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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE MUNICIPAL DE CRISTÁLIA PRESTADOR: COPASA-MG Gerência de Fiscalização Operacional Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais Fevereiro de 2016

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE

MUNICIPAL DE CRISTÁLIA

PRESTADOR: COPASA-MG

Gerência de Fiscalização Operacional Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços

Agência Reguladora dos Serviços de Abastecimento de Água e de

Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais

Fevereiro de 2016

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE MUNICIPAL DE CRISTÁLIA – FEVEREIRO/2016

Diretoria Colegiada:

Gustavo Gastão Corgosinho Cardoso

Hubert Brant Moraes

Gustavo Cunha Gibson

Coordenadoria Técnica de Regulação Operacional e Fiscalização dos Serviços –

CTROFS:

Rodrigo Bicalho Polizzi

Gerência de Fiscalização Operacional – GFO:

Fábio José Bianchetti

Equipe de Elaboração:

Guilherme Augusto Branco Santos de Morais – GFO/CTROFS

Maurício de Faria Soares – GFO/CTROFS

Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Abastecimento de Água do

Estado de Minas Gerais – ARSAE-MG

Cidade Administrativa – Rodovia Prefeito Américo Gianetti, Nº 4.001, Edifício Gerais, 12º e

13° andares

Bairro Serra Verde

Belo Horizonte

Minas Gerais

CEP: 31.630-901

Tel: (31) 3915-8119

Fax: (31) 3915-2060

Site: www.arsae.mg.gov.br

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE MUNICIPAL DE CRISTÁLIA – FEVEREIRO/2016

RESUMO INFORMATIVO

O processo de fiscalização do sistema de esgotamento sanitário – SES na sede municipal de

Cristália teve como motivação o Ofício nº 958/2015, da Promotoria de Justiça Única da

Comarca de Grão Mogol, ocorrendo a inspeção in loco entre os dias 23 e 27 de novembro de

2015. É de competência da ARSAE-MG regular e fiscalizar a prestação dos serviços de

abastecimento de água e de esgotamento sanitário, verificando o cumprimento da legislação

pertinente, dos direitos e obrigações previstos em contrato e da efetiva prestação dos serviços.

O serviço de esgotamento sanitário prestado atualmente no município é regulado por Contrato

de Concessão, celebrado em 20 de janeiro de 1998, com validade de 30 anos. O contrato não

estabelece metas específicas para a execução de obras de ampliação do sistema ou

parâmetros de avaliação da prestação dos serviços, embora a Lei Federal nº 8.987/95

determine que o contrato de concessão preveja critérios e parâmetros de qualidade dos

serviços e penalidades no caso de não cumprimento de suas cláusulas.

O sistema de esgotamento sanitário de Cristália atende, atualmente, a apenas 29,5% da

população. A rede coletora de esgotos do município é de apenas 8,6 km, enquanto a extensão

da rede de distribuição de água é de 20,4 km, caracterizando a baixa cobertura do sistema. Em

virtude disso, grande parte dos efluentes sanitários são lançados sem tratamento ao longo do

córrego Extrema, que passa pelo município.

Em atendimento às demandas apresentadas pela Promotoria, realizou-se visita à Comunidade

Quilombola do Paiol, a qual reclama dos lançamentos de esgotos no córrego Extrema, utilizado

para abastecimento de água na comunidade. Além disso, percorreu-se o sistema de

esgotamento sanitário, para avaliação das condições operacionais das unidades.

Em virtude do exposto, recomenda-se uma ação conjunta entre o Prestador de Serviços e o

Poder Concedente para proporcionar a coleta e o tratamento de esgotos à toda a sede

municipal, coibindo os lançamentos indevidos de efluentes in natura nos cursos d’água.

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RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE MUNICIPAL DE CRISTÁLIA – FEVEREIRO/2016

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... 5

2. ENTREVISTAS REALIZADAS ............................................................................................................... 6

2.1. PREFEITURA MUNICIPAL ...................................................................................................................... 6

2.2. MINISTÉRIO PÚBLICO ........................................................................................................................... 6

3. SITUAÇÃO CONTRATUAL .................................................................................................................... 6

4. SEGMENTOS OPERACIONAIS E UNIDADES FISCALIZADAS ........................................................................... 7

5. FATOS LEVANTADOS ........................................................................................................................... 7

5.1. FATOS LEVANTADOS NO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO DA SEDE DE CRISTÁLIA ................ 8

5.1.1. ETE ........................................................................................................................ 8

5.1.2. Interceptor – Poço de visita ................................................................................... 8

5.1.3. Entrevista com a Associação da Comunidade Quilombola do Paiol .................... 8

5.1.4. Lançamento de efluentes no córrego Extrema ..................................................... 9

5.2. FATOS LEVANTADOS NO ATENDIMENTO AO PÚBLICO ......................................................................... 9

5.2.1. Agência de Atendimento ....................................................................................... 9

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................. 10

7. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES ................................................................................. 12

8. RECOMENDAÇÕES ............................................................................................................................. 13

9. AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DA ARSAE-MG ............................................................................... 13

APÊNDICE A. REGISTROS FOTOGRÁFICOS ......................................................................................................... 14

ANEXO I. CROQUI DO SISTEMA DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO ........................................................................ 15

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1. INTRODUÇÃO

A ARSAE-MG, em observância a Lei Estadual nº 18.309, de 03 de agosto de 2009, Lei Federal nº

11.445, de 5 de janeiro de 2007, Lei Federal nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, suas

regulamentações e demais legislações pertinentes, atua na regulação e fiscalização dos serviços de

abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos municípios conveniados com a Agência.

A ação de fiscalização visa determinar o grau de conformidade do sistema auditado em consonância

com as legislações e normas técnicas pertinentes, especialmente as Resoluções Normativas

expedidas pela ARSAE-MG, bem como a adequação da prestação dos serviços, no que tange à

regularidade, continuidade, eficiência, segurança, generalidade e atualidade.

Dessa forma, foi realizada a fiscalização dos serviços de esgotamento sanitário na sede urbana do

Município de Cristália, concedidos à COPASA-MG, conforme descrito no Quadro 1. Os

procedimentos compreenderam análise documental, entrevistas com o Prefeito Municipal e com a

Promotora de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) da comarca de Grão Mogol e

inspeção técnica em campo. Assim, é objetivo deste relatório descrever os resultados obtidos a partir

da fiscalização.

Quadro 1. Características da fiscalização

Tipo de Fiscalização Fiscalização direta e indireta

Período da Inspeção de Campo 23 a 27 de novembro de 2015

Localidade Fiscalizada Sede municipal de Cristália

Serviço Fiscalizado Sistema de Esgotamento Sanitário

Prestador de Serviços Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA MG

Endereço da Sede do Prestador Rua Mar de Espanha, nº 525, bairro Santo Antônio. Belo Horizonte – MG. CEP: 30.330-900.

Endereço do Distrito Operacional do Prestador

Avenida Boa Vista, nº 295, bairro Centro. Cristália – MG. CEP: 39.598-000. Telefone: (38) 32321108

Representante(s) designado(s) pelo

Prestador para acompanhamento

Daniel Olavo da Silva – Técnico Químico

Felipe Marchisotti de Souza – Engenheiro de Produção e Operação

Miguel Francisco Ferreira – Técnico Químico

Ofícios Encaminhados

Ministério Público: Ofício ARSAE-MG/DG N° 897/2015

Prefeitura: Ofício ARSAE-MG/DG N° 899/2015

Prestador: Ofício ARSAE-MG/DG N° 900/2015

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2. ENTREVISTAS REALIZADAS

2.1. Prefeitura Municipal

Os agentes de fiscalização da ARSAE-MG foram recebidos pelo prefeito do município de Cristália,

Sr. Eduardo Medeiros Cabral. Estiveram também presentes o Sr. Ivonilton Santana de Assis Júnior,

Secretário Municipal de Meio Ambiente, e o Sr. Mailson Pereira Chaves, Chefe de Gabinete. Os

fiscais explicaram a razão e os objetivos da fiscalização técnico-operacional em realização no

município. Em seguida, o prefeito proferiu seus comentários, relatando que não há investimento no

sistema de esgotamento sanitário – SES por parte da COPASA-MG. Segundo o prefeito, a rede

coletora de esgotos foi mal projetada, havendo extravasamentos constantes em época de chuva. O

índice de atendimento dos serviços é baixo, fato que afeta a arrecadação de Imposto Sobre

Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS do município. Há diversas residências nas quais a

COPASA-MG alega inviabilidade técnica para a coleta dos efluentes domésticos, o que não

representa a realidade.

Em conversa a respeito da comunidade quilombola do Paiol, a qual apresentou reclamações quanto

ao lançamento de esgoto não tratado no córrego Extrema, o Sr. Eduardo Cabral apontou haver

vazamento de efluente do interceptor diretamente no leito do córrego, indicando o local onde ocorre

constantemente o fato (Rua Desvio s/n).

Por fim, os fiscais indagaram sobre o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), importante

instrumento para o planejamento e implementação das ações voltadas ao saneamento do município.

Segundo informado, o mesmo encontra-se em fase de elaboração.

2.2. Ministério Público

Os agentes de fiscalização da ARSAE-MG realizaram visita à Promotoria Única da Comarca de Grão

Mogol, no intuito de verificar a ocorrência de reclamações acerca dos serviços de esgotamento

sanitário prestados em Cristália. A Sra. Thalita Célia de Oliveira Nascimento Toledo reforçou a

informação apresentada pelo Ofício nº 958/2015, encaminhado à ARSAE-MG, relatando haver

reclamações quanto à contaminação do córrego Extrema por efluentes sanitários in natura, por parte

da Comunidade Quilombola do Paiol, que utiliza as águas do córrego para seu abastecimento.

3. SITUAÇÃO CONTRATUAL

O Contrato de Concessão dos serviços de esgotamento sanitário do município foi celebrado em 20

de janeiro de 1998, com validade de 30 anos a partir da assinatura do mesmo. Ressaltamos que o

presente contrato não estabelece metas específicas para a execução de obras de ampliação do

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sistema, bem como parâmetros de qualidade para a prestação do serviço. Contudo, a Lei Federal nº

8.987/95 determina, no seu artigo 23, que o contrato de concessão preveja critérios e parâmetros de

qualidade dos serviços e penalidades no caso de não cumprimento de suas cláusulas.

4. SEGMENTOS OPERACIONAIS E UNIDADES FISCALIZADAS

As unidades operacionais que constam no Quadro 2, a seguir, foram fiscalizadas durante o

procedimento descrito neste relatório.

Quadro 2. Segmentos operacionais e unidades fiscalizadas

Área Segmento Operacional Unidade Fiscalizada

Esgotamento

Sanitário

Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)

- ETE Cristália

Rede coletora / interceptor - Interceptor (Rua Desvio s/n)

- Poço de visita (Rua Desvio s/n)

Atendimento ao

usuário Agência de Atendimento

Condições de atendimento

Disponibilidade de documentos previstos no artigo 20 da Resolução nº 40/2013 da ARSAE-MG.

Prazo para execução de serviços.

A representação das unidades que compõem o SES de Cristália consta no croqui esquemático,

enviado pelo Prestador de Serviços (Anexo I).

5. FATOS LEVANTADOS

São listados neste item os principais fatos apurados na inspeção de campo sobre o SES da sede do

município de Cristália. Há também informações coletadas junto ao prestador de serviços com o

propósito de verificar a adequabilidade da prestação dos serviços explorados, sobretudo o

cumprimento da regulamentação expedida pela ARSAE-MG.

Cabe destacar que todos os fatos levantados, que geraram não conformidades, constam no capítulo

7.

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5.1. Fatos levantados no Sistema de esgotamento sanitário da sede de Cristália

5.1.1. ETE

A estação de tratamento de esgotos (ETE) do município de Cristália trata atualmente 97,8%1 do

efluente coletado, apresentando uma eficiência de 97,3% quanto à redução da demanda bioquímica

de oxigênio – DBO. O índice de atendimento do sistema de esgotamento sanitário do município é de

29,5%. Segundo informado pelo prestador, há dificuldades técnicas para a coleta dos efluentes

sanitários em vários imóveis, havendo pouca adesão por parte dos munícipes.

A ETE é composta por dois reatores anaeróbios de fluxo ascendente, sendo o efluente final disposto

diretamente no solo (sistema de “capineira”). Fazendo divisa com a área de lançamento do efluente

tratado, há uma estrada não pavimentada. O volume atualmente produzido pela ETE é totalmente

absorvido pela vegetação; no entanto, caso haja aumento do volume de esgoto coletado e tratado,

será necessário criar alternativas para direcionamento do efluente final para o córrego Extrema.

Observou-se que a unidade é vulnerável à entrada de pessoas não autorizadas, havendo vários

indícios da ação de vândalos, como a depredação de placas de identificação, a retirada da tampa de

inspeção de um dos reatores e a avaria da tubulação de condução do efluente tratado.

5.1.2. Interceptor – Poço de visita

Em atendimento aos apontamentos registrados na reunião com o prefeito municipal, realizou-se

inspeção em um poço de visita (PV) do interceptor instalado na rua Desvio s/n, poço esse que recebe

todo o esgoto coletado no município e o direciona para a estação de tratamento. Em conversa com

o Sr. Celsino Ferreira dos Santos, que reside próximo ao local visitado, o mesmo relatou que o PV

apresenta extravasamentos constantes, sendo o esgoto lançado próximo as margens do córrego

Extrema, onde há uma horta comunitária. Segundo informado pelo Prestador de Serviços, foi

realizada intervenção no local, havendo rebaixamento do fundo do poço no intuito de reter areia e

demais sólidos, evitando o extravasamento. Identificou-se haver na parte superior do PV um

extravasor para passagem dos esgotos em caso de transbordamento; esse extravasor, porém,

direciona o efluente para a área citada pelo Sr. Celsino.

5.1.3. Entrevista com a Associação da Comunidade Quilombola do Paiol

Atendendo às reclamações apresentadas no Ofício nº 958/2015, da Promotoria de Justiça Única da

Comarca de Grão Mogol, realizou-se visita à Comunidade Quilombola do Paiol, a qual apresentou

1 Informações obtidas através do IBO/IBG, referentes ao mês de outubro de 2015.

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reclamações acerca do lançamento de efluentes sanitários no córrego Extrema, afetando o

abastecimento de água da comunidade. Em conversa com a Sra. Denilsa Cardoso Pereira,

Presidente da Associação da Comunidade Quilombola do Paiol, a mesma relatou que após a

instalação do sistema de esgotamento sanitário no município de Cristália, houve grande aumento na

quantidade de esgotos lançados no córrego Extrema, que desagua no córrego do Soberbo. Segundo

a Sra. Denilsa, as águas do córrego soberbo são utilizadas para o abastecimento da comunidade,

não sendo realizado o tratamento da água.

No momento da fiscalização, observou-se que a comunidade utilizava como fonte de captação um

outro manancial, uma vez que o córrego do Soberbo apresentava vazão nula. Foi orientado aos

moradores procurarem a Secretaria Municipal de Saúde para receberem instruções e os meios de

realizarem o tratamento emergencial da água captada. Além disso, recomendou-se a não utilização

das águas do córrego Soberbo para consumo ou lazer, quando sua descarga voltar a ocorrer.

5.1.4. Lançamento de efluentes no córrego Extrema

Conforme já exposto, o sistema de esgotamento sanitário do município de Cristália possui índice de

atendimento de apenas 29,5%. O córrego Extrema, que passa pelo município, recebe grande

contingente de esgoto não tratado. Além disso, em visita à rua do Desvio, constatou-se a presença

de um matadouro a céu aberto, cujos efluentes são diretamente lançados sem nenhum tratamento

às margens do referido córrego. Salienta-se a importância do tratamento dos efluentes sanitários e

do papel fiscalizador do município, no intuito de garantir a preservação do meio ambiente e condições

que diminuam os riscos de contaminação e propagação de doenças.

5.2. Fatos levantados no Atendimento ao Público

5.2.1. Agência de Atendimento

A agência de atendimento está localizada na avenida Boa Vista, nº 295, com horário de

funcionamento de 08:00 às 10:00 horas. Apresenta estrutura adequada para o atendimento ao

público, estando disponíveis os documentos determinados na Resolução ARSAE nº 40, de 2013.

Solicitou-se ao Prestador de Serviços os registros de vistoria para ligação de esgotos, pedidos de

ligação de esgotos e os registros de refluxo de esgotos, dos meses de julho a outubro de 2015, os

quais não apresentaram nenhuma ocorrência. Em análise aos registros de vazamentos de esgotos,

no mesmo período, foram geradas 03 ocorrências, as quais foram solucionadas dentro dos prazos

estipulados pela Resolução ARSAE-MG nº 73/2015.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O serviço de esgotamento sanitário prestado atualmente na sede municipal de Cristália atende a

apenas 29,5% da população. Em relação à cobertura das redes públicas em Cristália, de acordo com

o Prestador, enquanto a extensão da rede de distribuição de água é de 20,4 km, a rede coletora de

esgotos é de apenas 8,6 km, o que caracteriza a baixa cobertura do sistema. Em virtude disso, grande

parte dos efluentes sanitários são lançados sem tratamento ao longo do córrego Extrema, que passa

pelo município.

Em inspeção à ETE, constatou-se que a mesma é vulnerável à entrada de pessoas não autorizadas,

apresentando cercamento insuficiente para garantir sua proteção.

A partir da reunião com o Poder Concedente e de conversas com os moradores locais, identificou-se

haver problemas recorrentes de extravasamento de efluentes em um poço de visita, ponto do

interceptor localizado próximo à ETE. Foi então realizada inspeção no poço de visita localizado na

rua do Desvio s/n, onde ocorrem os extravasamentos. De acordo com o Prestador de Serviços, foi

realizada intervenção para evitar o transbordamento no PV. A intervenção consistiu na inserção de

um novo PV, logo a montante daquele órgão acessório, com maior profundidade e dotado de

extravasor, situação essa ainda a ser observada e sua eficácia avaliada pelo Prestador. Todavia,

observou-se não haver no extravasor um dispositivo capaz de evitar a ocorrência de refluxo.

Em atendimento ao Ofício nº 958/2015, da Promotoria de Justiça Única da Comarca de Grão Mogol,

realizou-se visita à Comunidade Quilombola do Paiol e conversa com a Sr. Denilsa Cardoso Pereira,

presidente da associação de moradores. Segundo a Sr. Denilsa, a comunidade não apresenta

sistema de tratamento de água e utiliza as águas provenientes do córrego Soberbo, que recebe água

do córrego Extrema, para seu abastecimento. No momento da fiscalização, o córrego Soberbo

apresentava-se com vazão nula, de forma que a comunidade estava utilizando outro manancial para

captação de água. Foi orientado aos moradores procurarem a Secretaria Municipal de Saúde para

receberem instruções e os meios de realizarem o tratamento emergencial da água captada e não

utilizarem as águas dos córregos Soberbo e Extrema para captação ou lazer.

Além dos lançamentos de esgotos in natura no córrego Extrema, identificou-se a presença de um

matadouro localizado próximo à área do córrego, sendo seus efluentes lançados diretamente sem

tratamento no leito do córrego. Ressalta-se a importância do papel fiscalizador do município, no intuito

de proporcionar a preservação do meio ambiente e condições que diminuam os riscos de

contaminação e propagação de doenças, nos termos do Artigo 2º da Lei Municipal nº 20/1997 que

autoriza a concessão dos serviços de esgotamento sanitário.

Dessa forma, é importante destacar a urgência da elaboração do Plano Municipal de Saneamento

Básico (PMSB) do município, instrumento fundamental para alcance da universalização do acesso

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aos serviços, uma vez que ele expressa a realidade do saneamento local e atende aos anseios da

comunidade, além de ser uma condicionante para acesso aos recursos da união destinados ao setor.

Com o PMSB, o Poder Concedente pode negociar junto ao Prestador novas metas de expansão e

qualidade, melhorando a prestação dos serviços e beneficiando os usuários.

Por fim, em virtude das observações aqui apontadas, recomenda-se uma ação conjunta entre o

Prestador de Serviços e o Poder Concedente para proporcionar a coleta e o tratamento de esgotos

à toda a sede municipal, coibindo os lançamentos indevidos de efluentes in natura nos cursos d’água,

ora existentes, e regularizando atividades que contribuam para a degradação do meio ambiente.

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7. CONSTATAÇÕES E NÃO CONFORMIDADES

CONSTATAÇÕES NÃO CONFORMIDADES

C1 ETE

Rompimento da tubulação de condução do efluente do reator anaeróbio. (Foto 1)

Tampa de inspeção do reator anaeróbio aberta. (Foto 2)

Vulnerabilidade da unidade. (Foto 3)

NC1 O Prestador de Serviços está descumprindo o Artigo 8º do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, o qual encontra-se transcrito abaixo:

“Art. 8°. O prestador de serviços executará, de forma constante, a conservação e a manutenção dos sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, mantendo-os em condições adequadas de operação, segurança e limpeza, obedecendo às normas e aos procedimentos técnicos pertinentes.”

C2 Interceptor – Poço de visita

Presença de extravasor desprovido de dispositivo para evitar refluxo no poço de visita do interceptor. (Fotos 4 a 6)

NC2 O Prestador de Serviços está descumprindo o Artigo 2º do Anexo I da Resolução Normativa ARSAE-MG nº 40, de 2013, o qual encontra-se transcrito abaixo:

“Art. 2° O prestador deverá realizar a operação e a manutenção dos sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário para a população usuária, em conformidade com as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e demais normas pertinentes.

Parágrafo único. A prestação dos serviços será feita de modo a contribuir para a saúde pública e proteção do meio ambiente.”

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8. RECOMENDAÇÕES

1 – Tomar providência quanto às constatações mencionadas no capítulo 7 deste relatório, a fim de

atender à Resolução Normativa ARSAE-MG n° 40/2013.

2 – Ampliar a cobertura do sistema de esgotamento sanitário, proporcionando assim a preservação

do meio ambiente e a promoção da saúde da população.

9. AGENTES DE FISCALIZAÇÃO DA ARSAE-MG

Guilherme Augusto Branco Santos de Morais

MASP – 1.371.428-2

Mauricio de Faria Soares

MASP: 1.255.452-3

Belo Horizonte, fevereiro de 2016.

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APÊNDICE A. REGISTROS FOTOGRÁFICOS

Foto 1. Rompimento da tubulação de condução do efluente do reator anaeróbio.

Foto 2. Tampa de inspeção do reator anaeróbio aberta.

Foto 3. Cerca insuficiente para evitar o acesso de pessoas não autorizadas.

Foto 4. Poço de visita do interceptor, localizado na rua Desvio s/n.

Foto 5. Extravasor no poço de visita situado na rua Desvio s/n.

Foto 6. Extravasor do poço de visita localizado na rua Desvio s/n.

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CRISTÁLIA – FEVEREIRO/2016 15/15

ANEXO I. Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário