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CONTABILIDADE AMBIENTAL 1. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE Desde as primeiras iniciativas de ordenamento das informações financeiras relativas às atividades de uma organização, abrangendo tanto os aspectos funcionais internos quanto os fatores decorrentes das atividades econômicas, existe uma busca pela sistematização e padronização de seus registros. A contabilidade é definida por Gonçalves e Baptista (2004) a ciência que tem por objeto o estudo do patrimônio a partir da utilização de métodos especialmente desenvolvidos para coletar, registrar, acumular, resumir e analisar todos os fatos que afetem a situação patrimonial. Marion (2004) destaca que a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. A finalidade da contabilidade consiste em auxiliar uma organização a aumentar sua eficácia empresarial através de eficientes mecanismos financeiros que monitorem os seus empreendimentos industriais e comerciais através do registro e controle dos fatos (denominados fatos contábeis) que provocam alterações nos bens e propriedades que compõem seu patrimônio. Para Padoveze (2004), o patrimônio de uma entidade é definido como sendo o conjunto de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos são considerados como elementos patrimoniais positivos, enquanto as obrigações são tidas como elementos patrimoniais negativos. O patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade. O Patrimônio é o somatório de todos os bens pertencentes, direitos (ou valores a receber) e obrigações (dívidas perante terceiros), expressos monetariamente, que uma entidade possui em determinado instante de tempo. Como ramo científico de conhecimento, a contabilidade possui seu objeto de estudo, bem como seu foco, relacionados à perspectiva de identificar e caracterizar os diferentes fenômenos relacionados às variações ocorridas no patrimônio. Dentro de suas atribuições organizacionais de armazenamento e processamento das informações originadas dos fatos contábeis ocorridos, a contabilidade possui duas funções básicas, que são: Identificar e monitorar o comportamento dos parâmetros referenciais para os padrões e mecanismos de controle das atividades operacionais;

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CONTABILIDADE AMBIENTAL

1. INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

Desde as primeiras iniciativas de ordenamento das informações financeiras relativas às

atividades de uma organização, abrangendo tanto os aspectos funcionais internos quanto os

fatores decorrentes das atividades econômicas, existe uma busca pela sistematização e

padronização de seus registros.

A contabilidade é definida por Gonçalves e Baptista (2004) a ciência que tem por objeto o

estudo do patrimônio a partir da utilização de métodos especialmente desenvolvidos para coletar,

registrar, acumular, resumir e analisar todos os fatos que afetem a situação patrimonial.

Marion (2004) destaca que a contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de

informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa.

A finalidade da contabilidade consiste em auxiliar uma organização a aumentar sua

eficácia empresarial através de eficientes mecanismos financeiros que monitorem os seus

empreendimentos industriais e comerciais através do registro e controle dos fatos (denominados

fatos contábeis) que provocam alterações nos bens e propriedades que compõem seu patrimônio.

Para Padoveze (2004), o patrimônio de uma entidade é definido como sendo o conjunto

de bens, direitos e obrigações. Os bens e direitos são considerados como elementos patrimoniais

positivos, enquanto as obrigações são tidas como elementos patrimoniais negativos.

O patrimônio é o objeto de estudo da contabilidade. O Patrimônio é o somatório de todos

os bens pertencentes, direitos (ou valores a receber) e obrigações (dívidas perante terceiros),

expressos monetariamente, que uma entidade possui em determinado instante de tempo.

Como ramo científico de conhecimento, a contabilidade possui seu objeto de estudo, bem

como seu foco, relacionados à perspectiva de identificar e caracterizar os diferentes fenômenos

relacionados às variações ocorridas no patrimônio.

Dentro de suas atribuições organizacionais de armazenamento e processamento das

informações originadas dos fatos contábeis ocorridos, a contabilidade possui duas funções

básicas, que são:

• Identificar e monitorar o comportamento dos parâmetros referenciais para os padrões

e mecanismos de controle das atividades operacionais;

Page 2: Seminario Op Contabeis -Chico

• Atuar como instrumento gerador de subsídios indispensável para a elaboração de

metas e referências futuras através do planejamento empresarial.

Como ferramenta de controle, a contabilidade é responsável pela identificação,

classificação e registro de todas as atividades inerentes ao desenvolvimento das operações no

âmbito da organização.

Reis e Queiroz (2002) destacam que de acordo com a Norma ISSO 14004, as atividades

de controle operacional podem ser divididas da seguinte maneira:

• Atividades destinadas a prevenir a poluição e conservar recursos em novos projetos

prioritários, modificações de processos e gestão de recursos, propriedade de novos

produtos e embalagens;

• Atividades de gestão diária para assegurar a conformidade com os registros internos e

externos da organização e garantir sua eficiência e eficácia;

• Atividades de gestão estratégica destinadas a antecipar e atender novos requisitos

ambientais.

Os registros contábeis são responsáveis pela geração dos dados primários necessários para

a elaboração e consolidação dos relatórios financeiros e das demonstrações financeiras da

organização. Os relatórios financeiros elaborados devem ser enviados periodicamente para os

diversos níveis da administração da organização (alta administração, gerência intermediária,

chefia departamental).

Os relatórios financeiros possuem a finalidade de transmitir as informações concernentes

à avaliação dos resultados obtidos em função dos padrões estabelecidos pelo planejamento e

políticas institucionais para poder avaliar as tendências do negócio (positivas e negativas), bem

como os resultados propriamente ditos.

Dentro das atividades de planejamento, a contabilidade é responsável pelo fornecimento

dos registros históricos relativos aos principais aspectos financeiros e patrimoniais acumulados

ao longo de um certo intervalo de tempo.

Estes registros históricos são tomados como base fundamental para o estabelecimento das

referências futuras aceitáveis pela organização, considerando neste processo os fatores e

condicionantes internos e externos para a definição de padrões desejáveis para o desempenho

financeiro.

Page 3: Seminario Op Contabeis -Chico

O planejamento não se restringe a uma série de previsões quantitativas elaboradas a partir

de dados históricos, mas consiste em uma inserção prospectiva nos diversos cursos de ação

alternativos disponíveis considerando os registros históricos, mas incluindo alguns elementos

qualitativos relacionados aos cenários possíveis sobre as alterações do patrimônio em decorrência

do comportamento esperado do mercado. Os orçamentos, que são antecipações de um futuro

financeiro projetado, são parte integrante do planejamento empresarial.

Paiva (2003) destaca diversas aplicações das informações geradas a partir dos registros e

relatórios elaborados pela contabilidade ambiental, a saber:

• Auxiliar na elaboração do planejamento estratégico;

• Servir de parâmetro no gerenciamento das atividades-alvo;

• Fornecer informações externas no sentido de prestação de contas destas atividades.

A contabilidade pode considerar em suas projeções as expectativas sobre as variações dos

preços de seus produtos, custos dos insumos e demais componentes considerando principalmente

a aplicação de um índice relevante (um índice setorial, por exemplo), bem como as quantidades

vendidas esperadas para cada um dos produtos para avaliar antecipadamente as perspectivas

sobre os resultados futuros esperados, bem como o impacto decorrente de decisões que

considerem fatores ambientais.

2. CONTABILIDADE AMBIENTAL: DEFINIÇÕES BÁSICAS

A crescente preocupação com a preservação do meio ambiente e os esforços para a obtenção

de estratégias de desenvolvimento sustentável tem conduzido diversos ramos de conhecimento a

desenvolver novas especialidades que estejam voltadas para estes fins.

A contabilidade ambiental é um ramo de conhecimento recente que busca inserir a

contabilidade dentro do âmbito da gestão de empresas preocupada com a questão ambiental.

Como a contabilidade é responsável pelo registro de todos os fatos econômicos que

interferem sobre o Patrimônio das empresas, a contabilidade ambiental surge como uma

ferramenta gerencial relevante e imprescindível para a mensuração dos ônus decorrentes de

impactos no meio ambiente decorrentes das atividades econômicas, bem como para a avaliação

de alternativas operacionais e tecnológicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Page 4: Seminario Op Contabeis -Chico

Para Ferreira (2003), a contabilidade ambiental é definida como um conjunto de informações

que relatem adequadamente, em termos econômicos, as ações de uma entidade que modifiquem

seu patrimônio. A autora ainda destaca que a contabilidade ambiental não representa uma nova

modalidade de contabilidade, mas um destaque dado para as informações contidas nos registros

contábeis devidamente evidenciados.

Paiva (2003) define a contabilidade ambiental como sendo a atividade de identificação de

dados e registro de eventos ambientais, processando a geração de informações que subsidiem o

usuário servindo como parâmetro em suas tomadas de decisões.

Uma contabilidade ambiental eficiente é desenvolvida para atingir finalidades específicas,

que podem estar relacionadas com o fornecimento de dados que podem abranger, dentre outros,

os seguintes aspectos:

• A medição de danos ambientais;

• A estimação do impacto da adoção de ações voltadas para a sustentabilidade

ambiental do negócio sobre a rentabilidade;

• A observância da legislação relativa ao meio ambiente e reduzir multas e encargos;

• A identificação de métodos e procedimentos para o controle das operações que

diminuam a emissão de resíduos;

• A geração de informações para a tomada de decisões e de planejamento.

A evolução recente da gestão ambiental tem ressaltado inúmeras inovações estruturais e

funcionais voltadas para a percepção e monitoramento das externalidades decorrentes de cada um

dos diversos segmentos de atividade econômica no sentido de estimular o desenvolvimento

sustentável com a manutenção de padrões de desempenho semelhantes aos atuais.

Dentro deste contexto, Tinoco e Kraemer (2004) destacam que a contabilidade ambiental tem

fornecido contribuições inovadoras no que se refere às informações contábeis em três vertentes

principais, a saber:

• Definição de custos, despesas operacionais e passivos ambientais;

• Formas de mensuração do passivo ambiental;

• Uso intensivo de notas explicativas e divulgação de relatórios ambientais.

Qualquer abordagem adotada para ressaltar os elementos contábeis que estejam ligados a

eventos que ocorram no âmbito interno que possam gerar impactos sobre o meio-ambiente deve

ser compatível com a estrutura organizacional, os procedimentos de evidenciação e mensuração

Page 5: Seminario Op Contabeis -Chico

contábil, as atividades produtivas, bem como a natureza das informações que a administração

deseja.

Moura (2002) aborda a inserção de práticas gerenciais voltadas para o aprimoramento do

desempenho ambiental das empresas como fator estratégico, destacando as seguintes razões:

• Maior satisfação dos clientes;

• Melhoria da imagem da empresa;

• Conquista de novos mercados;

• Redução de custos;

• Melhoria do desempenho da empresa;

• Redução de riscos;

• Maior permanência dos produtos no mercado;

• Maior facilidade na obtenção de financiamentos;

• Maior facilidade na obtenção de certificação;

• Melhoria da imagem da organização.

Para Tinoco e Kraemer (2003), podem ser apontadas três perspectivas complementares

associadas à adoção da contabilidade ambiental como um instrumento gerencial, a saber:

• Gestão interna ⇒ Suporte para a gestão ambiental para reduzir custos e despesas

operacionais e melhorar a qualidade dos produtos;

• Exigências legais ⇒ Maior controle sobre riscos ambientais para reduzir multas e

indenizações;

• Demanda dos parceiros sociais ⇒ Pressões oriundas da sociedade por melhores

práticas empresariais sobre a questão do meio ambiente.

3. INFORMAÇÕES CONTÁBEIS E A GESTÃO AMBIENTAL

Considerando a relevância da contabilidade ambiental para as empresas, faz-se necessário

caracterizar as perspectivas que os diversos usuários das informações geradas a partir da

identificação, mensuração, classificação, registro, consolidação, auditoria e análise dos fatos

contábeis possuem, bem como as maneiras pelas quais a contabilidade ambiental influencia a sua

inserção no contexto da responsabilidade social corporativa.

Page 6: Seminario Op Contabeis -Chico

Para Donaire (1999), a responsabilidade social é fundamentalmente um conceito ético que

envolve mudanças nas condições de bem-estar e está ligada às dimensões sociais das atividades

produtivas e suas ligações com a qualidade de vida na sociedade.

Dentro do significado da responsabilidade social corporativa, a contabilidade ambiental

torna-se um instrumento financeiro formal apropriado pelo qual as empresas podem evidenciar

sua contribuição sobre a melhoria das condições de vida da sociedade paralelamente à

manutenção do desenvolvimento econômico.

Considerando o contexto contemporâneo, Tinoco e Kraemer (2003) afirmam que, dada a

crescente degradação ambiental, elas sentem-se obrigadas a incorporar a responsabilidade social

aos objetivos tradicionais de obtenção de lucros, pois ambos estão relacionados ao bem-estar da

população em sua integridade.

Ferreira (2003) destaca que as informações obtidas a partir da contabilidade ambiental

sejam contextualizadas em uma visão ambiental ampla, que possa considerar as práticas dos

negócios em relação aos impactos ambientais existentes e potenciais sobre a natureza.

Paiva (2003) discute os diversos aspectos a serem incorporados pelas informações

contábeis geradas pela contabilidade ambiental, destacando a saber:

• Relevância ⇒ As informações geradas devem ser capazes de dar suporte à tomada de

decisão contemplando características preditivas sobre seus efeitos, devem servir

como referências de feedback para avaliação, possuírem propriedades que permitam

comparações e estarem disponíveis em tempo hábil;

• Confiabilidade ⇒ As informações geradas devem representar fielmente os

respectivos eventos contábeis, devem ser passíveis de verificação ou auditagem e não

devem atribuir qualquer juízo de valor que possa provocar distorções;

• Comparabilidade ⇒ As informações geradas devem obedecer a padrões para

poderem ser confrontadas com registros anteriores ou mesmo registros de outras

empresas, devem ser consistentes quanto a sua classificação e mensuração, bm como

a importância de sua formalização.

Podem ser considerados usuários das informações contábeis diversos grupos de

interessados, sejam eles proprietários, gestores, governos, organizações não-governamentais,

entidades de classe ou representantes da sociedade civil organizada.

Page 7: Seminario Op Contabeis -Chico

Sobre os relatórios contábeis, Marion (2003) afirma que eles representam um resumo

ordenado dos dados coletados pela contabilidade e que seu objetivo consiste em relatar os

principais fatos registrados em determinado período para os diversos usuários das informações

contábeis.

Os usuários das informações contábeis podem ser classificados a partir de sua perspectiva

sobre a informação contábil, a saber:

• Usuários internos;

• Usuários externos.

Os usuários internos são aqueles que direta o indiretamente estão relacionados às

atividades desenvolvidas por uma empresa e que acompanham sistematicamente os relatórios

elaborados pela contabilidade.

Ferreira (2003) considera que, no âmbito interno, as informações contábeis sobre o meio-

ambiente deveriam estruturar-se de modo que os gastos ambientais de diversas naturezas

pudessem ser prontamente identificados com os respectivos responsáveis por sua realização.

Os usuários internos são representados pelos seguintes grupos distintos, a saber, que são:

• Proprietários, sócios e acionistas;

• Gerentes e demais administradores.

Proprietários, sócios e acionistas

Este grupo de usuários se interessa principalmente pelas informações geradas a partir dos

registros contábeis em função de seus objetivos relacionados com a empresa em sua forma mais

ampla possível.

Eles buscam as informações através dos diversos relatórios contábeis ambientais que

estejam relacionadas a multas, infrações, notificações, inspeções de órgãos fiscalizadores. É dada

uma atenção especial para o impacto destes eventos sobre a situação financeira da empresa,

principalmente, considerando suas perspectivas de longo prazo sem desprezar suas fragilidades e

estratégias financeiras de curto prazo.

Gerentes e demais gestores

Page 8: Seminario Op Contabeis -Chico

Este grupo de usuários se interessa, principalmente, pelas informações geradas a partir

dos registros, relatórios e planilhas contábeis em função do desempenho operacional ambiental

dos setores sob sua responsabilidade e supervisão.

Os gerentes e demais administradores buscam contextualizar seus setores em relação ao

desempenho ambiental geral da organização. Eles consideram principalmente as informações

relacionadas a acidentes, intercorrências, erros ou falhas que reduzam a produtividade e

eficiência e provoquem danos ambientais, bem como monitoram os indicadores de emissão de

resíduos, a compatibilidade dos insumos e materiais utilizados com o equilíbrio ambiental

sustentável, embora não desprezem as informações relacionadas à rentabilidade e lucratividade

da empresa.

Como estes profissionais são responsáveis por parcelas significativas das decisões

tomadas no âmbito das organizações, as informações geradas pela contabilidade ambiental

podem ser referenciais gerenciais de aplicação contínua.

Os usuários externos são aqueles que direta o indiretamente monitoram, fiscalizam ou se

interessam pela qualidade ambiental das atividades desenvolvidas pelas empresas e que

acompanham sistematicamente os relatórios elaborados pela contabilidade, ou realizam auditorias

e inspeções periódicas.

Tinoco e Kraemer (2003) destacam que as informações geradas a partir dos relatórios

ambientais divulgam dados sobre o desempenho ambiental das empresas para todos aqueles que

se interessam por este tipo de informação, permitindo para estes o entendimento sobre os eventos

e impactos das atividades sobre o meio ambiente.

Os usuários externos são representados pelos seguintes grupos distintos, a saber, que são:

• Governos e órgãos públicos.

• Fornecedores;

• Clientes;

• Companhias de seguro;

• Concorrentes.

Governos e órgãos públicos

Page 9: Seminario Op Contabeis -Chico

Este grupo de usuários se interessa, principalmente, pelas informações relacionadas ao

cumprimento das exigências estabelecidas pela legislação ambiental, em suas diversas esferas

(federal, estadual e municipal), abrangendo desde especificações de instalações físicas, máquinas,

equipamentos e materiais utilizados até o monitoramento dos níveis de resíduos liberados para o

meio ambiente.

Eles também analisam a adequação ambiental das sobre as normas e especificações

técnicas definidas como padrão aceitável, bem como são responsáveis pela aplicação de multas,

taxas e demais penalidades previstas na legislação.

Estes usuários também se interessam pelas informações elaboradas pela contabilidade

ambiental para fundamentar a elaboração de programas e políticas industriais, bem como

conceder financiamentos e linhas específicas de crédito para estimular e facilitar atividades

econômicas ambientalmente sustentáveis.

Fornecedores

Os fornecedores se interessam principalmente pelas informações geradas a partir da

contabilidade ambiental que forneçam indícios sobre riscos ambientais, provisões para o

pagamento de indenizações e multas decorrentes de violações ou crimes ambientais.

Os fornecedores buscam informações relacionadas a quaisquer evidências sobre fatos que

possam interferir sobre a capacidade de pagamento de seus clientes e possuem uma atenção

voltada para suas vendas e seus estoques, principalmente considerando suas perspectivas

operacionais conjuntas. Também são consideradas outras informações acerca da rentabilidade e

do endividamento para subsidiar análises futuras de concessão de créditos.

Clientes

Page 10: Seminario Op Contabeis -Chico

Os clientes se interessam, principalmente, pelas informações geradas a partir dos

relatórios e registros da contabilidade ambiental que estejam relacionados à capacidade de

produção instalada, perspectivas de expansão operacional, bem como a capacidade de pagamento

de suas obrigações.

Os clientes dedicam atenção a seus fornecedores quando há uma certa dependência em

relação a eles, quando eles não possuem o mesmo porte ou estejam vulneráveis a riscos

operacionais associados à gestão ambiental.

Companhias de seguro

As empresas seguradoras se interessam, principalmente, pelas informações sobre ações

voltadas para o gerenciamento de riscos operacionais ambientais, bem como sobre o perfil de

responsabilidade social dos gestores e sua posição em relação a possíveis multas, indenizações e

recuperação de áreas de preservação ambiental.

As companhias de seguro direcionam analistas especialistas para avaliar cada situação em

particular para poder definir com maior precisão as condições dos contratos de seguro, incluindo,

prazos de cobertura, prêmios, formas de pagamento e cláusulas de anulação do seguro contratado.

Concorrentes

Uma empresa se interessa pelas informações geradas a partir da contabilidade ambiental e

dos demais relatórios formais elaborados por seus concorrentes em busca de conhecimentos

acerca deus padrões de conduta ética e legal dentro do setor no qual ela atua.

Decisões sobre novos produtos, novas tecnologias e novas instalações que sejam voltadas

para sua adequação em relação à legislação ambiental devem estar fundamentadas, além das

avaliações convencionais, por atitudes éticas acatadas, consideradas e compartilhadas por seus

concorrentes e preservar condições justas de mercado.

Estes usuários também observam informações relacionadas ao comportamento dos

índices de eficiência ambiental e níveis de emissão de resíduos do setor para sua auto-avaliação e

planejamento.

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4. OPERACIONALIZAÇÃO DA CONTABILIDADE AMBIENTAL

Ao longo da execução atividades produtivas, administrativas, econômicas e comerciais

inerentes ao funcionamento de uma empresa, o patrimônio sofre inúmeras mutações em sua

composição, tanto de natureza quantitativa quanto qualitativa. Estas alterações são identificadas e

monitoradas sistematicamente através do lançamento dos fatos responsáveis por estas mutações

ocorridos em seu âmbito.

Os lançamentos contábeis podem ser realizados de diversas maneiras, desde

procedimentos manuais até a utilização de softwares especialmente desenvolvidos para esta

finalidade.

Todos os lançamentos relacionados a estas modificações ocorridas no patrimônio devem

ser efetuados de acordo com critérios padronizados e procedimentos previamente definidos. A

contabilidade ambiental busca dar maior visibilidade para os registros contábeis inerentes às

atividades que geram impactos sobre o meio ambiente.

Desta forma, os lançamentos contábeis não são importantes apenas para atender à função

de acumulador de registros, mas também para gerar informações que sejam úteis para os diversos

usuários da contabilidade ambiental a partir de sua escrituração.

Para Gonçalves e Baptista (2004), a escrituração pode ser definida como a técnica de se

manter sob registros escritos (denominados lançamentos ou partidas) o controle dos elementos

que compõem um patrimônio qualquer.

Os diversos registros destacados pela contabilidade ambiental devem representar todas as

categorias de fatos contábeis ocorridos em relação ao desenvolvimento de suas atividades

operacionais e não-operacionais, onde cada um deles deve estar relacionado a uma forma

específica de interação com o meio ambiente sendo unidades referenciais denominadas contas.

Franco (1997) define conta como sendo o registro de débitos e créditos (lançamentos

contábeis) da mesma natureza, identificados por um título que distingue um componente do

patrimônio ou uma variação patrimonial.

Conta é uma unidade referencial de registro contábil, denominada por uma ou mais

palavras, para representar os diversos elementos do patrimônio dentre os diversos bens, direitos,

obrigações, receitas, despesas e custos que ela representa.

Page 12: Seminario Op Contabeis -Chico

A elaboração do elenco de contas relativo à estrutura patrimonial de uma organização está

relacionada ao seu papel referencial e orientador para viabilizar uma escrituração contábil

padronizada. Um plano de contas é o elenco das diversas contas que estão contidas na estrutura

do patrimônio de uma organização.

Ferreira (2003) destaca que um plano de contas de uma empresa que tenha o meio

ambiente como variável estratégica de seu negócio deve ser elaborado considerando as

particularidades atuais e potenciais, de mo a permitir a elaboração de relatórios gerenciais

ambientais e que não precise ser constantemente alterado.

A contabilidade ambiental busca apresentar um maior destaque às contas que contemplem

fatos contábeis relevantes para a gestão ambiental. Os principais critérios utilizados para a

elaboração de um plano de contas que auxilie a contabilidade ambiental são:

• A estrutura do plano de contas deve ser específica para cada organização;

• A hierarquia do plano de contas deve ser ilustrada através de um sistema de

classificação baseada em códigos próprios;

• A classificação deve ser construída a partir das características mais gerais dos grupos

de contas até as especificidades inerentes a cada uma delas;

• As informações geradas a partir do plano de contas devem estar de acordo com as

necessidades dos usuários;

• As denominações contidas no plano de contas devem identificar facilmente os

elementos patrimoniais;

• A estrutura deve permitir uma flexibilidade que permita sua alteração (ampliação ou

diminuição) e operacionalização.

A vinculação de cada um dos elementos componentes do patrimônio com sua respectiva

conta é uma tarefa fundamental para o controle de suas variações.

Essas alterações no patrimônio são denominadas fatos contábeis. Fatos contábeis são

todos os fatos ocorridos no âmbito das atividades operacionais e não operacionais que alteram

qualitativamente ou quantitativamente a composição do Patrimônio.

Portanto, a denominação apropriada para os fatos contábeis caracteriza a identificação

contábil formal e exata de seu impacto no âmbito de uma organização em função das alterações

que eles provocam no patrimônio.

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5. GASTOS AMBIENTAIS

Ao longo da execução atividades produtivas, administrativas, econômicas e comerciais

inerentes ao funcionamento de uma empresa, diversos sacrifícios financeiros são efetuados para a

obtenção de produtos e serviços, que podem estar relacionados à geração de receitas ou não.

Estes sacrifícios financeiros são denominados gastos.

Os gastos ambientais são aqueles gastos que, direta ou indiretamente, estão associados ao

meio ambiente, produzindo impactos presentes ou futuros.

Para Tinoco e Kraemer (2003), a contabilidade ambiental destaca os gastos ambientais

decorrentes das atividades operacionais das empresas em função da preocupação com o meio

ambiente, abordando os eventos ambientais do processo produtivo, bem como medidas

preventivas que contribuam para a imagem perante a opinião pública.

Considerando sobre particularidades dos diversos tipos de gastos ambientais, Ferreira

(2003) afirma que eles podem ser efetuados de várias formas, dependendo da área de atuação da

empresa, assim como sua natureza operacional.

Podem ser apontadas várias formas de classificação dos gastos ambientais que apresentam

inúmeras variações em suas nomenclaturas aos distintos enfoques. Os gastos ambientais podem

ser classificados a partir de diversos referenciais, apresentando quatro modalidades principais ,

que são:

• Quanto à motivação;

• Quanto à natureza;

• Quanto à abrangência;

• Quanto à intenção.

Quanto à motivação

Esta classificação que se refere à identidade do fato gerador da ação empresarial voltada

para o meio ambiente, nas seguintes modalidades:

a) Voluntários ⇒ São os gastos ambientais que estão vinculados a iniciativas próprias

da empresa considerando fatores ambientais como parâmetro de decisão para a realização do

gasto;

Page 14: Seminario Op Contabeis -Chico

b) Involuntários ⇒ São os gastos ambientais que estão vinculados a imposições externas

relativas a exigências legais, técnicas, éticas ou sociais sobre questões ligadas ao meio ambiente

como parâmetro de decisão para a realização do gasto.

Quanto à natureza

Esta classificação que se refere à característica da atividade executada no âmbito da

empresa em relação à sua atividade-fim, a saber:

a) Operacional ⇒ Estes gastos ambientais estão relacionados aos procedimentos e

operações executadas para a fabricação dos produtos ou prestação de serviços

inerentes à atividade-fim da empresa;

b) Não-operacional ⇒ São os gastos ambientais que estão vinculados às demais

atividades realizadas no âmbito da empresa (administrativas, comerciais, etc) e que não estão

relacionadas às atividades de fabricação dos produtos ou prestação de serviços.

Quanto à abrangência

Esta classificação que se refere ao âmbito do impacto decorrente dos gastos ambientais

realizados direcionados para a questão ambiental, nas seguintes modalidades:

a) Internos ⇒ São os gastos inerentes a eventos ambientais decorrentes de acidentes,

falhas ou panes ocorridos no âmbito da empresa que tenham demandado reparos, bem como

outras formas de ações internas corretivas;

b) Externos ⇒ São os gastos decorrentes de eventos ambientais associados a acidentes,

falhas ou panes ocorridas em função das atividades desenvolvidas pela empresa que tenham

provocado danos ao meio ambiente e demandem reparos, recuperação ou quaisquer esforços

decorrentes destas externaliades.

Quanto à intenção

Esta classificação que se refere ao caráter contingencial organizacional relacionado aos

diversos gastos ambientais, a saber:

Page 15: Seminario Op Contabeis -Chico

a) Preventivos ⇒ São os gastos ambientais direcionados para a execução de atividades

pró-ativas tomadas para evitar, inibir ou reduzir riscos associados a acidentes

ambientais potenciais antecipadamente identificados;

b) Corretivos ⇒ São os gastos ambientais direcionados para ações corretivas sobre

acidentes, falhas ou panes.

6. BALANÇO SOCIAL: ASPECTOS CONCEITUAIS

A tarefa de registrar de maneira sistemática todos os fatos contábeis não assegura

plenamente o alcance do objetivo de geração de informações úteis para dar suporte às atividades

de gestão referentes ao controle, planejamento e transparência que reflitam a preocupação das

empresas sobre gestão ambiental, responsabilidade social e o bem estar da sociedade na qual ela

está inserida.

Tachizawa (2002) considera que a gestão ambiental e a responsabilidade social tornaram-

se importantes instrumentos gerenciais para a capacitação e criação de condições de

competitividade para as organizações, qualquer que seja seu segmento de atividade econômico.

Para Donaire (1999), a responsabilidade social das corporações excede a produção e

comercialização de bens e serviços ao considerar uma mudança de perspectiva que incorpora

valores direcionados para auxiliar a sociedade a solucionar seus problemas, dos quais alguns

foram agravados pelas próprias empresas.

A disposição organizada das informações geradas a partir dos distintos elementos

patrimoniais associados à interação entre as empresas e a sociedade registrados ao longo de um

determinado exercício social, de forma expositiva, ordenada e previamente estabelecida é

responsável pela geração das informações essenciais para a configuração das diversas

demonstrações contábeis, inclusive do balanço social.

De acordo com Ribeiro (2006), a idéia de divulgar as atividades sociais da empresa,

juntamente com as demonstrações de desempenho econômico-financeiro, teve início a partir da

década de 60.

Para Tinoco e Kraemer (2004), balanço social é definido como sendo um instrumento de

gestão e de informação que visa evidenciar, de forma mais transparente possível, informações

Page 16: Seminario Op Contabeis -Chico

contábeis, econômicas, ambientais e sociais, do desempenho das entidades, aos mais

diferenciados usuários.

Reis e Medeiros (2007) definem balanço social como sendo o elemento de reporte e

divulgação de informações relativas à contabilidade social, divulgando as alterações patrimoniais

e outras informações de cunho social com reflexos na sociedade.

Percebe-se que o balanço social assume uma função de canal formal de prestação de

contas que as empresas podem dispor para informar os principais aspectos inerentes às atividades

desenvolvidas e iniciativas implementadas em seu âmbito para a sociedade na qual ela se insere.

Por outro lado, Kroetz (2000) ressalta que a denominação balanço social não seja

apropriada, pois o ele não é propriamente um balanço (que insinua equilíbrio de maneira

semelhante ao balanço patrimonial), mas sim um relatório de prestação de contas da empresa para

com a sociedade.

Para Reis e Mdeiros (2007), a publicação de balanços sociais tem como objetivo principal

divulgar as atividades desenvolvidas pelas empresas no campo social, sendo, portanto, um meio

de informação aos diversos grupos sociais com os quais as organizações mantêm relações e que

demonstra suas políticas e seus reflexos sobre o patrimônio, evidenciando sua participação no

processo de evolução social.

Tinoco (2001) ressalta que o balanço social, ao ser elaborado, é dirigido para um amplo

espectro de usuários, dos quais se destacam:

• Grupos cujos membros de forma pessoal e direta trabalham para a empresa

(empregados);

• Grupos que se relacionam com a empresa (clientes);

• Acionistas que aportam recursos na empresa;

• Sindicatos;

• Instituições financeiras, fornecedores e credores;

• Autoridades monetárias, fiscais, trabalhistas e o Estado;

• Comunidade local;

• Pesquisadores, professores e formadores de opinião.

Para Kroetz (2000), o balanço social pode ser um instrumento que amplie e reforce a

integração entre as empresas e seus empregados ao acolher sugestões e estimular a participação

voluntária de todos os níveis organizacionais.

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Ribeiro (2006) considera que a contabilização das responsabilidades sociais se origina na

definição dos usuários das informações contábeis, econômicas, ambientais e sociais para definir

sua responsabilidade diante de tais fatos.

Enfim, o balanço social se propõe a ser um instrumento fundamental para qualquer

organização que deseje assumir deu papel diante da sociedade na qual está inserida, bem como

busca implementar práticas de gestão que estejam sintonizadas com as preocupações atuais

voltadas para a responsabilidade social e para o desenvolvimento sustentável.

7. ÍNDICES DE DESEMPENHO AMBIENTAL

A perspectiva gerencial de análise dos dados relacionados à contabilidade ambiental exige

uma série de habilidades conceituais que permitam consistência e profundidade no que se refere

ao desenvolvimento e monitoramento de instrumentos apropriados para atingir esta finalidade.

Os índices são expressões numéricas que representam quantitativamente a relação

existente entre diferentes dados. A inserção dos índices na análise do desempenho evidenciado

pela contabilidade ambiental deverá estar relacionada a parâmetros referenciais válidos para que

se tornem consistentes e objetivos.

Os índices (ou quocientes) podem apresentar comportamentos semelhantes e possuírem

interpretações distintas. Para alguns índices, quanto maior for o valor encontrado, melhor será o

seu significado. Outros índices apresentam característica oposta, onde quanto menor for o valor

encontrado, melhor será o seu significado. Podem-se encontrar índices cujo comportamento do

valor encontrado terá o melhor significado quando ele girar em torno de um certo valor pré-

estabelecido.

Os índices financeiros são índices especificamente concebidos para analisar as relações

dinâmicas entres as diversas partes que compõem o patrimônio de uma empresa.

Os índices financeiros são definidos por Silva (2004) como sendo a expressão das

relações entre contas ou grupos de contas das demonstrações contábeis, que têm por objetivo

fornecer-nos informações que não são fáceis de serem visualizadas de forma direta nas

demonstrações contábeis.

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Para Assaf Neto (2003), o estudo do desempenho econômico-financeiro que uma empresa

tenha obtido em determinado período de tempo será útil para diagnosticar a situação presente,

bem como gerar resultados que sirvam de referência para prever tendências futuras.

A partir da geração de informações sistemáticas sobre os índices contábeis-financeiros de

desempenho ambiental, pode-se analisar a eficácia das decisões e políticas que a empresa tenha

adotado ao longo do intervalo de tempo estudado. Os índices obtidos podem ser avaliados a partir

das seguintes referências:

• Índices históricos médios da própria empresa;

• Índices-padrão do setor de atividade econômica;

• Índices-padrão de outras empresas.

Qualquer empresa pode elaborar índices próprios que reflitam suas necessidades

gerenciais por parâmetros de desempenho válidos, obedecendo às seguintes etapas:

Etapa 1 – Desenvolvimento dos índices ⇒ Esta etapa consiste na escolha dos índices

que serão utilizados para avaliar o desempenho ambiental da empresa. Nesta

etapa devem ser levadas em consideração as características do setor de

atividade econômica, bem como os aspectos operacionais mais importantes em

relação ao meio ambiente;

Etapa 2 – Determinação de comportamento para os índices ⇒ Esta etapa consiste na

identificação dos parâmetros que serão adotados para avaliar o comportamento

dos índices em função de seus significados, considerando que eles podem

apresentar comportamento maior, menor ou próximo a um determinado valor;

Etapa 3 – Tabulação dos valores encontrados ⇒ Esta etapa consiste na construção de

planilhas a partir dos índices encontrados e dispostos em conjunto com os

índices-padrão do setor, ou índices obtidos através da avaliação do

desempenho ambiental de outras empresas do mesmo setor.

Etapa 4 – Análise ambiental dos índices ⇒ Esta etapa consiste no processo de análise

propriamente dito, onde devem ser considerados tanto os resultados

encontrados a partir dos índices, bem como a importância relativa de cada um

deles dentro do panorama de avaliação proposto.

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Uma mera interposição de valores ou quantidades gerará números que, isoladamente, não

passarão de expressões numéricas sem refletir qualquer significado expressivo que possa

contribuir para a análise do desempenho ambiental propriamente dito.

Para Tinoco e Kraemer (2003), os indicadores de desempenho ambiental podem ser

definidos como sintetizadores das informações quantitativas e qualitativas que permitem a

determinação da eficiência e efetividade da empresa, através de uma ótica ambientalmente

desejável, sobre os recursos disponíveis utilizados.

Destacando a aplicabilidade dos índices de desempenho ambiental, Paiva (2003) afirma

que seu uso permite comparações sobre o efetivo desempenho registrado em diferentes intervalos

temporais, bem como comparações entre empresas que atuam no mesmo setor.

A análise de índices financeiros ambientais é um método de avaliação patrimonial de uma

entidade que expressa as relações existentes entre as contas ou grupos de contas relevantes para o

setor específico de atividade no qual ela atua para retratar sua situação financeira e econômica em

relação ao seu desempenho ambiental.

Alguns dos principais índices ambientais desenvolvidos a partir dos dados gerados pela

contabilidade ambiental são:

Qualidade ambiental dos gastos totais: Este índice representa a participação relativa dos

gastos totais ambientais em relação aos gastos totais globais da empresa.

totaisGastosambientaisGastos

= gastosdosambientalQualidade

Motivação dos gastos ambientais: Este índice representa a participação relativa dos gastos

ambientais involuntários em relação aos gastos ambientais voluntários da empresa.

svoluntárioambientaisGastosiosinvoluntárambientaisGastos

=ambientaisgastosdosMotivação

Natureza dos gastos ambientais: Este índice representa a participação relativa dos gastos

ambientais operacionais em relação aos gastos ambientais não-operacionais da empresa.

isoperacionanãoambientaisGastosisoperacionaambientaisGastos

−=ambientaisgastosdosNatureza

Intenção dos gastos ambientais: Este índice representa a participação relativa dos gastos

ambientais preventivos em relação aos gastos ambientais corretivos ou de recuperação

ambiental efetuados pela empresa.

Page 20: Seminario Op Contabeis -Chico

ambientalorecuperaçãdeGastosspreventivoambientaisGastos

=ambientaisgastosdosIntenção

Escopo dos gastos ambientais: Este índice representa a participação relativa dos gastos

ambientais decorrentes de danos ambientais registrados no âmbito interno da empresa em

relação aos gastos ambientais relacionados a danos ocorridos no ambiente externo (provocando

externalidades) decorrentes das atividades realizadas pela empresa.

externosambientaisdeGastosempresanaambientaisGastos

=ambientaisgastosdosEscopo

Comprometimento ambiental das receitas: Este índice representa a participação relativa dos

gastos ambientais totais em relação ao volume total das receitas obtidas pela empresa.

totaisceitastotaisambientaisGastos

Re receitas das ambiental mentoComprometi =

Qualidade ambiental dos insumos e matérias-primas: Este índice representa a participação

relativa dos insumos e matérias-primas utilizadas que geram resíduos para o meio ambiente em

relação aos insumos totais consumidos pela empresa.

totaisInsumosresíduosdegeradoresInsumos

= primas-matéias e insumos de ambiental Qualidade

Eficiência ambiental operacional: Este índice representa o nível de resíduos emitidos pela

empresa em relação ao volume de produção.

loperacionaVolumeresíduosdeVolume

= loperaciona ambiental Eficiência

Eficiência energética operacional: Este índice representa o nível de eficiência da empresa em

relação ao consumo de energia para a manutenção de suas atividades operacionais em relação

ao volume de produção.

loperacionaVolumeconsumidoenergiadeVolume

= loperaciona energética Eficiência

Qualidade ambiental do faturamento: Este índice representa a participação relativa do

faturamento obtido através da comercialização de produtos que não causas danos ao meio

ambiente em relação ao faturamento total da empresa.

Page 21: Seminario Op Contabeis -Chico

totaloFaturamentambientaisprodutosdosoFaturamentoFaturament = doambientalQualidade

Coeficiente de P&D ambiental: Este índice representa a participação relativa dos

investimentos destinados à pesquisa e desenvolvimento voltados para a questão ambiental em

relação aos investimentos globais da empresa destinados à pesquisa e desenvolvimento.

DPemtotaistosInvestimenambientalDPemtosInvestimen

&& ambiental D&P de eCoeficient =

Coeficiente de investimentos ambientais gerais: Este índice representa a participação relativa

dos investimentos destinados a questões relacionadas ao sistema de gestão ambiental (SGA) em

relação aos investimentos totais realizados pela empresa.

totaistosInvestimenSGAaorelativostosInvestimen

= ambientais tosinvestimen de eCoeficient

Os índices financeiros ambientais também podem ser utilizados para analisar a evolução

do desempenho ambiental ao longo de um certo intervalo de tempo. Esta aplicação se torna útil

na medida que pode identificar tendências.

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. São Paulo: Atlas; 2003.

DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. 2ed. São Paulo: Atlas; 1999.

FERREIRA, Aracéli Cristina de Souza. Contabilidade ambiental. São Paulo: Atlas; 2003.

FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23ed. São Paulo: Atlas; 1997.

GONÇALVES, Eugênio Celso; BAPTISTA, Antônio Eustáquio. Contabilidade geral. 5ed. São

Paulo: Atlas; 2004.

KROETZ, César Eduardo Stevens. Balanço social. São Paulo: Atlas; 2000.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 10ed. São Paulo: Atlas; 2003.

____________. Introdução à contabilidade. 7ed. São Paulo: Atlas; 2004.

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Oliveira: 2002.

PADOVEZE, Clóvis Luiz. Manual de contabilidade básica. 5d. São Paulo: Atlas; 2004.

PAIVA, Paulo Roberto de. Contabilidade ambiental. São Paulo: Atlas; 2003.

REIS, Carlos Nelson dos; MEDEIROS, Luiz Edgar. Responsabilidade social das empresas e balanço social. São Paulo: Atlas; 2007.

REIS, Luis Felipe Sanches de Sousa Dias; QUEIROZ, Sandra Mara Pereira de. Gestão

ambiental em pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark; 2002.

RIBEIRO, Maisa de Souza. Contabilidade ambiental. São Paulo: Saraiva; 2006.

SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 6ed. São Paulo: Atas; 2004.

TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa. São Paulo: Atlas, 2002.

TINOCO, João Eduardo Prudêncio. Balanço social. São Paulo: Atlas; 2001.

TINOCO, João Eduardo Prudência; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade e

gestão ambiental. São Paulo: Atlas; 2004.