reconhecimento de união estável, consequentemente, o direito à pensão do falecido. O juiz de primeiro grau, entendendo haver elementos inconfundíveis caracterizadores de união estável existente entre o de cujus e as demandantes, julgou ambos os pedidos procedentes, reconhecendo

dos dependentes preferenciais dos segurados no regime geral, bem como dos participantes no regime complementar de previdência, em igualdade de condições com todos os demais beneficiários em situações análogas. REsp 1.026.981-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/2/2010.

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as uniões estáveis simultâneas e, por conseguinte, determinou o pagamento da pensão em favor de ambas, na proporção de 50% para cada uma. Na apelação interposta pela ora recorrente, a sentença foi mantida. Assim, a questão está em saber, sob a perspectiva do Direito de Família, se há viabilidade jurídica a amparar o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas. Nesta instância especial, ao apreciar o REsp, inicialmente se observou que a análise dos requisitos ínsitos à união estável deve centrar-se na conjunção de fatores presentes em cada hipótese, como a affectio societatis familiar, a participação de esforços, a posse do estado de casado, a continuidade da união, a fidelidade, entre outros. Desse modo, entendeu-se que, no caso, a despeito do reconhecimento, na dicção do acórdão recorrido, da união estável entre o falecido e sua ex-mulher em concomitância com união estável preexistente por ele mantida com a recorrente, é certo que o casamento válido entre os ex-cônjuges já fora dissolvido pelo divórcio nos termos do art. 1.571, § 1º, do CC/2002, rompendo-se, definitivamente, os laços matrimoniais outrora existentes. Destarte, a continuidade da relação sob a roupagem de união estável não se enquadra nos moldes da norma civil vigente (art. 1.724 do CC/2002), porquanto esse relacionamento encontra obstáculo intransponível no dever de lealdade a ser observado entre os companheiros. Ressaltou-se que uma sociedade que apresenta como elemento estrutural a monogamia não pode atenuar o dever de fidelidade, que integra o conceito de lealdade, para o fim de inserir, no âmbito do Direito de Família, relações afetivas paralelas e, por consequência, desleais, sem descurar do fato de que o núcleo familiar contemporâneo tem como escopo a realização de seus integrantes, vale dizer, a busca da felicidade. Assinalou-se que, na espécie, a relação mantida entre o falecido e a recorrida (ex-esposa), despida dos requisitos caracterizadores da união estável, poderá ser reconhecida como sociedade de fato, caso deduzido pedido em processo diverso, para que o Poder Judiciário não deite em solo infértil relacionamentos que efetivamente existem no cenário dinâmico e fluido dessa nossa atual sociedade volátil. Assentou-se, também, que ignorar os desdobramentos familiares em suas infinitas incursões, em que núcleos afetivos justapõem-se, em relações paralelas, concomitantes e simultâneas, seria o mesmo que deixar de julgar com base na ausência de lei específica. Dessa forma, na hipótese de eventual interesse na partilha de bens deixados pelo falecido, deverá a recorrida fazer prova, em processo diverso, repita-se, de eventual esforço comum. Com essas considerações, entre outras, a Turma deu provimento ao recurso, para declarar o reconhecimento da união estável mantida entre o falecido e a recorrente e determinar, por conseguinte, o pagamento da pensão por morte em favor unicamente dela, companheira do falecido. REsp 1.157.273-RN, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 18/5/2010.22 c) A L 9032/95 retirou do rol de dependentes o menor designado. Tal exclusão foi objeto de muitas demandas judiciais. É importante mencionar que essa exclusão deve ser avaliada quanto à aplicação da lei no tempo, porquanto há situações de direito adquirido: 22 Resolvi mantê-lo, uma vez que foi objeto de recente prova, no caso a prova subjetiva do TRF2, de 2012.

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a) dependente designado que recebe cobertura previdenciária desde data anterior à Lei n. 9.032/95: a nosso ver, existe direito adquirido do dependente designado porque sua relação jurídica com o INSS se formou antes da modificação da lei23;

b) pessoa designada que pretende receber cobertura previdenciária na hipótese de morte do segurado ou de seu recolhimento à prisão após a vigência da Lei n. 9.032/95: não há direito adquirido porque a qualidade de dependente só poderia efetivar-se no momento da morte do segurado ou de seu recolhimento à prisão24.

Também observar a Súmula nº 04 da TUN dos JEFs: “Não há direito adquirido, na condição de dependente, pessoa designada, quando o falecimento do segurado deu-se após o advento da Lei 9.032/95”. Da mesma forma ocorre em relação ao menor sob guarda, excluído do rol de dependentes pela medida provisória 1.523, de 11.10.1996, a qual resultou na Lei 9.528/97. Embora haja opiniões pela inconstitucionalidade da exclusão, a TUN dos JEFs já se manifestou pela incidência da nova normatização, senão vejamos: “Segunda-feira, 4 de outubro de 2004 11:51 - Turma Nacional: lei exclui menor sob guarda do rol de dependentes para fins previdenciários O menor sob guarda não tem o direito de receber pen são por morte quando o óbito do segurado ocorrer depois do advent o da Lei n. 9.528/97. A regra disposta nessa lei modificou a norma que trata dos Planos de Benefícios da Previdência Social (Lei n. 8.213/91), excluindo das hipóteses de dependência o menor sob guarda, não havendo que considerar direito adquirido. Esse foi o entendimento da Turma Nacional de Uniformização da Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais na sessão de julgamento realizada hoje (4/10) pela manhã no Conselho da Justiça Federal (CJF).” Nesse sentido, a Terceira Seção do STJ pacificou o entendimento de que "não existe direito do menor sob guarda à pensão por morte quando o falecimento do instituidor do benefício ocorre na vigência da Lei n. 9.528/97. Não se aplica aos

23 (…) A designação de menor feita por ex-segurado, como seu dependente, na forma do art. 16, IV, da Lei nº 8.213/91, não confere ao designado o direito à percepção de pensão previdenciária, se o óbito do segurado ocorre na vigência da Lei nº 9.032/95 que extinguiu a referida modalidade de dependência. (…) STJ. 6.ª T. RESP – 360381. 200101391129-RN. Data da decisão: 19/11/2002. DJ DATA:09/12/2002 PÁGINA:399. Relator(a): FERNANDO GONÇALVES. 24 O menor designado como dependente pelo ex-segurado, na forma do art. 16, IV, da Lei 8.213/91, não tem direito a perceber pensão por morte se a condição fática necessária à concessão do benefício, qual seja, o óbito do segurado, sobreveio à vigência da Lei nº 9.032/95, já se encontrando a pessoa do menor designado excluída do rol dos dependentes da Previdência Social. II - Em regra, os benefícios previdenciários são regidos pelo princípio tempus regit actum. Precedentes. Recurso provido. STJ. 5.ª T. RESP – 441310. Processo: 200200734301-RN. Data da decisão: 08/10/2002. DJ DATA:04/11/2002 PÁGINA:247. Relator(a): FELIX FISCHER.

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benefícios mantidos pelo RGPS o ECA, norma de cunho genérico. Há lei específica sobre a matéria, o que faz com que prevaleça, nessa hipótese, o estatuído pelo art. 16, § 2º, da Lei n. 8.213/91, alterado pela Lei n. 9.528/97." (EREsp 801.214-BA, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 28.5.2008). A mesma orientação foi adotada pela TNU (v.g. Processo n° 2 006.70.95.005711-7/PR - 13.3.2008). MAS ATENÇÃO: Alguns Tribunais Regionais Federais não têm seguido a orientação do STJ na matéria. Com efeito, a Egrégia Corte Especial do TRF da 1ª Região, ao julgar a Arguição de Inconstitucionalidade na Remessa Oficial n. 1998.37.00.001311-0/MA, Relatora Desembargadora Federal Assusete Magalhães, (e-DJF1 p.222 de 21/09/2009), acolheu a arguição de inconstitucionalidade do § 2º do art. 16 da Lei 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523, de 11/10/96, reeditada e convertida na Lei 9.528/97, na parte em que excluiu o menor sob guarda judicial do rol dos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependente do segurado. Também o TRF4 vem adotando posição divergente daquela consagrada no STJ. Confira-se:

A nova redação dada pela Lei nº. 9.528/97 ao § 2º do art. 16 da Lei nº 8.213/91, não teve o efeito de excluir o menor sob guarda do rol de dependentes do segurado da Previdência Social e, como a guarda confere à criança e ao adolescente a condição de dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários, de acordo com o ECA, faz jus o menor sob guarda à concessão da pensão por morte de seu guardião legal, entendimento igualmente aplicável, segundo precedentes da Corte, para as hipóteses em que a guarda é de fato, quando devidamente comprovada esta situação. (TRF da 4ª. Região. AC 2004.04.01.016183-6, 5ª. Turma, Relator Desembar gador Federal Celso Kipper, D.E. 30.6.2008).

Carlos Alberto Pereira de Castro e João Batista Lazzari também perfilham idêntico entendimento. Eis o magistério desses autores, ipsis litteris:

Essa restrição representa uma vulneração aos arts. 6º e 227 da Constituição Federal e às disposições protetivas inseridas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13.7.90). Especialmente porque a guarda, segundo dispõe o art. 33 do Estatuto, obriga à prestação de assistência global e, sobretudo, assegura à criança ou ao adolescente a condição de dependente, para todos os fins e efeitos, inclusive previdenciários.

c) No que diz respeito aos incisos I e III, merece destacar os reflexos na legislação previdenciária decorrente da alteração da maioridade implementada pelo Novo CC, vigente desde 13.01.03. Além da Lei 8.213/91 ser especial em relação ao Código, prevalecendo em relação a este, temos que a Lei Civil trata da maioridade civil, enquanto a legislação previdenciária menciona filho ou irmão não-emancipado menor de 21 anos ou inválido, sendo conceitos distintos.

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Em verdade, a mens legis do novo Código civil não foi excluir direitos, mas ampliá-los, conforme entendimento explicitado no Enunciado nº 3 aprovado pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho da Justiça Federal: “Art. 5º: a redução do limite etário para a definição da capacidade civil aos 18 anos não altera o disposto no art. 16, I, da Lei n. 8.213/91, que regula específica situação de dependência econômica para fins previdenciários e outras situações similares de proteção, previstas em legislação especial.” De qualquer forma, o Parecer SAJ nº 42/2003, que expressa a posição seguida pela Autarquia Previdenciária, assentou que a alteração da maioridade pelo CC/2002 não implica imediatamente em modificação da legislação previdenciária. Para tanto, deverá ser editada lei específica que determine alteração na LBPS. Assim, permanecem como dependentes os menores de 21 anos, nas situações indicadas pela Lei; e) A emancipação exclui a dependência. Contudo, a emancipação em razão de colação de grau não afasta a condição de depende nte. Situação interessante: evento-morte aos 17 anos do dependente. Aos 20 anos, o dependente se torna inválido. Não perderá o benefício, que perdurará até cessar a invalidez. Entretanto, se ele se tornar inválido com 22 anos, terá sido extinto o benefício aos 21, e não será restabelecido . f) O filho maior de 21 anos que estiver cursando estabelecimento de Ensino Superior ou escola técnica de Ensino Médio, até os 24 anos, não mantém a qualidade de dependente junto ao RGPS. A previsão citada somente é válida para efeitos do imposto de renda (art. 77 do §2º da Decreto nº 3.000/99) e para alguns regimes próprios de previdência. Esse é entendimento jurisprudencial dominante e pacificado no STJ, TNU e no TRF1.25-26-27 g) De acordo com o art. 16, §3º da Lei nº 8.213/91, considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada. Ou seja, quem não pode ser casado é a pessoa postulante à condição de companheiro do segurado falecido. Ainda sobre o assunto, não se pode deixar de mencionar a Súmula 382 do STF: “a vida em 25 1. A qualidade de dependente do filho não-inválido extingue-se no momento que completar 21 (vinte e um) anos de idade, nos termos do art. 77, § 2º, inciso II, da Lei n.º 8.213/91. 2. Não havendo previsão legal para a extensão do pagamento da pensão por morte até os 24 (vinte e quatro) anos, por estar o beneficiário cursando ensino superior, não cabe ao Poder Judiciário legislar positivamente. Precedentes. (…) (STJ, RESP 718471, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 06.12.2005, DJ 01.02.2006 p. 598). 26 Nos termos do inciso II, do § 2º do artigo 77 da Lei 8.213/91, o filho beneficiário de pensão por morte, não inválido, ao completar 21 anos, perde o direito de perceber referido benefício, sendo irrelevante o fato de ainda cursar ensino superior. (TNU, PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL, Rel. JUIZ FEDERAL RENATO TONIASSO, julgado em 27.03.2006, DJ 05.05.2006) 27 (…) 1. De acordo com o entendimento desta Corte, o direito à percepção da pensão por morte cessa quando o beneficiário completa 21 (vinte e um) anos de idade, independentemente de sua condição de estudante universitário. 2. Ausência de previsão legal para o pagamento do benefício ao dependente estudante maior de 21(vinte e um) anos. (AC 2003.38.00.015421-0/MG, Rel. Juíza Federal Rogéria Maria Castro Debelli, 2ª Turma Suplementar,e-DJF1 p.167 de 07/05/2012).

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comum sob o mesmo teto, more uxório, não é indispensável à caracterização do concubinato”. h) A alteração na parte final dos incisos I e III do art. 16, apesar de sutil, traduz a possibilidade de os filhos e irmão, maiores de 21 anos serem enquadrados como dependentes. Antes, entendia-se que gerava dependência apenas quando a incapacidade era anterior à idade de 21 anos. Agora, aquele que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, será considerado dependente. Assim aduz Zambitte: “A idéia é que, pela regra anterior, muito frequentemente os filhos e irmãos eram maiores de 21 anos, portadores de deficiência mental, mas não conseguiam o benefício, pois a perícia médica entendia haver, em tese, a possibilidade de trabalho. Agora, a opção de recebimento foi alargada, mas a interdição judicial é necessária.”28 Ressalvar apenas que se esse interditado trabalhar, o benefício correspondente à sua cota ficará reduzido em 30%, conforme o art. 77, § 4º, da Lei 8.213/91, também alterado. Contudo, se cessar a relação de emprego, também cessará a redução. 6. Manutenção e Perda da Qualidade de Segurado A regra geral é a de que a qualidade de segurado se mantém enquanto forem pagas as contribuições previdenciárias para o custeio do RGPS, ou seja, enquanto mantém o direito à cobertura previdenciária prevista na Lei n. 8.213/91. No entanto, a lei prevê situações em que, mesmo sem o pagamento de contribuições previdenciárias, é mantida a qualidade de segurado. É o que vem previsto na Lei 8.213/91, no art. 15:

- Sem limite de prazo: quem está em gozo de benefício (art. 15, I): Estar em gozo de benefício significa estar em período de recebimento de cobertura previdenciária, durante o qual o segurado não paga contribuições para o custeio do sistema. É ilimitado, somente se encerra com a cessação do benefício.

- Até 12 meses após a cessação das contribuições: o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração.

- até 12 (doze) meses após cessar a segregação : o segurado acometido de doença de segregação compulsória.

- até 12 (doze) meses após o livramento: o segurado retido ou recluso.

- até 3 (três) meses após o licenciamento: o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar.

- até 6 (seis) meses após a cessação das contribuiç ões: o segurado facultativo. 28 In: http://www.fabiozambitte.com.br/ Acesso: 15 ago. 12.

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O sistema previdenciário dá cobertura por prazo maior para quem contribuiu por mais tempo para o custeio do RGPS. Nos termos do § 1º, será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. Interessante notar que o TRF3 já admitiu que a prorrogação seja por contribuições não interruptas, vez que se coaduna com o sistema atuarial previdenciário vigente (cf. 2004.03.99.0052221 – Rel. Juiz Marcos Orione – DJ 27.09.2007). Poderá ser acrescentado mais 12 (doze) meses, no caso de segurado desempregado, provado por registro no órgão do MTE ou no SINE-Sistema Nacional de Emprego. Importante, todavia, mencionar o entendimento da Turma Nacional de Uniformização dos JEFs: “SÚMULA 27: A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação de desemprego por outros meios admitidos em Direito.” No entanto, o STJ já entendeu diversamente, exigindo a cabal comprovação da condição de desempregado (cf. AgRgRD no REsp 439.021/RJ, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 18/09/2008, DJe 06/10/2008). Ou seja, no total o segurado poderá ter um período de graça de até 36 meses, desde que conjugado os dois requisitos do § 1º e § 2º do art. 15, o que se aplica, também, ao segurado que se desvincular de regime próprio de previdência (art. 13, § 4º, do RPS). O § 4º prever o momento da perda da qualidade de segurado, o qual o ocorrerá no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao do final dos prazos fixados no art. 15 e suas prorrogações. Mas é importante ressalvar a questão do direito adquirido, conforme disposto no art. 10229 da Lei 8.213/91, quando segurado já teria direito à aposentadoria, se vivo estivesse, quando a morte, então, continua sendo risco, mesmo após a perda qualidade de segurado, ficando garantida a pensão por morte os dependentes do segurado. O enunciado n.º 416 da Súmula do STJ reforça a exceção hospedada no sobredito comando legal, nos seguintes termos: “É devida a pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade,

29 Art. 102. A perda da qualidade de segurado importa em caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 1º A perda da qualidade de segurado não prejudica o direito à aposentadoria para cuja concessão tenham sido preenchidos todos os requisitos, segundo a legislação em vigor à época em que estes requisitos foram atendidos. (Parágrafo incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 2º Não será concedida pensão por morte aos dependentes do segurado que falecer após a perda desta qualidade, nos termos do art. 15 desta Lei, salvo se preenchidos os requisitos para obtenção da aposentadoria na forma do parágrafo anterior.(Parágrafo incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).

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preencheu os requisitos legais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito.” Chama-se período de graça o lapso temporal durante o qual, mesmo havendo a interrupção das contribuições e não estando o trabalhador exercendo atividade que o vincule obrigatoriamente à Previdência, o segurado mantém a qualidade de segurado. Tal período não conta para carência, nem como tempo de contribuição, exceto em relação ao salário-maternidade, já que neste caso o benefício é salário-de-contribuição. Em algumas hipóteses o período em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez é considerado como tempo de contribuição, dependendo de determinadas condições (analisadas no tópico oportuno), mas nunca será contado para efeito de carência. Pretendendo a consideração do período de graça para todos os efeitos previdenciários, deverá o segurado efetuar recolhimentos na qualidade de facultativo. A Lei nº 10.666, de 08 de maio de 2003, que converteu a MP 83, de 12/12/2002, em seu art. 3º, determinou que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial. Desta forma, se o trabalhador passar anos sem exercer atividade remunerada, só precisará laborar, quando retornar, o tempo restante necessário para a obtenção do aposento, sem necessidade de completar, como na regra geral, um terço da carência. Também na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão de tal benefício, desde que o referido segurado conte com o tempo de contribuição correspondente ao exigido, para efeito de carência, na data do requerimento do benefício (art. 3º, §1º da Lei nº 10.666/03). A propósito, o TRF da 1ª Região tem entendido que a carência reduzida prevista no art. 142 da LBPS se aplica àqueles que perderam a qualidade de segurado30. Durante o período de graça, o segurado conserva todos os seus direitos perante a previdência social, podendo solicitar benefícios normalmente, exceto o salário-maternidade e o auxílio-acidente, que foram indevidamente excluídos pela legislação previdenciária. A jurisprudência do TRF5 e do STJ firmou-se no sentido de que não há perda da qualidade de segurado se a suspensão do recolhimento das contribuições é involuntária, por exemplo, em caso de doença, ainda que não tenha o segurado

30 PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. APLICABILIDADE DO ART. 142 DA LEI 8.213/91. IMPLEMENTAÇÃO DOS REQUISITOS. NÃO-SIMULTANEIDADE. TERMO INICIAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. EFEITOS PATRIMONIAIS. PAGAMENTO. A carência reduzida constante do art. 142 da Lei 8.213/91 deve ser aplicada a todos os segurados inscritos na Previdência Social Urbana até 24/07/91, pois a lei não faz nenhuma distinção quanto àqueles que perderam a qualidade de segurado.

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requerido o benefício respectivo (auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez).31-32 Bibliografia CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário, 3ª ed. LTr, 2002. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Verbo Jurídico. 2004. Resumo elaborado por Adrianno Sandes. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 7ª edição, Ed. Impetus, 2006. KERTZMAN, Ivan. Curso Prático de Direito Previdenciário. 4ª edição, Ed. Podivm, 2007. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 9. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2008. ROCHA, Daniel Machado da e BALTAZAR JUNIOR, José Paulo. Comentários à lei de benefícios da previdência social. 9. ed. rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2009. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011. SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

31 A Egrégia 3ª Seção desta Corte Superior de Justiça firmou já entendimento no sentido de que o trabalhador que deixa de contribuir para a Previdência Social por período superior a doze meses, em razão de estar incapacitado para o trabalho, não perde a qualidade de segurado. (STJ-RESP 543629/SP, DJ: 24/05/2004). 32 A perda da qualidade de segurado pela falta de contribuições não impede a concessão do benefício previdenciário, porque decorreu da incapacidade para o trabalho. Aplicação do art. 102, da Lei nº 8.213/91. TRF5 – 3ª Turma. AC - Apelação Cível – 405524.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 03 Seguridade Social. Saúde, Previdência e Assistência Social. Distinções.

Luiz Bispo – outubro de 2010. Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012.

1) SEGURIDADE33: conjunto de medidas, providências, normas e leis que visam a proporcionar ao CORPO SOCIAL e a cada INDIVÍDUO o maior grau possível de garantia , sob os aspectos econômico, social, cultural, moral e recreativo. CF

33 A solidariedade é o fundamento da seguridade social.

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Art. 194. A SEGURIDADE SOCIAL compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da socie dade , destinadas a assegurar os direitos relativos à SAÚDE, à PREVIDÊNCIA e à ASSISTÊNCIA SOCIAL . - sistema de proteção social gênero do qual são espécies: PREVIDÊNCIA, ASSISTÊNCIA e SAÚDE. SEGURIDADE SOCIAL = PREVIDÊNCIA SOCIAL + ASSISTÊNCIA SOCIAL + SAÚDE

SEGURIDADE SOCIAL SAÚDE PREVIDÊNCIA

SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL

-ARTS. 196 A 200, CF

-ARTS. 201 E 202, CF

-ARTS. 203 A 204, CF

-direito de todos e dever do Estado.

-direito de quem contribui.

-prestada para quem dela necessite.

-sistema não contributivo.

-sistema contributivo.

-sistema não contributivo.

No Brasil, somente a SAÚDE é um sistema universal [DIREITO DE TODOS]. No caso da PREVIDÊNCIA somente os contribuintes terão direito , no caso da ASSISTÊNCIA , somente os que dela necessitarem . 1.1 - PREVIDÊNCIA SOCIAL REGIMES PREVIDENCIÁRIOS PREVISTOS NA CF 1) REGIMES PRINCIPAIS a) REGIME DO SETOR PÚBLICO [art. 40, CF] REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA i) CIVIL; ii) MILITAR . b) REGIME DO SETOR PRIVADO [art.201, CF] REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS 2) REGIMES COMPLEMENTARES a) REGIME COMPLEMENTAR OFICIAL b) REGIME COMPLEMENTAR PRIVADO i) FECHADO; ii) ABERTO . 1) REGIMES PRINCIPAIS - filiação OBRIGATÓRIA. a) REGIME DO SETOR PÚBLICO [art. 40, CF] - denominado de REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA - SISTEMA DE REPARTIÇÃO SIMPLES. i) CIVIL;

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ii) MILITAR . b) REGIME DO SETOR PRIVADO [art.201, CF] - denominado de REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS - SISTEMA DE REPARTIÇÃO SIMPLES. 2) REGIMES COMPLEMENTARES - participação FACULTATIVA. a) REGIME COMPLEMENTAR OFICIAL - SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO. b) REGIME COMPLEMENTAR PRIVADO - SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO. i) FECHADO; [só pode participar determinado grupo de pessoas]. ii) ABERTO . [qualquer um pode participar]. SISTEMAS DE FINANCIAMENTO/CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA - o financiamento, ou custeio, da seguridade social é TÉCNICA FINANCEIRA adotada para sustentar o sistema , permitindo o cumprimento de suas ações. 1) SISTEMA CONTRIBUTIVO : i) SISTEMAS CONTRIBUTIVOS PURO : a) SISTEMA DE REPARTIÇÃO SIMPLES b) SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO - CAPITALIZAÇÃO INDIVIDUAL ; - CAPITALIZAÇÃO COLETIVA ; - CAPITALIZAÇÃO ESCRITURAL ; i) SISTEMA CONTRIBUTIVO COMBINADO : (ENVOLVE CARACTERÍSTICAS DOS DOIS SISTEMAS PUROS) - SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO VIRTUAL 2) SISTEMA NÃO-CONTRIBUTIVO : 1) SISTEMA CONTRIBUTIVO : decorre de TRIBUTOS que SE DESTINAM exclusivamente a MANTER A SEGURIDADE SOCIA L, sendo, portanto, vinculados. Os recursos proveem de CONTRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS, diferenciadas dos IMPOSTOS . i) SISTEMAS CONTRIBUTIVOS PURO : a) SISTEMA DE REPARTIÇÃO SIMPLES (PAY AS YOU GO ) - as CONTRIBUIÇÕES DOS ATUAIS SEGURADOS servirão para financiar os BENEFÍCIOS DOS INATIVOS, o que acaba por caracterizar um PACTO INTERGERACIONAL . Todas as contribuições vão para um único fundo responsável pelo pagamento dos benefícios. Todos contribuem em favor de todos. [PRINCÍPIO DA SOLIDARIDADE ] - CONTRIBUIÇÃO DE REPARTIÇÃO ; [CARÁTER SOLIDÁRIO ] - é o que mais se coaduna com o princípio da solidariedade, objetivo fundamental da Republica Federativa do Brasil (ART. 3, DA CF).

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b) SISTEMA DE CAPITALIZAÇÃO (FUNDING) - as CONTRIBUIÇÕES DOS SEGURADOS financiam seus próprios benefícios. O valor arrecadado por cada segurado não se comunica com os demais. Estabelece-se a equação entre o ESFORÇO CONTRIBUTIVO e o BENEFICIO ASSEGURADO . Note-se que, aqui, não há a solidariedade própria do outro regime, afinal CADA INDIVÍDUO contribui somente PARA SI MESMO , e não PARA TODA A COLETIVIDADE . 1.2 - ASSISTÊNCIA SOCIAL -características : a) ATENDE QUEM DELE NECESSITE [ “(...) prestado a quem dela necessitar (...)”] - atende apenas os que dela necessite. [ECONOMICAMENTE HIPOSSUFICIENTES] - nem todo mundo será atendido. b) SISTEMA NÃO-CONTRIBUTIVO [ “(...) independentemente de contribuição à seguridade social (...)”] - sistema não contributivo. A Assistência Social tem como princípios informativos a gratuidade da prestação e basicamente a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice, bem como aos deficientes e a reintegração ao mercado de trabalho daqueles que necessitarem. Trata-se de direito fundamental – da espécie direito social – consagrado no art. 6o da Carta Política. Ainda, a Assistência Social pretende preencher as lacunas deixadas pela Previdência Social, que, devido a sua natureza contributiva, acaba por excluir os necessitados. Logo, a Assistência Social visa a garantir meios de subsistência às pessoas que não tenham condições de suprir o próprio sustento, dando especial atenção às crianças, idosos e deficientes, independentemente de contribuição à seguridade social. Está conceituada no art. 1o da Lei 8742/93 - Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS: “Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.” Caracteriza-se a Assistência Social como dever social do Estado no sentido da prestação de ajuda aos necessitados que não tenham condições próprias de

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subsistência. O requisito para o auxilio assistencial é a necessidade do assistido. Entretanto, outras ações assistenciais, não-pecuniárias, direcionadas a providenciar um melhor convívio do beneficiário em sociedade, podem ser extensíveis a pessoas dotadas de recursos, pois neste ponto o conceito de pessoa necessitada é mais elástico. Os objetivos da Assistência Social vêm enumerados no art. 203 da CF: a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; o amparo às crianças e adolescentes carentes; a promoção da integração ao mercado de trabalho; a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. Interessante anotar que, para a CF, a Assistência Social é instrumento de transformação social, atendendo da melhor forma os preceitos da igualdade, da redução das desigualdades sociais e da solidariedade, porquanto se destina a combater a pobreza, a criar melhores condições para atender as contingências sociais e à universalização dos direitos sociais.

Ademais, pelo art. 204 da CF, diferentemente do que ocorre com a Previdência Social, o sistema de assistência não está monopolizado no âmbito federal. A diretriz constitucional é a descentralização político-administrativa, com a participação da população, na sua formulação e controle, por meio de organizações que a representem. Da leitura da LOAS, infere-se que à União (por meio do INSS) ficou a responsabilidade da concessão e manutenção dos benefícios de prestação continuada, i.e, o amparo ao idoso e ao deficiente.

A mais autêntica forma de assistência social é a prevista no art. 203, V, da Constituição Federal, onde fica garantido o valor de um salário mínimo mensal à pessoa. De acordo com o art. 20, § 1.°, da Lei n.° 8.742/93, entende-se por família o conjunto de pessoas indicadas no art. 16 da Lei nº 8.213/91 (dependentes), desde que vivam sob o mesmo teto. O segmento assistencial da seguridade tem como propósito nuclear preencher as lacunas deixadas pela previdência social, já que esta, como se sabe, não é extensível a todo e qualquer indivíduo, mas somente aos que contribuem para o sistema, além de seus dependentes. CUSTEIO. O custeio é encargo de toda a sociedade, como se lê no art. 195 da CF, aplicável a todos os ramos da Seguridade Social. Também constituem formas de custeio, dentre outras, as isenções de impostos e taxas para entidades filantrópicas que prestam assistência social aos necessitados.

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A EC n° 42/2003 trouxe a faculdade aos Estados e ao Distrito Federal de vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento 0,5% de sua receita tributária líquida. Nestes casos, tais recursos ficam necessariamente atrelados às ações sociais previstas, sendo proibida a aplicação destes com despesas com pessoal e encargos sociais, serviço da dívida ou qualquer outra despesa corrente não-vinculada diretamente aos investimentos ou ações sociais apoiadas34. PRESTAÇÕES. As prestações assistenciais são reguladas pela Lei 8.742/93 - LOAS, que também define, no nível infraconstitucional, os princípios básicos da Assistência Social: “Art. 4º A assistência social rege-se pelos seguintes princípios: I - supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II - universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III - respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV - igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V - divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão.” As prestações da Assistência podem ser pecuniárias ou de serviços. Há o benefício de prestação continuada previsto no inciso V do art. 203 da CF/88, regulamentado pelo art. 20 da lei acima citada, que será visto detalhadamente mais abaixo. O art. 22 da Lei 8.742/93 prevê benefícios pecuniários eventuais , no caso de natalidade e de óbito, para famílias com renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo. Quando ainda integravam o sistema previdenciário, eram conhecidos pelos nomes de auxílio-natalidade e auxílio-funeral. Hoje, tais benefícios eventuais, de trato uno, têm sua concessão administrada pelos municípios. A LOAS determinou que os Estados destinem recursos financeiros aos municípios para essa cobertura. Já o art. 23 da Lei 8.742/92 dispõe que: “Entendem-se por serviços socioassistenciais as atividades continuadas que visem à melhoria de vida da população e cujas ações, voltadas para as necessidades básicas, observem os objetivos, princípios e diretrizes estabelecidos nesta Lei35.” Segundo Sérgio Pinto Martins, podem ser divididos em serviço social e habilitação e

34 Conferir a redação dada ao parágrafo único do art. 204, da CF: (…) É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida (…). 35 Houve alteração pela Lei nº 12.435/11.

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reabilitação profissional (art. 89 a 93 da Lei 8213). Por sua vez, o art. 24 define os programas de Assistência Social destinados a complementar os benefícios e serviços acima referidos: “Art. 24. Os programas de assistência social compreendem ações integradas e complementares com objetivos, tempo e área de abrangência definidos para qualificar, incentivar e melhorar os benefícios e os serviços assistenciais.” Outros benefícios da assistência social são os previstos na Lei nº 10.836/2004. Essa Lei unificou a “gestão e execução das ações de transferência de renda do Governo Federal, especialmente as do Programa Nacional de Renda Mínima vinculado à Educação – Bolsa Escola, instituído pela Lei nº 10.219, de 11 de abril de 2001 , do Programa Nacional de Acesso à Alimentação - PNAA, criado pela Lei n o 10.689, de 13 de junho de 2003 , do Programa Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde - Bolsa Alimentação, instituído pela Medida Provisória n o 2.206-1, de 6 de setembro de 2001, do Programa Auxílio-Gás, instituído pelo Decreto nº 4.102, de 24 de janeiro de 2002 , e do Cadastramento Único do Governo Federal, instituído pelo Decreto nº 3.877, de 24 de julho de 2001 ” (art. 1º da referida Lei). A Lei nº 10.836/2004 prevê três benefícios financei ros (art. 2º): I - o benefício básico, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de extrema pobreza; II - o benefício variável, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza e extrema pobreza e que tenham em sua composição gestantes, nutrizes, crianças entre 0 (zero) e 12 (doze) anos ou adolescentes até 15 (quinze) anos, sendo pago até o limite de 3 (três) benefícios por família; (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) III - o benefício variável, vinculado ao adolescente, destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza e que tenham em sua composição adolescentes com idade entre 16 (dezesseis) e 17 (dezessete) anos, sendo pago até o limite de 2 (dois) benefícios por família. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) A mesma Lei estabelece que são consideradas famílias em situação de extrema pobreza aquelas cuja renda mensal per capita é de até R$ 60,00. A situação de pobreza caracteriza-se quando a renda per capita familiar é superior a R$ 50,00, mas não excede R$ 120,00. A distribuição desses benefícios será feita nos seguintes termos (parágrafos do art. 2º da Lei nº 10.836/2004):

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§ 2º O valor do benefício básico será de R$ 58,00 (cinqüenta e oito reais) por mês, concedido a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 60,00 (sessenta reais). (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) § 3º Serão concedidos a famílias com renda familiar mensal per capita de até R$ 120,00 (cento e vinte reais), dependendo de sua composição: (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) I - o benefício variável no valor de R$ 18,00 (dezoito reais); e (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) II - o benefício variável, vinculado ao adolescente, no valor de R$ 30,00 (trinta reais). (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) § 4o Os benefícios financeiros previstos nos incisos I, II, III e IV do caput poderão ser pagos cumulativamente às famílias beneficiárias, observados os limites fixados nos citados incisos II, III e IV. (Redação dada pela Medida Provisória nº 570, de 2012) § 5º A família cuja renda familiar mensal per capita esteja compreendida entre os valores estabelecidos no § 2o e no § 3o deste artigo receberá exclusivamente os benefícios a que se referem os incisos II e III do caput deste artigo, respeitados os limites fixados nesses incisos. (Redação dada pela Lei nº 11.692, de 2008) O pagamento dos benefícios previstos na Lei 10.836/04 será feito preferencialmente à mulher (artigo 2º, §14), o que se justifica pelo escopo do programa, que visa prioritariamente o adequado desenvolvimento físico e mental da criança, cuidando-se de sua alimentação e educação, sendo notória, na imensa maioria dos casos, a dedicação superior da mãe à sua prole. Além disso, nada impede que estes benefícios sejam recebidos cumulativamente com o benefício de prestação continuada, pois não há vedação legal expressa neste sentido. Ao contrário, o diploma legal acima aludido exclui da renda familiar mensal, para efeito de obtenção da renda per capita, os rendimentos concedidos por programas oficiais de transferência de renda. Outro programa de interesse social foi criado pela Lei nº 10.835/04, que institui a renda básica da cidadania a partir de 2005. Tal lei prevê uma prestação a ser paga a todos os brasileiros residentes no País e estrangeiros residentes há pelo menos 5 anos no Brasil, não importando sua condição sócio-econômica. Ainda, com a Lei nº 11.258/05 foi prevista a criação, nos serviços da Assistência Social, de programas de amparo às crianças e adolescentes em situação de risco pessoal e social, e às pessoas que vivem em situação de rua. Por fim, merece menção o programa “Farmácia Popular do Brasil’, que visa a disponibilização de medicamentos em farmácias populares, por intermédio de convênios firmados com Estados, Distrito Federal, Municípios e hospitais filantrópicos, bem como em rede privada de farmácias e drogarias. O programa consta da Lei nº 10.858/2004 e a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ – é a executora das ações inerentes à aquisição, estocagem e comercialização dos

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medicamentos, podendo também firmar convênios com a União, Estados, DF e Municípios, sob a supervisão direta e imediata do Ministério da Saúde. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. A grande questão prática da Assistência Social diz respeito ao benefício de prestação continuada definido no art. 20 da Lei 8.742/93. Também chamado de Amparo Assistencial, ou Benefício Assistencial, ou ainda como LOAS (o próprio nome da lei), antes era conhecido como “renda mensal vitalícia”, quando ainda integrava o sistema previdenciário. Sua administração cabe ao INSS. Foi o Decreto nº 1.744/95 que regulamentou o benefício. Este decreto foi revogado pelo Decreto 6.214/2007, que atualmente regulamenta o benefício, com as alterações do Decreto nº 7.617/2011. A Lei nº 8742/93 (LOAS) previu pressupostos rígidos para concessão do amparo à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, especialmente no tocante ao requisito econômico (a renda do grupo familiar não deve superar ¼ do salário mínimo per capita), sendo a sua constitucionalidade questionada perante o Supremo Tribunal Federal, o qual a considerou constitucional em razão de a própria CF/88 remeter à lei a fixação desses requisitos, hoje há decisões divergentes no próprio STF, como será visto mais abaixo. De acordo com o art. 20, § 4o da LOAS, esse benefício é inacumulável com qualquer outro da seguridade social ou de outro regime, salvo os da assistência médica e da pensão especial de natureza indenizatória. Entretanto, a verdade é que pode ser acumulado com a pensão especial devida aos dependentes das vítimas da hemodiálise de Caruaru/PE, prevista na Lei nº 9.442/96. Assim, afora a exceção indicada, a concessão do benefício somente será feita ao brasileiro, inclusive ao indígena, não amparado por nenhum sistema de previdência social ou ao estrangeiro naturalizado e domiciliado no Brasil, não coberto por sistema de previdência do país de origem. O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 anos ou mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. Na análise do direito ao benefício, considera-se: I - a família é composta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto. A Lei 12.435/11 alterou a indicação do que seja grupo familiar, preferindo indicar logo os membros, não fazendo mais referência ao art. 16 da Lei 8.213/91. Entendemos que andou bem o legislador, pois deixa bastante claro que serão considerados no grupo familiar do beneficiário do amparo assistencial.

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II - pessoa com deficiência: aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. III - impedimento de longo prazo: aquele que produza efeitos pelo prazo mínimo de 2 anos; IV - família incapacitada de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa : aquela cujo cálculo da renda mensal per capita, que corresponde à soma da renda mensal bruta de todos os seus integrantes, dividida pelo número total de membros que compõem o grupo familiar, seja inferior a um quarto do salário mínimo (Lei nº 8.742/93, art. 20, § 3º). A renda familiar mensal deverá ser declarada pelo requerente ou seu representante legal. O benefício de prestação continuada – BPC/LOAS poderá ser pago a mais de um membro da família, desde que comprovadas todas as condições exigidas. De acordo com o parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso, “o benefício já concedido a qualquer membro da família não será computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a LOAS”36. Interessante é que a remuneração do beneficiário na condição de aprendiz também não será considerado para a renda familiar, limitando a concomitância entre o benefício e a remuneração a 2 anos (art. 20, § 9º, e art. 21-A, § 2º, com redação da Lei 12.470/11). Ressalte-se, igualmente, que o exercício da atividade remunerada, inclusive a de microempreendedor, não impedirá a concessão de novo benefício, quando desempregado e sem direito a benefício previdenciário, bem como não mais importa em cessação do benefício, mas em mera suspensão, possibilitando ao beneficiário a solicitação da reativação, a qualquer tempo, independente de perícia médica e social, quando desempregado, também não tiver direito a benefício previdenciário (art. 21, § 4º, 21-A, com redação da Lei 12.470/11). O alcance do § 3o do art. 20 acima citado é alvo de forte divergência jurisprudencial, pois entendeu-se que a restrição lá imposta afrontou o texto constitucional, pois o conceito objetivo de família incapaz economicamente definida como aquela com renda per capita inferior ¼ do salário mínimo é destituído de razoabilidade. O STF julgou a matéria, em sede de ADIN, entendendo ser constitucional a definição do conceito de família de baixa renda. “O Tribunal, por maioria, julgou improcedente a ação direta de

inconstitucionalidade proposta pelo Procurador-Geral da República contra o § 3º 36 Nesse sentido: STJ, AgRg no REsp 787355/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, 5ª T., DJe 15/12/2009.

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do art. 20 da Lei 8.742/93, que prevê o limite máximo de 1/4 do salário mínimo

de renda mensal per capita da família para que esta seja considerada incapaz

de prover a manutenção do idoso e do deficiente físico, para efeito de concessão

de benefício previsto no art. 203, V, da CF ("A assistência social será prestada a

quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e

tem por objetivos :... V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à

pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios

de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme

dispuser a lei."). Refutou-se o argumento de que o dispositivo impugnado

inviabilizaria o exercício do direito ao referido benefício, uma vez que o legislador

pode estabelecer uma hipótese objetiva para efeito da concessão do benefício

previdenciário, não sendo vedada a possibilidade do surgimento de outras

hipóteses, também mediante lei. Vencidos, em parte, os Min. Ilmar Galvão,

relator, e Néri da Silveira, que davam ao dispositivo impugnado interpretação

conforme à CF.”(ADIN 1.232-DF - Informativo STF 120)

Cite-se, no entanto, que a Turma de Uniformização Nacional dos JEFs cancelou, em sessão realizada em 24 de abril de 2006, a Súmula nº 11 editada pela mesma, do seguinte teor: “A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº 8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante”. O Superior Tribunal de Justiça, porém, tem se mantido firme no entendimento de que o parâmetro legal não impede a consideração, pelo julgador, de outros fatores que tenham o condão de comprovar a miserabilidade do requerente, senão vejamos o seguinte julgado: AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. REQUISITOS LEGAIS. ART. 20, § 3º, DA LEI Nº 8.742/93. "A limitação do valor da renda per capita familiar não

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deve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo" (REsp Repetitivo nº 1.112.557/MG). Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1125402/RS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 29/04/2010, DJe 07/06/2010) No mesmo sentido o TRF1: PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ/BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20, DA LEI 8.742/93. SENTENÇA CONCESSIVA DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. RESTABELECIMENTO DE AMPARO ASSISTENCIAL. REQUISITOS PREENCHIDOS. REMESSA OFICIAL. (...) II - O benefício da prestação continuada previsto no art. 20 da Lei n. 8.742/93, é a garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso, com idade de 65 anos ou mais, que comprove não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família. III - A renda familiar per capita inferior a ¼ do salário mínimo deve ser considerada como um limite mínimo, um quantum objetivamente considerado insuficiente à insubsistência do portador de deficiência e do idoso, o que não impede que o julgador faça uso de outros fatores que tenham o condão de comprovar a condição de miserabilidade da família do autor. Precedentes deste Tribunal e do STJ (...) IX - Apelação não provida e Remessa Oficial, tida por interposta, parcialmente provida, consoante itens V e VI. Restabelecimento do benefício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, no valor de um salário mínimo mensal desde a sua suspensão. (AC 0014095-79.2004.4.01.9199/GO, Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Conv. Juiz Federal Francisco Neves Da Cunha (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.24 de 03/08/2010) O próprio STF vem flexibilizando este entendimento, não no sentido de que a exigência daquela renda mínima seria inconstitucional, e sim que, em que pese constitucional, nada impede que da análise de outros fatores ficasse caracterizada a miserabilidade da família, ou talvez que o critério estaria passando pelo fenômeno da inconstitucionalização. Ver a propósito Informativo nº 454/STF - Transcrições, quando o Ministro Gilmar Mendes afirmou (leitura é obrigatória): “O Tribunal parece caminhar no sentido de se admitir que o critério de 1/4 do salário mínimo pode ser conjugado com outros fat ores indicativos do estado de miserabilidade do indivíduo e de sua famí lia para concessão do benefício assistencial de que trata o art. 203, inc iso V, da Constituição. Entendimento contrário, ou seja, no sentido da manu tenção da decisão proferida na Rcl 2.303/RS, ressaltaria ao menos a i nconstitucionalidade por omissão do § 3o do art. 20 da Lei n° 8.742/93, dian te da insuficiência de

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critérios para se aferir se o deficiente ou o idoso não possuem meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, como exige o art. 203, inciso V, da Constituição. A meu ver, toda essa reinterpretação do art. 203 da Constituição, que ve m sendo realizada tanto pelo legislador como por esta Corte, pode ser revel adora de um processo de inconstitucionalização do § 3o do art. 20 da Lei n° 8.742/93. Diante de todas essas perplexidades sobre o tema, é certo que o Plenário do Tribunal terá que enfrentá-lo novamente. Ademais, o próprio caráter alimentar do benefício em referência torna injustificada a alega da urgência da pretensão cautelar em casos como este. Ante o exposto, indefiro o pedido de medida liminar. (...)” A legitimidade passiva para ações onde se discute o benefício assistencial é somente do INSS, a quem cabe conceder o benefício. Esse vem sendo o entendimento adotado pelo STJ (RESP 161830/SP, 220298/SP, 154095/SP) e do TRF137. A supressão ou alteração do benefício exige a observância do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Além do mais, segundo Ibrahim, o benefício pode ser concedido a mais de um membro da família, mas para o inválido, o valor concedido a outros membros do mesmo grupo familiar passa a integrar a renda para efeito de cálculo per carpita de novo benefício requerido. Entretanto, para o idoso, o benefício concedido a qualquer membro da família não será computado para fins de cálculo de renda familiar. Tal tratamento diferenciado foi criado pelo Estatuto do Idoso. Pleito de amparo pelos portadores de HIV. O simples fato de o interessado ser portador do vírus, sem manifestação da doença, não é suficiente para a obtenção do amparo. Mas se as doenças oportunistas já se manifestaram, estando ele incapacitado para prover a própria subsistência, deve o benefício ser deferido, desde que atendidos os demais requisitos, independentemente da previsão específica no regulamento (que não é taxativo)38. Pleito de amparo pelos por menores. De acordo com o Decreto 7.617/2011, as crianças e adolescentes menores de 16 anos devem ser avaliadas sobre a existência da deficiência e o seu impacto na limitação do desempenho de

37 Nos casos de benefício de prestação continuada da Lei 8.742/93, cabe ao INSS responder isoladamente pelo pedido, não havendo litisconsórcio passivo necessário em relação à UNIÃO. (AC 1998.38.00.024193-2/MG, Rel. Desembargador Federal José Amilcar Machado, Conv. Juiz Federal Miguel Angelo De Alvarenga Lopes (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.169 de 20/10/2009). 38 PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20, DA LEI 8.742/93. DEFICIÊNCIA. PORTADOR DE HIV. DOENÇA CONTROLADA. CAPACIDADE PARA O TRABALHO REQUISITO NÃO PREENCHIDO. HONORÁRIOS. SÚMULA 111 DO STJ. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. (…) 2. Apesar de o autor ser portador do vírus HIV, ele se encontra capacitado para o trabalho e para a vida independente, razão pela qual não pode ser considerado deficiente físico. 3. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que o portador do vírus HIV tem direito ao benefício de prestação continuada desde que comprove estar incapacitado para o trabalho e para prover o seu próprio sustento ou de tê-lo provido pela sua família. (…) 7. Apelação do autor improvida. (AC 2003.01.99.040522-0/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Olavo, Conv. Juiz Federal Guilherme Doehler (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.36 de 07/07/2009)

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atividade e restrição da participação social, compatível com a idade. Ou seja, essa alteração visa a superação da discussão na jurisprudência acerca da necessidade de que a incapacidade seja para atos da vida civil E para o trabalho, que constava da redação original do art. 20, § 2º da Lei nº 8.742/93. O INSS alegava, em sua defesa, que ao mencionar que o benefício é devido a quem está incapaz para o trabalho, pressupõe a Lei que o mesmo esteja autorizado a exercer atividades laborais, mas que, por uma eventualidade, fatalidade, não o possa. Como o art. XXXIII do art. 7º da CF/88 preceitua que somente os maiores de 16 anos podem exercer atividade remunerada, sendo a incapacidade para o trabalho para os menores de 16 anos presumida, o benefício previsto no inciso V do art. 203 da Lei Maior somente alcançaria aqueles que possuem a idade mínima para exercer atividade laborativa, rural ou urbana. No entanto, tanto a TNU, como os TRF’s especialmente o TRF391 já vinham entendendo que cabia a concessão aos menores com deficiência de longo prazo. A TNU já tinha súmula de entendimento predominante: Súm. nº. 29: “Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento”.40 O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, trouxe algumas alterações no que se refere ao benefício assistencial, a saber: a) passou a ser devido ao idoso a partir dos 65 anos de idade (art. 34, caput). Na redação original da LOAS, a idade era de 70 anos, reduzida para 67 anos a partir de 01.01.1998; e b) caso um outro membro do grupo familiar receba benefício assistencial, o valor deste deve ser excluído quando do cálculo da renda familiar per capita (art. 34, parágrafo único). Esse entendimento também ser de suporte para excluir a renda decorrente de aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição, no valor de 1 salário-mínino, forte no princípio da igualdade41. 39 (…) SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL. MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. ART. 20, DA LEI 8.742/93. DEFICIENTE FÍSICO. INCAPACIDADE PARA A VIDA INDEPENDENTE. (…) 1. O Ministério Público detém legitimidade para propor ação ordinária que verse sobre benefício assistencial previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/93, em favor de menor carente e deficiente, por tratar-se de direito individual indisponível, relacionado à vida, à saúde e à dignidade do substituído. (…) 4. O substituído atende aos requisitos exigidos para a concessão do benefício assistencial de amparo ao deficiente, previsto no art. 20 da Lei 8.742/93, por possuir doença incapacitante, que o impede de realizar as tarefas da vida diária e pelo fato de ser hipossuficiente. (…) (AC 2009.01.99.004683-0/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Olavo, Conv. Juiz Federal Guilherme Mendonça Doehler (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.201 de 06/10/2009). 40 (…) IV. Esta TNU, a partir do julgamento proferido no Processo nº 2007.83.03.50.1412-5, julgamento este proferido após o voto anterior deste Relator neste feito, ora retificado acolhendo as razões do voto-vista do juiz federal José Antônio Savaris, firmou a tese de que, em se tratando de benefício decorrente da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), a incapacitação, para efeito de concessão do benefício a menor de 16 (dezesseis) anos, deve observar, além da deficiência, que implique limitação ao desempenho de atividades ou restrição na participação social, compatíveis com a idade do menor, bem como o impacto na economia do grupo familiar do menor, seja por exigir a dedicação de um dos membros do grupo para seus cuidados, prejudicando a capacidade daquele grupo familiar de gerar renda. (…) (PEDIDO 200580135061286, JUIZ FEDERAL RONIVON DE ARAGÃO, DOU 08/07/2011 SEÇÃO 1.) 41 PREVIDENCIÁRIO – BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (LOAS) – EXCLUSÃO DE APOSENTADORIA DE MEMBRO DO GRUPO FAMILIAR NO CÔMPUTO DA RENDA – MATÉRIA PACIFICADA NA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO – RENDA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO CONSTITUI PRESUNÇÃO

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Duas observações importantes: o beneficiário do amparo assistencial não recebe 13º, nem deixa o benefício em forma de pensão, quando de sua morte. Competência para as ações em que se discute benefíc io assistencial (LOAS) : discute-se se poderiam ser julgadas pela Justiça Estadual no exercício da competência delegada. O entendimento do TRF1 é no sentido da possibilidade de ajuizamento dessas ações perante a Justiça Estadual42. O STJ também entende que a prorrogação da competência é válida para benefícios assistenciais, “atribuindo força extensiva ao termo ‘beneficiário’, de modo a abranger não só segurados, mas aqueles beneficiários da assistência social” (CC 37.233-SP, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado em 8/10/2003). Com relação a incapacidade temporária, embora não t enha achado julgados recentes, todos apenas exigiam a incapacid ade total, não importando se era definitiva ou temporária 43. Porém, há julgado da TNU, citado por Castro e Lazzari que permitem a configuração do direito ao amparo assistencial com fulcro em incapacidade parcial, “Havendo incapacidade médica, ainda que apenas parcial , cabe a concessão do benefício se as condições pessoas forem desfavoráveis à inserção ou reinserção no mercado de trabalho (PEDILEF nº 2006.83.03.501397/PE. DJ 28.07.2009)”. “É a incapacidade para o exercício da atividade habitual. Se pode voltar a exercer a atividade anterior não há incapacidade parcial (PEDILEF nº 2008.70.95.001154-0/PR. DJ 11.6.2010)”

ABSOLUTA DE MISERABILIDADE - INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PROVIDO 1. Incidente de uniformização suscitado pela parte autora, em face de decisão que desconsiderou a condição de miserabilidade, em razão de, apesar de a renda mensal per capita ser inferior a ¼ do salário mínimo, as condições da residência da autora afastarem a presunção de miserabilidade. 2. A renda mensal per capita inferior a ¼ do salário mínimo denota presunção absoluta de miserabilidade, não sendo possível ser confrontada com os outros critérios. 3. Incidente de Uniformização Nacional conhecido e provido. (PEDIDO 200870650015977, JUIZ FEDERAL VLADIMIR SANTOS VITOVISKY, DOU 08/07/2011 SEÇÃO 1.) 42 PREVIDENCIÁRIO CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL E JUÍZO ESTADUAL. INEXISTÊNCIA DE VARA FEDERAL. SUBSISTÊNCIA DO ART. 109, § 3º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. UNIÃO. ILEGITIMIDADE. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA A PESSOA DEFICIENTE. (…) 2. Serão processadas e julgadas na justiça estadual, no foro do domicílio dos segurados ou beneficiários, as causas em que forem parte instituição de previdência social e segurado, sempre que a comarca não seja sede de vara do juízo federal, e, se verificada essa condição, a lei poderá permitir que outras causas sejam também processadas e julgadas pela justiça estadual" (art. 109, § 3º, da Constituição Federal). Preliminar de incompetência absoluta rejeitada. 3. O deslocamento da competência somente teria lugar se a própria Comarca passasse a sediar Vara Federal instalada, hipótese inocorrente na espécie. 4. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de Direito da Comarca de Januária, suscitado. (CC 2009.01.00.022909-0/MG, Rel. Desembargador Federal Francisco De Assis Betti, Primeira Seção,e-DJF1 p.181 de 09/10/2009). 43 PREVIDENCIÁRIO. AMPARO ASSISTENCIAL. LEI 8.742/93. ARTIGOS 1º E 6º DO DECRETO 1.744/95. REQUISITOS PREENCHIDOS. TERMO INICIAL DO BENEFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. PRELIMINARES DE CERCEAMENTO DE DEFESA E NULIDADE DO LAUDO PERICIAL REJEITADAS. (…) 2. O laudo pericial produzido é válido, haja vista que não há controvérsia a ser sanada, pois o perito afirmou que há incapacidade, embora temporária. Ademais, o requerimento a que se refere o perito em seu lado, pode ser interpretado como o requerimento judicial do benefício, não havendo que se falar em irregularidades. Preliminar rejeitada. (…) 4. Não merece reparo a sentença que deferiu o pedido da autora para a implementação do benefício de amparo assistencial previsto no artigo 20 da Lei 8.742/93, uma vez que preenchidas as exigências constantes do artigo 6º do Decreto 1.744/95. (...) 9. Apelação e remessa oficial a que se dá parcial provimento. (AC 2004.01.99.044037-9/MG, Rel. Desembargador Federal Antônio Sávio De Oliveira Chaves, Conv. Juiz Federal Miguel Ângelo De Alvarenga Lopes (conv.), Primeira Turma,DJ p.31 de 03/09/2007).

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1. 3 – SAÚDE -características : a) DIREITO UNIVERSAL [ “(...) direito de todos e dever do Estado (...)”] - sistema universal. - SAÚDE COMO DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO UNIVERSAL – direito da pessoa exigir do Estado PREVENÇÃO e CURA. - sistema antigo : necessidade de demonstrar documento (NEM TODOS TINHAM DIREITO). - sistema atual : todos têm direito. (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SUS ) b) SISTEMA NÃO CONTRIBUTIVO c) POSSIBILIDADE DA PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO . - Tal participação se dá de forma complementar, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. A CF não veda a criação de empreendimentos voltados ao lucro na saúde, mas apenas o aporte de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos, salvo a quitação de serviços prestados ao SUS. Com relação ao participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiras, somente é permitida nos casos autorizados por lei. - participação de todos os entes federados. [art. 23, II, CF] - A EC 29/2000 determinou que União, Estados/DF e Municípios aplicassem em ações e serviços de saúde percentuais mínimos que serão definidos em LC, que ainda não existe. - SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE . - sistema descentralizado; - hierarquizado; - principal foco é a prevenção. - FORNECIMENTO DE REMÉDIOS ARGUMENTOS FAVORÁVEIS - universalidade objetiva e subjetiva. [art. 196, CF/88] - saúde é um direito de todos e dever do Estado. - princípio da dignidade da pessoa humana. - direito à vida. - 2 acepções : -direito de continuar vivo; -direito de ter uma vida digna.

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ARGUMENTOS CONTRÁRIOS - a concretização das políticas públicas não é papel do judiciário. [VIOLAÇÃO DA DIVISÃO DOS PODERES ] - aplicação da reserva do possível . - não existe disponibilidade financeira para o atendimento de todos os direitos em sua plenitude. - deve ser verificada a condição econômica do beneficiário. [PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE DO PROCESSO CIVIL ] - jurisprudência : STF e STJ – têm concedido o fornecimento. - decisão Ellen – negou a suspensão da segurança. [NECESSIDADE DE ANÁLISE DA SITUAÇÃO CONCRETA ] - COMPETÊNCIA - questões relacionadas à saúde envolvem União, Estado e Municípios, dependendo da situação concreta poderá ser competência da JUSTIÇA FEDERAL ou competência da JUSTIÇA ESTADUAL . (RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS ENTES). Por fim, a diferença primordial entre as atividades da Saúde e da Assistência Social, é que esta tem um espectro menor, ou seja, a Saúde tem o caráter de universalidade mais amplo do que o previsto para a Assistência. A nota diferencial da Assistência Social para a Previdência é a desnecessidade de contribuição para o sistema de Seguridade Social e a finalidade de amparo às pessoas carentes, idosas, portadoras de deficiência, i. e., dos hipossuficientes sócio-economicamente. Trata-se de nítida prestação de caráter solidário , fundamentada na dignidade da pessoa humana e na solidariedade social (arts. 1o, III, e 2o, I, da CF/88), atribuída ao Estado pela Constituição Federal. Base utilizada: IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 15ª edição, Ed. Impetus, 2010. Resumos do TRF5 e TRF2. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011. SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 04

Previdência Social Rural e Previdência Social Priva da. Regimes Especiais. Regime Previdenciário do Servidor Estatutário. Prev idência Complementar.

Elaborado por Wanessa F. S. Lima, em 10.2004, com base em resumo de Marina Coelho Atualizado e modificado por Danielle M. Peixoto, em dezembro de 2006 Novas atualizações em verde: Luiz Bispo – outubro de 2010 Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012. 1) Previdência Social Rural 1.1 Regime único – RGPS – art. 194, parágrafo único, II, da CF/88 1.2 Peculiaridades dos trabalhadores rurais: a) idade reduzida para aposentadoria; b) aposentadoria por idade rural, no valor de um salário mínimo, independentemente de contribuições, (art. 143 da LBPS); c) cômputo do tempo de serviço anterior à Lei nº 8.213/91 independentemente de contribuições (art. 55, § 2º); d) segurado especial – aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, salário-maternidade, auxílio-reclusão e pensão por morte, no valor de um salário mínimo, independentemente de contribuição. 2) Previdência Social Privada – Previdência complementar 2.1 Características: a) autônoma em relação ao RGPS; b) facultativa; c) organizada por lei complementar (LC nº 109/2001); d) sistema de capitalização. 2.2 Entidades fechadas e abertas: a) fechada (art. 31 da LC nº 109/2001): � constituída sob a forma de fundação ou sociedade civil; � sem fins lucrativos; � acessível exclusivamente a empregados de uma empresa ou grupo de empresas, aos servidores dos entes da Administração e aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial; � custeada pelos participantes, assistidos e patrocinadores; b) aberta (art. 36 da LC nº 109/2001): � instituição financeira – exclusivamente sociedade anônima

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� explora economicamente o ramo de infortúnios do trabalho, cujo objetivo é a instituição e operação de planos de benefícios de caráter previdenciário em forma de renda continuada ou pagamento único; � custeada pelos participantes. 3) Regimes Especiais Previdência do Servidor Estatutário - Lei n° 9.717/ 98, com as alterações da MP n° 2.187-13/01, e da Lei nº 10.887/2004, resultante da conversão da MP nº 167/2004 Principais alterações efetivadas pela EC nº 41/2003: a) fim da paridade entre proventos e vencimentos; b) integralidade dos proventos; c) contribuição dos inativos e pensionistas: ADI nº 3128; d) direito adquirido; e) cálculo de pensões; f) cálculo de aposentadoria – regra de transição; g) previdência complementar do servidor público. 1. Introdução

O sistema previdenciário brasileiro é dotado de três regimes: o Regime Geral de Previdência Social, Regimes Próprios de Previdência e Regime Complementar de Previdência. O Regime Geral é o mais amplo, responsável pela proteção da grande massa de trabalhadores brasileiros. É organizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS – autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social. 2. Previdência Social Rural

Fundamento constitucional, art. 195, § 8º , da CF/8 8 (redação de acordo com a EC 20/98): § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatá rio rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que ex erçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empr egados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a ap licação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da lei.

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O trabalhador rural pode ser considerado um gênero, do qual advêm as seguintes espécies: 1) empregado rural; (art. 11, I, a, Lei 8.213/91) 2) trabalhador rural eventual; (art. 11, V, a, f, g, Lei 8.213/91) 3) trabalhador rural avulso; (art. 11, VI, Lei 8.213/91) 4) segurado especial. (art. 11, VII, a, c, Lei 8.213/91) Empregado rural é a pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços com continuidade a empregador rural, mediante dependência e salário. O empregador rural é a pessoa física ou jurídica, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, em caráter permanente ou temporário, diretamente por meio de prepostos e com o auxílio de empregados. Assim, o empregado rural tem que preencher os seguintes requisitos: 1. Ser pessoa física; 2. Prestar serviços de maneira contínua, não eventual: o trabalho não pode ser episódico, ocasional. Deve haver continuidade na prestação dos serviços; 3. O trabalho deve ser prestado com subordinação: ou seja, com o estado de sujeição em que se coloca o empregado em relação ao empregador, aguardando ou executando suas ordens; 4. Prestar serviços de maneira onerosa: não existe contrato de trabalho gratuito. 5. Pessoalidade: se o empregado faz-se substituir constantemente por outra pessoa, inexiste o elemento pessoalidade. Mesmo que o empregado rural tenha menos de 16 anos, o STJ vem admitindo a contagem do tempo de serviço para fins previdenciários, pois a norma constitucional não pode ser interpretada em desfavor do menor. TUN, súmula 5 - Prestação de Serviço Rural: “A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários.” 25/09/200344 Dessa forma, o limite mínimo para ingresso na Previdência Social dos segurados que exercem atividade urbana ou rural é o seguinte: a) antes de 04.10.88 = 12 anos ; b) de 05.10.88 a 15.12.98 = 14 anos , sendo permitida a filiação de menor aprendiz a partir de 12 anos; c) a partir de 16.12.98 = 16 anos, exceto para o menor aprendiz que é de 14 anos.

44 A jurisprudência do STJ e do STF é pacífica nesse sentido (STJ - AgRg no RESP 419601/SC, 6ª T, Rel. Min. Paulo Medina, DJ 18-04-2005, p. 399 e RESP 541103/RS, 5ª T, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ 01/07/2004, p. 260; STF- AI 529694/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª T, j. em 15.02.2005).

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Destaque-se, outrossim, que o empregado doméstico, mesmo que trabalhe em uma fazenda, é considerado segurado urbano. O Trabalhador Rural eventual (“diarista”): é a pessoa física que presta serviços de natureza rural em caráter esporádico, eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego. Não há a habitualidade na prestação dos serviços. É segurado do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) na categoria de contribuinte individual . O trabalhador rural avulso: é quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza rural definidos no Regulamento. A partir do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. 2.172/97, acrescentou-se mais um requisito para caracterizar o avulso, que o trabalho seja prestado “com intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão-de-obra, conforme a Lei 8.630/95. Segurado Especial, pelo conceito da Lei n° 8.213/91, é o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal e o assemelhado (mariscador,...), que exerçam suas atividade individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 16 anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. Regime de economia familiar é a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem utilização de empregados. Se aceita o auxílio eventual de terceiros, que é aquele exercido ocasionalmente, em condições de mútua colaboração, não existindo subordinação nem remuneração (ex., mutirão). Este segurado é detalhadamente estudado no ponto 2. Segurado especial : 2008 - alterou a definição do segurado especial - hoje, pequenas terras - 4 módulos fiscais - se maior, vira contribuinte individual, chamado empregador rural / mesma coisa se empregados permanentes (i.e., ano civil, mais de 120 dias) - 120 pessoas-dias/por ano. O regime de economia familiar tem conceituação legal e é entendido como a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados. Para tanto deverá segurado laborar em terras de até 4 módulos fiscais e não possuir empregados permanentes. Por outro lado, deverá retirar seu sustento do trabalho rural, o que não impede que possua outras fontes secundárias de renda, conforme o art. 11, da Lei n.° 8.213/91, modificado pela Lei n.º 11.718/2008. De se observar que poderá,

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inclusive, empregar-se em período de entressafra, sem perder a qualidade de segurado especial, por até 120 dias no ano civil. Pois bem. Com o advento da CF/88, deixou de existir um regime específico para os trabalhadores rurais. Estes se encontram agora vinculados ao RGPS, nos termos do art. 194, parágrafo único, II, da CF/88. A esse respeito, transcrevo a lição de Marina Vasques Duarte: “Antes da CF 88 havia expressa distinção entre os trabalhadores urbanos e rurais para efeitos previdenciários. Os benefícios para estes trabalhadores rurais eram bem reduzidos: tinham direito a meio salário mínimo a título de aposentadoria por invalidez, por velhice e pensão (esta para dependentes), além de auxílio-funeral de um salário mínimo (Lei Complementar nº 11, de 25/05/1971). Não existia um sistema previdenciário propriamente dito; era mais um sistema assistencial onde os segurados recebiam o benefício independentemente do recolhimento de contribuições. “Aliás, não existia sequer a possibilidade de o trabalhador rural contribuir para um regime previdenciário. A exceção que se fazia era quanto ao empregado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que, embora prestando exclusivamente serviço de natureza rural, era considerado segurado da Previdência Social Urbana (art. 6º, § 4º, CLPS/84). “A fim de minimizar esta situação, bem como levando em conta que o trabalhador rural exerce em geral atividade mais desgastante, além de sua hipossuficiência, a CF88 e a Lei 8213/91 previu diversas situações beneficiando os trabalhadores rurais.” “O nosso novo ordenamento constitucional e legal foi além de simplesmente igualar os benefícios concedidos aos trabalhadores urbanos e rurais.” São as seguintes as peculiaridades citadas pela autora: a) redução, em cinco anos, limite para aposentadoria por idade dos trabalhadores rurais de ambos os sexos e que exerçam suas atividades em regime de economia familiar (art. 201, § 7º, II, da CF/88), incluindo-se aqui o segurado especial, o empregado rural, o autônomo rural e o avulso rural (art. 48, §§ 1º e 2º da LBPS); b) Nos termos do artigo 143 da LBPS, o trabalhador rural (seja empregado, eventual ou especial) poderia requerer aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo nos 15 anos contados da vigência da Lei nº 8.213/91, desde que comprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses correspondente à carência do benefício pretendido (art. 143 da LBPS). Como referido prazo se encerraria no ano de

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2006, editou-se a Lei nº 11.386 , de 9 de novembro do mesmo ano, prorrogando-o, para o trabalhador rural empregado, por mais dois anos. Após este prazo, estes trabalhadores seguirão a regra geral de carência, devendo comprovar os recolhimentos mensais necessários. Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. Novo prazo concedido pela Lei n.º 11.718/2008 : Art. 3.º Na concessão de aposentadoria por idade do empregado rural, em valor equivalente ao salário mínimo, serão contados para efeito de carência: I – até 31 de dezembro de 2010 , a atividade comprovada na forma do art. 143 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991; O segurado especial, contudo, continuará, mesmo depois do aludido prazo, não necessitando comprovar o recolhimento das contribuições, mas tão somente comprovar o exercício de atividade como segurado especial por 15 anos anteriores ao requerimento, ainda que de forma descontínua. c) o tempo de serviço do trabalhador rural (empregado rural, autônomo rural, trabalhador avulso rural ou segurado especial) anterior à Lei nº 8.213/91 poderá ser computado para fins de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição, independentemente do recolhimento de contribuição, exceto para efeito de carência (art. 55, § 2º, da LBPS). A posição do STJ, no entanto, é de que a contagem desse tempo de serviço depende do recolhimento das contribuições (Veja-se que o STJ, em seus julgados, emprega o termo “contagem recíproca” tanto para referir-se ao intercâmbio de tempo de contribuição entre regime estatutário e RGPS, quanto para o tempo de atividade urbana e atividade rural)45. d) o segurado especial recolhe contribuições facultativamente, nos termos do art. 25 da Lei nº 8.212/91. Caso opte por não recolher, ainda assim, fará jus à aposentadoria por idade, à aposentadoria por invalidez, ao auxílio-doença, ao

45 PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. TRABALHADOR RURAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE RURAL ANTERIOR À LEI 8.213/91. CÔMPUTO. RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. NECESSIDADE. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. PEDIDO RESCISÓRIO IMPROCEDENTE. 1. Para a contagem recíproca de tempo de contribuição, mediante a junção do período prestado na administração pública com a atividade rural ou urbana, faz-se necessária a indenização do período rural exercido anteriormente à Lei 8.213/91 . 2. Ação julgada improcedente. (STJ, AR 2510, Rel. Arnaldo Esteves, DJ 1.2.2010)

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auxílio-reclusão, à pensão por morte e ao salário-maternidade, sempre no valor de um salário mínimo , e desde que comprovado o efetivo exercício de atividade rural , ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao número de meses correspondente à carência do benefício pretendido. TRF - 1ª Região - Súmula Nº 27 : Não é admissível prova exclusivamente testemunhal para reconhecimento de tempo de exercício de atividade urbana e rural (Lei n. 8.213/91, art. 55, parágrafo 3º). Início de prova material aceita pelo TRF1 para comprovação da atividade rural (desde que contemporâneos aos fatos): 1) Certidão de Casamento, constando a ocupação do cônjuge como "lavrador"; 2) Certidão do Cartório eleitoral, na qual consta a qualificação do seu cônjuge como "trabalhador rural"; 3) Cópia da sua CTPS com registros de admissão em estabelecimentos agrícolas (ex.: colheita de café); 4) Certidão de nascimento com referência a profissão de agricultor dos genitores; 5) Contrato de parceria agrícola, entre outros. Ao final, em anexo, relaciono as Súmulas da TNU relativas a Previdência Social Rural. Vale ressaltar, finalmente, que, a partir da CF/88, os dependentes do antigo segurado especial (somente o chefe ou arrimo de família, nos termos da LC nº 11/71), passaram a ser considerados também segurados, e não meros dependentes. 3. Previdência Social Privada – Regime Complementar de Previdência

A previdência brasileira comporta dois regimes básicos, que são o Regime Geral da Previdência Social – RGPS e os Regimes Próprios de Previdência de Servidores Públicos – RPPS, sendo este último para servidores ocupantes de cargos efetivos e militares. Em paralelo aos regimes básicos, há o complementar (privado aberto ou fechado no RGPS e público fechado no RPPS). O Regime Complementar, atualmente, tem fundamento no art. 20246 da CF, que foi alterado pela EC 20/98, e possui caráter facultativo 47 e autônomo , pois a 46 Foi excluída a citação textual do art. 202, cabe a consulta a critério de cada um. 47 PREVIDÊNCIA PRIVADA. FILIAÇÃO. FACULDADE. (…) Diante disso, conclui-se que, se o art. 1º da LC n. 109/2001 dispôs que é facultativa a adesão ao regime de previdência privada complementar, essa norma há de ser observada pelos estados e municípios, daí o recorrente não poder ser compelido a filiar-se em carteira de previdência complementar de escrivães, notários e registradores, quanto mais arcar com a contribuição, se nem sequer a isso anuiu. Precedente citado do STF: AgRg no RE 482.207-PR, DJe 28/5/2009; do STJ: REsp 615.088-PR, DJ 4/9/2006. REsp 920.702-PR, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado em 18/3/2010. (Inf. STJ 427 – março de 2010)

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obtenção do benefício complementar independe da concessão da prestação pelos regimes básicos. O regime complementar ao RGPS tem natureza privada, sendo regulado em lei complementar. Cabe ao Poder Público, no caso a União, somente a fiscalização e regulamentação de seu funcionamento por meio do Conselho de Gestão de Previdência Complementar, vinculado ao MPS. Atualmente, o regramento legal da previdência complementar no âmbito privado , em regime aberto ou fechado, consta da Lei Complementar nº 109, de 29 de maio de 2001, enquanto o regime complementar de empregados públicos da Administração Pública é regulado pela Lei Complementar nº 108/91. A norma legal que regulará o regime complementar público dos RPPS já foi editada, é a Lei 12.618, de 02/05/2012, carecendo ainda de vigência o Capítulo I (arts. 1º a 3º), que depende da criação das entidades de previdência complementar (a Funpresp-Exe, Funpresp-Leg e Funpresp-Jud). As fundações de cada Poder deverão ser criadas no prazo de até 180 dias e entrar em funcionamento no prazo de 240 dias de sua criação (art. 26 c/c art. 31). A adesão dos novos servidores será obrigatória, sendo facultativa a adesão dos servidores que ingressaram antes da implantação do fundo de previdência complementar. Os segurados são chamados de “participantes” (quando aderem ao regime) ou “assistidos” (enquanto percebem os benefícios). Não há obrigatoriedade em sua filiação; é opção individual do beneficiário, razão pela qual a previdência complementar submete-se ao regime privado do direito, tendo natureza contratual 48 (em oposição à natureza institucional da previdência básica). Contudo, a adesão a este regime não exclui a obrigatoriedade de contribuir ao RGPS ou regime próprio, no caso de servidor público. Observe-se que mesmo no sistema complementar a RPPS, que tem natureza pública, a entrada será sempre voluntária49. A principal diferença entre o regime geral e o regime complementar é que, enquanto aquele é um sistema contributivo de repartição, este último funciona

48 Por isso, a aprovação da Súmula nº 321 do STJ : “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável à rel ação jurídica entre a entidade de previdência privada e seus participantes” . Entretanto, deve-se ter em mente que a Legislação Consumerista não pode ser aplicada irrestritamente, sem levar em consideração as normas tratadas nas leis básicas da previdência complementar. A virtude está na interpretação sistemática das referidas normas. 49 PREVIDÊNCIA PRIVADA. RESTITUIÇÃO. VALOR. In casu, diante da perda do vínculo empregatício, o recorrente passou a contribuir por algum tempo para a previdência privada de duas formas: com as parcelas que lhe eram devidas e com aquelas que caberia à patrocinadora recolher. Depois, o instituto de seguridade social privada só devolveu a importância referente às parcelas pagas a título de reserva de poupança49 do beneficiário, sem que lhe fossem restituídas aquelas pagas em substituição à patrocinadora. Dessa forma, o cerne da discussão no REsp é saber se é abusiva a cláusula do regulamento do referido insti tuto que veda a restituição dos valores pagos a tít ulo de recolhimento da patrocinadora (Súm. 321-STJ) . Ressalta o Min. Relator que a hipótese dos autos difere das demais, porquanto se discute a restituição de recolhimento pago em substituição à patrocinadora. Explica que, nessa hipótese, não há abusividade nem vantagem ou desvantagem de u ma das partes , visto que as quantias pagas referentes às parcelas da patrocinadora, segundo o acórdão recorrido, tem por finalidade a cobertura dos custos administrativos e as vantagens que se revertem em favor de todo grupo se gurado , mantendo-o em equilíbrio , em proporcionalidade aos direitos e obrigações. Também consignou-se que a patrocinadora oferece além da suplementação de aposentadoria, outros benefícios, como auxílio doença, abono anual e empréstimos aos participantes ativos. Diante do exposto, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 1.053.644-SE, Rel. Min. Massami Uyeda, julgado em 20/5/2010. (Inf. STJ 435 – maio de 2010)

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mediante sistema de capitalização, ou seja, o participante constitui reservas financeiras ao longo do tempo e este fundo irá custear o seu benefício. Ainda, como lembra Wladimir Novaes Martinez, o sistema previdenciário complementar pode ser implementar ou meramente suplementar. Será implementar quando desvinculado do Regime Geral de Previdência Social, com a concessão do benefício privado independente do público concedido pelo INSS ou sistema próprio de previdência dos servidores públicos. Já o suplementar existirá quando o regime privado pagar valor adicional ao RGPS, mas sem a obrigação de manter a mesma remuneração do trabalhador quando em atividade. O complementar , em sentido estrito, será somente aquele que mantiver o mesmo patamar remuneratório do beneficiário. Conforme acima exposto, a nossa previdência complementar privada é implementar, já que a concessão de benefícios pelas entidades de previdência privada independe da aquisição da prestação pelo RGPS, como dispõe a LC 109/01, em seu artigo 68, §2º. Ou seja, pelas regras atuais, o participante de plano privado de previdência pode obter seu benefício privado mesmo não completando os requisitos necessários para a aquisição da prestação paga pelo RGPS. Os sistemas público e privado de previdência são autônomos. A LC 109/01 dispõe que o sistema será denominado aberto, se for acessível a qualquer pessoa; ou fechado, se os assistidos somente puderem ser empregados de empresas, grupo de empresas e agentes públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios (por exemplo, a PREVI – Fundo de pensão dos Empregados do Banco do Brasil) ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial (Caixa de assistência dos Advogados, por exemplo). Regime aberto de previdência complementar - EAPC. As entidades abertas de previdência complementar são organizadas como sociedades anônimas e podem pactuar dois tipos de planos: individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas ou coletivos, quando as pessoas físicas estiverem vinculadas a uma pessoa jurídica contratante. Apesar de o assunto ser previdência complementar, o Ministério da Previdência não possui qualquer ingerência no segmento aberto, cabendo a responsabilidade por este ramo ao Ministério da Fazenda, que o controla e fiscaliza por meio da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP. Essa alteração ocorreu com a EC 20/98, que cindiu a fiscalização dos regimes, deixando ao Ministério da Previdência Social a fiscalização da entidade de previdência no segmento fechado. Esta modalidade possui como características a portabilidade das carteiras , a possibilidade de resgate técnico das contribuições e a previsão de planos com renda continuada ou pagamento único .

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Em geral, as EAPC atuam com fins lucrativos, mas não impedimento legal é criação de fundos mútuos, isto é, regimes de previdência aberta sem fins lucrativos. Neste sentido, o teor do Enunciado 185 do CJF : “Art. 757: A disciplina dos seguros do Código Civil e as normas da previdência privada que impõem a contratação exclusivamente por meio de entidades legalmente autorizadas não impedem a formação de grupos restritos de ajuda mútua, caracterizados pela autogestão”. Regime fechado de previdência complementar – EFPC. As entidades fechadas de previdência complementar – EFPC, conforme acima mencionado, são somente acessíveis aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos agentes públicos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial. É patrocinador a empresa ou grupo de empresas, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e outras entidades públicas que instituam para seus empregados ou servidores plano de benefício de caráter previdenciário, por intermédio de entidade fechada, enquanto instituidor é a pessoa jurídica de caráter profissional, classista ou setorial que institua para seu associados ou membros plano de benefício de caráter previdenciário. Estas definições eram previstas no Decreto nº 4.206/02, art. 2º, que foi revogado pelo Decreto 9.292/03. No entanto, é a mesma ainda plenamente válida. Marcelo Leonardo Tavares diferencia patrocinador como a pessoa jurídica que também contribui (como a PETROBRAS em relação à PETRUS) e instituidor como a pessoa jurídica que apenas organiza o plano (OAB em relação à CAARJ, por exemplo)50. As entidades fechadas são constituídas sob a forma de fundação ou sociedade civil, não tendo finalidade lucrativa. Por este motivo, ao contrário das entidades abertas, que podem desenvolver outras atividades econômicas, desde que acessórias, as fechadas têm como objeto exclusivo a administração e execução de planos de benefícios de natureza previdenciária, salvo serviços relativos à saúde, desde que já estivessem disponíveis em 30/05/2001, data da publicação da LC nº 109/01. Diferentemente do segmento aberto, o controle, a regulamentação e a fiscalização das entidades fechadas ficam a cargo da Superintendência

50 O STF reconheceu a imunidade tributária a entidade de previdência privada mantida com contribuição exclusivamente do empregador, conforme Súmula 730 do STF : “A imunidade tributária conferida a instituição de assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários”.

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Nacional de Previdência Complementar - PREVIC 51, vinculado ao Ministério da Previdência Social – MPS. Suas características são: a) portabilidade das carteiras, b) possibilidade de resgate total, c) facultatividade de contribuição do patrocinador e a d) universalidade de oferecimento do plano para todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. Sintetizando todo o acima exposto, temos que as entidades de previdência complementar podem ser: a) fechada (art. 31 da LC nº 109/2001): � constituída sob a forma de fundação ou sociedade civil; � sem fins lucrativos; � acessível exclusivamente a empregados de uma empresa ou grupo de empresas, aos servidores dos entes da Administração (quando o tomador dos serviços será denominado “patrocinador” da entidade) e aos associados ou membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial, (quando estas serão denominadas “instituidores” da entidade); � custeada pelos participantes, assistidos (dependentes dos participantes que podem aderir aos planos de benefícios) e/ou patrocinadores; b) aberta (art. 36 da LC nº 109/2001): � instituição financeira – exclusivamente sociedade anônima � explora economicamente o ramo de infortúnios do trabalho, cujo objetivo é a instituição e operação de planos de benefícios de caráter previdenciário em forma de renda continuada ou pagamento único; � custeada pelos participantes. As entidades de previdência privada, sejam abertas ou fechadas, não podem requerer falência ou concordata, sujeitando-se a procedimento de liquidação extrajudicial previsto na LC nº 109/2001, semelhante àquele adotado para as instituições financeiras. Submetem-se ainda a intervenção estatal determinada pelo Ministro de Estado competente para conceder a autorização de funcionamento da entidade, o qual nomeará interventor com plenos poderes para administrá-la e geri-la. 4. Regimes Especiais. Regimes Próprios de Previdênc ia.

Os Regimes Próprios de Previdência são os mantidos pela União, pelos Estados e por alguns Municípios, bem como de suas autarquias e fundações públicas, em favor de seus servidores públicos e militares. Nesses entes federativos, os

51 A Lei 12.154/09 alterou a estrutura do Ministério da Previdência Social, criando a PREVIC, que passou a substituir a Secretaria de Previdência Complementar – SPC.

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servidores ocupantes de cargos públicos efetivos não são vinculados ao RGPS, mas sim a regime próprio de previdência, desde que existente. A grande maioria dos Municípios não possui regime próprio de previdência e, por isso, seus servidores são obrigatoriamente vinculados ao RGPS. No caso de extinção do RPPS, os entes federativos assumirão integralmente a responsabilidade pelo pagamento dos benefícios concedidos durante a sua vigência, bem como dos benefícios cujos requisitos necessários à sua concessão foram implementados anteriormente à extinção do regime próprio de previdência social. Nos demais casos, ocorre vinculação automática do servidor ao RGPS, com a contagem recíproca do tempo de contribuição, o qual será averbado no RGPS, inclusive para efeitos de carência (art. 10 da Lei nº 9.717/98). Somente com relação a esses regimes próprios é que os Estados e os Municípios poderão legislar, inclusive por lei orgânica distrital ou municipal, bem como por Constituição Estadual. A competência para legislar sobre o RGPS é exclusiva da União52-53-54. A organização dos Regimes Próprios de Previdência deve seguir as regras gerais da Lei n° 9.717/98, com as alterações da MP n° 2.187-13/01, e da Lei nº 10.887/2004, resultante da conversão da MP nº 167/2004, enquanto o funcionamento do regime previdenciário dos militares segue as diretrizes da Lei n° 6.880/80, Estatuto dos Militares, com as alteraç ões da Lei n° 10.416/02 e MP n° 2.215-10/01. O fundamento constitucional dos reg imes próprios de servidores está no art. 40 da CF/88, enquanto o dos militares é previsto no art. 142, X, da CF/88. A Lei 10.887/2004 adaptou o RPPS às alterações decorrentes da EC nº 41/200355.

52 (…) 2. Nos termos do disposto no art. 149, §1º, da CF/88, os Estados e Municípios estão autorizados a instituir regime próprio de previdência social para os seus servidores; de forma que, se assim procederem, desobrigados estarão de recolher contribuição previdenciária para o INSS. 3. Restando comprovado nos autos, por farta documentação apresentada pela autarquia previdenciária, a existência de relação de emprego entre os servidores (médicos, bioquímicos, advogados e engenheiros) e o Município-embargante, e não tendo este último se desincumbido do ônus probandi de que tais trabalhadores estavam, de fato, vinculados a regime próprio de previdência com o qual mantém convênio (IPSEMG), outra solução não há, senão o enquadramento dos referidos empregados no Regime Geral de Previdência Social -RGPS. 4. De toda sorte cuidando-se de empregados não poderiam estar vinculado a regime próprio de previdência ainda que comprovada sua existência, porquanto somente os servidores civis (art. 40 da Constituição de 1988) e os comissionados (até a EC 20/98) poderiam a ele estar vinculados. 5. Remessa oficial não conhecida. 6. Apelação do embargante improvida. (AC 200001991115279, JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - OITAVA TURMA, 03/09/2010) 53 (…) 4. A criação do regime não pode ter efeitos retroativos, sob pena de impor limitação à legislação federal e ofender os princípios da lei no tempo na Lei de Introdução do Código Civil. 5. Entra em vigor o RPPS quando passado o tempo da anterioridade nonagesimal para as respectivas contribuições (art. 195 da CF/88) (…) (AC 200401000191714, JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - OITAVA TURMA, 11/06/2010) 54 (…) I - Nos termos do art. 5º da Lei 9.717/98, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos seus regimes próprios de previdênci a, a concessão de benefícios distintos daqueles pre vistos no Regime Geral de Previdência Social . (…) (AGRESP 200901913464, FELIX FISCHER, STJ - QUINTA TURMA, 30/08/2010) 55 4. A mera estipulação de carências de forma diversa da prevista no RGPS, não tem o condão de afastar a cobertura dos benefícios de aposentadoria ou pensão , essenciais para configurar a natureza previdenciá ria de qualquer regime de seguridade. 5. Além disso, não restou demonstrado pelo recorrente que o prazo de carência para a pensão por morte, estipulado pelo regime próprio do Município de Picada Café, foi estabelecido de forma desproporcional

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Com efeito, as normas do regime próprio são aquelas constantes do art. 40 da CF, da Lei Federal nº 9.717/98, que traz as normas gerais desses regimes, e as leis instituidoras do regime em cada ente federativo. No caso da União, é a Lei 8.112/90, a norma que rege o Regime Próprio dos Servidores Federais. 4.1 Previdência do Servidor Público

Na Lei nº 9.717/98, que trata da regra geral do Regime de Previdência do Servidor Público, há previsão do atendimento de alguns preceitos elementares, como a vinculação exclusiva das contribuições ao pagamento dos benefícios (art. 1°, III) e a cobertura exclusiva a servidores titulares de cargo efetivo (art. 1°, V), cabendo aos demais a vinculação obrigatória ao RGPS. A referida Lei também prevê o registro individualizado das contribuições dos servidores com a identificação completa destes, o montante de sua contribuição e do ente federativo patrocinador de tal regime, a qual não poderá ser superior ao dobro da contribuição do servidor (art. 2º da Lei nº 9.717/98). O servidor público titular de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ou o militar dos Estados e do Distrito Federal, filiado a regime próprio de previdência social, quando cedido a órgão ou entidade diversa, permanecerá vinculado ao regime de origem. O servidor cedido, mesmo que venha a receber algum adicional, não terá vinculação com o RPPS do ente cessionário ou com o RGPS. Neste último, somente existe vínculo no caso de ocupante exclusivamente de cargo em comissão. EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL56 O sistema de custeio dos benefícios concedidos a servidores públicos federais foi baseado exclusivamente na arrecadação do RGPS até a edição da Lei 8162/91, que estabeleceu em seu art. 9° a contribui ção do servidor público federal para o PSSS, criado pela Lei 8112/90, art. 231, hoje já revogado. Isso porque a Constituição Federal vigente não previa, como as que a antecederam, participação dos servidores civis no custeio de suas aposentadorias e das pensões devidas a seus dependentes. Somente com a EC 3/93, foi acrescentado o § 6° ao a rt. 40 da CF, prevendo o custeio por meio de recursos orçamentários da União e também de contribuições dos servidores, na forma da lei. Porém, apenas com a promulgação da EC 20/98, é que foram estabelecidos critérios mais bem definidos para a participação dos servidores no custeio de seu próprio regime. ou teria violado qualquer dispositivo de lei federal. 6. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, improvido. (RESP 200101365887, CASTRO MEIRA, STJ - SEGUNDA TURMA, 07/03/2005). 56 Extraído do resumo do TRF5 – Jun/2012.

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Embora a legislação ordinária já disciplinasse a matéria concernente ao regime previdenciário dos ocupantes de cargos em comissão na esfera da Administração Federal, pela Lei 8647/93, a Emenda 20/98 definitivamente fixou como regime dos comissionados o RGPS, da mesma forma que os ocupantes de cargos temporários e empregados ‘celetistas’ da Administração – art. 40, §13. Ficou evidente, tanto na proposta inicial da EC 20 quanto em seu texto final, que os principais atingidos pelas mudanças no ordenamento jurídico foram os servidores públicos. Para estes, a partir de então, as regras para aposentação passaram a ser mais rígidas, pois ao tempo de contribuição (30 anos – M, 35 anos – H) somou-se a exigência de idade mínima (55 anos – M, 60 anos – H), mais o cumprimento de tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria. Quanto às chamadas ‘regras de transição’, os servidores que desejassem se aposentar pelos critérios antes vigentes deveriam ter a idade mínima de 53/48 anos (H/M), mais o tempo mínimo de 5 anos no cargo em que se pretende aposentar, cumprido um tempo suplementar equivalente a 20% do tempo restante para atingir aquele previsto nas regras anteriores, caso busque a aposentadoria integral, e 40% do tempo restante, para que obtenha aposentadoria proporcional. No novo regime, pós EC20/98, foi excluída a possibilidade de aposentadoria proporcional por tempo de serviço do servidor público. Foi expressamente incluído pela EC 20/98 o caráter contributivo do regime, o que caracterizou a obrigatoriedade de contribuição para a obtenção de benefícios, bem como foi fixado o princípio do equilíbrio financeiro e atuarial, limitando o teto do benefício ao valor da remuneração do respectivo servidor, no cargo em que ocupava, quando da aposentadoria ou do falecimento. Também desde a redação dada ao § 6° do art. 40 pela EC 20/98, veda a CF a acumulação de aposentadorias devidas em função de exercício de cargo público, salvo as hipóteses de acumulação remunerada de cargos públicos permitidas no texto constitucional. Também proibiu a contagem de tempo fictícia para a fixação do lapso necessário à concessão de aposentadoria (§10 do art. 40). E, mesmo em se tratando de acumulação lícita de cargo ou emprego público na Administração Pública, direta ou indireta, com aposentadoria, ou acumulação de aposentadorias, o somatório dos valores percebidos não poderá ultrapassar o valor percebido como subsídio pelos Ministros do STF. Facultava o texto dos §§14 e 15 do art. 40, acrescentados pela EC 20/98, a criação, pela União, pelos Estados, pelo DF e pelos Municípios, de regime de previdência complementar, cujo caráter, naturalmente, seria facultativo no que tange à adesão dos agentes públicos, ante a aplicação subsidiária dos princípios do regime geral estabelecido no art. 201 da Carta Magna, conforme o §12 do art. 40. É importante salientar, todavia, que a CF permitia ao ente público, ao instituir

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tal regime complementar, reduzir o valor máximo de benefícios do regime próprio ao valor-teto fixado para o RGPS. A EC nº 41/2003 trouxe profundas transformações à previdência do servidor público, dentre as quais, cabe-nos referir: a) paridade entre proventos e vencimentos: assegurada para os servidores aposentados ou que tinham direito adquirido à aposentadoria na data da publicação da EC nº 41/2003, bem como para os pensionistas na mesma situação (art. 7º da EC). Os atuais servidores públicos terão seus proventos reajustados a fim de se preservar, em caráter permanente, o seu valor real (art. 40, § 8º, da CF/88). Assim, haverá a desvinculação entre o reajuste de padrões remuneratórios dos agentes públicos (vencimentos, remunerações e subsídios) e o reajuste de proventos de aposentados e pensionistas: pela nova redação do art. 40, §8°, da CF, não mais se permite a extensão a aposentados e pensionistas de vantagens concedidas aos servidores em atividade, quando decorrentes de transformação de cargos ou reclassificação; b) integralidade dos proventos: os servidores públicos que já haviam ingressado no serviço público até a data da publicação EC nº 41/2003 asseguraram o direito a aposentar-se com proventos integrais (art. 6º da EC). Para aqueles que ingressaram no serviço público depois da Emenda, os proventos serão calculados considerando “as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei” (art. 40, § 3º da CF/88). Ou seja, as aposentadorias passam a ser calculadas, para estes agentes públicos, pela média dos salários de contribuição que servirão de base para a contribuição vertida, tanto nos regimes próprios, como aquelas vertidas para o RGPS, corrigidos monetariamente, fixando-se como limite máximo, inicialmente, a remuneração do próprio agente público, obedecido o teto do RGPS (art. 40, §§ 3º e 17 da CF/88). Mantiveram-se as idades mínimas para a aposentação em 60 anos para o homem e 55 anos para a mulher, bem como as exigências de tempo mínimo no serviço público e no cargo em que o agente pretende se aposentar; c) contribuição dos inativos e pensionistas: para os atuais servidores públicos, a cobrança fundamenta-se no art. 40, § 18 da CF/88, devendo incidir sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas, que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. Ou seja, haverá uma faixa de IMUNIDADE sobre a qual não incidirá contribuição. Para aqueles que já eram inativos ou pensionistas à data da publicação da EC nº 41/2003 ou haviam adquirido o direito à aposentadoria ou pensão, o fundamento da exigência é o art. 4º da Emenda, cuja constitucionalidade foi declarada pelo STF nos autos da ADI nº 3128 (Informativo 357 – reproduzido ao final). Nessa mesma ação, o Supremo declarou inconstitucionais as expressões "cinqüenta por cento do" e "sessenta

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por cento do" constantes, respectivamente, dos incisos I e II do parágrafo único do art. 4º da EC 41/2003, que diferenciavam as contribuições dos servidores estaduais, distritais e municipais daquelas devidas pelos servidores federais, aplicando-se, à hipótese do artigo 4º da EC 41/2003, o §18 do artigo 40 do texto permanente da Constituição, introduzido pela mesma Emenda constitucional. Essa contribuição, entretanto, somente pode ser cobrada a partir da lei instituidora da cobrança própria de cada ente federativo (AI 357.012-AgR. DJe 2.2.07); d) direito adquirido: o art. 3º da EC nº 41/2003 resguardou o direito daquele que já havia completado todos os requisitos para requerer aposentadoria ou pensão por morte à data da publicação da Emenda, determinando-se a concessão de “abono de permanência” no valor da sua contribuição previdenciária, ao servidor que, podendo aposentar-se e, contando com pelo menos 25 anos de contribuição, se mulher, ou 30, se homem, optar por permanecer em atividade. Semelhante abono será concedido ao servidor que vier a completar os requisitos para aposentadoria segundo as novas regras e optar por permanecer em serviço (art. 40, § 19 da CF/88); e) cálculo de pensões: as pensões concedidas após a publicação da Emenda corresponderão: “I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor falecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposentado à data do óbito; II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito” (art. 40, § 7º, da CF/88). Convém acrescentar que essa forma de cálculo somente se aplica para óbito a partir de 27.2.2004 (data da MP 167), mesmo que o requerimento seja posterior (RE 453.298-AgR. DJ 22.6.2007); f) regras de transição para o cálculo de aposentadoria : se encontram nos arts. 2° e 6° da EC41, tendo a regra do art. 2° com o alvo todos os agentes públicos em exercício na data da promulgação da EC 20/98, em substituição às regras de transição contidas no art. 8° da EC 20/98 , sendo calculada a aposentadoria com base na média dos valores que serviram de base para a contribuição previdenciária; já a transição prevista no art. 6° da EC 41 atinge os agentes públicos em exercício até 31.12.2003, garantindo-lhes proventos integrais, iguais aos do cargo em que se deu a aposentadoria, com paridade plena com os agentes públicos em atividade (arts. 6° e 7° da EC 41, com a redação conferida pela EC 47). A estes últimos foi acrescida a exigência de terem permanecido, no mínimo, vinte anos no serviço público. g) previdência complementar do servidor público (art. 40, § 15, da CF/88): será instituída por lei de iniciativa do Poder Executivo de cada ente federativo,

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observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência complementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos participantes planos de benefícios somente na modalidade de contribuição definida (o participante não tem definição do valor do benefício que irá receber). A EC nº 41/2003 trouxe a possibilidade de extensão do teto do RGPS aos regimes próprios, desde que criado o regime complementar . Os servidores que ingressarem em RPPS após a criação do regime complementar terão, necessariamente , seus proventos restritos ao teto do RGPS, cabendo a complementação, se assim, desejarem, por meio do sistema complementar (art. 40, §14 da CF/88). Embora obrigatória a imposição do teto aos novos servidores, os já ocupantes de cargo efetivo ou vitalício somente ingressarão nesta regra mediante expressa manifestação (art. 40, §16 da CF/88). Mas, repita-se, mesmo os servidores que tenham seus benefícios limitados ao teto do RGPS (por terem ingressado em RPPS após a criação do regime complementar), não poderão ser coagidos a ingressar no sistema complementar, sendo opção sua a complementação previdenciária ou mesmo o ingresso em regime aberto de previdência complementar. Com a EC n° 41/2003, a Constituição deixou de expre ssar a possibilidade de Estados, DF e Municípios instituírem contribuição social, para, de modo mais claro, externar a necessidade da imposição de mesma, em prol da manutenção do sistema previdenciário. Essa contribuição não será inferior à dos servidores. A redação está adequada à previsão do art. 40, caput, da Constituição, que prevê a obrigação de regime previdenciário contributivo para os servidores. Por fim, cabe ressaltar que, após a referida Emenda, a Constituição vedou aos Estados, DF e Municípios a instituição de alíquota inferior à cobrada pela União de seus servidores, que é atualmente de 11%. Assim, estes entes somente poderão demandar contribuição de percentual mínimo de 11% sobre a remuneração de seus servidores. EC 4757 A regra de transição do art. 3° da Emenda 47: a últ ima regra de transição a ser analisada é a mais recente. Aplica-se aos agentes públicos que ingressaram no serviço público até 16.12.1998, e lhes assegura proventos integrais e paridade plena, desde que satisfeitos os seguintes requisitos: 1) tempo de contribuição de 35 anos (H) ou 30 anos (M); 2) 25 anos de efetivo exercício no serviço público, 15 anos de carreira e 5 anos no cargo; 3) e idade mínima resultante da redução, relativamente aos limites do art. 40, §1°, inciso I II, alínea a, da CF, de um ano de idade para cada ano de contribuição que exceder a condição prevista no inciso I do caput do artigo.

57 Igualmente extraído do resumo do TRF5 – jun/2012

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Trata-se da adoção da chamada ‘fórmula 95/85’: por esta, o que importa, para fazer jus à aposentadoria, é a soma da idade com o tempo de contribuição: se o ocupante de cargo efetivo ou vitalício do sexo masculino tiver idade mais tempo de contribuição igual a 95, e a do sexo feminino tiver idade mais tempo de contribuição igual a 85, independentemente da idade mínima, fará jus à aposentadoria, desde que satisfaça as demais exigências (25 anos de serviço público, 15 anos de carreira e 5 anos no cargo em que pretende se aposentar). A essa hipótese não se aplicam mais: o pedágio (acréscimo sobre o tempo de serviço faltante), que constava das regras de transição anteriores, nem o acréscimo fictício de 17% sobre o tempo já cumprido para professores e magistrados; bem como, o redutor que incidia sobre os proventos, da Emenda 41. Isto é, essa regra de transição assegura ao ocupante de cargo efetivo ou vitalício que preencha todos os requisitos estabelecidos, o direito de se aposentar com o valor da última remuneração do cargo em que permaneceu por cinco anos ou mais, bem como a paridade plena com os ocupantes de cargo efetivo ou vitalícios em atividade, sem exigir, no caso das mulheres, nenhum tempo a mais do que antes da EC 20/98 já fosse exigido (30 anos), e para os homens, exigindo apenas 5 anos a mais. Evidentemente, a dificuldade maior estará na comprovação dos demais requisitos (25 anos de serviço público e 15 de carreira), que nem todos possuem ainda, mas podem vir a cumprir, quando, a partir de então, poderão requerer aposentadoria com base na Emenda 47. O único aspecto negativo do novel dispositivo é que ele não assegura o ‘abono de permanência’ correspondente à contribuição previdenciária devida. Ou seja, a opção pela permanência em atividade não gera vantagem quanto à incidência de contribuição. Quanto à possibilidade de utilização da regra geral constante da atual redação do art. 40, §1°, inciso III, alíneas a ou b, da CF, esta se mantém existente. Isto é, o ocupante de cargo efetivo ou vitalício que, por opção, pretender se aposentar pela média das remunerações que serviram de base para a contribuição previdenciária vertida aos Regimes a que esteve vinculado desde julho de 1994, ou desde o início de sua filiação a algum Regime (o que ocorreu cronologicamente por último), limitado ao valor de sua última remuneração, e com proventos reajustados pelos índices aplicados aos benefícios do RGPS/INSS, pode fazê-lo. Aposentadorias deferidas entre 1.1.2004 e 5.7.2005 – com a promulgação da EC47/05, como visto, houve significativa mudança no tocante às regras de transição aplicáveis aos agentes públicos que tenham ingressado no serviço público antes da vigência da Emenda 20/98.

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A regra da Emenda 47 (art. 3°), bem mais benéfica q ue as anteriores, acarretou, necessariamente, um prejuízo àqueles que, no interregno da vigência da EC 41 até a sua promulgação, requereram aposentadoria voluntária com fundamento na regra do art. 2° da EC 41. Mas, é importante sal ientar que a EC 47, embora promulgada em 5.7.2005, teve seus efeitos retrooperantes a 1.1.2004 (art. 6° da EC 47). Ou seja, é imperioso, por prevalência do princípio da igualdade de tratamento entre os beneficiários, que se admita a revisão dos proventos dos que se aposentaram antes da EC 47, com base em alguma regra de transição, de 1.1.2004 em diante. A despesa com os benefícios devidos a agentes públicos federais e pensionistas é considerada despesa orçamentária da União, paga, portanto, com recursos do Tesouro Nacional, não sendo geridos pelo INSS. Entretanto, salientam os estudiosos que o pagamento dos benefícios a servidores federais e de demais regimes especiais são custeados ainda pela arrecadação da Seguridade Social, mediante a possibilidade aberta pelo art. 17 da Lei 8212/91, no sentido de que a União possa se valer da arrecadação de contribuições das empresas sobre faturamento e lucro para arcar com os chamados Encargos Previdenciários da União – aposentadorias e pensões do serviço público, aposentadorias de ex-combatentes da Segunda Guerra, aposentadorias de anistiados, pensões especiais concedidas a vítimas de catástrofes, como nos casos da exposição ao Césio-137 em Goiás. Tal desvio de recursos causa, em verdade, o efeito oposto no RGPS, já que, em vez de a União contribuir, ela efetivamente retira do fundo previdenciário dos trabalhadores grande parte do valor que despende com o pagamento de benefícios do regime próprio dos servidores, incluídos também neste regime os membros do Poder Judiciário e do Ministério Público da União. Poderá uma mesma pessoa ser vinculada ao RGPS e a algum Regime Próprio de Previdência? Sim. Basta que exerça mais de uma atividade, vinculante, cada uma delas, a um dos regimes (por exemplo: o servidor efetivo federal que também é professor de universidade privada é vinculado a dois regimes distintos, devendo contribuir em ambos). Seria possível a aposentação por ambos os regimes? Sim, a acumulação de aposentarias de regimes distintos é possível. Pode, por exemplo, um médico acumular licitamente dois cargos públicos, um no âmbito federal, outro no estadual, e ainda, possuir uma clínica particular. Poderá, nesse caso, usufruir de três aposentadorias: da União, do Estado e do RGPS.

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(LEITURA FACULTATIVA)

Informativo 357 (ADI-3128) - Título Contribuição de Aposentados e Pensionistas – 3 58

O Tribunal concluiu julgamento de ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público - CONAMP e pela Associação Nacional dos Procuradores da República - ANPR contra o art. 4º, da EC 41/2003, que impõe aos serv idores públicos aposentados e aos pensionistas , em gozo de benefícios na data de publicação da referida Emenda, bem como aos alcançados pelo disposto no seu art. 3º, a obrigação tributária de pagar contribuição previd enciária com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos ("Art. 3º É assegurada a concessão, a qualquer tempo, de aposentadoria aos servidores públicos, bem como pensão aos seus dependentes, que, até a data de publicação desta Emenda, tenham cumprido todos os requisitos para obtenção desses benefícios, com base nos critérios da legislação então vigente. § 1º O servidor de que trata este artigo que opte por permanecer em atividade tendo completado as exigências para aposentadoria voluntária e que conte com, no mínimo, vinte e cinco anos de contribuição, se mulher, ou trinta anos de contribuição, se homem, fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no art. 40, § 1º, II, da Constituição Federal. § 2º Os proventos da aposentadoria a ser concedida aos servidores públicos referidos no caput, em termos integrais ou proporcionais ao tempo de contribuição já exercido até a data de publicação desta Emenda, bem como as pensões de seus dependentes, serão calculados de acordo com a legislação em vigor à época em que foram atendidos os requisitos nela estabelecidos para a concessão desses benefícios ou nas condições da legislação vigente. Art. 4º Os servidores inativos e os pensionistas da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, em gozo de benefícios na data de publicação desta Emenda, bem como os alcançados pelo disposto no seu art. 3º, contribuirão para o custeio do regime de que trata o art. 40 da Constituição Federal com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. Parágrafo único. A contribuição previdenciária a que se refere o caput incidirá apenas sobre a parcela dos proventos e das pensões que supere: I - cinqüenta por cento do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal, para os servidores inativos e os pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - sessenta por cento do limite Máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 da Constituição Federal, para os servidores inativos e os pensionistas da União") - v. Informativo 349.

58 Preferi manter no corpo, dada a importância e boa organização que foi dada ao texto.

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Ressaltou-se , inicialmente, que as contribuições são tributos , sujeitas a regime jurídico próprio , e cuja propriedade decorre da destinação constitucional das receitas e da submissão às final idades específicas estabelecidas pelo art. 149, da CF, do qual se extr ai que as mesmas podem ser instituídas pela União e pelos Estados e Municí pios como instrumento de atuação na área social . Daí, por força do disposto no art. 195, da CF, com a redação da época da edição da EC 41/2003, a atuação estatal nas áreas da saúde, previdência e assistência social, cujos dire itos são o conteúdo objetivo da seguridade social, deve ser custeada po r toda a sociedade , de forma direta e indireta , nos termos da lei, por meio dos recursos provenientes dos orçamentos dos entes federados e das contribuições sociais previstas nos incisos I a III do referido artigo. Em relação ao caput do art. 4º da EC 41/2003, as ofensas alegadas pelos requerentes foram afastadas por estas razões: a) por serem as contribuições espécie de tributo , não há como opor-lhes a garantia constitucional ao direito adquirido : a.1) a norma que institui ou majora tributos incide sobre fatos posteriores à sua entrada em vigor ; a.2) não consta do rol dos direitos subjetivos inerentes à situação de servidor inativo o de imunidade tributária absoluta dos proventos correlatos . Assim, sendo a percepção de proventos de aposentadorias e pensões fato gerador da contribuição previdenciária (EC 41/2003, art. 4º, parágrafo único), não obstante a condição de aposentadoria, ou inatividade, representar situação jurídico-subjetiva sedimentada que, regulando-se por normas jurídicas vigentes à data de sua consolidação, é intangível por lei superveniente no núcleo substantivo desse estado pessoal, não se poderia conferir ao servidor inativo nem ao pensionista ver dadeira imunidade tributária absoluta, sem previsão constitucional, q uanto aos fatos geradores ocorridos após a edição da EC 41/2003 , observados os princípios constitucionais da irretroatividade e da anterioridade (CF, art. 150, III, a e art. 195, §6º); b) o princípio constitucional de irredutibilidade da remuneração dos servidores públicos não se estende aos tributos porque não implica imunidade tributária ; c) a utilização da percepção de proventos como fato ge rador da contribuição previdenciária não configura bis in id em de imposto sobre a renda : as contribuições previdenciárias não constituem imp osto . Para discerni-las, além do fato gerador e da base de cálculo, há de se levar em consideração os fatores distintivos constitucionais da finalidade da instituição e da destinação das receitas (CF, arts. 149 e 195). Também não consubstancia bitributação o fato de as contribuições apresentarem a mesma base de cálculo

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do imposto sobre a renda em relação aos inativos, haja vista a existência de autorização constitucional expressa (CF, art. 195, II); d) a contribuição instituída não se faz sem causa , razão por que não se há de falar em confisco ou discriminação sob o fundame nto de que "não atende aos princípios da generalidade e da universa lidade (art.155, parágrafo 2º, I), já que recai só sobre uma categoria de pessoas": d.1) a EC 41/2003 transmudou a natureza do regime previdencial que, de solidário e distributivo, passou a ser meramente contributivo e, depois, solidário e contributivo, por meio da previsão explícita de tributação dos inativos, "observados critérios que preservem o equilíbrio fi nanceiro e atuarial" , em face da necessidade de se resolver o colapso havido no sistema, em decorrência, dentre outros fatores, da queda da nat alidade, do acesso aos quadros funcionais públicos, do aumento da expectat iva de vida do brasileiro e, por conseguinte, do período de percep ção do benefício ; d.2) o sistema previdenciário, objeto do art. 40 da CF n unca foi de natureza jurídico-contratual , regido por normas de direito privado. O valor pago pelo servidor a título de contribuição previdenciária nunca foi nem é prestação sinalagmática , mas tributo destinado ao custeio da atuação do Estado na área da previdência social; d.3) o regime previdenciário público visa garantir condições de subsistência , independência e dignidade pessoais ao servidor idoso por meio do pagamento de proventos da aposentadoria durante a velhice e, nos termos do art. 195 da CF, deve ser custeado por toda a sociedade, de forma direta e indireta, o que se poderia denominar princípio estrutural da solidariedade; d.4) o regime previdenciário assumiu caráter contributiv o para efeito de custeio eqüitativo e equilibrado dos benefícios , sem prejuízo da observância dos princípios do parágrafo único do art. 194 da CF: universalidade, uniformidade, seletividade e distributividade, irredutibilidade, equidade no custeio e diversidade da base de financiamento. Assim, os elementos sistêmicos figurados no "tempo de contribuição", no "equilíbrio financeiro e atuarial" e na "regra de contrapartida" devem ser interpretados em conjunto com os princípios supracitados; e) a cobrança, em si, da contribuição dos inativos não ofende o princípio da isonomia : e.1) o advento da EC 41/2003 estabeleceu, em tese, a existência de três grupos de sujeitos passivos distintos: os aposentados até a data da publicação da Emenda (que se aposentaram com vencimentos integrais); os que se aposentarão após a data de sua edição, mas que ingressaram no serviço público antes dela (que, numa fase de transição, poderão aposentar-se com proventos integrais, observadas as regras do art. 6º da EC 41/2003); os que ingressaram e se aposentarão após a publicação da Emenda (que poderão, no caso do §14 do art. 40 da CF, sujeitar-se ao limite atribuído ao regime geral da previdência - CF, art. 201 - e equivalente a dez salários mínimos);

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e.2) o fato de já estarem aposentados à data da publicaç ão da Emenda não pode retirar a responsabilidade social pelo custeio , já que seu tratamento previdenciário é diverso do reservado aos servidores da ativa; e.3) o caráter contributivo e solidário da previdência social impede essa distorção, que implicaria ofensa ao princípio da "equidade na forma de participação de custeio" (CF, art. 194, IV). De outro lado, em relação ao parágrafo único do art. 4º da norma impugnada, entendeu-se configurada a violação ao pr incípio da igualdade por estes fundamentos : a) o fato de alguns serem inativos ou pensionistas dos Estados, do DF ou dos Municípios não legitima o tratamento diferenciado dispensado aos servidores inativos e pensionistas da União, que se encontram em idêntica situação jurídica; b) o fato de ter-se aposentado o servidor antes ou dep ois da publicação da Emenda não justifica tratamento desigual quanto à s ujeição do tributo . Salientou-se que o parágrafo único do art. 4º da EC 41/2003, ao criar exceção à imunidade prevista no §18 do art. 40 da CF, com a redação dada pela própria Emenda, faz exceção, da mesma forma, à imunidade do inciso II do art. 195 da CF, aplicável, por extensão, aos servidores inativos e pensionistas, por força da interpretação teleológica e do disposto no §12 do art. 40 da CF/88. ("Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.... §12. Além do disposto neste artigo, o regime de previdência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social.... §18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos."; "Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:... II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;") Diante disso, e considerando o caráter unitário do fim público dos regimes geral de previdência e dos servidores públicos e o princípio da isonomia,

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concluiu-se que o limite a que alude o inciso II do art. 195 da CF - R$2.400,00 (EC 41/2003, art. 5º) - haveria de ser a plicado a ambos os regimes, sem nenhuma distinção . Julgou-se, por maioria, improcedente o pedido em relação ao caput do art. 4º da EC 41/2003. Vencidos, no ponto, os Ministros Ellen Gracie, relatora, Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello que consideravam que a norma impugnada ofendia dispositivos constitucionais que estariam a salvo da atividade reformadora (CF, art. 60, §4º, IV). Declarou-se, por unanimidade, a inconstitucionalida de das expressões "cinqüenta por cento do" e "sessenta por cento do" constantes, respectivamente, dos incisos I e II do parágrafo ún ico do art. 4º da EC 41/2003, pelo que se aplica, à hipótese do artigo 4 º da EC 41/2003, o §18 do artigo 40 do texto permanente da Constituição, intr oduzido pela mesma Emenda constitucional . ADI 3105/DF e ADI 3128/DF, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ acórdão Min. Cezar Peluso, 18.8.2004. (ADI-3105) (ADI-3128)

Súmula da TNU sobre Trabalhador Rural59

Súmula 54 da TNU (07/05/2012 ): Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima. Súmula 46 da TNU (15/03/2012) : O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto. Súmula 41 da TNU (3/3/2010) : A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto. Súmula 36 da TNU (6/3/2007) : Não há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores distintos. Súmula 34 da TNU (4/8/2006) : Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar. Súmula 30 da TNU (13/2/2006) : Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de

59 Preferir manter no texto, mas ao final e com acréscimo das mais recentes, com a cor do atualizador original, para consulta rápida, para quem quiser revisá-la de forma organizada.

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seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar. Súmula 24 da TNU (10/3/2005) : O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência, conforme a regra do art. 55, §2º, da Lei nº 8.213/91. Súmula 14 da TNU (24/5/2004) : Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. Súmula 10 da TNU (3/12/2003) : O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº. 8.213/91 pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias. Súmula 6 da TNU (25/9/2003) : A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola. Bibliografia CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário, 11ª ed. Conceito, 2009. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Verbo Jurídico. 2004. Resumo elaborado por Marina Coelho. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 15ª edição, Ed. Impetus, 2010. TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário, 6ª edição, Ed. Impetus, 2009. CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011. SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

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� PREVIDENCIÁRIO – PONTO 05

� Custeio. Salário-de-contribuição. Limites. Reajustes 60.

Alterações feitas por Eduardo Nunes Marques e Amand a Stoppa Atualizações em verde feitas por Camila Franco e Si lva Velano – XIII Concurso – TRF1 Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012

� 1 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO

1 QUADRO DO SALÁRIO DE CONTRIBUÇÃO

SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO DEC 3048/99 (artigos 214 e 215)

TIPOS DE SEGURADOS

O QUE O SALÁRIO DE

CONTRIBUIÇÃO ALÍQUOTAS RECOLHIMENT

O OBSERVAÇÕ

ES

EMPREGADO Pelo empregador

AVULSO

O total das remunerações

até o teto pelo órgão do serviço

DOMÉSTICO O que está

registrado na carteira até o teto

Alíquota depende do valor da

contribuição (quem ganha mais paga

mais, que está dentro do princípio constitucional da

previdência = PRINCÍPIO DA EQUIDADE na

forma de participação) = 7,5%

até 11%

Recolhimento pelo empregador – este paga 12%

Recolhimento trimestral

(EMPREGADOR

DOMÉSTICOS)

INDIVIDUAL

Não é o que ele quer. É o total da

remuneração auferida em uma

ou mais empresas ou

pelo exercício de atividade, até o

teto

Se presta o serviço para uma

empresa/cooperativa = 11%. Quem

recolhe é a empresa.

Se presta serviço para pessoa física = 20%, quem recolhe

é ele;

Recolhimento trimestral

60 O Programa do XIV concurso TRF1 diverge do ponto aqui apresentado. Por isso, realizei uma pequena reformulação, acrescendo o ponto que foi incluído (CUSTEIO). O ponto anterior tratava: Salário-de-contribuição. Salário-de-benefício. Fator previdenciário. Renda mensal inicial. Reajustes. Preservação do valor. Foi mantido, contudo, toda a estrutura do anterior ponto.

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Microempreendedor individual, que

presta serviço a pessoa física = 5%

FACULTATIVO O valor

declarado, até o limite do teto

Alíquota de 20%; 11%, no âmbito

familiar; 5%, no âmbito

familiar, mas de baixa renda;

Responsável pelo

recolhimento é ele mesmo

Recolhimento trimestral

Contribuinte individual (artigo 200,

§ 2o.), alguns

afirmam que seria

Benefícios com valores

distintos. Tem direito a

todos os benefícios

Para empresa, quem recolhe é a

Para outro segurado

especial, quem

SEG

URADO

ESPECIAL

Segurado especial

Sobre o que exceder a sua

produção

Alíquota 2,1% Recolhimento anual

Para o exterior, é a empresa

Benefícios para 1 SM

Não tem direito a todos os

benefícios, EX. apos. por t. contribuição

1) CUSTEIO O financiamento da seguridade social é previsto no art. 195 da CF, sendo dever imposto a toda a sociedade, de forma direta (contribuições previstas no art. 195, I a IV, PIS (art. 231), PASEP (art. 239)) ou indireta (mediante aporte de recursos proveniente dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios). A Lei 8.212/91 (PCSS) estabelece que o orçamento da seguridade social é composto por receitas da União, receitas de contribuições sociais e outras fontes, cabendo a União complementar, caso mostre-se insuficiente para o pagamento dos benefícios (art. 16). A Constituição e o PCSS enumeram as contribuições sociais destinadas ao financiamento da seguridade social e são cobradas dos seguintes contribuintes: do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada; dos empregadores domésticos; do trabalhador e dos demais segurados da previdência social; das associações desportivas que mantém equipes de futebol profissional; do

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produtor rural; sobre receitas de concursos de prognósticos; e do importador de bens ou serviços, ou de quem a lei a ele equiparar. Importante diferenciar as contribuições para custeio da seguridade social (gênero) das contribuições previdenciárias (espécies). Os princípios que norteiam o financiamento da Seguridade Social são os seguintes: a) orçamento diferenciado : o orçamento da Seguridade não se confunde com o orçamento da União (art. 165, § 5º, III, da CF/88). O objetivo é impedir que os recursos da Seguridade sejam empregados em finalidades diversas do custeio de atividades dessa área (art. 167, XI da CF/88); b) precedência da fonte de custeio: a criação ou majoração de benefício depende de prévia determinação da sua fonte de custeio (art. 195, § 5º, da CF/88). Esse princípio tem íntima relação com o equilíbrio financeiro e atuarial; c) compulsoriedade da contribuição: a incidência das contribuições é determinada pela lei, de modo que todos aqueles a quem a lei impõe essa obrigação são responsáveis pelo financiamento do sistema, independentemente da sua vontade (art. 195, caput, da CF/88); d) anterioridade em matéria de contribuições (art. 195, § 6º, da CF/88): contribuições criadas ou majoradas só podem ser exigidas noventa dias após o início da vigência da lei que as instituiu. 2) Salário-de-contribuição CONCEITO. Salário-de-contribuição é o valor sobre o qual é calculada a contribuição dos segurados, é a base de cálculo sobre a qual há incidência das contribuições previdenciárias a cargo dos trabalhadores e equiparados. Para Wladimir Martinez “é um dos elementos do cálculo da contribuição previdenciária; é a medida do valor com a qual, multiplicando-se a taxa de contribuição (alíquota), obtém-se o valor da contribuição”. Vale anotar que a terminologia salário-de-contribuição pouco ou nada tem a ver com o termo “salário” em sentido técnico-jurídico (contraprestação devida pelo empregador ao empregado), uma vez que nem sempre o salário-de-contribuição é igual ao salário contratual, bem ainda, grande parte dos segurados não auferem salário propriamente, como é o caso dos administradores e autônomos – aspecto que, inclusive, foi objeto de acirrado debate judicial hoje pacificado.

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Mostra-se oportuno, logo neste momento, fazer referência ao salário-base 61, o qual constituía apenas uma espécie do gênero salário-de-contribuição, na forma de uma ficção legal utilizada para estabelecer a base de c álculo do segurado autônomo, equiparado a autônomo, empresári o e facultativo, que, no entanto, restou suprimida pela Lei n. 9.876 , de 26.11.99. Na verdade, a Lei nº 9.876/99 manteve uma regra transitória relativa ao salário-base para aqueles que já eram segurados antes da sua vigência. A extinção definitiva da escala transitória ocorreu somente com a Lei nº 10.666/2003. COMPOSIÇÃO DO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O parâmetro de quantificação para o salário de contribuição é a remuneração. Portanto, o salário de contribuição é composto pelas verbas remuneratórias, que são compostas por: a) salário – é o ganho fixo, principal remuneração b) Gorjeta e comissões c) Conquistas sociais: são valores pagos em razão do trabalho, previstos em lei (férias, adicional por hora extra, descanso semanal remunerado) As parcelas relativas à indenização e ao ressarcimento, em regra, não estão incluídas no conceito de salário de contribuição e de remuneração. São características das parcelas que compõem o salário-de-contribuição: a) Habitualidade : a habitualidade na concessão de determinado valor ou utilidade por parte da empresa, desde que não seja parcela integrante do salário de contribuição, é remuneração e integra o salário de contribuição. b) Pagamento pelo trabalho diferente de pagamento para o trabalho : se a parcela paga ou fornecida ao trabalhador é condição para a realização do trabalho, não sendo retribuição pelo trabalho, não tem caráter salarial, estando excluída do conceito previdenciário de salário de contribuição. Seria hipótese de ressarcimento ou indenização. c) Integração ao patrimônio do trabalhador : quando todos os empregados forem onerados por determinada utilidade não será remuneração, porém, se somente uns o forem será remuneração. Ex.: art. 214, § 9º, alínea XVI, do Decreto nº 3.048/99. As parcelas não integrantes do salário-de-contribuição estão enumeradas de forma exaustiva. d) Irrelevância do título : se for um ganho decorrente do trabalho, é remuneração e integra o salário de contribuição. OBSERVAÇÃO: O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO TEM VINCULAÇÃO ALGUMA COM O SALÁRIO MÍNIMO. O EMPREGADO, ENTÃO, NÃO

61 O salário-base era “uma espécie do gênero salário de contribuição, tendo um valor prefixado, em substituição à importância percebida pelo segurado, estabelecido segundo uma escala – e classes, que vão sendo alteradas de acordo com o tempo de filiação do segurado ao RGPS” (DE CASTRO, p. 204)

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CONTRIBUI SOBRE A SUA REMUNERAÇÃO. Ele contribui sobre o salário de contribuição, que é aferido a partir de sua remuneração. O limite mínimo é o piso salarial da categoria, se houver. Se não, o limite mínimo será o salário mínimo. CÁLCULO DE ACORDO COM OS DIVERSOS CONTRIBUINTES. Antes de adentrar no exame específico da determinação do sal ário-de-contribuição em relação a cada categoria de contribuinte, faz-se oportuno deixar de logo assentado que, conforme já referido acima, antes do advento da Lei n. 9.876/99, havia uma clara dicotomia entre os contri buintes, que se achavam distribuídos em dois grupos, a saber: a) empregado, empregado doméstico e avulso (que tinham – e continuam a ter – o salári o-de-contribuição fixado em conformidade com a sua remuneração) e; b) autôno mos, equiparados a autônomo, empresário e facultativo (cujo salário-de -contribuição era determinado através de uma ficção legal denominada salário-base que em nada espelhava os ganhos ou rendas auferidas mensal mente pelos referidos segurados). Com o advento da citada Lei 9.876/99, observa-se a intenção de aproximar o conceito de salário-de-contribuição ao da remuneração mensal efetivamente auferida, em relação a todos os segurados em que isto for possível. Assim, mantiveram-se as disposições anteriores relativamente aos empregados, inclusive domésticos, e avulso, e suprimiu-se a ficção do salário-base, determinando-se que, para o contribuinte individual (assim chamados o empresário, o autônomo e o equiparado), o salário-de-contribuição passa a ser a remuneração por eles auferida durante o mês. Já em relação ao facultativo, ante a inocorrência de atividade econômica que lhe confira ganhos, estabeleceu-se que seria o valor por ele declarado – qual seja, sua disponibilidade econômica. Exercendo os segurados mais de uma atividade enquadrada nesse tipo de salário de contribuição, estarão sujeitos à contribuição em cada uma delas, de maneira proporcional, de forma que o total dos salários-de-contribuição respeite o limite máximo. A alíquota a ser aplicada em cada parte da proporcionalidade é a correspondente ao valor do salário de contribuição total. Neste caso, a contribuição da empresa empregadora será calculada normalmente, pois o limite de salário de contribuição não influencia o pagamento do tributo dela. A contribuição da empresa não terá limite e incidirá sobre o que o empregado efetivamente receber. Fixada a base de cálculo, aplica-se alíquota, que pode ser de 8%, 9% ou 11%. A alíquota incide de forma não cumulativa (art. 20 da lei 8212/91). Assim, se o empregado recebe R$ 2.000,00, irá contribuir com 11% sobre tudo e não com uma alíquota menor sobre a parte que não excede a primeira faixa. O empregado com duplo vínculo empregatício terá sua contribuição recolhida pelos seus empregadores, com base nos respectivos salários de contribuição. Contudo, o salário de contribuição é calculado com base em tudo o que o sujeito

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recebeu no mês a título de remuneração. Se o sujeito aufere R$1.000,00 na empresa A e R$1.000,00 na empresa B, ele deverá recolher com base no total de R$2.000,00, ou seja, com alíquota de 11%. Passemos então à análise casuística. Entende-se por salário-de-contribuição: a) para o empregado e o trabalhador avulso: “a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de ou sentença normativa” (art. 28, I, da Lei 8.212/91 com a redação dada pela Lei n. 9.528/97); Cabe ao empregador efetuar o recolhimento e repassar ao fisco, como “agente de retenção”. Para a doutrina tradicional, trata-se de hipótese de substituição tributário, entendimento não comungado por Fábio Zambitte. O art. 33, §5º da lei 8212 determina que há uma presunção absoluta de que o desconto foi feito na época oportuna, e de forma correta, presunção esta que alcança tanto o empregado com o trabalhador avulso. a. 1) para o segurado empregado e trabalhador avuls o, que estiver desempenhando mandato sindical eletivo: a remuneração efetivamente auferida na entidade sindical ou empresa de origem. É que o dirigente sindical tanto poderá auferir remuneração de uma quanto da outra; O segurado trabalhador avulso também se beneficia da presunção de recolhimento. b) para o empregado doméstico: “a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração” (art. 28, II, da LC). Em virtude disto, consoante já visto, tem-se entendido que o salário in natura e outras formas de ganhos habituais não incidem sobre o salário-de-contribuição do doméstico, visto que este somente se refere à remuneração registrada em sua CTPS; O segurado empregado, NÃO se beneficia da presunção de recolhimento. Porém, se provar que trabalhou naquele período, ser á concedido o benefício do valor mínimo

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c) para o contribuinte individual: “a remuneração auferida em uma ou mais empresas62 ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5º” (limite máximo do salário-de-contribuição) Com já salientado, o salário-base foi extinto, tendo as categorias antes denominadas de empresário, autônomo e equiparados a autônomo sido agrupadas nessa nova categoria (Lei. 9.876/99). Essa lei trouxe uma mudança radical na sistemática, em que as importâncias a ser consideradas salário-de-contribuição (outrora, salário-base) serão aquelas efetivamente auferidas como ganho da atividade econômica desempenhada pelo segurado. Embora a maioria dos contribuintes individuais desempenhe atividades que lhe conferem rendimentos mentais, outros segurados não exercem atividade propriamente econômica e são considerados segurados obrigatórios, como é o caso do ministro de confissão religiosa e do membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa, quando mantidos pela entidade a que pertencem. Trata-se de uma exceção, movida pela tradição de nosso direito previdenciário, mas que agora trará alguma dificuldade, qual seja: considerando que são contribuintes individuais – art. 12, V, “c”, da 8.212/91, como se definirá o quantum de sua remuneração para efeito de determinação do salário-de-contribuição??? d) para o segurado facultativo: “o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5º” (limite máximo do salário-de-contribuição) e) para o segurado especial: com relação a este a própria Constituição Federal, em seu art. 195, § 8º, descendo ao fundo das minúcias, define que sua contribuição deve ser feita mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção. No que possuem uma base de cálculo própria e específica em relação aos demais segurados. A respeito da contribuição do segurado especial, leciona Marina Vasques: “(…) o artigo 25 da Lei de Custeio prevê dois tipos de contribuição. Uma, obrigatória, no valor de 2% e 0,1% da receita bruta proveniente da comercialização da sua produção; e, outra, facultativa, idêntica a dos contribuintes individuais (§ 1º). A contribuição obrigatória não reverte em nenhum benefício para o segurado. Trata-se de contribuição para a seguridade social como um todo, semelhante (não idêntica) à contribuição das empresas sobre o faturamento”. A composição do salário-de-contribuição dos segurados empregado e avulso é a que mais tem gerado discussões doutrinárias e jurisprudenciais, razão por que se passa ao exame detido das parcelas que o compõem.

62 § 4º Na hipótese de o contribuinte individual prestar serviço a uma ou mais empresas, poderá deduzir, da sua contribuição mensal, quarenta e cinco por cento da contribuição da empresa, efetivamente recolhida ou declarada, incidente sobre a remuneração que esta lhe tenha pago ou creditado, limitada a dedução a nove por cento do respectivo salário-de-contribuição. (Incluído pela Lei nº 9.876, de 1999).

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3) Salário-de-contribuição de empregados e trabalhadores avulsos Consoante já suscitado, tem-se que, em relação aos segurados empregado e avulso, a fixação do salário-de-contribuição sempre buscou incidir sobre quantum da remuneração dos segurados – até por conta das sérias implicações que estes valores terão quando do cálculo dos futuros benefícios (lembra-se que o salário-de-benefício consiste, atualmente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo...- art. 29, Lei 8.213/91, com redação dada pela 9.876/99) – de modo a espelhar da forma mais próxima seus efetivos rendimentos mensais do trabalho – o que atualmente busca-se estender às demais categorias. Importante observar que, quando a admissão, a dispensa, o afastamento ou a falta do empregado ocorrer no curso do mês, o salário-de-contribuição será proporcional ao número de dias de trabalho efetivo, na forma estabelecida em regulamento (art. 28, § 1º, da Lei nº 8.212/91). Doutrina e jurisprudência têm defendido a manutenção da definição técnica de remuneração fornecida pela legislação trabalhista – CLT, “Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber.” – ou seja, remuneração é igual a salário mais gorjetas. Gorjeta – é o pagamento proveniente de terceiro (cliente), seja cobrado na nota fiscal, seja dado espontaneamente, desde que em decorrência dos serviços prestados. Salário – conjunto das prestações fornecidas pelo empregador diretamente ao trabalhador em decorrência do contrato de trabalho. Não é apenas a parcela que decorre da prestação dos serviços, mas também do tempo em que no empregado fica à disposição do empregador ou outras situações descritas em lei. Convém estar atento para as diretrizes e amplitude que a própria CLT confere ao conceito de salário consoante se depreende das disposições contidas nos art. 457 e 458 que, de ordinário, é seguido pela legislação previdenciária.

3.1) Parcelas que integram o salário-de-contribuição A legislação previdenciária, de um modo geral, não indica as parcelas integrantes da remuneração e, por conseguinte, do salário-de-contribuição, fazendo-o a contrario sensu, indicando de forma taxativa as parcelas que não integram o salário-de-contribuição. Com relação às integrantes, restringe-se a

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fazer algumas explicitações para afastar dúvidas e questionamentos. Em regra, a contribuição previdenciária incidirá sobre as verbas de natureza remuneratória (DE CASTRO, p. 198).Vejamos. a) Décimo terceiro - Estabelece o § 7º, do art. 28, da 8.212/91: “O décimo-terceiro salário (gratificação natalina) integra o salário-de-contribuição, exceto para o cálculo de benefício, na forma estabelecida em regulamento. (Redação dada pela Lei nº 8.870, de 15/04/94)”. Já houve discussão acerca da não inclusão do décimo terceiro no salário de benefício e, por conseguinte, da incidência de contribuição. Hoje, a jurisprudência pacífica é pela legalidade da não inclusão, já que a incidência da contribuiçã o sobre o décimo terceiro se dá para fins de custeio do décimo terce iro dos aposentados. A propósito do décimo-terceiro, esclarece Sérgio Pinto Martins que o mesmo tem natureza salarial, está incluído na folha de salários, é recebido diretamente pelo empregado, e, portanto, deve incidir contribuição. Observa, ainda, que é pago em duas parcelas. Porém, sobre a primeira não incide a contribuição, o que somente se dará na segunda, pelo valor total. De outra parte, tal cálculo deve ser feito em separado da remuneração mensal, para evitar que a soma dos valores (remuneração mensal + 13º) possa implicar agravamento da faixa salarial para efeito de fixação da alíquota (8, 9 e 11%). O cálculo em separado, todavia, só vale a partir de 1993(STJ) 63. b) Diárias – determina o § 8º, alínea “a”, do art. 28: “Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total: o total das diárias pagas, quando excedente a cinqüenta por cento da remuneração mensal; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97)”. Obs. A CLT fala em 50% do salário, o que é mais restrito que a lei previdenciária. As diárias, a princípio, constituem parcela de natureza indenizatória destinada a custear as despesas com deslocamento, hospedagem, alimentação e a manutenção do empregado, quando viaja para executar as determinações do empregador. Contudo, consoante já apontava o § 2º, do art. 457, da CLT, visando a prevenir desvios ou descaracterizações salariais, entendeu-se de fixar um limite para as diárias. Valendo frisar que, se o valor das diárias for superior a 50%, terá natureza salarial todo o seu valor e não apenas a parte que exceder aos 50%, conforme estabelece o dispositivo, seguindo a orientação do enunciado 101/TST “integram o salário pelo seu valor total...”. O STJ, sobre o tema já decidiu: “(…) 2. A teor do art. 28, § 9º, da Lei 8.212/91, as diárias de viagem que não excedam a 50% da

63 Nesse sentido: TRIBUTÁRIO. PROCESSO CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃOCONFIGURADA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DÉCIMO-TERCEIRO SALÁRIO. CÁLCULO EM SEPARADO. 1. Segundo entendimento do STJ, era indevida, no período de vigência da Lei 8.212/91, o cálculo em separado da contribuição previdenciária sobre a gratificação natalina em relação ao salário do mês de dezembro. Todavia, a situação foi alterada com a edição da Lei n.º 8.620/93, que estabeleceu expressamente essa forma de cálculo em separado. Precedentes: EDcl no REsp 726213,1ª Turma, Min.José Delgado, DJ de 19.09.2005; REsp 572251, 2ª Turma, Min.Franciulli Netto, DJ de 13.06.2005. REsp 329123, 2ª Turma, Min. Castro Meira, DJ de 28.10.2003.

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remuneração mensal do empregado não integram o salário de contribuição.” (STJ - RESP - RECURSO ESPECIAL – 219769 – Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS - DJ DATA: 08/05/2000. p.: 84). c) Abonos : que são os adiantamentos e as antecipações concedidas aos trabalhadores pelos empregadores. d) Comissões e percentagens também fazem parte do salário – referem-se aos valores e percentuais incidentes sobre as vendas realizadas pelos empregados. e) As gratificações ajustadas ou pagas com habitualidade integram o salário. f) A remuneração das férias gozadas, inclusive o “t erço constitucional” integram a remuneração. Quanto a este, entende-se que, se a contribuição incide sobre o principal, haverá de incidir também sobre o acessório – é questionado e controverso. O STJ já entendeu que incidia a contribuição (RMS 19.687.dju 23.11.2006), mas adequou sua jurisprudência ao entendimento do STF, declarando que a contribuição previdenciária não incide sobre o terço de férias constitucional. Inclusive, a TNU já aplicava esse entendimento. g) Ganhos habituais sob a forma de utilidades – fórmula genérica para englobar outras prestações fornecidas pelo empregador ao trabalhador, incluindo tanto pagamentos em dinheiro, como o fornecimento de utilidades. Aspectos fundamentais para a sua caracterização é que: i) sejam habituais , isto é, tenham certa freqüência ou periodicidade e que; ii) constituam uma retribuição pela prestação do serviço e, não um meio ou instrumento para a prestação. Exemplo, a habitação fornecida pelo condomínio ao zelador é para que este possa melhor desempenhar suas funções, ou seja, é uma utilidade para a prestação do serviço, e não, pela prestação do serviço. A CLT prevê que toda empresa com mais de 30 mulheres empregadas tem que ter creche para as crianças de 0 a 6 anos. Se a empresa não construir a creche, deve reembolsar a empregada com o valor gasto pela mesma para deixar seus filhos em uma creche. Este valor não integra o salário de contribuição, DESDE QUE RESPEITADA A IDADE MÁXIMA DE 6 ANOS E COMPROVADA A DESPESA. Trata-se, de um modo geral, do chamado salário in natura que compreende os aspectos relacionados à alimentação, habitação, saúde, educação, lazer, etc., os quais, repita-se, sendo pagos de forma habitual, integram a remuneração e, por conseguinte, o salário-de-contribuição. Quanto ao aspecto da habitualidade, faz-se mister observar que a MP n. 1.523-7 e suas sucessivas edições até a 1.596-14, que resultou na lei n. 9.528, de 10.12.97, em verdadeiro “furor arrecadatório”, acrescentou a alínea “c” ao § 8º,

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do art. 28, da 8.212, conferindo a seguinte redação: “Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total: as gratificações e verbas eventuais , concedidas a qualquer título, ainda que denominadas pelas partes de liberalidadde, ressalvado o disposto no § 9º.” Todavia, retomando a consciência, o legislador, através da Lei n. 9.711, de 20.11.98, houve por bem de revogar a malfadada disposição. O Programa de Alimentação ao Trabalhador – PAT e o vale-transporte não constituem ganhos habituais, visto que fixados em leis, nas quais se encontra expressamente estabelecido que tais prestações não possuem natureza salarial – art. 3º, da Lei n. 6.321/77 e art. 2º, lei 7.418/85, respectivamente. Contudo, é essencial que as prestações sejam oferecidas por força e em estrita conformidade com os referidos diplomas legais, sob pena de serem consideradas parcelas salariais, conforme visto na decisão acima. Vejamos a jurisprudência sobre o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), que é bem tormentosa: “TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAT. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DE INSCRIÇÃO. SALÁRIO IN NATURA. NÃO-INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PROCESSUAL CIVIL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE EM QUE É VENCIDA A FAZENDA PÚBLICA. LIMITES DO ART. 20, § 3º, DO CPC. INAPLICABILIDADE. 1. O STJ firmou entendimento no sentido de que o auxílio alimentação, quando pago em espécie, passa a integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária, assumindo, pois feição salarial, afastando-se, somente, de tal incidência, quando o pagamento for efetuado in natura, ou seja, quando o próprio empregador fornece a alimentação aos seus empregados, estando ou não inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. (…) 3. Recurso Especial a que se nega provimento.” (STJ - PRIMEIRA TURMA - RESP - RECURSO ESPECIAL – 447766 – Rel. Min. LUIZ FUX - DJ DATA: 28/10/2002 PÁGINA: 257) No entanto, para o TRF1, NÃO incide a contribuição, veja-se em decisão recente: TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PRELIMINAR DE IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO REJEITADA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O FORNECIMENTO DE REFEIÇÃO E/OU LANCHE PELA EMPRESA AOS SEUS EMPREGADOS. 1 - PRELIMINAR: IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. REJEITADA. (…) 2 - MÉRITO: "I - O auxílio-alimentação in natura não sofre a incidência de contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja ou não o contribuinte empregador inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Precedentes do STJ e desta Corte Federal." (TRF 1ª

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Região, AC 2005.38.01.006171-5/MG, Rel. Desembargador Federal Souza Prudente, Oitava Turma, e-DJF1 p.654 de 13/01/2012). 2.1 - No caso, não incide contribuição previdenciária sobre o fornecimento de refeição/lanche in natura aos empregados da impetrante, independentemente de a empresa estar ou não inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. 3 - CONCLUSÃO: Negado provimento à apelação do INSS e à remessa oficial. (AMS 200340000077237, JUIZ FEDERAL GRIGÓRIO CARLOS DOS SANTOS, TRF1 - 5ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:27/07/2012 PAGINA:1097.) h) salário-maternidade : é considerado salário-de-contribuição (§ 1ª, do art. 28, da Lei nº 8.212/91). É o único benefício previdenciário que sofre dedução da segurada (IMPORTANTE!!!! – Me perguntaram na prova oral do TRF 1ª). Veja-se o entendimento do STJ: “(…) salário-maternidade tem natureza salarial e integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. (STJ - PRIMEIRA TURMA – RESP - RECURSO ESPECIAL - 215476 - Rel. Min. GARCIA VIEIRA - DJ DATA: 27/09/1999 PÁGINA: 60). Por fim, vale observar que se considera salário-de-contribuição não somente a remuneração quando paga ou creditada, mas simples mente quando devida , tendo em conta que o regime de competência mensal, faz com que o fato gerador da obrigação tributária (contribuição previdenciária) seja o desempenho da atividade econômica – a prestação dos serviços – e não o auferimento dos rendimentos. Neste sentido, pronunciamento do C. STJ: (…) Homenagem prestada ao acórdão recorrido que entendeu materializar-se o fato gerador da CONTRIBUIÇÃO do empregado com a prestação do serviço decorrente da relação de emprego e o direito, no final do período mensal ajustado, a receber o salário devido. 5. Inconsistência da tese de que o fato gerador, na espécie, só ocorre com o efetivo pagamento. (STJ - RESP - RECURSO ESPECIAL – 221362 – Rel. Min. JOSÉ DELGADO - DJ DATA: 17/12/1999 PÁGINA: 332) 3.2 Parcelas que não integram o salário-de-contribu ição Quanto a estas, conforme já dissemos, o legislador foi expresso e taxativo, consoante se depreende da literalidade do § 9º, do multireferido art. 28, da 8.212/91, transcrevo: ATENÇÃO : As parcelas abaixo referidas, quando pagas em desacordo com a legislação pertinente, integram o salário-de-contribuição para todos os fins de direito, sem prejuízo das cominações legais cabíveis. “§ 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, SALVO O SALÁRIO-MATERNIDADE; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97)

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b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; - natureza indenizatória. c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; - art. 3. Afasta natureza salarial da verba. d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – se as férias são indenizadas, tanto estas quanto o adicional respectivo possuem natureza indenizatória e, como tais, não constituem salário. Se o empregado “vende” suas férias (art. 143 da CLT ) ou as goza extemporaneamente (art. 137 da CLT) O ABONO RECEBID O NÃO INTEGRARÁ O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. As férias e o respectivo 1/3 constitucional só integram o salário de contribuiçã o quando pagos na vigência do contrato de emprego. e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10/12/97 e de 6 a 9 acrescentados pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; - trata-se da indenização de 20% ou 40% sobre os depósitos do FGTS, quando da dispensa sem justa causa do empregado, e como tal não é salário. 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS; - natureza indenizatória. 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização – por tempo de serviço do safrista, quando da expiração normal do contrato - de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; também possui natureza indenizatória. 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; - trata-se da conversão das férias em abono pecuniário o qual, conforme dispõe a própria CLT, não constitui salário.

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7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; ganhos eventuais não constituem salário. 8. recebidas a título de licença-prêmio indenizada; 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; f) a parcela recebida a título de vale-transporte, na forma da legislação própria; art. 2º, da Lei n. 7.418/85, afasta a natureza salarial. O STJ já decidiu: “PREVIDENCIÁRIO. SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO. VALE-TRANSPORTE. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUSÊNCIA DO DESCONTO LEGAL. INCIDÊNCIA. 1. Recurso Especial interposto contra v. Acórdão segundo o qual "o fornecimento de transporte aos empregados, através de contratação de empresa de transportes coletivos, não configura salário 'in natura', não constituindo base de incidência de contribuição previdenciária, nos termos dos artigos 4º e 33, do Decreto nº 95.247/87, e 9º, da Lei nº 7.418/85". 2. O vale-transporte, quando descontado do empregado no percentual estabelecido em lei, não integra o salário-de-contribuição para fins de pagamento da previdência social. 3. Situação diversa ocorre quando a empresa não efetua tal desconto, pelo que passa a ser devida a contribuição para a previdência social, porque tal valor passou a integrar a remuneração do trabalhador. 4. Recurso do INSS provido” (STJ - PRIMEIRA TURMA – Rel. Min. JOSÉ DELGADO - DJ DATA: 27/08/2001 PÁGINA: 235) g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) natureza indenizatória. h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; natureza indenizatória. O TRF 4ª já decidiu: “(…) 1. As diárias de viagens que não ultrapassam 50% dos vencimentos não integram a remuneração do empregado para todos os fins, razão que, adicionada à circunstância de sobre elas não ter incidido o desconto previdenciário, afasta a possibilidade do seu cômputo para fins de cálculo do valor inicial do benefício. 2. Apelação e Remessa Oficial Providas.” (TRF 4ª - AC - APELAÇÃO CIVEL – 387613 – Rel JUIZA ELIANA PAGGIARIN MARINHO - DJU DATA: 25/09/2002 PÁGINA: 733 DJU DATA: 25/09/2002)” i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; trata-se de uma espécie de incentivo à aprendizagem, não configurando

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natureza salarial. Essa lei foi revogada pela Lei 11.788/2008, mas mantida a isenção. j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; tem-se entendido, após o advento da CF/88, que a participação nos lucros ou resultados é um espécie de participação do empregado na empresa, pelo que não é decorrência imediata de seu contrato de trabalho, mas uma decorrência de sua integração e interação com o empreendimento. Além do mais, é uma prestação aleatória, vez que depende da existência de lucro, pelo que não se poderia falar em habitualidade. Porém, para não integrar o salário de contribuição, deve estar de acordo com a lei. Se o sujeito recebe todo mês esta parcel a, haverá incidência, pois a lei prevê uma periodicidade mínima semestral . Não pode ser mensal. (caiu na AGU). l) o abono do Programa de Integração Social-PIS e do Programa de Assistência ao Servidor Público-PASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – não é pago pelo empregador e sim pelo Programa, portanto não é salário. m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – verifica-se que tais prestações não configuram retribuição pelos serviços e sim meios para a sua execução. Portanto, são para o trabalho e não pelo trabalho. n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxílio-doença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – equivale à prestação previdenciária. o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – as prestações previdenciárias em favor dos trabalhadores não possuem natureza salarial.

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q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médico-hospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – prestações de cunho assistencial (assistência social) não possuem cunho salarial. r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – equipamentos de proteção individual (EPIs) devem ser fornecidos pelo empregador ao empregado para uso no serviço, em face do que não são considerados ganhos. EPIs são para o trabalho. s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) o primeiro tem cunho indenizatório e, o segundo, assistencial. O STJ já decidiu: “TRIBUTÁRIO. PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NOS LUCROS DA EMPRESA. DESPESAS REALIZADAS PELOS EMPREGADOS NO TRANSPORTE. DECISÃO EM BASES CONSTITUCIONAIS. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. USO DE VEÍCULO PRÓPRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃO-INCIDÊNCIA. PRECEDENTES JURISPRUDENCIAIS. I - Se a decisão do Tribunal de origem é adotada em bases constitucionais e em consonância com a jurisprudência dominante deste STJ, não cabe conhecer do recurso especial, sendo este interposto, inclusive, intempestivamente. II - O ressarcimento de valores correspondentes a despesas realizadas com o transporte e uso de veículo próprio do empregado tem natureza indenizatória, não integrando o salário-de-contribuição para fins de incidência da contribuição previdenciária. Precedente jurisprudencial. III - Recurso de que não se conhece.” (STJ - PRIMEIRA TURMA - RESP - RECURSO ESPECIAL – 417903 – Rel. Min. GARCIA VIEIRA - DJ DATA: 18/11/2002 PÁGINA: 163) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 20/11/98) – o primeiro (educação básica) tem cunho

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assistencial; o segundo (qualificação profissional) é realizado em nome da otimização na prestação dos serviços. Porém, se implicar uma qualificação individual, específica, será salário. u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – também configura um incentivo e não salário. v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – não constitui salário, vez que estranho à relação de emprego. x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97) – é a multa devida ao empregado em virtude do atraso no pagamento das verbas rescisórias. Sendo multa, não possui natureza salarial. Existem outras verbas que não integram o salário-de-contribuição: - Adicional de 1/3 sobre as férias gozadas - Adicional de 1/3 sobres as férias indenizadas - Venda de férias - Aposentadorias - Salário família. - Aviso prévio indenizado - Gratificações pagas eventualmente - Previdência privada complementar - Vale alimentação ou cesta básica - Bolsa de estudos - Plano de educação - Complemento de auxílio-doença - Abono do PIS - Plano de Saúde - PDV - Direitos autorais - Valores despendidos com ministros de confissão religiosa - Auxílio-doença : valor pago até o 15º dia pelo empregador: “Não incide Contribuição Previdenciária sobre a verba paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afast amento por motivo de doença, porquanto não constitui salário, em razão d a inexistência da prestação de serviço no período.” (STJ. AgRg no AREsp 88.704/BA, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/04/2012, DJe 22/05/2012).

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- Auxílio-Acidente : o valor recebido integra o salário-de-contribuição apenas para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria, conforme a redação da Lei 9.528/97. - Auxílio creche ou auxílio babá: Súmula 310 do STJ: "O auxílio-creche não integra o salário-de-contribuição" - Adicional de quebra de caixa: “No entanto, por maioria, a Turma também entendeu que não há a incidência da contribuição previdenciária no adicional “quebra de caixa”, visto ter, no caso, natureza indenizatória. Ressaltou-se que o salário de contribuição tem como base de cálculo a remuneração, considerados os rendimentos destinados a retribuir o trabalho (art. 28, I, da Lei n. 8.212/1991), o que não se verifica na hipótese em questão, visto que o recebimento dessa verba pelo trabalhador tem por objetivo compensar eventual diferença detectada a menor no caixa que opera, daí seu caráter indenizatório. (…)” REsp 942.365-SC, Rel. originário Min. Luiz Fux, Rel. para acórdão Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 26/4/2010. - Seguro de vida em grupo : 4. "(...) o seguro de vida em grupo pago pelo empregador para todos os empregados, de forma geral, não pode ser considerado como espécie de benefício ao empregado, o qual não terá nenhum proveito direto ou indireto, eis que estendido a todos uma espécie de garantia familiar, em caso de falecimento. Se de seguro individual se tratasse, não haveria dúvida quanto à incidência, o que, entretanto, não ocorre em relação ao seguro de vida em grupo" (REsp 1121853/RJ, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 14/10/2009). - Vale-Alimentação – “7. Quanto ao vale-alimentação, acompanha-se o mais recente entendimento do Col. Superior Tribunal de Justiça que, revendo a orientação anteriomente adotada, decidiu que "o valor concedido pelo empregador a título de vale-alimentação não se sujeita à contribuição previdenciária, mesmo nas hipóteses em que o referido benefício é pago em dinheiro". Precedente: (STJ - REsp 1.185.685 - 1ª T. - Rel. Min. Hamilton Carvalhido - DJe 10.05.2011; TRF 5ª R. - APELREEX 15494/PB - 4ª T. - Rel. Des. Fed. Lázaro Guimarães - DJe 24.03.2011). Finalmente, no que se refere às parcelas indenizatórias, cumpre observar que a Medida Provisória n. 1.523-7, de 30.04.97 e suas sucessivas edições, até a MP n. 1.596-14, de 10.11.97, inseriu a alínea “b”, no § 8º, do art. 28, da 8.212, conferindo a seguinte redação: “Integram o salário-de-contribuição pelo seu valor total: b) os abonos de qualquer espécie ou natureza e as parcelas denominadas indenizatórias pagas ou creditadas a qu alquer título, inclusive em razão da rescisão do contrato de traba lho, ressalvado o disposto no § 9º deste artigo;” .

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Todavia, houve pronta repulsa à inovação e a jurisprudência firmou-se ostensivamente contrária, inclusive o próprio STF, ao apreciar a ADIN n. 1.659-6 relativamente à redação conferida pela aludida MP ao § 2º, do art. 22, da 8.212/91 que determinava a inclusão das verbas de natureza indenizatória sobre a contribuição das empresas –, pelo que, quando da apreciação da MP, o dispositivo foi vetado – art. 1º, Lei n. 9.528, de 10.12.97. Valendo transcrever, a propósito, pronunciamento do E. TRF 5ª, relator UBALDO CAVALCANTI: “TRIBUTÁRIO E PREVIDENCIÁRIO. APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE FOLHA DE SALÁRIOS. VERBAS INDENIZATÓRIAS. CONCEITO DE FOLHA DE SALÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE INSTITUIÇÃO DE NOVA FONTE DE CUSTEIO VIA MEDIDA PROVISÓRIA. NÃO ENGLOBA O CONCEITO DE SALÁRIO, AS INDENIZAÇÕES OU COMPENSAÇÕES DE UM DIREITO, SUBSTITUÍDO POR PECÚNIA. TRATANDO-SE DE VERBA COM CARÁTER EXCLUSIVAMENTE INDENIZATÓRIO, NÃO HÁ QUE INCIDIR A CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INSTITUIÇÃO DE NOVA FONTE DE CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL DEMANDA A SUA VEICULAÇÃO EM LEI COMPLEMENTAR, E NÃO EM MEDIDA PROVISÓRIA. APELAÇÃO E REMESSA IMPROVIDAS.” (TRF 5ª - AMS - APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA – 63027 - Rel. JUIZ UBALDO ATAÍDE CAVALCANTE - DJ DATA: 04/12/1998 PAGINA:1052) 4) Limites A legislação relativa ao Regime Geral da Previdência Social sempre estabeleceu um teto, um limite máximo para o salário-de-contribuição que, inicialmente, (advento da CLPS) era de 5 sm; com o Dec. Lei 66/66, passou para 10 sm, chegando a 20 sm com a CLPS/74; sendo que, a partir da 7.787/87, foi reduzido para 10 sm, valor este que, a partir de então, passou a ser atualizado por índices inflacionários diversos , que não acompanharam os aumentos do salário mínimo e que, por isso, hoje não mais representa aqueles 10 sm dantes referidos. A propósito disto, assim determina o art. 28, da Lei 8.212/91:

§ 5º O limite máximo do salário-de-contribuição é de Cr$ 170.000,00 (cento e setenta mil cruzeiros), reajustado a partir da data da entrada em vigor desta Lei, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social. O art. 14 da Emenda Constitucional nº 20/98 estabeleceu um novo teto para os benefícios e também para o salário de contribuição, o qual passou a ser de R$ 1.200,00, na data da publicação da Emenda (16.12.98), com previsão de reajustes periódicos de modo a manter preservado o seu valor real. O valor limite máximo do salário de contribuição será atualizado sempre que ocorrer alteração do valor dos benefícios. O valor máximo do salário de contribuição

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será publicado mediante portaria do MPAS, sempre que ocorrer alteração no valor dos benefícios.

A EC nº 41/2003, em seu art. 5º, determinou novo teto para os benefícios do RGPS, sujeito a atualizações.

TABELA VIGENTE

Tabela de contribuição dos segurados empregado, emp regado doméstico e trabalhador avulso, para pagamento de remuneração a partir de 1º de

Janeiro de 2012

Salário-de-contribuição (R$) Alíquota para fins de recolhimento

ao INSS (%)

até 1.174,86 8,00

de 1.174,87 até 1.958,10 9,00

de 1.958,11 até 3.916,20 11,00

Portaria nº 02, de 06 de janeiro de 2012

Quanto ao limite mínimo, observe-se que há quem entenda que a regra constante do art. 80 da CLT, que autoriza o pagamento aquém do mínimo ao menor aprendiz (meio sm na primeira metade do contrato e 2/3, na segunda), encontra-se revogada pela CF, que não admite a diferença de salário em razão de idade, pelo que o salário do aprendiz seria, pelo menos, um sm. Assim, o limite mínimo do salário-de-contribuição corresponde: a) para os segurados contribuinte individual e facultativo, ao salário mínimo; b) para os segurados empregados, inclusive o doméstico, e trabalhador avulso, ao piso salarial legal ou normativo da categoria ou, inexistindo este, ao salário mínimo, tomado no seu valor mensal, diário ou horário, conforme o ajustado e o tempo de trabalho efetivo durante o mês. � 5) Reajustes

No que se refere ao reajustamento do salário-de-contribuição, o regramento está estabelecido pelo art. 201, § 3º, que estabelece: § 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em nível infraconstitucional, o regramento era estabelecido pela art. 29, § 1º, revogado pela Lei 9.876/99. Por sua vez, o limite máximo do salário-de-contribuição, reajustado na mesma data e com os mesmos índices usados para o reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social, é o valor definido periodicamente

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pelo Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). (§ 2º, do art. 51, da Instrução Normativa INSS/DC Nº 71, de 10 de maio de 2002 - DOU DE 15/05/2002). Desde 2006, entretanto, passou a ser o INPC (art.41-A, 8.213/91). Esta é a regra básica: os valores do salário-de-contribuição serão reajustados, a partir da entrada em vigor da Lei nº 8.212/91, na mesma época e com os mesmos índices que os do reajustamento dos benefícios de prestação continuada da Previdência Social (art. 20º, § 1º, da Lei nº 8.212/91; e, art. 21, § 1º, da Lei nº 8.212/91). Também neste sentido: Art. 29-B da 8.213/01. Os salários-de-contribuição considerados no cálculo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004) Com relação ao reajustamento dos benefícios temos as seguintes regras: 1- Equivalência Salarial- art. 58 do ADCT Art. 58. Os benefícios de prestação continuada, man tidos pela previdência social na data da promulgação da Constituição, terã o seus valores revistos, a fim de que seja restabelecido o poder a quisitivo, expresso em número de salários mínimos, que tinham na data de s ua concessão, obedecendo-se a esse critério de atualização até a implantação do plano de custeio e benefícios referidos no artigo seguinte.

Só tem validade entre 05/04/1989 e 07/12/1991

2-Lei n.º 8213/91- art. 41 -INPC

3- Lei n.º 8542/92-art 9.º- INPC

4—Lei n.º 8880/94- art.29- IPC-R

5- MP 1572-1- art. 2º e leis seguintes- aumentos nã o ligados a índices oficiais

6- MP 2187-12/2001- delegou ao Poder Executivo a fi xação de índices de reajuste, modificando a redação do art.41

7- Lei 11.430/2006 - INPC

O Supremo Tribunal Federal entendeu que tanto a del egação da fixação de índices ao Executivo como a inobservância de indexa dores oficiais são constitucionais.

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EMENTA: CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIOS: REAJUSTE: 1997, 1999, 2000 e 2001. Lei 9.711/98, arts. 12 e 13; Lei 9.971/2000, §§ 2º e 3º do art. 4º; Med. Prov. 2.187-13, de 24.8.01, art. 1º; Decreto 3.826, de 31.5.01, art. 1º. C.F., art. 201, § 4º. I.- Índices adotados para reajustamento dos benefícios: Lei 9.711/98, artigos 12 e 13; Lei 9.971/2000, §§ 2º e 3º do art. 4º; Med. Prov. 2.187-13, de 24.8.01, art. 1º; Decreto 3.826/01, art. 1º: inocorrência de inconstitucionalidade. II.- A presunção de constitucionalidade da legislação infraconstitucional realizadora do reajuste previsto no art. 201, § 4º, C.F., somente pode ser elidida mediante demonstração da impropriedade do percentual adotado para o reajuste. Os percentuais adotados excederam os índices do INPC ou destes ficaram abaixo, num dos exercícios, em percentual desprezível e explicável, certo que o INPC é o índice mais adequado para o reajuste dos benefícios, já que o IGP-DI melhor serve para preços no atacado, porque retrata, basicamente, a variação de preços do setor empresarial brasileiro. III.- R.E. conhecido e provido.

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PREVIDENCIÁRIO - PONTO 06

Direito Previdenciário: Prestação. Carência. Benefí cios. Renda Mensal Inicial. Aposentadorias, auxílios e pensões. Prescr ição.

Atualizado por Luisa Ferreira Lima (Outubro/2010) Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012

1. RELAÇÃO JURÍDICA PREVIDENCIÁRIA EM RELAÇÃO AOS B ENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS SUJEITO ATIVO DA RELAÇÃO � BENEFICIÁRIOS: segurados e dependentes. � PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS (ou OBJETO da RELAÇÃO JU RÍDICA) [art. 18, Lei. 8.213/91] SEGURADOS: aposentadoria (invalidez, TC, especial, idade), auxílio-doença, auxílio-acidente, salário-família, salário maternidade (4-2-2) DEPENDENTES: pensão por morte e auxílio-reclusão. SEGURADOS E DEPENDENTES (comum a ambos): i) REABILITAÇÃO PROFISSIONAL ii) SERVIÇO SOCIAL - esclarecer os direitos e auxiliar na solução dos problemas. DICA: (4) aposentadorias � [tempo de contribuição; idade; invalidez; especial] (3) auxílios � [doença; acidente; reclusão] (2) salários � [salário-família; salário-maternidade]; (1) pensão � [pensão por morte]. 2. CARÊNCIA DOS BENEFÍCIOS CARÊNCIA : número mínimo de contribuições para se ter direito a alguns benefícios. [art. 24, Lei 8.213/91]. Não se confunde com o tempo de contribuição, pois este pode abranger contribuições recolhidas em atraso, anteriores à data de inscrição. Para os empregados e os avulsos , a carência e o tempo de contribuição são equivalentes, pois o recolhimento mensal é sempre presumido, sendo responsabilidade do empregador. Para eles (empregados e avulsos ), o período começa a ser contado da data da filiação. Para os segurados especiais , como eles não contribuem mensalmente para a Previdência Social, a carência é considerada levando em conta o número de meses de exercício da atividade rural, sendo contada a partir do início do exercício da atividade. Para os contribuintes individuais , empregados domésticos e facultativos a carência começa a ser contada da data do recolhimento da primeira prestação em atraso. Na hipótese destes segurados serem optantes pelo recolhimento trimestral, a carência é contada a partir do

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mês de inscrição do segurado. -a carência é feita a partir do PRIMEIRO DIA DO MÊS DA COMPETÊNCIA , não interessa o DIA QUE FOI PAGO . � o que interessa é o MÊS DA COMPETÊNCIA e NÃO O DIA. � ex.: entrou dia 23.02, considera-se todo o mês de FEVEREIRO, a partir do dia 01.02. -hipóteses de carência : a)AUXÍLIO-DOENÇA e APOSENTADORIA POR INVALIDEZ � 12 CONTRIBUIÇÕES MENSAIS � exceção : [HIPÓTESES QUE NÃO HAVERÁ CARÊNCIA] [art. 26, II, Lei 8.213/91] i) incapacidade decorrente de acidente de qualquer natu reza ou causa . ii) doença profissional ou do trabalho . � doença profissional : assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; produzida ou desencadeada. � doença do trabalho : é aquela adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. ii) doença que confira grave que gere a incapacidade . � [art. 151, Lei 8.213/91] enquanto não foi elaborada a lista eram consideradas as seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, câncer, cegueira, paralisia irreversível, cardiopatia grave, AIDS, etc. � DOENÇA PRÉ-EXISTENTE - em regra não haverá cobertura . - existe um abrandamento da aplicação dessa regra. � jurisprudência : o que importa é que a incapacidade sobrevenha com o agravamento da doença. Se no momento que ingressou já possuía a doença, mas era capaz para o trabalho, faria jus ao benefício. (Súm. 53, TNU). � Existe discussão sobre a contagem do período em gozo de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez como carência: A TNU (PEDILEF 2008.72.54.001356-5) entendia que (a) o auxílio-doença era contado como carência, intercalado ou não; (b) a aposentadoria por invalidez, somente se intercalado, contava para carência. Contudo, o STF (RE 583834/SC, 21.9.11) acolheu o entendimento do INSS, e NÃO CONSIDERA para a carência o tempo do auxílio doença e aposentadoria por invalidez. b) APOSENTADORIA POR IDADE ; APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO; APOSENTADORIA ESPECIAL � 180 CONTRIBUIÇÕES MENSAIS [art. 25, II, Lei 8.213/91]

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c) SALÁRIO-MATERNIDADE (segurada contribuinte individual e especial facultativa) � 10 CONTRIBUIÇÕES MENSAIS [art. 25, III, Lei 8.213/91] �SEGURADA ESPECIAL QUE NÃO CONTRIBUI COMO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL : não precisa demonstrar carência. Devera provar que trabalhou os 10 meses anteriores em regime de economia familiar e terá direito ao salário-maternidade no valor de 1 SM. � SALÁRIO-MATERNIDADE para as seguradas empregadas , trabalhadora avulsa e empregada doméstica – SEM CARÊNCIA � presume a lei que essas empregadas entram no sistema com intuito de permanecer, no caso das outras não existe essa presunção. � PENSÃO POR MORTE e AUXÍLIO-RECLUSÃO – SEM CARÊNCIA � a lei anterior exigia carência de contribuição por parte do segurado. � SALÁRIO-FAMÍLIA , AUXÍLIO-ACIDENTE, SERVIÇO SOCIAL e REABILITAÇÃO PROFISSIONAL - SEM CARÊNCIA .

BENEFÍCIO CARÊNCIA APOSENTADORIA POR IDADE -180

contribuições.

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

-180 contribuições.

APOSENTADORIA ESPECIAL -180 contribuições.

APOSENTADORIA POR INVALIDEZ -12 contribuições.

AUXÍLIO-DOENÇA -12 contribuições.

AUXÍLIO-ACIDENTE -não há carência .

AUXÍLIO-RECLUSÃO -não há carência .

SALÁRIO-FAMÍLIA -não há carência .

SALÁRIO-MATERNIDADE -10 contribuições.

PENSÃO POR MORTE -não há

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carência . �ART. 24, PARÁGRAFO ÚNICO, LEI 8.213 � Quando o indivíduo, após ter contribuído certo número de carências, perde a qualidade de segurado, a carência é zerada. Ele tem de readquirir a condição de segurado, e só poderá contar as contribuições anteriores quando já tiver contribuído, após a nova filiação, pelo menos 1/3 da carência do benefício pleiteado. - aplicação do dispositivo está restrita aos seguinte s benefícios 64: a) AUXÍLIO-DOENÇA ; b) APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ; c) SALÁRIO-MATERNIDADE NOS CASOS DE SEGURADA CONTRIBUINTE INDIVIDUAL , SEGURADA FACULTATIVO , SEGURADA ESPECIAL . [ART. 3º, LEI 10.666/03 ] – a perda da qualidade de segurado não será considerada para concessão da aposentadoria por idade, especial e tempo de contribuição. Nesses casos, a perda da qualidade de segurado não vai ser relevante para a concessão do benefício, não sendo necessária aplicação do art. 24, parágrafo único. É possível contribuições realizadas de forma intercalada como forma de caracterização do período necessário o atendimento da carência. 3. SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DE BENEFÍCIO [SÚMULA 160 DO TFR] � suspensão ou cancelamento do benefício depende da garantia do contraditório e ampla defesa. 4. DESCONTOS NOS BENEFÍCIOS - [art. 115, Lei 8.213/91] [ROL EXAUSTIVO] -hipóteses nas quais poderá haver desconto : i)CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS PELO SEGURADO À PREVIDÊNCIA SOCIAL ; �desconto máximo permitido : 30% do valor do benefício . ii)PAGAMENTO DE BENEFÍCIO ALÉM DO DEVIDO ; �desconto será realizado em parcelas. (salvo má-fé) �desconto máximo permitido : 30% do valor do benefício . �exceção : será possível o desconto de 100% do valor do benefício se houve MÁ-FÉ. iii)IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE ; iv)PENSÃO DE ALIMENTOS DECRETADA EM SENTENÇA JUDICIAL ; v)MENSALIDADES DE ASSOCIAÇÕES E DEMAIS ENTIDADES DE

64 Esse é o entendimento da Jurisprudência: A aplicação do art. 24 fica reduzida ao auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e salário-maternidade .

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APOSENTADOS LEGALMENTE RECONHECIDAS, DESDE QUE AUTORIZADAS POR SEUS FILIADOS . �é necessário haja autorização. vi) PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMOS, FINANCIAMENTOS E OPERAÇÕES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL CONCEDIDOS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS E SOCIEDADES DE ARRENDAMEN TO MERCANTIL, PÚBLICAS E PRIVADAS . �é necessário haja autorização. �desconto tratado no inciso II terá preferência em relação ao desconto tratado no inciso VI. �limite : 20 % do valor do benefício . �o dispositivo menciona o limite de 30 %, mas normas infralegais reduziram esse limite máximo a 20 % do valor do benefício. -sobre o valor do benefício não poderá haver : PENHORA; ARRESTO; ou CESSÃO. � fundamento : benefício tem caráter alimentar. �QUESTÃO CONTROVERTIDA -desconto no benefício do valor de 1SM e a vedação do recebimento menor que tal valor. -prevalece o posicionamento de que seria possível. - desconto de valor recebido em razão de tutela antecipada: STJ pacificou que não deve ser devolvido (boa-fé + com base em decisão judicial) – REsp 991030, sessão de 14.5.2008. 5. RENDA MENSAL INICIAL - RENDA MENSAL INICIAL : é o valor da primeira prestação que o segurado receberá mensalmente. É a aplicação de um percentual, estabelecido pela legislação, sobre o salário-de-benefício ou valor fixo. - limites da renda mensal inicial dos benefícios de p restação continuada que substituir SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ou o RENDIMENTO DO TRABALHO DO SEGURADO : MÍNIMO: 1 SALÁRIO MÍNIMO (art. 201, § 2º, CF) . - há casos em que é possível a RMI menor que o Salário Mínimo: � AUXÍLIO ACIDENTE � RMI � 50% � Salário Família – valor fixo � Parcela dos benefícios por acordo internacional (art. 42, PBPS). MÁXIMO: LIMITE MÁXIMO DO SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO (art. 33, PBPS). - também existe benefício que pode superar o limite máximo � Salário Maternidade, vez que é paga de acordo com a remuneração da segurada (cf. ADI 1946/DF, DJ 16.05.2003). Obs.: tem como teto apenas o

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subsídio dos Ministros do STF e o que sobejar, a empresa terá de pagar diretamente à trabalhadora � aposentadoria por invalidez + 25%, quando o beneficiário necessita de assistência permanente de outra pessoa (art. 45, PBPS) � AUXÍLIO DOENÇA � RMI � 91% � APOSENTADORIA POR INVALIDEZ � 100% � APOSENTADORIA POR IDADE � RMI � 70% + 1% a cada grupo de 12 contribuições – limitado a 100%. � APOSENTADORIA INTEGRAL (TC ou ESPECIAL) � RMI � 100% � APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR TS � RMI � 70% + 6% por ano após completar 30(H)/25(M) anos de TC – limitado a 100%. (extinta – EC 20/98). � APOSENTADORIA PROPORCIONAL POR TC � RMI � 70% + 5% por ano após completar 30(H)/25(M) anos de TC – limitado a 100% (norma de transição – EC 20/98). � PENSÃO POR MORTE � 100% do SB do benefício precedente (aposentadoria ou auxílio) 6. BENEFÍCIOS DEVIDOS AOS SEGURADOS EM ESPÉCIE: 6.1 - APOSENTADORIA POR INVALIDEZ - legislação : [arts. 42 a 47, Lei 8.213/91] FATO GERADOR/CONTINGÊNCIA 65: incapacidade substancial (e não total66) e permanente (e não definitiva) para o exercício das funções habituais do segurado. A lei fala em insuscetível de reabilitação. A aposentadoria por invalidez independe do prévio recebimento do auxílio-doença. A verificação da incapacidade ocorrerá mediante a realização de exame médico-pericial gratuito, a cargo da Previdência Social, podendo o segurado fazer-se acompanhar de médico de sua confiança. O segurado aposentado por invalidez está obrigado a submeter-se a exame médico, a cargo da Previdência Social (realizados bienalmente) a processo de reabilitação profissional e a tratamento, exceto o cirúrgico e à transfusão de sangue, que são facultativos. Não é apenas a análise médico-pericial que permite o enquadramento do segurado ou não ao benefícis, também devem ser levadas em consideração as condições pessoais do segurado (condições sócio-econômica, profissional, cultural e ambientais). � DIFERENÇA ENTRE INCAPACIDADE GENÉRICA E ESPECÍFICA - Incapacidade genérica – para toda e qualquer função.

65 RISCO X CONTINGÊNCIA ���� RISCO: a noção de risco do seguro está ligado à noção de dano, ligado à noção de indenização. Na previdência, nem tudo que gera cobertura se enquadra na noção de dano (ex.: maternidade). CONTINGÊNCIA – fato previsto em lei que gera uma necessidade para o recebimento do benefício. 66 “Incapacidade total” poderia gerar a ideia de que seria para toda e qualquer função. No caso é só para a atividade que exercia.

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- Incapacidade específica – para as funções que a pessoa desempenhava. DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO – DIB: duas situações devem ser verificadas: a) se foi precedida de auxílio-doença: data seguinte à da cessação do auxílio-doença.

b) se foi concedida diretamente: (Art. 43, § 1º, Lei 8.213/91):

i) segurado empregado – a contar do 16º dia do afastamento (os 15 dias iniciais é a cargo da empresa);

– a partir do requerimento , se requerido após 30 dias do afastamento;

ii) empregado doméstico, trabalhador avulso, contribuinte individual, segurado especial e facultativo:

– da data da incapacidade

– a partir do requerimento , se requerido após 30 dias da data da incapacidade;

- mesmo que o benefício tenha sido concedido por ordem judicial pode ser cancelado � há nova perícia a cada dois anos. RENDA MENSAL INICIAL - RMI - 100% DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO . � segurado especial e segurado de baixa renda : 1 SM. [art. 21, Lei 8.212/91] � GRANDE INVALIDEZ � [ART. 45 LEI 8213/91]. Trata-se, em verdade, da percepção do adicional de 25 % em razão da necessidade de auxílio permanente de terceiro (Ex. cegueira total, incapacidade permanente para a vida diária, paralisia ou perda dos membros inferiores, doença que exija permanência contínua no leito etc.). - RMI – SB + 25% � pode ultrapassar o teto da previdência. - tem natureza indenizatória. - é personalíssimo. - não converte o percentual, em acréscimo da pensão por morte. CARÊNCIA REGRA: 12 CONTRIBUIÇÕES. EXCEÇÕES: [hipóteses que a carência é dispensada] � Acidente (NO TRABALHO OU FORA DELE ) � Doença prevista na Portaria Interministerial . [art. 151, LEI 8.213/91] � Doença ou lesão preexistente: IMPOSSIBILIDADE, salvo se ocorrer progressão ou agravamento da incapacidade. - não é possível a antecipação do pagamento dessas 12

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CONTRIBUIÇÕES. Mas é possível o pagamento de prestações atrasadas, desde que haja a primeira paga em dia. QUEM TEM DIREITO - qualidade de segurado : precisa ter qualidade de segurado para receber o benefício. - beneficiários: todos os segurados. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO Pode ser de duas formas (nem sempre a cessação será imediatamente) 1) Imediatamente – a partir do retorno voluntário ao trabalho (art. 46, PBPS) 2) Gradualmente (nem sempre ela cessará com a recuperação da capacidade) - benefício por recuperação da capacidade [art. 47, Lei 8213/91] – com a recuperação do aposentado por invalidez a aposentadoria não acaba de imediato – o beneficio vai deixando de ser pago aos poucos (redução do valor): a) a recuperação ocorre dentro de 5 (cinco) anos da data da aposentadoria ou auxílio-doença precedente: i) empregado � imediato, se puder retornar à função antes desenvolvida67; ii) demais segurados � após tantos meses quantos forem os anos de duração do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez; b) recuperação parcial, após o prazo de 5 anos ou for declarado apto para função diversa do habitual anterior à aposentadoria, pelo prazo: i) valor integral – 6 meses contado da data em que for verificada a recuperação da capacidade; ii) com redução de 50% (cinqüenta por cento), no período seguinte de 6 (seis) meses; iii) com redução de 75% (setenta e cinco por cento), também por igual período de 6 (seis) meses, ao término do qual cessará definitivamente - A transformação de aposentadoria por invalidez em aposentadoria por idade ficou vedada aos beneficiários, a partir de 31/12/2008, em razão da revogação do art. 55 do RPS. Deve-se, contudo, respeita-se o direito adquirido, daqueles que completaram os requisitos até essa data. - A aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença somente será considerado para fins de tempo de contribuição/serviço se estiver intercalado entre período de atividade (pacificado pela TNU – PEDILEF 2008.72.54.001356-5, DJ 23.3.2010). QUESTÕES POLÊMICAS 1. A invalidez deve considerar também a idade - escola ridade formal – empregabilidade? SIM - a parte médica é a mais importante, mas análise não pode se limitar a manifestação dos peritos.

67 Art. 475, CLT – contrato de trabalho fica suspenso durante o período, será, então, restabelecido.

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2. A terminologia médica – incapacidade parcial e perm anente . - a terminologia médica é diferente da terminologia jurídica e o juiz não fica adstrito ao laudo pericial, podendo, entender pela incapacidade com base em outros elementos constantes dos autos, tal qual a idade, o nível de escolaridade e a condição econômica do segurado. 3. Como se verifica a aposentadoria por invalidez da d ona de casa segurada facultativa? - a previdência social se interessa pela perda de ganho, ela não se interessa com as atividades que não sejam remuneradas. É necessário identificar um parâmetro. - o fato dela não ter trabalho até o momento não significa que não queria trabalhar. A incapacidade exclui essa possibilidade. 4. Aposentadoria por invalidez e eleição para vereador - STJ – não há cancelamento automático da aposentadoria por invalidez de segurado eleito vereador. �a jurisprudência pacífica é no sentido da possibilidade do exercício do cargo sem a perda do benefício. A atividade parlamentar tem natureza específica que não trabalhista. Inaplicabilidade do artigo 46 da Lei 8.213/91, sem prévia comprovação da premissa fática que lhe dá sustentação. 5. Segurado que desenvolve mais de uma atividade e tor na-se, permanentemente incapacitado para uma delas, pode r eceber aposentadoria por invalidez? Não. Receberá apenas o auxílio-doença relativo à atividade para a qual se tornou incapaz até que sobrevenha incapacidade total a fim de receber a aposentadoria por invalidez. A aposentadoria por invalidez pressupõe o afastamento de todas as atividades. 6. A aposentadoria por invalidez suspende o contrato d e trabalho indefinidamente? [art. 475, CLT] § 2º - Se o empregador houver admitido substituto para o aposentado, poderá rescindir, com este, o respectivo contrato de trabalho sem indenização, desde que tenha havido ciência inequívoca da interinidade ao ser celebrado o contrato. 7. Um segurado nasceu absolutamente incapaz devido a u ma deficiência pode se aposentar por invalidez? - não tem direito em decorrência da incapacidade ser pré-existente. 6.2 - AUXÍLIO-DOENÇA 68

68 Crítica: nomenclatura – é um benefício decorrente da incapacidade, e não da doença. [a doença não da direito a nada, só a doença incapacitante é que pode gerar o benefício].

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Existem dois tipos de auxílio-doença: o ordinário e o acidentário (decorrentes de acidentes de trabalho e seus equiparados – doença profissional ou do trabalho; o acidentário só é devido ao empregado – exceto o doméstico –, trabalhador avulso e segurado especial). - FATO GERADOR – incapacidade TOTAL e TEMPORÁRIA para as funções que o segurado desempenhava. � incapacidade deve perdurar por MAIS DE 15 DIAS CONSECUTIVOS . [art. 59, Lei 8.213/91] � incapacidade deve atingir a atividade habitual. � trabalho ou atividade habitual; a aposentadoria por invalidez é para qualquer atividade; � não se exige que seja permanente, mas tão somente que seja por mais tempo que 15 dias consecutivos � Exercício de mais de uma atividade concomitante - se houver comprometimento de uma das atividades já faz jus ao benefício em relação à atividade para a qual se incapacitou. � ex.: contador e professor – tendinite compromete atividade de contador, mas não como professor. �CONTINGÊNCIA: ESTAR INCAPACITADO PARA A ATIVIDADE HABITUAL POR MAIS DE15 DIAS CONSECUTIVOS (INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ) - SUJEITO ATIVO : Qualquer segurado, até o facultativo. No caso deste último, atesta-se não a sua incapacidade laboral (porque ele não trabalha), mas sim a sua incapacidade para a atividade habitual (exemplo: estudar). - RMI: 91%69 do SB (que é a média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição). NÃO tem fator previdenciário. Não se aplica ao auxílio-doença o acréscimo de 25%. - DIB: EMPREGADO – 16º dia do afastamento da atividade . No caso de férias ou licença, o prazo de 15 dias é contado da cessação deste evento. OUTROS SEGURADOS – incapacidade até 30 dias ou da data da entrada do requerimento. [inclusive para a doméstic a] � TERMO FINAL DO BENEFÍCIO : [art. 78, RPS] i) O DIA EM QUE CESSAR A INCAPACIDADE PARA O TRABALHO ; � necessidade de comprovação por perícia médica do INSS;

69 Porque 91%? - os 9 % a menos corresponderia à contribuição devida. Quem está em gozo de auxílio-doença não paga contribuição previdenciária, já que o único benefício previdenciário sobre o qual incide contribuição previdenciária é o salário-maternidade.

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ii) O DIA EM QUE O BENEFÍCIO FOR CONVERTIDO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ OU AUXÍLIO-ACIDENTE - CARÊNCIA: 12 contribuições mensais, exceto: � Acidente (NO TRABALHO OU FORA DELE ) � Doença prevista na Portaria Interministerial . [art. 151, LEI 8.213/91] � Doença ou lesão preexistente: IMPOSSIBILIDADE, salvo se ocorrer progressão ou agravamento da incapacidade (art. 59, § único). NOTE: se a Previdência tiver ciência da incapacidade de alguém, ela pode PROCESSAR O AUXÍLIO-DOENÇA DE OFÍCIO – art. 76 do Decreto. SÚM. 53 (07/05/2012) - Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social. � QUESTÕES POLÊMICAS 1. O segurado é obrigado (caso o INSS mande) a fazer a reabilitação? � SIM. Se o perito do INSS disser “se você fizer esse tratamento (disponível na rede pública)”, ele tem que fazer. Ele só não é obrigado (para ficar bom) a fazer duas coisas: i) transfusão de sangue; ii) cirurgia. A mesma coisa vale para a aposentadoria por invalidez. 2. A ALTA PROGRAMADA É CONSTITUCIONAL? - O que é? O INSS instituiu o programa Cobertura Previdenciária Estimada – COPES (alta programada), no qual o perito fixa a data da cessação do benefício, como base na história natural da doença, considerando o tempo necessário para a reaquisição da capacidade de trabalho. Criou, então, o Pedido de Prorrogação e o Pedido de Reconsideração, a fim de que o segurado possa, sentido-se incapaz, requerer a prorrogação do benefício, pois se nada realizar, o benefício será cessado. - questionamento sobre a inconstitucionalidade do procedimento: a maioria dos TRF’s têm entendido a alta programada como inconstitucional. [mas essa posição não é pacífica]’ - (2010 – adaptei): No TRF1, a maior parte das decisões é no sentido da inconstitucionalidade/ilegalidade da alta programada, ante a violação dos princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa, mas há decisão (citada a essência em rodapé) em que é sustentada a legalidade da alta programada, o que aponta que, de fato, a matéria é bastante controvertida70-71.

70 (…) 1. Para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença o segurado deve ser submetido à perícia médica para comprovação da invalidez para o trabalho. Da mesma forma, para que seja suspenso o benefício concedido, o segurado deverá submeter-se a nova perícia médica, não podendo a autarquia previdenciária suspender aleatoriamente o benefício em cumprimento ao denominado sistema de "alta programada". (…) (AC 0014202-37.2007.4.01.3600/MT, Rel. Desembargadora Federal Ângela Maria Catão Alves, Conv. Juiz Federal Miguel Ângelo De

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- Observar que a TNU (PEDILEF 200770500165515, DJ 04/10/2011) entendeu que NÃO é preciso o pedido de prorrogação/reconsideração para o segurado ingressar com a ação de restabelecimento. 3 - REMUNERAÇÃO PAGA PELO EMPREGADOR (15 DIAS) E INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA: STJ entende que não incide contribuição previdenciária, uma vez que tal verba não tem natureza salarial 72. 6.3 - AUXÍLIO-ACIDENTE - CONTINGÊNCIA: redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido , resultante da consolidação das lesões decorrentes de ACIDENTE DE QUALQUER NATUREZA, inclusive ACIDENTE DO TRABALHO. O dano que gera o direito ao benefício é o que acarreta redução ou perda da capacidade laborativa (quantitaiva ou qualitativa), sem ocasionar a invalidez permanente para qualquer trabalho. - NATUREZA INDENIZATÓRIA por expressa disposição legal. [art. 86, PBPS] - indenização pela redução da capacidade de trabalho. � Auxílio-acidente e necessidade da irreversibilidade da moléstia :

Alvarenga Lopes (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.66 de 01/06/2010); (…)1. Para que ocorra a cessação do benefício de auxílio-doença, o segurado deverá submeter-se a nova perícia médica para que seja comprovada a cessação da incapacidade, em respeito ao artigo 62 da Lei 8.213/91, que prescreve que não cessará o benefício até que o segurado seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência. (…) (AC 200638000155779, JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:19/07/2012 PAGINA:050.) (…) 1. Para a concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença, o segurado deve ser submetido à perícia médica para definição acerca da incapacidade para o trabalho. Assim, para a cessação do benefício, em razão do princípio do paralelismo das formas, o segurado deve ser submetido a nova perícia médica para comprovação da cessação da incapacidade, numa atuação conforme artigo 62 da Lei 8213/91, que estabelece a continuidade como regra até a reabilitação, que somente pode ser demonstrada por meio de análise pericial. (REOMS 200633000005778, JUÍZA FEDERAL ROSIMAYRE GONCALVES DE CARVALHO, TRF1 - 2ª TURMA SUPLEMENTAR, e-DJF1 DATA:02/04/2012 PAGINA:248.) 71 Em sentido contrário: (…) 1. É ônus dos segurado, caso se considere incapacitado para o exercício de sua atividade laboral, agendar nova perícia junto à autarquia previdenciária a fim de prorrogar seu benefício. Deste modo, prima facie, não há como imputar à autarquia ré ofensa aos princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal. 2. O Decreto nº 5.844/2006, que alterou o artigo 58 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto no 3.048/1999, ao tratar da alta programada, autoriza o INSS, mediante exame médico-pericial, fixar o prazo que entender suficiente para a recuperação da capacidade laboral do segurado, sendo dispensada a realização de nova perícia. 3. O referido decreto estabeleceu que, caso o prazo estipulado pelo órgão previdenciário se revele insuficiente para recuperação do segurado, este poderá formular pedido de prorrogação, submetendo-se a nova avaliação para analisar se é necessária a continuidade do aludido benefício. Ressalte-se que tal requerimento pode ser feito por meio de ligação telefônica gratuita, no nº. 135, pela internet ou diretamente nos postos do INSS, restando descaracterizada qualquer violação aos princípios informadores do procedimento administrativo. 4. A desídia do segurado não tem condão de impor à autarquia previdenciária a perpetuação do benefício de auxílio doença. (…) (AG 2009.01.00.011573-0/RO, Rel. Desembargador Federal Francisco De Assis Betti, Segunda Turma,e-DJF1 p.145 de 04/12/2009).

72 Cf. Ponto 5, que trata das verbas que não incide contribuição.

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STJ (3ª SEÇÃO) decidiu que é irrelevante a possibilidade de REVERSIBILIDADE DA DOENÇA , sendo certo que o AUXÍLIO-ACIDENTE é devido quando demonstrado o NEXO DE CAUSALIDADE entre a redução de natureza permanente da capacidade laborativa e a atividade profissional desenvolvida . Para o STJ, a POSSIBILIDADE, ou não, de IRREVERSIBILIDADE DA DOENÇA deve ser considerada “irrelevante ”. - carência : INDEPENDE DE CARÊNCIA [art. 26, I, PBPS] � FATO GERADOR I- DEVE TER OCORRIDO UM ACIDENTE; a) DO TRABALHO [ou] b) FORA DO TRABALHO � FIGURAS EQUIPARADAS A ACIDENTE : i) DOENÇA PROFISSIONAL - doença típica de determinada profissão. ii) DOENÇA DO TRABALHO - doença que decorre do exercício da atividade em condições especiais. II - CONSOLIDAÇÃO DAS LESÕES � deve ter ocorrido uma seqüela definitiva que implique na redução da capacidade para o exercício da atividade habitual. � doutrina – incapacidade parcial (“redução da capacidade”), permanente (“seqüela definitiva”). - beneficiários (sujeito ativo) : o segurado empregado (exceto o doméstico), o trabalhador avulso e o segurado especial (art. 18, § 1º). - DIB (termo inicial) : a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença. Essa é a regra. - termo final : - a véspera do início de qualquer aposentadoria ou a data do óbito do segurado. - vedada a acumulação com aposentadoria (Lei n. 9.528/1997). Observar o direito adquirido daqueles que implementaram os requisitos antes desta lei. � Permitida a acumulação em relação a qualquer remuneração, rendimento ou outro benefício auferido pelo acidentado. � O auxílio acidente deixa de ser vitalício, pois passará a integrar o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício de qualquer aposentadoria (art. 31, Lei 8.213/91). No entanto, não será computado para fins de cálculo de pensão (veto ao § 5º do art. 86). STJ: para a concessão de auxílio acidente por perda de audição, é necessário

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que a sequela seja ocasionada por acidente de trabalho e que haja uma diminuição efetiva e permanente da capacidade para a atividade que o segurado habitualmente exercia. STJ: não havendo concessão anterior de auxílio doença, bem como ausente o prévio requerimento administrativo de auxílio acidente, o termo a quo para o recebimento desse benefício é a data da citação. STF: A lei 9032/95 previu uma mudança na forma de cálculo do auxílio acidente que, em certas hipóteses, gerou uma situação mais benéfica do que a legislação anterior. Por isso, quem já recebia o benefício passou a pleitear judicialmente o seu aumento, mas o STF entendeu que isso não é possível, em atenção ao princípio do tempus regit actum. Nesse sentido: A decisão concessiva de revisão para 100% do salário-de-benefício nas hipóteses de benefício instituído em período anterior ao da vigência da Lei 9.032/95, é contrária à Constituição. Agravo regimental a que se nega provimento. (AI 639808 ED, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 09/12/2008). O STJ (que anteriormente julgava em favor dos beneficiários nesse caso) também já sinalizou que seguirá a Corte Maior. 6.4 - APOSENTADORIA POR IDADE - fato gerador: 1) IDADE MÍNIMA - segurado urbano � 65 ANOS (H) E 60 ANOS (M) . - segurado rural � 55 ANOS (M) OU 60 ANOS (H) . � trabalhadores Rurais, produtor rural, pescador artesanal e o garimpeiro que exerça atividade em regime de economia familiar - Redução em 5 anos. (O garimpeiro é, agora, contribuinte individual, salvo se direito adquirido). � o professor tem direito à redução, mas em outro benefício, Aposentadoria por tempo de contribuição. � trabalhador rural [art. 143, Lei 8.213/91] – observar as mudanças da Lei 11.718/08, no ponto 02. 2) CARÊNCIA: 180 contribuições. Súmula 44 da TNU (14/12/11). Para efeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carência prevista no art. 142 da Lei Nº 8.213/91 deve ser aplicada em função do ano em que o segurado completa a idade mínima para concessão do benefício, ainda que o período de carência só seja preenchido posteriormente. � QUALIDADE DE SEGURADO NO MOMENTO DO PEDIDO? � não mais precisa a qualidade de segurado no momento do pedido, basta que tenham sido preenchidos todos os requisitos, inclusive a carência. (art. 3, § 1º, Lei 10.666/03) RMI: 70% SB mais 1% a cada 12 meses de contribuições, limitado a

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100%. Fator Previdenciário optativo Segurado Especial e Contribuinte Individual ou Facultativo de Baixa Renda – 1S.M. DIB – 90 dias ou DER QUEM TEM DIREITO – todos os segurados Cessação. A aposentadoria por idade cessa com a morte e gera pensão por morte se houver dependente. Aposentadoria por idade “mista”: A lei 11.718/08 possibilitou a utilização de tempo urbano e rural para obter aposentadoria (art. 48, §3, PBPS). No entanto, no caso do trabalhador rural, a idade mínima será de 60(M)/65(H). Embora a lei refira-se a trabalhador rural, Castro e Lazzari entendem que todos os trabalhadores têm direito, urbano ou rural. Pelo § 4º, se estabeleceu a mesma sistemática para o cálculo do salário de benefício da aposentadoria por invalidez e especial, ou seja, a média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição E, no período sem contribuição, considerar o SM. QUESTÕES CONTROVERSAS 1. Aplica-se retroativamente a lei n. 10.666/03? 2. A carência deve ser contada na data em que o requer ente entrou com requerimento administrativo ou na data em que f ez a idade mínima? � Acumulação entre pensão e aposentadoria para o trab alhador rural : a TNU decidiu pela LEGALIDADE da ACUMULAÇÃO da PENSÃO POR MORTE e da APOSENTADORIA POR IDADE em caso de BENEFICIÁRIOS RURAIS. [TRF4 E 5 QUESTIONARAM SOBRE ESSA SITUAÇÃO]. APOSENTADORIA COMPULSÓRIA: A aposentadoria por idade pode ser requerida pela empresa, desde que o segurado tenha cumprido a carência (mínimo de 180 contribuições) quando ele completar 70 anos de idade se do sexo masculino ou 65 anos de idade se do sexo feminino. Será, entretanto, garantida ao empregado a indenização prevista na legislação trabalhista. DESAPOSENTAÇÃO : É a ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular, para fins de aproveitamento do tempo de filiação (já que não pode ser utilizado 2x) em contagem para nova aposentadoria, no mesmo ou em outro regime previdenciário (CASTRO E LAZZARI). � Administração: não admite. Qualquer aposentadoria é irrenunciável. � jurisprudência : entendimento majoritário admite, desde que haja a

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devolução dos valores recebidos a título de benefício. A aposentadoria é verba alimentar, mas para fins de desaposentação ela é considerada direito patrimonial disponível. Esse é o entendimento atual da TNU: PEDILEF 2008.72.58.00.2269-3, DJ 23.3.10. � devolução dos valores – os diferentes regimes têm que realizar a compensação financeira, para que se possa ser mantido o equilíbrio financeiro. Por isso a exigência da devolução, parte do valor que será destinado à compensação já foi pago. - STJ: tem entendido ser desnecessária a devolução (REsp 1.1137.864, DJ 3.3.2010 e EDcl no AgRg no REsp 1216770/RS, DJ 1.12.11). Em pesquisa no site do TRF1 verifiquei que o entendimento predominante também é no sentido da desnecessidade de devolução dos valores devido ao caráter alimentar (mantido o entendimento). Jurisprudência e outras informações. Súmula 54 da TNU. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima. Súmula 46 da TNU. O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto. Súmula 41 da TNU. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto. Súmula 34 da TNU. Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar. [Não basta, portanto, prova testemunhal, e a prova material tem de ser contemporânea aos fatos a serem provados]. Súmula 14 TNU: para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. Súmula 6 TNU a certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início de prova material da atividade rurícola. [Basta provar que o cônjuge era rural, isso já é início de prova material para o outro cônjuge també m]. STJ: as atividades de economia familiar podem ser comprovadas por documentos em nome do pai da família, mas é preciso que haja algum início de prova documental. Não basta prova testemunhal. Súmula 5 TNU: a prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até a lei 8213/91, pode ser reconhecida para fins previdenciários (tempus regit actum).

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6.5 - APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 73 6.5.1. Aposentadoria por tempo de serviço (extinta pela EC 20/98)74 REGRAS PERMANENTES : aplicação para os que ingressaram após a promulgação da EC 20 [16/12/1998]. � a compreensão da regra de transição depende da compreensão da regra permanente. Contingência para trabalhadores urbanos e rurais : � ter contribuído para o RGPS durante: HOMEM: 30 ANOS. MULHER: 25 ANOS. Cálculo da RMI : 70% do salário-de-benefício. � art. 53 da Lei 8.213/_ - 70 % + 6 % (por ano completo de contribuição) - mulher (30 anos) – verificação se tem 30 anos, separa 25 anos e para cada grupo de 12 contribuições acrescenta-se 6 % até o máximo de 100 %. [o que superar é desconsiderado – o que trabalhou a mais não entra na conta] - homem (35 anos) – verificação se tem 30 anos, separa 30 (...) - O professor (30 anos) e a professora (25 anos): 100% do SB � pessoal que está se aposentando agora está prejudicado – ingressaram no sistema antes de 94. 6.5.2. Aposentadoria por tempo de contribuição (criada pela EC 20/98) Requisitos 75. - Tempo de contribuição (contingência) � Homem � mínimo = 35 anos (professor* = 30); � Mulher � mínimo = 30 anos (professora* = 25). *Do ensino infantil, fundamental e médio, bem como a atividade de direção de unidade escolar e coordenação e assessoramento pedagógico exercida por professores.76 - o(a) professor(a) que ingressou ante da EC 20/98 (excluídos do benefício – nível superior), que não haviam cumprido os requisitos do tempo de serviço até a EC, terão acréscimo de 17% (homem) e 20%(mulher) sobre o tempo exercido até a EC, desde que com o tempo de efetivo exercício no magistério (art. 9º, §2, EC 20/98).

73 � nomenclatura : benefício que ficou no lugar da antiga aposentadoria por tempo de serviço. Após a EC 20 não se soma mais períodos que não são de contribuição. 74 Resolvi manter, em parte, o tópico anterior, reestruturando-o, para melhor compreensão do instituto. 75 Extraído do TRF 5- jun/2012, com adaptações. 76 Nesse sentido: (…) “II - As funções de direção, coordenação e assessor amento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecime ntos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 20 1, § 8º, da Constituição Federal. STF, ADI 3772, Relator(a): Min. CARLOS BRITTO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 29/10/2008, DJe-059 DIVULG 26-03-2009 PUBLIC 27-03-2009 REPUBLICAÇÃO: DJe-204 DIVULG 28-10-2009 PUBLIC 29-10-2009 EMENT VOL-02380-01 PP-00080 RTJ VOL-00208-03 PP-00961, h.n.).” Ademais, o art. 56, § 2º, do RPS, passou a prever: Para os fins do disposto no § 1º, considera-se funç ão de magistério a exercida em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e modalidad es, incluídas, além do exercício da docência, as fu nções de direção de unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.

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Não há idade mínima na aposentadoria por tempo de contribuição do Regime Geral (é diferente do regime próprio dos servidores públicos). Não é necessária a qualidade de segurado para aposentar por tempo de contribuição (artigo 3º da Lei 10.666/03) - Carência = 180 contribuições Obs. Há uma regra de transição (art. 142 da Lei 8.213) – 2010 é o seu último ano. Em 2011, passa a ser 180 contribuições para todos. Sujeito ativo : Em regra, todos os segurados, até o facultativo. � Não aposenta por tempo de contribuição a pessoa que optou pelo PPS (ou PSP – Plano de Previdência Simplificado – o contribuinte individual e facultativo: 11% ou o contribuinte individual (MEI) e facultativo (dona de casa de baixa renda): 5%). � O segurado especial só tem direito a aposentar por tempo de contribuição se contribuir adicionalmente (e atender à carência de 180 contribuições como facultativo). Súmula 272 STJ: o trabalhador rural, na condição de segurado especial, somente faz jus à aposentadoria por tempo de serviço se recolher contribuições facultativas. Termo inicial : [arts. 49, I e II, e 54, PBPS, e arts. 52, I e II, e 59, RPS]: idêntico ao da APOSENTADORIA POR IDADE inclusive quando requerido o benefício na via judicial (nesse caso a data será a da citação). Cálculo da RMI : Regra Geral: 100% do SB (benefício para quem ingressou a partir de 17/12/98) Termo final : a data da MORTE do segurado. [benefício vitalício] 6.5.2 - APOSENTADORIA PROPORCIONAL Fundamento legal : [art. 9º, § 1º, EC n. 20/98]. - só prevista para as regras de transição; � quem ingressou após a EC 20 não tem direito à aposentadoria proporcional. Por isso a previsão dentre as regras de transição. Contingência : [REQUISITOS CUMULATIVOS ] a) ter, contribuído, na data da EC n. 20, por, no mínimo, 30 ANOS (H) e 25 ANOS (M); E b) contar, no mínimo, 53 ANOS DE IDADE (H) e 48 (M); e c) ter contribuído por um PERÍODO ADICIONAL DE 40% do que, naquela data, faltava para atingir o tempo de contribuição necessário (30 e 25 anos). Carência : 180 contribuições mensais. Cálculo da RMI : Regra de transição (para quem ingressou até 16/12/98):

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- 70% do salário-de-benefício, que é apurado com a aplicação do FATOR PREVIDENCIÁRIO. 70% + 5% (por ano completo de contribuição) � mulher (30 anos) – verificação se tem 30 anos, separa 25 anos e para cada grupo de 12 contribuições acrescenta-se 5% até o máximo de 100 %. [o que superar é desconsiderado – o que trabalhou a mais não entra na conta] - homem (35 anos) – verificação se tem 35 anos, separa 30 (...) � pessoal que está se aposentando agora está prejudicado – ingressaram no sistema antes de 94. Termo inicial e termo final : idênticos aos da APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO . Jurisprudência e outras informações (resumo TRF5 – JUN/2012). - Apesar de a EC 20 ter proibido a contagem fictícia de tempo de contribuição, o STF admite o direito adquirido a essas contagens até o advento da referida EC. - Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários (súmula 242 STJ) Não é absoluto o valor probatório das anotações da CTPS (súmula 225 STF). 6.6 - APOSENTADORIA ESPECIAL � Constituição veda a concessão de aposentadoria com requisitos diferenciados, exceto na situação de aposentadoria especial. [a aposentadoria especial existe em decorrência de uma fragilidade a qual o trabalhador é exposto].77 - é espécie de APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO , que é reduzido para 15, 20 ou 25 ANOS em razão da atividade exercida. - ainda não foi editada LC = aplica-se o disposto nos art. 57 e 58 da Lei n. 8.213/1991 no que não conflitar com o texto constitucional78. - contingência : a) exercer atividade sujeita a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, de FORMA PERMANENTE; E b) NÃO OCASIONAL NEM INTERMITENTE , com a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes

77 Na redação: Art. 201. REDAÇÃO DA EC 20: (…) § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, definidos em lei complementar (EC 20). REDAÇÃO DA EC 47: § 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados portadores de deficiência , nos termos definidos em lei complementar . (EC 47). 78 EC 20/98: Art. 15 - Até que a lei complementar a que se refere o art. 201, § 1º, da Constituição Federal, seja publicada, permanece em vigor o disposto nos arts. 57 e 58 da Lei nº 8213, de 24 de julho de 1991, na redação vig ente à data da publicação desta Emenda .

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prejudiciais à saúde ou à integridade física, durante 15, 20 ou 25 anos . - NECESSÁRIA a efetiva demonstração da exposição do segurado a agente prejudicial à saúde , conforme a nova redação atribuída ao § 4º do art. 57 do PBPS. - DESNECESSÁRIO que a atividade CONSTE DO ROL DAS NORMAS REGULAMENTARES , mas imperiosa a existência de laudo técnico que comprove a efetiva exposição a agentes nocivos (Súmula 198 TFR). - anexo IV do Decreto n. 3.048/99 : tempo de serviço de 15, 20 ou 25 anos exigido para a aposentadoria especial, levando em conta o grau de exposição do segurado aos agentes nocivos . - Carência: 180 contribuições - forma de comprovação : [EVOLUÇÃO HISTÓRICA] 1) [redação original do PBPS ]: cotejo da atividade com a classificação dos anexos I e II do Decreto n. 83.080/79 e Decreto n. 53.831/64, expressamente ratificados pelo art. 295 do Decreto n. 357/91 e pelo art. 292 do Decreto n. 611/92. � classificação realizada : � PELO AGENTE NOCIVO. � PELO GRUPO PROFISSIONAL – legislação presumia a exposição ao agente nocivo, bastava comprovar que fazia parte de determinado grupo profissional. 2) [Lei n. 9.032/95 ]: necessidade da efetiva demonstração da exposição do segurado a agente prejudicial à saúde = formulários SB 40 e DSS-30. � houve a extinção da classificação pelo grupo profissional, permanecendo, tão somente, a classificação pelo agente nocivo. � em todos os casos passa-se a exigir a demonstração da efetiva exposição aos agentes nocivos. 3) [Decreto n. 2.172/97 ] (regulamentou a Lei n. 9.528/97): passou-se a exigir LAUDO TÉCNICO . 4) o que está em vigor hoje : empresa deve elaborar e manter PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO abrangente de todas as atividades desenvolvidas pelo trabalhador e, quando rescindido o contrato de trabalho, fornecer-lhe cópia autêntica desse documento [art. 58, § 4º, PBPS]. � a previdência passou a exigir um documento (SB40 e DSS30; Laudo técnico; PPP) no tempo que ele não era exigido. A jurisprudência entende que a comprovação deve se dar pela REGRA VIGENTE NO PERÍODO QUE A

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ATIVIDADE ERA EXERCIDA . [tempus regit actus] - PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCIÁRIO : modelo instituído pelo INSS = documento histórico laboral do segurado, que deve conter registros ambientais, resultados de monitoração biológica e dados administrativos, além de outras informações [art. 68, § 8º, RPS]. � EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL [EPI] – empresa deve fornecer. � a previdência alegava que se o trabalhador trabalhava com EPI não teria direito ao benefício. - o equipamento minimiza o risco, mas não elimina. - súmulas STJ e da turma de uniformização (súm.09) – o fornecimento de EPI não descaracteriza a natureza especial da at ividade. � APOSENTADORIA ESPECIAL E RECONHECIMENTO DO ADICIONAL PELA JUSTIÇA DO TRABALHO -adicional reconhecido na justiça do trabalho não é suficiente , por si só , para o reconhecimento do direito à aposentadoria especial. Nesse caso, servirá, apenas, como início de prova. � CONVERSÃO DO TEMPO ESPECIAL EM COMUM� - art. 57, § 5º, Lei 8.213/91 (incluído pela Lei 9.032/95) – tempo de trabalho exercido sob condições especiais que sejam ou venham a ser considerados como especial será somado após a conversão em tempo de atividade comum segundo critérios estabelecidos . � é possível utilizar o tempo de atividade especial dando um valor maior. Nesse caso, o tempo considerado será maior que o efetivamente trabalhado. - é necessário diferenciar cada uma das situações – não pode simplesmente somar esses tempos. - quanto à possibilidade de conversão : [EVOLUÇÃO HISTÓRICA] - sujeito ativo : o SEGURADO EMPREGADO , o TRABALHADOR AVULSO e o CONTRIBUINTE INDIVIDUAL FILIADO A COOPERATIVA DE TRABALHO OU DE PRODUÇÃO que tenha trabalhado pelo período de 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso, sujeito a condições especiais que prejudiquem sua saúde ou sua integridade física. O contribuinte individual também tem esse direito reconhecido, conforme Súm. 62 da TNU (ver abaixo). � INCONSTITUCIONALIDADE DO FATOR PREVIDENCIÁRIO - CF rejeitou o requisito da idade mínima, não poderia haver uma lei infraconstitucional incluindo a questão da idade. - inconstitucionalidade nomodinâmica. [alteração do texto em uma casa, sem voltar para a apreciação da outra] - violação do princípio da isonomia: mesmo expectativa de vida para

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todos. - mulheres e homem possuem expectativa de vida diferentes– [tratamento igual de desiguais] - unificação da expectaiva em todo o território [a expectativa é diferente nas diferentes regiões] - nas tabelas do IBGE RMI: 100 % DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO. IMPORTANTE: O Beneficio será automaticamente suspenso se o segurado permanecer ou retornar à atividade sujeitas àquelas condições. Ele pode, entretanto, realizar serviços em qualquer outra atividade sob condições comuns. Outras informações. 79 O rol de agentes nocivos é exaustivo. Já as atividades listadas, nas quais poderá haver a exposição, são exemplificativas. O importante é comprovar que, concretamente, aquela atividade exercida pelo indivíduo o submete a um dos agentes nocivos listados pelo Poder Executivo. Súm. 62 da TNU (3.7.12) - O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física. Súm. 55 da TNU (7.5.12) - A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria. Súm. 49 da TNU (15.3.12) - Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. 6.7 - SALÁRIO-FAMÍLIA - fundamento legal : está na CF – para os dependentes do segurado de baixa renda. - beneficiários : devido ao segurado em razão da existência de dependentes. Trata-se de valor fixo percebido pelo segurado em razão da existência de filho ou equiparado de qualquer condição até quatorze anos de idade ou inválido. � TITULARIDADE DO BENEFÍCIO 1) EMPREGADO 2) AVULSO 3) Aposentado [por idade, invalidez, demais aposentados que tenham 65 (h) e 60 (m)] 4) Quem está em gozo de auxílio doença [hipótese com previsão no Decreto] 5) servidor sem regime próprio de previdência

79 Em parte, extraído do resumo TRF5 – JUN/2012.

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� NÃO TÊM DIREITO BENEFÍCIO : - segurados empregados domésticos; - contribuintes individuais; - segurados especial - facultativos. � o sujeito passivo : é o INSS (será ele que será onerado); � a empresa paga ao segurado empregado, mensalmente, junto com seu salário; � a empresa faz a compensação do que pagou a título de salário-família com os valores da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a seu cargo. - recebimento pelo aposentado : INSS já irá inserir o valor juntamente com a aposentadoria paga. - SALÁRIO-FAMÍLIA não substitui a RENDA ou o SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO . - objetivo do salário-família : destina-se a dar ao trabalhador de baixa renda condições de propiciar o sustento e a educação de seus filhos [Lei n.4.266/1963]. - o VALOR DAS COTAS não se incorpora ao SALÁRIO ou ao SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO. - fato gerador (contingência) : ser segurado empregado ou avulso com RENDA BRUTA NÃO SUPERIOR A R$ 915,05 que mantém FILHOS DE ATÉ 14 ANOS DE IDADE INCOMPLETOS ou INVÁLIDOS DE QUALQUER IDADE . � são equiparados os enteados e os tutelados que não tenham condições de manter o próprio sustento. � requisitos: DEVEM ESTAR VACINADOS DEVEM FREQUENTAR ESCOLAR. - carência : INDEPENDE DE CARÊNCIA . [art. 26, I, PBPS] - valor da renda mensal : é pago em Nº DE COTAS igual ao Nº DE DEPENDENTES cuja existência dá direito ao benefício. � valor da cota é fixo : a renda mensal não tem como base de cálculo o salário-de-benefício. � valor da cota: [Portaria MPS/MF n. 02, de 06-1-2012] - remuneração < R$ 608,80 � R$ 31,22 - remuneração > de R$ 608,80 < de até R$ 915,05 � R$ 22,00. - DIB (termo inicial do benefício) : é a data da apresentação da

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documentação exigida em lei [art. 67, PBPS] � termo final [art. 88, RPS]: i) por MORTE do filho ou equiparado, a contar do mês seguinte ao do óbito; [no mês da data morte é devido o benefício] ii) quando o filho ou equiparado COMPLETAR 14 ANOS DE IDADE, salvo se inválido, a partir do mês seguinte ao da data do aniversário; iii) quando RECUPERADA A CAPACIDADE DO FILHO OU EQUIPARADO INVÁLIDO , a partir do mês seguinte ao da cessação da incapacidade; iv) pelo DESEMPREGO DO SEGURADO. 6.8 - SALÁRIO-MATERNIDADE - Contingência : SER MÃE, ADOTAR ou OBTER GUARDA JUDICIAL PARA FINS DE ADOÇÃO DE CRIANÇA DE ATÉ 8 ANOS DE IDADE . - criança com idade superior a 8 anos não gera direito ao benefício. - Fato gerador 1) Maternidade biológica Salário maternidade devido por 120 dias [28 dias antes do parto/ dia do parto/ 91 dias depois do parto] Atestado médico específico poderá promover a prorrogação por mais 4 semanas [2s emanas antes do parto, 2 semanas depois do parto]. A Lei 11.770/08 estendeu por mais 60 dias o prazo do salário-maternidade, mas sendo pago pela empresa, não havendo correspondência na lei previdenciária. 2) Maternidade pela adoção -adoção ou guarda judicial para fins de adoção [não é somente no caso de adoção]. - Beneficiárias (sujeito ativo): segurada empregada, empregada doméstica, trabalhadora avulsa, segurada servidora pública sem regime próprio de previdência, segurada contribuinte individual, segurada especial e segurada contribuinte facultativa que tenha filho, adote ou obtenha guarda judicial para fins de adoção de criança de até 8 anos de idade. � Atenção : haverá percepção do benefício até o momento que o filho atingir 8 anos, se houver adoção com 7 anos e 10 meses, haverá percepção do benefício apenas por 2 meses. - sujeito passivo : o INSS é sempre o sujeito passivo onerado. O pagamento do benefício, entretanto, varia de acordo com o tipo de segurada - carência : o PERÍODO DE CARÊNCIA VARIA ou NÃO EXISTE: - SEGURADAS EMPREGADA , EMPREGADA DOMÉSTICA e AVULSA : INDEPENDE DE CARÊNCIA . - SEGURADAS CONTRIBUINTE INDIVIDUAL e SEGURADA FACULTATIVA : 10 CONTRIBUIÇÕES MENSAIS ;

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- SEGURADA ESPECIAL : não comprovará carência, mas sim, o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos 10 meses imediatamente anteriores ao do início do benefício (art. 39, § único, PBPS). � é reduzido, em caso de parto antecipado, em número de contribuições equivalente ao número de meses da antecipação (art. 25, § único, PBPS). � previsão na lei: segurada especial deverá comprovar que trabalhou nos 10 meses anteriores; � regulamento: o texto do regulamento determina que a demonstração deva ocorrer de acordo com 10 meses. � discussão: ordenamento é mais benéfico, mas o ordenamento não pode modificar a lei. [acompanhar eventual posicionamento da banca sobre a questão]. O que tem prevalecido na jurisprudência é o prazo de 10 meses. - cálculo do valor da renda mensal : SEGURADA EMPREGADA : o valor de sua última remuneração integral. �a RENDA MENSAL DO BENEFÍCIO não está sujeita ao limite máximo do salário-de-contribuição [STF, ADI 1946]; - deve observar o teto do funcionalismo. É pago pela empresa. Fugindo à regra geral, o salário-maternidade devido à empregada do microempreendedor individual (MEI) será pago diretamente pela Previdência Social (Lei nº 8.213/91, art. 72, § 3º). SEGURADA TRABALHADORA AVULSA : o valor da remuneração integral equivalente a um mês de trabalho [art. 100, RPS] SEGURADA EMPREGADA DOMÉSTICA : o valor do seu último salário-de-contribuição; SEGURADA ESPECIAL : um salário mínimo; SEGURADA ESPECIAL QUE CONTRIBUA FACULTATIVAMENTE COMO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL : 1/12 do valor sobre o qual incidiu sua última contribuição anual; SEGURADA CONTRIBUINTE INDIVIDUAL E FACULTATIVA : 1/12 (um doze avos) da soma dos 12 últimos salários-de-contribuição apurados em período não superior a 15 meses. Importante observação: Súm. 45 da TNU (14.12.11): Incide correção monetária sobre o salário-maternidade desde a época do parto, independentemente da data do requerimento administrativo. Atentar, contudo, para a regra do art. 103, § único, referente à prescrição quinquenal. - DIB (termo inicial) : pode ocorrer dentro dos 28 dias que antecedem o parto, podendo ser antecipado em 2 semanas em casos excepcionais, atestados por médico. �data da adoção ou da guarda judicial para fins de adoção. �guarda judicial para fim de tutela não gera direito ao benefício.

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�obs.: nos casos de complicações com a gestação pode ser fato gerador para a percepção do auxílio-doença. - termo final : em regra, ao cabo dos 91 DIAS APÓS O PARTO , antecipado ou não. � possibilidade de ACRÉSCIMO DE MAIS 2 SEMANAS , em casos EXCEPCIONAIS, mediante ATESTADO MÉDICO ESPECÍFICO [art. 93, § 3º, RPS] - a duração do salário-maternidade em caso de adoção: -até 1 ano: 120 DIAS. -1 ano até 4 anos: 60 DIAS. -4 anos até 8 anos: 30 DIAS. Obs. na ACP nº 5019632-23.2011.404.7200/RS, J. 3.5.12, ficou o INSS obrigado a promover a igualdade de direitos entre mães adotivas e biológicas em todo o país, ou seja, todas terão direito a 120 dias de SM, independente da idade da criança. A decisão, segue a revogação do art. 392, §§ 1 a 3º da CLT, que não mais diferencia mãe biológica e adotiva. BENEFÍCIOS DEVIDOS AOS DEPENDENTES 80 Só para dependentes: pensão por morte e auxílio-reclusão. Para segurados e dependentes: reabilitação profissional e serviço social. -dependentes : [art. 16, Lei 8.213/91] � CÔNJUGE/COMPANHEIRA � FILHO < 21 ANOS OU INVÁLIDO ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; � PAIS � IRMÃOS NÃO EMANCIPADOS < 21 ANOS OU INVÁLIDOS ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. 6.9 - PENSÃO POR MORTE - requisitos : 1) QUALIDADE DE SEGURADO DO INSTITUIDOR 2) QUALIDADE DE DEPENDENTE DO TITULAR 3) FATO GERADOR : ÓBITO 1) QUALIDADE DE SEGURADO DO INSTITUIDOR - se o segurado perdeu a qualidade de segurado, mas já tinha completado os requisitos para alguma

80 A parte que tratava dos dependentes foi excluída, verificar o PONTO 02, que incorporou as anotações não repetidas deste tópico.

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aposentadoria, haverá direito ao benefício [art. 102, Lei 8.213/91] – súmula do STJ. � A lei prevê a concessão da pensão por morte após a perda da qualidade de segurado? SIM, nos termos do ART. 102, §§ 1° E 2° DA LEI 8213/91 (já havia cumprido os requisitos para a aposentação ). Já havia direito adquirido a qualquer espécies de aposentadoria , a pensão por morte é garantida aos dependentes . � E se não havia implementado os requisitos para a co ncessão da aposentadoria? a jurisprudência entende que não há direito ao benefício. Turma do TRF 3 tem um posicionamento diferenciado – aguarda-se o momento que essa pessoa completaria o requisito (ex.: idade mínima), a partir de então seria realizada a aposentadoria virtual, tendo início a pensão por morte. 2) QUALIDADE DE DEPENDENTE DO TITULAR 3) FATO GERADOR : ÓBITO � modalidades : a) COMPROVADO (certidão de óbito) b) PRESUMIDO i) AUSÊNCIA ii) ACIDENTE OU CATASTROFE i) AUSÊNCIA � prazo: 6 MESES [não segue o Código Civil] + declaração judicial. � jurisprudência majoritária entende que a autoridade competente para tal declaração é a justiça federal [trata-se de ausência para fins previdenciário e não para fins sucessório] � Quem é competente para declarar judicialmente a aus ência para fins previdenciários? A justiça comum federal ou es tadual? - segundo Prof. Omar [Federal]: � REGRA: JUSTIÇA COMUM ESTADUAL . � EXCEÇÃO: como questão prejudicial pode ser julgada pela JUSTIÇA FEDERAL [art. 469, III, CPC] - jurisprudência do STJ : competência da Justiça Federal . � compete à Justiça federal , e não ao Juizado Especial Federal , processar e julgar a ação de declaração de ausência com a finalidade de perce pção de benefício previdenciário . [necessidade da citação editalícia e o rito do art. 18, § 2º da Lei 9.099/95 não admite a citação editalícia]. ii) ACIDENTE OU CATASTROFE � independe de prazo e de declaração judicial. � reaparecimento : salvo má-fé, não precisa devolver se reaparecer.

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- renda mensal inicial (RMI) i) 100% do valor que o segurado receberia se estivesse APOSENTADO POR INVALIDEZ � na prática 100% do SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO (que é a média aritmética atualizada dos 80% maiores salários-de-contribuição, desde julho de 1994) ii) 100% do valor da APOSENTADORIA se o segurado já era aposentado quando do fato gerador. � exceções : � SEGURADO ESPECIAL : receberá 1 SALÁRIO MÍNIMO [art. 39, I, Lei 8213/91] � SEGURADO DE BAIXA RENDA : 1 SALÁRIO MÍNIMO . � recolhe 11% ou 5% sobre um salário mínimo [art. 21, §§ 2° e 3°, Lei 8212/91]. Filho com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada: sua cota será reduzida 30%. ATENÇÃO : A Lei nº 12.470, de 31/08/2011, acrescentou o § 4º ao art. 77 da Lei nº 8.213/91, determinando que “a parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30%, devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora”. Assim, mesmo que passe a exercer atividade remunerada, este filho permanece com a qualidade de dependente mantida, tendo apenas uma redução de 30% do valor da pensão enquanto estiver exercendo tal atividade. - data de início do benefício (DIB) � REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO NO PRAZO DE 30 DIAS DO FG: � DATA DO ÓBITO ou � DATA DA DECLARAÇÃO JUDICIAL DE AUSÊNCIA . � REQUERIMENTO APÓS O PRAZO DE 30 DIAS : DATA DA ENTRADA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO (DER). ***atenção*** se for menor de 16 anos ou incapaz esse prazo não corre. - NÃO HÁ CARÊNCIA . [art. 26, I, Lei 8.213/91] � a existência da carência decorre da necessidade do equilíbrio atuarial. - a carência é tanto maior quanto mais programável for o benefício. [ex.: a morte não é um evento programável].

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- necessidade da qualidade de segurado . � atenção: a verificação quanto a qualidade de segurado deve ser feita no momento do fato gerador, e não no momento que o benefício é solicitado. - beneficiários da pensão por morte : dependentes previstos nas 3 classes do artigo 16 da lei 8213/91. � Qual a legislação que deve ser aplicada na concessã o da pensão por morte? é possível a retroação da lei nova mais benéfica? - aplicação da legislação vigente no momento da ocorrência do fato gerador, conforme posição pacífica do STF e Súmula 340 do STJ. � O que o legislador quis dizer com o disposto no art igo 76, §1º, LEI 8.213/91? - discussão quanto à forma correta de interpretação do dispositivo em relação à separação de fato originada de ausência e posterior união estável, em especial a exigência de demonstração de prova de dependência econômica. “(...) mediante prova da dependência econômica. ” � interpretação do dispositivo – expressão ausente deve ser interpretada de acordo com o seu sentido técnico. (interpretação mais restritiva possível). [somente no caso de ausência (tratada da forma da legislação civil) que o cônjuge deverá provar da dependência econômica] - caso contrário deveria ser reconhecida a inconstitucionalidade do dispositivo. � COTAS DE PENSÃO� [pegar anotações no caderno] - antes de Lei 9.034/95 - 80% + 10% por dependente até o máximo de 100%. - depois da Lei 9.034/95 - 100% Questões importantes: � Novo casamento e a pensão por morte - novo casamento não cessa o benefício, caso o novo marido falecer a esposa terá que optar pela pensão mais vantajosa. � Concorrência entre esposa e concubina - discussão quanto à existência de direito à pensão por morte por parte da concubina, haveria direito de concorrer como dependente? - STF: entendimento de que a CONCUBINA não pode ser considerada como DEPENDENTE , a cobertura do sistema previdenciário não abrangeria tal figura. - STJ: entendimento que CONCUBINA não tem direito à PENSÃO PREVIDENCIÁRIA em razão do impedimento de um dos companheiros para o casamento não poder caracterizar a união estável.

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� a proteção da lei submete-se ao reconhecimento da união estável, que exige, tal como apregoado pela jurisprudência, que ambos (segurado e companheira) sejam: � SOLTEIROS, SEPARADOS (DE FATO OU JUDICIALMENTE ), DIVORCIADOS ou VIÚVOS; � CONVIVÊNCIA EM UMA ENTIDADE FAMILIAR , ainda que não sob o mesmo teto � Competência para reconhecimento de união estável pa ra fins de recebimento de benefício previdenciário : há entendimento de que o RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL poderá ser realizado pela JUSTIÇA FEDERAL na AÇÃO PREVIDENCIÁRIA , posto que tal análise de daria como QUESTÃO INCIDENTAL. Mas há recente entendimento do STJ que, aplicando a SÚMULA 53 DO TRF , entende que compete à JUSTIÇA ESTADUAL processar e julgar questões pertinentes ao DIREITO DE FAMÍLIA , ainda que estas objetivem REIVINDICAÇÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDE NCIÁRIOS. � Pedido de reconhecimento de condição de dependente (para recebimento de pensão por morte ) e a necessidade de participação dos dependentes que já recebem o benefício : é necessário reconhecer INTERESSE PROCESSUAL e sua LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM (art. 3º, CPC). IMPORTANTE: Apesar da divergência jurisprudencial, é majoritário, inclusive com decisões do STJ e TRF 1, o entendimento no sentido da impossibilidade de recolhimento das contribuições pós mortem em se tratando de contribuinte individual. Tal entendimento restou consolidado pela TNU: Súm. 52 da TNU (18.4.12) - Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços. � A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado (súmula 340 do STJ). 6.10 - AUXÍLIO-RECLUSÃO - legislação : [art. 201, IV, CF; art. 80, Lei 8.213/91] - fato gerador : � RECOLHIMENTO À PRISÃO [no REGIME FECHADO, SEMI-ABERTO ] OU FEBEM. [internação nos termos do ECA] - requisitos : 1) QUALIDADE DE SEGURADO 2) QUALIDADE DE DEPENDENTE 3) FATO GERADOR: PRIVAÇÃO DA LIBERDADE

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- independe do crime cometido [já foi objeto de questionamento em concurso] - tipos de prisão reconhecidos como fato gerador do b enefício : � RECLUSÃO � DETENÇÃO � PRISÃO E SOB A CUSTODIA DO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVE NTUDE - tipo de regime : � FECHADO � SEMI-ABERTO ***atenção*** prisão em regime aberto não permite a percepção do benefício. - não é necessário o TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA. [pode se concedido em razão de prisão processual ] � PRISÃO CIVIL COMO FATO GERADOR - doutrina é divergente, não há posicionamento jurisprudencial. - BAIXA RENDA [requisito incluído pela EC 20] (SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO INFERIOR A R$. 915,05) - BAIXA RENDA - mesma baixa renda do salário família. � A BAIXA RENDA É DO SEGURADO OU DO DEPENDENTE? - a interpretação gramatical não permite identificar [crítica à redação do dispositivo] - posicionamento do STF : SEGURADO. [RE 587365 e RE 486413, 25.03.2009] � a renda a ser considerada para a concessão do auxílio-reclusão de que trata o art. 201, IV, da CF, com a redação que lhe conferiu a EC 20/98, é a do segurado preso e não a de seus dependentes NÃO RECEBIMENTO DE: � APOSENTADORIA � REMUNERAÇÃO PELA EMPRESA � AUXÍLIO DOENÇA � ABONO DE PERMANÊNCIA EM SERVIÇO - renda mensal inicial (RMI) � 100% do valor que o segurado receberia se estivesse APOSENTADO POR INVALIDEZ . � na prática 100% do salário-de-benefício � exceções : � SEGURADO ESPECIAL : receberá 1 SALÁRIO MÍNIMO � SEGURADO DE BAIXA RENDA : 1 SALÁRIO MÍNIMO . � recolhe 11% ou 5% sobre um salário mínimo [art. 21, §§ 2° e 3°, Lei 8212/91].

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- data de início do benefício (DIB) � requerimento administrativo no prazo de 30 dias do fg : data do recolhimento à prisão � requerimento após o prazo de 30 dias : data da entrada do requerimento administrativo (DER). ***atenção*** se for < DE 16 ANOS ou INCAPAZ esse prazo não corre . (a data de início do benefício será a data do recolhimento ) - NÃO HÁ CARÊNCIA . [art. 26, I, Lei 8.213/91] � não se trata de um evento programável, por isso a inexistência da carência. - o benefício exige a qualidade de segurado . - nesse caso não adianta estar aposentado, não é possível acumular tais benefícios. [se for aposentado ficará sem direito ao benefício] � aposentadoria enquanto tiver preso, e os dependentes estão recebendo o auxílio reclusão – suspensão do auxílio reclusão. - beneficiários do auxílio reclusão : dependentes previstos nas 3 classes do artigo 16. � OUTRAS REGRAS� 1. � pode trabalhar no sistema penitenciário, mas deve contribuir para a PREVIDÊNCIA SOCIAL . - o recluso pode exercer atividade durante a privação da liberdade, com ou sem a intermediação da organização carcerária. Se exercer atividade será qualificado como CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Não haverá prejuízo o AUXÍLIO RECLUSÃO . � incapacidade em decorrência da atividade exercida : se quiser receber o auxílio doença terá que atender dois requisitos: a) terá que ser mais vantajoso; b) terá que contar com a concordância do dependente. 2.� impossibilidade de recebimento do auxílio reclusão se estiver recebendo SALÁRIO DA EMPRESA , AUXÍLIO-DOENÇA ou APOSENTADORIA . 3.� FUGA DO PRESO: caso fuja o benefício será SUSPENSO (não há mais fato gerador) e apenas será reativado se, quando da nova prisão, O SEGURADO MANTIVER A QUALIDADE DE SEGURADO . � deve ter sido preso dentro do período de graça (dentro dos 12 meses após a fuga). � FUGA - benefício é suspenso , ocorrendo a recaptura o benefício poderá ser reativado, o que ocorrerá se ainda ostentar a qualidade se segurado

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[período de graça – 12 meses] � exercício de atividade enquanto estava solto – o período que exercer a atividade é contado para os fins de manter a qualidade de segurado. 4.� os BENEFICIÁRIOS devem demonstrar, de três em três meses, a permanência do segurado na prisão . 5.� MORTE DO PRESO: o benefício se converte automaticamente em PENSÃO POR MORTE. � não será necessário o requerimento, é automático com a data da morte. 6.� A jurisprudência aponta pela necessidade de verificação da qualidade de dependente ao tempo do fato gerador do benefício (prisão), Desta forma, o casamento/união estável após o encarceramento não enseja o reconhecimento da qualidade de dependente. 7. � O artigo 13 da EC 20/98 é constitucional? Art. 13 - Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servidores, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publicação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social. - sim, pois cumpre com o PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE . [JURISPRUDÊNCIA E DOUTRINA MAJORITÁRIA ] OU - não, pois os DIREITOS SOCIAIS são DIREITOS FUNDAMENTAIS , portanto cláusula pétrea e a emenda aboliu o benefício para parte dos dependentes da previdência social; ademais infringiu a isonomia [posição adotada pelo MPF, e por Marcus Orione (Direito da S eguridade Social) ]. 6.11 - ABONO ANUAL [art. 40, Lei 8.213/91] - trata-se do “13º SALÁRIO ” do BENEFICIÁRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. - valor - corresponde ao VALOR DE DEZEMBRO. - benefícios que dão direito ao abono : i)APOSENTADORIA; ii)AUXÍLIO-DOENÇA; iii)AUXÍLIO-ACIDENTE; iv)AUXÍLIO-RECLUSÃO; v)PENSÃO POR MORTE; -benefícios que não dão direito ao abono : i)BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA ii)SALÁRIO-FAMÍLIA iii)SEGURO-DESEMPREGO

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7 - CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIOS - legislação – [art. 86 E 124 LEI N. 8213/91]. -hipóteses nas quais não é possível cumular (SALVO DIREITO ADQUIRIDO): �MAIS DE UMA APOSENTADORIA �APOSENTADORIA E AUXÍLIO-DOENÇA �APOSENTADORIA E AUXÍLIO-ACIDENTE �MAIS DE UMA PENSÃO DE CÔNJUGE OU COMPANHEIRO . �MAIS DE UM AUXÍLIO-ACIDENTE . �SALÁRIO-MATERNIDADE E AUXÍLIO-DOENÇA �SEGURO-DESEMPREGO E TODOS OS BENEFÍCIOS (EXCETO PENSÃO POR MORTE E AUXÍLIO-ACIDENTE ) �BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA E TODOS OS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS �QUESTÕES CONTROVERTIDAS� 1. A vedação do recebimento conjunto de auxílio-acidente e aposentadoria é constitucional? JURISPRUDÊNCIA MAJORITÁRIA entende que SIM. 2. É possível receber de forma cumulativa auxílio-acidente e aposentadoria antes da lei 9528/97? A JURISPRUDÊNCIA ENTENDE que SIM. 3. É possível a renúncia de auxílio-acidente de valor inferior a um salário mínimo para receber benefício de prestação continuada? - entendo que NÃO. 4. É possível receber de forma cumulativa mais de uma pensão por morte de cônjuge ou companheiro, de regimes previdenciários diferentes? e aposentadoria? SIM. 5. Fere o princípio da isonomia a vedação de recebimento de auxílio-doença e aposentadoria? NÃO (majoritária na doutrina) 6. É cabível o recebimento de benefício de prestação continuada (loas) e outro benefício assistencial (EX. bolsa família)? SIM. 8 – PRESCRIÇÃO e DECADÊNCIA NO RGPS A prescrição e a decadência no Direito Previdenciário se operam tanto em relação ao custeio (ao direito da Fazenda de lançar – decadência – ou cobrar – prescrição – créditos tributários referentes às contribuições – art. 173 e 174 do CTN – cf. Ponto do Direito Tributário, bem como o art. 253 do Dec. 3.048/99) quanto em relação aos benefícios (ao direito do contribuinte de pretender alterar

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– decadência – ou de cobrar as diferenças – prescrição – de benefícios previdenciários).81 8.1. AÇÃO PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO: -prazo : 10 ANOS (art. 103, caput)82. -termo inicial : � dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação; ou � do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. Obs. IMPORTANTES: - O art. 103, caput, sofreu redação da MP 1.523/97, conv. na Lei 9.528/97, MP 1.663-15, conv. na Lei 9.711/98 e MP 138, conv. na Lei 10.839/04. Assim, este prazo de 10 anos somente se aplica para benefícios concedidos após a lei 10.839/2004. Para benefícios concedidos anteriormente, aplica-se o prazo de 5 anos do art. 54 da Lei n. 9.784/99 ante a aplicação do principio tempus regit actum. Nesse sentido: “A Lei nº 10.839/04 não tem incidência retroativa, d e modo a impor, para os atos praticados antes da sua entrada em vigor , prazo decadencial com termo inicial na data do ato.” (STJ, RESP n.° 540904, Processo n.° 200301057811/RS, 6ª TURMA, DJ 1/7/2005, p. 654, Relator(a) HAMILTON CARVALHIDO, unanimidade). E também: “III - Embora a suspensão (11/07/2002) do benefício tenha ocorrido após cinco anos de sua concessão (26/06/19 95), não ocorreu a decadência de que trata o artigo 54, da Lei 9.784/9 9, tampouco a que se refere a Lei 10.839/2004, haja vista o entendimento firmado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, através de sua Corte Especial (MS 9.157/DF Rel. Min. Eliana Calmon, em 16/02/2005, informativo nº 235), no sentido de que o termo a quo para o curso do prazo decadencial é a data de vigência da lei (1º de fevereiro de 1999), e não a data de c oncessão do benefício.” (TRF 2ª REGIÃO, AMS N.° 51438, Processo N.° 2002510 60023473/RJ, 1ª TURMA ESP., DJU 6/3/2006, P. 285 Relator(a) JUIZ ALUISIO GONCALVES DE CASTRO MENDES, unanimidade); - No entanto, há uma nova corrente (PEDILEF 2006.70.50.007063-9/PR, DJ 24.6.2010) que entende haver a decadência para os benefícios anteriores à MP 1.523-9 – 27.6.97, estando tal discussão no STF, em repercussão geral no RE 626.489-SE desde 17.09.2010.

81 Extraído, em parte, do Resumo TRF5 – jun/2012. 82 Art. 103. É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo. (Redação dada pela Lei nº 10.839, de 2004)

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- A introdução de prazo decadência não extingue o direito à concessão, mas somente o direito de REVISAR o ato de concessão, devendo ser interpretado restritamente. - No entanto, há entendimento de que esse prazo é inconstitucional (cf. Marina Duarte e José A. Savaris, cada um por fundamento diverso). 8.2. AÇÃO PARA REAVER PRESTAÇÕES VENCIDAS / RESTITUIÇÕES / DIFERENÇAS DEVIDAS PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL : -prazo : 05 ANOS (art. 103, p. ú).83 -termo inicial : o prazo prescricional se renova nas prestações de trato sucessivo (cf. Súm. 85, STJ). �ressalva no caso em que envolver MENOR, ABSOLUTAMENTE INCAPAZ ou AUSENTE. - Quando o menor completa 16 anos começa a correr o prazo prescricional. 8.3. ANULAÇÃO DE ATOS ADMINISTRATIVOS DE QUE DECORR AM EFEITOS FAVORÁVEIS PARA OS BENEFICIÁRIOS : - prazo : 10 ANOS (art. 103-A, caput)84. - termo inicial : DATA EM QUE FORAM PRATICADOS, salvo comprovada MÁ-FÉ. - considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. - SÚM. 51 TNU (15/3/12) - Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento. 8.4. AÇÕES RELACIONADAS A ACIDENTE DO TRABALHO : - prazo : 05 ANOS (art. 104, caput)85. - termo inicial : � DATA DO ACIDENTE , quando dele resultar a MORTE ou a INCAPACIDADE TEMPORÁRIA , verificada esta em PERÍCIA MÉDICA a cargo da Previdência Social; ou � DATA EM QUE FOR RECONHECIDA PELA PREVIDÊNCIA SOCIAL , a INCAPACIDADE PERMANENTE ou o AGRAVAMENTO DAS SEQÜELAS DO ACIDENTE.

83 Art. 103. (…) Parágrafo único. Prescreve em cinco anos, a contar da data em que deveriam ter sido pagas, toda e qualquer ação para haver prestações vencidas ou quaisquer restituições ou diferenças devidas pela Previdência Social, salvo o direito dos menores, incapazes e ausentes, na forma do Código Civil. (Incluído pela Lei nº 9.528, de 1997) 84 Art. 103-A. O direito da Previdência Social de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os seus beneficiários decai em dez anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004) § 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo decadencial contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004) § 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. (Incluído pela Lei nº 10.839, de 2004) 85 Art. 104. As ações referentes à prestação por acidente do trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no art. 103 desta Lei, contados da data: I - do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou II - em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das seqüelas do acidente.

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- No caso de cessação do benefício, a suspensão somente cessa quando for julgado definitivamente o recurso contra essa decisão no processo administrativo. Obras utilizadas CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 14. ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012. DUARTE, Marina Vasques. Direito Previdenciário. 3ª ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2008. IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de Direito Previdenciário, 12ª ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Impetus, 2008. SANTOS, Marisa Ferreira dos. Direito previdenciário esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011. SAVARIS, José Antônio. Direito processual previdenciário. 3ª ed. Curitiba: Juruá, 2011. SERAU JÚNIOR, Marco Aurélio. Desaposentação. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 07

Cálculo de benefícios. Valores mínimo e máximo. Rea justes, revisões e valor real. Atualizações em azul Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012

CÁLCULO DE BENEFÍCIOS

� Salário-de-benefício: É a base de cálculo onde será aplicado coeficiente determinado pela lei e de que resultará a Renda Mensal Inicial - RMI - do benefício de prestação continuada, inclusive o regido por norma especial e o decorrente de acidente de trabalho. Quantia apurada por uma média dos salários–de-contribuição do segurado, sob a presunção de eles indicarem o nível da fonte de subsistência do trabalhador, substituível pela prestação continuada. Dois benefícios, contudo, não têm esta base de cálculo: o salário-família , cujo valor é o mesmo para todos os beneficiários que a ele fazem jus, e o salário-maternidade , que corresponde à remuneração integral, no caso da segurada empregada ou trabalhadora avulsa em licença-gestante (art.72 da Lei 8.213/91); para a empregada doméstica, o valor do seu último salário-de-contribuição; para a segurada especial, 1/12 do valor sobre o qual incidiu a última contribuição anual; e, para a contribuinte individual e a facultativa, 1/12 da média dos últimos 12 salários-de-contribuição apurados em período não superior a quinze meses (art.73 da Lei 8.213/91). Também excepcionam a regra a pensão por morte e o auxílio-reclusão , pois nunca vão possuir salário-de-benefício próprio. A pensão por morte é apurada com base no valor da aposentadoria que o segurado recebia (caso o falecimento tenha ocorrido após o jubilamento) ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data do seu falecimento (art. 75 da Lei 8.213/91). O auxílio-reclusão é devido com base no valor da aposentadoria por invalidez a que o segurado faria jus, na data do deferimento do benefício (art. 80 da Lei 8.213/91).

VALORES MÍNIMO E MÁXIMO

O valor do salário-de-benefício não será inferior a um salário mínimo, nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição na data do início do benefício. (ver ponto 5 – salário-de-contribuição)

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Atenção: não há correspondência exata e absoluta entre o valor do salário-de-benefício e o valor do benefício. Este resulta de uma terceira operação aritmética (ver ponto 6 - renda mensal inicial). Quanto ao valor do benefício, a Constituição assegurou que nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (art.201, §5 – redação original, atualmente está no §2). Entretanto, a Previdência Social entendeu que essa norma não tinha aplicabilidade imediata, necessitando de lei regulamentadora, e, por isso, continuou a pagar benefícios em valor abaixo do salário mínimo. A questão chegou ao STF, que se posicionou no sentido da auto-aplicabilidade do §5 do art. 201, sendo que a matéria foi sumulada pelos TRFs (Súmula 23 do TRF1: “São auto-aplicáveis as disposições constantes dos parágrafos 5º e 6º, do art. 201 da Constituição Federal”).

FORMA DE CÁLCULO

O salário-de-benefício consiste: para a aposentadoria por idade e por tempo de contribuição, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicada pelo fator previdenciário ; na aposentadoria por idade, o fator previdenciário é de aplicação fa cultativa (só se for benéfica ao segurado será aplicada, conforme o art. 7º da Lei 9.876/99) para os benefícios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo (sem aplicação do fator previdenciário). - Segurado Especial. O salário-de-benefício consiste no valor equivalente ao salário-mínimo (art. 29, §6º, da Lei 8.213/91), salvo se o segurado especial contribuir facultativamente para a Previdência Social, caso em que o cálculo seguirá a regra geral aplicável aos demais segurados (art. 39, II, da Lei 8.213/91). São considerados no cálculo do salário-de-benefício: os ganhos habituais do segurado empregado, a qualquer título (moeda ou utilidades), sobre os quais tenha incidido contribuição previdenciária (exceto o 13º salário). - Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal, reajustado nas mesmas épocas e bases dos benefícios em geral, não podendo ser inferior ao valor de 1 (um) salário mínimo. - O valor mensal do auxílio-acidente integra o salário-de-contribuição, para fins de cálculo do salário-de-benefício de qualquer aposentadoria (art. 31 da Lei 8.213/91).

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FATOR PREVIDENCIÁRIO

É uma fórmula criada pela Lei 9.876/99, utilizada no cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria por tempo de contribuição (obrigatoriamente), e da aposentadoria por idade (facultativamente, se o resultado for mais benéfico para o segurado). Como a proposta de idade mínima para a aposentadoria por tempo de contribuição foi rejeitada durante a votação da EC 20/98, a criação do fator previdenciário foi a forma encontrada pelo legislador para desestimular as aposentadorias precoces, que terão seus valores consideravelmente reduzidos quanto mais cedo forem requeridas. O Plenário do STF, no julgamento da ADI 2.111-MC/DF, Rel. Min. Sydney Sanches, considerou constitucional o fator previdenciário, ao argumento de que “se a Constituição, em seu texto em vigor, já não trata do cálculo do montante do benefício da aposentadoria, ou melhor, dos respectivos proventos, não pode ter sido violada pelo art. 2º da Lei nº 9.876, de 26.11.1999, que, dando nova redação ao art. 29 da Lei nº 8.213/91, cuidou exatamente disso”. FORMULA DO CÁLCULO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO: No cálculo do fator previdenciário leva-se em consideração: � a idade do segurado; � o tempo de contribuição do segurado; � a expectativa de sobrevida do segurado (com base numa “tábua de mortalidade” elaborada periodicamente pelo IBGE, a partir de dados estatísticos que estimam a longevidade dos brasileiros).

Atividades Concomitantes Ocorre quando o segurado exerce mais de uma atividade vinculada à Previdência Social no período básico de cálculo, por exemplo, dois contratos de trabalho concomitantes. A disciplina legal da Lei de Benefícios busca equalizar a repercussão destas atividades no benefício a que o segurado faz jus. - Se o segurado contribuir em face das duas atividades que o filiam no RGPS, o salário-de-benefício será calculado pela soma dos salários-de-contribuição das atividades exercidas até a data do requerimento ou do óbito, ou no período básico de cálculo. - Quando o segurado satisfizer, em relação a cada atividade em separado, as condições do benefício requerido, o salário-de-benefício será calculado com base na soma dos respectivos salários-de-contribuição. Ex: segurado que trabalha, simultaneamente, como empregado e como autônomo: se vem a adoecer, e permanece incapaz por mais de 15 dias, tendo mais de 12 contribuições mensais sem atraso em cada uma das atividades, o valor do salário de benefício do seu auxílio-doença, leva em conta a soma dos salários de contribuição das atividades desempenhadas, obedecida a regra de inclusão

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no cálculo da “média” dos maiores salários de contribuição equivalentes a 80% do período contributivo. - Quando o segurado não tiver satisfeito em relação da cada atividade (hipótese supra) as condições do benefício requerido, o salário de benefício corresponderá à soma das seguintes parcelas: � o salário-de-benefício calculado com base nos salários-de-contribuição das atividades em relação as quais já foram satisfeitas as condições; e � um percentual da média dos salários-de-contribuição de cada uma das demais atividades (esse percentual é equivalente à relação entre o número de meses completos de contribuição e o número de meses do período de carência do benefício requerido OU, quando se tratar de aposentadoria por tempo de contribuição, à relação entre o número de anos de contribuição e os anos apurados para a obtenção do benefício. Explica-se: como no RGPS não se pode receber mais de uma aposentadoria, se o segurado atinge, em uma ou mais atividades, o tempo necessário para a obtenção do direito à jubilação, embora não em todas as atividades exercidas, e decide pelo recebimento do benefício, terá o salário de benefício calculado sobre a média da soma dos salários de contribuição das atividades em que implementou o tempo exigido, mais uma fração da média dos salários de contribuição das atividades nas quais não completou este tempo exigido, sendo o número de anos de contribuição dividido pelo número de anos considerado para a concessão do benefício (esse percentual não pode se superior a 100% do limite máximo do salário-de-contribuição). Ex1: segurado que trabalha como empregado e como autônomo, trabalha há 18 meses como empregado, mas conta com apenas 6 contribuições sem atraso como autônomo. Se fica incapacitado para o trabalho por mais de 15 dias, o seu salário-de-benefício consistirá na média dos salários de contribuição em valores integrais do emprego exercido, mais 6/12 (50%) da média dos maiores salários de contribuição da sua filiação como autônomo. Ex2: empregado e contribuinte individual que completou 35 anos de contribuição como empregado e 15 como autônomo, o salário-de-benefício de sua aposentadoria consistirá na média aritmética dos maiores salários de contribuição de 80% do seu período contributivo como empregado (ou 28 anos) acrescida de 15/35 avos da média aritmética dos maiores salários de contribuição de 80% do seu período contributivo como autônomo (12 anos), tudo isso multiplicado pelo fator previdenciário. Essas regras não se aplicam ao segurado que: � em obediência ao limite máximo do salário-de-contribuição, tenha contribuído somente em relação a uma das atividades; � tenha sofrido redução do salário-de-contribuição das atividades concomitantes em respeito ao limite máximo legal desse salário.

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REAJUSTES, REVISÕES E VALOR REAL

VALOR REAL: A Constituição Federal assegura a irredutibilidade tanto do valor nominal dos benefícios previdenciários (valor de face – art. 194, §ú, IV), quanto do seu valor real (poder aquisitivo – art. 201, §4º, da CF). Embora a CF admita a redução do salário decorrente de convenção ou acordo coletivo de trabalho (art. 7º, VI, da CF), essa exceção não se aplica aos benefícios previdenciários, que jamais podem ter seu valor nominal reduzido (aplicação do princípio da vedação ao retrocesso em matéria previdenciária). Não há que se confundir o preceito constitucional da manutenção do valor real do benefício com equivalência em número de salários mínimos. Manter o valor real significa reajustá-lo de acordo com a variação inflacionária, de modo a evitar diminuição injusta do seu poder de compra. Em momento algum quis o constituinte vincular a garantia ao salário mínimo. Apenas no período que vigorou o art. 58 do ADCT foi o valor dos proventos fixado em número de salários mínimos. A partir daí os indexadores foram aqueles fixados pelo legislador ordinário. O STF já reformou acórdão do TRF2, que adotou o salário mínimo como critério permanente de reajuste, por ofensa ao art. 7º, IV, da CR (RE 239912). O STF examinou, no RE nº 376.846-SC, a constitucionalidade dos reajustes dos benefícios previdenciários nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001 (o ano de 1998 não é questionado, pois, neste, o percentual do reajuste aplicado pelo INSS foi superior ao índice cuja aplicação é requerida pelos segurados). Nesse julgamento, o STF entendeu que o Executivo pode fixar um percentual desvinculado de qualquer índice oficial de correção monetária, desde que reflita a inflação do período e não seja inteiramente discrepante dos índices oficiais de correção monetária. Súmula 36 do TRF1: “O inciso II do art.41, da Lei 8.213/91, revogado pela Lei 8.542/92, era compatível com as normas constitucionais que asseguram o reajuste dos benefícios para preservação de seu valor real” (esse inciso previa o reajuste pelo INPC, índice calculado pelo IBGE e plenamente aceito como válido para refletir a inflação do período). Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo (art. 201, §2º, da CF). De acordo com o art. 42, §ú, do Dec. 3.048/99, o auxílio-acidente, o abono de permanência em serviço, o auxílio-suplementar e o salário-família poderão ter valor inferior ao do salário mínimo (pois não substituem o salário-de-contribuição nem o rendimento do trabalho do segurado).

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REAJUSTES E REVISÕES: Refiz inteiramente esta parte, acrescentando as revisões e reajustes mais comuns na prática, e que possivelmente seriam as mais lembradas pelos examinadores. 1) ORTN/OTN: Benefícios concedidos após a vigência da Lei 6.423/77 e antes da CF/88 (entre 21/06/77 e 04/10/88): de acordo com a legislação vigente à época, o salário-de-benefício era calculado com base na média dos 36 últimos salários-de-contribuição, mas apenas os 24 primeiros eram corrigidos monetariamente (os 12 mais recentes não eram corrigidos). Ocorre que o INSS não cumpriu o disposto no art. 1º da Lei 6.423/77, que determinava a correção monetária pela ORTN/OTN, aplicando outros índices administrativos. A questão restou pacificada pela jurisprudência: “esta Corte já tem pacificado o entendimento de que a aposentadoria por idade ou por tempo de serviço, concedida no sistema anterior, deve ser calculada pela variação da ORTN/OTN, ao largo dos índices fixados pelo MPAS” (STJ EREsp 46106). Como se trata de benefícios muito antigos (concedidos entre 21/06/77 e 04/10/88), muitas vezes nem o autor, nem o INSS, conseguem trazer aos autos os valores dos salários-de-contribuição utilizados no cálculo da renda mensal inicial (RMI). Nestes casos, utiliza-se a Tabela criada pela Justiça Federal de Santa Catarina, que estabelece os meses em que os índices administrativos utilizados pelo INSS foram superiores à variação da ORTN/OTN (casos em que não haveria interesse na revisão do benefício, pois lhe diminuiria o valor). Essa tabela permite uma espécie de “liquidação por arbitramento supletiva”, e só deve ser utilizada quando não for possível obter os reais valores dos salários-de-contribuição do segurado. Súmula 38 da TNU: “Aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarina aos pedidos de revisão de RMI - OTN/ORTN, na atualização dos salários de contribuição”. 2) Súmula 260 do extinto Tribunal Federal de Recursos (que deu origem ao STJ): Teor da Súmula: “No primeiro reajuste do benefício previdenciário, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão, considerado, nos reajustes subsequentes, o salário mínimo então atualizado”. Essa súmula usualmente é dividida em duas partes: 1ª parte: “No primeiro reajuste do benefício previdenciário, deve-se aplicar o índice integral do aumento verificado, independentemente do mês da concessão”. O INSS concedia o primeiro reajuste do benefício proporcionalmente ao mês da concessão, o que gerava uma defasagem no seu

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valor, eis que o reajuste não refletia toda a inflação ocorrida no período, mas apenas uma “parte” dela. 2ª parte: “Considerado, nos reajustes subsequentes, o salário mínimo então atualizado”. Os benefícios eram enquadrados em “faixas salariais”, de acordo com o seu valor. Quando havia o reajuste do salário mínimo, o INSS considerava o valor pretérito (e não o valor atualizado do salário mínimo) para fins de enquadramento dos benefícios nas faixas salariais, o que, em termos práticos, implicava um reajuste menor para esses benefícios (coisa do capeta mesmo...). A sistemática adotada administrativamente pelo INSS era tão absurda que fica até difícil de compreender, e tudo isso ocorreu numa época em que a inflação no Brasil atingiu patamares alarmantes, de modo que a Súmula 260 gerou talvez a maior avalanche de ações previdenciárias da história deste país (parafraseando o nosso ex-Presidente...), alcançando benefícios concedidos antes da CF/88, e produzindo efeitos até 05/04/1989, quando então passou a vigorar o critério previsto no art. 58 do ADCT (que promoveu uma equivalência do valor dos benefícios com a quantidade de salários mínimos a que correspondiam na data da sua concessão). Importante notar que “se a última parcela paga a menor, por desobediência ao comando da Súmula n.º 260 do TFR, refere-se a março de 1989, e não havendo reflexos desse erro na renda futura do benefício previdenciário, tem-se que, passados mais de cinco anos dessa data, ou seja, em março de 1994, prescreve o direito de pleitear as diferenças decorrentes da não aplicação do referido verbete, por força do art. 1º do Decreto n.º 20.910/32 e do art. 103 da Lei n.º 8.213/91” (STJ, AgRg no Ag 932051/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 29/11/2007, DJ 17/12/2007). Súmula 12 do TRF1: “A Lei 7.604/87 não impede a revisão dos cálculos iniciais e dos reajustes posteriores dos valores de benefícios previdenciários (TFR, Súmula 260)”. Súmula 21 do TRF1: “O critério de revisão previsto na Súmula 260, do Tribunal Federal de Recursos, diverso do estabelecido no art. 58, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal de 1988, e aplicável somente aos benefícios previdenciários concedidos até 04/10/1988, perdeu eficácia em 05/04/1989”. 3) Art. 58 do ADCT: Considerando que os benefícios concedidos antes da CF/88 não tinham todos os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente (mas apenas os 24 mais antigos, entre os 36 que eram utilizados no cálculo do salário-de-benefício), e tendo em vista que esse “pequeno detalhe” causava uma defasagem monstruosa no valor dos benefícios (já que a inflação anual chegava a mais de 100%), o art.58 do ADCT previu uma grande revisão para restabelecer o poder aquisitivo desses benefícios, fazendo com que eles voltassem a corresponder ao mesmo número de salários mínimos a que equivaliam na data da sua concessão

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(uma benesse do constituinte que seria inimaginável nos dias de hoje, mesmo para aqueles aposentados mais sonhadores). Súmula 25 da TNU: “A revisão dos valores dos benefícios previdenciários, prevista no art. 58 do ADCT, deve ser feita com base no número de salários mínimos apurado na data da concessão, e não no mês de recolhimento da última contribuição”. Súmula 687 do STF: “A REVISÃO DE QUE TRATA O ART. 58 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS NÃO SE APLICA AOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS CONCEDIDOS APÓS A PROMULGAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988”. Importante destacar que “o critério elencado no artigo 58 do ADCT se aplica aos benefícios em manutenção em outubro de 1988, mas apenas entre abril de 1989 (04/89 – sétimo mês a contar da promulgação) e dezembro de 1991 (regulamentação dos planos de custeio e benefícios)” (STJ, AR 459/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 24/09/2008). Súmula 20 do TRF1: “O critério de revisão previsto no art. 58, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Federal de 1988, é diverso do estatuído na Súmula 260, do Tribunal Federal de Recursos, e aplica-se somente aos benefícios previdenciários concedidos até 04/10/1988”. 4) Benefícios inferiores ao salário mínimo: Na extinta Previdência Rural (PRORURAL, regida pela Lei Complementar 11/1971), havia vários benefícios com renda mensal inferior ao salário mínimo, mesmo tendo a função de substituir os rendimentos do trabalhador rural (Ex: aposentadorias por velhice e por invalidez => 50% do salário mínimo; pensão por morte rural => 30% do salário mínimo). Com o advento da CF/88, seu art. 201, §5º (atual §2º) dispunha que “nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo”. À época surgiu uma grande discussão acerca da autoaplicabilidade desse artigo, sustentando o INSS que se tratava de norma constitucional de eficácia limitada. O STF, contudo, entendeu que a norma era autoaplicável (RE 192647, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, julgado em 04/02/1997). Súmula 23 do TRF1: “São autoaplicáveis as disposições constantes dos §§ 5º e 6º, do art. 201, da Constituição Federal”. 5) “Buraco Negro”: O STF considerou que a redação originária do art. 201, §3º, da CF (“Todos os salários de contribuição considerados no cálculo de benefício serão corrigidos monetariamente”) era norma constitucional de eficácia limitada, que só se tornou aplicável a partir da edição da Lei 8.213/91, de modo que somente os benefícios concedidos a partir dessa lei tiveram todos os seus salários-de-contribuição atualizados monetariamente para o cálculo da renda mensal inicial.

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Dessa forma, os benefícios concedidos entre 05/10/88 e 04/04/91 não tiveram todos os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente (aplicando-se a regra antiga), e tampouco foram abarcados pela revisão do art. 58 do ADCT (que só atingiu os benefícios anteriores à CF/88), ficando, portanto, no limbo (daí a expressão “caíram no buraco negro”). Para esses benefícios, o art. 144 da Lei 8.213/91 previu uma revisão específica, e seu parágrafo único promoveu um verdadeiro “calote” nas diferenças pretéritas anteriores à revisão (e ficou por isso mesmo, pois o dispositivo foi validado pelos Tribunais, sem maiores controvérsias). Essa revisão pelo art.144 da Lei 8.213/91 (chamada de “revisão do buraco negro”) foi promovida administrativamente em muitos casos, mas em outros o INSS não efetivou a revisão, o que obrigou os segurados a uma nova avalanche de ações judiciais, no melhor estilo “ninguém merece o INSS”... 6) Conversão dos benefícios previdenciários em URV (Plano Real): Antes da implantação do Plano Real, a URV (Unidade Real de Valor) serviu como instrumento de transição do Cruzeiro Real para o Real. Nessa época, a conversão dos benefícios previdenciários em URV seguiu a sistemática prevista no art. 20 da Lei 8.880/94 (“dividindo-se o valor nominal, vigente nos meses de novembro e dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro de 1994, pelo valor em cruzeiros reais do equivalente em URV do último dia desses meses, respectivamente” e “extraindo-se a média aritmética dos valores resultantes”). Os benefícios pagos nesse período (novembro de 1993 a fevereiro de 1994) não obtiveram a correção monetária plena pelo IRSM (Índice de Reajuste do Salário Mínimo) conforme determinava o art.9º da Lei 8.700/93, o que (para variar) gerou uma grande defasagem no valor real desses benefícios. O que ocorreu depois? Conseguem imaginar? Uma avalanche de ações judiciais, que até obtiveram êxito nos TRF’s, mas depois o STF rechaçou a pretensão dos segurados, validando a sistemática adotada na Lei 8.880/94 (RE 313382). Súmula 1 da TNU: “A conversão dos benefícios previdenciários em URV, em março/94, obedece às disposições do art. 20, incisos I e II da Lei 8.880/94 (MP no 434/94)”. 7) IRSM de fevereiro de 1994 (39,67%): Quando da conversão dos benefícios previdenciários em URV, realizada em 28/02/1994, o INSS não atualizou os salários-de-contribuição do mês de fevereiro de 1994 pelo IRSM daquele mês, da ordem de 39,67%, tal como determinava o art. 21, §1º, da Lei 8.880/94. Ou seja, o INSS desconsiderou uma inflação de quase 40% ao mês (sem qualquer justificativa para tanto), o que levou a uma chuva de ações previdenciárias pleiteando o recálculo da renda mensal inicial desses benefícios. Os idosos chegavam a formar longas filas na porta dos Juizados Especiais Federais nessa época, protocolando uma petição inicial padronizada pelos JEF’s, que gerava uma contestação padronizada, uma

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sentença padronizada, um recurso padronizado, um voto padronizado, e assim por diante... sempre dando continuidade à série “ninguém merece o INSS”... Importante destacar que essa revisão só atinge os benefícios que tiveram o mês de fevereiro de 1994 no período básico de cálculo (ou seja, como regra geral, aqueles concedidos entre março de 1994 e fevereiro de 1997, tendo em vista que o cálculo à época considerava os 36 últimos salários de contribuição, num período não superior a 48 meses, o que poderia atingir os benefícios concedidos até fevereiro de 1998, no máximo). O direito a essa revisão foi reconhecido pela própria União, que editou a MP 201/2004, convertida na Lei 10.999/2004, que autorizou a revisão de todos esses benefícios, condicionada à celebração de Termo de Acordo ou de Termo de Transação Judicial. Muitos segurados não quiseram celebrar esse acordo (que previa um pagamento parcelado em 12 até 96 prestações), preferindo optar pela via judicial. Súmula 19 da TNU: “Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1º, da Lei nº 8.880/94)”. 8) Pensão 100%: Ao longo da evolução história, a alíquota da pensão por morte foi crescendo gradualmente. Em épocas remotas chegou a corresponder a apenas 30% da aposentadoria do de cujus, passando para 50%, depois para 80% (na redação originária da Lei 8.213/91), chegando a 100% do salário-de-benefício com o advento da Lei 9.032/95, que deu nova redação ao art. 75 da Lei 8.213/91. Muitas pensionistas ajuizaram ações previdenciárias pleiteando o aumento de suas pensões para 100%, a partir da Lei 9.032/95. Até o início de 2007 a jurisprudência era favorável à tese das pensionistas, inclusive no STJ, mas em 08/02/2007 o STF acatou os argumentos do INSS e rechaçou a pretensão das pensionistas no julgamento do RE 415.454, em que foram acolhidas as teses de violação do ato jurídico perfeito e do art.195, §5º, da CF (ausência de indicação da fonte de custeio total). Atenção: foi cancelada a Súmula 15 da TNU, que dizia que “o valor mensal da pensão por morte concedida antes da Lei nº 9.032, de 28 de abril de 1995, deve ser revisado de acordo com a nova redação dada ao art. 75 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991”. Súmula 340 do STJ: “A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado”. 9) Revisão do auxílio-acidente para 50% do salário-de-benefício: Além de alterar a alíquota da pensão por morte para 100% (conforme visto no item acima), a Lei 9.032/95 também alterou a alíquota e a base de cálculo do auxílio-acidente para 50% do salário-de-benefício (anteriormente a alíquota variava entre 30%, 40% e 60% do salário-de-contribuição vigente no dia

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do acidente). Quem teve o auxílio-acidente calculado com as alíquotas de 30% e 40% ingressou em juízo requerendo a aplicação da nova lei e o recálculo do seu benefício. O tema hoje encontra-se pacificado, e segue a mesma linha de raciocínio utilizada no caso da pensão por morte. Confira-se: “Consoante entendimento do Superior Tribunal de Justiça relativamente ao aumento do percentual do auxílio-acidente, estabelecido pela Lei n.º 9.032/95, lei nova mais benéfica que alterou o § 1º do art. 86 da Lei n.º 8.213/91, em sintonia com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, firmada no julgamento do RE n. 613.033/SP, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, de repercussão geral da questão constitucional nele suscitada, não é possível a aplicação retroativa da majoração prevista na Lei n. 9.032/1995 aos benefícios de auxílio-acidente concedidos anteriormente à vigência do referido diploma legal” (STJ, AgRg no Ag 1346415/SP, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/08/2012). Atenção para o fato de que as revisões de benefícios decorrentes de acidente de trabalho devem ser julgadas pela Justiça Estadual, e não pela Justiça Federal, por força do art. 109, I, da CF: “É firme a compreensão do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que, compete à Justiça Estadual processar e julgar a ação mediante a qual se discute a concessão, restabelecimento ou revisão de benefício previdenciário decorrente de acidente de trabalho” (STJ, AgRg no CC 112.208/RS, Rel. Ministro OG FERNANDES, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/10/2011) 10) Aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença: A controvérsia surgiu em razão de uma aparente contradição entre o art. 29, §5º, da Lei 8.213/91 (“Se, no período básico de cálculo, o segurado tiver recebido benefícios por incapacidade, sua duração será contada, considerando-se como salário-de-contribuição, no período, o salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal...”) e o art. 36, §7º, do Dec. 3.048/99 (“A renda mensal inicial da aposentadoria por invalidez concedida por transformação de auxílio-doença será de 100% do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da renda mensal inicial do auxílio doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral”). A contradição é apenas aparente. A TNU chegou a formar jurisprudência no sentido da inaplicabilidade do Decreto, por ser norma hierarquicamente inferior à lei ordinária e dispor de maneira diversa. Contudo, o STF acolheu as razões do INSS e sedimentou a questão, apontando a diferença entre as duas situações: 1) Se o auxílio-doença é automaticamente convertido na aposentadoria por invalidez (ou seja, a pessoa não retornou mais ao trabalho), aplica-se o art.36, §7º, do Dec. 3.048/99; 2) Já “o § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regra proibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situações em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamento INTERCALADO com atividade laborativa, em

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que há recolhimento da contribuição previdenciária” (STF, RE 583834, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 21/09/2011). 11) Revisão baseada em sentença trabalhista: São muito comuns os pedidos formulados na Justiça Federal de revisão de aposentadorias para incluir tempo de serviço reconhecido em reclamação trabalhista, ou mesmo de majoração dos salários-de-contribuição em razão do reconhecimento de horas extras ou adicional de insalubridade na Justiça do Trabalho. Normalmente o INSS não aceita essas revisões, alegando que não fez parte da demanda trabalhista, e por isso a coisa julgada não lhe seria oponível, além do fato de serem muito frequentes os acordos simulados na Justiça Trabalhista, exatamente para a obtenção de benefícios previdenciários. O entendimento que prevalece hoje é de que “a sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, mostrando-se hábil para a determinação do tempo de serviço previsto no artigo 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991, desde que fundada em elementos que evidenciem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados na ação previdenciária, ainda que o INSS não tenha integrado a respectiva lide” (STJ, AgRg no REsp 1053909/BA, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em 19/08/2008). Súmula 31 da TNU: “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”. 12) Novos tetos fixados pelas EC’s 20/98 e 41/03: O art. 14 da EC 20/98 aumentou o teto do salário-de-benefício de R$ 1.081,50 para R$ 1.200,00, e o art. 5º, da EC 41/03 promoveu novo aumento desse teto de R$ 1.869,34 para R$ 2.400,00. Surgiu então a controvérsia acerca da aplicabilidade dos novos tetos aos benefícios concedidos anteriormente a essas emendas constitucionais. A questão foi decidida pelo STF no RE 564.354 (julgado em 08/09/2010), que asseverou que “Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional”. O INSS noticiou a revisão administrativa de mais de 130.000 benefícios em cumprimento à decisão proferida pelo TRF3 nos autos da ação civil pública 0004911-28.2011.4.03, que igualmente reconheceu o direito à revisão, na mesma linha do STF.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO- PONTO 08 Serviços. Habilitação, reabilitação e serviço socia l

Atualizado por Luisa Ferreira Lima (Outubro/2010)

Atualizado e modificado por José Flávio F. de Oliveira, em agosto de 2012

SERVIÇOS DEVIDOS AOS DEPENDENTES E AOS SEGURADOS a)SERVIÇO SOCIAL b)REABILITAÇÃO PROFISSIONAL - NENHUM SERVIÇO EXIGE CARÊNCIA . SERVIÇO SOCIAL [art. 88, Lei 8.213/91] Art. 88. Compete ao SERVIÇO SOCIAL esclarecer junto aos beneficiários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo de solução dos problemas que emergirem da sua relação com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade. - trata-se de um serviço que integra a PREVIDÊNCIA SOCIAL e que tem como objetivo suprir a necessidade de esclarecimento dos beneficiários sobre os seus direitos sociais e os meios de exercê-los. Serve para promover a intermediação do relacionamento entre os beneficiários e a Previdência Social. � não se confunde com ASSISTÊNCIA SOCIAL [ramo da seguridade social] - é DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO do SEGURADO e DEPENDENTES. - será dada prioridade aos segurados em benefícios por INCAPACIDADE TEMPORÁRIA ; aos APOSENTADOS e PENSIONISTAS (§ 1º). � Tratamento inadequado ou desrespeitoso permite inde nização por danos morais? - sim, pode gerar dano moral. � Demora excessiva na apreciação do pedido admite ind enização por danos morais? - a demora da apreciação, ainda que no âmbito administrativo, poderá gerar indenização por danos morais. [art. 5º, LXXVIII, CF – o dispositivo se aplica no âmbito judicial e administrativo] - para o efetivo atendimento serão utilizados: - intervenção técnica; - assistência de natureza jurídica; - ajuda material;

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- recursos sociais; - intercambio com empresas; - pesquisa social [inclusive mediante a celebração de convênios, acordos ou contratos] - identificação do perfil e das necessidades dos beneficiários. - decorrência do princípio da gestão democrática e quatripartíte prevista no art. 194, CF. - os Estados e Municípios podem implantar regimes próprios. - finalidade : ORIENTAÇÃO (DIREITO À INFORMAÇÃO) 1. apoio no momento do requerimento administrativo dos benefícios para os segurados e dependentes. 2. atendimento individual e coletivo visando esclarecer os direitos dos segurados e dependentes (documentos necessários). 3. direito português: previsão expressa. 4. necessidade da informação para modificar a mentalidade dos empresários – servidores – trabalhadores – aposentados. 5. é necessário conhecer a legislação e transformá-la em algo compreensível para pessoas leigas. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL -legislação: [art. 89 a 93, Lei 8.213/91] Lei 8.213/91 Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive. - a intenção é gerar a maior inserção social no mercado de trabalho, garantir maior empregabilidade. - observar que estes serviços não visam apenas FACILITAR A EMPEGABILIDADE , mas também a INCLUSÃO NA VIDA SOCIAL . HABILITAÇÃO – inserção da pessoa que nunca trabalhou no mercado de trabalho. REABILITAÇÃO – inserção da pessoa que já trabalhou no mercado de trabalho. -fundamento constitucional desses serviços : � PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA . � PRINCÍPIO DA ISONOMIA MATERIAL . Lei 8.213/91

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Art. 89. Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende: a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instr umentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional; b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário; c) o transporte do acidentado do trabalho , quando necessário. - também há previsão de auxílio para o início de pequenos negócios. [ex.: o empréstimo de um carrinho para vender pipoca] Lei 8.213/91 Art. 92. Concluído o processo de habilitação ou reabilitação social e profissional, a Previdência Social emitirá certificado individual, indicando as atividades que poderão ser exercidas pelo beneficiário, nada impedindo que este exerça outra atividade para a qual se capacitar. - estes serviços não garantem a obtenção de emprego, mas facilitam a empregabilidade por meio de cursos ou treinamentos. � as cotas previstas pela legislação não são apenas para os deficientes, mas para os habilitados e reabilitados. Aqueles que participam desses cursos em grandes centros têm emprego quase garantido. [art. 93, Lei 8.213/91] -visa atender ao SEGURADO ou DEPENDENTE INCAPACITADO TOTAL OU PARCIALMENTE PARA O TRABALHO e para o deficiente educação para o trabalho e para sua inclusão na sociedade. - beneficiários : devem atender a quem for PARCIAL OU TOTALMENTE INCAPAZ PARA O TRABALHO (acidentado ou lesionado ou ainda o portador de necessidades especiais). - os SERVIÇOS são OBRIGATÓRIOS PARA OS SEGURADOS (preferencialmente aos incapacitados) e, SE HOUVER DISPONIBILIDADE ORÇAMENTÁRIA , É POSSÍVEL A PRESTAÇÃO TAMBÉM PARA OS DEPENDENTES. - gestão: cabe ao INSS administrar a concessão desses serviços. - procedimento : [consiste em avaliação do potencial laborativo ] - treinamento com equipe multiprofissional com preferência para atendimento dentro da cidade do beneficiário.

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- o treinamento quando realizado em empresa não estabelece vínculo entre a empresa e o beneficiário. - com o fim do processo cabe ao INSS emitir certificado individual indicando o função (ões) para a qual o indivíduo está capacitado. naturalmente poderá exercer também outras. - cotas legais : [art. 93, Lei 8.213/91] - a empresa que possua mais de cem empregados deve preencher com dois a cinco por cento de habilitados ou reabilitados: �100 A 200 FUNCIONÁRIOS – 2 %. �200 A 500 FUNCIONÁRIOS – 3 %. �500 A 1000 FUNCIONÁRIOS – 4 %. �MAIS DE 1000 FUNCIONÁRIOS - 5 %. � DISPENSA DE EMPREGADO DECORRENTE DE COTA - a dispensa de empregado habilitado ou reabilitado, salvo no caso de contrato até 90 dias, somente pode ocorrer após a contratação de substituto em igualdade de condições. � em tese a cota deveria ser destinada apenas para os habilitados e reabilitados, mas na prática acaba sendo destinada para deficientes. O INSS não se estruturou para efetivar a previsão da lei. [existem pouco mais de 30 centros de habilitação e reabilitação em todo o território nacional] � Trata-se de nova modalidade de estabilidade no empr ego? - a jurisprudência majoritária entende que sim. - o empregador tem o direito de dispensar o contratado mediante cota, o único condicionamento estabelecido pelo ordenamento é que haja a contratação prévia de outro empregado nas mesmas condições. [A norma inserta no art. 93 da Lei nº 8.213/91 não estabelece nenhuma forma de estabilidade no emprego, todavia impõe restrições ao direito potest ativo da empregadora de despedir empregados reabilitados ] Lei 8.213/91 Art. 93. § 1º A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante. � CONSTATAÇÕES SOBRE A POLÍTICA DE COTAS - nos últimos cinco anos, a contratação de deficientes no país cresceu mais de dez vezes, números que permanecem crescendo. - o problema maior é que a maioria das empresas não tem equipamentos adequados para os deficientes, tais como banheiros, rampas etc.

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- deveriam cumprir a lei de cotas cerca de sete mil e quinhentas empresas, mas apenas cinco mil e quinhentos cumpre, muitas de forma insuficiente. � Em caso de terceirização de mão-de-obra estes poder ão suprir a exigência legal? contam como empregados? - não. [terceirização de mão-de-obra com trabalhadores habilitados ou reabilitados não são considerados para os fins dos limites legais exigidos]. � Em caso de cessão de mão-de-obra a tomadora pode se r autuada pela delegacia regional do trabalho pelo descumprim ento da norma por parte da cessionária? por exemplo, foram cedidos du zentos trabalhadores e não há nenhum habilitado ou reabilitado. -Prof. Omar entende que não. � Como deve agir uma empresa que não consiga encontra r mão-de-obra qualificada para o seu ramo de atividade? -treinar os acidentados ou portadores de necessidades especiais. � A legislação de cotas é constitucional? -sim com fundamento no princípio da isonomia material. � Qual ramo do poder judiciário é competente para jul gar a eventual execução fiscal? - justiça do trabalho. � O segurado deve passar por processo de reabilitação antes de ter alta de auxílio-doença ou cancelada a aposentadoria por invalidez? - Prof. Omar entende que tal procedimento não deverá necessariamente ocorrer. JURISPRUDÊNCIA SOBRE A QUESTÃO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA TERCEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO – 263801 - Processo: 200603000222239 UF: SP - NONA TURMA - Data da decisão: 18/09/2006. DJU:19/10/2006 PÁGINA: 728 JUIZA MARISA SANTOS – V.U – (...) É defeso ao INSS proceder ao cancelamento sumário do benefício por alta médica, sem antes submeter o segurado a programa de reabilitação profissional, com a expedição do certificado individual previsto no caput do artigo 140 do Decreto 3.048/99, Regulamento da Previdência Social. (...) -deverão ser prioritariamente encaminhados à reabili tação : -AUXÍLIO-DOENÇA -APOSENTADO QUE PERMANECE TRABALHANDO APOSENTADO POR INVALIDEZ

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-SEGURADO TEMPORARIAMENTE INCAPAZ SEM CARÊNCIA PARA AUXÍLIO-DOENÇA -PENSIONISTA INVÁLIDO -DEPENDENTE MAIOR DE DEZESSEIS ANOS DEFICIENTE QUALQUER PESSOA DEFICIENTE INDEPENDENTE DE VÍNCULO COM A PREVIDÊNCIA SOCIAL. -toda GERÊNCIA EXECUTIVA terá uma unidade de habilitação e reabilitação. -a REABILITAÇÃO PROFISSIONAL deve ser DESCENTRALIZADA e funcionar com equipes compostas de médicos e servidores com nível superior. -o INSS poderá disponibilizar aos beneficiários : órteses, próteses, auxílio-transporte para deslocamento para avaliações ou cursos, auxílio-alimentação (treinamentos), material necessário para os cursos. -o INSS pode firmar convênios com entidades públicas ou privadas de reconhecida idoneidade nas seguintes áreas: �FISIOTERAPIA �PSICOLOGIA �FONO�TERAPIA OCUPACIONAL �ALFABETIZAÇÃO�CURSOS EM GERAL (PROFISSIONALIZANTES, ESTÁGIOS) �realidade: há poucos centros de habilitação e reabilitação no país (pouco mais de trinta). �COMO FUNCIONA EM SÃO PAULO - dentro das agências: - a perícia encaminha para reabilitação que é feita por servidores da previdência social (sociológos – psicólogos – etc) - recebem almoço e vale transporte - tem muito bons frutos com pessoas menores de cinquenta anos e com baixo nível de escolaridade formal. -procedimentos da fiscalização: cabe a fiscalização ao auditor fiscal do trabalho (in 20 - 26/01/01– secretaria de inspeção do trabalho). -fiscalização -os documentos que serão analisados serão ficha de registro de empregado (pode constar de forma discreta que o trabalhador é deficiente ou acidentado) e o laudo médico apresentado pelo trabalhador -penalidades : - legislação : art. 133 da Lei 8.213/91 PORTARIA MPS 142 – 11.04.2007 PORTARIA MTE 1199 – 28.10.2003.

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- multas – variam de R$ 1.671,12 a R$ 167.710,23 conforme a gravidade da infração. Multiplica-se o número de beneficiários que não foram contratados pelo mínimo legal, sendo possível, em caso de agravantes, majoração. � Pode o poder judiciário reduzir multas administrati vas que estejam de acordo com a legislação ou seria desrespeitar o princípio da separação de poderes? -sim, desde que o ato praticado tenha exorbitado o princípio da legalidade (STJ). PESSOA com DEFICIÊNCIA (ANTES deficiente físico) -legislação que protege o deficiente : CF Art. 23. É competência comum da União, ‘dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: II – cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: XIV – proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; Art. 203. IV – a habilitação e a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; -conceito normativo de deficiente: deficiência “toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gera incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano”. [Decreto n.º 3.298/99] -conceito normativo de habilitado : Decreto n.º 3298/99, art. 36: §2º - “Considera-se pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que concluiu curso de educação profissional de nível básico, técnico ou tecnológico, ou curso superior, com certificação ou diplomação expedida por instituição pública ou privada, legalmente credenciada pelo Ministério da Educação ou órgão equivalente, ou aquela com certificado de conclusão de processo de habilitação ou reabilitação profissional fornecido pelo INSS.” §3º - “Considera-se, também, pessoa portadora de deficiência habilitada aquela que, não tendo se submetido a processo de habilitação ou reabilitação, esteja capacitada para o exercício da função. -as pessoas portadoras de deficiência serão atendidas por meio de convênios.

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OBSERVAÇOES IMPORTANTES SOBRE O TEMA: 1 – De forma pacífica, os Tribunais entendem que é devido o auxílio-doença ao segurado considerado parcialmente incapaz86 para o trabalho, mas suscetível de reabilitação profissional para o exercício de outras atividades laborais. Assim, a reabilitação profissional surge como pressuposto para o auxílio-doença. Da mesma forma, a impossibilidade de reabilitação surge como pressuposto para a aposentadoria por invalidez, 2 – A jurisprudência tem se posicionado no sentido de que o beneficio do auxílio-doença deverá ser mantido até que o segurado seja submetido à nova perícia médica que conclua pela cessação da incapacidade, no caso de restabelecimento de capacidade laborativa, ou até que seja submetido a procedimento de reabilitação profissional.87-88

DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 09

Contribuições sociais. Natureza e espécies. Elaborado por Giordano Resende Costa Complementado por Dartanhan Rocha Atualizado por Nivaldo Luiz Dias – Março de 2007 Atualizações feitas em verde por Camila Franco e Si lva Velano – XIII Concurso – TRF1 Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – NATUREZA E ESPÉCIES

86 (…) I. Comprovada a incapacidade temporária da Autora para o exercício de sua atividade habitual, a concessão do pleiteado auxílio-doença é medida que se impõe, ao amparo da legislação de regência, devendo ser o seu termo inicial a data de entrada do requerimento administrativo, uma vez que, àquela ocasião, a Autora já estava incapacitada para o trabalho, a teor do que fora atestado no laudo pericial (art. 60, § 1º, da Lei 8.213/91). II. Sendo temporária a incapacidade da Autora, ressai pertinente a adoção de meios que lhe assegurem o pronto retorno ao mercado de trabalho, razão pela qual deve ela se submeter aos procedimentos periódicos a cargo da Previdência Social e descritos no art. 101 da Lei 8.213/91 - exame médico, tratamento e processo de reabilitação profissional. III. Apelação a que se dá parcial provimento, tão somente para determinar que a Autora se submeta aos procedimentos descritos no art. 101 da Lei 8.213/91, sob pena de suspensão do benefício. (AC 0032055-38.2010.4.01.9199/MT, Rel. Juiz Marcos Augusto De Sousa (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.481 de 08/09/2010); 87 (…) 5. Outrossim, à míngua de informação de nova postulação administrativa, fixo o termo inicial do benefício previdenciário de auxílio-doença na data do indeferimento do requerimento administrativo da autora junto à autarquia, ou seja, em 27.01.1998 (fl. 16), mantendo-se a fruição do auxílio-doença até a sua reabilitação à prática de suas atividades laborativas ou, não sendo o caso, a conversão em aposentadoria por invalidez. (…)(AC 2002.01.99.041521-3/MG, Rel. Desembargador Federal Francisco De Assis Betti, Segunda Seção,e-DJF1 p.58 de 23/09/2010); 88 (…) 3. O benefício deverá ser mantido até que a segurada seja submetida a processo de reabilitação profissional, consoante dispõe o art. 62 da Lei 8.213/91. 4. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até que seja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando considerado não-recuperável, for aposentado por invalidez. (art. 62 da Lei 8.213/91). 5. A correção monetária deve ser calculada nos termos da Lei 6.899/81, a partir do vencimento de cada parcela (Súmulas 43 e 148 do STJ), utilizando os índices constantes do Manual de Cálculos da Justiça Federal. (…) (AC 2007.41.01.000480-8/RO, Rel. Desembargadora Federal Ângela Catão, Primeira Turma,e-DJF1 p.457 de 08/09/2010).

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O financiamento da seguridade social é feito de forma indireta pela sociedade, mediante as dotações orçamentárias de responsabilidade da União, Estados, DF e Municípios (art. 195, caput, da CF), bem como por meio das contribuições para a seguridade social incidentes sobre a receita dos concursos de prognósticos (art. 195, III, da CF). A seguridade social conta ainda com o financiamento direto decorrente das contribuições estabelecidas pelos incisos I, II e IV do art. 195 da CF/88. O modelo de financiamento da seguridade social é o contributivo, apesar de o Poder Público entrar com uma parcela (diversidade da base de financiamento ), sendo que as contribuições para ela vertidas são estipuladas de acordo com a capacidade contributiva dos sujeitos passivos (eqüidade na forma de participação ).

O STF já decidiu que o sujeito ativo dessas contribuições pode ser a própria União, e não necessariamente o ente responsável pela gestão da seguridade social (INSS). É o caso da COFINS e da CSLL que, embora cobradas pela União, devem ter suas receitas incluídas no orçamento da seguridade social. Com a edição da Lei nº 11.457/2007 (Super Receita), a tributação, arrecadação e fiscalização de todas as contribuiçõe s sociais, inclusive as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga o u creditada aos segurados a seu serviço, as dos empregadores domést icos e as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-co ntribuição, passa a ser de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil.

A Lei 11.457/2007 assegura que o produto da arrecad ação das contribuições especificadas (das empresas, incident es sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu s erviço, as dos empregadores domésticos e as dos trabalhadores, inc identes sobre o seu salário-de-contribuição) e acréscimos legais incide ntes serão destinados, em caráter exclusivo, ao pagamento de benefícios do Regime Geral de Previdência Social e creditados diretamente ao Fund o do Regime Geral de Previdência Social, de que trata o art. 68 da Lei C omplementar n o 101/2000 (art. 1º, § 1º). O § 2o dispõe que, Nos termos do art. 58 da Lei Complementar n o 101, de 4 de maio de 2000 , a Secretaria da Receita Federal do Brasil prestará contas anualmente ao Con selho Nacional de Previdência Social dos resultados da arrecadação da s contribuições sociais destinadas ao financiamento do RGPS e das c ompensações a elas referentes .

CONTRIBUIÇÃO DA UNIÃO É constituída de recursos adicionais do Orçamento Fiscal, fixados obrigatoriamente na LOA (art. 16 da Lei n.º 8.212). É de responsabilidade da União a cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, para o pagamento de benefícios de prestação continuada da Previdência Social, de acordo com a LOA (§ único do art. 16 da L. n.º 8.212).

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Segundo Castro e Lazzari, “Em verdade, a União não tem, efetivamente, uma contribuição social. Ela participa atribuindo dotações de seu orçamento à Seguridade Social, fixados obrigatoriamente na Lei Orçamentária anual, além de ser responsável pela cobertura de eventuais insuficiências financeiras da Seguridade Social, em razão de pagamento de benefícios de prestação continuada pela Previdência Social”. CLASSIFICAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES As contribuições especiais (que possuem natureza tributária, matéria já pacificada no STF, por estarem inseridas no capítulo do sistema tributário nacional, constituindo espécie autônoma) classificam-se da seguinte forma (vide STF RE 138284): 1. Contribuições Sociais a. Contribuições para a seguridade social

i. Destinadas a custear serviços nas áreas da saúde, previdência e assistência social 1. Art. 195 da CF 2. Art. 239 da CF (PIS/PASEP) b. Outras contribuições sociais (residuais)

i. As residuais previstas no art. 195, §4º, da CF c. Contribuições sociais gerais

i. Destinadas a algum outro tipo de atuação da União na área social 1. Salário-educação (art. 212, §5º, da CF) 2. Contribuições para os Serviços Sociais Autônomos (art. 240 da CF) a. Sistema “S” => SESI, SESC, SENAI, etc. 2. Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico a. CIDE combustíveis (art. 177, §4º, da CF) b. CIDE-royalties (Lei 10.168/2000) c. AFRMM (Decreto-Lei 2.404/87)

i. “I. - Adicional ao frete para renovação da marinha mercante - AFRMM - é uma contribuição parafiscal ou especial, contribuição de intervenção no domínio econômico , terceiro gênero tributário, distinta do imposto e da taxa. (C.F., art. 149). II. - O AFRMM não é incompatível com a norma do art. 155, § 2º, IX, da Constituição. Irrelevância, sob o aspecto tributário, da alegação no sentido de que o Fundo da Marinha Mercante teria sido extinto, na forma do disposto no art. 36, ADCT” (STF RE 177137) 3. Contribuições Corporativas a. Contribuição Sindical cobrada de todos os trabalhadores (art. 579 da CLT) b. Contribuição para os Conselhos de Fiscalização Profissional (CRM, CREA, CRC)

i. “Diante da natureza intrínseca da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, autarquia detentora de características diferentes das autarquias consideradas entes descentralizados, denota-se que as contribuições recebidas pela

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entidade não têm natureza tributária . Nesse diapasão, esta egrégia Primeira Seção desta colenda Corte Superior de Justiça esposou, em recente julgado, entendimento segundo o qual "as contribuições cobradas pela OAB, como não têm natureza tributária, não seguem o rito esta belecido pela Lei n. 6.830/80” (STJ, EREsp 495918/SC, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, PRIMEIRA SEÇÃO, 22/06/2005) 4. Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública (COSIP) => art. 149-A/CF a. Súmula 670 do STF: “O SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA NÃO PODE SER REMUNERADO MEDIANTE TAXA” Os contribuintes para a seguridade social são a UNIÃO (sem valor ou percentual fixo), as empresas, os trabalhadores e segurados, os apostadores de concursos de prognósticos e os importadores de bens e serviços. Desde já, ressalte-se que há vinculação (a qual é proibida apenas para os impostos, tributos não-vinculados por excelência) de algumas contribuições sociais (art. 167, XI, CF): as contribuições incidentes sobre a folha de salários e as dos trabalhadores serão utilizadas exclusivamente para o pagamento de benefícios da Previdência Social (RGPS). Ademais, apesar de o orçamento ser único (o que é um princípio orçamentário, pois tem que abranger todas as receitas e despesas), as dotações da UNIÃO, que não possuem limites pré-fixados, para o orçamento da seguridade social são destacadas dos orçamentos fiscal e de investimentos em empresas estatais (art. 165, §5º/CF). As contribuições dos Estados e Municípios são autônomas em relação às da União (art. 195, §1º). Infelizmente, o carreamento de recursos para a seguridade social vem sofrendo alguns baques, como o desvirtuamento da receita da CPMF E A DESVINCULAÇÃO DE RECEITAS DA UNIÃO (DRU), que permite que até 20% do montante arrecadado com as contribuições sociais tenham destinação diversa (art. 76 do ADCT). Lembre-se que para as contribuições sociais do art. 195 aplica-se o princípio da anterioridade mitigada ou nonagesimal (§6º), o qual incide na hipótese de gravame para o contribuinte, para que não haja surpresa; se a lei for mais benéfica, entra em vigor desde logo. As contribuições sociais residuais, que somente podem ser instituídas por meio de Lei Complementar, podem até ter fato gerador ou base de cálculo coincidente com a de imposto (ex. imposto de renda e CSLL), mas essa duplicidade não pode ocorrer entre contribuições sociais (STF).

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A instituição se faz por lei ordinária, salvo se fo r residual (LC). De qualquer forma, o legislador ordinário não pode, a título de interpretação do dispositivo constitucional, alargar as fronteiras d as definições utilizadas no art. 195 para abranger institutos jurídicos dife rentes (ex: conceito de salário, de faturamento, etc). As entidades beneficentes de assistência social , que atenderem aos requisitos estabelecidos em lei, são “isentas” (leia-se: imunes) de contribuições para a seguridade social (art. 195, §7º, CF). Trata-se, em verdade, de imunidade condicionada. As contribuições podem ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas em razão a atividade econômica ou da utilização da mão-de-obra. Exemplo cabal dessa regra é a contribuição para o seguro de acidente de trabalho (SAT), que possui alíquotas diversas, de acordo com o risco apurado na empresa (ART. 22, §1º, L 8.212/91). CONTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS GENERALIDADES A acepção de empresa para a seguridade social é mais ampla que a adotada por outros ramos do direito, como o empresarial, o trabalhista e o tributário. De acordo com o art. 15 da Lei 8.212/91, considera-se empresa “a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional”, equiparando-se à empresa, para fins previdenciários, “o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras”. O art. 195, I, da CF, elenca, genericamente, quais as contribuições a cargos das empresas, empregadores e entidades equiparadas, que incidirão sobre: - A folha de salários e outros rendimentos pagos ou creditados à pessoa física que lhe preste serviços, mesmo sem vínculo empregatício; - a receita ou faturamento - o lucro Observe-se que o inciso em comento foi dissecado em alíneas pela EC 20/98, que expandiu o conceito de remuneração a terceiros pela empresa (que antes era só folha de salários), bem como o de faturamento, que passou a ter a “receita” a seu lado.

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A pessoa jurídica em débito com a seguridade social não poderá contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditórios. ESPÉCIES: A) Contribuição sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. A.1 - SOBRE A REMUNERAÇÃO DOS SEGURADOS EMPREGADOS E TRABALHADOR AVULSO (ART. 22, I, LEI 8212/91): É de 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. Integram o conceito de remuneração quaisquer abonos, parcelas indenizatórias pagas ou creditadas a qualquer título, mesmo que a rescisória de contrato de trabalho, a não ser que não integrem o salário-de-contribuição (art. 28, § 9º, da Lei 8212/91). Bolsa de estudos paga a médico-residente também integra a base de cálculo (art. 4º, da Lei 8.932/81). Note-se que o artigo fala em valores pagos ou creditados, englobando até valores que serão adimplidos a posteriori ou que venham compensar outros fatores (ou seja, adota-se o regime de competência, e não o regime de caixa). A.2 - SOBRE A REMUNERAÇÃO DO SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL (ART. 22, III, LEI 8212/91): É de 20% (vinte por cento) sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços. Não se considera como remuneração direta ou indireta, para os efeitos desta Lei, os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministro de confissão religiosa, membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso ou para sua subsistência desde que fornecidos em condições que independam da natureza e da quantidade do trabalho executado (art. 22, § 13, da Lei 8.212/91).

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A. 3 – ALÍQUOTA ADICIONAL ESPECÍFICA PARA INSTITUIÇ ÕES FINANCEIRAS (§1º, DO ART 22, DA LEI 8212/91) : Adicional de 2,5% (dois e meio por cento) além dos 20% sobre as remunerações pagas na competência tanto para empreg ados, avulsos, como contribuinte individual. No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste art. e no art. 23, é devida a contribuição adicional de 2,5% sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo. OBS: Para os itens acima não interessa se a pessoa é remunerada com valor superior ao teto a previdência social . O teto só tem pertinência para cálculo da contribuição do empregado, que a empresa tem a obrigação de reter e recolher, juntamente com a sua até o dia 02 do mês seguinte (ou seja, o teto é para o salário-de-contribuição do em pregado, mas não existe teto para a contribuição previdenciária a cargo da empresa). A.4 – PARA CUSTEIO DO SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALH O - SAT (ART. 22, II, LEI 8212/91): O SAT é um seguro obrigatório, instituído por lei, mediante uma contribuição adicional a cargo exclusivo da empresa e destina-se à cobertura de eventos resultantes de acidente de trabalho (Castro/Lazzari). Incidirá sobre as remunerações pagas ou creditadas no mês aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, a alíquota de 1%(um), 2% (dois) ou 3%(três) em função do grau de risco de acidente do trabalho na atividade preponderante (conceituada como a que concentra o maior número de empregados pelo DEC. 3048/99) na empresa ser leve, médio ou grave, respectivamente. Já a cotização dos segurados especiais para o SAT, assim como a contribuição básica, incide sobre a receita bruta da comercialização da produção rural, na alíquota de 0,1% (diferente do que ocorre com o empregado e o avulso, quando o SAT fica a cargo da empresa, no caso do segurado especial é o próprio segurado que arca com o SAT, ainda que outro possa ser o responsável pelo recolhimento). As empresas rurais, produtor rural pessoa jurídica e agroindústrias, também tem a alíquota do SAT fixada em 0,1%.

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As alíquotas poderão ser reduzidas em até 50% (cinqüenta) ou aumentadas em até 100% (cem) de acordo com os índices de ocorrências, gravidade e custo dos incidentes na atividade. Súmula 351 do STJ: “A alíquota de contribuição para o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT) é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro”. A.5 – O ADICIONAL AO SAT. De acordo com o art. 57, §6º, da Lei 8.213/91, as alíquotas da contribuição SAT serão acrescidas de 12%, 9% ou 6% (o chamado “adicional SAT”), conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após 15, 20 ou 25 anos de contribuição, respectivamente. O acréscimo à alíquota básica do SAT incide, exclusivamente, sobre a remuneração do segurado sujeito às condições especiais, ao contrário do SAT básico, de 1%, 2% ou 3%, que incide sobre a totalidade da remuneração de empregados e avulsos. A cobrança do adicional do SAT também foi estendida às COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO (Considera-se cooperativa de produção aquela em que seus associados contribuem com serviços laborativos ou profissionais para a produção em comum de bens, quando a cooperativa detenha por qualquer forma os meios de produção) => Lei 10.666/03. A.6 - SOBRE VALOR BRUTO DA NOTA FISCAL OU FATURA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE COOPERADO , ATRAVÉS DE COOPERATIVA DE TRABALHO (ART. 22, IV, LEI 8212/91): 15% (quinze por cento) sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. O sujeito passivo dessa contribuição é a empresa contratante, tomadora do serviço, e não a cooperativa. A cooperativa de trabalho não se sujeita a contribuição sobre os valores com os quais remunera seus cooperados. Observe-se que, caso tenha empregados ou contrate outros contribuintes individuais distintos de seus cooperados, estará a cooperativa sujeita a todas as contribuições previstas em lei, como qualquer empresa.

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A.7. CONTRIBUIÇÃO SOBRE VALORES PAGOS A EXERCENTES DE MANDATO ELETIVO: O STF, nos autos do RE 351.717, declarou inconstitucional a alínea “h” do art.12, I, da Lei 8.212/91, inserida pela Lei nº 9.506/97, pois a inclusão dos exercentes de mandato eletivo dentre os segurados obrigatórios do RGPS implicou a criação, por meio de lei ordinária, de nova fonte de custeio. É que não se podia considerar que o subsídio pago aos agentes políticos se enquadrava no conceito de “folha de salários, faturamento e os lucros”. Contudo, depois da edição da EC nº 20/98, a redação do art. 195 da CF passou a permitir a exigência de contribuições incidentes sobre a remuneração dos agentes políticos, tendo sido editada lei nesse sentido (Lei nº 10.887/2004), que incluiu novamente o exercente de mandato eletivo entre os segurados obrigatórios da Previdência Social (alínea “j”). B – CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE S OCIAL – COFINS (LC 70/91, LEI 9718/98 E LEI 10.833/2003) E PIS/PA SEP (LEI 10.137/02): A LC 70/91, 30.12.91, instituiu a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, revogando o art. 23, I, da Lei 8.212/91, que tratava do FINSOCIAL. A COFINS foi criada com uma alíquota de 2%, tendo como base de cálculo o faturamento mensal, assim considerada a receita bruta das vendas de mercadorias e serviços de qualquer natureza. A COFINS é devida pelas pessoas jurídicas, inclusive entidades equiparadas pela legislação do Imposto de renda, sendo destinada exclusivamente às despesas com atividade-fim das áreas de saúde, previdência e assistência social (com a ressalva da DRU – art.76 do ADCT). O PIS – Programa de Integração Social foi criado pela LC nº 7/70 e o PASEP – Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público foi instituído pela LC nº 8/70. Essas Normas foram recepcionadas pela CF/88, consoante decisão do Pleno do STF, no RE 169.091, em 1995, tendo como Relator o Ministro Sepúlveda Pertence. A base constitucional da exigência do PIS e do PASEP está no art. 239 da CF/88, a qual estabeleceu que essas contribuições passariam, a partir de 5.10.1988, a financiar o programa de seguro-desemprego e o abono para os empregados que percebam até dois salários mínimos. A natureza jurídica do PIS e do PASEP é de contribuição social, destinada ao custeio da seguridade social.

A Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS, além das duas regras gerais de apuração (incidência não-cumulativa e incidência cumulativa), possuem ainda diversos regimes especiais de apuração. De um modo geral podemos dizer que:

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* Regime de incidência cumulativa: A base de cálculo é o total das receitas da pessoa jurídica, sem deduções em relação a custos, despesas e encargos. Alíquotas da para o PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 0,65% e de 3%.

* Regime de incidência não-cumulativa: O diploma legal da Contribuição para o PIS/PASEP não-cumulativa é a Lei 10.637, de 2002, e o da COFINS a Lei 10.833, de 2003.

Permite-se o desconto de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica. Nesse regime, as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins são, respectivamente, de 1,65% e de 7,6%.

As pessoas jurídicas de direito privado, e as que lhe são equiparadas pela legislação do imposto de renda, que apuram o IRPJ com base no lucro real estão sujeitas à incidência não-cumulativa, exceto: as instituições financeiras, as cooperativas de crédito, as pessoas jurídicas que tenham por objeto a securitização de créditos imobiliários e financeiros, as operadoras de planos de assistência à saúde, as empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e as sociedades cooperativas (exceto as sociedades cooperativas de produção agropecuária e as sociedades cooperativas de consumo).

* Regimes especiais : A característica comum é alguma diferenciação em relação à apuração da base de cálculo e/ou alíquota.

a. Base de cálculo e alíquotas diferenciadas

1. Instituições financeiras : Alíquota de 4% para cálculo da COFINS. 2. Entidades sem fins lucrativos : As entidades sem fins lucrativos de que trata o art. 13 da MP nº 2.158-35, de 2001, calculam a Contribuição para o PIS/Pasep com base na folha de salários, à alíquota de 1%. 3. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno : apuram a Contribuição para o PIS/Pasep com base nas receitas correntes arrecadadas e nas transferências correntes e de capital recebidas, e não estão sujeitas a Cofins.

b. Base de cálculo diferenciada

Estão sujeitas à incidência cumulativa, com alíquotas de 0,65% (Contribuição para o PIS/Pasep) e 3% (Cofins), porém com direito a deduções específicas previstas na legislação, as receitas obtidas, dentre outros, nos mercados futuros e de energia elétrica nas operações de câmbio, por instituição autorizada pelo BC.

A COFINS e o PIS não incidem sobre receitas de operações de exportação de mercadorias ou serviços.

PIS/Cofins e empresas de trabalho temporário: os v alores recolhidos a título de pagamento de salários e respectivos enc argos trabalhistas de empresas prestadoras de trabalho temporário (Lei n. 6.019/1974 e Dec. n. 73.841/1974) não podem ser excluídos da base de cál culo do PIS e da Cofins.

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Cofins e locação de bens móveis: O STJ admite a inc idência da COFINS sobre as receitas provenientes das operações de LOC AÇÃO DE BENS MÓVEIS por constituírem resultado da atividade econ ômica da empresa.

QUESTÕES POLÊMICAS SOBRE A COFINS:

1) A constitucionalidade dessa contribuição foi questionada (por possuir a mesma base de cálculo do PIS), tendo o STF, no julgamento da ADC 1-1/DF, decidido ser constitucional a COFINS, sob o fundamento que ela não tem base no § 4º do art. 195 da CF, mas no inciso I do art. 195. Por essa razão, eventual cumulatividade com outros tributos não encontra óbice constitucional. 2) Súmula 659 do STF: “É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações relativas à energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País”. 3) A constitucionalidade do artigo 56 da Lei n. 9.430/96, que revogou a isenção da COFINS concedida às sociedades civis prestadoras de serviços profissionais pelo art. 6º, II, da Lei Complementar n. 70/91, foi reconhecida pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento dos RE’s 377.457 e 381.864, ambos da Relatoria do Ministro Gilmar Mendes. Entendeu-se que a LC 70/91 é apenas formalmente complementar, mas materialmente ordinária (já que a COFINS poderia ter sido instituída por lei ordinária). Logo, a isenção concedida por lei apenas formalmente complementar pode ser revogada por lei ordinária, eis que inexiste hierarquia entre essas espécies normativas. 4) O STF (Informativo 408) considerou inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98, que ampliou o conceito de faturamento para abranger toda e qualquer receita, violando a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, b, da CF, na sua redação original, que equivaleria ao de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Entendeu-se que a superveniência da EC 20/98 (que inseriu o conceito de “receita” no art. 195, I, da CF) não teria o condão de sanar a inconstitucionalidade originária (pois o STF não admite a figura da “constitucionalidade superveniente”). 5) Já a majoração da alíquota da COFINS, de 2% para 3% (art. 8º da Lei 9.718/98), foi considerada constitucional pelo STF, que reconheceu a “desnecessidade de lei complementar para a majoração de contribuição cuja instituição se dê com base no artigo 195, inciso I, da Carta da República. Descabe cogitar de instrumento próprio, o da lei complementar, para majoração da alíquota da COFINS” (RE 407173). 6) O STJ tem entendimento consolidado no sentido de que o ICMS integra a base de cálculo do PIS e da COFINS (Súmulas 68 e 94). Aplicando o mesmo raciocínio, entende o STJ que “deve o valor do ISS compor a base de cálculo do PIS e da COFINS, pois integra o preço dos serviços e, por conseguinte, o

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faturamento decorrente do exercício da atividade econômica” (AgRg no AREsp 157.345). Prevalece a ideia de que não é possível excluir do faturamento o custo tributário, pois isso implicaria a formação de uma receita líquida. Quando uma empresa fixa o preço de venda de um produto, uma série de custos está embutida, entre os quais a carga tributária, não havendo previsão legal para a exclusão do tributo da base de cálculo do PIS/COFINS.

C) CONTRIBUIÇÕES DO IMPORTADOR DE BENS E SERVIÇOS D O EXTERIOR:

A Constituição prevê no seu art. 195, IV, introduzido pela EC 42/2003, a incidência de contribuição social a cargo do importador de bens e serviços do exterior, ou de quem a Lei a ele equiparar. Esse dispositivo está em sintonia com o disposto no art. 146, § 2º, inciso II, que recebeu nova redação pela EC 42/2003, prevendo a incidência de contribuição sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.

Em consonância com a nova ordem constitucional, foi editada a MP 164, de 29.01.2004, convertida na Lei nº 10.865/2004, que institui o PIS/PASEP-Importação e a COFINS-Importação, que têm por hipóteses de incidência a entrada de bens estrangeiros no território nacional e o pagamento, o crédito, a entrega, o emprego ou a remessa de valor es a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação por s erviço. A alíquota principal do PIS/PASEP-Importação é de 1,65% e da COFINS-Importação é de 7,6%. No entanto, o art. 8º estabelece alíquotas diferenciadas no caso de importação de alguns produtos, tais como, farmacêuticos, perfumaria, máquinas e veículos, gasolinas, etc.

D) – SOBRE O LUCRO LÍQUIDO (CSLL)

A CSLL está fundamentada no art. 195, I, c, da Constituição Federal, sendo que a cobrança foi instituída pela Lei 7.689/88. A alíquota é de 9% (nove) do lucro líquido (Lei 10.637/2002) sobre o resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. As pessoas jurídicas podem optar pelo recolhimento mensal dessa contribuição, com base em lucro real estimado. “Recurso extraordinário. 2. Contribuições sociais. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). 3. Imunidade. Receitas decorrentes de exportação. Abrangência. 4. A imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da Constituição, introduzida pela Emenda Constitucional nº 33/2001, não alcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja vista a distinção ontológica entre os conceitos de lucro e receita. 6. Vencida a tese segundo a qual a interpretação teleológica da mencionada regra de imunidade conduziria à exclusão do lucro decorrente das receitas de exportação da hipótese de incidência da CSLL, pois o conceito de lucro pressuporia o de receita, e a finalidade do referido dispositivo constitucional seria a desoneração ampla das exportações, com o escopo de conferir

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efetividade ao princípio da garantia do desenvolvimento nacional (art. 3º , I, da Constituição). 7. A norma de exoneração tributária prevista no art. 149, § 2º, I, da Constituição também não alcança a Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), pois o referido tributo não se vincula diretamente à operação de exportação. A exação não incide sobre o resultado imediato da operação, mas sobre operações financeiras posteriormente realizadas” (STF, RE 474132, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 12/08/2010) E) – SIMPLES (LEI 9.317/96) O regime simplificado de arrecadação de tributos federais, aplicável às micro e pequenas empresas que aderirem ao programa voluntariamente, abarca, além do IRPJ e do IPI, todas as contribuições para a seguridade social a cargo da pessoa jurídica (PIS, PASEP, CSLL, COFINS, Contribuição sobre o total da remuneração paga), através de uma alíquota variável de acordo com a receita bruta arrecadada no ano-calendário. Se a pessoa jurídica for contribuinte do IPI, terá adicional de 0,5%. Enquadrada no SIMPLES, a pessoa jurídica deverá pagar, sobre a receita bruta mensal, alíquotas que variam entre 3,0% e 15,126% (em casos diferenciados, a alíquota poderá chegar a 23,58%). Não estão incluídos no SIMPLES o IOF, II, IE, IR sobre ganho de capital, ITR, CPMF, FGTS e a contribuição para a seguridade social a cargo do empregado. F) CONTRIBUIÇÃO DOS CLUBES DE FUTEBOL PROFISSIONAL (LEI 9.615/98) Alíquota de 5%(cinco) sobre a receita bruta dos espetáculos desportivos, em qualquer modalidade esportiva , inclusive jogos internacionais de que participe o Brasil, contratos de patrocínio, licenciamento de marcas, de publicidade ou propaganda e das transmissões dos jogos. Esta contribuição substitui a incidente sobre a re muneração dos empregados (parte da empresa) e a do SAT . As demais incidem normalmente. Assim, caso a Associação Desportiva remunere um contribuinte individual, estará sujeita à contribuição de 20% sobre este valor. Caso contrate cooperativa de trabalho, também estará sujeita a recolhimento de 15% sobre o valor na fatura ou nota fiscal. Além disso, estão obrigados à retenção e recolhimento das contribuições a cargo de seus atletas, que são segurados na qualidade de empregados.

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G) CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA. EMPREGADOR RURAL PESSOA FÍSICA. INCIDÊNCIA SOBRE A COMERCIALIZAÇÃO DA PRODUÇÃO. ART. 25 DA LEI 8.212/1991, NA REDAÇÃO DADA PELO ART. 1º DA LEI 8.540/1992. INCONSTITUCIONALIDADE. I – Ofensa ao art. 150, II, da CF em virtude da exigência de dupla contribuição caso o produtor rural seja empregador. II – Necessidade de lei complementar para a instituição de nova fonte de custeio para a seguridade social. III – RE conhecido e provido para reconhecer a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei 8.540/1992, aplicando-se aos casos semelhantes o disposto no art. 543-B do CPC” (STF, RE 596177, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 01/08/2011) . H) CONTRIBUIÇÃO DO PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA E DA AGROINDÚSTRIA A Agroindústria (conceito legal – é o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria e adquirida de terceiros) e o produtor rural pessoa jurídica contribuirão, sobre a receita bruta da comercialização de seus produtos, com 2,5%, que substitui a pertinente à folha de salários; em relação ao SAT, adicional de 0,1% (zero vírgula um), pagando COFINS E CSLL. Além disso, o produtor rural pessoa jurídica é segurado obrigatório na condição de contribuinte individual, devendo efetuar suas contribuições mensais nessa condição, como qualquer outro individual. A contribuição do PRPJ e da agroin dústria substitui a incidente sobre a remuneração dos empregados e avulsos. Estão excluídas da substituição às contribuições sobre a remuneração de contribuintes individuais e a incidente sobre as faturas das cooperativas de trabalho. I) “Sistema S”: por força do disposto no art. 240 da CF (“Ficam ressalvadas do disposto no art. 195 as atuais contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários, destinadas às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical”), as contribuições para o SESC, SENAC, SESI e SENAI podem continuar a ser cobradas ao lado das contribuições incidentes sobre a folha de salários que retiram o seu fundamento no art. 195, I, a, da CF. J) Salário-educação: Súmula nº 732 do STF – “É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/96”.

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Mais entendimentos: (STF) Prorrogação da CPMF e manutenção de alíquota de 0,38%: majoração da alíquota de modo a atrair o disposto no art. 195 , § 6º, da CF, haja vista que a EC 42/2003 teria apenas mantido a alíquota de 0,3 8% para o exercício de 2004 sem instituir ou modificar a alíquota diferent e da que os contribuintes vinham pagando.

(STF) Alíquota da CSLL: É válida a majoração da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSSL (CF, art. 195, I) por medida provisória.

(STF) Vale transporte e contribuição previdenciária : É inconstituc ional a cobrança de contribuição previdenciária sobre o val or pago, em dinheiro, a título de vales- transporte aos seus empregados, por força de acordo trabalhista (caráter não salarial do auxílio).

(STJ) Cofins e distribuidores de filmes: Os valore s in gressam em seu caixa por direito próprio, pelo exercício de seu objeto s ocial, o que corresponde a seu faturamento para fins de incidência da Cofins.

(STJ) Cooperativa: Não incide o PIS/Cofins sobre os atos próprios da sociedade cooperativa que têm por objeto a prestação direta de serviço aos seus cooperados.

(STJ) Energia elétrica e PIS/Cofins: Os valores relativos ao fornecimento de energia elétrica que, mesmo faturados, não ingressa ram efetivamente no caixa da empresa, devido à inadimplência dos cons umidores, são computados na base de cálculo da Cofins e do PIS.

(STJ) Loja de shopping: Incide a Cofins e o PIS sobre as receitas oriundas da locação de lojas em shopping center , mesmo quando o valor do aluguel seja em percentual sobre o faturamento do lojista locatá rio.

(STJ) Cofins e factoring : o factoring realiza atividade mista atípica , entre as quais, a aquisição de direitos creditórios, auferin do vantagens financeiras resultantes das operações realizadas, logo deve inc idir Cofins sobre a soma das receitas.

(STJ) CSLL e alíquota reduzida para serviços hospit alares: justifica- se apenas se a instituição for organizada e estruturada com a finalidade de prestar atendimento e realizar internação de pacientes. Ou seja, são os que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitai s e voltadas diretamente à promoção da saúde , sendo que, em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar .

(STJ) SAT: A alíquota é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ , ou pelo grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro (Súmula 351).

(STJ) Contribuição previdenciária de 11%: não se criou nova contribuição sobre o faturamento, nem alterou a alíquota ou a b ase de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagame nto, somente fixou um

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novo sistema de arrecadação , a fim de responsabilizar as empresas tomadoras de serviço pela forma de substituição tri butária.

(STJ) Primeiros 15 dias do auxílio-doença: Não incide contribuição previdenciária sobre a remuneração paga pelo empreg ador ao empregado durante os primeiros 15 dias do auxílio-doença, uma vez que tal verba não tem natureza salarial, pois não há prestação de serviço no período.

(STJ) SIMPLES: A retenção da contribuição para a seguridade social pelo tomador do serviço não se aplica às empresas optant es pelo Simples. (Súmula 424)

(STJ) Contribuição sindical rural: A Confederação Nacional da Agricultura tem legitimidade ativa para a cobrança da contribuição sindical rural. (Súmula 396)

Bibliografia:

Manual de Direito Previdenciário, Carlos A. P. de Castro, João B. Lazzari, LTr, 7ª edição.

Curso de Direito Previdenciário, Fábio Zambitte Ibrahim, Editora Impetus, 8ª Edição.

Direito Previdenciário, Marcelo Leonardo Tavares, Lumen Juris, 8ª Edição.

Resumos do TRF5, TRF1 e TRF2.

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DIREITO PREVIDENCIÁRIO – PONTO 10

Ação previdenciária. Justificação. Tempo de serviço e tempo de contribuição. Juizado Especial Federal: questões pr evidenciárias. Atualizado em cinza, por Márcio Muniz da Silva Carvalho, em agosto de 2012

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA

Necessário distinguir os benefícios de natureza comum dos de natureza acidentária e assistencial para fins de competência. As ações para pleitear a concessão de benefícios previdenciários, cuja origem não esteja ligada a acidente de trabalho, além das ações revisionais dos valores dos benefícios pagos pela Previdência Social, as que objetivam a comprovação de tempo de serviço, entre outras, são da competência da Justiça Federal. Registra-se a hipótese de competência federal constitucionalmente delegada (art. 109, §3º, C.F). Por demais importante é a lembrança de que as doenças profissionais e do trabalho se equiparam ao acidente do trabalho, inclusive para firmar a competência da Justiça Estadual. PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO O entendimento do TRF1, assim como do STJ e do STF, é de que “segundo uníssono posicionamento jurisprudencial há muito consolidado, não é necessária a prévia postulação administrativa como condição para o manejo da ação em que se busca a concessão de benefício previdenciário” (AC 0033965-08.2007.4.01.9199/MG, 2ª Turma, Rel. Des. Fed. NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, julgado em 25/07/2012) Concessão de tutela antecipada na ação previdenciária. Possibilidade. Súmula 729 do STF: “A decisão na ADC-4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária”. Competência para ações previdenciárias. Regra geral – Justiça Federal Exceção – Competência da justiça estadual para ações acidentárias. Há entendimento de que, no Mandado de Segurança, não pode haver delegação da competência. Súmula 216 do TFR: “Compete à Justiça Federal processar e julgar mandado de segurança impetrado contra ato de autoridade previdenciária, ainda que localizada em comarca do interior”.

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Causas referentes ao Benefício assistencial O benefício assistencial, no valor de um salário mínimo, pago aos idosos e deficientes carentes, previsto no art. 203 da Constituição Federal e regulado pelo art. 20 da Lei n. 8.742/93, não pode ser confundido com os benefícios de origem previdenciária da Lei n. 8.213/91, embora ambos sejam concedidos pelo INSS (e, por conseguinte, as causas envolvendo benefícios assistenciais também são julgadas pela Justiça Federal, tendo em vista que o INSS ocupa o polo passivo da relação jurídica processual). Competência dos Juizados Especiais Federais – Observância apenas quanto ao valor da causa (na esfera federal, único elemento fixador da competência, em conjunto com as hipóteses de exclusão expressas no §1º, do art. 3º, da lei 10.259/01). Aplicação da lei dos JEF’s em caso de delegação de competência Por força do art. 20 da Lei 10.259/01, onde não houver Vara Federal a causa poderá ser proposta no Juizado Especial Federal mais próximo do foro definido no art. 4º da Lei n. 9.099/95 (a qual é aplicada de forma subsidiária), vedada a aplicação da Lei dos Juizados Federais no juízo estadual (neste sentido decidiu o STJ no RMS 18.433-MA e CC 46672-MG). Honorários advocatícios Súmula 111 do STJ: “Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”. Coisa julgada previdenciária A jurisprudência admite que o benefício concedido judicialmente (Ex: auxílio-doença) pode ser cancelado administrativamente em caso de recuperação da capacidade laborativa (alguns benefícios previdenciários são essencialmente transitórios, como o auxílio-doença, de modo que a coisa julgada, de certa forma, é rebus sic stantibus). De outro norte, a regra constitucional da proteção previdenciária permite em determinadas hipóteses a desconsideração da eficácia plena da coisa julgada. Neste sentido: “O direito previdenciário não admite preclusão do direito ao benefício, por falta de provas: sempre será possível, renovadas estas, sua concessão” (AC 2001.04.01.075054-3. TRF da 4ª Região, 5ª Turma, Des. Fed. Antonio Albino Ramos de Oliveira, DJ 18/9/2002).

JUSTIFICAÇÃO

Justificação Judicial : Nela, o juiz exerce a função de mero agente documentador. Não é cabível se postular nem a declaração, nem a constituição, nem condenação, nem execução, nem mandamento. É possível pedir unicamente a constituição de prova, a qual sequer será apreciada. Ou se julga

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procedente ou improcedente a justificação, considerando a sua capacidade de produzir os efeitos pretendidos pelo requerente nos termos no parágrafo único do artigo 866 do CPC. Desta forma, a justificação judicial não constitui início de prova material, podendo ser recusada pelo INSS, uma vez que inexiste manifestação judicial. Por tais motivos, inclusive chegou a se defender a possibilidade de o juiz recusar o seu processamento quando esta não estivesse acompanhada de indícios materiais, em face da pouca serventia do seu processamento. Derradeiramente, vale lembrar que o INSS não pode cancelar benefício de aposentadoria por tempo de serviço para exigir novas provas do tempo de serviço reconhecido por meio de justificação administrativa devidamente homologada, eis que isto consubstancia-se em tentativa de reavaliação de provas e afronta à coisa julgada administrativa (TRF4, AC em MS nº 95.04.16535-4/RS, Rel. Juiz Nylson Paim de Abreu, 6ª T., um., j. em 30.10.97) Trecho de acórdão do TRF4 sobre o tema: “A justificação judicial respaldada somente em depoimentos testemunhais colhidos que se limitaram tão-somente a afirmar o exercício da atividade referida pela autora, sem que seja acompanhada de substrato documental mínimo, contemporâneo aos fatos provados, não é suficiente para a comprovação do tempo de serviço” (TRF4, AC 2003.04.01.032611-0, Turma Suplementar, Relator Luís Alberto D'azevedo Aurvalle, D.E. 10/01/2007) “É insuficiente a justificação com base na prova testemunhal. A justificação judicial é um procedimento de jurisdição voluntária que consiste na colheita avulsa de prova testemunhal, com o fito de ser utilizada em processo futuro, bem como em outras finalidades não contenciosas, limitando-se o magistrado à verificação das formalidades legais, sem adentrar no conteúdo da prova colhida” (AC 0002495-84.2003.4.01.3803/MG, Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Conv. Juiz Federal Reginaldo Márcio Pereira (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.173 de 29/06/2010) Justificação Administrativa : art. 108 da Lei nº 8.213/91 A justificação administrativa constitui instrumento utilizado para suprir a falta ou insuficiência de documento ou produzir prova de fato ou circunstância de interesse dos beneficiários, perante a Previdência Social (art. 142 do Dec. 3.048/99). É um meio de prova de natureza administrativa, processada perante o próprio INSS. Este vai avaliar a prova produzida para verificar sua autenticidade. É procedimento subsidiário. Só será admitida na hipótese de ficar evidenciada a inexistência de outro meio capaz de comprovar a verdade do fato alegado. O Decreto 3.048/99 vedou a tramitação da justificação administrativa como processo autônomo, exigindo que seja parte de processo antecedente (art. 142,

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§ 2º). Dessa forma, não pode ser processada isoladamente. Sua instrução passa a ser decorrente de processo de benefício, de averbação de tempo de serviço ou de Certidão de Tempo de Contribuição. Não será admitida a justificação administrativa quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, de idade ou de óbito, ou de qualquer ato jurídico para o qual a lei prescreva forma especial. Só será admitido o processamento da justificação administrativa na hipótese de ficar evidenciada a inexistência de outro meio capaz de configurar a verdade do fato alegado. O interessado deverá apresentar início de prova material (prova documental contemporânea ao fato alegado), devendo ser apresentado um ou mais indícios como marco inicial e outro como marco final, que possam levar à convicção do que se pretende comprovar. Se no decorrer do processamento da justificação administrativa ficar evidenciado que a prestação do serviço se deu sem relação de emprego, será feito o reconhecimento da filiação na categoria de autônomo, com obrigatoriedade do recolhimento das contribuições. No caso de comprovação de tempo de contribuição, é dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito. O motivo de força maior ou caso fortuito deverá ser comprovado através de certidão do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Boletim de Ocorrência Policial, conforme o caso. Da ocorrência policial deverão constar registros que evidenciem que a empresa foi atingida pelo sinistro (endereço, setores atingidos, documentação destruída, danos causados, etc). O laudo de exame grafotécnico/datiloscópico, somente será aceito se apresentados os documentos originais que serviram de base para a realização do exame, para verificação sobre sua aceitação como início de prova material para fins de processamento de justificação administrativa. A homologação da justificação administrativa quanto à forma e ao mérito é de competência da autoridade que autorizou o seu processamento. Cabe ao processante apenas fazer relatório sucinto do que colheu sobre os fatos, opinando conclusivamente sobre a prova produzida, isto é, se foram confirmados, ou não, os fatos alegados, não sendo de sua competência analisar o início de prova material apresentado. De acordo com o art. 147 do Decreto 3048/99, não caberá recurso da decisão da autoridade competente do INSS que considerar eficaz ou ineficaz a justificação administrativa.

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TEMPO DE SERVIÇO E TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO De início, é bom explicar que apesar de o tópico ser relativo à prova do “tempo de serviço”, desde a EC 20/98 o correto é falar em tempo de contribuição (os artigos 59 e 60 do Decreto 3.048/99, que regulamenta a Lei 8.213/91, já utilizam a nomenclatura “tempo de contribuição”; no entanto, a própria Lei, no artigo 55, mantém a redação original, com a expressão “tempo de serviço”). Considera-se tempo de contribuição o tempo, contado de data a data, desde o início até a data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela previdência social, descontados os períodos legalmente estabelecidos como de suspensão de contrato de trabalho, de interrupção de exercício e de desligamento da atividade (artigo 59 do Dec. 3.048/99). Comprovação do tempo de serviço O tempo de serviço será comprovado na forma estabelecida em Regulamento (art. 60, Decreto 3048/99) - LBPS, art. 55, compreendendo: (a) o tempo de serviço correspondente às atividades de qualquer das categorias de segurados obrigatórios, mesmo que anterior à perda da qualidade de segurado; - Súmula 18 da TNU: “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária”. - Lembrar do artigo 3º da Lei 10.666/03, que permite a contagem de períodos não subsequentes como tempo de serviço/contribuição, para o caso de concessão de aposentadoria por tempo de contribuição e especial: “A perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial”. “Este Tribunal e o Superior Tribunal de Justiça - STJ firmaram entendimento no sentido da não-exigência de simultaneidade do implemento dos requisitos (idade mínima e carência) para obtenção da aposentadoria por idade” (TRF1, AMS 2003.38.00.063999-1/MG, Rel. Desembargadora Federal Neuza Maria Alves Da Silva, Segunda Turma,e-DJF1 p.145 de 30/09/2010) (b) o tempo de serviço militar, inclusive voluntário, e o previsto no § 1º do art. 143 da Constituição Federal, ainda que anterior à filiação ao Regime Geral da Previdência Social, desde que não tenha sido contado para inatividade remunerada nas Forças Armadas ou aposentadoria no serviço público; “2. Devem ser consideradas, para fins de aposentadoria, a data da incorporação do autor ao serviço militar obrigatório e a data da licença, constantes no

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Certificado de Reservista, considerando que neste período o segurado esteve à disposição do exército. 3. O segurado trabalhou por 8 horas diárias na Empresa Furnas Centrais Elétricas, na condição de aluno-aprendiz, percebendo remuneração e recebendo o mesmo tratamento de funcionários com vínculo empregatício. O tempo laborado como aluno-aprendiz a empresa Furnas deve ser reconhecido para averbação, consoante reiterados precedentes deste Tribunal” (AC 0022180-88.2003.4.01.9199/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Olavo, Conv. Juiz Federal Guilherme Mendonça Doehler (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.72 de 17/03/2010) (c) o tempo intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez; “No cálculo da aposentadoria por invalidez, quando precedida de auxílio-doença, será utilizado o salário-de-benefício do auxílio-doença como salários-de-contribuição para a determinação do valor da RMI do novo benefício de aposentadoria, consoante o disposto no § 5º do art. 29 da Lei 8.213/91, utilizando-se o período de gozo do auxílio-doença na apuração do tempo de serviço” (AC 0028270-10.2006.4.01.9199/MG, Rel. Desembargador Federal Jirair Aram Meguerian, Conv. Juiz Federal Francisco Neves Da Cunha (conv.), Primeira Turma,e-DJF1 p.7 de 20/07/2010) (d) o tempo de contribuição efetuado como segurado facultativo; “2. Nos termos do art. 2º, I, c/c art. 5º da Lei n. 3.870/60, vigente na época dos fatos, os estagiários não são segurados obrigatórios da Previdência Social, uma vez que não exercem atividade laborativa propriamente dita. 3. Para fins de contagem de tempo de serviço, o art. 32, § 2º, da Lei n. 3.807/60 exigia a indenização das contribuições não recolhidas, na condição de segurado obrigatório ou contribuinte facultativo. 4. Apenas com a edição da Lei n. 5.890/73, o estagiário ou bolsista passou a ser considerado segurado facultativo da Previdência Social. 5. No caso dos autos, a autora pretende averbar tempo de serviço prestado como estagiário no período de 01/03/1971 a 20/03/1973, sem a correspondente indenização das contribuições, o que não encontra amparo na lei de regência.” (AC 0031051-47.1999.4.01.3800/MG, Rel. Desembargador Federal Carlos Olavo, Primeira Turma,e-DJF1 p.39 de 24/03/2010) (e) o tempo de serviço referente ao exercício de mandato eletivo, federal, estadual ou municipal, desde que não tenha sido contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdência social; “2. Seja no regime pretérito, seja no regime da Lei 8.213/91, o servidor público não submetido a regime próprio sempre foi segurado obrigatório da previdência urbana.

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3. Com o advento da Lei 8.647/93 os ocupantes de cargo em comissão passaram a ser segurados obrigatórios do regime geral. 4. Hipótese em que o demandante, como ocupante de cargo em comissão, não estava amparado por regime próprio de previdência, de modo que sua filiação ao regime geral de previdência era automática. Assim, as remunerações recebidas no período não podem ser ignoradas pelo INSS quando do cálculo da renda mensal inicial, sendo irrelevante o fato de o Município eventualmente não ter repassado contribuições para o INSS, haja vista que o recolhimento das contribuições previdenciárias é obrigação do empregador. 5. Quanto à situação do titular de mandato eletivo municipal, estadual ou federal frente à Previdência Social, tem-se que a Lei nº 3.807/60, antiga Lei Orgânica da Previdência Social - LOPS, tanto em sua redação original quanto nas posteriores alterações, bem como a redação original da Lei 8.213/91, não previa como segurado obrigatório o titular de mandato eletivo. 6. Apenas com a edição da Lei n. 9.506/97, que acrescentou a alínea h ao inciso I do art. 11 da Lei nº 8.213/91, o titular de mandato eletivo passou a ser considerado segurado obrigatório. Entretanto, dispositivo idêntico contido na Lei nº 8.212/91 foi julgado incidentalmente inconstitucional pelo STF, no Recurso Extraordinário nº 351.717/PR, Tribunal Pleno, DJ 21/11/2003, Rel. Min. Carlos Velloso, de forma que esse entendimento foi estendido para a Lei de Benefícios. 7. Por fim, adveio a Lei nº 10.887/04, que, adequada à Emenda Constitucional nº 20/98, voltou a inserir uma alínea no inciso I do art. 11 da atual Lei de Benefícios - alínea j -, determinando que os detentores de mandato eletivo de todas as esferas sejam considerados segurados obrigatórios. 8. Assim, até a Lei nº 10.887/04, o reconhecimento do labor como vice-prefeito para fins previdenciários exige a prova do recolhimento das contribuições respectivas; a partir de então, tal ônus passa ao encargo do respectivo Município. 9. Não se tratando o autor de segurado obrigatório do Regime Geral, nem sendo filiado, à época do exercício do mandato eletivo, a regime próprio de previdência, o cômputo do interstício em que trabalhou como vice-prefeito somente é possível mediante o pagamento das contribuições respectivas, cujo recolhimento não era de responsabilidade do Município respectivo. 10. Pedido rescisório procedente.” (AR 0041262-52.2006.4.01.0000/MG, Rel. Desembargadora Federal Ângela Maria Catão Alves, Conv. Juiz Federal Miguel Ângelo Alvarenga Lopes (conv.), Primeira Seção,e-DJF1 p.43 de 18/06/2010) (f) o tempo de contribuição efetuado por segurado depois de ter deixado de exercer atividade remunerada que o enquadrava no art. 11 desta Lei (como segurado obrigatório); Importante ler os parágrafos do art. 55 da Lei 8.213/91: Com a EC 20/98 (seu art. 4º c/c § 10 do art. 40, da CF/88), passou a valer o tempo de contribuição efetivo para a Previdência Social para o cálculo dos

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benefícios e não mais o tempo de serviço. Entretanto, o tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei discipline a matéria será contado como tempo de contribuição, exceto o tempo de serviço ou contribuição em dobro ou qualquer outra contagem de tempo fictício. Para o segurado empregado, trabalhador avulso e doméstico, é considerado tempo de serviço todo aquele em que houve relação de trabalho, independentemente das contribuições terem sido ou não recolhidas, cuja obrigação de recolhimento é dos empregadores (art. 30, I, a, V, Lei 8.212/91) sem prejuízo da respectiva cobrança e das sanções cabíveis (art. 34, I, Lei 8.213/91 e art. 33, § 5º, da Lei 8.212/91). Para os demais segurados (ex: facultativo), impõe-se a necessidade de comprovar as contribuições realizadas. Vale anotar que o contribuinte individual que preste serviço a empresa não está obrigado a recolher sua contribuição, que é retida pela pessoa jurídica (art. 4º da Lei 10.666/03) Com relação ao contribuinte individual há cumulação de requisitos, ou seja, deve comprovar exercício de atividade laborativa determinante do vínculo obrigatório e comprovação do recolhimento das respectivas contribuições previdenciárias, salvo nos casos em que o contribuinte individual presta serviços a empresa e esta faz a retenção dos pagamentos (Lei 10.666/03, art. 4º - OBS: este artigo não se aplica ao contribuinte individual, quando contratado por outro contribuinte individual equiparado a empresa ou por produtor rural pessoa física ou por missão diplomática e repartição consular de carreira estrangeiras, e nem ao brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo - § 3º). Fica, todavia, o contribuinte individual que tem sua contribuição retida pela empresa contratante obrigado a complementar, diretamente, a contribuição até o valor mínimo mensal do salário-de-contribuição, quando as remunerações recebidas no mês, por serviços prestados a pessoas jurídicas, forem inferiores ao salário mínimo. Quando se trata de tempo de serviço pretérito, onde houve o exercício da profissão sem o recolhimento das contribuições previdenciárias no momento oportuno, dispõe o art. 45-A da Lei 8.212/91 que “o contribuinte individual que pretenda contar como tempo de contribuição, para fins de obtenção de benefício no Regime Geral de Previdência Social ou de contagem recíproca do tempo de contribuição, período de atividade remunerada alcançada pela decadência deverá indenizar o INSS”. Súmula 5 da TNU: “A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários”.

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O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior ao início da vigência da Lei 8.213/91 (novembro/91), será computado independentemente de recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência (§ 2º, do art. 55 da Lei 8.213/91). Súmula 24 da TNU: “O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência, conforme a regra do art. 55, §2º, da Lei nº 8.213/91” Súmula 10 da TNU: “O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº. 8.213/91 pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias”. Não será computado, em regra, como tempo de serviço o já considerado para a concessão de qualquer aposentadoria prevista no regulamento ou por outro sistema de previdência social. DESAPOSENTAÇÃO O TRF1 é favorável à tese da desaposentação, seguindo a mesma linha do STJ: “PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA. RENÚNCIA. CONCESSÃO DE NOVO BENEFÍCIO. DESAPOSENTAÇÃO . POSSIBILIDADE. DIREITO PATRIMONIAL DISPONÍVEL. LEI Nº 8.213/1991, ART. 18, § 2º. 1. Consoante jurisprudência firmada pelas duas Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal, ressalvado o ponto de vista contrário do próprio relator, é possível a renúncia à aposentadoria por tempo de contribuição anteriormente concedida e a obtenção de uma nova aposentadoria, no mesmo regime ou em regime diverso, com a majoração da renda mensal inicial, considerando o tempo de serviço trabalhado após a aposentação e as novas contribuições vertidas para o sistema previdenciário. 2. Fundamenta-se a figura da desaposentação em duas premissas: a possibilidade do aposentado de renunciar à aposentadoria, por se tratar de direito patrimonial, portanto, disponível, e a natureza sinalagmática da relação contributiva, vertida ao sistema previdenciário no período em que o aposentado continuou em atividade após a aposentação, sendo descabida a devolução pelo segurado de qualquer parcela obtida em decorrência da aposentadoria já concedida administrativamente, por consistir em direito regularmente admitido. Precedentes do STJ. 3. Implantação do novo benefício, na ausência de requerimento administrativo, a partir da data do ajuizamento da ação.

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4. As parcelas vencidas deverão ser compensadas com aquelas percebidas pela parte autora com a aposentadoria anterior desde a data de início do novo benefício e pagas acrescidas de correção monetária e juros de mora, na forma do Manual de Cálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução/CJF 134, de 21.12.2010.” (TRF1, AC 0034317-56.2010.4.01.3800/MG, 1ª Turma, Rel. Des. Fed. NÉVITON GUEDES, julgado em 14/06/2012) DESPENSÃO Despensão é o pedido de desaposentação feito pela pensionista, na hipótese em que o instituidor continuou trabalhando e recolhendo contribuições após a sua aposentadoria (que deu origem à pensão). O objetivo da pensionista é a obtenção de uma aposentadoria mais vantajosa para o de cujus, com reflexos diretos no valor de sua pensão. A matéria é abordada no livro de Frederico Amado, e praticamente não há jurisprudência a respeito. O TRF3 já decidiu que “não se trata de renúncia, uma vez que não se pretende deixar de receber benefício previdenciário, mas, sim, trocar a aposentadoria que era recebida pelo(a) segurado(a) falecido(a) por outra mais vantajosa, com reflexos na pensão por morte, o que fere o disposto no art. 18, § 2º, da Lei 8.213/91” (AC 00321443220104039999, 9ª Turma, Rel. Des. Fed. Marisa Santos, 24/11/2011). No TRF2 me lembro de um único caso, em que participei da elaboração do voto, cujo pedido foi julgado improcedente (e mantido no Tribunal), tendo em vista a ausência de legitimidade da viúva para pleitear a renúncia à aposentadoria de seu falecido marido. É inconcebível que uma pessoa pretenda renunciar a um direito que não lhe pertence, e que, ao revés, configura direito personalíssimo de outra pessoa, ainda que se trate do seu falecido cônjuge. Mas é possível que no futuro a jurisprudência até venha a admitir essa possibilidade, porque no direito previdenciário a análise nunca é puramente técnica, e impera o “princípio do coitadinho”, que faz com que a jurisprudência atropele os conceitos jurídicos mais elementares e aceite qualquer coisa (criando o que eu chamaria de “princípio da bandalha”). Para ilustrar o que estou dizendo, segue abaixo recente precedente em que o STJ passou por cima da famosa Súmula 7 da Corte, procedendo a uma inusitada reanálise de provas, utilizando uma argumentação quase incompreensível: “PREVIDENCIÁRIO. TRABALHO RURAL. RECONHECIMENTO. PROVA MATERIAL. INÍCIO. DEPOIMENTO TESTEMUNHAL A CORROBORAR O PERÍODO ALEGADO. 1. O início de prova material não se confunde com prova plena, mas sim meros indícios, que podem ser complementados com os depoimentos testemunhais. 2. Esta Corte Superior tem entendimento pacífico no sentido de que, ante as dificuldades encontradas pelo trabalhador rural em comprovar o tempo de

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serviço nas lides campesinas, o exame das provas colacionadas aos autos não encontra óbice na Súmula 7 do STJ, por consistir em devida revaloração do acervo probatório. (?????? Alguém entendeu isto ??????) 3. No caso dos autos, o Tribunal de origem desconsiderou: (a) o certificado de reservista, pois a profissão de lavrador foi escrita à mão, com legibilidade comprometida; (b) a certidão de casamento, pois registra a profissão do recorrente como carpinteiro; (c) a prova testemunhal não ter sido contraditória, pois todas as testemunhas foram unânimes em afirmar que trabalharam com a requerente - como bóia-fria. Agravo regimental improvido.” (AgRg no REsp 1310097/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 29/05/2012) 2. PROVA DO TEMPO DE SERVIÇO: Sem dúvida, a questão mais delicada no que concerne ao tempo de serviço diz respeito à sua prova. Relativamente aos meios probatórios admitidos, nosso CPC acolheu o princípio da liberdade objetiva dos meios de demonstração (art. 332). Vale dizer, são admitidos todos os meios, desde que cientificamente idôneos e moralmente legítimos. No que concerne à avaliação das provas, nosso Código de Processo Civil adotou o sistema da persuasão racional (art. 131 do CPC). Tratamento diferenciado é dispensado no § 3º do art. 55 da Lei 8.213/91, quando se cogita da comprovação do tempo laboral, pois aqui a prova, contrariando a regra geral, é tarifada: “A comprovação do tempo de serviço para os efeitos desta Lei, inclusive mediante justificação administrativa ou judicial, conforme o disposto no art. 108, só produzirá efeito quando baseada em início de prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito, conforme disposto no Regulamento”. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. “Com escusas pela obviedade, início de prova não é comprovação plena. É um começo. Didaticamente, parece o indício do direito penal, que é uma pista, vestígio, um fato (FERNANDES, Anníbal. Tempo de serviço – comprovação, in Repertório IOB de Jurisprudência – Trabalhista e Previdenciário, n. 17/95, p. 241 – grifamos). Na prática, “início de prova material” é um documento (no caso de uma declaração escrita pelo ex-empregador, alguns a equiparam a uma prova testemunhal), preferencialmente contemporâneo à época dos fatos que se pretende comprovar, que funcione como um “indício” (a ideia é exatamente essa) de que o requerente trabalhou no período alegado. Se esse início de prova documental for corroborado pela prova testemunhal produzida em juízo, é o suficiente para que o benefício seja concedido, respeitando-se assim o art. 55, §3º, da Lei 8.213/91.

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Súmula 149 do STJ: “A prova exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção do benefício previdenciário” (apesar de a súmula se referir somente ao rurícola, o entendimento tem sido adotado também para o trabalhador urbano) Súmula 34 da TNU: “Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar”. Súmula 14 da TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”. Há alguma hipótese em que se admite a prova exclusivamente testemunhal para a comprovação do tempo de serviço? Sim, “na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito” (parte final do art. 55, §3º, da Lei 8.213/91). Ex: todos os documentos comprobatórios do vínculo empregatício estavam no almoxarifado de uma empresa, que pegou fogo. Nesse caso admite-se a prova exclusivamente testemunhal (já peguei um caso assim na prática, não é lenda, isso ocorre mesmo). DO INÍCIO DE PROVA EM NOME DE TERCEIROS: A prova documental em nome de terceiros serve como início de prova material a ser estendida à pessoa que requer o benefício. Súmula 6 da TNU: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola”. Súmula 9 da Turma Regional de Uniformização da 4ª Região: “Admitem-se como início de prova material, documentos em nome de integrantes do grupo envolvido no regime de economia familiar rural”. Tendências da jurisprudência: a) Declarações de ex-empregadores: As declarações de ex-empregadores reduzidas a escrito, destinadas a atestar que o segurado foi empregado, configuram, apenas, depoimento testemunhal, com a deficiência de não ter sido observado o contraditório. Contudo, o STJ já aceitou este tipo de prova para comprovar o tempo de serviço de empregada doméstica, pois “as declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário” (art. 368 do CPC). b) Anotações constantes da CTPS: valem para todos os efeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço e salários-

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de-contribuição (art. 19 do RPS). Entende-se que as anotações da carteira de trabalho representam o início de prova material escrita exigida pela lei, para fins de contagem de tempo de serviço, ainda que para período anterior ao da expedição do documento. Súmula 31 da TNU: “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”. Súmula 12 do TST: “As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram presunção ‘juris et de jure’, mas apenas ‘juris tantum’” c) Reclamatória trabalhista: Na verdade, muitas reclamatórias trabalhistas são ajuizadas com desvirtuamento da finalidade, ou seja, não visam a dirimir controvérsia entre empregador e empregado, mas sim a obter direitos perante a Previdência Social. Em alguns casos há uma verdadeira simulação, com o reconhecimento do vínculo empregatício por parte do empregador, em acordo com o empregado. O entendimento que prevalece hoje é de que “a sentença trabalhista pode ser considerada como início de prova material, mostrando-se hábil para a determinação do tempo de serviço previsto no artigo 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991, desde que fundada em elementos que evidenciem o exercício da atividade laborativa na função e períodos alegados na ação previdenciária, ainda que o INSS não tenha integrado a respectiva lide” (STJ, AgRg no REsp 1053909/BA, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em 19/08/2008). Súmula 31 da TNU: “A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários”. d) Justificação (detalhada acima) e) Documentos públicos nos quais conste a qualificação/profissão do requerente: o STJ tem aceito esses documentos como início de prova material do exercício de atividade rural. Súmula 6 da TNU: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola” “A Certidão de Óbito , na qual conste a qualificação do cônjuge da segurada como lavrador, serve como início de prova material para a comprovação da atividade rural, sendo possível o reconhecimento do labor rural no período posterior ao falecimento do de cujus, desde que a continuidade da atividade rural seja atestada por idônea e robusta prova testemunhal” (STJ, AgRg no AREsp

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95.333/GO, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012) “Verificando-se, na certidão de casamento , a profissão de rurícola do marido, e de se considerar extensível a profissão da mulher, apesar de suas tarefas domésticas, pela situação de campesinos comum ao casal” (STJ, AgRg no REsp 1309123/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/05/2012) “Na esteira da sólida jurisprudência desta Corte, a qualificação profissional de lavrador ou agricultor, constante dos assentamentos de registro civil , constitui indício aceitável de prova material do exercício da atividade rural, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/1991, podendo, inclusive, produzir efeitos para período de tempo anterior e posterior nele retratado, desde que a prova testemunhal amplie a eficácia probatória referente ao período de carência legalmente exigido à concessão do benefício postulado” (STJ, AgRg no AREsp 67.393/PI, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 17/05/2012) f) Documentos em nome do segurado: Para as famílias que laboram na agricultura em regime de economia familiar é comum que a documentação esteja inteiramente no nome do chefe da família, o patriarca. Esse fato não impede, por si só, que o tempo seja considerado, desde que corroborado pelos demais elementos de prova. g) Fotografias: Havendo fotografias do segurado no exercício de atividade, tirada na época em que se postula o reconhecimento do tempo laboral, já se entendeu possível valorar a prova testemunhal produzida, desde que seja possível aferir a data aproximada da fotografia, e haja vinculação do segurado à atividade cujo desempenho se pretende comprovar. h) Recibos de pagamento: Ao contrário das meras declarações de ex-empregadores, a existência de recibos de pagamento datados da época em que os salários foram quitados encontram boa aceitação da jurisprudência. i) Registros nos livros obrigatórios de empresa ou serventia: No que tange aos lançamentos gráficos, efetuados em livros obrigatórios das empresas ou serventias, tem se entendido como adequados para constituir início de prova material. j) Mandado de segurança: Não é o instrumento mais adequado para a discussão de questões relativas à comprovação do tempo de serviço, visto que inadmite dilação probatória. Essa é uma alegação bastante comum do INSS, a de que o mandado de segurança seria “via inadequada” para a discussão sobre o tempo de serviço. Contudo, em muitos casos é possível comprovar o tempo de contribuição através de prova exclusivamente documental (Ex: cópia da carteira

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de trabalho, laudos técnicos de exposição a agentes nocivos à saúde, etc). Nesses casos, é perfeitamente possível o manejo do mandado de segurança, pois não há necessidade de qualquer outra prova. l) Tempo de serviço já averbado: Averbação é o registro em documento hábil do reconhecimento do tempo de filiação em atividade abrangida pela Previdência Social. Desta forma, a averbação de tempo de serviço, que é um ato administrativo vinculado, produz o efeito de garantir ao segurado que esse período será computado para fins de deferimento dos benefícios previdenciários do RGPS ou de outro regime mediante a contagem recíproca. OBS: No que tange à prova do exercício da atividade rural, a jurisprudência tem entendido que, embora a Lei Previdenciária exija um início razoável de prova material, não sendo admitida a prova exclusivamente testemunhal, salvo na ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito – art. 55, § 3º, da Lei 8213/91, tal exigência, no caso dos trabalhadores rurais, deve ser relativizada, tendo em vista as peculiaridades que envolvem essa classe de trabalhadores, especialmente a categoria dos “bóias-frias” ou “safristas”. Esse entendimento, aliás, já tem sido proclamado tanto pelo TRF da 4ª Região quanto pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. OBS: CABIMENTO DA AÇÃO DECLARATÓRIA PARA RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO: Depois de alguma divergência inicial, a jurisprudência firmou o entendimento de que a ação declaratória é a via processual adequada para o reconhecimento do tempo de serviço, uma vez que o fim visado é justamente a declaração de uma relação jurídica que precisa ser aclarada, sendo inegável a necessidade da tutela jurisdicional para a satisfação da pretensão de direito material (matéria sumulada pelo STJ – Súmula nº 242 – “Cabe ação declaratória para reconhecimento de tempo de serviço para fins previdenciários”). 3. CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE SERVIÇO: Os arts. 94-99 da LBPS vieram a estabelecer os critérios para a contagem recíproca e as respectivas compensações, e os arts. 125-135 do RPS dispõem acerca dessa matéria. A garantia da contagem recíproca de tempo de serviço passou, a partir da EC 20/98, a ser de tempo de contribuição, permitindo o cômputo para fins de aposentadoria, do período trabalhado no serviço público e daquele prestado na iniciativa privada, inclusive para o trabalhador urbano e rural, hipótese em que os diversos regimes de Previdência Social se compensarão financeiramente (§ 9º do art. 201 da Constituição Federal). O benefício resultante de contagem de tempo de serviço será concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requerê-lo, e calculado na forma da respectiva legislação (LBPS, art. 99). Poderá ser contado o tempo de

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serviço prestado à administração pública dos Estados e dos Municípios, desde que estes assegurem aos seus servidores a contagem de tempo de serviço em atividade vinculada ao regime geral da previdência social (LBPS, art. 95, § único). A regulamentação legislativa definindo os critérios para a compensação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos casos de contagem recíproca de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria, se deu com a Lei 9.796/99 e pelo Decreto 3.112/99. O art. 2º da Lei nº 9.796/99 define regime de origem como aquele “regime previdenciário ao qual o segurado ou servidor público esteve vinculado sem que dele receba aposentadoria ou tenha gerado pensão para seus dependentes” e regime instituidor “o regime previdenciário responsável pela concessão e pagamento de benefício de aposentadoria ou pensão dela decorrente a segurado ou servidor público ou a seus dependentes com cômputo de tempo de contribuição no âmbito do regime de origem”. O tempo de contribuição ou de serviço, em caso de contagem recíproca, será computado de acordo com a legislação pertinente, observadas, entre outras, as normas previstas no art. 96 da Lei 8.213/91, quais sejam: “I – não será admitida a contagem em dobro ou em outras condições especiais; II – é vedada a contagem de tempo de serviço público com o de atividade privada, quando concomitantes; III – não será contado por um sistema o tempo de serviço utilizado para concessão de aposentadoria pelo outro; IV – o tempo de serviço anterior ou posterior à obrigatoriedade de filiação à Previdência Social só será contado mediante indenização da contribuição correspondente ao período respectivo, com acréscimo de juros moratórios de 0,5% por cento ao mês, capitalizados anualmente, e multa de dez por cento”. O art. 98 da Lei nº 8.213/91 estabelece que “Quando a soma dos tempos de serviços ultrapassar 30 (trinta) anos, se do sexo feminino, e 35 (trinta e cinco) anos, se do sexo masculino, o excesso não será considerado para qualquer efeito”. Lembrar que a jurisprudência tem admitido a possibilidade de renúncia de aposentadoria concedida por um regime para fins de utilização do tempo de serviço para concessão de aposentadoria em outro regime mais vantajoso (é a tese da desaposentação, acolhida pelo TRF1 e pelo STJ). É possível requerer a emissão de certidão de tempo de serviço para período fracionado? “PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. SEGURADO JÁ APOSENTADO NO SERVIÇO PÚBLICO COM UTILIZAÇÃO DA CONTAGEM RECÍPROCA.

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CONCESSÃO DE APOSENTADORIA JUNTO AO RGPS. TEMPO NÃO UTILIZADO NO INSTITUTO DA CONTAGEM RECÍPROCA. FRACIONAMENTO DE PERÍODO. POSSIBILIDADE. ART. 98 DA LEI N.º 8.213/91. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. 1. A norma previdenciária não cria óbice a percepção de duas aposentadorias em regimes distintos, quando os tempos de serviços realizados em atividades concomitantes sejam computados em cada sistema de previdência, havendo a respectiva contribuição para cada um deles. 2. O art. 98 da Lei n.º 8.213/91 deve ser interpretado restritivamente, dentro da sua objetividade jurídica. A vedação contida em referido dispositivo surge com vistas à reafirmar a revogação da norma inserida na Lei n.º 5.890/73, que permitia o acréscimo de percentual a quem ultrapassasse o tempo de serviço máximo, bem como para impedir a utilização do tempo excedente para qualquer efeito no âmbito da aposentadoria concedida. 3. É permitido ao INSS emitir certidão de tempo de serviço para período fracionado, possibilitando ao segurado da Previdência Social levar para o regime de previdência próprio dos servidores públicos apenas o montante de tempo de serviço que lhe seja necessário para obtenção do benefício almejado naquele regime. Tal período, uma vez considerado no outro regime, não será mais contado para qualquer efeito no RGPS. O tempo não utilizado, entretanto, valerá para efeitos previdenciários junto à Previdência Social” (STJ, RESP 200401363047, LAURITA VAZ, 5ª Turma, 30/05/2005) CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM E V ICE-VERSA Na legislação anterior, permitia-se que o segurado que tivesse desenvolvido atividade comum e especial optasse por aposentadoria por tempo de serviço ou especial, quando os períodos deveriam ser convertidos para que ficasse viabilizada a sua soma dentro de um mesmo padrão. Todavia, desde a Lei 9.032/95, que alterou o antigo § 3º do artigo 57 da Lei 8.213/91, não é mais possível converter tempo comum em especial, sendo necessário que todo o tempo de serviço seja especial, se a intenção for requerer aposentadoria especial. Contudo, continua sendo possível a conversão de tempo de serviço especial em comum. Em função do art. 28 da Lei 9.711/98 (“O Poder Executivo estabelecerá critérios para a conversão do tempo de trabalho exercido até 28 de maio de 1998...”), surgiu a controvérsia a respeito da possibilidade de conversão de tempo especial em comum após esse período (28 de maio de 1998). A TNU chegou a editar a (hoje cancelada) Súmula 16, com o seguinte teor: “A conversão em tempo de serviço comum, do período trabalhado em condições especiais, somente é possível relativamente à atividade exercida até 28 de maio de 1998 (art. 28 da Lei nº 9.711/98)”. Prevalece, todavia, a posição do STJ, no sentido de que “permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades

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especiais para comum após 1998, pois, a partir da última reedição da MP n.º 1.663, parcialmente convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n.º 8.213/1991.” (REsp 1.151.363/MG, Rel. Min. JORGE MUSSI, TERCEIRA SEÇÃO, DJe de 5/4/2011) COMPROVAÇÃO DA ATIVIDADE ESPECIAL. Nos decretos que tratavam da aposentadoria especial, constata-se que as condições especiais - ensejadoras do direito à jubilação com um tempo de serviço menor do que o exigido para os demais trabalhadores - eram valoradas sob dois ângulos: as categorias profissionais, tais como engenheiros, químicos e motoristas de ônibus, nos quais presumia-se que o exercício dessas profissões sujeitava os trabalhadores a agentes nocivos (exposição presumida) e o rol de agentes insalubres cuja exposição, independente da profissão do segurado, daria o direito à aposentadoria especial. Com a edição da Lei nº 9.032/95, ainda era permitida a concessão de aposentadoria com base na relação de profissões do Decreto n.º 53.381/64. Entretanto, em face da alteração promovida no art. 57, em especial a nova redação do § 4º, também passou a ser necessária a demonstração da real exposição aos agentes nocivos, químicos, físicos, ou biológicos, passando-se a exigir de quem implementasse os requisitos após 29/04/95, além do antigo formulário denominado SB40, a apresentação de laudo técnico pericial. Pelo § 3º do art. 57, reclama-se que a atividade não seja ocasional nem intermitente. O segurado deverá comprovar que estava submetido aos agentes agressivos de forma habitual e permanente , sob pena de não ser reconhecida a atividade como especial. A utilização de equipamentos de proteção individual não descaracteriza a atividade como especial, salvo se do laudo constar que sua utilização neutraliza ou elimina a presença do agente nocivo. Com relação à utilização de EPI (equipamento de proteção individual) e EPC (equipamento de proteção coletivo), para o fim de descaracterizar a atividade realizada como especial, foi editada a Súmula 09 da TNU: “O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”. Atenção para a Súmula 32 da TNU, cuja redação foi alterada no final de 2011: “O tempo de trabalho laborado com exposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis, na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade à saúde de tal índice de ruído”

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Em resumo, até a edição da Lei 9.032/95, bastava o enquadramento do segurado nos decretos que estabeleciam os tempos diferenciados para aposentação. Após essa lei, é necessária a comprovação de exposição aos agentes nocivos à saúde, por qualquer meio de prova, com o preenchimento dos formulários SB-40 e DSS-8030. A partir da MP 1.523/96, convertida na Lei 9.528/97, exige-se o laudo técnico para a comprovação de exposição aos agentes nocivos à saúde. TEMPO DE SERVIÇO DOS PROFESSORES: - Os professores sempre tiveram direito a aposentadoria por tempo de serviço em tempo reduzido, se comparado aos demais trabalhadores. - Desde a EC 20/98, os professores universitários não tem mais direito a aposentar-se com período reduzido: o benefício é para professores que comprovarem, exclusivamente, tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. - Súmula 726 do STF: “Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço prestado fora da sala de aula”. JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS Onde houver JEF, a competência é absoluta para as causas de até 60 salários mínimos, observadas as exceções do §1º do art. 3º, da Lei 10.259/01. A Justiça estadual julga as causas que decorram de acidente do trabalho contra o INSS. Isso significa que ela pode julgar auxílio-doença (decorrente de acidente do trabalho), auxílio-acidente (decorrente de acidente do trabalho), aposentadoria por invalidez (decorrente de acidente de trabalho), e até pensão por morte (se decorrer de acidente do trabalho – questão polêmica). Vale lembrar das hipóteses de doença profissional e doença do trabalho que também são da competência da Justiça Estadual. Enunciado nº. 9 FONAJEF Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei n. 10.259, não se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei n. 10.259/2001. Enunciado nº. 22 FONAJEF A exclusão da competência dos Juizados Especiais Federais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos somente se aplica quanto a ações coletivas. Enunciado nº. 23 FONAJEF

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Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei n. 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei n. 9.099/95, não havendo nisso afronta ao art. 12, § 2º, da Lei 11.419/06. (Nova redação – V FONAJEF) Quanto ao valor da causa, o STJ entende que, quando há prestações vencidas e vincendas, há a necessidade do exame conjugado da Lei 10.259/01 e do art. 260, CPC (CC 46.732/MS). Enunciado nº. 15 FONAJEF Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor na data da propositura de ação. Enunciado nº. 18 FONAJEF No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência deve ser calculado por autor. Enunciado nº. 20 FONAJEF Não se admite, com base nos princípios da economia processual e do juiz natural, o desdobramento de ações para cobrança de parcelas vencidas e vincendas. Ainda no que diz respeito ao valor da causa para determinação da competência, vislumbra-se a possibilidade de renúncia do crédito que exceder a 60 (sessenta) salários mínimos na data do ajuizamento da demanda, devendo a renúncia ser expressa. Enunciado nº. 16 FONAJEF Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência. Enunciado nº. 17 FONAJEF Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de competência nos Juizados Especiais Federais. Pagamentos efetuados pelo INSS Via de regra os pagamentos são feitos através de RPV (condenações até 60 salários mínimos). Quando a condenação superar este patamar, a via adequada é o precatório, podendo, também, haver renúncia do valor excedente para fins de recebimento em RPV.

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Os pagamentos vencidos após a sentença até o trânsito em julgado constituem obrigação de fazer por parte do INSS, devendo ser pagas administrativamente. É o chamado complemento positivo. Enunciado nº. 65 FONAJEF As parcelas vencidas após a data do cálculo judicial podem ser pagas administrativamente, por meio de complemento positivo.