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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE LUCIANE CAETANO NUNES A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA Manaus 2019

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

LUCIANE CAETANO NUNES

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL

COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA

Manaus 2019

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LUCIANE CAETANO NUNES

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA

PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA

Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará, como parte das exigências para a Defesa de Mestrado na área de concentração Recursos Naturais e Sustentabilidade.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus

Manaus 2019

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicidade (CIP) de acordo com ISBD Biblioteca

ICEN/UFPA-Belém-PA

N972e Nunes, Luciane Caetano

A Educação ambiental aplicada no ensino fundamental

como processo de transformação social em uma escola

pública do município de Tabatinga/ Luciane Caetano Nunes.

. - 2019.

Orientador : Ricardo Jorge Amorim de Deus.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará,

Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Meio ambiente, 2019.

1. Educação ambiental. 2. Escolas públicas-Estudo e

ensino (Ensino fundamental). 3. Mudança social. 4. Meio

ambiente-Conhecimentos e aprendizagem. I. Título.

.

CDD 22. ed. – 363.7

Elaborado por Leila Maria Lima Silva – CRB-458/81

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LUCIANE CAETANO NUNES

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO

PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará (UFPA) - Instituto de Ciências Exatas e Naturais - Programa de Pós Graduação em Ciências e Meio Ambiente, como requisito para a obtenção do grau de Mestre.

Área de concentração: Recursos Naturais e Sustentabilidade.

Aprovada em: 25 / 03 / 2019.

Banca Examinadora:

_____________________________________________

Prof. Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus

(Orientador – UFPA)

____________________________________________

Prof. Dr. Jandecy Cabral Leite

(Membro Interno do Programa – UFPA)

___________________________________________

Profª. Drª. Alexandra Amaro de Lima

(Membro Externo – UNIP)

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho às pessoas mais importantes da minha vida:

A meus pais: João Batista e Gercina (in memória), que sempre sonharam em ver seus

filhos bem formados e para isso não mediram esforços. Por eles não vou desistir

nunca.

Aos meus filhos João Victor e Julianne Louíse, para que lhes sirva de exemplo e

orgulho. Pelos quais agradeço a Deus todos os dias em tê-los em minha vida.

Aos meus irmãos, pela convivência que tivemos e que me faz, nos momentos difíceis,

querer voltar a ser criança.

A todos os professores que me educaram ao longo da vida e com os quais aprendi,

não só os conteúdos escolares, mas os conteúdos da vida.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me concedido vida e saúde para que eu desenvolvesse esse importante

trabalho. Ele é minha força e fortaleza.

Aos meus pais João Batista e Gercina (in memória), por me darem amor e educação.

Sem seus ensinamentos não seria o ser humano que sou hoje.

Aos meus filhos João Victor e Julianne Louíse, ao meu esposo Jerri Alves, aos quais

deixei de dar atenção em muitos momentos, mas que sempre estiveram ao meu lado e

preocupados comigo enquanto organizava este trabalho.

Aos meus irmãos, alguns perto e outros longe, mas tenho certeza que torcem pelo meu

sucesso.

As amigas Ilma, Josilane, Marquizete, Rocilange, Marcella, Criatiane, Maria del Pilar,

Rosi Méry, Rita, Francilene e Artemízia, que me auxiliaram de alguma forma no

desenvolvimento deste trabalho e nas horas que me sentia triste e desanimada pelos

obstáculos da vida.

A todos os colegas do curso de Mestrado Profissional em Ciência e Meio Ambiente,

pela amizade e pela convivência harmoniosa que tivemos.

A todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Ciência e Meio

Ambiente, pelos ensinamentos repassados, os quais serviram de alicerce para o

desenvolvimento desse trabalho.

Ao ITEGAM, pela possibilidade na realização desse sonho.

À Universidade do Estado do Amazonas, à Secretaria Municipal de Educação e à

Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pela disponibilidade em atender as solicitações

para a realização dessa pesquisa.

À Escola Municipal Jociêdes Andrade, pela colaboração no decorrer da pesquisa.

Ao meu professor orientador Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus, e ao meu amigo Dr.

Jandecy Cabral Leite, pelo encaminhamento na execução desse trabalho.

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EPÍGRAFE

“Primeiro foi necessário civilizar o homem com o próprio homem, agora é necessário civilizar o homem na sua relação com a natureza e os animais.”

Victor Hugo

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RESUMO

A educação ambiental tem sido apontada como um dos campos de atuação

capaz de contribuir para a transformação da sociedade contemporânea, colaborando

com o desenvolvimento de ações que visem minimizar os padrões de degradação

socioambientais vigentes e com o estabelecimento de sociedades sustentáveis. Como

a escola é o espaço social onde o aluno dará continuidade a sua socialização, deverá

oferecer meios efetivos para que os estudantes compreendam os fenômenos naturais,

as ações humanas e suas consequências. É fundamental que os estudantes

desenvolvam potencialidades e adotem posturas pessoais e comportamentos sociais

construtivos, para uma sociedade justa, em um ambiente saudável, tendo os conteúdos

ambientais permeando todas as disciplinas do currículo de forma interdisciplinar. Esse

trabalho procurou propor ações de educação ambiental no 9º ano do ensino

fundamental de uma escola pública do município de Tabatinga-Amazonas, como

processo de transformação social. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se a

Pesquisa-Ação. O método foi o qualitativo. Os instrumentos utilizados para a coleta de

dados foram as entrevistas semiestruturadas com a aplicação de questionários aos

professores e alunos, com perguntas abertas e fechadas. Foi utilizada a técnica da

observação participante na escola. Ao término desta pesquisa, procurou-se mostrar a

importância das práticas ambientais através da realização de um trabalho transversal e

interdisciplinar, valorizando a educação ambiental, a fim de garantir a formação de

pessoas críticas e engajadas com as questões ambientais. 13 professores

responderam ao questionário, além de 102 alunos. Diante das observações e das

respostas dos entrevistados, compreendeu-se suas concepções. Trata-se de

concepções que precisam ser refletidas de forma crítica tendo em vista que cabe aos

professores aplicar a educação ambiental para a formação de alunos-cidadãos que vão

cuidar da vida e de suas complicações, levando a uma transformação social. Os

professores não vêm desenvolvendo um trabalho efetivo no campo da educação

ambiental, pois somente em algumas disciplinas os alunos ouvem falar de meio

ambiente. Mas cabe à escola ser o instrumento a serviço da coletividade, formando

cidadãos, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da cidadania, aplicando a educação

ambiental em busca da transformação social necessária. A educação ambiental deve

ser efetivada de maneira interdisciplinar, pois é na conjugação das diversas disciplinas

que compõem o currículo escolar, que a discussão ganhará amplitude de análise

econômica, política, social, ecológica e outras. Foram apresentadas propostas de

atividades interdisciplinares integradas para estimular professores e alunos, e os

demais elementos da escola e da sociedade em geral ao cuidado com o meio

ambiente. Nessa perspectiva, o planejamento deve conter o envolvimento dos

professores das diversas disciplinas para que, tomando um tema no contexto local,

eles possam articular o conteúdo das suas disciplinas com a temática escolhida.

Palavras chave: Educação Ambiental. Cidadãos. Interdisciplinar. Ensino-

aprendizagem. Transformação Social.

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SUMMARY

Environmental education has been cited as one of the fields of action capable of contributing to the transformation of contemporary society, collaborating with the development of actions aimed at minimizing environmental degradation standards in force and with the establishment of sustainable societies. As the school is the social space where the student will continue your socialization, must offer effective means for students to understand natural phenomena, human actions and their consequences. It is crucial that students develop personal capabilities and adopt constructive attitudes and social behaviour, towards a just society, in a healthy environment, and environmental content permeating all disciplines of the curriculum from form interdisciplinary. This work sought to propose actions of environmental education in the 9th year of elementary school to a public school of the municipality of Tabatinga-Amazonas, as process of social transformation. To achieve the proposed objectives, action research. The method was qualitative. The instruments used for data collection were the semi-structured interviews with the application of questionnaires to teachers and students, with open and closed questions. The technique was used participant observation in school. At the end of this survey, we tried to show the importance of environmental practices through a transversal and interdisciplinary work, valuing environmental education, in order to ensure the formation of critical people and engaged with the environmental issues. 13 teachers responded to the questionnaire, plus 102 students. On the observations and the replies of the respondents understood their conceptions. These are ideas that need to be reflected critically considering the fact that it is up to the teachers to apply the environmental education for the formation of students-citizens who will take care of life and its complications, leading to a social transformation. Teachers don't have been developing effective work in the field of environmental education, for only in some subjects the students hear about the environment. But it is up to the school to be the instrument in the service of the collective, forming citizens, serving and doing meet the exercise of citizenship, applying Environmental education should be carried out interdisciplinary way, because it is the combination of the various disciplines that comprise the school curriculum, that the discussion will gain breadth of economic analysis, political, social, ecological and other. Submitted proposals for interdisciplinary activities to stimulate students and teachers, and the other elements of the school and society to care for the environment. In this perspective, the plan must contain the involvement of teachers from various disciplines to that, taking a theme in the local context, they can articulate the contents of their disciplines with the chosen theme.

Key words: Environmental education. Citizens. Interdisciplinary. Teaching and learning. Social Transformation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Localização do município de Tabatinga no Amazonas.................... 41 Figura 02. Município de Tabatinga no Amazonas e seus limites...................... 42 Figura 03. Localização da Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru.................. 42 Figura 04. Distância entre o Lixão Municipal e o Aeroporto de Tabatinga....... 43 Figura 05. Catadores no Lixão de Tabatinga.................................................... 43 Figura 06. Localização da Orla do Porto e Estação de Tratamento de Água.. 44 Figura 07. Canoeiros na Orla do Porto de Tabatinga....................................... 44 Figura 08. Localização da Escola Municipal Jociêdes Andrade....................... 45 Figura 09. Momento de aplicação dos questionários........................................ 47 Figura 10. Escola Municipal Jociêdes Andrade................................................ 67 Figura 11. Alunos do 9º ano respondendo o questionário da pesquisa............ 75 Figura 12. Aspectos Naturais do Meio Ambiente.............................................. 87 Figura 13. Aspectos naturais do meio ambiente............................................... 87 Figura 14. O homem no meio ambiente............................................................ 87 Figura 15. O homem no meio ambiente............................................................ 87 Figura 16. Poluição da água............................................................................. 87 Figura 17. Poluição do ar.................................................................................. 87 Figura 18. Slide da 1ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 93 Figura 19. Alunos do 9º ano participando durante a palestra........................... 94 Figura 20. Slide da 2ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 95 Figura 21. Slide da 3ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 96 Figura 22. Secret. Exec. de Meio ambiente palestrando no 9º ano.................. 96 Figura 23. Lixão da Cidade de Tabatinga......................................................... 99 Figura 24. Turmas 9º ano (A e B) no Lixão....................................................... 99 Figura 25. Turma 9º ano (C) no Lixão .............................................................. 99 Figura 26. Alunos do 9º ano (A e B) na Orla..................................................... 103 Figura 27. Alunos do 9º Ano (C) na Orla........................................................... 103 Figura 28. Tema Reciclagem 9º ano (A)........................................................... 105 Figura 29. Tema Reciclagem 9º ano (C)........................................................... 105 Figura 30. Objetos confeccionados 9º ano (B).................................................. 105 Figura 31. Objetos confeccionados 9º ano (C)................................................. 105 Figura 32. Alunos confeccionando porta treco.................................................. 106 Figura 33. Alunos confeccionando porta joia.................................................... 106 Figura 34. Alunos confeccionando porta lápis.................................................. 106 Figura 35. Equipe Boto Rosa da Escola Municipal Jociedes Andrade............. 107 Figura 36. Diretor da Escola Municipal Jociedes Andrade acompanhando os

alunos...............................................................................................

107 Figura 37. Alunos participando em grupo das Oficinas de Educação

Ambiental.........................................................................................

108 Figura 38. Desfile dos alunos com roupas de material reciclado...................... 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Área de formação, tempo de atuação e disciplinas que os professores lecionam........................................................................

77

Tabela 02. Meios de aquisição de informações sobre meio ambiente............... 88 Tabela 03. Disciplinas que informam sobre meio ambiente................................ 89

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01. Formação especial dos professores em educação ambiental......... 77 Gráfico 02. Quem ofereceu aos professores formação especial na área

ambiental..........................................................................................

78 Gráfico 03. Como a educação ambiental deve ser trabalhada na escola.......... 80 Gráfico 04. Frequência do trabalho com a educação ambiental nas aulas....... 82 Gráfico 05. Dificuldade dos professores para o trabalho em educação

ambiental..........................................................................................

83 Gráfico 06. Distribuição dos alunos por turma.................................................... 84 Gráfico 07. Concepção dos alunos sobre educação ambiental.......................... 85 Gráfico 08. Meio ambiente na concepção dos alunos do 9º ano........................ 85 Gráfico 09. Elementos que fazem parte do meio ambiente na opinião dos

alunos do 9º ano...............................................................................

86 Gráfico 10. Participação dos alunos em cursos de educação ambiental........... 90 Gráfico 11. Problemas ambientais evidenciados pelos alunos do 9º ano.......... 91 Gráfico 12. O que faria para melhorar o meio ambiente..................................... 91

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SUMÁRIO

CAPITULO I........................................................................................... 14 1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 14 1.2 IDENTIFICAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA DE PESQUISA 17 1.3 OBJETIVOS .......................................................................................... 18 1.3.1 Geral...................................................................................................... 18 1.3.2 Específicos........................................................................................... 18 1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA .............................. 19 1.5 1.6

DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ ESCOPO DA DISSERTAÇÃO...............................................................

20 20

CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................... 21 2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ENSINO FUNDAMENTAL................ 21 2.2 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A APRENDIZAGEM DO

CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE NA FORMAÇÃO CIDADÃ.........

26 2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA SUA

INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR.............................................

32

CAPÍTULO III METODOLOGIA ........................................................... 39 3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................... 41 3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA.................................................................... 45 3.3 AMOSTRAGEM..................................................................................... 46 3.4 COLETA DE DADOS ............................................................................ 46 3.5 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NA PESQUISA.................................. 48 CAPÍTULO IV O PROCESSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............ 49 4.1 O ENSINO-APRENDIZAGEM E O MEIO AMBIENTE........................... 49 4.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA AMBIENTAL...................................

52

CAPÍTULO V APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO........................... 67 5.1 PERFIL DA ESCOLA............................................................................. 67 5.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA......................................................... 69 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................... 69 5.3.1 Parcerias firmadas............................................................................... 69 5.3.2 Observação Participante..................................................................... 70 5.3.3 Análise dos questionários Aplicados na Pesquisa.......................... 75 5.3.3.1 Questionários direcionados aos professores......................................... 76 5.3.3.2 Avaliação dos questionários direcionados aos alunos.......................... 84 5.3.4 Atividades de Educação Ambiental com as turmas de 9º ano........ 92 5.3.4.1 Palestras................................................................................................ 92 5.3.4.2 Aula de Campo no lixão de Tabatinga................................................... 98 5.3.4.3 Oficinas de Reciclagem......................................................................... 104 5.3.4.4 Gincana Ambiental................................................................................. 106

CAPÍTULO VI CONCLUSÃO................................................................

110 6.1 Recomendações para trabalhos futuros................................................

111

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................

112

APÊNDICES..........................................................................................

118

ANEXOS.................................................................................................... 129

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CAPÍTULO I

1.1 INTRODUÇÃO

Atualmente, a preocupação com o ambiente tem estado presente na vida de

grande parte da população em diferentes culturas e países. A mídia tem se

encarregado de divulgar, diariamente, grandes catástrofes ambientais, naturais ou

provocadas pela atividade do homem, muitas vezes de forma genérica e noticiosa.

A degradação ambiental, que tem ocorrido em nível mundial, tem introduzido

novas preocupações. Nos encontros, debates e grandes conferências realizadas

para a discussão deste assunto, é consensual a necessidade da mudança de

mentalidade na busca de novos valores e de uma nova ética para reger as relações

sociais, cabendo à educação um papel fundamental nesse processo. Sendo assim,

a função da escola e o trabalho do professor, se revestem de importância quando a

perspectiva para o futuro é a de uma sociedade mais justa e humana. No processo

de ensino, é essencial considerar os fatores que envolvem a dimensão social

externa à escola, entendendo que ela é composta de tudo que permeia a vida social,

como acontecimentos econômicos e políticos, por exemplo, que influenciam não

apenas a escola, mas também todos os seus segmentos e os atores que nela

atuam.

A escola é o local da sociedade no qual a informação adquirida das mais

diferentes formas, meios e locais, poderá ser convertida em saberes. Seu espaço

deve ser destinado a atender as demandas socioculturais-educacionais do aluno.

Considerando que aprender é compreender, isso significa que o sujeito traz consigo

parcelas do mundo exterior que devem ser integradas ao seu universo para que

possa construir sistematicamente, representações que possibilitem uma ação sobre

o mundo. Assim, diante das dificuldades e problemas sociais a serem amenizados,

da responsabilidade que tem os educadores, visto que o seu espaço de trabalho é

de formação cidadã, são privilegiados à medida que trabalham com a maior das

faculdades humanas, a capacidade do raciocínio, e tem como objetivo maior, educar

para libertar, formar cidadãos capazes de buscar uma leitura crítica e consciente da

realidade em que estão inseridos, com o intuito de poder modificá-la.

Nesse sentido, compreender como a educação ambiental vem acontecendo

no 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-

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AM, visando propor ações para a transformação social, fortalecendo o processo de

ensino-aprendizagem, se torna um estudo de grande valia à medida que possibilita

esclarecer sobre a aprendizagem ambiental daqueles que se propõem a formar e a

aprender nessa área específica do conhecimento. Acredita-se que esse seja um

passo importante para que a educação ambiental aplicada e processada na escola

forme cidadãos conscientes e comprometidos com a manutenção da vida.

Visando alcançar os objetivos aqui traçados, a pesquisa deu-se por meio de

uma Pesquisa-Ação. Para Thiollent (2009), trata-se de uma pesquisa social com

base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação

ou com uma resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os

participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo.

A realização desse trabalho se deu no segundo trimestre de 2018 com os

alunos do 9º ano do ensino fundamental vespertino da Escola Municipal Jociêdes

Andrade, localizada na Avenida da Amizade, s/n - Centro, a principal avenida da

cidade, na zona urbana do município de Tabatinga-Amazonas. A mencionada escola

é uma referência, pois além de estar localizada no centro da cidade, é a principal

escola municipal de ensino fundamental, e tudo que nela acontece se estende para

as outras escolas municipais. Sua clientela é heterogênea, com alunos de diferentes

classes sociais, sendo que a maioria é de classe baixa e oriunda de todos os bairros

da cidade, desde os mais próximos aos mais distantes, dos quais são transportados

até à escola por ônibus escolares oferecidos pela Prefeitura Municipal; Além de

alunos das cidades dos países vizinhos, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru.

Atualmente atende uma demanda de 558 alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano

e EJA diurno. Sendo três turmas de 9º ano, (A, B e C), totalizando

aproximadamente, 102 alunos, os quais estarão migrando para o ensino médio nas

escolas estaduais, para onde levarão todos os ensinamentos adquiridos, podendo

ser multiplicadores dos saberes ambientais.

Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram as entrevistas

semiestruturadas com a aplicação de questionários aos professores e alunos, com

perguntas abertas e fechadas. Essa modalidade de pesquisa é utilizada para a

realização da Pesquisa-Ação. Buono (2014) salienta que para sua elaboração, deve

ser observado como um dos pré-requisitos a busca de dados no ambiente natural,

onde de fato acontece. Demo (1995) define como a atividade científica que permite

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ao pesquisador descobrir a realidade. E Yin (2015), ressalta que a entrevista é uma

das fontes mais importantes de informação para o estudo de caso.

Foi utilizada ainda, a técnica da observação participante na escola a fim de

verificar como os professores trabalham a educação ambiental durante suas aulas,

abrindo assim a possibilidade de compreensão da postura dos sujeitos sociais no

processo de ensino/aprendizagem dessas temáticas, usando como referencial a

relação dialética entre o proposto na formação docente e o vivenciado por esses

respectivos atores sociais durante sua atuação, o que possibilitou analisar a

proposta formacional e o ensino da educação ambiental adotado na escola em que

trabalham.

As entrevistas constituíram a principal fonte de dados da coleta e tiveram

como objetivo aprofundar informações obtidas com os outros instrumentos de

pesquisa. O conjunto de dados obtidos e a bibliografia consultada permitiram a

construção das análises desse trabalho.

A apresentação desse estudo se encontra em seis partes divididas por

capítulos.

O embasamento teórico aqui exposto norteou a análise e discussão dos

resultados dessa pesquisa e mostrou-nos que a educação ambiental é um

instrumento fundamental para que se possa entender que a teia da vida é um

intrincado movimento de aprendizagem que vem ocorrendo há bilhões de anos e

que para isso é necessário a incorporação da modéstia que nos cabe em relação a

quem somos, de onde viemos e para onde vamos.

Portanto, compreendeu-se como a educação ambiental vem acontecendo no

9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM,

e colaborou-se com propostas para se estabelecer uma conduta adequada frente às

questões ambientais.

Espera-se que os estudos sobre a aplicação da educação ambiental nas

escolas, visando a transformação social, não estagnem no tempo e no espaço,

tendo em vista que seu papel é fundamental no desenvolvimento de cidadãos

críticos e preocupados com a manutenção da vida na Terra.

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1.2 IDENTIFICAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA DE PESQUISA

Os riscos ambientais têm se multiplicado trazendo graves consequências para

o meio ambiente. Muitas pessoas vêm demonstrando intenso descaso pela natureza

e pela própria vida, havendo a necessidade urgente de se educar o cidadão para os

cuidados com o meio em que vive. Assim, entendemos que uma das maneiras para

se atingir os objetivos da educação ambiental é trabalhando suas temáticas na

educação formal.

É necessário que os professores busquem romper uma visão unilateral do

ambiente que os alunos trazem ao longo de suas vidas, por meio da

interdisciplinaridade que proporcionará a descompartimentalização do saber, que

considere a educação ambiental como um processo contínuo e cíclico, enfatizando a

necessidade de articular iniciativas associadas que promovam o equilíbrio entre os

diversos ecossistemas e culturas da Terra.

Esta ação inicia com a mudança de valores individuais, perpassa pelo

conhecimento e respeito das particularidades locais, pela adoção de condutas

sustentáveis e abrange a totalidade do ambiente. É necessário pensar globalmente

e agir localmente, buscando uma mudança de postura frente aos problemas

ambientais.

É de extrema importância que cada aluno desenvolva as suas potencialidades

e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para

a construção de uma sociedade equitativa, em um ambiente saudável. Por isso,

comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no

cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.

Face a essa realidade é preciso buscar formas para contribuir com um

processo em que todos se conscientizem da importância do meio ambiente

oportunizando conhecimento, compreensão e consequentemente, amor e proteção à

natureza.

Cabe aos professores, por intermédio de práticas interdisciplinares, proporem

novas metodologias para a implementação da educação ambiental, considerando o

ambiente imediato, relacionando a exemplos de problemas ambientais atualizados.

Nesse contexto, o professor e a escola são peças fundamentais para mediar o

processo de aprendizagem.

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Assim, compreender como a educação ambiental vem acontecendo na Escola

Municipal Jociêdes Andrade em Tabatinga-Amazonas, quais os conceitos e valores

professores e alunos têm a respeito do meio em que vivem e propor ações de

educação ambiental como processo de transformação social, é de grande valia, pois

possibilitará esclarecer se a partir da atuação desses profissionais, a aprendizagem

dos alunos está sendo eficaz e trará benefícios para a sociedade em um futuro

próximo, bem como compreender os desafios enfrentados pelos professores durante

a sua prática, e assim colaborar com possíveis propostas de desenvolvimento da

educação ambiental na escola, levando em consideração os espaços de

aprendizagens mais próximos dos estudantes, pois se as práticas forem

relacionadas às situações da vida real, ao contexto local da cidade, e à realidade de

alunos e professores, o resultado tende a ser positivo.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Propor ações de educação ambiental no 9º ano do ensino fundamental de

uma escola pública do município de Tabatinga-Amazonas, como processo de

transformação social.

1.3.2 Específicos

a) Identificar os conceitos e valores dos professores e dos alunos em educação

ambiental;

b) Descrever as atividades realizadas pelos professores no campo da educação

ambiental;

c) Buscar parceria junto à Universidade do Estado do Amazonas e às Secretarias de

Meio Ambiente e de Educação do Município de Tabatinga a fim de promover

ações de educação ambiental;

d) Aplicar atividades para o ensino-aprendizagem, através de instrumentos

pedagógicos adequados para o trabalho com a educação ambiental.

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1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA

A educação ambiental é essencial para o desenvolvimento do ser humano,

para o seu processo de humanização, concretizando assim uma etapa da

transformação do âmbito social. Nesse processo, a educação e a sociedade devem

estar aliadas, pois as duas evoluem de maneira igual e gradual. Assim, a educação

ambiental conceitua-se da abrangência do conhecimento sobre o ambiente, e tem

por finalidade a sua preservação bem como a utilização de seus recursos de

maneira sustentável.

Presumindo que a educação começa em casa e tem seu aprimoramento na

escola através da associação de teoria e prática, fazendo-se necessário a

continuação dos contextos ambientais, cabe ao professor ter ciência da importância

de se trabalhar com conteúdos da educação ambiental. E é dever da escola

proporcionar aos alunos práticas de preservação ambiental, levando em

consideração o ambiente em que o educando está inserido.

Para que isso aconteça, é necessário a introdução da educação ambiental,

bem como de suas práticas, seus objetivos e suas potencialidades, desde muito

cedo, pois é quando está se formando o caráter do cidadão. Deve-se ter consciência

de que comportamentos ambientais corretos devem ser assimilados desde cedo

pelas crianças e devem fazer parte do seu dia a dia, seja em casa ou no ambiente

escolar, pois as questões ambientais estão presentes no cotidiano das pessoas, e

na escola, cabe ao professor a responsabilidade de levar os alunos a refletirem

sobre suas ações e as consequências que as mesmas vão gerar no futuro.

Assim, a referente pesquisa terá contribuição direta para os professores,

alunos e escola em geral. A partir do diagnóstico realizado será possível traçar

projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental, para a

referida escola e, posteriormente, para todo o município, visto que esses alunos

migrarão para as diversas escolas. Sendo assim, trará benefícios, porque

possibilitará a sensibilização de alunos e professores para o cuidado com o meio

ambiente em que estiverem inseridos, tornando-os multiplicadores de ações

concretas de preservação e amor à natureza e a todas as formas de vida.

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1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada em Tabatinga-Amazonas, com alunos do 9º ano da

Escola Municipal Jociêdes Andrade, localizada na Avenida da Amizade, Centro,

zona urbana do município.

A escola foco da pesquisa serve de referência para outras escolas municipais,

tem uma clientela heterogênea, com a maioria dos alunos sendo de classe baixa e

oriunda de todos os bairros da cidade. Atualmente atende uma demanda de 558

alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano e EJA diurno. Sendo três turmas de 9º

ano, (A, B e C), totalizando aproximadamente, 102 alunos, os quais estarão

migrando para o ensino médio nas escolas estaduais. E a maioria dos professores

que nela trabalham, também trabalham em outras escolas, municipais e/ou

estaduais.

Dessa forma, a perspectiva é que todos os envolvidos na pesquisa levem os

ensinamentos adquiridos para outros lugares que estejam inseridos, podendo ser

multiplicadores dos saberes ambientais.

1.6 ESCOPO DA DISSERTAÇÃO

No Capítulo 1 consta a Introdução e a Identificação e Justificativa do

Problema de Pesquisa; os Objetivos; a Contribuição e Relevância da Pesquisa; a

Delimitação da Pesquisa; e o Escopo da Dissertação.

O Capítulo 2 apresenta a Revisão Bibliográfica, tendo como subtemas: A

Educação Ambiental e o Ensino Fundamental; A Importância da Escola para a

Aprendizagem do Cuidado Com o Meio Ambiente na Formação Cidadã; e A

Educação Ambiental e a Importância da Sua Inserção no Currículo Escolar.

No Capítulo 3 encontrar-se a Metodologia com a Área de Estudo; População

Estudada; Amostragem; Coleta de Dados; e Questionários Aplicados na Pesquisa.

Faz parte do Capítulo 4 o Processo da Educação Ambiental; O Ensino-

Aprendizagem e o Meio Ambiente; e O Professor e Sua Prática Ambiental.

Já no Capítulo 5 consta a Aplicação do Estudo de Caso; O Perfil da Escola;

Aplicação da Metodologia; e Resultados e Discussões.

E no Capítulo 6 apresenta-se a Conclusão de toda a pesquisa realizada.

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CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ENSINO FUNDAMENTAL

Para compreendermos a amplitude e a importância da educação ambiental,

se faz necessário, primeiramente conceituá-la, a fim de percebê-la de forma mais

abrangente e contextual.

De acordo a I Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental –

Tbilisi, Geórgia, a educação ambiental foi definida como uma dimensão dada ao

conteúdo e à prática da educação, orientada para a solução dos problemas

concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma

participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.

Mas é do Ministério do Meio Ambiente que vem a definição oficial: ―Educação

ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam

consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,

experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente

– e resolver problemas ambientais presentes e futuros‖.

Gonçalves (1990), afirma que a educação ambiental é o processo de

reconhecer valores e aclarar conceitos para criar habilidades e atitudes necessárias

que sirvam para compreender e apreciar a relação mútua entre o homem, sua

cultura e seu meio circundante biofísico. Para ele, a educação ambiental também

inclui a prática de tomar decisões e auto formular um código de comportamento com

relação às questões que concernem à qualidade ambiental.

Aziz Ab‘Saber (1992), define a educação ambiental como um processo que

envolve um vigoroso esforço de recuperação da realidade e que garante um

compromisso com o futuro. Uma ação entre missionária utópica destinada a

reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais

alcançados. Segundo ele, trata-se de um novo ideário comportamental, tanto no

âmbito individual quanto coletivo.

De acordo com o conceito definido pela Comissão Interministerial na

preparação da ECO-92, a educação ambiental se caracteriza por incorporar as

dimensões socioeconômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em

pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios

de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim, a

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educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio

ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que

conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na

satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro. (IN LEÃO &

SILVA, 1995 apud ADAMS, 2005).

O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) define a educação

ambiental como um processo de formação e informação orientado para o

desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de

atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio

ambiental.

Segundo a Lei Federal nº 9.795, ―Educação ambiental é o processo por meio

do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade‖ (Art. 1º, Lei Federal nº 9.795, de 27/04/99).

Nas primeiras décadas que se falava em educação ambiental, relacionava-se,

prioritariamente, com a proteção e a conservação de espécies animais e vegetais,

assim estava muito próxima da ecologia biológica, sem que ela tivesse que se

preocupar com os problemas sociais e políticos que provocavam esta situação de

desaparecimento de espécies (REIGOTA, 2012, pg. 12).

Muitas pessoas acreditam que a educação ambiental limita-se em se

trabalhar somente assuntos relacionados à natureza, levando em consideração

unicamente os aspectos naturais, como por exemplo, o lixo descartado de forma

inadequada, as paisagens naturais que vem sendo modificadas pela ação antrópica,

os animais que estão extintos ou na linha de extinção, dentre outros. Por este

enfoque, assume um caráter exclusivamente naturalista. Mas atualmente, a

educação ambiental vem assumindo um caráter mais realista, embasado na busca

de um equilíbrio entre o homem e o ambiente em que vive, visando a construção de

um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso. Neste

contexto, torna-se ferramenta de educação para o Desenvolvimento Sustentável1,

1Desenvolvimento Sustentável ―... aquele que atende as necessidades do presente, sem

comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades‖.

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tendo em vista ser o próprio ―desenvolvimento‖ o causador de tantos danos

socioambientais.

No sentido contrário afirmamos que a educação ambiental não deve estar

relacionada apenas com os aspectos biológicos da vida, pois, não se trata apenas

de garantir a preservação de determinadas espécies animais e vegetais e dos

recursos naturais, embora sejam questões extremamente importantes e devem

receber muita atenção (REIGOTA, 2012).

O que vemos acontecer é a propagação dos problemas ambientais trazendo

inúmeras consequências, isso nos faz compreender as características, os limites e

as transformações da nossa realidade. Cada vez mais percebemos a complexidade

desse processo de modificação de uma sociedade ameaçada e diretamente afetada

pelos agravos socioambientais. Os riscos atuais apontam as consequências das

práticas de uma sociedade ameaçada.

A contemporaneidade vem sendo marcada por grandes transformações

sociais, econômicas, políticas e ambientais. No entanto, sabemos que essas

mudanças nem sempre são benéficas. Exemplo disso é a problemática que atinge

diretamente o meio ambiente, que está sendo cada vez mais poluído e devastado

por pessoas que vem demonstrando, através de suas ações, intenso descaso pela

natureza e consequentemente pela sua própria vida. O agir humano está levando à

inúmeros problemas ambientais como: extinção de espécies, desmatamento, uso

indevido de agrotóxicos, urbanização desenfreada, explosão demográfica, poluição

do ar e da água, contaminação de alimentos, erosão dos solos, diminuição das

terras agricultáveis pela construção de grandes barragens, poluição de forma geral,

efeito estufa, ameaça nuclear, guerra bacteriológica, corrida armamentista,

tecnologias que afirmam a concentração do poder, entre outras atrocidades da vida

moderna que tem comprometido a qualidade e a manutenção da vida das espécies.

Diante dessa realidade, é necessário procurar contribuir com um processo

educacional para que todos tenham ciência do valor do meio ambiente2 levando ao

conhecimento e desenvolvendo a compreensão para o amor e proteção à natureza3

2 Por meio ambiente entende-se não apenas o entorno físico, mas também os aspectos sociais,

culturais, econômicos e políticos inter-relacionados (BRASIL, 1998, p. 229).

3 A natureza é o conjunto de todas as coisas e seres do universo. Conjunto das coisas e dos seres do

mundo natural. (BECHARA, 2011, p. 853).

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e à vida. Isso envolve um conjunto de atores do universo educativo em todos os

níveis e em todas as áreas do conhecimento, potencializando o engajamento dos

diversos sistemas de conhecimento e a sua capacitação numa perspectiva

Interdisciplinar4 e Transdisciplinar5. Nesse sentido, a educação vem se mostrando

uma via em potencial durante um processo em que os sujeitos têm a possibilidade

de criar e recriar caminhos através de uma formação contextualizada sócio histórica

e culturalmente. Para tanto, o fazer pedagógico se impregna e acaba por se

identificar cada vez mais com a realidade dos educandos, ultrapassando os limites

das salas de aula em direção à significação, valorização e cuidado com a própria

vida.

Nesse sentido, Freire (1997, p. 34), nos diz que ―formar passa a ser muito

mais do que treinar o educando no desempenho de suas destrezas”. E para que isso

ocorra é preciso, primeiramente, transformar aspectos fundamentais da forma de

aprender, ensinar e pensar com vista na formação de mentalidades mais solidárias e

críticas, na perspectiva da formação cidadã, no seu sentido mais amplo, sendo a

escola, um valioso espaço de trabalho para a formação ambiental desses

importantes atores sociais.

A educação tem sido foco das discussões mundiais em vários eventos sobre

educação ambiental. Discute-se cada vez mais seu papel no desenvolvimento das

pessoas e das sociedades. De acordo documentos de órgãos internacionais, educar

o cidadão para o cuidado com o meio ambiente vem sendo prioridade para se

amenizar os problemas ambientais, de acordo os PCN‘s, (BRASIL, 1998):

Embora parte da humanidade esteja mais consciente das ameaças que pesam sobre o ambiente natural e da utilização irracional dos recursos naturais, que conduz a uma degradação acelerada do meio ambiente que atinge a todos, ainda não há meios eficientes para solucionar esses problemas; além disso, a crença de que o crescimento econômico pudesse beneficiar a todos e permitisse conciliar progresso material e equidade, o respeito da condição humana e o respeito à natureza, nem sempre exercido (pg. 17).

Daí a importância de se trabalhar desde as séries iniciais do ensino

fundamental, valores e atitudes de respeito à todas as formas de vida, dando

continuidade ao longo de toda escolarização.

4 Interdisciplinar é a colaboração e comunicação entre as disciplinas, guardadas as especificidades e

particularidades de cada uma (PETRAGLIA, 2011, pg. 83). 5 Transdisciplinar é o intercâmbio e a articulação entre as disciplinas (PETRAGLIA, 2011, pg. 83).

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O ensino fundamental compõe, juntamente com a educação infantil e o ensino

médio, o que a Lei Federal nº 9.394, de 1996 — nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional —, nomeia como educação básica e que tem por finalidade

―desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício

da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos

posteriores‖ (BRASIL, 1998, pg. 41).

Para Loureiro e Torres (2014, pg. 13), é importante que se dê ênfase ao

desenvolvimento de uma educação escolar com vistas a formar sujeitos críticos e

aptos a transformar sua realidade social. E esta educação deve ser

problematizadora, contextualizada e interdisciplinar, tendo em vista a construção de

conhecimentos, atitudes, comportamentos e valores pelos sujeitos escolares,

estando evidentes em documentos oficiais como a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação (LDBEN) (BRASIL, 1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)

(BRASIL, 1997; 1998; 2000) e o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL,

2001).

Assim, os PCN‘s apontam como objetivos para os alunos do Ensino

Fundamental:

Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. (BRASIL, 1998, pg. 55).

Percebe-se que a formação cidadã é o que se buscará para os alunos nesse

nível de ensino, visto que ao finalizar esta etapa da sua escolarização, deverão ser

capazes de lutar pelos seus direitos e cumprir com seus deveres na busca de

soluções para os problemas que se apresentarem.

Reigota (2012, pg. 13) afirma que:

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Há que se pensar as nossas relações cotidianas com os outros seres humanos e espécies animais e vegetais e procurar alterá-las (nos casos negativos) ou ampliá-las (nos casos positivos) numa perspectiva que garanta a possibilidade de se viver dignamente é um processo pedagógico e político) fundamental e que caracteriza essa perspectiva de educação.

Dessa forma, levará os alunos a reflexão e à participação na busca de

solução para os problemas ambientais, levando-os ainda, à mudança de

comportamento.

Assim, a educação ambiental, de acordo Reigota (2012), deve ser entendida

como educação política, pois ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir e

construir uma sociedade com justiça social, cidadania nacional e planetária,

autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A APRENDIZAGEM DO CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE NA FORMAÇÃO CIDADÃ

A educação ambiental sustenta uma recente discussão sobre as questões

ambientais e transformações de conhecimentos, valores e atitudes que devem ser

seguidos diante da nova realidade a ser construída, constituindo uma importante

dimensão que necessita ser incluída no processo educacional. Nesse sentido, pode

ser utilizada para brotar nos indivíduos a iniciativa de buscar opções para modelos

sustentáveis de produção, que minimizem a destruição da floresta, a super

exploração das espécies e os efeitos adversos do aquecimento global (BRANDÃO e

CARRERO, 2011).

Assim, trabalhar com o tema Meio Ambiente na escola é uma forma de

colaborar na formação de cidadãos conscientes, capazes de tomar decisões e de

atuar na sua realidade socioambiental de um jeito comprometido com a vida, com o

bem-estar de cada um e da sociedade local e global (BRASIL, 1997).

É consenso na comunidade internacional que a educação ambiental deve

estar presente em todos os espaços que educam o cidadão e a cidadã. Assim, ela

pode ser realizada nas escolas, nos parques e reservas ecológicas, na associação

de bairro, nos sindicatos, nas universidades, nos meios de comunicação de massa,

etc. (REIGOTA, 2012, pg. 39).

Nesse contexto, compreendemos que a escola é um local privilegiado de

aquisição de informações variadas, de construção e produção de conhecimentos, de

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desenvolvimento da criatividade e de possibilidades de aprendizagens diversas,

onde os professores devem trabalhar na perspectiva de visões cotidianas,

exercendo um papel muito importante no processo de construção de conhecimentos

dos alunos, na modificação dos valores e condutas ambientais, de forma

contextualizada, crítica e responsável (REIGOTA, 1998, p. 69).

A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu

processo de socialização, visto que o que nela se faz, se fala e se valoriza, serve de

exemplo para aquilo que a sociedade deseja e aprova. Além disso, a escola precisa

zelar pelos conhecimentos que visa construir, pois estes precisam ser trabalhados

de forma contextualizada e integral na realidade do meio em que vivem os alunos.

Para a construção desses conhecimentos na escola, Piaget (1978), citado nos

PCN‘s (BRASIL, 1998) através da epistemologia genética, oferece importantes

informações quando coloca a aquisição dos conceitos dos mais simples aos mais

complexos pelas crianças e jovens.

Brasil (1988) assegura que:

O verdadeiro desafio da escola passa a ser o de criar formas para desde a infância e juventude, educar o ser humano capaz de perceber e analisar de forma crítica o mundo diversificado e complexo em que vive, trata-se de ensinar a perceber e internalizar a complexidade, diversidade e potencialidades do ambiente, face à fragmentação da realidade posta a serviço da exploração da natureza e da dominação do homem.

E assim, se impõe a necessidade de se pensar a educação numa perspectiva

―complexa‖, capaz de se compreender e viver a solidariedade em diversas

dimensões e sob os mais variados e múltiplos aspectos também dentro da escola,

partindo-se da ideia do processo auto-eco-organizador que todo sujeito desenvolve

(PETRAGLIA, 2011, pg. 78).

A grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente escolar saudável e

coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos apreendam, para que possa,

de fato, contribuir para a formação da identidade como cidadãos conscientes de

suas responsabilidades com o meio ambiente, e capazes de atitudes de proteção e

melhoria em relação a ele (BRASIL, 1988).

Ao considerar a importância do meio ambiente e das temáticas ambientais, e

a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios

eficazes para que seus alunos compreendam a fundo os fenômenos naturais, as

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ações antrópicas e suas verdadeiras consequências para todas as formas de vida e

para o ambiente em que vivem, sendo de fundamental importância que cada aluno

desenvolva as suas potencialidades e dessa forma, adote posturas individuais e

comportamentos sociais construtivos, contribuindo para a construção de uma

sociedade justa em um ambiente apropriado e saudável.

É preciso incentivar na escola o desencadeamento de reflexões sobre as

questões ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas,

como questões sócio-políticas.

Reigota (2012, pg. 13) nos diz que:

Quando afirmamos e definimos a educação ambiental como educação política, estamos afirmando que o que deve ser considerado prioritariamente é a análise das relações políticas, econômicas, sociais e culturais entre a humanidade e a natureza e as relações entre os seres humanos, visando a superação dos mecanismos de controle e de dominação que impedem a participação livre, consciente e democrática de todos. A educação ambiental está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos e das cidadãs na busca de soluções e alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem comum.

E é nessa busca de soluções para os problemas ambientais que os alunos

podem exercer a sua cidadania de forma efetiva visando a melhoria das condições

de vida de todos em um ambiente limpo e saudável.

Por diferenciar-se da educação tradicional, estruturada disciplinarmente,

apresentando-se como saber transversal, a educação ambiental inova, porém, arca

com as dificuldades de sua assimilação pela educação formal (CARVALHO, 1998).

Entretanto, o desenvolvimento de projetos que visam à conscientização da

preservação ambiental pode representar possibilidades de aprendizagem para a

escola como um todo, especialmente, para se trabalhar numa perspectiva

interdisciplinar.

Dessa forma, a problemática ambiental pode traçar um novo caminho para a

educação, pois não se trata só de transmitir conteúdos, conceitos, como ocorre na

escola, no ensino tradicional, mas sim aprender a olhar e a ler a natureza,

entendendo a ciência como criatividade e atividade que permite integrar a arte e os

diferentes conhecimentos, abandonando o paradigma racionalista de ciência e de

exploração dos recursos naturais.

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Há cada vez mais uma grande necessidade de se enfatizar a educação

ambiental na escola centralizada na conscientização e sensibilização dos indivíduos,

recuperando o conceito de educação integral e de uma pedagogia democrática,

ética e solidária, atualizada com os subsídios ecológicos. Entendemos que a

educação ambiental na escola deve trabalhar primordialmente com a integridade

humana. O simples fato de o ser humano aprender a economizar, a reciclar, a

compartilhar, a preservar e aceitar diferenças pode representar a revolução no corpo

do sistema social. Nós somos todos professores e alunos diante da tarefa de

reaprender estes valores, com um sabor existencial profundo que une a natureza e a

cultura (GADOTTI, 2000).

Diante dos sujeitos que têm que aprender e, através do aprender, se

constituem como sujeitos, esse valioso objeto de estudo da educação ambiental,

passa por um processo de apropriação da realidade para modificá-la.

Para Pinel apud Fernandez (1990, p. 55), ―sentimentos, emoções, desejos,

raciocínios, etc., ficam mais revelados e as tonalidades me provocam e me evocam,

lembrando que tenho com urgência de (re) significar minha vida vivida, minha

profissão, meu ser mesmo no mundo...‖.

Nesse contexto, professores e escola estão fatidicamente ligados a um

contexto histórico, econômico e social, bastante favoráveis ao enfraquecimento da

emoção do ensinar e do aprender. O desejo de ser professor parece esvair nesses

profissionais com o tempo, precisando, portanto, ser estimulado. O trabalho da

educação ambiental é fazê-los refletir criticamente e religar o pensamento com o

desejo de querer mudar a realidade. Estes tornam fundamental para o sujeito se

tornar autor de seu pensar e, perceber-se como sujeito desejante e pensante. Dessa

forma este profissional poderá ajudar a mudar o destino da humanidade.

Não é nada novo encontrar nos discursos pedagógicos atuais, sérias críticas

ao papel da escola e do professor no âmbito da comunidade. Estes discursos

estabelecem, nos diferentes níveis, a forte desvinculação da escola com a realidade

econômica, social, política e cultural na qual está inserida, o que pode ser chamado

de descontextualização do fazer escolar.

Este panorama, ainda que desolador é justo. Existem situações nas quais a

escola ignora a realidade da qual faz parte, como exemplo, uma criança que vive em

uma zona de alta contaminação, ensina-se em aula as definições gerais de

contaminação, obrigando-a a repeti-las e memorizá-las sem nenhuma

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contextualização, somente para obter nota e passar de ano, esquecendo-se com

isso que ela faz parte de uma comunidade que sofre o problema, negando-lhe,

assim, a possibilidade de influir e contribuir para a transformação do meio em que

vive.

A vinculação da escola à comunidade é importante porque a partir desta

relação são gerados processos de transformação que incidem no desenvolvimento

individual e comunitário. Este desenvolvimento deve partir do conhecimento do meio

e do manejo do mesmo, dentro de critérios que permitam a interação dinâmica de

acordo com as necessidades atuais, como meio de construir projetos orientados à

melhoria da qualidade de vida. Estes projetos não podem ser construídos fora de um

processo formativo, o qual deve estar intimamente relacionado com a família, com a

escola e com todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, fazem parte da

comunidade. A formação na escola deve servir para preparar permanentemente o

indivíduo para a vida.

Para Silveira e Baldin (2016), a escola tem um importante papel social, pois

trabalha com conhecimentos e valores fundamentais para o indivíduo e para o

coletivo. É no ambiente escolar que os docentes reforçam os hábitos promotores de

saúde e cuidados com o meio ambiente.

Neste processo, deve ficar claro para que, como e porque se forma um

indivíduo; partindo do conhecimento do que quer (quais os valores e interesses), o

que pode (quais as capacidades), o que deve fazer (quais as responsabilidades), e

tomando como referências sua problemática particular, inserida na problemática

global (família, comunidade, região, país, planeta), resultado das relações que se

estabelecem entre as dinâmicas próprias dos componentes da sociedade e da

natureza. Esta problemática está intimamente relacionada com a transformação do

ambiente e a chamada problemática ambiental.

A educação ambiental é importante na formação do indivíduo porque abre

uma perspectiva vital através do manejo das atividades variáveis da dinâmica da

vida, além de conseguir colocá-la como um ser natural e, por sua vez, também como

um ser social. Esta dupla visão é a que vai permitir ao indivíduo ser consciente de

sua realidade e dinamizar os processos de mudanças, buscando sempre o equilíbrio

do manejo do seu entorno.

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Vale à pena perguntar que tipo de escola se requer e qual a concepção de

apropriação do conhecimento que deve estar implícita nela, para assim conseguir

vincular o indivíduo à sua realidade de maneira eficaz.

Com certeza, não pode ser a escola tradicional, que, como o exemplo

mencionado anteriormente, é voltada para a memorização, a repetição e pouco

reflexiva, produto do paradigma instrucional que por muito tempo vem

acompanhando-a, cuja base era uma relação de ensino-aprendizagem e onde o

professor é o que ensina e o aluno o que aprende.

A escola que se quer é aquela que permite a participação ativa do aluno em

primeira instância, e depois, de toda a comunidade na construção do conhecimento,

buscando encontrar alternativas de solução para sua problemática ambiental

particular. Uma escola em que os critérios de integração e interdisciplina se façam

realidade, a partir de projetos participativos que permitam desenvolver nos

indivíduos não somente conhecimentos, mas ao redor deles, valores e atitudes que

incidam na construção de uma concepção de manejo do ambiente. Esta concepção

deve estar de acordo com o desenvolvimento próprio da comunidade e da sociedade

da qual fazem parte como agentes de mudanças e multiplicadores conscientes de

seu papel transformador. Deve ser uma escola cuja atividade tenha claros

referenciais nos contextos naturais, culturais, sociais, econômicos e políticos, para

que participe de maneira consciente no diálogo permanente com todos que estejam

engajados na solução dos problemas.

Para esse tipo de escola se requer, então, um professor com um alto

componente investigativo em sua formação, que seja um guia, orientador,

dinamizador dos projetos e que tenha clareza de seu papel como vínculo importante

entre os diversos setores que integram sua comunidade. Um professor reflexivo no

seu fazer, com muito mais perguntas que respostas, que busque o fortalecimento

dos processos mediante a participação para incidir ativamente na busca de

alternativas. Um professor com capacidade de se questionar permanentemente, de

buscar o diálogo para a argumentação de suas explicações, com possibilidade de se

espantar e se reconhecer como ente em constante transformação, com verdades

relativas e, como afirma Host (1992, p. 32): ―que tenha confiança em si mesmo e

sinta prazer por permanente atividade de descobrir‖.

Este tipo de escola obriga a discussão de um currículo flexível, do qual façam

parte, os saberes científicos, os saberes comuns e tradicionais. Que assuma os

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planos de estudos, não como sua meta última, mas como um instrumento importante

para a construção do conhecimento significativo, no qual as fronteiras disciplinares

não sejam obstáculos para o fazer do professor e não limitem seu papel com os

alunos e com sua comunidade, onde esta reflete a diversidade natural, social e

cultural. Um currículo ligado ao cotidiano dos alunos que propicie situações de

aprendizagem vinculadas à resolução dos problemas, isto é, ligadas à sua realidade,

que abertamente dê passos à construção do saber e, por fim, à construção de um

novo mundo.

2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA SUA INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR

Para entendermos sobre currículo, recorremos ao dicionário em busca do seu

conceito para um melhor entendimento a respeito do assunto proposto.

Bechara (2011, p. 473) dá sua definição dizendo que currículo ―é o conjunto

de disciplinas de um curso‖.

Saconni (2001, p. 278) define currículo como: ―conjunto de todas as matérias

de um curso escolar‖.

Segundo Goodson (1995) a palavra curriculum é de origem latina, oriunda da

palavra Scurrere (correr) que significa o curso, a rota, o caminho da vida ou das

atividades de uma pessoa ou grupo de pessoas. É definido como um percurso a ser

seguido, como conteúdo apresentado para estudo (GOODSON, 1996).

O currículo educacional representa a síntese dos conhecimentos e valores

que caracterizam um processo social expresso pelo trabalho pedagógico

desenvolvido nas escolas.

Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 1960,

ganhou força a percepção de que a humanidade estava caminhando

aceleradamente para o esgotamento de recursos indispensáveis à vida humana no

planeta Terra. Esta consciência mostra que os estilos atuais de desenvolvimento

necessitam de mudanças nos pensamentos e nas práticas.

De acordo Brasil (1997):

Conforme os efeitos negativos mais graves foram acontecendo em várias partes do planeta, desertificação, contaminação da água, crescente violência nos centros urbanos, daí então, surgiram os primeiros momentos e manifestações para refletirem sobre o perigo que a humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente.

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No Brasil, até a década de 1970 não existia educação ambiental formal. Sob

pressão da Conferência de Estocolmo6, realizada em 1972, e do Banco Mundial, a

Presidência da República se viu obrigada a tomar iniciativas para uma política de

gerenciamento ambiental, criando, assim, a Secretaria do Meio Ambiente - SEMA,

em 1973. Foi o marco inicial da educação ambiental brasileira, proporcionando

parceria entre instituições do meio ambiente e a Secretaria de Educação dos

Estados.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável - ECO 92 ou RIO 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, reuniu

chefes de Estados e de Governo, além de Organizações não Governamentais -

ONG‘s, com a finalidade de levar a humanidade a repensar seus hábitos de

consumo e de atitudes prejudiciais ao conjunto das formas de vida presentes no

planeta Terra.

Em 1996, o Ministério da Educação - MEC, incluiu temas ecológicos nos

currículos do ensino fundamental e médio e nos cursos superiores, através da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, determinando que a

educação ambiental deverá ser abordada em todos os conteúdos curriculares sem

constituir uma disciplina específica (BRASIL, 1996).

A política educacional brasileira, ao propor a reformulação dos currículos

através dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN‘s enfatizou a educação

ambiental, através dos Temas Transversais7, dedicando um fascículo a este

assunto, mostrando a importância dos vínculos entre a educação e a vida, bem

como a evolução da degradação do meio ambiente:

De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas, onde moravam algumas famílias, [...] agora moram milhões, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. [...]. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. E a riqueza gerada num modelo econômico que propicia a concentração de renda, não impede o crescimento da miséria e da fome (BRASIL, 1997, p.19-20).

6

A Conferência de Estocolmo enfatizou a urgência de se educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais e recomendou a criação do Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente e Desenvolvimento (PNUMA), concretizado no ano seguinte.

7 Temas Transversais que compõem os PCN‘s: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural,

Orientação Sexual e Trabalho e Consumo. Esses Temas constituem peças fundamentais para a percepção da problemática ambiental contemporânea e, portanto, para o tratamento da questão ambiental.

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A problemática ambiental do Brasil está marcada, portanto, por um modelo de

desenvolvimento econômico e social insustentável, em que os mais ricos detêm a

maioria dos recursos disponíveis, havendo, assim, a exploração dos menos

favorecidos e dos recursos que a própria natureza oferece, tendo como

consequência uma degradação dos ecossistemas e uma perda da qualidade de vida

da população (BRASIL, 2001).

Por isso, o currículo deve contemplar conteúdos e estratégias de

aprendizagem que capacitem o aluno para a vida em sociedade; a atividade

produtiva e experiências subjetivas.

Nessa perspectiva, incorporam-se como diretrizes gerais e orientadoras da

proposta curricular, quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos

estruturais da educação na sociedade contemporânea:

1ª. Aprender a conhecer diz respeito à importância de uma educação geral,

suficientemente ampla. O aumento dos saberes que permitem compreender o

mundo favorece o desenvolvimento da curiosidade intelectual, estimula o senso

crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na

capacidade de discernir. Essa premissa garante o aprender a aprender e constitui o

passaporte para a educação permanente, na medida em que fornece as bases para

continuar aprendendo ao longo da vida.

2ª. Aprender a fazer se refere ao desenvolvimento de habilidades e o estímulo

ao surgimento de novas aptidões tornaram-se processos essenciais, na medida em

que criam as condições necessárias para o enfrentamento das novas situações que

se colocam.

3ª. Aprender a viver trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o

conhecimento do outro e a percepção das interdependências, de modo a permitir a

realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos conflitos inevitáveis.

4ª. Aprender a ser refere-se à educação que deve estar comprometida com o

desenvolvimento total da pessoa. Supõe a preparação do indivíduo para elaborar

pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor,

de modo a poder decidir por si mesmo, frente a diferentes circunstâncias da vida.

Aprender a viver e aprender a ser decorrem, assim, das duas aprendizagens

anteriores – aprender a conhecer e aprender a fazer – e devem constituir ações

permanentes que visem à formação do educando como pessoa e como cidadão.

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Para que essas premissas sejam colocadas em prática, é necessário não só a

inclusão de temas pertinentes à educação ambiental nos currículos escolares, mas

também sua aplicação para o efetivo exercício, pois eles devem estar voltados para

a questão ambiental com o objetivo de formar cidadãos conscientes e responsáveis

pela transformação social e pela preservação e manutenção da vida na terra.

Sato (2003, p. 17) destaca nesse contexto:

A educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e planetário.

Toda a caracterização que se tem feito do sistema ambiental e da educação

ambiental permite compreender porque esta não pode se introduzir no sistema

escolar como uma disciplina específica, nem tampouco como um tema

complementar dentro dos programas das diversas áreas que hoje integram os

planos de estudo que fazem parte do currículo escolar.

Incluir a dimensão ambiental na escola implica permear todas as áreas do

conhecimento, todas as atividades escolares e comprometer todos os setores que

compõem a estrutura escolar com um novo projeto de escola.

Sato (2003, p. 24) oferece suas considerações a esse respeito:

O ambiente não pode ser considerado um objeto de cada disciplina, isolado de outros fatores. Ele deve ser abordado como uma dimensão que sustenta todas as atividades e impulsiona os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos. A educação ambiental tem sido identificada como transdisciplinar, isto é, deve permear todas as disciplinas do currículo escolar.

Implica também, abrir as portas da escola para conhecer a problemática da

comunidade e estabelecer uma parte de comunicação entre os setores externos,

(instituições governamentais e não governamentais, organizações civis,

comunitárias e outras) à escola, que podem apresentar elementos para enriquecer a

compreensão da problemática ambiental do entorno. Pressupõe, ainda, elaborar

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propostas que a partir da competência particular da escola revertam em benefício da

comunidade.

Torna-se necessário então, recorrer às estratégias pedagógicas e didáticas

que permitam um desenvolvimento deste estilo na escola. Estratégias que podem

estar fundamentadas na análise dos problemas ambientais cotidianos, requerendo

para sua compreensão, vários especialistas, áreas do conhecimento, disciplinas e

saberes, pondo em jogo os diversos conteúdos e instrumentos metodológicos

necessários para sua compreensão.

Neste trabalho, como afirma Giordan (1992, p. 9), ―as disciplinas não podem

ser ensinadas por elas mesmas ou por seus objetivos próprios, senão por sua

participação em um projeto cultural‖. Aqui o currículo cobra uma importância

significativa para a educação ambiental aplicada, pois a seleção de conteúdos,

perspectivas, saberes e estratégias metodológicas permitem uma adequação à

problemática particular, fazendo com que o caráter flexível do currículo possa

transcender.

Os problemas ambientais trabalhados em diferentes níveis na escola devem

constituir o eixo central de projetos que busquem levar ao aluno, a compreensão dos

fenômenos estudados, vinculando, na análise dos mesmos, conhecimentos, atitudes

e valores que incidam na transformação da realidade sobre a qual atuam.

Estes projetos devem fortalecer o espírito investigativo dos alunos, permitirem

a mobilidade dos conhecimentos e a flexibilidade dos saberes, e também a

dinamização e enriquecimento do trabalho de aula, e em geral, de todas as

atividades da escola. Esta visão permite considerar o currículo mais como um

processo em permanente construção que como um produto totalmente terminado.

A educação ambiental deve ser aplicada e considerada como o processo que

permite ao indivíduo compreender as relações de interdependência com seu

entorno, a partir do conhecimento reflexivo e crítico de sua realidade biofísica, social,

política, econômica e cultural, para que, a partir da apropriação da realidade

concreta, possam ser geradas atitudes de valorização e respeito por seu ambiente.

Estas atitudes, portanto, devem estar assentadas em critérios para a melhoria da

qualidade de vida e de uma concepção de Desenvolvimento Sustentável.

Para a ampliação e compreensão do conceito de Desenvolvimento

Sustentável, talvez seja interessante, como afirma Carrizosa (1992, p. 23), recorrer a

um documento da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) que,

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num esforço de definição conceitual, enfatiza que este deve se fundamentar em

princípios ecológicos, sociais, culturais e econômicos, colocando o conceito de

valores no mesmo nível que o de necessidades, o qual reveste a diversidade das

atividades humanas, possibilitando um esclarecimento dos marcos referenciais do

dito conceito para a educação ambiental.

Neste contexto, o problema ambiental é concebido como um problema social

que permite ver o tipo de organização particular da sociedade e a interação

permanente desta organização com seu entorno natural. Assim, as crises ambientais

estão diretamente relacionadas com os modelos atuais de desenvolvimento que

devem ser superados. As Concepções e orientações dos modelos de

desenvolvimento devem conduzir a reflexões, já que eles têm contribuído para a

degradação e deterioração da base natural e social do ambiente.

Com base nesse propósito, deve-se aplicar e trabalhar a educação ambiental

a partir de uma perspectiva que permita contribuir para repensar a sociedade em

seu conjunto. Não se trata simplesmente de conservar e proteger a natureza no

contexto dos atuais modelos de desenvolvimento, mas, de construir novas

realidades e novos estilos de desenvolvimento que permitam a manifestação da

diversidade cultural e natural, e o desenvolvimento de potencialidades individuais e

coletivas. Dessa forma, a educação ambiental deve fazer parte do projeto de

transformação do sistema educativo, da reformulação do fazer pedagógico e

didático, da elaboração de modelos para a construção do conhecimento e da

formação em atitudes e valores de acordo com as necessidades dos indivíduos e da

coletividade.

A educação ambiental vista assim, obriga a fortalecer uma visão integradora

para a compreensão da problemática ambiental, já que ela não é somente o

resultado da dinâmica do sistema natural, mas o resultado das interações entre as

dinâmicas dos sistemas naturais e sociais. É por isso que, conscientizar sobre um

problema ambiental requer o diálogo permanente entre todas as especialidades,

todas as perspectivas, todos os pontos de vista e todos os saberes. Portanto, é

nesse diálogo, que se dinamizam diversas aproximações que conduzem a

compreender a problemática ambiental como global e sistêmica. Dentro dessa

conjuntura, é necessário que o currículo esteja voltado para a questão ambiental.

No entanto, é frequente a redução da educação ambiental ao

desenvolvimento de ações imediatistas, descontextualizadas, que não contemplam

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alguns dos princípios diretores nos Programas de educação ambiental constantes

nos marcos referenciais nacionais e internacionais (UNESCO, 1977, p. 27), quais

sejam: considerar o meio natural e artificial em sua totalidade; construir um processo

contínuo e permanente na escola e fora dela; assumir um enfoque interdisciplinar;

apoiar-se em uma participação ativa na preservação e resolução dos problemas

ambientais; estudar as principais questões ambientais do ponto de vista mundial,

atendendo às diferenças regionais; centrar-se em situações atuais e futuras;

considerar o desenvolvimento e crescimento numa perspectiva ambiental, e

cooperação local, nacional e internacional na resolução dos problemas ambientais.

Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e

contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a

perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do

mundo em que vive. Para isso, a educação ambiental deve ser abordada e aplicada

de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a

presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das

diversas disciplinas e das atividades escolares.

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CAPÍTULO III METODOLOGIA

A realização desse trabalho se deu no segundo trimestre de 2018 com os

alunos do 9º ano do ensino fundamental vespertino da Escola Municipal Jociêdes

Andrade, localizada na Av. da Amizade, s/n - Centro, a principal avenida da cidade,

na zona urbana do município de Tabatinga-Amazonas. A mencionada escola é uma

referência, pois além de estar localizada no centro da cidade, é a principal escola

municipal de ensino fundamental, tudo que nela acontece, se estende para as outras

escolas municipais. Sua clientela é heterogênea, com alunos de diferentes classes

sociais, sendo que a maioria é de classe baixa e oriunda de todos os bairros da

cidade, desde os mais próximos aos mais distantes, dos quais são transportados até

à escola por ônibus escolares oferecidos pela Prefeitura Municipal. Atualmente

atende uma demanda de 558 alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano e EJA

diurno. Sendo três turmas de 9º ano, (A, B e C), totalizando aproximadamente, 102

alunos, os quais estarão migrando para o ensino médio nas escolas estaduais, para

onde levarão todos os ensinamentos adquiridos, podendo ser multiplicadores dos

saberes ambientais.

A pesquisa deu-se por meio de uma Pesquisa-Ação baseada por Gil (2002),

descrevendo que em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação

por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a

ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os

procedimentos científicos.

Já Thiollent (2009), afirma que um dos pressupostos defendidos neste tipo de

pesquisa é que:

Esta trata-se de uma pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com uma resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (p.16).

O método utilizado para que a pesquisa pudesse alcançar os objetivos

propostos, foi o qualitativo.

De acordo Minayo (2010):

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Busca questões muito específicas e pormenorizadas preocupando-se com um nível da realidade que não pode ser mensurado e qualificado. Atua com base em significados, motivações, aspirações, crenças, valores, atitudes, e outras características subjetivas próprias do humano e do social que correspondem às relações, processos ou fenômenos e não podem ser reduzidas a variáveis numéricas.

Duarte [201-?], ressalta que a pesquisa qualitativa tem um caráter

exploratório, uma vez que estimula o entrevistado a pensar e a se expressar

livremente sobre o assunto em questão. Nesta, os dados, em vez de serem

tabulados, de forma a apresentar resultados precisos, são retratados por meio de

relatórios, levando-se em conta aspectos tidos como relevantes, como as opiniões e

comentários do público entrevistado.

Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram as entrevistas

semiestruturadas com a aplicação de questionários aos professores e alunos com

perguntas abertas e fechadas. Essa modalidade de pesquisa é utilizada para a

realização da Pesquisa-Ação. De acordo Buono (2014), para sua elaboração, deve

ser observado como um dos pré-requisitos a busca de dados no ambiente natural,

onde de fato acontecem. Demo (1995), a define como a atividade científica que

permite ao pesquisador descobrir a realidade. Já para Yin (2015, p. 131), uma das

fontes mais importantes de informação para o estudo de caso é a entrevista.

Foi utilizada ainda, a técnica da observação participante na escola a fim de

verificar como os professores trabalham a educação ambiental durante suas aulas,

abrindo assim a possibilidade de compreensão da postura dos sujeitos sociais no

processo de ensino/aprendizagem dessas temáticas, usando como referencial a

relação dialética entre o proposto na formação docente e o vivenciado por esses

respectivos atores sociais durante sua atuação, o que possibilitou analisar a

proposta formacional e o ensino da educação ambiental adotado na escola em que

trabalham.

A observação como método de obtenção de dados reporta-se à nossa

capacidade de registro do visto e vivido por sujeitos da pesquisa, por nós mesmos e

pelas interações ocorridas entre nós (pesquisadores) e os sujeitos da pesquisa

(participantes). A observação se orienta pela nossa sensibilidade e habilidade de

―escutar‖ e ―descrever‖ o contexto, costumes, práticas, linguagens, diálogos,

símbolos, e tudo o que está envolvido com a pesquisa (MARTINS, 2013, pg. 30).

Martins considera ainda que a entrevista e a observação são formas de

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obtenção de dados primários da realidade, ou seja, são dados obtidos diretamente

nas fontes de informação que serão úteis para análise, compreensão e interpretação

da realidade estudada (2013).

Sendo assim, essas técnicas foram de fundamental importância para a

obtenção do resultado qualitativo da pesquisa.

A partir da concepção dos envolvidos na pesquisa e das ações realizadas

pelos mesmos na escola, foram propostas palestras, a fim de sensibilizá-los da

importância dos saberes ambientais através do diálogo e discussões levantadas.

Posteriormente foram orientados a ações através de saídas de campo a dois

pontos da cidade: o lixão e a orla do porto de Tabatinga, lugares onde há o acúmulo

de lixo que prejudica diretamente os mananciais hídricos da cidade.

E ainda houve a realização de oficinas de reciclagem, com o objetivo de

propor um destino adequado para os vários tipos de lixo descartados no meio

ambiente.

Vale ressaltar o comprometimento em manter o sigilo absoluto e guardar as

informações em local seguro, preservando o direito de expressão e privacidade dos

sujeitos da pesquisa, sendo os dados a serem publicados tratados coletivamente e

anonimamente.

3.1 ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo faz parte da Região Norte do país, a oeste do Estado do

Amazonas, pertence à Mesorregião do Sudoeste Amazonense e Microrregião do

Alto Solimões (Figura 1). Está nas coordenadas geográficas de 04º 15‘ 09‖ S 69º 56‘

17‖ O.

Figura 1 - Localização do município de Tabatinga no Amazonas

Fonte: Googleweblight.com, (2018)

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Limita-se com os municípios de Letícia (Colômbia), Santo Antônio do Içá, São

Paulo de Olivença, Benjamin Constant e Atalaia do Norte (Figura 2). Distante da

Capital, Manaus, a 1.105 Km. Abrange um território de 3.225,064 km2, com uma

população estimada de 63.635 habitantes, de acordo com estimativas do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.

Figura 2 - Município de Tabatinga no Amazonas e seus limites

Fonte: Googleweblight.com, (2018)

Como observado na Figura 3, Tabatinga é um município brasileiro do interior

do estado localizado na Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru.

Figura 3 – Localização da Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru

Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)

O município de Tabatinga possui muitos problemas ambientais, sendo o

descarte do lixo uma das principais preocupações.

Assim, como uma das etapas do plano de ação, foram escolhidos dois locais

para visitação na saída de campo: o Lixão e a Orla do Porto da cidade, com a

parceria das Secretarias de Educação e de Meio Ambiente do município, a fim de

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sensibilizar os alunos acerca da problemática causada pelo descarte incorreto do

lixo.

O Lixão da cidade é a céu aberto, sendo uma das grandes preocupações dos

administradores, pois além de estar contaminando o ar, o solo e o lençol freático, é

um risco para a aviação por estar localizado a, mais ou menos, 9 km do aeroporto

(Figura 4). Devido à proliferação de urubus, a Agência Nacional de Aviação Civil

(ANAC) já ameaçou fechá-lo por causa dessa distância, pois a resolução do

Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) não permite que o aeroporto fique

próximo de lixões e aterros sanitários.

Figura 4 - Distância entre o Lixão Municipal e o Aeroporto de Tabatinga

Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)

Além disso, famílias de catadores trabalham nesse local inóspito (Figura 5),

de onde retiram materiais para vender e até alimentos para sua sobrevivência.

Figura 5 - Catadores no Lixão de Tabatinga

Por falta de um terreno para a instalação de um aterro sanitário, o Lixão

Municipal, está localizado na área do Instituto Nacional de Colonização e Reforma

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Agrária (INCRA), na Perimetral Norte II, no terreno onde funcionava o Terceiro Ciclo,

local administrado pela Secretaria de Produção Rural e Abastecimento (SEPRA).

Nesse terreno havia uma horta, de onde se retiravam hortaliças e mudas de

hortaliças para serem doadas para as escolas municipais e estaduais, e para os

agricultores rurais da região, além da criação de alevinos em açudes, que eram

doados para os agricultores que tem açudes em seus terrenos.

A Orla do Porto (Figura 6) poderia ser um cartão postal, mas está sendo

tomada pelo lixo descartado na cidade, que vai parar nos igarapés e

consequentemente corre para o Rio Solimões, principal fonte de abastecimento de

água da cidade, que é captada na Estação de Tratamento de Água que fica bem

próxima a essa orla.

Figura 6 – Localização da Orla do Porto e Estação de Tratamento de Água

Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)

Além disso, o lixo ainda é descartado no próprio local pelos vendedores,

canoeiros, catraieiros, passageiros das embarcações e outros que ali transitam

diariamente (Figura 7), e quando ocorre o período de vazante do rio, a visão que se

tem é de um tapete de lixo.

Figura 7 - Canoeiros na Orla do Porto de Tabatinga

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A Escola Municipal Jociêdes Andrade, alvo da pesquisa, está localizada na

Avenida da Amizade, s/n, Centro (Figura 8), principal avenida da cidade, sendo

referência para todas as outras escolas municipais.

Figura 8 – Localização da Escola Municipal Jociêdes Andrade

Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)

Atualmente atende alunos no turno matutino, do 1° ao 5° ano, no turno

vespertino; e noturno do 6° ao 9° ano; além da EJA diurno e noturno. Seus alunos

são brasileiros, colombianos e peruanos de várias etnias: cabocla, ticuna, entre

outras. Isso ocorre com a vinda de estudantes das pequenas cidades que fazem

fronteira com o município de Tabatinga, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru, e de

comunidades indígenas, os quais vêm melhorar o seu aprendizado na língua

portuguesa. Estes migrarão para o ensino médio em escolas estaduais do município,

para onde levarão todos os conhecimentos adquiridos e farão o papel de

multiplicadores das práticas de cuidado com o meio ambiente, exercendo dessa

forma sua cidadania.

3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA

Primeiramente foi realizada uma visita à escola e uma abordagem com o

gestor a fim de verificar a possibilidade da realização da pesquisa. Posteriormente

foi solicitada a autorização junto ao Secretário Municipal de Educação, e na

sequência, o agendamento das visitas através de um cronograma pré-estabelecido.

Foi feito o reconhecimento junto ao coordenador pedagógico da escola, dos

professores e das turmas do ensino fundamental, a fim de iniciar a pesquisa com a

determinação dos sujeitos pesquisados (alunos e professores do 9º ano do ensino

fundamental), considerando que as três turmas dessa série, do turno vespertino,

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totalizam 102 alunos e 13 professores. Foi solicitado ainda o apoio da Universidade

do Estado do Amazonas e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A coleta de

dados se deu com esse número de sujeitos no momento da aplicação dos

questionários e que participaram da aula de campo. Como critério de inclusão foram

selecionados professores das três turmas de 9º ano, e foram contactados os alunos

dessas turmas. Para expressar a inclusão foi utilizado o TCLE e o TCLA assinados

pelos sujeitos (Apêndices D e E). E para o critério de exclusão levou-se em

consideração professores e alunos que não aceitaram participar da pesquisa ou

durante o seu processo sentiram-se em algum momento desconfortáveis, não

aceitando ou desistindo de participar a qualquer momento. A pesquisa deu-se como

encerrada após a concretização da última etapa metodológica prevista em

cronograma, que se refere à realização de oficinas de reciclagem, com o devido

feedback repassado aos alunos e professores envolvidos no processo.

3.3 AMOSTRAGEM

A composição da amostragem foi baseada em Métodos Qualitativos, através

da Amostragem por Acaso Único, onde cada membro é único. Através de Métodos

Não Probabilísticos, onde a seleção da amostra depende do julgamento do

pesquisador. Assim, a amostragem foi por Escolha Racional, é quando o

pesquisador busca na população uma parte dela que interessa, ou seja, os

participantes são escolhidos por terem uma ou mais características específicas. Foi

o caso da presente pesquisa, onde os alunos foram escolhidos por fazerem parte

das três turmas de 9º ano do ensino fundamental, concluindo esse nível de ensino e

avançando para o ensino médio em outras escolas para onde levarão os

conhecimentos adquiridos.

3.4 COLETA DE DADOS

A metodologia utilizada nessa pesquisa é a qualitativa, que de acordo Duarte

[201-?], tem um caráter exploratório, uma vez que estimula o entrevistado a pensar e

a se expressar livremente sobre o assunto em questão. Nesta, os dados, em vez de

serem tabulados, de forma a apresentar resultados precisos, são retratados por

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meio de relatórios, levando-se em conta aspectos tidos como relevantes, como as

opiniões e comentários do público entrevistado, com observações e entrevistas

realizadas durante o processo de coleta de dados, análise e interpretação dos

dados, onde foram adotados sete passos:

a) Os dados foram organizados e preparados para análise, ou seja, foram

elaborados questionários, com questões abertas e fechadas relacionadas

às práticas dos professores na escola e a concepção destes e dos alunos a

respeito da educação ambiental.

b) Posteriormente os questionários foram distribuídos para os professores que

estavam na sala dos professores; e para os professores e alunos presentes

em sala de aula (Figura 9), para que todos respondessem de forma livre e

espontânea.

Figura 9 - Momento de aplicação dos questionários

c) Posteriormente, foi realizado o processo de codificação, análise de dados,

separando-os por respostas semelhantes a cada quesito respondido;

d) Avaliação das respostas dadas e sua correlação com os conhecimentos

ambientais pertinentes;

e) Representação destes na narrativa qualitativa.

f) Realização de práticas pedagógicas (Palestras, Aula de Campo, Oficinas e

Gincana Ambiental).

g) Finalizando com a interpretação dos significados dos dados obtidos,

avaliando como a educação ambiental vem acontecendo no 9º ano do

ensino fundamental da escola pesquisada.

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3.5 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NA PESQUISA

Foram utilizados questionários com perguntas abertas e fechadas, aplicados

a professores (Apêndice A) e alunos (Apêndice B) do 9º ano do ensino fundamental

da Escola Municipal Jociêdes Andrade.

Para os professores foram elaboradas dezesseis perguntas, visando saber

qual sua formação e tempo de atuação na docência, o que eles entendem e como

eles vêm trabalhando a educação ambiental durante suas aulas, além das

dificuldades encontradas para a realização desse trabalho.

Já para os alunos foram elaboradas onze perguntas com a finalidade de

saber que concepções eles têm a respeito da educação ambiental e do meio

ambiente, como estes se informam sobre estas temáticas e o que poderiam fazer

para melhorar o meio ambiente em que vivem.

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CAPÍTULO IV O PROCESSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

4.1 O ENSINO-APRENDIZAGEM E O MEIO AMBIENTE

No decurso da história, o ser humano tem enfrentado sua problemática

assumindo diferentes posições, sustentadas em processos em que a experiência

tem sido basal. A experiência é entendida como o contato que o homem coloca com

os fatos e fenômenos que lhe interessam e que fazem parte do universo de suas

ansiedades.

Os questionamentos de causa e fim têm estado presentes nos processos de

compreensão do mundo, gerando espaços de conflitos e de debates. Para encontrar

respostas para as suas preocupações, o ser humano tem andado por caminhos de

erros e acertos. Assim se tornou criativo e contribuiu para transformar sua realidade.

É desta maneira que tem construído os conhecimentos e sua própria cultura,

desenvolvendo a ciência, a técnica e a tecnologia como elementos importantes na

evolução social. Esta dinâmica não deve ser alheia aos processos educativos

formais, ela garante ao indivíduo a apreensão de sua realidade e pode ser vista

como a argumentação fundamental para uma opção conceitual e metodológica

viável para os propósitos da educação ambiental.

No primeiro momento o indivíduo constrói seu perfil da realidade com base

nas explicações prévias que têm sobre uma problemática específica e que provém

do universo educativo no qual está inserido. Dos saberes que lhe são úteis para

suas próprias interpretações de mundo. Contudo são factíveis de evolução quando

ele os contrasta com outras explicações, em diversas situações e em diferentes

cenários.

Na sequência, o indivíduo sai da comparação com seu próprio modelo, com

suas próprias teorias e suposições para entrar em comparação com outros,

reafirmando alguns dados e desprezando os que no processo perdem validez,

dando lugar a explicações mais sólidas, produto do manejo do conflito e do debate.

Habermas (1986) desenvolve esse aspecto em sua proposta a propósito da

interação comunicativa.

Para finalizar, o indivíduo confronta novas explicações com o meio, buscando

evidências para seus argumentos, enriquecendo-os. Esta atividade chama à ação e

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ao compromisso, visto que em todo o processo está presente a inter-relação com

outros para a mudança de situações, de problemas e de fenômenos. Assim, o

compromisso não é apenas individual, faz-se coletivo.

Santos e Medina (2000), desenvolveram o método PROPACC (Proposta de

Participação-Ação para a construção do conhecimento) com três períodos que

constituem a base conceitual na formação de recursos humanos para a educação

ambiental:

Construção

Reflexão

Reconstrução

Construção do conhecimento (PROPACC)

Mas esses momentos não podem ser vistos separadamente dos processos

de construção do conhecimento, tampouco se dão unicamente de maneira

sequencial, são interativos e dependem da possibilidade de evolução. Daí procede

as representações que os sujeitos têm de sua realidade e da energia de suas

explicações para a interpretação de diversos fenômenos. Estas explicações que

estão intimamente relacionadas com a funcionalidade e a utilidade na sua satisfação

para a resolução de problemas cotidianos.

Da mesma forma, a possibilidade de evolução dos conhecimentos depende

dos obstáculos epistemológicos (BACHELARD, 1987) presentes nas explicações de

suas origens, animismo, antropocentrismo, egocentrismo, generalismo, e outros, da

força que têm no interior dos sistemas explicativos e da força que eles tenham nas

representações mencionadas.

Assim, vê-se uma compreensão distinta do que é o aprender e o ensinar. O

aprender não é memorizar, e sim selecionar os elementos solicitados para a

construção de uma própria explicação. Esta percepção deve permitir ao indivíduo ter

olhos próprios frente à realidade. O ensinar não é transmitir, mas transformar; é

expor um modelo explicativo que corresponda a uma maneira particular de ver a

realidade e que pode apontar elementos enriquecedores a outro para transformá-lo

ou argumentá-lo, na medida em que permite a troca, sendo fundamental que o

indivíduo possa ter acesso aos modelos explicativos sob diversos aspectos, para

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que possa enriquecer sua própria explicação, garantindo a qualidade do processo de

construção do conhecimento coletivo.

Ensinar e Aprender são processos pelos quais se faz um lugar comum das

formas de ver o mundo, buscando pontos de vista gerais sem perder os próprios,

são processos formativos verdadeiros que admitem uma interação permanente do

indivíduo com a realidade e obriga a inclusão da dimensão ambiental e do

conhecimento real das dinâmicas culturais, sociais e naturais. Esta concepção

apresentada permite encontrar alternativas metodológicas para a educação

ambiental com vistas a vincular a escola à comunidade.

Nos últimos anos a questão ambiental vem sendo muito debatida, o que fez

com que o meio ambiente começasse a ser considerado nas diferentes áreas do

conhecimento e se discutisse sua influência no desenvolvimento da vida no planeta.

Dessa forma podemos dizer que o meio ambiente está relacionado a todas as áreas,

de forma direta ou indireta, sendo causa ou efeito de inúmeras modificações globais.

A degradação ambiental está diretamente ligada com a nossa saúde, por

exemplo, temos o tráfico de animais silvestres, que pode espalhar doenças como a

gripe aviária. Quando um animal é retirado ilegalmente da natureza, sem passar por

nenhum controle sanitário, pode trazer alguns vírus que provocam problemas sérios

de saúde pública.

A destruição da floresta é responsável pelo aparecimento de várias doenças.

No momento em que o equilíbrio biológico é afetado, predadores e presas tendem a

mudar seu habitat, migrando para áreas urbanas. É o caso da febre maculosa que é

transmitida pelo carrapato estrela, que tem como hospedeiro a capivara e que vem

tornando-se cada vez mais comum nas proximidades dos centros urbanos.

Por isso a educação ambiental deve buscar valores que conduzam a uma

convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o

planeta, auxiliando o aluno a analisar criticamente o princípio antropocêntrico que

tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies.

É preciso considerar que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas

reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o

desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Todas as espécies

que existem no planeta merecem nosso respeito. A manutenção da biodiversidade é

fundamental para a nossa sobrevivência.

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É necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais,

considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, transporte e lazer,

além de áreas destinadas à produção de alimentos e proteção dos recursos

naturais.

Por isso é importante o trabalho da educação ambiental na formação cidadã,

pois de acordo Pontalti (2005) apud Almeida (2006, p. 14):

Educação ambiental é um processo participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania.

Considerando o aluno como sujeito, acreditando e investindo em ações que

possam maximizar suas potencialidades, estes têm grandes chances de promover

transformações necessárias de forma crítica quando no exercício de sua cidadania.

4.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA AMBIENTAL

A função da educação e os desafios lançados ao educador crescem à medida

que a sociedade atual exige cada vez mais dos sujeitos. Gadotti (2005, p. 24),

filósofo da educação brasileira e herdeiro de Paulo Freire, num esforço em busca de

respostas para grandes questões da educação, diz que “educar é impregnar de

sentido a vida” e que o professor deve transformar o obrigatório em prazeroso,

selecionando criticamente o que devemos aprender.

Nesse sentido, utilizar o espaço e as possibilidades da escola para fomentar

nos alunos o desejo de buscar o sentido da vida e a percepção de que há outras

possibilidades para o mundo, além daquelas que lhe são colocadas ou impostas, é

uma oportunidade que não se pode deixar passar despercebida, ao contrário deve

ser cada vez mais aproveitada.

Para Freire (1997, p.33), ―não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem

ensino. [...] Enquanto ensino, continuo buscando, procurando. Ensino porque busco,

porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda

não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

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Buscando o sentido da vida com seus alunos, certamente o educador

esbarrará com problemáticas questões ambientais, resultantes das ações do homem

sobre o meio em que vive em busca de melhorias em sua qualidade de vida. Nesse

momento, far-se-á necessário que a educação seja capaz de despertar no aluno um

sentimento de responsabilidade, direitos e deveres enquanto criador e criatura na

natureza. No Congresso Pedagogia 95, essa questão foi abordada da seguinte

forma:

O mundo como está hoje, necessita também de uma educação capaz de gerar uma consciência e capacidades próprias para que as populações possam apropriar-se de seu ambiente como uma fonte de riqueza econômica; de prazer estético e de novos sentidos de civilização; de um novo mundo onde todos os indivíduos, as comunidades e as nações, vivam irmanadas em laços de solidariedade e harmonia com a natureza. (FORMACION AMBIENTAL, 1995 apud ALMEIDA, 2006, p. 13).

O meio ambiente enquanto campo de descobertas e construção, segundo

orientações do Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1988) encontra como via

de solução, um grande aliado no eixo de trabalho natureza e sociedade, onde

conteúdos pertinentes às áreas de Ciências Humanas e Naturais, pode se tornar um

vasto campo de conhecimentos para os alunos.

Relativo a essas possibilidades e com vistas num aproveitamento

maximizado, torna-se indispensável ao educador aprofundar-se na área de

educação ambiental. Assim sendo, o professor precisa, inevitavelmente, se

interessar e inteirar de questões pertinentes a esse campo.

A principal questão em que o professor precisa estar atualizado é saber o que

é educação ambiental, levando em consideração que o discurso do desenvolvimento

sustentável é heterogêneo e tem sua determinação fundamentada e diferenciada

pelos interesses ambientais de diversos setores e atores sociais. Por esse motivo,

no processo educacional, serão transmitidos e difundidos os princípios e valores das

diferentes visões e propostas para alcançar a sustentabilidade.

O texto redigido com base numa exposição feita no ―Congresso Pedagogia

95‖ expõe que:

A educação ambiental implica em processo de conscientização sobre os processos socioambientais emergentes, que mobilizam a participação dos cidadãos na tomada de decisões, junto com a transformação dos métodos de pesquisa e formação, a partir de uma ótica holística e enfoques interdisciplinares. (FORMACION AMBIENTAL, 1995 apud ALMEIDA, 2006, p. 14).

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O problema é que nesse processo, a institucionalização da educação

ambiental também está seguindo os ditames do discurso dominante e em função

deste, levando a readaptação das consciências, atitudes e capacidades dos alunos.

Esse fato chama a atenção para a necessidade de se ultrapassar a assimilação

passiva, a reprodução acrítica e um modelo global dado homogêneo, que é

questionado pelos interesses e perspectivas que definem o âmbito completo do

desenvolvimento sustentável.

Para Kraemer (2005) apud Almeida (2006):

A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais (p. 15).

Sensibilizar o aluno da necessidade de interação inteligível do homem com a

natureza, alertando-o de que essa é uma condição para que continue existindo vida

no planeta, é hoje uma das grandes missões dos educadores e da escola.

Pontalti (2005) apud Almeida (2006, p. 15), aponta ainda que:

A educação ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem-estar das comunidades humanas.

Advinda da necessidade de se orientar a educação de forma contextualizada

social, ecológica e culturalmente, surge uma nova pedagogia, a Pedagogia do

Ambiente. Esta implica ensinamentos que derivam das práticas concretas que se

desenvolvem no meio. Mas, isto não deve evitar o empirismo e o pragmatismo, mas

valorizar a necessária relação entre teoria e prática para fundamentar a

reconstrução da realidade ressaltando a necessidade de se ver e refletir o ambiente

físico, biológico, cultural e socialmente como fonte de aprendizado e campo para

experimentação das teorias através de práticas cotidianas.

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Outra questão que o professor precisa estar interado é com relação aos

valores da educação ambiental, a qual vai buscar seus valores na harmoniosa

convivência entre o homem com o ambiente em que vive. Para tanto, é necessário

que a formação ambiental se processe na construção de valores voltados para o

cuidado com a natureza. Dessa forma, o homem estará cuidando dele próprio,

sendo que o homem é natureza.

Para Leff (2001, p.34):

A formação ambiental é um processo de criação de novos valores e conhecimentos, vinculado à transformação da realidade para construir uma formação ambiental, entendida como uma estrutura socioeconômica que internalize as condições ecológicas do desenvolvimento sustentável e os valores que orientam a racionalidade ambiental. Nesse sentido, o conceito de formação ambiental articula as formações ideológicas e conceituais com os processos de produção e aquisição de conhecimentos e saberes, num projeto histórico de transformação social.

Mediante tal colocação, a formação ambiental se torna valorosa à medida

que, tomando-a como palco de discussões os mais diversos discursos, atores e

setores pessoais, sejam confrontados e desmistificados.

Esse novo olhar implica em um novo sistema de valores e numa ética

ambiental não amalgamada com os conteúdos positivos do saber, mas com efeitos

pedagógicos na construção do conhecimento, através de um processo de

participação social e de construção novas habilidades e formas de pensar.

Segundo Sato (2003, p. 24), nesse novo sistema, os princípios gerais da

educação ambiental são:

Sensibilização ambiental: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o pensamento sistêmico; Compreensão Ambiental: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem os sistemas naturais; Responsabilidade Ambiental: reconhecimento do ser humano como principal protagonista; Competência Ambiental: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema; Cidadania Ambiental: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.

O professor também precisará saber como a escola pode contribuir com a

formação ambiental de seus alunos e estar ciente de que à escola cabe contribuir

com o processo de socialização do educando, assim, é de fundamental importância

no desenvolvimento de suas potencialidades, adoção de posturas pessoais e

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comportamentos sociais construtivos, colaborando com uma sociedade socialmente

justa em um ambiente saudável.

Uma questão do mesmo modo pertinente ao professor é como a cidadania e

meio ambiente se relacionam. Sabe-se que o exercício da cidadania tem início

desde a infância, quando se oportuniza as crianças decisões de autogoverno, isso

tem assumido historicamente várias formas em função dos diferentes contextos

culturais e históricos. Numa nova definição de cidadania, o cidadão da modernidade

passa a ter o direito de ter direitos. Surgem direitos como a autonomia sobre o

próprio corpo, a moradia e a proteção ambiental, direitos esses aqui considerados

indispensáveis à sociedade moderna que, na verdade, não funcionam devido às

estratégias dominantes do Estado.

Segundo Colavitti (2003) apud Almeida (2006, p. 19), ―a nova cidadania se

apresenta como um agente transformador da sociedade uma vez que a participação

desta na definição desse sistema acarretará a invenção de uma nova sociedade.‖

Nessa nova perspectiva, o autoritarismo perde foco e abre espaço para a

organização de um projeto democrático de transformação social.

De acordo com o artigo 225 da nossa Constituição, o cidadão brasileiro tem

direito garantido ao meio ambiente sadio que é um bem público de uso comum:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).

A Constituição Federal define assim, que o meio ambiente não pode ser

objeto de apropriação privada ou estatal, contraria ao interesse público e impõe ao

Poder Público e à coletividade, o dever de defender o meio ambiente.

Apesar de a Legislação Ambiental lutar pela defesa dos direitos ambientais,

infelizmente se define numa luta para garantir o caráter público do meio ambiente.

Assim é preciso que se utilizem os instrumentos oferecidos pela lei ao cidadão e

suas associações para fazer cumprir a lei e proteger o meio ambiente.

De acordo com os PCN‘s:

Por ocasião da Conferência Internacional Rio 92, cidadãos representando instituições de mais de 170 países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educação para a construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário. (BRASIL, 1998, p. 22).

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Isso é o que se espera da educação ambiental no Brasil, que foi assumida

como obrigação nacional pela Constituição promulgada em 1988. Tal como nos

documentos dos PCN‘s sobre as artes:

A educação em artes propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele, pelos colegas, pela natureza nas diferentes culturas (BRASIL, 1988, p. 22).

É através das artes que muitos estudantes vêm dando uma lição de

criatividade, força e vontade de transformar e viver num país melhor.

Dentre os vários problemas ambientais que afetam o mundo atual e que o

professor precisará ser conhecedor, pode-se citar a revolução da vida moderna que

está se tornando cada vez mais prática e gera a insensatez do uso indiscriminado

dos recursos naturais. Enquanto a natureza leva centenas de milhares de anos para

produzir a matéria prima, estas são transformadas em produtos descartáveis ou com

reduzido tempo de uso. Sem utilidade, acabam desprezados e retornam à natureza

onde permanecem até por centenas de anos para se decomporem.

Vários problemas ambientais da comunidade moderna são observáveis

também no município de Tabatinga. Dentre estes, a questão da poluição ambiental

que já atinge o solo, a água e o ar, principalmente pelo lixo e pelos resíduos

lançados pela grande quantidade de motocicletas e automóveis que circulam na

cidade.

A floresta reserva natural limitada, está ameaçada. Atualmente, agricultores e

madeireiras continuam a devastar grandes áreas da Floresta Amazônica, da Mata

Atlântica, como o Cerrado e da Caatinga. O país sofre com outros problemas

ambientais graves, como as queimadas, que contribuem para o aquecimento global

e para as alterações climáticas; e o aumento da emissão de monóxido de carbono,

que afeta a saúde das populações das cidades.

Segundo o presidente do IBAMA, ―o Brasil é um país continental, o que gera

um grande desafio para a autarquia nas suas ações de fiscalização, controle e

ordenamento da política de gestão ambiental do país. Uma das ações chave do

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IBAMA nos últimos três anos, e que tem sido um grande desafio, é o combate ao

desmatamento no país‖.

Ortega apud Almeida se refere a essa questão:

Temos hoje na Amazônia um conjunto de atividades ilegais, vinculadas ao desmatamento irregular, à posse e grilagem de terras e todo um quadro de violência. Os números têm demonstrado que a fiscalização no caso da Amazônia é fundamental, pois já conseguimos reduzir de 2004 para 2005, em 31% o índice de desmatamento da Amazônia (2006, p. 22)

O IBAMA tem atuado na região, traçando ações que visam à regularização

fundiária e o ordenamento territorial mais efetivo na região, o que, no médio prazo,

promoverá a redução da violência no campo, assim como a redução da grilagem8 de

terras e todo o processo de ilegalidade que hoje se presencia na região. Não há no

mundo biodiversidade comparável à riqueza da Floresta Amazônica. São 30 mil

espécies de plantas e, 5 mil de árvores – um terço da madeira tropical do planeta.

Esse patrimônio, entretanto, é ameaçado pelo desmatamento.

Dentre os problemas ambientais graves está também o drama vivido pelos

animais, que nesse município é causado principalmente pela caça e pesca

predatória, embora já se possa perceber a sensibilização de uma parte dos

habitantes, há um grande impasse gerado pela racionalidade ambiental e a luta pela

sobrevivência de pescadores e caçadores.

Diante desse contexto, o homem precisa identificar-se como parte integrante

do meio ambiente, a perceber que ele precisa cuidar de si mesmo e que dessa

forma estará contribuindo para o cuidado com a geração presente, não esquecendo

as futuras gerações, exercendo assim a sua cidadania.

Educar para a cidadania envolve a tarefa do professor de favorecer ao aluno,

de forma adequada, a compreensão da sua realidade, evidenciando valores

essenciais para o bem viver na sociedade, possibilitando-o agir no cotidiano escolar

e fora dele. A aprendizagem de procedimentos ou regras é indispensável para o

desenvolvimento da participação, da solidariedade e da corresponsabilidade sobre

todas as ações desenvolvidas no planeta.

Como afirma Boff (1996) apud Almeida (2006, p. 25):

8 Grilagem – ação de grilar (apossar-se ilicitamente de terras alheias) (SACCONI, 2001, p. 466).

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A natureza construiu com grande sabedoria ao longo de 15 bilhões de anos o trabalho de equilíbrio do universo. Os bens da terra são patrimônio de toda humanidade e seu uso tem que obedecer às regras de respeito e solidariedade para com o restante da humanidade e para com as gerações futuras.

Nesse sentido, a prática educativa na escola pode partir primeiramente do

cuidado com o ambiente mais próximo, do respeito aos funcionários da escola,

jogando lixo no lugar certo, não desperdiçando água, não rasgando livros ou folhas

do caderno. São inúmeras ações importantes a serem trabalhadas, envolvendo os

interesses e as necessidades não só da comunidade escolar, mas da humanidade

em geral, formando assim, cidadãos cumpridores de seus deveres e que sabem

reivindicar os seus direitos (BRASIL, 1997).

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para

formação de cidadãos conscientes, prontos para atuarem de modo comprometido

em suas realidades socioambientais. Para isso, é necessário que a escola se

proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a

aprendizagem de habilidades e procedimentos que levem à conscientização sobre a

importância do meio ambiente (BRASIL, 1997). Assim, o papel do professor é

essencial na formação dos alunos, de forma que constrói com eles uma postura

crítica diante da realidade, de informações e valores veiculados pela mídia e

daqueles trazidos de casa. Tal atitude deve atuar de forma contínua no

desenvolvimento da maturidade, de uma conscientização ambiental no processo de

troca de experiência e aprendizagem.

As premissas teóricas em torno do diálogo de saberes entre educação e meio

ambiente, nas suas múltiplas dimensões e como campo teórico em construção tem

sido apropriadas de formas diferentes pelos educadores ambientais que buscam

uma nova transversalidade de saberes, um novo modo de pensar, pesquisar e

elaborar conhecimento, que possibilite integrar teoria e prática.

Deve-se, entretanto, ressaltar que as práticas educacionais inseridas na

interface dos problemas socioambientais devem ser compreendidas como parte do

microssistema social, subordinando-se ao contexto de desenvolvimento existente,

que condiciona sua direção pedagógica e política. Quando nos referimos à

educação ambiental, a situamos num contexto mais amplo, o da educação para a

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cidadania, configurando-se como elemento determinante para a consolidação de

sujeitos cidadãos (JACOBI, 2000).

O principal eixo de atuação deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a

igualdade e o respeito à diferença por meio de formas democráticas de atuação

baseadas em práticas interativas e dialógicas. Entende-se que a educação para a

cidadania trata não só da capacidade do indivíduo de exercer os seus direitos nas

escolhas e nas decisões políticas, como ainda de assegurar a sua total dignidade

nas estruturas sociais.

Desse modo, o exercício da cidadania implica autonomia e liberdade

responsável, participação na esfera política democrática e na vida social. Os

cidadãos desenvolvem ações de integração social, conservação do ambiente, justiça

social, solidariedade, segurança e tolerância, as quais constituem preocupações da

sociedade atual. Pretende-se, assim, sensibilizar alunos e professores para uma

participação mais consciente no contexto da sociedade, questionando

comportamentos, atitudes e valores, além de propor novas práticas.

Assim, nossa argumentação vai no sentido de reforçar que as práticas

educativas articuladas com a problemática ambiental não devem ser vistas como um

adjetivo, mas como parte componente de um processo educativo que reforce um

pensar da educação, orientado para refletir a educação ambiental num contexto de

crise ambiental, de crescente insegurança e incerteza face aos riscos produzidos

pela sociedade global, o que em síntese, pode ser resumido como uma crise

civilizatória de um modelo de sociedade.

Nesse sentido, a formulação de Leff (2001, p. 256) nos permite enfatizar que

este processo educativo deve ser capaz de formar um pensamento crítico, criativo e

sintonizado com a necessidade de propor respostas para o futuro, capaz de analisar

as complexas relações entre os processos naturais e sociais e de atuar no ambiente

em uma perspectiva global, respeitando as diversidades socioculturais. O objetivo é

o de propiciar novas atitudes e comportamentos face ao consumo na nossa

sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,

1997). Isto requer um pensamento crítico da educação ambiental, e, portanto, a

definição de um posicionamento ético-político, "situando o ambiente conceitual e

político onde a educação ambiental pode buscar sua fundamentação enquanto

projeto educativo que pretende transformar a sociedade" (CARVALHO, 2004, p. 18).

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Partindo das sínteses realizadas por Lima (2002, p. 109-141) e Loureiro

(2004) podem observar-se dois eixos para o discurso da educação ambiental: um

conservador e outro emancipatório, com suas diferentes leituras.

A abordagem conservadora, pautada por uma visão reformista, propõe

respostas instrumentais. Observa-se, de fato, que o modus operandi que predomina

é o das ações pontuais, descontextualizadas dos temas geradores, frequentemente

descoladas de uma proposta pedagógica, sem questionar o padrão civilizatório,

apenas realimentando uma visão simplista e reducionista.

A abordagem emancipatória, que tem como referenciais no campo da

educação, o pensamento crítico defendido por Paulo Freire, Snyder e Giroux e, no

que se referem ao meio ambiente, autores como Capra (2003), Morin (2000), Leff

(2001), e Boff (1996), dentre outros, propõe uma educação baseada em práticas,

orientações e conteúdos que transcendem a preservação ambiental. Segundo Morin

(2002 p. 36), na educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente não

deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da

realidade a partir de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo

pedagógico.

Para a vertente crítica, a educação ambiental precisa construir um

instrumental que promova uma atitude crítica, uma compreensão complexa e a

politização da problemática ambiental, a participação dos sujeitos, o que explicita

uma ênfase em práticas sociais menos rígidas, centradas na cooperação entre os

atores.

Na ótica da modernização reflexiva, a educação ambiental tem de enfrentar a

fragmentação do conhecimento e desenvolver uma abordagem crítica e política, mas

reflexiva.

Portanto, a dimensão ambiental representa a possibilidade de lidar com

conexões entre diferentes dimensões humanas, possibilitando entrelaçamentos e

trânsitos entre múltiplos saberes. Atualmente, o desafio de fortalecer uma educação

para a cidadania ambiental convergente e multirreferencial se coloca como

prioridade para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a

necessidade de se enfrentar concomitantemente a crise ambiental e os problemas

sociais. Assim, o entendimento sobre os problemas ambientais se dá por meio da

visão do meio ambiente como um campo de conhecimento e significados

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socialmente construídos, que é perpassado pela diversidade cultural e ideológica e

pelos conflitos de interesse.

Os educadores devem estar cada vez mais preparados para reelaborar as

informações que recebem, e, dentre elas, as ambientais, para poder transmitir e

decodificar para os alunos a expressão dos significados em torno do meio ambiente

e da ecologia nas suas múltiplas determinações e intersecções. A ênfase deve ser a

capacitação para perceber as relações entre as áreas e como um todo, enfatizando

uma formação local/global, buscando marcar a necessidade de enfrentar a lógica da

exclusão e das desigualdades.

Nesse contexto, a administração dos riscos socioambientais coloca cada vez

mais a necessidade de ampliar o envolvimento público através de iniciativas que

possibilitem um aumento do nível de preocupação dos educadores com o meio

ambiente, garantindo a informação e a consolidação institucional de canais abertos

para a participação numa perspectiva pluralista.

A educação ambiental assume assim, de maneira crescente, a forma de um

processo intelectual ativo, enquanto aprendizado social, baseado no diálogo e

interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações,

conceitos e significados, que se originam do aprendizado em sala de aula ou da

experiência pessoal do aluno. A abordagem do meio ambiente na escola passa a ter

um papel articulador dos conhecimentos nas diversas disciplinas, num contexto no

qual os conteúdos são ressignificados.

Ao interferir no processo de aprendizagem e nas percepções e

representações sobre a relação entre indivíduos e ambiente nas condutas cotidianas

que afetam a qualidade de vida, a educação ambiental promove os instrumentos

para a construção de uma visão crítica, reforçando práticas que explicitam a

necessidade de problematizar e agir em relação aos problemas socioambientais,

tendo como horizonte, a partir de uma compreensão dos conflitos, partilhar de uma

ética preocupada com a justiça ambiental.

A ótica inovadora refere-se à forma como se apreende o objeto de

conhecimento e à dinâmica que se estabelece com os atores sociais que propõem

uma nova forma de integração e articulação do conhecimento ambiental. A prática

educativa deve estar norteada pela formação de um indivíduo que supere o que

Guimarães (2004, p. 30) denomina de "armadilhas paradigmáticas", contribuindo

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para o exercício de uma cidadania ativa visando a mudar o atual quadro de crise

socioambiental.

Esta abordagem busca superar o reducionismo e estimula um pensar e fazer

sobre o meio ambiente diretamente vinculado ao diálogo entre saberes, à

participação, aos valores éticos como valores fundamentais para fortalecer a

complexa interação entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel dos

professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que

assume um compromisso com o desenvolvimento sustentável e também com as

futuras gerações.

Autores como Sauvé (1999), Gaudiano (2000) Carvalho (2003) e Leff (2003);

mostram como um discurso ambiental dissociado das condições sócio históricas

pode ser alienante e levar a posições politicamente conservadoras, na medida em

que mobiliza o que Carvalho (2003, p. 116-117) denomina de um consenso

dissimulado, em virtude da generalização e do esvaziamento do termo

desenvolvimento sustentável, das diferenças ideológicas e os conflitos de interesses

que se confrontam no ideário ambiental. Isso nos leva à reflexão sobre a

necessidade da formação do profissional reflexivo para desenvolver práticas que

articulem a educação e o meio ambiente numa perspectiva crítica, que abra

perspectivas para uma atuação ecológica sustentada por princípios de criatividade e

capacidade de formular e desenvolver práticas emancipatórias norteadas pelo

empoderamento e pela justiça ambiental e social.

A inserção da educação ambiental numa perspectiva crítica ocorre na medida

em que o professor assume uma postura reflexiva, o que potencializa entender a

educação ambiental como uma prática político-pedagógica, representando a

possibilidade de motivar e sensibilizar os estudantes para transformar as diversas

formas de participação em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de

ampliação da responsabilidade socioambiental. Esta se concretizará principalmente

pela presença crescente de uma pluralidade de atores que, por meio da ativação do

seu potencial de participação, terão cada vez mais condições de intervir

consistentemente e sem tutela nos processos decisórios de interesse público,

legitimando e consolidando propostas de gestão baseadas na garantia do acesso à

informação e na consolidação de canais abertos para a participação.

As experiências interdisciplinares são recentes e incipientes. O que prevalece

são práticas multidisciplinares e, segundo Tristão (2002, p. 175), "como as

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disciplinas de geografia e biologia têm uma afinidade de conteúdos em relação à

dimensão ambiental, a inserção da educação ambiental ocorre por meio de um

exercício multidisciplinar, às vezes até de uma cooperação entre os conteúdos

dessas disciplinas".

Tristão (2002, p. 173-181) observa que existem quatro desafios da educação

ambiental que, entrelaçados, estão associados ao papel do educador na

contemporaneidade.

O primeiro desafio é o de enfrentar a multiplicidade de visões, e isso implica a

preparação do educador para fazer as conexões (CAPRA, 2003, p. 94-99), e

articular os processos cognitivos com os contextos da vida. Assim, entender a

complexidade ambiental, não como moda ou reificação ou utilização indiscriminada,

mas como construção de sentidos fundamentais para identificar interpretações e

generalizações feitas em nome do meio ambiente e da ecologia.

O segundo desafio é o de superar a visão do especialista, e para tanto o

caminho é a ruptura com as práticas disciplinares.

O terceiro desafio é superar a pedagogia das certezas, e isto converge com

as premissas que norteiam a formação do professor reflexivo, o que implica

compreender a modernidade, os riscos produzidos (GIDDENS, 1991, p. 140) e seu

potencial de reprodução, além de desenvolver no espaço pedagógico uma

sensibilização em torno da complexidade da sociedade contemporânea e suas

múltiplas causalidades.

E o quarto desafio é superar a lógica da exclusão, que soma ao desafio da

sustentabilidade a necessidade da superação das desigualdades sociais.

O momento atual é o de consolidar práticas pedagógicas que estimulem a

interdisciplinaridade na sua diversidade. Recorremos a Stengers (1990, p. 148), para

expressar nosso ponto de vista: A noção de complexidade é perigosa do ponto de

vista da política dos saberes. É, com efeito, uma noção que está na moda, e essa

moda contêm uma armadilha, a dos grandes discursos sobre a complexidade.

O desafio da interdisciplinaridade é enfrentado como um processo de

conhecimento que busca estabelecer cortes transversais na compreensão e

explicação do contexto de ensino e pesquisa, buscando a interação entre as

disciplinas e superando a compartimentalização científica provocada pela excessiva

especialização.

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Como combinação de várias áreas de conhecimento, a interdisciplinaridade

pressupõe o desenvolvimento de metodologias interativas, configurando a

abrangência de enfoques e contemplando uma nova articulação das conexões entre

as ciências naturais, sociais e exatas. Cabe ressaltar que o contexto epistemológico

da educação ambiental permite um conhecimento aberto, processual e reflexivo, a

partir de uma articulação complexa e multirreferencial. Nesse sentido, o

conhecimento transdisciplinar se configura como um horizonte mais ousado de

conhecimento.

Para Morin (2000, p. 37), a transdisciplinaridade estaria mais próxima do

exercício do pensamento complexo, pelo fato de ter como pressuposto a

transmigração e diálogo de conceitos através de diversas disciplinas.

A preocupação em consolidar uma dinâmica de ensino e pesquisa a partir de

uma perspectiva interdisciplinar, enfatiza a importância dos processos sociais que

determinam as formas de apropriação da natureza e suas transformações por meio

da participação social na gestão dos recursos ambientais, levando em conta a

dimensão evolutiva no sentido mais amplo e incluindo as conexões entre a

diversidade biológica e cultural, assim como as práticas dos diversos atores sociais e

o impacto da sua relação com o meio ambiente.

Dessa forma, a ênfase na interdisciplinaridade na análise das questões

ambientais deve-se à constatação de que os problemas que afetam e mantêm a vida

no nosso planeta são de natureza global e que a compreensão de suas causas não

pode restringir-se apenas aos fatores estritamente biológicos, revelando dimensões

políticas, econômicas, institucionais, sociais e culturais.

Porém, não é suficiente reunir diferentes disciplinas para o exercício

interdisciplinar. A educação ambiental deve apoiar-se em trocas sistemáticas e no

confronto de saberes disciplinares que incluam não apenas uma problemática nas

interfaces entre as diversas ciências naturais e sociais e isto só se concretizará a

partir de uma ação orgânica das diversas disciplinas, superando a visão

multidisciplinar.

Posto que os problemas ambientais transcendem as diferentes disciplinas,

tanto o aprofundamento disciplinar quanto a ampliação do conhecimento entre as

disciplinas são elementos fundamentais, porém de grande complexidade quanto à

sua implementação. Considerando como ponto de partida uma realidade

socioambiental complexa, esse processo exige cada vez mais, a internalização de

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um saber ambiental emergente num conjunto de disciplinas, visando a construir um

campo de conhecimento capaz de captar as multicausalidades e as relações de

interdependência dos processos de ordem natural e social que determinam as

estruturas e mudanças socioambientais.

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CAPÍTULO V APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO

5.1 PERFIL DA ESCOLA

A Escola Municipal Professora Jociêdes Andrade (Figura 10) foi construída na

administração do Prefeito Joel Santos de Lima, inaugurada no dia 28 de dezembro

de 1992, na administração do prefeito Francisco Rodrigues Balieiro. A referida

escola situa-se na Avenida da Amizade s/n, zona urbana do município de Tabatinga,

Estado do Amazonas, tendo como ponto de referência ao norte, a Rua Osvaldo

Cruz, ao sul, de frente a Rua Santos Dumont, a oeste, encontra-se a principal

Avenida da cidade de Tabatinga, a Avenida da Amizade e ao leste, a Rua Duque de

Caxias, próximo a cinco bairros importantes: Bairro das Comunicações, D. Pedro I,

Tancredo Neves, Rui Barbosa e Centro.

Figura 10 - Escola Municipal Jociêdes Andrade

Fonte: Secretaria da Escola Municipal Jociêdes Andrade

O nome da Escola é uma homenagem à professora da Rede Estadual de

Ensino, que em 1992 atuava como Subsecretária Municipal de Educação no

município de Tabatinga, vítima de acidente de trânsito na Avenida da Amizade, aos

28 anos de idade.

A instituição de ensino é mantida pela Prefeitura Municipal de Tabatinga-Am,

através da Secretaria Municipal de Educação (SEMED).

Iniciou suas atividades escolares em 05 de março de 1993 com a Educação

Básica, Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries, autorizado legalmente para

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funcionamento através do decreto nº. 078 A de 05 de março de 1993. Iniciou no ano

de 2000 a oferta da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos – (EJA) –

1º e 2º segmentos de Ensino Fundamental no período noturno.

A Escola atende atualmente uma demanda de 464 alunos no turno matutino

do 1° ao 5° ano, 558 alunos no turno vespertino do 6° ao 9° ano e EJA diurno, e, 496

alunos no turno noturno.

No ano de 2008 ampliou o ensino fundamental de oito para nove anos, com

matrícula inicial a partir de seis anos de idade em atendimento as Leis Federais

11.114/05, 11.274/06 e Resolução 098/2005, 100/06 – Conselho Estadual de

Educação – CEE-Am.

Atualmente a direção da Escola é composta pelo Gestor, Professor Pedro

Nascimento Cornélio, dois apoios pedagógicos, um nos turnos matutino e

vespertino, professor German Alberto V. Atayde, e um no turno noturno, professora

Valdete Góes.

A comunidade escolar é formada por alunos de várias etnias, sendo que a

maioria é cabocla, e há um grande intercâmbio com alunos Peruanos, Colombianos

e Ticuna. Isso ocorre com a vinda de estudantes das pequenas cidades que fazem

fronteira com o município de Tabatinga, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru, e de

alunos ticuna que vem de suas comunidades em busca de melhorar o seu

aprendizado na língua portuguesa.

A Escola tem como Missão, trabalhar a formação dos educandos de forma

crítica e construtiva em que eles tenham a oportunidade de exercitar essas posturas

através de suas ações e orientações pedagógicas, porém há muitos entraves no

ambiente escolar que precisam ser transpostos para que a teoria passe para a

prática e se concretize em uma educação cidadã de qualidade que desenvolva o

aluno em sua plenitude.

A Visão da Escola é de ser um centro educacional de referência, inovador em

suas propostas e práticas pedagógicas e na formação de cidadãos críticos,

conscientes e empreendedores.

Sua Proposta Pedagógica é valorizar a aprendizagem ativa, contemplando os

princípios humanistas e construtivistas e criando condições para que o educando

seja autor e ator no processo de aprendizagem.

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5.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

A metodologia utilizada na pesquisa foi a Qualitativa, seguindo os

procedimentos descritos por Minayo (2010) e Duarte [201-?], com observação

participante e entrevistas realizadas através da aplicação de questionários durante o

processo de coleta de dados; análise e interpretação dos dados, onde foram

adotados seis passos, a saber:

a) Todos os dados foram organizados e preparados para análise. Foram elaborados

questionários com perguntas abertas e fechadas com questões relacionadas ao

meio ambiente e à educação ambiental;

b) Os questionários foram distribuídos aos professores que estavam na sala de aula

e na sala dos professores; aos alunos que estavam presentes em sala de aula, na

data e hora previamente marcadas, com auxílio do professor da turma e de

estagiários do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do

Amazonas, para que respondessem de forma livre e espontânea, sem consultar

nenhuma literatura em busca de conceitos formados;

c) Posteriormente, foi iniciado o processo de análise detalhada dos dados, levando-

se em consideração as semelhanças nas respostas;

d) As questões estão representadas na narrativa qualitativa; umas através da

transcrição na íntegra das respostas dos entrevistados; outras, através de gráficos e

tabelas;

e) Realização de práticas pedagógicas (palestras, saídas de campo, oficinas de

reciclagem e gincana ambiental), com a utilização de perguntas formais e informais

no decorrer das atividades desenvolvidas;

f) Interpretação do significado dos dados obtidos, avaliando os conhecimentos

ambientais dos alunos e dos professores do 9º ano do ensino fundamental da

escola.

5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.3.1 Parcerias firmadas

Para o bom andamento da pesquisa, se fez necessário firmar algumas

parcerias.

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Primeiramente, foi consolidada a parceria com a Secretaria Municipal de

Educação (SEMED), a fim de se obter autorização para a pesquisa na escola e a

disponibilidade de ônibus escolar para as aulas de campo no Lixão e na Orla do

Porto de Tabatinga.

Posteriormente, procurou-se a Universidade do Estado do Amazonas (UEA),

que através de Convênio firmado com a SEMED, encaminha seus alunos dos cursos

de licenciatura para a realização de Estágio Supervisionado Obrigatório nas escolas.

No primeiro trimestre do corrente ano, uma turma do 5º período do Curso de

Ciências Biológicas, ao realizar estágio na disciplina de Prática de Ensino I -

Educação Ambiental, foi disponibilizada para dar suporte durante todo o processo de

execução das atividades da pesquisa, sendo assim, foi oportuna a parceria com

essa Instituição.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Tabatinga (SEMMAT), vem

realizando um trabalho de referência em educação ambiental na cidade, inclusive

nas escolas municipais e estaduais. As atividades desenvolvidas vão desde Ciclo de

Palestras, Minicursos, Visitas Técnicas, Gincana Ambiental, dentre outras atividades

como a campanha ―Tabatinga Limpa, Natal Feliz‖, onde residências, escolas, ruas e

bairros, são convidados a participar de um concurso de ornamentação natalina com

materiais reciclados. Assim, se tornou grande parceira no desenvolvimento da

pesquisa, disponibilizando integrantes da sua equipe para apoiar as palestras e as

aulas de campo, além da realização da Gincana Ambiental, atividade que fez parte

do encerramento da Semana de Meio Ambiente desenvolvida pela Secretaria.

5.3.2 Observação Participante

Durante as observações realizadas na Escola Municipal Jociêdes Andrade, no

turno vespertino, foi constatado que a educação ambiental não vem sendo

trabalhada de forma constante durante as aulas das variadas disciplinas. Raramente

o tema meio ambiente é abordado, exceto nas aulas de Geografia e Ciências

Naturais, cujos conteúdos são propícios para essa abordagem. Não há uma

interdisciplinaridade, ou seja, a transferência de métodos de algumas disciplinas

para outras, identificando novos objetos de estudo. Não há uma postura frente à

totalidade do conhecimento, que substitui a concepção fragmentária pela unitária do

ser humano, proporcionando a inserção do aluno em sua própria realidade,

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possibilitando uma compreensão maior do espaço e do tempo em que vive. Não há

uma forma de diálogo entre várias formas de conhecimento, de onde se constrói um

geral, partindo-se de particulares. O que há na verdade são conhecimentos

compartimentalizados. Dessa forma, os alunos apresentam uma visão fragmentada

do saber tão necessário para que a educação ambiental seja realmente efetivada na

escola.

Nessa perspectiva, a educação ambiental tem sido identificada como

transdisciplinar, ou seja, deve permear todas as disciplinas do currículo escolar,

assim, não pode ser repassada aos alunos de forma fragmentada (SATO, 2003)

como vem ocorrendo na escola pesquisada.

Ainda contribuindo, temos Loureiro e Torres (2014), que afirmam que a

educação escolar deve formar sujeitos críticos e aptos a transformar sua realidade

social, sendo problematizadora, contextualizada e interdisciplinar.

No cotidiano, exigem-se articulações que levam em conta vários pontos de

vista. Nesse sentido, a interdisciplinaridade propõe superar a fragmentação do saber

em prol do conhecimento da totalidade do universo. O aluno vai unir suas

experiências individuais às vivências e reflexões que a escola e outras instituições

lhe permitem, ligando pontos aparentemente distantes de cada área em um projeto

coletivo, que exige comprometimento por parte dos alunos e dos professores, pois

sendo interdisciplinar, é necessária a colaboração e comunicação entre as

disciplinas, guardadas as especificidades e particularidades de cada uma

(PETRAGLIA, 2011). Só assim teríamos um resultado positivo com relação aos

ensinamentos ambientais.

Foi observado ainda que a maioria dos alunos não valoriza o meio ambiente

escolar, jogam papéis e embalagens no chão das salas e pelos corredores da escola

(onde há lixeiras para esses fins), mesmo sendo repreendidos em alguns momentos

pelos professores e pelos auxiliares de serviços gerais.

Vemos aqui a necessidade de fazer valer os princípios e fundamentos da

educação ambiental, incorporando à prática educativa uma consciência ética sobre

todas as formas de vida, que respeite os ecossistemas e os ciclos de vida, e porque

não dizer os vários tipos de trabalhos e trabalhadores, visando a construção de uma

sociedade melhor, tendo nas questões socioambientais o ponto de partida para o

fortalecimento dos laços de respeito e cidadania terrena (MORIN, 2004).

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O olhar compreensivo de tudo que faz parte das ações dos estudantes, com

reflexo no ambiente onde eles atuam, deve passar a ser conteúdo de debate e de

análise para todos os professores e se possível de mudança social. Os estudantes

precisam pensar o espaço social e ambiental como espaço de convivência solidária,

pois é da convivência sábia das diferenças que pode surgir a parceria e a

associação entre as pessoas. É tarefa dos educadores contribuírem para o

fortalecimento das organizações sociais, que carecem de parceria e interpretação

dos problemas a eles relacionados.

Foi observado ainda, que as carteiras escolares, geralmente são riscadas

com caneta esferográfica, pincéis coloridos, corretivos ou até com materiais perfuro

cortantes. Além de algumas vezes serem quebradas como ação de descuido,

causando prejuízos à escola, que tem que gastar a pouca verba que dispõe com o

conserto.

Todas essas atitudes demonstram certo descaso com o meio ambiente

escolar, no qual os estudantes estão inseridos e dele dependem para um futuro

promissor, assim como futuras gerações que como eles, necessitarão dessa escola.

Esquecem que ―tudo o que fazemos estamos construindo alguma coisa, até mesmo

para as pessoas que não nasceram que vão nascer um dia. Tudo o que

construirmos hoje, vai recair sobre os seres humanos futuros‖ (MORIN, 2004, p. 22).

Em relação aos professores da escola pesquisada, constatou-se que não há

um intercâmbio com relação ao trabalho com a educação ambiental entre eles.

Comentam a respeito do comportamento de um ou outro aluno. Mas não há uma

interdisciplinaridade efetiva com relação aos conhecimentos ambientais.

Por essas e outras ações desses atores sociais é que se faz necessário uma

reforma da educação ou do ensino/aprendizagem e do currículo. É urgente uma

educação inovadora, que realmente forme cidadãos responsáveis e preocupados

com o seu ambiente e com a vida. Onde todas as disciplinas estejam preocupadas e

comprometidas em trabalhar a educação ambiental.

De acordo os PCN‘s, gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e

dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações são exemplos de

aprendizagem que podem ocorrer na escola (BRASIL, 1998). O papel dos

professores como orientadores desse processo é de fundamental importância, cabe

a eles orientar e efetivar o aprendizado de seus alunos.

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As transformações da realidade escolar precisam passar, necessariamente

por uma mudança de perspectiva, em que os conteúdos escolares tradicionais

deixem de ser encarados como um fim na educação. Eles devem ser um meio para

a construção da cidadania e de uma sociedade mais justa e solidária.

Os PCn‘s contribuem a esse respeito:

A educação escolar é uma prática que tem a função de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente. (BRASIL, 1998, p.32).

Os conteúdos tradicionais só farão sentido para a sociedade, se estiverem

integrados em um projeto educacional que almeje o estabelecimento de relações

interpessoais, sociais e éticas de respeito às outras pessoas, à diversidade e ao

meio ambiente (Agenda 219, 1992, Rio de Janeiro). Esses devem ser trabalhados na

escola como Temas Transversais.

Conforme Nunes (1999, p. 28):

Os critérios para a escolha de temas recorrentes à educação escolar, de acordo com os PCN‘s – Temas Transversais (1998) são: urgência social, que engloba temas que ameaçam a cidadania, a dignidade e a qualidade de vida; abrangência nacional, que inclui a discussão daquilo que é comum ao país e repete-se em diferentes contextos; compreensão da realidade e participação social, para promover uma educação que supere o individualismo e a realidade de classe, educando para o coletivo responsável, emergência do contexto, como é o caso das drogas, trânsito e violência, por exemplo.

Todos os Temas Transversais têm estas características: são temas de

abrangência nacional; podem ser compreendidos por crianças na faixa etária

proposta; permitem que os alunos desenvolvam a capacidade de se posicionarem

perante questões que interferem na vida coletiva; e podem ser adaptados à

realidade das regiões. Da mesma forma, as alternativas, para lidar com tais

questões são produzidas pela e na própria sociedade a cada dia, nas ações de cada

um. Para a compreensão dos problemas ambientais, por exemplo, precisa-se saber

9 Agenda 21 – documento compromisso assinado durante a Rio-92, contendo as principais diretrizes

que devem orientar as ações, em suas várias escalas geográficas, na direção do desenvolvimento sustentável. (AGENDA 21, 1992).

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coisas que vêm da história, da geografia, da matemática, das ciências físicas,

naturais, sociais, etc.

Como se vê, o trabalho com os Temas Transversais pode ocorrer o tempo

todo na escola, seja no momento da escolha dos conteúdos a serem trabalhados em

determinada turma, seja na definição das atividades que serão propostas na

resolução de problemas corriqueiros de convivência e até na forma como relacionam

as pessoas que participam dessa escola.

Segundo Migliori (1999, p. 38):

Os temas transversais voltam-se para o processo de resgate da dignidade e da cidadania e devem ser exercitados, vivenciados para que essa consciência mais ampla permeie o desenvolvimento e a formação do indivíduo que está numa sala de aula e que vai coordenar uma ação muito ampla como adulto, como profissional. Assim a escola passa a ser um ambiente germinador desse cidadão ampliado, que vai ajudar a desenvolver os aspectos aqui sugeridos como temas transversais. Eles são transversais não só na escola – são transversais na vida.

Através desta proposta, o governo aposta na competência das escolas e de

seus profissionais na abordagem desses temas. Porém cabe ressaltar que a

realidade precária, vivida pelos educadores que vai desde o desprestígio social até o

despreparo teórico, causado pela ausência de reflexão, dificuldade de acesso à

produção do conhecimento e baixos salários, impede-os de pôr em prática essa

mudança tão necessária à educação brasileira.

De acordo com Nunes (1999, p. 33):

[...] é prudente salientar que a atual formação dos professores não os habilita a abraçar causa de tal magnitude. Antes disso, é fundamental que os setores responsáveis pela elaboração de políticas públicas educacionais, despendam esforço de igual teor no sentido de viabilizarem a capacitação de professores em serviços, sendo necessário discutir a própria concepção de capacitação, tanto em relação aos conteúdos como à forma de realização, devido ao grande número de profissionais envolvidos.

Sendo assim, nota-se que de nada adianta a boa intenção governamental no

que se refere à formação de cidadãos mais conscientes e participativos na

sociedade se não forem disponibilizados cursos de capacitação aos profissionais

que irão colocar em prática essa mudança. Porque os professores em exercício não

tiveram uma formação adequada para transformar a escola em espaço de

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75

aprendizagem da cidadania, nem para que se constitua em agente de transformação

social.

5.3.3 Análise dos questionários Aplicados na Pesquisa

Foram utilizados questionários (Apêndices A e B) elaborados e aplicados aos

professores e alunos do 9º ano do ensino fundamental da escola Municipal Jociêdes

Andrade (Figura 11), com questões objetivas e subjetivas, visando compreender

como a educação ambiental vem acontecendo nesse nível de ensino, a fim

colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o

processo de ensino-aprendizagem.

Figura 11 - Alunos do 9º ano respondendo o questionário da pesquisa

Fonte: ALVES (2018)

As questões direcionadas aos entrevistados se referiram aos aspectos do

conhecimento do que é educação ambiental e meio ambiente, o que faz parte do

meio ambiente, como se informam a esse respeito, quais as disciplinas que abordam

essa temática, quais as dificuldades encontradas para a realização do trabalho no

campo da educação ambiental, entre outras. Estas foram assim representadas ainda

com o intuito de avaliar a concepção dos entrevistados com relação aos problemas

ambientais locais e o que eles fariam para melhorar o meio ambiente.

Os questionários contendo 16 questões foram respondidos por 13 professores

de diferentes disciplinas, a saber:

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• 2 de Espanhol, 3 de Português, 3 de Matemática, 1 de Ensino Religioso e

Artes, 1 de Geografia e História, 2 de Ciências Naturais, 1 de Educação

Física.

Os questionários contendo 11 questões direcionados aos alunos foram

respondidos por 102 participantes de 3 turmas do 9º ano os quais demoraram em

média 30 minutos até que o último aluno terminasse de responder:

• Turma A: 36 alunos; Turma B: 29 alunos; Turma C: 37 alunos.

Na sequência serão apresentados os resultados dos questionários.

Inicialmente ouviremos os professores, e na sequência, os alunos que participaram

da pesquisa.

5.3.3.1 Questionários direcionados aos professores

Os resultados obtidos através da aplicação de questionários aos professores

do 9º ano do ensino fundamental vespertino, da Escola Municipal Jociêdes Andrade,

foram analisados conforme metodologia descrita por Buono (2014), e baseado

também nas considerações de Martins (2013); foram apresentados na forma de

gráficos, tabelas e relatos na íntegra da fala dos participantes da pesquisa.

Nas questões 1, 2 e 3, as perguntas direcionadas aos professores foram com

o intuito de saber qual a área de formação, há quanto tempo atuam na docência e

quais disciplinas lecionam atualmente.

Verificamos que os professores estão atuando, na sua maioria, na própria

área de formação (Tabela 1), sendo esse um bom indicativo, pois é complicado

quando o professor tem que ministrar conteúdos dos quais não tem conhecimento e

domínio, o que compromete a aprendizagem dos alunos. O tempo de atuação dos

professores varia de 3 a 24 anos. Os mais antigos apresentam fortes resquícios do

tradicionalismo, dificultando um trabalho interdisciplinar. Ressaltamos ainda que,

alguns cursos de formação de professores não têm a disciplina de Educação

Ambiental, como Matemática, por exemplo. Assim, os professores dessa área têm

que buscar adquirir esses conhecimentos na sua formação continuada, para a

realização de um bom trabalho ambiental.

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Tabela 1

Área de formação, tempo de atuação e disciplinas que os professores lecionam

Área de formação Tempo de atuação

Disciplina (s) que leciona

Pedagogia 18 anos Espanhol Letras e Espanhol/ Normal Superior

18 anos Espanhol

Letras 5 anos Português Letras 8 anos Português Letras 11 anos Português

Matemática 8 anos Matemática

Matemática 12 anos Matemática Filosofia 24 anos Matemática

Matemática

3 anos Ensino religioso e Artes

Geografia 17 anos Geografia e História

Ciências Biológicas

7 anos Ciências Naturais

Ciências Biológicas

9 anos Ciências Naturais

Educação Física

20 anos Educação Física

O quarto questionamento feito aos professores foi a respeito de formação

especial na área de educação ambiental. No Gráfico 1, ficou evidente que, a maioria,

(69%), não tem formação especial nessa área. Somente 31% afirmaram ter feito

cursos.

Gráfico 1

Formação especial dos professores em educação ambiental

31%

69%

Sim Não

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Foi investigado na quinta questão, em caso positivo, quem teria oferecido

formação na área ambiental aos professores, se teria feito pela escola ou por conta

própria. Dentre os que têm formação (Gráfico 2), 67% fizeram especialização em

educação ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por conta

própria, e 33% disseram ter feito um curso através de vídeo conferência oferecido

pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino (SEDUC).

Gráfico 2

Quem ofereceu aos professores formação especial na área ambiental

Na sexta questão, os professores foram indagados sobre o entendimento que

eles têm sobre educação ambiental.

De acordo com as respostas, todos os professores entendem a educação

ambiental como uma forma de conscientização para o cuidado e a preservação do

meio ambiente e tudo que nele há. Destaca-se aqui a fala na íntegra de dois

professores:

“Aprender sobre o meio ambiente, valores, formas de preservar a natureza”. (Português).

“Representa um conjunto de ações sustentáveis voltadas para a conservação do meio ambiente”. (Geografia e História).

No entanto percebe-se que o conceito do professor de Português é um tanto

superficial, demonstrou ter uma visão naturalista de meio ambiente. O que não é um

bom indicativo uma vez que a ele também cabe a formação ambiental na escola. Já

o professor de Geografia e História demostrou ter um conceito mais amplo, segundo

ele, através de ações sustentáveis o meio ambiente será conservado.

Com relação à importância da educação ambiental, investigada na sétima

questão, todos os professores responderam achar de fundamental importância:

67%

33%

Por conta própria Pela SEDUC

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“É fundamental preocupar-se, pois disso, depende nossas vidas” (Ed. Física).

“É de extrema importância, uma vez que a maioria da população precisa aprender a preservar” (Português).

“A educação ambiental é importante porque conscientiza o cidadão a respeitar o meio ambiente”. (Espanhol).

Os professores concordam que é importante conscientizar para preservar.

Esse é o objetivo primeiro da educação ambiental, a conscientização dos indivíduos

acerca do meio ambiente global e de problemas conexos e de se mostrarem

sensíveis aos mesmos (REIGOTA, 2012).

As pessoas precisam saber dos agravos ambientais, para que esses sejam

atenuados. No entanto, não é só educar que os problemas serão resolvidos, mais do

que isso é preciso uma mudança de valores e atitudes. O professor de Espanhol

utiliza uma palavra-chave, o respeito ao meio ambiente. E esse respeito pode e deve

ser ensinado na escola, local em que os alunos passam boa parte de seu dia.

Para tanto, é necessário que a educação ambiental norteie todas as

disciplinas do currículo, pois ela é um exercício para a cidadania, sendo seu objetivo

a conscientização das pessoas em relação ao mundo em que vivem e essa

conscientização se dá a partir do conhecimento de seus recursos, os aspectos

gerais da fauna e da flora e os problemas ambientais causados pela exploração do

homem. Seu objetivo maior é o de criar uma nova mentalidade com relação a como

usufruir dos recursos oferecidos pela natureza, criando assim um novo modelo de

comportamento (REIGOTA, 1994).

Na oitava questão: Por que a educação ambiental deve ser abordada no

contexto escolar como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais, os

professores deram respostas variadas:

“Para conscientizar os alunos quanto a preservação da natureza e assim torná-los defensores ativos”. (Português).

“Porque traz uma gama de conhecimentos e posturas que devem ser trabalhadas em sala para serem refletidas positivamente na sociedade”. (Ciências Naturais).

“Porque desperta no indivíduo o cuidado com a prática de atividades que possam causar impacto ambiental, entre elas, a poluição do ar, a degradação, etc. (Geografia).

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De forma geral, os professores acreditam que através das abordagens feitas

na escola, os alunos podem tornar-se conscientes e adotar posturas de cuidado com

o meio em que vivem.

A esse respeito, os PCN‘s preconizam que é tarefa da escola proporcionar um

ambiente escolar saudável e coerente, e contribuir para a formação de cidadãos

conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e capazes de atitudes

de proteção e melhoria (BRASIL, 1988).

A nona questão foi elaborada com o intuito de saber dos professores, como a

educação ambiental deve ser trabalhada na escola (Gráfico 3). De acordo 31% dos

entrevistados, deve ser através de palestras, igualmente, 31% apontaram as oficinas

como alternativa, já 23% acreditam que através de teoria e prática, enquanto 8%

não responderam, e 7% apontaram a aula de campo. Todos concordaram que a

educação ambiental precisa ser trabalhada de alguma forma. Um professor acredita

que com apenas uma disciplina específica o problema se resolverá. No entanto, criar

a disciplina Educação Ambiental para fazer parte da grade curricular não é a solução

para tornar a educação ambiental eficiente, visto que deve ser trabalhada de forma

interdisciplinar e transversal (SATO, 2003). E trata-se primeiro de uma

conscientização para depois partir para a prática. Pelo menos nisso os professores

concordam. Percebe-se aqui que eles têm algum conhecimento a respeito de como

fazer para tornar a educação ambiental eficaz, no entanto, isso não foi observado

nas suas práticas.

Gráfico 3

Como a educação ambiental deve ser trabalhada na escola

A décima pergunta direcionada aos professores questionou a respeito de que

forma a educação ambiental contribui para a formação do aluno na sua concepção.

7%

23%

31%

31%

8%

Não respondeu Teoria e prática Palestras Oficinas Aula de campo

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Todos concordam que contribui para a formação cidadã, conscientizando o aluno ao

respeito com a natureza e sua preservação:

“Com certeza irá tornar-se um cidadão que preserva a vida com o pensamento de „preservação pra todos‟”. (Ed. Física).

“Dando-lhes uma capacidade de interação e consciência para uma melhor formação ética, moral e respeitosa com a natureza”. (Espanhol).

“Contribui para a aquisição de conhecimentos e tomadas de posturas positivas e relevantes para o ambiente e sociedade”. (Ciênc. Naturais).

Há um consenso entre todos os professores, pois concordam que a educação

ambiental precisa ser trabalhada de alguma forma. O professor de Português

acredita que com apenas uma disciplina específica o problema se resolveria. Criar a

disciplina Educação Ambiental para fazer parte da grade curricular, não é a solução

para tornar a educação ambiental eficiente. Trata-se primeiro de uma

conscientização para depois partir para a prática. Percebe-se aqui que os

professores têm algum conhecimento a esse respeito. Assim, os estudantes veem a

questão ambiental de forma reducionista, fragmentada e simplificadora da realidade,

isso pode estar presente, com maior ou menor intensidade, nos conteúdos e práticas

educacionais e diminuem a complexidade dos problemas (LIMA, 2004).

Com relação ao questionamento feito na décima primeira pergunta, quais

práticas pedagógicas e quais recursos didáticos devem ser utilizados no trabalho

com a educação ambiental, visando uma perspectiva emancipatória no processo de

transformação social, os professores responderam que através de práticas que os

alunos possam interagir de forma direta:

“Implantação de um projeto onde o aluno deve se tornar responsável através da vivência dos fatos, na escola é o 1º passo”. (Ed. Física).

“Fazer o aluno produzir seu próprio alimento, limpar sua própria sujeira, sofrer as consequências das práticas negativas com o ambiente” (Matemática).

“Através de gincanas, palestras, filmes, vídeos, trabalhos em equipe em campo, ensinar a plantar e cuidar de uma árvore”. (Português).

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Na décima segunda questão foi questionado com que frequência o professor

trabalha a educação ambiental nas suas aulas. No Gráfico 4, observa-se que mais

da metade dos professores, 69%, responderam que trabalham com pouca

frequência, 23% afirmaram que trabalham com muita frequência e apenas 8%

asseguraram que não trabalham.

Gráfico 4

Frequência do trabalho com a educação ambiental nas aulas

Foi observado que alguns professores tentam fazer um trabalho pautado nas

questões ambientais, no entanto, é necessário fortalecer as ações buscando

parcerias e desenvolvendo projetos alternativos que quebrem a rotina da instituição

escolar, valorizando a criação de novas práticas e desta forma converter a escola

num espaço de produção de saberes transformadores, e não apenas de transmissão

de informações vagas e distantes da realidade dos alunos.

Quando questionados, na décima terceira questão, sobre quais dificuldades

encontram para trabalhar a educação ambiental na escola (Gráfico 5), os

professores apontaram vários entraves, dentre eles, a falta de recursos e materiais

(23%), falta de tempo, falta de interesse do aluno e nenhuma ou mínimas (15%). Já

as questões como a falta de apoio dos pais, dificuldades para realizar aula de

campo, falta de formação, e não realizou, foram citadas por 8% dos participantes

respectivamente.

8%

69%

23%

Não trabalha Pouca freq. Muita freq.

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Gráfico 5

Dificuldade dos professores para o trabalho em educação ambiental

Para Rodrigues e Rangel (2016), embora a maioria dos professores

reconheça a importância do exercício de sua profissão, se deparam com inúmeras

dificuldades quanto à burocracia, falta de infraestrutura, desinteresse dos alunos,

entre outras, que os impedem de fornecer um ensino de qualidade.

Sendo assim, na prática, docentes limitam-se a trabalhar a educação

ambiental via abordagens, teorias, métodos e situações descontextualizadas (DIAS

e ANDRÉ, 2009).

Ao responder a décima quarta questão, se existe projeto interdisciplinar na

escola, os professores foram unânimes em responder que não existe.

Sendo assim, a décima quinta questão não foi respondida, pois se tratava de

relatar como o projeto acontece na escola.

Já na décima sexta indagação, a respeito do que deveria ser mudado em

relação ao trabalho com a educação ambiental na escola, os professores apontam a

necessidade do trabalho com projetos para a sua efetivação:

“Deveria ter projetos direcionados à questão ambiental, enfatizando seus

benefícios para gerações futuras”. (Matemática).

“Na escola não temos nenhum projeto direcionado a esse tema. E sem

sombra de dúvida seria de grande importância projetos com esse tema”.

(Geografia).

“Que exista algum projeto que ensine os alunos a não desperdiçarem os

recursos naturais que possuem, a não poluir e principalmente, ensiná-los a

levar as práticas educacionais para sua família e amigos”. (Matemática).

15%

23%

8%

8%

15%

15%

8% 8%

Nenhuma ou mínimas Falta de Recursos e materiais Falta de apoio dos pais

Dificuldade aula de campo Falta de tempo Falta de interesse do aluno

Falta de formação Não realizou

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Certamente que os Projetos Ambientais Escolares (PRAE)10 configuram-se

como uma opção. Esses projetos podem ser propostos a partir de um tema

ambiental relacionado com a própria vida dos alunos, ou de um problema

concernente à sua realidade ambiental; o fundamental então é que se organizem em

torno da resolução de problemas, que sejam interdisciplinares e busquem a

integração, com o ânimo de que sua projeção tenha incidência direta na formação

integral do indivíduo e o prepare para atuar, de forma consciente e responsável do

seu entorno. Reigota (2012) afirma que a Pedagogia de Projetos é o método que

envolve toda a escola no estudo de um tema específico e que muitas escolas

adotam com resultados bastante positivos.

5.3.3.2 Avaliação dos questionários direcionados aos alunos

A análise dos resultados obtidos na aplicação dos questionários aos alunos

do 9º ano do ensino fundamental vespertino da escola Municipal Jociêdes Andrade,

bem como a apresentação desses resultados, se deu da mesma forma que os

questionários dos professores entrevistados.

Visto que na escola tem três turmas de 9º ano no turno vespertino, a primeira

questão direcionada aos alunos foi sobre a turma que estuda. O público de alunos

presentes no dia da aplicação dos questionários totalizou 102 alunos, destes, o

maior número estava na turma A (36%), seguido da turma B, (35%), e a minoria na

turma C (29%) (Gráfico 6). Lembrando que a média de alunos por turma é de 38

alunos.

Gráfico 6

Distribuição dos alunos por turma

10

PRAE – São projetos que vinculam à solução da problemática ambiental particular de uma localidade ou região, permitindo a geração de espaços comuns de reflexão, desenvolvendo critérios de solidariedade, tolerância, busca do consenso, autonomia, preparando para a autogestão na busca de um melhoramento da qualidade de vida, que é o propósito último da Educação Ambiental.

35%

29%

36%

Turma A Turma B Turma C

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Na avaliação do segundo questionamento sobre a concepção dos alunos a

respeito da educação ambiental, verificou-se que 36% acreditam que educação

ambiental é cuidar do meio ambiente, já 15% responderam que é como cuidar do

lixo, 13% assinalaram que se refere a paisagem natural, 8% disseram que é a

poluição em geral, enquanto outros 8% se referiram a como ter um ambiente limpo.

20% não responderam à questão (Gráfico 7). Percebe-se que os alunos têm uma

visão naturalista da educação ambiental, visto que se referem sempre ao meio

ambiente físico natural, e aos problemas ambientais, como o lixo, por exemplo.

Gráfico 7

Concepção dos alunos sobre educação ambiental

Os alunos foram indagados na terceira questão, sobre qual o entendimento

que eles têm a respeito do meio ambiente (Gráfico 8). 32% responderam que é a

natureza, seguido de 28% que entendem como um lugar limpo e sem poluição e

13% responderam que é tudo que está à sua volta. No entanto, 27% não

responderam a essa questão.

Gráfico 8

Meio ambiente na concepção dos alunos do 9º ano

36%

8% 15%

13%

8%

20%

Cuidar do meio ambiente Poluição geral

Orientação de como cuidar do lixo Paisagem natural

Como ter um ambiente limpo Não respondeu

32%

28% 13%

27%

A natureza Lugar sem lixo/poluiçãoTudo que está a minha volta Não respondeu

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Confirma-se aqui, as concepções naturalistas a respeito da educação

ambiental e do meio ambiente. Bezerra e Gonçalves (2007), citando Reigota (2007),

afirmam que existem três tipos de concepções de meio ambiente: a Naturalista que

é sinônimo de natureza; a Antropocêntrica, onde os recursos naturais são utilizados

para a sobrevivência do ser humano, sendo este, o centro indestrutível do Universo,

e a Globalizante, que envolve o todo.

Para complementar a pergunta da terceira questão direcionada aos alunos, foi

indagado na quarta questão sobre o que faz parte do meio ambiente. Observa-se no

Gráfico 9, que a grande maioria dos alunos entrevistados, (93%), citaram aspectos

da natureza como a fauna, a flora, e as paisagens naturais; desses, apenas uma

pequena porcentagem citou o homem como ser integrante do meio, reafirmando a

visão naturalista de meio ambiente, e 7% não responderam a questão.

Gráfico 9

Elementos que fazem parte do meio ambiente na opinião dos alunos do 9º ano

Lucas (1980) Apud Adams (2005) corroboram afirmando que essa visão

naturalista de educação ambiental precisa ser banida da escola, dando lugar a uma

visão de totalidade, só assim conseguiremos fazer com que ela seja

verdadeiramente praticada.

Com a finalidade de compreender melhor a concepção dos estudantes, foi

solicitado, na quinta questão, que eles fizessem um desenho representativo do meio

ambiente. Foram destacados nas figuras 12 e 13 na sequência, desenhos que

mostram componentes meramente naturais.

93%

7%

Fauna, flora e paisagens naturais. Não respondeu.

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Figura 12 - Aspectos naturais do meio ambiente Figura 13 - Aspectos naturais do meio ambiente

Foi observado nas figuras 14 e 15, que alguns alunos concebem o homem

como parte integrante desse meio.

Figura 14 - O homem no meio ambiente Figura 15 - O homem no meio ambiente

Também foram evidenciados nas figuras 16 e 17, os problemas ambientais do

conhecimento dos alunos.

Figura 16 - Poluição da água Figura 17 - Poluição do ar

Os alunos responderam na sexta questão, como ficam sabendo de

informações sobre o meio ambiente (Tabela 2).

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Tabela 2

Meios de aquisição de informações sobre meio ambiente

Meios citados

Quantidade de vezes

Escola/palestra 15

Placas 2

Outras pessoas 10

Jornal 35

Rádio 25

Televisão 55

Livros/Revistas 6

Celular/Internet 19

Defesa Civil 1

A TV é o meio mais citado pelos alunos, seguido do jornal e do rádio,

ultrapassando a escola e as palestras, que tem um papel fundamental no processo

de formação e informação dos seus alunos. Os PCNs Contribuem com esse

assunto, orientando que os conhecimentos ambientais veiculados pela mídia são

propostos e estimulados por meio do incentivo ao consumismo, desperdício,

violência, egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantas outras

atitudes questionáveis dentro de uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida

(BRASIL, 1998).

Ressalta-se aqui o papel do professor como mediador desse conhecimento.

Freire (1997) lembra que o educador democrático não pode negar-se o dever de, na

sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua

submissão. [...] Percebe-se, assim, a importância do papel do educador e a certeza

de que faz parte de sua tarefa docente, não apenas ensinar os conteúdos, mas

também ensinar a pensar certo.

Já Reigota (2012) fala da importância de se discutir em sala de aula artigos

publicados na imprensa, programas de reportagem de televisão, entrevistas de

rádio, documentos e opiniões presentes em blogs e sites é sempre muito

enriquecedor. Dessa forma o aluno estará informado das questões atuais.

Quando investigados, na sétima questão, se os alunos acham importante

receber informações sobre Meio Ambiente, todos responderam que sim, e

complementaram suas respostas:

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“Sim, para termos consciência naquilo que a gente faz para o meio ambiente”.

“Sim. Porque faz com que a gente faça a coisa certa”.

“Sim, porque faz parte da nossa vida e é um pedaço da gente e significativo”.

Os alunos sabem que é importante ficarem informados e conscientes dos

problemas da atualidade e que podem ser fundamentais no processo de mudança

de atitudes para melhorar o meio em que vivem.

A oitava questão diz respeito às disciplinas que informam os alunos sobre as

questões ambientais na escola. Como apurado durante as observações

participantes, vemos na Tabela 3, que Ciências Naturais foi a mais citada (76

vezes), seguida de Geografia (49 vezes), além de Português que foi citada (12

vezes). As menos citadas foram, Artes (5 vezes), Educação Física, Ensino Religioso

e Espanhol (somente 2 vezes).

Tabela 3

Disciplinas que informam sobre meio ambiente

Disciplinas citadas

Quantidade de vezes

Ciências Naturais 76

Geografia 49

Português 12

História 7

Artes 5

Espanhol 2

Ensino Religioso 2

Educação Física 2

Por se tratar de um Tema Transversal, todas as disciplinas do currículo

escolar devem realizar um trabalho com enfoque ambiental de forma interdisciplinar,

pois o ambiente não é responsabilidade de uma só área do conhecimento, porque o

ambiente é o homem e o seu lugar. Mais do que isso, é o homem no seu lugar, no

seu entorno. [...] a passagem do homem pelo lugar (será que tem conotação

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90

histórica?). Pensamos em que lugar (será geografia?). Pensamos na relação do

homem com o lugar (teremos as atividades econômicas de produção e o

autoconhecimento ambiental, caracterizado pelas ciências naturais?). Pensamos na

relação do homem com o próprio homem (acaso terá relações com sociologia, direito

e demais ciências sociais, ou medicina?) (OLIVEIRA, 1997).

Os alunos ainda foram questionados a respeito da participação em cursos ou

projetos escolares sobre educação ambiental. O Gráfico 10 evidencia que 78%

responderam que não, enquanto 22% disseram já ter participado de cursos na

Defesa Civil de Tabatinga e participado de palestras na escola em que estudam.

A escola Jociêdes Andrade, no seu Relatório Parcial do ano de 2018, inseriu

fotos do Projeto Horta Escolar. No entanto, no período de observação, não foi

possível acompanhar nenhuma etapa desse projeto sendo desenvolvida com os

alunos.

Gráfico 10

Participação dos alunos em cursos de educação ambiental

A décima questão solicitou que os estudantes citassem alguns problemas

ambientais que eles tinham conhecimento na sua rua, na sua escola e na sua casa.

Mais uma vez os alunos demonstraram conhecer pouco a respeito da totalidade do

meio ambiente, pois todos se referiram somente aos aspectos visuais dos

problemas, não fazendo uma correlação desses problemas com os aspectos sociais

e culturais, por exemplo. De acordo com o Gráfico 11, o problema do lixo foi citado

por 86% dos alunos, os quais incluíram aí, a poluição do solo, do ar e da água,

enquanto 7% se referiram ao esgoto a céu aberto e os problemas que ele vem

causando à população, 5% se referiram ao desmatamento e consequentemente às

22%

78%

Sim Não

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queimadas que causam a poluição do ar, e somente 2% se referiram à falta de

asfaltamento, que é um problema sério na cidade de Tabatinga, pois muitos

acidentes e transtornos têm sido causados por esse problema ambiental.

Gráfico 11

Problemas ambientais evidenciados pelos alunos do 9º ano

Na décima primeira questão foi perguntado aos alunos o que eles fariam para

melhorar o meio ambiente. As ações que eles mencionaram vão no sentido de

resolver os problemas ambientais citados na questão anterior. Dessa forma, os

alunos responderam, como observamos no Gráfico 12, que em sua maioria (86%),

não jogariam e recolheriam o lixo das ruas, 5% não poluiriam o ar, e 5% plantariam

árvores. Como alternativas menos citadas, apenas 2% dos alunos fariam o

fechamento de esgotos a céu aberto, e 2% fariam o asfaltamento das ruas.

Gráfico 12

O que faria para melhorar o Meio Ambiente

86%

7% 5% 2%

Lixo Esgoto a céu aberto Desmatamento falta de asfaltamento

86%

5%

2% 5% 2%

Não jogar e recolher o lixo das ruas. Não poluir o ar.

Asfaltar as ruas Plantar árvores

Fechar os esgotos a céu aberto

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Constatou-se que os alunos, de uma forma ou de outra, querem colaborar na

resolução dos problemas ambientais que os incomodam, sendo esse um bom

indicativo, pois são estes que irão cuidar do futuro e de suas complicações.

5.3.4 Atividades de Educação Ambiental com as turmas de 9º ano

5.3.4.1 Palestras

Ao buscar formas para contribuir com um processo em que todos

compreendessem a importância do meio ambiente e como a educação não se

baseia apenas na transmissão de conteúdos específicos, já que não existe um

conteúdo único, mas vários, dependendo das faixas etárias a que se destina e dos

contextos educativos em que se processam as atividades (REIGOTA, 2012), com os

objetivos de informar, conscientizar e sensibilizar os alunos a respeito de problemas

ambientais mundiais e locais foram ministradas palestras com conteúdos que deram

ênfase na importância do meio ambiente, sua preservação e as consequências que

a poluição pode trazer para a saúde.

Ainda citando Reigota, ―o conteúdo mais indicado é aquele originado do

levantamento da problemática ambiental vivida cotidianamente pelos alunos e pelas

alunas e que se queira resolver‖ (2012, pg. 63).

Sendo assim, para a escolha dos temas das palestras, foi levado em

consideração a realidade do município de Tabatinga, pois este é o ambiente mais

próximo dos alunos e que apresenta inúmeros problemas ambientais, como por

exemplo, o alto número de motocicletas e carros, desmatamento e queimadas

constantes, lixão e esgoto a céu aberto, poluição das águas, entre outros.

Após a seleção dos temas a serem abordados, com o apoio dos estagiários

da UEA, foram realizadas pesquisas bibliográficas e registros fotográficos dos

problemas ambientais evidenciados na cidade de Tabatinga; na sequência foram

preparadas as apresentações dos conteúdos em slides, com as imagens dos locais

onde os problemas se apresentam em maior proporção, para que os alunos

compreendessem a real necessidade de uma mudança de valores e atitudes na

busca de soluções para esses problemas, exercendo assim sua cidadania no

processo de transformação social.

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As palestras foram aplicadas em dias distintos e simultaneamente nas três

turmas de 9º ano.

Ao iniciar a abordagem dos conteúdos durante as palestras, foi utilizada a

modalidade didática ‗Discussão‘, a qual levou os alunos a um ―convite ao raciocínio‖,

cujo objetivo foi fazê-los participar intelectualmente de atividades de investigação

(KRASILCHIK, 2008).

Os problemas ambientais foram apresentados seguindo a seguinte

sequência: apresentação do problema, causas e consequências, e possíveis

soluções.

1ª Palestra: Poluição do ar e suas consequências para a saúde

Figura 18 - Slide da 1ª palestra aplicada ao 9º ano

A palestra teve início com a discussão sobre o conceito de meio ambiente na

concepção dos alunos. Muitos participaram dando sua opinião sobre o que seria. Foi

observado que a maioria dos alunos ao conceituar o meio ambiente não coloca o

homem como um ser integrante nesse contexto, demonstrando uma visão

antropocêntrica. Dificilmente o ser humano contemporâneo se considera um

elemento da natureza, mas um ser à parte, como um observador e/ou explorador

dela. Esse distanciamento da humanidade em relação à natureza fundamenta as

ações humanas tidas como racionais, mas cujas graves consequências exigem,

neste início de século, respostas pedagógicas e políticas concretas para acabar com

o predomínio do antropocentrismo (REIGOTA, 2012).

Na sequência foram abordados os temas de forma simples e precisa para o

bom entendimento dos alunos, sendo esclarecido sobre as causas e os efeitos da

poluição do ar. Foram apresentados aos alunos, os principais poluentes, como por

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exemplo, o monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxido de enxofre e ozônio e

suas origens (antropogênicas ou naturais), e principalmente os danos que a poluição

do ar pode causar à saúde humana, como as doenças pulmonares, pneumonia e

bronquites, além do câncer de pele, causado devido a exposição aos raios

ultravioleta que atingem cada vez mais a superfície terrestre devido a destruição da

camada de ozônio. Foi finalizada com a participação dos alunos (Figura 19) falando

sobre exemplos de suas ações em relação à diminuição dos efeitos da poluição.

Figura 19 - Alunos do 9º ano participando durante a palestra

Para induzi-los foi perguntado, informalmente, sobre o que eles estariam

fazendo para diminuir os efeitos da poluição.

Obteve-se respostas como: ―Na minha casa minha mãe sempre separa os

lixos e eu não costumo jogar lixo na rua.

Outro questionamento feito foi se eles achavam que a poluição do ar existia

somente nas grandes cidades.

Uma aluna respondeu: “A poluição está em todo canto, onde tem gente

sempre vai ter poluição!‖

Foi questionado ainda se eles já haviam imaginado o nosso planeta sem

oxigênio.

Uma das respostas dadas foi: “Não tem como viver em um planeta sem

oxigênio, todo mundo morreria”.

E pra finalizar foi deixada aos alunos uma reflexão, a partir de imagens

impactantes do planeta Terra: Em que planeta você quer viver?

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2ª Palestra: Poluição da Água e suas consequências para a saúde

Figura 20 – Slide da 2ª palestra aplicada ao 9º ano

Na palestra sobre a poluição da água foi esclarecido, primeiramente, que

esse tipo de poluição ocorre devido a deterioração da qualidade da água a ponto de

prejudicar a saúde e o bem estar de todas as espécies. Sendo que as

principais causas de degradação dos rios, lagos e oceanos é a contaminação

por poluentes e esgotos que são lançados diretamente nos mananciais hídricos. O

ser humano vem sendo o principal causador de todo este prejuízo à natureza,

devido aos lixos, esgotos, dejetos químicos industriais e mineração sem nenhum

controle. Além de poluir a água, essas substâncias também poluem o solo e o ar.

Na oportunidade, foram apresentados os químicos mais comuns,

hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados, dentre eles o chumbo e o mercúrio, e

ainda os pesticidas e solventes usados nas plantações. Foi perguntado aos alunos

se eles sabiam o que esses químicos poderiam causar às espécies aquáticas. Um

aluno respondeu que: ―Elas morrem contaminadas com tanta poluição‖. Já outro

aluno disse: ―Os peixes dessas águas não servem mais para comer”. E um outro

complementou “Quem comer passa mal e tem que ir pra UPA”. Aproveitando essa

deixa, foi falado sobre as principais doenças associadas à poluição da água e os

cuidados que devemos ter com os alimentos que comemos, verificando inclusive sua

procedência.

Os alunos foram questionados a respeito do que podemos fazer para evitar

e/ou diminuir a poluição da água. Muitos responderam que “não jogando lixo nos

rios”. Destacamos a fala de um aluno que mora na cidade vizinha, Santa Rosa-Peru:

“quando venho para a escola é o que mais vejo no porto, muito lixo!”. Uma aluna

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contribuiu dizendo: “quando vou pro sítio do meu avô, no Incra, vejo lixo no igarapé

por onde passo, nem tomo mais banho lá!”. Os alunos evidenciaram uma certa

preocupação com o descarte incorreto do lixo nos rios e igarapés da cidade. Para

finalizar, como forma de apelo ao cuidado com esse bem precioso, foi falado ainda

sobre a importância da água para a manutenção da vida na Terra e que atitudes

devemos ter frente ao lixo que é lançado a céu aberto, dentre estas, a reutilização e

a reciclagem dos resíduos.

3ª Palestra: Cuidando do Planeta

Figura 21 - Slide da 3ª palestra aplicada ao 9º ano

Em decorrência da parceria firmada com a Secretaria Municipal de Meio

Ambiente, o Secretário executivo, Jerri Alves Grandes (Figura 22), Especialista em

Meio Ambiente, proferiu a palestra Cuidando do Planeta.

Figura 22 - Secretário Executivo de Meio ambiente palestrando no 9º ano

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O Secretário deu início conceituando o meio ambiente de acordo os aspectos

legais, citando o art. 3º, I, da Lei 6.938, de 31/08/1981, onde diz que: ―é o conjunto

de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e

biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas‖. Explicou que

com base na Constituição Federal de 1988, passou-se a entender também que o

meio ambiente divide-se em físico ou natural, cultural, artificial e do trabalho. Disse

ainda que o meio ambiente não é somente a natureza, como a maioria das pessoas

pensa, mas sim onde quer que nós vivamos, é todo lugar no qual possa existir a

relação entre os seres vivos e não vivos, e que se poluímos a natureza, estamos nos

poluindo, precisamos dela para a nossa sobrevivência, porque nós somos o meio

ambiente (ADAMS, 2005).

Nesse momento, os alunos se mostraram bastante preocupados e inquietos,

foram ouvidos vários comentários a respeito do cuidado que devemos ter com tudo

que existe no meio ambiente. A partir da frase de Mahatma Gandhi, “Há o suficiente

no mundo para todas as necessidades humanas. Não há o suficiente para a cobiça

humana”, o palestrante solicitou a participação dos alunos, perguntando qual era o

entendimento deles.

Um estudante respondeu: “Tem pessoas que tem muito dinheiro, enquanto

outros não tem nem o que comer”. Outro disse: “existem pessoas muito

gananciosas, que quanto mais tem, mais querem”. Um bom indicativo observado é

que os alunos tem consciência que existe um desequilíbrio na distribuição dos bens,

ou seja, os ricos em detrimento dos pobres.

De acordo a Carta de Belgrado, a Conscientização é o primeiro objetivo

indicativo da educação ambiental, que leva os indivíduos e os grupos associados a

tomarem consciência do meio ambiente global e de problemas conexos e de se

mostrarem sensíveis aos mesmos (REIGOTA, 2012).

Foram abordados de forma geral, os principais problemas ambientais atuais:

poluição do ar, da água e do solo, desmatamento e queimadas. Assuntos já visto

nas palestras anteriores. Houve a participação efetiva dos alunos nas respostas de

vários questionamentos feitos pelo palestrante, o que demonstrou a eficácia desse

tipo de atividade no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos. Foi abordado

sobre aspectos mais complexos dos problemas ambientais, como o desmatamento

com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira, esgotamento do solo

com a perda da fertilidade para a agricultura provocada pelo uso incorreto, a

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diminuição e extinção de espécies animais, provocadas pela caça predatória e

destruição de ecossistemas, e ainda, a falta de água para o consumo humano,

causado pelo uso irracional (desperdício).

Os alunos deram suas contribuições exemplificando o que observaram no seu

dia-a-dia com relação a esses problemas. O aluno oriundo de Santa Rosa-Peru,

relatou: “Na minha cidade há muita comercialização de madeira, muitos brasileiros

vão lá comprar porque é mais barato”. Nesse momento, o palestrante ressaltou que

o corte ilegal é crime, e que todos que comprarem madeira têm que saber sua

procedência e se tem certificação.

O aquecimento global também foi citado. Foi elucidado que ele é causado

pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa, leva à diminuição da

camada de ozônio, provocada pela emissão de determinados gases (CFC, por

exemplo) no meio ambiente. Os alunos demonstraram ainda não entenderem bem

desse assunto e fizeram algumas perguntas ao palestrante, como: “O que é a

camada de ozônio?”, ―O que são CFCs?”.

As questões foram respondidas de maneira simples e concisa para que todos

entendessem. Foi esclarecido que a adoção de práticas que levem em conta as

necessidades e os direitos desta geração e as necessidades e direitos das próximas

gerações é essencial para que aconteça o crescimento econômico com justiça social

e para que os recursos naturais sejam preservados. Só assim será possível falarmos

em desenvolvimento sustentável.

Antes de encerrar a palestra, houve a necessidade de esclarecer sobre o

termo citado, e de ressaltar que é preciso mudarmos atitudes, reduzindo o lixo,

evitando o desperdício, combatendo o desmatamento, a contaminação do ar e das

águas. Foram citadas as regras básicas para a preservação e conservação do meio

ambiente: poupar energia, economizar água, reduzir o volume de lixo, combater o

aquecimento global, cuidar dos animais e plantas, reciclar e reutilizar, usar menos

veneno nas lavouras, diminuir o consumo, evitar poluição sonora e visual e

incentivar a educação ambiental em nossa comunidade.

5.3.4.2 Aula de Campo no Lixão de Tabatinga

Foi realizada uma aula de campo com as turmas do 9º ano (A, B e C)

vespertino da Escola Municipal Jociêdes Andrade, justamente por estarem em uma

fase de transição, saindo do ensino fundamental e posteriormente ingressando no

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ensino médio, com isso, esses alunos estarão futuramente indo para novas escolas,

onde poderão levar e disseminar os conhecimentos e as experiências adquiridas

para suas novas escolas, atingindo e conscientizando uma maior quantidade de

pessoas. O objetivo foi fazer com que os alunos observassem in loco a realidade de

alguns pontos estratégicos da cidade.

A primeira parada foi no Lixão da cidade de Tabatinga (Figura 23), localizado

na Perimetral Norte I, na área do INCRA.

Figura 23 – Lixão da cidade de Tabatinga

Houve a participação do Secretário Executivo de Meio Ambiente, formado em

Geografia, Especialista em Educação Ambiental e em Conservação de Recursos

Naturais, pela Universidade do Estado do Amazonas, prof. Jerri Alves, para

acompanhamento das turmas selecionadas, conforme explicitado no procedimento

de amostragem. Contou-se ainda com o apoio de alguns estagiários do 5º período

do Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Amazonas.

O deslocamento dos alunos da escola até o lixão foi realizado por um ônibus

escolar cedido pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED), por isso, a

atividade foi realizada em dois dias devido à quantidade de turmas de 9º ano. No

primeiro dia foram levadas as turmas 9º ano (A e B) (Figura 24), e no 2º dia foi a

turma 9º ano (C). (Figura 25).

Figura 24 – Turmas 9º ano (A e B) no Lixão Ligura 25 – Turma 9º ano (C) no Lixão

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Durante o percurso os alunos foram orientados sobre como se comportar no

local, para que não ficassem expostos a nenhum tipo de risco. Todos ouviram

atentos às recomendações do professor, que aproveitou para iniciar sua abordagem

falando a respeito da problemática do lixo na cidade, conteúdo ministrado em sala

de aula durante as palestras, dando ênfase nas observações paisagísticas do

percurso, onde se via uma mudança considerável, inclusive no odor oriundo do lixão,

correlacionando com os conhecimentos já adquiridos.

Ao chegar na entrada do Lixão, inicialmente foi explicado aos alunos o que

realmente seria abordado durante a aula de campo e o motivo da realização da

mesma, ou seja, compreender a problemática do lixo, suas causas e consequências,

e possíveis soluções.

Em seguida, os alunos adentraram a área do lixão, onde havia muitos insetos,

urubus, cachorros e pessoas catando lixo. Muitos alunos ficaram perplexos, pois não

tinham ideia de que aqui na cidade de Tabatinga isso ocorria. Foram ouvidos vários

comentários como: “Eu pensei que isso só acontecia nas grandes cidades como vi

na TV!”. Outro aluno comentou: “Nossa! Como essas pessoas conseguem

permanecer nesse local horrível!”.

Na oportunidade, o professor aproveitou para fazer comentários sobre a

questão social, falando da desigualdade entre ricos e pobres, onde existem muitos

com pouco e poucos com muito, tornando-se um problema de grande proporção.

Foi abordado sobre o desenvolvimento sustentável e preservação ambiental a

partir da explicação sobre a hidrografia da região, momento em que foi ressaltada a

importância da preservação dos recursos hídricos e as fontes de contaminação,

citando o lixão como exemplo, pois no seu entorno existem vários igarapés que vão

desaguar no igarapé do Takana, que banha a cidade ao norte; ou no Rio Solimões,

que banha a cidade a leste, e de onde é captada a água que é distribuída para

muitas residências.

Foi falado ainda sobre a poluição do solo através da decomposição do lixo,

que da mesma forma, contamina o lençol freático com o chorume que é produzido

nesse processo e consequentemente muitas pessoas que tem poço artesiano em

suas residências e/ou trabalho são prejudicadas.

Outro tema proposto foi sobre a reciclagem e o reaproveitamento dos

resíduos sólidos. Foram repassadas algumas informações importantes,

principalmente sobre a importância de fazer a coleta seletiva e o problema do lixo

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hospitalar na cidade, que tem sido visto como um dos maiores problemas

relacionado aos resíduos sólidos no Brasil, isso se dá principalmente pelo fato de

não haver uma separação adequada e muito menos um destino adequado para esse

tipo de resíduo (ARANTES, 2013).

É relevante destacar que o Secretário explicou aos alunos o porquê de ainda

não ter sido implantado um aterro sanitário em Tabatinga, como é exigido pela Lei nº

12.305, de 2 de Agosto de 2010, que em seu Art. 1o institui a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem

como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de

resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do

poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Nela ainda constam quais

são os objetivos da Política Nacional de Resíduos sólidos em seu Art. 7º, incisos I a

XV, nos quais se destacam principalmente a proteção à saúde pública e a qualidade

ambiental a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos

resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos

e o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e

serviços.

Após a aquisição de todos esses conhecimentos, foram realizadas perguntas

informais, em que os alunos foram questionados de forma indireta a fim de verificar

a compreensão deles sobre o conteúdo abordado, para auxiliar nas respostas do

questionário anteriormente aplicado, nas quais as perguntas mantêm

correspondência.

Dessa forma, baseados nas explicações dadas ao longo da aula e nas

observações da paisagem de forma geral, foram realizados os seguintes

questionamentos, onde P será identificado para o Professor, e A, para os Alunos de

modo geral:

P: ―Vocês sabem o que é lixo?‖. A: “Sim”.

P: ―Vocês sabem o significado de reciclar, reutilizar e reaproveitar?‖.

A: “Sim. Reciclar é você pegar uma embalagem e mandar de volta pra fábrica pra

fazerem uma nova. Reutilizar e reaproveitar é pegar essa garrafa e colocar água na

geladeira”.

P: ―Vocês sabem o que é coleta seletiva?‖.

A: “É quando separamos o lixo no local certo”.

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P: O que vocês fazem com lixo que vocês produzem?

A: “Na minha casa mandamos tudo misturado pra cá pro lixão. Mas agora acho

melhor separar”.

P: O que vocês fazem com o lixo que vocês produzem na escola?

A: “Jogamos na lixeira de lá!”

P: E agora vocês já sabem separar corretamente o lixo para reciclagem?

A: “Agora ficou claro o que devemos fazer, basta ter lixeiras pra separar no lugar

certo. Mas na escola não tem.”

P: Vocês separariam o lixo das suas casas para reciclagem em seu município?

A: “Sim. É bem melhor! Assim não vai ficar com mau cheiro, nem lá nem aqui no

lixão”.

P: Vocês costumam reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?

A: “Em casa minha mãe reutiliza garrafas e vidros pra colocar água e temperos”.

P: Vocês se preocupam com as questões ambientais?

A: “Sim. Se a gente não cuidar do nosso planeta nós vamos morrer!”.

P: Vocês sabem o que é lixo hospitalar e o perigo que ele traz?

A: “É o que vem dos hospitais. Tem agulhas contaminadas com sangue!”.

P: Vocês sabem o que é lixo orgânico e o que ele pode causar no meio ambiente?

A: “São as cascas de alimentos e o resto de comida que comemos”.

P: Vocês sabem o que é chorume?

A: “Sim. É esse líquido aí, que escorre aqui no lixão quando esses lixos apodrecem”.

P: Vocês já entenderam o que é aterro sanitário?

A: “Já. É um lugar que o lixo vai ser tratado e não vai mais ficar assim poluindo a

terra e a água que tá embaixo da terra”.

P: O aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?

A: Não! Só o lixo que não vai prestar pra nada mais!”.

P: Agora que vocês sabem qual é o destino do lixo do município, deem sugestões

para trabalhar essa questão na sua escola e na sua casa:

A: “Pra minha casa vai ser economizar água e jogar o lixo no lugar certo, e falar pra

minha mãe fazer adubo com restos de comida pra nossas plantinhas. Na escola

acho bom ter um projeto de reciclagem”.

Os alunos demonstraram ter compreendido e se conscientizado, a partir das

explicações dadas pelo professor, nas palestras que tiveram na sala de aula e na

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abordagem in loco dos problemas ambientais causados pelo descarte indevido do

lixo.

Guzmán (2015) enfatiza que a educação ambiental deve ser baseada na

formação de seres humanos conscientes de sua realidade, reflexivos da

problemática de seu meio e dispostos em prol de melhorar a qualidade de vida.

Para finalizar a aula de campo, os alunos se dirigiram ao ônibus e seguiram

até a Orla do Porto de Tabatinga (Figuras 26 e 27), a fim de dar continuidade ao

assunto a respeito da poluição da água, tema também abordado na sala de aula

durante as palestras.

Figura 26 - Alunos do 9º ano (A e B) na Orla Figura 27 – Alunos do 9º ano (C) na Orla

Ao descer na orla do porto, os alunos se dirigiram até um local próximo da

margem para que o Secretário Executivo iniciasse sua abordagem sobre a poluição

da água, mostrando a quantidade de lixo que é jogada naquele local, que é o cartão

postal para aqueles que chegam à cidade nas embarcações oriundas de outros

municípios próximos e da capital do estado.

A poluição dos recursos hídricos tem sido de fato uma das maiores

discussões e talvez a maior problemática a ser solucionada atualmente, diante disto

Miller Jr. (2014) esclarece que a poluição da água é qualquer alteração química,

biológica ou física na qualidade natural desta, e que possa prejudicar os organismos

vivos ou torne a água inadequada para consumo. O autor ainda complementa que

as fontes de poluição despejam poluentes em locais específicos por meio de canos

de drenagem, fossas ou redes de esgotos, que são lançados principalmente em

corpos de água superficiais e isto inclui, rios, lagos e igarapés.

Foi enfatizado que o lixo descartado em local inadequado na cidade, acaba

chegando naquele lugar também, contaminando a água e matando os peixes que ali

vivem.

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O secretário mostrou que a água do rio é captada mais na frente, na estação

de tratamento de água e é levado para nossas casas, daí a preocupação em manter

essa água de qualidade para o consumo.

Na oportunidade foi falado da situação das pessoas que trabalham naquele

local e que também descartam seus lixos ali mesmo no rio, que fica com mau cheiro,

e é um risco para a saúde, pois existem as doenças veiculadas pela água, momento

que foi preciso enfatizar com alguns conhecimentos biológicos a respeito dessa

questão.

Os alunos se mostraram preocupados ao saber que a água do planeta poderá

não acabar, mas sim ficar contaminada e imprópria para o consumo. Essa foi a

reflexão deixada para eles.

Ao retornar para a escola, os alunos foram questionados a respeito da aula

de campo realizada, todos disseram ter gostado por ser algo diferente que haviam

feito, pois, segundo eles, só ficar na sala de aula não se aprende muito porque não é

interessante, e que gostariam que seus professores, pelo menos uma vez ou outra,

pudessem fazer esse tipo de prática.

No entanto os professores assinalaram que é difícil porque encontram várias

barreiras para as saídas da escola. Enfatiza-se que para a realização dessas

atividades deve ser feito um planejamento prévio.

Para Cantera (2006), a prática reflete que a ação pedagógica deve ser

planejada, estrategicamente elaborada e com um propósito educativo

contextualizado levando em conta as impossibilidades e limitações.

Já Rodrigues e Rangel (2016), destacam que a maioria dos professores

reconhece a importância da sua profissão, mas se deparam com inúmeras

dificuldades devido a burocracia, a falta de infraestrutura, o desinteresse dos alunos

e etc, o que os impede de ministrar um ensino de qualidade.

Que as dificuldades não desanimem os professores, visto que essas são

estratégias excelentes para que os alunos aprendam no ambiente natural o cuidado

e a responsabilidade de preservá-lo, para a sua e para as futuras gerações.

5.3.4.3 Oficinas de Reciclagem

As Oficinas de Reciclagem foram realizadas com o apoio dos estagiários da

Universidade do Estado do Amazonas, nas três turmas de 9º ano, simultaneamente

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e tiveram como objetivo, demonstrar aos alunos a importância ambiental de se fazer

a reciclagem de vários materiais que são descartados no meio ambiente, pois são

considerados como ―lixo‖, e transformá-los em um novo produto que pode ser

utilizado novamente. Além de chamar a atenção dos alunos para tomar atitudes que

visem a diminuição da produção de lixo doméstico.

A realização das oficinas deu-se após um período de planejamento das

atividades que seriam realizadas. Primeiramente foi feita uma pesquisa com o

objetivo de selecionar conteúdo teórico para enfatizar a importância da reciclagem, e

para encontrar atividades simples que pudessem ser realizadas com os alunos, sem

nenhum tipo de gasto econômico e utilizando materiais que eles encontrariam em

suas casas e levariam para a sala de aula para que fosse passado por um processo

de montagem, personalização e decoração, até se tornar em um novo produto, de

acordo com a imaginação do aluno.

No primeiro momento foi abordado o tema Reciclagem (Figuras 28 e 29)

através da exposição de slides.

Figura 28 - Tema Reciclagem 9º ano (A) Figura 29 – Tema Reciclagem 9º ano (C)

Os estagiários confeccionaram, previamente, vários objetos com materiais

reciclados (Figuras 30 e 31). Os quais serviram de modelo para que os alunos

confeccionassem no desenvolvimento das oficinas.

Figura 30 – Objetos confeccionados 9º ano (B) Figura 31- Objetos confeccionados 9º ano (C)

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A reciclagem é uma forma importante de coletar materiais residuais e

transformá-los em produtos úteis para serem vendidos no mercado ou até mesmo

para uso próprio. Miller Jr. (2014) destaca que o processo de reciclagem envolve a

transformação de materiais sólidos descartados em produtos novos e úteis que

podem ser comercializados, se tornando uma fonte complementar de renda ou

podem ser utilizados como artigos de decoração em residências.

Também foi exposto aos alunos alguns R‘s da sustentabilidade, onde se

optou por apresentar apenas cinco, devido ao pouco tempo e à controvérsia entre

muitos autores sobre o tema. Os R‘s apresentados foram: Refletir, Reciclar,

Reutilizar, Recusar e Reduzir.

Após a explanação sobre a importância da reciclagem, os alunos partiram

para a prática (Figuras 32, 33 e 34), confeccionando em grupos, objetos com os

materiais mais diversificados possíveis.

Figura 32 - Alunos confeccionando porta treco Figura 33 - Alunos confeccionando porta joia

Figura 34 - Alunos confeccionando porta lápis

5.3.4.4 Gincana Ambiental

Para encerrar as atividades da Semana de Meio ambiente, a SEMMAT,

convidou as escolas para participar de uma Gincana Ambiental. Sendo assim, a

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escola Jociêdes Andrade, por iniciativa do Gestor e de alguns professores, aceitou o

convite (Figura 35). A atividade aconteceu no Ginásio da Escola Conceição Xavier

de Alencar (GM3).

Figura 35 - Equipe Boto Rosa da Escola Municipal Jociêdes Andrade

A finalidade dessa atividade foi a de atrair a participação e a interação das

escolas da cidade de Tabatinga-AM, possibilitando maior envolvimento da

comunidade com a SEMMAT; Desenvolver a consciência crítica nos jovens e

crianças com relação ao meio ambiente; Sensibilizar a comunidade escolar na

preservação do meio ambiente; além de incentivar as escolas do município a

participarem da Semana Municipal do Meio Ambiente.

Sendo de categoria escolar, puderam se inscrever os estudantes

devidamente matriculados, das séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano)

e/ou Ensino Médio da Rede Municipal e Estadual de Tabatinga.

Dentre os critérios de participação, foi obrigatória a presença de um professor,

coordenador ou diretor da escola (Figura 36) para acompanhar os alunos no dia do

evento.

Figura 36 - Diretor da Escola Municipal Jociêdes Andrade acompanhando os alunos

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Durante a participação na gincana (Figura 37), os alunos do 9º ano da Escola

Municipal Jociêdes Andrade tiveram, então, a oportunidade de divulgar os

conhecimentos adquiridos durante as atividades de educação ambiental

desenvolvidas na escola.

Figura 37 - Alunos da Escola Municipal Jociêdes Andrade na Gincana Ambiental

Uma das provas da gincana foi com a finalidade de fortalecer os

conhecimentos sobre a reciclagem dos materiais, pois no seu desfile de abertura, as

equipes tiveram que confeccionar uma fantasia contendo chapéu, vestimenta,

calçado e acessório, a partir de materiais reutilizados (Figura 38), e um dos

participantes teve que desfilar com a mesma.

Figura 38 - Desfile dos alunos com roupas de materiais reciclados

No concurso de dança, cada equipe teve que fazer uma coreografia com uma

música relacionada ao meio ambiente (água, preservação, poluição, etc.), não tendo

conteúdo lascivo (sensual) e da mesma forma, não trajando roupas inadequadas.

Outra prova realizada foi para criar uma poesia sobre o meio ambiente

envolvendo o tema poluição.

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Os alunos se saíram bem na execução das provas visto que esses temas eles

já haviam visto durante as atividades teóricas e práticas desenvolvidas

anteriormente.

Dias (1998) apud Oliveira (2016), afirmam que a educação ambiental atua

como um conjunto de conteúdos e práticas ambientais, voltadas para a resolução de

problemas vivenciados no dia-a-dia, com enfoque interdisciplinar e participação ativa

e responsável de cada indivíduo e da comunidade.

Rosa et. al. (2015) corrobora dizendo que as práticas pedagógicas favorecem

a interação e a reflexão sobre o cotidiano, etapa fundamental da transformação do

indivíduo e sua relação com o meio, passando a compreender o seu papel como

sujeito em um território, aliando a educação formal à não-formal, dentro de um

processo de construção pedagógica.

Dessa forma, Lucas (1980) Apud Adams (2005), diz que considera-se de

suma importância que a escola possa ultrapassar seus muros para trabalhar mais

nos alunos a educação ―no ambiente‖, no mundo fora da sala de aula, no contexto

natural e/ou social em que as pessoas vivem. Assim terão a possibilidade de tomar

consciência das situações que acarretam problemas no seu ambiente próximo ou

para a biosfera em geral, refletindo sobre as suas causas e determinando métodos

ou ações apropriadas na tentativa de resolvê-los.

Tornando-se cidadãos conscientes em relação ao mundo em que vivem,

estariam alcançando o objetivo maior da educação ambiental com a criação de uma

nova mentalidade com relação a como usufruir dos recursos oferecidos pela

natureza, desenvolvendo assim, um novo modelo de comportamento (REIGOTA,

1994).

Os PCNs afirmam que cabe à escola garantir situações em que os alunos

possam pôr em prática sua capacidade de atuação, através da promoção de

atividades que possibilitem uma participação concreta dos alunos. Essas são

condições para a construção de um ambiente democrático e para o desenvolvimento

da capacidade de intervenção na realidade (BRASIL, 1998).

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CAPÍTULO VI CONCLUSÃO

Face ao exposto, conseguiu-se identificar as concepções dos professores e

alunos do 9º ano da Escola Municipal Jociêdes Andrade a respeito da educação

ambiental, trata-se de concepções que precisam ser revistas e refletidas de forma

crítica, pois são os professores os responsáveis por formar cidadãos que vão cuidar

da vida e de suas complicações. É necessário repensar o papel do professor

enquanto transmissor de conhecimentos, para uma nova ação reflexiva e criativa.

Os professores não vêm desenvolvendo um trabalho efetivo no campo da

educação ambiental, pois somente em algumas disciplinas os alunos ouvem falar de

meio ambiente. Mas cabe à escola ser o instrumento a serviço da coletividade,

formando cidadãos, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da cidadania,

aplicando a Educação Ambiental em busca da transformação social necessária.

A educação ambiental deve ser efetivada de maneira interdisciplinar, pois é

na conjugação das diversas disciplinas que compõem o currículo escolar, que a

discussão ganhará amplitude de análise econômica, política, social, ecológica e

outras.

Foram apresentadas propostas de atividades interdisciplinares integradas

para estimular professores e alunos, e os demais elementos da escola e da

sociedade em geral ao cuidado com o meio ambiente. Nessa perspectiva, o

planejamento deve conter o envolvimento dos professores das diversas disciplinas

para que, tomando um tema no contexto local, eles possam articular o conteúdo das

suas disciplinas com a temática escolhida.

A realização das atividades interdisciplinares integradas contou com o apoio

das parcerias firmadas com a Universidade do Estado do Amazonas, Secretaria

Municipal de Educação e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, se mostrando

excelentes estratégias para o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos

ambientais, visto que os alunos obtiveram os conhecimentos teóricos aprendidos na

escola e vivenciados in loco.

Portanto, compreendeu-se como a educação ambiental vem acontecendo no

9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM,

e colaborou-se com propostas para se estabelecer uma conduta adequada frente as

questões ambientais.

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111

6.1 Recomendações para trabalhos futuros

Mediante a importância e complexidade do tema, não se pretendeu apontar

caminhos prontos, definitivos, ou mostrar que, se a aprendizagem ambiental for

trabalhada antes no professor, os problemas ambientais serão erradicados.

Espera-se que esta pesquisa possa se expandir a outras escolas

para que haja conscientização ambiental dos alunos e até mesmo da

comunidade local, visando o conhecimento, respeito e proteção de seus

recursos naturais, através de ações integradas entre escola e sociedade,

promovendo a utilização de estratégias adequadas ao município, possibilitando,

ainda, um processo de educação ambiental que envolva, também, mudanças no

comportamento dos docentes, para que estes possam estar atentos à realidade

e necessidades dos alunos e da comunidade, através da implementação de

projetos, fortalecendo, desta forma, o processo de ensino-aprendizagem.

Portanto, espera-se que os estudos sobre a aplicação da educação ambiental

nas escolas visando a transformação social, não estagnem no tempo e no

espaço, tendo em vista que seu papel é fundamental no desenvolvimento de

cidadãos críticos e preocupados com a manutenção da vida na Terra.

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APÊNDICES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES

1. Qual sua área de formação?

___________________________________________________________________________

2. Há quanto tempo está atuando no magistério?

___________________________________________________________________________

3. Qual(is) disciplina(s) você leciona?

___________________________________________________________________________

4. Você já recebeu alguma formação especial em educação ambiental?

( ) sim ( ) não

5. Em caso positivo, quem lhe ofereceu essa formação, a escola ou fez por conta própria?

___________________________________________________________________________

6. O que você entende por educação ambiental?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7. Para você qual a importância da educação ambiental?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8. Por que a educação ambiental deve ser abordada no contexto escolar como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. Como você acredita que a educação ambiental deve ser trabalhada na escola?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

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10. Na sua concepção, de que forma a educação ambiental contribui para a formação do aluno?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

11. Quais práticas pedagógicas e quais recursos didáticos devem ser utilizados no trabalho com a educação ambiental, visando uma perspectiva emancipatória no processo de transformação social?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12. Com que frequência você trabalha a educação ambiental em sua(as) disciplina(s)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

13. Qual(is) dificuldade(s) você encontra para realizar um trabalho no campo da educação ambiental com os seus alunos?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

14. Na escola em que você trabalha existe algum projeto interdisciplinar que englobe a educação ambiental? ( ) sim ( ) não 15. Se positivo, como ele acontece? __________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

16. O que deveria ser mudado em relação ao trabalho com a educação ambiental na sua escola? __________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS

1. Em que série e turma você estuda?

________________________________________________________________

2. O que vem à sua cabeça quando se fala em educação ambiental?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

3. Para você o que é meio ambiente?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4. O que faz parte do meio ambiente?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

5. Faça um desenho que represente o meio ambiente para você:

6. Como você fica sabendo de informações sobre o meio ambiente?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

7. Você acha importante receber informações sobre meio ambiente? Por quê?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

8. Quais as disciplinas que te informam sobre meio ambiente?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

9. Você já participou de algum curso ou projeto sobre a prática da educação

ambiental?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

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10. Cite alguns problemas ambientais que você tem conhecimento na sua rua, na

sua escola e na sua casa:

________________________________________________________________

________________________________________________________________

11. O que você faria para melhorar o meio ambiente?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

APÊNDICE C: PERGUNTAS INFORMAIS PARA OS ALUNOS

1. Vocês sabem o que é lixo?

2. Vocês sabem o significado de reciclar, reutilizar e reaproveitar?

3. Vocês sabem o que é coleta seletiva?

4. O que vocês fazem com lixo que vocês produzem?

5. O que vocês fazem com o lixo que vocês produzem na escola?

6. E agora vocês já sabem separar corretamente o lixo para reciclagem?

7. Vocês separariam o lixo das suas casas para reciclagem em seu município?

8. Vocês costumam reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?

9. Vocês se preocupam com as questões ambientais?

10. Vocês sabem o que é lixo hospitalar e o perigo que ele traz?

11. Vocês sabem o que é lixo orgânico e o que ele pode causar no meio ambiente?

12. Vocês sabem o que é chorume?

13. Vocês já entenderam o que é aterro sanitário?

14. O aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?

15. Agora que vocês sabem qual é o destino do lixo do município, deem sugestões

para trabalhar essa questão na sua escola e na sua casa:

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APÊNDICE D: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA-AM.

A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O que nos motiva a fazer essa pesquisa é ver que os riscos ambientais têm se multiplicado trazendo graves consequências para o meio ambiente, e muitas pessoas vêm demonstrando intenso descaso pela natureza e pela própria vida, havendo a necessidade urgente de se educar o cidadão para os cuidados com o meio em que vive. Para tanto, a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização e mudança de valores. É de extrema importância que este adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos colaborando para a construção de uma sociedade socialmente equitativa, em um ambiente saudável. Por isso, comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e comprometidos com a vida. O objetivo do projeto é compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem. O(s) procedimento(s) de coleta de dados será por meio de observações, questionários, palestras, aulas de campo e oficinas. A frequência dos participantes se dará durante os horários de aula com o intuito de não interferir na rotina dos mesmos. DESCONFORTOS E RISCOS E BENEFÍCIOS: não deverão ser submetidos a desconfortos, pois a maior parte da coleta de dados se dará no ambiente escolar dos entrevistados, através de observações, questionários, aulas de campo e oficinas que buscarão responder a proposta da pesquisa. Um desconforto mínimo que os alunos poderão ser submetidos é na visita ao lixão por ser um local desagradável. No entanto, esse desconforto se justifica pelo benéfico da construção da cidadania desses estudantes, pois ao se sentirem desconfortáveis, poderão mudar suas atitudes com relação ao descarte inadequado dos seus resíduos. Os riscos estão relacionados a exposição dos dados pessoais dos sujeitos da pesquisa. A pesquisadora evitará que isso aconteça, pois terá sob sua guarda os dados coletados durante cinco anos e após esse período vai incinerar os questionários. Informamos ainda que essa pesquisa poderá provocar pequenos danos eventuais de natureza psicológica e/ou emocional com riscos mínimos. Evidenciam-se esses riscos para a possibilidade de constrangimento ao responder ao questionário. Para minimização dos riscos, as medidas de prevenção/proteção a fim de evitar danos ou atenuar seus efeitos serão: (1) leitura e explicação do TCLE; (2) os questionários serão confidenciais e sem identificação; (3) a sua participação poderá ser interrompida a qualquer momento; (4) participação voluntária; (5) assistência

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psicológica se necessária. Com relação aos benefícios deste trabalho, a pesquisa trará contribuição direta para os professores, alunos, escola e comunidade em geral, nos quais se destaca: (1) apresentação dos resultados na escola; (2) a partir do diagnóstico será possível traçar projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental para a escola e município; (3) por se tratar dos resultados de mestrado, pretende-se publicar os resultados nas revistas de qualidades. (4) Possibilitará a sensibilização de professores e alunos para o cuidado com o meio ambiente, tornando-os multiplicadores de ações concretas de preservação e amor à natureza e a todas as formas de vida. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você será esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional.

______________________________________ Assinatura do (a) pesquisador (a)

DECLARAÇÃO DO(A) PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO(A)

PARTICIPANTE: Eu, __________________________________________________

fui informado (a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e

esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas

informações e motivar minha decisão se assim o desejar. O professor orientador Dr.

Ricardo Jorge Amorim de Deus certifica-me de que todos os dados desta pesquisa

serão confidenciais.

Em caso de dúvidas poderei chamar a estudante Luciane Caetano Nunes, o

professor orientador Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus.

Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e

esclarecer as minhas dúvidas.

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Manaus , ____de _________de 2018 Impressão dactiloscópica

_______________________________________ Assinatura do participante ou responsável legal

ENDEREÇO PROFISSIONAL/INSTITUCIONAL: Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará

(CEP-ICS/UFPA) – Rua Augusto Corrêa. Complexo de Sala de Aula/ ICS - Sala 13 -

Campus Universitário do Guamá, nº 01, Guamá, CEP: 66075-110 - Belém-Pará.

Telefone de contato (91) 98808-1656; (97) 991832675. [email protected]

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APÊNDICE E: TERMO DE ASSENTIMENTO PARA PARTICIPANTE MENOR DE IDADE

Prezado(a) Participante,

Esta pesquisa é sobre A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO

ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA-AM e está sendo

desenvolvida por LUCIANE CAETANO NUNES, do Programa de Pós-graduação em

Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, sob a orientação do

professor Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus.

O objetivo do projeto é compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem. A finalidade deste trabalho é contribuir com professores, alunos, escola e comunidade em geral. Os benefícios serão os seguintes: (1) apresentação dos resultados na escola; (2) a partir do diagnóstico será possível traçar projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental para a escola e município; (3) por se tratar dos resultados de mestrado, pretende-se publicar os resultados nas revistas de qualidades. (4) Possibilitará a sensibilização de alunos e professores para o cuidado com o meio ambiente, tornando-os multiplicadores de ações concretas de preservação e amor à natureza e à todas as formas de vida.

Solicitamos a sua colaboração para responder a um questionário com perguntas relacionadas ao tema desta pesquisa, nele você também desenhará o meio ambiente de acordo o seu entendimento. Serão realizadas palestras sobre temas ambientais, aula de campo no lixão e na orla do porto da cidade, além de oficinas de reciclagem. Solicitamos também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de saúde e publicar em revista científica nacional e/ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo absoluto. Informamos que essa pesquisa poderá provocar pequenos danos eventuais de natureza psicológica e/ou emocional com riscos mínimos. Evidenciam-se esses riscos para a possibilidade de constrangimento ao responder ao questionário; desconforto e estresse ao visitar o lixão da cidade por ser um local desagradável. Para minimização dos riscos, as medidas de prevenção/proteção a fim de evitar danos ou atenuar seus efeitos serão: (1) leitura e explicação do TCLA; (2) os questionários serão confidenciais e sem identificação; (3) a sua participação poderá ser interrompida a qualquer momento; (4) participação voluntária; (5) assistência psicológica se necessária.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, você não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pela Pesquisadora. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a

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qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição (se for o caso). A pesquisadora estará a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

______________________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a)

Eu aceito participar da pesquisa, que tem como objetivo ―compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem‖. Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer. Entendi que posso dizer ―sim‖ e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer ―não‖ e desistir sem que nada me aconteça.

A pesquisadora tirou minhas dúvidas e conversou com os meus pais e/ou responsáveis. Li e concordo em participar como voluntário da pesquisa descrita acima. Estou ciente que meu pai e/ou responsável receberá uma via deste documento. Manaus, ____de _________de 2018 Impressão dactiloscópica

____________________________________ Assinatura do participante (menor de idade)

Contato com o Pesquisador (a) responsável:

Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para a pesquisadora Luciane Caetano Nunes - Telefone: (97) 99183-2675 ou para o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (CEP/ICS/UFPA)/Rua Augusto Correa. Complexo de Sala de Aula/ICS/Sala 13/Campus Universitário do Guamá, nº 01/Guamá. CEP: 66075-110/Belém/Pará. Tel./Fax. 3201-7735. E-mail: [email protected]

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ANEXOS

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ANEXO A: LEVANTAMENTO DE DADOS DA ESCOLA

RESULTADO FINAL DE NIVEL DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO

FUNDAMENTAL II

9º ANO A,B e C

GRÁFICOS AVALIADOS COM NOTAS DE 0 – 5,9 E 6,0 – 10,0

Série x Ciclo Turma Total de Alunos Turno Alunos necessidades especiais

9º ANO

“A”

31

Vespertino

0

Série x Ciclo Turma Total de Alunos Turno Alunos necessidades especiais

9º ANO

“A”

31

Vespertino

0

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

L.PORT.

GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.

ARTES ED. FÍS. ESP.

16,12%

0,00%

22,58% 12,90% 12,90%

6,40% 9,67%

0,00%

19,35%

83,87% 100,00%

77,41% 87,09%

87,09% 93,54% 90%

100,00%

80,64%

0 - 5.9 6.0 - 10.0

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Série x Ciclo Turma Total de

Alunos

Turno Alunos

necessidades

especiais

9º ANO

“B”

32

Vespertino

0

Série x Ciclo Turma Total de

Alunos

Turno Alunos

necessidades

especiais

9º ANO

“C”

31

Vespertino

0

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

L.PORT.

GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.

ARTES ED. FÍS. ESP.

29,03% 22,58%

25,80% 25,80% 16,12%

9,67% 16,12%

12,90%

38,70%

70,07% 77,41%

74,19% 74,19%

83,87% 90,32%

84% 87,09%

61,29%

0 - 5.9 6.0 - 10.0

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

L.PORT.

GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.

ARTES ED. FÍS. ESP.

45,16%

9,67%

54,83%

45,16% 29,03%

19,35%

51,61%

22,58%

61,29% 54,84%

90,32%

45,16% 54,83%

70,96% 80,64%

48%

77,41%

38,70%

0 - 5.9 6.0 - 10.0

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TOTAL DE ALUNOS TURNO VESPERTINO DO 6°AO 9° ANO

474 ALUNOS

RESULTADO FINAL DE NIVEL DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO

FUNDAMENTAL II

GRÁFICOS AVALIADOS COM NOTAS DE 0 – 5,9 E 6,0 – 10,0

96,67%

0,62% 1,88% 0,83%

TOTAL DE ALUNOS NA ESCOLA EVADIDOS

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

6°A 6°B 6°C 7°A 7°B 7°C 7°D 8°A 8°B 8°C 8°D 9°A 9°B 9°C

12,13% 8,99%

34,93%

20,92% 20,29%

8,36%

25,31%

12,34% 17,78%

59,62%

48,11%

39,12%

30,54%

42,05%

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LIVRO DE OCORRÊNCIA EM 2017

PROJETO HORTA NA ESCOLA

30%

40%

3%

2%

25%

Indisciplinas

Saidas da escola pormotivo de saúde

Roubos

Casos de uso deEntorpecentes na escola

alunos que se ausentampor motivo de viagem

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PROJETO LEITURA E CONTOS E LENDAS AMAZÔNICOS

PROJETO DE LEITURA E REFORÇO