teoria geral do direito civil

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1 Teoria geral do direito civil Teoria – significa estudo do direito civil através de uma teoria geral. Direito das coisas; Direito das obrigações; Conjunto de problemas comuns do direito civil. Direito da família; Estuda as soluções do direito civil. Direito das sucessões. Ramos específicos do direito civil. Código civil Parte geral - 2 títulos: Das leis, sua interpretação e aplicação; Das relações jurídicas. Problema: A teoria geral do direito civil não é muito ambiciosa? Sim, todas as teorias o são. Mas uma teoria é muito difícil de fazer, mais difícil do que um parecer. Uma teoria que tenha que ser aplicada para o futuro em todos os casos é muito mais difícil de construir, pois tem que abranger muita coisa, é demasiado ambiciosa. A teoria geral é problemática. Teoria geral do direito civil = teoria geral relação jurídica (1945)

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Page 1: Teoria Geral Do Direito Civil

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Teoria – significa estudo do direito civil através de uma teoria geral.

Direito das coisas;Direito das obrigações; Conjunto de problemas comuns do direito civil. Direito da família; Estuda as soluções do direito civil.Direito das sucessões.

Ramos específicos do direito civil.

Código civil

Parte geral - 2 títulos:

Das leis, sua interpretação e aplicação;Das relações jurídicas.

Problema:

A teoria geral do direito civil não é muito ambiciosa? Sim, todas as teorias o são. Mas uma teoria é muito difícil de fazer, mais difícil do que um parecer. Uma teoria que tenha que ser aplicada para o futuro em todos os casos é muito mais difícil de construir, pois tem que abranger muita coisa, é demasiado ambiciosa.

A teoria geral é problemática.

O nosso código civil no contexto internacional é muito jovem.

O BGB = Burgerlidres/gesetz/bruch = zivilgesetbuch (o livro das leis civis)

Alemanha Federal (1876) – código civil – Alemanha

Código civil francês (1804)Código civil italiano (1942) – (código Mussolini – fascista)

Teoria geral do direito civil = teoria geral relação jurídica (1945)

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Os países mais evoluídos a todos os níveis têm códigos muito mais antigos. Os países que estão sempre a criar novas leis são os menos desenvolvidos, com menos cultura jurídica.

Formação jurídica (quem tem leis mais antigas).

O nosso código civil tomou como exemplo o código alemão (Allgeneinen Teil).

A parte geral do código civil é de 1966, por isso já existia a cadeira teoria geral antes de existir a parte geral para o mesmo.

Em 1867 foi criado o primeiro código civil – código de Seabra.

Tinha outro modelo. Seguiu o modelo francês (o código napoleónico). Não tinha parte geral. Não é forçoso que para haver a cadeira de teoria geral, haja uma parte geral do código.

Há uma corrente metodológica designada de jurisprudência dos conceitos.

Parte perigosa da teoria geral – a parte geral recorre a remissões. A parte geral faz sentido porque há regras em comum aos diferentes ramos do direito. Para nos estarmos com constantes repetidas, vai para a parte geral aquilo pertencia à parte geral.

Exemplo: Artigo 437º código civil – direito à resolução.

A resolução pode ser legal; A resolução pode ser por convenção (acordo com as duas partes).

Consiste em cessar o contracto (desfazer o que foi feito). Direito de um contraente de extinguir um contracto.

Num contrato – 2 teses: 1ª tese – art. 437º 2ª tese – art. 796º

Só se recorre a este artigo (437º) se a lei não tiver distribuído regras específicas de risco.

O contrato de compra e venda, é um contrato real e obrigacional.

Conteúdo da teoria geral do direito civil.

O que é o direito civil;Problemas comuns às normas de direito civil e as relações jurídicas do direito civil.

Há alguns casos que não são específicas, mas comuns a todos os casos. O que é uma norma jurídica; Como se classificam;

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Como se relacionam com os princípios transpositivos; Qual a previdência de norma jurídica; Como se interpretou a norma jurídica.

Art.9ºRelação jurídica – é a relação de vida social disciplinada pelo direito. São

vínculos que se estabelecem entre as pessoas, juridicamente relevantes. Exemplo:Relação entre vendedor e compradorObjecto mediato – bem;Objecto imediato – prestaçãoFonte: obter o objecto / bem

O BGB assenta na relação jurídica.Há quatro tipos de relação jurídica:

Obrigacional – direito das obrigações;Real - direito das coisas;Familiar - direito da família;Sucessório - direito das sucessões.

Relação jurídicaSujeito – pessoas Singulares

Colectivas Associaçao Sociedades

Humanas(valor fundamental do direito)

A relaçao juridica tem limites, os principios comuns que justificam a teoria geral valer a pena para os negocios patrimoniais e por sua vez com negocios patrimoniais dentro da vida (intervivos). Não valem para negocios pessoais nem após a morte.

Teoria geral do direito civil

Teoria geral do ordenamento jurídico civil

Norma do direito civil

Direito objectivo

Conjunto de normas jurídicas Faculdade ou poder que alguém tem de exigir algo de outrem.

Direito subjectivo

Relação jurídica

Teoria geral da relação jurídica civil

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Sistematizaçao do codigo civil portuguêsComo é que o nosso legislador se exprimiu?

Há várias formas de ele se exprimir, por exemplo poderia utilizar uma forma detalhada. Conceitos gerais abstractos procuram elaborar conceitos, tipos de situaçao de vida, de principios casuisticos.

Artigo 210º codigo civilPrussia – zona leste(imperio – códigoPrussiano)

Russia ucrania

O nosso codigo civil está sistematizado de acordo com o sistematizado germanica. Porquê?

Foram os autores alemaes que fizeram o trabalho de analise e de direito romano moderno.

Foi por ordem de um imperador romano (justianeu) foi compilado, agregado e organizado numa obra complexa (corpus iuris civils).

Agregava tambem trabalho de doutrina (ulpiano, etc.), uma parte composta pelo digesto ou pandectas (que organizava e continha diversas leis, normas), foi estudado pelos jurisconsultos dar uma ordem aquilo uma sistematizado. Tentaran organizar tendo em conta essa prespectiva.

Quatro tipos juridicos: Relaçoes juridicas obrigacionais; Relaçoes juridicas reais; Relaçoes juridicas familiares; Relaçoes juridicas sucessorios.

Por outro lado tentou organiza-lo numa perspectiva comum a todos estes factos, de uma forma juridica.

Codigo civil:Bens moveis – art.205º;Bens imoveis – art.204º

Art.875º art.405ºss (não está) art.219º

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Quando não há o artigo 875º, aplica-se a parte geral (art.219º).

Principios fundamentais do direito civil:O nosso codigo civil tem normas que consagram principios: principios orientadoresSubstância do codogo civil – o que lá está consagrado. Existe oito Principios fundamentais do direito civil:1. Reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de personalidade;2. Autonomia privada;3. Da boa fé;4. Responsabilidade civil;5. Consecçao de personalidade juridica às pessoas colectivas;6. Propriedade privada;7. Relevancia juridica da familia;8. Fenomeno sucessorio.

1. Reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de personalidade:Para o direito o conceito é um direito com caracteristicas proprias. Consiste em ter

aptidao para ser titular, ter-se uma esfera juridica (direitos e deveres). Os animais em termos juridicos são coisas e não pessoas, logo não tem direitos e

deveres, pois um cao não pode ser titular de um terreno. Nem todas as pessoas juridicas são seres humanos, são realidades constituidas pelo ordenamento juridico (pessoas colectivas). A par das pessoas colectivas temos as pessoas singulares.

A atribuiçao das pessoas juridicas é um facto que tem de acontecer num determinado momento, artigo 66ºnº1, no nascimento completo e com vida.

Nascituros – (art. 66ºnº2) pessoas que je nasceram;Concturos – pessoas que ainda nem sequer foram concebidos.

A pessoas ao nascer, nasce logo com um conjunto de direitos, que são iguais para todos – direitos de personalidade – artigo 70º.

Direitos que protegem as pessoas, a dignidade fisica e moral. Todas as manifestaçoes fisicas e morais de pessoa. exemplos:

Direito à vida; Direito à integridade fisica; Direito à liberdade; Direito à nascença; Direito ao nome.

Os direitos de personalidade são gerais e têm um conjunto de caracteristicas. Todos têm direito de personalidade.

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São irrenunciaveis, ninguem pode abrir mao desses direitos.

Até que ponto se pode auto-limitar os direitos? (artigo 81ºnº1)À partida não se pode limitar os direitos de personalidade.

2. Autonomia privada:Nem se quer nos apercebemos dele, nem sabemos o que é, embora vivamos

todos os dias com ele.Ex. somos livres de nos casarmos, de nos associarmos para qualquer associaçao,

somos livres de trabalhar por conta de outrem, podemos escolher a actividade economica que quisermos, etc. significa a liberdade que nós temos de por a esfera juridica em movimento, exercer livremente os nossos direitos, gozar livremente os nossos bens.

Nos negocios juridicos unilaterais inter-vivos, a autonomia está ligada ao principio de tipicidade.

Artigo 457º, só pelo maior, previstos na lei, a autonomia está condicionada pela lei.

Contratos dos negócios juridicos bilaterais: há duas declarações ou mais que produzem o resultado comum.

Principio da liberdade contratual: (artigo 405º), o legislador dá às pessoas liberdades de fazerem o que quiserem, mas contudo dentro dos limites da lei.

Forma da liberdade fixar o conteudo do contrato.1ª manifestaçao ou liberdade contratual;2ª manifestaçao: celebraçao dos contratos, depende da vontade.O legisldor dá tres ideias (1ªmanifestaçao / fixaçao do conteudo dos contratos):1. Fixar livremente o conteudo dos contratos, basta só por lhes o conteudo

porque o resto está previsto na lei –contratos tipicos;2. A lei permite que se misture clausulas tipicas de contratos diferentes –

contratos mistos (art.405ºnº2);3. As partes invertem criam contratos novos, que não estao previstos nem

regulados na lei – contratos atipicos – mas no entanto repetem-se na prática social (ex. loja num centro comercial).

Há ainda os que estao estandertizados e outros que não, que são puramente atipicos (novos).

A liberdade contratual é um principio restrito aos contratos diferentes, uma autonomia privada adopta-se a todos os aspectos da esfera juridica.

Toda a regra tem excepçao, o problema é conhecer a regra (e bem) e depois as excepçoes.

Não há lei no direito.

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Lei – é uma regra que se repete variavelmente e só não se repete quando se verificam as excepçoes. As excepçoes do prinicipio da liberdade contratual são: nós ou somos obrigados a contratar ou a não contratar.

Artigo 877º - somos obrigados a contratar em algumas situaçoes da mesma forma que tambem podemos ser proibidos de contratar – limitaçoes de liberdade contratual. E ainda há contratos que para ser efetivados por uma pessoa.

3 .Principio da boa féNecessitam do consentimento do outro conjuge ( 1682º A e B).Há determinadas disposiçoes na nossa lei que proibem que será mais longe de

acordo com a lei, que o limitam.Contratos de adesao e, que não podemos muda-los. Não há liberdade de

conteudo em liberdade de celebraçao.

Direito civil – é o direito privado.

Distingue-se do direito publico (direito constitucional)

Segundo a doutrina dos interesses seria direito público, cujas normas visassem prosseguir direitos públicos e direito privado as normas que prosseguissem interesses privados.

Artigo 219º - princípio geral de liberdade de formas relativamente a contratos. Mas há casos em que a lei exige forma (casos excepcionais). Além da escritura pública, basta o documento particular autenticado (para uma celebração de contrato, determinados formalidades exigidas. Isto relativamente à excepção – coisas imóveis, contrato mítico, doação de coisas imóveis. Há um determinado numero de casos em que a lei exige forma. A lei exige forma porque há determinadas coisas valiosas que merecem a protecção de um interesse, tanto público como privado, devido à importância desse contrato.

Há normas que protegem simultaneamente interesses públicos como privados, logo a teoria dos interesses não é certo.

Direito público e o direito privado distinguem-se pelo direito fundamental: se predomina-se o interesse público dominava o direito público, se predomina-se o interesse privado, dominava o direito privado.

Colocaria uma dificuldade. Mas qual o interesse que predomina?Outra teoria seria supra e infra ordenação.

Direito civil ≠ Direito público

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Se as relações incidem sobre sujeitos com uma grande, direito privado. Mas isso também não é totalmente certo, pois os sujeitos estão numa posição de desigualdade (um com a superioridade, outro com a inferioridade e no entanto verificou-se direito privado).

Doutrina de qualidade da posição dos sujeitos.Se os sujeitos intervieram sem um poder interno (como um direito particular e

então é direito privado, basta que o sujeito intervenha em qualquer particular, mesmo que seja o estado. Ex. o estado negoceia um contrato de arrendamento com um qualquer particular e se o estado não pagar, pode ser despejado como um qualquer particular. Se o estado intervir com um poder de soberania então será direito público.

Continua a fazer sentido a destinação entre direito público e privado?Ele tem um interesse prático. Continua a fazer sentido para se saber qual é o

tribunal competente para fazer uma acção para um tribunal. O tribunal também se distingue, também há tribunais de direito público e privado. Para se determinar a vida judicial competente. Suponhamos que se pretende pedir uma indemnização a um funcionamento que estava ao serviço de estado, então trata-se de direito público, mas também se pode tratar de direito privado (501º).

O direito público e o direito privado têm princípios diferentes, lógicos diferentes. Esta distinção, no passado, estava ligada a dois mundos diferentes.

O estado só interviria se houvesse falta de intervenção privada. De um lado o estado e de outro a sociedade.

O estado não intervencionista – no sentido em que permite destruir as desigualdades, realçar a justiça social.

Preocupações do estado – estado de olhos abertos que corrige acima de tudo as desigualdades.

Ex. A separação entre os dois métodos é cada vez menos (entre direito público e privado).

A ordem jurídica onde estão o direito público e o direito privado tem uma unidade, mas sem esquecer que há ramos do direito com uma lógica própria.

Quais são os ramos do direito público e o direito privado?Direito civil e direito privado identificam-se e confundiram-se historicamente. Cedo se fizeram sentir necessidades específicas em determinadas áreas, essas necessidades específicas exigiram regras especiais diferentes das demais. Essas regras foram-se multiplicando e criando uma lógica própria ao ponto de se tornarem direito civil.Direito comercial – continua a ser direito privado, o direito civil também continua a ser direito privado comum ou geral. Quando a lei comercial tem lacunas recorre-se ao direito civil. O direito comercial e direito privado especial, o direito civil é direito privado geral ou comum.

Direito privado:Direito civil;

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Direito comercial (regula o acto de comercio): Ponto de vista subjectivo – comerciante; Ponto de vista objectivo – independentemente de qualidade dos sujeitos.O direito comercial é o direito de imprensa. Direito do trabalho – disciplina as relações entre o trabalhador e a

entidade patronal; Direito internacional privado – relações jurídicas que estão conexionadas

com mais de uma ordem jurídica.

Direito público:Direito constitucional – a lei fundamental do estado.As leis ordinárias devem respeitar a constituição sob vício de inconstitucionalidade.Direito administrativo;Direito internacional público – relação entre os estados.Há hoje novos ramos do direito que embora direito privado e direito público nas interdisciplinas.Direito do consumidor.

Há regulamentos, há direitos e há decisões

(Regras / normas) – obriga o estado, o legislador e se não o fizerem há sanções e os tribunais devem aplicar então as directivas.

O direito do consumidor: há imensas leis avulsas.

Estão fora de qualquer código.

O direito do consumidor é constituído por leis avulsas, que vão surgindo porque a constituição achou importante - defesa do consumidor e há directivas que possibilitam essa transposição.

O direito processual é o direito público (destina-se a regular o processo, pretende fazer valor os seus direitos, relação dos sujeitos com o tribunal). Não se pode fazer justiça com as próprias mãos.

Petição inicial;Manda-se citar o réu;Contestação…Povos;Julgamento;Decisão poderá haver recurso.

Tudo isto é um processo. Conjunto de actos a pretender pelo tribunal para garantir a defesa dos cidadãos.

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Ramo de direito interdisciplinar para deixar de existir legislação avulsa e transformas o direito num código (direito do consumidor).

Direito civil:O direito civil em geral ocupa-se do cidadão:Direito civil = direito do cidadão.

Ramo de direito que está mais perto de nós. Desde os actos de menores significados como tomar café, tudo isso é legislado pelo direito civil, até aos actos de mais visibilidade (contratos).

Desde que a pessoa nasce até que morre e mesmo depois da morte (direito sucessório).

As pessoas mesmo antes de terem nascido já têm o direito de tutela, o direito a protege-la.

Direito do cidadão na sua vida social - Ramo de direito mais tradicional, tem normas que também estão noutros códigos.

O direito civil tem alguns princípios fundamentais:Autonomia de pessoa humana – capacidade de cada um de nós se auto-determina. A pessoa cria as suas próprias regras;Igualdade entre os sujeitos que se relacionam uns com os outros – não há privilégios.

Teoria geral do ordenamento jurídico civilI- Fontes do direito civilII- Princípios fundamentais do direito civil

I - Fontes do direito civil – artigo 1º, 3º, 4º Leis (A.R.), decreto-lei (governo); Normas corporativas; Equidade; Usos (hoje o costume não é fonte de direito)

Nota: caso julgado é um caso arrumado (definitivamente decidido), quando se atingir a ultima instancia ou quando uma das partes não quer recorrer dentro do prazo, quando não é possível recorrer.Podia-se recorrer para o tribunal pleno (todos os juízes ou quase todos) e então o supremo ia reapreciar a questão concreta e o supremo emitia uma regre geral e abstracta que se chamava assento, era considerado uma lei, preceito geral e abstracto que o supremo emitia.Os assentos depois foram considerados como inconstitucionais.

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Costume em sentido jurídico significa numa prática constante com a convicção da sua obrigatoriedade.

Norma ad-hoc- criada pelo juiz para preencher lacunas. A jurisprudência tem um carácter muito importante, contudo não são fontes de direito.

Quando os advogados têm uma acção, um tribunal mencionam não só a lei mas também a decisão já tomada pelo tribunal. Pelo próprio juízo do juiz, o juiz pode até nem se quer saber disso pois é independentemente, no entanto a jurisprudência é um argumento muito forte num tribunal. São os tribunais que dão vida à lei.

Diplomas fundamentais do direito civil:No nosso código civil que estão contidos os diplomas;Constituição;Também outros códigos contem regras que disciplinam a relação com os cidadãos.

O que é que distingue responsabilidade civil de responsabilidade criminal?Figuras totalmente diferentes embora tenham pontos de contacto. Têm âmbitos e

finalidades diferentes. O mesmo facto gera ao mesmo tempo responsabilidade criminal e civil, logo dá a capacidade de indemnizar outrem.

Num processo penal tendencialmente o mesmo juiz que aprecie a matéria crime, aprecia a matéria civil.

É uma macro divisão.A par da responsabilidade criminal existe uma espécie à responsabilidade contra

ordenacional de menores.A responsabilidade contra ordenacional há factos que atendendo contra razoes

da ordem pública que merecem ser crimes, onde não se aplica uma pena mas sim uma coima.

Responsabilidade civil – o que está em causa é alguém ter uma determinada reacção causando danos a outra pessoa, logo a ordem jurídica garante a essa pessoa – lesado – o poder de exigir que o autor dos danos repare esses danos. Criar uma obrigação de indemnizar, é tornar indemne.Responsabilidade criminal - o que está em causa é a prática por alguém de factos de que a ordem jurídica vai considerar atentatórios da comunidade. Norma jurídica, essencial para a sociedade. Crimes o argumento jurídico fixa para passar que a pessoa que pratica esses factos uma pena. Essa pena pode ser mais grave ou menos grave de natureza pecuniária, ou de privação de liberdade (afecta a própria pessoa). Temos o autor do crime. A pena visa três finalidades:

Sentimos como mais útil – a ideia de retribuição, de punição – retribui-se o mal a quem fez o mal;

Com aplicação de pena, dizer às outras pessoas que não pratique aquele crime pois sujeita-se à aplicação de pena – prevenção geral;

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Prevenção especial, que se o autor não volta a cometer o crime que cometeu.

Acrescenta-se ainda uma quarta finalidade: Pensar se a pessoa que cometeu o crime é uma pessoa que está

desintegrada da sociedade, vamos integra-los na sociedade para que ele não volte a cometer o crime – ressusssialização.

Responsabilidade civil (não está chapado no código civil):Contratual ou obrigacional;Extracontratual.

Tem uma dificuldade que é a dificuldade terminológica.

Exemplo:1º Caso – senhor A agride, com um pau o senhor B, causando fracturas, com

despesas hospitalares, B deixou de trabalhar.2º Caso – o senhor A por via de um negócio qualquer que tinha com senhor B,

tinha que restituir 1000€ e não o fez.

São duas actuações que geram responsabilidade civil, mas têm por base situações de cariz e característica distinta. No 1º Caso não havia qualquer relação específica com o senhor A e o senhor B, havia sim um dever genérico de A respeito os direitos de personalidade de B e B tem que respeitar os direitos de personalidade de A, direito relativos – direito contratual.

No 2º Caso havia um vínculo específico que era uma razão na qual A tinha que restituir B, há um dever específico e concreto. B tem o direito de exigir a A – direito extracontratual.

Responsabilidade civil contratual – obrigação de indemnizar direitos absolutos de vínculos genéricos;Responsabilidade civil extracontratual - obrigação de indemnizar direitos absolutos de deveres relativos e específicos que decorrem de contratos, negocio jurídico ou lei.

Responsabilidade civil contratual ≠ Responsabilidade civil extracontratual (direito absoluto)

Responsabilidade civil contratual ≠ Responsabilidade civil extracontratual

Não decorrem do contrato, podem decorrer da lei.

Artigo 483º e seguintes do código civil

Micro divisão

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Tanto um como outro geram uma obrigação de indemnizar, repor a lesado na situação em que estaria se não fosse violado.

Artigo 511º - é uma obrigação que tem características muito específicas – modalidades das obrigações.

Artigo 562º - obrigações de indemnização.Ambas dão origem ao mesmo.

Responsabilidade civil – outra classificação transversal que se aplica à responsabilidade contratual e extracontratual:

Objectivo – prescinde da culpa, baseia-se no risco;Subjectivo – baseia-se na culpa.

Exemplo:A e B não se conhecem e cruzam-se, onde A dá um encontrão a B (B é uma

senhora). B cai e apoiou-se mal, A ajuda, B não tem dores e diz que não tem nada. Passado uma hora, B repara que o seu dedo indicador está magoado e vai para o hospital, onde espera muito tempo. Ao fim de 6 horas, após os exames, B tem uma tala no dedo indicador, deixando de trabalhar e agora tem despesas hospitalares, etc.

Quem sofre esses prejuízos, é A ou B?A diz que o culpado é B, e B diz que é A.

Responsabilidade civil extracontratual Dificuldades são quando sabemos qual dos dois tem culpa.

É o “balanço”que nos diz quem é que vai responder pelos danos causados.

A forma de responder baseia-se no critério culpa. O legislador não se ficou com o critério do dano, artigo 483ºnº2, só há obrigação de indemnização quando houver por parte de quem causou os danos de culpa.

Responsabilidade subjectiva ≠ Responsabilidade objectiva

Artigo 798º. Aquela pessoa que está vinculada a cumprir uma obrigação concreta, e não a cumpre, é obrigado a cobrir o prejuízo do lesado. Esta responsabilidade regula o não cumprimento das obrigações por parte do devedor (por oposição ao 483º).

Capital das obrigações, que se chamaria fontes das obrigações. A responsabilidade civil é uma fonte das obrigações (obrigações de indemnização).

A forma de responder faz-se com um critério, critério de culpa. O nosso legislador não se ficou pelo critério do dano. Artigo 483ºnº2, só há obrigação de indemnização quando houver por parte de quem causou os danos de culpa.

Só naquele caso tipificado na lei não é o critério de culpa que é necessário.

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A responsabilidade civil extracontratual e contratual assenta num conjunto de pressupostos:

1. Facto voluntário do agente;2. Ilicitude (art.483º);3. Culpa;4. Dano;5. Nexo de causalidade entre o facto e o dano.

Diplomas fundamentais do direito civil:Código civil;Código do registo civil;Código do notariado;Código de direitos de autor;…Há legislação avulsa, ainda assim, que é a legislação que não está em nenhum código.É importante a leitura do diário da república.

A CRP contém normas que regulam a relação entre os cidadãos – direitos fundamentais do cidadão.

Têm importância no domínio do direito civil.Isto levantou um problema:Surgiram como direitos dos cidadãos perante o estado (os direitos fundamentais

do cidadão).Mas será que estes direitos fundamentais também são aplicados em relações com

particulares?É um problema muito discutido. Os direitos fundamentais são direitos de defesa

que cada um tem contra o estado.No inicio, a resposta era não. Não se podem invocar direitos fundamentais

contra um qualquer particular. Contudo passou a ser sim a resposta, pois a nossa constituição diz que os direitos fundamentais se aplicam a todas as entidades, ou seja, vão dedicar-se também aos particulares.

Como é que se articulam uns e outros?A CRP é a lei fundamental e os outros devem respeitá-lo sob pena de

inconstitucionalidade.Ex. Há um direito na constituição que é o de igualdade, então terei eu e o direito

de perguntar quem quer comprar o meu relógio e a senhora A se oferecer a primeira e eu acabar por vende-lo à senhora B? – Isto não é igualdade.

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A constituição também consagra o princípio da liberdade de expressão, como é que isso se relaciona com direito de segredo? Apesar da nossa CRP que os direitos fundamentais vinculam-se a todas as relações, contudo deve ter-se cuidado com a sua aplicação.

Primeiro devemos aplicar os princípios fundamentais através de instrumentos próprios do direito civil.

Cláusula geral da ordem pública.Artigo 280º-conceito de ordem pública é informada, preenchida pelas normas

constitucionais, aplicamos artigos da CRP normas no código civil. Aplicamos uma norma constitucional, não directamente, mas através da ordem pública. As normas e princípios constitucionais aplicam-se às relações através das cláusulas gerais da ordem pública. Excepcionalmente é que se aplicaria a CRP.

O código civil é o diploma fundamental que contém o direito civil. O código civil de 1966 foi revisto várias vezes, mas teve uma modificação que foi para que este ficasse em conformidade com a constituição. Essas alterações não foram muitas, tem a ver com a maioridade (que passou a ser para os 18 anos); as pessoas colectivas que estavam sujeitadas a um determinado tipo de reconhecimento (passou a haver um controlo das instituições).

As grandes alterações foram no domínio do direito da família e das sucessões.

O nosso actual código civil segue uma esquematização diferente da do que seguia o código de Seabra (o nosso primeiro código). O nosso actual código civil seguiu a esquematização alemã, enquanto que o artigo era o modelo francês, napoleónico.

O actual código civil tem cinco livros:Parte geral;Direito das obrigações;Direitos das coisas;Direito da família;Direito das sucessões

O código civil adoptou três tipos possíveis:1. Podia ter-se recorrido a um método casuísta (a lei enumerar em cada norma

o maior numero possível de situações).Código prussiano:É um modelo iluminista: o homem tem uma capacidade ilimitada. Este foi o

código mais lacunoso;

2. Tipo de conceitos gerais e abstractos que subsumem as coisas concreto.Cláusulas gerais

Compilações ≠ códigos

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É o modelo que nós adoptamos. Reencontram – se situações de vida de forma tipificada onde vão subsumir os conceitos gerais e abstractos indeterminados que dão a solução ao caso concreto.

3. Directivas aplicadas pelo juiz, sem limitação, ou seja, sem clausulas gerais.Mas também não deu muito resultado.

Princípios gerais do direito civilPrincípio do reconhecimento da pessoa humana e direito de personalidade:A pessoa é um valor fundamental para o direito. Todo o direito é a pessoa, o

direito protege a pessoa através do direito de personalidade. O direito civil está ao serviço da pessoa humana.

Princípio da autonomia privada:Princípio do direito privado. Os particulares são livres de “traçar o próprio

destino,” autonomamente a partir de nós somos livres de reger a nossa esfera jurídica.

A autonomia exerce – se sobre dois mecanismos: Direito subjectivo – (poder ou faculdade que alguém tem de exigir algo a outrem). Limite do direito subjectivo: abuso do direito – artigo 334º;Negócio jurídico – dois tipos (fundamentalmente):

Unilaterais – declaração de uma só vontade – tipicidade: só celebramos o que a lei prevê;

Negócios bilaterais ou contratos – vigora a autonomia privada ao ponto de estar aqui consagrado um princípio que é o da liberdade contratual.

Contractos bilaterais:

Contractos atípicos – criados por nós, não consagrados na lei; Contractos típicos – previstos na lei;Contractos mistos – são aqueles que reúnem regras de dois ou mais contratos.

Jurigénico - criador do direito. Não somos fontes de direito, mas criamos direito através dos Contractos atípicos.

Contracto de concessão comercial (artigo 405º): Nº1 – contracto atípico; Nº1 – contracto típico; Nº2 – contracto misto

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Domínio por excelência de autonomia privada.

1. Liberdade de celebração de contractos;2. Liberdade de modelação e conteúdo contratual;3. Liberdade de escolha de contraparte.

Qualquer destas liberdades tem limites, há casos em que a pessoa não pode recusar a celebração do contracto.

Ex. O contracto de seguro é obrigado, pela lei, a ser celebrado. Casos em que existe o dever jurídico de contratar. Mas também se verifica a situação inversa: a lei não permita certos contractos, por exemplo um pai não pode vender a um filho, salvo se os outros filhos o permitirem.

Em suma, o princípio é a liberdade, no entanto há excepções.

A liberdade de modelação do conteúdo contratual Lex contratus – as cláusulas dos contratos. Leis dos contratos. O juiz decide a

questão em conformidade com as leis dos contratos.

Quando surgem problemas relativos a contratos.Temos que ter em consideração o que as partes previram nesse contrato. O

tribunal aplica a regra dos contratos em geral, que aplicará por analogia quando choca as vontades entre as partes.

Quando surge um problema relativamente a contratos:1. O tribunal vê se as partes regularam a questão;2. Se houver violação é que o tribunal aplica por analogia a regra dos contratos

gerais.(se o contrato é nulo ou parcialmente nulo).

Artigo 280º - contrato contrário aos bens costumes, ofensivo às ordens públicas. A vida humana é inviolável.A ordem pública e os bens costumes impedem os contratos de morte (caso de

uma pessoa que se quer matar em directo na Tv.) – é nulo.

Um dos limites dos contratos é que as partes nao podem celebrar negócios usurários – artigo 282º.

Artigo com preocupações de justiça material.

Contratos normativos – embora não sejam normas jurídicas, são cláusulas que se assemelham às normas.

Contractos de adesão (outro limite):

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Contractos de seguro;Contractos bancários;Contractos para aderir electrodomésticos.…

Condições gerais (clausulas que entregam um contracto de adesão para que possamos reclamar se o que adquirimos não corresponde às nossas necessidades).

As cláusulas são válidas e provam o porquê de reclamação do consumidor.Não é necessário para assinar nada, por causa da própria liberdade de forma –

art.219º.Porque são todas

Condições gerais (papeis que circulam com o produto)

Contractos de adesão – a aceitação do consumidor traduz-se numa adesão às cláusulas. Aqui não há negociações (negociações – é quando por exemplo há compra e venda de um relógio já usado por outra pessoa, e essa pessoa negoceia a forma de pagamento e o preço com a pessoa que o vai possuir.).

Contractos de adesão – são os tratados mais significativos de uma manifestação contemporânea.

As negociações são novamente marginais. Ex. “Depois leve-me o fogão a casa.”As cláusulas já dirigem o próprio contracto, portanto não há negociações

importantes. Artigo 219º - significa que podemos vincular-nos sem qualquer papel. Não é necessário assinar nenhum papel para a celebração do contracto.

Condições gerais - conteúdo do contracto que as pessoas celebram.

Primeiro grande problema: submeteram-se a um contracto cujo conteúdo desconhecemos.

R: mas à partida devemos pedir à pessoa com quem queremos celebrar o contracto que queremos ler as cláusulas gerais. Alem disso nem toda a gente consegue ler ou perceber as cláusulas gerais. Mas admitindo que a pessoa entendeu a cláusula e não concorda com algum ponto, então não há negociação, a pessoa não concorda portanto não celebra o contracto.

O legislador hoje em dia intervém na criação dos contractos para que as empresas disponham das condições gerais. Qualquer empresa antes de entrar no mercado define as suas condições gerais (para todas as pessoas, independentemente de quem seja a pessoa).

Este contracto abarca três grandes problemas:Desconhecimento das cláusulas;Cláusulas abusivas do ponto de vista do conteúdo;Mecanismos de reacção que o consumidor tem ao seu dispor.

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Isto faz com que o legislador consagre regras imperativas que são limites mais fortes. Já não há limites de facto, mas também há inúmeros limites à liberdade contratual. Não há clausulas proibidas, logo é nulo se isso verificar no contracto.

Princípio da Boa Fé: é um princípio fundamental de direito civil e de direito privado.

cláusulassentido

A liberdade contratual permite qualquer pessoa antes de se vincular, tem o direito de não se vincular, não se celebrar o contrato (se as partes não chegarem a acordo). Mas se alguma das partes não proceder do acordo com voa fé. A está a negociar com B, mas sem que C saiba negociar com outro, então este comportamento pode gerar má fé – subjectivo.

Artigo 227º;Artigo 334º; boa fé no sentido objectivo Artigo 762ºnº2

A pessoa já não desconhece, trata-se apenas de uma regra de conduta.

Exemplo:Compramos uma alcatifa e fazemos um negócio com o vendedor, imaginamos

que os empregados vão a casa colocar a alcatifa. Na sala temos objectos de valor e do calor a alcatifa causam danos nos nossos objectos de valor. Então reclamamos ao vendedor, dizemos que o serviço está mal feito. Mas o vendedor pergunta se o material e a execução do serviço foram maus: o comprador disso não tem queixa. O vendedor apenas violou direitos de cuidado para com os objectos valiosos, o comprador de resto não falhou num modo de contracto. Foi honesto, correcto e leal.

Princípio da confiança – princípio importante para o princípio da boa fé.

Liberdade contratual = contractos obrigacionais

Sentido objectivo Sentido subjectivo

Boa fé com regras de conduta. Padrões de comportamentos: lealdade, correcção e comportamento. Artigos 227º e 239º

A Boa fé representa o estado em que se encontra alguém. Art. 243ºnº3, desconhecimento de uma situação anterior que viola a ordem jurídica.Artigo 291ºnº3 – A venceu B e B a C. mas se o negócio foi inválido entre A e B e C não souber, é considerado também de boa fé.

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Deve reclamar juridicamente a confiança justificada de alguém no comportamento de outrem, quando esse comportamento tiver contribuído para justificar essa confiança.

Exemplo:A empresa tem um agente e essa empresa celebrou o contracto através de um

agente. Os pagamentos foram feitos à empresa através do agente, e esse agente meteu o dinheiro ao bolso e desaparece. Se o agente não tem poderes de cobrança ou credito, ele actuou com uma aparência diferente perante o cliente.

Há situações em que a lei dá relevo jurídico com situações em que se justifica a confiança.

A lei cria uma obrigação de indemnização se se justificar a confiança – frustração de confiança.

Princípio da personalidade civil – a maior parte das acções num tribunal são de responsabilidade civil.

Exemplo: um sujeito não cumpre o contracto. Um sujeito tem um acidente de automóvel.

É um instituto que se destina à reparação de obras. A responsabilidade civil é um instrumento que apenas visa reparar danos ≠

direito penal.

Os direitos continentais (direito português, espanhol e alemão) são diferentes do direito do reino unido. Nos países continentais vigora a lei, países de tradição legislativa, é diferente, no reino unido não é a lei precedente, mas sim de precedente jurisprudência.

1. O que significa ser civilmente responsável?Alguém é obrigado a indemnizar outrem.

2. E indemnizar porque?Causou um dano (562º).

3. Quais são as modalidades?Dinheiro ou por equivalente (566º)Especifico.

4. Que danos se vão indemnizar? (496º)Danos patrimoniais.Danos não patrimoniais / pessoais.

A natureza do bem não tem a ver com a natureza do dano causado. O bem é patrimonial, mas pode causar um dano não patrimonial.

Artigo 564º - danos emergentes; lucros cessantes.A pessoa é obrigada a indemnizar quando for responsável. E é responsável

quando se verificam os requisitos do artigo 433º.

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Responsabilidade civil:Extracontratual – quando são violados direitos absolutos das pessoas;Contratual – principal fonte o contracto.

Mau cumprimento de um contracto – artigo 798ºAinda há o pré-contracto e pós-contracto na responsabilidade civil.

Culpa:Dolo – intenção;Mera culpa – negligencia, falta de cuidado (forma menos grave de culpa).

Artigo 494º - permite ao juiz reduzir a indemnização quando fora mera culpa de lesante.

No nosso direito vigora o princípio da responsabilidade civil de culpa, mas há casos excepcionais:

Artigo 483ºnº2;Artigo 503ºnº1;Artigo 509º casos em que a pessoa responde independente da causa.

Responsabilidade civil extracontratual:Responsabilidade ilícita;Responsabilidade pelo risco;Responsabilidade pelo facto ilícito (539º).

O seguro: desde que o lesante tenha seguro, quem vai indemnizar é o seguro e não o lesante, desde que o lesante seja responsável. É uma garantia para o lesado, porque o lesante pode não ter bens nem patrimónios.

Princípio da responsabilidade jurídica às pessoas colectivas.

Caso prático:A conduzia o seu veículo e dado que ia em excesso de velocidade, numa curva

perdeu o controlo do veículo despistando-se e embateu no muro da casa de B. provocou a destruição do muro, a morte de dois galináceos da propriedade de B e um grande susto no seu cão que passou a ter comportamentos estranhos. A dirigia-se para as instalações da empresa de C, para efectuar uma reparação de um equipamento que estava avariado e cujo funcionamento era essencial à actividade da empresa.

Pessoas humanas ≠ pessoas colectivas

(associações / fundações)

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Diga em que termos, A será responsável perante B e C.

Artigo 483º A → B – responsabilidade civil extracontratual – direitos absolutos (impõe a

respeito de todos as pessoas incluindo a lesado) – direitos de propriedade.

A → C - responsabilidade civil contratual - direitos relativos (situação em que sendo este direito violado).

A é ou não culpado perante B:

Quatro pressupostos de responsabilidade civil extracontratual.

1. Facto voluntario do agente:2. Ilicitude:3. Mera culpa:4. Nexo casualidade:

Facto voluntario do agente ≠ intenção Facto humano; Impossível evitar pelo agente; Facto amplo.

Quando o dano podia ser controlado, em que o agente podia evitar.

Ilicitude – há ilicitude, A violou um direito de propriedade de B, matando duas galinhas que poderiam valer muito.

É uma violação justificada ou não?Nesta situação não é justificada, pois A não é polícia, médico, bombeiro, nem

nada do género.

Mera culpa – artigo 342º e 387ºnº1. B é quem tem que justificar, provar a culpa de A, de acordo com o 403º, B vai ter que provar se foi com mera culpa ou intenção.

Como se prova?Comparando o comportamento que A teve e o de uma pessoa cuidadosa teria

nessas circunstâncias. O comportamento A em compensação com o comportamento por ter família é um comportamento inteligente.

Depois o lesado tem que provar os danos – prejuízo que se sofre com a lesão.

Os casos são patrimoniais.

Nexo casualidade – é difícil na medida em que ajudamos a resolver problemas.

Artigo 564º O dano pode ser patrimonial; Existiam também danos patrimoniais – 496º- têm que ser (4º) compensados por um processo de

equidade.

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A dá bofetada a B e B morreu por causa de outra doença que não sabia que tinha. Artigo 563º

Na teoria da casualidade adequada tem que haver:O facto seja causa mecânica do dano, mas é preciso que este afecte a capacidade

para produzir o dano.No exemplo há nexo de causalidade.Resumindo: A é responsável perante B, é responsavelmente por culpa e pelos

danos causados.

A deve prestar serviço a C.

Responsabilidade civil contratual - 798º

Tem os mesmos pressupostos que o extracontratual, menos: ilicitude, aqui é: violação de crédito de A perante C, violação essa que não tem justificação nenhuma.

Artigo 799º - caberia a A, que actuou com todo o cuidado para ter evitado. C tem que provar os danos que sofreu e a prova ao nexo e causalidade.

Caso prático:O senhor A, profissional de rasthing foi contratado pela organização liderada

pela sociedade B, para participar no espectáculo de rasthing, organizada por esta empresa. Durante o espectáculo C com quem A lutava aplicou-lhe um golpe que colocou A em K.O. o qual perdeu os sentidos, obrigado à interrupção imediato do espectáculo, tanto até C sido dado como vencedor do combate. No dia seguinte, o jornal publicou a imagem de A, prestado no ringue. Algum tempo depois A pretende ser indemnizado por C, pela agressão física e, ainda pela publicação de uma imagem sua não autorizada. Assiste-lhe esse direito?

Direito internacional vs

A-C: não pode pedir indemnização porque A consentira lesão com organização de B estas situações, ficando a ilicitude excluída porque a agressão sobre A é licita (prevista no contrato).

Activo artigos tolerante

(especifico) 81º / 34º (causa de excluso de ilicitude geral)

Artigo 81º - direitos de personalidade, versa só negócios jurídicos pelos quais alguém aceita a favor de outrem que lese os seus direitos tomando licito essa lesão.

A-C A-D (jornal)

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Artigo 34º - exercício de tutela de direitos – aquilo de mais algo, disposição que consente a violar os seus direitos:

Autor;Personalidade

Todo o tipo de direitos.

Artigo 406º- contratos

Excepção ao 81ºnº2 – Quando limita os direitos de personalidade a qualquer momento. Podemos desistir unilateral do contracto.

A-D: artigo 79ºnº2 (facto de interesse publico).Falha novamente a ilicitude porque é lícito.

Direitos de personalidade (características):1. Inatos;2. Gerais;3. Absolutos;4. Irrenunciáveis;5. Extras patrimoniais.

1. Inatos – excepção – direito ao nome (tem de ser registado);2. Gerais - 100% verdadeiro para todos sem excepções;3. Absolutos – não são susceptíveis de avaliação pecuniária, havendo compensação

pelos prejuízos sofridos (não se quantificam);4. Irrenunciável – impõe-se a todos;5. Extras patrimoniais – excepcionalmente são renunciáveis nos termos do artigo

81º.

Como é que a nossa lei protege os nossos direitos de personalidade? Artigo 70ºDireitos que se destinam a protegerem as diversas manifestações de dignidade

física e moral de um sujeito protegido pelo ordenamento jurídico.

Artigo 81º - para todos os direitos de personalidade. Disposição geral – limita os direitos de personalidade.

Artigo 340º - todos os direitos de natureza absoluta. Disposição geral.

Tem um consentimento em que A contratou B, limitando os seus direitos de personalidade, logo á uma acção licita, não há responsabilidade civil.

O artigo 79º protege especificamente o direito à imagem. Eu até posso captar a imagem de uma pessoa, só não posso expor, reproduzir ou lançar no comércio. Este artigo não trata de uma simples captação de imagens. Mas o nº2 tem excepções, neste

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caso tem várias e de várias naturezas. O nosso caso enquadra-se na excepção de pactos de interesse público, mas mesmo assim há o limite do nº3. Aqui também não há responsabilidade civil extracontratual, porque não há ilicitude.

Quanto aos direitos de personalidadeNão se diz que são os artigos 73º, 72º, etc. Diz-se que os direitos de

personalidade são (artigo 70º) direitos que conferem protecção à personalidade física e moral e depois estão danos o exemplo: direito à vida, ao nome, à imagem, etc.

Características dos direitos de personalidade:Inatos;Gerais;Absolutos - Eficácia absoluta;Extras patrimoniais;Alienáveis.

Os direitos de personalidade são protegidos criminalmente, além de serem protegidos civilmente. Para além de tutela civil existe a tutela criminal.

Princípios fundamentais do direito civilPropriedade, família e sucessões

Livro III – das coisasTitulo I – da posse.

Através da posse também se pode adquirir propriedade. Artigo 1251º

Poder que determinada pessoa exerce sobre determinado direito.Outra forma de posse é a usucapião.

Artigo 1287º - posse por noção de propriedade de usucapião

Artigo 1302º SSUsucapião: tomar por uso; adquirir a posse.

Titulo II – direito de propriedadeQuais são os poderes que gera o proprietário? Artigo 1305º

Direito de uso;Direito de disposição;Direito de punir.

Uso; fruir; dispor – coisas que o proprietário pode ter em relação a determinada coisa.Há um instituto que limita o exercício de um direito. Artigo 334º - abuso do direito.

A autonomia privada: dois mecanismos:Negócio jurídico;Direito subjectivo (poder de vontade).

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Estes direitos são direitos subjectivos.No entanto há um instituto importante que limita estes direitos subjectivos. Qual é?Artigo 334º - abuso do direito. O proprietário pode fazer o que quiser com a sua

propriedade, pode usufruir conforme a sua vontade, mas os seus limites estão no artigo 334º, que diz que o titular de propriedade é limitado sobre as manifestações que excedem os limites impostos pela boa fé.

Como se adquire o direito de propriedade? (artigo 1316º)Através de:

Compra e venda;Permuta;Sucessão por morte;Acessão;Usucapião;Ocupação.

Artigos: 1318º; 1319º; 1320º

Titulo III – direitos reais – limitados e ilimitados – a propriedade pertence a outra pessoa.

Artigo 1344º - propriedade de imóveis;Artigo 1385º - propriedade de águas;Artigo 1402º - compropriedade ou propriedade em comum. Propriedade que pertence a mais que um.Artigo 1414º

Direitos reais e limitados Direito sobre coisa alheia.

Gozo (capitulo III) Garantia.

Direito usufruto – artigo 1439º

O direito passa a ser repartido (pomar; terreno; casa).

Direito usufrutuário: A propriedade é de A, mas os usufrutos são de B

Direito sobre coisa alheia não tem direito sobre a propriedade.

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Direito de superfície – artigo 1524ºConsiste na faculdade de construir ou manter perpetua ou temporariamente uma

obra em terreno alheio ou de fazer ou manter plantações. É um direito real limitado.

Artigo 1540º - é o encargo imposto sobre prédio alheio. Direito real limitado.Artigo 1543º - direito de servidão.

Livro IV – direito da famíliaArtigo 1576º - como nasce uma relação familiar;Artigo 1577º- o que é o casamento;Artigo 1578º- o que é o parentesco;Artigo1580º- linhas de parentesco;Artigo 1584º- afinidade;Artigo 1586º- adopção;

Artigo 1698º - liberdade de convençãoAs pessoas quando casam por convenção antenupcial, podem escolher a

modalidade dos regimes de bens durante o casamento.

*se nenhum escolher a modalidade, o que fica é o regime de direitos adquiridos.

Artigo 1699º- restrições ao princípio da liberdade de convenção.Contra regime de bens: regime de bens supletivo – artigo 1717º

É o regime de bens que vigora quando há a falta de convenção antenupcial.

Artigo 1720º - regime imperativo da separação de bens – casos em que a lei impõe a separação de bens.

Como cessa o casamento?Através da morte ou do divórcio – artigo 1773º

Artigo 1877º- poder paternal

Livro V – direito das sucessões - artigo 2024ºO que é uma sucessão?

Só se sucede nas relações patrimoniais e não pessoais.

Artigo 2026º - como se procede a sucessão?Artigo 2030º - os sucessores são herdeiros ou legatários.

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Herdeiros – totalidade ou quota de património do falecido (morre e deixa tudo a outro);Legatários – bens ou valores determinados (casa a A; quinta a B; carro a C)

Artigo 2131º- de sucesso legítima.Titulo II – de sucessão legitimariaTitulo III – de sucessão testamentária – artigo 2179º ss.

Exemplo: A morre e deixa testamento em que deixou uma quinta a um amigo e o resto para os familiares. Isto não pode ser, havendo herdeiros legitimários, a herança tem de ser para eles. A cota parte em que o testamento não pode designar que se designava por uma secessão legítima. A sucessão legítima está na sucessão legitimaria – artigo 2156º.

Artigo 2168º- redução de liberdades (liberdades inoficiosos).Artigo 2166ºArtigo 2133º - ordem de herdeiros quando há direitos legitimários.

O estado é um herdeiro legitimário?Não. É um herdeiro legítimo.

Relação jurídicaO que é a relação jurídica?Há dois sentidos:

1. Sentido amplo – relação jurídica de vida social disciplinada pelo direito.O que é uma relação?

Legitima Legitimaria

Cônjuge; parente; estado Cônjuge; descendentes; ascendentes

Quando o falecido não deixa testamento segue-se esta ordem: artigo 2132º e depois 2133º.

Se A morrer e tiver cônjuge e filhos e se tiver deixado testamento a dizer que deixou a quinta a um amigo, não pode, porque há herdeiros legitimários. Ver artigos: 2157º; 2156º; 2158º; 2159º.

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São vínculos entre as pessoas com interesse para o direito.

2. Sentido restrito / técnico – mediante a atribuição de um dever jurídico ou uma sujeição (direito jurídico / dever jurídico).

Relação jurídica:Em sentido abstracto – relação entre o comprador e o vendedor;Em sentido concreto - relação entre o António e a Maria.

Encontra-se na linguagem jurídica o termo instituto jurídico.

Conjunto de normas jurídicas que regulam uma relação jurídica. Ex. As normas que regulam a compra e venda são o instituto jurídico.

Qual é a estrutura da relação jurídica? É o conteúdo da relação jurídica. Vamos avaliar o conteúdo da relação.

Elementos da relação jurídica:Sujeito;Objecto (prestação – imediato / coisa em si – mediato);Facto jurídico (pacto que desencadeia a relação jurídica);Garantia (conjunto de providencias de ordem coerciva que o titular de um direito tem ao seu dispor para fazer valer esse direito).