trabalho elementos da responsabilidade civil

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 ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL Para que seja caracterizada a Responsabilidade Civil de alguém, imputando a este o dever de reparar o injusto sofrido é essencial a verificação de elementos imprescindíveis. A presença de quatro elementos que ensejariam a Responsabilidade Civil: conduta comissiva ou omissiva, culpa (em sentido amplo), nexo de causalidade e dano sofrido pela vítima. Analisemos os elementos: a) Conduta Dá-se importância em tratar da conduta pelo fato de que analisar apenas a culpa abstratamente e de forma isolada só tem importância no plano conceitual. Por conduta temos que se trata da exteriorização da atitude do homem que, de maneira voluntária, por ação ou omissão produz conseqüências relevantes para o Direito. Dito assim tem-se que conduta é gênero do qual a ação e a omissão são espécies. “Ação ou omissão é o aspecto físico, objetivo da conduta, sendo a vontade o seu aspecto  psicológico, ou subjetivo .” Outro importante conceito é do trazido por Maria Helena Diniz: “Ato hum ano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.” A conduta pode ser comissiva que se consubstancia numa ação que se materializa no plano concreto através de um ato positivo; ou omissiva que, diferente daquela, revela-se num ato negativo, ou seja, numa conduta contrária ao que se espera demonstrando ser relevante para o ordenamento jurídico, de forma a atingir bem  juridicamente tutelado , resultando daí o evento da noso. Como fato gerador da responsabilidade tem-se ainda a distinção entre conduta lícita e ilícita. b) Dano O dano é elemento central na caracterização da responsabilidade civil. Isso porque não haveria que se falar em dever de indenizar ou ressarcir sem a presença do dano. Configura-se o dano quando há lesão, sofrida pelo prejudicado, em seu conjunto de valores protegidos pelo direito, relacionando-se a sua própria pessoa, aos seus bens e direitos. Contudo, não é qualquer dano que é passível de reparação, mas apenas o dano injusto, contra ius, afastando-se daí o dano autorizado juridicamente. Um conceito sobre o dano é o apresentado por Cavalieri Filho. Diz a ssim: “A subtração ou diminuição de um bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um

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ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Para que seja caracterizada a Responsabilidade Civil de alguém, imputando aeste o dever de reparar o injusto sofrido é essencial a verificação de elementosimprescindíveis. A presença de quatro elementos que ensejariam a Responsabilidade

Civil: conduta comissiva ou omissiva, culpa (em sentido amplo), nexo de causalidade edano sofrido pela vítima.

Analisemos os elementos:

a) Conduta

Dá-se importância em tratar da conduta pelo fato de que analisar apenas a culpaabstratamente e de forma isolada só tem importância no plano conceitual.

Por conduta temos que se trata da exteriorização da atitude do homem que, de

maneira voluntária, por ação ou omissão produz conseqüências relevantes para oDireito.

Dito assim tem-se que conduta é gênero do qual a ação e a omissão são espécies.“Ação ou omissão é o aspecto físico, objetivo da conduta, sendo a vontade o seu aspecto

 psicológico, ou subjetivo.”

Outro importante conceito é do trazido por Maria Helena Diniz: “Ato humano,comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, dopróprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano aoutrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.”

A conduta pode ser comissiva que se consubstancia numa ação que sematerializa no plano concreto através de um ato positivo; ou omissiva que, diferentedaquela, revela-se num ato negativo, ou seja, numa conduta contrária ao que se esperademonstrando ser relevante para o ordenamento jurídico, de forma a atingir bem

 juridicamente tutelado, resultando daí o evento danoso.

Como fato gerador da responsabilidade tem-se ainda a distinção entre condutalícita e ilícita.

b) Dano

O dano é elemento central na caracterização da responsabilidade civil. Issoporque não haveria que se falar em dever de indenizar ou ressarcir sem a presença dodano.

Configura-se o dano quando há lesão, sofrida pelo prejudicado, em seu conjuntode valores protegidos pelo direito, relacionando-se a sua própria pessoa, aos seus bens edireitos. Contudo, não é qualquer dano que é passível de reparação, mas apenas o danoinjusto, contra ius, afastando-se daí o dano autorizado juridicamente.

Um conceito sobre o dano é o apresentado por Cavalieri Filho. Diz assim: “A subtraçãoou diminuição de um bem jurídico, qualquer que seja a sua natureza, quer se trate de um

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bem patrimonial, quer se trate de um bem integrante da própria personalidade da vítima,como a sua honra, a imagem, a liberdade etc.”

Diante disso temos a clara divisão do dano em danos materiais e danos morais.

Por dano material temos que é o dano exteriorizado num prejuízo visível,mensurável, donde se possibilita apuração, recaindo sobre o patrimônio do sujeitopassivo. Compreendendo o dano emergente e o lucro cessante. Dano emergente é o quea vítima efetivamente viu diminuir do seu patrimônio. Enquanto que lucro cessante é oque o ofendido razoavelmente deixou de ganhar. Tanto um como o outro estão presentesno que determina o art. 402 do Código Civil Brasileiro.

Já o dano moral é “lesão de um bem integrante da personalidade; violação de

bem personalíssimo, tal como a honra, a liberdade, a saúde, a integridade psicológica,causando dor, vexame, sofrimento, desconforto e humilhação à vítima”

Os danos morais são ofensas aos direitos da personalidade, assim como o direitoà imagem constitui um direito de personalidade, ou seja, àqueles direitos da pessoasobre ela mesma.

Há ainda quem apresente outra modalidade de dano, em relação ao modo daprodução deste dano, que é o dano reflexo ou ricochete. Este “corresponde ao fato de

uma pessoa sofrer, por reflexo, um dano, primariamente causado a outrem, como porexemplo, separanda que deixa de receber pensão alimentícia em razão da supervenienteincapacidade física do ex-marido, esta decorrente de ato ilícito praticado por terceira

 pessoa.”

Dano Moral nas Relações de Família:

1ª corrente: nunca há dano moral entre cônjuges, pois patrimonializa relações deafeto;2ª corrente: sempre caberia;3ª corrente: existe desde que o casamento lese a dignidade da pessoa do outrocônjuge. O fim do afeto não causa dano moral (art. 1511 CC).

c) Nexo causal

O terceiro elemento caracterizador da responsabilidade civil, mas não menosimportante para configurar a obrigação de indenizar, é o nexo causal.

O nexo de causalidade consiste na relação de causa e efeito entre a condutapraticada pelo agente e o dano sofrido pela vítima.

Percebe-se dupla função desempenhada pelo nexo de causalidade: tanto épressuposto de responsabilidade, como é medida da obrigação de indenizar, pois nãosão todos os danos que se mostram passíveis de ressarcimento, mas apenas os quetenham sido ocasionados pelo fato imputável ao agente lesionador.

Na apreciação de casos concretos nem sempre é tarefa fácil buscar a origem dodano e a demonstração do nexo causal, seja pela insuficiência do conceito naturalístico

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de causalidade, seja pelo aparecimento, em cada caso, de várias causas, denominadas de“concausas”, que podem ser concomitantes ou sucessivas.

Porém, a questão não se mostra simples quando se fala em concausas sucessivas.Várias teorias são discutidas a fim de guiar o julgador na melhor compreensão do nexo

causal e na conseqüente resolução mais justa do caso concreto. Entretanto, tendo emvista os limites deste trabalho, não seria adequado dissecar todas as teorias a respeito dotema.

Desta forma o assunto será abordado sob a ótica de três concepções sobre o nexocausal.

A primeira delas, chamada de Teoria da equivalência das condições ouantecedentes, tem como escopo o fato de que causa é toda condição sem a qual oresultado não teria ocorrido. Com várias circunstâncias que poderiam ter causado oprejuízo, qualquer delas poderá ser considerada a causa eficiente, ou seja, se suprimidaalguma delas, o resultado danoso não teria ocorrido. Cahali assim resume tal teoria: “esta doutrina sustenta que todas as condições que conduzem a um resultado são a causadesse resultado, sejam mediatas ou imediatas; portanto, basta que o sujeito tenharealizado uma condição desse resultado para que exista relação causal; um fenômeno écondição do outro quando, suprimindo-o mentalmente, faz-se impossível admitir que ofato conseqüente se teria produzido tal como ocorreu (condição sine qua non).” (grifo

do autor).

Em seguida tem-se a Teoria da causalidade adequada. Para ela, “causa é o

antecedente não só necessário, mas, também, adequado à produção do resultado. Logo,nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a

 produzir o evento.”

Por último tem-se a Teoria da causa próxima ou causalidade imediata. Cahaliassim a esclarece: “esta doutrina (tal como a da causa eficiente) procura selecionar entre

todas as condições de um resultado, uma de particular relevância, a que considera causa;a teoria da causa próxima, pelo menos em suam formulação inicial, escolhe como causaa condição cronologicamente mais próxima do evento que se quer imputar.” (grifo do

autor) Essa teoria está presente no art. 403 do Novo Código Civil Brasileiro. Portanto,será causa do dano aquela que está mais próxima deste, imediatamente (sem intervalo) ediretamente (sem intermediário).

d) Culpa

Embora a culpa seja um elemento essencial na caracterização daresponsabilidade civil subjetiva e não tenha nenhuma relevância para a responsabilidadecivil objetiva é de bom grado analisar suas características. Isto porque, apesar decaminharmos para a prevalência da teoria objetiva, não está excluída a apreciação dateoria subjetiva no campo da responsabilização civil.

Para a responsabilidade civil quando se fala em culpa toma-se o vocábulo peloseu significado mais abrangente, ou seja, a culpa latu sensu. Esta abarca tanto a culpa

strictu sensu, quanto o dolo, isto é, todas as espécies de comportamentos contrários aodireito, sejam intencionais ou não, mas sempre imputáveis ao causador do dano.

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 No art. 186 do Código Civil está presente a regra que “Aquele que, por ação ou

omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Desta forma, percebe-seestabelecido que o dever de indenizar depende da culpa em sentido lato.

Embora expressamente previsto na lei, o conceito de culpa não é de fácil definição. Demodo simples temos a definição de que “a culpa stricto sensu seria a violação de um

dever, legal ou contratual, por imprudência, negligência ou imperícia; e o dolo seria aviolação de tais deveres intencionalmente, buscando o resultado que aquele ato irácausar ou, ainda, assumindo o risco de produzi-lo.”

Por sua vez, Rui Stocco assim define a culpa em sentido estrito: “a culpa stricto

sensu, é o agir inadequado, equivocado, por força de comportamento negligente,imprudente ou imperito, embora o agente não tenha querido o resultado lesivo, desdeque inescusável. Aliás, geralmente o seu objetivo é lícito, ausente a intenção de

 prejudicar.”

Nos conceitos de culpa analisados podem-se encontrar dois elementos: umelemento objetivo, configurado no dever violado, e um elemento subjetivo, inferido naculpabilidade ou imputabilidade do agente. Este último elemento se desdobra em maisdois, quais sejam: o primeiro está na possibilidade, para o agente de conhecer o dever(discernimento); o segundo fixa-se na possibilidade de observação desse dever(presivibilidade e evitabilidade do ato ilícito).

Ainda, no que tange à culpa strictu sensu, existem três modalidades da condutaculposa. A imprudência, a negligência e a imperícia. A imprudência consiste em umcomportamento descuidado e positivo, afastando-se do mínimo que a diligência exige; aimperícia é a falta de habilidade técnica que se espera do autor; e a negligência secaracteriza pela falta de cuidado por omissão, sintetizando, pois, um proceder negativo,uma abstenção.

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IMPRUDÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E IMPERÍCIA Entre as modalidades de crimes culposos, nos quais estariam situados os atos

denominados erros médicos, há aqueles em que o agente deu causa ao resultado porimprudência (prática de ato perigoso), negligência (falta de precaução), ou imperícia(falta de aptidão técnica teórica ou prática).

A imprudência se caracteriza por uma conduta comissiva, é a ausência dodevido cuidado consubstanciado numa ação é, pois, a realização de um ato (no caso dosmédicos, um ato médico) sem a devida previdência.

A negligência é a ausência de cuidado razoável exigido. Trata-se, em verdade,da omissão da conduta esperada e recomendável. O médico que não realiza o necessárioe preventivo cuidado para proceder a uma cirurgia, vindo, por conseguinte, em razão

desta omissão do dever de cautela, a causar um mal ao paciente, age negligentemente.

A imperícia é a falta da competente análise e da observação das normasexistentes para o desempenho da atividade. É o despreparo profissional, odesconhecimento técnico da profissão.