Elementos Formadores Elementos Formadores da Responsabilidade da Responsabilidade

CivilCivil

Prof: Inocêncio de Carvalho Prof: Inocêncio de Carvalho SantanaSantana

IntroduçãoIntrodução

Conduta comissiva ou omissiva Conduta comissiva ou omissiva

Culpa Culpa

Dano Dano

Nexo de CausalidadeNexo de Causalidade

Para que haja a Responsabilidade Civil Para que haja a Responsabilidade Civil exigi-se a ocorrência dos seguintes exigi-se a ocorrência dos seguintes itens: itens:

condutaconduta comissivacomissiva ou ou omissivaomissiva; ; culpa do agenteculpa do agente; ; nexo causalnexo causal entre a conduta e o entre a conduta e o

resultado; resultado; O O danodano . .

Conduta comissiva ou omissivaConduta comissiva ou omissiva Toda manifestação exterior de vontade, Toda manifestação exterior de vontade,

voluntariamente concebida de forma voluntariamente concebida de forma unilateral ou por recíproco acordo de unilateral ou por recíproco acordo de vontades, produz o que se convencionou vontades, produz o que se convencionou denominar de denominar de ato jurídicoato jurídico. Para . Para visualizar a produção do ato jurídico, o visualizar a produção do ato jurídico, o agente deve assumir a atitude de agente deve assumir a atitude de desenvolver determinada conduta, ou, desenvolver determinada conduta, ou, contrariamente, abster-se de praticá-la contrariamente, abster-se de praticá-la

Conduta

Comissiva Omissiva

Obrigação Originalmente Lícita decorrente da

assinatura de um contrato Obrigação ilícita, como o

acidente causado por determinada pessoa

na condução de veículo.

Lesionado o bem que se encontra Lesionado o bem que se encontra tutelado, antes de ocorrer a tutelado, antes de ocorrer a apuração daapuração da existência e do existência e do quantumquantum deste prejuízo, é mister deste prejuízo, é mister apurar a efetividade ou não da apurar a efetividade ou não da conduta que lhe tenha dado causa. conduta que lhe tenha dado causa.

Sem a conduta humanaSem a conduta humana ( (açãoação ou ou omissão) não há que se falar em omissão) não há que se falar em responsabilidade. “Elemento responsabilidade. “Elemento primário de todo ilícito"primário de todo ilícito"

Assim, poder-se-ia caracterizar aAssim, poder-se-ia caracterizar a condutaconduta como a como a exteriorização exteriorização naturalística de uma atitude que, naturalística de uma atitude que, voluntariamente, voluntariamente, por ação ou inérciapor ação ou inércia, , demonstre ser contrária ao Direito, demonstre ser contrária ao Direito, resultando em um dano, material ou resultando em um dano, material ou moralmoral. .

Rui Stoco Lembra que não se deve Rui Stoco Lembra que não se deve abranger em seu contexto a abranger em seu contexto a consciência do resultado a ser consciência do resultado a ser produzido ou o propósito da conduta, produzido ou o propósito da conduta, elementos que configuram o elementos que configuram o dolodolo. Pois . Pois conduta voluntária representa a conduta voluntária representa a manifestação de uma atitude, não manifestação de uma atitude, não sendo apropriada para representar sendo apropriada para representar também a intenção ou não do agente também a intenção ou não do agente em obter resultado, visualizado com em obter resultado, visualizado com antecedência (dolo) ou não (culpa). antecedência (dolo) ou não (culpa).

CulpaCulpa Pode esta ser conceituada numa Pode esta ser conceituada numa

fórmula universal? fórmula universal? Estabelecer o conceito de culpa não Estabelecer o conceito de culpa não

é tarefa simples.é tarefa simples. SavatierSavatier faz uma feliz síntese, onde faz uma feliz síntese, onde

culpa consubstancia-se como a não culpa consubstancia-se como a não execução de um execução de um deverdever de de observância mínima pelo agente. observância mínima pelo agente.

Nos adverte Carlos Roberto Nos adverte Carlos Roberto Gonçalves que este é um termo Gonçalves que este é um termo controverso e abrangente:controverso e abrangente:

Henri Lalou, por exemplo, discerne a Henri Lalou, por exemplo, discerne a culpa como simples violação de culpa como simples violação de direito alheio;direito alheio;

José de Aguiar Dias visualiza uma José de Aguiar Dias visualiza uma culpa genérica, abrangendo esta o culpa genérica, abrangendo esta o dolodolo e a e a culpa simplesculpa simples. .

É no Direito Penal que É no Direito Penal que encontraremos melhor encontraremos melhor caracterizadas as três figuras que caracterizadas as três figuras que sustentam a casuística da culpa: a sustentam a casuística da culpa: a imprudênciaimprudência, a , a imperíciaimperícia e a e a negligêncianegligência. .

Basilar na primitiva e clássica noção de Basilar na primitiva e clássica noção de responsabilização, contemplada no artigo responsabilização, contemplada no artigo 159 do Código Civil brasileiro, sua existência 159 do Código Civil brasileiro, sua existência é condiçãoé condição sine qua non sine qua non para que o resultado para que o resultado danodano, por intermédio de uma , por intermédio de uma condutaconduta com o com o mínimo de mínimo de causalidadecausalidade, efetive-se. , efetive-se.

Não adentrando ainda no terreno delicado da Não adentrando ainda no terreno delicado da moderna concepção de moderna concepção de responsabilidade responsabilidade objetivaobjetiva, que busca independência em , que busca independência em relação à figura da culpa para sustentar-relação à figura da culpa para sustentar-se, não subsiste a tradicional noção se, não subsiste a tradicional noção de responsabilização sem este pressuposto.de responsabilização sem este pressuposto.

Responsabilidade Sem CulpaResponsabilidade Sem Culpa Autorizada doutrina, entretanto, com luz Autorizada doutrina, entretanto, com luz

própria, e fundamento nas construções própria, e fundamento nas construções jurisprudenciais e sumulares de nossos jurisprudenciais e sumulares de nossos tribunais, vislumbra e aceita a idéia de uma tribunais, vislumbra e aceita a idéia de uma responsabilidade responsabilidade sem culpasem culpa, ou seja, , ou seja, desvinculada de um de seus mais desvinculada de um de seus mais importantes elementos, o que pode ser importantes elementos, o que pode ser comprovado pelo teor de alguns de nossos comprovado pelo teor de alguns de nossos mais modernos instrumentos legislativos, mais modernos instrumentos legislativos, como, por exemplo, o Código de Defesa do como, por exemplo, o Código de Defesa do Consumidor .Consumidor .

Para Rui Stoco, os pressupostos Para Rui Stoco, os pressupostos que ensejam a responsabilização que ensejam a responsabilização

são:são:

b) alguém que sofra por esta

atitude (a vítima)

c) o prejuízoocasionado

a) A existência de alguém que infrinja

uma norma;

CulpaCulpa Morosidade no processo de criação Morosidade no processo de criação

jurisprudencial:jurisprudencial: Inexistente esta, não se configura o dever Inexistente esta, não se configura o dever

de reparar o prejuízo causado . Neste de reparar o prejuízo causado . Neste sentido, Aguiar Dias recorda Rudolph von sentido, Aguiar Dias recorda Rudolph von Ihering, que sintetizou na sua oração "sem Ihering, que sintetizou na sua oração "sem culpa, nenhuma reparação" um predicado culpa, nenhuma reparação" um predicado que até hoje congrega adeptos fervorosos.que até hoje congrega adeptos fervorosos.

CulpaCulpa Quanto à sua procedência, duas são as Quanto à sua procedência, duas são as

modalidades de culpa, em entendimento modalidades de culpa, em entendimento adotado pela melhor doutrina:adotado pela melhor doutrina:

culpa culpa contratualcontratual e e extracontratualextracontratual ou ou aquilianaaquiliana. Naquela, tem-se a transgressão . Naquela, tem-se a transgressão a um preceito situado originalmente num a um preceito situado originalmente num instrumento que vincule as partes instrumento que vincule as partes contratantes. Nesta, verifica-se um dano contratantes. Nesta, verifica-se um dano causado por conduta sem que preexista causado por conduta sem que preexista liame entre as partes. liame entre as partes.

Maria Helena Diniz correlaciona, ao Maria Helena Diniz correlaciona, ao lado da culpa lado da culpa in faciendo (Comissiva)in faciendo (Comissiva) e e in omittendo (omissiva)in omittendo (omissiva), com a , com a culpa culpa inin eligendoeligendo, decorrente da má , decorrente da má escolha de preposto mandatário, e a escolha de preposto mandatário, e a in vigilandoin vigilando, decorrente da falta de , decorrente da falta de observância e controle de ato que observância e controle de ato que incumbe a terceiro sob sua incumbe a terceiro sob sua responsabilidade. (arts. 1521, I e II e responsabilidade. (arts. 1521, I e II e 1521, III, CC.) 1521, III, CC.)

DanoDano Prejuízo resultante da prática Prejuízo resultante da prática

pelo agente de uma conduta pelo agente de uma conduta omissiva ou comissiva.omissiva ou comissiva.

Não há responsabilidade, Não há responsabilidade, subjetivasubjetiva ou ou objetivaobjetiva, sem a , sem a ocorrência de um dano. ocorrência de um dano.

Do latim Do latim damnumdamnum, com sua , com sua significação entre significação entre malmal ou ou ofensaofensa, , como pré-requisito essencial para como pré-requisito essencial para justificar o dever de ressarcir ou justificar o dever de ressarcir ou compensar o prejuízo causado a compensar o prejuízo causado a outrem, seja em decorrência de outrem, seja em decorrência de descumprimento de obrigação descumprimento de obrigação contratual, ou em decorrência de contratual, ou em decorrência de responsabilidade aquiliana responsabilidade aquiliana

É impossível a vida em sociedade É impossível a vida em sociedade sem a existência do princípio que sem a existência do princípio que exija daquele que deu causa a um exija daquele que deu causa a um dano o dever de repara-lo.dano o dever de repara-lo.

Giorgio Giorgi ressalta, com precisão, Giorgio Giorgi ressalta, com precisão, que "embora violada a obrigação, que "embora violada a obrigação, mas, se dano não houver, falta a mas, se dano não houver, falta a matéria do ressarcimento." matéria do ressarcimento."

Classificação dos danos, quanto à Classificação dos danos, quanto à sua manifestaçãosua manifestação

MateriaisMateriais ou ou patrimoniaispatrimoniais - -MaterialMaterial, , como a própria nomenclatura demonstra, como a própria nomenclatura demonstra, é o dano exteriorizado num prejuízo é o dano exteriorizado num prejuízo visível, mensurável, ou que possibilite visível, mensurável, ou que possibilite apuração, recaindo sobre o patrimônio ou apuração, recaindo sobre o patrimônio ou sobre a própria pessoa do sujeito passivo.sobre a própria pessoa do sujeito passivo.

ImateriaisImateriais ou ou moraismorais - - imaterialimaterial, , denominado denominado dano moraldano moral, revela-se , revela-se deveras complexo, em comparação com o deveras complexo, em comparação com o patrimonialpatrimonial

Danos Danos ImateriaisImateriais ou ou moraismorais só veio a ser recepcionado, só veio a ser recepcionado,

parcialmente, pelo Código parcialmente, pelo Código Napoleônico de 1804.Napoleônico de 1804.

No Brasil, surge, com a Carta No Brasil, surge, com a Carta Constitucional de 1988, em seu artigo Constitucional de 1988, em seu artigo 5º, incisos V e X, a disposição preclara 5º, incisos V e X, a disposição preclara de que ao dano à imagem, seria de que ao dano à imagem, seria assegurado direito de reparação. assegurado direito de reparação.

O O Nexo de causalidadeNexo de causalidade restaria, restaria, portanto, como o elemento que, portanto, como o elemento que, interligando um interligando um procederproceder a um a um resultado danosoresultado danoso, estabelece um , estabelece um vínculo entre as partes que justifica o vínculo entre as partes que justifica o dever do responsável de indenizar o dever do responsável de indenizar o prejuízo experimentado pela vítima. prejuízo experimentado pela vítima.

Elemento primordial de qualquer Elemento primordial de qualquer teoria sobre a responsabilidade civil.teoria sobre a responsabilidade civil.

Não há para o agente a obrigação de Não há para o agente a obrigação de indenizar o dano sem que entre indenizar o dano sem que entre este e a conduta desenvolvida este e a conduta desenvolvida haja a ocorrência de um haja a ocorrência de um nexo de nexo de causalidadecausalidade. .

É imediatamente válido para as É imediatamente válido para as escolas mais atuais da denominada e escolas mais atuais da denominada e já mencionada já mencionada responsabilidade responsabilidade objetivaobjetiva, que, ao restringir o , que, ao restringir o elemento culpa de seu núcleo, elemento culpa de seu núcleo, transfere para o nexo causal a transfere para o nexo causal a função de fator central, justamente função de fator central, justamente intermediando o resultado danoso intermediando o resultado danoso ocasionado por uma conduta positiva ocasionado por uma conduta positiva ou negativa.ou negativa.

Mário da Silva Pereira propõe ser o Mário da Silva Pereira propõe ser o nexo causal o "mais delicado dos nexo causal o "mais delicado dos elementos da responsabilidade civil e elementos da responsabilidade civil e o mais difícil de ser determinado.o mais difícil de ser determinado.

Atingindo o cerne da questão, este Atingindo o cerne da questão, este sustenta que, não obstante a sustenta que, não obstante a configuração de culpa e de dano, não configuração de culpa e de dano, não há que se falar em indenização se há que se falar em indenização se não ocorreu um nexo que ligue os não ocorreu um nexo que ligue os dois elementos. dois elementos.

Considerações FinaisConsiderações Finais Observa-se enfim, a importância do Observa-se enfim, a importância do

estudo dos elementos caracterizadores estudo dos elementos caracterizadores da responsabilidade civil, exigidos pela da responsabilidade civil, exigidos pela doutrina clássica para a configuração do doutrina clássica para a configuração do dever de indenizar, surgido a partir de dever de indenizar, surgido a partir de uma conduta (omissiva ou comissiva) uma conduta (omissiva ou comissiva) que, culposamente, redunde em dano, que, culposamente, redunde em dano, cuja reparação, antes de ser exigência cuja reparação, antes de ser exigência jurídica, é, essencialmente, um clamor jurídica, é, essencialmente, um clamor social.social.

Obrigado !Obrigado !