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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE
MARCELO CARMELENGO BARBOZA
ASPECTOS JURÍDICOS DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE REDENÇÃO/PA COMPARADOS COM A
LEGISLAÇÃO FEDERAL AMBIENTAL
BELÉM – PA
2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE
MARCELO CARMELENGO BARBOZA
ASPECTOS JURÍDICOS DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA
LEGISLAÇÃO MUNICIPAL DE REDENÇÃO/PA COMPARADOS COM A
LEGISLAÇÃO FEDERAL AMBIENTAL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
Graduação em Ciências e Meio Ambiente, da
Universidade Federal do Pará – UFPA, como
requisito parcial para obtenção do título de
mestre em Ciências e Meio Ambiente.
Orientador: Prof. Dr. José Heder Benatti
BELÉM – PARÁ
2015
Barboza, Marcelo carmelenfo, 1967- Aspectos jurídicos das áreas de preservaçãopermanente da legislação municipal de Redenção/Pacomparados com a legislação federal ambiental / Marcelo carmelenfo Barboza. - 2015.
Orientador: Jos Heder Benatti. Dissertação (Mestrado) - UniversidadeFederal do Pará, Instituto de Ciências Exatas eNaturais, Programa de Pós-Graduação em Ciênciase Meio Ambiente, Belém, 2015.
1. Direito ambiental. 2. Meioambiente-Preservação-Legislação-Redenção (PA).3. Florestas-Legislação-Redenção (PA). I.Título.
CDD 22. ed. 344.046
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)Sistema de Bibliotecas da UFPA
À minha esposa Luciana, pelo Amor e a
compreensão de sempre.
Aos meus filhos Luana, Izabella e Bruno,
como exemplo de que tudo é possível.
Aos meus Pais, Manoel e Mariza, pela
tranquilidade e certeza de sempre poder contar
com vocês.
AGRADECIMENTOS
Aos professores e professoras do programa de pós-graduação em ciências e meio
ambiente do Instituto de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal do Pará pelos
saberes, pela paciência e generosidade em transferir tantos conhecimentos.
Aos Coordenadores do programa de pós-graduação em ciências e meio ambiente pela
coragem e pioneirismo de criar programa de Mestrado Profissional.
Ao Prof. Dr.º José Heder Benatti, pela paciência, compreensão e pelos inúmeros
conhecimentos transmitidos.
RESUMO
Tendo a Constituição Federal de 1988 considerado os municípios brasileiros como entes da
federação e lhes concedido autonomia para auto-organizar-se através da elaboração de lei
orgânica própria, para autogovernar-se por meio da eleição de seus gestores, para auto legislar
através da elaboração leis municipais e auto administrar-se, criando, mantendo e prestando de
serviços de interesse local era de se esperar que no exercício desta autonomia muitos
municípios passassem a legislar também sobre questões ambientais, elaborando e adaptando
suas legislações internas, com base na Constituição Federal e nas Legislações Superiores,
colaborando assim para o enriquecimento do mundo jurídico. Com foco na legislação
municipal de Redenção/Pará, o estudo pretende, após abordagem sintética das estruturas
jurídicas nacional e estadual relativas à área de preservação permanente, analisar a
compatibilidade entre a legislação municipal de Redenção-Pa e a Legislação Federal
ambiental, especialmente com o novo Código Florestal (Lei 12.651/12), no que diz respeito as
áreas de preservação permanente, uma vez que esta legislação nacional deixou expresso em
seu artigo 4º que se aplica também a área urbana. A investigação deparou-se com a
dificuldade de acesso a legislação municipal, pois na ela não estava disponível em sites de
internet ou mesmo reunida em acervo, libro ou compendio organizado e de fácil acesso pelo
contrário, foi necessária a solicitação através de ofício ao presidente da Câmara Municipal
para que se pudesse obter uma cópia da legislação. Superada esta etapa, procedeu-se a revisão
bibliográfica acerca das APP´s e análise qualitativa da legislação Federal, Estadual e
Municipal coletada, bem como a elaboração de tabela comparativa entre cada legislação
municipal que se refere a APP e o Código Florestal, chegou-se a conclusão de que, de modo
geral, a legislação municipal está de acordo com a legislação federal e Estadual em vigor,
sendo que somente em alguns pontos existem conflitos e contradições que podem ser
solucionados pelo legislador municipal, principalmente, através da homogeneização da
nomenclatura e das expressões e sistematização da legislação relativa ao meio ambiente. Não
se pretendeu neste estudo discutir a correção de uma ou outra legislação, mas ofertar
argumentos de sorte a fomentar o debate a respeito do tema.
Palavras-chave: Ambiental. APP. Zonas Urbanas. leis ambientais municipais.
compatibilidade Novo Código Florestal. Redenção/Pa.
ABSTRACT
Since the Federal Constitution of 1988 considered the municipalities as federal entities and
granted them autonomy to self organize themselves by developing their own organic law, to
self govern themselves by electing their managers, for self regulation by drawing municipal
laws and self-administering, creating, maintaining and providing services of local interest was
to be expected that in the exercise of autonomy many municipalities also passed the
legislation on environmental issues, developing and adapting their domestic legislation, based
on the Federal Constitution and the Higher Laws, thus contributing to the enrichment of the
legal world. With a focus on municipal law of Redemption / Pará, the study aims, after
synthetic approach to national and state legal structures for the permanent preservation area,
examine the compatibility between the municipal law of Redemption-Pa and Federal
environmental legislation, especially with the new Forest Code (Law 12,651 / 12), as regards
the areas of permanent preservation, since this national legislation failed expressed in Article
4 which also applies to urban areas. The research was faced with the difficulty of access to
municipal legislation because in it was not available on internet sites or even gathered in the
collection, organized libro or compendium and easily accessible to the contrary, it was
necessary to request by letter to the President of City Council so that it could get a copy of the
legislation. Overcome this step, we proceeded to the literature review about APP'se qualitative
analysis of Federal, Provincial and Municipal collected, as well as the preparation of
comparative table between each municipal legislation referred to APP and the Forest Code,
was reached the conclusion that, in general, municipal legislation is in accordance with
federal and state law, and only in some places there are conflicts and contradictions that can
be solved by the municipal legislature, mainly through the homogenization of the
Nomenclature expressions and systematization of legislation on the environment. It was not
intended in this study discuss the correction of one or other legislation, but offer sorts of
arguments to stimulate the debate on the subject.
Keywords: Environmental. APP. Urban Areas. municipal environmental laws. Compatibility
New Forest Code. Redenção/Pa.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 9
2 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO
NACIONAL ................................................................................................................. 14
2.1 Breve Histórico ..................................................................................................................... 14
2.2 A APP no Novo Código Florestal. .................................................................................... 16
2.2.1 APP criada por força de lei ................................................................................................... 17
2.2.2 APP criada por Ato do Poder Público ................................................................................. 18
2.3 APP na Constituição Federal. ........................................................................................... 19
2.4 Lei Nacional de Parcelamento do Solo Urbano ............................................................ 21
2.5 Estatuto da Cidade .............................................................................................................. 22
2.6 Resolução 303/2002 do CONAMA. .................................................................................. 23
3 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO DO
ESTADO DO PARÁ. ....................................................................................................................... 25
3.1 Constituição do Estado do Pará. ...................................................................................... 25
3.2 Lei Estadual 5.887/1995. Política Estadual do Meio Ambiente ................................ 26
3.3 Lei Estadual 6.116/1998. Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas
Proximidades de Fontes de Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará. ............. 26
3.4 Lei Estadual 7.381/2010. Obrigatoriedade da Recomposição da Cobertura
Vegetal, das Matas Ciliares no Estado do Pará. ........................................................................ 27
4 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO. ................ 29
4.1 Lei Complementar Municipal 001/2005. Plano Diretor. ............................................ 29
4.2 Lei Complementar Municipal 002/2005. Lei De Uso E Parcelamento Do Solo. ... 32
4.3 Lei Complementar Municipal 003/2005. Código Municipal De Meio Ambiente.. 33
4.4 Lei Complementar Municipal 04/2005. Código De Obras Do Município De
Redenção ............................................................................................................................................. 34
4.5 Lei Complementar Municipal 59/2011. .......................................................................... 34
4.6 Lei Complementar Municipal 66/2013. Plano Municipal De Regularização
Fundiária. ........................................................................................................................................... 35
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. .................................................................................... 37
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 39
ANEXOS ...................................................................................................................... 43
APÊNDICES ............................................................................................................... 45
9
1 INTRODUÇÃO
Em razão da colonização Portuguesa e da forte influência Moura que esta recebeu, a
maioria das vilas e cidades brasileiras se formaram e se desenvolveram a partir ou nas
proximidades de rios, riachos, cursos d´agua e nascentes, pois esta proximidade facilitava o
uso da água, seja como fonte de irrigação e de higiene, seja como meio de acesso e de
transporte, uma vez que o curso d´água era, na maioria dos casos, a forma mais fácil de se ter
acesso à nova localidade. (MIRANDA, 2007, p. 1)
Os cursos d´agua em geral possibilitavam desde o fornecimento da água potável, ao
transporte da alimentação, o uso na irrigação e na higiene do homem e até mesmo na
eliminação dos dejetos oriundos destes usos (esgotamento sanitário).
Assim a importância dos cursos d´agua para as cidades brasileiras foi e é inequívoca,
no entanto, somente no século XX, mais precisamente em 1934, (Código das Águas - Decreto
24.643/34) é que o legislador nacional passou a se preocupar com a proteção de seus entornos,
não com os olhos preservacionistas que se tem hoje, mas em razão de critérios
administrativos, posto que esta legislação criou as chamadas servidões de trânsito1, que se
destinavam a permitir a livre passagem dos agentes da administração pública em uma faixa de
10 metros, nos terrenos localizados às margens de águas correntes não navegáveis ou
flutuáveis, e uma faixa de 15 metros, contados a partir do ponto médio de cheias, nos terrenos
banhados por águas correntes navegáveis.
Já em 1965, de forma muito mais especifica, o legislador criou normas de proteção às
áreas que margeavam os cursos d´agua, denominando-as de Áreas de Preservação Permanente
– APP – que, por definição legal, são as áreas nas quais a vegetação deve ser mantida intacta,
para garantir a preservação dos recursos hídricos, a estabilidade geológica e a biodiversidade,
bem como o bem-estar das populações humanas.
A plena aplicabilidade das normas estabelecidas pelo Código Florestal de 1965 às
áreas de preservação permanentes existentes nas áreas urbanas foi objeto de controvérsia,
porque o artigo 1º da Lei 4.771/1965, em sua redação original, não fazia menção a estas áreas,
levando alguns a entenderem que a ausência de expressa previsão legal, deveria ser
compreendida como exclusão da aplicação da lei às áreas urbanas.
Somente em 1989, com a edição da Lei Federal 7.803, que introduziu nova redação ao
parágrafo único do artigo 2º do Código Florestal de 1965, foram afastadas quaisquer dúvidas:
1 As servidões de trânsito ainda existem em nosso ordenamento, a exemplo da prevista no art. 4º do Decreto-Lei
9760/46 nos terrenos marginais e no art. 11, § 2º, do Código de Águas.
10
[...] no caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros
urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações
urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos respectivos
planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se
refere este artigo. (Lei 4771/65 Art. 2º).
Não obstante o regime de proteção das APP´s existente tanto na legislação federal
vigente (Lei 12.651/12) quanto na anterior (Lei 4.771/65) ser bastante rígido, prevendo
praticamente a intocabilidade destas áreas, a não ser em casos especialmente definidos, a
simples existência da Lei não foi suficiente para que a maior parte das cidades brasileiras
tivessem, nos dias atuais, as APP´s preservadas e isto ocorre não só por motivos históricos
relativos a urbanização — pois a ocupação veio primeiro que a lei — mas também por
motivos econômicos, administrativos e especulativos, que regram o atual modelo de
urbanização de nosso País.
A legislação relativa a matéria está entre aquelas que encontram maior dificuldade de
conciliação uma vez que a própria distribuição de competências legislativa e administrativa,
que não delimita com precisão qual é o início e qual o fim da competência de cada ente da
federação, já é suficiente para gerar sobreposição de legislações e insegurança jurídica, em
especial quando se trata da extensão da competência do município para legislar sobre meio
ambiente, o que contribui para o descumprimento dessas normas em áreas urbanas.
ANTUNES (2010, p. 80), com evidente autoridade, aduz sobre esta dificuldade que:
“Um adequado equacionamento das dificuldades geradas pela repartição de
competências em matéria ambiental é fundamental para que a proteção do meio
ambiente possa, verdadeiramente, acontecer de forma efetiva e dentro dos limites da
ordem jurídica democrática. É relevante consignar que a proteção ao meio ambiente,
considerada em si mesma, não é necessariamente democrática, ainda que o Direito
Ambiental, tal como concebido modernamente, tenha uma origem democrática.”
A Constituição Federal de 1988 não estabelece uma hierarquia em relação a legislação
ambiental, afirmando apenas que a proteção do meio ambiente é atividade que deve ser
exercida por todas as esferas de Governo e por isto tão somente tratou de distribuir
competências, ora comuns, ora exclusivas, a cada uma destas esferas.
Com efeito, em termos de competência administrativa, tanto o artigo 23, VI da CF
quanto a Lei Complementar 140/11, que o regulamenta, fixam normas de competência
comum entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas relativas à proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio
ambiente, ao combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da
11
fauna e da flora e estabeleceu regras claras quanto a competência para o licenciamento de
empreendimentos entre os três entes da federação conferindo a todos eles a competência de
para fiscalizar a conformidade empreendimentos com a legislação ambiental,
independentemente de qual tenha sido o órgão licenciador (art. 17 § 3º).
Já os artigos 24, inciso VI e 30, inciso II, da Constituição Federal, a princípio,
conferem aos Municípios competência para legislarem em matéria ambiental, mastão somente
em relação aos aspectos locais, sendo esta competência suplementar, ou seja, o Município
pode legislar sobre meio ambiente naquilo que não contrariar a Legislação Estadual e Federal
e que diga respeito a seu território, as peculiaridades locais.
A União no exercício de sua competência constitucional estabeleceu, através da Lei
12.651/2012 — denominada nos meios jurídicos de Código Florestal — as regras gerais sobre
a proteção da vegetação, das áreas de Preservação Permanente e das áreas de Reserva Legal,
etc.
Na mesma esteira, o Estado do Pará, por meio da Assembleia Estadual Legislativa
expediu a Lei Estadual 5.887/1995 que trata sobre a Política Estadual do Meio Ambiente; a
Lei Estadual 6.116/1998 que proíbe a construção de unidades habitacionais às proximidades
de fontes de abastecimento de água potável no Estado do Pará; a Lei Estadual 7.381/2010 que
trata da obrigatória recomposição da cobertura vegetal, das matas ciliares no Estado.
Por sua vez, o município de Redenção, assim como diversos outros municípios
brasileiros, introduziu em seu ordenamento jurídico, regras tratando sobre questões
ambientais, através das leis complementares municipais 001; 002; 003; 004; 006; de 07 de
novembro de 2005, que tratam, respectivamente do Plano Diretor Municipal; Parcelamento e
Uso Solo Urbano; do Código Municipal de Meio Ambiente; do Código Municipal de Obras;
os Limites da Zona Urbana e Zona de Expansão do Município; da Lei Complementar
Municipal 059/2011 que trata da criação do Instituto de Pesquisa, Planejamento Urbano e
Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção – IPPUR; da Lei Complementar
Municipal 066/2013; que trata do Plano Municipal de Regularização Fundiária, nos tópicos
em que tratam da matéria ambiental.
Aliada a esta situação legislativa, ainda temos a falta de costume do povo brasileiro
em preservar o meio ambiente e em vê-lo não só como algo abstrato, longínquo, mas como
um bem coletivo, atual e absolutamente necessário para a existência do próprio ser humano.
12
MARCHESAN, (2007, p. 2), ressalta neste sentido que:
“O caráter difuso, anônimo e muitas vezes invisível das agressões ao meio ambiente
aliado aos mecanismos culturais e institucionais pelos quais as elites políticas e
econômicas encobrem as origens e consequências dos riscos e perigos propulsiona a
chamada irresponsabilidade organizada.”
Não se pode deixar de registrar também que o desenvolvimento das cidades de forma
desordenada, aliada a passividade do Poder Público, que sempre privilegiou as políticas
voltadas para áreas mais valorizadas, deixando de lado as áreas de relevância ambiental, como
são os casos das margens dos córregos, das áreas com declividade acentuada, fez com que
estas áreas terminassem sendo ocupadas por pessoas economicamente frágeis, pois eram as
mais baratas e muitas vezes, somente as que restavam a serem ocupadas.
A ex-secretária Executiva do Ministério das Cidades, professora Ermínia Maricato,
confirma que as ideias de planejamento e regulação urbanística no Brasil são aplicadas a
apenas uma parcela da sociedade, reafirmando e reproduzindo desigualdades e privilégios
existentes na sociedade:
Para a cidade ilegal não há planos, nem ordem. Aliás ela não é conhecida em suas
dimensões e características. Trata-se de um lugar fora das ideias. MARICATO,
(2000, p. 122).
A partir desta realidade discutiremos se existe compatibilidade entre a legislação
municipal de Redenção/PA e legislação infraconstitucional federal expressas no Novo Código
Florestal (Lei 12.651/2012), na lei de Parcelamento do Solo Urbano (Lei 6.766/ 1979), e no
Estatuto das Cidades (Lei Federal 10.257/ 2001); ou as Estaduais, como a relativa a Política
Estadual do Meio Ambiente (Lei Estadual 5.887/95) no que se refere às áreas de preservação
urbanas, buscando analisar qual norma ambiental deve prevalecer nas zonas urbanas: as
Federais ou as elaboradas pelo próprio Município a partir do seu plano diretor, ou até mesmo
a conjunção delas? Em outras palavras, o Código Florestal introduziu modificações legais que
terão repercussões na legislação municipal?
As respostas a estas questões demonstram a relevância do tema escolhido neste
trabalho, qual seja, aspectos jurídicos das áreas de preservação permanente na legislação do
município de Redenção/Pa.
Para responder essas indagações, no item 2 foram levantados o histórico, o conceito e
os tipos de áreas de preservação permanentes, e como estas áreas são protegidas e tratadas
pela Constituição Federal de 1988, pela a Lei de Parcelamento do Solo Urbano, pelo Estatuto
13
da Cidade, pela Resolução 303/02 do CONAMA, pela Constituição do Estado do Pará e
também pelas leis estaduais Paraenses que tratam da política estadual de meio ambiente,
Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas Proximidades de Fontes de
Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará e da Obrigatoriedade da Recomposição da
Cobertura Vegetal, Das Matas Ciliares no Estado do Pará.
No item 3, realizou-se a sistematização em tabelas e análise dos artigos da legislação
municipal de Redenção, que tratam especificamente ou refletem nas áreas de preservação
permanentes urbanas, sua proteção, manejo e recomposição, sendo que para efeitos do estudo
são consideradas como áreas de preservação permanente a abrangidas no conceito
apresentado pelo Código Florestal (Art. 3º II e 4º) e realizou-se a avaliação da
compatibilidade e consequente aplicabilidade do disposto na legislação municipal em relação
às áreas de preservação permanente no meio urbano, com as normas delimitadas legislação
Federal, Estadual e na Constituição Federal.
14
2 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO
NACIONAL
Neste item se apresentará um breve histórico da legislação nacional relativa as áreas
de preservação permanente e se localizará a presença da proteção à elas nas legislações
federais e estadual paraense vigentes, iniciando-se pela análise da Constituição Federal de
1988, passando pela Lei de Parcelamento do Solo Urbano de 1979, pelo Estatuto da Cidade
de 2001, pelo Código Florestal de 2012, pela Resolução 303/02 do CONAMA,.
2.1 Breve Histórico
A preocupação com a proteção ambiental das áreas de preservação permanente pela
legislação brasileira, assim como a própria legislação protetiva do meio ambiente, pode ser
considerada recente, aliás recentíssima, pois muito embora existam lampejos em tratar da
matéria na década de 30 do século passado somente com o Código Florestal de 1965 (Lei
4.771/65) é que se tratou especificamente dela, no entanto, não se pode deixar de registrar que
já em 1934, o então Código de Águas (Decreto 24.643, de 10 de junho de 1934) e o Código
Florestal (Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934) trataram a questão de forma superficial e
tímida, sem realmente estabelecer parâmetros de proteção.
O Código de Águas de 1934 na verdade estabeleceu obrigatoriedade do respeito a uma
faixa de no máximo 15 metros de largura a cada margem dos terrenos reservados2
constituindo-se mais como área non aedificandi do que na verdade de preservação
permanente.
Os objetivos do Código de Águas não eram ambientais ou proteção ambiental, mas
apenas administrativos, como explicitamente se vê no artigo 12 daquela legislação, que criava
apenas a Servidão de Trânsito para os agentes da administração pública, em 10 metros nos
terrenos localizados às margens de correntes não navegáveis, e faixa de 15 metros, contados a
partir do ponto médio de cheias nos terrenos banhados por correntes navegáveis.
Art. 12. Sobre as margens das correntes a que se refere a última parte do nº 2 do
artigo anterior, fica somente, e dentro apenas da faixa de 10 metros, estabelecida
uma servidão de trânsito para os agentes da administração pública, quando em
execução de serviço (Decreto 24.643, de 10 de junho de 1934).
2 Segundo o artigo 14 do Decreto nº 24.643/34 os terrenos reservados são os que, banhados pelas correntes
navegáveis, fora do alcance das marés, vão até a distância de 15 metros para a parte de terra, contados desde o
ponto médio das enchentes ordinárias.
15
Assim o Código das Águas de 1934 não cita nem direta e nem indiretamente a
necessidade de manutenção das matas ciliares ou da vegetação ou das áreas que circundavam
os cursos d´agua.
O Decreto 23.793, de 23 de janeiro de 1934 que estabeleceu o primeiro Código
Florestal Brasileiro, mesmo não utilizando a expressão atual, (área de preservação
permanente) tratou em seu parágrafo 4º das Florestas Protetoras, que a grosso modo se pode
considerar que são áreas de preservação permanente de hoje:
Art. 4º Serão consideradas florestas protectoras as que, por sua localização, servirem
conjunta ou separadamente para qualquer dos fins seguintes:
a) conservar o regimen das aguas;
b) evitar a erosão das terras pela acção dos agentes naturaes;
c) fixar dunas;
d) auxiliar a defesa das fronteiras, de modo julgado necessário pelas autoridades
militares;
e) assegurar condições de salubridade publica;
f) proteger sítios que por sua belleza mereçam ser conservados;
g) asilar especimens raros de fauna indigena.3
Como se pode ver, a expressão “Florestas Protetoras” reúne todas as características de
preservação, não só das florestas em si – objetivo central daquela legislação – mas também
das áreas de sua ocorrência, que inclusive são citadas expressamente no referido artigo,
demonstrando a sua importância e por isto pode ser considerada como a primeira legislação
que trata sobre as áreas de preservação permanente na legislação brasileira.
Não obstante a posição até mesmo vanguardista desta legislação, ela não conseguiu
atingir seus intentos, foi flagrantemente “esquecida” pela administração pública e pelos
particulares, que literalmente não a observaram.
Passados mais de 30 anos, uma nova legislação passou a regular a questão Florestal
(Lei 4.771/65 – denominada de Código Florestal), e desta feita, a proteção das áreas de
preservação permanente passou a constar expressamente na legislação, de forma bem próxima
da que a conhecemos hoje, como demonstra o artigo 2º da referida Lei.
“Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas.”
3 BRASIL. Presidência da República. Decreto nº 23.793, de 23 de Janeiro De 1934. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/D23793.htm. Acesso em 28/08/14
16
Em 1989, a fim de aplacar as discussões e deixar explícito aquilo que já estava
implícito no artigo 1º do Código Florestal, que estabelecia que no âmbito de sua aplicação não
fazia distinções entre situações rurais e urbanas, abrangendo, desse modo a ambas, foi
incluído pela Lei 7.803, de 18.7.1989, no mencionado artigo 2º do Código Florestal um
parágrafo único, confirmando a aplicação das disposições do Código quanto as APP´s
também na área urbana,
Artigo 2º [...] Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as
compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões
metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-
á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os
princípios e limites a que se refere este artigo.
Esta mesma Lei 7.803 de 18.7.1989, também redefiniu os tamanhos das faixas
marginais, para praticamente as mesmas definidas na atual legislação.
Em maio de 2012 após intensas discussões no Congresso Nacional veio a lume a Lei
12.651/12 que revogou o Código Florestal (Lei 4.771/65) e logo em seu artigo 1-A
estabeleceu normas gerais sobre as áreas de preservação permanente, ficando mais uma vez
evidenciada a existência de regramento expresso das APP´s pela legislação brasileira,
comando este válido tanto para a área urbana quanto rural.
2.2 A APP no Novo Código Florestal.
O Código Florestal inicia a proteção as APP´s oferecendo em seu artigo 3º, inciso II a
definição de área de preservação permanente:
Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;
Partindo desta definição podemos deduzir de forma muito simples que a APP é uma
área protegida por expressa determinação legal e que não é absolutamente necessário que a
área a ser protegida contenha cobertura vegetal para ser considerada de preservação
permanente, pois a finalidade da Lei é proteger a função ambiental que a área desempenha, da
forma que ela se encontra na natureza, e não especificamente sua cobertura vegetal.
17
Neste sentido Machado (2011, p. 821) aduz que:
A vegetação, nativa ou não, e a própria área são objeto de preservação não só por si
mesmas, mas pelas suas funções protetoras das águas, do solo, da biodiversidade (aí
compreendido o fluxo gênico da fauna e da flora), da paisagem e do bem-estar
humano. A área de preservação permanente – APP não é um favor da lei, é um ato
de inteligência social, e é de fácil adaptação às condições ambientais.
Além de definir quais são as áreas consideradas de preservação permanente o
legislador Federal também delimitou e regulamentou o regime de proteção nas referidas áreas,
através dos artigos 4º ao 9º da referida Lei, oferecendo assim base para que todos os demais
entes federativos adaptassem/criassem suas legislações.
Seguindo a tradição do Código Florestal revogado, o legislador estabeleceu duas
espécies de áreas de preservação permanente, como se verá adiante.
2.2.1 APP criada por força de lei
As áreas de preservação permanente ex lege são aquelas decorrentes diretamente da
lei, não precisam de nenhum outro tipo de instrumento específico para que tenha validade,
valendo por si e abrangendo a todos e se encontram determinadas no artigo 4º do Código
Florestal:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima
de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinquenta) metros de largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200
(duzentos) metros de largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600
(seiscentos) metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600
(seiscentos) metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte)
hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
18
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de
barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença
ambiental do empreendimento;
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja
sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100%
(cem por cento) na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em
faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100
(cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da
curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação
sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por
planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto
de sela mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja
a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de
50 (cinquenta) metros, a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.
2.2.2 APP criada por Ato do Poder Público
A área de preservação permanente criada por ato do Poder Público, APP
administrativa, como o próprio nome diz, é aquela que depende de ato do poder público para
ser instituída, e está prevista no artigo 6º do novo Código Florestal, que dispõe que se
consideram de preservação permanente, quando assim declaradas de interesse social por ato
do Chefe do Poder Público, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação
destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: conter a erosão do solo, mitigar riscos de
enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; proteger as restingas ou veredas, várzeas, sítios
de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; abrigar exemplares da
fauna ou da flora, ameaçados de extinção; formar faixas de proteção ao longo de rodovias e
ferrovias; assegurar condições de bem-estar público; auxiliar na defesa do território nacional,
a critério das autoridades militares e proteger áreas úmidas, especialmente as de importância
internacional.
É importante ressaltar que esta hipótese não consiste em faculdade do Poder Público,
ou seja, identificada área que constitua algumas das hipóteses previstas no artigo 6º da Lei
19
12.651/12, o Poder Público tem o dever de declará-las como dignas de proteção e a expressão
“Poder Público”, abrange a todas as esferas da federação. Ressalte-se ainda que, uma vez
instituídas estas áreas como de proteção permanente, somente por lei específica poderão elas
ser suprimidas ou alteradas, conforme estatui o art. 225, 1º, III da CF/88.
2.3 APP na Constituição Federal
A Constituição Federal de 1988 demonstrou em dois de seus títulos a preocupação
com a proteção do meio ambiente e muito embora não o tenha elevado de forma direta a
categoria dos direitos fundamentais, pois não está inserido no Capítulo dos Direitos
Individuais (artigo 5º da CF), nem dos Direitos Sociais (artigo 6º da CF), o fez de forma
indireta seja ao assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado no art. 225
onde está protegendo também o direito individual à vida e à dignidade humana, garantidos
artigo 5º, caput, da Magna Carta de 1988, uma vez que este não é possível sem aquele, seja ao
permitir, através do § 2º do artigo 5º, o entendimento de que os direitos fundamentais devem
ser encarados de maneira ampla, a fim de não excluir do seu rol, direitos que deveriam
compor a categoria de fundamentais em face do seu conteúdo e relevância.(EMERIQUE,
2006).
No Capítulo VI do Título VIII (Da Ordem Social), mais precisamente no artigo 225, a
Constituição delineou a estrutura básica da proteção jurídica nacional ao meio ambiente e nos
arts. 170, incisos. II, III e VI; 174; 176; e 182; do Capítulo I do Título VII (Da Ordem
Econômica e Financeira), ela impôs limites ao exercício do direito de propriedade, garantido
pelo artigo 5º inc. XXII da CF, exigindo a expressa observância de sua função social como
meio para que ele seja garantido e exercido.
O artigo 225 § 1º, inciso III, § 1º, para assegurar a efetividade do direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado estabeleceu a incumbência ao Poder Público de definir,
em todas as Unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem
especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei,
sendo vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem
sua proteção o que afeta diretamente as APP, pois estas são espécies deste gênero denominado
Espaço especialmente protegido.
No artigo 182, ao tratar da propriedade no meio urbano a Constituição estabeleceu os
parâmetros gerais do que entende ser a concretização da função social da cidade,
20
mencionando expressamente que junto com o pleno desenvolvimento da cidade e deve-se
garantir também o bem-estar de seus habitantes.
Tratando-se de competência executiva ou administrativa para promover a proteção ao
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas bem como preservar as
florestas, a fauna e a flora, a Constituição Federal atribui competência comum a todos os entes
da federação, ou seja, à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, conforme
prevê o art. 23 da CF.
A Constituição Federal de 1988 atribui competências legislativas concorrentes à
União, aos Estados e ao Distrito Federal (art. 24), no entanto no art. 30 a Constituição confere
ao Município competência para legislar sobre assuntos de interesse local, o que inclui o
Município na esfera dos entes que possuem competência legislativa ambiente concorrente,
mesmo que seja para somente certas hipóteses, especificamente, em matéria de interesse local.
Ademais, no inc. II do mencionado art. 30, verifica-se competir ao Município
suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.
É importante registrar que, em relação às matérias mencionadas no artigo 24, entre
elas a ambiental, a competência legislativa é concorrente entre os Estados-membros, Distrito
Federal e União, cabendo a esta última a edição normas gerais, assim entendidas como
normas fundamentais ou diretrizes, e aos Estados e ao Distrito Federal a edição de normas
específicas e de aplicação, sendo que a exclusão dos municípios não significa que eles não
podem legislar sobre meio ambiente, mas eles devem ao expedir legislação própria, observar
as condições estabelecidas pela própria Constituição Federal, que são: tratar-se de assuntos de
interesse local e respeitar o disposto nas legislações estadual e federal.
Assim, desde que se trate de interesse local e o município respeite o disposto na
legislação ambiental federal e estatual, ele pode legislar sobre meio ambiente, podendo impor,
por exemplo norma mais restritiva que a legislação federal, atendendo as características
locais, desde que não viole o interesse público em seu mais amplo sentido.
Fica evidente que o município tem plena competência executiva no que se refere a
questão ambiental, de acordo com sua autonomia municipal (art. 15 da CF), podendo
organizar estrutura própria, para fazer cumprir em seu território não só as leis ambientais
Federais e Estaduais, mas também as leis municipais e em relação à competência legislativa,
além de ser obrigado cumprir as leis federais, no que dizem respeito a parcelamento do solo,
desenvolvimento da cidade, pode também instituir normas próprias, atendendo as
peculiaridades locais e desde que não contrariem expressamente a legislação federal ou a
estadual, observando sempre a que melhor protege ao meio ambiente, porque o critério básico
21
para a solução de conflitos normativos ambientais entre os diferentes entes federados é aquele
que garante a prevalência da norma que defenda melhor o direito fundamental tutelado, no
caso o meio ambiente, aplicando-se o princípio do “in dubio pro nature”.
Desta forma, verifica-se que a Constituição Federal de 1988 ao estabelecer as regras
gerais de proteção ao meio ambiente cuidou das áreas de preservação permanente, conferindo
competência tanto à União, quanto aos Estados, Distrito Federal e Municípios para legislarem
e protegerem o meio ambiente.
2.4 Lei Nacional de Parcelamento do Solo Urbano
No que se refere ao parcelamento do solo urbano, a matéria é regida desde 1979 pela
Lei Federal 6.766/79 que foi recepcionada pela Constituição Federal com base no disposto no
artigo 182 e continua em pleno vigor.
Este diploma legal estabelece estrutura mínima a ser seguida tanto pelos municípios
quanto pelos interessados em parcelar o solo urbano, contendo normas de natureza civil,
penal, sanitária, administrativa, registraria e urbanística, com o objetivo de auxiliar o Poder
Público da ordenação territorial da cidade.
Logo no artigo 2º, ao permitir o parcelamento do solo mediante loteamento e
desmembramento, a referida lei prevê a necessidade de serem observadas não só as
disposições previstas na própria lei, mas também as legislações Estaduais e municipais
pertinentes, porque a competência para a edição de normas legais urbanísticas alusivas a
zoneamento urbano, loteamento ou desmembramento é Municipal, ou Distrital, quando for o
caso, por força de sua autonomia consagrada constitucionalmente no artigo 30, incisos I e II
da Constituição Federal 88.
O parágrafo único do art. 3º e o inciso III do artigo 4º ao elencarem as proibições de
parcelamento do solo em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações; nos terrenos com
declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento); nos terrenos onde as condições
geológicas não aconselham a edificação, nas áreas de preservação ecológica, e ao estabelecer
a área non edificandi, retratam de forma parcial proteção às áreas de preservação permanente
constantes no artigo 4º da Lei 12.651/2012 e muito embora o grau de declividade e a área de
proteção nas margens das “águas correntes e dormentes” sejam diversas das medidas
constantes no Código Florestal, verifica-se que a própria legislação ressalta a existência de
exigências superiores da legislação específica, e mais, ao proibir o parcelamento da áreas de
encostas e onde as condições geológicas não aconselham, a lei 6.766/79 protege de forma
22
indireta as restingas, manguezais e veredas, que são áreas de preservação permanente
previstas nos inciso V, VI, VII e XI do Código Florestal.
Evidente, portanto, que a lei nacional de parcelamento do solo, prevê a proteção das
áreas de preservação permanente existentes na área do futuro loteamento, inclusive
estipulando proibição de parcelamento, como no caso do artigo 3º e colocando como requisito
a observância da área de proteção permanente ao longo de curso d´agua, corrente ou
represada.
2.5 Estatuto da Cidade
Em 2001, o Congresso Nacional regulamentando os artigos 182 e 183 da Constituição
Federal de 1988, editou a lei 10.257/2001, denominada de Estatuto da Cidade, estabelecendo
normas de ordem pública e interesse social com o objetivo de regular o uso da propriedade
urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do
equilíbrio ambiental (parágrafo primeiro do artigo 1º).
Assim, logo no artigo primeiro a lei deixa claro que o aspecto ambiental faz parte dos
objetivos da lei, não deixando dúvidas para o interprete de que a utilização do solo e dos
recursos naturais devem ser considerados de forma plena na aplicação da lei e seus institutos.
As letras “g” e “h” do inciso VI, do artigo 2º da lei reforçam ainda mais esta ideia ao
prever expressamente que dentre as diretrizes gerais da lei está “ordenação e controle do uso
do solo, de forma a evitar a poluição e a degradação ambiental; e a exposição da população
a riscos de desastres.”
Em relação as áreas de preservação permanente, muito embora a legislação tenha
como objetivo cuidar do aspecto ambiental das cidades, elas não foram tratadas de forma
específica, a não ser quando a lei se referiu a sua utilização para regularização fundiária,
quando ocupada por população de baixa renda, a situação já estiver consolidada e possuir, no
mínimo três dos seguintes itens de infraestrutura urbana implantada: malha viária,
esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento de água e energia,
densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare, considerada a área
inserida no perímetro do parcelamento urbano.
Assim, o Estatuto da Cidade, não deixou de traçar normas gerais para balizar a atuação
dos municípios.
23
2.6 Resolução 303/2002 do CONAMA
Originalmente a Resolução 303 de 20 de março de 2002 foi editada pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente — CONAMA — para regulamentar o art. 2º da Lei 4.771/65,
então Código Florestal em vigor na época, no que concerne às Áreas de Preservação
Permanente.
Mesmo diante da revogação da lei que a resolução regulamentava, ela continua em
vigor, seja por que é compatível com o Novo Código Florestal, seja porque tem a finalidade
de estabelecer parâmetros, definições e limites referentes às Áreas de Preservação Permanente
que também são pertinentes diante do novo Código Florestal, fazendo-se as devidas
adaptações em termos de referência legislativa e compatibilidade entre os termos e
disposições da nova lei.
Esta Resolução tem cunho eminentemente prático e esclarecedor de diversas
expressões e termos a que o Código Florestal se refere e que devem ser de pleno
conhecimento do usuário e do interprete, especialmente da administração pública, como por
exemplo consta no artigo 2º, as definições de vereda, como sendo o “espaço brejoso ou
encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de
solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo
(Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica;” de morro, como sendo a “ elevação
do terreno com cota do topo em relação a base entre cinquenta e trezentos metros e encostas
com declividade superior a trinta por cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de
maior declividade”; a de montanha, “elevação do terreno com cota em relação a base superior
a trezentos metros; restinga, “depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram diferentes
comunidades que recebem influência marinha, também consideradas comunidades edáficas
por dependerem mais da natureza do substrato do que do clima e outra extremamente
importantes para a boa interpretação e segurança jurídica da administração e dos
jurisdicionados.
A definição mais relevante para o estudo é a relativa a de área urbana consolidada, que
é definida como aquela que atende aos seguintes critérios:
a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-estrutura
urbana:
1. malha viária com canalização de águas pluviais,
24
2. rede de abastecimento de água;
3. rede de esgoto;
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública;
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e
c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km².
A Resolução deixa claros os termos da legislação, demonstrando não só o que
considera APP´s, mas também facilitando sua identificação, além de apresentar algumas
definições que permitem a interpretação dos termos da lei ambiental de forma segura, como
ocorre no inciso XIII do artigo 2º, acima que trata das áreas consolidada.
A principal incompatibilidade entre a resolução e o novo Código Florestal diz respeito
a delimitação das APP´s, pois enquanto nela se considerava APP a área situada em faixa
marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal (Art. 3º, I), no novo
Código passou a considerar APP as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene
e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, (Art. 4º, I) ou
seja, na prática a área de preservação diminui, pois a área medida desde o nível mais alto é
significantemente maior que a área medita desde a calha do leito regular.
Esta diminuição das áreas de preservação permanentes estipulada pelo Novo Código
Florestal tem muitos efeitos práticos, tanto na área urbana quanto rural, aumentando naquelas
as chamadas áreas consolidadas e assim permitindo sua regularização nos termos do art. 8º §
2º e nestas não permitindo que as APP cumpram seus processos ecológicos essenciais,
especialmente na Amazônia onde existem grandes alterações nos leitos dos rios em períodos
de cheias tornavam a APP muito maior, pois a delimitação da área de preservação permanente
não computava a área periodicamente inundada, que agora pode até mesmo não ser totalmente
protegida, o que ocasionará muitas situações de graves riscos a flora e a fauna.
25
3 AS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE NA LEGISLAÇÃO DO
ESTADO DO PARÁ
Neste tópico se realizará a análise da Constituição do Estado do Pará e as leis Estatuais
Paraenses que abordam o tema das APP´s maneira direta ou indireta, tais como as Leis
Estaduais 5.887/95 que trata sobre a Política Estadual do Meio Ambiente; 6.116/98 que
proíbe a construção de unidades habitacionais às proximidades de fontes de abastecimento de
água potável no Estado e 7.381/10, que trata da obrigatória recomposição da cobertura
vegetal, das matas ciliares.
3.1 Constituição do Estado do Pará
A Constituição do Estado do Pará tratou especificamente da área de preservação
permanente através da letra “b” do inciso III do artigo 236, capítulo II, que trata da Política
urbana, demonstrando claramente a preocupação do estado em ver observada a proteção da
área de preservação permanente.
Art. 236. A política urbana, a ser formulada e executada pelo Estado, no que couber,
e pelos Municípios, terá como objetivo, no processo de definição de estratégias e
diretrizes gerais, o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e a garantia
do bem-estar de sua população, respeitados os princípios constitucionais e mais os
seguintes:
[...]
III – promoção do direito de todos os cidadãos à moradia, transporte coletivo,
saneamento básico, energia elétrica, iluminação pública, abastecimento,
comunicação, saúde, educação, lazer e segurança, assim como à preservação do
patrimônio cultural e ambiental;
[...]
b) a área de preservação deverá proteger a fauna e a flora nativas, recursos hídricos
e monumentos paisagísticos; (Grifei).
No capítulo IV ao tratar da Política minerária e hídrica a Constituição Estatual,
estipula no artigo 245 que o Estado deverá ter uma lei que estabeleça a política minerária e
hídrica, de forma a defender seus interesses, inclusive interrompendo atividades predatórias,
resguardando a soberania nacional sobre a pesquisa, exploração, lavra e uso dos recursos
naturais renováveis e não renováveis, e disciplinando a conservação e o aproveitamento
racional dos bens minerais e das águas.
Já no capítulo VI ao tratar do meio ambiente, o artigo 255 inciso II estipula que
compete ao Estado a defesa, conservação, preservação e controle do meio ambiente, cabendo-
26
lhe zelar pelas áreas de preservação dos corpos aquáticos, principalmente, as nascentes,
inclusive os “olhos d’água”, cuja ocupação só se fará na forma da lei, mediante estudos de
impactos ambientais; ou seja, a Constituição Estadual exige que a ocupação das áreas de
preservação permanente somente poderão ocorrer após a realização de estudos de impacto
ambiental, podendo-se afirmar que tal dispositivo condiciona a utilização de toda APP no
estado do Pará, mesmo nos casos de interesse ou utilidade público, excetuando apenas aqueles
casos em que o código florestal dispensa, como é o caso previsto no artigo 8º § 3º, onde é
dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução, em caráter de
urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à
prevenção e mitigação de acidentes em áreas urbanas.
A parca previsão de proteção da APP na Constituição Estadual certamente decorre da
competência concorrente do Estado na referida matéria, que é exercida através de leis
ordinárias e não obrigatoriamente através de previsão constitucional.
3.2 Lei Estadual 5.887/1995. Política Estadual do Meio Ambiente
A lei que define a Política Estadual de Meio Ambiente, (lei estadual 5.887/1995)
proíbe em seu artigo 60 a urbanização nas áreas geologicamente instáveis, com acentuada
declividade e as ecologicamente instáveis, assim como proíbe o parcelamento do solo em
áreas de preservação permanente, confirmando a restrição existente no artigo 4º do Código
Florestal, (lei 12.651/2012) e no artigo 3º da Lei de parcelamento do solo urbano (lei
6.776/1979), neste caso, a ampliando, pois veda o parcelamento em todas as áreas legalmente
consideradas como de preservação permanente.
Portanto, a legislação Estadual é mais restritiva que a legislação Federal de
parcelamento de solo urbano e deve ser observada, pois é mais benéfica a natureza.
3.3 Lei Estadual 6.116/1998. Proibição da Construção de Unidades Habitacionais nas
Proximidades de Fontes de Abastecimento de Água Potável no Estado do Pará
Com o objetivo de resguardar a qualidade de água fornecida à população, evitar
contaminação do manancial aquático e consumo humano; disciplinar o uso de solo e águas
destinadas ao abastecimento de aglomerações humanas; e coibir invasões e/ou ocupações
dessas áreas de interesse social coletivo, o Estado do Pará usando de sua competência
27
constitucional em matéria ambiental editou em abril de 1998, a lei 6.116/98, onde proibiu a
construção de unidades habitacionais nas proximidades de fontes de abastecimento de água
potável em todo o Estado do Pará.
Esta legislação é mais restritiva que a legislação nacional, especialmente que o Código
Florestal, que permite em seu artigo 8º, § 1º (Lei 12.651/12) a supressão de vegetação nativa
protetora de nascentes mediante autorização em caso de utilidade pública, o que não poderá
ocorrer no Estado do Pará.
Esta limitação se aplica a todo o Estado do Pará e não somente as Terras Estaduais,
prevalecendo inclusive em áreas de domínio da União, uma vez o art. 24, §1º, da Constituição
da República utilizou um conceito jurídico indeterminado como critério delimitador da
competência legislativa concorrente, ao estabelecer que “a competência da União limitar-se-á
a estabelecer normas gerais”.
Assim em relação à proteção do meio ambiente, existindo norma geral editada pela
União, como é o caso do código Florestal, a legislação estadual só pode especificar a norma
nacional para impor exigências mais defensivas aos ecossistemas, considerando as
particularidades regionais e locais, justamente como ocorre com a legislação em análise.
Ademais, eventual conflito deve ser solucionado sob a ótica da máxima eficácia dos
direitos fundamentais, do qual a proteção ao meio ambiente faz parte, e da prevalência da
norma mais protetiva ao meio ambiente, como corolário do princípio in dubio pro natura.
3.4 Lei Estadual 7.381/2010. Obrigatoriedade da Recomposição da Cobertura
Vegetal, das Matas Ciliares no Estado do Pará
Em março de 2010 o Estado do Pará editou a Lei 7.381/2010 tornando obrigatória a a
recomposição florestal, pelos proprietários, nas áreas situadas ao longo dos rios e demais
cursos d´água, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios d´água naturais e artificiais, bem
como nas nascentes e nos chamados “olhos d´água”, obedecida a seguinte largura mínima, em
faixa marginal, ou seja das matas ciliares no Estado do Pará.
No entanto, a existência desta lei somente se justificava antes da edição do Novo
Código Florestal (lei 12.651/2012), pois o então código florestal em vigor (Lei 4.771/65) não
previa de forma direta e explícita a obrigatoriedade de recomposição da área de preservação
permanente eventualmente desmatada, mas a partir de maio de 2012, com a entrada em vigor
do novo código florestal, o tema foi completamente regulado pelo artigo 7º e seus parágrafos,
perdendo eficácia a norma estadual pois conflita com a lei federal:
28
O artigo 7º do Código Florestal passou então a exigia que a vegetação situada em Área
de Preservação Permanente deveria não só ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, mas
também que caso tenha ocorrido a supressão estas pessoas estão obrigadas a recompor esta
vegetação, estabelecendo inclusive que esta obrigação tem natureza real, ou seja, é transmitida
ao sucessor em caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
.
29
4 A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE REDENÇÃO
O município de Redenção somente passou a contar com legislação dedicada a área
ambiental a partir de 2005, com as legislações que serão objeto deste estudo, pois
anteriormente a esta data, nenhuma legislação municipal tratava do assunto, mesmo de
maneira indireta.
A intensão do legislador e do executivo municipal com a edição destas leis era atender
aos ditames do Estatuto da Cidade, (Lei 10257/01), pois o município contava em 2005, com
mais de 20 mil habitantes, estando portanto obrigado a elaborar o plano diretor, nos termos do
artigo 41 do Estatuto da Cidade, não bastando para isto a edição de lei que contemplasse o
Plano Diretor (LCM 01/2005), sendo necessária também uma lei que regulasse o
Parcelamento do Solo no município (LCM 02/2005), e outra que regulasse as edificações
(Código de Posturas) (LCM 04/2005).
A edição das demais leis analisadas, LCM 03/2005 – Código de Meio Ambiente;
LCM 06/2005 – Limites da área urbana e expansão; LCM 59/2011 que criou o Instituto de
Pesquisa, Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção –
IPPUR e a LCM 66/2013 que criou o Plano Municipal de Regularização Fundiária, também
são consequências das necessidades e obrigações estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, pois
são formas pelas quais o Legislador municipal encontrou de regulamentar os fatos que
ocorrem no município de acordo com as características locais.
Cada uma destas leis foi objeto de análise detalhada com o fito de localizar se
continham ou não artigos relacionados às áreas de proteção permanente, e em caso positivo,
como a legislação municipal se porta diante das legislações estatuais e Federais que tratam do
assunto.
4.1 Lei Complementar Municipal 001/2005. Plano Diretor
Em observância do artigo 41 do Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) o Legislador
municipal editou em 2005 a Lei Complementar Municipal 001/2005 (LCM 01/2005), que
definiu o Plano Diretor do Município.
Esta LCM possuir 173 artigos, e como demonstra o anexo I menciona as áreas de
preservação permanente, em 31 de seus artigos, sendo que em sua maioria repete as normas
ambientais Federais, estabelecidas no Código Florestal, trazendo as mesmas disposições
programáticas e gerais existentes na Lei Federal.
30
As especificidades encontradas e que merecem destaque são as relativas aos artigos
71, II, III; 79, 82 e 84.
No Art. 71, II a lei municipal estabelece a necessidade da instituição de mapas oficiais
e normas específicas para proteção dos recursos naturais e hídricos e de controle das áreas de
preservação permanente, o que se observado, obriga a localização das áreas de preservação
permanente, o que facilita a fiscalização e também ajuda ao empreendedor a ter segurança ao
empreender.
Pelo que se constatou na pesquisa, os mapas elaborados foram tão somente os que
constam nos anexos da LCM 01/2005, não sendo elaborado mais nenhum outro mais
detalhado e que abordasse a realidade das transformações existentes na cidade.
O art. 71, IV estabelece que o poder público municipal deve delimitar a faixa non
aedificandi, destinada a proteção das margens d´agua e de nascentes, para manutenção e
recuperação das matas ciliares. Esta disposição não encontra correspondência no Código
Florestal, mas se confunde com a própria proteção às áreas de preservação permanente, que a
rigor a absorve em parte, no que toca a proteção, mas esta norma é mais rigorosa, na medida
em que proíbe a construção a edificação dentro da faixa de 15 metros estabelecida, e que
portanto deve ser observada.
Ainda na esfera federal, a lei de parcelamento do solo urbano (Lei 6.766/79), em
artigo 4º, III, tem redação semelhante a municipal, mas mais abrangente, pois estende a área
non aedificandi as faixas de domínio público das rodovias e ferrovias, mas ambas têm a
mesma finalidade.
Lei 6.766/79, artigo 4º
...
III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das
rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15
(quinze) metros de cada lado, salvo maiores exigências da legislação específica;
O Art. 79 da legislação Municipal mostra-se contraditório, seja com os demais artigos
da legislação municipal, seja com o código florestal, pois deixa a impressão que que as áreas
que margeiam os córregos, rios, nascentes e lagos, em área urbana ou rural, e que constituem-
se nas áreas de preservação permanente, e possam ser objeto de “manejo” mediante
autorização dos órgãos municipais.
Ocorre que Código Florestal, proíbe a existência de manejo nas áreas de preservação
permanente e a portanto a legislação e os órgãos municipais não podem autorizá-lo.
Se a intenção do legislador municipal tiver sido a obrigatoriedade de apresentação de
projeto de recuperação ao órgão municipal pelo proprietário de área particular onde houver
31
passivo ambiental, então não se estaria falando de manejo, que é uma forma de exploração de
uma área natural, o que é vedado nos casos de área de preservação permanente.
O parágrafo único deste artigo 79, tornou obrigatória a recuperação das matas nativas
em áreas públicas, no que andou bem, pois a observância das normas ambientais, também
atinge ao Poder Público.
A intenção do Legislador municipal em obrigar a recuperação das áreas de
preservação permanentes degradadas encontra eco no artigo 1º da Lei Estadual 7.381, que
também obriga a recuperação destas áreas em todo o Estado do Pará.
É importante registrar que muito embora tenha tornado obrigatória a recuperação das
áreas de preservação permanente degradadas, nenhuma legislação municipal regulamentou
como deve se proceder neste sentido.
O art. 82 da lei complementar cuja redação é: “O uso, a ocupação e o parcelamento
do solo das áreas consideradas de interesse à preservação do meio ambiente deverão atender
aos requisitos a seguir especificados” está em conflito com a legislação federal, pois a
redação dá a entender que é permitido o uso, a ocupação e o parcelamento do solo nas áreas
de interesse a preservação do meio ambiente, se forem observados os requisitos que a lei
estabelece, o que contraria frontalmente o Código Florestal que expressamente determina em
seu artigo 7º que a vegetação deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou
ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado.
As exigências realizadas pelas letras “a” e “b” do inciso I do referido artigo 82, por
sua vez não fazem sentido diante da expressa contrariedade do caput ao disposto na legislação
federal, pois se a legislação federal estipula que a vegetação deve ser mantida pelo
proprietário, não se pode falar em uso, ocupação ou parcelamento com a observância de
requisitos que não constam na legislação federal, não adiantando o estabelecimento de
requisitos por parte da legislação municipal, se a federal impede o uso da área.
A legislação municipal proíbe, no artigo 84, a extração de areia de rios, se houver
modificação do leito e desvio das margens, (impacto local) no que ela acrescenta um ponto
mais restritivo à concessão da Licença de exploração mineral, cuja competência pode ser
Estadual, se os impactos ambientais ultrapassarem os limites territoriais do município, (artigo
4º da Res. 237/97 do CONAMA) ou do próprio município, se a atividade tiver somente
impacto local (artigo 6º da RES 237/97 do CONAMA).
Esta restrição não encontra parâmetros na legislação federal.
Finalmente, o artigo 91 da LCM buscando proteger os mananciais de água existentes
no município em especial lagos, lagoas e reservatórios naturais e artificiais existentes dentro
32
das áreas urbanas, de expansão ou de urbanização específica, estabelece faixa non aedificandi
de 30 metros (art. 91), no que está de acordo com o novo código florestal (art. 4º II, b).
4.2 Lei Complementar Municipal 002/2005. Lei de Uso e Parcelamento do Solo
Também na esteira de cumprimento do disposto no estatuto da cidade (Lei 10257/01,
art. 41), o município de Redenção editou lei que regula o Uso e Parcelamento do solo, que
embora não se refira especificamente às áreas de preservação permanente, cria um instituto
semelhante que denomina de Zona de Preservação Ambiental – ZPA.
Segundo esta lei, a Zona de Preservação Ambiental – ZPA tem as mesmas
características da área de preservação permanente, seja em relação a estipulação de faixa de
proteção, seja em termos de proibição de corte raso, uma vez que ao proibir o parcelamento
do solo urbano, está proibindo o corte raso.
A legislação se mostra confusa, pois o “novo instituto” da ZPA, a princípio destina-se
a proteger as nascentes e as cabeceiras de cursos d'água (artigo 5º II), mas logo adiante, no
parágrafo segundo, letra “a”, do mesmo artigo 5º, menciona que devem ser observados os
limites 30 (trinta) metros nas duas margens do leito para córregos urbanos e seus afluentes.
Apesar desta confusão, a LCM 02/2005, define de maneira satisfatória as áreas onde
não é possível o parcelamento do solo (artigo 12) e exige que as áreas não passíveis de
parcelamento devam ser claramente identificadas nos projetos de parcelamento e mais, que
devem ter destinação adequada, a ser definida pelo Executivo e não pelo dono do loteamento,
de modo a se evitar que sejam invadidas ou se tornem áreas de risco efetivo, e mesmo que
sejam lotadas indevidamente.
No que se refere as faixas de proteção, que a LCM 02/2005 denomina de faixas non
aedificandi, com largura mínima de 30,00 m (trinta metros) em cada lado, a partir da margem
ao longo de águas correntes ou dormentes, e de raio mínimo 50,00 m (cinquenta metros) ao
redor de nascentes ou olhos d'água, ainda que intermitentes, ela atende aos padrões do Código
Florestal atual (lei 12.651/12, Art. 4º.), mas em relação a área urbana de Redenção-Pa, não
fazem sentido, posto que não existe curso d´agua com mais de 10 metros de largura na área
urbana do município, o que torna a legislação inócua.
A exigência de que os projetos de loteamento apresentem a planta da gleba que se
pretende lotear, com a indicação da localização dos cursos d'água, das áreas arborizadas e das
construções existentes e ainda a altimetria da gleba, com delimitação das áreas com
declividade entre 30% (trinta por cento) e 35% (trinta e cinco por cento) e superior a esta
33
última; (17, II, b, d, e) é uma providencia salutar, pois, é mais do que exige a Lei Federal
6.766/79, no entanto esta exigência poderia se valer também dos instrumentos tecnológicos
mais recentes, tais como o georeferenciamento e as imagens de satélite, que conferem
precisão ao projeto e tornam mais fácil verificação de sua veracidade e até mesmo viabilidade.
4.3 Lei Complementar Municipal 003/2005. Código Municipal de Meio Ambiente
A Lei Complementar Municipal 03/2005, que instituiu o Código de Meio Ambiente e
o Sistema Municipal para o Meio Ambiente no município de Redenção, trata de legislação
que conta com 166 artigos e se refere às áreas de preservação permanente de forma específica
somente no artigo 33 e 34 em diante, e cria, nos artigos 13, II, 14, 15 e 16 um instituto
semelhante às áreas de Proteção Ambiental – APA, previstas no artigo 15 da lei 9.985/00.
Embora esta Área de Proteção Ambiental prevista legislação municipal Redencense
guarde certa semelhança com o instituto previsto na legislação federal, os dispositivos são tão
genéricos e estão mesclados com outro instituto, denominado de Áreas de Diretrizes
Especiais, que não passam de meras “cartas de intenções”, não ajudando realmente na
regulamentação da legislação federal.
No artigo 34, além das áreas denominadas de preservação pelo artigo 33, se acrescenta
a possibilidade se serem considerados por ato do Poder Público local, como de preservação
permanente, a vegetação e as áreas destinadas a asilar exemplares da fauna e flora ameaçados
de extinção, bem como aquelas que sirvam como local de pouso ou reprodução de aves
migratórias; para assegurar condições de bem estar público e proteger sítios de importância
ecológica, ou seja, assim como o Código Florestal Nacional, o código de meio ambiente
municipal também possui a área de proteção por ato do poder público, mas com margem
maior de atuação, pois das três possibilidades criadas, duas são bastantes genéricas,
especialmente a constante na letra “b”, pois a redação “para assegurar condições de bem
estar público” permite um sem número de interpretações, o que pode ser bom em
determinados aspectos, quando realmente proteger áreas que estejam ligadas ao conceito
gerais de áreas de preservação permanente, e ruim quanto não o fizer, pois poderá
desprestigiar o instituto.
Os artigos 97, 99 e 105, tratam com especificidade do transporte de cargas perigosas,
chegando ao ponto de criar regras para a passagem de tais veículos pelo município, eventual
pernoite e até mesmo lavagem, sendo bastante detalhista.
34
A legislação impõe penas de multa – é a única entre as pesquisadas que realiza
penalização desta forma – instituindo até mesmo forma de defesa e julgamento
administrativo. Finalizando apresenta anexo com os conceitos das principais expressões
constantes na lei, seguindo a técnica legislativa moderna, possibilitando ao interprete alcançar
o que pretendeu o legislador, no entanto, isto não é suficiente para harmonizar os conceitos
com as demais legislações municipais analisadas.
4.4 Lei Complementar Municipal 04/2005. Código de Obras do Município de
Redenção
A Lei Complementar Municipal 04/2005 trata do código de obras do município de
Redenção, e em três artigos faz referência as áreas de preservação ambiental, que pelo que se
depreende seriam as áreas de preservação permanente da legislação federal. Esta
nomenclatura assemelhada pode gerar confusão, distorções e subjetivismos, pois depende do
interprete dizer se a legislação se refere ou não às áreas de preservação permanente.
Os artigos 36 e 48 preveem, respectivamente, a suspensão da contagem do prazo do
Alvará de Aprovação e Alvará de Execução de obras, caso ocorra a detecção de violação de
“áreas de preservação ambiental”, assim consideradas pelo município, ou seja, vincula os
alvarás de aprovação e de execução de obras, à legislação municipal, o que está em harmonia
com a autonomia municipal prevista no art. 18, caput, CF/1988 e com o artigo 2º, VI do
Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001).
Por sua vez o artigo 52 trata da regularização de obras clandestinas ou irregulares, em
desconformidade com a legislação, deixando expresso que não será passível de aprovação
aquelas obras que não tenham sido executadas em áreas non aedificandi nem aquelas
levantadas em área de preservação ambiental.
4.5 Lei Complementar Municipal 59/2011
A Lei Complementar Municipal 59/2011, trata da criação do Instituto de Pesquisa,
Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do Município de Redenção – IPPUR,
que passou a ser a autarquia municipal responsável pela fiscalização das questões
relacionadas a obras e a implementar a regularização fundiária, e em nenhum de seus artigos
se refere especificamente a áreas de preservação permanente, apesar da matéria ser pertinente
ela, pois a definição da zona urbana e da zona de desenvolvimento devem considerar os
35
aspectos relativos as APP´s, especialmente aos mananciais de água, as áreas alagadiças, etc.; a
autarquia municipal possuir entre outras, a competência de planejar o desenvolvimento
sustentável do município, e por conseguinte, a proteção das APP´s, não as menciona nem
como figuras balizadora de suas ações.
4.6 Lei Complementar Municipal 66/2013. Plano Municipal de Regularização
Fundiária
Finalmente cumpre analisar a lei complementar 66/2013 que criou o plano municipal
de regularização fundiária, cuja importância decorre da forma utilizada para a solução da
ocupação irregular das áreas de preservação permanente pela população carente.
Aparentemente a LCM não se relaciona diretamente com o meio ambiente e com as
áreas de preservação permanente, mas ao dispor, no parágrafo único do artigo 25, que é
vedada a regularização de áreas em processo de ocupação que sejam identificadas como
situadas em áreas sujeitas a inundações, deslizamentos de terra, movimentos de massa
rochosa e outras situações de risco, áreas estas que possuem as mesmas características das
áreas de preservação permanente.
Este parágrafo, que a princípio pode dar a impressão de proteção às áreas de
preservação permanente, na realidade, por exclusão torna possível a regularização fundiária
urbana em área de preservação permanente, se alinhando ao disposto no artigo 65, caput4 do
Código Florestal, que remete a lei 11.977/09, que por sua vez, em seu artigo 54, caput e seus
parágrafos, condicionam a utilização das APP´s da seguinte forma:
Art. 54. O projeto de regularização fundiária de interesse social deverá considerar as
características da ocupação e da área ocupada para definir parâmetros urbanísticos e
ambientais específicos, além de identificar os lotes, as vias de circulação e as áreas
destinadas a uso público.
§ 1º O Município poderá, por decisão motivada, admitir a regularização fundiária de
interesse social em Áreas de Preservação Permanente, ocupadas até 31 de dezembro
de 2007 e inseridas em área urbana consolidada, desde que estudo técnico comprove
que esta intervenção implica a melhoria das condições ambientais em relação à
situação de ocupação irregular anterior.
§ 2º O estudo técnico referido no § 1º deverá ser elaborado por profissional
legalmente habilitado, compatibilizar-se com o projeto de regularização fundiária e
conter, no mínimo, os seguintes elementos:
I – caracterização da situação ambiental da área a ser regularizada;
II – especificação dos sistemas de saneamento básico;
III – proposição de intervenções para o controle de riscos geotécnicos e de
inundações;
IV – recuperação de áreas degradadas e daquelas não passíveis de regularização;
4 Lei 12.651/12, Art. 65. Na regularização fundiária de interesse específico dos assentamentos inseridos em
área urbana consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente não identificadas como áreas de risco, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009.
36
Ocorre que, o parágrafo segundo do artigo 65 do NCF exige expressamente que, para
fins da regularização ambiental prevista no caput do referido artigo, seja mantida faixa não
edificável com largura mínima de 15 (quinze) metros de cada lado ao longo dos rios ou de
qualquer curso d’água, o que se contrapõe frontalmente com o disposto na legislação
municipal redencense, impedindo a regularização em áreas de preservação permanente, que
não observar a este requisito legal.
Ademais, a própria legislação municipal (artigo 74, § 1º da LCM 02/2005) já prevê a
impossibilidade de se fazer a regularização fundiária, no município de Redenção, em áreas de
preservação permanente:
Art. 74 - Serão considerados de Interesse Social aqueles loteamentos e/ou conjuntos
habitacionais que sejam destinados às famílias com renda menor ou igual a 03 (três)
salários mínimos.
§ 1º - As Zonas Especiais de Interesse Social poderão localizar-se em qualquer área
do perímetro urbano do município, desde que cumpridas as seguintes condições:
I - não encontrar-se em áreas de proteção ambiental; (grifei)
O mencionado diploma legal (Art. 25, § único, LCM 66/13) também contraria ao
disposto na Lei Estadual 6.116/98, que em seu artigo 1º proíbe a construção de unidades
habitacionais às proximidades de fontes de abastecimento de água potável no Estado do Pará,
pois a princípio todo curso d´agua natural pode ser fonte de água potável.
Evidente, portanto que a LCM 66/13 contraria não só o Código Florestal (art. 65 § 2º),
mas também a Lei federal 11.977/09, a Lei Estadual 6.116/98 (art. 1º) e a Lei Complementar
municipal 02/06 (art. 74, §1º, inc. I) e não pode prevalecer, em respeito a proteção integral do
meio ambiente (CF, Art. 225, caput), e da prevalência da norma mais protetora ao meio
ambiente, como corolário do princípio in dúbio pro natura.
37
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando as Leis Complementares Municipais pesquisada (LCM 001; 002; 003;
004; 006; de 07 de novembro de 2005) sob a ótica comparativa com o Código Florestal
Brasileiro (Lei 12.651/2012), com a Constituição Federal (CF/88), com a Lei de parcelamento
de Solo Urbano (Lei 6.766/79), com o Estatuto da Cidade (Lei 10.257/01), é possível se
afirmar que, de modo geral, a legislação municipal se adequa ao sistema legal brasileiro e está
de acordo com a legislação federal e Estadual em vigor, sendo que somente em alguns pontos
existem conflitos e contradições que podem ser solucionados pelo legislador municipal,
principalmente, através da homogeneização da nomenclatura e das expressões e
sistematização da legislação relativa ao meio ambiente.
Da forma com que se encontra a legislação municipal na atualidade ela não impede
que o Poder Público Municipal administre e proteja o meio ambiente, em especial as áreas de
preservação permanente de forma eficaz, mas certamente poderia fazer mais cumprindo
realmente a competência supletiva que a constituição federal lhe concede, regulando
especificamente as particularidades existentes no município.
A aplicação da legislação municipal em vigor e sua observância pelos cidadãos requer
cuidado especial com as generalidades, os subjetivismos e as pontuais incompatibilidades
com o arcabouço legal Estadual e Federal, com o uso de expressões abertas e amplas, e a
criação de institutos que se assemelham com os existentes pela legislação Federal, mas que
não são iguais, com as exigências mais branda e com as lacunas que podem levar ao uso
incorreto da legislação e consequentemente a insegurança jurídica para os investidores e para
a população, que podem ter seus investimentos e expectativas frustradas, seja pela falta de
proteção às áreas de preservação permanente, seja pela degradação de difícil, senão
impossível, recuperação.
A integração e harmonização de conceitos, requisitos e terminologias entre a
legislação municipal que trata dos aspectos relacionados ao meio ambiente, especialmente das
áreas de preservação permanente, objeto deste estudo e o Código Florestal é a melhor solução
para que as áreas de preservação permanente urbanas sejam de fato protegidas, pois os
conflitos entre elas, quanto levados ao Poder Judiciário, tendem a levar que sobressai a
Legislação Federal.
Esta harmonização deveria partir da própria municipalidade, seja do poder executivo
seja do legislativo, pois a legislação ambiental municipal é muito menor que a Estadual e a
Nacional, e certamente é de interesse no município e sua população possuir um quadro
38
legislativo que esteja de acordo com a legislação ambiental emanada das demais esferas
governamentais, (Federal e Estadual), para que o desenvolvimento do município se dê com
segurança jurídica, transparência, podendo com isto atrair investimentos.
Especificamente, a legislação municipal poderia incluir entre as atribuições do IPPUR,
a exemplo do que fez o artigo parágrafo 4º do artigo 6º e do artigo 10 da LCM 66/13, a
indicação, identificação, especificação, geolocalização, registro, mapeamento e fiscalização
das áreas de preservação permanente existentes no município de Redenção, especialmente na
área urbana, disponibilizando esta informação à população em sitio da internet, a fim de
facilitar o conhecimento e o acesso, assim como, obrigar a consulta a este banco de dados por
todos os interessados em lotear, edificar, ocupar ou por qualquer forma utilizar qualquer
espaço urbano, público ou provado.
Deveria também, incluir entre os requisitos legais para a aprovação de loteamento, ou
qualquer tipo parcelamento do solo, a apresentação de geolocalização do empreendimento,
com imagens de satélite, devidamente certificada por profissional da área a fim de comprovar
o preenchimento dos requisitos legais ambientais, sociais e de propriedade, além facilitar a
comprovação de seus argumentos e a fiscalização.
Um dos instrumentos legais de que a municipalidade poderia utilizar para planejar e
antecipar o desenvolvimento e a ocupação das áreas no município seria o Zoneamento
Ecológico Econômico do município, previsto no decreto federal 4.297/2002, pois este
instrumento, tem justamente a o objetivo organizar, de forma vinculada, as decisões dos
agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta ou
indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos
serviços ambientais dos ecossistemas, (artigo 3º caput do decreto 4.297/2002), levando em
conta na distribuição espacial das atividades econômicas, as limitações e as fragilidades dos
ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e
determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de atividades incompatíveis com
suas diretrizes gerais, (artigo 3º § único do decreto 4.297/2002).
Portanto a solução passa pelo próprio Município e seus poderes Executivo e
Legislativo, que devem fazer o seu papel de executor e de legislador do local onde os fatos
acontecem, em harmonia com a norma geral federal de proteção das florestas e demais formas
de vegetação, especialmente das áreas de preservação permanente urbanas, o que, por sua vez,
permitirá o cumprimento da obrigação de se tornar uma cidade sustentável.
39
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lei-complementar-n-001-07-de-novembro-de-2005-dispoes-sobre-o-plano-diretor-de-
desenvolvimento-do-municipio-de-redencao-que-ordena-o-territorio-e-as-politicas-setoriais-e-
da-outras-providencias-indice-de-plano-diretor-de-desenvolvimento. Acesso em: 02 Fev.
2015.
__________. Lei Complementar Municipal 002, de 07 de novembro de 2005. Dispõe sobre o
parcelamento e uso do solo urbano no município de Redenção, Pará. Disponível em:
42
http://www.redencao.pa.gov.br/index.php/nossas-leis/leis-complementares/152-lei-de-
parcelamento-uso-e-ocupacao-do-solo-lei-complementar-n-002-de-07-de-novembro-de-2005-
dispoe-sobre-o-parcelamento-uso-e-ocupacao-do-solo-da-area-urbana-do-distrito-sobre-do-
municipio-de-redencao-da-cultura-providencias. Acesso em: 02 Fev. 2015.
__________. Lei Complementar Municipal 003, de 07 de novembro de 2005. Dispõe sobre o
Código de Meio Ambienta e o Sistema de Meio Ambiente do município de Redenção,
Pará. Disponível em: http://www.redencao.pa.gov.br/index.php/nossas-leis/leis-
complementares/151-codigo-do-meio-ambiente-lei-complementar-n-003-de-07-de-novembro-
de-2005-dispoe-sobre-a-instituicao-do-codigo-do-meio-ambiente-e-sobre-o-sistema-
municipal-do-meio-ambiente-para-a-administracao-da-qualidade-ambiental-protecao-
controle-e-desenvolvimento-do. Acesso em: 02 Fev. 2015.
__________. Lei Complementar Municipal 004, de 07 de novembro de 2005. Dispõe sobre o
Código de Obras do Município de Redenção, Pará.
__________. Lei Complementar Municipal 006, de 07 de novembro de 2005. Dispõe sobre os
Limites da Zona Urbana e da Zona de Expansão do Município de Redenção, Pará.
__________. Lei Complementar Municipal 059, de 08 de setembro de 2011. Dispõe sobre
Instituto de Pesquisa, Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável do
Município de Redenção – IPPUR. Disponível em
http://www.redencao.pa.gov.br/index.php/nossas-leis/leis-complementares/ 158-lei-da-
criacao-do-ippur-lei-complementa-n-059-08-de-setembro-de-2011-criacao-do-ippur-cria-o-
instituto-de-pesquisa-planejamento-urbano-e-desenvolvimento-sustentavel-do-municipio-de-
redencao-ippur-e-da-outras-providencias. Acesso em: 02 Fev. 2015.
__________. Lei Complementar Municipal 066, de 02 de julho de 2013. Dispõe sobre o
Plano Municipal De Regularização Fundiária do Município de Redenção, Pará.
Disponível em: www.cmr.pa.gov.br/wp-
content/uploads/2014/04/8478921222867419fe2dd17543b73ad71. pdf . Acessado em 02 Fev.
2015.
SCARLATO, Francisco Capuano. O Ambiente Urbano. São Paulo: Atual, 1999.
SILVA, José Afonso. Direito Ambiental Constitucional. São Paulo: Malheiros. 6ª Ed.
Atualizada. 2007.
SILVA, José Afonso. Direito Urbanístico Brasileiro. São Paulo: Malheiros. 7ª Ed.
Atualizada. 2012.
TRENNEPOHL, Terence Dorneles. Direito Ambiental. Salvador: Juspodivm, 4ª. Ed., 2009.
43
ANEXOS
ANEXO 1
44
ANEXO 2
45
APÊNDICES
APÊNDICE 1
SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 01/2005 – PLANO
DIRETOR.
LEI COMPLEMENTAR 001/2005
PLANO DIRETOR
LEI 12.651/2012
NOVO CÓDIGO
FLORESTAL
CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
3º, inc.
VII
Preservar, recuperar e
proporcionar a adequada
utilização dos mananciais
municipais e dos demais
recursos naturais;
Art. 1º-
A
Esta Lei estabelece
normas gerais
sobre a proteção
da vegetação,
áreas de
Preservação
Permanente e as
áreas de Reserva
Legal; a
exploração
florestal, o
suprimento de
matéria-prima
florestal, o
controle da origem
dos produtos
florestais e o
controle e
prevenção dos
incêndios
florestais, e prevê
instrumentos
econômicos e
financeiros para o
alcance de seus
objetivos
A legislação
municipal é
programática e
apesar de incluir a
obrigação recuperar
APP´s, restringe a
somente um tipo que
são os mananciais,
contrariando a lei
federal que abrange
a proteção a todos os
tipos de APP´s.
11 As áreas ou zonas industriais não
poderão se situar junto às
cabeceiras de mananciais e
tomadas as devidas precauções
no que se refere à proteção dos
recursos naturais, segundo
diretrizes dos órgãos municipais,
estaduais e federais competentes.
Art. 4º Art. 4º Considera-
se Área de
Preservação
Permanente, em
zonas rurais ou
urbanas, para os
efeitos desta Lei:
I - as faixas
marginais de
qualquer curso
Através do presente
dispositivo o
município usa sua
faculdade de
organização
espacial, estipula
proibição que
indiretamente já
existe na LF, pois a
proteção às APP´s
impõe distâncias
46
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FLORESTAL
CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
d’água natural
perene e
intermitente,
excluídos os
efêmeros, desde a
borda da calha do
leito regular, em
largura mínima de:
a) 30 (trinta)
metros, para os
cursos d’água de
menos de 10 (dez)
metros de largura;
b) 50 (cinquenta)
metros, para os
cursos d’água que
tenham de 10
(dez) a 50
(cinquenta) metros
de largura;
c) 100 (cem)
metros, para os
cursos d’água que
tenham de 50
(cinquenta) a 200
(duzentos) metros
de largura;
d) 200 (duzentos)
metros, para os
cursos d’água que
tenham de 200
(duzentos) a 600
(seiscentos)
metros de largura;
e) 500
(quinhentos)
metros, para os
cursos d’água que
tenham largura
superior a 600
(seiscentos)
metros;
II - as áreas no
entorno dos lagos
e lagoas naturais,
em faixa com
mínimas.
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FLORESTAL
CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
largura mínima de:
b) 30 (trinta)
metros, em zonas
urbanas
52, § 1º Os assentamentos localizados
nas áreas em situação de risco,
passíveis de regularização
urbanística e jurídico-fundiária,
deverão ser transformados em
ZEIS I e ter o planejamento e a
implementação de sua
consolidação a partir da
elaboração de plano urbanístico.
Art. 65,
caput e
65 § 2º.
Art. 65. Na
regularização
fundiária de
interesse
específico dos
assentamentos
inseridos em área
urbana
consolidada e que
ocupam Áreas de
Preservação
Permanente não
identificadas como
áreas de risco, a
regularização
ambiental será
admitida por meio
da aprovação do
projeto de
regularização
fundiária, na
forma da Lei no
11.977, de 7 de
julho de 2009.
...
§ 2º Para fins da
regularização
ambiental prevista
no caput, ao longo
dos rios ou de
qualquer curso
d’água, será
mantida faixa não
edificável com
largura mínima de
15 (quinze) metros
de cada lado.
Através do presente
dispositivo o
município usa sua
faculdade de
organização
espacial.
52, § 2º Deverá ser instituído, por Lei
Específica, como instrumento
para a garantia do direito à
moradia da população que habita
áreas onde não for viável a
regularização urbanística e
Através do presente
dispositivo o
município
indiretamente prevê
que a regularização
fundiária não poderá
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RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
jurídico-fundiária (áreas em
situação de risco, de preservação
ambiental, destinadas a usos
públicos imprescindíveis e non
aedificandi) Plano de
Reassentamento, que deverá
prever:
ser realizada em
APP´s.
52, § 2º,
letra a
Todas as etapas necessárias à
recuperação do ambiente
desocupado e ao processo de
reassentamento desta população
para áreas próximas ao
assentamento original;
Neste dispositivo
estipula de forma
ampla a sua
responsabilidade de
recuperação do
ambiente degradado
pela ocupação
irregular e
considerando que
prevê o
remanejamento da
população, indica
que se trata de área
de preservação
ambiental, entre
outras, conforme
estipulado no
parágrafo 2º.
59, III A compatibilidade do uso da
propriedade com a preservação
da qualidade do ambiente urbano
e natural;
Neste dispositivo o
Município apresenta
deixa explícito,
mesmo que de
maneira ampla, a
necessidade de
compatibilização do
uso da propriedade
com a preservação
do ambiente de
qualidade.
71, II Instituição de mapas oficiais e
normas específicas para proteção
de recursos naturais e hídricos,
de controle da ocupação das
áreas frágeis e de preservação
ambiental;
A LCM cria a
obrigação ao
executivo municipal
de criar mapas
identificando os
recursos naturais e
protegidos, o que é
positivo pois obriga
o conhecimento, a
definição destas
áreas e facilita a
fiscalização.
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CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
71, IV Delimitar faixas non aedificandi
de proteção às margens d'água e
às nascentes, para manutenção e
recuperação das matas ciliares
Não existe
correspondência
no código
Florestal.
A LCM cria a
obrigação ao
executivo municipal
de delimitar as faixas
onde existe a
proibição de
edificação e uso o
que gera a
identificação destas
áreas e facilita a
fiscalização.
75 As áreas destinadas a proteção
dos recursos naturais e hídricos e
do patrimônio ambiental
compreendem as Unidades de
Conservação.
Neste artigo a LCM
complementar
acomoda institutos
de direito diferentes
em um único –
unidade de
conservação -
confundindo os
institutos e no fundo
contrariando a
legislação Federal,
pois as expressões
“recursos naturais e
hídricos” é ampla.
76 As unidades de conservação
ambiental, bem como as áreas
frágeis, impróprias à
urbanização, serão identificadas
e cadastradas pelo Conselho
Municipal do Meio Ambiente e
serão objetos de futuras políticas
ambientais.
Neste dispositivo a
LCM inova
determinando a
identificação e
cadastramento das
áreas de proteção
ambiental pelo
Conselho municipal
de meio ambiente,
criando indefinição,
se deverão haver 2
cadastros ou apenas
estes, e ainda a
dependência do
cadastro da
existência do
CMMA.
78 Em caso de necessidade do corte
de vegetação nas áreas verdes
pertencentes ao corredor avi-
fauna, deverá ser apresentado
projeto de manejo a ser
analisado pelos órgãos
municipal, estadual e federal
Art. 8º
caput
A intervenção ou a
supressão de
vegetação nativa
em Área de
Preservação
Permanente
somente ocorrerá
Neste dispositivo a
LCM confunde as
áreas de proteção,
pois áreas verdes
tem sentido mais
amplo incluindo
praças e até mesmo
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RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
competentes. nas hipóteses de
utilidade pública,
de interesse social
ou de baixo
impacto ambiental
previstas nesta
Lei.
APP´s, dependendo
do doutrinador,
razão pela qual gera
incompatibilidade
com a legislação
Federal, que não
permite “projeto de
manejo” em áreas de
APP. (Art. 8º caput
lei 12.651/12)
79 Nas áreas particulares que
margeiam os córregos, rios,
nascentes e lagos, em área
urbana ou rural, deverá ser
solicitada autorização para os
órgãos municipais, estaduais e
federais competentes, para
manejo e recomposição com
espécies nativas específicas de
mata ciliar regional.
Art. 8º
caput
A intervenção ou a
supressão de
vegetação nativa
em Área de
Preservação
Permanente
somente ocorrerá
nas hipóteses de
utilidade pública,
de interesse social
ou de baixo
impacto ambiental
previstas nesta
Lei.
Neste dispositivo a
LCM é incompatível
com a legislação
Federal, que não
permite “projeto de
manejo” em áreas de
APP. (Art. 8º caput
lei 12.651/12)
79 §
único
Nas áreas públicas tornar-se-á
obrigatória tal recomposição,
seguindo-se os critérios técnicos
recomendados.
Art. 7º
caput
A vegetação
situada em Área
de Preservação
Permanente deverá
ser mantida pelo
proprietário da
área, possuidor ou
ocupante a
qualquer título,
pessoa física ou
jurídica, de direito
público ou privado
Neste dispositivo a
LCM a redação
deixa margens para
dúvida, pois ao usar
a expressão “nas
áreas públicas” dá
deixa subentendido
que nas áreas que
não são públicas a
recomposição não é
obrigatória.
80 Poderá ser criado um programa
de implantação de parques-
pomares silvestres nas áreas
verdes públicas situadas fora de
preservação permanente,
seguindo-se as diretrizes da
legislação Estadual e Federal.
Este dispositivo é
meramente
programático, e
deixa a
regulamentação dos
parques-pomares
para a legislação
Estadual e Federal.
51
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COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
82 O uso, a ocupação e o
parcelamento do solo das áreas
consideradas de interesse à
preservação do meio ambiente
deverão atender aos requisitos a
seguir especificados:
I - áreas com matas nativas ou
outras formas de vegetação:
a) a vegetação existente em
áreas com declividade superior
a 30º (trinta graus) não poderá
ser removida;
b) para ocupação de glebas
totalmente florestadas serão
instituídas por lei as
porcentagens permitidas de
desmatamento, segundo análise
dos órgãos federais, estaduais e
municipais competentes.
Art. 4º,
V e Art.
11
Art. 4º Considera-
se Área de
Preservação
Permanente, em
zonas rurais ou
urbanas, para os
efeitos desta Lei:
V - as encostas ou
partes destas com
declividade
superior a 45°,
equivalente a
100% (cem por
cento) na linha de
maior declive; e
Art. 11. Em áreas
de inclinação entre
25° e 45°, serão
permitidos o
manejo florestal
sustentável e o
exercício de
atividades
agrossilvipastoris,
bem como a
manutenção da
infraestrutura
física associada ao
desenvolvimento
das atividades,
observadas boas
práticas
agronômicas,
sendo vedada a
conversão de
novas áreas,
excetuadas as
hipóteses de
utilidade pública e
interesse social.
Neste ponto a
legislação ambiental
local é mais rígida
que o código
florestal, pois este
somente proíbe a
remoção de
vegetação em áreas
com declividade
superior a 45º, pois
as considera como
APP´s (art. 4, V) e o
artigo 11 permite a
realização de
atividades
agrosilvipastoris.
83, III São programas prioritários da
Política Municipal de Meio
Ambiente:
III - o reflorestamento da mata
ciliar e da cabeceira de
drenagens, em áreas urbanas e
rurais;
Neste dispositivo a
LCM mesmo
dizendo que os
programas de
reflorestamento da
mata ciliar e
“cabeceiras de
drenagens” seriam
prioritárias, não as
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CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
torna obrigatórias,
não estabelece prazo
e nem controle,
tratando-se de norma
meramente
programática.
84 A extração de areia de rio não
poderá ser feita com a
modificação do leito ou o desvio
das margens, tampouco com a
possibilidade de formar bacias,
causar a estagnação de águas ou
produzir qualquer prejuízo às
pontes e quaisquer outras obras
no leito e nas margens do rio.
Neste dispositivo a
LCM coloca
impedimentos para a
atividade de extração
de areia,
estabelecendo alguns
critérios de controle,
no entanto, não
explicita a
necessidade de
licença ambiental.
Dependendo do local
de retirada da areia,
a legislação pode ser
inócua, por exemplo
quando o rio for
divisa de municípios
e até mesmo pode
não ser da
competência do
município licenciar
esta atividade por
completo.
85 As extrações minerais permitidas
no Município deverão seguir as
diretrizes dos órgãos federais e
estaduais competentes para a
recomposição da área.
Neste dispositivo a
LCM apenas remete
a legislação superior
(Estadual e Federal).
86 As áreas de extração mineral
exploradas e que não sofreram
recuperação, bem como outras
áreas degradadas, na zona rural
ou urbana, de propriedade
pública ou particular, deverão
passar por obras de
recomposição do meio-ambiente
agredido, projetadas e
executadas de acordo com
orientações dos órgãos
competentes.
Neste tópico a LCM
exige a recuperação
do meio ambiente
somente para o caso
das áreas de extração
mineral,
especificando aquilo
que deveria ser
geral.
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MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
87 São consideradas de interesse
estratégico, destinadas à reserva
de água para futura captação, as
seguintes áreas:
I. Bacia do Rio Pau D’ arco
II. Bacia do Rio Arraias do
Araguaia
III. Sub-bacia do Ribeirão Pau
D´arquinho
IV. Sub-bacia do Ribeirão
Sardinha
V. Sub-bacia do Ribeirão Água
Preta
VI. Sub-bacia do Ribeirão São
João
VII. Sub-bacia do Ribeirão do
Fogo
VIII. Sub-bacia do Córrego da
Estiva
IX. Sub-bacia do Córrego
Redenção
X. Sub-bacia do Córrego do
Gago
XI. Sub-bacia do Córrego da
Porteira
XII. Sub-bacia do Córrego Jabuti
XIII. Sub-bacia do Córrego
Taboquinha
XIV. Sub-bacia do Córrego
Fortaleza
Este dispositivo é de
ordem
eminentemente
programática,
88 Para a extração de areia, limpeza
e desassoreamento dos lagos e
lagoas, deverão ser solicitadas
autorização e diretrizes ao órgão
competente, ao qual será
apresentado projeto de
recomposição com vegetação
nativa.
Norma programática
para a área de
extração de areia,
que não encontra
semelhança na
legislação Federal.
90 Para construções próximas aos
corpos d'água deverão ser
Dispositivo que
contraria outro
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CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
solicitadas diretrizes ao órgão
competente da Prefeitura, de
acordo com os critérios adotados
pela Política Municipal de Meio
Ambiente.
dispositivo da LCM
(art. 91) e também o
Código Florestal,
pois os critérios são
adotados pela
Legislação Federal e
não pela Política
Municipal de meio
ambiente.
91 Os lagos, lagoas e reservatórios
naturais ou artificiais existentes
dentro das áreas urbanas, de
expansão urbana ou urbanização
específica, terão faixas "non
aedificandi" a serem respeitadas
ao seu redor de no mínimo 30
(trinta) metros, contados da cota
altimétrica de máxima cheia.
Este dispositivo
contraria o artigo 4º
II, “a” da lei
12.651/12 que
estipula 100 metros
para a área rural.
Os 30 metros
exigidos pelo
dispositivo podem
ser mais rígidos que
o da legislação
Federal.
92 Qualquer tubulação ou obra de
contenção das margens dos
mananciais deverá ser precedida
de projeto técnico elaborado por
profissionais habilitados na
forma da lei e aprovado pelos
órgãos competentes.
Dispositivo mais
especifico e
restritivo que a
norma geral.
93 Nas áreas de mananciais d'água
deverá haver destinação correta
dos esgotos e efluentes hídricos,
bem como a aplicação correta de
agrotóxicos, através de
orientação do órgão competente
municipal.
Dispositivo de
ordem genérica que
repete a norma geral,
apenas nomeando
atividades, o que
pode gerar
especialização e
prejudicar a
aplicação da lei.
94 Deverá ser criada uma Política
de Recursos Hídricos
objetivando a proteção dos
mananciais.
Norma meramente
programática e de
pouso efeito, pois a
competência para
legislar em matéria
de água é exclusiva
da União. (Art. 22,
IV CF).
95 O órgão municipal responsável
deverá elaborar estudo das águas
Norma meramente
programática e de
55
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CONSIDERAÇÕES
RELATIVAS A LEI
COMPLEMENTAR
MUNICIPAL ART. REDAÇÃO ART. REDAÇÃO
subterrâneas do Município,
incluindo cadastramento e
aferição da qualidade das águas
de poços.
pouso efeito, pois a
competência para
legislar em matéria
de água é exclusiva
da União. (Art. 22,
IV CF).
121,
XXI
Para o planejamento, controle,
gestão e promoção do
desenvolvimento urbano, o
Município de Redenção adotará
os instrumentos de política
urbana que forem necessários,
em consonância com as
diretrizes contidas na Política
Nacional do Meio Ambiente,
especialmente:
XXI - avaliação de relatório de
impacto ambiental e estudo de
impacto de vizinhança;
O dispositivo
possibilita a
exigência do Estudo
de Impacto de
Vizinhança,
conforme permite a
Norma geral
121,
XXVII
Para o planejamento, controle,
gestão e promoção do
desenvolvimento urbano, o
Município de Redenção adotará
os instrumentos de política
urbana que forem necessários,
em consonância com as
diretrizes contidas na Política
Nacional do Meio Ambiente,
especialmente:
XXVII - Zoneamento Ambiental
O dispositivo
possibilita a criação
de zoneamento
ambiental municipal,
como auxiliar do
planejamento, gestão
e controle do
desenvolvimento
urbano,
demonstrando que o
meio ambiente deve
estar associado ao
desenvolvimento.
Tabela 1 Lei Complementar Municipal 01/2005 - Plano Diretor
56
APÊNDICE 2
SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 02/2005 – LEI DE
USO E PARCELAMENTO DO SOLO URBANO.
.
LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO
ARTIGO REDAÇÃO
4º, I
As zonas, diferenciadas segundo os potenciais de adensamento e as demandas de preservação e
proteção ambiental, histórica, cultural, arqueológica ou paisagística, são as seguintes:
I - Zona de Preservação Ambiental – ZPA
5, II
São ZPA as regiões que, por suas características e pela tipicidade da vegetação, destinam-se à
preservação e à recuperação de ecossistemas, visando a:
II - proteger as nascentes e as cabeceiras de cursos d'água;
5, § 1º É vedada a ocupação do solo nas ZPA, exceto por edificações destinadas exclusivamente ao seu
serviço de apoio e manutenção, incluída estrutura de apoio ao turismo e lazer coletivo.
5, § 2º
Os limites das Zonas de Proteção Ambiental – ZPA – deverão obedecer aos índices exigidos
pela legislação competente, quais sejam:
a) 30 (trinta) metros nas duas margens do leito para córregos urbanos e seus afluentes;
b) 50 (cinquenta) metros de raio para nascentes.
12, I
Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:
I - sujeitos a inundações, enquanto não forem tomadas providências que assegurem o
escoamento das águas;
12, III Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:
III - naturais com declividade superior a 35% (trinta e cinco por cento);
12, V
Não é permitido o parcelamento do solo em terrenos:
V - contíguos a mananciais, cursos d'água, represas e demais recursos hídricos, sem a prévia
manifestação dos órgãos competentes;
12, § 1º
No caso de parcelamento de glebas com declividade de 30% (trinta por cento) a 35% (trinta e
cinco por cento), o projeto respectivo deve ser acompanhado de declaração do responsável
técnico de que é viável edificar-se no local.
12, § 4º
As áreas não passíveis de parcelamento devem ser claramente identificadas no projeto e ter
destinação adequada, a ser definida pelo Executivo, de modo a se evitar que sejam invadidas ou
se tornem áreas de risco efetivo.
13, III
Os parcelamentos devem atender às seguintes condições:
III - é obrigatória a reserva de faixas non aedificanda e estabelecidas com fundamento em
parecer técnico:
a) ao longo de águas correntes ou dormentes, com largura mínima de 30,00 m (trinta metros) em
cada lado, a partir da margem;
b) num raio mínimo de 50,00 m (cinquenta metros) ao redor de nascentes ou olhos d'água, ainda
57
LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO
ARTIGO REDAÇÃO
que intermitentes;
13, § 2º,
III
§ 2º - Além das previstas no caput, devem ser respeitadas as seguintes condições:
III - nos projetos de parcelamento realizados ao longo de águas canalizadas é obrigatória a
reserva, em cada lado, a partir de sua margem, de faixa de segurança non aedificanda, cujas
dimensões serão estabelecidas pelo Executivo, até o máximo de 15,00 m (quinze metros) de
largura.
§ 3º - As áreas non aedificandae devem ser identificadas na planta de aprovação do
parcelamento.
13, § 3º § 3º - As áreas non aedificandae devem ser identificadas na planta de aprovação do
parcelamento.
16, § 7, I
Art. 16 - Nos loteamentos, é obrigatória a transferência ao Município de, no mínimo, 35% (trinta
e cinco por cento) da gleba, para instalação de equipamentos urbanos e comunitários, sistema de
circulação e espaços livres de uso público.
§ 7º - Não são aceitas no cálculo do percentual de terrenos a serem transferidos as áreas:
I - não parceláveis e non aedificandae;
16, § 8
§ 8º - As áreas previstas no inciso I do parágrafo anterior podem ser transferidas ao Município,
caso haja justificado interesse público de ordem ambiental, sendo computada, para efeito do
cálculo do percentual, apenas metade de sua área, até o máximo de 5% (cinco por cento) da
gleba parcelada.
17, II, b,
d, e
Art. 17 - A elaboração do projeto de loteamento deve ser precedida da fixação de diretrizes pelo
Município, em atendimento a requerimento do interessado, acompanhado, no mínimo, dos
seguintes documentos e informações:
II - planta da gleba que se pretende lotear, contendo:
b) localização dos cursos d'água;
d) localização das áreas arborizadas e das construções existentes;
e) altimetria da gleba, com delimitação das áreas com declividade entre 30% (trinta por cento) e
35% (trinta e cinco por cento) e superior a esta última;
44 § 2º
Art. 44 - Considera-se taxa de permeabilização a área descoberta e permeável do terreno, em
relação a sua área total, dotada de vegetação que contribua para o equilíbrio climático e propicie
alívio para o sistema público de drenagem urbana.
§ 2º - As edificações, exceto as localizadas na ZPA, podem impermeabilizar até 100% (cem por
cento) da área do terreno, desde que:
74, § 1º, I
Art. 74 - Serão considerados de Interesse Social aqueles loteamentos e/ou conjuntos
habitacionais que sejam destinados às famílias com renda menor ou igual a 03 (três) salários
mínimos.
§ 1º - As Zonas Especiais de Interesse Social poderão localizar-se em qualquer área do perímetro
urbano do município, desde que cumpridas as seguintes condições:
58
LEI COMPLEMENTAR 002/2005 - USO E PARCELAMENTO DO SOLO
ARTIGO REDAÇÃO
I - não encontrar-se em áreas de proteção ambiental;
Tabela 2 Lei Complementar Municipal 02/2005 – Lei de Uso e Parcelamento do Solo.
59
APÊNDICE 3
SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 003/2005 – CÓDIGO
DE MEIO AMBIENTE.
LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE
ARTIGO REDAÇÃO
3º, IV
A Política Municipal do Meio Ambiente terá por objetivos:
IV – criar parques, reservas, estações ecológicas, áreas de proteção ambiental ou de relevante
interesse ecológico ou paisagístico;
6º, III
Será órgão Central do SIMMA, o Conselho Municipal do Meio Ambiente, a ser criado por
Lei Municipal, o qual passará a ser disciplinado por esta Lei e normas dela decorrentes,
estando assim encarregado de promover as ações descritas no seu âmbito, competindo lhe:
III – sugerir à autoridade competente a instituição de áreas de relevante interesse ecológico,
ou paisagístico, visando proteger sítios de excepcional beleza, asilar exemplares da fauna e
flora ameaçadas de extinção, proteger mananciais, proteger o patrimônio histórico, artístico,
cultural e arqueológico, além de áreas representativas dos ecossistemas locais, destinadas à
realização de pesquisas básicas e aplicadas de ecologia;
13, II
Para os efeitos desta Lei o território municipal poderá ser qualificado pelas seguintes áreas
de especial interesse ecológico e, ou paisagístico:
II. Áreas de Proteção Ambiental – APA.
14, caput
Para os efeitos desta Lei ao Município compete criar, definir, implantar e administrar áreas
de interesse ecológico e, ou paisagístico como Áreas de Diretrizes Especiais – ADE – e
Áreas de Proteção Ambiental – APA a serem regulamentadas e, quando for o caso,
devidamente protegidas, com vistas a manter e utilizar racionalmente o patrimônio biofísico
e cultural do seu território.
14 § Ú
As áreas de domínio público ou privado classificadas como Áreas de Diretrizes Especiais –
ADE e Áreas de Proteção Ambiental – APA objetivam:
I – a proteção de ecossistemas e do equilíbrio do meio ambiente;
II – a utilização racional dos recursos naturais não-renováveis;
III – o desenvolvimento de atividades de lazer, cultura e científicas.
15 Ato do Executivo Municipal fixará os critérios de uso, ocupação e manejo das Áreas de
Diretrizes Especiais – ADE e das Áreas de Proteção Ambiental - APA.
16
Ficam vedadas quaisquer ações ou atividades que comprometam ou possam vir a
comprometer, direta ou indiretamente, os atributos e características inerentes às áreas de que
trata o artigo anterior
33, I
Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente
os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:
I – ao longo dos rios ou cursos d’água, desde o seu nível mais alto, em faixa marginal, cuja
largura mínima seja de 30 (trinta) metros para os cursos d’água de menos 10 (dez) metros de
largura;
60
LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE
ARTIGO REDAÇÃO
33, II
Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente
os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:
II - para os rios ou cursos d’água com largura acima de 10 (dez) metros, a faixa marginal de
preservação permanente, deverá atender o estabelecido a Lei Federal no. 7.803, de 18 de
julho de 1989 Código Florestal;
33, III
Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente
os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:
III – ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios de água natural ou artificial, desde os seus
níveis mais altos, medidos horizontalmente, em faixa marginal cuja largura mínima seja de
30 (trinta) metros;
33, IV
Art. 33 - Em todo território municipal passam a ser considerados de preservação permanente
os revestimentos vegetais e demais formas de vegetação naturais situadas:
IV – ao redor das nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d’água",
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio de 50 (cinquenta) metros de largura.
34
Considera se, ainda, de preservação permanente, quando assim declarados por ato do Poder
Municipal, a vegetação e as áreas destinadas a:
a. – asilar exemplares da fauna e flora ameaçados de extinção, bem como aquelas que sirvam
como local de pouso ou reprodução de aves migratórias;
b. – assegurar condições de bem estar público; ec proteger sítios de importância ecológica.
97
Art. 97 O Executivo Municipal regulamentará o uso das vias pelos veículos que
transportem produtos perigosos, assim como indicará as áreas apropriadas para o
estacionamento e pernoite dos mesmos.
Parágrafo único Para definição das vias e áreas referidas no caput deste artigo, serão
evitadas as áreas de proteção aos mananciais, reservatórios de água, reservas florestais e as
áreas densamente povoadas. Deverão ser levadas em conta, também, as características
específicas dos produtos transportados.
99
Art. 99 - O veículo que transportar produto perigoso deverá evitar o uso de vias em áreas
densamente povoadas ou de proteção de mananciais, reservatórios de água ou reservas
florestais e ecológicas, ou que delas sejam próximas.
105
Art. 105 A lavagem de veículos transportadores de cargas perigosas, não poderá ser realizada
em solo do Município de Redenção, até que seja construída e colocada em funcionamento a
estação de tratamento de efluentes líquidos, que possa garantir adequado tratamento,
eliminando a possibilidade de contaminação dos mananciais.
136, VIII Art. 136 São circunstâncias agravantes:
VIII – a infração atingir áreas sob proteção legal
138, VIII
Art. 138 São infrações ambientais:
VIII – inobservar, o proprietário ou quem detenha a posse, as exigências ambientais relativas
a imóveis:
Pena: incisos I, II, III e IV do artigo 137 desta Lei.
ANEXO I
CONCEITOS
Área de Preservação Permanente – são aquelas em que as florestas e demais formas de
vegetação natural existentes não podem sofrer qualquer tipo de degradação.
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LEI COMPLEMENTAR 003/2005 - CÓDIGO DE MEIO AMBIENTE
ARTIGO REDAÇÃO
ANEXO I
CONCEITOS
Áreas de Proteção Ambiental APA's - áreas em que se objetiva proteger e conservar a
qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando a melhoria da qualidade de
vida da população local e a proteção dos ecossistemas regionais, denominadas também, de
unidades de conservação.
Tabela 3 Lei Complementar Municipal 03/2005 - Código de Meio Ambiente
62
APÊNDICE 4
SISTEMATIZAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 04/2005 – CÓDIGO
DE OBRAS
LEI COMPLEMENTAR 004/2005 - CÓDIGO DE OBRAS
ARTIGO REDAÇÃO
36, V
Art. 36 - A contagem do prazo do Alvará de Aprovação ficará suspensa mediante comprovação,
através de documento hábil, da ocorrência suspensiva, durante os impedimentos a seguir
relacionados:
V - áreas de preservação ambiental, assim consideradas pelo município.
48, V
Art. 48 - A contagem do prazo do Alvará de Execução ficará suspensa mediante comprovação,
através de documento hábil, da ocorrência suspensiva, durante os impedimentos a seguir
mencionados:
V - áreas de preservação ambiental, assim considerada pelo Município.
52, III
Art. 52 - A regularização de obras clandestinas ou irregulares, em desconformidade com a
legislação vigente, será passível de aprovação, nas seguintes condições:
III - não tenham sido executadas em áreas non aedificandi nem em área de preservação
ambiental;
Tabela 4 Lei Complementar Municipal 04/2005 – Código de Obras