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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO GESTÃO DE PROJETOS A CONTRIBUIÇÃO DA MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJETOS COM A PRÁTICA DO EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO EM EMPRESAS DO SETOR FINANCEIRO Luciana Reis Julio São Paulo 2014

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO

GESTÃO DE PROJETOS

A CONTRIBUIÇÃO DA MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJETOS COM A PRÁTICA

DO EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO EM EMPRESAS DO SETOR

FINANCEIRO

Luciana Reis Julio

São Paulo

2014

Luciana Reis Julio

A CONTRIBUIÇÃO DA MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJETOS COM A PRÁTICA

DO EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO EM EMPRESAS DO SETOR FINANCEIRO

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado

Profissional em Administração: Gestão de Projetos da

Universidade Nove de Julho - UNINOVE, como

requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Administração.

Orientador: Professor Dr. Marcos Roberto Piscopo

São Paulo

2014

2

“O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o

conhecimento e a ignorância”.

(Buda)

DEDICATÓRIA

Ao Nelson, Gabriela e Fernando

AGRADECIMENTOS

Tenho que agradecer a todos que colaboraram e me incentivaram na realização deste

estudo.

Agradeço a Deus por me conceder saúde e coragem para eu realizar este trabalho.

Ao meu marido Nelson que apoiou os meus estudos e demonstrou compreensão nos

momentos em que tive que me ausentar para me dedicar ao mestrado.

Aos meus filhos Gabriela e Fernando que demonstraram paciência durante o tempo que

me dediquei ao mestrado.

À minha mãe Maria José que sempre incentivou os meus estudos desde o início da

minha formação acadêmica até a finalização do mestrado.

Aos meus sogros Nelson e Thea que muito me ajudaram cuidando com carinho dos

meus filhos enquanto eu participava das aulas e me dedicava à pesquisa acadêmica.

Ao meu orientador professor Marcos R. Piscopo a quem tenho grande respeito e

admiração. Obrigada por compartilhar o seu conhecimento de forma generosa e paciente,

contribuindo no meu aprendizado e direcionamento acadêmico.

Agradeço à Uninove por apoiar a realização do meu estudo e aos professores pelos

ensinamentos dentro e fora de sala de aula.

Agradeço aos amigos do mestrado da turma de 2012, em especial Fabricio Lacerda,

Geceler e Ana Cláudia pelo companheirismo e apoio durante todo o curso.

A todos os profissionais das empresas que participaram dos estudos de caso e que

responderam a pesquisa. Sem esta ajuda a conclusão do trabalho não seria possível.

RESUMO

A busca pela vantagem competitiva e sobrevivência no mercado faz com que muitas

organizações busquem a renovação por meio de estratégias empreendedoras que são

realizadas por meio da gestão de projeto. Esta disciplina tem evoluindo ao longo do tempo e

deixou de ser uma ferramenta operacional para contribuir com os resultados estratégicos das

empresas. O alinhamento entre a gestão de projetos e a estratégia organizacional demanda

investimento, uma busca contínua na melhoria dos resultados dos projetos e avaliação da

maturidade em gestão de projetos por meio de modelos que podem ser aplicados nas

organizações. Saber o quanto está madura na gestão de projetos contribui para a empresa fazer

o planejamento do aprimoramento da gestão de projetos ao longo do tempo. Diante do

contexto apresentado foi definida a questão de pesquisa: “Qual a contribuição da

maturidade em gestão de projetos com a prática do empreendedorismo estratégico em

organizações do setor financeiro”? Para responder esta questão foi realizado um estudo de

casos múltiplos com cinco empresas do setor financeiro que reconhecem a importância da

gestão de projetos e promovem ou ambicionam as práticas empreendedoras estratégicas. A

escolha do setor financeiro ocorreu em razão do cenário competitivo e a necessidade do setor

em apresentar novas tecnologias e soluções. Durante a pesquisa foi avaliada a maturidade de

gestão de projetos de cada organização. Em seguida as práticas empreendedoras estratégicas

de cada empresa. Após o término da pesquisa foi realizado uma análise individual de cada

empresa em seguida uma análise comparativa dos casos estudados. A análise conjunta dos

casos conclui que as empresas com maior nível de maturidade em gestão de projetos realizam

maior quantidade e diferentes formas de ações empreendedoras. Assim o objetivo geral deste

estudo foi atingido com a apresentação de uma síntese comparativa de cada organização.

Este estudo apresenta contribuições práticas para as empresa como a matriz que permite a

avaliação do padrão de comportamental empreendedor estratégico. A matriz igualmente

contribui para futuros estudos acadêmicos. A pesquisa oferece limitações relacionadas ao

método escolhido e à profundidade do estudo de cada caso. Devido às limitações

apresentadas, recomenda-se a realização de outros estudos em outros setores que possam

aprofundar a análise dos resultados obtidos nesta pesquisa.

Palavras-chave: Maturidade em Gestão de Projetos, Empreendedorismo Estratégico, Setor

Financeiro.

ABSTRACT

The search for competitive advantage and survival in the market causes many organizations to

seek renewal through entrepreneurial strategies that are carried through project management.

This discipline has evolved over time and is no longer a working tool to contribute to the

strategic corporate earnings. The alignment between project management and organizational

strategy investment demands a continuous quest to improve performance of the projects and

assessment of maturity in project management through models that can be applied in

organizations. Wonder how much is mature in project management contributes to the

company making the planning of management improvement projects over time. Given the

context presented the research question was defined: "What is the contribution of maturity in

project management with the practice of strategic entrepreneurship in the financial sector

organizations"? To answer this question, we conducted a study of multiple cases with five

companies of the financial sector who recognize the importance of project management and

promote or aspire strategic entrepreneurial practices. The choice of financial sector occurred

due to the competitive landscape and the need of the sector to present new technologies and

solutions. During the research the maturity of project management of each organization was

evaluated. Then the strategic entrepreneurial practices of each company. After completion of

the research an individual analysis of each company was then performed a comparative

analysis of the cases. The joint analysis of the cases concluded that companies with the

highest level of maturity in project management carry out greater quantity and different forms

of entrepreneurial actions. So the overall objective of this study was achieved with the

presentation of a comparative synthesis of each organization. This study presents practical

contributions to the company as the array that allows the assessment of behavioral pattern

strategic entrepreneur. The array also contributes to future academic studies. The research

offers limitations related to the method chosen and the depth of the study of each case. Due to

the limitations presented, it is recommended to conduct other studies in other sectors that may

deepen the analysis of the results obtained in this research.

Keywords: Maturity in Project Management, Strategic Entrepreneurship, Financial Sector.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATM: Automatic Teller Machine

BACEN: Banco Central do Brasil

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CMM: Capability Maturity Model

CMM-I: Capability Maturity Model Integration

CMN: Conselho Monetário Nacional

CVM: Comissão de Valores Mobiliários

EFQM: European Forum for Quality Management

FEBRABAN: Federação Brasileira de Bancos

OPM3: Organizational Project Management Maturity Model

PMBoK: Project Management Body of Knowledge

PMI: Project Management Institute

PROCON: Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor

PMMM: Project Management Maturity Model

RBV: Resource- Based View - Visão Baseada em Recursos

SFH: Sistema Financeiro de Habitação

SW – CMM: Software Capability Maturity Model

TED: Transferência Eletrônica Disponível

TI: Tecnologia da Informação

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Evolução da Gestão de Projetos.................................................................................23

Quadro 2: Descrição dos Processos CMM..................................................................................27

Quadro 3: Grau de Dificuldade nos Cinco Níveis de Maturidade..............................................30

Quadro 4: Vantagens e Desvantagens de Cada Modelo de Maturidade.....................................32

Quadro 5: As Formas do Empreendorismo Estratégico..............................................................39

Quadro 6: Trocas Sociais, os Papéis Gerenciais e Controles no Empreendedorismo

Estratégico...................................................................................................................................48

Quadro 7: Pontuação Empresa A - Questionário PMMM – Nível 2...........................................62

Quadro 8: Pontuação Empresa A - Questionário PMMM – Nível 3..........................................62

Quadro 9: Pontuação Empresa B - Questionário PMMM – Nível 2..........................................65

Quadro 10: Pontuação Empresa C- Questionário PMMM – Nível 2..........................................68

Quadro 11: Pontuação Empresa C- Questionário PMMM – Nível 3..........................................68

Quadro 12: Pontuação Empresa D- Questionário PMMM – Nível 2..........................................71

Quadro 13: Pontuação Empresa E - Questionário PMMM – Nível 2.........................................73

Quadro 14: Perfil dos Casos Estudados......................................................................................76

Quadro 15: Nível de Maturidade em Gestão de Projetos x Formas Empreendedoras

Estratégicas..................................................................................................................................76

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: As Duas Ondas de Gerenciamento de Projetos............................................................22

Figura 2: Estrutura CMM............................................................................................................27

Figura 3: Estrutura PMMM.........................................................................................................28

Figura 4: Fases do Nível 2 PMMM............... ............................................................................ 29

Figura 5: Modelo OPM3.............................................................................................................31

Figura 6: Diferentes Formas de Empreendedorismo Corporativo..............................................34

Figura 7: Modelo Estrutural do Empreendedorismo Estratégico ...............................................36

Figura 8: Entradas e Saídas dos Processos do Empreendedorismo Estratégico..........................38

Figura 9: Proposições: Contribuição da Maturidade em Gestão de Projetos na Execução dos

Projetos Empreendedores Estratégicos .......................................................................................51

Figura 10: Desenho de Pesquisa..................................................................................................53

Figura 11: Análise das Proposições: Contribuição da Maturidade em Gestão de Projetos na

Execução dos Projetos Empreendedores Estratégicos................................................................80

Figura 12: Padrões Comportamentais do Empreendedorismo Estratégico.................................82

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 12

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS .............................................................................................................. 16

1.3 RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA ..................................................... 16

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................... 17

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 19

2.1 GESTÃO DE PROJETOS ......................................................................................... 19

2.1.1 ASPECTOS ESTRATÉGICOS DA GESTÃO DE PROJETOS ........................... 21

2.1.2 MATURIDADE EM GESTÃO DE PROJETOS .................................................. 23

2.1.3 MODELOS DE MATURIDADE EM GESTÃO DE PROJETOS ........................ 26

2.1.3.1 MODELO CMM ............................................................................................................... 26

2.1.3.2 MODELO PMMM ............................................................................................................ 28

2.1.3.3 MODELO OPM3 .............................................................................................................. 30

2.1.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MODELOS DE MATURIDADE DE

GESTÃO DE PROJETOS .................................................................................................... 32

2.2 EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO ............................................................. 33

2.2.1 RENOVAÇÃO ESTRATÉGICA .......................................................................... 40

2.2.2 REGENERAÇÃO SUSTENTADA ....................................................................... 41

2.2.3 REDEFINIÇÃO DE DOMÍNIO ............................................................................ 42

2.2.4 REJUVENESCIMENTO ORGANIZACIONAL .................................................. 43

2.2.5 RECONSTRUÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIO ............................................. 44

3. EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO E A MATURIDADADE DA GESTÃO DE

PROJETOS DA ORGANIZAÇÃO .................................................................................................... 46

3.1 SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS ....................................................... 46

3.2 A MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJETOS E A REALIZAÇÃO DAS

PRÁTICAS EMPREENDEDORAS ESTRATÉGICAS ...................................................... 47

3.2.1 PROPOSIÇÃO 1 .................................................................................................... 48

3.2.2 PROPOSIÇÃO 2 .................................................................................................... 49

3.2.3 PROPOSIÇÃO 3 .................................................................................................... 49

3.2.4 PROPOSIÇÃO 4 .................................................................................................... 49

3.2.5 PROPOSIÇÃO 5 .................................................................................................... 50

4. METODOLOGIA ........................................................................................................................ 52

4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ......................................................................... 52

4.2 PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO DA PESQUISA .......................................... 53

4.2.1 DEFINIÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS ........................ 54

4.2.2 ESCOLHA DO MODELO DE MATURIDADE ............................................... 54

4.2.3 PROPOSIÇÕES TEÓRICAS ............................................................................. 55

4.2.4 DEFINIÇÃO DO SETOR E DA UNIDADE DE ANÁLISE ............................ 55

4.2.5 VALIDAÇÃO DO PROTOCOLO ..................................................................... 58

4.3 COLETA DE DADOS ............................................................................................... 58

4.4 ANÁLISE E RESULTADOS .................................................................................... 59

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................................................. 61

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS .......................... 61

5.1.1 EMPRESA A .......................................................................................................... 61

5.1.2 EMPRESA B .......................................................................................................... 64

5.1.3 EMPRESA C .......................................................................................................... 67

5.1.4 EMPRESA D .......................................................................................................... 70

5.1.5 EMPRESA E ........................................................................................................... 72

5.2 ANÁLISE CONJUNTA DOS DADOS .................................................................... 74

5.3 ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES DA PESQUISA ................................................... 77

5.3.1 ANÁLISE DA PROPOSIÇÃO 1 ....................................................................... 77

5.3.2 ANÁLISE DA PROPOSIÇÃO 2. ...................................................................... 77

5.3.3 ANÁLISE DA PROPOSIÇÃO 3 ....................................................................... 78

5.3.4 ANÁLISE DA PROPOSIÇÃO 4 ....................................................................... 79

5.3.5 ANÁLISE DA PROPOSIÇÃO 5: ...................................................................... 79

6. CONTRIBUIÇÃO PARA A PRÁTICA ..................................................................................... 81

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................... 85

7.1 CONCLUSÕES DA PESQUISA ........................................................................... 85

7.2 CONTRIBUIÇÕES PARA A ACADEMIA .......................................................... 86

7.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E ESTUDOS FUTUROS ................................... 86

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 87

APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA ................................................................................... 92

12

1. INTRODUÇÃO

O dinamismo no mundo dos negócios, a globalização, a disseminação da informação e

a competitividade têm exigido das organizações uma maior capacidade de formular e realizar

estratégias capazes de superar os crescentes desafios do mercado e atingir seus objetivos tanto

de curto como de longo prazo. O cenário competitivo conduz as organizações a terem uma

visão estratégica clara e empreendedora que passa a ser percebida como diferencial

competitivo para a longevidade das organizações (Tondolo, Severo, de Morais, & Tondolo,

2009).

A habilidade das empresas criarem e sustentarem a vantagem competitiva e ao mesmo

tempo identificar e explorar novas oportunidades de mercado é o objetivo do

empreendedorismo estratégico que promove ações para explorar as vantagens atuais e

simultaneamente buscar as oportunidades do mercado para favorecer a criação de valor da

empresa ao longo do tempo (Hitt, Ireland, Sirmon, & Trahms, 2011). As empresas, por meio

da integração de uma cultura empreendedora e uma gestão estratégica dos recursos,

promoverão a criatividade para desenvolver inovações, buscar novos mercados ou

interromper o avanço da concorrência (Hitt et al., 2011).

Até a década de 90 tanto a literatura como as organizações, trataram os temas

estratégia e empreendedorismo de forma separada. No entanto os estudos sobre os temas

evoluíram e a intersecção do empreendedorismo com a estratégia da organização vem se

tornando cada vez mais comum nas empresas na última década. Segundo Hitt et al. (2011) o

tema empreendedorismo estratégico é amplo e deve ser baseado em pesquisa de múltiplas

disciplinas como economia, psicologia e sociologia, juntamente com outras subdisciplinas de

gestão incluindo comportamento organizacional e teoria da organização.

Hashimoto (2006) defendeu que existe uma visão distorcida do empreendedorismo

corporativo que aborda apenas desenvolvimento de novos produtos ou serviços, porém,

projetos empreendedores são limitados a diversos fatores como riscos e altos custos o que

resulta em menores chances de aprovação. Existem outras formas de projetos empreendedores

que podem melhorar o desempenho da organização como melhorias em produtos, serviços e

ações relacionadas à redução de custos e eficiência operacional. Esses projetos podem ser

conduzidos por equipes menores, porém, multidisciplinares que serão mobilizadas para

promover mudanças de diversas proporções com o apoio da alta administração.

O empreendedorismo estratégico apresenta estratégias inovadoras que serão

convertidas em realidade por meio de uma equipe de projetos multidisciplinar e com

13

autonomia na organização (Hashimoto, 2006). Shenhar e Dvir (2007) defenderam que a

demanda do crescimento organizacional e a busca pela inovação intensifica a atividade de

projetos em quase todas as organizações, ou seja, os projetos podem conduzir as organizações

a serem mais eficientes para obter vantagem competitiva.

Kerzner e Saladis (2009) defenderam que a disciplina da gestão de projetos está

presente em todos os níveis da empresa tornando-se um processo empresarial, não mais uma

metodologia. Essa mudança de conceito tem como finalidade tornar a organização mais

eficiente e atrair novos clientes. As empresas têm aprimorado os processos de gerenciamento

de projetos para que façam parte do planejamento estratégico, sendo essa uma alternativa

inovadora para atender os objetivos da organização (Rodrigues, Rabechini, & Csillag, 2006).

Para que as empresas tenham a capacidade de agir rapidamente e aproveitar as

oportunidades do mercado, investir em técnicas e nas ferramentas de gestão de projetos tem

sido fundamental, o que torna essa disciplina uma crescente preocupação nas organizações

(Carvalho, Rabechini, Pessôa & Laurindo, 2005). Para Kerzner (2004) reconhecer a

importância da excelência da gestão de projetos não é suficiente para a empresa, essa deve

desenvolver uma abordagem estruturada para alcançar um nível de maturidade em gestão de

projetos em um determinado período.

Kerzner (2009) conceituou que maturidade em gerenciamento de projetos é ter uma

base adequada de ferramentas, técnicas, processos e cultura de forma que ao término do

projeto a alta administração da organização seja capaz de discutir a metodologia utilizada,

fazer recomendações e aprender com os erros. Segundo o autor, quando uma empresa possui

maturidade em gerenciamento de projetos pode apresentar melhores resultados nos projetos e

esse processo pode levar dois anos ou mais. Em seguida a empresa pode alcançar a excelência

em gestão de projetos o que resulta em um fluxo constante de projetos com melhores

resultados na organização.

Existe um interesse na literatura e nas organizações para o tema da maturidade em

gestão de projetos e pode ser encontrado no mercado no mínimo trinta opções de modelos que

tem como objetivo avaliar o nível de maturidade dessa disciplina nas empresas (Cooke-

Davies, 2002). Os modelos de maturidade em gestão de projetos surgiram a partir da década

de 90 e tornaram-se comuns nas empresas e entidades normativas, além de ser foco do estudo

de diversos pesquisadores e consultores organizacionais que desenvolveram normas e

modelos para aprimorar a gestão de projetos nas organizações (Costa & Ramos, 2013).

Entre os vários modelos de maturidade encontrados na literatura os mais difundidos

são: (1) O Capability Maturity Model (CMM) que foi desenvolvido pelo Software

14

Engineering Institute, tem seu escopo no processo de desenvolvimento de software e foi

criado para projetos de TI e serviu como base para diversos modelos de maturidade em gestão

de projetos (Jucá, Silva, Conforto, & Amaral, 2010); (2) O Project Management Maturity

Model (PMMM) influenciado pelo conceito do CMM e desenvolvido por Kerzner que propõe

cinco fases para avaliar a maturidade em gestão de projetos de uma organização; (3) e o

Organizational Project Management Maturity Model (OPM3™) que é o modelo

desenvolvido e coordenado pelo Project Management Institute (PMI, 2003).

Segundo Carvalho et al. (2005) é possível uma empresa adotar simultaneamente mais

do que um modelo de maturidade em gestão projetos. Rabechini et al. (2010) afirmaram que

os modelos de maturidade são prescritivos na medida em que apontam as carências das

organizações na gestão de projetos e genéricos para diagnosticar o nível de maturidade da

gestão de projetos, entretanto não consideram as peculiaridades de cada organização o que

pode resultar na falta de integração das ações para as melhorias da gestão de projetos da

empresa. Rabechini (2005) defendeu que é necessário fornecer aos executivos as ferramentas

analíticas que consideram o ambiente empresarial, fatores críticos de sucesso e competências

necessárias para aumentar a maturidade em gestão de projetos da organização.

Dentro do contexto da importância da maturidade em gestão de projetos nas

organizações e a relevância das práticas empreendedoras estratégicas será estudado o setor

financeiro que apresenta um comportamento dinâmico e competitivo. Segundo os estudos

realizados pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) (2012) o setor bancário brasileiro

apresenta investimentos mundialmente relevantes em tecnologia para garantir o acesso aos

clientes e melhorar a eficiência operacional.

Entretanto, para que esses investimentos tragam resultados para a organização é

necessário superar desafios como desenvolver recursos, aumentar a capacidade organizacional

e melhorar as operações. Muitas dessas estratégias são realizadas por meio das práticas do

empreendedorismo estratégico e são concretizadas por meio de projetos complexos e de

grande porte que podem demandar um maior conhecimento da organização em metodologias

de gestão de projetos.

15

1.1 PROBLEMA DE PESQUISA

Projetos empreendedores organizacionais não são simples, tampouco pequenos e

demandam que os gestores desses tenham o conhecimento e domínio das técnicas da

disciplina de gestão de projeto. Os objetivos do empreendedorismo estratégico são realizados

por meio de equipes multidisciplinares de projetos o que torna necessário para a organização

uma cultura de projetos além das técnicas e ferramentas (Hashimoto, 2006).

Alcançar a maturidade em gestão de projetos requer tempo e investimentos

significativos sendo que os resultados não aparecem em curto prazo e podem causar

mudanças em toda a organização (Carvalho & Rabechini, 2005). A complexidade dos

projetos atuais faz com que muitas empresas busquem a excelência em gestão de projetos e

para alcançar esse objetivo dependerá de como a maturidade e os ciclos de vida dessa gestão

foram implantados na organização, ou seja, todo o processo de maturidade deve preceder a

excelência (Kerzner & Saladis, 2009).

Para as organizações que utilizam uma metodologia em gestão de projetos é

importante compreender o quanto estão maduras nessa disciplina e quais são as suas

competências. Essas informações contribuem para o planejamento de uma estratégia de

aprimoramento das técnicas e dos conhecimentos de gestão de projetos na empresa

(Rodrigues, Júnior, & Csillag, 2006). Segundo Pennypacker e Grant (2003) os modelos de

maturidade em gerenciamento de projetos auxiliam a organização a se estruturar para

desenvolver sua capacidade de conduzir projetos de forma eficiente onde lições são

aprendidas, compartilhadas e aplicadas.

Estudos demonstram que o setor financeiro deve ser cada vez mais orientado aos

consumidores o que demanda novas capacitações, desenvolvimento de novas funcionalidades

e acessibilidade aos serviços financeiros. O maior desafio para o setor na atualidade é

aumentar a qualidade de diferentes serviços para diferentes perfis de público e fazer com os

investimentos resultem em novas formas de relacionamento entre os clientes e as empresas do

setor. Essas mudanças fazem com que os projetos sejam maiores e difíceis e a integração dos

sistemas mais complexa (FEBRABAN, 2012).

Com base nessa contextualização foi elaborada a seguinte pergunta de pesquisa:

“Como a maturidade em gestão de projetos contribui para a execução de projetos de

empreendedorismo estratégico?”

16

1.2 OBJETIVOS

O objetivo geral desse trabalho é avaliar como a maturidade em gestão de projetos

contribui para a execução do empreendedorismo estratégico em organizações do setor

financeiro. Assim, procurar-se-á alcançar os seguintes objetivos específicos:

Identificar as formas de empreendedorismo estratégico adotadas pelas

empresas pesquisadas do setor financeiro;

Identificar o nível de maturidade em gestão de projetos em que se

encontram as empresas pesquisadas do setor financeiro;

Analisar o alinhamento entre a execução dos projetos estratégicos

empreendedores e a maturidade na gestão de projetos das empresas pesquisadas.

1.3 RELEVÂNCIA DO TEMA E JUSTIFICATIVA

O ambiente desafiador que apresenta a intersecção entre empreendedorismo e gestão

estratégica tornou-se o foco de estudiosos em gestão estratégica, empreendedorismo e

economia (Kuratko & Audretsch, 2009). Ireland et al. (2003) defenderam que tanto o tema

empreendedorismo como gestão estratégica tornaram-se contribuições valiosas para ciência e

para muitos estudiosos, as duas disciplinas são complementares, ou seja, de apoio mútuo.

Projetos de empreendedorismo estratégico devem ser bem estruturados e apresentar

consistência, esses demandam maiores estudos e exigem que a organização tenha capacidade

para conduzir projetos de longo prazo (Hashimoto, 2006). Muitas empresas têm alcançado a

maturidade em gestão de projetos por força do mercado, competitividade e concorrência, o

que faz com que gestão de projetos seja um tema relevante para as empresas (Rabechini,

2005).

Segundo dados da Febraban (2012), o objetivo estratégico do setor é desenvolver

melhorias contínuas de serviço e atendimento e aprimoramento do serviço bancário. O setor

financeiro brasileiro é referência mundial em inovação onde são utilizadas as mais avançadas

tecnologias para acompanhar o fluxo de pagamento, tendo destaque para o sistema

denominado Transferência Eletrônica Disponível (TED). Essas práticas possibilitam que o

Brasil participe de um distinto grupo de países que monitora em tempo real as reservas de

seus bancos (Por dentro do Brasil, n.d.).

Porém existem desafios para o setor financeiro que consistem em viabilizar um melhor

atendimento para as classes C e D que aumentam sua participação no mercado. Para atender

17

este público, será necessário desenvolver produtos e canais adequados ao novo perfil, sendo

que essas mudanças envolvem novas plataformas tecnológicas. Outros desafios para o setor é

a internet banking, mobile banking, a manutenção e também o crescimento do número de

caixas automáticos (ATM’s) (Febraban, 2012). As mudanças do setor demandam

investimentos em segurança e acessibilidade e provocam discussões sobre capacitação, novas

plataformas tecnológicas e de como e onde investir. Diante dessas discussões são priorizadas

as soluções que estejam alinhadas a estratégia do negócio como qualidade, agilidade e

eficiência operacional que entram na pauta da inovação e que demandam projetos mais

complexos (Febraban, 2012).

Diante desse contexto este projeto de dissertação se justifica pela importância da

maturidade em gestão de projetos nas organizações e a crescente presença do

empreendedorismo estratégico no setor financeiro que tem como desafio buscar novas

soluções tecnológicas, desenvolver produtos e plataformas, além de mudar o relacionamento

com clientes e investir na capacitação de recursos e sistemas para manter-se competitivo.

O presente estudo busca contribuir com o conhecimento científico no campo de gestão

de projetos e empreendedorismo estratégico, pois existe uma potencial lacuna na literatura em

que os dois temas se relacionam. A contribuição prática deste estudo tem como objetivo

auxiliar no processo da decisão estratégica do quanto se deve investir na evolução da

maturidade da gestão de projetos para que a organização possa realizar as ações

empreendedoras estratégicas com sucesso e retorno para a empresa.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A presente dissertação está organizada em seis capítulos. O primeiro capítulo engloba

uma breve introdução ao tema do estudo em questão, seguida pela formulação do problema,

apresentação do problema de pesquisa, objetivo geral e objetivos específicos, bem como a

relevância do assunto e suas justificativas teóricas e práticas. O segundo capítulo compreende

a fundamentação teórica empírica, na qual são abordados dois eixos: (1) gestão de projetos

que irá abranger os aspectos estratégicos da gestão de projetos e os três modelos de

maturidade em gestão de projetos mais referenciados na literatura e (2) empreendedorismo

estratégico em suas cinco formas.

No capítulo três é apresentada a síntese do referencial teórico e proposições que têm

como finalidade compreender a contribuição da maturidade em gestão de projetos no

empreendedorismo estratégico. Estas proposições irão gerar um modelo conceitual que

18

contribui para identificar o nível de maturidade de gestão de projetos necessário para realizar

cada forma empreendedora estratégica no setor financeiro.

No capítulo quatro é detalhada a metodologia utilizada para o presente estudo. Será

explicado o planejamento da pesquisa, a escolha do modelo de maturidade e do setor

pesquisado. A coleta de dados e os critérios de análise dos resultados esperados também são

detalhados neste capítulo.

O quinto capítulo apresentará uma análise dos resultados obtidos e uma discussão

crítica sob o tema pesquisado. Será apresentado o resultado de cada proposição e a proposta

do modelo que identifica a contribuição de cada nível de maturidade no empreendedorismo

estratégico.

No capítulo seis, são relatadas as contribuições práticas deste trabalho, assim como

uma matriz que dimensiona a maturidade em gestão de projetos e a prática empreendedora

estratégica. Esta matriz classifica o perfil das organizações pesquisadas do setor financeiro e

tem como objetivo colaborar com as decisões estratégicas do setor.

No capítulo sete serão apresentadas as conclusões da pesquisa embasadas pela teoria

correlata, as recomendações e limitações do estudo. Finalmente apresentar-se-ão sugestões

para futuras pesquisas sobre o tema ora abordado.

19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Com o objetivo de promover a fundamentação teórica para o presente estudo, neste

capítulo será apresentada a revisão da literatura para o apoio conceitual. A revisão

bibliográfica é apresentada em duas seções: Gestão de Projetos e Empreendedorismo

Estratégico.

2.1 GESTÃO DE PROJETOS

Projeto é uma série de atividades e tarefas que possuem um objetivo específico com

datas de início e término definidos. Essas atividades são multifuncionais e consomem os

recursos da organização, sejam humanos ou não e apresentam um limite de custos (Kerzner,

2009). Slevin e Pinto (1987) defenderam que um projeto possui um ou vários objetivos com

início e final pré-estabelecidos e limites orçamentários. Dinsmore, Cavalieri, Carneiro &

Pinto (2007) especificaram projeto como único, peculiar e não repetitivo. Embora exista um

guia de gerenciamento de projetos conhecido mundialmente, a gestão de projetos é

customizada para cada organização, o que caracteriza o conceito da singularidade.

Shenhar e Dvir (2007, pp. 16-17) conceituaram projeto como: “Uma organização

temporária e processo estabelecido para alcançar uma meta específica sob as restrições do

tempo, orçamento e outros recursos” e definiram o gerenciamento de projetos como “conjunto

de atividades administrativas necessárias para levar um projeto a um final bem-sucedido”.

Outro conceito de gerenciamento de projetos foi apresentado por Dinsmore, Cabanis-Brewin,

Abdollahyan, Anselmo, Cota e Cavalieri (2009, p.5): é o “ramo do conhecimento que versa

sobre o planejamento, monitoramento e controle de empreendimentos exclusivos, que

caracterizam projetos”.

O gerenciamento de projetos tem a finalidade de gerenciar ou controlar os recursos da

empresa para uma dada atividade dentro do prazo, com os custos e desempenho esperados

(Kerzner, 2009). A abordagem sobre o tema gerenciamento de projetos é moderna, porque

quarenta anos atrás esse tema era específico para a defesa dos Estados Unidos e empresas do

segmento da construção (Kerzner, 2009).

Houve muita resistência em aceitar a gestão de projetos como competência por causa

de três fatores: (1) gestão de projetos era vista como uma ferramenta operacional; (2) por ser

operacional havia pouco apoio dos executivos e consequentemente pouco reconhecimento dos

benefícios da gestão de projetos e (3) o medo dos executivos em delegar e perder a autoridade

20

para os gerentes de projetos, o que poderia causar uma redução de poder da alta administração

(Kerzner, 2001).

Com a demanda da globalização e revolução da tecnologia da informação a

participação da operação em muitas empresas declinou enquanto que cresceu a participação

em projetos. Essa tendência iniciou-se no início dos anos 90 e continua em processo de

aceleração em muitas indústrias (Shenhar & Dvir, 2007). No Brasil, devido o crescimento

econômico, grandes empresas de tecnologia investiram na formação de profissionais

especializados em gestão de projetos (Carvalho & Rabechini, 2005).

Um gerenciamento de projetos eficiente faz com que o trabalho flua de forma

multidirecional na organização, cria maior eficiência e visa atingir a restrição tripla de

projetos: custo, tempo e escopo simultaneamente, além de manter um bom relacionamento

com os clientes (Kerzner & Saladis, 2009). Segundo os autores cada projeto é singular e a

restrição tripla apresentará uma força motriz específica e a alta direção da empresa deverá

avaliar qual o item da restrição tripla será priorizado para cada projeto da organização, essa

decisão deve estar relacionada com a estratégia organizacional.

O PMI (2008) identificou cinco grupos de processos para as atividades da gestão de

projetos: (1) iniciação do projeto – é a fase de seleção dos projetos da organização e escolha

do gerente de projetos; (2) planejamento do projeto – nessa fase são definidos recursos,

desenho das atividades e análise de riscos; (3) execução do projeto – é o momento em que

ocorre o gerenciamento do trabalho; (4) monitoramento e controle do projeto – nessa fase é

realizada a comparação entre o resultado real versus o resultado previsto e (5) encerramento

do projeto – fase final na qual é verificado se todo o trabalho foi realizado.

Desenvolver uma metodologia de projetos na organização não é simples e a maior

dificuldade é alinhar as metas e estratégias à metodologia adotada, além de ser necessário

promover uma cultura organizacional de apoio à gestão de projetos. Esse processo pode ser

simplificado se houver reconhecimento e apoio do nível executivo além do comprometimento

da organização com o resultado dos projetos (Kerzner, 2004).

O crescente uso de metodologias de gerenciamento de projetos pelas empresas pode

ser identificado por novos produtos e serviços que são produzidos cada vez mais por meio dos

projetos efetivados (Patah & Carvalho, 2009). Carvalho e Rabechini (2005, p.13) afirmaram

que “de um modo geral, todas as organizações vivem de projetos, mesmo aquelas cujo

produto final não seja gerado por projeto”. Kerzner e Saladis (2009) defenderam a integração

do gerenciamento de projetos aos processos empresariais tornando-se relevante para todos os

21

níveis organizacionais incluindo o ambiente global, essa integração faz com que a gestão de

projetos seja vital para a sobrevivência de algumas empresas.

Pesquisar e compreender a disciplina de projetos contribui com a literatura e

simultaneamente com a prática nas organizações sendo que os estudos teóricos auxiliam a

compreender as características da gestão de projeto que incluem planejamento, organização,

supervisão e controle. Para as organizações é possível utilizar as técnicas e ferramentas de

gestão de projetos apresentadas pelos pesquisadores. No entanto, as considerações teóricas

como práticas devem ser consideradas na fase de estruturação das atividades de projetos nas

organizações (Carvalho et al., 2005).

Para Bouer e Carvalho (2005) projetos são ferramentas que contribuem para o

desenvolvimento das organizações e são utilizados para que sejam realizadas as iniciativas

que promovem a vantagem competitiva, o que torna essa disciplina relevante para o campo da

administração.

2.1.1 ASPECTOS ESTRATÉGICOS DA GESTÃO DE PROJETOS

Os estudos tradicionais sobre a gestão de projetos foram centralizados no

desenvolvimento de técnicas e ferramentas, no entanto é possível identificar uma mudança no

foco desses estudos e pesquisas para os aspectos estratégicos. Na atualidade, o principal

objetivo da gestão de projetos não é apenas contribuir com o lançamento de novos produtos

ou serviços, mas cooperar para que a empresa tenha vantagem competitiva (Patanakul &

Shenhar, 2012). A eficiência da gestão de projetos em uma empresa pode agregar valor

acionário, do mesmo modo que problemas que prejudicam a execução dos projetos podem

afetar a rentabilidade e competitividade de uma organização (Kerzner, 2001).

Carvalho e Rabechini (2005) dividiram a evolução da disciplina de gestão de projetos

em duas ondas: a primeira onda tem como foco as necessidades do projeto como escopo,

prazos, custos e qualidade e nessa fase houve um avanço dos conceitos, técnicas e ferramentas

da gestão de projetos, o que resultou em maior eficiência nas empresas por parte da disciplina.

A segunda onda tem como foco a organização porque nessa fase surge o gerenciamento de

projetos profissional relacionado com a realidade competitiva em um cenário em que o

mercado apresenta um nível maior de exigência. Essa demanda do mercado resulta na busca

da eficácia em gestão de projetos nas organizações conforme Figura 1.

22

.

Figura 1 – As Duas Ondas do Gerenciamento de Projetos

Fonte: Carvalho, M. M., & Rabechini, R. J. (2005). Fundamentos em gestão de projetos: construindo

competências para gerenciar projetos (p. 10). (3a ed). São Paulo: Editora Atlas.

Para Shenhar e Dvir (2007) os drivers clássicos do gerenciamento tradicional de

projetos (restrição tripla) não são mais suficientes, porque os projetos irão passar por

mudanças no decorrer do tempo e sofrer influência do mercado e da tecnologia. Os projetos

modernos são incertos, complexos e mutáveis e por isso devem ser gerenciados de maneira

flexível e adaptativa e devem estar relacionados ao negócio para que a organização possa

conseguir resultados comerciais. Unir o planejamento estratégico com uma eficiente

metodologia de gestão de projetos pode reduzir as falhas no tempo, custo e qualidade dos

projetos da organização (Kerzner, 2001).

Kerzner (2012) defendeu que a gestão de projetos evoluiu e as restrições, como valor,

imagem, reputação e riscos podem ser mais importantes para os executivos que as restrições

triplas tradicionais. A demanda por projetos complexos e relacionados com o plano

estratégico faz com que os requisitos dos projetos tenham mudanças significativas ao longo da

execução. O autor concluiu que essa mudança faz com que os gestores de projetos estejam

envolvidos com a estratégia organizacional para que o resultado dos projetos traga valor para

a empresa.

Uma abordagem estratégica demanda uma mudança de mentalidade das equipes de

projetos e da alta administração, sendo que essa quebra de paradigmas conduz ao alinhamento

da gestão de projetos com o plano estratégico da organização (Patanakul & Shenhar, 2012).

Esse alinhamento tornou-se fator relevante para o sucesso da estratégia organizacional o que

resulta em ações de melhorias que podem abranger: (1) investimentos em escritórios de

gerenciamento de projetos; (2) programas; (3) treinamento e (4) mudança da cultura

23

organizacional (Rodrigues et al., 2005). O Quadro 1 demonstra a evolução dos conceitos e as

visões variadas da gestão de projetos ao longo do tempo:

Visão histórica 1990 Hoje

Função e

responsabilidade do

gerente de projetos

Monitoramento e

controle durante a

execução.

Planejamento e execução

do projeto.

Desenvolvimento estratégico

e contribuição na seleção dos

projetos.

Quando incorporado

Após fechado o

contrato ou final da

fase inicial.

Durante a preparação da

proposta.

Durante o desenvolvimento

conceitual e a contribuição na

decisão de apresentar ou não

uma proposta.

Exigências de

conhecimento

Conhecimento técnico

(controle da

tecnologia).

Principalmente técnico,

mas com algum

conhecimento comercial.

Principalmente comercial,

com algum conhecimento

técnico (entendimento da

tecnologia).

Expectativa do cliente Resultados finais. Resultados finais. Soluções comerciais.

Definição de sucesso Satisfazer a restrição

tripla.

Satisfazer a restrição

tripla.

Múltiplos critérios de sucesso

(tanto do projeto quanto

comercial).

Quadro 1 – Evolução da Gestão de Projetos

Fonte: Kerzner, H., & Saladis, F. P. (2009) Gerenciamento de Projetos Orientado pelo Valor (p.30). (1ª

ed.). São Paulo: Editora Bookman.

Kerzner (2004) defendeu que uma boa metodologia consolida a gestão de projetos na

organização e se essa for aliada à competência administrativa a probabilidade de sucesso da

empresa no âmbito global aumenta. Atividades da gestão de projetos são estratégicas para a

empresa quando os produtos ou serviços finais agregam valor, no entanto, se a organização

considerar apenas tempo, custo e escopo, e não o real valor e contribuição do produto ou

serviço que foi entregue ao término do projeto essa disciplina será reconhecida apenas pelo

seu valor operacional e não estratégico (Jugdev & Müller, 2005).

2.1.2 MATURIDADE EM GESTÃO DE PROJETOS

Para avaliar quais as necessidades de melhorias de uma organização, é preciso

compreender o conceito de organizações maduras e imaturas. Uma organização imatura não

apresenta iniciativas para aprimorar os processos ou qualificar seus produtos, enquanto que

uma organização madura apresenta um recorrente desenvolvimento de processos que resulta

em uma melhor qualidade dos produtos (Paulk, Weber, Curtis, & Chrissis,1995). Quando uma

organização apresenta uma estrutura que contribui para alcançar seus objetivos, significa que

24

alcançou a maturidade (Bouer & Carvalho, 2005). Rabechini (2005) conceituou maturidade

organizacional como:

um processo de aquisição de competências que ocorre gradualmente ao

longo do tempo. No contexto das organizações, a maturidade precisa ser conquistada

através do planejamento e ações tomadas para o aperfeiçoamento dos processos da

empresa, de forma a conduzi-la para a realização de seus objetivos (Rabechini, 2005,

p. 90).

Em uma empresa imatura, os projetos cedem os prazos e os orçamentos podem não ter

a preocupação com a qualidade do desenvolvimento do produto, o que geralmente resulta em

deficiências de funcionalidade desse produto ao término do projeto (Rabechini, 2005). Em

contrapartida, o autor defendeu que empresas maduras apresentam habilidade em gestão de

projetos com os devidos controles evitando desperdícios de tempo e dinheiro. Essas empresas

mantém um histórico dos seus projetos para aprimorar os próximos e assim obter uma

melhoria constante.

O conceito de modelo de maturidade se originou no campo da gestão da qualidade

total que defendeu a opinião que o aumento da maturidade conduz a dois resultados: redução

das oscilações peculiares ao processo e uma melhoria contínua e significativa no desempenho

dos recursos da empresa (Cooke-Davies, 2002). Bouer e Carvalho (2005, p. 348) definiram

que “maturidade em gerenciamento de projetos pode significar que uma organização está

perfeitamente condicionada para gerenciar seus projetos”.

Em muitas organizações a evolução da gestão de projetos é adiada em razão do

desenvolvimento de outras capacidades e essa decisão pode resultar em sistemas e

infraestrutura insuficientes para a execução dos projetos. Esse cenário pode ocorrer até o

momento em que as pressões do mercado tornam a gestão de projetos relevante e a alta

administração inicie seu apoio a essa prática (Crawford, 2006).

A maturidade em gestão de projetos tem sido foco da estratégia das organizações e

das lideranças empresarias, entretanto o sucesso nos projetos não ocorre com frequência, o

que significa que essa prática requer muito mais que adotar um guia teórico, o que provoca

uma busca no profissionalismo dessa disciplina (Rabechini & Pessoa, 2005). Por essa razão,

as organizações têm investido em técnicas e ferramentas para a eficiência nos resultados dos

projetos visando atingir seus objetivos estratégicos (Rodrigues et al., 2006). Segundo

Rabechini (2005) a preocupação com a maturidade em gestão de projetos ocorre devido às

pressões do mercado e a competitividade do setor, sendo que o processo de maturidade pode

iniciar em um departamento que utiliza uma determinada metodologia de projetos.

25

Em algumas organizações a gestão de projetos está apenas nos primeiros passos

enquanto que em outras empresas atingiu um nível de maturidade essencial para sobreviver no

mercado (Kerzner, 2001). Por meio do amadurecimento da gestão de projetos a empresa

consegue uma vantagem competitiva sustentada, porém a concorrência irá contra-atacar

rapidamente e para manter-se eficaz e competitiva a empresa deverá apresentar uma melhoria

contínua nos resultados dos projetos e consequentemente alcançar a maturidade para depois

conseguir a excelência. A falta de planejamento da gestão de projetos por um longo período

de tempo pode significar que a empresa está cometendo vários erros repetitivos e

consequentemente essa pode não atingir a excelência em projetos (Kerzner, 2009).

Crawford (2006) defendeu que é um grande desafio para a organização criar uma

infraestrutura adequada para a gestão de projetos, sendo necessário um modelo de avaliação a

maturidade em gestão de projetos que possa conduzir a organização para a criação do

planejamento estratégico eficiente e que traga melhorias. Para avaliar qual o nível de suas

competências muitas organizações utilizam modelos de maturidade em seguida realizam o

planejamento para o aprimoramento contínuo (Rodrigues et al, 2006).

Os modelos de maturidade surgiram na literatura para que as organizações possam

analisar de forma padronizada o retorno do investimento em gestão de projetos e programas e

também compreender porque alguns projetos fracassam e assim aumentar a vantagem

competitiva dessas empresas (Judgev & Thomas, 2002).

Cooke-Davies (2002) caracterizou os modelos de maturidade em três tipos que se

diferem no seu objetivo: (1) modelos com foco na gestão dos processos dos projetos - esses

modelos são baseados no PMBoK e agregam algumas características do modelo CMM; (2)

modelos que apresentam o foco nos processos e nas entregas técnicas que foram

conceituados de acordo com o modelo CMM, nesses modelos o processo dos projetos devem

ser documentados, transmitidos e compreendidos por toda a organização e (3) modelos gerais

como European Forum for Quality Management (EFQM) e o norte americano Baldridge

Award onde o foco é o âmbito da organização e não necessariamente a gestão de projetos.

Para Crawford (2002) o processo de compreender qual o nível de maturidade de

projetos de uma organização pode apresentar resultados equivocados e para reduzir a margem

de erros é necessário utilizar um modelo de maturidade que já tenha sido testado e

apresentado resultados consistentes. O autor sugere que alguns fatores podem ser utilizados

durante a análise, como as entrevistas individuais, conhecimento e cultura organizacional.

Rabechini (2005) defendeu que os modelos de maturidade em gestão de projetos

contribuem para orientar uma organização voltada a projetos. No entanto, os modelos são

26

direcionados para processos e áreas de conhecimento da gestão de projetos, não considerando

fatores para o desenvolvimento das competências. Muitas organizações conseguem benefícios

em projetos ao atingir um estágio em que os processos se tornam repetitivos. Um bom modelo

de avaliação da maturidade em gestão de projetos não apenas demonstra em qual nível a

empresa se enquadra. Esse também deverá ser capaz de apontar soluções para desenvolver

melhorias de esforços contínuos na gestão de projetos movendo a empresa para o progresso

(Crawford, 2006).

2.1.3 MODELOS DE MATURIDADE EM GESTÃO DE PROJETOS

A literatura apresenta vários modelos para avaliar a maturidade em gestão de projetos.

Para Carvalho e Rabechini (2005) os modelos mais referenciados são: Capability Maturity

Model (CMM) desenvolvido pelo Software Engineering Institute; (2) O Project Management

Maturity Model (PMMM) desenvolvido por Kerzner (2001) e (3) Organizational Project

Management Maturity Model (OPM3) elaborado pelo PMI (2003).

Entre os modelos apresentados, o presente trabalho utiliza o PMMM para avaliar o

grau de maturidade de cada empresa pesquisada do setor financeiro. A escolha do modelo

ocorreu pelo seu reconhecimento na literatura e acessibilidade para executar as entrevistas

com os executivos de cada organização.

2.1.3.1 MODELO CMM

O SW-CMM (Software Capability Maturity Model) foi desenvolvido pelo Software

Engineering Institute (SEI), da Carnegie Mellon University para que o departamento de

defesa dos Estados Unidos tivesse conhecimento da capacidade de seus fornecedores em

desenvolver produtos de software (Tonini, Carvalho, & Spinola, 2008). Para Rabechini

(2005) esse modelo foi referência para a elaboração de outros modelos de maturidade que

abrangem processos como capacitação de pessoal e engenharia de sistemas.

A estrutura desenvolvida para o modelo é apresentada na Figura 2, sendo que o nível

de maturidade da organização indica qual é a sua capacidade de recursos em uma área-chave

que direciona a empresa a atingir seus objetivos estratégicos. Por uma questão de

conveniência, as áreas-chave de processos são organizadas por características comuns que

direcionam a efetivação e a institucionalização dessas, de forma repetível e duradoura. São

cinco as características comuns do modelo, segundo Paulk et al. (1995): (1) Compromisso

27

para a execução; (2) Capacidade de execução; (3) Atividades desenvolvidas; (4) Medição e

análises e (5) Verificação da implementação.

Paulk et al. (1995) definiram em seu modelo uma chave que descreve as atividades e

a infraestrutura necessárias para implementar e institucionalizar os processos que irão evoluir

à medida que a organização alcança maiores níveis de maturidade.

Figura 2: Estrutura CMM

Fonte: Adaptado do The Capability Maturity Model (1995). Guidelines for Improving the

Software Process (p. 31). - Editora Addison-Wesley.

O CMM abrange cinco níveis de maturidade sendo que cada nível representa áreas-

chave distintas conforme o Quadro 2.

Nível Área-chave de

processo Descrição

Nível 1 – Inicial Inexistente

Processo informal em que os

projetos constantemente ultrapassam

prazos e custos.

Nível 2 – Repetível Disciplina

Caracterizado pela gestão de

projetos onde custos, cronograma e

escopo são monitorados. Esse processo

demanda disciplina para aplicar as

mesmas técnicas e ferramentas

utilizadas em projetos anteriores.

Nível 3 – Definido Padrão Os processos são

desenvolvidos, relacionados,

documentados e padronizados.

Nível 4 – Gerenciado Processo Previsível Existe um controle quantitativo

e qualitativo dos processos e produtos.

Nível 5 – Otimizado Melhoria Contínua

Processo

Processo de ações para

melhoria continua, feedback e testes de

ideias inovadoras.

Quadro 2 – Descrição dos Processos CMM

Fonte: Adaptado de Paulk et al. (1995), Rabechini Jr. (2005) e Carvalho e Rabechini Jr. (2005).

28

No campo de desenvolvimento e engenharia de software, os modelos CMM e CMM-I

(Capability Maturity Model Integration) são os mais utilizados e contribuem para que as

empresas possam avaliar sua capacidade de gestão de projetos de software (Bouer &

Carvalho, 2005).

2.1.3.2 MODELO PMMM

Para Carvalho e Rabechini (2005), o modelo CMM foi referência para Kerzner

estruturar o PMMM (Project Management Maturity Model) e avaliar a maturidade da gestão

de projetos nas organizações. Kerzner (2001) propôs um modelo composto por cinco níveis,

sendo que cada um representa um grau diferente de maturidade em gestão de projetos,

conforme a Figura 3:

Figura 3: Estrutura PMMM

Fonte: Kerzner, H. R. (2001). Strategic planning for project management using a project management

maturity model. (p. 42). John Wiley & Sons, Inc.

Os cinco níveis de maturidade apresentados por Kerzner (2001) são classificados em

(1) linguagem comum; (2) processos comuns; (3) metodologia singular; (4) benchmarking e

(5) melhoria contínua. O autor defende que pode haver uma sobreposição dos níveis, no

entanto, a ordem da conclusão de cada fase não pode mudar.

Nível 1 – Linguagem comum: segundo Kerzner (2001) é nesse nível que a

organização passa a reconhecer a importância do gerenciamento de projetos com a execução

de projetos esporádicos, entretanto, a falta de apoio dos executivos é presente. É possível

encontrar resistência na empresa para a prática da gestão de projetos e não são realizados

investimentos para a melhoria dos resultados dos projetos. Para que uma organização possa

29

concluir o nível 1 deve haver conhecimentos básicos dos princípios da gestão de projetos e

um bom entendimento do guia PMBoK elaborado pelo Project Management Institute (PMI),

além de apresentar investimento em treinamento.

Nível 2 – Processos comuns: nesse nível a organização reconhece a importância de

estabelecer processos comuns para o gerenciamento de projetos, com o objetivo de repetir o

sucesso de um projeto para os próximos projetos da organização. Esse nível foi dividido por

Kerzner (2001) em cinco ciclos de vida que irão conduzir a empresa para alcançar o nível 3 de

maturidade. Os ciclos e suas principais características são apresentados na Figura 4.

Segundo Kerzner (2001) para concluir o nível dois é recomendável desenvolver uma

cultura que apoia o gerenciamento de projetos assim como uma metodologia que permita

repetir as melhores práticas de projetos na organização e um aprimoramento dos currículos

dos funcionários para que a organização possa manter os benefícios da gestão de projetos ao

longo do tempo.

Figura 4: Fases do Nível 2 - PMMM

Fonte: Adaptado de Kerzner (2001). Strategic planning for project management using a project

management maturity model. Wiley.com.

Nível 3 – Metodologia Singular: é o momento em que a organização reconhece os

benefícios da sinergia de uma metodologia na gestão de projetos, sendo que nesse nível a

organização está comprometida com a gestão de projetos, ou seja, a organização deve

apresentar processos estruturados e uma cultura corporativa que apoia a gestão de projetos na

empresa, onde a burocracia é reduzida e todos os níveis da organização apoiam visivelmente a

gestão de projetos, sendo assim as principais características desse nível são: (1) processos

integrados; (2) apoio cultural; (3) apoio gerencial e (4) gerenciamento de projetos informal

(Kerzner, 2001).

Kerzner (2009) defendeu que esse nível apresenta maior risco e grau de dificuldade

por demandar uma grande mudança na cultura corporativa. Para Rabechini (2005) criar uma

30

cultura em gestão de projetos é complexo porque não é baseado em processos, mas no

comportamento gerencial e deve contar com alguns valores como cooperação, trabalho em

equipe, negociação e comunicação.

Nível 4 – Benchmarking: É o processo de comparação das práticas da gestão de

projetos com outras empresas e tem como objetivo aprimorar os processos de gestão de

projetos para que a organização obtenha maior competitividade no mercado. Entretanto deve

haver cuidados ao decidir quais pontos serão avaliados e buscar relevância nas informações

pesquisadas assim como na escolha das empresas em que o processo de benchmarking irá

ocorrer. O benchmarking pode ser realizado tanto em organizações similares ou não, pode ser

qualitativo ou quantitativo e ser realizado de forma contínua (Kerzner, 2001).

Nível 5 – Melhoria Contínua: Kerzner (2001) defendeu que após o processo de

benchmarking a organização irá avaliar as informações, analisar as lições aprendidas e assim

introduzir as mudanças necessárias para aprimorar a metodologia da gestão de projetos. Esse

nível tem como principais características cultura de lições aprendidas, transferência de

conhecimento entre as equipes de projeto e desenvolvimento de um programa de treinamento

(Rabechini, 2005).

Kerzner (2009) defendeu que é possível a sobreposição entre dois níveis de

maturidade, entretanto não é possível alterar a ordem da conclusão de cada fase e a magnitude

da sobreposição será baseada na quantidade de riscos que a organização está disposta a

suportar. Kerzner (2009) especificou que os riscos atribuídos para cada nível do PMMM

associados ao impacto que provocam na cultura corporativa, podem ser rotulados como alto,

médio e baixo risco, conforme Quadro 3.

Nível Descrição Grau do risco

1 Linguagem comum Médio

2 Processos comuns Médio

3 Metodologia singular Alto

4 Benchmarking Baixo

5 Melhoria contínua Baixo

Quadro 3 – Grau de Dificuldade nos Cinco Níveis de Maturidade Fonte: Kerzner, H. (2009). Gerenciamento de projetos – uma abordagem sistêmica para

planejamento, programação e controle. (10ª ed.). São Paulo: Editora Blucher.

2.1.3.3 MODELO OPM3

31

Segundo o PMI (2008) o Organizational Project Management Maturity Model

(OPM3) é o modelo de avaliação de maturidade em gerenciamento de projetos padrão do PMI

– Project Management Institute. Este modelo foi desenvolvido em maio de 1998 e descreve as

características de um processo eficaz nas diversas áreas estratégicas de gestão de negócios

como planejamento e gerenciamento de projetos. O modelo é composto por três componentes

que se relacionam: (1) melhores práticas, (2) capacidade e (3) resultados, ou seja, o OPM3

possibilita que seja avaliado de forma estratégica programas e portfólio de projetos para que

as melhores práticas sejam alcançadas na organização de forma confiável para garantir a

entrega de múltiplos projetos.

Segundo o PMI (2008), o modelo contribui para que a organização possa avaliar quais

as capacidades devem ser aprimoradas ao longo do tempo com o propósito de alcançar uma

cultura que apoia a excelência em gestão de projetos em toda a organização. O modelo OPM3

avalia a maturidade da empresa nos domínios (projeto, programa e portfólio) e utiliza o grupo

de processos da gestão de projetos sugeridos pelo PMBoK. O OPM3 definiu quatro níveis de

processos para alcançar a maturidade: padronização, medições, controle e melhoria contínua,

conforme Figura 5. À medida que a organização evolui em cada processo maior será a sua

maturidade em gestão de projetos.

Figura 5 – Modelo OPM3

Fonte: Organizational project management maturity model (OPM3). (2008). (2a ed., p. 24). Newtown

Square: Project Management Institute, Four Campus Boulevard.

32

O modelo OPM3 deve contribuir para o alinhamento das prioridades estratégicas do

negócio e com as decisões do planejamento estratégico (Carvalho & Rabechini, 2005).

Segundo o PMI (2008), deve haver uma estrutura e cultura organizacional para promover e

apoiar a eficácia da gestão de projetos na organização, assim o nível de maturidade

apresentará uma evolução de cada fase concluída conforme a Figura 5.

2.1.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS MODELOS DE MATURIDADE DE

GESTÃO DE PROJETOS

Diversos estudos como o de Paulk et al. (1995) e de Carvalho et al. (2005) apontaram

quais são as vantagens e desvantagens dos três modelos de maturidade em gestão de projetos,

conforme apresentado no Quadro 4.

Modelos Vantagens Desvantagens

CMMM Contribui para que a organização

tenha uma visão compartilhada dos

benefícios e da contribuição que a

melhoria dos processos pode trazer

para a organização.

Fornece uma estrutura de avaliação

de desempenho objetiva, confiável e

consistente.

O conjunto de processos e práticas

foi desenvolvido por uma equipe

selecionada de profissionais.

Não aborda todas as questões

relacionadas ao sucesso do projeto. É uma

exaustiva descrição dos processos de

software, representado por um senso

comum.

O CMMM aborda apenas o treinamento

sendo que as questões relativas à seleção,

contratação e retenção de pessoas

competentes estão fora do escopo

CMMM, no entanto, essas questões estão

no âmbito da responsabilidade de gestão

da organização.

PMMM Levantamento da maturidade e

excelência da gestão dos projetos;

Integração dos processos na

organização;

Utiliza uma metodologia e

questionários estruturados.

Foca apenas no diagnóstico, o modelo

não apresenta um plano de ação para

melhorar o nível de maturidade de gestão

de projetos da organização;

Falta de rigor estatístico e pouca ênfase

nas melhorias das equipes de projetos.

OPM3 Identifica as competências

individuais e da organização;

Aderência estratégica com a

organização;

Fornecimento do check list para

levantamento das informações.

Demonstra falta de rigor estatístico;

Pouca ênfase nas equipes de projetos.

Quadro 4 – Vantagens e Desvantagens de Cada Modelo de Maturidade Fonte: Adaptado dos estudos de Paulk et al. (1995) e pesquisa de Carvalho et al. (2005).

Os resultados de pesquisas demonstram que embora tenha uma diversidade de

modelos de maturidade, as empresas podem adotar mais do que um modelo simultaneamente.

Estudos demonstraram que os modelos PMMM e OPM3 podem ser complementares e que

essa teoria pode ser explorada nas organizações embora os dois modelos não tenham foco nas

avaliações de competências e recursos necessários no contexto do individuo, equipe e

33

organização (Carvalho et al., 2005). O CMM e o PMMM podem ser implantados em uma

mesma organização, porém, deve haver atenção para as diferenças de terminologias dos

modelos que podem causar dúvidas na organização (Carvalho, Laurindo, & Pessôa, 2003).

Esta variedade de modelos apresentada pode ser contraditória porque enquanto os modelos

apontam as falhas em gerenciamento de projeto nas empresas e recomendam uma solução,

simultaneamente deixam de considerar as características intrínsecas da organização, dessa

forma, os modelos de maturidade nem sempre unificam as boas práticas de gestão de projetos

(Carvalho & Rabechini, 2005). Rabechini (2005) defendeu que os modelos de maturidade tem

como ponto crítico a falta de foco nos aspectos humanos, comportamentais e organizacionais

o que pode levar a falta de eficácia e aumentar a burocracia da empresa.

Para Crawford (2006) vários fatores devem determinar o nível de maturidade em

gestão de projetos em uma organização e como existem questões subjetivas é necessário

adotar um modelo que responda quais as ações devem ser realizadas para que ocorram

melhorias em gestão de projetos. Essa análise deverá ser realizada constantemente para medir

os resultados das ações e avaliar se houve progresso da gestão de projetos na organização.

Para Rabechini (2005) é necessário fornecer aos executivos as ferramentas analíticas

que consideram o ambiente empresarial, fatores críticos de sucesso e competências

necessárias para aumentar a maturidade em gestão de projetos da organização.

Para Andersen e Jessen (2003) a maturidade em gestão de projetos irá contribuir com a

capacidade da organização em executar projetos que apresentam maior complexidade e que

resultam em mudanças essenciais para a empresa. Para organizações empreendedoras é

necessária uma gestão de projetos eficiente, que seja capaz de converter as ideias inovadoras

em realidade e consequentemente atingir as expectativas dos resultados organizacionais

(Hashimoto, 2006).

2.2 EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO

O conceito de empreendedorismo surgiu no século XVII e a partir do século XX a

palavra tornou-se sinônimo de livre iniciativa. Para os empresários o tema empreendedorismo

significa agentes de mudanças que fornece ideias inovadoras e criativas para contribuir com o

crescimento e rentabilidade das empresas (Kuratko & Audretsch, 2009). O empreendedorismo

promove ações para que a empresa possa ter vantagem competitiva por meio de novos

produtos, processos ou inovações (Ireland et al., 2001).

34

Quando as empresas que apresentam vantagem competitiva não identificam novas

oportunidades seja porque não querem se expor aos riscos ou simplesmente porque não

pesquisam novos espaços, essas podem ter sua fonte de criação de riquezas reduzida e até

mesmo perder espaços que foram conquistados anteriormente caso ocorram mudanças no

mercado em que atuam. Uma organização agrega valor quando consegue combinar a busca de

oportunidades efetivas (empreendedorismo) com o objetivo de obter vantagem competitiva

(estratégia) (Ireland, Hitt, & Sirmon, 2003).

Hashimoto (2006) defendeu que uma organização empreendedora consegue gerar uma

quantidade maior de inovações em produtos e serviços se comparada a uma empresa

tradicional. Essa inovação ocorre porque o empreendedorismo estratégico promove a

melhoria contínua em processos e simultaneamente contribui para que ocorra um fluxo livre

de informações e de ideias inovadoras. A intensidade empreendedora de uma empresa se

reflete na frequência dos eventos inovadores, pró-atividade e propensão da empresa para

assumir riscos, entretanto duas empresas que possuem a mesma intensidade empreendedora

podem aplicar estratégias diferentes de empreendedorismo conforme apresentado na Figura 6

(Kuratko, Morris, & Covin, 2011).

Figura 6 – Diferentes Formas de Empreendedorismo Corporativo Fonte: Adaptado de Kuratko et al (2011). Corporate innovation & entrepreneurship (3a ed.). South-Western:

Editora Cengage Learning.

Empreendedorismo Corporativo

Empreendimento Corporativo

• Empreendimento Corporativo

Interno

• Empreendimento Corporativo

Cooperativo

• Empreendimento Corporativo

Externo

Empreendedorismo Estratégico

• Renovação estratégica

• Regeneração sustentada

• Redefinição de domínio

• Rejuvenescimento

organizacional

• Reconstrução do modelo de

negócios

35

Os empreendimentos corporativos são novos negócios desenvolvidos pela empresa de

forma isolada, ou seja, são linhas de negócios ou produtos criados distantes da organização

para que o desenvolvimento ocorra sem vícios ou paradigmas. Após desenvolver esse novo

negócio a empresa irá incorporá-lo para que ocorra a economia de escala (Hashimoto, 2006).

As empresas criam novos negócios por diversos motivos, sendo que para alcançar a eficácia é

necessário definir os objetivos e avaliar os riscos do empreendimento corporativo além de

desenvolver sistemas de controle para mensurar o desempenho dessas ações (Kuratko, Morris,

& Covin, 2011).

Enquanto o conceito de empreendimento corporativo se aplica à criação de novas

empresas, o conceito do empreendedorismo estratégico corresponde a várias iniciativas

promovidas pela organização para que ocorram inovações que tem como objetivo aumentar a

busca da vantagem competitiva (Kuratko, Morris, & Covin, 2011). Essas inovações podem

representar mudanças fundamentais das estratégias organizacionais seja em produtos,

mercados, estruturas, processos, capacidades ou modelos de negócio e podem contribuir com

as bases fundamentais para que a empresa seja diferenciada das indústrias rivais (Kuratko &

Audretsch, 2009).

Tanto pequenas como grandes empresas encontram obstáculos para promover o

empreendedorismo estratégico, sendo necessária a construção de uma rede de aprendizagem e

compartilhamento do conhecimento, além de uma análise da experiência que permite integrar

a estratégia e o empreendedorismo (Ketchen, Ireland, & Snow, 2007). A organização que tem

como objetivo realizar ações voltadas para o empreendedorismo estratégico deve conceder os

recursos e tornar-se mais flexível, criativa e tolerante com os erros que fazem parte do

processo de aprendizado (Kuratko, Morris, & Covin, 2011).

Para Kuratko e Audretsch (2009) existem dois pontos que devem ser considerados

quando uma empresa resolve promover ações fundamentadas no empreendedorismo

estratégico: o quanto a empresa está transformando seus produtos, mercados e processos

internos e o quanto está se transformando se comparada aos padrões dos seus concorrentes, o

que significa que deve haver uma análise da inovação em termos de oferta de produtos. Além

dessas mudanças, essas empresas devem apresentar um comportamento de empreendedorismo

contínuo, em que os produtos, serviços e processos que resultam da inovação irão demonstrar

o quanto eles são diferenciados.

Ireland et al. (2003) desenvolveram um modelo baseado em diversas pesquisas e

teorias que apresenta a estrutura e as dimensões do empreendedorismo estratégico nas

organizações. Esse modelo foi baseado no estudo de Sirmon e Hitt (2003) em que

36

apresentaram uma teoria da visão baseada em recursos - Resource- Based View (RBV) onde

os autores defenderam que recursos por si só não produzem vantagem competitiva

sustentável, ou seja, devem ser administrados para gerar valor. O modelo de Ireland et al.

(2003), apresentado na Figura 7, sugere uma estrutura e as dimensões do empreendedorismo

estratégico nas organizações. Para os autores, a integração dos recursos organizacionais, deve

ser administrada considerando os seguintes fatores: (1) capital humano, (2) capital social, (3)

aprendizagem organizacional e (4) cognição criativa.

Ireland et al. (2003) conceituaram essas dimensões como complexas e desafiadoras

que se desdobram em quatro tópicos: (1) Mentalidade empreendedora que tem como

componentes as oportunidades empresariais, o alerta empreendedor e uma estrutura

empresarial; (2) Cultura empreendedora e liderança empresarial que são aspectos de alta

importância para o empreendedorismo estratégico; (3) A gestão de recursos estratégicos que

envolvem ações necessárias para o reconhecimento das oportunidades e o desenvolvimento

das vantagens competitivas; (4) Aplicação da criatividade e desenvolvimento da inovação que

são considerados pontos críticos para a estratégia empreendedora.

Figura 7 - Modelo Estrutural do Empreendedorismo Estratégico.

Fonte: Adaptado de Ireland et al., (2003)

A literatura sugere que empreendedorismo alinhado à estratégia organizacional

contribui com o desempenho das empresas e alguns estudos demonstram que empresas com

ações empreendedoras apresentam melhores resultados em seu setor de atuação. Entretanto

outros estudos não conseguiram encontrar uma relação positiva, devido a complexidade do

tema, problemas com a operacionalização ou modelos teóricos empregados (Wiklund &

Sherpherd, 2005). O empreendedorismo estratégico pode ser identificado de diferentes formas

37

e perspectivas e as discussãos sobre as suas contribuições são encontradas tanto na literatura

estratégica como empreendedora (Lyon, Lumpkin & Dess, 2000).

Para mensurar o desempenho do empreendedorismo estratégico, critérios válidos e

confiáveis devem ser aplicados e são recomendadas três métricas de avaliação: (1) Econômica

e Financeira, onde o pesquisador deverá analisar os recursos financeiros e os não financeiros

mas significativos para a empresa; (2) Expectativa dos interessados que abrange clientes,

proprietários, sociedade e funcionários; (3) Capital humano e social, onde a criação de

vantagem competitiva a empresa deve adquirir capacidade e conhecimento (Dess et al., 2003).

Pesquisas de Steffens et al., (2009) demonstraram que o desempenho do empreendedorismo

estratégico na organização pode ser mensurado tanto pelo crescimento como pela

lucratividade da empresa.

A orientação empreendedora apresenta cinco dimensões como autonomia, inovação,

risco, proatividade e competividade (Lumpkin & Dess, 1996). Entretanto, os autores

defenderam que dificilmente uma empresa apresentará todas estas dimensões

simultaneamente e a combinação dessas poderá formar as diferentes classificações de

empreendedorismo corporativo, sendo assim o desempenho de uma empresa empreendedora é

alvo de diversos estudos no campo da gestão estratégica.

Hitt et al. (2011) desenvolveram um modelo visando compreender os principais

benefícios das ações do empreendedorismo estratégico, conforme a Figura 8. O modelo

analisa as dimensões necessárias para execução dos processos relacionados ao

empreendedorismo estratégico e considera os seguintes fatores de entrada para que a

organização promova ações empreendedoras estratégicas: fatores ambientais, organizacionais

e recursos individuais.

Os fatores ambientais incluem as forças externas como as tendências do setor, taxas de

crescimento, poder do cliente e do fornecedor, além da concorrência (Lyon et al., 2000). O

ambiente externo da empresa afeta a capacidade e habilidade dos indíviduos para criar e

explorar as oportunidades para alcançar o sucesso no cenário competitivo (Hitt et al., 2011).

A dimensão da competitividade do empreendedorismo corporativo é refletida pela postura da

empresa para superar a concorrência, inovar e buscar a liderança tecnológica em produtos e

processos visando a vantagem ou simplesmente para promover mudanças no setor por meio

de novos produtos ou processos (Lumpkin e Dess,1996).

Diversos estudos demonstraram que os fatores ambientais e organizacionais são

dimensões fundamentais para o desempenho organizacional e que estes influenciam como o

modelo empreendedor será configurado para atingir um alto desempenho (Lumpkin &

38

Dess,1996). Os recursos organizacionais incluêm as condições internas como tamanho da

empresa, estrutura, estratégia e característica da liderança. Para compreender como os fatores

organizacionais contribuem para os processos do empreendedorismo estratégico podem ser

utilizados os relatórios contábeis e informações apresentadas pela mídia (Lyon et al., 2000).

Entretanto para manter a vantagem competitiva, os recursos financeiros são menos

relevantes do que o capital humano (Hitt et al., 2011). O aprendizado organizacional

direciona a empresa para novas formas de comercialização e contribui para que a empresa

possa explorar as oportunidades do mercado (Dess et. al, 2003). Novas capacidades integradas

com as atuais podem configurar as estratégias de mercado que visam aproveitar as

oportunidades e consequentemente promover ações empreendedoras estratégicas (Hitt et al.,

2011).

A combinação adequada dos recursos da empresa depende da forma com que os

líderes promovem ações para a estratégia organizacional. Uma dessas ações é a gestão de

portfólio de recursos que tem como objetivo alavancar a capacidade de criação de valor para

os clientes e assim conseguir a vantagem competitiva no mercado (Hitt et al., 2011). As

principais razões para os empresários promoverem as práticas empreendedoras estratégicas

são: (1) criação de valor para o cliente; (2) ganhos para o acionista; (3) benefícios para os

stakeholders e (4) imagem da empresa na sociedade (Lumpkin e Dess,1996).

Figura 8 – Entradas e Saídas dos Processos do Empreendedorismo Estratégico

Fonte: Adaptado de Hitt et al., (2011)

Os processos e ações que compõe o empreendedorismo estratégico podem gerar

resultados como vantagem competitiva. Essa vantagem ocorre por meio da criação de valor

para os clientes e consequentemente ganhos financeiros, sendo esta a principal meta dos

Benefíciossociais

Benefícios organizacionais

Benefícios Individuais

Recursos Organizacionais

Recursos Individuais

Combinação dos recursos

Criação de valores e outros

benefícios

Entradas Processos Saídas

Fatores Ambientais

Criação de valores para os clientes

Vantagem competitiva

39

acionistas. No entanto os resultados do empreendedorismo estratégico podem trazer

benefícios para sociedade, organização e benefícios individuais (Hitt et al., 2011).

Os resultados realizados por meio do empreendedorismo estratégico podem trazer

benefícios para a sociedade como a criação de emprego, estabilidade econômica, crescimento

e avanço tecnológico. Entretanto, para atingir estes resultados é necessário inovar e

desenvolver novas tecnologias que geram criação de valor para empresa ao longo do tempo. E

para sobreviver a empresa deverá ter vantagem competitiva e ser eficiente na alocação de seus

recursos (Hitt et al, 2011).

O crescimento e a evolução de novas tecnologias geraram oportunidades para atender

o mercado e contribuíram com a busca de soluções das pesquisas mercadológicas (Clarck &

Wheelwright, 1993). Para uma empresa com característica empreendedora iníciar em um

novo mercado ou desenvolver produtos diferenciados cria valor significativo para os clientes,

entretanto estes projetos demandam tempo, esforço e capital financeiro e podem resultar em

inovação radical para a organização (Hitt et al., 2011). O empreendedorismo estratégico

também contribui com o sucesso de empreendedores individuais ou líderes de uma

organização já estabelecida no mercado. Desenvolver novos negócios que geram valor para

os clientes, sociedade e para a organização, pode trazer uma autorealização para as lideranças

com perfil empreendedor (Hitt et al., 2011).

Covin e Milles (1999) conceituaram cinco formas de empreendedorismo estratégico

que podem ser encontradas em empresas conforme Quadro 5.

Forma de

empreendedorismo

estratégico

Foco da iniciativa empresarial O evento empresarial

Renovação estratégica. Estratégia da empresa. Adoção de uma nova estratégia.

Regeneração sustentada.

Os produtos ofertados pela

empresa ou mercados de

atuação da empresa.

Introdução de um novo produto em uma nova

categoria de produto ou introdução de um produto

já existente em um novo mercado.

Redefinição de domínio. Novo espaço competitivo. Criação ou nova reconfiguração de um produto

existente no mercado.

Rejuvenescimento

Organizacional.

Estrutura Organizacional,

processos e capacitação da

empresa.

Aprovação da inovação, com foco em melhorar a

implementação das estratégias.

Reconstrução do modelo

de negócio.

Modelo de negócio da

empresa.

Desenhando ou refazendo um novo modelo de

negócios.

Quadro 5 – As Formas do Empreendorismo Estratégico

Fonte: Adaptado de Kuratko et al (2011).

40

As estratégias segundo Covin e Milles (1999) são direcionadas para organizações que

possuem processos complexos e que precisam diversificar seus produtos ou mercados de

atuação sendo que todas as ações empreendedoras têm como característica em comum a

inovação organizacional. No entanto, as empresas podem utilizar uma forma ou mais de

empreendedorismo estratégico, sendo possível encontrar as cinco formas do

empreendedorismo estratégico, simultaneamente em diferentes partes da organização.

2.2.1 RENOVAÇÃO ESTRATÉGICA

Covin e Milles (1999) definiram renovação estratégica como o fenômeno que provoca

uma mudança na empresa e na sua forma de se relacionar com o mercado e com a

concorrência para alcançar a vantagem competitiva. O foco da renovação estratégica é o

ambiente em que a organização atua sendo que esse conceito refere-se às novas estratégias de

mercado que visam modificar de forma relevante as práticas da organização. Essa prática

contribui para que a empresa aproveite com eficácia seus recursos e consiga explorar com

eficiência as oportunidades do mercado. As ações de renovação são incorporadas pela

organização e não são tratadas como um novo negócio (Sharma & Chrisman, 2007).

Para Ferreira (2001) o ambiente externo precede o empreendedorismo corporativo e

pode contribuir ou limitar a prática empreendedora na organização, ou seja, as empresas que

possuem um comportamento estratégico autônomo podem apresentar uma base estruturada

para a renovação estratégica que irá combinar novos recursos para a criação de valor da

empresa. A organização deve estar atenta aos estímulos do ambiente externo para que possa

renovar suas estratégias com agilidade e coerência, o que torna possível para a empresa a

inovação contínua (Matos, Matos, & Almeida, 2007).

As ações de renovação estratégica devem alinhar competências organizacionais com o

ambiente externo e aumentar a vantagem competitiva, caso contrário, se houver inércia, o

desempenho organizacional no mercado poderá ser prejudicado (Flier, Bosch & Volberda,

2003). Volberda (1997) defendeu que a renovação estratégica não é um processo gerencial,

mas a consequência da seleção do ambiente em que a organização exerce suas atividades

sendo que esse processo pode ser aplicado inicialmente em uma unidade de negócio ou uma

start-up e em seguida será identificado como força motriz do processo de inovação da

empresa e poderá difundir o espírito motivador para toda a empresa.

41

A empresa que decide adotar novas estratégias deve buscar novos recursos e adquirir

competências para aumentar seu conhecimento sobre o seu setor para consequentemente

aumentar a sua capacidade de mudanças (Serra et al., 1990). Volberda et al (2001)

defenderam que o sucesso da renovação estratégica depende de dois fatores essenciais: (1) o

comportamento dos gestores de cada nível da organização e (2) como o conhecimento é

compartilhado além das fronteiras da empresa, ou seja, as atividades estratégicas devem ser

fortalecidas na organização ao explorar atuais competências internas e superar paradigmas

para que todos na organização possam explorar novas capacidades e assim contribuir para

uma mudança comportamental.

Hashimoto (2006) defendeu que a inovação interna e consequentemente quebras de

paradigmas deve ser baseada no ambiente externo da organização que é formado por clientes,

fornecedores, concorrentes, tendências de mercado, mudanças sociais, economia, legislação e

política. Para os estudiosos existem importantes evidências da importância desse tema e há

uma tendência do crescimento dessa prática no futuro, entretanto a organização deve ter

coerência ao adotar a renovação estratégica e se organizar para não destruir os melhores

elementos da experiência passada (Volberda et al., 2001). A renovação estratégica é

caracterizada como uma reação às pressões econômicas sobre as empresas sendo esse um

processo permanente para reforçar a capacidade de adaptação da organização (Kaulbars,

2011).

2.2.2 REGENERAÇÃO SUSTENTADA

Segundo Covin e Miles (1999) a regeneração sustentada é a forma do

empreendedorismo estratégico mais aceito e reconhecido, sendo que organizações que adotam

essa estratégia estão constantemente lançando novos produtos ou serviços ou entrando em

novos mercados e ao mesmo tempo estão descartando seus antigos produtos e serviços para

outras linhas de negócios com o objetivo de melhorar suas técnicas de gerenciamento de ciclo

de vida dos produtos da organização. Para adotar essa prática a empresa tende a desenvolver

culturas, processos, sistemas e estruturas eficazes sendo que essas empresas são reconhecidas

como “máquinas de inovação” (Covin & Miles, 1999).

A regeneração sustentável pode ser utilizada como base para sustentar uma vantagem

competitiva de um produto ou serviço com ciclos de vida curtos sendo que essa forma de

empreendedorismo pode mudar o padrão tecnológico de uma organização ou segmentar seus

produtos no mercado. Ações de regeneração sustentável não são apresentadas de forma

42

discreta, entretanto são caracterizadas por um único modelo contínuo de lançamentos de

produtos ou entrada em novos mercados (Kuratko, Morris, & Covin, 2011).

É possível mensurar o sucesso na busca de regeneração sustentável pelo número de

lançamentos de novos produtos e o grau de desenvolvimento tecnológico desses, sendo

necessário também analisar as ofertas da empresa que já estão no mercado. A falta de apoio

da empresa para essa prática ou o pouco retorno do mercado faz com que muitas organizações

não desenvolvam suas ofertas, entretanto empresas que são orientadas para projetos de

tecnologia avançada podem encontrar obstáculos com as tentativas de introduzir

constantemente produtos melhores do que os já apresentados no mercado (Green, 2008).

O conhecimento técnico é vital para a regeneração sustentável, sendo que contribui

para que a organização possa melhorar os produtos atuais e ampliar suas linhas de produtos

por meio das inovações dos processos possibilitando a criação de valor na empresa, entretanto

esse tipo de conhecimento raramente é base para manter uma vantagem competitiva (Dess et

al., 2003). A inovação pode ser realizada quando a organização promove a troca de

informações entre os indivíduos com conhecimento do mercado com aqueles indivíduos que

possuem conhecimento técnico e essa discussão deve resultar em novas oportunidades para a

organização (McKelvie, Wiklund & Short, 2007).

2.2.3 REDEFINIÇÃO DE DOMÍNIO

A redefinição de domínio refere-se ao fenômeno em que a empresa pró ativamente

cria um novo produto em um mercado inexplorado e cria estratégias para manter sua

sustentabilidade competitiva, sendo que organizações que se dedicam a essa forma de

empreendedorismo estratégico exploram as oportunidades do mercado e determinam como

será o processo de competição em seu domínio (Covin & Miles, 1999). Entretanto muitas

organizações buscam as oportunidades sem reconhecer formalmente seu domínio e esse

reconhecimento é uma das tarefas mais importantes para o sucesso da gestão estratégica que

deverá definir e comunicar a atividade empreendedora (Garrett & Covin, 2007).

Diferentemente das outras formas de empreendedorismo estratégico a redefinição de

domínio é relacionada com a criação de um novo negócio, sendo que esse fenômeno é

discutido na literatura com os seguintes temas: estratégia bypass e pioneirismo de mercado

(Kuratko, Morris, & Covin, 2011). Esses fenômenos são similares sendo que a estratégia

bypass é motivada para reduzir os riscos das condições competitivas enquanto que o

pioneirismo de mercado possui características mais oportunistas. Essas duas estratégias

43

refletem o objetivo da organização em aumentar a competitividade por meio da inovação e

redefinição do domínio do seu produto no mercado (Covin & Miles, 1999).

Kim e Mauborgne (2005) defenderam uma estratégia para reconstruir as fronteiras do

mercado e se libertar da concorrência e a denominaram de “oceanos azuis” onde o principal

desafio é encontrar oportunidades de sucesso no meio de tantas possibilidades apresentadas

pelo mercado. Nesse contexto novas categorias de produtos podem ser apresentadas e dar

origem a novas indústrias ou novas fronteiras de indústrias existentes, além disso, a empresa

deverá criar uma base sustentável para dificultar a entrada da concorrência.

A empresa pioneira no mercado apresenta as seguintes vantagens em relação à

concorrência: 1) curva de aprendizagem; 2) reputação e incerteza do comprador; 3) custo de

troca do comprador e 4) efeitos de rede. Entretanto o pioneirismo pode apresentar

desvantagens como uma escolha errada de tecnologia e incerteza sobre a demanda do novo

produto ou serviço (Besanko, Dranove, Shanley & Shaefer, 2010).

A redefinição do domínio torna a concorrência um fator discutível já que a empresa

inicia as atividades em um novo mercado onde não existe competição e utiliza a estratégia de

ser a primeira a ofertar os produtos ou serviços além de criar uma base sustentável para que os

concorrentes que surgirem não tenha a capacidade de imitá-la (Kuratko & Audretsch, 2009).

2.2.4 REJUVENESCIMENTO ORGANIZACIONAL

O conceito rejuvenescimento organizacional é destinado aos fenômenos

empreendedores para os quais o foco de inovação é a própria organização, ou seja, é realizada

uma melhoria em processos, estrutura e capacitação da organização (Covin & Miles, 1999). A

empresa alcança a vantagem competitiva sem necessariamente mudar sua estratégia ou oferta

de produtos ou serviços. É possível a organização rejuvenescer e se destacar da concorrência

melhorando sua eficiência nos processos, na comunicação e na capacidade de transferir suas

competências (Kuratko, Morris, & Covin, 2011).

O foco do rejuvenescimento organizacional é a melhoria da capacidade da empresa

para executar as suas estratégias e esse fenômeno irá provocar mudanças na cadeia de valor da

organização. A inovação irá ocorrer nos processos administrativos e na estrutura da empresa,

além de apresentar novos produtos ou entrar em novos mercados (Dess et al., 2003). Esta

prática tem como objetivo a reformulação de toda a organização que pode resultar em grandes

projetos de reengenharia de processos e que irá reconfigurar a operação interna da empresa,

44

apresentar inovações radicais ou em inúmeras pequenas inovações que contribuem para a

eficiência organizacional (Kuratko & Audretsch, 2009).

Essas mudanças demandam competências para a implantação desses novos processos

e segundo a teoria da aprendizagem organizacional, as empresas quando expostas a diversos

estímulos externos questionam suas crenças e promovem a experimentação que levam ao

aprendizado organizacional e o desenvolvimento de novos conhecimentos para alcançar a

vantagem competitiva (Dess et al., 2003). Hashimoto (2006) defendeu que a geração de ideias

requer conhecimento e capacitação que são realizados por meio de treinamentos que preparam

as pessoas para aproveitar as oportunidades, sendo que o desenvolvimento deve ocorrer em

três níveis: (1) pessoal; (2) grupal e (3) organizacional.

O rejuvenescimento organizacional tem como objetivo distinguir a empresa das suas

concorrentes, sendo que é uma estratégia difícil para as rivais imitarem já que as iniciativas

são peculiares para cada empresa (Kuratko & Audretsch, 2009). É um fenômeno que demanda

investimentos e que pode provocar respostas rápidas da concorrência, sendo assim, os

benefícios finais dessa estratégia dependerão relativamente da velocidade das respostas da

concorrência e dos custos despendidos pelas empresas nessas estratégias (Fuller, 1995).

2.2.5 RECONSTRUÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIO

Esse fenômeno ocorre quando a empresa reformula o seu modelo de negócio com o

objetivo de melhorar a eficiência operacional, aumentar seu valor no mercado e se diferenciar

das concorrentes (Kuratko & Audretsch, 2009). As formas mais comuns da reconstrução do

modelo de negócio são terceirização para atividades e em menor medida a integração vertical

(Kuratko, Morris, & Covin, 2011). Modelo de negócio foi definido por Magretta (2002) como

“histórias que explicam como as empresas trabalham”. O autor fez uma comparação: a

reconstrução do modelo de negócios é como a metodologia científica em que começa com

uma hipótese e depois é necessário testar e revisar quando necessário.

A evolução da economia faz com que os clientes tenham mais opções e necessidades

múltiplas, sendo assim as empresas precisam reavaliar suas propostas de valor e apresentar

ofertas exclusivas e esse novo ambiente amplia a necessidade de um modelo de negócio bem

desenvolvido (Teece, 2010). Quando um novo modelo de negócios consegue mudar um setor

e dificultar a imitação dos concorrentes está criando vantagem competitiva (Magretta, 2002).

45

As formas do empreendedorismo estratégico geralmente são encontradas em empresas

com perfil empreendedor seja de forma isolada ou apresentando mais de uma forma na

organização (Covin & Milles, 1999). Para os autores, o empreendedorismo estratégico não se

limita ao tamanho da organização ou estabilidade no mercado, tornando-se relevante para

alcançar os objetivos de longo prazo da organização.

O próximo capítulo explora a maturidade da gestão de projetos da organização para

realizar as ações empreendedoras apresentadas, além de apresentar as proposições que foram

desenvolvidas à luz da literatura.

46

3. EMPREENDEDORISMO ESTRATÉGICO E A MATURIDADADE DA GESTÃO

DE PROJETOS DA ORGANIZAÇÃO

Este capítulo tem como objetivo realizar uma síntese dos fundamentos teóricos do

presente estudo e apresentar proposições que possam auxiliar no entendimento de como o

nível de maturidade em gestão de projetos pode contribuir na execução de projetos

empreendedores estratégicos. As proposições apresentadas neste capítulo foram elaboradas a

luz da literatura e por meio destas foi possível elaborar um modelo de relacionamento entre a

maturidade em gestão de projetos e o empreendedorismo estratégico.

3.1 SÍNTESE DOS FUNDAMENTOS TEÓRICOS

O primeiro eixo da pesquisa focou no conceito de gestão de projetos, que vem

evoluindo ao longo do tempo, tornando-se um tema relevante para a literatura e uma prática

cada vez mais presente nas organizações. A importância da gestão de projetos é refletida nos

investimentos realizados nas organizações para que ocorra o aprimoramento das capacidades

dos gerentes de projetos, integração de sistemas para o acompanhamento e controle dos

projetos em execução. As técnicas e ferramentas para a gestão de projetos também

apresentam constante evolução para que a empresa possa aumentar o nível de maturidade em

gestão de projetos.

A relevância da gestão de projetos ao longo do tempo tornou-se tema de vários estudos

acadêmicos que relacionam a disciplina com o campo da estratégia organizacional. Segundo

os estudos, cada projeto finalizado na organização deve contribuir para o plano estratégico da

organização. Projetos bem executados podem tornar a organização mais ágil para responder a

demanda do mercado e agregar valor para a empresa. A literatura apresenta inúmeros modelos

que avaliam a maturidade em gestão de projetos nas empresas e o presente estudo apresentou

os três modelos mais referenciados pela literatura segundo Carvalho e Rabechini (2005).

O modelo de maturidade de gestão de projetos adotado para a presente pesquisa foi o

PMMM. A escolha desse modelo ocorreu devido ao seu fácil acesso e reconhecimento na

literatura. Os questionários foram aplicados a partir do nível 2 de maturidade em gestão de

projetos porque o nível 1 do modelo PMMM é voltado apenas para o conhecimento

individual de gestão de projetos do entrevistado e o objetivo deste trabalho é compreender os

processos e a cultura de gestão de projetos das empresas pesquisadas.

47

O segundo eixo da pesquisa evidenciou o empreendedorismo estratégico, prática que

vem crescendo nas empresas e tem sido foco de muitos estudos acadêmicos a partir dos anos

90. As empresas buscam o alinhamento da estratégia com a mentalidade empreendedora e

essa junção ocorre por meio de práticas inovadoras que não se restringem ao lançamento de

novos produtos e serviços no mercado, mas também na melhoria dos processos, aquisição de

capacidade organizacional e busca de novos mercados.

A fundamentação teórica apresentou cada forma do empreendedorismo estratégico

encontrada na literatura, que vem se tornando presente nas organizações, sendo que esses

fenômenos podem ser encontrados de forma isolada ou simultaneamente em várias unidades

de negócio.

Este estudo pesquisou grandes empresas do setor financeiro, classificadas entre as

maiores do país. A escolha do setor financeiro ocorreu pela alta demanda de projetos de

desenvolvimento de novas soluções que abrange as áreas de TI (Tecnologia da Informação) e

desenvolvimento de produtos. Esta demanda de projetos acontece por ser um setor altamente

competitivo o que faz com que as empresas adotem ações estratégicas.

Diante do contexto apresentado, o presente estudo e as proposições a seguir visam

compreender a contribuição da maturidade em gestão de projetos no empreendedorismo

estratégico nas empresas do setor financeiro que buscam a vantagem competitiva ou querem

se manter no mercado.

3.2 A MATURIDADE DE GESTÃO DE PROJETOS E A REALIZAÇÃO DAS

PRÁTICAS EMPREENDEDORAS ESTRATÉGICAS

As cinco formas do empreendedorismo estratégico demandam conhecimento

organizacional e são realizadas por meio de trocas de informações entre os diversos níveis

hierárquicos da empresa (Dess et al., 2003). Por esta razão, os autores definiram que as

condições necessárias para a prática do empreendedorismo estratégico são: confiança na

organização, consenso sobre a lógica dominante e controles organizacionais adequados, sendo

que estas condições devem ser promovidas pela liderança corporativa que tem o papel de

resolver conflitos de interesses entre antigas e novas prioridades.

Para Dess et al. (2003) a liderança corporativa deverá alterar a estrutura interna da

organização, para que ocorra de forma eficiente o intercâmbio eficaz entre todos os níveis

hierárquicos da empresa e deve haver uma mudança nas competências em todas as camadas

das organizações, que devem estar alinhadas a cada prática empreendedora conforme

apresentado no Quadro 6. Um fator relevante para este alinhamento são os controles da

48

organização que devem refletir as informações necessárias para cada forma do

empreendedorismo estratégico, conforme apresentado na linha inferior do Quadro 6. A falta

deste alinhamento pode causar desvios nas práticas estratégicas planejadas pela organização

(Dess et al., 2003).

Quadro 6: Trocas Sociais, os Papéis Gerenciais e Controles no Empreendedorismo Estratégico.

Fonte: Adaptado de Dess et al., (2003)

Para Ireland et al., (2003) o potencial de uma mentalidade empreendedora é maior

quando aplicado dentro do contexto de uma estrutura empresarial que inclui ações como

definições dos objetivos, registro das oportunidades e avaliação do tempo necessário para

explorar a estratégia. Essa estrutura deve ser utilizada de forma consistente para que a

organização tenha tempo para definir e alocar os recursos nos projetos. O planejamento

contribui para a compreensão dos processos e das metas a serem atingidas na busca das

oportunidades e vantagens que geram a criação de riqueza.

3.2.1 Proposição 1

Aprimorar competências contribui com a renovação estratégica. Esse é um processo

que exige criatividade e que pode ser encontrado nas práticas empreendedoras tanto de novas

empresas como de organizações já consolidadas no mercado (Dess et al., 2003). As empresas

podem e devem mudar seus conceitos e assim superar seus paradigmas, estas mudanças

permitem que a empresa explore novas competências e alterem seu comportamento no

mercado, para que possam promover a renovação estratégica (Voberda et. al., 2001). Assim

propõe-se que:

Efeito sobre a

competência

organizacional

Implantação

ExistenteDefinição do Novo

Implantação

Existente

Modificando a

ImplantaçãoDefinição do Novo Implantar o Novo

Implantação

Existente

Modificando a

Implantação

Funções da alta

adminitraçãoDirecionar Autorizar Direcionar Reconhecer Autorizar Direcionar Direcionar Reconhecer

Funções da gerência Executar Defender Executar Sintetizar e Faciliar Defender Executar Executar Sintetizar e Faciliar

Funções da área

operacionalObediência Experiência Obediência Ajustar Experiência Obediência Obediência Ajustar

Controles

necessários

Uma mistura dos

controles

burocráticos e de

mercado

Uma mistura dos

controles

burocráticos e de

mercado

Uma mistura dos

controles

burocráticos e

controles das

equipes

Uma mistura dos

controles

burocráticos e

controles das

equipes

Uma mistura de

controles de

mercado e grupos

de controles

Uma mistura de

controles de

mercado e

controle das

equipes

Uma mistura dos

controles

burocráticos e

controles das

equipes

Uma mistura dos

controles

burocráticos e

controles das

equipes

Renovação Estratégica Regeneração Sustentada Redefinição de Dominio Rejuvenescimento Organizacional

Tipos de Empreendedorismo Estratégico e as Trocas Sociais

49

Empresas classificadas a partir do nível 2 de maturidade em gestão de projetos

implementam projetos de renovação estratégica.

3.2.2 Proposição 2

A regeneração sustentada pode estar relacionada indiretamente com o conhecimento

experimental. Entretanto novos produtos não são produzidos sem esforços de

desenvolvimento e demandam o conhecimento organizacional adquirido ao longo do tempo e

que pode contribuir com o resultado da estratégia (Dess et al., 2003). Sendo assim sugere-se

que:

Empresas que atingiram o nível 3 de maturidade em gestão de projetos - metodologia

singular - conseguem promover ações de regeneração sustentada.

3.2.3 Proposição 3

O conceito de redefinição de domínio se refere à criação de novas categorias de

produtos que podem originar um novo mercado ou atingir fronteiras de mercados existentes

modificando as demandas atuais (Kuratko et al., 2011). A redefinição de domínio é a forma

de empreendedorismo estratégico que apresenta os maiores desafios e demanda novas

competências organizacionais (Covin & Miles, 1999).

Deve haver um compromisso por parte da organização em aumentar seu potencial para

promover ações de redefinição de domínio (Dess et al., 2003), entende-se que:

Empresas que atingiram o nível 5 de maturidade em gestão de projetos desenvolvem as

competências necessárias para realizar iniciativas pioneiras e bypass que caracterizam a

redefinição de domínio.

3.2.4 Proposição 4

Segundo Dess et al. (2003) os processos internos da empresa, estrutura e capacidade

são os alvos do rejuvenescimento organizacional, que muitas vezes impacta na cadeia de valor

da empresa. Inovações nos processos e na administração podem apresentar resultados para a

organização da mesma forma que lançamento de novos produtos. Hashimoto (2006) defendeu

que para disseminar a cultura empreendedora deve haver um desenvolvimento organizacional

com mudanças em todos os níveis hierárquicos e que sejam projetadas para o longo prazo.

Portanto, sugere-se que:

50

Empresas que atingiram o nível 4 de maturidade e fazem benchmarking em outras

organizações com o propósito de estruturar a área da gestão de projetos apresentam

capacidade para realizar iniciativas relacionadas ao rejuvenescimento organizacional.

3.2.5 Proposição 5

A empresa deve fazer uma avaliação contínua da evolução do setor e decidir quando o

seu modelo de negócios deve ser renovado ou mesmo abandonado para criar um novo

modelo. O ambiente competitivo e as mudanças na tecnologia demandam que este novo

modelo de negócios, mesmo que estabelecido com sucesso, promova defesas contra a

imitação (Teece, 2010). Uma empresa pode utilizar o planejamento do modelo de negócios

como ferramenta para se fortalecer no mercado. Sendo que a realização do que foi planejado

deve apresentar resultados mais eficientes do que a concorrência (Magretta, 2002). Sendo

assim compreende-se que:

Empresas que atingiram o nível 3 de maturidade contribuem com a eficácia dos

projetos de estruturação de um novo modelo de negócio organizacional.

A Figura 9 apresenta um modelo conceitual que inclui as cinco proposições que buscam

relacionar a maturidade da gestão de projetos das empresas com as formas do

empreendedorismo estratégico apresentadas na literatura. À medida que a organização

aumenta o seu nível de maturidade, maior é a sua capacidade de implementar diferentes

formas de projetos empreendedores estratégicos.

A seguir será apresentada a metodologia deste estudo para que cada proposição seja

avaliada.

51

Figura 9 – Proposições: Contribuição da Maturidade em Gestão de Projetos na Execução dos Projetos

Empreendedores Estratégicos.

Fonte: Elaborado pela autora

* Nível 3 – Considera que o nível 2 já foi alcançado; ** Nível 4 - Considera que os níveis 2 e 3 foram

alcançados; *** Nível 5 - Considera que os níveis 2, 3 e 4 foram alcançados.

52

4. METODOLOGIA

O presente capítulo apresenta a metodologia de pesquisa a ser aplicada para alcançar

os objetivos apresentados. Nesse contexto são apresentados os aspectos relacionados ao

delineamento da pesquisa, planejamento e preparação, procedimentos para a coleta de dados e

análise dos dados coletados.

4.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Pesquisas científicas são caracterizadas pela descrição, compreensão e interpretação de

fatos e fenômenos (Martins & Teóphilo, 2009). Para Marconi e Lakatos (2010, p. 139),

“pesquisa é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir

verdades parciais”.

Este trabalho tem natureza exploratória e descritiva e pretende responder a questão de

pesquisa além de atingir os objetivos já apresentados. Diante do escopo desta pesquisa

acredita-se que o método mais adequado a ser utilizado é o estudo de múltiplos casos. De

acordo com Yin (2009) o estudo de caso é a estratégia de pesquisa escolhida quando o

pesquisador não manipula os acontecimentos relevantes e tem como objetivo expandir e

generalizar as teorias (generalização analítica) e não enumerar frequências (generalização

estatística). Quando o objetivo da pesquisa é um problema contemporâneo e não de natureza

histórica, o estudo de caso é considerado o mais apropriado.

Yin (2009) sugere que para os estudos de caso múltiplos ou únicos, o pesquisador

deve analisar cada caso de forma cautelosa e conduzir a pesquisa individualmente. A Figura

10 ilustra os processos de desenho desta pesquisa que foram adaptados de Yin (2009). O

presente trabalho é composto por três fases: (1) planejamento e preparação; (2) coleta de

dados e (3) análise resultados.

53

Figura 10 – Desenho de Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora com base em Yin (2009).

4.2 PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO DA PESQUISA

Um problema de pesquisa tem sua origem na dúvida ou curiosidade sobre uma questão

não resolvida, sendo que a pesquisa tem seu início pelo problema e a busca da solução é que

irá direcionar a lógica da investigação e o pesquisador deverá ser orientado pela

fundamentação teórica. Entretanto não existe uma estruturação fixa para o projeto de pesquisa

de estudo de caso, todavia é possível construir um plano de ação composto por uma sequência

lógica que permite a confiabilidade e validade dos achados da pesquisa (Martins & Theóphilo,

2009). Marconi e Lakatos (2010) defenderam que é necessário um planejamento que inclui os

recursos materiais, humanos e tempo para que as fases da pesquisa se processem de forma

eficaz.

Cada etapa do planejamento deste trabalho foi realizada com suporte na

fundamentação teórica no qual foi analisada a relevância do tema para a academia e para as

práticas organizacionais. A fase de planejamento e preparação do estudo foi dividida em três

etapas: (1) definição do tema, justificativas e objetivos; (2) escolha do modelo de maturidade

a ser aplicado nas pesquisas e (3) definição do setor e empresas pesquisadas.

Referencial Teórico

Análise e

interpretação

individual de cada

caso pesquisado

Diagnóstico

Elaboração

documento final,

conclusões e

recomendações.

Relatório de casos

cruzados.

Planejamento e Preparação Coleta de Dados Análise e Resultados

Fontes primárias:

entrevistas semi-

estruturadas.

Fontes secundárias:

relatórios da

administração das

empresas e de

associações setoriais.

Definição dos

entrevistados e

execução da

pesquisa.

Definição do Tema,

Justificativa e

Objetivos

Escolha do Modelo

de Maturidade para

a pesquisa

Definição do setor e

da Unidade de

Análise

Validação do

protocolo para a

coleta de dados

Proposições Teóricas

54

Outros fatores analisados criteriosamente: (1) escolha de um modelo de maturidade

que apresente confiabilidade e (2) as empresas pesquisadas utilizam técnicas da gestão de

projetos e promovem iniciativas empreendedoras.

4.2.1 DEFINIÇÃO DO TEMA, JUSTIFICATIVAS E OBJETIVOS

Marconi e Lakatos (2010) defenderam que para escolher o tema da pesquisa é

necessário selecionar um assunto factível, preciso, bem determinado e específico. Martins e

Theóphilo (2009) defenderam que após identificar o tema o investigador deverá problematizá-

lo sendo que a questão de pesquisa deverá ser preferencialmente em forma interrogativa

buscando o relacionamento entre variáveis.

Partindo destes conceitos foi realizada uma revisão na literatura com o objetivo de

compreender a relevância do assunto na academia e nas práticas das organizações. Em

seguida foi possível definir o tema do presente trabalho que busca responder a relação da

maturidade de gestão de projetos com a prática do empreendedorismo estratégico em

empresas do setor financeiro, sendo que o objetivo e justificativa deste trabalho já foram

apresentados.

4.2.2 ESCOLHA DO MODELO DE MATURIDADE

Uma etapa importante para o presente estudo é analisar o nível de maturidade de

gestão de projeto de cada empresa pesquisada. Para que esta avaliação fosse realizada de

forma eficaz foi adotado PMMM conforme apresentado por Kerzner (2001). Foi aplicado o

questionário PMMM a partir do nível 2, partindo da premissa que os entrevistados tinham o

conhecimento básico da gestão de projetos e reconhecessem seus benefícios, conforme

definido por Kerzner (2001). No referencial teórico foi apresentado o modelo proposto por

Kerzner (2001) com cinco níveis de maturidade sendo que o nível dois é composto por cinco

ciclos que irão conduzir a organização para a maturidade em gestão de projetos conforme a

Figura 4.

Os entrevistados responderam um questionário com 20 perguntas na escala likert para

avaliar o ciclo de maturidade da organização na fase 2. Kerzner (2001) propôs uma pontuação

superior a 6 para cada ciclo. Se a empresa completou todos os ciclos do nível 2, significa que

atingiu o nível 3 de maturidade ou metodologia singular o que significa que a empresa está

comprometida com a gestão de projetos (Kerzner, 2001).

55

Caso a empresa seja classificada no nível 3 o entrevistado responderá 42 questões de

múltiplas escolhas. Para Kerzner (2001) é necessário uma pontuação de 169 a 210 para que a

organização possa ser classificada no nível 4 ou benchmarking, que é o momento em que

organização reconhece a necessidade de melhorias nos processos e busca compreender as

práticas de gestão de projetos em outras organizações.

Para avaliar se a organização completou o nível 4 o entrevistado deverá responder 25

questões em que será avaliado o desempenho qualitativo e quantitativo do benchmarking na

organização, caso as respostas atingirem uma pontuação superior a 37 significa que a empresa

pode estar no nível 5 ou fase de melhoria contínua conforme definido por Kerzner (2001).

No nível 5 a organização avalia as lições aprendidas durante o processo de

benchmarking e implementa as mudanças necessárias para aprimorar a gestão de projetos da

organização e concluir com a excelência em gestão de projetos.

4.2.3 PROPOSIÇÕES TEÓRICAS

O modelo conceitual da Figura 9, apresentado no Capítulo 3, demonstra as cinco

proposições que foram elaboradas pela autora durante o estudo, com objetivo de explicitar as

reflexões do relacionamento dos temas estudados. Para Martins e Theóphilo (2009) as

proposições direcionam para o desenvolvimento de um estudo de caso e partem da premissa

que pode ser aperfeiçoada ao longo da evolução do estudo. Para Yin (2009) a proposição

direciona a análise, além de ajudar a organizar o estudo de caso.

4.2.4 DEFINIÇÃO DO SETOR E DA UNIDADE DE ANÁLISE

A formação do sistema financeiro brasileiro começou em 1808, com a fundação da

primeira instituição financeira nacional, o Banco do Brasil – na época, uma das poucas

instituições da espécie no mundo. Nas décadas de 1950, 1960 e 1970, novas instituições e

estruturas de regulação foram criadas, como o Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), situado entre as maiores agências de fomento do mundo, e o

Sistema Financeiro de Habitação (SFH) dedicado a financiamentos imobiliários. Também

foram instituídos o Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão federal superior responsável

pela fixação das diretrizes da política e monetária brasileira, o Banco Central, encarregado de

sua execução, além da regulação e supervisão do sistema financeiro, e a Comissão de Valores

56

Mobiliários (CVM), dedicada à regulação e supervisão do mercado de capitais (Por dentro do

Brasil, n.d.).

O Brasil é formado por mais de 2.300 instituições financeiras em funcionamento, entre

as quais, pelo menos, 150 bancos múltiplos e comerciais, com ativos totais superiores a R$3

trilhões e 85 milhões de contas movimentadas. Uma característica do sistema financeiro

brasileiro é a estabilidade, pois os bancos conseguiram atravessar crises financeiras

internacionais com bons indicadores. Entre setembro de 2008 e setembro de 2010 o volume

total de crédito do sistema cresceu 39,8%. Novas injeções de capital e os bons níveis de lucro

mantiveram o setor em uma posição confortável de solvência, mesmo com a ampliação dos

financiamentos (Por dentro do Brasil, n.d.).

O setor apresenta uma estrutura altamente concentrada, embora seja composto por um

número razoável de instituições bancárias operando no país. No final de 2011 os cinco

maiores conglomerados financeiros detinham aproximadamente 77% dos ativos totais, 76%

do mercado de crédito e 80% do volume de depósitos do sistema financeiro. Os avanços

tecnológicos e novas fontes de investimentos alternativos, além da desregulamentação

financeira, vêm reduzindo o monopólio de informação, por outro lado a formação de grandes

conglomerados pode alterar a competitividade do setor em decorrência dos ganhos de escala e

percepção da segurança em razão da importância sistêmica (Martins, 2012).

O Brasil apresenta um número de contas correntes por agência comparável aos países

mais desenvolvidos e bem abaixo dos países emergentes como Índia e México, o que reflete

em novos desafios para o setor. Esses desafios estão relacionados às questões de eficiência

operacional que demanda investimentos em tecnologias tanto nas agências como em outros

canais.

De 2009 para 2011 os investimentos dos bancos em projetos de TI cresceram 27%,

sendo que 25% foram destinados ao desenvolvimento de softwares, sendo que as projeções

demonstram que os bancos brasileiros irão aumentar os investimentos em tecnologia em 42%

até 2015, porém o maior desafio é planejar este investimento de forma que a eficiência e

experiência do consumidor sejam realizadas por meio de uma plataforma integrada de canais

e ofertas aos clientes (FEBRABAN, 2012).

Para viabilizar esses investimentos é necessário um suporte tecnológico para atender a

classe C e D que passou a ter acessos a serviços financeiros. Esse consumidor proporciona

uma experiência mais completa que contempla novas necessidades de utilização e

transformação de diferentes canais que demandam um ferramental de relacionamento mais

57

robusto e que atenda essa camada com agilidade e de maneira satisfatória (FEBRABAN,

2012).

Outro desafio é que as empresas do setor apresentaram o maior índice de reclamações

no PROCON (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) no ano de 2012. Pesquisas da

Febraban (2012) apontaram que o atual cenário faz com que os executivos do setor financeiro

estejam mais focados aos temas relacionados às estratégias dos negócios e existe uma

constante preocupação em investir em projetos de tecnologias que contribua com a maior

agilidade e qualidade dos serviços.

Para alavancar as demandas vindas das mudanças da economia, sociedade e a própria

evolução tecnológica, as organizações precisam refinar seus modelos tecnológicos,

governança e arquitetura tecnológica sendo que esses temas são priorizados nas agendas dos

executivos do setor (FEBRABAN, 2012). A evolução da tecnologia, a demanda que surge da

classe C e D, o perfil do consumidor cada vez mais exigente, altos investimentos em

tecnologia e a complexidade dos projetos de sistema e infraestrutura, faz com que as empresas

do setor financeiro tenham uma estrutura de gestão de projetos que pode estar alinhada a

estratégia organizacional, por essa razão esse setor foi escolhido para estudo dessa

dissertação.

A unidade de análise deste estudo é a organização e serão estudados cinco casos em

empresas multinacionais e nacionais de grande porte, classificadas entre as maiores empresas

do setor financeiro nacional. Estas empresas foram selecionadas para responder a presente

pesquisa porque apresentam as seguintes características: (1) classificadas entre os 50 Maiores

Bancos e o Consolidado do Sistema Financeiro Nacional (Bacen, 2013); (2) empresas que

utilizam recursos para a gestão de projetos; (3) empresas que promovem ou ambicionam

ações com características do empreendedorismo estratégico, conforme o conceito apresentado

na literatura e (4) disponibilidade para participar da pesquisa.

As cinco organizações solicitaram que não fossem identificadas, portanto as empresas

foram classificadas durante o estudo como: Empresa A, Empresa B, Empresa C, Empresa D e

Empresa E.

Para Yin (2009) um estudo de caso múltiplo demanda cuidados na escolha de cada

caso, o que exige que o pesquisador analise as peculiaridades de cada projeto, para que os

casos selecionados tenham uma previsão de resultados semelhantes ou resultados

contrastantes por razões previsíveis.

58

4.2.5 VALIDAÇÃO DO PROTOCOLO

O protocolo deste estudo foi desenvolvido com o objetivo de contribuir para o

direcionamento da pesquisa e para compreender três vertentes: (1) a estrutura da gestão de

projetos nas organizações pesquisadas, ou seja, compreender a cultura organizacional,

infraestrutura, processos e o apoio da alta administração, para em seguida analisar o nível de

maturidade de cada organização; (2) processos, implantação e contribuições das ações do

empreendedorismo estratégico encontradas nas organizações e (3) compreender a relação

entre os dois temas.

Para este estudo um fator relevante é compreender como as formas do

empreendedorismo estratégico são realizadas nas empresas pesquisadas e quais são os seus

resultados para a organização. Sendo assim, o protocolo de pesquisa foi elaborado com base

no referencial teórico com o objetivo de identificar as formas empreendedoras estratégicas

presentes na organização. O roteiro de pesquisa foi estruturado para validar ou recusar as

proposições apresentadas no referencial teórico.

Para Yin (2009), o protocolo aumenta a confiabilidade do estudo de caso e orienta o

pesquisador durante o processo das entrevistas. Martins e Theóphilo (2009) defenderam que o

protocolo de um estudo caso deve ser construído no início do projeto, sendo “um conjunto de

questões que, de fato, refletem a investigação real”. Para os autores, este procedimento

contribui para que o pesquisador tenha um direcionamento durante a coleta de dados e

possibilita um planejamento de como utilizar os dados coletados na fase de análise dos

resultados.

4.3 COLETA DE DADOS

Este estudo é de natureza exploratória e descritiva e para a coleta de dados utiliza

como fonte de dados primários, o instrumento da pesquisa semiestruturada. O estudo de

campo foi realizado em duas etapas: na primeira etapa os entrevistados responderam algumas

questões abertas sobre a gestão de projetos da organização em seguida responderam os

questionários PMMM para que fosse possível avaliar o nível de maturidade em gestão de

projetos de cada empresa.

A segunda etapa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas com questões

abertas, relacionadas ao tema do empreendedorismo estratégico, sendo que as ações

promovidas pelas empresas estão caracterizadas em uma ou mais formas apresentadas pela

59

literatura. Para finalizar essa fase da pesquisa foram realizadas perguntas para compreender os

reais benefícios destas iniciativas, sendo que o roteiro de entrevista está no Apêndice.

Para Marconi e Lakatos (2010) entrevista é um procedimento utilizado para a coleta de

dados sendo um importante instrumento de trabalho, nos vários campos das ciências sociais.

Para Martins e Theóphilo (2009) entrevista é uma técnica de pesquisa que tem como objetivo

compreender o contexto com base nas respostas dos entrevistados e uma entrevista

semiestruturada é conduzida por um roteiro previamente definido, porém é possível que o

pesquisador acrescente novas questões.

Para realizar a pesquisa com confiabilidade foi entrevistado um executivo de cada

organização com conhecimentos específicos da área de gestão de projetos. Os entrevistados

exercem cargos executivos de média e alta gerência e são responsáveis pela gestão de projetos

estratégicos. Todos os entrevistados apresentam um profundo conhecimento da estratégia

organizacional e conhecem bem o histórico da empresa e do setor, sendo que todos possuem

mais de 5 anos de experiência no setor financeiro.

Trabalham ou trabalharam em desenvolvimento de projetos destinados à área de varejo

das organizações pesquisadas, esse conhecimento torna possível uma contribuição efetiva

para o presente estudo. Marconi e Lakatos (2010) defenderam que o entrevistado deverá ter

um conhecimento prévio do assunto. Yin (2009, p. 135) defendeu que “entrevistados bem

informados podem proporcionar insights importantes sobre esses assuntos ou eventos”.

Para este estudo foram utilizados como fonte secundária estudos das associações

setoriais como FEBRABAN, artigos fornecidos pelo site do Banco Central do Brasil

(BACEN) e entrevistas dos altos executivos do setor financeiro para revistas de

administração. As informações destes relatórios contribuíram para a compreensão das

estratégias do setor financeiro. Por uma questão de sigilo nenhuma empresa permitiu a

divulgação de relatórios e controles internos.

Para Yin (2009) a informação documental é relevante para o estudo de caso e deve ser

objeto de coleta de dados que pode abranger desde documentos administrativos, estudos

formais, recortes de notícias, além de documentos disponíveis na internet, sendo que a

utilização destes documentos é para corroborar e aumentar a evidência de outras fontes. Para

Martins e Theóphlio (2009) o maior desafio da prática documental é verificar a veracidade

dos documentos que pode ser realizada por meio de análises cruzadas e triangulações.

4.4 ANÁLISE E RESULTADOS

60

Para analisar os dados qualitativos da pesquisa foi realizado um estudo completo de

cada caso individualmente cujas conclusões serão escritas em cinco relatórios particulares.

Em seguida foram comparados os resultados de cada relatório para que fosse indicada a

extensão da lógica da replicação. Segundo a metodologia de Yin (2009, p. 84) “estudos de

casos múltiplos devem seguir a replicação e não amostragem, sendo que os casos devem

servir de maneira similar aos experimentos múltiplos, com resultados similares (replicação

literal) ou resultados contrastantes (replicação teórica)”.

Na primeira fase da entrevista as questões relacionadas à gestão de projetos da

organização visaram compreender a estrutura, ferramentas e o apoio da alta administração aos

projetos, em seguida por meio das respostas do questionário PMMM foi possível definir o

nível de maturidade de cada organização. A análise das respostas dessa fase deu suporte para

compreender como o tema gestão de projetos é conduzido na organização e sua relevância

para a alta administração e para a cultura empresarial, além disso, foi possível categorizar a

organização em um determinado nível de maturidade.

A segunda fase da entrevista teve o objetivo de compreender se as cinco formas do

empreendedorismo estratégico são promovidas na organização. A compreensão dos fatores

ambientais e da combinação dos recursos da empresa permite avaliar se realmente existe uma

estratégia empreendedora na organização. Esta fase permitiu analisar quais as formas

empreendedoras promovidas pelas organizações e as contribuições de cada forma para as

empresas pesquisadas. Após finalizar as análises das duas etapas foi possível compreender a

veracidade das proposições do modelo conceitual apresentado na Figura 9.

Além das entrevistas com os executivos para a conclusão desta pesquisa foi realizada

uma análise documental que incluiu alguns estudos dos relatórios setoriais, pesquisas em

artigos e revistas de administração.

Em seguida foi elaborado um relatório individual para cada caso e para a conclusão do

trabalho foi realizado o diagnóstico entre os casos e uma explanação sobre o tema conforme

apresentado na Figura 10, sendo possível identificar a contribuição da maturidade da gestão

de projetos com a prática no empreendedorismo estratégico no setor financeiro. Para Yin

(2009, p. 171) “o estudo de caso múltiplo deve construir uma explanação geral que se ajusta a

cada caso individual, mesmo que os casos apresentem detalhes variados”.

A seguir serão apresentados os resultados das pesquisas, conclusões e considerações

finais do presente trabalho.

61

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A seguir apresenta-se um diagnóstico individual de cada empresa pesquisada, são

cinco empresas do setor financeiro que apresentam práticas de gestão de projetos e promovem

ações empreendedoras estratégicas. Após a análise individual foi elaborada uma análise

conjunta dos estudos de caso. Essas análises devem contribuir para a validação das

proposições apresentadas no referencial teórico e assim apresentar conclusões do presente

estudo.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS

5.1.1 EMPRESA A

A empresa A é uma multinacional de capital brasileiro e atua em diversos países como

Argentina, Uruguai, Chile, México, Estados Unidos, Portugal, Inglaterra, França, Alemanha,

etc. Com um faturamento anual superior a R$ 8 bilhões e com mais de 80.000 funcionários, a

empresa está entre as maiores do setor financeiro no Brasil. O entrevistado é um executivo

que trabalha na organização há 25 anos, responsável por projetos internacionais de TI

(Tecnologia da Informação) formado em Processamento de Dados, com Especialização e

MBA em Gestão de Projetos.

Para a gestão dos projetos a empresa segue os conceitos do guia PMBoK, porém

customizados para atender as especificações da empresa. Segundo o entrevistado “cada

projeto independente do valor possui um PMO responsável, além da presença do PMO

corporativo. Este modelo de estrutura foi criado para consolidar a cultura da gestão de projeto

na organização”. Segundo Rodrigues et al. (2005) uma gestão de projetos estruturada

contribui para reduzir conflitos entre as áreas de projetos e operações tornando possível para

as empresas buscar o aprimoramento contínuo na gestão de projetos e atingir os objetivos

estratégicos da organização.

Com o objetivo de compreender o nível de maturidade da organização, foi aplicado o

questionário PMMM a partir do nível dois e ao avaliar as respostas foi possível concluir que a

empresa supera todos os ciclos que compõem o nível dois, conforme demonstrado no Quadro

7, o que classifica a organização como nível 3 de maturidade ou metodologia singular.

62

Quadro 7: Pontuação Empresa A Questionário PMMM – Nível 2 Fonte: Elaborado pela Autora.

Em seguida foi aplicado o questionário do nível 3 proposto por Kerzner (2001) que

teve como resultado o não cumprimento dos objetivos necessários para a empresa ser

classificada no nível 4 de maturidade em gestão de projetos. As respostas do questionário

pontuaram 157 e de acordo com o conceito de Kerzner (2001) uma empresa preparada para o

nível 4 deve atingir uma pontuação mínima de 169 pontos, conforme Quadro 8.

Ao analisar as respostas do entrevistado é possível identificar um baixo investimento

em treinamento de gestão de projetos. Esta atitude da empresa está em fase de mudança, foi

lançada uma campanha que incentiva os colaboradores de todos os níveis hierárquicos a obterem

a certificação PMP do PMI, com o objetivo de disseminar a importância do profissionalismo da

gestão de projetos.

O incentivo pela busca do profissionalismo não é apenas baseado no retorno

financeiro, segundo o entrevistado, existe um reconhecimento público dos funcionários

certificados, que ocorre por meio da comunicação interna da empresa e em reuniões informais.

Para Kerzner (2001) a educação e treinamento no nível 3 não significam apenas alguns cursos

aleatórios, estes devem apoiar um modelo centralizado nas competências que permitem que os

gerentes de projetos avancem em suas habilidades partindo do básico para o avançado.

Quadro 8: Pontuação Empresa A Questionário PMMM – Nível 3

Fonte: Elaborado pela Autora.

Outro fator que faz com que a empresa não finalize o nível 3 é a falta de um histórico

de lições aprendidas dos projetos finalizados. Para Kerzner (2009) a organização deve ter

documentado todas as lições aprendidas e assim contribuir com os futuros projetos. As lições

Embrionário

Reconhecimento

Alta

Administração

Reconhecimento

Média GerênciaCrescimento Maturidade

Proposta Kerzner 6 6 6 6 6

Empresa A 10 9 10 7 10

63

aprendidas auxiliam os gerentes de projetos a não repetir erros que já aconteceram no passado da

organização.

Os projetos organizacionais são selecionados a partir de uma análise de criticidade,

complexidade e prioridade, sendo premissa da organização o alinhamento dos projetos com a

estratégia organizacional. Foi possível, durante a entrevista identificar projetos com

características empreendedoras estratégicas, sendo que alguns destes projetos foram finalizados e

apresentaram resultados positivos para a empresa. Os conceitos dos projetos estão alinhados com

as formas apresentadas na literatura e encontradas na organização:

Renovação Estratégica: A empresa com o objetivo de se fortalecer no mercado

internacional passou por um processo de fusão e foram necessárias revisão, criação e

monitoração dos processos alinhados a mudanças estruturais e estratégicas. Estas mudanças

contribuíram para mudanças da empresa se relacionar no mercado, como por exemplo, a

segmentação do atendimento de TI por linhas de negócios que contribuiu com uma maior

assertividade nas prestações dos serviços e gerou maior satisfação do cliente.

Todas as mudanças estratégicas foram suportadas por um massivo processo de

comunicação aos “stakeholders” onde reuniões, workshops, materiais impressos e digitais foram

distribuídos. Este processo de comunicação fez com que as informações atingissem todos os

níveis da empresa e promoveu o apoio de todos colaboradores aos projetos de Renovação

Estratégica.

Regeneração Sustentada: Segundo o executivo: “A empresa precisa reagir

rapidamente a oportunidades e ameaças, com isto mudanças em processos e estrutura geralmente

são necessários”. Estas mudanças são realizadas para que ocorra um contínuo desenvolvimento e

lançamento de novos serviços. A empresa tem um orçamento específico para lançamento de

serviços inovadores e diferenciados e assim manter-se competitiva no mercado financeiro, sendo

premissa da organização lançar novos serviços e soluções com frequência para manter-se

competitiva no mercado nacional e internacional.

As soluções são segmentadas por clientes e podem surgir projetos mais complexos,

neste caso, é contratada uma consultoria externa. A empresa é conhecida no setor pelo seu

desenvolvimento tecnológico e inovação na prestação de serviços. Para Covin e Miles (1999)

empresas que adotam a regeneração sustentada desenvolvem culturas, processos, sistemas e

estruturas para que ocorra um fluxo contínuo de lançamento de novos produtos ou serviços.

Essas empresas ensinam a outras organizações a aceitar mudanças, desafiar a concorrência e

competir por maior market-share.

64

Redefinição de Domínio: A empresa busca o fortalecimento internacional e faz parte

da sua estratégia ofertar serviços no mercado latino. Projetos de inovação de serviços

desenvolvidos no Brasil são utilizados para competir no mercado latino americano. A estratégia

é fazer um intercâmbio entre os funcionários de todos os países e favorecer a troca de

experiências para o lançamento de novos produtos e serviços, adaptados de acordo com a cultura

do país. A empresa incentiva ideias empreendedoras, tanto no Brasil como em outros países. Este

incentivo ocorre por meio do reconhecimento público do funcionário que apresentou as melhores

ideias e serviços inovadores.

Os produtos e serviços são padronizados de acordo com a cultura de cada país da

América Latina. Para tornar-se conhecida nesse novo mercado internacional são realizados

projetos de comunicação com a participação de latinos famosos. Com estas ações estratégicas, a

participação da organização vem crescendo nesse novo mercado e gradativamente tem

consolidado a sua marca.

Rejuvenescimento Organizacional: A organização apresenta projetos voltados para

melhorias de capacitação técnica. Esses projetos ocorrem por meio do autodesenvolvimento,

treinamento técnico e gerencial que podem acontecer em escolas, programas especializados

ou e-Learning do Portal Corporativo. O autodesenvolvimento tem como objetivo melhorar a

capacidade dos colaboradores, tornando-os mais motivados e preparados para atingir os

resultados estratégicos.

A organização busca por meio das ideias dos funcionários, melhorar os processos

internos, lançar novos serviços e inovar seu portfólio. Programas de trainee incentivam novos

talentos que são retidos pela empresa. Para Hashimoto (2006) o empreendedorismo pode

ocorrer tanto de maneira informal ou formal. O processo formal ocorre quando a empresa cria

condições para desenvolver e manter seus talentos empreendedores, que irão criar e gerar

projetos inovadores para melhorar os processos organizacionais.

Reconstrução do Modelo de Negócios: O entrevistado desconhece o

desenvolvimento de projetos com as características empreendedoras na forma de

Reconstrução do Modelo de Negócios.

5.1.2 EMPRESA B

A empresa B é uma multinacional que atua nos seguintes países: Brasil, Argentina,

Chile, Venezuela, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Itália, Dinamarca, etc. Possui um

faturamento anual de aproximadamente R$ 2 bilhões e tem mais do que 2.000 colaboradores.

65

A entrevistada é uma executiva da área de produtos que atua em projetos de desenvolvimento

de novos produtos e possui experiência de 20 anos na organização. Formada em Ciências

Contábeis e Pós Graduada em Gestão de Projetos e Gestão Estratégica, entre as suas

principais atividades destaca-se gerenciar projetos que contribuem com realização da

estratégia organizacional.

Na empresa são encontrados projetos de pequeno, médio e grande porte que envolve

soluções customizadas para clientes ou para desenvolvimento de novas soluções. Para esses,

há, aproximadamente, umas 25 pessoas envolvidas. No entanto, é possível encontrar projetos

muito grandes em que times inteiros que são separados para sua execução, podendo chegar a

quase 100 pessoas. Estes projetos são selecionados pela área de gestão de portfólio que

prioriza os projetos mais estratégicos.

Segundo a executiva, o PMO é responsável pela gestão do portfolio e depois pelo

acompanhamento e reporte, ao board, dos prazos e custos de cada projeto. Um ponto de

atenção é que quase 100% dos projetos da organização envolvem TI, que possui recursos

finitos, em razão deste cenário, existe um atraso nas entregas dos projetos.

A executiva respondeu o questionário PMMM a partir do nível 2 e a empresa atingiu

três ciclos, faltando completar os ciclos crescimento e maturidade para alcançar o nível 3 de

maturidade em gestão de projetos. Por esta razão, a classificação da organização em

maturidade de gestão de projetos é nível 2 conforme apresentado no Quadro 9.

A pontuação do ciclo crescimento ficou muito próxima à proposta de Kerzner (2001),

no entanto, a empresa não possui sistemas adequados para o controle dos projetos, o que

segunda a executiva, “resulta em um backlog no portfólio de projetos”. Outro fato que faz

com que a empresa não consiga completar o nível 2, é que cada projeto é conduzido de acordo

com os critérios do responsável, o que significa que não existe um único método de gestão de

projetos na organização. Kerzner (2009) defendeu que a organização, ao utilizar uma

metodologia padronizada e consistente na gestão de projetos, pode contribuir com o

planejamento do projeto e ter um retorno melhor do que políticas e procedimentos rígidos.

Quadro 9: Pontuação Empresa B Questionário PMMM – Nível 2

Fonte: Elaborado pela Autora.

66

Um fator relevante é que na organização o cargo de gerente de projetos é inexistente,

ou seja, qualquer funcionário que tem um projeto para executar, pode ser considerado gerente

de projetos e a busca para uma certificação ou profissionalismo da profissão é pouco

incentivada pela empresa. Para Kerzner (2009), selecionar pessoas sem o perfil adequado para

a gestão de projetos pode resultar em aumento no prazo de implementação e até mesmo baixar

a motivação das equipes de projetos.

A estratégia organizacional é alinhada ao portfólio de projetos da empresa, o que torna

possível identificar projetos com características empreendedoras, conduzidos por diversas

áreas e equipes na empresa, mas todos com o objetivo de manter a empresa competitiva no

setor. Após a apresentação de todos os conceitos empreendedores estratégicos, a executiva

apresentou alguns projetos com as formas do empreendedorismo estratégico durante a

entrevista:

Renovação Estratégica: A organização atua há muitos anos no mercado brasileiro, de

forma competitiva e possui uma marca consolidada no setor. Por esta razão a empresa não

tem interesse em projetos de renovação estratégica. Kuratko e Audretsch (2008) defenderam

que nem toda empresa que adota uma nova estratégia competitiva tem como objetivo a

renovação estratégica. Esse fenômeno ocorre quando efetivamente existem esforços da

organização para o reposicionamento de mercado dentro do seu espaço competitivo.

Regeneração Sustentada: A empresa visa aprimorar seu portfólio de produtos,

lançando novos produtos e serviços inovadores. Uma premissa da organização é que todos os

projetos devem estar alinhados à estratégia, nem que para isso seja necessário mudanças na

estrutura e nos processos. Segundo a executiva: “Todas as mudanças são comunicadas em

eventos e quando não contribuem com resultados positivos para a organização, rapidamente é

realizada uma revisão e aprimoramento dos processos”.

Existe um programa na empresa que permite ao gerente de produtos “definir o tom dos

seus negócios” e coloca toda a estrutura necessária para trabalhar a favor dos projetos

estratégicos. Com roteiros e templates bem definidos, este programa busca elevar o patamar

do processo de evolução de portfólio e manter a organização na atual posição competitiva no

mercado.

A organização está em uma fase avançada para conduzir ações de regeneração

sustentada, ou seja, tem trabalhado na revisão dos processos com o objetivo de lançar novos

produtos e concretizar projetos estratégicos com maior frequência. As mudanças já

apresentaram alguns resultados positivos que contribuíram para a finalização de alguns

projetos que estavam pendentes. No entanto, não é possível afirmar que a empresa promove

67

ações de regeneração sustentada por completo, porque não apresenta um contínuo lançamento

de serviços inovadores e por constar no portfólio uma grande quantidade de projetos sem

finalização.

Redefinição de Domínio: Durante a entrevistada foram apresentados serviços

pioneiros no mercado nacional. A estratégia destes serviços criou barreiras para os novos

entrantes e para a concorrência que até o momento não consegue ofertar produtos similares.

As barreiras acontecem em razão do alto custo do desenvolvimento desses serviços e pela

complexidade dos projetos expostos.

O lançamento destes serviços contribuiu para a empresa alcançar novos espaços e

proteger aproximadamente vinte por cento do faturamento do portfólio de produtos. Segundo

a entrevistada: “Foram projetos complexos em que grandes equipes trabalharam”. A empresa

precisou fazer parcerias com clientes e utilizar o conhecimento técnico de seus colaboradores,

outro fator relevante para a condução desses projetos foi o apoio da alta administração durante

a gestão destes projetos.

Rejuvenescimento Organizacional: A empresa recentemente tem investido em

projetos com características de Rejuvenescimento Organizacional que abrangem novos

processos, sistemas e capacitação dos colaboradores. Os resultados financeiros e estratégicos

dos projetos com foco em Rejuvenescimento Organizacional são perceptíveis no aumento do

faturamento e na manutenção da posição competitiva no mercado. Para Hashimoto (2006)

grandes organizações têm enfrentado os desafios do aumento da complexidade do mercado e

precisam focar mais na inteligência dos seus colaboradores, ao invés de apenas gerar esforços

para o crescimento do tamanho.

Reconstrução do Modelo de Negócios: A entrevistada não reconhece nenhum projeto

estratégico da empresa com as características de Reconstrução do Modelo de Negócios.

5.1.3 EMPRESA C

A empresa C é uma multinacional de capital nacional e está classificada no ranking

das cinquenta maiores empresas do setor. Possui mais de 100 mil funcionários e um

faturamento anual superior a 100 bilhões. O entrevistado é um executivo que atua na

organização há mais de 12 anos, mestre em administração de empresas, responsável pelo

desenvolvimento de sistemas e tecnologia de negócios. Algumas informações adicionais da

pesquisa foram encontradas em revistas de administração de empresas, em que a alta

administração da empresa explica algumas ações empreendedoras estratégicas realizadas.

68

A empresa tem atuado em diversos países como Argentina, Itália e Estados Unidos e

para cada projeto de desenvolvimento de sistemas o orçamento é sempre superior á R$ 1

milhão. Os projetos são aprovados pelas Diretorias de Negócios e Sistemas sendo o PMO

responsável pela entrega. A organização possui uma gestão de projetos estruturada, o que

pode ser identificado no resultado da pontuação do questionário PMMM. Segundo as

respostas do entrevistado a empresa atinge uma pontuação superior à proposta por Kerzner em

cada ciclo do nível 2, conforme apresentado no Quadro 10.

Quadro 10: Pontuação Empresa C- Questionário PMMM – Nível 2

Fonte: Elaborado pela Autora.

Em seguida foi aplicado o segundo questionário para identificar se a empresa completa

todos os processos do nível 3. A análise do questionário demonstrou uma pontuação de 164, o

que significa que a organização faz esforços para alcançar o nível 4 de maturidade em gestão

de projetos, conforme apresentado no Quadro 11. Para Kerzner (2001) esta pontuação indica

que a organização está na direção correta para alcançar a maturidade, no entanto, ainda são

necessárias algumas ações para o aprimoramento da gestão de projetos.

Quadro 11: Pontuação Empresa C- Questionário PMMM – Nível 3

Fonte: Elaborado pela Autora.

A empresa tem processos e uma cultura organizacional que ultrapassa a pontuação no

nível 3 sugerida por Kerzner (2001). No entanto, ainda apresenta uma estrutura tradicional

vertical em que o gerente de projetos, segundo o entrevistado “possui pouca autonomia e

apoio para executar os projetos”. A Excelência Comportamental não atingiu a pontuação

esperada porque algumas atividades de projetos da empresa são administradas pelos gerentes

funcionais. Kerzner (2009) defendeu que a integração das atividades que atravessam as linhas

funcionais podem gerar conflitos de interesses, o que poder resultar em lentidão na execução

dos projetos e nas tomadas de decisão da organização.

69

Com uma gestão de projetos bem estruturada e classificada no nível 3 de maturidade, a

empresa promove ações com características empreendedoras estratégicas e que foram

explicadas durante a entrevista, no entanto, por uma questão de sigilo o entrevistado não pode

fornecer detalhes de cada ação. Para a organização, o empreendedorismo estratégico visa

aumentar o market share da empresa e manter a sua competitividade no setor financeiro,

sendo esta organização classificada no ranking das maiores empresas do setor financeiro.

Segundo o executivo da organização as ações estratégicas estão sendo realizadas com

eficiência, sendo possível encontrar algumas contribuições para a estratégia organizacional.

Renovação Estratégica: A organização promove a renovação estratégica em duas

diretrizes: Relacionamento com o Cliente e Processos Internos. Estes projetos tiveram a

finalidade de quebrar paradigmas do mercado financeiro. Para realizar os projetos de

renovação estratégica, primeiro foi realizada uma mudança cultural da organização

principalmente na área de TI que foi obrigada a mudar sua postura diante da inovação. Em

seguida houve uma mudança dos processos internos que contribuiu para os projetos de

melhorias no atendimento aos clientes. As mudanças transformaram a forma de

relacionamento da empresa com o cliente e foi pioneira na prestação de alguns serviços.

Os serviços lançados pela empresa criaram uma nova demanda no mercado e fez com

que a concorrência buscasse uma resposta rápida, ou seja, a organização conseguiu mudar

alguns paradigmas do setor. Os projetos de renovação estratégica apresentaram resultados

positivos para a organização, sendo um exemplo, o lançamento de serviços para atender 4,5

milhões de clientes que já eram considerados como perdidos pela empresa.

Regeneração Sustentada: A organização lança constantemente novas soluções e

facilidades para acesso aos seus serviços com o objetivo de melhor atender os seus clientes.

Para que ocorra o desenvolvimento de novos serviços financeiros é necessária uma tecnologia

avançada e recentemente houve uma mudança na estrutura, processo e cultura da área de TI.

Essa mudança acabou com a reatividade da área a novos projetos estratégicos, promovendo o

envolvimento da área ao core da empresa.

As mudanças na estrutura da organização também contribuíram para a finalização dos

projetos de sustentabilidade e redução dos custos operacionais. O ganho financeiro de cada

ação ainda não foi mensurado, nem apresentado aos acionistas, no entanto, alguns serviços

cujo desenvolvimento era considerado complexo foram lançados recentemente no mercado e

existe a previsão para o lançamento de mais soluções inovadoras.

Durante a entrevista foi possível identificar ações de regeneração sustentada

implementadas com eficiência alcançando o resultado esperado pela alta administração.

70

Redefinição de Domínio: A empresa apresentou pioneirismo ao ofertar serviços para

celular, Smart TV e por meio do Google e do Facebook. Esses serviços já possuem mais de

um milhão de usuários que consultam seus investimentos sem sair das redes sociais. Segundo

o entrevistado “a empresa busca o pioneirismo para lançar novos produtos e manter se

competitiva”. Kim e Mauborgne (2005) defenderam que a inovação pode estar na forma em

que os serviços da empresa são executados, para os autores uma mesma função pode ser

executada de formas diferentes para atender as necessidades dos usuários.

Rejuvenescimento Organizacional: Para a alta administração da organização o

conhecimento e a busca de certificações e treinamentos são fundamentais para ações

estratégicas. Incentivos para aumentar a capacidade organizacional são realizados por meio de

diversos treinamentos para todas as áreas da empresa. Existe uma ação que incentiva os

colaboradores a apresentarem novas ideias empreendedoras. Ao selecionar estas ideias a

organização quer provar que é possível utilizá-las de forma inteligente. Para concretizar estas

ideias, a área de inovação promoveu uma cultura corporativa de colaboração entre as diversas

áreas.

Reconstrução do Modelo de Negócios: A empresa está terceirizando uma parte da

área de TI. A mudança nessa área tem com objetivo alinhar a estratégia organizacional com

TI e criar um novo modelo de negócios na organização. Por ser um projeto com aspectos

estratégicos, não foi possível obter maiores detalhes da ação.

5.1.4 EMPRESA D

A Empresa D é uma empresa nacional com um faturamento anual superior a R$ 2

bilhões e com aproximadamente 4.000 funcionários. O executivo responsável pelas respostas

da pesquisa é o responsável pelos projetos de TI com MBA em finanças. Cada projeto possui

um investimento médio de R$ 500 mil e equipes de projetos contam com aproximadamente

10 funcionários.

O questionário foi aplicado ao executivo e a empresa está classificada no nível 2 em

maturidade de gestão de projetos e se concentra no ciclo Embrionário, conforme Quadro 12. É

possível verificar uma baixa pontuação em todos os ciclos do nível 2, principalmente no ciclo

crescimento. A fase embrionária é o momento que a organização se conscientiza que a gestão

de projetos pode resultar em benefícios, no entanto, para a evolução da maturidade é

necessário o comprometimento de toda a empresa com o apoio da alta administração

(Kerzner, 2009).

71

Quadro 12: Pontuação Empresa D- Questionário PMMM – Nível 2

Fonte: Elaborado pela Autora.

Durante a entrevista foi possível identificar a falta de apoio dos executivos e das

gerências na gestão de projetos. O ciclo crescimento apresentou a menor pontuação porque

falta um planejamento de projetos adequado que resulta em constantes mudanças de escopo

durante a execução dos projetos. Segundo o executivo “a organização não possui sistemas

adequados para o controle dos projetos, além de não incentivar o aperfeiçoamento e a

profissionalização da gestão de projetos”. Estes fatores alinhados com as resposta do

entrevistado demonstram a falta de objetivo da empresa em alcançar a maturidade em gestão

de projetos.

A empresa tem o propósito de promover ações empreendedoras estratégicas, para

aumentar o seu market share e consolidar a sua marca no mercado financeiro. O entrevistado

explicou que projetos com características empreendedoras estratégicas tem sido o foco da

organização, no entanto, ao analisar as práticas é possível concluir que os projetos da empresa

se apresentam de forma conservadora e muitos desses não estão alinhados aos conceitos e

formas do empreendedorismo estratégico apresentadas na literatura.

Renovação Estratégica: A empresa tem o objetivo de aumentar o market share e

busca realizar a Renovação Estratégica por meio de projetos. No entanto, até o momento, os

projetos foram limitados a uma campanha mais agressiva de marketing, não estando de

acordo com os conceitos de renovação estratégica encontrados na literatura. A renovação

estratégica promove a mudança na forma de competir da empresa que passa a se concentrar

no alinhamento da sua estratégia com o ambiente externo (Dess et al., 2003).

Regeneração Sustentada: A empresa visa melhorar seus processos para melhor

atender aos seus clientes e alcançar suas metas comerciais. Para isto mudou sua cultura

interna contratando profissionais capacitados do setor financeiro e alterando os processos e

políticas comerciais. No entanto, estas são ações recentes com foco apenas na área comercial

que não apresentaram resultados concretos. A organização não tem como objetivo o

72

lançamento de novos produtos ou serviços, tampouco a inovação, sendo assim não apresenta

ações de regeneração sustentada.

Redefinição de Domínio: Segundo o entrevistado, a empresa possui serviços com

taxas de juros menores do que a concorrência criando uma barreira para novos entrantes na

prestação de seus serviços. Embora a organização tenha filiais em diversos estados do Brasil,

não busca o pioneirismo, ou seja, não tem o interesse em lançar novos produtos no mercado.

A conclusão da entrevista foi que a organização não apresenta o empreendedorismo

estratégico na forma de redefinição de domínio.

Rejuvenescimento Organizacional: É a forma do empreendedorismo estratégico

mais presente na organização. Existe um incentivo para a capacitação dos colaboradores no

qual paga até 50% de cursos de graduação e pós-graduação. Além disso, foram contratados

novos funcionários do mercado para que ocorram mudanças de paradigmas na organização.

Essas mudanças abrangem mudanças nos processos e a disseminação de uma cultura voltada

para qualidade no atendimento aos clientes.

Reconstrução do Modelo de Negócios: A empresa não tem interesse em projetos

com as características de reconstrução do modelo de negócios.

5.1.5 EMPRESA E

A empresa E é nacional e está classificada entre as maiores do setor no mercado

nacional, com um faturamento anual superior a R$ 2 bilhões de reais. A executiva que

respondeu o questionário é mestre em administração e responsável pela execução dos projetos

estratégicos da organização. A empresa possui dois direcionamentos para a gestão de projetos:

(1) Projetos Estratégicos em que o responsável é um gerente do escritório de projetos que é

acompanhado pela alta direção e segue uma metodologia da empresa com base no PMBoK e

(2) Projetos Não Estratégicos que são conduzidos seguindo a metodologia da empresa e são

executados pelos gerentes de TI.

Os projetos estratégicos são aprovados por um comitê técnico, em seguida por um

comitê executivo e para finalizar são avaliados pelo comitê orçamentário. Para a gestão dos

projetos estratégicos é nomeado um gerente de projetos, que interage com os diretores

executivos em reuniões de status. A participação e patrocínio da alta administração

contribuíram com o desenvolvimento dos projetos da empresa (Kerzner, 2001).

A empresa atua com indicadores de qualidades e tem o PMO responsável em

acompanhar a qualidade dos projetos, no entanto, este não é o responsável pela entrega dos

projetos. As respostas do questionário PMMM para avaliar a maturidade em gestão de projetos,

73

concluem que a empresa mesmo com altos investimentos em projetos e com o reconhecimento

da necessidade de uma metodologia única e específica ainda está classificada no nível 2 de

maturidade em gestão de projetos conforme Quadro 13.

Quadro 13: Pontuação Empresa E - Questionário PMMM – Nível 2

Fonte: Elaborado pela Autora.

Com um portfólio de projetos estratégicos que podem chegar a um orçamento de até

R$ 80 milhões, a empresa ainda precisa ganhar o apoio da média gerência na gestão dos

projetos organizacionais. Durante a entrevista, foi explicado que este apoio precisa ser

fortalecido. A organização não pontuou na fase crescimento e maturidade, sendo que o

principal motivo para a baixa pontuação é a constante mudança de escopo durante o projeto.

Para completar o ciclo maturidade, é necessário que a organização melhore seus

sistemas de controle de custos de projetos, segundo informações da entrevistada. A empresa

apresenta esforços para aumentar a maturidade em gestão de projetos e tem investido em

ações empreendedoras estratégicas devido à possibilidade de entrada de novos concorrentes

que devem fornecer uma prestação de serviços com características semelhantes aos serviços

da empresa pesquisada.

A ameaça da concorrência reflete na organização no aumento da seleção de projetos

estratégicos para que a organização responda rapidamente as demandas do mercado. Sendo

assim, o atual cenário faz com que a área de portfólio priorize projetos com as características

empreendedoras.

Renovação Estratégica: Durante a entrevista não foram apresentados projetos de

renovação estratégica.

Regeneração Sustentada: A empresa implantou projetos para promover mudanças

nos processos organizacionais e desenvolver novos serviços. Para alcançar este objetivo foi

criado um departamento de processos responsável pelo mapeamento dos processos da

empresa. No entanto, por ser recente, este ainda não contribuiu com resultados consistentes.

Portanto não foi possível identificar ações com características de regeneração sustentada.

Redefinição de Domínio: A organização, ao constatar que novos entrantes ameaçam a

sua competitividade, decidiu inovar por meio de serviços pioneiros no mercado. O projeto de

Embrionário

Reconhecimento

Alta

Administração

Reconhecimento

Média GerênciaCrescimento Maturidade

Proposta Kerzner 6 6 6 6 6

Empresa E 9 9 4 3 4

74

desenvolvimento desses novos serviços está sendo conduzido pela equipe de gestão de

projetos estratégicos. É um projeto complexo agrupado em programas na organização e que

demanda conhecimento técnico com equipes de 40 funcionários. Por estar em fase de

desenvolvimento ainda não apresentou resultados, a previsão para a entrega do projeto é de

dois anos.

Rejuvenescimento Organizacional: A empresa investe em capacitação e na

especialização dos colaboradores independente da área de atuação. Esta estratégia faz com

que todos conheçam o mercado de atuação da empresa e possam contribuir com ideias

empreendedoras. A capacitação dos funcionários, segundo a executiva, faz com que todos

colaborem com a gestão dos projetos estratégicos. Os resultados do rejuvenescimento

organizacional permitem melhores resultados para a organização, além de manter a sua

vantagem competitiva no setor de atuação.

Reconstrução do Modelo de Negócios: Não existem projetos para a reconstrução do

modelo de negócios.

5.2 ANÁLISE CONJUNTA DOS DADOS

Para compreender a contribuição da maturidade em gestão de projetos no

empreendedorismo estratégico em empresas do setor financeiro foram pesquisadas cinco

empresas com diferentes níveis de maturidade e visões estratégicas distintas. Embora seja

possível identificar ações empreendedoras estratégicas nas cinco empresas, seja para manter

ou aumentar a competitividade no mercado, estas ações foram apresentadas com diferentes

objetivos e resultados distintos para cada empresa.

As empresas D e E, com menor maturidade em gestão de projetos, apresentaram os

menores números de projetos empreendedores estratégicos e muitas de suas ações não foram

finalizadas tampouco existe um planejamento para finalizá-las em curto prazo. A falta de

término nos projetos estratégicos da empresa D é reflexo do pouco incentivo aos projetos

organizacionais, além da ausência de controles dos projetos. A empresa D embora seja

uma empresa grande, apresenta uma baixa maturidade em gestão de projetos que não

contribui para as práticas empreendedoras estratégicas.

Ao contrário da empresa E que possui um alto orçamento para projetos estratégicos.

Este orçamento visa promover projetos que impeça que novos entrantes ocupem o seu nicho

de mercado. No entanto, a empresa ainda apresenta baixa maturidade em gestão de projetos

75

que resulta em constantes mudanças de escopo dos projetos e pouco apoio da gerência. Este

cenário impacta nos prazos de entrega dos projetos empreendedores estratégicos.

A empresa B caminha para o crescimento da maturidade em gestão de projetos,

estando próxima de atingir o nível 3. Os esforços para o crescimento da maturidade em gestão

de projetos têm a finalidade de contribuir com a concretização das práticas empreendedoras

estratégicas. Esta organização ao perceber a ameaça de novos concorrentes no mercado

passou a investir na gestão de projetos e realizar suas estratégias empreendedoras.

As empresas A e C foram as que fizeram um maior investimento na gestão de projetos,

que inclui o incentivo a profissionalização desta disciplina na empresa. Elas atingiram o nível

de 3 de maturidade e apresentaram uma maior quantidade de projetos empreendedores

estratégicos realizados com eficiência. São empresas classificadas entre as primeiras do setor

financeiro no Brasil, reconhecidas pela inovação e que conseguiram alcançar a confiança que

o setor demanda. Estas empresas tem uma imagem relacionada à inovação e serviços de alta

tecnologia no atendimento aos seus clientes.

Os dados coletados durante as entrevistas permitiram concluir que, conforme maior o

nível de maturidade em gestão de projetos, maior é o número de ações empreendedoras

estratégicas nas organizações com resultados benéficos para a empresa e para o setor que

demanda inovação. Para facilitar a análise dos cinco casos estudados, o Quadro 14 apresenta

uma análise comparativa das organizações estudadas e o Quadro15 sintetiza a análise cruzada.

76

Quadro 14: Perfil dos Casos Estudados.

Fonte: Elaborado pela Autora.

Quadro 15: Nível de Maturidade em Gestão de Projetos x Formas Empreendedoras Estratégicas.

Fonte: Elaborado pela Autora.

77

5.3 ANÁLISE DAS PROPOSIÇÕES DA PESQUISA

A seguir, cada uma das proposições de 1 a 5 que foram definidas no capítulo 4 desta

dissertação, será analisada individualmente à luz das entrevistas realizadas com os executivos

de cada organização do setor financeiro. Serão apontados os principais fatores em comum

entre as organizações estudadas, assim como as divergências dando origem ao modelo final.

5.3.1 Análise da Proposição 1

As empresas A e C foram as empresas que completaram o nível 2 de maturidade em

gestão de projetos e ambas apresentaram ações relevantes de renovação estratégica. No caso

da empresa A houve uma fusão na qual mudou a sua forma de relacionamento com o

mercado, além de desenvolver uma mudança cultural que impactou nos processos,

comunicação e gestão de pessoas. A empresa C também mudou os seus paradigmas e

concluiu os seus projetos de renovação estratégica que já apresentam alguns resultados

positivos, como por exemplo, novas formas de se relacionar com os clientes.

Segundo a análise das respostas do questionário PMMM as empresas B, D e E não

concluíram o nível 2 de maturidade tampouco apresentaram ações relevantes de renovação

estratégica. Segundo o executivo da empresa D: “a organização tem o objetivo de promover a

renovação estratégica”, no entanto, durante a entrevista, os projetos citados não foram

realizados e muito deles não podem ser caracterizados como empreendedorismo estratégico.

Ao analisar as cinco empresas é possível concluir que as empresas que estão no nível 3

de maturidade em gestão de projetos desenvolvem projetos de renovação estratégica. As

empresas classificadas a partir do nível 2 não conseguiram alcançam este objetivo por duas

razões: (1) não tem interesse de renovar a estratégia; (2) falta de estrutura para concretizar

estes projetos como o caso da Empresa D.

5.3.2 Análise da Proposição 2.

O resultado do questionário PMMM de cada organização demonstra que apenas as

empresas A e C que estão no nível 3 de maturidade em gestão de projetos, consideram a

regeneração sustentada relevante para a competitividade. As duas empresas possuem

orçamento para realizar ações de regeneração sustentada e constantemente tem lançado novas

soluções para os clientes, consideradas inovadoras no mercado financeiro. Estas soluções são

78

realizadas por meio de projetos considerados complexos pelas organizações, que envolvem

grandes equipes especializadas em gestão de projetos, além do conhecimento técnico.

A empresa B e E classificadas como nível 2 de maturidade em gestão de projetos tem

trabalhado para uma mudança de cultura e inovação dos serviços. Para alcançar este objetivo,

as duas empresas tem constantemente revisado e alterado os seus processos para o lançamento

de produtos e serviços inovadores no mercado. No entanto, durante as entrevistas, não foi

possível identificar ações concretas de regeneração sustentada, ou seja, os projetos

apresentados ainda não foram concluídos e não existe nestas organizações um processo

contínuo de lançamento de soluções ou serviços inovadores e estratégicos. A empresa D tem

mudado todos os seus processos para melhor atender o seu cliente, mas não tem o objetivo de

lançamento de novos serviços no mercado, muito menos inovação na prestação dos seus

serviços.

Os dados coletados durante todas as entrevistas permitem concluir que para ter um fluxo

contínuo de lançamento de produtos ou serviços inovadores é necessário ter uma cultura

flexível e preparada para as mudanças nos processos, fator que todas as organizações estão

trabalhando. A empresa B tem realizado esforços para aumentar a maturidade em gestão de

projetos e realizar os projetos com as características de regeneração sustentada que constam

em seu portfólio.

O resultado das pesquisas demonstra que a organização deverá atingir no mínimo o

nível 3 de maturidade em gestão de projetos para promover ações de regeneração

sustentada e ter um constante lançamento de novos serviços ou produtos inovadores no

mercado.

5.3.3 Análise da Proposição 3

Foi possível identificar em algumas organizações pesquisadas, projetos

empreendedores com características de redefinição de domínio, seja na forma de pioneirismo

ou by-pass. A empresa A busca inovar em novos mercados e com esta estratégia tem

alcançado resultados positivos diferentemente da empresa C que é pioneira em lançamento de

soluções que facilitam o acesso dos clientes aos serviços da organização.

A empresa B classificada no nível 2 de maturidade, implementou projetos pioneiros e

complexos capazes de criar barreiras para os novos entrantes. A empresa E está em fase de

desenvolvimento de um grande projeto e que envolve um grande time. Este projeto é de

79

desenvolvimento de um serviço pioneiro no mercado com características inovadoras segundo

a executiva.

Ao confrontar todas as entrevistas e analisar cada projeto apresentado pelas empresas,

seja em fase de execução ou implementados, é possível concluir que as empresas classificadas

no nível 2 e nível 3 de maturidade de gestão de projetos, conduziram de forma eficiente os

projetos estratégicos de redefinição de domínio, sendo assim organizações classificadas a

partir do nível 2 conseguem executar projetos de redefinição de domínio.

5.3.4 Análise da Proposição 4

Nenhuma empresa pesquisada atingiu o nível 4 de maturidade em gestão de projetos,

no entanto é possível identificar que as organizações, independentes do nível de maturidade

em gestão de projetos, realizam ações para o rejuvenescimento organizacional. Existe um

conceito comum entre as empresas da importância da capacitação do funcionário e da busca

por colaboradores qualificados no mercado de trabalho. Os incentivos aos colaboradores para

ideias estratégicas com características empreendedoras podem ser encontrados nas cinco

empresas, seja na forma de premiação, investimentos em capacitação ou reconhecimento

público.

Em todas as entrevistas foram apresentados investimentos para o rejuvenescimento

organizacional, algumas empresas investiram na qualificação e sistemas para melhorar a

gestão de projetos. Em outras organizações houve investimento no conhecimento da

estratégia. Além de melhorar a qualificação dos funcionários, estas empresas têm aprimorado

seus sistemas, mudanças dos processos, cultura e conceitos. Essas mudanças contribuíram nas

cinco empresas para a realização do rejuvenescimento organizacional.

Após as entrevistas é possível definir que para a realização do rejuvenescimento

organizacional, as empresas podem estar classificadas a partir do nível 2 de maturidade

em gestão de projetos, não precisando atingir o nível 4 benchmarking.

5.3.5 Análise da Proposição 5:

Entre as organizações pesquisadas a empresa C foi a única em que o executivo

identificou um projeto caracterizado como reconstrução do modelo de negócios. Este projeto

é de longo prazo e ainda não foi concluído na organização, mas segundo uma análise

documental algumas fase do projeto que foram finalizadas, trouxeram alguns benefícios para

80

a empresa, não sendo possível ainda mensurar os ganhos financeiros. A organização C é a que

possui o maior nível de maturidade entre as empresas pesquisadas, sendo possível concluir

que para gerenciar projetos de reconstrução do modelo de negócios é necessário que a

empresa seja classificada a partir do nível 3.

As entrevistas e análises das cinco empresas permitiram concluir o modelo conceitual

apresentado no capítulo 3 deste trabalho, esta conclusão é apresentada na Figura 11. Ações

como redefinição de domínio e rejuvenescimento organizacional podem ser realizadas por

empresas que tem o nível 2 de maturidade em gestão de projetos. Sendo o rejuvenescimento

organizacional a forma de empreendedorismo estratégico que menos demandou maturidade

em gestão de projetos. A empresa classificada no ciclo embrionário é capaz de adotar o

rejuvenescimento organizacional.

Para realizar as formas do empreendedorismo estratégico simultaneamente e tornar-se

mais competitiva e inovadora no mercado a organização deve estar classificada a partir do

nível 3 de maturidade em gestão de projetos. A regeneração sustentada e redefinição de

domínio, por serem projetos mais complexos, demandam que a empresa tenha maior

maturidade na gestão de projetos.

Figura 11 – Análise das Proposições: Contribuição da Maturidade em Gestão de Projetos na Execução dos

Projetos Empreendedores Estratégicos.

Fonte: Elaborado pela autora.

A seguir serão apresentadas as contribuições do presente estudo para a prática nas

empresas.

81

6. CONTRIBUIÇÃO PARA A PRÁTICA

Uma empresa pode adotar mais de uma forma de empreendedorismo estratégico

simultaneamente (Covin e Miles, 1999). As diferentes formas do empreendedorismo

estratégico têm como característica comum a inovação em grande quantidade com o objetivo

de obter vantagem competitiva (Kuratko, Morris, & Covin, 2011).

Desta forma o presente trabalho visa contribuir com as empresas do setor financeiro

que realizam ou visam promover as práticas do empreendedorismo estratégico com o objetivo

de aumentar a competitividade no setor ou simplesmente para manter-se no mercado. Durante

a pesquisa, alguns entrevistados responderam que suas empresas não têm o interesse em

adotar todas as formas de empreendedorismo estratégico, mas foi possível identificar no

planejamento das cinco organizações ações com características de empreendedorismo

estratégico.

Durante a pesquisa foi possível encontrar projetos empreendedores estratégicos

considerados relevantes para a empresa e que não foram concluídos ou estão sem previsão de

término. A falta de finalização dos projetos empreendedores estratégicos causa prejuízos para

a organização em que os recursos humanos e financeiros foram disponibilizados e não há

perspectiva de retorno destes investimentos, além de impactar na estratégia organizacional.

Por estas razões, ao planejar uma estratégia empreendedora é importante compreender

qual o nível de maturidade da gestão de projetos. Este entendimento poderá contribuir com o

planejamento dos projetos empreendedores da organização e na avaliação da capacidade de

condução destes, gerando maior assertividade nos projetos que demandam maior

conhecimento técnico.

Para que as organizações do setor financeiro possam compreender o seu

comportamento empreendedor estratégico, o presente estudo desenvolveu uma matriz que

considera duas dimensões: (1) nível de maturidade da gestão de projetos e (2) quantidade de

projetos empreendedores estratégicos.

A primeira dimensão é o nível de maturidade em gestão de projetos em que a

organização se encontra. Durante o estudo, as empresas pesquisadas atingiram dois níveis de

maturidade em gestão de projetos (nível 2 ou nível 3). O nível 2 apresenta cinco ciclos de

evolução da maturidade e quanto mais ciclos a empresa concluir mais alto o seu nível de

maturidade. O nível 3 considerado como metodologia singular, significa que a empresa

desenvolveu as técnicas e sistemas necessários para executar projetos de forma mais eficiente.

82

A segunda dimensão da matriz é a quantidade de projetos empreendedores estratégicos

que constam no portfólio da empresa. O presente estudo demonstrou que quanto mais formas

empreendedoras estratégicas as empresas do setor financeiro adotam, mas competitivas elas

se tornam sendo reconhecidas no setor pela sua capacidade de inovação.

A relação entre as duas dimensões da matriz, permite identificar quatro diferentes

comportamentos que estão classificados como: (1) Estagnado; (2) Reativo; (3) Idealista e o

(4) Empreendedor Estratégico.

Figura 12 – Padrões de Comportamento de Empreendedorismo Estratégico nas Organizações.

Fonte: Elaborado pela autora.

Cada perfil das organizações pode ser descrito da seguinte forma:

Estagnado: São grandes empresas que estão entre as líderes do mercado e por esta

razão não se preocupam com a concorrência tampouco buscam inovar seus serviços.

Acreditam que as campanhas publicitárias são suficientes para manter a sua competitividade.

Suas ações empreendedoras estratégicas se resumem em projetos voltados para algumas

melhorias internas, no entanto evitam projetos complexos e que demandam altos custos e

riscos operacionais.

Empresas com perfil Estagnado e classificadas no nível 2 de maturidade, não

possuem uma cultura que contribui com a gestão de projetos refletida na falta de apoio aos

projetos tanto da alta administração como dos gerentes. São raros os investimentos nessas

83

organizações para aumentar o nível de maturidade em gestão de projetos e o apoio à

profissionalização desta atividade é praticamente nulo nestas empresas.

Idealista: Empresas com perfil idealista apresentam em seu portfólio diversas ações

empreendedoras estratégicas e buscam constantemente a inovação. Estas empresas tem

consciência da alta competitividade do setor e seu objetivo principal é manter-se na posição

em que ocupam no mercado. Promovem ações de empreendedorismo estratégico nas

diferentes formas, sendo possível encontrar em diversas áreas da empresa o incentivo para

que os funcionários tenham ideias empreendedoras. Este apoio ao empreendedorismo

estratégico ocorre por meio de investimentos para capacitar os funcionários e até mesmo

premiações para as melhores ideias de inovação.

No entanto, estas organizações são classificadas no nível 2 de maturidade em gestão

de projetos e são poucos os investimentos para aperfeiçoar a gestão de projetos. O apoio aos

funcionários para buscar uma certificação na disciplina de projetos é inexistente. A cultura

destas organizações faz com que os projetos não sejam finalizados conforme o planejado,

devido ao pouco apoio das gerências para realizar projetos. Outra dificuldade apresentada por

estas empresas são as diversas mudanças de escopo durante a fase de execução dos projetos.

A falta de preparo das equipes de projetos contribui para os desvios do realizado com o

planejado.

A baixa maturidade em gestão de projetos e o grande número de ações

empreendedoras em uma organização podem resultar em projetos inacabados que são

simplesmente abandonados durante a fase execução, ou seja, são esquecidos pela empresa

causando um prejuízo para a organização.

Reativo: São empresas líderes no mercado que preferem não inovar as estratégias,

tampouco atingir novos mercados. As ações empreendedoras estratégicas são direcionadas

para melhorias dos processos e capacitação dos funcionários. São empresas conservadoras

que tem aversão aos riscos do empreendedorismo estratégico principalmente se as ações

apresentarem maior complexidade. Este conservadorismo ocorre até o momento em que

surgem as ameaças de novos concorrentes, neste caso, estas empresas rapidamente respondem

ao mercado e conseguem criar barreiras para os novos entrantes por meio de lançamento de

novos serviços.

O imediatismo para responder ao mercado acontece porque estas empresas são

classificadas no nível 3 de maturidade em gestão de projetos. Estão preparadas para, em caso

de necessidade, executar projetos complexos e com prazos reduzidos. Existem nestas

organizações, incentivos para o aprimoramento da gestão de projetos por meio de sistemas

84

capazes de controlar projetos. Estas organizações apresentam o acompanhamento da alta

administração aos projetos estratégicos.

Empreendedor Estratégico: São empresas competitivas que tem como objetivo

principal estar sempre entre as primeiras do setor em que atuam. Por esta razão precisam

responder rapidamente a todas as demandas do mercado. Promovem o empreendedorismo

estratégico em todas as formas e possuem um portfólio de projetos com características

empreendedoras estratégicas que inclui projetos de pequenos, médios e grandes

investimentos. Estas empresas, após fazer a gestão de risco, apostam em projetos mais

audaciosos, sendo reconhecidas no mercado como grandes corporações inovadoras. O

estímulo ao empreendedorismo estratégico é identificado em todas as áreas da organização

despertando uma cultura flexível que se adapta a mudanças exigidas pelo setor rapidamente.

A consciência da competitividade do setor faz com que estas empresas aprimorem a

gestão de projetos sendo classificadas no nível 3 de maturidade. As equipes de projetos são

preparadas para a complexidade de algumas ações que requerem maior conhecimento técnico

e esforços. Este preparo ocorre por meio da profissionalização em gestão de projetos, apoio

dos funcionários para buscar uma certificação e desenvolvimento de sistemas que contribuem

com o controle e desempenho de cada projeto. Devido à complexidade e riscos que os

projetos empreendedores apresentam é necessário o acompanhamento da alta direção e um

incentivo para disseminar a cultura de projetos empreendedores.

A matriz proposta pretende identificar qual o perfil em que as organizações financeiras

se identificam e contribuir para uma mudança de paradigma na organização, ou seja, a

empresa pode fazer um planejamento para alcançar o perfil Empreendedor Estratégico. Este

planejamento inclui aumento de maturidade ou ações empreendedoras proativas.

Nem toda a organização busca todas as formas de empreendedorismo estratégico,

tampouco visa alcançar um nível maior de maturidade em gestão de projetos. Porém, ao

planejar as ações empreendedoras estratégicas uma avaliação do nível de maturidade da

gestão de projetos poderá contribuir para que a empresa saiba se está apta para realizar as

ações empreendedoras, evitando prejuízos futuros. .

Portanto a contribuição prática deste trabalho é auxiliar as empresas do setor

financeiro a descobrir o seu nível de maturidade em gestão de projetos e contribuir na tomada

de decisão das práticas empreendedoras estratégicas evitando os prejuízos de projetos

inacabados ou com longos prazos de entrega.

A seguir serão apresentadas as considerações finais do presente estudo.

85

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresenta as conclusões e recomendações da dissertação além de sugestões

para futuras pesquisas sobre o tema abordado.

O presente estudo, que teve como objetivo principal avaliar como a maturidade em

gestão de projetos contribui para a execução do empreendedorismo estratégico em

organizações do setor financeiro resultou na proposição de um modelo realizado a luz da

literatura. O modelo buscou identificar qual o nível de maturidade em gestão de projetos a

empresa necessita para realizar as formas empreendedoras estratégicas.

O estudo conseguiu alcançar seus objetivos específicos durante as entrevistas com os

executivos do setor financeiro. A utilização do questionário PMMM proposto por Kerzner

(2001) permitiu avaliar a maturidade em gestão de projetos de cada organização. As práticas

empreendedoras estratégicas foram levantadas durante as entrevistas para finalmente concluir

que a maturidade de gestão de projetos contribui com a prática do empreendedorismo

estratégico.

7.1 CONCLUSÕES DA PESQUISA

Foram pesquisadas cinco empresas do setor financeiro classificadas em diferentes

níveis de maturidade em gestão de projetos e que apresentaram distintos objetivos

estratégicos. As empresas com menor nível de maturidade em gestão de projetos foram as que

menos promoveram práticas empreendedoras estratégicas, embora, em algumas empresas é

possível observar esforços para a execução destas ações.

Empresas com maior nível de maturidade em gestão de projetos apresentaram uma

cultura organizacional em que todos contribuem com os projetos, o que facilita a

concretização de práticas empreendedoras estratégicas. Estas organizações também

promovem o apoio para a cultura empreendedora estratégica sendo possível identificar estas

práticas em diversas áreas das empresas simultaneamente.

A análise individual de cada organização possibilita concluir que as empresas com

maior nível de maturidade de gestão de projetos promovem maior quantidade de ações

empreendedoras estratégicas, ou seja, a maturidade em gestão de projetos contribui com as

práticas empreendedoras estratégicas. As empresas com maior maturidade em gestão de

86

projetos realizam as práticas empreendedoras estratégicas com eficiência. São as empresas

mais competitivas e reconhecidas no setor financeiro como inovadoras.

7.2 CONTRIBUIÇÕES PARA A ACADEMIA

A partir do estudo realizado identifica-se que a relação entre os temas maturidade em

gestão de projetos e empreendedorismo estratégico é pouco abordado pelos cientistas,

apontando uma possível lacuna na literatura. A análise das proposições apresentadas no

capítulo 5 deste estudo visa contribuir com futuras pesquisas acadêmicas que buscam

compreender a relação dos temas Maturidade em Gestão de Projetos e Empreendedorismo

Estratégico.

Durante o desenvolvimento da pesquisa foi possível identificar quatro perfis de

empresas empreendedoras estratégicas no setor financeiro. A matriz elaborada para identificar

os perfis visa também contribuir para novos estudos acadêmicos onde existe uma potencial

lacuna na relação dos temas. A matriz poderá ser adaptada a diferentes setores e realidades

organizacionais.

7.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E ESTUDOS FUTUROS

Esta pesquisa tem limitações no que se refere ao estudo de casos múltiplos que embora

seja aceito como método de pesquisa, existem críticas. Outra limitação é que os estudos de

casos foram aplicados no setor financeiro nacional de modo que a aplicabilidade em outros

setores demanda uma avaliação critérios. Consequentemente esta pesquisa não pretende

generalizar seus estudos para outros setores.

A análise documental foi realizada com dados do setor e por tratar-se de questões

estratégicas houve algumas restrições por parte das empresas pesquisadas para o fornecimento

de alguns detalhes das estratégias empreendedoras. Alguns relatórios apresentados durante as

entrevistas não podem ser publicados por serem sigilosos.

Estudos profundos em outros setores poderão contribuir com o conhecimento da relação

entre maturidade em gestão de projetos e empreendedorismo estratégico.

***

87

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92

APÊNDICE – ROTEIRO DE ENTREVISTA

O roteiro de entrevista tem por objetivo conduzir os estudos de caso para responder a

questão de pesquisa: “Qual a relação da maturidade em gestão de projetos com a prática do

empreendedorismo estratégico em organizações do setor financeiro”?

A primeira parte deste roteiro tem como objetivo identificar os entrevistados e

compreender como é estrutura da empresa e como é realizada a gestão de projetos na

empresa.

1) Características do participante

Nome:

Cargo:

Principais atividades do entrevistado:

Diretoria em que atua:

Formação:

Tempo de Empresa:

Tempo no cargo ou função:

2) Características da organização

Razão social:

A empresa autoriza a divulgação do nome? ( ) sim ( ) não

Faturamento anual (Aproximado):

Número de funcionários (Aproximado):

Países em que a empresa atua:

3) A estrutura da gestão de projetos da organização

1) Explique de forma abrangente o fluxo de projetos da empresa.

2) Quem é o responsável na organização pela aprovação dos projetos?

3) A empresa tem PMO? O PMO é o responsável pela entrega dos projetos? Explique

detalhadamente o papel do PMO na organização.

4) A empresa tem normas padronizadas para a gestão de projetos? Se a resposta for positiva

qual metodologia?

5) Qual o valor do investimento médio em cada projeto?

6) Número médio de cada equipe de projetos.

93

7) Existe o apoio da alta administração na execução dos projetos? Explique a participação da

alta administração nos projetos.

8) A empresa possui sistemas e infraestrutura que permitem um melhor controle dos

projetos?

9) A gerência apoia os projetos da empresa e disponibiliza os recursos com facilidade?

10) Existe um incentivo para que os funcionários busquem o aperfeiçoamento na gestão de

projetos?

Avaliação do Nível de Maturidade da Gestão de Projetos

Avaliação do nível de maturidade da gestão de projetos na organização. Questionário

adaptado de Kerzner (2001) – Nível 2. O entrevistado deverá escolher a pontuação para cada

questão na escala de -3 até 3 (-3 Discordo Totalmente, -2 Discordo, -1 Discordo um pouco, 0

Nenhuma Opinião, 1 Concordo um pouco, 2 Concordo e 3 Concordo Totalmente).

1) Minha empresa reconhece a necessidade da gestão de projetos. Essa necessidade é

reconhecida em todos os níveis da gerência, inclusive pela alta administração.

2) Minha empresa tem um sistema para gerenciar tanto o custo quanto o cronograma. O

sistema requer números de encargos financeiros e códigos de contas contábeis. O

sistema informa variações em relação aos objetivos planejados.

3) Minha empresa tem reconhecido as vantagens possíveis de serem alcançadas através

da implementação da gestão de projetos. Esses benefícios são reconhecidos em todos

os níveis gerenciais, incluindo a alta administração.

4) Minha empresa (ou divisão) tem uma metodologia facilmente identificável de gestão

de projetos que utiliza as fases do ciclo de vida.

5) Nossos executivos apoiam ostensivamente a gestão de projetos, por meio de palestras,

correspondência e inclusive pela presença ocasional em reuniões e relatórios da equipe

de projetos.

6) Minha empresa tem compromisso com o planejamento antecipado visando à

qualidade. Tentamos fazer sempre o melhor possível em matéria de planejamento.

7) Nossos gerentes de áreas de níveis médio e inicial apoiam por inteiro e ostensivamente

o processo da gestão de projetos.

8) Minha empresa faz o possível para minimizar os “desvios” de escopo (ex. mudanças

de escopo) em nossos projetos.

94

9) Nossos gerentes de áreas estão comprometidos não apenas com a gestão dos projetos,

mas também com o cumprimento dos prazos estabelecidos para a conclusão dos

objetivos.

10) Os executivos em minha empresa têm bom conhecimento dos princípios da gestão de

projetos.

11) Minha empresa selecionou um ou mais softwares para serem utilizados com sistema

de controle dos projetos.

12) Nossos gerentes de áreas de níveis médio e inicial foram treinados e instruídos em

gestão de projetos.

13) Nossos executivos compreendem o conceito de responsabilidade e atuam como

responsáveis em determinados projetos.

14) Nossos executivos reconheceram ou identificaram as aplicações da gestão de projetos

nas várias divisões do nosso empreendimento.

15) Minha empresa conseguiu integrar com sucesso o controle de custo e cronograma

tanto para a gestão de projetos quanto para relatórios de situação.

16) Minha empresa desenvolveu um currículo de gestão de projetos (ex. mais do que um

ou dois cursos) para o aperfeiçoamento das qualificações de nossos funcionários em

gestão de projetos.

17) Nossos executivos reconheceram o que precisa ser feito a fim de ser alcançada a

maturidade em gestão de projetos.

18) Minha empresa considera e trata a gestão de projetos como profissão, e não apenas

como tarefa de tempo parcial.

19) Nossos gerentes de níveis médio e inicial estão dispostos a liberar seus funcionários

para treinamento em gestão de projetos.

20) Nossos executivos têm demonstrado disposição para mudanças na maneira tradicional

de conduzir negócios para chegar à maturidade em gestão de projetos.

Avalição do nível de maturidade da gestão de projetos na organização. Questionário

elaborado por Kerzner (2001) – Nível 3. O entrevistado deverá responder 42 questões de

múltipla escolha que possibilitam comparar a organização com outras empresas relacionadas

no Nível 3.

1. Minha empresa usa ativamente os seguintes processos:

A) Somente Gestão da Qualidade Total (TQM)

B) Somente Engenharia Simultânea (reduzindo o tempo de desenvolvimento de entrega)

C) Somente TQM e Engenharia Simultânea

95

D) Somente Gestão de Riscos

E) Somente Gestão de Riscos e Engenharia Simultânea

F) Gestão de Risco, Engenharia Simultânea e TQM

2. Qual porcentagem de seus projetos você utiliza os princípios da Gestão da Qualidade

Total?

A) 0 por cento

B) 5-10 por cento

C) 10-25 por cento

D) 25-50 por cento

E) 50-75 por cento

F) 75-100 por cento

3. Qual porcentagem de seus projetos que você utiliza a Gestão de Risco?

A) 0 por cento

B) 5-10 por cento

C) 10-25 por cento

D) 25-50 por cento

E) 50-75 por cento

F) 75-100 por cento

4. Qual porcentagem de seus projetos você tenta reduzir o tempo de entrega dos

produtos por meio da realização de trabalhos paralelos?

A) 0 por cento

B) 5-10 por cento

C) 10-25 por cento

D) 25-50 por cento

E) 50-75 por cento

F) 75-100 por cento

5. O processo de Gestão de Riscos da minha Empresa é baseado:

A) Não usamos gestão de riscos

B) Financeiro

C) Recursos técnicos

D) Prazo

E) A combinação de financeiro, recursos técnicos e programação baseada no

projeto

6. A metodologia de gerenciamento de riscos na minha empresa é:

A) Não existe

B) Mais informal do que formal

C) Com base em uma metodologia estruturada apoiada por políticas e procedimentos

D) Com base em uma metodologia estruturada apoiada por políticas, procedimentos e

formulários padronizados para ser concluída

7. Quantas metodologias de gerenciamento de projetos existem em sua organização?

(considerar uma metodologia de desenvolvimento de sistemas para projetos diferentes

de uma metodologia de gerenciamento de projetos de desenvolvimento de produto)

A) Não temos metodologias

B) 1

96

C) 2-3

D) 4-5

E) Mais do que 5

8. No que diz respeito à análise comparativa:

A) Minha empresa nunca tentou usar o benchmarking

B) Minha empresa tem realizado benchmarking e programou mudanças, mas não para

gestão de projetos.

C) Minha empresa tem realizado avaliações de gerenciamento de projetos, mas não

realizou mudanças.

D) Minha empresa tem realizado avaliações de gerenciamento de projetos e mudanças

foram realizadas

9. A cultura corporativa da minha empresa é melhor descrita pelo conceito de

A) Relatório padrão

B) Relatórios múltiplos

C) Dedicada para as equipes sem capacitação

D) Não é direcionada a equipes sem capacitação

E) Direcionada a equipes com capacitação

F) Não é direcionada a equipes com capacitação

10. No que diz respeito à moral e à ética, a minha empresa acredita que:

G) O cliente tem sempre razão

H) As decisões devem ser feitas na seguinte sequência: o interesse dos

clientes em primeiro lugar, a empresa e os trabalhadores.

I) As decisões devem ser feitas na seguinte sequência: o interesse da empresa

primeiro, o cliente em segundo lugar e os empregados em último.

J) Nós não temos nenhuma política ou conjunto de normas

11. Minha empresa realiza cursos de formação interna sobre:

A) A moral e a ética dentro da empresa

B) A moral e a ética no trato com os clientes

C) Boas práticas de negócios

D) Todas as alternativas acima

E) Nenhuma das alternativas acima

F) Pelo menos dois dos três primeiros itens

12. No que diz respeito à mudança de escopo nos projetos, nossa cultura:

A) Desencoraja mudanças após o início do projeto

B) Permite alterações só até certo ponto do ciclo de vida do projeto usando um

processo de controle de mudança formal

C) Permite alterações em qualquer parte do ciclo de vida do projeto formalmente

D) Existe um processo de controle

E) Permite alterações, mas sem qualquer processo de controle formal

13. Nossa cultura parece basear-se em:

A) Política

B) Procedimentos (incluindo os formulários a serem preenchidos, políticas e

procedimentos).

C) Orientações

97

D) Políticas, procedimentos e diretrizes.

14. Culturas são quantitativas (políticas, procedimentos, formulários e orientações),

comportamentais, ou um compromisso. A cultura da minha empresa é provavelmente

________por cento comportamentais.

A) 10-25 por cento

B) 25-50 por cento

C) 50-60 por cento

D) 60-75 por cento

E) Mais de 75 por cento

15. Nossa estrutura organizacional é:

A) Tradicional (predominantemente vertical)

B) A matriz forte (gerente de projeto fornece a maior parte da direção técnica)

C) A matriz fraca (ou seja, os gerentes de linha fornecem a maior parte da direção

técnica).

D) Alocamos equipes de projetos

E) Eu não sei o que é a estrutura: ocorrem mudanças diariamente.

16. Quando designado, o líder do projeto obtém recursos por:

A) "Lutar" pelas melhores pessoas disponíveis

B) Negociar com os gerentes de linha pelas melhores pessoas disponíveis

C) Negociação para entregas em vez de pessoas

D) Usando a gerência sênior para obter as pessoas apropriadas

E) Levando tudo o que ele ou ela recebe sem perguntas.

17. Nossos gerentes de linha:

A) Aceita a responsabilidade total pelo trabalho em seu departamento

B) Aceitam a responsabilidade total

C) Tentam dividir a responsabilidade com os gerentes de projeto

D) Mantem os funcionários cedidos responsáveis

E) Nós não sabemos o significado da palavra "responsabilidade". Ela não faz parte do

nosso vocabulário

18. Na cultura da nossa empresa a pessoa mais provável de ser responsabilizada pela

integridade técnica final do produto final é/são os seguintes:

A) Os funcionários cedidos

B) O gerente de projeto

C) O gerente de linha

D) O patrocinador do projeto

E) Toda a equipe

19. Em nossa empresa, a autoridade do gerente de projeto vem:

A) Dentro de si mesmo

B) O superior imediato ao gerente de projeto

C) Descrições documentadas de cargos

D) Informalmente através do patrocinador do projeto, na forma de uma carta do projeto

ou carta de nomeação.

20. Após o início do projeto os patrocinadores do projeto tendem a:

98

A) Tornarem-se invisível, mesmo quando necessário.

B) Microgerenciar

C) Esperar briefings resumidos uma vez por semana

D) Esperar briefings resumidos uma vez a cada duas semanas

E) Envolver-se apenas quando ocorre um problema crítico ou a pedido do

gerente de projeto ou gerentes de linha

21. Qual a porcentagem de seus projetos em que os patrocinadores estão no nível de

diretoria ou acima?

A) 0-10 por cento

B) 10-25 por cento

C) 25-50 por cento

D) 50-75 por cento

E) Mais de 75 por cento

22. Minha empresa oferece aproximadamente quantos diferentes cursos de formação

interna para os funcionários (cursos relacionados com o projeto)?

A) Menos de 5

B) 6-10

C) 11-20

D) 21-30

E) Mais do que 30

23. No que diz respeito à resposta anterior, qual a percentagem dos cursos são mais

comportamentais do que quantitativos?

A) Menos de 10 por cento

B) 10-25 por cento

C) 25-50 por cento

D) 50-75 por cento

E) Mais de 75 por cento

24. Minha empresa acredita que:

A) O gerenciamento de projetos é um trabalho a ser realizado em tempo parcial

B) O gerenciamento de projetos é uma profissão

C) O gerenciamento de projetos é uma profissão e devemos ter certificado como

profissionais de gestão de projetos, porém com o próprio investimento

D) Gerenciamento de projetos é uma profissão e nossa empresa paga o

certificado para os profissionais de gerenciamento de projetos

E) Não temos gerentes de projeto em nossa empresa

25. Minha empresa acredita que a formação deve ser:

A) Realizada a pedido de funcionários

B) Realizada para satisfazer uma necessidade de curto prazo

C) Realizada para satisfazer tanto as necessidades de longo e curto prazo

D) Realizada somente se existe um retorno sobre o investimento

26. Minha empresa acredita que o conteúdo dos cursos de formação é melhor quando

conduzido por:

A) Instrutor

B) Departamento de Recursos Humanos

99

C) Gestão

D) Funcionários que receberam treinamento

E) Personalização após uma auditoria dos funcionários e gerentes

27. Qual percentagem dos cursos de formação em gestão de projetos que contêm

documentos de lições aprendidas ou estudos de caso de outros projetos dentro da sua

empresa?

A) Nenhum

B) Menos de 10 por cento

C) 10-25 por cento

D) 50 por cento

E) Mais de 50 por cento

28. Qual a porcentagem de programas de treinamento para os executivos participarem

especificamente para mostrar o que eles podem fazer para ajudar na gestão do projeto?

A) Nenhum

B) Nossos executivos sabem tudo

C) Menos de 25 por cento

D) 25-50 por cento

E) 50-75 por cento

F) Mais de 75 por cento

29. Na minha empresa, os funcionários são promovidos porque:

A) Eles são técnicos

B) Eles demonstram as habilidades administrativas de um gestor profissional

C) Eles sabem como tomar decisões de negócios

D) Eles estão no topo de seu nível salarial

E) Não temos outro lugar para colocá-los

30. Um relatório deve ser escrito e apresentado ao cliente. O custo aproximado por página

de um relatório típico é:

A) Eu não tenho ideia

B) US$ 100-200 por página

C) US$ 200-500 por página

D) Mais de US$ 500 por página

E) Livre: os funcionários são isentos em nossa empresa para preparar os relatórios em

casa em seu próprio tempo.

31. A cultura da organização é descrita como:

A) O gerenciamento de projetos informal baseado na confiança, comunicação e

cooperação.

B) Formalidade baseada em políticas e procedimentos

C) Gerenciamento de projetos que prospera em relações com as autoridades formais

D) Intromissão do executivo que obriga uma grande quantidade de documentos

E) Ninguém confia nas decisões dos nossos gerentes de projeto.

32. Qual porcentagem de tempo que o gerente de projeto, a cada semana, gasta preparando

relatórios?

A) 5-10 por cento

100

B) 10-20 por cento

C) 20-40 por cento

D) 40-60 por cento

E) Mais de 60 por cento

33. Durante o planejamento do projeto, a maioria de nossas atividades são realizadas

utilizando:

A) Políticas

B) Procedimentos

C) Orientações

D) Listas

E) Nenhuma das alternativas acima

34. O tempo de duração típica de uma reunião de revisão do status do projeto com a alta

administração é:

A) Menos de 30 minutos

B) 30-60 minutos

C) 60-90 minutos

D) 90 minutos - 2 horas

E) Mais de duas horas

35. Para nossos clientes, gerimos os nossos projetos:

A) Informalmente

B) Formalmente, mas sem a interferência do cliente.

C) Formalmente, mas com a interferência do cliente.

36. Minha empresa acredita que os funcionários menos capacitados:

A) Nunca devem ser atribuídos às equipes

B) Uma vez atribuído a uma equipe a responsabilidade da supervisão é de gerente de

projetos

C) Uma vez atribuído a uma equipe a responsabilidade da supervisão é do gerente

departamental

D) Pode ser eficaz se atribuído à equipe certa

F) Deve ser promovido

37. Os funcionários que são atribuídos a uma equipe de projeto (seja a tempo integral ou a

tempo parcial) tem uma avaliação de desempenho realizada por:

A) Pelo seu gerente de linha apenas

B) Somente o gerente do projeto

C) Tanto o gerente de projeto como o gerente de linha

D) Tanto o gerente de projeto e os gerentes de linha, juntamente com uma revisão por

parte do patrocinador.

38. As habilidades que provavelmente serão as mais importantes para os gerentes de

projetos da minha empresa à medida que avançamos no século XXI são:

A) O conhecimento técnico e liderança

B) Gestão de risco e conhecimento do negócio

C) Habilidades de integração e gestão de riscos

D) Habilidades de integração e conhecimento do negócio

E) Habilidade de comunicação e conhecimento técnico

101

39. Na minha organização, as pessoas designadas como líderes do projeto são

normalmente:

A) Gerentes de primeira linha

B) Gerentes de segunda linha

C) Normalmente empregados fora do nível gerencial

D) Qualquer pessoa na empresa

40. Os gerentes de projeto na minha organização tem pelo menos algum grau

de formação em:

A) Os estudos de viabilidade

B) As análises de custo–benefício

C) Tanto A como B

D) Nossos gerentes de projeto normalmente são trazidos a bordo, após a aprovação do

projeto.

41. Nossos gerentes de projeto são incentivados a:

A) Assumir riscos

B) Assumir riscos após a aprovação pela diretoria

C) Assumir riscos mediante aprovação dos patrocinadores do projeto

D) Evitar riscos

42. Considere a seguinte declaração: Nossos gerentes de projeto têm um interesse sincero

no que acontece com cada membro da equipe depois que o projeto está programado

para ser concluído.

A) Concordo

B) Não tenho certeza

C) Discordo.

Avalição do nível de maturidade da gestão de projetos na organização. Questionário

elaborado por Kerzner (2001) – Nível 4. O entrevistado deverá responder 25 questões

relativas a benchmarking. O entrevistado deverá escolher a pontuação para cada questão na

escala (-3 Discordo Totalmente, -2 Discordo, -1 Discordo um pouco, 0 Nenhuma Opinião, 1

Concordo um pouco, 2 Concordo e 3 Concordo Totalmente).

1) Nossos estudos de benchmarking têm encontrado empresas com controle de custos

mais focado nos processos.

2) Nossos estudos de benchmarking têm encontrado empresas com melhor análise de

impacto durante o controle da mudança de escopo.

3) Nossos estudos de benchmarking têm pesquisado empresas que estão realizando

gestão de risco por meio da análise detalhada no nível da estrutura de divisão de

trabalho.

4) Nossos estudos de benchmarking estão investigando o envolvimento dos fornecedores

em atividades de gerenciamento de projetos.

102

5) Nossos estudos de benchmarking visam investigar o envolvimento do cliente nas

atividades de gerenciamento de projetos.

6) Nossos estudos de benchmarking estão pesquisando como obter aumento

na lealdade do uso da metodologia do gerenciamento de projetos.

7) Nosso benchmarking pesquisa indústrias na mesma área de negócio da nossa empresa.

8) Nosso benchmarking estuda indústrias não similares (ou seja, as indústrias diferentes

de áreas de negócio).

9) O benchmarking pesquisa indústrias não similares para procurar novas

ideias e novas aplicações para a gestão de projeto.

10) O benchmarking está pesquisando engenharia simultânea de outras empresas

e atividades para ver como elas focam prazo e realizam o acompanhamento.

11) Nossos esforços de benchmarking têm encontrado outras empresas que estão

executando análise de restrição de recursos.

12) Nosso benchmarking pesquisa a forma como outras empresas tratam seus

clientes durante a mudança de escopo.

13) Nosso benchmarking estuda a forma como outras empresas envolvem seus

clientes durante a gestão de riscos.

14) Nosso benchmarking está olhando melhorias de software para atualizações.

15) Nosso benchmarking pesquisa melhorias de software por meio de novas

aquisições.

16) Nosso benchmarking estuda a forma como outras empresas atraem novos

usuários internos à sua metodologia de gerenciamento de projetos.

17) Nosso benchmarking está se concentrando em como as outras empresas

executam a gestão de riscos técnicos.

18) Nossos esforços de benchmarking estão se concentrando sobre a forma como outras

empresas obtêm melhor eficiência e eficácia na sua metodologia de gerenciamento de

projetos.

19) Nossos esforços de benchmarking se concentram em como obter um menor custo com

qualidade.

20) Nossos esforços de benchmarking pesquisam a forma como outras empresas estão

realizando gestão de risco durante atividades de engenharia simultânea.

21) Nossos esforços de benchmarking estudam a forma como outras empresas utilizam

projetos de melhoria, como parte da gestão de mudança de escopo.

103

22) Nossos esforços de benchmarking buscam formas de integrar os processos existentes

em nossa metodologia singular.

23) Nosso benchmarking está olhando as formas de outras empresas integrarem

novas metodologias e processos em sua metodologia singular.

24) Nosso benchmarking estuda uma forma de como lidar com outras empresas ou

desencorajar o desenvolvimento de metodologias paralelas.

25) Nosso benchmarking busca o modelo corporativo de outras empresas.

Avalição do nível de maturidade da gestão de projetos na organização. Questionário

elaborado por Kerzner (2001) – Nível 5. O entrevistado deverá responder 16 questões para

completar os níveis. O entrevistado deverá escolher a pontuação para cada questão na escala

(-3 Discordo Totalmente, -2 Discordo, -1 Discordo um pouco, 0 Nenhuma Opinião, 1

Concordo um pouco, 2 Concordo e 3 Concordo Totalmente).

1) As melhorias da metodologia nos aproximaram de nossos clientes.

2) Fizemos melhorias de software para nossa metodologia.

3) Fizemos melhorias que permitiram uma integração de atividades.

4) Adquirimos software que permitiram eliminar alguns dos nossos relatórios e

documentações.

5) Mudanças em nossas necessidades de formação resultaram em mudanças na

metodologia.

6) Mudanças nas condições de trabalho (ou seja, instalações e ambiente) permitiram

dinamizar a nossa metodologia (ou seja, redução da burocracia).

7) Houve alterações na metodologia, a fim de obter aceitação corporativa.

8) Mudanças no comportamento organizacional resultaram em mudanças na

metodologia.

9) O apoio à gestão resultou em redução de controle em nossa metodologia.

10) Nossa cultura é uma cultura de cooperação em que a informalidade supera a

formalidade na gestão de projetos e as mudanças foram feitas para o sistema de

gerenciamento de projeto informal.

11) Mudanças no poder e autoridade resultaram em metodologias menos rígidas (diretrizes

ao invés de políticas e procedimentos).

12) Exigências extras demandaram mudanças em nossos formulários e procedimentos.

13) A forma de comunicação com nossos clientes foi alterada.

104

14) Devido às necessidades de nossos projetos houve mudanças nas capacidades dos

nossos recursos.

15) (Se a sua empresa reestruturou) Nossa reestruturação provocou mudanças nos

requisitos signoff e na metodologia.

16) Crescimento da base de negócios da empresa resultou em melhorias na metodologia.

Esta etapa visa avaliar as práticas empreendedoras estratégicas nas empresas e os

principais benefícios alcançados para a sociedade, organização e individuais. Para atingir

este objetivo foram elaboradas questões baseadas nas cinco formas do empreendedorismo

estratégico apresentadas no referencial teórico. Estas questões deram origem a novos

questionamentos durante as entrevistas.

1. Para se reposicionar em seu espaço competitivo a empresa, em algum momento, precisou

renovar a sua estratégica competitiva mudando a forma de se relacionar com clientes,

fornecedores e funcionários? Em caso positivo, explicar como foi esse processo. Caso a

empresa nunca tenha renovado a sua estratégia, explicar as principais razões.

2. Existem projetos em andamento na organização para a renovação estratégica? Explique o

desenvolvimento destes projetos e os resultados esperados.

3. Quais os principais benefícios dos projetos implementados que caracterizam a renovação

estratégica?

4. Faz parte da cultura da organização mudanças de processos e estruturas para contribuir

com os lançamentos de novos produtos ou serviços? Em caso positivo, explicar como

ocorrem essas mudanças na organização e quais foram os resultados dessas mudanças?

5. Existem projetos na organização para mudar os processos? Explique o desenvolvimento

destes projetos e os resultados esperados.

6. Em caso negativo, explicar como a cultura da organização influência novos processos.

7. A empresa busca um novo espaço competitivo e pioneirismo nos produtos/serviços

dificultando a entrada de novos concorrentes e/ou imitação das empresas que atuam no

mesmo mercado? Caso a resposta seja positiva, cite exemplos das estratégias de

pioneirismo e os resultados dessas ações.

8. Existem projetos de pioneirismo na organização? Explique o desenvolvimento destes

projetos e os resultados esperados.

9. A empresa investe em capacitação dos funcionários com foco em aumentar a vantagem

competitiva? Caso a resposta seja positiva quais as contribuições desses investimentos?

105

10. Se a resposta for negativa qual a principal razão pela falta de investimento?

11. A empresa já precisou mudar o seu modelo de negócio central, a fim de melhorar a

eficiência operacional e se diferenciar dos concorrentes do setor e criar valor no mercado?

Em caso positivo, quais as contribuições dessas mudanças?