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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE Elda Maria de Lima Reis OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL FOLCLÓRICO PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE DE PARINTINS AMAZONAS Belém - Pará 2017

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO

AMBIENTE

Elda Maria de Lima Reis

OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL

FOLCLÓRICO PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA

CIDADE DE PARINTINS – AMAZONAS

Belém - Pará

2017

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Elda Maria de Lima Reis

OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL

FOLCLÓRICO PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE

DE PARINTINS – AMAZONAS

Orientador: Prof. Dr. Cláudio Nahum Alves

Belém - Pará

2017

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Ciências e Meio Ambiente do Instituto

de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal

do Pará, como parte das exigências para a defesa de

Mestrado na área de Recursos Naturais e

Sustentabilidade.

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Dados Internacionais de Catalogação - na - Publicação (CIP)

Biblioteca de Pós-Graduação do ICEN/UFPA

____________________________________________________________________________

Reis, Elda Maria de Lima

Os impactos socioambientais do festival folclórico para o turismo e comunidade

na cidade de Parintins-Amazonas/Elda Maria de Lima Reis; orientador, Cláudio

Nahum Alves.-2017.

59 f. il. 29 cm

Inclui bibliografias

Dissertação(Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências

Exatas e Naturais, Programa de Pós-Graduação em Ciências e Meio Ambiente, Belém,

2017.

1. Educação ambiental. 2.

Turismo-Parintins(AM). 3. Folclore-Brasil-Parintins

(AM). 4. Resíduos sólidos. 5. Impacto ambiental. I. Alves, Cláudio Nahum, orient. II.

Título.

CDD – 22 ed. 363.7

_____________________________________________________________________________

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Elda Maria de Lima Reis

OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL

FOLCLÓRICO PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA

CIDADE DE PARINTINS – AMAZONAS

Banca Examinadora

Dissertação apresentada ao programa de Pós-

Graduação em Ciências e Meio Ambiente do Instituto

de Ciências Exatas e Naturais da Universidade Federal

do Pará, como parte das exigências para a defesa de

Mestrado na área de Recursos Naturais e

Sustentabilidade.

________________________________ Prof. Dr. Cláudio Nahum Alves

Orientador

(Universidade Federal do Pará)

________________________________ Prof. Dr. Jerônimo Lameira Silva

(Universidade Federal do Pará)

________________________________

Prof. Dr. Evandro Brandão Barbosa

(ULBRA - Manaus)

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Dedico este trabalho a todos aqueles que valorizam

nossa cultura brasileira, em especial a amazonense,

contada pelas toadas e divulgada nas cores Azul e

Vermelho.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, a Deus, Criador dos céus e da terra, O qual trouxe à existência toda a

natureza com sua beleza e exuberância para que os homens dela desfrutem;

Ao meu esposo pelo incansável apoio, mesmo em momentos tão difíceis que

atravessamos durante o desenvolvimento do curso e pesquisa.

Ao nosso filho, filha e genro pelas palavras de incentivo e pela renovação da vida com a

chegada do neto, obra das mãos do Criador. A Ele toda glória!

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Cláudio Nahum Alves que, incansavelmente,

dispensou toda atenção necessária para que este sonho se tornasse uma realidade.

Ao meu mano Elias Lima que me acompanhou e incentivou na visita de campo.

À Diretora da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas, Dra. Oreni Braga, pelo

constante apoio a esta pesquisa.

Elda Maria de Lima Reis

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OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL FOLCLÓRICO

PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE DE PARINTINS –

AMAZONAS

RESUMO

A Região Amazônica proporciona, além de sua fauna e flora, um dos mais belos

espetáculos folclóricos: o Festival de Parintins. A Ilha Tupinambarana – como é

conhecido Parintins – acolhe todos os anos milhares de pessoas que visitam a cidade

durante o Festival conhecido como “Bois Bumbás”. Tal evento tem sido responsável

pelo aquecimento do turismo, realizando o potencial cultural da cidade de Parintins. Eis

a razão pela qual nos foi despertado o interesse pelo presente Estudo de Caso,

denominado “Os impactos socioambientais do Festival Folclórico para o turismo e

comunidade na cidade de Parintins – Amazonas”.

Não obstante a importância cultural e turística do Festival Folclórico de Parintins,

impactos em várias vertentes têm se destacado, em especial os de ordem

socioambientais. Podemos demonstrar que, com o aumento da população que visita a

cidade de Parintins no período do Festival, tem se agravado a produção de resíduos

sólidos e ocorrido indevida destinação final do lixo, trazendo sérios impactos

ambientais. Tal fato produz a necessidade da promoção de campanhas ambientais que

incentivem a população local e os turistas a contribuírem com a preservação do meio

ambiente, não jogando o lixo nas ruas, mas em coletores de lixo seletivo. Tais ações

decerto contribuirão com a Associação dos Catadores de Lixo local, que não tem

conseguido dar vazão a demanda no período do festival.

Na pesquisa realizada destacamos com dados que o Festival se tornou primordial para a

sociedade local, em especial para os setores hoteleiro e comercial; mais de 70% dos

sujeitos envolvidos na pesquisa (comunidade e turistas) consideraram o evento

importante para o desenvolvimento de Parintins.

Assim, neste trabalho de dissertação foram desenvolvidas, por meio de ações

educativas, campanhas ambientais que fortaleceram o comportamento participativo da

comunidade local e dos turistas, no que diz respeito ao descarte correto do lixo durante

o Festival Folclórico de Parintins.

Palavras – chave: Turismo, Festival Folclórico de Parintins, Impactos, Coleta de lixo.

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OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL FOLCLÓRICO

PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE DE PARINTINS –

AMAZONAS

ABSTRACT

The Amazon Region provides, besides its fauna and flora, one of the most

beautiful folkloric spectacles: the Parintins Festival. The “Tupinambarana Isle” – as

Parintins City is known – welcomes thousands of different people that visit the city

during the Festival nicknamed as the “Boi Bumbás”. Such event has been

responsible by the heating of local tourism, realizing the true cultural potential of

the city of Parintins. Such is the reason why interest has arisen in the making of the

present Case Study, named as “The socio-environmental impacts of the Folkloric

Festival to the tourism and community in the city of Parintins”.

Not to take away from the cultural and touristic importance of the Folkloric Festival

of Parintins, several impacts of different strands have been acknowledged during it,

such as the production of solid residue and the final destination of the produced

garbage, which brings about serious biohazard impacts. Such facts generate the

necessity of the promotion of environmental campaigns which encourage the local

population and tourists to contribute with the preservation of the environment, via

means of selected discarding of garbage in special designed containments. Such

actions will surely contribute with the workers of the local Garbage Collectors

Association, which has been unable to generate enough throughput to deal with the

risen demand during the festival.

We highlight the data in the research that shows that, especially to the hotel and

commercial sectors, the festival has become a primordial source of income. More

than 70% of the subjects involved in the research (community and tourists alike)

have considered the event as highly important to the development of Parintins.

In this manner, in the current dissertation, campaigns have been put in motion that

strengthens the participatory behavior of the local community and tourists, in

respect to the correct discarding of garbage during the Folkloric Festival of

Parintins.

Keywords: Tourism, Folkloric Festival of Parintins, Impacts, Garbage Collection.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AMAZONASTUR – Empresa Estadual de Turismo do Amazonas

INFRAERO – Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

JAC – Juventude Alegre Católica

MINTUR – Ministério do Turismo

OMT – Organização Mundial do Turismo

PNRS – Política Nacional dos Resíduos Sólidos

SEDEMA – Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente

SMAP – Secretaria Municipal de Abastecimento de Parintins

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SUMÁRIO

CAPÍTULO I

1. 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 09

1. 2 OBJETIVOS ......................................................................................................... 11

1.2. 1 – Objetivo Geral................................................................................................... 11

1. 2.2 – Objetivos Específicos ....................................................................................... 11

1.2. 3 - As Contribuições e relevância do Estudo de caso.............................................. 12

CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA - CONCEITUAL ........................................... 13

2.1 Amazonas, suas riquezas, sua extensão .................................................................. 14

2.2 Estado do Amazonas: o turismo como fonte de renda ........................................... 14

2.3 Classificando os Tipos de Turismo.......................................................................... 15

2.3.1 Turismo de Selva................................................................................................... 16

2.3.2 Turismo de Pesca................................................................................................... 17

2.3.3 Turismo Folclórico em eventos............................................................................. 17

2.3. 4 O Turismo e seu desenvolvimento sustentável..................................................... 18

2.4. Tipos de Festival .................................................................................................... 19

2.4.1 Festival de Parintins: quem te viu quem te vê ...................................................... 20

2.4.2 Festival Folclórico de Parintins: miscigenação cultural e a importância para o

desenvolvimento do município....................................................................................... 23

2.4.3 Os impactos socioambientais do Festival Folclórico: um olhar analítico............. 24

CAPÍTULO III

3.1 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................... 25

CAPÍTULO IV

4.1. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 27

CAPÍTULO V

5.1 CAMPANHA LIMPA.............................................................................................. 44

CAPÍTULO VI

6.1 CONCLUSÃO.......................................................................................................... 46

6.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS...……………………… 47

5.3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA ........................................................................ 48

APÊNDICES e ANEXOS

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CAPÍTULO I

1. 1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos mais extensos e diversos países do mundo, sendo composto

por 26 Estados e uma região administrativa. Em sua vasta extensão territorial, diversas

culturas são agregadas por grupos e etnias específicas de sua população. O Estado do

Amazonas, o mais extenso de seus Estados em região territorial, contém a maior parte

da atual maior floresta virgem do mundo – a Floresta Amazônica. A Região Amazônica,

rica em sua fauna e flora, é conhecida por seus rios e florestas e por suas cidades

localizadas à margem de rios, tais quais sofrem adversos impactos decorrentes de várias

vertentes. Dentre muitas dessas cidades ribeirinhas pode-se destacar Parintins, que, na

divulgação do folclore amazonense, acolhe todos os anos milhares de pessoas que

visitam a cidade durante o Festival conhecido como “Boi Bumba”.

O Festival Folclórico de Parintins ocorre anualmente nos últimos três dias do

mês de Junho. É o principal espetáculo da cultura e turismo locais, trazendo vários

benefícios tanto socioeconômicos quanto culturais, tais como: investimento em

infraestrutura por causa do Festival, homologação do Porto de Parintins, inclusão de

novos voos na malha aérea da cidade e implementação de programas sociais do

Governo do Estado. A construção de uma identidade cultural do cidadão parintinense e

a valorização da cultura, além das produções artísticas de Parintins, entraram em

evidência regional, nacional e até internacional, como bem assegura a presidente da

Agência de Turismo do Estado do Amazonas – Amazonastur, Dra. Oreni Braga.

Entretanto, em meio a tantos benefícios, surgiram algumas mazelas, entre elas

número elevado de gravidez precoce, aumento da transmissão de doenças sexualmente

transmissíveis (DST’s) durante o período de festividade, aumento do consumo de

substâncias ilícitas, entre outras. Dentre esses problemas, destacam-se os de ordem

social e ambiental. É fato que, com o aumento da população que visita a cidade de

Parintins, no período do Festival, tem-se agravado a produção de resíduos sólidos e sua

destinação final de forma desorganizada vem trazendo sérios impactos ambientais.

Estima-se, segundo o professor João Danúzio1 da Universidade do Estado do

1 http: facebook.com/permalink.php?id=4629563804597548&story_fbid=464637793624946

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Amazonas, que Parintins produz cerca de 90 toneladas a mais de lixo durante o período

de execução do Festival.

É do conhecimento de muitos que a grande quantidade de lixo gerado e

descartado de forma indevida provoca, dentre outras coisas, dificuldades de escoamento

das águas e alagações, além de contaminação do solo, da fauna, da flora, produção de

gases tóxicos, contribuição para o aumento do efeito estufa e mudanças climáticas.

Dado estas informações foi-se levantada a problemática: o que é possível fazer para

corrigir tais mazelas? Por onde começar?

Partindo do pressuposto que a educação é a base e que por ela o comportamento

das pessoas tem a possibilidade de apresentar mudanças, fez-se necessária a promoção

de campanhas ambientais de cunho educativo visando causar uma metanoia na

população envolvida no festival. Tais campanhas incentivaram a população local e os

turistas, durante o período do festival, a contribuírem com ações efetivas visando não

apenas à mitigação das mazelas geradas, mas à preservação do meio ambiente e,

consequentemente, também a diminuição do lixo nas ruas. As mesmas, também,

contribuem com a Associação dos Catadores de Lixo local, que não tem conseguido dar

vazão a demanda durante o período do Festival.

Assim, neste trabalho de dissertação pretende-se identificar e descrever, na

percepção dos turistas e comunidade local do município de Parintins, os impactos

socioambientais oriundos do Festival Folclórico a fim de contribuir com políticas

públicas voltadas a amenizar os impactos negativos e fortalecer os positivos. Propondo,

por meio de ações educativas, campanhas que fortaleçam o comportamento

participativo dos moradores e dos turistas no que diz respeito ao descarte do lixo

durante o evento.

A estratégia para se alcançar os objetivos propostos foi realizada baseada em

desenvolvimento de parcerias com hotéis, alguns bares e restaurantes e alguns barcos

(conhecidos como “motor de linha”) a fim de promover ações educativas, distribuindo

informativos que estimulem a conscientização e sensibilização da população local e

turística em relação ao destino dos resíduos produzidos. O material gráfico distribuído

foi da seguinte natureza: panfletos e folhetos.

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Quanto à metodologia, as pesquisas bibliográfica e descritiva foram adotadas,

bem como os métodos histórico e dialético foram fundamentais na compreensão do

estudo.

A presente dissertação esta divida em capítulos. O primeiro apresenta o trabalho

e seus objetivos. O segundo capítulo destina-se ao referencial teórico com apresentação

do contexto histórico do Estado do Amazonas, do Turismo e seu desenvolvimento

sustentável, bem como, destaca as questões ambientais e abordagens sobre os impactos

socioambientais gerados pelo Festival Folclórico de Parintins. O terceiro capítulo

apresenta a metodologia utilizada nesta pesquisa. O capítulo quatro, por sua vez,

descreve a pesquisa realizada com a comunidade representada por 39 moradores e 90

turistas, bem como os principais resultados desta pesquisa. No quinto e último capítulo

são realizadas as considerações finais, as referências bibliográficas e os anexos.

1. 2 – OBJETIVOS

1. 2.1 – OBJETIVO GERAL

Identificar e descrever, na percepção dos turistas e comunidade do município de

Parintins, os impactos socioambientais oriundos do Festival Folclórico a fim de

contribuir com políticas voltadas a amenizar os impactos identificados como negativos

e fortalecer os positivos.

1. 2.2 – OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar, na visão da comunidade local e dos turistas, os principais impactos

sociais e ambientais que lhes causam preocupação e os que mais lhes agradam;

b) Buscar na história e conceituar o gênesis de Parintins e do Festival Folclórico

destacando sua importância no cenário turístico regional e nacional;

c) Propor, a partir da percepção dos moradores e turistas, medidas que amenizem

os impactos socioambientais negativos causados pelo evento.

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d) Elaborar informativos da campanha ambiental que estimulem os turistas e

moradores quanto ao descarte e destino correto do lixo produzido durante o

Festival Folclórico de Parintins.

1.2.3 – CONTRIBUIÇÕES E RELEVÂNCIA DO ESTUDO DE CASO

Iniciando-se como uma brincadeira de rua que cresceu em proporções

extraordinárias, ganhando fama e arena, o atual evento conhecido como Festival

Folclórico dos Bois Bumbás em Parintins tem se mostrado em evidência no cenário

turístico regional e nacional, sendo considerado um dos eventos mais belos do

Amazonas. A cada ano o Festival tem conquistado corações, que no ritmo de toadas e

nas cores azul e vermelho fazem da ilha Tupinambarana um cenário mágico.

No entanto, impactos oriundos deste evento tem se destacado de forma positiva e

negativa aos olhos da comunidade local e dos turistas, certamente lhes causando

satisfação e preocupação. Eis a razão pela qual nasce a motivação do atual estudo e suas

finalidades conforme destacadas anteriormente, qual seja, contribuir com políticas

voltadas a amenizar os impactos socioambientais negativos (entre tantos, o lixo

produzido e descartado de forma indevida) e fortalecer os positivos (como geração de

empregos e cuidados com o meio ambiente). Por considerar relevante e pertinente no

cenário turístico em ascensão, tais impactos, merecem atenção especial de todo cenário

turístico brasileiro e todos envolvidos direta e indiretamente no festival. Desta feita,

justifica-se a pesquisa em foco. Afinal, como bem alerta Monteiro (2008, p.33) “só é

possível teorizar e agir sobre o que é cientificamente observável”.

Dentre várias que possam ser argumentadas, a principal contribuição desta

pesquisa é formar uma base de conhecimento que abra a possibilidades de ser expandida

para englobar novos e maiores tópicos sobre as questões ambientais em Parintins.

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CAPÍTULO II

Na construção deste capítulo considerou-se como objetivo específico buscar na

história e conceituar o gênesis da cidade de Parintins e também do seu Festival

Folclórico, destacando sua importância no cenário político regional e nacional.

Acentuando a classificação os tipos de turismo regionais, destacando a importância do

turismo sustentável.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Brasil, Brasil meu, Brasil nosso, Brasil varonil. Quem não sente orgulho deste

Brasil com suas riquezas mil? Terra de verdes mares e rios com seus braços gigantescos

que acolhe e sustenta a todos que deles dependem. Inspiração poética!? Nem tanto. A

intenção inicial é focar os olhares não em toda dimensão nacional, mas na região Norte,

em especial no Amazonas, e realizarmos um breve passeio histórico na companhia dos

teóricos Basílio Tenório, Wilson Nogueira, Tonzinho Saunier, Alan Rodrigues, José

Maria, Mário Petrocchi, Mário Carlos Beni e outros.

O território brasileiro tem dimensões continentais. Segundo dados recentes do

IBGE2, o Brasil possui 8.515.767,049 km2 e é o quinto maior país existente, sendo

superado apenas pela Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Possui 23.102 km de

fronteiras, sendo 15.735 terrestres e 7.367 marítimas. Maior que toda sua extensão

territorial é sua riqueza cultural e gastronômica, as quais recebem influências culturais

não apenas locais, mas também de todas as partes do globo. Diante de tal pressuposto,

nosso objetivo, neste capítulo, é destacar uma das localidades brasileiras, a cidade de

Parintins, que se destaca, em especial através dos meios de comunicação, como a cidade

ribeirinha do Amazonas que promove um dos mais belos espetáculos culturais da nação,

o Festival Folclórico dos Bois Bumbás Garantido e Caprichoso.

2 http://www.ibge.gov.br//home/geociencias/.../default

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2.1 Amazonas: suas riquezas, sua extensão.

O Estado do Amazonas possui a maior extensão geográfica territorial, sendo

rico em sua fauna e flora, conhecido por seus rios e florestas e por suas cidades

localizadas à margem de rios.

Em conformidade com os dados publicados pela principal fonte de estatística da

população brasileira, IBGE3, o Amazonas possui 1.559.148,890 km². Toda sua extensão

territorial o torna maior que a extensão dos territórios das regiões Sul e Sudeste juntos,

superando ainda a soma das áreas que possuem França, Inglaterra, Alemanha e Japão. É

dotado de riquezas minerais como cassiterita em Presidente Figueiredo e Urucará com

486.073 toneladas, bauxita em São Sebastião do Uatumã, Nhamundá, Urucará e

Presidente Figueiredo, nióbio em São Gabriel da Cachoeira, Urucará e Presidente

Figueiredo, gás natural com potencial de 62.886.500 m³ em Coari, 22.164.200.000 m³

em Carauari e 4.853.000.000 m3 em Silves. O potássio na região do rio Madeira entre

Nova Olinda do Norte e Itacoatiara, o caulim encontrado na área rural de Manaus, sendo

usado em cerâmicas, e outros vinte e três minérios encontrados no subsolo amazonense,

como ouro, tório e ferro.

2.2 Estado do Amazonas: o Turismo como fonte de renda.

O Amazonas, com sua vasta dimensão, destaca-se como uma atração turística

para o Mundo. Em Manaus, o Teatro Amazonas tem recebido um grande número de

turistas para conhecerem sua bela arquitetura que remonta os tempos áureos da borracha

e ao clímax da economia Amazonense. Seus hotéis de selva, com atrações como pesca

da piranha, focagem de jacarés, observação de botos, passeios nas trilhas e visitas às

tribos indígenas, são destaques em meio ao vasto leque de opções para o turismo.

Reconhecidamente uma fonte geradora de renda em todo o mundo, o turismo

deve ser incentivado e fomentado com opções seguras, diversidade, competência e

investimentos. É o que bem destaca Mário Carlos Beni em sua obra “Análise Estrutural

3 RAMOS, Rita de Cássia P. F. Turismo Sustentável. Disponível em www.sustentavelturismo.com.

Acesso em 15/9/2016, às 22:20h.

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do Turismo” (1998, p.59) “... os atrativos turísticos podem ser transformados em

recursos turísticos... passíveis de provocar deslocamentos de pessoas, e que integram o

marco geográfico-ecológico-cultural de um lugar”. Assim, podemos entender que a ação

conjunta do poder publico, governantes locais, investidores particulares e a população

local é necessária para um resultado positivo, duradouro e eficaz.

Grande gerador de empregos e oportunidades, o turismo produz interação,

conhecimento e compartilhamento de cultura entre povos. Sua importância não pode ser

menosprezada, pois quem não divulga seu país, povo ou costume, corre o sério risco de

viver o ostracismo, sendo deixado de lado, vendo a decadência de sua história, ritos e

costumes. Isto acontecendo, quem o conhecerá?

Precisamos, no entanto, levantar a bandeira que produz não só riquezas em

forma de finanças, mas bens intangíveis e eternos, como cultura, interação e

valorização. Que o gigante Amazonas sempre volte seu potencial e recursos para fazer

ouvir sua voz e valor através de seus filhos, usos e culturas.

2.3 CLASSIFICANDO OS TIPOS DE TURISMO

Todo aquele que planeja visitar determinado lugar certamente foi atraído por

algo que lhe trouxe expectativas, as quais espera que sejam correspondidas. Há de se

considerar que o turista deseja que uma experiência que lhe assegure satisfação, bem

estar e momentos inesquecíveis. Por vezes, ele é estimulado por outrem, o qual,

compartilhando de suas próprias experiências, lhe desperta o interesse, ou ainda é

atraído pelos meios de comunicação. Sobre este assunto podemos destacar Mário

Petrocchi (2009), que dissertando sobre planejamento e gestão do Turismo, destaca que

o destino escolhido se torna um produto desejável. Por isso, os serviços básicos como

hospedagem, transporte e lazer devem ser prioridades no concorrido mercado de

turismo que tem a missão de atrair, encantar e manter o turista como cliente.

Dentre as várias opções ou tipos de turismo que podem ser oferecidos em

determinada região, evidenciam-se o turismo de selva, o turismo de pesca e o turismo

folclórico, são de amplo potencial de desenvolvimento na região amazônica.

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2.3.1 Turismo de Selva

O turismo de selva, também conhecido por turismo de aventura, se encarrega em

deslocar as pessoas para espaços naturais. Isso tem se tornado uma realidade no cenário

amazônico ao longo dos anos. Não é a toa que Bene (1998) destaca que:

No Brasil, esse tipo de turismo vem sendo praticado na floresta amazônica, no

pantanal mato-grossense, em algumas chapadas do planalto central e nos lençóis

maranhenses. (p.472)

A região Norte apresenta aos turistas a oportunidade de desfrutarem de

experiência agradável na prática do turismo de selva, com as belas cachoeiras existentes

e as piscinas naturais que se formam na maior bacia hídrica mundial, além de abrigar a

maior biodiversidade do planeta.

A cidade de Manaus, em seu perímetro rural, dispõe de hotéis confortáveis, por

intermédio dos quais o turista pode vivenciar diversas emoções em passeios de barco

sobre o rio Negro e conhecer o encontro das águas (AMAZONASTUR, 2013, p. 26),

um marco na atuação da natureza que proporciona um belo encontro dos rios Negro,

com suas águas escuras, e o rio Solimões, com suas águas barrentas, formando uma

extensa faixa sem que haja a mistura de ambos.

Os passeios de selva que são disponibilizados incluem refeições em restaurantes

construídos sobre toras de madeira flutuante. E ainda, é oferecida ao turista, a opção de

conhecer o artesanato indígena e a criação de peixes como o pirarucu e outros. Pode-se,

também, aventurar pela floresta e conhecer a fauna e a flora amazônica, contemplando

as grandes árvores centenárias e também as araras, papagaios, macacos, cobras e demais

animais que vivem nessa floresta. O visitante também pode observar os costumes de

tribos indígenas e suas culturas, bem como o estilo de vida dos ribeirinhos, que fazem

da caça, pesca e plantio o seu meio de sobrevivência (AMAZONASTUR, 2013, p. 24).

Tais experiências podem proporcionar ao turista a sensação de interação com a natureza

e a reflexão do quanto podemos e devemos fazer para protegê-la e preservá-la.

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2.3.2 Turismo de Pesca

O Turismo pode ser visto como uma atividade econômica por estar inserido no

setor terciário (serviços). Assim defende Petrocchi (2009), ao apresentar a estrutura do

destino: “A divisão dos setores econômicos em primário (agricultura), secundário

(indústria) e terciário (serviços) foi proposta por Colin Clarrk, na década de 1940”.

No Amazonas, o turismo de pesca tem atraído a muitos estrangeiros que buscam

momentos de satisfação e realização. Afinal, quando o turista aprova o destino,

normalmente ele passa a divulgá-lo espontaneamente, contribuindo assim com o fluxo

de turistas nacional e internacionais.

Para os amantes da pesca as modalidades variam desde a atividade amadora até a

profissional. Com a diversidade de peixes que habitam os rios da região, como

tambaqui, tucunaré, matrinxã, curimatã, jaraqui, cará, jaraqui e outros, o Amazonas

oferece a possibilidade de viverem belas experiências de pesca (AMAZONASTUR,

2013, p. 24). Durante o ano, nos meses em que o rio seca e os peixes ficam represados

nos lagos, o turista pode participar dos campeonatos de pesca que são realizados com

premiação para o pescador que se destaque, em geral com o maior tucunaré fisgado.

Diversos turistas brasileiros e estrangeiros desembarcam em Manaus nessa

época, trazendo consigo seus equipamentos e formando caravanas para desfrutarem da

alegria de pescar nos rios amazônicos. Movimentam assim não só a rede hoteleira, mas

também os que alugam barcos e os chamados pilotos, homens que os conduzem em

meio aos rios e lagos em busca de um belo exemplar de peixe. Com a fiscalização e o

acompanhamento para que em sua maioria a atividade seja do tipo “pesque e solte” faz-

se a preservação das espécies. Com informações e instruções de cuidado com o descarte

do lixo, busca-se manter o equilíbrio no contato do ser humano com a natureza.

2.3. 3 O Turismo Folclórico em eventos

Os eventos, independente da natureza, tendem a atrair pessoas das mais diversas

faixas etárias. O turismo folclórico tem alcançado esse objetivo por conseguir

transmitir ao público uma autenticidade e pureza. Segundo José Maria (2007, p.152) foi

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na década de 20 que, no Brasil, ascendeu a concepção de folclore pautada nas tradições

populares contadas e cantadas com muita criatividade. Isso perdura por longos anos.

Tais eventos são aguardados com muita expectativa, não só pelo publico que o

frequenta, mas pelos organizadores, como bem esclarece Paulo Renan (2014): “O

legado econômico deixado pelos eventos envolve tanto os benefícios como os custos

que a realização de um evento pode ocasionar”. Isso é notório nos eventos de norte a

sul do Brasil onde o povo é conhecido como festeiro e hospitaleiro.

Um dos maiores eventos de turismo folclórico no Amazonas é exatamente o

Festival Folclórico de Parintins, a qual o atual Estudo de Caso aborda.

2. 3.4 O Turismo e seu desenvolvimento sustentável.

Segundo a OMT (Organização Mundial do Turismo), o turismo sustentável deve

ser aquele que salvaguarda o ambiente e os recursos naturais, garantindo o crescimento

econômico da atividade, ou seja, capaz de satisfazes as necessidades das presentes e

futuras gerações. Isso é o que bem assegura Rita de Cássia4.

O desenvolvimento turístico deve pautar por "economizar os recursos naturais

raros e preciosos, principalmente a água e a energia, e que venham a evitar, na medida

do possível a produção de dejetos, deve ser privilegiado e encorajado pelas autoridades

públicas nacionais, regionais e locais" (Art. 3º do Código de Ética da OMT),

Organização Mundial do Turismo.

Desta feita, o Turismo Sustentável deve acima de tudo buscar a compatibilização

entre os anseios dos turistas e os das regiões receptoras, garantindo não somente a

proteção do meio ambiente, mas também estimulando o desenvolvimento da atividade

em consonância com a sociedade local envolvida.

Desenvolver o turismo de forma sustentável implica em ações que

sejam socialmente justas, economicamente viáveis e ecologicamente corretas, isto é,

que atendam as necessidades econômicas, sociais e ecológicas da sociedade conforme

destacado pela OMT, em seu artigo 3 do Código Mundial de Ética do Turismo.

4 RAMOS, Rita de Cássia P. F., op. Cit.

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Já Mário Petrocchi (2009, p.31) assegura que o Turismo Sustentável deve estar

baseado em 3 eixos importantíssimos: a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

O primeiro desses eixos corresponde à necessidade de o turismo contribuir com

a geração de emprego, arrecadação de impostos e crescimento do PIB. O eixo social

corresponde ao fato de o turismo poder proporcionar identidade cultural, inclusão

social, educação e treinamento. Por fim, o terceiro eixo deve estar baseado no equilíbrio

entre o desenvolvimento do turismo e a preservação do meio, do ecossistema e a

biodiversidade.

Nesta perspectiva, pode-se perceber que em muitos lugares há um envolvimento

da comunidade, como ocorre na Argentina, “onde se contempla a questão da

produtividade com foco na população dos destinos, definindo competitividade”

(PETROCCHI, 2009, p. 31).

Dessa forma, o turismo deve sempre buscar a sustentabilidade nas três

perspectivas: sustentabilidade econômica, social e ambiental. Afinal equilíbrio é a

palavra de ordem. Alguns questionamentos são clarificados em meio a pauta: Por onde

começar? A reposta ecoa de imediato – pela educação! Sempre não é a mesma

defendida universalmente? Ela não deve ser trabalhada em toda sociedade? Sobre esse

assunto, Anastácia Nasibulina (2015) em seu artigo “Education for Sustainable

Development and Environmental Ethics”5 aconselha que “...introduzir os princípios de

desenvolvimento sustentável em todas as esferas e atividades da sociedade, deve ser

feito através da educação”, o que não ocorre de uma forma imediata, mas a longo prazo.

Mudanças de hábitos e de comportamentos estão ao alcance de todo aquele que assim o

desejar. Mas para despertar o interesse e desejo de mudança na sociedade, se faz

necessário aplicações práticas e criativas de forma que atraia a atenção de todos, em

especial, sobre situações ecológicas; afinal, somos e fazemos parte do ambiente no qual

vivemos.

2.4 TIPOS DE FESTIVAL

Que o brasileiro é festeiro e hospitaleiro, disso não há dúvidas. Do Norte ao Sul

5 Fonte pesquisada: ELSEVIER www.sciencedirect.com/sciense/artcle/pii/s1877042815060632

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do território nacional, a maioria dos eventos é de Festas ou Festivais, seguidos por

Feiras, Exposições ou Mostras. A enciclopédia livre - Wikipédia6 explica que a palavra

fest deriva do inglês médio, bem como do francês médio festivus e da palavra latina

festivalis. O que se concorda é que tanto a Festa quanto o Festival têm a

responsabilidade de celebrar e proporcionar alegria a todo aquele que dele participa,

satisfazendo, assim, as expectativas dos participantes.

No Brasil os festivais têm tomado dimensões gigantescas. Entre tantos destacam

- se o Rock in Rio, que há 30 anos, como pioneiro, atrai um público fiel e oferece shows

com Queens of the Stone Age, A – Há, Katy Perry e muitos outros. Temos o Festival de

verão em Salvador, na Bahia, com grandes atrações de diversos gêneros musicais com

shows de Caetano Veloso, Cristiano Araujo e tantos outros artistas nacionais7.

Nisso, Santos (2011) deixa claro que “um evento especial reconhece um

momento único no tempo, com cerimônias e rituais que satisfazem necessidades

específicas”. Mas é também no norte do Brasil que acontecem eventos, que a cada ano,

tomam dimensões gigantescas. Em Belém, no Pará, destaca-se o Círio de Nazaré que

atrai mais de 2 milhões de fiéis nas procissões pelas ruas de Belém. Segundo

divulgações pelas mídias sociais (g1.globo.com/PA/para/cirio-de-nazare/2016). Tal

evento religioso tem se evidenciado como um dos mais importantes no território

nacional.

Já no Amazonas, o Festival Folclórico de Parintins, se destaca e, a cada ano que

se passa, tem chamado a atenção do público regional, nacional e até internacional.

2.4.1 Festival de Parintins: Quem te viu quem te vê

Em breve caminhada pela história brasileira, é visível a influência jesuíta nas

esferas social, cultural e educacional - afinal, tais já dominavam esferas similares

concomitantemente em outros países. Aranha (1996, p.91), assegura que os jesuítas se

espalharam pelo mundo, desde a Europa - assolada pelas heresias - até a Ásia, a África

e a América. Em solo brasileiro arraigou-se em várias das subculturas que nos 6 https://pt.wikipedia.org/wiki/Festival 7 https://www.festivaisdobrasil.com.br

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influenciaram originalmente: europeia, árabe, africana, entre outras. Essas culturas

contribuíram fortemente com o processo de formação da identidade cultural da

população brasileira. Também é muito forte e presente na sociedade a influência

indígena, com sua cultura e culinária exótica e inigualável.

Foi com essa mesma influência que os missionários jesuítas, em missão de

catequização, desbravaram a Amazônia, chegando a Parintins. Bem descreve Silva

(2007, p.22) sobre a origem e o nome de Parintins: “... em 1796 a cidade foi fundada e

transformada em objeto de disputas entre administradores militares (enviados pela

coroa portuguesa) e missionários. O nome da cidade foi atribuído por colonizadores,

tendo como inspiração os índios Parintintin que viviam na região”. A data é

reconhecida como a de instalação do primeiro núcleo da ilha Tupinambarana – tal

palavra deriva do tupi e significa “falso tupinambá” ou “mestiço”. (AMAZONASTUR,

2014, p.21)

Entre tantos que se expressam em narrativas sobre Parintins, destacamos

Rodrigues (2006, p.28) que faz uso da história através da música: “Na ilha

Tupinambarana/ nasceu Parintins/ que eu vou decantar/ Parintins dos Parintintins/nome

da tribo deste lugar” (Toada “Cantiga de Parintins”- Chico da Silva e Fredy Goés). De

nenhuma melhor forma o autor poderia descrever o gênesis da cidade ribeirinha do

Amazonas e a etimologia do seu nome.

Parintins se desenvolveu em ciclos econômicos, com a indústria extrativa da

castanha, borracha fina, sernambi, caucho, caferana, cumaru, óleos de andiroba,

copaíba, muirapuama, abuta, manacá, sipó, salsa, toros de itaúba, cedros e outros, bem

como o cacau, a pecuária, o Pau-rosa e a Juta, como pontua Saunier (2003, p.173 -

178).

Já Allan (2006), em sua obra “Boi-Bumbá e evolução”, mostra que nos pastos

alagadiços da ilha são criados milhares de cabeça de gado branco e búfalos. Os

mesmos contribuem com as principais atividades econômicas da cidade, abastecendo a

capital do Estado, como divulgado pela Secretaria Municipal de Abastecimento de

Parintins - SMAP.

É claro e respaldado que a pequena ilha de Parintins com seu festival folclórico

tornou-se gradualmente em uma cidade de grande importância cultural brasileira.

Agora, “Parintins não é mais uma cidade pequena do interior do Amazonas; é uma

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cidade conectada ao mundo, onde as influências globais cada dia mais estão

mudando as relações sociais ali existentes”. (FRANÇA, 2014, p.116)

A um só tom ou toada é possível declarar: Parintins, quem te viu quem te vê,

nas cores dominantes do azul – cor representante do boi bumbá Caprichoso - e

vermelho – cor representante do boi bumbá Garantido: Amo-te com teus cantos e

encantos. Essas cores, vermelha e azul, envolvem o pensamento militar que, segundo

Braga (2002, p.432) “... as cores vermelha e azul procedentes das cruzadas na

Península ibérica aludindo á guerra simbólica dos cristãos e mouros sob o símbolo da

guerra justa, onde a cor vermelha simboliza o mouro e a cor azul o cristão”.

Mas é na toada “Parintins para o mundo ver”, de Ricardo Lira e Paula Perrone,

narrada por Allan Rodrigues (2006, p.184), que se deixa claro o anseio em mostrar

ao mundo a cultura dos bois bumbas:

Nosso boi, nossa dança xipuara

Caiu do mundo está mostrando nossa cara

Atravessou pro outro lado do oceano

Ficou famoso nosso valente cor de pano

O que era só da velha Tupinambarana

E se apoiou na fé de seu Valdir Viana

Mostra pro mundo meu folclore como é

Na Baixa do São José.

Ao pesquisador e observador desta presente conjuntura, basta apenas interpolar

essa tendência de gradual crescimento da cidade através do festival para observar

claramente o futuro em vista: uma cidade ainda maior, com uma realização de um

gigantesco potencial de crescimento, mantendo em si as raízes mais profundas da

cultura cabocla.

Porém, todo esse potencial em evidência pode correr sérios riscos caso o poder

público e aqueles que se dizem filhos nascidos e criados na ilha Tupinambarana, não

se despertarem por zelar pela cidade de Parintins.

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2. 4. 2 Festival Folclórico de Parintins: miscigenação cultural e sua importância para

o desenvolvimento do município

Segundo Saunier (2003, p. 199), o folclore de Parintins teve em seu gênesis a

miscigenação dos primeiros habitantes da ilha: maués, sapopés, mundurucus, parintins,

parintintins, pataruanas, paraueris, paravianas, tupinambás, tupinambaranas e

uapixanas. Cada etnia realizavam suas festas baseados na essência da cultura adquirida

através de seus ancestrais.

Mas, o que vem a ser realmente a “cultura” de um povo? Canedo (2009) alega

que a palavra “cultura” tem sido utilizada há muito tempo para substituir outros termos

semânticos como tradição e ideologia. Dentro dessa perspectiva pode-se entender que

a cultura de um povo é a manutenção, prática e expressão de seus costumes e crenças.

O folclore indígena buscava expressar a natureza com suas cores, formas e

encantos na beleza de sua riquíssima fauna e flora. É através da imaginação que

surgiram as grandes lendas. Entre tantas se destacam mapinguari, curupira, yara,

acãuera-de-fogo, cobra grande e tapirayauara. (Saunier (2003, p. 199).

Alguns autores como Rodrigues (2006), Silva (2007), Saunier (2003) e Tenório

(2016), se dedicaram a compartilhar com seus leitores a história do Festival Folclórico

de Parintins mostrando a essência cultural.

Muitos pesquisadores datam do ano de 1965 a realização do 1º Festival

Folclórico na cidade de Parintins, criado por um grupo de amigos ligados à Juventude

Alegre Católica (JACA). No ano seguinte, os organizadores convidaram os dois Bois

Bumbás para participarem do evento, mas, só o Garantido compareceu. Em 1967, os

dois participaram. A disputa pela preferência de cada boi aumentava e em 1968 o

Garantido venceu a disputa que tinha como critério o que for mais aplaudido. Essa

rivalidade se perpetua até hoje entre os bois Garantido e Caprichoso. Vale destacar que

essa disputa se mostra saudável e respeitosa, posto que no ápice das apresentações uma

torcida silencie e aguarda a sua vez, enquanto a outra se apresenta ao público.

A festa “boi de rua”, como era conhecida, tomou uma dimensão e aceitação tão

vasta que em 1975 a prefeitura assumiu a organização do evento, mudando inclusive o

local onde acontecia o evento. Desta feita, a brincadeira de rua ganha arena, chama

atenção da mídia e dispara em crescimento. Atualmente o Festival acontece no

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Bumbódromo de Parintins, cercado de toda tecnologia de ponta e estrutura sonora

profissional, iluminação e efeitos especiais.

2. 4. 3 Os impactos socioambientais do Festival Folclórico de Parintins: um olhar

analítico.

Os eventos, de uma forma geral, tendem a causar impactos nas mais diversas

esferas sejam elas de ordens sociais, ambientais, econômicas, culturais, políticos e

outras. Isto é uma realidade em vários eventos brasileiros sejam eles de evidências

nacionais e/ou regionais. Eles provocam uma dinâmica na economia local, trazendo

assim expectativas cada vez mais audaciosas para todos os envolvidos. Porém importa

saber quais os impactos se evidenciam desses eventos - mesmo que sejam vistos de

formas negativos ou positivos - que proporcionem satisfação ou preocupação para

muitos.

Tais impactos se destacam na cidade de Parintins que, enquanto não chega a tão

esperada ultima semana do mês de junho (período do Festival Folclórico) torna-se

pacato, como bem afirmam muitos dos seus moradores. Porém ao chegar o tão

esperado evento, a rede hoteleira, os comércios em geral e até seus moradores

encontram-se em meio a grandes expectativas. Tudo isto traz um legado a cada evento

realizado. Não é a toa que “O legado do Festival transcende as fronteiras de Parintins e

se expande para o Estado do Amazonas e para o Brasil na forma de cultura popular”.

(FRANÇA, 2014, p.27).

Nos “Resultados e Discussões” abordaremos detalhadamente os impactos

identificados durante o período em que vivenciamos a pesquisa de campo.

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CAPÍTULO III

Este capítulo tem como objetivo maior, apresentar a metodologia adotada nesta

produção científica. Tanto os impactos sociais quanto os ambientais, sejam eles

positivos ou negativos, são notórios no Festival Folclórico na cidade de Parintins. Tais

impactos são visíveis no processo de desenvolvimento da ilha. A seguir analisaremos

os dados levantados, sem intenção de reprimir as possibilidades de reflexão sobre tais

impactos.

3.1 MATERIAIS E MÉTODOS

Para trilharmos nos caminhos da pesquisa destacando o conhecimento

científico, que por sua vez não se mostra pacífico, se fez necessário buscar a história de

Parintins e analisar o presente para propor possíveis mudanças. Partindo desse

princípio, os métodos Histórico e Dialético nos proporcionaram um olhar analítico

nesta pesquisa. O Método Histórico nos instigou a buscar nos registros os dados

necessários à esta presente pesquisa, e ao praticarmos a dialética em conversas com os

turistas e alguns moradores (sujeitos da pesquisa) nos habilitamos a levantar a

problemática das questões mais essenciais sobre o Festival Folclórico.

Vale destacar que a Pesquisa Descritiva foi relevante dentro da abordagem

quantitativa e a mesma está desprovida de grandes pretensões teóricas ou mesmo

interpretativa. Demo (2010, p.30), com propriedade, assegura: “Ciência não se faz com

generalizações, reflexões dispersas e perdidas, filosofadas homéricas, mas com

análises palpáveis”. Já a pesquisa bibliográfica foi fundamental na compreensão do

processo histórico do Festival Folclórico em Parintins e suas peculiaridades para então

desenvolver uma reflexão crítica diante do fenômeno pesquisado. Diante de tal

realidade o Estudo de Caso se fez necessário. Creswell (apud GIL, 2009, p.6) define o

Estudo de Caso como um “Estudo profundo de uma simples entidade ou fenômeno

limitado pelo tempo e atividade (um programa, evento, processo, instituição ou grupo

social)”.

Compreendendo tal estudo, podemos concordar com Antonio Carlos Gil no

sentido que os “Estudos de Caso são reconhecidos como detentores de potencial para o

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estudo do processo de mudança e adequados para a realização de pesquisas sob o

enfoque dialético” (2009, p.26). Partindo de tal pressuposto, os sujeitos da pesquisa

envolveram alguns moradores e turistas, indivíduos que se encontraram na ilha durante

os preparativos e celebrações do Festival Folclórico de Parintins.

Quanto ao público envolvido no festival, foram distintas duas categorias

básicas: categoria de moradores e categoria de turistas. Baseado nisso foram

desenvolvidos também dois questionários quantitativos com questões socioambientais

para serem aplicados: um para a categoria de moradores, contendo 20 perguntas

distintas, e outro para a categoria de turistas, contendo 13 perguntas totais: algumas

distintas e algumas semelhantes ao questionário para moradores.

O público-alvo de 90 turistas e 39 moradores, envolvendo guias turísticos,

comerciantes, participantes e não participantes do Festival foi satisfatório por entender

que a amostra detalha um satisfatório número de sujeitos envolvidos no período de

estadia in loco e pode representar a opinião da comunidade local e dos que visitam a

ilha Tupinambarana no período do Festival.

Quanto às técnicas adotadas no campo de pesquisa o Diário de Campo, os

Questionários (com perguntas fechadas e abordagens de cunho socioambiental) e

Observação Direta Intensiva se fizeram necessárias para a realização do presente

estudo. Os resultados serão apresentados em forma de gráficos no próximo capítulo.

A divulgação da pesquisa foi realizada por intermédio da “Campanha Ilha

Limpa”, com distribuição do material gráfico desenvolvido em locais estratégicos

como hotel, bares e restaurantes. Nossos agradecimentos a todos os parceiros que

entenderam o objetivo da Campanha “Ilha Limpa”. Os materiais gráficos foram

disponibilizados para visualização extensiva pelo público-alvo de maneira não

intrusiva à sociedade local.

CAPÍTULO IV

Este capítulo tem como objetivo específico identificar e avaliar, na visão dos

moradores, representando a comunidade local e dos turistas, os principais impactos que

lhes causam maiores preocupações e os que mais lhes agradam segundo os resultados e

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discussões. Os termos impactos são utilizados ao se referir às consequências das

transformações, aos efeitos e modificações perceptíveis.

Tanto os impactos sociais quanto os ambientais, sejam eles positivos ou

negativos, são notórios no Festival Folclórico na cidade de Parintins. Tais impactos

são visíveis no processo de desenvolvimento da ilha.

Posteriormente apresenta-se a proposta da Campanha Ambiental com a

finalidade de amenizar (sem pretensão de resolver) o problema identificado.

4.1 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Brasil, rico em sua imensa expansão territorial, sua diversidade cultural e

gastronômica, tem conquistado há muitos! E o turismo, certamente, desempenha um

papel importantíssimo neste processo. Ele desenvolve um efeito multiplicador

quando o turista se desloca de avião ou barco (referimo-nos à realidade do

Amazonas) e se aventura buscando realizar seus próprios interesses. Por isso, todo

aquele que se dispõe a investir seu tempo e finanças em estar presente em

determinado evento espera, no mínimo, que sua experiência o convença a não mudar

de ideia.

O que se espera? Certamente o sentimento da escolha correta! É o que bem

esclarece Mário Petrocchi (2009) dissertando sobre “Turismo, planejamento e

gestão”. Refletindo sobre tais afirmações do autor, pode-se entender que o Festival

Folclórico de Parintins tem conquistado a cada ano que se passa um público externo

cada vez maior.

O evento em Parintins ocorre anualmente nos últimos três dias do mês de

Junho, tendo se tornado primordial para a sociedade local, em especial para os

setores hoteleiro, gastronômico e comercial, contribuindo para o desenvolvimento da

ilha.

“O Festival tem suscitado o interesse externo, especialmente da mídia e dos

turistas. A visibilidade do evento na imprensa nacional, a promoção que a

empresa patrocinadora – a Coca-Cola – realiza junto a artistas e outras

celebridades (no país e fora deste) e a divulgação feita por agências de

turismo, proporcionou um crescente interesse do público externo pelo

Festival.” (SILVA, 2007, p.21).

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São esses insumos que contribuem para a visibilidade do espetáculo além-

fronteiras regional, conquistando não só o espaço no calendário turístico nacional, mas

também arrebatando corações e expandindo um público apaixonado pelos bois bumbas

Garantido e Caprichoso.

Tal evento tem registro em sua história datada em 1965 como o ano inaugural

do Festival, quando, um grupo de amigos ligados à Juventude Alegre Católica

(JACA) organizaram a competição com modalidade de “disputa” entre os bois.

Segundo historiadores, a ideia surgia para combater a violência entre a população. Os

bois se apresentavam em um tablado e o mais aplaudido recebia do grupo de jurados

o título de campeão e o troféu. José Maria da Silva (2007, p26.) narra com

propriedade tal história e explica que “a cada ano o Festival Folclórico de Parintins

tem recebido investimentos por parte do governo e desde 1975 a prefeitura local

assumiu a organização do evento”. Atualmente, o mesmo acontece no Bumbódromo

com seus muros mostrando cenas lendárias, obra dos artistas locais de Parintins (ver

registros fotográficos nos apêndices), e a competição é mediada por regras bem

definidas.

Durante a realização da pesquisa, percebeu-se, em contato direto com os sujeitos

envolvidos, que o evento anual é considerado de extrema ou grande importância para o

desenvolvimento da ilha Tupinambarana. Esse sentimento é demonstrado na opinião

da maioria dos moradores da cidade, 85%, como se mostra na figura 1. Isto também

foi observado por Paulo Renan Rodrigues de França, que se dedicou ao estudo

“Festival Folclórico de Parintins: Impactos socioambientais na percepção dos atores

locais” (2007).

Na Figura 1 é apresentada em forma gráfica a média matemática da resposta

dos 39 moradores, alguns se declaram guias turísticos, comerciantes, participantes e

não participantes do Festival. Os mesmos representam a comunidade local.

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Figura 1: Avaliação dos moradores

Como visto, a maioria dos moradores declararam que o evento é importante

para o desenvolvimento da cidade e alguns acrescentaram “ficamos o ano inteiro

esperando por essa época. É nela que a nossa cidade fica mais alegre, mais colorida,

mais bem cuidada, principalmente nas ruas próximas do evento, o que não acontece

nos bairros mais afastados”.

Fotografias 1 e 2 – Contatos direto com moradoras e comerciante.

Data da foto: 22 de junho de 2016

Autora: Elda Reis

Diante de tal desabafo, entendemos que “para que o destino de turismo seja

bem-sucedido, é preciso estar comprometido com a missão de atrair, encantar e manter

turistas como cliente”. (PETROCCHI, 2009, p.3)

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E ao conversarmos com os 90 turistas, sobre o mesmo assunto, a maioria deles

respondeu que compreendem a importância do evento para o desenvolvimento de

Parintins. Alguns deles também declararam que estão na cidade por vezes

consecutivas. A Figura 2 nos mostra a dimensão das respostas.

Figura 2: Avaliação dos turistas

Vale destacar que “A partir da década de 1980, a cidade de Parintins começou a

sofrer mudanças econômicas, sociais e políticas, que refletiram o crescimento do

Festival Folclórico de Parintins” (FRANÇA, 2014, p.107). Tais mudanças trouxeram

impactos que são visíveis, tanto na esfera positiva quanto negativa.

As mudanças trouxeram benefícios como: investimento em infraestrutura por

causa do Festival, homologação do Porto de Parintins e inclusão de novos voos na

malha aérea da cidade. A construção de uma identidade cultural do cidadão

parintinense e maior valorização da cultura, do artesão além das produções artísticas

de Parintins, são valorizadas, reconhecidas e entraram em evidência regional,

nacional e até internacional. Os moradores foram unânimes ao serem questionados

sobre estes assuntos.

Como exemplo dessa identidade cultural, entre tantos artistas plásticos, Afonso

Filho transmite em suas telas toda a beleza e leveza das cores da nossa fauna e flora.

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Fotografias 3 e 4 – Telas pintadas a óleo pelo artista Afonso Filho

Data da foto: 23 de junho de 2016

Autora: Elda Reis

Associação de Artistas Plásticos de Parintins (AAPP)

Durante a realização da pesquisa observou-se que os impactos sociais estão

interligados aos econômicos antes, durante e após o evento. Em contato direto com

alguns moradores e comerciantes a declaração foi a mesma: “nós aguardamos por esta

festa no decorrer de todo ano. Muita gente que se encontrava desempregada tem a

oportunidade de trabalhar. Aqui, alguns moradores alugam suas residências e abrigam-

se em casas de parentes, a fim de aumentar a renda familiar” (palavras de uma

moradora que trabalha no comércio).

E ainda, em conversa informal com alguns artesãos (ver registro fotográfico

nos apêndices 2 e 3) fomos informados que existem projetos de apoio aos artesãos e

produções artísticas regionais. Valorizando esses profissionais de mãos talentosas que,

por vezes, envolvem suas próprias famílias em todo processo de produção com matéria

prima regional utilizando sementes, penas, folhas e muitas outras coisas. Ademais, o

que se constatou na visita in loco foi à presença de muitos artesãos de outros lugares

apresentando seus produtos na cidade no período do festival, contrariando assim, os as

declarações de exclusividade cultural local dos profissionais da região.

Alguns da comunidade ao serem questionados sobre o aumento da geração de

emprego foram taxativos em dizer que este impacto causado pelo festival é visto por

todos como positivo e de grande importância para o desenvolvimento da cidade de

Parintins. A figura 3 comprova tais respostas.

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Figura 3: Avaliação dos moradores

Além do aumento na geração de emprego, a comunidade local deixou clara a

insatisfação no aumento dos preços no quesito alimentação. Segundo alguns moradores

“nós pagamos o mesmo preço que os turistas pagam nesta época do ano, mas mesmo

assim percebemos o aumento no volume das vendas”. Realidade inevitável.

Os impactos sociais são visíveis: pelo que é observado, as expectativas dos

moradores são todas focadas no Festival. Alguns declararam que “após o evento a

cidade fica parada, muita gente que estava em trabalho temporário é demitido”. Frente

a tal conhecimento, é clarificada a importância de se planejar de forma estratégica! A

cidade não tem outras fontes de riqueza que devem e podem ser trabalhada? Como

exemplo, ampliar o turismo de selva e outros? Problemáticas que ficam em aberto para

serem resolvidas por posteriores pesquisas.

Sobre Planejamento e Gestão do turismo, Mário Petrocchi (2009, p.39) explica

que “O planejamento estratégico é um processo de mudanças que precisa ser desejado,

elaborado e implantado pelos empresários do turismo, com a compreensão e o

comprometimento do poder público e o maior engajamento possível da comunidade do

destino”. Ou seja, com o envolvimento e empenho de todos, surgirão novas

possibilidades de progresso na ilha.

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Assim não havendo, o que se destaca é o grande impacto do desemprego após o

período do Festival. A Figura 4 reflete a realidade vivida. Eis a opinião dos moradores

entrevistados:

Figura 4: Avaliação dos moradores

Parintins não é exclusiva do parintinense. Atualmente sua fama já se espalhou

pelo Brasil e porque não dizer por muitos países. A mídia e os canais de comunicação

em massa tem dado sua contribuição no processo de divulgação.

Assim, uma das consequências da realização anual do Festival Folclórico de

Parintins é a divulgação da cidade e, segundo a comunidade local, no período do

Festival, é visível o aumento na taxa de ocupação da ilha pelos turistas vindos de

muitos lugares - a maioria deles oriundos da própria região amazônica. Esse fluxo

maior do deslocamento do amazonense para prestigiar o evento é chamado de Fluxo

turístico emissivo regional. Mário Carlos Beni (1998, p.486) sobre este assunto explica

que “é aquele que se processa pelo deslocamento de residentes de uma determinada

região para centros de atração turística dentro dessa mesma região”.

Mas, a cada ano, é também perceptível a tendência de aumento do número de

turistas de outros destinos que visitam Parintins. Mais de 70% dos entrevistados

consideram que o Festival é de grande ou extrema importância para a divulgação da

cidade de Parintins, como pode ser visto na Figura 5.

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Figura 5 – Avaliação dos turistas

Um ponto positive percebido durante a pesquisa é que os turistas classificados

como recorrentes – aqueles quais que frequentemente visitam a ilha no período do

evento – estão visualizando avanços importantes na infraestrutura, sociedade e riqueza.

Em respostas aos questionamentos declararam que estão percebendo melhorias

no atendimento nos barcos, nas ruas, nos restaurantes e nos bares da cidade durante a

realização do Festival, como mostrado na Figura 6.

Figura 6: Avaliação dos turistas

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É cognoscível em si que o turista bem recebido e bem atendido se sente

acolhido em seu destino. Esse suporte visto de forma positiva tem a ver com

sustentabilidade do turismo.

Os turistas, ao serem questionados sobre quesitos de segurança pública da

cidade na chegada, durante o evento e na saída, atribuíram relativa tranquilidade sobre

o quesito em pauta. Sobre este assunto, os moradores possuem uma diferente opinião

que dita que apesar de tais melhorias terem sido perceptíveis de forma cumulativa, ano

a ano, esta “tranquilidade” se dá pelo fato de receberem “reforços” da segurança

pública vinda de Manaus somente no período do evento.

Durante a visita in loco, em contato direto com a comunidade, considerando a

condição de moradores, comerciantes e funcionários de bares e restaurantes, 71%

afirmam que, atualmente, a finalidade do Festival visa mais expansão comercial do que

a expansão cultural. Como mostra a figura 7. “há anos atrás não era assim, nós

tínhamos mais prazer em transmitir nossa cultura no boi de rua, hoje é bem diferente,

muitos só pensam em ganhar dinheiro”. (palavras de um conjunto indignado de

moradores).

O que se percebe diante de tal afirmação, são sinais de inversão de valores?

Nem tanto. Certamente o Festival passou por mudanças ao logo dos anos. Basílio

Tenório (2016,p.273) aborda este assunto dizendo que “o período de boi-de-palco

desprendeu-se do período de boi-de-rua” e ainda “em função do Festival Folclórico de

Parintins utilizou o microfone, os palcos nos locais entendidos por currais, o que se fez

aumentar a clientela. Prevaleceu, entretanto, o estilo de poesia cantada do período que

se foi”. Assim sendo, permanece o encanto da cultura destacada nas toadas.

Figura 7: Avaliação da comunidade local.

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É fato que, com o aumento da população que visita a cidade de Parintins no

período do Festival, tem-se agravado a produção de resíduos sólidos e sua destinação

final de forma desorganizada, e tal situação vem trazendo sérios impactos ambientais

de forma negativa. Entre diversos outros, podemos citar: a proliferação de animais

transmissores de doenças, os esgotos entupidos devido à dificuldade de escoamento,

urubus que sobrevoam o grande lixão a céu aberto (como bem mostra a fotografia 5) e

o consequente perigo ao tráfego aéreo em Parintins. O aeroporto, por tal motivo, já foi

fechado por precaução e por questão de segurança para com as aeronaves, afastando

assim, o perigo de acidentes.

Fotografia 5 – Lixão a céu aberto em Parintins

Data da foto: 23 de junho de 2016

Autora: Elda Reis

Um dos fatores que contribuem para que o lixo gerado pelas pessoas (sejam

elas moradores ou turistas) seja descartado de forma indevida é a ausência de coletores

de lixo seletivo. Em visitas a hotéis, restaurantes, bares e locais comerciais observou-se

a ausência de lixeiras simples ou indicando a coleta seletiva, como bem mostram os

registros fotográficos 6 e 7. (ver nos apêndices mais registros fotográficos)

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Fotografias 6 e 7 – Ruas e área comercial em Parintins

Data da foto: 22 de junho de 2016

Autora: Elda Reis

Frente a tal realidade, a problemática do lixo tomou uma dimensão gigantesca.

É bom lembrar que Parintins é uma ilha, portanto, com espaço limitado. Não seria

esse um bom motivo para que sejam tomadas providências mais extensas por parte do

poder público? Certamente.

A questão do lixo tem causado sérios problemas na ilha Tupinambarana e vale

como alerta o que a mídia tem divulgado. Segundo postagem na internet pela ANAC8,

essa não é a primeira vez o mesmo ocorre.

O Aeroporto de Parintins já teve o funcionamento interrompido outras

vezes. Por determinação da Justiça Federal, os procedimentos de pousos e

decolagens de dia foram proibidos em 2010. O alto número de urubus e

outras aves colocavam em risco os procedimentos de pousos e decolagens

no Aeroporto Júlio Belém. A restrição só foi retirada quase depois quatro

anos. Em 2014, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) determinou que

a prefeitura do município desativasse o aterro sanitário e construir outro em

um local adequado.

O problema persiste. Agora não só visto pelos residentes, os turistas também

observam o aumento na produção de lixo e a falta de coletores seletivos nas ruas da

cidade durante o Festival Folclórico de Parintins. Respondendo o questionário sobre o

aumento e descarte desordenado do lixo onde o mesmo contribui com a contaminação

do solo, 50% concordam parcialmente, 16% totalmente (ver Figura 7).

8 http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2017/03/anac-autoriza-retomada-de-voos-noturnos-no-

aeroporto-de-parintins.html

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Ao que se deve tal percepção? Ao aumento da quantidade de lixo nas ruas ou a

falta de campanhas ambientais que os estimulem a comunidade local e ao turista a

jogarem o lixo produzido em locais correto? Por certo, se cada um colaborasse, não

amenizaria o problema que está em evidência? Certamente.

Figura 8: Avaliação dos turistas sobre o aumento do lixo nas ruas.

Além de analisarem a limpeza pública e perceberem o aumento da produção de

lixo, mais de 60% dos turistas questionados concordam que o lixo é jogado no chão

por não visualizarem lixeiras e nem coletores de lixo seletivo.

Os moradores confirmaram a informação acrescentando “não disponibilizam

lixeiras pela cidade”, ao passo que uma comerciante desabafa: “o máximo que consigo

fazer é colocar caixas de papelão na calçada para servir de lixeira”. Tal situação foi

confirmada, conforme é visualizada na fotografia 8 e 9. Não estavam disponíveis

lixeiras ou coletores seletivos nas ruas e arredores do local do evento.

Desta feita tanto a população quanto os turistas se justificam dizendo que não

tem outra opção que não seja jogar o lixo na rua. Aliás, “muitos vem a nossa cidade só

pensando em se divertir e não pensam nessa questão ambiental”, desabafa uma

comerciante.

Segundo informações cedidas à AMAZONASTUR, pela coordenadora

municipal de Turismo de Parintins, em 2017, no 52º Festival Folclórico de Parintins,

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foram recolhidos no período de 01/06 a 04/07 um total de 444 carradas de lixo que

equivale a 5.328 toneladas.

Fotografias 8 e 9 – Ruas e área comercial sem coletores de lixo em Parintins

Data da foto: 23 de junho de 2016

Autora: Elda Reis

A questão ambiental deve ser levada a sério por todos. Não se deve desprezar o

anteriormente citado entendimento que Parintins é uma ilha, portanto, desprovida de

espaço físico ilimitado. Não está na hora de pensar coletivamente? Muitos afirmam “a

ilha é nossa, a cultura dos bois bumbas é nossa”! Mas, onde está o sentimento de

pertencimento? Se algo nos pertence, devemos zelar por ele.

Ao ser levados a analisaram a limpeza pública, 61% dos moradores disseram

que a destinação do lixo recolhido nas ruas da cidade tem seu destino inadequado

(como bem mostrado anteriormente na fotografia 5). Foram também opiniões de

alguns a discordância deste ponto por entender que os catadores de lixo fazem um bom

trabalho de reciclagem.

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Figura 9: Avaliação dos moradores a respeito da destinação inadequada do lixo.

Ademais, os turistas questionados também perceberam além da destinação

inadequada do lixo, uma maior contaminação do solo e das águas no período do

evento, bem como o deságue da poluição dos esgotos nos rios, causando danos à fauna

e à flora.

O Ministério do Meio Ambiente aprovou em 2010 a Lei 12.305 que institui a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). 9

Ela (ver nos anexos) é bastante atual e oferece instrumentos eficazes no

combate aos problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo

inadequado dos resíduos sólidos e estimula a prática do consumo sustentável, além de

estimular também a reciclagem e reutilização de embalagens que assim aprouver.

Percebe-se que as leis e incentivos por parte do governo federal visam

melhorias na estrutura urbana e devem acompanhar o crescimento e desenvolvimento

das cidades.

Novamente é postulado: Parintins, por ser tratar de uma ilha, tem dimensões

definidas. Partindo dessa premissa fica claro a urgência em se adotar políticas públicas

voltadas para, pelo menos, amenizar os impactos ambientais negativos, como

demonstram as figuras 10.

9 https://www.mmw.gov.br/politica-de-residuos-solidos

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Figura 10: Avaliação dos turistas

Os turistas também reconhecem que os resíduos sólidos e o lixo jogado das

embarcações comprometem a aparência física na água da ilha. Conforme a avaliação

na figura 10 a seguir. Evidenciando tal situação, destaca-se que do total dos

questionados, 59% concordam totalmente ou parcialmente com o assunto em pauta.

Porém, aqui se acentua tal questionamento: Não são eles mesmos que praticam tais

ações? Certamente.

Figura 10: Avaliação dos turistas durante a viagem de barco, oriundos de Manaus.

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Em se tratando de um evento de grande porte, o Festival Folclórico de Parintins

tem atraído a mídia de uma forma geral. Nogueira (2008, p.92) afirma que “a TV

ampliou a visibilidade e a possibilidade mercadológica do evento, que passou a contar

com a transmissão ao vivo a partir de 1987”. Daí surge à responsabilidade de

depositar o lixo em locais corretos, tanto para aqueles que se deslocam e permanecem

nas embarcações no período do Festival, quanto para aqueles que estão alojados em

hotéis e pousadas, deixando a cidade mais limpa e organizada. Isto é pertinente tanto a

comunidade local quanto aos turistas. Afinal, o meio ambiente é de todos.

Diante de tal realidade, a maioria dos moradores considera de extrema ou

grande importância à existência e execução de projetos do governo estimulando a

reciclagem do lixo e dedicando maior apoio ao trabalho dos catadores. Assim registra a

Figura 11.

Figura 11: avaliação dos moradores

Reforçando a observação direta realizada durante a pesquisa, a maioria dos

turistas entrevistados também concorda que é de grande ou extrema importância a

realização de programas de incentivo e orientações educativas sobre o descarte

adequado de lixo e preservação do meio ambiente. A Constituição Federal de 1988, em

seu Artigo. 225. é bem taxativa: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

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equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para

as presentes e futuras gerações”.

Em conversa informal com alguns turistas sobre os impactos visuais negativos

no meio ambiente, em especial na ilha Tupinambarana, muitos reconheceram que um

programa de incentivo e orientações educativas sobre o descarte correto do lixo seria

de grande valor. Há de se concordar que muitos não se importam com a questão

ambiental, afinal, estão ali para desfrutar do grande Festival Folclórico. Mas

reconheceram que se faz necessário adotar medidas por parte do poder público a fim

de resolver ou minimizar a problemática do lixo, como bem destaca a Figura 12.

Figura 12: Avaliação dos turistas

É fato que a quantidade de turistas que visitam a ilha Tupinambarana no

período do Festival tem crescido a cada ano, assim como cresce também os problemas

de ordem social e ambiental. Por isso mesmo, tem se mostrado em evidência a taxa de

satisfação do turista no item Limpeza Pública, a qual, conforme a tabela abaixo sofreu

grande decréscimo no comparativo dos últimos anos chegando a 0,00% de pontuação

“ótima” em 2015. A principal reclamação sobre este item é – conforme observado

segundo opinião dos entrevistados – a falta de lixeiras públicas e o consequente

acúmulo de lixo nas vias do Município.

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Desta forma, percebe-se a necessidade de um maior investimento no quesito na

tabela a seguir.

Limpeza

Pública 2015(%) 2014(%) 2013(%) 2012(%) 2011(%) 2010(%)

Ótimo 0,00 5,59 14,47 19,67 22,13 19,56

Bom 44,88 40,54 43,86 59,57 60,32 58,29

Ruim 43,49 28,28 28,51 10,38 10,69 14,39

Péssimo 11,63 25,59 13,16 10,38 6,86 7,76

Taxa de

Satisfação 44,88 46,13 58,33 79,24 82,45 77,85

Fonte: AMAZONASTUR - Pesquisa Socioeconômica Festival Folclórico de Parintins 2015

Conforme mostra a tabela acima, a limpeza pública na cidade de Parintins não é

tão animadora na visão dos turistas. Segundo a percepção dos mesmos, a eficácia das

políticas aplicadas de limpeza pública da cidade tem sido questionável.

CAPÍTULO V

Neste capítulo dá-se o enfoque aos objetivos específicos, em apresentar os

informativos da Campanha Ambiental elaborados com a finalidade de estimular os

turistas e a comunidade de Parintins quanto ao descarte e destino correto do lixo

produzido durante o Festival Folclórico.

5. 1. CAMPANHA “ILHA LIMPA”

A finalização da pesquisa se deu com a execução da Campanha Ilha Limpa,

pela qual foram distribuídos flyers e panfletos que incentivaram o descarte adequado

dos resíduos sólidos.

Conseguimos alcançar nossos objetivos pelo estabelecimento de algumas

parcerias firmadas através de contato direto com o proprietário de um dos maiores

hotel de Parintins, na área comercial com gerentes, vendedores e garçons. Os panfletos

e flyers foram disponibilizados na recepção dos hotéis, nas lojas, restaurantes e bares,

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sendo que o material da campanha foi disponibilizado ao lado dos caixas de

pagamento. Já nos barcos que fazem o percurso de Manaus para Parintins, os panfletos

foram distribuídos aos viajantes.

As ações educativas promovidas pelos produtos de divulgação buscaram

também gerar melhorias nos indicadores de saúde ambiental devido ao descarte correto

do lixo, facilitando a coleta e diminuindo a exposição das pessoas ao ambiente poluído.

São pequenas atitudes que fazem a diferença na melhora do ambiente em que vivemos

ou visitamos.

Cuidar, preservar nossas riquezas ambientais não é apenas dever social; o

mesmo deve ser adotado como um estilo de vida para finalidade do bem próprio e para

a preservação do meio ambiente para as futuras gerações.

Materiais gráficos: Panfletos, tamanho 15x21 cm.

Flyers, tamanho 10x15 cm.

Os panfletos (1.500 unidades) da Campanha Ambiental, seguindo o padrão das

gráficas, de tamanho 15x21 cm, foi elaborado com o intuito de destacar as cores dos

bois bumbas, o tema ILHA LIMPA e a frase NÃO JOGUE O LIXO NA RUA.

Já os flyers (1.500 unidades) foram disponibilizados em tamanho padrão

adotado pelas gráficas - 10x15 cm, e foram elaborados com a mesma intenção do

panfleto. Assim sendo, o mesmo buscava estimular o público alvo com a seguinte

frase: DEPOSITE O LIXO NA LIXEIRA.

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Vale ressaltar que longe da pretensão de resolver todos os problemas

identificados na pesquisa de campo, o objetivo maior com a Campanha Ambiental é

estimular a mudança de comportamento de todos os envolvidos. Afinal a “...

Aprendizagem é definida como toda mudança relativamente permanente no potencial

de comportamento, que resulta da experiência; mas não é causada por cansaço, drogas,

lesões ou doenças. As mudanças comportamentais são simples evidências de que a

aprendizagem ocorreu.” (LEFRANÇOIS, 2008).

Diante de tal entendimento, a finalidade da Campanha Ambiental ILHA

LIMPA, desenvolvida com alguns turistas e a parte da comunidade de Parintins

durante o Festival Folclórico, foi alcançada.

CAPÍTULO VI

Este capítulo tem como objetivo apresentar a conclusão da pesquisa realizada,

sem, portanto, esgotar o assunto sobre os impactos socioambientais causados pelo

Festival Folclórico de Parintins.

6. 1 CONCLUSÃO

O Festival Folclórico de Parintins tem se tornado uma referência dentro e fora

do Amazonas, evidenciando a valorização da cultura local e das produções artísticas,

além de gerar oportunidades para o povo no que diz respeito à geração de renda, ao

desenvolvimento econômico e ao crescimento do turismo regional, nacional e

internacional.

Por conta da indústria do evento toda a cidade se movimenta em torno dele; o

comércio é aquecido nas áreas hoteleiras, gastronômicas, artesanais e culturais gerando

mais empregos na cidade. Isso é fato! Em contrapartida, durante os dias do evento,

pelo elevado fluxo de turistas, são geradas grandes quantidades de resíduos sólidos, os

quais são descartados pelas ruas da cidade, que não possui coletores para destinação

adequada do lixo. Baseada em tal fenômeno, a pesquisa teve como objetivo geral

identificar e descrever, na perspectiva dos turistas e comunidade do município de

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Parintins, os impactos socioambientais oriundos do Festival Folclórico a fim de

contribuir com políticas públicas voltadas a amenizar os impactos negativos e

fortalecer os positivos. Os objetivos específicos como buscar na história e conceituar o

gênesis de Parintins e do Festival Folclórico destacando sua importância no cenário

turístico regional e nacional. Além de propor medidas que amenizem os impactos

socioambientais negativos causados pelo evento, foram alcançados.

Assim, a Campanha Ilha Limpa, desenvolvida com turistas, moradores e entes

sociais envolvidos no Festival, alcançou os resultados esperados, estimulando os

turistas e comunidade local acerca da necessidade do descarte correto do lixo. As ações

educativas promovidas pelos produtos de divulgação buscaram também gerar

melhorias futuras nos indicadores de saúde ambiental devido ao descarte correto do

lixo, facilitando a coleta e diminuindo a exposição das pessoas ao ambiente poluído.

As ações determinadas na Campanha Ambiental visaram ainda gerar o

sentimento de pertencimento e responsabilidade pelo Meio Ambiente,

independentemente de ser ou não o seu local de moradia. Neste sentido, os turistas

também foram estimulados a agirem, a partir das orientações disponíveis no material,

descartando o lixo no local certo, favorecendo as ações dos catadores de lixo.

Desta feita os resultados esperados, tanto em relação aos turistas quanto em

relação à comunidade local, foram alcançados pelo desenvolvimento da Campanha

Ambiental durante o Festival Folclórico de Parintins.

6.2 RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

O assunto ora apresentado, descrito e discutido nesta dissertação, por certo, não

se esgota! No desenvolvimento da pesquisa in loco, ficou evidente que se faz

necessários estudos mais aprofundados de outras diferentes ciências sobre mais

vertentes dos impactos gerados pelo Festival Folclórico, visando que tais sejam

pesquisados, publicados e apresentados aos poderes públicos para que ações ambientais

sejam colocadas em maior evidência. Tudo isso ainda adota um caráter de urgência se

for posto em consideração que Parintins, por ser tratar de uma pequena ilha, possuí

recursos de capital humano, financeiro e acadêmico decerto limitados; tudo isso a fim

de que a mesma pequena ilha, com seus encantos e toadas, continue caprichando e

garantindo a alegria do Folclore dos Bois Bumbás.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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PETROCCHI, Mário. Turismo: planejamento e gestão. 2ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2009.

RAMOS, Rita de Cássia P. F. Turismo Sustentável. Disponível em

WWW.sustentavelturismo.com. Acesso em 15/9/2016, às 22:20h

RODRIGUES, Alan Soljenitsin Barreto. Boi-Bumbá: Evolução. Manaus: Valer,

2006.

SANTOS, José Fernando Oliveira. Os impactos do Turismo Religioso: o caso da

semana santa em Braga. Dissertação de Mestrado. Universidade Fernando Pessoa.

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Porto, 2011.

SAUNIER, Tonzinho. Parintins: Memória dos Acontecimentos Históricos.

Manaus: Valer, 2003.

SILVA, José Maria da. O espetáculo do Boi-Bumbá: folclore, turismo e as

múltiplas alteridades em Parintins. Goiânia: Editora da UCG, 2007.

SOUZA, Tadeu de. Crônicas do Varre Vento. Parintins, AM: Gráfica João XXIII,

2015.

TENÓRIO, Basílio. A cultura do boi bumba em Parintins. Parintins: Gráfica e

Editora João XXIII, 2016.

______________. A cultura do boi-bumbá em Parintins nos três períodos.

2016,p.273.

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APÊNDICES

IDENTIFICAÇÃO DESCRIÇÃO

1 Registro fotográfico do muro do Bumbódromo de Parintins.

2 Registro fotográfico da visita aos artesãos na feirinha.

3 Registro fotográfico dos adereços produzidos pelos artesãos de

Parintins.

4 Solicitação de permissão, ao responsável do Hotel, para disponibilizar

aos turistas, os materiais impressos da Campanha Ambiental.

5 Questionário destinado à comunidade de Parintins.

6 Questionário destinado aos turistas de Parintins.

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APÊNDICES 1

Registro fotográfico do muro do Bumbódromo de Parintins, cenas das lendas e cultura local.

Produção fotográfica: Elda Reis

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APÊNDICES 2

Registro fotográfico da visita aos artesãos na feirinha

Produção fotográfica: Elda Reis

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APÊNDICES 3

Registro fotográfico dos adereços produzidos

pelos artesãos de Parintins

Produção fotográfica: Elda Reis

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APÊNDICES 4

Solicitação, ao responsável do hotel em Parintins, para que o material impresso da

Campanha Ambiental ILHA LIMPA seja disponibilizado ao público.

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APÊNDICES 5

Questionário destinado aos moradores de Parintins.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

TÍTULO: OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL FOLCLÓRICO

PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE DE PARINTINS – AMAZONAS

PESQUISA DE OPINIÃO

DESTINADO AOS MORADORES DE PARINTINS

O presente Questionário faz parte da Pesquisa sobre “Os impactos socioambientais do

Festival Folclórico para o Turismo e comunidade na cidade de Parintins”. A sua

colaboração é indispensável, pois sem ela este estudo não seria possível. Inicialmente,

garantimos o seu total anonimato e confidencialidade nas informações.

Agradecemos antecipadamente a sua disponibilidade e sincera colaboração ao responder as

questões apresentadas.

Aluna do Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente

Universidade Federal do Pará – Elda Maria de Lima Reis

Questionário n. ........ Data: ........../.........../ 2016

OPCIONAL:

Nome completo:............................................................................................................................

Endereço: .....................................................................................................................................

1. Escolha a (s) opção (ões) que representa sua participação no evento.

1 Morador e Guia Turístico

2 Morador e Participante do Festival

3 Morador não participante do Festival

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Nos próximos quadros, assinale com um “X” o quadrado com o número que mais se

aproxima da sua opinião, sabendo que o n.”1” corresponde a “discordo totalmente” e

o n.”10” a opção “concordo plenamente.”

2. Em que medida você considera importante o Festival Folclórico dos Bois Bumbas para o

desenvolvimento de Parintins?

1- Nada importante 2 3 4 5 6 7 8 9 10 – Extremamente importante

3. Sobre os IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS do Festival Folclórico para o

DESENVOLVIMENTO DA CIDADE PARINTINS:

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1- Aumentos na geração de emprego e renda no comércio em

geral.

2 – Maior divulgação da cidade de Parintins

3 – Aumentos na taxa de ocupação da ilha pelos turistas

4- Atribuição à segurança pública da cidade antes, durante e

após o Festival Folclórico.

5- Aumentos no volume de vendas no quesito alimentação.

6- Maior valorização do artesão e suas produções locais.

7- Analise a coleta seletiva do lixo em Bares e Restaurantes.

8 – Avalie a valorização do artesão e suas produções locais.

9 - Dependência excessiva do evento nas redes hoteleira e

comercial. Avalie.

10- Sobre o nível de desempregos após o Festival.Avalie.

11- Projetos sociais valorizando as produções artísticas

regionais. Atribua conceito de 1 a 10.

12- A Finalidade do Festival visa mais a expansão comercial do

que a expansão cultural. Atribua conceito de 1 a 10.

13- Presença de Coletores de lixo seletivo disponibilizados em

hotéis, bares e restaurantes. Atribua conceito de 1 a 10.

14- Analise a limpeza pública e a destinação do lixo recolhido

nas ruas da cidade.

15- Exposição das pessoas a ambientes poluídos pelo lixo nos

espaços urbanos de Parintins. Avalie.

16-Dificuldades de escoamento das águas e alagações por conta

do lixo acumulado. Atribua conceito de 1 a 10.

17- Percepção sobre a contaminação do solo e das águas do rio

no período do evento. Avalie.

18- Programa de incentivo e orientações educativas sobre o

descarte adequado do lixo nos hotéis e pousadas em Parintins.

Atribua conceito de 1 a 10.

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APÊNDICES 6

Questionário destinado aos turistas que visitam Parintins.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS E MEIO AMBIENTE

TÍTULO: OS IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DO FESTIVAL FOLCLÓRICO

PARA O TURISMO E COMUNIDADE NA CIDADE DE PARINTINS – AMAZONAS

PESQUISA DE OPINIÃO

DESTINADO AOS TURISTAS DE PARINTINS

O presente Questionário faz parte da Pesquisa sobre “Os impactos socioambientais do

Festival Folclórico para o Turismo e comunidade na cidade de Parintins”. A sua

colaboração é indispensável, pois sem ela este estudo não seria possível. Inicialmente,

garantimos o seu total anonimato e confidencialidade nas informações.

Agradecemos antecipadamente a sua disponibilidade e sincera colaboração ao responder as

questões apresentadas.

Aluna do Mestrado Profissional em Ciências e Meio Ambiente

Universidade Federal do Pará – Elda Maria de Lima Reis

Questionário n. ........ Data: ........../.........../ 2016

1. Em qual CATEGORIA de turista você se enquadra:

( ) Empresa Privada (escreva qual):...........................................................................................

( ) Associação (escreva qual): ...................................................................................................

( ) Ente Público (escreva qual): .................................................................................................

( )Turista - Qual a cidade, estado e país de procedência?..........................................................

OPCIONAL:

Nome completo:............................................................................................................................

Endereço: .....................................................................................................................................

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2. Em que medida você considera importante o Festival Folclórico dos Bois Bumbas para o

desenvolvimento de Parintins?

1- Nada importante 2 3 4 5 6 7 8 9 10 – Extremamente importante

3. Sobre os IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS do Festival Folclórico para o

DESENVOLVIMENTO DA CIDADE PARINTINS:

IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

1- O Festival possibilita maior divulgação da cidade

de Parintins.

2 – Atribuição ao atendimento ao Turista nos barcos,

em restaurantes e bares da cidade.

3 – Atribuição à segurança pública da cidade antes,

durante e após o Festival Folclórico.

4- O Festival contribui com a expansão da cultura da

ilha. Avalie.

5- Avalie: A finalidade do Festival visa mais a

expansão comercial do que a expansão cultural.

6- Avalie a presença de coletores de lixo seletivo

disponibilizados em hotéis, bares e restaurantes.

7- Programas de incentivo e orientações na rede

hoteleira sobre o descarte adequado do lixo e

preservação do meio ambiente. Atribua nota de 1 a

10.

8- Analise a limpeza pública e o descarte do lixo na

ilha.

9- Avalie o aumento do descarte do lixo nas ruas da

cidade.

10- Os resíduos sólidos e o lixo jogado das

embarcações comprometem a aparência física das

águas na ilha. Avalie atribuindo nota de 1 a 10.

11- O acúmulo de lixo dificulta o escoamento das

águas e contribui com alagações. Avalie.