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Colégio Mauá – M1 – Sociologia – Prof. Ms. Michel Willian Zimmermann de Almeida APOSTILA DE SOCIOLOGIA M1 Prof. Ms. Michel Willian Zimmermann de Almeida

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Apostila de sociologia para turma M1.

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CAPITALISMO1

Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando o lucro e empregando o trabalho

assalariado e no funcionamento do sistema de preços. (FERREIRA, 2004).

Liberalismo: Surge entre os séculos XVII e XVIII, a partir do desejo burguês em conquistar a sua libertade em relação ao Estado, disto, apóia-se em três partes, liberdade ética, liberdade política e liberdade econômica, sendo assim, temos o liberalismo ético

que busca as garantias das liberdades individuais, tais como liberdade de expressão, liberdade de pensamento, liberdade de religião e etc. Já o liberalismo político, baseou-se contra o poder absoluto dos reis da época, pregando a liberdade política, o direito de escolha dos governantes, o sistema representativo a partir de eleições e a limitação do poder do Estado frente ao coletivo social. Por fim, temos o liberalismo econômico, que se opõe à intervenção do Estado na economia, pregam o laissez-faire, laisse-passer, lê monde va de lui même, “deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo”, tais idéias foram desenvolvidas pelos ingleses Adam Smith (1723 – 1790) e David Ricardo (1772 – 1823). Buscava-se a defesa da propriedade privada dos meios de produção, e a economia de mercado, baseada na livre iniciativa e competição, além da implantação de um Estado mínimo. A Independência dos Estados Unidos (1776), e a Revolução Francesa (1789), consolidaram os ideais burgueses, desejosa de seguir o seu próprio caminho, livre dos impedimentos da concepção aristocrática. Uma das conquistas do liberalismo clássico foi o ideal do Estado não-intervencionista, que deixava o mercado livre para sua auto-regulação. Liberalismo Social (Social Democracia): Após a quebra da bolsa de Nova York em 1929, o mundo capitalista entra em grave crise financeira, falências, desemprego, inflação e tensões sociais. Para evitar o perigo socialista; que havia passado imune pela crise; pensadores capitalistas desenvolvem a idéia de que o Estado deve oferecer algumas garantias a sociedade, surge assim o Estado de Bem Estar Social com as seguintes premissas: todo cidadão teria direito a emprego, controle de salário, seguro contra invalidez, doença, proteção na velhice, licença maternidade, aposentadoria entre outros. Para tanto, o Estado deveria 1 Texto elaborado pelo professor, a partir da obra: ARANHA, M. L. de A. MARTINS, M. H. P. Filosofando: Introdução à Filosofia. 2° ed. São Paulo: Moderna, 1996. 396 p.

deixar de ser mínimo e poderia passar a regular alguns aspectos econômicos e sociais. Neoliberalismo: Surge como uma reação à intervenção do Estado, principalmente na economia, consideram o Estado como um elefante gordo, retomam o ideal de Estado mínimo, cuja ação se restringe ao policiamento, justiça e defesa nacional. Assim o Estado reduziria gastos e poderia se fortalecer nestas áreas. A partir dos anos 80, os governos Reagan e Bush nos EUA, e Margareth Thatcher na Inglaterra passam a representar este modelo. No Brasil, isso se materializa através das privatizações e a abolição da reserva de mercado.

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AUGUSTO COMTE2 É considerado o pai da

Sociologia, desenvolveu a idéia de que a sociedade deve ser analisada seguindo os mesmos princípios das ciências, ou seja, de forma positiva. Para ele, esta ciência deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que ele

denominava leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer consideração critica, eliminando também qualquer discussão sobre a realidade existente e deixando de abordar questões como a igualdade, justiça e liberdade. Assim, a nova teoria que ele denominava de “positiva”, “deveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente3”. Para tanto, Comte criou uma nova igreja, onde a divindade máxima era a Deusa Sabedoria. Outro aspecto importante, foi a divisão do desenvolvimento da humanidade em 3 Estágios:

Estado Teológico = explicação divina/ religião = infância.

Estado Metafísico = observação, questionamento/ Filosofia = adolescência.

Estado Positivo = conclusões, apoiada na ciência/ científica = adulta/ maturidade.

POSITIVISMO NO BRASIL

As idéias do Positivismo chegam ao Brasil em fins do século XIX, através dos estudantes; filhos de famílias abastardas; que realizavam a conclusão dos seus estudos em Paris e eram influenciados pelas idéias de república, cientificidade e modernidade. Disto, as idéias positivistas passaram a agradar aos adeptos do Partido Republicano, que entendia que os problemas brasileiros somente seriam resolvidos, com o fim da Monarquia e a instalação de uma Ditadura Sociocrática. Assim, tão logo se proclamou a república, as idéias positivistas passaram a ganhar mais espaços e a demonstrar a sua influência no movimento golpista. Influências: A bandeira republicana com o seu dístico ORDEM E PROGRESSO; A separação da Igreja e do Estado; O decreto dos feriados; O casamento civil, entre outros.

No Rio Grande do Sul, o Positivismo foi difundido principalmente por Júlio de Castilhos, que afirmava que “A República é legitima, não por direito divino, nem por direito popular, mas sim por direito cientifico e histórico”. A influência do Positivismo no

2 Referências: COMTE, Auguste, Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo. Catecismo positivista; Tradução: José Arthur Giannotti, Miguel Lemos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. MARTINS, C. B. O que é Sociologia. Ed. 8°. São Paulo: Brasiliense, 1985. SELL, Carlos Eduardo. Sociologia Clássica. São Paulo: Univali, 2003.

3 MARTINS (1985), p. 28.

Estado pode ser destacada pela analise da Constituição Estadual do Rio Grande do Sul de 1891, que foi elaborada praticamente apenas por Julio de Castilhos, sustentando: - O combate à democracia e ao voto popular como medida legítima para a implantação de um mandato governamental; - A centralização do poder em mãos do Chefe do Executivo, inclusive as tarefas legislativas, como por exemplo, a elaboração de leis. - A continuidade administrativa garantida pela reeleição do governante, prevista pela Constituição; - Incorporação do proletariado e das forças econômicas ao Estado. - Nomeação do governante substituto em caso de necessidade. Lema Positivista: Amor por principio, ordem por base e progresso por fim

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IDEIAS MARXISTAS

LUTA DE CLASSES → Para os marxistas a história se move através das lutas de classes. MAS O QUE É LUTA DE CLASSES??? Consiste no conflito entre duas classes antagônicas, ou seja, que defendem interesses diferentes:

De um lado os OPRESSORES e do outro os OPRIMIDOS. Táh,! Mas como isso aconteceu??? Bom, é o seguinte! No inicio, no tempo das sociedades primitivas os homens viviam unidos para poderem enfrentar os seus inimigos, isso inclui a natureza e os animais ferozes, Esse período é conhecido como Comunismo Primitivo. Passado algum tempo, surge a domesticação de animais e a invenção de agricultura e instrumentos de metal. Alteram-se a organização e as funções dentro dos grupos, ou seja, se modificam as relações e o modo de produção, as terras passam a pertencerem a famílias dando o surgimento da propriedade privada da terra. Diferenciam-se as funções e criam-se a classe. As famílias são conduzidas pelo chefe familiar, o pai ou patriarca. Esse período ficou conhecido como Modo de Produção Patriarcal. Passado algum tempo, em decorrência do aumento da produção surge o excedente, Ou seja, se produz mais alimento do que o necessário para o consumo da família. Esse excedente passa a ser usado para a troca com outras famílias ou grupos. Desta forma se torna necessário o aumento constante da produção para a realização do comércio, para isso se cria a mão de obra escrava. Mas quem são os escravos??? Esses escravos são obtidos através de guerras e conquistas de famílias, tribos ou grupos , ou seja, são prisioneiros de guerra. Nesse momento se destacou a separação do trabalho intelectual do trabalho manual. Esse período ficou conhecido como Modo de Produção Escravista A contradição do regime escravista o leva a ruína, já que escravo não recebe salário e assim não gasta e não move a economia. Diante da crise econômica as sociedades se voltam para o campo, sendo que os donos das terras e das ferramentas passam a aceitar os homens livres trabalhem em suas terras em troca de terra e proteção militar. Desta forma o homem que era até então livre se torna servo e passa a trabalhar um tempo para si e outro para o senhor, que ainda lhe toma parte da produção e lhe cobra impostos. Esse período ficou conhecido como Modo de Produção Feudal.

As contradições deste sistema de produção favorece o surgimento de uma nova figura, o burguês, que se dedica não ao cultivo do campo, mas ao artesanato e ao seu comércio, dando inicio a um novo modo de produção, onde o burguês se apodera dos meios de produção,ou seja das ferramentas necessárias a produção enquanto que ao trabalhador resta apenas a possibilidade de vender a sua força de trabalho. Esse modo de produção ficou conhecido como Modo de Produção Capitalista. Desta forma os marxistas identificam nas classes dominantes os OPRESSORES, e nas classes dominadas os OPRIMIDOS. No atual sistema capitalista essa relação fica evidente através da MAIS-VALIA, que nada mais é do que o valor que o trabalhador gerou A MAIS, alem do necessário para cobrir os custos de produção ao empresário. É importante se perceber que o trabalhador se diferencia do escravo e do servo pelo fato de receber salário, através de um contrato livremente aceito entre ambas as partes. No entanto, a exploração se dá a partir do que o trabalhador produz a mais do que o necessário para cobrir o seu custo. Desta forma o lucro esta na MAIS-VALIA e não no preço de venda do produto. No que diz respeito ao ESTADO, este não supera as contradições da sociedade civil, e esta sempre a serviço da classe dominante, utilizando-se de recursos e estratégias para manter esta classe no poder. A teoria desenvolvida por Marx, busca a implantação do Sistema Comunista, no entanto antes se deve passar por um período de ditadura do proletariado, que corresponde ao SOCIALISMO, que consiste na existência de um aparelho burocrático estatal, nessa fase persistem as lutas contra a antiga classe dominante, que tenta retornar ao poder numa contra-revolução. A fase seguinte consiste no COMUNISMO, onde desapareceriam por completo as classes e o Estado, onde o desenvolvimento das forças produtivas levaria a sociedade a abundancia. Porem as lutas de classes ressurgiria em um novo sentido, agora entre as classe progressistas e classe conservadora. Um ponto importante de se notar é que a relação entre estas novas classes não se daria entre dominantes e dominados, mas sim através da disputa entre as novas e as velhas idéias.

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ESTRATIFICAÇÃO E DESIGUALDADE4

O conceito sociológico de estratificação social serve para descever as desigualdades que existem entre os indivíduos e os grupos sociais. Essas desigualdades podem ocorrer tanto em termos de acesso aos bens materiais (riqueza) quanto em termos de acesso aos bens simbólicos (poder).

Geralmente, quando pensamos em estratificação social em termos de riqueza ou propriedade estamos nos referindo às sociedades modernas, divididas em classes sociais. Mas há outros tipos de estratificação, nos quais as desigualdades se expressam com relação a atributos corno gênero, raça, idade, filiação religiosa etc. Historicamente, existem quatro sistemas de estratificação social: a escravatura, a casta, os estados e as classes sociais.

A escravatura é urna forma de desigualdade extrema, na qual alguns indivíduos são literalmente donos de outros. Nesse tipo de estratificação social, um ser humano tem direitos de propriedade sobre o outro, e essa condição é imposta por meio da força.

Como instituição formal, a escravidão vigorou no Brasil do período colonial até o final do Império. Os negros trazidos do continente africano eram transformados em escravos, mas n podemos esquecer que muitos indígenas também foram vítimas desse processo.

No caso dos estados, as desigualdades se expressam em relações pessoais de dever ou de obrigação. Nos estados feudais europeus, por exemplo, a aristocracia e a pequena nobreza rural eram consideradas o estado mais elevado (senhores); o clero constituía outro estado e os homens do povo (servos, mercadores e artesãos), outro ainda.

O Sistema de castas, por sua vez, estrutura o tipo de contato que pode ocorrer entre membros de diferentes castas e está associado, sobretudo, às culturas do subcontinente indiano e à crença hindu do renascimento. Nesse contexto, acredita-se que aqueles que não respeitam os rituais e deveres próprios à sua posição social renascerão numa posição inferior na próxima vida. Por exemplo, membros de castas superiores, como a dos guerreiros (Kshatriya), que tocarem fisicamente aqueles que pertencem a uma casta mais baixa (denominada "os intocáveis") perdem seu status imediatamente. Nesse tipo de estratificação social, a mobilidade de uma casta para outra não é possível, e a influência da religião é mais importante que fatores econômicos.

Contudo o sistema de classes das sociedades modernas é muito mais fluido. Nesse caso, a posição social de um indivíduo é, pelo menos em parte, alcançada e não simplesmente dada ao nascimento, e a 4 Texto transcrito da obra de: DIMENSTEIN, G. RODRIGUES, M. M. A. GIANSANTI, A. C. Dez lições de Sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008.

mobilidade, envolvendo geralmente uma mudança de ocupação, é mais comum.

Esse tipo de estratificação social opera por meio de conexões de larga escala e de tipo impessoal. Apesar de as fronteiras entre as classes nunca serem muito precisas, particularmente no que se refere à identidade das pessoas, diferenças de riqueza e ocupação profissional, elas determinam o grau de desigualdade socioeconômica existente em um país.

No Brasil, a parcela do 1 % mais rico da população se apropria de uma quantidade de renda que é da mesma magnitude daquela apropriada pelos 50% mais pobres. Não há dúvidas de que esse cenário perverso de distribuição de renda se deve, em grande medida, ao legado deixado por uma história de 300 anos de escravidão no país (o Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravatura, em 1888). Mas é preciso reconhecer também que medidas importantes estão sendo tomadas nos últimos anos para reverter essa situação social: afinal, o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de um país, vem apresentando, no caso do Brasil, uma queda considerável. Mobilidade social

O termo "mobilidade social" se refere ao movimento ascendente descendente de indivíduos ou grupos sociais em termos de status sociais. A mobilidade social faz que a desigualdade de classe torne tolerável. Se essa for alta, ainda que os indivíduos tenham gens sociais desiguais, todos podem acreditar que têm chance igual de alcançar uma posição mais elevada de classe social. Se a mobilidade for baixa, a maioria das pessoas ficará congelada no status de seus antepassados. Em sua obra Sociologia, Anthony Giddens distingue dois tipos de mobilidade social: a vertical e a rizontal. A vertical seria o movimento ascendente ou descendente hierarquia de um sistema de estratificação; a horizontal seria o movimento físico de indivíduos ou grupos entre regiões. Medida de desigualdade O coeficiente de Gini é uma das medidas de desigualdade mais utilizadas pelos especialistas. O índice de Gini varia entre 0-1, sendo maior a desigualdade quanto mais próximo de 1; ou seja, quando o índice de Gini é zero, corresponde à igualdade absoluta; quando é um, corresponde à desigualdade total (isto é, a renda se concentra em um único indivíduo). No Brasil, o coeficiente de Gini declinou 4,6% entre 2001 e 2005, passando de 0,594 para 0,566. Apesar da recente queda da desigualdade de renda no país, o Brasil ainda ocupa posição negativa no cenário internacional como um dos países mais desiguais do mundo. Alguns estudiosos estimam que, para o Brasil atingir um nível similar de desigualdade ao da média dos países com maior grau de desenvolvimento, seriam necessários, ainda, mais de 20 anos de políticas de combate à pobreza.

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CENÁRIO RURAL NO BRASIL5

A vida na zona rural no Brasil nunca foi fácil, seja para os trabalhadores empregados, seja para os posseiros ou pequenos proprietários. Em boa parte do território brasileiro, a cultura de subsistência das famílias rurais esteve (e em certas regiões ainda hoje está)

"no fio da. navalha", beirando a subnutrição. Mestiços, mamelucos e, às vezes mulatos, desde o século XVII ao início do século XX, ocuparam esparsamente as regiões do sertão nordestino, da Amazônia e da antiga Paulistânia, isto é, a antiga área de influência dos bandeirantes. Nos três casos, as condições de sobrevivência isolada da unidade familiar de produção sempre foram bastante precárias.

O ribeirinho da Amazônia, o sertanejo da "civilização do gado" na caatinga [...] e o "bandeirante decaído" do interior de Paulo, Minas, Goiás e adjacências [...] quando obtinham algum excedente de produção, era sempre coisa muito modesta. Quando essas populações são tocadas pela urbanização e pelos produtos e serviços que ela oferece, muitas vezes o equilíbrio precário em que vivem se deteriora. O desejo de adquirir utensílios de metal (mais tarde de plástico), assim como outros produtos e serviços triviais, como transporte automotivo (em trens, ônibus, ou barcos atendimento médico, por exemplo, exige que elas obtenham alguma renda extra. Muitas vezes, a economia necessária para isso coloca essas populações em condições ainda mais frágeis de subsistência.

Com a decadência da economia açucareira do Nordeste e do café no Sudeste, observou-se também uma decadência nos padrões da antiga ocupação rural. Ao mesmo tempo, o início da industrialização incrementou fortemente a urbanização, sobretudo a partir da década de 1930.

Na primeira metade do século XX, as reformas urbanas e o investimento nos serviços e equipamentos públicos (iluminação, rede de água, transporte, saneamento, construção de teatros etc.) se multiplicavam nas diversas capitais estaduais do

país, como Manaus, Belém, Recife, Salvador, Porto Alegre, Florianópolis e, principalmente, São Paulo e a Capital da República, o Rio de Janeiro. Já então, as ainda incipientes cidades que eram as capitais brasileiras tiveram um prenúncio do que seria o crescimento urbano desordenado. Mas ainda não se podia imaginar a dimensão das conseqüências que ele teria ao longo da 5 Texto transcrito da obra de: DIMENSTEIN, G. RODRIGUES, M. M. A. GIANSANTI, A. C. Dez lições de Sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008.

segunda metade do século, o seu inchaço patológico e o despertar para a realidade de que os serviços urbanos se tornariam uma demanda não só das classes dominantes, mas de toda a população de trabalhadores, subempregados e desempregados que se amontoavam dos centros urbanos.

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MODERNOS E ATRASADOS6 A transição do mundo rural para o mundo

urbano no Brasil acelerou a partir do final da Segunda Guerra Mundial. Na “era Vargas” (1930-1945), o governo havia feito pesados investimentos na instalação de indústrias de transformação (siderurgia, petróleo, petroquímica, hidrelétricas e mineração de ferro), facilitando o crescimento da produção de bens de consumo e estimulando o êxodo rural.

Na década de 1950, o Brasil assistiu a um grande fluxo migratório, especialmente do interior do Nordeste para as grandes cidades da região Sudeste. Um longo período de secas no interior nordestino castigava gravemente a agricultura local, levando milhares de pequenos proprietários a abandonar suas terras, indo em direção às cidades em busca da sobrevivência. As políticas governamentais que pretendiam modernizar o país aumentaram não só o número de empregos na indústria, na construção civil e no setor de serviços, mas também contribuíram para o crescimento urbano desordenado. Muitos migrantes vindos dos estados mais pobres e atrasados constituíram um exército de mão-de-obra despreparada, analfabeta quase, vivendo à beira da miséria nas periferias das cidades.

Indústria, migração, urbanização. O Brasil "rural" encontrou-se com o Brasil "urbano".

Dentre as várias experiências que buscaram diminuir as diferenças regionais, uma se destacou das demais pelos resultados alcançados: o governo JK.

Com um plano de metas ambicioso e um estilo de governo ousado para sua época, Juscelino Kubitschek superou resistências das elites conservadoras e colocou em ação seu programa de modernização do Brasil. Batizado com o pomposo nome "Cinqüenta anos em cinco", o plano de JK tornou-se marca registrada de seu governo.

Ele enfrentou, também, o difícil desafio de trazer tranqüilidade para o país. Disputas políticas abalaram o Brasil levando não só ao suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, mas também paralisando o país durante um ano e meio. Nesse curto período, o vice-presidente, Café Filho, o presidente da Câmara de Deputados, Carlos Luz, e o

6 Texto transcrito da obra de: DIMENSTEIN, G. RODRIGUES, M. M. A. GIANSANTI, A. C. Dez lições de Sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008.

do Senado, Nereu Ramos, sucederam-se na presidência da República em meio a tentativas de golpe e ameaças ao processo eleitoral.

A morte dramática de Getúlio havia comovido o país e impediu que os setores antidemocráticos da sociedade brasileira dessem o golpe de Estado que planejavam havia anos. A eleição de JK renovou a esperança de fortalecimento da frágil democracia instalada no país Constituição de 1946.

Em substituição ao projeto nacionalista de Getúlio, que considerava o Estado o único responsável pelos investimentos necessários para promover o progresso do país, JK abriu as portas da economia brasileira para os investimentos de empresas estrangeiras. Em seu governo, várias indústrias automobilísticas receberam incentivos do governo para instalar suas fábricas na região do ABC paulista, gerando milhares de empregos. Ao mesmo tempo, foi construída em tempo recorde urna nova capital: Brasília, símbolo da modernidade ... e atraso também.

Embora os planos de JK fossem outros, a concentração dos investimentos nos estados mais desenvolvidos agravou as diferenças regionais. Apesar disso, a marca de seu governo foi o binômio de cidade-carro, símbolos de um projeto de modernização que se opunha a antiga estrutura agrária apoiada no trio fazenda-ferrovia-porto.

Foi um período em que a auto estima dos brasileiros esteve alta. Parecia ser possível conquistar tudo o que havia sido negado por séculos: paz, democracia, progresso. Contribuindo com esse alto astral, o Brasil destacava-se no plano internacional: venceu a Copa do Mundo de futebol em 1958, a Bossa Nova levou a música brasileira a palcos internacionais de destaque e o Cinema Novo expôs nas telas os conflitos entre modernidade e atraso. Não foi à toa que o período governo JK ficou conhecido como "anos dourados".

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ANOS DOURADOS: COMO ASSIM?7 Os anos dourados do governo JK foram também

muito polêmicos. Eleito com apoio dos partidos políticos que haviam apóia Getúlio Vargas em 1950, Juscelino era considerado um de seus "herdeiros" políticos. Por isso, nada mais natural que mantivesse a comunicação direta com a população das grandes cidades.

Era esperado que o Estado comandasse o desenvolvimento nacional e a política de investimentos públicos em áreas estratégicas por meio da atuação de empresas estatais. Também não era de se espantar que fosse estimulada a participação do empresariado nacional nos projetos modernizadores da economia brasileira.

A surpresa, na época, foi que Juscelino, para viabilizar suas idéias, buscou empresas estrangeiras para investir no Brasil e financiar seu projeto de desenvolvimento, agindo em perfeita sintonia com os interesses das empresas multinacionais.

Na campanha eleitoral de 1955, o presidente divulgou o Plano de Metas, afirmando que promoveria cinqüenta anos de desenvolvimento em cinco de governo. Para criar esse plano. JK apoiou-se nas idéias da Cepal - Comissão Econômica para a América Latina, órgão criado pela ONU em 1948, e do Iseb - Instituto Superior de Estudos Brasileiros, fundado por intelectuais nacionalistas no Rio de Janeiro em 1955.

Foram definidas 31 ações prioritárias para impulsionar a industrialização e desenvolver as várias regiões do país. Todos os recursos disponíveis no orçamento da União para realizar investimentos, somados aos capitais nacionais e estrangeiros, seriam aplicados energia (42,4%), transportes (28.9%), indústrias de base (22,3%), aumento da produção de alimentos (3.6%) e ampliação do ensino público (2,8%).

Os resultados desse plano foram significativos. Houve reforma e ampliação de ferrovias e a construção de novos portos e rodovias, além do crescimento dos transportes aéreos e da frota mercante. Também houve aumento da produção de energia elétrica com a construção de novas usinas, cresceu a extração de petróleo e a produção de seus derivados e a exploração

7 Texto transcrito da obra de: DIMENSTEIN, G. RODRIGUES, M. M. A. GIANSANTI, A. C. Dez lições de Sociologia para um Brasil cidadão. São Paulo: FTD, 2008.

de carvão mineral. Ocorreu expansão da produção de fertilizantes e da construção de armazéns e frigoríficos para estocagem da produção agropecuária. Com a mecanização da agricultura, desenvolveram-se as lavouras de trigo e de outros cereais. A produção de aço, alumínio, cimento, papel e celulose, álcalis e borracha atingiu índices inéditos.

Apesar desses avanços da política agrária, um dos maiores êxitos da política de desenvolvimento de JK foi a instalação das indústrias automobilísticas.

O plano de Metas também buscava promover o desenvolvimento regional. Apesar da criação da Sudene - Superintendência de Desenvolvimento Nordeste, o esforço para distribuir o progresso por todo o país não foi bem-sucedido. A industrialização concentrou-se no Centro-Sul do país e as desigualdades econômicas regionais se agravaram. Continuou havendo, no Brasil, vários Brasis num mesmo país.

Aumentaram, também, as diferenças sociais. A pobreza no campo provocou grande êxodo rural e migrações, especialmente na região nordeste. Mesmo com o aumento do número de empregos nas cidades, os salários eram baixos e uma crescente infração gerava insatisfações. Embora fosse um hábil negociador é evitasse usar a repressão contra os movimentos de trabalhadores, Juscelino tinha poucos vínculos com as lideranças sindicais e não conseguia evitar os conflitos trabalhistas.

Apesar de sua popularidade, o presidente "bossa-nova" não elegeu seu sucessor, e as bases do desenvolvimento brasileiro lançadas por JK foram interrompidas ou desvirtuadas.

Novos desequilíbrios, novas crises. Seriam necessários mais cinqüenta anos para o país superá-las?

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CATADOR DE LIXO EM SÃO PAULO Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento

Básico, realizada pelo IBGE em 2000, são coletadas, por dia, 228,4 mil toneladas de resíduos domiciliares e comerciais no Brasil, sem contar o lixo industrial, o hospitalar e o entulho. Cada brasileiro contribui com 1,35 kg/ dia. Graças aos catadores de materiais recicláveis, que trabalham sem garantia de remuneração ou proteção social, o país consegue reciclar cerca de 30% do papel e papelão, cerca de 20% do plástico, mais de 90% das latas de alumínio, além de vidro, metais etc. Projetando idéias A industrialização e a urbanização geraram grandes impactos no meio ambiente. O lixo produzido pelos indivíduos, empresas e fábricas é cada vez maior, tornando-se uma grande preocupação. A poluição do ar e das águas é um dos principais problemas enfrentados pela nossa sociedade, interferindo diretamente na qualidade de vida. A preocupação com o futuro, com a disponibilidade dos recursos naturais e da energia aumenta, assim como a destruição da natureza. Alguns problemas graves já podem ser sentidos, como foi o caso do "apagão" energético, em 2001, e da falta d'água em algumas regiões do país. Sem falar no aquecimento global, que aumenta a temperatura mundial todos os anos. Nesse quadro catastrófico, surgiu o conceito de sustentabilidade, cada vez mais difundido entre as empresas. A idéia é desenvolver maneiras de manter um crescimento econômico levando em consideração o meio ambiente. Cresce a preocupação com a preservação dos ecossistemas e da biodiversidade, tendo em vista que as futuras gerações serão extremamente prejudicadas caso ações desse tipo não sejam adotadas rapidamente. E quanto a nós, cidadãos comuns, o que é possível fazer para diminuir o impacto que causamos na natureza? Algumas iniciativas como a reciclagem do lixo e a economia de água, por exemplo, já são adotadas por algumas pessoas em seus lares. É preciso que tenhamos consciência de que todos são responsáveis pela preservação do planeta.

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