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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE MARCELO CARMELENGO BARBOZA ASPECTOS JURÍDICOS DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE REDENÇÃO/PA COMPARADOS COM A LEGISLAÇÃO FEDERAL AMBIENTAL BELÉM PA 2015

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

MARCELO CARMELENGO BARBOZA

ASPECTOS JURÍDICOS DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA

LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE REDENÇÃO/PA COMPARADOS COM A

LEGISLAÇÃO FEDERAL AMBIENTAL

BELÉM – PA

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

MARCELO CARMELENGO BARBOZA

ASPECTOS JURÍDICOS DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA

LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE REDENÇÃO/PA COMPARADOS COM A

LEGISLAÇÃO FEDERAL AMBIENTAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós

Graduação em Ciências e Meio Ambiente, da

Universidade Federal do Pará – UFPA, como

requisito parcial para obtenção do título de

mestre em Ciências e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. José Heder Benatti

BELÉM – PARÁ

2015

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Barboza, Marcelo carmelenfo, 1967- Aspectos jurídicos das áreas de preservaçãopermanente da legislação municipal de Redenção/Pacomparados com a legislação federal ambiental / Marcelo carmelenfo Barboza. - 2015.

Orientador: Jos Heder Benatti. Dissertação (Mestrado) - UniversidadeFederal do Pará, Instituto de Ciências Exatas eNaturais, Programa de Pós-Graduação em Ciênciase Meio Ambiente, Belém, 2015.

1. Direito ambiental. 2. Meioambiente-Preservação-Legislação-Redenção (PA).3. Florestas-Legislação-Redenção (PA). I.Título.

CDD 22. ed. 344.046

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Sistema de Bibliotecas da UFPA

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À minha esposa Luciana, pelo Amor e a

compreensão de sempre.

Aos meus filhos Luana, Izabella e Bruno,

como exemplo de que tudo é possível.

Aos meus Pais, Manoel e Mariza, pela

tranquilidade e certeza de sempre poder contar

com vocês.

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AGRADECIMENTOS

Aos professores e professoras do programa de pós-graduação em ciências e meio

ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará pelos

saberes, pela paciência e generosidade em transferir tantos conhecimentos.

Aos Coordenadores do programa de pós-graduação em ciências e meio ambiente pela

coragem e pioneirismo de criar programa de Mestrado Profissional.

Ao Prof. Dr.º José Heder Benatti, pela paciência, compreensão e pelos inúmeros

conhecimentos transmitidos.

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RESUMO

Tendo a Constituição Federal de 1988 considerado os municípios brasileiros como entes da

federação e lhes concedido autonomia para auto-organizar-se através da elaboração de lei

orgânica própria, para autogovernar-se por meio da eleição de seus gestores, para auto legislar

através da elaboração leis municipais e auto administrar-se, criando, mantendo e prestando de

serviços de interesse local era de se esperar que no exercício desta autonomia muitos

municípios passassem a legislar também sobre questões ambientais, elaborando e adaptando

suas legislações internas, com base na Constituição Federal e nas Legislações Superiores,

colaborando assim para o enriquecimento do mundo jurídico. Com foco na legislação

municipal de Redenção/Pará, o estudo pretende, após abordagem sintética das estruturas

jurídicas nacional e estadual relativas à área de preservação permanente, analisar a

compatibilidade entre a legislação municipal de Redenção-Pa e a Legislação Federal

ambiental, especialmente com o novo Código Florestal (Lei 12.651/12), no que diz respeito as

áreas de preservação permanente, uma vez que esta legislação nacional deixou expresso em

seu artigo 4º que se aplica também a área urbana. A investigação deparou-se com a

dificuldade de acesso a legislação municipal, pois na ela não estava disponível em sites de

internet ou mesmo reunida em acervo, libro ou compendio organizado e de fácil acesso pelo

contrário, foi necessária a solicitação através de ofício ao presidente da Câmara Municipal

para que se pudesse obter uma cópia da legislação. Superada esta etapa, procedeu-se a revisão

bibliográfica acerca das APP´s e análise qualitativa da legislação Federal, Estadual e

Municipal coletada, bem como a elaboração de tabela comparativa entre cada legislação

municipal que se refere a APP e o Código Florestal, chegou-se a conclusão de que, de modo

geral, a legislação municipal está de acordo com a legislação federal e Estadual em vigor,

sendo que somente em alguns pontos existem conflitos e contradições que podem ser

solucionados pelo legislador municipal, principalmente, através da homogeneização da

nomenclatura e das expressões e sistematização da legislação relativa ao meio ambiente. Não

se pretendeu neste estudo discutir a correção de uma ou outra legislação, mas ofertar

argumentos de sorte a fomentar o debate a respeito do tema.

Palavras-chave: Ambiental. APP. Zonas Urbanas. leis ambientais municipais.

compatibilidade Novo Código Florestal. Redenção/Pa.

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ABSTRACT

Since the Federal Constitution of 1988 considered the municipalities as federal entities and

granted them autonomy to self organize themselves by developing their own organic law, to

self govern themselves by electing their managers, for self regulation by drawing municipal

laws and self-administering, creating, maintaining and providing services of local interest was

to be expected that in the exercise of autonomy many municipalities also passed the

legislation on environmental issues, developing and adapting their domestic legislation, based

on the Federal Constitution and the Higher Laws, thus contributing to the enrichment of the

legal world. With a focus on municipal law of Redemption / Pará, the study aims, after

synthetic approach to national and state legal structures for the permanent preservation area,

examine the compatibility between the municipal law of Redemption-Pa and Federal

environmental legislation, especially with the new Forest Code (Law 12,651 / 12), as regards

the areas of permanent preservation, since this national legislation failed expressed in Article

4 which also applies to urban areas. The research was faced with the difficulty of access to

municipal legislation because in it was not available on internet sites or even gathered in the

collection, organized libro or compendium and easily accessible to the contrary, it was

necessary to request by letter to the President of City Council so that it could get a copy of the

legislation. Overcome this step, we proceeded to the literature review about APP'se qualitative

analysis of Federal, Provincial and Municipal collected, as well as the preparation of

comparative table between each municipal legislation referred to APP and the Forest Code,

was reached the conclusion that, in general, municipal legislation is in accordance with

federal and state law, and only in some places there are conflicts and contradictions that can

be solved by the municipal legislature, mainly through the homogenization of the

Nomenclature expressions and systematization of legislation on the environment. It was not

intended in this study discuss the correction of one or other legislation, but offer sorts of

arguments to stimulate the debate on the subject.

Keywords: Environmental. APP. Urban Areas. municipal environmental laws. Compatibility

New Forest Code. Redenção/Pa.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9

2 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO

NACIONAL ................................................................................................................. 14

2.1 Breve Histórico ..................................................................................................................... 14

2.2 A APP no Novo Código Florestal. .................................................................................... 16

2.2.1 APP criada por força de lei ................................................................................................... 17

2.2.2 APP criada por Ato do Poder Público ................................................................................. 18

2.3 APP na Constituição Federal. ........................................................................................... 19

2.4 Lei Nacional de Parcelamento do Solo Urbano ............................................................ 21

2.5 Estatuto da Cidade .............................................................................................................. 22

2.6 Resolução 303/2002 do CONAMA. .................................................................................. 23

3 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO DO

ESTADO DO PARÁ. ....................................................................................................................... 25

3.1 Constituição do Estado do Pará. ...................................................................................... 25

3.2 Lei Estadual 5.887/1995. Política Estadual do Meio Ambiente ................................ 26

3.3 Lei Estadual 6.116/1998. Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas

Proximidades de Fontes de Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará. ............. 26

3.4 Lei Estadual 7.381/2010. Obrigatoriedade da Recomposição da Cobertura

Vegetal, das Matas Ciliares no Estado do Pará. ........................................................................ 27

4 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO. ................ 29

4.1 Lei Complementar Municipal 001/2005. Plano Diretor. ............................................ 29

4.2 Lei Complementar Municipal 002/2005. Lei De Uso E Parcelamento Do Solo. ... 32

4.3 Lei Complementar Municipal 003/2005. Código Municipal De Meio Ambiente.. 33

4.4 Lei Complementar Municipal 04/2005. Código De Obras Do Município De

Redenção ............................................................................................................................................. 34

4.5 Lei Complementar Municipal 59/2011. .......................................................................... 34

4.6 Lei Complementar Municipal 66/2013. Plano Municipal De Regularização

Fundiária. ........................................................................................................................................... 35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. .................................................................................... 37

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 39

ANEXOS ...................................................................................................................... 43

APÊNDICES ............................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Em razão da colonização Portuguesa e da forte influência Moura que esta recebeu, a

maioria das vilas e cidades brasileiras se formaram e se desenvolveram a partir ou nas

proximidades de rios, riachos, cursos d´agua e nascentes, pois esta proximidade facilitava o

uso da água, seja como fonte de irrigação e de higiene, seja como meio de acesso e de

transporte, uma vez que o curso d´água era, na maioria dos casos, a forma mais fácil de se ter

acesso à nova localidade. (MIRANDA, 2007, p. 1)

Os cursos d´agua em geral possibilitavam desde o fornecimento da água potável, ao

transporte da alimentação, o uso na irrigação e na higiene do homem e até mesmo na

eliminação dos dejetos oriundos destes usos (esgotamento sanitário).

Assim a importância dos cursos d´agua para as cidades brasileiras foi e é inequívoca,

no entanto, somente no século XX, mais precisamente em 1934, (Código das Águas - Decreto

24.643/34) é que o legislador nacional passou a se preocupar com a proteção de seus entornos,

não com os olhos preservacionistas que se tem hoje, mas em razão de critérios

administrativos, posto que esta legislação criou as chamadas servidões de trânsito1, que se

destinavam a permitir a livre passagem dos agentes da administração pública em uma faixa de

10 metros, nos terrenos localizados às margens de águas correntes não navegáveis ou

flutuáveis, e uma faixa de 15 metros, contados a partir do ponto médio de cheias, nos terrenos

banhados por águas correntes navegáveis.

Já em 1965, de forma muito mais especifica, o legislador criou normas de proteção às

áreas que margeavam os cursos d´agua, denominando-as de Áreas de Preservação Permanente

– APP – que, por definição legal, são as áreas nas quais a vegetação deve ser mantida intacta,

para garantir a preservação dos recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade,

bem como o bem-estar das populações humanas.

A plena aplicabilidade das normas estabelecidas pelo Código Florestal de 1965 às

áreas de preservação permanentes existentes nas áreas urbanas foi objeto de controvérsia,

porque o artigo 1º da Lei 4.771/1965, em sua redação original, não fazia menção a estas áreas,

levando alguns a entenderem que a ausência de expressa previsão legal, deveria ser

compreendida como exclusão da aplicação da lei às áreas urbanas.

Somente em 1989, com a edição da Lei Federal 7.803, que introduziu nova redação ao

parágrafo único do artigo 2º do Código Florestal de 1965, foram afastadas quaisquer dúvidas:

1 As servidões de trânsito ainda existem em nosso ordenamento, a exemplo da prevista no art. 4º do Decreto-Lei

9760/46 nos terrenos marginais e no art. 11, § 2º, do Código de Águas.

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10

[...] no caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros

urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações

urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos

planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se

refere este artigo. (Lei 4771/65 Art. 2º).

Não obstante o regime de proteção das APP´s existente tanto na legislação federal

vigente (Lei 12.651/12) quanto na anterior (Lei 4.771/65) ser bastante rígido, prevendo

praticamente a intocabilidade destas áreas, a não ser em casos especialmente definidos, a

simples existência da Lei não foi suficiente para que a maior parte das cidades brasileiras

tivessem, nos dias atuais, as APP´s preservadas e isto ocorre não só por motivos históricos

relativos a urbanização — pois a ocupação veio primeiro que a lei — mas também por

motivos econômicos, administrativos e especulativos, que regram o atual modelo de

urbanização de nosso País.

A legislação relativa a matéria está entre aquelas que encontram maior dificuldade de

conciliação uma vez que a própria distribuição de competências legislativa e administrativa,

que não delimita com precisão qual é o início e qual o fim da competência de cada ente da

federação, já é suficiente para gerar sobreposição de legislações e insegurança jurídica, em

especial quando se trata da extensão da competência do município para legislar sobre meio

ambiente, o que contribui para o descumprimento dessas normas em áreas urbanas.

ANTUNES (2010, p. 80), com evidente autoridade, aduz sobre esta dificuldade que:

“Um adequado equacionamento das dificuldades geradas pela repartição de

competências em matéria ambiental é fundamental para que a proteção do meio

ambiente possa, verdadeiramente, acontecer de forma efetiva e dentro dos limites da

ordem jurídica democrática. É relevante consignar que a proteção ao meio ambiente,

considerada em si mesma, não é necessariamente democrática, ainda que o Direito

Ambiental, tal como concebido modernamente, tenha uma origem democrática.”

A Constituição Federal de 1988 não estabelece uma hierarquia em relação a legislação

ambiental, afirmando apenas que a proteção do meio ambiente é atividade que deve ser

exercida por todas as esferas de Governo e por isto tão somente tratou de distribuir

competências, ora comuns, ora exclusivas, a cada uma destas esferas.

Com efeito, em termos de competência administrativa, tanto o artigo 23, VI da CF

quanto a Lei Complementar 140/11, que o regulamenta, fixam normas de competência

comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações

administrativas relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio

ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da

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fauna e da flora e estabeleceu regras claras quanto a competência para o licenciamento de

empreendimentos entre os três entes da federação conferindo a todos eles a competência de

para fiscalizar a conformidade empreendimentos com a legislação ambiental,

independentemente de qual tenha sido o órgão licenciador (art. 17 § 3º).

Já os artigos 24, inciso VI e 30, inciso II, da Constituição Federal, a princípio,

conferem aos Municípios competência para legislarem em matéria ambiental, mastão somente

em relação aos aspectos locais, sendo esta competência suplementar, ou seja, o Município

pode legislar sobre meio ambiente naquilo que não contrariar a Legislação Estadual e Federal

e que diga respeito a seu território, as peculiaridades locais.

A União no exercício de sua competência constitucional estabeleceu, através da Lei

12.651/2012 — denominada nos meios jurídicos de Código Florestal — as regras gerais sobre

a proteção da vegetação, das áreas de Preservação Permanente e das áreas de Reserva Legal,

etc.

Na mesma esteira, o Estado do Pará, por meio da Assembleia Estadual Legislativa

expediu a Lei Estadual 5.887/1995 que trata sobre a Política Estadual do Meio Ambiente; a

Lei Estadual 6.116/1998 que proíbe a construção de unidades habitacionais às proximidades

de fontes de abastecimento de água potável no Estado do Pará; a Lei Estadual 7.381/2010 que

trata da obrigatória recomposição da cobertura vegetal, das matas ciliares no Estado.

Por sua vez, o município de Redenção, assim como diversos outros municípios

brasileiros, introduziu em seu ordenamento jurídico, regras tratando sobre questões

ambientais, através das leis complementares municipais 001; 002; 003; 004; 006; de 07 de

novembro de 2005, que tratam, respectivamente do Plano Diretor Municipal; Parcelamento e

Uso Solo Urbano; do Código Municipal de Meio Ambiente; do Código Municipal de Obras;

os Limites da Zona Urbana e Zona de Expansão do Município; da Lei Complementar

Municipal 059/2011 que trata da criação do Instituto de Pesquisa, Planejamento Urbano e

Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção – IPPUR; da Lei Complementar

Municipal 066/2013; que trata do Plano Municipal de Regularização Fundiária, nos tópicos

em que tratam da matéria ambiental.

Aliada a esta situação legislativa, ainda temos a falta de costume do povo brasileiro

em preservar o meio ambiente e em vê-lo não só como algo abstrato, longínquo, mas como

um bem coletivo, atual e absolutamente necessário para a existência do próprio ser humano.

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12

MARCHESAN, (2007, p. 2), ressalta neste sentido que:

“O caráter difuso, anônimo e muitas vezes invisível das agressões ao meio ambiente

aliado aos mecanismos culturais e institucionais pelos quais as elites políticas e

econômicas encobrem as origens e consequências dos riscos e perigos propulsiona a

chamada irresponsabilidade organizada.”

Não se pode deixar de registrar também que o desenvolvimento das cidades de forma

desordenada, aliada a passividade do Poder Público, que sempre privilegiou as políticas

voltadas para áreas mais valorizadas, deixando de lado as áreas de relevância ambiental, como

são os casos das margens dos córregos, das áreas com declividade acentuada, fez com que

estas áreas terminassem sendo ocupadas por pessoas economicamente frágeis, pois eram as

mais baratas e muitas vezes, somente as que restavam a serem ocupadas.

A ex-secretária Executiva do Ministério das Cidades, professora Ermínia Maricato,

confirma que as ideias de planejamento e regulação urbanística no Brasil são aplicadas a

apenas uma parcela da sociedade, reafirmando e reproduzindo desigualdades e privilégios

existentes na sociedade:

Para a cidade ilegal não há planos, nem ordem. Aliás ela não é conhecida em suas

dimensões e características. Trata-se de um lugar fora das ideias. MARICATO,

(2000, p. 122).

A partir desta realidade discutiremos se existe compatibilidade entre a legislação

municipal de Redenção/PA e legislação infraconstitucional federal expressas no Novo Código

Florestal (Lei 12.651/2012), na lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6.766/ 1979), e no

Estatuto das Cidades (Lei Federal 10.257/ 2001); ou as Estaduais, como a relativa a Política

Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual 5.887/95) no que se refere às áreas de preservação

urbanas, buscando analisar qual norma ambiental deve prevalecer nas zonas urbanas: as

Federais ou as elaboradas pelo próprio Município a partir do seu plano diretor, ou até mesmo

a conjunção delas? Em outras palavras, o Código Florestal introduziu modificações legais que

terão repercussões na legislação municipal?

As respostas a estas questões demonstram a relevância do tema escolhido neste

trabalho, qual seja, aspectos jurídicos das áreas de preservação permanente na legislação do

município de Redenção/Pa.

Para responder essas indagações, no item 2 foram levantados o histórico, o conceito e

os tipos de áreas de preservação permanentes, e como estas áreas são protegidas e tratadas

pela Constituição Federal de 1988, pela a Lei de Parcelamento do Solo Urbano, pelo Estatuto

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da Cidade, pela Resolução 303/02 do CONAMA, pela Constituição do Estado do Pará e

também pelas leis estaduais Paraenses que tratam da política estadual de meio ambiente,

Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas Proximidades de Fontes de

Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará e da Obrigatoriedade da Recomposição da

Cobertura Vegetal, Das Matas Ciliares no Estado do Pará.

No item 3, realizou-se a sistematização em tabelas e análise dos artigos da legislação

municipal de Redenção, que tratam especificamente ou refletem nas áreas de preservação

permanentes urbanas, sua proteção, manejo e recomposição, sendo que para efeitos do estudo

são consideradas como áreas de preservação permanente a abrangidas no conceito

apresentado pelo Código Florestal (Art. 3º II e 4º) e realizou-se a avaliação da

compatibilidade e consequente aplicabilidade do disposto na legislação municipal em relação

às áreas de preservação permanente no meio urbano, com as normas delimitadas legislação

Federal, Estadual e na Constituição Federal.

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14

2 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO

NACIONAL

Neste item se apresentará um breve histórico da legislação nacional relativa as áreas

de preservação permanente e se localizará a presença da proteção à elas nas legislações

federais e estadual paraense vigentes, iniciando-se pela análise da Constituição Federal de

1988, passando pela Lei de Parcelamento do Solo Urbano de 1979, pelo Estatuto da Cidade

de 2001, pelo Código Florestal de 2012, pela Resolução 303/02 do CONAMA,.

2.1 Breve Histórico

A preocupação com a proteção ambiental das áreas de preservação permanente pela

legislação brasileira, assim como a própria legislação protetiva do meio ambiente, pode ser

considerada recente, aliás recentíssima, pois muito embora existam lampejos em tratar da

matéria na década de 30 do século passado somente com o Código Florestal de 1965 (Lei

4.771/65) é que se tratou especificamente dela, no entanto, não se pode deixar de registrar que

já em 1934, o então Código de Águas (Decreto 24.643, de 10 de junho de 1934) e o Código

Florestal (Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934) trataram a questão de forma superficial e

tímida, sem realmente estabelecer parâmetros de proteção.

O Código de Águas de 1934 na verdade estabeleceu obrigatoriedade do respeito a uma

faixa de no máximo 15 metros de largura a cada margem dos terrenos reservados2

constituindo-se mais como área non aedificandi do que na verdade de preservação

permanente.

Os objetivos do Código de Águas não eram ambientais ou proteção ambiental, mas

apenas administrativos, como explicitamente se vê no artigo 12 daquela legislação, que criava

apenas a Servidão de Trânsito para os agentes da administração pública, em 10 metros nos

terrenos localizados às margens de correntes não navegáveis, e faixa de 15 metros, contados a

partir do ponto médio de cheias nos terrenos banhados por correntes navegáveis.

Art. 12. Sobre as margens das correntes a que se refere a última parte do nº 2 do

artigo anterior, fica somente, e dentro apenas da faixa de 10 metros, estabelecida

uma servidão de trânsito para os agentes da administração pública, quando em

execução de serviço (Decreto 24.643, de 10 de junho de 1934).

2 Segundo o artigo 14 do Decreto nº 24.643/34 os terrenos reservados são os que, banhados pelas correntes

navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 metros para a parte de terra, contados desde o

ponto médio das enchentes ordinárias.

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15

Assim o Código das Águas de 1934 não cita nem direta e nem indiretamente a

necessidade de manutenção das matas ciliares ou da vegetação ou das áreas que circundavam

os cursos d´agua.

O Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934 que estabeleceu o primeiro Código

Florestal Brasileiro, mesmo não utilizando a expressão atual, (área de preservação

permanente) tratou em seu parágrafo 4º das Florestas Protetoras, que a grosso modo se pode

considerar que são áreas de preservação permanente de hoje:

Art. 4º Serão consideradas florestas protectoras as que, por sua localização, servirem

conjunta ou separadamente para qualquer dos fins seguintes:

a) conservar o regimen das aguas;

b) evitar a erosão das terras pela acção dos agentes naturaes;

c) fixar dunas;

d) auxiliar a defesa das fronteiras, de modo julgado necessário pelas autoridades

militares;

e) assegurar condições de salubridade publica;

f) proteger sítios que por sua belleza mereçam ser conservados;

g) asilar especimens raros de fauna indigena.3

Como se pode ver, a expressão “Florestas Protetoras” reúne todas as características de

preservação, não só das florestas em si – objetivo central daquela legislação – mas também

das áreas de sua ocorrência, que inclusive são citadas expressamente no referido artigo,

demonstrando a sua importância e por isto pode ser considerada como a primeira legislação

que trata sobre as áreas de preservação permanente na legislação brasileira.

Não obstante a posição até mesmo vanguardista desta legislação, ela não conseguiu

atingir seus intentos, foi flagrantemente “esquecida” pela administração pública e pelos

particulares, que literalmente não a observaram.

Passados mais de 30 anos, uma nova legislação passou a regular a questão Florestal

(Lei 4.771/65 – denominada de Código Florestal), e desta feita, a proteção das áreas de

preservação permanente passou a constar expressamente na legislação, de forma bem próxima

da que a conhecemos hoje, como demonstra o artigo 2º da referida Lei.

“Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e

demais formas de vegetação natural situadas.”

3 BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 23.793, de 23 de Janeiro De 1934. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D23793.htm. Acesso em 28/08/14

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Em 1989, a fim de aplacar as discussões e deixar explícito aquilo que já estava

implícito no artigo 1º do Código Florestal, que estabelecia que no âmbito de sua aplicação não

fazia distinções entre situações rurais e urbanas, abrangendo, desse modo a ambas, foi

incluído pela Lei 7.803, de 18.7.1989, no mencionado artigo 2º do Código Florestal um

parágrafo único, confirmando a aplicação das disposições do Código quanto as APP´s

também na área urbana,

Artigo 2º [...] Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as

compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões

metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-

á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os

princípios e limites a que se refere este artigo.

Esta mesma Lei 7.803 de 18.7.1989, também redefiniu os tamanhos das faixas

marginais, para praticamente as mesmas definidas na atual legislação.

Em maio de 2012 após intensas discussões no Congresso Nacional veio a lume a Lei

12.651/12 que revogou o Código Florestal (Lei 4.771/65) e logo em seu artigo 1-A

estabeleceu normas gerais sobre as áreas de preservação permanente, ficando mais uma vez

evidenciada a existência de regramento expresso das APP´s pela legislação brasileira,

comando este válido tanto para a área urbana quanto rural.

2.2 A APP no Novo Código Florestal.

O Código Florestal inicia a proteção as APP´s oferecendo em seu artigo 3º, inciso II a

definição de área de preservação permanente:

Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por

vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a

paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de

fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

Partindo desta definição podemos deduzir de forma muito simples que a APP é uma

área protegida por expressa determinação legal e que não é absolutamente necessário que a

área a ser protegida contenha cobertura vegetal para ser considerada de preservação

permanente, pois a finalidade da Lei é proteger a função ambiental que a área desempenha, da

forma que ela se encontra na natureza, e não especificamente sua cobertura vegetal.

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Neste sentido Machado (2011, p. 821) aduz que:

A vegetação, nativa ou não, e a própria área são objeto de preservação não só por si

mesmas, mas pelas suas funções protetoras das águas, do solo, da biodiversidade (aí

compreendido o fluxo gênico da fauna e da flora), da paisagem e do bem-estar

humano. A área de preservação permanente – APP não é um favor da lei, é um ato

de inteligência social, e é de fácil adaptação às condições ambientais.

Além de definir quais são as áreas consideradas de preservação permanente o

legislador Federal também delimitou e regulamentou o regime de proteção nas referidas áreas,

através dos artigos 4º ao 9º da referida Lei, oferecendo assim base para que todos os demais

entes federativos adaptassem/criassem suas legislações.

Seguindo a tradição do Código Florestal revogado, o legislador estabeleceu duas

espécies de áreas de preservação permanente, como se verá adiante.

2.2.1 APP criada por força de lei

As áreas de preservação permanente ex lege são aquelas decorrentes diretamente da

lei, não precisam de nenhum outro tipo de instrumento específico para que tenha validade,

valendo por si e abrangendo a todos e se encontram determinadas no artigo 4º do Código

Florestal:

I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,

excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima

de:

a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;

b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50

(cinquenta) metros de largura;

c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200

(duzentos) metros de largura;

d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600

(seiscentos) metros de largura;

e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600

(seiscentos) metros;

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)

hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

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III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de

barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença

ambiental do empreendimento;

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja

sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100%

(cem por cento) na linha de maior declive;

VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

VII - os manguezais, em toda a sua extensão;

VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em

faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;

IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100

(cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da

curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação

sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por

planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto

de sela mais próximo da elevação;

X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja

a vegetação;

XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de

50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.

2.2.2 APP criada por Ato do Poder Público

A área de preservação permanente criada por ato do Poder Público, APP

administrativa, como o próprio nome diz, é aquela que depende de ato do poder público para

ser instituída, e está prevista no artigo 6º do novo Código Florestal, que dispõe que se

consideram de preservação permanente, quando assim declaradas de interesse social por ato

do Chefe do Poder Público, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação

destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: conter a erosão do solo, mitigar riscos de

enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; proteger as restingas ou veredas, várzeas, sítios

de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; abrigar exemplares da

fauna ou da flora, ameaçados de extinção; formar faixas de proteção ao longo de rodovias e

ferrovias; assegurar condições de bem-estar público; auxiliar na defesa do território nacional,

a critério das autoridades militares e proteger áreas úmidas, especialmente as de importância

internacional.

É importante ressaltar que esta hipótese não consiste em faculdade do Poder Público,

ou seja, identificada área que constitua algumas das hipóteses previstas no artigo 6º da Lei

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12.651/12, o Poder Público tem o dever de declará-las como dignas de proteção e a expressão

“Poder Público”, abrange a todas as esferas da federação. Ressalte-se ainda que, uma vez

instituídas estas áreas como de proteção permanente, somente por lei específica poderão elas

ser suprimidas ou alteradas, conforme estatui o art. 225, 1º, III da CF/88.

2.3 APP na Constituição Federal

A Constituição Federal de 1988 demonstrou em dois de seus títulos a preocupação

com a proteção do meio ambiente e muito embora não o tenha elevado de forma direta a

categoria dos direitos fundamentais, pois não está inserido no Capítulo dos Direitos

Individuais (artigo 5º da CF), nem dos Direitos Sociais (artigo 6º da CF), o fez de forma

indireta seja ao assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no art. 225

onde está protegendo também o direito individual à vida e à dignidade humana, garantidos

artigo 5º, caput, da Magna Carta de 1988, uma vez que este não é possível sem aquele, seja ao

permitir, através do § 2º do artigo 5º, o entendimento de que os direitos fundamentais devem

ser encarados de maneira ampla, a fim de não excluir do seu rol, direitos que deveriam

compor a categoria de fundamentais em face do seu conteúdo e relevância.(EMERIQUE,

2006).

No Capítulo VI do Título VIII (Da Ordem Social), mais precisamente no artigo 225, a

Constituição delineou a estrutura básica da proteção jurídica nacional ao meio ambiente e nos

arts. 170, incisos. II, III e VI; 174; 176; e 182; do Capítulo I do Título VII (Da Ordem

Econômica e Financeira), ela impôs limites ao exercício do direito de propriedade, garantido

pelo artigo 5º inc. XXII da CF, exigindo a expressa observância de sua função social como

meio para que ele seja garantido e exercido.

O artigo 225 § 1º, inciso III, § 1º, para assegurar a efetividade do direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado estabeleceu a incumbência ao Poder Público de definir,

em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem

especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,

sendo vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem

sua proteção o que afeta diretamente as APP, pois estas são espécies deste gênero denominado

Espaço especialmente protegido.

No artigo 182, ao tratar da propriedade no meio urbano a Constituição estabeleceu os

parâmetros gerais do que entende ser a concretização da função social da cidade,

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mencionando expressamente que junto com o pleno desenvolvimento da cidade e deve-se

garantir também o bem-estar de seus habitantes.

Tratando-se de competência executiva ou administrativa para promover a proteção ao

meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas bem como preservar as

florestas, a fauna e a flora, a Constituição Federal atribui competência comum a todos os entes

da federação, ou seja, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, conforme

prevê o art. 23 da CF.

A Constituição Federal de 1988 atribui competências legislativas concorrentes à

União, aos Estados e ao Distrito Federal (art. 24), no entanto no art. 30 a Constituição confere

ao Município competência para legislar sobre assuntos de interesse local, o que inclui o

Município na esfera dos entes que possuem competência legislativa ambiente concorrente,

mesmo que seja para somente certas hipóteses, especificamente, em matéria de interesse local.

Ademais, no inc. II do mencionado art. 30, verifica-se competir ao Município

suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

É importante registrar que, em relação às matérias mencionadas no artigo 24, entre

elas a ambiental, a competência legislativa é concorrente entre os Estados-membros, Distrito

Federal e União, cabendo a esta última a edição normas gerais, assim entendidas como

normas fundamentais ou diretrizes, e aos Estados e ao Distrito Federal a edição de normas

específicas e de aplicação, sendo que a exclusão dos municípios não significa que eles não

podem legislar sobre meio ambiente, mas eles devem ao expedir legislação própria, observar

as condições estabelecidas pela própria Constituição Federal, que são: tratar-se de assuntos de

interesse local e respeitar o disposto nas legislações estadual e federal.

Assim, desde que se trate de interesse local e o município respeite o disposto na

legislação ambiental federal e estatual, ele pode legislar sobre meio ambiente, podendo impor,

por exemplo norma mais restritiva que a legislação federal, atendendo as características

locais, desde que não viole o interesse público em seu mais amplo sentido.

Fica evidente que o município tem plena competência executiva no que se refere a

questão ambiental, de acordo com sua autonomia municipal (art. 15 da CF), podendo

organizar estrutura própria, para fazer cumprir em seu território não só as leis ambientais

Federais e Estaduais, mas também as leis municipais e em relação à competência legislativa,

além de ser obrigado cumprir as leis federais, no que dizem respeito a parcelamento do solo,

desenvolvimento da cidade, pode também instituir normas próprias, atendendo as

peculiaridades locais e desde que não contrariem expressamente a legislação federal ou a

estadual, observando sempre a que melhor protege ao meio ambiente, porque o critério básico

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para a solução de conflitos normativos ambientais entre os diferentes entes federados é aquele

que garante a prevalência da norma que defenda melhor o direito fundamental tutelado, no

caso o meio ambiente, aplicando-se o princípio do “in dubio pro nature”.

Desta forma, verifica-se que a Constituição Federal de 1988 ao estabelecer as regras

gerais de proteção ao meio ambiente cuidou das áreas de preservação permanente, conferindo

competência tanto à União, quanto aos Estados, Distrito Federal e Municípios para legislarem

e protegerem o meio ambiente.

2.4 Lei Nacional de Parcelamento do Solo Urbano

No que se refere ao parcelamento do solo urbano, a matéria é regida desde 1979 pela

Lei Federal 6.766/79 que foi recepcionada pela Constituição Federal com base no disposto no

artigo 182 e continua em pleno vigor.

Este diploma legal estabelece estrutura mínima a ser seguida tanto pelos municípios

quanto pelos interessados em parcelar o solo urbano, contendo normas de natureza civil,

penal, sanitária, administrativa, registraria e urbanística, com o objetivo de auxiliar o Poder

Público da ordenação territorial da cidade.

Logo no artigo 2º, ao permitir o parcelamento do solo mediante loteamento e

desmembramento, a referida lei prevê a necessidade de serem observadas não só as

disposições previstas na própria lei, mas também as legislações Estaduais e municipais

pertinentes, porque a competência para a edição de normas legais urbanísticas alusivas a

zoneamento urbano, loteamento ou desmembramento é Municipal, ou Distrital, quando for o

caso, por força de sua autonomia consagrada constitucionalmente no artigo 30, incisos I e II

da Constituição Federal 88.

O parágrafo único do art. 3º e o inciso III do artigo 4º ao elencarem as proibições de

parcelamento do solo em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações; nos terrenos com

declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento); nos terrenos onde as condições

geológicas não aconselham a edificação, nas áreas de preservação ecológica, e ao estabelecer

a área non edificandi, retratam de forma parcial proteção às áreas de preservação permanente

constantes no artigo 4º da Lei 12.651/2012 e muito embora o grau de declividade e a área de

proteção nas margens das “águas correntes e dormentes” sejam diversas das medidas

constantes no Código Florestal, verifica-se que a própria legislação ressalta a existência de

exigências superiores da legislação específica, e mais, ao proibir o parcelamento da áreas de

encostas e onde as condições geológicas não aconselham, a lei 6.766/79 protege de forma

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indireta as restingas, manguezais e veredas, que são áreas de preservação permanente

previstas nos inciso V, VI, VII e XI do Código Florestal.

Evidente, portanto, que a lei nacional de parcelamento do solo, prevê a proteção das

áreas de preservação permanente existentes na área do futuro loteamento, inclusive

estipulando proibição de parcelamento, como no caso do artigo 3º e colocando como requisito

a observância da área de proteção permanente ao longo de curso d´agua, corrente ou

represada.

2.5 Estatuto da Cidade

Em 2001, o Congresso Nacional regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituição

Federal de 1988, editou a lei 10.257/2001, denominada de Estatuto da Cidade, estabelecendo

normas de ordem pública e interesse social com o objetivo de regular o uso da propriedade

urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do

equilíbrio ambiental (parágrafo primeiro do artigo 1º).

Assim, logo no artigo primeiro a lei deixa claro que o aspecto ambiental faz parte dos

objetivos da lei, não deixando dúvidas para o interprete de que a utilização do solo e dos

recursos naturais devem ser considerados de forma plena na aplicação da lei e seus institutos.

As letras “g” e “h” do inciso VI, do artigo 2º da lei reforçam ainda mais esta ideia ao

prever expressamente que dentre as diretrizes gerais da lei está “ordenação e controle do uso

do solo, de forma a evitar a poluição e a degradação ambiental; e a exposição da população

a riscos de desastres.”

Em relação as áreas de preservação permanente, muito embora a legislação tenha

como objetivo cuidar do aspecto ambiental das cidades, elas não foram tratadas de forma

específica, a não ser quando a lei se referiu a sua utilização para regularização fundiária,

quando ocupada por população de baixa renda, a situação já estiver consolidada e possuir, no

mínimo três dos seguintes itens de infraestrutura urbana implantada: malha viária,

esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento de água e energia,

densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare, considerada a área

inserida no perímetro do parcelamento urbano.

Assim, o Estatuto da Cidade, não deixou de traçar normas gerais para balizar a atuação

dos municípios.

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2.6 Resolução 303/2002 do CONAMA

Originalmente a Resolução 303 de 20 de março de 2002 foi editada pelo Conselho

Nacional do Meio Ambiente — CONAMA — para regulamentar o art. 2º da Lei 4.771/65,

então Código Florestal em vigor na época, no que concerne às Áreas de Preservação

Permanente.

Mesmo diante da revogação da lei que a resolução regulamentava, ela continua em

vigor, seja por que é compatível com o Novo Código Florestal, seja porque tem a finalidade

de estabelecer parâmetros, definições e limites referentes às Áreas de Preservação Permanente

que também são pertinentes diante do novo Código Florestal, fazendo-se as devidas

adaptações em termos de referência legislativa e compatibilidade entre os termos e

disposições da nova lei.

Esta Resolução tem cunho eminentemente prático e esclarecedor de diversas

expressões e termos a que o Código Florestal se refere e que devem ser de pleno

conhecimento do usuário e do interprete, especialmente da administração pública, como por

exemplo consta no artigo 2º, as definições de vereda, como sendo o “espaço brejoso ou

encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de

solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo

(Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica;” de morro, como sendo a “ elevação

do terreno com cota do topo em relação a base entre cinquenta e trezentos metros e encostas

com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de

maior declividade”; a de montanha, “elevação do terreno com cota em relação a base superior

a trezentos metros; restinga, “depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente

alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes

comunidades que recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas

por dependerem mais da natureza do substrato do que do clima e outra extremamente

importantes para a boa interpretação e segurança jurídica da administração e dos

jurisdicionados.

A definição mais relevante para o estudo é a relativa a de área urbana consolidada, que

é definida como aquela que atende aos seguintes critérios:

a) definição legal pelo poder público;

b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura

urbana:

1. malha viária com canalização de águas pluviais,

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2. rede de abastecimento de água;

3. rede de esgoto;

4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;

5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;

6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e

c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km².

A Resolução deixa claros os termos da legislação, demonstrando não só o que

considera APP´s, mas também facilitando sua identificação, além de apresentar algumas

definições que permitem a interpretação dos termos da lei ambiental de forma segura, como

ocorre no inciso XIII do artigo 2º, acima que trata das áreas consolidada.

A principal incompatibilidade entre a resolução e o novo Código Florestal diz respeito

a delimitação das APP´s, pois enquanto nela se considerava APP a área situada em faixa

marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal (Art. 3º, I), no novo

Código passou a considerar APP as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene

e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, (Art. 4º, I) ou

seja, na prática a área de preservação diminui, pois a área medida desde o nível mais alto é

significantemente maior que a área medita desde a calha do leito regular.

Esta diminuição das áreas de preservação permanentes estipulada pelo Novo Código

Florestal tem muitos efeitos práticos, tanto na área urbana quanto rural, aumentando naquelas

as chamadas áreas consolidadas e assim permitindo sua regularização nos termos do art. 8º §

2º e nestas não permitindo que as APP cumpram seus processos ecológicos essenciais,

especialmente na Amazônia onde existem grandes alterações nos leitos dos rios em períodos

de cheias tornavam a APP muito maior, pois a delimitação da área de preservação permanente

não computava a área periodicamente inundada, que agora pode até mesmo não ser totalmente

protegida, o que ocasionará muitas situações de graves riscos a flora e a fauna.

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3 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO DO

ESTADO DO PARÁ

Neste tópico se realizará a análise da Constituição do Estado do Pará e as leis Estatuais

Paraenses que abordam o tema das APP´s maneira direta ou indireta, tais como as Leis

Estaduais 5.887/95 que trata sobre a Política Estadual do Meio Ambiente; 6.116/98 que

proíbe a construção de unidades habitacionais às proximidades de fontes de abastecimento de

água potável no Estado e 7.381/10, que trata da obrigatória recomposição da cobertura

vegetal, das matas ciliares.

3.1 Constituição do Estado do Pará

A Constituição do Estado do Pará tratou especificamente da área de preservação

permanente através da letra “b” do inciso III do artigo 236, capítulo II, que trata da Política

urbana, demonstrando claramente a preocupação do estado em ver observada a proteção da

área de preservação permanente.

Art. 236. A política urbana, a ser formulada e executada pelo Estado, no que couber,

e pelos Municípios, terá como objetivo, no processo de definição de estratégias e

diretrizes gerais, o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e a garantia

do bem-estar de sua população, respeitados os princípios constitucionais e mais os

seguintes:

[...]

III – promoção do direito de todos os cidadãos à moradia, transporte coletivo,

saneamento básico, energia elétrica, iluminação pública, abastecimento,

comunicação, saúde, educação, lazer e segurança, assim como à preservação do

patrimônio cultural e ambiental;

[...]

b) a área de preservação deverá proteger a fauna e a flora nativas, recursos hídricos

e monumentos paisagísticos; (Grifei).

No capítulo IV ao tratar da Política minerária e hídrica a Constituição Estatual,

estipula no artigo 245 que o Estado deverá ter uma lei que estabeleça a política minerária e

hídrica, de forma a defender seus interesses, inclusive interrompendo atividades predatórias,

resguardando a soberania nacional sobre a pesquisa, exploração, lavra e uso dos recursos

naturais renováveis e não renováveis, e disciplinando a conservação e o aproveitamento

racional dos bens minerais e das águas.

Já no capítulo VI ao tratar do meio ambiente, o artigo 255 inciso II estipula que

compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-

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lhe zelar pelas áreas de preservação dos corpos aquáticos, principalmente, as nascentes,

inclusive os “olhos d’água”, cuja ocupação só se fará na forma da lei, mediante estudos de

impactos ambientais; ou seja, a Constituição Estadual exige que a ocupação das áreas de

preservação permanente somente poderão ocorrer após a realização de estudos de impacto

ambiental, podendo-se afirmar que tal dispositivo condiciona a utilização de toda APP no

estado do Pará, mesmo nos casos de interesse ou utilidade público, excetuando apenas aqueles

casos em que o código florestal dispensa, como é o caso previsto no artigo 8º § 3º, onde é

dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de

urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à

prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.

A parca previsão de proteção da APP na Constituição Estadual certamente decorre da

competência concorrente do Estado na referida matéria, que é exercida através de leis

ordinárias e não obrigatoriamente através de previsão constitucional.

3.2 Lei Estadual 5.887/1995. Política Estadual do Meio Ambiente

A lei que define a Política Estadual de Meio Ambiente, (lei estadual 5.887/1995)

proíbe em seu artigo 60 a urbanização nas áreas geologicamente instáveis, com acentuada

declividade e as ecologicamente instáveis, assim como proíbe o parcelamento do solo em

áreas de preservação permanente, confirmando a restrição existente no artigo 4º do Código

Florestal, (lei 12.651/2012) e no artigo 3º da Lei de parcelamento do solo urbano (lei

6.776/1979), neste caso, a ampliando, pois veda o parcelamento em todas as áreas legalmente

consideradas como de preservação permanente.

Portanto, a legislação Estadual é mais restritiva que a legislação Federal de

parcelamento de solo urbano e deve ser observada, pois é mais benéfica a natureza.

3.3 Lei Estadual 6.116/1998. Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas

Proximidades de Fontes de Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará

Com o objetivo de resguardar a qualidade de água fornecida à população, evitar

contaminação do manancial aquático e consumo humano; disciplinar o uso de solo e águas

destinadas ao abastecimento de aglomerações humanas; e coibir invasões e/ou ocupações

dessas áreas de interesse social coletivo, o Estado do Pará usando de sua competência

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constitucional em matéria ambiental editou em abril de 1998, a lei 6.116/98, onde proibiu a

construção de unidades habitacionais nas proximidades de fontes de abastecimento de água

potável em todo o Estado do Pará.

Esta legislação é mais restritiva que a legislação nacional, especialmente que o Código

Florestal, que permite em seu artigo 8º, § 1º (Lei 12.651/12) a supressão de vegetação nativa

protetora de nascentes mediante autorização em caso de utilidade pública, o que não poderá

ocorrer no Estado do Pará.

Esta limitação se aplica a todo o Estado do Pará e não somente as Terras Estaduais,

prevalecendo inclusive em áreas de domínio da União, uma vez o art. 24, §1º, da Constituição

da República utilizou um conceito jurídico indeterminado como critério delimitador da

competência legislativa concorrente, ao estabelecer que “a competência da União limitar-se-á

a estabelecer normas gerais”.

Assim em relação à proteção do meio ambiente, existindo norma geral editada pela

União, como é o caso do código Florestal, a legislação estadual só pode especificar a norma

nacional para impor exigências mais defensivas aos ecossistemas, considerando as

particularidades regionais e locais, justamente como ocorre com a legislação em análise.

Ademais, eventual conflito deve ser solucionado sob a ótica da máxima eficácia dos

direitos fundamentais, do qual a proteção ao meio ambiente faz parte, e da prevalência da

norma mais protetiva ao meio ambiente, como corolário do princípio in dubio pro natura.

3.4 Lei Estadual 7.381/2010. Obrigatoriedade da Recomposição da Cobertura

Vegetal, das Matas Ciliares no Estado do Pará

Em março de 2010 o Estado do Pará editou a Lei 7.381/2010 tornando obrigatória a a

recomposição florestal, pelos proprietários, nas áreas situadas ao longo dos rios e demais

cursos d´água, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d´água naturais e artificiais, bem

como nas nascentes e nos chamados “olhos d´água”, obedecida a seguinte largura mínima, em

faixa marginal, ou seja das matas ciliares no Estado do Pará.

No entanto, a existência desta lei somente se justificava antes da edição do Novo

Código Florestal (lei 12.651/2012), pois o então código florestal em vigor (Lei 4.771/65) não

previa de forma direta e explícita a obrigatoriedade de recomposição da área de preservação

permanente eventualmente desmatada, mas a partir de maio de 2012, com a entrada em vigor

do novo código florestal, o tema foi completamente regulado pelo artigo 7º e seus parágrafos,

perdendo eficácia a norma estadual pois conflita com a lei federal:

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O artigo 7º do Código Florestal passou então a exigia que a vegetação situada em Área

de Preservação Permanente deveria não só ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou

ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, mas

também que caso tenha ocorrido a supressão estas pessoas estão obrigadas a recompor esta

vegetação, estabelecendo inclusive que esta obrigação tem natureza real, ou seja, é transmitida

ao sucessor em caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.

.

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4 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO

O município de Redenção somente passou a contar com legislação dedicada a área

ambiental a partir de 2005, com as legislações que serão objeto deste estudo, pois

anteriormente a esta data, nenhuma legislação municipal tratava do assunto, mesmo de

maneira indireta.

A intensão do legislador e do executivo municipal com a edição destas leis era atender

aos ditames do Estatuto da Cidade, (Lei 10257/01), pois o município contava em 2005, com

mais de 20 mil habitantes, estando portanto obrigado a elaborar o plano diretor, nos termos do

artigo 41 do Estatuto da Cidade, não bastando para isto a edição de lei que contemplasse o

Plano Diretor (LCM 01/2005), sendo necessária também uma lei que regulasse o

Parcelamento do Solo no município (LCM 02/2005), e outra que regulasse as edificações

(Código de Posturas) (LCM 04/2005).

A edição das demais leis analisadas, LCM 03/2005 – Código de Meio Ambiente;

LCM 06/2005 – Limites da área urbana e expansão; LCM 59/2011 que criou o Instituto de

Pesquisa, Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção –

IPPUR e a LCM 66/2013 que criou o Plano Municipal de Regularização Fundiária, também

são consequências das necessidades e obrigações estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, pois

são formas pelas quais o Legislador municipal encontrou de regulamentar os fatos que

ocorrem no município de acordo com as características locais.

Cada uma destas leis foi objeto de análise detalhada com o fito de localizar se

continham ou não artigos relacionados às áreas de proteção permanente, e em caso positivo,

como a legislação municipal se porta diante das legislações estatuais e Federais que tratam do

assunto.

4.1 Lei Complementar Municipal 001/2005. Plano Diretor

Em observância do artigo 41 do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) o Legislador

municipal editou em 2005 a Lei Complementar Municipal 001/2005 (LCM 01/2005), que

definiu o Plano Diretor do Município.

Esta LCM possuir 173 artigos, e como demonstra o anexo I menciona as áreas de

preservação permanente, em 31 de seus artigos, sendo que em sua maioria repete as normas

ambientais Federais, estabelecidas no Código Florestal, trazendo as mesmas disposições

programáticas e gerais existentes na Lei Federal.

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As especificidades encontradas e que merecem destaque são as relativas aos artigos

71, II, III; 79, 82 e 84.

No Art. 71, II a lei municipal estabelece a necessidade da instituição de mapas oficiais

e normas específicas para proteção dos recursos naturais e hídricos e de controle das áreas de

preservação permanente, o que se observado, obriga a localização das áreas de preservação

permanente, o que facilita a fiscalização e também ajuda ao empreendedor a ter segurança ao

empreender.

Pelo que se constatou na pesquisa, os mapas elaborados foram tão somente os que

constam nos anexos da LCM 01/2005, não sendo elaborado mais nenhum outro mais

detalhado e que abordasse a realidade das transformações existentes na cidade.

O art. 71, IV estabelece que o poder público municipal deve delimitar a faixa non

aedificandi, destinada a proteção das margens d´agua e de nascentes, para manutenção e

recuperação das matas ciliares. Esta disposição não encontra correspondência no Código

Florestal, mas se confunde com a própria proteção às áreas de preservação permanente, que a

rigor a absorve em parte, no que toca a proteção, mas esta norma é mais rigorosa, na medida

em que proíbe a construção a edificação dentro da faixa de 15 metros estabelecida, e que

portanto deve ser observada.

Ainda na esfera federal, a lei de parcelamento do solo urbano (Lei 6.766/79), em

artigo 4º, III, tem redação semelhante a municipal, mas mais abrangente, pois estende a área

non aedificandi as faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, mas ambas têm a

mesma finalidade.

Lei 6.766/79, artigo 4º

...

III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das

rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15

(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;

O Art. 79 da legislação Municipal mostra-se contraditório, seja com os demais artigos

da legislação municipal, seja com o código florestal, pois deixa a impressão que que as áreas

que margeiam os córregos, rios, nascentes e lagos, em área urbana ou rural, e que constituem-

se nas áreas de preservação permanente, e possam ser objeto de “manejo” mediante

autorização dos órgãos municipais.

Ocorre que Código Florestal, proíbe a existência de manejo nas áreas de preservação

permanente e a portanto a legislação e os órgãos municipais não podem autorizá-lo.

Se a intenção do legislador municipal tiver sido a obrigatoriedade de apresentação de

projeto de recuperação ao órgão municipal pelo proprietário de área particular onde houver

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passivo ambiental, então não se estaria falando de manejo, que é uma forma de exploração de

uma área natural, o que é vedado nos casos de área de preservação permanente.

O parágrafo único deste artigo 79, tornou obrigatória a recuperação das matas nativas

em áreas públicas, no que andou bem, pois a observância das normas ambientais, também

atinge ao Poder Público.

A intenção do Legislador municipal em obrigar a recuperação das áreas de

preservação permanentes degradadas encontra eco no artigo 1º da Lei Estadual 7.381, que

também obriga a recuperação destas áreas em todo o Estado do Pará.

É importante registrar que muito embora tenha tornado obrigatória a recuperação das

áreas de preservação permanente degradadas, nenhuma legislação municipal regulamentou

como deve se proceder neste sentido.

O art. 82 da lei complementar cuja redação é: “O uso, a ocupação e o parcelamento

do solo das áreas consideradas de interesse à preservação do meio ambiente deverão atender

aos requisitos a seguir especificados” está em conflito com a legislação federal, pois a

redação dá a entender que é permitido o uso, a ocupação e o parcelamento do solo nas áreas

de interesse a preservação do meio ambiente, se forem observados os requisitos que a lei

estabelece, o que contraria frontalmente o Código Florestal que expressamente determina em

seu artigo 7º que a vegetação deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou

ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.

As exigências realizadas pelas letras “a” e “b” do inciso I do referido artigo 82, por

sua vez não fazem sentido diante da expressa contrariedade do caput ao disposto na legislação

federal, pois se a legislação federal estipula que a vegetação deve ser mantida pelo

proprietário, não se pode falar em uso, ocupação ou parcelamento com a observância de

requisitos que não constam na legislação federal, não adiantando o estabelecimento de

requisitos por parte da legislação municipal, se a federal impede o uso da área.

A legislação municipal proíbe, no artigo 84, a extração de areia de rios, se houver

modificação do leito e desvio das margens, (impacto local) no que ela acrescenta um ponto

mais restritivo à concessão da Licença de exploração mineral, cuja competência pode ser

Estadual, se os impactos ambientais ultrapassarem os limites territoriais do município, (artigo

4º da Res. 237/97 do CONAMA) ou do próprio município, se a atividade tiver somente

impacto local (artigo 6º da RES 237/97 do CONAMA).

Esta restrição não encontra parâmetros na legislação federal.

Finalmente, o artigo 91 da LCM buscando proteger os mananciais de água existentes

no município em especial lagos, lagoas e reservatórios naturais e artificiais existentes dentro

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das áreas urbanas, de expansão ou de urbanização específica, estabelece faixa non aedificandi

de 30 metros (art. 91), no que está de acordo com o novo código florestal (art. 4º II, b).

4.2 Lei Complementar Municipal 002/2005. Lei de Uso e Parcelamento do Solo

Também na esteira de cumprimento do disposto no estatuto da cidade (Lei 10257/01,

art. 41), o município de Redenção editou lei que regula o Uso e Parcelamento do solo, que

embora não se refira especificamente às áreas de preservação permanente, cria um instituto

semelhante que denomina de Zona de Preservação Ambiental – ZPA.

Segundo esta lei, a Zona de Preservação Ambiental – ZPA tem as mesmas

características da área de preservação permanente, seja em relação a estipulação de faixa de

proteção, seja em termos de proibição de corte raso, uma vez que ao proibir o parcelamento

do solo urbano, está proibindo o corte raso.

A legislação se mostra confusa, pois o “novo instituto” da ZPA, a princípio destina-se

a proteger as nascentes e as cabeceiras de cursos d'água (artigo 5º II), mas logo adiante, no

parágrafo segundo, letra “a”, do mesmo artigo 5º, menciona que devem ser observados os

limites 30 (trinta) metros nas duas margens do leito para córregos urbanos e seus afluentes.

Apesar desta confusão, a LCM 02/2005, define de maneira satisfatória as áreas onde

não é possível o parcelamento do solo (artigo 12) e exige que as áreas não passíveis de

parcelamento devam ser claramente identificadas nos projetos de parcelamento e mais, que

devem ter destinação adequada, a ser definida pelo Executivo e não pelo dono do loteamento,

de modo a se evitar que sejam invadidas ou se tornem áreas de risco efetivo, e mesmo que

sejam lotadas indevidamente.

No que se refere as faixas de proteção, que a LCM 02/2005 denomina de faixas non

aedificandi, com largura mínima de 30,00 m (trinta metros) em cada lado, a partir da margem

ao longo de águas correntes ou dormentes, e de raio mínimo 50,00 m (cinquenta metros) ao

redor de nascentes ou olhos d'água, ainda que intermitentes, ela atende aos padrões do Código

Florestal atual (lei 12.651/12, Art. 4º.), mas em relação a área urbana de Redenção-Pa, não

fazem sentido, posto que não existe curso d´agua com mais de 10 metros de largura na área

urbana do município, o que torna a legislação inócua.

A exigência de que os projetos de loteamento apresentem a planta da gleba que se

pretende lotear, com a indicação da localização dos cursos d'água, das áreas arborizadas e das

construções existentes e ainda a altimetria da gleba, com delimitação das áreas com

declividade entre 30% (trinta por cento) e 35% (trinta e cinco por cento) e superior a esta

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última; (17, II, b, d, e) é uma providencia salutar, pois, é mais do que exige a Lei Federal

6.766/79, no entanto esta exigência poderia se valer também dos instrumentos tecnológicos

mais recentes, tais como o georeferenciamento e as imagens de satélite, que conferem

precisão ao projeto e tornam mais fácil verificação de sua veracidade e até mesmo viabilidade.

4.3 Lei Complementar Municipal 003/2005. Código Municipal de Meio Ambiente

A Lei Complementar Municipal 03/2005, que instituiu o Código de Meio Ambiente e

o Sistema Municipal para o Meio Ambiente no município de Redenção, trata de legislação

que conta com 166 artigos e se refere às áreas de preservação permanente de forma específica

somente no artigo 33 e 34 em diante, e cria, nos artigos 13, II, 14, 15 e 16 um instituto

semelhante às áreas de Proteção Ambiental – APA, previstas no artigo 15 da lei 9.985/00.

Embora esta Área de Proteção Ambiental prevista legislação municipal Redencense

guarde certa semelhança com o instituto previsto na legislação federal, os dispositivos são tão

genéricos e estão mesclados com outro instituto, denominado de Áreas de Diretrizes

Especiais, que não passam de meras “cartas de intenções”, não ajudando realmente na

regulamentação da legislação federal.

No artigo 34, além das áreas denominadas de preservação pelo artigo 33, se acrescenta

a possibilidade se serem considerados por ato do Poder Público local, como de preservação

permanente, a vegetação e as áreas destinadas a asilar exemplares da fauna e flora ameaçados

de extinção, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de aves

migratórias; para assegurar condições de bem estar público e proteger sítios de importância

ecológica, ou seja, assim como o Código Florestal Nacional, o código de meio ambiente

municipal também possui a área de proteção por ato do poder público, mas com margem

maior de atuação, pois das três possibilidades criadas, duas são bastantes genéricas,

especialmente a constante na letra “b”, pois a redação “para assegurar condições de bem

estar público” permite um sem número de interpretações, o que pode ser bom em

determinados aspectos, quando realmente proteger áreas que estejam ligadas ao conceito

gerais de áreas de preservação permanente, e ruim quanto não o fizer, pois poderá

desprestigiar o instituto.

Os artigos 97, 99 e 105, tratam com especificidade do transporte de cargas perigosas,

chegando ao ponto de criar regras para a passagem de tais veículos pelo município, eventual

pernoite e até mesmo lavagem, sendo bastante detalhista.

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A legislação impõe penas de multa – é a única entre as pesquisadas que realiza

penalização desta forma – instituindo até mesmo forma de defesa e julgamento

administrativo. Finalizando apresenta anexo com os conceitos das principais expressões

constantes na lei, seguindo a técnica legislativa moderna, possibilitando ao interprete alcançar

o que pretendeu o legislador, no entanto, isto não é suficiente para harmonizar os conceitos

com as demais legislações municipais analisadas.

4.4 Lei Complementar Municipal 04/2005. Código de Obras do Município de

Redenção

A Lei Complementar Municipal 04/2005 trata do código de obras do município de

Redenção, e em três artigos faz referência as áreas de preservação ambiental, que pelo que se

depreende seriam as áreas de preservação permanente da legislação federal. Esta

nomenclatura assemelhada pode gerar confusão, distorções e subjetivismos, pois depende do

interprete dizer se a legislação se refere ou não às áreas de preservação permanente.

Os artigos 36 e 48 preveem, respectivamente, a suspensão da contagem do prazo do

Alvará de Aprovação e Alvará de Execução de obras, caso ocorra a detecção de violação de

“áreas de preservação ambiental”, assim consideradas pelo município, ou seja, vincula os

alvarás de aprovação e de execução de obras, à legislação municipal, o que está em harmonia

com a autonomia municipal prevista no art. 18, caput, CF/1988 e com o artigo 2º, VI do

Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001).

Por sua vez o artigo 52 trata da regularização de obras clandestinas ou irregulares, em

desconformidade com a legislação, deixando expresso que não será passível de aprovação

aquelas obras que não tenham sido executadas em áreas non aedificandi nem aquelas

levantadas em área de preservação ambiental.

4.5 Lei Complementar Municipal 59/2011

A Lei Complementar Municipal 59/2011, trata da criação do Instituto de Pesquisa,

Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção – IPPUR,

que passou a ser a autarquia municipal responsável pela fiscalização das questões

relacionadas a obras e a implementar a regularização fundiária, e em nenhum de seus artigos

se refere especificamente a áreas de preservação permanente, apesar da matéria ser pertinente

ela, pois a definição da zona urbana e da zona de desenvolvimento devem considerar os

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aspectos relativos as APP´s, especialmente aos mananciais de água, as áreas alagadiças, etc.; a

autarquia municipal possuir entre outras, a competência de planejar o desenvolvimento

sustentável do município, e por conseguinte, a proteção das APP´s, não as menciona nem

como figuras balizadora de suas ações.

4.6 Lei Complementar Municipal 66/2013. Plano Municipal de Regularização

Fundiária

Finalmente cumpre analisar a lei complementar 66/2013 que criou o plano municipal

de regularização fundiária, cuja importância decorre da forma utilizada para a solução da

ocupação irregular das áreas de preservação permanente pela população carente.

Aparentemente a LCM não se relaciona diretamente com o meio ambiente e com as

áreas de preservação permanente, mas ao dispor, no parágrafo único do artigo 25, que é

vedada a regularização de áreas em processo de ocupação que sejam identificadas como

situadas em áreas sujeitas a inundações, deslizamentos de terra, movimentos de massa

rochosa e outras situações de risco, áreas estas que possuem as mesmas características das

áreas de preservação permanente.

Este parágrafo, que a princípio pode dar a impressão de proteção às áreas de

preservação permanente, na realidade, por exclusão torna possível a regularização fundiária

urbana em área de preservação permanente, se alinhando ao disposto no artigo 65, caput4 do

Código Florestal, que remete a lei 11.977/09, que por sua vez, em seu artigo 54, caput e seus

parágrafos, condicionam a utilização das APP´s da seguinte forma:

Art. 54. O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá considerar as

características da ocupação e da área ocupada para definir parâmetros urbanísticos e

ambientais específicos, além de identificar os lotes, as vias de circulação e as áreas

destinadas a uso público.

§ 1º O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização fundiária de

interesse social em Áreas de Preservação Permanente, ocupadas até 31 de dezembro

de 2007 e inseridas em área urbana consolidada, desde que estudo técnico comprove

que esta intervenção implica a melhoria das condições ambientais em relação à

situação de ocupação irregular anterior.

§ 2º O estudo técnico referido no § 1º deverá ser elaborado por profissional

legalmente habilitado, compatibilizar-se com o projeto de regularização fundiária e

conter, no mínimo, os seguintes elementos:

I – caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;

II – especificação dos sistemas de saneamento básico;

III – proposição de intervenções para o controle de riscos geotécnicos e de

inundações;

IV – recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;

4 Lei 12.651/12, Art. 65. Na regularização fundiária de interesse específico dos assentamentos inseridos em

área urbana consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.

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Ocorre que, o parágrafo segundo do artigo 65 do NCF exige expressamente que, para

fins da regularização ambiental prevista no caput do referido artigo, seja mantida faixa não

edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado ao longo dos rios ou de

qualquer curso d’água, o que se contrapõe frontalmente com o disposto na legislação

municipal redencense, impedindo a regularização em áreas de preservação permanente, que

não observar a este requisito legal.

Ademais, a própria legislação municipal (artigo 74, § 1º da LCM 02/2005) já prevê a

impossibilidade de se fazer a regularização fundiária, no município de Redenção, em áreas de

preservação permanente:

Art. 74 - Serão considerados de Interesse Social aqueles loteamentos e/ou conjuntos

habitacionais que sejam destinados às famílias com renda menor ou igual a 03 (três)

salários mínimos.

§ 1º - As Zonas Especiais de Interesse Social poderão localizar-se em qualquer área

do perímetro urbano do município, desde que cumpridas as seguintes condições:

I - não encontrar-se em áreas de proteção ambiental; (grifei)

O mencionado diploma legal (Art. 25, § único, LCM 66/13) também contraria ao

disposto na Lei Estadual 6.116/98, que em seu artigo 1º proíbe a construção de unidades

habitacionais às proximidades de fontes de abastecimento de água potável no Estado do Pará,

pois a princípio todo curso d´agua natural pode ser fonte de água potável.

Evidente, portanto que a LCM 66/13 contraria não só o Código Florestal (art. 65 § 2º),

mas também a Lei federal 11.977/09, a Lei Estadual 6.116/98 (art. 1º) e a Lei Complementar

municipal 02/06 (art. 74, §1º, inc. I) e não pode prevalecer, em respeito a proteção integral do

meio ambiente (CF, Art. 225, caput), e da prevalência da norma mais protetora ao meio

ambiente, como corolário do princípio in dúbio pro natura.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando as Leis Complementares Municipais pesquisada (LCM 001; 002; 003;

004; 006; de 07 de novembro de 2005) sob a ótica comparativa com o Código Florestal

Brasileiro (Lei 12.651/2012), com a Constituição Federal (CF/88), com a Lei de parcelamento

de Solo Urbano (Lei 6.766/79), com o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), é possível se

afirmar que, de modo geral, a legislação municipal se adequa ao sistema legal brasileiro e está

de acordo com a legislação federal e Estadual em vigor, sendo que somente em alguns pontos

existem conflitos e contradições que podem ser solucionados pelo legislador municipal,

principalmente, através da homogeneização da nomenclatura e das expressões e

sistematização da legislação relativa ao meio ambiente.

Da forma com que se encontra a legislação municipal na atualidade ela não impede

que o Poder Público Municipal administre e proteja o meio ambiente, em especial as áreas de

preservação permanente de forma eficaz, mas certamente poderia fazer mais cumprindo

realmente a competência supletiva que a constituição federal lhe concede, regulando

especificamente as particularidades existentes no município.

A aplicação da legislação municipal em vigor e sua observância pelos cidadãos requer

cuidado especial com as generalidades, os subjetivismos e as pontuais incompatibilidades

com o arcabouço legal Estadual e Federal, com o uso de expressões abertas e amplas, e a

criação de institutos que se assemelham com os existentes pela legislação Federal, mas que

não são iguais, com as exigências mais branda e com as lacunas que podem levar ao uso

incorreto da legislação e consequentemente a insegurança jurídica para os investidores e para

a população, que podem ter seus investimentos e expectativas frustradas, seja pela falta de

proteção às áreas de preservação permanente, seja pela degradação de difícil, senão

impossível, recuperação.

A integração e harmonização de conceitos, requisitos e terminologias entre a

legislação municipal que trata dos aspectos relacionados ao meio ambiente, especialmente das

áreas de preservação permanente, objeto deste estudo e o Código Florestal é a melhor solução

para que as áreas de preservação permanente urbanas sejam de fato protegidas, pois os

conflitos entre elas, quanto levados ao Poder Judiciário, tendem a levar que sobressai a

Legislação Federal.

Esta harmonização deveria partir da própria municipalidade, seja do poder executivo

seja do legislativo, pois a legislação ambiental municipal é muito menor que a Estadual e a

Nacional, e certamente é de interesse no município e sua população possuir um quadro

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legislativo que esteja de acordo com a legislação ambiental emanada das demais esferas

governamentais, (Federal e Estadual), para que o desenvolvimento do município se dê com

segurança jurídica, transparência, podendo com isto atrair investimentos.

Especificamente, a legislação municipal poderia incluir entre as atribuições do IPPUR,

a exemplo do que fez o artigo parágrafo 4º do artigo 6º e do artigo 10 da LCM 66/13, a

indicação, identificação, especificação, geolocalização, registro, mapeamento e fiscalização

das áreas de preservação permanente existentes no município de Redenção, especialmente na

área urbana, disponibilizando esta informação à população em sitio da internet, a fim de

facilitar o conhecimento e o acesso, assim como, obrigar a consulta a este banco de dados por

todos os interessados em lotear, edificar, ocupar ou por qualquer forma utilizar qualquer

espaço urbano, público ou provado.

Deveria também, incluir entre os requisitos legais para a aprovação de loteamento, ou

qualquer tipo parcelamento do solo, a apresentação de geolocalização do empreendimento,

com imagens de satélite, devidamente certificada por profissional da área a fim de comprovar

o preenchimento dos requisitos legais ambientais, sociais e de propriedade, além facilitar a

comprovação de seus argumentos e a fiscalização.

Um dos instrumentos legais de que a municipalidade poderia utilizar para planejar e

antecipar o desenvolvimento e a ocupação das áreas no município seria o Zoneamento

Ecológico Econômico do município, previsto no decreto federal 4.297/2002, pois este

instrumento, tem justamente a o objetivo organizar, de forma vinculada, as decisões dos

agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou

indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos

serviços ambientais dos ecossistemas, (artigo 3º caput do decreto 4.297/2002), levando em

conta na distribuição espacial das atividades econômicas, as limitações e as fragilidades dos

ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e

determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com

suas diretrizes gerais, (artigo 3º § único do decreto 4.297/2002).

Portanto a solução passa pelo próprio Município e seus poderes Executivo e

Legislativo, que devem fazer o seu papel de executor e de legislador do local onde os fatos

acontecem, em harmonia com a norma geral federal de proteção das florestas e demais formas

de vegetação, especialmente das áreas de preservação permanente urbanas, o que, por sua vez,

permitirá o cumprimento da obrigação de se tornar uma cidade sustentável.

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ANEXOS

ANEXO 1

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ANEXO 2

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APÊNDICES

APÊNDICE 1

SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 01/2005 – PLANO

DIRETOR.

LEI COMPLEMENTAR 001/2005

PLANO DIRETOR

LEI 12.651/2012

NOVO CÓDIGO

FLORESTAL

CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

3º, inc.

VII

Preservar, recuperar e

proporcionar a adequada

utilização dos mananciais

municipais e dos demais

recursos naturais;

Art. 1º-

A

Esta Lei estabelece

normas gerais

sobre a proteção

da vegetação,

áreas de

Preservação

Permanente e as

áreas de Reserva

Legal; a

exploração

florestal, o

suprimento de

matéria-prima

florestal, o

controle da origem

dos produtos

florestais e o

controle e

prevenção dos

incêndios

florestais, e prevê

instrumentos

econômicos e

financeiros para o

alcance de seus

objetivos

A legislação

municipal é

programática e

apesar de incluir a

obrigação recuperar

APP´s, restringe a

somente um tipo que

são os mananciais,

contrariando a lei

federal que abrange

a proteção a todos os

tipos de APP´s.

11 As áreas ou zonas industriais não

poderão se situar junto às

cabeceiras de mananciais e

tomadas as devidas precauções

no que se refere à proteção dos

recursos naturais, segundo

diretrizes dos órgãos municipais,

estaduais e federais competentes.

Art. 4º Art. 4º Considera-

se Área de

Preservação

Permanente, em

zonas rurais ou

urbanas, para os

efeitos desta Lei:

I - as faixas

marginais de

qualquer curso

Através do presente

dispositivo o

município usa sua

faculdade de

organização

espacial, estipula

proibição que

indiretamente já

existe na LF, pois a

proteção às APP´s

impõe distâncias

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NOVO CÓDIGO

FLORESTAL

CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

d’água natural

perene e

intermitente,

excluídos os

efêmeros, desde a

borda da calha do

leito regular, em

largura mínima de:

a) 30 (trinta)

metros, para os

cursos d’água de

menos de 10 (dez)

metros de largura;

b) 50 (cinquenta)

metros, para os

cursos d’água que

tenham de 10

(dez) a 50

(cinquenta) metros

de largura;

c) 100 (cem)

metros, para os

cursos d’água que

tenham de 50

(cinquenta) a 200

(duzentos) metros

de largura;

d) 200 (duzentos)

metros, para os

cursos d’água que

tenham de 200

(duzentos) a 600

(seiscentos)

metros de largura;

e) 500

(quinhentos)

metros, para os

cursos d’água que

tenham largura

superior a 600

(seiscentos)

metros;

II - as áreas no

entorno dos lagos

e lagoas naturais,

em faixa com

mínimas.

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CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

largura mínima de:

b) 30 (trinta)

metros, em zonas

urbanas

52, § 1º Os assentamentos localizados

nas áreas em situação de risco,

passíveis de regularização

urbanística e jurídico-fundiária,

deverão ser transformados em

ZEIS I e ter o planejamento e a

implementação de sua

consolidação a partir da

elaboração de plano urbanístico.

Art. 65,

caput e

65 § 2º.

Art. 65. Na

regularização

fundiária de

interesse

específico dos

assentamentos

inseridos em área

urbana

consolidada e que

ocupam Áreas de

Preservação

Permanente não

identificadas como

áreas de risco, a

regularização

ambiental será

admitida por meio

da aprovação do

projeto de

regularização

fundiária, na

forma da Lei no

11.977, de 7 de

julho de 2009.

...

§ 2º Para fins da

regularização

ambiental prevista

no caput, ao longo

dos rios ou de

qualquer curso

d’água, será

mantida faixa não

edificável com

largura mínima de

15 (quinze) metros

de cada lado.

Através do presente

dispositivo o

município usa sua

faculdade de

organização

espacial.

52, § 2º Deverá ser instituído, por Lei

Específica, como instrumento

para a garantia do direito à

moradia da população que habita

áreas onde não for viável a

regularização urbanística e

Através do presente

dispositivo o

município

indiretamente prevê

que a regularização

fundiária não poderá

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COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

jurídico-fundiária (áreas em

situação de risco, de preservação

ambiental, destinadas a usos

públicos imprescindíveis e non

aedificandi) Plano de

Reassentamento, que deverá

prever:

ser realizada em

APP´s.

52, § 2º,

letra a

Todas as etapas necessárias à

recuperação do ambiente

desocupado e ao processo de

reassentamento desta população

para áreas próximas ao

assentamento original;

Neste dispositivo

estipula de forma

ampla a sua

responsabilidade de

recuperação do

ambiente degradado

pela ocupação

irregular e

considerando que

prevê o

remanejamento da

população, indica

que se trata de área

de preservação

ambiental, entre

outras, conforme

estipulado no

parágrafo 2º.

59, III A compatibilidade do uso da

propriedade com a preservação

da qualidade do ambiente urbano

e natural;

Neste dispositivo o

Município apresenta

deixa explícito,

mesmo que de

maneira ampla, a

necessidade de

compatibilização do

uso da propriedade

com a preservação

do ambiente de

qualidade.

71, II Instituição de mapas oficiais e

normas específicas para proteção

de recursos naturais e hídricos,

de controle da ocupação das

áreas frágeis e de preservação

ambiental;

A LCM cria a

obrigação ao

executivo municipal

de criar mapas

identificando os

recursos naturais e

protegidos, o que é

positivo pois obriga

o conhecimento, a

definição destas

áreas e facilita a

fiscalização.

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71, IV Delimitar faixas non aedificandi

de proteção às margens d'água e

às nascentes, para manutenção e

recuperação das matas ciliares

Não existe

correspondência

no código

Florestal.

A LCM cria a

obrigação ao

executivo municipal

de delimitar as faixas

onde existe a

proibição de

edificação e uso o

que gera a

identificação destas

áreas e facilita a

fiscalização.

75 As áreas destinadas a proteção

dos recursos naturais e hídricos e

do patrimônio ambiental

compreendem as Unidades de

Conservação.

Neste artigo a LCM

complementar

acomoda institutos

de direito diferentes

em um único –

unidade de

conservação -

confundindo os

institutos e no fundo

contrariando a

legislação Federal,

pois as expressões

“recursos naturais e

hídricos” é ampla.

76 As unidades de conservação

ambiental, bem como as áreas

frágeis, impróprias à

urbanização, serão identificadas

e cadastradas pelo Conselho

Municipal do Meio Ambiente e

serão objetos de futuras políticas

ambientais.

Neste dispositivo a

LCM inova

determinando a

identificação e

cadastramento das

áreas de proteção

ambiental pelo

Conselho municipal

de meio ambiente,

criando indefinição,

se deverão haver 2

cadastros ou apenas

estes, e ainda a

dependência do

cadastro da

existência do

CMMA.

78 Em caso de necessidade do corte

de vegetação nas áreas verdes

pertencentes ao corredor avi-

fauna, deverá ser apresentado

projeto de manejo a ser

analisado pelos órgãos

municipal, estadual e federal

Art. 8º

caput

A intervenção ou a

supressão de

vegetação nativa

em Área de

Preservação

Permanente

somente ocorrerá

Neste dispositivo a

LCM confunde as

áreas de proteção,

pois áreas verdes

tem sentido mais

amplo incluindo

praças e até mesmo

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RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

competentes. nas hipóteses de

utilidade pública,

de interesse social

ou de baixo

impacto ambiental

previstas nesta

Lei.

APP´s, dependendo

do doutrinador,

razão pela qual gera

incompatibilidade

com a legislação

Federal, que não

permite “projeto de

manejo” em áreas de

APP. (Art. 8º caput

lei 12.651/12)

79 Nas áreas particulares que

margeiam os córregos, rios,

nascentes e lagos, em área

urbana ou rural, deverá ser

solicitada autorização para os

órgãos municipais, estaduais e

federais competentes, para

manejo e recomposição com

espécies nativas específicas de

mata ciliar regional.

Art. 8º

caput

A intervenção ou a

supressão de

vegetação nativa

em Área de

Preservação

Permanente

somente ocorrerá

nas hipóteses de

utilidade pública,

de interesse social

ou de baixo

impacto ambiental

previstas nesta

Lei.

Neste dispositivo a

LCM é incompatível

com a legislação

Federal, que não

permite “projeto de

manejo” em áreas de

APP. (Art. 8º caput

lei 12.651/12)

79 §

único

Nas áreas públicas tornar-se-á

obrigatória tal recomposição,

seguindo-se os critérios técnicos

recomendados.

Art. 7º

caput

A vegetação

situada em Área

de Preservação

Permanente deverá

ser mantida pelo

proprietário da

área, possuidor ou

ocupante a

qualquer título,

pessoa física ou

jurídica, de direito

público ou privado

Neste dispositivo a

LCM a redação

deixa margens para

dúvida, pois ao usar

a expressão “nas

áreas públicas” dá

deixa subentendido

que nas áreas que

não são públicas a

recomposição não é

obrigatória.

80 Poderá ser criado um programa

de implantação de parques-

pomares silvestres nas áreas

verdes públicas situadas fora de

preservação permanente,

seguindo-se as diretrizes da

legislação Estadual e Federal.

Este dispositivo é

meramente

programático, e

deixa a

regulamentação dos

parques-pomares

para a legislação

Estadual e Federal.

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FLORESTAL

CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

82 O uso, a ocupação e o

parcelamento do solo das áreas

consideradas de interesse à

preservação do meio ambiente

deverão atender aos requisitos a

seguir especificados:

I - áreas com matas nativas ou

outras formas de vegetação:

a) a vegetação existente em

áreas com declividade superior

a 30º (trinta graus) não poderá

ser removida;

b) para ocupação de glebas

totalmente florestadas serão

instituídas por lei as

porcentagens permitidas de

desmatamento, segundo análise

dos órgãos federais, estaduais e

municipais competentes.

Art. 4º,

V e Art.

11

Art. 4º Considera-

se Área de

Preservação

Permanente, em

zonas rurais ou

urbanas, para os

efeitos desta Lei:

V - as encostas ou

partes destas com

declividade

superior a 45°,

equivalente a

100% (cem por

cento) na linha de

maior declive; e

Art. 11. Em áreas

de inclinação entre

25° e 45°, serão

permitidos o

manejo florestal

sustentável e o

exercício de

atividades

agrossilvipastoris,

bem como a

manutenção da

infraestrutura

física associada ao

desenvolvimento

das atividades,

observadas boas

práticas

agronômicas,

sendo vedada a

conversão de

novas áreas,

excetuadas as

hipóteses de

utilidade pública e

interesse social.

Neste ponto a

legislação ambiental

local é mais rígida

que o código

florestal, pois este

somente proíbe a

remoção de

vegetação em áreas

com declividade

superior a 45º, pois

as considera como

APP´s (art. 4, V) e o

artigo 11 permite a

realização de

atividades

agrosilvipastoris.

83, III São programas prioritários da

Política Municipal de Meio

Ambiente:

III - o reflorestamento da mata

ciliar e da cabeceira de

drenagens, em áreas urbanas e

rurais;

Neste dispositivo a

LCM mesmo

dizendo que os

programas de

reflorestamento da

mata ciliar e

“cabeceiras de

drenagens” seriam

prioritárias, não as

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CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

torna obrigatórias,

não estabelece prazo

e nem controle,

tratando-se de norma

meramente

programática.

84 A extração de areia de rio não

poderá ser feita com a

modificação do leito ou o desvio

das margens, tampouco com a

possibilidade de formar bacias,

causar a estagnação de águas ou

produzir qualquer prejuízo às

pontes e quaisquer outras obras

no leito e nas margens do rio.

Neste dispositivo a

LCM coloca

impedimentos para a

atividade de extração

de areia,

estabelecendo alguns

critérios de controle,

no entanto, não

explicita a

necessidade de

licença ambiental.

Dependendo do local

de retirada da areia,

a legislação pode ser

inócua, por exemplo

quando o rio for

divisa de municípios

e até mesmo pode

não ser da

competência do

município licenciar

esta atividade por

completo.

85 As extrações minerais permitidas

no Município deverão seguir as

diretrizes dos órgãos federais e

estaduais competentes para a

recomposição da área.

Neste dispositivo a

LCM apenas remete

a legislação superior

(Estadual e Federal).

86 As áreas de extração mineral

exploradas e que não sofreram

recuperação, bem como outras

áreas degradadas, na zona rural

ou urbana, de propriedade

pública ou particular, deverão

passar por obras de

recomposição do meio-ambiente

agredido, projetadas e

executadas de acordo com

orientações dos órgãos

competentes.

Neste tópico a LCM

exige a recuperação

do meio ambiente

somente para o caso

das áreas de extração

mineral,

especificando aquilo

que deveria ser

geral.

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87 São consideradas de interesse

estratégico, destinadas à reserva

de água para futura captação, as

seguintes áreas:

I. Bacia do Rio Pau D’ arco

II. Bacia do Rio Arraias do

Araguaia

III. Sub-bacia do Ribeirão Pau

D´arquinho

IV. Sub-bacia do Ribeirão

Sardinha

V. Sub-bacia do Ribeirão Água

Preta

VI. Sub-bacia do Ribeirão São

João

VII. Sub-bacia do Ribeirão do

Fogo

VIII. Sub-bacia do Córrego da

Estiva

IX. Sub-bacia do Córrego

Redenção

X. Sub-bacia do Córrego do

Gago

XI. Sub-bacia do Córrego da

Porteira

XII. Sub-bacia do Córrego Jabuti

XIII. Sub-bacia do Córrego

Taboquinha

XIV. Sub-bacia do Córrego

Fortaleza

Este dispositivo é de

ordem

eminentemente

programática,

88 Para a extração de areia, limpeza

e desassoreamento dos lagos e

lagoas, deverão ser solicitadas

autorização e diretrizes ao órgão

competente, ao qual será

apresentado projeto de

recomposição com vegetação

nativa.

Norma programática

para a área de

extração de areia,

que não encontra

semelhança na

legislação Federal.

90 Para construções próximas aos

corpos d'água deverão ser

Dispositivo que

contraria outro

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CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

solicitadas diretrizes ao órgão

competente da Prefeitura, de

acordo com os critérios adotados

pela Política Municipal de Meio

Ambiente.

dispositivo da LCM

(art. 91) e também o

Código Florestal,

pois os critérios são

adotados pela

Legislação Federal e

não pela Política

Municipal de meio

ambiente.

91 Os lagos, lagoas e reservatórios

naturais ou artificiais existentes

dentro das áreas urbanas, de

expansão urbana ou urbanização

específica, terão faixas "non

aedificandi" a serem respeitadas

ao seu redor de no mínimo 30

(trinta) metros, contados da cota

altimétrica de máxima cheia.

Este dispositivo

contraria o artigo 4º

II, “a” da lei

12.651/12 que

estipula 100 metros

para a área rural.

Os 30 metros

exigidos pelo

dispositivo podem

ser mais rígidos que

o da legislação

Federal.

92 Qualquer tubulação ou obra de

contenção das margens dos

mananciais deverá ser precedida

de projeto técnico elaborado por

profissionais habilitados na

forma da lei e aprovado pelos

órgãos competentes.

Dispositivo mais

especifico e

restritivo que a

norma geral.

93 Nas áreas de mananciais d'água

deverá haver destinação correta

dos esgotos e efluentes hídricos,

bem como a aplicação correta de

agrotóxicos, através de

orientação do órgão competente

municipal.

Dispositivo de

ordem genérica que

repete a norma geral,

apenas nomeando

atividades, o que

pode gerar

especialização e

prejudicar a

aplicação da lei.

94 Deverá ser criada uma Política

de Recursos Hídricos

objetivando a proteção dos

mananciais.

Norma meramente

programática e de

pouso efeito, pois a

competência para

legislar em matéria

de água é exclusiva

da União. (Art. 22,

IV CF).

95 O órgão municipal responsável

deverá elaborar estudo das águas

Norma meramente

programática e de

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LEI COMPLEMENTAR 001/2005

PLANO DIRETOR

LEI 12.651/2012

NOVO CÓDIGO

FLORESTAL

CONSIDERAÇÕES

RELATIVAS A LEI

COMPLEMENTAR

MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO

subterrâneas do Município,

incluindo cadastramento e

aferição da qualidade das águas

de poços.

pouso efeito, pois a

competência para

legislar em matéria

de água é exclusiva

da União. (Art. 22,

IV CF).

121,

XXI

Para o planejamento, controle,

gestão e promoção do

desenvolvimento urbano, o

Município de Redenção adotará

os instrumentos de política

urbana que forem necessários,

em consonância com as

diretrizes contidas na Política

Nacional do Meio Ambiente,

especialmente:

XXI - avaliação de relatório de

impacto ambiental e estudo de

impacto de vizinhança;

O dispositivo

possibilita a

exigência do Estudo

de Impacto de

Vizinhança,

conforme permite a

Norma geral

121,

XXVII

Para o planejamento, controle,

gestão e promoção do

desenvolvimento urbano, o

Município de Redenção adotará

os instrumentos de política

urbana que forem necessários,

em consonância com as

diretrizes contidas na Política

Nacional do Meio Ambiente,

especialmente:

XXVII - Zoneamento Ambiental

O dispositivo

possibilita a criação

de zoneamento

ambiental municipal,

como auxiliar do

planejamento, gestão

e controle do

desenvolvimento

urbano,

demonstrando que o

meio ambiente deve

estar associado ao

desenvolvimento.

Tabela 1 Lei Complementar Municipal 01/2005 - Plano Diretor

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56

APÊNDICE 2

SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 02/2005 – LEI DE

USO E PARCELAMENTO DO SOLO URBANO.

.

LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO

ARTIGO REDAÇÃO

4º, I

As zonas, diferenciadas segundo os potenciais de adensamento e as demandas de preservação e

proteção ambiental, histórica, cultural, arqueológica ou paisagística, são as seguintes:

I - Zona de Preservação Ambiental – ZPA

5, II

São ZPA as regiões que, por suas características e pela tipicidade da vegetação, destinam-se à

preservação e à recuperação de ecossistemas, visando a:

II - proteger as nascentes e as cabeceiras de cursos d'água;

5, § 1º É vedada a ocupação do solo nas ZPA, exceto por edificações destinadas exclusivamente ao seu

serviço de apoio e manutenção, incluída estrutura de apoio ao turismo e lazer coletivo.

5, § 2º

Os limites das Zonas de Proteção Ambiental – ZPA – deverão obedecer aos índices exigidos

pela legislação competente, quais sejam:

a) 30 (trinta) metros nas duas margens do leito para córregos urbanos e seus afluentes;

b) 50 (cinquenta) metros de raio para nascentes.

12, I

Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:

I - sujeitos a inundações, enquanto não forem tomadas providências que assegurem o

escoamento das águas;

12, III Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:

III - naturais com declividade superior a 35% (trinta e cinco por cento);

12, V

Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:

V - contíguos a mananciais, cursos d'água, represas e demais recursos hídricos, sem a prévia

manifestação dos órgãos competentes;

12, § 1º

No caso de parcelamento de glebas com declividade de 30% (trinta por cento) a 35% (trinta e

cinco por cento), o projeto respectivo deve ser acompanhado de declaração do responsável

técnico de que é viável edificar-se no local.

12, § 4º

As áreas não passíveis de parcelamento devem ser claramente identificadas no projeto e ter

destinação adequada, a ser definida pelo Executivo, de modo a se evitar que sejam invadidas ou

se tornem áreas de risco efetivo.

13, III

Os parcelamentos devem atender às seguintes condições:

III - é obrigatória a reserva de faixas non aedificanda e estabelecidas com fundamento em

parecer técnico:

a) ao longo de águas correntes ou dormentes, com largura mínima de 30,00 m (trinta metros) em

cada lado, a partir da margem;

b) num raio mínimo de 50,00 m (cinquenta metros) ao redor de nascentes ou olhos d'água, ainda

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57

LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO

ARTIGO REDAÇÃO

que intermitentes;

13, § 2º,

III

§ 2º - Além das previstas no caput, devem ser respeitadas as seguintes condições:

III - nos projetos de parcelamento realizados ao longo de águas canalizadas é obrigatória a

reserva, em cada lado, a partir de sua margem, de faixa de segurança non aedificanda, cujas

dimensões serão estabelecidas pelo Executivo, até o máximo de 15,00 m (quinze metros) de

largura.

§ 3º - As áreas non aedificandae devem ser identificadas na planta de aprovação do

parcelamento.

13, § 3º § 3º - As áreas non aedificandae devem ser identificadas na planta de aprovação do

parcelamento.

16, § 7, I

Art. 16 - Nos loteamentos, é obrigatória a transferência ao Município de, no mínimo, 35% (trinta

e cinco por cento) da gleba, para instalação de equipamentos urbanos e comunitários, sistema de

circulação e espaços livres de uso público.

§ 7º - Não são aceitas no cálculo do percentual de terrenos a serem transferidos as áreas:

I - não parceláveis e non aedificandae;

16, § 8

§ 8º - As áreas previstas no inciso I do parágrafo anterior podem ser transferidas ao Município,

caso haja justificado interesse público de ordem ambiental, sendo computada, para efeito do

cálculo do percentual, apenas metade de sua área, até o máximo de 5% (cinco por cento) da

gleba parcelada.

17, II, b,

d, e

Art. 17 - A elaboração do projeto de loteamento deve ser precedida da fixação de diretrizes pelo

Município, em atendimento a requerimento do interessado, acompanhado, no mínimo, dos

seguintes documentos e informações:

II - planta da gleba que se pretende lotear, contendo:

b) localização dos cursos d'água;

d) localização das áreas arborizadas e das construções existentes;

e) altimetria da gleba, com delimitação das áreas com declividade entre 30% (trinta por cento) e

35% (trinta e cinco por cento) e superior a esta última;

44 § 2º

Art. 44 - Considera-se taxa de permeabilização a área descoberta e permeável do terreno, em

relação a sua área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie

alívio para o sistema público de drenagem urbana.

§ 2º - As edificações, exceto as localizadas na ZPA, podem impermeabilizar até 100% (cem por

cento) da área do terreno, desde que:

74, § 1º, I

Art. 74 - Serão considerados de Interesse Social aqueles loteamentos e/ou conjuntos

habitacionais que sejam destinados às famílias com renda menor ou igual a 03 (três) salários

mínimos.

§ 1º - As Zonas Especiais de Interesse Social poderão localizar-se em qualquer área do perímetro

urbano do município, desde que cumpridas as seguintes condições:

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LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO

ARTIGO REDAÇÃO

I - não encontrar-se em áreas de proteção ambiental;

Tabela 2 Lei Complementar Municipal 02/2005 – Lei de Uso e Parcelamento do Solo.

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59

APÊNDICE 3

SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 003/2005 – CÓDIGO

DE MEIO AMBIENTE.

LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE

ARTIGO REDAÇÃO

3º, IV

A Política Municipal do Meio Ambiente terá por objetivos:

IV – criar parques, reservas, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental ou de relevante

interesse ecológico ou paisagístico;

6º, III

Será órgão Central do SIMMA, o Conselho Municipal do Meio Ambiente, a ser criado por

Lei Municipal, o qual passará a ser disciplinado por esta Lei e normas dela decorrentes,

estando assim encarregado de promover as ações descritas no seu âmbito, competindo lhe:

III – sugerir à autoridade competente a instituição de áreas de relevante interesse ecológico,

ou paisagístico, visando proteger sítios de excepcional beleza, asilar exemplares da fauna e

flora ameaçadas de extinção, proteger mananciais, proteger o patrimônio histórico, artístico,

cultural e arqueológico, além de áreas representativas dos ecossistemas locais, destinadas à

realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia;

13, II

Para os efeitos desta Lei o território municipal poderá ser qualificado pelas seguintes áreas

de especial interesse ecológico e, ou paisagístico:

II. Áreas de Proteção Ambiental – APA.

14, caput

Para os efeitos desta Lei ao Município compete criar, definir, implantar e administrar áreas

de interesse ecológico e, ou paisagístico como Áreas de Diretrizes Especiais – ADE – e

Áreas de Proteção Ambiental – APA a serem regulamentadas e, quando for o caso,

devidamente protegidas, com vistas a manter e utilizar racionalmente o patrimônio biofísico

e cultural do seu território.

14 § Ú

As áreas de domínio público ou privado classificadas como Áreas de Diretrizes Especiais –

ADE e Áreas de Proteção Ambiental – APA objetivam:

I – a proteção de ecossistemas e do equilíbrio do meio ambiente;

II – a utilização racional dos recursos naturais não-renováveis;

III – o desenvolvimento de atividades de lazer, cultura e científicas.

15 Ato do Executivo Municipal fixará os critérios de uso, ocupação e manejo das Áreas de

Diretrizes Especiais – ADE e das Áreas de Proteção Ambiental - APA.

16

Ficam vedadas quaisquer ações ou atividades que comprometam ou possam vir a

comprometer, direta ou indiretamente, os atributos e características inerentes às áreas de que

trata o artigo anterior

33, I

Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente

os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:

I – ao longo dos rios ou cursos d’água, desde o seu nível mais alto, em faixa marginal, cuja

largura mínima seja de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos 10 (dez) metros de

largura;

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60

LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE

ARTIGO REDAÇÃO

33, II

Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente

os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:

II - para os rios ou cursos d’água com largura acima de 10 (dez) metros, a faixa marginal de

preservação permanente, deverá atender o estabelecido a Lei Federal no. 7.803, de 18 de

julho de 1989 Código Florestal;

33, III

Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente

os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:

III – ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água natural ou artificial, desde os seus

níveis mais altos, medidos horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja de

30 (trinta) metros;

33, IV

Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente

os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:

IV – ao redor das nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d’água",

qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio de 50 (cinquenta) metros de largura.

34

Considera se, ainda, de preservação permanente, quando assim declarados por ato do Poder

Municipal, a vegetação e as áreas destinadas a:

a. – asilar exemplares da fauna e flora ameaçados de extinção, bem como aquelas que sirvam

como local de pouso ou reprodução de aves migratórias;

b. – assegurar condições de bem estar público; ec proteger sítios de importância ecológica.

97

Art. 97 O Executivo Municipal regulamentará o uso das vias pelos veículos que

transportem produtos perigosos, assim como indicará as áreas apropriadas para o

estacionamento e pernoite dos mesmos.

Parágrafo único Para definição das vias e áreas referidas no caput deste artigo, serão

evitadas as áreas de proteção aos mananciais, reservatórios de água, reservas florestais e as

áreas densamente povoadas. Deverão ser levadas em conta, também, as características

específicas dos produtos transportados.

99

Art. 99 - O veículo que transportar produto perigoso deverá evitar o uso de vias em áreas

densamente povoadas ou de proteção de mananciais, reservatórios de água ou reservas

florestais e ecológicas, ou que delas sejam próximas.

105

Art. 105 A lavagem de veículos transportadores de cargas perigosas, não poderá ser realizada

em solo do Município de Redenção, até que seja construída e colocada em funcionamento a

estação de tratamento de efluentes líquidos, que possa garantir adequado tratamento,

eliminando a possibilidade de contaminação dos mananciais.

136, VIII Art. 136 São circunstâncias agravantes:

VIII – a infração atingir áreas sob proteção legal

138, VIII

Art. 138 São infrações ambientais:

VIII – inobservar, o proprietário ou quem detenha a posse, as exigências ambientais relativas

a imóveis:

Pena: incisos I, II, III e IV do artigo 137 desta Lei.

ANEXO I

CONCEITOS

Área de Preservação Permanente – são aquelas em que as florestas e demais formas de

vegetação natural existentes não podem sofrer qualquer tipo de degradação.

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LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE

ARTIGO REDAÇÃO

ANEXO I

CONCEITOS

Áreas de Proteção Ambiental APA's - áreas em que se objetiva proteger e conservar a

qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da qualidade de

vida da população local e a proteção dos ecossistemas regionais, denominadas também, de

unidades de conservação.

Tabela 3 Lei Complementar Municipal 03/2005 - Código de Meio Ambiente

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62

APÊNDICE 4

SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 04/2005 – CÓDIGO

DE OBRAS

LEI COMPLEMENTAR 004/2005 - CÓDIGO DE OBRAS

ARTIGO REDAÇÃO

36, V

Art. 36 - A contagem do prazo do Alvará de Aprovação ficará suspensa mediante comprovação,

através de documento hábil, da ocorrência suspensiva, durante os impedimentos a seguir

relacionados:

V - áreas de preservação ambiental, assim consideradas pelo município.

48, V

Art. 48 - A contagem do prazo do Alvará de Execução ficará suspensa mediante comprovação,

através de documento hábil, da ocorrência suspensiva, durante os impedimentos a seguir

mencionados:

V - áreas de preservação ambiental, assim considerada pelo Município.

52, III

Art. 52 - A regularização de obras clandestinas ou irregulares, em desconformidade com a

legislação vigente, será passível de aprovação, nas seguintes condições:

III - não tenham sido executadas em áreas non aedificandi nem em área de preservação

ambiental;

Tabela 4 Lei Complementar Municipal 04/2005 – Código de Obras