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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO
AMBIENTE
LUCIANE CAETANO NUNES
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL
COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA
Manaus 2019
LUCIANE CAETANO NUNES
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA
PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará, como parte das exigências para a Defesa de Mestrado na área de concentração Recursos Naturais e Sustentabilidade.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus
Manaus 2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicidade (CIP) de acordo com ISBD Biblioteca
ICEN/UFPA-Belém-PA
N972e Nunes, Luciane Caetano
A Educação ambiental aplicada no ensino fundamental
como processo de transformação social em uma escola
pública do município de Tabatinga/ Luciane Caetano Nunes.
. - 2019.
Orientador : Ricardo Jorge Amorim de Deus.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará,
Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Programa de Pós-
Graduação em Ciências e Meio ambiente, 2019.
1. Educação ambiental. 2. Escolas públicas-Estudo e
ensino (Ensino fundamental). 3. Mudança social. 4. Meio
ambiente-Conhecimentos e aprendizagem. I. Título.
.
CDD 22. ed. – 363.7
Elaborado por Leila Maria Lima Silva – CRB-458/81
LUCIANE CAETANO NUNES
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO
PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Pará (UFPA) - Instituto de Ciências Exatas e Naturais - Programa de Pós Graduação em Ciências e Meio Ambiente, como requisito para a obtenção do grau de Mestre.
Área de concentração: Recursos Naturais e Sustentabilidade.
Aprovada em: 25 / 03 / 2019.
Banca Examinadora:
_____________________________________________
Prof. Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus
(Orientador – UFPA)
____________________________________________
Prof. Dr. Jandecy Cabral Leite
(Membro Interno do Programa – UFPA)
___________________________________________
Profª. Drª. Alexandra Amaro de Lima
(Membro Externo – UNIP)
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho às pessoas mais importantes da minha vida:
A meus pais: João Batista e Gercina (in memória), que sempre sonharam em ver seus
filhos bem formados e para isso não mediram esforços. Por eles não vou desistir
nunca.
Aos meus filhos João Victor e Julianne Louíse, para que lhes sirva de exemplo e
orgulho. Pelos quais agradeço a Deus todos os dias em tê-los em minha vida.
Aos meus irmãos, pela convivência que tivemos e que me faz, nos momentos difíceis,
querer voltar a ser criança.
A todos os professores que me educaram ao longo da vida e com os quais aprendi,
não só os conteúdos escolares, mas os conteúdos da vida.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido vida e saúde para que eu desenvolvesse esse importante
trabalho. Ele é minha força e fortaleza.
Aos meus pais João Batista e Gercina (in memória), por me darem amor e educação.
Sem seus ensinamentos não seria o ser humano que sou hoje.
Aos meus filhos João Victor e Julianne Louíse, ao meu esposo Jerri Alves, aos quais
deixei de dar atenção em muitos momentos, mas que sempre estiveram ao meu lado e
preocupados comigo enquanto organizava este trabalho.
Aos meus irmãos, alguns perto e outros longe, mas tenho certeza que torcem pelo meu
sucesso.
As amigas Ilma, Josilane, Marquizete, Rocilange, Marcella, Criatiane, Maria del Pilar,
Rosi Méry, Rita, Francilene e Artemízia, que me auxiliaram de alguma forma no
desenvolvimento deste trabalho e nas horas que me sentia triste e desanimada pelos
obstáculos da vida.
A todos os colegas do curso de Mestrado Profissional em Ciência e Meio Ambiente,
pela amizade e pela convivência harmoniosa que tivemos.
A todos os professores do Curso de Mestrado Profissional em Ciência e Meio
Ambiente, pelos ensinamentos repassados, os quais serviram de alicerce para o
desenvolvimento desse trabalho.
Ao ITEGAM, pela possibilidade na realização desse sonho.
À Universidade do Estado do Amazonas, à Secretaria Municipal de Educação e à
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, pela disponibilidade em atender as solicitações
para a realização dessa pesquisa.
À Escola Municipal Jociêdes Andrade, pela colaboração no decorrer da pesquisa.
Ao meu professor orientador Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus, e ao meu amigo Dr.
Jandecy Cabral Leite, pelo encaminhamento na execução desse trabalho.
EPÍGRAFE
“Primeiro foi necessário civilizar o homem com o próprio homem, agora é necessário civilizar o homem na sua relação com a natureza e os animais.”
Victor Hugo
RESUMO
A educação ambiental tem sido apontada como um dos campos de atuação
capaz de contribuir para a transformação da sociedade contemporânea, colaborando
com o desenvolvimento de ações que visem minimizar os padrões de degradação
socioambientais vigentes e com o estabelecimento de sociedades sustentáveis. Como
a escola é o espaço social onde o aluno dará continuidade a sua socialização, deverá
oferecer meios efetivos para que os estudantes compreendam os fenômenos naturais,
as ações humanas e suas consequências. É fundamental que os estudantes
desenvolvam potencialidades e adotem posturas pessoais e comportamentos sociais
construtivos, para uma sociedade justa, em um ambiente saudável, tendo os conteúdos
ambientais permeando todas as disciplinas do currículo de forma interdisciplinar. Esse
trabalho procurou propor ações de educação ambiental no 9º ano do ensino
fundamental de uma escola pública do município de Tabatinga-Amazonas, como
processo de transformação social. Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se a
Pesquisa-Ação. O método foi o qualitativo. Os instrumentos utilizados para a coleta de
dados foram as entrevistas semiestruturadas com a aplicação de questionários aos
professores e alunos, com perguntas abertas e fechadas. Foi utilizada a técnica da
observação participante na escola. Ao término desta pesquisa, procurou-se mostrar a
importância das práticas ambientais através da realização de um trabalho transversal e
interdisciplinar, valorizando a educação ambiental, a fim de garantir a formação de
pessoas críticas e engajadas com as questões ambientais. 13 professores
responderam ao questionário, além de 102 alunos. Diante das observações e das
respostas dos entrevistados, compreendeu-se suas concepções. Trata-se de
concepções que precisam ser refletidas de forma crítica tendo em vista que cabe aos
professores aplicar a educação ambiental para a formação de alunos-cidadãos que vão
cuidar da vida e de suas complicações, levando a uma transformação social. Os
professores não vêm desenvolvendo um trabalho efetivo no campo da educação
ambiental, pois somente em algumas disciplinas os alunos ouvem falar de meio
ambiente. Mas cabe à escola ser o instrumento a serviço da coletividade, formando
cidadãos, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da cidadania, aplicando a educação
ambiental em busca da transformação social necessária. A educação ambiental deve
ser efetivada de maneira interdisciplinar, pois é na conjugação das diversas disciplinas
que compõem o currículo escolar, que a discussão ganhará amplitude de análise
econômica, política, social, ecológica e outras. Foram apresentadas propostas de
atividades interdisciplinares integradas para estimular professores e alunos, e os
demais elementos da escola e da sociedade em geral ao cuidado com o meio
ambiente. Nessa perspectiva, o planejamento deve conter o envolvimento dos
professores das diversas disciplinas para que, tomando um tema no contexto local,
eles possam articular o conteúdo das suas disciplinas com a temática escolhida.
Palavras chave: Educação Ambiental. Cidadãos. Interdisciplinar. Ensino-
aprendizagem. Transformação Social.
SUMMARY
Environmental education has been cited as one of the fields of action capable of contributing to the transformation of contemporary society, collaborating with the development of actions aimed at minimizing environmental degradation standards in force and with the establishment of sustainable societies. As the school is the social space where the student will continue your socialization, must offer effective means for students to understand natural phenomena, human actions and their consequences. It is crucial that students develop personal capabilities and adopt constructive attitudes and social behaviour, towards a just society, in a healthy environment, and environmental content permeating all disciplines of the curriculum from form interdisciplinary. This work sought to propose actions of environmental education in the 9th year of elementary school to a public school of the municipality of Tabatinga-Amazonas, as process of social transformation. To achieve the proposed objectives, action research. The method was qualitative. The instruments used for data collection were the semi-structured interviews with the application of questionnaires to teachers and students, with open and closed questions. The technique was used participant observation in school. At the end of this survey, we tried to show the importance of environmental practices through a transversal and interdisciplinary work, valuing environmental education, in order to ensure the formation of critical people and engaged with the environmental issues. 13 teachers responded to the questionnaire, plus 102 students. On the observations and the replies of the respondents understood their conceptions. These are ideas that need to be reflected critically considering the fact that it is up to the teachers to apply the environmental education for the formation of students-citizens who will take care of life and its complications, leading to a social transformation. Teachers don't have been developing effective work in the field of environmental education, for only in some subjects the students hear about the environment. But it is up to the school to be the instrument in the service of the collective, forming citizens, serving and doing meet the exercise of citizenship, applying Environmental education should be carried out interdisciplinary way, because it is the combination of the various disciplines that comprise the school curriculum, that the discussion will gain breadth of economic analysis, political, social, ecological and other. Submitted proposals for interdisciplinary activities to stimulate students and teachers, and the other elements of the school and society to care for the environment. In this perspective, the plan must contain the involvement of teachers from various disciplines to that, taking a theme in the local context, they can articulate the contents of their disciplines with the chosen theme.
Key words: Environmental education. Citizens. Interdisciplinary. Teaching and learning. Social Transformation.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Localização do município de Tabatinga no Amazonas.................... 41 Figura 02. Município de Tabatinga no Amazonas e seus limites...................... 42 Figura 03. Localização da Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru.................. 42 Figura 04. Distância entre o Lixão Municipal e o Aeroporto de Tabatinga....... 43 Figura 05. Catadores no Lixão de Tabatinga.................................................... 43 Figura 06. Localização da Orla do Porto e Estação de Tratamento de Água.. 44 Figura 07. Canoeiros na Orla do Porto de Tabatinga....................................... 44 Figura 08. Localização da Escola Municipal Jociêdes Andrade....................... 45 Figura 09. Momento de aplicação dos questionários........................................ 47 Figura 10. Escola Municipal Jociêdes Andrade................................................ 67 Figura 11. Alunos do 9º ano respondendo o questionário da pesquisa............ 75 Figura 12. Aspectos Naturais do Meio Ambiente.............................................. 87 Figura 13. Aspectos naturais do meio ambiente............................................... 87 Figura 14. O homem no meio ambiente............................................................ 87 Figura 15. O homem no meio ambiente............................................................ 87 Figura 16. Poluição da água............................................................................. 87 Figura 17. Poluição do ar.................................................................................. 87 Figura 18. Slide da 1ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 93 Figura 19. Alunos do 9º ano participando durante a palestra........................... 94 Figura 20. Slide da 2ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 95 Figura 21. Slide da 3ª palestra aplicada ao 9º ano........................................... 96 Figura 22. Secret. Exec. de Meio ambiente palestrando no 9º ano.................. 96 Figura 23. Lixão da Cidade de Tabatinga......................................................... 99 Figura 24. Turmas 9º ano (A e B) no Lixão....................................................... 99 Figura 25. Turma 9º ano (C) no Lixão .............................................................. 99 Figura 26. Alunos do 9º ano (A e B) na Orla..................................................... 103 Figura 27. Alunos do 9º Ano (C) na Orla........................................................... 103 Figura 28. Tema Reciclagem 9º ano (A)........................................................... 105 Figura 29. Tema Reciclagem 9º ano (C)........................................................... 105 Figura 30. Objetos confeccionados 9º ano (B).................................................. 105 Figura 31. Objetos confeccionados 9º ano (C)................................................. 105 Figura 32. Alunos confeccionando porta treco.................................................. 106 Figura 33. Alunos confeccionando porta joia.................................................... 106 Figura 34. Alunos confeccionando porta lápis.................................................. 106 Figura 35. Equipe Boto Rosa da Escola Municipal Jociedes Andrade............. 107 Figura 36. Diretor da Escola Municipal Jociedes Andrade acompanhando os
alunos...............................................................................................
107 Figura 37. Alunos participando em grupo das Oficinas de Educação
Ambiental.........................................................................................
108 Figura 38. Desfile dos alunos com roupas de material reciclado...................... 108
LISTA DE TABELAS
Tabela 01. Área de formação, tempo de atuação e disciplinas que os professores lecionam........................................................................
77
Tabela 02. Meios de aquisição de informações sobre meio ambiente............... 88 Tabela 03. Disciplinas que informam sobre meio ambiente................................ 89
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 01. Formação especial dos professores em educação ambiental......... 77 Gráfico 02. Quem ofereceu aos professores formação especial na área
ambiental..........................................................................................
78 Gráfico 03. Como a educação ambiental deve ser trabalhada na escola.......... 80 Gráfico 04. Frequência do trabalho com a educação ambiental nas aulas....... 82 Gráfico 05. Dificuldade dos professores para o trabalho em educação
ambiental..........................................................................................
83 Gráfico 06. Distribuição dos alunos por turma.................................................... 84 Gráfico 07. Concepção dos alunos sobre educação ambiental.......................... 85 Gráfico 08. Meio ambiente na concepção dos alunos do 9º ano........................ 85 Gráfico 09. Elementos que fazem parte do meio ambiente na opinião dos
alunos do 9º ano...............................................................................
86 Gráfico 10. Participação dos alunos em cursos de educação ambiental........... 90 Gráfico 11. Problemas ambientais evidenciados pelos alunos do 9º ano.......... 91 Gráfico 12. O que faria para melhorar o meio ambiente..................................... 91
SUMÁRIO
CAPITULO I........................................................................................... 14 1.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 14 1.2 IDENTIFICAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA DE PESQUISA 17 1.3 OBJETIVOS .......................................................................................... 18 1.3.1 Geral...................................................................................................... 18 1.3.2 Específicos........................................................................................... 18 1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA .............................. 19 1.5 1.6
DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................ ESCOPO DA DISSERTAÇÃO...............................................................
20 20
CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................... 21 2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ENSINO FUNDAMENTAL................ 21 2.2 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A APRENDIZAGEM DO
CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE NA FORMAÇÃO CIDADÃ.........
26 2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA SUA
INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR.............................................
32
CAPÍTULO III METODOLOGIA ........................................................... 39 3.1 ÁREA DE ESTUDO............................................................................... 41 3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA.................................................................... 45 3.3 AMOSTRAGEM..................................................................................... 46 3.4 COLETA DE DADOS ............................................................................ 46 3.5 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NA PESQUISA.................................. 48 CAPÍTULO IV O PROCESSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL ............ 49 4.1 O ENSINO-APRENDIZAGEM E O MEIO AMBIENTE........................... 49 4.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA AMBIENTAL...................................
52
CAPÍTULO V APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO........................... 67 5.1 PERFIL DA ESCOLA............................................................................. 67 5.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA......................................................... 69 5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................... 69 5.3.1 Parcerias firmadas............................................................................... 69 5.3.2 Observação Participante..................................................................... 70 5.3.3 Análise dos questionários Aplicados na Pesquisa.......................... 75 5.3.3.1 Questionários direcionados aos professores......................................... 76 5.3.3.2 Avaliação dos questionários direcionados aos alunos.......................... 84 5.3.4 Atividades de Educação Ambiental com as turmas de 9º ano........ 92 5.3.4.1 Palestras................................................................................................ 92 5.3.4.2 Aula de Campo no lixão de Tabatinga................................................... 98 5.3.4.3 Oficinas de Reciclagem......................................................................... 104 5.3.4.4 Gincana Ambiental................................................................................. 106
CAPÍTULO VI CONCLUSÃO................................................................
110 6.1 Recomendações para trabalhos futuros................................................
111
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................
112
APÊNDICES..........................................................................................
118
ANEXOS.................................................................................................... 129
14
CAPÍTULO I
1.1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a preocupação com o ambiente tem estado presente na vida de
grande parte da população em diferentes culturas e países. A mídia tem se
encarregado de divulgar, diariamente, grandes catástrofes ambientais, naturais ou
provocadas pela atividade do homem, muitas vezes de forma genérica e noticiosa.
A degradação ambiental, que tem ocorrido em nível mundial, tem introduzido
novas preocupações. Nos encontros, debates e grandes conferências realizadas
para a discussão deste assunto, é consensual a necessidade da mudança de
mentalidade na busca de novos valores e de uma nova ética para reger as relações
sociais, cabendo à educação um papel fundamental nesse processo. Sendo assim,
a função da escola e o trabalho do professor, se revestem de importância quando a
perspectiva para o futuro é a de uma sociedade mais justa e humana. No processo
de ensino, é essencial considerar os fatores que envolvem a dimensão social
externa à escola, entendendo que ela é composta de tudo que permeia a vida social,
como acontecimentos econômicos e políticos, por exemplo, que influenciam não
apenas a escola, mas também todos os seus segmentos e os atores que nela
atuam.
A escola é o local da sociedade no qual a informação adquirida das mais
diferentes formas, meios e locais, poderá ser convertida em saberes. Seu espaço
deve ser destinado a atender as demandas socioculturais-educacionais do aluno.
Considerando que aprender é compreender, isso significa que o sujeito traz consigo
parcelas do mundo exterior que devem ser integradas ao seu universo para que
possa construir sistematicamente, representações que possibilitem uma ação sobre
o mundo. Assim, diante das dificuldades e problemas sociais a serem amenizados,
da responsabilidade que tem os educadores, visto que o seu espaço de trabalho é
de formação cidadã, são privilegiados à medida que trabalham com a maior das
faculdades humanas, a capacidade do raciocínio, e tem como objetivo maior, educar
para libertar, formar cidadãos capazes de buscar uma leitura crítica e consciente da
realidade em que estão inseridos, com o intuito de poder modificá-la.
Nesse sentido, compreender como a educação ambiental vem acontecendo
no 9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-
15
AM, visando propor ações para a transformação social, fortalecendo o processo de
ensino-aprendizagem, se torna um estudo de grande valia à medida que possibilita
esclarecer sobre a aprendizagem ambiental daqueles que se propõem a formar e a
aprender nessa área específica do conhecimento. Acredita-se que esse seja um
passo importante para que a educação ambiental aplicada e processada na escola
forme cidadãos conscientes e comprometidos com a manutenção da vida.
Visando alcançar os objetivos aqui traçados, a pesquisa deu-se por meio de
uma Pesquisa-Ação. Para Thiollent (2009), trata-se de uma pesquisa social com
base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com uma resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os
participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo.
A realização desse trabalho se deu no segundo trimestre de 2018 com os
alunos do 9º ano do ensino fundamental vespertino da Escola Municipal Jociêdes
Andrade, localizada na Avenida da Amizade, s/n - Centro, a principal avenida da
cidade, na zona urbana do município de Tabatinga-Amazonas. A mencionada escola
é uma referência, pois além de estar localizada no centro da cidade, é a principal
escola municipal de ensino fundamental, e tudo que nela acontece se estende para
as outras escolas municipais. Sua clientela é heterogênea, com alunos de diferentes
classes sociais, sendo que a maioria é de classe baixa e oriunda de todos os bairros
da cidade, desde os mais próximos aos mais distantes, dos quais são transportados
até à escola por ônibus escolares oferecidos pela Prefeitura Municipal; Além de
alunos das cidades dos países vizinhos, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru.
Atualmente atende uma demanda de 558 alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano
e EJA diurno. Sendo três turmas de 9º ano, (A, B e C), totalizando
aproximadamente, 102 alunos, os quais estarão migrando para o ensino médio nas
escolas estaduais, para onde levarão todos os ensinamentos adquiridos, podendo
ser multiplicadores dos saberes ambientais.
Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram as entrevistas
semiestruturadas com a aplicação de questionários aos professores e alunos, com
perguntas abertas e fechadas. Essa modalidade de pesquisa é utilizada para a
realização da Pesquisa-Ação. Buono (2014) salienta que para sua elaboração, deve
ser observado como um dos pré-requisitos a busca de dados no ambiente natural,
onde de fato acontece. Demo (1995) define como a atividade científica que permite
16
ao pesquisador descobrir a realidade. E Yin (2015), ressalta que a entrevista é uma
das fontes mais importantes de informação para o estudo de caso.
Foi utilizada ainda, a técnica da observação participante na escola a fim de
verificar como os professores trabalham a educação ambiental durante suas aulas,
abrindo assim a possibilidade de compreensão da postura dos sujeitos sociais no
processo de ensino/aprendizagem dessas temáticas, usando como referencial a
relação dialética entre o proposto na formação docente e o vivenciado por esses
respectivos atores sociais durante sua atuação, o que possibilitou analisar a
proposta formacional e o ensino da educação ambiental adotado na escola em que
trabalham.
As entrevistas constituíram a principal fonte de dados da coleta e tiveram
como objetivo aprofundar informações obtidas com os outros instrumentos de
pesquisa. O conjunto de dados obtidos e a bibliografia consultada permitiram a
construção das análises desse trabalho.
A apresentação desse estudo se encontra em seis partes divididas por
capítulos.
O embasamento teórico aqui exposto norteou a análise e discussão dos
resultados dessa pesquisa e mostrou-nos que a educação ambiental é um
instrumento fundamental para que se possa entender que a teia da vida é um
intrincado movimento de aprendizagem que vem ocorrendo há bilhões de anos e
que para isso é necessário a incorporação da modéstia que nos cabe em relação a
quem somos, de onde viemos e para onde vamos.
Portanto, compreendeu-se como a educação ambiental vem acontecendo no
9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM,
e colaborou-se com propostas para se estabelecer uma conduta adequada frente às
questões ambientais.
Espera-se que os estudos sobre a aplicação da educação ambiental nas
escolas, visando a transformação social, não estagnem no tempo e no espaço,
tendo em vista que seu papel é fundamental no desenvolvimento de cidadãos
críticos e preocupados com a manutenção da vida na Terra.
17
1.2 IDENTIFICAÇÃO E JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA DE PESQUISA
Os riscos ambientais têm se multiplicado trazendo graves consequências para
o meio ambiente. Muitas pessoas vêm demonstrando intenso descaso pela natureza
e pela própria vida, havendo a necessidade urgente de se educar o cidadão para os
cuidados com o meio em que vive. Assim, entendemos que uma das maneiras para
se atingir os objetivos da educação ambiental é trabalhando suas temáticas na
educação formal.
É necessário que os professores busquem romper uma visão unilateral do
ambiente que os alunos trazem ao longo de suas vidas, por meio da
interdisciplinaridade que proporcionará a descompartimentalização do saber, que
considere a educação ambiental como um processo contínuo e cíclico, enfatizando a
necessidade de articular iniciativas associadas que promovam o equilíbrio entre os
diversos ecossistemas e culturas da Terra.
Esta ação inicia com a mudança de valores individuais, perpassa pelo
conhecimento e respeito das particularidades locais, pela adoção de condutas
sustentáveis e abrange a totalidade do ambiente. É necessário pensar globalmente
e agir localmente, buscando uma mudança de postura frente aos problemas
ambientais.
É de extrema importância que cada aluno desenvolva as suas potencialidades
e adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos, colaborando para
a construção de uma sociedade equitativa, em um ambiente saudável. Por isso,
comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no
cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.
Face a essa realidade é preciso buscar formas para contribuir com um
processo em que todos se conscientizem da importância do meio ambiente
oportunizando conhecimento, compreensão e consequentemente, amor e proteção à
natureza.
Cabe aos professores, por intermédio de práticas interdisciplinares, proporem
novas metodologias para a implementação da educação ambiental, considerando o
ambiente imediato, relacionando a exemplos de problemas ambientais atualizados.
Nesse contexto, o professor e a escola são peças fundamentais para mediar o
processo de aprendizagem.
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Assim, compreender como a educação ambiental vem acontecendo na Escola
Municipal Jociêdes Andrade em Tabatinga-Amazonas, quais os conceitos e valores
professores e alunos têm a respeito do meio em que vivem e propor ações de
educação ambiental como processo de transformação social, é de grande valia, pois
possibilitará esclarecer se a partir da atuação desses profissionais, a aprendizagem
dos alunos está sendo eficaz e trará benefícios para a sociedade em um futuro
próximo, bem como compreender os desafios enfrentados pelos professores durante
a sua prática, e assim colaborar com possíveis propostas de desenvolvimento da
educação ambiental na escola, levando em consideração os espaços de
aprendizagens mais próximos dos estudantes, pois se as práticas forem
relacionadas às situações da vida real, ao contexto local da cidade, e à realidade de
alunos e professores, o resultado tende a ser positivo.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
Propor ações de educação ambiental no 9º ano do ensino fundamental de
uma escola pública do município de Tabatinga-Amazonas, como processo de
transformação social.
1.3.2 Específicos
a) Identificar os conceitos e valores dos professores e dos alunos em educação
ambiental;
b) Descrever as atividades realizadas pelos professores no campo da educação
ambiental;
c) Buscar parceria junto à Universidade do Estado do Amazonas e às Secretarias de
Meio Ambiente e de Educação do Município de Tabatinga a fim de promover
ações de educação ambiental;
d) Aplicar atividades para o ensino-aprendizagem, através de instrumentos
pedagógicos adequados para o trabalho com a educação ambiental.
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1.4 CONTRIBUIÇÃO E RELEVÂNCIA DA PESQUISA
A educação ambiental é essencial para o desenvolvimento do ser humano,
para o seu processo de humanização, concretizando assim uma etapa da
transformação do âmbito social. Nesse processo, a educação e a sociedade devem
estar aliadas, pois as duas evoluem de maneira igual e gradual. Assim, a educação
ambiental conceitua-se da abrangência do conhecimento sobre o ambiente, e tem
por finalidade a sua preservação bem como a utilização de seus recursos de
maneira sustentável.
Presumindo que a educação começa em casa e tem seu aprimoramento na
escola através da associação de teoria e prática, fazendo-se necessário a
continuação dos contextos ambientais, cabe ao professor ter ciência da importância
de se trabalhar com conteúdos da educação ambiental. E é dever da escola
proporcionar aos alunos práticas de preservação ambiental, levando em
consideração o ambiente em que o educando está inserido.
Para que isso aconteça, é necessário a introdução da educação ambiental,
bem como de suas práticas, seus objetivos e suas potencialidades, desde muito
cedo, pois é quando está se formando o caráter do cidadão. Deve-se ter consciência
de que comportamentos ambientais corretos devem ser assimilados desde cedo
pelas crianças e devem fazer parte do seu dia a dia, seja em casa ou no ambiente
escolar, pois as questões ambientais estão presentes no cotidiano das pessoas, e
na escola, cabe ao professor a responsabilidade de levar os alunos a refletirem
sobre suas ações e as consequências que as mesmas vão gerar no futuro.
Assim, a referente pesquisa terá contribuição direta para os professores,
alunos e escola em geral. A partir do diagnóstico realizado será possível traçar
projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental, para a
referida escola e, posteriormente, para todo o município, visto que esses alunos
migrarão para as diversas escolas. Sendo assim, trará benefícios, porque
possibilitará a sensibilização de alunos e professores para o cuidado com o meio
ambiente em que estiverem inseridos, tornando-os multiplicadores de ações
concretas de preservação e amor à natureza e a todas as formas de vida.
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1.5 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em Tabatinga-Amazonas, com alunos do 9º ano da
Escola Municipal Jociêdes Andrade, localizada na Avenida da Amizade, Centro,
zona urbana do município.
A escola foco da pesquisa serve de referência para outras escolas municipais,
tem uma clientela heterogênea, com a maioria dos alunos sendo de classe baixa e
oriunda de todos os bairros da cidade. Atualmente atende uma demanda de 558
alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano e EJA diurno. Sendo três turmas de 9º
ano, (A, B e C), totalizando aproximadamente, 102 alunos, os quais estarão
migrando para o ensino médio nas escolas estaduais. E a maioria dos professores
que nela trabalham, também trabalham em outras escolas, municipais e/ou
estaduais.
Dessa forma, a perspectiva é que todos os envolvidos na pesquisa levem os
ensinamentos adquiridos para outros lugares que estejam inseridos, podendo ser
multiplicadores dos saberes ambientais.
1.6 ESCOPO DA DISSERTAÇÃO
No Capítulo 1 consta a Introdução e a Identificação e Justificativa do
Problema de Pesquisa; os Objetivos; a Contribuição e Relevância da Pesquisa; a
Delimitação da Pesquisa; e o Escopo da Dissertação.
O Capítulo 2 apresenta a Revisão Bibliográfica, tendo como subtemas: A
Educação Ambiental e o Ensino Fundamental; A Importância da Escola para a
Aprendizagem do Cuidado Com o Meio Ambiente na Formação Cidadã; e A
Educação Ambiental e a Importância da Sua Inserção no Currículo Escolar.
No Capítulo 3 encontrar-se a Metodologia com a Área de Estudo; População
Estudada; Amostragem; Coleta de Dados; e Questionários Aplicados na Pesquisa.
Faz parte do Capítulo 4 o Processo da Educação Ambiental; O Ensino-
Aprendizagem e o Meio Ambiente; e O Professor e Sua Prática Ambiental.
Já no Capítulo 5 consta a Aplicação do Estudo de Caso; O Perfil da Escola;
Aplicação da Metodologia; e Resultados e Discussões.
E no Capítulo 6 apresenta-se a Conclusão de toda a pesquisa realizada.
21
CAPÍTULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ENSINO FUNDAMENTAL
Para compreendermos a amplitude e a importância da educação ambiental,
se faz necessário, primeiramente conceituá-la, a fim de percebê-la de forma mais
abrangente e contextual.
De acordo a I Conferência Intergovernamental Sobre Educação Ambiental –
Tbilisi, Geórgia, a educação ambiental foi definida como uma dimensão dada ao
conteúdo e à prática da educação, orientada para a solução dos problemas
concretos do meio ambiente, através de enfoques interdisciplinares e de uma
participação ativa e responsável de cada indivíduo e da coletividade.
Mas é do Ministério do Meio Ambiente que vem a definição oficial: ―Educação
ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam
consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades,
experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente
– e resolver problemas ambientais presentes e futuros‖.
Gonçalves (1990), afirma que a educação ambiental é o processo de
reconhecer valores e aclarar conceitos para criar habilidades e atitudes necessárias
que sirvam para compreender e apreciar a relação mútua entre o homem, sua
cultura e seu meio circundante biofísico. Para ele, a educação ambiental também
inclui a prática de tomar decisões e auto formular um código de comportamento com
relação às questões que concernem à qualidade ambiental.
Aziz Ab‘Saber (1992), define a educação ambiental como um processo que
envolve um vigoroso esforço de recuperação da realidade e que garante um
compromisso com o futuro. Uma ação entre missionária utópica destinada a
reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais
alcançados. Segundo ele, trata-se de um novo ideário comportamental, tanto no
âmbito individual quanto coletivo.
De acordo com o conceito definido pela Comissão Interministerial na
preparação da ECO-92, a educação ambiental se caracteriza por incorporar as
dimensões socioeconômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em
pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágios
de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim, a
22
educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio
ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que
conformam o ambiente, com vistas a utilizar racionalmente os recursos do meio na
satisfação material e espiritual da sociedade, no presente e no futuro. (IN LEÃO &
SILVA, 1995 apud ADAMS, 2005).
O CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) define a educação
ambiental como um processo de formação e informação orientado para o
desenvolvimento da consciência crítica sobre as questões ambientais e de
atividades que levem à participação das comunidades na preservação do equilíbrio
ambiental.
Segundo a Lei Federal nº 9.795, ―Educação ambiental é o processo por meio
do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio
ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade‖ (Art. 1º, Lei Federal nº 9.795, de 27/04/99).
Nas primeiras décadas que se falava em educação ambiental, relacionava-se,
prioritariamente, com a proteção e a conservação de espécies animais e vegetais,
assim estava muito próxima da ecologia biológica, sem que ela tivesse que se
preocupar com os problemas sociais e políticos que provocavam esta situação de
desaparecimento de espécies (REIGOTA, 2012, pg. 12).
Muitas pessoas acreditam que a educação ambiental limita-se em se
trabalhar somente assuntos relacionados à natureza, levando em consideração
unicamente os aspectos naturais, como por exemplo, o lixo descartado de forma
inadequada, as paisagens naturais que vem sendo modificadas pela ação antrópica,
os animais que estão extintos ou na linha de extinção, dentre outros. Por este
enfoque, assume um caráter exclusivamente naturalista. Mas atualmente, a
educação ambiental vem assumindo um caráter mais realista, embasado na busca
de um equilíbrio entre o homem e o ambiente em que vive, visando a construção de
um futuro pensado e vivido numa lógica de desenvolvimento e progresso. Neste
contexto, torna-se ferramenta de educação para o Desenvolvimento Sustentável1,
1Desenvolvimento Sustentável ―... aquele que atende as necessidades do presente, sem
comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades‖.
23
tendo em vista ser o próprio ―desenvolvimento‖ o causador de tantos danos
socioambientais.
No sentido contrário afirmamos que a educação ambiental não deve estar
relacionada apenas com os aspectos biológicos da vida, pois, não se trata apenas
de garantir a preservação de determinadas espécies animais e vegetais e dos
recursos naturais, embora sejam questões extremamente importantes e devem
receber muita atenção (REIGOTA, 2012).
O que vemos acontecer é a propagação dos problemas ambientais trazendo
inúmeras consequências, isso nos faz compreender as características, os limites e
as transformações da nossa realidade. Cada vez mais percebemos a complexidade
desse processo de modificação de uma sociedade ameaçada e diretamente afetada
pelos agravos socioambientais. Os riscos atuais apontam as consequências das
práticas de uma sociedade ameaçada.
A contemporaneidade vem sendo marcada por grandes transformações
sociais, econômicas, políticas e ambientais. No entanto, sabemos que essas
mudanças nem sempre são benéficas. Exemplo disso é a problemática que atinge
diretamente o meio ambiente, que está sendo cada vez mais poluído e devastado
por pessoas que vem demonstrando, através de suas ações, intenso descaso pela
natureza e consequentemente pela sua própria vida. O agir humano está levando à
inúmeros problemas ambientais como: extinção de espécies, desmatamento, uso
indevido de agrotóxicos, urbanização desenfreada, explosão demográfica, poluição
do ar e da água, contaminação de alimentos, erosão dos solos, diminuição das
terras agricultáveis pela construção de grandes barragens, poluição de forma geral,
efeito estufa, ameaça nuclear, guerra bacteriológica, corrida armamentista,
tecnologias que afirmam a concentração do poder, entre outras atrocidades da vida
moderna que tem comprometido a qualidade e a manutenção da vida das espécies.
Diante dessa realidade, é necessário procurar contribuir com um processo
educacional para que todos tenham ciência do valor do meio ambiente2 levando ao
conhecimento e desenvolvendo a compreensão para o amor e proteção à natureza3
2 Por meio ambiente entende-se não apenas o entorno físico, mas também os aspectos sociais,
culturais, econômicos e políticos inter-relacionados (BRASIL, 1998, p. 229).
3 A natureza é o conjunto de todas as coisas e seres do universo. Conjunto das coisas e dos seres do
mundo natural. (BECHARA, 2011, p. 853).
24
e à vida. Isso envolve um conjunto de atores do universo educativo em todos os
níveis e em todas as áreas do conhecimento, potencializando o engajamento dos
diversos sistemas de conhecimento e a sua capacitação numa perspectiva
Interdisciplinar4 e Transdisciplinar5. Nesse sentido, a educação vem se mostrando
uma via em potencial durante um processo em que os sujeitos têm a possibilidade
de criar e recriar caminhos através de uma formação contextualizada sócio histórica
e culturalmente. Para tanto, o fazer pedagógico se impregna e acaba por se
identificar cada vez mais com a realidade dos educandos, ultrapassando os limites
das salas de aula em direção à significação, valorização e cuidado com a própria
vida.
Nesse sentido, Freire (1997, p. 34), nos diz que ―formar passa a ser muito
mais do que treinar o educando no desempenho de suas destrezas”. E para que isso
ocorra é preciso, primeiramente, transformar aspectos fundamentais da forma de
aprender, ensinar e pensar com vista na formação de mentalidades mais solidárias e
críticas, na perspectiva da formação cidadã, no seu sentido mais amplo, sendo a
escola, um valioso espaço de trabalho para a formação ambiental desses
importantes atores sociais.
A educação tem sido foco das discussões mundiais em vários eventos sobre
educação ambiental. Discute-se cada vez mais seu papel no desenvolvimento das
pessoas e das sociedades. De acordo documentos de órgãos internacionais, educar
o cidadão para o cuidado com o meio ambiente vem sendo prioridade para se
amenizar os problemas ambientais, de acordo os PCN‘s, (BRASIL, 1998):
Embora parte da humanidade esteja mais consciente das ameaças que pesam sobre o ambiente natural e da utilização irracional dos recursos naturais, que conduz a uma degradação acelerada do meio ambiente que atinge a todos, ainda não há meios eficientes para solucionar esses problemas; além disso, a crença de que o crescimento econômico pudesse beneficiar a todos e permitisse conciliar progresso material e equidade, o respeito da condição humana e o respeito à natureza, nem sempre exercido (pg. 17).
Daí a importância de se trabalhar desde as séries iniciais do ensino
fundamental, valores e atitudes de respeito à todas as formas de vida, dando
continuidade ao longo de toda escolarização.
4 Interdisciplinar é a colaboração e comunicação entre as disciplinas, guardadas as especificidades e
particularidades de cada uma (PETRAGLIA, 2011, pg. 83). 5 Transdisciplinar é o intercâmbio e a articulação entre as disciplinas (PETRAGLIA, 2011, pg. 83).
25
O ensino fundamental compõe, juntamente com a educação infantil e o ensino
médio, o que a Lei Federal nº 9.394, de 1996 — nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional —, nomeia como educação básica e que tem por finalidade
―desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação indispensável para o exercício
da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores‖ (BRASIL, 1998, pg. 41).
Para Loureiro e Torres (2014, pg. 13), é importante que se dê ênfase ao
desenvolvimento de uma educação escolar com vistas a formar sujeitos críticos e
aptos a transformar sua realidade social. E esta educação deve ser
problematizadora, contextualizada e interdisciplinar, tendo em vista a construção de
conhecimentos, atitudes, comportamentos e valores pelos sujeitos escolares,
estando evidentes em documentos oficiais como a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDBEN) (BRASIL, 1996), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
(BRASIL, 1997; 1998; 2000) e o Plano Nacional de Educação (PNE) (BRASIL,
2001).
Assim, os PCN‘s apontam como objetivos para os alunos do Ensino
Fundamental:
Compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito; Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas; Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente; Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação. (BRASIL, 1998, pg. 55).
Percebe-se que a formação cidadã é o que se buscará para os alunos nesse
nível de ensino, visto que ao finalizar esta etapa da sua escolarização, deverão ser
capazes de lutar pelos seus direitos e cumprir com seus deveres na busca de
soluções para os problemas que se apresentarem.
Reigota (2012, pg. 13) afirma que:
26
Há que se pensar as nossas relações cotidianas com os outros seres humanos e espécies animais e vegetais e procurar alterá-las (nos casos negativos) ou ampliá-las (nos casos positivos) numa perspectiva que garanta a possibilidade de se viver dignamente é um processo pedagógico e político) fundamental e que caracteriza essa perspectiva de educação.
Dessa forma, levará os alunos a reflexão e à participação na busca de
solução para os problemas ambientais, levando-os ainda, à mudança de
comportamento.
Assim, a educação ambiental, de acordo Reigota (2012), deve ser entendida
como educação política, pois ela reivindica e prepara os cidadãos para exigir e
construir uma sociedade com justiça social, cidadania nacional e planetária,
autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza.
2.2 A IMPORTÂNCIA DA ESCOLA PARA A APRENDIZAGEM DO CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE NA FORMAÇÃO CIDADÃ
A educação ambiental sustenta uma recente discussão sobre as questões
ambientais e transformações de conhecimentos, valores e atitudes que devem ser
seguidos diante da nova realidade a ser construída, constituindo uma importante
dimensão que necessita ser incluída no processo educacional. Nesse sentido, pode
ser utilizada para brotar nos indivíduos a iniciativa de buscar opções para modelos
sustentáveis de produção, que minimizem a destruição da floresta, a super
exploração das espécies e os efeitos adversos do aquecimento global (BRANDÃO e
CARRERO, 2011).
Assim, trabalhar com o tema Meio Ambiente na escola é uma forma de
colaborar na formação de cidadãos conscientes, capazes de tomar decisões e de
atuar na sua realidade socioambiental de um jeito comprometido com a vida, com o
bem-estar de cada um e da sociedade local e global (BRASIL, 1997).
É consenso na comunidade internacional que a educação ambiental deve
estar presente em todos os espaços que educam o cidadão e a cidadã. Assim, ela
pode ser realizada nas escolas, nos parques e reservas ecológicas, na associação
de bairro, nos sindicatos, nas universidades, nos meios de comunicação de massa,
etc. (REIGOTA, 2012, pg. 39).
Nesse contexto, compreendemos que a escola é um local privilegiado de
aquisição de informações variadas, de construção e produção de conhecimentos, de
27
desenvolvimento da criatividade e de possibilidades de aprendizagens diversas,
onde os professores devem trabalhar na perspectiva de visões cotidianas,
exercendo um papel muito importante no processo de construção de conhecimentos
dos alunos, na modificação dos valores e condutas ambientais, de forma
contextualizada, crítica e responsável (REIGOTA, 1998, p. 69).
A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu
processo de socialização, visto que o que nela se faz, se fala e se valoriza, serve de
exemplo para aquilo que a sociedade deseja e aprova. Além disso, a escola precisa
zelar pelos conhecimentos que visa construir, pois estes precisam ser trabalhados
de forma contextualizada e integral na realidade do meio em que vivem os alunos.
Para a construção desses conhecimentos na escola, Piaget (1978), citado nos
PCN‘s (BRASIL, 1998) através da epistemologia genética, oferece importantes
informações quando coloca a aquisição dos conceitos dos mais simples aos mais
complexos pelas crianças e jovens.
Brasil (1988) assegura que:
O verdadeiro desafio da escola passa a ser o de criar formas para desde a infância e juventude, educar o ser humano capaz de perceber e analisar de forma crítica o mundo diversificado e complexo em que vive, trata-se de ensinar a perceber e internalizar a complexidade, diversidade e potencialidades do ambiente, face à fragmentação da realidade posta a serviço da exploração da natureza e da dominação do homem.
E assim, se impõe a necessidade de se pensar a educação numa perspectiva
―complexa‖, capaz de se compreender e viver a solidariedade em diversas
dimensões e sob os mais variados e múltiplos aspectos também dentro da escola,
partindo-se da ideia do processo auto-eco-organizador que todo sujeito desenvolve
(PETRAGLIA, 2011, pg. 78).
A grande tarefa da escola é proporcionar um ambiente escolar saudável e
coerente com aquilo que ela pretende que seus alunos apreendam, para que possa,
de fato, contribuir para a formação da identidade como cidadãos conscientes de
suas responsabilidades com o meio ambiente, e capazes de atitudes de proteção e
melhoria em relação a ele (BRASIL, 1988).
Ao considerar a importância do meio ambiente e das temáticas ambientais, e
a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola deverá oferecer meios
eficazes para que seus alunos compreendam a fundo os fenômenos naturais, as
28
ações antrópicas e suas verdadeiras consequências para todas as formas de vida e
para o ambiente em que vivem, sendo de fundamental importância que cada aluno
desenvolva as suas potencialidades e dessa forma, adote posturas individuais e
comportamentos sociais construtivos, contribuindo para a construção de uma
sociedade justa em um ambiente apropriado e saudável.
É preciso incentivar na escola o desencadeamento de reflexões sobre as
questões ambientais para além de suas dimensões biológicas, químicas e físicas,
como questões sócio-políticas.
Reigota (2012, pg. 13) nos diz que:
Quando afirmamos e definimos a educação ambiental como educação política, estamos afirmando que o que deve ser considerado prioritariamente é a análise das relações políticas, econômicas, sociais e culturais entre a humanidade e a natureza e as relações entre os seres humanos, visando a superação dos mecanismos de controle e de dominação que impedem a participação livre, consciente e democrática de todos. A educação ambiental está comprometida com a ampliação da cidadania, da liberdade, da autonomia e da intervenção direta dos cidadãos e das cidadãs na busca de soluções e alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem comum.
E é nessa busca de soluções para os problemas ambientais que os alunos
podem exercer a sua cidadania de forma efetiva visando a melhoria das condições
de vida de todos em um ambiente limpo e saudável.
Por diferenciar-se da educação tradicional, estruturada disciplinarmente,
apresentando-se como saber transversal, a educação ambiental inova, porém, arca
com as dificuldades de sua assimilação pela educação formal (CARVALHO, 1998).
Entretanto, o desenvolvimento de projetos que visam à conscientização da
preservação ambiental pode representar possibilidades de aprendizagem para a
escola como um todo, especialmente, para se trabalhar numa perspectiva
interdisciplinar.
Dessa forma, a problemática ambiental pode traçar um novo caminho para a
educação, pois não se trata só de transmitir conteúdos, conceitos, como ocorre na
escola, no ensino tradicional, mas sim aprender a olhar e a ler a natureza,
entendendo a ciência como criatividade e atividade que permite integrar a arte e os
diferentes conhecimentos, abandonando o paradigma racionalista de ciência e de
exploração dos recursos naturais.
29
Há cada vez mais uma grande necessidade de se enfatizar a educação
ambiental na escola centralizada na conscientização e sensibilização dos indivíduos,
recuperando o conceito de educação integral e de uma pedagogia democrática,
ética e solidária, atualizada com os subsídios ecológicos. Entendemos que a
educação ambiental na escola deve trabalhar primordialmente com a integridade
humana. O simples fato de o ser humano aprender a economizar, a reciclar, a
compartilhar, a preservar e aceitar diferenças pode representar a revolução no corpo
do sistema social. Nós somos todos professores e alunos diante da tarefa de
reaprender estes valores, com um sabor existencial profundo que une a natureza e a
cultura (GADOTTI, 2000).
Diante dos sujeitos que têm que aprender e, através do aprender, se
constituem como sujeitos, esse valioso objeto de estudo da educação ambiental,
passa por um processo de apropriação da realidade para modificá-la.
Para Pinel apud Fernandez (1990, p. 55), ―sentimentos, emoções, desejos,
raciocínios, etc., ficam mais revelados e as tonalidades me provocam e me evocam,
lembrando que tenho com urgência de (re) significar minha vida vivida, minha
profissão, meu ser mesmo no mundo...‖.
Nesse contexto, professores e escola estão fatidicamente ligados a um
contexto histórico, econômico e social, bastante favoráveis ao enfraquecimento da
emoção do ensinar e do aprender. O desejo de ser professor parece esvair nesses
profissionais com o tempo, precisando, portanto, ser estimulado. O trabalho da
educação ambiental é fazê-los refletir criticamente e religar o pensamento com o
desejo de querer mudar a realidade. Estes tornam fundamental para o sujeito se
tornar autor de seu pensar e, perceber-se como sujeito desejante e pensante. Dessa
forma este profissional poderá ajudar a mudar o destino da humanidade.
Não é nada novo encontrar nos discursos pedagógicos atuais, sérias críticas
ao papel da escola e do professor no âmbito da comunidade. Estes discursos
estabelecem, nos diferentes níveis, a forte desvinculação da escola com a realidade
econômica, social, política e cultural na qual está inserida, o que pode ser chamado
de descontextualização do fazer escolar.
Este panorama, ainda que desolador é justo. Existem situações nas quais a
escola ignora a realidade da qual faz parte, como exemplo, uma criança que vive em
uma zona de alta contaminação, ensina-se em aula as definições gerais de
contaminação, obrigando-a a repeti-las e memorizá-las sem nenhuma
30
contextualização, somente para obter nota e passar de ano, esquecendo-se com
isso que ela faz parte de uma comunidade que sofre o problema, negando-lhe,
assim, a possibilidade de influir e contribuir para a transformação do meio em que
vive.
A vinculação da escola à comunidade é importante porque a partir desta
relação são gerados processos de transformação que incidem no desenvolvimento
individual e comunitário. Este desenvolvimento deve partir do conhecimento do meio
e do manejo do mesmo, dentro de critérios que permitam a interação dinâmica de
acordo com as necessidades atuais, como meio de construir projetos orientados à
melhoria da qualidade de vida. Estes projetos não podem ser construídos fora de um
processo formativo, o qual deve estar intimamente relacionado com a família, com a
escola e com todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, fazem parte da
comunidade. A formação na escola deve servir para preparar permanentemente o
indivíduo para a vida.
Para Silveira e Baldin (2016), a escola tem um importante papel social, pois
trabalha com conhecimentos e valores fundamentais para o indivíduo e para o
coletivo. É no ambiente escolar que os docentes reforçam os hábitos promotores de
saúde e cuidados com o meio ambiente.
Neste processo, deve ficar claro para que, como e porque se forma um
indivíduo; partindo do conhecimento do que quer (quais os valores e interesses), o
que pode (quais as capacidades), o que deve fazer (quais as responsabilidades), e
tomando como referências sua problemática particular, inserida na problemática
global (família, comunidade, região, país, planeta), resultado das relações que se
estabelecem entre as dinâmicas próprias dos componentes da sociedade e da
natureza. Esta problemática está intimamente relacionada com a transformação do
ambiente e a chamada problemática ambiental.
A educação ambiental é importante na formação do indivíduo porque abre
uma perspectiva vital através do manejo das atividades variáveis da dinâmica da
vida, além de conseguir colocá-la como um ser natural e, por sua vez, também como
um ser social. Esta dupla visão é a que vai permitir ao indivíduo ser consciente de
sua realidade e dinamizar os processos de mudanças, buscando sempre o equilíbrio
do manejo do seu entorno.
31
Vale à pena perguntar que tipo de escola se requer e qual a concepção de
apropriação do conhecimento que deve estar implícita nela, para assim conseguir
vincular o indivíduo à sua realidade de maneira eficaz.
Com certeza, não pode ser a escola tradicional, que, como o exemplo
mencionado anteriormente, é voltada para a memorização, a repetição e pouco
reflexiva, produto do paradigma instrucional que por muito tempo vem
acompanhando-a, cuja base era uma relação de ensino-aprendizagem e onde o
professor é o que ensina e o aluno o que aprende.
A escola que se quer é aquela que permite a participação ativa do aluno em
primeira instância, e depois, de toda a comunidade na construção do conhecimento,
buscando encontrar alternativas de solução para sua problemática ambiental
particular. Uma escola em que os critérios de integração e interdisciplina se façam
realidade, a partir de projetos participativos que permitam desenvolver nos
indivíduos não somente conhecimentos, mas ao redor deles, valores e atitudes que
incidam na construção de uma concepção de manejo do ambiente. Esta concepção
deve estar de acordo com o desenvolvimento próprio da comunidade e da sociedade
da qual fazem parte como agentes de mudanças e multiplicadores conscientes de
seu papel transformador. Deve ser uma escola cuja atividade tenha claros
referenciais nos contextos naturais, culturais, sociais, econômicos e políticos, para
que participe de maneira consciente no diálogo permanente com todos que estejam
engajados na solução dos problemas.
Para esse tipo de escola se requer, então, um professor com um alto
componente investigativo em sua formação, que seja um guia, orientador,
dinamizador dos projetos e que tenha clareza de seu papel como vínculo importante
entre os diversos setores que integram sua comunidade. Um professor reflexivo no
seu fazer, com muito mais perguntas que respostas, que busque o fortalecimento
dos processos mediante a participação para incidir ativamente na busca de
alternativas. Um professor com capacidade de se questionar permanentemente, de
buscar o diálogo para a argumentação de suas explicações, com possibilidade de se
espantar e se reconhecer como ente em constante transformação, com verdades
relativas e, como afirma Host (1992, p. 32): ―que tenha confiança em si mesmo e
sinta prazer por permanente atividade de descobrir‖.
Este tipo de escola obriga a discussão de um currículo flexível, do qual façam
parte, os saberes científicos, os saberes comuns e tradicionais. Que assuma os
32
planos de estudos, não como sua meta última, mas como um instrumento importante
para a construção do conhecimento significativo, no qual as fronteiras disciplinares
não sejam obstáculos para o fazer do professor e não limitem seu papel com os
alunos e com sua comunidade, onde esta reflete a diversidade natural, social e
cultural. Um currículo ligado ao cotidiano dos alunos que propicie situações de
aprendizagem vinculadas à resolução dos problemas, isto é, ligadas à sua realidade,
que abertamente dê passos à construção do saber e, por fim, à construção de um
novo mundo.
2.3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A IMPORTÂNCIA DA SUA INSERÇÃO NO CURRÍCULO ESCOLAR
Para entendermos sobre currículo, recorremos ao dicionário em busca do seu
conceito para um melhor entendimento a respeito do assunto proposto.
Bechara (2011, p. 473) dá sua definição dizendo que currículo ―é o conjunto
de disciplinas de um curso‖.
Saconni (2001, p. 278) define currículo como: ―conjunto de todas as matérias
de um curso escolar‖.
Segundo Goodson (1995) a palavra curriculum é de origem latina, oriunda da
palavra Scurrere (correr) que significa o curso, a rota, o caminho da vida ou das
atividades de uma pessoa ou grupo de pessoas. É definido como um percurso a ser
seguido, como conteúdo apresentado para estudo (GOODSON, 1996).
O currículo educacional representa a síntese dos conhecimentos e valores
que caracterizam um processo social expresso pelo trabalho pedagógico
desenvolvido nas escolas.
Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 1960,
ganhou força a percepção de que a humanidade estava caminhando
aceleradamente para o esgotamento de recursos indispensáveis à vida humana no
planeta Terra. Esta consciência mostra que os estilos atuais de desenvolvimento
necessitam de mudanças nos pensamentos e nas práticas.
De acordo Brasil (1997):
Conforme os efeitos negativos mais graves foram acontecendo em várias partes do planeta, desertificação, contaminação da água, crescente violência nos centros urbanos, daí então, surgiram os primeiros momentos e manifestações para refletirem sobre o perigo que a humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente.
33
No Brasil, até a década de 1970 não existia educação ambiental formal. Sob
pressão da Conferência de Estocolmo6, realizada em 1972, e do Banco Mundial, a
Presidência da República se viu obrigada a tomar iniciativas para uma política de
gerenciamento ambiental, criando, assim, a Secretaria do Meio Ambiente - SEMA,
em 1973. Foi o marco inicial da educação ambiental brasileira, proporcionando
parceria entre instituições do meio ambiente e a Secretaria de Educação dos
Estados.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável - ECO 92 ou RIO 92, realizada no Rio de Janeiro em 1992, reuniu
chefes de Estados e de Governo, além de Organizações não Governamentais -
ONG‘s, com a finalidade de levar a humanidade a repensar seus hábitos de
consumo e de atitudes prejudiciais ao conjunto das formas de vida presentes no
planeta Terra.
Em 1996, o Ministério da Educação - MEC, incluiu temas ecológicos nos
currículos do ensino fundamental e médio e nos cursos superiores, através da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB 9394/96, determinando que a
educação ambiental deverá ser abordada em todos os conteúdos curriculares sem
constituir uma disciplina específica (BRASIL, 1996).
A política educacional brasileira, ao propor a reformulação dos currículos
através dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN‘s enfatizou a educação
ambiental, através dos Temas Transversais7, dedicando um fascículo a este
assunto, mostrando a importância dos vínculos entre a educação e a vida, bem
como a evolução da degradação do meio ambiente:
De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se centenas, onde moravam algumas famílias, [...] agora moram milhões, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia. [...]. Sistemas inteiros de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. E a riqueza gerada num modelo econômico que propicia a concentração de renda, não impede o crescimento da miséria e da fome (BRASIL, 1997, p.19-20).
6
A Conferência de Estocolmo enfatizou a urgência de se educar o cidadão para a solução dos problemas ambientais e recomendou a criação do Programa das Nações Unidas para o meio Ambiente e Desenvolvimento (PNUMA), concretizado no ano seguinte.
7 Temas Transversais que compõem os PCN‘s: Ética, Saúde, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural,
Orientação Sexual e Trabalho e Consumo. Esses Temas constituem peças fundamentais para a percepção da problemática ambiental contemporânea e, portanto, para o tratamento da questão ambiental.
34
A problemática ambiental do Brasil está marcada, portanto, por um modelo de
desenvolvimento econômico e social insustentável, em que os mais ricos detêm a
maioria dos recursos disponíveis, havendo, assim, a exploração dos menos
favorecidos e dos recursos que a própria natureza oferece, tendo como
consequência uma degradação dos ecossistemas e uma perda da qualidade de vida
da população (BRASIL, 2001).
Por isso, o currículo deve contemplar conteúdos e estratégias de
aprendizagem que capacitem o aluno para a vida em sociedade; a atividade
produtiva e experiências subjetivas.
Nessa perspectiva, incorporam-se como diretrizes gerais e orientadoras da
proposta curricular, quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos
estruturais da educação na sociedade contemporânea:
1ª. Aprender a conhecer diz respeito à importância de uma educação geral,
suficientemente ampla. O aumento dos saberes que permitem compreender o
mundo favorece o desenvolvimento da curiosidade intelectual, estimula o senso
crítico e permite compreender o real, mediante a aquisição da autonomia na
capacidade de discernir. Essa premissa garante o aprender a aprender e constitui o
passaporte para a educação permanente, na medida em que fornece as bases para
continuar aprendendo ao longo da vida.
2ª. Aprender a fazer se refere ao desenvolvimento de habilidades e o estímulo
ao surgimento de novas aptidões tornaram-se processos essenciais, na medida em
que criam as condições necessárias para o enfrentamento das novas situações que
se colocam.
3ª. Aprender a viver trata-se de aprender a viver juntos, desenvolvendo o
conhecimento do outro e a percepção das interdependências, de modo a permitir a
realização de projetos comuns ou a gestão inteligente dos conflitos inevitáveis.
4ª. Aprender a ser refere-se à educação que deve estar comprometida com o
desenvolvimento total da pessoa. Supõe a preparação do indivíduo para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor,
de modo a poder decidir por si mesmo, frente a diferentes circunstâncias da vida.
Aprender a viver e aprender a ser decorrem, assim, das duas aprendizagens
anteriores – aprender a conhecer e aprender a fazer – e devem constituir ações
permanentes que visem à formação do educando como pessoa e como cidadão.
35
Para que essas premissas sejam colocadas em prática, é necessário não só a
inclusão de temas pertinentes à educação ambiental nos currículos escolares, mas
também sua aplicação para o efetivo exercício, pois eles devem estar voltados para
a questão ambiental com o objetivo de formar cidadãos conscientes e responsáveis
pela transformação social e pela preservação e manutenção da vida na terra.
Sato (2003, p. 17) destaca nesse contexto:
A educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservem entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva em nível local, nacional e planetário.
Toda a caracterização que se tem feito do sistema ambiental e da educação
ambiental permite compreender porque esta não pode se introduzir no sistema
escolar como uma disciplina específica, nem tampouco como um tema
complementar dentro dos programas das diversas áreas que hoje integram os
planos de estudo que fazem parte do currículo escolar.
Incluir a dimensão ambiental na escola implica permear todas as áreas do
conhecimento, todas as atividades escolares e comprometer todos os setores que
compõem a estrutura escolar com um novo projeto de escola.
Sato (2003, p. 24) oferece suas considerações a esse respeito:
O ambiente não pode ser considerado um objeto de cada disciplina, isolado de outros fatores. Ele deve ser abordado como uma dimensão que sustenta todas as atividades e impulsiona os aspectos físicos, biológicos, sociais e culturais dos seres humanos. A educação ambiental tem sido identificada como transdisciplinar, isto é, deve permear todas as disciplinas do currículo escolar.
Implica também, abrir as portas da escola para conhecer a problemática da
comunidade e estabelecer uma parte de comunicação entre os setores externos,
(instituições governamentais e não governamentais, organizações civis,
comunitárias e outras) à escola, que podem apresentar elementos para enriquecer a
compreensão da problemática ambiental do entorno. Pressupõe, ainda, elaborar
36
propostas que a partir da competência particular da escola revertam em benefício da
comunidade.
Torna-se necessário então, recorrer às estratégias pedagógicas e didáticas
que permitam um desenvolvimento deste estilo na escola. Estratégias que podem
estar fundamentadas na análise dos problemas ambientais cotidianos, requerendo
para sua compreensão, vários especialistas, áreas do conhecimento, disciplinas e
saberes, pondo em jogo os diversos conteúdos e instrumentos metodológicos
necessários para sua compreensão.
Neste trabalho, como afirma Giordan (1992, p. 9), ―as disciplinas não podem
ser ensinadas por elas mesmas ou por seus objetivos próprios, senão por sua
participação em um projeto cultural‖. Aqui o currículo cobra uma importância
significativa para a educação ambiental aplicada, pois a seleção de conteúdos,
perspectivas, saberes e estratégias metodológicas permitem uma adequação à
problemática particular, fazendo com que o caráter flexível do currículo possa
transcender.
Os problemas ambientais trabalhados em diferentes níveis na escola devem
constituir o eixo central de projetos que busquem levar ao aluno, a compreensão dos
fenômenos estudados, vinculando, na análise dos mesmos, conhecimentos, atitudes
e valores que incidam na transformação da realidade sobre a qual atuam.
Estes projetos devem fortalecer o espírito investigativo dos alunos, permitirem
a mobilidade dos conhecimentos e a flexibilidade dos saberes, e também a
dinamização e enriquecimento do trabalho de aula, e em geral, de todas as
atividades da escola. Esta visão permite considerar o currículo mais como um
processo em permanente construção que como um produto totalmente terminado.
A educação ambiental deve ser aplicada e considerada como o processo que
permite ao indivíduo compreender as relações de interdependência com seu
entorno, a partir do conhecimento reflexivo e crítico de sua realidade biofísica, social,
política, econômica e cultural, para que, a partir da apropriação da realidade
concreta, possam ser geradas atitudes de valorização e respeito por seu ambiente.
Estas atitudes, portanto, devem estar assentadas em critérios para a melhoria da
qualidade de vida e de uma concepção de Desenvolvimento Sustentável.
Para a ampliação e compreensão do conceito de Desenvolvimento
Sustentável, talvez seja interessante, como afirma Carrizosa (1992, p. 23), recorrer a
um documento da UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) que,
37
num esforço de definição conceitual, enfatiza que este deve se fundamentar em
princípios ecológicos, sociais, culturais e econômicos, colocando o conceito de
valores no mesmo nível que o de necessidades, o qual reveste a diversidade das
atividades humanas, possibilitando um esclarecimento dos marcos referenciais do
dito conceito para a educação ambiental.
Neste contexto, o problema ambiental é concebido como um problema social
que permite ver o tipo de organização particular da sociedade e a interação
permanente desta organização com seu entorno natural. Assim, as crises ambientais
estão diretamente relacionadas com os modelos atuais de desenvolvimento que
devem ser superados. As Concepções e orientações dos modelos de
desenvolvimento devem conduzir a reflexões, já que eles têm contribuído para a
degradação e deterioração da base natural e social do ambiente.
Com base nesse propósito, deve-se aplicar e trabalhar a educação ambiental
a partir de uma perspectiva que permita contribuir para repensar a sociedade em
seu conjunto. Não se trata simplesmente de conservar e proteger a natureza no
contexto dos atuais modelos de desenvolvimento, mas, de construir novas
realidades e novos estilos de desenvolvimento que permitam a manifestação da
diversidade cultural e natural, e o desenvolvimento de potencialidades individuais e
coletivas. Dessa forma, a educação ambiental deve fazer parte do projeto de
transformação do sistema educativo, da reformulação do fazer pedagógico e
didático, da elaboração de modelos para a construção do conhecimento e da
formação em atitudes e valores de acordo com as necessidades dos indivíduos e da
coletividade.
A educação ambiental vista assim, obriga a fortalecer uma visão integradora
para a compreensão da problemática ambiental, já que ela não é somente o
resultado da dinâmica do sistema natural, mas o resultado das interações entre as
dinâmicas dos sistemas naturais e sociais. É por isso que, conscientizar sobre um
problema ambiental requer o diálogo permanente entre todas as especialidades,
todas as perspectivas, todos os pontos de vista e todos os saberes. Portanto, é
nesse diálogo, que se dinamizam diversas aproximações que conduzem a
compreender a problemática ambiental como global e sistêmica. Dentro dessa
conjuntura, é necessário que o currículo esteja voltado para a questão ambiental.
No entanto, é frequente a redução da educação ambiental ao
desenvolvimento de ações imediatistas, descontextualizadas, que não contemplam
38
alguns dos princípios diretores nos Programas de educação ambiental constantes
nos marcos referenciais nacionais e internacionais (UNESCO, 1977, p. 27), quais
sejam: considerar o meio natural e artificial em sua totalidade; construir um processo
contínuo e permanente na escola e fora dela; assumir um enfoque interdisciplinar;
apoiar-se em uma participação ativa na preservação e resolução dos problemas
ambientais; estudar as principais questões ambientais do ponto de vista mundial,
atendendo às diferenças regionais; centrar-se em situações atuais e futuras;
considerar o desenvolvimento e crescimento numa perspectiva ambiental, e
cooperação local, nacional e internacional na resolução dos problemas ambientais.
Com os conteúdos ambientais permeando todas as disciplinas do currículo e
contextualizados com a realidade da comunidade, a escola ajudará o aluno a
perceber a correlação dos fatos e a ter uma visão holística, ou seja, integral do
mundo em que vive. Para isso, a educação ambiental deve ser abordada e aplicada
de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a
presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das
diversas disciplinas e das atividades escolares.
39
CAPÍTULO III METODOLOGIA
A realização desse trabalho se deu no segundo trimestre de 2018 com os
alunos do 9º ano do ensino fundamental vespertino da Escola Municipal Jociêdes
Andrade, localizada na Av. da Amizade, s/n - Centro, a principal avenida da cidade,
na zona urbana do município de Tabatinga-Amazonas. A mencionada escola é uma
referência, pois além de estar localizada no centro da cidade, é a principal escola
municipal de ensino fundamental, tudo que nela acontece, se estende para as outras
escolas municipais. Sua clientela é heterogênea, com alunos de diferentes classes
sociais, sendo que a maioria é de classe baixa e oriunda de todos os bairros da
cidade, desde os mais próximos aos mais distantes, dos quais são transportados até
à escola por ônibus escolares oferecidos pela Prefeitura Municipal. Atualmente
atende uma demanda de 558 alunos no turno vespertino do 6º ao 9º ano e EJA
diurno. Sendo três turmas de 9º ano, (A, B e C), totalizando aproximadamente, 102
alunos, os quais estarão migrando para o ensino médio nas escolas estaduais, para
onde levarão todos os ensinamentos adquiridos, podendo ser multiplicadores dos
saberes ambientais.
A pesquisa deu-se por meio de uma Pesquisa-Ação baseada por Gil (2002),
descrevendo que em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação
por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a
ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os
procedimentos científicos.
Já Thiollent (2009), afirma que um dos pressupostos defendidos neste tipo de
pesquisa é que:
Esta trata-se de uma pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com uma resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (p.16).
O método utilizado para que a pesquisa pudesse alcançar os objetivos
propostos, foi o qualitativo.
De acordo Minayo (2010):
40
Busca questões muito específicas e pormenorizadas preocupando-se com um nível da realidade que não pode ser mensurado e qualificado. Atua com base em significados, motivações, aspirações, crenças, valores, atitudes, e outras características subjetivas próprias do humano e do social que correspondem às relações, processos ou fenômenos e não podem ser reduzidas a variáveis numéricas.
Duarte [201-?], ressalta que a pesquisa qualitativa tem um caráter
exploratório, uma vez que estimula o entrevistado a pensar e a se expressar
livremente sobre o assunto em questão. Nesta, os dados, em vez de serem
tabulados, de forma a apresentar resultados precisos, são retratados por meio de
relatórios, levando-se em conta aspectos tidos como relevantes, como as opiniões e
comentários do público entrevistado.
Os instrumentos utilizados para a coleta dos dados foram as entrevistas
semiestruturadas com a aplicação de questionários aos professores e alunos com
perguntas abertas e fechadas. Essa modalidade de pesquisa é utilizada para a
realização da Pesquisa-Ação. De acordo Buono (2014), para sua elaboração, deve
ser observado como um dos pré-requisitos a busca de dados no ambiente natural,
onde de fato acontecem. Demo (1995), a define como a atividade científica que
permite ao pesquisador descobrir a realidade. Já para Yin (2015, p. 131), uma das
fontes mais importantes de informação para o estudo de caso é a entrevista.
Foi utilizada ainda, a técnica da observação participante na escola a fim de
verificar como os professores trabalham a educação ambiental durante suas aulas,
abrindo assim a possibilidade de compreensão da postura dos sujeitos sociais no
processo de ensino/aprendizagem dessas temáticas, usando como referencial a
relação dialética entre o proposto na formação docente e o vivenciado por esses
respectivos atores sociais durante sua atuação, o que possibilitou analisar a
proposta formacional e o ensino da educação ambiental adotado na escola em que
trabalham.
A observação como método de obtenção de dados reporta-se à nossa
capacidade de registro do visto e vivido por sujeitos da pesquisa, por nós mesmos e
pelas interações ocorridas entre nós (pesquisadores) e os sujeitos da pesquisa
(participantes). A observação se orienta pela nossa sensibilidade e habilidade de
―escutar‖ e ―descrever‖ o contexto, costumes, práticas, linguagens, diálogos,
símbolos, e tudo o que está envolvido com a pesquisa (MARTINS, 2013, pg. 30).
Martins considera ainda que a entrevista e a observação são formas de
41
obtenção de dados primários da realidade, ou seja, são dados obtidos diretamente
nas fontes de informação que serão úteis para análise, compreensão e interpretação
da realidade estudada (2013).
Sendo assim, essas técnicas foram de fundamental importância para a
obtenção do resultado qualitativo da pesquisa.
A partir da concepção dos envolvidos na pesquisa e das ações realizadas
pelos mesmos na escola, foram propostas palestras, a fim de sensibilizá-los da
importância dos saberes ambientais através do diálogo e discussões levantadas.
Posteriormente foram orientados a ações através de saídas de campo a dois
pontos da cidade: o lixão e a orla do porto de Tabatinga, lugares onde há o acúmulo
de lixo que prejudica diretamente os mananciais hídricos da cidade.
E ainda houve a realização de oficinas de reciclagem, com o objetivo de
propor um destino adequado para os vários tipos de lixo descartados no meio
ambiente.
Vale ressaltar o comprometimento em manter o sigilo absoluto e guardar as
informações em local seguro, preservando o direito de expressão e privacidade dos
sujeitos da pesquisa, sendo os dados a serem publicados tratados coletivamente e
anonimamente.
3.1 ÁREA DE ESTUDO
A área de estudo faz parte da Região Norte do país, a oeste do Estado do
Amazonas, pertence à Mesorregião do Sudoeste Amazonense e Microrregião do
Alto Solimões (Figura 1). Está nas coordenadas geográficas de 04º 15‘ 09‖ S 69º 56‘
17‖ O.
Figura 1 - Localização do município de Tabatinga no Amazonas
Fonte: Googleweblight.com, (2018)
42
Limita-se com os municípios de Letícia (Colômbia), Santo Antônio do Içá, São
Paulo de Olivença, Benjamin Constant e Atalaia do Norte (Figura 2). Distante da
Capital, Manaus, a 1.105 Km. Abrange um território de 3.225,064 km2, com uma
população estimada de 63.635 habitantes, de acordo com estimativas do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017.
Figura 2 - Município de Tabatinga no Amazonas e seus limites
Fonte: Googleweblight.com, (2018)
Como observado na Figura 3, Tabatinga é um município brasileiro do interior
do estado localizado na Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru.
Figura 3 – Localização da Tríplice Fronteira Brasil/Colômbia/Peru
Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)
O município de Tabatinga possui muitos problemas ambientais, sendo o
descarte do lixo uma das principais preocupações.
Assim, como uma das etapas do plano de ação, foram escolhidos dois locais
para visitação na saída de campo: o Lixão e a Orla do Porto da cidade, com a
parceria das Secretarias de Educação e de Meio Ambiente do município, a fim de
43
sensibilizar os alunos acerca da problemática causada pelo descarte incorreto do
lixo.
O Lixão da cidade é a céu aberto, sendo uma das grandes preocupações dos
administradores, pois além de estar contaminando o ar, o solo e o lençol freático, é
um risco para a aviação por estar localizado a, mais ou menos, 9 km do aeroporto
(Figura 4). Devido à proliferação de urubus, a Agência Nacional de Aviação Civil
(ANAC) já ameaçou fechá-lo por causa dessa distância, pois a resolução do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) não permite que o aeroporto fique
próximo de lixões e aterros sanitários.
Figura 4 - Distância entre o Lixão Municipal e o Aeroporto de Tabatinga
Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)
Além disso, famílias de catadores trabalham nesse local inóspito (Figura 5),
de onde retiram materiais para vender e até alimentos para sua sobrevivência.
Figura 5 - Catadores no Lixão de Tabatinga
Por falta de um terreno para a instalação de um aterro sanitário, o Lixão
Municipal, está localizado na área do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
44
Agrária (INCRA), na Perimetral Norte II, no terreno onde funcionava o Terceiro Ciclo,
local administrado pela Secretaria de Produção Rural e Abastecimento (SEPRA).
Nesse terreno havia uma horta, de onde se retiravam hortaliças e mudas de
hortaliças para serem doadas para as escolas municipais e estaduais, e para os
agricultores rurais da região, além da criação de alevinos em açudes, que eram
doados para os agricultores que tem açudes em seus terrenos.
A Orla do Porto (Figura 6) poderia ser um cartão postal, mas está sendo
tomada pelo lixo descartado na cidade, que vai parar nos igarapés e
consequentemente corre para o Rio Solimões, principal fonte de abastecimento de
água da cidade, que é captada na Estação de Tratamento de Água que fica bem
próxima a essa orla.
Figura 6 – Localização da Orla do Porto e Estação de Tratamento de Água
Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)
Além disso, o lixo ainda é descartado no próprio local pelos vendedores,
canoeiros, catraieiros, passageiros das embarcações e outros que ali transitam
diariamente (Figura 7), e quando ocorre o período de vazante do rio, a visão que se
tem é de um tapete de lixo.
Figura 7 - Canoeiros na Orla do Porto de Tabatinga
45
A Escola Municipal Jociêdes Andrade, alvo da pesquisa, está localizada na
Avenida da Amizade, s/n, Centro (Figura 8), principal avenida da cidade, sendo
referência para todas as outras escolas municipais.
Figura 8 – Localização da Escola Municipal Jociêdes Andrade
Fonte: https://www.google.com.br/maps, (2018)
Atualmente atende alunos no turno matutino, do 1° ao 5° ano, no turno
vespertino; e noturno do 6° ao 9° ano; além da EJA diurno e noturno. Seus alunos
são brasileiros, colombianos e peruanos de várias etnias: cabocla, ticuna, entre
outras. Isso ocorre com a vinda de estudantes das pequenas cidades que fazem
fronteira com o município de Tabatinga, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru, e de
comunidades indígenas, os quais vêm melhorar o seu aprendizado na língua
portuguesa. Estes migrarão para o ensino médio em escolas estaduais do município,
para onde levarão todos os conhecimentos adquiridos e farão o papel de
multiplicadores das práticas de cuidado com o meio ambiente, exercendo dessa
forma sua cidadania.
3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA
Primeiramente foi realizada uma visita à escola e uma abordagem com o
gestor a fim de verificar a possibilidade da realização da pesquisa. Posteriormente
foi solicitada a autorização junto ao Secretário Municipal de Educação, e na
sequência, o agendamento das visitas através de um cronograma pré-estabelecido.
Foi feito o reconhecimento junto ao coordenador pedagógico da escola, dos
professores e das turmas do ensino fundamental, a fim de iniciar a pesquisa com a
determinação dos sujeitos pesquisados (alunos e professores do 9º ano do ensino
fundamental), considerando que as três turmas dessa série, do turno vespertino,
46
totalizam 102 alunos e 13 professores. Foi solicitado ainda o apoio da Universidade
do Estado do Amazonas e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A coleta de
dados se deu com esse número de sujeitos no momento da aplicação dos
questionários e que participaram da aula de campo. Como critério de inclusão foram
selecionados professores das três turmas de 9º ano, e foram contactados os alunos
dessas turmas. Para expressar a inclusão foi utilizado o TCLE e o TCLA assinados
pelos sujeitos (Apêndices D e E). E para o critério de exclusão levou-se em
consideração professores e alunos que não aceitaram participar da pesquisa ou
durante o seu processo sentiram-se em algum momento desconfortáveis, não
aceitando ou desistindo de participar a qualquer momento. A pesquisa deu-se como
encerrada após a concretização da última etapa metodológica prevista em
cronograma, que se refere à realização de oficinas de reciclagem, com o devido
feedback repassado aos alunos e professores envolvidos no processo.
3.3 AMOSTRAGEM
A composição da amostragem foi baseada em Métodos Qualitativos, através
da Amostragem por Acaso Único, onde cada membro é único. Através de Métodos
Não Probabilísticos, onde a seleção da amostra depende do julgamento do
pesquisador. Assim, a amostragem foi por Escolha Racional, é quando o
pesquisador busca na população uma parte dela que interessa, ou seja, os
participantes são escolhidos por terem uma ou mais características específicas. Foi
o caso da presente pesquisa, onde os alunos foram escolhidos por fazerem parte
das três turmas de 9º ano do ensino fundamental, concluindo esse nível de ensino e
avançando para o ensino médio em outras escolas para onde levarão os
conhecimentos adquiridos.
3.4 COLETA DE DADOS
A metodologia utilizada nessa pesquisa é a qualitativa, que de acordo Duarte
[201-?], tem um caráter exploratório, uma vez que estimula o entrevistado a pensar e
a se expressar livremente sobre o assunto em questão. Nesta, os dados, em vez de
serem tabulados, de forma a apresentar resultados precisos, são retratados por
47
meio de relatórios, levando-se em conta aspectos tidos como relevantes, como as
opiniões e comentários do público entrevistado, com observações e entrevistas
realizadas durante o processo de coleta de dados, análise e interpretação dos
dados, onde foram adotados sete passos:
a) Os dados foram organizados e preparados para análise, ou seja, foram
elaborados questionários, com questões abertas e fechadas relacionadas
às práticas dos professores na escola e a concepção destes e dos alunos a
respeito da educação ambiental.
b) Posteriormente os questionários foram distribuídos para os professores que
estavam na sala dos professores; e para os professores e alunos presentes
em sala de aula (Figura 9), para que todos respondessem de forma livre e
espontânea.
Figura 9 - Momento de aplicação dos questionários
c) Posteriormente, foi realizado o processo de codificação, análise de dados,
separando-os por respostas semelhantes a cada quesito respondido;
d) Avaliação das respostas dadas e sua correlação com os conhecimentos
ambientais pertinentes;
e) Representação destes na narrativa qualitativa.
f) Realização de práticas pedagógicas (Palestras, Aula de Campo, Oficinas e
Gincana Ambiental).
g) Finalizando com a interpretação dos significados dos dados obtidos,
avaliando como a educação ambiental vem acontecendo no 9º ano do
ensino fundamental da escola pesquisada.
48
3.5 QUESTIONÁRIOS APLICADOS NA PESQUISA
Foram utilizados questionários com perguntas abertas e fechadas, aplicados
a professores (Apêndice A) e alunos (Apêndice B) do 9º ano do ensino fundamental
da Escola Municipal Jociêdes Andrade.
Para os professores foram elaboradas dezesseis perguntas, visando saber
qual sua formação e tempo de atuação na docência, o que eles entendem e como
eles vêm trabalhando a educação ambiental durante suas aulas, além das
dificuldades encontradas para a realização desse trabalho.
Já para os alunos foram elaboradas onze perguntas com a finalidade de
saber que concepções eles têm a respeito da educação ambiental e do meio
ambiente, como estes se informam sobre estas temáticas e o que poderiam fazer
para melhorar o meio ambiente em que vivem.
49
CAPÍTULO IV O PROCESSO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
4.1 O ENSINO-APRENDIZAGEM E O MEIO AMBIENTE
No decurso da história, o ser humano tem enfrentado sua problemática
assumindo diferentes posições, sustentadas em processos em que a experiência
tem sido basal. A experiência é entendida como o contato que o homem coloca com
os fatos e fenômenos que lhe interessam e que fazem parte do universo de suas
ansiedades.
Os questionamentos de causa e fim têm estado presentes nos processos de
compreensão do mundo, gerando espaços de conflitos e de debates. Para encontrar
respostas para as suas preocupações, o ser humano tem andado por caminhos de
erros e acertos. Assim se tornou criativo e contribuiu para transformar sua realidade.
É desta maneira que tem construído os conhecimentos e sua própria cultura,
desenvolvendo a ciência, a técnica e a tecnologia como elementos importantes na
evolução social. Esta dinâmica não deve ser alheia aos processos educativos
formais, ela garante ao indivíduo a apreensão de sua realidade e pode ser vista
como a argumentação fundamental para uma opção conceitual e metodológica
viável para os propósitos da educação ambiental.
No primeiro momento o indivíduo constrói seu perfil da realidade com base
nas explicações prévias que têm sobre uma problemática específica e que provém
do universo educativo no qual está inserido. Dos saberes que lhe são úteis para
suas próprias interpretações de mundo. Contudo são factíveis de evolução quando
ele os contrasta com outras explicações, em diversas situações e em diferentes
cenários.
Na sequência, o indivíduo sai da comparação com seu próprio modelo, com
suas próprias teorias e suposições para entrar em comparação com outros,
reafirmando alguns dados e desprezando os que no processo perdem validez,
dando lugar a explicações mais sólidas, produto do manejo do conflito e do debate.
Habermas (1986) desenvolve esse aspecto em sua proposta a propósito da
interação comunicativa.
Para finalizar, o indivíduo confronta novas explicações com o meio, buscando
evidências para seus argumentos, enriquecendo-os. Esta atividade chama à ação e
50
ao compromisso, visto que em todo o processo está presente a inter-relação com
outros para a mudança de situações, de problemas e de fenômenos. Assim, o
compromisso não é apenas individual, faz-se coletivo.
Santos e Medina (2000), desenvolveram o método PROPACC (Proposta de
Participação-Ação para a construção do conhecimento) com três períodos que
constituem a base conceitual na formação de recursos humanos para a educação
ambiental:
Construção
Reflexão
Reconstrução
Construção do conhecimento (PROPACC)
Mas esses momentos não podem ser vistos separadamente dos processos
de construção do conhecimento, tampouco se dão unicamente de maneira
sequencial, são interativos e dependem da possibilidade de evolução. Daí procede
as representações que os sujeitos têm de sua realidade e da energia de suas
explicações para a interpretação de diversos fenômenos. Estas explicações que
estão intimamente relacionadas com a funcionalidade e a utilidade na sua satisfação
para a resolução de problemas cotidianos.
Da mesma forma, a possibilidade de evolução dos conhecimentos depende
dos obstáculos epistemológicos (BACHELARD, 1987) presentes nas explicações de
suas origens, animismo, antropocentrismo, egocentrismo, generalismo, e outros, da
força que têm no interior dos sistemas explicativos e da força que eles tenham nas
representações mencionadas.
Assim, vê-se uma compreensão distinta do que é o aprender e o ensinar. O
aprender não é memorizar, e sim selecionar os elementos solicitados para a
construção de uma própria explicação. Esta percepção deve permitir ao indivíduo ter
olhos próprios frente à realidade. O ensinar não é transmitir, mas transformar; é
expor um modelo explicativo que corresponda a uma maneira particular de ver a
realidade e que pode apontar elementos enriquecedores a outro para transformá-lo
ou argumentá-lo, na medida em que permite a troca, sendo fundamental que o
indivíduo possa ter acesso aos modelos explicativos sob diversos aspectos, para
51
que possa enriquecer sua própria explicação, garantindo a qualidade do processo de
construção do conhecimento coletivo.
Ensinar e Aprender são processos pelos quais se faz um lugar comum das
formas de ver o mundo, buscando pontos de vista gerais sem perder os próprios,
são processos formativos verdadeiros que admitem uma interação permanente do
indivíduo com a realidade e obriga a inclusão da dimensão ambiental e do
conhecimento real das dinâmicas culturais, sociais e naturais. Esta concepção
apresentada permite encontrar alternativas metodológicas para a educação
ambiental com vistas a vincular a escola à comunidade.
Nos últimos anos a questão ambiental vem sendo muito debatida, o que fez
com que o meio ambiente começasse a ser considerado nas diferentes áreas do
conhecimento e se discutisse sua influência no desenvolvimento da vida no planeta.
Dessa forma podemos dizer que o meio ambiente está relacionado a todas as áreas,
de forma direta ou indireta, sendo causa ou efeito de inúmeras modificações globais.
A degradação ambiental está diretamente ligada com a nossa saúde, por
exemplo, temos o tráfico de animais silvestres, que pode espalhar doenças como a
gripe aviária. Quando um animal é retirado ilegalmente da natureza, sem passar por
nenhum controle sanitário, pode trazer alguns vírus que provocam problemas sérios
de saúde pública.
A destruição da floresta é responsável pelo aparecimento de várias doenças.
No momento em que o equilíbrio biológico é afetado, predadores e presas tendem a
mudar seu habitat, migrando para áreas urbanas. É o caso da febre maculosa que é
transmitida pelo carrapato estrela, que tem como hospedeiro a capivara e que vem
tornando-se cada vez mais comum nas proximidades dos centros urbanos.
Por isso a educação ambiental deve buscar valores que conduzam a uma
convivência harmoniosa com o ambiente e as demais espécies que habitam o
planeta, auxiliando o aluno a analisar criticamente o princípio antropocêntrico que
tem levado à destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies.
É preciso considerar que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas
reservas são finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o
desperdício e considerando a reciclagem como processo vital. Todas as espécies
que existem no planeta merecem nosso respeito. A manutenção da biodiversidade é
fundamental para a nossa sobrevivência.
52
É necessário planejar o uso e ocupação do solo nas áreas urbanas e rurais,
considerando que é necessário ter condições dignas de moradia, transporte e lazer,
além de áreas destinadas à produção de alimentos e proteção dos recursos
naturais.
Por isso é importante o trabalho da educação ambiental na formação cidadã,
pois de acordo Pontalti (2005) apud Almeida (2006, p. 14):
Educação ambiental é um processo participativo, onde o educando assume o papel de elemento central do processo de ensino/aprendizagem pretendido, participando ativamente no diagnóstico dos problemas ambientais e busca de soluções, sendo preparado como agente transformador, através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes, através de uma conduta ética, condizentes ao exercício da cidadania.
Considerando o aluno como sujeito, acreditando e investindo em ações que
possam maximizar suas potencialidades, estes têm grandes chances de promover
transformações necessárias de forma crítica quando no exercício de sua cidadania.
4.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA AMBIENTAL
A função da educação e os desafios lançados ao educador crescem à medida
que a sociedade atual exige cada vez mais dos sujeitos. Gadotti (2005, p. 24),
filósofo da educação brasileira e herdeiro de Paulo Freire, num esforço em busca de
respostas para grandes questões da educação, diz que “educar é impregnar de
sentido a vida” e que o professor deve transformar o obrigatório em prazeroso,
selecionando criticamente o que devemos aprender.
Nesse sentido, utilizar o espaço e as possibilidades da escola para fomentar
nos alunos o desejo de buscar o sentido da vida e a percepção de que há outras
possibilidades para o mundo, além daquelas que lhe são colocadas ou impostas, é
uma oportunidade que não se pode deixar passar despercebida, ao contrário deve
ser cada vez mais aproveitada.
Para Freire (1997, p.33), ―não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem
ensino. [...] Enquanto ensino, continuo buscando, procurando. Ensino porque busco,
porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para conhecer o que ainda
não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.
53
Buscando o sentido da vida com seus alunos, certamente o educador
esbarrará com problemáticas questões ambientais, resultantes das ações do homem
sobre o meio em que vive em busca de melhorias em sua qualidade de vida. Nesse
momento, far-se-á necessário que a educação seja capaz de despertar no aluno um
sentimento de responsabilidade, direitos e deveres enquanto criador e criatura na
natureza. No Congresso Pedagogia 95, essa questão foi abordada da seguinte
forma:
O mundo como está hoje, necessita também de uma educação capaz de gerar uma consciência e capacidades próprias para que as populações possam apropriar-se de seu ambiente como uma fonte de riqueza econômica; de prazer estético e de novos sentidos de civilização; de um novo mundo onde todos os indivíduos, as comunidades e as nações, vivam irmanadas em laços de solidariedade e harmonia com a natureza. (FORMACION AMBIENTAL, 1995 apud ALMEIDA, 2006, p. 13).
O meio ambiente enquanto campo de descobertas e construção, segundo
orientações do Referencial Curricular Nacional (BRASIL, 1988) encontra como via
de solução, um grande aliado no eixo de trabalho natureza e sociedade, onde
conteúdos pertinentes às áreas de Ciências Humanas e Naturais, pode se tornar um
vasto campo de conhecimentos para os alunos.
Relativo a essas possibilidades e com vistas num aproveitamento
maximizado, torna-se indispensável ao educador aprofundar-se na área de
educação ambiental. Assim sendo, o professor precisa, inevitavelmente, se
interessar e inteirar de questões pertinentes a esse campo.
A principal questão em que o professor precisa estar atualizado é saber o que
é educação ambiental, levando em consideração que o discurso do desenvolvimento
sustentável é heterogêneo e tem sua determinação fundamentada e diferenciada
pelos interesses ambientais de diversos setores e atores sociais. Por esse motivo,
no processo educacional, serão transmitidos e difundidos os princípios e valores das
diferentes visões e propostas para alcançar a sustentabilidade.
O texto redigido com base numa exposição feita no ―Congresso Pedagogia
95‖ expõe que:
A educação ambiental implica em processo de conscientização sobre os processos socioambientais emergentes, que mobilizam a participação dos cidadãos na tomada de decisões, junto com a transformação dos métodos de pesquisa e formação, a partir de uma ótica holística e enfoques interdisciplinares. (FORMACION AMBIENTAL, 1995 apud ALMEIDA, 2006, p. 14).
54
O problema é que nesse processo, a institucionalização da educação
ambiental também está seguindo os ditames do discurso dominante e em função
deste, levando a readaptação das consciências, atitudes e capacidades dos alunos.
Esse fato chama a atenção para a necessidade de se ultrapassar a assimilação
passiva, a reprodução acrítica e um modelo global dado homogêneo, que é
questionado pelos interesses e perspectivas que definem o âmbito completo do
desenvolvimento sustentável.
Para Kraemer (2005) apud Almeida (2006):
A educação ambiental se constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais (p. 15).
Sensibilizar o aluno da necessidade de interação inteligível do homem com a
natureza, alertando-o de que essa é uma condição para que continue existindo vida
no planeta, é hoje uma das grandes missões dos educadores e da escola.
Pontalti (2005) apud Almeida (2006, p. 15), aponta ainda que:
A educação ambiental, como componente essencial no processo de formação e educação permanente, com uma abordagem direcionada para a resolução de problemas, contribui para o envolvimento ativo do público, torna o sistema educativo mais relevante e mais realista e estabelece uma maior interdependência entre estes sistemas e o ambiente natural e social, com o objetivo de um crescente bem-estar das comunidades humanas.
Advinda da necessidade de se orientar a educação de forma contextualizada
social, ecológica e culturalmente, surge uma nova pedagogia, a Pedagogia do
Ambiente. Esta implica ensinamentos que derivam das práticas concretas que se
desenvolvem no meio. Mas, isto não deve evitar o empirismo e o pragmatismo, mas
valorizar a necessária relação entre teoria e prática para fundamentar a
reconstrução da realidade ressaltando a necessidade de se ver e refletir o ambiente
físico, biológico, cultural e socialmente como fonte de aprendizado e campo para
experimentação das teorias através de práticas cotidianas.
55
Outra questão que o professor precisa estar interado é com relação aos
valores da educação ambiental, a qual vai buscar seus valores na harmoniosa
convivência entre o homem com o ambiente em que vive. Para tanto, é necessário
que a formação ambiental se processe na construção de valores voltados para o
cuidado com a natureza. Dessa forma, o homem estará cuidando dele próprio,
sendo que o homem é natureza.
Para Leff (2001, p.34):
A formação ambiental é um processo de criação de novos valores e conhecimentos, vinculado à transformação da realidade para construir uma formação ambiental, entendida como uma estrutura socioeconômica que internalize as condições ecológicas do desenvolvimento sustentável e os valores que orientam a racionalidade ambiental. Nesse sentido, o conceito de formação ambiental articula as formações ideológicas e conceituais com os processos de produção e aquisição de conhecimentos e saberes, num projeto histórico de transformação social.
Mediante tal colocação, a formação ambiental se torna valorosa à medida
que, tomando-a como palco de discussões os mais diversos discursos, atores e
setores pessoais, sejam confrontados e desmistificados.
Esse novo olhar implica em um novo sistema de valores e numa ética
ambiental não amalgamada com os conteúdos positivos do saber, mas com efeitos
pedagógicos na construção do conhecimento, através de um processo de
participação social e de construção novas habilidades e formas de pensar.
Segundo Sato (2003, p. 24), nesse novo sistema, os princípios gerais da
educação ambiental são:
Sensibilização ambiental: processo de alerta, é o primeiro passo para alcançar o pensamento sistêmico; Compreensão Ambiental: conhecimento dos componentes e dos mecanismos que regem os sistemas naturais; Responsabilidade Ambiental: reconhecimento do ser humano como principal protagonista; Competência Ambiental: capacidade de avaliar e agir efetivamente no sistema; Cidadania Ambiental: participar ativamente e resgatar direitos e promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente e a sociedade.
O professor também precisará saber como a escola pode contribuir com a
formação ambiental de seus alunos e estar ciente de que à escola cabe contribuir
com o processo de socialização do educando, assim, é de fundamental importância
no desenvolvimento de suas potencialidades, adoção de posturas pessoais e
56
comportamentos sociais construtivos, colaborando com uma sociedade socialmente
justa em um ambiente saudável.
Uma questão do mesmo modo pertinente ao professor é como a cidadania e
meio ambiente se relacionam. Sabe-se que o exercício da cidadania tem início
desde a infância, quando se oportuniza as crianças decisões de autogoverno, isso
tem assumido historicamente várias formas em função dos diferentes contextos
culturais e históricos. Numa nova definição de cidadania, o cidadão da modernidade
passa a ter o direito de ter direitos. Surgem direitos como a autonomia sobre o
próprio corpo, a moradia e a proteção ambiental, direitos esses aqui considerados
indispensáveis à sociedade moderna que, na verdade, não funcionam devido às
estratégias dominantes do Estado.
Segundo Colavitti (2003) apud Almeida (2006, p. 19), ―a nova cidadania se
apresenta como um agente transformador da sociedade uma vez que a participação
desta na definição desse sistema acarretará a invenção de uma nova sociedade.‖
Nessa nova perspectiva, o autoritarismo perde foco e abre espaço para a
organização de um projeto democrático de transformação social.
De acordo com o artigo 225 da nossa Constituição, o cidadão brasileiro tem
direito garantido ao meio ambiente sadio que é um bem público de uso comum:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade, o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988).
A Constituição Federal define assim, que o meio ambiente não pode ser
objeto de apropriação privada ou estatal, contraria ao interesse público e impõe ao
Poder Público e à coletividade, o dever de defender o meio ambiente.
Apesar de a Legislação Ambiental lutar pela defesa dos direitos ambientais,
infelizmente se define numa luta para garantir o caráter público do meio ambiente.
Assim é preciso que se utilizem os instrumentos oferecidos pela lei ao cidadão e
suas associações para fazer cumprir a lei e proteger o meio ambiente.
De acordo com os PCN‘s:
Por ocasião da Conferência Internacional Rio 92, cidadãos representando instituições de mais de 170 países assinaram tratados nos quais se reconhece o papel central da educação para a construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado, o que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis local, nacional e planetário. (BRASIL, 1998, p. 22).
57
Isso é o que se espera da educação ambiental no Brasil, que foi assumida
como obrigação nacional pela Constituição promulgada em 1988. Tal como nos
documentos dos PCN‘s sobre as artes:
A educação em artes propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele, pelos colegas, pela natureza nas diferentes culturas (BRASIL, 1988, p. 22).
É através das artes que muitos estudantes vêm dando uma lição de
criatividade, força e vontade de transformar e viver num país melhor.
Dentre os vários problemas ambientais que afetam o mundo atual e que o
professor precisará ser conhecedor, pode-se citar a revolução da vida moderna que
está se tornando cada vez mais prática e gera a insensatez do uso indiscriminado
dos recursos naturais. Enquanto a natureza leva centenas de milhares de anos para
produzir a matéria prima, estas são transformadas em produtos descartáveis ou com
reduzido tempo de uso. Sem utilidade, acabam desprezados e retornam à natureza
onde permanecem até por centenas de anos para se decomporem.
Vários problemas ambientais da comunidade moderna são observáveis
também no município de Tabatinga. Dentre estes, a questão da poluição ambiental
que já atinge o solo, a água e o ar, principalmente pelo lixo e pelos resíduos
lançados pela grande quantidade de motocicletas e automóveis que circulam na
cidade.
A floresta reserva natural limitada, está ameaçada. Atualmente, agricultores e
madeireiras continuam a devastar grandes áreas da Floresta Amazônica, da Mata
Atlântica, como o Cerrado e da Caatinga. O país sofre com outros problemas
ambientais graves, como as queimadas, que contribuem para o aquecimento global
e para as alterações climáticas; e o aumento da emissão de monóxido de carbono,
que afeta a saúde das populações das cidades.
Segundo o presidente do IBAMA, ―o Brasil é um país continental, o que gera
um grande desafio para a autarquia nas suas ações de fiscalização, controle e
ordenamento da política de gestão ambiental do país. Uma das ações chave do
58
IBAMA nos últimos três anos, e que tem sido um grande desafio, é o combate ao
desmatamento no país‖.
Ortega apud Almeida se refere a essa questão:
Temos hoje na Amazônia um conjunto de atividades ilegais, vinculadas ao desmatamento irregular, à posse e grilagem de terras e todo um quadro de violência. Os números têm demonstrado que a fiscalização no caso da Amazônia é fundamental, pois já conseguimos reduzir de 2004 para 2005, em 31% o índice de desmatamento da Amazônia (2006, p. 22)
O IBAMA tem atuado na região, traçando ações que visam à regularização
fundiária e o ordenamento territorial mais efetivo na região, o que, no médio prazo,
promoverá a redução da violência no campo, assim como a redução da grilagem8 de
terras e todo o processo de ilegalidade que hoje se presencia na região. Não há no
mundo biodiversidade comparável à riqueza da Floresta Amazônica. São 30 mil
espécies de plantas e, 5 mil de árvores – um terço da madeira tropical do planeta.
Esse patrimônio, entretanto, é ameaçado pelo desmatamento.
Dentre os problemas ambientais graves está também o drama vivido pelos
animais, que nesse município é causado principalmente pela caça e pesca
predatória, embora já se possa perceber a sensibilização de uma parte dos
habitantes, há um grande impasse gerado pela racionalidade ambiental e a luta pela
sobrevivência de pescadores e caçadores.
Diante desse contexto, o homem precisa identificar-se como parte integrante
do meio ambiente, a perceber que ele precisa cuidar de si mesmo e que dessa
forma estará contribuindo para o cuidado com a geração presente, não esquecendo
as futuras gerações, exercendo assim a sua cidadania.
Educar para a cidadania envolve a tarefa do professor de favorecer ao aluno,
de forma adequada, a compreensão da sua realidade, evidenciando valores
essenciais para o bem viver na sociedade, possibilitando-o agir no cotidiano escolar
e fora dele. A aprendizagem de procedimentos ou regras é indispensável para o
desenvolvimento da participação, da solidariedade e da corresponsabilidade sobre
todas as ações desenvolvidas no planeta.
Como afirma Boff (1996) apud Almeida (2006, p. 25):
8 Grilagem – ação de grilar (apossar-se ilicitamente de terras alheias) (SACCONI, 2001, p. 466).
59
A natureza construiu com grande sabedoria ao longo de 15 bilhões de anos o trabalho de equilíbrio do universo. Os bens da terra são patrimônio de toda humanidade e seu uso tem que obedecer às regras de respeito e solidariedade para com o restante da humanidade e para com as gerações futuras.
Nesse sentido, a prática educativa na escola pode partir primeiramente do
cuidado com o ambiente mais próximo, do respeito aos funcionários da escola,
jogando lixo no lugar certo, não desperdiçando água, não rasgando livros ou folhas
do caderno. São inúmeras ações importantes a serem trabalhadas, envolvendo os
interesses e as necessidades não só da comunidade escolar, mas da humanidade
em geral, formando assim, cidadãos cumpridores de seus deveres e que sabem
reivindicar os seus direitos (BRASIL, 1997).
A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para
formação de cidadãos conscientes, prontos para atuarem de modo comprometido
em suas realidades socioambientais. Para isso, é necessário que a escola se
proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a
aprendizagem de habilidades e procedimentos que levem à conscientização sobre a
importância do meio ambiente (BRASIL, 1997). Assim, o papel do professor é
essencial na formação dos alunos, de forma que constrói com eles uma postura
crítica diante da realidade, de informações e valores veiculados pela mídia e
daqueles trazidos de casa. Tal atitude deve atuar de forma contínua no
desenvolvimento da maturidade, de uma conscientização ambiental no processo de
troca de experiência e aprendizagem.
As premissas teóricas em torno do diálogo de saberes entre educação e meio
ambiente, nas suas múltiplas dimensões e como campo teórico em construção tem
sido apropriadas de formas diferentes pelos educadores ambientais que buscam
uma nova transversalidade de saberes, um novo modo de pensar, pesquisar e
elaborar conhecimento, que possibilite integrar teoria e prática.
Deve-se, entretanto, ressaltar que as práticas educacionais inseridas na
interface dos problemas socioambientais devem ser compreendidas como parte do
microssistema social, subordinando-se ao contexto de desenvolvimento existente,
que condiciona sua direção pedagógica e política. Quando nos referimos à
educação ambiental, a situamos num contexto mais amplo, o da educação para a
60
cidadania, configurando-se como elemento determinante para a consolidação de
sujeitos cidadãos (JACOBI, 2000).
O principal eixo de atuação deve buscar, acima de tudo, a solidariedade, a
igualdade e o respeito à diferença por meio de formas democráticas de atuação
baseadas em práticas interativas e dialógicas. Entende-se que a educação para a
cidadania trata não só da capacidade do indivíduo de exercer os seus direitos nas
escolhas e nas decisões políticas, como ainda de assegurar a sua total dignidade
nas estruturas sociais.
Desse modo, o exercício da cidadania implica autonomia e liberdade
responsável, participação na esfera política democrática e na vida social. Os
cidadãos desenvolvem ações de integração social, conservação do ambiente, justiça
social, solidariedade, segurança e tolerância, as quais constituem preocupações da
sociedade atual. Pretende-se, assim, sensibilizar alunos e professores para uma
participação mais consciente no contexto da sociedade, questionando
comportamentos, atitudes e valores, além de propor novas práticas.
Assim, nossa argumentação vai no sentido de reforçar que as práticas
educativas articuladas com a problemática ambiental não devem ser vistas como um
adjetivo, mas como parte componente de um processo educativo que reforce um
pensar da educação, orientado para refletir a educação ambiental num contexto de
crise ambiental, de crescente insegurança e incerteza face aos riscos produzidos
pela sociedade global, o que em síntese, pode ser resumido como uma crise
civilizatória de um modelo de sociedade.
Nesse sentido, a formulação de Leff (2001, p. 256) nos permite enfatizar que
este processo educativo deve ser capaz de formar um pensamento crítico, criativo e
sintonizado com a necessidade de propor respostas para o futuro, capaz de analisar
as complexas relações entre os processos naturais e sociais e de atuar no ambiente
em uma perspectiva global, respeitando as diversidades socioculturais. O objetivo é
o de propiciar novas atitudes e comportamentos face ao consumo na nossa
sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos (JACOBI,
1997). Isto requer um pensamento crítico da educação ambiental, e, portanto, a
definição de um posicionamento ético-político, "situando o ambiente conceitual e
político onde a educação ambiental pode buscar sua fundamentação enquanto
projeto educativo que pretende transformar a sociedade" (CARVALHO, 2004, p. 18).
61
Partindo das sínteses realizadas por Lima (2002, p. 109-141) e Loureiro
(2004) podem observar-se dois eixos para o discurso da educação ambiental: um
conservador e outro emancipatório, com suas diferentes leituras.
A abordagem conservadora, pautada por uma visão reformista, propõe
respostas instrumentais. Observa-se, de fato, que o modus operandi que predomina
é o das ações pontuais, descontextualizadas dos temas geradores, frequentemente
descoladas de uma proposta pedagógica, sem questionar o padrão civilizatório,
apenas realimentando uma visão simplista e reducionista.
A abordagem emancipatória, que tem como referenciais no campo da
educação, o pensamento crítico defendido por Paulo Freire, Snyder e Giroux e, no
que se referem ao meio ambiente, autores como Capra (2003), Morin (2000), Leff
(2001), e Boff (1996), dentre outros, propõe uma educação baseada em práticas,
orientações e conteúdos que transcendem a preservação ambiental. Segundo Morin
(2002 p. 36), na educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente não
deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da
realidade a partir de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo
pedagógico.
Para a vertente crítica, a educação ambiental precisa construir um
instrumental que promova uma atitude crítica, uma compreensão complexa e a
politização da problemática ambiental, a participação dos sujeitos, o que explicita
uma ênfase em práticas sociais menos rígidas, centradas na cooperação entre os
atores.
Na ótica da modernização reflexiva, a educação ambiental tem de enfrentar a
fragmentação do conhecimento e desenvolver uma abordagem crítica e política, mas
reflexiva.
Portanto, a dimensão ambiental representa a possibilidade de lidar com
conexões entre diferentes dimensões humanas, possibilitando entrelaçamentos e
trânsitos entre múltiplos saberes. Atualmente, o desafio de fortalecer uma educação
para a cidadania ambiental convergente e multirreferencial se coloca como
prioridade para viabilizar uma prática educativa que articule de forma incisiva a
necessidade de se enfrentar concomitantemente a crise ambiental e os problemas
sociais. Assim, o entendimento sobre os problemas ambientais se dá por meio da
visão do meio ambiente como um campo de conhecimento e significados
62
socialmente construídos, que é perpassado pela diversidade cultural e ideológica e
pelos conflitos de interesse.
Os educadores devem estar cada vez mais preparados para reelaborar as
informações que recebem, e, dentre elas, as ambientais, para poder transmitir e
decodificar para os alunos a expressão dos significados em torno do meio ambiente
e da ecologia nas suas múltiplas determinações e intersecções. A ênfase deve ser a
capacitação para perceber as relações entre as áreas e como um todo, enfatizando
uma formação local/global, buscando marcar a necessidade de enfrentar a lógica da
exclusão e das desigualdades.
Nesse contexto, a administração dos riscos socioambientais coloca cada vez
mais a necessidade de ampliar o envolvimento público através de iniciativas que
possibilitem um aumento do nível de preocupação dos educadores com o meio
ambiente, garantindo a informação e a consolidação institucional de canais abertos
para a participação numa perspectiva pluralista.
A educação ambiental assume assim, de maneira crescente, a forma de um
processo intelectual ativo, enquanto aprendizado social, baseado no diálogo e
interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações,
conceitos e significados, que se originam do aprendizado em sala de aula ou da
experiência pessoal do aluno. A abordagem do meio ambiente na escola passa a ter
um papel articulador dos conhecimentos nas diversas disciplinas, num contexto no
qual os conteúdos são ressignificados.
Ao interferir no processo de aprendizagem e nas percepções e
representações sobre a relação entre indivíduos e ambiente nas condutas cotidianas
que afetam a qualidade de vida, a educação ambiental promove os instrumentos
para a construção de uma visão crítica, reforçando práticas que explicitam a
necessidade de problematizar e agir em relação aos problemas socioambientais,
tendo como horizonte, a partir de uma compreensão dos conflitos, partilhar de uma
ética preocupada com a justiça ambiental.
A ótica inovadora refere-se à forma como se apreende o objeto de
conhecimento e à dinâmica que se estabelece com os atores sociais que propõem
uma nova forma de integração e articulação do conhecimento ambiental. A prática
educativa deve estar norteada pela formação de um indivíduo que supere o que
Guimarães (2004, p. 30) denomina de "armadilhas paradigmáticas", contribuindo
63
para o exercício de uma cidadania ativa visando a mudar o atual quadro de crise
socioambiental.
Esta abordagem busca superar o reducionismo e estimula um pensar e fazer
sobre o meio ambiente diretamente vinculado ao diálogo entre saberes, à
participação, aos valores éticos como valores fundamentais para fortalecer a
complexa interação entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel dos
professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que
assume um compromisso com o desenvolvimento sustentável e também com as
futuras gerações.
Autores como Sauvé (1999), Gaudiano (2000) Carvalho (2003) e Leff (2003);
mostram como um discurso ambiental dissociado das condições sócio históricas
pode ser alienante e levar a posições politicamente conservadoras, na medida em
que mobiliza o que Carvalho (2003, p. 116-117) denomina de um consenso
dissimulado, em virtude da generalização e do esvaziamento do termo
desenvolvimento sustentável, das diferenças ideológicas e os conflitos de interesses
que se confrontam no ideário ambiental. Isso nos leva à reflexão sobre a
necessidade da formação do profissional reflexivo para desenvolver práticas que
articulem a educação e o meio ambiente numa perspectiva crítica, que abra
perspectivas para uma atuação ecológica sustentada por princípios de criatividade e
capacidade de formular e desenvolver práticas emancipatórias norteadas pelo
empoderamento e pela justiça ambiental e social.
A inserção da educação ambiental numa perspectiva crítica ocorre na medida
em que o professor assume uma postura reflexiva, o que potencializa entender a
educação ambiental como uma prática político-pedagógica, representando a
possibilidade de motivar e sensibilizar os estudantes para transformar as diversas
formas de participação em potenciais fatores de dinamização da sociedade e de
ampliação da responsabilidade socioambiental. Esta se concretizará principalmente
pela presença crescente de uma pluralidade de atores que, por meio da ativação do
seu potencial de participação, terão cada vez mais condições de intervir
consistentemente e sem tutela nos processos decisórios de interesse público,
legitimando e consolidando propostas de gestão baseadas na garantia do acesso à
informação e na consolidação de canais abertos para a participação.
As experiências interdisciplinares são recentes e incipientes. O que prevalece
são práticas multidisciplinares e, segundo Tristão (2002, p. 175), "como as
64
disciplinas de geografia e biologia têm uma afinidade de conteúdos em relação à
dimensão ambiental, a inserção da educação ambiental ocorre por meio de um
exercício multidisciplinar, às vezes até de uma cooperação entre os conteúdos
dessas disciplinas".
Tristão (2002, p. 173-181) observa que existem quatro desafios da educação
ambiental que, entrelaçados, estão associados ao papel do educador na
contemporaneidade.
O primeiro desafio é o de enfrentar a multiplicidade de visões, e isso implica a
preparação do educador para fazer as conexões (CAPRA, 2003, p. 94-99), e
articular os processos cognitivos com os contextos da vida. Assim, entender a
complexidade ambiental, não como moda ou reificação ou utilização indiscriminada,
mas como construção de sentidos fundamentais para identificar interpretações e
generalizações feitas em nome do meio ambiente e da ecologia.
O segundo desafio é o de superar a visão do especialista, e para tanto o
caminho é a ruptura com as práticas disciplinares.
O terceiro desafio é superar a pedagogia das certezas, e isto converge com
as premissas que norteiam a formação do professor reflexivo, o que implica
compreender a modernidade, os riscos produzidos (GIDDENS, 1991, p. 140) e seu
potencial de reprodução, além de desenvolver no espaço pedagógico uma
sensibilização em torno da complexidade da sociedade contemporânea e suas
múltiplas causalidades.
E o quarto desafio é superar a lógica da exclusão, que soma ao desafio da
sustentabilidade a necessidade da superação das desigualdades sociais.
O momento atual é o de consolidar práticas pedagógicas que estimulem a
interdisciplinaridade na sua diversidade. Recorremos a Stengers (1990, p. 148), para
expressar nosso ponto de vista: A noção de complexidade é perigosa do ponto de
vista da política dos saberes. É, com efeito, uma noção que está na moda, e essa
moda contêm uma armadilha, a dos grandes discursos sobre a complexidade.
O desafio da interdisciplinaridade é enfrentado como um processo de
conhecimento que busca estabelecer cortes transversais na compreensão e
explicação do contexto de ensino e pesquisa, buscando a interação entre as
disciplinas e superando a compartimentalização científica provocada pela excessiva
especialização.
65
Como combinação de várias áreas de conhecimento, a interdisciplinaridade
pressupõe o desenvolvimento de metodologias interativas, configurando a
abrangência de enfoques e contemplando uma nova articulação das conexões entre
as ciências naturais, sociais e exatas. Cabe ressaltar que o contexto epistemológico
da educação ambiental permite um conhecimento aberto, processual e reflexivo, a
partir de uma articulação complexa e multirreferencial. Nesse sentido, o
conhecimento transdisciplinar se configura como um horizonte mais ousado de
conhecimento.
Para Morin (2000, p. 37), a transdisciplinaridade estaria mais próxima do
exercício do pensamento complexo, pelo fato de ter como pressuposto a
transmigração e diálogo de conceitos através de diversas disciplinas.
A preocupação em consolidar uma dinâmica de ensino e pesquisa a partir de
uma perspectiva interdisciplinar, enfatiza a importância dos processos sociais que
determinam as formas de apropriação da natureza e suas transformações por meio
da participação social na gestão dos recursos ambientais, levando em conta a
dimensão evolutiva no sentido mais amplo e incluindo as conexões entre a
diversidade biológica e cultural, assim como as práticas dos diversos atores sociais e
o impacto da sua relação com o meio ambiente.
Dessa forma, a ênfase na interdisciplinaridade na análise das questões
ambientais deve-se à constatação de que os problemas que afetam e mantêm a vida
no nosso planeta são de natureza global e que a compreensão de suas causas não
pode restringir-se apenas aos fatores estritamente biológicos, revelando dimensões
políticas, econômicas, institucionais, sociais e culturais.
Porém, não é suficiente reunir diferentes disciplinas para o exercício
interdisciplinar. A educação ambiental deve apoiar-se em trocas sistemáticas e no
confronto de saberes disciplinares que incluam não apenas uma problemática nas
interfaces entre as diversas ciências naturais e sociais e isto só se concretizará a
partir de uma ação orgânica das diversas disciplinas, superando a visão
multidisciplinar.
Posto que os problemas ambientais transcendem as diferentes disciplinas,
tanto o aprofundamento disciplinar quanto a ampliação do conhecimento entre as
disciplinas são elementos fundamentais, porém de grande complexidade quanto à
sua implementação. Considerando como ponto de partida uma realidade
socioambiental complexa, esse processo exige cada vez mais, a internalização de
66
um saber ambiental emergente num conjunto de disciplinas, visando a construir um
campo de conhecimento capaz de captar as multicausalidades e as relações de
interdependência dos processos de ordem natural e social que determinam as
estruturas e mudanças socioambientais.
67
CAPÍTULO V APLICAÇÃO DO ESTUDO DE CASO
5.1 PERFIL DA ESCOLA
A Escola Municipal Professora Jociêdes Andrade (Figura 10) foi construída na
administração do Prefeito Joel Santos de Lima, inaugurada no dia 28 de dezembro
de 1992, na administração do prefeito Francisco Rodrigues Balieiro. A referida
escola situa-se na Avenida da Amizade s/n, zona urbana do município de Tabatinga,
Estado do Amazonas, tendo como ponto de referência ao norte, a Rua Osvaldo
Cruz, ao sul, de frente a Rua Santos Dumont, a oeste, encontra-se a principal
Avenida da cidade de Tabatinga, a Avenida da Amizade e ao leste, a Rua Duque de
Caxias, próximo a cinco bairros importantes: Bairro das Comunicações, D. Pedro I,
Tancredo Neves, Rui Barbosa e Centro.
Figura 10 - Escola Municipal Jociêdes Andrade
Fonte: Secretaria da Escola Municipal Jociêdes Andrade
O nome da Escola é uma homenagem à professora da Rede Estadual de
Ensino, que em 1992 atuava como Subsecretária Municipal de Educação no
município de Tabatinga, vítima de acidente de trânsito na Avenida da Amizade, aos
28 anos de idade.
A instituição de ensino é mantida pela Prefeitura Municipal de Tabatinga-Am,
através da Secretaria Municipal de Educação (SEMED).
Iniciou suas atividades escolares em 05 de março de 1993 com a Educação
Básica, Ensino Fundamental de 1ª a 4ª séries, autorizado legalmente para
68
funcionamento através do decreto nº. 078 A de 05 de março de 1993. Iniciou no ano
de 2000 a oferta da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos – (EJA) –
1º e 2º segmentos de Ensino Fundamental no período noturno.
A Escola atende atualmente uma demanda de 464 alunos no turno matutino
do 1° ao 5° ano, 558 alunos no turno vespertino do 6° ao 9° ano e EJA diurno, e, 496
alunos no turno noturno.
No ano de 2008 ampliou o ensino fundamental de oito para nove anos, com
matrícula inicial a partir de seis anos de idade em atendimento as Leis Federais
11.114/05, 11.274/06 e Resolução 098/2005, 100/06 – Conselho Estadual de
Educação – CEE-Am.
Atualmente a direção da Escola é composta pelo Gestor, Professor Pedro
Nascimento Cornélio, dois apoios pedagógicos, um nos turnos matutino e
vespertino, professor German Alberto V. Atayde, e um no turno noturno, professora
Valdete Góes.
A comunidade escolar é formada por alunos de várias etnias, sendo que a
maioria é cabocla, e há um grande intercâmbio com alunos Peruanos, Colombianos
e Ticuna. Isso ocorre com a vinda de estudantes das pequenas cidades que fazem
fronteira com o município de Tabatinga, Letícia-Colômbia e Santa Rosa-Peru, e de
alunos ticuna que vem de suas comunidades em busca de melhorar o seu
aprendizado na língua portuguesa.
A Escola tem como Missão, trabalhar a formação dos educandos de forma
crítica e construtiva em que eles tenham a oportunidade de exercitar essas posturas
através de suas ações e orientações pedagógicas, porém há muitos entraves no
ambiente escolar que precisam ser transpostos para que a teoria passe para a
prática e se concretize em uma educação cidadã de qualidade que desenvolva o
aluno em sua plenitude.
A Visão da Escola é de ser um centro educacional de referência, inovador em
suas propostas e práticas pedagógicas e na formação de cidadãos críticos,
conscientes e empreendedores.
Sua Proposta Pedagógica é valorizar a aprendizagem ativa, contemplando os
princípios humanistas e construtivistas e criando condições para que o educando
seja autor e ator no processo de aprendizagem.
69
5.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA
A metodologia utilizada na pesquisa foi a Qualitativa, seguindo os
procedimentos descritos por Minayo (2010) e Duarte [201-?], com observação
participante e entrevistas realizadas através da aplicação de questionários durante o
processo de coleta de dados; análise e interpretação dos dados, onde foram
adotados seis passos, a saber:
a) Todos os dados foram organizados e preparados para análise. Foram elaborados
questionários com perguntas abertas e fechadas com questões relacionadas ao
meio ambiente e à educação ambiental;
b) Os questionários foram distribuídos aos professores que estavam na sala de aula
e na sala dos professores; aos alunos que estavam presentes em sala de aula, na
data e hora previamente marcadas, com auxílio do professor da turma e de
estagiários do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do
Amazonas, para que respondessem de forma livre e espontânea, sem consultar
nenhuma literatura em busca de conceitos formados;
c) Posteriormente, foi iniciado o processo de análise detalhada dos dados, levando-
se em consideração as semelhanças nas respostas;
d) As questões estão representadas na narrativa qualitativa; umas através da
transcrição na íntegra das respostas dos entrevistados; outras, através de gráficos e
tabelas;
e) Realização de práticas pedagógicas (palestras, saídas de campo, oficinas de
reciclagem e gincana ambiental), com a utilização de perguntas formais e informais
no decorrer das atividades desenvolvidas;
f) Interpretação do significado dos dados obtidos, avaliando os conhecimentos
ambientais dos alunos e dos professores do 9º ano do ensino fundamental da
escola.
5.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.3.1 Parcerias firmadas
Para o bom andamento da pesquisa, se fez necessário firmar algumas
parcerias.
70
Primeiramente, foi consolidada a parceria com a Secretaria Municipal de
Educação (SEMED), a fim de se obter autorização para a pesquisa na escola e a
disponibilidade de ônibus escolar para as aulas de campo no Lixão e na Orla do
Porto de Tabatinga.
Posteriormente, procurou-se a Universidade do Estado do Amazonas (UEA),
que através de Convênio firmado com a SEMED, encaminha seus alunos dos cursos
de licenciatura para a realização de Estágio Supervisionado Obrigatório nas escolas.
No primeiro trimestre do corrente ano, uma turma do 5º período do Curso de
Ciências Biológicas, ao realizar estágio na disciplina de Prática de Ensino I -
Educação Ambiental, foi disponibilizada para dar suporte durante todo o processo de
execução das atividades da pesquisa, sendo assim, foi oportuna a parceria com
essa Instituição.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Tabatinga (SEMMAT), vem
realizando um trabalho de referência em educação ambiental na cidade, inclusive
nas escolas municipais e estaduais. As atividades desenvolvidas vão desde Ciclo de
Palestras, Minicursos, Visitas Técnicas, Gincana Ambiental, dentre outras atividades
como a campanha ―Tabatinga Limpa, Natal Feliz‖, onde residências, escolas, ruas e
bairros, são convidados a participar de um concurso de ornamentação natalina com
materiais reciclados. Assim, se tornou grande parceira no desenvolvimento da
pesquisa, disponibilizando integrantes da sua equipe para apoiar as palestras e as
aulas de campo, além da realização da Gincana Ambiental, atividade que fez parte
do encerramento da Semana de Meio Ambiente desenvolvida pela Secretaria.
5.3.2 Observação Participante
Durante as observações realizadas na Escola Municipal Jociêdes Andrade, no
turno vespertino, foi constatado que a educação ambiental não vem sendo
trabalhada de forma constante durante as aulas das variadas disciplinas. Raramente
o tema meio ambiente é abordado, exceto nas aulas de Geografia e Ciências
Naturais, cujos conteúdos são propícios para essa abordagem. Não há uma
interdisciplinaridade, ou seja, a transferência de métodos de algumas disciplinas
para outras, identificando novos objetos de estudo. Não há uma postura frente à
totalidade do conhecimento, que substitui a concepção fragmentária pela unitária do
ser humano, proporcionando a inserção do aluno em sua própria realidade,
71
possibilitando uma compreensão maior do espaço e do tempo em que vive. Não há
uma forma de diálogo entre várias formas de conhecimento, de onde se constrói um
geral, partindo-se de particulares. O que há na verdade são conhecimentos
compartimentalizados. Dessa forma, os alunos apresentam uma visão fragmentada
do saber tão necessário para que a educação ambiental seja realmente efetivada na
escola.
Nessa perspectiva, a educação ambiental tem sido identificada como
transdisciplinar, ou seja, deve permear todas as disciplinas do currículo escolar,
assim, não pode ser repassada aos alunos de forma fragmentada (SATO, 2003)
como vem ocorrendo na escola pesquisada.
Ainda contribuindo, temos Loureiro e Torres (2014), que afirmam que a
educação escolar deve formar sujeitos críticos e aptos a transformar sua realidade
social, sendo problematizadora, contextualizada e interdisciplinar.
No cotidiano, exigem-se articulações que levam em conta vários pontos de
vista. Nesse sentido, a interdisciplinaridade propõe superar a fragmentação do saber
em prol do conhecimento da totalidade do universo. O aluno vai unir suas
experiências individuais às vivências e reflexões que a escola e outras instituições
lhe permitem, ligando pontos aparentemente distantes de cada área em um projeto
coletivo, que exige comprometimento por parte dos alunos e dos professores, pois
sendo interdisciplinar, é necessária a colaboração e comunicação entre as
disciplinas, guardadas as especificidades e particularidades de cada uma
(PETRAGLIA, 2011). Só assim teríamos um resultado positivo com relação aos
ensinamentos ambientais.
Foi observado ainda que a maioria dos alunos não valoriza o meio ambiente
escolar, jogam papéis e embalagens no chão das salas e pelos corredores da escola
(onde há lixeiras para esses fins), mesmo sendo repreendidos em alguns momentos
pelos professores e pelos auxiliares de serviços gerais.
Vemos aqui a necessidade de fazer valer os princípios e fundamentos da
educação ambiental, incorporando à prática educativa uma consciência ética sobre
todas as formas de vida, que respeite os ecossistemas e os ciclos de vida, e porque
não dizer os vários tipos de trabalhos e trabalhadores, visando a construção de uma
sociedade melhor, tendo nas questões socioambientais o ponto de partida para o
fortalecimento dos laços de respeito e cidadania terrena (MORIN, 2004).
72
O olhar compreensivo de tudo que faz parte das ações dos estudantes, com
reflexo no ambiente onde eles atuam, deve passar a ser conteúdo de debate e de
análise para todos os professores e se possível de mudança social. Os estudantes
precisam pensar o espaço social e ambiental como espaço de convivência solidária,
pois é da convivência sábia das diferenças que pode surgir a parceria e a
associação entre as pessoas. É tarefa dos educadores contribuírem para o
fortalecimento das organizações sociais, que carecem de parceria e interpretação
dos problemas a eles relacionados.
Foi observado ainda, que as carteiras escolares, geralmente são riscadas
com caneta esferográfica, pincéis coloridos, corretivos ou até com materiais perfuro
cortantes. Além de algumas vezes serem quebradas como ação de descuido,
causando prejuízos à escola, que tem que gastar a pouca verba que dispõe com o
conserto.
Todas essas atitudes demonstram certo descaso com o meio ambiente
escolar, no qual os estudantes estão inseridos e dele dependem para um futuro
promissor, assim como futuras gerações que como eles, necessitarão dessa escola.
Esquecem que ―tudo o que fazemos estamos construindo alguma coisa, até mesmo
para as pessoas que não nasceram que vão nascer um dia. Tudo o que
construirmos hoje, vai recair sobre os seres humanos futuros‖ (MORIN, 2004, p. 22).
Em relação aos professores da escola pesquisada, constatou-se que não há
um intercâmbio com relação ao trabalho com a educação ambiental entre eles.
Comentam a respeito do comportamento de um ou outro aluno. Mas não há uma
interdisciplinaridade efetiva com relação aos conhecimentos ambientais.
Por essas e outras ações desses atores sociais é que se faz necessário uma
reforma da educação ou do ensino/aprendizagem e do currículo. É urgente uma
educação inovadora, que realmente forme cidadãos responsáveis e preocupados
com o seu ambiente e com a vida. Onde todas as disciplinas estejam preocupadas e
comprometidas em trabalhar a educação ambiental.
De acordo os PCN‘s, gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e
dos diversos ambientes, participação em pequenas negociações são exemplos de
aprendizagem que podem ocorrer na escola (BRASIL, 1998). O papel dos
professores como orientadores desse processo é de fundamental importância, cabe
a eles orientar e efetivar o aprendizado de seus alunos.
73
As transformações da realidade escolar precisam passar, necessariamente
por uma mudança de perspectiva, em que os conteúdos escolares tradicionais
deixem de ser encarados como um fim na educação. Eles devem ser um meio para
a construção da cidadania e de uma sociedade mais justa e solidária.
Os PCn‘s contribuem a esse respeito:
A educação escolar é uma prática que tem a função de criar condições para que todos os alunos desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos necessários para construir instrumentos de compreensão da realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais diversificadas e cada vez mais amplas, condições estas fundamentais para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade democrática e não excludente. (BRASIL, 1998, p.32).
Os conteúdos tradicionais só farão sentido para a sociedade, se estiverem
integrados em um projeto educacional que almeje o estabelecimento de relações
interpessoais, sociais e éticas de respeito às outras pessoas, à diversidade e ao
meio ambiente (Agenda 219, 1992, Rio de Janeiro). Esses devem ser trabalhados na
escola como Temas Transversais.
Conforme Nunes (1999, p. 28):
Os critérios para a escolha de temas recorrentes à educação escolar, de acordo com os PCN‘s – Temas Transversais (1998) são: urgência social, que engloba temas que ameaçam a cidadania, a dignidade e a qualidade de vida; abrangência nacional, que inclui a discussão daquilo que é comum ao país e repete-se em diferentes contextos; compreensão da realidade e participação social, para promover uma educação que supere o individualismo e a realidade de classe, educando para o coletivo responsável, emergência do contexto, como é o caso das drogas, trânsito e violência, por exemplo.
Todos os Temas Transversais têm estas características: são temas de
abrangência nacional; podem ser compreendidos por crianças na faixa etária
proposta; permitem que os alunos desenvolvam a capacidade de se posicionarem
perante questões que interferem na vida coletiva; e podem ser adaptados à
realidade das regiões. Da mesma forma, as alternativas, para lidar com tais
questões são produzidas pela e na própria sociedade a cada dia, nas ações de cada
um. Para a compreensão dos problemas ambientais, por exemplo, precisa-se saber
9 Agenda 21 – documento compromisso assinado durante a Rio-92, contendo as principais diretrizes
que devem orientar as ações, em suas várias escalas geográficas, na direção do desenvolvimento sustentável. (AGENDA 21, 1992).
74
coisas que vêm da história, da geografia, da matemática, das ciências físicas,
naturais, sociais, etc.
Como se vê, o trabalho com os Temas Transversais pode ocorrer o tempo
todo na escola, seja no momento da escolha dos conteúdos a serem trabalhados em
determinada turma, seja na definição das atividades que serão propostas na
resolução de problemas corriqueiros de convivência e até na forma como relacionam
as pessoas que participam dessa escola.
Segundo Migliori (1999, p. 38):
Os temas transversais voltam-se para o processo de resgate da dignidade e da cidadania e devem ser exercitados, vivenciados para que essa consciência mais ampla permeie o desenvolvimento e a formação do indivíduo que está numa sala de aula e que vai coordenar uma ação muito ampla como adulto, como profissional. Assim a escola passa a ser um ambiente germinador desse cidadão ampliado, que vai ajudar a desenvolver os aspectos aqui sugeridos como temas transversais. Eles são transversais não só na escola – são transversais na vida.
Através desta proposta, o governo aposta na competência das escolas e de
seus profissionais na abordagem desses temas. Porém cabe ressaltar que a
realidade precária, vivida pelos educadores que vai desde o desprestígio social até o
despreparo teórico, causado pela ausência de reflexão, dificuldade de acesso à
produção do conhecimento e baixos salários, impede-os de pôr em prática essa
mudança tão necessária à educação brasileira.
De acordo com Nunes (1999, p. 33):
[...] é prudente salientar que a atual formação dos professores não os habilita a abraçar causa de tal magnitude. Antes disso, é fundamental que os setores responsáveis pela elaboração de políticas públicas educacionais, despendam esforço de igual teor no sentido de viabilizarem a capacitação de professores em serviços, sendo necessário discutir a própria concepção de capacitação, tanto em relação aos conteúdos como à forma de realização, devido ao grande número de profissionais envolvidos.
Sendo assim, nota-se que de nada adianta a boa intenção governamental no
que se refere à formação de cidadãos mais conscientes e participativos na
sociedade se não forem disponibilizados cursos de capacitação aos profissionais
que irão colocar em prática essa mudança. Porque os professores em exercício não
tiveram uma formação adequada para transformar a escola em espaço de
75
aprendizagem da cidadania, nem para que se constitua em agente de transformação
social.
5.3.3 Análise dos questionários Aplicados na Pesquisa
Foram utilizados questionários (Apêndices A e B) elaborados e aplicados aos
professores e alunos do 9º ano do ensino fundamental da escola Municipal Jociêdes
Andrade (Figura 11), com questões objetivas e subjetivas, visando compreender
como a educação ambiental vem acontecendo nesse nível de ensino, a fim
colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o
processo de ensino-aprendizagem.
Figura 11 - Alunos do 9º ano respondendo o questionário da pesquisa
Fonte: ALVES (2018)
As questões direcionadas aos entrevistados se referiram aos aspectos do
conhecimento do que é educação ambiental e meio ambiente, o que faz parte do
meio ambiente, como se informam a esse respeito, quais as disciplinas que abordam
essa temática, quais as dificuldades encontradas para a realização do trabalho no
campo da educação ambiental, entre outras. Estas foram assim representadas ainda
com o intuito de avaliar a concepção dos entrevistados com relação aos problemas
ambientais locais e o que eles fariam para melhorar o meio ambiente.
Os questionários contendo 16 questões foram respondidos por 13 professores
de diferentes disciplinas, a saber:
76
• 2 de Espanhol, 3 de Português, 3 de Matemática, 1 de Ensino Religioso e
Artes, 1 de Geografia e História, 2 de Ciências Naturais, 1 de Educação
Física.
Os questionários contendo 11 questões direcionados aos alunos foram
respondidos por 102 participantes de 3 turmas do 9º ano os quais demoraram em
média 30 minutos até que o último aluno terminasse de responder:
• Turma A: 36 alunos; Turma B: 29 alunos; Turma C: 37 alunos.
Na sequência serão apresentados os resultados dos questionários.
Inicialmente ouviremos os professores, e na sequência, os alunos que participaram
da pesquisa.
5.3.3.1 Questionários direcionados aos professores
Os resultados obtidos através da aplicação de questionários aos professores
do 9º ano do ensino fundamental vespertino, da Escola Municipal Jociêdes Andrade,
foram analisados conforme metodologia descrita por Buono (2014), e baseado
também nas considerações de Martins (2013); foram apresentados na forma de
gráficos, tabelas e relatos na íntegra da fala dos participantes da pesquisa.
Nas questões 1, 2 e 3, as perguntas direcionadas aos professores foram com
o intuito de saber qual a área de formação, há quanto tempo atuam na docência e
quais disciplinas lecionam atualmente.
Verificamos que os professores estão atuando, na sua maioria, na própria
área de formação (Tabela 1), sendo esse um bom indicativo, pois é complicado
quando o professor tem que ministrar conteúdos dos quais não tem conhecimento e
domínio, o que compromete a aprendizagem dos alunos. O tempo de atuação dos
professores varia de 3 a 24 anos. Os mais antigos apresentam fortes resquícios do
tradicionalismo, dificultando um trabalho interdisciplinar. Ressaltamos ainda que,
alguns cursos de formação de professores não têm a disciplina de Educação
Ambiental, como Matemática, por exemplo. Assim, os professores dessa área têm
que buscar adquirir esses conhecimentos na sua formação continuada, para a
realização de um bom trabalho ambiental.
77
Tabela 1
Área de formação, tempo de atuação e disciplinas que os professores lecionam
Área de formação Tempo de atuação
Disciplina (s) que leciona
Pedagogia 18 anos Espanhol Letras e Espanhol/ Normal Superior
18 anos Espanhol
Letras 5 anos Português Letras 8 anos Português Letras 11 anos Português
Matemática 8 anos Matemática
Matemática 12 anos Matemática Filosofia 24 anos Matemática
Matemática
3 anos Ensino religioso e Artes
Geografia 17 anos Geografia e História
Ciências Biológicas
7 anos Ciências Naturais
Ciências Biológicas
9 anos Ciências Naturais
Educação Física
20 anos Educação Física
O quarto questionamento feito aos professores foi a respeito de formação
especial na área de educação ambiental. No Gráfico 1, ficou evidente que, a maioria,
(69%), não tem formação especial nessa área. Somente 31% afirmaram ter feito
cursos.
Gráfico 1
Formação especial dos professores em educação ambiental
31%
69%
Sim Não
78
Foi investigado na quinta questão, em caso positivo, quem teria oferecido
formação na área ambiental aos professores, se teria feito pela escola ou por conta
própria. Dentre os que têm formação (Gráfico 2), 67% fizeram especialização em
educação ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), por conta
própria, e 33% disseram ter feito um curso através de vídeo conferência oferecido
pela Secretaria de Estado de Educação e Qualidade de Ensino (SEDUC).
Gráfico 2
Quem ofereceu aos professores formação especial na área ambiental
Na sexta questão, os professores foram indagados sobre o entendimento que
eles têm sobre educação ambiental.
De acordo com as respostas, todos os professores entendem a educação
ambiental como uma forma de conscientização para o cuidado e a preservação do
meio ambiente e tudo que nele há. Destaca-se aqui a fala na íntegra de dois
professores:
“Aprender sobre o meio ambiente, valores, formas de preservar a natureza”. (Português).
“Representa um conjunto de ações sustentáveis voltadas para a conservação do meio ambiente”. (Geografia e História).
No entanto percebe-se que o conceito do professor de Português é um tanto
superficial, demonstrou ter uma visão naturalista de meio ambiente. O que não é um
bom indicativo uma vez que a ele também cabe a formação ambiental na escola. Já
o professor de Geografia e História demostrou ter um conceito mais amplo, segundo
ele, através de ações sustentáveis o meio ambiente será conservado.
Com relação à importância da educação ambiental, investigada na sétima
questão, todos os professores responderam achar de fundamental importância:
67%
33%
Por conta própria Pela SEDUC
79
“É fundamental preocupar-se, pois disso, depende nossas vidas” (Ed. Física).
“É de extrema importância, uma vez que a maioria da população precisa aprender a preservar” (Português).
“A educação ambiental é importante porque conscientiza o cidadão a respeitar o meio ambiente”. (Espanhol).
Os professores concordam que é importante conscientizar para preservar.
Esse é o objetivo primeiro da educação ambiental, a conscientização dos indivíduos
acerca do meio ambiente global e de problemas conexos e de se mostrarem
sensíveis aos mesmos (REIGOTA, 2012).
As pessoas precisam saber dos agravos ambientais, para que esses sejam
atenuados. No entanto, não é só educar que os problemas serão resolvidos, mais do
que isso é preciso uma mudança de valores e atitudes. O professor de Espanhol
utiliza uma palavra-chave, o respeito ao meio ambiente. E esse respeito pode e deve
ser ensinado na escola, local em que os alunos passam boa parte de seu dia.
Para tanto, é necessário que a educação ambiental norteie todas as
disciplinas do currículo, pois ela é um exercício para a cidadania, sendo seu objetivo
a conscientização das pessoas em relação ao mundo em que vivem e essa
conscientização se dá a partir do conhecimento de seus recursos, os aspectos
gerais da fauna e da flora e os problemas ambientais causados pela exploração do
homem. Seu objetivo maior é o de criar uma nova mentalidade com relação a como
usufruir dos recursos oferecidos pela natureza, criando assim um novo modelo de
comportamento (REIGOTA, 1994).
Na oitava questão: Por que a educação ambiental deve ser abordada no
contexto escolar como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais, os
professores deram respostas variadas:
“Para conscientizar os alunos quanto a preservação da natureza e assim torná-los defensores ativos”. (Português).
“Porque traz uma gama de conhecimentos e posturas que devem ser trabalhadas em sala para serem refletidas positivamente na sociedade”. (Ciências Naturais).
“Porque desperta no indivíduo o cuidado com a prática de atividades que possam causar impacto ambiental, entre elas, a poluição do ar, a degradação, etc. (Geografia).
80
De forma geral, os professores acreditam que através das abordagens feitas
na escola, os alunos podem tornar-se conscientes e adotar posturas de cuidado com
o meio em que vivem.
A esse respeito, os PCN‘s preconizam que é tarefa da escola proporcionar um
ambiente escolar saudável e coerente, e contribuir para a formação de cidadãos
conscientes de suas responsabilidades com o meio ambiente e capazes de atitudes
de proteção e melhoria (BRASIL, 1988).
A nona questão foi elaborada com o intuito de saber dos professores, como a
educação ambiental deve ser trabalhada na escola (Gráfico 3). De acordo 31% dos
entrevistados, deve ser através de palestras, igualmente, 31% apontaram as oficinas
como alternativa, já 23% acreditam que através de teoria e prática, enquanto 8%
não responderam, e 7% apontaram a aula de campo. Todos concordaram que a
educação ambiental precisa ser trabalhada de alguma forma. Um professor acredita
que com apenas uma disciplina específica o problema se resolverá. No entanto, criar
a disciplina Educação Ambiental para fazer parte da grade curricular não é a solução
para tornar a educação ambiental eficiente, visto que deve ser trabalhada de forma
interdisciplinar e transversal (SATO, 2003). E trata-se primeiro de uma
conscientização para depois partir para a prática. Pelo menos nisso os professores
concordam. Percebe-se aqui que eles têm algum conhecimento a respeito de como
fazer para tornar a educação ambiental eficaz, no entanto, isso não foi observado
nas suas práticas.
Gráfico 3
Como a educação ambiental deve ser trabalhada na escola
A décima pergunta direcionada aos professores questionou a respeito de que
forma a educação ambiental contribui para a formação do aluno na sua concepção.
7%
23%
31%
31%
8%
Não respondeu Teoria e prática Palestras Oficinas Aula de campo
81
Todos concordam que contribui para a formação cidadã, conscientizando o aluno ao
respeito com a natureza e sua preservação:
“Com certeza irá tornar-se um cidadão que preserva a vida com o pensamento de „preservação pra todos‟”. (Ed. Física).
“Dando-lhes uma capacidade de interação e consciência para uma melhor formação ética, moral e respeitosa com a natureza”. (Espanhol).
“Contribui para a aquisição de conhecimentos e tomadas de posturas positivas e relevantes para o ambiente e sociedade”. (Ciênc. Naturais).
Há um consenso entre todos os professores, pois concordam que a educação
ambiental precisa ser trabalhada de alguma forma. O professor de Português
acredita que com apenas uma disciplina específica o problema se resolveria. Criar a
disciplina Educação Ambiental para fazer parte da grade curricular, não é a solução
para tornar a educação ambiental eficiente. Trata-se primeiro de uma
conscientização para depois partir para a prática. Percebe-se aqui que os
professores têm algum conhecimento a esse respeito. Assim, os estudantes veem a
questão ambiental de forma reducionista, fragmentada e simplificadora da realidade,
isso pode estar presente, com maior ou menor intensidade, nos conteúdos e práticas
educacionais e diminuem a complexidade dos problemas (LIMA, 2004).
Com relação ao questionamento feito na décima primeira pergunta, quais
práticas pedagógicas e quais recursos didáticos devem ser utilizados no trabalho
com a educação ambiental, visando uma perspectiva emancipatória no processo de
transformação social, os professores responderam que através de práticas que os
alunos possam interagir de forma direta:
“Implantação de um projeto onde o aluno deve se tornar responsável através da vivência dos fatos, na escola é o 1º passo”. (Ed. Física).
“Fazer o aluno produzir seu próprio alimento, limpar sua própria sujeira, sofrer as consequências das práticas negativas com o ambiente” (Matemática).
“Através de gincanas, palestras, filmes, vídeos, trabalhos em equipe em campo, ensinar a plantar e cuidar de uma árvore”. (Português).
82
Na décima segunda questão foi questionado com que frequência o professor
trabalha a educação ambiental nas suas aulas. No Gráfico 4, observa-se que mais
da metade dos professores, 69%, responderam que trabalham com pouca
frequência, 23% afirmaram que trabalham com muita frequência e apenas 8%
asseguraram que não trabalham.
Gráfico 4
Frequência do trabalho com a educação ambiental nas aulas
Foi observado que alguns professores tentam fazer um trabalho pautado nas
questões ambientais, no entanto, é necessário fortalecer as ações buscando
parcerias e desenvolvendo projetos alternativos que quebrem a rotina da instituição
escolar, valorizando a criação de novas práticas e desta forma converter a escola
num espaço de produção de saberes transformadores, e não apenas de transmissão
de informações vagas e distantes da realidade dos alunos.
Quando questionados, na décima terceira questão, sobre quais dificuldades
encontram para trabalhar a educação ambiental na escola (Gráfico 5), os
professores apontaram vários entraves, dentre eles, a falta de recursos e materiais
(23%), falta de tempo, falta de interesse do aluno e nenhuma ou mínimas (15%). Já
as questões como a falta de apoio dos pais, dificuldades para realizar aula de
campo, falta de formação, e não realizou, foram citadas por 8% dos participantes
respectivamente.
8%
69%
23%
Não trabalha Pouca freq. Muita freq.
83
Gráfico 5
Dificuldade dos professores para o trabalho em educação ambiental
Para Rodrigues e Rangel (2016), embora a maioria dos professores
reconheça a importância do exercício de sua profissão, se deparam com inúmeras
dificuldades quanto à burocracia, falta de infraestrutura, desinteresse dos alunos,
entre outras, que os impedem de fornecer um ensino de qualidade.
Sendo assim, na prática, docentes limitam-se a trabalhar a educação
ambiental via abordagens, teorias, métodos e situações descontextualizadas (DIAS
e ANDRÉ, 2009).
Ao responder a décima quarta questão, se existe projeto interdisciplinar na
escola, os professores foram unânimes em responder que não existe.
Sendo assim, a décima quinta questão não foi respondida, pois se tratava de
relatar como o projeto acontece na escola.
Já na décima sexta indagação, a respeito do que deveria ser mudado em
relação ao trabalho com a educação ambiental na escola, os professores apontam a
necessidade do trabalho com projetos para a sua efetivação:
“Deveria ter projetos direcionados à questão ambiental, enfatizando seus
benefícios para gerações futuras”. (Matemática).
“Na escola não temos nenhum projeto direcionado a esse tema. E sem
sombra de dúvida seria de grande importância projetos com esse tema”.
(Geografia).
“Que exista algum projeto que ensine os alunos a não desperdiçarem os
recursos naturais que possuem, a não poluir e principalmente, ensiná-los a
levar as práticas educacionais para sua família e amigos”. (Matemática).
15%
23%
8%
8%
15%
15%
8% 8%
Nenhuma ou mínimas Falta de Recursos e materiais Falta de apoio dos pais
Dificuldade aula de campo Falta de tempo Falta de interesse do aluno
Falta de formação Não realizou
84
Certamente que os Projetos Ambientais Escolares (PRAE)10 configuram-se
como uma opção. Esses projetos podem ser propostos a partir de um tema
ambiental relacionado com a própria vida dos alunos, ou de um problema
concernente à sua realidade ambiental; o fundamental então é que se organizem em
torno da resolução de problemas, que sejam interdisciplinares e busquem a
integração, com o ânimo de que sua projeção tenha incidência direta na formação
integral do indivíduo e o prepare para atuar, de forma consciente e responsável do
seu entorno. Reigota (2012) afirma que a Pedagogia de Projetos é o método que
envolve toda a escola no estudo de um tema específico e que muitas escolas
adotam com resultados bastante positivos.
5.3.3.2 Avaliação dos questionários direcionados aos alunos
A análise dos resultados obtidos na aplicação dos questionários aos alunos
do 9º ano do ensino fundamental vespertino da escola Municipal Jociêdes Andrade,
bem como a apresentação desses resultados, se deu da mesma forma que os
questionários dos professores entrevistados.
Visto que na escola tem três turmas de 9º ano no turno vespertino, a primeira
questão direcionada aos alunos foi sobre a turma que estuda. O público de alunos
presentes no dia da aplicação dos questionários totalizou 102 alunos, destes, o
maior número estava na turma A (36%), seguido da turma B, (35%), e a minoria na
turma C (29%) (Gráfico 6). Lembrando que a média de alunos por turma é de 38
alunos.
Gráfico 6
Distribuição dos alunos por turma
10
PRAE – São projetos que vinculam à solução da problemática ambiental particular de uma localidade ou região, permitindo a geração de espaços comuns de reflexão, desenvolvendo critérios de solidariedade, tolerância, busca do consenso, autonomia, preparando para a autogestão na busca de um melhoramento da qualidade de vida, que é o propósito último da Educação Ambiental.
35%
29%
36%
Turma A Turma B Turma C
85
Na avaliação do segundo questionamento sobre a concepção dos alunos a
respeito da educação ambiental, verificou-se que 36% acreditam que educação
ambiental é cuidar do meio ambiente, já 15% responderam que é como cuidar do
lixo, 13% assinalaram que se refere a paisagem natural, 8% disseram que é a
poluição em geral, enquanto outros 8% se referiram a como ter um ambiente limpo.
20% não responderam à questão (Gráfico 7). Percebe-se que os alunos têm uma
visão naturalista da educação ambiental, visto que se referem sempre ao meio
ambiente físico natural, e aos problemas ambientais, como o lixo, por exemplo.
Gráfico 7
Concepção dos alunos sobre educação ambiental
Os alunos foram indagados na terceira questão, sobre qual o entendimento
que eles têm a respeito do meio ambiente (Gráfico 8). 32% responderam que é a
natureza, seguido de 28% que entendem como um lugar limpo e sem poluição e
13% responderam que é tudo que está à sua volta. No entanto, 27% não
responderam a essa questão.
Gráfico 8
Meio ambiente na concepção dos alunos do 9º ano
36%
8% 15%
13%
8%
20%
Cuidar do meio ambiente Poluição geral
Orientação de como cuidar do lixo Paisagem natural
Como ter um ambiente limpo Não respondeu
32%
28% 13%
27%
A natureza Lugar sem lixo/poluiçãoTudo que está a minha volta Não respondeu
86
Confirma-se aqui, as concepções naturalistas a respeito da educação
ambiental e do meio ambiente. Bezerra e Gonçalves (2007), citando Reigota (2007),
afirmam que existem três tipos de concepções de meio ambiente: a Naturalista que
é sinônimo de natureza; a Antropocêntrica, onde os recursos naturais são utilizados
para a sobrevivência do ser humano, sendo este, o centro indestrutível do Universo,
e a Globalizante, que envolve o todo.
Para complementar a pergunta da terceira questão direcionada aos alunos, foi
indagado na quarta questão sobre o que faz parte do meio ambiente. Observa-se no
Gráfico 9, que a grande maioria dos alunos entrevistados, (93%), citaram aspectos
da natureza como a fauna, a flora, e as paisagens naturais; desses, apenas uma
pequena porcentagem citou o homem como ser integrante do meio, reafirmando a
visão naturalista de meio ambiente, e 7% não responderam a questão.
Gráfico 9
Elementos que fazem parte do meio ambiente na opinião dos alunos do 9º ano
Lucas (1980) Apud Adams (2005) corroboram afirmando que essa visão
naturalista de educação ambiental precisa ser banida da escola, dando lugar a uma
visão de totalidade, só assim conseguiremos fazer com que ela seja
verdadeiramente praticada.
Com a finalidade de compreender melhor a concepção dos estudantes, foi
solicitado, na quinta questão, que eles fizessem um desenho representativo do meio
ambiente. Foram destacados nas figuras 12 e 13 na sequência, desenhos que
mostram componentes meramente naturais.
93%
7%
Fauna, flora e paisagens naturais. Não respondeu.
87
Figura 12 - Aspectos naturais do meio ambiente Figura 13 - Aspectos naturais do meio ambiente
Foi observado nas figuras 14 e 15, que alguns alunos concebem o homem
como parte integrante desse meio.
Figura 14 - O homem no meio ambiente Figura 15 - O homem no meio ambiente
Também foram evidenciados nas figuras 16 e 17, os problemas ambientais do
conhecimento dos alunos.
Figura 16 - Poluição da água Figura 17 - Poluição do ar
Os alunos responderam na sexta questão, como ficam sabendo de
informações sobre o meio ambiente (Tabela 2).
88
Tabela 2
Meios de aquisição de informações sobre meio ambiente
Meios citados
Quantidade de vezes
Escola/palestra 15
Placas 2
Outras pessoas 10
Jornal 35
Rádio 25
Televisão 55
Livros/Revistas 6
Celular/Internet 19
Defesa Civil 1
A TV é o meio mais citado pelos alunos, seguido do jornal e do rádio,
ultrapassando a escola e as palestras, que tem um papel fundamental no processo
de formação e informação dos seus alunos. Os PCNs Contribuem com esse
assunto, orientando que os conhecimentos ambientais veiculados pela mídia são
propostos e estimulados por meio do incentivo ao consumismo, desperdício,
violência, egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantas outras
atitudes questionáveis dentro de uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida
(BRASIL, 1998).
Ressalta-se aqui o papel do professor como mediador desse conhecimento.
Freire (1997) lembra que o educador democrático não pode negar-se o dever de, na
sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua
submissão. [...] Percebe-se, assim, a importância do papel do educador e a certeza
de que faz parte de sua tarefa docente, não apenas ensinar os conteúdos, mas
também ensinar a pensar certo.
Já Reigota (2012) fala da importância de se discutir em sala de aula artigos
publicados na imprensa, programas de reportagem de televisão, entrevistas de
rádio, documentos e opiniões presentes em blogs e sites é sempre muito
enriquecedor. Dessa forma o aluno estará informado das questões atuais.
Quando investigados, na sétima questão, se os alunos acham importante
receber informações sobre Meio Ambiente, todos responderam que sim, e
complementaram suas respostas:
89
“Sim, para termos consciência naquilo que a gente faz para o meio ambiente”.
“Sim. Porque faz com que a gente faça a coisa certa”.
“Sim, porque faz parte da nossa vida e é um pedaço da gente e significativo”.
Os alunos sabem que é importante ficarem informados e conscientes dos
problemas da atualidade e que podem ser fundamentais no processo de mudança
de atitudes para melhorar o meio em que vivem.
A oitava questão diz respeito às disciplinas que informam os alunos sobre as
questões ambientais na escola. Como apurado durante as observações
participantes, vemos na Tabela 3, que Ciências Naturais foi a mais citada (76
vezes), seguida de Geografia (49 vezes), além de Português que foi citada (12
vezes). As menos citadas foram, Artes (5 vezes), Educação Física, Ensino Religioso
e Espanhol (somente 2 vezes).
Tabela 3
Disciplinas que informam sobre meio ambiente
Disciplinas citadas
Quantidade de vezes
Ciências Naturais 76
Geografia 49
Português 12
História 7
Artes 5
Espanhol 2
Ensino Religioso 2
Educação Física 2
Por se tratar de um Tema Transversal, todas as disciplinas do currículo
escolar devem realizar um trabalho com enfoque ambiental de forma interdisciplinar,
pois o ambiente não é responsabilidade de uma só área do conhecimento, porque o
ambiente é o homem e o seu lugar. Mais do que isso, é o homem no seu lugar, no
seu entorno. [...] a passagem do homem pelo lugar (será que tem conotação
90
histórica?). Pensamos em que lugar (será geografia?). Pensamos na relação do
homem com o lugar (teremos as atividades econômicas de produção e o
autoconhecimento ambiental, caracterizado pelas ciências naturais?). Pensamos na
relação do homem com o próprio homem (acaso terá relações com sociologia, direito
e demais ciências sociais, ou medicina?) (OLIVEIRA, 1997).
Os alunos ainda foram questionados a respeito da participação em cursos ou
projetos escolares sobre educação ambiental. O Gráfico 10 evidencia que 78%
responderam que não, enquanto 22% disseram já ter participado de cursos na
Defesa Civil de Tabatinga e participado de palestras na escola em que estudam.
A escola Jociêdes Andrade, no seu Relatório Parcial do ano de 2018, inseriu
fotos do Projeto Horta Escolar. No entanto, no período de observação, não foi
possível acompanhar nenhuma etapa desse projeto sendo desenvolvida com os
alunos.
Gráfico 10
Participação dos alunos em cursos de educação ambiental
A décima questão solicitou que os estudantes citassem alguns problemas
ambientais que eles tinham conhecimento na sua rua, na sua escola e na sua casa.
Mais uma vez os alunos demonstraram conhecer pouco a respeito da totalidade do
meio ambiente, pois todos se referiram somente aos aspectos visuais dos
problemas, não fazendo uma correlação desses problemas com os aspectos sociais
e culturais, por exemplo. De acordo com o Gráfico 11, o problema do lixo foi citado
por 86% dos alunos, os quais incluíram aí, a poluição do solo, do ar e da água,
enquanto 7% se referiram ao esgoto a céu aberto e os problemas que ele vem
causando à população, 5% se referiram ao desmatamento e consequentemente às
22%
78%
Sim Não
91
queimadas que causam a poluição do ar, e somente 2% se referiram à falta de
asfaltamento, que é um problema sério na cidade de Tabatinga, pois muitos
acidentes e transtornos têm sido causados por esse problema ambiental.
Gráfico 11
Problemas ambientais evidenciados pelos alunos do 9º ano
Na décima primeira questão foi perguntado aos alunos o que eles fariam para
melhorar o meio ambiente. As ações que eles mencionaram vão no sentido de
resolver os problemas ambientais citados na questão anterior. Dessa forma, os
alunos responderam, como observamos no Gráfico 12, que em sua maioria (86%),
não jogariam e recolheriam o lixo das ruas, 5% não poluiriam o ar, e 5% plantariam
árvores. Como alternativas menos citadas, apenas 2% dos alunos fariam o
fechamento de esgotos a céu aberto, e 2% fariam o asfaltamento das ruas.
Gráfico 12
O que faria para melhorar o Meio Ambiente
86%
7% 5% 2%
Lixo Esgoto a céu aberto Desmatamento falta de asfaltamento
86%
5%
2% 5% 2%
Não jogar e recolher o lixo das ruas. Não poluir o ar.
Asfaltar as ruas Plantar árvores
Fechar os esgotos a céu aberto
92
Constatou-se que os alunos, de uma forma ou de outra, querem colaborar na
resolução dos problemas ambientais que os incomodam, sendo esse um bom
indicativo, pois são estes que irão cuidar do futuro e de suas complicações.
5.3.4 Atividades de Educação Ambiental com as turmas de 9º ano
5.3.4.1 Palestras
Ao buscar formas para contribuir com um processo em que todos
compreendessem a importância do meio ambiente e como a educação não se
baseia apenas na transmissão de conteúdos específicos, já que não existe um
conteúdo único, mas vários, dependendo das faixas etárias a que se destina e dos
contextos educativos em que se processam as atividades (REIGOTA, 2012), com os
objetivos de informar, conscientizar e sensibilizar os alunos a respeito de problemas
ambientais mundiais e locais foram ministradas palestras com conteúdos que deram
ênfase na importância do meio ambiente, sua preservação e as consequências que
a poluição pode trazer para a saúde.
Ainda citando Reigota, ―o conteúdo mais indicado é aquele originado do
levantamento da problemática ambiental vivida cotidianamente pelos alunos e pelas
alunas e que se queira resolver‖ (2012, pg. 63).
Sendo assim, para a escolha dos temas das palestras, foi levado em
consideração a realidade do município de Tabatinga, pois este é o ambiente mais
próximo dos alunos e que apresenta inúmeros problemas ambientais, como por
exemplo, o alto número de motocicletas e carros, desmatamento e queimadas
constantes, lixão e esgoto a céu aberto, poluição das águas, entre outros.
Após a seleção dos temas a serem abordados, com o apoio dos estagiários
da UEA, foram realizadas pesquisas bibliográficas e registros fotográficos dos
problemas ambientais evidenciados na cidade de Tabatinga; na sequência foram
preparadas as apresentações dos conteúdos em slides, com as imagens dos locais
onde os problemas se apresentam em maior proporção, para que os alunos
compreendessem a real necessidade de uma mudança de valores e atitudes na
busca de soluções para esses problemas, exercendo assim sua cidadania no
processo de transformação social.
93
As palestras foram aplicadas em dias distintos e simultaneamente nas três
turmas de 9º ano.
Ao iniciar a abordagem dos conteúdos durante as palestras, foi utilizada a
modalidade didática ‗Discussão‘, a qual levou os alunos a um ―convite ao raciocínio‖,
cujo objetivo foi fazê-los participar intelectualmente de atividades de investigação
(KRASILCHIK, 2008).
Os problemas ambientais foram apresentados seguindo a seguinte
sequência: apresentação do problema, causas e consequências, e possíveis
soluções.
1ª Palestra: Poluição do ar e suas consequências para a saúde
Figura 18 - Slide da 1ª palestra aplicada ao 9º ano
A palestra teve início com a discussão sobre o conceito de meio ambiente na
concepção dos alunos. Muitos participaram dando sua opinião sobre o que seria. Foi
observado que a maioria dos alunos ao conceituar o meio ambiente não coloca o
homem como um ser integrante nesse contexto, demonstrando uma visão
antropocêntrica. Dificilmente o ser humano contemporâneo se considera um
elemento da natureza, mas um ser à parte, como um observador e/ou explorador
dela. Esse distanciamento da humanidade em relação à natureza fundamenta as
ações humanas tidas como racionais, mas cujas graves consequências exigem,
neste início de século, respostas pedagógicas e políticas concretas para acabar com
o predomínio do antropocentrismo (REIGOTA, 2012).
Na sequência foram abordados os temas de forma simples e precisa para o
bom entendimento dos alunos, sendo esclarecido sobre as causas e os efeitos da
poluição do ar. Foram apresentados aos alunos, os principais poluentes, como por
94
exemplo, o monóxido de carbono, dióxido de carbono, óxido de enxofre e ozônio e
suas origens (antropogênicas ou naturais), e principalmente os danos que a poluição
do ar pode causar à saúde humana, como as doenças pulmonares, pneumonia e
bronquites, além do câncer de pele, causado devido a exposição aos raios
ultravioleta que atingem cada vez mais a superfície terrestre devido a destruição da
camada de ozônio. Foi finalizada com a participação dos alunos (Figura 19) falando
sobre exemplos de suas ações em relação à diminuição dos efeitos da poluição.
Figura 19 - Alunos do 9º ano participando durante a palestra
Para induzi-los foi perguntado, informalmente, sobre o que eles estariam
fazendo para diminuir os efeitos da poluição.
Obteve-se respostas como: ―Na minha casa minha mãe sempre separa os
lixos e eu não costumo jogar lixo na rua.
Outro questionamento feito foi se eles achavam que a poluição do ar existia
somente nas grandes cidades.
Uma aluna respondeu: “A poluição está em todo canto, onde tem gente
sempre vai ter poluição!‖
Foi questionado ainda se eles já haviam imaginado o nosso planeta sem
oxigênio.
Uma das respostas dadas foi: “Não tem como viver em um planeta sem
oxigênio, todo mundo morreria”.
E pra finalizar foi deixada aos alunos uma reflexão, a partir de imagens
impactantes do planeta Terra: Em que planeta você quer viver?
95
2ª Palestra: Poluição da Água e suas consequências para a saúde
Figura 20 – Slide da 2ª palestra aplicada ao 9º ano
Na palestra sobre a poluição da água foi esclarecido, primeiramente, que
esse tipo de poluição ocorre devido a deterioração da qualidade da água a ponto de
prejudicar a saúde e o bem estar de todas as espécies. Sendo que as
principais causas de degradação dos rios, lagos e oceanos é a contaminação
por poluentes e esgotos que são lançados diretamente nos mananciais hídricos. O
ser humano vem sendo o principal causador de todo este prejuízo à natureza,
devido aos lixos, esgotos, dejetos químicos industriais e mineração sem nenhum
controle. Além de poluir a água, essas substâncias também poluem o solo e o ar.
Na oportunidade, foram apresentados os químicos mais comuns,
hidrocarbonetos de petróleo, metais pesados, dentre eles o chumbo e o mercúrio, e
ainda os pesticidas e solventes usados nas plantações. Foi perguntado aos alunos
se eles sabiam o que esses químicos poderiam causar às espécies aquáticas. Um
aluno respondeu que: ―Elas morrem contaminadas com tanta poluição‖. Já outro
aluno disse: ―Os peixes dessas águas não servem mais para comer”. E um outro
complementou “Quem comer passa mal e tem que ir pra UPA”. Aproveitando essa
deixa, foi falado sobre as principais doenças associadas à poluição da água e os
cuidados que devemos ter com os alimentos que comemos, verificando inclusive sua
procedência.
Os alunos foram questionados a respeito do que podemos fazer para evitar
e/ou diminuir a poluição da água. Muitos responderam que “não jogando lixo nos
rios”. Destacamos a fala de um aluno que mora na cidade vizinha, Santa Rosa-Peru:
“quando venho para a escola é o que mais vejo no porto, muito lixo!”. Uma aluna
96
contribuiu dizendo: “quando vou pro sítio do meu avô, no Incra, vejo lixo no igarapé
por onde passo, nem tomo mais banho lá!”. Os alunos evidenciaram uma certa
preocupação com o descarte incorreto do lixo nos rios e igarapés da cidade. Para
finalizar, como forma de apelo ao cuidado com esse bem precioso, foi falado ainda
sobre a importância da água para a manutenção da vida na Terra e que atitudes
devemos ter frente ao lixo que é lançado a céu aberto, dentre estas, a reutilização e
a reciclagem dos resíduos.
3ª Palestra: Cuidando do Planeta
Figura 21 - Slide da 3ª palestra aplicada ao 9º ano
Em decorrência da parceria firmada com a Secretaria Municipal de Meio
Ambiente, o Secretário executivo, Jerri Alves Grandes (Figura 22), Especialista em
Meio Ambiente, proferiu a palestra Cuidando do Planeta.
Figura 22 - Secretário Executivo de Meio ambiente palestrando no 9º ano
97
O Secretário deu início conceituando o meio ambiente de acordo os aspectos
legais, citando o art. 3º, I, da Lei 6.938, de 31/08/1981, onde diz que: ―é o conjunto
de condições, leis, influências, alterações e interações de ordem física, química e
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas‖. Explicou que
com base na Constituição Federal de 1988, passou-se a entender também que o
meio ambiente divide-se em físico ou natural, cultural, artificial e do trabalho. Disse
ainda que o meio ambiente não é somente a natureza, como a maioria das pessoas
pensa, mas sim onde quer que nós vivamos, é todo lugar no qual possa existir a
relação entre os seres vivos e não vivos, e que se poluímos a natureza, estamos nos
poluindo, precisamos dela para a nossa sobrevivência, porque nós somos o meio
ambiente (ADAMS, 2005).
Nesse momento, os alunos se mostraram bastante preocupados e inquietos,
foram ouvidos vários comentários a respeito do cuidado que devemos ter com tudo
que existe no meio ambiente. A partir da frase de Mahatma Gandhi, “Há o suficiente
no mundo para todas as necessidades humanas. Não há o suficiente para a cobiça
humana”, o palestrante solicitou a participação dos alunos, perguntando qual era o
entendimento deles.
Um estudante respondeu: “Tem pessoas que tem muito dinheiro, enquanto
outros não tem nem o que comer”. Outro disse: “existem pessoas muito
gananciosas, que quanto mais tem, mais querem”. Um bom indicativo observado é
que os alunos tem consciência que existe um desequilíbrio na distribuição dos bens,
ou seja, os ricos em detrimento dos pobres.
De acordo a Carta de Belgrado, a Conscientização é o primeiro objetivo
indicativo da educação ambiental, que leva os indivíduos e os grupos associados a
tomarem consciência do meio ambiente global e de problemas conexos e de se
mostrarem sensíveis aos mesmos (REIGOTA, 2012).
Foram abordados de forma geral, os principais problemas ambientais atuais:
poluição do ar, da água e do solo, desmatamento e queimadas. Assuntos já visto
nas palestras anteriores. Houve a participação efetiva dos alunos nas respostas de
vários questionamentos feitos pelo palestrante, o que demonstrou a eficácia desse
tipo de atividade no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos. Foi abordado
sobre aspectos mais complexos dos problemas ambientais, como o desmatamento
com o corte ilegal de árvores para comercialização de madeira, esgotamento do solo
com a perda da fertilidade para a agricultura provocada pelo uso incorreto, a
98
diminuição e extinção de espécies animais, provocadas pela caça predatória e
destruição de ecossistemas, e ainda, a falta de água para o consumo humano,
causado pelo uso irracional (desperdício).
Os alunos deram suas contribuições exemplificando o que observaram no seu
dia-a-dia com relação a esses problemas. O aluno oriundo de Santa Rosa-Peru,
relatou: “Na minha cidade há muita comercialização de madeira, muitos brasileiros
vão lá comprar porque é mais barato”. Nesse momento, o palestrante ressaltou que
o corte ilegal é crime, e que todos que comprarem madeira têm que saber sua
procedência e se tem certificação.
O aquecimento global também foi citado. Foi elucidado que ele é causado
pela grande quantidade de emissão de gases do efeito estufa, leva à diminuição da
camada de ozônio, provocada pela emissão de determinados gases (CFC, por
exemplo) no meio ambiente. Os alunos demonstraram ainda não entenderem bem
desse assunto e fizeram algumas perguntas ao palestrante, como: “O que é a
camada de ozônio?”, ―O que são CFCs?”.
As questões foram respondidas de maneira simples e concisa para que todos
entendessem. Foi esclarecido que a adoção de práticas que levem em conta as
necessidades e os direitos desta geração e as necessidades e direitos das próximas
gerações é essencial para que aconteça o crescimento econômico com justiça social
e para que os recursos naturais sejam preservados. Só assim será possível falarmos
em desenvolvimento sustentável.
Antes de encerrar a palestra, houve a necessidade de esclarecer sobre o
termo citado, e de ressaltar que é preciso mudarmos atitudes, reduzindo o lixo,
evitando o desperdício, combatendo o desmatamento, a contaminação do ar e das
águas. Foram citadas as regras básicas para a preservação e conservação do meio
ambiente: poupar energia, economizar água, reduzir o volume de lixo, combater o
aquecimento global, cuidar dos animais e plantas, reciclar e reutilizar, usar menos
veneno nas lavouras, diminuir o consumo, evitar poluição sonora e visual e
incentivar a educação ambiental em nossa comunidade.
5.3.4.2 Aula de Campo no Lixão de Tabatinga
Foi realizada uma aula de campo com as turmas do 9º ano (A, B e C)
vespertino da Escola Municipal Jociêdes Andrade, justamente por estarem em uma
fase de transição, saindo do ensino fundamental e posteriormente ingressando no
99
ensino médio, com isso, esses alunos estarão futuramente indo para novas escolas,
onde poderão levar e disseminar os conhecimentos e as experiências adquiridas
para suas novas escolas, atingindo e conscientizando uma maior quantidade de
pessoas. O objetivo foi fazer com que os alunos observassem in loco a realidade de
alguns pontos estratégicos da cidade.
A primeira parada foi no Lixão da cidade de Tabatinga (Figura 23), localizado
na Perimetral Norte I, na área do INCRA.
Figura 23 – Lixão da cidade de Tabatinga
Houve a participação do Secretário Executivo de Meio Ambiente, formado em
Geografia, Especialista em Educação Ambiental e em Conservação de Recursos
Naturais, pela Universidade do Estado do Amazonas, prof. Jerri Alves, para
acompanhamento das turmas selecionadas, conforme explicitado no procedimento
de amostragem. Contou-se ainda com o apoio de alguns estagiários do 5º período
do Curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado do Amazonas.
O deslocamento dos alunos da escola até o lixão foi realizado por um ônibus
escolar cedido pela Secretaria Municipal de Educação (SEMED), por isso, a
atividade foi realizada em dois dias devido à quantidade de turmas de 9º ano. No
primeiro dia foram levadas as turmas 9º ano (A e B) (Figura 24), e no 2º dia foi a
turma 9º ano (C). (Figura 25).
Figura 24 – Turmas 9º ano (A e B) no Lixão Ligura 25 – Turma 9º ano (C) no Lixão
100
Durante o percurso os alunos foram orientados sobre como se comportar no
local, para que não ficassem expostos a nenhum tipo de risco. Todos ouviram
atentos às recomendações do professor, que aproveitou para iniciar sua abordagem
falando a respeito da problemática do lixo na cidade, conteúdo ministrado em sala
de aula durante as palestras, dando ênfase nas observações paisagísticas do
percurso, onde se via uma mudança considerável, inclusive no odor oriundo do lixão,
correlacionando com os conhecimentos já adquiridos.
Ao chegar na entrada do Lixão, inicialmente foi explicado aos alunos o que
realmente seria abordado durante a aula de campo e o motivo da realização da
mesma, ou seja, compreender a problemática do lixo, suas causas e consequências,
e possíveis soluções.
Em seguida, os alunos adentraram a área do lixão, onde havia muitos insetos,
urubus, cachorros e pessoas catando lixo. Muitos alunos ficaram perplexos, pois não
tinham ideia de que aqui na cidade de Tabatinga isso ocorria. Foram ouvidos vários
comentários como: “Eu pensei que isso só acontecia nas grandes cidades como vi
na TV!”. Outro aluno comentou: “Nossa! Como essas pessoas conseguem
permanecer nesse local horrível!”.
Na oportunidade, o professor aproveitou para fazer comentários sobre a
questão social, falando da desigualdade entre ricos e pobres, onde existem muitos
com pouco e poucos com muito, tornando-se um problema de grande proporção.
Foi abordado sobre o desenvolvimento sustentável e preservação ambiental a
partir da explicação sobre a hidrografia da região, momento em que foi ressaltada a
importância da preservação dos recursos hídricos e as fontes de contaminação,
citando o lixão como exemplo, pois no seu entorno existem vários igarapés que vão
desaguar no igarapé do Takana, que banha a cidade ao norte; ou no Rio Solimões,
que banha a cidade a leste, e de onde é captada a água que é distribuída para
muitas residências.
Foi falado ainda sobre a poluição do solo através da decomposição do lixo,
que da mesma forma, contamina o lençol freático com o chorume que é produzido
nesse processo e consequentemente muitas pessoas que tem poço artesiano em
suas residências e/ou trabalho são prejudicadas.
Outro tema proposto foi sobre a reciclagem e o reaproveitamento dos
resíduos sólidos. Foram repassadas algumas informações importantes,
principalmente sobre a importância de fazer a coleta seletiva e o problema do lixo
101
hospitalar na cidade, que tem sido visto como um dos maiores problemas
relacionado aos resíduos sólidos no Brasil, isso se dá principalmente pelo fato de
não haver uma separação adequada e muito menos um destino adequado para esse
tipo de resíduo (ARANTES, 2013).
É relevante destacar que o Secretário explicou aos alunos o porquê de ainda
não ter sido implantado um aterro sanitário em Tabatinga, como é exigido pela Lei nº
12.305, de 2 de Agosto de 2010, que em seu Art. 1o institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de
resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do
poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. Nela ainda constam quais
são os objetivos da Política Nacional de Resíduos sólidos em seu Art. 7º, incisos I a
XV, nos quais se destacam principalmente a proteção à saúde pública e a qualidade
ambiental a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos
resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos
e o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e
serviços.
Após a aquisição de todos esses conhecimentos, foram realizadas perguntas
informais, em que os alunos foram questionados de forma indireta a fim de verificar
a compreensão deles sobre o conteúdo abordado, para auxiliar nas respostas do
questionário anteriormente aplicado, nas quais as perguntas mantêm
correspondência.
Dessa forma, baseados nas explicações dadas ao longo da aula e nas
observações da paisagem de forma geral, foram realizados os seguintes
questionamentos, onde P será identificado para o Professor, e A, para os Alunos de
modo geral:
P: ―Vocês sabem o que é lixo?‖. A: “Sim”.
P: ―Vocês sabem o significado de reciclar, reutilizar e reaproveitar?‖.
A: “Sim. Reciclar é você pegar uma embalagem e mandar de volta pra fábrica pra
fazerem uma nova. Reutilizar e reaproveitar é pegar essa garrafa e colocar água na
geladeira”.
P: ―Vocês sabem o que é coleta seletiva?‖.
A: “É quando separamos o lixo no local certo”.
102
P: O que vocês fazem com lixo que vocês produzem?
A: “Na minha casa mandamos tudo misturado pra cá pro lixão. Mas agora acho
melhor separar”.
P: O que vocês fazem com o lixo que vocês produzem na escola?
A: “Jogamos na lixeira de lá!”
P: E agora vocês já sabem separar corretamente o lixo para reciclagem?
A: “Agora ficou claro o que devemos fazer, basta ter lixeiras pra separar no lugar
certo. Mas na escola não tem.”
P: Vocês separariam o lixo das suas casas para reciclagem em seu município?
A: “Sim. É bem melhor! Assim não vai ficar com mau cheiro, nem lá nem aqui no
lixão”.
P: Vocês costumam reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
A: “Em casa minha mãe reutiliza garrafas e vidros pra colocar água e temperos”.
P: Vocês se preocupam com as questões ambientais?
A: “Sim. Se a gente não cuidar do nosso planeta nós vamos morrer!”.
P: Vocês sabem o que é lixo hospitalar e o perigo que ele traz?
A: “É o que vem dos hospitais. Tem agulhas contaminadas com sangue!”.
P: Vocês sabem o que é lixo orgânico e o que ele pode causar no meio ambiente?
A: “São as cascas de alimentos e o resto de comida que comemos”.
P: Vocês sabem o que é chorume?
A: “Sim. É esse líquido aí, que escorre aqui no lixão quando esses lixos apodrecem”.
P: Vocês já entenderam o que é aterro sanitário?
A: “Já. É um lugar que o lixo vai ser tratado e não vai mais ficar assim poluindo a
terra e a água que tá embaixo da terra”.
P: O aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
A: Não! Só o lixo que não vai prestar pra nada mais!”.
P: Agora que vocês sabem qual é o destino do lixo do município, deem sugestões
para trabalhar essa questão na sua escola e na sua casa:
A: “Pra minha casa vai ser economizar água e jogar o lixo no lugar certo, e falar pra
minha mãe fazer adubo com restos de comida pra nossas plantinhas. Na escola
acho bom ter um projeto de reciclagem”.
Os alunos demonstraram ter compreendido e se conscientizado, a partir das
explicações dadas pelo professor, nas palestras que tiveram na sala de aula e na
103
abordagem in loco dos problemas ambientais causados pelo descarte indevido do
lixo.
Guzmán (2015) enfatiza que a educação ambiental deve ser baseada na
formação de seres humanos conscientes de sua realidade, reflexivos da
problemática de seu meio e dispostos em prol de melhorar a qualidade de vida.
Para finalizar a aula de campo, os alunos se dirigiram ao ônibus e seguiram
até a Orla do Porto de Tabatinga (Figuras 26 e 27), a fim de dar continuidade ao
assunto a respeito da poluição da água, tema também abordado na sala de aula
durante as palestras.
Figura 26 - Alunos do 9º ano (A e B) na Orla Figura 27 – Alunos do 9º ano (C) na Orla
Ao descer na orla do porto, os alunos se dirigiram até um local próximo da
margem para que o Secretário Executivo iniciasse sua abordagem sobre a poluição
da água, mostrando a quantidade de lixo que é jogada naquele local, que é o cartão
postal para aqueles que chegam à cidade nas embarcações oriundas de outros
municípios próximos e da capital do estado.
A poluição dos recursos hídricos tem sido de fato uma das maiores
discussões e talvez a maior problemática a ser solucionada atualmente, diante disto
Miller Jr. (2014) esclarece que a poluição da água é qualquer alteração química,
biológica ou física na qualidade natural desta, e que possa prejudicar os organismos
vivos ou torne a água inadequada para consumo. O autor ainda complementa que
as fontes de poluição despejam poluentes em locais específicos por meio de canos
de drenagem, fossas ou redes de esgotos, que são lançados principalmente em
corpos de água superficiais e isto inclui, rios, lagos e igarapés.
Foi enfatizado que o lixo descartado em local inadequado na cidade, acaba
chegando naquele lugar também, contaminando a água e matando os peixes que ali
vivem.
104
O secretário mostrou que a água do rio é captada mais na frente, na estação
de tratamento de água e é levado para nossas casas, daí a preocupação em manter
essa água de qualidade para o consumo.
Na oportunidade foi falado da situação das pessoas que trabalham naquele
local e que também descartam seus lixos ali mesmo no rio, que fica com mau cheiro,
e é um risco para a saúde, pois existem as doenças veiculadas pela água, momento
que foi preciso enfatizar com alguns conhecimentos biológicos a respeito dessa
questão.
Os alunos se mostraram preocupados ao saber que a água do planeta poderá
não acabar, mas sim ficar contaminada e imprópria para o consumo. Essa foi a
reflexão deixada para eles.
Ao retornar para a escola, os alunos foram questionados a respeito da aula
de campo realizada, todos disseram ter gostado por ser algo diferente que haviam
feito, pois, segundo eles, só ficar na sala de aula não se aprende muito porque não é
interessante, e que gostariam que seus professores, pelo menos uma vez ou outra,
pudessem fazer esse tipo de prática.
No entanto os professores assinalaram que é difícil porque encontram várias
barreiras para as saídas da escola. Enfatiza-se que para a realização dessas
atividades deve ser feito um planejamento prévio.
Para Cantera (2006), a prática reflete que a ação pedagógica deve ser
planejada, estrategicamente elaborada e com um propósito educativo
contextualizado levando em conta as impossibilidades e limitações.
Já Rodrigues e Rangel (2016), destacam que a maioria dos professores
reconhece a importância da sua profissão, mas se deparam com inúmeras
dificuldades devido a burocracia, a falta de infraestrutura, o desinteresse dos alunos
e etc, o que os impede de ministrar um ensino de qualidade.
Que as dificuldades não desanimem os professores, visto que essas são
estratégias excelentes para que os alunos aprendam no ambiente natural o cuidado
e a responsabilidade de preservá-lo, para a sua e para as futuras gerações.
5.3.4.3 Oficinas de Reciclagem
As Oficinas de Reciclagem foram realizadas com o apoio dos estagiários da
Universidade do Estado do Amazonas, nas três turmas de 9º ano, simultaneamente
105
e tiveram como objetivo, demonstrar aos alunos a importância ambiental de se fazer
a reciclagem de vários materiais que são descartados no meio ambiente, pois são
considerados como ―lixo‖, e transformá-los em um novo produto que pode ser
utilizado novamente. Além de chamar a atenção dos alunos para tomar atitudes que
visem a diminuição da produção de lixo doméstico.
A realização das oficinas deu-se após um período de planejamento das
atividades que seriam realizadas. Primeiramente foi feita uma pesquisa com o
objetivo de selecionar conteúdo teórico para enfatizar a importância da reciclagem, e
para encontrar atividades simples que pudessem ser realizadas com os alunos, sem
nenhum tipo de gasto econômico e utilizando materiais que eles encontrariam em
suas casas e levariam para a sala de aula para que fosse passado por um processo
de montagem, personalização e decoração, até se tornar em um novo produto, de
acordo com a imaginação do aluno.
No primeiro momento foi abordado o tema Reciclagem (Figuras 28 e 29)
através da exposição de slides.
Figura 28 - Tema Reciclagem 9º ano (A) Figura 29 – Tema Reciclagem 9º ano (C)
Os estagiários confeccionaram, previamente, vários objetos com materiais
reciclados (Figuras 30 e 31). Os quais serviram de modelo para que os alunos
confeccionassem no desenvolvimento das oficinas.
Figura 30 – Objetos confeccionados 9º ano (B) Figura 31- Objetos confeccionados 9º ano (C)
106
A reciclagem é uma forma importante de coletar materiais residuais e
transformá-los em produtos úteis para serem vendidos no mercado ou até mesmo
para uso próprio. Miller Jr. (2014) destaca que o processo de reciclagem envolve a
transformação de materiais sólidos descartados em produtos novos e úteis que
podem ser comercializados, se tornando uma fonte complementar de renda ou
podem ser utilizados como artigos de decoração em residências.
Também foi exposto aos alunos alguns R‘s da sustentabilidade, onde se
optou por apresentar apenas cinco, devido ao pouco tempo e à controvérsia entre
muitos autores sobre o tema. Os R‘s apresentados foram: Refletir, Reciclar,
Reutilizar, Recusar e Reduzir.
Após a explanação sobre a importância da reciclagem, os alunos partiram
para a prática (Figuras 32, 33 e 34), confeccionando em grupos, objetos com os
materiais mais diversificados possíveis.
Figura 32 - Alunos confeccionando porta treco Figura 33 - Alunos confeccionando porta joia
Figura 34 - Alunos confeccionando porta lápis
5.3.4.4 Gincana Ambiental
Para encerrar as atividades da Semana de Meio ambiente, a SEMMAT,
convidou as escolas para participar de uma Gincana Ambiental. Sendo assim, a
107
escola Jociêdes Andrade, por iniciativa do Gestor e de alguns professores, aceitou o
convite (Figura 35). A atividade aconteceu no Ginásio da Escola Conceição Xavier
de Alencar (GM3).
Figura 35 - Equipe Boto Rosa da Escola Municipal Jociêdes Andrade
A finalidade dessa atividade foi a de atrair a participação e a interação das
escolas da cidade de Tabatinga-AM, possibilitando maior envolvimento da
comunidade com a SEMMAT; Desenvolver a consciência crítica nos jovens e
crianças com relação ao meio ambiente; Sensibilizar a comunidade escolar na
preservação do meio ambiente; além de incentivar as escolas do município a
participarem da Semana Municipal do Meio Ambiente.
Sendo de categoria escolar, puderam se inscrever os estudantes
devidamente matriculados, das séries finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano)
e/ou Ensino Médio da Rede Municipal e Estadual de Tabatinga.
Dentre os critérios de participação, foi obrigatória a presença de um professor,
coordenador ou diretor da escola (Figura 36) para acompanhar os alunos no dia do
evento.
Figura 36 - Diretor da Escola Municipal Jociêdes Andrade acompanhando os alunos
108
Durante a participação na gincana (Figura 37), os alunos do 9º ano da Escola
Municipal Jociêdes Andrade tiveram, então, a oportunidade de divulgar os
conhecimentos adquiridos durante as atividades de educação ambiental
desenvolvidas na escola.
Figura 37 - Alunos da Escola Municipal Jociêdes Andrade na Gincana Ambiental
Uma das provas da gincana foi com a finalidade de fortalecer os
conhecimentos sobre a reciclagem dos materiais, pois no seu desfile de abertura, as
equipes tiveram que confeccionar uma fantasia contendo chapéu, vestimenta,
calçado e acessório, a partir de materiais reutilizados (Figura 38), e um dos
participantes teve que desfilar com a mesma.
Figura 38 - Desfile dos alunos com roupas de materiais reciclados
No concurso de dança, cada equipe teve que fazer uma coreografia com uma
música relacionada ao meio ambiente (água, preservação, poluição, etc.), não tendo
conteúdo lascivo (sensual) e da mesma forma, não trajando roupas inadequadas.
Outra prova realizada foi para criar uma poesia sobre o meio ambiente
envolvendo o tema poluição.
109
Os alunos se saíram bem na execução das provas visto que esses temas eles
já haviam visto durante as atividades teóricas e práticas desenvolvidas
anteriormente.
Dias (1998) apud Oliveira (2016), afirmam que a educação ambiental atua
como um conjunto de conteúdos e práticas ambientais, voltadas para a resolução de
problemas vivenciados no dia-a-dia, com enfoque interdisciplinar e participação ativa
e responsável de cada indivíduo e da comunidade.
Rosa et. al. (2015) corrobora dizendo que as práticas pedagógicas favorecem
a interação e a reflexão sobre o cotidiano, etapa fundamental da transformação do
indivíduo e sua relação com o meio, passando a compreender o seu papel como
sujeito em um território, aliando a educação formal à não-formal, dentro de um
processo de construção pedagógica.
Dessa forma, Lucas (1980) Apud Adams (2005), diz que considera-se de
suma importância que a escola possa ultrapassar seus muros para trabalhar mais
nos alunos a educação ―no ambiente‖, no mundo fora da sala de aula, no contexto
natural e/ou social em que as pessoas vivem. Assim terão a possibilidade de tomar
consciência das situações que acarretam problemas no seu ambiente próximo ou
para a biosfera em geral, refletindo sobre as suas causas e determinando métodos
ou ações apropriadas na tentativa de resolvê-los.
Tornando-se cidadãos conscientes em relação ao mundo em que vivem,
estariam alcançando o objetivo maior da educação ambiental com a criação de uma
nova mentalidade com relação a como usufruir dos recursos oferecidos pela
natureza, desenvolvendo assim, um novo modelo de comportamento (REIGOTA,
1994).
Os PCNs afirmam que cabe à escola garantir situações em que os alunos
possam pôr em prática sua capacidade de atuação, através da promoção de
atividades que possibilitem uma participação concreta dos alunos. Essas são
condições para a construção de um ambiente democrático e para o desenvolvimento
da capacidade de intervenção na realidade (BRASIL, 1998).
110
CAPÍTULO VI CONCLUSÃO
Face ao exposto, conseguiu-se identificar as concepções dos professores e
alunos do 9º ano da Escola Municipal Jociêdes Andrade a respeito da educação
ambiental, trata-se de concepções que precisam ser revistas e refletidas de forma
crítica, pois são os professores os responsáveis por formar cidadãos que vão cuidar
da vida e de suas complicações. É necessário repensar o papel do professor
enquanto transmissor de conhecimentos, para uma nova ação reflexiva e criativa.
Os professores não vêm desenvolvendo um trabalho efetivo no campo da
educação ambiental, pois somente em algumas disciplinas os alunos ouvem falar de
meio ambiente. Mas cabe à escola ser o instrumento a serviço da coletividade,
formando cidadãos, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da cidadania,
aplicando a Educação Ambiental em busca da transformação social necessária.
A educação ambiental deve ser efetivada de maneira interdisciplinar, pois é
na conjugação das diversas disciplinas que compõem o currículo escolar, que a
discussão ganhará amplitude de análise econômica, política, social, ecológica e
outras.
Foram apresentadas propostas de atividades interdisciplinares integradas
para estimular professores e alunos, e os demais elementos da escola e da
sociedade em geral ao cuidado com o meio ambiente. Nessa perspectiva, o
planejamento deve conter o envolvimento dos professores das diversas disciplinas
para que, tomando um tema no contexto local, eles possam articular o conteúdo das
suas disciplinas com a temática escolhida.
A realização das atividades interdisciplinares integradas contou com o apoio
das parcerias firmadas com a Universidade do Estado do Amazonas, Secretaria
Municipal de Educação e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, se mostrando
excelentes estratégias para o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos
ambientais, visto que os alunos obtiveram os conhecimentos teóricos aprendidos na
escola e vivenciados in loco.
Portanto, compreendeu-se como a educação ambiental vem acontecendo no
9º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM,
e colaborou-se com propostas para se estabelecer uma conduta adequada frente as
questões ambientais.
111
6.1 Recomendações para trabalhos futuros
Mediante a importância e complexidade do tema, não se pretendeu apontar
caminhos prontos, definitivos, ou mostrar que, se a aprendizagem ambiental for
trabalhada antes no professor, os problemas ambientais serão erradicados.
Espera-se que esta pesquisa possa se expandir a outras escolas
para que haja conscientização ambiental dos alunos e até mesmo da
comunidade local, visando o conhecimento, respeito e proteção de seus
recursos naturais, através de ações integradas entre escola e sociedade,
promovendo a utilização de estratégias adequadas ao município, possibilitando,
ainda, um processo de educação ambiental que envolva, também, mudanças no
comportamento dos docentes, para que estes possam estar atentos à realidade
e necessidades dos alunos e da comunidade, através da implementação de
projetos, fortalecendo, desta forma, o processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, espera-se que os estudos sobre a aplicação da educação ambiental
nas escolas visando a transformação social, não estagnem no tempo e no
espaço, tendo em vista que seu papel é fundamental no desenvolvimento de
cidadãos críticos e preocupados com a manutenção da vida na Terra.
112
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118
APÊNDICES
119
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE
APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES
1. Qual sua área de formação?
___________________________________________________________________________
2. Há quanto tempo está atuando no magistério?
___________________________________________________________________________
3. Qual(is) disciplina(s) você leciona?
___________________________________________________________________________
4. Você já recebeu alguma formação especial em educação ambiental?
( ) sim ( ) não
5. Em caso positivo, quem lhe ofereceu essa formação, a escola ou fez por conta própria?
___________________________________________________________________________
6. O que você entende por educação ambiental?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. Para você qual a importância da educação ambiental?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Por que a educação ambiental deve ser abordada no contexto escolar como preconizam os Parâmetros Curriculares Nacionais?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. Como você acredita que a educação ambiental deve ser trabalhada na escola?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
120
10. Na sua concepção, de que forma a educação ambiental contribui para a formação do aluno?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
11. Quais práticas pedagógicas e quais recursos didáticos devem ser utilizados no trabalho com a educação ambiental, visando uma perspectiva emancipatória no processo de transformação social?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
12. Com que frequência você trabalha a educação ambiental em sua(as) disciplina(s)?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
13. Qual(is) dificuldade(s) você encontra para realizar um trabalho no campo da educação ambiental com os seus alunos?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
14. Na escola em que você trabalha existe algum projeto interdisciplinar que englobe a educação ambiental? ( ) sim ( ) não 15. Se positivo, como ele acontece? __________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
16. O que deveria ser mudado em relação ao trabalho com a educação ambiental na sua escola? __________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
121
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE
APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS
1. Em que série e turma você estuda?
________________________________________________________________
2. O que vem à sua cabeça quando se fala em educação ambiental?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
3. Para você o que é meio ambiente?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4. O que faz parte do meio ambiente?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
5. Faça um desenho que represente o meio ambiente para você:
6. Como você fica sabendo de informações sobre o meio ambiente?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
7. Você acha importante receber informações sobre meio ambiente? Por quê?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
8. Quais as disciplinas que te informam sobre meio ambiente?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
9. Você já participou de algum curso ou projeto sobre a prática da educação
ambiental?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
122
10. Cite alguns problemas ambientais que você tem conhecimento na sua rua, na
sua escola e na sua casa:
________________________________________________________________
________________________________________________________________
11. O que você faria para melhorar o meio ambiente?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
123
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE
APÊNDICE C: PERGUNTAS INFORMAIS PARA OS ALUNOS
1. Vocês sabem o que é lixo?
2. Vocês sabem o significado de reciclar, reutilizar e reaproveitar?
3. Vocês sabem o que é coleta seletiva?
4. O que vocês fazem com lixo que vocês produzem?
5. O que vocês fazem com o lixo que vocês produzem na escola?
6. E agora vocês já sabem separar corretamente o lixo para reciclagem?
7. Vocês separariam o lixo das suas casas para reciclagem em seu município?
8. Vocês costumam reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
9. Vocês se preocupam com as questões ambientais?
10. Vocês sabem o que é lixo hospitalar e o perigo que ele traz?
11. Vocês sabem o que é lixo orgânico e o que ele pode causar no meio ambiente?
12. Vocês sabem o que é chorume?
13. Vocês já entenderam o que é aterro sanitário?
14. O aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
15. Agora que vocês sabem qual é o destino do lixo do município, deem sugestões
para trabalhar essa questão na sua escola e na sua casa:
124
APÊNDICE D: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado(a) como voluntário(a) a participar da pesquisa: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA-AM.
A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O que nos motiva a fazer essa pesquisa é ver que os riscos ambientais têm se multiplicado trazendo graves consequências para o meio ambiente, e muitas pessoas vêm demonstrando intenso descaso pela natureza e pela própria vida, havendo a necessidade urgente de se educar o cidadão para os cuidados com o meio em que vive. Para tanto, a escola é o espaço social e o local onde o aluno dará sequência ao seu processo de socialização e mudança de valores. É de extrema importância que este adote posturas pessoais e comportamentos sociais construtivos colaborando para a construção de uma sociedade socialmente equitativa, em um ambiente saudável. Por isso, comportamentos ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, responsáveis e comprometidos com a vida. O objetivo do projeto é compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem. O(s) procedimento(s) de coleta de dados será por meio de observações, questionários, palestras, aulas de campo e oficinas. A frequência dos participantes se dará durante os horários de aula com o intuito de não interferir na rotina dos mesmos. DESCONFORTOS E RISCOS E BENEFÍCIOS: não deverão ser submetidos a desconfortos, pois a maior parte da coleta de dados se dará no ambiente escolar dos entrevistados, através de observações, questionários, aulas de campo e oficinas que buscarão responder a proposta da pesquisa. Um desconforto mínimo que os alunos poderão ser submetidos é na visita ao lixão por ser um local desagradável. No entanto, esse desconforto se justifica pelo benéfico da construção da cidadania desses estudantes, pois ao se sentirem desconfortáveis, poderão mudar suas atitudes com relação ao descarte inadequado dos seus resíduos. Os riscos estão relacionados a exposição dos dados pessoais dos sujeitos da pesquisa. A pesquisadora evitará que isso aconteça, pois terá sob sua guarda os dados coletados durante cinco anos e após esse período vai incinerar os questionários. Informamos ainda que essa pesquisa poderá provocar pequenos danos eventuais de natureza psicológica e/ou emocional com riscos mínimos. Evidenciam-se esses riscos para a possibilidade de constrangimento ao responder ao questionário. Para minimização dos riscos, as medidas de prevenção/proteção a fim de evitar danos ou atenuar seus efeitos serão: (1) leitura e explicação do TCLE; (2) os questionários serão confidenciais e sem identificação; (3) a sua participação poderá ser interrompida a qualquer momento; (4) participação voluntária; (5) assistência
125
psicológica se necessária. Com relação aos benefícios deste trabalho, a pesquisa trará contribuição direta para os professores, alunos, escola e comunidade em geral, nos quais se destaca: (1) apresentação dos resultados na escola; (2) a partir do diagnóstico será possível traçar projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental para a escola e município; (3) por se tratar dos resultados de mestrado, pretende-se publicar os resultados nas revistas de qualidades. (4) Possibilitará a sensibilização de professores e alunos para o cuidado com o meio ambiente, tornando-os multiplicadores de ações concretas de preservação e amor à natureza e a todas as formas de vida. GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE SIGILO: Você será esclarecido(a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de benefícios. A pesquisadora irá tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa serão enviados para você e permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua participação não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo.
CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para você e não será disponível nenhuma compensação financeira adicional.
______________________________________ Assinatura do (a) pesquisador (a)
DECLARAÇÃO DO(A) PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO(A)
PARTICIPANTE: Eu, __________________________________________________
fui informado (a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e
esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas
informações e motivar minha decisão se assim o desejar. O professor orientador Dr.
Ricardo Jorge Amorim de Deus certifica-me de que todos os dados desta pesquisa
serão confidenciais.
Em caso de dúvidas poderei chamar a estudante Luciane Caetano Nunes, o
professor orientador Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma cópia deste Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e
esclarecer as minhas dúvidas.
126
Manaus , ____de _________de 2018 Impressão dactiloscópica
_______________________________________ Assinatura do participante ou responsável legal
ENDEREÇO PROFISSIONAL/INSTITUCIONAL: Comitê de Ética em Pesquisa em
Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará
(CEP-ICS/UFPA) – Rua Augusto Corrêa. Complexo de Sala de Aula/ ICS - Sala 13 -
Campus Universitário do Guamá, nº 01, Guamá, CEP: 66075-110 - Belém-Pará.
Telefone de contato (91) 98808-1656; (97) 991832675. [email protected]
127
APÊNDICE E: TERMO DE ASSENTIMENTO PARA PARTICIPANTE MENOR DE IDADE
Prezado(a) Participante,
Esta pesquisa é sobre A EDUCAÇÃO AMBIENTAL APLICADA NO
ENSINO FUNDAMENTAL COMO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE TABATINGA-AM e está sendo
desenvolvida por LUCIANE CAETANO NUNES, do Programa de Pós-graduação em
Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, sob a orientação do
professor Dr. Ricardo Jorge Amorim de Deus.
O objetivo do projeto é compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem. A finalidade deste trabalho é contribuir com professores, alunos, escola e comunidade em geral. Os benefícios serão os seguintes: (1) apresentação dos resultados na escola; (2) a partir do diagnóstico será possível traçar projetos voltados para as questões de melhoria na educação ambiental para a escola e município; (3) por se tratar dos resultados de mestrado, pretende-se publicar os resultados nas revistas de qualidades. (4) Possibilitará a sensibilização de alunos e professores para o cuidado com o meio ambiente, tornando-os multiplicadores de ações concretas de preservação e amor à natureza e à todas as formas de vida.
Solicitamos a sua colaboração para responder a um questionário com perguntas relacionadas ao tema desta pesquisa, nele você também desenhará o meio ambiente de acordo o seu entendimento. Serão realizadas palestras sobre temas ambientais, aula de campo no lixão e na orla do porto da cidade, além de oficinas de reciclagem. Solicitamos também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de saúde e publicar em revista científica nacional e/ou internacional. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo absoluto. Informamos que essa pesquisa poderá provocar pequenos danos eventuais de natureza psicológica e/ou emocional com riscos mínimos. Evidenciam-se esses riscos para a possibilidade de constrangimento ao responder ao questionário; desconforto e estresse ao visitar o lixão da cidade por ser um local desagradável. Para minimização dos riscos, as medidas de prevenção/proteção a fim de evitar danos ou atenuar seus efeitos serão: (1) leitura e explicação do TCLA; (2) os questionários serão confidenciais e sem identificação; (3) a sua participação poderá ser interrompida a qualquer momento; (4) participação voluntária; (5) assistência psicológica se necessária.
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, você não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pela Pesquisadora. Caso decida não participar do estudo, ou resolver a
128
qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição (se for o caso). A pesquisadora estará a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.
______________________________________ Assinatura do(a) pesquisador(a)
Eu aceito participar da pesquisa, que tem como objetivo ―compreender como a Educação Ambiental vem acontecendo no ensino fundamental de uma escola pública do Município de Tabatinga-AM, visando colaborar com propostas para se estabelecer uma conduta ambiental, fortalecendo o processo de ensino-aprendizagem‖. Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer. Entendi que posso dizer ―sim‖ e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer ―não‖ e desistir sem que nada me aconteça.
A pesquisadora tirou minhas dúvidas e conversou com os meus pais e/ou responsáveis. Li e concordo em participar como voluntário da pesquisa descrita acima. Estou ciente que meu pai e/ou responsável receberá uma via deste documento. Manaus, ____de _________de 2018 Impressão dactiloscópica
____________________________________ Assinatura do participante (menor de idade)
Contato com o Pesquisador (a) responsável:
Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para a pesquisadora Luciane Caetano Nunes - Telefone: (97) 99183-2675 ou para o Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará (CEP/ICS/UFPA)/Rua Augusto Correa. Complexo de Sala de Aula/ICS/Sala 13/Campus Universitário do Guamá, nº 01/Guamá. CEP: 66075-110/Belém/Pará. Tel./Fax. 3201-7735. E-mail: [email protected]
129
ANEXOS
130
ANEXO A: LEVANTAMENTO DE DADOS DA ESCOLA
RESULTADO FINAL DE NIVEL DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO
FUNDAMENTAL II
9º ANO A,B e C
GRÁFICOS AVALIADOS COM NOTAS DE 0 – 5,9 E 6,0 – 10,0
Série x Ciclo Turma Total de Alunos Turno Alunos necessidades especiais
9º ANO
“A”
31
Vespertino
0
Série x Ciclo Turma Total de Alunos Turno Alunos necessidades especiais
9º ANO
“A”
31
Vespertino
0
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
L.PORT.
GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.
ARTES ED. FÍS. ESP.
16,12%
0,00%
22,58% 12,90% 12,90%
6,40% 9,67%
0,00%
19,35%
83,87% 100,00%
77,41% 87,09%
87,09% 93,54% 90%
100,00%
80,64%
0 - 5.9 6.0 - 10.0
131
Série x Ciclo Turma Total de
Alunos
Turno Alunos
necessidades
especiais
9º ANO
“B”
32
Vespertino
0
Série x Ciclo Turma Total de
Alunos
Turno Alunos
necessidades
especiais
9º ANO
“C”
31
Vespertino
0
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
L.PORT.
GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.
ARTES ED. FÍS. ESP.
29,03% 22,58%
25,80% 25,80% 16,12%
9,67% 16,12%
12,90%
38,70%
70,07% 77,41%
74,19% 74,19%
83,87% 90,32%
84% 87,09%
61,29%
0 - 5.9 6.0 - 10.0
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
L.PORT.
GEO. HIST. MAT. CIEN. ENS.REL.
ARTES ED. FÍS. ESP.
45,16%
9,67%
54,83%
45,16% 29,03%
19,35%
51,61%
22,58%
61,29% 54,84%
90,32%
45,16% 54,83%
70,96% 80,64%
48%
77,41%
38,70%
0 - 5.9 6.0 - 10.0
132
TOTAL DE ALUNOS TURNO VESPERTINO DO 6°AO 9° ANO
474 ALUNOS
RESULTADO FINAL DE NIVEL DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS DO
FUNDAMENTAL II
GRÁFICOS AVALIADOS COM NOTAS DE 0 – 5,9 E 6,0 – 10,0
96,67%
0,62% 1,88% 0,83%
TOTAL DE ALUNOS NA ESCOLA EVADIDOS
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
6°A 6°B 6°C 7°A 7°B 7°C 7°D 8°A 8°B 8°C 8°D 9°A 9°B 9°C
12,13% 8,99%
34,93%
20,92% 20,29%
8,36%
25,31%
12,34% 17,78%
59,62%
48,11%
39,12%
30,54%
42,05%
133
LIVRO DE OCORRÊNCIA EM 2017
PROJETO HORTA NA ESCOLA
30%
40%
3%
2%
25%
Indisciplinas
Saidas da escola pormotivo de saúde
Roubos
Casos de uso deEntorpecentes na escola
alunos que se ausentampor motivo de viagem
134
PROJETO LEITURA E CONTOS E LENDAS AMAZÔNICOS
PROJETO DE LEITURA E REFORÇO