Boi-bumbá Garantido ganha seu 300 título

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Festival Folclórico de Parintins 2014

Texto de João ZuccarattoJornalista especializado na divulgação do turismo baseado na cidade

de Vitória, capital do Estado do Espírito SantoFotos de Jota Pê Lima

Fotógrafo profissional baseado na cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas

Boi-bumbá Garantido vence competição, ganha seu 300 título e torna-se

bicampeão mais uma vez

Turismoria: João Zuccaratto — Festival Folclórico de Parintins 2014

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Boi-bumbá Garantido ganha seu 300 título

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Show para ser visto pela menos uma vez na vida

Se existem eventos populares no Brasil que devem ser assistidos ao vivo, pelo menos uma vez na vida, por brasileiros, não passam de três. Um deles, sem sobra de dúvidas, é o desfile das escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro, capital do Estado de mesmo nome. O segundo, a bela encenação da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém, interior do Estado de Pernambuco. E o terceiro, as apresentações dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, na pequena cidade de Parintins, situada na margem Sul do Rio Amazonas.

Depois de acompanhar pela segunda vez um pouco desta realização, digo, com toda certeza: supera os dois citados em todos os aspectos, sem aqui diminuir nenhum deles. Basta o primeiro conjunto adentrar o espaço batizado de Boibumbódromo para qualquer um concordar comigo. Não há adjetivos, advérbios, artigos, conjunções, substantivos e verbos capazes de expressar o que se sente naquele momento. Sou capaz de apostar que não há, na Terra, qualquer coisa à altura do que se materializa aos nossos olhos.

E, apesar de ter simpatia pelo Garantido, falo com isenção: o Caprichoso causa a mesma sensação. Na primeira vez em que estive lá, em 2011, o vermelho foi a primeiro a se apresentar; neste ano, o azul; e, garanto, não tem como não se emocionar. No momento em que a Marujada bate forte o tambor, a emoção toma conta da plateia. Até daquela que, por conta de um dos mais sérios regulamentos de competição já visto, impede os torcedores adversários de se manifestar. Se isto acontecer, tira pontos do contendor.

Então, repito aqui o conselho dado a uma amiga interessada em viajar até lá no próximo ano: “Programe-se com antecedência de um ano!” Faça contato com a operadora de turismo que trabalha o produto, acerte o melhor pacote que puder, pague em prestações, caso necessário, mas não perca a chance. Não vai se arrepender. E, provavelmente, terá vontade de, assim que puder, retornar. Além, é claro, de repetir para os familiares, amigos, colegas de trabalho, conhecidos, todas as palavras que coloquei nesta introdução.

Turismoria: João Zuccaratto — Festival Folclórico de Parintins 2014

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Apresentações mudam de uma noite para outra

As exibições fazem parte do Festival Folclórico de Parintins, desenvolvido sempre no último final de semana do mês de junho. Elas acontecem na sexta, no sábado e no domingo e, acreditem, mudam de uma noite para a outra, em função do que o adversário mostrou na arena. Por exemplo: as alegorias da abertura podem não ser as mesmas do dia seguinte, e mudar de novo para o encerramento. E elas não são coisinhas simples, que se muda como se troca de camisa. Ao contrário! Só vendo mesmo para acreditar.

Nesta edição de 2014, só pude assistir o encerramento. Infelizmente, junto na hora da festa começar, a chuva foi inclemente. Além de adiar o início por cerca de duas horas, como o piso estava muito molhado, decidiu-se que aquele dia não contaria mais pontos de classificação. Mas elas aconteceram em respeito às galeras ocupando as arquibancadas descobertas desde o início da tarde, tendo sido encharcadas pelo menos três vezes, e aos turistas vindos de todas as partes do País e de diversas nações mundo afora.

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Caprichoso sai da arena cantando vitória

A entrada do boi-bumbá Caprichoso no palco não dava ideia do que viria a seguir, com os integrantes da Marujada apenas caminhando para a posição que ocupam tradicionalmente. Com a narração do Levantador de Toadas da agremiação, David Assayag, vestido como o rei do Baião, Luiz Gonzaga, sob os aplausos da sua torcida e ao som da música “Asa Branca”, depois de devidamente posicionados, fizeram explodir os instrumentos de percussão, com uma força capaz de impactar os ouvidos daqueles próximos.

Daí em diante, durante duas horas e meia, o que se viu e ouviu não tem como ser descrito. David Assayag dominava a cena; os Animadores de Galera eram obedecidos pelos torcedores cegamente: ora, reproduziam a Bandeira do Brasil, ora encobriam-se com uma enorme lona que destacava em azul o logotipo de uma marca mundial cuja programação visual é em vermelho; as alegorias, em dimensões assustadoras, entravam e saiam com uma leveza impressionante. E os personagens sucediam-se sem parar.

Apesar da temática complicada, resumida no termo “Táwapayêra”, que, na língua tupi, significa “Aldeia Mística”, a toada chegava leve aos ouvidos de todos os presentes. Nos três dias, procurou descrever a Amazônia segundo a mitologia e aspectos do imaginário indígena e caboclo, fez reverências ao forte poder dos pajés das antigas tribos lá existentes e deu grande destaque para o valor de sincretismo religioso existente nos dias de hoje. Encerrou os trabalhos com seus apaixonados admiradores cantando a vitória.

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O Garantido parecia mostrar ao que vinha desde o instante em que sua Marujada foi autorizada a entrar na arena. Os músicos adentraram o recinto abençoados pelas palavras do Levantador de Toadas oficial da agremiação, Sebastião Júnior, sob os aplausos da sua torcida e tocando os instrumentos de percussão com uma força que empolgou mesmo aqueles simpatizantes do boi-bumbá contrário. E deu início a uma apresentação mais pé no chão, para a qual o grande destaque ficou com seus incontáveis integrantes.

Resumida no tema “Amazônia, fé e celebração”, o vermelho emocionou as três noites abordando a crença do caboclo, homenageando a tribo que deu nome ao Município, enfatizando a brasilidade do sincretismo religioso e enaltecendo a diversidade cultural. A exibição fechou com chave de ouro três participações: Ana Luísa Faria deixou o posto de Sinhazinha; Patrícia de Góes, da Rainha do Folclore; e Tatiane Barros, de Cunhã-poranga, Elas dão lugar a novas gerações dos itens femininos no Boi Bumbá Garantido.

Particularmente, achei a apresentação do Garantido inferior à do contrário. Os efeitos da atuação da galera foram prejudicados pelas cores escolhidas: vermelho e ouro. E as coreografias eram comuns, sem criatividade. Não sei se devido à distorção do som, os versos da toada me soavam difíceis de serem compreendidos. O Levantador, apesar de muito bom e experiente, era menos criativo do que o anterior, tornando-se repetitivo em alguns momentos. E as alegorias não chegaram nem aos pés do visto antes.

Garantido encanta menos que seu contrário

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Encerrada a festa, o Festival Folclórico de Parintins foi concluído na manhã do dia seguinte, 30 de junho. Apesar de terem dormido pouco, uma vez que deixaram o Boibumbódromo por volta das três da madrugada, os seis jurados se reuniram para entregar as notas. Vindos dos Estados da Paraíba, Paraná e Sergipe — cujo representante, Marcos Ferre, foi indicado presidente do júri —, avaliaram 21 itens, divididos em três blocos: musical, cênico e coreográfico e artístico. E o resultado foi criticado.

Antes da abertura dos envelopes com as notas, foram lidas as impugnações apresentadas pelas duas agremiações. O boi-bumbá Garantido perdeu um ponto por problemas na identificação de um fiscal de arena, durante a primeira exibição do rival. O Caprichoso também perdeu um porque, na noite de abertura, integrantes usavam vestimentas com logomarcas de não-patrocinadores. Os dois foram também punidos pelo uso de fogos de artifício, só permitido com autorização do Corpo de Bombeiros.

Do Caprichoso, tiraram quatro; do Garantido um. Isto bastou para Joilto Azêdo, presidente do azul, abandonar a apuração, revoltado e dando a derrota como certa. Na computação final, o Garantido somou 838,0; o Caprichoso, 823,5. Assim. o boi-bumbá da Baixa do São José, o boi-bumbá mais antigo, o boi-bumbá do povão, o boi-bumbá vencedor do centenário, o boi-bumbá maior ganhador de títulos do Festival Folclórico de Parintins levou seu 30º campeonato, tornando-se mais uma vez, bicampeão.

Resultado, como sempre, sofre contestações

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Texto de João ZuccarattoJornalista especializado na divulgação do turismo baseado na cidade

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bicampeão mais uma vez