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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE JOSÉ EDSON LIMA DA SILVA EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO AM. BELÉM PA 2018

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-

GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

JOSÉ EDSON LIMA DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O

CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE

FIGUEIREDO – AM.

BELÉM – PA

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E

NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

JOSÉ EDSON LIMA DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O

CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE

FIGUEIREDO – AM.

Dissertação de Mestrado apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e

Meio Ambiente da Universidade Federal do

Pará, como requisito para a obtenção do título

de Mestre em Ciências e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Waldinei Rosa

Monteiro

BELÉM – PA

2018

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JOSÉ EDSON LIMA DA SILVA

EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O

CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE

FIGUEIREDO – AM.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, como requisito para

a obtenção do título de Mestre em Ciências e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Waldinei Rosa Monteiro

RESULTADO: APROVADO

Data da apresentação: 07/julho/2018.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Waldinei Rosa Monteiro (UFPA) – Presidente

Prof. Dr. Davi do Socorro Barros Brasil (UFPA)

Prof. Dr. Wilson Nogueira (UFAM)

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Dedico a conquista do Título:

Mestre em Ciência e Meio Ambiente, aos

meus filhos, Edson Filho Maia da Silva e

Eleonora Maia da Silva e minha esposa,

Euzinete de Souza Maia, que sempre

serão o apoio nas minhas vitórias.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, por sempre ser meu abrigo, farol dos meus caminhos,

concedendo-me discernimento, força e saúde em todos os caminhos que percorro,

fortalecendo-me com pessoas excelentes, de forma a contribuir ao meu

desenvolvimento como ser humano e profissional.

Aos meus pais, João Roberto da Silva (in memorian) e Francisca Lima da

Silva (in memorian), pelo amor, pela constante luta e incentivo aos estudos, pela

educação modelo desde a infância e pela preocupação em sempre oferecer o

melhor.

A minha esposa, Euzinete de Souza Maia, que com seu amor se tornou

alimento e incentivo nesta caminhada.

Ao meu orientador, Professor Dr. Waldinei Rosa Monteiro por sua

competência, e por suas valiosas contribuições, além de toda confiança e

credibilidade a mim atribuídas.

Às Secretarias de Educação (SEMED) e Saúde (SEMS) do município de

Presidente Figueiredo pela atitude profissional possibilitando a realização deste

trabalho.

Ao corpo docente da Escola Santa Terezinha que na pessoa do Sr. Jhonatas,

pedagogo da escola, não mediram esforços para estarem ao meu lado na execução

dos trabalhos;

E, finalmente, a todos aqueles que participaram e contribuíram para a minha

formação como profissional e para a edificação deste trabalho.

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RESUMO

Com a finalidade de discutir a educação ambiental como processo de

tratamento da água para o consumo humano no Distrito Rural Vila Canoas, esta

pesquisa buscou conhecer os hábitos dos moradores da Vila quanto à captação,

preservação, tratamento e uso da água no distrito rural do Município de Presidente

Figueiredo/Am. O acesso à água em assentamentos rurais é realizado por meio de

cacimbas, nascentes naturais, poços simples, água da chuva e poços

semiartesianos, sistema às vezes fragilizado e susceptível à contaminação. As boas

práticas relacionadas ao manuseio desse recurso envolvendo as etapas de

captação, tratamento e armazenamento são de fundamental importância para se ter

água de qualidade e, consequentemente, melhor qualidade de vida aos moradores

dessas comunidades, visto que a disposição do ponto de captação e, ainda, as

condições de armazenamento são determinantes para prevenir a disseminação de

patógenos veiculados através da água. Neste trabalho foram levantados os

métodos utilizados pelos comunitários no processo de inativação desses

microrganismos e a realização de ações aportadas nas práticas de educação

ambiental voltadas à preservação de mananciais e meio ambiente, bem como o

armazenamento e tratamento da água. Quanto ao percurso metodológico delineado

para a consolidação dessa pesquisa, sinalizamos a pesquisa qualitativa e

quantitativa, ancorada à pesquisação onde o sujeito interage na produção de novos

conhecimentos. Foi desenvolvida neste trabalho, pesquisa bibliográfica, relatos dos

moradores, além de entrevistas semiestruturadas para consolidação do processo de

coleta de dados. A análise e interpretação dos dados foram efetivadas por meio da

técnica de análise de conteúdo. Esta pesquisa intencionou, além de conhecer as

práticas dos moradores sobre a desinfecção da água, provocar a sensibilização

quanto ao respeito ao Meio Ambiente.

Palavras Chave: Educação Ambiental; Tratamento de água; Abastecimento

de Água, Hipoclorito de sódio.

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ABSTRACT

For the purpose of discussing about the environmental education as a process of water treatment to the human consumption in Canoas Village Rural District, this research assignment searched the residents’ habits about the capitation, preservation, treatment and use of water in a rural district of Presidente Figueiredo/AM. The access to water in rural settlements is accomplished through wells, water springs, rain water and semi artesian wells, this system sometimes are wakened and susceptible to contamination. The good practices related to handling of this resource involving steps of capitation, treatment and storage are important to have quality water and, consequently, better quality of life to residents of this communities, to that the withdrawal point layout and, in addition, the storage conditions are decisive to prevent the water pathogens dissemination. In this research assignment were raised the methods that are used by the residents in the process of inactivation these microorganisms and the accomplishment of actions based on environmental education practices focused on preservation of water sources and environment, as well as water storage and treatment. About the methodology, this is a qualitative and quantitative research supported by participatory collaboration of residents. In this assignment was developed a bibliographic research, the residents’ report, besides a semi-structured interview for consolidation of data collect process. The analysis and data interpretation were effected through content analysis technique. This research intended, besides knowing resident’s practices about the water disinfection, sensitize about the respect for the environment.

Word keys: Environmental Education, Water treatment, Water supply,

Sodium hypochlorite.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa das Cachoeiras/quedas d’águas ...................................................... 16

Figura 2 - Água: Tema do desfile cívico da Escola Santa Terezinha ........................ 17

Figura 3 - Água: Funcionários da Escola Santa Terezinha ....................................... 18

Figura 4 - Localização da Vila Canoas ...................................................................... 39

Figura 5 - Placa identificadora da Comunidade ......................................................... 39

Figura 6 - Início do ramal da comunidade Rio Canoas saindo da BR 174 ................ 39

Figura 7 - Rua principal da Vila Canoas .................................................................... 40

Figura 8 - Escola Municipal Santa Terezinha – Vila Canoas ..................................... 40

Figura 9 - Fluxograma com as etapas da pesquisa ................................................... 45

Figura 10 - Bomba submersa e Bomba centrífuga .................................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Localização da fonte de água - cacimba. ................................................ 48

Gráfico 2 – Socialização da fonte .............................................................................. 49

Gráfico 3 – Distância da fossa x cacimba.................................................................. 50

Gráfico 4 – Aspecto da água destinada ao consumo humano, segundo os

moradores. ................................................................................................................ 54

Gráfico 5 – características das fontes de água na comunidade ................................ 57

Gráfico 6 – Total dos participantes que afirmam fazer uso do produto químico. ....... 60

Gráfico 7 – Recorrência de sintomas relacionados ao consumo de água ................. 61

Gráfico 8 – Nível de preocupação em meio aos comunitários .................................. 62

Gráfico 9 – Ações amenizadoras .............................................................................. 64

Gráfico 10 – Cuidados com os resíduos/residência .................................................. 67

Gráfico 11 – Quanto ao uso do agente químico ........................................................ 75

Gráfico 12 – Quantidade de gotas no ato da cloração da água ................................ 76

Gráfico 13 – Comparativo quanta a segurança em usar água da comunidade. ........ 77

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LISTA DE ABREVIATURAS

Ates – Assessoria Técnica, Social e Ambiental à Reforma Agrária

AVC – Assentamento Vila Canoas

CISAM - Conselho Intermunicipal de Saneamento Ambiental.

IDESAM – Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da

Amazônia

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MCAPC – Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades

NaClO – Hipoclorito de Sódio

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1. O ACESSO À ÁGUA POTÁVEL NAS COMUNIDADES AMAZÔNICAS. ......... 12 1.2. OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA ............................................................................ 15

1.3. CONSUMO DE ÁGUA DE MÁ QUALIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS ...... 19 1.4. ÁGUA DE BOA QUALIDADE EM COMUNIDADES AMAZÔNICAS ................. 23

1.5. TRATAMENTO QUÍMICO DA ÁGUA ............................................................... 23

2. OBJETIVOS .......................................................................................................... 26

2.1. OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 26 2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 26

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 27

3.1. ABASTECIMENTO E QUALIDADE DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO27

3.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS DE TRATAMENTO DA ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO ......................................................................................... 29

4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 36

4.1. ÁREA DE ESTUDO .......................................................................................... 36

4.2. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA E TERMO DE CONSENTIMENTO E ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................................................... 44

4.3. ETAPAS FUNDAMENTAIS DA PESQUISA ..................................................... 44

5. RESULTADOS ..................................................................................................... 45

5.1. PRIMEIRO MOMENTO..................................................................................... 46

5.1.1. Hábitos dos moradores e caracterização das fontes de água. ............... 46

5.1.2. Entrevista semiestruturada e observação do participante ..................... 51

5.1.3. Prováveis fatores responsáveis pela contaminação da água. ............... 55

5.1.4. Identificação e característica das fontes de abastecimento de água. ... 56

5.1.5. Armazenamento e tratamento da água ..................................................... 65

5.2. SEGUNDO MOMENTO .................................................................................... 68

5.2.1. Oficina de Educação Ambiental ................................................................ 69

5.3. TERCEIRO MOMENTO .................................................................................... 75

5.3.1. Análise dos gráficos ................................................................................... 75

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 77

7. OUTRAS CONSIDERAÇÕES .............................................................................. 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 82

APÊNDICES ............................................................................................................. 88

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1. INTRODUÇÃO

1.1. O ACESSO À ÁGUA POTÁVEL NAS COMUNIDADES AMAZÔNICAS.

Fornecer água com qualidade e em abundância é uma preocupação

constante da humanidade em detrimento à carência do recurso e do desgaste da

qualidade dos mananciais (todas as fontes existentes de água, superficiais ou

subterrâneas que possam ser usadas no abastecimento público). Organismos

internacionais, como: Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Asociación

Interamericana de Ingenería Sanitária y Ambiental (AIDIS), e nacionais, como o

Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA),

assinalam um agravamento dessa problemática nos dias atuais, com uma saturação

nesta questão em um futuro próximo.

No Brasil, os sistemas de captação e tratamento praticados em áreas rurais

encontram empecilhos na qualidade desse produto, visto que há limitações nas

infraestruturas de operacionalidade dessa atividade, e os moradores dessas regiões

enfrentam dificuldades no acesso às informações que poderiam minimizar a

crescente situação degradante a que são submetidos. Deriva-se dessa questão as

distorções ao manuseio desse bem natural, é possível apontar um provável

abandono por parte do poder público, e órgãos que se tornaram presentes somente

no ato de criação dos assentamentos rurais. Nessas áreas, esses serviços são

ineficientes e suas realizações ficam a critério das necessidades de quem ali mora,

desprovidos de serviços urbanos básicos (RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008).

Na Amazônia, as populações de áreas rurais convivem com problemas

referentes ao abastecimento de água voltada ao consumo humano. Segundo Lobo

et. al., (2013) apesar de abrigar a maior reserva de água doce do planeta,

populações de assentamentos rurais sofrem com problema de acesso à água

potável e às tecnologias aplicadas ao tratamento e à distribuição da mesma.

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O abastecimento de água em comunidades amazônicas passou a ser uma

preocupação entre pesquisadores a partir da explosão demográfica da região.

Tornou-se uma questão preocupante para a sociedade científica; mesmo sabendo

que a Amazônia é um gigantesco celeiro de rios, lagos, igarapés e lençóis aquíferos,

não se compreende (poder público) quais os verdadeiros motivos pelos quais, nas

comunidades rurais amazônicas, seus habitantes não usufruem de água tratada

para o consumo.

Destacamos que a realidade das comunidades amazônicas vai na contramão

das diretrizes dos órgãos e leis competentes, que não monitoram o gerenciamento

da água potável em comunidades rurais, além disso, as mesmas sofrem com a

poluição, com a exclusão social, com a miséria e/ou com a falta de acesso à água

potável.

De acordo com a lei 11.445/07, no seu artigo 3º, que define o serviço de

saneamento básico e suas estruturas nas instalações operacionais, mencionamos

quatro categorias que distorcem a realidade dessas localidades rurais:

a) abastecimento de água potável: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abastecimento público de água potável, desde a sua captação até as ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;

b) esgotamento sanitário: constituído pelas atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequado aos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente;

c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e limpeza de logradouros e vias públicas;

d) drenagem e manejo das águas pluviais urbanas: conjunto de atividades, infraestruturas e instalações operacionais de drenagem urbana de águas pluviais, de transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas.

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A partir de visita preliminar à Comunidade Vila Canoas, elencamos três

questões norteadoras: (a) distância entre as cidades e as comunidades é fator

preponderante para que os moradores dessas localidades continuem sem acesso à

água tratada? (b) a fragilidade das políticas públicas de saneamento e saúde

interfere nesse acesso? (c) aspectos sócios culturais vivenciados por essas

comunidades são determinantes para que essa população não faça uso de medidas

que proporcionem o acesso à água tratada?

Acerca dessa inquietação, Machado (2012) aponta que para haja mudança, a

participação dos comunitários na apropriação de novos conceitos e hábitos sobre

educação ambiental com propósito de sensibilização quanto ao uso correto dos

recursos naturais se faz necessária.

“Cumpre à Educação Ambiental fomentar processos que impliquem no empoderamento das maiorias para o fortalecimento de sua resistência à dominação de suas vidas e seus espaços, formando – se participantes da gestão ambiental para a sustentabilidade” (MACHADO, 2012, p.24).

Com um diálogo mais intenso com a comunidade, percebe-se que o consumo

de água nessas localidades rurais muitas vezes não passa por tratamento

adequado, uma vez que esses moradores podem não receber as devidas

orientações quanto ao tratamento a ser aplicado na água destinada ao consumo.

Sendo ela de fundamental importância para a saúde, o seu manuseio e o não

tratamento adequado a transforma numa ameaça à saúde das pessoas dessas

localidades e quando as recebem não executam com os cuidados necessários. Vale

ressaltar que, por meio de atitudes simples, como o uso do hipoclorito de sódio

(NaClO) e práticas de Educação Ambiental1, esses moradores poderiam obter, no

convívio saudável com o Meio Ambiente, água de qualidade para o uso diário.

1 A Educação Ambiental é uma práxis educativa e social que tem por finalidade a construção de valores,

conceitos, habilidades e atitudes que possibilitem o entendimento da realidade de vida e atuação lúcida e responsável de atores sociais individuais e coletivos no ambiente. (Baeta et al, 2011)

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Acerca desta relação homem versus meio ambiente, Loureiro (2004), afirma

que a Educação Ambiental busca uma formação ampla da consciência2 crítica das

relações sociais de produção que situam a inserção humana na natureza. Dessa

forma, a informação passa a ser o ponto chave para a comunidade se tornar

atuante na própria proteção e na busca para soluções práticas aliadas à

preservação dos recursos naturais.

1.2. OCUPAÇÃO DA AMAZÔNIA

Na década de 70, quando na criação do Instituto Nacional de Colonização e

Reforma Agrária (INCRA), com o propósito de gerenciar o Programa da Reforma

Agrária, foram abertas novas áreas para a ocupação na Amazônia buscando ajustar

a questão do acesso à terra. Desde então, novos espaços destinados à produção

agrícola foram surgindo ao meio da extensa região amazônica com o seguinte

slogan “uma terra sem homens para homens sem-terra” (FERREIRA, 2015).

Neste contexto, surgem os imigrantes na aspiração de terras com objetivo de

instalação de moradia e áreas para atividade agrícola. Com as construções de

estradas, hidroelétricas e a exploração de minérios. Segundo BURSZTYN (2010),

esses objetivos aos poucos foram sendo concretizados através da criação de

Assentamentos Rurais.

Segundo LE TOURNEAU & BURSZTYN (2010), 64% dos lotes abertos foram

na Amazônia Legal, região com menor taxa demográfica do país, na qual reside

menos de 14% da população rural brasileira. Com essas ocupações rurais,

consequências ambientais foram gerando desconforto à saúde dos ocupantes de

áreas com essas configurações. Foi quando se deu início a uma nova frente de

colonização da Amazônia distribuída pelo INCRA.

Segundo informações no site da Prefeitura do Município de Presidente

Figueiredo que relata: Município da região norte do Brasil localizado na Área

2 Consciência aqui entendida no sentido proposto por Paulo Freire (1983), em Pedagogia do Oprimido, em que

implica o movimento dialético entre o desvelamento crítico da realidade e ação social transformadora, segundo o princípio de que os seres humanos se educam reciprocamente, mediados pelo mundo.

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Metropolitana de Manaus – AM. Sua extensão territorial abrange uma área de

25.422,235 km², com uma população segundo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE - 2016), de 33 703 habitantes. Cortado pela BR-174 a qual

interliga o município à Manaus e Boa Vista – RR, o município se destaca pelo

turismo ecológico , razão esta, devido sua abundância de águas e florestas,

recursos naturais como cavernas e cachoeiras (Figura1). Sendo estas catalogadas

no montante de 100 (cem) quedas d'água, contudo ele se torna mais conhecido

pela usina hidroelétrica (Hidroelétrica da Balbina), responsável por uma das maiores

catástrofe ambiental da região norte.

Figura 1: Mapa das Cachoeiras/quedas d’águas

Fonte: https://www.google.com.br

Seu nome é atribuído em homenagem a João Batista de Figueiredo Tenreiro

Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas. Em 10 de

dezembro de 1981, pela Emenda Constitucional nº 12, foi criado o município de

Presidente Figueiredo, com territórios desmembrados de Novo Airão (sua parte no

extremo leste, limítrofe a Manaus) e de Itapiranga (Vila e arredores de Balbina),

bem como áreas adjacentes de Silves e Urucará.

Presidente Figueiredo limita-se com os municípios: Ao norte, Urucará, São

Sebastião do Uatumã, Itapiranga, Rio Preto da Eva, Manaus e Novo Airão além

do estado de Roraima.. ao leste; Beruri ao sul; Anamã e Caapiranga.

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Nesse contexto, surge Vila Canoas, uma Comunidade Rural do Município de

Presidente Figueiredo, trazendo várias expectativas, entre elas: obtenção de água

potável e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida para os moradores.

Vale ressaltar, que até hoje essas necessidades ainda não foram sanadas, o que se

torna notório e expressivo através da manifestação da comunidade escolar em

trabalhar a água como tema do desfile cívico da escola da comunidade “Escola

Santa Terezinha” (Figuras 2 e 3), na busca da construção de um sujeito ecológico3.

Figura 2 - Água: Tema do desfile cívico da Escola Santa Terezinha

Fonte: José Edson Lima da Silva. Em 08/09/2017.

3 Educação Ambiental – Pesquisas. I. Sato, Michele. II. Carvalho, Isabel Cristina Moura. III. Título: O sujeito

ecológico seria aquele tipo ideal capaz de encarar os dilemas societários, éticos e estéticos configurados pela crise societária em sua tradução contracultural; tributário de um projeto de sociedade socialmente emancipada e ambientalmente sustentável.

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Figura 3 - Água: Funcionários da Escola Santa Terezinha

Fonte: José Edson Lima da Silva. Em 08/09/2017.

O surgimento de uma comunidade resulta em uma demanda de recursos e

infraestrutura que necessariamente servirão de apoio no enfrentamento das

dificuldades que surgirão com a convivência em um novo ambiente e que serão

abarbadas pelos moradores da mesma, como: saneamento básico, energia, água e

abastecimento, e que conduzirá os membros dessa, na conquista de uma

organização na obtenção de condições básicas para o desenvolvimento local. A

água configura como um dos itens fundamentais na manutenção da vida, pois, a

partir do acesso da mesma, será possível a comunidade se estruturar desde a

produção de alimentos até o estabelecimento de uma saúde de qualidade.

Qualidade de vida para essa gente e direito à água de qualidade não podem

ser contrapontos que venham colocar essas comunidades reféns das distâncias em

relação às cidades, tampouco do descaso do poder público e suas implementações

das políticas públicas, que muitas vezes podem deixar de proporcionar acesso à

qualidade da saúde, que, aliada aos seus hábitos culturais, contribuirá com a

aquisição de novos conhecimentos que os fortaleçam em práticas de conquistar

água tratada.

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1.3. CONSUMO DE ÁGUA DE MÁ QUALIDADE E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Dois pontos divergentes merecem ser comentados, água poluída e água

contaminada, a primeira refere-se a que apresenta alterações na cor, sabor e no

cheiro e podem ser perceptíveis pelo homem, podendo até não provocar doenças; a

segunda assume a capacidade de promover risco à saúde do homem, razão esta, é

a presença de agentes patogênicos como: protozoários, bactérias, materiais tóxicos,

fertilizantes. Além disso, a identificação destes agentes não pode ser realizada por

métodos empíricos, o que compromete o tratamento da água. Neste contexto, a má

qualidade da água passa ser um fator preocupante no sentido de oferecer a esses

indivíduos ameaça à saúde e o meio ambiente. As doenças de veiculação hídrica

causadas por protozoários, vírus e bactérias são uma das principais causas de

morte atingindo, especialmente, crianças em países de baixa renda (WHO, 2010).

A tabela 1apresenta uma síntese das principais doenças relacionadas à

água, suas respectivas formas de transmissão e prevenção.

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Tabela 1 - Doenças relacionadas à água

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE (2006) - Secretaria de Vigilância em Saúde - Coordenação-Geral de Vigilância em Saúde Ambiental

GRUPO DE DOENÇAS FORMAS DE TRANSMISSÃO PRINCIPAIS DOENÇAS FORMAS DE PREVENÇÃO

Transmitidas pela via feco-oral (alimentos contaminados por fezes).

O organismo patogênico (agente causador de doença) é ingerido

1. Diarréias e disenterias, como a cólera e a giardíase;

2. Febre tifóide e paratifoide;

3. Leptospirose; 4. Amebíase;

5. Hepatite infecciosa;

6. Ascaridíase (lombriga).

1. Proteger e tratar as águas de abastecimento e evitar o uso de fontes contaminadas

2. Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal,

doméstica e dos alimentos

Controladas pela limpeza com a água (associadas ao abastecimento insuficiente de água)

A falta de água e a higiene pessoal insuficiente criam condições favoráveis para sua disseminação

Infecções na pele e nos

olhos, como o tracoma e o tifo relacionado com piolhos, e a escabiose

Fornecer água em quantidade adequada e promover a higiene pessoal e doméstica

Associadas à água (uma parte do ciclo da vida do agente infeccioso ocorre em um animal aquático)

O patogênico penetra pela pele ou é ingerido

Esquistossomose 1.Evitar o contato de pessoa com águas infectadas;

2.Proteger mananciais;

3.Adotar medidas adequadas para a disposição de esgotos;

4.Combater o hospedeiro intermediário

Transmitidas por vetores que se relacionam com a água

As doenças são propagadas por insetos que nascem na água ou picam perto dela

1. Malária;

2. Febre amarela;

3. Dengue;

4. Filariose (elefantíase)

1. Combater os insetos transmissores

2. Eliminar condições que possam favorecer criadouros

3. Evitar o contato com criadouros

4. Utilizar meios de proteção individual

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A procura de fontes de água para o consumo humano pode determinar uma

forma de abastecimento com água de qualidade sanitária duvidosa, pois são nestas

regiões carentes, distantes de serviços públicos e formas de abastecimento segura

é que se concentram fatores agravantes às condições precárias de vida

(RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008).

A essa parte da população o meio mais seguro, econômico e de fácil acesso

para se obter água de boa qualidade é fazendo uso de ferramentas e métodos de

tratamento, pois o uso intensivo e de maneira inadequada tem modificado e

comprometido a quantidade e qualidade das reservas de água nessas regiões.

Berlinck et. al. (2003) afirmam que o adensamento populacional próximo a

fontes de água vem desencadeando impactos devido ao aumento da poluição e,

consequentemente, a contaminação das fontes de abastecimento dessas

localidades. Consequentemente, o não cuidado com as fontes de abastecimento de

água em comunidades rurais trará às populações dessas áreas doenças oriundas

do uso de água não potável.

Dados da Organização Mundial de Saúde (2011) mostram que a ingestão de

água não tratada desencadeia doenças tais como: diarreia, pneumonia, desnutrição,

estando essas responsáveis, entre outras, pela mortalidade infantil, que, mesmo

apresentando decaimento em todo o mundo, ainda corresponde entre 15% e 18%

de todas as mortes de crianças menores de 5 (cinco) anos no Brasil.

Outra consequência é a incidência de verminoses, cuja ocorrência está ligada

ao meio hídrico uma vez que uma parte do ciclo de vida do agente infeccioso passa-

se no ambiente aquático e, diante da importância que a água assume na

manutenção da vida, esses seres merecem atenção e cuidados especiais, visto que

são vetores que se relacionam com a água.

O quadro a seguir relaciona algumas doenças vinculadas pela água além de

seus agentes infecciosos. Entre elas, de acordo com Organização Mundial de

Saúde, a diarreia é a sétima causa de mortes no mundo e a principal morbidade

entre os seres humanos FUNASA (2014).

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Tabela 2 - Doenças versus agentes infecciosos

Doenças causadas por Bactérias Agentes patogênicos

Febre Tifóide e Paratifóide Salmonella typhi

Salmonella paratyphi A e B

Disenteria bacilar Shigella sp

Cólera Vibrio Cholerae

Gastroenterites agudas e diarreias Escherichia coli enterotóxica Campilobacter Yersínia enterocolítica Salmonella sp Shigella sp

Hepatite A e E Vírus da hepatite A e E

Poliomielite Vírus da poliomielite

Gastroenterites agudas e crônicas Rotavirus

Enterovirus

AdenovirusGraduado

Doenças causadas por Parasitas Agentes Patogênicos

Disenteria amebiana Entamoeba histolytica

Gastroenterites Giardia Lamblia Cryptosporidium

Fonte: FUNASA 2014

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SEMS) do município de

Presidente Figueiredo, Vila Canoas, comunidade rural localizada no Km 139 da BR

174, apresenta indícios de acometimento de doenças como: Gastroenterites

agudas, diarreias e disenteria amebiana; tais afecções podem ser consequências do

uso da água de má qualidade. Cabe assim uma investigação no sentido de

identificar os motivos pelos quais a comunidade passa por essa situação e,

possivelmente, propor soluções para o melhor entendimento por parte das pessoas

quanto ao bom uso da água nessa comunidade.

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1.4. ÁGUA DE BOA QUALIDADE EM COMUNIDADES AMAZÔNICAS

Para as comunidades amazônicas, o acesso ao tratamento da água para

consumo humano não ocorre com a mesma efetividade que os centros urbanos,

uma vez que tais comunidades possuem um sistema de tratamento, onde

funcionários se revezam no controle e execução de suas atividades em prol do

sistema de descontaminação da água que é distribuída por redes e que atendem as

pessoas daquela região. Enquanto que, nas áreas rurais, cada morador é

responsável pela captação, tratamento e distribuição da água usada em sua

residência, o que muitas vezes deixa a desejar devido à escassez ou mesmo

ausência do acesso às informações e estruturas desde a construção de poços até o

armazenamento da mesma.

A preservação e o manuseio de água para o consumo humano refletem o

cuidado e o respeito que os moradores dessas localidades empregam ao Meio

Ambiente.

1.5. TRATAMENTO QUÍMICO DA ÁGUA

A desinfecção de água para consumo humano pode ser feita por meio

químico ou físico, ambos têm implicação na destruição dos agentes infecciosos

presentes na água. O tratamento químico da água é, por vezes, o mais acessível e

mais simples de ser realizado, por exemplo, pela a aplicação do hipoclorito de sódio

(NaClO), constituindo-se assim a forma mais viável de se fazer o tratamento da

água consumida nas comunidades rurais, uma vez que o NaClO é a substância

química distribuída pelo Ministério da Saúde e é um dos meios de cloração da água

que é consumida pelos moradores das comunidades amazônicas.

O uso apropriado do hipoclorito constitui um fator básico na garantia do

consumo de água de boa qualidade. Contudo, a imperícia na manipulação ou

mesmo a não utilização desse produto pode importar riscos aos comunitários.

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Na comunidade, soluções de hipoclorito em frascos de 50 ml são distribuídos

mensalmente e de forma gratuita pelo Ministério da Saúde, através da Secretaria

Municipal de Saúde do município de Presidente Figueiredo/AM. Cada mês são

entregues 10 (dez) caixas do produto, cada caixa contendo 30 (trinta) frascos,

totalizando 300 (trezentos) frascos a cada entrega.

Segundo instruções do rótulo, deve-se adicionar 2 gotas da solução para

cada litro de água, aguardar por no mínimo 30 minutos antes do consumo, alguns

moradores não seguem as recomendações. Como no relato de um dos

entrevistados.

Eu boto três gotas do produto em dois litros d’água, o efeito do cloro só faz efeito depois de meia hora, se colocar três gotas não fica sabor, mas se colocar quatro fica um sabor ruim. Na verdade, era para colocar quatro, mas fica um gosto ruim. (Informação verbal)

Embora seja utilizado o hipoclorito de sódio, existem outros agentes

desinfetantes para a água, sendo que, cada um apresenta um aspecto de ação.

Segundo o Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades – FUNASA

(2014), os tipos mais comuns de desinfetante para água são: Cloro, Ozônio, Dióxido

de cloro, Radiação ultravioleta, Iodo, Sais de Prata, entre outros.

No processo de desinfecção, o Cloro se destaca por ser um produto com

maior aplicabilidade nos sistemas de abastecimento de água em todo mundo e pelo

fato de ele agrupar com alguns aspectos tais como: Acessibilidade, baixo custo,

capacidade de oxidação entre matérias orgânicas e inorgânicas, efeito residual,

ação germicida, fácil aferição e monitoração como recomenda a portaria 2.914 de

dezembro de 2011 do Ministério da Saúde, no seu artigo 34.

Segundo Organização Mundial da Saúde – OMS (2010), além do cloro,

merece destaque os subprodutos tais como: Cloro grosso, cal clorada, NaClO e

Hipoclorito de cálcio. É importante frisar que o uso de cada um atende funções

específicas. Contudo, o cloro é uma das soluções mais simples de desinfecção de

água nessas comunidades de difícil acesso, o uso dentro de margens segura é um

bom indicador de aptidão sanitária.

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FUNASA (2014) - Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades,

apresenta algumas reações químicas dos produtos derivados do cloro junto à água

de acordo com o quadro abaixo.

Quadro 1- Produtos derivados do cloro

CLORO GASOSO

Cl2 + H2O HOCl + H+ +Cl-

HOCl H+ + OCl-

HIPOCLORITO DE SÓDIO

NaClO + H2O HOCl + Na+ + OH

HOCl OCl- + H+

HIPOCLORITO DE CÁLCIO

Ca(ClO)2 + 2H2O 2HOCl + Ca+2 2OH-

HOCl OCl- + H+

FUNASA – 2014

Há algum tempo, o Cloro passou a ser usado em todo o mundo como

ferramenta nesse processo de desinfecção da água. Muito embora a Organização

Mundial da Saúde recomende o cloro para essa finalidade, pesquisas apontam

reações do cloro com substâncias orgânicas da água. Segundo Silva e De Melo

(2015),

Estudos, na década de 70 mostraram que o cloro reage com substâncias orgânicas naturais presentes na água, como os ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, clorofila etc., formando triclorometano (CHCl3), também conhecido como clorofórmio, substância pertencente à classe dos trihalometanos (THM’s). Nesta época, já havia pesquisas mostrando que esses compostos causam diversos males à saúde humana incluindo problemas no sistema reprodutivo, abortos espontâneos e maior propensão ao câncer.

Embora a Organização Mundial de Saúde considere o clorofórmio apenas como possível causador de câncer, estudos

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desenvolvidos no início do século XXI, na Espanha, relacionam o índice de aumento de câncer de cólon e de bexiga com os THM’s presentes na água.

Haja vista uma preocupação na formação dos THM’s em água tratada com

cloro e seus riscos para a saúde pública, no Brasil, a Portaria nº 2.914, de dezembro

de 2011, estabelece o mínimo de cloro residual livre, residual combinado ou de

dióxido de cloro nos sistemas de abastecimento.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Empregar elementos de educação ambiental no processo de conscientização

sobre o uso adequado da água evidenciando a importância dos procedimentos de

desinfecção da mesma para a saúde humana.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Identificar os saberes empíricos da comunidade quanto à qualidade da

água utilizada pelos mesmos;

Mensurar o uso de maneira correta do hipoclorito de sódio pelos

moradores, de forma a estabelecer um plano de incentivo ao uso;

Aplicar estratégias de sensibilização da comunidade a partir de práticas

de educação ambiental.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O homem, ao longo da sua existência, sempre fez uso de produtos do meio

ambiente (terra, ar e água), o que lhe é importante para sua sobrevivência e essa

relação de exploração de maneira irresponsável vem colocando-o como vítima de

suas próprias ações, comprometendo também outras formas de vida sobre e sob a

terra. Consequentemente, uma diversidade de enfermidades transmitidas ao

homem, que tem sua causa nos microrganismos (vírus, bactérias, protozoários e

helmintos - vermes intestinais), que passam a ter presença e forma de contágio

garantida diante de ações não planejadas e mal executadas.

Os tratamentos de esgoto e água para o abastecimento e a coleta de

resíduos sólidos configuram em práticas adequadas de saneamento básico. Essas

ações adjuntas às de educação ambiental podem resultar na possibilidade de uma

sensibilização dos moradores de regiões rurais, reduzindo a ingestão de água

contaminada que causa enfermidades de veiculação hídrica. Outra coligação de

enfermidades pode estar ligada à falta de água e consequentes restrições de

higiene, uma vez que, mesmo não possuindo vínculo por meio do uso da água, tais

enfermidades relacionam-se com as condições de abastecimento.

3.1. ABASTECIMENTO E QUALIDADE DE ÁGUA PARA O CONSUMO

HUMANO

Promover a educação e a sustentabilidade ambiental com direcionamento de

ações na preservação do meio ambiente resultará, no futuro, em qualidade de vida

para as populações que, como fonte de abastecimento em suas residências,

necessitam de perfurações de poços ou cacimbas. Ações como a construção de

poços para o abastecimento de água destinada ao consumo foram assuntos

debatidos em reuniões que envolveram a Organização das Nações Unidas (ONU) e

189 países. Neste desfecho, um dos enfretamentos do milênio era a redução pela

metade da população que não tinha acesso à água de qualidade e saneamento

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básico (WHO, 2010; RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008; SACHS; MCARTHUR, 2005;

PNUD, 2005).

A contaminação bacteriológica é uma ameaça à saúde da população

mundial, cerca de 1,8 bilhões da população no mundo vivem sem acesso à água

apropriada e 4,1 bilhões sem esgotamento (BAUM et al, 2013; ONDA et al, 2012).

A denominação de grupo de bactérias como Coliformes Totais e Coliformes

Fecais (coliformes termotolerantes) determinam o nível de contaminação em

monitoramento de qualidade da água. A maioria das bactérias do grupo coliforme

pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter e podem

estar presentes em ambientes naturais como, solo e água, ambientes de contágio

dessas bactérias. (BRASIL, 2006).

Captação, transporte, armazenamento e tratamento, nesta ordem, podem ser

fatores que determinarão a qualidade da água para o consumo humano, assim

como a disponibilidade da mesma, pois em locais de escassez ou de difícil acesso,

a realização inadequada nos procedimentos de coleta, transporte e armazenamento

pode se tornar fonte de contaminação, favorecendo a incidência das doenças de

transmissão hídrica (RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008).

O uso de vasilhames para o acondicionamento de água, quando na escassez

da mesma, torna comprometedor sua qualidade. O manuseio nas tarefas

domésticas e a falta intermitente de acesso à água estimulam a busca por fontes

alternativas com o comprometimento das práticas de higiene pessoal, doméstica e

dos alimentos, de transporte e armazenamento (HOWARD; BARTRAM, 2003).

Sibiya; Gumbo (2013) destacam a preocupação da academia quanta as

práticas e hábitos higiênicos, esgotamento sanitário e descarte de resíduos sólidos

nas comunidades rurais. A prática de hábitos simples como lavar as mãos antes do

preparo dos alimentos pode proporcionar a esses moradores a não contaminação

bacteriológica, podendo essas ser responsáveis por transmitir diversas doenças

infecciosas, que ocorrem por diferentes formas de exposição, mas, principalmente,

pela água.

Parâmetros físico-químicos estabelecem, ou não, seguridade da potabilidade

da água própria para o consumo. No Brasil, a normativa vigente que estabelece os

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procedimentos de controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano

e seus padrões de potabilidade é a Portaria no 2.914/2011, que estabelece normas

para os padrões de distribuição, seja ela coletivamente proveniente de sistema de

distribuição ou solução alternativa.

Das necessidades básicas do homem as que se utilizam da água são as

mais vitais e importantes dentre todas, afinal, depende-se do líquido para, entre

outras coisas, hidratar o corpo, preparar os alimentos, garantir a higiene corporal

e/ou do ambiente, etc. Por isso, o uso de água voltada ao consumo humano deve

obedecer a alguns critérios de manuseio e captação que venham garantir a

qualidade microbiológica e, assim, evitar a contaminação por agentes patogênicos.

De acordo com o Manual de Cloração de Água em Pequenas Comunidades

(MCAPC) – FUNASA (2014), o tratamento da água, cuja função básica consiste na

inativação dos micro-organismos patogênicos, realizada por intermédio de agentes

físicos ou químicos. Neste processo, a desinfecção é operação unitária obrigatória,

pois somente ela inativa qualquer tipo existente de organismos nocivos à saúde

humana e previne o crescimento microbiológico.

3.2. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESAFIOS DE TRATAMENTO DA ÁGUA

PARA O CONSUMO HUMANO

O termo Educação Ambiental foi usado pela primeira vez na Universidade de

Keele, no Reino Unido, em 1965. Porém, foi em 1977 que ocorreu a primeira grande

conferência internacional da ONU sobre educação ambiental, em Tbilisi (na ex-

União Soviética). Na época, uma referência em se tratando desse assunto (Loureiro,

2006a). Alguns pontos importantes discutidos nesse evento merecem destaque, a

considerar:

Plano de desenvolvimento social voltado à sustentabilidade e

Compreender a educação ambiental como processo permanente,

crítico e coletivo.

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Diante desses dois pontos importantíssimos, é fato considerar a educação

ambiental como prática educacional, prática de sensibilização, objetivando a

conquista de novos aprendizados por envolvimento de culturas diferentes,

respeitando as diferenças, democratizando e interagindo com o meio ambiente.

O homem, ser dotado de capacidade em compreender a complexidade do

meio em que vive, além de ser personagem na amenização das questões que por

meio de suas ações causam impactos ambientais, os quais poderão refletir na

qualidade de vida no planeta, torna-se o único capaz de equacionar e amenizar o

avanço dessa inquietação.

Um forte ponto a se considerar passa pela gestão da água para o consumo

humano. A crescente massa populacional cada vez mais necessitada de quantidade

e qualidade de água para satisfazer as necessidades diárias faz uso de forma

descontrolada desse recurso natural. Contudo, as informações que possibilitem os

moradores de comunidades rurais fazerem uso sustentável dos recursos naturais e,

consequentemente, melhor uso da água, consolidando qualidade de vida aos

moradores dessas áreas isoladas não são repassadas ora, devido à distância

geográfica, ora, devido à falta de interesse do poder público, ora, devido à

resistência do próprio morador.

A educação ambiental vem discutir tentativas de contribuir com esses seres

humanos através de conceitos e valores, novas habilidades e atitudes que

amplifiquem a construção da conscientização na utilização adequada desses

recursos naturais. Promovendo cidadania e munindo-os de elementos que os

tornem capazes de enfrentar os desafios impostos pelo atual modelo de produção.

Sorrentino (2011), diante do aparente paradoxo de promover a cidadania planetária que encare o desafio de decodificar e enfrentar essa complexa matriz de fatores que ameaçam nossa existência na Terra, além de incentivar e apoiar ações locais, inovadoras e criativas para a superação da miséria, pobreza, desemprego, niilismo e uso de drogas, entre outras questões relacionadas à luta cotidiana pela sobrevivência e pela melhoria da qualidade de vida, precisamos despertar em cada indivíduo o sentido de “pertencimento”, participação e responsabilidade na busca de respostas locais e globais que a temática do desenvolvimento sustentável nos propõe (BEATA, 2011 p. 22).

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Segundo Machado (2012), educação ambiental pode ser concebida dentro do

processo de gestão sustentável da água, através de posicionamentos e hábitos dos

indivíduos envolvidos no processo de uso desse bem natural tão essencial à vida,

que, por meio do uso e da exploração inadequada da água e o aumento

populacional, geram consequências à saúde que serão enfrentadas pelos

moradores de regiões isoladas.

Os seres vivos desenvolvem relações com o meio ambiente e cada ser é uma

unidade independente e, ao longo de sua existência, ele vai se tornando

interdependente do meio ambiente e suas ações geram condições de convivência

harmônica ou não, consolidando o meio ambiente como um ente aliado à sua

qualidade de vida.

Diante destes desafios, a Educação Ambiental potencializa as tomadas de

decisões na formação dos pensamentos, viabilizando aos indivíduos uma maior

participação nas mudanças socioambientais, promovendo clareza nas discussões,

disponibilizando — a esses indivíduos — capacidade de se sentirem contribuintes

no processo dessas mudanças. Promovendo assim, uma sociedade mais humana e

mais democrática; podendo, nestes termos, estruturar, por meio das mudanças,

uma comunidade ambientalmente mais justa, adquirindo hábitos contínuos e

concretos, materializando-os como cidadãos corretamente ambientais, ou seja,

cidadãos socioambientais4.

Conhecer o ambiente em se que vive e onde se relaciona com outros seres é

de vital importância para que o cidadão passe a compreender a necessidade do seu

engajamento no provocamento de encontrar meios que amenizem os danos

provocados pelo homem à natureza. Segundo Loureiro (2003), quando esse

cidadão procura entender o local em que vive, priorizando o seu cotidiano, ele

compreenderá problemas mais além, em dimensões maiores.

Configurando, numa visão global, a própria natureza desenvolve certa

inteligência, tal inteligência surge a partir dessa conexão entre os seres vivos, e o

4 Machado (2012): Cidadãos socioambientais são aqueles que têm condições de interagir com questões relacionais à crise ambiental dos últimos tempos, tanto local, quanto regional e planetária.

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homem precisa aprender a se ver como um agente dessa relação, compartilhando o

ambiente com todos envolvidos.

Afinal, os envolvidos nessas relações deveriam atuar de maneira

complementar para que não se tornem antagônicos, pois as modificações que o

meio ambiente sofre será fruto dessas relações, o que produzirá consequências

para a sua existência e para a saúde pública. Um saneamento ambiental

inadequado pode ser indicador de incidência de doenças de veiculação através da

água, como as diarreias, a dengue, a leptospirose, entre outras.

Essas doenças estão diretamente ligadas à precariedade nos sistemas de

abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta e destinação final dos

resíduos sólidos, bem como a higiene inadequada, constituindo em ameaças à

saúde da população dessas comunidades. Segundo o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), internações por doenças relacionadas ao

saneamento ambiental inadequado estão se reduzindo no País, o que pode ser

explicado pela melhoria nos serviços de saneamento e pela ampliação do acesso às

informações, ações preventivas e uma melhor relação homem e natureza (IBGE

2013).

Doenças como diarreias e desnutrição poderiam ser evitadas com medidas

inerentes às práticas no manuseio e tratamento da água, passando pelo

compromisso de políticas públicas e com inclusão desses indivíduos em debates

que os conduza na tomada de consciência de seus atos. Segundo Sorrentino

(2011), com o engajamento de todos numa só convicção de buscar respostas para o

enfrentamento dessas questões, incluindo esses indivíduos em questionamentos

dos valores e obviedades da sociedade de consumo, essas respostas resultariam

em qualidade de vida.

Por ser classificada como doença de transmissão fecal-oral, as diarreias

ocupam o primeiro lugar, segundo dados do IBGE (2013), tendo sido responsáveis

pela maioria das internações causados por doenças relacionadas com o

saneamento ambiental inadequado. Elas atingem, principalmente, municípios das

Regiões Nordeste e Norte, e se configuram em um problema ainda maior quando

conjugadas com uma saúde debilitada e com a desnutrição, forte causa de

mortalidade infantil.

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Medidas simples, como o uso de substâncias que agem no processo de

cloração da água, poderiam amenizar esse quadro. De acordo com a OMS, os

subprodutos do cloro se destacam no processo de desinfecção da água destinada

ao consumo humano, e o uso deles está vinculado à necessidade de cada situação

e/ou sistemas a serem implantados. Contudo, o NaClO ainda é o mais empregado

dada a praticidade de uso do mesmo.

O uso do cloro na água potável busca a destruição de microrganismos que

poderiam resultar em várias doenças para a população dessas regiões, e, para

tanto, sua presença dentro das margens permitidas é um indicador da aptidão

sanitária (WHO, 2010).

A saúde das pessoas de comunidades rurais pode alcançar certa fragilidade

muitas vezes por falta da conservação dos serviços de saúde pública, de

orientações quanto ao manuseio dos meios de tratamento da água e também de

amparo na manutenção das necessidades básicas e primárias à saúde. Com uma

água de qualidade, alcançada através de aplicações de intervenções sociais, tais

como o uso do NaClO, condutas de higiene, educação ambiental, mudanças de

hábitos, os moradores de regiões isoladas alcançariam qualidade de vida e,

consequentemente, uma melhor relação com o meio ambiente.

Conviver com o meio ambiente é uma tarefa que exige dedicação, tomada de

postura, exercício de ecocidadania (Soffiati, 2011), e é esse propósito que a

educação ambiental busca proporcionar às pessoas, afinal, é na busca de valores,

habilidades e atitudes que alcançaremos melhor relação homem versus natureza. É

com o respeito ao meio ambiente, que deve ser inserido em todos os espaços

buscando a formação dos indivíduos que nele vivem de forma intermitente, sem

interrupções, que se pode alcançar uma sensibilização dessas pessoas. Como

afirma Sorrentino (2011), o compromisso de cada um dos bilhões de habitantes

deste planeta é essencial e insubstituível para a implementação das mudanças

radicais que o momento exige.

Afinal, ecocidadania é o ato consciente que cada cidadão reconhece através

de suas atitudes, de seus direitos, de suas responsabilidades, participações nas

mudanças que as retorne como benefícios para sobrevida de todos e do meio

ambiente por meio de ações simples, seja ela individual ou coletiva, considerando o

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meio ambiente como elemento fundamental da sua própria existência. Ao respeitar

o meio e o ecossistema, o homem assegura não só, uma melhor sobrevivência,

como também, a de gerações futuras.

A saúde dos moradores de áreas rurais de difícil acesso pode estar

diretamente relacionada à forma de como se trata a água a ser utilizada, água já

descartada que pode ser reaproveitada, os resíduos sólidos produzidos e as

condições de higiene, são conceitos fundamentais para se ter equilíbrio ambiental e,

consequentemente, saúde de melhor qualidade.

O controle de qualidade da água para o consumo humano em residência de

comunidades rurais, além da presença de um sistema de esgotamento sanitário,

assegura a redução e controle de doenças, podendo proporcionar melhores

condições habitacionais. As unidades de tratamento primário de esgoto doméstico,

como fossa séptica, unidade de recolhimento onde ocorre a separação da matéria

sólida da parte líquida, são consolidadas como uma ferramenta fundamental no

combate a doenças como verminose e endemias (dengue, malária e cólera).

Evitando o lançamento de dejetos humanos diretamente no meio ambiente

sem que haja algum tratamento possibilitaria melhores condições de higiene nas

populações rurais e daqueles que vivem em locais onde não há sistema de

tratamento de esgoto, o que acarretaria em um melhor estado de saúde dessas

pessoas.

Medidas como as citadas anteriormente resultariam na conservação dos

lençóis freáticos, pois são através deles que essas comunidades rurais abastecem

suas residências com água para o consumo diário.

A água se configura como entrada principal para a preservação da vida no

planeta visto que é um recurso natural que exerce influência na qualidade de vida

de todos os seres que habitam a Terra.

Segundo Meyer (1994), o modo de abastecimento e armazenamento de água

destinada ao consumo humano nas comunidades rurais é pré-requisito

incontroverso para uma água de qualidade e quantidade adequada, visando à

melhoria na saúde e construindo respeito quanto ao meio ambiente e à valorização

do estilo de vida de uma determinada região. Tudo isso pode ser conquistado

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através de mudanças de hábitos higiênicos, bem como do controle e prevenção de

doenças que estão diretamente ligadas às condições da qualidade de vida.

Essa relação direta do homem com o Meio Ambiente é alvo de preocupação

mundial em função da atual crise de água que enfrentamos. Suas ações e o

descaso quanto ao uso desse bem natural vem, por vezes, contaminando-o com

substâncias tóxicas e elementos patógenos, transformando a humanidade em um

agente enfermo de seus próprios atos.

Heller & Pádua (2010) ressaltam que ainda permanece um contingente

considerável da população mundial afastada do acesso a esse bem, que deveria ser

assumido como um direito indiscutível das pessoas.

Todavia, as instalações e captações de água nessas comunidades podem

ser indicadores suficientes que configuram uma relação não harmoniosa entre o

homem e o Meio Ambiente.

Diante do exposto, Kayser et. al. (2013) relatam que, em 2010, uma

resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas reconhece que o abastecimento

seguro e suficiente de água é um direito humano, e que uma das metas que

objetivava o desenvolvimento do milênio até 2015 seria de reduzir pela metade a

proporção de pessoas sem acesso à água potável e saneamento básico.

Segundo o Relatório Nacional de maio de 2014, o Brasil alcançou tal meta,

contudo, o principal obstáculo está em fornecer esclarecimento aos serviços de

saneamento básico em comunidades de difícil acesso (comunidades da zona rural).

Um dos fatores e razão maior desta pesquisa é a Educação Ambiental na

incorporação do respeito da relação natureza x homem, pois, segundo Loureiro

(2004) essa abordagem para ser transformadora deve ter ação permanente,

cotidiana e coletiva, buscando redefinir novas relações envolvendo todas as

espécies de vida; o exercício cidadania, onde todos possuem efetiva participação na

intervenção dos problemas e o rompimento dos hábitos outrora praticados, mas

que, de agora em diante, serão superados.

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Oliveira (2013) afirma ainda que a natureza está para o homem e o homem

está para a natureza, porque o homem é produto da história natural e a natureza é

condição concreta, então, da existencialidade humana.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. ÁREA DE ESTUDO

O lócus da pesquisa é a Vila Canoas que está inserida no Projeto de

Assentamento Canoas (PA Canoas) localizado no município de Presidente

Figueiredo à margem esquerda da BR-174 km139. Este assentamento, segundo o

relatório apresentado ao IDESAM (2015) foi criado em 1992, possui uma área de

28.850 hectares (ha) com 261 parcelas de terras e cerca de 260 famílias

beneficiadas pelo projeto e dessas apenas 95 famílias foram contempladas com a

reforma agrária, distribuídas nas cinco comunidades que constitui o assentamento,

sendo elas: Rio Pardo, Santa Terezinha, Urubui1, Urubui2 e Vila Canoas, é nesta

última localidade, onde ocorreu a referida pesquisa (Figura 7).

A Vila Canoas, distante da cidade de Presidente Figueiredo 39 km, destes,

32 km de acesso pela BR 174 e 7 km por estrada de chão batido e piçarrado

(Figuras 5 e 6). Sua localização atende às seguintes coordenadas geográficas –

latitude 1°49'46.33"S e longitude 60°11'38.44"O (Figura 4). Nesta Vila, encontra-se

distribuída 95 casas, das quais apenas 19 fazem parte do quantitativo do grupo dos

beneficiados pela reforma agrária destinada ao PA Canoas. Alguns órgãos

municipais como, Secretaria Municipal de Educação (SEMED), se faz presente na

Vila através da “Escola Municipal Santa Terezinha” (Figura 8) servindo aos anseios

educacionais dos moradores daquela região atendendo alunos da Vila e das

comunidades próximas e a Secretaria Municipal de Saúde (SEMS) com uma

Unidade Básica de Saúde (UBS), realizando atendimento médicos e odontológicos

em dias pré-estabelecidos pela Secretaria de Saúde. Todos esses órgãos assistidos

pela Prefeitura Municipal de Presidente Figueiredo. Mesmo assim, as doenças mais

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citadas pelo relatório do IDESAM (2015) são as respiratórias com 41% seguida das

verminoses com 28%.

Em relação ao perfil das famílias, o relatório destaca ainda que, os titulares

dos lotes são cidadãos com faixa etária de 50 a 69 anos e seus dependentes

(crianças e adolescentes) é a categoria com maior número de moradores.

Quanto ao grau de escolaridade das famílias na comunidade da Vila Canoas

o relatório observa que 50% não completaram o ensino fundamental e apenas 10%

chegaram ao ensino superior. Entre os titulares dos lotes, os não letrados,

representam a maioria, já em relação aos dependentes, 60% não concluíram o

ensino fundamental, no entanto 60% desse grupo (dependentes) são frequentes à

escola, escola esta localizada na própria vila.

Sobre a infraestrutura das moradias apresentadas, as casas em sua maioria

construídas de madeira, constituídas de sala, quarto, cozinha e são equipadas com

fossa simples para a excreção dos resíduos.

Quanto ao abastecimento de água, esse é realizado através de poços simples

e poucas famílias executa tal procedimento por meio de fonte natural ou compra no

comercio local.

A renda familiar, observada pelo relatório, ocorre na modalidade de

aposentadoria, extrativismo e agricultura. Entre os principais produtos estão, o

cupuaçu, a banana, o açaí, o côco, a pupunha, a macaxeira, o limão, a pimenta, o

abacate e a goiaba, sendo comercializados no comércio local ou na cidade de

Presidente Figueiredo. As 19 famílias anteriormente citadas, permanecem morando

e tralhando em seus lotes de terra, as demais, comercializaram ou abandonaram

seus lotes e foram morar na Sede do Município, provocando uma mudança na

estrutura do perfil dos moradores da Vila, descaracterizando, assim, a formação

inicial do assentamento.

Acerca da qualidade da água consumida na região, a enfermeira responsável

pela UBS, relata que não é apropriada para o consumo, pois não recebe o devido

tratamento. Na Vila Canoas, não há redes de abastecimento de água e saneamento

básico que atenda às necessidades dos moradores. Os mesmos utilizam cacimbas,

poços artesianos e fontes naturais para o fornecimento de água, alguns moradores

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optam por abastecer suas residências com água para o consumo através de

garrafões comprados no Município de Presidente Figueiredo ou no comércio local.

De acordo com o relato do ex-presidente da comunidade, na unidade da Vila

Canoas, esses 19 assentados de fato e de direito, continuam com suas atividades

corriqueiras como produções agrícolas e extrativismo. Os demais, num total de 76

dos 95 assentados, são moradores que mediante o Estatuto da Comunidade, estão

irregulares, por serem classificados fora das regras estabelecidas pelo estatuto do

PA Canoas. Esses moradores “não regulamentados” compraram somente o lote

rural ou casa na Vila, ou são parentes de algum assentado. Ainda diante do relato

do ex-presidente da associação de moradores da comunidade da Vila onde o

mesmo se refere a distribuição dos lotes de terras:

“Pelo estatuto do Assentamento feito pelo INCRA, cada família era para possuir um lote urbano na vila de 15 x 30 metros e construir sua moradia e um lote rural de 250 x 2000 (em ramal afastado da Vila) destinado à atividade agrícola, onde produziria o sustento de sua família. Nos dias atuais só nos resta 19 assentados, os outros já venderam seus lotes rurais, alguns desses que efetivaram a venda do seu lote rural não moram na vila, outros, além de já terem vendido seu lote rural, continuam morando na vila, além de trazerem parentes ou amigos e esses já terem comprado lotes urbanos e fixaram residência, e tem aquele que vendeu seu lote urbano e foi definitivamente morar no lote rural”.

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Figura 4 - Localização da Vila Canoas

Fonte: Google Earth

Figura 5 - Placa identificadora da Comunidade

Fonte: José Edson Lima da Silva – 2017

Figura 6 - Início do ramal da comunidade Rio Canoas saindo da BR 174

Fonte: José Edson Lima da Silva – 2017

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Figura 7 - Rua principal da Vila Canoas

Fonte: José Edson Lima da Silva- 2017

Figura 8 - Escola Municipal Santa Terezinha – Vila Canoas

Fonte: José Edson Lima da Silva- 2017

A escolha dessa comunidade para a realização de nossa pesquisa se deu

quando, em visita à Secretaria de Saúde do Município (SEMS) e ao setor da

Vigilância Sanitária, vinculado a essa Secretaria, constatou-se deficiências de

ordem social, ecológica, estrutural e política referente ao questionamento do

tratamento de água para o consumo. Em seguida, realizamos uma visita à

comunidade com objetivo de iniciarmos os primeiros contatos com os moradores,

bem como, conhecer a realidade socioambiental daquele ambiente.

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Por ser uma área de ocupação recente, sua intensa modificação pela ação

do homem nos levou a acreditar ser esse um cenário que poderia proporcionar uma

maior avaliação das alterações ambientais durante toda pesquisa e que pudesse

revelar as hipóteses desse estudo. Este conhecimento é essencial para orientar a

estruturação de sistemas de vigilância aos cuidados com o meio ambiente, com o

tratamento de água e, consequentemente, prevenção de doenças e auxílio na

modelagem de cenários futuros.

Em seguida, o projeto foi apresentado ao INCRA, órgão responsável pelo

apoio às ações no assentamento e às Secretarias Municipais – de Educação e

Saúde – daquele município.

O convívio com os assentados e as tomadas de decisões foram feitas de

maneira democrática, assim sendo, as realizações das etapas previstas nesta

pesquisa objetivaram envolver os participantes buscando a interação nas

realizações de ações comprometendo-se em realizar as atividades pelas quais

interage, sendo “investigador e objeto de investigação de sua própria prática”

(KEMMIS, 1987, apud PINHEIRO 2011).

Num ambiente colaborativo, segundo Deetz e Brown (2004), os indivíduos se

enriquecem de novos conceitos no momento em que eles percebem que a busca de

novos conhecimentos por meio de comunicação democrática, onde todos podem

trocar informações livremente, valorizando a convivência coletiva com o

compartilhamento de novas informações, gerando um conhecimento coletivo que

enriquece as experiências desses indivíduos, culminando na construção de novas

práticas.

Neste contexto o diálogo foi imprescindível para que ocorresse comunicação

colaborativa. (Minayo, 2010) afirma que esse tipo de pesquisa, responde a questões

muito particulares, [...] trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das

aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.

Nossa pesquisa obedeceu a três etapas assim descritas:

A seleção dos participantes.

Neste primeiro momento, no universo de 95 famílias, trabalhamos com uma amostra

de 37% (30 famílias) sobre do total de assentados na Vila Canoas, de forma a

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garantir uma aproximação da realidade, para tal, foram estabelecidos dois critérios

para esta seleção:

1. Os participantes deveriam morar na Vila e

2. Ter filhos devidamente matriculados e frequentes na escola da Vila.

Esses dois critérios foram assim definidos em razão de todas as atividades

terem sido desenvolvidas no âmbito escolar e os filhos dos responsáveis dos

domicílios selecionados para a pesquisa frequentarem esse ambiente.

Aplicação de formulário estruturado.

Nesta etapa coletamos informações através de conversações com os

responsáveis dos domicílios envolvidos na pesquisa sobre a fonte, a forma de

captação, armazenamento e uso da água.

Realização de Palestra acerca da temática e dramatização teatral,

contextualizando atividades diárias dos moradores da comunidade a respeito do

tratamento da água destinada ao consumo.

Neste momento, foram trabalhados os seguintes temas: Manejo sustentável

de sistemas de captação e armazenamento de águas de poços semiartesianos e

cacimba; Desinfecção da água antes de beber e Saúde da família, onde se

pretendeu discutir sobre a realidade ali encontrada.

Ao final dessas etapas, os alunos integrantes da amostra realizaram

produções textuais contribuindo, assim, para a confecção de uma cartilha, produto

final desta pesquisa, enfatizando os novos conceitos adquiridos voltados para as

boas práticas de captação, tratamento e armazenamento de água e educação

ambiental. Cada família participante deste trabalho receberá de forma gratuita um

exemplar da cartilha. No universo de 50 exemplares, além da distribuição aos

envolvidos na pesquisa, também serão disponibilizados 10 exemplares que

comporão o acervo da biblioteca da escola, os demais serão distribuídos entre os

órgãos colaboradores na realização deste trabalho.

O convívio com o ambiente comunitário foi importante para este estudo,

sobretudo, para conhecer os hábitos dos moradores no processo de captação,

manuseio e o cuidado com a conservação da água. O diário de campo e fotografias

foram ferramentas que nos permitiram fazer o registro das observações iniciais, as

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quais foram imprescindíveis para que se pudesse melhor planejar e executar as

atividades relacionadas aos objetivos dessa pesquisa.

Mizukami (2003), confirma ser de fácil identificação as características que

intercorrem as diversas compreensões que tenham como finalidade a mudança de

hábitos e de atitudes, respeitando os valores que constrói as relações democráticas

com a participação de cada sujeito envolvido na pesquisa, promovendo reflexões

sobre a prática do tratamento de água, críticas partilhadas na vivência com os

comunitários e mudanças apoiadas na decisão que cada um.

Promover a investigação e a reflexão da realidade comunitária a respeito do

uso da água, refletindo diretamente na participação dos indivíduos na esperança de

que haja mudança de comportamento e acreditando na superação do senso comum

ao passo que buscamos construir uma sensibilização por meio da Educação

Ambiental fazendo uso de instrumentos, como diálogo, palestra, teatro e produção

textual (composição de uma cartilha), configurou essa uma pesquisação, por

assumirmos uma postura diferenciada diante do conhecimento, uma vez que se

buscou conhecer e intervir na realidade da comunidade a respeito do uso e

tratamento adequado da água.

Todas as atividades foram desenvolvidas no ambiente escolar envolvendo

duas turmas, uma de 8º ano e outra do 9º ano, de forma a socializar e discutir os

procedimentos que os alunos tenham presenciado ou mesmo praticado na utilização

dos recursos no ambiente comunitário. Neste cenário, os participantes tiveram

argumentos suficientes para construir, com suas ideias, sugestões que julgassem

necessárias e que pudessem contribuir para minimizar os danos ao meio ambiente,

contribuir com o processo de tratamento de água para consumo e,

consequentemente, proporcionar aos participantes subsídios que os conduzissem a

práticas de novos hábitos, no que concerne a melhorar o tratamento de água.

As sugestões de mudanças vieram por meio de textos produzidos pelos

alunos das turmas acima citadas, onde, no universo de 40 alunos, os que foram

selecionados, com o auxílio do pedagogo da escola, do professor de língua

portuguesa e deste pesquisador, constituíram no produto final dessa dissertação,

onde os alunos procuraram descrever, diante do tema abordado nessa pesquisa,

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sugestões para melhoramento da qualidade da água dos moradores da

comunidade.

4.2. COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA E TERMO DE CONSENTIMENTO E

ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética, e os termos de

consentimento e assentimento livre foram devidamente assinados pelos

participantes dessa pesquisa. A proposta foi apresentada ao atual presidente da

comunidade, ao gestor da escola, ao diretor da UBS na vila, à Secretaria Municipal

de Educação (SEMED) e à Secretaria Municipal de Saúde (SEMS), em seguida,

com o auxílio do pedagogo da escola, pudemos selecionar os participantes, que

foram informados sobre os objetivos e etapas da pesquisa. Na oportunidade,

apresentamos os Termos de Consentimento, voltado aos pais e/ou responsáveis e

de Assentimento Livre e Esclarecido, destinado aos menores (Anexo), contendo

informações referentes à pesquisa, que foram assinados por cada participante em

duas vias, ficando uma em posse do pesquisador e outra com o participante, que

podia, a qualquer momento, sem qualquer prejuízo ou represália, retirar-se da

pesquisa.

4.3. ETAPAS FUNDAMENTAIS DA PESQUISA

O início das visitas à vila teve a intenção de identificar as fontes de

abastecimento e realizar o levantamento do número de famílias residentes na Vila

Canoas. Dentre essas visitas, uma foi ao pedagogo da escola para que pudessem

ser inseridas no calendário letivo da escola as atividades que seriam desenvolvidas

no âmbito escolar com participação dos alunos: palestras, produção textual e

produção de uma revista (cartilha) que terá a participação do grupo de alunos da

escola da Vila.

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Na tentativa de sensibilizar os moradores da comunidade quanto ao

tratamento e uso da água direcionada ao consumo, a participação da palestra que

foi realizada na escola serviu de base para o conhecimento utilizado na produção do

material da cartilha.

Para fins didáticos, elaboramos um fluxograma (Figura 9) acerca da

organização atribuída à pesquisa:

Figura 9 - Fluxograma com as etapas da pesquisa

5. RESULTADOS

Conforme os momentos desenhados para a pesquisa, os resultados foram

organizados, sendo que a pesquisa se deu em três momentos:

O primeiro momento, com a seleção dos domicílios a serem visitados, bem

como a coleta de assinatura dos termos e aplicação do formulário.

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O segundo momento, se deu pela Oficina de Educação Ambiental, com

palestras, teatro e produção textual.

O terceiro momento foi realizado a partir da reaplicação do questionário

previamente apresentado, considerando que o grupo em questão passou por uma

etapa de educação ambiental.

5.1. PRIMEIRO MOMENTO

Foram observados os hábitos dos moradores quanto ao tratamento da água

que eles utilizam para beber, a localização da fonte em relação à fossa negra, o uso

do hipoclorito de sódio na cloração da água e o estado de conservação da cacimba,

além da coleta de assinatura dos termos de consentimento e assentimento,

fechando com aplicação do formulário.

5.1.1. Hábitos dos moradores e caracterização das fontes de água.

Durante a visita, com auxílio do diário de bordo, foi possível observar os

procedimentos dos moradores quanto ao uso do hipoclorito de sódio, sobretudo, da

maneira que eles usavam o produto. Constatou-se que a maioria utilizava da prática

de despejar todo o líquido do frasco do produto diretamente dentro da cacimba. Foi

perguntado o motivo desse procedimento, e suas respostas foram para que o sabor

ruim que o produto deixava na água fosse evitado.

Quanto à identificação e caracterização das fontes, foi utilizada uma ficha

com objetivo de caracterizar as fontes que abastecem as residências da Vila

Canoas. Este formulário continha informações sobre o tipo de fonte de água de uso

geral e de beber, a localização da cacimba (dentro ou fora da propriedade) e se a

mesma era compartilhada com outro vizinho, o tipo de instrumento usado para

coleta da água, a distância do banheiro em relação à fonte, além de como são feitos

o tratamento e o armazenamento dessa água.

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Neste levantamento foram observadas diferentes variáveis na proteção da

fonte como: tipo de mureta ao redor do cacimbão, revestimento interno, tipo de

tampa (com ou sem frestas), características do terreno onde foi construída a

cacimba (aclive, declive ou plano) e características do terreno em torno da fonte, se

a mesma está protegida do acesso de animais e a distância entre a fossa e a fonte

de água.

Questão 1: Qual o tipo de fonte é utilizada no abastecimento de água para a

realização das atividades diárias como: lavar roupa, limpar casa, cozinhar, tomar

banho e escovar os dentes.

A resposta a essa indagação foi unânime no grupo de pessoas pesquisadas,

a fonte mais utilizada é a cacimba. Cada família conta com uma fonte, que é

construída pelos moradores sem um projeto que prime pela padronização, além de

não contar com fiscalização alguma. Cada morador é responsável por determinar o

tipo da fonte e o material usado na construção das mesmas. Em média, as cacimbas

apresentam um diâmetro de 80 centímetros a 1,5 metros, com um aprofundamento

que é definido por quem escava e é limitado quando alcança uma rocha, podendo

assim determinar a qualidade da água.

Questão 2: A água utilizada para beber é dessa mesma fonte respondida na

questão anterior?

A esse questionamento tivemos 27 (vinte e sete) famílias que usam para

beber água da mesma fonte. Apenas 3 (três) responderam que a água utilizada da

cacimba é destinada somente aos afazeres domésticos e que, para beber, compram

água potável na cidade de Presidente Figueiredo ou no comércio local. Há aqueles

que abastecem sua residência com água de outra comunidade próxima, utilizando

tambores e baldes para o transporte.

Questão 3: Se você respondeu cacimba na primeira questão, onde está localizada

essa fonte?

O ex-presidente da comunidade fez relatos sobre os critérios que cada

assentado utiliza na construção de sua cacimba:

“[...] cada morador a primeira coisa que ele faz quando vai morar na terra é fazer uma fossa negra, o vizinho faz outra fossa negra e cada um vai fazendo uma fossa negra. [..] e segundo uma

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cacimba, as primeiras águas que ele vai tirar ainda é ótima, daqui mais alguns meses já não tem mais água boa e a distância da fossa negra pra cacimba, eles não tem a preocupação”.

A localização das cacimbas acontece em três formas: A cacimba foi

construída dentro do perímetro do terreno urbano na Vila sem a orientação de

algum órgão responsável; outros não construíram cacimba dentro de sua

propriedade, mas utilizam água do vizinho e os cuidados quanto à limpeza da fonte

fica também sob a responsabilidade do proprietário da cacimba, e poucos

moradores têm seu abastecimento através de fonte afastada da Vila, onde os

mesmos buscam se proteger das prováveis contaminações provenientes do uso da

água da vila, buscando fontes distantes do local.

Gráfico 1 – Localização da fonte de água - cacimba.

23 (vinte e três) dos entrevistados, considerando que se trata dos chefes de

família, construíram suas cacimbas dentro do perímetro do terreno localizado na

Vila, 8 (oito) dessas fontes foram desativadas, algumas, por estarem em área

imprópria, uma vez que, no período chuvoso pode ocorrer a inundação dessas

fontes que estão próximas do igarapé. As demais, pelo morador assumir um nível

de conscientização de que sua fonte está inapropriada para servir sua residência e,

com isso, vedou a cacimba.

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Questão 4: A água que você utiliza em sua casa é compartilhada para uso de outras

pessoas da comunidade?

Algumas famílias compartilham água de propriedades vizinhas, pois o custo

da construção de uma cacimba é alto e nem todas têm condições financeiras de

arcar com despesas. Entre as pessoas que compartilham da mesma fonte, estão as

que são detentoras da fonte e compartilham da mesma com outro vizinho.

Gráfico 2 – Socialização da fonte

Questão 5: Que tipo de instrumento é usado para a captação de água?

Os moradores da Vila Canoas realizam a captação de água por meio de

bomba sapo (figura 9), por ter menor custo. Dos 30 (trinta) entrevistados, 29 (vinte e

nove) utilizam esse método e apenas 1 (um) faz uso de bomba centrífuga (figura

10). Entre os 29 que usam bomba sapo, estão aqueles que usam água da cacimba

do vizinho, que, por sua vez, faz uso de bomba submersa (bomba sapo).

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Figura 10 – Bomba submersa e Bomba centrífuga

Fonte: https://www.wikipedia.org

Questão 6: Distância da fossa séptica para a fonte de água que os moradores usam

para abastecer o consumo nas residências da comunidade.

Gráfico 3 – Distância da fossa x cacimba

Fazendo uso de uma trena pudemos constatar uma variação na distância

entre a fonte de água, cacimba e a fossa séptica ou fossa negra, como os

comunitários a chamam. Foi possível perceber que essa preocupação em manter

uma distância recomendada da cacimba para a fossa não é comum a todos os

moradores. Segundo CISAM5 (2006) sobre os requisitos para a construção das

fossas essas só podem ser empregadas em locais onde a água do subsolo não é

usada para abastecimento e ainda, a distância de segurança é de 15 a 30m das

possíveis fontes de água.

5 O CISAM – Conselho Intermunicipal de Saneamento Ambiental.

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Apesar de alguns terrenos sofrerem transformações e serem inundados no

período chuvoso, os moradores destas localidades ainda insistem em construir suas

cacimbas em tais locais para suprir suas necessidades diárias mesmo tendo ciência

de que, no processo de alagamento neste período, ocorre a transferência de

elementos externos, como fezes (humanas e animais) e lixo doméstico contendo

agentes patogênicos para o interior da cacimba, comprometendo assim a qualidade

da água e pondo em risco a saúde desses indivíduos.

5.1.2. Entrevista semiestruturada e observação do participante

A entrevista semiestruturada visou explorar a relação dos sujeitos com a

água disponível para o consumo da família, e ainda analisar o conhecimento de

prática sobre higiene e cuidados, sobretudo em relação às doenças de veiculação

hídrica. Assim, foi possível perceber que nem todas as famílias fazem distinção da

água para beber e da água para uso nas atividades domiciliares.

O roteiro da entrevista (Apêndice) contemplou questões relativas aos tópicos:

sobre a qualidade da água consumida e desinfecção da mesma; preferências sobre

o tipo de fonte e o método usado na desinfecção da água; conhecimentos sobre

doenças de veiculação hídrica (diarreia e parasitoses) e hábitos de higiene pessoal.

Buscamos compreender também se a qualidade da água consumida é tema de

conversas entre os moradores da comunidade e entre os membros da família do

entrevistado.

O modelo de entrevista semiestruturada foi escolhido por aproximar-se de um

diálogo focado e permitir o aprofundamento de informações (MINAYO, 2010).

Para auxiliar na análise das respostas dadas na entrevista, as perguntas

foram categorizadas em temas, conforme a divisão abaixo:

Conhecimento e atitudes em relação à qualidade da água para o consumo;

Conhecimento e atitudes em relação ao tratamento da água de consumo;

Conhecimento sobre doenças de veiculação hídrica;

Tecnologias sociais aplicadas sobre tratamento de água e educação

ambiental.

Algumas características das práticas sobre o tratamento da água para o

consumo na comunidade só podem ser plenamente observadas acompanhando o

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comportamento e os hábitos dos moradores no seu cotidiano. Com isso, a

observação do comportamento do participante foi utilizada como metodologia para

interpretação objetiva com duração de 1:30 (uma hora e trinta minutos) em cada

estabelecimento para o acompanhamento do trabalho doméstico.

Questão 7: Você sente segurança ao consumir a água que é utilizada na sua casa?

Observou-se através de relatos dos agentes de saúde que o lençol freático

que abastece a Vila, está ligeiramente contaminado, coincidindo com o relato do ex-

presidente da comunidade.

Era ótima, era nota dez, era boa, de ótima qualidade a água da nossa comunidade. Quando percebi que não dava mais pra confiar na qualidade da nossa água, passei a buscar água limpa numa fonte natural que tenho no meu sítio. Porém, depois que agravou minha saúde, eu pego água do poço de minha irmã aqui na comunidade.

Mesmo fazendo uso do produto químico para a cloração da água, 56% dos

entrevistados não se sentem seguros em usar a água da comunidade. O que pode

ser confirmado pelo relato de um antigo assentado e fundador do assentamento,

que diz.

Essa nossa água aqui era especial, se não contaminar a água do garapé, não contamina as fontes né, os poços, vem tudo de veia dele. Surgiu umas pedreiras por aí, surge resíduo de pólvora, de rastilho, pólvora, então essa água não é mais muito confiável não, ela tá toda contaminada.

Segundo a enfermeira da comunidade os moradores não dão a devida

importância ao uso do hipoclorito de sódio na água:

Olha, alguns usam o produto, outros não, alguns pegam pra outra finalidade, mas tem pessoas que pega o produto para lavar roupas ou usam de forma inadequada jogando dentro do poço e aí não vai ter o resultado satisfatório, porque é uma água que está em renovação, então ele despeja um quantitativo e pensa que já vai está eliminando os vetores. Mas algumas pessoas sim fazem uso, outras não gostam do produto, pois falam que fica um gosto diferente na água. O agente de saúde está orientado em fazer as

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recomendações da dosagem de duas gotas do produto por litro de água, porém logo após os agentes retirarem-se das casas, os moradores fazem da maneira deles. Para se alcançar resultados satisfatórios, teríamos que reeducar os moradores. É medida tão simples, mas a pessoa já tem na sua mente o que ele vai fazer, com isso torna nosso trabalho sem muitos resultados.

Diante desse descrédito dos moradores ao produto químico, há entre os

participantes da pesquisa um número considerável de pessoas que reclamam de

dores abominais e que, após a visita ao médico com a realização de exames de

rotina, é constatada a presença de verminoses.

Dos 30 participantes, 24 manifestaram dores abdominais, atingindo um

percentual de 80%, 3 participantes manifestaram a existência de vômitos, que

equivale a 10% do total. Destes 80%, cerca de 2% dos participantes apresentaram

também fezes líquidas.

Acerca disso, o INCRA, em relatório apresentado pelo Programa de

Assessoria Técnica, Social e Ambiental - Ates (2015) aponta que:

As doenças que mais afetaram as famílias foram: doenças respiratórias e verminoses. As doenças endêmicas como malária ou dengue, por exemplo, foram citadas por penas 5% das famílias e representam menos de 1% das doenças citadas, o que indica que estas doenças podem estar relativamente controladas.

Todos confirmaram ter conhecimento dos hábitos higiênicos antes das

refeições e após o uso do banheiro, contudo, eles acreditam não ser motivo de

tamanha preocupação, pois a prefeitura mantém a ida de um médico duas vezes

por semana na comunidade e a qualquer aparecimento de problemas de saúde o

médico estará na comunidade para ajudar a combater as doenças que poderão se

manifestar por não tomarem os devidos cuidados com a higiene pessoal e

domiciliar.

Mesmo acreditando ser a água o principal veículo de contaminação por via

oral e estando a comunidade apresentando índice acentuado de verminose, eles

acreditam que usar o hipoclorito de sódio distribuído pelos agentes de saúde, deixa

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um cheiro desagradável e um gosto ruim na água. Para os moradores, a água

proveniente do subsolo já é, por si só, própria para o consumo.

A realização de análises bacteriológicas e físico-químicas ao longo do

aquífero na região é responsabilidade da secretaria de saúde, esse controle deve

ser uma preocupação constante dos órgãos responsáveis, desta forma poderia

apontar se a contaminação é generalizada ou se medidas de proteção seriam

eficientes para garantir uma água segura para a população.

Questão 8: Água para o consumo humano deve apresentar algumas

características que podem ser percebidas no momento de consumi-la. Qual das

características abaixo você pode classificar a água de sua comunidade.

Gráfico 4 – Aspecto da água destinada ao consumo humano, segundo os moradores.

Buscando um diálogo com os moradores da comunidade sobre o

conhecimento que possuem sobre a qualidade da água consumida, procuramos

conhecer se os participantes conseguem diferenciar água poluída, água

contaminada e água potável, evidenciando três aspectos que, segundo CISAM

2006, são determinantes:

• Água potável – Denominada aquela que não tem micróbios patogênicos nem substâncias químicas além dos limites de

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tolerância e não é desagradável pelo seu aspecto a quaisquer dos nossos sentidos (visão, olfato, tato e paladar);

• Água poluída – É aquela que contém substâncias que modificam suas características e a torna imprópria para o consumo;

• Água contaminada – É a que contém micróbios patogênicos ou substâncias venenosas.

A partir desse diálogo percebemos que essa classificação da qualidade da

água passa pela percepção visual somente e que eles acreditam que a água que

consomem apresenta esses aspectos: cristalina, sem cheiro e sem sabor. Contudo,

existe entre eles uma preocupação com o tratamento da água que consomem. Eles

reconhecem que podem ser contaminados por ingerirem água contendo bactérias,

vírus e protozoários, mesmo assim, não se sentem responsáveis em conseguir,

através de medidas simples, como o uso correto do hipoclorito de sódio, água

própria para o consumo e, entendem ainda, que há uma necessidade do tratamento

da água e mudanças de hábitos por parte dos moradores em relação à qualidade do

produto consumido, visto que, na localidade onde vivem, há certa carência na

disponibilidade dos serviços públicos, como saneamento básico e orientações sobre

o bom uso da água. Percebe-se certa falta de sensibilização nesses moradores no

efetivo exercício da cidadania e garantia do uso sustentável dos recursos naturais

disponíveis na comunidade.

5.1.3. Prováveis fatores responsáveis pela contaminação da água.

A determinação da qualidade da água é um fator importante que é

condicionante na condição da disponibilidade desta, pois em locais de escassez ou

difícil acesso, a realização inadequada nos procedimentos de coleta, transporte,

armazenamento e forma de tratamento, pode torna-la fonte de contaminação,

favorecendo a incidência das doenças de transmissão hídrica (RAZZOLINI;

GÜNTHER, 2008).

A escassez desse bem natural (água) e de uso intermitente gera a busca por

fontes alternativas, podendo assim comprometer as práticas de higiene pessoal,

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método de captação, uso de vasilhames e de processos de desinfecção

inadequados.

A prática de lavar as mãos antes do manuseio e preparo dos alimentos e

antes das refeições foi observada em todos os entrevistados. Contudo, a maneira

que eles utilizam o produto NaClO para a desinfecção da água com a finalidade de

bebê-la, despejando o produto diretamente na cacimba, é um procedimento inviável

e até preocupante, uma vez que a água desta fonte se encontra em constante

processo de renovação.

Segundo os moradores, foi a maneira que eles encontraram de ficar livres do

sabor desagradável que o produto deixa na água e, nesta perspectiva, essa é a

única maneira de usar todo produto químico entregue pelos agentes de saúde, além

de possibilitar a neutralização do sabor que o produto deixa, proporcionando um

suposto conforto, sentindo-se assim, desobrigados a usar o produto no interior da

residência.

5.1.4. Identificação e característica das fontes de abastecimento de água.

Nesta etapa, na companhia do pedagogo da escola por ser este um educador

e um facilitador da aproximação dos moradores com o pesquisador, foram

realizadas as visitas domiciliares, seguido de conversa de 1:30 (uma hora e trinta

minutos) com cada entrevistado, onde esta foi gravada com a permissão do

participante, possibilitando o recolhimento de informações sobre as características

de proteção da fonte que abastece a sua residência com os seguintes resultados:

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Gráfico 5 – Características das fontes de água na comunidade

Segundo a Instrução Normativa Nº 15, de 30 de março de 2004, no seu art. 7º

o INCRA se qualifica como responsável de arraigar uma infraestrutura básica nos

novos assentamentos rurais, garantindo o correto abastecimento de água, que seria

uma ação primária a esses assentamentos.

A Vila Canoas foi contemplada com um sistema de abastecimento por meio

de poço perfurado em uma área onde estão localizadas a Escola Municipal Santa

Terezinha e, posteriormente, a UBS, onde, no eixo de circulação principal da vila,

fora implantada a tubulação que abasteceria as residências dos assentados.

Contudo, ao longo do tempo, esse sistema foi sendo desativado, com disseminação

de construção de suas próprias fontes de abastecimento de água por cada

assentado que possuía condições financeiras para tal fim. Assim, os moradores

assumiram a responsabilidade de efetuar o abastecimento de água de sua

residência para o consumo de sua família.

Segundo Amaral (2003), é acentuado o risco de contaminação bacteriana das

fontes no meio rural que apresentam condições inadequadas de proteção e estão

próximas de focos de contaminação. Ainda sobre a temática, Margulis (2002) aponta

que a falta de manutenção e ausência de melhorias no saneamento básico, além da

não conscientização da população no ato de educar, pode sim contribuir com

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resultados indesejáveis, pois esta seria uma das principais medidas no combate às

doenças de veiculação hídrica nestas regiões.

Nesta pesquisa foram observadas diferentes variáveis quanto à proteção da

fonte, entre elas a mureta ao redor da cacimba, a tampa da cacimba (se

ausência/presença, com ou sem frestas) o revestimento interno, a área escolhida

para a construção da cacimba (aclive, declive ou plano), como demonstrado no

gráfico 5.

Segundo Kravitz et al (1999), os elementos indispensáveis que garantem o

abastecimento seguro de água no meio rural são: a proteção das fontes, a mudança

de comportamento das pessoas na coleta e uso da água, além da ampliação do uso

de latrinas.

A proteção das bordas da cacimba ajuda preservar a qualidade da água onde

a desinfecção não é realizada com frequência, enfim, cada fator de proteção tem

sua relevância, contudo, todas as medidas devem ser tomadas para garantir o

abastecimento seguro de água.

Viana (1991), confirma que são primordiais as medidas para minimizar os

riscos de contaminação: a proteção da borda da cacimba com revestimento das

paredes em alvenaria ou concreto que venha coibir o transporte das águas pluviais

do exterior para o interior da cacimba, o aparelhamento de tampa de forma a evitar

também esse contato, enfim, uso de bombas, seja ela manual ou elétrica, evitando,

assim, o uso de baldes e cordas.

Andrade (2007) declara ainda que o escoamento superficial de esgotos

sanitários contribui para o crescimento da contaminação das cacimbas

Questão 9: O que você acha que deve ser feito para melhorar a qualidade da água

que é consumida na comunidade Vila Canoas?

Entre os participantes da pesquisa, 90% acreditam que uma mobilização

orientada e continuada, realizada pelos órgãos ambientais e municipais (Vigilância

Sanitária, Secretaria Municipal de Saúde) e até mesmo pelo INCRA, como palestras

sobre os temas “educação ambiental, manuseio dos recursos no tratamento de

água, orientações na construção de cacimba ou poço artesiano, implantação de um

sistema de água e esgoto”, serviriam para mostrar aos moradores a importância de

como obter água de qualidade. Tais ações proporcionariam aos moradores da Vila

Canoas um nível maior de sensibilização, tanto no cuidado com o meio ambiente,

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como na melhoria dos hábitos de captação e tratamento da água destinada ao

consumo.

Através de uma parceria Prefeitura e INCRA, o planejamento de novos poços

artesianos para o abastecimento de água de qualidade, produziria resultados mais

satisfatórios. Mesmo a construção das cacimbas sendo executadas por cada

morador, destacamos que alguns não fazem o uso do hipoclorito de sódio da forma

que é recomendada pelos agentes de saúde, os mesmos preferem fazer uso de

seus conhecimentos empíricos, como: ferver ou coar água em vasilhames como

baldes de plásticos.

Existem ainda moradores que qualificam a potabilidade da água por ser ela

cristalina e acharem que essa água não precisa de tratamento algum. Essa é uma

concepção errônea, no entanto, muitos dos moradores não tem condições de fazer

avaliação mais profunda e, nesse caso, fica evidente a necessidade de intervenção

do poder público ou de organismos institucionais ou mesmo organizações não

governamentais com fins humanitários.

Questão 10: Você faz uso do hipoclorito de sódio para tratamento da água que sua

família usa no consumo diário?

Essa pergunta embora a resposta direta indique que os participantes tenham

uma determinada postura ela está eivada de impressões nada realísticas quanto ao

uso correto, sendo que fica evidente que a resposta direta apenas denota uma

intenção de uso intrínseca a esses moradores por provavelmente internamente

terem a real consciência da necessidade, no entanto, em outros momentos da

pesquisa foram observados os comportamentos que desvelam essa postura e

explicitam a realidade quanto ao uso correto do hipoclorito de sódio.

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Gráfico 6 – Total dos participantes que afirmam fazer uso do produto químico.

A distribuição do produto químico (NaClO) realizada pelos agentes de saúde,

ocorre de maneira efetiva. Apesar do uso desse produto ser manifestado pela

maioria dos moradores, é a maneira com que eles aplicam o produto que deixa

dúvidas da eficácia do mesmo. Há moradores que afirmam o uso do produto quando

lembram; outros usam uma quantidade inferior à recomendada. Em suma, 90% dos

moradores fazem uso desse recurso para qualificação da água destinada ao

consumo em suas residências, porém, não seguem as recomendações repassadas

pelos agentes de saúde, resultando em um problema de comunicação.

Questão 11: Quais desses sintomas acontecem com maior frequência, entre seus

familiares?

As respostas a esta pergunta são claramente relacionadas ao mau uso dos

meios de tratamento da água ou mesmo referentes aos hábitos de higiene

praticados pelos moradores, basicamente pode-se relacionar também com a

condição consequente de um péssimo sistema de saneamento básico ao qual é

submetida essa comunidade.

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Gráfico 7 – Recorrência de sintomas relacionados ao consumo de água

Sobre essas ocorrências, a enfermeira responsável pela UBS da

comunidade relata:

É recorrente questões de vômitos, dores abdominais, as vezes essas dores não ocorrem com diarreia, as vezes nós temos diarreia recorrentes em uma determinada família e isso vai desde da situação de higiene pessoal até aos cuidados com a água.

Contudo, há comunitários que só realizam exames de rotina quando

apresentam os sintomas acima citados, enquanto 46,6% dos entrevistados têm por

hábitos a realização de exames.

Entre os entrevistados, 20% relacionaram à ocorrência de diarreia à água

contaminada, 25% à comida e 53% responsabilizam o surgimento dos sintomas a

vírus, vermes ou bactérias.

A tabela 4 mostra que os participantes têm consciência da qualidade da água

que eles consomem na comunidade. Há um percentual baixo de participantes que

não soube descrever o motivo da ocorrência da diarreia, sendo essa, talvez,

causada por algum tipo de infecção.

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Tabela 3 - Alguns fatores, segundo os moradores, podem causar diarreia.

Fatores O que causa diarreia

Comida 25%

Verme, vírus ou bactérias 53%

Água contaminada 20%

Falta de higiene 00%

Não souberam / não responderam 02%

Importante notar a baixa consciência de que a falta de higiene tem

participação nos casos de infecções nos moradores quanto as doenças

apresentadas pelos integrantes da comunidade.

Questão 12: Você conversa com seus vizinhos ou já ouviu alguém falar a respeito

da qualidade da água da comunidade Vila Canoas?

Gráfico 8 – Nível de preocupação em meio aos comunitários

No dia a dia dos comunitários não é comum haver manifestação de

preocupação quanto à qualidade da água consumida. Eles transferem questões

relacionadas a este tema apenas à comunidade escolar. Cerca de 80% dos

comunitários acham irrelevante essa preocupação, pois acreditam que a

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responsabilidade de qualificação da água na comunidade é dos órgãos municipais.

Não sendo de competência dos moradores, discutirem essa temática.

Com isso, ao fazer o mesmo questionamento a respeito da preocupação com

a qualidade da água em discussão dentro da família, o resultado não foi muito

diferente, pois eles confirmam a transferência dessa responsabilidade aos órgãos

competentes.

Importante perceber que a falta de coesão nas concepções a respeito das

necessidades da comunidade claramente denota uma tendência social desses

moradores em não se articularem para buscar soluções que atendam a todo o

quantitativo da comunidade. Essa tendência se agrava se a comunicação entre os

moradores acerca dos problemas que os assolam fica prejudicada, produzindo

assim indivíduos cada vez mais alienados a respeito do exercício da cidadania.

Mais uma vez urge a realização de atividades que façam a integração da

comunidade mesmo que seja para evidenciar suas mazelas de maneira que a

consciência da necessidade de solução apareça, mesmo que ainda com poucas

condições de serem sanadas, mas pelo menos que sejam enumeradas e que os

recursos possam ser buscados a partir dos diversos e possíveis canais,

considerando a região bastante vascularizada de empresas e interesses

econômicos que a circundam.

Nesse contexto empresas e poder público podem atuar visando a

manutenção dos recursos naturais que ali se concentram e ainda a preservação da

vida dessas pessoas.

Questão 13: Das medidas abaixo, qual (is) você acha necessária (s) para amenizar

as consequências dos males acometidos pelo consumo de água não potável?

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Gráfico 9 – Ações amenizadoras

A partir das repostas diretas apresentadas a essa pergunta, fica evidente

que uma interação entre moradores e órgãos públicos seria de grande valia na

busca de alternativas para amenizar os problemas advindos do consumo de água

na comunidade. O relato da enfermeira, onde a mesma informa as dificuldades

frente à condução dos trabalhos executados, vai ao encontro com o problema

encontrado:

“Acho que uma mobilização, pois tudo parte da questão de massificar os dados [...] Uma parceria com a escola galgaremos no futuro uma população voltada para as causas ambientais, principalmente com os adolescentes como multiplicadores”.

Mais uma vez temos uma importante opinião que se resume em um resultado

de observação diária da realidade dessa comunidade. Consiste de fato em uma

indireta avaliação etnográfica, pois retrata uma percepção livre de qualquer viés

cientológico, mas muito rico por ser originado por quem realmente convive com

essas pessoas na comunidade.

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5.1.5. Armazenamento e tratamento da água

O abastecimento de água para consumo passa a ser um ponto crítico nessas

comunidades rurais. Isso porque, com a crescente adesão a esse novo modelo de

ocupação e o aumento da população neste novo espaço geográfico, a procura pelo

abastecimento das residências com água passa a ser uma necessidade. Nestas

localidades, distantes de centro urbano, esse abastecimento se faz através de

meios alternativos como poços rasos, cacimbas ou nascentes, bastante

susceptíveis à contaminação. Assim sendo, o risco de ocorrer infecções e doenças

de veiculação hídrica é elevado, uma vez que muitas dessas fontes estão

inadequadamente construídas ou conservadas, além de se encontrarem próximas

de áreas contaminações, como fossas sépticas, área de recolhimento de lixo

doméstico e por criação de animais (AMARAL et. al., 2003).

Captação, transporte, armazenamento e tratamento, nesta ordem, podem ser

fatores que determinarão a qualidade da água para o consumo humano, assim

como a disponibilidade da mesma, pois em locais de escassez ou de difícil acesso,

a realização inadequada nos procedimentos de coleta, transporte e armazenamento

pode se tornar fonte de contaminação, favorecendo a incidência das doenças de

transmissão hídrica (RAZZOLINI; GÜNTHER, 2008).

Não se descartam os cuidados no uso de vasilhames para o

acondicionamento de água, procedimento que pode ser comprometedor para a

qualidade desse produto, pois, dependendo de como é realizado o armazenamento

e o tratamento, moradores dessas localidades podem estar expostos a riscos de

contaminação microbiológica.

Na comunidade, água é retirada da fonte por uma bomba sapo que exerce

pressão no seu interior e lança a água para a superfície. Seu armazenamento

geralmente é feito por meio de caixas d’água ou baldes, ainda há aqueles que

preferem fazer uso da água, extraindo direto da cacimba.

Na tabela 5, apresentamos o resultado quanto à prática de tratamento e

armazenamento de água dos moradores da Vila Canoas, mediante as suas

atividades diárias.

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Tabela 4 - Armazenamento e tratamento de água na Vila Canoas

Atividades/ Onde trata água?

Cacimba Caixa d’água

Garrafão (balde)

Garrafa “pet”

Compra na

cidade

Total

Tarefas domiciliares e de higiene pessoal

13 13 4 - - 30

Consumo (beber) 5 1 4 17 3 30 Onde é tratada a água 15 - 4 11 3 33

Fonte: José Edson Lima da Silva

Neste cenário, os moradores da vila, mesmo cientes da precariedade no

sistema de distribuição de água na comunidade, desprezam cuidados essenciais

para se obter água própria para o consumo, chegando a usar, inclusive, recipientes

inadequados para seu armazenamento. Por exemplo, as garrafas “PET”, que são

embralagens plásticas de refrigerantes, reaproveitadas para armazenamento de

água.

Cuidados como a regularidade do uso do hipoclorito de sódio, bem como um

manuseio adequado, não são de preocupação de todos. A maioria dos moradores

que faz uso da água consumida direto da cacimba despeja o produto químico

diretamente dentro dela.

Com a renovação constante da água nestas fontes, esse procedimento

deveria ser realizado de maneira mais segura e eficiente, com medidas precisas

(executando adequadamente os processos de captação, armazenamento e

tratamento), procurando, desta forma, garantir a saúde das pessoas que moram

nessas regiões e se encontram desprovidas de sistemas de abastecimento

adequados para o consumo humano.

Questão 14: Como são tratados os resíduos sólidos em sua casa?

Durante os primeiros contatos com a comunidade, percebemos que não

havia um sistema adequado de coleta de resíduos sólidos, que, em sua maioria,

eram queimados ou jogados no igarapé da Vila. Contudo, após conversa com a

Secretária de Saúde do município, um carro coletor passou a ser designado para a

coleta, e, no ato da aplicação do questionário, cerca de 87% dos moradores (vinte e

seis) já passaram a fazer uso do novo sistema.

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Gráfico 10 – Cuidados com os resíduos/residência

Faz-se necessário ressaltar que, para boa parte da comunidade, esses

problemas relacionados à má qualidade da água se dão, em parte, pelo descaso do

poder público.

Segundo alguns moradores, falta um planejamento de atividades que

envolvam os comunitários e os agentes de saúde na discussão acerca do uso do

NaClO. Defendem a necessidade de maior contato para verificar se estão de fato

usando o produto de maneira correta, uma vez que são nessas visitas extras que a

verificação pode ser realizada.

Relatos como do ex-presidente da associação de moradores da comunidade,

que questiona o abandono da comunidade por parte do poder público, vem reforçar

tal cenário. Quando este foi indagado sobre a possível existência em algum

momento na comunidade sobre a realização de algum trabalho por iniciativa do

poder público para ajudar no enfrentamento desses problemas que surgiram e

surgem quanto ao tratamento da água, a resposta dele foi categórica – Não!

O ex-presidente da associação de moradores da comunidade inclusive

informou que havia água encanada que vinha do poço da escola, mas depois

passou a ser insuficiente até cortarem o fornecimento e restringir tal abastecimento

à escola e ao posto de saúde.

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A comunidade tem noção de que incentivar os jovens a consiste de etapa

importante tanto para a preservação como para a manutenção da vida das pessoas

que convivem em comunidade. Evidencia-se a importância de se educar as crianças

para quando, no futuro, poderem gozar dos benefícios de uma convivência

harmônica com o meio ambiente.

O comunitário, sobre essa importância de trabalhar com os mais jovens,

afirma ainda:

...Eu acho que a ideia é louvável [...] Já pensou os meninos de 10, 12 anos chegar em casa e começar a falar, “mãe vamos fazer assim, foi assim que eu aprendi na “palestra” [...] Porque, daqui eu não sei quantos anos mais estaremos aqui, e eles vão ocupar nosso espaço.

Evidencia-se, então, a preocupação com ações educativas voltadas para a

conscientização ambiental. A ideia é criar multiplicadores que serão responsáveis

pela disseminação das informações necessárias para a preservação do meio

ambiente, o que, consequentemente, proporcionará uma melhor qualidade de vida.

5.2. SEGUNDO MOMENTO

Nesta etapa fora aplicada palestra e teatro com as duas turmas de alunos

previamente selecionadas (8º e 9º ano), tendo como critério as turmas cujos alunos

são filhos das famílias que foram visitadas e que estão participando da pesquisa. Na

palestra, abordamos temas como: descarte correto dos resíduos sólidos, cuidados

com o meio ambiente, uso do hipoclorito de sódio, manutenção de cacimbas e

armazenamento adequado da água. No teatro, com a participação de seis alunos

das turmas citadas, foi desenvolvido uma peça teatral (texto do teatro no Apêndice

5) com objetivo de alcançar a sensibilização dos demais alunos participantes, sobre

a importância do uso adequado do hipoclorito de sódio, disponibilizado pelo

Ministério da Saúde e o papel do agente de saúde.

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Esses temas foram selecionados a partir do primeiro contato com os

moradores, levando-se em consideração, as necessidades percebidas pelo olhar do

pesquisador durante o período de observação.

Após a realização da palestra e do teatro, os alunos se comprometeram a

disseminar os conhecimentos vivenciados nestes dois eventos junto aos pais e

familiares, cujo objetivo maior foi incentivar o uso do agente químico, a importância

do mesmo e criar subsídios para a realização da produção textual sobre o que foi

trabalhado para a composição da cartilha, produto final desta pesquisa, que será

divulgada na comunidade. Vale ressaltar que a participação dos filhos neste

processo de conscientização se revela como esperança para a melhoria da

qualidade de vida na comunidade, uma vez que os pais se mostraram resistentes a

mudanças veiculadas pelos agentes de saúde e profissionais da área.

5.2.1. Oficina de Educação Ambiental

Após a realização da palestra, foram distribuídos questionários aos 30 alunos

das turmas participantes, com a intenção de verificar a opinião dos mesmos sobre o

nível de abstração do conteúdo da palestra e da relação de convivência dos

comunitários com o meio ambiente. Para tal, foi sugerido aos alunos a utilização de

três emojis6 ( ) ) por estes serem presente na linguagem cotidiano dos jovens

e assim, com o intuito de avaliar os cuidados com o meio ambiente e a projeção da

comunidade em uma visão futura dos comunitários. Os alunos, diante de cada

questionamento, manifestaram suas opiniões, respeitando a seguinte legenda:

Muito satisfeito – admite que não há necessidade de mudanças estando de pleno

acordo com a situação ambiental;

Satisfeito – concorda em partes, mas ainda tem muito que melhorar;

6 Os emojis são símbolos criados para dinamizar a comunicação, além de garantir uma linguagem divertida e

atual. Justamente pelos entrevistados serem adolescentes, esse recurso foi adotado, estimulando assim, uma participação mais ampla.

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Insatisfeito – admite que não concorda absolutamente com nada e que há

necessidade de medidas emergenciais.

No primeiro questionamento, foi sugerido aos participantes que se

manifestassem quanto à relevância do conteúdo, fazendo referência às questões

abordadas em relação à Gestão e tratamento de água para o consumo humano,

através da seguinte indagação: Qual sua opinião quanto à palestra?

Dos 30 participantes o resultado foi o seguinte:

Muito satisfeito – 29 (vinte e nove) – 97,5%

Diante da empolgação dos alunos foi possível perceber a preocupação que o evento iria

proporcionar, pois se tratava de uma prática não muito habitual no ambiente escolar. A partir

do quantitativo que optou por esta alternativa, foi possível perceber o impacto positivo da

atividade para a realidade da comunidade escolar.

Satisfeito – 1 (um) – 2,5%

Insatisfeito – 0 (nenhum) – 0 %

Os alunos acreditam que mais momentos como esses seriam de grande

importância para despertar a consciência aos habitantes da Vila. Apenas um

estudante se colocou como “satisfeito”, pois entendia que a ação deveria ser

realizada em outra parte da comunidade. Nenhum aluno se manifestou contra.

No segundo questionamento, foi sugerido aos alunos que manifestasse sua

opinião quanto à preocupação dos moradores da comunidade Vila Canoas a

respeito do uso de maneira racional dos recursos naturais disponíveis na Vila, por

meio da seguinte indagação: Os moradores da comunidade Vila Canoas utilizam

os recursos naturais de forma racional? O resultado foi o seguinte:

Muito satisfeito – 2 (dois) – 6%

Seis por cento dos participantes revelaram estar muito satisfeitos com a maneira da

comunidade utilizar os recursos naturais como elementos essenciais à sobrevivência.

Satisfeito – 10 (dez) – 34%

Muit

o satisfeito

S

atisfeito

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Dez por cento consideram o uso “razoável”, pois acreditam faltar mais trabalhos

envolvendo o esclarecimento de como conviver melhor e aproveitar os recursos de maneira

racional.

Insatisfeito – 18 (dezoito) – 60%

Sessenta por cento acreditam que o meio ambiente sofre com as ações diárias dos

moradores mais antigos. Segundo os estudantes, existe resistência quanto a mudanças de

hábitos dos moradores acima de 60 (sessenta anos). Contudo, acreditam que tal fato possa ser

superado com novas ações voltadas para reeducá-los.

Os alunos se mostraram preocupados com o futuro dos recursos naturais

disponíveis na comunidade. O resultado nos mostra como essa inquietação vem

deixando-os insatisfeitos com ações como: desmatamento próximo às margens do

rio, descarte de resíduos sólidos no leito do rio e ocupação desordenada do espaço

geográfico dentro da comunidade.

No terceiro questionamento, foi proposto aos alunos que fizessem uma auto

avaliação a respeito de suas responsabilidades no cuidado com o meio ambiente,

através da seguinte indagação: Você se considera um cuidador, um respeitador

do meio ambiente? O resultado foi este:

Muito satisfeito – 10 (dez) – 34%

No universo de 30 (trinta) alunos, trinta e quatro por cento aceitam fazer a diferença,

considerando-se, inclusive, a nova geração que irá cuidar da comunidade e podendo

proporcionar novas esperanças para um futuro melhor, tendo o meio ambiente como aliado a

essa expectativa.

Satisfeito – 20 (vinte) – 66%

Com uma expectativa de um futuro em harmonia com a natureza, os alunos mostraram,

em seus comentários, que sua geração é alicerçada por um maior nível de esclarecimento,

tendo maior sintonia com o meio ambiente e podendo sonhar com uma comunidade diferente

da que os seus pais construíram, por isso, esperam alcançar tal sintonia com a natureza, para

poder usufruir de um ambiente onde todos participem das mudanças na comunidade.

Insatisfeito – 0 (zero) – 0 %

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Uma vez que nenhum aluno se manifestou neste item, acreditamos estar no

caminho certo, participando da transformação e sensibilização dos comunitários,

contribuindo com novas experiências em educação ambiental nas comunidades de

difícil acesso.

O quarto questionamento foi dividido em duas partes, e os alunos tiveram a

oportunidade de se sentir responsáveis por decisões que devam ser tomadas por

todos que usufruam de ambientes saudáveis. Para tanto, foi dada a seguinte

orientação: Manifeste sua opinião para cada afirmação.

O homem tem o direito de fazer do meio ambiente o que quiser, como

quiser pra viver e criar seus filhos.

Muito satisfeito – 3 (três) – 10%

Diante do questionamento, dez por cento dos participantes concordaram que o

meio ambiente existe para suprir as necessidades do homem, e que há uma

diversidade de recursos naturais que vão se renovando quando esses forem

explorados.

Satisfeito – 2 (dois) – 6%

Apenas seis por cento concordam e acham razoável a exploração do meio em

que vivem. Chegando um dos participantes a afirmar que O homem está para natureza

e a natureza está para o homem.

Insatisfeito – 25 (vinte e cinco) – 84%

No ambiente de preservação, oitenta e quatro por cento dos alunos discorda da

afirmação, pois defendem um consumo racional, uma vez que almejam ver a

comunidade inserida em um ambiente natural sustentável.

Vale ressaltar que, dos 30 participantes, 03 (três) concordaram em usar dos

meios necessários para poder assim criar seus filhos, subintende-se que mesmo

que esses meios fossem acarretar um possível mau uso dos recursos naturais.

Apenas 02 (dois) se posicionaram que “se não houvesse outra maneira, não se

importariam de fazer uso dos recursos naturais para oferecer comida e moradia aos

seus filhos” e, 25 (vinte e cinco) foram mais cautelosos e afirmaram que a melhor

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solução seria todos unidos na preservação, pois, assim, eles teriam melhores

condições de escolher o que seria importante para o futuro de seus filhos.

Diante do cenário de preocupação que cada indivíduo mostrou quanto a essa

necessidade, formulou-se um segundo questionamento, buscando certificar sobre a

visão futura do grupo, colocando o homem como o principal responsável pelas

mudanças que podem transformar o nosso planeta.

Para tal, proporcionamos a segunda parte do quarto questionamento através

da seguinte reflexão:

É preciso haver uma solidariedade entre homem e meio ambiente, pois

ambas são partes essenciais para um futuro melhor.

Muito satisfeito – 26 (vinte e seis) – 86%

Entre os participantes é notória a preocupação de uma convivência harmônica

entre homem e natureza, deixando claro que o homem necessita respeitar o meio

ambiente, pois tudo que o homem oferece à natureza através de maus cuidados, ela

devolve em forma de não positiva. Neste contexto, observamos uma preocupação de

cada participante com o conteúdo da palestra, que os incitou a se perceberem como

colaboradores diretos desta relação. Os estudantes revelaram entender que não

podem se eximir de suas responsabilidades, devendo, cada um, colaborar com

situações futuras envolvendo o meio ambiente, sem se preocupar em procurar

culpados, mas sim, buscar uma união em prol de um futuro melhor.

Satisfeito – 3 (três) – 10%

Três participantes assinalaram estar “satisfeitos” com a prática dessa solidariedade,

contudo, revelaram temer que isso seja muito difícil de ser alcançado tendo em vista a postura

egoísta de boa parte da humanidade que está preocupada apenas em prosperar, sem se

preocupar com a natureza.

Insatisfeito – 1 (um) – 3 %

Apenas um participante assinalou não concordar ser possível essa convivência

harmônica entre homem e meio ambiente.

No questionamento seguinte, foi criada uma situação onde parte dela é uma

realidade no dia a dia da comunidade como “uso indiscriminado de madeira”. Foi

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levantada uma hipótese que conduzisse os participantes a refletirem quanto ao

descaso que as ações dos comunitários incidem em práticas de conservação do Rio

Canoas, o mesmo tem o percurso de suas águas dentro da comunidade, onde os

moradores desfrutam delas para lazer, irrigação de suas lavouras e,

consequentemente, o abastecimento das necessidades de outras comunidades da

região (Rio Pardo, Santa Terezinha, Urubui1, Urubui2).

Suponha que uma madeireira e uma fábrica de papel irão ser instaladas

na Vila Canoas. A Madeireira foi autorizada pelos órgãos responsáveis a fazer

uso da madeira que julgar economicamente viável. A Fábrica de papel, além

de fazer uso da matéria-prima (madeira para a fabricação do papel), despejará

produtos químicos no igarapé da comunidade. Opine.

a) As empresas, mesmo degradando o meio ambiente, serão bem-vindas, pois trarão emprego e dinheiro para a comunidade. Muito satisfeito – 1 (um) – 3 %

Satisfeito – 3 (três) – 10%

Insatisfeito – 26 (vinte e seis) – 86%

Mesmo levando em consideração o conforto financeiro que essas empresas

poderiam proporcionar às famílias da Vila, os alunos foram implacáveis em se

posicionar insatisfeitos, não com a instalação das empresas, mas com os resultados

das atividades desempenhadas por elas. Afirmaram ainda que, mesmo diante da

necessidade que o homem tem de sobreviver, ele não pode comprometer o futuro

de novas gerações destruindo a natureza.

Embora essas consistam de respostas diretas a perguntas contextualizadas,

só o fato de essas pessoas terem o contato com tal situação já significa que um

início de diálogo está sendo criado e possivelmente novas discussões possa surgir

a partir dessa colocação.

b) Precisamos preservar a natureza, o ambiente em que vivemos, só assim, teremos um futuro melhor. Muito satisfeito – 26 (vinte e seis) – 86%

Satisfeito – 3 (três) – 10%

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Insatisfeito – 1 (um) – 3 %

Cerca de 86% dos participantes reconheceram que se não cuidarmos do

meio ambiente, as gerações futuras sofrerão as consequências. Os demais sentem

dificuldade em considerar isso viável, tendo em vista o descaso dos seres humanos

com os recursos naturais.

Finalizados os questionamentos, os participantes foram dispensados para

que pudessem, junto aos familiares, debater o que fora exposto ao longo do evento.

5.3. TERCEIRO MOMENTO

Após a realização da palestra, do teatro e dos questionamentos levantados, os

alunos tiveram cerca de dez dias para conversar com suas famílias sobre os temas

debatidos. Em seguida, realizamos o terceiro momento da pesquisa: reaplicação do

formulário, a fim de verificar se houve mudança na forma de pensar, nos hábitos

quanto ao uso do agente químico e a exploração de forma racional dos recursos

naturais dentro da comunidade.

5.3.1. Análise dos gráficos

Gráfico 11 – Quanto ao uso do agente químico

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Cerca de 25 moradores já fazem uso do produto, contudo, outros preferem

ainda consumir a água sem nenhum tratamento mesmo sabendo dos riscos à

saúde.

Gráfico 12 – Quantidade de gotas no ato da cloração da água

Cerca de 13% dos moradores insistem em usar apenas uma gota do protudo,

na tentativa de evitar o sabor que consideram desagradável. Um pouco mais de

80% deles passaram a usar as duas gotas recomendadas por litro de água.

Constatamos ainda que, menos de de 10% fazem uso de três gotas do produto. Isso

deve ao fato de acharem que a quantidade maior poderá protegê-los mais. O

aumento do percentual de moradores utilizando a quantidade correta do produto se

deve, sobretudo, ao trabalho de sensibilização realizado com os alunos durante a

pesquisa. Isso foi comprovado, fazendo um paralelo do antes e depois da

intervenção, onde a confiança dos moradores quanto ao uso da água comungado

com o agente químico aumentou consideravelmente, saindo de 13 para 28

residências, e os mesmos declararam estar mais seguros na utilização da água

consumida na comunidade.

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Gráfico 13 – Comparativo quanta a segurança em usar água da comunidade. Antes da intervenção Depois da intervenção

6. CONCLUSÕES

As atividades previstas na pesquisa buscaram identificar os hábitos e

impressões sobre qualidade da água dos membros da comunidade estudada, o que

foi possível abstrair claramente que os moradores da comunidade em geral

mantinham hábitos de higiene questionáveis sobretudo quanto à manutenção da

qualidade da água deixando clara a necessidade de uma intervenção um pouco

mais compreensível quanto ao contato e implantação de atividades.

Foi possível avaliar o emprego de tecnologias sociais7 para a captação e o

tratamento da água visto que no que tange à captação, a pesquisa se concentrou

na forma como os comunitários fazem a construção e proteção de suas cacimbas,

sendo que ficou evidente que há uma carência real em relação ao cumprimento dos

reuquisitos básicos previstos pelos órgãos competentes. Sobre o uso do agente

desinfetante (hipoclorito de sódio) ficou evidente a imperícia dos comunitários em

7Segundo o Instituto Kairos, Tecnologias Sociais são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis e

inovadoras, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representam efetivas soluções de

transformação social, às diversas realidades aonde elas se aplicam.

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seu uso e dos agentes de saúde quanto ao esclareciemtno e distribuição do

produto, resultando no caro desperdício do mesmo.

Em função da clara necessidade de intervenção junto ao poder público e a

comunidade no sentido de ajustar as inconformidades percebidas foi possível

aplicar estratégias de sensibilização ao grupo considerado, sendo que para isso

foram elaboradas etapas de educação ambiental, onde houve uma intervenção de

compartilhamento de saberes, resultando claramente em um ganho de consciência

em relação à concepção dos moradores frente aos cuidados com a saúde, e seus

hábitos de higiene e preservação dos recursos naturais.

7. OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Durante a pesquisa foi possível constatar a avidez por mudanças oriunda da

massa jovem (estudantil) da comunidade. Eles conseguem perceber que a relação

homem x natureza deve estar ligada ao processo de conscientização, trabalhando

as questões ambientais com mais profundidade. As ações desenvolvidas no âmbito

escolar pela comunidade estudantil relacionadas à questão da qualidade da água

mostram uma geração preparada para, num futuro bem próspero, alcançar uma

melhor qualidade de vida.

Essa temática ambiental não pode ser preocupação isolada da comunidade

acadêmica e dos moradores da Vila Canoas, mas sim de todos e para todos que

vivem nos meios rurais, buscando um grau de maior envolvimento na conquista de

dias melhores.

É nesta perspectiva de mudanças que a presença da Educação Ambiental se

faz necessária no empoderamento das atitudes e do fortalecimento de políticas

públicas que envolvem o viés transformador da realidade. As questões ambientais e

o engajamento não se tornam tão triviais, pois a participação, o envolvimento dos

moradores e a participação política da base da comunidade são desafios que

necessitam ser enfrentados como obstáculos de ordem estrutural, como a

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desigualdade social e as de ordem psicossocial, como a despolitização e o

isolacionismo.

Neste contexto, os principais papéis da Educação Ambiental estão voltados

ao conhecimento e à capacidade de interpretação e análise dos próprios

comunitários, oferecendo informações claras sobre a realidade socioambiental,

destacando-se o uso correto da água, os conflitos e impactos associados a esses

usos, a qualidade da água, os papéis dos diferentes atores sociais,

instrumentalizando ainda os agentes de saúde para uma ampliação progressiva de

sua capacidade de interpretar informações socioambientais.

Durante a pesquisa, mesmo sendo perceptível certo distanciamento entre a

escola e a população adulta, foi possível localizar moradores que se sentem

responsáveis por contribuir com um meio ambiente onde a qualidade de vida

prevaleça e os problemas socioambientais não possam ser maiores que os

vivenciados por eles.

Desta forma, sua prática dentro da comunidade passará a ser um processo

contínuo, presente em todos os ambientes e espaços sociais, com o objetivo de

provocar uma inquietação na relação sociedade – ambiente, contribuindo com a

uma melhor relação homem x natureza.

A estratégia de intervenção educacional é importante para consolidar os

conceitos de prevenção e métodos de tratamento da água. Estudos sobre

tecnologias sociais destinados à população nestas configurações devem ser

desenvolvidos com o intuito de melhorar a qualidade da água disponível e contribuir

com o seu uso sustentável.

Pesquisas que busquem tomar iniciativas na resolução desta inquietação

rural, evidenciando a importância das tecnologias sociais na resolução desses

problemas concretos, trarão benefícios econômicos e ambientais a essas

populações.

Nos aspectos gerais, os cuidados básicos de higiene são indicadores de que

os maiores problemas para a qualidade da água são estruturais e de acesso a

tratamentos adequados.

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Em situações como as descritas nesta pesquisa, é importante que se

oportunizem aplicações de intervenções que adotem uma abordagem que inclua a

gestão da água nessas comunidades, assim como a eficácia do tratamento das

fontes do armazenamento da água para o consumo.

Os agentes de saúde são essenciais nos trabalhos com essa população,

pois, além das visitas nas residências do assentamento, são os principais

cuidadores e disseminadores das informações relacionadas à saúde. Esses

profissionais têm um conhecimento aprofundado da realidade de cada família, das

doenças e das formas de obtenção e tratamento da água.

O trabalho em parceria com os agentes de saúde potencializa as ações de

promoção à saúde realizadas na comunidade. Por isso, sugerimos também a

formação continuada dos agentes na busca de muni-los de recursos pedagógicos e

de conhecimento acerca da realidade socioambiental da comunidade.

Alencados a essas ações, o desenvolvimento de trabalho de Educação

Ambiental a população do meio rural, a adoção de medidas preventivas visando à

preservação das fontes de água e o tratamento das águas já comprometidas são

ferramentas necessárias para diminuir ao máximo o risco de contrair enfermidades

de veiculação hídrica.

Questões de Educação Ambiental como as aqui abordadas são

fundamentais, pois a participação e o engajamento político como suporte no

enfrentamento dos obstáculos de ordem estrutural, como a desigualdade social, e a

de ordem psicossocial, além da despolitização e o isolacionismo são cruciais para

se galgar êxito e lidar com desafios que permeiam o meio geográfico.

A isso, sugere-se o desenvolvimento de um programa de Educação

Ambiental permanente, com estratégias e não a simples soma de ações isoladas.

Pois, é necessário cumprir aos principais papéis da Educação Ambiental de

contribuir e se relacionar à informação e à capacidade de interpretação e análise

dos fatos, favorecendo acesso da sociedade a informações claras sobre a realidade

socioambiental, destacadamente sobre os usos e usuários da água, os conflitos e

impactos associados a esses usos, a qualidade da água, os papéis dos diferentes

atores sociais e os instrumentos necessários em ampliar progressivamente a

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capacidade de relacionar harmonicamente ações socioambientais entre o homem x

natureza.

Esse é um desafio tanto pedagógico como político da Educação Ambiental.

Neste sentido, pode-se vislumbrar um papel estratégico da Educação Ambiental,

enquanto mecanismo de indução à participação da sociedade na conservação dos

recursos naturais.

Faz-se necessário pois, o planejamento e a gestão de recursos naturais com

a inserção democrática da sociedade, com proatividade, vigilância e permanente

aprimoramento dos mecanismos de controle e fortalecimento da participação de

cada um dentro desse processo, fazendo rumar para um patamar societário

(objetivo a ser alcançado) com água que atenda às necessidades de todos.

Somente assim, unindo ações socioambientais, educativas e uma

reestruturação do sistema de captação, tratamento e abastecimento da água

poderemos vislumbrar uma comunidade que desenvolva uma relação saudável com

os recursos naturais. E esta é uma das principais tarefas da Educação Ambiental.

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SORRENTINO, Marcos. Desenvolvimento sustentável e participação: algumas reflexões em voz alta, in (Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania) / Frederico Bernardo Loureiro, Philippe Pomier Layrargues, Ronaldo Souza de Castro, (orgs). – 5. ed. – São Paulo: Cortez. 2011.

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

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APÊNDICE 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Conselho Nacional de Saúde - Resolução Nº466/12

A Pesquisa intitulada “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O

TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL

DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM” sob a responsabilidade do

pesquisador José Edson Lima da Silva, tem como objetivo empregar elementos de

educação ambiental com propósito de sensibilizar os assentados sobre o bom uso

da água evidenciando a importância dos procedimentos de desinfecção da mesma

para a saúde humana. A participação do aluno (a) é voluntária e dar-se-á por meio

da participação em atividades com temas voltados para Educação Ambiental e

tratamento de água para o consumo, bem como responder a 1 (um) formulário no

final da Pesquisa. Os Riscos na participação da Pesquisa podem surgir em relação

as perguntas contidas no formulário ou nas atividades de Educação Ambiental, pois

podem causar constrangimento. Porém, o participante pode desistir da Pesquisa a

qualquer momento que achar conveniente para o seu bem-estar.

A Pesquisa trará Benefícios que se referem ao aluno (a) participante vir a

colaborar para um melhor entendimento sobre a qualidade da água no assentamento. Assim sendo, os resultados da Pesquisa serão utilizados de forma a enriquecer o aprendizado dos alunos, no que diz respeito às questões ambientais e tratamento de água. Os resultados da Pesquisa serão publicados em eventos, revistas ou outro círculo de divulgação no meio cientifico. Porém, o nome do (a) aluno (a) será mantido em sigilo. O (a) aluno (a) participante da Pesquisa, tem o direito e a liberdade de desistir em qualquer fase da Pesquisa. O (a) participante não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração pela participação ou desistência na Pesquisa. Para qualquer outra informação, o (a) aluno (a) poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará - CEP – ICS/UFPA, ou no endereço comercial do pesquisador: Rua margarida – 396, Bairro: Aida Mendonça – Presidente Figueiredo/Am. Telefone (92) 992044402. E-mail: [email protected].

Eu, _______________________________________________________, fui informado (a) sobre os objetivos da Pesquisa, tendo entendido a explicação desse

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Assim sendo, eu concordo

que o (a) aluno (a) ___________________________________________________________________ participe do Projeto de Pesquisa intitulado “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM”, tenho conhecimento que o (a) aluno (a) não será remunerado (a) e que pode desistir a qualquer tempo, sem sofrer prejuízo ou qualquer tipo de constrangimento. Este documento é emitido em 2 (duas) vias que serão assinadas por mim (responsável), pelo aluno (a) e pelo pesquisador, ficando 1 (uma) via com o responsável e outra com o pesquisador.

Presidente Figueiredo/AM, ____/ ____/ _____

________________________________________________ Assinatura do responsável

________________________________________________

Assinatura do (a) aluno (a)

________________________________________________ Pesquisador responsável - UFPA

Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do

Pará (CEP - ICS/UFPA) - Complexo de Sala de Aula/ICS - Sala 13 - Campus Universitário, n 01, Guamá. CEP: 66075-110 -

Belém - Pará. Tel/Fax. 3201-7735. E-mail: [email protected]

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APÊNDICE 3 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE Conselho Nacional de Saúde - Resolução Nº466/12

A pesquisa intitulada “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM” tem como objetivo empregar

elementos de educação ambiental com propósito de sensibilizar os assentados sobre o bom uso da água evidenciando a importância dos procedimentos de desinfecção da mesma para a saúde humana. A sua participação é voluntária e dar-se-á por meio da participação em responder a 1 (um) Formulário, com perguntas relacionadas ao tratamento, captação e armazenamento de água, característica e localização da fonte de abastecimento, cuidados com a saúde da família e participação de atividades que serão realizadas na comunidade com a coordenação desse pesquisador sobre o tema “Educação Ambiental”. Os riscos na participação da pesquisa podem surgir em relação às perguntas contidas no Formulário, pois podem causar constrangimento. Porém, o participante pode desistir da pesquisa a qualquer momento que achar conveniente para o seu bem-estar, sem prejuízo para a pesquisa.

Os benefícios da pesquisa se referem à vantagem do participante em contribuir para a melhoria da qualidade de vida em sua comunidade. Os resultados da pesquisa serão utilizados de forma a enriquecer o aprendizado dos participantes da pesquisa, no que diz respeito às questões Ambientais e tratamento de água para o consumo humano.

O participante da pesquisa tem o direito e a liberdade de desistir em qualquer fase da pesquisa, seja antes ou depois da coleta dos dados, independente do motivo e sem nenhum prejuízo a sua pessoa. O participante não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração pela participação ou desistência na pesquisa. Os resultados da pesquisa serão publicados em eventos, revistas ou outro círculo de divulgação no meio cientifico. Porém, o nome do participante será mantido em sigilo.

Para qualquer outra informação, o sujeito pesquisado poderá entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará - CEP – ICS/UFPA, ou no endereço comercial do pesquisador: Rua margarida – 396, Bairro: Aida Mendonça – Presidente Figueiredo/Am. Telefone (92) 992044402. E-mail: [email protected].

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Consentimento Pós–Informação. Eu, ________________________________________________________________, fui informado (a) sobre os objetivos da pesquisa, tendo entendido a explicação desse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Assim sendo, eu concordo em participar do Projeto de Pesquisa intitulado “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM”, tenho

ciência que não serei remunerado (a) e que posso desistir a qualquer tempo, sem sofrer prejuízo ou qualquer tipo de constrangimento. Este documento é emitido em 2 (duas) vias que serão assinadas por mim e pelo pesquisador, ficando 1 (uma) via com cada um de nós.

Presidente Figueiredo/AM ____/ ____/ _______

________________________________________________ Assinatura do participante

________________________________________________

Pesquisador responsável – UFPA

Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos do Instituto de Ciências da Saúde da

Universidade Federal do Pará (CEP - ICS/UFPA) - Complexo de Sala de Aula/ICS - Sala 13 -

Campus Universitário, n 01, Guamá. CEP: 66075-110 - Belém - Pará. Tel/Fax. 3201-7735. E-mail:

[email protected]

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APÊNDICE 4 – FORMULÁRIO DE TRATAMENTO E ABASTECIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS FONTES DE ÁGUA ( CACIMBAS)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

Formulário/moradores

Identificação do pesquisador e da pesquisa

José Edson Lima da Silva, aluno do programa de Pós-Graduação estrito senso em Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, desenvolvendo uma pesquisa com o tema: EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM. Gostaria de contar com sua colaboração em responder este formulário. Não precisa se identificar e todas as informações serão tratadas com responsabilidade, garantindo sigilo absoluto.

Identificação e característica das fontes de abastecimento de água

1 – Qual é a fonte de água você utiliza para abastecer sua residência?

( ) igarapé

( ) cacimba próprio

( ) chuva

( ) nascente

( ) compra na cidade de Presidente Figueiredo

( ) Poço artesiano

2 – Onde está localizada a fonte de água que você faz uso?

( ) Dentro da sua propriedade em Canoas

( ) Em uma propriedade de vizinho da comunidade de Canoas

( ) afastado da comunidade de Canoas

3 – A água que você utiliza em sua casa é distribuída para uso de outras pessoas da comunidade.

( ) sim

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( ) não

4 – Informe onde é armazenada a água você utiliza para:

a) Escovar os dentes __________________________ b) Tomar banho ______________________________ c) Lavar louça ________________________________

Avaliação de fatores responsáveis pela provável contaminação da água durante o uso

5 – Que tipo de instrumento é usado para a captação de água?

( ) bomba sapo (submersa)

( ) bomba centrífuga ( fora da cacimba)

( ) balde com corda

6 – Qual a distância do banheiro até a fonte de água para consumo?

( ) 5m

( ) 10m

( ) 15m

( ) 20m

( ) 25m

7 – Você se sente seguro ao utilizar essa água?

( ) sim

( ) não

8 – Em sua opinião água de boa qualidade precisa apenas ser:

( ) uma água de cor cristalina

( ) uma água sem cheiro

( ) uma água sem sabor

( ) uma água de cor cristalina, sem cheiro e sem sabor

9 – O que você acha que deve ser feito para melhorar a qualidade da água que você consome?

( ) Ferver a 100 graus

( ) Filtrar

( ) Usar hipoclorito conforme orientação do Ministério da saúde

( ) Ferver e coar

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( ) Sendo da cacimba não precisa de nenhuma ação, é só beber.

10 – Você trata a água que sua família usa para consumo?

( ) sim

( ) não

11 – Caso a resposta anterior for sim, como acontece esse tratamento da água?

( ) filtragem

( ) hipoclorito (cloro)

( ) fervura

( ) outro________________

12 – Em sua opinião, que tratamento é mais eficaz?

( ) filtragem

( ) hipoclorito

( ) a água da comunidade não precisa de tratamento

( ) Outro, qual _________________

13 – Quais desses sintomas apresentam com maior frequência entre seus familiares?

( ) dor de barriga

( ) vômitos

( ) fezes líquidas (diarreia)

( ) Outro, qual _________________

14 – Em sua opinião, qual é o principal causador de problemas de saúde na sua comunidade?

( ) comida estragada

( ) calor

( ) água consumida

15 – Você sabe que se deve lavar as mãos antes das refeições?

( ) sim

( ) não

16 – Quantas vezes ao ano você vai ao médico para que seja solicitado exames de rotina?

( ) 1 vez

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( ) 2 vezes

( ) 3 vezes

( ) 4 vezes

( ) 5 vezes

( ) 6 vezes

( ) 12 vezes

17 – Você conversa com seus vizinhos ou já ouviu alguém falar a respeito da qualidade da água da comunidade de Vila Canoas?

( ) sim, sempre

( ) sim, quase sempre

( ) não, nunca

( ) não já temos consciência da qualidade da água

18 – Dentro da sua casa, você e seus familiares conversam sobre qual a maneira adequada de ter uma água de qualidade?

( ) sim

( ) não

( ) de vez em quando

19 – O que você acha que poderia ser feito para melhorar qualidade da água na comunidade Vila Canoas?

( ) sensibilizar os moradores por meio de orientações, palestras com tema educação ambiental, voltada para o manuseio de tratamento da água.

( ) disponibilizar produtos que façam a cloração da água.

( ) nenhuma das opções: ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Roteiro de observação da fonte

Durante a observação, serão feitos os registros das fontes por meio de fotografias ao mesmo tempo em que o pesquisador registrará as características de cada fonte visitada.

Fonte principal ( ) igarapé

( ) poço (cacimba)

( ) nascente

Compartilha a fonte com quem? __________________________________________________________

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Proteção da fonte:

MURETA EXTERIOR

Madeira Cimento/tijolo

PAREDE INTERNA

Parcial Até o fundo

FUNDO Pedra/tijolo Terra/lama

TAMPA Com frestas Sem frestas

PROTEÇÃO EXTERNA

Acesso a animais

Impede o acesso

OUTRA OBSERVAÇÃO PERTINENTE

Localização da fonte ( ) aclive

( ) declive

Ao redor da fonte ( ) grama/mato

( ) terra

( ) cimento

Forma de armazenamento da água para uso ( ) direto da cacimba

( ) caixa d’água

( ) recipiente de plástico

Forma de armazenamento da água para beber ( ) direto da cacimba

( ) caixa d’água

( ) garrafão de 20L

( ) garrafa pet

( ) balde

( ) compra na cidade

Trata a água? ( ) sim

( ) não

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( ) as vezes quando lembro

Trata água onde? ( ) direto no poço (cacimba)

( ) no garrafão

( ) na garrafa pet

( ) no balde

Como trata o lixo? ( ) prepara e espera a coleta

( ) joga no quintal e queima

( ) joga na mata

( ) joga no igarapé

( ) deixa de qualquer jeito

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APÊNDICE 5 - QUESTIONÁRIO/PALESTRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

Identificação do pesquisador e da pesquisa

José Edson Lima da Silva, aluno do programa de Pós-Graduação estrito senso em Ciências e Meio Ambiente da Universidade Federal do Pará, desenvolvendo uma pesquisa com o tema: EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA GESTÃO E O TRATAMENTO DA ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM. Gostaria de

contar com sua colaboração em responder este formulário. Não precisa se identificar e todas as informações serão tratadas com responsabilidade, garantindo sigilo absoluto.

Caro participante, você responderá 6 questões e para o registro de suas respostas serão utilizadas essas figurinhas (emotions), manifestando sua opinião de acordo com a legenda de cada um, onde você poderá considera que:

Muito satisfeito - você admite que não há necessidade de mais nada, você concorda plenamente com tudo;

Satisfeito – concorda em partes, mas ainda tem muito que melhorar;

Insatisfeito – admite que não concorda absolutamente com nada e que há

necessidade de medidas drásticas.

1. Qual sua opinião quanto à palestra?

2. Em sua opinião, os moradores da comunidade Vila Canoas utiliza os recursos naturais de forma racional?

Você se considera um cuidador, um respeitador do meio ambiente?

Manifeste sua opinião para cada afirmação.

Muit

o satisfeito

S

atisfeito

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“O homem tem o direito de fazer do meio ambiente o que quiser como quiser pra viver e criar seus filhos”.

1.1. Tem que haver uma solidariedade entre homem e meio ambiente, pois

ambas são partes essenciais para um futuro melhor.

2. Suponha que uma madeireira e uma fábrica de papel irão ser instaladas na Vila Canoas. A Madeireira, autorizada pelos órgãos responsáveis a fazer uso da madeira que julgar economicamente viável. A Fábrica de papel, além de fazer uso da matéria prima (madeira para a fabricação do papel), despejará produtos químicos no igarapé da comunidade. Opine.

2.1. As empresas, mesmo degradando o meio ambiente, serão bem vindas,

pois trarão emprego e dinheiro para comunidade.

2.2. Precisamos preservar a natureza, o ambiente em que vivemos, so assim, teremos um futuro melhor.

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APÊNDICE 6 – ROTEIRO TEATRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

TEXTO REFERENTE ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, SOBRE A PESQUISA: “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM”, sob a responsabilidade do pesquisador José

Edson Lima da Silva, tendo como objetivo sensibilizar os participantes e os envolvidos nesta pesquisa o bom uso da água evidenciando a importância dos procedimentos de desinfecção da mesma para a saúde humana.

TEATRO – INCENTIVANDO O USO DO HIPOCLORITO DE SÓDIO NA COMUNIDADE RIO CANOAS

AUTOR: José Edson Lima da Silva

Narradora (voz feminina adolescente)

[o pano de boca está estendido]

A ausência de informações do poder público às comunidades rurais de difícil acesso é um dos principais problemas quando o assunto é água potável. Afinal, a água potável é um dos fatores preponderantes para a manutenção da saúde.

Sabe-se que as boas práticas de manuseio nas etapas captação, abastecimento, armazenamento e consumo são fundamentais para que a população de área com essa configuração possa usufruir uma água de qualidade, com conforto, tranquilidade e segurança.

Então, o cuidado e a proteção dessas etapas contribuem com a prevenção de doenças transmitidas por água imprópria para o consumo humano.

Na comunidade do Rio Canoas, a forma de abastecimento de água se dá, na sua maioria, por uso de cacimbas e poços semiartesianos.

Querida plateia, o Rio Canoas empresta nome a uma comunidade rural localizada na BR 174, a 39 quilômetros da cidade de Presidente Figueiredo, na margem da BR.

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Chega-se à comunidade através de uma estrada de chão piçarrado de sete quilômetros. É neste cenário rural que acontece a nossa história:

Cena 1

[Abre-se o pano de boca e aparece a cenografia da comunidade, com destaque para os elementos do tema da peça: casas, rio, caixa d’água e cacimbas. Três adolescentes, Pedro, Aldomir e João, caminham para o campinho de futebol da comunidade, quando avista uma jovem na casa da Dona Raimunda, a moradora mais antiga da comunidade. Os garotos passam por esse cenário, com Pedro questionando:]

Pedro: Quem é ela?

Fecha-se o pano de boca.

Cena 2

Abre-se o pano de boca (com outros cenários).

[Os garotos reaparecem em campinho de futebol. Eles trocam passes animadamente, quando Pedro põe a bola sob o pé direito e questiona:]

Pedro: João e Aldomir, não consigo tirar de minha cabeça uma cena que acabei de ver na casa de Dona Raimunda.

Aldomir – Do que se trata Pedro, conta pra gente o que te incomoda?

João – Isso Pedro, conta pra gente o que te perturba?

Pedro – Gente, tive a impressão de que a Dona Raimunda estava preocupada com a presença de uma moça vestida toda de branco que se encontrava ao lado dela. Ela estava entregando alguma coisa a Dona Raimunda. Viram como ela gesticulava? Mas eu não consegui entender do que se tratava. A gente tem que proteger os velhos. Nunca vi essa pessoa aqui pela comunidade.

João – Não sei do se trata, mas eu também não.

Aldomir –É preocupante, não sabemos das intenções dessa moça.

Pedro – Vamos voltar lá. Será que Dona Raimunda está bem!!??

Aldomir – E essa moça de branco, quem será?

João – Então vamos.

Cena 3

[Dona Raimunda dentro da sua casa – antes ela atendia a desconhecida fora. As duas estão sentadas em um sofá e conversam, enquanto os meninos chegam e Pedro a cumprimenta;].

Pedro – Está tudo bem ai Dona Mundinha?

Raimunda – Tudo bem meus filhos. Essa é a Geyse, agente de saúde, ela tá

me explicando sobre ... (Dona. Raimunda tropeça na palavra)

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(Geyse ajuda Dona Raimunda)

Geyse... a importância do uso do hipoclorito de sódio no tratamento de água, que agora está disponível a todos de sua casa. Chegue mais, venha participar também dessa conversa.

Cena 4 (Nesta cena não é necessário cair o pano de boca)

[Dona Raimunda puxa as cadeiras (ou banquinhos) e faz uma roda com as cinco pessoas e a conversa começa pegar rumo.

João - O que é hipoclorito dona Geyse?

Geyse – O hipoclorito de sódio é uma importante solução química para a

desinfecção da água que é consumida aqui na comunidade, ele tem ação de eliminar uma porção de bactérias, vírus e vermes presentes na água, tornando-a própria para o consumo. Apenas com duas gotinhas desse produto em um litro de água, vocês conseguirão uma melhor qualidade na água.

Pedro – Hummm!!! Mas o que é uma água própria para consumo?

Geyse – É uma água livre de microrganismos, micro seres vivos, que não

conseguimos identificar sem o auxílio de um equipamento apropriado que temos lá no laboratório, na cidade.

Aldomir – Eu não sei não, hein!!!... Lá em casa meu pai já usou esse negócio aí, e a água ficou com o gosto horrível. Isso não funciona!

Raimunda – Calma, Aldomir... Geyse, minha filha, você explica de novo como usar esse produto?

Geyse – Sim Dona Raimunda, com prazer. Mas antes gostaria de dirigir minha fala ao Aldomir. Tudo bem?

Pedro – Sim.

João – Sim.

Geyse – Ao contrário do que você disse, Aldomir, o hipoclorito funciona sim, talvez o seu pai venha utilizando o produto da forma inadequada. Em primeiro lugar, recomenda-se colocar duas gotas do produto para cada litro de água, em seguida, esperar por trinta minutos para a substância exercer seu poder de cloração, de limpeza, após esse limite de tempo o produto volatiza, evapora. Aí sim, podemos consumir a água. Então, a maneira certa de usar o hipoclorito é a seguinte: duas gotas para cada litro de água, depois deixe a água repousar por trinta minutos para que vocês tenham uma água de qualidade e sem gosto ruim.

Aldomir – Mas moça, né melhor eu jogar todo o líquido desse frasco dentro da cacimba? É assim que meu pai faz.

Geyse – Jovens, vocês não podem agir dessa forma, pois essa água da cacimba está sempre renovando e você não sabe com precisão quantos litros de água tem dentro da cacimba, a melhor medida é fazer o tratamento da água quando esta estiver armazenada dentro de sua casa ou na sua caixa d’água.

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Aldomir – Ah entendi, vou correndo para casa falar pro meu pai e minha

mãe. Tchau!

Pedro – Eu também não quero ficar doente! Tchau!

João - Tchau!

Cena 4

[A narradora vem para a o palco e convida a todos os atores emoldurando-a, com a participação da plateia).

Narradora – E pessoal! Calma, calma, calma! Porque agora não é hora de encerrar. É, sim, hora de cantar e comemorar a transformação que vai ocorrer na nossa comunidade.

No ritmo de rap, acontece saudações entre os participantes e público

em geral

Dona Raimunda.

Então, vamos. É pra já

Não podemos perder tempo

Se deixar para amanhã

A situação só vai piorar

Vamos todos adoecer

E ninguém vai trabalhar

Geyse

É isso mesmo dona Raimunda

Sem trabalho não há produção

Vai faltar mandioca, melancia e mamão

Por isso tenho sempre dito

O melhor combate às doenças

É limpar a água com hipoclorito

Os garotos da peça

Limpar a água é a nossa missão

Compromisso de verdade

Afinal somos o presente-futuro da comunidade

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[Narradora: Quiçá da humanidade!]

[Todos: quiçá da humanidade! / Quiçá da humanidade!]

Os garotos retomam os versos

Pois é, galera do bem: a hora é de conscientizar

Vovós, vovôs, netos, pais e a filharada

Pra que água boa dê sempre

No inverno, no verão ou em qualquer temporada

Afinal, é assim que deve agir a comunidade!

Todos [atores e plateia]

Agir consciente toda a humanidade

Agir consciente toda a humanidade

Proteger o planeta da insanidade

Proteger o planeta da insanidade

Narradora (voz feminina adolescente)

A água é um elemento essencial para a manutenção da vida, seu manuseio por meio de abastecimento ou armazenamento é de fundamental importância para saúde em comunidades rurais e urbanas. A desinfecção de água pode ser feita por agente químico ou físico, ambos possuem efeito de destruir os microrganismos patogênicos, sendo a água um veículo de transmissão de doenças, o seu tratamento é por vezes o mais recomendado para que posso ter qualidade de vida. O uso do hipoclorito de sódio passa a ser a forma mais viável de se fazer o tratamento da água consumida nas comunidades rurais além de ser distribuída pelo Ministério da Saúde. A cloração da água garante a eliminação de boa parte dos agentes patogênicos veiculados pela água.

O Cloro é o mais usado para o processo de desinfecção da água, congregando características tais como: fácil acesso, baixo custo, monitoração e fácil aferição.

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APÊNDICE 7 – PRODUÇÃO TEXTUAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

TEXTO REFERENTE ATIVIDADE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, SOBRE A PESQUISA: “EDUCAÇÃO AMBIENTAL VISANDO O TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO NO DISTRITO RURAL DA CIDADE DE PRESIDENTE FIGUEIREDO – AM”, sob a responsabilidade do pesquisador José

Edson Lima da Silva, tendo como objetivo sensibilizar os participantes nesta pesquisa sobre uso da água evidenciando a importância dos procedimentos de desinfecção da mesma para saúde humana.

Minha Comunidade

“... falta compromisso de cuidar do meio ambiente, preservando e

protegendo nossa comunidade da poluição”. (Aluno da Escola Santa Terezinha)

Moro na comunidade Canoas na BR-174, no km 139, no município de

Presidente Figueiredo. Temos na comunidade uma UBS (Unidade Básica de

Saúde), supermercados, igrejas e escola.

Os comunitários e moradores desta comunidade ainda não se sentem

totalmente responsáveis pelo lugar em que moramos, falta compromisso de cuidar

do meio ambiente, preservando e protegendo nossa comunidade da poluição.

Nós moradores da Vila do Canoas gostaríamos muito de morar em uma

comunidade bonita, turística, que tivesse vários lugares preservados que servissem

de ambientes para o convivo das famílias, como: praças, cinema, para os

moradores poderem se divertir e melhorar a saúde na comunidade; poços

artesianos, para termos água de boa qualidade e aprender a conviver com a

natureza.

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Se cada morador fizer um pouco no sentido de cuidar da comunidade e do

meio ambiente, viveremos mais tranquilos, teremos uma vida mais saudável, um ar

menos pesado.

Saber que somos responsáveis pelo lugar onde moramos e não ser

indiferente a ele é entender que cada gesto nosso terá consequências em nossa

vida.

“...gostaria de ver uma bela placa indicando que ali se encontra a

comunidade do Canoas”. (Aluna da Escola Santa Terezinha)

Nossa comunidade tem uma grande variedade de lugares onde pessoas

costumam ir para se divertir, principalmente nos fins de semana, e um desses

lugares é a ponte, onde nos dias de domingo, as pessoas vão tomar banho. A

ponte, que faz travessia do Rio Canoas, é um lugar muito visitado pelos turistas que

vêm para cá. A comunidade também tem uma quadra esportiva, onde toda noite

muitos moradores jogam bola.

Na entrada do Rio Canoas gostaria de ver uma bela placa indicando que ali

se encontra a comunidade do Canoas, uma comunidade altamente preservada, com

o ramal asfaltado e iluminado, com uma paisagem bonita, com pessoas educadas

para conviver harmoniosamente com o meio ambiente.

O que eu desejo para a minha comunidade é que as pessoas possam

conviver umas com as outras, usufruindo de maneira racional os recursos que a

natureza oferece, como várias árvores, plantas e flores de variadas espécies; com

os igarapés limpos e os campos cheios de animais; uma UBS com melhores

condições de atender os comunitários, com área para todos praticarem esportes e

uma água de qualidade onde todos possam fazer uso desse recurso natural com

segurança de maneira racional.

“A manutenção das nossas ruas limpas agradará aos visitantes”. (Aluna

da escola Santa Terezinha)

Eu gostaria de ver a minha comunidade no futuro com postes de iluminação,

as ruas com asfalto e coleta de lixo frequente. Eu queria também que as pessoas

não jogassem mais lixo nas ruas e nos igarapés, não abusassem da água que

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temos, usando-a controladamente; gostaria que elas fechassem as torneiras depois

que enxaguassem a roupa ou outras coisas. Gostaria de ver a minha comunidade

com mais árvores, lugares para passear, brincar e se divertir com a família. Gostaria

de vê-la com a quadra coberta para usarmos em jogos com os amigos e a família.

Também gostaria que não desmatassem a floresta, pois seremos nós a pagar as

consequências.

Temos que ter mais cuidado com a água que bebemos, ela não pode ser

suja. Devemos tratá-la antes de consumir e limpar nossos poços e cacimbas. A

manutenção das nossas ruas limpas agradará aos visitantes. Não gostaria de ver as

pessoas jogando o lixo em qualquer lugar. Enfim, que as pessoas tenham mais

consciência e assim nós vamos viver num lugar mais limpo e sem poluição.

Educação Ambiental

“...despreza a importância de se ter um meio ambiente saudável”. (Aluno

da Escola Santa Terezinha)

Desmatamento, uma irresponsabilidade do homem, vem contribuindo com o

desequilíbrio ambiental. Essa é uma das tantas ações que prejudica a natureza e a

vida na terra, assim como: Implantação de indústrias que não possui plano de

preservação do Meio Ambiente, atividade agropecuária, entre outras. Possa ser que

haja necessidade do homem desmatar, mesmo sabendo que irá trazer as pessoas

uma certa esperança de manter o sustento da família, mas traz também grandes e

sérias ameaças ao meio ambiente, nossa casa, nosso espaço.

A pecuária é um grande exemplo, pois, para se ter campos com pastagens

suficientes, deve-se fazer o desmatamento de grandes áreas. O desmatamento

aumenta a quantidade de gás carbônico inserido na natureza, possibilitando um

desequilíbrio ambiental em todo planeta. Ações dessas grandezas não afetarão

somente o espaço utilizado para a implantação das atividades rurais, mas atingirão

todos os ecossistemas, desde o mais simples ao mais complexo.

Na corrida de mostrar-se mais forte que as outras espécies de vidas na terra,

o homem busca a todo custo o desenvolvimento da sociedade e despreza a

importância que se deve ter com um meio ambiente saudável, não considera a

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parceria do homem com a natureza em que ambos necessitam ter qualidade de vida

e não vê que ações sem planejamento trazem a destruição do Meio Ambiente.

Essas ações não planejadas podem conduzir para a redução da qualidade de

vida na Terra, pois o desequilíbrio é consequência da destruição do Meio Ambiente,

sendo assim, a degradação do homem e do Planeta Terra será inevitável.

Algumas consequências que o homem sofrerá com o desmatamento: perca

da qualidade do ar, perca da qualidade da água e aumento da temperatura no

planeta. Serão pontos que transformarão o estilo de vida dos seres vivos na Terra.

Com toda essa degradação que ocorre hoje com o Meio Ambiente, sofreremos

grandes catástrofes na face da Terra. Além de provocar uma luta incansável do

homem, uma luta cada vez maior por um jeito de sobreviver diante das

consequências que ele mesmo está promovendo, podendo ser ele o grande

responsável em amenizar as degradações ambientais.

“...as pessoas mais idosas deveriam nos ensinar e dar exemplo de

atitudes quanto ao cuidado com a natureza”. (Aluno da Escola Santa Terezinha)

A dura realidade que todos nós sabemos acerca da preocupação com a

preservação do meio ambiente é que as pessoas mais idosas deveriam nos ensinar

e dar exemplo de atitudes quanto ao cuidado com a natureza. Percebe-se que

diante da concepção das pessoas mais idosas, essa preocupação poderia deixar

alguma esperança de como se pode viver em sintonia com o Meio Ambiente,

cuidando melhor do nosso espaço natural, se importando com o futuro de outras

gerações. Com o testemunho de pessoas mais idosas, poderíamos nos adequar

aos bons hábitos no cuidado com ambiente em que vivemos.

Certamente a forma de viver do ser humano está mudando todo o cenário da

natureza, o que nos preocupa, pois, mudando a natureza, mudará também a

maneira do homem conviver com o meio ambiente; podemos não mais ter, daqui a

alguns anos, nem qualidade de vida nem espaço de qualidade.

As ambições do homem, seus atos desonestos, estão retirando de nós o

direito de convivermos em paz com a natureza. Exemplo disso, citemos os

madeireiros que retiram a madeira ilegalmente sem ao menos fazer o

reflorestamento. A “vida” que é ganha com maus tratos à natureza nos cobrará

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consequências pesadas, pois todas essas ações do homem não irão prejudicar

apenas a água, apenas aquele espaço, mas toda uma sociedade que se beneficia

da natureza.

“O homem vem destruindo a natureza com extração das suas riquezas

naturais”. (Aluna da Escola Santa Terezinha)

É de fundamental importância que as pessoas saibam como cuidar do Meio

Ambiente, mas parece que essa preocupação ainda não chegou ser contemplada

por elas a ponto de não sentirem a importância que a natureza tem para a vida na

Terra. Essas pessoas ainda não conseguiram ver a importância que as árvores têm

para a conservação da espécie humana na Terra.

É com essa importância que a Educação Ambiental deve se fazer presente

nas escolas, nas ruas, em casa em qualquer lugar. As pessoas precisam aprender

que o espaço natural é o conjunto de elementos que formam a hidrografia, a

vegetação, o solo, o clima, o relevo, enfim, que constituem toda forma de vida na

Terra. Todos esses elementos se relacionam influenciando uns aos outros e

provocando uma harmonia entre eles. Porém, o homem precisa compreender que

eles funcionam em conjunto buscando o equilíbrio.

O homem vem destruindo a natureza com extração das suas riquezas

naturais. Há muito tempo esse problema vem ameaçando o meio ambiente e

consequentemente, toda forma de vida na Terra, que levou milhares de anos para

se estruturar e está levando minutos para ser destruída. As pessoas precisam parar

de desmatar, queimar e matar animais, passando a se importar em preservar o Meio

Ambiente, pois sem ele, nada seríamos.

“...mostraremos como manter uma comunidade em comunhão com a

preservação do meio ambiente”. (Aluna da Escola Santa Terezinha)

Jogar lixo nos rios, lagos, nas ruas, desmatar as florestas e fazer queimadas

nas florestas são atitudes até comuns nos dias de hoje, mas agindo assim você

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estará poluindo o Meio Ambiente – os animais ficarão desabrigados – e acabará

com o solo produtivo e poluindo o ar.

Devemos nos conscientizar que, para termos uma comunidade limpa,

visitada por outras pessoas, devemos começar educar dentro de nossas casas,

ensinando nossos filhos, vizinhos, amigos e até os visitantes, por meio de palestras,

campanhas educativas, envolvendo todos comunitários nas escolas e igrejas.

Assim, mostraremos como manter uma comunidade em comunhão com a

preservação do meio ambiente.

“Muitos fazem queimadas só por maldade”. (Aluna da Escola Santa Terezinha)

Educação Ambiental depende de todos nós, da mudança em nossas atitudes,

porque o nosso planeta é onde nós vivemos, e é por isso que temos que conservar

o ambiente. Muitas pessoas saem por aí jogando lixo nas ruas, despejando veneno

no solo, contaminando a água e transferindo doenças ao homem.

O planeta Terra depende do Meio Ambiente para ser melhor, porque antes

nós passávamos por um lindo lugar, mas agora esse mesmo lugar está cheio de

lixo, desmatado e queimado. Muitas pessoas usam as florestas para fazer carvão,

para tirar madeira e vendê-la. Muitos fazem queimadas só por maldade. É pra

proteger dessas ações, que temos que cuidar do nosso Meio Ambiente.

Se todos cuidarem do nosso ambiente, podemos ter melhores condições de

vida, mas só será possível se cuidarmos do ambiente em que vivemos. Assim, será

melhor para todos nós.

“Não basta só fazer palestras, campanhas... Se não houver mudanças

nas pessoas e fiscalização feita por cada um de nós, nada vai mudar”. (Aluno da

Escola Santa Terezinha)

Educação Ambiental é um meio de relacionamento do homem com a

natureza. Por exemplo, um meio de tratar as florestas tentando ter um oxigênio

melhor, fazendo o tratamento de água, criando respeito com a floresta. Só assim as

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pessoas podem aproveitar no futuro o que eu estou aproveitando no presente. Isso

é resultado da Educação Ambiental.

A minha crítica é que existem várias pessoas no mundo e a maioria não

pensa na natureza e acaba prejudicando toda a sociedade com a sua ignorância.

Não basta só fazer palestras e campanhas. Se não houver mudanças nas pessoas

e fiscalização feita por cada um de nós, nada vai mudar.

Às vezes o ser humano desmata, joga lixo nos rios por falta de sabedoria,

cabe mostrarmos a essas pessoas o que devemos fazer para que possamos ter um

meio ambiente saudável.

Qualidade da água

“O processo de ferver a água e não jogar nosso lixo em qualquer lugar

também contribuem para a nossa saúde e preservação dos recursos

naturais”. (Aluno da Escola Santa Terezinha)

O tratamento da água deve ser feito com muito cuidado. É tratando a água

que bebemos que combateremos as doenças que são transmitidas através dela e

assim evitaremos complicações à nossa saúde. Quando falamos em tratar a água

para o consumo, não podemos deixar de mencionar os processos de captação e

armazenamento da mesma, pois eles assumem papel de suma importância para a

qualidade de vida do homem. Sendo assim, alguns métodos de tratá-la e torná-la

própria ao consumo humano se destacam pela facilidade de realização, pois estão

ao nosso alcance. Esse é o caso da aplicação do hipoclorito de sódio. Usando-se

duas gotas desse produto em cada litro de água, teremos uma segurança de que

essa água pode ser consumida. O processo de ferver a água e não jogar nosso lixo

em qualquer lugar também contribuem para a nossa saúde e preservação dos

recursos naturais. Contudo, sem os cuidados que cada um pode assumir com a

preservação da natureza e sem esses procedimentos ou cuidados que devemos ter

com a natureza, podemos comprometer a qualidade da água que a população rural

consome.

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Por se tratar de moradores que vivem afastados das grandes cidades, esses

necessitam de maiores orientações sobre como se pode obter água de boa

qualidade para o consumo. É a mudança de postura e hábitos de cada um dos

moradores dessas áreas afastadas das cidades que pode gerar resultados na

qualidade de vida e preservação da natureza.

“... não zelar pelo espaço dos terrenos de suas casas e não proteger as

cacimbas de onde se tira água para beber”. (Aluna da Escola Santa Terezinha)

A água é de grande importância para a manutenção da vida no planeta, ela é a

responsável pela a existência de toda forma de vida. Sem ela, seria impossível o

desenvolvimento dos seres vivos. Mesmo assim, as ações do homem vêm poluindo

esse bem tão importante para a vida.

Algumas atitudes dos moradores de área rurais, como: jogar lixo e despejar as

águas que saem de suas casas nos igarapés; não fazer a coleta seletiva do lixo que

cada família produz; não zelar pelo espaço dos terrenos de suas casas e não

proteger as cacimbas de onde se tira água para beber. Tudo isso contribui com o

desequilíbrio da natureza. Ficar atentos em praticar positivamente medidas que

beneficiem o meio ambiente irá nos garantir água para a humanidade; e que se

esses itens não forem considerados podem vir a prejudicar a nossa saúde.

A água poluída pode causar diversos problemas à saúde humana, como as

doenças causadas pelo o consumo de água não tratada, pelo esgotamento das

fontes, o qual provoca escassez de alimentos; e, por fim, pelo aquecimento do

planeta, o qual pode levar a extinção de toda forma de vida na Terra. A água é o

que vem mantendo a esperança do homem viver mais tempo na terra.