tÓpicos avanÇados sobre o processo de retificaÇÃo

102
ILA Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos Departamento de Engenharia Mecânica Laboratório de Máquinas Ferramentas TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO JOÃO FERNANDO GOMES DE OLIVEIRA São Carlos, junho de 2001 reimpressão - Cód. 02065

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Page 1: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

ILA

Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos

Departamento de Engenharia Mecânica

Laboratório de Máquinas Ferramentas

TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

JOÃO FERNANDO GOMES DE OLIVEIRA

São Carlos, junho de 2001 reimpressão - Cód. 02065

Page 2: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

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I

Universidade de São Paulo Escola de Engenharia de São Carlos Departamento de Engenharia Mecânica Laboratório de Máquinas Ferramentas

TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O

PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

JOÃO FERNANDO GOMES DE OLIVEIRA

São Carlos, junho de 2001 Reimpressão

Page 3: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

,,

NOTA DO AUTOR

Este trabalho foi extraído da Tese de Doutoramento

"ANÁLISE DA AÇÃO DO MACROEFEITO DE DREBSAGEM DE REBOLOS NO DE­

SEMPENHO DO PROCESSO DE RETIFICAÇÃO" do mesmo autor. Contém con

ceitos avançados sobre o Processo de Retificação, e utiliza a

monenclatura internacional aprovada pelo CIRP. O conteúdo foi

elaborado a partir de trabalhos publicados nos últimos 15 anos,

onde foram escolhidos os tópicos/conceitos já consolidados so­

bre o assunto. As informações contidas neste texto são utiliza­

das na disciplina de Pós-Graduação "USINAGEM POR ABRASÃO"- SEM-

707 do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da Esco

la de Engenharia de São Carlos-USP.

São Carlos, Agosto de 1989.

Prof.Dr. João Fernando Gomes de Oliveira.

Page 4: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

i

TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE Q PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

Prof. Dr. João Fernando Gomes de Oliveira

S U M Â R I O ---

Sumário •••••••••••••••••••••••• o •••••••••••••••••••••••• i

Notação ................................................ ' iii

1 - INTRODUÇÃO ••••• o ••• o ....................... o o .. o ••• " •• 4

2 - CONSIDERAÇÕES TE0RICAS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICA

çM ••••• o ••••••••••••••••••••••••• o •••••••••••••••• 9

2.1. As Operações de .Retificação e suas Caracteristi

cas Geométricas •••• o ••••••••••••••• ' •••••••• lO

2.1.1. Classificação das operações de retifica

ção ................................. 11

2.1.2. O diâmetro equivalente ou conformidade

(Del ................................... 14

2.1.3. Espessura de corte equivalente 15

2.2. A Ferramenta Utilizada no Processo de Retifica

ção o • t t t t ' t • t t t t t ' t e t t t t t t t • t " t t t t t t • t • t t t t t t t 17

2.2.1. O material abrasivo .................... 18

2.2.2. Desgaste do rebolo e agressividade. ..... 21

2.3. A Caracterização Topográfica de Rebolos e a

Cinemática de corte ........... o ••••••••••••••• o • 27

2.3.1. Parâmetros e métodos para caracterização

topográfica ............................ 27

Page 5: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

2.3.2. O método da esfera retificada ••••••••••• 35

2.4. As Forças de Corte na Retificação •••••.•••••••• 37

2.4.1. o modelo de Hahn e Lindsay . ............. 39

2.4.2. o modelo de Tlusty ..................... 45

2.4.3. Formulações de Malkin .................. 46

2.4.4. o modelo de Li Lichun ................... 48

2.4.5. Discussão .............................. 50

2.5. Deformações Causadas pela Força de Corte ••.••.• 54

2.6. Otimização do Ciclo de Retificação ••.•.•••••••• 60

2.6.1. Diminuição de tempos improdutivos ....... 63

2.6.2. Diminuição da relação ll ................ 64

2.6.3. Utilização de sistemas transientes ...... 68

2.7. A Operação de Dressagem ....................... 70

2.7.1. Tipos de dressadores e suas caracterí~

ticas ................................... 71

2.7.2. Ação da dressagem no desempenho da reti

ficação .............................. " . 73

3 - REFERENCIAS .... , .....• , , .................•..•... ; . . . 8 3

ii

Page 6: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

A

A

L Cstat(z)

L cdin ( z)

E

F'

Fch

F' n

G

N/mm

mm•

mm

mm

mm

N/mm2

N/mm

N/mm

N

N

N/mm

N

N

N/mm

iii

NOTAÇÂO

Constante de Tlusty

Ârea de contato rebolo-esfera

NÚmero de an~stas estáticas de corte

por comp.ri_mento L a uma penetração ra

dial z

NÚmf.n·o de arestas dinâmicas de corte

por comprimento L a uma penetração ra

dial z

Deformações sofridas pelo receptor de

carga

Diâmetro equivalente

Diâmetro do rebolo

Diâmetro da peça

MÓdulo de elasticidade

Força especifica de corte

Força devida a formação de cavaco por

unidade de largura Fhh = F'ch b

Força devida a formaçã0 de cavaco

Força normal de corte

Força normal especifica

Força critica de corte

Força tangencial de corte

Força tangencial especifica

Relação entre volume de material usina

Zw do e volume de rebolo desgastado G = zs

Page 7: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

L Gstat(z)

L Gdin(z)

K

L

L

Nstat(z)

Ndin(z)

P'

N/\lm

N/llm

N/mm

N/mm

N/mm

N/mm2

mm

mm

N/mm 2

kW/mm

kW/mm

kW/mm

i v

Número de graos estáticos por compri

mento L a uma penetração z

Número de grãos dinâmicos por compri

mento L a uma penetração z

Agressividade

Rigidez na direção normal

Rigidez na direção tangencial

Constante genérica de proporcionalidade

entre força e h . eq

Constante de Hahn

Rigidez do sistema rebolo - máquina

peça-obra

Pressão especifica de corte para reti

ficação

Distâncias entre as cunhas de um con

junto do dinamômetro

Comprimento de amostragem do rebolo

NÚmero estático de grãos abrasivos

uma penetração z

a

Número dinâmico de grãos a uma penetr~

çao z

Pressão crítica de corte

Potência de retificação por unidade de

largura

Potência devida à formação de cavaco

por unidade de largura

Potência devido ao riscamento por uni

dade de largura

Page 8: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

kW/mm

R N/mm

s 1\111\

1\111\

Sstat(z)

Sdin(z)

s

m/s

m/s

m/s

VolB

rad/s

1\111\

z mm 3 /s

mm 3 /s

Z I mm 3 /s.mm

v

Potência de atrito dissipada por unida

de de largura

Relação entre

ção do rebolo

força normal

Fn R=-a

e penetr~

Avanço do rebolo por volta da peça na

retificação de mergulho

Passo de dressagem

NÚmero estático de arestas de corte a

uma penetração radial z

Número estático de arestas de corte a

uma penetração radial z

Tempo de retificação em um ciclo

Grau de recobrimento na

bd ud =­Sd

Velocidade de mergulho

dressagem

Velocidade periférica da peça

Velocidade periférica do rebolo

Parâmetro caracterizador da constitui

ção do rebolo

Frequência natural

Altura das ondulações deixadas no rebo

lo pelo dressador

Volume de cavaco removido por unidade

de tempo = Zw

Volume de cavaco removido por unidade

de tempo

Taxa de remoçao de cavaco = z' w

Page 9: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

z I w

a

b

b

d

d

de

m

p

rp

t

y

z

ô

mm 3 /s.mm

mm

mm

mm

m

mm

mm

mm

mm

m

mm

mm

mm

mm

kg

N/m

mm

s

mm

jlm

mm

Taxa de remoção de cavaco Z~

Volume de rebolo desgastado

Zw =b

vi

Profundidade de penetração do rebolo

Profundidade de penetração do dressador

Largura de corte

Largura de contato da cunha

Largura de atuação do dressador

Largura real de atuação do dressador

Largura de corte

Diâmetro médio do grão abrasivo

Diâmetro da ponta da cunha

Diâmetro equivalente

Diâmetro da peça

Espessura de corte equivalente

Comprimento de contato entre peça e re

bolo ~c = la.de

Massa do receptor de carga

Carga por unidade de comprimento apli

cada na cunha

Raio de ponta do dressador

Tempo

Deformação do sistema R-M-P durante a

usinagem

Penetração radial no rebolo

Penetração do rebolo na esfera no méto

do de Nakayama

Page 10: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

vi i

m Deformação do contato cunha/base

rad Angulo da direção de penetração dos

mm 3 /N.s

mm 3 /N.s

p

graos abrasivos

Parâmetro de desgaste de rebolos

Parâmetro de remoção de material

Relação entre R e Kr ~ = R/Kr

Coeficiente de Poisson

Relação entre força tangencial e nor

Ft mal p = Fn

SIGLAS

ETG - Fácil Retificabilidade (EASY TO GRINDING)

DTG - Dificl Retificabilidade (DIFICULT TO GRINDING)

FMS - Sistemas Flexiveis de Manufatura

CIM - Manufatura Integrada por Computador.

Page 11: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

"theory guides, experiment decides"

Page 12: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

4

1 - INTRODUÇÃO

O processo de retificação de precisão e o mais

utilizado pela indústria metalmecânica para a obtenção de al

tos níveis de qualidades geométricas, dimensionais e superfi

ciais em lotes de peças. Entretanto, é também o menos domina

do e conhecido dos processos de fabricação, ficando o seu de

sempenho extremamente dependente da habilidade e experiência

do operador. Esta grande dependência de mão-de-obra hábileex

periente é mais crítica na produção de pequenos e médios lo

tes onde as frequentes mudanças nas condições de usinagem exi

gem montagens previsíveis, rápidas e corretas.

Estas afirmações feitas em 1983 no CIRP (Insti

tuto Internacional para Pesquisa de Sistemas Produtivos) por

Keeg [20], diretor de pesquisa e desenvolvimentodaCincinnati

Milacron Inc.-USA, mostram a grande lacuna de conhecimento

que tem a retificação em relação aos outros processos de fa

bricação. Keeg afirma ainda que poucos sao os engenheiros ca

pazes de solucionar problemas críticos que ocorrem no dia- a­

dia da retificação e que os dados e resultados obtidos em tra

balhos científicos normalmente não têm muita aplicabilidade

dentro de uma indústria.

Page 13: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

5

O crescente aperfeiçoamento na fabricação de fOf

jados, fundidos e laminados tem reduzido continuamente as to

lerâncias obtidas nestes processos e, como consequência, a r~

tificação vem substituindo operações de torneamento, fresameg

to e mandrilamento, entre outras. O número de máquinas retifi

cadoras utilizadas na indústria vem também crescendo. Na In

dÚstria automobilística, por exemplo, as retificadoras corres

pondem a 25% das máquinas operatrizes instaladas e o tempo de

retificação médio de um componente representa 20% do tempo to

tal de usinagem [08].

Apesar de sua grande utilização, o processo de

retificação é relativamente recente. A primeira máquina para

a retificação de superfícies externas com velocidades de 5 a

lOm/s foi montada em 1872. O grande desenvolvimento de rebolos

feitos com materiais abrasivos artificiais no início do sécu

lo XX possibilitou o aumento nas velocidades de corte que ho

je atingem a casa dos 180m/s [03] [08]. Tal desenvolvimento,r~

gido pelo bom senso e experiência dos fabricantes de máquinas,

culminou nos últimos anos com as retificadoras comandadas nu

mericamente. Máquinas chamadas de centros de retificação com

diversos eixos porta-rebolo e com até seis graus de liberda

de comandados numericamente encontram-se hoje à disposição no

mercado [66].

Neste contexto de máquinas modernas e processo

pouco dominado o número de pesquisas publicadas na área de re

tificação vem crescendo bastante nos Últimos anos. Di Giácomo

[05] apresenta um levantamento feito a partir de trabalhos p~

blicados no "Bulletin o f Japan Society o f Precision Engeneering"

Page 14: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

6

onde se percebe a grande corrida pelo estudo dos processos

abrasivos (Figura 1.1).

númoro de artigos apresentados r;:;~10~;;~ gQ~-;-~00~--~40~--~50~--~60~

PrOC8lluoslo do oorlo ····-·······················;;;;:::::::::::::::~

Prooouosl----obras I vos==.'":.~==.:::.::.::.::·:::>

Procsseoal-"""'""' não trad.

Hedlçõoo P----prool aiío ~-~-~-~-~-~--~-~-~~-~-~=>~

H!Íqulnaa forrll!lon

' --•ale 1070

c.::.=.::.:::.::.::Jatá 1980

==:::~até 1084

Figura 1.1 -Pesquisas publicadas no "Bulletin of Japan Society of

Precision Engeneering".

Nestas e em outras pesquisas experimentais· vêm sendo utiliza

dos modernos sistemas de medição acoplqdos em máquinas com co

mando numérico computadorizado para possibilitar o levantamen

to rápido e preciso de dados sobre o processo em diversas con

dições. Tais sistemas são ferramentas mui to úteis tanto na pes . -quisa básica do processo como também na determinação rápida

de soluções para problemas vindos da indústria. ,

Os problemas de retificação na indústria di vi

dem-se basicamente em três grandes grupos: a falta de dados

consistentes para a especificação de uma nova operação; a in

consistência de uma operação já especificada que passa a não

fornecer mais as qualidades desejadas e a falta de dados e e~

periência para a aplicação àe novas tecnologias. Neste último

caso o homem de indústria não tem segurança para passar a uti

lizar novos tipos de rebolos, dressadores etc, pois teme criar

Page 15: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

7

novos problemas que possam dispender recursos e nao serem re

solvidos.

Com as tendências modernas da indústria de bens

de consumo de trabalhar com grandes diversificações em baixos

e médios lotes, baixo inventário em processo e altos . . n~ve~s

de automação, as operações de retificação têm-se tornadooga~

galo da produção em diversas situações. R. Greem [09], editor

chefe da revista Tooling & Production afirma que, na retific~

ção de pequenos lotes, o tempo para se fazer a ajustagem dos

parâmetros de usinagem e obter-se a primeira peça aceitável é

normalmente maior que o tempo para a produção de todo o lote.

Nestes casos as montagens são feitas por tentativas e seu su

cesso depende fundamentalmente da habilidade e talento de um

operador experiente.

A dependência da mão-de-obra especializada e ex

periente é tão grande que tem limitado, em alguns casos, até

o número de turnos de trabalho de ·uma empresa, pois este tipo

de recurso humano é dificilmente encontrado com disponibilid~

de para trabalhar em horários noturnos [20], Na retificação,

ao contrário dos outros processos, o operador experiente sem

pre deve estar próximo da máquina pois a qualquer momento o

processo pode não mais atingir as qualidades especificadas ne

cessitando de novos ajustes.

Diversos fatores causam inconsistências no de

sempenho do processo de retificação. As mudanças nas caracte

rlsticas topográficas de um rebolo pelo desgaste das arestas

de corte, por exemplo, pode provocar grandes variações no re

sultado final de uma operação de retificação. A afiação de um

Page 16: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

8

rebolo gasto ê feita através da usinagem.da superfície deste

com uma ferramenta. Esta operação, chamada dressagem, também

é pouco dominada e suas condições de execução podem provocar

mudanças nos parâmetros de saída da retificação [20] [09].Por

ser uma condição inicial do processo, é comum que o profiE

sional de retificação estabeleça uma condição de dressagem e

procure otimizar o processo variando outros parâmetros tais

como profundidades de corte, velocidades da peça edorebolo,

tipo de rebolo, etc.

O conhecimento da influência das condições de

dressagem é, portanto, uma necessidade básica para a pesqui

sa do processo de retificação. Se conhecidas, suas influên

aias, ao invés de tornar o processo inconsistente, podem ser

utilizadas na otimização de operações ou, até mesmo, para am

pliar a faixa de trabalho de um rebolo.

Os problemas analisados até agora para o mundo

desenvolvido sao mais críticos na América Latina onde as pes

quisas sobre o processo de retificação são praticamente ine

xistentes e o acesso às tecnologias modernas e dificultado

pela falta de recursos. Na tentativa de amenizar este quadro

foi criada em 1988 no Brasil, a partir da iniciativa de um

grupo de especialistas das indústrias, a Associação Técnica

Brasileira de Abrasivos - ATBA, cujos objetivos são incenti

var a pesquisa e a divulgação do conhecimento no campo dos

processos abrasivos. Com esta associação e com o surgimento

de núcleos de pesquisa na área de processos abrasivos é pro

vável que se possa ter grandes benefícios tecnológicos e so

lucionar muitos problemas que hoje coíbem o desenvolvimento

na indústria nacional,

Page 17: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

9

2 - CONSIDERAÇÕES TEÚRICAS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

A análise de trabalhos publicados sobre os prQ

cessos abrasivos mostra que o assunto é tratado de forma bem

diversa pelos pesquisadores. Apesar das abordagens diversifi

cantes (típicas de um assunto ainda nao bem dominado), osobj~

tivos, no caso da retificação, são semelhantes àqueles de to

dos os outros processos de fabricação, ou sejam:

- Aumentar a qualidade do produto (forma, dimen

são e acabamento);

-Aumentar a produtividade dos processosatuais;

- Tornar o processo previsível com os objetivos

da automação (banco de dados tecnológicos p~

ra sistemas CAM e CIM);

- Desenvolver novos processos com a finalidade

de tornar possível a retificação de componeg

tes complexos e materiais de difícil retifica

bilidade.

Tais objetivos normalmente se distribuem por a~

suntos, em linhas de pesquisa formadas com o passar do tempo,

a partir da tendência natural de cada pesquisador/centro de

pesquisa,(Figura 2,1).

Page 18: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

10

OBJETIVOS Aumentar Aumentar Tornat· o Desenvol a qual! a produ processo ver no da de do tividad'ê previsf vos pro

LINHAS DE\ produto do pr9_ vel - cessas L-PESQUISA cesso operaçoes

Ferramentas X X X d~ retific~

çao O ciclo de

X retificação

A estabilida de dinâmicã X X X X do processo A geometria de corte e o micro~ fenôme X no de usinã gem Problemas X X X X térmicos

Retificação de alta v e locidade.

X X X X Afiação de X X X X rebolos

O processo de geração X X X de forças (modelos)

Equipamentos e máquinas X X X X par~ retifi caçao

Figura 2.1 -Linhas de pesquisa em retificação e seus objetivos,

Neste capítulo serão apresentadas consideraçÕes

teóricas a respeito de algumas das abordagens citadas na FigQ

ra 2.1 com o duplo objetivo de mostrar a evolução tecnológi

ca dos últimos anos e formar um maior embasamento para o de

senvolvimento do presente trabalho.

2.1. As Operações de Retificação e suas Características

Geométricas

Para se estudar a remoção de material no processo

Page 19: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

11

de retificação, algumas das características geométricas da op~

ração devem ser conhecidas. No atual estado da arte muitos da

dos sobre retificação já foram levantados, mas a transferência

destes para diferentes operaçÕes tem sido difícil [59]. Uma

ferramenta para a solução deste problema está nos parâmetros

equivalentes que interrelacionam os vários tipos de retifica

ção. Estes parâmetros serão aqui definidos, mas antes é inte

ressante apresentar, a titulo de uniformização de nomenclatur~

as várias operações de retificação existentes.

2.1.1. Classificação das Operações de Retificação

As operações de retificação são organizadas e

classificadas de maneira diversa pelos autores tradicionais

que estudam as máquinas ferramentas e os processos de fabrica

ção (Rossi, Micheleti, Weck, Doyle, Morris, Konig, Kronemberg

e outros). A tendência desses autores na forma de classificar

o processo de retificação é semelhante à da norma ISO que sub

divide o processo em: retificação cilíndrica, plana e de for

ma; sendo que a retificação de forma é ainda subdividida em:re

tificação por geração, de perfis, de rosca e cilíndricade forma

A classificação da norma ISO; assim como as ou

tras, e orientada pela forma da superfície usinada e o proce~

so de retificação em si não é levado em consideração [59], A

adoção de critérios baseados no processo, para a distinção en

tre diferentes operaçÕes seria a melhor forma de classificar

as operações de retificação. Por exemplo: a forma do perfil

ativo do rebolo (retificação periféric.a ou de face); a direção

do movimento principal de avanço (retificação radial, axial,

Page 20: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

12

tangencial ou oblíqua) ; o processo de corte contínuo ou des

contínuo e o sistema de fixação da peça (sem centros, entre

pontos, pinças, placa). Todos estes são parâmetros que carac

terizam mais objetivamente a geometria de corte. Desta forma

operações novas ou complexas podem ser classificadas e otimi

zadas, com os dados obtidos de outros estudos, melhorando-se

a aplicabilidade das pesquisas já existentes.

A classificação que melhor se enquadra nessa fi

losofia e a da DIN 8589 que subdivide as operações em: tange~

cial de mergulho, tangencial de passagem, lateral (ou de face)

de mergulho e lateral de passagem. A forma geométrica das su

perfícies obtidas são subdivididas em cilíndrica externa, ci

lÍndrica interna, plana e plana rotativa. A Figura 2.2 mos

tra os esquemas (DIN 8589) das operaçÕes onde ser observa a

nomenclatura utilizada na geometria do· corte. A parte infe

rior da Figura apresenta expressões para o cálculo da taxa de

remoção de material Z e taxa específica de remoção de mate

.rial Z' (taxa de remoção por unidade de largura do rebolo[23].

Mesmo sendo a melhor classificação, a DIN 8589

nao considera o tipo de fixação da peça, ficando a operação

sem centros ainda um caso à parte nas pesquisas em retifica

ção. Outras operações de forma, ou especiais, também conti

nuam como casos particulares (e.g. retífica de carnes, de ros

cas, de forma, etc.).

Com a classificação geométrica das operações já

definida e dentro da filosofia de utilizar resultados de pe~

quisa em retificação de maneira mais genérica, alguns

tros equivalentes que vêm sido amplamente utilizados

parâm~

podem

ser definidos. Estes são: o diâmetro equivalente eaespessura

de cavaco equivalente.

Page 21: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

CHÍndrica Externa Ci!Índdca Interna

Tangencial de

mergulho

Tangcncia] de

passagem

Latt•t·a1 c]('

mergulho

La tc'ral d('

passagem

v --

fmlgâ~lC'itl ll1l'rgulho

rangagcia] ['ISS<lg('Jll

Jaagml mergulho

laseral (('

çassagem

.._vn,_)-'

••

Ci I it~rica externa

z •n'd,y'Y(bs z · n'd.,.,'3e'"w'bs

l'• n'd,'Vf Z'•wdw·ae·flw

z •n'dw'ae·v11 z • rT'(l,,/ae·a

11·ry,.

rrr'<\.,''e''nt. J z'. n·~·ae'8p'"w' k

l • fJ'd,v'Y(bt z • n'l\v'3e''V,:bk

r·· rr'<\.,'V l Z'•rr·~·a~·ny,.

z · n·dw:ae·vn z • n·~·ae'ap''\v

rrr·<~.·• .. vn~ l z•. rr'<\.,''e''p'l\<~

C i lit~t·ica 1nten1a PJana

Z • n·d,./Y(bs Z • n·d11,:ae'"w'bs

z • ae ·a11·vw

l'• n't\,'Yf z·., ·a ·v ·i: Z'• n'd.,.,'3e'flw

e p w ;; z•. ae'Yw

Z • n'dll''ae·v11 Z • ae·a11

·vw z • n'dw'3e'3p'f\v

['', rr-<~.·a,·vn~ J Z'• n'J\v'ae·a 11• flw'* [z', a ·a ·v ·t] e p w k

Z ·ae·v1·tw

~·· •,·v,·n,v'~]

Z•ae.ap·Yw

(Z'• •ev,j

Plana

Dreh

z ·"e ·vw·a11 Z • n·ae'd,.;.m'nw

z·. a ·v ·a ·t e w p k z•, rr·a '<\., ·n :i: e m w k

Z • n·ae•Yt•dwm

[z·. w a0v1• <l.m · ~)

z • ae"Yw'ap Z·n·a11·'\vm'"w

e w p k r· 'V 'O+ J z•. rr·ap'dwm ·rv-l;.

Z•n·ae•Yt•dwm

[z·. rr·a,·v1 • <\.m ·_I_] b;

Figura 2.2- As operaçoes de retificação segundo DIN 8589,

13

Rotativa

Page 22: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

14

2.1.2. O diâmetro equivalente ou conformidade (D ) e

É um parâmetro criado por Hahn [11] que repr~

senta o grau com que a superfície do rebolo (no caso da retí

ficação tangencial) e a peça se adaptam, ou se conformam. Po

de-se dizer também que o diâmetro equivalente é aquele que o

rebolo deve ter para proporcionar a mesma geometria de corte

da operação plana tangencial.

O diâmetro equivalente e dado por:

D = e 1 ± (D /D ) s w

(mm) ( 2. 1)

onde o sinal positivo representa a operação cilíndrica exter

na e o negativo a operação cilíndrica interna.

A Figura 2.3 mostra quatro exemplos de diâme

tros equivalentes, onde se pode entender com maior clareza o

significado físico deste parâmetro.

O diâmetro equivalente é, portanto um parâmetro

que interrelaciona a operação tangencial plana com a cilíndrl

ca tangencial externa e a cilíndrica tangencial interna para

qualquer diâmetro de rebolo e de peça. Atualmente os autores

que estudam a cinemática de corte utilizam muito o parâmetro

De nos seus equacionamentos.

É interessante observar que para as operações

de face e tangenciais de perfis, onde as velocidades envolvi

das são variáveis ao longo da superfície de trabalho, o par~

metro De não é utilizado. Os pesquisadores, neste caso, utili

zam outro tipo de análise onde é calculada, para cada ponto,

a conformidade e a velocidade de corte.

Page 23: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

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REBOLO

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>§:·.:.::·.g oa-eoomm ow-100mm

oa-Sõmm

Da-SOmm REBOLO Dw-1 20mm Q:r-4Bmm

.... ~ ·.· ... :··;

REBOLO

Da-De

Figura 2.3 -Quatro exemplos de diâmetro equivalente.

2.1.3. Espessura de corte equivalente

15

Uma grandeza muito usada como variável indepe~

dente e que descreve a condição de corte é o parâmetro Z~1 : qua~

tidade de cavaco removido por unidade de tempo e unidade de

largura de corte [ 32 ], expressa pela relação

Z I w Zw

= b = 11 • Dw • V f = a • Vw ( 2 • 2)

Page 24: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

16

J. Peters [53], partindo de estudos de diversos

autores, propôs um parâmetro muito importante para avaliação

do processo, a espessura de corte equivalente heq' que pode

ser definida como a relação entre a taxa de remoção e a velo

cidade de corte (ou,aproximadamente,a velocidade periférica

do rebolo):

heq = 11Dw . Vf Vs

= a Vw = zw Vs Vs

( 2. 3)

A espessura equivalente representa, portanto, a

espessura da camada de material que e arrancada pelo rebolo,

com a velocidade periférica deste , e cujo volume específi

co equivale àquele retirado da peça no tempo.

Vs • heq = Vw . a (2.4)

A Figura 2.4 ilustra o conceito de espessura de

corte equivalente. É importante salientar que heq tem sido

muito usado como um dos parâmetros para a avaliação dos resul

tados de retificação e que a força de retificação, como par~

metro de saída do processo, é potencialmente dependente de

No item 2.3 será feita uma análise a respeito

da espessura de corte equivalente e do diâmetro equivalente

no fenômeno de usinagem. Antecipadamente,pode-se observar que

De determina o comprimento de contato entre rebolo e peça-obra

e que este caracteriza, para um certo tipo de rebolo, o nume

ro de grãos que estão na região de corte (um dado importante

Page 25: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

'•

h ndwvf eq•-­v,

h lvw ... -'•

Figura 2.4- A espessura de corte equivalente [53].

17

para o estudo do microfenômeno) . A espessura de corte equiv~

lente, por sua vez, é entendida corno aquela espessura de mate

rial que tais grãos deverão cortar.

2.2. A Ferramenta Utilizada no Processo de Retificação

Corno elemento efetivamente atuante durante a r~

tificação, o rebolo tem recebido muita atenção por parte dos

pesquisadores e mesmo de seus fabricantes, que acreditam que

a otimização da ferramenta pode trazer grandes vantagens para

o processo. Por outro lado, em termos de produção, quali

dade e capacidade de cortar materiais duros, pode-se afirmar

que é o rebolo um dos elementos que mais limita o processo de

retificação [61).

Page 26: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

18

Esforços têm sido feitos com o objetivo de se

aumentar, por exemplo, a rotação limite de ruptura do rebolo

[03) ou melhorar sua capacidade de usinar materiais muito du

ros [50) [68). Não se pode esquecer também as grandes vanta

gens que se pode obter com a diminuição do desgaste do rebolo,

sem a perda de sua capacidade de corte. Muitas .pesquisas têm

tomado esta direção [13) [64) [27).

A preocupação com a ferramenta abrasiva chega

até ao ponto onde se estuda o significado prático da deflexão

de contato do grão abrasivo, como um parâmetro limitante de

qualidades geométricas e dimensionais. Salni [57], em 1982 de

senvolveu uma teoria sobre tipos de deflexões de contato do

grão e conclui, com auxílio de ensaios, que a de flexão do grão

abrasivo melhora a rugosidade superficial do produto,mas limi

ta a profundidade mínima de corte, trazendo problemas de exa

tidão dimensional.

Muitos são os trabalhos de pesquisa que têm co

mo alvo principal o rebolo e suas características Físico- Quf

micas, porém, a aplicabilidade prática destes resultados tem

sido muito pequena [20]. A escolha do rebolo adequado para o

binômio "material-operação de retificação", em situaçÕes de

produção, é feita frequentemente por tentativas que dispendem

muita habilidade e tempo.

2.2.1. O material abrasivo

Leichter [25) apresenta critérios para a escolha

do grao abrasivo mais adequado para um dado material a ser r~

tificado. Com o desenvolvimento de novos abrasivos como o dia

Page 27: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

19

' mante sintético e o nitreto de boro cúbico cristalino e também

com o aumento das velocidades periféricas dos rebolos - o que

foi possível exclusivamente através de ligas adequadas - a es

colha do abrasivo passou a ter novos fatores determinantes,

Leichter apresenta,como um de seus critérios de escolha, a afi

nidade química entre o grão e o material da peça obra. A Tabe

la 2.1 apresenta a afinidade química que diversos materiais têm

com os principais abrasivos (óxido de alumínio, carboneto de

silício, nitreto de boro e diamante) além da temperatura limi

te de estabilidade estrutural de cada um.

ESTABILIDADE AFINIDADE ADEQUADO ABRASIVO TtRMICA ATt: QUÍf!ICA PARA

o c COM

Óxido de 2000 Óxidos aços de Alum{nio Vidros todas as Nitreto de Cerâmicas qualid!! Boro CÚbi 1370 Rochas des co (CBN)-

Carboneto 1300 Materiais Aços com

de SilÍcio que assi carbono milam ca:f saturado, .bono. ferro fun

Diamante 900 Ex.: aço dido, óxi baixo car dos, (vi bono dro cerã

mica,etc:-)

Tabela 2,1- Afinidade química dos abrasivos [25]

A Figura 2.5 mostra a dureza dos mesmos abras i

vos segundo o método de Knoop [in 25].

t interessante observar que cada tipo de abrasi

vo apresenta vantagens e desvantagens. Por exemplo: o óxido de

alumínio, apesar de ser o abrasivo menos duro, tem grande est~

bilidade química e resiste a altas temperaturas enquanto o dia

mante, que é o mais duro, apresenta baixa resistência à temp~

Page 28: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

20

Ox.ulumfnlo I

Curb. SII feio I

Nitrato de boro cúbico ( CBNl I

Dlumunle I

I l I l _j

1000 3000 6000 7000 dureza de Knoop (kgf/mm 2 )

Figura 2.5- Dureza de Knoop de diversos abrasivos [25].

ratura. Isto faz com que cada tipo de abrasivo tenha uma apli

cação adequada para um certo grupo de materiais e condiçÕes de

retificação, a saber:

- 6xido de aluminio: aços macios até ligados, r~

tificação a alta velocidad~

retificação a seco.

- Nitreto de boro: aços rápidos, aços temper~

dos (até 60 HRC).

Carbureto de Silicio:aços inoxidáveis (com flui

do), ferro fundido cinzent~

materiais não metálicos.

- Diamante: materiais cerâmicos, vidro,

fofo cinzento, metais duros

e ligas metálicas aplicadas

por pulverização.

Com os dados apresentados pode-se observar a gra.!!

de potencialidade do nitreto de boro cúbico pelo fato de ser

Page 29: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

21

simultâneamente muito duro e muito resistente a temperatura.É,

sem dúvida, um grande candidato à retificação a alta velocida

de de aços muitos duros. Apesar disso, não se descarta a utili

zação do diamante na. usinagemdevidros, rochas e materiais ce

râmicos, com os quais o nitreto de boro tem afinidade química

e perde a afiação facilmente.

Assim como alguns critérios para escolha do tipo

de abrasivo são estabelecidos, as outras variáveis como o tama

nho dos grãos, tipo de liga, estrutura e dureza, também obede

cem éritérios que determinam a sua utilização.Estes critérios,

afirma Leichter, ainda não são muito conhecidos e o problema

aumenta quando se analisa as seguintes possíveis variáveis:

cerca de 20 abrasivos;

cerca de 28 tamanhos de grão;

cerca de 15 durezas;

cerca de 8 estruturas;

cerca de 20 variantes de liga.

Portanto, têm-se teoricamente, acima de um milhão de possibill

dades. O autor conclui que este é um ramo do estudo (escolha

do tipo de rebolo ideal) que merece pesquisa, desenvolvimento

e principalmente a catalogação de resultadoseexperiências pr~

ticas.

2.2.2. Desgaste do Rebolo e Agressivade

Outro aspecto muito estudado da ferramenta abra

siva é o seu desgaste. Inicialmente pode-se fazer distinção e~

tre desgaste e perda de afiação (ou agressividade) do rebolo.

O desgaste é a quantidade de rebolo consumida durante um deter

Page 30: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

22

minado ciclo ou operação, enquanto que a perda de afiação (ou

agressividade) é decorrente do arredondamento das arestas cor

tantos ou do entupimento das porosidades com cavacos (empast~

monto) • t interessante observar que um rebolo pode sofrer de~

gaste sem perder agressividade (e vice-versa) o que e muito

comum.

Hahn [13] divide o mecanismo de desgaste do um

rebolo em três situações distintas: atrito, fratura do grão e

desprendimento do grão. O desgaste de atrito é análogo ao so

frido pelo grafite sobre o papel. Como afirma Hahn [13] "este

tipo de desgaste,é insignificante em termos de volume mas tem

grande influência no comportamento do grão durante a usinagem".

As forças de corte aumentam muito. Em outros trabalhos [27]

Lindsay, normalmente parceiro de Hahn em suas pesquisas, des

preza o desgaste de atrito chamando-o simplesmente de perda

de afiação, o que parece mais sensato.

Considerando a grandeza Zs como o volume de re

bolo desgastado, Hahn define o parâmetro G como a relação en

tre o volume de material usinado Zw e Zs.

G ~ Zw Zs ( 2. 5)

Lindsay [27] constata que numa dada operação de retificação

onde o desgaste do rebolo é praticamente nulo, com o transcor

rer do tempo este logo estará "cego". Afirma também, baseado

em resultados experimentais, que,numa operação onde o desga~

te do rebolo é grande, este sempre se encontra agressivo

[ 2 7] •

Page 31: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

23

Hahn e Lindsay tratam o problema do desgaste de

rebolos fazendo relação direta deste com a força normal de

corte (Fn) .

Zs = As . Fn ( 2. 6)

onde As é chamado de parâmetro de desgaste do rebolo. Esta

forma de tratar o desgaste é muito conveniente pois,afinal, é

a força de corte, distribuída entre os grãos atuantes, que ar

ranca o grao abrasivo e proporciona o desgaste.

lS conveniente, en'tão, ter-se desgaste na r e ti

ficação? Esta questão pode' ser respondida analisando-se a con

dição ideal de trabalho da ferramenta rebolo: no transcorrer

da usinagem os grãos vão se desgastando; o rebolo vai perde~

do a agressividade; a força de corte aumenta (naqueles grãos)

até que os mesmos se desprendam dando lugar a novos grãos afi5!.

dos. Este seria o mecanismo ideal, mas frequentemente são obse!:

vados rebolos que perdem a afiação e o aumento da força não e

suficiente para arrancar os grãos, sendo então necessária a

operação de dressagem, ou afiação do rebolo, onde,com auxilio

de uma .ferramenta de diamante, os grãos cegos são arrancados

dando lugar aos novos grãos afiados.

Lindsay [27] apresenta resultados interessantes

onde o parâmetro G é utilizado como forma de quantificar o de.§_

gaste genérico de rebolos na retificação. A Figura 2.6 mostra

a variação de G com o valor de heq• Observa-se na figura a

grande variação do desgaste do rebolo com h , pois o esforço eq

que cada grão sofre é tanto maior quanto maior for a espess~

ra de material que este arranca.

Page 32: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

o ,., ~ 5 ~ w 0:

Figura 2.6- Relação G x heq [27].

24

É interessante observar ainda que, sendo h fun eq -

ção da velocidade de corte, pode-se chegar a valores de G meno

res do que a unidade para valores de h muito altos (baixissi eq

mas velociadades de corte), Isto viabiliza o perfila~ento e a

usinagem de rebolos, por exemplo, com ferramentas de metal du

ro, no torno ,a baixas velocidades [ 30] , Em retificação, a velocid~

de de corte é um fator determinante sobre a quantidade de mate

rial que cada grão abrasivo deverá cortar. Isto explica a ten

dência mundial em se aumentar a velocidade de rotação dos rebo

los, diminuindo cada vez mais o valor de heq

Apesar de todos os estudos apresentados estarem

procurando otimizar a taxa de desgaste de rebolos para valores

ideais (onde não haveria necessidade de dressagem nem tão po~

co desgaste excessivo do rebolo) 1 a tend~ncia atual é a de prQ

curar formas de se conhecer o valor do desgaste do rebolo, du

rante o processo, para corrigir a posição da· árvore e, portaQ

to, evitar a medição intermitente (ou continua) do componente

que está sendo usinado. Uma aplicação imediata para tais estu

Page 33: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

25

dos seria a implantação de sistemas automáticos de correção

de desgaste de ferramentas em máquinas CN.

Shibata [64], do Instituto de Tecnologia de Sal

tama - Japão, desenvolveu um sistema que se propõe a medir o

desgaste e a condição topográfica da superfície do rebolo atr~

ves do escoamento do ar que este arrasta. A Figura 2.7 mos

tra a montagem de Shibata, onde uma sonda de fio quente é uti

lizada para medir a velocidade do ar numa região próxima à su

perfície do rebolo.

REBOLO PLACA RASPAOORA

ÂNGULO DE MONTAGEM

OE

Figura 2.7- Hedição de desgaste com anemometria [64].

A calibração do sistema exposto foi feita afas

tando-se o sensor do rebolo de uma distância conhecida e medindo

se, em cada ponto, a velocidade do ar. A Figura 2.8 mostra a

curva que relaciona a distância entre a sonda e a superfície

do rebolo ou a perda de raio por desgaste com a velocidade do

ar. A função que aproxima os pontos também é apresentada na

figura.

Para finalizar, Shibata executa um teste, onde

mede o decremento radial do rebolo em função do volume de ma

terial usinado, utilizando o sistema proposto. A Figura 2.9

Page 34: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

26

lO -0,47

m u • 7,43 R • ' • E •• - 9 c o

o u

• 8 u o

" oecremento do raio do 'õ o .. o 0,1 o. 2 > 7

0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1

Distôncio radial do rebolo R (mm)

Figura 2.8 - Relação entre perda de diâmetro do rebolo e velocidade do ar [64].

apresenta tanto os testes como as condições do ensaio.

o-·;; E c " o> c a o ~ o c -• o E D

• • c c u • o o "

200 {b l

\00

o

{o l

8,0

s . ~

MÁQUINA: RETIFICADORA HORIZONTAL PLANA

REBOLO: WA 60JSV DIÂMETRO p205, Largura 16 mm

VELOCIDADE: 30m/s (2850 rpm) PROF.DE CORTE: 0,010 mm MATERIAL: S45C - AÇO CARBONO RETIFICAÇÃO SECA

7,5 1---~~---c~~--:-'-:-::"~-' o 500 1000 1500

Volume de material removido lmml

Figura 2.9 - Decremento radial do rebolo detectado durante os ensaios [64],

O autor conclui que o sistema é eficiente para

medir a perda radial do rebolo por desgaste, mas apresenta pr2

blemas para avaliar a topografia do mesmo. Apesar das conclu

sões, pode-se observar pelas Figuras 2.9 e 2.8 principalme!!_

te a 2.8) que o sistema proposto tem uma confiabilidade de me

Page 35: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

27

dição que está por volta de 40~m, o que e, sem dúvida, um va

lor muito grande quando se pensa na compensação do desgaste

de uma ferramenta que vai usinar componentes com qualidades

IT7 e IT6 (tolerâncias da ordem de lS~m para dimensões de

25mm) •

O desenvolvimento de sistemas, que sejam cap~

zes de medir (com incerteza de pelo menos S~m) odecremento r~

dial de rebolos é, portanto,uma grande necessidade tecnológl

ca para a automação do processo. Também a escolha de ferramen

tas abrasivas e suas condições de trabalho são dados importa~

tes para a otimização de operações de produção, sendo necess~

rio o incremento da pesquisa neste importante ramo das ferra

mentas utilizadas na retificação.

2.3. A caracterização Topográfica de Rebolos e a

·cinemática de Corte

O estudo e a caracterização topográfica dos re

bolos é um assunto que tem recebido grande atenção por parte

dos pesquisadores do mundo todo. Métodos e parâmetros para se

avaliar topografia de rebolos estão sendo criados cada vez

mais e hoje alguns deles já podem ser utilizados, na prática,

para a avaliação do desempenho de ferramentas abrasivas. Uma

rápida visão sobre tais parâmetros e métodos é apresentada a

seguir.

2.3.1. Parâmetros e métodos para caracterização

topográfica

Numa operação de retificação o microfenômeno de

Page 36: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

28

usinagem pode ser determinado, fundamentalmente, através de 5

fatores:

- As caracteristicas fisicas da peça-obra;

- As caracteristicas fisicas/geométricas .da op~

ração;

- As caracteristicas fisicas do rebolo;

- As caracteristicas topográficas do rebolo;

- As condiçÕes de interação entre as superficies

(lubrificação, refrigeração, etc.).

As caracteristicas fisicas do rebolo especifi_

cadas pelo código padronizado são: tipo de abrasivo, tipo de

liga, granulometria do abrasivo, dureza, estrutura, modifica

ção de liga, etc. Todos estes parâmetros não determinam, por

si só, a condição topográfica em que se encontra a ferramenta

abrasiva. Outros fatores tais como as condições de dressagem,

forma do dressador e condições de utilização do rebolo sao

responsáveis pela transformação topográfica da ferramenta.

É importante, então, que se conheça de alguma for_

ma, a topografia da ferramenta com a qual se trabalha para que

seja possivel estudar a cinemática e a dinâmica do corte, re~

pondendo-se assim perguntas como: Qual a rugosidade que terá

a peça acabada? Qual o desgaste do rebolo numa dada operação?

Quantos grãos estão cortando efetivamente o material? Qual se

rá a força de corte? e outras mais.

Verkerk [69], com o objetivo de caracterizar to

pograficamente um certo tipo de rebolo, enviou o mesmo para vá

rios centros de pesquisas em todo o mundo (Pittsburgh - USA,

Leuven-Bélgica, Braunschweig-BRD, Aachen-BRD, Birmigham-Ingla

Page 37: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

29

terra, Ljubljana-Yugoslávia, Chalmers-Suécia) também para o

"Grinding Wheel Topography Commitee of the Japan Society of

Grinding Engineers", Japão. Todos estes centros mediram esta

ferramenta através de métodos próprios e a mandaram de volta

junto com o método utilizado na medição, além dos resultados

apresentados em forma de parâmetros. Tais métodos e parâmetros

foram divididos em dois grupos, estáticos e dinâmicos, os

quais são descritos a seguir.

a - Parâmetros e métodos estáticos

Ao traçar o perfil topográfico de um certo rebo

lo, um traçador de perfis apresenta formas semelhantes as mos

tradas na Figura 2.10a, onde se faz a distinção entre grão

abrasivo e aresta de corte (um grao pode ter mais de urna ares

ta de corte) • Quando se faz um corte a urna profundidade z da

superfície podem ser contados o numero de grãos e o numero de

arestas de corte por unidade de comprimento, os quais são cha

L L rnados de GsTAT(z) e CsTAT (z),respectivarnente. A Figura 2.10b

mostra um exemplo de aplicação dessa contagem com os parârn~

tros.

L (z) 1 E NsTAT ( z) , (2.7) G STAT = L

L (z) 1 E SsTAT ( z) (2.7a) C STAT = L

onde,

N STAT ( z) = n9 de grãos a urna profundidade z

8 STAT (z) = n9 de arestas a urna profundidade z

L = comprimento de contagem (ou de amostragem)

Page 38: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

arestas de corte

\ graos abrasivos

8

1 mm

6

4

30

L cstat

0/ /

0/ /

--

:%, ~ I

500 \lm

-1 o

1-50 \lm 2

CORTE TRANSVERSAL DO REBOLO

o

------/ / L

~· Gstat

10 20 30 .1{ m

radial Penetração

40

Figura 2.10- Perfil topográfico de um rebolo- caracterização éstática.

Os parâmetros acima são chamados de "estáticos"

pois sua determinação independe da cinemática de corte. Os mé

todos utilizados para a medição de GL e cL , chamados me STAT STAT

todos de medição estática, são os seguintes:

a) Método da impressão no papel. Consiste em

pressionar o rebolo contra uma folha de papel

carbono tendo uma folha branca por baixo, am·

bas apoiadas em um rolo cônico. Na figura re

sultante são contados os grãos [ 35].

b) Método do microscópio. Consiste em fazer um

mapa topográfico com auxilio do microscópio

e, em seguida, a contagem do número de grãos

por milímetro quadrado. Este método não peE

mite traçar a curva do nQ de grãos em função

da penetração.

Page 39: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

31

c) Método do perfilômetro. Levanta-se um perfil

do rebolo, com auxilio de um rugosimetro ou

um perfilômetro e faz-se a contagem em fun

ção da penetração.

A Figura 2.11 sumariza os ensaios executados p~

los vários pesquisadores, com o objetivo de qualificar e quaQ_

tificar estaticamente o rebolo.

CONE OE

IMPRESSÃO

INSPECÃo POR

MICROSCciPIO

R. SNOEYES E

f. VI RAO O. PAHLITZSCH

J, PEKLENJK F. POETHEL

M. Ml LENKOV

Figura 2.11 - Métodos para medição de G~TAT e C~TAT [ 69).

b - Parâmetros dinâmicos para avaliação topográfica

Com o deslocamento relativo entre rebolo e peç~

obra alguns grãos abrasivos, apesar de expostos, ficam prot~

gidos por outros grãos maiores que estão à frente. Este fato

levou à criação de parâmetros que levassem em conta o ângulo

da direção de penetração dos grãos E • O ângulo E é dado por:

tanE h =~ =

9-c = Vw

Vs J da • ( 2 • 8)

e

Page 40: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

32

onde,

9-c = comprimento de contato entre peça e rebolo,

9-c = I a • de'

Com o valor de E é possível, a partir do perfil

do rebolo, ser feita a contagem do número de grãos dinâmicos

por unidade de comprimento a uma certa profundidade z L GoiN (z)

Analogamente, determina-se o número de arestas C kiN ( z) onde,

1 L

( 2. 9)

1 L E SDIN ( z) (2.9a)

A Figura 2.12 mostra o significado físico de E ,

um exemplo de contagem de grãos dinâmicos e a curva de número

de grãos estáticos e dinâmicos para um rebolo rodando a 15m/s

e a 45m/s. É interessante observar que o nQ de "grãos dinâmi

cos'' é muito menor que o nQ de ''grãos estáticos''. . . ... . . . . . . .......... ·: .. . lSr---------------------r------o

Rebolo: AA 54 K 8 V ... ·.: .·.: .' · REBOW ·.:: .· ...... : .... · .. ::<,.<>.· 1 Vel. rebolo: 1Sm/s;45m/s

ffiffi Vel, peça: 0,2 m/s )-<"--f--, Pro f. de corte: 75 um

Diâmetto rebolo: 480 mm lO

DRESSAGEfl Profundidade: 60 um Passo: 0,20 mm/volta

5

dress~~-or ;conglomero __ \ __ _

Arestas dinâmicas 1 Arestas estáticas <coiN) -<-~j <csTAT)• 1 ~ ,

0--é-lSm s . .......... ..

__.- ;,....-•- .=-'fSm/s

Distância entr Cstat 2 graos din. cdin

nlvel zero lEsp ssura. do cavaco

~~ ·-··-,

. / . v; ;j;o~~- ///

o 10 15 um 20 PROFUNDIDADE DE PENETRAÇÃO RADIAL Z

CARACTERIZACÃO DINÂMICA PERFIL TOPOGRÁFICO DO REBOLO

Figura 2.12- Caracterização topográfica de um rebolo (dinâmica) [69].

Page 41: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

33

Também neste caso foram criados métodos práticos

que devem medir o no de grãos dinâmicos (ou ativos) durante o

processo e com as condiçÕes de funcionamento da máquina. Basi

camente, dois métodos são conhecidos. O primeiro utiliza um te!:

mopar embutido na peça-obra onde são medidos os picos de temp~

ratura e estes considerados como grãos que estão cortando. Os~

gundo, utiliza uma lâmina de aço acoplada a um dinamômetro pi~

zoelétrico que capta os pulsos de força dos grãos entrando. A

Figura 2.13 sumariza os métodos utilizados pelospesquisadore&

FOTO- M. HAR ADA l., TIOER STRÕM J. N. BRECKER TERMO PAR RASPAGEM

ElÉTRICO "" o. SVAHN M. C. SHAW

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I:. w "' ! I; t

<,4 <V • '" "" '~ , •

Y:e.../[106 ""Jf 106 Vw.[!;IO '!Y!...;t; 10

6 ~fi 106

V1 de V1 de v., dt v, ,,

V1 dt

Figura 2.13 -Métodos para caracterização dinâmica do rebolo.

A Figura 2.14 mostra um quadro, levantado a pa!:

tir dos ensaios descritos, de ocorrência em termos de espess~

ra de cavaco e distâncias entre arestas abrasivas. Neste exem

plo observa-se que a espessura média dos cavacos é da ordem de

2~m enquanto que o valor da distância entre arestas converge

para dois pontos de aglomeração, um na casa dos 50~m e outro

na casa dos 2000~m. Pode-se concluir que a distância de 50~m

diz respeito a duas arestas no mesmo grão,enquanto que a dis

Page 42: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

34

tância de 2000~m refere-se a duas arestas em graos distintos.

Pelo fato da figura apresentar resultados teóricos, pois não

levam em conta as deformações e acomodações de cavaco, Verkerk

conclui,ainda,que na região onde a distância entre arestas é

número ocorrên

diâmetro médio do u.rão

de aglomeração 1 I aglomeração 2

cios ' r-

~r-f-

I rl r- h lO 8 ./ 6

• , 4 I •! ]> •

~~ • .. I• .

()1;:, . ' • .I• .. I •. 0,8 • i •• , . • 0,6

• •• • • r> '' ~ • : ~· • t•f r· • • O,c 1

• 0,1 • • •

/

Rebolo - AA 54 kB V vel. do peço - 0,2m/s vel. de corte - 15 m/s prof. de corte- 75vm diâmetro

do rebolo- 480 m m --1

1/EG!ÃO OE FOI/MAÇA DE CAVACO

h I I

1-----r

h-' . ,_

100 1000 10000 ( pm/ v _!e .. _

Distancia dinâmico entre arestos

~---------------------___J

Figura 2, ll1 - Espessura do cavaco indeformado contra distância dinâmica entre arestas abrasivas [69].

50~m (arestas de um mesmo grão) não há formação de cavaco pois

não haveria espaço físico para a armazenagem do mesmo. Portan

to,o número de grãos que efetivamente cortam diminui e a dis

tância média entre dois grãos que trabalham é da ordem de 2mm.

O trabalho de Verkerk trouxe uma nova visão p~

ra os estudiosos da retificação, pois tornou possível a carac

terização do número de grãos ativos em uma determinada oper~

ção de retificação. Tornou também mais claro o microfenômeno

de usinagem, possibilitando estudos a nível de cada. grão abra

sivo.

Page 43: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

35

Como primeira aplicação do trabalho cooperativo,

coordenado por Verkerk, Konig [24] publicou no CIRP de 1982 um

método numérico que descreve a cinemática da retificação. Tr~

ta-se de um "software" que, a partir do perfil topográfico de

um rebolo, traçado num perfilômetro, simula os mais variados

movimentos de corte e apresenta como resultados, para cada um

deles, parâmetros como o nQ de grãos ativos, a profundidade

máxima de corte, o comprimento real de contato e outros.

Sem dúvida, a avaliação topográfica de rebolos

pela contagem de grãos e arestas pode trazer, a longo prazo,

grandes avanços para o conhecimento do microfenômeno de usina

gem. Com eles brevemente se poderá prever o desempenho de uma

operação de retificação, evitando-se a execução de inúmeros tes

tes para a adequação de uma ferramenta ao processo.

Apesar da potencialidade destes métodos, ainda

nao é possível aplicá-los com grande eficiência para previsão

do desempenho de um rebolo. Métodos mais práticos, baseados na

retificação de mergulho de elementos com área de secção vari~

vel (portanto pressões de corte variáveis) podem fornecer in

formações ricas com relação às características

do rebolo.

2.3.2. O método da esfera retificada

superficiais

Criado por Nakayama [41] em 1980, este método

consiste na retificação de uma esfera de aço, sob força cons

tante, onde é traçada a curva de penetração do rebolo na esfe

ra ao longo do tempo (Figura 2.15). Em seguida e calculada a

derivada desta curva em relação ao tempo que, em cada ponto,

Page 44: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

Rebolo "' ~ ãi E o o o ~ o

36

Tempo

Comporodor eletrônico

Figura 2.15 - O método da esfera retificada [ 41] •

e plotada contra a força normal dividida pela área de contato

naquele instante .. Obtem-se dai a curva de agressividade do re

bolo, ou seja, a taxa de penetração do rebolo contra a pre~

são normal de corte (Figura 2.16).

dÓ dt

I K =

• Pc=

I Fn/A =

• ton(ctl

ogressividode

pressão crítico

pressão normal

= K

A Fn

ô = penetração do rebolo no esfera

Figura 2.16- A curva de agressividade do rebolo.

Com•os pontos plotados é feita uma regressão li

near (que conduz a coeficientes de correlação muito próximos

de 1) onde a inclinação da reta representa a agressividade do

rebolo K. Dimensionalmente, K tem unidade de volume por tempo

e força, ou seja, taxa de remoção de cavaco por unidade de

força, um excelente parâmetro para quantificar agressividade.

Page 45: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

37

O ponto onde a reta cruza com o eixo das abcis

sas (dô /dt = O) corresponde a uma pressão chamada pressão

critica de corte Pc. Pc representa a pressão abaixo da qual

nao ocorre mais a formação de cavaco. Para

Fn/A :S Pc =(> dô = o dt =:> Zw = O

O método proposto por Nakayama, apesar de nao

apresentar a curva de avaliação topográfica do rebolo (G5m x z ),

tem inúmeras vantagens, pois: apresenta um parâmetro eficien

te para se avaliar a agressividade do rebolo1 é rápido (em um

único ensaio são testadas infinitas pressões de corte); pode

ser executado sem a necessidade de sistemas sofisticados e tam

bém determina claramente a pressão abaixo da qual não existe

a formação de cavaco. Ainda com este método pode-se avaliar a

melhor rugosidade que um rebolo proporciona numa operaçao de

mergulho. Isto é feito medindo-se a rugosidade da face retifi

cada da esfera (pressão mínima de corte) •

Por possuir as vantagens citadas, o método de

Nakayama será utilizado na experimentação do presente traba

lho. Serão avaliadas as pressoes criticas de corte e as agre~

sividades dos rebolos, aplicando este método em diversas con

dições de dressagem. O método de Nakayama e explicado com

maiores detalhes no Apêndice A onde são feitas considerações

sobre as condições de ensaio.

2.4. As Forças de Corte na Retificação

Como nos outros processos de fabricação, o estu

Page 46: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

38

do das forças de usinagem na retificação é um tópico de extr~

ma importância. Na área de projeto, no dimensionamento de re

tificadoras, as forças de corte são parâmetros que determinam,

tanto a potência motriz do rebolo como as necessidades estru

turais da máquina. Assim, através de métodos numéricos, pode

ser calculada a rigidez da estrutura e com as forças de corte

podem ser previstas as deformaçÕes sofridas. Já na área do

processo, as forças de corte causam influências na qualidade

dimensional e geométrica do produto acabado, na rugosidade,

no desgaste do rebolo e também no tempo de retificação.

Portanto, é importante que tais forças possam

ser previstas (previamente conhecidas), pois propiciam os da

dos necessários, tanto no projeto da máquina, como no conheci

mento do processo como um todo, com o objetivo de otimização

e até mesmo automação.

A determinação da força de retificação, apesar

da importância, ainda é pouco conhecida quando comparada aos

outros processos. Ela depende de um conjunto muito grande de

fatores (tipo de rebolo, condições de corte, condições de afia

ção, fluidos, etc.), e está sujeita a grandes variações com a

modificação de cada um deles. Neste capitulo são apresentadas

algumas das formulações resultantes de investigaçÕes da força

de corte de retificação e uma análise comparativa em busca de

uma expressao genérica e global.

De forma geral os pesquisadores consideram a su

perfície do rebolo homogênea na largura (b) e, portanto, a foE

ça de corte proporcional a esta. A força especifica de corte

F' = F/b é um parâmetro que tem sido amplamente usado em pe.ê_

quisas sobre o processo. F' sera utilizado aqui também como ca

racterizador das forças de corte.

Page 47: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

39

2.4.1. O modelo de Hahn e Lindsay

Em 1971, Hahn [11] [12] [13] publicou uma série

de trabalhos onde o processo de retificação foi tratado, des

de as suas relações básicas, através de estudos que envolve

rama força de corte. Hahn considerou a força normal de reti

ficação como um parâmetro de entrada do processo, sendo que

suas pesquisas foram baseadas em retificadoras do tipo "força

controlada". Ele demonstrou experimentalmente que a força noE

mal é proporcional a taxa específica de remoção de metal Z~ ,

( F I - F I ) n no (2.10)

onde a constante de proporcionalidade Aw (lambda) entre a foE

ça e a taxa de remoção é chamada de parâmetro de remoção de

material, que será visto com mais detalhe adiante. A grandeza

F~0 representa a força até onde não ocorre remoção de cavaco e

sim atrito e riscamento do material. A Figura 2.17 mostra as

três fases distintas do início do corte na retificação sob foE

ça controlada onde se observa melhor o significado de F~0 •

0,3 E

.3 o

0,2 o ~

o ~

~

c

" 0,1 "

Retificação interna de mergulho

AIS! 4150 - 53-55 HRC

De= 53,1 mm

vw = 2,7 m/s

. . req1oo

rebolo A80IL8V

- v5

• 39,1 m/s

I - de

~ req1ao região

1 . ..

r i sc::ento ,,/ co~~ e-o t r i to

·-·~ ----· I . __ .,----. ,'

o 2 Fno 3

Forço Normol (N/mm)

Figura 2.17- As três fases da retificação [11].

Page 48: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

40

Pode-se chamar Fno de força crítica de corte e,

se esta for dividida pela ãrea de contato,.ter-se-ã , entio, a

pressio critica de corte, conforme a obtida pelo método práti

co de Nakayama.

Hahn subdividiu os materiais submetidos a reti

ficaçio em duas categorias distintas: os difíceis de retifi

car "DTG" (metal duro, materiais cerâmicos, etc.) e os ficeis

de retificar "ETG" (aços carbono, ligas, etc.). Para cada uma

delas levantou, através de experimentaçio, os valores do par~

metro de remoçio de material Aw• A Figura 2.18 mostra alguns

resultados onde a força de corte e relacionada com o volume

de remoção de material, o desgaste do rebolo, a rugosidadc SE;

perficial e a potência de corte para um material ETG (AISI

52100) submetido a um rebolo A30K8V. Observa-se na figura a

boa relaçio linear entre a força e volume de remoçio do cava

co Zw.

A partir destas pesquisas Hahn e principalmente

o seu parceiro Lindsay passaram a estudar o parâmetro A w com

o objetivo de conhecer quais as influências que as variáveis

do processo (tipo de rebolo, geometria, velocidades, fluidos,

etc.) poderiam lhe causar. O objetivo final destes estudos se

ria prever, a partir das condiçÕes de corte, o valor de

Aw· Estes resultados sio muito úteis quando se trata a força

como parâmetro de saída, pois conhecendo-se o valor de A w e

calculando Zw fica determinada a força normal de retificação

quando a força crítica for conhecida.

I I

F - F n no

I

= z /A \'l \'l (2.11)

Page 49: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

41

Retifica interna de mergulho

AISI 52100 - 60-62 HRC V = 1,25 m/s w

- v5 " 60 m/s

D " 736,6 mm - rebo~ A30K8V ~ 300 e I w ' A ~0,615mm3/s, N e

"E w E

o 00 E o o "' E ~ 1,0 c

" o • 200 "' "' " w • o o " • ·- o

o " o ~F no c ~ ,_. ,. o I ' ~ ~ I o ,

" .. 0:

N I I B 15 0,5

• 100 I&· • : ... v A ... KW

N

i~"""'"" lO

5

"1 o o o~ Z5 o

o 500 1000

Força Normal (Nl

Figura 2.18 - Resultados de Hahn.

Ainda em 1971, Hahn e Lindsay [12] apresentaram

uma expressão, desenvolvida por Lindsay em seu doutoramento,

capaz de calcular o valor de Aw para materiais ETG a partir

das características do processo. As características considera

das foram: velocidades do rebolo (m/s) e da peça (m/s), diâm~

tro equivalente (mm), dureza do material-obra (HRC), caracte

rísticas do rebolo (tamanho do grão, dureza e estrutura) e ta~

bém as condições de dressagem. A expressão obtida pela análi

se semi-empírica foi a seguinte:

A w ~ 94,383 . (2.12)

onde,

Page 50: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

42

ad = profundidade com que o dressador

no rebolo (mm)

penetra

sd = passo de dressagem (n®)

d = diâmetro médio do grão abrasivo (mm)

Volb = 1, 33H + 2, 28 - 8

onde: H é a dureza do rebolo (H,I,J 1 K,L,etc)

o valor de H é 0,1,2,3 respectivamente

S é o número da estrutura do rebolo:

4,6,etc.

Nessa mesma direção Lindsay [27], em 1984, apr~

sentou uma nova formulação para Aw muito semelhante à de seu

doutoramento, ou seja,

Aw = 94,383 . "! De 304 (Volb) o,47 d %a (HRC)27 /19

(2.13)

onde o valor de Volb agora é calculado a partir de valores de

H' e S', os quais foram ajustados de acordo com as expressões

da Tabela 2.2. A mudança é justificada por novos dados forne

-Vo1b = 1. 33H 1 + 2.2S 1 - 8

TAl•IANI!O DO GRÃO S' H'

54- 80 S'=2s-6,9 1. 425

H'= 0,9H- 0,135

90- 100 S'=2s-8,4 1,40

H' =0,9H-0,43s+l,93

120- 150 S' = 2s- 10

H'= 0,82H- 0,55s + 3,43 1,375

180- 220 S' 2s-11,7

H'= 0,82H- O, 75s + 5,9 1,325

Tabela 2.2- ExpressÕes para o cálculo de Volb (cf. Lindsay [2~).

Page 51: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

43

cidos por um fabricante Norte Americano de rebolos.

Outra diferença observada entre as duas expre~

soes e a fração 4/3 multiplicando a relação entre profundid~

de e passo de dressagem, que não aparece na segunda versão. Em

ambas,os ensaios foram feitos com a utilização de dressadores

de diamante de ponta única. Salienta-se,ainda (como objeto de

uma discussão futura), que as expressões não consideram a for

ma da ponta do dressador, que é muito variável no caso do dia

mante de ponta única.

Para avaliar a validade da expressão (2.12),Hahn

e Lindsay calcularam o valor de Aw para 60 condições de reti

fi cação e compararam os resultados com os valores obtidos atra

vés de 400 ensaios experimentais. Chegaram a conclusão de que

a fórmula apresentada seria capaz de predizer o valor de A w

com ± 20% de erro para 95% dos casos em materiais ETG. A Fi

gura 2.19 mostra estes resultados .

.lllf CALCULADO (mm!f/N•s}

Figura 2.19- A"' calculado x A1, experimental [12].

Page 52: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

44

Para os materiais DTG eles nao elaboraram uma

expressão que fosse capaz de predizer o valor de Aw• Neste ca

so os valores de Aw foram determinados experimentalmente (Fi

gura 2.20).

T - 16

M - 2

René 41

Inconel X

M - 4

M - 50

René 80

8620 Rc 60

~ Vs=30m V e

~ Vs=30m V e

[L, Vs=30m V e

~ V e-30m V e

~ ~Vs ~ 60 m/s

Vs = 20 m/s

h V e = 18 m/s I V e = 56 m/s

p Vs = 60 m/s FoFo J

f f f f

o 0,3 0.6 0,9 I .2 I , 5

J\wPorâmetro de remoção Cmm3/N.e)

Figura 2. 20 - A"' para materiais DTG [12].

A contribuição de Hahn e Lindsay no cálculo da

força normal de corte para materiais ETG pode ser resumida na

equaçao (2.13), que substituída em (2.11) resulta em:

F' = n (N) (2.14)

= Vs e ainda h =a Vw Aw eq ' v5

Page 53: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

45

então a equação (2.14) fica:

(2.15)

onde:

KH é definida aqui como a constante de Hahn que

depende das velocidades da peça e rebolo, dos diâmetros da p~

ça e do rebolo (Del, do tipo de rebolo, da condição de dressa

gem e da dureza da peça-obra.

Observa-se,portanto,na expressao (2.15) que a

forçp total de retificação formulada por Hahn é formada pela

soma de duas parcelas a saber:

- a parcela de remoção de cavaco proporcional a

espessura de corte equivalente e

- a parcela elástica constante gerada pelo atri

to e riscamento do material.

2.4.2. O modelo de Tlusty

Tlusty [67] apresenta uma expressão para a fo~

ça de retificação muito semelhante à de Hahn. Nessa expressão

a força total é atribuÍda somente a parcela de usinagem e a

parcela elástica não é considerada. A semelhança com a expre~

são de Hahn está no fato de a força ser proporcional a heq•

F' = n

2A • Vw • a Vs

z = 2A. _ Vs

2A (2.16)

onde a constante A depende do tipo de rebolo, material da

Page 54: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

46

peça obra, condição de dressagem, etc. Tlusty, no desenvolvi

menta de sua teoria a respeito de deformações causadas pela

força de corte, apresenta valores aproximados de A . Confron

tando as equações (2.15) e (2.16), no que diz respeito a paE

cela de usinagem pode-se, portanto, confirmar o estabelecimen

to da proporcionalidade entre a força e o volume de remoção

por unidade de tempo. A relação entre as constantes de Hahn e

Tlusty é dada por

= 2A (2.17)

2.4.3. Formulações de Malkin

Malkin [28] fez um estudo a respeito da potê~

cia total de retificação por unidade de largura P'. Definiu-a

como sendo a soma de três parcelas:

(Kw/mm) (2.18)

onde:

Pch = Potência devido à formação de cavaco,

PPL = Potência de riscamento, e

PsL = Potência de atrito entre peça e rebolo.

Cada uma das parcelas definidas através das seguintes equ~

ções:

(Kw/mm) (2.18a)

Page 55: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

onde,

47

(Kw/mm) (2.18b)

= (Cl + C2 Vw de) de 1/ 2 . al/2 . As (Kw/mm) (2.18c) Vs

C1 e C2 são constantes de combinação rebolo-peça,

As é a área real de contato dos grãos (somatório

das .áreas de contato de cada grão).

A expressão (2.18a) é baseada na constante da

energia específica de formação de cavaco (13,8 J/mm 3 ) que, se

gundo Malkin, ''é válida para a retificação de aços de várias

composições bem como os tratados termicamente". Se a equação

(2.18a) for dividida pela velocidade periférica do rebolo, ob

tém-seaforça tangencial de retificação devida à formação de

cavaco. Adotando-se uma relação de retificação p entre força

tangencial e normal ( p= F~/F~) chega-se a:

F' 13,8 . a Vw = n p Vs

(N/mm) (2.19)

F' heq 13 I 8

= . n p

(N/mm) (2.20)

A expressao obtida tem a mesma forma das expre~

sões (2.15) e (2.16), ou seja, o produto de uma constante do

processo pela espessura h • eq

Com relação às parcelas de riscamento e atrito,

que juntamente são consideradas constantes por Hahn,Malkin faz

a separação em:

Page 56: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

48

- Força de riscamento por unidade de largura=

constante (Equação (2.18b) dividida por Vsl

- Força de atrito - dependendo da geometria do

corte, tipo de rebolo e velocidades da peça

e rebolo (Equação (2.18c) dividida por Vsl.

2.4.4. O modelo de Li Lichun

Outro estudo interessante a respeito da força

de retificação foi o apresentado por Lichun [26]. Este parte

do microfenômeno onde a força de corte em um grão, definida

de forma análoga ao torneamento, e multiplicada pelo número

de graos atuantes na superfície de contato entre peça e rebo

lo. Tanto o número de grãos dinâmicos como a área média do

cavaco são determinados a partir de estudos topográficos dos

rebolos, conforme já se discutiu anteriormente.

Lichun subdivide a força de retificação em ap~

nas duas parcelas de duas componentes cada uma, estas são:

forças de atrito normal e tangencial e força de remoção de ca

vaco normal e tangencial. No modelo de Lichun a face lateral

do grão é responsável pela geração da força de corte e o topo

do grão,pela geração da força de atrito.

Com esta forma de modelagem Lichun chegou à se

guinte expressão da força normal de corte por unidade de lar

gura b:

• a

remoçao de cavaco

+ c I Vw I a a 1 +a (N/mm) Vs 2

(2.21)

atrito e riscamento

Page 57: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

49

onde, a (O < a < 2/3) é o coeficiente que se refere à distri

buição dos grãos na superfície do rebolo e K1 é a pressão es

pecifica de corte para a retificação.

Isolando-se a parcela referente a remoção de ca

vaca da expressão de Lichun tem-se:

F' = n • a • (N) (2.22)

que novamente se assemelha a equações de Hahn, Tlusty e Mal

kin.

Lichun apresentou,ainda, bons resultados onde

suas expressões foram comparadas com alguns ensaios experime~

tais. É importante salientar que Lichun determinou o valor

das constantes experimentalmente para cada condiçãodeensaio,

nao sendo possível obter, somente a partirdesuas expressões,

o valor da força de corte de forma genérica. A partirdetais

resultados a conclusão final de seu trabalho foi que a comp2

nente de atrito da força total, para materiais DTG,émaiorque

a componente de geração de cavaco, enquanto que para os mate

riais ETG a parcela de atrito é bem menor que a de remoção

(aproximadamente 1/4 da força total). A Figura 2.21mostrauma

representação gráfica do modelo de Lichun da força normal por

unidade de largura em relação a espessura de corte equivale~

te heq para materiais ETG e DTG.

Page 58: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

50

HATERIAL - ETG: 6 aço 1045

ª 4

V = 0,69 m/s "

' a = 0,002 mm z

c 4 6 • u. lO, OI JJm)

õ HATERIAL - DTG: ê TO! o I aço \ü8Ct·4V g 12

~ o V = 0,69 m/s o \·/ • • o a = 0,002 mm ~

4

2 4 • • heq {0,01J.Jm)

Figura 2.21 - O modelo de Lichun para materiais ETG e DTG,

2.4.5. Discussão

Ao se fazer uma análise comparativa dos modelos

apresentados para a força de retificação, dois pontos básicos

podem ser destacados: o tratamento da componente de remoção

de cavaco e o tratamento da componente elástica (atrito + ris

camento) feitos pelos pesquisadores.

No que diz respeito ao equacionamento da compQ

nente de formação de cavaco, conclui-se que a relação direta

e proporcional entre a força F~ e a espessura equivalente h eq

é" comum a todas expressões. Isso ocorre mesmo tendo os pesqui

sadores partido de caminhos tão diversos como o de Hahn (exp~

rimentação) e o de Lichun (estudo do microfenômeno através de

parâmetros estatísticos). A única diferença entre tais mode

Page 59: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

51

los é a constante de proporcionalidade adotada em cada caso.

A Ta·bela 2. 3 apresenta uma forma genérica para a força de re

tificação, proveniente da formação de cavaco, onde a constante

Kp é apresentada no conceito de cada pesquisador.

Forma genérica I .

F~ch = KF h (2.23) . eq KF

HAHN e KF Ku (Ver expressões (2,15) e (2.14) = LINDSAY

TLUSTY KF = 2A (A é tabelado para as condiçÕes da operação)

KF = 13,8 p = (F' /F 1

) e 13,8J/mm3 = MALKIN t n p energia especÍfica da formação do cavaco

LICHUN KF = K 1 (Kl é determinado experimentalmente)

Tabela 2.3 - Forma genérica da força de retificação.

Fica portanto clara a relação linear entre · for

ça e heq' Observa-se, ainda na Tabela 2,3, que somente a cons

tante de Hahn e Lindsay pode ser calculada a partir das carac

teristicas do material, do rebolo e da geometria do corte,

A força elástica (riscamento e atrito) foi tra

trata de maneira mais diversa por cada pesquisador. Hahn e

Lindsay consideraram esta força como constante após o inicio

do corte e a partir dai todo acréscimo foi atribuido a ger~

ção de cavaco. Lichun equacionou a geração de atrito na reti

ficação como uma função cuja derivada tende a diminuir com o

aumento de heq' Sendo assim a força de retificação total de

Page 60: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

52

Lichun tende a se comportar cada vez mais próxima de uma reta

com o aumento de heq. Na Figura 2.22 uma representação gráf~

ca comparativa entre os modelos dos dois pesquisadores e co

locada de forma qualitativa para materiais ETG e DTG. É esta

belecido um valor da espessura equivalente heq1 , a partir do

qual a força de Lichun é praticamente linear e , portanto, de

acordo com Hahn.

-·- HAHN

--- LICHUN

F' n

F' n~p·

ll6q L

.!?' .ó

MATERIAIS

d'

,h d'

""'

heg

- F:TG

-·- HAHN

--LICHUN

---MALK/N ,.{f ·"

F' ' n A"

'" 4-·.<

,.{r-/(­

F' ' no/!/. ,/' /

I

heq

..{f/.

MATERIAIS - D TG

Mg

Figura 2.22 - Comparação entre os modelos de Hahn e de Lichun.

Observa-se na Figura 2. 22 que para materiais ETG

os dois modelos são muito semelhantes posto que os valores das

derivadas da curva de Lichun próximos a origem são elevados.

Portanto pequenos acréscimos em heq, na vizinhança da origem,

resultam numa força inicial aproximadamente igual a Fno· Na

Figura 2.17 de Hahn, observa-se esta tendência nos pontos apr~

sentados ficando os dois modelos compatíveis. O valor de heqL

para materiais DTG é relativamente alto quando comparado aos

Page 61: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

53

ETG (aproximadamente três vezes) • Neste caso a simplificação

de Hahn passa a proporcionar diferenças maiores em relação

ao modelo de Lichun. Este foi provavelmente um dos motivos

pelos quais Hahn não equacionou Aw para materiais DTG.

Malkin, neste sentido, ficou numa posição in

termediária pois dividiu a parcela elástica em atrito e ris

camento, adotando o riscamento como uma constante.

Poucos autores se preocuparam com a componente

tangencial da força de corte. Lichun [26] apresentou result~

dos onde a relação p entre Ff; e F~ ( p = FtfF~) é medida p~

ra várias condiçÕes de corte que determinam o volume de remo

ção de cavaco. A Figura 2.23 apresenta tais resultados onde

se observa um mínimo aumento de p com o acréscimo dos parãm~

tros cinemáticos (acréscimo de Z). Outra observação importa~

te a respeito da Figura 2.23, é que os valores de p estão sem

o.

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0,2f---------------j O, 2!-------------1

o o

OL-~~~~~~~1. 0,8 1,38 O 0,001 0.002 OP03 0.004

Vw m11 a mm

Figura 2.23- Comportamento da relação p [26].

pre na faixa de O, 2 a O, 59, estes valores limites são fixados

por Lichun através de uma análise a respeito dos coeficien

tes de atrito dos materiais e ensaios práticos. Portanto, PQ

de-se concluir que a força normal pode ser de 1,7 a 5 vezes ,.

maior que a força tangencial de retificação.

Page 62: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

54

Após estas considerações a respeito da geração

de forças no processo de retificação deve-se agora analisar

as consequências que estas causam no sistema máquina I ferr~

menta I dispositivo I peça e como elas podem afetar a capaci

dade produtiva do equipamento.

2.5. Deformações Causadas Pela Força de Corte

Algumas características importantes destacam a

operação de retificação das outras operações de usinagem. Es

tas são:

- Maior força radial por unidade de área total

de corte;

- Maior número de cortes subsequentes;

- Geralmente, maior exatidão nas peças produzi

das.

Tais características, associadas entre si, fazem com que se

ja dada uma atenção especial para a máquina-ferramenta de re

tificar no sentido de se conhecer melhor o binômio deforma

ções - forças de corte. Tlusty [ 67 ] identificou o problema

de maneira clara e suas considerações serão aqui expostas.

A partir da equação (2.16) é definido o coefi

ciente R de proporcionalidade entre a força normal de corte

por unidade de largura b e profundidade de penetração a da

sequinte forma:

Fn R = - .b= 2A • a

Vw -.b Vs

[Nimm J (2.24)

Page 63: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

55

O coeficiente R representa,portanto; o acrésci

mo que tem a força normal quando se aumenta a profundidade de

corte. Pode-se fazer também uma relação entre R e o parâm~

tro flw de Hahn:

R [N/mm l (2.25)

Definindo-se Kr como a rigidez radial do siste

ma rebolo-máquina-peça-obra (R-M-P) , pode-se estabelecer a

relação v entre R e Kr como sendo:

v = R

Kr (2.26)

O coeficiente v é portanto um parâmetro adimensional que peE

mite uma apreciação quantitativa do nível de influência da

força de corte para um conjunto R-M-P.

Um valor elevado de v representaria, por exem

plo, um sistema pouco rígido onde o acréscimo da força nor

mal com a profundidade de corte é grande. Por outro lado, um

valor pequeno de v representaria um sistema mais rígido e on

de o acréscimo da força normal com a profundidade de retifi

cação não é muito grande.

A Figura 2.24 mostra dois exemplos extremos do

parâmetro v . No primeiro, a retificação interna: de um mate

rial DTG e no segundo, a retificação cilíndrica externa de

um material ETG. No primeiro caso da figura, o grande valor

do diâmetro equivalente da retífica interna (Figura 2.3) prQ

porciona uma diminuição no valor ~e Aw e um consequente au

mento no coeficiente R. Também as baixas·velocidades de cor

Page 64: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

p grande p pequeno

l-Material DTG - R grande 2-Ds grands - R orando 3-!<r pequeno 4-0o pequena-R menor

5-Matsrlal ETG- R monor a-«r gronda

Figura 2.24- Significado fÍsico de V .

56

te, comuns em rebolos de pequenos diâmetros, proporcionam um

aumento em R (equações (2.13) e (2.25)). Isto associado a al

ta dureza da peça (DTG) e a baixa rigidez do mandril porta

rebolo faz com que o valor da relação seja grande. O inver

so ocorre na retifica externa que tem normalmente diâmetro

equivalente menor; velocidade de corte maior e rigidez maior.

Pode-se entender a influência da relação v nu

ma operação de retificação através do exemplo descrito a se

guir e ilustrado na Figura 2.25.

Ao iniciar uma operação cilíndrica de mergulho 1

um rebolo, ajustado para uma penetração a correspondente a

um avanço s por volta, toca a peça. Com o inicio do corte

começam a aparecer forças proporcionais a penetração a e o CO.!_l.

junto R-M-P passa a se deformar proporcionalmente a Fn. No

final da primeira volta o rebolo, que deveria estar já numa

posição S, se encontra em x 1 , Figura 2.25. A um certo número

de voltas n a profundidade de corte a passa a ser igual a s

mas a posição Xn é menor do que o produto n x S.

Page 65: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

Yw

. ,,, . ' . ,• ' .,

z~Posi~ão em que o rebolo e~taria se nao houvessem deformaçoes

S=Penetração do rebolo por volta da peça obra

x=a=Profundidade de corte

XcPosição do rebolo

y=Parcela de deformação do conjunto R-H-P

57

Figura 2.25 - Penetração do rebolo numa operaçao de mergulho.

Este fenômeno pode ser descrito pelo equilíbrio

de forças

R . a = Kr • y (2.27)

onde y e a parcela deformada no sistema R-M-P.

substituindo na equação 2.26 tem-se

)l,a=y (2.28)

Como a partir de um certo valor nlim de voltas

da peça-obra, a passa a ser igual a S, pode-se afirmar então

que:

p/n <: nlim y = )1 • s (2. 29)

Page 66: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

58

Portanto o coeficiente ll determina a diferença

entre a posição real e a desejada do rebolo. Em outras pal5!

vras, ll x S determina a diferença entre a indicação do colar

da máquina (ou indicador digital) e a dimensão real da peça

apos um número nlirn de voltas. A Figura 2.26 mostra o cornpoE

tarnento deste fenômeno para vários valores de ll , Z X s s I

/

5}----)~~~~~f---~~--~--~r--4 3 2 /

/

1~~riL--~L---~--~--~~---~--~ 012345 10 15 20 25 30 n

Figura 2.26 - A remoção de material para vários valores de ll .

Com o raciocínio apresentado pode-se concluir

que, para urna operação de retificação qualquer, existe a ne

cessidade de se deixar o rebolo usinando, sem avanço, paraque

este possa chegar a dimensão desejada. Esta operação é chama

da comumente de 11 spark out 11, termo que sera utilizado no pr~

sente trabalho. A Figura 2.27 mostra a remoção de material du

r ante o 11 spark out 11 para vários valores de ll onde se pode

concluir que, quanto menor for ll 1 menor será o número de vol

tas (ou passadas para retificação plana), para que sejam anu

ladas as deformaçÕes do sistema R-M-P devidas às forças de usi

nagern.

Page 67: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

59

Yn•m {-~-r Yn ltp

~

0,8 ~ \\ '\ l'-._ \\ ~~ \

"'-"""' ~

0,6

\ "' ~ ~·o ~ N•IO ~··~ 0,4

"' -........ 1--. !'---.. ~·5

..__ --0,2

o lO 15 20 25 - m

Figura 2.27 - A remoçao de material durante o "spark out" [ 67].

Observa-se,ainda na Figura 2.27,que as deforma

çoes tendem a zero com o passar do tempo. Isto ocorre pois

Tlusty não considera a existência da pressão critica de corte

em sua análise.

Com a incorporação do conceito de força critica

de corte, conforme estabelecido por Hahn, pode-se concluir que

as deformações do sistema R-M-P tenderão para um valor dife

rente de zero em urna operação 11 spark out 11• Se for adotado o mo

dela de Lichun ocorrerá um aumento na relação 11 (decorrente

de um aumento de R para F~ próximo de zero) e, consequenterne_!l_

te,urn número maior de voltas para se anularem as deformações,

Conclui-se portanto que a força critica de cor

te de urna ferramenta abrasiva em urna operação determina a

diferença entre a medida obtida e a desejada para um cornpone!l. _,

te mecânico. Isto é mais critico em situaçoes onde a relação

11 já é grande. Neste caso a força critica poderá provocar d~

forrnaçõe·s consideráveis em relação à toierância final do com

Page 68: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

60

ponente em questão (fato comumente observado na retificação

interna de componentes endurecidos e de pequenos diâmetros) ,

Os desvios de forma resultantes de uma operação

de retificação também dependem de ~ • Isto ocorre pois os er

ros de forma deixados na operaçao anterior provocam variações

na espessura de corte que, para situações onde a relação ~ é

alta, resultam em deformações do sistema R-M-P que acompanham

tais desvios, Ao final da operação "spark out" as oscila

çÕes na força devidas às vibrações na espessura de corte não são

sempre suficientes para vencer a força crítica, fazendo com·

que alguns erros geométricos ainda permaneçam no produto aca

bado.

Portanto ,a relação ~ de Tlusty, associada aos

conceitos de pressão crífica de corte, caracterizam de forma

muito eficiente a problemática das deformações causadas pelas

forças de corte. Estas influenciam tanto na qualidade do pr2

duto acabado como nos tempos e custos de retificação como se

rá estudado a seguir.

2.6. Otimização do Ciclo de Retificação

Chama-se ciclo de retificação o conjunto de eta

pas que ocorrem em uma operação desde a colocação da peça na

máquina até a saída desta dentro de especificações pré - d.§_

terminadas. O ciclo de retificaÇão é subdividido em fases on

de cada uma corresponde a um tempo para a sua realização, A

soma de todos os tempos das fases resulta no tempo total de

retificação, que é um parâmetro muito importante na produção

Page 69: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

61

em massa ou mesmo nas médias séries.

Pode-se desenhar um diagrama do ciclo de retifi

caçao para qualquer tipo de operação (passagem, mergulho, pl~

na tangencial, etc.). O diagrama do ciclo possui no eixo das

abcissas o tempo e nas ordenadas a posição Z em que estaria

o rebolo, se não houvesse deformaçÕes, além da posição real

da superficie de contato peça/rebolo.

z.x li - Apcoxlao9&a T2 - tn(ola do aorta T3 · o•S T4 • Spark-out

T4

TU ~ Raouo TO - TrocG de popa

• draaaQQRa

TG TO

Figura 2.28- Exemplo de um ciclo de retificação de mergulho.

A Figura 2.28 mostra um exemplo de ciclo de re

tificação de mergulho onde o tempo total é dado pela soma dos

tempos parciais de todas etapas.

(2.30)

Conforme ilustra a Figura 2.29, na primeira eta

pa o rebolo se aproxima da peça, nao há corte. Na segunda ocor

re o contato peça/rebolo e se inicia o corte com geração de

força, o sistema R-M-P se deforma como visto na Figura 2.26.

Page 70: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

62

Na terceira etapa a profundidade de corte passa a ser igual

ao avanço por volta. A quarta é o "spark out", onde se chega

à dimensão final. Nas etapas 5 e 6 ocorrem o afastamento do

rebolo e a troca de peça com possível dressagem.

Vários pesquisadores têm-se dedicado a otimiza

ção do ciclo de retificação como um todo [ 71 1, [ 54 ] , [ 52 ] ,

[ 06 1, [ 67 1. Peters [51] define a otimização como sendo: "a

necessidade de mínimo custo alcançando as qualidades pré-de

terminadas". As qualidades pré-determinadas são: qualidade de

forma; dimensional; rugosidade superficial; integridade supe~

ficial (sem queima, trincas, mantendo a dureza), etc.

Vetter [71] apresenta várias possibilidades p~

ra o aumento do rendimento na retificação.Entre elas destacam

-se a retificação de alta velocidade, o aumento do rendimento

da refrigeração de corte, a diminuição de relação 11 e a redu

ção de tempos improdutivos. Apesar da forma com que Vetter

subdivide o problema, o aumento do rendimento pode ser atingi

do basicamente de três formas:

- Diminuição de tempos improdutivos (sem remo

ção de cavaco);

- Diminuição da relação ~ (otimização do proce~

so abrasivo e do sistema RMP);

- Utilização de sistemas transientes.

A seguir serão discutidos estes itens básicos

com auxílio dos estudos de Vetter [71], Rehousek [54], Peters

[52] [51] e Tlusty [ 67 ],

Page 71: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

63

2.6.1. Diminuição de tempos improdutivos

Os tempos improdutivos em um ciclo de retifica

ção sao basicamente os de aproximação e afastamento do rebolo

e os de troca de peça-obra e dressagem. Nas máquinas para a

produção em grandes séries, a redução dos tempos improdutivos

pode ser obtida principalmente através da racionalização da

troca de peças, do tempo de aproximação do rebolo e também de

uma reafiação rápida deste. Isto porque o tempo de afastamen

to do rebolo, além de ser muito pequeno em relação ao tempo

total, pode ser diminuído sem maiores problemas.

Nos tempos totais de retificação muito curtos

(aprox. 15s) os tempos improdutivos entram decisivamente nos

cálculos. Nestes casos pode-se obter economias de 10 a 20% do

tempo total com auxílio de meios auxiliares de colocação rápl

da da peça em posição de usinagem, ou mesmo reafiando o rebo

lo simultaneamente com a troca de peça.

A dispersão da sobremedida de usinagem e um li

mitador da diminuição do tempo total através da aproximação

rápida do rebolo. Isto porque a velocidade de aproximação rá

pida fica normalmente ajustada para conduzir a ferramenta até

a sobremedida máxima do lote. A Figura 2.29a mostra um exem

plo de otimização do tempo total com a diminuição da tolerân

cia para a operação anterior.

Outra opção para se minimizar a aproximação sem

modificar a operação anterior, seria a adoção de uma taxa de

avanço intermediária. Assim a aproximação rápida leva o rebo

lo até o sobremetal máximo e, em seguida, com a taxa interme

diária de avanço, este toca a peça até a dimensão do sobre

metal mínimo. Figura 2.29b.

Page 72: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

z.x A

\

DI

___ normal

---com dlparaão do aobrematal dlml­nulda

z.x 8

I

I I

I

I

---normal

-e em taxa do aproxlmapêio lntermed,

Figura 2.29 - Otimização através da aproximação rápida do rebolo,

64

É difícil citar mais soluções para a otimização

dos tempos improdutivos de forma genérica, pois elas estariam

vinculadas a fatores mui to particulares a cada caso, o que não

é objetivo do presente trabalho. Passa-se agora para a discus

são dos outros fatores.

2.6.2. Diminuição da relação ~

A minimização da relação ~ como forma de redu

çao dos tempos de usinagem é realmente a medida mais abrange~

te que se pode tomar. Esta possibilita desde o uso de taxas

de penetração mais elevadas até a diminuição do tempo de "spark

out". Além disso as qualidades geométricas podem assumir ní

veis cada vez melhores. A Figura 2.30 ilustra os ciclos típi

cos de retificação de mergulho relativos aos exemplos a e b

da Figura 2.24. Pode-se,assim,entender melhor a grande econo

Page 73: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

65

mia no tempo de usinagem que o parâmetro )1 pode provocar

(usualmente cerca de 70% do tempo total do ciclo) .

.J--l grande z,x

jJ pequeno z.x

r r '(

7 -

t J t

A b

Figura 2. 30 - Influência de )1 no tempo de' retificação. ·

Para se conseguir )1 minimo são então necessa

rios:

- Rigidez máxima do sistema R-M-P ;

- Minimo coeficiente de proporcionalidade en

tre força e profundidade de penetração do re

bolo.

Algumas medidas podem ser tomadas para que isso seja obtido,

melhorando-se a rigidez ou diminuindo-se a relação R.

Nas operações cilindricas externas com centros

o elo menos rigido da cadeia R-M-P é normalmente a peça, de

vendo esta ser apoiada à estrutura da máquina através de um

dispositivo (luneta ou cavalete de apoio comandado por sist~

ma. de medição). Nas operações cilindricas internas este elo

é frequentemente o eixo porta rebolo. A rigidez estrutural

Page 74: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

66

da máquina passa a ser o ponto fraco nas operações planas e

sem centros, sendo que nos casos onde rebolos estreitos tra

balham inclinados a rigidez destes pode atingir valores

de até lON/vm (normalmente 10 a 15% da rigidez usual de um

sistema) .

A redução do coeficiente R de proporcionalid!:!:

de entre força e profundidade de corte é uma medida que pode

trazer excelentes resultados, pois além de reduzir o valor

de v pode também melhorar o rendimento térmico da operação

(normalmente a ocorrência de queima da peça está associada

a altas forças de corte)·. Numa retificação com forças insi.9:

nificantes poder-se-ia atingir altíssimas taxas de penetr!:!:

çao, com tempos de "spark out" praticamente desprezíveis. E!'l_

ta e a razão pela qual a retíficação de alta velocidade tem si

do muito desenvolvida nos últimos anos, uma vez que Vs é in

versamente proporcional a R.

Com a observação da equação (2.14) da força

normal de corte de Lindsay, pode-se ter uma idéia de como e

quanto as variáveis do processo influenciam no valor de R.

Para facilitar a visualização substitui-se (2.13) em (2.25),

que resulta em:

R (N/mm) (2.31) 94.383

Para uma operação de retificação onde estejam

fixados material da peça-obra, largura de corte e sobremetal,

pode-se otimizar os seguintes parâmetros com o objetivo de

minimizar R:

Page 75: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

67

- Aumentar Vs. O aumento da velocidade de cor

te (teoricamente a alteração que produz me

lhor resultado, pois o expoente de 1/Vs e o

maior da expressão) implica em modificações

nas ligas dos rebolos e sistemas de fixação

destes, mancais especiais para altas rotações,

reforços estruturais na máquina e aumento de

eficiência nos sistemas de refrigeração de

corte.

- Diminuir o diâmetro equivalente De· Possibi

li ta menores áreas de contato e,portanto, mai9_

res pressoes de corte. Isto é critico na op~

ração cilíndrica interna onde De pode assu

mir valores muito altos e o aumento do diâme

tro do rebolo está limitado pelo diâmetro da

peça.

- Diminuir o produto [ (Volb) 0•47

• d 5P8 ] • Esc o

lher um rebolo com estrutura mais aberta,mais

mole e com grãos menores. Esta escolha está

vinculada ao acabamento superficial que se

deseja do produto acabado.

- Maximizar o fator [ ( 1 + ad ) Sd ll/Js] • Determi Sd

nar a condição ideal de dressagem que propoE

cione a súperficie de corte mais agressiva

possível, ou seja, afiar adequadamente o re

bolo para se obter Aw máximo e R mínimo. Pe

la análise do comportamento do fator de Hahn

para uma faixa usual de passo e profundid~

Page 76: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

68

de de dressagem (Figura 2.31). Entende-se que

este cresce com o aumento de ad e Sd. Poder

-se-ia chegar a conclusão de que o aumento da

1.2 ~----------------~

1.0

0.4

0.2_ O,w

o Sd•O. ta

"'sd•0.411i1

A Sd•0.2u

+ Sd•0.6all

o Sd•0.3!111

~ Sd•O. 611111

0.02 0.04 0.00 VALOR m; nd (Bil)

0.00

Figura 2.31 -Comportamento do fator (l ± ad) Sdllj,g de Hahn. Sd

profundidade e do passo de dressagem vão sem

pre aumentar a agressividade do rebolo (priQ

cipalmente o aumento de Sdl . A determinação

do comportamento da agressividade do rebolo

em função das condições de dressagem é um dos

objetivos deste trabalho e sera apresentada

e discutida com maiores detalhes no capitulo

6. Será observada a grande potencialidade que

tem a otimização das condições de dressagem

para a diminuição da relação R.

2.6.3. Utilização de sistemas transientes

A utilização de sistemas transientes tem como

Page 77: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

69

objetivo a diminuição do tempo de "spark out", pois o rebolo

é levado além da posição final e depois recua. A Figura 2.32

mostra um exemplo de sistema transiente apresentado por Peters

[51] .

z.x TI - Aproxlmapão T2 - Jn(olo do corta T3 - QPS

T4 - Raouo

Tl~ T3 T4 T6

T6 - •spark out• Til - Rotorno T7 • Troco do papa

t.

Figura 2.32 - Sistemas transientes.

Este tipo de sistema pode trabalhar com uma re~

limentação da dimensão da peça em cada instante. Tal dimensão,

ao chegar no valor desejado, comanda o rwcuo do rebolo para o

"spark out". Outra opção seria conhecer previamente a posição

de recuo do rebolo, facilitando a implantação em uma máquina

comum. Esta última esbarra no fato de que o rebolo se trans

forma topograficamente com o passar do tempo (perda de agre~

sividade) o que proporciona uma modificação no ponto de recuo.

Peters sujere que sejam feitas dressagens periódicas no rebo

lo para que a superfície deste se mantenha uniforme mantendo

também constante o ponto de recuo.

Observa-se então, com o que foi exposto, que a

determinação da agressividade do rebolo pode ser o ponto fun

Page 78: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

70

damental para a otimização de um ciclo de retificação. O ideal

seria conseguir rebolos que mantivessem alta agressividade por

muito tempo, proporcionando um valor de R sempre baixo e con~

tante. As condições de dressagem tem uma influência mui to gra_!!

de na agressividade do rebolo e também em outras característi

cas do processo. A seguir são apresentadas algumas considera

ções sobre a operação de dressagem de rebolos e sua

cia no desempenho da retificação.

2.7. A Operação de Dressagem

influên

A operação de dressagem (também conhecida por

dressamento, diamantação, afiação ou retificação do rebolo) é

a preparaçao do rebolo através da usinagem da face de traba

lho deste com uma ferramenta (dressador) • A dressagem de um

rebolo tem três finalidades principais: a obtenção de concen

tricidade da face de trabalho com o eixo de rotação, o perfi

lamento da face de trabalho para uma operação de forma e o ar

rancamento dos grãos abrasivos gastos para melhorar a agressi

vidade da face de trabalho. Esta última e a principal das

três, pois a agressividade de um rebolo determina a capacid~

de de remoçao de material em uma operação de retificação.

A grande influência que as condições de dressa

gem podem provocar no desempenho de uma operação de retifica

ção fez com que a quantidade de pesquisas nesta área sofres

sem um considerável aumento nos Últimos dez anos. Por ser uma

condição inicial do processo, a dressagem do rebolo deve ser

bem conhecida e dominada pelo pesquisador de retificação.

Page 79: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

71

Apesar do número de trabalhos já publicados, Shi

mamune [62], em 1983, afirma que a relação entre as condiçÕes

de dressagem e o desempenho da retificação ainda tem muitos

pontos desconhecidos. Em 1985, Inasaki [16] reafirma o que foi

dito por Shimamune: "As pesquisas feitas ainda não são sufi

cientes para tornar clara a relação entre as condiçÕes de dres

sagem e o desempenho da retificação".

A dressagem de um rebolo pode ser feita de várias

maneiras utilizando vários tipos de dressadores. Estes são des

critos a seguir.

2.7.1. Tipos de dressadores e suas características

As ferramentas de dressagem são divididas de acor

do com seu princípio de at~ação cinemática em dois grupos prig

cipais: dressadores estáticos e dressadores rotativos. Os dres

sadores estáticos não se movimentam na.direção da velocidade

tangencial do rebolo durante a afiação, enquanto que os rotati

vos, além do movimento de translação, também rodam quando em

contato com o rebolo. Existem também operações que têm como ob

jetivo somente aumentar a agressividade da superfície de cor

te do rebolo (avivamento) . O jato abrasivo é um exemplo deste

tipo de operação, onde não se corrige a forma da superfície

ativa nem a concentricidade desta.

No grupo dos dressadores estáticos tem-se dois

tipos básicos de ferramenta: as de ponta única e as conglomer~

das. As de ponta única são constituídas de um corpo, ou supo~

te, onde· é fixado um diamante de ponta única. Nas conglomer~

das diversos diamantes são posicionados em uma liga metálica

Page 80: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

72

e, de acordo com a configuração diamante/liga, tem-se alguns

tipos caracteristicos (por exemplo: bastão dressador, fliese,

etc, ) •

O disco dressador e o rolo dressador sao basica

mente as duas ferramentas rotativas existentes. O disco dres

sador (ou rebolo dressador) é um disco de liga metálica im

pregnado com diamantes. Seu funcionamento é semelhante ao de

um rebolo. É uma ferramenta que vem sendo muito utilizada

atualmente no per filamento de rebolos para operações de forma,

pois seu perfil de atuação é bastante uniforme. O rolo dres

sador é uma ferramenta mais larga que o disco (normalmente

tem a largura do rebolo) e pode trabalhar de duas maneiras

dist~intas: por corte ou por esmagamento, Uma limitação atual

na utilização de ferramentas rotativas é a necessidade de um

sistema de acionamento do dressador', ainda pouco comum· nas re '

tificadoras nacionais, A Figura 2,33 mostra alguns tipos de

dressadores estáticos e.rotativos existentes no mercado.

Figura 2.33 - Diversos tipus de dressadores. (Cortesia da \;inter do Brasil Ferramentas Diamantadas e de Bornitrid Ltda.)

Page 81: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

73

Outros tipos de condicionamento de rebolos re

centemente encontrados na literatura são aqueles que buscam

novas formas de transformação da topografia com o objetivo de

melhorar o desempenho. Nakayama [38] sugere que sejam feitas

ranhuras helicoidais na superfície do rebolo para que se dimi

nua a energia necessária no processo de retificação. Os resul

tados são muito interessantes: redução nas forças de corte de

30% e eliminação de queima e erros de forma da peça. Nakayama

explica que estes resultados se devem ao fato de o rebolo ra

nhurado permitir melhor acomodação do cavaco e melhor penetra

ção do fluido de corte, entre outros fatores.

Nesta mesma direção Jung [18], em 1988, sugere

a utilização de rebolos segmentados (com ranhuras axiais) p~

ra a usinagem de materiais cerâmicos. Os resultados sao tam

bém muito positivos, obteve-se considerável redução nas for

ças de corte e no desgaste do rebolo.

2.7.2. A ação da dressagem no desempenho da

retificação

Diversos trabalhos que analisam comparativame~

te a influência do tipo de dressagem no desempenho da retifi

cação têm sido publicados [29] [19] [70]. Os resultados apr~

sentados neste tipo de trabalho normalmente são qualitativos,

não levando em conta as peculiaridades de cada processo. A Fi gura 2.34 mostra um resultado típico destes trabalhos onde a

força de corte é medida para diversos tipos de dressagem.

Estes resultados poderiam ser diferentes se as

condiçÕes para cada tipo de dressagem fossem modificadas. As

Page 82: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

E E ~ 20

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ob-~--~~--~~s~o~o~--~~--~~,o~oo~

V"~ VOLUME DE METAL REMOVIDO (mrn3/mm.m)

74

Figura 2.34- Força de corte como função das condiçÕes de dressagem (19].

forças de retificação, por exemplo, podem variar cerca de

500% variando-se as condições em um mesmo tipo operaçao de

dressagem [33].

A busca do conhecimento preciso da influência

das condições de dressagem na retificação tem sido difícil,

pois a geometria do dressador e um fator de grande influência

que frequentemente não é levado em conta. Os trabalhos publ1

cados normalmente utilizam como variáveis do processo a pr~

fundidade de dressagem ad e o passo de dressagem Sd. Os resul

tados mostram um acréscimo da agressividade com o aumento do

passo e da profundidade de dressagem [12] [29] [36] [41] [70]. Pa

ra se estudar e entender melhor os resultados de tais traba

lhos, é interessante que antes sejam analisados os fenõmenos

que ocorrem durante uma operação de dressagem.

a - Macro e micro efeitos de dressagem

Como resultado da operação de dressagem, dois

efeitos podem ser reconhecidos: o macro efeito e o micro efei

Page 83: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

75

to. O macro efeito é causado pelo formato do dressador e das

condições de dressagem. Durante a dressagem os grãos do rebo

lo são cortados e fraturados pelo dressador, a composição de

movimentos entre rebolo e dressador forma uma rosca na supe~

fície do rebolo na qual as arestas dos grãos estão situadas.

Este tipo de superfície pode ser visualizada com a dressagem

de um rebolo com granulometria muito fina e estrutura fechada.

O micro efeito é causado pela fratura das parti

culas dos grãos onde novas arestas de corte são criadas pelo

dressador. A agressividade das arestas depende da friabilida

de do grão e também das condições de dressagem. Na dressagem

fina (ad e Sd pequenos) partículas muito pequenas sao removi

das ou fraturadas, isto causa a criação de planos nas superfi

cies de corte dos grãos tornando-os menos agressivos. Na dres

sagem grossa (ad e Sd grandes) grandes partes do grão sao qu~

bradas e arestas afiadas maiores se formam [70].

O macro efeito, que provoca uma superfície mais

agressiva, normalmente ocorre em dressagens grossas onde o mi

cro efeito também tem caráter agressivo. Assim o rebolo fica

duplamente agressivo. Nas dressagens finas o macro efeito não

ocorre e a ação pouco agressiva do micro efeito predomina. Is

to explica o aumento da capacidade de remoção de material de

um rebolo com o aumento do passo e da profundidade de dressa

gem (ver Figura 2,31 no item 2.6).

A Figura 2.35 mostra a variação da densidade de

graos na superfície de um rebolo submetido a uma dressagem

grossa onde é comprovada a ação agressiva do macro efeito. A

geometria do dressador e a cinemática da dressagem tem grande

Page 84: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

1,0

• ,a o • "' • o

• 0,5 o o o ·;; c • o

3~ Rebolo AA60 W

. - J 2 Cond1coes de vresogem sd = o 2 mm Od • o,o5mm r d = 600pm

2

o 5

/ /

10 15 Pro fundido de (JJm I

76

20

Figura 2.35- Variação na densidade de grãos sob ação do macro efeito [69].

influência na formação do macro efeito. Dressadoresestáticos,

com geometria de atuação conhecida, são ferramentas que possi

bilitam o estudo mais claro do macro efeito de dressagem. A Fi

gura 2.36 mostra exemplos de dressagens em diversas condições

com ferramentas estáticas.

Figura 2.36- Diversas condiçÕes de dressagem [70].

Pode-se estimar matematicamente as macro- carac

terísticas topográficas de um rebolo submetido a uma operação

de dressagem com ferramenta estática, de forma análoga a apr~

sentada por Saljé [58] para dressadores rotativos. A Figura

Page 85: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

77

2.37 mostra urna representação do ponto de contato entre dres

sador e rebolo numa operação de dressagern com as grandezas en

volvidas.

ad

bdr M largura roal da atuopão do droosodor

bd • largura de otuopão do droeeodor

rp a ralo do ponto do droeoador

Wt • ondulapão toórloo(mooro efeito)

Sd • paeeo do dreaoogem

ad • profundidade do dreeoagem

Aed • área de dreeoagem

Figura 2.37 - Região de contato entre dressador e rebolo.

Supondo-se a ferramenta de dressagern com raio

de ponta rp pode-se calcular a largura de atuação do dressa

dor bd e a largura real de atração bdr pelas equações:

bd = I 8 rp . ad (2.32)

bdr = 12 rp . ad' + Sd/2 (2.33)

e a ondulação teórica da superfície (macro efeito) pela equ~

ção:

Page 86: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

78

(2.34)

A ondulação aumenta, portanto, com o quadrado do

passo de dressagem Sd e não depende da profundidade de dressa

gem ad. Esta equação é válida somente para situações onde opa.§_

so de dressagem é menor que a largura de atuação do dressador.

Para entender-se melhor a açao de ad e Sd no macro efeito de

dressagem é interessante antes conhecer-se o conceito de grau

de recobrimento de dressagem.

b - O grau de recobrimento de dressagem

Konig [22) define o grau de recobrimento Ud como

sendo a relação entre a largura de atuação do dressador bd e o

avanço por volta Sd, ou seja,

Ud = (2.35)

Este foi o primeiro parâmetro de dressagem a considerar a ges:>_

metria da ponta do dressador. Konig apresenta ainda um método

prático para se medir o perfil que o dressador deixa no rebolo

(Figura 2.38). Inicialmente o dressador penetra no rebolo sem

/ Vfd

Mergulho do dressodor. Retlficaçõo do um o chapa em mer9ulho.

Figura 2.38- Hedição do perfil de atuação de um dressador [22),

Page 87: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

79

avanço lateral (mergulho), em seguida, retifica-se uma lâmina

metálica também numa operação de mergulho. Mede-se então a lâ

mina, em um projetor de perfis ou perfilômetro, e obtêm-se a

relação entre a profundidade de dressagem e a largura de atu~

ção do dressador. Pode-se assim, medir facilmente o perfil de

atuação de uma ferramenta de dressagem qualquer. Para cada v~

lor de penetração do dressador ad ter-se-á· um valor de larg~

ra de: atuação bd.

Konig afirma que o grau de recobrimento é um p~

râmetro que engloba todas as condiçÕes de dressagem sendo,po~

tanto, um excelente caracterizador das condições de afiação

de um rebolo. A Figura 2.39 mostra os resultados obtidos por

Konig em testes de retificação onde as forças de corte ·e a ru

gosidade obtida são plotados em gráfico contra o grau de reco

brimento. Observa-se na figura um aumento na.agressividade do

50

N .. w mm "" • 40 ·t:: <11 w k o o 30 .g

"' "' B' 20 &

2

Rebolo:EKw 90/2 H 7 Ke 511 Vel. corte:30m/s Naterial: S 6-5-2(60HRC) Vel. oe a:lOOmm/s

I I

o

""vo-:::::::a-'8 o

-.·~~ ~'''""'' 1 Fn 6 Placa diam, FBS 115 HR'V Diamante policri~talino Largura de atuaçao:

-o bd 8=1Inm .. c bd 8 =1.5mmo b =2mm .. A

N 8<"

"' .,., Ufll-g

s

6 "' -g ., .... l Rz 1o---_

SL t;.O

o 17 lYlO :g I

~fu-Lõt i Ft~- -, 4 ~

4 6 8 10 12 Grau de recob1·imento de dressagem Ud

Figura 2.39 - Forças de corte e rugosidade em função do grau de recobrimento [22].

Page 88: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

80

rebolo com a diminuição do grau de recobrimento, ou seja, qua~

to menor é o valor de Ud menores são as forças de corte e maior

é a rugosidade obtida na peça-obra. De fato substituindo-se a

equação (2.35) de Konig na (2.34) de Saljé tem-se

(2.36)

ou seja, fixada uma profundidade de penetração do dressador as

ondulações do rebolo são inversamente proporcionais ao quadr~

do do grau de recobrimento de dressagem. Isto faz com que a di

minuição do valor de Ud torne as ondulações Wt mais elevadas

aumentando a agressividade do rebolo. A diminuição de Ud pode

representar também um aumento no passo de dressagem, provoca~

do um micro efeito também mais agressivo. Salienta-se que a

equação (2.36) só é válida para Ud maior ou igual a um, pois

para valores de Ud menores que a unidade as ondulações do rebo

lo Wt são iguais a profundidade de penetração ad. Na Figura

2.40 são apresentadas topografias de rebolos dressados com

graus de recobrimento maior, menor e igual a um onde se enten

de melhor o dominio da função Wt (Ud <: 1) •

Ud > 1

Wt==ad/Ud 2

Ud 1 2 Wt=ad/Ud=ad

Ud < 1 Wt ad

Figura 2.40 - Ação do grau de recobrimento na topografia do rebolo.

Page 89: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

81

Com a observação da figura pode-se esperar uma

agressividade máxima do rebolo na condição de dressagem que

tenha grau de recobrimento igual a um. O valor mínimo de grau

de recobrimento testado por Konig (Figura 2.39) foi três. Ne~

te ponto se observa a inclinação absoluta máxima das curvas

de força e rugosidade. Isto confirma a hipótese de que se P2

de obter a ação máxima do macro efeito em Ud = 1. Na Figura

2.40 se observa que para grau de recobrimento igual a um o ma

cro efeito passa a depender fundamentalmente da profundidade

de dressagem ad e da geometria do dressador. Neste caso pod~

se esperar também que o grau de recobrimento já não seja mais

um parâmetro tão forte para caracterizar a dressagem do rebo

lo.

No presente trabalho serão feitos testes exper!

mentais com valores de Ud a partir de 0,7 onde será medido o

desempenho do processo e a agressividade do rebolo. Assim se

poderá conhecer de maneira mais precisa a ação do macro efei

to onde este acontece com maior intensidade: no grau de reco

brimento igual a um. Espera-se obter consideráveis aumentosna

agressividade e, como consequência, rugosidades da peça-obra

também maiores.

Um objetivo de se pesquisar a ação máximado ma

cro efeito e poder aumentar a faixa de utilização de um rebo

lo através da dressagem. Um rebolo com grãos finos, por exem

plo, poderia ser utilizado em operações de desbaste desde que

dressado convenientemente. Antes da operação de acabamento s~

ria feita uma re-dressagem fina com grau de recobrimento ade

quado à rugosidade desejada. O desbaste e acabamento poderiam

Page 90: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

82

portanto serem feitos em uma mesma máquina sem troca de rebo

lo, diminuindo a multiplicidade de rebolos em uma oficina onde

a produção seja diversificada. Isto se adapta perfeitamenteaos

conceitos e tendências de flexibilização da manufatura [45] e

também às máquinas retificadoras modernas, que possuem

ma de dressagem comandado numericamente.

siste

Outros resultados positivos podem ser obtidos com

o conhecimento da ação do macro efeito e aplicados, tanto na

produção seriada como na retífica de alta precisão. Estes se

rão discutidos posteriormente no sexto capítulo, juntamente com

a discussão dos resulta dos expe'rimentais. Passa-se agora a de~

crição da metodologia que será utilizada para que se possam

cumprir os objetivos do presente trabalho.

Page 91: TÓPICOS AVANÇADOS SOBRE O PROCESSO DE RETIFICAÇÃO

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